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i CARLOS ALBERTO GAMA PINTO Avaliação da implantação da Clínica Ampliada e Equipes de Referencia em um serviço especializado em DST/AIDS, utilizando-se a triangulação de métodos CAMPINAS 2010

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CARLOS ALBERTO GAMA PINTO

Avaliação da implantação da Clínica Ampliada e Equipes de Referencia em

um serviço especializado em DST/AIDS, utilizando-se a triangulação de

métodos

CAMPINAS

2010

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CARLOS ALBERTO GAMA PINTO

Avaliação da implantação da Clínica Ampliada e Equipes de Referencia em

um serviço especializado em DST/AIDS, utilizando-se a triangulação de

métodos

ORIENTADOR: PROF. DR. GASTÃO WAGNER DE SOUSA CAMPOS

UNICAMP

CAMPINAS - 2010

Tese de doutorado apresentada à Pós-

Graduação da Faculdade de Ciências Médicas

(FCM) da Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP) para a obtenção do título de

doutor em Saúde Coletiva

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP

Bibliotecário: Sandra Lúcia Pereira – CRB-8ª / 6044

Título em inglês : Assessment of the implementation of the Extend Clinic and Reference

Teams in a specialized service on STD/AIDS, utilizing the triangulation of methods

Keywords: HIV, Virus

AIDS, disease

Evaluation

Delivery of health care

TITULAÇÃO: DOUTOR EM SAÚDE COLETIVA

Área de concentração: Saúde Coletiva

BANCA EXAMINADORA:

PROF. DR. GASTÃO WAGNER DE SOUSA CAMPOS

PROF. DR. CARLOS ROBERTO CORREA

PROF. DR. DÁRIO FREDERICO PASCHE

PROF. DR. JOSÉ RICARDO DE CARVALHO MESQUITA AYRES

PROF. DR. PAULO ROBERTO MADUREIRA

DATA DA DEFESA: 18-02-2010

Pinto, Carlos Alberto Gama

P658a Avaliação da implantação da Clínica Ampliada e Equipes de

Referência em um serviço especializado em DST/AIDS, utilizando-se a

triangulação de métodos / Carlos Alberto Gama Pinto. Campinas, SP

: [s.n.], 2010.

Orientador : Gastão Wagner de Sousa Campos

Tese ( Doutorado ) Universidade Estadual de Campinas. Faculdade

de Ciências Médicas.

1. HIV (Vírus). 2. AIDS (Doença). 3. Avaliação. 4. Assistência à

saúde. I. Campos, Gastão Wagner de Sousa. II. Universidade

Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. III. Título.

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DEDICATÓRIA

À MINHA MÃE LAIS GAMA PINTO E

MEU PAI NILO MOREIRA PINTO

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AGRADECIMENTOS

Ao Gastão Wagner de Sousa Campos, meu orientador nesse trabalho, pela oportunidade

que me deu de realizar esta pesquisa.

Aos professores da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP que me ajudaram em

inúmeras discussões: Carlos Roberto Correa, Rosana Onocko Campos, Everardo Duarte

Nunes, Heleno Rodrigues Corrêa Filho, Sérgio Rezende Carvalho.

Às colegas da pós-graduação da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, Mariana

Dorsa Figueiredo e Ana Luíza Ferrer, que me apoiaram em várias etapas do trabalho de

campo, especialmente na condução dos grupos focais.

À Natália Baliani de Biagi, estudante de medicina da Faculdade de Ciências Médicas da

UNICAMP, que fez seu projeto de Iniciação Científica dentro dessa linha de pesquisa, e

que contribuiu conosco na consolidação dos dados obtidos.

Aos colegas do CRT-DST/AIDS-SP: Rejane Alves Fraissat, Rosa de Alencar Souza,

Denize Lotufo Estevam, João Bosco Alves de Souza, que participaram como pesquisadores

nesse trabalho.

Aos profissionais e pacientes do CRT-DST/AIDS-SP, que participaram da pesquisa.

Aos colegas de Sampa que participaram do trabalho de campo no CRT: Maria de Fátima

Jorge, Denise Berbery Pontes Prado, Clara Matiko Kuroda, Valéria Trigo de Araújo,

Rosane Teixeira, Sérgio Luiz Gomes de Oliveira e Adriana Cláudia Martins de Souza.

Aos colegas da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP: Gustavo Tenório Cunha,

Gustavo Nunes de Oliveira, Nestor Bruzzi B. Paraguay, Márcia Aparecida do Amaral,

Adriano Massuda, Fábio Luiz Alves, Alberto Rodolfo Manuel Giovanello Diaz (Tato), com

os quais pude conversar sobre várias questões que influenciaram meus pensamentos.

Às secretarias da Pós-Graduação e do Departamento de Medicina Preventiva e Social da

FCM/UNICAMP, Maísa, Regina, Sônia e Vera, pelo apoio e carinho.

Aos meus pais e irmãos.

Aos meus sogro e sogra, pela paciência.

À minha esposa Luciana e meus filhos Carolina e Francisco, pelo amor, amizade, carinho e

compreensão.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo apoio

financeiro à pesquisa, dentro da linha de pesquisa PPP-SUS-2006.

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CRÉDITOS

Essa pesquisa não seria possível sem a participação de inúmeras pessoas que contribuíram

direta ou indiretamente para sua realização. Aos que participaram diretamente da pesquisa,

gostaria de fazer os devidos créditos.

Prof. Dr. Gastão Wagner de Sousa Campos foi o orientador desse trabalho.

Prof. Dr. Carlos Roberto Correa e Prof. Dr. Juarez Pereira Furtado participaram da banca de

qualificação desse trabalho e fizeram inúmeras e valiosas contribuições.

Da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP:

Mariana Dorsa Figueiredo participou da fase de elaboração dos instrumentos de coleta de

dados da pesquisa (questionários e roteiros dos grupos focais), da condução de entrevistas

com profissionais do serviço, e especialmente da condução dos grupos focais e elaboração

da narrativa do grupo focal dos médicos.

Ana Luíza Ferrer participou da fase de elaboração dos instrumentos de coleta de dados da

pesquisa (questionários e roteiros dos grupos focais), da condução de entrevistas com

profissionais do serviço, e especialmente da condução dos grupos focais e elaboração da

narrativa do grupo focal multiprofissional.

Gisele Panigassi participou da elaboração da parte quantitativa da pesquisa, principalmente

em conversas referentes às questões de amostragem dos pacientes e das possibilidades de

análises dos dados.

Eduardo Luiz Hoehne, apoiou a parte quantitativa da pesquisa, principalmente em

conversas referentes às questões de amostragem dos pacientes e no apoio à elaboração de

programação para análises dos dados dos prontuários.

Prof. Dr. Heleno Rodrigues Corrêa Filho, apoiou a parte quantitativa da pesquisa,

principalmente apoiando em conversas referentes às questões de amostragem dos pacientes

e das possibilidades de análises dos dados.

Nestor Bruzzi B. Paraguay e Alberto Rodolfo Manuel Giovanello Diaz (Tato) participaram

das entrevistas estruturadas com os profissionais. O Nestor me ajudou também na revisão

final do texto.

Natália Baliani de Biagi participou da fase de consolidação dos dados obtidos das

entrevistas semi-estruturadas dos profissionais, entrevistas estruturadas dos pacientes, dos

dados obtidos dos prontuários dos pacientes e da degravação dos grupos focais

multiprofissional e dos pacientes.

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Daniela Donação Dantas participou da degravação do grupo focal de médicos.

Do CRT-DST/AIDS-SP:

Rejane Alves Fraissat, Rosa de Alencar Souza, Denize Lotufo Estevam, João Bosco Alves

de Souza, participaram da elaboração do Projeto de Pesquisa, da elaboração da

Caracterização do Campo, na discussão dos instrumentos de coleta de dados da pesquisa,

do apoio à fase de campo da pesquisa e das discussões de desdobramentos da pesquisa.

Rejane Alves Fraissat participou ainda do acompanhamento da fase de campo da pesquisa e

da coleta de dados dos prontuários dos pacientes selecionados.

Sérgio Luiz Gomes de Oliveira e Adriana Cláudia Martins de Souza participaram como

apoiadores dos trabalhos de campo da pesquisa.

De São Paulo, mas não do CRT:

Maria de Fátima Jorge participou da fase de campo da pesquisa, fazendo a coordenação

local e executando trabalhos de campo referentes às entrevistas estruturadas com os

pacientes.

Denise Berbery Pontes Prado, Clara Matiko Kuroda, Valéria Trigo de Araújo e Rosane

Teixeira participaram da fase de campo da pesquisa, realizando as entrevistas estruturadas

dos pacientes e os levantamentos de dados dos prontuários dos pacientes.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) apoiou

financeiramente a pesquisa, dentro da linha de pesquisa PPP-SUS-2006

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RESUMO

Avaliação da implantação da Clínica Ampliada e Equipes de Referencia em um serviço

especializado em DST/AIDS, utilizando-se a triangulação de métodos

Esta pesquisa investiga de forma crítico-compreensiva (hermenêutico-dialética) a

implantação da clínica ampliada e os arranjos e dispositivos de gestão e atenção à saúde,

pensados para sua consecução, em um serviço de referência em DST/AIDS, que adotou

modelo de gestão e de atenção baseado neste referencial, implantando equipes de referência

com clientela definida, cada equipe se comprometendo com cerca de 125 pacientes para

cada médico infectologista. Cada cinco a seis médicos infectologistas são apoiados por um

psicólogo e um assistente social, que se responsabilizam pelos pacientes ligados aqueles

profissionais.

A avaliação quantitativa e qualitativa do serviço demonstrou que 94% dos pacientes têm

uma percepção de vínculo muito forte com os médicos. Em contrapartida, 57% dos

pacientes responderam não conhecer o psicólogo de sua equipe e entre os que o conheciam

a avaliação de vínculo forte foi de apenas 64%; quanto aos assistentes sociais, 34%

disseram não conhecê-los, e entre os que os conheciam, a avaliação de vínculo forte foi de

apenas 52%.

As questões relacionadas à abordagem mais restrita à biomedicina (orientações sobre

medicamentos, exames, necessidade de adesão) são muito bem avaliadas pelos pacientes e

não mostram correlação com as variáveis de vínculo com os profissionais ou equipes. No

entanto, outras questões biomédicas (orientações gerais sobre saúde e cuidado, sobre

situações de agravamento clínico, sobre alimentação e atividades em grupos de pacientes),

são pior avaliadas e mostram correlação positiva com a percepção do vínculo, de forma

semelhante ao observado nas questões relacionadas à ampliação da clínica (abordagem e

apoio às questões subjetivas e sociais), que mostram correlação fortemente positiva com a

percepção dos pacientes quanto ao vínculo com os profissionais e a equipe.

A percepção dos profissionais é de valorização da clínica ampliada, mas de dificuldades

teórico-práticas para sua implantação. Eles se ressentem de capacitação e tempo nas

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agendas para conseguir ampliar a clínica, e avaliam que não conseguem efetivar o trabalho

em equipe, por falta de reuniões nas equipes.

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ABSTRACT

Assessment of the implementation of the Extended Clinic and Reference Teams in a

specialized service on STD/AIDS, utilizing the triangulation of methods

This research investigates in a critical-comprehensive form (hermeneutic-dialectical) the

implementation of the extended clinic and the arrangements and devices of health

management and attention, thought of aiming its attainment, in a STD/AIDS reference

service, which adopted a management and attention model based on such referential,

implementing reference teams with a determined clientele, each team committed to about

125 patients for each infectologist. Every 5 to 6 infectologist have the support of a

psychologist and a social worker, who are responsible for the patients linked to those

professionals.

The service quantitative and qualitative assessment showed that 94% of the patients have a

very strong perception of bondage with the doctors. On the other hand, 57% of the patients

said they did not know the psychologist of their team, and among those who knew the

psychologist, the evaluation of strong bondage was only of 64%. Concerning the social

workers, 34% said they did not know them, and among those who knew them, the

evaluation of strong bondage was only of 52%.

The issues related to a more restrict approach to the biomedicine (orientation on

medication, exams, necessity of adhesion) are quite well evaluated by the patients and they

show no correlation to the bondage variables with the professionals or teams. Nevertheless,

other biomedical issues (general guidance about health and care, about clinical worsening

situations, about diet and activities within groups of patients), are not so well evaluated and

show positive correlation with the bonding perception, in a similar way to what was

observed in the issues related to the extended clinic (approach and support to subjective and

social matters), which strongly shows positive correlation with the patients perception

concerning the bondage with the professionals and the teams.

The perception of the professionals is one of appreciation of the extended clinic, but it is

also one of theoretic-practical difficulties in its implementation. They resent the lack of

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capacitation and time in their schedules in order to be able to extend the clinic, and they

claim not to be able to execute the team work due to a lack of meetings within the teams.

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SUMÁRIO

Página

Introdução 17

Caracterização do campo 25

Discussão do marco teórico-conceitual 31

Discussão do marco metodológico 45

Objetivos 61

Material e métodos 65

Aspectos éticos da pesquisa 73

Resultados 77

Estudo quantitativo dos profissionais 79

Consolidação e análise primária das respostas dos

profissionais às questões fechadas do questionário

81

Estudo quantitativo dos pacientes 131

Consolidação e análise primária das respostas dos pacientes

ao questionário estruturado

133

Estudo da correlação entre as variáveis de vínculo e as

variáveis de cuidado (na percepção dos pacientes)

183

Avaliação dos prontuários dos pacientes 215

Estudo qualitativo dos profissionais 237

Consolidação e análise primária das respostas dos

profissionais às questões abertas do questionário

239

Narrativa do grupo focal de médicos 247

Narrativa do grupo focal multiprofissional 259

Estudo qualitativo dos pacientes 271

Estudo das falas dos pacientes durante a aplicação do

questionário estruturado

273

Narrativa do grupo focal de pacientes 281

Estudo por categorias de análise do material dos grupos focais (de

médicos, multiprofissional e de pacientes)

293

Abordagem compreensiva do material empírico 325

Conclusões 349

Bibliografia 359

Anexos 371

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para

profissionais e pacientes (1ª e 2ª fases)

373

Questionário para profissionais – 1ª fase 383 Questionário para pacientes – 1ª fase 389 Instrumento para consolidação dos dados dos prontuários – 1ª fase 397 Roteiro para grupos focais – de médicos, multiprofissional e de pacientes 401

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Introdução

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INTRODUÇÃO

A estruturação da clínica no século XIX apresentou forte orientação para uma abordagem

objetiva do adoecimento. Essa orientação objetiva positivista permeia toda a prática médica

e dos profissionais de saúde como um todo, ainda hoje e desde a modernidade. Algumas de

suas características mais marcantes podem ser reconhecidas na maioria dos serviços e das

relações entre profissionais de saúde e seus pacientes: percepção da doença como algo

externo à pessoa doente, diferente da pessoa doente; nessa dicotomia, a opção clara por

ocupar-se com a doença e não por comprometer-se com a pessoa; a doença, fora da pessoa,

é entendida de forma objetiva, utilizando-se de racionalidades das ciências naturais (física,

química, biologia); a estruturação de conhecimentos “científicos” a partir de procedimentos

de fragmentação do corpo em órgãos ou sistemas, com a crescente especialização do

conhecimento e das ocupações profissionais; o apagamento das dimensões subjetiva e

social do adoecimento do campo de preocupação dos profissionais de saúde; a adoção de

uma maneira de fazer a clínica descompromissada com a felicidade das pessoas, mais

preocupada com a realização a contento de certos procedimentos recomendados para um

determinado tipo de doença (Camargo Júnior, 2003; Luz, 2004; Foucault, 2004; Ayres,

2002; Campos, 2003b).

Apesar da obtenção de cura ou controle de diversas doenças, esta abordagem instrumental

da clínica possui limites e vem sendo crescentemente questionada, devido a sua baixa

capacidade de diminuir o sofrimento das pessoas, em todas as suas dimensões, não apenas

física, mas também subjetiva e social. (Campos, 2003b; Ayres, 2002)

Vários autores têm formulado propostas no sentido de trabalhar essas questões, tendo em

comum a discussão da ampliação da clínica para além do biológico. Entre as diversas

proposições teóricas, destacam-se a do cuidado (Ayres, 2001), a da utilização das

tecnologias leves (Mehry, 2000) e a da clínica ampliada (Campos, 1999). Todas estas

abordagens reconhecem a importância deste espaço relacional trabalhador de saúde-usuário

como lócus privilegiado de intervenção da clínica, espaço dialógico intersubjetivo que

possibilita maior compartilhamento de saberes, poderes e afetos.

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Campos sugeriu a adoção de novos arranjos institucionais na saúde, de forma a possibilitar

uma reordenação do trabalho em saúde, favorecendo o vínculo terapêutico entre equipe de

profissionais e usuários, desta forma favorecendo a ampliação da clínica, reconhecendo de

forma mais efetiva os componentes biológicos, subjetivos e sociais que interferem no

processo saúde-doença-intervenção. Pontuou que a reforma e ampliação da clínica e das

práticas de atenção integral à saúde dependem centralmente da instituição de novos padrões

de relacionamento entre o sujeito/clínico e o sujeito/enfermo, o que denominou de Clínica

Ampliada e Compartilhada. Preconizou a adoção do arranjo das Equipes de Referência

como forma de estimular coeficientes de vínculo mais adequados entre as equipes de saúde

e cada usuário concreto (Campos, 1994; Campos, 1999).

Nos casos de serviços de atenção especializada, cada equipe de referência teria sob sua

responsabilidade um conjunto de pacientes adscritos segundo a sua capacidade de

atendimento e gravidade dos casos. Um número variável de pessoas - quantidade a ser

definida em cada contexto - acompanhado por cada uma das equipes de referência,

responsáveis por elaborar Projetos Terapêuticos Singulares conforme cada caso e a

disponibilidade de recursos, variando no tempo a composição de recursos ofertados a cada

usuário. Concentração maior ou menor de atividades, conforme o risco e fase de evolução

dos casos.

Acúrcio e colaboradores enfatizaram que a qualidade da assistência é um importante

determinante do sucesso de programas dirigidos a doenças crônicas como a AIDS. Além do

impacto na mortalidade e na qualidade de vida dos pacientes, a assistência bem conduzida

pode contribuir para o controle da epidemia (Acúrcio e cols., 1998).

Em pesquisa de avaliação da estrutura organizacional da assistência ambulatorial ao

HIV/AIDS no Brasil, Melchior e colaboradores relataram que, em relação à acessibilidade

física, 93,8% consideraram o serviço como de fácil acesso através de transporte coletivo e

82,6% relataram que a planta física não impunha barreira que dificultasse a circulação

interna. A maioria dos serviços (75%) está aberta por cinco dias ou mais na semana, porém

40% funcionam por 6 horas diárias ou menos. A maioria dos serviços agenda todos os

pacientes para o início do turno de atendimento. Existe pelo menos um médico

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infectologista em 74% dos serviços, sendo que em 39% deles, todos os médicos possuem

mais de cinco anos de experiência em AIDS. Assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros e

farmacêutico estavam presentes em mais de 76% das equipes. Dentistas estavam presentes

em 54,9% delas. O acesso a especialidades médicas se dava através de marcação de

consulta por mecanismos de agendamento habitual do SUS, com tempo de espera elevado

para a maioria das especialidades. A disponibilidade de exames laboratoriais era muito

elevada (contagem CD4/CD8 em 98% e carga viral em 95%), no entanto grande parte dos

serviços não realizava exames na freqüência anual recomendada (41% para CD4/CD8 e

59% para carga viral). A disponibilidade de medicamentos antiretrovirais é alta e

homogênea entre os serviços, mas em relação aos medicamentos para prevenção de

infecções secundárias, a disponibilidade é muito menor. Em relação à organização da

assistência, foram encontrados diversos problemas. Grande parte dos serviços não utilizava

protocolos básicos e não realizava busca ativa de faltosos. Cerca de 20% dos serviços não

realizam planejamento e outros 20% apenas reiteram planos de anos anteriores. Em relação

à avaliação, 28% dos serviços não realizam qualquer tipo de atividade e outros 34%

realizam atividades esporádicas. O registro adequado de informações também era bastante

baixo, sendo que apenas 24% relataram registrar o motivo de saídas de pacientes do serviço

(se óbito, abandono, mudança de endereço, etc.). Apenas 31,4% dos serviços realizavam

reunião de equipe e, destes, em apenas 67% havia a presença dos médicos nas reuniões

(Melchior, e cols., 2006).

Em outro estudo, Nemes e colaboradores concluem que os resultados relacionados à

universalidade da atenção à saúde não se mantém no médio e longo prazos se não se

articularem a conquistas na qualidade do cuidado em toda a sua complexidade tecnológica.

Essa complexidade, que se realiza no momento assistencial, refere-se à interação entre os

sujeitos, à organização do trabalho, ao exercício da interdisciplinaridade presente no

trabalho em equipe, à contínua incorporação de saberes e práticas às ações de saúde.

Chamam a atenção que o padrão tecnológico identificado permitiu caracterizar a assistência

ambulatorial do Programa de DST e AIDS como tencionada entre o modelo assistencial

hegemônico nos serviços públicos de saúde – centrado no trabalho médico, com abordagem

fragmentada em múltiplas especialidades, atendimentos impessoais e sem respeito às

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especificidades de cada sujeito – e um novo modelo mais coerente com a teoria do

programa – com a realização de atendimento multiprofissional, e o desenvolvimento de

abordagens mais personalizadas e que procuram conhecer e respeitar as individualidades

dos sujeitos (Nemes e cols., 2004).

Pesquisadores da Fiocruz/Ministério da Saúde relataram que os pacientes portadores de

HIV/AIDS sentem-se bem fisicamente, mas reclamam de problemas da subjetividade e

socialidade que lhes incomodam bastante e constituem sua principal causa de sofrimento.

Assim, estes pacientes apontam que se encontram bem do ponto de vista de suas questões

orgânicas, e pontuam ansiedade e depressão como problemas importantes a serem

enfrentados, além do sofrimento relacionado a questões como preconceito, desemprego,

isolamento, etc., questões que poderíamos remeter a um campo da

subjetividade/socialidade. Esta pesquisa avaliou os impactos negativos do diagnóstico de

AIDS entre os participantes do estudo, verificando grande contribuição dos fatores

subjetivos e da socialidade. Entre as oito principais perdas relacionadas ao diagnóstico, sete

correspondem a questões da socialidade: piora das condições financeiras, discriminação

social, perda do emprego, falta de suporte familiar, discriminação familiar, discriminação

pelos amigos e perda da independência. Apenas uma entre as oito perdas mais relatadas

pelos participantes está relacionada ao componente orgânico da infecção pelo HIV (piora

na aparência física), mas ainda assim, essa também se reflete na subjetividade e socialidade

dos pacientes, com possível diminuição da auto-estima e aumento da discriminação.

(Ministério da Saúde, 2009)

Como os serviços de atenção aos pacientes portadores do HIV/AIDS estão lidando com

estas questões e que dificuldades encontram para implantar uma abordagem mais integral e

humanizada da clínica? Esta foi a pergunta motivadora da presente pesquisa, que investiga

de forma crítico-compreensiva a implantação de Arranjos e Dispositivos de Atenção e de

Gestão preconizados pela teoria de Campos (teoria Paidéia) para a ampliação da clínica e

sua capacidade de lidar com as questões da subjetividade e socialidade dos pacientes. Para

isso, foi escolhido como campo de investigação um serviço especializado em DST/AIDS,

que se constitui como um dos principais pólos de irradiação de conhecimentos teóricos e

práticos do Programa Nacional de AIDS e que vem fazendo um esforço de enfrentar essas

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questões, com a adoção de um projeto de implantação de Equipes de Referência e Clínica

Ampliada desde 2000.

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Caracterização do

campo

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CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO

O Centro de Referência e Treinamento em Doenças Sexualmente Transmissíveis e

Síndrome de Imunodeficiência Adquirida do Estado de São Paulo (CRT-DST-AIDS-SP) é

uma instituição da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Além de atuar como

coordenação do Programa Estadual de Controle das DST/AIDS (PE-DST/AIDS), presta

assistência médica e psicossocial a portadores de Doenças Sexualmente Transmissíveis e

HIV/AIDS.

Criado em 1988 e vinculado ao gabinete do secretário da saúde, tem como metas

prioritárias, além da referência técnica, atuar como capacitador e gerador de normas

técnicas, com vistas a um processo de descentralização do atendimento no Estado de São

Paulo.

Em 1995, a unificação da direção do CRT-DST-AIDS-SP com a Coordenação do PE-

DST/AIDS delimitou com maior precisão o papel estratégico da instituição, como

referência técnica e como sede do PE-DST/AIDS.

Em 1996, o CRT-DST-AIDS-SP passa a ser vinculado á Coordenação dos Institutos de

Pesquisa (CIP), órgão responsável pela definição das políticas de Saúde Pública no âmbito

da Secretaria de Estado da Saúde/ SP.

O PE-DST/AIDS, apoiado na estrutura do CRT-DST-AIDS-SP, é responsável pela

implantação, coordenação e supervisão das políticas e estratégias relativas às DST/AIDS,

nas áreas de Prevenção, Assistência, Vigilância Epidemiológica, Pesquisa e Gerência, em

todo o Estado de São Paulo.

A estrutura de trabalho integral entre o PE-DST/AIDS e o CRT-DST-AIDS-SP permite

prover atendimento, criar e validar procedimentos preventivos e modelos de assistência,

avaliar e levar adiante pesquisas clínicas e oferecer treinamentos com maior legitimidade

diante dos profissionais e instituições do Estado.

Este modelo organizacional é único no Brasil e na América Latina e tem sido essencial para

os êxitos obtidos pelo PE-DST/AIDS, nos últimos anos. Localizado no bairro Vila Mariana,

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São Paulo, o Centro de Referência e Treinamento em DST/AIDS, complexo ambulatorial e

hospitalar de 6.189,91 metros quadrados, é composto pelas seguintes áreas: Vigilância

Epidemiológica (núcleo de vigilância e controle de DST/AIDS, controle de infecção

hospitalar), Assistência Integral a Saúde (ambulatório, hospital-dia, internação, Assistência

Domiciliar Terapêutica - ADT, especialidades, atendimento extra, ambulatório de

DST/CTA), Prevenção (informação, educação, comunicação, projetos especiais), Recursos

Humanos, Administração e Apoio Técnico (farmácia, controle e distribuição de

medicamentos e laboratório, composto por uma equipe de análises clínicas, microbiologia e

imuno-sorologia). O CRT dispõe de Comissões de Programação e Avaliação de Pesquisas;

Controle de Infecção Hospitalar; Prontuários Médicos, Farmacologia, Ética Médica,

Óbitos, Ética em Pesquisa e Gestão de Qualidade e Produtividade. Este modelo integrado

do CRT-DST/AIDS-SP com o PE-DST/AIDS fornece um ambiente especialmente

favorável ao desenvolvimento de pesquisas clínicas e comportamentais.

Cerca de 600 funcionários trabalham em três turnos no CRT DST/AIDS-SP, entre eles

médicos sanitaristas, infectologistas, ginecologistas, pediatras, neurologistas, psiquiatras,

otorrinolaringologistas, dermatologistas, proctologistas, pneumologistas, urologistas,

enfermeiros, dentistas, farmacêuticos, biologistas, nutricionistas, psicólogos, assistentes

sociais, técnicos de laboratório e de enfermagem e oficiais administrativos.

Desde sua criação o CRT-DST/AIDS-SP registrou 59.437 (cinqüenta e nove mil,

quatrocentos e trinta e sete) pacientes, sendo que atualmente são acompanhados 3.913 (três

mil, novecentos e treze) pacientes, dos quais 85% fazem uso de terapia antiretroviral

(ARV).

Apesar da atenção prestada pela instituição ser multiprofissional desde o início, dada à

complexidade dos casos em acompanhamento, e para que se pudesse atuar com vistas ao

trabalho em equipe interdisciplinar, percebeu-se a necessidade de adequar o modelo de

atenção prestado.

Neste sentido, no ano 2000, iniciou-se um trabalho para implantar os conceitos de

Acolhimento e Equipe de Referência na instituição. O resultado deste trabalho foi a criação

da equipe de Acolhimento do CRT e o início do processo de implantação das Equipes de

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Referência. As equipes foram montadas com dois profissionais – um médico infectologista

junto a um psicólogo ou um assistente social - sendo que os profissionais restantes

funcionam como apoio matricial às equipes. Estão compostas 32 equipes, com cerca de 125

pacientes adscritos a cada equipe. Esse número varia amplamente, de acordo com a carga

horária dos profissionais médicos infectologistas no ambulatório do CRT, em função de

atendimento, pois alguns destes profissionais desempenham outras funções na instituição

(gestão, pesquisa, etc.).

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Discussão do marco

teórico-conceitual

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DISCUSSÃO DO MARCO TEÓRICO-CONCEITUAL

Esta pesquisa investiga de forma crítico-compreensiva a implantação em um serviço

especializado em DST/AIDS de Arranjos e Dispositivos de Atenção e de Gestão

preconizados pela teoria de Campos (teoria Paidéia) para a ampliação da clínica. O serviço

avaliado adotou este modelo teórico desde 2000, com esforços de implantação de um

modelo de gestão e de atenção baseado neste referencial.

Segundo Furtado, “ao iniciarmos um processo avaliativo, devemos buscar, desde o início,

estabelecer o modelo teórico subjacente à prática desse serviço. (...) A definição do modelo teórico

aumenta a compreensão sobre como se supõe operar o serviço – ponto de partida fundamental

para a efetivação do processo avaliativo.” (Furtado, 2001)

Arranjos e Dispositivos de Gestão e de Atenção Clínica investigados:

Arranjos e Dispositivos constituem-se na criação de espaços nos quais se possa

experimentar tomadas de decisões coletivas e formular projetos, de forma a que gestores e

trabalhadores adquiram maiores coeficientes de análise e implicação com aquilo que

produzem. Os arranjos possuem certa estruturação e permanência, tendendo a ser

institucionalizados, enquanto os dispositivos são menos instituídos, possuem um caráter

menos estruturado e mais provisório. Um dispositivo pode tornar-se permanente e dessa

forma, passar a ter um caráter mais de arranjo (Onocko Campos, 2003).

Vínculo:

Segundo Campos, a construção de vínculo é um recurso terapêutico, ou seja, coloca-se

entre as práticas utilizadas para curar, reabilitar, aliviar o sofrimento e prevenir possíveis

danos em pessoas vulneráveis ou doentes. Vínculo é algo que ata ou liga pessoas, indica

interdependência, relações com linhas de duplo sentido, compromissos dos profissionais

com os pacientes e vice-versa (Campos, 2003a). O vínculo na relação terapêutica se

estabelece juntamente com a responsabilização e o compromisso de seguimento do paciente

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pelo tempo necessário. No entanto, ele possui significado diferente do seguimento

horizontal no tempo. Ele envolve a transferência de afetos entre profissional e paciente.

Assim, o paciente pode ser seguido por muito tempo por um determinado profissional ou

equipe e não formar vínculo com eles. Por outro lado, é mais fácil formar vínculo quando

as pessoas se comprometem, assumem responsabilidades mais duradouras e um convívio

mais continuado.

O vínculo se estabelece, ou se tece, nos momentos dos encontros entre os profissionais e os

usuários e é dependente da qualidade relacional que se estabelece, do quanto um e outro

tentam, permitem e conseguem entrar em contato com a subjetividade do outro e criar esse

espaço intersubjetivo onde profissionais e pacientes se modifiquem, numa fusão de seus

horizontes. (Gadamer, 2004b; Gadamer, 2007b; Ayres, 2009)

Responsabilização:

Responsabilizar-se é assumir compromissos. No caso da relação terapêutica, a

responsabilidade do profissional inclui assumir o compromisso de ajudar o paciente a

melhorar sua condição de saúde. Para isso, são necessários saberes técnicos específicos

(techne), que dão especificidade ao profissional de saúde, e motivam a relação do paciente

com o profissional.

Mas a responsabilização na relação terapêutica não pode se restringir a tentativas de se

obter o êxito técnico (controle da doença crônica, cura das intercorrências ou agravos

agudos, prevenção de complicações), mas deve almejar também alcançar o sucesso prático,

ao se configurar como “resposta adequada aos modos como os pacientes entendem que deve ser

sua vida e sua saúde”. (Ayres, 2009)

Seguimento Longitudinal

O seguimento longitudinal ou horizontal no tempo refere-se ao estabelecimento de um

relacionamento estável e duradouro entre o profissional e o paciente. Esse relacionamento

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deve ser tão estável quanto o necessário para cada determinada situação. Por exemplo, nos

casos de pacientes internados, deve se estender pelo período de sua internação, com visitas

repetidas pelo mesmo profissional no decorrer dos dias, de forma a permitir a continuidade

do cuidado, o reconhecimento de como se dá a evolução do paciente, a formação de

vínculo, o estabelecimento de confiança, etc. No caso de pacientes que não estão

internados, seu seguimento por um mesmo profissional e uma mesma equipe, tanto na

atenção básica quanto na especializada, deve se dar no decorrer de um espaço de tempo

maior, provavelmente de anos, enquanto houver a motivação para o seguimento. Na

atenção especializada, a motivação será a necessidade de seguimento por profissionais

especialistas, devido à situação de saúde do paciente. Na atenção básica, o seguimento

longitudinal deve se dar mesmo com as pessoas que não estejam com problemas

específicos, no sentido de acompanhamento de suas condições de vida e visando ajudá-los

na promoção de sua saúde e prevenção de doenças evitáveis.

Trabalho em Equipe

O trabalho em equipe refere-se a uma forma de organização do processo de trabalho que

privilegia a interação entre os profissionais. Estes podem ser de uma mesma categoria

profissional ou de diversas categorias ou especialidades. Nas equipes com formação

multiprofissional, a interação entre os diversos profissionais proporciona o

compartilhamento de saberes. O estabelecimento de formas não burocráticas de interação

entre os profissionais pode permitir um relacionamento mais proveitoso para todos.

É necessário estar atento às dificuldades do estabelecimento dessa grupalidade, que permita

que a experiência da diferença (a alteridade do outro) não seja vivida como ameaça

(Onocko Campos, 2003). É importante trabalhar a criação, no grupo, de um espaço de

compartilhamento intersubjetivo de saberes e afetos com diminuição das diferenças de

poder entre os participantes da equipe.

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Reunião de equipe

Para que uma equipe possa se constituir enquanto grupo ela precisa se reunir e criar espaços

de encontro das pessoas que compõem a equipe, onde elas conversem, discutam os temas

importantes em cada momento, explicitem seus conflitos, estabeleçam consensos possíveis,

combinem formas de conviver e de trabalhar, estabeleçam compromissos e pactuem

contratos.

Nessas reuniões, além de trabalhar as questões inerentes à sua constituição enquanto um

coletivo, a equipe precisa também formular e dar conta de uma agenda de trabalho, tornar-

se operativa. As reuniões devem ser espaço de discutir casos de pacientes ou famílias de

abordagem mais difícil, fazer projetos terapêuticos, formular a agenda de trabalho da

equipe, verificar os indicadores disponíveis e implantar um modo de avaliar o seu trabalho,

estudar e compartilhar conhecimentos teórico-práticos sobre temas escolhidos pela equipe,

de acordo com as demandas, etc.

As equipes que não se reúnem não conseguem se constituir enquanto grupo, não

conseguem estabelecer um verdadeiro espaço intersubjetivo de interação entre os seus

participantes. É preciso dedicar atenção à criação e valorização do espaço da reunião de

equipe. Este valorizar as reuniões de equipe precisa estar também objetivamente declarado:

horários bem definidos e pactuados, de acordo com as agendas dos participantes da equipe;

local adequado, com condições mínimas de conforto para as pessoas se acomodarem; pauta

definida, que inclua de forma variada os diversos afazeres propostos para as reuniões, de

forma a não ficarem repetitivas e enfadonhas, mas que se constituam em momentos

instigantes e prazerosos; compromisso dos gestores e dos profissionais com a reunião de

equipe.

Profissional e Equipe de Referência

O conceito de profissional ou equipe de referência envolve o estabelecimento de

responsabilização e vínculo de um profissional ou equipe por um determinado número de

pessoas ou pacientes (Campos e Domitti, 2007). Na atenção básica, essa referência se dará

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com um número maior de pessoas, saudáveis ou doentes, implicando no seguimento dessa

população em relação à sua saúde coletiva e individual. Nos demais níveis de atenção, essa

referência se dará com um número menor de pessoas, geralmente com algum problema

específico de saúde, que formam a clientela de um determinado serviço. Importa, em todas

essas situações, que cada cidadão, cada usuário de um determinado serviço de saúde, cada

paciente na atenção básica, em um serviço especializado ou durante uma internação, saiba

quem são os profissionais com quem ele deve contar, se relacionar, estabelecer vínculo; e

que cada profissional e equipe de saúde saiba quem são as pessoas que ele deve seguir,

acompanhar, cuidar, apoiar.

Campo e Núcleo

“Os conceitos de campo e núcleo são utilizados para identificar o “objeto” de conhecimento e de

responsabilidade sanitária de cada profissão ou especialidade. O núcleo é constituído por aquele

conjunto de conhecimentos e de atribuições (tarefas) específicos e característicos de cada profissão

ou especialidade. Ajudam a construir sua identidade e especificidade. Já o campo tem uma

conceituação situacional e indica aquele conjunto eventual de conhecimentos e de tarefas de que

uma profissão ou especialidade deverá se apropriar para lograr eficácia e eficiência.” (Campos,

2007)

Assim, por exemplo, pode-se definir que o núcleo do trabalho e do conhecimento do

médico seja a biomedicina, mas deve fazer parte de seu campo de conhecimentos e de sua

preocupação profissional a abordagem das questões emocionais e sociais dos pacientes.

Restringir o foco de conhecimentos necessários e de responsabilidade profissional apenas

ao núcleo de cada profissão, no exemplo do médico, apenas às questões biomédicas,

delegando a responsabilidade pela abordagem das questões subjetivas e sociais a outros

profissionais, empobrece a clínica, retira potência da clínica, ainda que estejam disponíveis

profissionais psicólogos e assistentes sociais suficientes para todos os pacientes de um

serviço. Não quer dizer também, nesse exemplo citado, que o médico não precise destes

outros profissionais, mas que a relação entre essas profissões deva se efetuar em outros

termos.

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Pacientes de um serviço de referência em HIV/AIDS ficam geralmente ligados a um

profissional de referência médico infectologista, que deve se responsabilizar pela atenção

ampliada a estes pacientes, lidando com suas questões biomédicas, mas também com suas

angústias, medos, questões familiares, questões sociais decorrentes dos preconceitos, etc.

Não dá para simplesmente cuidar do biológico, “tratar o vírus e passar a bola”, ainda que o

médico precise discutir o caso, conversar sobre ele com outros profissionais, e

eventualmente encaminhar o paciente para outro profissional.

Neste mesmo serviço, pacientes que estejam muito bem do ponto de vista biológico, mas

que estão precisando de abordagens mais elaboradas de questões ligadas ao seu

componente emocional, podem estar mais vinculados ao psicólogo de sua equipe. Estes

profissionais, embora tenham em seu núcleo de conhecimento e de atribuição profissional a

abordagem das questões da esfera “psi”, precisam saber lidar com questões biomédicas

mais gerais que afetam seus pacientes, como interpretar os exames de CD4 e carga viral,

identificar sinais de descompensação do quadro clínico, oferecer orientações clínicas gerais,

etc., bem como saber identificar possibilidades e direitos sociais destes pacientes, atuando

em conjunto com os profissionais de outras áreas.

Apoio Matricial

O apoio matricial é um arranjo de gestão que favorece o vínculo e a responsabilização para

além da equipe de referência. Naquilo que a equipe não consegue resolver sozinha, ela

conta com apoio de profissionais ou de equipes que assumem com ela a responsabilidade

do cuidado e da condução do caso. Esse apoio pode se dar, por exemplo, de um serviço

especializado ou de referência (caso dos equipamentos de Saúde Mental ou dos Centros de

Referência e Treinamento em DST/AIDS) para equipes na atenção básica, ou dentro de um

mesmo serviço, apoiando as equipes de referência ali estruturadas (por exemplo, apoio

matricial de clínica médica numa enfermaria de ortopedia, ajudando os profissionais

ortopedistas da equipe de referência a lidar com os casos de diabetes, hipertensão,

infecções, etc.; outro exemplo, apoio matricial de profissionais de saúde mental ou de

serviço social aos profissionais ou equipes de referência de um ambulatório ou enfermaria).

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O apoio matricial possibilita incorporar capacidades resolutivas aos profissionais ou

equipes de referência. Quando estabelecemos vínculo entre os apoiadores e os profissionais

ou equipes de referência, são pactuados ao menos três tipos de estratégias de apoio: a

primeira é a discussão de casos selecionados entre os pacientes da equipe de referência nos

quais a equipe esteja com dificuldades de conduzir o caso, sozinha; essa discussão pode se

dar presencialmente, mas também pode ser feita em conversas pelo telefone ou por email;

são discussões de caso onde não há a necessidade de o apoiador necessariamente ver,

conversar ou examinar diretamente o paciente, onde através da conversa com os

profissionais da equipe de referência, o apoiador consegue ajudar a equipe a pensar seu

projeto (propedêutico e terapêutico) singular; a segunda forma de apoio constitui-se em ver

alguns pacientes juntos, alguns casos selecionados, onde juntos apoiador e profissionais das

equipes de referência possam compartilhar dúvidas, conhecimentos, habilidades,

competências e afinar suas condutas, no sentido de uma condução mais harmoniosa da

parceria entre eles; esses casos selecionados, por vezes são casos mais complicados, onde a

simples conversa entre os profissionais não foi suficiente para se formular o projeto, ou

casos que possuam potencial pedagógico especial para os profissionais das equipes ou

apoiadores; a terceira estratégia de apoio é a do encaminhamento do paciente para

atendimento pelo apoiador, que o atenderá pelo tempo necessário, com retornos para

avaliação e conduta, até que aquele caso possa novamente passar a ser atendido somente

pela equipe de referência (Campos, 2003b; Campos e Domitti, 2007; Campos, 2006). Em

qualquer situação, o paciente nunca deixa de ser vinculado ao profissional e equipe de

referência; mesmo quando estes o encaminham para atendimento pelo apoiador, sua

responsabilidade sobre o caso continua; de outro lado, o apoiador também sempre se

responsabiliza pelos casos conduzidos nas equipes de referência a que se liga, ainda que

não tenha discutido especificamente aquele caso; o apoio matricial não é um arranjo só do

cuidado, mas é também de gestão; e é um arranjo de gestão de alta responsabilização, ou

seja, os profissionais das equipes de referência e das equipes de apoio matricial são co-

responsáveis pela condução dos casos singulares, mas também pela gestão do cuidado à

população adscrita.

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Singularidade dos pacientes e co-produção do processo saúde-doença

Este conceito refere-se ao reconhecimento de que cada caso é único, de que cada paciente

possui características que o diferenciam dos outros e é afetado por questões diferentes e em

graus diferentes do que outras pessoas, de que está exposto a condições também singulares,

e que nesta constante interação entre seus fatores internos e os fatores externos do meio

onde se encontram, os sujeitos se constituem num processo de co-produção singular de

saúde-doença.

A saúde é entendida como uma situação momentânea e em constante mudança, como

processo contínuo e complexo de interação de múltiplos fatores de diversas ordens,

destacando-se os fatores mais inerentes a cada pessoa, como os fatores biológicos e os

subjetivos, e aqueles mais externos às pessoas, que as afetam de diversas formas:

determinantes econômicos, sociais, culturais, familiares, religiosos, educacionais, de acesso

a serviços de saúde, etc. Esse processo está em constante construção, que é compartilhada

por cada uma das pessoas, enquanto sujeito singular, e as questões que externamente o

influenciam. (Campos, 2006; Cunha, 2005a) Assim, o paciente estar infectado pelo HIV

coloca uma situação biológica que tem grande poder de determinação de sua condição de

saúde. No entanto, fatores externos, como o acesso aos serviços de saúde e aos

medicamentos, e fatores internos, como desejo de viver, alegria diante da vida, etc. podem

interferir de forma fundamental na co-produção de seu processo de saúde-doença-

intervenção.

Clínica Ampliada e Compartilhada

Ao reconhecer a co-produção do processo saúde-doença, com suas complexas interações de

fatores de diversas naturezas, torna-se necessário pensar formas de intervenção nesse

processo que dêem conta dessa complexidade. Nesse sentido, a ampliação da clínica traz a

idéia de incluir essa complexidade ao pensarmos no objeto de trabalho, nos objetivos deste

trabalho, nos meios de intervenção (propedêuticos e terapêuticos) e nos resultados

esperados e a serem avaliados.

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Significa ampliar o objeto de trabalho em saúde para além da doença simplesmente,

incluindo a pessoa doente, o sujeito singular, o paciente e sua família, com seus desejos,

interesses, conflitos, saberes, etc.

Significa ampliar também os objetivos desse trabalho: para além de intervir simplesmente

sobre questões biomédicas, comprometer-se com a obtenção de graus relativamente

maiores de saúde (que abrange os fatores sociais e subjetivos) e visando o fortalecimento da

autonomia dos sujeitos.

Incluir nos meios de trabalho, em seus esforços diagnósticos e terapêuticos, além dos

conhecimentos estruturados da clínica, da psicologia, da epidemiologia e da sociologia, os

saberes e os conceitos dos pacientes e seus familiares. Para isso, repensar os espaços

organizacionais onde se faz a clínica, propiciando o compartilhamento de saberes e o

reconhecimento dos desejos e interesses dos pacientes (Campos, 2006; Cunha, 2005b).

“O processo de trabalho em saúde é sempre uma interação intersubjetiva mediada pela estrutura

das organizações de saúde e das instituições sociais. Em todo o trabalho em saúde há o encontro

entre sujeitos com importantes diferenças em relação aos seus desejos, interesses, saberes e

coeficientes de poder.” (Campos, 2007)

Valorização da Autonomia dos Pacientes

Para Campos, autonomia é “a capacidade de compreender e de agir sobre si mesmo e sobre o

contexto, estabelecendo compromissos e contratos com desejo, interesse e valores de outros

sujeitos.”

A autonomia dos sujeitos é sempre relativa, sempre dependente de fatores sobre os quais

tem uma compreensão e possibilidade de atuar parcial. Apoiar seus pacientes para que estes

consigam lidar com os constrangimentos existentes, de forma a conseguir maiores

coeficientes de autonomia, deve ser um objetivo dos profissionais e equipes de saúde.

(Campos, 2003; Campos, 2007; Pasche, 2009)

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Segundo Figueiredo e Furlan, “ao destacar a autonomia, como elemento central na co-produção

de saúde, estamos reafirmando o papel ativo dos sujeitos na invenção de novas possibilidades de

vida, recolocando-os como protagonistas na gestão de si mesmos e na sua relação com suas

próprias fragilidades.” Reconhecendo a importância da co-produção do processo saúde-

doença, as autoras chamam a atenção que a valorização da autonomia não significa um

descompromisso dos profissionais de saúde com as possíveis limitações dos pacientes ou

que estes deveriam se responsabilizar sozinhos pelo seu cuidado. (Figueiredo e Furlan,

2008) A “construção de uma clínica ampliada e compartilhada, sensível à complexidade das

dimensões do humano e aberta à participação dos sujeitos na elaboração de escolhas e projetos”

coloca a necessidade do compartilhamento com os pacientes das decisões sobre os seus

projetos terapêuticos, onde o profissional de saúde tem um papel de apoiador, no sentido de

que os pacientes adquiram coeficientes crescentes de autonomia.

A tripla finalidade do trabalho / o reconhecimento de objetos de investimento no trabalho

Para Campos, o trabalho possui uma tripla finalidade: trabalha-se para o outro, para

produzir valor de uso para o outro; mas trabalha-se também para si, para produzir valor de

troca, de forma a também ganhar-se alguma coisa, quando se trabalha; e trabalha-se para a

manutenção ou melhoria das condições de trabalho, das organizações ou instituições.

Assim, na saúde, trabalhamos para o outro, o paciente e seus familiares e amigos, para

produzir melhores condições de saúde, abordagem de suas doenças ou agravos, apoio a

seus projetos de felicidade (Ayres, 2001), etc. Mas trabalhamos também para a realização

própria, para nossa constituição enquanto sujeito, para obtenção de ganhos pessoais

(salário, direitos trabalhistas, segurança previdenciária, crescimento pessoal, auto-estima,

reconhecimento social, etc.). E trabalhamos ainda para a instituição ou organização em que

estamos, para sua sobrevivência, para que seja uma instituição respeitada, etc. Quando uma

destas finalidades fica esquecida ou não é almejada, temos um desequilíbrio que pode

colocar em risco o sucesso prático de nosso trabalho.

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Co-gestão do trabalho em saúde/ Formação de Compromissos e contratos

A gestão compartilhada é um dos conceitos centrais na teoria Paidéia. (Campos, 2002;

Campos, 2003) Este conceito envolve a criação de espaços coletivos de compartihamento

de poder no trabalho, em todos os níveis da instituição, desde os espaços

predominantemente assistenciais até os mais envolvidos com a gestão. Espaços de encontro

para análise e gestão compartilhadas. Rodas de conversa, espaço da intersubjetividade,

onde se colocam saberes e afetos e onde são tomadas decisões. (Pasche, 2009) Espaço de

aprendizado, de diálogo e de deliberações, de formação de acordos intersubjetivos sobre “a

coisa boa a fazer”.

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Discussão do marco

metodológico

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DISCUSSÃO DO MARCO METODOLÓGICO

A triangulação de métodos

Este estudo desenvolveu-se no marco metodológico da triangulação de métodos, aliando a

utilização de métodos quantitativos e qualitativos de coleta e tratamento de dados,

utilizando-se de referenciais da hermenêutica-dialética na tentativa de compreensão e

crítica do material obtido da pesquisa de campo (Minayo, 2006a; Minayo, 2008a; Onocko

Campos, 2008).

Minayo defende a utilização conjunta dos métodos quantitativos e qualitativos, desde que

garantidos os pressupostos teóricos, epistemológicos e técnicos (metodológicos) dos

métodos utilizados (Minayo, 2006a; Minayo, 2008a). Entende o método como estando

intimamente ligado aos referenciais teóricos e epistemológicos a que os pesquisadores se

filiam. Observa que a combinação de métodos é um desafio na prática científica

contemporânea, pois “as abordagens quantitativas e qualitativas passaram a significar não

apenas duas formas profissionalmente distintas de aprender (epidemiologia) e compreender

(antropologia) o real, mas duas modalidades de investigação com campos teóricos próprios,

delimitados e freqüentemente antagônicos. As pesquisas epidemiológicas primam pela reificação

da estatística, tendo por base a crença positivista da “verdade dos números” e, por sua vez, as

socioantropológicas costumam isolar-se das bases quantitativas, freqüentemente confundindo a

“verdade” apenas com o significado expresso pelos sujeitos”. (Minayo, 2006c)

Nesse trabalho tentamos utilizar as metodologias quantitativas e qualitativas

conjuntamente, desde a formulação do projeto e dos instrumentos de pesquisa, durante os

trabalhos de campo, em sua consolidação e análise.

Assim, não partimos da premissa que ao trabalhar com a abordagem quantitativa, teríamos

que definir previamente todas as hipóteses e que a partir destas hipóteses definiríamos os

instrumentos, os questionários, as amostras, partindo para o campo com toda a pesquisa já

desenhada, apenas para obtenção dos dados que depois seriam analisados de forma

asséptica, evitando-se a contaminação dos resultados pelos interesses dos pesquisadores.

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Por outro lado, partiríamos, aí sim, totalmente implicados, para uma parte qualitativa do

estudo, onde estaríamos nos jogando na interação com os sujeitos da pesquisa e na imensa

possibilidade de que os próprios dados obtidos fossem guiando nossos próximos passos.

A questão que me parece essencial aqui é a questão do respeito às metodologias e aos

métodos. Dizemos assim: vamos combinar os métodos, mas não vamos fazer nenhuma

heresia, pois vamos respeitar suas características. Uma forma de definir método, bastante

difundida e até poética, é entendê-lo como caminho de seguimento, que pode ser

novamente seguido por outras pessoas, levando-os aos mesmos resultados. A respeito do

método, nos fala Gadamer: “O que predomina agora é a idéia do método. Em sentido moderno,

o método, apesar de toda variedade apresentada nas diversas ciências, é um conceito unitário. O

ideal de conhecimento pautado pelo conceito de método consiste em se poder trilhar um caminho

cognitivo de maneira tão consciente que se torna possível refazê-lo sempre. Methodos significa

“caminho de seguimento”. Metódico é poder seguir sempre de novo o caminho já trilhado e é isto o

que caracteriza o proceder da ciência.” (Gadamer, 2004a).

Heidegger referia-se aos caminhos do pensamento como caminhos da floresta. “Caminhos da

floresta” (Holzwege) é uma expressão alemã usada para designar certos caminhos no interior de

uma floresta que repentinamente se interrompem e não conduzem, assim, para nenhum lugar

específico. Heidegger utiliza essa expressão como o título de uma de suas obras centrais e como

uma descrição fenomenológica do próprio sentido de seu filosofar. Para que se compreenda essa

expressão, porém, é preciso escapar de uma tendência inicial característica do pensamento

racional calculador moderno: a tendência de tomar esses caminhos como caminhos nos quais nos

esforçamos por nada e nos quais somos obrigados, por fim, a simplesmente voltar ao ponto de

partida. Os caminhos da floresta são caminhos que nos conduzem para a essência da floresta, para

a profundidade de seu elemento, para o cerne das vias finitas do todo na plenitude de cada um de

seus momentos. (Casanova, 2007 in Gadamer, 2007).

Assim, nesse trabalho, a nossa tentativa foi nos permitir tomar caminhos menos

demarcados, trilhas mais cerradas, e ao nos embrenharmos em todo esse vasto material

obtido em campo, deixar verdadeiramente que ele nos dissesse algo. Nossa tentativa foi

construir também a parte quantitativa da pesquisa, sua consolidação e análise, a formulação

de perguntas a estudar, a definição de que variáveis cruzar, deixando que todo o material

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surgido do campo, todo o material das entrevistas estruturadas e da revisão dos prontuários

(quantitativo) e das questões abertas e dos grupos focais (qualitativo), compusesse um

único texto e dessa aproximação e da leitura deste texto fossem surgindo novas questões,

num esforço hermenêutico de diálogo com esse texto. E esse diálogo quer dizer deixar que

o texto nos diga algo, que nos interpele, que produza em nós novas questões, nesse

exercício de pergunta e resposta que define o verdadeiro diálogo.

Segundo Gadamer, “nossa tarefa continua sendo inscrever e subordinar os conhecimentos

teóricos e as possibilidades técnicas do homem à sua práxis e não consiste de maneira alguma em

transformar o próprio mundo da vida, que é justamente o mundo da práxis, em um construto

técnico teoricamente fundamentado.” (Gadamer, 2007a)

Gadamer refere que enquanto para a tradição da retórica, encontrar-se na tradição era algo

auto-evidente, nós precisamos justificar essa situação por meio de uma análise

hermenêutica expressa. Nisso, concedemos pleno direito à racionalidade crítica comum a

todas as ciências, mas “temos de lembrar aos teóricos desse racionalismo crítico, assim como aos

lógicos, aos analistas da linguagem e aos teóricos da informação, que o seu procedimento racional

e, com maior razão, o instrumentário metodológico que eles burilam e refinam cada vez mais, não

conseguem desempenhar senão uma função secundária e não auxiliam a, efetivamente, levantar

as perguntas que nos mobilizam como homens mortais, como portadores de culturas, como

representantes de tradições – para não falar de auxiliar em uma contestação da legitimidade

dessas questões, em uma eliminação ou redução delas”. (Gadamer, 2007b)

A interpretação e a compreensão

Para Heidegger, “a interpretação de algo como algo funda-se, essencialmente, numa posição

prévia, visão prévia e concepção prévia. A interpretação nunca é apreensão de um dado

preliminar, isenta de pressuposições. Se a concreção da interpretação, no sentido da interpretação

textual exata, se compraz em se basear nisso que “está” no texto, aquilo que, de imediato,

apresenta como estando no texto nada mais é do que a opinião prévia, indiscutida e supostamente

evidente, do intérprete. Em todo princípio de interpretação, ela se apresenta como sendo aquilo

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que a interpretação necessariamente já “põe”, ou seja, que é preliminarmente dado na posição

prévia, visão prévia e concepção prévia.” (Heidegger, 2007)

Heidegger elabora o conceito de círculo da compreensão e argumenta: “Toda interpretação

que se coloca no movimento de compreender já deve ter compreendido o que se quer interpretar.”

E continua: “Se, porém, a interpretação já sempre se movimenta no já compreendido e dele deve

se alimentar, como poderá produzir resultados científicos sem se mover num círculo, sobretudo se

a compreensão pressuposta se articula no conhecimento comum de homem e mundo? Segundo as

regras mais elementares da lógica, no entanto, o circulo é um circulus vitiosus.”

Mas Heidegger não aceita essa idéia de que esse seja um círculo vicioso, que deveríamos

entender como uma imperfeição inevitável, que deveríamos tolerar. Para Heidegger esse é

um mal entendido de princípio acerca do que é compreensão. Como condição essencial da

interpretação, o círculo da compreensão não deve ser evitado nem mesmo tolerado. “O

decisivo não é sair do círculo, mas entrar no círculo de modo adequado. Nele se esconde a

possibilidade positiva do conhecimento mais originário que, decerto, só pode ser apreendida de

modo autêntico se a interpretação tiver compreendido que sua primeira, única e última tarefa é de

não se deixar guiar, na posição prévia, visão prévia, e concepção prévia, por conceitos populares e

inspirações. Na elaboração da posição prévia, visão prévia e concepção prévia, ela deve assegurar

o tema científico a partir das coisas elas mesmas.” (Heidegger, 2007)

Para Gadamer, isso significa que “precisamos manter a vista atenta à coisa através de todos os

desvios a que se vê constantemente submetido o intérprete em virtude das idéias que lhe

ocorrem”, pois para Gadamer, quem tenta compreender um texto, e texto aqui pode

significar qualquer documento, entrevista, fala, conversa, etc., realiza sempre um projetar,

ou seja, assim que o intérprete percebe um primeiro sentido no texto, ele prelineia um

sentido do todo. Esse sentido que lhe aparece é dependente de suas expectativas e

construído a partir de suas perspectivas. O movimento do compreender o que está posto no

texto consiste na elaboração desse projeto prévio, que tem que ir sendo constantemente

revisado com base no que vai surgindo à medida que se avança na penetração do sentido.

Toda revisão do projeto prévio depende de se poder antecipar um novo projeto de sentido;

de que projetos antagônicos possam se colocar lado a lado na elaboração, até que se possa

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estabelecer uma unidade de sentido; de que a interpretação comece com projetos prévios

que vão sendo substituídos por outros mais adequados. Assim, para Gadamer, quem busca

compreender está exposto a erros de opiniões prévias que não se confirmam nas próprias

coisas (Gadamer, 2005a). Aqui se coloca o problema de como escapar ao circuito fechado

das próprias opiniões prévias, pois o que me é dito por alguém, numa conversa, carta, livro

ou de outra maneira, refere-se à opinião do outro e não a minha. Assim, eu tomo

conhecimento dessa opinião sem necessariamente compartilhá-la, o que, no entanto, não

facilita a compreensão. Gadamer sugere que quando se ouve alguém ou quando se faz uma

leitura de um texto, não é necessário que se esqueça todas as opiniões prévias sobre seu

conteúdo; no entanto, é preciso ter a postura de abertura para a opinião do outro ou para a

opinião do texto, colocando a opinião do outro em relação com o conjunto das opiniões

próprias.

Segundo Gadamer, “aquele que quer compreender um texto não pode se entregar de antemão

ao arbítrio de suas próprias opiniões prévias, ignorando a opinião do texto. Quem quer

compreender um texto deve estar disposto a deixar que este lhe diga alguma coisa.” Porém, a

receptividade a essa alteridade do texto não significa neutralidade em relação ao texto. “O

que importa é dar-se conta dos próprios pressupostos, a fim de que o próprio texto possa

apresentar-se em sua alteridade, podendo assim confrontar sua verdade com as opiniões prévias

pessoais.” (Gadamer, 2005a)

O logos enquanto linguagem

Gadamer retomando o conceito de Logos em Aristóteles, afirma que a interpretação dada

por Descartes ao conceito foi uma deformação do originalmente pensado por Aristóteles.

Ao traduzir o logos por Razão, Descartes definiu o homem como o ser da razão em seu

cogito reflexivo: “Penso, logo existo.” Gadamer afirma, apoiando-se em Heidegger, que para

Aristóteles o logos representa a linguagem, e o homem é o ser da linguagem, que se faz

essencialmente no diálogo. (Heidegger, 2007; Gadamer, 2004a)

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Assim, para Gadamer, “um traço essencial do ser da linguagem é a ausência de um eu. Quem

fala uma língua que ninguém mais compreende simplesmente não fala.” A linguagem constitui-

se assim no centro do ser humano, quando considerada no âmbito que só ela consegue

preencher: o âmbito da convivência humana, do entendimento entre as pessoas, do

consenso crescente. (Gadamer, 2004b)

Habermas sugere que o paradigma de conhecimento de objetos deveria ser substituído pelo

paradigma do entendimento entre sujeitos capazes de falar e agir.

No modelo de ação orientada ao entendimento, não existe mais o privilégio da atitude

objetivante em que o sujeito cognoscente se dirige a si mesmo como a entidades no mundo.

Ao contrário, no paradigma do entendimento recíproco é fundamental a atitude

performativa dos participantes da interação que coordenam seus planos de ação ao se

entenderem entre si sobre algo no mundo (Habermas, 2002a).

O mundo que o sujeito reflexivo podia conhecer e ao qual podia se referir era o mundo das

coisas ou objetos existentes. O mundo objetivo como correlato das proposições verdadeiras,

do conhecimento correto. Ao incluir nas formas de pretensão de validade também a justeza

normativa e a veracidade subjetiva, então outros mundos precisam ser valorizados e

estudados, não apenas o mundo objetivo, mas também o mundo normativo e o mundo

subjetivo. Quando consideramos apenas o saber sobre algo no mundo objetivo, a

racionalidade é entendida como o exercício de um sujeito solitário que se orienta pelos

conteúdos de suas representações e de seus enunciados, conformando uma razão centrada

no sujeito, que conhece e age segundo fins em sua relação com o mundo de objetos ou

estados de coisas possíveis (Habermas, 2002a).

Por outro lado, ao concebermos o saber como algo mediado pela comunicação, a

racionalidade encontra sua medida na capacidade dos participantes da interação orientarem-

se pelas pretensões de validade que estão assentadas no reconhecimento intersubjetivo. A

razão comunicativa encontra seus critérios nos procedimentos argumentativos de

desempenho das pretensões de verdade proposicional, justeza normativa, veracidade

subjetiva e adequação estética (Habermas, 2002a).

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Neste sentido, as percepções subjetivas e os acordos normativos realizados entre os

participantes da interação profissional-paciente compõem a racionalidade de uma

comunidade intersubjetiva. Conhecer como os profissionais das equipes de saúde e os

pacientes percebem suas interações, a forma como se relacionam, os acordos

intersubjetivos que estabelecem e os resultados subjetivos, normativos e objetivos dessa

interação exige uma abordagem que permita que as vozes desses sujeitos apareçam e sejam

compartilhadas. (Furtado e Onocko Campos, 2008)

Minayo, em suas discussões sobre a pesquisa qualitativa em saúde, sobre a avaliação de

serviços de saúde e sobre a triangulação de métodos, ressalta as contribuições e limites da

hermenêutica e da dialética na compreensão e na crítica da realidade social. A hermenêutica

ao buscar o entendimento dos textos, dos fatos históricos, da cotidianidade e da realidade, e

a dialética, ao sublinhar o dissenso, a mudança e os macro processos, podem ser utilizadas

de maneira complementar, potencializando-se e enriquecendo-se mutuamente (Minayo,

2006b; Minayo, 2008a).

Este estudo tenta dar voz aos sujeitos destas interações complexas: profissionais de diversas

categorias entre si e profissionais com usuários. Desta forma, os toma como sujeitos e não

como objetos de pesquisa.

A experiência hermenêutica

Como destaca Gadamer, “na medida em que o tu não é um objeto, mas se comporta ele mesmo

com relação a um objeto, fica claro que a experiência do tu deve ser uma experiência específica.”

Essa especificidade da experiência hermenêutica nos coloca a dimensão moral da pesquisa:

“E uma vez que aqui o próprio objeto da experiência possui um caráter de pessoa, essa experiência

se torna um fenômeno moral, tanto quanto o saber adquirido nessa experiência, a compreensão

do outro.”

Nesse momento, fica evidente que o comportamento do pesquisador nesse caso precisa ser

prudente. Como não se trata de um procedimento de pesquisa da ciência natural, o

pesquisador deve tomar o cuidado para não se comportar inadvertidamente como estivesse

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realizando este tipo de pesquisa. Sobre isso, Gadamer nos chama atenção: “Existe uma

experiência do tu que detecta elementos típicos a partir da observação do comportamento de seu

próximo e que, graças e essa experiência, pode prever atitudes do outro. Chamamos a isso de

conhecer as pessoas. Compreendemos o outro da mesma maneira que compreendemos qualquer

processo típico dentro de nosso campo de experiência, isto é, podemos contar com ele.” Para

Gadamer, essa forma de se relacionar com o outro e a forma de compreendê-lo

representada pelo conhecimento de pessoas demonstra uma fé ingênua no método e na

objetividade que este pode alcançar.

Segundo Gadamer, muitas vezes os pesquisadores tentam ultrapassar esse limite da

pesquisa, reconhecendo o outro enquanto pessoa, mas ainda aí, na maioria das vezes,

persistem num comportamento auto-referencial que não permite a reciprocidade da relação

com o outro.

“Uma segunda maneira de experimentar e compreender o tu consiste em reconhecê-lo enquanto

pessoa, mas apesar de incluir a pessoa na experiência do tu, a compreensão deste continua sendo

um modo da referência a si mesmo. Essa auto-referência procede da aparência dialética que a

dialética da relação eu-tu leva consigo. A relação entre o eu e o tu não é imediata, mas reflexiva.”

“A experiência do tu assim adquirida é objetivamente mais adequada que a experiência que reduz

os outros a objeto de cálculo. É uma ilusão considerar o outro como um instrumento que se pode

abranger com a vista e dominar totalmente. (...) Todavia, esta dialética da reciprocidade que

domina toda a relação eu-tu permanece necessariamente oculta para a consciência do indivíduo. E

mais, a própria autoconsciência consiste justamente em subtrair-se à dialética dessa reciprocidade,

retirar-se reflexivamente dessa relação com o outro, tornando-se assim inacessível para ele.”

Gadamer chama a atenção para a necessidade de o pesquisador reconhecer os seus

preconceitos e o quanto eles atuam na pesquisa.

“Aquele que está seguro de não ter preconceitos, apoiando-se na objetividade de seu

procedimento e negando seu próprio condicionamento histórico, experimenta o poder dos

preconceitos que o dominam incontroladamente como um “vis a tergo”. Aquele que não quer

conscientizar-se dos preconceitos que o dominam acaba se enganando sobre o que se revela sob

sua luz.” (Gadamer, 2005b)

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Assim, ele afirma que ao reconhecer seus preconceitos e ter abertura para o encontro com o

outro, que é diferente do eu, o pesquisador coloca-se então pronto para realizar uma forma

mais elevada da experiência hermenêutica.

