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UFRJ UFRJ Rio de Janeiro 2010 Vitor Souza Fraga CARACTERIZAÇÃO TÉCNICO-ECONÔMICA DOS PRINCIPAIS MINERAIS UTILIZADOS NA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO BRASILEIRA Dissertação de Mestrado (Geologia)

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  • UFRJ

    UFRJ Rio de Janeiro

    2010

    Vitor Souza Fraga

    CARACTERIZAO TCNICO-ECONMICA DOS PRINCIPAIS

    MINERAIS UTILIZADOS NA INDSTRIA DE PETRLEO BRASILEIRA

    Dissertao de Mestrado (Geologia)

  • UFRJ

    Rio de Janeiro Maio de 2010

    Vitor Souza Fraga

    CARACTERIZAO TCNICO-ECONMICA DOS PRINCIPAIS MINERAIS

    UTILIZADOS NA INDSTRIA DE PETRLEO BRASILEIRA

    Dissertao de Mestrado submetida ao Programa de Ps-graduao em Geologia, Instituto de Geocincias, da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, como requisito necessrio obteno do grau de Mestre em Cincias (Geologia).

    rea de concentrao:

    Geologia Regional e Econmica

    Orientador:

    Jos Mrio Coelho

  • FICHA CATALOGRFICA

    Fraga, Vitor Souza Caracterizao Tcnico-Econmica dos Principais Minerais Utilizados na Indstria de Petrleo Brasileira [Rio de Janeiro] 2010. xii, 87 p. (Instituto de Geocincias UFRJ, M. Sc., Programa de Ps-Graduao em Geologia, 2008). Dissertao Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizada no Instituto de Geocincias.

    1. Indstria de petrleo e gs 2. Fluido de perfurao 3. Minerais industriais

    I IG/UFRJ II Ttulo (srie)

  • Rio de Janeiro

    Vitor Souza Fraga

    CARACTERIZAO TCNICO-ECONMICA DOS PRINCIPAIS MINERAIS

    UTILIZADOS NA INDSTRIA DE PETRLEO BRASILEIRA

    Dissertao de Mestrado submetida ao Programa de Ps-graduao em Geologia, Instituto de Geocincias, da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, como requisito necessrio obteno do grau de Mestre em Cincias (Geologia). rea de concentrao:

    Geologia Regional e Econmica

    Orientador:

    Jos Mrio Coelho

    Aprovada em: 20/05/2010

    Por:

    _____________________________________ Presidente: Ccera Neysi de Almeida, UFRJ

    _____________________________________ Marsis Cabral Junior, IPT

    _____________________________________ Ado Benvindo da Luz, CETEM

  • Dedico esta tese aos meus Pais, por

    acreditarem no meu potencial, mesmo quando eu no me achava capaz de superar todas as adversidades impostas pela vida.

  • vi

    Agradecimentos

    UFRJ, pela oportunidade de participar deste programa de ps-graduao, que

    contribuiu para meu desenvolvimento profissional e ampliou os meus conhecimentos

    em geologia econmica.

    Ao professor Jos Mrio Coelho, pela orientao acadmico-cientfica, e

    contribuio para a minha formao e pelas discusses cientficas que me ajudaram

    na realizao deste trabalho.

    Ao CENPES e IBP, que financiaram durante seis meses minha pesquisa e que

    ofereceram condies para que a tese fosse concluda.

    Aos meus pais, pela slida formao dada at minha juventude, que me

    proporcionou a continuidade nos estudos at este ponto.

    Agradeo a todos os meus amigos, que me ajudaram e apoiaram na realizao

    deste trabalho. Dentre tantos, gostaria de destacar alguns:

    A todos os amigos que me apoiaram nestes anos de formao acadmica, em

    especial: Carolina Ribeiro, Diogo Borges, Enrico Brunno, Filipe Modesto, Rennan

    Oliveira, talo Moreira, entre outros.

    Ao amigo Rodrigo Vinagre pela pacincia, companhia, discusses, e teorias.

    Ao Professor Joel Gomes Valena (In memoriam) por me ter incentivado, e pela

    pacincia nas explicaes dos mais diversos temas.

    minha famlia, por todo apoio, carinho e amor, em especial a Claudia, que

    suportou meu mal humor.

    A Tereza Marques, pelo apoio tcnico na parte de portugus.

    A todos agradeo, profundamente.

  • Aprender a nica coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende (Leonardo da Vinci)

  • viii

    Resumo

    FRAGA, Vitor Souza. Caracterizao Tcnico-Econmica dos Principais Minerais Utilizados na Indstria de Petrleo Brasileira. Rio de Janeiro, Ano. 2010, 89 p. Dissertao (Mestrado em Geologia) Programa de Ps-graduao em Geologia, Instituto de Geocincias, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

    Este trabalho apresenta uma anlise tcnico-econmica de quatro minerais

    industriais utilizados pela indstria de petrleo e gs brasileira. So abordados os

    usos, reservas, produo, consumo, mercado e carncias desses minerais

    industriais. Os quatro minerais analisados constituem a base de fluidos de

    perfurao de poos barita, bentonita, mica e vermiculita que, alm de

    proporcionar caractersticas fundamentais para a produo de fluidos de perfurao,

    tambm so insumos fundamentais em outros setores da economia. Esses minerais

    so extremamente importantes na cadeia produtiva do petrleo, atuando

    principalmente nas fases de perfurao e completao. A tendncia do consumo

    desses quatro insumos minerais aumentar, em funo das descobertas de novas

    reservas de petrleo em altas profundidades, e das novas fronteiras de explorao

    de petrleo e gs no Brasil. Para que as indstrias de petrleo e gs brasileiras

    alcancem uma alta competitividade internacional, ser necessrio o fortalecimento

    do setor de minerais industriais, de modo a que alcance os padres tecnolgicos e

    gerenciais dos principais pases produtores, o que resultar no aumento da

    produtividade, na reduo dos preos e no melhor atendimento do mercado. A

    indstria de minerais industriais dever intensificar os investimentos em pesquisa

    mineral e corrigir as carncias tecnolgicas e gerenciais, a fim de diminuir a balana

    comercial negativa. Assim, para que tanto os consumidores, como os produtores de

    minerais industriais, alcancem uma alta competitividade intencional, ser necessrio,

    alm dos diversos pontos levantados, o fortalecimento da indstria local desses bens

    minerais, representada, principalmente, por pequenas e mdias empresas.

    Palavras-chave: indstria de petrleo e gs, fluido de perfurao, minerais industriais.

  • viii

    Abstract

    FRAGA, Vitor Souza Fraga. Caracterizao Tcnico-Econmica dos Principais Minerais Utilizados na Indstria de Petrleo Brasileira. Technical and Economic Characteristics of Major Mineral Inputs Used in Brazilian Oil Industry, Rio de Janeiro, Ano. 2010, 89 p. Dissertao (Mestrado em Geologia) Programa de Ps-graduao em Geologia, Instituto de Geocincias, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

    The present work aims to build a technical-economic analysis of the four

    industrial minerals used by the Brazilian industry of oil and gas. It discusses the uses,

    reserves, production, consumption, market, and industry needs. Four mineral bases

    of drilling fluids were analyzed barite, bentonite, mica and vermiculite which,

    besides providing crucial features for the production of drilling fluids, are also key

    inputs into other sectors of the economy. These minerals are extremely important in

    the commodity chain of oil, working mainly in the drilling and completion stages. The

    trend of consumption of these four mineral inputs is increasing on account of

    discoveries of new oil reserves at high depths, and to the new exploration frontiers of

    oil and gas in Brazil. For the Brazilian industries of gas and oil to achieve a high

    international competitiveness, it will be necessary to strengthen the sector of

    industrial minerals in order to reach the technology and management standards of

    the major producing countries, resulting in increased productivity, reduced prices and

    a better market service. The industry of industrial minerals should intensify the

    investments in mineral research, and correct the technological and managerial

    deficiencies in order to reduce the negative trade balance. Thus, for both consumers

    and producers of industrial minerals to achieve a high competitive intent, it will be

    necessary, in addition to the various points raised, to strengthen the local industry of

    these mineral goods, represented by the small and medium enterprises.

    Key-Words: oil and gas industry, drilling fluid, industrial minerals.

  • ix

    Lista de Figuras FIGURA 01: CADEIA PRODUTIVA DA INDSTRIA DE PETRLEO. ........................................................................... 14

    FIGURA 02: PROCESSO DE PERFURAO COM FLUIDO DE PERFURAO E A MOVIMENTAO DE DETRITOS PELO ESPAO ANULAR. ......................................................................................................................................... 18

    FIGURA 03: JATOS DE FLUIDO QUE RESFRIAM E LIMPAM A BROCA. .................................................................... 19

    FIGURA 04: REPRESENTAO DA HIDRATAO DA MONTMORILONITA CLCICA E DA MONTMORILONITA SDICA................................................................................................................................................................... 26

    FIGURA 05: BENTONITA EM MEIO AQUOSO (SDICA E CLCICA) E SECA. ........................................................... 26

    FIGURA 06: FOTOGRAFIAS DE AMOSTRAS DE VERMICULITA (SANTA LUZIA, PB): (A) VERMICULITA NATURAL; (B) VERMICULITA EXPANDIDA .................................................................................................................................... 30

    FIGURA 07: DISTRIBUIO DAS RESERVAS BRASILEIRAS DE BARITA (MEDIDA CONTIDA T BASO4). .................. 33

    FIGURA 08: DISTRIBUIO DAS RESERVAS BRASILEIRAS MEDIDAS DE BENTONITA + ARGILAS DESCORANTES. .. 34

    FIGURA 09: DISTRIBUIO DAS RESERVAS BRASILEIRAS MEDIDAS DE MICA, ANO BASE 2005. ........................... 37

    FIGURA 10: DISTRIBUIO DAS RESERVAS BRASILEIRAS MEDIDAS DE VERMICULITA. ......................................... 39

    FIGURA 11: MAPA DE LOCALIZAO DOS PRINCIPAIS MINERAIS INDUSTRIAIS UTILIZADOS A INDSTRIA DO PETRLEO. ............................................................................................................................................................. 40

    FIGURA 12: REPRESENTAO GRFICA DA DISTRIBUIO DO CONSUMO DE BARITA BRUTA NO BRASIL. ......... 44

    FIGURA 13: REPRESENTAO GRFICA DA DISTRIBUIO DO CONSUMO DE BARITA BENEFICIADA NO BRASIL. ............................................................................................................................................................................... 45

    FIGURA 14: REPRESENTAO GRFICA DA DISTRIBUIO DO CONSUMO DE BENTONITA BRUTA NO BRASIL. .. 46

    FIGURA15: COMRCIO DE BARITA (T) - 2002-2007 ............................................................................................... 51

    FIGURA 16: PREOS DE BARITA (T) 2001 - 2007 ................................................................................................ 51

