caracterizaÇÃo geoquÍmica de Óleos acumulados...
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
CARACTERIZAO GEOQUMICA DE LEOS ACUMULADOS NA BACIA DE CAMPOS
Samantha Ribeiro Campos da Silva
2011
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UFRJ
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CARACTERIZAO GEOQUMICA DE LEOS ACUMULADOS NA BACIA DE CAMPOS
Samantha Ribeiro Campos da Silva
Rio de Janeiro
Junho/2011
Dissertao de Mestrado submetida ao programa de Ps-graduao em Geologia, Instituto de Geocincias, da Universidade Federal do Rio de janeiro UFRJ, como requisito necessrio obteno do grau de Mestre em Cincias.
Orientador:
Prof. Dr. Joo Graciano Mendona Filho
Orientador Externo:
Prof. Dr. Eustquio Vincius Ribeiro de Castro
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CARACTERIZAO GEOQUMICA DE LEOS ACUMULADOS NA BACIA DE CAMPOS
Samantha Ribeiro Campos da Silva
Orientador: Prof. Dr. Joo Graciano Mendona Filho
Orientador Externo: Prof. Dr. Eustquio Vincius Ribeiro de Castro
Dissertao de Mestrado submetida ao programa de Ps-graduao em Geologia,
Instituto de Geocincias, da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, como requisito
necessrio obteno do grau de Mestre em Cincias (Geologia).
Aprovada por:
___________________________________________________
PRESIDENTE: Prof. Dr. Joo Graciano Mendona Filho, IGEO/UFRJ
___________________________________________________
Prof. Dr. Eustquio Vincius Ribeiro de Castro, LABPETRO/UFES
___________________________________________________
Profa. Dra. Cicera Neysi, DEGEL/IGEO/UFRJ
___________________________________________________
Dra. Tais Freitas da Silva, LAFO/DEGEL/UFRJ
___________________________________________________
Dra. Regina Binotto, CENPES/PETROBRAS
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FICHA CATALOGRFICA
SILVA, Samantha Ribeiro Campos da.
Caracterizao Geoqumica de leos acumulados da Bacia de Campos [Rio de Janeiro] 2011.
xiv, 131 p. (Instituto de Geocincias UFRJ, Mestrado, Programa de Ps-Graduao em Geologia, 2011).
Dissertao Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizada no Instituto de Geocincias.
1. Geoqumica Orgnica 2. Biomarcadores 3. Campo de Jubarte 4. Biodegradao.
I - IG/UFRJ II -Ttulo (srie)
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iv
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pelas bnos concedidas, e por selecionar as pessoas com que cruzei em meu caminho.
minha famlia, que mesmo distncia, se manteve ao meu lado. Especialmente aos meus pais, que sempre acreditaram naquilo em que eu acreditava.
Aos meus amigos do Esprito Santo, por entenderem a minha ausncia e por todos os momentos juntos.
Ao meu orientador, Dr. Joo Graciano, por ter me aceitado como aluna de ps e confiana.
Ao meu orientador externo, Dr. Eustquio Vincius, por ter me concedido gentilmente as amostras de leo e por ter se prontificado em me ajudar em qualquer circunstncia.
PETROBRAS, de onde as amostras so oriundas, e sem esse auxlio na concesso destas, no haveria possibilidade de trabalho.
Aos amigos que fiz em minha estada no CENPES, principalmente aos tcnicos do laboratrio de cromatografia lquida, Rosiane e Gilberto, que me receberam com tanto carinho e ficaram em minhas boas recordaes. Agradeo a todos os tcnicos dos demais laboratrios nos quais passei e fui muito bem recepcionada.
minha famlia que mora no Rio de Janeiro, por terem me recebido bem e me proporcionaram alegrias.
Aos amigos que fiz no LAFO, por todos os bons momentos, fica a imensa saudade. Especialmente Dra Tas Freitas, por se prontificar em me ajudar.
CAPES pelo apoio financeiro.
Em especial, ao meu noivo, Paulo Roberto. Pelos mesmos objetivos, pelo amor incondicional e
por todos os cuidados. Por ter me ajudado a me transformar em uma pessoa melhor nesses
quatro anos de relao. Por ser meu qumico, matemtico e estatstico particular.
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v
Mas esforai-vos, e no desfaleam as vossas mos,
porque a vossa obra tem uma recompensa.
II Crnicas 15:7
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RESUMO
CARACTERIZAO GEOQUMICA DE LEOS ACUMULADOS NA BACIA DE CAMPOS
Orientador: Prof. Dr. Joo Graciano Mendona Filho
Orientador Externo: Prof. Dr. Eustquio Vincius Ribeiro de Castro
Resumo da Dissertao de Mestrado submetida ao Programa de Ps-graduao em Geologia, Instituto de Geocincias, da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Mestre em Cincias (Geologia).
A fim de se identificar possveis correlaes entre diferentes poos do campo de
Jubarte, foram investigados parmetros geoqumicos de leos, em particular os
biomarcadores, que aps caracterizao geoqumica foram utilizados como ferramenta
de avaliao do grau de maturao, origem e biodegradao de diversos petrleos.
Foram analisadas 25 amostras de leo in natura de 5 poos produtores do campo de
Jubarte, localizado na Bacia de Campos. Foram realizadas anlises de cromatografia
gasosa e cromatografia gasosa acoplada espectrometria de massas visando caracterizar
a composio dos biomarcadores. Um estudo exploratrio com 18 variveis de
caracterizao foi realizado a partir da Anlise de Componentes Principais a fim de
verificar possveis tendncias e correlaes entre as amostras e as variveis utilizadas.
Os resultados indicam haver diferena no nvel de biodegradao entre os poos
estudados e todos os leos apresentam nveis significativos de biodegradao, o que
dificulta a interpretao dos resultados quanto ao grau de origem e maturao. A
correlao leo/leo permitiu estabelecer um paralelo entre leos, sugerindo uma rocha
geradora comum aos 5 poos produtores em estudo.
Palavras-chave: Geoqumica Orgnica, Biomarcadores, Campo de Jubarte, Bacia de Campos, Biodegradao.
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ABSTRACT
Geochemical characterization of oils accumulated in the Campos Basin
Orientador: Prof. Dr. Joo Graciano Mendona Filho
Orientador Externo: Prof. Dr. Eustquio Vincius Ribeiro de Castro
Abstract da Dissertao de Mestrado submetida ao Programa de Ps-graduao em Geologia, Instituto de Geocincias, da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Mestre em Cincias (Geologia).
In order to identify possible correlations among different oil field over Jubart area,
geochemical parameters were investigated oils, in particular biomarkers, which after
geochemical characterization were used as a tool for evaluating the thermal maturity,
origin and biodegradation of various petroleum. Were analyzed 25 samples of fresh oil
from five wells producing from the Jubarte field, located in the Campos Basin. Were
analyzed with gas chromatography and gas chromatography-mass spectrometry to
characterize the composition of biomarkers. An exploratory study with 18 descriptive
variables was performed using the Principal Component Analysis to identify possible
trends and correlations between samples and the variables used. The results indicate no
difference in the level of biodegradation between the wells studied and all oils have
significant amounts of biodegradation, which affected the interpretation of the results of
origin and maturation. The correlation between oil/oil to establish a parallel between oil,
suggesting a common source rock for five producing wells in the study.
Keywords: Organic Geochemistry, Biomarkers, Jubarte Field, Campos Basin, Biodegradation.
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SUMRIO AGRADECIMENTOS iv
RESUMO vi
ABSTRACT vii
SUMRIO viii
NDICE DE FIGURAS x
NDICE DE TABELAS xiii
CAPTULO I 1
1. INTRODUO 1
1.1 Motivao 1
1.2 Objetivos 2
1.2.1 Gerais 2
1.2.2 Especficos 2
1.3 Apresentao do Trabalho 2
CAPTULO II 3
2. REVISO BIBLIOGRFICA 3
2.1 rea de Estudo 3
2.2 Petrleo 4
2.2.1 Composio Qumica da Biomassa, formao, migrao e
acumulao do petrleo
5
2.2.2 Alterao do Petrleo (Biodegradao) 8
2.3 Geoqumica Orgnica Molecular 10
2.3.1 Significado de Fsseis Geoqumicos 11
2.3.2 Fsseis Geoqumicos como Indicadores de Ambientes Geolgicos 12
2.3.3 Fsseis Geoqumicos como Indicadores da Maturao Trmica 13
2.4 Hidrocarbonetos Acclicos 14
2.4.1 n-alcanos 14
2.4.2 Isoprenides 15
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ix
2.4.3 Hidrocarbonetos Cclicos 16
2.5 Terpanos 17
2.5.1 Terpanos Tricclicos 17
2.5.2 Terpanos Tetracclicos 18
2.5.3 Terpanos Pentacclicos 19
2.6 Esteranos 22
2.7 Parmetros de correlao 23
2.8 Anlise Estatstica 24
2.8.1 Anlise Estatstica 24
2.8.2 Anlise Multivariada 24
CAPTULO III 26
3. EXPERIMENTAL 26
3.1 Amostras 26
3.2 Vidrarias e Reagentes 28
3.3 Adio de Padro Interno 28
3.4 Tcnicas Analticas 28
3.4.1 Cromatografia Lquida de mdia presso (MPLC- Medium Pressure
Liquid Chromatography)
29
3.4.2 Cromatografia Lquida 31
3.4.3 Cromatografia Gasosa 31
3.4.3.1 Anlise do leo Total (Whole Oil) Procedimento para o
primeiro Grupo (amostras J-1 a J-15)
32
3.4.3.2 Anlise dos Hidrocarbonetos Saturados 32
3.5 Anlise Estatstica 35
CAPTULO IV 36
4. RESULTADO E DISCUSSO 36
4.1 Perfil cromatogrfico dos leos estudados 36
4.1.1 Cromatografia Gasosa 36
4.1.2 Cromatografia Gasosa Acoplada Espectrometria de Massas para
Anlise de Biomarcadores
39
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x
4.2 Caracterizao dos parmetros geoqumicos a partir da anlise dos
biomarcadores
42
4.2.1 Parmetros de Biodegradao 42
4.2.1.1 Anlise Multivariada 46
4.2.1.2 Anlise do ndice de Biodegradao 51
4.2.2 Anlise de Ambiente Deposicional 63
4.2.3 Anlise de Maturao Trmica 73
CAPTULO V 81
5. CONCLUSES 81
CAPTULO VI 83
6. REFERNCIAS 83
7. ANEXOS 90
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xi
NDICE DE FIGURAS
Figura 2.1 Localizao do Campo de Jubarte, na Bacia de Campos (modificado de Grassi et al., 2004).
3
Figura 2.2 Localizao do Campo de Jubarte, mostrando a distribuio dos poos de petrleo (Fonte: hppt://maps.bdep.gov.br/website/maps/viewer.htm).
4
Figura 2.3 Transformao da matria orgnica na natureza (modificado de Hunt, 1995).
7
Figura 2.4 Efeitos a biodegradao sobre a composio dos leos (modificado de Peters e Moldowan, 1993).
10
Figura 2.5 Estrutura molecular do n-alcano (C14H30) e seu respectivo on caracterstico (m/z 85).
15
Figura 2.6 Origem diagentica do pristano e fitano a partir do fitol (Peters et at., 2005).
