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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM IMPLANTODONTIA Fernando Silva Pereira CARGA IMEDIATA EM IMPLANTES UNITÁRIOS CURITIBA 2011

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM IMPLANTODONTIA

Fernando Silva Pereira

CARGA IMEDIATA EM IMPLANTES UNITÁRIOS

CURITIBA

2011

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CARGA IMEDIATA EM IMPLANTES UNITÁRIOS

CURITIBA

2011

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Fernando Silva Pereira

CARGA IMEDIATA EM IMPLANTES UNITÁRIOS

Monografia apresentada ao curso de Pós

Graduação em Implantodontia da Faculdade de

Ciências da Saúde da Universidade Tuiuti do

Paraná, como requisito para obtenção do título em

Especialista em Implantodontia.

Orientador: Prof. Luiz Carlos Carmo Filho

CURITIBA

2011

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TERMO DE APROVAÇÃO

Fernando Silva Pereira

CARGA IMEDIATA EM IMPLANTES UNITÁRIOS

Esta monografia foi julgada e aprovada para obtenção do título de Especialista em Implantodontia no

Programa de Pós-Graduação da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 02 de dezembro de 2011.

________________________________________

Curso de Pós-Graduação em Implantodontia

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Prof. Luiz Carlos Carmo Filho

Universidade Tuiuti do Paraná

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente dedico esta conquista a Deus, pelo dom da vida.

À minha esposa Kerstyen, pela compreensão e incentivo.

Às minhas filhas, Isadora e Mikaela, minhas motivações diárias e fontes

constante de inspiração.

Aos meus pais, que não mediram esforços para dar-me o melhor.

Aos amigos do curso, pela amizade verdadeira.

Aos meus professores, cujos ensinamentos levarei por toda vida, em especial

àqueles com quem cultivei vínculos de amizade.

A todos que acreditaram em meus sonhos e vibraram com minhas conquistas.

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SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................. 6

ABSTRACT........................................... ............................................................ 7

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 8

1.1 TERMOS E DEFINIÇÕES............................................................................ 11

1.1.1 Cirurgia de implante em dois tempos cirúrgicos......................................... 11

1.1.2 Cirurgia em tempo único ou implantes não submersos.............................. 11

1.1.3 Implantes com carga imediata ou carregamento imediato......................... 12

1.1.4 Implantes com carga precoce ou de médio prazo...................................... 12

1.1.5 Carga oclusal.............................................................................................. 12

1.1.6 Restauração imediata................................................................................. 13

1.2 REQUISITOS PARA CARGA IMEDIATA...................................................... 18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................ ........................................... 20

3 DISCUSSÃO.................................................................................................... 33

4 CONCLUSÃO........................................ ........................................................... 41

REFERÊNCIAS.................................................................................................. 44

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RESUMO

A carga imediata em elementos múltiplos, quando ferulizados, tem sido usada com sucesso desde finais da década de 70. Passados alguns anos de comprovação científica e de desenvolvimento tecnológico, os implantes osseointegráveis têm sido utilizados para reposição unitária de elementos dentários perdidos, tanto em osso cicatrizado quanto em alvéolos frescos pós cirúrgicos, na tentativa de devolver ao paciente a autoconfiança, o bem estar, a auto-estima e o convívio social. Algumas variáveis são de grande importância quando planejamos implantes unitários, as quais devem ser relacionadas através de rigorosa anamnese, análise clínica criteriosa, exames complementares e que devem ser considerados como um todo. Achados relevantes como espaço interoclusal, quantidade de tecido mole, qualidade e quantidade de tecido ósseo, necessidade ou não de levantar retalho, posição e região implantar, presença de doenças sistêmicas, tabagismo, bruxismo ou hábitos parafuncionais dentre outros fatores, são essenciais no planejamento clínico do caso e estão intrinsecamente ligados ao sucesso ou fracasso do procedimento. Este trabalho de revisão de literatura visa relacionar os achados de pesquisas em implantes unitários submetidos a cargas imediatas, descritos desde os primórdios da implantodontia até os dias atuais, na tentativa de estabelecer uma conduta clínica, protocolar ou não, que viabilize a execução destes implantes de maneira segura e previsível. Palavras chave: implantodontia; carga imediata; implantes unitários

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ABSTRACT

The immediate loading of multiple elements, when splinted, has been used successfully since the late 70's. After several years of scientific evidence and technological development, osseointegrated implants have been used to replace lost unit teeth, both in alveolus and healed bone fresh post-surgery in an attempt to return the patient to self-confidence, well being, self-esteem and social life. Some variables are of great importance when planning unit implant, which must be related through rigorous clinical history, careful clinical examination, laboratory tests and should be considered as a whole. The relevant findings as interocclusal space, amount of soft tissue, quality and quantity of bone tissue, whether or not to raise retail position and deploy region, presence of systemic diseases, smoking, bruxism or parafunctional habits among other factors, are essential in clinical planning of the case and are intrinsically linked to success or failure of the procedure. This work of literature review aims to relate the findings of research on implants subjected to immediate unit loading, described since the beginning of the implant to nowadays, in an attempt to establish a clinical management, protocolar or not, which makes possible the implementation of these implants safe and predictable. Keywords : dental implants, immediate loading, unit implant

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1 INTRODUÇÃO

A preocupação do homem em substituir os dentes perdidos vem desde a

Antiguidade. Através de estudos arqueológicos foram confirmadas tentativas de

implantações efetuadas pelos egípcios e pré colombianos utilizando diferentes

materiais de substituição de origem animal (humana ou não) assim como de origem

mineral (PEIXOTO, 2007).

Bränemark et al. (1952 apud THOMÉ; SARTORI; PADOVAN, 2008)

pesquisando a circulação sanguínea, instalou câmaras ópticas de titânio em tíbia de

coelho, como dispositivo intra ósseo acoplado a um microscópio. Ao tentar remover,

percebeu que a peça de titânio estava firmemente integrada ao osso, o que levou os

pesquisadores a observar a osseointegração.

Bränemark et al. definiram a “osseointegração” como sendo uma conexão

direta, estrutural e funcional entre o osso vital organizado e a superfície de um

implante de titânio capaz de receber carga funcional. Bränemark et al. enfatizaram

que para obtenção deste fenômeno, era necessário a ausência da incidência de

cargas sobre os implantes recém colocados (PEIXOTO, 2007).

Segundo os estudos de Bränemark, em 1969, a aposição óssea sobre a

superfície do implante era possível, podendo ser duradoura, desde que os implantes

ficassem sepultados por tempo determinado, até que ocorresse a osseointegração,

e onde a colocação dos mesmos seguisse determinado protocolo (THOMÉ;

SARTORI; PADOVAN, 2008), que obedeceriam seis fatores: desenho do implante,

material do implante, acabamento do implante, condições do osso, técnica cirúrgica

e condições de carga sobre o implante, sendo este último fator, considerado crítico

(PEREDO-PAZ et al., 2008).

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O período contemporâneo teve início nos anos setenta quando resultados de

pesquisa sobre osseointegração de Bränemark et al. (1952) foram divulgados na

Conferência de Harvard (1978) e, a partir daí, os chamados implantes

osseintegrados adquirem notoriedade e fundamento científico com os trabalhos de

Zarb, Albrektson e Bränemark, divulgados nesta conferência (DAVARPANAH et al.,

2003; PEIXOTO, 2007).

Adell et al. (1981) apresentaram um trabalho à comunidade científica na

Conferência de Toronto, em 1982, expondo os resultados de um trabalho de

pesquisa iniciado em 1965, com implantes dentários osseointegráveis. O método,

segundo os parâmetros de avaliação da Conferência de Harvard, foi considerado

excelente, confirmando uma nova era em implantação dentária: a osseointegração

(PEIXOTO, 2007).

Assim, em 1985, Bränemark propôs um protocolo clássico para a

reabilitação de pacientes desdentados totais que envolvia duas etapas cirúrgicas. Na

primeira fase cirúrgica eram instalados os implantes e após um período de 3 a 6

meses seria feita a segunda cirurgia, para a reabertura e colocação dos pilares de

cicatrização ou do componente protético (PEIXOTO, 2007). Surge neste momento o

protocolo de carga convencional de Bränemark.