“Esse conhecimento e reconhecimento é o que perfaz a terceira e mais elevada maneira da

experiência hermenêutica: a abertura à tradição, própria da consciência da história efeitual.

Também ela tem um autêntico correlato na experiência do tu. Como vimos, na relação inter-

humana o que importa é experimentar o tu realmente como um tu, isto é, não passar ao largo de

suas pretensões e permitir que ele nos diga algo. Para isso é necessário abertura.” Gadamer

chama a atenção que ao adotarmos essa postura, ela não é referida apenas a um tu ao qual

endereçamos nossa abertura, mas que aquele que permite que se lhe diga algo está aberto de

uma maneira fundamental. Esta abertura é uma necessidade para o pesquisador, que deve

estar sempre aberto a uma nova experiência.

A avaliação

Avaliar significa julgar, estimar, medir, classificar, analisar criticamente alguém ou algo

(Minayo, 2008b).

Classicamente, a avaliação de serviços tem se utilizado das categorias de análise descritas

por Donabedian: estrutura, processo e resultado. (Donabedian, 1986, 1990 APUD Acúrcio,

1998)

Entre os indicadores de estrutura, incluem-se os atributos materiais e organizacionais

disponíveis, como força de trabalho, instalações e equipamentos, etc. De alguma forma

pode-se entender que a avaliação da disponibilidade de equipes de referência, sua relação

com o número médio de pacientes adscritos, a disponibilidade de médicos especialistas, de

equipes de saúde bucal, entre outros recursos, pode ser entendida como uma avaliação de

estrutura.

Esses termos não são sempre muito claros. Assim que, ao avaliar a “força de trabalho” na

instituição, cabe verificar em que tipo de arranjo de trabalho eles se inserem, se em uma

clínica centrada na realização de procedimentos, se em uma clínica conceituada em suas

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características de vínculo, adscrição de clientela, responsabilidade sanitária, etc. Assim, a

avaliação da mesma “estrutura” referente à “força de trabalho” vai ter diferentes

perspectivas dependendo do arranjo pretendido do cuidado aos pacientes numa instituição.

O termo processo refere-se à atenção que os profissionais e serviços de saúde ofertam aos

pacientes, a forma como se organizam e a habilidade com que efetuam esses cuidados, além

de referir-se também aos cuidados que os próprios pacientes tomam consigo mesmos.

Já os resultados expressam as conseqüências da atenção (ou da falta dela) na saúde de quem

a recebe (ou deixa de receber). Além de alterações do estado de saúde do paciente, os

resultados também incluem outras conseqüências da atenção, como conhecimento da

enfermidade, mudanças de conduta e satisfação dos pacientes. (Donabedian, 1986 APUD

Acúrcio, 1998)

Neste estudo, embora se avaliem características que poderiam ser classificadas dessa forma,

não será feita menção à classificação das diversas categorias nem segundo essa primeira

elaboração de Donabedian, nem a qualquer outra classificação dos itens de avaliação.

Segundo Nemes e cols., em que pese o grande compromisso pragmático das avaliações em

serviços de saúde, elas não possuem uma metodologia adequada a priori, assim como

qualquer investigação. Será a demanda da avaliação, seu foco e objetivo que determinarão

sua melhor metodologia (Nemes e cols., 2004).

Furtado também defende que a avaliação deve “caracterizar-se como processo, sensível ao

meio, compreensiva e includente das diferentes construções dos grupos de interesse em torno do

que está sendo avaliado”, sendo “construída e direcionada para o contexto específico em que será

utilizada.” (Furtado, 2001)

Segundo Furtado, a prática da pesquisa avaliativa deve “contemplar a necessidade de: inclusão

de diferentes pontos de vista e valores no processo avaliativo; viabilizar e ampliar a utilização dos

resultados da avaliação; considerar o inevitável caráter político da pesquisa em geral e da pesquisa

avaliativa em particular e; capacitar os diferentes envolvidos com o programa ou serviço avaliado.”

(Furtado, 2001)

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Esta pesquisa desenvolveu-se em conjunto com um grupo de gestores do serviço avaliado,

que participaram de toda a elaboração do projeto da pesquisa, assim como de seus

instrumentos (questionários e roteiros). As questões levantadas na pesquisa representam,

assim, tanto questões que foram pensadas por interesses acadêmicos mais gerais quanto

outras que representavam preocupações específicas dos gestores do serviço. Essa

característica coloca essa pesquisa também no âmbito das pesquisas participativas,

“participação – e aqui mais especificamente avaliação participativa – entendida como processo

realizado por meio do estabelecimento de parcerias entre avaliadores e pessoas afetadas e/ou

envolvidas por determinado programa ou serviço e que não são avaliadores senso estrito, como

profissionais do serviço, usuários, familiares, gestores, etc.” (Furtado e Onocko Campos, 2008)

Ayres defende que “se queremos uma linguagem avaliadora capaz de apreender produtivamente

o sentido prático das ações de saúde, retroalimentando, inclusive, sua própria instrumentalidade,

precisamos dar inteligibilidade à socialidade e historicidade das práticas de saúde neste plano

micro do momento operatório de suas tecnologias. Nesta tarefa podem ser ditinguidos dois planos

interpenetrados. Precisamos, de um lado, identificar as pretensões/exigências normativas mais

imediatamente relaionadas àquele encontro entre sujeitos ali realizado, os horizontes socialmente

validados que delimitam o que seja “a boa coisa a fazer”. De outro lado, precisamos ter claro que o

compartilhamento normativamente construído para as interações intersubjetivas entre usuários,

populações, profissionais e gestores não anula os modos singulares como cada indivíduo vive,

interpreta, reconstrói e expressa essas exigências e condições normativas.” (Ayres, 2008a)

Outra característica dessa pesquisa foi a preocupação de incluir uma avaliação da percepção

do profissional sobre o quanto ele considerava importante a aplicação de determinado

conceito para a qualificação da assistência prestada. Esse procedimento também pode ser

considerado uma estratégia de ampliar a participação dos profissionais, pois permite avaliar

a aplicação dos conceitos que foram valorizados por eles, na própria pesquisa.

O desenho do estudo

Os estudos de avaliação por triangulação de métodos combinam métodos quantitativos e

qualitativos.

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Na parte quantitativa do estudo, realizamos um estudo de corte transversal, com avaliação

das percepções dos profissionais e dos pacientes, em um determinado momento da

implantação do programa, ou seja, o campo do estudo foi realizado em 2008, após cerca de

sete anos de início da implantação do Programa de Implantação da Clínica Ampliada e

Equipes de Referência.

Cabe ressaltar, no entanto, que ao utilizarmos uma abordagem quantitativa de análise dos

dados, não estamos nos filiando às correntes de pensamento positivistas, o que também

implica que a sua utilização se deu dentro de um respeito aos princípios metodológicos de

cada método, mas com a possibilidade de dialogar com os dados qualitativos do estudo,

buscando assim novas sínteses teóricas na sua interpretação.

Segundo Mendes-Gonçalves, APUD Ayres, o paradigma do risco abriu uma série de novas

e relevantes possibilidades para o conhecimento epidemiológico e para as suas relações

com a medicina, de um modo geral. Ao fazê-lo, no entanto, a epidemiologia aprofundou o

sentido redutor de sua leitura sobre o espaço público da saúde. Ayres continua dizendo que

“se é verdade que hoje não existe saber em saúde que não esteja direta ou indiretamente

amparado em conhecimentos epidemiológicos (...) é também um fato que não há conhecimento

epidemiológico expressivo fora do campo de indagações de base clínica. Não há inferência

epidemiológica que possa aspirar legitimidade fora da consistência com os critérios de validação

estabelecidos para as ciências que apreendem a saúde no plano da individualidade orgânica, é o

que dizem os próprios epidemiologistas.” (Ayres, 2008b)

Segundo Ayres e cols., “a grande preocupação expressa na proposição da vulnerabilidade diz

respeito à necessidade de atribuir sentidos e interpretar a variabilidade e a dinâmica das variáveis

utilizadas nas análises de risco à luz de seus significados sociais concretos, de forma que tais

categorias analíticas abstratas não sejam incorporadas sem as necessárias mediações ao desenho

de práticas de intervenção. Mas é correto afirmar, por outro lado, que as análises de risco e de

vulnerabilidade são, de certa forma, inversas: enquanto as análises de risco trabalham com uma

racionalidade analítica na qual os fenômenos em estudo precisam ser partidos, isolados,

discriminados, as análises de vulnerabilidade trabalham com uma racionalidade sintética, na qual

se privilegia a construção de significados, a agregação de elementos diversos que contribuam para

que os fenômenos em estudo sejam compreendidos como uma totalidade dinâmica e complexa.” E

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continua: “Nesse sentido, o que para análises de risco consistentes deve ser cuidadosamente

deixado “de fora” é o que constitui a quintessência dos estudos de vulnerabilidade – a co-presença,

a mutualidade, a interferência, a relatividade, a inconstância, o não unívoco, o não permanente, o

próprio a certas totalidades circunscritas no tempo e no espaço.” (Ayres e cols., 2006)

Com essas considerações, ao fazermos os cruzamentos dos dados quantitativos acerca das

percepções dos pacientes quanto ao vínculo com os profissionais e quanto ao cuidado que

recebem, embora tenhamos realizado cálculos estatísticos que avaliam a correlação entre

estas diversas variáveis, nossa interpretação dos dados não se deu de forma a privilegiar as

verdades matemáticas, mas apenas no sentido de que estes dados ajudassem a compor um

texto, que poderia ser apreendido de forma mais compreensiva e menos analítica. Assim,

não foi nossa preocupação analisar entre os vínculos com os diversos profissionais qual se

constituiria em efetivo “risco” e que outros seriam apenas “fatores de confundimento”, mas

perceber de forma compreensiva se o vínculo com os profissionais relaciona-se ao

estabelecimento da clínica ampliada, possibilitando que as interações entre os profissionais

e os pacientes possam ser ampliadas para além do responsabilizar-se pela doença orgânica e

pela prescrição medicamentosa adequada, incluindo as questões referentes à subjetividade e

à socialidade dos pacientes.

Como pontua Ayres: “Assim, sob a ótica da vulnerabilidade e na perspectiva de uma atenção

integral à saúde, o que as ciências biomédicas definem como limitações ou ideais de saúde podem

ter seu conhecimento ampliado pelas associações que a Epidemiologia estabelece nos estudos de

risco, as quais precisam ser interpretadas desde totalidades compreensivas, onde as vozes dos

diferentes sujeitos implicados – cientistas sociais, outros experts, as populações envolvidas etc. –

possam dialogar mais clara e efetivamente sobre o que concretamente significam tais limitações e

ideais e o que de melhor deve ser feito quanto a eles.” (Ayres, 2009)

Ayres afirma ainda: “A vulnerabilidade aparece, então, como uma possibilidade de buscar novas

sínteses teóricas, de fazer a Epidemiologia dialogar com outras ciências e com outros saberes não

científicos, uma possibilidade de construir saberes compreensivo-interpretativos, produtores de

sínteses aplicadas.” (Ayres, 2009)

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Na parte qualitativa do estudo, utilizamos as narrativas, elaboradas a partir das falas dos

principais sujeitos da pesquisa, os profissionais e os pacientes do ambulatório, obtidas nos

grupos focais e nas questões abertas das entrevistas.

Segundo Miranda e cols., o grupo focal é uma técnica de coleta de dados que parte de

encontros grupais entre as pessoas que compartilham traços comuns. Nesses grupos, são

valorizados os conhecimentos, opiniões, representações, atitudes e valores dos participantes

sobre as questões abordadas. O grupo oferece um ambiente onde a fala de um participante

pode motivar colocações de outro.

O material dos grupos focais foi trabalhado com a produção de narrativas. Segundo

Ricoeur, a construção do sentido de modo narrativo é o que permite a superação da

dicotomia entre compreender e explicar. (Ricouer, 1997) A narrativa como representação

do tempo e da ação humana. A utilização da narrativa para interpretar o material produzido

nos grupos focais permitiu emergir um sentido do emaranhado das discussões de cada

grupo e a construção de uma história. (Onocko Campos, 2008) Esta técnica foi descrita por

Miranda e cols. como um desenvolvimento metodológico de suas pesquisas, dando a estes

grupos focais a denominação de grupos focais narrativos. (Miranda e cols., 2008; Onocko

Campos, 2008)

A partir das narrativas elaboradas com o material das degravações dos grupos focais, foi

feito um estudo por categorias de análise com os principais conceitos estudados neste

trabalho, permitindo destacar as diferentes percepções e opiniões, de acordo com o grupo

focal estudado (de médicos, multiprofissional e de pacientes).

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Objetivos

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OBJETIVO GERAL

Avaliar a implantação dos arranjos e dispositivos da clínica ampliada em um serviço de

acompanhamento de pacientes portadores de DST-HIV/AIDS de acordo com a percepção

dos profissionais e dos pacientes do serviço.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

a- Avaliar a percepção dos profissionais das equipes de referência do ambulatório do

CRT-DST-AIDS-SP quanto à implantação dos arranjos e dispositivos da clínica

ampliada e equipe de referência.

b- Avaliar a percepção dos pacientes quanto às características de vínculo e de cuidado, de

satisfação com a atenção e o serviço e sua adesão ao serviço e às condutas preconizadas

pela equipe de referência (regularidade de exames laboratoriais e de consultas de

acompanhamento, uso correto de medicação, medidas de prevenção secundária,

cuidados).

c- Avaliar a existência de associação entre a percepção dos usuários quanto ao vínculo

com os profissionais do serviço e sua percepção quanto ao cuidado que recebem.

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Material e métodos

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MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado através da triangulação de métodos (Minayo, 2006a), combinando

métodos quantitativos e qualitativos de coleta e análise de dados referentes aos

profissionais do ambulatório do CRT-DST-AIDS-SP e a uma amostra de pacientes

atendidos neste ambulatório.

A avaliação das características dos profissionais foi realizada através de:

Para o estudo quantitativo:

1. Aplicação de questionário semi-estruturado para resposta individual com cada

profissional das equipes de referência e os apoios destas equipes (médicos

infectologistas, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e

psiquiatras);

2. Análise estatística da distribuição das respostas e correlações entre elas.

Para o estudo qualitativo:

1. Grupos focais: um formado exclusivamente por profissionais médicos infectologistas de

referência dos pacientes e um multiprofissional, incluindo médicos infectologistas,

psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e psiquiatras; a seleção dos profissionais

que participaram dos grupos focais foi feita de forma intencional, entre os profissionais

de cada uma das categorias profissionais que participaram da 1ª fase do estudo;

2. Construção de narrativas elaboradas a partir dos conteúdos dos grupos focais e das

respostas às questões abertas do questionário semi-estruturado. (Miranda e cols., 2008);

3. Descrição e análise, com referencial hermenêutico-dialética (Minayo, 2006b; Onocko

Campos, 2008), da percepção dos profissionais quanto às características de seu

trabalho, principalmente quanto à ampliação da clínica e ao trabalho em equipe de

referência.

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Critérios de inclusão dos profissionais:

ser profissional de equipe de referência ou apoio à equipe de referência (médicos

infectologistas, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e

psiquiatras) do ambulatório do CRT-DST-AIDS-SP há pelo menos seis meses;

aceitar participar do estudo, através de TCLE.

Critérios de exclusão dos profissionais:

estar há menos de seis meses como profissional de equipe de referência ou apoio às

equipes de referência do ambulatório do CRT-DST-AIDS-SP;

estar de licença prolongada de serviço, por motivo de saúde ou maternidade, no período

de condução dos trabalhos de campo;

negar-se a participar do estudo ou resolver desligar-se do estudo após consentimento;

ser profissional com envolvimento na gestão superior da instituição;

fazer parte do grupo de pesquisadores envolvidos na elaboração, condução e apoio

desta pesquisa.

A avaliação das características dos usuários foi realizada através de:

Para o estudo quantitativo:

1. Seleção aleatória de 350 pacientes adultos dentre o universo dos pacientes em

seguimento pelas equipes de referência do ambulatório (cerca de 4.000 pacientes) que

tiveram ao menos uma consulta com médico infectologista no período de 12 meses

compreendido entre 1º de maio de 2007 e 30 de abril de 2008 (cerca de 3625 pacientes),

através de sorteio aleatório de número correspondente ao da listagem dos pacientes

emitida pelo Sistema de Informação do Incor, que gerencia o cadastro dos pacientes do

CRT-DST/AIDS-SP;

2. Entrevista através de questionário estruturado desta amostra aleatória de usuários em

acompanhamento no ambulatório: 350 entrevistas

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3. Avaliação de dados clínico-laboratoriais dos pacientes selecionados, através de revisão

de prontuário (resultados laboratoriais, CD4/CD8, carga viral, utilização de consultas na

emergência, necessidade de internação, seleção para realização de PTS pela equipe de

referência).

Para o estudo qualitativo:

1. Seleção dos pacientes para pesquisa qualitativa (grupo focal), por amostra intencional,

entre os participantes da 1ª fase do estudo (entrevistas estruturadas);

2. Construção de narrativa elaborada a partir do conteúdo do grupos focal. (Miranda e

cols., 2008);

3. Descrição e análise, através de referencial hermenêutico-dialético (Minayo, 2006b;

Onocko Campos, 2008), da percepção dos pacientes quanto aos cuidados recebidos, sua

interação com os profissionais das equipes de referência e suas atitudes em relação ao

seu próprio cuidado.

Critérios de inclusão dos pacientes:

Pacientes que tiveram ao menos uma consulta com médico infectologista do

ambulatório do CRT entre os dias 1º de maio de 2007 e 30 de abril de 2008;

Ser maior de 18 anos.

Critérios de exclusão dos pacientes:

Pacientes adscritos às equipes de médicos infectologistas que não participaram da 1ª

fase da pesquisa – entrevista semi-estruturada dos profissionais (seis não elegíveis e

quatro recusas);

Pacientes acompanhados há menos de um ano = 1ª consulta após 1º de maio de 2007;

Pacientes menores de 18 anos;

Pacientes psiquiátricos com limitação total da autonomia;

Pacientes presidiários;

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Pacientes acompanhados em projeto de pesquisa da Unidade de Pesquisa do CRT;

Pacientes que foram transferidos de serviço ou se mudaram de cidade, estado ou país;

Pacientes que constavam da listagem de pacientes, que morreram após a atualização da

lista disponível.*

Além das exclusões de pacientes, foram contabilizadas perdas referentes à:

Pacientes não encontrados no período do campo do estudo;*

Pacientes que não quiseram participar. A aceitação ou recusa de participar foi registrada

através de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE);*

Observações:

Todas as exclusões e as perdas (pacientes não encontrados para entrevista no período do

campo do estudo ou que não aceitaram participar) foram repostas através de sorteio

aleatorizado de novos pacientes.

* Estas exclusões e as perdas (pacientes não encontrados para entrevista ou que não

aceitaram participar) foram analisadas na parte que diz respeito aos dados de

prontuário, para comparação com os dados dos pacientes participantes do estudo.

No estudo quantitativo, foi pesquisada a associação entre a percepção dos pacientes quanto

ao vínculo com os profissionais/equipes de referência e suas percepções quanto aos

cuidados recebidos.

Cálculo do tamanho da amostra necessária de pacientes:

Parâmetros utilizados: foram feitos cálculos para diversos cenários de exposição e

freqüências esperadas dos resultados nos grupos expostos e não-expostos.

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O desenho do estudo permite que várias possibilidades de correlação entre exposição e

resultados sejam testadas. Para finalidade dessa pesquisa, consideraram-se como expostos

os pacientes que tiveram percepção de maior vínculo às equipes ou aos profissionais.

Considerou-se como resultado positivo a presença de escores mais altos das variáveis

pesquisadas na percepção dos pacientes do serviço quanto ao tipo de cuidados que

recebiam (reconhecimento de fatores ligados à subjetividade e à socialidade, conhecimento,

adesão).

Para qualquer uma das exposições possíveis (por exemplo, pacientes com percepção de

vínculo forte com o médico infectologista) e sua correlação com qualquer uma das

variáveis-resposta pesquisadas (por exemplo, paciente com percepção de ter apoio da

equipe para lidar com seus medos e angústias), foram utilizados cenários que exigissem

maior poder de amostra, sendo respeitados erro alfa de 5% e erro beta de 20%.

Assim, para a maioria das situações esperadas de prevalência das variáveis-resultado nas

populações expostas e não expostas, e nas várias simulações de relação exposto: não

exposto, uma amostra de cerca de 350 pacientes é adequada para demonstrar associações

significativas (poder da amostra) em relação a diferenças com significado clínico (validade

externa). Nos casos onde a associação foi negativa, calculou-se o poder da amostra de

revelar aquela associação em específico.

Além disso, para um estudo de prevalência populacional de uma determinada variável:

- considerando-se uma população de 3625 pacientes e a situação de mais difícil

demonstração de freqüência da variável de 50%, permitindo-se uma margem de erro de

3,19% para cima ou para baixo, a amostra de 350 pacientes seria adequada, com intervalo

de confiança de 80%.

Os dados da pesquisa quantitativa foram digitados e analisados em software livre, o

Programa EpiInfo do Centers for Disease Control (CDC) e Organização Mundial de Saúde

(OMS), em duas versões: Epi Info 6 for DOS Versão 6.04d, de janeiro de 2001 e Epi Info

for Windows Versão 3.5.1., de 13 de agosto de 2008.

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Aspectos éticos da

pesquisa

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ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA

Este estudo foi elaborado de acordo com os princípios éticos enunciados na

DECLARAÇÃO DE HELSINKI III. As informações colhidas serão mantidas em sigilo e o

protocolo de pesquisa submetido à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do CRT-

DST-AIDS-SP. A obtenção do consentimento livre e esclarecido será utilizada pelos

pesquisadores, durante a entrevista com os participantes do estudo (Anexos).

Com a finalidade de trabalharmos com a ética estabelecida para a pesquisa social, o

informante tomará ciência dos princípios discriminados no TERMO DE

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e que regerão sua participação. No caso

da aplicação de questionários, todos os participantes selecionados deverão preencher o

referido TERMO. No caso das entrevistas, além de preencherem o TERMO, como as

entrevistas serão gravadas, o TERMO será lido ao participante ao início da entrevista e caso

esteja de acordo, o mesmo deverá dizer: "Eu concordo". Somente após a sua aprovação

explícita terá continuidade a entrevista.

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Resultados

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Estudo quantitativo

dos profissionais

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Consolidação e

análise primária das

respostas dos

profissionais às

questões fechadas do

questionário

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CONSOLIDAÇÃO E ANÁLISE PRIMÁRIA DAS RESPOSTAS DOS

PROFISSIONAIS ÀS QUESTÕES FECHADAS DO QUESTIONÁRIO

O critério de inclusão dos profissionais na pesquisa foi: ser profissional das equipes de

referência do ambulatório (médicos infectologistas, psicólogos e assistentes sociais) ou

profissional de apoio das equipes (enfermeiros, auxiliares de enfermagem e médicos

psiquiatras).

No total, são 61 profissionais existentes nessas categorias no ambulatório do CRT. Destes,

oito profissionais foram excluídos por diversos motivos (licença maternidade ou outra

licença médica prolongada, ser gestora do CRT, ser pesquisadora do grupo de pesquisa que

está conduzindo esta pesquisa), restando 53 profissionais elegíveis para a pesquisa. Destes,

foram entrevistados 43 profissionais, com perda de 10 profissionais elegíveis, sendo quatro

médicos, um assistente social, dois auxiliares de enfermagem e três psiquiatras do

ambulatório do CRT, sendo todas as perdas devido à recusa em participar do estudo.

Relação dos profissionais do ambulatório do CRT-DST/AIDS-SP

Categoria Existentes Elegíveis Entrevistados

Médicos 33 27 23

Psicólogos 7 7 7

Assistentes sociais 6 5 4

Enfermeiros 5 4 4

Auxiliares de enfermagem 5 5 3

Psiquiatras 5 5 2

Total 61 53 43

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Sexo dos participantes da pesquisa:

Caracterização dos profissionais por categoria profissioanal e sexo (femin./masc.)

Categoria profissional Existentes Elegíveis Entrevistados Recusas

Médicos 23/10 18/9 15/8 3/1

Psicólogos 7/0 7/0 7/0 0/0

Assistentes sociais 6/0 5/0 4/0 1/0

Enfermeiros 4/1 4/0 4/0 0/0

Auxiliares de enfermagem 5/0 5/0 3/0 2/0

Psiquiatras 2/3 2/3 0/2 2/1

Total 47/14 41/12 33/10 8/2

A grande maioria - 33 (77%) - dos profissionais participantes do estudo são mulheres.

Apenas 10 (23%) são homens.

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Idade dos profissionais participantes do estudo:

A idade média dos profissionais participantes do estudo foi 44 anos (com desvio-padrão de

9 anos). Os dados referentes à idade dos participantes estão demonstrados na tabela e figura

abaixo.

Idade dos participantes do estudo

Respondentes 43

Média 44,0465

Desvio-padrão 8,6519

Variância 74,8549

Menor valor 29

Percentil 25 36

Mediana 45

Percentil 75 50

Maior valor 66

Moda 46

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Tempo de formado (graduação):

Quanto ao tempo desde a graduação, os profissionais apresentaram os dados a seguir.

Foram considerados o tempo de graduação no curso superior para os profissionais de nível

superior e tempo de graduação no curso técnico para os profissionais técnicos de

enfermagem.

A maioria dos profissionais tinha mais de 10 anos de formado. O tempo médio desde a

graduação foi de 17 anos.

Tempo de formado (graduação)

Respondentes 43

Média 17,0698

Desvio-padrão 6,3561

Variância 40,3998

Menor valor 8

Percentil 25 11

Mediana 17

Percentil 75 20

Maior valor 33

Moda 10 e 20

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Tempo de trabalho no CRT:

Quanto ao tempo de trabalho no CRT, a maioria dos profissionais tinha mais de 5 anos de

trabalho no CRT. O tempo médio de trabalho no CRT foi de 10 anos.

Tempo de trabalho no CRT

Respondentes 43

Média 10,2651

Desvio-padrão 6,0186

Variância 36,2233

Menor valor 0,6

Percentil 25 5

Mediana 9

Percentil 75 15

Maior valor 22

Moda 7, 8 e 11

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Tempo de trabalho com pacientes portadores de HIV-AIDS:

Quanto ao tempo de trabalho com pacientes portadores de HIV-AIDS, os profissionais

apresentaram os dados a seguir. A maioria dos profissionais tinha mais de oito anos de

trabalho com pacientes portadores de HIV-AIDS. O tempo médio de trabalho com

pacientes portadores de HIV-AIDS foi de 13 anos.

Tempo de trabalho com pacientes HIV/AIDS

Respondentes 43

Média 12,7326

Desvio-padrão 5,3478

Variância 28,5994

Menor valor 1,5

Percentil 25 8

Mediana 12

Percentil 75 18

Maior valor 25

Moda 19

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Pergunta 1:

Você participou das discussões ocorridas no CRT para implantação do projeto das Equipes

de Referência e da Clínica Ampliada?

(Não participei) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Participei muito)

Doze profissionais afirmaram que não tiveram qualquer participação nas discussões para

implantação do projeto. Entre os 43 profissionais participantes da pesquisa, o escore médio

de percepção da participação nas discussões para implantação do projeto foi de 4,6 ± 3,5.

Você participou das discussões?

Respondentes 43

Média 4,6279

Desvio-padrão 3,5120

Variância 12,3344

Menor valor 0

Percentil 25 0

Mediana 5

Percentil 75 8

Maior valor 10

Moda 0

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Pergunta 2:

Em linhas gerais, você concorda com os princípios discutidos neste projeto?

(Não concordo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Concordo muito)

Dois profissionais afirmaram não saber responder. Dois afirmaram que a questão não se

aplicava. Estes quatro profissionais afirmaram não ter participado das discussões para

implantação (resposta anterior = 0). No entanto, dos 12 que responderam não ter

participado das discussões para implantação, oito opinaram sobre concordar ou não com os

princípios discutidos no projeto. Entre os respondentes, o escore médio de concordância

com os princípios discutidos no projeto foi de 7,7 ± 2,8.

Em linhas gerais, você concorda com os

princípios discutidos neste projeto?

Respondentes 39

Média 7,7436

Desvio-padrão 2,8258

Variância 7,9852

Menor valor 0

Percentil 25 7

Mediana 9

Percentil 75 10

Maior valor 10

Moda 10

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Pergunta 3:

Liste sucintamente 3 a 4 objetivos/finalidades do projeto?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

(As respostas da pergunta 3 estão descritas e analisadas na próxima sessão, por tratar-se de

questão aberta, que deve receber outro tipo de tratamento de dados).

Você agora deverá apreciar alguns conceitos, apresentados na tabela, pontuando da

seguinte forma:

Na primeira coluna:

Qual a sua opinião sobre a importância do conceito para a qualificação do atendimento

(você deve responder pontuando de 0 a 10, da seguinte forma):

(Sem importância) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito importante)

E na segunda coluna:

O quanto você considera que este conceito é aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT (você deve responder pontuando de 0 a 10, da seguinte

forma):

(Não aplicado) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito aplicado)

Considere Equipe de Referência aquela formada pelo médico infectologista, assistente

social e psicólogo.

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Pergunta 4:

Conceito: Vinculação dos pacientes a um médico

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,5116 Média 8,6744

Desvio-padrão 0,9353 Desvio-padrão 1,2483

Variância 0,8749 Variância 1,5581

Menor valor 7 Menor valor 5

Percentil 25 9 Percentil 25 8

Mediana 10 Mediana 9

Percentil 75 10 Percentil 75 10

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 10

Enquanto 74% dos profissionais dão nota 10 para a sua opinião quanto à importância da

vinculação dos pacientes a um médico (nota média ± desvio-padrão = 9,5 ± 0,9), apenas

35% deles dão nota 10 quando perguntados sobre o quanto isso ocorre com seus pacientes

no CRT (nota média ± desvio-padrão = 8,7 ± 1,2).

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Pergunta 5:

Conceito: Vinculação dos pacientes a uma equipe de referência

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do atendimento:

O quanto você considera que este conceito

é aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,3023 Média 6,3256

Desvio-padrão 1,2058 Desvio-padrão 2,0438

Variância 1,4540 Variância 4,1772

Menor valor 5 Menor valor 2

Percentil 25 9 Percentil 25 5

Mediana 10 Mediana 7

Percentil 75 10 Percentil 75 8

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 8

Como na resposta à pergunta anterior, existe uma grande diferença entre a percepção da

importância e a percepção de quanto se aplica o conceito na prática dos profissionais.

Enquanto 63% dos profissionais dão nota 10 para a sua opinião quanto à importância da

vinculação dos pacientes a uma equipe de referência (nota média ± desvio-padrão = 9,3 ±

1,2), apenas 5% deles dão nota 10 quando perguntados sobre o quanto isso ocorre com seus

pacientes no CRT (nota média ± desvio-padrão = 6,3 ± 2,0).

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Correlacionando as perguntas 4 e 5:

Quando comparamos o comportamento da percepção dos profissionais sobre a importância

dos dois conceitos (vinculação dos pacientes a um médico x vinculação dos pacientes a

uma equipe de referência), identificamos uma semelhança no comportamento, com uma

leve tendência a valorizar mais o vínculo com o médico que com a equipe de referência.

Essa diferença não é significativa do ponto de vista estatístico.

Comparação das médias das respostas à pergunta:

“Qual a importância da vinculação dos pacientes a um médico e a uma equipe de

referência?”

Amostra Média Variância Tamanho da

amostra

Vinculação a um médico 9,5116 0,8749 43

Vinculação a uma equipe 9,3023 1,4540 43

Variância entre as amostras = 0,94; Variância residual = 1,16; Estatística F = 0,81; pvalue =

0,37.

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Já na comparação do comportamento da percepção dos profissionais sobre o quanto os

conceitos conseguem ser aplicados (vinculação dos pacientes a um médico x vinculação

dos pacientes a uma equipe de referência), existe uma tendência mais nítida de avaliar o

vínculo com o médico como ocorrendo mais que o vínculo com a equipe de referência.

Essa diferença foi estatisticamente significativa (p < 10-6

).

Comparação das médias das respostas à pergunta:

“O quanto você considera que a vinculação dos pacientes a um médico e a uma equipe de

referência ocorre com seus pacientes no CRT?”

Amostra Média Variância Tamanho da

amostra

Vinculação a um médico 8,6744 1,5581 43

Vinculação a uma equipe 6,3256 4,1772 43

Variância entre as amostras = 118,61; Variância residual = 2,87; Estatística F = 41,36;

pvalue < 10-6

.

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Pergunta 6:

Conceito: Seguimento longitudinal dos pacientes por um mesmo médico

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,2093 Média 7,9767

Desvio-padrão 1,2828 Desvio-padrão 1,8579

Variância 1,6456 Variância 3,4518

Menor valor 6 Menor valor 4

Percentil 25 9 Percentil 25 6

Mediana 10 Mediana 9

Percentil 75 10 Percentil 75 10

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 10

As respostas das percepções dos profissionais quanto ao conceito de seguimento

longitudinal dos pacientes por um mesmo médico foi muito parecida com a resposta quanto

ao vínculo com um médico. Enquanto 63% dos profissionais dão nota 10 para a sua opinião

quanto à importância do seguimento longitudinal dos pacientes por um mesmo médico

(nota média ± desvio-padrão = 9,2 ± 1,3), apenas 28% deles dão nota 10 quando

perguntados sobre o quanto isso ocorre com seus pacientes no CRT (nota média ± desvio-

padrão = 8,0 ± 1,9).

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Pergunta 7:

Conceito: Seguimento longitudinal dos pacientes por uma mesma equipe de referência

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 8,9535 Média 6,3721

Desvio-padrão 1,4793 Desvio-padrão 2,0357

Variância 2,1883 Variância 4,1440

Menor valor 5 Menor valor 2

Percentil 25 8 Percentil 25 5

Mediana 10 Mediana 7

Percentil 75 10 Percentil 75 8

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 7

Como na resposta à pergunta anterior, existe uma grande diferença entre a percepção da

importância e a percepção de quanto se aplica o conceito na prática dos profissionais.

Enquanto 72% dos profissionais dão nota 9 ou 10 para a sua opinião quanto à importância

do seguimento longitudinal dos pacientes por uma mesma equipe de referência (nota média

± desvio-padrão = 9,0 ± 1,5), apenas 9% deles dão nota 9 ou 10 quando perguntados sobre

o quanto isso ocorre com seus pacientes no CRT (nota média ± desvio-padrão = 6,4 ± 2,0).

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Pergunta 8:

Conceito: Disponibilidade da equipe de referência para atender seus pacientes, fora da

agenda prevista, em caso de necessidade

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,0000 Média 6,5349

Desvio-padrão 1,6619 Desvio-padrão 2,4236

Variância 2,7619 Variância 5,8738

Menor valor 3 Menor valor 0

Percentil 25 8 Percentil 25 5

Mediana 10 Mediana 7

Percentil 75 10 Percentil 75 8

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 7

Enquanto 90% dos profissionais dão nota entre 8 e 10 para sua percepção da importância da

disponibilidade da equipe de referência atender seus pacientes, fora da agenda prevista, em

caso de necessidade (nota média ± desvio-padrão = 9,0 ± 1,7), apenas 33% dão nota entre 8

e 10 para sua percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do CRT

(nota média ± desvio-padrão = 6,5 ± 2,4).

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Pergunta 9:

Conceito: Combinar a forma de trabalhar com os pacientes

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,1395 Média 6,6279

Desvio-padrão 1,5520 Desvio-padrão 2,4204

Variância 2,4086 Variância 5,8583

Menor valor 4 Menor valor 0

Percentil 25 9 Percentil 25 5

Mediana 10 Mediana 7

Percentil 75 10 Percentil 75 9

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 6

Enquanto 88% dos profissionais dão nota entre 8 e 10 para sua percepção da importância de

combinar a forma de trabalhar com os pacientes, (nota média ± desvio-padrão = 9,1 ± 1,6),

apenas 38% dão nota entre 8 e 10 para sua percepção de quanto isso ocorre com seus

pacientes no ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão = 6,6 ± 2,4).

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100

Pergunta 10:

Conceito: Reconhecer as condições singulares dos pacientes (gravidade, complicações da

doença, risco e vulnerabilidade) na definição dos procedimentos a serem adotados (p. ex.

freqüência do retorno, etc.)

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,6047 Média 7,6512

Desvio-padrão 1,1368 Desvio-padrão 2,0457

Variância 1,2924 Variância 4,1849

Menor valor 4 Menor valor 2

Percentil 25 10 Percentil 25 7

Mediana 10 Mediana 8

Percentil 75 10 Percentil 75 9

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 8

Dos profissionais entrevistados, 86% dão nota 10 para sua percepção da importância de

reconhecer as condições singulares dos pacientes (gravidade, complicações da doença, risco

e vulnerabilidade) na definição dos procedimentos a serem adotados (p. ex. freqüência do

retorno, etc.) - (nota média ± desvio-padrão = 9,6 ± 1,1). No entanto, apenas 23% dão nota

10 para sua percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do CRT

(nota média ± desvio-padrão = 7,6 ± 2,0).

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101

Pergunta 11:

Conceito: Fazer Projetos Terapêuticos Individuais para cada paciente

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,2326 Média 6,4186

Desvio-padrão 1,1920 Desvio-padrão 2,6747

Variância 1,4208 Variância 7,1539

Menor valor 5 Menor valor 1

Percentil 25 9 Percentil 25 5

Mediana 10 Mediana 7

Percentil 75 10 Percentil 75 8

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 5

Dos profissionais entrevistados, 79% dão nota 9 ou 10 para sua percepção da importância

de fazer projetos terapêuticos individuais para cada paciente - (nota média ± desvio-padrão

= 9,2 ± 1,2). No entanto, apenas 23% dão nota 9 ou 10 para sua percepção de quanto isso

ocorre com seus pacientes no ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão = 6,4 ±

2,7).

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102

Pergunta 12:

Conceito: Abordar os fatores subjetivos dos pacientes (desejos, interesses, angústias, medos,

preconceitos)

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,6744 Média 7,6512

Desvio-padrão 0,6444 Desvio-padrão 1,9986

Variância 0,4153 Variância 3,9945

Menor valor 8 Menor valor 2

Percentil 25 10 Percentil 25 7

Mediana 10 Mediana 8

Percentil 75 10 Percentil 75 9

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 9

Enquanto 77% dos profissionais entrevistados dão nota 10 para sua percepção da

importância de abordar os fatores subjetivos dos pacientes (desejos, interesses, angústias,

medos, preconceitos) - (nota média ± desvio-padrão = 9,7 ± 0,6), apenas 19% dão nota 10

para sua percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do CRT (nota

média ± desvio-padrão = 7,7 ± 2,0).

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103

Pergunta 13:

Conceito: Abordar os fatores sociais dos pacientes (situação de emprego, renda,

pertencimento a grupo ou rede social)

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,4419 Média 7,3488

Desvio-padrão 1,0305 Desvio-padrão 2,0105

Variância 1,0620 Variância 4,0421

Menor valor 7 Menor valor 3

Percentil 25 9 Percentil 25 6

Mediana 10 Mediana 8

Percentil 75 10 Percentil 75 9

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 9

Enquanto 72% dos profissionais entrevistados dão nota 10 para sua percepção da

importância de abordar os fatores sociais dos pacientes (situação de emprego, renda,

pertencimento a grupo ou rede social) - (nota média ± desvio-padrão = 9,4 ± 1,0), apenas

16% dão nota 10 para sua percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes no

ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão = 7,3 ± 2,0).

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104

Pergunta 14:

Conceito: Reavaliação do Projeto Terapêutico dentro de um tempo estipulado

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,2558 Média 5,8140

Desvio-padrão 1,1566 Desvio-padrão 2,8390

Variância 1,3378 Variância 8,0598

Menor valor 6 Menor valor 0

Percentil 25 9 Percentil 25 4

Mediana 10 Mediana 5

Percentil 75 10 Percentil 75 9

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 5

Dos profissionais entrevistados, 91% dão nota entre 8 e 10 para sua percepção da

importância da reavaliação do Projeto Terapêutico dentro de um tempo estipulado - (nota

média ± desvio-padrão = 9,3 ± 1,2). No entanto, apenas 32% dão nota entre 8 e 10 para sua

percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do CRT (nota média ±

desvio-padrão = 5,8 ± 2,8).

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105

Pergunta 15:

Conceito: Conhecer/interagir com os recursos disponíveis no território de moradia dos

pacientes

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 8,5349 Média 5,0698

Desvio-padrão 1,6811 Desvio-padrão 2,4918

Variância 2,8261 Variância 6,2093

Menor valor 5 Menor valor 0

Percentil 25 7 Percentil 25 3

Mediana 9 Mediana 5

Percentil 75 10 Percentil 75 7

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 5

Dos profissionais entrevistados, 72% dão nota entre 8 e 10 para sua percepção da

importância de conhecer/interagir com os recursos disponíveis no território de moradia dos

pacientes - (nota média ± desvio-padrão = 8,5 ± 1,7). No entanto, apenas 16% dão nota

entre 8 e 10 para sua percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do

CRT (nota média ± desvio-padrão = 5,1 ± 2,5).

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106

Pergunta 16:

Conceito: Interação com as Equipes de Atenção Básica (Saúde da Família ou outras), caso

autorizado pelo paciente, para condução conjunta do caso

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 42

Média 8,5581 Média 4,4524

Desvio-padrão 1,8555 Desvio-padrão 3,2249

Variância 3,4430 Variância 10,4001

Menor valor 1 Menor valor 0

Percentil 25 8 Percentil 25 2

Mediana 9 Mediana 4

Percentil 75 10 Percentil 75 7

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 0

Enquanto 77% dos profissionais entrevistados dão nota entre 8 e 10 para sua percepção da

importância de interação com as Equipes de Atenção Básica (Saúde da Família ou outras),

caso autorizado pelo paciente, para condução conjunta do caso - (nota média ± desvio-

padrão = 8,6 ± 1,9), apenas 15% dão nota entre 8 e 10 para sua percepção de quanto isso

ocorre com seus pacientes no ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão = 4,5 ±

3,2).

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107

Pergunta 17

Conceito: Contato com o médico/enfermeiro do hospital/enfermaria, responsável pela

internação do paciente, no caso de internações de pacientes da equipe de referência

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 42

Média 9,3721 Média 6,3333

Desvio-padrão 1,0916 Desvio-padrão 2,7200

Variância 1,1916 Variância 7,3984

Menor valor 6 Menor valor 1

Percentil 25 9 Percentil 25 4

Mediana 10 Mediana 6,5

Percentil 75 10 Percentil 75 8

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 6

Enquanto 91% dos profissionais entrevistados dão nota entre 8 e 10 para sua percepção da

importância de contato com o médico/enfermeiro do hospital/enfermaria, responsável pela

internação do paciente, no caso de internações de pacientes da equipe de referência - (nota

média ± desvio-padrão = 9,4 ± 1,1), apenas 38% dão nota entre 8 e 10 para sua percepção

de quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do CRT (nota média ± desvio-

padrão = 6,3 ± 2,7).

Page 89: CARLOS ALBERTO GAMA PINTO - repositorio.unicamp.br · Pinto, Carlos Alberto Gama P658a saúde. I. Campos, Gastão Wagner de Sousa. II. ... de Souza, participaram da elaboração do

108

Pergunta 18:

Conceito: Oferecimento de práticas complementares de cuidados (homeopatia, fitoterapia,

medicina chinesa, etc.), em conjunto à medicina tradicional, aos pacientes que desejarem

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 42

Média 7,6279 Média 3,7381

Desvio-padrão 2,4978 Desvio-padrão 3,2689

Variância 6,2392 Variância 10,6858

Menor valor 0 Menor valor 0

Percentil 25 7 Percentil 25 0

Mediana 8 Mediana 3

Percentil 75 10 Percentil 75 6

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 0

Dos profissionais entrevistados, 61% dão nota entre 8 e 10 para sua percepção da

importância do oferecimento de práticas complementares de cuidados (homeopatia,

fitoterapia, medicina chinesa, etc.), em conjunto à medicina tradicional, aos pacientes que

desejarem - (nota média ± desvio-padrão = 7,6 ± 2,5). No entanto, apenas 14% dão nota

entre 8 e 10 para sua percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do

CRT (nota média ± desvio-padrão = 3,7 ± 3,3).

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109

Pergunta 19:

Conceito: Respeito à privacidade dos pacientes no fornecimento de informações e

orientações

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,8605 Média 9,3256

Desvio-padrão 0,5598 Desvio-padrão 1,3224

Variância 0,3134 Variância 1,7486

Menor valor 7 Menor valor 4

Percentil 25 10 Percentil 25 9

Mediana 10 Mediana 10

Percentil 75 10 Percentil 75 10

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 10

No caso desta variável, a diferença entre a percepção da importância do conceito e do

quanto ele se aplica é menor. Dos profissionais entrevistados, 93% dão nota 10 para sua

percepção da importância do respeito à privacidade dos pacientes no fornecimento de

informações e orientações - (nota média ± desvio-padrão = 9,9 ± 0,6) e 92% dão nota entre

8 e 10 para sua percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do CRT

(nota média ± desvio-padrão = 9,3 ± 1,3).

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110

Pergunta 20:

Conceito: Vinculação e responsabilização dos profissionais (ou equipes) de saúde bucal por

um grupo específico de pacientes

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 33

Média 9,2558 Média 6,7879

Desvio-padrão 1,7741 Desvio-padrão 2,9449

Variância 3,1473 Variância 8,6723

Menor valor 0 Menor valor 0

Percentil 25 9 Percentil 25 6

Mediana 10 Mediana 8

Percentil 75 10 Percentil 75 9

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 8

Dos profissionais entrevistados, 84% dão nota 9 ou 10 para sua percepção da importância

da vinculação e responsabilização dos profissionais (ou equipes) de saúde bucal por um

grupo específico de pacientes - (nota média ± desvio-padrão = 9,3 ± 1,8). No entanto,

apenas 27% dão nota 9 ou 10 para sua percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes

no ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão = 6,8 ± 2,9).

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111

Pergunta 21:

Conceito: Realização de atividades de educação dos pacientes e seus familiares para

autocuidado (manipulação de sondas e cateteres, cuidados com as feridas e trocas de

curativos, tomada adequada de medicamentos, outras)

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 41

Média 9,6744 Média 6,9512

Desvio-padrão 0,9442 Desvio-padrão 2,5490

Variância 0,8915 Variância 6,4976

Menor valor 5 Menor valor 0

Percentil 25 10 Percentil 25 5

Mediana 10 Mediana 8

Percentil 75 10 Percentil 75 9

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 8

Dos profissionais entrevistados, 84% dão nota 10 para sua percepção da importância da

realização de atividades de educação dos pacientes e seus familiares para autocuidado -

(nota média ± desvio-padrão = 9,7 ± 0,9). No entanto, apenas 17% dão nota 10 para sua

percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do CRT (nota média ±

desvio-padrão = 7,0 ± 2,5).

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112

Pergunta 22:

Conceito: Realização de atividades em grupos de educação em saúde pelos profissionais do

ambulatório do CRT

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 39

Média 9,3023 Média 6,8718

Desvio-padrão 1,1859 Desvio-padrão 2,7737

Variância 1,4064 Variância 7,6937

Menor valor 5 Menor valor 0

Percentil 25 9 Percentil 25 5

Mediana 10 Mediana 7

Percentil 75 10 Percentil 75 9

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 10

Dos profissionais entrevistados, 67% dão nota 10 para sua percepção da importância da

realização de atividades em grupos de educação em saúde pelos profissionais do

ambulatório do CRT - (nota média ± desvio-padrão = 9,3 ± 1,2). No entanto, apenas 23%

dão nota 10 para sua percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do

CRT (nota média ± desvio-padrão = 6,9 ± 2,8).

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113

Pergunta 23:

Conceito: Uso de avaliação de gravidade, risco e vulnerabilidade dos pacientes como critério

de agendamento com os especialistas do CRT

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,4186 Média 6,6977

Desvio-padrão 1,2389 Desvio-padrão 2,3758

Variância 1,5349 Variância 5,6445

Menor valor 4 Menor valor 1

Percentil 25 9 Percentil 25 5

Mediana 10 Mediana 7

Percentil 75 10 Percentil 75 8

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 8

Dos profissionais entrevistados, 81% dão nota 9 ou 10 para sua percepção da importância

do uso de avaliação de gravidade, risco e vulnerabilidade dos pacientes como critério de

agendamento com os especialistas do CRT - (nota média ± desvio-padrão = 9,4 ± 1,2). No

entanto, apenas 19% dão nota 9 ou 10 para sua percepção de quanto isso ocorre com seus

pacientes no ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão = 6,7 ± 2,4).

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114

Pergunta 24:

Conceito: Avaliação pela equipe de referência da adesão dos pacientes ao tratamento

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,6512 Média 6,7907

Desvio-padrão 0,9228 Desvio-padrão 2,6327

Variância 0,8516 Variância 6,9313

Menor valor 6 Menor valor 0

Percentil 25 10 Percentil 25 5

Mediana 10 Mediana 7

Percentil 75 10 Percentil 75 9

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 7

Enquanto 84% dos profissionais entrevistados dão nota 10 para sua percepção da

importância da avaliação pela equipe de referência da adesão dos pacientes ao tratamento -

(nota média ± desvio-padrão = 9,7 ± 0,9), apenas 14% dão nota 10 para sua percepção de

quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão

= 6,8 ± 2,6).

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115

Pergunta 25:

Conceito: Estimulação dos pacientes para que consigam maiores graus de autonomia

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 42

Média 9,6047 Média 7,3810

Desvio-padrão 0,8206 Desvio-padrão 2,2519

Variância 0,6733 Variância 5,0708

Menor valor 7 Menor valor 1

Percentil 25 10 Percentil 25 6

Mediana 10 Mediana 8

Percentil 75 10 Percentil 75 9

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 7

Enquanto 77% dos profissionais entrevistados dão nota 10 para sua percepção da

importância da estimulação dos pacientes para que consigam maiores graus de autonomia -

(nota média ± desvio-padrão = 9,6 ± 0,8), apenas 17% dão nota 10 para sua percepção de

quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão

= 7,4 ± 2,3).

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116

Pergunta 26:

Conceito: Comprometimento da equipe de referência com a constituição de rede social de

apoio aos pacientes (familiares, colegas, outros) que atenda suas necessidades de maneira

adequada

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 42

Média 9,2326 Média 6,2857

Desvio-padrão 1,1718 Desvio-padrão 2,6622

Variância 1,3732 Variância 7,0871

Menor valor 6 Menor valor 0

Percentil 25 9 Percentil 25 5

Mediana 10 Mediana 6

Percentil 75 10 Percentil 75 8

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 6

Apesar de que 79% dos profissionais entrevistados dão nota 9 ou 10 para sua percepção da

importância do comprometimento da equipe de referência com a constituição de rede social

de apoio aos pacientes - (nota média ± desvio-padrão = 9,2 ± 1,2), apenas 19% dão nota 9

ou 10 para sua percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do CRT

(nota média ± desvio-padrão = 6,3 ± 2,7).

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117

Pergunta 27:

Conceito: Trabalho em equipe de referência

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,4419 Média 6,4651

Desvio-padrão 1,1812 Desvio-padrão 2,3639

Variância 1,3953 Variância 5,5880

Menor valor 5 Menor valor 1

Percentil 25 9 Percentil 25 5

Mediana 10 Mediana 7

Percentil 75 10 Percentil 75 8

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 7

Apesar de que 74% dos profissionais entrevistados dão nota 10 para sua percepção da

importância do trabalho em equipe de referência - (nota média ± desvio-padrão = 9,4 ±

1,2), apenas 14% dão nota 10 para sua percepção de quanto isso ocorre no seu trabalho no

ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão = 6,5 ± 2,4).

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118

Pergunta 28:

Conceito: Realização de reuniões para discussão dos processos de trabalho, resolução de

problemas das relações do dia-a-dia, e estabelecimento de melhores formas de trabalhar e

conviver

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,3256 Média 5,6512

Desvio-padrão 1,2290 Desvio-padrão 2,8274

Variância 1,5105 Variância 7,9945

Menor valor 5 Menor valor 0

Percentil 25 9 Percentil 25 4

Mediana 10 Mediana 6

Percentil 75 10 Percentil 75 8

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 8

Apesar de que 70% dos profissionais entrevistados dão nota 10 para sua percepção da

importância da realização de reuniões para discussão dos processos de trabalho, resolução

de problemas das relações do dia-a-dia, e estabelecimento de melhores formas de trabalhar

e conviver - (nota média ± desvio-padrão = 9,3 ± 1,2), apenas 5% dão nota 10 para sua

percepção de quanto isso ocorre no seu trabalho no ambulatório do CRT (nota média ±

desvio-padrão = 5,7 ± 2,8).

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119

Pergunta 29:

Conceito: Discussão de casos (troca de informações ou opiniões) na equipe de referência

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,3953 Média 5,9070

Desvio-padrão 1,2562 Desvio-padrão 2,8604

Variância 1,5781 Variância 8,1816

Menor valor 5 Menor valor 0

Percentil 25 9 Percentil 25 5

Mediana 10 Mediana 6

Percentil 75 10 Percentil 75 8

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 5

Apesar de que 74% dos profissionais entrevistados dão nota 10 para sua percepção da

importância da discussão de casos (troca de informações ou opiniões) na equipe de

referência - (nota média ± desvio-padrão = 9,4 ± 1,3), apenas 14% dão nota 10 para sua

percepção de quanto isso ocorre no seu trabalho no ambulatório do CRT (nota média ±

desvio-padrão = 5,9 ± 2,9).

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Pergunta 30:

Conceito: Discussão de protocolos e diretrizes clínicas

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 41

Média 9,4884 Média 6,2439

Desvio-padrão 0,8830 Desvio-padrão 2,8353

Variância 0,7796 Variância 8,0390

Menor valor 7 Menor valor 0

Percentil 25 9 Percentil 25 5

Mediana 10 Mediana 7

Percentil 75 10 Percentil 75 8

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 7

Enquanto 84% dos profissionais entrevistados dão nota 9 ou 10 para sua percepção da

importância da discussão de protocolos e diretrizes clínicas - (nota média ± desvio-padrão =

9,5 ± 0,9), apenas 22% dão nota 9 ou 10 para sua percepção de quanto isso ocorre no seu

trabalho no ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão = 6,2 ± 2,8).

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Pergunta 31:

Conceito: Interação com Organizações Não-Governamentais

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 40

Média 8,2791 Média 5,9250

Desvio-padrão 2,2074 Desvio-padrão 3,1573

Variância 4,8726 Variância 9,9686

Menor valor 1 Menor valor 0

Percentil 25 7 Percentil 25 3

Mediana 9 Mediana 6,5

Percentil 75 10 Percentil 75 8

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 8

Apesar de que 47% dos profissionais entrevistados dão nota 10 para sua percepção da

importância da interação com Organizações Não-Governamentais - (nota média ± desvio-

padrão = 8,2 ± 2,2), apenas 13% dão nota 10 para sua percepção de quanto isso ocorre no

seu trabalho no ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão = 5,9 ± 3,2).

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Pergunta 32:

Conceito: Relacionamento direto com especialistas do CRT, com discussão dos casos em

conjunto, de forma não burocrática

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,5349 Média 6,9302

Desvio-padrão 0,8549 Desvio-padrão 2,4727

Variância 0,7309 Variância 6,1141

Menor valor 7 Menor valor 1

Percentil 25 9 Percentil 25 5

Mediana 10 Mediana 7

Percentil 75 10 Percentil 75 9

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 8

Dos profissionais entrevistados, 86% dão nota 9 ou 10 para sua percepção da importância

do relacionamento direto com especialistas do CRT, com discussão dos casos em conjunto,

de forma não burocrática - (nota média ± desvio-padrão = 9,5 ± 0,9). No entanto, apenas

28% dão nota 9 ou 10 para sua percepção de quanto isso ocorre no seu trabalho no

ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão = 6,9 ± 2,5).

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Pergunta 33:

Conceito: Participação dos profissionais do ambulatório do CRT na gestão e elaboração de

Projeto ou Plano de Trabalho, com objetivos, metas e indicadores avaliados

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,1628 Média 5,3488

Desvio-padrão 1,4627 Desvio-padrão 2,3793

Variância 2,1395 Variância 5,6611

Menor valor 3 Menor valor 0

Percentil 25 8 Percentil 25 4

Mediana 10 Mediana 6

Percentil 75 10 Percentil 75 7

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 6

Dos profissionais entrevistados, 75% dão nota 9 ou 10 para sua percepção da importância

da participação dos profissionais do ambulatório do CRT na gestão e elaboração de Projeto

ou Plano de Trabalho, com objetivos, metas e indicadores avaliados - (nota média ± desvio-

padrão = 9,2 ± 1,5). No entanto, apenas 2% dão nota 9 ou 10 para sua percepção de quanto

isso ocorre no seu trabalho no ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão = 5,3 ±

2,4).

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Pergunta 34:

Conceito: Utilização pela equipe de referência de dados de avaliação da qualidade de seu

trabalho no ambulatório do CRT: satisfação dos usuários, dados epidemiológicos

relacionados aos seus pacientes (mortalidade, internação, adesão, resposta laboratorial e

clínica)

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 42

Média 9,3721 Média 4,5238

Desvio-padrão 1,0916 Desvio-padrão 2,7607

Variância 1,1916 Variância 7,6214

Menor valor 5 Menor valor 0

Percentil 25 9 Percentil 25 2

Mediana 10 Mediana 5

Percentil 75 10 Percentil 75 6

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 6

Apesar de que 79% dos profissionais entrevistados dão nota 9 ou 10 para sua percepção da

importância da utilização pela equipe de referência de dados de avaliação da qualidade de

seu trabalho no ambulatório do CRT - (nota média ± desvio-padrão = 9,4 ± 1,1), apenas 5%

dão nota 9 ou 10 para sua percepção de quanto isso ocorre no seu trabalho no ambulatório

do CRT (nota média ± desvio-padrão = 4,5 ± 2,8).

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125

Pergunta 35:

Conceito: Capacitação e educação permanente dos profissionais do ambulatório do CRT

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,8372 Média 6,7907

Desvio-padrão 0,4845 Desvio-padrão 2,2945

Variância 0,2348 Variância 5,2647

Menor valor 8 Menor valor 1

Percentil 25 10 Percentil 25 5

Mediana 10 Mediana 7

Percentil 75 10 Percentil 75 8

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 7

Apesar de que 95% dos profissionais entrevistados dão nota 9 ou 10 para sua percepção da

importância da capacitação e educação permanente dos profissionais do ambulatório do

CRT - (nota média ± desvio-padrão = 9,8 ± 0,5), apenas 21% dão nota 9 ou 10 para sua

percepção de quanto isso ocorre no seu trabalho no ambulatório do CRT (nota média ±

desvio-padrão = 6,8 ± 2,3).

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126

Pergunta 36:

Conceito: Avaliação e discussão sobre a percepção de cada profissional sobre o que dá

prazer no trabalho e aquelas tarefas que são mais penosas, tentando levar em consideração

estas variáveis no momento de pactuar suas ações e responsabilidades

Qual a sua opinião sobre a importância do

conceito para a qualificação do

atendimento:

O quanto você considera que este conceito é

aplicado com seus pacientes (ou no seu

trabalho) no ambulatório do CRT:

Respondentes 43 Respondentes 43

Média 9,2093 Média 5,2093

Desvio-padrão 1,1246 Desvio-padrão 2,5871

Variância 1,2647 Variância 6,6932

Menor valor 5 Menor valor 0

Percentil 25 8 Percentil 25 4

Mediana 10 Mediana 5

Percentil 75 10 Percentil 75 7

Maior valor 10 Maior valor 10

Moda 10 Moda 7

Apesar de que 72% dos profissionais entrevistados dão nota 9 ou 10 para a importância da

avaliação e discussão sobre a percepção de cada profissional sobre o que dá prazer no

trabalho e aquelas tarefas que são mais penosas, tentando levar em consideração estas

variáveis no momento de pactuar suas ações e responsabilidades - (nota média ± desvio-

padrão = 9,2 ± 1,1), apenas 7% dão nota 9 ou 10 para sua percepção de quanto isso ocorre

no seu trabalho no ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão = 5,2 ± 2,6).

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127

Tabela: Respostas dos profissionais do ambulatório do CRT (1ª parte):

Importância Aplicação

com seus

pacientes no

ambulatório

do CRT

4. Vinculação dos pacientes a um médico 9,5±0,9 8,7±1,2

5. Vinculação dos pacientes a uma equipe de referência 9,3±1,2 6,3±2,0

6. Seguimento longitudinal dos pacientes por um mesmo

médico

9,2±1,2 8,0±1,8

7. Seguimento longitudinal dos pacientes por uma mesma

equipe de referência

8,9±1,4 6,4±2,0

8. Disponibilidade da equipe de referência para atender seus

pacientes, fora da agenda prevista, em caso de necessidade

9,0±1,7 6,5±2,4

9. Combinar a forma de trabalhar com os pacientes 9,1±1,6 6,6±2,4

10. Reconhecer as condições singulares dos pacientes

(gravidade, complicações da doença, risco e vulnerabilidade)

na definição dos procedimentos a serem adotados (p. ex.

freqüência do retorno, etc.)

9,6±1,1 7,7±2,0

11. Fazer Projetos Terapêuticos Individuais para cada paciente 9,2±1,2 6,4±2,7

12. Abordar os fatores subjetivos dos pacientes (desejos,

interesses, angústias, medos, preconceitos)

9,7±0,6 7,7±2,0

13. Abordar os fatores sociais dos pacientes (situação de

emprego, renda, pertencimento a grupo ou rede social)

9,4±1,0 7,3±2,0

14. Reavaliação do Projeto Terapêutico dentro de um tempo

estipulado

9,3±1,2 5,8±2,8

15. Conhecer/interagir com os recursos disponíveis no

território de moradia dos pacientes

8,5±1,7 5,1±2,5

16. Interação com as Equipes de Atenção Básica (Saúde da

Família ou outras), caso autorizado pelo paciente, para

condução conjunta do caso

8,6±1,9 4,5±3,2

17. Contato com o médico/enfermeiro do hospital/enfermaria,

responsável pela internação do paciente, no caso de

internações de pacientes da equipe de referência

9,4±1,1 6,3±2,7

18. Oferecimento de práticas complementares de cuidados

(homeopatia, fitoterapia, medicina chinesa, etc.), em conjunto

à medicina tradicional, aos pacientes que desejarem

7,6±2,5 3,7±3,7

19. Respeito à privacidade dos pacientes no fornecimento de

informações e orientações

9,9±0,6 9,3±1,3

20. Vinculação e responsabilização dos profissionais (ou

equipes) de saúde bucal por um grupo específico de pacientes

9,3±1,8 6,8±2,9

(continua)

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128

Tabela: Respostas dos profissionais do ambulatório do CRT (1ª parte - continuação):

Importância Aplicação

com seus

pacientes no

ambulatório

do CRT

21. Realização de atividades de educação dos pacientes e seus

familiares para autocuidado (manipulação de sondas e

cateteres, cuidados com as feridas e trocas de curativos,

tomada adequada de medicamentos, outras)

9,7±0,9 7,0±2,5

22. Realização de atividades em grupos de educação em saúde

pelos profissionais do ambulatório do CRT

9,3±1,2 6,9±2,8

23. Uso de avaliação de gravidade, risco e vulnerabilidade dos

pacientes como critério de agendamento com os especialistas

do CRT

9,4±1,2 6,7±2,4

24. Avaliação pela equipe de referência da adesão dos

pacientes ao tratamento

9,7±0,9 6,8±2,6

25. Estimulação dos pacientes para que consigam maiores

graus de autonomia

9,6±0,8 7,4±2,3

26. Comprometimento da equipe de referência com a

constituição de rede social de apoio aos pacientes (familiares,

colegas, outros) que atenda suas necessidades de maneira

adequada.

9,2±1,2 6,3±2,7

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129

Tabela: Respostas dos profissionais do ambulatório do CRT (2ª parte):

Importância Aplicação no

seu trabalho no

ambulatório

do CRT

27. Trabalho em equipe de referência 9,4±1,2 6,5±2,4

28. Realização de reuniões para discussão dos processos de

trabalho, resolução de problemas das relações do dia-a-dia, e

estabelecimento de melhores formas de trabalhar e conviver

9,3±1,2 5,7±2,8

29. Discussão de casos (troca de informações ou opiniões) na

equipe de referência

9,4±1,3 5,9±2,7

30. Discussão de protocolos e diretrizes clínicas 9,5±0,9 6,2±2,8

31. Interação com Organizações Não-Governamentais 8,3±2,2 5,9±3,2

32. Relacionamento direto com especialistas do CRT, com

discussão dos casos em conjunto, de forma não burocrática

9,5±0,9 6,9±2,5

33. Participação dos profissionais do ambulatório do CRT na

gestão e elaboração de Projeto ou Plano de Trabalho, com

objetivos, metas e indicadores avaliados

9,2±1,5 5,3±2,4

34. Utilização pela equipe de referência de dados de avaliação

da qualidade de seu trabalho no ambulatório do CRT:

satisfação dos usuários, dados epidemiológicos relacionados

aos seus pacientes (mortalidade, internação, adesão, resposta

laboratorial e clínica)

9,4±1,1 4,5±2,8

35. Capacitação e educação permanente dos profissionais do

ambulatório do CRT

9,8±0,5 6,8±2,3

36. Avaliação e discussão sobre a percepção de cada

profissional sobre o que dá prazer no trabalho e aquelas tarefas

que são mais penosas, tentando levar em consideração estas

variáveis no momento de pactuar suas ações e

responsabilidades

9,2±1,1 5,2±2,6

Pergunta 37:

Descreva livremente suas impressões sobre a importância do trabalho em equipe de

referência e como isso vem se dando no CRT.

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

(As respostas da pergunta 37 estão descritas e analisadas na próxima sessão, por tratar-se de

questão aberta, que deve receber outro tipo de tratamento de dados).

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131

Estudo quantitativo

dos pacientes

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133

Consolidação e análise

primária das respostas

dos pacientes ao

questionário

estruturado

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135

CONSOLIDAÇÃO E ANÁLISE PRIMÁRIA DAS RESPOSTAS DOS

PACIENTES AO QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO

Foram entrevistados 350 pacientes. Algumas características desses pacientes estão descritas

a seguir.

Idade dos pacientes entrevistados:

Respondentes 350

Média 44,25

Desvio-padrão 8,979

Variância 80,620

Menor valor 24

Percentil 25 38

Mediana 43

Percentil 75 50

Maior valor 78

Moda 39

A idade dos pacientes variou de 24 a 78 anos de idade, com média de 44 anos e desvio-

padrão de 9 anos. Apenas 16 pacientes (4,6%) tinham menos de 30 anos de idade. Quase a

metade dos pacientes tinha entre 40 e 50 anos de idade (143 pacientes ou 40,1%). Outro

dado interessante é que 25% dos pacientes já possuem mais de 50 anos de idade.

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136

Sexo dos pacientes entrevistados:

Sexo dos pacientes participantes do

estudo:

Respondentes 350

Feminino 91

Masculino 259

Total 350

Dos 350 pacientes entrevistados, a maioria é do sexo masculino (259 ou 74%). Apenas 91

ou 26% são do sexo feminino.