15
Figura 2.7 Estruturas dos isoprenides pristano (A) e fitano (B). 16
Figura 2.8 Estrutura dos terpanos tricclicos. 18
Figura 2.9 Estrutura do poliprenide tetracclico C30. 19
Figura 2.10 Estrutura do 17(H), 21(H)-hopano (H30). 20
Figura 2.11 Estrutura dos compostos 18(H)-22,29,30-trisnorneohopano (Ts) (A) e 17(H)-22,29,30-trisnorhopano (Tm) (B).
21
Figura 2.12 Estrutura do gamacerano. 22
Figura 2.13 Diagrama ternrio mostrando a interpretao dos ambientes a partir da distribuio dos esteranos, adaptado do original de Huang e Meinschein (1979) (Waples e Machihara, 1991).
23
Figura 3.1 Esquema ilustrativo da seqncia de anlises para as amostras de leos selecionados.
27
Figura 3.2 Cromatgrafo Knauer de Cromatografia Lquida de mdia presso (MPLC).
30
Figura 4.1 Cromatograma do leo total (whole oil) para as amostras J-1(A), J-2 (B), J-3(C), J-4(D), J-5(E), representativo aos poos: JA, JC, JB, JD e JE respectivamente.
38
Figura 4.2 (A) Cromatogramas de massas on m/z 85 (A); 191 (B) para a amostra J-1. 40
Figura 4.2 (B) Cromatogramas de massas on m/z 177 (C), 217 (D), 218 (E) para a amostra J-1.
41
Figura 4.3 Cromatogramas de massas do on m/z 85 para as amostras J-1(A), J-2 (B), J-3(C), J-4(D), J-5(E), representativo de cada poo (JA, JC, JB, JD, JE, respectivamente), mostrando a distribuio alterada das n-parafinas.
43
Figura 4.4 Cromatograma de massas m/z 177 (A), 191 (B), e 217 (C), respectivamente, do leo J-1.
45
Figura 4.5 Grfico dos scores para as 18 razes. 46
Figura 4.6 Grfico dos loadings para as 18 razes analisadas. 47
Figura 4.7 Grfico da Regresso Linear mltipla para varivel NOR25H/H30. 49
Figura 4.8 Grfico dos resduos da RLM para varivel NOR25H/H30. 49
-
xii
Figura 4.9 Dendograma das 15 amostras analisadas no CENPES-PETROBRAS utilizando os scores das 6 primeiras componentes principais pelo mtodo de agrupamento ward com distncia euclidiana.
50
Figura 4.10 Grfico dos resultados amostrais e mdia das 15 amostras analisadas no CENPES para varivel NOR25H/H30.
51
Figura 4.11 Grfico de resultados do valor-F calculado pela ANOVA para cada varivel estudada ao nvel de significncia de 5%.
53
Figura 4.12 Correlao entre o parmetro indicador de origem PRI/FIT (A), PRI/nC17 (B), FIT/nC18 (C); e o parmetro indicador de biodegradao 25-Norhop/H30 (m/z 191) para os leos em estudo.
55
Figura 4.13 Correlao entre o parmetro indicador de origem GAM/H30, Tr26/Tr25; TPP/DIA e o parmetro indicador de biodegradao 25-Norhop/H30 (m/z 191) para os leos em estudo.
56
Figura 4.14 Correlao entre o parmetro indicador de maturao S/(S+R)C29 (m/z 217) e o parmetro indicador de biodegradao NOR25H/H30 (m/z 191) para as amostras em estudo.
58
Figura 4.15 Grfico de distribuio entre o parmetro indicador de maturao /(+)C29 (m/z 217) e o parmetro indicador de biodegradao NOR25H/H30 (m/z 191) para as amostras de leo em estudo.
59
Figura 4.16 Grfico de distribuio entre o parmetro indicador de maturao S/(S+R) H32 (m/z 191) e o parmetro indicador de biodegradao 25-NH/17-hop (m/z 191) para as amostras em estudo.
60
Figura 4.17 Grfico de distribuio entre o parmetro indicador de origem Ts/(Ts+Tm) (m/z 191) e o parmetro indicador de biodegradao NOR25H/H30 (m/z 191) para os leos em estudo.
61
Figura 4.18 Grfico de distribuio entre o parmetro indicador de maturao DIA/Est (m/z 217) e o parmetro indicador de biodegradao NOR25H/H30 (m/z 191) para as amostras de leo em estudo.
62
Figura 4.19 Grfico de distribuio entre o parmetro indicador de maturao Tric/H30 (m/z 191) e o parmetro indicador de biodegradao NOR25H/H30 (m/z 191) para as amostras de leo em estudo.
63
Figura 4.20 Diagrama ternrio da % C27 , % C28 e % C29 esteranos (m/z 217).
67
Figura 4.21 Correlao entre o parmetros de origem PRI/FIT (m/z 85) e H35/H34 (m/z 191) dos leos estudados na anlise do ambiente deposicional.
68
Figura 4.22 Correlao entre o parmetro de origem PRI/FIT (m/z 85) e Hop/Est (m/z 191 e 217) dos leos estudados na anlise do ambiente deposicional.
69
Figura 4.23 Correlao entre o parmetro de origem Hop/Est (m/z 191 e 217) e TPP/DIA (m/z 259) dos leos estudados na anlise do ambiente deposicional.
70
Figura 4.24 Correlao entre o parmetro de origem GAM/H30 (m/z 191) e TPP/DIA (m/z 259) dos leos estudados na anlise do ambiente deposicional.
71
Figura 4.25 Correlao entre o parmetro de origem TPP/DIA (m/z 259) e C27/C29 (20S + 20R) (m/z 218) dos leos estudados na anlise do ambiente deposicional.
72
Figura 4.26 Correlao entre os parmetros de maturao trmica /(+) C29 (m/z 217) e 20S/(20S+20R) C29 (m/z 217) baseados na isomerizao de centros assimtricos do C29 esterano para os leos em estudo.
75
-
xiii
Figura 4.27
.
Cromatogramas de massas m/z 217 das amostras dos leos J-1(A), J-2 (B), J-3(C), J-4(D), J-5(E), representativo de cada poo (JA, JB, JC, JD, JE), mostrando sua repetibilidade e maturao.
76
Figura 4.28 Correlao das razes indicadoras de maturao trmica 20S/(20S+20R) (C29) (m/z 217) e Ts/(Ts+Tm) (m/z 191) para os leos em estudo.
78
Figura 4.29 Correlao das razes indicadoras de maturao trmica 20S/(20S+20R) (C29) (m/z 217) e S/(S+R) H32 (m/z 191) para os leos em estudo.
79
Figura 4.30 Correlao das razes indicadoras de maturao trmica Tric/Hop (m/z 191) e 20S/(20S+20R) (C29) (m/z 217) para os leos em estudo.
80
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xiv
NDICE DE TABELAS
Tabela 3.1 Identificao das amostras com seus respectivos poos produtores. 26
Tabela 4.1 Razes de biomarcadores dos leos estudados para os parmetros de biodegradao por poo produtor e suas respectivas mdias.
37
Tabela 4.2 Parmetros geoqumicos utilizados no trabalho. 46
Tabela 4.3
ANOVA das 15 amostras analisadas no CENPES-PETROBRAS para varivel NOR25H/H30.
52
Tabela 4.4 Razes de biomarcadores indicadores de biodegradao e origem. 54
Tabela 4.5 Razes de biomarcadores indicadores de biodegradao e maturao. 57
Tabela 4.6 Parmetros de biomarcadores indicativos de ambientes deposicionais. 64
Tabela 4.7 Comparao dos parmetros de biomarcadores para o ambiente Lacustre Salino de acordo com Mello et al.(1988a, b) e as amostras estudadas.
65
Tabela 4.8 Razes de biomarcadores dos leos estudados para os parmetros de origem.
68
Tabela 4.9 Valores dos parmetros de biomarcadores estudados na maturao trmica para os leos estudados.
73
Tabela 4.10 Razes de biomarcadores dos leos estudados para os parmetros de maturao.
77
-
1
CAPTULO I. INTRODUO
1.1 MOTIVAO
A Bacia de Campos possui uma rea de aproximadamente 100.000 km2, sendo a mais
petrolfera bacia da margem continental brasileira. Seus principais reservatrios so depsitos
arenosos de gua profunda do Cretceo e Tercirio.
O campo de Jubarte uma das mais recentes descobertas da bacia de Campos e
possui reservas de 600 milhes de barris de leos pesados em reservatrios arenosos
Maastrichtianos de guas profundas (Bezerra et al., 2004). Situado na poro norte da Bacia
de Campos, a cerca de 77 quilmetros do litoral, j em guas do Estado do Esprito Santo, foi
descoberto em janeiro de 2001 e teve sua importncia confirmada em agosto de 2002.
Para uma melhor compreenso do processo de formao do Campo de Jubarte,
utilizaram-se ferramentas geoqumicas, mais especificamente caracterizao geoqumica dos
leos acumulados e suas correlaes com possveis rochas geradoras da bacia, verificando a
existncia de compartimentao nos reservatrios atravs desses leos. Os resultados podem
facilitar o estudo destas e de outras ocorrncias de petrleo que possam ser descobertas
nessa localidade.
Este trabalho analisa e discute a composio de leos de poos produtores do campo
de Jubarte, focando a composio qumica da frao dos hidrocarbonetos saturados.
-
2
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 GERAIS
O objetivo deste estudo caracterizar e correlacionar geoqumicamente 25 amostras
de leos provenientes de 5 poos do Campo de Jubarte, utilizando parmetros geoqumicos
obtidos atravs de anlises de biomarcadores.
1.2.2 ESPECFICOS
- Caracterizar as fraes dos hidrocarbonetos saturados por cromatografia gasosa
acoplada espectrometria de massas (CG/EM) e por cromatografia gasosa com detector por
ionizao em chama (CG/DIC);
- Estudar o perfil geoqumico dos biomarcadores para determinao de origem, nvel de
maturao e estgio de biodegradao para leos de diferentes poos do campo de Jubarte;
- Verificar possveis correlaes entre os leos estudados, utilizando ferramentas
quimiomtricas;
- Analisar o comportamento dos parmetros de biomarcadores.
1.3 APRESENTAO DO TRABALHO
O trabalho segue disposto em sete captulos, sendo o primeiro a introduo do
trabalho, onde focado a motivao e o objetivo do trabalho, seguido pelo captulo dois, que
uma breve reviso bibliogrfica da rea em estudo, formao do petrleo, fsseis geoqumicos
e anlise estatstica. Em seguida vem o terceiro captulo, onde apresentada a parte
experimental, com descrio das amostras coletadas e os poos, bem como os materiais
utilizados. No quarto captulo so apresentados os resultados e discusses. O quinto captulo
pertinente s concluses do trabalho. No sexto captulo so apresentadas as referncias
bibliogrficas do estudo e no stimo captulo seguem os anexos do trabalho.
-
3
CAPTULO II. REVISO BIBLIOGRFICA
2.1 REA DE ESTUDO
As amostras selecionadas para o presente estudo so provenientes de 5 poos do
Campo de Jubarte, (Figura 2.2) localizado na Bacia de Campos (Figura 2.1). Dentre as bacias
da margem continental brasileira, a Bacia de Campos a maior produtora de petrleo,
detentora de aproximadamente 80% da produo nacional e onde a questo da biodegradao
e das misturas de leos bastante acentuada (Guardado et al., 1997).
