caracterizaÇÃo do desenvolvimento embrionÁrio … · ... quando tipos de alimento apropriado...

50
1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E DESEMPENHO DE PÓS-LARVAS DE TAMBAQUI (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818) ALIMENTADOS COM DIFERENTES DIETAS CHARLLE ANDRERSON LIMA DE ALMEIDA 2014

Upload: vuongnhi

Post on 27-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

1

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E

DESEMPENHO DE PÓS-LARVAS DE TAMBAQUI (Colossoma

macropomum, Cuvier, 1818) ALIMENTADOS COM DIFERENTES

DIETAS

CHARLLE ANDRERSON LIMA DE ALMEIDA

2014

Page 2: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

2

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

CHARLLE ANDRERSON LIMA DE ALMEIDA

CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E

DESEMPENHO DE PÓS-LARVAS DE TAMBAQUI (Colossoma

macropomum, Cuvier, 1818) ALIMENTADOS COM DIFERENTES

DIETAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em zootecnia do Centro de Ciências Agrárias aplicadas da Universidade Federal de Sergipe, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em zootecnia, linha de pesquisa em Alimentação e Nutrição Animal.

Orientador: Prof. Dr. Jodnes Sobreira Vieira Co-orientador: Prof. Dr. Claudson Oliveira Brito

São Cristóvão - SE

2014

Page 3: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

3

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

A447c

Almeida, Charlle Andrerson Lima de Caracterização do desenvolvimento embrionário e desempenho

de pós-larvas de tambaqui (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818) alimentados com diferentes dietas / Charlle Andrerson Lima de Almeida ; orientador Jodnes Sobreira Vieira. – São Cristóvão, 2014.

42 f. : il.

Dissertação (mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal de Sergipe, 2014.

1. Zootecnia. 2. Peixe – Fecundidade. 3. Nutrição animal. 4.

Tambaqui (Peixe) – Nutrição. 5. Larvas de peixes. I. Vieira, Jodnes Sobreira , orient. II. Título.

CDU 636.98.084

Page 4: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

4

CHARLLE ANDRERSON LIMA DE ALMEIDA

CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E

DESEMPENHO DE PÓS-LARVAS DE TAMBAQUI (Colossoma

macropomum, Cuvier, 1818) ALIMENTADOS COM DIFERENTES

DIETAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em zootecnia do Centro de Ciências Agrárias aplicada da Universidade Federal de Sergipe, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em zootecnia, linha de pesquisa em Alimentação e Nutrição Animal.

Aprovada em:

COMISSÃO EXAMINADORA:

_________________________________________

Prof. Dr. Jodnes Sobreira Vieira

Universidade Federal de Sergipe – UFS

Orientador

_________________________________________

Profa. Dra. Paula Gomes Rodrigues

Universidade Federal de Sergipe – UFS

_________________________________________

Prof. Dr. Rodrigo Yudi Fujimoto

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA – Tabuleiros

Costeiros

Page 5: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

5

Dedico à meus pais, Geraldo Alves de Almeida e Vera Lúcia Lima de Almeida

Page 6: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

6

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por guiar meus passos.

Aos meus amados pais, Geraldo Alves de Almeida e Vera Lúcia Lima de

Almeida, pelo apoio e amor incondicionais, por sempre acreditarem na minha

vitória, me apoiando e por fazerem todo o possível para que eu conquistasse

os meus objetivos.

Aos meus irmãos, Clay e Cherlle, pelo carinho e atenção sempre dispensados

a mim, mesmo no momento de estresse e desespero.

Aos meus sobrinhos que sempre trás alegria para casa.

A toda a minha família, que sempre apoiou as minhas escolhas e me incentivou

nessa caminhada.

Aos meus amigos que sempre estavam dispostos a ouvir minhas angústias,

lamentações e alegrias, em especial Sergio Lage e Josiane Nunes.

Ao orientador Jodnes Sobreira Vieira e co-orientador Claudson Oliveira Brito,

agradeço a confiança em mim depositada.

A Jeff Cartaxo, Gicella e Thiago por toda ajuda nos momentos mais preciosos,

muito obrigada.

Aos companheiros do laboratório de nutrição, Jeff, Gicella, Kadja e Thiago

sempre dispostos a quebrar meu galho.

Aos colegas do Programa de Pós-Graduação em zootecnia da UFS.

A todos meus amigos que pude conhecer na Unidade de Aquicultura

(UNIAQUA).

Aos professores do Mestrado que compartilharam seus conhecimentos

ajudando no meu crescimento profissional Ao Programa de Pós-Graduação em

zootecnia pela oportunidade de realização do curso, crescimento pessoal e

profissional.

A todos aqueles que mesmo não tendo sido nominados tive a oportunidade de

conviver nesses últimos dois anos e que muito contribuíram para que eu

pudesse chegar até aqui.

À CAPES pelo financiamento do projeto.

Muito obrigada!!!

Page 7: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

7

" A melhor de todas as coisas é aprender.

O dinheiro pode ser perdido ou roubado, a

saúde e força podem falhar, mas o que

você dedicou a sua mente é seu para

sempre."

(Louis L. Amour)

Page 8: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

7

Sumário

1 – INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 9

2 – REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 10

2.1 – Aquicultura brasileira ............................................................................ 10

2.2 – Tambaqui (Colossoma macropomum) ............................................... 11

2.3 – Desenvolvimento embrionário ......................................................... 12

2.4 – Larvicultura ...................................................................................... 13

2.5 – Branchoneta (Dendrocephalus brasiliensis) ............................... 14

2.6– Cisto de Artemia salina descapsulado ....................................... 15

2.7 – Leite em Pó ................................................................................ 16

2.8 – Proteína da clara do ovo ......................................................... 17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 18

3 – ARTIGOS APRESENTADOS SEGUNDO AS NORMAS DA REVISTA

BRASILEIRA DE SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL ................................................. 56

DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DO TAMBAQUI, (COLOSSOMA

MACROPOMUM, CUVIER, 1818) ............................................................................ 25

RESUMO .......................................................................................................... 25

ABSTRACT .................................................................................................... 26

INTRODUÇÃO ............................................................................................. 26

MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 27

RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 32

UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES DIETAS NA PRIMEIRA ALIMENTAÇÃO DE

TAMBAQUI (Colossoma macropomum, CUVIER, 1818) ...................................... 35

RESUMO .......................................................................................................... 35

ABSTRACT .................................................................................................... 36

Page 9: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

8

INTRODUÇÃO ............................................................................................. 36

MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 37

RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 42

ANEXO

Page 10: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

9

1 – INTRODUÇÃO

A aquicultura é uma atividade de produção que vem crescendo nos

últimos anos em todo o mundo, no Brasil, o excelente avanço da piscicultura é

o reflexo de suas dimensões continentais, da presença de grande quantidade

de água doce e clima favorável, além disso, o Brasil apresenta grande

quantidade de espécies nativas com potencial para a aquicultura (MEURER et

al., 2009).

Apesar dos avanços, a piscicultura tem seu potencial de crescimento

reduzido, sendo um dos entraves para esta falta de crescimento é o pouco

conhecimento biológico das espécies nativas de valor comercial (GODINHO,

2007).

A crescente produção nacional de pescado, aliada a necessidade de

maior disponibilidade de juvenis, torna a larvicultura um desafio para

pesquisadores e produtores que vem tentando aumentar a produção de

animais saudáveis para a subsequente fase do ciclo de produção (LUZ &

PORTELLA, 2005).

As espécies nativas de peixes de piracema apresentam alta mortalidade

nas primeiras fases do desenvolvimento embrionário e larval, o que torna

importante estudar a ontogenia das espécies de interesse comercial (MACIEL,

2006).

Entre os fatores que influenciam a larvicultura, a alimentação é

considerada como um dos mais importantes atuando diretamente sobre o

desempenho, sobrevivência e crescimento dos peixes (DIEMER et al ., 2010).

A alimentação deficiente pode ocasionar grandes taxas de mortalidades nas

fases inicias de vida, contudo, esse problema pode ser minimizado, quando

tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada espécie (DIEMER et al .,

2012).