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137

Identificação da Equipe de Referência:

Os pacientes selecionados abrangeram todas as 23 equipes incluídas na pesquisa. O número

de pacientes de cada equipe varia muito, possivelmente refletindo a quantidade diferente de

pacientes adscritos a cada equipe, pois as equipes possuem regimes de atendimento

diferenciados, desde equipes que atendem um único dia na semana até equipes que atendem

todos os dias da semana.

Equipe de referência Número de

pacientes

Percentual

1 23 6,6%

2 16 4,6%

3 4 1,1%

4 9 2,6%

5 16 4,6%

6 26 7,4%

7 8 2,3%

8 26 7,4%

9 14 4,0%

10 7 2,0%

11 27 7,7%

12 18 5,1%

13 7 2,0%

14 19 5,4%

15 9 2,6%

16 2 0,6%

17 18 5,1%

18 8 2,3%

19 10 2,9%

20 12 3,4%

21 24 6,9%

22 20 5,7%

23 27 7,7%

Total 350 100,0%

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138

O gráfico abaixo ilustra a distribuição dos pacientes por equipe de referência:

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139

Tempo de atendimento no CRT:

O tempo de atendimento no CRT foi em média de 8,9 anos. Apenas 24,3% dos pacientes

tinham menos de cinco anos de atendimento no CRT.

Tempo de atendimento no CRT

n % % acum.

< 5 anos 85 24,3% 24,3%

5 a 10 anos 137 39,1% 63,4%

10 a 15 anos 91 26,0% 89,4%

15 a 20 anos 23 6,6% 96,0%

> 20 anos 14 4,0% 100,0%

350 100,0%

Tempo de atendimento no CRT

Respondentes 350

Média 8,907

Desvio-padrão 4,837

Variância 23,397

Menor valor 1,170

Percentil 25 5,190

Mediana 8,615

Percentil 75 11,980

Maior valor 24,180

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140

Tempo de conhecimento do estado sorológico do HIV-AIDS:

O tempo médio de conhecimento sorológico é de 11 anos. Apenas 15,8% dos pacientes tem

menos de cinco anos de conhecimento sorológico.

Tempo de conhecimento sorológico

Respondentes 349

Média 11,083

Desvio-padrão 5,324

Variância 28,343

Menor valor 1,30

Percentil 25 7,32

Mediana 10,86

Percentil 75 14,50

Maior valor 24,18

Tempo de conhecimento sorológico

N % % acum.

< 5 anos 55 15,8% 15,8%

5 a 10 anos 108 30,9% 46,7%

10 a 15 anos 102 29,2% 75,9%

15 a 20 anos 57 16,3% 92,3%

> 20 anos 27 7,7% 100,0%

349 100,0%

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Pergunta 1:

Você sabe quem são as pessoas que atendem você aqui no ambulatório do CRT?

(Não sei) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Sei muito bem)

Respondentes 350

Média 7,9943

Desvio-padrão 2,6528

Variância 7,0372

Menor valor 0,0

Percentil 25 7,0

Mediana 9,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Dos pacientes participantes da pesquisa, 69% deram nota entre 8 e 10 para a questão sobre

saber quem são as pessoas que o atendem no ambulatório do CRT (escore médio ± desvio-

padrão = 8,0 ± 2,7).

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Pergunta 2:

Geralmente o seu atendimento é feito pelas mesmas pessoas?

(Varia muito) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Sempre as mesmas)

Respondentes 350

Média 8,2486

Desvio-padrão 2,4303

Variância 5,9065

Menor valor 0,0

Percentil 25 7,0

Mediana 9,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Dos pacientes participantes da pesquisa, 74% deram nota entre 8 e 10 para a questão sobre

se o seu atendimento era feito geralmente pelas mesmas pessoas (escore médio ± desvio-

padrão = 8,2 ± 2,4).

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143

Pergunta 3:

O que você acha do seu relacionamento com o médico infectologista que atende você aqui

no ambulatório do CRT:

(Distante) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Próximo)

Respondentes 350

Média 9,4143

Desvio-padrão 1,3803

Variância 1,9052

Menor valor 0,0

Percentil 25 10,0

Mediana 10,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quanto ao relacionamento com o médico infectologista que o atende, 92% dos pacientes

participantes da pesquisa deram nota entre 8 e 10 (escore médio ± desvio-padrão = 9,4 ±

1,4). Todos os 350 pacientes participantes da pesquisa responderam a questão.

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144

Pergunta 4:

O que você acha do seu relacionamento com o psicólogo que atende você aqui no

ambulatório do CRT:

(Distante) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Próximo)

Não respondeu 1

Não quer responder 1

Não se aplica – não conhece o psicólogo 198

Respondentes 150

Média 7,3400

Desvio-padrão 3,3051

Variância 10,9239

Menor valor 0,0

Percentil 25 5,0

Mediana 9,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quanto ao relacionamento com o psicólogo que o atende, 198 dos 350 pacientes

participantes da pesquisa (57%) responderam que não conheciam o psicólogo de sua equipe

de referência e que não poderiam opinar sobre o relacionamento com este profissional. Dos

150 pacientes que responderam a questão, 64% deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado,

28% deram nota entre 0 e 5 (escore médio ± desvio-padrão = 7,3 ± 3,3).

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145

Pergunta 5:

O que você acha do seu relacionamento com o assistente social que atende você aqui no

ambulatório do CRT:

(Distante) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Próximo)

Não sabe responder 1

Não se aplica – não conhece o assistente social 120

Respondentes 229

Média 6,6332

Desvio-padrão 3,5868

Variância 12,8649

Menor valor 0,0

Percentil 25 4,0

Mediana 8,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quanto ao relacionamento com o assistente social que o atende, 120 dos 350 pacientes

participantes da pesquisa (34%) responderam que não conheciam o assistente social de sua

equipe de referência e que não poderiam opinar sobre o relacionamento com este

profissional. Dos 229 pacientes que responderam a questão, 52% deram nota entre 8 e 10 e,

por outro lado, 36% deram nota entre 0 e 5 (escore médio ± desvio-padrão = 6,6 ± 3,6).

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146

Pergunta 6:

O que você acha do seu relacionamento com o enfermeiro que atende você aqui no

ambulatório do CRT:

(Distante) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Próximo)

Não se aplica – não conhece o enfermeiro 31

Respondentes 319

Média 8,1223

Desvio-padrão 2,6160

Variância 6,8435

Menor valor 0,0

Percentil 25 7,0

Mediana 10,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quanto ao relacionamento com o enfermeiro que o atende, apenas 31 dos 350 pacientes

participantes da pesquisa (9%) responderam que não conheciam o enfermeiro e que não

poderiam opinar sobre o relacionamento com este profissional. Dos 319 pacientes que

responderam a questão, 70% deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 19% deram nota

entre 0 e 5 (escore médio ± desvio-padrão = 8,1 ± 2,6).

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147

Pergunta 7:

O que você acha do seu relacionamento com o nutricionista que atende você aqui no

ambulatório do CRT:

(Distante) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Próximo)

Não respondeu 1

Não se aplica – não conhece o nutricionista 173

Respondentes 176

Média 7,7500

Desvio-padrão 3,1973

Variância 10,2229

Menor valor 0,0

Percentil 25 7,0

Mediana 9,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quanto ao relacionamento com o nutricionista que o atende, 173 dos 350 pacientes

participantes da pesquisa (49%) responderam que não conheciam o nutricionista e que não

poderiam opinar sobre o relacionamento com este profissional. Dos 176 pacientes que

responderam a questão, 72% deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 22% deram nota

entre 0 e 5 (escore médio ± desvio-padrão = 7,8 ± 3,2).

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148

Pergunta 8:

O que você acha do seu relacionamento com o dentista que atende você aqui no

ambulatório do CRT:

(Distante) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Próximo)

Não respondeu 1

Não se aplica – não conhece o dentista 146

Respondentes 203

Média 7,6946

Desvio-padrão 3,2374

Variância 10,4805

Menor valor 0,0

Percentil 25 7,0

Mediana 10,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quanto ao relacionamento com o dentista que o atende, 146 dos 350 pacientes participantes

da pesquisa (42%) responderam que não conheciam o dentista e que não poderiam opinar

sobre o relacionamento com este profissional. Dos 203 pacientes que responderam a

questão, 69% deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 20% deram nota entre 0 e 5 (escore

médio ± desvio-padrão = 7,7 ± 3,2).

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149

Pergunta 9:

Você acha que as pessoas que atendem você no ambulatório formam uma equipe e

trabalham juntos?

(Não acho) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Acho muito)

Respondentes 346

Média 7,9509

Desvio-padrão 2,5000

Variância 6,2498

Menor valor 0,0

Percentil 25 7,0

Mediana 9,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Apesar de grande parte dos pacientes não conhecerem os psicólogos e assistentes sociais de

sua equipe de referência, 72% deles deram nota entre 8 e 10 para a questão sobre se

achavam que as pessoas que os atendiam no ambulatório formavam uma equipe e

trabalhavam juntos. Por outro lado, 17% deles deram nota entre 0 e 5 (escore médio ±

desvio-padrão = 8,0 ± 2,5).

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150

Pergunta 10:

Como você considera o vínculo que possui com as pessoas da equipe que atende você no

ambulatório do CRT?

(Sem vínculo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito vínculo)

Respondentes 348

Média 7,5144

Desvio-padrão 2,9961

Variância 8,9767

Menor valor 0,0

Percentil 25 6,0

Mediana 8,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quanto ao vínculo com as pessoas que os atendem no ambulatório do CRT, 65% dos

pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 23% deles deram nota entre 0 e 5

(escore médio ± desvio-padrão = 7,5 ± 3,0).

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Pergunta 11:

Alguém que atende você no ambulatório do CRT conversou com você sobre a sua situação

de saúde, necessidades dos cuidados que você precisa ter, medicamentos, exames, etc.?

(Nenhuma conversa) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito conversado)

Respondentes 345

Média 7,9565

Desvio-padrão 3,4968

Variância 12,2278

Menor valor 0,0

Percentil 25 8,0

Mediana 10,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quando indagados se alguém que os atende no ambulatório do CRT conversou com eles

sobre a sua situação de saúde, necessidades dos cuidados que precisam ter, medicamentos,

exames, etc., 76% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 19% deles deram

nota entre 0 e 5 (escore médio ± desvio-padrão = 8,0 ± 3,5).

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152

Pergunta 12:

Quando você tem algum problema e precisa procurar o ambulatório do CRT antes da

próxima consulta marcada, você tenta consultar-se com as pessoas que sempre atendem

você (a sua equipe)?

(Nunca tentei) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito tentado)

Não sei 1

Não se aplica – nunca precisou 22

Respondentes 327

Média 3,8777

Desvio-padrão 4,4034

Variância 19,3899

Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0

Mediana 0,0

Percentil 75 9,0

Maior valor 10,0

Moda 0,0

Quando indagados se, no caso de apresentarem algum problema e precisarem procurar o

ambulatório do CRT antes da próxima consulta marcada, tentavam consultar-se com as

pessoas que sempre os atendem (a sua equipe), apenas 34% dos pacientes deram nota entre

8 e 10 e, por outro lado, 52% deles deram nota 0, além de mais 9% que deram nota entre 1

e 5 (escore médio ± desvio-padrão = 3,9 ± 4,4).

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153

Pergunta 13:

Em caso de tentar consultar-se com as pessoas que sempre atendem você (a sua equipe do

ambulatório do CRT) antes do retorno marcado, costuma conseguir atendimento com eles?

(Não consigo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Consigo fácil)

Não se aplica – nunca tentou 176

Respondentes 174

Média 6,6092

Desvio-padrão 3,9414

Variância 15,5343

Menor valor 0,0

Percentil 25 2,0

Mediana 8,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quando perguntados se conseguiam a consulta antes do retorno marcado, em caso de

necessidade, 176 pacientes (50%) relataram que nunca tentaram. Um aspecto importante é

que em suas entrevistas, eles relataram que não tentavam, pois haviam sido informados que

não era possível consultar-se com sua equipe nestes casos e que deveriam procurar o Pronto

Atendimento (PA). Entre aqueles que tentaram, 57% dos pacientes deram nota entre 8 e 10

para a facilidade de conseguir a consulta e, por outro lado, 18% deles deram nota 0, além de

mais 16% que deram nota entre 1 e 5 (escore médio ± desvio-padrão = 6,6 ± 3,9).

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154

Pergunta 14:

Você costuma freqüentar algum Posto ou Centro de Saúde?

(Não freqüento) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Idas freqüentes)

Respondentes 350

Média 0,8229

Desvio-padrão 2,2603

Variância 5,1089

Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0

Mediana 0,0

Percentil 75 0,0

Maior valor 10,0

Moda 0,0

Quando indagados se costumam freqüentar algum Posto ou Centro de Saúde, apenas 5%

dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 85% deles deram nota 0, além de

mais 10% que deram nota entre 1 e 5 (escore médio ± desvio-padrão = 0,8 ± 2,3).

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Pergunta 15:

Você tem contato com alguma organização não governamental (ONG) que atua na área da

saúde?

(Nenhum contato) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito contato)

Respondentes 349

Média 0,8883

Desvio-padrão 2,5990

Variância 6,7547

Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0

Mediana 0,0

Percentil 75 0,0

Maior valor 10,0

Moda 0,0

Quanto à questão se tem contato com alguma organização não governamental (ONG) que

atua na área da saúde, apenas 6% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado,

88% deles deram nota 0, além de mais 3% que deram nota entre 1 e 5 (escore médio ±

desvio-padrão = 0,9 ± 2,6).

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Pergunta 16:

Você participa ativamente de algum movimento social organizado que atua na área da

saúde?

(Não participa) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Participa muito)

Respondentes 350

Média 0,6229

Desvio-padrão 2,2775

Variância 5,1869

Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0

Mediana 0,0

Percentil 75 0,0

Maior valor 10,0

Moda 0,0

O mesmo foi observado em relação à questão se participam ativamente de algum

movimento social organizado que atua na área da saúde, em que apenas 5% dos pacientes

deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 93% deles deram nota 0 (escore médio ± desvio-

padrão = 0,6 ± 2,3).

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Pergunta 17:

Alguém do ambulatório do CRT ajuda você a enfrentar suas ansiedades e tristezas,

conversando com você e lhe oferecendo apoio?

(Não ajuda) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Ajuda muito)

Respondentes 348

Média 4,5489

Desvio-padrão 4,6417

Variância 21,5452

Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0

Mediana 5,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 0,0

Quanto à questão se alguém do ambulatório do CRT o ajuda a enfrentar suas ansiedades e

tristezas, conversando e oferecendo apoio, 41% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por

outro lado, 49% deles deram nota 0, além de mais 6% que deram nota entre 1 e 5 (escore

médio ± desvio-padrão = 4,5 ± 4,6).

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Pergunta 18:

Alguém do ambulatório do CRT conversa com você sobre sua sexualidade, lhe oferecendo

apoio?

(Não apóia) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Apóia muito)

Respondentes 349

Média 2,9771

Desvio-padrão 4,3423

Variância 18,8558

Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0

Mediana 0,0

Percentil 75 8,0

Maior valor 10,0

Moda 0,0

Quanto à questão se alguém do ambulatório do CRT conversa sobre sua sexualidade,

oferecendo apoio, apenas 27% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 66%

deles deram nota 0, além de mais 6% que deram nota entre 1 e 5 (escore médio ± desvio-

padrão = 3,0 ± 4,3).

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Pergunta 19:

Alguém do ambulatório do CRT conversa com você sobre sua alimentação, lhe oferecendo

orientações e apoio?

(Não apóia) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Apóia muito)

Respondentes 348

Média 5,0029

Desvio-padrão 4,6158

Variância 21,3055

Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0

Mediana 5,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 0,0

Quanto à questão se alguém do ambulatório do CRT conversa sobre sua alimentação,

oferecendo apoio, 47% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 43% deles

deram nota 0, além de mais 8% que deram nota entre 1 e 5 (escore médio ± desvio-padrão

= 5,0 ± 4,6).

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Pergunta 20:

Alguém do ambulatório do CRT conversa com você sobre suas questões familiares, lhe

oferecendo apoio?

(Não apóia) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Apóia muito)

Respondentes 348

Média 3,0891

Desvio-padrão 4,3454

Variância 18,8825

Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0

Mediana 0,0

Percentil 75 8,5

Maior valor 10,0

Moda 0,0

Quanto à pergunta se alguém do ambulatório do CRT conversa sobre questões familiares,

oferecendo apoio, 28% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 64% deles

deram nota 0, além de mais 5% que deram nota entre 1 e 5 (escore médio ± desvio-padrão

= 3,1 ± 4,3).

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Pergunta 21:

Alguém do ambulatório do CRT conversa com você sobre uso de álcool e drogas, incluindo

o cigarro, lhe oferecendo orientações e apoio?

(Não apóia) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Apóia muito)

Respondentes 347

Média 4,1412

Desvio-padrão 4,6384

Variância 21,5147

Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0

Mediana 0,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 0,0

Quanto à pergunta se alguém do ambulatório do CRT conversa sobre uso de álcool e

drogas, incluindo o cigarro, oferecendo apoio, 38% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e,

por outro lado, 54% deles deram nota 0, além de mais 6% que deram nota entre 1 e 5

(escore médio ± desvio-padrão = 4,1 ± 4,6).

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Pergunta 22:

Alguém do ambulatório do CRT conversa com você sobre as questões sociais que lhe

incomodam, como problemas de emprego, dificuldades financeiras, preconceitos, lhe

oferecendo apoio?

(Não apóia) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Apóia muito)

Respondentes 350

Média 2,8686

Desvio-padrão 4,3176

Variância 18,6417

Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0

Mediana 0,0

Percentil 75 8,0

Maior valor 10,0

Moda 0,0

Quanto à pergunta se alguém do ambulatório do CRT conversa sobre as questões sociais

que lhe incomodam, como problemas de emprego, dificuldades financeiras, preconceitos,

oferecendo apoio, 26% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 67% deles

deram nota 0, além de mais 5% que deram nota entre 1 e 5 (escore médio ± desvio-padrão

= 2,9 ± 4,3).

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163

Pergunta 23:

Você se sente devidamente respeitado pelas pessoas do ambulatório do CRT?

(Não respeitado) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito respeitado)

Respondentes 348

Média 9,1149

Desvio-padrão 1,9952

Variância 3,9810

Menor valor 0,0

Percentil 25 9,0

Mediana 10,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quanto à questão de se sentirem devidamente respeitados pelas pessoas do ambulatório do

CRT, 88% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, apenas 8% deles deram

nota entre 0 e 5 (escore médio ± desvio-padrão = 9,1 ± 2,0).

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Pergunta 24:

Você se sente seguro em relação ao segredo sobre o seu problema de saúde?

(Sem segurança) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito seguro)

Respondentes 350

Média 8,9429

Desvio-padrão 2,3908

Variância 5,7159

Menor valor 0,0

Percentil 25 10,0

Mediana 10,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quanto à questão de se sentirem seguros em relação ao segredo sobre seus problemas de

saúde, 86% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, apenas 10% deles

deram nota entre 0 e 5 (escore médio ± desvio-padrão = 8,9 ± 2,4).

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Pergunta 25:

Você utiliza outros tipos de medicina (Homeopatia, Fitoterapia, Acupuntura, Medicina

Chinesa) em conjunto com o tratamento médico convencional?

(Não utilizo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Utilizo muito)

Respondentes 348

Média 1,4741

Desvio-padrão 3,2745

Variância 10,7227

Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0

Mediana 0,0

Percentil 75 0,0

Maior valor 10,0

Moda 0,0

Quanto à questão de utilizarem outros tipos de medicina (homeopatia, fitoterapia,

acupuntura, medicina chinesa), em conjunto com o tratamento médico convencional,

apenas 13% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 82% deles deram nota

0 (escore médio ± desvio-padrão = 1,5 ± 3,3).

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Pergunta 26:

Você gostaria de utilizar outros tipos de medicina (Homeopatia, Fitoterapia, Acupuntura,

Medicina Chinesa) em conjunto com o tratamento médico convencional?

(Nenhuma vontade) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muita vontade)

Não sabe 1

Não se aplica – já utilizam 14

Respondentes 335

Média 7,1254

Desvio-padrão 4,0531

Variância 16,4273

Menor valor 0,0

Percentil 25 5,0

Mediana 10,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

No entanto, quando perguntados se gostariam de utilizar outros tipos de medicina

(Homeopatia, Fitoterapia, Acupuntura, Medicina Chinesa) em conjunto com o tratamento

médico convencional, 67% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, apenas

22% deles deram nota 0 (escore médio ± desvio-padrão = 7,1 ± 4,1).

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Pergunta 27:

Quando você precisa de um médico especialista do ambulatório do CRT, você sente

dificuldades de conseguir a consulta?

(Muita dificuldade) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Nenhuma dificuldade)

Não respondeu 2

Não se aplica – não precisou 22

Respondentes 326

Média 6,1871

Desvio-padrão 3,8875

Variância 15,1126

Menor valor 0,0

Percentil 25 3,0

Mediana 7,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quando perguntados se ao precisar de um médico especialista do ambulatório do CRT,

sentem dificuldades de conseguir a consulta, 49% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e,

por outro lado, 18% deles deram nota 0 e 24% deram nota entre 1 e 5 (escore médio ±

desvio-padrão = 6,2 ± 3,9).

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Pergunta 28:

Quando você precisa de um médico especialista que não tem no ambulatório do CRT, você

sente dificuldades de conseguir a consulta?

(Muita dificuldade) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Nenhuma dificuldade)

Não sabe 1

Não se aplica – não precisou 56

Respondentes 293

Média 4,8771

Desvio-padrão 4,3517

Variância 18,9369

Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0

Mediana 5,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 0,0

Quando perguntados se ao precisar de um médico especialista que não tem no ambulatório

do CRT, sentem dificuldades de conseguir a consulta, 38% dos pacientes deram nota entre

8 e 10 (pouca a nenhuma dificuldade) e, por outro lado, 36% deles deram nota 0 (muita

dificuldade) e 17% deram nota entre 1 e 5 (escore médio ± desvio-padrão = 4,9 ± 4,4).

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Pergunta 29:

Quando você precisa se consultar com vários especialistas, o médico infectologista que o

atende no ambulatório do CRT conversa sobre seu caso com os especialistas e coordena a

condução do seu tratamento?

(Não coordena) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Coordena)

Não sabe 29

Não se aplica – não precisou 35

Respondentes 286

Média 7,2762

Desvio-padrão 3,9635

Variância 15,7094

Menor valor 0,0

Percentil 25 5,0

Mediana 10,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quando perguntados se ao precisar se consultar com vários especialistas, o médico

infectologista que o atende no ambulatório do CRT conversa sobre seu caso com os

especialistas e coordena a condução do seu tratamento, 70% dos pacientes deram nota entre

8 e 10 e, por outro lado, 20% deles deram nota 0 e 6% deram nota entre 1 e 5 (escore médio

± desvio-padrão = 7,3 ± 4,0).

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Pergunta 30:

Você se sente devidamente apoiado pelos dentistas do ambulatório do CRT em relação aos

cuidados com sua boca (dentes, gengivas, língua)?

(Nenhum apoio) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito apoiado)

Não se aplica – não precisou 126

Respondentes 224

Média 6,3973

Desvio-padrão 4,1397

Variância 17,1374

Menor valor 0,0

Percentil 25 2,0

Mediana 8,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quando perguntados quanto à questão de se sentirem devidamente apoiado pelos dentistas

do ambulatório do CRT em relação aos cuidados com sua boca (dentes, gengivas, língua),

55% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 24% deles deram nota 0 e

11% deram nota entre 1 e 5 (escore médio ± desvio-padrão = 6,4 ± 4,1).

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Pergunta 31:

Alguém do ambulatório do CRT informou e discutiu com você sobre como identificar a

piora de seu estado de saúde e quando você deve procurar cuidados médicos sem demora?

(Não fui informado) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Fui bem informado)

Pergunta 32:

Você entendeu essas informações?

(Não entendi) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Entendi bem)

Pergunta 31 Pergunta 32

Respondentes 343 Respondentes 225

Média 5,4227 Média 9,4622

Desvio-padrão 4,7276 Desvio-padrão 1,8297

Variância 22,3500 Variância 3,3479

Menor valor 0,0 Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0 Percentil 25 10,0

Mediana 8,0 Mediana 10,0

Percentil 75 10,0 Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0 Maior valor 10,0

Moda 10,0 Moda 10,0

Quando perguntados se alguém do ambulatório do CRT informou sobre como identificar a

piora de seu estado de saúde e quando procurar cuidados médicos, 52% dos pacientes

deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 41% deles deram nota 0 (escore médio ± desvio-

padrão = 5,4 ± 4,7). Quanto ao entendimento das informações prestadas àqueles que foram

informados, 94% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 (escore médio ± desvio-padrão =

9,5 ± 1,8).

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Pergunta 33:

Você participa de atividades em grupo no ambulatório do CRT?

(Não participo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Participo muito)

Respondentes 350

Média 0,2914

Desvio-padrão 1,4856

Variância 2,2071

Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0

Mediana 0,0

Percentil 75 0,0

Maior valor 10,0

Moda 0,0

Quanto à participação de atividades em grupo no ambulatório do CRT, apenas 2% dos

pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 95% deles deram nota 0 (escore médio

± desvio-padrão = 0,3 ± 1,5).

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173

Pergunta 34:

Você comparece com regularidade às consultas, seguindo a recomendação das pessoas que

o atendem no ambulatório do CRT?

(Não sigo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Sigo direitinho)

Respondentes 350

Média 9,3400

Desvio-padrão 1,5739

Variância 2,4772

Menor valor 0,0

Percentil 25 10,0

Mediana 10,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quanto ao comparecimento com regularidade às consultas, seguindo a recomendação das

pessoas que o atendem no ambulatório do CRT, 90% dos pacientes deram nota entre 8 e 10

(escore médio ± desvio-padrão = 9,3 ± 1,6).

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Pergunta 35:

Você realiza seus exames com regularidade, seguindo a recomendação das pessoas que o

atendem no ambulatório do CRT?

(Não sigo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Sigo direitinho)

Respondentes 350

Média 9,7743

Desvio-padrão 0,8209

Variância 0,6738

Menor valor 3,0

Percentil 25 10,0

Mediana 10,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quanto à realização dos exames com regularidade, seguindo a recomendação das pessoas

que o atendem no ambulatório do CRT, 96% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 (escore

médio ± desvio-padrão = 9,8 ± 0,8).

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175

Pergunta 36:

Alguém do ambulatório do CRT conversou com você sobre a importância de realizar esses

exames com regularidade?

(Não conversado) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito conversado)

Pergunta 37:

Você entendeu essas informações?

(Não entendi) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Entendi bem)

Pergunta 36 Pergunta 37

Não se aplica 1 Não se aplica 29

Respondentes 349 Respondentes 321

Média 8,7994 Média 9,8442

Desvio-padrão 3,0038 Desvio-padrão 0,8296

Variância 9,0229 Variância 0,6682

Menor valor 0,0 Menor valor 0,0

Percentil 25 10,0 Percentil 25 10,0

Mediana 10,0 Mediana 10,0

Percentil 75 10,0 Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0 Maior valor 10,0

Moda 10,0 Moda 10,0

Quanto a se alguém do ambulatório do CRT conversou sobre a importância de realizar

esses exames com regularidade, 88% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 (escore médio ±

desvio-padrão = 8,8 ± 3,0) e quanto a se entenderam essas informações, 98% deram nota

entre 8 e 10 (escore médio ± desvio-padrão = 9,8 ± 0,8)

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Pergunta 38:

Você toma seus medicamentos com regularidade, seguindo a recomendação das pessoas

que o atendem no ambulatório do CRT?

(Não sigo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Sigo direitinho)

Não se aplica 21

Respondentes 329

Média 9,5714

Desvio-padrão 1,1457

Variância 1,3127

Menor valor 0,0

Percentil 25 10,0

Mediana 10,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quanto a tomar os medicamentos com regularidade, seguindo a recomendação das pessoas

que o atendem no ambulatório do CRT, 95% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 (escore

médio ± desvio-padrão = 9,6 ± 1,1).

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177

Pergunta 39:

Alguém do ambulatório do CRT conversou com você sobre esse assunto (importância de

tomar os medicamentos corretamente)?

(Não conversou) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Conversou bem)

Pergunta 40:

Você entendeu como tomar os medicamentos?

(Não entendi) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Entendi bem)

Pergunta 39 Pergunta 40

Não se aplica 17 Não se aplica 21

Respondentes 333 Respondentes 329

Média 9,6817 Média 9,9666

Desvio-padrão 1,4647 Desvio-padrão 0,2627

Variância 2,1454 Variância 0,0690

Menor valor 0,0 Menor valor 7,0

Percentil 25 10,0 Percentil 25 10,0

Mediana 10,0 Mediana 10,0

Percentil 75 10,0 Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0 Maior valor 10,0

Moda 10,0 Moda 10,0

Quanto à questão se alguém do CRT conversou sobre a importância de tomar os

medicamentos corretamente, 93% dos pacientes deram nota 10 (escore médio ± desvio-

padrão = 9,7 ± 1,5) e quanto ao entendimento sobre como tomar os medicamentos, 100%

deram nota entre 8 e 10 (escore médio ± desvio-padrão = 10,0 ± 0,3).

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Pergunta 41:

Alguém do ambulatório do CRT oferece algum tipo de apoio ou orientação a seus

familiares, amigos ou parceiros, em caso de necessidade?

(Não apóia) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Apóia muito)

Não sabe 3

Não se aplica – não precisou 34

Respondentes 313

Média 3,2396

Desvio-padrão 4,4625

Variância 19,9136

Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0

Mediana 0,0

Percentil 75 9,0

Maior valor 10,0

Moda 0,0

Quanto à questão se alguém do CRT oferece algum tipo de apoio ou orientação aos

familiares, amigos ou parceiros, em caso de necessidade, 30% dos pacientes deram nota

entre 8 e 10 e, por outro lado, 64% deram nota 0 (escore médio ± desvio-padrão = 3,2 ±

4,5).

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Pergunta 42:

Você considera que as pessoas que atendem você no ambulatório do CRT ajudam a

melhorar suas condições de cuidar de si próprio, com mais independência?

(Não ajudam) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Ajudam muito)

Respondentes 341

Média 7,9857

Desvio-padrão 3,2598

Variância 10,6263

Menor valor 0,0

Percentil 25 8,0

Mediana 10,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quanto à questão se as pessoas que atendem no ambulatório do CRT ajudam os pacientes a

melhorar suas condições de cuidar de si próprio, com mais independência, 75% dos

pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 11% deram nota 0 (escore médio ±

desvio-padrão = 8,0 ± 3,3).

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Pergunta 43:

Alguém do ambulatório do CRT estimula você a formar e valorizar uma rede social

(familiares, colegas, outros) que apóie você nas suas necessidades?

(Não estimulam) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Estimulam muito)

Não se aplica – não precisou 10

Respondentes 340

Média 4,0647

Desvio-padrão 4,5605

Variância 20,7982

Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0

Mediana 0,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 0,0

Quanto à questão se alguém do ambulatório do CRT o estimula a formar e valorizar uma

rede social (familiares, colegas, outros) que o apóie nas suas necessidades, 36% dos

pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 52% deram nota 0 e mais 7% deram

nota entre 1 e 5 (escore médio ± desvio-padrão = 4,1 ± 4,6).

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Pergunta 44:

Você participa da decisão sobre uso de medicamentos e outras orientações relacionadas à

sua saúde?

(Não participo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Participo muito)

Respondentes 349

Média 6,4871

Desvio-padrão 4,4545

Variância 19,8425

Menor valor 0,0

Percentil 25 0,0

Mediana 10,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quanto à participação na decisão sobre uso de medicamentos e outras orientações

relacionadas à sua saúde, 60% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 30%

deram nota 0 (escore médio ± desvio-padrão = 6,5 ± 4,5).

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Pergunta 45:

As pessoas que atendem você no ambulatório do CRT conversam com você e levam em

consideração as coisas que você gosta e as que você não gosta, no momento de decidir com

você seu tratamento?

(Não conversam) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Conversam muito)

Respondentes 346

Média 6,8468

Desvio-padrão 4,2176

Variância 17,7881

Menor valor 0,0

Percentil 25 2,0

Mediana 10,0

Percentil 75 10,0

Maior valor 10,0

Moda 10,0

Quanto à questão se as pessoas que atendem no ambulatório do CRT conversam e levam

em consideração as coisas que os pacientes gostam e as que não gostam, no momento de

decidir com os pacientes seu tratamento, 64% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por

outro lado, 25% deram nota 0 (escore médio ± desvio-padrão = 6,8 ± 4,2).

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Estudo da correlação

entre as variáveis de

vínculo e as variáveis

de cuidado

(na percepção dos

pacientes)

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185

ESTUDO DA CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS DE VÍNCULO E

AS VARIÁVEIS DE CUIDADO (NA PERCEPÇÃO DOS PACIENTES)

A percepção pelos pacientes do vínculo com os profissionais ou equipes foi analisada

através de suas respostas às questões de N1 a N8, que foram consideradas as variáveis-

exposição estudadas:

N1 – Você sabe quem são as pessoas que atendem você aqui no ambulatório do CRT?

N2 – Geralmente o seu atendimento é feito pelas mesmas pessoas?

N3 – O que você acha do seu relacionamento com o médico infectologista que atende você

aqui no ambulatório do CRT?

N4 – O que você acha do seu relacionamento com o psicólogo que atende você aqui no

ambulatório do CRT?

N5 – O que você acha do seu relacionamento com o assistente social que atende você aqui

no ambulatório do CRT?

N6 – O que você acha do seu relacionamento com o enfermeiro que atende você aqui no

ambulatório do CRT?

N7 – O que você acha do seu relacionamento com o nutricionista que atende você aqui no

ambulatório do CRT?

N8 – O que você acha do seu relacionamento com o dentista que atende você aqui no

ambulatório do CRT?

Todas estas variáveis foram transformadas em variáveis categóricas, da seguinte forma:

N1 e N2 – Foram criadas duas categorias de exposição: pacientes que pontuaram com

escore de 8 a 10 e pacientes que pontuaram com escore de 0 a 7.

N3 – Devido a distribuição das respostas sobre a percepção dos pacientes de seu vínculo

com os médicos ser muito elevada (média = 9,41), e como cerca de 75% dos pacientes

pontuou escore 10 para a qualidade de seu vínculo com o médico, foram criadas duas

categorias de exposição: vínculo com o médico = 10 e vínculo com o médico variando de 0

a 9.

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N4 a N8 – A avaliação do vínculo com os psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros,

nutricionistas e dentistas não é tão favorável quanto a avaliação do vínculo com os

médicos. Grande parte dos pacientes achou-se incapaz de avaliar seu vínculo com estes

profissionais, relatando que nem os conheciam. As notas dos pacientes que se julgaram

competentes para avaliar seu vínculo com estes profissionais foram bem abaixo das notas

dadas ao vínculo com os médicos.

A B C

Sem possibilidade de

avaliar o vínculo –

“nem o conheço”

(escore 99)

Vínculo avaliado

com escore de 0 a

7

Vínculo

avaliado com

escore de 8 a 10

Psicólogos – N4 198 54 96

Assistentes sociais – N5 120 108 121

Enfermeiros – N6 31 93 226

Nutricionistas – N7 173 50 126

Dentistas – N8 146 62 141

Assim, na categorização do vínculo com os demais profissionais, foram definidos dois

grupos: um primeiro grupo juntando aqueles que nem conheciam os profissionais e aqueles

cujo vínculo possuía um escore variando de 0 a 7 (colunas A + B da tabela acima) e outro

grupo daqueles pacientes que avaliaram o vínculo com estes profissionais com escore

variando de 8 a 10 (coluna C da tabela acima).

Avaliou-se a correlação do vínculo com os profissionais (variáveis-exposição N1 a N8)

com as variáveis-resposta (N9 a N45), relacionadas à percepção dos pacientes do cuidado

que recebiam. As variáveis-resposta foram avaliadas como variáveis categóricas, criando-se

duas categorias de escore de avaliação: a primeira categoria para os escores 0 a 7 e a

segunda categoria para os escores 8 a 10.

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187

A seguir apresentamos as análises das correlações para cada grupo de variável-resposta.

Variáveis-exposição Variáveis-resposta

Percepções que

indicariam vínculo: sabe

quem são as pessoas que

o atende (N1), é atendido

pelas mesmas pessoas

(N2) e vínculo específico

com médico (N3),

psicólogo (N4), assistente

social (N5), enfermeiro

(N6), nutricionista (N7) e

dentista (N8)

Sobre a percepção dos pacientes quanto a se os profissionais

formam uma equipe (N9), de seu vínculo com a equipe (N10),

se procuram a equipe fora da consulta agendada (N12) e se

conseguem consultar-se (N13).

Relacionadas à orientações e apoio: sobre estado de saúde e

necessidades de cuidado de forma mais geral (N11), sobre

alimentação (N19) e sobre agravamento de saúde (N31 e N32)

Sobre participação em atividades de grupos no CRT (N33)

Sobre adesão às consultas (N34), orientações e adesão quanto

a exames (N35 a N37), e orientações e adesão quanto a

medicamentos (N38 a N40)

Relacionadas à ampliação da clínica: apoio “psi” (N17),

sexualidade (N18), questões familiares (N20), álcool e drogas

(N21), questões sociais, desemprego, preconceitos, etc. (N22)

Relacionadas à ampliação da clínica: apoio a familiares e

amigos (N41), autonomia (N42), rede social (N43),

participação das decisões terapêuticas (N44), inclusão dos

desejos e interesses do paciente (N45)

Sobre percepção de serem respeitados pela equipe (N23) e de

segurança em relação ao sigilo (N24)

Sobre contato com Centro de Saúde (N14), organizações não

governamentais (N15) e participação em movimentos sociais

(N16)

Sobre práticas alternativas: utilização pelos pacientes (N25) e

desejo de utilizar (N26)

Sobre dificuldades com especialidades no CRT (N27) e fora

do CRT (N28), sobre coordenação de caso pelo infectologista

(N29) e apoio em saúde bucal (N30)

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1º grupo de variável-resposta: Questões N9, N10, N12 e N13: Questões relacionadas à

como os pacientes vêem a equipe e se vinculam e contam com ela.

N9 – Você acha que as pessoas que atendem você no ambulatório formam uma equipe e

trabalham juntas?

N10 – Como você considera o vínculo que possui com as pessoas da equipe que atende

você no ambulatório do CRT?

N12 – Quando você tem algum problema de saúde e precisa procurar o ambulatório do

CRT antes da próxima consulta marcada, você tenta consultar-se com as pessoas que

sempre atendem você (a sua equipe)?

N13 – Em caso de tentar consultar-se com as pessoas que sempre atendem você (a sua

equipe do ambulatório do CRT) antes do retorno marcado, costuma conseguir atendimento

com eles?

As variáveis N9 e N10, relativas à percepção dos pacientes de que as pessoas que os

atendem formam uma equipe e a uma idéia mais global de vínculo com a equipe,

respectivamente, mostram correlação positiva com as variáveis-exposição estudadas: saber

quem os atende (N1), ser atendido geralmente pelas mesmas pessoas (N2), e percepção de

vínculo com os profissionais específicos de cada categoria profissional (N3 a N8).

As variáveis N12 e N13, relativas à procura da própria equipe de referência nos casos de

necessidade antes da próxima consulta agendada (N12) e conseguir se consultar com ela

(N13), tem correlação positiva com: saber quem são as pessoas que os atendem (N1) e com

a percepção de vínculo com os médicos (N3), com os enfermeiros (N6) e com os

nutricionistas (N8), mas não com os psicólogos (N4), assistentes sociais (N5) e dentistas

(N8).

Variáveis-resposta sobre a percepção dos pacientes quanto

a se os profissionais formam uma equipe (N9), de seu

vínculo com a equipe (N10), se procuram a equipe fora da

consulta agendada (N12) e se conseguem consultar-se

(N13).

Variáveis-exposição

relacionadas ao vínculo:

sabe quem o atende

(N1), é atendido pelas

mesmas pessoas (N2) e

vínculo específico com

médico (N3), psicólogo

(N4), assistente social

(N5), enfermeiro (N6),

nutricionista (N7) e

dentista (N8)

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189

N1 – Sabe quem são as pessoas que o atendem

Pergunta N1 = 8 a 10 N1 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N9 ≥ 8 181/240 (75,4%) 61/106 (57,5%) 0,001 10,33 1,31 (1,10 a 1,57)

N10 ≥ 8 188/242 (77,7%) 36/106 (34,0%) < 10-8

59,55 2,29 (1,74 a 3,01)

N12 ≥ 8 90/226 (39,8%) 20/101 (19,8%) 6 x 10-4

11,65 2,01 (1,32 a 3,07)

N13 ≥ 8 86/135 (63,7%) 13/39 (33,3%) 0,001 10,18 1,91 (1,20 a 3,03)

N2 – Atendimento feito pelas mesmas pessoas

Pergunta N2 = 8 a 10 N2 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N9 ≥ 8 195/257 (75,9%) 47/89 (52,8%) 7 x 10-5

15,65 1,44 (1,17 a 1,77)

N10 ≥ 8 189/258 (73,3%) 35/90 (38,9%) 1 x 10-8

32,88 1,88 (1,44 a 2,47)

N12 ≥ 8 90/242 (37,2%) 20/85 (23,5%) 0,03 4,66 1,58 (1,04 a 2,40)

N13 ≥ 8 83/136 (61,0%) 16/38 (42,1%) 0,057 3,60 1,45 (0,98 a 2,15)

N3 – Vínculo com o médico

Pergunta N3 = 10 N3 = 0 a 9 pvalue Yates RR (IC 95%)

N9 ≥ 8 199/265 (75,1%) 43/81 (53,1%) 2 x 10-4

13,27 1,41 (1,14 a 1,76)

N10 ≥ 8 188/266 (70,7%) 36/82 (43,9%) 1 x 10-5

18,44 1,61 (1,25 a 2,08)

N12 ≥ 8 93/247 (37,7%) 17/80 (21,3%) 0,010 6,57 1,77 (1,13 a 2,78)

N13 ≥ 8 86/136 (63,2%) 13/38 (34,2%) 0,002 9,05 1,85 (1,17 a 2,93)

N4 – Vínculo com o psicólogo

Pergunta N4 = 8 a 10 N4 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N9 ≥ 8 73/95 (76,8%) 167/249 (67,1%) 0,102 2,67 1,15 (1,00 a 1,32)

N10 ≥ 8 72/96 (75,0%) 151/250 (60,4%) 0,015 5,83 1,24 (1,07 a 1,45)

N12 ≥ 8 37/89 (41,6%) 72/236 (30,5%) 0,079 3,07 1,36 (1,00 a 1,86)

N13 ≥ 8 37/55 (67,3%) 61/118 (51,7%) 0,078 3,10 1,30 (1,01 a 1,68)

N5 – Vínculo com o assistente social

Pergunta N5 = 8 a 10 N5 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N9 ≥ 8 102/121 (84,3%) 139/224 (62,1%) 2 x 10-5

17,42 1,36 (1,20 a 1,54)

N10 ≥ 8 96/121 (79,3%) 127/226 (56,2%) 3 x 10-5

17,39 1,41 (1,22 a 1,63)

N12 ≥ 8 44/115 (38,3%) 65/211 (30,8%) 0,214 1,54 1,24 (0,91 a 1,69)

N13 ≥ 8 44/63 (69,8%) 55/110 (50,0%) 0,017 5,66 1,40 (1,09 a 1,79)

N6 – Vínculo com o enfermeiro

Pergunta N6 = 8 a 10 N6 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N9 ≥ 8 180/223 (80,7%) 62/123 (50,4%) 1 x 10-8

33,22 1,60 (1,33 a 1,93)

N10 ≥ 8 177/224 (79,0%) 47/124 (37,9%) < 10-8

57,05 2,08 (1,65 a 2,64)

N12 ≥ 8 85/215 (39,5%) 25/112 (22,3%) 0,002 9,02 1,77 (1,21 a 2,60)

N13 ≥ 8 80/119 (67,2%) 19/55 (34,5%) 1 x 10-4

15,08 1,95 (1,32 a 2,86)

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N7 – Vínculo com o nutricionista

Pergunta N7 = 8 a 10 N7 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N9 ≥ 8 99/126 (78,6%) 142/219 (64,8%) 0,010 6,52 1,21 (1,06 a 1,38)

N10 ≥ 8 97/126 (77,0%) 127/221 (57,5%) 4 x 10-4

12,52 1,34 (1,16 a 1,55)

N12 ≥ 8 50/120 (41,7%) 59/206 (28,6%) 0,022 5,21 1,45 (1,08 a 1,97)

N13 ≥ 8 48/70 (68,6%) 50/103 (48,5%) 0,014 6,02 1,41 (1,10 a 1,82)

N8 – Vínculo com o dentista

Pergunta N8 = 8 a 10 N8 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N9 ≥ 8 113/140 (80,7%) 129/205 (62,9%) 6 x 10-4

11,73 1,28 (1,12 a 1,46)

N10 ≥ 8 110/141 (78,0%) 114/206 (55,3%) 2 x 10-5

17,83 1,41 (1,21 a 1,64)

N12 ≥ 8 48/134 (35,8%) 61/192 (31,8%) 0,519 0,41 1,13 (0,83 a 1,53)

N13 ≥ 8 47/73 (64,4%) 52/100 (52,0%) 0,141 2,16 1,24 (0,96 a 1,60)

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2º grupo de variável-resposta: Questões N11, N19, N31 e N32 – Questões relacionadas a

orientações sobre estado de saúde, cuidados, alimentação e agravamento de saúde.

N11 – Alguém que atende você no ambulatório do CRT conversou com você sobre a sua

situação de saúde, necessidades dos cuidados que você precisa ter, medicamentos, exames,

etc.?

N19 – Alguém do ambulatório do CRT conversa com você sobre sua alimentação, lhe

oferecendo orientações e apoio?

N31 – Alguém do ambulatório do CRT informou e discutiu com você sobre como

identificar a piora de seu estado de saúde e quando você deve procurar cuidados médicos

sem demora?

N32 – Você entendeu essas informações?

Neste grupo de variáveis, a questão N11 refere-se às orientações de forma mais genérica,

não enfocando exclusivamente a questão de orientações sobre medicamentos e exames; a

questão N19 refere-se a orientações específicas sobre alimentação e a questão N31 refere-se

à orientação quanto a saber identificar a piora do quadro clínico e o que fazer nessa

situação. Estas três questões mostram correlação positiva com a percepção de vínculo com

os profissionais (exceto com nutricionista e dentista, caso em que apenas a questão sobre

alimentação mostra correlação). A questão N32 é sobre a compreensão dos pacientes das

orientações, sendo sempre bem avaliada, e correlaciona-se com saber quem o atende (N1) e

com o vínculo com o médico (N3).

Variáveis-resposta: N11, N19, N31 e N32 – relacionadas à

orientações e apoio: sobre estado de saúde e necessidades

de cuidado de forma mais geral (N11), sobre alimentação

(N19) e sobre agravamento de saúde (N31 e N32)

Variáveis-exposição

relacionadas ao vínculo:

sabe quem o atende

(N1), é atendido pelas

mesmas pessoas (N2) e

vínculo específico com

médico (N3), psicólogo

(N4), assistente social

(N5), enfermeiro (N6),

nutricionista (N7) e

dentista (N8)

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N1 – Sabe quem são as pessoas que o atendem

Pergunta N1 = 8 a 10 N1 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N11 ≥ 8 196/239 (82,0%) 68/105 (64,8%) 8 x 10-4

11,21 1,27 (1,09 a 1,48)

N19 ≥ 8 127/242 (52,5%) 38/106 (35,8%) 0,006 7,52 1,46 (1,10 a 1,94)

N31 ≥ 8 139/239 (58,2%) 40/104 (38,5%) 0,001 10,49 1,51 (1,16 a 1,97)

N32 ≥ 8 159/163 (97,5%) 53/62 (85,5%) 0,001

0,001

9,89

Fisher

1,14 (1,03 a 1,27)

N2 – Atendimento feito pelas mesmas pessoas

Pergunta N2 = 8 a 10 N2 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N11 ≥ 8 205/255 (80,4%) 59/89 (66,3%) 0,01 6,58 1,21 (1,03 a 1,42)

N19 ≥ 8 129/258 (50,0%) 36/90 (40,0%) 0,13 2,29 1,25 (0,94 a 1,66)

N31 ≥ 8 144/252 (57,1%) 35/91 (38,5%) 0,003 8,62 1,49 (1,12 a 1,97)

N32 ≥ 8 163/170 (95,9%) 49/55 (89,1%) 0,12

0,06

2,38

Fisher

1,08 (0,98 a 1,19)

N3 – Vínculo com o médico

Pergunta N3 = 10 N3 = 0 a 9 pvalue Yates RR (IC 95%)

N11 ≥ 8 218/262 (83,2%) 46/82 (56,1%) 8 x 10-7

24,22 1,48 (1,22 a 1,81)

N19 ≥ 8 141/266 (53,0%) 24/82 (29,3%) 2 x 10-4

13,23 1,81 (1,27 a 2,58)

N31 ≥ 8 154/261 (59,0%) 25/82 (30,5%) 1 x 10-5

19,21 1,94 (1,37 a 2,72)

N32 ≥ 8 176/181 (97,2%) 36/44 (81,8%) 3 x 10-4

7 x 10-4

12,76

Fisher

1,19 (1,03 a 1,37)

N4 – Vínculo com o psicólogo

Pergunta N4 = 8 a 10 N4 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N11 ≥ 8 84/95 (88,4%) 179/247 (72,5%) 0,002 8,95 1,22 (1,10 a 1,36)

N19 ≥ 8 58/95 (61,1%) 106/251 (42,2%) 0,002 9,05 1,45 (1,16 a 1,79)

N31 ≥ 8 62/92 (67,4%) 117/250 (46,4%) 0,001 10,62 1,44 (1,19 a 1,75)

N32 ≥ 8 67/69 (97,1%) 144/155 (92,9%) 0,351

0,177

0,87

Fisher

1,05 (0,98 a 1,11)

N5 – Vínculo com o assistente social

Pergunta N5 = 8 a 10 N5 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N11 ≥ 8 108/120 (90,0%) 155/223 (69,5%) 3 x 10-5

17,19 1,29 (1,17 a 1,44)

N19 ≥ 8 72/121 (59,5%) 92/226 (40,7%) 0,001 10,43 1,46 (1,18 a 1,81)

N31 ≥ 8 73/119 (61,3%) 105/223 (47,1%) 0,016 5,76 1,30 (1,07 a 1,59)

N32 ≥ 8 76/80 (95,0%) 135/144 (93,8%) 0,932

0,476

0,01

Fisher

1,01 (0,95 a 1,08)

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N6 – Vínculo com o enfermeiro

Pergunta N6 = 8 a 10 N6 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N11 ≥ 8 190/225 (84,4%) 74/119 (62,2%) 6 x 10-6

20,38 1,36 (1,17 a 1,58)

N19 ≥ 8 122/225 (54,2%) 43/123 (35,0%) 8 x 10-4

11,08 1,55 (1,18 a 2,03)

N31 ≥ 8 126/222 (56,8%) 53/121 (43,8%) 0,029 4,76 1,30 (1,03 a 1,63)

N32 ≥ 8 140/148 (94,6%) 72/77 (93,5%) 0,975

0,476

0,00

Fisher

1,01 (0,94 a 1,09)

N7 – Vínculo com o nutricionista

Pergunta N7 = 8 a 10 N7 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N11 ≥ 8 98/124 (79,0%) 165/219 (75,3%) 0,519 0,41 1,05 (0,93 a 1,18)

N19 ≥ 8 89/125 (71,2%) 76/222 (34,2%) < 10-8

42,35 2,08 (1,68 a 2,58)

N31 ≥ 8 72/123 (58,5%) 106/219 (48,4%) 0,091 2,85 1,21 (0,99 a 1,48)

N32 ≥ 8 80/86 (93,0%) 131/138 (94,9%) 0,764

0,375

0,09

Fisher

0,98 (0,91 a 1,05)

N8 – Vínculo com o dentista

Pergunta N8 = 8 a 10 N8 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N11 ≥ 8 113/140 (80,7%) 150/203 (73,9%) 0,180 1,79 1,09 (0,97 a 1,23)

N19 ≥ 8 82/141 (58,2%) 82/206 (39,8%) 0,001 10,58 1,46 (1,17 a 1,82)

N31 ≥ 8 80/138 (58,0%) 98/204 (48,0%) 0,090 2,87 1,21 (0,99 a 1,48)

N32 ≥ 8 87/93 (93,5%) 124/131 (94,7%) 0,952 0,00 0,99 (0,92 a 1,06)

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3º grupo de variável-resposta: Questões N33 a N40 – Questões relacionadas a participação

em atividades em grupos no CRT e orientações específicas sobre adesão, freqüência às

consultas, medicamentos e exames laboratoriais.

N33 - Você participa de atividades em grupo no ambulatório do CRT?

N34 - Você comparece com regularidade às consultas, seguindo a recomendação das

pessoas que o atendem no ambulatório do CRT?

N35 - Você realiza seus exames com regularidade, seguindo a recomendação das pessoas

que o atendem no ambulatório do CRT?

N36 - Alguém do ambulatório do CRT conversou com você sobre a importância de realizar

esses exames com regularidade?

N37 - Você entendeu essas informações?

N38 - Você toma seus medicamentos com regularidade, seguindo a recomendação das

pessoas que o atendem no ambulatório do CRT?

N39 - Alguém do ambulatório do CRT conversou com você sobre esse assunto

(importância de tomar os medicamentos corretamente)?

N40 - Você entendeu como tomar os medicamentos?

A questão N33 sobre participação em atividades em grupo no ambulatório do CRT, embora

seja consistentemente relatada com escores baixos, correlaciona-se positivamente com a

percepção de vínculo com os psicólogos, mas não com as demais variáveis de vínculo

(saber quem os atende, ser atendido pelas mesmas pessoas ou vínculo específico com os

demais profissionais). As demais questões (N34 a N40), relativas à percepção de

orientações específicas sobre adesão, medicamentos ou exames laboratoriais não mostram

Variável N33 – sobre participação em atividades de grupos

no CRT

Variáveis sobre: adesão às consultas (N34), orientações e

adesão quanto a exames (N35 a N37), e orientações e

adesão quanto a medicamentos (N38 a N40)

Variáveis-exposição

relacionadas ao vínculo:

sabe quem o atende

(N1), é atendido pelas

mesmas pessoas (N2) e

vínculo específico com

médico (N3), psicólogo

(N4), assistente social

(N5), enfermeiro (N6),

nutricionista (N7) e

dentista (N8)

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195

correlação com as variáveis de vínculo e têm respostas consistentemente elevadas, mesmo

entre os pacientes que referem vínculo mais baixo.

N1 – Sabe quem são as pessoas que o atendem

Pergunta N1 = 8 a 10 N1 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N33 ≥ 8 7/243 (2,9%) 0/107 (0,0%) 0,17

0,07

1,85

Fisher

??? (??? a ???)

N34 ≥ 8 222/243 (91,4%) 94/107 (87,9%) 0,40 0,68 1,04 (0,96 a 1,13)

N35 ≥ 8 235/243 (96,7%) 104/107

(97,2%)

0,92

0,55

0,01

Fisher

0,99 (0,96 a 1,04)

N36 ≥ 8 217/243 (89,3%) 88/106 (83,0%) 0,14 2,10 1,08 (0,98 a 1,18)

N37 ≥ 8 222/225 (98,7%) 94/96 (97,9%) 0,99

0,47

0,00

Fisher

1,01 (0,98 a 1,04)

N38 ≥ 8 224/234 (95,7%) 89/95 (93,7%) 0,61

0,30

0,25

Fisher

1,02 (0,96 a 1,08)

N39 ≥ 8 227/236 (96,2%) 92/97 (94,8%) 0,79

0,38

0,06

Fisher

1,01 (0,96 a 1,07)

N40 ≥ 8 233/233 (100%) 95/96 (99,0%) 0,64

0,29

0,21

Fisher

1,01 (0,99 a 1,03)

N2 – Atendimento feito pelas mesmas pessoas

Pergunta N2 = 8 a 10 N2 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N33 ≥ 8 7/259 (2,7%) 0/91 (0,0%) 0,25

0,11

1,32

Fisher

??? (??? a ???)

N34 ≥ 8 234/259 (90,3%) 82/91 (90,1%) 0,88 0,02 1,00 (0,93 a 1,08)

N35 ≥ 8 250/259 (96,5%) 89/91 (97,8%) 0,80

0,42

0,06

Fisher

0,99 (0,95 a 1,03)

N36 ≥ 8 227/258 (88,0%) 78/91 (85,7%) 0,70 0,14 1,03 (0,93 a 1,13)

N37 ≥ 8 236/239 (98,7%) 80/82 (97,6%) 0,81

0,37

0,05

Fisher

1,01 (0,98 a 1,05)

N38 ≥ 8 237/247 (96,0%) 76/82 (92,7%) 0,37

0,18

0,80

Fisher

1,04 (0,97 a 1,11)

N39 ≥ 8 243/249 (97,6%) 76/84 (90,5%) 0,012

0,009

6,23

Fisher

1,08 (1,00 a 1,16)

N40 ≥ 8 246/246 (100%) 82/83 (98,8%) 0,56

0,25

0,33

Fisher

1,01 (0,99 a 1,04)

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196

N3 – Vínculo com o médico

Pergunta N3 = 10 N3 = 0 a 9 pvalue Yates RR (IC 95%)

N33 ≥ 8 4/268 (1,5%) 3/82 (3,7%) 0,43

0,20

0,60

Fisher

0,41 (0,09 a 1,79)

N34 ≥ 8 245/268 (91,4%) 71/82 (86,6%) 0,28 1,17 1,06 (0,96 a 1,16)

N35 ≥ 8 261/268 (97,4%) 78/82 (95,1%) 0,50

0,24

0,45

Fisher

1,02 (0,97 a 1,08)

N36 ≥ 8 239/267 (89,5%) 66/82 (80,5%) 0,049 3,85 1,11 (0,99 a 1,25)

N37 ≥ 8 245/247 (99,2%) 71/74 (95,9%) 0,14

0,08

2,08

Fisher

1,03 (0,99 a 1,08)

N38 ≥ 8 243/253 (96,0%) 70/76 (92,1%) 0,27

0,13

1,20

Fisher

1,04 (0,97 a 1,12)

N39 ≥ 8 252/258 (97,7%) 67/75 (89,3%) 0,004

0,004

8,07

Fisher

1,09 (1,01 a 1,18)

N40 ≥ 8 254/254 (100%) 74/75 (98,7%) 0,51

0,22

0,42

Fisher

1,01 (0,99 a 1,04)

N4 – Vínculo com o psicólogo

Pergunta N4 = 8 a 10 N4 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N33 ≥ 8 5/96 (5,2%) 2/252 (0,8%) 0,028

0,018

4,82

Fisher

6,56 (1,29 a 33,26)

N34 ≥ 8 86/96 (89,6%) 228/252 (90,5%) 0,961 0,00 0,99 (0,91 a 1,07)

N35 ≥ 8 95/96 (99,0%) 242/252 (96,0%) 0,292

0,144

1,11

Fisher

1,03 (1,00 a 1,06)

N36 ≥ 8 90/96 (93,8%) 214/251 (85,3%) 0,049 3,86 1,10 (1,02 a 1,18)

N37 ≥ 8 90/91 (98,9%) 224/228 (98,2%) 0,941

0,558

0,01

Fisher

1,01 (0,98 a 1,03)

N38 ≥ 8 86/90 (95,6%) 225/237 (94,9%) 0,955

0,537

0,00

Fisher

1,01 (0,95 a 1,06)

N39 ≥ 8 90/93 (96,8%) 227/238 (95,4%) 0,792

0,412

0,07

Fisher

1,01 (0,97 a 1,06)

N40 ≥ 8 91/91 (100,0%) 235/236 (99,6%) 0,620

0,721

0,25

Fisher

1,00 (1,00 a 1,01)

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197

N5 – Vínculo com o assistente social

Pergunta N5 = 8 a 10 N5 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N33 ≥ 8 1/121 (0,8%) 6/228 (2,6%) 0,457

0,236

0,55

Fisher

0,31 (0,04 a 2,58)

N34 ≥ 8 110/121 (90,9%) 205/228 (89,9%) 0,913 0,01 1,01 (0,94 a 1,09)

N35 ≥ 8 119/121 (98,3%) 219/228 (96,1%) 0,397

0,202

0,72

Fisher

1,02 (0,99 a 1,06)

N36 ≥ 8 113/121 (93,4%) 191/227 (84,1%) 0,021 5,30 1,11 (1,03 a 1,19)

N37 ≥ 8 114/115 (99,1%) 201/205 (98,0%) 0,780

0,409

0,08

Fisher

1,01 (0,99 a 1,04)

N38 ≥ 8 112/115 (97,4%) 200/213 (93,9%) 0,257 1,28 1,04 (0,99 a 1,09)

N39 ≥ 8 113/117 (96,6%) 205/215 (95,3%) 0,804

0,412

0,06

Fisher

1,01 (0,97 a 1,06)

N40 ≥ 8 115/115

(100,0%)

212/213 (99,5%) 0,753

0,649

0,10

Fisher

1,00 (1,00 a 1,01)

N6 – Vínculo com o enfermeiro

Pergunta N6 = 8 a 10 N6 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N33 ≥ 8 5/226 (2,2%) 2/124 (1,6%) 0,987

0,522

0,00

Fisher

1,37 (0,27 a 6,97)

N34 ≥ 8 201/226 (88,9%) 115/124 (92,7%) 0,336 0,92 0,96 (0,90 a 1,03)

N35 ≥ 8 219/226 (96,9%) 120/124 (96,8%) 0,799

0,588

0,06

Fisher

1,00 (0,96 a 1,04)

N36 ≥ 8 202/226 (89,4%) 103/123 (83,7%) 0,177 1,82 1,07 (0,98 a 1,17)

N37 ≥ 8 208/210 (99,0%) 108/111 (97,3%) 0,464

0,227

0,53

Fisher

1,02 (0,98 a 1,05)

N38 ≥ 8 206/215 (95,8%) 107/114 (93,9%) 0,606 0,27 1,02 (0,97 a 1,08)

N39 ≥ 8 211/218 (96,8%) 108/115 (93,9%) 0,338

0,168

0,91

Fisher

1,03 (0,98 a 1,09)

N40 ≥ 8 215/215

(100,0%)

113/114 (99,1%) 0,746

0,346

0,10

Fisher

1,01 (0,99 a 1,03)

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198

N7 – Vínculo com o nutricionista

Pergunta N7 = 8 a 10 N7 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N33 ≥ 8 3/126 (2,4%) 4/223 (1,8%) 0,982

0,493

0,00

Fisher

1,33 (0,30 a 5,84)

N34 ≥ 8 113/126 (89,7%) 202/223 (90,6%) 0,932 0,01 0,99 (0,92 a 1,06)

N35 ≥ 8 123/126 (97,6%) 215/223 (96,4%) 0,763

0,392

0,09

Fisher

1,01 (0,98 a 1,05)

N36 ≥ 8 114/126 (90,5%) 190/222 (85,6%) 0,249 1,33 1,06 (0,98 a 1,14)

N37 ≥ 8 117/121 (96,7%) 198/199 (99,5%) 0,134

0,069

2,24

Fisher

0,97 (0,94 a 1,01)

N38 ≥ 8 117/122 (95,9%) 195/206 (94,7%) 0,810 0,06 1,01 (0,96 a 1,06)

N39 ≥ 8 117/122 (95,9%) 201/210 (95,7%) 0,840 0,04 1,00 (0,96 a 1,05)

N40 ≥ 8 121/122 (99,2%) 206/206

(100,0%)

0,790

0,371

0,07

Fisher

0,99 (0,98 a 1,01)

N8 – Vínculo com o dentista

Pergunta N8 = 8 a 10 N8 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N33 ≥ 8 5/141 (3,5%) 2/208 (1,0%) 0,193

0,097

1,69

Fisher

3,69 (0,73 a 18,74)

N34 ≥ 8 126/141 (89,4%) 189/208 (90,9%) 0,778 0,08 0,98 (0,92 a 1,06)

N35 ≥ 8 137/141 (97,2%) 201/208 (96,6%) 0,972

0,521

0,00

Fisher

1,01 (0,97 a 1,04)

N36 ≥ 8 133/141 (94,3%) 171/207 (82,6%) 0,002 9,39 1,14 (1,06 a 1,23)

N37 ≥ 8 135/135

(100,0%)

180/185 (97,3%) 0,141

0,063

2,16

Fisher

1,03 (1,00 a 1,05)

N38 ≥ 8 127/136 (93,4%) 185/192 (96,4%) 0,331 0,94 0,97 (0,92 a 1,02)

N39 ≥ 8 135/138 (97,8%) 183/194 (94,3%) 0,198 1,65 1,04 (0,99 a 1,08)

N40 ≥ 8 137/137

(100,0%)

190/191 (99,5%) 0,867

0,582

0,03

Fisher

1,01 (0,99 a 1,02)

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199

4º grupo de variável-resposta: Questões N17, N18 e N20 a N22 – Questões relacionadas à

ampliação da clínica: apoio às questões da subjetividade e socialidade

N17 – Alguém do ambulatório do CRT ajuda você a enfrentar suas ansiedades e tristezas,

conversando com você e lhe oferecendo apoio?

N18 – Alguém do ambulatório do CRT conversa com você sobre sua sexualidade, lhe

oferecendo apoio?

N20 – Alguém do ambulatório do CRT conversa com você sobre suas questões familiares,

lhe oferecendo apoio?

N21 – Alguém do ambulatório do CRT conversa com você sobre uso de álcool e drogas,

incluindo cigarro, lhe oferecendo orientações e apoio?

N22 – Alguém do ambulatório do CRT conversa com você sobre as questões sociais que

lhe incomodam, como problemas de emprego, dificuldades financeiras, preconceitos, lhe

oferecendo apoio?

Este grupo de variáveis, relativas à ampliação da clínica com abordagem e apoio às

questões da subjetividade e socialidade dos pacientes, mostrou uma correlação fortemente

positiva com quase todas as variáveis-exposição (relativas ao vínculo com a equipe e com

os profissionais, excetuando-se o nutricionista), de forma que os pacientes que relataram

uma percepção de vínculo mais forte também tiveram uma percepção de que seu cuidado

incluía uma melhor abordagem e apoio às questões dessa ordem.

