caracterização de transcritos de ancilostomídeos

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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Caracterização de transcritos de ancilostomídeos envolvidos no parasitismo Ana Flávia Dias Vieira da Costa Belo Horizonte 2012

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Page 1: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Caracterização de transcritos de

ancilostomídeos envolvidos no

parasitismo

Ana Flávia Dias Vieira da Costa

Belo Horizonte

2012

Page 2: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

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Ana Flávia Dias Vieira da Costa

Caracterização de transcritos de

ancilostomídeos envolvidos no

parasitismo

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Élida Mara Leite Rabelo

Belo Horizonte

2012

Page 3: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

2

AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-Graduação em Parasitologia do ICB/UFMG, na pessoa da

coordenadora Profª. Érika Martins Braga.

À CAPES pelo apoio financeiro.

À minha orientadora Élida Rabelo, por tudo o que fez por mim nestes 9 anos de

convivência. Agradeço pela oportunidade de ser sua aluna de Iniciação Científica,

Mestrado e Doutorado, por tudo que me ensinou durante esses anos, pela confiança

que sempre teve em mim e, principalmente, por todo apoio e carinho. Sinto-me uma

pessoa privilegiada por ter você como orientadora e, sobretudo amiga em todos os

momentos.

A todos os amigos do Laboratório de Parasitologia Molecular que tive o prazer de

conhecer e conviver durante estes anos. Aos antigos Leandra, Lívio, Érlisson,

Ariadna, Fábio, Denilson, Flaviane e, em especial, ao Rodrigo, que me orientou

durante a Iniciação Científica. Aos atuais Willian, Thayse, Júlia, Diana, Carina,

Bruna, Luciana, Ana Cristina, pela convivência e por me ajudarem nos meus

experimentos. Agradeço especialmente à Bruna, Luciana e Ana Cristina, que

sempre estiveram dispostas a me ajudar e sem as quais este trabalho não seria

concluído.

A duas ex-LPM Carina e Sílvia, que são colaboradoras deste trabalho, mas são

acima de tudo grandes amigas. Agradeço por tudo o que me ensinaram e por toda a

ajuda que vocês me deram.

A todos os professores, funcionários e alunos do Departamento de Parasitologia do

ICB/UFMG. Em especial ao Hudson, pela identificação dos helmintos, à Rosa e ao

Joãozinho que sempre me socorreram quando precisei pedir algo emprestado.

Ao Dr. Gabriel da Rocha Fernandes, por me ajudar nas análises das sequências de

N. americanus.

Aos integrantes do Laboratório de Biodiversidade e Evolução Molecular do

Departamento de Biologia Geral do ICB/UFMG que colaboraram para o

sequenciamento feito neste trabalho.

Page 4: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

3

Ao Núcleo de Análise de Genoma e Expressão Gênica (NAGE) do ICB/UFMG, na

pessoa da coordenadora Prof.ª Santuza Maria Ribeiro Teixeira.

Aos laboratórios de Genética e Bioquímica, na pessoa da Prof.ª Glória Franco, e de

Imunologia das Doenças Infecciosas, na pessoa do Prof. Sérgio Costa, do

Departamento de Bioquímica e Imunologia do ICB/UFMG.

Ao funcionário do Departamento de Bioquímica e Imunologia do ICB/UFMG Jamil,

pela grande disposição em me ajudar sempre que recorri a ele.

Ao Prof. Alan Lane de Melo, do Laboratório de Taxonomia e Biologia de

Invertebrados do Departamento de Parasitologia do ICB/UFMG, pelos soros

cedidos.

Ao Laboratório de Imunologia e Genômica de Parasitos, coordenado pelos

professores Daniella Bartholomeu e Ricardo Fujiwara, por disponibilizarem o uso do

ÄKTA, e em especial ao Tiago Mendes, pela ajuda nas análises de epitopos, e ao

Rodrigo Lourdes, grande amigo dentro e fora da UFMG.

Ao Laboratório de Fisiologia de Insetos Hematófagos do Departamento de

Parasitologia do ICB/UFMG, meu segundo laboratório. Aos professores

responsáveis Marcos Horácio Pereira, Ricardo Araújo e em especial ao Nelder

Gontijo por disponibilizarem a estrutura do laboratório sempre que precisei, além dos

conselhos e ensinamentos sempre bem-vindos. Ao César e aos alunos/amigos do

LFIH pela amizade, companheirismo e disponibilidade em me ajudar. Além das

festas, Arthromint’s, jogos de futebol...

Aos amigos que fiz durante a minha jornada na UFMG. Aos amigos da graduação,

em especial à Lara, e aos remanescentes da minha turma de Mestrado, Família

Mexicana, Priscila, Kelly, Camila e em especial ao Sydnei, grande amigo e consultor

pessoal de estatística.

A duas pessoas muito especiais que conheci aqui, mas serão minhas amigas

inseparáveis para o resto da vida: Ceres e Helen. Amo muito vocês! Agradeço pela

companhia, amizade, dedicação e preocupação que vocês têm por mim.

Aos amigos do Departamento de Parasitologia do ICB/UFMG, pelos vários

momentos agradáveis que me proporcionaram, sobretudo os “churrascos na laje”.

Page 5: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

4

Aos colegas do Centro de Controle de Zoonoses e Endemias/Betim e à Direção, por

flexibilizar meus horários, folgas e férias para que eu pudesse concluir meus

experimentos.

Aos meus pais e irmãos, pelo carinho, incentivo e apoio incondicional em todos os

momentos. Por serem o meu berço e serem as pessoas mais amadas da minha

vida.

Ao meu sobrinho Pedrinho, que é o xodó da família e faz os meus finais de semana

muito mais agradáveis, mesmo fazendo bagunça no quarto da tia Aninha.

Aos meus amigos extra-UFMG e familiares que sempre me apoiaram e se

orgulharam de mim, mesmo sem saber muito bem o que eu faço no Doutorado. Em

especial, ao meu afilhado João Pedro, que é um menino de ouro, que eu amo muito

e desde pequeno acompanha minha jornada na Pós-Graduação quando vem passar

férias comigo.

A todos que, de alguma forma, contribuíram na elaboração e execução dessa Tese.

E, finalmente, a Deus. Por colocar todas essas pessoas no meu caminho e por me

fazer ser a pessoa que sou.

Page 6: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

5

RESUMO

Neste trabalho foi avaliado o perfil de transcrição e expressão diferencial de

duas classes de genes envolvidos no parasitismo por ancilostomídeos: asps e

inibidores de proteases tipo Kunitz, previamente identificados como sendo mais

transcritos em machos de A. braziliense. A transcrição diferencial foi avaliada

através da RT-PCR e RT-PCR em tempo real, para as asps 4, 5 e 6 de A.

braziliense e A.caninum, asps 4 e 5 de A. ceylanicum e dois genes de inibidores de

proteases tipo Kunitz para as três espécies. Em todas as espécies os genes em

análise se mostraram com transcrição enriquecida nos vermes machos. Para a

análise nas diferentes espécies, novos genes foram sequenciados tendo sido

produzidas sete novas sequências parciais de asps e genes de inibidores de

proteases tipo Kunitz para as três espécies de Ancylostoma. Como não havia

sequências destes genes para adultos de N. americanus disponíveis no banco de

dados, foram geradas in silico 94 sequências consenso, a partir do banco de ESTs,

baseadas na similaridade com estas proteínas já descritas para A. caninum e A.

ceylanicum. Domínios KU originários de sequências das quatro diferentes espécies

de ancilostomídeos foram expressos e usados para a produção de anticorpos. Estes

anticorpos foram utilizados para comparação da expressão diferencial de inibidores

de proteases tipo Kunitz presentes nos produtos ES e extratos protéicos totais entre

machos e fêmeas das quatro espécies, por western blot. Foi observada a expressão

diferencial de algumas destas proteínas entre machos e fêmeas de A. braziliense, A.

caninum, A. ceylanicum e N. americanus, sendo reconhecidas 14 proteínas distintas

que contêm o domínio conservado, algumas específicas dos produtos ES de N.

americanus que poderão ser alvos de estudos futuros. Além disso, foi demonstrado

que os domínios KU recombinantes não conferiram proteção em hamsters contra a

infecção por A. ceylanicum. Entretanto, tendo em vista o potencial antigênico

apresentado pelos domínios abre-se a perspectiva de que estes possam ser usados

em associação com outros peptídeos para ensaios de vacinação. Por fim, os

domínios KU recombinantes foram utilizados para avaliar o potencial imunogênico

das proteínas produzidas por ancilostomídeos que possuem tais domínios, através

de ELISA, utilizando soros de hamsters e cães infectados ou não por

ancilostomídeos. Apenas o soro de cães infectados com A. caninum foi capaz de

reconhecer os domínios KU recombinantes.

Page 7: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

6

ABSTRACT

This study evaluated the transcription profile and differential expression of two

classes of genes involved in parasitism by hookworms: asps and Kunitz protease

inhibitors. These two classes of genes have been previously identified by presenting

a higher level of transcription in males of A. braziliense. The differential transcription

was assessed by RT-PCR and qRT-PCR, for asps 4, 5 and 6 of A. braziliense and

A.caninum, asps 4 and 5 of A. ceylanicum and two Kunitz proteinase inhibitors genes

for the three species. In all species analyzed these genes presented as

transcriptionally enriched in male worms. To analyze the different species, new

genes were sequenced having been produced seven new partial sequences of asps

and Kunitz protease inhibitors genes for the three Ancylostoma species. Since there

were no available sequences of these genes for adults N. americanus in the

database, 94 consensus sequences were generated “in silico” from the EST

database, based on similarity with the orthologous proteins already described for A.

ceylanicum and A. caninum. KU domain sequences originating of four different

species of hookworms were expressed and used for antibody production. These

antibodies were used to compare the differential expression of Kunitz protease

inhibitors present in ES products and in total protein extracts between males and

females of all four species, by western blot. It was observed a differential expression

to some proteins between males and females of A. braziliense A. caninum, A.

ceylanicum and N. americanus, and 14 distinct proteins containing the conserved

domain have been recognized, some as specific to ES products of N. americanus.

The characterization of these proteins can be addressed in future studies.

Furthermore, it was shown that recombinant domains KU did not provide protection

in hamsters against infection by A. ceylanicum. However, in view of the potential

antigenic profile presented by the domains, it opens the prospect that they can be

used in combination with other peptides for vaccination trials. Finally, KU

recombinants domains were used to assess the immunogenic potential of proteins

produced by hookworms possessing such domains, by ELISA using sera from

hamsters and dogs infected or not by hookworms. Only sera from dogs infected with

A. caninum was able to recognize the recombinant KU domains.

Page 8: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Representação esquemática do ciclo de vida dos ancilostomídeos.

Adaptado de Hotez et al., 2005. ................................................................................ 23

FIGURA 2: Distribuição e prevalência mundial da ancilostomose. Ilustração:

Margaret Shear, Public Library of Science, adaptado de de Silva et al., 2003 .......... 27

FIGURA 3: Estutura esquemática dos domínios das ASPs inferidas a partir das

sequências obtidas asps 4, 5 e 6 de A. braziliense.. ................................................. 72

FIGURA 4: Estutura esquemática dos domínios de inibidores de protease tipo Kunitz

12D e 1D inferidos a partir das sequências de A. caninum, A. ceylanicum e A.

braziliense obtidas com as respectivas identidade e similaridade com as sequências

para as quais foram desenhados os iniciadores.. ..................................................... 73

FIGURA 5: Transcrição diferencial de genes codificadores de inibidores de

proteases tipo Kunitz em machos de A. braziliense, A. caninum e A. ceylanicum, por

RT-PCR. .................................................................................................................... 74

FIGURA 6: Comparação dos dados da RT-PCR quantitativa (log2) de genes

codificadores de inibidores de proteases tipo Kunitz. Quantificação relativa da

transcrição em machos versus fêmeas. .................................................................... 75

FIGURA 7: Transcrição diferencial de asps em machos de A. braziliense, A. caninum

e A. ceylanicum, por RT-PCR. .................................................................................. 76

FIGURA 8: Comparação dos dados da RT-PCR quantitativa (log2) de asps.

Quantificação relativa da transcrição em machos versus fêmeas. ............................ 77

Page 9: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

8

FIGURA 9: Constituição de aminoácidos dos domínios KU das sequências de

inibidores de proteases tipo Kunitz ............................................................................ 80

FIGURA 10: Amplificação dos domínios KU, através de RT-PCR, para as espécies

A. braziliense, A. caninum e A. ceylanicum ............................................................... 81

FIGURA 11: Amplificação dos domínios KU, através de RT-PCR, para N.

americanus ................................................................................................................ 82

FIGURA 12: Resultado da PCR de colônias provenientes de transformações com

plasmídeos recombinantes contendo domínios KU amplificados .............................. 83

FIGURA 13: Lise bacteriana e purificação dos domínios KU recombinantes com

tampões com e sem NaCl (0,5 M), apresentado em SDS-PAGE 12% corado com

azul de coomasie R250. ............................................................................................ 85

FIGURA 14: Domínios KU recombinantes após purificação e concentração

analisados por SDS-PAGE 12% corado com azul de coomasie R250 (a) e western

blot com anticorpo primário anti-histidina (b) ............................................................. 86

FIGURA 15: Epitopos lineares de células B (aminoácidos sublinhados) dos domínios

KU AyD1, AbD2, AcD5 e Na16D1, preditos pelo programa Bepipred (corte 0,35). ... 86

FIGURA 16: Western blot dos domínios KU recombinantes (0,5 µg) contra os soros

de camundongos anti-AyD1 (a), anti-AbD2 (b), anti-AcD5 (c), anti-Na16D1 (d) e pré-

imune (e) diluídos 1:250. ........................................................................................... 87

FIGURA 17: Perfis eletroforéticos dos produtos excretados/secretados (2 µg) de

machos e fêmeas de N. americanus, A. ceylanicum e A. caninum (a) e do extrato

protéico total (5 µg) de machos e fêmeas de N. americanus, A. ceylanicum, A.

Page 10: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

9

caninum e A. braziliense (b), analisados por SDS-PAGE 12% corado com nitrato de

prata. ......................................................................................................................... 88

FIGURA 18: Western blot dos produtos excretados/secretados (15 µg) de machos e

fêmeas de N. americanus, A. ceylanicum e A. caninum e domínios KU

recombinantes (0,5 µg) contra os soros de camundongos anti-AyD1 (a), anti-AbD2

(b), anti-AcD5 (c), anti-Na16D1 (d) e pré-imune (e) diluídos 1:250. .......................... 90

FIGURA 19: Western blot dos extratos protéicos totais (25 µg) de machos e fêmeas

de N. americanus, A. ceylanicum, A. caninum e A. braziliense e domínios KU

recombinantes (0,5 µg) contra os soros de camundongos anti-AyD1 (a), anti-AbD2

(b), anti-AcD5 (c), anti-Na16D1 (d) e pré-imune (e) diluídos 1:100. .......................... 94

FIGURA 20: Níveis de anticorpos IgG de hamsters do ensaio de vacinação frente ao

domínio KU recombinante AyD1 e mix dos quatro domínios KU recombinantes –

AyD1, AbD2, AcD5 e Na16D1 ................................................................................... 96

FIGURA 21: Níveis de anticorpos IgG de hamsters do ensaio de vacinação frente ao

antígeno bruto total e produtos de excreção e secreção de A. ceylanicum.. ............ 97

FIGURA 22: Eliminação de ovos por grama de fezes dos hamsters dos quatro

grupos do ensaio de vacinação ao longo da infecção com 100 L3 de A. ceylanicum.

.................................................................................................................................. 98

FIGURA 23: Peso, em gramas, dos hamsters do ensaio de vacinação ao longo da

infecção com 100 L3 de A. ceylanicum. .................................................................... 98

FIGURA 24: Volume de hemácias e níveis de hemoglobina de hamsters do ensaio

de vacinação antes e ao final da infecção por A. ceylanicum. .................................. 99

Page 11: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

10

FIGURA 25: Recuperação de vermes adultos, machos e fêmeas, de A. ceylanicum

do intestino delgado dos hamsters do ensaio de vacinação, infectados com 100 L3

de A. ceylanicum. .................................................................................................... 100

FIGURA 26: Níveis de anticorpos IgG de cães infectados por A. braziliense, A.

caninum e A. ceylanicum frente a mix dos quatro domínios KU recombinantes –

AyD1, AbD2, AcD5 e Na16D1 – e ao domínio KU recombinante AbD2, AcD5 e

AyD1... .................................................................................................................... 101

FIGURA 27: Níveis de anticorpos IgG de hamsters infectados por A. ceylanicum

frente a mix dos quatro domínios KU recombinantes – AyD1, AbD2, AcD5 e Na16D1

– e ao domínio KU recombinante AyD1. ................................................................. 101

FIGURA 28: Níveis de anticorpos IgG de hamsters infectados por N. americanus

frente ao antígeno bruto total e produtos de excreção e secreção de N. americanus e

frente a mix dos quatro domínios KU recombinantes – AyD1, AbD2, AcD5 e Na16D1

– e ao domínio KU recombinante Na16D1 .............................................................. 102

Page 12: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

11

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Principais espécies de parasitos do gênero Ancylostoma com suas

características morfológicas, morfométricas e hospedeiros definitivos ..................... 21

QUADRO 2: Oviposição diária e tamanho dos ovos dos ancilostomídeos que

acometem humanos .................................................................................................. 22

QUADRO 3: Grupos experimentais de hamsters para imunização com domínios KU

recombinantes. .......................................................................................................... 65

QUADRO 4: Dados da RT-PCR quantitativa para genes codificadores de inibidores

de proteases tipo Kunitz. Quantificação relativa da transcrição gênica entre machos

(M) e fêmeas (F) ........................................................................................................ 75

QUADRO 5: Dados da RT-PCR quantitativa para asps. Quantificação relativa da

trascrição gênica entre machos (M) e fêmeas (F) ..................................................... 77

QUADRO 6: ESTs de N. americanus do banco de dados dbEST e SRA, disponíveis

no NCBI, similares aos genes de inibidores de protease tipo Kunitz e asps de A.

caninum e A. ceylanicum .......................................................................................... 78

QUADRO 7: Domínios KU de A. braziliense, A. caninum, A. ceylanicum e N.

americanus selecionados para amplificação, clonagem, sequenciamento e

expressão.. ................................................................................................................ 84

Page 13: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Ab – Ancylostoma braziliense

Ac – Ancylostoma caninum

Ad – Ancylostoma duodenale

Ay – Ancylostoma ceylanicum

APR – cathepsin D-like Aspartic Protease

asp - Ancylostoma Secreted Protein gene

ASP – Ancylostoma Secreted Protein

BLAST – Basic Local Alignment Search Tool

CCZ – Centro de Controle de Zoonoses

cDNA – DNA complementar

CETEA – Comitê de Ética em Experimentação Animal

dbEST – Expressed Sequence Tags database

DEPC – dietil pirocarbonato

DNA – ácido desoxirribonucléico

DNAse - desoxirribonuclease

dNTP – desoxirribonucleotídeo 5’ fosfato

dsRNA – doubled-stranded RNA

DTT – ditiotreitol

EDTA – ácido etilenodiaminotetracético

ELISA – Enzyme Lynked Immunossorbent Assay

ES – produtos de excreção/secreção

EST – Expressed Sequence Tags

FAPEMIG – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas

FPLC – Fast Protein Liquid Chromatography

Page 14: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

13

GET – solução de glicose, EDTA e Tris

h – hora

ICB – Instituto de Ciências Biológicas

IgG – Imunoglobulina G

IPTG – isopropil-β-D-tiogalactopiranosídeo

KCl – cloreto de potássio

kV – kilovolt

L1 – larva de primeiro estádio

L2 – larva de segundo estádio

L3 – larva de terceiro estádio

L4 – larva de quarto estádio

LMC – Larva Migrans Cutânea

log - logaritmo

M – molar

µg – micrograma

MgCl2 – cloreto de magnésio

µl – microlitro

ml – mililitro

µm – micrômetros

µM – micromolar

mm – milímetros

mM – milimolar

mRNA – RNA mensageiro

Na – Necator americanus

NaCl – cloreto de sódio

Page 15: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

14

NaOH – hidróxido de sódio

NCBI – National Center for Biotechnology

ng – nanograma

nm – nanômetro

nM – nanomolar

pb – pares de base

PBS – Phosphate Buffer Saline

PCR – Polymerase Chain Reaction

pH – potencial hidrogeniônico

PM – padrão de peso molecular

PVDF – Polyvinylidene fluoride

qRT-PCR – RT-PCR quantitativa

RBS – Ribosome Binding Site

RNA – ácido ribonucléico

RNAi – interferência por RNA

rpm – rotações por minuto

RPMI – desenvolvido pelo Instituto Roswell Park Memorial

RT-PCR – Reverse Transcriptase PCR

SDS – duodecil sulfato de sódio

SDS-PAGE – sodium dodecyl sulfate - polyacrylamide gel electrophoresis

SRA – Sequence Read Archive

Taq – Thermophillus aquaticus

TMB – 3,3’,5,5’-tetrametilbenzidina

TRIS-HCL – tris hidrocloreto

UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais

Page 16: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

15

V – volts

X – vezes

xg – vezes gravidade

X-GAL – 5-bromo-4-chloro-3-indolyl- beta-D-galactopyranoside

Page 17: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

16

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................. 20

1.1. Morfologia e classificação dos ancilostomídeos ....................................... 20

1.2. Ciclo biológico .............................................................................................. 22

1.3. Ancilostomídeos zoonóticos ....................................................................... 25

1.4. Ancilostomose humana ............................................................................... 27

1.5. Resposta imune contra ancilostomídeos ................................................... 29

1.6. Vacina para ancilostomose humana e utilização de modelos

experimentais ....................................................................................................... 30

1.7. Genômica e proteômica dos ancilostomídeos ........................................... 32

2. JUSTIFICATIVA ............................................................................... 38

3. OBJETIVOS ..................................................................................... 41

3.1. Geral ............................................................................................................... 41

3.2. Específicos .................................................................................................... 41

4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................. 44

4.1. Análise das sequências gênicas de N. americanus................................... 44

4.2. Seleção das sequências gênicas de Ancylostoma ssp. ............................ 45

4.3. Obtenção dos parasitos ............................................................................... 45

4.4. Extração do RNA total .................................................................................. 47

4.5. Síntese de cDNA total ................................................................................... 48

4.6. Comparação transcricional entre vermes adultos machos e fêmeas de

ancilostomídeos .................................................................................................. 49

4.6.1. RT-PCR e RT-PCR em tempo real .......................................................... 49

4.6.2. Sequenciamento e análise das sequências ............................................. 51

4.7. Comparação da expressão protéica de inibidores de protease tipo Kunitz

entre vermes adultos machos e fêmeas de ancilostomídeos .......................... 53

4.7.1. Obtenção dos domínios KU ..................................................................... 53

4.7.2. Clonagem e transformação ...................................................................... 53

4.7.3. Extração do DNA plasmidial ..................................................................... 54

4.7.4. Expressão de proteínas ........................................................................... 56

4.7.5. Purificação e confirmação da expressão de proteínas ............................. 59

Page 18: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

17

4.7.6. Produção de anticorpo policlonal ............................................................. 60

4.7.7. Obtenção de proteínas excretadas/secretadas e extrato protéico total.... 61

4.7.8. Caracterização do perfil protéico por “Western blot” ................................ 63

4.8. Ensaio de vacinação de hamsters ............................................................... 64

4.8.1. Imunização e desafio ............................................................................... 65

4.8.2. Avaliação da imunização .......................................................................... 67

4.8.3. Avaliação da vacinação ............................................................................ 68

4.9. Teste de imunogenicidade ........................................................................... 69

4.10. Análise estatística ....................................................................................... 70

5. RESULTADOS ................................................................................. 72

5.1. Obtenção de sequências parciais para Ancylostoma ssp. ....................... 72

5.2. Comparação do perfil de transcrição para inibidores de proteases tipo

Kunitz e asps entre vermes adultos machos e fêmeas de Ancylostoma ssp.74

5.2.1. Perfil de transcrição de inibidores de proteases tipo Kunitz ..................... 74

5.2.2. Perfil de transcrição de asps .................................................................... 76

5.3. Análise das sequências gênicas de N. americanus................................... 78

5.4. Comparação da expressão protéica de inibidores tipo Kunitz entre

vermes adultos machos e fêmeas de ancilostomídeos ................................... 80

5.4.1. Amplificação dos domínios KU ................................................................. 80

5.4.2. Clonagem e sequenciamento dos domínios KU ...................................... 82

5.4.3. Expressão e purificação dos domínios KU ............................................... 84

5.4.4. Predição de epitopos e produção de anticorpos policlonais ..................... 86

5.4.5. Análise dos perfis eletroforéticos de proteínas excretadas/secretadas e

extrato protéico total ........................................................................................... 88

5.4.6. Caracterização do perfil protéico de inibidores de protease tipo Kunitz por

“Western blot” ..................................................................................................... 89

5.5. Ensaio de vacinação de hamsters ............................................................... 95

5.5.1. Avaliação da imunização .......................................................................... 95

5.5.2. Avaliação da vacinação ............................................................................ 97

5.6. Teste de imunogenicidade ......................................................................... 100

6. DISCUSSÃO .................................................................................. 104

7. CONCLUSÕES .............................................................................. 117

Page 19: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

18

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. 120

APÊNDICES ...................................................................................... 131

Page 20: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

19

INTRODUÇÃO

Page 21: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

20

1. INTRODUÇÃO

1.1. Morfologia e classificação dos ancilostomídeos

Os ancilostomídeos estão inclusos no Reino Metazoa, Filo Nematoda, Classe

Secernentea, Ordem Strongylida, Família Ancylostomatidae (BLAXTER et al., 1998;

CHILTON et al., 2006). Os nematódeos pertencentes a essa família apresentam

nítido dimorfismo sexual e duas estruturas bastante características: cápsula bucal,

nas fêmeas e machos, e bolsa copuladora, nos machos (REY, 2001). As espécies

de interesse para a medicina humana e veterinária pertencem a duas subfamílias:

Ancylostomatinae, a qual contém as espécies do gênero Ancylostoma, e

Bunostominae, com a principal espécie Necator americanus (ANDERSON, 1992). A

principal diferença morfológica entre as espécies das duas subfamílias é a presença

de dentes na cápsula bucal dos Ancylostomatinae e de placas cortantes nos

Bunostominae. Além disso, na subfamília Bunostominae, duas estruturas comuns

aos Ancylostomatinae são ausentes: espinho caudal nas fêmeas e gubernáculo nos

machos (REY, 2001; NEVES, 2003).

