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Carga horária total: 80 horas Coordenadoras Meire Cristina dos Santos Dangió Yaeko Nakadakari Tsuhako Curso EaD Teoria Histórico-Cultural: princípios básicos

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Carga horária total: 80 horas

Coordenadoras Meire Cristina dos Santos Dangió

Yaeko Nakadakari Tsuhako

Curso EaD

Teoria Histórico-Cultural: princípios básicos

Conversa inicial

Prezados(as) cursistas

Estamos caminhando bem! Vocês têm contribuído

significativamente para o sucesso deste curso.

Para concluir a etapa 3 preparamos esta conversa

sobre os conteúdos.

Abraços a todos

Meire e Yaeko

Aula 3- Aprendizagem e Desenvolvimento

Conteúdos:

Mediação, Apropriação e Objetivação;

Zona de Desenvolvimento Próximo.

O que é isso? Para que serve? Você já viu algo

parecido?

Se o objeto estivesse materializado, com certeza,

você sentiria a necessidade de pegá-lo, cheirá-lo,

de sentir sua textura, seu peso, etc., buscando no

repertório de significações que já possui a

identificação real do objeto, seu uso, seu conceito.

Então... O que é o objeto apresentado

anteriormente????

Responda rapidamente.

O pensador – August Rodin

Resposta - Caixa de fazer sushi

Caso você tenha acertado, quer dizer que este objeto já

faz parte de seu repertório de significações, ou seja,

você sabe o nome e o seu uso funcional.

Se não conseguiu identificar o objeto, quer dizer que o

mesmo precisa ser apresentado por alguém que o

conheça e ensine o seu uso correto.

Mediação

Este conceito é bastante complexo e necessita de

aprofundamento teórico, demandando, assim, a

continuidade de estudos e pesquisas acerca deste

tema também em outros momentos.

Como puderam perceber a caixa de sushi faz parte

de uma cultura e o seu processo de

aprendizagem e de reprodução das aptidões

humanas é socialmente mediado pelos signos e

instrumentos.

O QUE ISSO SIGNIFICA????

Significa que as qualidades humanas não

estão simplesmente dadas nos objetos da

cultura.

Elas estão cristalizadas no uso social dos

objetos que, como vimos, não podem ser

inventados por cada nova geração, mas

aprendidos com os parceiros que sabem

como utilizá-los.

No texto “O Homem e a Cultura”, Leontiev cita uma

imagem de Piéron, de uma catástrofe que só pouparia

as crianças pequenas e na qual pereceria toda a

população adulta, isso não significaria o fim do gênero

humano, mas a história seria interrompida.

Pense - Por que a história seria interrompida

caso restassem apenas crianças e

nenhum adulto?

Leontiev afirma que a história seria interrompida porque

os tesouros da cultura continuariam a existir

fisicamente, mas não existiria ninguém capaz de

revelar às novas gerações o seu uso. As máquinas

deixariam de funcionar, os livros ficariam sem

leitores, as obras de arte perderiam a sua função

estética. A história da humanidade teria de

recomeçar, pois o movimento da história só é

possível com a transmissão das aquisições da cultura

humana, às novas gerações, por meio da educação

(informal e formal).

Aprecie as poesias abaixo

Livros e flores

Teus olhos são meus

livros.

Que livro há aí melhor,

Em que melhor se leia

A página do amor?

Flores me são teus lábios.

Onde há mais bela flor,

Em que melhor se beba

O bálsamo do amor?

CAROLINA

Querida, ao pé do leito derradeiro

Em que descansas dessa longa vida,

Aqui venho e virei, pobre querida,

Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro

Que, a despeito de toda a humana lida,

Fez a nossa existência apetecida

E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, - restos arrancados

Da terra que nos viu passar unidos

E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos

Pensamentos de vida formulados,

São pensamentos idos e vividos.

Leia as biografias e opine sobre quem poderia ser o

autor das poesias apresentadas anteriormente

Opção A Poeta e escritor português, nascido em

Lisboa. É considerado um dos

maiores poetas da língua

portuguesa e da literatura universal.