Variáveis-resposta relacionadas à ampliação da clínica:

apoio “psi” (N17), sexualidade (N18), questões familiares

(N20), álcool e drogas (N21), questões sociais,

desemprego, preconceitos, etc. (N22)

Variáveis-exposição

relacionadas ao vínculo:

sabe quem o atende

(N1), é atendido pelas

mesmas pessoas (N2) e

vínculo específico com

médico (N3), psicólogo

(N4), assistente social

(N5), enfermeiro (N6),

nutricionista (N7) e

dentista (N8)

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200

N1 – Sabe quem são as pessoas que o atendem

Pergunta N1 = 8 a 10 N1 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N17 ≥ 8 115/242 (47,5%) 29/106 (27,4%) 6 x 10-4

11,54 1,74 (1,24 a 2,43)

N18 ≥ 8 78/243 (32,1%) 17/106 (16,0%) 0,002 8,82 2,00 (1,25 a 3,21)

N20 ≥ 8 82/242 (33,9%) 14/106 (13,2%) 1 x 10-4

14,76 2,57 (1,53 a 4,31)

N21 ≥ 8 103/240 (42,9%) 30/107 (28,0%) 0,010 6,32 1,53 (1,09 a 2,14)

N22 ≥ 8 80/243 (32,9%) 13/107 (12,1%) 8 x 10-5

15,38 2,71 (1,58 a 4,65)

N2 – Atendimento feito pelas mesmas pessoas

Pergunta N2 = 8 a 10 N2 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N17 ≥ 8 111/258 (43,0%) 33/90 (36,7%) 0,35 0,86 1,17 (0,86 a 1,59)

N18 ≥ 8 79/259 (30,5%) 16/90 (17,8%) 0,027 4,84 1,72 (1,06 a 2,78)

N20 ≥ 8 81/259 (31,3%) 15/89 (16,9%) 0,01 6,19 1,86 (1,13 a 3,05)

N21 ≥ 8 108/256 (42,2%) 25/91 (27,5%) 0,01 5,54 1,54 (1,07 a 2,21)

N22 ≥ 8 76/259 (29,3%) 17/91 (18,7%) 0,065 3,40 1,57 (0,98 a 2,51)

N3 – Vínculo com o médico

Pergunta N3 = 10 N3 = 0 a 9 pvalue Yates RR (IC 95%)

N17 ≥ 8 121/266 (45,5%) 23/82 (28,0%) 0,007 7,16 1,62 (1,12 a 2,35)

N18 ≥ 8 88/267 (33,0%) 7/82 (8,5%) 2 x 10-5

17,67 3,86 (1,86 a 8,00)

N20 ≥ 8 89/266 (33,5%) 7/82 (8,5%) 1 x 10-5

18,26 3,92 (1,89 a 8,12)

N21 ≥ 8 115/265 (43,4%) 18/82 (22,0%) 7 x 10-4

11,29 1,98 (1,29 a 3,04)

N22 ≥ 8 81/268 (30,2%) 12/82 (14,6%) 0,007 7,04 2,07 (1,19 a 3,59)

N4 – Vínculo com o psicólogo

Pergunta N4 = 8 a 10 N4 = 99 ou 0 a 7 Pvalue Yates RR (IC 95%)

N17 ≥ 8 62/95 (65,3%) 81/251 (32,3%) 5 x 10-8

29,59 2,02 (1,60 a 2,55)

N18 ≥ 8 43/96 (44,8%) 52/251 (20,7%) 1 x 10-5

19,05 2,16 (1,56 a 3,00)

N20 ≥ 8 43/95 (45,3%) 53/251 (21,1%) 1 x 10-5

18,86 2,14 (1,55 a 2,97)

N21 ≥ 8 47/94 (50,0%) 86/251 (34,3%) 0,010 6,50 1,46 (1,12 a 1,90)

N22 ≥ 8 43/96 (44,8%) 50/252 (19,8%) 4 x 10-6

20,84 2,26 (1,62 a 3,15)

N5 – Vínculo com o assistente social

Pergunta N5 = 8 a 10 N5 = 99 ou 0 a 7 Pvalue Yates RR (IC 95%)

N17 ≥ 8 59/120 (49,2%) 85/227 (37,4%) 0,046 3,97 1,31 (1,02 a 1,68)

N18 ≥ 8 40/121 (33,1%) 54/227 (23,8%) 0,084 2,99 1,39 (0,98 a 1,96)

N20 ≥ 8 49/120 (40,8%) 47/227 (20,7%) 1 x 10-4

14,90 1,97 (1,41 a 2,75)

N21 ≥ 8 60/119 (50,4%) 72/227 (31,7%) 0,001 10,79 1,59 (1,22 a 2,06)

N22 ≥ 8 46/121 (38,0%) 46/228 (20,2%) 5 x 10-4

12,06 1,88 (1,34 a 2,66)

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201

N6 – Vínculo com o enfermeiro

Pergunta N6 = 8 a 10 N6 = 99 ou 0 a 7 Pvalue Yates RR (IC 95%)

N17 ≥ 8 104/225 (46,2%) 40/123 (32,5%) 0,017 5,60 1,42 (1,06 a 1,90)

N18 ≥ 8 74/226 (32,7%) 21/123 (17,1%) 0,002 9,10 1,92 (1,25 a 2,95)

N20 ≥ 8 74/225 (32,9%) 22/123 (17,9%) 0,004 8,23 1,84 (1,21 a 2,80)

N21 ≥ 8 96/224 (42,9%) 37/123 (30,1%) 0,026 4,96 1,42 (1,05 a 1,94)

N22 ≥ 8 71/226 (31,4%) 22/124 (17,7%) 0,008 6,99 1,77 (1,16 a 2,71)

N7 – Vínculo com o nutricionista

Pergunta N7 = 8 a 10 N7 = 99 ou 0 a 7 Pvalue Yates RR (IC 95%)

N17 ≥ 8 59/124 (47,6%) 85/223 (38,1%) 0,109 2,56 1,25 (0,97 a 1,60)

N18 ≥ 8 37/125 (29,6%) 58/223 (26,0%) 0,551 0,36 1,14 (0,80 a 1,61)

N20 ≥ 8 36/125 (28,8%) 59/222 (26,6%) 0,748 0,10 1,08 (0,76 a 1,54)

N21 ≥ 8 53/123 (43,1%) 79/223 (35,4%) 0,197 1,66 1,22 (0,93 a 1,59)

N22 ≥ 8 35/126 (27,8%) 58/223 (26,0%) 0,815 0,05 1,07 (0,75 a 1,53)

N8 – Vínculo com o dentista

Pergunta N8 = 8 a 10 N8 = 99 ou 0 a 7 Pvalue Yates RR (IC 95%)

N17 ≥ 8 69/140 (49,3%) 75/207 (36,2%) 0,020 5,34 1,36 (1,06 a 1,74)

N18 ≥ 8 44/141 (31,2%) 50/207 (24,2%) 0,183 1,77 1,29 (0,92 a 1,82)

N20 ≥ 8 54/140 (38,6%) 42/207 (20,3%) 3 x 10-4

13,05 1,90 (1,35 a 2,67)

N21 ≥ 8 68/140 (48,6%) 64/206 (31,1%) 0,001 10,09 1,56 (1,20 a 2,04)

N22 ≥ 8 46/141 (32,6%) 47/208 (22,6%) 0,050 3,83 1,44 (1,02 a 2,04)

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202

5º grupo de variável-resposta: Questões N41 a N45 – Questões relacionadas à ampliação da

clínica: apoio a familiares, amigos e parceiros; apoio para conseguirem ampliar seus

coeficientes de autonomia, formar e valorizar sua rede social, participarem das decisões

sobre seu tratamento e terem seus desejos e interesses contemplados em seu cuidado pelas

equipes

N41 - Alguém do ambulatório do CRT oferece algum tipo de apoio ou orientação a seus

familiares, amigos ou parceiros, em caso de necessidade?

N42 - Você considera que as pessoas que atendem você no ambulatório do CRT ajudam a

melhorar suas condições de cuidar de si próprio, com mais independência?

N43 - Alguém do ambulatório do CRT estimula você a formar e valorizar uma rede social

(familiares, colegas, outros) que apóie você nas suas necessidades?

N44 - Você participa da decisão sobre uso de medicamentos e outras orientações

relacionadas à sua saúde?

N45 - As pessoas que atendem você no ambulatório do CRT conversam com você e levam

em consideração as coisas que você gosta e as que você não gosta, no momento de decidir

com você seu tratamento?

Este grupo de variáveis, relativas à ampliação da clínica, com estímulo a formação de rede

social e autonomia dos pacientes, mostrou uma correlação fortemente positiva com quase

todas as variáveis-exposição (relativas ao vínculo com a equipe e os profissionais), de

forma que os pacientes que relataram uma percepção de vínculo mais forte também tiveram

uma maior percepção de que seu cuidado incluía a abordagem e o apoio a questões dessa

ordem. A exceção foi que a maioria destas variáveis não mostrou correlação com as

variáveis de vínculo ao assistente social, ao nutricionista e ao dentista.

Variáveis relacionadas à ampliação da clínica: apoio a

familiares e amigos (N41), autonomia (N42), rede social

(N43), participação das decisões terapêuticas (N44),

inclusão do paciente/desejos e interesses (N45)

Variáveis-exposição

relacionadas ao vínculo:

sabe quem o atende

(N1), é atendido pelas

mesmas pessoas (N2) e

vínculo específico com

médico (N3), psicólogo

(N4), assistente social

(N5), enfermeiro (N6),

nutricionista (N7) e

dentista (N8)

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203

N1 – Sabe quem são as pessoas que o atendem

Pergunta N1 = 8 a 10 N1 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N41 ≥ 8 73/219 (33,3%) 21/94 (22,3%) 0,07 3,28 1,49 (0,98 a 2,27)

N42 ≥ 8 193/238 (81,1%) 66/103 (64,1%) 0,001 10,48 1,27 (1,08 a 1,48)

N43 ≥ 8 101/237 (42,6%) 22/103 (21,4%) 2 x 10-4

13,15 2,00 (1,34 a 2,97)

N44 ≥ 8 156/243 (64,2%) 55/106 (51,9%) 0,04 4,18 1,24 (1,01 a 1,52)

N45 ≥ 8 167/240 (69,6%) 56/106 (52,8%) 0,003 8,29 1,32 (1,08 a 1,61)

N2 – Atendimento feito pelas mesmas pessoas

Pergunta N2 = 8 a 10 N2 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N41 ≥ 8 75/230 (32,6%) 19/83 (22,9%) 0,12 2,30 1,42 (0,92 a 2,20)

N42 ≥ 8 203/255 (79,6%) 56/86 (65,1%) 0,01 6,62 1,22 (1,03 a 1,44)

N43 ≥ 8 104/250 (41,6%) 19/90 (21,1%) 8 x 10-4

11,16 1,97 (1,29 a 3,02)

N44 ≥ 8 159/259 (61,4%) 52/90 (57,8%) 0,63 0,23 1,06 (0,87 a 1,30)

N45 ≥ 8 174/256 (68,0%) 49/90 (54,4%) 0,029 4,74 1,25 (1,02 a 1,54)

N3 – Vínculo com o médico

Pergunta N3 = 10 N3 = 0 a 9 pvalue Yates RR (IC 95%)

N41 ≥ 8 84/239 (35,1%) 10/74 (13,5%) 6 x 10-4

11,58 2,60 (1,43 a 4,75)

N42 ≥ 8 214/262 (81,7%) 45/79 (57,0%) 1 x 10-5

18,97 1,43 (1,17 a 1,75)

N43 ≥ 8 108/261 (41,4%) 15/79 (19,0%) 4 x 10-4

12,22 2,18 (1,35 a 3,51)

N44 ≥ 8 171/268 (63,8%) 40/81 (49,4%) 0,028 4,83 1,29 (1,02 a 1,64)

N45 ≥ 8 192/265 (72,5%) 31/81 (38,3%) 4 x 10-8

30,16 1,89 (1,42 a 2,52)

N4 – Vínculo com o psicólogo

Pergunta N4 = 8 a 10 N4 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N41 ≥ 8 41/86 (47,7%) 53/226 (23,5%) 5 x 10-5

16,23 2,03 (1,47 a 2,81)

N42 ≥ 8 81/94 (86,2%) 177/246 (72,0%) 0,009 6,76 1,20 (1,07 a 1,34)

N43 ≥ 8 48/93 (51,6%) 75/246 (30,5%) 4 x 10-4

12,13 1,69 (1,29 a 2,22)

N44 ≥ 8 69/96 (71,9%) 141/251 (56,2%) 0,010 6,52 1,28 (1,08 a 1,51)

N45 ≥ 8 77/95 (81,1%) 145/249 (58,2%) 1 x 10-4

14,66 1,39 (1,21 a 1,61)

N5 – Vínculo com o assistente social

Pergunta N5 = 8 a 10 N5 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N41 ≥ 8 40/109 (36,7%) 54/203 (26,6%) 0,084 2,97 1,38 (0,99 a 1,93)

N42 ≥ 8 98/118 (83,1%) 160/222 (72,1%) 0,034 4,49 1,15 (1,03 a 1,29)

N43 ≥ 8 49/116 (42,2%) 73/223 (32,7%) 0,107 2,59 1,29 (0,97 a 1,71)

N44 ≥ 8 77/121 (63,6%) 134/227 (59,0%) 0,470 0,52 1,08 (0,91 a 1,28)

N45 ≥ 8 83/120 (69,2%) 139/225 (61,8%) 0,212 1,55 1,12 (0,96 a 1,31)

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N6 – Vínculo com o enfermeiro

Pergunta N6 = 8 a 10 N6 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N41 ≥ 8 74/207 (35,7%) 20/106 (18,9%) 0,003 8,72 1,89 (1,23 a 2,93)

N42 ≥ 8 183/222 (82,4%) 76/119 (63,9%) 2 x 10-4

13,62 1,29 (1,11 a 1,50)

N43 ≥ 8 94/221 (42,5%) 29/119 (24,4%) 0,001 10,28 1,75 (1,23 a 2,48)

N44 ≥ 8 147/226 (65,0%) 64/123 (52,0%) 0,023 5,11 1,25 (1,03 a 1,52)

N45 ≥ 8 158/224 (70,5%) 65/122 (53,3%) 0,002 9,53 1,32 (1,10 a 1,60)

N7 – Vínculo com o nutricionista

Pergunta N7 = 8 a 10 N7 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N41 ≥ 8 39/111 (35,1%) 54/201 (26,9%) 0,161 1,96 1,31 (0,93 a 1,84)

N42 ≥ 8 98/122 (80,3%) 160/218 (73,4%) 0,193 1,69 1,09 (0,97 a 1,23)

N43 ≥ 8 49/120 (40,8%) 73/219 (33,3%) 0,208 1,58 1,23 (0,92 a 1,63)

N44 ≥ 8 79/126 (62,7%) 131/222 (59,0%) 0,574 0,32 1,06 (0,89 a 1,26)

N45 ≥ 8 84/123 (68,3%) 138/222 (62,2%) 0,307 1,04 1,10 (0,94 a 1,29)

N8 – Vínculo com o dentista

Pergunta N8 = 8 a 10 N8 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N41 ≥ 8 55/132 (41,7%) 39/180 (21,7%) 2 x 10-4

13,54 1,92 (1,36 a 2,71)

N42 ≥ 8 110/140 (78,6%) 148/200 (74,0%) 0,400 0,71 1,06 (0,94 a 1,20)

N43 ≥ 8 58/137 (42,3%) 64/202 (31,7%) 0,058 3,57 1,34 (1,01 a 1,77)

N44 ≥ 8 92/141 (65,2%) 119/207 (57,5%) 0,179 1,80 1,13 (0,96 a 1,34)

N45 ≥ 8 107/141 (75,9%) 115/204 (56,4%) 3 x 10-4

13,00 1,35 (1,16 a 1,57)

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6º grupo de variável-resposta: Questões N23 a N24 – Questões relacionadas à percepção

dos pacientes do respeito e segurança quanto ao sigilo.

N23 – Você se sente devidamente respeitado pelas pessoas do ambulatório do CRT?

N24 – Você se sente seguro em relação ao segredo sobre o seu problema de saúde?

Mesmo sendo consistentemente avaliado com escores elevados, este grupo de variáveis,

relativas à percepção dos pacientes de sentirem-se respeitados pela equipe e de confiarem

no sigilo dos profissionais, ainda assim mostrou uma correlação positiva com quase todas

as variáveis-exposição (relativas ao vínculo com a equipe e os profissionais), de forma que

os pacientes que relataram uma percepção de vínculo mais forte com os profissionais

(principalmente médico e enfermeiro) também tiveram uma maior percepção de serem

respeitados e de confiança na equipe.

N1 – Sabe quem são as pessoas que o atendem

Pergunta N1 = 8 a 10 N1 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N23 ≥ 8 229/242 (94,6%) 80/106 (75,5%) 4 x 10-7

25,29 1,25 (1,12 a 1,40)

N24 ≥ 8 220/243 (90,5%) 80/107 (74,8%) 2 x 10-4

13,83 1,21 (1,08 a 1,36)

N2 – Atendimento feito pelas mesmas pessoas

Pergunta N2 = 8 a 10 N2 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N23 ≥ 8 239/258 (92,6%) 70/90 (77,8%) 2 x 10-4

13,35 1,19 (1,06 a 1,34)

N24 ≥ 8 231/259 (89,2%) 69/91 (75,8%) 0,003 8,76 1,18 (1,04 a 1,33)

Variáveis sobre percepção de serem respeitados pela equipe

(N23) e de segurança em relação ao sigilo (N24)

Variáveis-exposição

relacionadas ao vínculo:

sabe quem o atende

(N1), é atendido pelas

mesmas pessoas (N2) e

vínculo específico com

médico (N3), psicólogo

(N4), assistente social

(N5), enfermeiro (N6),

nutricionista (N7) e

dentista (N8)

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206

N3 – Vínculo com o médico

Pergunta N3 = 10 N3 = 0 a 9 pvalue Yates RR (IC 95%)

N23 ≥ 8 244/266 (91,7%) 65/82 (79,3%) 0,003 8,57 1,16 (1,03 a 1,30)

N24 ≥ 8 240/268 (89,6%) 60/82 (73,2%) 4 x 10-4

12,46 1,22 (1,07 a 1,40)

N4 – Vínculo com o psicólogo

Pergunta N4 = 8 a 10 N4 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N23 ≥ 8 89/96 (92,7%) 218/250 (87,2%) 0,207 1,59 1,06 (0,99 a 1,14)

N24 ≥ 8 84/96 (87,5%) 214/252 (84,9%) 0,658 0,20 1,03 (0,94 a 1,13)

N5 – Vínculo com o assistente social

Pergunta N5 = 8 a 10 N5 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N23 ≥ 8 116/121 (95,9%) 192/226 (85,0%) 0,003 8,34 1,13 (1,06 a 1,21)

N24 ≥ 8 112/121 (92,6%) 187/228 (82,0%) 0,011 6,33 1,13 (1,04 a 1,22)

N6 – Vínculo com o enfermeiro

Pergunta N6 = 8 a 10 N6 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N23 ≥ 8 212/225 (94,2%) 97/123 (78,9%) 3 x 10-5

17,34 1,19 (1,08 a 1,32)

N24 ≥ 8 206/226 (91,2%) 94/124 (75,8%) 1 x 10-4

14,17 1,20 (1,08 a 1,34)

N7 – Vínculo com o nutricionista

Pergunta N7 = 8 a 10 N7 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N23 ≥ 8 112/124 (90,3%) 196/223 (87,9%) 0,610 0,26 1,03 (0,95 a 1,11)

N24 ≥ 8 117/126 (92,9%) 182/223 (81,6%) 0,006 7,40 1,14 (1,05 a 1,23)

N8 – Vínculo com o dentista

Pergunta N8 = 8 a 10 N8 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N23 ≥ 8 128/141 (90,8%) 180/206 (87,4%) 0,416 0,66 1,04 (0,96 a 1,12)

N24 ≥ 8 127/141 (90,1%) 172/208 (82,7%) 0,075 3,15 1,09 (1,00 a 1,18)

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207

7º grupo de variável-resposta: Questões N14 a N16 – Questões relacionadas ao contato dos

pacientes com atenção básica e participação social

N14 – Você costuma freqüentar algum Posto ou Centro de Saúde?

N15 – Você tem contato com alguma organização não governamental (ONG) que atua na

área da saúde?

N16 – Você participa ativamente de algum movimento social organizado que atua na área

da saúde?

Este grupo de variáveis teve escores consistentemente baixos. No tocante à interação dos

pacientes com a atenção básica (N14), foi evidenciada correlação positiva com o vínculo

com os psicólogos, dentistas e, principalmente, com os assistentes sociais e nutricionistas,

mas não com os médicos e enfermeiros. Em relação às variáveis relativas à participação em

ONG e movimentos sociais, não houve correlação significativa com a percepção de vínculo

com os profissionais do CRT.

N1 – Sabe quem são as pessoas que o atendem

Pergunta N1 = 8 a 10 N1 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N14 ≥ 8 15/243 (6,2%) 1/107 (0,9%) 0,059

0,021

3,55

Fisher

6,60 (0,88 a 49,37)

N15 ≥ 8 18/242 (7,4%) 6/107 (5,6%) 0,69 0,15 1,33 (0,54 a 3,25)

N16 ≥ 8 14/243 (5,8%) 5/107 (4,7%) 0,87 0,02 1,23 (0,46 a 3,34)

N2 – Atendimento feito pelas mesmas pessoas

Pergunta N2 = 8 a 10 N2 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N14 ≥ 8 14/259 (5,4%) 2/91 (2,2%) 0,33

0,16

0,94

Fisher

2,46 (0,57 a 10,61)

N15 ≥ 8 18/258 (7,0%) 6/91 (6,6%) 0,90 0,01 1,06 (0,43 a 2,58)

N16 ≥ 8 14/259 (5,4%) 5/91 (5,5%) 0,81

0,57

0,06

Fisher

0.98 (0,36 a 2,66)

Variáveis sobre contato com Centro de Saúde (N14),

organizações não governamentais (N15) e participação

em movimentos sociais (N16)

Variáveis-exposição

relacionadas ao vínculo: sabe

quem o atende (N1), é atendido

pelas mesmas pessoas (N2) e

vínculo específico com médico

(N3), psicólogo (N4), assistente

social (N5), enfermeiro (N6),

nutricionista (N7) e dentista

(N8)

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208

N3 – Vínculo com o médico

Pergunta N3 = 10 N3 = 0 a 9 pvalue Yates RR (IC 95%)

N14 ≥ 8 14/268 (5,2%) 2/82 (2,4%) 0,45

0,23

0,57

Fisher

2,14 (0,50 a 9,23)

N15 ≥ 8 20/267 (7,5%) 4/82 (4,9%) 0,56 0,52 1,54 (0,54 a 4,36)

N16 ≥ 8 15/268 (5,6%) 4/82 (4,9%) 0,97

0,52

0,00

Fisher

1,15 (0,39 a 3,36)

N4 – Vínculo com o psicólogo

Pergunta N4 = 8 a 10 N4 = 99 ou 0 a 7 Pvalue Yates RR (IC 95%)

N14 ≥ 8 8/96 (8,3%) 8/252 (3,2%) 0,077

0,048

3,12

Fisher

2,63 (1,01 a 6,80)

N15 ≥ 8 3/96 (3,1%) 21/251 (8,4%) 0,13 2,21 0,37 (0,11 a 1,22)

N16 ≥ 8 3/96 (3,1%) 16/252 (6,3%) 0,35 0,85 0,49 (0,15 a 1,65)

N5 – Vínculo com o assistente social

Pergunta N5 = 8 a 10 N5 = 99 ou 0 a 7 Pvalue Yates RR (IC 95%)

N14 ≥ 8 12/121 (9,9%) 4/228 (1,8%) 0,001 10,25 5,65 (1,86 a 17,15)

N15 ≥ 8 7/120 (5,8%) 17/228 (7,5%) 0,729 0,12 0,78 (0,33 a 1,83)

N16 ≥ 8 6/121 (5,0%) 13/228 (5,7%) 0,965 0,00 0,87 (0,34 a 2,23)

N6 – Vínculo com o enfermeiro

Pergunta N6 = 8 a 10 N6 = 99 ou 0 a 7 Pvalue Yates RR (IC 95%)

N14 ≥ 8 14/226 (6,2%) 2/124 (1,6%) 0,090 2,87 3,84 (0,89 a 16,63)

N15 ≥ 8 18/225 (8,0%) 6/124 (4,8%) 0,370 0,80 1,65 (0,67 a 4,06)

N16 ≥ 8 15/226 (6,6%) 4/124 (3,2%) 0,271 1,21 2,06 (0,70 a 6,06)

N7 – Vínculo com o nutricionista

Pergunta N7 = 8 a 10 N7 = 99 ou 0 a 7 Pvalue Yates RR (IC 95%)

N14 ≥ 8 12/126 (9,5%) 4/223 (1,8%) 0,002 9,30 5,31 (1,75 a 16,12)

N15 ≥ 8 11/125 (8,8%) 13/223 (5,8%) 0,407 0,69 1,51 (0,70 a 3,27)

N16 ≥ 8 10/126 (7,9%) 9/223 (4,0%) 0,194 1,68 1,97 (0,82 a 4,71)

N8 – Vínculo com o dentista

Pergunta N8 = 8 a 10 N8 = 99 ou 0 a 7 Pvalue Yates RR (IC 95%)

N14 ≥ 8 11/141 (7,8%) 5/208 (2,4%) 0,035 4,43 3,25 (1,15 a 9,14)

N15 ≥ 8 9/140 (6,4%) 15/208 (7,2%) 0,946 0,00 0,89 (0,40 a 1,98)

N16 ≥ 8 8/141 (5,7%) 11/208 (5,3%) 0,932 0,01 1,07 (0,44 a 2,60)

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209

8º grupo de variável-resposta: Questões N25 a N26 – Questões relacionadas às práticas

alternativas de medicina.

N25 – Você utiliza outros tipos de medicina (Homeopatia, Fitoterapia, Acupuntura,

Medicina Chinesa) em conjunto com o tratamento médico convencional?

N26 – Você gostaria de utilizar outros tipos de medicina (Homeopatia, Fitoterapia,

Acupuntura, Medicina Chinesa) em conjunto com o tratamento médico convencional?

Este grupo de variáveis, relativas à utilização de práticas alternativas de medicina, não

apresentou correlação significativa com a percepção de vínculo com os profissionais do

CRT.

N1 – Sabe quem são as pessoas que o atendem

Pergunta N1 = 8 a 10 N1 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N25 ≥ 8 28/242 (11,6%) 14/106 (13,2%) 0,80 0,06 0,88 (0,48 a 1,60)

N26 ≥ 8 155/234 (66,2%) 69/101 (68,3%) 0,80 0,06 0,97 (0,83 a 1,14)

N2 – Atendimento feito pelas mesmas pessoas

Pergunta N2 = 8 a 10 N2 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N25 ≥ 8 26/257 (10,1%) 16/91 (17,6%) 0,09 2,86 0,58 (0,32 a 1,02)

N26 ≥ 8 160/249 (64,3%) 64/86 (74,4%) 0,11 2,54 0,86 (0,74 a 1,01)

N3 – Vínculo com o médico

Pergunta N3 = 10 N3 = 0 a 9 pvalue Yates RR (IC 95%)

N25 ≥ 8 29/266 (10,9%) 13/82 (15,9%) 0,31 1,02 0,69 (0,38 a 1,26)

N26 ≥ 8 164/255 (64,3%) 60/80 (75,0%) 0,10 2,67 0,86 (0,73 a 1,00)

N4 – Vínculo com o psicólogo

Pergunta N4 = 8 a 10 N4 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N25 ≥ 8 12/95 (12,6%) 30/251 (12,0%) 0,990 0,00 1,06 (0,56 a 1,98)

N26 ≥ 8 65/92 (70,7%) 158/241 (65,6%) 0,451 0,57 1,08 (0,92 a 1,27)

Variáveis sobre práticas alternativas: utilização pelos

pacientes (N25) e desejo de utilizar (N26)

Variáveis-exposição

relacionadas ao vínculo:

sabe quem o atende

(N1), é atendido pelas

mesmas pessoas (N2) e

vínculo específico com

médico (N3), psicólogo

(N4), assistente social

(N5), enfermeiro (N6),

nutricionista (N7) e

dentista (N8)

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210

N5 – Vínculo com o assistente social

Pergunta N5 = 8 a 10 N5 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N25 ≥ 8 16/121 (13,2%) 26/226 (11,5%) 0,767 0,09 1,15 (0,64 a 2,06)

N26 ≥ 8 72/116 (62,1%) 152/218 (69,7%) 0,195 1,68 0,89 (0,75 a 1,05)

N6 – Vínculo com o enfermeiro

Pergunta N6 = 8 a 10 N6 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N25 ≥ 8 25/224 (11,2%) 17/124 (13,7%) 0,598 0,28 0,81 (0,46 a 1,45)

N26 ≥ 8 147/218 (67,4%) 77/117 (65,8%) 0,858 0,03 1,02 (0,87 a 1,20)

N7 – Vínculo com o nutricionista

Pergunta N7 = 8 a 10 N7 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N25 ≥ 8 11/125 (8,8%) 31/222 (14,0%) 0,213 1,55 0,63 (0,33 a 1,21)

N26 ≥ 8 73/119 (61,3%) 150/215 (69,8%) 0,148 2,08 0,88 (0,74 a 1,04)

N8 – Vínculo com o dentista

Pergunta N8 = 8 a 10 N8 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N25 ≥ 8 11/140 (7,9%) 30/207 (14,5%) 0,087 2,92 0,54 (0,28 a 1,05)

N26 ≥ 8 87/134 (64,9%) 136/200 (68,0%) 0,641 0,22 0,95 (0,82 a 1,12)

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211

9º grupo de variável-resposta: Questões N27 a N30 – Questões relacionadas a

especialidades médicas e saúde bucal.

N27 – Quando você precisa de um médico especialista do ambulatório do CRT, você sente

dificuldades de conseguir a consulta?

N28 – Quando você precisa de um médico especialista que não tem no ambulatório do

CRT, você sente dificuldades de conseguir a consulta?

N29 – Quando você precisa se consultar com vários especialistas, o médico infectologista

que o atende no CRT conversa sobre o seu caso com os especialistas e coordena a condução

do seu tratamento?

N30 – Você se sente devidamente apoiado pelos dentistas do ambulatório do CRT em

relação aos cuidados com sua boca (dentes, gengivas, língua)?

As questões N27 (acesso a especialistas de dentro do CRT) e N29 (coordenação de caso

pelo infectologista no caso de múltiplos especialistas) mostram forte correlação com o

vínculo com o médico.

A questão N28 (acesso a especialistas que não tem no CRT) mostra correlação com o

vínculo com os assistentes sociais.

A questão N30 (apoio pelos dentistas) mostra correlação com o vínculo com os diversos

profissionais (médico, assistente social e enfermeiro), mas está fortemente correlacionada

com o vínculo com o dentista.

Variáveis sobre dificuldades com especialidades no CRT

(N27) e fora do CRT (N28), sobre coordenação de caso

pelo infectologista (N29) e apoio em saúde bucal (N30)

Variáveis-exposição

relacionadas ao vínculo:

sabe quem o atende

(N1), é atendido pelas

mesmas pessoas (N2) e

vínculo específico com

médico (N3), psicólogo

(N4), assistente social

(N5), enfermeiro (N6),

nutricionista (N7) e

dentista (N8)

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212

N1 – Sabe quem são as pessoas que o atendem

Pergunta N1 = 8 a 10 N1 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N27 ≥ 8 125/226 (55,3%) 35/100 (35,0%) 0,001 10,64 1,58 (1,18 a 2,12)

N28 ≥ 8 86/205 (42,0%) 27/88 (30,7%) 0,09 2,84 1,37 (0,96 a 1,95)

N29 ≥ 8 154/210 (73,3%) 45/76 (59,2%) 0,03 4,61 1,24 (1,01 a 1,52)

N30 ≥ 8 97/165 (58,8%) 28/59 (47,5%) 0,17 1,83 1,24 (0,92 a 1,67)

N2 – Atendimento feito pelas mesmas pessoas

Pergunta N2 = 8 a 10 N2 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N27 ≥ 8 132/239 (55,2%) 28/87 (32,2%) 3 x 10-4

12,65 1,72 (1,24 a 2,38)

N28 ≥ 8 95/220 (43,2%) 18/73 (24,7%) 0,007 7,18 1,75 (1,14 a 2,69)

N29 ≥ 8 154/216 (71,3%) 45/70 (64,3%) 0,33 0,92 1,11 (0,91 a 1,35)

N30 ≥ 8 95/162 (58,6%) 30/62 (48,4%) 0,21 1,52 1,21 (0,91 a 1,62)

N3 – Vínculo com o médico

Pergunta N3 = 10 N3 = 0 a 9 pvalue Yates RR (IC 95%)

N27 ≥ 8 132/251 (52,6%) 28/75 (37,3%) 0,028 4,78 1,41 (1,03 a 1,93)

N28 ≥ 8 90/222 (40,5%) 23/71 (32,4%) 0,27 1,18 1,25 (0,86 a 1,82)

N29 ≥ 8 168/222 (75,7%) 31/64 (48,4%) 5 x 10-5

16,15 1,56 (1,20 a 2,03)

N30 ≥ 8 106/172 (61,6%) 19/52 (36,5%) 0,002 9,20 1,69 (1,16 a 2,46)

N4 – Vínculo com o psicólogo

Pergunta N4 = 8 a 10 N4 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N27 ≥ 8 45/91 (49,5%) 114/233 (48,9%) 0,968 0,00 1,01 (0,79 a 1,29)

N28 ≥ 8 36/83 (43,4%) 77/209 (36,8%) 0,367 0,81 1,18 (0,87 a 1,59)

N29 ≥ 8 60/78 (76,9%) 138/207 (66,7%) 0,125 2,35 1,15 (0,99 a 1,35)

N30 ≥ 8 44/67 (65,7%) 80/156 (51,3%) 0,066 3,37 1,28 (1,02 a 1,61)

N5 – Vínculo com o assistente social

Pergunta N5 = 8 a 10 N5 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N27 ≥ 8 68/116 (58,6%) 92/210 (43,8%) 0,014 5,98 1,34 (1,08 a 1,66)

N28 ≥ 8 50/107 (46,7%) 62/185 (33,5%) 0,034 4,46 1,39 (1,05 a 1,86)

N29 ≥ 8 76/100 (76,0%) 123/186 (66,1%) 0,110 2,55 1,15 (0,99 a 1,34)

N30 ≥ 8 60/86 (69,8%) 65/138 (47,1%) 0,001 10,14 1,48 (1,18 a 1,85)

N6 – Vínculo com o enfermeiro

Pergunta N6 = 8 a 10 N6 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N27 ≥ 8 117/212 (55,2%) 43/114 (37,7%) 0,003 8,37 1,46 (1,12 a 1,91)

N28 ≥ 8 80/194 (41,2%) 33/99 (33,3%) 0,234 1,41 1,24 (0,89 a 1,71)

N29 ≥ 8 138/190 (72,6%) 61/96 (63,5%) 0,149 2,08 1,14 (0,96 a 1,36)

N30 ≥ 8 94/147 (63,9%) 31/77 (40,3%) 0,001 10,55 1,59 (1,18 a 2,14)

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213

N7 – Vínculo com o nutricionista

Pergunta N7 = 8 a 10 N7 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N27 ≥ 8 65/122 (53,3%) 94/203 (46,3%) 0,269 1,22 1,15 (0,92 a 1,44)

N28 ≥ 8 39/106 (36,8%) 74/186 (39,8%) 0,704 0,14 0,92 (0,68 a 1,26)

N29 ≥ 8 83/110 (75,5%) 115/175 (65,7%) 0,108 2,58 1,15 (0,99 a 1,34)

N30 ≥ 8 54/87 (62,1%) 70/136 (51,5%) 0,156 2,00 1,21 (0,96 a 1,52)

N8 – Vínculo com o dentista

Pergunta N8 = 8 a 10 N8 = 99 ou 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

N27 ≥ 8 78/137 (56,9%) 82/188 (43,6%) 0,023 5,10 1,31 (1,05 a 1,62)

N28 ≥ 8 44/121 (36,4%) 69/171 (40,4%) 0,570 0,32 0,90 (0,67 a 1,21)

N29 ≥ 8 95/125 (76,0%) 104/161 (64,6%) 0,051 3,80 1,18 (1,01 a 1,37)

N30 ≥ 8 109/141 (77,3%) 16/82 (19,5%) < 10-8

67,97 3,96 (2,53 a 6,20)

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215

Avaliação dos

prontuários dos

pacientes

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217

AVALIAÇÃO DOS PRONTUÁRIOS DOS PACIENTES

Comentários iniciais

Os prontuários dos pacientes entrevistados foram revisados para coleta de informações

referentes ao seu atendimento no CRT nos últimos dois anos, ou seja, foram coletadas

informações referentes ao período de 30/04/2006 a 30/04/2008. Desta forma, embora o

tempo de tratamento no CRT de alguns pacientes seja de vários anos, o tempo de

informações coletadas dos prontuários variou de 14 meses a 24 meses.

Consultas realizadas, faltas a consultas e consultas no Pronto Atendimento

Foram coletadas informações sobre número de consultas no ambulatório registradas no

prontuário (consultas com infectologistas, com médicos especialistas do ambulatório, com

psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, dentistas e nutricionistas). Esta

informação corre o risco de subestimar o número de consultas, no caso de consultas não

registradas no prontuário. De qualquer forma, considerando-se que uma consulta de

qualidade deveria ter no mínimo algum registro do ocorrido, esse pode ser um parâmetro

utilizado, com as ressalvas necessárias.

Outro dado levantado nessa revisão do prontuário, esse ainda mais sujeito a imprecisões

pela subnotificação, foi o número de faltas a consultas agendadas no ambulatório, com

estes mesmos profissionais. Embora a princípio este fato tenha sido questionado pelos

pesquisadores, o grande número encontrado nos prontuários de registros de faltas a

consultas, fez que mantivéssemos os dados em nosso relatório.

Estes dois dados são complementados por um terceiro dado relacionado, a saber, o registro

no prontuário de consulta no Pronto Atendimento (PA) do ambulatório, que geralmente

ocorre com os pacientes que não comparecem à consulta em sua equipe de referência na

data agendada ou naqueles que apresentam algum problema de saúde no intervalo entre

suas consultas de rotina, precisando retornar ao ambulatório antes da próxima consulta

agendada, situação em que existe uma recomendação quase generalizada no ambulatório de

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218

procurar o PA. Vistos em conjunto, estes três dados se complementam e compensam um

pouco da sua possível falta de rigor de anotação.

Consultas realizadas

No período de dois anos, os 349 pacientes com prontuários estudados tiveram 3686

consultas com seus médicos infectologistas registradas em prontuário. Apenas 4% dos

pacientes tiveram um intervalo médio entre as consultas com o infectologista de sua equipe

de referência maior que quatro meses. Por outro lado, 81% dos pacientes tiveram ao menos

uma consulta a cada três meses.

Não foi observada correlação entre o vínculo percebido com o médico infectologista de

referência e o intervalo de tempo entre as consultas com estes médicos.

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219

Escore dado à

percepção de

vínculo com o

médico

infectologista

Intervalo entre as consultas com médicos infectologistas de referência

Maior

que 6

meses

Entre 4 e

6 meses

Entre 3 e

4 meses

Entre 2 e

3 meses

Menor

que 2

meses

Total

Escore = 10 5

(71,4%)

5

(71,4%)

39

(73,6%)

125

(78,1%)

94

(76,4%)

268

(76,6%)

Escore de 0 a 9 2

(28,6%)

2

(28,6%)

14

(26,4%)

35

(21,9%)

29

(23,6%)

82 (23,4%)

Total 7

(2,0%)

7

(2,0%)

53

(15,1%)

160

(45,7%)

123

(35,1%)

350

(100%)

Qui-quadrado = 0,69; Graus de liberdade = 4; p = 0,953

Também o indicador do número de consultas mensais com o infectologista, não mostrou

correlação com a percepção de vínculo com o médico. O número de consultas mensais com

o infectologista foi 0,448 ± 0,150 no grupo com percepção de vínculo mais forte e de 0,435

± 0,144 no grupo com pior avaliação do vínculo (p = 0,491)

Ao se avaliar a correlação da freqüência das consultas com o médico infectologista de

referência, com o tempo de conhecimento do estado sorológico e com o tempo de

atendimento no CRT, encontramos uma tendência de correlação, de forma que os pacientes

com intervalo entre as consultas menor que três meses tendem a apresentar maior tempo de

conhecimento sorológico (p=0,014) e maior tempo de tratamento no CRT (p=0,065),

conforme os dados da tabela abaixo:

Intervalo entre as

consultas

Anos de conhecimento sorológico

(média ± desvio-padrão)

Anos de tratamento no CRT

(média ± desvio-padrão)

Menor que 3 meses 11,4 ± 5,4 9,1 ± 5,0

Maior que 3 meses 9,6 ± 5,0 7,9 ± 4,0

Variância = 171,849 Variância = 79,450

Variância residual = 27,929 Variância residual = 23,236

Estatística F = 6,153 Estatística F = 3,419

pvalue = 0,014 pvalue = 0,065

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220

No período estudado, os pacientes tiveram 1590 consultas com médicos especialistas

disponíveis no ambulatório do CRT. Neste caso, grande parte dos pacientes (25%) não teve

nenhuma consulta com médicos especialistas e 31% tiveram entre uma e três consultas,

provavelmente correspondendo aos pacientes menos graves. Por outro lado, 20 (5,7%)

pacientes tiveram 15 ou mais consultas com especialistas nesse período.

Não foi observada correlação entre o vínculo percebido com o médico infectologista de

referência e o intervalo de tempo entre as consultas com os médicos especialistas (não

infectologistas) do CRT.

Escore dado à

percepção de

vínculo com o

médico

infectologista

Intervalo entre as consultas com médicos especialistas do CRT

(não infectologistas)

Sem

consultas

Maior

que 6

meses

Entre 4

e 6

meses

Entre 3

e 4

meses

Entre 2

e 3

meses

Menor

que 2

meses

Total

Escore = 10 68

(77,3%)

94

(73,4%)

17

(77,3%)

27

(79,4%)

33

(78,6%)

28

(80,0%)

267

(76,5%)

Escore de 0 a 9 20

(22,7%)

34

(26,6%)

5

(22,7%)

7

(20,6%)

9

(21,4%)

7

(20,0%)

82

(23,5%)

Total 88

(25,2%)

128

(36,7%)

22

(6,3%)

34

(9,7%)

42

(12,0%)

35

(10,0%)

349

(100%)

Qui-quadrado = 1,20; Graus de liberdade = 5; pvalue = 0,945

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221

Também o indicador do número de consultas mensais com os especialistas, não mostrou

correlação com a percepção de vínculo com o médico infectologista de referência. O

número de consultas mensais com especialistas foi 0,266 ± 0,232 no grupo com percepção

de vínculo mais forte e de 0,232 ± 0,209 no grupo com pior avaliação do vínculo (p =

0,304)

Ao se avaliar a correlação da freqüência das consultas com os médicos especialistas (não

infectologista de referência), com o tempo de conhecimento do estado sorológico e com o

tempo de atendimento no CRT, não encontramos nenhuma diferença entre os grupos,

conforme os dados da tabela abaixo:

Intervalo entre as

consultas

Anos de conhecimento sorológico

(média ± desvio-padrão)

Anos de tratamento no CRT

(média ± desvio-padrão)

Menor que 3 meses 11,5 ± 5,2 9,0 ± 4,7

Maior que 3 meses 11,0 ± 5,4 8,9 ± 4,9

Variância = 19,053 Variância = 0,322

Variância residual = 28,369 Variância residual = 23,464

Estatística F = 0,672 Estatística F = 0,014

pvalue = 0,413 pvalue = 0,906

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222

Em relação às consultas com os profissionais da saúde mental (psiquiatras e psicólogos),

foram 563 consultas com psiquiatras e 261 com psicólogos.

Neste caso, 236 pacientes (67,6%) não tiveram nenhuma consulta com psiquiatra e outros

34 (9,8%) tiveram apenas uma ou duas consultas registradas em prontuário no período de

dois anos.

No caso das consultas com psicólogos, 295 pacientes (84,5%) não tiveram nenhuma

consulta registrada no prontuário e outros 28 (8,1%) tiveram apenas uma ou duas consultas

registradas em prontuário no período de dois anos.

Com relação ao serviço social, 325 pacientes (93,1%) não tiveram nenhuma consulta

registrada com assistente social, e os demais 24 pacientes (6,9%) tiveram entre uma e três

consultas com assistente social registradas no periodo. Em relação às consultas de

enfermagem registradas nos prontuários, 301 pacientes (86,2%) não tiveram nenhum

registro.

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223

Número de consultas realizadas registradas no prontuário (por paciente)

no período de dois anos, no ambulatório do CRT

Número

de

consultas

Infectolo

gistas

Especial

istas

Psiquia

tras

Psicól

ogos

Assiste

ntes

sociais

Enferma

gem

Dentis

tas

Nutricion

istas

0 0 88 236 295 325 301 221 284

1 0 44 21 22 19 29 33 28

2 0 35 13 6 4 9 25 21

3 3 29 15 4 1 3 16 5

4 7 24 3 3 0 2 14 6

5 5 18 13 3 0 2 7 2

6 21 15 15 1 0 1 9 3

7 33 19 11 1 0 0 6 0

8 37 12 7 1 0 1 2 0

9 32 13 3 5 0 1 5 0

10 47 11 2 1 0 0 4 0

11 42 7 6 1 0 0 1 0

12 31 6 2 0 0 0 0 0

13 25 2 0 2 0 0 1 0

14 22 6 1 0 0 0 1 0

15 14 2 0 0 0 0 3 0

16 12 4 0 2 0 0 0 0

17 6 1 0 0 0 0 1 0

18 4 1 0 0 0 0 0 0

19 5 2 0 0 0 0 0 0

20 ou

mais 3 10 1 2 0 0 0 0

n 349 349 349 349 349 349 349 349

Soma 3686 1590 563 261 30 97 519 137

Média 10,562 4,556 1,613 0,748 0,086 0,278 1,487 0,393

Desvio-

padrão 3,609 5,328 3,057 2,712 0,345 0,971 2,889 1,013

Variância 13,023 28,386 9,347 7,356 0,119 0,943 8,348 1,026

p.0 3 0 0 0 0 0 0 0

p.25 8 0 0 0 0 0 0 0

Mediana 10 3 0 0 0 0 0 0

p.75 13 7 2 0 0 0 2 0

p.100 35 29 20 22 3 9 17 6

Moda 10 0 0 0 0 0 0 0

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224

Faltas às consultas registradas em prontuário

No período de dois anos estudado, os 349 pacientes tiveram 598 faltas às consultas com

seus médicos infectologistas registradas em prontuário (média de 1,7 faltas). Enquanto 111

(32%) pacientes não tiveram nenhuma falta à consulta com infectologista, 56 pacientes

(16%) tiveram quatro a nove faltas registradas em seus prontuários. Não encontramos

correlação entre o número de faltas registradas no prontuário e a percepção dos pacientes de

seu vínculo com os médicos (1,7 ± 1,8 faltas no grupo de melhor vínculo contra 1,9 ± 2,2

faltas no grupo com menor vínculo; p = 0,398).

Quanto às consultas com médicos especialistas, existem 93 registros de faltas, e em 286

prontuários não havia nenhum registro de falta. Os dados de faltas às consultas dos diversos

profissionais estão apresentados na tabela seguinte.

Número de faltas às consultas registradas no prontuário (por paciente)

no período de dois anos, no ambulatório do CRT

Infectolo

gistas

Especial

istas

Psiquia

tras

Psicól

ogos

Assiste

ntes

sociais

Enferma

gem

Dentis

tas

Nutricion

istas

0 111 286 299 299 347 346 289 346

1 91 45 31 30 1 2 32 3

2 57 12 10 11 0 1 14 0

3 34 1 4 4 0 0 8 0

4 22 4 3 2 0 0 4 0

5 15 1 1 1 0 0 1 0

6 11 0 1 0 0 0 0 0

7 4 0 0 0 0 0 0 0

8 2 0 0 0 0 0 1 0

9 2 0 0 1 0 0 0 0

10 ou

mais 0 0 0 1 0 0 0 0

N 349 349 349 349 348 349 349 349

Soma 598 93 86 97 1 4 113 3

Média 1,713 0,266 0,246 0,278 0,003 0,011 0,324 0,009

Desvio-

padrão 1,864 0,691 0,748 0,991 0,054 0,131 0,891 0,092

Variância 3,475 0,478 0,560 0,983 0,003 0,017 0,794 0,009

(continua)

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225

Número de faltas às consultas registradas no prontuário (por paciente)

no período de dois anos, no ambulatório do CRT (continuação)

Infectolo

gistas

Especial

istas

Psiquia

tras

Psicól

ogos

Assiste

ntes

sociais

Enferma

gem

Dentis

tas

Nutricion

istas

p.0 0 0 0 0 0 0 0 0

p.25 0 0 0 0 0 0 0 0

Mediana 1 0 0 0 0 0 0 0

p.75 3 0 0 0 0 0 0 0

p.100 9 5 6 11 1 2 8 1

Consultas no Pronto Atendimento (PA)

Foram registradas 533 consultas no PA por motivo de procura de medicamentos

antiretrovirais (ARV). Dos 349 pacientes que tiveram seus prontuários estudados, 145

(41,5%) não tiveram nenhuma consulta no PA por este motivo. Os restantes 204 pacientes

tiveram ao menos uma consulta no PA por este motivo. Estes pacientes provavelmente

faltaram a suas consultas nas datas marcadas e tiveram que procurar o PA antes da próxima

consulta agendada, pois estavam sem medicamentos. Em média, os pacientes tiveram 1,53

consultas no PA por conta de ARV, no período de dois anos, ou seja, menos de uma

consulta por ano, um resultado bastante satisfatório, mostrando vínculo dos pacientes com

suas equipes.

Foram registradas apenas 56 consultas no PA por motivo de necessidade de se fazer exames

de controle (CD4 e Carga viral). Em média, foram 0,16 consultas no período de dois anos,

o que corresponderia, de forma aproximada, a uma consulta no PA por este motivo, por

cada paciente, a cada oito anos de acompanhamento.

Aconteceram 931 consultas registradas no PA por motivos clínicos, com média de 2,67

consultas por paciente no período de dois anos, ou 1,33 consulta ao ano. Dos 349

prontuários revisados, apenas 107 (30,7%) pacientes não tinham registros de consulta no

PA por motivos clínicos.

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226

Número de consultas (por paciente) realizadas no Pronto Atendimento do ambulatório

do CRT-DST/AIDS-SP no período de dois anos

Número de

consultas ARV Clínico Exames Outros

0 145 107 306 256

1 79 67 32 58

2 51 43 9 20

3 24 40 2 8

4 17 27 0 2

5 12 18 0 2

6 9 15 0 0

7 6 5 0 1

8 3 5 0 1

9 0 6 0 0

10 1 1 0 0

11 ou mais 2 15 0 1

n 349 349 349 349

Soma 533 931 56 171

Média 1,527 2,668 0,160 0,490

Desvio-padrão 2,012 3,614 0,470 1,288

Variância 4,049 13,062 0,221 1,659

p.0 0 0 0 0

p.25 0 0 0 0

Mediana 1 2 0 0

p.75 2 4 0 1

p.100 11 25 3 16

Moda 0 0 0 0

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227

Internações hospitalares e doenças definidoras de AIDS

O número de internações hospitalares registradas nos prontuários foi muito pequeno,

apenas 42 internações no período, com uma média de 0,120 internações por paciente no

período de dois anos. Dos 349 pacientes com prontuários avaliados, só houve registro de

internação em 31 deles (8,9%). Em 318 (91,1%) nenhuma internação foi registrada.

Em relação ao número de dias de internação nos últimos dois anos, a média foi de 1,63

dias, sendo que em 318 prontuários nenhum dia de internação hospitalar nos últimos dois

anos e apenas 14 (4%) dos pacientes tiveram mais de 10 dias de internação nos últimos dois

anos.

Em relação às doenças definidoras de AIDS (Brasil, 2003), 230 (65,9%) dos pacientes não

apresentaram registro em prontuário de nenhuma destas doenças nos últimos dois anos. Os

349 prontuários apresentaram registros de 200 condições definidoras de AIDS, com média

de 0,573 condições definidoras, variando de 0 a 7 condições definidoras por paciente nos

últimos dois anos. Alguns pacientes apresentaram mais de um episódio de algumas

condições, totalizando 248 episódios de condições definidoras, com média de 0,713

episódios no período de dois anos, variando de 0 a 10 episódios.

Número de internações, dias de internação, tipos de doenças definidoras e episódios de

doenças definidoras de AIDS (por paciente) registradas no prontuário do ambulatório do

CRT-DST/AIDS-SP no período dos últimos dois anos

Número de: Internações Dias de

internação

Doenças

definidoras

Episódios de

doenças

definidoras

0 318 318 230 230

1 21 1 82 68

2 9 1 17 23

3 1 0 7 8

4 0 3 6 5

5 0 3 4 5

6 0 3 2 6

7 0 1 1 0

8 0 2 0 0

9 0 2 0 1

10 ou mais 0 14 0 2

(continua)

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228

Número de internações, dias de internação, tipos de doenças definidoras e episódios de

doenças definidoras de AIDS (por paciente) registradas no prontuário do ambulatório do

CRT-DST/AIDS-SP no período dos últimos dois anos (continuação)

Número de: Internações

Dias de

internação

Doenças

definidoras

Episódios de

doenças

definidoras

N 349 348 349 348

Soma 42 567 200 248

Média 0,120 1,629 0,573 0,713

Desvio-padrão 0,418 8,508 1,093 1,477

Variância 0,175 72,378 1,194 2,182

p.0 0 0 0 0

p.25 0 0 0 0

Mediana 0 0 0 0

p.75 0 0 1 1

p.100 3 102 7 10

Moda 0 0 0 0

Uso de antiretrovirais

Dos 349 pacientes, 42 não usavam antiretrovirais no momento da entrevista, mas apenas 34

não usaram nenhum esquema nos últimos dois anos, indicando que alguns pacientes

suspenderam o uso após terem iniciado. Quanto ao número de esquemas de ARV utilizados

pelos pacientes, a média ± desvio-padrão foi de 1,476 ± 1,012 esquemas, variando de 0 a 6

esquemas por paciente, nos últimos 2 anos.

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229

Motivo de trocas de esquemas de antiretrovirais

A maior causa de troca de ARV foi a intolerância aos medicamentos (84), seguido de

outros diversos (33), depois por motivo não registrado no prontuário (29), resistência ao

ARV (26), abandono pelo paciente (25), não adesão (12), falha laboratorial (6), gravidez

(3) e falha do esquema (2).

Trocas Falha

Resist

ência

Ignor

ado

Aband

ono

Intolerâ

ncia

Não

adesão

Falha

laborat

orial

Gravid

ez Outros

0 346 329 320 329 286 337 342 345 318

1 2 13 27 16 45 10 6 3 27

2 0 5 1 1 12 1 0 0 3

3 0 1 0 1 5 0 0 0 0

4 0 0 0 1 0 0 0 0 0

Soma 2 26 29 25 84 12 6 3 33

Média 0,006 0,075 0,083 0,072 0,241 0,034 0,017 0,009 0,095

Desvio-

padrão 0,076 0,340 0,287 0,353 0,582 0,198 0,130 0,093 0,322

Variânci

a 0,006 0,115 0,082 0,125 0,339 0,039 0,017 0,009 0,103

p.0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

p.25 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Mediana 0 0 0 0 0 0 0 0 0

p.75 0 0 0 0 0 0 0 0 0

p.100 1 3 2 4 3 2 1 1 2

Registro de adesão e de não adesão ao tratamento

Nos prontuários analisados, foram encontrados 269 registros de boa adesão ao tratamento e

129 registros de não adesão ao tratamento. Em média, havia 0,8 registros de boa adesão e

0,4 registros de não adesão.

Quanto aos registros de discussão do caso na equipe (apenas dois casos registrados),

elaboração de Projeto Terapêutico Singular (nenhum caso registrado) e participação do

paciente em atividades terapêuticas em grupos (apenas um caso registrado), provavelmente

devido a um misto de pouca utilização dos recursos e não registro dos casos onde eram

empregados.

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230

Realização de exames de controle laboratorial

Os 349 pacientes com prontuários estudados realizaram 1772 exames de controle

laboratoriais registrados em prontuário, com média ± desvio-padrão de 5,077 ± 1,447

exames por paciente no período de dois anos.

Exame de contagem de CD4

A contagem média ± desvio-padrão de CD4 foi de 544 ± 297.

Intervalo de contagem de

CD4

Número de pacientes Percentual de

pacientes

<50 7 2,46%

50 a 100 11 2,46%

100 a 200 21 5,85%

200 a 500 132 36,92%

500 a 1000 152 44,92%

1000 a 1500 22 6,15%

> 1500 3 1,23%

348 100,00%

Média 543,720

Desvio-padrão 296,922

A contagem de CD4 média dos pacientes (analisada enquanto variável contínua) mostrou

uma leve relação com a percepção dos pacientes de seu vínculo com os médicos.

Contagem de CD4 médio dos pacientes

Vínculo com os médicos Escore 0 a 9 Escore 10

Respondentes 81 267

Média 483,272 562,059

Desvio-padrão 243,073 309,498

Variância 59084,478 95788,981

Menor valor 18,250 4,750

Percentil 25 343,500 348,600

Mediana 447,667 527,250

Percentil 75 596,714 768,200

Maior valor 1177,600 1681,500

Variância entre as amostras = 385771,368; Variância residual = 87302,390; Estatística F =

4,419; pvalue = 0,036

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231

Ao se analisar enquanto variável categórica, no entanto, essa correlação não se confirmou

de forma estatisticamente significativa.

Intervalo de contagem de

CD4

Vínculo com o médico

= 10

Vínculo com o médico

= 0 a 9

<50 4 (1,5%) 3 (3,7%)

50 a 100 8 (3,0%) 3 (3,7%)

100 a 200 17 (6,4%) 4 (4,9%

200 a 500 98 (36,7%) 35 (43,2%)

500 a 1000 118 (44,2%) 33 (40,7%)

1000 a 1500 19 (7,1%) 3 (3,7%)

> 1500 3 (1,1%) 0 (0,0%)

267 (100,0%) 81 (100,0%)

A prevalência de contagem de CD4 médio maior de 1000 foi de 22/267 (8,2%) nos

pacientes com melhor vínculo com os médicos e de 3/81 (3,7%) naqueles de vínculo pior

avaliado (RR = 2,22; IC = 0,68 a 7,24; p=0,254).

Considerando-se contagem de CD4 médio maior que 500, a prevalência foi de 140/267

(52,4%) naqueles com melhor vínculo com os médicos e de 36/81 (44,4%) naqueles de

vínculo pior avaliado (RR = 1,18; IC = 0,90 a 1,54; p=0,257).

Considerando-se contagem de CD4 médio maior que 200, a prevalência foi de 238/267

(89,1%) naqueles com melhor vínculo com os médicos e de 71/81 (87,7%) naqueles de

vínculo pior avaliado (RR = 1,02; IC = 0,93 a 1,11; p=0,865).

Considerando-se contagem de CD4 médio maior que 100, a prevalência foi de 255/267

(95,5%) naqueles com melhor vínculo com os médicos e de 75/81 (92,6%) naqueles de

vínculo pior avaliado (RR = 1,03; IC = 0,96 a 1,10; p=0,220 - Fisher).

Estes cálculos foram repetidos para cada contagem de CD4 dos pacientes (1ª contagem

disponível no período dos dois anos estudados, 2ª contagem, etc., e também não se

evidenciou correlação com o vínculo com o médico.

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232

Exames de carga viral

Não foi possível trabalhar a contagem média de carga viral de cada paciente, pois esta

variável só tem comportamento de variável contínua a partir do limite de detecção do teste

de laboratório. E ainda mais, durante os dois anos referentes à pesquisa nos prontuários

ocorreram mudanças nos limiares de carga viral mínima detectável pelos testes utilizados

no serviço. Assim, enquanto nos primeiros exames o mínimo detectável eram 400 cópias

virais, esse limiar de detectabilidade vai diminuindo progressivamente. Dessa forma,

optamos por analisar os valores de CD4 nas diversas ocasiões em que foram testados e

trabalharmos como variável categórica, utilizando a categoria “CV ≤ 400 cópias virais”

como a menor categoria de contagem de CV.

Assim, temos o resultado da 1ª contagem de CV dos pacientes, no período de dois anos

estudado, estratificada em seis categorias.

Intervalo de contagem de

CV

Número de pacientes Percentual de

pacientes

≤ 400 226 65,9%

401 a 5.000 29 8,5%

5.001 a 10.000 18 5,2%

10.001 a 50.000 30 8,7%

50.001 a 100.000 11 3,2%

>100.000 29 8,5%

343 100,00%

Optamos por avaliar se havia correlação da contagem de carga viral com alguma das

variáveis disponíveis em nosso banco de dados com as respostas dos pacientes sobre sua

percepção sobre o vínculo e o cuidado.

Para isso, fizemos vários cenários de categorização da variável CV:

1º cenário de estratificação CV ≤ 400 CV > 400

2º cenário de estratificação CV ≤ 5.000 CV > 5.000

3º cenário de estratificação CV ≤ 10.000 CV > 10.000

4º cenário de estratificação CV ≤ 50.000 CV > 50.000

5º cenário de estratificação CV ≤ 100.000 CV > 100.000

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233

Em todos estes cenários de categorização da CV, estudamos sua associação com as

variáveis de percepção dos pacientes quanto ao vínculo e ao cuidado (N1 a N45).

A única variável que mostrou correlação com a carga viral dos pacientes foi a percepção de

seu vínculo com o médico infectologista (N3), nas diversas situações de categorização da

CV, exceto no 1º cenário, ou seja, quando categorizamos a CV em ≤ 400 e > 400 cópias

virais.

Variável-exposição: vínculo com o médico (N3)

Variável-

resposta (CV)

N3 = 10 N3 = 0 a 9 pvalue Yates RR (IC 95%)

CV ≤ 400 179/264 (67,8%) 47/79 (59,5%) 0,218 1,52 1,14 (0,93 a 1,39)

CV ≤ 5.000 204/264 (77,3%) 51/79 (64,6%) 0,034 4,51 1,20 (1,00 a 1,43)

CV ≤ 10.000 218/264 (82,6%) 55/79 (69,6%) 0,018 5,51 1,19 (1,01 a 1,39)

CV ≤ 50.000 241/264 (91,3%) 62/79 (78,5%) 0,003 8,48 1,16 (1,03 a 1,31)

CV ≤ 100.000 248/264 (93,9%) 66/79 (83,5%) 0,007 7,20 1,12 (1,01 a 1,25)

A variável N38, referente à pergunta: “Você toma seus medicamentos com regularidade,

seguindo a recomendação das pessoas que o atendem no ambulatório do CRT?”

apresentou uma tendência de correlação positiva com a contagem de CV.

Pergunta N38 = 8 a 10 N38 = 0 a 7 pvalue Yates RR (IC 95%)

CV ≤ 400 211/307(68,7%) 8/16 (50,0%) 0,197 1,66 1,37 (0,84 a 2,26)

CV ≤ 5.000 238/307(77,5%) 9/16 (56,3%) 0,098

0,055

2,73

Fisher

1,38 (0,89 a 2,13)

CV ≤ 10.000 251/307(81,8%) 9/16 (56,3%) 0,028

0,020

4,78

Fisher

1,45 (0,94 a 2,25)

CV ≤ 50.000 272/307(88,6%) 11/16 (68,8%) 0,049

0,035

3,84

Fisher

1,29 (0,92 a 1,80)

CV ≤ 100.000 282/307(91,9%) 12/16 (75,0%) 0,064 3,43 1,22 (0,92 a 1,63)

Foi avaliada a possibilidade de associação da contagem de CV com o tempo de

conhecimento sorológico ou com o tempo de tratamento no CRT, mas não se encontrou

associação entre essas variáveis e a CV (veja tabelas abaixo).

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234

CV ≤ 400 CV > 400

Tempo de HIV (anos) 11,1 ± 5,1 11,0 ± 5,6 p = 0,837

Tempo de CRT (anos) 9,0 ± 4,7 8,8 ± 5,0 p = 0,793

CV ≤ 5.000 CV > 5.000

Tempo de HIV (anos) 11,3 ± 5,1 10,5 ± 5,7 p = 0,211

Tempo de CRT (anos) 9,1 ± 4,7 8,4 ± 5,0 p = 0,262

CV ≤ 10.000 CV > 10.000

Tempo de HIV (anos) 11,2 ± 5,2 10,4 ± 5,5 p = 0,255

Tempo de CRT (anos) 9,1 ± 4,8 8,3 ± 4,7 p = 0,251

CV ≤ 50.000 CV > 50.000

Tempo de HIV (anos) 11,2 ± 5,3 10,2 ± 5,2 p = 0,289

Tempo de CRT (anos) 9,0 ± 4,8 8,5 ± 4,7 p = 0,582

CV ≤ 100.000 CV > 100.000

Tempo de HIV (anos) 11,1 ± 5,3 10,3 ± 5,6 p = 0,433

Tempo de CRT (anos) 9,0 ± 4,8 8,7 ± 4,6 p = 0,762

Assim, a associação entre as variáveis de vínculo com o médico infectologista e contagem

de CV foi confirmada, com menor carga viral nos pacientes que tinham percepção de

melhor vínculo com os médicos.

De posse desses resultados quanto aos primeiros exames dos pacientes nos dois últimos

anos, fizemos os cálculos também para os segundos exames de CV.

Assim, temos o resultado da 2ª contagem de CV dos pacientes, estratificadas em seis

categorias.

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235

Intervalo de contagem de

CV

Número de pacientes Percentual de

pacientes

≤ 400 226 69,8%

401 a 5.000 29 9,0%

5.001 a 10.000 11 3,4%

10.001 a 50.000 26 8,0%

50.001 a 100.000 14 4,3%

>100.000 18 5,6%

324 100,00%

A única variável que mostrou correlação com a carga viral dos pacientes foi a percepção de

seu vínculo com o médico infectologista (N3), nas diversas situações de categorização da

CV, exceto no 1º cenário (quando categorizamos a CV em ≤ 400 e > 400 cópias virais) e no

5º cenário (quando categorizamos a CV em ≤ 100.000 e > 100.000 cópias virais).

Resultados da 2ª contagem de CV:

Pergunta N3 = 10 N3 = 0 a 9 pvalue Yates RR (IC 95%)

CV ≤ 400 181/251 (72,1%) 45/73 (61,6%) 0,116 2,46 1,17 (0,96 a 1,42)

CV ≤ 5.000 206/251 (82,1%) 49/73 (67,1%) 0,009 6,67 1,22 (1,03 a 1,45)

CV ≤ 10.000 214/251 (85,3%) 52/73 (71,2%) 0,009 6,65 1,20 (1,03 a 1,40)

CV ≤ 50.000 233/251 (92,8%) 59/73 (80,8%) 0,005 7,86 1,15 (1,02 a 1,29)

CV ≤ 100.000 241/251 (96,0%) 65/73 (89,0%) 0,045

0,028

4,00

Fisher

1,08 (0,99 a 1,17)

Assim, encontramos resultados conflitantes. O vínculo com o médico relaciona-se com a

contagem de carga viral, mas não com a de CD4. Estes dados precisam ser melhor

estudados ainda, tanto trabalharmos melhor os dados disponíveis neste estudo quanto outras

pesquisas tentarem verificar estes achados.

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Estudo qualitativo dos

profissionais

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Consolidação e

análise primária das

respostas dos

profissionais às

questões abertas do

questionário

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Questão 3 – Liste sucintamente 3 a 4 objetivos/finalidades do projeto (de Equipe de

Referência e Clínica Ampliada).

Após a transcrição de todas as respostas de todos os profissionais, cada item das respostas

foi classificado em um conceito, dentre aqueles que foram escolhidos para serem tratados

em questões estruturadas (questões 4 a 36) e, caso não se enquadrasse em nenhum destes

conceitos, foi acrescentado o conceito que se adequasse ao descrito pelo profissional (mais

18 conceitos).

