carcinoma epidermÓide de lÍngua: correlaÇÃo … · ao prof. dr. antônio de lisboa lopes costa...
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ÉRICKA JANINE DANTAS DA SILVEIRA
CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE
LÍNGUA: CORRELAÇÃO CLÍNICA,
HISTOLÓGICA E IMUNO-HISTOQUÍMICA
NATAL/RN
2004
ÉRICKA JANINE DANTAS DA SILVEIRA
CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE
LÍNGUA: CORRELAÇÃO CLÍNICA,
HISTOLÓGICA E IMUNO-HISTOQUÍMICA
Dissertação apresentada ao Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Patologia Oral.
Orientadora: Profª Drª Lélia Maria Guedes Queiroz
NATAL/RN
2004
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede Silveira, Éricka Janine Dantas da. Carcinoma epidermóide de língua: correlação clínica, histológica e imuno-histoquímica / Éricka Janine Dantas da Silveira. – Natal, RN, 2004. 114 f.
Orientadora: Lélia Maria Guedes Queiroz. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-graduação em Patologia Oral.
1. Neoplasias bucais – Dissertação. 2. Língua – Neoplasias – Dissertação. 3. Carcinoma de células escamosas – Dissertação. I. Queiroz, Lélia Maria Guedes. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 616.314:616-006 (043.3)
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Valtércio Anunciato e Julieta Isabel, pelo incentivo e amor
decisivos na minha formação humana e profissional. Em especial a minha mãe “uma
heroína”, a maior incentivadora, o amparo das quedas e obstáculos, a força que me mantém
de pé nos momentos de insegurança. Mainha, muito obrigada pelo carinho e confiança,
fazendo com que eu lute incessantemente pelos meus sonhos. Você acreditou em mim e sem
dúvida alguma representa parte dessa conquista.
Aos meus irmãos Natércia Janine, Cibele Janine e Lúcio Neto, pelo apoio,
incentivo e compreensão principalmente durante os momentos de stress.
Este trabalho não poderia deixar de ser dedicado também a todos os meus
familiares, pelos valores que sempre guardarei, e por se fazerem tão presentes na minha
vida, representados principalmente pelos anjos, vovô Antônio e vovó Dica, vovó Nicácia e
vovô Lúcio. A minha madrinha Márcia Jales, uma das pessoas mais especiais, e torcedora
em todos os momentos, a mãe de 18 sobrinhos, que hoje estão seguindo seus caminhos na
certeza de que ela tem grande participação no sucesso de cada um de nós. Tia Márcia essa
conquista não poderia deixar de ser dedicada também a você que é uma pessoa ímpar e se
faz tão presente na vida de todos os seus “filhos”... E ainda a todos os meus tios, tias,
primos e primas que acompanharam e torceram por mim nessa conquista.
“Os sentimentos verdadeiros se manifestam mais por atos que palavras”
Shakespeare
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Meus sinceros e imprescindíveis agradecimentos a minha Orientadora e amiga Profª
Drª. Lélia Maria Guedes Queiroz, pela dedicação, paciência, integridade, transmissão de
conhecimentos científicos, importantes na orientação deste trabalho e na minha formação
humana e profissional. Muito obrigada pelos estímulos fundamentais que me fizeram sentir
capaz para continuar nessa jornada, além do carinho e da confiança dispensados a mim.
Com você aprendi que o verdadeiro conhecimento deve ser constantemente perseguido,
descoberto e construído... Sinto-me lisonjeada por ter sido sua orientanda!
AGRADECIMENTOS
Á coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral a Profª Drª
Roseana de Almeida Freitas, pela dedicação, competência com que conduz essa tarefa tão
árdua... A Sra. é uma das pessoas mais sensatas e íntegras que conheço. Obrigada pela
inesquecível colaboração científica, dando-me estímulos decisivos no transcorrer deste
curso. A Sra,. minha eterna admiração!
Á Profª Drª Lélia Batista de Souza, pela disponibilidade, elogios, confiança e,
ainda, grande carinho dispensados a mim.
Ao Prof. Dr. Leão Pereira Pinto, o maior responsável por tudo isso, o fundador
deste Programa tão conceituado no País.
À Profª. Drª. Hébel Cavalcanti Galvão pela forma simples, sincera e competente
com que conduz seus trabalhos, o que serve de exemplo a todos os aprendizes a sua volta.
Ao Prof. Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa pela expressão de sabedoria em tudo
aquilo que faz, pelos esclarecimentos e conhecimentos transmitidos.
Vocês me tornaram amante da arte da docência e da pesquisa, conduziram-me além das
teorias, tornando-se além de mestres, grandes amigos. Meus profundos agradecimentos
indeferidos a vocês, que têm sabedoria e prazer em fazer aquilo que mais gostam. Ser
pesquisadores e educadores!
Às professoras doutoras, Ana Miryan Costa de Medeiros e Patrícia Teixeira de
Oliveira, pelos ensinamentos e por tornarem a clínica de estomatologia um ambiente
prazeroso. Meus sinceros agradecimentos.
Ao Prof. Dr. Ângelo Guisepe Roncali pela realização da análise estatística deste
trabalho, tornando-o mais rico e preciso.
Aos meus amigos do mestrado, Francielli Cristine, Jamile Marinho, Leonardo
Yure, Tarsila Freitas, pela confiança no meu caráter e integridade, carinho, troca de
idéias... Nós vivemos juntos tantos momentos e carregamos a marca das experiências que
tivemos, estejamos sempre confiantes em busca dos nossos sonhos. E você Tarsila,
companheira de todas as horas, que compartilhou e sofreu junto comigo todas as
angústias, mas também comemoramos juntas todas as vitórias conquistadas durante esta
jornada... tenho certeza que amizade por nós construída ultrapassará fronteiras. Uma
despedida é necessária antes da gente se encontrar novamente... Você estará sempre no
meu coração!
A todos os colegas do doutorado, Gustavo, Márcia, Márcio, Rivadávio, Rosilene,
Simone, Sormani, Manuel, Flávio, Carmem, Antônio Luiz, Fernanda, Ruthinéia,
Emanuel Sávio e João Luiz, pelos ensinamentos, trocas de experiências, pela convivência
e momentos ímpares que desfrutamos juntos. A você Gustavo “meu grande irmão de
coração” e principal companheiro neste caminho, não tenho palavras para agradecer o
que fez e tenho certeza que continuará fazendo por mim, você é admirável em todos os
sentidos! Márcia, muito obrigada pela amizade e companherismo, você tem caráter,
inteligência e cumplicidade dignos de exemplo! Márcio, você tem sido um dos principais
estimuladores, e me ajudou a acreditar na minha capacidade, muito obrigada!
Ao Biólogo Hévio Lucena e ao Técnico Canidé pela competência e dedicação na
condução deste trabalho. Sem vocês, este trabalho não se concretizaria.
À Gracinha, Idelzuíte e Sandrinha pela disponibilidade, atenção e gentileza com
que sempre atenderam meus pedidos, agradeço de coração!
Ao CNPq, pelo apoio financeiro concedido, pela bolsa de estudos, facilitando a
realização do mestrado e elaboração deste estudo.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste trabalho e
para minha formação humana. Alysson Guimarães pelo incentivo constante, compreensão,
apoio e por ter ficado todo tempo ao meu lado nesta batalha. Às minhas eternas amigas
Gabriella e Lídia por fazerem com que essa bela amizade permanecesse viva durante
todos esses anos... Juntas, vivemos as etapas mais importantes da vida, a infância,
adolescência, escolha da profissão, formatura, realização profissional, e tenho certeza de
que ainda compartilharemos muitos momentos especiais... Nós somos exemplos de que
para as verdadeiras amizades não existem fronteiras. Adoro vocês!
Deus, razão da minha existência, muito obrigada por ter me dado força para concluir este
trabalho e por não desistir nos momentos difíceis que enfrentei... Obrigada pelo equilíbrio
que me deu, e por colocar em meu caminho pessoas tão especiais!
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
QUADROS
Quadro 1 – Localização, pesos moleculares e pH dos pares de citoqueratinas no
epitélio normal. 40
Quadro 2 – Sistema de gradação de malignidade “Modo de invasão” recomendado por
Bryne (1998) 55
Quadro 3 – Quadro evidenciando especificidade para os anticorpos que foram
utilizados, diluição, tempo de incubação e fabricante. 56
Quadro 4 – Quadro evidenciando as variáveis analisadas, bem como sua
classificação e categorização. 60
FOTOS
Foto 1: Front invasivo de carcinoma epidermóide de baixo grau, de acordo com o
sistema proposto por Bryne (1998) (H/E – 40x). 65
Foto 2: Carcinoma epidermóide de baixo grau evidenciando detalhe de um ninho
tumoral com ceratinização intensa permeando intenso infiltrado inflamatório (H/E –
200x). 65
Foto 3: Front invasivo de carcinoma epidermóide de alto grau classificado segundo
sistema proposto por Bryne (1998) (H/E – 40x). 66
Foto 4: Detalhe da figura anterior evidenciando-se desgarramento de células dos
ninhos tumorais (H/E – 200x). 66
Foto 5: Imunomarcação da CK 7 em tumor de alto grau (SABC – 200x). 69
Foto 6: Negatividade para a citoqueratina 7 em células tumorais de carcinoma
epidermóide de baixo grau. Controle interno positivo representado por fragmentos de
glândula salivar menor (SABC – 100x). 69
Fotos 7-9: (7) CK 10. Positividade nas áreas centrais dos ninhos tumorais,
correspondendo a células intermediárias e superficiais (SABC – 100x). (8) Marcação
fraca e heterogênea em epitélio adjacente ao tumor (SABC – 200x). (9) Localização
imuno-histoquímica da CK 10 em mucosa normal, detectado através da marcação
citoplasmática em algumas camadas suprabasais e superficiais do epitélio estratificado
ceratinizado (SABC – 100x). 70
Fotos 10-12: (10) Expressão da CK 13 nos centros dos ninhos e lençóis celulares,
correspondendo às células intermediárias e superficiais (SABC – 200x). (11)
Marcação intensa, homogênea, acometendo todas as camadas suprabasais do epitélio
pavimentoso estratificado em área adjacente a tumor (SABC – 200x). (12)
Localização imuno-histoquímica da CK 13 em epitélio pavimentoso estratificado
normal, representado por marcação fraca e heterogênea (SABC – 100x). 71
Fotos 13-15: (13) Intensa imunopositividade à citoqueratina 14 em todas as células
tumorais (basais, suprabasais) em carcinoma epidermóide de baixo grau (SABC -
200x). (14) Perda de positividade a CK 14 em algumas células invasivas (SABC -
200x). (15) Marcação na camada basal do epitélio adjacente em área mais distante do
tumor (SABC 100x). 72
Fotos 16-18: (16) Expressão da CK 16 evidenciada principalmente nas células
intermediárias e superficiais dos ninhos tumorais (SABC - 200x). (17) Figura
evidenciando epitélio adjacente ao tumor com áreas de ausência e presença de
marcação bem como células neoplásicas positivas (SABC - 40x). (18)
Imunolocalização da CK 16 em epitélio pavimentoso estratificado normal (SABC –
100x). 73
Foto 19-21: (19) Negatividade para a CK 19 em células tumorais de carcinoma
epidermóide de baixo grau. Controle interno positivo representado por fragmentos de
glândula salivar menor (SABC – 40x). (20) Expressão da CK 19 em áreas centrais dos
ninhos tumorais, em carcinoma epidermóide de alto grau (SABC 200x). (21)
Positividade à citoqueratina 19 do epitélio pavimentoso estratificado adjacente ao
tumor (SABC 100x). 74
GRÁFICOS
Gráfico 1 - Distribuição do número de casos de acordo com o sexo dos pacientes.
Hospital Dr. Luiz Antônio, Natal/RN. 62
Gráfico 2 - Distribuição do número de casos de acordo com a idade dos pacientes.
Hospital Dr. Luiz Antônio, Natal/RN. 62
Gráfico 3. Relação entre estadiamento clínico (I e II/III e IV) e desfecho da doença
(óbito/remissão). p = 0,046 . Natal, RN. 2003. 76
Gráfico 4. Relação entre metástase (Sim/Não) e desfecho da doença (óbito/remisão). p
= 0,002. Natal, RN. 2003. 76
Gráfico 5. Relação entre estadiamento clínico (I e II/III e IV) e metástase (sim/não). p
= 0,025 . Natal, RN. 2003. 77
Gráfico 6. Relação entre gradação histológica (baixo/ alto grau) e desfecho da doença
(óbito/remissão). p = 0,426 . Natal, RN. 2003. 78
Gráfico 7. Relação entre estadiamento clínico (I e II/III e IV) e gradação histológica
(baixo/alto graus). p = 0,465 . Natal, RN. 2003. 78
Gráfico 8. Relação entre gradação histológica (Baixo/ Alto graus) e metástase
(sim/não). p = 0,264 . Natal, RN. 2003. 79
LISTA DE TABELAS
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Dados clínicos referentes aos pacientes portadores de carcinoma
epidermóide de língua estudados. Natal/RN - 2004 54
Tabela 2 – Escores e gradação histológica de malignidade dos carcinomas
epidermóides de língua estudados. Natal-RN 64
Tabela 3. Relação entre estadiamento clínico e desfecho da doença. Significância
obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003. 75
Tabela 4. Relação entre metástase e desfecho da doença. Significância obtida pelo
Teste Qui2. Natal, RN. 2003. 76
Tabela 5. Relação entre estadiamento clínico e metástase. Significância obtida pelo
Teste Qui2. Natal, RN. 2003. 77
Tabela 6. Relação entre gradação histológica e desfecho da doença. Significância
obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003. 77
Tabela 7. Relação entre gradação histológica e estadiamento clínico. Significância
obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003. 78
Tabela 8. Relação entre gradação histológica e metástase. Significância obtida pelo
Teste Qui2. Natal, RN. 2003. 79
Tabela 9. Matriz de significância estatística, contendo os valores de “p” para as
combinações entre as variáveis. Significância obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003.
79
Tabela 10. Relação entre a presença de marcadores e desfecho da doença.
Significância obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003. 80
Tabela 11. Relação entre a presença de marcadores e o estadiamento clínico.
Significância obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003. 81
Tabela 12. Relação entre a presença de marcadores e presença de metástase.
Significância obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003. 82
Tabela 13. Relação entre a presença de marcadores e gradação histológica.
Significância obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003. 82
RESUMO
SILVEIRA, E.J.D. da. Carcinoma epidermóide de língua: correlação clínica, histológica
e imuno-histoquímica. 2004. 110f. Dissertação (Mestrado em Patologia Oral) –
Departamento de Odontologia, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, Natal, RN, 2004.
RESUMO
O carcinoma epidermóide oral é a neoplasia maligna mais freqüente na cavidade
oral. Muitas pesquisas desenvolvidas visam estabelecer critérios que determinem o
comportamento biológico dessa neoplasia, assim, objetivou-se com esse trabalho realizar
uma análise clínica, morfológica e imuno-histoquímica através da expressão das
citoqueratinas 7, 10, 13, 14, 16 e 19 em 30 casos de carcinoma epidermóide de língua
retirados dos arquivos do Hospital Dr. Luiz Antônio (Natal-RN), correlacionando essa
expressão ao estadiamento clínico e gradação histológica de malignidade proposto por
Bryne (1998), com o intuito de verificar a utilização destes filamentos intermediários como
indicadores de progressão tumoral. Após a análise clínica das informações contidas nos
prontuários desses pacientes verificamos que os dados referentes a sexo, idade e raça se
assemelham aos da literatura pertinente. Os dados obtidos em relação ao desfecho da
doença, estadiamento clínico, presença de metástase, gradação histológica de malignidade,
e expressão das citoqueratinas 7, 10, 13, 14, 16 e 19 foram submetidos a análise estatística
(teste Qui2), observando-se que somente a gradação histológica de malignidade não
apresentou correlação significativa com as variáveis clínicas estudadas. A expressão dessas
citoqueratinas foi variada nos tumores analisados. A expressão da CK 10 mostrou
correlação estatisticamente significativa com a presença de metástase, a presença da CK 16
correlacionou-se ao desfecho da doença (óbito/remissão) e ainda aos estágios III e IV do
TNM. Esses resultados evidenciaram que a metástase e o estadiamento clínico (TNM)
mostraram boa efetividade como indicadores de prognóstico. O sistema de gradação
histológica de malignidade proposto por Bryne (1998) não refletiu o comportamento
biológico dos carcinomas epidermóides de língua estudados, e a análise de alguns
filamentos intermediários de citoqueratinas parece refletir o comportamento biológico e
agressividade dos carcinomas epidermóides orais.