O uso de implantes do tipo osseointegrado ad modum Bränemark como

ancoragem de próteses é considerado um procedimento técnico viável, com sucesso

clínico comprovado em diversos trabalhos com análises longitudinais (ADELL et al.,

1981; JEMT, 1991; JENDRESEN et al., 1995; THOMÉ; SARTORI; PADOVAN,

2008).

A condição de um período de espera de 3 a 4 meses para implantes

colocados na mandíbula e de 5 a 6 meses para implantes fixados na maxila, para a

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obtenção da osseointegração é justificada por Roberts, Poon e Smith, em 1986, que

consideraram a importância da estabilidade inicial do implante, assim como as 3

etapas de desenvolvimento celular que ocorrem na interface osso/implante durante

os 3 primeiros meses de cicatrização (PEREDO-PAZ et al., 2008).

Entretanto, o tempo de tratamento desde a fresagem inicial até a instalação

da prótese, assim como a estética pós-operatória, são na atualidade, requisitos

fundamentais e importantíssimos para os pacientes que buscam tratamento com

implantes para substituir os dentes perdidos (PEREDO-PAZ et al., 2008), porém,

cada caso deve ser avaliado clinicamente da necessidade e possibilidade de

carregar o implante em 1 ou 2 estágios clínicos.

Ledermann (1979) e Babbush, Kent e Misiek (1986), baseando-se em

literatura (SALAMA et al., 1995; PIATTELLI et al., 1997; ESPOSITO et al., 1998;

PIATTELLI et al., 1998; CANNIZZARO; LEONE, 2003) foram os primeiros a

publicarem trabalhos sobre carga imediata em implantes (PEREDO-PAZ et al.,

2008).

Vários trabalhos avaliaram o sucesso dos procedimentos de carga imediata

em elementos múltiplos, ao longo da década de 80. A partir da segunda metade da

década de 90, muitos trabalhos fundamentados em pesquisas, ofereceram

fundamentos e bases importantes e confiáveis para estabelecermos protocolos.

Dentre os principais pode-se destacar: Henry e Rosemberg (1994), Salama

et al. (1995), Tarnow, Emtiaz e Classi (1997), Schnitman et al. (1997), e Chiapasco

et al. (1997) (técnica com uso da barra fundida em ouro). (THOMÉ; SARTORI;

PADOVAN, 2008).

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1.1 TERMOS E DEFINIÇÕES

Foram encontrados na literatura vários termos que fazem menção à carga e

tempos cirúrgicos. Visando melhorar a compreensão, destaca-se:

1.1.1 Cirurgia de implante em dois tempos cirúrgicos

É o protocolo original, proposto por Branemark (1978), que sugeria que a

osseointegração somente seria alcançada se fosse feita a estabilização do implante

abaixo da crista óssea e cobertura por tecido mole, por um período de três a seis

meses, com a finalidade de minimizar os riscos de infecção bacteriana e diminuir a

carga sobre o implante durante a remodelação óssea. Passado este estágio, uma

segunda cirurgia seria necessária para expor estes implantes e proceder à

colocação de cicatrizador protético (PEIXOTO, 2007).

1.1.2 Cirurgia em tempo único ou implantes não submersos

Esta técnica, nada mais é que uma modificação do protocolo de dois tempos

cirúrgicos, proposto por Branemark. Foi inicialmente proposta pelo grupo suíço

Straumann, criador do implante ITI. A técnica consiste na colocação dos implantes

em seu leito, os quais ficam expostos à cavidade bucal por meio de um componente

com colo polido supra ósseo e sobre o qual ocorre o selamento mucoso. Desta

forma, a cirurgia torna-se de única fase, pois não necessita de reabertura,

diminuindo o tempo de cadeira e aumentando o conforto do paciente (BECHELLI,

2006).

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1.1.3 Implantes com carga imediata ou carregamento imediato

São assim denominados os implantes colocados em cirurgia de um estágio e

que são submetidos a cargas imediatas, por meio de restaurações provisórias

imediatas (na mesma consulta), como afirmam Misch et al. (2004).

1.1.4 Implantes com carga precoce ou de médio prazo

Assim são denominados, os implantes que são submetidos a cargas

funcionais em prazos que vão de quarenta a cinquenta dias após a inserção

(BECHELLI, 2006; PEIXOTO, 2007).

1.1.5 Carga oclusal

São assim denominadas as cargas oclusais protética em próteses definitivas

ou temporárias, que pode ser funcional ou não funcional, imediata, precoce ou tardia

(MISCH et al., 2004; PEIXOTO, 2007).

Carga oclusal funcional imediata é aquela onde a prótese está com função

oclusal e foi instalada no dia da colocação do implante. Carga imediata não funcional

é a confecção de uma prótese 1 a 2 mm mais curta em relação ao contato oclusal.

(DEGIDI; PIATELLI, 2003; PEIXOTO, 2007).

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1.1.6 Restauração imediata

Carga imediata não funcional e restauração imediata são denominações que

caracterizam carga imediata (MORTON; ZAFFIN; WEBER, 2004; PEIXOTO, 2007).

O grupo ITI, reúne-se de tempo em tempo para o Consensus, cuja finalidade

é discutir técnicas e estabelecer critérios de tratamento, estabelecer regras e

padronizar definições. Neste grupo, estão inscritos profissionais do mundo inteiro,

muitos deles renomados, que fazem deste time uma grande referência.

1. Consensus de Barcelona, Espanha (2002). (WEBER et al., 2009):

- carga Imediata: a prótese é colocada no mesmo dia da colocação do

implante;

- carga precoce: a prótese é colocada antes do prazo de protocolo

convencional, ou seja, antes dos 3 ou 6 meses preconizados. Este tempo de

antecedência poderia variar de alguns dias ou até semanas;

- carga convencional: a prótese é colocada no prazo convencional de 3 a 6

meses após a colocação do implante;

- carga tardia: a prótese é colocada após o prazo convencional de 3 a 6

meses

2. Consensus Conference de Gstaad, Suíça (2003). (WEBER et al., 2009):

- Carga Imediata: a prótese é colocada em oclusão em até 48 horas da

colocação do implante.

- Carga Precoce: a prótese é colocada em oclusão após 48 horas da

colocação do implante, ou em até 3 meses antes do protocolo convencional.

- Carga Convencional: a prótese é colocada no prazo convencional de 3 a 6

meses após a colocação do implante.

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- Carga Tardia: a prótese é colocada após o prazo convencional de 3 a 6

meses.

- Restauração Imediata: a prótese é colocada até 48 horas após a colocação

do implante, em infra-oclusão com o dente antagonista.

3. Consensus of the European Association of Osseointegration, Zurich,

Suíça (2006). (WEBER et al., 2009):

- Carga Imediata: a prótese é colocada em oclusão em até 72 horas da

colocação do implante;

- Carga Convencional: a prótese é colocada após o período de

osseointegração de 3 meses em mandíbula e 6 meses em maxila;

- Restauração Imediata com carga não funcional: a prótese é colocada até

72 horas após a colocação do implante, porém, em infra-oclusão com o dente

antagonista.

Recentemente, Esposito et al. (1998) publicaram uma revisão sistemática

onde descrevem os diferentes tempos de carga imediata em implantes dentários.

- Carga imediata: foi definida como implantes colocados em função oclusal

num prazo de até uma semana após a sua colocação. Não foi relatado nenhuma

distinção entre cargas em oclusão ou cargas em infra-oclusão;

- Carga Precoce: foi definida como a colocação de implantes em função

entre uma semana e 2 meses após colocação;

- Carga convencional: foi definido como a introdução implantes em função

após 2 meses.

Consensus ITI (2008). (WEBER et al., 2009): para efeito de revisão de

literatura, o grupo ITI utilizou as definições do Consensus de 2003, agregando novos

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conceitos. O grupo seguiu indicações específicas (para pacientes desdentados totais

ou parciais) e recomendações clínicas:

- Cargas Convencionais: são aquelas administradas em implantes após 2

meses de sua colocação intra-óssea;

- Carga Precoce: são aquelas administradas num prazo de 1 semana até 2

meses da colocação dos implantes;

- Carga Imediata: são aquelas administradas em até 1 semana da colocação

dos implantes.