Desta forma, a necessidade de desenvolver tecnologias que viabilizem a

produção de espécies nativas em regime intensivo são desafios a serem

vencidos pelos aquicultores e pesquisadores ligados ao setor, sendo assim,

para que aquicultura possa atender à demanda crescente de pescado, todos os

setores produtivos ligados a ela devem estar sincronizados, no entanto, um

desses setores, a larvicultura e produção de juvenis, ainda apresentam

Page 11: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

10

deficiências tecnológicas que dificultam o aumento da produção de pós-larvas

e juvenis de várias espécies (ATENCIO-GARCIA e ZANIBONI FILHO et al.,

2006; GANDRA, 2010). Nesse setor uma das principais deficiências é a falta de

conhecimentos sobre a biologia alimentar de muitas espécies de interesse

econômico, o que ocasiona altas taxas de mortalidade das fases iniciais de

vida dos peixes, frequentemente porque a alimentação não supre as

necessidades nutricionais das larvas, ocasionando baixos índices de

produtividade (LANDINES-PARRA, 2003, PORTELLA & DABROWSKI, 2008).

2 – REVISÃO DE LITERATURA

2.1 – Aquicultura brasileira

O Brasil produz mais de um milhão de toneladas de pescado por ano,

segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura, o setor gera cerca de 3,5 milhões

de empregos diretos e indiretos e emprega, atualmente cerca de 800 mil

profissionais entre pescadores e aquicultores (FAO, 2013). O potencial de

crescimento pode tornar o Brasil um dos maiores produtores mundiais de

pescado, isso porque têm condições extremamente favoráveis para o

incremento da produção, como clima favorável, inúmeras espécies, grandes

bacias hidrográficas (FAO, 2013).

No país, a aquicultura tem sido um instrumento de inclusão social,

possibilitando a participação no processo de produção do pescado cultivado de

comunidades indígenas e tradicionais, assentados da reforma agrária,

pescadores e pequenos produtores rurais (FAO, 2013).

A aquicultura brasileira está se desenvolvendo modestamente, quando

comparada a outras partes do mundo, que ocupam um lugar de destaque como

produtos de exportação por excelência (FAO, 2013). Isto se dá, principalmente,

em consequência da falta de uma política setorial que priorize linhas de apoio

governamental a produção e, além disso, há necessidade de uma definição das

alternativas de maior impacto socioeconômicos, com vistas ao aproveitamento

das potencialidades naturais de cada região (CAMARGO & POUEY, 2005).

A produção de pescado do Brasil, para o ano de 2011, foi de

1.431.974,4 toneladas (t), registrando um acréscimo de 13,2% em relação a

2010, quando foram produzidas 1.264.765 t de pescado. A pesca extrativa

Page 12: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

11

marinha continuou sendo a principal fonte de produção de pescado nacional,

sendo responsável por 553.670,0 t (38,7%do total de pescado), seguida,

sucessivamente, pela aquicultura continental (544.490,0 t; 38,0%), pesca

extrativa continental (249.600,2 t; 17,4%) e aquicultura marinha (84.214,3 t;

~6%), (MPA, 2013).

A região nordeste no ano de 2011, com a pesca extrativa e aquicultura

obteve a maior produção de pescado do país, com 454.216,9 t, respondendo

por 31,7% da produção nacional (MPA, 2013). Na análise da produção nacional

de pescado por Unidade da Federação para o ano de 2011, o estado de

Sergipe foi responsável por 11.679,7 t, respondendo a 2,6% da produção de

pescado no nordeste apresentando uma redução em relação ao produzido em

2010 que foi de 13.111,9 toneladas (MPA, 2013).

2.2 – Tambaqui (Colossoma macropomum)

O tambaqui, Colossoma macropomum (Cuvier, 1818), é uma espécie

nativa das bacias dos rios Amazonas e Orinoco. Devido ao destaque nacional

que esta espécie vem obtendo nos últimos anos, o tambaqui tem despertado o

interesse de diversos setores no Brasil seja da iniciativa privada ou

governamental (RESENDE, 2009). Esta espécie tem despertado interesse de

pesquisadores e produtores devido a sua alta adaptação ao cativeiro, rápido

crescimento, fácil aceitação de alimento artificial e elevado valor comercial de

sua carne (MENDONÇA et al., 2009).

Entre as espécies nativas de água doce, a produção de tambaqui com

54 toneladas/ano representa a maior produção na aquicultura brasileira,

superado somente pelas espécies exóticas, tilápia (Oreochromis niloticus) com

155 toneladas e carpa (Cyprinus carpio) com 94 toneladas (MPA, 2013).

A produção comercial do tambaqui vem crescendo cada vez mais no

Brasil sendo cultivado em quase todas as regiões da federação e vários são os

cuidados relacionados ao cultivo desta espécie, principalmente nos estágios

iniciais de seu desenvolvimento, larvicultura e alevinagem (AFFONSO et al.,

2009).

Apesar dos esforços, esta espécie não possui um pacote tecnológico

definido, ainda falta muito para que esse objetivo seja concretizado. As

Page 13: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

12

tecnologias de produção existentes são baseadas em experiências práticas de

acompanhamento de pisciculturas, aliadas ao baixo número de informações

científicas existentes sobre a criação dessa espécie (IZEL e MELO, 2004;

CAVERO et al., 2009; BARROS et al., 2011). Desta forma, são necessárias

informações que venham incrementar as tecnologias de produção existentes

com a finalidade da formação de um pacote tecnológico para o tambaqui.

2.3 – Desenvolvimento embrionário

O desenvolvimento embrionário em peixes fornece informações a

respeito da morfologia na cronologia dos eventos durante o processo de

desenvolvimento inicial, podendo servir de informações a pesquisas tanto para

a piscicultura comercial quanto para a conservação de espécies ameaçadas

(PERINI et al., 2009).

O desenvolvimento embrionário é um processo complexo que exige o

conhecimento da ontogenia dos peixes e contribui para o aporte de

informações a respeito da biologia, morfologia e fisiologia (FAUSTINO et al.,

2011).

Para laboratórios de piscicultura, estudos da ontogenia inicial são de

extrema importância para determinação dos eventos relacionados à

fertilização, eclosão, e abertura de boca, sem os quais seria difícil determinar a

eficiência do processo reprodutivo e o momento de fornecimento de alimento

às larvas (HONJI et al., 2012).

As variações no desenvolvimento embrionário podem ser reduzidas

quando se busca atingir as condições ambientais favoráveis para cada espécie,

porém é difícil anular todos os fatores que influenciam essas variações, como

qualidade físico-química da água e condições climáticas, sempre ocorrendo

diferenças no desenvolvimento gonadal e embrionário (NINHAUS-SILVEIRA et

al., 2006).

A necessidade de conhecer o desenvolvimento embrionário e larval de

peixes permite a identificação temporal da morfologia no processo de formação

de um novo organismo, o qual auxilia no manejo da incubação e da produção

de larvas (VALBUENA et al., 2012).

Page 14: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

13

O tempo decorrente do desenvolvimento embrionário varia de acordo

com a espécie, tamanho do ovo e com a temperatura da água, espécies que

realizam migração, com desova total, com fecundação externa e que não

realizam cuidado parental possuem ovos menores, fecundação maior e

embriogênese mais rápida (GODINHO, 2007).

A fase de embrião em peixes é considerada como o período entre a

fertilização e a eclosão, sendo seguida pela de larva, pós – larva e alevino

(GODINHO, 2007). Os principais estádios que envolvem o desenvolvimento

embrionário são: zigoto, clivagem, blástula, gástrula, segmentação e

organogênese, larval e eclosão (NINHAUS-SILVEIRA et al., 2006). Estes

estádios podem ser representados por outras nomenclaturas dependendo da

especificidade do estudo, ou da referência utilizada pelo autor, havendo adição

ou supressão de etapas, como os relatos de Faustino et al., (2010a) que

acrescenta o estádio de mórula antes do estádio de blástula, e a segmentação

é dividida em histogênese e organogênese.

O sucesso da produção de peixes depende do conhecimento das fases

iniciais de desenvolvimento, que permite uma produção em massa para que a

espécie seja sistematicamente comercializada (FAUSTINO et al., 2010a).

2.4 – Larvicultura

A crescente produção nacional e a necessidade de maior disponibilidade

de juvenis torna a larvicultura um desafio para pesquisadores e produtores que

vem buscando aumentar a produção de animais saudáveis e aprimorar as

técnicas de manejo para a subsequente fase do ciclo de produção (LUZ e

PORTELLA, 2005; GODINHO, 2007).