PALAVRAS-CHAVE: Neoplasias bucais, língua-neoplasias, carcinoma de células
escamosas.
ABSTRACT
ABSTRACT
Oral squamous cell carcinoma is the most common malignant neoplasm in oral
cavity. Several studies have been carried out to establish biologic behaviour criteria of this
neoplasm. Thus, the purpose of this experiment was to performe a clinic, morphologic and
immunohistochemical analysis, by the expression of cytokeratins 7, 10, 13, 14, 16 and 19 in
30 cases of tongue squamous cell carcinoma from the files of Dr. Luiz Antônio Hospital
(Natal-RN). It was verifeid of the immunoexpression the correlation clinic estadiament and
histologic gradation system proposed by Bryne (1998), in order to investigate the use of
these intermediate filaments as an indicator of tumour progression. Data was collected from
the patients’ file and it was observed that information regarding sex, age and race was
resemble to the literature. Data obtained from disease evolution, clinic estadiament,
metastasis and expression of cytokeratins 7, 10, 13, 14, 16 and 19 was submited to
statistical analysis (Test K2), which showed that only the histologic gradation didn’t
demonstrated significant correlation to the clinic variables. The expression the cytokeratins
presented variation in the analysed tumours. CK 10 expression showed significant
correlation to metastasis, and the presence of CK 16 was related to disease evolution
(obit/remission) and also with the T3 and T4 of TNM. These results evidenced that
metastasis and TNM showed a good efficacy as a prognostic indicator. The histologic
gradation proposed by Bryne (1998) didn’t reflect the biologic behaviour of the studied
tongue squamous cell carcinoma, and the analysis of some intermediate filaments of
cytokeratins seems to reflect the biologic behaviour and agressivity of some oral squamous
cell carcinoma.
KEY-WORDS: Oral neoplasms, tongue-neoplasms, squamous cell carcinoma
SUMÁRIO
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO 27
2. REVISÃO DA LITERATURA 30
2.1. Carcinoma epidermóide oral – Considerações gerais 31
2.1.2. Carcinoma eipidermóide oral x SGHM 35
2.2. Citoqueratinas – Considerações gerais 38
2.2.2. Citoqueratinas x Carcinoma epidermóide 42
3. PROPOSIÇÃO 50
4. MATERIAL E MÉTODOS 52
4.1. Caracterização do estudo 53
4.2. População 53
4.3. Amostra 53
4.4. Critérios de seleção da amostra 53
4.4.1. Critérios de inclusão 53
4.4.2. Critérios de exclusão 53
4.5. Estudo clínico 53
4.6. Estudo morfológico 54
4.7. Estudo imuno-histoquímico 56
4.8. Análise das células imunomarcadas 59
4.9. Análise estatística 59
4.9.1. Delineamento da análise 60
4.9.2. Variáveis estudadas 60
4.9.3. Definição do Teste Estatístico 60
5. RESULTADOS 61
5.1. Análise descritiva dos aspectos clínicos 62
5.2. Análise descritiva dos aspectos morfológicos 63
5.3. Análise descritiva da imunorreatividade às citoqueratinas estudadas 67
5.3.1. CK 7 67
5.3.2. CK 10 67
5.3.3. CK 13 67
5.3.4. CK 14 68
5.3.5. CK 16 68
5.3.6. CK 19 68
5.4. Resultados da Análise Estatística 75
6. DISCUSSÃO 83
7. CONCLUSÕES 96
REFERÊNCIAS 99
ANEXOS
INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
O câncer oral é uma importante causa de morbidade e mortalidade no mundo, com
taxa de incidência variando largamente de acordo com a localização geográfica, e dentro de
uma mesma localização; varia entre grupos categorizados pela idade, sexo e raça
(HOWELL, 2003). No Brasil ocupa o sexto lugar em incidência no sexo masculino, e
oitavo lugar no sexo feminino, sendo a língua e o lábio os sítios mais acometidos.
O carcinoma epidermóide é a neoplasia maligna mais freqüente da cavidade oral,
correspondendo a quase 95% destas lesões, e cerca de 38% dos tumores malignos de
cabeça e pescoço (NEVILLE et al., 1998; COSTA et al., 2000). Apesar dos estudos
desenvolvidos, esta neoplasia ainda apresenta muitos aspectos desconhecidos,
principalmente em relação a seu comportamento e prognóstico; e mesmo com o avanço da
terapêutica oncológica nos últimos anos, o prognóstico dos portadores de câncer oral ainda
é reservado.
A agressividade desses tumores está relacionada a diversos fatores, dentre os quais
cita-se o grau histológico de malignidade, tamanho da lesão, grau de comprometimento dos
tecidos vizinhos, presença de metástase no momento do diagnóstico e localização
anatômica do tumor (BRYNE, 1991, TODO; DONOFF; WONG, 1997; BRYNE, 1998).
Dentre as localizações anatômicas, o câncer de língua apresenta um alto potencial de
invasão, e grande probabilidade de desenvolver metástase para linfonodos regionais (O-
CHAROENRAT et al., 2003; OKADA et al., 2003).
A carcinogênese oral é considerada um processo de muitas etapas, a qual envolve
múltiplas alterações genéticas que iniciam as mudanças fenotípicas. Vários fatores clínicos,
patológicos e moleculares têm sido identificados, alguns dos quais fornecem informações
sobre a evolução neoplásica, podendo ser considerados como indicadores biológicos de
agressividade do tumor (CHIESA et al., 1999). Também durante a carcinogênese, ocorrem
alterações celulares no citoesqueleto que podem ser analisadas através da expressão dos
filamentos intermediários de citoqueratina, como exemplo, células neoplásicas podem
expressar filamentos que não apresentam habitualmente, e deixar de exibir filamentos
expressos em tecido normal. Assim, a expressão de tais filamentos pode auxiliar a
compreender alguns dos mecanismos associados à transformação maligna e comportamento
dos tumores.
Muitos estudos realizados visaram estabelecer a correlação entre as características
clínicas e histológicas com o prognóstico do câncer oral, porém não obtiveram resultados
satisfatórios. Baseado nos relatos anteriores, constitui objetivo desta pesquisa correlacionar
o estadiamento clínico, gradação histológica de malignidade proposto por Bryne (1998), e
expressão das citoqueratinas em carcinoma epidermóide de língua, com o intuito de
verificar a possibilidade destes filamentos intermediários serem utilizados como
indicadores de progressão nestes tumores.
REVISÃO DA LITERATURA
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Carcinoma epidermóide oral – Considerações gerais
O Ministério da Saúde (2002) define o câncer como um grupo de doenças
caracterizado pela perda do controle da divisão celular e pela capacidade de invadir
estruturas orgânicas. Este continua tendo alta incidência no Brasil, sendo registrado
337.535 novos casos em 2002, dentre os quais 171.640 casos em mulheres (50,85%) e
165.895 (49,15%) em homens, com 122.600 óbitos.
Os cânceres orais incluem neoplasias malignas dos lábios, sítios intra-orais e da
orofaringe. As lesões de nasofaringe, hipofaringe e glândulas salivares maiores não estão
incluídas neste grupo (LLEWELLYN; JOHNSON; WARNAKULASURIYA, 2001).
O câncer oral acomete aproximadamente 7% da população mundial, onde o Brasil
ocupa o 4º lugar em incidência no mundo, estimando-se que cerca de 10% dos tumores
malignos em brasileiros localizam-se na boca (Instituto Nacional do Câncer, do Ministério
da Saúde, 2002). Atinge mais homens do que mulheres, ambos com idade acima de 60
anos. Entretanto, de acordo com Moore et al. (2000) esses dados se alteraram nos últimos
anos em função da mudança dos hábitos, observando-se também aumento da incidência em
pessoas jovens, abaixo de 45 anos de idade (MACKENZIE et al., 2000; LIEWELLYN;
JOHNSON; WARNAKULASURIYA, 2001).
O carcinoma epidermóide oral, também chamado de carcinoma de células
escamosas ou carcinoma espinocelular, representa a neoplasia maligna mais freqüente na
boca e é uma doença multifatorial com diversos elementos envolvidos na sua ocorrência
(NEVILLE et al., 1998; ABDO, 2001). Fatores intrínsecos tais como alterações genéticas,
deficiências nutricionais e imunossupressão; e fatores extrínsecos como radiação solar,
tabaco, álcool, e alguns vírus, têm sido apontados dentre os agentes relacionados a sua
etiopatogenia (ABDO, 2001; UOBE et al., 2001; NAGPAL; BIBHU, 2003). Yu et al.
(1999) relataram que a influência genética familiar também é um importante agente
contribuinte para o desenvolvimento de carcinomas de cabeça e pescoço.
O fumo e o álcool representam os fatores mais significativos na etiologia do câncer
oral. O tabaco, fumado ou mascado, pode atuar isoladamente ou em sinergismo ao álcool,
estando bem documentado que o risco para o desenvolvimento da carcinogênese aumenta
proporcionalmente com a quantidade de cigarros consumidos, havendo um efeito
multiplicativo quando associado ao álcool e quando ambos são utilizados em conjunto
(ALLISON; LOCKER; FEINE, 1998; HINDLE et al., 2000; ZAVRAS et al., 2001;
ALLISON, 2002, BRAD; COLE, 2002; GREENWOOD et al., 2003).
No tocante a etiologia viral, Summergill (2001) e Miller e Johstone (2001)
sugeriram que a infecção oral por HPV pode ter um papel significativo na carcinogênese e
progressão do câncer, atuando como um fator de risco independente para o carcinoma
epidermóide oral. Kojima et al. (2002) estudaram a relação do HPV-38 em 53 casos de
carcinomas epidermóides orais e verificaram que a positividade para este vírus estava
associada à super-expressão do p53 e PCNA, concluindo que a infecção por este vírus,
concomitante a outros fatores pode, ter um papel importante na carcinogênese oral,
podendo este atuar como co-fator no referido processo.
No que diz respeito aos fatores intrínsecos, a literatura referencia os hormônios,
imunossupressão, deficiências nutricionais e mutações genéticas (Ministério da Saúde,
2002). Zain (2001) relatou que muitos estudos in vitro e in vivo enfatizaram o papel da
dieta no câncer. A combinação de pesquisas leva a evidências de que as vitaminas A, C e E,
além dos carotenos podem diminuir a incidência dessas neoplasias, já que elas possuem
atividade anti-oxidante, pois reduzem as reações dos radicais livres evitando por
conseguinte as mutações no DNA, além de mudanças na membrana celular e na atividade
enzimática.
A carcinogênese oral está associada a alterações genéticas acumulativas (PANDE et
al., 2002; NAGPAL; BIBHU, 2003), onde esta reflete a susceptibilidade e tendência do
genoma de adquirir múltiplas alterações, as quais levam ao desequilíbrio no ciclo celular
que controla suas funções tais como divisão, diferenciação e morte celular (VICENTE et
al., 2002). O desenvolvimento do carcinoma epidermóide oral relaciona-se diretamente a
alterações na estrutura e regulação genética, principalmente naqueles genes reguladores do
processo de divisão celular (RAMALHO et al., 2002), sendo essas alterações genéticas
necessárias para que o fenótipo de câncer seja expresso (IBRAHIN et al., 2003). Yamazaki
et al. (2003) citaram que dentre as alterações genéticas, as mutações no gene p53 são as
mais comuns, podendo essa ser utilizada como indicador de prognóstico nos carcinomas
epidermóides orais. Alterações tais como perda da heterozigose, instabilidades
microsatélites e repetições de seqüências contribuem para ocorrência de tais mutações
(BOLAND et al., 1998).
O câncer oral tem apresentação clínica variada, incluindo as formas ulceradas,
leucoplásicas e leucoeritroplásicas, de crescimento exofítico ou endofítico, podendo ou não
desenvolver metástases para linfonodos regionais ou à distância (JORDAN; DALEY; 1997;
NEVILLE et al., 1998).
O carcinoma epidermóide ocorre principalmente na língua e lábios, podendo
acometer outros sítios como assoalho, mucosa jugal, gengiva e palato (REGEZI;
SCIUBBA, 2000; CANTO; DEVESA, 2002). Dentre estes sítios anatômicos, o carcinoma
de língua geralmente apresenta pobre diferenciação histológica, avançado estágio clínico,
evolução rápida e maior probabilidade de desenvolvimento de metástases à distância, sendo
assim uma lesão de prognóstico reservado, quando comparado ao carcinoma epidermóide
de outros sítios anatômicos orais (SCHARTZ et al., 2000; KERDPON; SRIPLUNG, 2001).
Alguns estudos apontaram fatores que influenciam no prognóstico e sobrevida dos
pacientes portadores desta neoplasia, destacando-se: gradação histológica de malignidade,
tamanho e localização do tumor primário, comprometimento de linfonodos regionais e
presença de metástases à distância (BRYNE, 1991, TODD; DONOFF; WONG, 1997;
BRYNE, 1998; RAJHI et al., 2000). Moles et al. (2002) reportaram que a espessura do
tumor é o principal parâmetro que influencia na sobrevida de pacientes portadores de
câncer de língua. Takes et al. (2002) e Okada et al. (2003) afirmaram que a presença de
metástase em linfonodos cervicais é considerada como indicador de pobre prognóstico em
pacientes portadores desta neoplasia.
Segundo relatos de Nithya et al. (2003), a língua é a localização mais acometida
pelo carcinoma epidermóide oral, bem como a mais relacionada à baixa taxa de sobrevida e
a altas incidências de desenvolvimento de metástases para linfonodos cervicais, pois de 34
a 50% dos pacientes com tumores de pequenas dimensões e cerca de 62,3% dos pacientes
acometidos por tumores de dimensões maiores deste estudo desenvolviam metástases,
sendo verificado que este parâmetro foi um forte indicador de sobrevivência e prognóstico
em pacientes acometidos por câncer de língua.
Conforme Allison, Locker e Feine (1998), o diagnóstico tardio contribuiu para um
pior prognóstico em pacientes portadores de carcinoma epidermóide oral, baseados na
evidência de que pacientes nos quais o câncer foi diagnosticado tardiamente apresentaram
pior prognóstico do que aqueles onde o mesmo foi diagnosticado precocemente,
adicionando que a mortalidade pode ser reduzida se as lesões forem diagnosticadas e
tratadas precocemente.
Objetivando uniformizar as informações clínicas, a União Internacional Contra o
Câncer criou um sistema de estadiamento clínico para tumores malignos, o TNM, o qual se
tornou a forma de comunicação entre os centros de tratamento, baseando-se na extensão
anatômica da doença, no intuito de fornecer informações sobre o prognóstico, e auxiliar no
planejamento do tratamento (CARINCI et al., 1998). Suas variáveis significam: T –
tamanho do tumor primário, N - presença de metástase em linfonodos regionais e M -
metástases à distância; e a quantificação destes parâmetros constitui o “estadiamento” o
qual varia dos estágios I ao IV (ALLISON; LOCKER; FEINE, 1998; NEVILLE et al.,
1998).
De acordo com Dib et al. (1994), o sistema TNM é muito útil, principalmente para
avaliar características clínicas do câncer como extensão local, disseminação regional e
metástase à distância, apesar de considerá-lo falho como indicador prognóstico pelo fato de
não avaliar as características histológicas e a relação tumor-hospedeiro.
Para Hiratsuka et al. (1999) o sistema TNM representou o parâmetro prognóstico
mais exato. De acordo com Pugliano et al. (1999), os principais objetivos deste sistema são:
auxiliar no planejamento, dar alguma indicação do prognóstico, ajudar na avaliação dos
resultados do tratamento, facilitar troca de informações entre centros de tratamento e
contribuir na investigação contínua de cânceres humanos. Este sistema é baseado na
suposição de que pequenos tumores sem metástases têm melhor prognóstico que tumores
maiores com metástases, apesar de conhecer-se que alguns tumores com o mesmo
estadiamento clínico mostram diferentes padrões de crescimento e prognóstico, reforçando,
portanto, a necessidade de outros métodos para avaliação prognóstica.