Os indivíduos da família Ancylostomatidae, em sua maioria, parasitam o

intestino delgado e se alimentam de sangue do hospedeiro. Esses parasitos têm

como hospedeiros definitivos canídeos, felídeos e humanos, dependendo da espécie

parasita. Os principais parasitos humanos são N. americanus, Ancylostoma

duodenale, A. ceylanicum. A. caninum e A. braziliense, sendo os dois últimos

parasitos definitivos do intestino de cães e gatos.

As espécies do gênero Ancylostoma são muito semelhantes

morfologicamente, necessitando grande perícia na identificação de seus indivíduos,

que é feita principalmente pelo tamanho, disposição e quantidade de dentes

Page 22: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

21

presentes na cápsula bucal (QUADRO 1). Mesmo com análise minuciosa à lupa,

pode haver casos de identificação incorreta, principalmente no caso de A.

braziliense e A. ceylanicum, espécies que eram anteriormente considerados

sinônimos, mas foram finalmente diferenciados por Biocca (1951). Além de

possuírem a mesma quantidade de dentes na cápsula bucal, essas espécies são

simpátricas em algumas áreas geográficas e é possível que haja identificação

equivocada entre estas (TRAUB et al., 2007).

Espécie Comprimento (mm) Número de dentes na

cavidade bucal Hospedeiros

Macho Fêmea

A. caninum 11 - 13 14 – 20 6 grandes canídeos, felídeos

A. duodenale 8 - 11 10 – 18 4 grandes e 2 pequenos humanos

A. braziliense 5 - 7,5 6,5 – 9 2 grandes e 2 pequenos canídeos, felídeos

A. ceylanicum 5 - 7,5 6,5 – 9 2 grandes e 2 pequenos canídeos, felídeos

A. tubaeforme 9,5 - 11 12 – 15 6 grandes felídeos

(adaptado de FREITAS, 1977)

Alguns estudos vêm sendo feitos a fim de estabelecer relações filogenéticas

entre os membros da família Ancylostomatidae e entre as famílias de nematódeos

(PARKINSON et al., 2004; TRAUB et al., 2004; MITREVA et al., 2005). A grande

questão em torno dos ancilostomídeos é se as subfamílias são intimamente

relacionadas ou se o parasitismo humano surgiu em dois momentos distintos dentro

da superfamília Ancylostomatoidea (BLAXTER, 2000). Isso se deve ao fato de o A.

QUADRO 1: Principais espécies de parasitos do gênero Ancylostoma com suas

características morfológicas, morfométricas e hospedeiros definitivos

Page 23: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

22

duodenale e o N. americanus serem parasitos humanos, mas possuírem grandes

diferenças não só morfológicas, mas também fisiológicas, como diferenças na

quantidade de sangue ingerido pelos adultos e de ovos postos pelas fêmeas de

cada espécie, e também nas vias de infecção do hospedeiro (ALBONICO et al.,

1998; HAAS et al., 2005; BETHONY et al., 2006). Apesar dos esforços feitos até o

momento, são necessários mais dados genéticos e proteômicos para se postular

qualquer teoria sobre a evolução biológica dos membros da superfamília

Ancylostomatoidea, como sugerido no trabalho mais recente de BLAXTER (2000).

1.2. Ciclo biológico

Os vermes adultos se fixam, através dos dentes (Ancylostomatinae) ou

lâminas (Bunostominae) da cápsula bucal, na mucosa do intestino delgado do

hospedeiro. Após a cópula, as fêmeas realizam a ovoposição de milhares de ovos

diariamente (QUADRO 2), que são eliminados juntamente com as fezes do

hospedeiro. Os ovos de ancilostomídeos são bastante semelhantes, apresentando

pouca variação de tamanho entre eles, não se constituindo em critérios para

diagnóstico diferencial em fezes (QUADRO 2 e FIGURA 1).

Espécie Oviposição p/ dia Tamanho dos ovos

A. braziliense 4 mil 75 a 95 µm

A. ceylanicum 4 mil 55 a 60 µm

A. caninum 16 a 17 mil 56 a 75 µm

A. duodenale 20 a 30 mil 56 a 76 µm

N. americanus 6 a 11 mil 64 a 76 µm

(adaptado de SOULSBY, 1965; FREITAS, 1977; REY, 2001)

QUADRO 2: Oviposição diária e tamanho dos ovos dos ancilostomídeos que acometem

humanos

Page 24: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

23

A larva rabditóide de primeiro estádio, chamada L1, eclode entre 24 e 48

horas após o ovo ter entrado em contato com o meio externo. Esse processo ocorre

sob temperatura (23 – 30°C) e umidade adequadas. Essa larva se alimenta de

microrganismos e detritos orgânicos presentes nas fezes e no solo. A larva L1 sofre

uma muda, se transformando na larva rabditóide L2. Há uma nova muda e surge a

larva L3, que não se alimenta e é a forma infectante. O desenvolvimento do ovo até

a larva de terceiro estádio acontece no período de cinco a oito dias, sob condições

ambientais favoráveis (SOULSBY, 1965).

A infecção intestinal pelas espécies do gênero Ancylostoma – A. ceylanicum e

A. duodenale, nos casos humanos, e A. braziliense, A. caninum e A. ceylanicum em

canídeos e felídeos – pode acontecer pela penetração das larvas L3 através da pele

ou pela ingestão das mesmas por seus hospedeiros, sendo a segunda via mais

FIGURA 1: Representação esquemática do ciclo de vida dos ancilostomídeos. Adaptado de

Hotez et al., 2005.

Page 25: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

24

eficiente. Já na infecção de humanos por N. americanus, o contágio se dá

predominantemente pela penetração das larvas L3 através da pele (FREITAS, 1977;

REY, 2001; NEVES, 2003).

Na infecção oral, as larvas L3 são ingeridas pelo hospedeiro e perdem sua

cutícula ao passar pelo estômago, devido à ação do suco gástrico. Após,

aproximadamente, três dias de infecção elas migram para o intestino delgado e

invadem a mucosa intestinal, onde ocorre a muda para larva L4. Depois de um ou

dois dias, as larvas L4 migram para o lúmen do intestino delgado, onde se

transformam em adultos jovens, fixam-se à mucosa intestinal por meio de suas

cápsulas bucais para realizar hematofagia e posterior cópula.

Na infecção percutânea, as larvas L3 entram em contato e penetram na pele

do hospedeiro através dos folículos pilosos, podendo chegar aos vasos sangüíneos

e/ou linfáticos. A ação de enzimas, como a hialuronidase, é importante neste

processo de invasão (HOTEZ et al., 1992). Após atingirem a circulação sanguínea,

as larvas L3 são levadas para a microcirculação pulmonar, onde penetram nos

alvéolos, passam pelo sistema respiratório, são expelidas ou deglutidas. As larvas

L3 da maioria das espécies de ancilostomídeos, ao passar pelo sistema respiratório,

sofrem a muda para L4. As larvas que atingem o sistema digestivo passam pelo

estômago e chegam ao intestino delgado, onde se desenvolvem até vermes adultos,

alimentam-se e se reproduzem. Essa rota de infecção é denominada via clássica.

Alternativamente, as larvas L3 podem atingir a circulação sistêmica e migrar pelos

tecidos (migração somática), ficando instaladas em fibras musculares esqueléticas

como larvas L3 hipobióticas (dormentes) (CURY & LIMA, 2002). Ainda não se sabe

ao certo se larvas L3, ou talvez L4, posam ficar dormentes na mucosa intestinal

(PROCIV & CROESE, 1990).

Page 26: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

25

1.3. Ancilostomídeos zoonóticos

Como já mencionado, as espécies A. braziliense e A. caninum parasitam o

intestino delgado de canídeos e felídeos. A patologia provocada por estes parasitos

é semelhante a que ocorre na ancilostomose humana, sendo mais aguda em

filhotes, cujo sistema imune é pouco eficiente. As larvas também acarretam danos à

saúde do animal através da penetração cutânea e durante a migração que antecede

à instalação dos vermes adultos no intestino delgado. Nos locais de invasão –

principalmente pele, pulmões e músculos – há uma ação irritativa, levando a um

processo inflamatório. Ao penetrarem na pele, as larvas produzem lesões

pruriginosas e, no pulmão, causam pneumonite hemorrágica (FREITAS, 1977;

CURY & LIMA, 2002; RIBEIRO, 2004).

Além de parasitar o intestino delgado de animais, A. braziliense e A. caninum

provocam a larva migrans cutânea (LMC) em humanos, sendo o A. braziliense o

principal causador dessa zoonose (SCHANTZ, 1991; HENDRIX et al., 1996;

MALGOR et al., 1996; MORRISON, 2001). Isso é parcialmente explicado pela maior

atividade da enzima hialuronidase – uma das enzimas produzidas pela larva que

atuam no processo de invasão – do A. braziliense, quando comparadas às enzimas

produzidas por A. caninum e A. tubaeforme (HOTEZ et al., 1992).

A LMC é uma dermatite provocada pela migração de larvas de nematódeos,

sob a pele, em um hospedeiro não habitual. As larvas de terceiro estádio, presentes

em solos contaminados com fezes de cães e gatos infectados, penetram na pele

humana e migram pelo tecido subcutâneo, não havendo a continuidade de seu ciclo

biológico (SCHANTZ, 1991; MORRISON, 2001). A migração da larva L3 sob a pele

humana provoca erupções serpiginosas, com produção de prurido e áreas de

eritrema (hiperemia da pele). A reação inflamatória local é responsável pelo

Page 27: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

26

aparecimento da lesão. Algumas reações podem ser mais graves, provocando

reações alérgicas locais ou generalizadas (DAVIES et al., 1993) e hipereosinofilia

(JELINEK et al., 1994). Além disso, o intenso prurido gerado pode resultar em

escoriações ou infecções secundárias, agravando o quadro.

A doença dura geralmente semanas ou poucos meses, raramente persiste

por mais de um ano, e pode ser tratada. Os tratamentos mais eficientes para essa

doença são de administração oral ou tópica de drogas anti-helmínticas. A maior

vantagem do uso de tratamentos tópicos é a ausência de efeitos colaterais

sistêmicos, entretanto eles são menos eficientes para múltiplas lesões e são

necessárias muitas aplicações diárias durante um longo período (CAUMES, 2000).

Além da LMC, o A. caninum pode causar a enterite eosinofílica humana. Essa

infecção é caracterizada pelo aumento de eosinófilos no sangue periférico, podendo

causar dor abdominal. Parasitos imaturos foram encontrados no intestino delgado de

15 pacientes australianos, sendo que em nenhum caso foi detectado mais de um

verme (PROCIV & CROESE, 1996). Landmann e Prociv (2003) demonstraram,

através de infecção experimental, que a eosinofilia sanguínea é provocada pela

presença de vermes adultos (no intestino delgado), pois a infecção percutânea

produziu inflamação local, mas não provocou aumento no número de eosinófilos no

sangue periférico. Em contrapartida, infecções orais com diferentes doses de larvas

L3, desencadearam significativa eosinofilia sanguínea, além de dor abdominal

moderada. Portanto, a enterite eosinofílica humana é provavelmente provocada pela

ingestão de larvas L3 de A. caninum (LANDMANN & PROCIV, 2003).

Page 28: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

27

1.4. Ancilostomose humana

A ancilostomose humana é uma das doenças parasitárias mais prevalentes

do mundo, acometendo 576-740 milhões de pessoas em regiões tropicais e

subtropicais (BETHONY et al., 2006). A maior parte das infecções é causada por N.

americanus, ancilostomídeo predominante na África Subsaariana, sudeste da Ásia e

América, enquanto o A. duodenale é mais restrito geograficamente, sendo endêmico

em regiões da China e Índia (HOTEZ et al., 2004, 2005). Já o A. ceylanicum, que

infecta cães e gatos, pode também infectar humanos, mas esta é considerada uma

ancilostomose de menor importância (HOTEZ et al., 2004) (FIGURA 2).

A patogenia da ancilostomose é uma consequência direta da perda

sanguínea, que ocorre durante a fixação e alimentação dos ancilostomídeos na

mucosa intestinal. Em um grande número de países em desenvolvimento, a

ancilostomose é a principal causa da perda de sangue intestinal, anemia por

deficiência de ferro e desnutrição protéica que, dependendo do estado nutricional do

FIGURA 2: Distribuição e prevalência mundial da ancilostomose. Ilustração: Margaret Shear,

Public Library of Science, adaptado de de Silva et al., 2003

Page 29: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

28

hospedeiro e da carga parasitária, podem causar retardo mental e físico, óbitos em

crianças e danos à saúde materno-fetal em mulheres grávidas (DE SILVA et al.,

2003; BROOKER et al., 2004; HOTEZ et al., 2005; WHO, 2005). Além disso, a

espécie causadora da infecção também influencia no grau de debilidade do

hospedeiro, já que o A. duodenale causa cinco vezes mais perda de sangue que o

N. americanus (ALBONICO et al., 1998).

Apesar da importância do diagnóstico diferencial específico da ancilostomose

humana, principalmente nas áreas endêmicas para mais de uma espécie de

ancilostomídeos, habitualmente o diagnóstico é feito através detecção de ovos nas

fezes do hospedeiro, entretanto, os ovos dos ancilostomídeos são indistinguíveis

entre si e muito semelhantes aos de outros estrongilídeos. Alternativamente, o

método de coprocultura – desenvolvimento de larvas L3 a partir dos ovos – pode ser

utilizado, mas este é capaz de identificar apenas o gênero do parasito (REY, 2001;

NEVES, 2003). Estudos recentes baseados em diferentes técnicas de biologia

molecular têm trazido grandes avanços para o desenvolvimento de um diagnóstico

específico para a ancilostomose (revisado por GASSER et al., 2008).

O controle da doença nas regiões endêmicas é feito através do uso drogas

anti-helmínticas, como albendazol, mebendazol, pamoato de pirantel e/ou levamisol

(WHO, 2005; BETHONY et al., 2006). Entretanto, as altas taxas de reinfecção após

o tratamento, a diminuição da eficácia dos anti-helmínticos utilizados devido ao seu

uso frequente e o surgimento de uma possível resistência dos ancilostomídeos a

essas drogas – baseado na experiência com nematódeos de gado (revisado por

WOLSTENHOLME et al., 2004) –, têm demonstrado a necessidade de buscar novas

alternativas, dentre elas, o desenvolvimento de vacinas recombinantes (HOTEZ et

al., 2006). Atualmente, tem sido proposto o desenvolvimento de uma vacina anti-

Page 30: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

29

helmíntica multivalente, utilizando antígenos dos dois parasitos, que seja capaz de

combater a ancilostomose e a esquistossomose humanas, devido à similaridade da

patogenia e biologia desses helmintos, à habilidade de ambos em causar anemia

nos seus hospedeiros e à coendemicidade dos parasitos na África Subsaariana,

Brasil e Ásia Oriental (HOTEZ et al., 2008).

1.5. Resposta imune contra ancilostomídeos

A complexidade do ciclo de vida dos ancilostomídeos oferece numerosas

oportunidades para o parasito e o hospedeiro interagirem molecularmente. Assim, o

contato do parasito com suas barreiras críticas, como durante a invasão cutânea e

passagem através dos tecidos pulmonares, bem como durante a chegada e

penetração na mucosa intestinal, expõem o hospedeiro a uma diversidade

antigênica muito grande (LOUKAS & PROCIV, 2001). Alem disso, cada fase de

desenvolvimento do parasito, larvas e adultos, expressa um perfil de proteínas

antigênicas, provocando respostas imunes distintas no hospedeiro (GEIGER et al.,

2007). Esses dois fatores representam um desafio para o sistema imune do

hospedeiro vertebrado.

Os ancilostomídeos geram uma resposta imunológica típica de nematóides

gastrointestinais em seus hospedeiros definitivos. Pacientes infectados por

ancilostomídeos produzem altos níveis de imunoglobulina (Ig) E, com eosinofilia

sistêmica e localizada (pulmões e intestino), se caracterizando como uma resposta

do perfil T helper tipo 2 (Th2) (LOUKAS et al., 2006).

Uma resposta humoral exacerbada é montada contra adultos e larvas de

ancilostomídeos, mas o efeito que esta tem sobre os parasitos ainda não é muito

claro. Ancilostomídeos sobrevivem relativamente bem em um ambiente

Page 31: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

30

imunologicamente hostil, onde o ambiente com fenótipo Th2 (com predomínio das

interleucinas IL-4 e IL-5) está associado com proteção parcial do hospedeiro. No

entanto, esta resposta não protege contra reinfecções. Os mecanismos pelos quais

isso ocorre ainda são desconhecidos (LOUKAS et al., 2006). O parasito pode

promover sua sobrevivência secretando agentes imunossupressores e estimulando

o aparecimento de populações T regulatórias (Treg) (PRITCHARD et al., 2007;

RICCI et al., 2011).

Os produtos de excreção e secreção de adultos são potentes moduladores de

citicinas e quimiocinas, especialmente TNFα, que possivelmente atuam como

mecanismo de evasão, prolongando a sobrevida do parasito no hospedeiro

(GEIGER et al., 2007).

Estudos mostram que a infecção por ancilostomídeos tem um efeito

imunomodulatório que pode afetar a resposta imunológica do hospedeiro (homem)

infectado, quando exposto a antígenos exógenos, tais como vacinas. Nesses

estudos foram evidenciados diminuição da resposta linfocitária no sangue periférico

de pacientes (KALINKOVICH et al., 1998; ONYEMELUKWE et al., 2001) e altos

níveis de IL-10 (GEIGER et al., 2004). Entretanto, foi demonstrado que pacientes

recém-curados pelo uso de anti-helmínticos podem recuperar a resposta

imunológica celular contra os ancilostomídeos (GEIGER et al., 2004).

1.6. Vacina para ancilostomose humana e utilização de modelos experimentais

Nos últimos anos, houve um significativo aumento nos esforços para a

produção de uma vacina recombinante eficaz contra ancilostomídeos (HOTEZ et al.,

2003, 2005, 2006; LOUKAS et al., 2006), fundamentada na biologia dos parasitos e

na interação molecular parasito-hospedeiro (ABUBUCKER et al., 2008; DATU et al.,

Page 32: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

31

2008; RABELO et al., 2009). Portanto, o desenvolvimento de vacinas recombinantes

envolve o conhecimento da função de várias proteínas do parasito e sua possível

capacidade imunogênica.

Para N. americanus, já foram feitos alguns testes, em hamsters (Mesocricetus

auratus), com proteínas envolvidas na infecção pela larva L3, proteínas envolvidas

no processo de digestão da hemoglobina e antígenos de superfície (XIAO et al.,

2008). Baseado nos resultados encontrados até o momento, acredita-se que a

vacina ideal, para humanos, seja um coquetel contendo dois antígenos, um derivado

da larva infectante (L3) e outro de adulto (LOUKAS et al., 2006).

Estudos já demonstraram que vacinas recombinantes de ASP-2 protegeram

parcialmente cães e/ou hamsters contra infecções por A. caninum (BETHONY et al.,

2005), A. ceylanicum (GOUD et al., 2004; MENDEZ et al., 2005) e N. americanus

(XIAO et al., 2008).

As proteínas Na-ASP-2 (N. americanus - ancylostoma secreted protein 2) e

Na-APR-1 (N. americanus - cathepsin D-like aspartic protease 1), expressas em

larvas L3 e adultos, respectivamente, foram por algum tempo, consideradas, as

principais candidatas a comporem uma vacina recombinante, sendo que Na-ASP-2

passou pela fase 1 de testes em humanos. Embora a vacina recombinante tenha

apresentado uma boa proteção em animais de laboratório (BETHONY et al., 2005) e

bem tolerada imunogenicamente em humanos, vacinados na fase 1 nos EUA

(BETHONY et al., 2008), quando testada em indivíduos de áreas endêmicas no

Brasil, se mostrou extremamente alergênica provocando fortes reações de urticária

nos voluntários (BETHONY et al., 2011). Posteriormente, foi demonstrado que essas

reações de urticária foram associadas com níveis elevados de anticorpos IgE

Page 33: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

32

específicos para Na-ASP-2, presentes na população de área endêmica em

decorrência de infecções prévias por ancilostomídeos (BETHONY et al., 2011).

Os ancilostomídeos parasitos de animais – A. caninum, A. ceylanicum e A.

braziliense – são modelos úteis e práticos para o estudo do controle ancilostomose

humana, pois podem ser mantidos em laboratório em linhagens de hamsters, cães

ou gatos (CARROL & GROVE, 1984; MITTRA et al., 1984; GARSIDE & BEHNKE,

1989), assim como a manutenção de N. americanus em hamsters, desde que seja

uma cepa adptada à esses roedores (JIAN et al., 2003a; 2003b), permitindo portanto

a produção de parasitos para estudos moleculares, além de elucidar muitas

questões acerca da infecção e da interação parasito-hospedeiro, que não poderiam

ser reveladas pelas infecções humanas, devido às evidentes limitações

experimentais (revisado por FUJIWARA et al., 2006; SEN et al., 2000; XIAO et al.,

2008).

1.7. Genômica e proteômica dos ancilostomídeos

Várias sequências gênicas e proteínas já foram descritas para

ancilostomídeos, incluindo membros das duas subfamílias, Ancylostominae, com

sequências para A. ceylanicum e, principalmente, para A. caninum, e para a

subfamília Bunostominae, com um grande número de sequências para N.

americanus. São conhecidas 104 mil sequências genômicas de A. caninum, geradas

no projeto genoma do parasito (ABUBUCKER et al., 2008) e existem mais de 80 mil

ESTs (Expressed Sequence Tags) disponíveis no banco de dados de DNA do NCBI

(National Center for Biotechnology Information). Recentemente, foram

disponibilizadas um grande número de sequências para N. americanus (RABELO et

al., 2009; CANTACESSI et al., 2010), totalizando mais de 530 mil sequências

Page 34: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

33

disponíveis no banco de dados do NCBI, que ainda foram pouco exploradas, sendo

que destas apenas 169 são sequências completas e a grande maioria são relativas

a diferentes alelos da proteína mitocondrial citocromo oxidase I, utilizada em estudos

de filogenia.

