caracterizaÇao genÉtica de trypanosoma cruzi em

59
CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM PACIENTES COM DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA, NO ESTADO DO AMAZONAS, BRASIL ROSA AMÉLIA GONÇALVES SANTANA MANAUS 2013 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS INFECCIOSAS

Upload: dangnhi

Post on 07-Jan-2017

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM PACIENTES COM DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA, NO ESTADO DO

AMAZONAS, BRASIL

ROSA AMÉLIA GONÇALVES SANTANA

MANAUS 2013

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS INFECCIOSAS

Page 2: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

i

ROSA AMÉLIA GONÇALVES SANTANA

CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM PACIENTES COM DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA, NO ESTADO DO

AMAZONAS, BRASIL

Orientadora: Dra. Maria das Graças Vale Barbosa Co-orientador: Dr. Henrique Manoel Condinho da Silveira

Manaus 2013

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, para obtenção do titulo de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas.

Page 3: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

ii

Ficha Catalográfica

S232c Santana, Rosa Amélia Gonçalves.

Caracterização genética de Trypanosoma cruzi em pacientes com doença de chagas crônica, no estado do Amazonas, Brasil. /Rosa Amélia Gonçalves Santana. -- Manaus : Universidade do Estado do Amazonas, Fundação de Medicina Tropical, 2013. 59 f. : il.

Dissertação (Mestrado) apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas – UEA/FMT, 2013.

Orientadora: Dra. Maria das Graças Vale Barbosa

1. Trypanosoma cruzi. 2. Doença de Chagas 3. Xenodiagnóstico 4. Biologia molecular I. Título.

CDU: 614.4

Page 4: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

iii

FOLHA DE JULGAMENTO

CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM PACIENTES COM DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA, NO ESTADO DO

AMAZONAS, BRASIL

ROSA AMÉLIA GONÇALVES SANTANA

“Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas, aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado”

Banca Julgadora:

________________________________________

Profª. Maria das Graças Vale Barbosa Guerra, Dra.

________________________________ Prof. Wuelton Marcelo Monteiro, Dr.

_________________________ Prof. Felipe Gomes Naveca, Dr.

Page 5: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

iv

Dedicatória

Dedico Aos meus queridos, Guilherme, Elisa Giuliana e Elias Neto, por sempre acreditarem e torcerem por mim. Aos meus pais, Manoel, Wanda e Ivanilde.

Page 6: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

v

AGRADECIMENTOS

Início e centralizo meus agradecimentos a Deus, pela maravilhosa oportunidade de viver, pelas bênçãos diárias, e pela sua constante e marcante presença em tudo que faço e muito especialmente por me dar força, sabedoria e coragem para sempre seguir em frente.

À minha amada família, meu suporte, companheiros de toda a vida e de cada dia, de forma imensamente especial à minha mãe sempre tão amorosa e dedicada, onde quer que esteja, continua sempre ao meu lado, incentivando e me enviando suas bênçãos.

Aos meus pais vividos Wanda e Manoel, pelo exemplo de vida, pela paciência e presença constante, pelo apoio psicológico e prático, pelo incentivo, por tentar aliviar o meu cansaço, mesmo que o deles fosse ainda maior.

Ao Elias Neto, companheiro de tantos anos, pela compreensão quando abri mão de sua companhia e momentos juntos em prol das atividades científicas.

Aos meus amores Guilherme e Giuliana... fonte de toda força para que eu pudesse concluir esta etapa da minha vida.

Às minhas tias-primas-irmãs, Ivone, Karol, Raquel, Marcinei, Tamara, Lene e Ana Maria pelo apoio incondicional às escolhas feitas, demonstrando que eu não poderia ter escolhido maiores amigas.

À minha tia América, pela compreensão nas minhas ausências, por entender que mesmo na falta de contato nunca deixei de amar. E mesmo assim ainda permanece sempre na torcida, pelas palavras de apoio e incentivo desde sempre. Nunca saberei como retribuir tudo o que recebi.

Aos meus cunhados Ronaldo e Racquel, e a Sra. Soraida, pelo incentivo quando optei pela vida acadêmica, pelas preocupações, pelo acolhimento aos meus filhos, mostrando que família também é formada nos corações.

À minha orientadora Graça Barbosa, por todos esses anos de convivência e ensinamentos, por sempre deixar as portas de seu laboratório abertas para mim, pelos conselhos, broncas, tempo, risadas, por sua amizade... Obrigada pela orientação constante.

Ao professor Henrique Silveira, que me acolheu quando mal nos conhecíamos; pelo tempo, ensinamentos, paciência e também pelos puxões de orelha, sempre acreditando em mim. Nunca poderei agradecer igualmente.

Ao Dr. Jorge Guerra agradeço pela disposição em ajudar e sua imprescindível contribuição na execução do projeto.

Ao Dr. Rajendranath, Dr. Felipe Naveca e MSc. George pelas dicas e sugestões durante o sequenciamento das amostras.

Page 7: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

vi

Aos funcionários do Laboratório de Entomologia, Íria, Flávio, Silvana, Jucielle, Yolanda e especialmente ao senhor Nelson Fé pelos ensinamentos ao longo desses anos.

À Laylah pelos ensinamentos e auxílio nas técnicas laboratoriais, assim como aos amigos Laise, Clézia, Josué, Ádria, Jeremias, Rubens, Thays, Daniel pelas risadas e companhia principalmente nos trabalhos de campo, pelas conversas nem tanto científicas mas muito proveitosas. Agradeço imensamente pelo acolhimento dentro do grupo em DC.

À Suzane pela abnegação do próprio tempo para me ajudar com os experimentos, pelas dicas, pela paciência nos dias difíceis, pelos almoços e companhia durante os finais de semana...

Ao Felipe Brito pela colaboração durante o desenvolvimento do projeto.

À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM pela bolsa de estudos.

À Universidade do Estado do Amazonas por oportunizar a formação de profissionais qualificados.

À Fundação de Medicina Tropical – HVD pelo suporte e estrutura para execução do projeto de dissertação.

Aos professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical, pelos seus conhecimentos e experiências transmitidas. As secretárias Conceição Tufic e Iza Freitas pela amizade e por estarem sempre dispostas a ajudar.

Aos colegas da Turma de Mestrado - 2011, pelo apoio e convívio ao longo dessa trajetória.

Não conseguirei ser justa ao agradecer num único momento, o muito que recebi durante estes dois anos. Tudo que construí neste período só foi possível pela presença de muitas pessoas essenciais e importantes na minha vida.

Obrigada!

Page 8: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

vii

RESUMO A doença de Chagas (DC) é um importante problema de saúde pública e seu agente etiológico o Trypanosoma cruzi apresenta uma grande diversidade genética evidenciada em seis linhagens denominadas DTUs, TcI-TcVI. No estado do Amazonas, essa doença vem sendo reconhecida como uma antropozoonose emergente, com predomínio das DTUs TcI e TcIV, relacionadas aos casos da doença aguda, com evidencias de transmissão oral. O numero de casos crônicos tem aumentado e as hipóteses de que a infecção chagásica ocorre em alta prevalência em ampla dispersão como antropozoonose tem sido confirmada pelos elementos favoráveis a expansão dessa doença como endemia humana. Entretanto a forma de transmissão da infecção e diversidade do parasito nessa forma clinica ainda não bem é conhecida. OBJETIVO: Detectar infecção por Trypanosoma cruzi em pacientes com doença de chagas crônica utilizando métodos parasitológicos e biologia molecular. MÉTODOS: Neste estudo foram examinadas amostras de hemocultura e triatomíneos da espécie Triatoma infestans, utilizados no xenodiagnóstico de 36 pacientes com sorologia reativa durante um inquérito sorológico sobre a infecção chagásica em áreas periurbana e rural de Manaus. Nos triatomíneos foram feitas observações sobre a ocorrência de formas flageladas através de exames a fresco e investigação de DNA do parasito por biologia molecular através da técnica de PCR citocromo-oxidase subunidade II (CoII), sendo posteriormente sequenciados. RESULTADOS: Não foram visualizadas formas flagelares no exame a fresco, assim como não observou-se crescimento em meio de cultura. A investigação por biologia molecular demonstrou positividade em amostras de 13 (36%) dos pacientes, classificado como TcI. CONCLUSAO: O isolamento e classificação da linhagem de T. cruzi TcI em pacientes crônicos sem manifestação de sintomas, torna evidente a ocorrência do ciclo silvestre e reitera a necessidade de ações de vigilância através do diagnostico dessa doença através dos serviços de saúde, informação à população sobre as medidas preventivas para a não inserção no ciclo de transmissão, evitando assim a possibilidade de novos casos. Palavras chaves: Trypanosoma cruzi. Doença de Chagas. Xenodiagnóstico. Biologia molecular

Page 9: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

viii

ABSTRACT

Chagas disease is an important public health problem caused by Trypanosoma cruzi. The parasite shows large genetic diversity evidenced by six DTU lineages, TcI-TcVI. In the State of Amazonas, this disease has been recognized as an emerging antropozoonose. TcI and TcIV are the predominante DTUs and have been associated to acute illness, with evidence of oral transmission. The chronic cases have increased and the hypothesis that high prevalence of Chagasic infection occurs are widely dispersed as an antropozoonose in the amazon region has been confirmed by the data showing the endemicity of the disease. However the chronic form of infection, transmition characteristics and parasite diversity are still not well known. Objective: To detect Trypanosoma cruzi infection in patients with chronic Chagas disease using parasitological and molecular biology methods. Methods: in this study blood culture and xenodiagnóstic using Triatoma infestans, were performed for 36 patients with reactive serology to T. cruzi in a serological survey in peri-urban and rural areas of Manaus. Triatoma were investigated for the presence of flagellate forms and parasite DNA by PCR. The cytochrome oxidase subunit II was sequenced. Results: No flagellate forms were observed nor growth in the culture medium, but molecular biology methods demonstrated that 13 patients (36%) were positive for T. cruzi of the TcI DTU. Conclusions: The isolation and classification of T. cruzi of the TcI DTU in chronic asymptomatic, patients reveals the occurrence of sylvatic cycle and stresses the need for surveillance through diagnosis of the disease by the health services, information about prevention and interruption of transmission, thus avoiding new cases.

Key words: Trypanosoma cruzi. Chagas disease. Xenodiagnosis. PCR.

Page 10: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

ix

LISTA DE FIGURAS DA DISSERTAÇÃO

Figura 1 – Distribuição de T. cruzi (DTUs) da América do Sul, isolado de

humanos.................................................................................................................... 14

Figura 2 – Representação do ciclo de vida do Trypanosoma cruzi no hospedeiro

invertebrado e vertebrado.1. Ingestão de tripomastigotas 2. Epimastigotas no

intestino médio 3. Multiplicação no intestino médio 4. Tripomastigotas metacíclicas

5. Tripomastigotas nas fezes do triatomíneo 6. Penetração das células por

tripomastigotas metacíclicas 7. Multiplicação das amastigotas 8. Amastigotas

intracelulares transformam-se em tripomastigotas....................................................16

Figura 3 – Ciclo de vida de um barbeiro (Triatoma brasiliensis brasiliensis)...........17

Page 11: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

x

SUMARIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1

1.1 A doença de Chagas .................................................................................................... 1 1.1.1 A Doença de Chagas na Amazônia.......................................................................... 2

1.1.2 Patologia da Doença de Chagas .............................................................................. 5

1.1.3 Vias de Transmissão ................................................................................................ 6

1.1.4 Diagnóstico da Doença de Chagas .......................................................................... 7

1.2 O parasito Trypanosoma cruzi .................................................................................... 10 1.3 Os vetores da doença de Chagas .................................................................................. 16 1.4 Reservatórios do Trypanosoma cruzi .......................................................................... 17 2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 19

2.1 Geral ........................................................................................................................... 19 2.2 Específicos ................................................................................................................. 19 3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 20

3.1 Tipo de estudo ............................................................................................................ 20 3.2 População de estudo .................................................................................................. 20 3.3 Amostra ...................................................................................................................... 20 3.4 Hemocultura de Sangue Total .................................................................................... 21 3.5 Xenodiagnóstico ......................................................................................................... 21 3.5.1 Exame a fresco ........................................................................................................... 21 3.5.2 Diagnóstico molecular ................................................................................................ 22 3.5.2.1 Extração do DNA total dos Triatomíneos ............................................................... 23 3.5.2.2 PCR – do gene Mini-exon ...................................................................................... 23 3.6 Sequenciamento ......................................................................................................... 25 3.6.1 Análise das sequências .............................................................................................. 25 3.7 Aspectos Éticos .......................................................................................................... 26 4 RESULTADO E DISCUSSÃO .............................................. Erro! Indicador não definido.