Figura 2.1. Localizao do Campo de Jubarte, na Bacia de Campos (modificado de Grassi et
al., 2004).
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4
Figura 2.2. Localizao do Campo de Jubarte, mostrando a distribuio dos poos de petrleo
(Fonte: hppt://maps.bdep.gov.br/website/maps/viewer.htm).
O campo de Jubarte uma das mais recentes descobertas da bacia de Campos e
possui reservas de 600 milhes de barris de leos pesados em reservatrios arenosos
Maastrichtianos de gua profunda (Bezerra et al., 2004). Est localizado na parte norte da
Bacia de Campos, a 77 km da costa litoral do Estado do Esprito Santo, em lmina d'gua
cerca de 1250m, onde o reservatrio uma sucesso de 350m de espessura do
Maastrichtiano. No intervalo principal dos reservatrios do campo, cerca de 350m de
sedimentos foram depositados em aproximadamente um milho de anos, com uma alta razo
areia/lama, impedindo correlaes bioestratigrficas detalhadas.
2.2 PETRLEO
O processo natural de formao do petrleo pode ser resumido como uma funo do
incremento das condies de soterramento da matria orgnica e formao das rochas
geradoras, onde ocorrem variaes na abundncia e composio dos hidrocarbonetos gerados
(Scheneider et al., 1974).
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5
De acordo com a teoria mais disseminada, petrleo uma mistura complexa de vrias
substncias de diversas classes. As vrias classes podem ser divididas em quatro fraes
principais: hidrocarbonetos saturados, hidrocarbonetos aromticos, resinas e asfaltenos. As
resinas e os asfaltenos so molculas de natureza polar, tambm chamados de compostos
NOS (nitrognio, oxignio e enxofre), enquanto que os hidrocarbonetos saturados e aromticos
so molculas de natureza apolar (Aquino Neto & Nunes, 2003).
2.2.1 COMPOSIO QUMICA DA BIOMASSA, FORMAO, MIGRAO E ACUMULAO DO PETRLEO
A matria orgnica sedimentar derivada da matria orgnica viva e dos produtos de
seu metabolismo. O tipo de matria orgnica depositada e incorporada aos sedimentos
depende fortemente da associao natural de vrios grupos de organismos nas diferentes
provncias faciolgicas. Todos os organismos so basicamente compostos dos mesmos
constituintes qumicos, sendo estes: carboidratos, protenas, lignina, lipdios e celulose. (Tissot
& Welte, 1984).
A transformao fsico-qumica da matria orgnica durante a histria geolgica das
bacias sedimentares no pode ser considerada como um processo isolado. Tal transformao
controlada pelos mesmos fatores que determinam as variaes de composio da frao
mineral (fase inorgnica slida) e da gua intersticial presente nos sedimentos.
A partir do soterramento, a matria orgnica em rochas sedimentares sofre numerosas
mudanas composicionais, que so impostas inicialmente pela atividade biolgica, seguida
pela ao da temperatura e presso. Esta srie contnua de processos denominada de
maturao trmica e est dividida em trs estgios consecutivos: diagnese, catagnese e
metagnese (Durand, 1980). Estes trs estgios consecutivos de alterao atuam no ciclo do
carbono e causam, irreversivelmente, mudanas progressivas na composio da matria
orgnica sedimentar. Cada estgio caracterizado por diferentes tipos de processos qumicos,
contudo os limites entre estgios adjacentes so gradacionais.
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6
A Diagnese um processo atravs do qual o sistema tende a se aproximar do
equilbrio dentro de condies de baixa profundidade de soterramento onde o sedimento
normalmente torna-se consolidado. Durante a diagnese inicial, um dos principais agentes de
transformao a atividade microbiana, a qual mais elevada na interface gua-sedimento e a
baixas profundidades de soterramento, onde micro-organismos e sistemas de enzimas
associados degradam parcialmente os biopolmeros em unidades orgnicas menores (Huc,
1988).
A deposio consecutiva de sedimentos resulta no soterramento de camadas a uma
profundidade que alcana alguns quilmetros de soterramento na subsidncia da bacia. Isto
significa um aumento considervel na temperatura e presso. A temperatura pode variar de
aproximadamente 50 a 150C.
A catagnese o estgio que segue a diagnese e constitui-se no principal estgio de
formao de leo. A matria orgnica, durante sua evoluo progressiva transforma-se em
querognio, que por sua vez produz primeiramente petrleo lquido, e em um estgio posterior
produz condensado. Tanto o leo lquido como o condensado so acompanhados por
significantes quantidades de metano.
O processo final, aps o estgio catagentico, a metagnese, com temperaturas
superiores a 150C, onde a matria orgnica representada por componentes residuais com
elevado contedo de carbono e finalmente grafite, com a liberao de metano. A Metagnese
alcanada somente a grandes profundidades, onde se faz o rearranjo das molculas
aromticas. Estas molculas, previamente distribudas de maneira aleatria no querognio,
agora se renem para formar agrupamentos relativamente complexos. Neste estgio as
rochas-matrizes so consideradas supermaturas ou senis, e gera-se apenas gs seco (Hunt,
1996).
-
7
Figura 2.3. Transformao da matria orgnica na natureza (Hunt, 1996).
Aps o processo de gerao do petrleo em uma rocha geradora, este componente
deve, necessariamente, sofrer processos de migrao e acumulao. A liberao dos
componentes do petrleo do querognio e seu transporte dentro e atravs dos capilares e
poros estreitos de uma rocha geradora de granulao fina constituem o mecanismo conhecido
como migrao primria. Os poros das rochas em subsuperfcie so normalmente saturados
-
8
com gua e, por isso, qualquer movimento dos componentes do petrleo ocorre na presena
dos fluidos aquosos dos poros. Em geral, o petrleo migra das rochas mais antigas para as
mais novas e das partes mais profundas para as mais rasas (Hunt, 1996).
A migrao secundria, isto , o movimento de leo e gs atravs de fraturas, falhas,
discordncias e rochas porosas e a subsequente formao de acumulaes so controladas
por quatro parmetros: a flutuao do leo e gs na gua que satura os poros das rochas; as
presses capilares, que determinam um fluxo multifsico; o diferencial de presso e
concentrao; e, como importante influncia modificadora, o fluxo hidrodinmico. Enquanto os
fluidos aquosos dos poros na subsuperfcie estiverem estacionrios, isto , sob condies
hidrostticas, a nica fora condutora para a migrao secundria ser a flutuao. Sendo
termodinamicamente instveis em subsuperfcie, os hidrocarbonetos tendem a ascender para a
superfcie, por meio das rochas porosas, discordncias, falhas e fraturas. Se houver fluxo de
gua em subsuperfcie, a elevao por flutuao pode ser modificada (England et al., 1994).
2.2.2 ALTERAO DO PETRLEO (BIODEGRADAO)
A composio final do petrleo pode ser fortemente influenciada pela alterao ps-
acumulao. A alterao do petrleo tende a causar mudanas em suas caractersticas,
influenciando sua qualidade e valor econmico e afetando desfavoravelmente os estudos
geoqumicos.
Citam-se como processos mais importantes de alterao a maturao trmica, o
desasfaltamento e a degradao. A maturao trmica ocorre quando o reservatrio que
contm petrleo sofre um aumento de temperatura devido ao soterramento. Com o aumento da
temperatura e tempo de permanncia na rocha-reservatrio, os petrleos tornam-se mais leves
devido ao craqueamento dos componentes mais pesados e ao aumento de seu teor de gs
(Tissot & Welte, 1984).
Outra alterao relativamente comum o desasfaltamento, isto , a precipitao de
asfaltenos dos leos pesados e mdios pela dissoluo de grandes quantidades de
-
9
hidrocarbonetos gasosos no leo e/ou outros hidrocarbonetos leves. difcil distinguir o
desasfaltamento da maturao trmica, porque os leos tornam-se tambm mais leves.
A biodegradao a alterao microbiana dos petrleos. A ao dos micro-organismos
sobre os hidrocarbonetos desenvolve-se seletivamente no reservatrio. Admite-se que os
micro-organismos so carreados para os reservatrios por guas metericas. A remoo
seletiva de hidrocarbonetos por bactrias ocorre geralmente na seguinte sequncia: alcanos
normais, alcanos ramificados, cicloalcanos e aromticos. Outros tipos de alterao so
provocados por lavagem pela gua (water washing) e por oxidao e evaporao (Hunt, 1996;
Connan et al.,1980; Didyk et al., 1978).
Um leo biodegradado apresentar um aumento no seu contedo de asfalto, um
decrscimo em sua gravidade API, um aumento na sua viscosidade e um aumento no seu
contedo de enxofre. A extenso da biodegradao pode ser estimada qualitativamente
mediante a anlise das transformaes observadas em algumas relaes de biomarcadores.
Peters & Moldowan (1993) propuseram uma sequncia de nvel de biodegradao
iniciando com a degradao leve de n-alcanos (nvel 1) at a degradao severa e completa
dos hidrocarbonetos saturados em geral e degradao parcial dos hidrocarbonetos aromticos
(nvel 10). A Figura 2.4 apresenta o esquema dos efeitos progressivos causados pela
biodegradao sobre a composio dos leos.
-
10
Figura 2.4. Efeitos a biodegradao sobre a composio dos leos (Peters e Moldowan, 1993).
2.3 GEOQUMICA ORGNICA MOLECULAR
Fsseis geoqumicos, tambm denominados biomarcadores, so molculas
sintetizadas pelas plantas ou animais e incorporadas aos sedimentos, com pequenas
mudanas. Em particular, o esqueleto carbnico dos hidrocarbonetos e dos lipdios
preservado. Estas molculas representam apenas uma pequena frao dos petrleos, porm
so de grande interesse para gelogos e geoqumicos, porque fornecem informaes sobre a
matria orgnica original (Mackenzie, 1980).
A matria orgnica sedimentar contm assemblias complexas de marcadores
biolgicos, os quais so compostos que tm preservado, no total ou em parte, seu esqueleto
bsico durante e aps a diagnese, sendo um reflexo do composto precursor do organismo
que contribuiu com a matria orgnica ao tempo de deposio do sedimento (Eglinton, 1973).
Biomarcadores podem ser hidrocarbonetos (saturados, insaturados ou aromticos) ou
compostos funcionais (alcois, cidos, cetonas, steres, etc.) ou podem conter outros hetero-
tomos (N e S). Durante o aumento da profundidade de soterramento, reaes diagenticas
tendem a converter os biomarcadores com grupos funcionais e insaturados para
hidrocarbonetos saturados e aromticos.
Os hidrocarbonetos que so caracterizados como os melhores marcadores biolgicos
so aqueles que possuem esqueleto esteride, terpenide e isoprenide intacto (Seifert &
Moldowan, 1978) que podem ser rastreados desde os sedimentos recentes at os antigos,
1. n-parafinas de baixa massa molecular parcialmente degradadas;2. diminuio total das n-parafinas; 3. traos remanescentes de n-parafinas; 4. ausncia de n-parafinas, presena de isoprenides; 5. isoprenides parcialmente degradados; 6. esteranosparcialmente degradados; 7. esteranosdegradados, diasteranos intactos; 8. hopanosparcialmente degradados; 9. hopanosausentes, diasteranosdegradados; 10. aromticos parcialmente degradados .