A maior parte das proteínas já estudadas, em ancilostomídeos, está envolvida

no processo de invasão do parasito no hospedeiro, na digestão da hemoglobina

ingerida pelo ancilostomídeo e na proteção do ancilostomídeo contra o sistema

imune e a ação das enzimas digestivas do hospedeiro (HAWDON et al., 2003;

WILLIAMSON et al., 2003; ZHAN et al., 2003), dentre as quais se destacam as ASPs

e os inibidores de serino-proteases tipo Kunitz.

As ASPs (Ancylostoma Secreted Protein) são membros da família de

proteínas SCP/Tpx/Ag5/PR-1/Sc7 (SCP/TAPS) (VAN LOON & VAN STRIEN, 1999),

caracterizada pela presença do domínio Pfam PF00188 (SCP-like), que possui uma

ampla variedade de proteínas, como venenos alérgenos de vespas (LU et al., 1993),

proteínas relacionadas à patogênese em plantas (VAN LOON & VAN STRIEN, 1999)

e glicoproteínas encontradas no testículo e epidídimo de mamíferos

(KRÄTZSCHMAR et al., 1996).

As ASPs são secretadas e específicas de nematódeos e já foram descritas

em nove espécies do Filo (VISSER et al., 2008). Atualmente, já foram descritas

quinze ASPs de várias espécies de ancilostomídeos, sendo que para A. caninum,

foram descritas seis ASPs: duas são expressas apenas por larvas de terceiro

estádio (ASP-1 e ASP-2), duas são expressas apenas por adultos (ASP-5 e ASP-6)

e duas por ambos (ASP-3 e ASP-4) (ZHAN et al., 2003). Além disso, foram

identificadas 25 novas proteínas homólogas a ASPs nos produtos ES de A. caninum

(MULVENNA et al., 2009). Dentre as outras espécies, já foram descritas as ASP-1 e

Page 35: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

34

ASP-2 de N. americanus (ZHAN et al., 1999; ASOJO et al., 2005), de A. duodenale

(ZHAN et al., 1999) e A. ceylanicum (GOUD et al., 2004), além das ASP-3, ASP-4 e

ASP-5 de A. ceylanicum (disponíveis no NCBI).

Nas larvas de ancilostomídeos, essas proteínas são abundantes nos

produtos de excreção/secreção (ES) de L3 submetidas à transição para a fase

parasitária. Em particular, as ASP-1 e ASP-2 de A. caninum são duas proteínas

dominantes em tais produtos de L3 soroativadas (HAWDON et al., 1996, 1999) e

estudo recente mostrou um substancial aumento da transcrição das ASPs durante a

fase inicial de transição para o parasitismo em A. caninum, sugerindo a participação

dessas proteínas em um ou mais mecanismos envolvidos na interação parasito-

hospedeiro e/ou desenvolvimento (DATU et al., 2008).

Apesar da eminente importância das ASPs e dos estudos promissores em

relação à vacina, pouco se sabe sobre esse grupo de moléculas e a função das

ASPs em adultos é desconhecida. Entretanto, a presença delas em outros membros

da família e a secreção para o microambiente do hospedeiro sugere que elas sejam

importantes para o parasitismo e/ou sobrevivência do nematódeo no hospedeiro

(ZHAN et al., 2003). Além disso, a estrutura tridimensional da Na-ASP-2 revelou uma

conformação semelhante à adotada por algumas quimiocinas, instigando

especulações sobre uma função imunomoduladora para essa proteína (ASOJO et

al., 2005).

Em estudo recente, foi demonstrado em A. braziliense, a expressão

diferencial em machos de uma EST (Expressed Sequence Tag) similar à Ac-ASP-5,

quando comparados a fêmeas deste parasito (COSTA et al., 2008). Outro estudo

também revelou que algumas ASPs eram diferencialmente transcritas ou expressas

Page 36: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

35

em machos de Ostertagia ostertagi, nematódeo parasito de bovinos (VISSER et al.,

2008). Entretanto, a importância biológica desse fato ainda é desconhecida.

Costa e colaboradores (2008) também demonstraram a expressão diferencial

de duas ESTs, similares ao inibidor de serino-proteases tipo Kunitz de A. caninum,

em machos de A. braziliense.

Inibidores tipo Kunitz são proteínas ubíquas entre os eucariotos, que possuem

atividade inibitória contra serino-proteases, podendo conter um ou mais domínios

característicos (cd00109), que contem seis resíduos de cisteína possibilitando a

formação de três pontes dissulfeto (HAWDON et al., 2003; WILLIAMSON et al.,

2003; PEARSON et al., 2012). Para nematódeos, existem 44 proteínas disponíveis

no banco de dados contendo esse(s) domínio(s) (HAWDON, et al., 2003), sendo que

para ancilostomídeos, já foram descritos em A. ceylanicum (MILSTONE et al., 2000),

A. caninum (HAWDON, et al., 2003) e A. duodenale (disponível no NCBI), além de

A. braziliense (COSTA et al., 2008).

Chu e colaboradores (2004) demostraram a atividade inibitória da proteína já

descrita para A. ceylanicum contra três serino-proteases digestivas – tripsina,

quimiotripsina e elastase pancreática – além de inibição contra elastase de

neutrófilos, sugerindo assim que inibidores tipo Kunitz estão envolvidos na proteção

do parasito contra a digestão pelas enzimas do hospedeiro, além de poderem estar

envolvidos na evasão do sistema imune. Além disso, um esaio de vacinação

demonstrou que a ação destes inibidores é um dos fatores envolvidos no atraso de

crescimento do hospedeiro (CHU et al., 2004).

Assim como para as ASPs, estudos já demonstraram que alguns inibidores de

serino-proteases são específicos ou mais expressos em machos de outro

Page 37: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

36

nematódeo, neste caso, o parasito de suínos Oesophagostomum dentatum (BOAG

et al., 2002).

Considerando o que já se conhece sobre ASPs e inibidores de proteases tipo

Kunitz, incluindo o perfil macho-específico observado para algumas dessas

proteínas em estudos anteriores, e o grande número de sequências disponibilizadas

recentemente para N. americanus (CANTACESSI et al., 2010), contendo uma alta

quantidade de sequências parciais de asps e genes tipo Kunitz, torna eminente a

possível importância dessas moléculas para a sobrevivência do parasito em seu

hospedeiro. Deste modo, o estudo de inibidores de protease tipo Kunitz e ASPs é de

grande importância para o entendimento da relação parasito/hospedeiro, além de

fornecer potenciais alvos para quimioterapia e desenvolvimento de vacinas.

Page 38: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

37

JUSTIFICATIVA

Page 39: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

38

2. JUSTIFICATIVA

Apesar do grande impacto da ancilostomose nos países em desenvolvimento,

os estudos moleculares de caracterização e função de proteínas, para membros da

família Ancylostomatidae, ainda são escassos.

Em estudo anterior, cujo objetivo era sequenciar novas ESTs e avaliar a

transcrição diferencial de genes entre machos e fêmeas de A. braziliense, foi

observada maior transcrição de uma EST similar à proteína ASP-5 e duas ESTs

similares ao inibidor de serino-proteases tipo Kunitz, ambos de A. caninum, em

machos de A. braziliense.

Estes resultados, além do grande número de ESTs de ancilostomídeos

depositadas nos bancos de dados de DNA similares a ASPs e inibidores de

proteases, evidenciam a importância dessas moléculas para o parasitismo,

justificando a continuidade do trabalho, a fim de avaliar a transcrição diferencial de

asps e inibidores de proteases tipo Kunitz em outras espécies de ancilostomídeos,

além de confirmar a expressão diferencial de tais genes.

A descoberta da função de novas proteínas é essencial para uma melhor

compreensão dos vários mecanismos de interação entre parasito e hospedeiro,

abrindo-se novas de opções de moléculas alvos para intervenção do ciclo dos

ancilostomídeos, aumentando as possibilidades de controle da doença.

Para isso, faz-se necessário um estudo minucioso de tais proteínas, sendo

necessário que haja não só o conhecimento de suas sequências gênicas e seu

potencial imunogênico, mas também se há diferença de transcrição e expressão

entre os sexos e, em estudos futuros, determinar as implicações fenotípicas

provocadas pelo silenciamento dessas moléculas.

Page 40: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

39

Sendo assim, este estudo pretende caracterizar em maior profundidade as

asps e inibidores de proteases tipo Kunitz, nos principais membros da família

Ancylostomatidae, com possíveis desdobramentos para a seleção de novos alvos a

serem usados em programas de vacinação e controle imunoterápicos.

Page 41: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

40

OBJETIVOS

Page 42: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

41

3. OBJETIVOS

3.1. Geral

• Estudar o perfil de transcrição gênica das proteínas ASPs (Ancylostoma

Secreted Protein) e de transcrição e expressão gênica de inibidores de

proteases tipo Kunitz de ancilostomídeos.

3.2. Específicos

• Obter novas sequências, completas ou parciais, de asps e genes de inibidores

de proteases tipo Kunitz para A. braziliense, A. caninum e A. ceylanicum;

• Identificar prováveis sequências nucleotídicas de ASPs e inibidores de

proteases tipo Kunitz para N. americanus, a partir do banco de dados do NCBI,

em comparação com as sequências já descritas para A. caninum e A.

ceylanicum;

• Analisar a transcrição de ASPs e inibidores de proteases tipo Kunitz de A.

braziliense, A. caninum e A. ceylanicum, para vermes adultos machos e

fêmeas, através da RT-PCR e RT-PCR em tempo real;

• Clonar e expressar os domínios de genes de inibidores de proteases tipo Kunitz

de A. braziliense, A. caninum, A. ceylanicum e N. americanus, para posterior

produção de anticorpos;

• Analisar a expressão de inibidores de proteases tipo Kunitz em A. braziliense,

A. caninum, A. ceylanicum e N. americanus, para vermes adultos machos e

fêmeas, através de Western blot com extrato protéico total e produtos de

excreção e secreção, utilizando soro contra os domínios expressos;

Page 43: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

42

• Realizar ensaio vacinal em hamsters, com os domínios de inibidores de

protease tipo Kunitz recombinantes e posterior desafio com A. ceylanicum;

• Avaliar a imunogenicidade dos inibidores de proteases tipos Kunitz, através de

ELISA, com os domínios expressos e soros de cães e hamsters infectados.

Page 44: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

43

MATERIAL E MÉTODOS

Page 45: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

44

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Análise das sequências gênicas de N. americanus

O banco de sequências gênicas de N. americanus foi analisado para se obter

as possíveis sequências gênicas de ASPs e inibidores de proteases tipo Kunitz, que

foram selecionadas a partir do banco de dados dbEST e SRA (Sequence Read

Archive - SRA012052) (CANTACESSI et al., 2010), disponíveis no NCBI, por

homologia aos genes já descritos para A. caninum e A. ceylanicum.

Foram selecionadas todas ESTs similares a asps e genes de inibidores de

protease tipo Kunitz, baseado na similaridade, em aminoácidos, destas com os

genes: asp-4 (número de acesso AY217005), asp-5 (AY217006) e asp-6

(AY217007) de A. caninum; asp-4 (AY423766) e asp-5 (DQ250680) de A.

ceylanicum; tipo Kunitz (um domínio – 1D) de A. ceylanicum (AF172651) e de A.

caninum (12D) (AF533590). Isso foi feito utilizando o Basic Local Alignment Search

Tool program (BLAST) (ALTSCHUL et al., 1990) para ESTs traduzidas (TBLASTX).

A partir das ESTs selecionadas, foram geradas sequências consenso para

asps e genes de inibidores de protease tipo Kunitz, tendo como parâmetros a

sobreposição de 70%, tamanho maior que 40 bases e identidade superior a 94% na

região sobreposta. Com as sequências consenso geradas, foi feita a busca por

domínios conservados – SCP-like (cd05380), para as asps, e KU (cd00109), para os

genes de inibidores de protease tipo Kunitz –, predição de proteínas através do

programa GeneMark™ (BESEMER & BORODOVSKY, 2005), utilizando C. elegans

como modelo, e busca por peptídeo sinal, utilizando o SignalP 4.0 Server

(BENDTSEN et al., 2004).

Page 46: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

45

A partir das sequências consenso geradas para prováveis inibidores de

protease tipo Kuintz, foram selecionados alguns domínios KU destas, para desenho

de iniciadores e posterior amplificação e expressão.

4.2. Seleção das sequências gênicas de Ancylostoma ssp.

As sequências gênicas de ASPs e inibidores de proteases tipo Kunitz

analisadas em Ancylostoma ssp. foram obtidas a partir do banco de dados do NCBI.

Foram selecionadas sequências gênicas codificadoras dessas proteínas disponíveis

para adultos de A. caninum e A. ceylanicum e, a partir destas, foram obtidas novas

sequências parciais para as três espécies.

4.3. Obtenção dos parasitos

Os vermes adultos de A. caninum foram obtidos através da necropsia de cães

capturados no perímetro urbano da cidade de Belo Horizonte pelo centro de controle

de zoonose (CCZ) da Secretaria Municipal de Saúde deste município. O sacrifício

dos cães é um procedimento de rotina do CCZ realizado pelos veterinários

responsáveis. Após o sacrifício, os animais foram levados à sala de necropsia para

retirada do intestino delgado. Em seguida, estes órgãos foram transportados em

sacos plásticos ao Laboratório de Parasitologia Molecular, onde foram abertos em

salina 0,85%, seguindo-se a raspagem da mucosa intestinal, para desprendimento

dos vermes adultos fixados e lavagem do conteúdo intestinal em tamis de 0,25 mm.

O material filtrado foi transferido para um recipiente transparente, sob jato de

água, para separação dos vermes adultos machos e fêmeas e posterior

identificação, utilizando um microscópio estereoscópio, sem o uso de fixadores ou

diafanizadores.

Page 47: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

46

Os vermes adultos de A. ceylanicum e N. americanus foram obtidos após

necropsia de hamsters (M. auratus) infectados com cepas originárias da George

Washington University, cedidas pelo Dr. Peter Hotez, mantidos pelo Laboratório de

Parasitologia Molecular do Departamento de Parasitologia da UFMG, seguindo as

recomendações do Comitê de Ética em Experimentação Animal da Universidade

Federal de Minas Gerais (CETEA/UFMG), conforme projeto aprovado sob o número

66/2008.

Para manutenção de A. ceylanicum, são inoculadas 50 larvas infectantes (L3)

previamente recuperadas e preparadas, via oral, com auxílio de gavage, no tubo

digestivo superior de hamsters (M. auratus) fêmeas, nascidos no Biotério de

Reprodução do Departamento de Parasitologia (ICB/UFMG), com idades entre

quatro e seis semanas. Os animais são mantidos à temperatura ambiente, em

gaiolas plásticas, em grupos de cinco animais, sendo oferecidas água e ração

comercial para camundongos ad libitum.

Quinze dias após o inóculo, é iniciada a coleta de fezes dos animais

infectados para obtenção de larvas infectantes (L3), através de coprocultura

(ROBERTS & O´SULLIVAN, 1950) e do exame de Baermann Moraes modificado

(BARÇANTE et al., 2003).

A fim de evitar a eliminação espontânea dos vermes adultos, 30 dias após a

infecção os animais são sacrificados com sobredose de anestésico (150 mg/kg de

Thiopental sódico®), conforme recomendações do CETEA/UFMG.

A manutenção de N. americanus é feita em hamsters (M. auratus) machos,

com idades entre seis e oito semanas. Para infecção, 250 larvas infectantes (L3)

previamente preparadas são inoculadas pela via subcutânea, com seringa e agulha

25x7, na região da nuca dos hamsters. Os procedimentos de recuperação de larvas,

Page 48: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

47

manutenção e sacrifício dos hamsters são semelhantes aos descritos para A.

ceylanicum, sendo que, neste caso, o sacrifício é feito 60 dias após a infecção.

Após o sacrifício dos hamsters infectados com A. ceylanicum ou N.

americanus, o intestino delgado foi retirado e colocado imediatamente em solução

salina tamponada (PBS, pH 7,4) de onde foram coletados os vermes adultos. Após a

separação e identificação, os parasitos foram incubados em solução salina

tamponada (PBS, pH 7,4) para eliminação de material exógeno aparente presente

na cápsula bucal dos ancilostomídeos.

Os vermes adultos utilizados para extração de RNA foram acondicionados em

tubos de microcentrífuga (1,5 ml) e armazenados em freezer -80ºC até sua

utilização, enquanto os vermes adultos recuperados para a produção de antígenos –

produtos excretados/secretados (ES) e extrato protéico total – foram utilizados logo

após sua recuperação.

Os parasitos adultos machos e fêmeas de A. braziliense utilizados neste

estudo foram obtidos em estudo prévio desenvolvido no Laboratório de Parasitologia

Molecular (COSTA, 2007) e estavam armazenados em freezer -80ºC. Deste modo,

só puderam ser utlizados para extração de RNA e produção de extrato protéico total.

4.4. Extração do RNA total

O RNA total de 10-20 vermes adultos – A. braziliense, A. caninum, A.

ceylanicum e N. americanus – machos e fêmeas separadamente, foi extraído em

tubo de microcentrífuga (1,5 ml) estéril com o auxílio de um pistilo, utilizando 1 ml do

reagente Trizol (GIBCO-BRL) e nitrogênio líquido.

Após a homogeneização tecidual, foi feita uma centrifugação a 12000xg por

10 minutos a 4ºC para sedimentação de produtos indesejáveis como, por exemplo,

Page 49: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

48

restos de tecidos. O sobrenadante foi transferido para um novo tubo de

microcentrífuga (1,5 ml) estéril e incubado por 5 minutos a temperatura ambiente.

Decorrido este tempo, 200 µl de clorofórmio foram adicionados aos tubos. Esses

foram agitados vigorosamente por 15 segundos e incubados a 25 ºC por 3 minutos,

seguindo-se uma centrifugação a 12000xg por 15 minutos a 4ºC para separação da

mistura em três fases, sendo a fase superior, incolor, transferida para um novo tubo

de microcentrífuga (1,5 ml) estéril. Nesse tubo foram adicionados 500 µl de álcool

isopropanol para precipitação do RNA. As amostras foram incubadas por 15 minutos

a -20 ºC e posteriormente centrifugadas a 12000xg por 20 minutos a 4ºC. O produto

precipitado foi lavado com 1 ml de etanol 75% acrescido de DEPC (dietil

pirocarbonato) (0,01%) e o RNA foi ressuspendido em água DEPC (0,01%),

proporcionalmente a quantidade inicial de vermes. Posteriormente, as amostras de

RNA foram quantificadas em espectrofotômetro NanoDrop™ (Thermo Scientific) e

armazenadas a -80 ºC.

4.5. Síntese de cDNA total

As amostras de RNA foram submetidas à ação da DNAse I

(Deoxyribonuclease I, Amplification Grade – Invitrogen) para degradação de

possíveis traços de DNA. Essa reação foi realizada em um volume final de 10 µl

contendo 20 mM Tris-HCl (pH 8,4), 2 mM MgCl2, 50 mM de KCl, 0,1 unidade da

DNAse I e 1µg da amostra de RNA, a temperatura ambiente (25ºC) por 15 minutos.

Depois disso, a enzima DNAse I foi imediatamente inativada pela adição de 1µL de

EDTA (25 mM) e incubação a 65ºC por 15 minutos.

Após o tratamento com DNAse, 1 µg de RNA total foi utilizado como molde

para a síntese de cDNA. Essa ocorreu em um volume final de 20 µl contendo 25

Page 50: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

49

ng/µl de oligo dT12-18, 500 µM de cada dNTP, 50 mM Tris-HCl (pH 8,3), 75 mM KCl, 3

mM MgCl2, 10 mM de DTT e 200 unidades da transcriptase reversa (SuperScript™ II

Reverse Transcriptase - Invitrogen), com incubação a 42ºC por 50 minutos.

Posteriormente, a enzima foi desnaturada a temperatura de 70ºC por 15 minutos.

Simultaneamente, foram preparados controles de transcrição sem adição da enzima

transcriptase reversa (SuperScript™ II Reverse Transcriptase - Invitrogen) para

atuarem como controle negativo.

4.6. Comparação transcricional entre vermes adultos machos e fêmeas de

ancilostomídeos

4.6.1. RT-PCR e RT-PCR em tempo real

Para amplificação de asps e genes codificadores de inibidores de protease

tipo Kunitz das três espécies de Ancylostoma, foram desenhados iniciadores

baseados nas sequências de A. caninum e A. ceylanicum disponíveis no banco de

dados do NCBI, utilizando o programa Primer Express® v2.0 (Applied Biosystems,

EUA).

Pares de oligonucleotídeos (direto e reverso) foram feitos para os genes: asp-

4 (AY217005), asp-5 (AY217006) e asp-6 (AY217007) de A. caninum; asp-4

(AY423766) e asp-5 (DQ250680) de A. ceylanicum; tipo Kunitz (1D) de A.

ceylanicum (AF172651) e de A. caninum (12D) (AF533590). Para o RT-PCR em

tempo real, os iniciadores foram desenhados/combinados para gerar fragmentos

menores que 150 pb. Todos os iniciadores e tamanhos dos respectivos fragmentos

estão listados no APÊNDICE A. Foram desenhados também dois pares de

iniciadores para o gene asp-3 (AY217004) de A. caninum, mas estes não

Page 51: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

50

amplificaram o cDNA. Por este motivo, não foram desenhados iniciadores para o

gene asp-3 (AY423765) de A. ceylanicum.

O cDNA anteriormente sintetizado foi submetido à uma RT-PCR para

amplificar as sequências selecionadas, verificando assim a transcrição de tais genes

em vermes adultos machos e fêmeas de A. braziliense, A. caninum e A. ceylanicum.

As reações foram feitas em um volume final de 10 µl contendo 10 mM Tris-

HCl pH 8,4, 50 mM KCl, 1,5 mM MgCl2, 0,1% Triton®X-100, 200 µM de cada dNTP,

0,6 µM de cada um dos dois iniciadores e 0,5 unidades de Taq DNA Polimerase

(Phoneutria, MG, Brasil). Como alvo da amplificação, foram utilizados 1 µl de cDNA

de machos ou fêmeas de A. braziliense, A. caninum e A. ceylanicum. A reação foi

executada em um termociclador sob as seguintes condições: um passo inicial de

95ºC por 3 minutos para desnaturação, seguido por 30 ciclos de 95ºC por 1 minuto

para nova desnaturação, 60ºC por 1 minuto para anelamento e 72ºC por 1 minuto

para extensão, realizando-se posteriormente um passo com 72ºC por 7 minutos para

extensão final. Os produtos dessa amplificação foram analisados em gel de agarose

1% acrescido de brometo de etídio (0,5 µg/ml).

As amostras de cDNA foram também amplificadas utilizando Power SYBR®

Green PCR Master Mix (Applied Biosystems), composto pelo marcador SYBR®

Green I, AmpliTaq Gold® DNA Polimerase, dNTPs, referência passiva e tampão

otimizado. As reações ocorreram em um volume final de 25 µl contendo Power

SYBR® Green PCR Master Mix (Applied Biosystems) 1X, 0,45 µM de cada iniciador

e 1 µl de cDNA, além de água deionizada. As reações foram realizadas em duplicata

para todas as amostras e reações sem cDNA (contendo água) foram utilizadas como

controle negativo. Três réplicas biológicas foram feitas para todos os genes

avaliados.

Page 52: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

51

As reações foram feitas no sistema de PCR em tempo real ABI PRISM

7900HT, em placas de polipropileno para 96 amostras cobertas por adesivos

ópticos, todos da empresa Applied Biosystems. As condições de amplificação foram:

95°C por 10 minutos para ativação da AmpliTaq Gold® DNA Polimerase, seguido de

40 ciclos com 95°C por 15 segundos para desnaturação, 60°C por 45 segundos para

anelamento dos iniciadores e 72°C por 30 segundos para extensão. O estágio de

dissociação foi adicionado ao programa para que sejam feitas análises de

amplificação específica ao término das reações. O método 2-∆∆Ct foi utilizado para

determinar a quantidade relativa dos transcritos (LIVAK & SCHMITTGEN, 2001).