O processo embriogênico inicia-se quando o ovócito e fertilizado pelo

espermatozoide através da micrópila e, então, ha uma reorganização dos

elementos constituintes dos ovos (FAUSTINO et al., 2010b). A partir da

fertilização, na fase de zigoto, iniciam-se movimentos citoplasmáticos em

direção ao pólo animal para formação do blastodisco. Oposto ao pólo animal, o

pólo vegetal se forma com densos grânulos de vitelo (HONJI et al., 2012). Uma

camada de citoplasma cortical está presente neste estádio, cuja função é

Page 15: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

14

elevar a camada de córion, encontrada na camada externa do embrião

(FAUSTINO et al., 2010a).

Os aspectos morfológicos relacionados à nutrição de peixes com

potencialidade comercial são de extrema importância, principalmente nas fases

iniciais do seu ciclo de vida, uma vez que a falta de informações da morfologia

e fisiologia digestiva pode levar ao manejo nutricional inadequado podendo

comprometer de maneira negativa o desempenho destes animais em cativeiro

(MACIEL et al., 2009).

A fase de larvicultura ainda é considerada um dos obstáculos para a

criação intensiva de peixes devido às dificuldades relacionadas à alimentação e

nutrição das larvas, como o desconhecimento da qualidade e quantidade

adequadas do alimento a ser fornecido, refletindo nas taxas de sobrevivência e

posterior qualidade dos juvenis produzidos (PEDREIRA et al., 2008;

CONCEIÇÃO et al., 2009).

O conhecimento do período inicial da alimentação exógena torna-se

essencial para um melhor manejo em cativeiro, pois a mudança para a

alimentação exógena sinaliza que as larvas já possuem estruturas morfológicas

adequadas para a captura e ingestão do alimento, aumentando suas chances

de sobrevivência (FERREIRA et al., 2009). O esgotamento do vitelo das larvas

é considerado como um período crítico, em que ocorrem as mais altas

mortalidades nas diversas espécies de peixes (KAMLER, 2008).

Pesquisas demonstraram que o atraso da primeira alimentação em

larvas de peixes afeta negativamente o comportamento alimentar (PEÑA &

DUMAS, 2005), as condições nutricionais (GISBERT et al., 2004), o

crescimento (SHAN et al., 2009), as taxas de sobrevivência (SHAN et al., 2008;

ZHANG et al., 2009) e a diferenciação de órgãos (XIONG et al., 2006).

2.5 – Branchoneta (Dendrocephalus brasiliensis)

As larvas necessitam de alimentos de alta qualidade nutricional para

atender suas exigências e com um tamanho adequado a sua boca

(ZANANDREA, 2010).

Estes alimentos podem ser alimentos vivos (náuplios, larvas,

zooplâncton ou larvas de outros peixes), líquido, encapsulado, biomassa

Page 16: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

15

congelada ou ração balanceada, entretanto o alimento vivo vem mostrando

maior eficácia há décadas (LOPES et al., 2007). Os microorganismos, que

compõem os alimentos vivos, como o caso da Artemia sp., Dendrocephalus

brasiliensis, outros microcrustáceos e algumas microalgas, possuem alto valor

nutritivo, suprindo as exigências nutricionais das larvas de crustáceos e peixes

de cultivo (SORGELOOS e LÉGER, 1992).

Em busca de alternativas, surge como potencial para uso como alimento

vivo um microcrustáceo de água doce da ordem Anostraca, a Dendrocephalus

brasiliensis, popularmente conhecida como branchoneta, camarãozinho ou

artêmia de água doce. Este microcrustáceo possui um ciclo reprodutivo

bastante curto, é de fácil obtenção, forma cistos e apresenta grande

atratividade, podendo ser mais uma importante fonte alternativa de alimento de

larvas e alevinos das diversas espécies de peixes carnívoros, pois possui

valores proteicos similares e/ou superiores aos de outros organismos vivos

utilizados em grande escala na larvicultura mundial (LOPES et al., 1998).

A branchoneta habita tipicamente lagoas temporárias de água doce,

ambientes que apresentem um período com água e outro de seca, sendo

comumente encontrados no nordeste do Brasil e norte da Argentina (MAI et al.,

2008). Apresentando um ciclo de vida de aproximadamente 80 dias e uma

variação de tamanho ao longo da vida bem grande, podem chegar até 30 mm

quando cultivada sob condições adequadas (LOPES, 2007).

Para a produção de biomassa, D. brasiliensis tem grande potencial para

ser utilizado com vantagem sobre a A. salina, uma vez que esses animais

podem atingir 25mm de comprimento ou mais, enquanto que as espécies de

Artemia podem chegar a 11mm (LOPES et al., 1998). Além disso, trata-se de

um organismo dulcícola de fácil cultivo em tanques de piscicultura e imensa

atratividade para larvas, juvenis e adultos de peixes (LOPES et al., 1998). No

entanto, são necessárias pesquisas que estabeleçam critérios para utilização

racional e responsável dessa espécie como alimento vivo para organismos

utilizados atualmente na aquicultura nacional e em programas de reconstituição

faunística.

2.6 – Cisto de Artemia salina descapsulado

Page 17: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

16

Para muitas espécies de peixes os alimentos vivos promovem melhores

resultados em termos de crescimento e sobrevivência do que dietas artificiais

(DABROWSKI, 1984).

Cistos de Artemia descapsulados foram testados com sucesso para

larvicultura de bagre Africano (VERRETH et al., 1987; PECTOR et al., 1994) e

carpa comum (VANHAECKE et al., 1990). O valor nutricional de cistos

descapsulados pode está ligado à qualidade do descapsulamento e os

procedimentos de secagem subsequentes (GARCÍA-ORTEGA et al., 1998).

A produção diária de náuplios de Artemia é trabalhosa, cara e

geralmente requer instalações especificas para ultrapassar estes

inconvenientes operacionais, o uso de cistos de Artemia pode oferecer uma

alternativa viável. Os cistos têm um escudo de córion constituído de

lipoproteínas, quitina e hematina (GARCÍA-ORTEGA et al., 1998). O tamanho

da partícula dos cistos são pequenas (200-250 µm) é adequado para

larvicultura de peixe e, após o camada não digerível ser quimicamente

removida antes da alimentação ser fornecida, cistos descapsulados pode ser

tratado como uma dieta inerte (VANHAECKE et al., 1990).

Após o processo de descapsulação, os cistos podem ser facilmente

utilizados (cistos fresco) ou desidratados em solução salina para armazenagem

(cistos de salmoura), ou sujeitos a um processo de secagem para o

armazenamento de longo prazo (os cistos secos) (VANHAECKE et al., 1990).

2.7 – Leite em Pó

O uso dos alimentos como veículo de promoção do bem-estar e saúde

e, ao mesmo tempo, como redutor dos riscos de algumas doenças, tem

incentivado as pesquisas de novos componentes naturais e o desenvolvimento

de novos ingredientes, possibilitando a inovação em produtos alimentícios e a

criação de novos nichos de mercado (MATSUBARA, 2001).

O leite em pó é um alimento complexo que apresenta um alto valor

nutritivo, sendo composto por: água, carboidratos (basicamente lactose),

gorduras, proteínas (principalmente caseína), minerais e vitaminas em

diferentes estados de dispersão (FRANCO, 2007).

Page 18: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

17

A mais comum fonte de lactose é o leite em pó, contendo 70% de

lactose, e também o leite desnatado em pó, contendo 50% de lactose, sendo

considerado um alimento que fornece proteína de alta qualidade (JUNQUEIRA

et al., 2008).

De acordo com Xu et al., (2000), dietas com produtos lácteos além de

alta digestibilidade pode estimular o crescimento e maturação tecidual do trato

gastrintestinal e reparar a mucosa injuriada.

Apesar de ser considerado um alimento completo, o leite não possui

quantidade suficiente de ferro e vitamina D para atender as exigências de uma

nutrição completa (TORRES et al, 2000).

2.8 – Proteínas da Clara do Ovo

A clara é uma fonte natural de proteínas de interesse tecnológico de

reconhecido valor nutricional e biológico. A lisozima (3,5 % do total de

proteínas da clara) tem propriedades antibactericidas e é usada amplamente

na preservação de alimentos e na indústria farmacêutica. A conalbumina (13 %

do total de proteínas da clara) é uma glicoproteína com atuação no transporte

do ferro e de ampla atividade antimicrobiana. A ovoalbumina (54 % do total de

proteínas da clara) é uma glicoproteína com propriedades de coagulação e

gelificação (VACCHIER et al., 1995; AWADE et al., 1994).