Depois disso, foi possível verificar quais os conceitos que mais apareceram na descrição

espontânea, feita pelos profissionais, dos objetivos/finalidades do projeto.

Entre os conceitos mais apontados pelos profissionais, esteve o trabalho em equipe de

referência, indicado por 18 profissionais (42%), a qualificação da atenção ao paciente, com

15 indicações (35%), a ampliação da clínica, com abordagem das questões subjetivas e

sociais, com 10 indicações (23%), a melhoria da adesão ao tratamento e ao medicamento,

com nove indicações (21%), seguidos da vinculação dos pacientes a uma equipe de

referência, a discussão de casos na equipe de referência e o acolhimento e humanização da

atenção, com sete indicações cada (16%).

Conceitos Número Percentual

1. Trabalho em equipe de referência 18 42

2. Qualificação da atenção 15 35

3. Abordar os fatores subjetivos dos pacientes (desejos,

interesses, angústias, medos, preconceitos)

10 23

4. Abordar os fatores sociais dos pacientes (situação de emprego,

renda, pertencimento a grupo ou rede social)

10 23

5. Melhoria da adesão dos pacientes ao tratamento e ao

medicamento

9 21

6. Vinculação dos pacientes a uma equipe de referência 7 16

7. Discussão de casos (troca de informações ou opiniões) na

equipe de referência

7 16

8. Acolhimento e humanização 7 16

9. Reconhecer as condições singulares dos pacientes (gravidade,

complicações da doença, risco e vulnerabilidade) na definição

dos procedimentos a serem adotados (p. ex. freqüência do

retorno, etc.)

5 12

10. Fazer Projetos Terapêuticos Individuais para cada paciente 5 12

11. Eficácia das ações 5 12

12. Vinculação dos pacientes a um médico 4 9

13. Melhora das condições do serviço 4 9

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Conceitos Número Percentual

14. Realização de reuniões para discussão dos processos de

trabalho, resolução de problemas das relações do dia-a-dia, e

estabelecimento de melhores formas de trabalhar e conviver

3 7

15. Atendimento rápido, menor tempo de espera 3 7

16. Melhoria do fluxo do paciente 3 7

17. Estimulação dos pacientes para que consigam maiores graus de

autonomia

2 5

18. Utilização pela equipe de referência de dados de avaliação da

qualidade de seu trabalho no ambulatório do CRT: satisfação

dos usuários, dados epidemiológicos relacionados aos seus

pacientes (mortalidade, internação, adesão, resposta

laboratorial e clínica)

2 5

19. Facilitação do trabalho no CRT 2 5

20. Melhor relação profissional usuário 2 5

21. Diminuir o stress para o profissional 2 5

22. Integração entre as equipes 2 5

23. Combinar a forma de trabalhar com os pacientes 1 2

24. Discussão de protocolos e diretrizes clínicas 1 2

25. Participação dos profissionais do ambulatório do CRT na

gestão e elaboração de Projeto ou Plano de Trabalho, com

objetivos, metas e indicadores avaliados

1 2

26. Capacitação e educação permanente dos profissionais do

ambulatório do CRT

1 2

27. Avaliação e discussão sobre a percepção de cada profissional

sobre o que dá prazer no trabalho e aquelas tarefas que são

mais penosas, tentando levar em consideração estas variáveis

no momento de pactuar suas ações e responsabilidades

1 2

28. Diminuir a violência na instituição 1 2

29. Melhoria na comunicação no serviço 1 2

30. Satisfação do usuário 1 2

31. Busca por novos medicamentos 1 2

32. Melhorar a qualidade de vida do paciente 1 2

33. Diminuir danos aos pacientes 1 2

34. Clínica centrada no paciente 1 2

35. Orientação aos pacientes 1 2

36. Seguimento longitudinal dos pacientes por um mesmo médico

ou uma mesma equipe

- -

37. Disponibilidade da equipe de referência para atender seus

pacientes, fora da agenda prevista, em caso de necessidade

- -

38. Reavaliação do Projeto Terapêutico dentro de um tempo

estipulado

- -

39. Conhecer/interagir com os recursos disponíveis no território de

moradia dos pacientes

- -

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Conceitos Número Percentual

40. Interação com as Equipes de Atenção Básica (Saúde da

Família ou outras), caso autorizado pelo paciente, para

condução conjunta do caso

- -

41. Contato com o médico/enfermeiro do hospital/enfermaria,

responsável pela internação do paciente, no caso de

internações de pacientes da equipe de referência

- -

42. Oferecimento de práticas complementares de cuidados

(homeopatia, fitoterapia, medicina chinesa, etc.), em conjunto

à medicina tradicional, aos pacientes que desejarem

- -

43. Respeito à privacidade dos pacientes no fornecimento de

informações e orientações

- -

44. Vinculação e responsabilização dos profissionais (ou equipes)

de saúde bucal por um grupo específico de pacientes

- -

45. Realização de atividades de educação dos pacientes e seus

familiares para autocuidado (manipulação de sondas e

cateteres, cuidados com as feridas e trocas de curativos,

tomada adequada de medicamentos, outras)

- -

46. Realização de atividades em grupos de educação em saúde

pelos profissionais do ambulatório do CRT

- -

47. Uso de avaliação de gravidade, risco e vulnerabilidade dos

pacientes como critério de agendamento com os especialistas

do CRT

- -

48. Comprometimento da equipe de referência com a constituição

de rede social de apoio aos pacientes (familiares, colegas,

outros) que atenda suas necessidades de maneira adequada.

- -

49. Interação com Organizações Não-Governamentais - -

50. Relacionamento direto com especialistas do CRT, com

discussão dos casos em conjunto, de forma não burocrática

- -

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Questão 37 – Descreva livremente suas impressões sobre a importância do trabalho em

equipe de referência e como isso vem se dando no CRT.

Os relatos a cerca da importância do trabalho em equipe de referência são muito positivos,

de uma forma geral. Apontam no sentido de melhorar o atendimento, a adesão, os

encaminhamentos, o acolhimento dos pacientes e a resolução de suas necessidades, além de

fortalecer os profissionais das equipes, diminuir o stress, a angústia e a solidão dos

profissionais num trabalho que requer muita energia destes. Apenas um profissional

demonstrou uma visão mais negativa do arranjo Equipe de Referência.

Apesar da maioria dos relatos demonstrarem uma percepção positiva da importância do

trabalho em equipe, a maior parte faz relatos de muitas dificuldades na sua concretização.

Um profissional refere que as equipes de referência no CRT são mais um conceito que uma

prática. Refere que nunca se reuniu com as pessoas que compõem sua equipe. Relata que os

casos são discutidos na verdade com colegas com os quais se identifica pessoalmente, o que

constituiria uma equipe de referência “por afinidade”, diferente daquela formalmente

designada, e que mesmo com estes profissionais seus colegas, ele discute os casos

necessários, geralmente através de bilhetes, deixados nas pastas, pois tem dificuldades de se

encontrar, pelas diferenças de horários de trabalho.

Outros profissionais relatam que não existe trabalho em equipe, e que o que ocorreria, às

vezes, seria uma troca de informações a respeito do paciente, de forma isolada, entre alguns

profissionais, mas nunca no conjunto da equipe. Relatam que até agora nunca conseguiram

participar de uma reunião de equipe para desenvolver um PTS para um paciente. Outro

relata que a integração em sua equipe se dá apenas na indicação de alguns casos que

deveriam passar pelo psicólogo e na discussão de casos com este profissional, no corredor.

É chamada a atenção para a ausência do enfermeiro na configuração da equipe de

referência.

Um profissional chama a atenção para a necessidade do aperfeiçoamento constante da

metodologia, com uma gerência que banque o modelo.

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Um profissional refere que o trabalho em equipe tem uma importância relativa, mas que, no

CRT, o vínculo se faz principalmente com o médico infectologista, e que a administração

do CRT teima em não reconhecer isso, tentando dar pesos iguais a coisas que não são

iguais.

Outro profissional acha que a equipe de referência deveria ser escolhida pelos pacientes e

não determinada pelo serviço; que a equipe deve ter como meta principal melhorar o

atendimento do paciente e não dificultá-lo. Chama a atenção para uma prática comum no

CRT que é a de um profissional orientar o paciente para voltar outro dia para poder ser

atendido por sua equipe de referência; isso pode ser complicado, no caso do paciente passar

pelo médico infectologista naquele dia e o psicólogo estar disponível em outro dia e o

assistente social em outro. Este desencontro de horários dos profissionais de uma equipe de

referência, além de dificultar a reunião da equipe, dificulta que o paciente possa passar

pelos outros profissionais. Outro profissional chama atenção para o perigo de transformar a

equipe de referência em “jogo de empurra-empurra” do paciente na hora do atendimento.

Outro relato que aparece é que o vínculo, seja entre os profissionais ou destes com os

pacientes, não ocorre necessariamente de acordo com a definição de equipe e de adscrição

dos pacientes realizada pela gerência e que fatores subjetivos interferem ou mesmo pesam

mais alto no estabelecimento do vínculo entre as pessoas, o que faz que alguns pacientes

queiram ficar em outras equipes, ou mesmo com um médico de uma equipe e um psicólogo

de outra equipe.

Outro relato aborda a questão dos espaços de reunião existentes no ambulatório:

semanalmente existem duas reuniões de equipe (de toda a equipe do ambulatório, não de

cada equipe de referência); essas reuniões ocorrem em dois horários na semana, na segunda

feira à tarde e na quinta pela manhã; o que acabou acontecendo com essas reuniões é que os

médicos se juntaram na reunião de segunda à tarde e os demais profissionais na reunião de

quinta pela manhã. Relata que isso foi conversado várias vezes com a direção do

ambulatório, sem solução.

Alguns profissionais referem avanços na lida com pacientes-problema, na aderência e na

relação médico-paciente, quando todos do ambulatório se unem para discutir o caso e fazer

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um projeto terapêutico singular, mas essa estratégia é referida como restrita aos casos de

pacientes que causaram grandes transtornos no ambulatório.

Entre as dificuldades apontadas para efetivação do trabalho em equipe, são citados: a

agenda lotada, baixos salários e “fatores externos”; preocupação excessiva da gestão com

números de atendimentos, por pressão da Secretaria Estadual de Saúde; a criação formal

das equipes sem preocupação com a afinidade entre os membros das equipes ou de

coincidência dos horários de trabalho destes profissionais no ambulatório; perfil de alguns

profissionais, pouco participativos, sem disponibilidade para o trabalho em equipe; falta de

conhecimento dos pacientes sobre o que é o trabalho em equipe de referência; o fato de que

o médico é o profissional mais importante na visão de grande parte dos pacientes, que

muitas vezes não querem passar pelos outros profissionais das equipes; conflitos pessoais

ou profissionais entre os membros de uma equipe; mudanças freqüentes nas composições

das equipes; falta de um horário formalmente previsto para reunião da equipe de referência;

falta de capacitação dos profissionais; o fato de alguns profissionais não acreditarem no

modelo; preconceito contra o trabalho em equipe, principalmente por parte dos médicos;

falta de espaço físico adequado para reuniões; burocracia, com excesso de papéis para

preencher; falta de informações epidemiológicas consolidadas sobre os pacientes de cada

equipe; falta de um envolvimento real da gerência com o projeto, falta de monitoramento e

cobrança do trabalho em equipe; poucos exemplos claros de sucesso do trabalho em equipe

no próprio serviço.

Apesar destas dificuldades apontadas, os profissionais se acham fazendo parte de uma

instituição diferenciada positivamente, com relatos como “nunca vi uma rede pública tratar

tão bem os pacientes e com funcionários treinados para dar o melhor”. Outro relato aponta

a necessidade para o trabalho em equipe “de diminuir o pretenso brilho próprio e interagir

para benefício do paciente” e completa “como se dá? Como todo trabalho em grupo, aos

poucos e com amadurecimento.”

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Narrativa do grupo

focal de médicos

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NARRATIVA DO GRUPO FOCAL DE MÉDICOS

Em nosso trabalho no CRT-Aids, nós acabamos sendo muito mais que médicos

infectologistas, somos amigos, psicólogos, sexólogos, assistentes sociais, terapeutas

ocupacionais dos pacientes. Às vezes o paciente está super bem clinicamente, mas tem

tantas outras demandas... problema social com o trabalho, problema com a namorada... E

nosso tempo é muito pouco para darmos conta disso tudo. Por mais que as outras áreas

ofereçam apoio (psicólogo, assistente social), os pacientes têm um vínculo tão intenso com

o médico que acabam ficando dependentes da gente; eles preferem conversar com a gente a

serem atendidos pela psicóloga.

Essa situação vem sugando demais a equipe, mas a gestão não consegue perceber isso. Eles

ficam nos cobrando o número de atendimentos, o horário de entrada, o horário de saída,

como se a gente fosse um monte de peão de obra, como se número fosse sinônimo de

qualidade. A gestão não consegue perceber que na medida em que o perfil da epidemia foi

mudando, o nosso trabalho no CRT também teve que mudar muito. Antes, quando só

tínhamos o AZT, os pacientes morriam mais, eram mais doentes do ponto de vista

orgânico, e essas outras questões sociais não apareciam tanto. Hoje os pacientes requerem

não apenas o doutor, mas o conselheiro, o amigo. A gestão não valoriza isso, não nos dá

tempo para que possamos fazer melhor, nem nos gratificam por isso. Já perdemos muitos

profissionais, sempre pelo mesmo motivo: a angústia de ter que atender o “n”, a angústia de

ter apenas aqueles minutos e não poder corresponder às necessidades. Muitos de nós, desde

que entramos no CRT, não tivemos nenhuma chance de progredir na carreira ou

oportunidade de se envolver com outras coisas como ensino e pesquisa. A gente é visto

como um bando de médicos que atendem pouco. Mas na verdade, o médico que está na

linha de frente é quem produz toda a informação, as coisas que são produzidas aqui são

produzidas por quem atende, mas não temos oportunidade de participar de outras coisas...

Alguns de nós já tentamos criar alguns protocolos, mas tudo é abortado porque a gente não

tem estímulo, não tem incentivo e nem tempo para fazer a pesquisa.

A mudança no perfil da epidemia de AIDS coincide com a mudança da sede do CRT.

Antes, a gente raramente conseguia terminar uma consulta sem interrupção, sempre alguém

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batia na porta porque tinha um paciente convulsionando na sala de espera, porque tinha

outro com insuficiência respiratória. Mas naquela época o CRT era uma estrutura menor,

mais enxuta, era como se fosse uma família, as pessoas eram próximas, todo mundo se

conhecia e tinha uma coisa de solidariedade muito forte mesmo entre segmentos diferentes,

não só entre médicos, mas entre médicos e auxiliares de enfermagem. Quando a sede do

CRT mudou, a instituição cresceu, absorveu outros serviços como DST, a própria gestão do

programa ocupou muito o CRT, a pesquisa clínica também passou a se desenvolver dentro

do CRT. Hoje há médicos que nós nem conhecemos.

Além do médico, sempre houve outros profissionais no CRT: assistentes sociais,

psicólogos, psiquiatras, esses profissionais de clínica ampliada. Mas antes da mudança da

sede isso funcionava melhor do que hoje, havia uma integração maior do que há hoje.

Achamos que a tentativa da implantação desse chamado grupo ampliado aqui no CRT foi

totalmente fracassada, porque o paciente se identifica com o médico e não com a assistente

social, ou com o psicólogo e essa vinculação é muito forte. Achamos que a gestão falha em

não compreender isso, que a vinculação primária do paciente é com o infectologista.

A gestão do CRT tem um viés sanitarista. Achamos que tem uma confusão, pois o CRT é,

ao mesmo tempo, um serviço de assistência médica e um serviço de gestão de uma coisa

maior que é o problema do estado de São Paulo. Então, o CRT também é um provedor de

cabeças para o programa nacional de AIDS. Temos a impressão de que, para certos

dirigentes do CRT, se você é um médico que toca no paciente, é como se você não tivesse

tanto valor assim, porque você não é um gestor público, porque você não vai propor

políticas para salvar a humanidade, você apenas fica apalpando abdomens e ouvindo bulhas

cardíacas. Mas que política até hoje já salvou a humanidade? Não desconsideramos a

intenção da gestão em organizar as políticas, mas acreditamos que no CRT falta uma

compreensão do valor do médico clínico, que apalpa o paciente e que também tem que

ouvir as histórias todas que vão além do que é orgânico. Nós somos a base da pirâmide, e

sem a base da pirâmide o resto não existe, se não tiver o médico que cuida bem do paciente,

não adianta programa nenhum.

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Sobre a equipe de referência, o que nos foi passado é que quando o paciente vem ao CRT

ele já deve conhecer sua assistente social, sua psicóloga e o seu infectologista e, cada vez

que ele chegasse ao serviço ele seria atendido sempre pela mesma equipe. Assim existiria a

possibilidade eventual de uma interação maior e de discussão dos casos. Os profissionais

saberiam qual é sua equipe de referência e, eventualmente haveria um espaço para se reunir

e, eventualmente, solucionar os problemas. Porém, a maioria de nós não conhece os

profissionais que compõem oficialmente sua equipe e, além disso, freqüentemente há

mudanças na configuração das equipes e nós nem ficamos sabendo. Há profissionais que

trabalham em períodos diferentes e são colocados numa mesma equipe de referência. Mas

nós jamais vamos encaminhar um paciente para alguém que nunca vimos e não

conhecemos o trabalho. É por isso que alguns de nós trabalhamos diretamente com

determinados profissionais (psicólogos, assistentes sociais), mesmo que eles não façam

parte oficialmente de sua equipe e mesmo que isso não seja referendado pela gestão. Nós

escolhemos os profissionais com quem temos mais afinidade e empatia, e passamos a

encaminhar os pacientes sem obedecer ao formato da equipe oficial. A equipe de referência

que é determinada verticalmente não funciona, não existe.

Na equipe de referência é preciso haver um espaço para discussão dos casos. Em nosso

cotidiano, se queremos conversar sobre algum caso temos que interromper os atendimentos,

pois nós não temos tempo para nos reunir. No CRT o que importa é o “n”, a quantidade e

não a qualidade. E a demanda está tão grande que temos que encaixar dois, três pacientes a

mais todo dia, sendo que a gente não dá conta nem da agenda normal. A reunião para

discussão de caso existe apenas no papel. Apesar de termos muitos casos graves, a gente

raramente discute, apenas quando sobra algum tempo e sempre na informalidade, no

corredor, no ônibus de volta para casa. Além disso, essa conversa nunca ocorre em

conjunto; é exceção quando se consegue juntar a assistente social, a psicóloga e a psiquiatra

para discutir.

O que é mais comum mesmo é apenas encaminharmos para aquele profissional que

elegemos como nossa referência. Porém, muitas vezes temos problemas com isso, pois

alguns profissionais costumam não atender os pacientes que não são de sua equipe de

referência formal, nós temos que pedir favor, implorar. Na verdade, achamos que a

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formulação da equipe de referência engessa o atendimento do paciente. Alguns de nós até

conseguimos resolver os encaminhamentos, um de nós resolve com o psiquiatra, outro com

a assistente social; mas com as psicólogas, é sempre muito difícil burlar o esquema da

equipe de referência.

Achamos suficiente a composição da equipe de referência (médico, psicólogo, assistente

social e psiquiatra), mas jamais seria possível trabalhar com uma equipe que não se

encontra, com profissionais que trabalham em períodos diferentes. Além disso, nós

deveríamos ser consultados sobre as pessoas que irão compor a equipe, pois cada um tem

uma preferência em relação ao tipo de conduta do outro, preferimos encaminhar para o

profissional que acreditamos ser mais assertivo, mais acolhedor, que consegue estabelecer

vínculo com o paciente. Pois se eles aderem, conseguem se vincular com a psicóloga, por

exemplo, alivia muito o nosso trabalho. Mas tem muita gente que não tem perfil para

trabalhar no CRT, não conseguem fazer um acolhimento ao paciente. Não os médicos, mas

há vários assistentes sociais, psicólogos, o pessoal da enfermagem, que estão no CRT só

por estar, ou logo vão se aposentar, ou foram trazidos de outro serviço. Os pacientes mal

falam com essas pessoas. Na orientação pós-consulta isso é um problema. A maioria de nós

acaba fazendo as orientações, pois não confia que a enfermagem oriente corretamente.

Alguns de nós só encaminhamos para a pós-consulta quando estão abarrotados de trabalho,

quando não tem condição de sentar com a pessoa e fazer aquela tabelinha. Então pegamos

na mão da enfermeira e falamos: “preciso que você oriente esse paciente aqui e agora”. Isso

é ainda pior no terceiro período, que é o horário do jantar. Nada funciona: não se marca um

exame, não se mede PA, então nós acabamos tendo que fazer tudo na consulta.

Quem se responsabiliza por tudo do paciente é sempre o médico: laudo negado, passagem

de ônibus negada, tudo é o médico, o bem estar físico, emocional, qualquer problema que

ele tenha. O vínculo com o médico é muito grande e tudo é muito centrado no médico. É

tão centrado no médico que ninguém pergunta para o paciente: “quem é seu psicólogo?

Quem é seu assistente social?”. É o médico que se responsabiliza por aquele pool de

pacientes, que é cada vez maior e os casos são cada vez mais difíceis porque são pacientes

crônicos e graves, com um monte de patologias. O problema não é o HIV, o problema é o

tanto de patologia que vem junto. Muitas vezes nós até propomos aos pacientes um

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atendimento psicológico, mas nem sempre ele está preparado. O paciente tem que querer

muito fazer terapia, não adianta ir forçado, então até que ele esteja preparado somos nós

que temos que segurar a onda. Ou às vezes o paciente é encaminhado para o psiquiatra, mas

ele se recusa a ir, diz que não é louco para ir em psiquiatra, então é sempre o médico que

tem que dar o alívio de tudo.

Nós conhecemos a maioria de nossos pacientes. Sabemos toda a história, sabemos do

namorado, do cachorro... No entanto, a nossa situação atual está meio complicada, pois

vários médicos saíram e os pacientes vêm sendo enxertados nas agendas de uma forma

muita violenta. Então são muitos casos novos que ainda não conseguimos conhecer bem a

história, ler todo o prontuário... Mas a maioria dos casos antigos nós conhecemos muito

bem. Conhecemos também as famílias e seus problemas, apesar de não haver no CRT um

trabalho específico voltado para elas. Não temos um suporte para o acompanhante que não

é portador. Tecnicamente nós poderíamos encaminhar um familiar para a psicoterapia

daqui, mas elas não aceitam. Achamos que seria importante um trabalho de grupo para as

famílias. O problema do contato corpo a corpo, os parceiros que muitas vezes têm medo de

serem infectados, os filhos que são informados da doença dos pais, começam a ter baixo

rendimento escolar, perdem o respeito pelos pais...

Achamos que se o esquema de equipe de referência funcionasse, se cada um assumisse o

seu, isso nos aliviaria muito. Se não ficasse tudo atrelado ao médico, depois da consulta a

assistente social poderia conversar com o paciente e esclarecer, por exemplo, que ele não

tem direito a transporte e INSS só porque é soropositivo. Isso nos aliviaria porque não

precisaríamos ficar dez horas seguidas explicando isso para ele. Mas ao contrário, o que

acontece é que a assistente social fala para o paciente vir pedir pra gente colocar outro CID,

fazer um laudo falso para conseguir o passe. É um absurdo! Aí fica parecendo que é a gente

que está negando um direito... Ao invés delas ficarem conversando com o paciente,

ouvindo ele chorar, eles vêm chorar é na nossa sala. Na verdade, a equipe de referência não

é uma equipe. O médico é o centro que leva toda a carga, e tem alguma coisa que funciona

de forma auxiliar, um apêndice. Se a gente conseguir uma assistente social que é legal, se a

gente conseguir um psiquiatra legal, uma psicóloga legal... aí a equipe dá certo, mas o resto

não dá. Se o paciente chega esclarecido na nossa sala sobre os direitos sociais dele, ele não

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vai nos cobrar isso, então a gente já ganha tempo. Se ele chega com a sexualidade, com os

conflitos já trabalhados pela psicóloga, já é setenta por cento. A gente também tem que

abordar isso, mas já alivia um pouco. Mas a psicóloga enrola tanto naquela teoria, que

demora muito até o paciente se abrir. Tem psicóloga que quer colocar todo mundo em

terapia de grupo e tem paciente que não concorda...

E a gente tinha que arrumar um horário, a cada quinze dias por exemplo, para a equipe

parar, sentar junto e poder conversar. Mas a demanda está tão grande que se não tiver um

apoio estrutural muito forte da gestão, isso não vai para frente. Aqui no CRTA, o número é

tão importante que essa uma horinha que vamos tirar a cada quinze dias para reunir a

equipe, vai ser contado os dois ou quatro pacientes que deixamos de atender. É preciso

priorizar a reunião como uma coisa institucional. Se a gestão não intervier, quem vai fazer

isso? Será que é o médico que vai ter que chamar a assistente social, sendo que ele é quem

trabalha mais?

Mas o que importa é atender o número. E tem uma grande confusão, pois o CRTA tem

muitos médicos que não fazem assistência, que estão no planejamento do programa para o

Estado de São Paulo. Mas quando a Secretaria de Saúde olha para o CRT e vê o número de

atendimentos em relação ao número de médicos, o nosso atendimento fica baixíssimo. Tem

uma diretora que pega as nossas agendas e fica checando número de pacientes, tempo de

atendimento, quantos pacientes tinham agendado. Isso é muito constrangedor para nós. Por

outro lado, não tem ninguém, não tem uma chefia que vai lá e pergunta o que a gente

precisa. A gente não tem chefe. Somos nós que temos que correr atrás do que precisa. É por

isso que acabamos ficando tão onipresentes e onipotentes. A gente precisa de uma terapia,

de um apoio para agüentar essa carga, uma terapia de grupo. A gente não encontra

ninguém, somos só nós ali, nós e o paciente. Não agüentamos mais... Vários de nós pensam

freqüentemente em ir embora. A gente pensa: o que é que estamos fazendo com a nossa

vida? Porque saímos do CRT moídos, detonados. E nosso trabalho não é valorizado e nem

temos um plano de carreira. Pensamos em largar esse trabalho e ir fazer controle de

infecção por exemplo. A pressão seria menor, ganharíamos mais e nos estressaríamos

menos.

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255

Em nossos atendimentos, alguns de nós priorizamos a abordagem da qualidade de vida dos

pacientes, pois não adianta ele tomar remédio se ele não aceita a homossexualidade dele

por exemplo. Porque se ele está bem, ele vai tomar o remédio direitinho, a carga viral vai

ficar controlada, o CD4 vai subir, e ele vai trabalhar, vai produzir, vai passear. E a gente

não consegue uma boa adesão se o paciente não aceitar o HIV em si. Pra gente ter sucesso,

a gente precisa que eles tomem, é por isso que a gente entra tanto na vida deles, para ajudá-

los a aceitar e enfrentar. Outros de nós sistematizamos a consulta para concentrar e otimizar

o tempo. Então, primeiro abordamos os aspectos psicológicos principais. Como já

conhecemos os pacientes, já sabemos dos seus principais problemas e como abordá-los.

Depois, vamos para os aspectos referentes à saúde, hepatotoxicidade, exames, etc. E depois

vem a questão social, do álcool, do passe, etc. Sempre, ao final, achamos importante

parabenizar, estimular, mostrar uma coisa positiva. Já outros de nós achamos que o paciente

vem ao CRT pela saúde especificamente, então a primeira abordagem é essa questão: ver

exames, carga viral, adesão, medicamento, efeitos colaterais, etc. Depois é que vêm todas

essas questões de qualidade de vida, de como a pessoa se coloca na sociedade, se está

trabalhando, isso é muito importante, e por fim a profilaxia secundária, a responsabilidade

na propagação ou não da infecção. Não temos tempo para fazer tudo isso, não conseguimos

abordar tudo em meia hora, temos que preencher muito papel burocrático. Porém, podemos

abordar isso tudo ao longo, pois conhecemos os problemas de cada paciente.

Não sabemos o que significa o termo “projeto terapêutico singular”, mas escolhemos o

esquema de tratamento junto com o paciente. Não há receita de bolo, depende de cada

paciente. Temos que ver que horas ele dorme, que horas acorda, com que trabalha, o que

gosta de fazer, para só então definir como ele vai tomar o antiretroviral. Falamos os prós e

os contras de cada medicamento, damos opção e discutimos com ele, a menos que ele tenha

um nível sócio-cultural que dificulte muito essa discussão, e adequamos o tratamento à vida

do paciente. Além do medicamento, conversamos sobre atividade física, sobre questões

estéticas, e outras questões como colesterol, triglicérides, toxicidade, capacidade

cardiovascular, etc. Na verdade, fazemos planejamento terapêutico, programa terapêutico

individualizado o dia inteiro, é o que a gente mais faz.

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Consideramos vulneráveis os pacientes usuários de drogas pesadas, alcoólatras,

trabalhadores de rua que não têm consciência da sua necessidade de usar preservativo,

moradores de rua. Mas vulnerabilidade pode ser também aquele imunossuprimido que está

muito grave, ou o oportunista, ou aquele que está muito falido. É muito difícil quando

sabemos que para o paciente está chegando o fim.

Para lidar com a vulnerabilidade social, muitas vezes tentamos tirar a pessoa da droga, por

exemplo. Mas não adianta, até arriscamos perder o paciente, pois ele pode começar a

mentir para nós. Então, negociamos com ele: use a droga, mas não deixe de tomar o

remédio! Temos vários pacientes usuários de drogas pesadas que estão com a carga viral

controlada. Ou os pacientes moradores de rua, por exemplo. Nesses casos é muito

importante a equipe estar presente: a assistente social para resolver a questão da moradia,

vendo a questão dos medicamentos, alimentação, cesta básica; o psiquiatra, a psicóloga

resolvendo a questão da drogadicção. Temos que encaminhar para esses profissionais,

transferir um pouco o problema, pois não conseguimos resolver tudo sozinhos. Ou para um

paciente que não está aderindo, que não sabe gerir a própria vida, temos que arrumar um

cuidador, alguém da família que possa ajudar, e quando não tem família, um de nós já

tentou até resgatar um tio, um primo que pudesse vir à consulta. Têm pacientes que têm

uma doença atrás da outra, e aí não temos para onde encaminhar, o PA não tem internação.

Ou o paciente que tem demência relacionada com o HIV, então ele se esquece de tomar o

remédio, tem de envolver muito a família, cuidar igual criança. Temos o grupo de adesão,

mas ele só funciona para quem tem cabeça boa e não adere. Para quem não tem cabeça boa

e não tem condição de cuidar, tem que ser um cuidador mesmo.

A nossa capacidade é limitada. É por isso que muitos de nós conseguimos ficar no CRTA

por 18 anos. Chega o momento em que o paciente vai esbarrar ou numa dificuldade social,

ou psíquica, etc., que nós não temos como intervir além do que já foi feito. Sentimos que

falta integração para a equipe de referência funcionar. Falta eles entenderem que eles têm

que assumir o paciente como um todo, sem jogar a responsabilidade ou a decisão final

necessariamente para o médico. Às vezes o paciente está com alguma dificuldade e o que a

equipe faz é mandar falar com o médico e mudar o esquema de tratamento. Ninguém nunca

vem conversar com a gente, tentar entender a situação, resolver junto. Não tem diálogo, os

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problemas que precisam ser resolvidos nunca chegam para nós através do profissional,

chegam através do paciente, para que a gente resolva. E a gente tem que ir até o limite, até

o limite de poder perder o paciente, até nosso próprio limite também. Não sabemos por que

existe a equipe multidisciplinar, ela não existe, ela não sai do papel. Achamos muito

interessante essa pesquisa que está nos ouvindo, mas achamos que é uma pesquisa baseada

no que não ocorre, se algo melhorou ou não melhorou a partir da implantação de uma coisa

que não saiu do papel. Isso é complicado.

Entre todas as coisas que falamos que é necessário mudar, a primeira coisa que

manteríamos no CRTA é a qualidade dos médicos. Pelo menos os que estão no campo de

batalha, na linha de frente, que é a equipe do ambulatório, do PA, do HD e até a da

enfermaria são pessoas que estudam, que se preocupam com o paciente. Não estão só

preocupadas com o academicismo, com a última moda. Se preocupam com o paciente

como um todo, e é por isso que a gente se angustia tanto. Um aspecto que manteríamos

também, que é um aspecto institucional, é a abertura do CRTA, a não discriminação, a

acolhida universal, a acolhida aos excluídos, a maneira como todos são tratados aqui. Até

um pouco exageradamente bem tratados em detrimento de nós profissionais. É o paciente

na frente. Já houve uma situação em que um de nós foi agredido por um paciente e a

diretoria pegou o paciente no colo, mas ninguém foi perguntar ao profissional o que tinha

acontecido, como ele estava se sentindo.

Nós aqui no CRTA atendemos o espectro da população brasileira. Atendemos desde o sem

teto, o sem nada, até o caixa de banco, dona de casa, até médico e empresário da Avenida

Paulista. É diferente como lidamos com esses vários pacientes, a linguagem, a forma de

abordar. Alguns de nós achamos mais difícil atender o de cima do que o de baixo. Para o

mais simples, o mínimo que você faz ele já fica ultra- agradecido, quando melhora vem

trazer um bombonzinho que ele tirou do que ele come para te dar. Os mais esclarecidos

vêm cobrar a última novidade da internet, ficam exigindo mundos e fundos, às vezes a

consulta já terminou e eles ficam perguntando, requerendo inúmeras coisas. Alguns de nós

atendemos pessoas de classe social bem alta, já recebemos até uísque de presente, tese de

doutorado, trocamos informações sobre viagens internacionais. Já outros de nós atendemos

em maioria pessoas de nível bem baixo, os presentes que ganhamos são latinha de coca-

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cola, paninho de prato. Não há critério de divisão desses pacientes, é aleatório e os

pacientes podem escolher o médico também. Além disso, quando é o “paciente-problema”

a coordenação tenta colocar com os médicos considerados mais enérgicos. E dos quatro mil

pacientes que temos, tem uns dez ou quinze que barbarizam o CRTA. São os mais

excluídos da sociedade, que nunca tiveram nada na vida. Aí um dia eles adquiriram o HIV e

chegaram aqui, e quando eles chegaram eles foram tratados com respeito e eles viram que

tinham direitos. E esses pacientes começaram a exigir e chegaram num nível de exigência

que não tem fim, eles querem mais e mais. Eles barbarizam a instituição e a instituição fica

de cabelo em pé. Algumas medidas são tomadas, inclusive bloquear o paciente, mas isso só

depois de chutarem a diretora, de dar bolsada na cara da dermatologista... Mas são só dez

ou quinze pacientes. A maioria mesmo é caixa de banco, dona de casa, psicóloga, médica...

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Narrativa

do grupo focal

multiprofissional

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NARRATIVA DO GRUPO FOCAL MULTIPROFISSIONAL

Quando pensamos em nosso trabalho, achamos que esta área é instigante, pois ainda há

muito que se conhecer sobre o tratamento de HIV/AIDS. Além disso, estamos atuando em

uma área privilegiada dentro do SUS, que tem mais recursos, o que possibilita fazer mais.

Então, a aquisição de conhecimentos é um ponto importante do trabalho desenvolvido.

Outro ponto importante a ser considerado é que temos que lidar o tempo todo com

situações dramáticas, o que exige muito do nosso emocional e é um desafio para nós, que

temos que aprender a conviver com situações limítrofes.

Além disso, existe aqui uma variedade muito grande de profissionais, não só pelas

diferentes profissões, mas pelas características de personalidade e pelo nível de

conhecimento de cada um dentro de sua área. Isso permite criar um ambiente muito

heterogêneo, às vezes complicador, às vezes instigante, e que coloca um grande desafio:

como vamos interagir com um profissional que fala outra linguagem, que vê as coisas de

uma maneira muito diferente, que às vezes tem um nível de conhecimento muito acima ou

muito abaixo, sem fazermos, com estas situações, juízos reducionistas, tais como eliminar

tal pessoa e procurar só aquela outra quando precisamos dialogar sobre os casos. Nós temos

que contar o tempo todo com a ajuda dos colegas, pois lidamos com casos muito difíceis

que demandam uma ação multidisciplinar.

Não conseguimos pensar somente no ambulatório, mas sim no CRT, pois muitos de nós

trabalhamos aqui desde que este lugar foi fundado. Gostamos muito do nosso trabalho,

fazemos parte de um programa que é modelo mundial, que gera políticas públicas, que tem

uma diretoria muito comprometida, tudo isso faz essa instituição pulsante e achamos raro

isso acontecer no serviço público. Vemos que o CRT tem uma identidade muito forte, o que

é muito interessante, além de fazer um sentido imenso para nosso envolvimento com o

trabalho, apesar das inúmeras dificuldades que enfrentamos.

Por falar em dificuldades, uma delas é o trabalho em equipe. Temos o desafio de

aprendermos a desenvolver um trabalho que contemple sentar, discutir casos

conjuntamente. Mas, isso envolve mudar a cultura institucional, o que é muito difícil.

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Alguns de nós, psicólogos, nos sentimos super estimulados para o trabalho por que temos

supervisão institucional com um psicanalista. Estamos em um momento na supervisão de

pensar a questão institucional, então, achamos que esse é um fator para não nos sentirmos

tão estressados com o trabalho, como vemos colegas de outras áreas ficarem...

Outros de nós, assistentes sociais também temos supervisão institucional, que deixou o

trabalho mais suave, mais fácil de conduzir, melhorando bastante para nós.

No entanto, percebemos que as maneiras como os núcleos profissionais se sustentam, com

supervisões institucionais separadas, contribuem para fragmentar ainda mais a equipe e a

proposta da clínica ampliada.

O ambulatório é o setor do CRT que abarca toda a demanda, por que mesmo quando o

paciente está internado, ou no vai e vem dentro do serviço, ele retorna ao ambulatório, que

é onde circula o maior número de pacientes, a demanda é mais complexa tanto no sentido

social, como emocional e clínico. Nós todos do ambulatório trabalhamos muito e isso é um

ponto que dificulta, mas por outro lado, é um trabalho muito rico, pois toda essa

diversidade de profissionais, pacientes e demandas que chegam até nós enriquecem nosso

conhecimento, o que é muito importante.

O trabalho com equipe de referência é uma modalidade muito boa, por que nos leva a

resgatar laços, vínculos com os pacientes, mas achamos que seria necessário estender para a

equipe de saúde mental, ampliando o contexto das equipes.

Atualmente as equipes de referência são compostas por médico, assistente social,

psicólogo, psiquiatra e enfermagem. Quando o paciente chega pela primeira vez no serviço,

ele vai passar por um momento de acolhimento. A partir do momento que ele vem no

ambulatório para marcar consulta, ele fica na agenda do médico que tem maior

disponibilidade naquele momento, então o paciente já fica fixo daquele médico

infectologista. A partir do infectologista é que todo o resto da equipe é montada, porque

existe um número maior destes especialistas, achamos que são em torno de 32 para sete

psicólogos e sete assistentes sociais. Temos uma listinha colocada na recepção; então,

quando o paciente chega na psicologia ou serviço social, seja por um encaminhamento ou

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por demanda espontânea, vemos quem é o médico dele e ai passa com a profissional que

faz parte da equipe deste médico.

O psiquiatra e a enfermagem não são fixos nas equipes de referências, mas matriciais.

Parece que agora está para sair uma lista nova, em que estes profissionais vão se vincular

formalmente nas equipes de referência, porque até agora existe certa informalidade quanto

a estas vinculações nas equipes, pois quando conversamos com outros profissionais sobre

algum assunto ou algum caso, nunca pensamos que estamos fazendo isso dentro de um

grupo específico.

Alguns de nós achamos interessante a possibilidade da psiquiatria não estar vinculada

exclusivamente a uma ou duas equipes, mas poder interagir com todos, pois ela tem uma

função distinta dentro deste trabalho. Vemos que muitas vezes as conversas não são

especificamente sobre alguns casos, mas sobre dúvidas genéricas que surgem com os

atendimentos e que vão se aplicar a vários casos. Em geral, a gente não resolve problemas

específicos de cada caso, mas nossas discussões são muito mais no sentido de abrir

caminhos, facilitar para que certos processos ocorram a partir de ações que, na verdade, são

muito mais modestas do que a gente gostaria que fossem. As discussões mais genéricas

levam a gente a sempre rever nossas posturas e ações e achamos mais interessante do que

ficar na discussão específica de cada caso.

No ambulatório existe a equipe da manhã e da tarde e não existe uma reunião que consiga

reunir todos os profissionais, o que temos é a reunião de segunda feira às seis da tarde, que

é uma reunião basicamente de médicos infectologistas, e na quinta feira de manhã temos

uma reunião com uma cara mais multidisciplinar, em que participam mais assistentes

sociais e psicólogas, com dois médicos infectologistas e um psiquiatra. Nesta reunião, a

gente sempre discute os casos, mas a partir de um mote: a dificuldade ou a complicação de

um diagnóstico, por exemplo.

As equipes de referência não se reúnem periodicamente, pois não temos um espaço de

discussão e nem um horário específico para isso. As nossas conversas são sempre rápidas,

pelos corredores e muitas vezes acontecem com trocas de bilhetinhos. Gostaríamos que

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fosse possível avançar em termos de espaço e tempo estruturado para discutir as

referências.

Por outro lado, pensamos que nem todos os profissionais estão abertos para sentar com toda

a equipe de referência para discutir os casos. Na maioria das vezes, as conversas acontecem

isoladas: o médico conversa no corredor com o psicólogo, que em outro momento encontra

o assistente social, com quem troca as informações necessárias. Ou mesmo, discutimos

muitos casos com nossos colegas de profissão que não são da nossa referência.

Um de nós acha altamente elitizada a maneira como foi implantada „Equipe de Referência‟

aqui no CRT, totalmente centrada no médico e que amarra os profissionais de tal jeito que

dificulta a conversa com quem não faz parte da equipe. Já chegamos a discutir em reuniões

ampliadas essa visão de que as psicólogas e assistentes sociais atuam somente como

auxiliares do médico, pois pelo fato dele ser a figura central, as discussões acontecem com

o médico e a psicóloga, ou o médico e a assistente social, ou o médico e outro especialista.

Antigamente, quando não existia equipe de referência, era meio bagunçadinho, porque o

paciente ficava muito solto e passava com um monte de profissionais assistentes sociais que

ficavam todos correndo em cima das mesmas coisas, criando desgastes desnecessários.

Com a criação das equipes ficou muito melhor, porque quando o médico precisa se

comunicar sobre algum paciente, ele já sabe a quem se dirigir. Além disso, a gente

consegue visualizar melhor nosso trabalho para melhorá-lo.

Mas é importante salientar que a vinculação dos pacientes com o serviço social é maleável,

pois se um usuário não quiser consultar com a “X”, que é a profissional vinculada ao

médico dele, ele tem opção de escolher consultar com a “Y”. A gente sempre tenta

direcionar, mas respeitamos as escolhas dos pacientes.

Para nós, a forma como as equipes estão estruturadas atualmente não é suficiente para dar

conta das demandas que chegam, apesar de percebermos que melhorou um pouco.

Voltando ao ponto das reuniões entre as equipes de referência, não podemos esquecer que

sempre reclamamos da falta de horários fixos para sentarmos e discutirmos os casos, mas

houve uma época que fechamos um horário na agenda de todos para isso, o que acabou não

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dando certo. Pensamos que o fato de não conseguirmos nos reunir não é somente de nossa

competência, mas da diretoria, pois quando as equipes foram implantadas aqui, nós fizemos

um pedido formal para que existissem, dentro da agenda de cada um, horários equivalentes

para reunião das equipes. A diretoria acatou nossa solicitação, mas repassou para nós a

difícil tarefa de administração destes horários. Por isso, pensamos em devolver essa

responsabilidade para a gestão, que dá e gerencia as ordens. Senão, a gente sempre esbarra

naquele discurso „vai quem quer, faz quem pode, dá o quanto pode‟ e é a gerência que tem

que fazer esta leitura e se responsabilizar por isso.

No entanto, às vezes achamos que a solução para esses problemas é até mesmo etérea. Não

se trata somente de não nos apropriarmos dos espaços abertos pela gerência, existe uma

questão bem mais complicada que, para que a gente consiga fazer um trabalho de clínica

ampliada, com integração de diferentes profissionais, que funcione bem é preciso muito

trabalho e esforço. Normalmente os profissionais que estão na saúde pública são onerados

com dois tipos de situações: uma demanda muito grande e salários muito baixos que os

obrigam a ter mais de um emprego. Isso gera cansaço que leva as pessoas a não se

apropriarem de outras responsabilidades, como de um trabalho interdisciplinar, mesmo que

trouxesse um enriquecimento, facilitando o próprio trabalho. Achamos que isso tem uma

importância grande quando pensamos na eficiência ou não do trabalho com a clínica

ampliada, porque tendemos a ver esses problemas como nossa responsabilidade: “nós que

somos relapsos, ou, todo mundo é muito desinteressado, ninguém quer aprender nada,

ninguém quer melhorar nada”. E vemos que não é bem assim, muitas vezes o profissional

está tão desgastado que não agüenta mais.

Nós não conseguimos conhecer todos os usuários das nossas referências, pois cada médico

tem cerca de 120 pacientes e cada assistente social ou psicólogo está pendurado em cinco

médicos, o que significa cerca de 600 pacientes. Nós até tentamos colocar em prática uma

proposta para os pacientes conhecerem o serviço social: na triagem, assim que fosse

agendado o médico, já agendava com a assistente social. Ficava bem amarrado e estava

sendo super importante para nós, pois estávamos conseguindo apresentar o serviço, mas

não deu certo por que só uma recepcionista que se dedicava a perguntar e agendar os

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pacientes (e atualmente ela está de licença saúde). Além disso, não é a mesma recepção que

marca consulta médica e serviço social e ai, acontece do paciente se perder neste percurso.

Alguns de nós achamos que quem se responsabiliza mais pelos casos é o serviço social,

único setor que é porta aberta e atende toda demanda social que chega. Mas, a maioria de

nós acha que são os médicos, pois além de se responsabilizarem por 120 pacientes cada um,

são o motivo da freqüência dos pacientes no ambulatório. Mas ainda há os que questionam

a responsabilidade do médico ser maior que a dos outros profissionais, pois apesar de todo

o sistema ser centrado no infectologista, se o paciente estiver em um quadro psicótico, a

responsabilidade maior neste momento será do psiquiatra. Por fim, pensamos que, talvez, a

responsabilização pelos casos depende muito mais das demandas que os usuários

produzem.

Quando a gente discute o processo de trabalho ou avalia as equipes de referências,

percebemos que não conseguimos aplicar a proposta da clínica ampliada porque tudo fica

centrado no médico, o próprio paciente só vem ao ambulatório por uma demanda médica.

Percebemos claramente que os médicos ficam na rotina deles e os outros profissionais

ficam tentando trazê-los (os médicos) para suas rotinas.

Por outro lado, apesar de todos os problemas que levantamos, achamos que, mesmo numa

certa informalidade, aqui funciona bem este esquema da clínica ampliada. Sentimos que

trocamos bastante entre os profissionais e pensamos que os pacientes, assim como nós, se

beneficiam com isso.

Valorizamos muito o respeito e a autonomia no atendimento aos pacientes. Mas, uma de

nós afirma que o atendimento no ambulatório é voltado para a clínica tradicional, cada

profissional fazendo a sua parte. E por conta disso, muitos pacientes acabam não contando

intimidades de suas vidas relacionadas à doença principalmente para os médicos, que

focam o atendimento nas questões mais biológicas.

Outros, não concordamos com esta colocação, pois vemos que muitos médicos abordam

mais que questões puramente biológicas, mantendo um ótimo vínculo com os pacientes que

atendem. É claro que o médico tem um olhar diferente do psicólogo, que também se

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diferencia do olhar do assistente social, mas as consultas médicas sempre vão além da parte

mais técnica, até porque se trata de uma doença crônica, em que os pacientes ficam em

seguimento por muitos anos.

Em algumas situações, já pensamos em realizar atendimentos conjuntos entre médico

infectologista com psicólogo, ou psicólogo com assistente social. Essas indicações

apareceram nos casos mais difíceis, ou os que não aderem ao tratamento psicológico, por

exemplo. Mas isso não é uma prática comum no ambulatório, embora percebamos ser bem

interessante em algumas situações.

Os Projetos terapêuticos também são realizados somente em casos graves ou problemáticos

que mobilizam a equipe toda ou que faz a equipe brigar muito entre si. É muito interessante

ver como os casos ficam bem amarrados com este tal de PTI. Temos um exemplo bem

interessante de um paciente que fez o maior barulho aqui dentro e ai a equipe fez um PTI,

sentou com ele e falou: “Fulano, perdemos a confiança em você devido sua atitude e a

partir de agora, durante seis meses, você só entra aqui quando tiver um procedimento

agendado e só circula acompanhado de um segurança. Se sentirmos confiança em você

novamente, você fica liberado, mas, nesse período você ainda pode ser suspenso e receber

alta”.

Salientamos que o PTI é sempre individual, depende do problema do indivíduo e vai ser

pensado de modos diferentes conforme a situação. Através do PTI, temos que encontrar

uma solução para o caso junto com a equipe, embora nem sempre a equipe de referência

participe conjuntamente na construção deste projeto.

Os pacientes nunca participam destas construções, são comunicados por um profissional a

respeito do que foi pensado para ele. Alguns de nós pensamos que o PTI serve mais para

apagar incêndio, para questões muito pontuais, emergenciais. Neste sentido, sentimos que

não temos boas respostas com o projeto, em relação à emancipação e impacto na vida do

paciente.

Temos diferentes concepções sobre o PTI: alguns pensam que ele necessariamente deve ser

uma intervenção, que possa trazer mudanças para a condução do caso. Outros entendem

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que ele não significa necessariamente uma intervenção, mas só o fato da equipe discutir o

caso, já elucida pontos cegos abrindo caminhos na condução do caso.

Não temos um protocolo para os casos considerados de maior risco e/ou vulnerabilidade.

Tratamos com muito cuidado, principalmente aqueles pacientes com perfil perverso.

Alguns, nos sentimos em uma situação mais cômoda, pois jogamos a bola para os

psicólogos...mas a equipe da manhã já fez várias discussões a respeito destes casos e a

indicação é sempre discuti-los bastante!

Os casos „não aderentes‟ a gente sempre encaminha para o psicólogo ou para os grupos de

adesão, mas eles acabam sempre de volta no acolhimento porque faltam nas consultas.

Então, utilizamos outros recursos, um deles é negociar o caso com a gerência, embora não

somos todos que concordamos com isso. Preferimos tentar resolver com a própria equipe,

discutindo o caso.

Os casos muito complexos demandam muito trabalho e não adianta tentar resolver com um

ou dois profissionais, tem que acionar a equipe de referência, senão nosso trabalho fica

muito furado ao longo do tempo.

Em relação aos preconceitos, precisamos aprender a separar as coisas, pois cada um de nós

temos os nossos valores pessoais que vem de nossa formação. Mas temos que respeitar a

condição do outro, não julgá-lo e não deixar os nossos valores interferirem naquela

determinada situação. Mas, muitos de nós temos preconceitos, principalmente em questões

relacionadas à homossexualidade ou transtorno de conduta social, como no caso do

paciente que não sente culpa pelo que faz e tem prazer em transmitir o vírus e tudo mais.

Mas, no geral, atendemos os pacientes da forma como gostaríamos que fôssemos atendidos,

tentando sempre aprender a lidar com os preconceitos que surgem.

Se tivéssemos que avaliar nosso trabalho, ora atribuímos nota sete, ora atribuímos nota

zero. Pensamos que evoluímos muito em alguns aspectos, mas em outros ainda há muito

que ser feito e é muito difícil se abrir para um modelo novo, principalmente quando a gente

está no setor público. Mas, no geral, mesmo sendo trabalhoso e sofrido, achamos nosso

trabalho gratificante, mas muito mais pela instituição que trabalhamos, pois se formos

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comparar com os outros serviços de AIDS do SUS, a realidade é bem diferente: não

funcionam por falta de recursos e os princípios do SUS estão muito distantes do que

deveriam ser.

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Estudo qualitativo

dos pacientes

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Estudo das falas dos

pacientes durante a

aplicação do

questionário

estruturado

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ESTUDO DAS FALAS DOS PACIENTES DURANTE A

APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO

Durante a 1ª fase da pesquisa, no momento em que respondiam as entrevistas do estudo

quantitativo, baseado em um questionário estruturado, vários pacientes fizeram colocações

que os entrevistadores registraram e que compõem mais um material de pesquisa qualitativa

para ser trabalhado no estudo.

O estudo das falas dos pacientes durante a aplicação do questionário estruturado consta dos

seguintes procedimentos:

- confecção de tabela com identificação codificada do paciente, transcrição do comentário e

identificação dos conceitos e correlação com as questões estruturadas a que os comentários

dos pacientes se referem. Análise compreensiva deste material.

Quanto às questões 1 a 10, referentes a saberem quem são os profissionais que os atendem

e sobre o vínculo com estes profissionais:

- Relatos de que o atendimento é centrado no médico infectologista. “Ainda bem que sou

atendido por um excelente médico, porque se o médico não fosse bom, estaria perdido,

porque 99% do atendimento é realizado por ele.”

- Relato de melhora na distribuição do número de pacientes para cada médico, de 2004 para

cá.

- Relato de melhora no atendimento, principalmente relacionada à maior permanência do

mesmo médico na equipe. “Antes havia muita troca de médico, o que gerava certa

insegurança.”

- Relatos de atendimento burocrático, frio, com descaso; muito freqüente esse relato em

relação aos assistentes sociais e psicólogos, menos freqüente em relação aos médicos. Ao

darem nota boa nas questões sobre a qualidade do vínculo com a equipe, muitos referem:

“Só o médico. Os outros profissionais nos tratam como se fôssemos um número. Só o

médico nos trata diferente.”

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- Relatos freqüentes de desconhecer a existência de alguns profissionais (nutricionistas,

algumas especialidades) ou de não conhecer os outros profissionais de suas equipes de

referência, além do médico (psicólogos e assistentes sociais).

- Relato de falta de integração e de trabalho em equipe.

- Dificuldades em relação à marcação de consultas com dentistas, médicos especialistas e

para marcação de exames (ressonância).

Quanto às questões 17 a 22, relacionadas ao apoio de alguém do ambulatório do CRT em

relação a questões da subjetividade (ansiedades, tristezas), sexualidade, alimentação,

questões familiares, uso de álcool e drogas, questões sociais (emprego, dificuldades

financeiras, preconceitos):

- Quando davam as notas para estas questões, foi muito freqüente que os pacientes

afirmassem: “Só o medico. Os outros profissionais nos tratam como se fôssemos um

número. Só o médico nos trata diferente.”

- Outro relata que “falta acolhimento (sensibilidade por parte dos profissionais) com o

paciente; tratam só a doença, mas o emocional, não levam em consideração.” Isso pode

chegar ao ponto de uma paciente reclamar que “houve uma mudança no seu tratamento

depois da sua melhora de saúde. Antes recebia mais atenção da equipe.”

- Por outro lado, um paciente relatou que a equipe até tentou abordar estes temas com ele,

mas que ele não permitiu, pois é muito fechado, arredio, resistente ao contato.

- Outro relatou falta de apoio em relação à parceira, que era HIV negativo, e por isso, foi

negado atendimento psicológico.

Quanto à questão 23, referente ao respeito aos pacientes:

Houve reclamações e queixas:

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- De falta de respeito aos horários das consultas: atrasos, longos tempos de espera, faltas

dos profissionais sem avisar, são queixas freqüentes dos pacientes.

- Quanto aos horários das consultas no horário de trabalho das pessoas.

- Quanto ao atendimento burocrático: “o médico gasta mais tempo preenchendo papéis do

que assistindo o paciente”.

- De discriminação por parte de funcionários (por exemplo, em relação ao uso de drogas) e

problemas com relação à revelação do estado soropositivo.

- Impressão que existem vários departamentos dentro do CRT, de falta de integração na

equipe.

- Quanto ao atendimento do pessoal da portaria (muito frio).

- Quanto ao atendimento muito frio por parte da equipe do CRT, com exceção dos médicos.

- De piora do atendimento depois que teve seu estado de saúde melhorado. “Antes recebia

maior atenção da equipe, pois meu estado de saúde era mais delicado.”

- Em relação ao serviço de ouvidoria.

Por outro lado, houve elogios:

- Pacientes comparando o nível do atendimento no CRT aos dos convênios e particulares, e

muitas vezes colocando que o atendimento no CRT era superior a estes, e que deveria servir

de modelo para outros serviços.

- Elogios à humanização do atendimento.

Quanto às questões 27 a 30, referentes aos especialistas no CRT, fora do CRT, e dentistas:

- Relato da ausência de profissionais para cuidados estéticos, como preenchimentos faciais

e outros tratamentos da lipodistrofia.

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- Falta de especialistas, como ortopedista especialista em coluna vertebral,

endocrinologista, oftalmologista; demora em conseguir consultas com psiquiatras,

cardiologistas, proctologistas, etc.

- Dificuldades de conseguir consultas com dentistas. A maioria dos relatos é de que os

profissionais são muito bons, mas que a fila de espera é muito longa (quatro meses a um

ano).

Quanto à questão 33, referente aos grupos:

- Apenas dois relatos: um falando que nem sabia da existência dos grupos, outro dizendo

que vinha aos grupos, mas que era muito longe, e acabou desistindo.

Quanto às questões 35 a 37, referentes aos exames de laboratório:

- Queixa da morosidade: “Demora 30 dias para marcar e mais 30 dias para sair o

resultado.”

- Queixa de dificuldades para agendar exames no Hospital Emílio Ribas e demora nos

resultados de exames de genotipagem.

- Queixa dos resultados dos exames “que nunca estão no prontuário.”

- Relato de paciente que demorou quatro meses para saber resultado de exame que detectou

sarcoma de Kaposi e com isso demorou em iniciar tratamento.

Quanto às questões 38 a 40, sobre medicamentos:

- Acha que falta orientação da farmácia, melhores informações sobre uso correto, falhas no

tratamento, etc.

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- Um relato de que “a médica fica brava comigo porque eu não tomo a medicação, mas nós

conversamos muito sobre isso.”

- Outra questão é a falta de medicamentos, relatada por apenas um paciente.

Quanto à questão 41, sobre apoio ou orientação a familiares, amigos ou parceiros, em caso

de necessidade:

- Nunca precisei. Nunca foi oferecido.

- Um relato de falta de apoio para a parceira, que era HIV negativo, e que precisava de

apoio psicológico, que não conseguiu atendimento ou encaminhamento por ser HIV

negativo.

Quanto à questão 42, sobre a equipe apoiar os pacientes a conseguir mais independência:

- Apenas um relato achando que o CRT melhorou, pois antigamente superprotegia demais

os pacientes, como se eles fossem incapazes de se sustentarem.

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Narrativa do grupo

focal de pacientes

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NARRATIVA DO GRUPO FOCAL DE PACIENTES

Nós somos pacientes do CRT há muitos anos, entre seis e nove anos. Nós achamos que o

atendimento aqui no CRT é ótimo, o dentista, o atendimento no PA, quando estamos

doentes, é um atendimento diferenciado, você não encontra no SUS um atendimento como

este. Seria muito bom se todo mundo pudesse ter um atendimento assim. É diferenciado na

educação dos profissionais com os pacientes, sabem conversar com os pacientes, dar

informações, tentam resolver seus problemas... Nosso relacionamento é mais com o médico

infectologista que nos atende.

Nós conhecemos as pessoas que nos atendem no CRT. Geralmente, são as mesmas pessoas

que nos atendem durante nosso tratamento aqui. Dependendo do turno, muda o pessoal da

recepção, o pessoal da enfermagem, mas o médico tem sempre seu horário de atendimento

e a gente segue o horário do médico. Também com os especialistas, geralmente a gente

segue com o mesmo profissional, procura marcar no horário dele, a não ser que a gente não

tenha gostado da consulta, aí nós tentamos marcar com outro, dependendo da

disponibilidade de outro profissional. Nós preferimos que seja sempre o mesmo médico,

achamos muito bom que seja assim, pois senão você tem que começar a contar toda a sua

história de novo, e assim não, já conhece, confia mais... Mesmo tendo um prontuário único,

que possibilita que sua história fique registrada quando vai em outro médico, mas sempre

vão querer conhecer um pouco mais que o papel, conhecer coisas pessoais suas, se você

está bem, etc. Nós achamos isso normal, todo médico vai perguntar como que você está, se

o filho vai bem... Normalmente, o médico sabe um pouco de tudo, ele sabe mais ou menos

o que acontece na sua vida; se você é casado, se você tem filho, é separado, o que você

estuda, se trabalha... E vai acompanhando a sua situação. Nós sempre tomamos isso não

como uma curiosidade da parte deles, mas como uma forma de controlar... a gente sabe que

o aspecto psicológico nos mantêm inteiros. Eles também acompanham... Vai ter um

momento que a sua imunidade começa a cair porque você tem outros problemas. Aí é a

psicóloga que cuida, não é? A maior parte de nós conversamos de tudo com nossos

médicos. Mas isso também depende do profissional, se vai querer saber seu dia-a-dia, se

você está tomando o remédio direitinho, se melhorou ou não melhorou, quando receita

algum remédio fora do coquetel, se fez o tratamento; se você acabou de perder um filho e

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está sofrendo, o que pode cortar todo o efeito da medicação, saber os aspectos psicológicos.

Isso principalmente por parte do infectologista, mas às vezes também outros médicos

conversam com a gente. Quando chegamos para consultar, às vezes os médicos já estão até

com o receituário preenchido, mas perguntam como estamos, examinam a gente,

conversam com a gente, às vezes até mesmo sobre outros assuntos, diferentes só da

consulta. Às vezes, nossos médicos pegam no nosso pé ou puxam nossas orelhas, por causa

da pressão alta, ou por causa dos remédios. A maioria de nós tem intimidade com nossos

médicos, intimidade de chegar na consulta, tirar a roupa, fazer o exame. Falamos de nossas

vidas com eles, como se eles fossem amigos.

Nem todos agem assim. Um de nós não tem essa intimidade com sua médica, mesmo sendo

acompanhado rotineiramente aqui no CRT há três anos, só agora está conseguindo maior

aproximação com as pessoas do ambulatório. Neste caso, conversa tudo com a médica, mas

só aquilo relativo à doença.

Alguns de nós passamos pelo psiquiatra, mas não é conversado nada, é só chegar, pegar a

receita e ir embora. Já com a psicóloga acontece alguma conversa.

Um de nós acha muito constrangedor o guardinha parar a gente na porta, pedindo o nome e

o local para onde vamos. Isso não precisava ser feito ali, podia ser em local mais reservado,

porque nos inibe. Um de nós fica muito constrangido, inclusive evita vir ao CRT de dia,

deixa para vir nos horários de visita, pois se for visto por algum conhecido pode falar que

está visitando alguém. Esse de nós ao chegar ao CRT entra e passa direto de cabeça baixa e,

se alguém o chama, finge que não ouviu, para não ter que parar. Um de nós se sente muito

desrespeitado por conta do preconceito, se acha constantemente discriminado e ainda tem

dificuldades de assumir que é homossexual. Esse de nós reconhece sua fragilidade

emocional e relata que por isso precisa do apoio do psicólogo. Outros de nós não se

importam, acham que isso é bobagem, que não ligam para isso, que o preconceito não nos

atinge, que deixar-se atingir pelo preconceito é, de certa forma, uma opção das pessoas.

A equipe do CRT leva isso em consideração e nos ajuda bastante. Os médicos nos

encaminham para os psiquiatras e os psicólogos, e a partir destes profissionais podemos

começar uma relação mais intima com os profissionais do serviço.

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Nós chegamos aqui no CRT de diversas formas, por diversos caminhos. Alguns foram

encaminhados por seus médicos, quando apresentaram alguma doença (toxoplasmose,

verrugas). Os médicos dos outros serviços realçam a qualidade deste serviço, dizem que

mesmo gente de dinheiro não abre mão de se tratar aqui.

Existe um grande medo de contar sobre o estado de portador nos serviços médicos das

empresas e o serviço médico revelar à empresa.

No começo, um de nós teve problemas no acolhimento aqui no CRT; na época, o CRT

estava em transição de espaço físico, mudando da casa na Rua Antônio Carlos para cá,

então quiseram encaminhar para o Emílio Ribas, para atendimento lá. Precisou insistir para

ser atendida aqui.

Outro de nós ficou sabendo que era HIV positivo de forma inusitada, sem que tivesse

recebido seu resultado de exame sorológico; quando marcou consulta por causa da verruga

que o estava incomodando, a médica já lhe falou de sua carga viral, que não precisava

tomar coquetel, sem que ele nem soubesse que tinha dado positivo o teste anti-HIV. Não foi

conversado sobre o resultado, sobre o significado disso, nada, só da questão clínica, que

não precisava tomar remédio, que a carga viral era indetectável, etc. Ao sair dali, esse de

nós teve que retornar ao seu trabalho, normalmente, e não teve apoio de seu ex-parceiro,

nem teve coragem de falar com sua família, mas nada disso foi conversado aqui no CRT.

Alguns de nós não queremos passar por psicólogos ou psiquiatras; achamos que isso é para

louco, que não é o nosso caso. Então, quando recebemos encaminhamento médico para

procurá-los, não o fazemos, jogamos o encaminhamento fora. Um de nós fez isso durante

três anos, mas depois resolveu procurar ajuda e está muito satisfeito com o atendimento

psicológico, acha que tem ajudado muito a lidar com suas questões pessoais, que consegue

conversar com a psicóloga coisas importantes da sua vida, que nem tem a ver diretamente

com sua saúde, com o fato de ser HIV.

Alguns de nós achamos que as coisas estão ligadas, que a vida da gente está ligada ao que a

gente pensa. Que se a gente estiver com a cabeça bem, ficamos com a saúde bem. Caso

contrário, uma coisa afeta a outra e aí causa uma pane no sistema. Os psicólogos e

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psiquiatras do serviço nos ajudam a entender melhor a nossa vida e a lidar com questões

que fazem parte da nossa vida. Então, para nós é muito importante o tratamento que temos

com os profissionais aqui.

Uma de nós passou no psicólogo algumas vezes, mas no seu caso, a família, o marido,

amigos apóiam muito, conversam e fazem a parte de psicólogos, assim deixou de vir ao

psicólogo, pois se sente bem e acha que não precisa mais.

Nós achamos que os médicos daqui do CRT conversam com a gente, perguntam nossa

opinião, querem saber o que achamos, levam em consideração para decidir nossos

tratamentos, decidimos juntos. Nós tendemos a seguir o que os médicos acham, pois

achamos que eles sabem o que é melhor para a gente.

O começo do tratamento com os remédios é difícil. Remédios horríveis, difícil de engolir.

A maioria de nós teve dificuldade pra tomar a medicação. Tem problema de gosto, de não

misturar com a comida, etc. Mas, todos nós concordamos que nossa opinião sobre os

efeitos colaterais é levada em consideração por nossos médicos.

Além do médico infectologista, somos atendidos por muitos profissionais: dentista,

neurologista, urologista, radiologista, oftalmologista, cirurgião, além de outros como

psicólogo, assistente social, nutricionista... e ainda tem outros mas que nós não sabemos,

não precisamos passar por eles. Tem também os especialistas de fora do CRT, alguns de

nós já precisamos passar por especialistas fora: pneumologista, ortopedista. Todos nós

concordamos que não sabemos todos os recursos que podemos ter a nossa disposição aqui

no CRT. Alguns de nós nem sabíamos que tinha dentista.