O gene da proteína ribossomal 60S (TRIVEDI & ARASU, 2005) foi utilizado

como controle interno na RT-PCR e RT-PCR em tempo real, para todas as espécies.

4.6.2. Sequenciamento e análise das sequências

Os amplicons produzidos foram sequenciados segundo método descrito

originalmente por Sanger e colaboradores (1977). Para isso, os fragmentos

amplificados foram purificados para remoção de produtos indesejáveis como

nucleotídeos e iniciadores não incorporados, utilizando o kit GFX® (GE Healthcare)

conforme instruções do fabricante.

As reações de sequenciamento foram feitas utilizando-se o DYEnamic™ET

dye terminator kit MegaBACE™ (GE Healthcare) e ocorreram em placas (96 poços)

com um volume final de 10 µl contendo 0,5 µM do iniciador direto ou reverso, 100 ng

do fragmento de DNA purificado, 4 µl de ETkit (pré-mix para sequenciamento) e

água pura suficiente para completar o volume. As reações foram realizadas em um

termociclador com 30 ciclos de 95ºC por 20 segundos, 55ºC por 15 segundos e 60ºC

por 1 minuto. Posteriormente, os nucleotídeos não incorporados foram retirados,

adicionando-se 1 µl de acetato de amônio (7,5 M) e 25 µl de etanol 95% e, após

Page 53: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

52

incubação a 25ºC por 15 minutos, foi feita centrifugação a 4000xg por 45 minutos a

25ºC. O sobrenadante foi descartado e 150 µl de etanol 70% adicionado às

amostras seguindo-se uma centrifugação a 4000xg por 15 minutos a 25ºC. O

sobrenadante foi descartado e o sedimento re-dissolvido por agitação em vortex com

10 µl do tampão de solubilização contendo 70% de formamida e 1 mM de EDTA.

Os produtos do sequenciamento foram submetidos à leitura no sequenciador

automático capilar MegaBACE 1000™ com uma injeção de 2 kV por 100 segundos e

corrida de 6 kV por 240 minutos. Cada amostra foi sequenciada duas vezes, nos

dois sentidos – direto e reverso.

O alinhamento e geração de sequências consenso foram feitos utilizando-se

os softwares Phred v.0.20425 (EWING et al., 1998; EWING & GREEN, 1998), Phrap

v.0.990319 (http://www.phrap.org) e Consed 12.0 (GORDON et al., 1998). As

sequências nucleotídicas foram comparadas às disponíveis no banco de dados não

redundante do GenBank, utilizando o Basic Local Alignment Search Tool program

(BLAST 2.0) (ALTSCHUL et al., 1990) para nucleotídeos (BLASTN), peptídeos

(BLASTX) ou ESTs traduzidas (TBLASTX), disponíveis no NCBI

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/BLAST).

As sequências obtidas foram traduzidas com o auxílio do programa MEGA -

versão 4.0 (TAMURA et al., 2007) e estas sequências de aminoácidos, preditas a

partir do cDNA, foram examinadas quanto a presença de domínios conservados,

utilizando a ferramenta de busca “Conserved Domain’’ do NCBI

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/Structure/cdd/wrpsb.cgi).

Page 54: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

53

4.7. Comparação da expressão protéica de inibidores de protease tipo Kunitz

entre vermes adultos machos e fêmeas de ancilostomídeos

A comparação do perfil de expressão de inibidores de protease tipo Kunitz

entre machos e fêmeas de A. braziliense, A. caninum, A. ceylanicum e N.

americanus será feita a partir da expressão do domínio conservado KU (cd00109)

presente nas sequências selecionadas.

4.7.1. Obtenção dos domínios KU

A partir das sequências nucleotídicas dos inibidores de protease tipo Kunitz

previamente selecionadas/obtidas para A. braziliense, A. caninum, A. ceylanicum e

N. americanus, foram desenhados iniciadores para amplificação dos domínios KU

dessas sequências (APÊNDICE B).

O cDNA anteriormente sintetizado para A. braziliense, A. caninum, A.

ceylancium e N. americanus foi submetido à uma RT-PCR para amplificação dos

domínios KU, assim como descrito anteriormente.

4.7.2. Clonagem e transformação

Os fragmentos amplificados foram clonados no vetor pGEM®-T Easy

conforme protocolo do kit pGEM®-T Easy Vector Systems (Promega, EUA). Uma

alíquota de 2 µl do produto de ligação foi submetida a termo-transformação em 30 µl

de bactérias E. coli XL1-blue quimiocompetentes (Phoneutria, MG, Brasil). As

amostras foram transformandas com incubação em gelo por 10 minutos, seguida de

um choque térmico por um minuto e meio a 42ºC e nova incubação em gelo por dois

minutos.

As células bacterianas potencialmente transformadas foram incubadas por 1

hora a 37ºC em 500 µl de meio circlegrow® (MP Biomedicals) líquido pH 7,0, com

Page 55: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

54

posterior plaqueamento das mesmas em meio circlegrow® (MP Biomedicals) sólido

seletivo, contendo ampicilina (100 µg/ml), IPTG (100 mM) e X-GAL (500 µg/ml). As

placas foram incubadas a 37ºC por 16 horas.

A presença dos insertos de interesse nos plasmídeos recombinantes foi

confirmada por meio de uma reação de PCR utilizando diretamente uma pequena

amostra de algumas colônias brancas retirada com o auxílio de um palito de madeira

estéril e transferida para um tubo de reação contendo 10 mM Tris-HCl (pH 8.4), 50

mM KCl, 1,5 mM MgCl2, 0,1% Triton®X 100, 200 µM de cada dNTP, 0,6 µM dos

iniciadores M13 direto (5’CGC CAG GGT TTT CCC AGT CAC GAC3’) e reverso

(5’TCA CAC AGG AAA CA G CTA TGA C3’), ou dos iniciadores específicos, e 0,5

unidade de Taq DNA Polimerase (Phoneutria, MG, Brasil) em um volume final de 10

µl. Da mesma forma, foram preparadas reações de PCR com colônias azuis que

funcionaram como controle positivo da reação de PCR para verificar a eficiência da

clonagem. Os produtos da amplificação foram visualizados em gel de agarose 1%

acrescido de brometo de etídio (0,5 µg/ml).

4.7.3. Extração do DNA plasmidial

Após a confirmação da presença dos insertos recombinantes esperados pela

PCR de colônia, foram inoculadas, com o auxílio de palitos de madeira estéreis,

fragmentos destas colônias em placas de cultura de 96 poços contendo 1,2 ml de

meio de cultura circlegrow® (MP Biomedicals) líquido acrescido de ampicilina (100

µg/ml) em cada poço. As placas foram incubadas por 22 horas, a 37ºC, sob agitação

constante (250 rpm – incubadora refrigerada com agitação TECNAL modelo TE-

421). Decorrido este prazo, as amostras foram centrifugadas a 4000xg por 6 minutos

a 25ºC para sedimentação das células. O sobrenadante foi descartado e 240 µl de

solução aquosa GET (0,9% glicose, 0,01% EDTA pH 8, 26 mM Tris-HCl pH 7,4)

Page 56: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

55

adicionados em cada poço para ressuspensão das células em agitador vortex por 2

minutos. As amostras foram centrifugadas a 4000xg por 9 minutos a 25ºC. O

sobrenadante foi descartado e 80 µl de solução aquosa GET adicionados em cada

poço, sendo as células re-suspendidas por agitação em vortex. A suspensão de

células foi transferida para uma microplaca (96 poços) de polipropileno com fundo

redondo, com capacidade para 250 µl. Foram adicionados em cada poço 80 µl de

NaOH 0,2 N e SDS 10%, seguindo-se incubação das amostras por 10 minutos a

25ºC. Foram acrescentados em cada poço 80µl de acetato de potássio 3 M com

posterior homogeneização do conteúdo por inversão da placa (30 vezes), a qual foi

incubada por 10 minutos a 25ºC e, subseqüentemente, a 90ºC por exatos 30

minutos, seguido de resfriamento em gelo picado por 10 minutos. As amostras foram

centrifugadas à 4000xg por 9 minutos a 20ºC.

Finalmente, uma placa Millipore foi fixada, com fita adesiva, no topo de uma

microplaca de fundo em “V” de polipropileno com capacidade para 250 µl, para

filtração das amostras. Após a realização deste procedimento, todo o volume do

sobrenadante foi transferido para a placa Millipore, evitando-se transferir os debris

celulares. As amostras foram centrifugadas a 4000xg, por 6 minutos a 20ºC, e 100 µl

de isopropanol adicionado ao produto da centrifugação. Essas foram novamente

centrifugadas a 4000xg por 45 minutos a 20ºC, e o precipitado lavado com 200 µl de

etanol 70% gelado onde foram submetidas a uma última centrifugação a 4000xg, por

10 minutos a 20ºC, seguindo-se o descarte do sobrenadante. As amostras ficaram

em repouso à temperatura ambiente por 20 minutos para evaporação de etanol

residual. Posteriormente, as amostras foram ressuspendidas em 30µl de água isenta

de nucleases e alíquotas foram analisadas por eletroforese em gel de agarose 0,8%

Page 57: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

56

acrescido de brometo de etídio (0,5 µg/ml), para verificar a eficiência da extração

plasmidial e ausência de RNA.

As amostras foram sequenciadas, como já descrito anteriormente, para

certificação da identidade e integridade das sequências amplificadas e clonadas.

4.7.4. Expressão de proteínas

Após as análises das sequências codificadoras dos domínios clonadas no

vetor pGEM®-T Easy, as sequências dos domínios selecionados foram inseridas no

vetor pJexpress414 pela empresa DNA 2.0, utilizando o códon otimizado par

expressão em E. coli. Foram adicionadas às sequências codificadoras dos domínios,

sítios para as enzimas de restrição NdeI (CATATG) e XhoI (CTCGAG) nas

extremidades C e N-terminal, respectivamente, além de sequência codificadora para

seis resíduos de histidina e o códon de terminação TAA na extremindade N-terminal

(APÊNDICE C).

Os vetores sintetizados foram eluídos segundo instruções do fabricante e

quantificados em espectrofotômetro NanoDrop™ (Thermo Scientific). Estes

plasmídeos foram termo-transformados em bactérias E. coli XL1-blue

quimiocompetentes (Phoneutria, MG, Brasil) para posterior criopreservação em

freezer -80 ºC e transformados por eletroporação em bactérias E. coli BL21 (DE3)

para expressão.

As bactérias E. coli BL21 (DE3) eletro-transformadas foram incubadas por 1

hora a 37ºC em 500 µl de meio circlegrow® (MP Biomedicals) líquido, com posterior

plaqueamento das mesmas em meio circlegrow® (MP Biomedicals) sólido seletivo,

contendo ampicilina (100 µg/ml). As placas foram incubadas a 37ºC por 16 horas.

A indução da expressão em pequena escala foi realizada para a padronização

das melhores condições de expressão e lise bacteriana que seriam aplicadas na

Page 58: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

57

expressão em larga escala. As colônias selecionadas foram inoculadas em tubos de

15 ml contendo 5 ml de meio de cultura líquido circlegrow® (MP Biomedicals)

suplementado com ampicilina (100 µg/ml) e, em seguida, foram incubadas por

aproximadamente 16 horas a 37ºC sob agitação constante (150 rpm - incubadora

refrigerada com agitação TECNAL modelo TE-421). Posteriormente, 500 µl desta

cultura foram inoculados em tubos de 50 ml contendo 15 ml de meio de cultura

líquido circlegrow® (MP Biomedicals) suplementado com ampicilina (100 µg/ml) e

incubados a 37ºC sob agitação constante (150 rpm - incubadora refrigerada com

agitação TECNAL modelo TE-421) até atingir a densidade ótica (A600nm) 0,4-0,6. Em

seguida, foi retirada uma alíquota de 1 ml da cultura e adicionado 0,5 ou 1 mM do

indutor IPTG. Essa indução foi realizada durante 4 horas, retirando-se alíquotas a

cada hora. As alíquotas foram submetidas à leitura da densidade ótica (A600nm) para

verificar o crescimento das bactérias em cultura. Após as 4 horas, o restante da

cultura foi centrifugado a 8000 xg, 20 min, 4ºC, sendo o sobrenadanate descartado.

Além da padronização da indução da expressão, foi feita a padronização da

lise bacteriana. O precipitado de bactérias foi ressuspenso em 500 µl de tampão de

lise (20 mM fosfato de sódio; 20 mM imidazol) com e sem NaCl (0,5 M) e transferido

para um tubo de 1,5 ml. Para rompimento das bactérias, foi feita a adição de

lisozima (0,5 mg/ml) com posterior incubação de 15 min a temperatura ambiente.

Logo após, foi feito choque térmico com congelamento a -80ºC e descongelamento a

37 ºC, sendo repetido por duas vezes. Em seguida, foi feita nova incubação com

lisozima (0,5 mg/ml), 15 min a temperatura ambiente, com posterior sonicação,

utilizando aparelho de ultrassom (Branson Sonc Power – Sonofer Cell Disruptor

450), sendo realizados três ciclos de 15 segundos, com intervalos de 15 segundos

em banho de gelo, com amplitude de 30%, com posterior centrifugação a 11000 xg,

Page 59: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

58

4°C, por 15 minutos. O sobrenadante foi separado e o precipitado foi tratado com

sarcosil, para facilitar a solubilização, caso a proteína fosse insolúvel. Também foi

realizado protocolo sem o choque térimco -80ºC/37ºC, sendo que a sonicação por

ultrassom foi feita entre as duas incubações com lisozima.

O precipitado foi ressuspenso em 500 µl de tampão de lise com sarcosil

(1,5%) e incubado 5 min a temperatura ambiente. Após esta incubação, foi feita

nova sonicação com três ciclos de 15 segundos, com intervalos de 15 segundos em

banho de gelo, com posterior centrifugação a 14000xg, 4°C, por 5 minutos para

retirada do sobrenadante.

Foram retiradas alíquotas da cultura bacteriana antes da indução da

expressão (T0h), após 4 horas de crescimento da cultura (T4h) e do sobrenadante

antes do tratamento com sarcosil e após o tratameto com sarcosil, nos diferentes

protocolos utilizados. As alíquotas das culturas foram centrifugadas a 12000xg, 3

min e o sobrenadante descartado. O precipitado das culturas e as alíquotas de

sobrenadante antes e após o tratamento com sarcosil foram diluidos em tampão da

amostra SDS-PAGE (SDS 10%; Tris-HCl 0,5 mM pH 6,8; azul de Bromofenol 1%; 2-

β-mercaptoetanol 5%; glicerol 10%) e incubados a 95ºC, 5 min. Esses produtos

foram analisados em gel de poliacrilamida SDS 12% corrido em tampão tris-glicina

1X, e corado por coomassie blue (Coomassie Brilhant Blue G-250 0,25%; metanol

50%; ácido acético 10%).

Após os testes de expressão em pequena escala, foi feita expressão em larga

escala utilizando 0,5 mM do indutor IPTG, incubação de 4 h, sendo a lise bacteriana

feita com tampão de lise sem NaCl, ausência de choque térmico, não sendo

necessário o tratamento posterior com sarcosil, pois as proteínas expressas eram

solúveis. Para expressão em larga escala, foi utilizado um inóculo de 20 ml de

Page 60: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

59

cultura para cada 1000 ml de meio circlegrow® (MP Biomedicals) contendo

ampicilina (100 µg/ml). Após as 4 horas de indução, a cultura foi centrifugada – 8000

xg, 20 min, 4ºC – para descarte do meio de cultura e as bactérias foram

ressuspensas em 20 ml de tampão de lise.

4.7.5. Purificação e confirmação da expressão de proteínas

O lisado protéico produzido após a indução da expressão das proteínas

(domínios KU) foi purificado por cromatografia de afinidade por níquel utilizando o

cromatógrafo FPLC (Fast Protein Liquid Chromatography) multidimensional ÄKTA

Prime® (GE Healthcare) e coluna HisTrap HP de 1 ml (GE Healthcare). Após

algumas padronizações, a purificação foi realizada com o tampão de corrida (20 mM

fosfato de sódio; 20 mM imidazol) e tampão de eluição (20 mM fosfato de sódio; 500

mM imidazol), com fluxo de um ml/min durante a corrida e 0,7 ml/min durante a

injeção, com injeção de 10 ml de lisado bacteriano a cada corrida.

Alíquotas das frações da eluição com picos de absorbância a 280 nm, além

de algumas frações do descarte, foram analisadas em gel de poliacrilamida SDS

12% corrido em tampão tris-glicina 1X, e corado por coomassie brillante blue R250,

para certificação da purificação dos domínios KU recombinantes.

Após a purificação, as frações contendo os domínios KU recombinantes foram

concentradas em tubos Vivaspin 20 5 kDa MWCO (GE Healthcare) e/ou Vivaspin

500 5 KDa MWCO (GE Healthcare) até redução de 90-95% do volume.

Os domínios KU recombinantes concentrados foram analisados em gel de

poliacrilamida SDS 12%, corado por coomassie brillante blue R250, e pela técnica

de Western blot para confirmação da identidade da proteína induzida.

As amostras foram submetidas à eletroforese em gel SDS-PAGE 12% com

tampão tris-glicina 1X. Posteriormente, as proteínas foram transferidas para uma

Page 61: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

60

membrana de PVDF (Amersham Hybond™-P – GE Healthcare), previamente tratada

seguindo instruções do fabricante, em sistema semi-úmido (Semi-dry blot cell

transfer – Bio-Rad, EUA), a 20 V por 40 minutos, utilizando tampão contendo 20%

de metanol, 18,5 µM de tris-base e 0,14 M de glicina. A membrana foi incubada com

tampão PBST (PBS 1X + 0,05% Tween 20) contendo 5% de leite em pó desnatado

(Molico® – Nestlé) por aproximadamente 16 horas, para bloqueio de sítios

inespecíficos pela proteína caseína presente no leite. Em seguida, foi lavada três

vezes, com intervalos de 5 minutos, com PBST, para incubação, por 1 h, com o

anticorpo primário que reconhece a cauda de histidina (Anti-His(C-term) Antibody –

GE Healthcare), diluído 1:2000 em tampão PBST.

Após três lavagens com PBST, a membrana foi exposta ao anticorpo

secundário contra IgG de camundongo (Anti-mouse IgG Peroxidase – Sigma, EUA),

diluído na concentração de 1:2.000 em tampão PBST, por 1 h. A membrana foi

lavada três vezes com tampão PBST e revelada com solução contendo 0,5 mg/ml de

diaminobenzidina (DAB), 0,25 mg/ml de 4-cloronaftol (0,25 mg/ml), 8% de metanol e

0,042% de H2O2 30V, diluídos em PBS 1X.

4.7.6. Produção de anticorpo policlonal

As sequências de aminoácidos dos domínios KU expressos (AyD1, AbD2,

AcD5 e Na16D1) foram submetidas à predição de epitopos lineares de célula B,

utilizando o programa BepiPred (LARSEN et al., 2006), para verificar se a

imunização com estes domínios poderia induzir a produção de anticorpos contra os

mesmos. Nesta análise, foi utilizado um valor de corte de 0,35, que fornece 50% de

especificidade e sensibilidade.

Para a produção de anticorpos policlonais contra os quatro domínios KU

recombinantes produzidos, três camundongos da linhagem Balb/c foram usados

Page 62: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

61

para cada ensaio de imunização. Antes da imunização, foram retirados

aproximadamente 200 µl de sangue de cada camundongo, pelo plexo orbital, para

ser o controle pré-imune.

A primeira imunização foi feita com injeção subcutânea de aproximadamente

25 µg de proteína recombinante diluída em adjuvante de Freund completo (Sigma,

EUA) em um volume final de 200 µl. Outras duas imunizações foram feitas utilizando

a mesma quantidade de proteína diluída em adjuvante de Freund incompleto

(Sigma, EUA), totalizando um volume final de 200 µl. O intervalo entre as

imunizações foi de duas semanas e, após 10 dias da última imunização, foi feita a

sangria de todos os animais, através do plexo orbital. O soro foi obtido através da

centrifugação do sangue coletado, a 3000xg por 5 min, e armazenado a -20ºC até o

momento do uso.

Os soros dos quatro grupos imunizados foram testados, por Western Blot,

como descrito anteriormente, contra os quatro domínios recombinantes, sendo

utilizado 0,5 µg de proteína recombinante e o soro dos camundongos imunizados

diluído na concentração de 1:250 em tampão PBS 1X 0,05% Tween 20.

4.7.7. Obtenção de proteínas excretadas/secretadas e extrato protéico total

Para a obtenção dos produtos excretados/secretados (ES) de machos e

fêmeas de A. caninum, A. ceylanicum e N. americanus, os parasitos foram lavados

com solução salina tamponada (PBS, pH 7,4), logo após sua retirada da mucosa

intestinal dos hospedeiros. Em seguida, os parasitos foram lavados por mais três

vezes com solução salina tamponada (PBS, pH 7,4) estéril e três vezes com meio de

cultura RPMI 1640 (desenvolvido pelo Instituto Roswell Park Memorial – Sigma,

EUA), suplementado com antibiótico/antimicótico 1X (Sigma, EUA) e 1,6% de l-

glutamina (Synth, BRASIL), em capela de fluxo laminar, para retirar possíveis

Page 63: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

62

dendritos contaminando os vermes e evitar a contaminação da cultura, por bactérias

presentes nos parasitos.

Após a lavagem, os vermes foram transferidos para tubos de 50 ml contendo

meio de cultura RPMI 1640 (desenvolvido pelo Instituto Roswell Park Memorial –

Sigma, EUA), suplementado com antibiótico/antimicótico 1X (Sigma, EUA) e 1,6% de

l-glutamina (Synth, BRASIL), numa taxa de 10-15 vermes por mililitro, e incubados

em estufa a 37ºC e 5% de gás carbônico durante 3-6 dias, dependendo das

condições dos vermes em cultura. A cada 12 h, aproximadamente, o meio da cultura

era renovado, sendo que o sobrenadante contendo meio de cultura e os produtos

ES produzidos foram retirados e armazenados a -20ºC. Ao final da incubação, os

sobrenadantes coletados foram agrupados em tubos de 50 ml e os parasitos

armazenados a -20ºC para a produção do extrato protéico total. Todos os

procedimentos feitos durante a cultura ocorreram em capela de fluxo laminar para

evitar contaminação.

O meio de cultura coletado contendo os produtos ES produzidos pelos

parasitos foi centrifugado por 10 min, 1500xg, 4ºC, para retirada de ovos, restos

celulares ou outras partículas que pudessem estar em suspensão. Em seguida, o

sobrenadante foi transferido para um tubo Vivaspin 20 5kDa MWCO (GE Healthcare)

para concentração dos produtos ES, seguindo instruções do fabricante, até redução

para 1-5% do volume inicial. Os produtos ES concentrados foram aliquotados em

tubos de 1,5 ml e armazenados a -80ºC até sua utilização.

O extrato protéico total de vermes adultos machos e fêmeas foi obtido através

da maceração manual dos parasitos, com auxílio de pistilo de vidro, suspensos em

5-15 µl de PBS (pH 7,4) por verme, em tubos de microcentrífuga (1,5 ml). Em

seguida, o extrato bruto foi sonicado utilizando aparelho de ultrassom (Branson Sonc

Page 64: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

63

Power – Sonofer Cell Disruptor 450), sendo realizados cinco ciclos de 30 segundos,

com intervalos de 30 segundos em banho de gelo, com amplitude de 40%, com

posterior centrifugação a 3000xg, 4°C, por 15 minutos. O sedimento foi descartado e

o extrato bruto solúvel foi aliquotado em tubos de 1,5 ml e armazenado a -80°C até o

seu uso.

Os antígenos produzidos (produtos ES e extrato protéico total) foram

submetidos à dosagem de proteínas utilizando o kit BCA® (Pierce, EUA), conforme

recomendações do fabricante. Foi feita também a estimativa da quantidade de

proteínas através da dosagem por espectrofotômetro (A260nm e A280nm) utilizando a

fórmula: (mg/ml) = 1,55. A280nm – 0,76 A260nm (HARRIS & BASHFORD, 1987).