Não há necessidade de uma classificação para cargas tardias.

O Consensus de 2008 classifica ainda o paciente, segundo avaliações

clínicas: paciente totalmente edêntulo em maxila e mandíbula: para a mandíbula e

maxila edêntulas, a literatura existente demonstra o carregamento de implantes com

microrrugosidades (tratamento de superfície) entre 6 e 8 semanas após a colocação

dos implantes, com uso de próteses fixas ou removíveis em mandíbula e próteses

fixas em maxila. Portanto, para a maioria dos pacientes, cargas em implantes

dentários para estas indicações e dentro deste prazo são consideradas rotina.

Poucos casos clínicos dão suporte ao uso de overdentures em maxila para o

período proposto de 6 a 8 semanas. Os participantes do Consensus entendem que o

tratamento é complexo, e deve ser realizado por profissionais bem preparados,

experientes e habilidosos.

Cargas convencionais (idealizadas após 2 meses da colocação dos

implantes), é recomendada para condições especiais nas reabilitações em maxila e

mandíbula, como em áreas de enxerto ósseo, levantamento de seio maxilar, em

pacientes portadores de parafunções.

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Para a maxila edêntula, a literatura relata casos em que carga imediata fora

aplicada em implantes com tratamento de superfície em próteses fixas. Nessa

declaração de consenso, os autores entendem que este procedimento deve ser

realizado por profissionais experientes, habilidosos e bem preparados. Não existem

dados suficientes na literatura que suportem o uso de carga imediata em

overdentures em maxila.

Pacientes parcialmente edêntulos em região posterior de maxila e

mandíbula: a literatura dá suporte ao uso de carga em implantes com tratamento de

superfície, num período entre 6 a 8 semanas, desde que os implantes não tenham

sido executados em alvéolos frescos ou que sejam implantes curtos. Para a maioria

dos pacientes, a carga sobre implantes dentários com estas indicações e dentro

deste prazo, são consideradas rotina. Cargas convencionais devem ser aplicadas

em casos onde não se tenha uma estabilidade dos implantes imediatos, em

pacientes portadores de parafunções ou em casos de pacientes que tenham feito

aumento ósseo ou levantamento de seio maxilar.

Pacientes parcialmente edêntulos em região posterior de mandíbula: nestes

casos, os implantes com tratamento de superfície submetidos a cargas imediatas

são indicados. Recomendam cuidados na interpretação dos resultados publicados

para estas indicações evidenciando que os critérios de inclusão e exclusão são

inconsistentes, e muitos fatores de confusão são evidentes. Tratamento dentro deste

prazo, para estas indicações, são complexos e podem ser considerados uma opção

de tratamento válido apenas para os cirurgiões bem preparados, habilidosos e

experientes. Existem relatos literários insuficientes que sustentem o uso de carga

imediata em implantes dentários de maxila parcialmente edêntula posterior.

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Zona Estética (anterior): enquanto a sobrevivência de implantes em locais

parcialmente desdentados em regiões de zona estética parece não ser afetada por

protocolos de carga imediata, critérios de sucesso devem ser adotados. Como não

existem dados avaliando esses aspectos, os ensaios clínicos são recomendados.

Locais parcialmente desdentados na zona estética, carregados com cargas

imediatas utilizando implantes com tratamento de superfície, num período entre 6 a

8 semanas devem ser considerados rotina. Os procedimentos em áreas estéticas,

por sua complexidade, devem ser executados por profissionais experientes,

capacitados e habilidosos.

Cargas convencionais devem ser consideradas quando a estabilidade

estiver comprometida após a colocação dos implantes, quando houver

comprometimento da área estética e quando o paciente for portador de hábitos

parafuncionais.

A Tabela 1, a seguir, mostra último consenso do ITI Treatment guide,

proposto por Buser (2011).

TABELA 1 – VALIDAÇÃO DOS PROTOCOLOS DE CARREGAMENTO PARA DIFERENTES TRATAMENTOS PROTÉTICOS NA MANDÍBULA E NA MAXILA EDÊNTULAS

VCC: validado clínica e cientificamente – verde-escuro; BDC bem documentado clinicamente – verde-claro; DC documentado clinicamente – amarelo; DCI: documentação clínica insuficiente - rosa FONTE: ITI Treatment Guide, 2011.

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1.2 REQUISITOS PARA CARGA IMEDIATA

Piatelli et al. (1998), Szmukler-Moncler et al. (2000), Hildebrand et al. (2001),

Gapsky et al. (2003) consideram que a estabilidade inicial é fundamental para evitar

a formação de fibras ao redor do implante, que ocorre pelo excesso de micro-

movimento na fase de cicatrização, havendo um limite de micro-movimentos

tolerados, que varia entre 50 micrômetros e 150 micrômetros (PEREDO-PAZ et al.,

2008). Outros estudos realizados em animais demonstraram que a carga imediata

não prejudica a osseointegração (PIATTELLI et al., 1997; ROMANOS, 2003), porém,

os micro movimentos na interface osso/implante são aceitáveis dentro de um limiar

ósseo (BURR et al., 1985; SZMUKLER-MONCLER et al., 1998; THOMÉ; SARTORI;

PADOVAN, 2008).

Sendyk e Sendyk (2002) afirmam que se deve estabelecer uma expectativa

de resultado estético e funcional realista, pois estes procedimentos facilitam a

obtenção de um resultado final da reabilitação mais satisfatório, condizente com a

expectativa do paciente, com prognóstico melhor a longo prazo.

Através de uma anamnese, deve-se fazer uma análise da saúde sistêmica

do paciente. Implantes dentários devem ser contra-indicados e evitados em

pacientes com hábitos parafuncionais como doença periodontal ativa, tabagismo e

doenças sistêmicas que possam comprometer os tratamentos por implantes

osseointegráveis.

Exames complementares específicos da cavidade oral são necessários para

o planejamento e execução das reabilitações em Implantodontia. Por intermédio de

análises radiográficas e/ou tomográficas, a qualidade (densidade) e a quantidade

óssea podem ter avaliação pré cirúrgica através das classificações ósseas de

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Lekholm e Zarb (1987). O tamanho da área edêntula, assim como a região dos

arcos tecidos moles, espaços interoclusais e abertura de boca devem ser avaliados.

A eleição dos implantes deve obedecer a critérios como espessura, diâmetro,

macroestrutura e tratamento de superfície. Acrescentam ainda que se deve avaliar

o material da estrutura e do revestimento das próteses provisórias imediatas e de

próteses permanentes, assim como a passividade do assentamento e a esplintagem

desta prótese. A inclinação das cúspides, a forma e o tamanho das coroas, a mesa

oclusal, a proporção coroa implante, o tipo de retenção (cimentada ou parafusada) e

o tipo de antagonista são fatores que determinam a prevenção da sobrecarga

mastigatória, evitando micro movimentos que possam ser prejudiciais ao processo

de osseointegração (PEIXOTO, 2007).

Os pré requisitos que contribuem para os implantes com carga imediata são:

saúde geral do paciente; qualidade e quantidade óssea; técnica cirúrgica utilizada;

desenho dos implantes (bioengenharia); estabilidade primária; cuidados protéticos

(THOMÉ; SARTORI; PADOVAN, 2008), estabilidade oclusal e ausência de

interferências oclusais, ausência de hábitos parafuncionais, bruxismo, passividade

da prótese e dos componentes instalados, além da experiência dos profissionais

envolvidos (PEREDO-PAZ et al., 2008)

Os implantes com cargas imediatas podem ser associados a próteses de

múltiplos elementos ou unitários, em overdentures ou próteses fixas.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Lederman (1979 apud BRIONES; OLID; CAPILLA, 2004) foi pioneiro na

introdução da carga imediata. Realizou estudos em que colocava carga imediata

numa única sessão cirúrgica, utilizando implantes com tratamento de superfície tipo

plasma spray de titânio (TPS). Os implantes tinham instalação bicortical e foram

acompanhados por 81 meses. Foram instalados 476 implantes em 138 pacientes

com sucesso de 91.2%. Do total, perdeu-se 42 implantes onde 34 foram perdidos no

primeiro ano.