2.1.2. Carcinoma eipidermóide oral x SGHM
A gradação histopatológica de malignidade do carcinoma epidermóide oral é um
recurso microscópico que visa classificar a lesão de acordo com o grau de diferenciação
celular, no intuito de fornecer subsídios que possibilitem a interpretação da agressividade
do tumor. Existem diversas gradações descritas na literatura, denominadas de sistemas de
gradação histopatológica de malignidade (SGHM), com o propósito comum de fornecer
subsídios para possibilitar a interpretação da agressividade da neoplasia (MARTINS
NETO, 1999).
Os primeiros trabalhos visando a classificação histopatológica dos carcinomas
epidermóides orais foram de Broders (1920) e Broders (1941). Neste sistema, foram
avaliados os fatores influenciadores na malignidade dos tumores, relacionando a proporção
de células anaplásicas ao grau de malignidade, ressaltando-se a associação entre a
diferenciação dos tumores com o tratamento e prognóstico. Posteriormente, muitas
classificações histológicas se seguiram, sempre procurando aperfeiçoar as anteriores,
acrescentando-se novos parâmetros, como população celular tumoral, ceratinização, atipias
nucleares além da reação do hospedeiro frente ao tumor, avaliando o padrão de invasão,
comprometimento vascular e presença de infiltrado inflamatório linfoplasmocitário
(JAKOBSSON et al., 1973).
Eneroth e Morberger (1973) analisaram as características histopatológicas em 110
casos de pacientes portadores de carcinoma epidermóide de palato pelo sistema proposto
por Jakobsson (1973), desconsiderando o estadiamento clínico, tratamento e o curso da
doença. Baseados no SGHM utilizado, tais pesquisadores observaram que dos pacientes
portadores de neoplasias consideradas de alto grau de malignidade, 93% deles foram a
óbito, enquanto apenas 7% dos acometidos por tumores de baixo grau de malignidade
faleceram em conseqüência da neoplasia.
Lund et al. (1975) realizaram um estudo envolvendo 49 pacientes portadores de
carcinoma epidermóide de língua, onde o sistema de gradação histológica de malignidade
era composto de 8 parâmetros de 4 graus cada um, verificando não existir associação
significativa entre gradação histopatológica de malignidade e o estadiamento clínico.
Holm et al. (1982) analisaram 95 casos de carcinoma epidermóide nos 2/3 anteriores
da língua, baseados nos seguintes parâmetros: diferenciação, pleomorfismo celular,
mitoses, modo e estágio de invasão, além de reação inflamatória. O sistema de gradação
histológica utilizado mostrou-se eficaz como indicador de progressão tumoral, pelo fato das
metástases serem mais freqüentes nos casos de carcinomas menos diferenciados.
Em 1987, Anneroth, Batsakis e Luna realizaram uma revisão da literatura sobre os
SGHM, e criaram um sistema de gradação histológica de malignidade para carcinomas
epidermóides orais, considerando a população tumoral em relação ao grau de ceratinização,
pleomorfismo celular e número de mitoses, bem como em relação à resposta do hospedeiro
através dos parâmetros, padrão de invasão, estágio de invasão e infiltrado inflamatório. Este
sistema estabelecia uma escala gradativa que variava dos níveis I ao IV.
Bryne et al. (1989) propuseram um novo sistema de gradação histológica de
malignidade para o carcinoma epidermóide, aplicado à biópsias incisionais, priorizando a
frente de invasão tumoral, sendo considerado morfologicamente o grau de ceratinização
celular, pleomorfismo celular, número de mitoses, padrão de invasão tumoral e reação
inflamatória, emitindo-se valores numéricos de 1 a 4 para estes cinco critérios. O escore
total foi dado pela soma dos escores. Foram classificados como grau I ou de baixo escore
de malignidade, os tumores que mostraram pontuação de 5 a 10 e grau 2 ou alto escore os
que demonstraram pontuação superior a 10.
Em 1991 esta mesma autora fez uma revisão do valor prognóstico de várias
características celulares e moleculares do carcinoma epidermóide oral, bem como
comparou os resultados obtidos no estudo utilizando o método proposto por ela e
colaboradores em 1989 com outros estudos publicados anteriormente. Esta considerou seu
método como sendo um fator prognóstico suplementar ao TNM, mas que também podia ser
utilizado isoladamente como um bom indicador de prognóstico.
Dib et al. (1994) realizaram um estudo em 59 casos de carcinoma epidermóide de
borda de língua objetivando verificar o valor prognóstico das características clínicas e
histológicas, concluindo que o grau histológico de malignidade não apresentou correlação
com a sobrevida dos pacientes, havendo correlação somente com a presença de metástase
regional.
Bryne (1998) revisou seus trabalhos sobre os sistemas de gradação histológica de
malignidade e desenvolveu um SGHM específico para as massas invasivas de carcinomas
epidermóides orais baseado no grau de ceratinização, pleomorfismo celular, padrão de
invasão tumoral e infiltrado inflamatório, aplicando escores numéricos de 1 a 4 a cada
parâmetro, método este priorizando a frente de invasão tumoral. A autora concluiu que esse
sistema tem um importante valor para o prognóstico e terapêutica, sugerindo que a
gradação do front invasivo é um dado valioso para análise histológica, uma vez que vários
eventos moleculares de importância ocorrem na interface tumor-hospedeiro, citando-se
perdas e ganhos de moléculas de adesão, secreção de enzimas proteolíticas, aumento da
proliferação celular e início da angiogênese.
Relatos de Sawair et al. (2003) indicaram que a análise do front invasivo foi
correlacionada diretamente ao desenvolvimento de metástases para linfonodos regionais em
carcinomas epidermóides orais, sendo sugerido nesse estudo que tumores que invadiam em
pequenos grupos celulares mostravam uma tendência maior a metastatizar, sendo este o
principal fator relacionado ao prognóstico, determinando dessa forma a sobrevivência em
pacientes acometidos por esta neoplasia.
Para Martins Neto (1999) os SGHM de carcinomas epidermóides orais constituem
procedimentos histológicos importantes para análise dos pacientes portadores de tal
neoplasia, devendo constituir-se numa linguagem comum entre estomatologistas,
patologistas, oncologistas e cirurgiões, pois influenciam diretamente no planejamento
terapêutico e no prognóstico do caso.
Dantas (2000) realizou um estudo em 18 casos de carcinoma de língua visando
correlacionar os escores histológicos de malignidade pelo sistema proposto por Anneroth,
Batsakis e Luna (1987) e a classificação de estadiamento clínico (TNM) para obtenção de
parâmetros indicadores de prognóstico, concluindo que não existe correlação
estatisticamente significativa entre o estadiamento clínico (TNM) e a gradação histológica
de malignidade usada. No entanto, o TNM mostrou boa efetividade como parâmetro
indicador de prognóstico.
Costa et al. (2002) estudaram a correlação entre estadiamento clínico (TNM),
gradação histológica desenvolvida por Wahi (1971) e localização anatômica da lesão em
120 pacientes acometidos pelo carcinoma epidermóide oral. Este sistema de gradação
mostrou correlação estatisticamente significativa com o TNM, e adicionalmente, hove
correlação entre TNM e localização anatômica, ressaltando-se que as lesões localizadas em
língua, palato e assoalho apresentavam uma maior tendência a exibir um pior prognóstico.
Nagler et al., neste mesmo ano, estudaram 116 pacientes acometidos por câncer de
língua e verificaram que a sobrevida em portadores desta neoplasia com estadiamento I era
de 82%, enquanto que para o IV era de 13%, observando também que em tumores bem
diferenciados, moderadamente e pobremente diferenciados a taxa de sobrevida de 5 anos
era de 72%, 35% e 0% respectivamente.
2.2. Citoqueratinas – Considerações gerais
As células neoplásicas exibem diversas alterações, sendo uma delas as variações
arquiteturais, principalmente as do citoesqueleto. Estudos têm sido realizados com
marcadores por meio de reações imuno-histoquímicas utilizando anticorpos contra as várias
citoqueratinas, já que estas representam o maior componente do citoesqueleto, com o
propósito de relacioná-las com o grau histológico de malignidade e prognóstico, na
tentativa de obter-se ferramentas que contribuam para elucidação dos mecanismos
envolvidos no desenvolvimento dos carcinomas epidermóides orais.
As citoqueratinas (CK) constituem uma complexa família de no mínimo 20
diferentes polipeptídios, de peso molecular compreendido entre 40 e 68 Kd, e pH variando
de 5,2 a 7,8. As mesmas se enquadram em duas categorias de acordo com seus pesos
moleculares, pH e determinantes antigênicos em, citoqueratinas do tipo I, ácidas (CK 9 a
CK 20) e tipo II, formada por citoqueratinas neutras e básicas (CK 1 a CK 8) (CLAUSEN
et al., 1986; MORGAN; LAN SU, 1994; HEATLEY, 1996; CHU; WEISS, 2002).
Elas constituem o maior elemento estrutural do citoesqueleto (HERRMANN et al.,
2002), e suas funções incluem a organização do complexo estrutural intramolecular, bem
como manutenção da forma da célula, conferindo estabilidade ao epitélio, e conseqüente
resistência a estresses mecânicos (HEYDEN et al., 1992; MCLEAN; LANE, 1995). Sua
expressão normal geralmente se dá aos pares, de forma que se observa numa dada célula
epitelial heteropolímeros de citoqueratinas formados por subunidades de heterodímeros do
tipo I e II, em quantidades aproximadamente equimolares. Assim, a maioria das
citoqueratinas ácidas forma par com uma básica, definindo dessa forma um padrão de
expressão (COOPER; SCHERMER; SUN, 1985; MORGAN et al., 1987).
Essas proteínas são estáveis, resistentes à degradação, mostram grande fidelidade de
expressão e antigenicidade (MORGAN et al., 1987; FUSCHS; CLAVELAND, 1998).
Diferente das outras proteínas do citoesqueleto, os filamentos intermediários de
citoqueratina mostram uma considerável especificidade tecidual. Assim, o tecido epitelial
normal apresenta um padrão característico de expressão de citoqueratinas. Entretanto, essa
expressão varia com o tipo celular, estágio de desenvolvimento, diferenciação tecidual e
mudanças patológicas (CLAUSEN et al., 1986; SWAFF; OUHAYOUN; FOREST 1991;
PELISSIER et al., 1992; HEYDEN et al., 1992).
O catálogo descrito por Moll et al. (1982) mostrou que as CKs 7, 8, 18 e 19 são
típicas de epitélios simples, enquanto que as CKs 3 e 12 foram expressas somente na córnea
humana. Verificou-se também que a CK 19 constitui o principal componente dos epitélios
simples. Estes fatos foram relatados posteriormente por Chu e Weiss (2002), em sua
revisão sobre a expressão dos filamentos intermediários de citoqueratinas em tecidos
humanos e neoplasias.
O quadro 1 mostra a distribuição das citoqueratinas, associação aos pares, peso
molecular e tipo do epitélio de acordo com Cooper, Schermer e Sun (1985).
Quadro 1 – Localização, pesos moleculares e pH dos pares de citoqueratinas no epitélio normal
CK PM (KDa)
pH LOCALIZAÇÃO
10/ 1,2 56,5/ 65-67 5,3/ 6-8 Epitélios ceratinizados 12, 3 55, 64 4,9/ 7,5 Epitélio da córnea humana 13, 4 51, 59 5,1/ 7,3 Epitélios estratificados não ceratinizados 14, 5 50, 58 5,3/ 7,4 Ceratinócitos basais 16, 6 48, 56 5,1/ 7,8 Ceratinócitos hiperproliferativos 17, 7 46, 54 5,1/ 6,0 Epitélios simples, alguns estratificados 18, 8 45, 52 5,7/ 6,1 Principalmente epitélios simples
19 40 5,2 Principalmente epitélios simples 20 42 5,4 Não está presente no epitélio oral – epitélio
intestinal, células de Merkel (Adaptado de Cooper, Schermer, Sun, 1985)
Em algumas situações este padrão se altera, como, por exemplo, nos casos de alguns
processos inflamatórios, tecidos hiperplásicos, metaplásicos, neoplásicos ou que sofreram
influências ambientais, tais como exposição a certas drogas e hormônios (COOPER;
SCHERMER; SUN, 1985; MACKENZIE; GAO, 1993; HETLEY, 1996, FUCHS;
CLEVAND 1998).
Em um estudo com 18 lesões orais clinicamente benignas, dentre elas hiperplasia,
hiperceratose, líquen plano e fibroma, quanto à expressão das CKs 8 e 18, Velden et al.
(1999) relataram que estas podem ser úteis na diferenciação de lesões benignas da mucosa
oral das potencialmente malignas.
Segundo relatos de Schulz et al. (1992), Ogden et al. (1993) e Chu e Weiss (2002),
as citoqueratinas CK 5 e CK 14 são expressas na camada basal dos epitélios estratificados,
sendo marcadores permanentes destes até mesmo na presença de processos patológicos,
como referenciado também por Turatti (1999), que detectou a imunomarcação da CK 14
em todos os casos de líquen plano oral por ela estudados, sendo tal fato associado a
influência exercida pelo infiltrado inflamatório presente, bem como uma tentativa de
manutenção da integridade estrutural do revestimento epitelial destas lesões. Boisnic et al.
(1995) relataram que as CK 4 e 13 são expressas principalmente nas camadas suprabasais
de epitélios não ceratinizados, enquanto que Morgan e Lan Su (1994) e Depondt et al.
(1999) referiram que as células suprabasais de epitélios ceratinizados expressam as CKs 1 e
10, que são específicas de diferenciação.
Conforme relatado por Weiss, Eichner e Sun (1984) e Morgan e Lan Su (1994), o
epitélio estratificado, quando encontra-se em alta renovação ou em estados
hiperproliferativos expressa o par CK 6, 16, sendo estas denominadas citoqueratinas de fast
cell turnover.
Para análise da expressão dos filamentos intermediários de citoqueratinas são
utilizados anticorpos monoclonais dirigidos contra as mesmas, através de técnicas imuno-
histoquímicas. Outra técnica de identificação inclui a eletroforese em gel (HORMIA et al.,
1988; SHABANA et al., 1989). Sawaf, Ouhayoun e Forest (1991) relataram que a
abordagem imuno-histoquímica é mais sensível do que a análise pelo gel de eletroforese,
por ter a capacidade de revelar a presença de poucas células em um tecido, uma vez que
permite a detecção individual de células positivas, o que seria impossível pelas técnicas
bioquímicas, constituindo-se a imuno-histoquímica num critério diagnóstico valioso de
identificação celular.
Löning et al. (1980) e Morgan et al. (1987) apresentaram uma contribuição
importante para o estudo da aplicação de anticorpos anti-queratina no diagnóstico oral,
através da realização de reações em várias localizações da mucosa oral, displasias, câncer
oral, tumores de glândula salivar e odontogênicos. Estes autores concluíram ser de grande
valia a utilização de tais anticorpos como marcadores de linhagem celular epitelial, ou
mesmo como indicadores de mudanças progressivas nos tumores.
Hormia et al. (1988) também ressaltaram o valor potencial das citoqueratinas no
diagnóstico oral, bem como sua utilização para verificar possíveis mudanças do padrão
normal de diferenciação em estados patológicos originados do revestimento epitelial oral.
Este fato foi confirmado por Cintorino et al. em 1990, quando afirmaram que a expressão
destas proteínas pode auxiliar na compreensão de alguns dos mecanismos associados à
transformação maligna e comportamento de alguns tumores.
Em 1990 Dale, Salonen e Jones ao estudarem o epitélio de revestimento da mucosa
oral em relação as suas modificações e diferenciação, afirmaram que as citoqueratinas são
usadas como marcadores de diferenciação, já que sua expressão é específica tanto para
determinada região epitelial como para o estágio de diferenciação celular, verificando
adicionalmente que a proximidade de áreas com diferentes características funcionais e
diferentes padrões de diferenciação na cavidade oral indicam uma excelente regulação de
diferenciação tecido-específica.
Neste mesmo estudo, Dale, Salonen e Jones relataram também que a expressão
destes filamentos intermediários nas diferentes camadas celulares epiteliais é distinta, o que
indica um programa de diferenciação específico. Como exemplo, as citoqueratinas
expressas nas células basais da língua são as CKs 5, 14 e 15, enquanto nas células
suprabasais são as CK 1, 10 e 13. Mc Lean e Lane (1995) e Heatley (1996) confirmaram
que a camada basal e as camadas suprabasais do epitélio se apresentam diferentes em
relação ao estágio de diferenciação celular e mostram conseqüentemente diferente
distribuição de citoqueratinas, achado este que prova a modificação do perfil destas
proteínas na célula, durante sua divisão e diferenciação ao longo das camadas epiteliais.
