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CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DO POVOADO CAMBOA DOS FRADES Josélio Oliveira de AMORIM/Curso de Geografia da UFMA [email protected] Isabela Camila dos S. Cunha de OLIVEIRA/Curso de Geografia da UFMA [email protected] Fabrício Sousa da SILVA/Curso de Geografia da UFMA Fabrí[email protected] Márcia Talídia FERREIRA/ Curso de Geografia da UFMA [email protected] Ediléa Dutra PEREIRA/DEGEO - UFMA [email protected] RESUMO O Povoado Camboa dos Frades, localizado na porção noroeste, zona rural do município de São Luís - MA, teve sua origem por volta do ano de 1920. Começou a ser habitado por famílias de pescadores oriundos do interior do Estado, atraídos devido sua localização e rica biodiversidade, típica de um ambiente estuarino preservado. Esta área insere-se na zona de retroporto do Porto do ITAQUI, foco de alta especulação imobiliária atrativa para implantação de grandes projetos, tornando a área palco de conflito de uso e ocupação. Utilizou-se o método dialético através de entrevistas e aplicação de questionários, registro fotográfico para analisar a percepção ambiental e o resgate histórico desses atores sociais envolvidos nesta área. A comunidade possui cerca de 35 famílias, com renda de até dois salários mínimos, moram em casa de taipa, são na maioria analfabetos, vivem da pesca e das atividades agroextrativistas, e a maioria são aposentados. As áreas onde costumam pescar como o Rio Unereminha apresenta suas águas poluídas advindas de empresas localizadas nas circunvizinhanças que lançam restos de óleos, derivados e outros efluentes nocivos à fauna marinha, além disso, muitos são prejudicados pela carência econômica, paulatinamente o individuo vai sendo excluído do seu ambiente tradicional, às vezes sem perceber. Na área de Vila Madureira será instalada a pretensa Termoelétrica do grupo MPX, da qual a comunidade Camboa dos Frades é vizinha. Muitos moradores não concordam em sair de suas terras por apresentar o sentimento de pertencimento ao lugar. A proposta de criação da Reserva Extrativista do Taim é uma das formas das comunidades garantirem seus direitos a terra como exercício de sua cidadania e símbolo de respeito as suas tradições, tratar o ambiente estuarino com práticas conservacionistas também é garantir a sustentabilidade desse ecossistema. Palavras-chave: Camboa dos Frades, Termoelétrica, Reserva Extrativista do Taim. ABCSTRACT The Town of Friars Cambodia, located in the northwestern portion, the rural municipality of São Luís - MA, had its origin around the year of 1920. Began to be inhabited by families of fishermen from the interior of the state, attracted by its location and rich biodiversity, typical of an estuarine environment preserved... The community has about 35 families with income of up to two minimum wages, living in house of taipa, are mostly illiterate, living on fishing and the activities agroextrativistas, and most are retired. Areas where fish usually presents as the Rio Unereminha their polluted water resulting from businesses that are laying around in the remains of oil, derivatives and other effluents harmful to marine fauna, in addition, many are affected by economic deprivation. In the area of Vila Madureira supposed to be installed termoelétrica the MPX group, which the community of friars is neighboring Cambodia. Many residents do not agree to leave their land by having a sense of belonging to place. The proposed creation of the Extractive Reserve of Taim is one of the communities to ensure their

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CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DO POVOADO CAMBOA DOS FRADES

Josélio Oliveira de AMORIM/Curso de Geografia da UFMA [email protected]

Isabela Camila dos S. Cunha de OLIVEIRA/Curso de Geografia da UFMA [email protected]

Fabrício Sousa da SILVA/Curso de Geografia da UFMA Fabrí[email protected]

Márcia Talídia FERREIRA/ Curso de Geografia da UFMA [email protected]

Ediléa Dutra PEREIRA/DEGEO - UFMA [email protected]