Outro problema importante para todos nós é que não sabemos, não somos informados

corretamente de nossos direitos de assistência social e de outros direitos que temos, como a

isenção do imposto de renda, do IPVA, etc. A maioria de nós não tem uma noção de tudo

que tem direito e nem de como deve proceder para conseguir seus direitos. Às vezes,

pensamos que isso já é feito de caso pensado, para que o governo não tenha que cumprir

com o que deve. E isso tem uma importância muito grande prá gente, pois nós temos

muitos gastos com nossa doença, pois além do coquetel e da assistência que nós temos

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aqui, tem muitos outros gastos que precisamos fazer por causa de nossa infecção: outros

medicamentos fora do coquetel, que não tem no CRT, outros gastos. Nós achamos que isso

era papel das assistentes sociais, que elas deveriam nos esclarecer melhor e nos tratar

melhor, pois às vezes elas nos tratam de forma muito impessoal.

Uma coisa ruim aqui no CRT é a demora para fazer os exames, até que os resultados ficam

prontos, já está na hora de fazer os exames de novo.

A freqüência de nossas consultas com os infectologistas é geralmente de três em três meses

ou de quatro em quatro meses. Às vezes, quem está bem e ainda não toma remédios passa

até de seis em seis meses. Nestes casos, se estamos seguindo com psicólogos, nós passamos

por aqui mais freqüente, apenas para consultar com os psicólogos.

Um problema daqui é a demora para o atendimento, os atrasos nas consultas, alguns

médicos chegam muito atrasados, não tem muito respeito com a questão de horários. Isso

acontece com os médicos infectologistas, mas também com alguns especialistas. Uma coisa

que nós percebemos é que apesar de ter hora marcada, as pessoas são chamadas por ordem

de chegada. Por isso, algumas vezes, alguns de nós chegamos mais cedo, para sermos

atendidos antes da hora e ficarmos livres da consulta.

Se nós temos algum problema de saúde antes de nossa próxima consulta agendada, nós não

podemos procurar nossos próprios médicos. Nesse caso, temos que procurar o Pronto

Atendimento (PA). Em alguns casos, alguns médicos combinaram que se surgir um

imprevisto e quiser adiantar ou adiar a consulta, podemos ligar com antecedência e

remarcar. Mas no caso de consultas imprevistas, por causa de alguma intercorrência, não

tem encaixe, nesses casos nós temos que procurar o PA.

A maioria de nós não se trata em outro lugar. Um de nós se trata também no Centro de

Saúde perto de sua casa. Achamos que os médicos daqui estão mais orientados para lidar

com pacientes portadores de HIV. Os infectologistas daqui, e mesmo os especialistas, por

exemplo o dermatologista conhece bem as lesões, os efeitos colaterais dos remédios, as

doenças mais características. O profissional lá de fora não está lidando só com HIV, então o

universo dele é diferente do profissional aqui dentro. Em alguns casos, falta uma

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especialidade que não tem aqui dentro do CRT, que você precisa se consultar fora, e aí não

é a mesma coisa, não dá a mesma segurança.

Nós achamos que os médicos daqui conversam entre si, para discutir o nosso caso. A

maioria de nós acha que eles conversam, pelo menos se for um caso mais complicado,

precisando muito de um especialista. Ou no caso de ter vários especialistas, o infectologista

procura os outros, para poder fazer um pacote. Ou pelo menos escrevem no prontuário as

coisas mais importantes de passar para os outros. Então, tudo que acontece com a gente,

independente de qual seja o especialista, está no prontuário e o infectologista sempre dá

uma olhada da última vez que ele escreveu para a data atual, se aconteceu alguma coisa

nesse período. Achamos que se é daqui de dentro, se for o caso, eles discutem. Mas, fora

daqui...

Um de nós acha que não é muito assim, que eles não discutem não. Pois sempre que a

médica o atende ela fica conversando e folheando o prontuário, vendo o que está escrito.

Então, ele acha que são muitos pacientes diferentes a cada dia. Um exemplo é que sua

médica toda vez que lhe encontra pergunta “E aí, o remédio, como está indo?” sendo que

ele nem toma remédios, e durante três anos toda vez ele fala para ela: “Doutora, eu não

tomo remédios!”.

Alguns de nós ao ouvir essa história inclusive pensamos que se fosse conosco iríamos

mudar de médico.

Nós achamos que o tratamento aqui é muito bom, e que nos é oferecido praticamente tudo

de que precisamos. Além disso, sabemos que os médicos daqui são muito bons, os

melhores, não só os infectologistas, mas também alguns especialistas.

Nós achamos que a infecção pelo HIV causa muita limitação em nossas vidas. A principal

delas é causada pelos medicamentos. Ter que tomar os medicamentos todos os dias, várias

vezes ao dia, muitos medicamentos. Enjoa.

Fora a questão dos remédios, que todos aqui que tomam acham que causa limitação, sobre

o restante não temos acordo.

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Alguns de nós achamos que fora os remédios é como se fôssemos pessoas normais, sem

nenhum outro tipo de constrangimento. Até esquecemos que somos HIV positivos.

Outros de nós achamos que a infecção mudou completamente nossas vidas, que agora

apenas sobrevivemos. Um de nós, após a infecção, deixou de fazer várias coisas de que

gostava (mergulhar, andar de moto, andar de bicicleta), não consegue fazer nada. Isso

devido aos problemas das doenças ou efeito dos remédios que passou a sofrer, pressão alta,

labirintite, tudo que termina com “ite”.

Um de nós ainda não usa medicamentos, não tem nenhuma infecção oportunista, está com

os exames bons, não sente nenhuma limitação física, orgânica, causada pela infecção pelo

HIV, mas percebe problemas mais emocionais, mais problemas de sentimento de culpa por

ter se infectado por falta de precaução, por ter se exposto sem necessidade. Além da culpa,

sente muita dificuldade de se relacionar afetivamente e sexualmente com as pessoas e não

tem coragem de se declarar HIV positivo para seus parceiros, o que acaba dificultando seus

relacionamentos.

Vários de nós acham que esse tipo de comportamento não é devido necessariamente à

infecção pelo HIV, mas que é uma coisa própria de cada um, sem ter relação com a

infecção. No entanto, a culpa é uma sensação que acontece com outros de nós,

principalmente porque poderíamos ter evitado a contaminação.

Nós achamos que o que pode ser feito pelo serviço em relação a estes sofrimentos mais

emocionais é o médico ver que estamos sofrendo e nos encaminhar para o psicólogo ou

para o psiquiatra. Mas vários de nós acha que isso é uma coisa que cada um tem que

resolver sozinho, que depende de cada um. Um de nós relata uso de drogas, relata que

conversa sobre isso com seu médico, mas diz que isso é opção de cada um.

Vários de nós moram sozinhos, não temos ninguém com quem compartilhar nossa condição

de soropositivos. Alguns de nós não contamos para nossas famílias. Uma de nós precisou

muito do apoio da equipe do CRT no início da doença, quando ainda não sabia se seu

marido estava infectado ou não. Acha que o apoio dos profissionais do CRT,

principalmente o psicólogo, foi fundamental para enfrentar as dificuldades dessa fase.

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Nós achamos que uns pacientes podem apoiar outros, assim como aconteceu neste grupo

aqui, onde começamos a conversar sobre coisas que eram importantes para alguns de nós.

Nós sabemos que existem alguns grupos aqui no CRT, grupos de adesão da medicação;

achamos que deve ter ou que poderia ter algum grupo para conversar sobre outros temas.

Achamos que nossos médicos deveriam passar para a gente: “Olha você deveria participar

do grupo tal!” Todos achamos isso importante. Achamos que todos passam pelo

infectologista, nem todos pelo psicólogo nem pelo psiquiatra, por isso o médico deveria

saber os grupos existentes e procurar encaminhar seus pacientes para resolver algum

problema pessoal ou outros tipos de problemas. Achamos que essa é uma forma muito

importante de terapia. Que é muito importante ter essa troca de experiência. “Tem gente

chegando, se sentindo na pior, precisava saber, está começando o tratamento. Tem outras

que já estão há 10 anos, já passaram por tudo aquilo, já sabem. Então, fica mais fácil a

pessoa passar experiência e a outra aceitar, porque já sabe que foi igual ao que ela está

passando, né?” Um de nós aponta que além disso, tem grupos de acupuntura, grupo para

largar o cigarro, sessões de Reiki, que basta ver no mural que fica no quadro de avisos, tem

um monte de ofertas. Apesar disso, nenhum outro de nós sabia desses grupos, e achamos

que podia ocorrer o convite para participar, ser mais divulgado.

Não sabemos de outros espaços fora do CRT que pudessem oferecer esse tipo de apoio.

Achamos que na comunidade próximo de casa as pessoas não procuram apoio por causa do

preconceito, não querem ser identificadas.

Quanto às ONG, achamos que elas exigem muito, fazem muitas condições para participar,

cobram que você vá independente de se sentir com vontade, não deixam que você defina

sua participação; ou você faz como eles estabelecem ou não pode ir. Não achamos isso

legal.

Nós achamos que o ambulatório é muito bom, quase não tem o que mudar. Uma coisa que

poderia mudar é o local da recepção, ser num local mais reservado, de forma que quando

chegássemos, na hora de se identificar, não ficássemos tão expostos, perto da rua.

Quando acontece de sermos maltratados por algum profissional, como por exemplo pela

assistente social da nossa equipe, a gente acha que não tem a opção de trocar de assistente

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social, ou de psicólogo. Então, para quem se sente mal atendido, não tem jeito, ele passa a

procurar aquele profissional apenas para casos de muita necessidade, de forma burocrática,

pois não tem bom relacionamento. Achamos que isso interfere no nosso tratamento.

No geral, achamos que todos os profissionais são muito gentis conosco, os casos de

profissionais que nos tratam mal são exceções, mas nos incomoda muito quando acontece.

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Estudo por

categorias de análise

do material dos grupos

focais

(de médicos,

multiprofissional e de

pacientes)

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ESTUDO POR CATEGORIAS DE ANÁLISE

DO MATERIAL DOS GRUPOS FOCAIS

(DE MÉDICOS, MULTIPROFISSIONAL E DE PACIENTES)

Clínica ampliada

Abordar os fatores subjetivos dos pacientes

Abordar os fatores sociais dos pacientes

Grupo

focal de

médicos

Existe o relato dos médicos da necessidade de abordarem questões subjetivas e

sociais de seus pacientes. Também colocam que os pacientes querem que estas

questões sejam abordadas pelos próprios médicos, e não que sejam

encaminhados para os demais profissionais da equipe.

“Em nosso trabalho no CRT-Aids, nós acabamos sendo muito mais que médicos

infectologistas, somos amigos, psicólogos, sexólogos, assistentes sociais, terapeutas

ocupacionais dos pacientes. Às vezes o paciente está super bem clinicamente, mas tem

tantas outras demandas... problema social com o trabalho, problema com a

namorada... E nosso tempo é muito pouco para darmos conta disso tudo. Por mais que

as outras áreas ofereçam apoio (psicólogo, assistente social), os pacientes têm um

vínculo tão intenso com o médico que acabam ficando dependentes da gente; eles

preferem conversar com a gente a serem atendidos pela psicóloga.”

Surgem relatos diferentes sobre a abordagem dos fatores subjetivos e sociais dos

pacientes, alguns valorizando e relatando os ganhos nessa abordagem e outros

minimizando sua importância e colocando dificuldades.

Em nossos atendimentos, alguns de nós priorizamos a abordagem da qualidade de vida

dos pacientes, pois não adianta ele tomar remédio se ele não aceita a

homossexualidade dele por exemplo. Porque se ele está bem, ele vai tomar o remédio

direitinho, a carga viral vai ficar controlada, o CD4 vai subir, e ele vai trabalhar, vai

produzir, vai passear. E a gente não consegue uma boa adesão se o paciente não

aceitar o HIV em si. Pra gente ter sucesso, a gente precisa que eles tomem, é por isso

que a gente entra tanto na vida deles, para ajudá-los a aceitar e enfrentar. Outros de

nós sistematizamos a consulta para concentrar e otimizar o tempo. Então, primeiro

abordamos os aspectos psicológicos principais. Como já conhecemos os pacientes, já

sabemos dos seus principais problemas e como abordá-los. Depois, vamos para os

aspectos referentes à saúde, hepatotoxicidade, exames, etc. E depois vem a questão

social, do álcool, do passe, etc. Sempre, ao final, achamos importante parabenizar,

estimular, mostrar uma coisa positiva. Já outros de nós achamos que o paciente vem

ao CRT pela saúde especificamente, então a primeira abordagem é essa questão: ver

exames, carga viral, adesão, medicamento, efeitos colaterais, etc. Depois é que vêm

todas essas questões de qualidade de vida, de como a pessoa se coloca na sociedade,

se está trabalhando, isso é muito importante, e por fim a profilaxia secundária, a

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responsabilidade na propagação ou não da infecção. Não temos tempo para fazer tudo

isso, não conseguimos abordar tudo em meia hora, temos que preencher muito papel

burocrático. Porém, podemos abordar isso tudo ao longo, pois conhecemos os

problemas de cada paciente.

As falas apontam a necessidade de ampliação da clínica para além das questões

biomédicas, mas chamam a atenção para a dificuldade de conseguir fazê-lo, em

grande parte devido a questões de gestão.

“Essa situação vem sugando demais a equipe, mas a gestão não consegue perceber

isso. Eles ficam nos cobrando o número de atendimentos, o horário de entrada, o

horário de saída, como se a gente fosse um monte de peão de obra, como se número

fosse sinônimo de qualidade. A gestão não consegue perceber que na medida em que o

perfil da epidemia foi mudando, o nosso trabalho no CRT também teve que mudar

muito. Antes, quando só tínhamos o AZT, os pacientes morriam mais, eram mais

doentes do ponto de vista orgânico, e essas outras questões sociais não apareciam

tanto. Hoje os pacientes requerem não apenas o doutor, mas o conselheiro, o amigo. A

gestão não valoriza isso, não nos dá tempo para que possamos fazer melhor, nem nos

gratificam por isso. Já perdemos muitos profissionais, sempre pelo mesmo motivo: a

angústia de ter que atender o “n”, a angústia de ter apenas aqueles minutos e não

poder corresponder às necessidades.”

Outro relato importante no grupo é a percepção de desvalorização da clínica

oficial, do saber e agir biomédico, com a preocupação de ampliar a clínica. E

ainda um incômodo com a situação de coexistência no mesmo local e no mesmo

grupo de pessoas de atribuições do Programa Nacional e Estadual de DST/AIDS

e de gestão cotidiana do CRT.

“Temos a impressão de que, para certos dirigentes do CRT, se você é um médico que

toca no paciente, é como se você não tivesse tanto valor assim, porque você não é um

gestor público, porque você não vai propor políticas para salvar a humanidade, você

apenas fica apalpando abdomens e ouvindo bulhas cardíacas. Mas que política até

hoje já salvou a humanidade? Não desconsideramos a intenção da gestão em

organizar as políticas, mas acreditamos que no CRT falta uma compreensão do valor

do médico clínico, que apalpa o paciente e que também tem que ouvir as histórias

todas que vão além do que é orgânico. Nós somos a base da pirâmide, e sem a base da

pirâmide o resto não existe, se não tiver o médico que cuida bem do paciente, não

adianta programa nenhum.”

No grupo focal de médicos, ao falar-se sobre questões subjetivas, fala-se no

papel dos psicólogos e dos psiquiatras em sua abordagem, e na dificuldade

destes profissionais em realizá-lo.

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“Se ele (o paciente) chega com a sexualidade, com os conflitos já trabalhados pela

psicóloga, já é setenta por cento. A gente também tem que abordar isso, mas já alivia

um pouco. Mas a psicóloga enrola tanto naquela teoria, que demora muito até o

paciente se abrir.”

“Muitas vezes nós até propomos aos pacientes um atendimento psicológico, mas nem

sempre ele está preparado. O paciente tem que querer muito fazer terapia, não

adianta ir forçado, então até que ele esteja preparado somos nós que temos que

segurar a onda. Ou às vezes o paciente é encaminhado para o psiquiatra, mas ele se

recusa a ir, diz que não é louco para ir em psiquiatra, então é sempre o médico que tem

que dar o alívio de tudo.”

No grupo focal de médicos, a abordagem dos fatores sociais dos pacientes pela

equipe aparece como uma atribuição dos assistentes sociais, que não estariam

cumprindo adequadamente suas atribuições. O cuidado é visto de forma

fragmentada e é alegado que se cada um fizesse a sua parte, aliviaria a

sobrecarga sobre os médicos.

“Se o paciente chega esclarecido na nossa sala sobre os direitos sociais dele, ele não vai

nos cobrar isso, então a gente já ganha tempo.”

“Achamos que se o esquema de equipe de referência funcionasse, se cada um

assumisse o seu, isso nos aliviaria muito. Se não ficasse tudo atrelado ao médico,

depois da consulta a assistente social poderia conversar com o paciente e esclarecer,

por exemplo, que ele não tem direito a transporte e INSS só porque é soropositivo. Isso

nos aliviaria porque não precisaríamos ficar dez horas seguidas explicando isso para

ele. Mas ao contrário, o que acontece é que a assistente social fala para o paciente vir

pedir pra gente colocar outro CID, fazer um laudo falso para conseguir o passe. É um

absurdo! Aí fica parecendo que é a gente que está negando um direito... Ao invés delas

ficarem conversando com o paciente, ouvindo ele chorar, eles vêm chorar é na nossa

sala. Na verdade, a equipe de referência não é uma equipe. O médico é o centro que

leva toda a carga, e tem alguma coisa que funciona de forma auxiliar, um apêndice.”

Grupo

focal

multiprof

issional

No grupo multiprofissional, os participantes concordam na importância e na

valorização das dificuldades para ampliação da clínica, mas tem posições

variadas em relação a quanto as equipes, e em especial os médicos, conseguem

fazer essa clínica ampliada.

“Valorizamos muito o respeito e a autonomia no atendimento aos pacientes. Mas, uma

de nós afirma que o atendimento no ambulatório é voltado para a clínica tradicional,

cada profissional fazendo a sua parte. E por conta disso, muitos pacientes acabam não

contando intimidades de suas vidas relacionadas à doença principalmente para os

médicos, que focam o atendimento nas questões mais biológicas. Outros, não

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concordamos com esta colocação, pois vemos que muitos médicos abordam mais que

questões puramente biológicas, mantendo um ótimo vínculo com os pacientes que

atendem. É claro que o médico tem um olhar diferente do psicólogo, que também se

diferencia do olhar do assistente social, mas as consultas médicas sempre vão além da

parte mais técnica, até porque se trata de uma doença crônica, em que os pacientes

ficam em seguimento por muitos anos.”

“O ambulatório é o setor do CRT que abarca toda a demanda, por que mesmo quando

o paciente está internado, ou no vai e vem dentro do serviço, ele retorna ao

ambulatório, que é onde circula o maior número de pacientes, a demanda é mais

complexa tanto no sentido social, como emocional e clínico. Nós todos do ambulatório

trabalhamos muito e isso é um ponto que dificulta, mas por outro lado, é um trabalho

muito rico, pois toda essa diversidade de profissionais, pacientes e demandas que

chegam até nós enriquecem nosso conhecimento, o que é muito importante.”

No grupo focal multiprofissional, aponta-se a dificuldade de lidar com situações

de grande complexidade e dramaticidade, ao reconhecerem as questões

subjetivas dos pacientes como atribuição das equipes.

“Outro ponto importante a ser considerado é que temos que lidar o tempo todo com

situações dramáticas, o que exige muito do nosso emocional e é um desafio para nós,

que temos que aprender a conviver com situações limítrofes.”

No grupo multiprofissional, aparece o relato de sobrecarga dos psicólogos e

assistentes sociais, pois estes se vinculam a vários médicos, tendo então cerca de

600 pacientes para apoiar. Relatam também problemas de gestão do processo de

trabalho, pela existência de duas estruturas diferentes para gerenciar a marcação

de consultas: uma para marcar consultas médicas e outra para consultas do

serviço social.

“Nós não conseguimos conhecer todos os usuários das nossas referências, pois cada

médico tem cerca de 120 pacientes e cada assistente social ou psicólogo está

pendurado em cinco médicos, o que significa cerca de 600 pacientes. Nós até tentamos

colocar em prática uma proposta para os pacientes conhecerem o serviço social: na

triagem, assim que fosse agendado o médico, já agendava com a assistente social.

Ficava bem amarrado e estava sendo super importante para nós, pois estávamos

conseguindo apresentar o serviço, mas não deu certo por que só uma recepcionista que

se dedicava a perguntar e agendar os pacientes (e atualmente ela está de licença

saúde). Além disso, não é a mesma recepção que marca consulta médica e serviço

social e ai, acontece do paciente se perder neste percurso.”

Grupo

focal de

No grupo focal de pacientes, os relatos apontam para uma visão de que a

abordagem mais comum das questões subjetivas pelos profissionais das equipes

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pacientes deveria ser a atenção dos médicos aos problemas da vida pessoal dos pacientes

e, nos casos complicados, em que os problemas estivessem afetando muito os

pacientes, encaminhamento para os psicólogos e psiquiatras.

“Normalmente, o médico sabe um pouco de tudo, ele sabe mais ou menos o que

acontece na sua vida; se você é casado, se você tem filho, é separado, o que você

estuda, se trabalha... E vai acompanhando a sua situação. Nós sempre tomamos isso

não como uma curiosidade da parte deles, mas como uma forma de controlar... a

gente sabe que o aspecto psicológico nos mantêm inteiros. Eles também

acompanham... Vai ter um momento que a sua imunidade começa a cair porque você

tem outros problemas. Aí é a psicóloga que cuida, não é?”

É apontado que a relação com os psiquiatras é muito centrada na prescrição de

medicamentos, com pouca conversa, e que com os psicólogos a conversa é mais

comum.

“Alguns de nós passamos pelo psiquiatra, mas não é conversado nada, é só chegar,

pegar a receita e ir embora. Já com a psicóloga acontece alguma conversa.”

Um relato importante de um paciente com dificuldade de lidar com os

preconceitos contra a sua condição de portador do vírus HIV leva o grupo a

discutir o tema do preconceito. O papel importante da equipe, e especial dos

psicólogos em ajudar os pacientes a lidar com essas dificuldades, é consenso no

grupo.

“Um de nós fica muito constrangido, inclusive evita vir ao CRT de dia, deixa para vir nos

horários de visita, pois se for visto por algum conhecido pode falar que está visitando

alguém. Esse de nós ao chegar ao CRT entra e passa direto de cabeça baixa e, se

alguém o chama, finge que não ouviu, para não ter que parar. Um de nós se sente

muito desrespeitado por conta do preconceito, se acha constantemente discriminado e

ainda tem dificuldades de assumir que é homossexual. Esse de nós reconhece sua

fragilidade emocional e relata que por isso precisa do apoio do psicólogo. Outros de

nós não se importam, acham que isso é bobagem, que não ligam para isso, que o

preconceito não nos atinge, que deixar-se atingir pelo preconceito é, de certa forma,

uma opção das pessoas.”

“A equipe do CRT leva isso em consideração e nos ajuda bastante. Os médicos nos

encaminham para os psiquiatras e os psicólogos, e a partir destes profissionais

podemos começar uma relação mais intima com os profissionais do serviço.”

A forma como os profissionais lidam com as questões subjetivas dos pacientes

são apontadas, por exemplo, no relato de como um dos pacientes recebeu seu

resultado de sorologia para o HIV. Um momento de quebra de expectativas tão

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importante na vida das pessoas pode ser tratado de maneira naturalizada,

reduzindo-se a conversa às questões técnicas biomédicas, sem respeitar o

momento do paciente.

“Outro de nós ficou sabendo que era HIV positivo de forma inusitada, sem que tivesse

recebido seu resultado de exame sorológico; quando marcou consulta por causa da

verruga que o estava incomodando, a médica já lhe falou de sua carga viral, que não

precisava tomar coquetel, sem que ele nem soubesse que tinha dado positivo o teste

anti-HIV. Não foi conversado sobre o resultado, sobre o significado disso, nada, só da

questão clínica, que não precisava tomar remédio, que a carga viral era indetectável,

etc. Ao sair dali, esse de nós teve que retornar ao seu trabalho, normalmente, e não

teve apoio de seu ex-parceiro, nem teve coragem de falar com sua família, mas nada

disso foi conversado aqui no CRT.”

Outro ponto abordado pelo grupo foi o da resistência de vários pacientes de

aceitarem ser tratados por profissionais da saúde mental, como se isso fosse

assumir a doença mental, a loucura. Um dos pacientes do grupo relata seu

percurso nesse tema, pois depois de anos negando-se a tratar-se com os

psicólogos, ao resolver tratar-se, teve uma experiência muito positiva, que tem

lhe ajudado a lidar com suas dificuldades emocionais.

“Alguns de nós não queremos passar por psicólogos ou psiquiatras; achamos que isso é

para louco, que não é o nosso caso. Então, quando recebemos encaminhamento

médico para procurá-los, não o fazemos, jogamos o encaminhamento fora. Um de nós

fez isso durante três anos, mas depois resolveu procurar ajuda e está muito satisfeito

com o atendimento psicológico, acha que tem ajudado muito a lidar com suas questões

pessoais, que consegue conversar com a psicóloga coisas importantes da sua vida, que

nem tem a ver diretamente com sua saúde, com o fato de ser HIV.”

“Alguns de nós achamos que as coisas estão ligadas, que a vida da gente está ligada ao

que a gente pensa. Que se a gente estiver com a cabeça bem, ficamos com a saúde

bem. Caso contrário, uma coisa afeta a outra e aí causa uma pane no sistema. Os

psicólogos e psiquiatras do serviço nos ajudam a entender melhor a nossa vida e a lidar

com questões que fazem parte da nossa vida. Então, para nós é muito importante o

tratamento que temos com os profissionais aqui.”

O apoio dos familiares e amigos também é valorizado, mas nem todos

conseguem lidar com essas questões junto aos seus. Aqueles que conseguem

apoio de sua rede social melhoram sua condição subjetiva. Outro ponto discutido

no grupo é que as dificuldades enfrentadas pelos pacientes não são

necessariamente devido a sua condição de portador do vírus ou da doença, mas

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antes disso, é uma situação subjetiva do paciente, associada, mas não causada,

pelo problema da infecção. Entre esses aspectos, surge a questão da culpa

vivenciada pelos pacientes por terem se infectado.

“Uma de nós passou no psicólogo algumas vezes, mas no seu caso, a família, o marido,

amigos apóiam muito, conversam e fazem a parte de psicólogos, assim deixou de vir ao

psicólogo, pois se sente bem e acha que não precisa mais.”

“Um de nós ainda não usa medicamentos, não tem nenhuma infecção oportunista,

está com os exames bons, não sente nenhuma limitação física, orgânica, causada pela

infecção pelo HIV, mas percebe problemas mais emocionais, mais problemas de

sentimento de culpa por ter se infectado por falta de precaução, por ter se exposto sem

necessidade. Além da culpa, sente muita dificuldade de se relacionar afetivamente e

sexualmente com as pessoas e não tem coragem de se declarar HIV positivo para seus

parceiros, o que acaba dificultando seus relacionamentos.”

“Vários de nós acham que esse tipo de comportamento não é devido necessariamente

à infecção pelo HIV, mas que é uma coisa própria de cada um, sem ter relação com a

infecção. No entanto, a culpa é uma sensação que acontece com outros de nós,

principalmente porque poderíamos ter evitado a contaminação.”

“Nós achamos que o que pode ser feito pelo serviço em relação a estes sofrimentos

mais emocionais é o médico ver que estamos sofrendo e nos encaminhar para o

psicólogo ou para o psiquiatra. Mas vários de nós acha que isso é uma coisa que cada

um tem que resolver sozinho, que depende de cada um. Um de nós relata uso de

drogas, relata que conversa sobre isso com seu médico, mas diz que isso é opção de

cada um.”

No grupo focal de pacientes aparece a falta de esclarecimentos de como

conseguir acessar seus direitos, como problema referido ao serviço social do

CRT.

“Outro problema importante para todos nós é que não sabemos, não somos

informados corretamente de nossos direitos de assistência social e de outros direitos

que temos, como a isenção do imposto de renda, do IPVA, etc. A maioria de nós não

tem uma noção de tudo que tem direito e nem de como deve proceder para conseguir

seus direitos. Às vezes, pensamos que isso já é feito de caso pensado, para que o

governo não tenha que cumprir com o que deve. E isso tem uma importância muito

grande prá gente, pois nós temos muitos gastos com nossa doença, pois além do

coquetel e da assistência que nós temos aqui, tem muitos outros gastos que

precisamos fazer por causa de nossa infecção: outros medicamentos fora do coquetel,

que não tem no CRT, outros gastos. Nós achamos que isso era papel das assistentes

sociais, que elas deveriam nos esclarecer melhor e nos tratar melhor, pois às vezes elas

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nos tratam de forma muito impessoal.”

Profissional e Equipe de referência

Trabalho em equipe

Grupo

focal de

médicos

Os médicos relatam que a implantação da equipe de referência é um fracasso, e

apontam uma das causas para isso no fato dos pacientes se vincularem aos

médicos e não aos psicólogos e assistentes sociais.

“Além do médico, sempre houve outros profissionais no CRT: assistentes sociais,

psicólogos, psiquiatras, esses profissionais de clínica ampliada. Mas antes da mudança

da sede isso funcionava melhor do que hoje, havia uma integração maior do que há

hoje. Achamos que a tentativa da implantação desse chamado grupo ampliado aqui no

CRT foi totalmente fracassada, porque o paciente se identifica com o médico e não com

a assistente social, ou com o psicólogo e essa vinculação é muito forte. Achamos que a

gestão falha em não compreender isso, que a vinculação primária do paciente é com o

infectologista.”

Sobre o trabalho em equipe, os médicos referem dificuldades para sua

implantação. Relatam que a teoria sobre a formação das equipes de referência

não se deu na prática, que as equipes foram formadas de forma arbitrária e sem

levar em consideração fatores importantes, como empatia entre os profissionais e

até mesmo o horário dos profissionais que, muitas vezes, sequer se encontram no

mesmo horário no CRT.

“Sobre a equipe de referência, o que nos foi passado é que quando o paciente vem ao

CRT ele já deve conhecer sua assistente social, sua psicóloga e o seu infectologista e,

cada vez que ele chegasse ao serviço ele seria atendido sempre pela mesma equipe.

Assim existiria a possibilidade eventual de uma interação maior e de discussão dos

casos. Os profissionais saberiam qual é sua equipe de referência e, eventualmente

haveria um espaço para se reunir e, eventualmente, solucionar os problemas. Porém, a

maioria de nós não conhece os profissionais que compõem oficialmente sua equipe e,

além disso, freqüentemente há mudanças na configuração das equipes e nós nem

ficamos sabendo. Há profissionais que trabalham em períodos diferentes e são

colocados numa mesma equipe de referência. Mas nós jamais vamos encaminhar um

paciente para alguém que nunca vimos e não conhecemos o trabalho. E ainda sobre a

questão das equipes serem formadas por determinação superior, sem conseguir levar

em consideração a empatia entre os profissionais.”

E conversam sobre as formas de enfrentamento deste problema, como tentam

contornar o problema da falta de real entrosamento entre os profissionais na

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equipe de referência.

“Se a gente conseguir uma assistente social que é legal, se a gente conseguir um

psiquiatra legal, uma psicóloga legal... aí a equipe dá certo, mas o resto não dá.”

“É por isso que alguns de nós trabalhamos diretamente com determinados

profissionais (psicólogos, assistentes sociais), mesmo que eles não façam parte

oficialmente de sua equipe e mesmo que isso não seja referendado pela gestão. Nós

escolhemos os profissionais com quem temos mais afinidade e empatia, e passamos a

encaminhar os pacientes sem obedecer ao formato da equipe oficial. A equipe de

referência que é determinada verticalmente não funciona, não existe.”

“O que é mais comum mesmo é apenas encaminharmos para aquele profissional que

elegemos como nossa referência. Porém, muitas vezes temos problemas com isso, pois

alguns profissionais costumam não atender os pacientes que não são de sua equipe de

referência formal, nós temos que pedir favor, implorar. Na verdade, achamos que a

formulação da equipe de referência engessa o atendimento do paciente. Alguns de nós

até conseguimos resolver os encaminhamentos, um de nós resolve com o psiquiatra,

outro com a assistente social; mas com as psicólogas, é sempre muito difícil burlar o

esquema da equipe de referência.”

Grupo

focal

multiprof

issional

No grupo multiprofissional, a criação das equipes de referência é pensada como

uma coisa positiva, do ponto de vista teórico, mas são apontadas problemas na

sua implantação no CRT: a insuficiência de profissionais psicólogos e

assistentes sociais, que ficam, na verdade, como apoio matricial aos médicos

infectologistas (em geral, cinco a seis médicos), a fragmentação do cuidado entre

as profissões, a centralidade do cuidado no processo de trabalho médico sobre a

doença orgânica dos pacientes, o pouco compartilhamento das responsabilidades

com os outros profissionais, a falta de espaços coletivos para formação da equipe

(reuniões de equipe, etc.)

“O trabalho com equipe de referência é uma modalidade muito boa, por que nos leva a

resgatar laços, vínculos com os pacientes, mas achamos que seria necessário estender

para a equipe de saúde mental, ampliando o contexto das equipes.”

“Atualmente as equipes de referência são compostas por médico, assistente social,

psicólogo, psiquiatra e enfermagem. Quando o paciente chega pela primeira vez no

serviço, ele vai passar por um momento de acolhimento. A partir do momento que ele

vem no ambulatório para marcar consulta, ele fica na agenda do médico que tem

maior disponibilidade naquele momento, então o paciente já fica fixo daquele médico

infectologista. A partir do infectologista é que todo o resto da equipe é montada,

porque existe um número maior destes especialistas, achamos que são em torno de 32

para sete psicólogos e sete assistentes sociais. Temos uma listinha colocada na

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recepção; então, quando o paciente chega na psicologia ou serviço social, seja por um

encaminhamento ou por demanda espontânea, vemos quem é o médico dele e ai passa

com a profissional que faz parte da equipe deste médico.”

“Quando a gente discute o processo de trabalho ou avalia as equipes de referências,

percebemos que não conseguimos aplicar a proposta da clínica ampliada porque tudo

fica centrado no médico, o próprio paciente só vem ao ambulatório por uma demanda

médica. Percebemos claramente que os médicos ficam na rotina deles e os outros

profissionais ficam tentando trazê-los (os médicos) para suas rotinas.”

“O psiquiatra e a enfermagem não são fixos nas equipes de referências, mas matriciais.

Parece que agora está para sair uma lista nova, em que estes profissionais vão se

vincular formalmente nas equipes de referência, porque até agora existe certa

informalidade quanto a estas vinculações nas equipes, pois quando conversamos com

outros profissionais sobre algum assunto ou algum caso, nunca pensamos que estamos

fazendo isso dentro de um grupo específico.”

Existe uma discussão entre os profissionais do ambulatório sobre a forma de

estruturar as equipes de referência: para alguns as equipes seriam positivas,

aumentariam a possibilidade de vínculo, a responsabilização mais efetiva pelos

pacientes, etc., mas outros acham que com a implantação das equipes ocorreu

um cerceamento da liberdade de cada profissional encaminhar seus pacientes

para aquele que escolhesse e pudesse discutir os casos com quem quisesse.

“Um de nós acha altamente elitizada a maneira como foi implantada ‘Equipe de

Referência’ aqui no CRT, totalmente centrada no médico e que amarra os profissionais

de tal jeito que dificulta a conversa com quem não faz parte da equipe.”

“Mas é importante salientar que a vinculação dos pacientes com o serviço social é

maleável, pois se um usuário não quiser consultar com a “X”, que é a profissional

vinculada ao médico dele, ele tem opção de escolher consultar com a “Y”. A gente

sempre tenta direcionar, mas respeitamos as escolhas dos pacientes.”

“Alguns de nós achamos interessante a possibilidade da psiquiatria não estar vinculada

exclusivamente a uma ou duas equipes, mas poder interagir com todos, pois ela tem

uma função distinta dentro deste trabalho. Vemos que muitas vezes as conversas não

são especificamente sobre alguns casos, mas sobre dúvidas genéricas que surgem com

os atendimentos e que vão se aplicar a vários casos. Em geral, a gente não resolve

problemas específicos de cada caso, mas nossas discussões são muito mais no sentido

de abrir caminhos, facilitar para que certos processos ocorram a partir de ações que,

na verdade, são muito mais modestas do que a gente gostaria que fossem. As

discussões mais genéricas levam a gente a sempre rever nossas posturas e ações e

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achamos mais interessante do que ficar na discussão específica de cada caso.”

Apesar das deficiências, existe uma percepção de que ocorreram avanços com a

implantação das equipes de referência.

“Para nós, a forma como as equipes estão estruturadas atualmente não é suficiente

para dar conta das demandas que chegam, apesar de percebermos que melhorou um

pouco.”

“Por outro lado, apesar de todos os problemas que levantamos, achamos que, mesmo

numa certa informalidade, aqui funciona bem este esquema da clínica ampliada.

Sentimos que trocamos bastante entre os profissionais e pensamos que os pacientes,

assim como nós, se beneficiam com isso.”

“Antigamente, quando não existia equipe de referência, era meio bagunçadinho,

porque o paciente ficava muito solto e passava com um monte de profissionais

assistentes sociais que ficavam todos correndo em cima das mesmas coisas, criando

desgastes desnecessários. Com a criação das equipes ficou muito melhor, porque

quando o médico precisa se comunicar sobre algum paciente, ele já sabe a quem se

dirigir. Além disso, a gente consegue visualizar melhor nosso trabalho para melhorá-

lo.”

Outra questão que surge no grupo é que mesmo quando a gestão propicia

espaços para ampliação da clínica e para o trabalho compartilhado entre

diferentes profissionais, existem dificuldades para mudança de práticas

instituídas e é necessário que os profissionais se dediquem para conseguir

mudar.

“No entanto, às vezes achamos que a solução para esses problemas é até mesmo

etérea. Não se trata somente de não nos apropriarmos dos espaços abertos pela

gerência, existe uma questão bem mais complicada que, para que a gente consiga

fazer um trabalho de clínica ampliada, com integração de diferentes profissionais, que

funcione bem, é preciso muito trabalho e esforço.”

“Além disso, existe aqui uma variedade muito grande de profissionais, não só pelas

diferentes profissões, mas pelas características de personalidade e pelo nível de

conhecimento de cada um dentro de sua área. Isso permite criar um ambiente muito

heterogêneo, às vezes complicador, às vezes instigante, e que coloca um grande

desafio: como vamos interagir com um profissional que fala outra linguagem, que vê as

coisas de uma maneira muito diferente, que às vezes tem um nível de conhecimento

muito acima ou muito abaixo, sem fazermos, com estas situações, juízos reducionistas,

tais como eliminar tal pessoa e procurar só aquela outra quando precisamos dialogar

sobre os casos. Nós temos que contar o tempo todo com a ajuda dos colegas, pois

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lidamos com casos muito difíceis que demandam uma ação multidisciplinar.”

“Já chegamos a discutir em reuniões ampliadas essa visão de que as psicólogas e

assistentes sociais atuam somente como auxiliares do médico, pois pelo fato dele ser a

figura central, as discussões acontecem com o médico e a psicóloga, ou o médico e a

assistente social, ou o médico e outro especialista.”

“Por falar em dificuldades, uma delas é o trabalho em equipe. Temos o desafio de

aprendermos a desenvolver um trabalho que contemple sentar, discutir casos

conjuntamente. Mas, isso envolve mudar a cultura institucional, o que é muito difícil.”

Grupo

focal de

pacientes

Os pacientes relatam a importância da referência com os profissionais,

principalmente com os médicos infectologistas.

“Nosso relacionamento é mais com o médico infectologista que nos atende. Nós

conhecemos as pessoas que nos atendem no CRT. Geralmente, são as mesmas pessoas

que nos atendem durante nosso tratamento aqui. Dependendo do turno, muda o

pessoal da recepção, o pessoal da enfermagem, mas o médico tem sempre seu horário

de atendimento e a gente segue o horário do médico. Também com os especialistas,

geralmente a gente segue com o mesmo profissional, procura marcar no horário dele,

a não ser que a gente não tenha gostado da consulta, aí nós tentamos marcar com

outro, dependendo da disponibilidade de outro profissional. Nós preferimos que seja

sempre o mesmo médico, achamos muito bom que seja assim, pois senão você tem que

começar a contar toda a sua história de novo, e assim não, já conhece, confia mais...

Mesmo tendo um prontuário único, que possibilita que sua história fique registrada

quando vai em outro médico, mas sempre vão querer conhecer um pouco mais que o

papel, conhecer coisas pessoais suas, se você está bem, etc. Nós achamos isso normal,

todo médico vai perguntar como que você está, se o filho vai bem...”

No grupo focal de pacientes, é colocada a questão da referência no médico e a

partir dele, se necessário, o encaminhamento para psiquiatras e psicólogos.

“A equipe do CRT leva isso em consideração e nos ajuda bastante. Os médicos nos

encaminham para os psiquiatras e os psicólogos, e a partir destes profissionais

podemos começar uma relação mais intima com os profissionais do serviço.”

“Os psicólogos e psiquiatras do serviço nos ajudam a entender melhor a nossa vida e a

lidar com questões que fazem parte da nossa vida. Então, para nós é muito importante

o tratamento que temos com os profissionais aqui.”

“A freqüência de nossas consultas com os infectologistas é geralmente de três em três

meses ou de quatro em quatro meses. Às vezes, quem está bem e ainda não toma

remédios passa até de seis em seis meses. Nestes casos, se estamos seguindo com

psicólogos, nós passamos por aqui mais freqüente, apenas para consultar com os

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307

psicólogos.”

Realização de reuniões para discussão dos processos de trabalho, resolução de problemas das

relações do dia-a-dia, e estabelecimento de melhores formas de trabalhar e conviver

Discussão de casos (troca de informações ou opiniões) na equipe de referência

Grupo

focal de

médicos

Não existe a prática de espaços coletivos, reuniões de equipe para discussão de

casos, discussão dos processos de trabalho, etc. Segundo os médicos, eles estão

muito sobrecarregados de consultas e existe uma grande pressão pelo número de

consultas. A discussão de casos, quando ocorre, é realizada no corredor, em

alguns poucos minutos na volta para casa, mas não em espaços específicos

previstos para isso.

“E a gente tinha que arrumar um horário, a cada quinze dias por exemplo, para a

equipe parar, sentar junto e poder conversar. Mas a demanda está tão grande que se

não tiver um apoio estrutural muito forte da gestão, isso não vai para frente. Aqui no

CRTA, o número é tão importante que essa uma horinha que vamos tirar a cada quinze

dias para reunir a equipe, vai ser contado os dois ou quatro pacientes que deixamos de

atender. É preciso priorizar a reunião como uma coisa institucional. Se a gestão não

intervier, quem vai fazer isso? Será que é o médico que vai ter que chamar a assistente

social, sendo que ele é quem trabalha mais?”

“Na equipe de referência é preciso haver um espaço para discussão dos casos. Em

nosso cotidiano, se queremos conversar sobre algum caso temos que interromper os

atendimentos, pois nós não temos tempo para nos reunir. No CRT o que importa é o

“n”, a quantidade e não a qualidade. E a demanda está tão grande que temos que

encaixar dois, três pacientes a mais todo dia, sendo que a gente não dá conta nem da

agenda normal. A reunião para discussão de caso existe apenas no papel. Apesar de

termos muitos casos graves, a gente raramente discute, apenas quando sobra algum

tempo e sempre na informalidade, no corredor, no ônibus de volta para casa. Além

disso, essa conversa nunca ocorre em conjunto; é exceção quando se consegue juntar a

assistente social, a psicóloga e a psiquiatra para discutir.”

Grupo

focal

multiprof

issional

No grupo multiprofissional surge o relato das reuniões dos profissionais do

CRT, duas reuniões estruturadas, uma no turno da manhã, outra no turno da

tarde, de forma a que os profissionais se encontrassem uma vez por semana. Na

prática, os médicos organizaram sua participação numa das reuniões, que se

transformou numa reunião clínica, enquanto os demais profissionais do CRT se

organizaram na outra reunião. Mas não se trata de reunião de equipe, esse espaço

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simplesmente não existe no CRT.

“No ambulatório existe a equipe da manhã e da tarde e não existe uma reunião que

consiga reunir todos os profissionais, o que temos é a reunião de segunda feira às seis

da tarde, que é uma reunião basicamente de médicos infectologistas, e na quinta feira

de manhã temos uma reunião com uma cara mais multidisciplinar, em que participam

mais assistentes sociais e psicólogas, com dois médicos infectologistas e um psiquiatra.

Nesta reunião, a gente sempre discute os casos, mas a partir de um mote: a dificuldade

ou a complicação de um diagnóstico, por exemplo.”

“As equipes de referência não se reúnem periodicamente, pois não temos um espaço

de discussão e nem um horário específico para isso. As nossas conversas são sempre

rápidas, pelos corredores e muitas vezes acontecem com trocas de bilhetinhos.

Gostaríamos que fosse possível avançar em termos de espaço e tempo estruturado

para discutir as referências.”

Em um momento, o grupo reconhece que os profissionais tem parte da

responsabilidade pela falta da reunião de equipe, pois no início da implantação

das equipes de referência, a gestão separou horário na agenda dos profissionais

para realização de reuniões, mas os profissionais não se organizaram.

“Por outro lado, pensamos que nem todos os profissionais estão abertos para sentar

com toda a equipe de referência para discutir os casos. Na maioria das vezes, as

conversas acontecem isoladas: o médico conversa no corredor com o psicólogo, que em

outro momento encontra o assistente social, com quem troca as informações

necessárias. Ou mesmo, discutimos muitos casos com nossos colegas de profissão que

não são da nossa referência.”

“Voltando ao ponto das reuniões entre as equipes de referência, não podemos

esquecer que sempre reclamamos da falta de horários fixos para sentarmos e

discutirmos os casos, mas houve uma época que fechamos um horário na agenda de

todos para isso, o que acabou não dando certo. Pensamos que o fato de não

conseguirmos nos reunir não é somente de nossa competência, mas da diretoria, pois

quando as equipes foram implantadas aqui, nós fizemos um pedido formal para que

existissem, dentro da agenda de cada um, horários equivalentes para reunião das

equipes. A diretoria acatou nossa solicitação, mas repassou para nós a difícil tarefa de

administração destes horários. Por isso, pensamos em devolver essa responsabilidade

para a gestão, que dá e gerencia as ordens. Senão, a gente sempre esbarra naquele

discurso ‘vai quem quer, faz quem pode, dá o quanto pode’ e é a gerência que tem que

fazer esta leitura e se responsabilizar por isso.”

Grupo

focal de

Não abordou o assunto

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pacientes

Vínculo e seguimento longitudinal (por um mesmo médico e por uma mesma equipe)

Atendimento agudo fora da agenda

Combinar a forma de trabalhar com os pacientes

Grupo

focal de

médicos

Os médicos relatam que todo o vínculo e responsabilidade ficam a cargo do

médico infectologista, que é quem é cobrado de resolver todas as demandas dos

pacientes, seja biológica, emocional ou social.

“Quem se responsabiliza por tudo do paciente é sempre o médico: laudo negado,

passagem de ônibus negada, tudo é o médico, o bem estar físico, emocional, qualquer

problema que ele tenha. O vínculo com o médico é muito grande e tudo é muito

centrado no médico. É tão centrado no médico que ninguém pergunta para o paciente:

“quem é seu psicólogo? Quem é seu assistente social?”É o médico que se responsabiliza

por aquele pool de pacientes, que é cada vez maior e os casos são cada vez mais

difíceis porque são pacientes crônicos e graves, com um monte de patologias. O

problema não é o HIV, o problema é o tanto de patologia que vem junto.”

Grupo

focal

multiprof

issional

No grupo multiprofissional, embora reconheçam que a maior carga de

responsabilidade recaia sobre o médico e a maior intensidade do vínculo dos

pacientes seja com este profissional, questionam que nos casos com mais graves

problemas emocionais ou sociais, a responsabilização pode recair sobre os

profissionais da saúde mental ou do serviço social.

“Alguns de nós achamos que quem se responsabiliza mais pelos casos é o serviço

social, único setor que é porta aberta e atende toda demanda social que chega. Mas, a

maioria de nós acha que são os médicos, pois além de se responsabilizarem por 120

pacientes cada um, são o motivo da freqüência dos pacientes no ambulatório. Mas

ainda há os que questionam a responsabilidade do médico ser maior que a dos outros

profissionais, pois apesar de todo o sistema ser centrado no infectologista, se o

paciente estiver em um quadro psicótico, a responsabilidade maior neste momento

será do psiquiatra. Por fim, pensamos que, talvez, a responsabilização pelos casos

depende muito mais das demandas que os usuários produzem.”

Grupo

focal de

pacientes

Quando os pacientes falam sobre vínculo com a equipe, se referem aos médicos

infectologistas. Em alguns casos, falam também do vínculo com os médicos

especialistas, mas não se referem aos psicólogos ou assistentes sociais, nem aos

enfermeiros.

“Nós conhecemos as pessoas que nos atendem no CRT. Geralmente, são as mesmas

pessoas que nos atendem durante nosso tratamento aqui. Dependendo do turno, muda

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o pessoal da recepção, o pessoal da enfermagem, mas o médico tem sempre seu

horário de atendimento e a gente segue o horário do médico. Também com os

especialistas, geralmente a gente segue com o mesmo profissional, procura marcar no

horário dele, a não ser que a gente não tenha gostado da consulta, aí nós tentamos

marcar com outro, dependendo da disponibilidade de outro profissional.”

Em suas falas, demonstram aprovar a continuidade do cuidado com o mesmo

profissional médico. Acham que isso facilita que os médicos saibam seus casos,

a evolução de suas condições clínicas, etc. e proporciona o desenvolvimento de

intimidade com o médico, o que facilita o tratamento.

“Nós preferimos que seja sempre o mesmo médico, achamos muito bom que seja

assim, pois senão você tem que começar a contar toda a sua história de novo, e assim

não, já conhece, confia mais... Mesmo tendo um prontuário único, que possibilita que

sua história fique registrada quando vai em outro médico, mas sempre vão querer

conhecer um pouco mais que o papel, conhecer coisas pessoais suas, se você está bem,

etc. Nós achamos isso normal, todo médico vai perguntar como que você está, se o

filho vai bem...”

“Normalmente, o médico sabe um pouco de tudo, ele sabe mais ou menos o que

acontece na sua vida; se você é casado, se você tem filho, é separado, o que você

estuda, se trabalha... E vai acompanhando a sua situação. Nós sempre tomamos isso

não como uma curiosidade da parte deles, mas como uma forma de controlar... a

gente sabe que o aspecto psicológico nos mantêm inteiros. Eles também

acompanham... Vai ter um momento que a sua imunidade começa a cair porque você

tem outros problemas. Aí é a psicóloga que cuida, não é? A maior parte de nós

conversamos de tudo com nossos médicos. Mas isso também depende do profissional,

se vai querer saber seu dia-a-dia, se você está tomando o remédio direitinho, se

melhorou ou não melhorou, quando receita algum remédio fora do coquetel, se fez o

tratamento; se você acabou de perder um filho e está sofrendo, o que pode cortar todo

o efeito da medicação, saber os aspectos psicológicos. Isso principalmente por parte do

infectologista, mas às vezes também outros médicos conversam com a gente. Quando

chegamos para consultar, às vezes os médicos já estão até com o receituário

preenchido, mas perguntam como estamos, examinam a gente, conversam com a

gente, às vezes até mesmo sobre outros assuntos, diferentes só da consulta. Às vezes,

nossos médicos pegam no nosso pé ou puxam nossas orelhas, por causa da pressão

alta, ou por causa dos remédios. A maioria de nós tem intimidade com nossos médicos,

intimidade de chegar na consulta, tirar a roupa, fazer o exame. Falamos de nossas

vidas com eles, como se eles fossem amigos.”

“Nem todos agem assim. Um de nós não tem essa intimidade com sua médica, mesmo

sendo acompanhado rotineiramente aqui no CRT há três anos, só agora está

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conseguindo maior aproximação com as pessoas do ambulatório. Neste caso, conversa

tudo com a médica, mas só aquilo relativo à doença.”

Sobre a questão de poderem procurar seus médicos de referência, no caso de

necessidade antes da próxima consulta agendada, relatam que são orientados a

procurar o PA nesses casos.

“Se nós temos algum problema de saúde antes de nossa próxima consulta agendada,

nós não podemos procurar nossos próprios médicos. Nesse caso, temos que procurar o

Pronto Atendimento (PA). Em alguns casos, alguns médicos combinaram que se surgir

um imprevisto e quiser adiantar ou adiar a consulta, podemos ligar com antecedência e

remarcar. Mas no caso de consultas imprevistas, por causa de alguma intercorrência,

não tem encaixe, nesses casos nós temos que procurar o PA.”

Quanto a terem a possibilidade de interferir em seus tratamentos, quanto a se

suas opiniões são levadas em consideração, os pacientes se sentem ouvidos por

seus médicos.

“Nós achamos que os médicos daqui do CRT conversam com a gente, perguntam nossa

opinião, querem saber o que achamos, levam em consideração para decidir nossos

tratamentos, decidimos juntos. Nós tendemos a seguir o que os médicos acham, pois

achamos que eles sabem o que é melhor para a gente.”

“O começo do tratamento com os remédios é difícil. Remédios horríveis, difícil de

engolir. A maioria de nós teve dificuldade pra tomar a medicação. Tem problema de

gosto, de não misturar com a comida, etc. Mas, todos nós concordamos que nossa

opinião sobre os efeitos colaterais é levada em consideração por nossos médicos.”

Fazer projetos terapêuticos singulares

Reconhecer a singularidade dos pacientes

Grupo

focal de

médicos

Os médicos referem não saber o que significa o conceito de Projeto Terapêutico

Singular, mas relatam que a decisão terapêutica é individualizada, levando-se em

consideração os fatores de cada paciente, inclusive conversando com os

pacientes os prós e contras de cada medicamento, de iniciar-se o tratamento, etc.

Uma característica desses planos terapêuticos que os médicos elaboram é serem

aparentemente restritos a questões biomédicas, sem considerar proposições para

questões subjetivas ou sociais. Existem exceções, como na abordagem de

pacientes com condições específicas, como moradores de rua ou pacientes

usuários de drogas com dificuldade de adesão. Nesses casos, os médicos

solicitam ajuda dos psicólogos ou assistentes sociais, abordando essas questões

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nos projetos destes pacientes.

“Não sabemos o que significa o termo “projeto terapêutico singular”, mas escolhemos

o esquema de tratamento junto com o paciente. Não há receita de bolo, depende de

cada paciente. Temos que ver que horas ele dorme, que horas acorda, com que

trabalha, o que gosta de fazer, para só então definir como ele vai tomar o

antiretroviral. Falamos os prós e os contras de cada medicamento, damos opção e

discutimos com ele, a menos que ele tenha um nível sócio-cultural que dificulte muito

essa discussão, e adequamos o tratamento à vida do paciente. Além do medicamento,

conversamos sobre atividade física, sobre questões estéticas, e outras questões como

colesterol, triglicérides, toxicidade, capacidade cardiovascular, etc. Na verdade,

fazemos planejamento terapêutico, programa terapêutico individualizado o dia inteiro,

é o que a gente mais faz.”

“Consideramos vulneráveis os pacientes usuários de drogas pesadas, alcoólatras,

trabalhadores de rua que não têm consciência da sua necessidade de usar

preservativo, moradores de rua. Mas vulnerabilidade pode ser também aquele

imunossuprimido que está muito grave, ou o oportunista, ou aquele que está muito

falido. É muito difícil quando sabemos que para o paciente está chegando o fim.”

Nos casos de drogadicção, eles relatam a abordagem de redução de danos, como

maneira de não perder os pacientes, o que pode ocorrer se eles insistem demais

no abandono da droga. Também relatam a importância de incluir o cuidador nos

casos de pacientes com grave perda de autonomia.

“Para lidar com a vulnerabilidade social, muitas vezes tentamos tirar a pessoa da

droga, por exemplo. Mas não adianta, até arriscamos perder o paciente, pois ele pode

começar a mentir para nós. Então, negociamos com ele: use a droga, mas não deixe de

tomar o remédio! Temos vários pacientes usuários de drogas pesadas que estão com a

carga viral controlada. Ou os pacientes moradores de rua, por exemplo. Nesses casos é

muito importante a equipe estar presente: a assistente social para resolver a questão

da moradia, vendo a questão dos medicamentos, alimentação, cesta básica; o

psiquiatra, a psicóloga resolvendo a questão da drogadicção. Temos que encaminhar

para esses profissionais, transferir um pouco o problema, pois não conseguimos

resolver tudo sozinhos. Ou para um paciente que não está aderindo, que não sabe gerir

a própria vida, temos que arrumar um cuidador, alguém da família que possa ajudar, e

quando não tem família, um de nós já tentou até resgatar um tio, um primo que

pudesse vir à consulta. Têm pacientes que têm uma doença atrás da outra, e aí não

temos para onde encaminhar, o PA não tem internação. Ou o paciente que tem

demência relacionada com o HIV, então ele esquece de tomar o remédio, tem de

envolver muito a família, cuidar igual criança. Temos o grupo de adesão, mas ele só

funciona para quem tem cabeça boa e não adere. Para quem não tem cabeça boa e

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não tem condição de cuidar, tem que ser um cuidador mesmo.”

A diversidade de pacientes no CRT é ainda maior que em outros serviços, por

tratar-se de serviço de referência para onde acorrem muitos pacientes de bom

poder aquisitivo e nível de educação formal mais elevado, o que impõe formas

de abordagem diferentes para cada paciente.

“Nós aqui no CRTA atendemos o espectro da população brasileira. Atendemos desde o

sem teto, o sem nada, até o caixa de banco, dona de casa, até médico e empresário da

Avenida Paulista. É diferente como lidamos com esses vários pacientes, a linguagem, a

forma de abordar. Alguns de nós achamos mais difícil atender o de cima do que o de

baixo. Para o mais simples, o mínimo que você faz ele já fica ultra-agradecido, quando

melhora vem trazer um bombonzinho que ele tirou do que ele come para te dar. Os

mais esclarecidos vêm cobrar a última novidade da internet, ficam exigindo mundos e

fundos, às vezes a consulta já terminou e eles ficam perguntando, requerendo

inúmeras coisas. Alguns de nós atendemos pessoas de classe social bem alta, já

recebemos até uísque de presente, tese de doutorado, trocamos informações sobre

viagens internacionais. Já outros de nós atendemos em maioria pessoas de nível bem

baixo, os presentes que ganhamos são latinha de coca-cola, paninho de prato. Não há

critério de divisão desses pacientes, é aleatório e os pacientes podem escolher o médico

também.”

Grupo

focal

multiprof

issional

No grupo focal multiprofissional, aparece uma descrição de situações onde

seriam feitos Projetos Terapêuticos Singulares (PTS), mas são descritos numa

alusão a abordagens realizadas pela equipe do ambulatório, onde em conjunto

com as instâncias de gestão do serviço, são tomadas decisões inclusive

administrativas, especificamente para casos de pacientes muito especiais do

CRT, aqueles que estão causando grandes transtornos no serviço. Nesse sentido,

esse relato evidencia uma apropriação equivocada do conceito de PTS,

destituído de sua essência e usado para nomear justamente aquilo que se queria

superar, como bem nos chamou a atenção o Prof. Dr. Juarez Pereira Furtado.

“Em algumas situações, já pensamos em realizar atendimentos conjuntos entre médico

infectologista com psicólogo, ou psicólogo com assistente social. Essas indicações

apareceram nos casos mais difíceis, ou os que não aderem ao tratamento psicológico,

por exemplo. Mas isso não é uma prática comum no ambulatório, embora percebamos

ser bem interessante em algumas situações.”

“Os Projetos terapêuticos também são realizados somente em casos graves ou

problemáticos que mobilizam a equipe toda ou que faz a equipe brigar muito entre si. É

muito interessante ver como os casos ficam bem amarrados com este tal de PTI. Temos

um exemplo bem interessante de um paciente que fez o maior barulho aqui dentro e ai

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a equipe fez um PTI, sentou com ele e falou: “Fulano, perdemos a confiança em você

devido sua atitude e a partir de agora, durante seis meses, você só entra aqui quando

tiver um procedimento agendado e só circula acompanhado de um segurança. Se

sentirmos confiança em você novamente você fica liberado, mas nesse período você

ainda pode ser suspenso e receber alta.””

É chamada a atenção para que mesmo nos raros casos em que se construiu o

PTS, a sua elaboração não se deu através da participação dos profissionais da

equipe, fazendo uma construção conjunta. Outro ponto que é destacado é que os

pacientes nunca participam da elaboração do PTS, sendo “comunicados” do

projeto.

“Salientamos que o PTI é sempre individual, depende do problema do indivíduo e vai

ser pensado de modos diferentes conforme a situação. Através do PTI, temos que

encontrar uma solução para o caso junto com a equipe, embora nem sempre a equipe

de referência participe conjuntamente na construção deste projeto.”

“Os pacientes nunca participam destas construções, são comunicados por um

profissional a respeito do que foi pensado para ele. Alguns de nós pensamos que o PTI

serve mais para apagar incêndio, para questões muito pontuais, emergenciais. Neste

sentido, sentimos que não temos boas respostas com o projeto, em relação à

emancipação e impacto na vida do paciente.”

“Temos diferentes concepções sobre o PTI: alguns pensam que ele necessariamente

deve ser uma intervenção, que possa trazer mudanças para a condução do caso.

Outros entendem que ele não significa necessariamente uma intervenção, mas só o

fato da equipe discutir o caso, já elucida pontos cegos abrindo caminhos na condução

do caso.”

“Não temos um protocolo para os casos considerados de maior risco e/ou

vulnerabilidade. Tratamos com muito cuidado, principalmente aqueles pacientes com

perfil perverso. Alguns nos sentimos em uma situação mais cômoda, pois jogamos a

bola para os psicólogos... mas a equipe da manhã já fez várias discussões a respeito

destes casos e a indicação é sempre discuti-los bastante!”

Grupo

focal de

pacientes

Não abordou o assunto

Respeito à privacidade dos pacientes

Respeito aos pacientes

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Grupo

focal de

médicos

Segundo os médicos, um valor institucional do CRT é o da não discriminação

dos pacientes, a acolhida universal e o respeito intransigente aos direitos dos

pacientes. Isso chega a incomodar aos médicos, que acham que ocorre exagero

em algumas situações.

“Um aspecto que manteríamos também, que é um aspecto institucional, é a abertura

do CRTA, a não discriminação, a acolhida universal, a acolhida aos excluídos, a maneira

como todos são tratados aqui. Até um pouco exageradamente bem tratados em

detrimento de nós profissionais. É o paciente na frente. Já houve uma situação em que

um de nós foi agredido por um paciente e a diretoria pegou o paciente no colo, mas

ninguém foi perguntar ao profissional o que tinha acontecido, como ele estava se

sentindo.”

“Além disso, quando é o “paciente-problema” a coordenação tenta colocar com os

médicos considerados mais enérgicos. E dos quatro mil pacientes que temos, tem uns

dez ou quinze que barbarizam o CRTA. São os mais excluídos da sociedade, que nunca

tiveram nada na vida. Aí um dia eles adquiriram o HIV e chegaram aqui, e quando eles

chegaram eles foram tratados com respeito e eles viram que tinham direitos. E esses

pacientes começaram a exigir e chegaram num nível de exigência que não tem fim, eles

querem mais e mais. Eles barbarizam a instituição e a instituição fica de cabelo em pé.

Algumas medidas são tomadas, inclusive bloquear o paciente, mas isso só depois de

chutarem a diretora, de dar bolsada na cara da dermatologista... Mas são só dez ou

quinze pacientes.”

Grupo

focal

multiprof

issional

No grupo multiprofissional, de forma interessante, surge o reconhecimento dos

preconceitos dos profissionais quanto a algumas situações encontradas com

freqüência no CRT (por exemplo, homossexualidade, uso de drogas, etc.) e de

como isso interfere na atenção aos pacientes, e o quanto ao se reconhecer esses

preconceitos, pode-se lidar com eles de forma mais positiva.

“Em relação aos preconceitos, precisamos aprender a separar as coisas, pois cada um

de nós temos os nossos valores pessoais que vem de nossa formação. Mas temos que

respeitar a condição do outro, não julgá-lo e não deixar os nossos valores interferirem

naquela determinada situação. Mas, muitos de nós temos preconceitos, principalmente

em questões relacionadas à homossexualidade ou transtorno de conduta social, como

no caso do paciente que não sente culpa pelo que faz e tem prazer em transmitir o

vírus e tudo mais. Mas, no geral, atendemos os pacientes da forma como gostaríamos

que fôssemos atendidos, tentando sempre aprender a lidar com os preconceitos que

surgem.”

Grupo

focal de

Um dos problemas apontado como falta de respeito aos pacientes foi o da

proximidade da portaria em relação à rua, de forma que os pacientes, ao se

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pacientes identificarem na recepção, ficam constrangidos de serem vistos por conhecidos

que porventura passem na rua. Outra questão muito reiterada é a dos constantes

atrasos nos horários das consultas, que parece ocorrer com freqüência.

“Uma coisa que poderia mudar é o local da recepção, ser num local mais reservado, de

forma que quando chegássemos, na hora de se identificar, não ficássemos tão

expostos, perto da rua. Um de nós acha muito constrangedor o guardinha parar a

gente na porta, pedindo o nome e o local para onde vamos. Isso não precisava ser feito

ali, podia ser em local mais reservado, porque nos inibe.”

“Um problema daqui é a demora para o atendimento, os atrasos nas consultas, alguns

médicos chegam muito atrasados, não tem muito respeito com a questão de horários.

Isso acontece com os médicos infectologistas, mas também com alguns especialistas.

Uma coisa que nós percebemos é que apesar de ter hora marcada, as pessoas são

chamadas por ordem de chegada. Por isso, algumas vezes, alguns de nós chegamos

mais cedo, para sermos atendidos antes da hora e ficarmos livres da consulta.”

Conhecer/interagir com os recursos disponíveis no território e Interação com ONGs

Interação com as equipes da atenção básica

Contato com médico/enfermeiro do hospital no caso de internações de pacientes da equipe

Relacionamento direto com especialistas do CRT, com discussão dos casos em conjunto, de

forma não burocrática

Grupo

focal de

médicos

Não abordou o assunto

Grupo

focal

multiprof

issional

Não abordou o assunto

Grupo

focal de

pacientes

Os pacientes relatam que a interação com os recursos de seus locais de moradia

é muito pequena, pois muitos pacientes não querem ser identificados como

infectados pelo HIV em suas comunidades. Também por isso, não costumam

freqüentar os Centros de Saúde. Outro motivo para não utilizarem outros

serviços de saúde é uma crença muito forte na diferença de capacitação técnica

dos profissionais do CRT de lidar com pacientes infectados pelo HIV.

“Não sabemos de outros espaços fora do CRT que pudessem oferecer esse tipo de

apoio. Achamos que na comunidade próximo de casa as pessoas não procuram apoio

por causa do preconceito, não querem ser identificadas.”