Sawaff, Ouhayoun e Forest (1991) relataram que a transformação maligna é
freqüentemente associada a alterações no padrão de expressão dos filamentos
intermediários de citoqueratinas.
Para Silveira et al. (2002) os filamentos intermediários de citoqueratinas
representam importantes marcadores de diferenciação, sendo fundamental seu emprego em
diversas patologias sediadas na cavidade oral, funcionando também como importante
instrumento no diagnóstico diferencial entre neoplasias epiteliais e mesenquimais, distinção
de diferentes tipos celulares no mesmo tecido, além de ser útil no reconhecimento de
tumores metastáticos em estudos morfogenéticos, bem como na classificação de neoplasias
pobremente diferenciadas.
2.2.2. Citoqueratinas x Carcinoma epidermóide
Como relatado anteriormente, o padrão de marcação das citoqueratinas nas células
epiteliais reflete o grau de diferenciação tecidual. Assim podem ser observadas expressões
aberrantes durante o processo de carcinogênese ou até mesmo ausência de expressão de
algumas citoqueratinas. Em outras palavras, a expressão dos filamentos intermediários de
citoqueratinas pode ser modulada por mudanças na proliferação e diferenciação das células,
sendo que a expressão destas pode ou não ser alterada depois da transformação maligna
(VAIDYA et al., 1996). De acordo com Chu, Wu e Weiss (2002), a elevada diversidade no
padrão de expressão destes filamentos intermediários tem sido relacionada a diferentes
caminhos da diferenciação epitelial.
Diversos trabalhos foram e têm sido realizados sobre a expressão destes filamentos
intermediários em lesões pré-malignas e carcinomas epidermóides orais, na tentativa de
relacionar esta expressão ao comportamento biológico destas neoplasias.
Em 1989, Lindberg e Rheiwald avaliaram a expressão da CK 19 em neoplasmas
epiteliais humanos bem como em mucosa oral normal e displasias, usando o anticorpo
monoclonal A53-B/A2. Foi observado neste estudo que em mucosas normais não
ceratinizadas havia positividade nas células basais para esta citoqueratina, já nas displasias
leves ocorreu marcação em células basais e algumas células suprabasais enquanto nas
displasias moderadas a severas a marcação envolveu todos os estratos epiteliais, e nos
carcinomas por sua vez a marcação foi dispersa. Nas mucosas ceratinizadas normais não
houve marcação para a CK 19, enquanto que nas displasias moderadas a severas nestes
locais houve marcação dispersa e nos carcinomas houve positividade principalmente nos
casos avançados. Para estes autores, a imunomarcação dessa citoqueratina não era apenas
uma simples conseqüência do estado hiperproliferativo, mas sim um marcador de atipia
celular associado a uma condição de pré-malignidade.
Em uma extensa revisão da literatura para definir o perfil das citoqueratinas no
epitélio oral normal e processos patológicos, Sawaf, Ouhayoun e Forest em 1991
verificaram que em carcinomas bem diferenciados havia expressão das CKs 10 e 13, os
moderadamente diferenciados expressaram intensamente a CK 13 nas células suprabasais e
CK 19 em células basais. Já os tumores pobremente diferenciados eram ricos em
citoqueratinas de epitélio simples, como CK 7, 8, 18 e 19.
Schulz et al. (1992) investigaram o padrão de expressão de vários tipos de
citoqueratinas em mucosa oral normal, hiperplasias fibrosas, líquen plano, leucoplasias e
carcinomas epidermóides. Eles observaram que nas lesões benignas estudadas não houve
mudança na expressão destas quando comparadas ao revestimento epitelial normal,
contrariamente aos casos de carcinomas epidermóides orais, onde foram observadas
marcação para as citoqueratinas de epitélio simples, respectivamente CKs 8, 18 e 19, sendo
verificado nesse experimento que tais alterações são vistas como um critério adicional de
diagnóstico diferencial entre lesões não agressivas e agressivas, sendo estas indicativas de
pré-malignidade e malignidade.
Neste mesmo ano, Heyden et al. mostraram que a CK 13 se expressa nas células
suprabasais e a CK 14 na camada basal de epitélios normais, enquanto que nos carcinomas
há um aumento de expressão da CK 14 em todas as células do epitélio, estando ausente nas
células neoplásicas invasivas; e a CK 13 perde sua expressão tanto no epitélio de
revestimento como nas células neoplásicas dos carcinomas, concluindo estes autores que a
CK 13 é um marcador de diferenciação da mucosa oral humana e que as citoqueratinas
podem ser úteis para definir o grau de diferenciação em carcinomas orais, servindo estas
como marcadores de alterações precoces.
Objetivando verificar se havia alteração na marcação das citoqueratinas
concomitante ao grau de diferenciação tumoral, Ogden et al. (1993) compararam a
imunomarcação das CKs 8, 13, 18 e 19 em carcinomas epidermóides orais e epitélios
normais, observando que a expressão da CK 13 é reduzida nos cânceres orais e que as CKs
8, 18 e 19 são evidenciadas tanto em tumores pobremente diferenciados como nos bem
diferenciados, não sendo estas últimas relacionadas ao grau de malignidade, apesar de
sugerirem que existe correlação entre o padrão de expressão dos filamentos intermediários
de citoqueratinas e o prognóstico do câncer oral.
Vários outros estudos imuno-histoquímicos revelaram diferenças no perfil das
citoqueratinas comparando displasias, carcinomas epidermóides e mucosa oral normal.
Morgan et al. (1991) citaram a tendência à expressão ectópica das CKs 8 e 19, enquanto
que Vaidya et al (1989) e Heyden et al (1992) referiram a redução da expressão das CKs 5
e 14 nos carcinomas.
Morgan e Lan Su (1994) detectaram mudanças no perfil dos filamentos
intermediários de citoqueratinas em displasias e carcinomas epidermóides orais. Neste
estudo, um achado freqüente foi a redução gradual na expressão das CKs 1, 10 e CKs 4 e
13 a medida que havia progressão de displasia leve para displasia severa, inferindo os
autores haver um decréscimo da capacidade de diferenciação celular concomitante com a
displasia epitelial. Os carcinomas epidermóides orais bem diferenciados avaliados exibiram
conservação dos pares CKs 1, 10 e CKs 4 e 13 apesar da sua expressão ser reduzida.
Verificou-se adicionalmente a presença das citoqueratinas de epitélios simples,
principalmente a CK 18, sugerindo-se que a síntese desta última pareceu refletir o
comportamento de malignidade, sendo isto suportado pela sua forte expressão em
linfonodos metastáticos destes tumores.
Estes mesmos autores relataram também que a verificação do perfil das
citoqueratinas em cânceres orais revela que a diferenciação do epitélio da mucosa oral
pode ser modulada pela alteração na expressão do padrão destes filamentos
intermediários durante o desenvolvimento da malignidade.
Xu et al. (1995) constataram que a CK 1 expressa normalmente em epitélios
ceratinizados estava presente também nos carcinomas epidermóides orais, e fortemente
expressa em lesões displásicas, fato este associado com a perda da diferenciação e
ceratinização dessas lesões pré-malignas. Para a CK 13 estes autores verificaram que
havia marcação tanto em epitélios normais como em hiperplasiados, displásicos e
neoplásicos, não sendo este filamento intermediário bom marcador de progressão de
malignidade, sendo este fato observado também para a CK 19, que apesar de estar
presente proporcionalmente ao avanço de mucosa normal à carcinoma, não
correlacionou-se ao grau de diferenciação tumoral. A expressão da CK 8 foi observada
em carcinomas avançados, refletindo meramente o estágio de diferenciação de lesões
epiteliais pré-malignas.
Através da imuno-histoquímica e hibridização in situ Su, Morgan e Lane (1996)
verificaram que a regulação dos filamentos intermediários de citoqueratinas estava alterada
na transformação maligna, através da avaliação da expressão das CKs 14 e 19 em epitélio
normal e carcinoma epidermóide da mucosa oral em graus histológicos distintos. No
epitélio normal, tanto a proteína como o RNAm da CK 14 estavam presentes quase que
exclusivamente na camada basal. O carcinoma epidermóide exibiu marcação irregular
destes filamentos intermediários nas células superficiais. No carcinoma epidermóide bem
diferenciado foi observada uma expressão abundante do RNAm e da proteína da CK 14,
enquanto que no indiferenciado foi detectado apenas o RNAm desta. Em relação à CK 19,
o RNAm e sua proteína estavam presentes predominantemente nas células basais do
epitélio normal não ceratinizado, enquanto que no ceratinizado foi detectado apenas seu
RNAm. O RNAm desta citoqueratina foi observado em todos os carcinomas, apesar de sua
proteína estar ausente na maioria dos casos. No carcinoma epidermóide bem diferenciado
não foi evidenciado RNAm e a proteína da CK 19. Entretanto, o tipo indiferenciado revelou
marcação positiva.
Bongers et al. (1996) constataram uma marcação significativamente maior das CKs
16 e 19 na mucosa normal adjacente aos tumores em pacientes portadores de carcinomas
epidermóides quando comparadas a mucosa normal dos pacientes do grupo controle.
Encontradas normalmente na mucosa alveolar e língua, as CKs 5 e 14 não foram
detectadas na maioria dos carcinomas orais destas localizações em um estudo desenvolvido
por Vaidya et al. (1996), ao contrário das CKs 1 e 10 que expressaram-se intensamente
nesses tumores, e a CK 18 marcador de epitélios simples, que também esteve presente na
maioria dos casos estudados. Neste trabalho foi sugerido que havia perda das CKs básicas 5
e 14 e expressão aberrante de citoqueratinas de epitélios simples durante a transformação
maligna. Os mesmos autores em 1998 estudando lesões cancerizáveis da mucosa oral,
dentre elas leucoplasia e fibrose submucosa, notaram a ausência da CK 5 na amostra,
considerando que tal fato associado à expressão da CK 18 pode ser um evento importante
na transformação maligna do epitélio oral, concluindo entretanto que a expressão destes
filamentos intermediários, que é específica para cada tipo celular, pode ser modulada por
mudanças no estado de proliferação ou diferenciação, se alterando ou não após
transformação maligna.
Estudando displasia epitelial no esôfago, Itakura et al. (1996) não encontraram
diferenças significativas na expressão das CKs 10, 13 e 14 em pacientes portadores e não
portadores de carcinoma epidermóide. Os resultados indicaram que padrões anormais da
expressão de citoqueratinas não ocorrem somente em células atípicas, mas também em
células não atípicas na displasia esofágica.
Depondt et al. (1999) objetivando verificar se as citoqueratinas representavam
marcadores de diferenciação epitelial em tecidos normais e patológicos, e se sua expressão
era reflexo do comportamento tumoral, avaliaram a imunomarcação destes filamentos
intermediários usando anticorpos monoclonais anti-CK 4, 5, 7, 8, 10, 13, 14, 17, 18 e 19
em 80 espécimes de mucosa normal e 26 carcinomas epidermóides orais. Para a mucosa
normal os autores verificaram que as CKs 4 e 13 estavam presentes nas células suprabasais,
as CKs 5 e 14 nas basais, e a CK 19 também em algumas células basais, não observando-se
imunomarcação para as CKs 7, 8, 17 e 18. Nos casos de carcinomas epidermóides orais
houve expressão atípica das CKs 7, 8, 17 e 18 além da presença da CK 10 e da 19 em
posição basal e suprabasal.
Neste mesmo estudo, os autores observaram que algumas citoqueratinas como as
CKs 10 e 19 apresentaram correlação significativa com o tamanho do tumor; a expressão da
CK 18 estava correlacionada com o envolvimento de linfonodos e a presença da CK 13
com o comportamento tumoral, sendo a expressão desta última reduzida em tumores que
desenvolveram recidivas ou metástases à distância, inferindo-se adicionalmente que as CKs
7, 8, 17 e 18 podem ser úteis no diagnóstico de carcinoma já que as mesmas foram
expressas somente nestes estados patológicos.
Diante desses achados, Depondt et al. (1999) concluíram que as citoqueratinas são
úteis no diagnóstico diferencial e confirmação de lesões pobremente diferenciadas, além de
que a marcação destas pode estar correlacionada ao comportamento tumoral.
Silva (1999) visando caracterizar o perfil da expressão das citoqueratinas em
carcinomas epidermóides orais, estudou sua imunomarcação em tumores de diversas
localizações da boca, utilizando anticorpos monoclonais para as citoqueratinas 7, 8, 10, 13,
14, 16, 18, 19 e 20. A CK 14 esteve presente em todos os carcinomas, independente do grau
de diferenciação e da localização, enquanto que as CKs 10 e 13 foram expressas somente
em regiões bem diferenciadas dos tumores. O padrão da CK 16 foi variado e independente
do grau de diferenciação histológica e da localização, contrariamente, as CKs 7, 8, 18 e 20
não foram imunomarcadas nas células neoplásicas dos casos estudados e a CK 19 esteve
presente em 20% dos casos dos carcinomas de língua, assoalho e palato. Este autor
verificou que é difícil traçar um perfil de expressão das citoqueratinas em carcinomas
epidermóides orais, devido à dificuldade inerente às variações que devem ocorrer não só
pela localização do tumor, mas também devido aos fatores carcinogênicos atuantes em cada
caso estudado. Em adição, as CKs 10 e 13 estão presentes em células bem diferenciadas, e
fatores que atuam na formação destas citoqueratinas pelas células neoplásicas poderiam
elucidar caminhos no controle e maturação celular da neoplasia.
Hanson et al. (2001) avaliaram e compararam a expressão das citoqueratinas em
culturas celulares normais e de epitélio maligno com a expressão destas em segmentos de
mucosa oral, em displasias severas e carcinomas bem diferenciados. Neste estudo foram
observadas algumas diferenças de expressão destes filamentos intermediários nestes dois
meios, sugerindo que estas diferenças são decorrentes do fenótipo embriológico de
diferenciação dos ceratinócitos e, que a cultura organotípica é um meio que pode evidenciar
as mudanças na expressão das citoqueratinas durante as várias etapas da carcinogênese.
As CKs 19 e 20 foram consideradas marcadores de diferenciação e indicadores de
prognóstico por El-Salahy (2002), através da detecção destas proteínas em carcinomas de
bexiga em estágio avançado.
Vora et al. (2003) utilizaram um painel de biomarcadores como p53, Bcl-2, ciclina
D1, c-myc, p21ras, c-erb2 e CK19 objetivando utilizá-los como indicadores de prognóstico
em tumores da região anterior e posterior da língua em estágio avançado. Foi constatado
que nessa pesquisa que a marcação da CK 19 não teve relação significativa com o estágio
avançado destes tumores de língua.
PROPOSIÇÃO
3. PROPOSIÇÃO
O presente experimento teve como objetivo avaliar a incidência de dados clínicos e
morfológicos bem como estudar através da técnica da imuno-histoquímica, a expressão das
citoqueratinas 7, 10, 13, 14, 16 e 19 em carcinomas epidermóides de língua provenientes de
peças cirúrgicas, correlacionando esta expressão a dados clínicos e gradação histológica de
malignidade proposto por Bryne (1998), com o intuito de verificar a utilização dessas
citoqueratinas como indicadoras de progressão tumoral.
MATERIAIS EMÉTODO
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Caracterização do estudo
Esta pesquisa se constituiu em um estudo clínico, morfológico e imuno-
histoquímico de correlação entre a expressão das citoqueratinas 7, 10, 13, 14, 16 e 19 com
dados clínicos e morfológicos em carcinoma epidermóide de língua.
4.2. População
A população foi composta pelos casos de câncer oral, pertencentes ao arquivo do
Hospital Dr. Luiz Antônio, Natal/RN.
4.3. Amostra
Para constituir amostra desta pesquisa, foram selecionados 30 casos de carcinoma
epidermóide de língua dos pacientes atendidos no período de 1997 a 2000 no Hospital Dr.
Luiz Antônio, Natal/RN.
4.4. Critérios de seleção da amostra
4.4.1. Critérios de inclusão
Foram selecionados os casos de carcinoma epidermóide de língua os quais as fichas
clínicas estavam preenchidas corretamente, para anotação de todos os dados clínicos de
interesse para realização do estudo clínico, e ainda aqueles casos onde os pacientes foram
submetidos a tratamento cirúrgico para análise do front de invasão, bem como selecionadas
peças cirúrgicas as quais obtiveram quantidade suficiente de material para realização do
estudo imuno-histoquímico.