RESUMO

O Povoado Camboa dos Frades, localizado na porção noroeste, zona rural do município de São Luís - MA, teve sua origem por volta do ano de 1920. Começou a ser habitado por famílias de pescadores oriundos do interior do Estado, atraídos devido sua localização e rica biodiversidade, típica de um ambiente estuarino preservado. Esta área insere-se na zona de retroporto do Porto do ITAQUI, foco de alta especulação imobiliária atrativa para implantação de grandes projetos, tornando a área palco de conflito de uso e ocupação. Utilizou-se o método dialético através de entrevistas e aplicação de questionários, registro fotográfico para analisar a percepção ambiental e o resgate histórico desses atores sociais envolvidos nesta área. A comunidade possui cerca de 35 famílias, com renda de até dois salários mínimos, moram em casa de taipa, são na maioria analfabetos, vivem da pesca e das atividades agroextrativistas, e a maioria são aposentados. As áreas onde costumam pescar como o Rio Unereminha apresenta suas águas poluídas advindas de empresas localizadas nas circunvizinhanças que lançam restos de óleos, derivados e outros efluentes nocivos à fauna marinha, além disso, muitos são prejudicados pela carência econômica, paulatinamente o individuo vai sendo excluído do seu ambiente tradicional, às vezes sem perceber. Na área de Vila Madureira será instalada a pretensa Termoelétrica do grupo MPX, da qual a comunidade Camboa dos Frades é vizinha. Muitos moradores não concordam em sair de suas terras por apresentar o sentimento de pertencimento ao lugar. A proposta de criação da Reserva Extrativista do Taim é uma das formas das comunidades garantirem seus direitos a terra como exercício de sua cidadania e símbolo de respeito as suas tradições, tratar o ambiente estuarino com práticas conservacionistas também é garantir a sustentabilidade desse ecossistema. Palavras-chave: Camboa dos Frades, Termoelétrica, Reserva Extrativista do Taim. ABCSTRACT The Town of Friars Cambodia, located in the northwestern portion, the rural municipality of São Luís - MA, had its origin around the year of 1920. Began to be inhabited by families of fishermen from the interior of the state, attracted by its location and rich biodiversity, typical of an estuarine environment preserved... The community has about 35 families with income of up to two minimum wages, living in house of taipa, are mostly illiterate, living on fishing and the activities agroextrativistas, and most are retired. Areas where fish usually presents as the Rio Unereminha their polluted water resulting from businesses that are laying around in the remains of oil, derivatives and other effluents harmful to marine fauna, in addition, many are affected by economic deprivation. In the area of Vila Madureira supposed to be installed termoelétrica the MPX group, which the community of friars is neighboring Cambodia. Many residents do not agree to leave their land by having a sense of belonging to place. The proposed creation of the Extractive Reserve of Taim is one of the communities to ensure their

right to land as an exercise of their citizenship and symbol of respect for their traditions, treating the environment with estuarine conservation practices also ensure the sustainability of that ecosystem. Key-words: Camboa dos Frades, termoelétrica, Extractive Reserve of Taim

1. INTRODUÇÃO

A Ilha do Maranhão durante a década de 80 recebeu grandes empreendimentos como o

Consórcio Alumar e o sistema mina-ferrovia-porto da Companhia Valem, localizados no distrito

industrial, que atraíram um forte contingente populacional para a Ilha.

As instalações dessas empresas provocaram a desapropriação de grandes áreas da parte

oeste da Ilha onde muitas famílias residentes foram retiradas de seu habitat o que provocou a busca por

novas áreas para ocupar. Considerando que grandes projetos influenciam a vinda de pessoas de

diversas partes do país à Ilha, em busca de emprego e melhorias de qualidade de vida.

A aglomeração urbana e rural da Ilha do Maranhão indica valores de 986.826 hab (IBGE,

2002) e uma densidade populacional de 1.157,6 hab/km². Os espaços na Ilha principalmente na zona

costeira estão comprometidos por comunidades rurais na maioria tradicionais que utilizam a

biodiversidade do ecossistema estuarino para a sua sobrevivência, quando se estabelece o conflito pelo

uso e ocupação.

Nesse estudo, busca-se caracterizar os aspectos sócio-ambientais do Povoado Camboa dos

Frades destacando-se sua origem, modo de vida, principais problemas ambientais e o relato dos

conflitos de uso e ocupação que esta comunidade vive em decorrência da implantação de uma

Termoelétrica do Grupo MPX-UTE Porto do Itaqui, na comunidade de Vila Madureira, área

contiguam a este povoado.

2. LOCALIZAÇÃO

A comunidade Camboa dos Frades pertence à região noroeste de São Luís, localizado nas

respectivas coordenadas 57° 15’ 75’’ S e 97° 39’, 22,2’’ W, voltado para a Baía de São Marcos, no

Golfão Maranhense (Figura 1).

Figura1- Localização do Povoado Camboa dos Frades

Fonte: Google Earth 2009

3. METODOLOGIA

Utilizou-se o método dialético, associado às técnicas quantitativas e qualitativas para

caracterização dos aspectos sócio-ambientais através de entrevistas com as pessoas mais antigas da

comunidade e com a aplicação de 35 questionários e registros fotográficos. Esses dados foram

apurados e tabulados para o melhor entendimento dos diversos fatores que afetam o cotidiano dessa

comunidade.

4. A COMUNIDADE CAMBOA DOS FRADES

No início do século XX, mas precisamente no ano de 1920, o Povoado Camboa dos

Frades, começou a ser habitado por famílias de pescadores, oriundos do interior do Estado, atraídos

devido a sua localização e a rica biodiversidade do ambiente estuarino preservado, propício a pesca, a

criação de animais e a extração vegetal.