5. CONCLUSÃO ...................................................................... Erro! Indicador não definido.

5 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS DA DISSERTAÇÃO .... Erro! Indicador não definido.

Page 12: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 A doença de Chagas

A doença de Chagas (DC) ou Tripanossomíase Americana é uma infecção

parasitária causada pelo Trypanosoma cruzi 1, um protozoário cujo ciclo de vida

inclui a passagem obrigatória por vários hospedeiros mamíferos, para os quais são

transmitidos pelo inseto vetor, o barbeiro. É considerada uma antropozoonose

resultante das alterações produzidas pelo ser humano no meio ambiente e das

desigualdades econômicas 2.

Nas Américas a área de abrangência dessa doença é ampla e se estende

desde o México até a Argentina, não sendo mais restrita a países endêmicos, uma

vez que nos últimos anos tem sido encontrada nos Estados Unidos, Canadá,

Europa, Japão e Austrália, principalmente devido a mobilidade da população. A

Espanha é o país europeu com maior prevalência da DC representando um desafio

em termos de saúde pública 3.

Estima-se que atualmente, no mundo, cerca de 15 a 18 milhões de pessoas

encontram-se infectadas pelo T. cruzi, e aproximadamente 90 milhões de indivíduos

estão em risco de infecção, representando uma das doenças parasitárias

negligenciadas com maior impacto social e econômico 4.

No Brasil os fatores epidemiológicos da DC vem sendo alterados, como

resultado das ações de controle, também, em função das mudanças resultantes de

transformações ambientais e de ordem econômica e social 5. Em 2006 da

Page 13: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

2

Organização Pan-Americana o certificado de ser livre da transmissão vetorial da

doença de Chagas pelo Triatoma infestans 6.

De acordo com o Consenso Brasileiro sobre a DC de 2005 7 no final dos anos

70, a área endêmica ou, mais precisamente, com risco de transmissão vetorial, da

doença no país, incluía 18 estados com mais de 2.200 municípios, nos quais se

comprovou a presença de triatomíneos domiciliados. Ações sistematizadas de

controle químico de populações domiciliadas do vetor foram instituídas a partir de

1975, tendo-se alcançado a total cobertura da área endêmica no ano de 1983.

Essas ações foram mantidas em caráter regular desde então, ainda que o seu

alcance em anos recentes tenha sido progressivamente menor. Isso justifica-se, em

parte, pelos resultados colhidos e, em parte, por acontecimentos alheios ao controle,

como a emergência de outras enfermidades e o reordenamento político-institucional.

Em decorrência das ações de controle cumpridas extensivamente, houve uma

significativa alteração no quadro epidemiológico da DC no país. Além disso,

mudanças ambientais, a maior concentração da população em áreas urbanas, a

melhor compreensão dos acontecimentos e o acúmulo de conhecimentos por parte

da comunidade científica, tornam necessária a revisão das estratégias e da

metodologia de vigilância epidemiológica para a DC no Brasil.

1.1.1 A Doença de Chagas na Amazônia

Considerada por muito tempo com região hipoendêmica para DC, na região

Amazônica essa doença vem sendo recentemente reconhecida como importante

Page 14: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

3

antropozoonose negligenciada, com aumento progressivo do numero de casos

agudos e crônicos descritos nos últimos anos 8,9.

Os primeiros casos agudos da DC em humanos foram reportados na Guiana

Francesa por 10; em Belém no Pará, foram descritos os quatro primeiros casos

agudos por 11. Desde então mais de 60 surtos com casos agudos tem sido descritos

na região, principalmente nos estados do Pará, Amapá e Amazonas. Entre 1969 e

2008, foram notificados 761 casos da DC na região da Amazônia Brasileira, 568

desses casos foram entre 2002 e 2008 12,13.

A epidemiologia nesta região envolve uma série de determinantes biológicos e

sociais, sendo os mais importantes a migração populacional de áreas endêmicas

para a Amazônia e a intensa transformação da paisagem natural pelo

desmatamento 14.

A transmissão da DC na Amazônia apresenta peculiaridades que obrigam a

adoção de um modelo de vigilância distinto daquele proposto para a área

originalmente de risco da DC no país. Não há vetores que colonizem o domicílio e,

por conseqüência, não existe a transmissão domiciliar da infecção ao homem. Os

mecanismos de transmissão conhecidos compreendem:

I. transmissão oral;

II. transmissão vetorial extra domiciliar;

III.transmissão vetorial domiciliar ou peridomiciliar sem colonização do

vetor.

Page 15: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

4

Os fatores biológicos estão relacionados com a presença de animais

silvestres, grande diversidade de reservatórios, principalmente Didelphis marsupialis,

com elevadas taxas de infecção pelo T. cruzi tem sido encontrada no peridomicílio e

intradomicílio dessa região resultando num intenso ciclo de transmissão silvestre

15,16.

Além disso, a invasão dos domicílios pelos vetores (infectados por T. cruzi) e

a adaptação destes no ambiente antrópico vem sendo relatadas 17. Mais de 25

espécies de triatomíneos silvestres já foram descritas na Amazônia, todas

consideradas potenciais vetores de T. cruzi, com o registro de pelo menos dez

destas espécies no estado do Amazonas 14,18.

Um outro fator de risco de transmissão da DC nas áreas rurais da região esta

relacionado a construção de moradias próximas aos ecótopos naturais de

triatomíneos e marsupiais, ambos frequentemente infectados por T. cruzi, afetando,

principalmente, as comunidades rurais pobres, onde as habitações precárias

favorecem o estabelecimento de populações de vetores domésticos e

peridomiciliares, mediando a fonte de novos casos da doença 19.

No estado Amazonas casos agudos da DC vem sendo registrados nos

últimos anos associados a surtos ocasionados pela transmissão oral através de

alimentos contaminados por T. cruzi. Monteiro e colaboradores 20 identificaram a

DTU TcIV, ao realizar genotipagem de amostras de humanos provenientes de surtos

ocorridos em quatro municípios do Estado do Amazonas, e demonstraram a

circulação da DTU TcI circulando em vetores e reservatórios nas mesmas regiões, o

que pode ter resultado na infecção humana.

Page 16: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

5

O Inquérito sorológico Nacional (1975 a 1980) indicou a prevalência de 1.88%

no Amazonas; em estudo soroepidemiológico realizado em Barcelos (Rio Negro/AM)

registrou-se a positividade em 38 (25%) indivíduos 21. O inquérito sorológico

realizado por Magalhães e colaboradores 22 em área rural de Coari, Tefé e Manaus

apresentou 15 indivíduos reativos para infecção chagásica. Alterações cardíacas da

DCA em pacientes autóctones da Amazônia, sugerem uma morbidade significativa

da doença na Amazônia 23.

Esses demonstram a prevalência da DC na região, ressaltando sobre a

possibilidade de progressão de alguns desses casos para formas crônicas

sintomáticas, chamando a atenção para a importância do diagnóstico através da

realização de inquéritos sorológicos e reforçam a hipótese de que a infecção

chagásica ocorre em alta prevalência e ampla dispersão como enzootia silvestre, e

ao mesmo tempo vem apresentando elementos favoráveis a sua expansão como

endemia humana 13.

1.1.2 Patologia da Doença de Chagas

A DC é caracterizada por um amplo espectro de resultados clínicos que vão

desde ausência de sintomas a doença grave. O curso clínico inclui as fases aguda e

crônica, separadas por um período indefinido onde os pacientes são relativamente

assintomáticos 8.

A fase aguda é na maioria dos casos subclínica e com alta parasitemia tendo

duração de 6-12 semanas. Nos casos sintomáticos apresentam sinais da inoculação

Page 17: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

6

(chagoma de inoculação ou sinal de Romaña), febre, adenopatia generalizada,

edema, hepatoesplenomegalia, miocardites e meningoencefalites nos casos mais

severos. Na fase indeterminada da doença, os pacientes poder apresentar testes

sorológicos e parasitológicos positivos, porém, são assintomáticos, sem

manifestação da infecção no eletrocardiograma e radiografias no coração, esôfago e

intestino 13.

Cerca de 30–40% dos pacientes infectados com T. cruzi que não receberam

tratamento adequado desenvolvem a fase crônica da doença e os sintomas podem

aparecer até 30 anos após a infecção. A cardiopatia chagásica, associada à

insuficiência cardíaca, arritmias, morte súbita e tromboembolismo periférico, é a

manifestação clínica mais importante desta fase devido a sua frequência e

severidade. Além da forma cardíaca, 10 -20% dos pacientes podem desenvolver a

forma digestiva (megaesôfago e megacólon), ou até mesmo uma associação das

formas digestiva e cardíaca 24.

1.1.3 Vias de Transmissão

Embora a DC seja principalmente transmitida pela exposição direta as fezes

de triatomíneos infectados pelo T. cruzi, existem outras formas de transmissão

como, transfusão de sangue, transplante de órgãos, infecção congênita e oral, esta

última tem se tornado muito recorrente em áreas não endêmicas 25.

Recentemente vários surtos da doença de Chagas tem sido reportados no

Brasil e na Venezuela após a ingestão de alimentos contaminados. Nas regiões Sul

Page 18: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

7

e Norte do Brasil, registra-se casos agudos grave, por ingestão de alimentos

contaminados por fezes do vetor. Esta via de transmissão é geralmente associada a

uma alta concentração parasitária, resultando em uma manifestação clínica aguda

mais severa com altos índices de mortalidade 26.

No Amazonas há registro da infeção pelo T. cruzi com acometimento da

forma aguda da doença após a ingestão de suco de frutos de palmeira como o açaí

27,20.

1.1.4 Diagnóstico da Doença de Chagas

Para o diagnóstico da DC, sendo clínico epidemiológico e/ou laboratorial são

utilizados exames específicos, que podem ser parasitológicos para identificação do

T. cruzi no sangue periférico: pelo exame a fresco, gota espessa, esfregaço,

xenodiagnóstico, hemocultura; ou sorológicos, hemaglutinação indireta (HAI),

imunofluorescência (IFI), ensaio imunoenzimático (ELISA). De modo geral, os

métodos usuais para a fase aguda correspondem principalmente à presença do

parasito circulante devido a alta parasitemia, enquanto na fase crônica busca-se os

métodos de detecção de anticorpos circulantes. Todavia, no caso de amostras

inconclusivas, pode-se utilizar outras técnicas com maior especificidade como o

Western-blot (WB) 28.

Na fase crônica da doença de Chagas a parasitemia intermitente é comum e

anticorpos (IgG) contra T. cruzi são frequentemente detectados por testes

imunológicos convencionais. Durante esta fase os exames recomendados para a

Page 19: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

8

evidenciação de parasitas viáveis no sangue periférico são hemocultura e

xenodiagnóstico, todavia a doença apresenta nesta fase, sensitividade limitada

devido ao baixo nível de parasitas circulantes no sangue 29, porém esses métodos

indiretos são altamente específicos 30.

O Xenodiagnóstico (XD) foi introduzido por Brumpt 31 e consiste em um

procedimento que utiliza ninfas de triatomíneos não-infectadas, criadas em

laboratório, que sugam o sangue dos indivíduos suspeitos durante 30 minutos,

posteriormente examina-se as fezes desses insetos para verificar a presença de

formas epimastigotas e tripomastigotas metacíclicas do T. cruzi, tal método é

considerado como um meio de cultura biológica, para a detecção da infecção pelo T.

cruzi em homem e outros mamíferos 32. Foi usado pela primeira vez no ser humano

por Torrealba 33 que encontrou 25% de chagásicos entre os colonos de Guárico,

Shenone e colaboradores 34 obtiveram 49,3% de positividade entre pacientes

chagásicos crônicos, Coronado 35 registrou positividade entre 9% a 87,5%.

Dias, em 1989 36 foi o primeiro a estabelecer critérios para a utilização deste

método, especialmente no que diz respeito ao triatomíneo a ser utilizado. Estudos

comparativos com emprego de ninfas de espécies diferentes de triatomíneos tem

sido realizados, visando encontrar a melhor espécie a ser aplicada ao exame.

No xenodiagnóstico clássico, os triatomíneos têm contato direto com a pele

do paciente, e pode causar irritação local com surgimento de máculas ou pápulas

pruriginosas e, raramente, choque anafilático. Devido a isto, Romaña 37 introduziu,

na década de 40, o xenodiagnóstico artificial. Este método não foi usado na rotina

Page 20: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

9

durante anos mas, ultimamente, tem-se dado grande ênfase a ele principalmente por

causa da reativação da doença de Chagas em cardiopatas transplantados, e em

imunossuprimidos, principalmente aidéticos 38. Mesmo existindo várias técnicas

disponíveis para o diagnóstico da doença de Chagas, o xenodiagnóstico continua

sendo útil, especialmente em ensaios clínicos, na seleção e acompanhamento de

pacientes e verificação da eficácia de fármacos tripanosomicidas 39.