4.4.2. Critérios de exclusão
Foram excluídos da amostra os casos onde os dados clínicos contidos nos
prontuários estavam incompletos, e ainda espécimes com quantidade insuficiente de
material, tanto para análise morfológica como para o estudo imuno-histoquímico, bem
como os que continham extensas áreas de necrose.
4.5. Estudo clínico
Foram obtidos os dados clínicos a partir de informações contidas nos prontuários
dos pacientes atendidos no Hospital supracitado, sendo estes dados inerentes a sexo, idade,
raça, estadiamento clínico (TNM), estágio e evolução da doença. Estes dados foram
anotados em uma ficha previamente elaborada (anexo 1), e depois computados, sendo
posteriormente utilizados alguns parâmetros para análise estatística. Os dados referentes ao
estadiamento clínico foram classificados pelo serviço Médico e Odontológico do referido
hospital de acordo com os parâmetros estabelecidos pela União Internacional Contra o
Câncer (U.I.C.C.). As variáveis clínicas analisadas podem ser observadas no quadro 2.
Quadro 2 – Dados clínicos referentes aos pacientes portadores de carcinoma epidermóide de língua estudados. Natal/RN - 2004 Paciente Sexo Idade Raça Estadiamento Estágio Evolução Metástase 1 M 77 Parda T2N0M0 II Remissão Não 2 F 72 Parda T3N0M0 III Remissão Não 3 F 61 Parda T1N0M0 I Óbito Sim 4 F 56 Branca T2N0M0 II Remissão Não 5 F 87 Parda T3N1M0 III Remissão Não 6 M 63 Parda T3N0M0 III Remissão Não 7 M 57 Parda T2N1M0 III Remissão Sim 8 M 73 Parda T4N0M0 IV Óbito Sim 9 M 54 Branca T1N0M0 I Remissão Sim 10 F 70 Parda T2N0M0 II Remissão Não 11 F 78 Parda T2N0M0 II Óbito Sim 12 F 57 Parda T2N1M0 III Óbito Sim 13 M 75 Parda T3N0M0 III Remissão Não 14 M 70 Parda T4N0M0 IV Óbito Não 15 F 40 Branca T1N0M0 I Remissão Não 16 M 59 Parda T3N0M0 IV Óbito Sim 17 M 63 Branca T1N0M0 I Remissão Não 18 M 51 Parda T3N0M0 III Remissão Não 19 M 55 Parda T4N0M0 IV Remissão Sim 20 M 46 Parda T1N0M0 I Remissão Não 21 M 61 Parda T1N0M0 I Remissão Não 22 F 56 Parda T2N0Mx III Óbito Sim 23 M 65 Branca T1N0M0 I Remissão Sim 24 F 58 Branca T1N0M0 I Remissão Não 25 M 40 Parda T3N0M0 IV Óbito Sim 26 M 60 Parda T2N1M0 III Óbito Sim 27 M 65 Branca T2N0M0 II Remissão Não 28 F 66 Parda T2N0M0 II Remissão Sim 29 F 87 Parda T1N0M0 I Remissão Não 30 M 76 Branca T2N0M0 II Remissão Não Fonte: Hospital Dr. Luiz Antônio, 1997-2000, Natal/RN
4.6. Estudo morfológico
As peças cirúrgicas obtidas a partir de biópsias excisionais constantes desta pesquisa
foram avaliadas à microscopia de luz, através da análise de cortes histológicos de 5µ de
espessura, corados pela técnica da Hematoxilina/Eosina, para confirmação de diagnóstico e
gradação histológica de malignidade.
Quadro 3 – Sistema de gradação de malignidade “Modo de invasão” recomendado por Bryne (1998)
ESCORES DE MALIGNIDADE 1 2 3 4
Grau de Altamente Moderadamente Mínima cerati- Nenhuma ceratinização ceratinização ceratinizado ceratinizado nização (5 a 20% (0-5% das células)
(+ de 50% (de 20 a 50% das das células) das células) células)
Pleomorfismo Pouco pleo- Moderado pleo- Pleomorfismo in- Pleomorfismo extremo nuclear morfismo (+ de morfismo (50-75% tenso (25-50% de (0-25% de células maduras
75% de células De células maduras) células maduras) maduras)
Padrão de Bordas infiltra- Cordões, bandas e/ou Pequenos grupos Dissociação celular espraia-invasão tivas bem deli- trabéculas sólidas ou cordões de da e pronunciada,em peque-
mitadas infiltrativas células infiltrati- nos grupos e/ou células vas(n>15) individuais (n<15)
Infiltrado infla- Intenso Moderado Escasso Ausente matório
Esta análise foi feita por dois examinadores, em um estudo duplo-cego, o qual
realizou-se no front de invasão como recomendado por Bryne (1998). Foram atribuídos
escores de 1 a 4 para cada parâmetro, conforme tal sistema. Os escores foram somados em
cada caso. Os casos que obtiverem pontuação de 4 a 8 foram classificados em baixo grau de
malignidade e aqueles com pontuação total ou superior a 8 em alto grau de malignidade.
Esta classificação consiste numa adaptação realizada por Miranda (2002) da metodologia
proposta pela autora supracitada em 1989, que utilizando este mesmo sistema, adicionando-
se o parâmetro de número de mitoses. Neste último sistema de gradação, as lesões com 5 a
10 escores são consideradas como de baixo grau de malignidade e as com pontuação
superior a 10, como de alto escore de malignidade.
Os dados obtidos através desta análise foram anotados em fichas individuais (anexo
2).
4.7. Estudo imuno-histoquímico
Foi realizada avaliação da expressão das citoqueratinas 7, 10, 13, 14, 16 e 19,
através da imuno-histoquímica pela técnica da estreptoavidina-biotina (SABC, do inglês
Streptavidin-Biotin Complex). O quadro 4 mostra os anticorpos empregados, suas diluições
e tempo de incubação.
Quadro 4 – Quadro evidenciando especificidade para os anticorpos que foram utilizados, diluição, tempo de incubação e fabricante. Clone Especificidade Diluição Fonte Rec. antigênica Incubação
OV- CK 7 1:50 Novocastra Steam 20’, citrato 60’
TL12/30
LHP1 CK 10 1:50 Novocastra1 Tripsina a 0,1%, 37º, 60’
30’
KS-1A3 CK 13 1:150 Novocastra1 Steam 20’, citrato 60’
LL002 CK 14 1:20 Novocastra1 Steam 20’, citrato 60’
LL025 CK 16 1:30 Novocastra1 Steam 20’, citrato 60’
b170 CK 19 1:100 Novocastra1 Tripsina a 0,1%, 37º, 60’
30’1 Novocastra Laboratories LTDA
Do material emblocado em parafina foram obtidos cortes de 3µm de espessura e
montados em lâminas de vidro previamente limpas e preparadas com adesivo à base de
Organosilano (3-aminopropyltriethoxi-silano, Sigma Chemical Co, CA, USA, diluição
1:150). A técnica a ser empregada consistiu dos seguintes passos:
• Desparafinização em dois banhos de xilol:
xilol 1 (30 minutos) - 570 C
xilol 2 (20 minutos) – Temperatura Ambiente (TA)
• Rehidratação em cadeia descendente de etanóis
- Etanol absoluto I (5 minutos)- TA
- Etanol absoluto I I (5 minutos)- TA
- Etanol absoluto III (5 minutos)- TA
- Etanol 950 (5 minutos)- TA
- Etanol 800 (5 minutos)- TA
• Remoção do pigmento formólico com Hidróxido de amônia a 10% em etanol a 95%
(10 minutos)- TA
• Lavagem em água corrente (10 minutos)
• Passagem dupla em água destilada (5 minutos cada)
• Recuperação antigênica (Quadro 3)
• Lavagem em água corrente (10 minutos)
• Passagem dupla em água destilada (5 minutos cada)
• Bloqueio da peroxidase endógena com peróxido de hidrogênio (H2O2) 10 volumes -
2 trocas (10 minutos cada)
• Lavagem em água corrente (10 minutos)
• Passagem dupla em água destilada (5 minutos cada)
• Incubação em solução tampão de TRIS-HCL – pH 7,4 – (Tris-hidroxi-metil-
aminometano, Sigma Chemical CO. USA) – 2 trocas (5 minutos cada)
• Lavagem em água corrente (10 minutos)
• Passagem dupla em água destilada (5 minutos cada)
• Incubação dos anticorpos primários conforme determinação dos fabricantes (Quadro
3)
• Lavagem com TRIS-HCL
• Incubação com TRIS-HCL- 2 trocas (5 minutos cada)
• Incubação do anticorpo secundário polivalente* (cabra anticamundongo anti-
coelho/ Dako Corporation, Denmark), por um período de 30 minutos – TA
• Lavagem com TRIS-HCL
• Incubação com TRIS-HCL- 2 trocas (5 minutos cada)
• Incubação do complexo Estreptavidina-Biotina (Dako A/S, Glostrup, Denmark)/ 30
minutos- TA*
* O complexo Estreptavidina-Biotina utilizados, foram provenientes do Kit Dako LSAB +
peroxidase unversal K0690 (Dako Corp., Denmark)
• Lavagem com TRIS-HCL
• Incubação com TRIS-HCL - 2 trocas (5 minutos cada)
• Revelação da solução cromógena de diaminobenzidina a 0,03% (3,3-
diaminobenzina, Sigma Chemical CO, USA), diluída em 100 ml de TRI-HCL e
acrescida de 0,6 ml de peróxido de hidrogênio 20 volumes, aplicada por um período
de 3 minutos, em câmara escura
• Lavagem em água corrente (10 minutos)
• Passagem em água destilada
• Contra-coloração com Hematoxilina de Mayer (10 minutos) – TA
• Lavagem em água corrente (10 minutos)
• Passagem dupla em água destilada (5 minutos cada)
• Desidratação em cadeia ascendente de etanóis:
- Etanol 800 (2 minutos)- TA
- Etanol 950 (2 minutos)- TA
- Etanol absoluto I (2 minutos)- TA
- Etanol absoluto I I (2 minutos)- TA
- Etanol absoluto III (2 minutos)- TA
• Diafanização em dois banhos de xilol:
- Xilol 1 (2 minutos)
- Xilol 2 (2 minutos)
• Montagem da lamínula em resina permount R (Fischer Scientific, USA) para a
observação em microscopia de luz
* O anticorpo secundário e o complexo Estreptavidina-Biotina foram diluídos em solução
tampão TRIS-HCL (pH 7,4)
4.8. Análise das células imunomarcadas
Foram consideradas positivas todas as células que exibiram coloração acastanhada
tanto no citoplasma, como em superfície celular, independente da intensidade de marcação.
Através da microscopia de luz foi feita análise da expressão das citoqueratinas 7, 10, 13,
14, 16 e 19 por dois avaliadores, que verificaram a presença (P) e ausência (A) de
marcação, além de intensidade de marcação, sendo atribuídos os escores 1+ para pouca
quantidade de células marcadas, 2+ para moderada quantidade de células marcadas, 3+ para
grande quantidade células marcadas. Avaliou-se ainda o tipo de célula marcada (célula
basais, intermediárias ou superficiais). Esta análise foi realizada nas áreas mais profundas
dos tumores, correspondentes ao front invasivo. Utilizou-se como parâmetro o epitélio
adjacente às lesões, já que se trata de peças obtidas de procedimentos cirúrgicos realizados
com margem de segurança. Os dados obtidos foram anotados em uma ficha previamente
elaborada (anexo 3).
4.9. Análise estatística
Após a realização de toda a metodologia anteriormente descrita, os resultados
obtidos foram submetidos a testes estatísticos adequados, com o intuito de testar as
hipóteses de correlação dos dados clínicos, como estadiamento clínico, evolução e
metástase a gradação histológica de malignidade e a expressão dos filamentos
intermediários de citoqueratinas. Para as demais variáveis clínicas, como sexo, idade e raça,
foi realizada análise descritiva.
4.9.1. Delineamento da análise
Os dados foram digitados originalmente em uma planilha eletrônica Excell 2000 e
posteriormente exportados para formato DBF (Data Base Format), para poder ser lido pelo
programa SPSS(1) onde foram feitas as análises.
(1)Statistical Package for Social Science. SPSS for Windows. Release 10.0.1. Oct, 1999. www.spss.com
4.9.2. Variáveis estudadas
Quadro 5 – Quadro evidenciando as variáveis analisadas, bem como sua classificação e categorização.
Variável Classificação Categorias
Estadiamento Clínico Categórica I e II, III e IV
Metástase Categórica Sim, Não
Desfecho Categórica Óbito, Remissão
Gradação Histológica Categórica Baixo Grau, Alto Grau
Presença de Anticorpos CK Categórica Presente, Ausente
Intensidade da marcação Categórica Ausente, Fraca, Moderada
4.9.3. Definição do Teste Estatístico
Considerando que, tanto as variáveis dependentes quanto independentes são do tipo
categóricas, optou-se por uma análise bivariada, tendo como teste de escolha o Qui-
Quadrado ou, eventualmente, o Exato de Fischer, quando a amostra não se apresentou
adequada. O nível de significância adotado para ambos os casos foi de 95% (α=0,05).
4.10. Implicações Éticas
Esta pesquisa foi submetida a apreciação e aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, conforme observado em documento
anexo.
RESULTADOS
5. RESULTADOS
5.1. Análise descritiva dos aspectos clínicos:
Baseado na análise descritiva dos dados clínicos referentes aos pacientes portadores
de carcinomas epidermóides de língua estudados (Quadro 2), observamos que na amostra
em questão houve uma predominância de pacientes do sexo masculino (60%) (Gráfico 1),
com a idade variando de 31 a 87 anos, sendo a média de idade de 63,26 anos, e faixa etária
mais acometida a sexta década de vida, perfazendo 33,33% da amostra (Gráfico 2). A raça
parda foi predominante totalizando 22 (73,33%) casos, com a raça branca acometendo 8
(26,66%) casos.
60%
40% Masculino
Feminino
Gráfico 1 - Distribuição do número de casos de acordo com o sexo dos pacientes. Hospital Dr. Luiz Antônio, Natal/RN.
7% 3%
33%
30%
20%
7% 31-40
41-50
51-60
61-70
71-80
81-90
Gráfico 2 - Distribuição do número de casos de acordo com a idade dos pacientes. Hospital Dr. Luiz Antônio, Natal/RN.
De acordo com a classificação clínica TNM, a nossa amostra foi assim distribuída: 9
(30%) casos foram classificados como estadiamento I, 7 (23,33%) casos como II, 9 (30%)
casos como III e 5 (16,66%) casos como IV.
Do total de 30 casos estudados, observamos que 9 (30%) foram a óbito em
decorrência da neoplasia, enquanto que em 21 pacientes não foi observada recorrência no
período de 3 anos de acompanhamento. Dessa amostra, a metástase em linfonodos cervicais
esteve presente em 12 (40%) casos.
5.2. Análise descritiva dos aspectos morfológicos:
A análise histopatológica dos cortes histológicos corados em H/E fundamentou-se
na avaliação das seguintes variáveis: grau de ceratinização, pleomorfismo nuclear, padrão
de invasão e intensidade de infiltrado inflamatório, de acordo com Bryne (1998) sendo
atribuídos escores de 1 a 4 para cada variável, que foram posteriormente somados e
classificados em baixo grau de malignidade e alto grau de malignidade. Dos 30 casos de
carcinoma epidermóide de língua estudados, 15 enquadraram-se no grupo de baixo escore
de malignidade e 15 no grupo de alto escore de malignidade (Tabela 1, Fotos 1, 2, 3 e 4).