Aos seis anos de idade foi para a

África do Sul, onde aprendeu

perfeitamente o inglês, e das quatro

obras que publicou em vida, três

são em inglês. Durante sua vida

trabalhou em vários lugares como

correspondente de língua inglesa e

francesa. Foi também empresário,

editor, crítico literário, jornalista,

comentador político, tradutor,

inventor, astrólogo e publicitário, e

ao mesmo tempo produzia suas

obras em verso e prosa.

Opção B Nasceu na cidade do Rio de Janeiro.

Garoto de saúde frágil, epilético,

gago, pobre, filho de um operário

mestiço. Ao contrário do que se

imagina, sua trajetória de vida não o

conduziu naturalmente para o

mundo das letras. Ainda na infância

o jovem poeta perdeu sua mãe,

sendo criado por sua madrasta. A

falta de recursos financeiros o

obrigou a dividir seu tempo entre os

estudos e o trabalho de vendedor

de doces. Segundo alguns relatos –

no tempo em que morou em São

Cristóvão – aprendeu a falar francês

com a dona de uma padaria da

região.

Se você escolheu a opção B – ACERTOU!!!

Machado de Assis é o autor dos belos versos

Ele marcou a literatura brasileira.

Entre os seis e os 14 anos, Machado perdeu sua única irmã, a mãe e o pai. Aos 16 anos

empregou-se como aprendiz numa tipografia e publicou os primeiros versos no jornal "A

Marmota".

No ano seguinte, Machado conseguiu um cargo como tipógrafo na Imprensa Nacional e dividiu

seu tempo com a criação de novos textos. Durante sua estadia na Imprensa Nacional, o

escritor iniciante teve a oportunidade de conhecer Manuel Antônio de Almeida, diretor da

instituição e autor do romance “Memórias de um sargento de milícias”. Em 1860, foi

convidado por Quintino Bocaiúva para colaborar no "Diário do Rio de Janeiro". Datam dessa

década quase todas as suas comédias teatrais e o livro de poemas "Crisálidas".

Em 12 de novembro de 1869 casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais. Esse

casamento ocorreu contra a vontade da família da moça, uma vez que Machado tinha mais

problemas do que fama. Essa união durou cerca de 35 anos e o casal não teve filhos.

Carolina contribuiu para o amadurecimento intelectual de Machado, revelando-lhe os

clássicos portugueses e vários autores de língua inglesa.

Viveu entre 1839 e 1908.

A importância da mediação

Mesmo diante de condições de vida adversas , como

exemplos reais de pobreza cultural e material na vida

do pedagogo Roberto Carlos (filme “O contador de

histórias”) e do escritor Machado de Assis, comprovam

a importância da mediação dos signos para o

processo de apropriação da cultura, proporcionando o

desenvolvimento das máximas possibilidades do ser

humano.

Na escola, o professor é portador dos signos –

conteúdos formais – sendo seu papel instrumentalizar

o aluno por meio do ensino intencional e planejado,

corroborando, assim, para o desenvolvimento pleno

dos indivíduos.

Para além dos Robertos e Machados...

O que fez a diferença nas histórias anteriormente citadas

foram os signos e instrumentos e a forma como foram

apresentados pelas pessoas que os cercavam, bem

como a qualidade dos conteúdos que ultrapassavam os

conhecimentos cotidianos: leitura e escrita, línguas

francesa – portuguesa – inglesa, regras sociais, arte,

geografia, entre outros.

E os Josés, Pedros, Marias, Lucas,

Anas... que estão em nossa sala de

aula?

O olhar do professor...

Somos a síntese de

múltiplas

determinações.

O olhar do professor

deve incidir

dialeticamente sobre

essa realidade, ou

seja, deve

considerar

a totalidade

dos fenômenos

para organizar

o seu trabalho

pedagógico.

Diferentes histórias...

Cada aluno traz consigo uma história de vida peculiar:

facilidades ou dificuldades de ordem econômica, afetiva,

emocional, estrutura familiar comprometida ou não,

superproteção, histórias de abandono, violência...

Muitas possibilidades!!!