O Xenodiagnóstico tem sido considerado uma boa ferramenta para o

diagnóstico etiológico da doença Chagas, tanto para a seleção dos pacientes a

serem submetidos a terapia específica quanto para a avaliação da parasitemia e sua

relação com as condições clínicas da doença de Chagas. Embora existam outros

procedimentos eficientes para a detecção de T. cruzi, o xenodiagnóstico é

considerado uma eficiente método de diagnóstico para T. cruzi no fluxo sanguíneo,

particularmente útil nos casos de infecção chagásica crônica 32.

Há uma modificação no xenodiagnóstico onde o material obitdo

(fezes/intestino) pode ser semeado em meio de cultura, essa técnica denominada

xenocultura 40 permite o isolamento de cepas de T. cruzi, bem como serve de

controle de qualidade no exame do xenodiagnóstico, tal técnica pode ser empregada

para sistematizar os xenodiagnósticos negativos, mas não representa em geral,

acréscimo significativo na positividade do exame 41.

A hemocultura consiste em semear sangue periférico coletado diretamente ao

meio de cultura com observações microscópicas m busca da visualização do

parasito; 42 obtiveram 31,8% de positividade da hemocultura utilizando o meio LIT

Page 21: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

10

(Liver Infusio in Tryptose) a partir de então a técnica passou a ser usada no

diagnóstico da doença de Chagas. As porcentagens de técnicas de culturas

positivas podem situar-se entre 0% a 94% 29.

Técnicas moleculares como “polymerase chain reaction” (PCR) vem sendo

utilizadas como uma alternativa complementar na detecção de T. cruzi em

pacientes, uma vez que testes parasitológicos como xenodiagnóstico e hemocultura

podem apresentar resultados falso-negativos devido a sua baixa sensitividade 43.

1.2 O parasito Trypanosoma cruzi

O Trypanosoma cruzi é um protozoário flagelado classificado na sessão

Stercoralia, família Tripanosomatidae, que inclui o gênero Trypanosoma se

desenvolve no tubo digestivo de insetos vetores, transmitidos na forma de

tripomastigotas metacíclicos, pelo contato com as fezes do vetor 44.

O organismo monoflagelado T. cruzi possui um condrioma formado por uma

mitocôndria tubular única que percorre todo o corpo da célula e uma região

especializada em forma de disco onde se encontram altas densidades de DNA

citoplasmático k-DNA, envolto por dupla membrana mitocondrial, denominada de

cinetoplasto 45.

Ao longo do seu ciclo vital, para adaptar-se a diferentes situações

bioecológicas, assume diferentes formas evolutivas: tripomastigotas, amastigotas,

esferomastigotas e epimastigotas 46.

Page 22: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

11

Os conhecimentos sobre a epidemiologia molecular e a genética de

população do T. cruzi têm evoluído de uma maneira rápida e continuada, pela

análise cada vez mais aprofundada da espécie. Para isto são utilizados desde os

métodos parasitológicos clássicos, que correspondem à caracterização

morfobiológica dos isolados, evoluindo para a caracterização isoenzimática da

estrutura clonal e para a análise molecular do DNA do cinetoplasto, do DNA nuclear

e do DNA ribossomal 47,48.

De acordo com Zingales e colaboradores 49 os subgrupos de T. cruzi

receberam ao longo dos anos diferentes classificações, biodemas (Andrade, 1974),

zimodemas 50,51, clones 52, linhagens I e II 53 posteriormente denominadas ‘grupos’

T. cruzi I e T. cruzi II 54. Mais recentemente, um terceiro grupo ancestral denominado

T. cruzi III, foi proposto a partir da análise de microssatélites e DNA mitocondrial 55.

Visando o entendimento de questões de biologia básica, de características

eco-epidemiológicas e de patogenicidade dos grupos foi acordado que T. cruzi fosse

dividido em seis grupos (T. cruzi I - VI), cada grupo passou a denominar-se DTU

(unidades discretas de tipagem) definida como conjunto de isolados que é

geneticamente semelhante e que pode ser identificado por marcadores moleculares

e imunológicos comuns 56. Em 2012 Zingales e colaboradores 57 propuseram nova

nomenclatura sub-específica de T. cruzi de relevância epidemiológica conforme

abaixo:

Page 23: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

12

T. cruzi I - (Tc I, Z1, DTU I) é a mais abundante e amplamente dispersada de

todas as DTUs nas Américas, sendo encontrada nas áreas de distribuição dos

vetores triatomíneos e podendo estar associada com os ciclos silvestre e doméstico.

A infeção humana pelo TcI é concentrada ao norte da América Central e América do

Sul, e é associada com a cardiomiopatia chagásica. Há relatos de casos da infecção

e da doença ao sul da bacia Amazônica.

• T. cruzi II - (TcII, Z2, DTU IIb) é encontrado predominantemente nas regiões

sul e central da América do Sul, porém sua extensão não esta clara. Dentro de suas

distribuições geográficas, TcII encontra-se associado com manifestações cardíacas,

síndromes do megacólon e megaesôfago. No Brasil, os hospedeiros e vetores

naturais de TcII tem sido indescritíveis e a maioria dos isolados são provenientes de

primatas e esporadicamente de outras espécies de mamíferos; ocorrendo

principalmente no ciclo doméstico.

• T. cruzi III - (Z3, Z1 ASATd, Z3-A, DTU IIc) é principalmente associada com

o ciclo silvestre no Brasil e em países adjacentes, relatos de infecção humana são

raros sendo encontrados principalmente em animais e vetores do ciclo silvestre com

nicho terrestre e ocasionalmente em cães domésticos.

• T. cruzi IV - (Z3, Z3-B, DTU IIa) apresenta padrões similares ao TcIII em

sua distribuição na América do Sul. No entanto, ao contrário de TcIII, o TcIV ocorre

frequentemente em humanos sendo causa secundária da doença de Chagas na

Venezuela. Há registros de isolados de TcIV em primatas e espécies de Rhodnius

brethesi provenientes da bacia Amazônica. Recentemente TcIV foi identificado como

Page 24: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

13

causa primária de DC aguda em dois surtos que ocorreram no estado do Amazonas

20.

TcV e TcVI são duas DTUs híbridas semelhantes associadas com a doença

de Chagas no América do Sul. Mais ainda que TcII, TcV e TcVI são praticamente

desconhecidos como isolados genéticos-silvestres. Por meio de genética molecular,

existem provas de que TcV e TcVI sejam híbridos de TcII e TcIII. Contudo, os

marcadores genéticos recentes, não determinam se TcV e TcVI são produtos de

hibridização independentes, ou um único evento de hibridização seguido de uma

divergência clonal, e se esses eventos são evolutivamente antigos ou recentes.

• T. cruzi V (Cepa Boliviana Z2, rDNA ½, clonet 39, DTU IId): subpopulação

associada a ciclos de transmissão doméstica, talvez com uma origem na hibridação

de subpopulações domésticas e silvestres. Presente em casos humanos e em

triatomíneos de maior abundância no cone Sul.

• T. cruzi VI (Cepa Paraguaya Z2, Zymodema B, DTU IIe): Subpopulações

associadas a casos humanos e como TcV, em triatomíneos domiciliados

frequentemente associado com o Cone Sul.

Recentemente a ocorrência de morcegos brasileiros infectados por T. cruzi

tem sido reportados da floresta Amazônica até áreas urbanas do centro-oeste,

nordeste e sudeste do Brasil 58. Esse grupo de isolados foi provisoriamente

denominado por “Tcbat” e aguarda mais caracterizações para atribuição de uma

DTU definitiva, potencialmente como uma sétima DTU, TcVII 57.

Page 25: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

14

Figura 1 - Distribuição de T. cruzi (DTUs) da América do Sul, isolado de

humanos.

1.2.1 Ciclo Evolutivo do T. cruzi

T. cruzi desenvolve o ciclo biológico tipo heteroxênico, em que o parasito

passa por uma fase de multiplicação intracelular no hospedeiro vertebrado, homem

e mamíferos pertencentes a ordens diferentes, e extra-celular no inseto vetor, o

triatomíneo 59.

No hospedeiro vertebrado, a infecção pelo T. cruzi ocorre pelo contato com

fezes e urina contaminadas dos triatomíneos durante o repasto sanguíneo. A forma

infectante (tripomastigota metacíclica), que se encontra nas porções distais dos

Page 26: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

15

triatomíneos infectados, atravessa a pele ou mucosa do hospedeiro e penetra a

célula (Figura 2). Na célula, os tripomastigotas transformam-se em amastigotas, que

se multiplicam no citoplasma, e após várias gerações se diferenciam em

tripomastigotas e são liberados na corrente sanguínea para infectar células de vários

tecidos como muscular, cardíaco ou nervoso 60.

Os insetos triatomíneos são contaminados com formas tripomastigotas

sanguíneas ao se alimentar do sangue do mamífero infectado. No intestino médio do

inseto, os tripomastigotas se diferenciam em epimastigotas e, no final do tubo

digestivo, parte destas formas se diferenciam em tripomastigotas metacíclicos, que

são eliminados pelas fezes quando o inseto se alimenta novamente, começando

assim um novo ciclo de infecção 61.

Fonte: CDC, 2010

Figura 2. Representação do ciclo de vida do Trypanosoma cruzi no hospedeiro

invertebrado e vertebrado.1. Ingestão de tripomastigotas 2. Epimastigotas no

intestino médio 3. Multiplicação no intestino médio 4. Tripomastigotas

metacíclicas 5. Tripomastigotas nas fezes do triatomíneo 6. Penetração das

Page 27: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

16

células por tripomastigotas metacíclicas 7. Multiplicação das amastigotas 8.

Amastigotas intracelulares transformam-se em tripomastigotas.

.

1.3 Os vetores da doença de Chagas

Os vetores da DC são insetos hematófagos da ordem Hemiptera, família

Reduviidae, mais conhecidos como triatomíneos, devido à denominação da

subfamília Triatominae, cujo ciclo de vida envolve uma metamorfose incompleta que

vai de ovo-ninfa-adultos (Figura 2).

São popularmente chamados de “barbeiros” ou “chupanças” pelo hábito de

picarem a face descoberta de pessoas adormecidas. Entretanto, o motivo mais

relevante para a transmissão da DC é o comportamento que estes triatomíneos têm

de defecar durante ou logo após a hematofagia, sendo comum a deposição de suas

fezes contaminadas com o T. cruzi sobre a região facial incluindo os olhos, nariz e

boca. Neste momento, as formas infectantes do parasita são transferidas para a

circulação do hospedeiro 62.

Fotos: Rodrigo Méxas, IOC/Fiocruz

Page 28: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

17

Figura 3 - Ciclo de vida de um barbeiro (Triatoma brasiliensis brasiliensis).

Os triatomíneos são insetos de hematofagismo restrito, com ecletismo

alimentar que permite sua sobrevivência com qualquer tipo de sangue. Possuem

hábitos noturnos, fotofobia, termotropismo positivo, presença de substâncias

anticoagulantes e anestésicas na saliva. Esses insetos evoluem e procriam

realizando hematofagia desde sua primeira fase de vida até adulto. Tal hábito

permite um estreito relacionamento com animais reservatórios silvestres e

domésticos 63.

Pelo menos 18 espécies de triatomíneos silvestres têm sido encontradas na

Região Amazônica, das quais 10 com registro de infecção por flagelados do tipo

Trypanosoma cruzi 64. As espécies Rhodnius pictipes, Rhodnius robustus e

Panstrongylus geniculatus foram anteriormente registradas no município de Manaus.

Estas espécies são frequentemente encontradas com altas taxas de infecção natural

pelo T. cruzi em diversos ecótopos naturais na Amazônia Brasileira, onde

esporadicamente invadem as residências 65,66.

1.4 Reservatórios do Trypanosoma cruzi

O papel dos reservatórios como vias alternativas de transmissão do T. cruzi,

tem sido discutido, uma vez que os mamíferos como os gambás, podem atuar como

reservatórios e vetores de uma só vez, a partir da ruptura de ninhos de amastigotas

de T. cruzi em tecidos de glândulas anais, que facilitariam a transmissão por

contaminação de fluidos, a outros mamíferos ou mesmo de seres humanos, quando

Page 29: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

18

estes entram em contato com ambientes enzootico contaminando os seus membros

e extremidades (mãos), mucosa utensílios e alimentos 67.