Os produtos ES (2 µg) e o extrato protéico total (5 µg) foram submetidos à

eletroforese em gel de poliacrilamida SDS 12% corrido em tampão tris-glicina 1X,

posteriormente corados por nitrato de prata, para visualização dos perfis protéicos

de produtos ES e extratos totais de machos e fêmeas das quatro espécies de

ancilostomídeos. Para a coloração, o gel foi fixado à temperatura ambiente por 30

min em solução aquosa contendo 50% metanol e 12% ácido acético, seguindo-se

três lavagens de 10 min com solução aquosa 50% etanol, com posterior incubação

em solução aquosa de tiossulfato de sódio 0,02% por 1 min. O gel foi lavado três

vezes com água destilada e posteriormente imerso em solução aquosa de nitrato de

prata 0,2% por 20 min, sendo novamente lavado e revelado com solução aquosa

contendo 6% carbonato de sódio, 0,05% formaldeído e 0,0004% tiossulfato de sódio

. A reação foi interrompida com água destilada.

4.7.8. Caracterização do perfil protéico por “Western blot”

O perfil de proteínas que contenham os domínios conservados KU, do extrato

protéico total de vermes adultos machos e fêmeas de A. braziliense, A. caninum, A.

Page 65: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

64

ceylanicum e N. americanus e de proteínas excretadas/secretadas de machos e

fêmeas de A. caninum, A. ceylanicum e N. americanus, foi analisado frente ao soro

obtido nos quatro ensaios de imunização, através da técnica de Western blot, como

já descrita anteriormente.

Para isso, foram realizadas algumas padronizações a fim de se estabelecer a

melhor quantidade de antígenos a ser utilizado (10, 15, 20, 25 ou 50 µg), bem como

as concentrações (1:100, 1:250 e 1:500) e tempos de incubação (1h, 1:30h, 2h a

temperatura ambiente ou 1h+16h temperatura ambiente + 4ºC) dos soros anti-

domínios KU. Sendo assim, 25 µg do extrato protéico total e 15 µg dos produtos ES

de vermes adultos machos e fêmeas, separadamente, das quatro espécies foram

submetidos à eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 12% e transferidos

para membrana de PVDF (Amersham Hybond™-P – GE Healthcare). Essa

membrana foi incubada com o soro anti-domínio KU por 1 h, para produtos ES, ou 2

h, para os extratos protéicos totais, na diluição de 1:250 ou 1:100, respectivamente,

conforme previamente padronizado.

Este procedimento foi feito para todos os soros provenientes das imunizações

com os domínios recombinantes KU e 0,5 µg destes recombinantes foram usados

como controle. O soro pré-imune foi usado como controle negativo do experimento,

sob as mesmas condições descritas anteriormente.

4.8. Ensaio de vacinação de hamsters

Para avaliar o potencial imunogênico protetor dos domínios KU

recombinantes contra a infecção por ancilostomídeos, bem como a possibilidade de

interferir no curso da infecção, como alterando a proporção de vermes adultos

Page 66: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

65

machos e fêmeas, e a postura de ovos foi realizado ensaio de vacinação de

hamsters com estas proteínas.

4.8.1. Imunização e desafio

Para este ensaio, 28 hamsters (M. auratus) fêmeas, nascidos no Biotério de

Reprodução do Departamento de Parasitologia (ICB/UFMG), com cinco semanas de

idade, foram divididos em quatro grupos experimentais para vacinação com o

domínio recombinante de A. ceylanicum AyD1 e uma mistura (mix) dos quatro

domínios KU expressos (AyD1, AbD2, AcD5 e Na16D1), além dos grupos controles,

como descrito no QUADRO 3:

Grupo experimental

Quantidade de animais Imunizações

1 – controle (PBS) 7 200 µl PBS 1X

2 – Adjuvante 7 100 µl PBS 1X + 100 µl adjuvante de Freud

3 – Mix 7 mix 4 rKU em PBS 1X (100 µl) + 100 µl adjuvante de Freud

4 – AyD1 7 rAyD1 em PBS 1X (100 µl) + 100 µl adjuvante de Freud

Antes da imunização, foram retirados aproximadamente 500 µl de sangue, por

punção do plexo orbital, utilizando colírio anestésico (Cloridrato de proximetacaína

0,5%) e seringas de vidro contendo EDTA (0,5 M), de dois hamsters de cada grupo

que foram usados como controle de soro pré-imune.

Os hamsters dos grupos 3 e 4 receberam três inóculos, com intervalos de

duas semanas, de injeções subcutâneas de 25 µg de proteínas (XIAO et al., 2008)

diluídos em PBS 1X e adjuvante de Freund completo (Sigma, EUA) (1ª dose) e

QUADRO 3: Grupos experimentais de hamsters para imunização com domínios KU

recombinantes.

Page 67: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

66

incompleto (2ª e 3ª doses). Além destes, outros hamsters foram imunizados com

PBS 1X (grupo 1) e adjuvante de Freund (grupo 2), para servirem como controles do

ensaio de vacinação, seguindo o mesmo esquema de vacinação dos grupos 3 e 4.

Os animais foram mantidos no biotério do Laboratório de Parasitologia

Molecular do Departamento de Parasitologia da UFMG, à temperatura ambiente, em

gaiolas plásticas, sendo oferecidas água e ração comercial para camundongos ad

libitum.

Após sete dias da última imunização, os hamsters foram pesados e foram

coletados aproximadamente 500 µl de sangue de todos os animais que foram

posteriormente desafiados com 100 larvas infectantes (L3) de A. ceylanicum, como

descrito anteriormente.

Uma semana após o desafio, foi iniciada pesagem semanal dos hamsters e a

coleta de fezes dos animais infectados para realização do exame de fezes,

contagem de ovos por grama de fezes (OPG), utilizando câmara de McMaster

(GORDON & WHITLOCK, 1939), a cada dois dias. As fezes foram coletadas durante

a noite (cerca de 12 horas) em gaiolas próprias, por grupo experimental. Após o

exame de OPG, as fezes da última coleta foram submetidas à coprocultura

(ROBERTS & O´SULLIVAN, 1950) e exame de Baermann Moraes modificado

(BARÇANTE et al., 2003), para recuperação de larvas infectantes (L3).

Todos os hamsters foram sacrificados após 22 dias de infecção, para

recuperação dos vermes adultos presentes no intestino delgado, como descrito

anteriormente. Antes do sacrifício, foram coletados 500-1000 µl de sangue de todos

os hamsters, como descrito anteriormente.

Page 68: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

67

4.8.2. Avaliação da imunização

Para avaliar a eficiência da imunização, foi analisada a resposta por

anticorpos IgG total dos animais imunizados frente aos domínios recombinantes

AyD1 e mix (rAyD1, rAbD2, rAcD5 e rNa16D1), através da técnica ELISA (Enzyme

Lynked Immunossorbent Assay). Para isso, foi utilizado o plasma dos animais

coletado antes da primeira imunização, no dia do desafio e no dia do sacrifício. Para

obtenção do plasma, o sangue coletado foi centrifugado a 10000xg, por 10 min e

armazenado a -20ºC até o momento do uso.

Uma placa de 96 poços de poliestireno (BD Falcon) foi sensibilizada com 0,1

µg/poço de antígeno diluído em tampão carbonato (0,05M NaHCO3 pH 9,6) por

aproximadamente 18 h, a 4°C. Após este período, a placa foi lavada três vezes com

PBST (PBS 1X + 0,05% Tween 20) e incubada com 200 µl/poço de solução de

bloqueio (PBST; 2% leite em pó desnatado) por 2 h a temperatura ambiente.

A placa foi novamente lavada com PBST e incubada com os plasmas

testados, em duplicata, diluídos 1:100 em PBST, por aproximadamente 18 h, a 4°C.

Posteriormente, a placa foi lavada com PBST e incubada com o anticorpo

secundário conjugado com biotina (BD Biosciences), diluído 1:5000 em PBST, por 2

h, a 4ºC. Em seguida, após três lavagens com PBST, foi adicionada a estreptavidina

(R&D Systems – EUA) diluida 1:200 em PBST, conforme recomendações do

fabricante, com incubação de 20 min à temperatura ambiente.

Após três lavagems com PBST, foi feita revelação com 100 µl/poço de

solução contendo o cromógeno TMB (3,3’,5,5’-tetrametilbenzidina – BD

Biosciences), por 10 min, à temperatura ambiente, no escuro. A reação foi

interrompida com a adição de 100 µl/poço de H2SO4 2 M. A leitura da placa foi feita

em espectrofotômetro a 450nm.

Page 69: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

68

Além disso, foram realizados testes com extrato protéico total e produtos ES

de A. ceylanicum para avaliar a produção de anticorpos contra as proteínas do

parasito e se a imunização interferiu nesta resposta, através da técnica de ELISA,

como descrito anteriormente. Neste caso, foram utilizados 0,5 µg/poço de antígeno.

4.8.3. Avaliação da vacinação

Para avaliar se houve alguma alteração na infecção dos hamsters por A.

ceylanicum nos grupos vacinados com os domínios recombinantes (3 e 4), quando

comparados com os grupos controles (1 e 2), foram avaliados os seguintes

parâmetros:

- OPG

- Viabilidade dos ovos

As fezes obtidas na última coleta foram submetidas à coprocultura

(ROBERTS & O´SULLIVAN, 1950) e exame de Baermann Moraes modificado

(BARÇANTE et al., 2003) para verificar se os ovos presentes nas fezes eram

viáveis.

- Ganho de peso

- Exame do volume globular e dosagem de hemoglobina

O sangue fresco dos animais coletado no dia da primeira imunização, no dia

do desafio e no dia do sacrifício foram submetidos ao método de microhematócrito,

para se obter a porcentagem de hemácias, através da centrifugação a 10000xg, por

cinco minutos, dentro de um tubo capilar. Além disso, foi feita a dosagem de

hemoglobina das mesmas amostras utilizando sistema colorimétrico e padrão de

hemoglobina (Doles, Brasil), conforme instruções do fabricante.

Page 70: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

69

- Recuperação de vermes adultos e proporção entre machos e fêmeas

Os vermes recuperados da mucosa do intestino delgado, após o sacrifício dos

hamsters, foram separados por sexo e contados.

4.9. Teste de imunogenicidade

Os domínios recombinantes KU foram utilizados para avaliar o potencial

imunogênico das proteínas produzidas pelos ancilostomídeos que possuem tais

domínios, através da técnica ELISA, utlilizando soros de hamsters e cães infectados

ou não, por ancilostomídeos, como descrito anteriormente.

Os soros foram avaliados contra uma mix dos quatro domínios recombinantes

e o domínio recombinante de cada espécie infectante. Para os testes com soro de

cães, foi feita incubação com o anticorpo monoclonal anti-IgG conjugado com

peroxidase (Bethyl Laboratories Inc., USA), diluído 1:10000, por 2 h a temperatura

ambiente. Para os testes com soros de hamster, a incubação foi realizada com

anticorpo monoclonal anti-IgG (Invitrogen) conjugado com peroxidase, diluído

1:5000, por 2 h a 4ºC. Nestes testes, não houve a adição e incubação com

estreptavidina.

Para os testes de cães, foram utilizados soros de oito cães infectados com

100 larvas infectantes (L3) por quilo de animal de A. braziliense, A. caninum ou A.

ceylanicum, coletados antes da infecção (negativo) e após 54, 63, e 39 dias após a

infecção, respectivamente. Estes soros foram obtidos em estudo prévio

desenvolvido no Laboratório de Parasitologia Molecular (CUNHA, 2009).

Além destes, foram utilizados soros de hamsters infectados por N.

americanus. Os soros de sete hamsters infectados há 42 dias com 600 larvas

infectantes (L3) de N. americanus, provenientes de saguis (Callithrix penicillata),

Page 71: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

70

foram cedidos pelo professor do Departamento de Parasitologia/UFMG Dr. Alan

Lane de Melo, do Laboratório de Taxonomia e Biologia de Invertebrados. Como soro

negativo, foram utilizados os soros pré-imune do experimento de imunização de

hamsters deste trabalho.

Os soros de hamsters infectados por N. americanus foram testados também,

através da técnica ELISA, contra o extrato protéico total e produtos

excretados/secretados (ES) deste ancilostomídeo.

4.10. Análise estatística

Para a análise estatística dos dados gerados nos itens 4.8 e 4.9, foi utilizado o

software Graph Pad Prism 5. Para verificar a distribuição dos dados, foi utilizado o

teste Kolmogorov-Smirnov.

As análises entre dois grupos foram feitas com os métodos estatíticos teste T

pareado ou não-pareado (dados paramétricos) e Wilcoxon Matched Pairs ou Mann e

Whitney (dados não-paramétricos). Para análise de três ou mais grupos, os dados

foram submetidos aos testes ANOVA ou Reapeated Measures ANOVA seguido do

de Tukey (dados paramétricos) e Kruskal-Wallis ou Friedman seguido do de Dunns

(dados não-paramétricos).

Todos os testes foram considerados significativos quando apresentaram um

valor de p ≤ 0,05.

Este projeto foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de

Minas Gerais – FAPEMIG – (nº 13889) e está de acordo com os Princípios Éticos da

Experimentação Animal, adotados pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal

– CETEA/UFMG – (nº 57/2008).

Page 72: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

71

RESULTADOS

Page 73: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

72

5. RESULTADOS

5.1. Obtenção de sequências parciais para Ancylostoma ssp.

Todos os cDNAs codificadores de ASPs e inibidores de proteases tipo Kunitz

de A. braziliense (Ab), A. caninum (Ac) e A. ceylanicum (Ay) amplificados foram

sequenciados para confirmação de suas identidades. As sequências asps de A.

braziliense foram amplificadas com pares de iniciadores baseados nas asps de A.

caninum. Os tamanhos dos fragmentos obtidos foram 1610, 1293 e 1402 pares de

bases para Ab-asp-4, Ab-asp-5 e Ab-asp-6, respectivamente. Essas sequências

quase completas foram depositadas no GenBank sob os números de acesso

FJ593954 –FJ593956, respectivamente.

As três ASPs de A. braziliense inferidas das sequências obtidas têm dois

domínios SCP-like (FIGURA 3), assim como as de A. caninum, e apresentam

identidades e similaridades entre 96-99% com as respectivas ASPs de A. caninum.

As novas asps de A. braziliense foram nomeadas de acordo com as

sequências ortólogas/homólogas de A. caninum, uma vez que os cDNAs foram

amplificados com iniciadores para as sequências de A. caninum. Isto não se aplica

às asps de A. ceylanicum disponíveis no banco de dados do NCBI. As sequências

FIGURA 3: Estrutura esquemática dos domínios das ASPs inferidas a partir das sequências

obtidas asps 4, 5 e 6 de A. braziliense. SCP: domínio conservado Pfam PF00188; pb: Pares de

bases.

Page 74: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

73

de aminoácidos preditas para Ay-asp-4 e Ay-asp-5 apresentam 50-54% de

similaridade às ortólogas de A. braziliense e A. caninum e a proteína deduzida Ay-

ASP-4 tem apenas um domínio SCP-like, enquanto Ac-ASP-4 possui dois.

Para obtenção das sequências parciais de genes de inibidores de proteases

tipo Kunitz das três espécies, iniciadores foram desenhados baseados nos genes

disponíveis no banco de dados do NCBI: gene tipo Kunitz (1D) de A. ceylanicum e

gene tipo Kunitz (12D) de A. caninum. As novas sequências parciais obtidas foram

denominadas Ab-Kunitz (1D) (FJ593957) e Ab-Kunitz (12D) (FJ593958) para A.

braziliense; Ac-Kunitz (1D) (FJ593959) para A. caninum; e Ay-Kunitz (12D)

(FJ593960) para A. ceylanicum, e foram depositadas no GenBank (FIGURA 4).

A sequência de aminoácidos predita para Ab-Kunitz (1D) é 68% idêntica e

80% similar a Ay-Kunitz (1D), enquanto a sequência Ac-Kunitz(1D) é 81% idêntica e

94% similar a Ay-Kunitz (1D). Essas novas sequências Kunitz (1D) possuem um

FIGURA 4: Estrutura esquemática dos domínios de inibidores de protease tipo Kunitz 12D (a) e

1D (b) inferidos a partir das sequências de A. caninum, A. ceylanicum e A. braziliense obtidas

com as respectivas identidade e similaridade com as sequências para as quais foram

desenhados os iniciadores. KU: domínio conservado cd00109; pb: Pares de bases.

(a)

(b)

Page 75: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

74

domínio KU, assim como a sequência original de A. ceylanicum. As sequências

parciais Ay- e Ab-Kunitz (12D) apresentam dois domínios KU, mas as sequências

gênicas completas provavelmente devem apresentar doze domínios. Além disso,

essas sequências foram geradas baseadas na sequência de A. caninum e a

comparação da sequência de aminoácidos deduzida indica que Ab-Kunitz (12D) é

70% idêntica e 86% similar a Ac-Kunitz (12D), enquanto Ay-Kunitz (12D) é 76%

idêntica e 88% similar a Ac-Kunitz (12D).

5.2. Comparação do perfil de transcrição para inibidores de proteases tipo

Kunitz e asps entre vermes adultos machos e fêmeas de Ancylostoma ssp.

5.2.1. Perfil de transcrição de inibidores de proteases tipo Kunitz

Pares de oligonucleotídeos específicos foram desenhados para sequências

Ac-Kunitz (12D) e Ay-Kunitz (1D) e foram usados para comparar a transcrição entre

machos e fêmeas de A. braziliense, A. caninum e A. ceylanicum, por RT-PCR e RT-

PCR em tempo real. Para as três espécies, a transcrição foi significativamente maior

em machos, em relação às fêmeas, para o Kunitz (12D) (FIGURA 5).

FIGURA 5: Transcrição diferencial de genes codificadores de inibidores de proteases tipo

Kunitz em machos de A. braziliense, A. caninum e A. ceylanicum, por RT-PCR. O gene da

proteína ribossomal 60S foi usado como gene constitutivo. M: macho e F: fêmea

Page 76: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

75

Os dados da RT-PCR quantitativa confirmaram os resultados da RT-PCR

convencional para o Kunitz (12D), mostrou que há diferença também para o Kunitz

(1D) nas três espécies de Ancylostoma e revelou um perfil semelhante entre as

espécies – maior transcrição diferencial entre os sexos para o gene tipo Kunitz (12D)

(QUADRO 4 e FIGURA 6).

Espécie cDNA/gene qRT-PCR

(log2)

A. braziliense Kunitz (1D) 2.61 ± 0.58 (M)

Kunitz (12D) 12.58 ± 0.19 (M)

A. caninum Kunitz (1D) 3.22 ± 1.30 (M)

Kunitz (12D) 13.14 ± 2.39 (M)

A. ceylanicum Kunitz (1D) 4.91 ± 0.26 (M)

Kunitz (12D) 13.65 ± 2.36 (M)

FIGURA 6: Comparação dos dados da RT-PCR quantitativa (log2) de genes codificadores de

inibidores de proteases tipo Kunitz. Quantificação relativa da transcrição em machos versus

fêmeas. As barras representam os valores logarítmicos (média ± desvio padrão) da

expressão diferencial dos machos, de três réplicas biológicas

QUADRO 4: Dados da RT-PCR quantitativa (2-∆∆Ct, média dos valores logarítmicos ± desvio

padrão) para genes codificadores de inibidores de proteases tipo Kunitz. Quantificação

relativa da transcrição gênica de machos (M) em relação às fêmeas

Page 77: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

76

Ao contrário dos resultados obtidos para as espécies de Ancylostoma, não

houve amplificação de genes tipo Kunitz para N. americanus, utilizandos os mesmos

iniciadores (dados não mostrados). Isto sugere que há relativa preservação das

regiões codificadoras dos dois genes tipo Kunitz na subfamília Ancylostomatinae,

mas não entre Ancylostomatinae e Bunostominae, a qual pertence o N. americanus.

5.2.2. Perfil de transcrição de asps

Usando método semelhante ao utilizado para os genes de inibidores de

proteases tipo Kunitz, iniciadores específicos foram desenhados para três asps de A.

caninum, para amplificação do cDNA de A. caninum e A. braziliense, e para as asp-4

e asp-5 de A. ceylanicum. Os resultados da RT-PCR mostram a maior transcrição

em machos das três espécies para todos os transcritos (FIGURA 7).

Esses achados foram confirmados pela RT-PCR quantitativa, semelhante ao

que foi demonstrado para os genes tipo Kunitz (QUADRO 5).

FIGURA 7: Transcrição diferencial de asps em machos de A. braziliense, A. caninum e A.

ceylanicum, por RT-PCR. O gene da proteína ribossomal 60S foi usado como gene

constitutivo. M: macho e F: fêmea

Page 78: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

77

Espécie cDNA/gene qRT-PCR

(log2)

A. braziliense

asp-4 8.50 ± 2.66 (M)

asp-5 8.32 ± 3.22 (M)

asp-6 7.39 ± 2.40 (M)

A. caninum

asp-4 0.98 ± 0.63 (M)

asp-5 4.77 ± 1.10 (M)

asp-6 2.26 ± 1.83 (M)

A. ceylanicum asp-4 4.34 ± 1.57 (M)

asp-5 1.51 ± 1.17 (M)

A transcrição diferencial entre ancilostomídeos machos e fêmeas variou entre

os transcritos e as espécies, entretanto, o A. braziliense demonstrou maior

transcrição diferencial em machos para todas as asps avaliadas (FIGURA 8).

QUADRO 5: Dados da RT-PCR quantitativa (2-∆∆Ct, média dos valores logarítmicos ± desvio

padrão) para asps. Quantificação relativa da transcrição gênica de machos (M) em relação

às fêmeas

FIGURA 8: Comparação dos dados da RT-PCR quantitativa (log2) de asps. Quantificação

relativa da transcrição em machos versus fêmeas. As barras representam os valores

logarítmicos (média ± desvio padrão) da expressão diferencial dos machos, de três réplicas

biológicas

Page 79: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

78

Assim como para os genes de inibidores de proteases tipo Kunitz, não houve

amplificação de asps para N. americanus, utilizando os iniciadores desenhados para

as sequências de A. caninum e A. ceylanicum (dados não mostrados),

demonstrando que as regiões gênicas codificadoras de ASPs também não são

conservadas entre as subfamílias Ancylostomatinae e Bunostominae.

Portanto, a transcrição diferencial em machos de A. braziliense, A. caninum e

A. ceylanicum para genes de inibidores de proteases tipo Kunitz e asps

demonstrada neste trabalho confirmam dados anteriores feitos com A. brazliliense

(COSTA et al., 2008).

5.3. Análise das sequências gênicas de N. americanus

Os bancos de dados dbEST e SRA (SRA012052), disponíveis no NCBI,

continham 539822 ESTs de N. americanus, sendo que destas, 1699 apresentaram

similaridade com os genes de inibidores de proteases tipo Kunitz (711) e asps (988)

de A. caninum (Ac) e A. ceylanicum (Ay) já descritas (QUADRO 6).

Genes Número de ESTs similares

Ac-asp-4 191

988

Ac-asp-5 717

Ac-asp-6 409

Ay-asp-4 22

Ay-asp-5 278

Ac-Kunitz (12D) 693 711

Ay-Kunitz (1D) 495

TOTAL 1699

QUADRO 6: ESTs de N. americanus do banco de dados dbEST e SRA, disponíveis no NCBI,

similares aos genes de inibidores de protease tipo Kunitz e asps de A. caninum e A.

ceylanicum

Page 80: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

79

Dessas 1699 ESTs, foram geradas 94 sequências consenso, 36 similares aos

genes de inibidores de proteases tipo Kunitz e 58 para as asps. As sequências

consenso similares aos genes de inibidores de protease tipo Kunitz têm tamanhos

que variam de 147 a 784 pares de bases, tendo uma média de 381 nucleotídeos,

enquanto as sequências consenso similares às asps têm tamanhos entre 208 e

1585 pares de bases, com média de 572 nucleotídeos. Todas as sequências contêm

pelo menos um domínio conservado específico, SCP-like (cd05380), para as asps, e

KU (cd00109), para os genes de inibidores de proteases tipo Kunitz.