Possibilidades de quê? De olhar para a realidade e pensar sobre

a concepção de homem que temos, qual ser humano queremos

formar e como podemos contribuir qualitativamente para o seu

desenvolvimento.

Para tanto, é fundamental pensar no papel da escola e nos conteúdos

essenciais que instrumentalizam o aluno para que ultrapasse sua

condição inicial e alce patamares mais elevados e dignos de condição

de vida.

Nível de Desenvolvimento Real da Criança

Como dissemos, o ser humano estabelece relações

sociais ao longo de sua vida, entrando em contato e

apropriando-se dos mais variados signos verbais e

não-verbais, tais como: linguagem oral e escrita,

gestos, desenhos, símbolos, sinais,som, objetos, etc.

Quando a criança chega na escola já possui saberes

adquiridos no seu cotidiano.

Ao professor cabe a importante tarefa de conhecer o

aluno, identificando o desenvolvimento mental

real/atual da criança, quer dizer, o que ela sabe e o

que consegue fazer sozinha.

Podemos identificá-lo por meio das atividades propostas.

Por exemplo – Se queremos identificar o que a criança já sabe em

relação ao desenho, propomos a ela que faça um desenho.

Suponhamos que o resultado seja este:

Garatujas desordenadas

Como identificar o nível de desenvolvimento real

da criança?

Descobrimos, então, que o nível de desenvolvimento real

dessa criança em relação ao desenho é de rabiscos ou

garatujas desordenadas, pelo fato de não controlar o

movimento neste momento.

Sabendo-se que existe uma lógica interna do conteúdo, no

caso, o desenvolvimento do grafismo, é preciso que o

professor compreenda teoricamente o conteúdo a ser

ensinado, que domine sua essência em termos

conceituais, para que seja capaz de organizar o percurso

necessário para apropriação do conteúdo mediante uma

ação pedagógica sequenciada.

Selecionar e organizar o conteúdo com a finalidade de promover o

desenvolvimento psíquico e intervir junto às crianças de modo a

garantir sua apropriação.

Retomando o exemplo da criança que faz garatujas

desordenadas e observando a sequência do grafismo,

o que está mais próximo de sua produção?

Garatujas controladas ou figurativo?

garatujas desordenadas garatujas ordenadas

mandala figurativo

Qual o trabalho a ser realizado?

Descobrindo que a criança faz rabiscos desordenados e o

que está próximo a se desenvolver são os rabiscos

controlados ou ordenados, não faria sentido o professor

propor atividades que exigissem como resultado tanto as

garatujas desordenadas (o que ela já sabe fazer) quanto o

desenho figurativo, pois isto está além do que a criança

seria capaz de realizar neste momento.

Não é qualquer atividade, nem qualquer intervenção que

promoverá o desenvolvimento da criança.

O bom ensino é aquele que incide na zona de

desenvolvimento próximo ou iminente.

E o que é Zona de Desenvolvimento Próximo

ou Iminente?

Zona de Desenvolvimento Próximo refere-se às funções

psíquicas que estão iniciando seu desenvolvimento e

que não são ainda capazes de sustentar um

desempenho independente/ autônomo da criança diante

de determinadas tarefas ou situações-problema, mas já

desenvolveram-se o suficiente para que a criança

consiga agir em colaboração com o adulto, orientando-

se por suas instruções, perguntas, demonstrações etc.

para alcançar a resolução da tarefa. Nesse contexto, a

intervenção do adulto provocará o desenvolvimento

dessas funções em processo de maturação, que

caminharão no sentido de consolidar-se como

desenvolvimento real da criança.

Para finalizar Ufa!!! Quantos conceitos! Quantas reflexões! Quantas dúvidas! Tudo

isso nos inspira a continuarmos os nossos estudos, nossas

pesquisas acerca do que foi apresentado aqui.

Para tanto, sobre o assunto Zona de Desenvolvimento Próximo ou

Iminente indicamos o texto “A zona de desenvolvimento próximo

na análise de Vigotski sobre aprendizagem e ensino” que consta

como conteúdo na “Atividade 3.8 – Para saber mais.”

Até a próxima Etapa!

Escher