    FIGURA 17: COMRCIO DE BENTONITA (T) - 2002-2007 ....................................................................................... 52

    FIGURA 18: PREOS DE BENTONITA (T) - 2002-2007 ............................................................................................ 53

    FIGURA 19: COMRCIO DE MICA (T) - 2002-2007 ................................................................................................. 54

    FIGURA 20: PREOS DE MICA NO BRASIL (T) - 2002-2007 .................................................................................... 54

    FIGURA 21: COMRCIO DE VERMICULITA NO EXPANDIDA (T) - 2002-2007 ....................................................... 55

    FIGURA 22: PREOS DE VERMICULITA NO EXPANDIDA (T) - 2002-2007 ............................................................ 56

    FIGURA 23: COMRCIO DE VERMICULITA EXPANDIDA (T) - 2002-2007 ............................................................... 57

    FIGURA 24: PREOS DE VERMICULITA NO EXPANDIDA (T) - 2002-2007 ............................................................ 57

  • x

    Lista de Tabelas

    TABELA 01 - PRINCIPAIS MINERAIS INDUSTRIAIS DO BRASIL NO CONTEXTO MUNDIAL - 2005 ........................... 32

    TABELA 02 - EVOLUO DO SALDO DA BALANA COMERCIAL DOS QUATRO MINERAIS INDUSTRIAIS 2001 A 2007(US $ MILHES) ............................................................................................................................................. 49

    TABELA 03 - PREOS DE EXPORTAO E DE IMPORTAO DE MINERAIS INDUSTRIAIS 2001 2007 (U$/T) ... 50

    Lista de Smbolos e Abreviaturas m micrometro

    ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ANP Agncia Nacional de Petrleo

    API - American Petroleum Institute

    CBB Companhia Brasileira de Bentonita

    CEPED - Centro de Pesquisas e Desenvolvimento

    CETEC - Fundao Centro Tecnolgico de Minas Gerais

    CETEM - Centro de Tecnologia Mineral

    CIENTEC - Fundao de Cincia e Tecnologia

    CMC carboxilmetilcelulose

    DNPM Departamento Nacional de Pesquisa Mineral

    IPT - Instituto de Pesquisa Tecnolgica

    ITP - Instituto de Tecnologia e Pesquisa

    m.e.a massa especfica aparente

    MME Ministrio de Minas e Energia

    Mt Milhes de Toneladas

    nm - Nanmetro

    C o Grau centigrado

    OCMA - Oil Companies Material Association

    ppm Parte por milho

    QGN Qumica Geral do Nordeste

    t toneladas

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Nan%C3%B3metro
  • xi

    Sumrio AGRADECIMENTOS .................................................................................................. .................................... VI

    RESUMO .............................................................................................................. ..................................... VIII

    ABSTRACT .............................................................................................................. ..................................... IX

    LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... ................................... X

    LISTA DE TABELAS ................................................................................................... ..................................... X

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................................. ................................... X

    1. INTRODUO ..................................................................................................................................... 13

    1.1. OBJETIVO ............................................................................................................................................... 15

    2. A IMPORTNCIA DOS MINERAIS INDSTRIAIS NA INDSTRIA DE PETRLEO E GS ............................. 17

    2.1. CLASSIFICAO DOS FLUIDOS DE PERFURAO .............................................................................................. 20 2.2. FUNO DOS MINERAIS INDUSTRIAIS NOS FLUIDOS DE PERFURAO ................................................................. 23

    3. SITUAO ATUAL NO DOS MINERAIS ESTUDADOS NO BRASIL ............................................................ 32

    3.1. RESERVAS NACIONAIS .............................................................................................................................. 32 3.1.2. BARITA ........................................................................................................................................... 32 3.1.3. BENTONITA .................................................................................................................................... 34 3.1.4. MICA .............................................................................................................................................. 36 3.1.5. VERMICULITA ................................................................................................................................. 38

    3.2. MERCADO PRODUTOR NACIONAL ............................................................................................................... 39 3.2.1. BARITA ........................................................................................................................................... 40 3.2.2. BENTONITA .................................................................................................................................... 41 3.2.3. MICA .............................................................................................................................................. 42 3.2.4. VERMICULITA ................................................................................................................................. 43

    3.3. MERCADO CONSUMIDOR .......................................................................................................................... 44 3.3.1. BARITA ........................................................................................................................................... 44 3.3.2. BENTONITA .................................................................................................................................... 45 3.3.3. MICA .............................................................................................................................................. 47 3.3.4. VERMICULITA ................................................................................................................................. 47

    4. COMRCIO E PREOS DOS MINERAIS INDUSTRIAIS UTILIZADOS PELA INDSTRIA DE PETRLEO E GS BRASILEIRA ................................................................................................................................................. 49

    4.1. BARITA .................................................................................................................................................. 50 4.2. BENTONITA ............................................................................................................................................ 52 4.3. MICA .................................................................................................................................................... 53 4.4. VERMICULITA ......................................................................................................................................... 55

    5. TENDNCIAS DOS PRINCIPAIS MINERAIS UTILIZADOS NA INDSTRIA DE PETRLEO E GS .................. 59

    5.1. BARITA .................................................................................................................................................. 59 5.2. BENTONITA ............................................................................................................................................ 61 5.3. MICA .................................................................................................................................................... 62 5.4. VERMICULITA ......................................................................................................................................... 62

    6. RESULTADOS E DISCUSSES ............................................................................................................... 65

    7. CONCLUSES E RECOMENDAES ..................................................................................................... 68

    7.1. POLTICAS PBLICAS ................................................................................................................................ 69 7.2. CENTROS TECNOLGICOS .......................................................................................................................... 70

  • xii

    7.3. ARCABOUO LEGAL, TRIBUTRIO E DE INCENTIVOS FINANCEIROS E FISCAIS ......................................................... 71

    8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................................................... 73

    ANEXOS I ESPECIFICAES BARITA ........................................................................................................... 81

    ANEXOS II ESPECIFICAES BENTONITA .................................................................................................... 81

    ANEXOS III ESPECIFICAES MICA ............................................................................................................ 83

  • 13

    1. INTRODUO

    A indstria de petrleo brasileira tem apresentado um aumento nas reservas e

    produo em guas rasas e profundas. De acordo com o Anurio Estatstico 2009,

    da Agncia Nacional de Petrleo ANP , houve um acrscimo nas reservas

    nacionais da ordem de 2,33%, apresentando 20,3 bilhes de barris em 2007 para

    20,8 bilhes em 2008, no considerando a incluso do Pr-Sal.

    A produo de petrleo era de 638 milhes de barris, em 2007, e aumentou para

    663 milhes de barris, em 2008, totalizando, assim, um crescimento da ordem de

    3,9% em relao a 2007. Esse desenvolvimento da indstria est associado ao

    aumento de investimento na explorao e produo de petrleo no Brasil que, at

    2013, ir investir 116 bilhes de reais em explorao e produo de petrleo e gs

    (PAPATERRA, 2009).

    O Brasil apresenta uma grande diversidade de terrenos geolgicos, possuindo,

    portanto, uma grande dotao mineral, que se traduz na produo de mais de 67

    variedades de substncias minerais 21 minerais metlicos, 42 minerais industriais

    e quatro energticos. Em que pese a grande diversidade de minerais industriais

    produzidos, o saldo da balana comercial vem apresentando dficits crescentes nas

    ltimas duas dcadas. (COELHO, et. al., 2007).

    Os minerais industriais, objeto deste estudo, so usados in natura, ou aps

    beneficiamento, em diversos segmentos da indstria de petrleo. Os insumos

    minerais mais utilizados na indstria de petrleo so: bentonita, barita, atapulgita,

    vermiculita, magnetita porosa, carbonato de clcio, mica, perlita expandida, lignina,

    mica, grafita, cloreto de sdio, gipsita, dentre outros. (CASTELLI, 1994).

    A Figura 01 apresenta a cadeia produtiva da indstria de petrleo e gs, em que

    se constata ser imprescindvel a utilizao de minerais industriais, bem como a

    existncia de uma grande variedade de aplicaes de minerais industriais na

    indstria de petrleo no Brasil. A maioria dos minerais apresenta mais de uma

    aplicao, sendo que alguns no esto ligados explorao e produo

    diretamente.

  • 14

    Figura 01: Cadeia produtiva da indstria de petrleo. Fonte: Brasil Supply, 2003, modificado.

    A utilizao de fluido essencial na perfurao e completao de poos. O

    sucesso dessas operaes depende da composio e das propriedades do fluido

    escolhido, que pode exercer diversas funes: a) carrear o material cortado pela

    broca e transport-lo para a superfcie atravs do espao anular do poo; b) Resfriar

    e limpar a broca; c) Reduzir a frico entre o colar da coluna de perfurao e as

    paredes do poo; d) Manter a estabilidade da seo do poo no revestida; e)

    Controlar a presso para evitar a entrada de fluxos de leo, gs ou gua proveniente

    das rochas perfuradas; f) Formar uma torta (reboco) pouco espessa, de baixa

    permeabilidade que sele os poros e outras aberturas na formao penetrada pela

    broca; g) Ajudar na coleta e interpretao de informaes disponveis a partir de:

    amostras de calha, testemunhos de sondagem e perfis eltricos; h) Promover o

    efeito de flutuao. (DARLEY E GRAY, 1988).

    A produo dos minerais industriais utilizados pela indstria de petrleo no

    Brasil vinha se mantendo praticamente inalterada at 1997. Com a quebra do

    monoplio do petrleo no pas e a entrada de empresas privadas para o setor a

    partir desse ano, obteve-se um aumento de investimentos na explorao e produo

    de petrleo, que proporcionou uma maior demanda desses insumos minerais.

    A indstria brasileira de petrleo e gs natural, detentora de alta tecnologia,

    desempenha um papel de extrema importncia no consumo dos minerais industriais,

    principalmente pela variedade e qualidade exigidas pelas substncias minerais

    utilizadas nos diversos setores: perfurao, completao, produo e refino. H um

    grande potencial de crescimento do consumo no mercado interno em face da

    tendncia crescente de aumento da produo da indstria de petrleo brasileira.

  • 15

    A fim de que se obtenha uma melhoria do saldo comercial dos minerais

    industriais selecionados, deve-se buscar a introduo de tecnologias de pesquisa

    mineral, de lavra e de beneficiamento que propiciem maior agregao de valor.

    Assim, para que a indstria brasileira de petrleo alcance uma alta competitividade

    internacional, ser necessrio o fortalecimento da indstria local de insumos

    minerais objetivando atingir os padres internacionais, tanto no nvel tecnolgico

    quanto gerencial.