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11
onde progressivamente sofrem degradao trmica e/ou diluio por outros hidrocarbonetos
gerados a profundidades maiores (Welte, 1972). Alm disso, so usados para correlaes
(leo-leo e leo-rocha geradora), para reconstituio dos ambientes deposicionais indicadores
da diagnese e catagnese, e tambm na caracterizao de alterao do leo por
biodegradao.
2.3.1 SIGNIFICADO DE FSSEIS GEOQUMICOS
Os componentes precursores destes biomarcadores sofrem somente uma pequena
modificao diagentica, tanto que suas feies diagnsticas so mantidas. De fato, para inferir
uma origem biolgica especfica para matria orgnica sedimentar, necessrio conhecer a
composio molecular de muitos organismos contemporneos. Os biomarcadores podem ser
aplicados na determinao da origem biolgicas dos componentes orgnicos, bem como na
determinao de paleoambientes de deposio, maturidade da matria orgnica, migrao e
biodegradao de hidrocarbonetos e correlaes entre leo-leo e leo-rocha geradora.
Os hidrocarbonetos que so caracterizados como os melhores marcadores biolgicos
so aqueles que possuem esqueleto esteride, terpenide e isoprenide intacto (Seifert &
Moldowan, 1978), e podem ser divididos em:
n-alcanos: so constituintes presentes em amostras geolgicas (Tissot & Welte, 1984)
e consistem simplesmente de cadeias alifticas.
Alcanos Isoprenides Acclicos: a forma mais comum de isoprenides acclicos na
geosfera so os chamados isoprenides regulares, os quais incluem componentes como
pristano (PRI) e fitano (FIT), largamente difundidos na geosfera.
Terpanos Tricclicos e Tetracclicos: ocorrem em leos e extratos de sedimentos. Os
terpanos tricclicos ocorrem como uma srie homloga com uma variao de nmero de
tomos de carbono de C19 a C54 (Moldowan et al., 1985), contudo os componentes C19 a
C26 so geralmente os mais abundantes. Os terpanos tetracclicos parecem estar restritos a
variao de C24 a C27 e possivelmente originam-se da degradao de triterpanos
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12
pentacclicos, particularmente dos hopanos (Aquino Neto et al., 1982) ou precursores de
vegetais superiores (Mello, 1988).
Terpanos Pentacclicos -Hopanos e triterpanos tipo hopanos- so biomarcadores
sempre presentes em leos e rochas geradoras, originando-se de lipdios de bactrias,
particularmente o C35 bacteriohopanotetrol (Ensminger et al., 1977). Triterpanos no
hopanides: tambm so muito difundidos na geosfera. O gamacerano, por exemplo,
componente que tem sido reconhecido em muitos leos e sedimentos, quando est presente
em alta abundncia reflete hipersalinidade do ambiente de deposio e pode ser derivado de
protozorios ou bactrias (Mello et al, 1988).
Esteranos: e outros hidrocarbonetos esterides so derivados de esteris ou cetonas
esterides, os quais so muito difundidos em vegetais superiores e algas (Mackenzie et al.,
1982). Os componentes em C27 a C29 usualmente predominam entre os hidrocarbonetos
esterides, contudo uma variao total de C18 a C31 pode ocorrer (Mackenzie et al., 1980).
Os componentes em C27 e C28 dominam entre os esterides do plncton marinho, enquanto
que os esteris em C27 e C29 predominam em vegetais terrestres superiores e animais
(Huang et al., 2004).
2.3.2 FSSEIS GEOQUMICOS COMO INDICADORES DE AMBIENTES GEOLGICOS
O ambiente deposicional desempenha um papel importante na determinao da
quantidade e taxa pelo qual a matria orgnica acumular em uma bacia. A capacidade para
reconhecer mudanas no ambiente deposicional atravs de diferentes horizontes
estratigrficos desempenha um papel mais importante na avaliao de uma bacia com respeito
explorao de petrleo. Se uma srie especfica de parmetros de biomarcadores pode ser
determinado para um ambiente claramente definido, esta srie permitir o reconhecimento
deste tipo de ambiente em outras regies menos exploradas (Ensminger et al., 1977).
-
13
Em muitos casos a presena de um biomarcador em particular pode ser atribuda a um
organismo especfico que ir se desenvolver somente em condies peculiares a um ambiente
deposicional particular.
Da mesma maneira que os fsseis geolgicos preservam a morfologia dos organismos
originais, os biomarcadores preservam a estrutura molecular dos compostos sintetizados por
seus organismos precursores. Os biomarcadores refletem as condies fsico-qumicas e
biolgicas do ambiente deposicional em que se desenvolvem. As caractersticas biolgicas
incluem o tipo de matria orgnica derivada dos organismos presentes dentro da coluna de
gua (planctnicos), na interfcie gua-sedimento (bentnicos) e as comunidades bacterianas
dentro dos sedimentos. A matria orgnica transportada at o stio de sedimentao parte
tambm deste conjunto orgnico (Moldowan et al., 1985).
A natureza litolgica do ambiente deposicional, o contedo de oxignio dissolvido e a
salinidade da coluna de gua so refletidos tambm no tipo de biomarcadores presentes nos
sedimentos. Desta maneira o estudo da distribuio e tipo de biomarcadores presentes nos
leos, proporciona informao sobre as paleocondies prevalescentes durante o depsito de
sua rocha geradora (Mackenzie et al., 1982).
2.3.3 FSSEIS GEOQUMICOS COMO INDICADORES DA MATURAO TRMICA
Com o processo de subsidncia e o consequente aumento de temperatura, os
marcadores biolgicos sofrem alteraes estruturais, como tambm degradao diferenciada.
O monitoramento destas alteraes estruturais e das degradaes trmicas permite
estabelecer no s o grau de maturao da matria orgnica contido nos sedimentos como
tambm o grau de maturao trmica dos leos analisados (Moldowan et al., 1985).
A maturao trmica descreve as mudanas que tem sofrido a matria orgnica e o
grau de sua converso em hidrocarbonetos com o aumento da temperatura. De acordo com
seu grau de transformao trmica dentro da janela de gerao de hidrocarbonetos, a matria
-
14
orgnica descrita como imatura, matura e supermatura. A transformao estrutural
apresentada pelos biomarcadores durante a histria do soterramento da bacia reflete a
evoluo trmica dos sedimentos (Mackenzie et al.,1982).
2.4 HIDROCARBONETOS ACCLICOS
2.4.1 N-ALCANOS
Alcanos normais so hidrocarbonetos acclicos que formam uma srie homloga
conforme a frmula geral CnH2n+2. A distribuio dos n-alcanos pode ser importante como um
parmetro ambiental, uma vez que eles podem fornecer indcios sobre sua origem biolgica
mostrando, geralmente, uma distribuio desde os componentes de baixo at os de alto peso
molecular.
Os alcanos se originam de vegetais terrestres superiores e organismos fitoplanctnicos
e bactrias. Geralmente mostram uma distribuio variando de componentes de baixo a alto
peso molecular, frequentemente com um nmero preferencial de carbono especfico par ou
mpar. estabelecido que os n-alcanos de nmero mpar de tomos de carbono tendem a
predominar na geosfera sobre os de nmero par. Isto corroborado pela dominncia de
componentes de nmero mpar de tomos de carbono em um grande nmero de vegetais
aquticos e terrestres (Mackenzie et al.,1982).
Frequentemente, extratos de sedimentos e petrleos relacionados aos ambientes
deposicionais lacustres (gua doce, gua doce - salobro, salino e hipersalino) e marinhos
deltaicos tendem a ter distribuies com uma predominncia ou alta abundncia relativa de
componentes de cadeia longa (C22-C25) com preferncia de nmero de carbono mpar sobre
par, isto se a preferncia no tiver sido removida pelo efeito da maturao trmica. Estas
feies geoqumicas indicam um maior aporte de lipdios de cadeias longas de vegetais
terrestres superiores (ceras de folhas) e algas de gua doce (Botryococcus). tambm notvel
que o contedo de n-alcanos usualmente mais elevado em matria orgnica de origem
continental do que marinha. Em contraste, um ambiente marinho franco (marinho aberto,
-
15
marinho hipersalino e marinho carbontico) tende a resultar em extratos de sedimentos e
petrleos com distribuies mpar e/ou par de tomos de carbono na frao de mdio peso
molecular (C12-C20) com uma freqente predominncia de componentes C15-C17 (Killops,
1994).
Figura 2.5. Estrutura molecular do n-alcano (C14H30) e seu respectivo on caracterstico (m/z
85).
2.4.2 ISOPRENIDES
Os isoprenides regulares C19 (pristano) e C20 (fitano) so os componentes mais
conhecidos e geralmente mais abundantes em sedimentos e rochas sedimentares ricos em
matria orgnica e leos. Brooks et al. (1969) sugeriram que pristano preferencialmente
formado pela cadeia lateral (fitil) da molcula de clorofila em um ambiente oxidante, enquanto
que fitano tem sua origem no mesmo precursor em um ambiente redutor conforme ilustrado na
figura 2.6, porm outras fontes tambm podem existir como por exemplo bactrias.
Figura 2.6. Origem diagentica do pristano e fitano a partir do fitol (Peters et at., 2005).
-
16
Figura 2.7. Estruturas dos isoprenides pristano (A) e fitano (B).
Dydik et al. (1978) propuseram uma relao direta da razo PRI/FIT como uma
determinao do potencial redox do sistema. O mesmo autor props que a razo
pristano/fitano em extratos de sedimentos pode ser usada como um indicador de nveis de
oxignio no stio de deposio. Esta razo utilizada porque tanto o pristano como o fitano
derivam principalmente do fitil (cadeia lateral da molcula de clorofila). Em ambientes redutores
o fitol rapidamente convertido para dihidrofitol, e subsequentemente reduzido para fitano
(Figura 2.6). Em um ambiente oxidante, o fitol principalmente oxidado para cido fitnico, o
qual subsequentemente descarboxilado para pristano. Assim, na teoria, ambientes
deficientes em oxignio so caracterizados por fitano relativamente abundante, com razes
pristano/fitano menores que a unidade (Pr/Fi < 1). Contudo, enquanto a razo Pr/Fi um
indicador importante, em muitos casos, a fonte de matria orgnica, a salinidade e a
maturidade dos sedimentos tambm exercem considervel influncia sobre este parmetro.
2.4.3 HIDROCARBONETOS CCLICOS
Os hidrocarbonetos cclicos mais importantes em geoqumica orgnica so os
denominados terpanos (tricclicos e pentacclicos), e os esteranos, os quais representam os
biomarcadores mais estudados em geoqumica orgnica, pois a existncia de um grande
nmero de centros quirais em suas estruturas confere a estes compostos um grande potencial
para a formao de derivados com diferentes configuraes estereoqumicas, cujas
abundncias relativas podem ser utilizadas como parmetros indicativos do grau de evoluo
A
B
-
17
trmica e/ou nvel de biodegradao quando se estuda os hopanos desmetilados ou
norhopanos (Peters e Moldowan, 1993).