A clara do ovo pode ser considerada um sistema que consiste de

numerosas proteínas globulares numa solução aquosa (MINE, 1995;

VADEHRA e NATH, 1973).

A clara de ovos é uma fonte natural de proteínas com alto valor

nutricional e biológico. Entre estas, a lisozima a conalbumina e a ovoalbumina

apresentam particular importância devido ao elevado valor nutricional e

funcional (ROJAS et al., 2006).

A clara do ovo vem despertando amplo interesse no desenvolvimento de

novas técnicas para sua separação e purificação visando manter suas

características funcionais inalteradas (ROJAS et al., 2006). O potencial para

aplicações tecnológicas destas proteínas tem estimulado o aparecimento de

novas metodologias, para sua separação e purificação. A adsorção foi

aplicada, em escala de laboratório, para a purificação das proteínas da clara do

Page 19: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

18

ovo por LEVISON et al., (1992), AWADE et al., (1994), VACCHIER et al.,

(1995) e CROGUENNEC et al., (2000).

Muitos procedimentos para purificação destas proteínas foram

desenvolvidos para estudar e, em alguns casos para usar, a atividade biológica

das proteínas da clara do ovo. As purificações foram principalmente

conduzidas em cromatografia líquida devido à ausência de desnaturação da

proteína e à alta seletividade (GUÉRIN-DUBIARD et al., 2005).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AFFONSO, E. G.; BARROS, F. P.; BRASIL, E. M.; TAVARES-DIAS, M.; ONO, E. A. Indicadores fisiológicos de estresse em peixes expostos ao peróxido de hidrogênio (H202). In: TAVARES-DIAS, M. (Org.). Manejo e sanidade de peixes em cultivo. Embrapa Amapá: Macapá, p. 346-360. 2009. ATENCIO-GARCIA, V.; ZANIBONI-FILHO, E. El canibalismo en la larvicultura de peces. Revista MVZ Córdoba, v.11, n. 1, p. 9-19, 2006. AWADE, A. C., MOREAU, S., MOLLE, D., BRULÉ, G. and MAUBOIS, J. L. Two-step chromatographic procedure for the purification of hen egg white ovomucin, ovotransferrin and ovalbumin ad characterization of purified proteins. Journal of Cromatography A, v. 677, p. 279-288, 1994. BARROS, A. F.; MARTINS, M. I. E. G.; SOUZA, O. M.. Caracterização da piscicultura na microrregião da baixada cuiabana, Mato Grosso, Brasil. Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, v. 37, n. 3, p. 261-273, 2011. CAMARGO, S. G. O.; POUEY, J. L. O. F. Aquicultura- um mercado em expansão. Revista brasileira Agrociência, Pelotas v. 11, n. 4, p. 393-396, out./dez., 2005. CAVERO, B. A. S.; RUBIM, M. A. L.; PEREIRA, T. M. Criação comercial do tambaqui Colossoma macropomum (Cuvier, 1818) In: TAVARES-DIAS, M. (Org.). Manejo e sanidade de peixes em cultivo. Macapá: EMBRAPA Amapá, p. 33- 46. 2009. CONCEIÇÃO, L. E. C.; ARAGÃO, C.; RICHARD, N.; ENGROLA, S.; GAVAIA, P.; MIRA, S.; DIAS, J. Avanços recentes em nutrição de larvas de peixes. Revista Brasileira de Zootecnia, vol.38, no.spe. p. 26-35, 2009. CONCEIÇÃO, L. E. C.; YÚFERA, M.; MAKRIDIS, P.; MORAIS, S.; DINIS, M. T. Live feed for early stages of fish rearing. Aquaculture Research, v.41, p.613-640, 2010.

Page 20: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

19

CROGUENNEC, T.; NAU, F.; PEZENNEC, S. and BRULE, G. Simple rapid procedure for preparation of large quantities of ovalbumin. J. Agric. Food Chem. v. 46, p. 4883-4889, 2000. DABROWSKI, K. Influence of initial weight during the change from live to compound feed on the survival and growth of four cyprinids. Aquaculture, v. 40, p. 27–40, 1984. DIEMER, O.; NEU, D. H.; SARY, C.; FEIDEN, A.; BOSCOLO, W. R.; SIGNOR, A. A. Manejo alimentar na larvicultura do mandi-pintado (Pimelodus britskii). Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal. v.11, n.3, p.903-908 jul/set, 2010. DIEMER, O.; NEU, D. H.; SARY, C.; FINKLER, J. K.; BOSCOLO, W. R.; FEIDEN, A. Artemia sp. na alimentação de larvas de jundiá (Rhamdia quelen). Ciência Animal Brasileira, v. 13, n. 2, 2012. FAO.THE STATE OF WORLD FISHERIES AND AQUACULTURE 2012.Rome: FAO, 2012. Disponível em: <http://www.fao.org/publications/en/>. Acesso em: 18/05/2013. FAUSTINO, F., NAKAGHI, L. S. O.; NEUMANN, E. Brycon gouldingi (Teleostei, Characidae): aspects of the embryonic development in a new fish species with aquaculture potential. Zygote, v. 19, n. 4. p. 351-363, 2011. FAUSTINO, F.; NAKAGHI, L. S. O.; MARQUES, C.; GANECO, L. N.; MAKINO, L. C. Structural and ultrastructural characterization of the embryonic development of Pseudoplatystoma spp. Hybrids. International Journal of Developmental Biology, Vizcaya, v. 54, p. 723-730, 2010a. FAUSTINO, F.; NAKAGHI, L.S.O.; NEUMANN, E. Brycon gouldingi (Teleostei, Characidae): aspects of the embryonic development in a new fish species with aquaculture potential. Zygote, v.19, p.1-13, 2010b. FERREIRA, A. V.; VIDAL, M. V. J.; ANDRADE, D. R.; YASUI, G. S.; MENDONÇA, P. P.; MATTOS, D. C. Consumo de vitelo durante o desenvolvimento embrionário de Melanotênia-Maçã, Glossolepis incisus, WEBER 1907 (Melanotaeniidae). Ciência Animal Brasileira, v. 10, n. 3, p. 721-729, 2009. FRANCO. G. Tabela de Composição Química dos Alimentos. Rev. 9 Ed. São Paulo: Atheneu, 2007. GANDRA, A. L. O mercado de pescado da região metropolitana de Manaus. INFOPESCA, p. 84, 2010. GARCIA-ORTEGA, A.; VERRETH, J. A. J.; COUTTEAU, P.; SEGNER, H.; HUISMAN, E. A.; SORGELOOS, P. Biochemical and enzymatic characterization of decapsulated cysts and nauplii of the brine shrimp Artemia at different developmental stages. Aquaculture, v. 161n, 1, p, 501-514, 1998.

Page 21: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

20

GUÉRIN-DUBIARD, C; PASCO, M.; HIETANEN, A.; QUIROS DEL BOSQUE, A.; NAU, F. and CROGUENNEC, T. Hen egg white fractionation by ion-exchange chromatography. Journal of Chromatography A, v.1090, p.58–67, 2005. GISBERT, E.; CONKLIN, D. B.; PIEDRAHITA, R. H. Effects of delayed first feeding on the nutritional condition and mortality of California halibut larvae. Journal of Fish Biology, v. 64, n. 1, p. 116-132, 2004. GODINHO, H. Estratégias reprodutivas de peixes aplicadas à aquicultura: bases para o desenvolvimento de tecnologias de produção. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v. 31, n. 3, p. 351-360, 2007. HONJI, R. M., TOLUSSI, C. E., MELLO, P. H., CANEPPELE, D., & MOREIRA, R. G. Embryonic development and larval stages of Steindachneridion parahybae (Siluriformes: Pimelodidae) – implications for the conservation and rearing of this endangered Neotropical species. Neotropical Ichthyology, v. 10, n. 2, p. 313-327, 2012. IZEL, A. C. U.; MELO, L. A. S. Criação de tambaqui (Colossoma macropomum) em tanques escavados no Estado do Amazonas. Manaus. Embrapa Amazônia Ocidental, Documentos. 32, p. 11, 2004. JUNQUEIRA, O. M.; SILZ, L. Z. T.; ARAUJO, L. F.; PEREIRA, A. A.; DE LAURENTIZ, A. C.; FILARDI, R. S. Avaliação de níveis e fontes de proteína na alimentação de leitões na fase inicial de crescimento. Rev. Brasil. Zootec, v.37, n.9, p.1622-1627, 2008. KAMLER, E. Resource allocation in yolk-feeding fish. Reviews in Fish Biology and Fisheries. v.18, p.143–200, 2008. LANDINES-PARRA, M.A. Efeito da triiodotironina (T3) no desenvolvimento embrionário e no desenvolvimento de larvas de pintado (Pseudoplatystoma coruscans),piracanjuba (Brycon orbignyanus) e dourado (Salminus maxillosus). Dissertação (Mestrado)-Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2003. LEVISON, P.R., STEPHEN, E. B., THOME, D.W., KOSCIELNY, M.L., LANE, L. and BUTTS, E.T. Economic considerations important in the scale-up of a ovalbumin separation from hen egg-white on the anion- exchange cellulose DE92. Journal of Cromatography A, v. 590, p. 49-58, 1992. LOPES, J. P. e SANTOS-NETO, M. A. Piscicultura ornamental: estudo compara o uso da branchoneta e da artêmia na dieta do acarábandeira. Panorama da Aquicultura, 98: 56-59, 2006. LOPES, J. P., PONTES, C. S. E ARAÚJO, A. A branchoneta na piscicultura ornamental. Panorama da Aquicultura, 94: 33-37, 2006.