    O dficit da balana comercial observado demonstra que, ao contrrio da

    indstria de petrleo, no houve, por parte significativa do setor produtivo de

    minerais industriais, as modernizaes tecnolgicas e gerenciais necessrias ao

    aprimoramento do sistema de produo pesquisa, lavra e beneficiamento, o que

    se tem traduzido em diferenas desfavorveis, em termos de qualidade, constncia

    de suprimento e preos das matrias-primas nacionais, em relao a outros pases

    produtores, fazendo com que o pas seja dependente de importao desses bens

    minerais. (COELHO et. al., 2000).

    1.1. Objetivo

    Este trabalho apresenta a importncia de quatro minerais industriais barita,

    bentonita, mica e vermiculita que so utilizados principalmente na formulao de

    fluidos de perfurao e completao de poos de petrleo e gs. Esses minerais so

    tambm usados em outros segmentos da indstria do petrleo.

    Foram efetuadas neste trabalho solues alternativas, atravs das definies

    de mecanismos institucionais, com a finalidade de diminuir as importaes e de

    incrementar as exportaes. Os minerais foram criteriosamente selecionados

    considerando-se os seguintes parmetros:

    a) Nvel de reservas conhecidas ou potencial de reservas em relao ao

    mundo;

    b) Nvel de produo atual em relao ao mundo;

    c) Qualidade do produto brasileiro;

    d) Competitividade do preo FOB para exportao;

    e) Potencial de crescimento no mercado interno;

  • 16

    f) Apresentao de dficit na balana comercial.

    Objetiva-se o desenvolvimento da indstria desses minerais, sob a forma de

    arranjos produtivos, inserindo-se os conceitos de desenvolvimento regional e social

    de forma a atender no s ao aumento da capacidade produtiva, como tambm

    integrao direta e indireta dos envolvidos. Trata-se de um conceito mais amplo de

    desenvolvimento local, dadas as caractersticas extremamente carentes ou pouco

    desenvolvidas das reas onde esses minerais so produzidos.

    Foi efetuado um diagnstico tcnico e econmico, visando estabelecer

    diretrizes para a substituio de importaes e o aumento das exportaes a partir

    do aprimoramento tcnico e gerencial de pequenas e mdias empresas de

    minerao, aumentando a competitividade dos produtores locais com a diminuio

    dos custos de produo e melhoria da qualidade dos produtos.

    So analisados os usos/aplicaes, caracterstica dos minerais nacionais,

    mercado produtor e consumidor, comrcio (importao e exportao) e preos

    mdios, oferecendo polticas de desenvolvimento para diminuir a carncia e

    necessidades desse mercado.

  • 17

    2. A IMPORTNCIA DOS MINERAIS INDSTRIAIS NA INDSTRIA DE PETRLEO E GS

    Utilizou-se um conceito de minerais industriais definido por RODRIGUES,

    2010, segundo o qual minerais industriais seriam todas as rochas e minerais,

    inclusive os sintticos, predominantemente no-metlicos, que, por suas

    propriedades fsicas ou qumicas, podem ser utilizados como matrias primas,

    insumo, ou aditivos em processos industriais. Os quatros minerais estudados se

    enquadram nessa situao e so utilizados como insumo na indstria petrolfera.

    Ao analisar a cadeia produtiva do petrleo, percebe-se que os minerais

    industriais participam de quatro fases principais no processo de produo de leo e

    gs (Figura 01), sendo essas fases divididas em: perfurao, completao, produo

    e refino.

    A fase de perfurao analisada em detalhe, j que a maior consumidora de

    minerais industriais, e representa 80% de todos os minerais industriais consumidos

    durante o processo de explorao de petrleo e gs. Pode-se dizer que fluido de

    perfurao um fluido circulante usado para tornar vivel uma operao de

    perfurao (American Petroleum Institute API, 1991). Tambm pode ser definido

    como uma srie de disperses complexas de fases (slidos, lquidos e gases), que ,

    freqentemente so constitudas de duas fases: uma dispersante (aquosa ou

    orgnica) e outra dispersa, cuja complexidade depende da natureza dos produtos

    dispersos, requisitos e funes necessrias.

    Segundo LUZ & BALTAR (2003), a composio desses fluidos inclui alguns

    minerais industriais cujo tipo e quantidades usadas so determinados pelas

    caractersticas do poo. Dessa forma, os insumos minerais tm uma importncia

    significativa na indstria do petrleo na qual, alm de entrarem na formulao do

    fluido de perfurao e completao de poos de petrleo e gs, so tambm

    utilizados na recuperao secundria e na etapa de refino do petrleo.

    O fluido essencial na perfurao de um poo, sendo assim o sucesso da

    operao depende da composio e das propriedades do fluido escolhido que pode

    exercer diversas funes, tais como:

  • 18

    Controlar a presso para evitar a entrada de fluxos de leo, gs ou gua

    proveniente das rochas perfuradas;

    Formar uma torta (reboco) pouco espessa, de baixa permeabilidade que sele

    os poros e outras aberturas na formao penetrada pela broca;

    Ajudar na coleta e interpretao de informaes disponveis a partir de

    amostras de calha, testemunho de sondagem e perfis eltricos;

    Carrear o material cortado pela broca e transport-lo para a superfcie atravs

    do espao anular do poo.(Figura 02);

    Figura 02: Processo de perfurao com fluido de perfurao e a movimentao de detritos pelo espao anular. Fonte: AMORIM, 2008.

    Promover o efeito de flutuao.

    A tubulao de um poo imerso no fluido tem seu peso diminudo devido ao

    empuxo reduzindo a tenso no mecanismo de perfurao.

    Resfriar e limpar a broca (Figura 03);

    A frico entre a broca e as paredes do poo muito elevada, gerando atrito e,

    conseqentemente, calor, necessitando do resfriamento oferecido pelo fluido de

    perfurao e exigindo lubrificao tambm proporcionada pelo fluido.

  • 19

    Reduzir a frico entre o colar da coluna de perfurao e as paredes do

    poo;

    Manter a estabilidade da seo do poo no revestida; (DARLEY e GRAY

    1988, apud LUZ & BALTAR, 2003).

    Figura 03: Jatos de fluido que resfriam e limpam a broca. Fonte: AMORIM, 2008.

    De acordo com SCHAFFEL (2002), o fluido de perfurao fornece a presso

    hidrosttica necessria para evitar o colapso das paredes do poo. O controle das

    presses no interior do poo feito pelo fluido atravs de uma presso hidrosttica

    superior presso dos fluidos das formaes (aqueles contidos nos poros das

    formaes) cortadas pela broca. Quando essa presso hidrosttica se torna menor

    do que a das formaes, e em presena de permeabilidade suficiente, pode ocorrer

    o fluxo de fluido da formao para o interior do poo que, se no controlado

    devidamente, pode se transformar numa erupo (blowout).

    Segundo AMORIM (2003b), quando o fluido exerce presso sobre as paredes

    do poo, uma parcela penetra nos poros da formao (filtrado). As partculas slidas

    da lama se depositam nas paredes do poo, formando uma fina camada

    impermevel que estabiliza as formaes (filter cake ou mud cake, que pode ser

    traduzido como reboco). Essa camada alm de estabilizar as paredes do poo

  • 20

    reduz a absoro de fluido de perfurao pelas formaes, impermeabilizando as

    paredes do poo.

    O estudo de SCHAFFEL (2002), tambm informa que o cascalho e o fluido de

    perfurao que chegam superfcie constituem valiosas fontes de informaes

    sobre as formaes que esto sendo perfuradas. Gelogos examinam o cascalho

    para saber que tipo de formao est sendo perfurado no momento, assim como os

    tcnicos de fluido de perfurao analisam o seu retorno, avaliando o quanto de gua,

    gs ou leo est invadindo o poo

    2.1. Classificao dos Fluidos de Perfurao

    Os fluidos de perfurao podem ser classificados de acordo com o componente

    principal que atua como matriz no fluido, podendo ser base de gua, gs ou leo.

    A composio do fluido varia em relao ao tipo de perfurao, profundidade,

    do meio perfurado, entre outras caractersticas. Para adequar o fluido com as

    caractersticas do poo, muitos fluidos so resultantes de uma combinao de dois

    ou mais componentes.

    As informaes obtidas nos estudos de LUZ & BALTAR (2003), informam que

    quando o principal constituinte um lquido (gua ou leo), aplica-se o termo lama

    suspenso de slidos no lquido. Nesse caso, tem-se uma lama 15 A base de gua

    ou base de leo. Quando a gua e o leo esto presentes, forma-se uma emulso

    com agitao e a adio de um agente emulsificante. A natureza qumica do

    emulsificante determina se o leo emulsificado na gua (lama de emulso de leo,

    ou seja, a gua a fase contnua) ou se a gua emulsificada no leo (lama de

    emulso inversa, ou seja, o leo a fase contnua).

    Os fluidos tambm podem ser classificados com relao ao seu contedo em

    slidos, como de alto e baixo teor de slidos. Nos fluidos de baixo teor em slidos,

    os insumos minerais so parcialmente substitudos por produtos qumicos, a

    exemplo do carboxilmetilcelulose (CMC) e do amido que tm substitudo a bentonita

    na funo de reduzir a perda do fluido por filtrao. Os fluidos com baixo teor de

    slidos so indicados nos casos de ameaa de desestabilizao do poo. (LUZ &

    BALTAR, 2003)

  • 21

    Independente do tipo de fluido, este deve apresentar determinadas

    propriedades reolgicas, fsicas, de filtrao e lubricidade adequadas, de forma a

    garantir o sucesso da operao de perfurao, seja em poos superficiais ou poos

    de alta profundidade. Atualmente, os cenrios de perfuraes envolvem

    reservatrios mais profundos, poos de geometria complexa e um aumento de

    exigncias dos rgos ambientais.

    Em vista disso, vm sendo estudados fluidos de perfurao base de gua

    mais elaborados, que podem oferecer melhor hidrulica de perfurao (perda de

    presso e transporte de cascalhos), estabilidade reolgica a altas temperaturas,

    controle de filtrado, estabilidade de folhelhos e boa lubricidade. Os fluidos sintticos

    tambm tm sido bastante utilizados ultimamente, ou para substituir os fluidos

    base de leo, que podem causar danos ambientais, ou para atuar em poos de alta

    complexidade.

    Em funo do maior consumo de minerais industriais e de maior aplicabilidade,

    ser dado nfase ao estudo dos minerais que compem o fluido base gua.

    2.1.1. FLUIDOS BASE DE GUA

    A grande maioria dos fluidos de perfurao utilizados no mundo formada por

    lquidos base de gua (MMS, 2000). O fluido base de gua, ou fluido aquoso,

    consiste numa mistura de slidos, lquidos e aditivos qumicos, tendo a gua como a

    fase contnua. O lquido base pode ser a gua salgada, gua doce ou gua salgada

    saturada (salmoura), dependendo da disponibilidade e das necessidades relativas

    ao fluido de perfurao. (ECONOMIDES et al., 1998).