2.5 TERPANOS
Os terpanos cclicos podem ser divididos em trs grupos principais: tricclicos,
tetracclicos e pentacclicos. Terpanos tricclicos e tetracclicos ocorrem em leos e extratos de
sedimentos. Terpanos tricclicos ocorrem como uma srie homloga com um nmero de
tomos de carbono variando de C19 at C54.
Terpanos tetracclicos so restritos a variao C24 a C27, e derivam possivelmente da
degradao de triterpanos pentacclicos, particularmente hopanos ou precursores de vegetais
terrestres superiores. A larga ocorrncia de terpanos tricclicos estendidos sugere que esses
componentes tambm devem ser de origem bacteriana.
Terpanos pentacclicos: Os terpanos pentacclicos podem ser divididos em quatro
subgrupos distintos: hopanos e no hopanos. A abordagem neste trabalho foi feita com base
na classe dos hopanos.
Terpanos so os compostos mais comuns e bem estudados terpenides cclicos
presentes em sedimentos ricos em matria orgnica e petrleos, sendo encontrados em
bactrias e cianobactrias. A cadeia lateral na posio C21 pode ter at oito tomos de
carbono, originando os hopanos estendidos que variam de C27 a C35 e que no incluem o
membro C28, o qual menos comum (Seifert & Moldowan, 1980).
2.5.1 TERPANOS TRICCLICOS
Os terpanos tricclicos estendidos (C19-30) como mostrado na figura 2.8, tm sido
reconhecidos como componentes usuais de sedimentos e leos de vrias origens (Aquino Neto
et al.,1982). Mais recentemente, evidncias indicam que a srie no mnimo superior a C45,
-
18
os componentes ocorrem como misturas de diasteroismeros no C22 e C26 e nos homlogos
superiores.
Existem evidncias de que estes componentes so biogeneticamente derivados de
polifenis de precursores bacterianos, considerados importantes constituintes da membrana de
clulas de organismos procariontes (Ourisson et al., 1979). Seifert & Moldowan (1978)
consideram que os terpanos tricclicos poderiam ser diagnsticos de processos de migrao e
maturao. Mais recentemente, desde que esses componentes so originados de precursores
bacterianos, ateno est sendo dirigida para sua aplicao como indicador de aporte de
matria orgnica. Certamente, a razo de terpanos tricclicos/hopanos em C30 tem sido
proposta como um parmetro de correlao de fonte (Seifert & Moldowan, 1981). Pouco tem
sido registrado, contudo, sobre a distribuio de componentes tricclicos em termos do
ambiente de deposio. Mello et al. (1990) sugerem que seu principal significado reside mais
em sua abundncia que em seu padro de distribuio.
Figura 2.8. Estrutura dos terpanos tricclicos.
2.5.2 TERPANOS TETRACCLICOS
Uma srie de terpanos tetracclicos Des-E variando de C24-C27, tem sido registrada
em amostras de rochas e leos de uma variedade de ambientes deposicionais. Pouco tem sido
publicado sobre esta classe de biomarcadores. Trendel et al. (1982) comprovaram a estrutura e
propuseram que a origem destes componentes viria atravs da degradao termocataltica ou
microbiana de precursores dos hopanos, com a abertura do anel E de hopanides. Ekweozor
-
19
et al. (1981) registraram elevadas quantidades de terpanos tetracclicos em C24-C27 em leos
de origem deltaica e tambm propuseram uma origem na clivagem termocataltica do anel E de
triterpenides pentacclicos. Aquino Neto et al. (1982) registraram a srie em muitos leos e
sedimentos marinho carbontico, com o membro C24 sendo o mais predominante.
Figura 2.9. Estrutura do poliprenide tetracclico C30.
2.5.3 TERPANOS PENTACCLICOS
Hopanos so os mais comuns e bem estudados terpenides cclicos presentes em
sedimentos ricos em matria orgnica e petrleos, sendo encontrados em bactria e
cianobactrias. A cadeia lateral na posio C21 pode ter at oito carbonos, originando os
hopanos estendidos que variam de C27 a C35 e que no incluem o membro C28, o qual
menos comum. Os hopanos ocorrem principalmente como componentes 17(H), 21(H) de
C27 a C35, exceto para C28 (terpanos tricclicos) com os epmeros 22S e 22R para o C31 e
homlogos superiores. Os componentes 17b(H), 21a(H) C29 a C35 so comumente referidos
como moretanos.
-
20
Figura 2.10. Estrutura do 17(H), 21(H)-hopano (H30).
Hopanides de organismos vivos e sedimentos imaturos geralmente exibem a
estereoqumica 17(H), 21(H) com somente a configurao 22R estando presente nos
homlogos superiores a C31. Durante a diagnese, esta configurao isomeriza para as mais
estveis 17(H), 21(H) (moretanos) e 17(H), 21(H) (hopanos), com o predomnio dos
hopanos. Com o aumento da maturidade, os moretanos isomerizam para os hopanos
como mostrado por Seifert & Moldowan (1980), em experimentos de pirlise de querognio.
Os compostos 17(H)-22,29,30-trisnorhopano (Tm) e 18(H)-22,29,30-
trisnorneohopano (Ts) (Figura 2.11) mostram correlao com condies diagenticas. A
predominncia de 17(H)-trisnorhopano C27 (Tm) sobre o 18(H)-trisnorneohopano (Ts) em
carves e sedimentos maturos e leos associados geralmente ocorre em ambiente lacustre
salino, porm tambm pode ocorrer em ambiente marinho carbontico com o aporte de
vegetais terrestres superiores (Waples & Machihara, 1991). A razo Ts/Tm foi estabelecida
como um parmetro tpico de maturidade por Seifert & Moldowan (1980). Seifert & Moldowan
(1986) tambm mostraram o cuidado que deve ser tomado no emprego desta razo como
parmetro de maturidade uma vez que tanto a fonte de aporte como a matriz mineral exercem
controle sobre esta razo.
-
21
Figura 2.11. Estrutura dos compostos 18(H)-22,29,30-trisnorneohopano (Ts) (A) e 17(H)-
22,29,30-trisnorhopano (Tm) (B).
Sendo assim, alm deste nmero limitado de feies diagnsticas difcil relacionar os
padres de distribuio dos hopanos ao ambiente deposicional. As baixas concentraes
destes componentes em ambientes de gua doce em relao ambientes salinos e
hipersalinos indicam um menor aporte bacteriano nos ambientes de gua doce.
O Gamacerano um terpano pentacclico de estrutura no hopanide, mostrado na
figura 2.12 com uma distribuio menos generalizada que os hopanos em sua presena. A alta
abundncia (muitas vezes como o principal triterpano) em sedimentos e rochas sedimentares
ricos em matria orgnica e leos de ambientes hipersalinos indica que o gamacerano pode
ser um bom indicador de salinidade de um ambiente deposicional, sendo um marcador
biolgico diagnstico para episdios hipersalinos de sedimentao. De fato, quanto mais salino
for o ambiente, mais elevada parece ser a abundncia do gamacerano (Moldowan et al., 1985).
A B
-
22
Figura 2.12. Estrutura do gamacerano.
2.6 ESTERANOS
As estruturas dos esteranos compreendem os esteranos regulares, os esteranos
rearranjados ou diasteranos e os 4-metil-esteranos. Os esteranos mais comuns em rochas
sedimentares e petrleos so os componentes C27-C29, embora componentes de menor peso
molecular (C21-C22) tambm ocorram (Moldowan et al., 1985).
Os componentes C27, C28 e C29 so os hidrocarbonetos esterides dominantes,
contudo uma variao de C18 a C31 pode ocorrer. Em termos simplificados, C27 e C28 so os
esteris majoritrios do plncton marinho, enquanto os esteris C27 e C29 predominam em
vegetais terrestres superiores e animais. Seguindo esta tendncia geral proposto o uso de
esteris C27 como um indicador planctnico e os esteris C29 como um indicador de vegetais
terrestres superiores.
Contudo, material alglico pode sintetizar esteris C29, significando que a dominncia
de C29 esteranos em extratos de sedimentos e leos no pode ser assumido automaticamente
um indicativo de contribuio de vegetais terrestres superiores. A predominncia de esterides
C27 , contudo, caracterstico de matria orgnica marinha (Waples & Machihara, 1991).
-
23
Figura 2.13. Diagrama ternrio mostrando a interpretao dos ambientes a partir da distribuio
dos esteranos, adaptado do original de Huang & Meinschein (1979) (Waples & Machihara,
1991).
O diagrama ternrio dos esteranos, ilustrado na figura 2.13, amplamente utilizado
para distinguir grupos de leos de diferentes rochas geradoras ou diferentes fcies orgnicas
da mesma rocha geradora. Em suma, esteranos podem ser considerados teis como
marcadores biolgicos indicadores de aporte de fonte (plncton) to bem quanto de
paleoambiente de deposio, isto se for considerado tanto a sua distribuio como sua
concentrao (Moldowan et al.,1985).
2.7 PARMETROS DE CORRELAO
Os parmetros adequados para correlao leo-leo podem ser escolhidos de vrias
classes de hidrocarbonetos e de componentes no-hidrocarbonetos presentes no petrleo.
Uma das melhores ferramentas fornecida pela correlao entre os fsseis geoqumicos,
podendo ser feita atravs de anlises estatsticas. Componentes esterides e terpenides so
de especial interesse. Entretanto, os padres de distribuio de molculas de hidrocarbonetos
-
24
com uma origem menos especfica, como n-alcanos ou iso-alcanos, ou de vrias classes de
naftenos ou aromticos podem ser utilizados.
2.8 ANLISE ESTATSTICA
2.8.1 ANLISE DE VARINCIA (ANOVA)
Uma anlise de varincia (ANOVA) visa verificar a existncia de diferena significativa
entre as mdias de trs ou mais conjuntos de dados e se os fatores exercem influncia em
alguma varivel dependente. Dessa forma, permite que vrios grupos sejam comparados
simultaneamente, esses fatores podem ser de origem qualitativa ou quantitativa, mas a varivel
dependente dever necessariamente ser contnua. O teste paramtrico (a varivel de
interesse deve ter distribuio normal) e os grupos tm que ser independentes (Ferreira, 2002).
2.8.2 ANLISE MULTIVARIADA
A anlise multivariada consiste no conjunto de mtodos que permite a anlise
simultnea de duas ou mais variveis. Os estudos em anlise multivariada podem ser divididos
em trs reas principais: planejamento e otimizao de experimentos, calibrao multivariada e
reconhecimento de padres (mtodos de anlise exploratria e classificao).
A anlise exploratria visa a deteco de padres de associao no conjunto de dados,
a partir dos quais se pode estabelecer relaes entre objetos e variveis, descobrir objetos
anmalos ou agrupar objetos. Os dois mtodos de anlise exploratria mais usados so a
Anlise de Componentes Principais (do ingls, Principal Component Analisys PCA) e a
Anlise de Agrupamentos Hierrquica (do ingls, Hierarchy Cluster Analisys HCA) (Neto et
al., 2006.). Estes dois mtodos so mtodos no supervisionados.