Thomas e Cook (1985 apud BRIONES; OLID; CAPILLA, 2004) afirmaram

em seu trabalho que a qualidade óssea é o fator que mais influencia na

osseointegração dos implantes quando submetidos à carga imediata, assim como

observaram que os implantes de superfícies rugosas obtiveram melhores resultados

na osseointegração.

Balshi et al. (1997 apud RIBAS COSTA, 2011) fizeram a análise de 10

pacientes que foram reabilitados na mandíbula com implantes tipo Bränemark e que

tiveram suas próteses instaladas imediatamente após o ato cirúrgico. Por terem

eliminado o estágio de uso de próteses removíveis, tais pacientes sentiram-se bem

mais confortáveis e socialmente integrados.

Tarnow, Emtiaz e Classi (1997) não encontraram diferenças significativas

em suas pesquisas com 107 implantes, de comprimento mínimo de 10 mm, em 10

pacientes totalmente edêntulos. Foram instalados 4 implantes na maxila e 6

implantes na mandíbula. Foram carregados imediatamente sessenta e nove

implantes, através de próteses fixas provisórias esplintadas. A cirurgia em 2 estágios

foi realizada em 38 implantes. Dos 69 implantes em carga imediata, 67

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osseointegraram atingindo taxa de sucesso de 97,1%. Concluiu-se que a carga

imediata deveria ser tentada apenas em arcos edêntulos onde os implantes

deveriam ser esplintados.

Outros pesquisadores como Wohrle (1998), Randow et al. (1999),

Branemark et al. (1999) e Romanos (2001) fizeram experimentos comparativos com

implantes com e sem carga imediata. Os pesquisadores obtiveram resultados

semelhantes, nos quais os implantes carregados precocemente obtiveram índices

de sobrevida superiores a 90% (PEIXOTO, 2008).

Misch et al. (1999 apud PEIXOTO, 2008), ao avaliarem a macroestrutura do

implante na osseointegração, constataram que os implantes rosqueados apresentam

maior área de superfície e, portanto, a área de contato da superfície osso-implante é

maior, proporcionando maior estabilidade primária nos implantes e diminuindo a

micromovimentação, fatores que favorecem a osseointegração e são fundamentais

para a utilização da carga imediata.

Branemark (2001) relatou que implantes colocados em fase única têm

índices de sucesso equivalentes àqueles colocados na técnica convencional, desde

que o osso tenha quantidade e qualidade adequadas, com instalação cirúrgica

padronizada, além de procedimento protético correto.

Garber et al. (2001 apud LENHARO et al., 2004) descreveram em seus

trabalhos que o torque final de instalação de implantes (fixação primária), ao

ultrapassar 40 N/cm, possibilita a colocação de prótese imediata.

Briones, Olid e Capilla (2004) publicaram um vasto trabalho, onde foi feito

uma revisão de literatura sobre carga imediata, envolvendo o resultado de vinte e

dois trabalhos de pesquisa in vivo, todos envolvendo casos de carga imediata. O

primeiro trabalho avaliado foi o de Ledderman (1979), publicado em 1979 até Pi

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Urgell, datado de 2002. Nesses estudos, foram implantados e analisados diferentes

tipos de implantes, com sítios de implantações variados. Observou-se que o tipo de

tratamento para pacientes desdentados totais ou parciais sofreu modificações e

variações durante os anos, em relação ao período de colocação de carga sobre

implantes. Tais mudanças variavam de acordo com o caso clínico, a habilidade na

técnica cirúrgica e, principalmente, a qualidade do osso e o tipo de implante. Ao final

deste trabalho, concluiu-se que quando se tem uma qualidade e quantidade óssea

que permita uma ancoragem bicortical, assim como a obtenção de estabilidade

primária, pode-se pensar em carga imediata em Implantodontia.

Degidi e Piatelli (2003) descreveram diferenças entre carga funcional e não-

funcional. Consideraram-se como carga funcional imediata sobre implantes aqueles

elementos implantados que receberam próteses com função oclusal no mesmo dia

da colocação do implante, enquanto considerou-se que carga imediata não funcional

eram casos que envolviam a confecção de uma prótese 1 a 2 mm mais curta em

relação ao contato oclusal. Dos 646 implantes avaliados neste estudo, 224

receberam carga não funcional e 422 receberam carga funcional. Para o grupo

caracterizado pela carga funcional, a sobrevida de implantes foi de 98.6% e de

próteses foi de 98.5%. No grupo de carga imediata não funcional a sobrevida do

implante foi de 99.1% e da prótese foi de 98.3%.

Rocci, Martignoni e Gottlow (2003) fizeram uma análise comparativa entre

implantes osseointegráveis Branemark System de superfície usinada (lisa), e

implantes osteointegráveis Branemark System com superfície TiUnite, quando

submetidos a carga imediata associados a próteses parciais fixas, em região

posterior de mandíbula. Foram usadas guias cirúrgicas na perfuração dos implantes

sem levantamento de retalho (flap-less). Com a finalidade de obtenção de

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estabilidade primária, um diâmetro reduzido de broca foi utilizado durante as

fresagens, em regiões de osso muito macio. As próteses provisórias foram

instaladas no mesmo dia da colocação dos implantes pilares. Todas as restaurações

foram pontes fixas de 2 a 4 elementos. Os casos, no pós cirúrgico, foram analisados

semanalmente no primeiro mês e mensalmente até o sexto mês. Passados 6 a 12

meses, foram entregues as próteses definitivas. Foram realizados exames

radiográficos no dia da cirurgia/carga e em acompanhamento anual. Os resultados

deste estudo mostraram uma taxa de sucesso de 85% para implantes de superfícies

usinadas e de 95,5% para implantes com superfície TiUnite. Alguns insucessos

foram associados em maior número a pacientes tabagistas, assim como em locais

de osso tipo IV. Ao final deste trabalho, concluiu-se que implantes de superfície

TiUnite mantém melhor estabilidade primária, o que favorece a diminuição do tempo

de cicatrização e conseqüentemente a estabilidade secundária. Nesse estudo um

paciente perdeu dois implantes de 18mm em região de molar onde a força oclusal é

mais intensa.

Morton, Zaffin e Weber (2004) estabeleceram critérios para definir

restauração imediata, carga imediata, restauração precoce e carga precoce em

comparação com protocolos convencionais. Avaliaram fatores que influenciam a

aceleração da colocação de carga ou restauração, incluindo a quantidade e

qualidade do osso, a macroestrutura do implante, a qualidade e tipo de esplintagem

do implante e o desenho da prótese. No tocante às cirurgias, recomendaram que a

seleção, posição e distribuição dos implantes nos arcos devem ser guiados pelo

plano restaurador através de guia diagnóstico (enceramentos) e guia cirúrgico.

Salientou-se a importância de se otimizar a distribuição dos implantes colocados em

arcos edêntulos, reduzindo a necessidade de utilização de cantilevers, avaliando o

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número adequado de implantes e sua distribuição, a fim de facilitar a esplintagem e

evitar possíveis efeitos da micro movimentação excessiva. A seleção do paciente

deve estar diretamente relacionada à qualidade e quantidade óssea, aos quais

recomendam o uso de um implante com superfície rugosa e dimensão adequada.

Os autores sugerem que os efeitos biomecânicos da prótese provisória devam ser

controlados pela limitação e distribuição dos contatos oclusais, com a remoção dos

contatos excursivos; limitação dos efeitos dos cantilevers e cargas protéticas fora do

eixo implantar, além de procedimentos estéticos tradicionais associados com a

precisão do ajuste e passividade na instalação da peça são regras importantes. As

próteses provisórias devem permanecer no lugar durante todo o processo de reparo

de tecidos periimplantares, osso e gengiva, a fim de que ocorram boa regeneração e

adaptação tecidual.

Chaushu et al. (2001) fizeram uma análise comparativa onde instalaram 28

implantes em 26 pacientes, todos não fumantes e sem nenhum tipo de doença

crônica, com idade variando entre 18 a 70 anos, onde as bases ósseas

caracterizavam-se por ter mais que 12 mm de comprimento por 5 mm de largura,

sem presença de defeitos ósseos, problemas periodontais ou lesão periapical.