Na Amazônia brasileira a presença do T. cruzi em animais silvestres entre

eles marsupiais, quirópteros, roedores, edentados e primatas foi relatada por Deane

68. Em áreas rurais de Manaus e Coari, Magalhães e colaboradores 16 também

encontrou marsupiais muito próximo de residências, infectados por T. cruzi. De

acordo com 69, pelo menos 180 espécies de mamíferos pertencentes as ordens:

Didelphimorphia, Lagomorpha, Chiroptera, Rodentia, Pilosa, Cingulata, Carnivora,

Primata, Perisodactyla, já foram encontrados naturalmente infectados por T. cruzi, e

têm um papel importante na manutenção e interação de ciclos domésticos,

peridoméstico e silvestre da doença de Chagas, incluindo-se o homem que adoece e

atua como reservatório.

Page 30: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

19

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Detectar infecção por Trypanosoma cruzi em pacientes com doença de

chagas crônica não tratados utilizando métodos parasitológicos e biologia molecular

2.2 Específicos

- Detectar positividade por Trypanosoma cruzi em triatomíneos utilizados no

xenodiagnóstico durante o seguimento clínico de pacientes com sorologia positiva

para doença de chagas

- Classificar os tipos de linhagens de T. cruzi encontrado nos triatomíneos

utilizados no xenodiagnóstico durante o seguimento clínico de pacientes com

sorologia positiva para doença de chagas

Page 31: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

20

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Tipo de estudo

Estudo do tipo descritivo experimental para detecção de T. cruzi em amostras

de material de hemocultura e triatomíneos utilizados no xenodiagnóstico de casos

crônicos da doença de Chagas.

3.2 População de estudo

Os pacientes incluídos neste estudo são provenientes de um inquérito

sorológico realizado no período entre outubro de 2010 a julho de 2012 em área rural

e periurbana da zona oeste de Manaus, Amazonas. Na área rural o estudo foi

conduzido no Assentamento Tarumã Mirim, popularmente conhecido como Ramal

do Pau Rosa, localizado no Km 21 da Rodovia Federal BR 174, e na área

periurbana no bairro Tarumã, como parte do projeto sob título: “Estudo eco-

epidemiológico da infecção chagásica: soroprevalência, vetores, reservatórios e

caracterização de cepas de Trypanosoma cruzi em áreas periurbana e rural de

Manaus” coordenado pela Dra. Maria das Graças Vale Barbosa. Após as coletas o

trabalho foi realizado no Centro de Entomologia da Fundação de Medicina Tropical

Dr. Heitor Vieira Dourado.

3.3 Amostra

No âmbito deste projeto foram realizados os ensaios sorológicos ELISA, IFI e

Western Blot usando a metodologia descrita por Magalhães e colaboradores (2011).

Um total de 36 pacientes com sorologia reativa para doença de Chagas em pelo

Page 32: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

21

menos dois dos três testes realizados forma incluídos no presente estudos. Nestes

pacientes foi realizado xenodiagnostico e coletado sangue venoso para realização

de hemocultura.

3.4 Hemocultura de Sangue Total

A hemocultura foi realizada semeando-se 100µl de sangue de cada paciente em

três tubos de ensaio utilizando o meio de cultivo NNN 70,71. A presença de formas

flagelares foi pesquisada nas culturas por um período de 120 dias.

3.5 Xenodiagnóstico

Para o xenodiagnóstico (XD) foram utilizados triatomíneos da espécie Triatoma

infestans, criados na colônia de Hemiptera do Centro de Entomologia da Fundação

de Medicina Tropical HVD. A escolha desta espécie deve-se a disponibilidade de

exemplares para uso no xenodiagnóstico dos 36 pacientes que tiveram sorologia

positiva para doença de Chagas em pelo menos dois testes sorológicos, critério para

classificação de Doença de Chagas crónico de acordo com o Consenso Brasileiros

em doença de Chagas ( 2005)7.

Foram utilizadas 40 ninfas de III e IV estádios de T. infestans, colocadas em

dois frascos de plásticos adaptados sendo 20 ninfas em cada. A detecção de T.

cruzi foi realizada utilizando exame a fresco e diagnóstico molecular.

3.5.1 Exame a fresco

Page 33: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

22

As observações foram feitas após cinco dias da realização do XD, com

leituras a cada 30 dias até completar 180 dias, examinado por meio de microscópica

óptica.

O material obtido por compressão abdominal (fezes e/ou macerado do tubo

digestivo) dos triatomíneos, foi colocado em uma placa de Petri pequena e estéril,

contendo 2 ml de solução salina (NaCl 0,85%) e observado entre lâmina e lamínula.

A cada 30 dias foi realizado cultivo do material observado no exame a fresco

transferindo-se 0,5 ml para um tubo contendo meio de cultura tipo NNN (Novy e

MacNeal, 1904; Nicolle, 1908), suplementado com 30% de soro fetal bovino para

identificação e caracterização da cepa infectante e circulante.

Todos os exemplares de triatomíneos mortos bem como a parte do intestino

dissecado durante as observações microscópicas em exame a fresco foram

armazenados a uma temperatura de -30ºC para posterior investigação por biologia

molecular.

3.5.2 Diagnóstico molecular

Com a finalidade de realizar a tipagem das linhagens de T. cruzi dos

pacientes foram utilizadas duas técnicas de biologia molecular: 1) PCR multiplex

para o espaçador não transcrito do mini-exon; e 2) sequenciamento do gene que

codifica a subunidade II da Citocromo oxidase (COII).

Page 34: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

23

3.5.2.1 Extração do DNA total dos Triatomíneos

A técnica de extração de DNA descrita por Zulantay e colaboradores 72 foi

utilizada nas amostras de fezes de barbeiro. Após a análise microscópica as fezes

foram depositadas em microtubos 1,5ml acrescidos com 500ul de PBS pH 7.2 e

incubados em banho maria por 15 minutos a 98° C. Posteriormente as amostras

foram centrifugadas por 3 minutos a 3500 rpm. Um total de 200ul do sobrenadante

foi pipetado e estocado a -20°C.

3.5.2.2 PCR – do gene Mini-exon

Parte do espaçador não transcrito do gene miniexon foi amplificado pela

técnica descrita por Fernandes e colaboradores 73. Na reação de PCR utilizou-se os

primers:

5’ - TTGCTCGCACACTCGGCTGCAT-3’ (TC1 - específico para o grupo I);

5’ - ACACTTTCTGTGGCGCTGATCG-3’ (TC2 - específico para o grupo II);

5’ - CCGCGWACAACCCCTMATAAAAATG-3’ (TC3 - específico para Z3);

5’ - CCTATTGTGATCCCCATCTTCG-3’ (TR - específico para Trypanosoma rangeli)

e 5’ -TACCAATATAGTACAGAAACTG-3’ (Miniexon - comum a todos os grupos).

A mistura de reação contendo primers a 0,5pmol/µl cada (TC1, TC2, TC3, TR,

Miniexon), 1,5µM de MgCl2, 0,6mM de dNTPs, 1U Taq DNA polimerase (Invitrogen),

5µl de DNA e Tampão diluído a 1X, com volume final de 50µl. Em cada reação foi

incluído um controle negativo, para certificação de não contaminação da PCR.

Page 35: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

24

O processo de amplificação foi realizado por um ciclo de desnaturação inicial

de 95ºC por 5 minutos, seguido de 35 ciclos, incluindo desnaturação a 94ºC por 30

segundos, anelamento a 55ºC por 30 segundos e extensão a 72ºC por 30 segundos,

com uma extensão final de 10 minutos a 72ºC.

O produto da reação de PCR foi submetido à eletroforese em gel de agarose

a 2% em TBE (Tampão tris ácido bórico- EDTA) 1X, corado com brometo de etídio.

As amplificações foram visualizadas sob luz ultra violeta, fotografadas e comparadas

com os fragmentos do marcador de peso molecular. Os fragmentos obtidos estavam

de acordo com os tamanhos previstos: TcII 250 pb, TcI 200 pb, Z3150 pb, Tr 100 pb.

O controle positivo para cepas de T. cruzi utilizado foi obtido a partir de culturas

existentes no Centro de Entomologia da FMT-HVD.

3.5.2.3 Análise do polimorfismo do gene que codifica a subunidade II do citocromo oxidase (CoII)

Todas as amostras foram submetidas a tipagem genética mitocondrial através

da análise do polimorfismo do gene que codifica a subunidade II da citocromo

oxidase 55. As reações de PCR foram realizadas utilizando os primers:

TcMit 31 (5’ – TAAATAATATATATTGTACATGAG- 3’) e

TcMit 40 (5’ – CTRCATTGYCCATATATTGT- 3’).

Para cada reação de PCR foram utilizados 2ul de DNA, e as seguintes condições de

amplificação: um ciclo de desnaturação inicial de 94 ºC por 5 minutos seguido de 35

ciclos de desnaturação a 94ºC por 30 segundos, 48ºC por 2 minutos para o

anelamento dos primers e 72ºC por 2 minutos para a extensão, finalizando com um

ciclo a 72ºC por 5 minutos para extensão final.

Page 36: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

25

3.6 Sequenciamento

Os produtos amplificados na PCR foram purificados utilizando o kit Wizard SV

Gel and PCR clean-up-system (Promega) e sequenciados em ambas as direções

utilizando os iniciadores TcMit31 e TcMit40. As reações de sequenciamento foram

realizadas utilizando 1-3 ul de produto de PCR, 0,33 pmol do iniciador; 2,0 ul do

tampão 5x; 1,0 ul de Big Dye Terminator v.3.1 Cycle Sequencing Kit (Applied

Biosystems) e água para completar o volume final de 10µL. As reações foram

realizadas em termociclador Mastercycler Gradient (Eppendorf). Os produtos da

PCR foram purificados utilizando o kit Wizard SV Gel and PCR clean-up-system

(Promega), de acordo com as recomendações do fabricante. O sequenciamento do

DNA foi realizado no DNA Analyzer ABI 3130XL (Applied Biosystems).

3.6.1 Análise das sequências

A validação da qualidade das sequências foi realizada e uma sequência consenso

das fitas sense e anti-sense foi montada e alinhada com as sequências padrões

obtidas no GenBank (http.//www.ncbi.nlm.nih.gov). Foram utilizadas as seguintes

cepas padrão: TcI (Silvio X10 cl4), TcII (Esmeraldo cl3), TcIII (M6241 cl6), TcIV

(CANIII cl1), TcV (Mn cl2) e TcVI (CL Brener), com os respetivos número de acesso

do GenBank: EU302222.1; AF359035.1; AF359032.1; AF359030.1; DQ343718.1;

DQ343645.1. A edição das sequências nucleotídicas foi feita utilizando o programa

informático BioEdit version 7.0.5.2 74.

Page 37: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

26

As arvores filogenéticas foram construídas utilizando o método de Neighbour-

Joining implementado no programa informático MEGA 5.2 75. A análise de bootstrap

foi inferida com base em 1500 réplicas.

3.7 Aspectos Éticos

Esse projeto contempla dados incluídos no projeto já aprovado pelo comitê de

ética da FMT-HVD sob número Nº 1986 e os aspectos éticos da pesquisa serão

considerados de acordo com a Resolução nº 196 de 10/10/96 da Comissão Nacional

de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde, que estipula normas éticas

regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, garantido o sigilo dos

dados coletados dos inquéritos sorológicos já realizados. Este estudo faz parte de

um projeto maior sob título: “Estudo eco-epidemiológico da infecção chagásica:

soroprevalência, vetores, reservatórios e caracterização de cepas de Trypanosoma

cruzi em áreas periurbana e rural de Manaus” aprovado no Edital PPSUS 007/2009,

Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde.

Page 38: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

27

4 RESULTADO E DISCUSSÃO

Apresentado no formato de artigo científico.

Page 39: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

28

Trypanosoma cruzi strain TcI is associated with chronic Chagas disease in the Brazilian Amazon Rosa Amélia Gonçalves Santana1 Email: [email protected]

Laylah Kelre Costa Magalhães1 Email: [email protected]

Laise Kelman Costa Magalhães1 Email: [email protected]

Suzane Ribeiro Prestes1 Email: [email protected]

Marcel Gonçalves Maciel1 Email: [email protected]

George Allan Villarouco da Silva4 Email: [email protected]

Wuelton Marcelo Monteiro1,2 Email: [email protected]

Felipe Rocha de Brito2 Email: [email protected]

Leila Inês Aguiar Raposo Câmara de Coelho3 Email: [email protected]

João Marcos Barbosa Benfica Ferreira1,5 Email: [email protected]

Jorge Augusto Oliveira Guerra2 Email: [email protected]

Henrique Silveira6* * Corresponding author Email: [email protected]

Maria Graças Vale das Barbosa1,2 Email: [email protected]

1 University of the State of Amazonas (Universidade do Estado do Amazonas), Manaus, Brazil

2 Heitor Vieira Dourado Tropical Medicine Foundation (Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado), Manaus, Brazil

Page 40: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

29

3 Federal University of Amazonas (Universidade Federal do Amazonas), Manaus, Brazil

4 Leônidas and Maria Deane Institute, Fiocruz of Amazon, Manaus, Brazil

5 Francisca Mendes Hospital, Manaus, Brazil

6 Institute of Hygiene and Tropical Medicine (Instituto de Higiene e Medicina Tropical), New University of Lisbon (Universidade Nova de Lisboa), Lisbon, Portugal

Abstract

Background

Chagas disease in the Amazon region is considered an emerging anthropozoonosis with a predominance of the discrete typing units (DTUs) TcI and TcIV. These DTUs are responsible for cases of acute disease associated with oral transmission. Chronic disease cases have been detected through serological surveys. However, the mode of transmission could not be determined, or any association of chronic disease with a specific T. cruzi DTU’s. The aim of this study was to characterize Trypanosoma cruzi in patients with chronic Chagas disease in the State of Amazonas, Brazil.