Page 22: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

21

LOPES, J. P.; GURGEL, H. C. B.; GÁLVEZ, A. O.; PONTES, C. S. Produção de cistos de branchoneta Dendrocephalus brasiliensis (Crustacea: Anostraca). Biotemas, v. 20, n. 2, p. 33-39, junho de 2007. LOPES, J. P.; SILVA, A. L. N.; TENÓRIO, R. A e CORREIA, E. S. Considerações sobre a utilização da Branchoneta, Dendrocephalus brasiliensis (Crustacea, Anostraca, Thamnocephalidae) como fonte alternativa na alimentação de alevinos de espécies carnívoras. Aquicultura Brasil, 2, 171-178, 1998. LOPES, J.P. Dinâmica de reprodução e comportamento reprodutivo de branchoneta Dendrocephalus brasiliensis Pesta,1921 como incremento na produção de alimento vivo para peixes ornamentais. Natal: UFRGN, 113f. Tese (Doutorado em Psicobiologia na área de concentração de Comportamento Animal) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2007. LUZ, R. K.; PORTELLA, M. C. Tolerance to the air exposition test of Hoplias lacerdae larvae and juvenile during its initial development. Brazilian Archives of Biology and Technology, v.48, p.567 573, 2005. MACIEL, C. M. R. R. Ontogenia das larvasde de piracanjuba Brycon orbygnianus, Valenciennes (1849) (Characiformes, Characidae, Bryconinae). 2006. 244 p. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2006. MACIEL, C. M. R. R.; MACIEL JÚNIOR, A.; DONZELE, J. L.; LANNA, E. A. T.; MENIN, E. Desenvolvimento morfológico das larvas de Hoplias lacerdae Miranda Ribeiro, 1908 (Characiformes, Erythrinidae), da eclosão até a metamorfose, relacionado com a capacidade de capturar alimento exógeno. Biotemas. v. 22, n. 3, p. 103-111, 2009. MAI, M. G.; SILVA, T. A. S., ALMEIDA, V. L. S. e SERAFIN, R. L. First record of the invasion of Dendrocephalus brasiliensis Pesta, 1921 (Crustacea: Anostraca: Thamnocephalidae) in São Paulo State, Brazil. Pan-American Journal of Aquatic Sciences, v. 3, n. 3, p. 269-274, 2008. MATSUBARA, S. Alimentos Funcionais: uma tendência que abre perspectivas aos laticínios. Revista indústria de laticínios, São Paulo, v. 6, n. 34, p. 10-18, 2001. MENDONÇA, P.P.; FERREIRA, R.A.; VIDAL JUNIOR, M.V.; ANDRADE, D.R.; SANTOS, M.V.B.; FERREIRA, A.V.; REZENDE, F.P. Influência do fotoperíodo no desenvolvimento de juvenis de tambaqui (Colossoma macropomum), Arch. Zootec. v. 58, n. (223), p. 323-331. 2009. MEURER, F.; COSTA, M. M.; BARROS, D. A. D.; OLIVEIRA, S. T. L.; PAIXÃO, P. S. Brown propolis extract in feed as a growth promoter of Nile tilapia (Oreochromis niloticus). Aquaculture Research, v.40, p.603-608, 2009.

Page 23: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

22

MINE, Y. Recent advances in the understanding of egg white protein functionally. Trends in Food Science and Technology, v. 6, p. 225- 231, 1995. MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA. 2012. Brasil. Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura - Brasil - 2011. Brasília, 2012. Disponível em: <http://www.mpa.gov.br/index.php/informacoes-e-estatisticas/estatistica-da-pesca-e-aquicultura>. Acesso em: 18/05/2013. NINHAUS-SILVEIRA, A.; FORESTI, F.; AZEVEDO, A. Structural and ultrastructural analysis of embryonic development of Prochilodus lineatus (Valenciennes, 1836) (Characiforme; Prochilodontidae). Zygote, v. 14, p. 217-229, 2006. PECTOR R.; TACKAERT W.; ABELIN P.; OLLEVIER F.; SORGELOOS P. 1994 – A comparative study on the use of different preparations of decapsulated Artemia cysts as food for rearing catfish (Clarias gariepinus) larvae – J. World Aquacult. Soc. v. 25, n. 3, p. 366-370, 1994. PEDREIRA, M. M.; dos SANTOS, J. C. E.; SAMPAIO, E. V.; FERREIRA, F. N.; SILVA, J. L. Efeito do tamanho da presa e do acréscimo de ração na larvicultura de pacamã. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 37, n. 7. p. 1144-1150, 2008. PEÑA, R., & DUMAS, S. Effect of delayed first feeding on development and feeding ability of Paralabrax maculatofasciatus larvae. Journal of Fish Biology, v.67, n. 3, p.640-651, 2005. PERINI, V. R.; SATO, Y.; RIZZO, E.; BAZZOLI, N. Biology of eggs, embryos and larvae of Rhinelepis aspera (Spix & Agassiz, 1829) (Pisces: Siluriformes). Zygote, v. 18, p. 159-171, 2009. PORTELLA, M.C.; DABROWSKI, K. Diets, physiology, biochemistry and digestive tract development of freshwater fish larvae. In: CYRINO, J.E.C.; BUREAU, D.; KAPOOR, B.G. (Orgs.). Feeding and digestive functions of fishes. Enfield: Science Publishers, p.227-279, 2008. RESENDE, E. K. de. Pesquisa em rede em aquicultura: bases tecnológicas para o desenvolvimento sustentável da aquicultura no Brasil. Aquabrasil. Rev. Bras. Zootec., Viçosa, v. 38, n. esp., p. 52-57, 2009. ROJAS, E. E. G.; COIMBRA, J. S. R.; MINIM, L. A.; SARAIVA, S. H. and SILVA, C. A. S . Hydrophobic interaction adsorption of hen egg white proteins albumin, conalbumin, and lysozyme. Journal of Chromatography B, v. 840, p. 85–93, 2006. SHAN, X. J; CAO, L.; HUANG, W.; DOU, S. Z. Feeding, morphological changes and allometric growth during starvation in miiuy croaker larvae. Environmental Biology of Fishes, v.86, n. 1, p.121–130, 2009.