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“A maioria de nós não se trata em outro lugar. Um de nós se trata também no Centro

de Saúde perto de sua casa. Achamos que os médicos daqui estão mais orientados

para lidar com pacientes portadores de HIV. Os infectologistas daqui, e mesmo os

especialistas, por exemplo o dermatologista conhece bem as lesões, os efeitos

colaterais dos remédios, as doenças mais características. O profissional lá de fora não

está lidando só com HIV, então o universo dele é diferente do profissional aqui dentro.

Em alguns casos, falta uma especialidade que não tem aqui dentro do CRT, que você

precisa se consultar fora, e aí não é a mesma coisa, não dá a mesma segurança.”

A participação nas ONG também é referida como baixa, principalmente pelas

condições de participação que elas colocam para os pacientes.

“Quanto às ONG, achamos que elas exigem muito, fazem muitas condições para

participar, cobram que você vá independente de se sentir com vontade, não deixam

que você defina sua participação; ou você faz como eles estabelecem ou não pode ir.

Não achamos isso legal.”

Quanto à questão de se seus médicos discutem seus casos com outros

(especialistas ou médicos da internação), alguns pacientes acham que eles

discutem, mas outros referem que não devem discutir, pois eles sempre

perguntam como foi a consulta e ficam lendo os dados nos prontuários dos

pacientes; eles acham que a conversa entre os médicos se dá por meio do

prontuário.

“Nós achamos que os médicos daqui conversam entre si, para discutir o nosso caso. A

maioria de nós acha que eles conversam, pelo menos se for um caso mais complicado,

precisando muito de um especialista. Ou no caso de ter vários especialistas, o

infectologista procura os outros, para poder fazer um pacote. Ou pelo menos escrevem

no prontuário as coisas mais importantes de passar para os outros. Então, tudo que

acontece com a gente, independente de qual seja o especialista, está no prontuário e o

infectologista sempre dá uma olhada da última vez que ele escreveu para a data atual,

se aconteceu alguma coisa nesse período. Achamos que se é daqui de dentro, se for o

caso, eles discutem. Mas, fora daqui...”

“Um de nós acha que não é muito assim, que eles não discutem não. Pois sempre que a

médica o atende ela fica conversando e folheando o prontuário, vendo o que está

escrito. Então, ele acha que são muitos pacientes diferentes a cada dia. Um exemplo é

que sua médica toda vez que lhe encontra pergunta “E aí, o remédio, como está indo?”,

sendo que ele nem toma remédios, e durante três anos toda vez ele fala para ela:

“Doutora, eu não tomo remédios!”. Alguns de nós ao ouvir essa história inclusive

pensamos que se fosse conosco iríamos mudar de médico.”

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Estimulação dos pacientes para que consigam maiores graus de autonomia

Comprometimento da equipe de referência com a constituição de rede social de apoio aos

pacientes (familiares, colegas, outros) que atenda suas necessidades de maneira adequada

Grupo

focal de

médicos

No grupo focal de médicos é levantada a questão da inexistência de trabalhos

dirigidos aos familiares dos pacientes.

“Conhecemos também as famílias e seus problemas, apesar de não haver no CRT um

trabalho específico voltado para elas. Não temos um suporte para o acompanhante

que não é portador. Tecnicamente nós poderíamos encaminhar um familiar para a

psicoterapia daqui, mas elas não aceitam. Achamos que seria importante um trabalho

de grupo para as famílias. O problema do contato corpo a corpo, os parceiros que

muitas vezes têm medo de serem infectados, os filhos que são informados da doença

dos pais, começam a ter baixo rendimento escolar, perdem o respeito pelos pais...”

Grupo

focal

multiprof

issional

Não abordou o assunto

Grupo

focal de

pacientes

No grupo focal de pacientes a questão da autonomia é debatida somente no

relacionado ao quanto a doença lhes causou limitações. Mas não tratam da

questão de se as equipes poderiam apoiá-los a lidar com isso e como.

“Nós achamos que a infecção pelo HIV causa muita limitação em nossas vidas. A

principal delas é causada pelos medicamentos. Ter que tomar os medicamentos todos

os dias, várias vezes ao dia, muitos medicamentos. Enjoa.”

“Fora a questão dos remédios, que todos aqui que tomam acham que causa limitação,

sobre o restante não temos acordo.“

“Alguns de nós achamos que fora os remédios é como se fôssemos pessoas normais,

sem nenhum outro tipo de constrangimento. Até esquecemos que somos HIV

positivos.”

“Outros de nós achamos que a infecção mudou completamente nossas vidas, que

agora apenas sobrevivemos. Um de nós, após a infecção, deixou de fazer várias coisas

de que gostava (mergulhar, andar de moto, andar de bicicleta), não consegue fazer

nada. Isso devido aos problemas das doenças ou efeito dos remédios que passou a

sofrer, pressão alta, labirintite, tudo que termina com “ite”.”

Quanto à questão da rede social, relatam que vários pacientes não possuem com

quem compartilhar seus problemas, sendo comum que não consigam contar para

seus familiares ou companheiros sua condição de portadores do HIV.

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“Vários de nós moram sozinhos, não temos ninguém com quem compartilhar nossa

condição de soropositivos. Alguns de nós não contamos para nossas famílias. Uma de

nós precisou muito do apoio da equipe do CRT no início da doença, quando ainda não

sabia se seu marido estava infectado ou não. Acha que o apoio dos profissionais do

CRT, principalmente o psicólogo, foi fundamental para enfrentar as dificuldades dessa

fase.”

Avaliação pela equipe de referência da adesão dos pacientes ao tratamento

Realização de atividades em grupos de educação em saúde pelos profissionais do

ambulatório do CRT

Grupo

focal de

médicos

No grupo focal de médicos, os relatos apontam a necessidade de se abordar as

questões subjetivas dos pacientes para obtenção de uma boa adesão aos

medicamentos. Relatam a dificuldade de fazer isso, principalmente relacionando

ao tempo de consulta e à necessidade de realização de grande número de

consultas. Uma alternativa citada é de irem constituindo essa abordagem aos

poucos, no decorrer dos atendimentos, uma vez que existe a horizontalidade do

cuidado, com seguimento pelo mesmo médico.

“Em nossos atendimentos, alguns de nós priorizamos a abordagem da qualidade de

vida dos pacientes, pois não adianta ele tomar remédio se ele não aceita a

homossexualidade dele por exemplo. Porque se ele está bem, ele vai tomar o remédio

direitinho, a carga viral vai ficar controlada, o CD4 vai subir, e ele vai trabalhar, vai

produzir, vai passear. E a gente não consegue uma boa adesão se o paciente não

aceitar o HIV em si. Pra gente ter sucesso, a gente precisa que eles tomem, é por isso

que a gente entra tanto na vida deles, para ajudá-los a aceitar e enfrentar. Outros de

nós sistematizamos a consulta para concentrar e otimizar o tempo. Então, primeiro

abordamos os aspectos psicológicos principais. Como já conhecemos os pacientes, já

sabemos dos seus principais problemas e como abordá-los. Depois, vamos para os

aspectos referentes à saúde, hepatotoxicidade, exames, etc. E depois vem a questão

social, do álcool, do passe, etc. Sempre, ao final, achamos importante parabenizar,

estimular, mostrar uma coisa positiva. Já outros de nós achamos que o paciente vem

ao CRT pela saúde especificamente, então a primeira abordagem é essa questão: ver

exames, carga viral, adesão, medicamento, efeitos colaterais, etc. Depois é que vêm

todas essas questões de qualidade de vida, de como a pessoa se coloca na sociedade,

se está trabalhando, isso é muito importante, e por fim a profilaxia secundária, a

responsabilidade na propagação ou não da infecção. Não temos tempo para fazer tudo

isso, não conseguimos abordar tudo em meia hora, temos que preencher muito papel

burocrático. Porém, podemos abordar isso tudo ao longo, pois conhecemos os

problemas de cada paciente.”

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Quanto ao trabalho com grupos de pacientes, os médicos se limitam a expressar

certa desconfiança.

“Tem psicóloga que quer colocar todo mundo em terapia de grupo e tem paciente que

não concorda...”

Grupo

focal

multiprof

issional

No grupo focal multiprofissional surge a questão do encaminhamento aos

psicólogos e aos grupos de adesão como possibilidade de abordagem da baixa

adesão ao tratamento.

“Os casos ‘não aderentes’ a gente sempre encaminha para o psicólogo ou para os

grupos de adesão, mas eles acabam sempre de volta no acolhimento porque faltam

nas consultas. Então, utilizamos outros recursos, um deles é negociar o caso com a

gerência, embora não somos todos que concordamos com isso. Preferimos tentar

resolver com a própria equipe, discutindo o caso.”

“Os casos muito complexos demandam muito trabalho e não adianta tentar resolver

com um ou dois profissionais, tem que acionar a equipe de referência, senão nosso

trabalho fica muito furado ao longo do tempo.”

Grupo

focal de

pacientes

Os pacientes referem a importância dos grupos como possibilidade de uns

apoiarem os outros, compartilharem suas dúvidas e experiências.

“Nós achamos que uns pacientes podem apoiar outros, assim como aconteceu neste

grupo aqui, onde começamos a conversar sobre coisas que eram importantes para

alguns de nós. Nós sabemos que existem alguns grupos aqui no CRT, grupos de adesão

da medicação; achamos que deve ter ou que poderia ter algum grupo para conversar

sobre outros temas. Achamos que nossos médicos deveriam passar para a gente: “Olha

você deveria participar do grupo tal!” Todos achamos isso importante. Achamos que

todos passam pelo infectologista, nem todos pelo psicólogo nem pelo psiquiatra, por

isso o médico deveria saber os grupos existentes e procurar encaminhar seus pacientes

para resolver algum problema pessoal ou outros tipos de problemas. Achamos que

essa é uma forma muito importante de terapia. Que é muito importante ter essa troca

de experiência. “Tem gente chegando, se sentindo na pior, precisava saber, está

começando o tratamento. Tem outras que já estão há 10 anos, já passaram por tudo

aquilo, já sabem. Então, fica mais fácil a pessoa passar experiência e a outra aceitar,

porque já sabe que foi igual ao que ela está passando, né?” Um de nós aponta que

além disso, tem grupos de acupuntura, grupo para largar o cigarro, sessões de Reiki,

que basta ver no mural que fica no quadro de avisos, tem um monte de ofertas. Apesar

disso, nenhum outro de nós sabia desses grupos, e achamos que podia ocorrer o

convite para participar, ser mais divulgado.”

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Avaliação da qualidade do ambulatório do CRT

Grupo

focal de

médicos

No grupo focal de médicos, ocorre o relato da qualidade dos médicos

infectologistas do CRT, tanto nas questões técnicas quanto na sua preocupação

com os pacientes.

“Entre todas as coisas que falamos que é necessário mudar, a primeira coisa que

manteríamos no CRTA é a qualidade dos médicos. Pelo menos os que estão no campo

de batalha, na linha de frente, que é a equipe do ambulatório, do PA, do HD e até a

da enfermaria são pessoas que estudam, que se preocupam com o paciente. Não

estão só preocupadas com o academicismo, com a última moda. Se preocupam com

o paciente como um todo, e é por isso que a gente se angustia tanto.”

Grupo

focal

multiprofis

sional

No grupo multiprofissional, existe uma visão mais crítica da qualidade do

trabalho.

“Se tivéssemos que avaliar nosso trabalho, ora atribuímos nota sete, ora atribuímos

nota zero. Pensamos que evoluímos muito em alguns aspectos, mas em outros ainda

há muito que ser feito e é muito difícil se abrir para um modelo novo, principalmente

quando a gente está no setor público. Mas, no geral, mesmo sendo trabalhoso e

sofrido, achamos nosso trabalho gratificante, mas muito mais pela instituição que

trabalhamos, pois se formos comparar com os outros serviços de AIDS do SUS, a

realidade é bem diferente: não funcionam por falta de recursos e os princípios do SUS

estão muito distantes do que deveriam ser.”

Grupo

focal de

pacientes

A avaliação do serviço pelos participantes do grupo focal de pacientes foi em

grande parte centrada na avaliação dos médicos infectologistas, considerados

excelentes. Surgiu o relato de dificuldade quando os pacientes não se adaptam

com os profissionais de sua equipe de referência (em especial assistente social

ou psicólogo) e não podem ser atendidos por outro profissional. Nesse sentido,

a equipe de referência tem um papel de constrangimento.

“Nós somos pacientes do CRT há muitos anos, entre seis e nove anos. Nós achamos

que o atendimento aqui no CRT é ótimo, o dentista, o atendimento no PA, quando

estamos doentes, é um atendimento diferenciado, você não encontra no SUS um

atendimento como este. Seria muito bom se todo mundo pudesse ter um

atendimento assim. É diferenciado na educação dos profissionais com os pacientes,

sabem conversar com os pacientes, dar informações, tentam resolver seus

problemas... Nosso relacionamento é mais com o médico infectologista que nos

atende.”

“Nós achamos que o tratamento aqui é muito bom, e que nos é oferecido

praticamente tudo de que precisamos. Além disso, sabemos que os médicos daqui

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são muito bons, os melhores, não só os infectologistas, mas também alguns

especialistas.”

“Quando acontece de sermos maltratados por algum profissional, como por exemplo

pela assistente social da nossa equipe, a gente acha que não tem a opção de trocar

de assistente social, ou de psicólogo. Então, para quem se sente mal atendido, não

tem jeito, ele passa a procurar aquele profissional apenas para casos de muita

necessidade, de forma burocrática, pois não tem bom relacionamento. Achamos que

isso interfere no nosso tratamento.”

“No geral, achamos que todos os profissionais são muito gentis conosco, os casos de

profissionais que nos tratam mal são exceções, mas nos incomoda muito quando

acontece.”

Avaliação e discussão sobre a percepção de cada profissional sobre o que dá prazer no

trabalho e aquelas tarefas que são mais penosas, tentando levar em consideração estas

variáveis no momento de pactuar suas ações e responsabilidade

Capacitação e educação permanente dos profissionais do ambulatório do CRT

Grupo focal

de médicos

Os médicos referem que não é feita nenhuma avaliação desse tipo. Relatam

que o trabalho no CRT é extremamente extenuante, que a carga de trabalho e

emocional é muito alta e que recai quase exclusivamente no médico. Acham

que as equipes de referência não funcionam, que os psicólogos e assistentes

sociais não cumprem seus papéis e que não existe nenhum espaço para se

fazer essa discussão.

“A gente precisa de uma terapia, de um apoio para agüentar essa carga, uma

terapia de grupo. A gente não encontra ninguém, somos só nós ali, nós e o paciente.

Não agüentamos mais... Vários de nós pensam freqüentemente em ir embora. A

gente pensa: o que é que estamos fazendo com a nossa vida? Porque saímos do CRT

moídos, detonados.”

“Chega o momento em que o paciente vai esbarrar ou numa dificuldade social, ou

psíquica, etc., que nós não temos como intervir além do que já foi feito. Sentimos

que falta integração para a equipe de referência funcionar. Falta eles entenderem

que eles têm que assumir o paciente como um todo, sem jogar a responsabilidade

ou a decisão final necessariamente para o médico. Às vezes o paciente está com

alguma dificuldade e o que a equipe faz é o mandarele falar com o médico e mudar

o esquema de tratamento. Ninguém nunca vem conversar com a gente, tentar

entender a situação, resolver junto. Não tem diálogo, os problemas que precisam

ser resolvidos nunca chegam para nós através do profissional, chegam através do

paciente, para que a gente resolva. E a gente tem que ir até o limite, até o limite de

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poder perder o paciente, até nosso próprio limite também. Não sabemos por que

existe a equipe multidisciplinar, ela não existe, ela não sai do papel. Achamos muito

interessante essa pesquisa que está nos ouvindo, mas achamos que é uma pesquisa

baseada no que não ocorre, se algo melhorou ou não melhorou a partir da

implantação de uma coisa que não saiu do papel. Isso é complicado.”

Grupo focal

multiprofissi

onal

No grupo multiprofissional chamam a atenção para o fato da instituição CRT

constituir-se em um grande referencial de qualidade, de exemplo de política

pública que deu certo, o que funciona como um fornecedor de identidade para

os profissionais, gerando mesmo uma aderência narcísica poderosa.

“Não conseguimos pensar somente no ambulatório, mas sim no CRT, pois muitos de

nós trabalhamos aqui desde que este lugar foi fundado. Gostamos muito do nosso

trabalho, fazemos parte de um programa que é modelo mundial, que gera políticas

públicas, que tem uma diretoria muito comprometida, tudo isso faz essa instituição

pulsante e achamos raro isso acontecer no serviço público. Vemos que o CRT tem

uma identidade muito forte, o que é muito interessante, além de fazer um sentido

imenso para nosso envolvimento com o trabalho, apesar das inúmeras dificuldades

que enfrentamos.”

Por outro lado, são críticos quanto à inexistência de condições mais

apropriadas de trabalho, que gera um nível de desgaste muito intenso e

desestimula os profissionais a aderir aos projetos da instituição, ainda quando

sejam para melhorar as condições de trabalho.

“Normalmente os profissionais que estão na saúde pública são onerados com dois

tipos de situações: uma demanda muito grande e salários muito baixos que os

obrigam a ter mais de um emprego. Isso gera cansaço que leva as pessoas a não se

apropriarem de outras responsabilidades, como de um trabalho interdisciplinar,

mesmo que trouxesse um enriquecimento, facilitando o próprio trabalho. Achamos

que isso tem uma importância grande quando pensamos na eficiência ou não do

trabalho com a clínica ampliada, porque tendemos a ver esses problemas como

nossa responsabilidade: “nós que somos relapsos, ou, todo mundo é muito

desinteressado, ninguém quer aprender nada, ninguém quer melhorar nada”. E

vemos que não é bem assim, muitas vezes o profissional está tão desgastado que

não agüenta mais.”

Apontam a potência de estratégias de supervisão institucional (os psicólogos e

os assistentes sociais estão recebendo supervisão institucional por

profissionais de suas áreas contratados para isso), embora reconheçam nisso

um risco de aumentar a fragmentação do trabalho, pois essa supervisão é feita

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por dentro de cada categoria profissional e não envolve as diversas profissões

nem as equipes multiprofissionais.

“Alguns de nós, psicólogos, nos sentimos super estimulados para o trabalho por

que temos supervisão institucional com um psicanalista. Estamos em um momento

na supervisão de pensar a questão institucional, então, achamos que esse é um

fator para não nos sentirmos tão estressados com o trabalho, como vemos colegas

de outras áreas ficarem... Outros de nós, assistentes sociais também temos

supervisão institucional, que deixou o trabalho mais suave, mais fácil de conduzir,

melhorando bastante para nós. No entanto, percebemos que as maneiras como os

núcleos profissionais se sustentam, com supervisões institucionais separadas,

contribuem para fragmentar ainda mais a equipe e a proposta da clínica ampliada.”

Grupo focal

de pacientes

Não abordou o assunto

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Abordagem

compreensiva do

material empírico

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ABORDAGEM COMPREENSIVA DO MATERIAL EMPÍRICO

Participação nas discussões para implantação do projeto de Equipe de Referência e

Clínica Ampliada no CRT e concordância com as diretrizes do projeto

A grande maioria dos profissionais participou em algum grau das discussões para

implantação do projeto: 72% dos profissionais pontuou alguma nota entre 2 e 10 para sua

participação nas discussões. Apenas 28% dos profissionais afirmaram não ter qualquer

participação nessas conversas. A percepção de participação dos psicólogos é

significativamente maior que a percepção dos demais profissionais. Também a percepção

de concordância com os princípios e diretrizes do projeto é mais elevada entre os

psicólogos que entre os demais profissionais do ambulatório do CRT.

Quando perguntados em questão aberta sobre 3 a 5 objetivos/finalidades do projeto, os

profissionais indicaram inúmeros objetivos/finalidades. Todos os objetivos/finalidades

apontados indicam uma visão positiva do projeto, ao menos no que concerne às suas

finalidades. Nenhum objetivo/finalidade apontado tem uma conotação de prejudicar o

serviço, os profissionais ou os pacientes.

Vários dos principais conceitos do projeto, a saber, os relacionados à criação de vínculo

entre profissionais e pacientes, ao trabalho em equipe multiprofissional e à ampliação da

clínica com incorporação da singularidade das condições subjetivas e sociais do sujeito

doente estão entre os conceitos que apareceram com maior freqüência. Na maioria das

vezes, estes objetivos foram colocados de forma a oferecer elementos de apropriação do

conceito, mas algumas vezes foram listados de forma quase tautológica – pergunta:

objetivos do projeto de equipe de referência e clínica ampliada; resposta: implantar equipes

de referência.

Alguns profissionais indicaram objetivos/finalidades de forma bastante vaga, por exemplo

“melhorar a qualidade do atendimento ao paciente”, sem entrar em detalhes de como o

projeto poderia obter essa melhora. Algumas vezes, estes objetivos foram apontados junto a

outros mais específicos, demonstrando algum conhecimento sobre o projeto, outras vezes

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vieram acompanhados de outros temas também vagos. De qualquer forma, foram objetivos

colocados positivamente, apontando para melhorias.

Apenas um profissional indicou um objetivo que não é de forma alguma relacionado ao

projeto (“desenvolvimento de novos medicamentos”).

Profissional e Equipe de referência:

No CRT, o estabelecimento do profissional de referência para cada paciente está

implantado de forma consistente, principalmente no que se refere ao profissional médico

infectologista. Em relação aos demais profissionais, essa referência não é tão bem

estabelecida, com número significativo de pacientes não reconhecendo a que profissionais

estariam adscritos.

Os pacientes depositam grande parte de suas expectativas no médico infectologista, com

quem estabelecem vínculo de forma mais consistente. Eles fazem uma avaliação muito

positiva desse vínculo, que parece advir da grande confiança que possuem na capacidade

técnica biomédica destes profissionais, o que lhes fornece a segurança de serem

devidamente cuidados do ponto de vista de sua doença orgânica.

Embora eles tenham um vínculo bem estabelecido com o médico e alguns tenham um

vínculo bem estabelecido com outros profissionais (psicólogos, assistentes sociais,

psiquiatras), este vínculo não se dá do paciente para uma equipe.

A forma como os pacientes tem percebido a atenção que recebem no CRT adéqua-se a

percepção majoritária entre os profissionais do ambulatório. Estes percebem o vínculo

centrado no médico infectologista, com processo de trabalho isolado dos demais

profissionais, cuidando essencialmente dos problemas biomédicos, com capacidade

reduzida de oferecer apoio às questões subjetivas e sociais de seus pacientes, o que gera

angústia e sofrimento nestes profissionais. Existe um conflito velado entre os profissionais

médicos e os demais profissionais das equipes, e os discursos destes grupos diferem em

relação à causa desta forma de organização da atenção, fragmentada e centrada na medicina

técnica.

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Enquanto os médicos reclamam do excesso de demanda e da falta de que “cada profissional

faça a sua parte”, os profissionais das demais categorias (psicólogos, assistentes sociais,

psiquiatras, enfermeiros) reclamam também da sobrecarga de trabalho a que estão

submetidos, por se vincularem a vários médicos infectologistas e a suas populações de

pacientes, o que acarreta um número maior de pacientes para apoiar, além da falta de

espaço de conversa dos profissionais das equipes, para que elas pudessem efetivamente se

constituir enquanto equipe.

Reunião de equipe

Não existe nenhum espaço de reunião dos profissionais das equipes de referência

constituídas no ambulatório do CRT. Os profissionais relatam que as discussões de casos,

quando acontecem, se restringem a conversas realizadas no corredor ou quando se

encontram no trajeto entre suas casas e o serviço; de outra forma, trocam impressões

através de “bilhetinhos” deixados uns para os outros. Muitas vezes, eles não reconhecem a

equipe onde estão formalmente designados e estabelecem parcerias informais para

discussão e condução conjunta de casos, de acordo com suas afinidades pessoais e

profissionais com os colegas de trabalho.

Este fato, encontrado no ambulatório do CRT, reproduz a realidade que constatamos, em

grande parte das equipes de outros serviços de saúde que investigamos (equipes de saúde da

família e de hospitais públicos de diversas cidades do país): os necessários espaços de

encontro não existem nem são construídos. Em nossas investigações anteriores, grande

parte das equipes de saúde não se reúne com alguma regularidade. As reuniões quando

acontecem são esvaziadas, não existe um compromisso dos membros da equipe de

comparecerem, contribuírem para as discussões e se envolverem, tomando deliberações de

modo conjunto e se responsabilizando pela realização das tarefas acordadas. As demandas

do cotidiano tomam o tempo dos profissionais, a prioridade acaba sendo ditada pela pressão

externa à equipe e a agenda e o trabalho das equipes vão se tornando cada dia mais formais

(Pinto, 2008a; Pinto, 2008b).

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O único espaço estruturado de reunião dos profissionais no ambulatório do CRT é o de uma

reunião semanal, que acontece em dois momentos da semana: um grupo de profissionais se

reúne na tarde de segunda-feira e outro se reúne na manhã de quinta-feira. A existência dos

dois horários que foi pensada como possibilidade de fornecer alternativas de reunião nos

dois turnos de trabalho, propiciando maior comparecimento de profissionais às reuniões,

terminou por estabelecer uma divisão muito clara do caráter das duas reuniões: na tarde de

segunda-feira se encontram os médicos da instituição para uma reunião essencialmente

clínica, enquanto na manhã de quinta-feira encontram-se os demais profissionais, com

baixo comparecimento de médicos infectologistas (apenas dois profissionais desta

categoria), e que compõem uma agenda de discussões mais interprofissional, com

abordagem mais ampliada dos casos. Mas nenhum destes espaços é espaço de reunião das

equipes de referência.

Ampliação da clínica

No estudo da percepção dos profissionais sobre a aplicação dos conceitos da clínica

ampliada e equipe de referência, foi encontrado grande percentual de concordância com

suas principais diretrizes. A maior parte dos profissionais, das diversas categorias concorda

com a importância da aplicação de quase todos os conceitos apresentados para a

qualificação do atendimento aos pacientes, não se notando diferenças na percepção entre as

diferentes categorias profissionais. No entanto, existe uma grande defasagem entre a

importância que atribuem à aplicação do conceito na qualificação do atendimento e a

percepção dos mesmos profissionais do quanto eles conseguem que aqueles conceitos

sejam aplicados na atenção aos seus pacientes no ambulatório do CRT.

De forma interessante, a diferença entre importância e aplicação dos conceitos é maior no

que se refere a vínculo e seguimento longitudinal com a equipe do que com o médico

infectologista. Este achado da parte quantitativa da pesquisa é corroborado pelos achados

das questões abertas da entrevistas e também dos grupos focais de médicos e

multiprofissional (estudo qualitativo). Este achado também é corroborado pela percepção

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dos pacientes nas entrevistas estruturadas (estudo quantitativo) e no grupo focal de

pacientes (estudo qualitativo).

Co-gestão do projeto terapêutico pelo paciente

Em relação à criação de maiores graus de co-gestão do projeto terapêutico pelos pacientes

junto com a equipe, foi feita pergunta aos profissionais sobre se combinavam com os

pacientes a forma de trabalhar. Embora 88% dessem nota 8 a 10 para a importância do

conceito, apenas 38% avaliavam entre 8 a 10 o quanto aplicavam o conceito. Do outro lado,

os pacientes avaliam positivamente sua participação nas decisões terapêuticas; 60% deles

deram nota entre 8 e 10 para a questão se eles participam da decisão sobre uso de

medicamentos e outras orientações relativas à sua saúde. Nos relatos do grupo focal, as

falas apontam no sentido de que os médicos conversam com eles, explicam as

possibilidades terapêuticas, e expõem os resultados esperados, os efeitos colaterais

esperados, etc., e que geralmente eles seguem as orientações do médico, pois “ele sabe o

que é melhor para mim”.

Abordagem das questões subjetivas e sociais

Outro ponto onde ocorre concordância nas avaliações dos profissionais e dos pacientes é

quanto à dificuldade de se abordar os fatores subjetivos e sociais dos pacientes. Os

profissionais relatam grande importância do conceito para a qualificação da assistência

(77% dos profissionais dão nota 10); no entanto, pontuam bem menos no quanto

conseguem aplicar o conceito com seus pacientes (apenas 19% dão nota 10).

Este ponto também pode ser observado nas entrevistas com os pacientes. Para todas as

questões relativas à ampliação da clínica, observa-se dois grupos de pacientes com

percepções nitidamente diferentes. Um grupo maior de pacientes, de cerca de 40% a 55%

deles, pontua 0 (zero) para as perguntas relativas ao apoio da equipe nas questões da

subjetividade e socialidade (tristezas, medos, preconceitos, sexualidade, uso de drogas,

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relação com familiares, emprego, renda, etc.). Um outro grupo, de cerca de 22% a 35% dos

pacientes, dá nota 10 para o apoio que recebe de sua equipe a essas questões.

A abordagem da sexualidade, incluindo a disponibilidade de conversar com os parceiros

dos pacientes, é valorizada por estes, como aparece no relato de uma paciente no grupo

focal, respondendo à questão sobre como ela e seu marido lidavam com a sexualidade do

casal, pelo fato de seu marido ser HIV-negativo: “No começo foi muito difícil, né? A gente ficou

assim um ano até tentar e tentar, tal. Uma hora eu me cansei e com a minha médica eu disse:

“pelo amor de Deus, vou trazer o meu marido aqui pra você falar pra ele que eu já to bem, que eu

tô curada e não comportasse como se eu fosse uma bonequinha, que eu ia quebrar.” Ele tinha

medo de me machucar. Aí, um dia, a médica, a minha infecto conversou com ele. Aí, deu uma

melhora. Mas assim, sempre com camisinha.”

No entanto, chama a atenção no relato da paciente que sua demanda no campo da

sexualidade só foi abordada pela médica depois de um ano em que ela vinha sofrendo, até

que ela se cansou e “pediu pelo amor de Deus” à médica para ajudá-la. Aquilo que deveria

ser uma oferta do serviço, o apoio que deveria ser oferecido a todos os pacientes, teve que

ser implorado para ser conseguido.

Um dado interessante é que quando avaliados de acordo com a percepção de vínculo

relatado pelos pacientes, com as equipes e os profissionais (médicos, psicólogos, assistentes

sociais, enfermeiros, etc.), o grupo que avalia melhor esse vínculo também avalia melhor o

apoio a todas as questões relacionadas à subjetividade e aspectos sociais do que o grupo

que possui pouco ou nenhum vínculo.

Estes dados podem ser discutidos junto com os relatos dos grupos focais que apontam no

sentido de uma compreensão dos médicos de que os psicólogos e assistentes sociais não

fazem a sua parte e que caberia a eles fazerem a abordagem das questões subjetivas e

sociais, respectivamente. Existe uma fala dos médicos de que esses problemas constituem

até 70% das demandas no momento atual da epidemia, quando os medicamentos

aumentaram muito a sobrevida e qualidade de vida dos pacientes. Os médicos se sentem

despreparados para fazer essa abordagem e sobrecarregados com a forte demanda de

trabalho. Acusam que tudo recai sobre o trabalho médico. Um relato que aparece

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freqüentemente é que os pacientes não querem ser tratados pelos psicólogos ou psiquiatras,

que consideram que “isso é para doentes mentais, doidos”, e que assim quem precisa lidar

com a subjetividade da maioria dos pacientes é mesmo o médico infectologista. Esse tipo

de relato também aparece nas falas de alguns pacientes e parecem indicar uma posição de

parcela relativamente importante dos pacientes.

Rocha analisa que nessa situação os profissionais de saúde não estão preparados para lidar

com a diversidade das pessoas e esta dificuldade abre espaço para a manifestação de

comportamentos discriminatórios (Rocha, 2003 apud Sadala e Marques, 2006).

Mais do que não oferecer uma ampliação dos recursos para lidar com os fatores subjetivos

e sociais do adoecimento, o processo de formação dos médicos impõe uma forte coerção

para que incorporem as premissas de objetividade da racionalidade biomédica. Em seu

processo de formação, que exige experiência e treinamento, perde-se a capacidade de ver

aquilo que possa contradizer a visão de mundo que evidencia o estilo de pensamento dos

médicos. (Santos, 2009; Guedes, 2009)

Segundo Camargo Jr. “Todo o trabalho do médico está voltado para a identificação e eliminação,

quando possível, das doenças e das lesões que as causam. Tudo o mais é secundário, inclusive o

indivíduo que incidentalmente traz a doença.” (Camargo Jr., 2003 APUD Guedes, 2009).

O processo de desvalorização desses fatores é mais complexo, de forma que não existe

também uma solução simples, como automatizar as questões a serem incluídas numa

anamnese. Um relato de observação pessoal que realizei em outro serviço de atenção à

pacientes portadores de HIV/AIDS é significativo: a anamnese extensa e cuidadosa

identifica o caso de paciente com diagnóstico recente de infecção pelo HIV, cuja descoberta

gerou grande problema de convivência com a esposa e os filhos, com depressão profunda e

já com três tentativas de suicídio nos últimos nove meses, inclusive com passagem em CTI

nos três episódios, e onde as impressões diagnósticas pontuam “quadro inicial de infecção

pelo HIV, sem comprometimento orgânico, com CD4 e carga viral normais; alcoolismo agravado

após o diagnóstico do HIV; depressão grave, com três tentativas de suicídio”, mas estranhamente

logo a seguir, no campo das condutas aparece um solitário “solicito nova dosagem de CD4 e

carga viral”.

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Como pontua Camargo Jr., “isto não quer dizer que os médicos não reconheçam a ocorrência de

fatores extra-biológicos na produção da doença; estes são, entretanto, subjugados pelo referencial

biológico.” (Camargo Jr., 2003 APUD Guedes, 2009)

Sadala e Marques (2006) relatam que seus resultados eram parecidos com os da literatura

que pesquisaram: angústia, impotência e ansiedade são os sentimentos descritos por

profissionais que atendem pacientes com HIV positivo, ao deparar-se com questões como a

morte, sexualidade e abuso de drogas, situações para as quais não se consideram

habilitados.

Este tipo de dificuldade, de despreparo dos profissionais tem sido encontrado em serviços

de todos os níveis de atenção do sistema. Também na atenção básica, a dificuldade de

ampliação da clínica tem sido encontrada, mesmo em equipes de saúde da família. Schimith

e Lima, acompanhando o trabalho de uma equipe de saúde da família, perceberam que os

profissionais de saúde da equipe de saúde da família estudada ainda trabalhavam de forma

fragmentada, com pouca capacidade resolutiva dos problemas de saúde da população de

referência, com centralização das ações clínicas nos profissionais médicos, com dificuldade

da definição dos campos e núcleos de atuação de cada profissional da equipe, e pouca

capacidade de ampliar a clínica para as questões da subjetividade (Schimith e Lima, 2004).

A importância da correta abordagem desses fatores é ainda mais evidente quando se

reconhece sua importância para a adesão dos pacientes ao tratamento. Entre os fatores que

interferem na adesão aos medicamentos antiretrovirais estão aqueles ligados aos campos

psicológico e social. Adão e Caraciolo chamam a atenção para a questão da cronicidade da

doença, sem previsão de cura, que pode levar o indivíduo a sentir-se sem perspectiva de

vida. A longa fase de ausência de sintomas pode facilitar a negação da doença pelo

paciente. Além disso, a doença “remete o portador a um mundo de medos, incertezas e

situações desconhecidas”. O estigma social existente quanto à infecção pelo HIV faz que

muitos pacientes mantenham segredo de sua condição de portador do vírus e “portar este

segredo pode gerar angústia e instabilidade emocional”. (Adão e Caraciolo, 2007)

Os pacientes também podem estar especialmente vulneráveis a situações de exclusão e

isolamento, pela segregação sofrida ou por sua própria opção, temendo as reações de seus

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familiares, companheiros e colegas. “Por tudo que a doença representa, ser portador do vírus de

HIV/AIDS provoca um impacto de complexa elaboração. A presença do vírus é percebida como uma

ameaça constante. Sentimentos de raiva, culpa, remorso, arrependimento, medo, tristeza,

angústia, castigo, depressão, negação, isolamento, barganha e aceitação alternam-se ciclicamente

em seu cotidiano.” (Adão e Caraciolo, 2007)

Além disso, estão especialmente vulneráveis a discriminação em seus locais de trabalho,

inclusive sendo penalizados com a perda do emprego devido a sua condição de saúde.

(Garrido e cols., 2007)

Disponibilidade para atender o paciente fora da agenda marcada

Segundo Adão e Caraciolo, “quando o paciente apresenta intercorrências que ele atribui aos

medicamentos, ele deve ser atendido e orientado, ainda que não tenha sido agendado

previamente. Caso ele precise esperar até a consulta marcada, o risco de interrupção do

tratamento é grande. Por isto, o fluxo de atendimento deve ser previsto de forma que o serviço

consiga acolhê-lo fora do seu agendamento de rotina, segundo as necessidades identificadas.”

(Adão e Caraciolo, 2007).

Embora o serviço tenha se preparado para atender as demandas dos pacientes em casos não

previstos de consultas não agendadas, a forma encontrada para dar conta dessa demanda foi

a estruturação de uma equipe de Pronto Atendimento (PA), que fica responsável por

atender: os pacientes que não compareceram às suas consultas agendadas, para pegar

medicamentos ou pedidos de exames laboratoriais até a próxima consulta que é agendada a

partir dessa ida ao PA; ou pacientes que tenham algum acometimento agudo ou

agravamento do quadro clínico e que precisem de consulta antes de seu agendamento. A

partir da criação dessa equipe do PA, ficou convencionado no serviço, e isso é de

conhecimento dos profissionais e dos pacientes, que os pacientes não devem procurar suas

equipes de referência fora das consultas agendadas, devendo se dirigir ao PA. Ainda assim,

vários profissionais mostram-se disponíveis a atender seus pacientes nessas situações e

muitos pacientes os procuram, e não ao PA.

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A disponibilidade da equipe para atender seus pacientes fora da agenda marcada, em caso

de necessidade, é apontada pela equipe como muito importante, mas também aqui existe

uma marcada diferença entre a importância e o quanto a equipe consegue aplicar o

conceito. Na parte qualitativa da pesquisa, foi possível perceber que existe uma

“convenção” no ambulatório de que os pacientes devem procurar o Pronto Atendimento em

caso de necessidade fora da agenda marcada, ao invés de procurar sua própria equipe.

Alguns médicos relatam que a agenda é muito cheia e que é difícil fazer encaixe. Ao avaliar

a mesma questão na ótica dos usuários, mais da metade dos pacientes afirma que nunca

tentou procurar a equipe fora da agenda, e relatam que foram orientados a procurar o PA;

por outro lado, cerca de um terço dos pacientes relata que, quando necessário, tentam

procurar sua própria equipe, e destes, cerca da metade relata que consegue consultar-se com

seu médico, fora da agenda marcada, sem dificuldade.

Quando feita a correlação entre a percepção de vínculo com o médico pelo paciente e o

procurar consultar-se em sua equipe, fora da agenda, em caso de necessidade, existe uma

correlação significativa entre as duas variáveis. Não se pode afirmar se os pacientes com

melhor vínculo se sentem mais a vontade de procurar seu médico ou se o fato do médico

dar abertura para ser procurado favoreceu a percepção de vínculo pelo paciente. De

qualquer forma, a correlação entre as variáveis confirma uma expectativa com

plausibilidade razoável.

Reconhecimento da singularidade e elaboração de Projetos Terapêuticos Singulares

Enquanto 86% dos profissionais pontuam 10 na importância de se reconhecer as condições

singulares dos pacientes na definição dos procedimentos a serem adotados, apenas 23%

deles relatam que conseguem aplicar o conceito em sua prática com seus pacientes no

ambulatório do CRT. O mesmo acontece para a questão da elaboração de projetos

terapêuticos singulares para os pacientes: embora 79% dos profissionais dêem nota 9 ou 10

para a importância do conceito, apenas 23% dão nota 9 ou 10 para o quanto conseguem

aplicá-lo. No entanto, na avaliação dos prontuários dos pacientes, nenhum registro de

Projeto Terapêutico Singular (PTS) foi encontrado e apenas dois relatos de discussão de

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caso do paciente foram encontrados. Na conversa nos grupos focais realizados com os

médicos, surge a argumentação de que embora não reconhecida formalmente como uma

aplicação do conceito de projeto terapêutico singular, a prática destes profissionais incluiria

um esforço cotidiano de reconhecer a singularidade dos pacientes e elaborar planos

terapêuticos especificamente voltados para cada um de seus pacientes, ao menos para os

mais graves, como demonstra o seguinte trecho retirado da narrativa construída a partir de

suas conversas: “Não sabemos o que significa o termo “projeto terapêutico singular”, mas

escolhemos o esquema de tratamento junto com o paciente. Não há receita de bolo, depende de

cada paciente. Temos que ver que horas ele dorme, que horas acorda, com que trabalha, o que

gosta de fazer, para só então definir como ele vai tomar o antiretroviral. Falamos os prós e os

contras de cada medicamento, damos opção e discutimos com ele, a menos que ele tenha um nível

sócio-cultural que dificulte muito essa discussão, e adequamos o tratamento à vida do paciente.

Além do medicamento, conversamos sobre atividade física, sobre questões estéticas, e outras

questões como colesterol, triglicérides, toxicidade, capacidade cardiovascular, etc. Na verdade,

fazemos planejamento terapêutico, programa terapêutico individualizado o dia inteiro, é o que a

gente mais faz.”

Note-se que embora os médicos afirmem esse tipo de trabalho, ele possui um enfoque

essencialmente voltado para as questões biomédicas, e ainda mais, voltado para questões

relacionadas ao uso dos medicamentos. Além disso, não parece estar incluído numa

perspectiva de elaboração e compromisso de acompanhamento em equipe com diferentes

profissionais.

No grupo focal multiprofissional, aparece uma descrição de situações onde seriam feitos

Projetos Terapêuticos Singulares (PTS), mas são descritos numa alusão a abordagens

realizadas pela equipe do ambulatório, onde em conjunto com as instâncias de gestão do

serviço, são tomadas decisões inclusive administrativas, especificamente para casos de

pacientes muito especiais do CRT, aqueles que estão causando grandes transtornos no

serviço. Os PTS nesses casos, são feitos sem a participação dos pacientes, tendem a ser

normativo-punitivos, culminando em decisões do tipo comunicar ao paciente do que foi

decidido para ele cumprir caso queira continuar sendo atendido no ambulatório. Nesse

sentido, esse relato evidencia uma apropriação equivocada do conceito de PTS, destituído

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de sua essência e usado para nomear justamente aquilo que se queria superar, como bem

nos chamou a atenção o Prof. Dr. Juarez Pereira Furtado sobre o relato no grupo focal

multiprofissional .

“Os Projetos terapêuticos também são realizados somente em casos graves ou problemáticos que

mobilizam a equipe toda ou que faz a equipe brigar muito entre si. É muito interessante ver como

os casos ficam bem amarrados com este tal de PTI. Temos um exemplo bem interessante de um

paciente que fez o maior barulho aqui dentro e ai a equipe fez um PTI, sentou com ele e falou:

“Fulano, perdemos a confiança em você devido sua atitude e a partir de agora, durante seis meses,

você só entra aqui quando tiver um procedimento agendado e só circula acompanhado de um

segurança. Se sentirmos confiança em você novamente você fica liberado, mas nesse período você

ainda pode ser suspenso e receber alta.””

Em pesquisa qualitativa realizada em cinco centros de referência localizados na cidade de

São Paulo, Silva e cols. concluem que “quando a equipe consegue trabalhar com demandas

antevistas, isto é, com a formulação, por um conjunto de profissionais, de projetos assistenciais,

antecipando demandas a partir de situações concretas da prática, criam-se condições favoráveis a

um trabalho mais efetivamente integrado da equipe multiprofissional. Essa integração favorece

intervenções que permitem um diálogo mais rico entre a aplicação do tratamento medicamentoso

e outras dimensões relevantes do cuidado referentes às vivências sociais, psicológicas e emocionais

dos pacientes.” (Silva e cols., 2002)

Reconhecimento da vulnerabilidade e risco na decisão propedêutica e terapêutica

Em nossa pesquisa, enquanto 81% dos profissionais dão nota 9 ou 10 para a importância do

uso de avaliação de vulnerabilidade ou risco de seus pacientes como critério no

agendamento com os especialistas do CRT (média = 9,4), apenas 19% relatam conseguir

aplicar o conceito em sua prática no ambulatório (média = 6,7).

Os profissionais possuem um conceito de condições que tornariam seus pacientes mais

vulneráveis. Foram citadas algumas condições nos grupos focais realizados com eles, como

elaborado na seguinte narrativa do grupo focal multiprofissional:

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“Consideramos vulneráveis os pacientes usuários de drogas pesadas, alcoólatras, trabalhadores de

rua que não têm consciência da sua necessidade de usar preservativo, moradores de rua. Mas

vulnerabilidade pode ser também aquele imunossuprimido que está muito grave, ou o oportunista,

ou aquele que está muito falido.”

No entanto, não se sentem seguros em como conduzir estes casos, ressentem-se de não

possuírem estratégias mais definidas para sua abordagem, como demonstra esse trecho da

narrativa do grupo focal multiprofissional: “Não temos um protocolo para os casos

considerados de maior risco e/ou vulnerabilidade. Tratamos com muito cuidado, principalmente

aqueles pacientes com perfil perverso.”

A postura de alguns profissionais, em especial de alguns médicos, é se desobrigarem desses

casos, encaminhando-os para os profissionais da saúde mental: “Alguns nos sentimos em uma

situação mais cômoda, pois jogamos a bola para os psicólogos e psiquiatras... mas a equipe da

manhã já fez várias discussões a respeito destes casos e a indicação é sempre discuti-los bastante!”

Interação com recursos do território dos pacientes, participação em movimentos

organizados.

Outro dado interessante da pesquisa é que alguns dos conceitos que os profissionais

pontuam mais baixo (na importância que dão ao conceito e no quanto conseguem aplicar

com os pacientes) são relacionados à atuação para fora do serviço, interagindo com

recursos disponíveis no território do paciente e com as organizações não governamentais.

É interessante que os pacientes também pontuam muito baixo estes itens: na questão sobre

contato com alguma ONG, 88% dos pacientes relataram não ter nenhum contato (nota 0);

de forma parecida, 93% deram nota 0 quando perguntados sobre participação ativa em

algum movimento social organizado.

No estudo qualitativo, a questão da participação em ONG foi abordada apenas por um

comentário representado por este trecho da narrativa elaborada a partir do grupo focal de

pacientes: “Quanto às ONG, achamos que elas exigem muito, fazem muitas condições para

participar, cobram que você vá independente de se sentir com vontade, não deixam que você

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defina sua participação; ou você faz como eles estabelecem ou não pode ir. Não achamos isso

legal.”

Relacionamento com práticas complementares de medicina

A questão com pior avaliação pelos profissionais é relacionada ao oferecimento de práticas

complementares à medicina alopática. Os profissionais apontam pouca importância do

oferecimento de práticas complementares para a qualificação do atendimento e menor ainda

sua utilização. No entanto, de forma conflitante com os profissionais, os pacientes

demonstram valorizar essas práticas, com 82% relatando não fazer qualquer uso destas

terapias (nota média = 1,5), mas 67% pontuam entre 8 e 10 quando indagados se gostariam

de utilizar algum tipo dessas terapias (nota média = 7,1).

Questões relacionadas ao acompanhamento biomédico e a orientações aos pacientes

das questões biomédicas (medicamentos, exames, etc.)

A questão da qualidade técnica eminentemente biomédica do cuidado não pode ser

desprezada. Ao falarmos em ampliar a clínica, não queremos de nenhuma forma dizer em

jogar fora os conhecimentos biomédicos da “clínica oficial” (Campos, 2003), o que seria

não fazer clínica, mas outra coisa.

Ayres pontua que assim como as proposições de superação dos limites atuais das práticas

de saúde baseadas exclusivamente no desenvolvimento e acesso científico-tecnológico não

conseguem dar conta dos impasses que vivemos na saúde, também o seu oposto, ou seja,

um anticientificismo que ignorasse a contribuição das tecnociências na saúde seria

igualmente estéril. Assim, afirma Ayres, quando pensamos em humanização da saúde, o

seu desafio central não se trata de mais ou menos tecnociência, mas sim de “como o interesse

por um progressivo enriquecimento do reconhecimento e reconstrução das relações entre os

fundamentos, procedimentos e resultados das tecnociências da saúde e os valores associados à

felicidade a cada vez reclamados pelos projetos existenciais de indivíduos e comunidades.” (Ayres,

2005)

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Onocko Campos chama a atenção para que no processo de ampliar a clínica, sendo críticos

com uma leitura tecnicista da saúde, é fundamental não descartar a clínica e sua qualidade

técnica. Alerta que a definição de quais meios técnicos um dado trabalhador possui será

fundamental para a eficácia de sua prática, além de interferir no grau de resistência e

tolerância do trabalhador em enfrentar o seu cotidiano em permanente contato com a dor e

o sofrimento. Segundo Onocko Campos, os conhecimentos técnicos teriam duas funções

produtoras de eficácia: uma específica na produção de saúde dos usuários, e outra

importante na produção de saúde dos trabalhadores. Ressalta, junto com Campos, que “os

conhecimentos técnicos poderiam ser a mola da ampliação da clínica (Campos, 2003b), do resgate

da dimensão do cuidado, da melhora nos processos intersubjetivos de comunicação, etc.”

(Onocko Campos, 2005).

Segundo Adão e Caraciolo, o nível de conhecimento do paciente sobre sua doença é

importante para facilitar sua adesão ao tratamento. Assim, “quanto maior a percepção sobre a

doença, maior é a autonomia e a responsabilização sobre a própria vida. É importante que o

paciente seja sempre bem informado quanto ao tratamento, necessidade de uma boa adesão,

efeitos colaterais, resultados de exames laboratoriais e demais questões relacionadas à sua

saúde.” (Adão e Caraciolo, 2007).

O trabalho de Figueiredo e cols. aponta que 60% dos pacientes que estavam cometendo

algum erro no seguimento da prescrição medicamentosa achavam que estavam fazendo uso

correto da medicação e apenas 40% deles achavam que estavam cometendo algum erro. Por

outro lado, dos pacientes que não estavam cometendo erros na tomada da medicação,

83,3% achavam que não estavam cometendo erros, e apenas 16,7% achavam que não

faziam uso adequado da medicação (Figueiredo e cols. 2001).

Colombrini e cols., revendo a literatura a respeito de adesão medicamentosa aos

antiretrovirais, apontam entre os fatores associados à adesão relativos aos serviços de saúde

e suporte social: qualidade do cuidado e relação com os profissionais de saúde,

considerados fundamentais para a adesão, tendo relação com a percepção do cliente sobre a

competência do profissional, a qualidade e a clareza da comunicação, a disposição dos

profissionais em envolver os clientes em decisões referentes ao tratamento, com o

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sentimento de apoio, com a satisfação da equipe e informações adequadas sobre o

tratamento e a gravidade dos efeitos colaterais (Colombrini e cols., 2006).

Em nosso estudo, as questões relacionadas ao acompanhamento mais restrito à biomedicina

são muito bem avaliadas pelos pacientes. As notas médias são muito altas (superiores a 9)

para todas as questões relacionadas a orientações sobre medicamentos, exames, necessidade

de adesão, etc. Da mesma forma, eles avaliam bem sua compreensão e o quanto seguem

corretamente essas orientações. Além disso, as variáveis relacionadas a essas questões não

mostram correlação com as variáveis de vínculo com os profissionais ou as equipes, sendo

bem avaliadas mesmo entre o grupo de pacientes que se ressentem de um melhor vínculo

com estes.

No entanto, algumas perguntas que poderiam ser pensadas neste grupo das relacionadas às

questões biomédicas não foram bem avaliadas: a questão de participação em atividades em

grupos (de educação em saúde, de adesão, de convivência, outros), onde apenas 5% dos

pacientes do estudo declararam ter alguma participação e que mostra correlação

especificamente com a questão do vínculo com o psicólogo; a questão sobre orientações

quanto à alimentação; a questão sobre orientação sobre como reconhecer situações de

agravamento clínico e como se comportar nesses casos; a questão que indaga de forma mais

geral se eles foram orientados sobre as questões de sua saúde.

Mesmo relacionadas a questões biomédicas, ao se deslocarem do foco específico da adesão,

da abordagem dos medicamentos e dos exames laboratoriais, as respostas dos pacientes

evidenciam uma percepção menos positiva do cuidado e correlacionam sua percepção de

melhor cuidado com a percepção de melhor vínculo. É interessante observar esse

deslocamento no comportamento das respostas dos pacientes, que nesses casos, se

comportam como no caso das questões mais relacionadas à ampliação da clínica (como da

abordagem e apoio às questões subjetivas e sociais), mostrando correlação fortemente

positiva com a percepção dos pacientes quanto ao vínculo que tinham com os profissionais

e a equipe.

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A contagem de carva viral dos pacientes mostrou correlação com sua percepção de vínculo

com os médicos, de forma que quanto maior o vínculo com os médicos, menor a carga

viral. Não conseguimos evidenciar correlação do vínculo com a contagem de CD4.

Inclusão do cuidador, formação de rede social de ajuda aos pacientes, apoio a

familiares e parceiros

No trabalho de Figueiredo e cols., entrevistando 61 pacientes (de um total de 600 pacientes

atendidos no serviço), 32,8% dos pacientes entrevistados precisava de ajuda de outra pessoa

(familiares ou companheiros) para tomar seus medicamentos (Figueiredo e cols., 2001).

Sasaki e cols. ressaltam a importância da interação entre o paciente e/ou seu cuidador e a

equipe multiprofissional, de forma a favorecer que a complexidade que envolve a

continuidade do tratamento possa ser devidamente compartilhada (Sasaki e cols., 1999

APUD Colombrini e cols., 2006).

Em nosso estudo, quanto ao envolver os familiares e outros parceiros no cuidado ao

paciente, vimos que, dos profissionais entrevistados, 84% dão nota 10 para sua percepção

da importância da realização de atividades de educação dos pacientes e seus familiares para

autocuidado - (nota média ± desvio-padrão = 9,7 ± 0,9). No entanto, apenas 17% dão nota

10 para sua percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do CRT

(nota média ± desvio-padrão = 7,0 ± 2,5).

Além disso, apesar de 79% dos profissionais entrevistados darem nota 9 ou 10 para sua

percepção da importância do comprometimento da equipe de referência com a constituição

de rede social de apoio aos pacientes - (nota média ± desvio-padrão = 9,2 ± 1,2), apenas

19% dão nota 9 ou 10 para sua percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes no

ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão = 6,3 ± 2,7).

Por outro lado, avaliando as respostas dos pacientes do CRT, quanto à questão se alguém

do CRT oferece algum tipo de apoio ou orientação aos familiares, amigos ou parceiros, em

caso de necessidade, 30% dos pacientes deram nota entre 8 e 10, mas 64% deram nota 0

(escore médio ± desvio-padrão = 3,2 ± 4,5).

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Essa questão surge muito forte também no material qualitativo da pesquisa, onde aparecem

os relatos de dificuldade de atenção aos parceiros, por exemplo, no caso deles serem HIV-

negativos, como se o serviço só se responsabilizasse por pessoas HIV-positivas.

Porém, nos casos onde essa atenção é ofertada pelos profissionais das equipes, os pacientes

valorizam essa oferta: “Então, no começo, o meu marido até então não sabia se era soropositivo

ou não. Aí, ele fez exame. E os médicos que tavam me atendendo, porque eu ficava o dia inteiro

tomando soro ... Aí, ele ficava aqui de bobeira. Aí o pessoal falou: Vai lá, conversa com o psicólogo.

Ele tava com aquela cara de “e agora o que eu faço”? Aí, ele sempre recebeu bastante orientação

de psicólogo, sempre conversou muito. Acho não, com certeza, me ajudou muito a superar essa

fase. E no final ele é soronegativo, graças a Deus. Eu ia me sentir muito mal se ele fosse, pois eu ia

saber que ele teria pego de mim, né? Mas ele é soronegativo.”

E ainda na visão dos pacientes: quanto à questão se alguém do ambulatório do CRT o

estimula a formar e valorizar uma rede social (familiares, colegas, outros) que o apóie nas

suas necessidades, 36% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro lado, 52% deram

nota 0 e mais 7% deram nota entre 1 e 5 (escore médio ± desvio-padrão = 4,1 ± 4,6).

Este grupo de questões possui relação com a percepção de vínculo que o paciente tem com

os profissionais e a equipe que o atendem, de forma que os pacientes que avaliaram melhor

seu vínculo com os profissionais e a equipe, também avaliaram melhor as questões

relacionadas à inclusão do cuidador, ao apoio aos familiares e parceiros e à constituição de

rede social.

Participação dos profissionais do ambulatório na gestão e elaboração de Projeto ou

Plano de Trabalho com objetivos, metas e indicadores avaliados e utilização pela

equipe de referência de avaliação da qualidade de seu trabalho

Embora 75% dos profissionais dê nota 9 ou 10 para a importância da participação na

gestão, apenas 2% avaliam sua participação com nota 9 ou 10. Da mesma forma, embora

79% dos profissionais dê nota 9 ou 10 para a importância da avaliação dos resultados de

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seu trabalho, somente 5% deles consideram que realizam esse tipo de avaliação de forma

tão satisfatória (nota 9 ou 10 para aplicação do conceito na prática).

Esse resultado demonstra o baixo envolvimento dos profissionais com a gestão de seu

trabalho, uma postura que tende a dissociar a gestão e a prática de atenção aos pacientes,

como se fossem coisas diversas e sob responsabilidades diversas. Assim, muitas vezes,

percebe-se uma postura crítica em relação aos gestores do CRT, como se a gestão fosse

uma atribuição exclusiva de algumas pessoas na instituição e coubesse aos demais (“os

profissionais da atenção”) executar seu trabalho de atenção aos pacientes em condições

“fornecidas” pelos gestores.

Esse tipo de comportamento pode ser ainda melhor demonstrado na resposta que fornecem

a questão sobre a utilização pelos profissionais do CRT de avaliação e discussão sobre a

percepção de cada profissional sobre o que dá prazer no trabalho e aquelas tarefas que são

mais penosas, tentando levar em consideração estas variáveis no momento de pactuar suas

ações e responsabilidades. Apesar de 72% dos profissionais relatarem uma importância

elevada (nota 9 ou 10), apenas 7% davam nota 9 ou 10 para o quanto aplicavam o conceito

em sua prática no CRT.

Relacionamento com especialistas de dentro do CRT e com aqueles de fora do CRT

Estudando os serviços de DST/AIDS no Brasil, Scheffer avalia que faltam respostas

eficazes em vários aspectos da assistência e prevenção. Quanto à integração dos pacientes

nos demais serviços do SUS, analisa que ali eles enfrentam problemas similares àqueles

vividos pelos demais usuários do sistema: demora em marcar consultas com especialistas,

serviços sem estrutura adequada, acolhimento insatisfatório e inexistência de programa de

adesão ao tratamento (Scheffer, 2004 apud Sadala e Marques, 2006).

Em nossa pesquisa, em relação à disponibilidade de interconsultas com especialistas, o

CRT dispõe de várias especialidades em seu próprio ambulatório, facilitando o acesso e a

integração com os médicos infectologistas. Essa integração envolve a discussão de casos de

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forma não burocrática e a utilização de critérios de gravidade, risco e vulnerabilidade no

agendamento dos pacientes com especialistas, por exemplo.

Avaliando esses arranjos, verificamos que 81% dos profissionais entrevistados dão nota 9

ou 10 para sua percepção da importância do uso de avaliação de gravidade, risco e

vulnerabilidade dos pacientes como critério de agendamento com os especialistas do CRT -

(nota média ± desvio-padrão = 9,4 ± 1,2). No entanto, apenas 19% dão nota 9 ou 10 para

sua percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do CRT (nota

média ± desvio-padrão = 6,7 ± 2,4).

Do ponto de vista dos pacientes, quando perguntados se ao precisar de um médico

especialista do ambulatório do CRT, sentem dificuldades de conseguir a consulta, 49% dos

pacientes deram nota entre 8 e 10 (pouca ou nenhuma dificuldade); por outro lado, 18%

deles deram nota 0 (muita dificuldade) e 24% deram nota entre 1 e 5 (escore médio ±

desvio-padrão = 6,2 ± 3,9). A dificuldade é maior para acessar as especialidades não

disponíveis no próprio ambulatório: quando perguntados se ao precisar de um médico

especialista que não tem no ambulatório do CRT, sentem dificuldades de conseguir a

consulta, 38% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 (pouca a nenhuma dificuldade); por

outro lado, 36% deles deram nota 0 (muita dificuldade) e 17% deram nota entre 1 e 5

(escore médio ± desvio-padrão = 4,9 ± 4,4).

Além disso, quando perguntados se ao precisar se consultar com vários especialistas, o

médico infectologista que o atende no ambulatório do CRT conversa sobre seu caso com os

especialistas e coordena a condução do seu tratamento, 70% dos pacientes deram nota entre

8 e 10; por outro lado, 20% deles deram nota 0 e 6% deram nota entre 1 e 5 (escore médio

± desvio-padrão = 7,3 ± 4,0). Este dado é muito importante: a percepção dos pacientes de

que tem seu caso conduzido pelo seu profissional de referência, mesmo quando precisam

ser atendidos por vários médicos. Essa percepção dos pacientes, no entanto, não é

compartilhada pelos profissionais. Embora 86% deles dêem nota 9 ou 10 para sua

percepção da importância do relacionamento direto com especialistas do CRT, com

discussão dos casos em conjunto, de forma não burocrática - (nota média ± desvio-padrão =

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9,5 ± 0,9), apenas 28% dão nota 9 ou 10 para sua percepção de quanto isso ocorre no seu

trabalho no ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão = 6,9 ± 2,5).

Além de contar com várias especialidades médicas, o CRT possui equipes de saúde bucal

para atenção a seus pacientes. Em sua avaliação pelos profissionais entrevistados, 84% dão

nota 9 ou 10 para sua percepção da importância da vinculação e responsabilização dos

profissionais (ou equipes) de saúde bucal por um grupo específico de pacientes - (nota

média ± desvio-padrão = 9,3 ± 1,8). No entanto, apenas 27% dão nota 9 ou 10 para sua

percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do CRT (nota média ±

desvio-padrão = 6,8 ± 2,9).

Na avaliação dos pacientes, quando perguntados quanto à questão de se sentirem

devidamente apoiados pelos dentistas do ambulatório do CRT em relação aos cuidados com

sua boca (dentes, gengivas, língua), 55% dos pacientes deram nota entre 8 e 10 e, por outro

lado, 24% deles deram nota 0 e 11% deram nota entre 1 e 5 (escore médio ± desvio-padrão

= 6,4 ± 4,1). A maior reclamação dos pacientes quanto ao serviço de saúde bucal é a

dificuldade de acesso, com longas filas e demorados tempos de espera. Por outro lado,

relatam que uma vez conseguido atendimento, a qualidade deste é excelente.

Relacionamento com os demais níveis de atenção (atenção primária e hospitalar)

Em estudo realizado pelos alunos do quinto ano de medicina da Faculdade de Ciências

Médicas da UNICAMP, na disciplina de Gestão e Planejamento, através do

acompanhamento de um caso clínico complexo, foi possível verificar que não havia

comunicação entre os diversos serviços envolvidos na atenção à família com mãe e filho

contaminados pelo HIV (equipe de saúde da família, Centro de Referência e Treinamento

do Município e Centro de Referência e Treinamento da Universidade). Além disso, as

consultas eram restritas ao componente biomédico da doença, sendo fraca a abordagem

psicossocial e cultural e o acompanhamento nos demais serviços, com falta de

acompanhamento por uma equipe de saúde da família na atenção básica (Matsumoto e

cols., 2007).

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Em nosso estudo, a relação com a atenção primária caracteriza-se por um afastamento

quase completo, tanto por parte dos profissionais quanto por parte dos pacientes. Quando

perguntados se freqüentam os Centros de Saúde próximos à sua casa, 85% dos pacientes

deu nota 0 (nunca freqüentam) e no grupo focal eles relataram que preferem não ser

identificados pelas equipes mais próximas de suas casas, pelo risco de preconceitos.

Do lado dos profissionais, enquanto 77% dos profissionais entrevistados dão nota entre 8 e

10 para sua percepção da importância de interação com as Equipes de Atenção Básica

(Saúde da Família ou outras), caso autorizado pelo paciente, para condução conjunta do

caso - (nota média ± desvio-padrão = 8,6 ± 1,9), apenas 15% dão nota entre 8 e 10 para sua

percepção de quanto isso ocorre com seus pacientes no ambulatório do CRT (nota média ±

desvio-padrão = 4,5 ± 3,2). É interessante que eles não relataram o mesmo motivo que os

pacientes para não terem contato com as equipes da atenção básica, mas colocaram

dificuldades operacionais de fazê-lo, pela sobrecarga de trabalho a que se sentem

submetidos.

Avaliando a interação com o nível hospitalar de atenção, enquanto 91% dos profissionais

entrevistados dão nota entre 8 e 10 para sua percepção da importância de contato com o

médico/enfermeiro do hospital/enfermaria, responsável pela internação do paciente, no caso

de internações de pacientes da equipe de referência - (nota média ± desvio-padrão = 9,4 ±

1,1), apenas 38% dão nota entre 8 e 10 para sua percepção de quanto isso ocorre com seus

pacientes no ambulatório do CRT (nota média ± desvio-padrão = 6,3 ± 2,7).

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Conclusões

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CONCLUSÕES

A pesquisa permite verificar que a atenção à saúde realizada no Centro de Referência e

Treinamento em Doenças Sexualmente Transmissíveis e Síndrome de Imunodeficiência

Adquirida do Estado de São Paulo (CRT-DST/AIDS-SP) possui uma reputação de

excelência de qualidade técnica entre os profissionais e pacientes da instituição. No que se

refere à abordagem dos fatores biológicos do processo saúde-doença dos pacientes, o

cuidado realizado possui uma consistente avaliação positiva.

A ampliação da clínica para a inclusão de outras variáveis na sua abordagem, com a

incorporação mais efetiva dos fatores subjetivos (medos, angústias, tristezas, solidão,

sexualidade, etc.) e sociais (trabalho, renda, preconceito, discriminação, etc.) é avaliada

aquém deste mesmo nível de excelência.

A adoção do arranjo de profissional de referência, principalmente no que se refere ao

médico infectologista, permite que todo usuário do ambulatório do CRT possa reconhecer

seu médico de referência, o que é um indicador muito positivo de responsabilização pelo

cuidado dos pacientes. O vínculo dos demais profissionais com os pacientes não é tão bem

avaliado quanto o dos médicos infectologistas.

O arranjo das equipes de referência não se encontra neste mesmo patamar de implantação.

A maior parte dos profissionais e dos pacientes não reconhece sua equipe de referência.

As estratégias para implantação e consolidação das equipes de referência não são bem

avaliadas pelos profissionais. Eles se ressentem da ausência de espaços coletivos onde os

profissionais das equipes possam se encontrar para discutir os casos, as condutas, seus

processos de trabalho, etc.

A percepção pelo paciente de vínculo com o profissional e a equipe de referência mostra

correlação consistente com a percepção de que recebem cuidados mais humanizados e são

atendidos por uma clínica mais ampliada. Assim, pacientes que possuem uma melhor

percepção de vínculo são também os que declaram que recebem mais apoio para lidar com

suas questões subjetivas (medos, angústias, sofrimentos), sociais (emprego, renda,

preconceitos, etc.), familiares (relacionamentos afetivos), da sexualidade, do uso de álcool e

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drogas, e ainda relatam maior apoio a seus familiares, amigos e parceiros, maior apoio para

conseguirem ampliar seus coeficientes de autonomia, formar e valorizar sua rede social,

participarem das decisões sobre seu tratamento e terem seus desejos e interesses

contemplados em seu cuidado pelas equipes. Estes pacientes também se sentem mais

respeitados e possuem maior confiança na equipe, embora estes parâmetros sejam bem

avaliados, mesmo entre os pacientes com menor vínculo.