Methods

Blood culture and xenodiagnosis were performed in 36 patients with positive serology for Chagas disease who participated in a serological survey performed in urban and rural areas of Manaus, Amazonas. DNA samples were extracted from the feces of triatomines used for xenodiagnosis, and the nontranscribed spacer of the mini-exon gene and the mitochondrial gene cytochrome oxidase subunit II (COII) were amplified by PCR and sequenced.

Results

Blood culture and xenodiagnosis were negative in 100% of samples; however, molecular techniques revealed that in 13 out of 36 (36%) fecal samples from xenodiagnosis, T. cruzi was characterized as the DTU TcI, and different haplotypes were identified within the same DTU.

Conclusion

The DTU TcI, which is mainly associated with acute cases of Chagas disease in the Amazon region, is also responsible for chronic infection in patients from a region in the State of Amazonas.

Background Chagas disease (CD) is a complex zoonosis found in South and Central America and is considered to be one of the most important neglected diseases. It is estimated that between 8 and 11 million people are infected and that over 25 million are at risk of developing the disease [1]. In Brazil, the epidemiological patterns of the disease have changed as a result of control activities and environmental, economic, and social changes. In the Amazon region, infection with Trypanosoma cruzi was previously thought to be an enzootic disease of wild

Page 41: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

30

animals [2]. However, in recent years, it has been recognized as an important emerging anthropozoonosis, with reports of acute and chronic [3-7] cases and unclear mechanisms of transmission.

The etiologic agent of CD is the flagellate protozoan T. cruzi, which is primarily transmitted through the feces of infected triatomines, may also be transmitted by blood transfusion, transplacental route, organ transplantation, laboratory accidents and orally through contaminated food [8]. This parasite presents high genetic variability and is divided in 6 specific discrete typing units (DTUs), termed TcI to TcVI [9,10]. Understanding the genetics and diversity of the parasite will provide information about its evolution, biological behavior, and epidemiological patterns; the natural history of infection; and issues related to the diagnosis and treatment of the disease [10,11].

In the Brazilian Amazon, Venezuela, Colombia, Central America, and North America, TcI is the prevailing DTU and is responsible for most cases of acute and chronic cardiac CD, whereas TcIV causes sporadic cases of acute CD in the Amazon [6]. In recent years, the number of chronic CD cases detected at the Tropical Medicine Foundation (Fundação de Medicina Tropical) outpatient clinics has increased [4,5,12].

Previous serological surveys revealed that prevalence of T. cruzi chronic infection in the municipalities of Coari and Tefé and also in Manaus rural areas is 0.5%, 1.9% and 1.2%, respectively [13]. Furthermore, [14] registered a 13% prevalence in the Rio Negro microregion. Comparing the range of prevalence in both studies, our study area can be considered of low endemicity.

Understanding the emergence and expansion of CD in the Amazon requires knowledge of the diversity of T. cruzi circulating in the region. Thus, the aim of this study was to characterize T. cruzi DTUs in patients with chronic infection in the State of Amazonas, Brazil.

Methods

Ethical issues

This project was approved by the ethics committee on human research of the Dr. Heitor Vieira Dourado Tropical Medicine Foundation (Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado) (Approval No. 1986). Patients diagnosed with CD were referred for clinical follow-up as recommended by the Brazilian Ministry of Health. All participants involved in the study voluntarily signed an informed consent form.

Study area

The study was performed in rural and urban areas in the west side of the city of Manaus, State of Amazonas (AM), Brazil, where autochthonous acute and chronic cases of CD [13] and the presence of infected vectors and reservoirs of T. cruzi [15] were reported. The area as the whole Amazon state is considered a low endemicity area for Chagas disease [3,13]. In the rural area, data collection was performed in the Tarumã Mirim settlement, which is located on federal highway BR 174. In the urban area, the study was performed in the Tarumã neighbourhood, which is partly located within an area of environmental protection and partly

Page 42: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

31

within an area of real estate expansion, which has caused environmental degradation (Figure 1).

Figure 1 Map of Manaus highlighting the study areas (A: urban area, B: rural area) and the location of participants (red dots).

Study population

Patients included in this study were identified during a serological survey performed from October 2010 to July 2012. Of the 1837 participants evaluated during the survey, 44 were positive by at least two of the three serological tests performed: enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) (Wama® and Bioeasy®), indirect immunofluorescence (IIF) (Wama), and Western Blot (BioMérieux®). Of these 44 patients, 36 underwent clinical follow-up at the Dr. Heitor Viera Dourado Tropical Medicine Foundation, and whole blood culture, xenodiagnosis, and molecular techniques for the detection of T. cruzi in the feces of triatomine bugs used for xenodiagnosis were performed.

Whole blood culture

Eight ml of blood were collected in heparinized tubes from patients who agreed to participate, for each patient, 100ul whole blood was distributed into 2,5 ml of NNN culture media containing rabbit blood and 40 mg/ml of gentamycin sulphate. Triplicates were made for each patient. The search for flagellate forms was performed for a period of 120 days by inverted optical microscopy [16,17].

Xenodiagnosis

Xenodiagnosis was carried out using two cages each containing 20 III- and IV-stage nymphs of Triatoma infestans reared in the laboratory, that were put in contact with the patient’s arm for 30–40 min [18,19]. After the blood meal, triatomines were maintained at 27 °C and after 30, 60, 90, 120, and 180 days of incubation, the feces of each insect were analyzed microscopically and harvested for molecular characterization. Feces of the 40 nymphs used

Page 43: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

32

for each patient were collected in pools of 10 nymphs, at each of the five time points after the blood meal, totaling 1440 pools. Although Triatominae species susceptibility for different strains of T. cruzi, on xenodiagnosis, may differ [20], T. infestans had a better performance on natural xenodiagnosis and is normally refractory to T. cruzi [21,22].

DNA extraction

For DNA extraction, the technique described by Zulantay and colleagues [23] was used. There were a total of 1440 nymphs (40 nymphs from each of 36 patients). Feces of triatomines in pools of 10 triatomines of the same patient and time of collection were placed in 1.5-ml microtubes with 500 μl of phosphate-buffered saline (PBS) pH 7.2 and incubated in a water bath for 15 minutes at 98 °C. Next, the samples were centrifuged for 3 minutes at 3500 rpm. A total of 200 μl of the supernatant was removed and stored at −20 °C; this sample was used for PCR.

DNA amplification of the mini-exon gene

The DNA target of the non-transcribed spacer of the mini-exon gene was amplified according to the multiplex protocol previously described by Fernandes and colleagues [24]. The amplification process was performed with an initial denaturation cycle of 95 °C for 5 minutes; 35 cycles of: denaturation at 94 °C for 30 seconds, annealing at 55 °C for 30 seconds, and extension at 72 °C for 30 seconds; and a final 10 minute extension at 72 °C. The amplified products were analyzed by electrophoresis on a 2% agarose gel stained with ethidium bromide. The 150 bp product is characteristic of T. cruzi zymodeme (Z3) of DTUs TcIII or TcIV, 100 bp is characteristic of T. rangeli, 200 bp corresponds to T. cruzi TcI, and 250 bp is characteristic of T. cruzi TcII.

Analysis of polymorphisms of the gene encoding cytochrome oxidase subunit II (COII)

All samples were subjected to mitochondrial DNA typing by analyzing polymorphisms in the COII gene. Amplifications were performed with the primers TcMit 31 and TcMit 40, which were designed to amplify a product of approximately 400 bp [25]. For each PCR reaction, 2 μl of the sample was used under the following amplification conditions: an initial denaturation cycle at 94 °C for 5 min, followed by 35 cycles of 30 seconds at 94 °C, 2 minutes at 48 °C, and 2 minutes at 72 °C, with a final extension at 72 °C for 5 minutes. Positive and negative controls were included in each reaction. PCR products were visualized on a 1.5% agarose gel stained with ethidium bromide.

The amplified PCR products were purified using the Wizard SV Gel and PCR Clean-up System kit (Promega) and sequenced in both directions using the primers TcMit31 and TcMit40. The sequencing reactions were performed using 1–3 μl of the PCR product, 0.33 pmol of primer, 2.0 μl of 5× buffer, 1.0 μl of Big Dye Terminator v.3.1 CycleSequencing Kit (Applied Biosystems), and water to make a final volume of 10 μL. The reactions were performed in a Mastercycler Gradient thermocycler (Eppendorf). PCR products were purified using the Wizard SV Gel and PCR Clean-up System kit (Promega) according to the manufacturer’s recommendations. DNA sequencing was performed on a DNA Analyzer ABI 3130XL (Applied Biosystems). Nucleotide sequences were edited with the program BioEdit version 7.0.5.2.[26].

Page 44: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

33

Validation of sequence quality was performed, and the consensus sequence of the sense and antisense strands was mounted and aligned with standard sequences obtained from GenBank (http.//www.ncbi.nlm.nih.gov). Generated sequences were deposited at Genbank [Genbank: KJ636060 to Genbank:KJ636072]. The following standard strains were used: TcI (Silvio ×10 cl4), TcII (Esmeraldo cl3), TcIII (M6241 cl6), TcIV (CANIII cl1), TcV (Mn cl2), and TcVI (CL Brener), with the respective accession numbers [GenBank: EU302222.1, AF359035.1, AF359032.1, AF359030.1, DQ343718.1, and DQ343645.1].

Phylogenetic trees were constructed using the neighbor-joining method included in the program MEGA 5.2 [27]. The bootstrap analysis was inferred based on 1500 replicates.

Results Thirty-six patients were included in the study: 21 (58%) were from a rural area while 15 were from a periurban area; 28 (78%) were originally from the State of Amazonas; 18 (50%) were male and 18 (50%) worked in agriculture. Patient age ranged between 8 and 73 years, with the highest percentage (36%) of patients aged more than 50 years (Table 1). Out of the 36 patients, 26 (72%) were reactive by ELISA + IIF, two (6%) by ELISA + Western Blot, and 8 (22%) by the three tests (ELISA + IIF + Western Blot; Table 2).

Table 1 Number of patients included in the study by gender according to area of residence, age, and origin Variables Female Male Total

Area

Rural 10 (28%) 11 (19%) 21 (58%)

Periurban 8 (22%) 7 (19%) 15 (42%)

Origin (by state)

Amazonas 18 (50%) 10 (28%) 28 (78%)

Pará 2 (6%) 2 (6%)

Ceará 3 (8%) 3 (8%)

Maranhão 1 (3%) 1 (3%)

Piauí 1 (3%) 1 (3%)

Minas Gerais 1 (3%) 1 (3%)

Age group

8 to 20 2 (6%) 2 (6%) 4 (11%)

21 to 30 4 (11%) 0 4 (11%)

31 to 40 4 (11%) 5 (14%) 9 (25%)

41 to 50 4 (11%) 2 (6%) 6 (17%)

Page 45: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

34

> 50 4 (11%) 9 (25%) 13 (36%)

Table 2 Results of PCR of samples from reactive patients for CD serology Serological Tests No. of positive patients Mini-exon PCR PCR (COII)

ELISA + IIF 26 (72%) 1 9

ELISA + WB 2 (6%) 0 0

ELISA + IIF + WB 8 (22%) 2 4

Total 36 (100%) 3 13

Blood culture and xenodiagnosis

There was no growth of T. cruzi in blood cultures, which may be a consequence of standard protocol used in the laboratory that uses a low amount of patient’s blood to start hemocultures, while other protocols use higher amounts of patient’s blood [20]. No flagellated forms were observed in the fresh triatomine stools.

DNA amplification of the mini-exon gene

T. cruzi positivity was observed in PCR of the mini-exon gene of triatomine samples after 180 days of xenodiagnosis of three (8.3%) patients, with the profile of amplified products compatible with TcI (Table 2).