123456789101112131415161718192021222324252627282930
Tabela 1 – Escores e gradação histológica de malignidade dos carcinomas epidermóides de língua estudados. Natal-RN Caso Grau
ceratinização de Pleomor
nuclear fismo Pardão
deinvasão
Infiltrado Inflamatório
Escore Total
Gradação histológica
1 1 4 2 7 Baixo grau 4 3 4 2 15 Alto grau 2 2 4 1 9 Alto grau 2 1 4 3 10 Alto grau 2 1 4 1 8 Baixo grau 1 1 4 1 7 Baixo grau 4 1 2 2 9 Alto grau 1 1 4 1 7 Baixo grau 1 1 4 1 7 Baixo grau 1 1 4 1 7 Baixo grau 3 3 2 3 11 Alto grau 1 1 4 1 7 Baixo grau 4 2 4 2 12 Alto grau 1 1 3 2 7 Baixo grau 2 1 4 2 8 Baixo grau 3 3 4 1 11 Alto grau 1 2 3 1 7 Baixo grau 1 1 4 3 9 Alto grau 2 2 4 2 10 Alto grau 2 1 4 2 9 Alto grau 1 1 4 1 7 Baixo grau 4 2 2 2 10 Alto grau 1 1 4 1 7 Baixo grau 1 1 4 2 8 Baixo grau 3 2 4 1 10 Alto grau 3 2 4 1 10 Baixo grau 2 1 4 1 8 Baixo grau 3 2 4 2 11 Alto grau 4 2 4 1 11 Alto grau 2 1 4 1 8 Baixo grau
Fonte: Hospital Dr. Luiz Antônio, 1997-2000, Natal/RN
Foto 1 - Front invasivo de carcinoma epidermóide de baixo grau, de acordo com o sistema proposto por Bryne (1998) (H/E – 40x).
-/E
–
Foto 2 Carcinoma epidermóide de baixo grau evidenciando detalhe de um ninho tumoral com ceratinização intensa permeando intenso infiltrado inflamatório (H
200x).
Foto 3 - Front invasivo de carcinoma epidermóide de alto grau classificado segundo sistema proposto por Bryne (1998) (H/E – 40x).
Foto 4 - Detalhe da figura anterior evidenciando-se desgarramento de células dos ninhos tumorais (H/E – 200x).
5.3. Análise descritiva da imunorreatividade às citoqueratinas estudadas
As características do padrão de expressão dos filamentos intermediários de
citoqueratinas analisadas, descritas correspondem àquelas observadas nas áreas tumorais
mais profundas, relacionadas com o front de invasão, a qual foi citada anteriormente na
metodologia proposta para esta pesquisa.
5.3.1. CK 7
Esta citoqueratina mostrou-se positiva em 13 (43,33%) dos 30 casos estudados,
principalmente em células intermediárias, e grupamentos celulares isolados (Foto 5), não se
evidenciando imunomarcação no epitélio adjacente em nenhum dos casos. Destes, o escore
1+ foi atribuído a 9 (69,235) casos e o escore 2+ a 4 casos (30,76%). A presença de
controle interno positivo representado por fragmentos de glândula salivar menor foi útil na
demonstração da eficácia da reação (Foto 6).
5.3.2. CK 10
A imunorreatividade para a citoqueratina 10 foi observada em 19 (63,33%) casos,
sendo esta verificada em células intermediárias e superficiais situadas principalmente nos
ninhos tumorais que mostravam pérolas córneas (Foto 7). O escore 1+ foi atribuído a
maioria dos casos imunopositivos (15 casos), e o epitélio adjacente esteve marcado em 20
dos casos, verificando-se, porém, que esta marcação era predominantemente fraca e
heterogênea (Foto 8).
5.3.3. CK 13
Dos 30 casos estudados, 15 (50%) exibiram imunopositividade a CK 13, sendo esta
observada principalmente nos centros dos ninhos e lençóis celulares, correspondendo às
células intermediárias e superficiais (Foto 10). Na análise da intensidade de marcação
houve predomínio do escore 1+, o qual foi atribuído a 9 (60%) dos 15 casos analisados, em
relação ao escore 2+ que foi emitido em 6 (40%) casos. O epitélio adjacente esteve
marcado em 19 casos, sendo esta marcação intensa, homogênea, distribuindo-se por todas
as camadas suprabasais do epitélio (Foto 11). Em 6 desses casos no qual o epitélio
adjacente esteve marcado destes, o tumor não exibiu positividade para esse filamento
intermediário.
5.3.4. CK 14
Foi observada intensa imunopositividade à citoqueratina 14 em todas as células
tumorais (basais, suprabasais e superficiais) em 29 dos 30 casos estudados (Foto 13),
porém, em 14 (48,27%) destes casos, observou-se perda desta marcação em algumas
células invasivas (Foto 14), sendo nestas ocasiões atribuído o escore 2+. Foi observada
marcação no epitélio adjacente em 22 casos, sendo esta caracterizada por apresentar-se
intensa, homogênea e envolvendo todas as camadas celulares. Entretanto, em áreas mais
distantes do tumor, verificou-se marcação apenas na camada basal destes epitélios (Foto
15).
5.3.5. CK 16
Vinte e três (76,66%) casos mostraram-se positivos para a CK 16, sendo sua
expressão evidenciada principalmente nas células intermediárias e superficiais dos ninhos
tumorais (Foto 16). O escore 1+ foi atribuído a 14 (60,86%) casos e o 2+ a 9 (39,13%). A
positividade no epitélio adjacente foi evidenciada em 22 (73,33%) casos, observando-se por
vezes, áreas de ausência de marcação neste epitélio e presença camadas celulares
imunopositivas em áreas mais próximas ao tumor (Foto 17).
5.3.6. CK 19
Do total de 30 casos avaliados, 22 (73,33%) obtiveram marcação para a CK 19,
sendo esta verificada predominantemente em células isoladas (Foto 20). Naqueles tumores
negativos a essa proteína a efetividade da reação foi constatada por fragmentos de glândula
salivar menor imunomarcados (Foto 19). Quando observamos marcação nos ninhos, esta se
localizava nas áreas centrais, correspondendo às células intermediárias e superficiais (Foto
20), sendo o escore 1+ atribuído à 68,18% dos casos imunomarcados. Com relação ao
epitélio adjacente, verificamos positividade em 18 (60%) casos (Foto 21).
-Foto 5 Imunomarcação da CK 7 em tumor de alto grau (SABC – 200x).
Foto 6 - Negatividade para a citoqueratina 7 em células tumorais de carcinoma epidermóide de baixo grau. Controle interno positivo representado por fragmentos de glândula salivar menor (SABC – 100x).
7
8
9
Fotos 7-9 - (7) CK 10. Positividade nas áreas centrais dos ninhos tumorais, correspondendo a células intermediárias e superficiais (SABC – 100x). (8) Marcação fraca e heterogênea em epitélio adjacente ao tumor (SABC – 200x). (9) Localização imuno-histoquímica da CK 10 em mucosa normal, detectado através da marcação citoplasmática em algumas camadas suprabasais e superficiais do epitélio estratificado ceratinizado (SABC – 100x).
12
11
10
Fotos 10-12 - (10) Expressão da CK 13 nos centros dos ninhos e lençóis celulares, correspondendo às células intermediárias e superficiais (SABC – 200x). (11) Marcação intensa, homogênea, acometendo todas as camadas suprabasais do epitélio pavimentoso estratificado em área adjacente a tumor (SABC – 200x). (12) Localização imuno-histoquímica da CK 13 em epitélio pavimentoso estratificado normal, representado por marcação fraca e heterogênea (SABC – 100x).
13
14
15
Fotos 13-15 - (13) Intensa imunopositividade à citoqueratina 14 em todas as células tumorais (basais, suprabasais) em carcinoma epidermóide de baixo grau (SABC -200x). (14) Perda de positividade a CK 14 em algumas células invasivas (SABC -200x). (15) Marcação na camada basal do epitélio adjacente em área mais distante do tumor (SABC 100x).
16
17
18
Foto 16-18 - (16) Figura evidenciando epitélio adjacente ao tumor com áreas de ausência e presença de marcação bem como células neoplásicas positivas (SABC - 40x). (17) Expressão da CK 16 evidenciada principalmente nas células intermediárias e superficiais dos ninhos tumorais (SABC - 200x). (18) Imunolocalização da CK 16 em epitélio pavimentoso estratificado normal (SABC – 100x).
19
20
5.4. Resultados da Análise Estatística
Após obtenção dos dados do estadiamento clínico, metástase, grau histológico de
malignidade e análise da positividade das proteínas dos filamentos intermediários de
citoqueratinas (CKs 7, 10, 13, 14, 16 e 19), foi realizada a análise estatística dos dados,
utilizando-se como teste de escolha o Qui2 ou, eventualmente, o Exato de Fischer, quando a
amostra não se apresentou adequada.
Através da utilização desses testes foram realizadas inicialmente as relações entre as
variáveis, desfecho da doença, estadiamento clínico, metástase e gradação histológica de
malignidade, conforme se observa nas Tabelas de 3 a 8. No tocante ao estadiamento
clínico, optamos por agrupar os estágios I e II em um grupo e os estágios III e IV em outro,
já que os primeiros não apresentam metástase diferentemente dos últimos, para que dessa
forma fosse possível a realização da análise estatística. Na matriz ilustrada na tabela 9 e
também nos gráficos de 3 a 8, observamos que somente a gradação histológica de
malignidade não apresentou correlação estatisticamente significativa com as outras
variáveis, mediante o teste Qui-Quadrado (Qui2). Todas as outras variáveis citadas
apresentaram significância entre suas proporções como bem destaca a tabela 9.
Tabela 2. Relação entre estadiamento clínico e desfecho da doença. Significância obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003.
Desfecho
Remissão Óbito Total Qui2 p
Estadiamento
Clínico
I e II
III e IV
13 (86,7%)
8 (53,3%)
2 (13,3%)
7 (46,7%)
15 (100%)
15 (100%)
3,968 0,046
Total 21 (70,0%) 9 (30,0%) 30 (100%)
86,7
53,3
13,3
46,7
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
I e II III e IV
Óbito
Remissão
Gráfico 3. Relação entre estadiamento clínico (I e II/III e IV) e desfecho da doença (óbito/remissão). p = 0,046 . Natal, RN. 2003.
Tabela 3. Relação entre metástase e desfecho da doença. Significância obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003.
Desfecho
Remissão Óbito Total Qui2 p
Metástase Sim
Não
4 (33,3%)
17 (94,4%)
8 (66,7%)
1 (5,6%)
12 (100%)
18 (100%)
10,060 0,002
Total 21 (70,0%) 9 (30,0%) 30 (100%)
33,3
94,4
66,7
5,6
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Sim Não
Óbito
Remissão
Gráfico 4. Relação entre metástase (Sim/Não) e desfecho da doença (óbito/remisão). p = 0,002. Natal, RN. 2003.
Tabela 4. Relação entre estadiamento clínico e metástase. Significância obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003.
Estadiamento Clínico
I e II III e IV Total Qui2 p
Metástase Sim
Não
3 (25,0%)
12 (66,7%)
9 (75,0%)
6 (33,3%)
12 (100%)
18 (100%)
5,000 0,025
Total 15 (50,0%) 15 (50,0%) 30 (100%)
25,0
66,7
75,0
33,3
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Sim Não
III e IV
I e II
Gráfico 5. Relação entre estadiamento clínico (I e II/III e IV) e metástase (sim/não). p = 0,025 . Natal, RN. 2003.
Tabela 5. Relação entre gradação histológica e desfecho da doença. Significância obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003.
Desfecho
Remissão Óbito Total Qui2 p
Gradação
Histológica
Baixo
Alto
12 (80,0%)
9 (60,0%)
3 (20,0%)
6 (40,0%)
15 (100%)
15 (100%)
0,635 0,426
Total 21 (70,0%) 9 (30,0%) 30 (100%)
80,0
60,0
20,0
40,0
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Baixo Alto
Óbito
Remissão
Gráfico 6. Relação entre gradação histológica (baixo/ alto grau) e desfecho da doença (óbito/remissão). p = 0,426 . Natal, RN. 2003.
Tabela 6. Relação entre gradação histológica e estadiamento clínico. Significância obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003.
Estadiamento Clínico
I e II III e IV Total Qui2 p
Gradação
Histológica
Baixo
Alto
9 (60,0%)
6 (40,0%)
6 (40,0%)
9 (60,0%)
15 (100%)
15 (100%)
0,533 0,465
Total 15 (50,0%) 15 (50,0%) 30 (1000%)
60,0
40,0
40,0
60,0
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Baixo Alto
III e IV
I e II
Gráfico 7. Relação entre estadiamento clínico (I e II/III e IV) e gradação histológica (baixo/alto graus). p = 0,465 . Natal, RN. 2003.
Tabela 7. Relação entre gradação histológica e metástase. Significância obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003.
Metástase
Sim Não Total Qui2 p
Gradação
Histológica
Baixo
Alto
4 (26,7%)
8 (53,3%)
11 (73,3%)
7 (46,7%)
15 (100%)
15 (100%)
1,250 0,264
Total 12 (40,0%) 18 (60,0%) 30 (100%)
26,7
53,3
73,3
46,7
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Baixo Alto
Sim Não
Gráfico 8. Relação entre gradação histológica (Baixo/ Alto graus) e metástase (sim/não). p = 0,264 . Natal, RN. 2003.
Tabela 8. Matriz de significância estatística, contendo os valores de “p” para as combinações entre as variáveis. Significância obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003.
Metástase Desfecho Grad. Histológica
Estadiamento 0,025 0,046 0,465
Metástase - 0,002 0,264
Desfecho - - 0,426
Como pode ser evidenciado na tabela 9 que correlacionou as citoqueratinas com o
desfecho da doença (óbito/sobrevida), destaca-se que somente a CK 16 obteve correlação
estatisticamente significativa com essa variável. Dos 9 casos que foram a óbito, 100%
exibiram marcação positiva para essa proteína.
Tabela 9. Relação entre a presença de marcadores e desfecho da doença. Significância obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003.
Desfecho
Remissão Óbito Total Qui2 p
CK7 Sim 8 (38,1%) 5 (55,6%) 13 (43,3%) 0,782 0,630
Não 13 (61,9%) 4 (44,4%) 17 (56,7%)
CK10 Sim 13 (61,9%) 6 (66,7%) 19 (63,3%) 0,062 1,000
Não 8 (38,1%) 3 (33,3%) 11 (36,7%)
CK13 Sim 10 (47,6%) 5 (55,6%) 15 (50,0%) 0,159 1,000
Não 11 (52,4%) 4 (44,4%) 15 (50,0%)
CK14 Sim 20 (95,2%) 9 (100%) 29 (96,7%) 0,443 1,000
Não 1 (4,8%) 0 (0,00%) 1 (3,3%)
CK16 Sim 14 (66,7%) 9 (100%) 23 (76,7%) 3,913 0,048
Não 7 (33,3%) 0 (0,00%) 7 (23,3%)
CK19 Sim 15 (71,4%) 7 (77,8%) 22 (73,3%) 0,130 1,000
Não 6 (28,6%) 2 (22,2%) 8 (26,7%)
Conforme observado na tabela 10, que estabelece a correlação entre estadiamento
clínico e os anticorpos utilizados neste estudo, verificamos que o único anticorpo que
apresentou relação significativa foi a CK 16 (p=0,031). Dos 15 casos agrupados nos
estágios III e IV, 14 (93,3%) expressaram esse anticorpo.
Tabela 10. Relação entre a presença de marcadores e o estadiamento clínico. Significância obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003.
Estadiamento Clínico
I e II III e IV Total Qui2 p
CK7 Sim 5 (33,3%) 8 (53,3%) 13 (43,3%) 1,222 0,461
Não 10 (66,7%) 7 (46,7%) 17 (56,7%)
CK10 Sim 9 (60,0%) 10 (66,7%) 19 (53,3%) 0,144 1,000
Não 6 (40,0%) 5 (33,3%) 11 (36,7%)
CK13 Sim 9 (60,0%) 6 (40,0%) 15 (50,0%) 1,200 0,465
Não 6 (40,0%) 9 (60,0%) 15 (50,0%)
CK14 Sim 15 (100%) 14 (93,3%) 29 (96,7%) 1,034 1,000
Não 0 (0,0%) 1 (6,7%) 1 (3,3%)
CK16 Sim 9 (60,0%) 14 (93,3%) 23 (76,7%) 4,658 0,031
Não 6 (40,0%) 1 (6,7%) 7 (23,3%)
CK19 Sim 10 (66,7%) 12 (80,0%) 22 (73,3%) 0,682 0,680
Não 5 (33,3%) 3 (20,0%) 8 (26,7%)
No que diz respeito à correlação entre a presença de metástase e a imunomarcação
para as CKs 7, 10, 13, 14, 16 e 19, apenas a CK 10 mostrou correlação estatisticamente
significativa (p=0,044) (Tabela 11). Nos 18 casos onde não se observou presença de
metástase, a CK 10 esteve imunomarcada em 14 (77,8%).
Tabela 11. Relação entre a presença de marcadores e presença de metástase. Significância obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003.