    VEIGA (1998) afirma que os principais tipos de fluidos base de gua so os

    fluidos naturais, fluidos dispersos tratados com lignosulfonatos, fluidos tratados com

    cal, fluidos tratados com gesso, fluidos no dispersos tratados com cal e polmeros,

    fluidos salgados tratados com polmeros, fluidos base de cloreto de potssio (KCl),

    fluidos isentos de slidos e os fluidos biopolimricos.

    Os fluidos base de gua podem possuir argilas altamente hidroflicas em sua

    composio, como as encontradas nos folhelhos ou slidos ativos (tpica rocha

    sedimentar rica em argilas hidroflicas, em especial as encontradas em localidades

    offshore ou bacias sedimentares mais jovens, caracterizando formaes muito

  • 22

    sensveis gua), essas argilas reagem quimicamente com a gua do fluido de

    perfurao, provocando sua expanso e dispersando as partculas no fluido e por

    todo o poo. (SCHAFFEL, 2002)

    Esse fenmeno interfere mecanicamente com a perfurao, provocando um

    efeito de intruso da argila expandida nos poros das formaes cortadas pela broca,

    formando uma barreira que paralisa ou restringe significativamente o fluxo da

    produo de hidrocarbonetos. (LUMMUS e AZAR, 1986; BLEIER et al, 1992;

    KHONDAKER, 2000).

    SCHAFFEL (2002) afirma que esse um grave problema de desempenho

    causado pela utilizao de lamas base de gua, provocando tambm instabilidade

    ao poo e perda de fluido para as formaes. Em paralelo, essa expanso de

    material leva a uma gerao de volume extra de resduos de perfurao. A soluo

    para os problemas apontados acima inibir o fluido atravs da adio de

    substncias qumicas que impeam ou diminuam sua reao com a gua. So os

    denominados inibidores como o sdio, potssio e ons de clcio, que reduzem a

    atividade dos slidos ativos minimizando a hidratao e a expanso da argila e

    folhelhos.

    Devido s desvantagens apresentadas, os fluidos de perfurao base de

    gua no conseguiram acompanhar os novos desafios que foram surgindo com a

    evoluo da tecnologia, como a perfurao direcional ou em guas profundas. A

    utilizao dos fluidos base de gua nesses empreendimentos pode tornar a

    perfurao lenta ou at mesmo impossvel (EPA, 1999), alm de gerar uma

    quantidade maior de resduos.

    Os fluidos de perfurao base de gua apresentam algumas vantagens,

    como: um baixo custo comparado aos demais, podem ser biodegradveis e se

    dispersarem facilmente na coluna dgua em perfuraes martimas. (DURRIEU et

    al., 2000). Logo, seu descarte martimo permitido em quase todo o mundo, desde

    que respeitadas s diretrizes de descartes de efluentes martimos de cada regio.

    Muitos especialistas em fluidos de perfurao enfrentam um dilema ao

    selecionar um aditivo que possa aumentar o desempenho na perfurao de poos

    de petrleo e minimizar as preocupaes sobre os seus efeitos prejudiciais em

    zonas de produo do petrleo. A escolha baseada considerando os seguintes

    parmetros: custo, desempenho, qualidade, efeitos ambientais, compatibilidade da

    avaliao da produo e da explorao e logstica. (ENGLAND, 1988).

  • 23

    Segundo AMORIM (2003), para minimizar os impactos ambientais necessrio

    reduzir os nveis de toxidade dos componentes dos fluidos de perfurao. Os fluidos

    base de leo so normalmente os mais danosos ao meio ambiente e, embora

    tenham sido desenvolvidos para situaes nas quais os fluidos base de gua so

    inadequados, h necessidade urgente de encontrar alternativas para sua

    substituio.

    2.2. Funo dos Minerais Industriais nos Fluidos de Perfurao

    Os quatro minerais industriais selecionados apresentam caractersticas e

    propriedades nicas, que os destacam como modificador de densidade, promotor de

    viscosidade, lubrificante e material contra perda de circulao.

    A seguir sero apresentadas as caractersticas e as funes de cada mineral.

    2.2.1. BARITA

    LUZ & BALTAR (2008) define a barita como um sulfato de brio (BaSO4) que

    pode ser encontrado em rochas gneas, metamrficas ou sedimentares. A barita

    pura tem densidade em torno de 4,5 g/cm3 e contm 58,8% Ba, sendo a mais

    importante fonte comercial desse elemento. O brio tambm pode ser obtido a partir

    da witherita (Ba2CO3), mas um mineral raro com pouca importncia econmica.

    A barita apresenta-se mais freqentemente como mineral incolor, branco

    leitoso ou cinza, podendo ter outras cores dependendo das impurezas presentes na

    rede cristalina. A barita tem fratura conchoidal, clivagem prismtica, brilho vtreo,

    cristal transparente a translcido e ndice de refrao 1,63. o mineral mais denso

    entre os no metlicos (densidade em torno de 4,5 g/cm3), sendo relativamente

    frivel, com dureza variando entre 2,5 e 3,5 na escala de Mohs (VELHO et. al.,

    1998).

    A barita apresenta alta densidade e esta propriedade determina o seu uso em

    fluidos de perfurao de petrleo e gs e carga para diversos produtos. A barita

    relativamente inerte, tem alvura elevada, e apresenta baixa absoro de leo. Essas

    propriedades ampliam bastante o seu uso como carga, pigmento e extensor. A

  • 24

    considervel capacidade que possui em absorver Raios-X e Gama possibilita

    tambm o seu uso na rea mdica, em exames de Raios-X do sistema digestivo, na

    fabricao de cimentos especiais usados em containers para armazenagem de

    material radioativo e na fabricao de protetores contra radiaes de monitores de

    computador e tubos de televiso. A relao de usos da barita inclui ainda a indstria

    txtil, a fabricao de papel, plsticos, borracha, tintas, pigmentos brancos, vidro,

    cermica, asfalto e em sistemas de freio e embreagem de carros e caminhes, entre

    outros. (LUZ & BALTAR, 2008).

    A barita atua como modificador de densidade, aumentando, assim, a densidade

    do fluido de perfurao. Apresenta alta densidade e essa propriedade determina o

    seu uso em fluidos de perfurao de petrleo e gs, e carga para diversos produtos.

    Devido s grandes profundidades perfuradas necessrio que o fluido de

    perfurao exera um diferencial de presso frente s camadas que podero ser

    encontradas durante a perfurao, de forma a impedir o influxo, ou seja, que

    petrleo ou gs jorre do poo (fenmeno conhecido como blowout). Por um lado,

    essa presso, que depende da densidade do fluido, pode ser controlada com a

    adio de minerais com elevado peso especfico, sendo a barita o principal mineral

    densificador. Por outro lado, uma presso exagerada pode provocar danos ao poo

    como desmoronamento ou fraturas na rocha e conseqente fuga do fluido. Portanto,

    a densidade do fluido deve ser cuidadosamente projetada em funo das condies

    do poo. (LUZ & BALTAR, 2003).

    As especificaes de barita, usada em lama de perfurao de leo e gs, so

    normalizadas internacionalmente pela American Petroleum Institute (API) e Oil

    Companies Material Association (OCMA), e nacionalmente so determinadas pela

    Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) e Petrobrs. As caractersticas

    da lama de perfurao e da quantidade de barita contida variam grandemente, em

    funo de fatores, tais como: gradiente de presso dos poos, profundidade relativa,

    tempo de perfurao. (BALANO MINERAL BRASILEIRO, 2001)

    De acordo com os coeficientes tcnicos definidos pela API, para a barita grau

    lama utilizada na indstria de perfurao de petrleo e gs, o mineral deve ter:

    - Densidade especfica superior ou igual a 4,2;

    - No mximo 250 ppm de Ca;

    - 95% do mineral devem apresentar partculas inferiores a 45m (325 mesh).

  • 25

    So encontradas especificaes mais detalhadas para a barita, utilizada nos

    fluidos de perfurao, no Anexo I.

    2.2.2. BENTONITA

    A bentonita pode ser definida como uma rocha constituda essencialmente por

    um argilomineral montmorillontico (esmecttico), formado pela desvitrificao e

    subseqente alterao qumica de um material vtreo, de origem gnea, usualmente

    um tufo ou cinza vulcnica em ambientes alcalinos de circulao restrita de gua.

    (ROSS, 1926 apud SILVA & FERREIRA, 2008).

    Segundo LUZ & OLIVEIRA (2005), a bentonita pode ter composio clcica ou

    sdica. Esta ltima possui uma caracterstica fsica muito particular: expande vrias

    vezes o seu volume, quando em contato com a gua, formando gis tixotrpicos.

    Alguns ctions provocam uma expanso to intensa que as camadas dos cristais

    podem separar at a sua clula unitria. O sdio provoca a expanso mais notvel.

    As lminas/placas da montmorillonita tm perfil irregular, so muito finas,

    tendem a se agregar no processo de secagem, e apresentam boa capacidade de

    laminao quando colocadas em contato com a gua. O dimetro entre as placas

    de aproximadamente 100 nm, a espessura pode chegar at 1 nm e as dimenses

    laterais podem variar de 30 nm a vrios mcrons, o que resulta em uma elevada

    razo de aspecto, podendo chegar a aproximadamente 1000.

    Quando as lamelas individuais de montmorilonita so expostas gua, as

    molculas de gua so adsorvidas na superfcie das folhas de slica, que so ento

    separadas umas das outras. Esse comportamento chamado de inchamento

    interlamelar e controlado pelo ction associado estrutura da argila. A espessura

    da camada de gua interlamelar varia de acordo com a natureza do ction adsorvido

    e da quantidade de gua disponvel (BRINDLEY,1955 apud SILVA & FERREIRA,

    2008).

    Para AMORIM (2003a), no caso das argilas clcicas ou policatinicas, a

    quantidade de gua adsorvida limitada e as partculas continuam unidas umas s

    outras por interaes eltricas e de massa. A diferena no inchamento das

    montmorilonitas sdicas e clcicas deve-se fora de atrao entre as camadas,

    que acrescida pela presena do clcio, reduzindo a quantidade de gua que

  • 26

    poder ser adsorvida, enquanto que o ction sdio provoca uma menor fora

    atrativa, permitindo que uma maior quantidade de gua penetre entre as camadas, e

    seja ento adsorvida. Essa diferena est apresentada nas Figuras 04 e 05.

    Figura 04: Representao da hidratao da montmorilonita clcica e da montmorilonita sdica. Fonte: ARSHAK, et.al., 2004 apud SILVA & FERREIRA, 2008.

    Figura 05: Bentonita em meio aquoso (sdica e clcica) e seca. Fonte: AMORIM, 2003a.

  • 27

    A viscosidade uma propriedade de grande importncia nos fluidos de

    perfurao de poos. Um fluido viscoso suspende e transporta at a superfcie, com

    mais eficincia, os detritos resultantes da ao da broca giratria sobre a rocha. Por

    outro lado, a presso necessria para o bombeamento, e a dificuldade para a

    remoo dos detritos antes do descarte, aumentam com a viscosidade do fluido.