Em relação às orientações mais orgânicas sobre seu tratamento, principalmente no que diz

respeito à freqüência às consultas, utilização de medicamentos e exames laboratoriais, e à

importância de adesão a estes procedimentos, não se evidenciou correlação com o vínculo

com os profissionais e a equipe de referência. Esses quesitos são muito bem avaliados pelos

pacientes, independente de sua percepção de vínculo.

Interessantemente, a correlação com o vínculo volta a aparecer quando a questão diz

respeito a orientações de forma mais aberta, mais abrangente, não se direcionando

especificamente à adesão, medicamentos e exames laboratoriais, mas pergunta sobre

“orientações sobre situação de saúde, cuidados que precisa ter...”, ou no caso da questão

sobre orientações “de como identificar a piora de seu estado de saúde e quando procurar

cuidados médicos sem demora”. A mesma coisa acontece em relação a terem recebido

orientações e apoio quanto a sua alimentação. Embora estas variáveis a princípio nem

precisassem ser consideradas como uma ampliação da clínica, mas digam respeito a uma

boa clínica oficial (tradicional), elas já mostram correlação com o vínculo dos pacientes

com a equipe.

É razoável concluir que no que tange aos cuidados estritamente biomédicos, principalmente

no que tange às questões orgânicas mais estruturadas na atenção aos pacientes com

HIV/AIDS (medicamentos e exames laboratoriais), os pacientes têm recebido um nível de

atenção muito satisfatório, mesmo entre aqueles pacientes com baixo vínculo com os

profissionais e as equipes. Por outro lado, a ampliação da clínica para dar conta das outras

dimensões do adoecimento ainda é pouco percebida pelos pacientes como constituinte de

seu cuidado, e é favorecida pelo vínculo dos pacientes com a equipe e com os profissionais

de saúde de referência.

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Um dado objetivo do componente orgânico dos pacientes refere-se a seus resultados de

exames laboratoriais. Neste estudo, a contagem de carga viral (CV) mostrou correlação

com a percepção de vínculo com os médicos, sendo que os pacientes com melhor vínculo

tiveram menores contagens de CV. Não cosneguimos evidenciar essa associação no caso da

contagem de CD4.

O presente estudo teve o objetivo de avaliar a implantação dos arranjos da clínica ampliada

e equipes de referência. De posse deste estudo, gestores e trabalhadores do CRT podem

conhecer melhor a qualidade da atenção à saúde que ofertam a seus pacientes, delimitar de

forma mais consistente os avanços e as limitações de seu trabalho e pactuar estratégias de

atuação para enfrentamento do desafio de construção de uma atenção à saúde com

excelência técnica e humana.

Algumas estratégias podem ser pensadas e sugeridas aos gestores e trabalhadores do

ambulatório do CRT-DST/AIDS-SP e que podem ser utéis para gestores e trabalhadores de

outros serviços, não só especializados em DST/AIDS, mas serviços de saúde em geral, de

qualquer nível de atenção.

manter a discussão sobre a clínica ampliada, as equipes de referência, etc., incluindo as

pessoas que ainda não participaram, renovando os ânimos dos que já se cansaram,

reforçando o compromisso de todos com a eticidade das propostas;

estabelecer um ambiente que propicie a criação de um espaço intersubjetivo para

validação dos acordos normativos a serem pactuados e compromissados; montar as

rodas de conversa;

estimular o vínculo entre as pessoas: profissionais das equipes de referência entre si;

profissionais e pacientes;

estimular a criação de espaços de reuniões entre as pessoas das equipes: os profissionais

das equipes precisam se reunir para conversar sobre seu trabalho, discutir os casos de

seus pacientes, aprenderem a se respeitar profissionalmente, melhorarem seu convívio

na diferença;

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repensar a formatação das equipes de referência: na verdade, pelas características do

serviço, o que existe no CRT é o profissional médico de referência; os demais

profissionais se ligam a cinco a seis médicos e sua clientela. Não tem nenhum problema

nisso, não existe apenas um modo de se estabelecer a referência; ela deve ser pensada

para cada situação concreta, de acordo com as necessidades e recursos existentes;

assim, uma solução seria reforçar o papel de referência do médico infectologista, para

todos os pacientes e ter o apoio matricial dos demais profissionais (principalmente

psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros);

nesse caso, pensar a formação de equipes de apoio matricial (um psicólogo, um

assistente social e um enfermeiro), que se ligariam a cinco ou seis médicos de

referência; mas as pessoas dessa equipe trabalham juntas, discutem juntas;

essa equipe de apoio deve estruturar um cronograma de reuniões a cada vez com três

profissionais de referência; mas o grupo que se reúne deve ser sempre o mesmo, para

formar vínculo entre si e aprender a trabalhar juntos;

essas reuniões de equipe, onde se encontram uma equipe de apoio matricial (um

psicólogo, um assistente social e um enfermeiro) e três médicos infectologistas de

referência, deve ser semanal; nesse caso, as equipes de apoio terão que ter espaço na

agenda para fazer duas reuniões na semana, uma para cada três médicos de referência;

os casos dos pacientes passam a ser responsabilidade da equipe; mesmo aquele caso que

o médico infectologista vai acompanhar sem necessidade de encaminhar para o

psicólogo ou assistente social, é responsabilidade da equipe, é discutido na equipe;

rever o papel do pronto-atendimento (PA): ele deve cumprir o papel de atender casos

não programados na ausência do profissional de referência; sempre que o profissional

de referência estiver no serviço, ele deve ser procurado; isso estimula o vínculo,

aumenta a confiança no profissional de referência, evita cuidados desnecessários que

ocorrem mais facilmente quando quem atende não é o profissional de referência;

estimular os profissionais a combinarem a forma de trabalhar com os pacientes,

estabelecerem compromissos, fazerem um contrato com os pacientes;

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estimular os profissionais a incluirem na atenção ao paciente, a escuta às suas

demandas, ouvir o que os pacientes tem a dizer: o que estão buscando no atendimento,

quais são suas expectativas, que projetos eles tem para suas vidas e para sua saúde;

valorizar o reconhecimento das diferenças na gravidade, no risco e vulnerabilidade dos

pacientes e a adequação do cuidado às necessidades dos pacientes;

estimular a discussão de casos dos pacientes nas reuniões de equipe, com elaboração de

projetos terapêuticos singulares para os pacientes; selecionar alguns casos para a

reunião; não só os casos muito difíceis, também os casos “mais simples”, “mais

comuns”, de forma que a equipe comece a se acertar sobre como estão oferecendo

atenção aos pacientes;

aproveitar o espaço da reunião de equipe para conversar sobre a abordagem das

questões da subjetividade e as questões familiares e sociais; para isso, trazer teoria, mas

também trazer os casos práticos da própria equipe, conversar sobre o que está dando

certo, o que precisa melhorar, fazer projetos;

incluir nos projetos terapêuticos dos pacientes, dentro do possível, a interação com os

recursos disponíveis no território de moradia dos pacientes: atenção básica, ONG,

movimentos sociais, etc.;

comprometer-se com os pacientes nos momentos do agravamento de sua doença e de

suas internações hospitalares; orientar os pacientes como reconhecer os momentos de

piora da saúde e os procedimentos a serem tomados; incluir os profisisonais e a equipe

de referência dos pacientes nessas horas;

ampliar a disponibilidade de práticas alternativas para os pacientes que desejarem;

melhorar o acesso aos profissionais da saúde bucal;

estimular a criação de atividades em grupo (de pacientes, de familiares): grupos de

apoio, de convivência, de terapia, de atividades lúdicas, de adesão, de apoio a

sexualidade, etc.; trabalhar estratégias para tornar estes grupos espaços mais

qualificados de atuação, evitando as abordagens comportamentalistas e reducionistas,

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que acabam por fazer que os grupos fiquem pouco interessantes e tenham baixa eficácia

(Paiva, 2002; Paiva, 2006);

estimular as equipes de referência a trabalhar no sentido de conseguir maiores

coeficientes de autonomia dos pacientes; valorizar a autonomia dos pacientes e a

criação de redes sociais de apoio;

incluir a preocupação e a responsabilidade com os familiares e companheiros dos

pacientes, comprometendo-se com o apoio a estes; para isso, ter ofertas de cuidado para

eles, além de se disponibilizar a receber suas demandas;

estimular o relacionamento não burocrático com os especialistas do ambulatório, de

forma a facilitar a condução integrada dos casos, com coordenação pelo médico

infectologista de referência;

comprometer a equipe de referência com a elaboração de um plano de trabalho, criação

de projetos, verificação de seus resultados, estabelecimento de metas e de indicadores

de avaliação próprios;

avaliar regularmente a percepção dos pacientes sobre o cuidado que estão recebendo;

estimular a capacitação dos profissionais do ambulatório; utilizar o espaço de reunião

das equipes de referência para trabalhar também o conhecimento;

Os conceitos que investigamos neste estudo, que podem ser encontrados na teoria Paidéia

(Campos, 1999), ou em outras abordagens semelhantes, como a do cuidado (Ayres, 2002) e

outras, embora façam parte de um diálogo que remonta ao início do pensamento filosófico

ocidental, encontram-se ainda muito incipientemente implantados nos serviços de saúde e

são ainda parte de um movimento contra-hegemônico de construção de acordos normativos

intersubjetivos na organização de nossos sistemas de saúde e mesmo de nossa sociedade

como um todo.

Assim, embora possa parecer quase uma banalidade falar da importância que pode ter o

vínculo para a qualificação do cuidado, falar da importância da escuta e da valorização

daquilo que o paciente traz para o encontro com o profissional de saúde, falar das

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dimensões não biológicas do adoecimento, entre outras questões de aparente simplicidade,

temos que reconhecer que essas “coisas” humanas são por demasiado humanas e precisam

ser valorizadas.

Para ampliar a clínica em um serviço de saúde é preciso que isso vire uma diretriz do

serviço. É preciso que os gestores tenham consciência clara da dimensão das mudanças que

estão propondo, que estão colocando como oferta para o conjunto dos trabalhadores. Oferta

no sentido gastoniano/habermasiano de uma pretensão de validade criticável, colocada na

Roda, para debate e tomada de decisões.

Virar diretriz de um serviço, virar projeto de uma gestão, quer dizer que cada agir, cada

conversa, cada momento da gestão será de acordo com aquela diretriz, com aquele projeto.

Então, precisa apostar nos encontros. Se estamos falando de um projeto do humano, temos

que colocar os humanos conversando. Afinal, é a linguagem que define o humano

(Aristóteles). E a linguagem se dá no diálogo. Profissionais com profissionais, profissionais

com gestores, profissionais com pacientes, pacientes com gestores, todos juntos, cada

categoria em separado, várias rodas. Isto demanda tempo das pessoas. É preciso valorizar

este tempo.

Valorizar quer dizer incluir este tempo na agenda das pessoas, e ainda dar suporte, dar

apoio para que as reuniões aconteçam. Como diz o Gastão, apoiar é um pouco sustentar,

mas um tanto empurrar para a frente, deslocar de onde se encontram. Assim, a gestão tem

que dar suporte, mas tem também que propor estratégias, pautas, capacitações, etc. Tem

também que cobrar resultados, avaliar, colocar a análise como parte do trabalho das

equipes.

Quando temos uma oferta (Habermas/Gastão) e colocamos na Roda, para o exercício

democrático da validação de novos acordos normativos, não quer dizer que seja uma opção

das pessoas fazer ou não fazer, reunir ou não reunir, conversar ou não conversar. Quem não

concorda com a proposta precisa explicitar sua posição, colocar sua visão do problema,

compartilhar suas idéias a respeito, propor outra abordagem.

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No entanto, trazer para o espaço terapêutico a questão do encontro com o outro “inteiro”,

incluindo suas ansiedades e tristezas, pode ser muito ameaçador para os profissionais de

saúde que estão acostumados a trabalhar de forma diferente. Se estas questões não estão no

plano da techne, também não quer dizer que estejam dadas. E essas distinções aristotélicas

(entre techne e phronesis) são formulações teóricas, nos ajudam a pensar, mas tudo é um

pouco techne/phronesis, existe algum saber que pode nos ajudar a lidar com a subjetividade

(Paiva, 2006), e é preciso também reconhecer que este saber será sempre a cada vez, a cada

encontro, construído, repensado. Assim, é preciso ajudar os profissionais a ampliar sua

clínica. Trabalhar conceitos, teoria, e trabalhar a prática, os casos concretos, singulares.

Colocar na roda, deixar as pessoas apresentarem propostas. E trabalhar também o que não é

techne, e também não é phronesis, que é ethos! Conversar e se comprometer também sobre

as questões da ética, não essa ética que a gente pasteuriza em nossos órgãos e conselhos

profissionais, mas a ética verdadeira, essa que não pode ser aprendida, mas que pode ser

exercitada, pensada, percebida, valorizada. Ética que é prohairesis, tomar a decisão que

precisa ser tomada, a escolha decisiva sobre o que fazer.

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Bibliografia

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uma hermenêutica filosófica, Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora

Universitária São Francisco, 2005b.

34. Gadamer, Hans-Georg. Cidadãos de dois mundos (1985). In: Gadamer, Hans-Georg.

Hermenêutica em retrospectiva. Volume III: Hermenêutica e a filosofia prática.

Petrópolis, RJ: Vozes, 2007a.

35. Gadamer, Hans-Georg. A idéia da filosofia prática (1983). In: Gadamer, Hans-Georg.

Hermenêutica em retrospectiva. Volume III: Hermenêutica e a filosofia prática.

Petrópolis, RJ: Vozes, 2007b.

36. Garrido, Pedro B.; Paiva, Vera; Nascimento, Vanda L. V. do; Sousa, João B.; Santos,

Naila J. S. Aids, estigma e desemprego: implicações para os serviços de saúde. Revista

de Saúde Pública: 2007; 41 (suplemento 2):72-9.

37. Guedes, Carla Ribeiro. Quando a lesão não aparece: como médicos lidam com

sofredores de sintomas indefinidos. In: Camargo Jr., Kenneth Rochel de; Nogueira,

Maria Inês. Por uma filosofia empírica da atenção à saúde: olhares sobre o campo

biomédico. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2009.

38. Habermas, Jurgen. O conteúdo normativo da modernidade. In: Habermas, J. O discurso

filosófico da modernidade. São Paulo: Martins Fontes, 2002a.

39. Habermas, Jurgen. Uma outra via para sair da filosofia do sujeito – razão

comunicativa vs. razão centrada no sujeito. In: Habermas, Jurgen. O discurso filosófico

da modernidade. São Paulo: Martins Fontes, 2002b.

40. Heidegger, Martin. Ser e Tempo. Tradução revisada e apresentação de Márcia Sá

Cavalcante Schuback; posfácio de Emmanuel Carneiro Leão. 2ª Edição. Petrópolis:

Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2007.

Page 326: CARLOS ALBERTO GAMA PINTO - repositorio.unicamp.br · Pinto, Carlos Alberto Gama P658a saúde. I. Campos, Gastão Wagner de Sousa. II. ... de Souza, participaram da elaboração do

366

41. Luz, Madel Therezinha. A disciplina das doenças e a razão social: categorias médico-

sociais no século XIX. In: Luz, Madel Therezinha. Natural, racional, social: razão

médica e racionalidade científica moderna. São Paulo: Hucitec, 2004.

42. Matsumoto, Larissa e cols. Intervenção na adesão ao tratamento de doenças crônicas

tendo como modelo um paciente adolescente HIV positivo. In: Revista Brasileira de

Medicina de Família e Comunidade. Rio de Janeiro, v.3, n.9, abr/jun 2007.

43. Mehry, Emerson Elias. Um ensaio sobre o médico e suas valises tecnológicas:

contribuições para compreender as reestruturações produtivas no setor saúde. Interface:

Comunicação, Saúde, Educação: 2000; 6: 109-116.

44. Melchior, R; Nemes, MIB; Basso, CR; Castanheira, ELR; Alves, MTSB; Buchalla,

CM; Donini, AA e Equipe QualiAIDS. Avaliação da estrutura organizacional da

assistência ambulatorial em HIV/AIDS no Brasil. Revista de Saúde Pública, 2006;

40(1):143-51.

45. Minayo, MCS. Triangulação de métodos quantitativos e qualitativos. In: Minayo,

MCS. O desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. 9a edição revista e

aprimorada – São Paulo: HUCITEC, 2006a.

46. Minayo, MCS. Técnicas de análise do material qualitativo. In: Minayo, MCS. O

desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. 9a edição revista e aprimorada

– São Paulo: HUCITEC, 2006b.

47. Minayo, MCS. Contradições e consensos na combinação de métodos quantitativos e

qualitativos. In: Minayo, MCS. O desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em

saúde. 9a edição revista e aprimorada – São Paulo: HUCITEC, 2006c.

48. Minayo, MCS. Hermenêutica-dialética como caminho do pensamento social. In:

Minayo, MCS; Deslandes, SF. (organizadoras). Caminhos do pensamento:

epistemologia e método. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2008a.

Page 327: CARLOS ALBERTO GAMA PINTO - repositorio.unicamp.br · Pinto, Carlos Alberto Gama P658a saúde. I. Campos, Gastão Wagner de Sousa. II. ... de Souza, participaram da elaboração do

367

49. Minayo, MCS. Introdução. Conceito de avaliação por triangulação de métodos. In:

Minayo, MCS; Assis, SG; Souza, ER. (organizadores). Avaliação por triangulação de

métodos: Abordagem de programas sociais. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2008b.

50. Minayo, MCS; Souza, ER; Constantino, P; Santos, NC dos. Métodos, técnicas e

relações em triangulação. In: Minayo, MCS; Assis, SG; Souza, ER. (organizadores).

Avaliação por triangulação de métodos: Abordagem de programas sociais. Rio de

Janeiro: Editora Fiocruz, 2008.

51. Ministério da Saúde, Notícias do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais,

Pesquisa – Viver com HIV, 01/12/2009, disponível em:

http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMISE77B47C8ITEMID0DB706A489A84CD48

C39B1E24E4B174EPTBRIE.htm

52. Miranda, L; Figueiredo, MD; Ferrer, AL; Onocko Campos, R. Dos grupos focais aos

grupos focais narrativos: uma descoberta no caminho da pesquisa. In: Onocko

Campos, R; Furtado, JP; Passos, E; Benevides, R. (Organizadores). Pesquisa avaliativa

em saúde mental: desenho participativo e efeitos da narratividade. São Paulo: Aderaldo

e Rothschild, 2008.

53. Nemes, MIB; Castanheira, ELR; Melchior, R; Alves, MTSB; Basso, CR. Avaliação da

qualidade da assistência no programa de AIDS: questões para investigação no serviço

de saúde no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20 Suplemento 2:S310-

S321, 2004.

54. Onocko Campos, Rosana. A gestão: espaço de intervenção, análise e especificidades

técnicas. In: Campos, Gastão Wagner de Sousa. Saúde Paidéia. Editora Hucitec: São

Paulo, 2003.

55. Onocko Campos, Rosana. O encontro trabalhador-usuário na atenção à saúde: uma

contribuição da narrativa psicanalítica ao tema do sujeito na saúde coletiva. In:

Ciência e Saúde Coletiva, 10(3):573-583, 2005.

56. Onocko Campos, Rosana. O exercício interpretativo. In: Onocko Campos, Rosana;

Furtado, Juarez Pereira; Passos, Eduardo; Benevides, Regina. (Organizadores).

Page 328: CARLOS ALBERTO GAMA PINTO - repositorio.unicamp.br · Pinto, Carlos Alberto Gama P658a saúde. I. Campos, Gastão Wagner de Sousa. II. ... de Souza, participaram da elaboração do

368

Pesquisa avaliativa em saúde mental: desenho participativo e efeitos da narratividade.

São Paulo: Aderaldo e Rothschild, 2008.

57. Paiva, Vera. Sem soluções mágicas: a prevenção e o cuidado em HIV/AIDS e o

processo de emancipação psicossocial. Interface: comunicação, saúde, educação,

volume 6, número 11, página 25-38, agosto, 2002.

58. Paiva, Vera. Analisando cenas e sexualidades: a promoção da saúde na perspectiva dos

direitos humanos”. In: “Sexualidad, estigma y derechos humanos. Desafíos para el

acceso a la salud en América Latina”. Cáceres, Careaga, Frasca, Pecheny (org). Lima,

FASPA/UPCH. 1ª edicion, Septiembre 2006. ISBN 9972-806-25-1

59. Pasche, Dário Frederico. Política Nacional de Humanização como aposta na produção

coletiva de mudanças nos modos de gerir e de cuidar. Interfece: comunicação, saúde,

educação. Volume 13 (suplemento 1), páginas 701-8, 2009.

60. Pinto, Carlos Alberto Gama. Diagnóstico compartilhado na gestão da atenção

hospitalar. In: Araújo, Gilvan F; Rates, Susana Maria Moreira (organizadores). Co-

gestão e humanização na saúde pública: experiências construídas no Hospital

Municipal Odilon Behrens. Belo Horizonte: Sigma Editora, 2008a.

61. Pinto, Carlos Alberto Gama. Diagnóstico compartilhado no trabalho das Equipes de

Saúde da Família. In: Campos, Gastão Wagner de Sousa; Guerrero, André Vinícius P.

(organizadores). Manual de práticas de atenção básica: saúde ampliada e

compartilhada. São Paulo: Hucitec, 2008b.

62. Ricouer, Paul. O círculo entre narrativa e temporalidade. In: Ricouer, Paul. Tempo e

narrativa. t. 1. Campinas, Papirus, 1997.

63. Rocha, J. O entendimento das especificidades como arma no combate à discriminação.

Boletim ABIA 2003; 49:3. APUD: Sadala, Maria Lúcia Araújo; Marques, Sílvio de

Alencar. Vinte anos de assistência a pessoas com HIV/AIDS no Brasil: a perspectiva de

profissionais de saúde. In: Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(11):2369-

2378, nov, 2006.

Page 329: CARLOS ALBERTO GAMA PINTO - repositorio.unicamp.br · Pinto, Carlos Alberto Gama P658a saúde. I. Campos, Gastão Wagner de Sousa. II. ... de Souza, participaram da elaboração do

369

64. Sadala, Maria Lúcia Araújo; Marques, Sílvio de Alencar. Vinte anos de assistência a

pessoas com HIV/AIDS no Brasil: a perspectiva de profissionais de saúde. In: Cadernos

de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(11):2369-2378, nov, 2006.

65. Santos, Debora Fontenelle dos. HIV/AIDS e os médicos em formação: aprendendo a

cuidar de vírus ou de pessoas? In: Camargo Jr., Kenneth Rochel de; Nogueira, Maria

Inês. Por uma filosofia empírica da atenção à saúde: olhares sobre o campo

biomédico. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2009.

66. Sasaki, MG; Mello, RS; Siciliano, RF; Wang, L; Büchele GL; Sousa CA. Estudo da

adesão à terapia antiretroviral e resposta terapêutica em pacientes com infecção pelo

HIV. In: Anais do 11º Congresso Brasileiro de Doenças Infecciosas; 1999 ago. 1º . São

Paulo. São Paulo; 1999. p. S18. APUD: Colombrini, Maria Rosa Ceccato; Lopes, Maria

Helena Baena de Moraes; Figueiredo, Rosely Morales de. Adesão à terapia

antiretroviral par HIV/AIDS. In: Revista da Escola de Enfermagem da USP 2006;

40(4):576-61.

67. Scheffer, M. Refletindo sobre o movimento da AIDS no Brasil. Boletim ABIA 2004;

52:9-11. APUD: Sadala, Maria Lúcia Araújo; Marques, Sílvio de Alencar. Vinte anos

de assistência a pessoas com HIV/AIDS no Brasil: a perspectiva de profissionais de

saúde. In: Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(11):2369-2378, nov, 2006.

68. Schimith, Maria Denise; Lima, Maria Alice Dias da Silva. Acolhimento e vínculo em

uma equipe do Programa Saúde da Família. In: Cadernos de Saúde Pública, Rio de

Janeiro, 20(6):1487-1494, Nov-dez,2004.

69. Silva, Neide Emy Kurokawa e; Oliveira, Luzia Aparacida; Figueiredo, Wagner dos

Santos; Landroni, Maria Angela da Silva; Waldman, Chang Chung Sing; Ayres, José

Ricardo de Carvalho Mesquita. Limites do trabalho multiprofissional: estudo de caso

dos centros de referência para DST/AIDS. Revista de Saúde Pública: 2002, 36

(suplemento 4): 108-116.

Page 330: CARLOS ALBERTO GAMA PINTO - repositorio.unicamp.br · Pinto, Carlos Alberto Gama P658a saúde. I. Campos, Gastão Wagner de Sousa. II. ... de Souza, participaram da elaboração do

371

Anexos

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373

Termo de

Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE)

para profissionais e

pacientes

(1ª e 2ª fases)

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375

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para profissionais de saúde do

ambulatório do CRT-DST-AIDS-SP:

Instituição: DMPS/ FCM/ UNICAMP e CRT-DST-AIDS-SP

Título do Projeto: ESTUDO DO IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DA CLÍNICA

AMPLIADA NO CENTRO DE REFERÊNCIA E TREINAMENTO DE DOENÇAS

SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E SÍNDROME DE IMUNODEFICIÊNCIA

ADQUIRIDA DE SÃO PAULO – (CRT-DST-AIDS-SP).

O objetivo do presente trabalho é estudar como se deu implantação da clínica

ampliada e de suas recomendações de medidas que visam melhorar o atendimento

profissional aos pacientes no CRT-DST-AIDS-SP. Além de estudar a implantação, este

estudo pretende verificar os impactos reais na qualidade do atendimento aos pacientes, de

acordo com as percepções dos profissionais, dos pacientes, assim como através de

parâmetros clínicos e laboratoriais, de forma a verificar se a adoção das medidas

preconizadas pela clínica ampliada foram implantadas e se efetivamente melhoraram as

condições do atendimento.

Você foi selecionado para participar deste estudo, juntamente com todos os outros

profissionais do ambulatório do CRT-DST-AIDS-SP. Você pode aceitar ou não participar

do estudo. Essa é uma opção completamente livre sua.

Se você aceitar participar você vai ser entrevistado por um pesquisador, que vai

fazer algumas perguntas para você responder. Essa entrevista será feita em local reservado,

onde você poderá falar com o pesquisador sem ser ouvido por outras pessoas. As suas

respostas serão colocadas em um formulário que não vai ter o seu nome, de forma que

ninguém, exceto o pesquisador que lhe entrevistar, vai saber quem respondeu aquele

questionário. Todas as informações que você der serão analisadas de forma a não permitir

que você seja identificado. Você não correrá nenhum risco, de qualquer forma, de sua

resposta ser utilizada contra você. Assim, se você aceitar participar é muito importante que

você responda com sinceridade e emita suas opiniões sem receio, para que os pesquisadores

possam identificar formas de melhorar o atendimento no CRT-DST-AIDS-SP e que possam

inclusive servir para outros serviços semelhantes.

Caso você aceite participar do estudo, mas durante a entrevista você não queira

responder alguma pergunta, você pode fazer isso. Você pode deixar de responder quantas

questões quiser, se achar que as questões não devem ser respondidas. E se você quiser sair

do estudo, mesmo depois de ter aceitado, resolver que não quer mais participar, também

poderá sair, sem qualquer prejuízo para você e sua vida profissional.

Se você não quiser participar do estudo, você pode ficar tranqüilo também. Isso não

implica em nenhuma forma de prejuízo para sua vida profissional. Você continuará sendo

tratado da mesma forma como vinha sendo, e os gestores do CRT nem saberão que você foi

convidado e não aceitou participar.

Page 333: CARLOS ALBERTO GAMA PINTO - repositorio.unicamp.br · Pinto, Carlos Alberto Gama P658a saúde. I. Campos, Gastão Wagner de Sousa. II. ... de Souza, participaram da elaboração do

376

Nós estamos selecionando todos os profissionais do ambulatório do CRT para o

estudo, para responder este questionário, na entrevista com o pesquisador. Alguns dos

profissionais que participarem do estudo serão convidados a participar de uma segunda

etapa do estudo, onde vai ocorrer uma nova entrevista, desta vez de forma mais

aprofundada. Caso você esteja entre estes profissionais convidados para participar da 2ª

fase do estudo, você também poderá não aceitar o convite, caso seja seu desejo, sem

qualquer prejuízo. Você pode participar só da 1ª fase, sem participar da 2ª fase do estudo.

Caso você concorde em participar da 2ª fase do estudo, você vai participar desta nova

entrevista e de uma reunião em grupo dos profissionais selecionados, onde vamos

conversar a respeito do trabalho da equipe de saúde do CRT-DST-AIDS-SP, além de ser

acompanhado em alguma consulta com sua equipe de saúde.

De qualquer forma, neste momento, você está sendo convidado para participar da 1ª

fase do estudo, a entrevista com o pesquisador. Caso você concorde em participar dessa 1ª

fase, você vai assinar um Termo de Consentimento apenas para a 1ª fase do estudo.

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de

Referência e Treinamento em Doenças Sexualmente Transmissíveis e Síndrome de

Imunodeficiência Adquirida do Estado de São Paulo (CRT-DST-AIDS-SP), protocolo CEP

n° 031/06, cujo telefone é (11) 5087-9837.

Este TERMO é para certificar que eu, _____________________________________, RG:

____________________, profissional __________________ (categoria profissional), me

sinto devidamente esclarecido a respeito deste Projeto de Pesquisa e (marque a sua

escolha):

( ) CONCORDO em participar da 1ª fase deste projeto científico, assinando

este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

( ) NÃO CONCORDO em participar da 1ª fase deste projeto científico,

assinando este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Pesquisador Responsável: Prof. Dr. Gastão Wagner de Souza Campos. Tel. (19) 3521-8038

Pesquisador: _______________________________________________________

Entrevistado: _______________________________________________________

A sua participação em qualquer tipo de pesquisa é voluntária. Em caso de dúvida entre em

contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Referência e Treinamento em

Doenças Sexualmente Transmissíveis e Síndrome de Imunodeficiência Adquirida do

Estado de São Paulo (CRT-DST-AIDS-SP) – telefone: (11) 5087-9837.

Page 334: CARLOS ALBERTO GAMA PINTO - repositorio.unicamp.br · Pinto, Carlos Alberto Gama P658a saúde. I. Campos, Gastão Wagner de Sousa. II. ... de Souza, participaram da elaboração do

377

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para profissionais de saúde do

ambulatório do CRT-DST-AIDS-SP:

Instituição: DMPS/ FCM/ UNICAMP e CRT-DST-AIDS-SP

Título do Projeto: ESTUDO DO IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DA CLÍNICA

AMPLIADA NO CENTRO DE REFERÊNCIA E TREINAMENTO DE DOENÇAS

SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E SÍNDROME DE IMUNODEFICIÊNCIA

ADQUIRIDA DE SÃO PAULO – (CRT-DST-AIDS-SP).

O objetivo do presente trabalho é estudar como se deu implantação da clínica

ampliada e de suas recomendações de medidas que visam melhorar o atendimento

profissional aos pacientes no CRT-DST-AIDS-SP. Além de estudar a implantação, este

estudo pretende verificar os impactos reais na qualidade do atendimento aos pacientes, de

acordo com as percepções dos profissionais, dos pacientes, assim como através de

parâmetros clínicos e laboratoriais, de forma a verificar se a adoção das medidas

preconizadas pela clínica ampliada foram implantadas e se efetivamente melhoraram as

condições do atendimento.

Você foi selecionado para participar desta 2ª fase do estudo, que constará de uma

reunião em grupo (Grupo Focal) com todos os profissionais psicólogos e assistentes sociais

do ambulatório do CRT-DST-AIDS-SP. Você pode aceitar ou não participar do estudo.

Essa é uma opção completamente livre sua.

Se você aceitar, você vai participar de uma conversa em grupo, junto com outros

profissionais do ambulatório, coordenada por dois pesquisadores da UNICAMP.

Essa conversa será feita em local reservado, e terá a duração de aproximadamente 2

horas. Toda a conversa será gravada e depois os pesquisadores da UNICAMP vão passar as

falas das pessoas para o papel, sem identificar as falas de acordo com as pessoas. Todas as

informações que você der serão analisadas de forma a não permitir que você seja

identificado. Assim, se você aceitar participar é muito importante que você responda com

sinceridade e emita suas opiniões sem receio, para que os pesquisadores possam identificar

formas de melhorar o atendimento no CRT-DST-AIDS-SP e que possam inclusive servir

para outros serviços semelhantes.

Se você quiser sair dessa fase do estudo, mesmo depois de ter aceitado, resolver que

não quer mais participar, também poderá sair, sem qualquer prejuízo para você e sua vida

profissional.

Se você não quiser participar dessa fase do estudo, você pode ficar tranqüilo

também. Isso não implica em nenhuma forma de prejuízo para sua vida profissional. Você

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378

continuará sendo tratado da mesma forma como vinha sendo, e os gestores do CRT nem

saberão que você foi convidado e não aceitou participar.

Nós estamos selecionando alguns profissionais do ambulatório do CRT para o

estudo, para essa conversa em grupo. Alguns dos profissionais que participarem dessa etapa

do estudo serão convidados a participar de uma nova entrevista, desta vez de forma mais

aprofundada.

De qualquer forma, neste momento, você está sendo convidado para participar da 2ª

fase do estudo, apenas do Grupo focal. Caso você concorde em participar dessa 2ª fase

(Grupo focal), você vai assinar um Termo de Consentimento apenas para a 2ª fase do

estudo.

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de

Referência e Treinamento em Doenças Sexualmente Transmissíveis e Síndrome de

Imunodeficiência Adquirida do Estado de São Paulo (CRT-DST-AIDS-SP), protocolo CEP

n° 031/06, cujo telefone é (11) 5087-9837.

Este TERMO é para certificar que eu, _____________________________________, RG:

____________________, profissional __________________ (categoria profissional), me

sinto devidamente esclarecido a respeito deste Projeto de Pesquisa e (marque a sua

escolha):

( ) CONCORDO em participar da 2ª fase (Grupo focal) deste projeto

científico, assinando este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

( ) NÃO CONCORDO em participar da 2ª fase (Grupo focal) deste projeto

científico, assinando este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Pesquisador Responsável: Prof. Dr. Gastão Wagner de Souza Campos. Tel. (19) 3521-8038

Pesquisador: _______________________________________________________

Entrevistado: _______________________________________________________

A sua participação em qualquer tipo de pesquisa é voluntária. Em caso de dúvida entre em

contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Referência e Treinamento em

Doenças Sexualmente Transmissíveis e Síndrome de Imunodeficiência Adquirida do

Estado de São Paulo (CRT-DST-AIDS-SP) – telefone: (11) 5087-9837.

Page 336: CARLOS ALBERTO GAMA PINTO - repositorio.unicamp.br · Pinto, Carlos Alberto Gama P658a saúde. I. Campos, Gastão Wagner de Sousa. II. ... de Souza, participaram da elaboração do

379

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para pacientes do ambulatório do

CRT-DST-AIDS-SP

Instituição: DMPS/ FCM/ UNICAMP e CRT-DST-AIDS-SP

Título do Projeto: ESTUDO DO IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DA CLÍNICA

AMPLIADA NO CENTRO DE REFERÊNCIA E TREINAMENTO DE DOENÇAS

SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E SÍNDROME DE IMUNODEFICIÊNCIA

ADQUIRIDA DE SÃO PAULO – (CRT-DST-AIDS-SP).

O objetivo do presente trabalho é estudar a forma de atendimento das equipes de

saúde no CRT-DST-AIDS-SP e as tentativas de melhorar este atendimento.

Você foi selecionado para participar deste estudo, através de um sorteio realizado

entre todos os pacientes cadastrados no ambulatório do CRT-DST-AIDS-SP. Você pode

aceitar ou não participar do estudo. Essa é uma opção completamente livre sua.

Se você aceitar participar você vai ser entrevistado por um pesquisador, que vai

fazer algumas perguntas para você responder. Essa entrevista será feita em local reservado,

onde você poderá falar com o pesquisador sem ser ouvido por outras pessoas. As suas

respostas serão colocadas em um formulário que não vai ter o seu nome, de forma que

ninguém, exceto o pesquisador que lhe entrevistar, vai saber quem respondeu aquele

questionário. Todas as informações que você der serão analisadas de forma a não permitir

que você seja identificado. Você não correrá nenhum risco, de qualquer forma, de sua

resposta ser utilizada contra você. Assim, se você aceitar participar é muito importante que

você responda com sinceridade e emita suas opiniões sem receio, para que os pesquisadores

possam identificar formas de melhorar o atendimento no CRT-DST-AIDS-SP e que possam

inclusive servir para outros serviços semelhantes.

Caso você aceite participar do estudo, mas durante a entrevista você não queira

responder alguma pergunta, você pode fazer isso. Você pode deixar de responder quantas

questões quiser, se achar que as questões não devem ser respondidas. E se você quiser sair

do estudo, mesmo depois de ter aceitado, resolver que não quer mais participar, também

poderá sair, sem qualquer prejuízo para você e seu tratamento.

Se você não quiser participar do estudo, você pode ficar tranqüilo também. Isso não

implica em nenhuma forma de prejuízo para o seu tratamento. Você continuará sendo

tratado da mesma forma como vinha sendo, e sua equipe nem saberá que você foi sorteado

e não aceitou participar.

Nós estamos selecionando 350 pacientes para o estudo, para responder este

questionário, na entrevista com o pesquisador. Alguns dos pacientes que participarem do

estudo, em número de 15 pacientes destes 350 pacientes, serão convidados a participar de

Page 337: CARLOS ALBERTO GAMA PINTO - repositorio.unicamp.br · Pinto, Carlos Alberto Gama P658a saúde. I. Campos, Gastão Wagner de Sousa. II. ... de Souza, participaram da elaboração do

380

uma segunda etapa do estudo, onde vai ocorrer uma nova entrevista, desta vez de forma

mais aprofundada. Caso você esteja entre estes 15 pacientes convidados para participar da

2ª fase do estudo, você também poderá não aceitar o convite, caso seja seu desejo, sem

qualquer prejuízo. Você pode participar só da 1ª fase, sem participar da 2ª fase do estudo.

Caso você concorde em participar da 2ª fase do estudo, você vai participar desta nova

entrevista e de uma reunião em grupo de pacientes (os 15 pacientes selecionados), onde

vamos conversar a respeito da atenção recebida pela equipe de saúde do CRT-DST-AIDS-

SP e como melhorar essa atenção, além de ser acompanhado em alguma consulta com sua

equipe de saúde.

De qualquer forma, neste momento, você está sendo convidado para participar da 1ª

fase do estudo, a entrevista com o pesquisador. Caso você concorde em participar dessa 1ª

fase, você vai assinar um Termo de Consentimento apenas para a 1ª fase do estudo.

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de

Referência e Treinamento em Doenças Sexualmente Transmissíveis e Síndrome de

Imunodeficiência Adquirida do Estado de São Paulo (CRT-DST-AIDS-SP), protocolo CEP

n° 031/06, cujo telefone é (11) 5087-9837.

Este TERMO é para certificar que eu,

____________________________________________, RG: ____________________,

usuário do ambulatório do CRT-DST-AIDS-SP, me sinto devidamente esclarecido a

respeito deste Projeto de Pesquisa e (marque a sua escolha):

( ) CONCORDO em participar da 1ª fase deste projeto científico, assinando

este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

( ) NÃO CONCORDO em participar da 1ª fase deste projeto científico,

assinando este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Pesquisador Responsável: Prof. Dr. Gastão Wagner de Souza Campos. Tel. (19) 3521-8038

Pesquisador: _______________________________________________________

Entrevistado: _______________________________________________________

A sua participação em qualquer tipo de pesquisa é voluntária. Em caso de dúvida entre em

contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Referência e Treinamento em

Doenças Sexualmente Transmissíveis e Síndrome de Imunodeficiência Adquirida do

Estado de São Paulo (CRT-DST-AIDS-SP)– telefone: (11) 5087-9837.

Page 338: CARLOS ALBERTO GAMA PINTO - repositorio.unicamp.br · Pinto, Carlos Alberto Gama P658a saúde. I. Campos, Gastão Wagner de Sousa. II. ... de Souza, participaram da elaboração do

381

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para pacientes do ambulatório do

CRT-DST-AIDS-SP:

Instituição: DMPS/ FCM/ UNICAMP e CRT-DST-AIDS-SP

Título do Projeto: ESTUDO DO IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DA CLÍNICA

AMPLIADA NO CENTRO DE REFERÊNCIA E TREINAMENTO DE DOENÇAS

SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E SÍNDROME DE IMUNODEFICIÊNCIA

ADQUIRIDA DE SÃO PAULO – (CRT-DST-AIDS-SP).

O objetivo do presente trabalho é estudar a forma de atendimento das equipes de

saúde no CRT-DST-AIDS-SP e as tentativas de melhorar este atendimento.

Você foi selecionado para participar desta 2ª fase do estudo, que constará de uma

reunião em grupo (Grupo Focal) com alguns pacientes do ambulatório do CRT-DST-AIDS-

SP. Você pode aceitar ou não participar do estudo. Essa é uma opção completamente livre

sua.

Se você aceitar, você vai participar de uma conversa em grupo, junto com outros

pacientes do ambulatório, coordenada por dois pesquisadores da UNICAMP.

Essa conversa será feita em local reservado, e terá a duração de aproximadamente 2

horas. Toda a conversa será gravada e depois os pesquisadores da UNICAMP vão passar as

falas das pessoas para o papel, sem identificar as falas de acordo com as pessoas. Todas as

informações que você der serão analisadas de forma a não permitir que você seja

identificado. Assim, se você aceitar participar é muito importante que você responda com

sinceridade e emita suas opiniões sem receio, para que os pesquisadores possam identificar

formas de melhorar o atendimento no CRT-DST-AIDS-SP e que possam inclusive servir

para outros serviços semelhantes.

Se você quiser sair dessa fase do estudo, mesmo depois de ter aceitado, resolver que

não quer mais participar, também poderá sair, sem qualquer prejuízo para você.

Se você não quiser participar dessa fase do estudo, você pode ficar tranqüilo

também. Isso não implica em nenhuma forma de prejuízo para você. Você continuará sendo

tratado da mesma forma como vinha sendo, e ninguém do CRT saberá que você foi

convidado e não aceitou participar.

Caso você concorde em participar dessa 2ª fase (Grupo focal), você vai assinar um

Termo de Consentimento para a 2ª fase do estudo.

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de

Referência e Treinamento em Doenças Sexualmente Transmissíveis e Síndrome de

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382

Imunodeficiência Adquirida do Estado de São Paulo (CRT-DST-AIDS-SP), protocolo CEP

n° 031/06, cujo telefone é (11) 5087-9837.

Este TERMO é para certificar que eu, _____________________________________, RG:

____________________, usuário do ambulatório do CRT-DST-AIDS-SP, me sinto

devidamente esclarecido a respeito deste Projeto de Pesquisa e (marque a sua escolha):

( ) CONCORDO em participar da 2ª fase (Grupo focal) deste projeto

científico, assinando este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

( ) NÃO CONCORDO em participar da 2ª fase (Grupo focal) deste projeto

científico, assinando este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Pesquisador Responsável: Prof. Dr. Gastão Wagner de Souza Campos. Tel. (19) 3521-8038

Pesquisador: _______________________________________________________

Entrevistado: _______________________________________________________

A sua participação em qualquer tipo de pesquisa é voluntária. Em caso de dúvida entre em

contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Referência e Treinamento em

Doenças Sexualmente Transmissíveis e Síndrome de Imunodeficiência Adquirida do

Estado de São Paulo (CRT-DST-AIDS-SP) – telefone: (11) 5087-9837.

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383

Questionário para

profissionais – 1ª fase

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385

PROJETO DE PESQUISA CONVÊNIO FAPESP – CNPq - SUS:

ESTUDO DO IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DA CLÍNICA AMPLIADA NO CENTRO DE

REFERÊNCIA E TREINAMENTO DE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E SÍNDROME

DE IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA DE SÃO PAULO – (CRT-DST-AIDS-SP).

Questionário para os profissionais das equipes de referência

Identificação _____________________________________________

4. Nome: _____________________________________________

5. Idade: _____________________________________________

6. Sexo: _____________________________________________

7. Categoria profissional: _____________________________________________

8. Tempo de formado (graduação): _______________________________________

9. Tempo de trabalho no CRT: _______________________________________

10. Tempo de trabalho com pacientes portadores de HIV-AIDS: _______________

11. Data da entrevista: _____/____/_____

12. Nome do entrevistador: _______________________________________

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386

PROJETO DE PESQUISA CONVÊNIO FAPESP – CNPq - SUS:

ESTUDO DO IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DA CLÍNICA AMPLIADA NO CENTRO DE

REFERÊNCIA E TREINAMENTO DE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E SÍNDROME

DE IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA DE SÃO PAULO – (CRT-DST-AIDS-SP).

Questionário para os profissionais das equipes de referência

Identificação: _________________________________________

1. Você participou das discussões ocorridas no CRT para implantação do projeto das Equipes de Referência

e da Clínica Ampliada?

(Não participei) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Participei muito)

2. Em linhas gerais, você concorda com os princípios discutidos neste projeto?

(Não concordo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Concordo muito)

3. Liste sucintamente 3 a 4 objetivos/finalidades do projeto?

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

Você agora deverá apreciar alguns conceitos, apresentados na tabela, pontuando da seguinte forma:

Na primeira coluna:

Qual a sua opinião sobre a importância do conceito para a qualificação do atendimento (você deve

responder pontuando de 0 a 10, da seguinte forma):

(Sem importância) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito importante)

E na segunda coluna:

O quanto você considera que este conceito é aplicado com seus pacientes (ou no seu trabalho) no

ambulatório do CRT (você deve responder pontuando de 0 a 10, da seguinte forma):

(Não aplicado) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito aplicado)

Considere Equipe de Referência aquela formada pelo médico infectologista, assistente social e psicólogo.

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387

Importância Aplicação com

seus pacientes no ambulatório

do CRT

1. Vinculação dos pacientes a um médico

2. Vinculação dos pacientes a uma equipe de referência

3. Seguimento longitudinal dos pacientes por um mesmo médico

4. Seguimento longitudinal dos pacientes por uma mesma equipe de

referência

5. Disponibilidade da equipe de referência para atender seus pacientes, fora da

agenda prevista, em caso de necessidade

6. Combinar a forma de trabalhar com os pacientes

7. Reconhecer as condições singulares dos pacientes (gravidade,

complicações da doença, risco e vulnerabilidade) na definição dos

procedimentos a serem adotados (p. ex. freqüência do retorno, etc.)

8. Fazer Projetos Terapêuticos Individuais para cada paciente

9. Abordar os fatores subjetivos dos pacientes (desejos, interesses, angústias,

medos, preconceitos)

10. Abordar os fatores sociais dos pacientes (situação de emprego, renda,

pertencimento a grupo ou rede social)

11. Reavaliação do Projeto Terapêutico dentro de um tempo estipulado

12. Conhecer/interagir com os recursos disponíveis no território de moradia dos

pacientes

13. Interação com as Equipes de Atenção Básica (Saúde da Família ou outras),

caso autorizado pelo paciente, para condução conjunta do caso

14. Contato com o médico/enfermeiro do hospital/enfermaria, responsável pela

internação do paciente, no caso de internações de pacientes da equipe de

referência

15. Oferecimento de práticas complementares de cuidados (homeopatia,

fitoterapia, medicina chinesa, etc.), em conjunto à medicina tradicional, aos

pacientes que desejarem

16. Respeito à privacidade dos pacientes no fornecimento de informações e

orientações

17. Vinculação e responsabilização dos profissionais (ou equipes) de saúde

bucal por um grupo específico de pacientes

18. Realização de atividades de educação dos pacientes e seus familiares para

autocuidado (manipulação de sondas e cateteres, cuidados com as feridas e

trocas de curativos, tomada adequada de medicamentos, outras)

19. Realização de atividades em grupos de educação em saúde pelos

profissionais do ambulatório do CRT

20. Uso de avaliação de gravidade, risco e vulnerabilidade dos pacientes como

critério de agendamento com os especialistas do CRT

21. Avaliação pela equipe de referência da adesão dos pacientes ao tratamento

22. Estimulação dos pacientes para que consigam maiores graus de autonomia

23. Comprometimento da equipe de referência com a constituição de rede

social de apoio aos pacientes (familiares, colegas, outros) que atenda suas

necessidades de maneira adequada.

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388

Importância Aplicação no

seu trabalho no ambulatório

do CRT

24. Trabalho em equipe de referência

25. Realização de reuniões para discussão dos processos de trabalho, resolução

de problemas das relações do dia-a-dia, e estabelecimento de melhores

formas de trabalhar e conviver

26. Discussão de casos (troca de informações ou opiniões) na equipe de

referência

27. Discussão de protocolos e diretrizes clínicas

28. Interação com Organizações Não-Governamentais

29. Relacionamento direto com especialistas do CRT, com discussão dos casos

em conjunto, de forma não burocrática

30. Participação dos profissionais do ambulatório do CRT na gestão e

elaboração de Projeto ou Plano de Trabalho, com objetivos, metas e

indicadores avaliados

31. Utilização pela equipe de referência de dados de avaliação da qualidade de

seu trabalho no ambulatório do CRT: satisfação dos usuários, dados

epidemiológicos relacionados aos seus pacientes (mortalidade, internação,

adesão, resposta laboratorial e clínica)

32. Capacitação e educação permanente dos profissionais do ambulatório do

CRT

33. Avaliação e discussão sobre a percepção de cada profissional sobre o que

dá prazer no trabalho e aquelas tarefas que são mais penosas, tentando levar

em consideração estas variáveis no momento de pactuar suas ações e

responsabilidades

34. Descreva livremente suas impressões sobre a importância do trabalho em equipe de referência e como

isso vem se dando no CRT.

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

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389

Questionário para

pacientes – 1ª fase

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391

PROJETO DE PESQUISA CONVÊNIO FAPESP – CNPq - SUS:

ESTUDO DO IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DA CLÍNICA AMPLIADA NO

CENTRO DE REFERÊNCIA E TREINAMENTO DE DOENÇAS SEXUALMENTE

TRANSMISSÍVEIS E SÍNDROME DE IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA DE SÃO

PAULO – (CRT-DST-AIDS-SP).

Questionário para os pacientes das equipes de referência:

Identificação: ____________________________________________

1. Número do Prontuário: ____________________________________________

2. Nome ____________________________________________

3. Data de nascimento: __________/_________/____________

4. Sexo: ____________________________________________

5. Profissão: ____________________________________________

6. Identificação da Equipe de Referência: ________________________________

7. Data de início de atendimento no CRT: ________________________________

8. Data de conhecimento do estado sorológico do HIV-AIDS: ______________

9. Data da entrevista: _____/____/_____

10. Nome do entrevistador: _______________________________________

11. Assinatura do supervisor: (conferido) ___________________________________

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392

PROJETO DE PESQUISA CONVÊNIO FAPESP – CNPq - SUS:

ESTUDO DO IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DA CLÍNICA AMPLIADA NO

CENTRO DE REFERÊNCIA E TREINAMENTO DE DOENÇAS SEXUALMENTE

TRANSMISSÍVEIS E SÍNDROME DE IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA DE SÃO

PAULO – (CRT-DST-AIDS-SP).

Questionário para os pacientes das equipes de referência:

Identificação: ____________________________________________

1. Você sabe quem são as pessoas que atendem você aqui no ambulatório do CRT?

(Não sei) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Sei muito bem)

2. Geralmente o seu atendimento é feito pelas mesmas pessoas?

(Varia muito) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Sempre as mesmas)

O que você acha do seu relacionamento com as pessoas que atendem você aqui no

ambulatório do CRT:

3. Médico (Distante) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Próximo)

4. Psicólogo (Distante) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Próximo)

5. Assistente social (Distante) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Próximo)

6. Enfermeiro (Distante) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Próximo)

7. Nutricionista (Distante) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Próximo)

8. Dentista (Distante) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Próximo)

9. Você acha que as pessoas que atendem você no ambulatório formam uma equipe e

trabalham juntos?

(Não acho) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Acho muito)

10. Como você considera o vínculo que possui com as pessoas da equipe que atende você

no ambulatório do CRT?

(Sem vínculo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito vínculo)

11. Alguém que atende você no ambulatório do CRT conversou com você sobre a sua

situação de saúde, necessidades dos cuidados que você precisa ter, medicamentos,

exames, etc.?

(Nenhuma conversa) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito conversado)

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12. Quando você tem algum problema e precisa procurar o ambulatório do CRT antes da

próxima consulta marcada, você tenta consultar-se com as pessoas que sempre atendem

você (a sua equipe)?

(Nunca tentei) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito tentado)

13. Em caso de tentar consultar-se com as pessoas que sempre atendem você (a sua equipe

do ambulatório do CRT) antes do retorno marcado, costuma conseguir atendimento

com eles?

(Não consigo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Consigo fácil)

14. Você costuma freqüentar algum Posto ou Centro de Saúde?

(Não freqüento) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Idas freqüentes)

15. Você tem contato com alguma organização não governamental (ONG) que atua na área

da saúde?

(Nenhum contato) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito contato)

16. Você participa ativamente de algum movimento social organizado que atua na área da

saúde?

(Não participa) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Participa muito)

17. Alguém do ambulatório do CRT ajuda você a enfrentar suas ansiedades e tristezas,

conversando com você e lhe oferecendo apoio?

(Não ajuda) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Ajuda muito)

18. Alguém do ambulatório do CRT conversa com você sobre sua sexualidade, lhe

oferecendo apoio?

(Não apóia) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Apóia muito)

19. Alguém do ambulatório do CRT conversa com você sobre sua alimentação, lhe

oferecendo orientações e apoio?

(Não apóia) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Apóia muito)

20. Alguém do ambulatório do CRT conversa com você sobre suas questões familiares, lhe

oferecendo apoio?

(Não apóia) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Apóia muito)

21. Alguém do ambulatório do CRT conversa com você sobre uso de álcool e drogas,

incluindo o cigarro, lhe oferecendo orientações e apoio?

(Não apóia) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Apóia muito)

22. Alguém do ambulatório do CRT conversa com você sobre as questões sociais que lhe

incomodam, como problemas de emprego, dificuldades financeiras, preconceitos, lhe

oferecendo apoio?

(Não apóia) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Apóia muito)

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23. Você se sente devidamente respeitado pelas pessoas do ambulatório do CRT?

(Não respeitado) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito respeitado)

24. Você se sente seguro em relação ao segredo sobre o seu problema de saúde?

(Sem segurança) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito seguro)

25. Você utiliza outros tipos de medicina (Homeopatia, Fitoterapia, Acupuntura, Medicina

Chinesa) em conjunto com o tratamento médico convencional?

(Não utilizo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Utilizo muito)

26. Você gostaria de utilizar outros tipos de medicina (Homeopatia, Fitoterapia,

Acupuntura, Medicina Chinesa) em conjunto com o tratamento médico convencional?

(Nenhuma vontade) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muita vontade)

27. Quando você precisa de um médico especialista do ambulatório do CRT, você sente

dificuldades de conseguir a consulta?

(Muita dificuldade) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Nenhuma dificuldade)

28. Quando você precisa de um médico especialista que não tem no ambulatório do CRT,

você sente dificuldades de conseguir a consulta?

(Muita dificuldade) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Nenhuma dificuldade)

29. Quando você precisa se consultar com vários especialistas, o médico infectologista que

o atende no ambulatório do CRT conversa sobre seu caso com os especialistas e

coordena a condução do seu tratamento?

(Não coordena) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Coordena)

30. Você se sente devidamente apoiado pelos dentistas do ambulatório do CRT em relação

aos cuidados com sua boca (dentes, gengivas, língua)?

(Nenhum apoio) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito apoiado)

31. Alguém do ambulatório do CRT informou e discutiu com você sobre como identificar a

piora de seu estado de saúde e quando você deve procurar cuidados médicos sem

demora?

(Não fui informado) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Fui bem informado)

32. Você entendeu essas informações?

(Não entendi) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Entendi bem)

33. Você participa de atividades em grupo no ambulatório do CRT?

(Não participo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Participo muito)

34. Você comparece com regularidade às consultas, seguindo a recomendação das pessoas

que o atendem no ambulatório do CRT?

(Não sigo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Sigo direitinho)

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35. Você realiza seus exames com regularidade, seguindo a recomendação das pessoas que

o atendem no ambulatório do CRT?

(Não sigo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Sigo direitinho)

36. Alguém do ambulatório do CRT conversou com você sobre a importância de realizar

esses exames com regularidade?

(Não conversado) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Muito conversado)

37. Você entendeu essas informações?

(Não entendi) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Entendi bem)

38. Você toma seus medicamentos com regularidade, seguindo a recomendação das pessoas

que o atendem no ambulatório do CRT?

(Não sigo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Sigo direitinho)

39. Alguém do ambulatório do CRT conversou com você sobre esse assunto (importância

de tomar os medicamentos corretamente)?

(Não conversou) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Conversou bem)

40. Você entendeu como tomar os medicamentos?

(Não entendi) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Entendi bem)

41. Alguém do ambulatório do CRT oferece algum tipo de apoio ou orientação a seus

familiares, amigos ou parceiros, em caso de necessidade?

(Não apóia) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Apóia muito)

42. Você considera que as pessoas que atendem você no ambulatório do CRT ajudam a

melhorar suas condições de cuidar de si próprio, com mais independência?

(Não ajudam) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Ajudam muito)

43. Alguém do ambulatório do CRT estimula você a formar e valorizar uma rede social

(familiares, colegas, outros) que apóie você nas suas necessidades?

(Não estimulam) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Estimulam muito)

44. Você participa da decisão sobre uso de medicamentos e outras orientações relacionadas

à sua saúde?

(Não participo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Participo muito)

45. As pessoas que atendem você no ambulatório do CRT conversam com você e levam em

consideração as coisas que você gosta e as que você não gosta, no momento de decidir

com você seu tratamento?

(Não conversam) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (Conversam muito)

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Instrumento para

consolidação dos

dados dos prontuários

– 1ª fase

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399

Instrumento de Consolidação da Coleta de Dados nos Prontuários

(relativos aos últimos 2 anos)

Identificação:

Data de nascimento:

Raça/cor:

Sexo:

Profissão:

Escolaridade:

Equipe de Referência:

Data de início do atendimento no CRT:

Data de conhecimento do estado sorológico:

A: Registro de faltas em consultas agendadas no ambulatório, com profissionais das

equipes de referência ou seus apoios. # de faltas registradas no prontuário

INF: Faltas nas consultas com Infectologista

ESP: Faltas nas consultas com Especialistas

PSQ: Faltas nas consultas com Psiquiatras

PSI: Faltas nas consultas com Psicólogos

ASS: Faltas nas consultas com Assistentes Sociais

ENF: Faltas nas consultas com Enfermeiros

DEN: Faltas nas consultas com Dentistas

NUT: Faltas nas consultas com Nutricionistas

B: Registro de consultas no Pronto Atendimento (PA) do ambulatório de acordo com o

motivo da consulta: # de consultas

BARV: Consulta para pegar medicamentos antiretrovirais

BCLI: Consulta por motivos clínicos

BEXA: Consulta para solicitação de exames

BOUT: Consulta por outros motivos

C: Registro de consultas realizadas no ambulatório, com profissionais das equipes de

referência ou seus apoios. # de consultas realizadas e registradas no prontuário

CINF: consultas com Infectologista

CESP: consultas com Especialistas

CPSQ: consultas com Psiquiatras

CPSI: consultas com Psicólogos

CASS: consultas com Assistentes Sociais

CENF: consultas com Enfermeiros

CDEN: consultas com Dentistas

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400

CNUT: consultas com Nutricionistas

D: Registro de exames de CD4 e carga viral realizadas, com registro de data e resultados

dos exames.

DREALIZA: Número de exames realizados

DATA1: Data de realização do 1º exame

CD41: Resultado de CD4 do 1º exame

CV1: Resultado de CV do 1º exame

DATA2: Data de realização do 2º exame

CD42: Resultado de CD4 do 2º exame

CV2: Resultado de CV do 2º exame

... até DATA9, CD49 e CV9

Com isso, foram construídas para análise as seguintes variáveis a respeito de exames:

DREALIZA: Número de exames realizados

CD4MED: Média dos resultados das contagens de CD4 realizadas

CVMED: Média dos resultados das contagens de CV realizadas

EINT: Número de internações

EDIASINT: Número de dias de internações

FCONDICO: número de condições definidoras de AIDS

FEPISODIO: número de episódios de condições definidoras de AIDS

GARVUSA: Usa ou não ARV

GDATA1ES: Data de início do 1º esquema

GNESQ: Número de esquemas

GFALHA: Número de mudanças no esquema por falha terapêutica

GRESIS: Número de mudanças no esquema por resistência aos ARV

GIGNOR: Número de mudanças no esquema por motivo ignorado

GABAND: Número de mudanças no esquema por abandono de esquema

GINTOL: Número de mudanças no esquema por intolerância aos ARV

GNAOAD: Número de mudanças no esquema por não adesão ao esquema

GFLABO: Número de mudanças no esquema por falha laboratorial

GGRAVI: Número de mudanças no esquema por gravidez

GOUTRO: Número de mudanças no esquema por outros motivos

HADESAO: Registro de adesão aos medicamentos ARV no prontuário

HNAOADE: Registro de não adesão aos medicamentos ARV no prontuário

IPTS: Registro de Projeto Terapêutico Singular no prontuário

IDISCUSSA: Registro de Discussão de Caso no prontuário

JGRUPO: Registro de participação em grupo de atividades relacionadas ao cuidado

JGRUPOFR: Freqüência do grupo: semanal, quinzenal, mensal, outra

JTIPO: Tipo do grupo de terapia utilizado:

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401

Roteiro para grupos

focais – de médicos,

multiprofissional e de

pacientes

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403

Roteiro Grupo Focal – Profissionais

Aquecimento:

1- Como é, para vocês, trabalhar no ambulatório do CRT? Do que vocês mais gostam? E do

que não gostam? Por quê?

Equipe de Referência:

2- O que significa, para vocês, o trabalho em equipe de referência? Como esse trabalho

vem acontecendo no ambulatório do CRT?

3- Como são compostas as equipes de referência no ambulatório do CRT? O que vocês

acham desta composição? É suficiente para cumprir com os objetivos deste arranjo?

4- Como é trabalhar na sua equipe de referência?

5- Que repercussões vocês acham que esse arranjo pode gerar na assistência?

6- Vocês conseguem conhecer seus usuários? E seus familiares?

7- Quem se responsabiliza pelos casos? Como isso é definido? E como acontece essa

responsabilização?

8- Como era o trabalho no ambulatório do CRT antes da implantação das equipes de

referência? O que mudou? Falem sobre os aspectos positivos e negativos desta mudança.

Clínica ampliada:

9- Como são os atendimentos (médicos/ enfermagem/ assistência social/ psicologia)

oferecidos no ambulatório do CRT? E os outros atendimentos, como são?

10- Quais aspectos vocês consideram mais relevantes na atenção ao usuário? Como

costumam abordar estes aspectos?

11- O que vocês entendem por Projeto Terapêutico Singular? Vocês costumam trabalhar

com PTS? Para que servem? Quando são elaborados estes projetos (em quais situações)?

Vocês fazem estes projetos para todos os casos, ou somente para alguns? Quais? Quem

participa da elaboração? E do acompanhamento? Vocês costumam reavaliar o andamento

dos PTS? Como isso acontece?

12- E os usuários, se responsabilizam pelo próprio tratamento? Eles participam da

elaboração do PTS? Como?

13- Para vocês, qual o maior ganho dos usuários em relação ao seu próprio tratamento

(aprofundar autonomia)? Quais ações vocês acham que contribuem para alcançar este

ganho?

14- Como vocês lidam com os usuários com maior risco e/ou vulnerabilidade? Existem

critérios para definir risco e vulnerabilidade no ambulatório do CRT? Quais? Como vocês

operam com isso?

15- E como vocês lidam com os casos problemáticos (os que não aderem ou os que são

muito complexos)? Que recursos vocês utilizam?

Rede:

16- Como vocês vêem as relações entre o ambulatório do CRT e os outros serviços da rede

de saúde (Atenção básica, especialidades de dentro e de fora do CRT, internações

hospitalares, hospitais-dia)?

17- Vocês utilizam recursos fora do ambulatório para abordar aspectos da vida dos

usuários?

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18- Existem ações realizadas (prevenção, promoção, orientação, trabalho com rede social)

no território de moradia dos usuários? Quais? Como se dão?

19- Quais seriam as potencialidades destas ações? E as dificuldades para realizá-las?

Fechamento:

20- Como vocês avaliam o trabalho desenvolvido no ambulatório do CRT? O que vocês

mudariam no serviço? E o que manteriam? Por quê?

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Roteiro Grupo Focal – Pacientes

Aquecimento:

1- Como é, para vocês, se tratar no ambulatório do CRT? Do que vocês mais gostam e do

que não gostam? Por quê?

Equipe de Referência:

2- Vocês conhecem quem os atende no ambulatório? São sempre as mesmas pessoas? O

que vocês acham disso? (Além do médico, são atendidos por outros profissionais? Quais?

O que acham disso?)

3- Como é a relação com os profissionais que o atendem?

4- Como vocês chegaram aqui pela 1ª vez? (encaminhamento ou demanda espontânea)

Como vocês foram recebidos?

5- De quanto em quanto tempo vocês vêm ao ambulatório? Quando vocês têm algum

problema antes da consulta marcada, o que vocês fazem? (Conseguem encaixe?

Conseguem que seja com o profissional de referência?)

6- Vocês se sentem bem informados/ orientados sobre os tipos de atendimento (consultas

com especialistas, grupos terapêuticos, etc.) oferecidos pelo ambulatório? Utilizam dessas

propostas?

Clínica Ampliada:

7- Como vocês entendem a situação de saúde das pessoas que têm AIDS? Como essa

situação influencia na vida das pessoas?

8- Vocês acham que questões sociais e emocionais, entre outras (preconceito, família, etc.)

são levadas em consideração no tratamento de vocês? Como? (Quem aborda? Em que

situações?)

9- Vocês podem opinar sobre o tratamento de vocês? Com quem vocês conversam sobre

isso? Suas opiniões são levadas em consideração?

10- O que vocês fazem quando vêm ao ambulatório?

11- O que vocês acham do tratamento oferecido no ambulatório? É suficiente?

12- Como vocês lidam com as limitações (físicas, preconceito, medo, etc.) que a situação

de saúde de vocês pode trazer? (autonomia)

Território; saúde coletiva; promoção e prevenção; relação com outros serviços

13- Além do ambulatório, que outros serviços de saúde vocês usam? Vocês acham que os

profissionais do ambulatório conversam sobre seu caso com os profissionais desses outros

serviços? Quando vocês são internados, os profissionais do ambulatório acompanham

vocês?

14- Existe algum espaço na comunidade de vocês que auxilie no tratamento? Quais? Como

é esse auxílio?

Fechamento:

15- Como vocês avaliam o tratamento oferecido pelo ambulatório? O que vocês mudariam

no serviço? E o que manteriam? Por quê?