A partir das sequências consenso geradas, foi feita nova busca por

similaridade, utilizando o BLASTX, com proteínas de ancilostomídeos depositadas

no banco de dados do NCBI, para verificar se as mesmas eram realmente similares

aos genes com os quais foram selecionadas. A similaridade das 36 sequências

consenso geradas a partir de inibidores de proteases tipo Kunitz e das 58

sequências consenso geradas a partir de asps foi confirmada.

Das 36 sequências consenso de N. americanus geradas, prováveis inibidores

de proteases tipo Kunitz, 21 são similares a proteína Ac-Kunitz (12D), seis são

similares a Ay-Kunitz (12D), cinco são similares a Ay-Kunitz (1D), três são similares

a Ab-Kunitz (12D) e uma a Ac-Kunitz (1D). Já para as 58 sequências consenso

similares a asps, 25 são similares a Ac-ASP-5, 15 são similares a Ac-ASP-6, seis

são similares a Ac-ASP-1 (AF132291), quatro se assemelham a Ay-ASP-4, três são

similares a Ay-ASP-1 (AY136548) e outras cinco similares a Na-ASP-2 (AY288089),

Ay-ASP-5, Ac-ASP-3, Ay-ASP-2 (AY288090) e Ad-ASP-1 (AF077402) cada.

Todas as sequências consenso geradas tiveram as respectivas proteínas

preditas pelo programa GeneMark™ (BESEMER & BORODOVSKY, 2005), sendo

Page 81: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

80

que 16 similares a asps e 12 similares a inibidores de proteases tipo Kunitz

apresentam peptídeo sinal.

5.4. Comparação da expressão protéica de inibidores tipo Kunitz entre vermes

adultos machos e fêmeas de ancilostomídeos

A fim de comparar a expressão protéica de todos os inibidores de protease

tipo Kunitz de machos e fêmeas das quatro espécies, foi feita a amplificação e

expressão apenas do domínio conservado para cada espécie de ancilostomídeo.

5.4.1. Amplificação dos domínios KU

Os domínios KU foram amplificados a partir do cDNA de A. braziliense, A.

caninum, A. ceylanicum e N. americanus, utilizando iniciadores desenhados para as

sequências de inibidores de proteases tipo Kunitz das quatro espécies.

Apesar de representar um domínio conservado, as sequências nucleotídicas e

aminoacídicas dos domínios de inibidores de proteases tipo Kunitz, da mesma

proteína e de proteínas distintas, das três espécies de Ancylostoma e N. americanus

não são idênticas entre si, como demostrado na FIGURA 9 criada com programa

WebLogo 3 (http://weblogo.threeplusone.com/) (CROOKS et al., 2004), que

representa a presença e a frequência dos aminoácidos em cada posição.

FIGURA 9: Constituição de aminoácidos dos domínios KU das sequências de inibidores de

proteases tipo Kunitz de N. americanus (a) e A. braziliense, A. caninum e A. ceylanicum (b),

criada com WebLogo 3. A altura dos símbolos representa a probabilidade, a largura é

proporcional à quantidade de sequências com aminoácidos em cada posição e as cores

representam as propriedades químicas de cada aminoácido: verde – polar; azul – básico;

vermelho – ácido; preto – hidrofóbico

(b)

(a)

Page 82: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

81

Na FIGURA 9, estão representados 39 domínios KU das 36 sequências

conseso geradas para N. americanus, similares a inibidores de proteases tipo

Kunitz, e 19 domínios KU das seis sequências de inibidores de proteases tipo Kunitz

de A. braziliense, A. caninum e A. ceylanicum.

Sendo assim, foram desenhados iniciadores para diferentes domínios das

sequências: Ab-Kunitz (12D), Ac-Kunitz (12D), Ay-Kunitz (1D), Na-KunitzContig1,

Na-KunitzContig8 e Na-KunitzContig16, que estão descritos no APÊNDICE B e têm

como objetivo amplificar domínios com sequências distintas.

Os cDNAs das três espécies de Ancylostoma foram submetidos a reações de

PCR utilizando os seis pares de iniciadores sitntetizados para o gênero, sendo que a

amplificação dos domínios KU variou de acordo com o oligonucleotídeo utilizado

(FIGURA 10).

FIGURA 10: Amplificação dos domínios KU, através de RT-PCR, para as espécies A.

braziliense (Ab), A. caninum (Ac) e A. ceylanicum (Ay) com os pares de iniciadores AyD1,

AbD2, AcD3, AcD5, AcD11 e AcD12, apresentada em gel de agarose 1% corado por brometo

de etídeo. M: cDNA de macho; F: cDNA de fêmea; B: Branco e PM: Padrão de peso molecular

em pares de base (pb)

Page 83: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

82

Para cada domínio de interesse, houve amplificação em pelo menos uma das

espécies. Não houve amplificação dos domínios KU para N. americanus, utilizando

os mesmos iniciadores (dados não mostrados).

Para alguns pares de iniciadores – AcD3, AcD5 e AcD12 – foi observada

maior amplificação em cDNAs de fêmeas de A. caninum e, para A. braziliense, uma

maior amplificação em machos. Entretanto, esses resultados não são quantitativos

e, portanto, nenhuma inferência sobre valores de transcrição diferencial pode ser

feita. Além disso, os fragmentos amplificados podem corresponder a outros genes

diferentes dos que foram originalmente amplificados e quantificados.

Os domínios KU de N. americanus foram amplificados, através de RT-PCR,

utilizando três pares de iniciadores específicos (FIGURA 11).

Houve amplificação para o cDNA de machos e fêmeas de N. americanus,

com os três pares de iniciadores utilizados. Assim como descrito anteriormente, não

houve amplificação de domínios KU para as três espécies de Ancylostoma usando

os iniciadores específicos para N. americanus (dados não mostrados).

5.4.2. Clonagem e sequenciamento dos domínios KU

Os seguintes fragmentos obtidos anteriormente foram selecionados para

clonagem: AyD1 – AbM (cDNA macho), AcM e AyM; AbD2 – AbM; AcD3 – AbM e

FIGURA 11: Amplificação dos domínios KU, através de RT-PCR, para N. americanus utilizando

os pares de iniciadores Na1D2, Na16D1 e Na8D2, apresentada em gel de agarose 1% corado

por brometo de etídeo. M: cDNA de macho; F: cDNA de fêmea; B: Branco e PM: Padrão de

peso molecular em pares de base (pb)

Page 84: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

83

AcF (cDNA fêmea); AcD5 – AbM, AcF e AyM; AcD11 – AbM e AcF; AcD12 – AbM e

AcF; Na1D2 – NaM; Na16D1 – NaM e NaF; Na8D2 – NaM.

Para a confirmação do sucesso da clonagem e seleção das colônias que

teriam os plasmídeos purificados e posteriormente sequenciados, foi realizada uma

PCR convencional, com as colônias crescidas a partir das bactérias transformadas.

Foram escolhidas colônias totalmente brancas, além de colônias azuis, que

continham apenas o plasmídeo sem inserto, para serem usadas como controle da

clonagem e PCR.

Os iniciadores usados na PCR de colônia foram o M13 direto e reverso que

se anelam em seqüências do plasmídeo utilizado na clonagem. Por esse motivo, os

tamanhos dos fragmentos gerados a partir dessa PCR de colônia são maiores que o

esperado (~250 pb a mais), pois além de haver a amplificação do fragmento

clonado, há também a amplificação de parte do plasmídeo. A FIGURA 12 ilustra o

resultado de uma PCR de colônia feita com colônias brancas e azuis.

Após análises dos resultados da PCR de colônia, foi realizada a extração e

sequenciamento do DNA plasmidial dos clones selecionados, sendo que foram

selecionadas no mínimo três colônias para cada domínio clonado. Com exceção dos

fragmentos obtidos com os pares de iniciadores AcD3, AcD5 e AcD12 para cDNA de

PM 1 2 3 4 5 6 7 8 9 B

AbD2 AcD3 pb

250-

500-

FIGURA 12: Resultado da PCR de colônias provenientes de transformações com plasmídeos

recombinantes contendo domínios KU amplificados, apresentado em gel de agarose 1%

corado por brometo de etídeo. 1-4: Abmacho amplificado com AbD2; 5-9: Abmacho

amplificado com AcD3; 1, 7 e 9: plasmídeos sem inserto; 2-6 e 8: plasmídeos com inserto; B:

Branco e PM: Padrão de peso molecular em pares de base (pb)

Page 85: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

84

fêmeas de A. caninum, os fragmentos clonados foram sequenciados com sucesso e

as sequências obtidas são correspondentes aos domínios selecionados. As

sequências dos domínios obtidos com o mesmo par de iniciador para as espécies de

Ancylostoma são idênticas.

Os dados da amplificação, clonagem e sequenciamento dos domínios KU

estão sumarizados no QUADRO 7.

AyD1# AbD2# AcD3 AcD5# AcD11 AcD12 Na1D2 Na16D1# Na8D2 M F M F M F M F M F M F M F M F M F

A. braziliense + + ++ + + + + + A. caninum + + +* + +* +*

A. ceylanicum + + + N. americanus + + + + + +

5.4.3. Expressão e purificação dos domínios KU

Como a amplificação e confirmação das identidades dos diferentes domínios

KU selecionados foram bem sucedidas, uma sequência de cada espécie foi utilizada

para expressão: AyD1, AbD2, AcD5 e Na16D1. Estas sequências foram inseridas no

vetor de expressão pJexpress414, pela empresa DNA2.0, e expressas em bactérias

E. coli BL21 (DE3). Os quatro domínios KU recombinates foram expressos

satisfatoriamente, apresentando peso molecular de aproximadamente 13 kDa

(FIGURA 13), diferente do peso molecular teórico para esses domínios que seria de

7-7,8 kDa, considerando os resíduos adicionados para expressão.

Dentre as várias condições de expressão, lise bacteriana e purificação

utilizadas nas padronizações, a presença/ausência de NaCl (0,5 M) no tampão de

lise e nos tampões de corrida e eluição utilizados na purificação foi o fator

determinante para o sucesso da expressão/purificação. A lise bacteriana com

QUADRO 7: Domínios KU de A. braziliense, A. caninum, A. ceylanicum e N. americanus

selecionados para amplificação, clonagem, sequenciamento e expressão. M: Machos; F:

Fêmeas; +: Amplificação; realce cinza: Bandas sequenciadas com sucesso; *: Bandas cujo

sequenciamento não funcionou; #: Domínios selecionados para expressão.

Page 86: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

85

tampão contendo NaCl (0,5 M) foi bem mais eficiente quando comparada à lise com

tampão sem NaCl (0,5 M), pois os domínios recombinantes se solubilizavam

totalmente no sobrenatante sem sarcosil. Entretanto, a purificação deste lisado era

bem menos eficiente: grande parte do domínio recombinante saía no descarte da

corrida e as frações purificadas (eluição) estavam contaminadas com proteínas

bacterianas (FIGURA 13).

FIGURA 13: Lise bacteriana e purificação dos domínios KU recombinantes com tampões com

e sem NaCl (0,5 M), apresentado em SDS-PAGE 12% corado com azul de coomasie R250. Lise

da expressão de rAbD2 com NaCl (0,5 M) (a) e de rAcD5 sem NaCl (0,5 M) (b): antes da

indução (T0h), depois da indução (T4h), sobrenadante sem sarcosil, sobrenadante com

sarcosil e pellet. Purificação de rAcD5 com NaCl (0,5 M) (c) e sem NaCl (0,5 M) (d): 2 – fração

do descarte; 9-16 e 14-21 – frações da eluição. Padrão molecular de proteínas em kilodaltons

(kDa)

(a) (b)

(c)

(d)

Page 87: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

86

Deste modo, as culturas bacterianas dos quatro domínios recombinantes

foram lisadas e purificadas com tampões sem adição de NaCl (0,5 M). Após a

purifcação, as frações da eluição que continham os domínios recombinantes foram

reunidas e concentradas. Os quatro domínios KU recombinantes foram purificados e

concentrados com sucesso, além de serem satisfatoriamente reconhecidos pelo

anticorpo anti-histidina, através do ensaio de Western blot (FIGURA 14).

5.4.4. Predição de epitopos e produção de anticorpos policlonais

Após a análise de prováveis epitopos lineares de céluas B, foram preditos três

epitopos para os domínios AyD1, AbD2 e AcD5 e dois para Na16D1 (FIGURA 15),

demonstrando que estas proteínas possivelmente seriam capazes de induzir a

produção de anticorpos.

(a) (b)

FIGURA 14: Domínios KU recombinantes após purificação e concentração analisados por

SDS-PAGE 12% corado com azul de coomasie R250 (a) e western blot com anticorpo primário

anti-histidina (b). Padrão molecular de proteínas em kilodaltons (kDa)

FIGURA 15: Epitopos lineares de células B (aminoácidos sublinhados) dos domínios KU

AyD1, AbD2, AcD5 e Na16D1, preditos pelo programa Bepipred (corte 0,35).

Page 88: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

87

Os domínios recombinantes purificados foram utilizados para produção de

anticorpos policlonais, através da imunização de camundongos. Após a obtenção

dos soros, através da sangria dos animais imunizados, estes foram testados contra

os quatro domínios recombinantes com os quais os animais haviam sido

imunizados, por Western blot. Houve reconhecimento dos quatro domínios KU

recombinantes (AyD1, AbD2, AcD5 e Na16D1) para os quatro pools de soros

obtidos, o que não aconteceu para o soro pré-imune (FIGURA 16).

Este resultado demonstra que, apesar de não terem sequências idênticas, os

domínios KU de ancilostomídeos são semelhantes entre si, promovendo um

reconhecimento cruzado dos soros obtidos através da imunização.

Após a obtenção dos soros anti-domínios KU e confirmação do

reconhecimento das proteínas recombinantes, as proteínas excretadas/secretadas e

o extrato protéico total dos vermes adultos machos e fêmeas dos quatro

ancilostomídeos foram obtidos para posterior comparação da expressão protéica de

inibidores de protease tipo Kunitz.

(a) (b)

(c) (d)

(e)

FIGURA 16: Western blot dos domínios KU recombinantes (0,5 µg) contra os soros de

camundongos anti-AyD1 (a), anti-AbD2 (b), anti-AcD5 (c), anti-Na16D1 (d) e pré-imune (e)

diluídos 1:250. Padrão molecular de proteínas em kilodaltons (kDa)

Page 89: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

88

5.4.5. Análise dos perfis eletroforéticos de proteínas excretadas/secretadas e

extrato protéico total

Os produtos de excreção/secreção (ES) e o extrato protéico total dos

parasitos adultos machos e fêmeas de ancilostomídeos obtidos e dosados foram

submetidos à análise por SDS-PAGE 12% e corados por nitrato de prata, para

verificar a integridade das proteínas obtidas (FIGURA 17).

FIGURA 17: Perfis eletroforéticos dos produtos excretados/secretados (2 µg) de machos e

fêmeas de N. americanus, A. ceylanicum e A. caninum (a) e do extrato protéico total (5 µg) de

machos e fêmeas de N. americanus, A. ceylanicum, A. caninum e A. braziliense (b),

analisados por SDS-PAGE 12% corado com nitrato de prata. Seta preta: proteínas exclusivas

da espécie; Seta vermelha: proteína compartilhada por duas espécies. Padrão molecular de

proteínas em kilodaltons (kDa)

(a)

(b)

Page 90: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

89

Os dois perfis eletroforéticos, produtos ES e extrato protéico total, demostram

a grande diversidade protéica dos ancilostomídeos. De maneira geral, os perfis

protéicos são semelhantes entre machos e fêmeas da mesma espécie, mas se

diferem entre as espécies, principalmente para proteínas excretadas e secretadas.

O perfil protéico dos produtos ES se mostrou bastante heterogêneo entre as

espécies, sendo possível observar algumas proteínas aparentemente exclusivas de

uma determinada espécie ou compartilhada por duas e ausente na terceira. Alguns

exemplos são proteínas de aproximadamente 20 e 36 kDa que parecem ser

exclusivas de A. ceylanicum e N. americanus, respectivamente. Observam-se

também três proteínas de 19, 22 e 47 kDa, aproximadamente, compartilhadas por N.

americanus e A. caninum, além de outra de quase 38 kDa compartilhada por N.

americanus e A. ceylanicum (FIGURA 17).

Já o perfil de proteínas do extrato total demonstrou-se mais conservado entre

as espécies, sendo observadas diferenças em A. caninum e A. braziliense,

destacando-se uma proteína de aproximadamente 20 kDa para A. caninum e duas

proteínas próximas a 17 kDa para A. braziliense (FIGURA 17).

5.4.6. Caracterização do perfil protéico de inibidores de protease tipo Kunitz

por “Western blot”

A caracterização do perfil de prováveis inibidores de protease tipo Kunitz das

espécies de ancilostomídeos foi feita por Western blot, utilizando os produtos ES e

extrato protéico total dos ancilostomídeos contra o pool de soros obtidos através da

imunização de camundongos com os domínios KU recombinantes: AyD1, AbD2,

AcD5 e Na16D1.

Page 91: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

90

FIGURA 18: Western blot dos produtos excretados/secretados (15 µg) de machos e fêmeas

de N. americanus, A. ceylanicum e A. caninum e domínios KU recombinantes (0,5 µg) contra

os soros de camundongos anti-AyD1 (a), anti-AbD2 (b), anti-AcD5 (c), anti-Na16D1 (d) e pré-

imune (e) diluídos 1:250. Padrão molecular de proteínas em kilodaltons (kDa). Os números 1-

6 indicam as proteínas reconhecidas pelos soros e estão detalhados no texto.

(a) (b)

(c) (d)

(e)

1 1

3

4

5 5

1 1

2 3

5

1 1

4

5 6

2

1

2

1

3

4

5

3

6

Page 92: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

91

O reconhecimento de proteínas com domínios KU nos produtos ES e extratos

protéicos totais pelos quatros soros contra os domínios recombinantes foi bem

distinto. O soro anti-AcD5 foi o que reconheceu o maior número de bandas nos

produtos ES e nos extratos protéicos totais, neste segundo juntamente com o soro

anti-AyD1. Em contrapartida, o soro anti-AyD1 reconheceu menos proteínas dos

produtos ES e o anti-AbD2 foi o que apresentou o menor número de proteínas

reconhecidas para os extratos protéicos totais (FIGURAS 18 e 19).

Os produtos ES de machos e fêmeas de N. americanus apresentou o melhor

perfil de reconhecimento pelos soros contra os quatro domínios recombinantes,

demostrando ter algumas proteínas que possuem domínio Kunitz. Já para A.

caninum e A. ceylanicum, poucas proteínas foram reconhecidas (FIGURA 18).

No perfil de produtos ES, destacam-se seis proteínas, que estão numeradas

na FIGURA 18 e serão analisadas de acordo com a numeração: 1) proteína de

aproximadamente 35 kDa reconhecida em machos e fêmeas de N. americanus e

fêmeas de A. caninum para os quatro soros anti-domínios KU recombinantes; 2)

proteína de aproximadamente 85 kDa em machos e fêmeas de N. americanus

reconhecida pelo soro anti-AcD5 e anti-AbD2, sendo que para este segundo ela se

apresenta aparentemente mais expressa em machos, além de ser reconhecida em

fêmeas de A. caninum com o soro contra o domínio recombinante da espécie; 3)

proteína de aproximadamente 60 kDa em machos e fêmeas de N. americanus

reconhecida pelos soros anti-AbD2, anti-AcD5 e anti-Na16D1, sendo aparentemente

mais expressa em fêmeas, além de aparecer também, bem fraca, no ES de machos

de A. ceylanicum quando incubado com soro anti-AcD5; 4) proteína de

aproximadamente 25 kDa em ambos os sexos de N. americanus reconhecida pelo

soro específico e reconhecida em fêmeas pelos soros anti-AyD1 e anti-AcD5; 5)

Page 93: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

92

proteína de aproximadamente 15 kDa em machos e fêmeas de N. americanus para

os soros anti-Na16D1, anti-AyD1 e anti-AcD5, sendo que para os dois últimos esta é

aparentemente mais expressa em fêmeas, sendo também reconhecida, fracamente,

pelos soros anti-AbD2 e anti-Na16D1 no ES de A. caninum fêmea; 6) proteína de

aproximadamente 10 kDa de N. americanus reconhecida pelos soros anti-AyD1 e

anti-AcD5, que também é reconhecida pelo soro pré-imune, com menor intensidade

(FIGURA 18).

Nos produtos ES de fêmeas de A. caninum foi reconhecida uma proteína de

aproximadamente 85 kDa, utilizando o soro específico, que pode ser o inibidor de

protease tipo Kunitz já descrito para a espécie (83 kDa). Entretanto, o inibidor de

protease tipo Kunitz já descrito para A. ceylanicum (7,9 kDa) não foi reconhecido nos

produtos ES deste parasito. Além disso, foram reconhecidas bandas de

aproximadamente 10 e 85 kDa nos produtos ES de N. americanus que podem ser

proteínas homólogas a estes inibidores já descritos para A. caninum e A.

ceylanicum.

Apesar de algumas proteínas serem aparentemente mais expressas por

machos ou fêmeas, de uma maneira geral, não houve diferença aparente na

quantidade e intensidade de proteínas com domínios KU, inibidores de proteases

tipo Kunitz, entre os produtos ES de machos e fêmeas das três espécies, que

confirme a expressão diferencial destas proteínas baseado na transcrição diferencial

observada anteriormente. Para A. caninum, observa-se um reconhecimento de

proteínas em fêmeas, ausentes em machos, mas que provavelmente se deve ao

fato de os produtos ES de machos e fêmeas não terem quantidades de proteínas

semelhantes, apesar de terem sido dosados (FIGURA 17).

Page 94: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

93

Em comparação com os produtos ES, foram obtidos, por western blot, perfis

mais fracos para os extratos protéicos totais. Ao contrário do observado para os

produtos ES, nenhuma proteína foi reconhecida no extrato protéico total de N.

americanus pelos quatro soros anti-domnínios KU recombinantes. Neste caso, a

maior parte de proteínas do extrato protéico total que possuem domínios KU é de A.

ceylanicum e A. caninum (FIGURA 19).

Para o perfil dos extratos protéicos totais, observam-se oito proteínas, que

estão numeradas na FIGURA 19 e serão analisadas de acordo com a numeração: 1)

proteína de aproximadamente 130 kDa reconhecida em machos e fêmeas de A.

ceylanicum e A. caninum e machos de A. braziliense para os quatro soros anti-

domínios KU recombinantes, apesar de ser reconhecida com menor intensidade

pelo soro pré-imune; 2) proteína de aproximadamente 35 kDa em machos de A.

ceylanicum, reconhecida pelos soros anti-AyD1 e anti-Na16D1, e em A. braziliense,

reconhecida pelos soros anti-AcD5 e anti-AyD1, sendo para o segundo soro o

reconhecimento foi só para machos; 3) proteína de aproximadamente 15 kDa de

machos de A. ceylanicum reconhecida pelos soros anti-AyD1 e anti-AcD5; 4)

proteína de aproximadamente 37 kDa em machos de A. caninum reconhecida pelos

quatro soros anti-domínios KU e pelo pré-imune, com menor intensidade; 5, 6 e 7)

três proteínas foram reconhecidas pelo soro anti-AcD5 em machos de A. canium,

com tamanho aproximado de 100, 70 e 20 kDa; 8) proteína de aproximadamente 45

kDa de fêmeas de A. caninum reconhecida pelo soro anti-AyD1 e de A. braziliense

reconhecida, com pouca intensidade, pelos soros anti-AcD5 e anti-AbD2, sendo que

o segundo só reconheceu a proteína em machos (FIGURA 19).

Page 95: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

94

FIGURA 19: Western blot dos extratos protéicos totais (25 µg) de machos e fêmeas de N.

americanus, A. ceylanicum, A. caninum e A. braziliense e domínios KU recombinantes (0,5

µg) contra os soros de camundongos anti-AyD1 (a), anti-AbD2 (b), anti-AcD5 (c), anti-Na16D1

(d) e pré-imune (e) diluídos 1:100. Padrão molecular de proteínas em kilodaltons (kDa). Os

números 1-8 indicam as proteínas reconhecidas pelos soros e estão detalhados no texto.