    (LUZ & BALTAR, 2003).

    Ainda segundo LUZ & BALTAR (2003), pode-se afirmar que os insumos

    minerais utilizados com essa finalidade tm propriedades tixotrpicas, o que significa

    que a viscosidade varia em funo da movimentao do fluido. Isso importante

    porque, em caso de problemas operacionais ou quando necessria a troca da

    broca, a movimentao do fluido interrompida provocando a formao de um gel

    espesso que impede o retorno dos fragmentos de rocha evitando a obstruo da

    broca. No momento em que o movimento reiniciado, o fluido torna-se menos

    viscoso e retorna ao seu estado anterior.

    Os mesmos autores sustentam que a bentonita sdica e a bentonita clcica

    ativada so os principais minerais utilizados para conferir viscosidade lama de

    perfurao base de gua doce. Em gua salgada, a bentonita perde as suas

    propriedades tixotrpicas. Nesse caso, usa-se a atapulgita ou a sepiolita. As argilas

    organoflicas (bentonitas modificadas com surfactantes) so usadas em lamas

    base de leo para aplicaes especiais e lamas de emulso inversa para perfurao

    de poos que atravessem formao contendo camadas de folhelho. Para alterar a

    viscosidade da lama de perfurao so tambm usados produtos orgnicos do tipo

    amido, carboxilmetilcelulose-CMC, tanino e lignosulfonato.

    O principal uso da bentonita atuar como agente tixotrpico (lubrificante e

    promotor de viscosidade) em fluidos de perfurao de poos de petrleo e de gua.

    De acordo com LUZ E OLIVEIRA (2008) as funes da bentonita, quando

    usada como fluido de perfurao so:

    - Refrigerar e limpar a broca de perfurao;

    - Reduzir a frico entre o colar da coluna de perfurao e as paredes do poo;

    - Auxiliar na formao de uma torta de filtragem nas paredes do poo, de baixa

    permeabilidade, de forma a controlar a perda de filtrado do fluido de perfurao,

    contribuindo para evitar o desmoronamento do poo;

  • 28

    - Conferir propriedade tixotrpica lama de perfurao, ajudando a manter em

    suspenso as partculas slidas, principalmente, quando cessa, temporariamente, o

    movimento da coluna de perfurao ou o bombeamento da lama de perfurao;

    - Conferir viscosidade lama de perfurao, para auxiliar no transporte dos

    cascalhos do fundo do poo para a superfcie. As argilas organoflicas (bentonitas

    modificadas com surfactantes - sais orgnicos de aminas quaternrias) so usadas

    em fluidos de emulso inversa, onde a fase contnua constituda por leo mineral

    de baixa toxidez, N Parafina. Esse tipo de fluido recomendado para aplicaes

    especiais, em poos que atravessam formao contendo camadas de folhelho.

    (DARLEY & GRAY, 1988).

    As especificaes da bentonita utilizadas na indstria do petrleo se encontram

    no Anexo II.

    2.2.3. MICA

    A mica um termo genrico aplicado ao grupo de minerais aluminossilicatos

    complexos (moscovita, biotita, glauconita, paragonita, flogopita, etc.) que possuem

    estrutura lamelar, compreendendo diferentes composies qumicas e propriedades

    fsicas. (DANA, 1959)

    A descrio de CAVALCANTE et al. (2009) define a mica, do latim micare

    (brilho), sendo um termo genrico aplicado ao grupo dos minerais constitudos por

    silicatos hidratados de alumnio, potssio, sdio, ferro, magnsio e, por vezes, ltio,

    cristalizado no sistema monoclnico, com diferentes composies qumicas e

    propriedades fsicas. Dentre outras, podem ser citadas: clivagem fcil, que permite a

    separao em lminas muito finas; flexibilidade; baixa condutividade trmica e

    eltrica; resistncia a mudanas abruptas de temperaturas. Tais caractersticas

    conferem a esse mineral mltiplas aplicaes industriais. O grupo das micas possui

    mais de 30 minerais classificados em micas ditas verdadeiras, frgeis e as de

    intercamadas deficientes.

    A unidade estrutural bsica das micas forma uma espcie de sanduche

    (lamela), na qual duas camadas tetradricas de slica envolvem uma camada

    octadrica de alumina. Nas camadas de slica, ocorre substituio de um quarto do

    silcio por alumnio, ou seja, um dos quatro tomos de silcio (tetravalente) do

    tetraedro substitudo por um tomo de alumnio (trivalente), gerando um excesso

  • 29

    de carga eltrica negativa que compensado por tomos de potssio, clcio,

    magnsio, ltio, sdio ou ferro, dependendo do tipo de mica. (ERNST, 1971).

    Foi dada uma maior nfase mica muscovita ou moscovita, que a mais

    abundante e mais utilizada pela indstria de petrleo no Brasil.

    A moscovita ou muscovita, tambm um filossilicato de alumnio e potssio,

    KAl2(Si3AlO10)(OH,F2), que cristaliza no sistema monoclnico. Caracteriza-se pela

    clivagem basal perfeita e hbito laminar.(CAVALCANTE, 2008).

    A muscovita muito utilizada na fase inicial da perfurao, quando avana-se

    em direo ao reservatrio, toda a formao rochosa deve se manter impermevel

    no intuito de evitar a infiltrao e, conseqente, perda do fluido de perfurao.

    Existe uma variedade muito grande de materiais usados como selantes para

    prevenir a perda de circulao. H um tipo de material, ou mistura de materiais, para

    cada situao. A mica o mineral industrial mais utilizado para reduzir as perdas de

    circulao. No entanto, outros produtos encontrados no mercado podem substituir a

    mica: fibras de celulose picada; celofane picado; conchas de nozes, fibra de celulose

    classificada; mistura de gros, entre outros. (LUZ & BALTAR, 2003).

    Ao contrrio, quando o poo alcana o reservatrio, deve-se modificar a

    composio do fluido a fim de garantir o escoamento fcil do petrleo pelos poros da

    formao at o interior do poo (LUZ & BALTAR, 2003).

    CAVALCANTE et al. (2009) sustenta que nos fluidos de perfurao de poos

    petrolferos, a mica tambm atua como um agente favorecedor da circulao dos

    fluidos e minimiza as perdas dos mesmos, e em geral, devido infiltrao na

    camada rochosa. A estrutura lamelar das micas tambm proporciona a selagem das

    fraturas. Alm disso, quando em suspenso, neste tipo de aplicao, a estrutura

    lamelar da mica assegura a suspenso de outros slidos constituintes das lamas de

    perfurao.

    As especificaes da mica utilizadas na indstria do petrleo se encontram no

    Anexo III.

    2.2.4. VERMICULITA

    A vermiculita definida como um aluminossilicato hidratado de ferro e de

    magnsio, ou seja, (Mg, Fe)3 [(Si, Al)4 O10] (OH)2 4H2O, pertencendo famlia dos

  • 30

    filossilicatos, que possui estrutura cristalina micceo-lamelar com ctions trocveis

    em posies interlamelares. Os elementos de sua composio qumica esto

    associados a uma alterao da biotita, por ao hidrotermal, como tambm so

    encontrados no contato entre rochas bsicas, cidas ou ultrabsicas intrusivas.

    Nessas condies est associada ao corndon, apatita, serpentina, clorita e ao

    talco. A vermiculita se diferencia da biotita pelos menores ndices de refrao e da

    clorita pela maior birrefringncia. (VAN DER MAREL E BEUTELSPACHER, 1976

    apud UGARTE E MONTE, 2005a).

    FERRAZ (1971) afirma que a vermiculita tem a sua estrutura composta por

    superfcies lamelares de silicatos, intercaladas com camadas de gua. Quando

    aquecida entre 650 e 1.000 oC apresenta uma curiosa propriedade de expanso,

    devido brusca transformao da gua em vapor; a presso exercida pelo vapor

    promove o afastamento das lamelas e uma deformao axial do mineral. Esse

    fenmeno, chamado de esfoliao, promove um aumento no volume inicial do

    mineral bruto, que varia entre 15 e 25 vezes, conforme pode ser observado na

    Figura 06.

    Figura 06: Fotografias de amostras de vermiculita (Santa Luzia, PB): (a) vermiculita natural; (b) vermiculita expandida Fonte: UGARTE et al., 2004

    O processo utilizado no beneficiamento da vermiculita simples, constitudo

    por etapas de moagem, separao por peneiras e classificao pneumtica. Por

    apresentar a propriedade de esfoliao, a vermiculita comercializada na forma crua

    beneficiada e o processo de expanso ocorre nos locais prximos s indstrias

    fabricantes dos produtos manufaturados (placas isolantes acsticas e trmicas, etc.).

    (LUZ et. al., 2001).

  • 31

    De acordo com CASTRO (1996), o processamento da vermiculita pode ser

    efetuado atravs de trs mtodos, que so: (a) via seca, (b) via mida e (c)

    combinao mida/seca. No caso de processamento a seco, o minrio

    previamente submetido secagem. Em regies de baixos ndices pluviomtricos

    pode ser realizada em ptios, com o calor do sol. Em lugares onde os ndices de

    pluviometria so altos, o minrio deve ser primeiramente seco em secadores

    rotatrios. Por outro lado, quando o minrio est associado a argilas, o

    processamento a mido aconselhvel.

    A vermiculita tem uma vasta aplicao industrial, aps a sua expanso trmica.

    No processo de esfoliao trmica da vermiculita, a gua interlamelar expulsa de

    forma irreversvel, gerando um considervel aumento do volume, em relao ao

    volume original. Essa propriedade tem sido decisiva para a grande quantidade de

    aplicaes na indstria e tem sido um fator na determinao da qualidade do minrio

    e dos produtos finais (concentrados), ao ponto de ser objeto de padronizao por

    diversas entidades como a American Society for Testing and Materials (ASTM), a

    ABNT e a The Vermiculite Association. (CASTRO, 1996).

    Pode-se reconhecer que entre as propriedades mais utilizadas para se avaliar

    a qualidade dos concentrados encontram-se a densidade, granulometria,

    condutividade trmica, massa especfica aparente (m.e.a), teor de vermiculita (%),

    temperatura de amolecimento, umidade, entre outras.

    O Brasil apresenta uma grande quantidade de minerais que podem ser usados

    para reduzir as perdas de circulao de fludos em poos de petrleo. Esses

    minerais apresentam a funo de selar cavidades e fraturas da formao que est

    sendo perfurada. Sendo que a mica (muscovita) o mineral mais comumente usado

    para diminuir as perdas de circulao de fluido. Alguns exemplos podem ser citados

    tais com diatomita, perlita, mica e vermiculita.(UGARTE et. al., 2008).

    A mica o mineral mais comumente usado para diminuir as perdas de

    circulao de fludo.