Foram instaladas coroas provisórias (restauração imediata) que foram substituídas

por metalocerâmicas após o período normal de reparação tecidual. Os implantes

foram instalados preferencialmente em região de maxila e em duas regiões de

mandíbula. Nesse estudo constatou-se a osseointegração em implantes expostos a

micromovimentos. O mesmo não acontecia em implantes com macromovimentos.

Concluiu-se que carga imediata em elementos unitários é viável em arcos com

estabilidade oclusal, que o pilar intermediário deve ser encurtado em 2 ou 3 mm,

para que os dentes adjacentes recebam carga mastigatória maior. As taxas de

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sobrevivência foram de 82,4% nos implantes imediatos com restauração imediata e

de 100% em carga imediata em alvéolos cicatrizados. Portanto, há viabilidade nas

cargas imediatas unitárias em osso cicatrizado e risco de perda de 20% em cargas

imediatas em implantes imediatos.

Rocci, Martignoni e Gottlow (2003) realizaram um estudo longitudinal de 3

anos utilizando implantes lisos, com cirurgia de estágio único, em maxila, sem

retalho (flapless), envolvendo 46 pacientes, que receberam 97 implantes, onde

foram instaladas 25 próteses parciais fixas e 27 unitárias, todas com coroas

provisórias pré-fabricadas. 69% das próteses situadas em regiões posteriores. Não

foram detectadas diferenças significantes entre implantes esplintados por próteses

fixas e implantes unitários. Perderam-se 9 implantes nas primeiras 8 semanas de

carga, em 8 pacientes. As falhas foram maiores em pacientes tabagistas, em região

de osso poroso e em próteses unitárias. Perderam-se outros 5 implantes em outro

grupo de 32 pacientes não fumantes. Obteve-se 94% de sucesso em implantes

esplintados por prótese parcial fixa e 81% de taxa de sucesso em restaurações

unitárias. A taxa cumulativa de sucesso foi de 91% após estudo de 3 anos sob carga

protética.

Cocchetto e Vincenzi (2003) publicaram um artigo no qual relatam e

recomendam o uso de carga tardia e imediata em regiões estéticas, desde que

sejam observadas e respeitadas algumas limitações. Relatam que as forças

empregadas na mastigação se concentram em sua maior parte na altura do pescoço

do implante, e que este fator pode causar remodelação e reabsorção óssea ao redor

do mesmo. Concluíram que para se carregar um implante sejam observados a

qualidade e a quantidade óssea, a obtenção de estabilidade primária, o desenho do

implante (macroestrutura), o local de implantação e a preocupação e expectativa do

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paciente com a estética. Para implantes unitários em região anterior, onde há grande

exigência estética, os autores sugerem que estes sejam feitos sob carga não

funcional.

Calandrielo, Tomatis e Rangert (2003) realizaram estudo utilizando 50

implantes de superfície usinada sistema Branemark, em 26 pacientes com idade

entre 31 e 78 anos, inseridos em sítios com estabilidade primária aumentada e

expostos a carga imediata funcional, sendo que 78% destes implantes foram

instalados em áreas posteriores. Os pacientes fizeram acompanhamento clínico e

radiográfico por 2 anos. 41 implantes tinham diâmetro de 3,75 mm e plataforma

regular e outros 9 implantes tinham 5 mm de diâmetro e plataforma expandida. A

altura óssea mínima para instalação de implantes de plataforma regular era de 13

mm, e de 10 mm para os implantes de plataforma expandida. Foram instaladas 30

próteses provisórias confeccionadas em acrílico e do tipo parafusadas, com

proporção coroa implante de 1:1 em espaços parcialmente edêntulos e de 1:2 para

espaços unitários, instaladas em oclusão cêntrica suave e sem toques em excursões

laterais (PEIXOTO, 2007).

Excluiu-se pacientes diabéticos descontrolados, tabagistas, pacientes com

bruxismo e com deficiências imunológicas. O torque inicial durante a instalação foi

de 20N/cm indo até o limite do dispositivo controlador de torque em 72N/cm. A taxa

de sucesso cumulativo foi de 98%. Três fatores de segurança foram introduzidos

neste protocolo: recomendação de dieta macia no primeiro mês, oclusão suave sem

contatos em excursão lateral, e aumento da estabilidade inicial para minimizar os

micromovimentos nocivos.

Glauser et al. (2001) efetuaram 127 implantes em 41 pacientes, incluindo

fumantes, e os carregaram imediatamente. Na metodologia aplicada incluíram

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situações de espaço unitário, em rebordos cicatrizados ou alvéolos pós extrações.

As restaurações imediatas foram colocadas no ato da cirurgia e foram

confeccionadas em contato oclusal cêntrico sem contato excursivo. A taxa de

sobrevivência no primeiro ano foi de 82.7%, onde em 41 implantes, o índice de

insucesso na região posterior da maxila foi de 34%. Somente 9% dos outros 86

implantes realizados em todas as outras áreas fracassaram. Notou-se também que

implantes colocados em alvéolos frescos tiveram taxas de sobrevivência de 88%

enquanto que a taxa de sucesso com implantes colocados em sítios reparados foi de

78% (PEIXOTO, 2007).

Cornelini et al. (2004), realizaram um estudo clínico prospectivo com a

finalidade de avaliar as taxas de sobrevivência de 30 implantes transmucosos

jateados do tipo ITI, instalados na região posterior da mandíbula, por um período de

12 meses. Todos os implantes foram restaurados imediatamente após o ato

cirúrgico, com coroas unitárias. Todos os pacientes haviam perdido ao menos 1

molar mandibular. Critérios de inclusão: necessidade da presença de dentes

naturais adjacentes ao espaço edêntulo, todos integralmente hígidos, livres de

infecção periodontal; além de osso com quantidade suficiente para acomodar um

implante com no mínimo 10 mm de comprimento, com diâmetro de 4.1 mm. Também

deveriam ter estabilidade oclusal bilateral. Critérios de exclusão: Estado debilitado

de saúde geral, o qual pudesse prejudicar o processo a osseointegração (ex.:

diabetes, osteoporose, discrasias sanguíneas, alergia ao titânio); hábitos

parafuncionais severos (bruxismo ou apertamento); discrepâncias severas do

espaço maxilomandibular; etilismo severo, toxicômanos, baixo nível de higiene oral,

e que necessitassem de procedimentos de aumento tecidual durante a cirurgia.

Usou-se o Osstell para qualificar a estabilidade primária, através da análise de

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freqüência de ressonância (AFR). Foram incluídos no estudo apenas implantes com

um quoeficiente de estabilidade maior que 62. Concomitantemente à cirurgia, foram

realizadas restaurações imediatas com resinas temporárias, que reestabeleceram os

contatos oclusais naquela região. Apenas 1 implante foi perdido durante o período

do estudo, resultando numa taxa de sobrevivência destes implantes de 96.7%, onde

apenas 1 implante fora perdido. Concluiu-se que a restauração imediata de

implantes unitários colocados na região posterior da mandíbula é um procedimento

seguro, que encurta o tempo de reabilitação protética e simplifica o trabalho.

Jiménez-López (2004) recomenda alguns cuidados necessários para que se

execute carga imediata sobre implantes. Em suas recomendações ele cita a

necessidade da obtenção de imagens tridimensionais do osso, através de

tomografias computadorizadas e/ou exames radiográficos específicos. Também

desaconselha o procedimento de carga imediata em pacientes fumantes, chama

atenção para a necessidade de quantidade e qualidade de óssea, além de que o

paciente tenha boa saúde física e mental. Cirurgicamente, cita a necessidade da

obtenção da estabilidade primária, de um torque mínimo de 32 N/cm, de uma altura

mínima de 10 mm, diâmetro de 3,75 e 4 mm. Proteticamente cita a importância da

esplintagem, da passividade da prótese e da rigidez, que são relevantes para se

evitar forças de flexão que geram tensões negativas, da necessidade de se evitar

cantilevers distais ou, se este for realmente necessário, deixá-lo sem contato

oclusal. Os contatos oclusais na região posterior, quando em lateralidade, devem ser

eliminados. Recomenda também o uso de placas miorrelaxantes durante o período

noturno. Em implantes unitários em região de molares, recomenda também uma

espera de dois meses para o primeiro implante, desde a avulsão dos dentes, para

que somente depois, seja executada a colocação de um segundo implante com

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carga imediata, os quais devem estar ferulizados. Contudo, o autor prefere seguir o

protocolo habitual em regiões posteriores, visto que estes locais, segundo pesquisas

anteriores, são susceptíveis de falhas e fracassos, além de que a exigência estética

é menor.