Page 24: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

23

SHAN, X. J; QUAN, H. F, DOU, S. Z. Effects of delayed first feeding on growth and survival of rock bream Oplegnathus fasciatus larvae. Aquaculture, v. 277, n. 1, p.14–23, 2008. SORGELOOS, P.; LÉGER, P. Improved larvicultures outputs of marine fish, shrimp and prawn. J. World Aquacult. Soc., Baton Rouge, n. 23, v. 4, p. 251-264, 1992. TORRES, E.A.F.S.; CAMPOS, N.C.; DUARTE, M.; GARBELOTTI, M. L.; PHILIPPI, S. T.; RODRIGUES, R. S. M. Composição Centesimal e Valor Calórico de Alimentos de Origem Animal. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.20, n.2, p.145-150, 2000. VACHIER, M. C., PIOT M. and AWADE, A. C. Isolation of hen egg White lysozyme, ovotransferrin and ovalbumin, using a quaternary ammonium bound to a highly crosslinked agarose matrix. Journal of Cromatography B, v. 664, p. 201-210, 1995. VADEHRA, D. V. e NATH, K. R. Eggs as a source of protein. Critical Review Food Technology, v. 4, p. 193-308, 1973. VALBUENA, V. R. D.; ZAPATA, B. B. E.; DAVID, R. C.; CRUZ, C. P. E. Desarrollo embrionario del capaz Pimelodus grosskopfii (Steindachner, 1879). International Journal of Morphology, Temuco, v. 30, n. 1, p. 150-156, 2012. VANHAECKE, P.; DE VRIEZE, L.; TACKAERT, W.; SORGELOOS, P. The use of decapsulated cysts of the brine shrimp Artemia as direct food for carp Cyprinus carpio L. larvae. J. World Aquacult. Soc. v. 21, n. 4, p. 257–262, 1990. VERRETH J.; STORCH V.; SEGNER H. 1987 – A comparative study on the nutritional quality of decapsulated Artemia cysts, micro-encapsulated egg diets and enriched dry feeds for Clarias gariepinus (Burchell) larvae – Aquaculture v. 63, p. 269-282, 1987. XIONG, M.; QIAO, Y.; ROSENTHAL, H.; QUE, Y.; CHANG, J. Early ontogeny of Ancherythroculter nigrocauda and effects of delayed first feeding on larvae. Journal of Applied Ichthyology, v. 22, n. 6, p. 502–509, 2006. XU, R. J.; WANG, F.; ZHANG, S. H. Postnatal adaptation of the gastrointestinal tract in neonatal pigs: a possible role of milk-born growth factors. Livestock Production Science, v.66, p.95-107, 2000. YFLAAR, B. Z. E OLIVERA, A. Utilização de náuplios de “branchoneta” Dendrocephalus brasiliensis (Pesta 1921) na alimentação de larvas do "camarão cinza" Litopenaeus vannamei (Boone 1931). Acta Scientiarum, 25: 299-307. 2003.

Page 25: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

24

ZANANDREA, A. C. V. Eclosão de branchonetas Dendrocephalus brasiliensis em condições de laboratório. Florianópolis: UFSC, 2010. 22f. TCC (Curso de Engenharia de Aquicultura) - Universidade Federal de Santa Catarina, 2010. ZHANG, L.; WANG, Y. J.; HU, M. H.; FAN, Q. X.; CHEUNG, S. G.; SHIN, P. K. S.; LI, H.; CAO, L. Effects of the timing of initial feeding on growth and survival of spotted mandarin fish Siniperca scherzeri larvae. Journal of Fish Biology, v. 75, n. 6, p.1158–1172, 2009.

Page 26: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

25

3 – ARTIGOS APRESENTADOS SEGUNDO AS NORMAS DA REVISTA

BRASILEIRA DE SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL

Desenvolvimento embrionário do tambaqui, (Colossoma macropomum, Cuvier,

1818)

Embrionary development of tambaqui, (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818)

ALMEIDA, Charlle Andrerson Lima de1*

1Universidade Federal de Sergipe, Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Aracaju,

Sergipe, Brasil.

*Endereço para correspondência: [email protected]

RESUMO

Objetivou-se acompanhar o desenvolvimento embrionário do tambaqui (Colossoma

macropomum) por meio da reprodução induzida. O desenvolvimento embrionário

apresentou a seguinte sequência de eventos, (minutos após a fertilização - MAF),

quando incubados a 28,70C. Aos cinco MAF, o citoplasma tornou mais evidente no polo

animal, formando um disco de citoplasma, destacando um aumento do espaço

perivitelínico. As clivagens ocorreram entre 25 e 60 MAF. Com 87 MAF, foi observado

o estágio de mórula, caracterizada pela presença de mais de 64 blastômeros. Foi

observado com 140 MAF, a fase de blástula, caracterizada por apresentar forma de

cúpula acima da massa do vitelo. Na fase de gástrula, pode ser visualizado o movimento

de epibolia das células embrionárias, observado com 167 MAF, quando

aproximadamente 30% do vitelo foi recoberto. Com 292 MAF havia cerca de 80 a 90%

de epibolia e com 325 MAF, foi observado o final do movimento, que se completou

com a formação de uma porção denominada de tampão vitelínico. No início da fase de

histogênese e organogênese, com 370 MAF, notou-se o desenvolvimento das regiões

cefálica, caudal e desenvolvimento dos primeiros somitos. A vesícula óptica tornou se

mais evidente 440 MAF, ocorrendo simultaneamente ao aumento no número de

somitos. A cauda demonstrou-se parcialmente desprendida do saco vitelínico aos 550

MAF. O embrião apresentou movimento de natação dentro da membrana coriônica até o

momento em que a larva eclodiu e tornou-se livre. A eclosão das larvas ocorreu 774

MAF (12h54min), o equivalente há 360 horas-grau.

Palavras-chave: fertilização, larva, peixe, vitelo.

Page 27: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

26

SUMMARY

The objective of monitoring the embryonic development of the tambaqui (Colossoma

macropomum) through induced reproduction. Embryonic development presented the

following sequence of events, (minutes after fertilization-MAF) when incubated at 28, 7 0C. The five MAF, the cytoplasm became more evident in the animal pole, forming a

disc of cytoplasm, highlighting an increase in perivitelline space. The cleavagens

occurred between 25 and 60 MAF. With 87 MAF, it was observed the morula stage,

characterized by the presence of more than 64 blastomeres. Was observed with 140

MAF, the blastula stage, characterized by presenting dome above the mass of the yolk.

At gastrula stage, can be viewed epibolia movement of embryonic cells, observed with

167 MAF, when approximately 30% of the yolk was covered. With 292 MAF had

around 80 to 90% of epibolia and with 325 MAF, it was observed the end of the

movement, which was completed with the formation of a portion called yolk plug. At

the beginning of the Histogenesis and organogenesis, with 370 MAF, noted the

development of cephalic regions, tail and development of the first somitos. The optic

vesicle became more obvious MAF 440, occurring simultaneously with the increase in

the number of somitos. The tail has been partially disengaged from the vitelline sac to

550 MAF. The embryo has swimming movement inside the chorionic membrane until

the moment in which the larvae broke out and became free. Hatching of larvae occurred

774 MAF (12:54h), the equivalent for 360 hours-degree.

Keywords: Fertilization, fish, larvae, yolk.

INTRODUÇÃO

O Brasil possui grande potencial hídrico e climático para aquicultura, bem como, a

fauna mais rica em peixes do globo terrestre, sendo enquadrado como um dos países

mais promissores para a expansão desta atividade (BUZOLLO et al., 2011).

O tambaqui (Colossoma macropomum) é uma espécie de alto potencial produtivo pelo

fato de apresentar boa aceitação de ração artificial, crescimento rápido e resistência ao

manuseio. Além disso, o tambaqui é uma das espécies de peixe que possui alto valor

comercial e grande importância econômica e social na América Latina (SILVA et al.,

2007).

A produção comercial do tambaqui vem crescendo cada vez mais no Brasil e vários são

os cuidados relacionados ao cultivo dessa espécie, principalmente nos estágios iniciais

de seu desenvolvimento, larvicultura e alevinagem (AFFONSO et al., 2009).

Reynalte-Tataje et al., (2004) e Ninhaus-Silveira et al., (2006) relataram que a descrição

dos estágios embrionários em teleósteos traz informações necessárias para a produção

Page 28: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

27

em grande escala de peixes em laboratório, além de contribuir com a sistemática e

inventário ambiental.

Segundo Maciel (2006), pesquisas sobre o estudo do desenvolvimento embrionário de

peixes têm fornecido dados às pesquisas de grande repercussão e inovação no meio

científico, pois gera informações básicas necessárias para a identificação de possíveis

alterações do padrão do desenvolvimento, qualidade e viabilidade dos embriões

causados pela aplicação de novas tecnologias, como a utilização de sêmen

criopreservado.

Diante destas considerações, este estudo teve como objetivo acompanhar o

desenvolvimento embrionário do tambaqui (Colossoma macropomum).

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros do Betume da

(CODEVASF 4ª/CIB), localizada no perímetro irrigado de Betume, no município de

Neópolis-SE, de 02 a 04 de abril de 2013. Os animais utilizados no experimento foram

obtidos no plantel do próprio centro. Para minimizar o estresse da manipulação, os

animais foram sedados mediante imersão em tanque contendo óleo de cravo (Eugenol)

diluído em álcool absoluto 1:10:1000 (eugenol:álcool:água) segundo protocolo da

própria empresa.