A PCA um dos mtodos mais comuns empregados na anlise de informaes
(Brown, 1995; Ferreira, 2002), sendo principalmente utilizada pela sua capacidade de
compresso dos dados em funo da existncia de correlao entre diversas variveis
medidas. uma tcnica estatstica que transforma linearmente um conjunto original de
-
25
variveis em um conjunto substancialmente menor de variveis no correlacionadas que
contm a maior parte da informao do conjunto original. Matematicamente, uma componente
principal escrita como uma combinao linear das variveis originais, cujos vetores so
linearmente independentes (Ortonormais).
Em uma anlise de componentes principais, ocorre naturalmente o agrupamento ou
no de amostras, dependendo do grau de similaridade existente entre elas. O agrupamento
pode ser observado atravs de grficos de scores e loadings, cujos eixos so as componentes
principais nos quais os dados so projetados. Os scores so as novas coordenadas em relao
ao novo sistema de eixos, as componentes principais, enquanto os loadings oferecem a
contribuio de cada varivel original nas componentes principais. Quando necessrio, os
dados experimentais originais so normalizados de forma que todas as variveis passam a
estar na mesma escala (Massart et al., 1997; Brereton, 2003). Neste sentido, com a PCA
possvel efetuar uma reduo da dimenso original dos dados e fazer agrupamentos de
amostras similares (Wold e Sjstrm, 1974).
A HCA usada para analisar a estrutura do conjunto de dados em termos de grupos
definidos de maneira hierrquica, de acordo com a similaridade entre objetos ou variveis.
Embora existam muitas variantes matemticas, o que define a similaridade entre dois pontos
a distncia entre eles no espao multidimensional. Quanto menor essa distncia, maior a
similaridade entre os objetos (ou variveis) representados pelos dois pontos (Neto et al., 2006).
-
26
CAPTULO III. EXPERIMENTAL
3.1 AMOSTRAS
Foram selecionadas e caracterizadas 25 amostras de leos cedidas pela PETROBRAS
de 5 diferentes poos do campo de Jubarte, aqui identificados como JA (06), JB (05), JC (05),
JD (05) e JE (04). As amostras dos diferentes poos foram coletadas em diferentes intervalos
de tempo e esto organizadas conforme mostrado na tabela 3.1.
Tabela 3.1. Identificao das amostras com seus respectivos poos produtores.
Poo JA Poo JB Poo JC Poo JD Poo JE J-1 J-3 J-2 J-4 J-5 J-6 J-8 J-7 J-11 J-13 Amostras J-10 J-15 J-9 J-12 J-14 J-18 J-22 J-24 J-23 J-25 J-17 J-21 J-20 J-19 - J-16 - - - -
A preparao das 15 primeiras amostras (J-1 a J-15) e os mtodos analticos
empregados nestas seguem a rotina dos laboratrios da gerncia de Geoqumica da Petrobras,
localizado no Centro de Pesquisas Leopoldo A. Miguez de Mello (CENPES). As anlises
geoqumicas realizadas nas amostras de leo foram: separao em fraes por cromatografia
lquida (MPLC- Medium Pressure Liquid Chromatography); cromatografia gasosa do leo total
(whole oil) e cromatografia gasosa acoplada espectrometria de massas (CG-EM) da frao
dos hidrocarbonetos saturados.
As 10 ltimas amostras foram preparadas e analisadas no Laboratrio de Palinofcies
& Fcies Orgnica (LAFO) no Instituto de Geocincias da Universidade Federal do Rio de
Janeiro. As anlises geoqumicas realizadas nas amostras de leo foram: separao das
fraes dos hidrocarbonetos saturados por cromatografia lquida e cromatografia gasosa
-
27
acoplada espectrometria de massa. O procedimento analtico est representado na Figura
3.1.
Figura 3.1. Esquema ilustrativo da sequncia de anlises para as amostras de leos
selecionados.
leo bruto
15 amostras
Cromatografia Lquida de mdia presso (MPLC)
Saturados 1 Frao
Aromticos 2 Frao
Resinas e Asfaltenos 3 Frao
CG-EM
CENPES
10 amostras
LAFO
Cromatografia Lquida Gravimtrica
Saturados 1 Frao
CG-EM
Cromatografia Gasosa
-
28
3.2 VIDRARIAS E REAGENTES
Toda vidraria utilizada foi previamente lavada com detergente comercial neutro e gua
em abundncia e rinsada com gua destilada e levada estufa para secagem a
aproximadamente 115C. Foi utilizada slica gel neutra 60 (0,0630,200 mm, grade Merck
n107734) e os solventes utilizados foram o diclorometano, metanol e n-hexano, todos com
grau cromatogrfico (Tedia Brazil, Rio de Janeiro).
Algodo e slica foram previamente tratados por extrao em aparelhagem de Soxhlet
com diclorometano PA por 7 horas. A slica foi ativada em estufa a 120C por 12 horas para a
retirada de qualquer resduo de gua e de solvente. Aps resfriamento, a slica foi mantida em
recipiente tampado em dessecador.
3.3 ADIO DE PADRO INTERNO
Muitos laboratrios adicionam 5-Colano na frao dos saturados como padro interno
para a quantificao de esteranos e terpanos antes da anlise por CG-EM. O 5-Colano no
encontrado com significante abundncia em leos crus, no interferindo nos compostos
nativos, e os fragmentos fornecem o mesmo on principal (Seifert & Moldowan, 1986).
Foi adicionado uma soluo tripla de padres nas 15 amostras analisadas no CENPES
na separao das fraes, na cromatografia lquida, a fim de se obter a quantificao da frao
dos saturados. Esta soluo tripla contm 5-Colano, uma adio de D-10 Fluoreno e D-10
Pireno, em soluo de 50 mL de isooctano.
3.4 TCNICAS ANALTICAS
A separao por cromatografia lquida requer que a amostra analisada seja solvel na
fase mvel lquida e que haja uma interao com a fase estacionria. A separao resultado
das interaes da amostra com a fase estacionria e a fase mvel. As diversas possibilidades
-
29
de interao entre amostra, fase estacionria e fase mvel iro definir o tempo de reteno de
cada composto presente na amostra, ocorrendo desta forma a separao.
3.4.1 CROMATOGRAFIA LQUIDA DE MDIA PRESSO (MPLC- MEDIUM PRESSURE LIQUID CHROMATOGRAPHY)
A separao das fraes das 15 (J-1 a J-15) primeiras amostras foi realizada no
CENPES, e o sistema de separao que foi utilizado o MPLC. Neste sistema a separao
realizada utilizando-se slica termicamente ativada e n-hexano como eluente, para se obter as
fraes bem definidas com alto grau de repetibilidade. Foram injetados aproximadamente 60
mg de cada uma das 15 amostras em frascos de capacidade de 7 mL, acrescido de 1 mL de n-
hexano e 60 L do padro triplo. Depois de injetada, a amostra bombeada para a pr-coluna
preenchida com slica (70% slica fina: 63200 mesh, Merck n 107734 e 30% slica grossa:
200500 mesh, Merck n 107734) previamente umedecidas com n-hexano pelo aparelho.
O sistema mostrado na Fig. 3.2 constitui-se de uma bomba para fornecimento da fase
lquida, um mdulo para injeo de at 15 amostras, um detector UV (ultravioleta) e um IR
(ndice de refrao) para monitoramento da eluio das fraes, um coletor automtico para
coleta das fraes e um controlador.
Na primeira etapa da separao cromatogrfica, os compostos polares (resinas e
asfaltenos) ficam retidos na pr-coluna, passando apenas os hidrocarbonetos, que so
encaminhados a uma coluna principal. Nesta, as parafinas passam em uma vazo de 8
mL/min, e os compostos aromticos ficam retidos em seu incio, j que a interao entre a
slica e os compostos polares grande. Aps a retirada das parafinas, invertida a entrada do
solvente na coluna principal, e consequentemente os aromticos so removidos em uma vazo
de 12 mL/min.
Durante a anlise por MPLC, as parafinas so registradas como um pico pelo sinal do
detector IR (ndice de refrao) que faz o registro por sinal eletrnico. Aps a queda na
intensidade do registro (final do pico) que indica a sada completa dos hidrocarbonetos
-
30
saturados, o fluxo de n-hexano pela coluna principal (REFLUX) invertido e o tubo para coleta
trocado e os aromticos so registrados como dois picos concomitantes, gerados pelo sinal
no detector UV (ultravioleta).
Os compostos polares que ficam retidos nas pr-colunas so pressurizados com
soluo de diclorometano:metanol (95:5 V/V), extrados, concentrados e armazenados em
frasco previamente pesado para clculo de composio. Existem dois frascos coletores
especficos, um para as parafinas e outro para os aromticos. As duas fraes so
posteriormente concentradas em aparelho Turbo vap 500 para retirar o excesso de solvente e
transferidas para frascos previamente pesados para que se possa fazer a quantificao destes
compostos posteriormente.
Figura 3.2. Cromatgrafo Knauer de Cromatografia Lquida de mdia presso (MPLC).
Laboratrio de Cromatografia Lquida, CENPES-PETROBRAS.
-
31
3.4.2 CROMATOGRAFIA LQUIDA
A separao das fraes das ltimas 10 amostras (J-16 a J-25) foram realizadas no
LAFO, e a de separao utilizado atravs de um sistema de cromatografia lquida
gravimtrica, tambm chamada de cromatografia Lquida em coluna, que realizado em
colunas de vidro, sob presso atmosfrica, com o fluxo da fase mvel percolando a fase
estacionria (finamente dividida) pela ao da fora de gravidade.
Pesou-se aproximadamente pouco menos de 100 mg de leo bruto em uma balana
analtica. O leo foi submetido a um fracionamento em coluna cromatogrfica de vidro
(dimenses de 27 cm x 0,8 cm) utilizando-se 3 g de slica gel neutra (0,0630,200 mm, kiesel
gel 60200 mesh, Merck n 107734) recm ativada durante 12 horas a 120C.
Na cromatografia lquida gravimtrica (coluna), a amostra foi solubilizada em pequena
quantidade de n-hexano (3050 L) e transferida para uma coluna contendo slica. A frao de
hidrocarbonetos foi coletada em um frasco e deixada evaporar o solvente a temperatura
ambiente aps adio de 6 mL de hexano.
3.4.3 CROMATOGRAFIA GASOSA
A cromatografia gasosa um mtodo fsico-qumico de separao dos componentes
de uma mistura atravs de uma fase gasosa mvel sobre um sorvente estacionrio (Aquino
Neto & Nunes, 2003). Esta tcnica utilizada para a separao de compostos volatilizveis,
isto , os analitos a serem separados devem apresentar uma razovel presso de vapor
temperatura de separao (Collins et al., 1997; Aquino Neto & Nunes, 2003). A cromatografia
gasosa que apresenta um poder de resoluo excelente e alta sensibilidade, permite a anlise
de dezenas de substncias de uma mesma amostra (Collins et al., 1997) e a separao e
identificao mais refinada dos compostos orgnicos presentes em leos.