Abboud et al. (2005) avaliaram o comportamento clínico de implantes

unitários com carga imediata em regiões posteriores de mandíbula e maxila. O

estudo avaliou 20 pacientes adultos, com boa saúde, sem nenhum tipo de doença

periodontal, com quantidade de óssea suficiente para instalação de implantes de 9

mm X 5,5 mm ou 11 mm X 3,5 mm. Imediatamente após a colocação dos implantes

com um torque de mínimo de 25N/cm, foram instaladas coroas provisórias de

acrílico, ajustadas com pouquíssimos contatos quando em MIH. Após seis

semanas, foram instaladas as restaurações definitivas. O resultado do estudo

demonstrou uma taxa de sucesso satisfatória, com boa adaptação dos tecidos

periimplantares, indicando que o carregamento imediato de implantes unitários não

esplintados em região posterior é viável quando avaliado do ponto de vista estético.

Ottoni et al. (2005) avaliaram a taxa de sobrevivência de implantes unitários

através de análises radiográficas e clínicas, relacionando os mesmos ao torque de

colocação. 23 pacientes foram avaliados, e foram realizados 46 implantes (2 em

cada um), onde 1 implante pertencia ao grupo controle enquanto o outro implante

era do tipo Frialit-2 que recebeu carga imediata com coroas de acrílico, em infra

oclusão, todos colocados em região de segundo pré molares de maxila ou

mandíbula. Nos critérios de inclusão, todos os pacientes deveriam ter ausência de 2

dentes em região anterior de maxila ou mandíbula, entre os segundos prés molares

do lado direito e esquerdo, com osso adequado em qualidade e quantidade,

segundo os critérios de classificação preconizados por Lekolm e Zarb. O osso da

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região implantar deveria ter altura e largura suficientes para suportar a colocação de

implantes com comprimento de 10 mm a 15 mm e diâmetro de 3,8 mm a 4,5 mm.

Preconizou-se um torque de inserção mínimo de 20 N/cm além da utilização de

técnica cirúrgica preconizada pelo fabricante. Este estudo teve acompanhamento

por um período de 6 a 24 meses. No grupo controle (sem carga imediata, com

restauração colocada após período de cicatrização de 3 a 4 meses), apenas um

implante fracassou, passados 9 meses da restauração. No grupo experimental (que

recebeu carga imediata), 10 implantes foram perdidos, sendo que 9 deles tinham

sido instalados com estabilidade primária de 20 N/cm. Conclui-se que para alcançar

a osseointegração em implantes com carga imediata, um torque de inserção mínimo

de 32 N/cm é necessário. Foi feita uma análise estatística na tentativa de achar uma

correlação entre o fracasso do implante com carga e o local de instalação do

mesmo. A taxa de sobrevivência do grupo experimental foi de 56% e do grupo

controle foi de 95,7%. A pequena taxa de fracasso do grupo controle não ficou

relacionada com o local de inserção (sítio), uma vez que 9 dos 10 implantes do

grupo controle tiveram sucesso, mesmo recebendo torque de estabilidade primária

de 20 N/cm.

Tsirlis (2005) observou 43 implantes imediatos em maxila de 38 pacientes

que foram carregados precocemente. Os critérios de inclusão na pesquisa foram:

pacientes não fumantes, sem diagnóstico de doenças sistêmicas, sem inflamação

nos dentes naturais e/ou osso alveolar na região de cirurgia, osso em quantidade

suficiente para obtenção de estabilidade primária, região anterior delimitada entre

pré-molares direito e esquerdo. Foram realizadas radiografias periapicais prévias. Os

pacientes foram divididos em 2 grupos. O grupo A recebeu carga imediata após a

implantação e o grupo B recebeu carga tardia. 28 casos de instalação imediata no

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grupo A e 15 casos de instalação tardia para o grupo B, sendo 4 casos de carga

precoce e 11 casos de carga tardia. As modificações do periodonto foram

observadas por meio de radiografias num período de 6 a 24 meses. Ao observar a

profundidade do sulco periimplantar e perdas ósseas, não foram notadas diferenças

significativas para os dois grupos. Concluiu-se que o uso de implantes dentários em

áreas estéticas com carga não-funcional é recomendado, desde que existam

requisitos anatômicos, boa estabilidade primária e a ausência de perda óssea

exagerada no local de colocação do implante.

Bechelli (2006) em seu livro Carga imediata em Implantodontia oral, faz

menção à Teoria de Frost (1987) que relata a existência de um sistema

proprioceptor formado pelos osteócitos e sua rede citoplasmática, que informaria ao

Sistema Nervoso Central (SNC) sobre as deformações ósseas quando ocorre

tração, pressão, ou forças de descolamento que cada região óssea suporta. Dessa

forma, o osso responde às solicitações biomecânicas ao qual está sendo submetido,

através de remodelação óssea.

Baseado nessa teoria, Bechelli (2006) recomenda ausência de forças

compressivas que produzam deformações plásticas no osso ao redor do implante e

estimulem o uso forças elásticas, axiais e intermitentes, recomendando o uso de

coroas provisórias em acrílico ou compósitos, dotados de leve contato oclusal em

relação cêntrica nos casos de restaurações imediatas. Em relação à estabilidade

primária, afirma que forças superiores a 45N/cm, são agressivas a biologia óssea

(pela deformação plástica que produzem) e sugere através de uma força de 40N/cm,

ter-se-á uma estabilidade primária adequada, com movimentações equivalentes a

30µm. Conclui seu trabalho citando 4 condições biológicas essenciais para que o

uso de carga imediata seja estabelecido: 1) Micromovimentos que não ultrapassem

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30µm; 2) Ótima estabilidade primária; 3) Ausência de forças operatórias

compressivas que produzam deformação plástica; 4) Forças elásticas axiais e

intermitentes (PEIXOTO, 2007).

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3 DISCUSSÃO

Em 1969, Branemark propôs o protocolo de dois estágios cirúrgicos para

desdentados totais, com tempo de reabertura variando de 3 a 6 meses após a

primeira cirurgia, para colocação dos cicatrizadores e posteriormente, dos pilares

protéticos.

Após a descoberta da osseointegração, inúmeros trabalhos de pesquisa

foram iniciados pelo mundo, visando diminuir o tempo cirúrgico e protético para um

só estágio. Os procedimentos de carga imediata visam carregar proteticamente de

maneira precoce o implante recém instalado, diminuindo e modificando o protocolo

de carga convencional de 2 estágios, proposto por Branemark.

Entre as principais vantagens da carga imediata estão aquelas relacionadas

com a necessidade dos pacientes de receberem as suas próteses no mesmo dia da

instalação dos implantes (diminuição do tempo clínico), especialmente para aqueles

pacientes que nunca usaram nenhum tipo de próteses e têm que usar uma

removível provisória durante o período de osseointegração (dificuldade psicológica e

funcional).

Os pesquisadores, no decorrer dos anos, utilizaram-se dos conhecimentos

em biologia molecular para compreender o processo de cicatrização óssea e sua

correlação com o processo de osseointegração. Além disso, empenharam-se em

estudos e pesquisas visando desenvolver a macro estrutura dos implantes assim

como de seus tratamentos de superfície. No tocante ao diagnóstico, a tecnologia

proporcionou o uso de exames de computadorizados avançados, que permitem uma

visão tridimensional da área receptora. Isso facilita a obtenção de modelos

prototipados, permite a utilização de cirurgias guiadas, além de expor a densidade

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óssea no local da intervenção. O desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas faz

com que as intervenções sejam menos danosas, diminuindo a morbidade e

aumentando a previsibilidade. Todos esses fatores, quando somados, colaboram

para o estudo e desenvolvimento de procedimentos cada vez mais aprimorados, que

viabilizam cada vez mais o uso da carga imediata em implantes dentários.

Ledermann (1979) e Babbush, Kent e Misiek (1986) foram os pioneiros nas

pesquisas sobre carga imediata.