Para a reprodução induzida foi seguido o protocolo de reprodução da empresa, onde a

fêmea recebeu tratamento hormonal com duas doses de acetato de buserelina, sendo a

primeira de 0,20 µL/kg de peso vivo, e a segunda de 0,50 µL/kg de peso vivo, com

intervalo de 07h30min entre as aplicações. No macho foi administrada dose única de

0,08 µL/kg de peso vivo simultaneamente à segunda aplicação da fêmea. Para evitar a

liberação dos ovócitos de forma espontânea no tanque realizou-se uma sutura sobre

abertura urogenital da fêmea e, 09h20min após a segunda dose hormonal foi realizada a

coleta dos gametas.

Após a extrusão, os ovócitos foram acondicionados em bacias plásticas e, em seguida,

foram misturados com sêmen. Posteriormente, foram acrescentados 1.000mL de água

do tanque (28,4°C), que foi homogeneizado suavemente e permaneceram por cinco

minutos para a ativação dos espermatozoides e hidratação dos ovos. O momento da

adição da água foi anotado e considerado como início da fertilização (tempo zero). Após

a hidratação, os ovos foram transferidos para incubadoras cônicas de fibra de vidro, com

capacidade de 250 litros.

Page 29: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

28

Para o acompanhamento do desenvolvimento embrionário, amostras de ovos foram

periodicamente removidas das incubadoras com auxílio de uma pipeta graduada,

depositadas em lâmina milimetrada. Na primeira hora após a fertilização, as

observações foram feitas a cada 10 minutos, e posteriormente a cada 30 minutos, até a

eclosão dos ovos. As observações e as capturas das imagens foram realizadas em

estereomicroscópio trinocular TZM – 2 LED OPTIKA, acoplado à câmera digital Motic

Moticam 2500. A câmera digital foi programada para capturar as imagens de 30 em 30

segundos até a eclosão das larvas.

Para este estudo, foi utilizada a classificação de Faustino et al., (2011) ou seja, a

expressão “ovócito” refere-se ao gameta feminino, antes da fertilização. O termo “ovo”

referiu se aos estágios compreendidos entre a fertilização até o final da gastrulação,

quando então ocorre a formação do eixo embrionário passando a ser denominado

"embrião". A denominação “larva” foi utilizada desde o momento da eclosão até a

absorção total do vitelo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O desenvolvimento embrionário de tambaqui apresentou as sequências de eventos,

expressos em (minutos após a fertilização - MAF). Quando incubados a temperatura

média de 28,7±0,5 0C, foi observado que aos cinco MAF, o citoplasma tornou mais

evidente no polo animal, formando um disco de citoplasma conhecido como

blastodisco, disposto sob uma porção rica em vitelo no polo vegetal, destacando um

aumento do espaço perivitelínico (Fig. 1A). Estes eventos também foram observados

em ovos de piracanjuba (B. orbignyanus), por REYNALTÉ-TATAJE et al.,(2004) e em

ovos de tambaqui (Colossoma macropomum), por LEITE et al., (2013) após 10 minutos

de fertilização com a temperatura de 25,0 0C e 27,5

0C respectivamente, e por

VALBUENA-VILLARREAL et al., (2012) em ovos de capaz (Pimelodus Grosskopffi)

após 15 minutos de fertilização com temperatura de 27±1,0 0C.

As clivagens ocorreram entre 25 e 60 MAF, dividindo o polo animal de 4 a 8

blastômeros, Fig. 1B e 1C de igual tamanho que, em seguida, sofreram divisão

formando 16 blastômeros, e assim sucessivamente até a formação de 32 células (Fig. 1D

e1E). Os eventos iniciais das clivagens corroboram com os resultados observados por

SIVIDANES et al., (2012), que trabalharam com ovos de jundiá Rhamdia voulezi, com

temperatura de 27,0 ± 0,5 0C e SIVIDANES, et al., (2013), incubaram ovos de piau

vermelho Leporinus copelandii com temperatura da água de 27,7±0,8 0C. Resultados

Page 30: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

29

semelhantes foram observados por NEUMANN, (2008) com incubação de ovos de

Brycon spp., os quais sofreram clivajem com 20 minutos e temperaturas da água de 27,9

± 0,8 0C e por LEITE et al., (2013), que incubaram ovos de tambaqui com temperatura

de 27,5 0C, onde as clivagens ocorreram com 20 minutos.

Devido o aumento da segmentação celular, foi observado uma diminuição gradativa no

tamanho dos blastômeros, o que foi observado em outros experimentos, corroborando

os relatos de LEITE et al., (2013) e MARQUES et al., (2008). Por isso, a partir dessa

fase, não foi possível quantificar o número de blastômeros.

Posteriormente, com 87 MAF, foi observado o estágio de mórula, caracterizada pela

presença de mais de 64 blastômeros. A Fig. 1F mostra a mórula em seu estágio final, em

que os blastômeros formaram um maciço celular semelhante a uma “meia amora”.

Resultados semelhantes foram encontrados por Faustino et al., (2010), onde observaram

os estágios de mórula em híbridos de surubim (Pseudoplatystoma spp.), após 90

minutos após a fertilização e temperatura entre 27 e 29 0C. Neumann (2008) e

SIVIDANES et al., (2013) relataram que o estágio de mórula para Brycon spp., e piau

vermelho (Leporinus copellandii) foi observado, respectivamente após 90 minutos, com

a temperatura da água de 27,9 ± 0,8oC e 92 minutos, com a temperatura de 27,7±0,8°C.

Foi observado com 140 MAF o estágio de blástula, que se caracteriza por apresentar

forma de cúpula acima da massa do vitelo Fig. 1G. Esse formato é resultante da

primeira clivagem no sentido horizontal, dividindo o embrião em duas camadas de

células com uma cavidade entre elas chamada de blastocele (SALMITO-VANDERLEY

e SANTANA, 2010). Resultados semelhantes foram encontrados por (SIVIDANES, et

al., 2012), que verificaram a fase de blástula em jundiá Rhamdia voulezi, aos 128

minutos após fertilização com temperatura de 27,0 ± 0,5o C, (BUZOLLO et al., (2011)

observaram a formação da blástula em mandi amarelo (Pimelodus maculatus) aos 120 a

minutos temperatura de 29 oC, SIVIDANES et al., (2013), observaram a fase de blástula

com 112 minutos após a fertilização para piau vermelho (Leporinus copelandii) com

temperatura de 27,7±0,8°C.

Na fase de gástrula, pode ser visualizado o movimento de epibolia das células

embrionárias, as quais realizaram um movimento de divergência (epibolia) do pólo

animal em direção ao pólo vegetativo. O início desta fase foi observado com 167 MAF,

quando aproximadamente 30% do vitelo foi recoberto Fig. 1H. Com 206 MAF,

visualizou-se 50% de epibolia (meia-gástrula - Fig. 1I, aos 292 MAF, cerca de 80 a 90%

de epibolia Fig. 1J e, com 325 MAF, o final do movimento, que se completou com a

Page 31: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

30

formação de uma porção de vitelo não recoberta pelo blastoderme após os movimentos

celulares, denominada de tampão vitelínico Fig. 1K. (SIVIDANES et al., (2012),

observaram o início da gástrula no jundiá (Rhamdia voulezi), aos 172 minutos após

fertilização com temperatura de 27,0 ± 0,5o C. Resultados semelhantes com tetra-neon

(Paracheirodon axelrodi) foram verificados por (ANJOS e ANJOS, 2006), que

verificou o processo de gastrulação com 180 minutos após a fertilização com

temperatura de 26,0 ± 1,0 0C. (SIVIDANES et al., (2012b), observaram em carpa

prateada (Hypophthalmichthys molitrix), 80% da epibolia formada com 461 minutos

após fertilização e 90% da epibolia com 552 minutos após fertilização com temperatura

de 24,07 ± 0,23 0C. Também foi relatado por (DE ALEXANDRE et al., (2010) com

matrinxã (Brycon cephalus) onde observou 90% da epibolia com 360 minutos após

fertilização com temperatura de 26.8 0C. A sequencia de eventos também foi relatado

por (LEITE et al., 2013) com tambaqui (Colossoma macropomum) onde a epibolia

alcançou 50% da região vitelínica com 180 minutos após a fertilização é a gástrula final

ou fechamento do blastóporo com 240 minutos após fertilização e temperatura de 27,5

0C. Neumann (2008) estudando o desenvolvimento embrionário de (Brycon spp.),

observou que 50% da gástrula estava formada em 270 minutos e após fertilização

gastrulação final foi observada com 390 minutos após fecundação e temperatura de 27

0C ± 1.