(a) (b)

(c) (d)

(e)

1 1

2 4

1 1

2 2

3

4

8

1 1

4 8

1 1

2

3

4

5 6

7

8

Page 96: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

95

Ao contrário do observado parao os produtos ES, a expressão diferencial de

inibidores de protease tipo Kunitz dos extratos protéicos totais foi parcialmente

confirmada. Observam-se cinco proteínas, quatro de A. caninum (4, 5, 6 e 7) e uma

de A. ceylanicum (3), aparentemente específicas de machos. Além destas, outras

três proteínas de A. ceylanicum (2) ou A. braziliense (1 e 8) são reconhecidas

apenas em machos por pelo menos um soro anti-domínio KU recombinante.

5.5. Ensaio de vacinação de hamsters

5.5.1. Avaliação da imunização

Após 57 dias da primeira dose da vacina com domínios KU – AyD1 e mix dos

quatro domínios – os hamsters vacinados e desafiados com larvas infectantes (L3)

de A. ceylanicum foram sacrificados. Durante o experimento, morreram dois animais:

um do grupo 4 (AyD1), aos 7 dias de experimento, e outro do grupo 3 (Mix), 10 dias

após o desfio. Para avaliar se a imunização estimulou a produção de anticorpos anti-

domínios KU pelos hamsters imunizados, os plasmas obtidos antes da primeira

imunização (pré-imune), no dia do desafio (dia D) e no dia do sacrfício (dia S) foram

avaliados quanto à produção de anticorpos IgG contra os domínios recombinantes,

através da técnica ELISA.

Os hamsters imunizados com apenas o domínio AyD1 ou mix dos quatro

domínios KU produziram resposta por anticorpos IgG significativa quando

comparados com o plasma pré-imune e com os grupos controle (PBS e Adjuvante),

como demonstrado na FIGURA 20.

Page 97: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

96

A produção de anticorpos foi siginificativamente maior para os grupos

imunizados com AyD1 (antes do desafio) e com mix dos quatro domínios (antes do

desafio e no dia do sacrifício). Observa-se que houve uma resposta humoral maior

no grupo imunizado contra os quatro domínios recombinantes, mesmo quando

testado apenas contra o domínio AyD1, sendo que a diferença entre os grupos 3

(Mix) e 4 (AyD1) no dia do desafio foi estatisticamente significativa. Além disso, há

uma queda na produção de anticorpos entre o dia do desafio e o dia do sacrifício,

para os dois grupos imunizados com proteínas, mas esta não é estatisticamente

significativa (FIGURA 20).

Os plasmas dos hamsters imunizados também foram avaliados quanto à

produção de anticorpos IgG contra antígeno bruto total e produtos de excreção e

secreção de A. ceylanicum, através da técnica ELISA. Observa-se que os hamsters

dos quatro grupos experimentais produziram resposta significativa contra antígeno

FIGURA 20: Níveis de anticorpos IgG de hamsters do ensaio de vacinação frente ao domínio

KU recombinante AyD1 (a) e mix dos quatro domínios KU recombinantes – AyD1, AbD2, AcD5

e Na16D1 – (b). Diferença estatística para o pré-imune * = p<0,05; ** = p<0,01. Diferença

estatística entre Mix (D) e AyD1 (D) # = p<0,05. D: dia do desafio com 100 L3 de A.

ceylanicum; S: dia do sacrifício.

(a) (b) # #

Page 98: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

97

bruto total e produtos ES, comparando-se o dia do sacrifico com o dia do desafio,

independentemente da imunização recebida (FIGURA 21).

5.5.2. Avaliação da vacinação

A imunização com domínios KU recombinantes – mix e AyD1 – não conferiu

proteção aos hamsters contra a infecção por A. ceylanicum, quando comparados

aos grupos controle (PBS e Adjuvante), baseado nos parâmetros avaliados. Não

houve diminuição de parâmetros clínicos decorrentes da infecção, carga parasitária

e do potencial de transmissão da doença, medido pelo número de ovos por grama

de fezes (OPG) e pela viabilidade dos ovos, através da eclosão de larvas.

- OPG

Não houve diferença aparente no número de ovos eliminados, juntamente

com as fezes, pelos hamsters dos quatro grupos experimentais ao longo da infecção

(FIGURA 22).

FIGURA 21: Níveis de anticorpos IgG de hamsters do ensaio de vacinação frente ao antígeno

bruto total (a) e produtos de excreção e secreção (b) de A. ceylanicum. Diferença estatística

entre os dias do desafio e sacrifício * = p<0,05; ** = p<0,01; *** = p<0,001. D: dia do desafio

com 100 L3 de A. ceylanicum; S: dia do sacrifício.

(a) (b)

Page 99: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

98

- Viabilidade dos ovos

Os ovos presentes nas fezes dos quatro grupos coletadas no 22º dia após a

infecção por A. ceylanicum, dia do sacrifício, estavam viáveis. Foram recuperadas

larvas infectantes (L3) ativas das coproculturas feitas com estas fezes.

- Ganho de peso

A imunização com a mix dos quatro domínios KU recombinantes ou com o

domínio AyD1 não conferiu proteção contra a perda de peso causada pela infecção

por ancilostomídeos. Não houve diferença estatística da média dos pesos dos

hamsters entre os quatro grupos experimentais, em nenhum dos dias avaliados

durante a infecção por A. ceylanicum (FIGURA 23).

FIGURA 23: Peso, em gramas, dos hamsters do ensaio de vacinação ao longo da infecção

com 100 L3 de A. ceylanicum.

FIGURA 22: Eliminação de ovos por grama de fezes dos hamsters dos quatro grupos do

ensaio de vacinação ao longo da infecção com 100 L3 de A. ceylanicum. O.P.G. = ovos por

grama de fezes.

Page 100: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

99

Os hamsters dos quatro grupos experimentais ganharam peso na primeira

semana após a infecção por A. ceylanicum, mas perderam peso nas duas semanas

seguintes, sendo que a média dos pesos dos hamsters, dos quatro grupos, no dia 21

era significativamente menor que nos dias 0 e 7 após a infecção. A semana com a

perda de peso mais significativa foi entre 7-14 dias após a infecção, com exceção do

grupo AyD1 cuja diferença da média dos pesos entre os dias 7 e 14 não foi

estatisticamente significativa.

- Exame do volume globular e dosagem de hemoglobina

A imunização também não conferiu proteção contra a anemia causada pela

infecção por ancilostomídeos, avaliadas aqui pela comparação do exame

volumétrico de hemácias e níveis de hemoglobina do sangue dos hamsters antes e

no final da infecção por A. ceylanicum.

Os níveis de hemoglobina e o volume globular diminuíram significativamente

com a infecção, chegando a atingir níveis abaixo da taxa de normalidade (FIGURA

24).

FIGURA 24: Volume de hemácias (a) e níveis de hemoglobina (gramas por decilitro de

sangue) (b) de hamsters do ensaio de vacinação antes e ao final da infecção por A.

ceylanicum. As linhas pontilhadas indicam os valores de referência normais obtidos de

Mitruka e Rawnsley apud Gad (2007). D: dia do desafio com 100 L3 de A. ceylanicum; S: dia

do sacrifício. Diferença estatística entre os dias D e S do mesmo grupo * = p<0,05.

(a) (b)

Page 101: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

100

- Recuperação de vermes adultos e proporção entre machos e fêmeas

Foram recuperados vermes adultos da mucosa do intestino delgado de todos

os hamsters, dos quatro grupos imunizados. Não houve diferença estatística

significativa entre a quantidade de vermes recuperados nos grupos imunizados (mix

e AyD1) quando comparados com os grupos controle (PBS e Adjuvante), assim

como não houve diferença estatisticamente significativa na proporção entre vermes

machos e fêmeas nos quatro grupos experimentais (FIGURA 25).

5.6. Teste de imunogenicidade

Os soros/plasmas de hamsters e cães infectados com ancilostomídeos foram

testados, através da técnica ELISA, em comparação com soros/plasmas negativos,

contra uma mix dos quatro domínios KU recombinantes e o domínio recombinante

de cada espécie infectante, para saber se há produção de anticorpos IgG contra

proteínas que possuem este domínio: inibidores de protease tipo Kunitz.

Dentre os cães, infectados com A. braziliense, A. caninum ou A. ceylanicum,

a produção de anticorpos IgG foi significativamente maior apenas para os cães

FIGURA 25: Recuperação de vermes adultos, machos e fêmeas, de A. ceylanicum do

intestino delgado dos hamsters do ensaio de vacinação, infectados com 100 L3 de A.

ceylanicum.

Page 102: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

101

infectados com A. caninum, tanto para o domínio recombinante específico do A.

caninum, quanto para a mix de domínios, comparando-se os soros coletados no dia

do sacrifício e antes da infecção (FIGURA 26).

Para hamsters infectados com A. ceylanicum, também não houve resposta

humoral significativa contra proteínas com domínios KU, como verificado para os

hamsters do grupo 1 (PBS) do ensaio de vacinação deste trabalho (FIGURA 27).

FIGURA 26: Níveis de anticorpos IgG de cães infectados por A. braziliense (1:1000) (a), A.

caninum (1:500) (b) e A. ceylanicum (1:500) (c) frente a mix dos quatro domínios KU

recombinantes – AyD1, AbD2, AcD5 e Na16D1 – e ao domínio KU recombinante AbD2 (a),

AcD5 (b) e AyD1 (c). Diferença estatística entre negativo e positivo *** = p<0,001. Negativo:

antes da infecção; Positivo: dia do sacrifício.

(a) (b)

(c)

FIGURA 27: Níveis de anticorpos IgG de hamsters infectados por A. ceylanicum frente a mix

dos quatro domínios KU recombinantes – AyD1, AbD2, AcD5 e Na16D1 – e ao domínio KU

recombinante AyD1. Negativo: dia do desafio com 100 L3 de A. ceylanicum; Positivo: dia do

sacrifício.

Page 103: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

102

Os hamsters infectados com N. americanus foram avaliados quanto a

produção de anticorpos IgG contra proteínas com domínios KU, além de produtos de

excreção/secreção e antígeno bruto total do parasito. Para os antígenos do parasito,

foi observada uma resposta por anticorpos IgG estatisticamente significativa nos

hamsters infectados por N. americanus, quando comparados com hamsters não

infectados (FIGURA 28). Houve maior reconhecimento dos domínios KU

recombinantes – mix e Na16D1 – pelos hamsters infectados, em relação aos não

infectados, mas esta não foi estatisticamente significativa (FIGURA 28).

Como os hamsters foram infectados com larvas infectantes (L3) de N.

americanus não adaptadas para esta espécie, apenas em dois hamsters foram

encontrados vermes adultos na mucosa intestinal.

FIGURA 28: Níveis de anticorpos IgG de hamsters infectados por N. americanus frente ao

antígeno bruto total e produtos de excreção e secreção de N. americanus (a) e frente a mix

dos quatro domínios KU recombinantes – AyD1, AbD2, AcD5 e Na16D1 – e ao domínio KU

recombinante Na16D1 (b). Diferença estatística entre negativo e positivo *** = p<0,001.

Negativo: pré-imune ensaio de vacinação; Positivo: 42 dias de infecção.

(a) (b)

Page 104: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

103

DISCUSSÃO

Page 105: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

104

6. DISCUSSÃO

Após a identificação de um número considerável de sequências gênicas

expressas e de algumas sequências genômicas, para membros da família

Ancylostomatidae, grupos de pesquisadores vem se voltando para o

aprofundamento na caracterização de genes selecionados e no envolvimento

desses genes nos processos biológicos da relação parasito/hospedeiro. Dessa

forma, genes codificando proteínas consideradas importantes para o

estabelecimento da infecção e da sobrevivência do parasito no hospedeiro, vêm

sendo selecionadas para serem mais bem caracterizados. Dentre essas possíveis

moléculas, temos proteínas candidatas ao desenvolvimento de vacinas ou mesmo

ao desenvolvimento de novos alvos para drogas.

O controle de ancilostomídeos nas regiões endêmicas é feito através do uso

de benzimidazóis anti-helmínticos (WHO, 2005). Entretanto, as altas taxas de

reinfecção após o tratamento, a diminuição da eficácia dos anti-helmínticos

utilizados devido ao seu uso frequente e o surgimento de uma possível resistência

dos ancilostomídeos a essas drogas, tem estimulado o interesse em desenvolver

vacinas recombinantes (HOTEZ et al., 2006). O desenvolvimento de vacinas

recombinantes envolve o conhecimento da função de várias proteínas do parasito e

sua possível capacidade imunogênica. Apesar do grande impacto da ancilostomose

nos países em desenvolvimento, os estudos moleculares de caracterização e função

de proteínas, para membros da família Ancylostomatidae, ainda são escassos.

A maior parte das proteínas já estudadas, em ancilostomídeos, está envolvida

no processo de invasão do parasito no hospedeiro, na digestão da hemoglobina

ingerida pelo ancilostomídeo e na proteção do ancilostomídeo contra o sistema

imune, além da ação das enzimas digestivas do hospedeiro (HAWDON et al., 2003;

Page 106: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

105

WILLIAMSON et al., 2003; ZHAN et al., 2003), dentre as quais se destacam as ASPs

e os inibidores de proteases tipo Kunitz.

As ASPs (Ancylostoma Secreted Protein) são uma família de proteínas

secretadas, ricas em cisteína e específicas de nematódeos, que já foram descritas

em nove espécies do Filo (VISSER et al., 2008), sendo que já foram descritas 15

ASPs para ancilostomídeos (ASOJO et al., 2005; GOUD et al., 2004; ZHAN et al.,

1999; ZHAN et al., 2003) , além de identificadas 25 novas proteínas homólogas a

ASPs nos produtos ES de A. caninum (MULVENNA et al., 2009). Neste trabalho,

foram descritas três novas asps para A. braziliense e estas foram nomeadas de

acordo com as sequências ortólogas/homólogas de A. caninum, asp-4, asp-5 e asp-

6, uma vez que o cDNA foi amplificado utilizando iniciadores desenhados para as

sequências já descritas para A. caninum (ZHAN et al., 2003).

Este não é o caso das asps de A. ceylanicum disponíveis no banco de dados

do NCBI. As sequências de aminoácidos deduzidas de Ay-asp-4 e Ay-asp-5 são 50-

54% similar às ortólogas de A. braziliense e A. caninum e a proteína inferida Ay-

ASP-4 possui apenas um domínio SCP-like, enquanto a Ac-ASP-4 possui dois.

Como as asps de A. ceylanicum não têm alta similaridade com as asp-4 e asp-5

originalmente descritas para A. caninum (ZHAN et al., 2003), uma nomenclatura

diferente deveria ser usada para tais sequências. Assim como para ancilostomídeos,

a nomenclatura da maioria das ASPs descritas para nematódeos, incluindo Cooperia

punctata (YATSUDA et al., 2002), Ostertagia ostertagi (GELDHOF et al., 2003;

VISSER et al., 2008) e Onchocerca volvulus (TAWE et al., 2000), é bastante confusa

e requer revisão.

Além das asps de A. braziliense, foram descritas novas sequências parciais

de inibidores de proteases tipo Kunitz para ancilostomídeos. Proteínas tipo Kunitz

Page 107: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

106

são uma classe de inibidores de proteases que podem ter um ou mais domínios

conservados (KU) e existem 44 proteínas de nematódeos no banco de dados

contendo esse(s) domínio(s) (HAWDON, et al., 2003). Até este presente trabalho, já

havia sido descrito dois genes tipo Kunitz para ancilostomídeos: um contendo um

domínio KU, de A. ceylanicum (MILSTONE et al., 2000), e outro com doze domínios

KU, de A. caninum (HAWDON, et al., 2003). Neste trabalho, foram obtidas novas

sequências parciais de genes tipo Kunitz para A. braziliense, A. caninum e A.

ceylanicum, utilizando iniciadores desenhados para os dois genes já disponíveis

para ancilostomídeos.

A transcrição diferencial em machos de asps e inibidores de proteases tipo

Kunitz observado em estudos anteriores (COSTA et al., 2008) foi confirmada para as

asps 4, 5 e 6 de A. braziliense e A. caninum, as asps 4 e 5 de A. ceylanicum, e para

dois genes de inibidores tipo Kunitz para as três espécies de ancilostomídeos neste

trabalho. Algumas moléculas semelhantes a estas já foram descritas em machos e

estariam relacionadas à reprodução.

O perfil macho-específico de um provável inibidor de serino-proteases de

Oesophagostomum dentatum, que pode estar envolvido na interação com proteases

endógenas associados a processos biológicos nos vermes adultos machos (BOAG

et al., 2002), e a expressão de proteínas com domínios semelhantes aos das ASPs

(KRÄTZSCHMAR et al., 1996) e tipo Kunitz (CLAUSS et al., 2011) em órgão

reprodutores masculinos de mamíferos, poderiam estar ligados à reprodução,

justificando assim o caráter macho-específico destas proteínas.

Entretanto, isto não se aplicaria às proteínas de ancilostomídeos. A

localização sub-cuticular da proteína Ay-Kunitz (1D) (CHU et al., 2004) e Ac-ASP-4,

nas glândulas cefálica e excretora da Ac-ASP5 e no trato intestinal Ac-ASP6 (ZHAN

Page 108: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

107

et al., 2003), além destas proteínas serem excretadas/secretadas, incluindo as 25

novas proteínas similares a ASPs encontradas nos produtos ES de A. caninum

(MULVENNA et al., 2009), sugerem uma função não relacionada à reprodução e sim

na interação parasito-hospedeiro.

Observações similares, de genes de ASPs mais transcritos em machos

também foram feitas em outros nematódeos como O. ostertagi (VISSER et al.,

2008), C. elegans (REINKE et al., 2004), Trichostrongylus vitrinus (NISBET &

GASSER, 2004), O. dentatum (COTTEE et al., 2006) e Brugia malayi (LI et al.,

2005). A ASP-3 de O. ostertagi é mais transcrita em machos e se localiza no

esôfago, o que também torna improvável que esta proteína desempenhe um papel

na reprodução do parasito.

Em comparação com outros ancilostomídeos, a descrição de ASPs e

inibidores de proteases tipo Kunitz para o principal causador da ancilostomose

humana, o parasito N. americanus, ainda é escassa. Recentemente, foram

disponibilizadas um grande número de sequências para N. americanus (RABELO et

al., 2009; CANTACESSI et al., 2010), totalizando mais de 530 mil sequências

disponíveis no banco de dados do NCBI, que ainda foram pouco exploradas.

Neste trabalho, foram geradas, in silico, 94 sequências consenso, 36 similares

aos inibidores de proteases tipo Kunitz, Ay-Kunitz (1D) e Ac-Kunitz (12D), e 58

similares às ASPs 4, 5 e 6 de A. caninum e 4 e 5 de A. ceylanicum. Estas

sequências poderão ser utilizadas em estudos futuros para melhor caracterização

destas proteínas em N. americanus.

O grande número de ESTs de ancilostomídeos depositadas nos bancos de

dados de DNA que possuem homologia com inibidores de proteases tipo Kunitz,

além do perfil macho-enriquecido observado para os genes já descritos neste

Page 109: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

108

trabalho e em estudos anteriores (COSTA et al., 2008), tornou evidente a

necessidade do aprofundamento de estudos com tais proteínas.

A comparação da expressão de genes de inibidores tipo Kunitz entre machos

e fêmeas de ancilostomídeos foi feita utilizando soro de camundongos imunizados

apenas com os domínios KU recombinantes para que, além da comparação da

expressão, fosse possível conhecer a quantidade e o perfil de proteínas que contêm

este domínio conservado, ou seja, prováveis inibidores tipo Kunitz, nos produtos ES

e extratos protéicos totais dos parasitos. Curiosamente, a maioria das proteínas

reconhecidas nos produtos ES era de N. americanus e, em contraparitda, para os

extratos protéicos totais, foram reconhecidas proteínas apenas nos extratos das

espécies de Ancylostoma, demonstrando assim uma diferença na expressão

protéica deste inibidor entre as duas subfamílias de ancilostomídeos.

Sendo assim, foram identificadas 14 proteínas que provavelmente possuem

este domínio conservado, sendo seis de produtos ES de A. caninum, A. ceylanicum

e N. americanus e oito dos extratos protéicos totais de A. braziliense, A. caninum e

A. ceylanicum. Estudos futuros serão necessários para confirmar se tais proteínas

seriam realmente inibidores de proteases tipo Kunitz.

A transcrição diferencial de inibidores de proteases tipo Kunitz foi

parcialmente confirmada, quando avaliada a expressão das proteínas, uma vez que

a maioria das proteínas reconhecidas nos extratos protéicos totais das espécies de

Ancylostoma é de machos. Já para os produtos ES, não houve reconhecimento

diferencial significativo para estes inibidores.

Embora os domínios KU utilizados para produção do soro apresentassem

sequências diferentes, eles ainda apresentam um alto grau de conservação, por se

tratarem de um domínio conservado, não sendo possível observar um

Page 110: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

109

reconhecimento específico entre o soro produzido com o domínio recombinante de

cada espécie, como já era esperado. Da mesma forma, o fato de existirem vários

genes contendo diferentes combinações desses domínios pode ter mascarado o

caráter macho-específico significativo que foi observado para o RNA. Ou seja, as

diferenças podem ter sido observadas para o RNA com iniciadores específicos para

cada domínio, que devido à degeneração do código genético foram mascaradas nas

proteínas.

Embora a vacinação não estivesse inicialmente contemplada nos objetivos

deste trabalho, uma vez expressos os domínios KU, foi decidido testar a

possibilidade de esses domínios serem usados em ensaios de vacinação, além de

verificar se haveria interferência na proporção de vermes adultos machos e fêmeas

que viessem a ser recuperados da mucosa intestinal.

Atualmente, os modelos usados para o estudo da infecção por

ancilostomídeos são modelos naturais ou permissíveis, tais como o cão e hamsters,

respectivamente. Apesar de estes modelos apresentarem limitações quanto ao

desenvolvimento de resistência às infecções, cães podem ser utilizados na infecção

por A. ceylanicum e A. caninum, enquanto hamsters albergam A. ceylanicum e N.

americanus (GARSIDE et al., 1990; LOUKAS & PROCIV, 2001; FUJIWARA et al.,

2006).

A infecção de hamsters (Mesocricetus auratus) por A. ceylanicum tem sido

usada como modelo da infecção experimental por ancilostomídeos em estudos de

patologia, imunologia e vacinação (DONDJI et al., 2008; ALKAZMI et al., 2006, 2008;

GHOSH et al., 2006; BUNGIRO et al., 2001; MENON & BOPHALE, 1985). Ao

contrário de camundongos, que não permitem o desenvolvimento de parasitos

Page 111: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

110

adultos de Ancylostoma, hamsters imunocompetentes são permissíveis ao

desenvolvimento de ancilostomídeos parasitos do homem, inclusive A. ceylanicum.

Assim, larvas infectantes (L3) administradas por via oral em hamster se

desenvolvem no intestino delgado em vermes adultos (BUNGIRO et al., 2003). O

modelo é útil porque reproduz a perda de peso, diminuição no ritmo de crescimento

e anemia encontrados em infecções maciças por ancilostomídeos em humanos

(MENON & BOPHALE, 1985; GARSIDE & BEHNKE, 1989; BUNGIRO et al., 2001, 2003;

GHOSH et al., 2006). Entretanto, hamsters desenvolvem uma resistência parcial a

infecções secundárias por A. ceylanicum (GARSIDE et al., 1990).

Ainda que a imunização dos hamsters com uma mix dos quatro domínios

recombinantes ou com o domínio específico de A. ceylanicum, a espécie utilizada

como modelo em hamsters, tenha sido eficaz, não foi produzida uma resposta

protetora em nenhum dos aspectos analisados no curso da infecção.

Neste trabalho, foram feitas três imunizações com 25 µg de proteínas cada,

assim como utilizado por Xiao e colaboradores (2008), que verificaram uma redução

de 29,3-50,6% de vermes adultos recuperados do intestino de hamsters infectados

com 150 larvas infectantes (L3) de N. americanus, utilizando proteínas

recombinantes de A. caninum e N. americanus, Ac-aspartic protease 1, Ac-

glutathione-S transferase 1, Na-Ancylostoma secreted protein 2 e Na-cysteine

proteases 2.