Analysis of the mitochondrial gene COII

PCR of the gene encoding COII showed a band of 420 bp amplified in 13 (36%) samples corresponding to the 13 patients already detected by Mini-exon gene amplification (Table 2). Sequencing and phylogenetic analysis of the gene encoding the COII reference strain Silvio 10× showed that chronic infection of these patients was caused by the T. cruzi DTU TcI (Figure 2).

Page 46: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

35

Figure 2 Phylogenetic tree showing the distribution of Trypanosoma cruzi isolates in rural and periurban areas of Manaus, State of Amazonas, Brazil, based on the sequencing of the gene encoding cytochrome oxidase subunit II. The following standard strains obtained from GenBank (DTU (strain name – access number)) were used: TcI (Silvio ×10 cl4 – EU302222.1), TcII (Esmeraldo cl3 – AF359035.1), TcIII (M6241 cl6 – AF359032.1), TcIV (CANIII cl1 – AF359030.1), TcV (Mn cl2 – DQ343718.1), and TcVI (CL Brener – DQ343645.1). TcCOII1, haplotype described in (6).

Haplotypes

The analysis revealed the presence of four different haplotypes in the samples. Based on these sequences, haplotype TcI COII 1[6] was the most frequent, occurring in samples of 9 patients (HUM01,02,03,05,06,07,09,10,12). The remaining sequences from the samples of four patients (HUM04 and HUM08, HUM11, and HUM13) were not previously described (Figure 3).

Figure 3 Representation of Trypanosoma cruzi haplotypes identified as DTU TcI identified by sequencing of the cytochrome oxidase subunit II gene. Standard strains obtained from GenBank [DTU (strain name – access number)]: TcI (Silvio ×10 cl4- EU302222.1), TcII (Esmeraldo cl3 -AF359035.1), TcIII (M6241 cl6- AF359032.1), TcIV (CANIII cl1 -AF359030.1), TcV (Mn cl2- DQ343718.1), and TcVI (CL Brener- DQ343645.1). TcCOII1, haplotype described in (6).

Of the 13 patients positive for TcI, 8 were male, their age ranged from 9 to 73 years, 9 were originally from Amazonas and live in a rural area with eating habits including the consumption of wild animal meat and palm tree fruit juice, 3 had never heard of the disease. Electrocardiogram and echocardiogram of seropositive patients show mild left ventricular diastolic dysfunction in only 2 patients. No digestive system complaints were reported.

Discussion This study revealed that the DTU TcI causes chronic CD in an asymptomatic group of patients in the Amazon region. This study is the first in the region to characterize TcI in

Page 47: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

36

patients with chronic infection, showing the insertion of man into the sylvatic cycle of T. cruzi and reinforcing the idea that the Amazon is an emerging area for CD [14].

TcI has a wide distribution from North America to South America. In countries of Northern South America such as Venezuela and Colombia, TcI has been reported as the predominant lineage and, association with Chagas disease pathology has been reported [28-30]. TcI has also been sporadically reported from chagasic patients throughout the southern cone. Research performed in the State of Amazonas, especially in the microregion of Rio Negro, show a disproportionate relationship between the numbers of individuals with positive anti-T. cruzi serology and overt clinical cases of CD, with a prevalent profile of low morbidity and mortality [3,18,31]. In this region, there are reports of seropositive patients exhibiting cardiac abnormalities with no record of digestive disorders [32].

Comparisons of the pathogenicity of the different DTUs reveal that TcI shows lower parasitemia compared with the DTUs TcV and TcVI [33]. Considering that the biological characteristics of the different DTUs play an important role in the prevalence of latent chronic Chagas infection and the low immune power of circulating T. cruzi, it has been hypothesized that the T. cruzi strains circulating in the State of Amazonas have low virulence and pathogenicity [34].

Nine out of the 13 patients characterized as DTU TcI had a common haplotype, which was also the most frequent in outbreaks reported in the Amazon by Monteiro and colleagues [6]. Eleven out of 13 had never left the Amazon region, and 4 were originally from northeastern and midwestern regions of Brasil. The T. cruzi haplotypes isolated from these four patients fall into the most prevalent haplotype in the region present in the study, suggesting that they acquired the infection locally, progressing to the chronic phase.

An important biological factor in the natural history and epidemiology of CD is the high diversity of vectors and wild animal reservoirs of T. cruzi, resulting in an intense and complex sylvatic transmission cycle. This factor may be related to parasite genetic diversity. The same study by Monteiro et al. [6] revealed four haplotypes of DTUs TcI and TcIV causing infections; however, no correlation between haplotype and clinical and epidemiological factors of CD or the interaction of the parasite with the vector were observed [6]. Genetic variability within TcI has been highlighted by other studies and associated with severe forms of CD in Colombia and Argentina [30,35,36]. In Venezuela, as well as other Northern South Americas, there are a number of reports showing genetically homogeneous TcI strains from humans, when compared with sylvatic TcI strains, from the same areas [30,37,38].

Although the present study did not find any association between haplotype and symptoms suggestive of CD, it is unclear whether the different clinical forms of CD may be associated with a specific T. cruzi DTU, clone, transmission mode or host genetics [6]. Gaining knowledge about the biological properties of the TcI lineage, which certainly plays an important role in the CD pathogenesis and response to the specific chemotherapy in the Amazon region, represents a challenge for future research [39-41].

Intensive programs of vector control and transfusion surveillance in long-established endemic areas of Brazil have been successful; however, CD has been rising in the Amazon region in the form of outbreaks associated with oral transmission. CD is thus considered as neglected and emerging, as evidenced by the occurrence of acute and chronic cases that indicate a new epidemiological profile of the disease. Thus, the importance of performing serological surveys

Page 48: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

37

in the region needs to be emphasized due to the cases diagnosed in the present study. Moreover, in addition to the planning and implementation of disease control measures, complementary PCR as a tool for DTU classification should also be highlighted, due to limited data on the relationship between the specific DTU genotypes/haplotypes types and clinic-epidemiological features of CD.

Conclusions In this study, T. cruzi infection was confirmed in 36 patients with reactive serology for chronic CD, parasites were detected using molecular parasitological techniques and genotyped in 13 of these patients. Furthermore, T. cruzi DNA was found in triatomines used for xenodiagnosis of patients with positive serology for chronic CD, being DTU TcI the detected strain.

Competing interests The authors declare that they have no competing interests.

Authors Contributions Serological tests: LIARCC and LKCM (Laise). Parasitological tests: RAGS, MGVB, LKCM (Laylah), SRP, and FRB. Patient follow-up: JAOG, JMBBF. Molecular techniques: HS, RAGS, LKCM (Laylah), GVS and SRP. Data analysis: RAGS, MGVB, HS, MGM and WMM. Wrote the paper: RAGS, HS, and MGVB. All authors read and approved the final version of the MS

Acknowledgments We would like to thank the people who performed the serological survey and patient follow-up. HS is a recipient of a PVE Grant from the Program Science without borders, CAPES at the Fundação Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado, Manaus, Brazil. This project was funded by the Amazonas Research Foundation (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM) (PPSUS grant call for proposals no. 007/2009), by the National Council for Scientific and Technological Development (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq), and by the Department of Science and Technology of the Ministry of Health of Brazil (Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde do Brasil - DECIT/MS).

References 1. Hotez PJ, Bottazzi ME, Franco-Paredes C, Ault SK, Periago MR: The neglected tropical diseases of Latin America and the Caribbean: a review of disease burden and distribution and a roadmap for control and elimination. PLoS Negl Trop Dis 2008, 2:e300.

2. Secretária de Vigilância em Saúde Minsterio da Saúde: Consenso Brasileiro de Doença de Chagas. Rev Soc Bras Med Trop 2005, 38(Suppl 3):10–17.

Page 49: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

38

3. Coura JR, Junqueira AC, Boia MN, Fernandes O, Bonfante C, Campos JE, Santos L, Devera R: Chagas disease in the Brazilian Amazon: IV. a new cross-sectional study. Rev Inst Med Trop Sao Paulo 2002, 44(3):159–165.

4. Ferreira JM, Guerra JA, Magalhaes BM, Coelho LI, Maciel MG, Barbosa M: Chronic chagasic cardiopathy in Amazon region: an etiology to remember. Arq Bras Cardiol 2009, 93(6):e93–e99.

5. Monteiro WM, Magalhaes LK, Santana Filho FS, Borborema M, Silveira H, Barbosa M: Trypanosoma cruzi TcIII/Z3 genotype as agent of an outbreak of Chagas disease in the Brazilian Western Amazonia. Trop Med Int Health 2010, 15(9):1049–1051.

6. Monteiro WM, Magalhaes LK, de Sa AR, Gomes ML, Toledo MJ, Borges L, Pires I, Guerra JAO, Silveira H, Barbosa MGV: Trypanosoma cruzi IV causing outbreaks of acute Chagas disease and infections by different haplotypes in the Western Brazilian Amazonia. PLoS One 2012, 7(7):e41284.

7. Teixeira AR, Monteiro PS, Rebelo JM, Arganaraz ER, Vieira D, Lauria-Pires L, Nascimento R, Vexenat CA, Silva AR, Ault SK, Costa JM: Emerging Chagas disease: trophic network and cycle of transmission of Trypanosoma cruzi from palm trees in the Amazon. Emerg Infect Dis 2001, 7(1):100–112.

8. WHO: Chagas Disease (American Trypanosomiasis). World Health Org 2010, [http://www.paho.org/hq/index.php?option = com_content & view = category & layout = blog & id=3591 & Itemid = 3921].

9. Zingales B, Andrade SG, Briones MR, Campbell DA, Chiari E, Fernandes O, Guhl F, Lages-Silva E, Macedo AM, Machado CR, Miles MA, Romanha AJ, Sturm NR, Tibayrenc M, Schijman AG: A new consensus for Trypanosoma cruzi intraspecific nomenclature: second revision meeting recommends TcI to TcVI. Mem Inst Oswaldo Cruz 2009, 104(7):1051–1054.

10. Zingales B, Miles MA, Campbell DA, Tibayrenc M, Macedo AM, Teixeira MM, Schijman AG, Llewellyn MS, Lages-Silva E, Machado CR, Andrade SG, Sturm NR: The revised Trypanosoma cruzi subspecific nomenclature: rationale, epidemiological relevance and research applications. Infect Genet Evol 2012, 12(2):240–253.

11. Brisse S, Barnabe C, Tibayrenc M: Identification of six Trypanosoma cruzi phylogenetic lineages by random amplified polymorphic DNA and multilocus enzyme electrophoresis. Int J Parasitol 2000, 30(1):35–44.

12. Monteiro WM, Barbosa M, Toledo MJ, Fe FA, Fe NF: Series of acute Chagas’ disease cases attended at a tertiary-level clinic in Manaus, State of Amazonas, from 1980 to 2006. Rev Soc Bras Med Trop 2010, 43(2):207–210.

13. Magalhaes BML, Coelho LIARC, Maciel MG, Ferreira JMBB, Umezawa ES, Coura JR, Guerra JAO, Barbosa MGV: Serological survey for Chagas disease in the rural areas of Manaus, Coari, and Tefe in the Western Brazilian Amazon. Rev Soc Bras Med Trop 2011, 44(6):697–702.

Page 50: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

39

14. Coura JR, Junqueira AC: Risks of endemicity, morbidity and perspectives regarding the control of Chagas disease in the Amazon Region. Mem Inst Oswaldo Cruz 2012, 107(2):145–154.

15. Magalhães LKC, Barbosa MGV, Ciriano CM, Fabiano MP, Fé NF ; Fé FAA, Rodriguez IC, Gimaque JBL, Prestes SR. Vetores e reservatórios da doença de Chagas no Amazonas [abstract]. Rev Soc Bras Med Trop 2008, 41:227-228.

16. Filardi LS, Brener Z: Susceptibility and natural resistance of Trypanosoma cruzi strains to drugs used clinically in Chagas disease. Trans R Soc Trop Med Hyg 1987, 81(5):755–759.

17. Nicole CH: Culture du parasite du Bouton’Orient. C R Acad Sci 1908, 146:842–843.

18. Brum-Soares LM, Xavier SS, Sousa AS, Borges-Pereira J, Ferreira JMBB, Costa IR, Junqueira ACV, Coura JR: Morbidity of Chagas disease among autochthonous patients from the Rio Negro microregion, State of Amazonas. Rev Soc Bras Med Trop 2010, 43:170–177.

19. Coura JR, de Abreu LL, Willcox HP, Petana W: Evaluation of the xenodiagnosis of chronic Chagas patients infected ten years or over in an area where transmission has been interrupted-Iguatama and Pains, west Minas Gerais State, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz 1991, 86(4):395–398.

20. Portela-Lindoso AA, Shikanai-Yasuda MA: Chronic Chagas’ disease: from xenodiagnosis and hemoculture to polymerase chain reaction. Rev Saude Publica 2003, 37(1):107–115.