Piattelli et al. (1998), Testori et al. (2001) e Romanos (2003) afirmam que

procedimentos de carga imediata têm se mostrado viáveis, pois demonstram que há

um aumento do metabolismo ósseo ao redor de implantes carregados

precocemente. Microscopicamente, este fato foi confirmado quando analisado o

contato osso-implante, que aparece aumentado. Os autores relatam que a força

oclusal parece ter desencadeado este processo de aumento de metabolismo,

promovendo a remodelação e formação de um novo osso.

Os primeiros estudos de carga imediata foram idealizados por Lederman

(1979) em pacientes desdentados totais. A esplintagem dos mesmos era obrigatória,

assim como uma ancoragem bicortical, evitando assim os micromovimentos nocivos.

Estudos semelhantes foram realizados por Schoeder, Maeglin e Sutter (1983)

seguidos por Babush, Kent e Misiek (1986).

Estudos posteriores de Tarnow, Emtiaz e Classi (1997), Piatelli et al. (1998),

Bogaerde et al. (2003) e Rocci, Martignoni e Glottow (2003) passaram a envolver

desdentados parciais, onde a esplintagem inicial também era relevante.

Com o passar dos anos passou-se a utilizar cargas imediatas em implantes

unitários, utilizando uma prótese com restauração provisória, instalada numa mesma

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sessão da instalação do implante, seguindo situações previamente preconizadas e

favoráveis com um bom diagnóstico.

Misch (1988 apud PEIXOTO, 2008) observou que o sucesso de cargas

imediatas pode estar relacionado com a densidade óssea do sítio implantar e

ressalta a importância do uso de novas tecnologias como a tomografia

computadorizada para prever a densidade óssea do pacientes. O autor ressalta que

para se obter sucesso clínico deve-se diagnosticar a densidade óssea na região do

implante, pois fatores diversos como quantidade óssea, módulo de elasticidade

óssea, distribuição das forças de tensão ao redor do implante estão associados à

densidade do corpo ósseo e que os planos de tratamento deveriam ser direcionados

por esta.

Wohrle et al. (1998) faz um estudo comparativo envolvendo um total de 14

implantes padrão Branemark onde uns foram carregados precocemente em

infraoclusão e outros implantes foram carregados com cargas convencionais.

Concluiu-se que a taxa de sobrevivência dos implantes com carga convencional foi

de 100% e que a taxa de sobrevivência nos implantes com cargas imediatas foi de

86%.

Este trabalho, idealizado com próteses parciais esplintadas em infraoclusão,

começa a direcionar as atenções para o menor índice de sucesso dos implantes

carregados imediatamente. Na contramão dos fatos, Branemark (2001) exibe um

trabalho e conclui que se o osso tiver quantidade e qualidade adequados, onde os

implantes tenham sido alocados cuidadosamente, seguindo protocolos cirúrgicos

preconizados e onde as próteses de restaurações imediatas seguissem critérios

oclusais específicos, a implantação com carga de fase única era equiparável em

sucesso com as da técnica de carga convencional. Hoje, sabe-se que alguns fatores

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específicos colaboraram para o sucesso deste estudo. Sabe-se que a carga

imediata em função oclusal talvez fizesse com que as taxas de sobrevivência em

implantes carregados de forma precoce fossem menores que as de protocolo

convencional e que a região onde foram instalados os implantes (maxila posterior,

por exemplo) tendem a diminuir a taxa de sobrevivência destes implantes. Caso este

estudo fosse focado em implantes unitários submetidos a carga imediatada, em

região posterior, com certeza os achados seriam desfavoráveis.

Misch et al. (1999 apud PEIXOTO, 2008) alertou que a macroestrutura

(roscas) do implante faz com que o mesmo tenha uma área em contato com o osso

aumentada, favorecendo o travamento inicial (estabilidade primária), diminuindo os

micromovimentos. Os estudos de Skalak (2001) somam-se aos de Misch, relatando

a importância de se limitar a micromovimentação a valores inferiores a 150 µm,

principalmente no período crítico inicial de 0 a 6 semanas.

Szmukler-Moncler et al. (2000) afirmam que a quantidade de movimento que

favorece a osseointegração ainda não estava bem definida e poderia estar em entre

valores compreendidos entre 50 a 150µm. Os achados destes estudos foram

importantíssimos e são peças-chave nas reabilitações múltiplas imediatas. Porém,

sabe-se hoje que a esplintagem é fundamental e que, por esse motivo seu uso está

limitado a casos múltiplos. Casos unitários são arriscados e imprevisíveis.

Calandrielo, Tomatis e Rangert (2003) utilizaram em seus estudos implantes

de superfície lisa padrão Branemark, submetidos a carga imediata “funcional” em

região posterior, com estabilidade primária aumentada, com torques iniciais maiores

que 72N/cm. Os implantes foram colocados em 4 padrões de qualidade ósseos. A

taxa de sobrevivência foi alta, maior que 98%. Neste estudo, foram incluídos 3

fatores de segurança no protocolo: oclusão suave e sem contatos excursivos em

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lateralidade, dieta macia durante o primeiro mês e aumento da estabilidade primária,

obtida a partir de subfresagem óssea, usando brocas de menor diâmetro quando a

qualidade óssea era baixa. Hoje sabe-se da importância da estabilidade inicial, que

ajuda a conter os micromovimentos, assim como da esplintagem, que deve ser

indicada principalmente em região posterior. O termo “carga imediata funcional”,

descrito pelo autor é contestável, pois o mesmo relata infra-oclusão e ausência de

contatos em lateralidade. Talvez o termo “carga imediata não funcional” fosse o mais

indicado.

Chaushu et al. (2001) demonstram a importância dos micromovimentos na

reparação óssea de implantes unitários submetidos a carga imediata. Relatam que

os macromovimentos são nocivos e podem arruinar os trabalhos executados.

Recomendam que os implantes unitários com cargas imediatas sejam colocados em

infra-oclusão; que o pilar protético esteja encurtado de 2 a 3 mm; que os arcos

dentários tenham estabilidade oclusal, que os dentes adjacentes ao implante

suportem a maior parte da carga oclusal, além do osso, que deve ter boa qualidade

e quantidade óssea. Pode-se afirmar que este trabalho foi importante, mas salienta-

se, também, que a carga não funcional foi fundamental para os resultados. Viu-se a

importância dos dentes adjacentes ao espaço protético, que servem como escudo,

protegendo o implante unitário em carga imediata das cargas nocivas.

Bechelli (2006) recomenda o uso de coroas provisórias em resina durante

todo o processo de osseointegração, pois estas produzem forças elásticas

intermitentes, que se limitadas, são benéficas ao osso periimplantar.

Cocchetto e Vincenzi (2003) descrevem em seu trabalho o uso de carga

imediata em implantes unitários em região estética e recomendam que esta seja

feita com cargas não funcionais, pois as forças se concentrariam na região do

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pescoço do implante, o que causaria uma remodelação do osso periférico ao

implante manifestando-se sob a forma de perda óssea vertical.

Tsirlis (2005) recomenda que em regiões estéticas anteriores, os implantes

unitários com carga imediata devem ter seu osso marginal reparado por

regenerações ósseas guiadas ou uso de membranas, sempre que houver

fenestrações ou deiscência. Esses procedimentos favorecem as taxas de sucesso

dos casos.

Abboud et al. (2005) descrevem em seu trabalho a evolução clínica de

implantes unitários com carga imediata em regiões posteriores de mandíbula e

maxila, onde o osso é normalmente de baixa qualidade. Concluem que os implantes

devem ter torque inicial maior do que 25 N/cm e que as taxas de sobrevivência de

implantes unitários com cargas imediatas são excelentes, desde que os contatos em

MIH sejam quase nulos. Analisando os resultados deste estudo, nota-se a

viabilidade de implantes unitários submetidos a carga imediata “não funcional”. Mais

uma vez, a carga imediata funcional ficou descartada.

Cornelini et al. (2004) realizaram um estudo com utilização de 30 implantes

unitários do tipo transmucoso ITI SLA, carregados imediatamente após a cirurgia.