    As vantagens de utilizao da vermiculita em comparao a outros minerais

    para reduzir as perdas de circulao de fludos em poos de petrleo so: sua

    abundncia e seu baixo custo.

  • 32

    3. SITUAO ATUAL DOS MINERAIS ESTUDADOS NO BRASIL

    3.1. Reservas Nacionais

    O Brasil apresenta reserva de todos os minerais estudados, conforme

    observado na Tabela 01, no entanto, no apresentam minerais de qualidade e

    capacidade de produzir a quantidade suficiente para atender as exigncias do

    mercado atual.

    Tabela 01 - Principais Minerais Industriais do Brasil no Contexto Mundial - 2005

    MINERAL INDUSTRIAL RESERVA (Medida + Indicada) -103 t PRODUO -103 t

    DISCRIMINAO BRASIL MUNDO PART. (%) BRASIL MUNDO PART. (%)

    Barita 6.400 878.5001 3,3 37 7.940 0,5

    Bentonita 41.400 - - 238

    10.700 2

    Mica 5.401 - - 4 360 1,4

    Vermiculita 23.000 203.0001 11,3 19 514 3,7

    Fonte: Sumrio Mineral, 2008 e USGS, 2010.

    A seguir sero apresentadas informaes sobre a situao atual das reservas

    brasileiras dos minerais estudados e algumas caractersticas, como localizao e

    rocha fonte.

    3.1.2. BARITA

    Segundo o SUMRIO MINERAL (2008), no Brasil, as principais ocorrncias

    esto localizadas nos Estados da Bahia, Minas Gerais, Gois, Paran e So Paulo.

    Apenas as ocorrncias da Bahia tm valor economico,e essas reservas esto

    distribudas em doze municpios, sendo as mais importantes as de Aramari,

    Camamu, Umburanas, Ibitiara e Miguel Calmon.

    De acordo com BRAZ (2002), as reservas dos outros estados ou so

    pequenas, e/ou apresentam problemas que inviabilizam seu aproveitamento

    econmico. Em Minas Gerais, a jazida de Arax (Complexo Carbonattico do

    Barreiro) que representa 99,0% das reservas brasileiras, tem baixo teor de brio e

    apresenta nveis de radioatividade. Ainda segundo BRAZ (2002), a radioatividade

  • 33

    interfere na perfilagem gama dos poos de perfurao, muito usada na fase de

    explorao de petrleo.

    J no caso das reservas dos estados de Paran e Gois so pequenas e

    apresentam dificuldades de beneficiamento.

    Segundo LUZ & BALTAR (2005), o depsito de barita mais importante localiza-

    se em Altamira, a 1 km da vila de Itapura, municpio de Miguel Calmon-BA. A

    geologia da rea mineralizada constituda por quartzitos, biotita-clorita xistos,

    gnaisses, pegmatitos e anfibolitos. A reserva medida de 364 mil toneladas, com

    teor mdio de 85,7% de BaSO4.

    Os veios de barita encontram-se encaixados em quartzitos da Serra do

    Mocambo, controlados preferencialmente por falhas nos sentidos NE-SW e NW-SE;

    as mineralizaes teriam origem exalativa relacionada s fases finais de ciclos

    vulcnicos (NEUMANN e MENEZES, 2001).

    As reservas brasileiras medidas so da ordem de 42.700 (103t), reserva

    medida mais indicada, em toneladas mtricas, em 2005, sendo distribudas no

    territrio brasileiro, conforme observado na Figura 07.

    Figura 07: Distribuio das reservas Brasileiras de barita (medida contida t BaSO4). Fonte: Anurio Mineral, 2006

  • 34

    O desenvolvimento de pesquisa mineral para barita se concentra no estado da

    Bahia, conforme observado na figura anterior. Apesar do estado de Minas Gerais

    apresentar a maior reserva de barita, sendo de qualidade inferior, contendo um alto

    grau de radiao e impurezas.

    3.1.3. BENTONITA

    As reservas brasileiras de bentonita e argilas descorantes, medidas e

    indicadas, segundo o Anurio Mineral, 2005, somam 55,3 e 34,2 milhes de

    toneladas, respectivamente.

    De acordo com o Sumrio Mineral 2008, as reservas oficiais medidas e

    indicadas brasileiras alcanam, respectivamente, 41,4 e 27,5 milhes de toneladas

    em 2007, havendo uma reduo de 25% e 19% das reservas medidas e indicadas,

    respectivamente. Essa reduo est relacionada com aquisio de novos dados, e

    no com o consumo de 25% das reservas medidas em trs anos.

    Pode-se observar a distribuio da reserva brasileira, no ano base 2005, na

    Figura 08, reconhecendo as trs maiores reservas medidas, respectivamente por

    Paran, So Paulo e Piau.

    Figura 08: Distribuio das reservas Brasileiras medidas de bentonita + argilas descorantes. Fonte: Anurio Mineral, 2006

  • 35

    Em que pese o estado do Piau possuir uma grande reserva medida (Argilas

    descorantes=Bentonita+Atapulgita), 11.636.190 t, o mesmo s produziu 430 t, em

    2005, isso ocorre porque a reserva do Piau pequena e o que predomina so

    outros minerais associados, tal como atapulgita. J o estado de So Paulo que

    possui 13.641.325 t produziu, em 2005, 18.354 t, totalizando um pequeno valor, visto

    que apresenta uma enorme reserva e situa-se prximo do maior centro consumidor.

    O fato da baixa produo/reserva elevada deve-se, principalmente baixa qualidade

    da bentonita, no apresentando as melhores caractersticas econmicas para as

    principais utilizaes.

    Segundo o SUMRIO MINERAL (2008), o estado do Paran tem a maior

    parcela das reservas medidas (38,6%), enquanto a Paraba tem a maior parte das

    indicadas (88,2%). No total (medida + indicada), as reservas paraibanas

    representam 55% do total e as paranaenses, 24%.

    As principais jazidas de bentonita em operao no Brasil esto localizadas no

    municpio de Boa Vista, estado da Paraba, que produzem 88,5% de toda bentonita

    bruta brasileira. Existem outros depsitos de bentonita, no municpio de Vitria da

    Conquista, estado da Bahia, com aproveitamento econmico.

    A inaugurao de mais uma mina no municpio de Vitria da Conquista, no

    distrito de Pedroso, em 2007, obteve um empreendimento mineral da Companhia

    Brasileira de Bentonita CBB , de propriedade da Geologia e Sondagens

    Ltda.(Geosol), empresa especializada em sondagens e perfurao de poos

    artesianos. Com uma capacidade instalada para produo de 100.000 ton/ano, sua

    jazida ser lavrada a cu aberto, e encontra-se a 500 m das instalaes industriais,

    facilitando as operaes de explorao mineral, possibilitando altas performances

    operacionais. Para a atual capacidade instalada, a CBB tem minrio suficiente para

    40 anos de operao.

    A CBB uma subsidiria implantada pela GeoSol para extrao de bentonita.

    Segundo informaes do site VALOR ON-LINE a Sd Chemie, multinacional alem

    da indstria de aditivos qumicos, instalada em Jacare, no interior de So Paulo, ir

    quadruplicar a sua capacidade de produo de bentonita beneficiada a partir do

    prximo ano. A empresa fez um acordo com a mineira Geosol, a principal empresa

    brasileira de sondagens geolgicas, para adquirir 90% de sua unidade produtora de

    bentonita, em Vitria da Conquista (BA) at 2016, mas desde agora j est

    realizando investimentos de R$ 12 milhes para expandir a produo da nova mina.

  • 36

    No entanto, as bentonitas de Boa Vista so clcicas e o seu uso industrial

    exige que sejam ativadas com carbonato de sdio (barrilha), para serem

    transformadas em sdicas, o que encarece o produto final e dificulta a concorrncia

    com a bentonita importada.

    Segundo AMORIM (2003), no estado da Paraba, encontram-se em maior

    quantidade as bentonitas Verde-lodo, Bofe e Chocolate, sendo que esta ltima

    comeando a rarear. Estas argilas possuem composio mineralgica semelhante,

    sendo compostas por argilominerais do grupo de esmectita e impurezas de quartzo.

    A argila Verde-lodo, por sua vez, apresenta ainda caulinita e illita, o que muito

    provavelmente influencia nas suas propriedades reolgicas. Mas, a grande diferena

    entre elas o comportamento reolgico apresentado quando so tratadas com

    carbonato de sdio (Na2CO3). Todas as argilas da Paraba necessitam serem

    ativadas por Na2CO3 (barrilha leve) para que se tornem sdicas j que so

    naturalmente policatinicas. A troca catinica do Ca pelo Na requer vrias

    concentraes de barrilha em cada tipo de argila e o fato de serem diversificadas

    mineralogicamente faz com que tenham propriedades especficas que condicionam

    sua aplicao. As bentonitas que so utilizadas em perfurao, por exemplo,

    possuem vrios tipos de argilas em concentraes diversas para que proporcionem

    o mximo nas propriedades relativas aos fluidos, isto , viscosidade, gel e controle

    de filtrado e reboco. Mas a qualidade das argilas encontradas vem caindo

    progressivamente ao longo do tempo.

    Nos municpios de Cubati e Pedra Lavrada, no estado da Paraba, foram

    descobertos, h pouco tempo, vrios depsitos de bentonita, com potencial para uso

    como fluidos de perfurao de poos de petrleo e gs, pelotizao de minrio de

    ferro, fundio e pet-liter.

    3.1.4. MICA

    Segundo o SUMRIO MINERAL (2008), os principais depsitos de mica no

    mundo se concentram nos Estados Unidos, Rssia, Finlndia, Canad, ndia,

    Repblica da Coria e Brasil. No caso do Brasil, as reservas de minrios de mica,

    em pegmatitos, mica xistos e granitos greiseinizados, chegam casa dos quatro

    milhes de toneladas, no ano base 2005, localizados nos estados da Bahia, Cear,

  • 37

    Esprito Santo, Rio Grande do Norte, So Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais,

    Paraba e Rio de Janeiro, conforme observado na Figura 09.

    A moscovita um dos tipos de mica mais comuns, podendo ocorrer em uma

    grande variedade de ambientes geolgicos, em rochas gneas, metamrficas e

    sedimentares. Em geral, a moscovita obtida industrialmente a partir de pegmatitos

    granticos nos quais gerada por metassomatismo dos feldspatos, com a remoo

    de hidrxido de potssio (KOH). (VELHO et. al., 1998).

    Nos veios pegmatticos, a moscovita pode ser encontrada tanto na parte central

    quanto nos contatos com a rocha encaixante. Os pegmatitos so rochas gneas,

    plutnicas, geralmente associadas aos granitos e que se apresentam,

    predominantemente, em forma de diques (veios e lentes) preenchendo fraturas de

    rochas pr-existentes (CASTRO & JATOB, 2004 apud CAVALCANTE et al 2008).