A origem do nome do povoado está relacionada à chegada de famílias dos pescadores que

formavam uma “Camboa”, espécie de associação de moradores, além da influência dos frades que se

instalaram na área. Das 35 pessoas entrevistadas, 82% apresentam escolaridade variando de

fundamental incompleto a analfabeto (Figura 2), possuem renda de 1 a 2 salários mínimos, 73% não

apresentam formação profissional específica, trata-se de uma comunidade sustentada por aposentados,

pescadores, quebradeira de coco, lavradores e alguns trabalham em empresas como soldadores.

A comunidade de Camboa dos Frades na maioria reside em casas de taipa e chão de terra

batida (Foto 1), com poucas exceções de alvenaria. De modo geral a pesca artesanal e a lavoura são as

atividades mais características, sendo realizada por quase todos os habitantes como meio de

subsistência. E quando há um excedente de produção para o consumo, o pescado geralmente é salgado

e as pequenas produções agrícolas são vendidas nas feiras de São Luis.

O cultivo da lavoura ocorre de forma familiar, com plantações de mandioca, cultivos de

arvores frutíferas como caju banana, goiaba, manga a terra geralmente é arada com facão, foice e

enxada.

Figura 2- Formação escolar dos moradores do Povoado Camboa dos Frades-MA.

Foto 1 – Modelo de casa de taipa comumente encontrada no Povoado.

44%

12%6%

38%

F.I.

F.C.

M.I.

N.A.

A alimentação da população se baseia principalmente no peixe, farinha de mandioca e

feijão. Os alimentos são preparados fazendo-se uso de carvão vegetal e lenha, dificilmente utilizam gás

butano.

Os moradores do Povoado são desprovidos dos serviços de água encanada e de esgoto.

Utilizam água subterrânea através de poços escavados pela própria comunidade. A energia elétrica

presente nas casas é de forma clandestina. O acondicionamento dos dejetos humanos é realizado

através de fossa negra que geralmente está próxima dos poços de captação de água.

A situação sócio-econômica desta comunidade é o retrato das comunidades rurais do

interior do Maranhão, considerando que o IDH de 0,563 (PNUD, 2000 Apud MARANHÃO 2009) do

Estado é um dos piores da Federação.

4.1 CONFLITOS AMBIENTAIS

A região de Camboa dos Frades vem há décadas sofrendo os mais variados impactos

ambientais e sociais, desde a entrada de grandes empreendimentos industriais em sua vizinhança. Há

indicadores de poluição no ar e a quantidade de pescados vem diminuindo ano a ano. Em algumas

situações os peixes aparecem mortos com resquícios de produtos “borras”, como restos de óleos e

outros derivados despejados no mar e no rio Ureneminha.

Os recursos naturais outrora abundantes vêm escasseando ou até mesmo se extinguindo

localmente como é o caso do sururu, caranguejo e camarão, descaracterizando a principal atividade

econômica de muitas famílias que eram essencialmente marisqueiras.

Observar-se na área as mais variadas espécies de mangue como: mangue vermelho

(Rizophora mangle L.), mangue branco (Laguncalaria racemosa) e mangue de botão (Conocarpus

erectus) que vem sofrendo degradação, sobretudo ocasionada pela retirada de vegetação (Foto 2) para

a construção de casas e dos empreendimentos. Frequentemente são descartados pneus na área e outros

resíduos sólidos, não pela população local, que frequentemente incineram o “lixo”.

Foto 2 - Vista parcial do Mangue durante a baixa mar.

Quanto a vegetação apresentam-se como florestas secundárias com fisionomia de capoeira,

resultante da devastação da floresta primitiva para o desenvolvimento de práticas agrícolas. Após o uso

e abandono destas atividades pode haver a regeneração da mata, desenvolvendo-se arbustos, árvores de

porte médio, com as palmeiras de babaçú (Orbignya) (Foto 3) e o Tucum (Astorcarium Tacumóides)

cujo avançado processo de desenvolvimento assemelha-se a floresta-mãe.

Foto 3- Palmeiras de babaçu encontra na área do Povoado.

Além disso, o lençol freático está sofrendo impacto, pois a população local não dispõe de

água encanada, utilizando poços tubulares. As construções de fossas negras nas proximidades dos

poços causam contaminação do lençol freático. As perfurações em grande quantidade se tornam uma

ameaça na área, pois está próximo ao mar, o que pode provocar a invasão da cunha salina, trazendo

problemas tanto ao ambiente como a população local.