Metástase
Sim Não Total Qui2 P
CK7 Sim 5 (41,7%) 8 (44,4%) 13 (43,3%) 0,023 1,000
Não 7 (58,3%) 10 (55,6%) 17 (56,7%)
CK10 Sim 5 (41,7%) 14 (77,8%) 19 (63,3%) 4,043 0,044
Não 7 (58,3%) 4 (22,2%) 11 (36,7%)
CK13 Sim 4 (33,3%) 11 (61,1%) 15 (50,0%) 2,222 0,136
Não 8 (65,7%) 7 (38,9%) 15 (50,0%)
CK14 Sim 11 (91,7%) 18 (100%) 29 (96,7%) 1,552 0,836
Não 1 (8,3%) 0 (0,00%) 1 (3,3%)
CK16 Sim 10 (83,3%) 13 (72,2%) 23 (76,7%) 0,497 0,792
Não 2 (16,7%) 5 (27,8%) 7 (23,3%)
CK19 Sim 9 (75,0%) 13 (72,2%) 22 (73,3%) 0,028 1,000
Não 3 (25,0%) 5 (27,8%) 8 (26,7%)
Nenhuma das citoqueratinas estudadas se correlacionou positivamente com a
gradação histológica de malignidade (Tabela 12), apesar da CK 7 estar presente em 9
(60%) dos 15 casos dos carcinomas epidermóides de alto grau de maliginidade.
Tabela 12. Relação entre a presença de marcadores e gradação histológica. Significância obtida pelo Teste Qui2. Natal, RN. 2003.
Gradação Histológica
Baixo Grau Alto Grau Total Qui2 p
CK7 Sim 4 (26,7%) 9 (60,0%) 13 (43,3%) 3,394 0,065
Não 11 (73,3%) 5 (40,0%) 17 (56,7%)
CK10 Sim 11 (73,3%) 8 (53,3%) 19 (63,3%) 1,292 0,449
Não 4 (26,7%) 7 (46,7%) 11 (36,7%)
CK13 Sim 9 (60,0%) 6 (40,0%) 15 (50,0%) 1,200 0,465
Não 6 (40,0%) 9 (60,0%) 15 (50,0%)
CK14 Sim 15 (100%) 14 (93,3%) 29 (96,7%) 1,034 1,000
Não 0 (0,00%) 1 (6,7%) 1 (3,3%)
CK16 Sim 12 (80,0%) 11 (73,3%) 23 (76,7%) 0,186 1,000
Não 3 (20,0%) 4 (26,7%) 7 (23,3%)
CK19 Sim 9 (60,0%) 13 (86,7%) 22 (73,3%) 2,727 0,215
Não 6 (40,0%) 2 (13,3%) 8 (26,7%)
DISCUSSÃO
6. DISCUSSÃO
O carcinoma epidermóide destaca-se por apresentar elevada incidência na cavidade
oral, representando mais de 90% das neoplasias malignas que acometem a boca. O
carcinoma epidermóide oral é a sexta neoplasia maligna mais comum no mundo, e em
alguns países se constitui num problema de saúde pública representando a maior causa de
morbidade e mortalidade (NAGPAL; DAS, 2003). Através de estudos epidemiológicos
realizados nas diversas regiões do Brasil, Wunch-Filho (2003) verificou que a incidência e
a taxa de mortalidade em pacientes acometidos por câncer oral variou entre os estados,
encontrando em São Paulo e Porto Alegre os índices mais altos dessa neoplasia, sendo
considerado um dos mais elevados da América Latina. Neste estudo foi observado também
que a taxa de sobrevivência desses pacientes é muito baixa, e que os tumores mais
agressivos com menores índices de sobrevida são aqueles sediados na língua.
Tal neoplasia caracteriza-se por ser uma doença multifatorial, com diversos
elementos envolvidos na sua ocorrência, dentre os quais citam-se alterações genéticas,
imunossupressão, deficiências de vitaminas, exposições a fatores de ação carcinogênica
comprovada como radiação solar, tabaco, álcool e alguns vírus, dentre eles o HPV
(NEVILLE et al., 1998; ABDO et al., 2001).
Vários estudos realizados como os de Allison, Locker e Fine (1998), Zavras et al.
(2001) e Greenwood et al. (2003) destacaram o papel do tabaco fumado ou mascado como
fator etiológico independente ou agindo sinergicamente com o álcool no desenvolvimento
da carcinogênese oral, estando bem documentado que o risco para tal aumenta
proporcionalmente com a quantidade de cigarros consumidos associados ao álcool ingerido,
havendo efeito multiplicativo quando ambos são utilizados em conjunto.
Conforme relatos de Canto e Devesa (2002) e Howell et al. (2003), o carcinoma
epidermóide oral ocorre principalmente em pacientes do sexo masculino, acima dos 40
anos, com média de idade de diagnóstico na sexta década de vida. Concordando com os
referidos achados, evidenciamos em nossa amostra de 30 casos de carcinoma epidermóide
de língua, provenientes dos arquivos do Hospital Dr. Luiz Antônio, Natal-RN, uma discreta
predileção pelo sexo masculino, sendo esse acometido em 60% dos casos, ocorrendo
prevalentemente em pacientes acima de 40 anos de idade, sendo a média de 63,26 anos. Em
nosso estudo a ocorrência dessa neoplasia em pessoas jovens, abaixo de 40 anos foi baixa
(7%), apesar de ter sido relatado por Moore et al. (2000) e Lilwellyn, Tohnson e
Warnakulasurya (2001) um aumento de sua incidência em adultos jovens, abaixo de 45
anos de idade.
Em pesquisa desenvolvida por Santana et al. (1999) em 2.440 casos de câncer oral,
houve predomínio dos pacientes da raça parda, com esta acometendo 68,7% dos homens e
64% das mulheres, seguido pelas raças brancas e negras. Em nosso estudo, a raça parda foi
predominante, semelhante a tal pesquisa, perfazendo 73,33% dos casos com os demais
26,66% acometidos pelos da raça branca.
Como relatado anteriormente, a carcinogênese oral é considerada um processo de
múltiplas etapas o qual envolve alterações genéticas que iniciam as mudanças fenotípicas.
Têm sido identificados fatores clínicos, histomorfológicos e moleculares que podem
fornecer informações acerca da história natural e evolução neoplásica, podendo ser
considerados como indicadores de agressividade do tumor (CHIESA et al., 1999).
Estudos realizados por Bryne (1998), Rajhi (2000) e Okada et al. (2003), apontaram
fatores influenciadores no prognóstico e sobrevida dos pacientes portadores de carcinoma
epidermóide oral, dentre os quais, tamanho e localização do tumor primário,
comprometimento de linfonodos regionais e metástases à distância, bem como gradação
histológica de malignidade.
O sistema TNM, criado pela União Internacional Contra o Câncer é o principal
meio de comunicação entre os centros de tratamento, e tem como um dos principais
objetivos fornecer informações sobre o prognóstico (CARINCI et al., 1998). Esse sistema
baseia-se nas características do tumor primário, o qual avalia o tamanho do tumor (T), a
extensão para linfonodos regionais (N) e envolvimento ou não de metástases distantes (M).
A quantificação dessas variáveis constitui o estadiamento, que varia dos estágios I ao IV
(ALLISON; LOCKER; FEINE, 1998).
A partir dessa classificação, foram realizados alguns estudos baseados na suposição
de que pequenos tumores que não emitiam metástases apresentavam melhor prognóstico
em relação àqueles maiores com metástases. Nas pesquisas desenvolvidas por Hiratsuka et
al. (1999), o sistema TNM representou o parâmetro prognóstico mais exato. Considerando
essas afirmações, no presente estudo, 9 (30%) casos foram classificados como estadiamento
I, 7 (23,33%) casos como II, 9 (30%) como III e 5 (16,66%) como IV, os quais foram
reunidos em dois grupos, I e II, e como III e IV, para que fosse possível a realização da
análise estatística, já que os estágios intermediários II e III não fornecem informações
muito precisas a respeito do prognóstico como relatado por Costa et al. (2002).
Realizando a análise estatística através do teste Qui2, entre o estadiamento clínico e
o desfecho da doença (óbito/remissão), verificamos haver correlação significativa entre
essas variáveis, onde 86,7% dos casos agrupados nos estágios I e II obtiveram remissão da
doença e dos 9 casos que foram a óbito, 7 (77,77%) foram incluídos nos estágios III e IV
(Tabela 2, Gráfico 3). Tais dados mostraram-se concordantes às afirmações de Dantas
(2000) de que o TNM é eficaz como parâmetro de prognóstico.
Um outro fator indicador de prognóstico citado em várias pesquisas como nas de
Rajhi et al. (2000), Takes et al. (2002), Okada et al. (2003) e Nithya et al. (2003) é a
presença de metástase, e como relataram O-Charoenrat et al. (2003), o carcinoma
epidermóide de língua é caracterizado por apresentar um alto poder de invasão local e
grande probabilidade de desenvolver metástases para linfonodos cervicais, o qual influencia
diretamente no controle regional da doença e na sobrevivência. O processo de metástase é
resultado de mudanças nas propriedades das células e da interação entre células tumorais
com células e estruturas adjacentes (TAKES et al., 2002). Em nossa amostra, a metástase
mostrou-se presente em 40% dos casos, o que está de acordo com as afirmações de Nithya
et al. (2003) que citaram uma taxa de incidência de metástase de 34 a 50% em pacientes
acometidos por câncer de língua.
A presença de metástase em linfonodos cervicais mostrou-se como um bom
indicador de prognóstico na presente pesquisa, já que através da aplicação do teste Qui2
observamos relação estatisticamente significativa (p=0,002) entre esta variável e o desfecho
da doença, onde dos 12 casos que desenvolveram metástase, 8 (66,7%) foram a óbito
(Tabela 3, Gráfico 4).
Outra forma encontrada por alguns pesquisadores para avaliar o comportamento
biológico do carcinoma epidermóide oral, foi obter informações a partir da análise de
características morfológicas através de várias gradações, denominadas de Sistemas de
Gradação Histológica de Malignidade (SGHM) (MARTINS NETO, 1999). Assim, uma
possível relação do grau de agressividade julgado pelos achados morfológicos tem sido
verificada desde a década de 20 por Broders, que relatou a relação do grau de ceratinização
e proporção de células anaplásicas com o prognóstico.
Desde os primeiros relatos acerca desses SGHM, observa-se que os pesquisadores
buscam cada vez mais traçar parâmetros morfológicos que possam contribuir com os
SGHM para o carcinoma epidermóide oral. Dentre esses estudos, destaca-se, além do de
Broders (1920, 1941), o qual apresentou como grande desvantagem a utilização apenas de
critérios subjetivos na realização da gradação histológica, os de Anneroth, Batsakis e Luna
(1986, 1987), Bryne et al. (1989) e Bryne (1998), sendo a vantagem desses últimos
sistemas a utilização de valores numéricos para classificar os carcinomas em grupos de
baixo e alto escore de malignidade.
O sistema proposto por Anneroth, Batsakis e Luna (1987) baseava-se em dados
histológicos que expressavam tanto as características das células neopláscias (grau de
ceratinização, pleomorfismo nuclear e figuras de mitose) como a relação entre tumor e o
hospedeiro (estágio e padrão de invasão, bem como infiltrado inflamatório). Utilizando tal
sistema, Dantas (2000) não encontrou correlação estatisticamente significativa entre o
mesmo e o estadiamento clínico, avaliando 18 casos de carcinoma epidermóide de língua,
contrariamente a Okada et al. (2003), os quais utilizaram esse mesmo método de gradação
encontraram relação significativa entre o grau histológico de malignidade e metástase,
sugerindo que as características morfológicas podem servir como indicadoras do
surgimento de metástase e conseqüentemente como indicadoras de prognóstico.
Já Bryne et al. (1989) priorizaram a frente de invasão tumoral, pelo fato de
considerarem as células neoplásicas invasivas pertencentes a um clone neoplásico mais
agressivo. Os parâmetros morfológicos adotados nesse SGHM eram representados pelo
grau de ceratinização celular, pleomorfismo nuclear, número de mitoses, padrão de invasão
tumoral e resposta inflamatória do hospedeiro, sendo atribuídos valores numéricos de 1 a 4
para cada parâmetro, o que classificava o tumor em grau 1 de malignidade (baixo escore)
para os carcinomas com pontuação de 5 a 10 e grau 2 de malignidade (alto escore), aqueles
com pontuação superior a 10. Tal método, diferente dos anteriores, apresentava a vantagem
de poder ser aplicado às biópsias incisionais.
Revisando os SGHM, Bryne (1998) verificou que seu método era extremamente
eficiente como indicador de prognóstico e de comportamento biológico em carcinoma
epidermóide oral. Nesse ano essa autora propôs que fosse omitido o parâmetro número de
mitoses, criando dessa forma um novo método baseado apenas em quatro critérios
morfológicos, dentre os quais: grau de ceratinização, pleomorfismo nuclear, padrão de
invasão e intensidade de infiltrado inflamatório, sendo da mesma forma emitidos escores de
1 a 4 para cada uma das variáveis. Entretanto, a esse método não foi adaptado a omissão da
variável número de mitoses, e assim, Miranda (2002) graduou 12 casos de carcinoma
epidermóide de lábio inferior e 12 casos de carcinoma epidermóide de língua, adaptando
esse método, o qual considerou como baixo e alto escore, os casos que obtiveram
pontuação total de 4 a 8 e superior a 8, respectivamente.
Na presente pesquisa, utilizamos o SGHM proposto por Bryne (1998) e adaptado no
estudo de Miranda (2002), em virtude de tratar-se de uma gradação fácil e de rápida
aplicação. Apesar da mesma poder ser utilizada às biópsias incisionais, optamos por
analisar espécimes provenientes de biópsias excisionais para que não houvesse riscos de
comprometer alguns desses parâmetros, e para podermos verificar se esse SGHM refletia
realmente o comportamento biológico do tumor.
Desta maneira, dos 30 casos analisados, 15 foram considerados como baixo grau e
15 como alto grau de malignidade, conforme observado na tabela 2. Contrariamente a
Sawair et al. (2003) que relataram que o SGHM proposto por Bryne (1998) somado ao
TNM poderia predizer o curso clínico das neoplasias malignas sediadas na boca, e decidir
dessa forma o melhor tratamento para cada paciente, no nosso estudo, o sistema de
gradação histológica de malignidade proposto por tal autora não mostrou correlação
estatisticamente significativa com o desfecho da doença, estadiamento clínico e presença de
metástase, como ilustrado nas tabelas 6, 7 e 8, gráficos 6, 7 e 8, bem como na matriz de
significância representada na tabela 9, sendo constatado portanto em nossa amostra que tal
parâmetro morfológico não pode ser usado como indicador de comportamento biológico
em carcinomas de língua.
Diante dos resultados conflitantes existentes na literatura pertinente em relação à
utilização de fatores clínicos e histomorfológicos como indicadores de comportamento
biológico e prognóstico em carcinomas epidermóides orais, muitos trabalhos têm buscado
outros parâmetros indicadores de agressividade e comportamento nessas neoplasias, e é
esse comportamento biológico variado o fator importante na justificativa da continuidade
desses estudos.
Encontra-se estabelecido na literatura que a transformação maligna é
freqüentemente associada à mudanças no padrão de expressão de marcadores de
diferenciação. Neste raciocínio, alguns estudos têm demonstrado o aumento ou diminuição
da expressão de citoqueratinas comumente expressas por mucosa normal durante a
transformação maligna (XU et al., 1995; SILVA, 1999). Depondt et al. (1999) citaram que
na ausência de marcadores reais para carcinomas epidermóides, as citoqueratinas
permanecem úteis na confirmação da natureza epitelial de muitas neoplasias malignas
pobremente diferenciadas, o que ressalta o interesse de se estudar a expressão desses
filamentos intermediários em tumores, sugerindo que essa expressão pode estar
correlacionada com aspectos comportamentais das referidas lesões, dependendo do seu tipo
e origem.
Seguindo essa linha de pesquisa, no presente trabalho avaliamos também a
expressão de várias citoqueratinas em 30 casos de carcinoma epidermóide de língua,
utilizando para tal, a imuno-histoquímica pela técnica da estreptoavidina-biotina,
procurando associar seu padrão de expressão ao estado de diferenciação das células
tumorais, bem como ao desfecho da doença, presença de metástase e estadiamento clínico.