21. Schenone H, Alfaro E, Rojas A: Base y rendimiento de xenodiagnóstico en la infeccion chagásica humana. Bol Chil Parasitol 1974, 29:24–26.

22. Silva IG, Nakano H, Silva HHG, Nakano R: Estudo da susceptibilidade de diferentes espécies de triatomíneos (Hemiptera, Reduviidae) ao Trypanosoma cruzi (Kinetoplastida, Trypanosomatidae). Annaes Soc Entomol Brasil 1994, 23:495–501.

23. Zulantay I, Apt W, Valencia C, Torres A, Saavedra M, Rodriguez J, Sandoval L, Martinez G, Thieme P, Sepúlveda E: Detection of Trypanosoma cruzi in untreated chronic chagasic patients is improved by using three parasitological methods simultaneously. J Antimicrob Chemother 2011, 66(10):2224–2226.

24. Fernandes O, Santos SS, Cupolillo E, Mendonca B, Derre R, Junqueira AC, Santos LC, Sturm NR, Naiff RD, Barret TV, Campbell DA, Coura JR: A mini-exon multiplex polymerase chain reaction to distinguish the major groups of Trypanosoma cruzi and T. rangeli in the Brazilian Amazon. Trans R Soc Trop Med Hyg 2001, 95(1):97–99.

25. de Freitas JM, Augusto-Pinto L, Pimenta JR, Bastos-Rodrigues L, Goncalves VF, Teixeira SM, Chiari E, Junqueira ACV, Fernandes O, Macedo A, Machado CR, Pena SDJ: Ancestral genomes, sex, and the population structure of Trypanosoma cruzi. PLoS Pathog 2006, 2(3):e24.

Page 51: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

40

26. Hall TA: User-friendly biological sequence alignment editor and analysis program for Windows 95/98/NT. Symposium Series 1998, 41:95–98.

27. Kumar S, Nei M, Dudley J, Tamura K: MEGA: a biologist-centric software for evolutionary analysis of DNA and protein sequences. Brief Bioinform 2008, 9(4):299–306.

28. Carrasco HJ, Segovia M, Llewellyn MS, Morocoima A, Urdaneta-Morales S, Martinez C, Martinez CE, Garcia C, Rodriguez M, Espinosa R, Noya BA, Díaz-Bello Z, Herrera L, Fitpatrick S, Yeo M, Miles MA, Feliciangeli MD: Geographical distribution of Trypanosoma cruzi genotypes in Venezuela. PLoS Negl Trop Dis 2012, 6(6):e1707.

29. Mantilla JC, Zafra GA, Macedo AM, Gonzalez CI: Mixed infection of Trypanosoma cruzi I and II in a Colombian cardiomyopathic patient. Hum Pathol 2010, 41(4):610–613.

30. Ramirez JD, Guhl F, Rendon LM, Rosas F, Marin-Neto JA, Morillo CA: Chagas cardiomyopathy manifestations and Trypanosoma cruzi genotypes circulating in chronic Chagasic patients. PLoS Negl Trop Dis 2010, 4(11):e899.

31. Souza-Lima RC, Barbosa M, Coura JR, Arcanjo AR, Nascimento AS, Ferreira JMBB, Magalhães LK, Albuquerque BC, Araújo GAV, Guerra JAO: Outbreak of acute Chagas disease associated with oral transmission in the Rio Negro region, Brazilian Amazon. Rev Soc Bras Med Trop 2013, 46(4):510–514.

32. Vinas AP, Laredo SV, Terrazas MB, Coura JR: Dilated cardiomyopathy in patients with chronic chagasic infection: report of two fatal autochthonous cases from Rio Negro, State of Amazonas. Brazil Rev Soc Bras Med Trop 2003, 36(3):401–407.

33. Moreira OC, Ramirez JD, Velazquez E, Melo MF, Lima-Ferreira C, Guhl F, Sosa-Estani S, Marin-Neto JA, Morillo CA, Britto C: Towards the establishment of a consensus real-time qPCR to monitor Trypanosoma cruzi parasitemia in patients with chronic Chagas disease cardiomyopathy: a substudy from the BENEFIT trial. Acta Trop 2013, 125(1):23–31.

34. Monteiro WM, Margioto Teston AP, Gruendling AP, Dos RD, Gomes ML, de Araujo SM, Bahia MT, Magalhães LKC, Guerra JAO, Silveira H, Toledo MJO, Barbosa MGV: Trypanosoma cruzi I and IV stocks from Brazilian Amazon are divergent in terms of biological and medical properties in mice. PLoS Negl Trop Dis 2013, 7(2):e2069.

35. Burgos JM, Begher S, Silva HM, Bisio M, Duffy T, Levin MJ, Macedo AM, Schijman AG: Molecular identification of Trypanosoma cruzi I tropism for central nervous system in Chagas reactivation due to AIDS. Am J Trop Med Hyg 2008, 78(2):294–297.

36. Zafra G, Mantilla JC, Jacome J, Macedo AM, Gonzalez CI: Direct analysis of genetic variability in Trypanosoma cruzi populations from tissues of Colombian chagasic patients. Hum Pathol 2011, 42(8):1159–1168.

37. Munoz-Calderon A, Diaz-Bello Z, Valladares B, Noya O, Lopez MC, Alarcon de NB, Thomas MC: Oral transmission of Chagas disease: typing of Trypanosoma cruzi from five outbreaks occurred in Venezuela shows multiclonal and common infections in patients, vectors and reservoirs. Infect Genet Evol 2013, 17:113–122.

Page 52: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

41

38. Zumaya-Estrada FA, Messenger LA, Lopez-Ordonez T, Lewis MD, Flores-Lopez CA, Martinez-Ibarra AJ, Pennington PM, Cordon-Rosales C, Carrasco HV, Segoria M, Miles MA, Llewellyn MS: North American import? Charting the origins of an enigmatic Trypanosoma cruzi domestic genotype. Parasit Vectors 2012, 5:226.

39. Pinto AY, Valente VC, Coura JR, Valente SA, Junqueira ACV, Santos LC, Ferreira AG, Macedo RC: Clinical follow-up of responses to treatment with benznidazol in Amazon: a cohort study of acute Chagas disease. PLoS One 2013, 8(5):e64450.

40. Prata A: Clinical and epidemiological aspects of Chagas Disease. Lancet Infect Dis 2001, 1(2):92–100.

41. Valente SA, Valente VC, Pinto AYN, César MJB, Santos MP, Miranda COS, Cuerco P, Fernandes O: Analysis of an acute Chagas disease outbreak in the Brazilian Amazon: human cases, triatomines, reservoir mammals and parasites. Trans Royal Soc Trop Med Hyg 2009, 103:291–297.

5 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS DA DISSERTAÇÃO

Page 53: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

42

1. Chagas C. Nova tripanozomiase humana. Estudos sobre a morfolojia e o ciclo

evolutivo do Schizotrypanum cruzi n. gen., n. sp., ajente etiolójico de nova

entidade mórbida do homem. Mem Inst Oswaldo Cruz. 1909 1: 159-218.

2. Coura JR. Chagas disease: what is known and what is needed--a background

article. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2007 Oct 30;102 Suppl 1:113-22.

3. Navarro M, Perez-Ayala A, Guionnet A, Perez-Molina JA, Navaza B, Estevez

L, Norman F, Flores-Chavez M, Lopez-Velez R. Targeted screening and

health education for Chagas disease tailored to at-risk migrants in Spain, 2007

to 2010. Euro Surveill. 2011 Sep 22;16(38).

4. WHO: Chagas Disease (American Trypanosomiasis). World Health Org 2010,

[http://www.paho.org/hq/index.php?option = com_content & view = category &

layout = blog & id=3591 & Itemid = 3921].

5. Silveira AC. New challenges and the future of control. Rev Soc Bras Med

Trop. 2011;44 Suppl 2:122-4.

6. Ferreira Ide L, Silva TP. Transmission elimination of Chagas' disease by

Triatoma infestans in Brazil: an historical fact. Rev Soc Bras Med Trop. 2006

Sep-Oct;39(5):507-9.

7. Secretária de Vigilância em Saúde Minsterio da Saúde: Consenso Brasileiro

de Doença de Chagas. Rev Soc Bras Med Trop 2005, 38(Suppl 3):10–17.

8. Coura JR, Junqueira ACV, Bóia MN, Fernandes O, Bonfante C, Campos JE,

Santos L, Devera R. Chagas disease in the Brazilian Amazon. IV. A new

cross-sectional study. Rev Inst Med Trop São Paulo 2002a; 44: 159-65

9. Monteiro WM, Magalhães LKC, Medeiros MB, Simões F, Silveira H, Barbosa

MGV. Trypanosoma cruzi TcIII/Z3 genotype as agent of an outbreak of

Chagas disease in the Brazilian Western Amazonia. Trop Med Int Health

2010b; 15: 1049-51.

10. Floch H, Tasque P. Un cas de maladie de Chagas en Guyane Française. Bull

Soc Path Exot 1941; 40: 36-7

11. Shaw J, Lainson R, Fraiha H. Considerações sobre a epidemiologia dos

primeiros casos autóctones de doença de Chagas registrados em Belém,

Pará, Brasil. Rev Saúde Publ 1969; 3: 153-7.

12. Brum-Soares LM, Xavier SS, Sousa AS, Borges-Pereira J, Ferreira JMBB,

Costa IR, Junqueira ACV, Coura JR. Morbidity of Chagas disease among

Page 54: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

43

utochthonous patients from the Rio Negro microregion, State of Amazonas.

Rev Soc Bras Med Trop 2010; 43:170-7.

13. Coura JR, Borges- Pereira J. Chagas Disease. What is know and what should

be improved: a systemic review. Rev Soc Bras Med Trop 2012; 45: 286-296.

14. Aguilar HM, Abad-Franch F, Dias JCP, Junqueira ACV, Coura JR. Chagas

disease in the Amazon Region. Mem Inst Oswaldo Cruz 2007; 102: 47-55.

15. Deane LM. Tripanossomídeos de mamíferos da região Amazônica. I. Alguns

flagelados encontrados no sangue dos mamíferos silvestres do Estado do

Pará. Rev Inst Med Trop São Paulo 1961; 3: 15-28.

16. Magalhães LKC, Barbosa MGV, Ciriano CM, Fabiano MP, Fé NF ; Fé FAA,

Rodriguez IC, Gimaque JBL, Prestes SR. Vetores e reservatórios da doença

de Chagas no Amazonas [abstract]. Rev Soc Bras Med Trop 2008, 41:227-

228. 17. Mota DT. Ocorrência de triatomíneos, infecção natural por Trypanosoma cruzi

e nível de conhecimento da população sobre a doença de Chagas, em áreas

urbanas e rurais de Presidente Figueiredo-Am. Dissertação de Mestrado,

Universidade Nilton Lins; 2013.

18. Gurgel-Gonçalves R, Galvão C, Costa J, Peterson AT. Geographic distribution

of chagas disease vectors in Brazil based on ecological niche modeling. J

Trop Med. 2012;2012:705326.

19. Abad-Franch F, Santos WS, Schofield CJ. Research needs for Chagas

disease prevention. Acta Tropica 2010; 115: 44-54.

20. Monteiro WM, Magalhães LK, de Sá AR, Gomes ML, Toledo MJ, Borges L,

Pires I, Guerra JA, Silveira H, Barbosa Md. Trypanosoma cruzi IV causing

outbreaks of acute Chagas disease and infections by different haplotypes in

the Western Brazilian Amazonia. PLoS One. 2012;7(7):e41284.

21. Coura JR, Junqueira ACV, Fernandes O, Valente SAS, Miles MA.Emerging

Chagas in Amazonian Brazil. Trends Parasitol 2002b; 18: 171–176.

22. Magalhães BML, Coelho LIARC, Maciel MG, Ferreira JMBB, Umezawa ES,

Coura JR, Guerra JAO, Barbosa MGV. Rev Soc Bras Med Trop 2011;

44(6):697-702.

23. Ferreira JM, Guerra JA, Magalhaes BM, Coelho LI, Maciel MG, Barbosa M.

Chronic chagasic cardiopathy in Amazon region: an etiology to remember. Arq

Bras Cardiol 2009, Dec 93(6):e93-e99.

Page 55: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

44

24. Dias JCP, Silveira AC, Schofield CJ. The impact of Chagas dis- The impact of

Chagas disease control in Latin America: a review. Mem Inst Oswaldo Cruz

2002; 97: 603-12.

25. Rassi A Jr1, Rassi A, Marin-Neto JA. Chagas disease. Lancet. 2010 Apr

17;375(9723):1388-402.

26. Pereira KS, Schmidt FL, Guaraldo AM, Franco RM, Dias VL, Passos LA.

Chagas' disease as a foodborne illness. Food Prot. 2009 Feb;72(2):441-6.