    Ainda segundo CAVALCANTE et al (2008), no Brasil, as micas so

    encontradas em diversas regies pegmatticas, a exemplo das ocorrncias pr-

    cambrianas da provncia pegmattica da Borborema, localizada na borda ocidental

    do Planalto da Borborema, nos estados da Paraba e Rio Grande do Norte.

    Nessa regio, h centenas de corpos pegmatticos encaixados em mica-xistos,

    quartzitos e gnaisses. Outras ocorrncias importantes de pegmatitos no Brasil so

    as da regio de Governador Valadares (Minas Gerais). A moscovita tambm ocorre

    em alaskitos, em rochas metamrficas (xistos e gnaisses) e em rochas

    sedimentares. (DEER et al., 1962 apud CAVALCANTE et al., 2008).

    Figura 09: Distribuio das reservas Brasileiras medidas de mica, ano base 2005. Fonte: Anurio Mineral, 2006

  • 38

    Apesar das reservas dos estados do Tocantins e Paran, que contm

    respectivamente 3.922.932 t e 1.072.553 t, apresentarem minrio de boa qualidade

    e em quantidade, no so os principais responsveis pelo abastecimento do

    mercado nacional. Tal fato ocorre principalmente em funo dos baixos valores de

    mercado do produto bruto, e pela concorrncia dos mercados paralelos, resultantes

    de rejeitos de garimpos que, apesar de apresentarem minrios de pior qualidade,

    apresentam preos at 96% inferiores, ao de minas especificas de muscovitas

    (Sumrio Mineral, 2008).

    3.1.5. VERMICULITA

    Os principais depsitos de vermiculita existentes no Brasil so divididos em

    dois tipos: a) os derivados de alterao da mica flogopita em carbonatitos e b)

    derivados de alterao da biotita em complexos metamrficos mfico-ultramficos

    serpentinizados.

    REIS (2002) afirma que as vermiculitas derivadas de carbonatitos apresentam

    melhor aceitabilidade do mercado. Devido idade mais jovem e ausncia de

    metamorfismo, os depsitos de carbonatitos no contm minerais do grupo do

    asbesto, extremamente repelidos pelo mercado. Os depsitos metamorfizados de

    associao mfica/ultramfica, entretanto, frequentemente contm silicatos como o

    mineral de serpentina crisotila e o anfiblio tremolita que so minerais de asbesto.

    Entretanto, avanos tecnolgicos permitem a produo de um concentrado de

    vermiculita que seja livre de asbesto atravs de limpeza durante o processo de

    beneficiamento e/ou melhor, seletividade durante a lavra.

    Em virtude da ausncia de normas brasileiras para clculos de reserva

    minerais, que sejam reconhecidas internacionalmente, a maior parte dos depsitos

    de vermiculita conhecida no pas, s pode ser classificada como recurso e, talvez

    20%, como reserva desse mineral industrial. (REIS, 2002)

    De acordo com o SUMRIO MINERAL 2008, as reservas oficialmente

    provadas, localizam-se nos Estados de Gois, Paraba, Bahia, Piau e So Paulo.

    Em 2005 a reserva medida brasileira estava estimada em 76 milhes de toneladas.1

    1 Dados obtidos no Anurio Mineral Brasileiro, 2006.

  • 39

    De acordo com UGARTE & MONTE (2005), h depsitos e jazidas de

    vermiculita nos estados da Paraba (Santa Luzia), Gois (Sancrelndia, Ouvidor e

    Montes Belos), Piau (Queimada Nova) e Bahia (Brumado). A distribuio das

    reservas por estado, pode ser observada na Figura 10.

    Os minrios brasileiros de vermiculita no contm asbestos, o que confere aos

    seus concentrados, maior valor agregado, alm de favorecer melhor aproveitamento

    econmico desse bem mineral. Cerca de 42% das reservas mundiais de vermiculita

    conhecidas esto no depsito carbonatito de Palabora, na frica do Sul, com 100

    milhes de toneladas, seguido dos Estados Unidos, que est em segundo lugar com

    33% das reservas, ou seja, 80 milhes de toneladas, provenientes de depsitos

    metamrficos mfico/ultramfico. (REIS, 2001).

    Figura 10: Distribuio das reservas Brasileiras medidas de vermiculita. Fonte: Anurio Mineral, 2006

    O Brasil est em terceiro lugar em termos de reservas, com cerca de 25

    milhes de toneladas, sendo 40% oriundos de depsito carbonatito de Catalo I, em

    Gois. (UGARTE & MONTE, 2005).

    3.2. Mercado Produtor Nacional

    O Brasil possui reservas dos quatros minerais estudados, que esto

    distribudos por quase todo pas, no entanto, apenas algumas regies apresentam

  • 40

    minerais de boa qualidade e em quantidade, como pode ser observado na Figura 11.

    As reservas de mica esto espalhadas pelo pas, porm a reserva indicada

    somente para extrao de mica bruta, e no resultante de rejeito de outros minrios.

    Todos os dados utilizados neste item foram extrados do banco de dados do

    DNPM, o que inclui, Sumrio Mineral e, Anurio Mineral Brasileiro.

    Vermiculita Bentonita Barita Mica

    Figura 11: Mapa de localizao dos principais minerais industriais utilizados na indstria do Petrleo. Fonte: LUZ & BALTAR, 2003, modificado.

    3.2.1. BARITA

    De acordo com o USGS, 2010, a produo mundial de barita da ordem de

    cinco milhes de toneladas, sendo a China e a ndia, atualmente, as maiores

    produtoras, com um pouco mais de 60% da produo total, alm de serem as

    detentoras de um pouco mais de 50% das reservas conhecidas. Em seguida

  • 41

    aparecem Estados Unidos e Marrocos que conjuntamente, responderam por algo em

    torno de 14% da produo mundial e detm mais de 12% das reservas globais.

    O Brasil participou em 2007 com, aproximadamente, 0,5% da produo

    mundial e detm 3,3% das reservas. (SUMRIO MINERAL 2008).

    A produo brasileira de barita bruta foi de quase 37 mil toneladas em 2007,

    ficando 33% inferior produo verificada no ano anterior, em funo do

    encerramento das atividades da Baroid Pigmina Industrial e Comercial Ltda. A

    produo nacional est concentrada basicamente no estado da Bahia, responsvel

    por 100% da produo bruta do pas. No que se refere produo beneficiada,

    Minas Gerais foi responsvel por aproximadamente 16.800 t toneladas de BaSO4

    contido (70%), enquanto a Bahia beneficiou 7.254 t, o que representa 30% da

    produo total. (SUMRIO MINERAL 2008).

    A mina mais produtiva situa-se no municpio de Camamu - BA, que produziu a

    totalidade do minrio de barita do Brasil. A maior empresa produtora no ano base de

    2007 foi a Qumica Geral do Nordeste S/A (QGN), controlada pelo Grupo

    Carbonor/Church&Dwight Company, cujo o minrio apresenta teores da ordem de

    20% BaSO4. (CAVALCANTE, E., 2008)

    De acordo com o SUMRIO MINERAL (2008), a produo nacional de barita

    beneficiada, de 24 mil t, teve a seguinte participao percentual por empresa: Bunge

    Fertilizantes S.A 70%, Qumica Geral do Nordeste S.A. 30%. O mercado

    nacional oferta diversos produtos, tais como: barita bruta, barita grau-lama ou API

    (325 malha), grau tinta, grau metalrgico, micronizada, barita concentrada e os

    diversos sais de brio (carbonato, nitrato, sulfato, iodato, cloreto, silicato, fluossilicato

    e fluoaluminato).

    3.2.2. BENTONITA

    A abundncia de reservas mundiais de bentonita e o baixo reconhecimento

    das suas reservas no mundo, impedem sua estimativa. A produo mundial de

    bentonita em 2007, foi estimada em 11 milhes de toneladas, e a produo brasileira

    representou 2% em relao produo mundial.

    De acordo com o SUMRIO MINERAL (2008), a produo estimada de

    bentonita bruta no Brasil, em 2007, atingiu 329.647 t. Esse montante representa

    menos 21% em relao a 2006. A Paraba produziu 88,5% de toda a bentonita bruta

  • 42

    brasileira. So Paulo vem em seguida, com 7,3%, a Bahia em terceiro lugar com

    3,9% e, por ltimo, o Paran, com apenas 0,2%. Oficialmente, quatorze empresas

    atuam nesse segmento no pas, sendo que a maior delas a Bentonit Unio

    Nordeste. A queda na produo bruta ocorrida de 2006 para 2007 est relacionada

    paralisao da lavra, por razes tcnicas e econmicas, de duas empresas: Unio

    Brasileira de Minerao S.A. e Sd Chemie do Brasil ltda, ambas localizadas em

    Boa Vista/PB.

    A produo interna de bentonita beneficiada (moda seca e ativada) cresceu

    1,4% em relao a 2006. A distribuio geogrfica da produo de bentonita moda

    seca deu-se da seguinte forma: So Paulo com 97,5% do total e Paran com 2,5%.

    A Bentonit Unio Nordeste situada em Boa Vista/PB, produz exclusivamente

    bentonita do tipo ativada e contribuiu com 98,7% deste produto no Brasil, seguida da

    empresa Bentonita do Paran Minerao Ltda, localizada em Quatro Barras/PR, com

    1,3%.(SUMRIO MINERAL, 2008)

    BRAZ (2002) afirma que se considerando apenas as reservas de Boa Vista-PB

    e os nveis atuais de consumo, estima-se uma disponibilidade suficiente para mais

    de 50 anos

    3.2.3. MICA

    De acordo com o SUMRIO MINERAL (2008), a maior parte da produo

    nacional de mica tipo folha originria de garimpos, em provncias pegmatticas

    localizadas nos estados do Cear, Esprito Santo, Minas Gerais, Paraba e Rio

    Grande do Norte, sendo obtida em carter sazonal, por fatores climticos, tornando-

    se uma atividade praticamente de subsistncia dos muitos sertanejos ligados

    atividade garimpeira, procura de gemas, nesses estados onde, em muitos, a

    produo dessa mica considerada subproduto e at rejeito.