A discussão para minimizar o conflito de uso em torno do espaço insular, ganha

dinamismo com a criação de uma reserva extrativista do Taim (RESEX-Taim) e a ocupação da área

por novos empreendimentos, como a instalação de uma Termelétrica do grupo MPX. A UTE- Porto do

Itaqui irá gerar energia através de queima de carvão mineral importado, que será descarregado em

navios de 80 mil toneladas (Fotos 4 e 5) .

Foto 4 - Local das discussões com a comunidade.

Foto 5 - Porto do Itaqui em São Luís, conforme Porto do Itaqui (2009).

A criação da Reserva Extrativista do TAIM seria de fundamental importância, pois só

assim os moradores daquela região teriam direitos a posse da terra, e ainda garantiria que a população

continuasse com suas tradições culturais, conservando a história do Povoado.

A Termelétrica Porto de Itaqui recebeu a licença instalação em de março de 2009 sob o

nº601 (IBAMA, 2009) e integra Programa de Aceleração do Crescimento - PAC do Governo Federal.

O processo de retirada dos moradores ocorreu nos meados de janeiro/2009 para outra zona rural de São

Luis denominada Residencial Vila Nova Canaã (Foto 6) a 30 km da capital maranhense. Os moradores

receberam suas casas equipadas com geladeira, fogão, liquidificador, aparelho de TV, computador e

rack.

Foto 6 - Vila Residencial Nova Canaã

Os moradores da Comunidade Vila Madureira, não vivem mais da agricultura de

subsistência e nem da pesca. A proposta para geração de renda seria a extração e refino do azeite do

coco babaçu, uma primeira iniciativa para fomentar a implementação do Projeto Socioambiental de

Produção Familiar Integrada uma das condições específicas para manutenção da licença de instalação.

No entanto, esta atividade esta na fase inicial na comunidade e necessita de amparo técnico

e sociológico. Na realidade os moradores anseiam por “empregos” na fase de terraplanagem e de

implantação da Termelétrica e pela horta comunitária.

A comunidade da Vila Madureira necessita de emprego urgente, para garantir o seu

sustento de todos os dias, considerando que esta comunidade esta fora de seu habitat natural, pois sua

realidade foi drasticamente transformada. O sentimento de pertencimento em seu novo ambiente ainda

é uma tarefa árdua para os moradores irá precisar de geração de emprego e renda como meta

prioritária.

5. CONCLUSÃO

Surge com o debate em torno da instalação da termelétrica, a perspectiva de que, devido a

proximidade da área em relação ao Porto do Itaqui, a comunidade de Camboa dos Frades tenha que ser

desapropriada semelhante o que aconteceu com Vila Madureira. Assim os moradores da região se

dividem em pelo menos duas posições: a) os que diante do inevitável deslocamento, posicionam-se

favoravelmente ao mesmo, e buscam obter ganhos nos processos de indenização e de negociações

quanto aos novos locais de moradia; b) Aqueles que acreditam que existem possibilidades de

resistência e não querem negociar com a empresa valorizando o lugar e as tradições de seus

antepassados.

Á luz dessas considerações, os conflitos pelo uso da terra na parte oeste da Ilha do

Maranhão tornam-se cada vez mais preocupante, pois as comunidades tradicionais se fazem esta

pergunta O que é desenvolvimento com sustentabilidade? Esta lição esta longe de ser aprendida ou

teremos de aprender quando precisarmos remediar casos irremediáveis. A proposta de consolidação de

uma reserva extrativista – RESEX Taim seria uma alternativa para minimizar os impactos ambientais

presente nesta área.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

IBAMA. Laudo sócio-econômico e biológico para criação da Reserva Extrativista do Taim. São Luis, 2006. IBAMA. Licença de Instalação nº601. Brasília: IBAMA, 6 p., 2009. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA – IBGE. SENSO DEMOGRÁFICO, 2000, Brasília: IBGE, on line. Disponível em http:<// www.ibge.gov.br>. Acesso em dez. 2002. MARANHÃO. Disponível em http: <//pt.wikipedia.org/wiki/Maranh%C3%A3o>, Acesso em11 de maio de 2009. MPX. UTE Porto de Itaqui. Disponível em: http:<//www.mpx.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=33&lng=br.> Acesso em 27 de abril de 2009 NOGUEIRA, João Luís D. Estudos das Intervenções Ambientais no Espaço Geográfico do Porto do Itaqui, em São Luís/MA. Monografia. 2007 UFMA. PORTO DO ITAQUI. Disponível em http:<//www.portodoitaqui.ma.gov.br/>. Acesso em 27 de abril de 2009. SANT’ANA JÚNIOR, Horácio Antunes. Pólo Siderúrgico e conseqüências sócio-ambientais. São Luis: UFMA, 2004.