27. Souza-Lima RC, Barbosa MGV, Coura JSC, Arcanjo ARL, Nascimento AS,

Ferreira JMBB, Magalhães LKC, Albuquerque BC, Araújo GNA, Guerra JAO.

Outbreak of acute Chagas disease associated with oral transmission in the

Rio Negro region, Brazilian Amazon. Rev Soc Bras Med Trop 2013; 22: 147-

56.

28. Amato-Neto V, Shikanai-Yasuda MA, Amato WS. Doença de Chagas aguda.

In: Dias JCP, Coura JR, editores. Clínica e Terapêutica da Doença de

Chagas. Uma abordagem prática para o clínico geral. Rio de Janeiro: Editora

da Fundação Oswaldo Cruz; 1997. p. 323-52.

29. Portela-Lindoso AAB, Shikanai-Yasuda , MA. Doença de Chagas crônica: do

xenodiagnóstico e hemocultura à reação em cadeia da polimerase Chronic

Chagas’ disease: from xenodiagnoses and hemoculture to polymerase chain

reaction. Rev Saúde Pública 2003;37(1):107-15 107.

30. Chiari E. Chagas Disease diagnosis using polymerase chain reaction,

hemoculture and sorologic methods. Mem Inst Oswaldo Cruz 1999; I: 299-

3000

31. Brumpt E. O xenodiagnóstico: aplicação ao diagnóstico de algumas infecções

parasitárias e em particular a trypanosomose de Chagas. Annaes Paulistas

de Medicina e Cirurgia 3:97-102, 1914.

32. Schenone H. Xenodiagnosis. Mem Int Oswaldo Cruz 1999; 94: 289-294.

33. Torrealba JF. La enfermedad de Chagas, una segunda serie de

xenodiagnosis. El primer caso de forma cardiaca pura descrito en Venezuela.

Gac. Med. Caracas 1935; 42(24):373-37.

34. Schenone H, Alfaro E, Reyes H,Taucher E. Valor dei xenodiagnôstico en la

infección chagásica crónica. Boletin Chileno de Parasitologia 23:149-

154,1968.

Page 56: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

45

35. Coronado X, Zulantay I, Albrecht H, Rozas M, Apt W, Ortiz S, Rodriguez J,

Sanches G, Solari A. Variation in Trypanosoma cruzi clonal composition

detected in blood patients and xenodiagnosis triatomines: implications in the

molecular epidemiology of Chile. Am J Trop Med Hyg 2006; 1008-1012.

36. Dias JCP. The indeterminate form of human chronic Chagas disease. A

clinical epidemiological review. Rev Soc Bras Med Trop 1989; 22: 147-56.

37. Romaña CA, Pizarro JCN, Rodas E, Guilbert E. Palms trees as ecological

indicator of risk áreas for Chagas disease. Trans. R. Soc. Trop Med Hyg 1999;

93:594-595.

38. Portela-Lindoso AA. Chronic Chagas' disease: from xenodiagnosis and

hemoculture to polymerase chain reaction. Rev Saude Publica. 2004

Aug;38(4):606. Epub 2004 Aug 9.

39. Botto-Mahan C, Ortiz S, Rozas M, Cattan P, Solari A. DNA evidence of

Trypanosoma cruzi in the Chilean wild vector Mepraia Spinolai. Mem Inst

Oswaldo Cruz 2005; 237-239.

40. Bronfen E, Rocha FSA, Machado GBN, Perillo MM, Romanha AJ, Chiari E.

Isolamento de amostras de Trypanosoma cruzi por xenodiagnôstico e

hemocultura de pacientes na fase crônica da doença de Chagas. Memórias

do Instituto Oswaldo Cruz 84:237-240,1989.

41. Chiari E, Dias JCP, Lana M, Chiari CA. Hemocultures for the parasitological

diagnosis of human chronic Chagas disease. Rev Soc Bras Med Trop

1997;22:19-23.

42. Chiari E, Brener 2. Contribuição ao diagnóstico parasitológico da doença de

Chagas na sua fase crônica. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São

Paulo 8:134-138,1966.

43. Aguiar C, Batista AM, Pavan TBS, Almeida EA, Guariento ME, Jamiro S,

Costa SCB. Serological profiles and evaluation of parasitaemia by PCR and

blood culture in individuals chronically infected by Trypanosoma cruzi treated

with benzonidazole. Tropical Medicine and International Health 2012; vol. 17

3: 368–373.

44. Herrera C, Guhl F, Falla A, Fajardo A, Montilla M, Vallejo GA, Bargues, MD.

Genetic variability and phylogenetic relationships within Trypanosoma cruzi I

isolated in Colombia based on miniexon gene sequences. J. Parasitol 2009

Res.

Page 57: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

46

45. Ávila, HA, Sigman, D, Cohen, L, Millikan, R, Simpson, L. Polymerase chain

reaction of Trypanosoma cruzi kinetoplast minicircle DNA isolated from whole

blood lysate: diagnosis of chronic Chagas’ disease. Mol. Biochem. Parasitol.

1991; 48, 211-222.

46. Brener Z, Gazzinelli R. T. Immunological control of Trypanosoma cruzi

infection and pathogenesis of Chagas' disease. International Archives of

Allergy and Immunology,v. 114,1997; 103-10.

47. Andrade SG, Magalhães JB. Biodemes and zymodemes of Trypanosoma

cruzi strains: correlations with clinical data and experimental pathology.

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1997; 30:27-35.

48. Revollo S, Oury B, Laurent JP, Barnabé C, Quesney V, Carriére V, Noël S,

Tibayrenc M. Trypanosoma cruzi: impact of clonal evolution of the parasite on

its biological and medical properties. Exp Parasitol 1998; 89: 30-39.

49. Zingales B. Trypanosoma cruzi: um parasita, dois parasitas ou vários

parasitos da doença de Chagas?. Revista da Biologia 2011; 6b:44-48.

Zulantay I, Apt W, Valencia C, Torres A, Saavedra M, Rodriguez J, Sandoval

L, Martínez G, Thieme P, Sepúlveda E. J Antimicrob Chemother 2011; 66:

2224-2226.

50. Miles MA, Souza AA, Póvoa MM, Shaw JJ, Lainson R, Toyé PJ. Isozymic

heterogeneity of Trypanosoma cruzi in the first authochtonous patients with

Chagas`disease in Amazonian Brazil. Nature 1978; 272:819-21.

51. Miles MA, Arias JR, Souza AA. Chagas’ disease in the Amazon Basin:V.

Periurban palms as habitats of Rhodnius robustus and Rhodnius pictipes -

Triatomine vectors of Chagas’ disease. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz

1983; 78: 391-398.

52. Tibayrenc M, Ayala FJ. Towards a population genetics of microorganisms: the

clonal theory of parasitic protozoa. Parasitol Today 1991; 7: 228-32.

53. Souto RP, Fernandes O, Macedo AM, Campbell DA, Zingales B. DNA

markers define two major phylogenetic lineages of Trypanosoma cruzi. Mol

Biochem Parasitol 1996 Dec; 83(2):141-52.

54. Anônimo Recommendations from a satellite meeting. Memórias do Instituto

Oswaldo Cruz 1999 94, (Suppl. 1), 429- 432.

Page 58: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

47

55. Freitas JM, Augusto-Pinto L, Pimenta JR, Bastos-Rodrigues L, Gonçalves VF,

et al. Ancestral genomes, sex and the population structure of Trypanosoma

cruzi. PLoS Pathog 2006; 2: e24.

56. Zingales B, Andrade SG, Briones MRS, Campbell DA, Chiari E, Fernandes O,

Guhl F, Lages-Silva E, Macedo AM, Machado CR, Miles MA, Romanha AJ,

Sturm NR, Tibayrenc M, Schijman AG. A new consensus for Trypanosoma

cruzi intraspecific nomenclature: second revision meeting recommends TcI to

TcVI. Mem Inst Oswaldo Cruz 2009; 104: 1051-4.

57. Zingales B, Miles AM, Campbell DA, Tibayrenc M, Macedo AM, Teixeira

MMG, Schijman AG, Llewellyn MS, Lages-Silva E, Machado CR, Andrade SG,

Sturm NR. Infection, Genetics and Evolution 2012; 240-253.

58. Marcili A, Valente VC, Valente SA, Junqueira ACV, Maia-da-Silva F, Pinto

AYN, Naiff RD, Campaner M, Coura JR, Camargo EP, Miles MA, Teixeira

MMG. Trypanosoma cruzi in Brazilian Amazonia: Lineages TCI and TCIIa in

wild primates, Rhodnius spp. and in humans with Chagas disease associated

with oral transmission. Int J Parasitol 2009b; 39: 615-23.

59. Dias, JCP. Trypanosoma cruzi e Doença de Chagas. Brener Z, Andrade ZA &

Barral Netto M (editores). Epidemiologia, Rio de Janeiro:Guanabara Koogan;

1999. pp. 48-74

60. Dias JCP, Macedo VO. Doença de Chagas. JR Coura (editor). Dinâmica das

Doenças Infecciosas e Parasitárias.Rio de Janeiro:Guanabara Koogan;2005.

61. Prata A. Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease. Lancet

Infect Dis 2001; 1: 92-100.

62. Tartarotti E, Azeredo-Oliveira MTV, Ceron CR.Problemática vetorial da

Doença de Chagas. Arq Ciênc Saúde 2004;11(1):44-7.

63. Schofield CJ.The behaviour of Triatominae (Hemiptera: Reduviidae): a review.

Bull Ent Res 1979; 69:363-79.

64. Barrett TV, Guerreiro JCH. Os triatomíneos (Hemiptera, Reduviidae) em

relação à doença de Chagas na Amazônia. In: Val AL, Figliuolo R, Feldberg E

(eds) Bases Científicas para Estratégia de Preservação e Desenvolvimento da

Amazônia: Fatos e Perspectivas. Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia, Manaus 1991;119-130.

65. Valente SA, da CV, V, das Neves Pinto AY, de Jesus Barbosa CM, dos

Santos MP, Miranda CO, et al. Analysis of an acute Chagas disease outbreak

Page 59: CARACTERIZAÇAO GENÉTICA DE TRYPANOSOMA CRUZI EM

48

in the Brazilian Amazon: human cases, triatomines, reservoir mammals and

parasites. Trans R Soc Trop Med Hyg 2009 Mar;103(3):291-7

66. Lainson R, Shaw JJ, Fraiha NH, Miles MA, Draper CC. Chagas’s disease in

the Amazon Basin. I. Trypanosoma cruzi infections in silvatic mammals,

triatomine bugs and man in the State of Pará, North Brazil. Transactions of the

Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene 1979; 73: 193-204.

67. Deane MP, Lenzi HL, Jansen AM. Trypanosoma cruzi vertebrate and

invertebrados cycles in the same mammal host the opossum Didelphis

marsupialis. Mem Inst Oswaldo Cruz 1984;76:513-5.

68. Deane L M. Tripanosomídeos de mamíferos da Região Amazônica III.

Hemoscopia e xenodiagnóstico de animais silvestres dos arredores de Belém,

Pará. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 1964; v. 6, p.

225-232.

69. Herrera L. Una revisión sobre reservorios de Trypanosoma (Schizotrypanum)

cruzi (Chagas, 1909), agente etiológico de la Enfermedad de Chagas. Boletín

de Malariología y Salud Ambiental 2010; Vol. L, Nº 1.

70. Novy, F.G., MacNeal, W.J. 1904. On the cultivation of Trypanosoma brucei. J.

Infect. Dis., 1: 1-30.

71. Nicolle, G.L. 1908. Culture du parasite du Bouton d’Orient. C.R. Acad. Sci.,

146: 842-843.

72. Zulantay I, Apt W, Valencia C, Torres A, Saavedra M, Rodriguez J, et al.

Detection of Trypanosoma cruzi in untreated chronic chagasic patients is

improved by using three parasitological methods simultaneously. J Antimicrob

Chemother 2011, Oct 66(10):2224-6.

73. Fernandes O, Santos SS, Cupolillo E, Mendonca B, Derre R, Junqueira AC, et

al. A mini-exon multiplex polymerase chain reaction to distinguish the major

groups of Trypanosoma cruzi and T. rangeli in the Brazilian Amazon. R Soc

Trop Med Hyg 2001 Jan; 95(1):97-9.

74. Hall TA. BioEdit: A user-friendly biological sequence alignment editor and

analysis program for Windows 95/98/NT. Nucleic Acids Symposium Series

1999, 41, 95-98.

75. Kumar S, Nei M, Dudley J, Tamura K: MEGA: a biologist-centric software for

evolutionary analysis of DNA and protein sequences. Brief Bioinform 2008, Jul

9(4):299-306.