    As principais empresas que operam com minrio de mica no pas so:

    Minerao Federal S.A., Minerao Caiana Ltda. e Diaurus Minerao Indstria e

    Comrcio Ltda em Minas Gerais, Von Roll do Brasil Ltda. no Cear, onde ela tem

    suas instalaes/plantas de produo voltadas para o tratamento e beneficiamento

    especfico de mica, responsvel por mais de 70% do total nacional, com volume de

    mais de 3.000 mil toneladas ano, entre outras empresas e, tambm, pessoas fsicas

    (garimpeiros e/ou micro empresa). (SUMRIO MINERAL, 2008)

  • 43

    Destaca-se ainda a empresa Violani & Cia Ltda. no Estado do Paran que

    opera com a substncia mica (sericita em flocos, que se constitui numa variedade de

    moscovita), o minrio micaxisto, com produo em torno de 21.500 t ao ano, para

    aplicao em defensivos agrcolas, rao animal, fabricao de peas para freios e

    produtos farmacuticos e veterinrios, e tambm para o comrcio de materiais de

    construo. Segundo estimativas do segmento de produtores e consumidores

    nacionais de mica (em blocos, fragmentos ou p, folhas e lminas tipos

    comercializados) a produo do pas est no ltimo trinio em torno de quatro mil

    toneladas ano. (SUMRIO MINERAL, 2008)

    3.2.4. VERMICULITA

    Segundo o SUMRIO MINERAL (2008), o montante das reservas mundiais

    permaneceu inalterado, sendo que 79,8% esto situadas na frica do Sul, China e

    Estados Unidos. No Brasil, as reservas oficialmente aprovadas, localizam-se nos

    Estados de Gois, Paraba, Bahia, Piau e So Paulo.

    O mesmo afirma que em 2007, a produo nacional de vermiculita beneficiada

    no-expandida (concentrado) manteve-se estvel com relao ao ano anterior, com

    19 mil toneladas. O estado de Gois atualmente o maior produtor de minrio

    beneficiado com mais de 91%, seguido pelos estados de Pernambuco, Bahia e

    Piau. O processo de extrao executado a cu aberto, semi ou totalmente

    mecanizado.

    No Brasil, h depsitos e jazidas de vermiculita nos estados da Paraba, Gois

    e Piau. Os minrios brasileiros no contm asbestos, o que confere aos

    concentrados de vermiculita maior valor agregado, alm de favorecer o melhor

    aproveitamento econmico desse bem mineral.

    Uma aplicao atrativa para a vermiculita como material

    adsorvente/absorvente, devido s suas propriedades de troca inica semelhantes a

    algumas argilas e zelitas, podendo ser utilizada em processos de remoo de

    contaminantes orgnicos e na purificao de guas residuais contendo sais

    dissolvidos (FRANA et al., 2005 apud NETO & UGARTE, 2007).

  • 44

    3.3. Mercado Consumidor Nacional

    3.3.1. BARITA

    A barita insumo bsico em trs setores industriais, em que consumida sob

    a forma moda e/ou micronizada:

    1) Fluido de perfurao de petrleo e gs;

    2) Sais qumicos de brio (sulfato, hidrxido, perxido, xido, cloreto,

    carbonato, sulfeto, titanato, nitrato, silicato, cromato, etc.);

    3) Preparao de tintas, pigmentos, vernizes, vidros, papel, plsticos, etc.

    Segundo o SUMRIO MINERAL (2008), a estrutura brasileira de consumo de

    barita apresenta a seguinte distribuio mdia para produtos brutos: dispositivos

    eletrnicos (38,4%), extrao e beneficiamento de minerais (22,7%), tintas esmaltes

    e vernizes (15,4%), fabricao de peas para freios (11,6%), extrao de petrleo

    (11,5%) e ferro-ligas (0,4%), conforme observado na Figura 12.

    Figura 12: Representao grfica da distribuio do consumo de barita bruta no Brasil. Fonte: SUMRIO MINERAL, 2008.

    J os produtos beneficiados apresentam a seguinte distribuio: produtos

    qumicos (41%), fabricao de peas para freio (19%), dispositivos eletrnicos

    (10,7%), extrao de petrleo/gs (8%), tintas, esmaltes e vernizes (8%); e outros

    (13,2%). (SUMRIO MINERAL, 2008)(Figura 13).

  • 45

    Figura 13: Representao grfica da distribuio do consumo de barita beneficiada no Brasil. Fonte: SUMRIO MINERAL, 2008.

    O consumo aparente de barita beneficiada em 2007 ficou em torno de 15 mil

    toneladas, representando uma queda de 30,1% em relao ao registrado em 2006.

    (SUMRIO MINERAL, 2008).

    3.3.2. BENTONITA

    Segundo o SUMRIO MINERAL (2008), os dados preliminares relativos ao

    consumo estimado de bentonita bruta, no ano de 2007, indicaram a seguinte

    distribuio: extrao de petrleo/gs (54%) e pelotizao (46%), conforme

    observado na Figura 14. O municpio de Boa Vista/PB foi o destino de 88% das

    vendas de bentonita bruta em 2007. Para Campina Grande/PB foram destinado

    8,9% e para Pocinhos/PB 3,1%.

  • 46

    Figura 14: Representao grfica da distribuio do consumo de bentonita bruta no Brasil. Fonte: Sumrio Mineral, 2008.

    O destino de bentonita beneficiada (moda seca) se distribuiu nos seguintes

    estados: So Paulo com 53,5%, Minas Gerais com 30,7%, Paran com 5,2%, Rio

    Grande do Sul com 4,65%, Santa Catarina com 3,4% e Bahia com 2,6%. As

    finalidades industriais para a bentonita moda seca se distriburam entre graxas e

    lubrificantes com 78,7%, fertilizantes com 11,1%, leos comestveis com 7,7% e

    fundio com 2,4%. (SUMRIO MINERAL, 2008)

    O destino da bentonita ativada foi apurado entre os seguintes estados: Esprito

    Santo com 44,4%, Minas Gerais com 27,7%, Rio Grande do Sul com 11,6%, Santa

    Catarina com 9,6%, So Paulo com 5,3%, e Rio de Janeiro com 1,4%. Os usos

    industriais da bentonita ativada se distriburam entre: pelotizao de minrio de ferro

    com 63%, fundio com 19,7%, rao animal com 11,6%, extrao de petrleo e gs

    com 5,5% e outros produtos qumicos com 0,2%.(SUMRIO MINERAL, 2008).

    Contudo o consumo aparente brasileiro de bentonita bruta aumentou 86,3% em

    2007 em relao a 2006. O consumo aparente de bentonita bruta ficou em 541.265

    t, e enquanto o de bentonita beneficiada ficou em 245.380 t, no ano de 2007.

  • 47

    3.3.3. MICA

    De acordo com o SUMRIO MINERAL (2008), a mica, tanto na forma simples,

    em pedaos ou composta de folhas trabalhadas a partir de fragmentos ou p,

    usualmente aplicada na indstria eletro eletrnica. Na forma de blocos, tem sua

    utilizao principal nos tubos a vcuo, e ainda como filme/lminas usada como

    dieletros em capacitores e para produo de folhas de mica. J os fragmentos ou p

    de mica, de variadas dimenses, aps lavagem e apurao de seu teor, tambm so

    usados para transformao em folhas de mica, que tero suas cotaes de preo de

    acordo com suas dimenses e defeitos que prejudiquem o seu corte ou perfurao.

    Quanto aos fragmentos de mica, que atravs de um processo de moagem e

    peneiramento, podem ser utilizados, como componentes na produo de cimento,

    como aditivos em lamas de perfurao de poos de petrleo, nas indstrias de

    tintas, plstica, decorao e para moldes de pneus. O Brasil apresentou em 2007,

    um consumo aparente mdio estimado de 3.614 t, com queda de 7,3% em relao

    ao ano de 2006. (SUMRIO MINERAL, 2008).

    Devido ausncia de informaes concretas sobre a produo e o consumo

    real de mica no Brasil, no foi possvel construir a distribuio do consumo por reas

    no Brasil.

    3.3.4. VERMICULITA

    O mineral utilizado principalmente como isolante trmico e acstico,

    absorvido em grande proporo pelo mercado interno (cerca de 76,0% da

    quantidade produzida). Existem no mercado vrios produtos industriais base de

    vermiculita expandida, com suas denominaes comerciais de acordo com cada

    empresa produtora: Isobel (pr-misturado para argamassa), Isoroc ou Vermicast

    (agregado para concreto ultraleve), Isoroc ou Vermifloc (agregado para argamassa

    de reboco), Isopiro (pr-misturado para argamassa termo-isolante), Isocust (pr-

    misturado para argamassa acstica), Isobloc ou Vermibloc (tijolo isolante), Rendmax

    ou Vermissolo (flocos para utilizao na agricultura), alm de forros Fribraroc ou

    Forronav, utilizados nas construes civil e naval. (SUMRIO MINERAL, 2008).

  • 48

    Outras aplicaes so: condicionador, corretivo de solos e atuando como

    material para evitar perda de circulao em perfurao de poos.

    No h na bibliografia informaes sobre a distribuio do consumo de

    vermiculita na Brasil.

  • 49

    4. COMRCIO E PREOS DOS MINERAIS INDUSTRIAIS UTILIZADOS PELA INDSTRIA DE PETRLEO E GS BRASILEIRA

    O Brasil auto-suficiente em termos de reservas dos quatro minerais

    industriais em apreciao. Porm, ao se analisar os dados da balana comercial,

    possvel observar que trs dos minerais estudados apresentam balana comercial

    negativa (barita, bentonita e vermiculita), em torno de US$ 24,5 milhes em 2007.

    Na Tabela 02 observa-se a evoluo da balana comercial dos quatro minerais

    no perodo de 2001 a 2007. Constata-se um crescimento considervel do dficit

    comercial, que passou de 8,9 milhes de dlares, em 2001, para US$ 24,5 milhes

    de dlares em 2007. Esse saldo negativo deu-se, principalmente, bentonita e,

    secundariamente, barita e vermiculita.

    Tabela 02 - Evoluo do Saldo da Balana Comercial dos Quatro Minerais

    Industriais 2001 a 2007(US $ Milhes)

    Substncia 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

    Barita -2,4 -1,2 -1 -1,9 -1,8 -2,7 -5 Bentonita -9,3 -9,5 -9,8 -11,2 -13,5 -13,6 -17,9

    Mica 0,2 -1,4 0,7 0,6 -0,1 1,8 0,6 Vermiculita 2,6 -0,7 -1 -2,1 -7,7 -3,7 -2,2

    Total -8,9 -12,8 -11,1 -14,6 -23,1 -18,2 -24,5 Fonte: Sumrio Mineral, 2000 a 2008, modificado.

    Os preos de exportao e importao dos quatro bens minerais industriais

    selecionados esto listados na Tabela 03. Vale ressaltar que, esses minerais so

    produzidos, em sua maioria, por pequenas e mdias empresas.

  • 50

    Tabela 03 - Preos de exportao e de importao de minerais industriais 2001 2007 (U$/t)

    Fonte: Elaborao prpria, com base no Banco de Dados do MDIC/ALICEWEB, 2008.

    4.1. Barita

    De acordo com os dados do SUMRIO MINERAL (2008), em 2007, as

    importaes de bens primrios de brio (baritina e witherita) atingiram 23.865 t, no

    valor de US$ FOB 2.814.000,00. As de compostos qumicos (hidrxido, sulfato e

    carbonato), representaram 3.674 t com valor de US$ FOB 2.745.000, totalizando

    US$ FOB 5,5 milhes.

    Enquanto que as exportaes brasileiras de bar