-
32
3.4.3.1 ANLISE DO LEO TOTAL (WHOLE OIL) PROCEDIMENTO PARA O PRIMEIRO GRUPO (AMOSTRAS J-1 A J-15)
Injetou-se 1 L do leo total diludo em diclorometano no cromatgrafo HP 5890A, com
detector por ionizao em chama (FID). O sistema foi operado por injeo automtica split, em
uma razo de entrada 5:1. A coluna utilizada foi DB-5 de slica fundida de 30 m de
comprimento por 0,25 mm de dimetro interno e parede revestida com 0,250 m de filme de
fase estacionria. A temperatura do injetor foi mantida a uma temperatura de 300C e o
detector (FID) a 340 C. O gs hlio foi utilizado com gs de arraste em um fluxo de 30 cm/s. A
programao de temperatura abrangeu o intervalo de 40C at 320C, em uma taxa de
aquecimento de 2,5C/min em uma isoterma de 18 minutos, atingindo um tempo total de
anlise de 130 minutos. O resultado da anlise gerado pelo cromatgrafo foi processado pelo
sistema Agilent Chemstation.
3.4.3.2 ANLISE DOS HIDROCARBONETOS SATURADOS
Injetou-se 0,5 L da frao de hidrocarbonetos saturados diludo em n-hexano no
cromatgrafo HP 5890A, com detector por ionizao em chama (FID). O sistema foi operado
por injeo automtica on column. A coluna utilizada foi FS-SE54-CB de 30 m de comprimento
por 0,25 mm de dimetro interno e parede revestida com 0,250 m de filme de fase
estacionria. A temperatura do detector (FID) foi mantida a uma temperatura a 330C. O gs
hlio foi utilizado com gs de arraste em um fluxo de 40 cm/s. A programao de temperatura
abrangeu o intervalo de 40C at 100C, em uma taxa de aquecimento de 20C/min, e de
100C a 320C, em uma taxa de aquecimento de 2,5C/min em uma isoterma de 19 minutos,
atingindo um tempo total de anlise de 110 minutos. O resultado da anlise gerado pelo
cromatgrafo foi processado pelo sistema Agilent Chemstation.
3.4.4 CROMATOGRAFIA GASOSA ACOPLADA ESPECTROMETRIA DE MASSAS CG-EM
A cromatografia gasosa por si s no capaz de revelar detalhes sobre a estrutura ou
a massa de uma determinada molcula. Para isso, necessrio utilizar a cromatografia gasosa
acoplada espectrometria de massas (CG-EM) e assim obter a identificao de compostos
especficos de interesse, como por exemplo, os biomarcadores.
-
33
O acoplamento de espectrometria de massas cromatografia gasosa, tambm
chamado de tcnicas hifenadas, sem se tornando rotineiro desde a dcada de sessenta. O
acoplamento de massas aumenta grandemente a especificidade da anlise e a CG-EM
atualmente uma ferramenta rotineira na anlise de misturas orgnicas complexas. Sua
aplicao abrange estudos estruturais para compostos desconhecidos, anlise de misturas
(obter informaes de muitos componentes ou identificar e quantificar alguns componentes).
Possui como limitao vaporizao trmica da amostra seguida pela ionizao na fase gasosa,
pois somente molculas apolares ou de mdia polaridade, termoestveis e volatilizveis so
analisadas. Molculas polares somente so analisadas via derivatizaes (Watson &
Sparkman, 2008).
O espectrmetro de massas pode ser acoplado diretamente ao cromatgrafo gs, de
modo que os componentes que eluem vo diretamente para a fonte de ons, que operam sob
vcuo.
PROCEDIMENTO PARA O PRIMEIRO GRUPO (AMOSTRAS J-1 A J-15)- ANLISE REALIZADA NO CENPES
A coluna capilar utilizada foi de slica fundida recoberta com DB-5 (5% fenil, 95%
metilsilicone), de 60 m de comprimento, 0,25 mm de dimetro interno e 0,25 m de espessura
de filme (J&W Scientific). O gs carreador utilizado foi o hlio sob presso de 25,80 psi, no
mtodo de injeo sem diviso de fluxo (splitless), com uma vazo de purga de 54,4 mL/min. O
volume injetado foi de 1L, com temperatura do injetor de 300C, temperatura do detector de
310C. Quanto ao espectrmetro de massas, o analisador de massas do tipo quadrupolo, no
modo de ionizao de impacto de eltrons com energia de ionizao de 70 eV.
Para a determinao de biomarcadores, a programao de temperatura utilizada foi:
temperatura inicial de 55C, com taxa de aquecimento de 20 C/min, at a temperatura de
150C. A taxa de aquecimento de 1,5C/min at temperatura final de 320C, mantendo-se em
isoterma por 20 min. Foram monitorados os ons m/z 85, 177, 191, 217, 218, 259. A
identificao dos componentes foi baseada na comparao do perfil de distribuio dos
-
34
biomarcadores obtido pelo cromatograma de massas das amostras em estudo com os
publicados previamente na literatura (Peters & Moldowan, 1993; Peters et al., 2005) e
interpretao dos espectros de massas. O clculo das razes entre compostos foi efetuado
utilizando-se rea dos picos.
PROCEDIMENTO PARA O SEGUNDO GRUPO (AMOSTRAS J-16 A J-25)- ANLISE REALIZADA NO LAFO
O cromatgrafo gs utilizado foi Agilent Technologies (Palo Alto, CA, EUA) modelo
7890 equipado com amostrador automtico Agilent Technologies 7683 acoplado a
espectrmetro de massas triplo quadrupolar (EM) Agilent Technologies. Gs carreador utilizado
foi o hlio a 1,2 mL/mim, em mdulo de vazo constante. A coluna capilar utilizada foi de slica
fundida recoberta com DB-5 (5% fenil, 95% metilsilicone), de 30 m de comprimento, 0,25 mm
de dimetro interno e 0,25 m de espessura de filme (J&W Scientific). Temperatura do injetor
280 C. Modo de injeo: 1 L sem diviso de fluxo, sob fluxo constante. Para a determinao
de biomarcadores, a programao de temperatura utilizada foi: temperatura inicial de 70C,
com taxa de aquecimento de 20 C/min, at a temperatura de 170C. A taxa de aquecimento
de 2 C/min at temperatura final de 310 C, mantendo-se em isoterma por 10 min.
Temperatura da linha de transferncia 300 C.
Condies de operao do espectrmetro de massas: temperatura da fonte inica, 280
C; temperatura da interface, 300 C; temperatura dos quadrupolos 150 C; voltagem de
ionizao, 70 eV. Anlise realizada no modo monitoramento seletivo de ons. Foram
monitorados os ons m/z 85, 177, 191, 217, 218, 259.
-
35
3.5 ANLISE ESTATSTICA
Na anlise dos dados, primeiramente foi realizada a Analise de Componentes
Principais com as 25 amostras e 18 variveis. A partir deste resultado foi realizada a
Regresso Linear Mltipla e Anlise de Clusters, com as 15 amostras analisadas no CENPES-
PETROBRAS. Esta ltima com os scores das 6 primeiras componentes principais da ACP.
Todas as anlises acima foram realizadas no software MINITAB 14.0 release.
No monitoramento individual das razes, foi realizada a ANOVA primeiramente para o
parmetro de biodegradao e em seguida para as demais variveis, utilizando apenas as 15
amostras analisadas no CENPES-PETROBRAS. As anlises univariadas foram executadas no
software Excel do Office 2007.
-
36
CAPTULO IV. RESULTADOS E DISCUSSO
4.1 PERFIL CROMATOGRFICO DOS LEOS ESTUDADOS
O grau da biodegradao ocorrido em leos um dos fatores de grande relevncia na
avaliao da alterao de parmetros geoqumicos em petrleos. A intensidade da
biodegradao nos leos estudados foi estabelecida de acordo com a escala de Peters &
Moldowan (1993) (Figura 2.4, pgina 10), associada ao grau API e anlise de biomarcadores
por CG-EM.
4.1.1 CROMATOGRAFIA GASOSA
Foram analisadas por cromatografia gasosa as amostras J-1 a J-15. O resultado das
anlises de cromatografia em fase gasosa so apresentados no Anexo 2, e cinco
cromatogramas so apresentados na Figura 4.1, com seus respectivos poos. Os perfis
cromatogrficos dos leos mostraram semelhana quanto distribuio dos componentes:
presena pouco abundante de n-parafinas de baixa massa molecular (
-
37
Tabela 4.1. Razes de biomarcadores dos leos estudados para os parmetros de
biodegradao por poo produtor e suas respectivas mdias.
Razes de Biomarcadores
Mdia Poo JA
Mdia Poo JB
Mdia Poo JC
Mdia Poo JD
Mdia Poo JE
Mdia dos
Poos Amplitude
Hop/Esta 5,76 5,80 5,97 6,40 6,14 6,01 0,64 Tric/Hopb 1,49 1,36 1,31 1,28 1,30 1,35 0,13 NOR25H/H30c 0,8 0,74 0,77 0,74 0,71 0,75 0,09 DIA/Estd 0,98 0,89 0,90 0,90 0,82 0,90 0,16 PRI/FIT 1,36 1,44 1,40 1,41 1,43 1,41 0,08 PRI/nC17
6,29 5,59 5,86 5,40 5,40 5,71 0,89 FIT/nC18
5,78 5,69 5,64 5,38 5,55 5,61 0,40
a(H29-H33)/C27C28,C29(20S+20R) e (20S+20R) (m/z 191 ; 217) b(Tr20+Tr21+Tr22+Tr23+Tr24+Tr25R+Tr25S+Tr26R+Tr26S+Tr28R+Tr28S+Tr29R+Tr29S+Tr30R+Tr30S)/(Ts+Tm+H28
+H29+C29TS+DH30+H30+H31R+H31S+H32R+H32S+H33R+H33S+H34R+ H34S+H35R+H35S) (m/z 191) c25-norhopano/17(H),21(H)-hopano (m/z 191) d(DIA27S+DIA27R+DIA27S2+DIA27R2)/(C27S+C27R+C27S+C27R+C28S+C28R+C28S+C
28R+C29S+C29R+C29S+C29R) (m/z 217)
-
38
Figura 4.1. Cromatograma do leo total (whole oil) para as amostras J-1(A), J-2 (B), J-3(C), J-
4(D), J-5(E), representativo aos poos: JA, JC, JB, JD e JE respectivamente.
NC
10
NC
11
NC
12
NC
13 NC
14
NC
15
NC
16
NC
17P
RI
NC
18P
HY
NC
19
NC
10
NC
11
NC
12
NC
13
NC
14
NC
15
NC
16
NC
17P
RI
NC
18P
HY
NC
10
NC
11
NC
12
NC
13
NC
14
NC
15
NC
16
NC
17P
RI
NC
18P
HY
NC
10
NC
11
NC
12
NC
13
NC
14
NC
15
NC
16
NC
17P
RI
NC
18P
HY
NC
10
NC
11
NC
12
NC
13
NC
14
NC
15
NC
16
NC
17P
RI
NC
18P
HY
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 1300
A
B
C
D
E
-
39
4.1.2 CROMATOGRAFIA GASOSA ACOPLADA A ESPECTROMETRIA DE MASSAS PARA ANLISE DE BIOMARCADORES
Os resultados das anlises de biomarcadores empregando a tcnica de cromatografia
gasosa acoplada espectrometria de massas (CG-EM) esto apresentados nos
cromatogramas de massas da Figura 4.2 e no Anexo 2.
Na Figura 4.2(A) e (B) apresentam-se os cromatogramas de massas dos ons
selecionados m/z 85, 217, 281 e 191. No on m/z 85 observa-se apenas a presena dos
isoprenides pristano (PRI) e fitano (FIT), com a srie das n-parafinas depletadas.