Estes implantes foram inseridos em região molar de mandíbulas, porém, deveriam

ter dentes hígidos em áreas adjacentes, livres de quaisquer tipos de enfermidades e

a oclusão deveria ter estabilidade bilateral. Utilizou-se Ostell para medir a frequência

de ressonância destes elementos, dos quais foram excluídos do estudo aqueles que

apresentaram números inferiores a 62. As próteses imediatas foram confeccionadas

em resina. Concluíram que a taxa de sobrevivência foi de 96,7% e que os implantes

unitários sob cargas imediatas em região posterior de mandíbula são estáveis e

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seguros. Nota-se neste estudo que os autores tomaram o cuidado na distribuição

das forças e não utilizarão a técnica em áreas de maxila.

Todavia, o trabalho idealizado por Rocci, Martignoni e Glottow (2003)

chamou atenção pelo maior número de falhas em implantes unitários sob carga

imediata. Os autores fizeram uma comparação de implantes unitários sob carga

imediata comparando-os com implantes com carga imediata em próteses parciais

fixas. O percentual de sucesso nos casos unitários foi de 81% enquanto nos casos

de próteses parciais fixas foi de 94%. Outro dado interessante deste trabalho é que

20% das perdas totais aconteceram em região de osso poroso (menor densidade).

No estudo, não foi preconizado um valor de torque inicial para medir a estabilidade

primária, fator este importantíssimo, evidenciado em outros trabalhos, que pode

gerar falhas nas análises.

Em trabalho idealizado por Glauser et al. (2001) foram instalados 127

implantes com cargas imediatas em 41 pacientes, incluindo os fumantes, em regiões

de espaço unitário em maxila e mandíbula, em rebordos cicatrizados ou em alvéolos

frescos. Após 1 ano, a taxa de sucesso geral foi de 82,7%, onde 34% dos 41

implantes alocados em região posterior de maxila fracassaram e apenas 9% dos 86

implantes alocados em outras áreas fracassaram. No total, 88% dos implantes

alocados em alvéolos frescos tiveram resultados favoráveis, sendo que destes, a

maior parte estavam colocados em mandíbula. 78% dos implantes alocados em

osso cicatrizado tiveram sucesso. Destes, a maior parte estava alocado na maxila.

Ottoni et al. (2005) realizaram um trabalho onde avaliaram o torque inicial dos

implantes unitários submetidos a cargas imediatas relacionando a falta de

estabilidade primária ao risco de perda do implante. Concluíram que o torque ideal

de inserção era de 32N/cm e que a cada diminuição de torque de 9,8 N/cm, a taxa

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de sucesso cai 20%. Neste trabalho, mais uma vez observa-se a importância do

torque inicial, idealizado pelo autor em 32 N/cm. Este trabalho chama a atenção para

os torques baixos, que podem inviabilizar o sucesso do trabalho.

Em outros trabalhos, os autores idealizaram torques ideais primários para

implantes com carga imediata: de Ericsson et al. (2000) preconizaram um torque de

32N/cm; Chaushu et al. (2001) estipularam 35N/cm; Calandrielo, Tomatis e Rangert

(2003) utilizaram torque de 72N/cm; Maló et al. (2003) recomendou 30N/ cm;

Abboud (2005) preconizou torque de 25N/cm, e Bechelli (2006), recomenda 40N/cm

e nunca ultrapassando a 45N/cm, pois estas causariam deformações plásticas no

osso e seriam prejudiciais à biologia óssea.

O ITI Consensus de 2008 estabeleceu normas para tratamento com

implantes em carga imediata, unitários ou não, em maxila e mandíbula. Concluiu-se

que cargas imediatas em implantes em região posterior de maxila são pouco

previsíveis e devem ser usados com cautela, em casos muito bem indicados. No ITI

Consensus 2011, estabeleceu que carga imediata em implantes alocados em osso

cicatrizado de maxila tem documentação clínica insuficiente e, portanto, deve ser

evitada ao máximo. Já na mandíbula, o Consensus cita a viabilidade, bem

documentada clinicamente (faltando apenas uma validação científica). Em alvéolos

frescos, o Concensus 2011 basicamente elimina as possibilidades de carga

imediata, alegando não haver documentação clínica suficiente. Lembra-se que as

normas preconizadas pelo ITI Consensus 2011 não são específicas para carga

imediata em elementos unitários que, por ser mais susceptível às ações de cargas

mastigatórias e funcionais, merecem um cuidado especial, no tocante a sua

indicação.

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41

4 CONCLUSÃO

De acordo com esta revisão de literatura, pode-se concluir que carga

imediata em elementos unitários tem sido uma técnica satisfatória para os pacientes

e profissionais no que diz respeito à estética imediata e ao tempo de trabalho,

principalmente em regiões estéticas.

Entretanto, apesar dos bons resultados obtidos em alguns trabalhos, é

pertinente salientar que a aplicabilidade da técnica de carga imediata em implantes

unitários não serve para todos os casos. Um excelente planejamento é necessário,

assim como uma técnica cirúrgica e protética apurada, relacionadas a uma condição

qualitativa e quantitativa do osso adjacente favorável (osso do tipo 1 e 2 apresentam

resultados mais favoráveis).

O cirurgião, baseado em um bom diagnóstico clínico e

tomográfico/radiográfico, constatará se há ou não uma quantidade e qualidade

óssea que permitam uma estabilidade primária superior a 32 N/cm, mesmo que

tenha que utilizar artifícios como a subfresagem (em osso poroso) para consegui-la.

Além disso, deve prestar atenção no tipo de implante a ser utilizado, que

deve ter boa espessura condizente com a espessura óssea, tamanho suficiente para

estabilizar-se bicorticalmente (maior que 10 mm), que preferencialmente possua

tratamento de superfície, além de possuir uma macroestrutura que permita obter

uma maior área de contato da superfície osso implante.

O uso do Ostell deve ser preconizado, sempre que possível, a fim de

monitorar o nível de embricamento osso-implante. No tocante à restauração

imediata unitária, a mesma deve ser previamente avaliada mediante enceramento

do modelo de estudo, preferencialmente esta deve estar em infraoclusão e ser

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confeccionada em resina plástica, que causa movimentos elásticos no osso de

suporte (favoráveis); deve ter uma mesa oclusal preferencialmente reduzida no

sentido vestíbulo lingual, ter contatos proximais bem ajustados e com encaixes

passivos, estar bem posicionada com o longo eixo do implante, para que as forças

axiais tenham boa distribuição, preferencialmente estar localizada em áreas vizinhas

a dentes naturais hígidos, pois estes servem como escudo das forças mastigatórias.

A proporção implante-prótese deve ter uma dimensão proporcional a 1:2,

sempre que possível. Os contatos excursivos em lateralidade nas regiões

posteriores não devem existir. Quando houver necessidade de 2 implantes unitários

contíguos em região posterior com carga imediata, recomenda-se a colocação de

um primeiro implante de forma convencional (carga convencional) e depois a

colocação do segundo implante com carga imediata.

Clinicamente, o paciente preferencialmente deve ter boa higiene oral,

ausência de doenças sistêmicas, ausência de infecções orais, não deve ter hábitos

parafuncionais ou bruxismo. Caso tenha, recomenda-se o uso de placas

miorrelaxantes aliviadas no local para uso noturno. Pacientes fumantes devem ser

contraindicados, quando em região anterior.

Nessa revisão de literatura, observa-se um maior número de sucessos

clínicos em elementos unitários submetidos a carga imediata quando alocados em

região posterior de mandíbula. Esta conclusão é evidenciada no trabalho de Glauser

et al. (2001).

Em outros trabalhos, observa-se uma inconsistência de sucesso em regiões

posteriores de maxila.

Talvez, as recomendações do ITI Consensus 2008 assim como do ITI

Consensus 2011 ainda sejam bem atuais e devam ser levadas em consideração. A

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carga imediata em elementos unitários é previsível em alguns casos e devem ser

analisadas com critério pelo profissional, a fim de não torná-la uma regra geral, pois

cada caso possui suas particularidades anatômicas, histológicas e fisiológicas, as

quais relacionam-se diretamente com o implante. O paciente deve ser alertado sobre

os riscos, ter ciência das outras alternativas de tratamento e deve assinar um termo

de consentimento esclarecido, caso opte por esse tipo de tratamento.

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