A verificação da imunomarcação foi realizada por dois avaliadores em um estudo duplo-
cego, nas áreas mais profundas dos espécimes, correspondendo ao front invasivo, já que
todos os espécimes avaliados foram provenientes de biópsias excisionais como citado
anteriormente.
A literatura referencia que no epitélio oral normal, existem diversos padrões de
expressão de citoqueratinas a depender da localização anatômica, bem como da camada
epitelial. De acordo com Vaidya et al. (1998), a superfície ventral da língua expressa
normalmente as CKs 4, 5, 6, 13 e 14, enquanto que na superfície dorsal encontra-se
freqüentemente as CKs 1, 5, 6, 10 e 14. Em nosso estudo analisamos a expressão das CKs
7, 10, 13, 14, 16 e 19 em 30 casos de carcinoma epidermóide de língua, não determinando
porém a região precisa deste sítio.
Os nossos resultados mostraram que a CK 10, uma citoqueratina característica de
camadas suprabasais de epitélios ceratinizados (Foto 9), se expressou em 19 (63,33%)
casos, reagindo principalmente nas células centrais dos ninhos e lençóis de proliferação
(Foto 7). Nas pesquisas desenvolvidas por Morgan e Lan Su (1994), a presença dessa
proteína foi relacionada diretamente com a diferenciação tumoral, enquanto no estudo
desenvolvido por Depondt et al. (1999) a marcação da mesma foi correlacionada com o
tamanho do tumor, sugerindo esses últimos autores que a CK 10 poderia fornecer
informações acerca do crescimento tumoral.
Utilizando o teste Qui2 correlacionamos a expressão da citoqueratina 10 ao desfecho
da doença (óbito/remissão), presença de metástase estadiamento clínico e gradação
histológica. Constatamos que sua positividade relacionou-se inversamente ao surgimento de
metástase para linfonodos cervicais (p=0,044) (Tabela 11), já que ela estava ausente em
58,3% dos casos que desenvolveram metástase. Biologicamente, a presença desta proteína
pode evitar alterações no programa de diferenciação epitelial nas células neoplásicas,
evitando que tais células adquiram a capacidade de dissociar-se do tumor primário e
originar assim as metástases.
Verificamos também que a marcação da CK 10 no epitélio adjacente aos tumores
mostrava-se alterada exibindo-se de forma fraca e heterogênea (Foto 8), o que poderia
sugerir alterações precoces na diferenciação dessas células presentes no epitélio situado nas
proximidades do crescimento tumoral.
No tocante a CK 13, um marcador das camadas basais de epitélios pavimentosos
estratificados não ceratinizados (BOISNIC et al., 1995), nossos resultados mostraram que
houve positividade em 50% dos carcinomas examinados, onde sua presença predominou
em células mais maturadas, bem diferenciadas, situadas nos centros dos lençóis (Foto 10),
corroborando os achados de Silva (1999). Em 19 casos o epitélio adjacente esteve marcado,
porém esta positivdade era intensa, homogênea acometendo todas as camadas suprabasais
deste (Foto 11), padrão este diferente do observado em epitélios normais (Foto 12). A
expressão desta proteína não obteve correlação estatisticamente significativa com nenhum
dos parâmetros clínicos e morfológicos desse estudo. Entretanto, verificamos que dos 15
casos dos tumores considerados como alto grau de malignidade, ela esteve ausente em 9
(60%), o que refletiria a perda da diferenciação nessas células tumorais.
Morgan e Lan Su (1994) relataram haver perda da expressão da CK 13 em
carcinomas pobremente diferenciados, porém, em adição citaram que, quando presentes,
essas proteínas localizavam-se principalmente nas células espinhosas e centrais dos ninhos
tumorais, achado esse verificado em nossa pesquisa. Esses autores sugeriram também que o
perfil dos filamentos intermediários de citoqueratinas em carcinomas epidermóides orais
pode revelar que a diferenciação do epitélio de revestimento oral pode ser modulada pela
alteração no padrão de expressão dessas proteínas durante o desenvolvimento da neoplasia.
Conforme abordado por Depondt et al. (1999), a presença das CKs 4 e 13 em
epitélios pavimentosos estratificados normais, presença essa alterada, relaciona-se ao
crescimento acelerado desse epitélio, o que pode ser reflexo de uma diminuição do
programa de diferenciação. Tal fato poderia explicar as alterações observadas nos epitélios
adjacentes aos tumores na presente pesquisa, o que nos leva a sugerir que isso pode ser um
indício de alteração pré-maligna nestes epitélios, já que é uma diferenciação anormal,
fazendo com que o epitélio adquira capacidade proliferativa.
A CK 14 se expressou intensamente em 29 dos 30 casos analisados na presente
pesquisa (Foto 13), em diversos tipos celulares. Não obtivemos relação estatisticamente
significativa de sua positividade com nenhum dos parâmetros clínicos estudados, bem
como a diferenciação celular e gradação histológica utilizada, já que a mesma esteve
imunomarcada em todas as células neoplásicas independente do tipo, a não ser em algumas
células invasivas, onde observamos sua ausência em 14 (48,27%) casos (Foto 14). Esses
achados contrastam com os de Morgan e Lane (1996) que evidenciaram ausência de
marcação desta proteína em sua amostra de carcinomas epidermóides pobremente
diferenciados, levando-os a concluir que tal citoqueratina é rapidamente degradada nesses
tumores já que os mesmos ainda apresentavam seu RNAm.
Porém, Silva (1999) observou em sua pesquisa que, dentre todas as citoqueratinas
estudadas, a CK 14 foi a única presente em todos os carcinomas analisados, independente
do grau de diferenciação e da localização anatômica.
A positividade a CK 14 sugere origem a partir de epitélio estratificado, pois está
presente normalmente na camada basal de todos os sítios da boca, inclusive da língua (Foto
15) (DEPONDT et al., 1999).
No que diz respeito à ausência de positividade em algumas células invasivas,
acredita-se que isso seja decorrente da perda da manutenção da integridade estrutural dessas
células, favorecendo seu desgarramento dos ninhos e migração para estruturas adjacentes,
fato este citado por Turatti (1999) afirmadora de que o fato da CK 14 ser preservada em
todas as camadas epiteliais em lesões de líquen plano oral era uma forma de manutenção da
integridade estrutural do mesmo. A marcação no epitélio adjacente foi verificada em 22
casos, sendo caracterizada por apresentar-se intensa, homogênea, envolvendo todas as
camadas celulares. Isso pode ser explicado pela influência do infiltrado inflamatório na sua
expressão, conforme citado por alguns autores como Mackenzie e Gao (1993), e ainda pelo
fato de que, presença de alterações malignas no metabolismo celular podem levar à
expressão da CK 14 nas células tumorais independente do seu tipo, bem como em todos
estratos celulares do epitélio adjacente como descrito em nosso estudo.
A alteração de expressão da CK 14 no epitélio próximo ao tumor pode alertar para o
fato de que as margens de segurança no procedimento cirúrgico devem ser realizadas
cuidadosamente para que não haja permanência de epitélio alterado no leito cirúrgico, pois
isso pode predispor às recidivas. Sugerimos, frente a nossos achados que essa citoqueratina
pode ser utilizada como marcador de alterações precoces no epitélio servindo como
indicadora para verificar se as margens de segurança realizadas foram adequadas, já que em
áreas mais distantes do tumor o padrão de expressão dessa proteína assume aspecto de
normalidade como pode ser observado na foto 15.
A literatura considera a citoqueratina 16 como um marcador de hiperproliferação
ou de alta renovação (fast cell turnover) (WEISS; EICHNER; SUN, 1984; MORGAN;
LAN SU, 1994). Foi descrito por Scultz et al. (1992) que a mesma pode estar presente em
proporções variadas no epitélio de revestimento oral normal. Em pesquisas desenvolvidas
por Bongers et al. (1996), tal filamento intermediário esteve associado à mucosa normal
adjacente a tumores de pacientes portadores de carcinoma epidermóide oral. Essa proteína,
entretanto, não foi considerada marcadora de proliferação celular nos carcinomas
epidermóides orais analisados por Silva (1999), fato este discordante dos dados encontrados
no presente estudo, já que observamos relação estatisticamente significativa entre a
positividade da CK 16 e o estadiamento clínico, e ainda com o desfecho da doença.
Em nossa amostra, a CK 16 esteve marcada em 23 casos (76,66%), principalmente
nos centros dos ninhos tumorais (Foto 16), sendo esta expressão marcante nos pacientes
que foram a óbito, pois a mesma foi verificada 100% desses casos (Tabela 10), e ainda sua
imunomarcação foi observada em 93,33% dos casos agrupados nos estágios III e IV.
Teoricamente, neoplasias que culminam no óbito do paciente e aquelas classificadas como
T3 e T4 são mais agressivas, o que nos faz concluir, que essa proteína pode ser considerada
como um indicador de proliferação como bem descrito na literatura, além do fato de que em
nossa amostra, mostrou-se como um marcador de comportamento biológico e de
agressividade tumoral.
As citoqueratinas de epitélios simples, CKs 7, 8, 18 e 19 (COOPER; SCHERMER;
SUN, 1985) têm sido associadas a carcinomas epidermóides pobremente diferenciados em
várias pesquisas como as de Xu et al. (1995) e Depondt et al. (1999). Diferentemente desses
estudos, nós não encontramos correlação estatisticamente significativa entre a expressão
das CKs 7 e 19 com a gradação histológica e os parâmetros clínicos aqui estudados.
Todavia, observamos que a CK 7 encontrou-se imunomarcada em 13 casos, e desses, 60%
eram tumores de alto grau, de acordo com o sistema proposto por Bryne (1998) (Foto 5).
Não detectamos, porém marcação no epitélio adjacente aos tumores, contrariamente à
expressão da CK 19 que foi positiva em todas as camadas dos epitélios adjacentes às
neoplasias (Foto 21) em 18 (60%) casos. Nos tumores, observamos positividade para a CK
19 em 22 (73,33%) casos, sendo esta verificada tanto em ninhos tumorais (Foto 20) como
em células isoladas. Esta proteína tem sido descrita por alguns autores como componente
de células basais em determinados sítios da cavidade oral, embora esporadicamente
(MORGAN et al., 1987; SAWAF et al., 1991), e já que a camada basal é a de maior
atividade proliferativa em epitélios normais, sugerimos que a positividade nos epitélios
adjacentes e nos tumores seja indicativo de elevada taxa proliferativa.
Apesar de não encontrarmos relação estatisticamente significativa entre a expressão
da CK 7 e CK 19 com as variáveis clínicas e morfológicas descritas, constatamos assim
como nas pesquisas de Ogden et al. (1993), Chu et al (2000) e El-Salahy et al. (2002) a
presença anormal dessas citoqueratinas nos tumores já que, como descrito anteriormente,
essas proteínas são características de epitélios simples, sendo dessa forma, esses filamentos
sintetizados pelas células neoplásicas malignas.
Ressaltamos ainda o fato de que a CK 19 foi imunomarcada no epitélio adjacente de
18 dos 30 casos estudados, o que nos leva a sugerir que a mesma pode ser utilizada como
marcador biológico de progressão maligna, fato este bem descrito por Xu et al. (1995).
Com a realização dessa pesquisa, constatamos que o estadiamento clínico e a
presença de metástase foram eficazes como indicadores de agressividade nos carcinomas
epidermóides de língua estudados, porque essas variáveis relacionaram-se diretamente ao
resultado da doença (óbito/remissão); e contrariamente, o sistema de gradação histológica
de malignidade utilizado não se correlacionou com nenhum dos parâmetros estudados, não
sendo portanto fidedigno na determinação do comportamento biológico dos carcinomas
epidermóides de língua.
No que diz respeito aos achados imuno-histoquímicos, pudemos verificar que a
expressão de algumas citoqueratinas esteve relacionada ao comportamento biológico dos
carcinomas epidermóides estudados no presente estudo, como descrito, a ausênica de CK
10 relacionou-se à metástase, que é um dos principais determinantes de agressividade e
sobrevivência em pacientes acometidos por câncer oral, e ainda a imunomarcação da CK 16
foi correlacionada diretamente a tumores que evoluíram para óbito dos pacientes e àqueles
classificados nos estágios III e IV, os quais também são considerados como agressivos.
Adicionalmente, detectamos a expressão anormal das citoqueratinas de epitélios simples,
CKs 7 e 19 em parte dos tumores avaliados, o que nos condiciona a sugerir que a análise de
alguns filamentos intermediários de citoqueratinas pode favorecer o entendimento acerca
do comportamento biológico e agressividade dos carcinomas epidermóides orais.
CONCLUSÕES
7. CONCLUSÕES
Com base nos resultados clínicos, morfológicos e imuno-histoquímicos desse estudo
e amparados na literatura científica pertinente, podemos concluir que:
1. Os nossos dados epidemiológicos em muito se assemelham aos da literatura no
tocante ao sexo, raça e idade.
2. O estadiamento clínico (TNM) e a presença de metástases mostraram boa
efetividade como parâmetro indicador de prognóstico.
3. O sistema de gradação histológica de malignidade proposto por Bryne (1998) não se
correlacionou aos parâmetros ao desfecho da doença e aos parâmetros clínicos
estudados, não refletindo, portanto o comportamento biológico dos carcinomas
epidermóides de língua estudados.
4. A expressão da CK 10 relacionou-se á presença de metástase indicando dessa forma
que a presença de tal proteína pode ser uma barreira ao desenvolvimento de
metástase em linfonodos cervicais de carcinomas epidermóides de língua.
5. A CK 14 foi a única presente em quase todos os carcinomas independente do tipo
celular, apesar de que sua ausência em células invasivas pode ser indicativo de
perda da integridade estrutural celular, o que facilita o desgarramento das células
conseqüente migração para os sítios adjacentes.
6. A expressão da CK 13 não se relacionou a nenhum dos parâmetros descritos,
entretanto, foi encontrada predominantemente mais nas áreas bem diferenciadas dos
tumores.
7. A presença da CK 16 mostrou-se como forte indicadora de atividade proliferativa
nos tumores, já que se correlacionou diretamente a tumores que acarretaram em
óbito dos pacientes, e esteve presente predominantemente nos carcinomas
enquadrados nos estágios III e IV.
8. As citoqueratinas de epitélios simples CK 7 e CK 19 estiveram imunomarcadas em
um grande número de casos estudados apesar de não se relacionarem aos
parâmetros aqui estudados. Entretanto sugerimos que essas proteínas podem ser
utilizadas como indicadoras de transformação maligna, já que elas não se
expressam em epitélios normais.
9. As expressões alteradas dos epitélios adjacentes das citoqueratinas 13, 16 e 19
podem ser utilizadas como indicadoras de pré-malignidade.
10. A presença em todas as camadas epiteliais da CK 14 em áreas normais adjacente a
tumores pode servir tanto como indicadora precoce de malignidade como para
verificar se as margens de segurança foram realizadas adequadamente.
11. O comportamento do carcinoma epidermóide de língua pode ser reflexo do padrão
de expressão de alguns filamentos intermediários de citoqueratinas, não se
precisando, portanto se tal comportamento é conseqüência ou causa dessa
expressão.
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ANEXOS
ANEXOS
Anexo 1 – Dados clínicos obtidos a partir dos prontuários clínicos dos pacientes portadores
de câncer de língua do Hospital Dr. Luiz Antônio, Nata/RN.
Prontuário: Ano: Caso:
Sexo: Idade: Raça:
Localização anatômica:
Estadiamento clínico:
Sinais e sintomas
Número da biópsia:
Gradação histológica:
Tratamento:
Remissão: Óbito:
Metástase:
Recidivas:
Observações:
Anexo 2 – Gradação histológica de malignidade do carcinoma epidermóide de língua
segundo o sistema proposto e revisado por Bryne (1998).
Caso Nº
Grau de ceratinização
Pleomorfismo nuclear
Padrão de invasão
Infiltrado inflamatório
Escore Total
Gradação histológica
123456789101112131415161718192021222324252627282930
Anexo 3 – Achados imuno-histoquímicos referentes à expressão das citoqueratinas (CKs 7,
10, 13, 14 e 19) nos casos de carcinoma epidermóide de língua.
Caso CK 7 CK 10 CK 13 CK 14 CK 19 CK 19Nº P/A Esc. P/A Esc P/A Esc P/A Esc P/A Esc P/A Esc
123456789101112131415161718192021222324252627282930
Ausência de marcação: APresença de marcação: P
Escores (Esc): 1+ (fraca marcação); 2+ (marcação moderada); 3+ (marcação intensa)