Em outro estudo, Chu e colaboradores (2004) constataram que hamsters

vacinados com Kunitz (1D) de A. ceylanicum apresentaram maior ganho de peso do

que os não vacinados e, ao contrário do que se imaginava, esse inibidor não tem

relação alguma com a anemia provocada em infecções por ancilostomídeos,

demonstrando que a inibição da ação de serino-proteases, como tripsina,

Page 112: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

111

quimiotripsina, elastase pancreática e elastase de neutrófilos, é um dos fatores

envolvidos no atraso de crescimento do hospedeiro.

Neste caso, os hamsters foram imunizados com três doses de 100 µg (1ª) e

50 µg (2ª e 3ª) de proteína cada, desafiados com 100 larvas infectantes (L3) de A.

ceylanicum, sendo avaliados apenas o ganho de peso e a concentração de

hemoglobina durante 60 dias de infecção. Como o objetivo do ensaio de vacinação

do nosso trabalho era avaliar, dentre outros parâmetros, a quantidade de vermes

adultos recuperados da mucosa intestinal dos hamsters, estes foram sacrificados na

fase aguda da doença, com 22 dias de infecção.

As vacinas contra helmintos que estão atualmente em desenvolvimento têm

como alvo proteínas envolvidas nos processos metabólicos e de aquisição de

nutrientes pelos parasitos (HOTEZ et al., 2010) e assume-se que vacinas anti-

helmínticas devem ser multivalentes, uma vez que as várias fases do parasito tem

transcripitomas e proteomas muito distintos (LOUKAS et al., 2011). Acredita-se

também que para essa associação deve-se usar antígenos distintos, que tenham

demonstrado proteção parcial anteriormente (PINHEIRO et al., 2011), sendo

também necessária a avaliação de excipientes que tornem a vacina estável contra a

degradação do antígeno, o que poderia resultar em perda da atividade e

imunogenicidade (PLIESKATT et al., 2012).

Além disso, estudos têm avaliado a possibilidade de desenvolvimento de

vacinas multivalentes para mais de uma doença, como ancilostomose e

esquistossomose mansoni, o que poderia aumentar a eficiência da vacina e a

abrangência da distribuição da mesma, uma vez que a maior parte das áreas de

ocorrência das duas doenças se sobrepõe (HOTEZ et al., 2010).

Page 113: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

112

Apesar dos esforços para desenvolvimento de vacinas anti-helmínticas

humanas, esta ainda é uma realidade um pouco distante. Para ancilostomídeos, a

proteína promissora ASP-2, que havia demonstrado proteger parcialmente cães e/ou

hamsters contra infecções por A. caninum (BETHONY et al., 2005), A. ceylanicum

(GOUD et al., 2004; MENDEZ et al., 2005) e N. americanus (XIAO et al., 2008) e ser

bem tolerada imunogenicamente em humanos vacinados na fase 1 nos EUA

(BETHONY et al., 2008), foi descartada pois se mostrou extremamente alergênica

quando testada em indivíduos de áreas endêmicas no Brasil (BETHONY et al.,

2011).

Para esquistossomose mansoni, os antígenos candidatos para vacina têm

demonstrado não ser muito eficazes e a estratégia de usar vacinas multivalentes

com peptídeos sintéticos ou de DNA não geraram níveis mais elevados de proteção

quando comparados ao uso de um único antígeno (revisado por PINHEIRO et al.,

2011).

O fato dos domínios KU testados nesse trabalho terem desencadeado uma

resposta imune aos mesmos, demonstra a potencialidade de serem testados

futuramente em combinações com outros peptídeos ou proteínas recombinantes.

Os domínios KU recombinantes produzidos neste trabalho foram utilizados

para saber se há produção de anticorpos IgG contra proteínas que possuem este

domínio conservado, inibidores de protease tipo Kunitz, em animais infectados por

ancilostomídeos. Dos soros de cães infectados com A. braziliense, A. canium ou A.

ceylanicum avaliados, apenas os cães infectados com A. caninum produziram

resposta humoral significativa contra proteínas com domínios KU.

Os soros utilizados neste trabalho foram obtidos em estudo prévio do nosso

grupo, por Cunha (2009). Neste estudo, três grupos distintos de animais foram

Page 114: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

113

infectados com larvas de A. ceylanicum, A. caninum e A. braziliense, para

comparação de parâmetros imunológicos e parasitológicos da infecção. Foi

observado que o grupo de cães infectados com A. caninum apresentou uma

elevação da produção de IgG reativa, em títulos de IgG total, mais precoce e mais

intensa que os outros dois grupos, tanto contra os antígenos totais quanto para os

antígenos secretados e excretados do parasito. Esse fato poderia explicar o

resultado encontrado no presente trabalho no qual ocorreu o reconhecimento, por

IgG, dos domínios KU recombinantes apenas para o grupo de A. caninum que,

provavelmente por ser o parasito mais adaptado ao hospedeiro em questão,

produziu uma resposta mais efetiva.

Além do soro de cães, foram avaliados plasmas/soros de hamsters infectados

com A. ceylanicum ou N. americanus. Os dois grupos apresentaram elevação da

produção de IgG reativa contra extratos protéicos totais e produtos ES dos parasitos

com os quais estavam infectados, mas não tiveram reconhecimento significativo dos

domínios KU recombinantes testados. Para N. americanus, como os hamsters foram

infectados com larvas infectantes (L3) de N. americanus não adaptadas para esta

espécie, apenas em dois hamsters foram encontrados vermes adultos na mucosa

intestinal. Isso pode explicar o reconhecimento não-significativo dos domínios

recombinantes KU por anticorpos dos animais infectados.

Humanos, cães, camundongos e hamsters possuem inibidores tipo Kunitz que

possuem domínios conservados KU assim como os dois inibidores de proteases tipo

Kunitz dos ancilostomídeos, como aprotininas e TFPI (Tissue Factor Pathway

Inhibitor) (CRAWLEY et al., 2008; GIRARD et al., 1994; MARONEY et al., 2011;

número de acesso DE31814). A proteína TFPI é um fator que inibe a produção de

trombina através da via extrínseca da coagulação sanguínea e, em condições

Page 115: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

114

normais, é expressa principalmente por células endoteliais vasculares, sendo que

cerca de 20% encontra-se no plasma, principalmente ligados a lipoproteína de baixa

densidade (LDL) (CRAWLEY et al., 2008; OSTERUD, 2012).

Apesar da similaridade das sequências de aminoácidos dos domínios KU de

humanos, cães, camundongos e hamsters com as sequências dos domínios KU

recombinantes expressos neste trabalho (40-60%), não acreditamos que isso

pudesse interferir na produção de anticorpos por hospedeiros, quando infectados por

ancilostomídeos, ou por humanos imunizados com tais domínios, uma vez que neste

trabalho foi alcançada imunização satisfatória e específica de camundongos e

hamsters pelos domínios KU recombinantes.

O reconhecimento de 14 proteínas que possuem domínios KU neste trabalho,

especialmente as proteínas específicas de N. americanus nos produtos de excreção

e secreção, abre novas perspectivas para o estudo de tais proteínas nos

ancilostomídeos. Uma próxima etapa seria a identificação destas, por espectrometria

de massa, para verificar se tais proteínas seriam realmente inibidores de proteases

tipo Kunitz. As proteínas poderiam ser extraídas do gel de poliacrilamida, após

corrida eletroforética dos antígenos, tratadas com tripsina para posterior análise em

espectrômetro de massa e comparação com banco de proteínas, como já realizado

para ancilostomídeos (MULVENNA et al., 2009).

Além disso, poderiam ser realizadas a expressão e caracterização de

algumas destas proteínas, principalmente Ac-Kunitz (12D) e das sequências

consenso geradas para N. americanus, submetendo-as a ensaios funcionais

biológicos, incluindo inibição de proteases, atividade anticoagulante e inibição de

complemento, para determinar sua possível função.

Page 116: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

115

Outra estratégia bastante útil e que vem se tornando cada vez mais comum, é

o estudo da função das proteínas através do silenciamento pós-transcrição por RNAi

(FIRE et al., 1998). Essa estratégia poderia ser usada em estudos futuros na

tentativa de aprofundar a caracterização e função do gene Kunitz (12D). A

interferência por RNA (RNAi) é uma técnica que suprime a expressão de um gene,

pela degradação do seu RNA mensageiro, utilizando um RNA fita dupla (doubled-

stranded RNA – dsRNA) gene-específico. A técnica foi originalmente caracterizada

em Caenorhabditis elegans (Fire et al., 1998) e desde então vem sendo utilizada

para estudar a função gênica em uma ampla variedade de organismos, incluindo

helmintos (GELDHOF et al., 2007).

O silenciamento pós-transcrição por RNAi também já foi feito em

ancilostomídeos. Marques (2008) demonstrou diminuição de 80% nos níveis de

mRNA e significativa redução na expressão da proteína APR-1 (cathepsin D-like

aspartic protease) em A. ceylanicum. Portanto, a supressão gênica por RNAi

consiste em uma estratégia factível e bastante útil para o estudo de proteínas de

ancilostomídeos envolvidas no parasitismo, apesar da eficiência do silenciamento

gênico poder ser extremamente variável (ISSA et al., 2005; GELDHOF et al., 2006;

VISSER et al., 2006).

Page 117: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

116

CONCLUSÕES

Page 118: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

117

7. CONCLUSÕES

• Foram obtidas sete novas sequências parciais para ancilostomídeos: três

asps para A. braziliense e quatro inibidores de protease tipo Kunitz, dois para

A. braziliense, um para A. caninum e um para A. ceylanicum;

• Foi verificada a transcrição diferencial em machos, em relação às fêmeas,

das asps 4, 5 e 6 de A. braziliense e A. caninum, das asps 4 e 5 de A.

ceylanicum e de dois genes de inibidores de proteases tipo Kunitz (1D e 12D)

para as três espécies, através de RT-PCR convencional e RT-PCR em tempo

real;

• Foram geradas, in silico, 36 sequências consenso similares aos inibidores de

proteases tipo Kunitz e 58 às asps para N. americanus, a partir do banco de

ESTs do parasito;

• Quatro domínios Kunitz distintos para as espécies A. braziliense, A. caninum,

A. ceylanicum e N. americanus foram expressos e utilizados para a produção

de anticorpos;

• A expressão diferencial em machos, em relação às fêmeas, de inibidores de

proteases tipo Kunitz dos extratos protéicos totais de A. braziliense, A.

caninum e A. ceylanicum foi parcialmente confirmada, através de western

blot, utilizando soros obtidos através da imunização de camundongos com um

domínio KU recombinante de cada espécie;

• Não foi confirmada a expressão diferencial de inibidores de proteases tipo

Kunitz presentes nos produtos de excreção e secreção de A. caninum, A.

ceylanicum e N. americanus e extrato protéico total de N. americanus, através

de western blot, utilizando soros obtidos através da imunização de

camundongos com um domínio KU recombinante de cada espécie;

Page 119: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

118

• Foram reconhecidas 14 proteínas distintas, sendo seis de produtos ES e oito

de extratos protéicos totais das quatro espécies, que provavelmente contêm o

domínio conservado KU;

• Dentre estas proteínas, foram reconhecidas proteínas específicas de N.

americanus para os produtos ES de machos e fêmeas usando soro dos

camundongos imunizados com os domínios KU recombinantes. A identidade

de tais proteínas deverá ser confirmada em estudos futuros.

• A vacinação de hamsters com os domínios KU recombinantes não conferiu

proteção contra a infecção por A. ceylanicum;

• O soro de cães infectados com A. braziliense ou A. ceylanicum e de hamsters

infectados com A. ceylanicum ou N. americanus não reconheceu de maneira

significativa os quatro domínios KU recombinantes e o domínio recombinante

de cada espécie infectante;

• O soro de cães infectados com A. caninum foi capaz de reconhecer os quatro

domínios KU recombinantes e o domínio KU recombinante específico.

Page 120: Caracterização de transcritos de ancilostomídeos

119

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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131

APÊNDICES

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132

APÊNDICE A – Iniciadores utilizados para amplificação do cDNA, sequenciamento, RT-PCR convencional e quantitativo

cDNA/gene Espéciesa Iniciador direto Iniciador reverso Produto (pb)

amplificação e sequenciamento do cDNAb

asp-4 Ab ASP4/1AcF: 5’ CGC TTG CCA TAA CCT CTC TT 3’ ASP4/2AcR: 5’ CCC AAT CCA ATC TAA CCA CC 3’ 1625 Ab e Ac ASP4/1AcF: 5’ CGC TTG CCA TAA CCT CTC TT 3’ ASP4/1AcR: 5’ GCT TTT GTT GTT GTT GCC CC 3’ 853 Ab ASP4/2AcF: 5’ CAT CTA CAT CGG CAA GCA CA 3’ ASP4/2AcR: 5’ CCC AAT CCA ATC TAA CCA CC 3’ 881 Ay ASP4/1AyF: 5’ CGA AAA CAA TAG CAG ATG ACT 3’ ASP4/1AyR: 5’ CGA GCA TTT CTA CAG GAG GA 3’ 110 asp-5 Ab ASP5/1AcF: 5’ AGG AGA ACT CTC ACT GCA TC 3’ ASP5/2AcR: 5’ TCG TGA AAC AGT CCA GTG AA 3’ 1321 Ab e Ac ASP5/1AcF: 5’ AGG AGA ACT CTC ACT GCA TC 3’ ASP5/1AcR: 5’ GCA TCA GTC ATT TCA GCG TTT 3’ 740 Ab ASP5/2AcF: 5’ ATT ATT CCT ACG CCA CAT CCA 3’ ASP5/2AcR: 5’ TCG TGA AAC AGT CCA GTG AA 3’ 658 Ay ASP5/1AyF: 5’ AGA CGC AGA CAA CAG ATA CC 3’ ASP5/1AyR: 5’ CCA TTC TAT TGC CAC ACA CAT 3’ 113 asp-6 Ab ASP6/1AcF: 5’ GCT CTT CAT TCT GGT TTT GGT 3’ ASP6/2AcR: 5’ CAC GCT TGG TTT ATT GCT CG 3’ 1407 Ab e Ac ASP6/1AcF: 5’ GCT CTT CAT TCT GGT TTT GGT 3’ ASP6/1AcR: 5’ CTG AGT CCG TTG TGC GTA TT 3’ 846 Ab ASP6/2AcF: 5’ GCT CCA CCA CCA ACA ACT G 3’ ASP6/2AcR: 5’ CAC GCT TGG TTT ATT GCT CG 3’ 695 Kunitz (1D) Ab, Ac e Ay KU/1AyF: 5’ TCT TCT GGT GGT GCT GCT TT 3’ KU/1AyR: 5’ CGG CAT CCT CCA TAA ACG AA 3’ 189 Kunitz (12D) Ab, Ac e Ay KU/1AcF: 5’ AAG TGG GGC CAT GTA AAG GA 3’ KU/1AcR: 5’ CTC TGG TAC TGC TTT CTT ACA 3’ 344

RT-PCR

asp-4 Ab e Ac ASP4/2AcF: 5’ CAT CTA CAT CGG CAA GCA CA 3’ ASP4/3AcR: 5’ CGT GTT CTA TGG CTC CTT GT 3’ 348 Ay ASP4/1AyF: 5’ CGA AAA CAA TAG CAG ATG ACT 3’ ASP4/1AyR: 5’ CGA GCA TTT CTA CAG GAG GA 3’ 110 asp-5 Ab e Ac ASP5/3AcF: 5’ GGC TGT CAC TAT GCG AAA TG 3’ ASP5/3AcR: 5’ TGG GGC AGT TGT AAG CAT TTT 3’ 337 Ay ASP5/1AyF: 5’ AGA CGC AGA CAA CAG ATA CC 3’ ASP5/1AyR: 5’ CCA TTC TAT TGC CAC ACA CAT 3’ 113 asp-6 Ab e Ac ASP6/3AcF: 5’ GGG TAT GCC AAT CTA TGA GG 3’ ASP6/1AcR: 5’ CTG AGT CCG TTG TGC GTA TT 3’ 324 Kunitz (1D) Ab, Ac e Ay KU/1AyF: 5’ TCT TCT GGT GGT GCT GCT TT 3’ KU/1AyR : 5’ CGG CAT CCT CCA TAA ACG AA 3’ 189 Kunitz (12D) Ab, Ac e Ay KU/1AcF: 5’ AAG TGG GGC CAT GTA AAG GA 3’ KU/1AcR: 5’ CTC TGG TAC TGC TTT CTT ACA 3’ 344

RT-PCR em tempo real

asp-4 Ab e Ac ASP4/2AcF: 5’ CAT CTA CAT CGG CAA GCA CA 3’ ASP4/1AcR: 5’ GCT TTT GTT GTT GTT GCC CC 3’ 109 Ay ASP4/1AyF: 5’ CGA AAA CAA TAG CAG ATG ACT 3’ ASP4/1AyR: 5’ CGA GCA TTT CTA CAG GAG GA 3’ 110 asp-5 Ab e Ac ASP5/2AcF: 5’ ATT ATT CCT ACG CCA CAT CCA 3’ ASP5/1AcR: 5’ GCA TCA GTC ATT TCA GCG TTT 3’ 77 Ay ASP5/1AyF: 5’ AGA CGC AGA CAA CAG ATA CC 3’ ASP5/1AyR: 5’ CCA TTC TAT TGC CAC ACA CAT 3’ 113 asp-6 Ab e Ac ASP6/2AcF: 5’ GCT CCA CCA CCA ACA ACT G 3’ ASP6/1AcR: 5’ CTG AGT CCG TTG TGC GTA TT 3’ 134 Kunitz (1D) Ab, Ac e Ay KU/2AyF: 5’ AGC TGA CAG ACG AGG AGA GAT GT 3’ KU/2AyR: 5’ CTC TTG AAG AAC GCC ATG CA 3’ 73 Kunitz (12D) Ab, Ac e Ay KU/2AcF: 5’CAA AGA AGC CTG CCT CAA GTA AC 3’ KU/2AcR: 5’ GGC AGA GAC AAC CGA ATG ATC 3’ 71

a Espécies A. braziliense (Ab), A. caninum (Ac) e A. ceylanicum (Ay). b Para asps de A. braziliense, o cDNA completo foi obtido e depois sequenciado por dois diferentes pares de iniciadores, gerando fragmentos sobrepostos.

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APÊNDICE B – Iniciadores utilizados para amplificação dos domínios KU

Origem Nome Sequênciaa Produto (pb)

Ab-Kunitz (12D) AbD2

Direto 5’ CCCAAGCTTGGGGAGAGCTGTTCACAGCCCA 3’

185 Reverso 5’ CCGCTCGAGCGCTTACACGTCTCCATGCACT 3’

Ac-Kunitz (12D)

AcD3

Direto 5’ CCCAAGCTTGGGGATGCATGCCTATTGCCATC 3’

182 Reverso 5’ CCGCTCGAGCGGCAGGTTTCCATGCATTTGG 3’

AcD5

Direto 5’ CCCAAGCTTGGGGACACCTGCTCACAGCCC 3’

185 Reverso 5’ CCGCTCGAGCGCTTACATGTCCGGGTGCAC 3’

AcD11

Direto 5’ CCCAAGCTTGGGGATAAATGCTTGCTGCCAATT 3’

182 Reverso 5’ CCGCTCGAGCGGCACGCATCCTGGCAGTC 3’

AcD12

Direto 5’ CCCAAGCTTGGGAGTCCATGCACCCTTCCTAT 3’

176 Reverso 5’ CCGCTCGAGCGGCAGGCTTCTTTGCAATCG 3’

Ay-Kunitz (1D) AyD1

Direto 5’ CCCAAGCTTGGGGAGAGATGTAATGCTCCGAC 3’

191 Reverso 5’ CCGCTCGAGCGTACACAAGTCTTCTTGCACTC 3’

Na-KContig1 Na1D2

Direto 5’ CCCAAGCTTGGGACAGCATGCAGTCTTCCAAT 3’

185 Reverso 5’ CCGCTCGAGCGAAGACATGTATTTTCGCACTC 3’

Na-KContig8 Na8D2

Direto 5’ CCCAAGCTTGGGAACATTTGTACGCTGCCAATA 3’

182 Reverso 5’ CCGCTCGAGCGACATGCAACCTCACAAGAAAG 3’

Na-KContig16 Na16D1

Direto 5’ CCCAAGCTTGGGAGATGCACGCTTCCAATAAAA 3’

182 Reverso 5’ CCGCTCGAGCGGAGGCATGTTTTCTGGCATT 3’

a Sítios para enzimas de restrição (negrito): direto – Hind III; reverso – Xho I

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APÊNDICE C – Sequências nucleotídicas e aminoacídicas dos domínios KU

inseridas no vetor pJexpress 414 (DNA2.0)

> AyD1

AGGAGGTAAAACATATGGAACGCTGCAACGCCCCAACCCACCTGGACGGCCCACAATGCATGGCGTTC

TTTAAGCGTTACACGTATAACAAAGAGAAAAAGCAGTGCGAGGAGTTTGTGTACGGTGGTTGTCGTCC

GAGCCCGAACAATTTCGAAACTATGGAGGAATGTAAAAAGACCTGTGTTCTCGAGCACCATCACCACC

ATCATTAA

> AyD1 (proteína)

MERCNAPTHLDGPQCMAFFKRYTYNKEKKQCEEFVYGGCRPSPNNFETMEECKKTCVLEHHHHHH

> AbD2

AGGAGGTAAAACATATGGAGAGCTGCAGCCAACCGATCGAAGTAGGCCCGTGCAAAGCAATGCTGGAG

CGTTTTGCGTACGATGACAAGAAAAAGAAGTGTGTTGAATTCTTTTATGGTGGTTGTCGCGGCAATCA

GAACAACTTCAAATCCATGGAGAAGTGCATGGAAACCTGTAAACTCGAGCACCACCACCATCATCACT

AA

>AbD2 (proteína)

MESCSQPIEVGPCKAMLERFAYDDKKKKCVEFFYGGCRGNQNNFKSMEKCMETCKLEHHHHHH

> AcD5

AGGAGGTAAAACATATGGACACCTGCAGCCAACCAATCGAAGTCGGCCCGTGCAAAGCAATGCTGAAG

CGTTACGCGTATGATAACAAAAAGAATAAGTGTGTTCGCTTCATTTACGGTGGTTGTAAAGGCAACAA

GAACAATTTTGAGAGCATGGAGGAGTGCACGCGTACCTGTAAACTCGAGCACCATCACCACCACCATT

AA

>AcD5 (proteína)

MDTCSQPIEVGPCKAMLKRYAYDNKKNKCVRFIYGGCKGNKNNFESMEECTRTCKLEHHHHHH

> Na16D1

AGGAGGTAAAACATATGCGCTGCACCCTGCCTATCAAACGCGGCCGCTGCCTGGCACTGAACCCGCGT

TATGGTTTCGACGGTAAAACGGGTCGTTGTGTTAAGTTCATTTACGGTGGCTGTGGCGGTAATGCGAA

TAACTTTGAAACCCTGAAGGAGTGTCAGAAAACTTGCTTGCTCGAGCACCACCATCACCACCATTAA

> Na16D1 (proteína)

MRCTLPIKRGRCLALNPRYGFDGKTGRCVKFIYGGCGGNANNFETLKECQKTCLLEHHHHHH

Legenda:

- RBS consenso para E. coli

- Sítios para enzima de restrição

- Cauda de histidina

- Códon de terminação

- Domínio KU

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APÊNDICE D – Artigo publicado

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APÊNDICE E – Publicações decorrentes de colaborações realizadas durante o

Doutorado

- Artigo Publicado

- Artigos Aceitos para Publicação

CAMPOS, L.C.; LAVALLE, G.E.; ESTRELA-LIMA, A.; FARIA, J.C.M.; GUIMARÃES, J.E.; DUTRA, A.P.; FERREIRA, E.; SOUSA, L. P.; RABELO, E.M.L.; COSTA, A.F.; CASSALI, G.D. CA15.3, CEA and LDH in dogs with malignant mammary tumors. Journal of Veterinary Internal Medicine, 2012. DIAS, S.R.; COSTA, A.F.; GAZZINELLI-GUIMARÃES, P.H.; ROATTB, B.M.; FONSECA, K.S.; PAIVA, N.C.; GIUNCHETTIB, R.C.; FUJIWARA, R.T.; RABELO, E.M. Prednisolone and cyclosporine a: effects on an experimental model of ancylostomiasis. Experimental Parasitology, 2012.