Foi observado cromatogramas de massas m/z 191 que a maioria das amostras contm
alta abundncia relativa dos terpanos tricclicos em relao aos pentacclicos (Figura 4.2(A). B),
as amostras apresentam predominncia do Tm sobre o Ts (razes Ts/Tm menores que 1),
apresentam ainda o hopano desmetilado (25-norhopano), cuja presena confirmada pelos
cromatogramas de massas m/z 177 e 191, o que caracterstico de leos biodegradados, e a
presena de gamacerano mesmo que em baixa abundncia relativa.
Tambm foi observado a degradao de homohopanos (H31H35) (m/z 191), o que
pode ser confirmado pela presena da srie dos hopanos desmetilados no cromatograma m/z
177 (D30D34, Figura 4.2(B). C). Pela anlise de distribuio de esteranos, observa-se
abundncia dos esteranos rearranjados (DIA27S e DIA27R) em relao aos esteranos
regulares (Figura 4.2(B). D).
J nos cromatogramas de massa m/z 217 (Figura 4.2(B). D), as amostras no
apresentam notveis diferenas quanto abundncia dos componentes 20R e 20S
quanto aos componentes . Observam-se abundncias relativas similares entre esteranos,
maior abundncia dos compostos 20R sobre os 20S nos C-27 e C-28 esteranos, e
maior abundncia do composto 20S sobre os 20R nos C-29 esteranos. Pelo
cromatograma de massas m/z 218 pode-se observar abundncia do C27 em relao ao C28 e
C29, para todas as amostras, sugerindo indcios de leos de origem lacustre salino/salobro
(Peter et al., 2005).
-
40
Portanto, para o leo J-1, bem como para os demais leos estudados, estes podem ser
considerados com um nvel 8 de degradao, de acordo com escala de Peters & Moldowan
(1993), na Figura 2.4.
Figura 4.2 (A). Cromatogramas de massas on m/z 85 (A); 191(B) para a amostra J-1.
Sample: 090611985 ion 85 Desc: SAMANTHA UFRJ (PAR1-119-85)
0 20 40 60 80 100 120 1400
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
45000
50000
55000
Sample: 090611985 ion 191 Desc: SAMANTHA UFRJ (PAR1-119-85)
0 20 40 60 80 100 120 1400
20000
40000
60000
80000
100000
120000
TR
19
TR
20
TR
21
TR
22
TR
23T
R2
4
TR
25A
TR
25B
TE
T24
TR
26A
TR
26B
TR
28A
TR
28B
TR
29A
TR
29B
TS
TM
TR
30A
TR
30B
H28
NO
R25
HH
29C
29T
SD
H30
M29
H30
NO
R30
HM
30H
31S
H31
R GA
MH
32S
H3
2R
H33
SH
33R
H34
SH
34R
H35
SH
35R
m/z 191 B
PR
I
FIT
m/z 85 A
-
41
Figura 4.2 (B). Cromatogramas de massas on m/z 177 (C), 217 (D), 218 (E) para a amostra J-
1.
Sample: 090611985 ion 177 Desc: SAMANTHA UFRJ (PAR1-119-85)
0 20 40 60 80 100 120 1400
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
Sample: 090611985 ion 217 Desc: SAMANTHA UFRJ (PAR1-119-85)
0 20 40 60 80 100 120 1400
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
22000
BC
HO
L
DIA
27S
DIA
27R
DIA
27S
2D
IA27
R2
C27
SB
B_D
29S
C27
BB
S C27
RC
28S
C28
BB
RC
28B
BS
C28
RC
29S
C29
BB
RC
29B
BS
C29
R
S21
S22
Sample: 090611985 ion 218 Desc: SAMANTHA UFRJ (PAR1-119-85)
0 20 40 60 80 100 120 1400
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
C27
AB
BR
C27
AB
BS
C28
AB
BR
C28
AB
BS
C29
AB
BR
C29
AB
BS
C
NO
R25H
D30S
D
30
R
D31
S
D3
1R
D
32
S
D32
R
D33S
D
33
R
D34S
D
34
R
m/z 177
m/z 217 D
m/z 218 E
-
42
4.2 CARACTERIZAO DOS PARMETROS GEOQUMICOS A PARTIR DA ANLISE DOS BIOMARCADORES
4.2.1 PARMETROS DE BIODEGRADAO
A biodegradao por micro-organismos aerbicos e/ou anaerbicos resultam
inicialmente na total ou parcial remoo de n-alcanos de baixa massa molecular, seguidos
pelos n-alcanos na faixa de nC16 a nC25, e finalmente naqueles acima de nC25. Diferentes
intensidades de biodegradao e diferentes perodos de tempo levam os petrleos a possurem
diferentes graus de biodegradao (Tissot & Welte, 1984).
Pelos cromatogramas (Figura 4.3) foi possvel observar que as amostras apresentam
baixas concentraes das classes de compostos n-alcanos e presena apenas de
isoprenides. Essas caractersticas indicam, de acordo com Seifert & Moldowan (1978b), uma
condio de biodegradao para essas amostras.
Os perfis cromatogrficos mostram caractersticas geoqumicas tpicas de leos
intensamente degradados pela ao das bactrias. Na Figura 4.3 observam-se os
cromatogramas dos leos dos poos JA, JC, JB, JD, JE, que correspondem s amostras J-1, J-
2, J-3, J-4, J-5, respectivamente, onde se verificou a depleo quase completa dos
hidrocarbonetos lineares e ramificados (n-parafinas e iso-parafinas), porm no afetando
totalmente os isoprenides pristano e fitano. Em todas as amostras foram calculados os
valores das razes PRI/FIT, porm somente nas amostras J-1 a J-15 foram calculados os
valores das razes PRI/nC17 e FIT/nC18, como descrito na Tabela 4.1.
Para as razes PRI/FIT, PRI/nC17 e FIT/nC18 (Tabela 4.1) observa-se que todos os
poos apresentam valores maiores que 1,00, com mdias 1,41, 5,71 e 5,61 com amplitudes
0,08, 0,89 e 0,40 respectivamente. As pequenas amplitudes das razes citadas em
comparao s suas mdias indicam haver uma grande similaridade dos resultados dos poos.
-
43
Figura 4.3. Cromatogramas de massas do on m/z 85 para as amostras J-1(A), J-2 (B), J-3(C),
J-4(D), J-5(E), representativo de cada poo (JA, JC, JB, JD, JE, respectivamente), mostrando a
distribuio alterada das n-parafinas.
20 40 60 80 100 120
A
B
C
D
E
PR
IF
ITP
RI
FIT
PR
IF
ITP
RI
FIT
PR
IF
IT
-
44
A presena do pentacclico desmetilado 17(H)-25-norhopano (NOR25H)
considerado um importante indicador do grau de biodegradao, e foi utilizado para avaliar o
quanto a biodegradao est afetando a interpretao dos parmetros de maturao e de
origem. As anlises foram feitas por estatstica univariada para a razo NOR25H/H30 e
multivariada, onde foram inclusos variveis indicativas de origem e maturao.
De acordo com as caractersticas geoqumicas apresentadas pela amostra J-1
(cromatogramas de massas m/z 177, 191 e 217 da Figura 4.4), verificou-se que este leo foi
submetido ao intenso processo de biodegradao, consistindo primeiramente na degradao
dos hopanos e consequente formao dos hopanos desmetilados, conhecido como 25-
norhopanos, e posterior degradao dos esteranos. O composto 25-norhopano, o qual
utilizado como indicativo de biodegradao, est presente em todas as fraes de
biomarcadores de todos leos analisados. No cromatograma de massas m/z 191 do leo J-1
(Figura 4.4), verificou-se uma maior abundncia relativa dos terpanos tricclicos em relao aos
terpanos pentacclicos. Isto se deve ao fato de que os terpanos tricclicos so mais resistentes
biodegradao do que os hopanos (Aquino Neto et al., 1982), resultando em uma mdia da
razo terpanos tricclicos/hopanos de 1,35 (Tabela 4.1). Tal fato evidencia que os hopanos
foram preferencialmente biodegradados nos leos em estudo.
O cromatograma de massas m/z 217 (Figura 4.4) apresenta a distribuio dos C27,
C28 e C29 esteranos regulares e diasteranos para o leo J-1. Segundo Peters & Modowan,
(1978), os diasteranos so mais resistentes biodegradao que os esteranos. Para amostras
depletadas, espera-se que a razo diasteranos/esteranos aumente, de acordo com o grau de
biodegradao, devido maior estabilidade estrutural dos diasteranos. Porm nas amostras
estudadas a abundncia relativa dos diasteranos em relao aos esteranos regulares um
pouco menor (mdia dos poos: 0,90, amplitude: 0,16), indicativo de que a biodegradao
pode ter influenciado nos resultados (Tabela 4.1).
-
45
Figura 4.4. Cromatograma de massas m/z177 (A), 191 (B), e 217 (C), respectivamente, do leo
J-1.
Sample: 090611985 ion 177 Desc: SAMANTHA UFRJ (PAR1-119-85)
0 20 40 60 80 100 120 1400
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
Sample: 090611985 ion 191 Desc: SAMANTHA UFRJ (PAR1-119-85)
0 20 40 60 80 100 120 1400
20000
40000
60000
80000
100000
120000
TR
19
TR
20
TR
21
TR
22
TR
23T
R24
TR
25A
TR
25B
TE
T24
TR
26A
TR
26B
TR
28A
TR
28B
TR
29A
TR
29B
TS
TM
TR
30A
TR
30B
H28
NO
R25
HH
29
C29
TS
DH
30M
29H
30N
OR
30H
M30
H31
SH
31R GA
MH
32S
H32
R
H33
SH
33R
H3
4SH
34R
H35
SH
35R
Sample: 090611985 ion 217 Desc: SAMANTHA UFRJ (PAR1-119-85)
0 20 40 60 80 100 120 1400
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
22000
BC
HO
L
DIA
27S
DIA
27R
DIA
27S
2D
IA27
R2
C27
SB
B_D
29S
C27
BB
S C27
RC
28S
C28
BB
RC
28B
BS
C28
RC
29S
C29
BB
RC
29B
BS
C29
R
S21
S22
D32
S
D31R
D32
R
A
NO
R25
H
D30
S
D3
0R
D
31S
D
31R
D
32S
D
32R
D
33S
D
33R
D
34S
D
34R
m/z 177
m/z 191 B
m/z 217 C
-
46
4.2.1.1 ANLISE MULTIVARIADA
Um estudo exploratrio com as 18 variveis utilizadas no trabalho, Tabela 4.2 foi
realizado a partir da Anlise de Componentes Principais (PCA do ingls, Principal
Components Analisys) a fim de verificar possveis tendncias e correlaes entre amostras e
entre variveis utilizadas.
Tabela 4.2. Variveis geoqumicas utilizados no trabalho.
Biodegradao Origem Maturao
NOR25H/H30 Tric/H30 S/(S+R) C29 PRI/FIT DIA/Est Tr26/Tr25 S/(S+R) H32 Gam/H30 Ts/(Ts+Tm) TPP/DIA /(+)C29 Hop/Est Tric/Hop H35/H34 C27/C29S %C27 %C28 %C29
Figura 4.5. Grfico d