No início da fase de histogênese e organogênese, com 370 MAF, notou-se o

desenvolvimento das regiões cefálica, caudal e desenvolvimento dos primeiros somitos

Fig. 1L. Resultados semelhantes foram encontrados por Buzollo et al., (2011) onde

notou esses desenvolvimentos em mandi amarelo (Pimelodus maculatus) aos 360

minutos e temperatura de 29 0C. LEITE et al., (2013), relatou esses desenvolvimentos

com 420 minutos após fertilização trabalhando com tambaqui (Colossoma

macropomum) temperatura de 27,5 0C. DE ALEXANDRE et al., (2010), observaram

esses desenvolvimentos em com matrinxã (Brycon cephalus) com 420 minutos após

fertilização e temperatura de 26.8 0C.

A vesícula óptica tornou se mais evidente 440 MAF, ocorrendo simultaneamente ao

aumento no número de somitos Fig. 1M. Nessa fase, a cauda do embrião apresentou-se

completamente aderida ao saco vitelínico. Resultados também foram observados por

DE ALEXANDRE et al., (2010) e LEITE et al., (2013), onde observaram esses

desenvolvimentos em com matrinxã (Brycon cephalus) com 420 minutos após

fertilização e temperatura de 26,8 0C e com tambaqui (Colossoma macropomum) onde a

Page 32: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

31

vesícula óptica evidenciou-se com 480 minutos após fertilização e temperatura de 27,5

0C respectivamente. VALBUENA-VILLARREAL et al., (2012), observaram a

formação da vesícula óptica em híbridos de capaz (Pimelodus grosskopfii.), com 510

minutos após fertilização e temperatura de 27±1,0 0C.

Quando a cauda demonstrou-se parcialmente desprendida do saco vitelínico 550 MAF,

foi observada a expansão do saco de vitelo na zona caudal, acompanhando o formato

larval Fig. 1N. Resultados semelhantes foram observados por LEITE et al., (2013),

relataram esses eventos com 570 minutos após fertilização com tambaqui (Colossoma

macropomum) temperatura de 27,5 0C e FAUSTINO et al., (2010), em híbridos de

Pseudoplatystoma spp., após 540 minutos após a fertilização e temperatura entre 27 e

29 0C. (DE ALEXANDRE et al., 2010), observaram em matrixã (Brycon cephalus) com

480 minutos após fertilização e temperatura de 26,8 0C. Também foi observado por

(FAUSTINO et al., 2011) com Brycon gouldingi onde o desprendimento parcial da

cauda ocorreu com 660 minutos após fertilização e temperatura de 26,4 ± 1,12 0C.

O tempo decorrente do desenvolvimento embrionário varia de acordo com a espécie,

tamanho do ovo e com a temperatura da água. Espécies que realizam migração, com

desova total, com fecundação externa e que não realizam cuidado parental possuem

ovos menores, fecundação maior e embriogênese mais rápida (GODINHO, 2007).

Os movimentos se tornaram mais intensos à medida que a cauda soltava-se do saco

vitelínico Fig. 1O. O embrião apresentou movimento de natação dentro da membrana

coriônica, até o momento em que a larva eclodiu e tornou-se livre Fig. 1P. A eclosão

das larvas ocorreu 774 MAF (12h54min), o equivalente há 360 horas-grau.

LEITE et al., (2013), observaram com tambaqui (Colossoma macropomum) resultados

semelhantes onde essas movimentações ocorreram e 780 minutos após fertilização

ocorreu sua eclosão com temperatura de 27,5 0C. BUZOLLO et al., (2011) relatam em

mandi amarelo (Pimelodus maculatus) movimentação constante para ruptura da

membrana coriônica aos 780 minutos (temperatura de 29 oC). DE ALEXANDRE et al.,

(2010), observaram movimentos de natação fortes, essenciais para quebrar o córione em

seguida a eclosão em matrixã (Brycon cephalus) com 660 minutos após fertilização e

temperatura de 26.8 0C. (FAUSTINO et al., 2010), observaram a eclosão em híbridos de

Pseudoplatystoma spp., entre 780 e 840 minutos após a fertilização e temperatura entre

27 e 29 0C.

Page 33: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

32

Figura 1. Fases do desenvolvimento embrionário de C. macropomum. (A) destaca-se o aumento

do espaço perivitelínico (↔); (B e C) dividindo o pólo animal de 4 a 8 blastômeros, (células

embrionárias) respectivamente; (D e E) divisão formando 16 e 32 blastômeros; (F) fase de

mórula, caracterizada pela presença de mais de 64 blastômeros; (G) fase de blástula,

caracterizada por apresentar forma de cúpula acima da massa do vitelo; (H) fase de gástrula,

pôde-se visualizar o movimento de epibolia das células embrionárias; (I) visualizou-se 50% de

epibolia (meia-gástrula); (J) visualização de cerca de 80 a 90% de epibolia; (K) formação de

uma porção de vitelo denominada de tampão vitelínico; (L) desenvolvimento das regiões

cefálica (CE), caudal (CA) e dos primeiros somitos (retângulo); (M) evidencia da vesícula

óptica (op) e aumento do número de somitos (retângulo); (N) cauda parcialmente desprendida

do saco vitelínico (→); (O e P) larvas eclodidas.

Por meio deste presente trabalho foi possível observar e registrar os principais estágios

do desenvolvimento embrionário do tambaqui Colossoma macropomum, contribuindo

dessa forma para o melhor conhecimento da biologia desta espécie. Na temperatura de

incubação de 28,7 ± 0,5 0C a eclosão das larvas ocorreu após 12 horas e 54 minutos ou

370 horas-grau.

REFERÊNCIAS

AFFONSO, E. G.; BARROS, F. P.; BRASIL, E. M.; TAVARES-DIAS, M.; ONO, E.

A. Indicadores fisiológicos de estresse em peixes expostos ao peróxido de hidrogênio

Page 34: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

33

(H202). In: TAVARES-DIAS, M. (Org.). Manejo e sanidade de peixes em cultivo.

Embrapa Amapá: Macapá, p. 346-360. 2009.

ANJOS, H. D. B.; ANJOS, C. R. Biologia reprodutiva e desenvolvimento embrionário e

larval do cardinal tetra, Paracheirodon axelrodi, Schultz, 1956 (Characiformes:

Characidae), em laboratório. Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, v. 32, n.2, p.

151-166. 2006.

BUZOLLO, H., VERÍSSIMO-SILVEIRA, R.; OLIVEIRA-ALMEIDA, I.R.;

ALEXANDRE, J.S.; OKUDA, H.T.; NINHAUS-SILVEIRA, A. Structural analysis of

the Pimelodus maculatus (Lacépède, 1803) embryogenesis (Siluriformes: Pimelodidae).

Neotropical Ichthyology, Porto Alegre, v.9, n.3, p.601-616, 2011.

DE ALEXANDRE, J. S.; NINHAUS-SILVEIRA, A.; VERÍSSIMO-SILVEIRA, R.;

BUZOLLO, H.; SENHORINI, J. A.; CHAGURI, M. P.; Structural analysis of the

embryonic development in Brycon cephalus (Gunther, 1869). Zygote, v. 18, n. 2, p.

173-183, MAY 2010.

FAUSTINO, F.; NAKAGHI, L. S. O.; MARQUES, C.; GANECO, L. N.; MAKINO, L.

C. Structural and ultrastructural characterization of the embryonic development of

Pseudoplatystoma spp. Hybrids. Int. J. Dev. Biol. v. 54, p. 723-730, 2010.

FAUSTINO, F.; NAKAGHI, L. S. O.; NEUMANN, E. Brycon gouldingi (Teleostei,

Characidae): aspects of the embryonic development in a new fish species with

aquaculture potential. Zygote. v. 19, n. 4, p. 351-363, NOV 2011.

GODINHO, H.P. Estratégias reprodutivas de peixes aplicadas à aquicultura: bases para

o desenvolvimento de tecnologias de produção. Revista Brasileira de Reprodução

Animal, v.31, n.3, p.351-360, 2007.

LEITE, L.V.; MELO, M.A.P.; OLIVEIRA, F.C.E.; PINHEIRO, J.P.S.; CAMPELLO,

C.C.; NUNES, J.F.; SALMITO-VANDERLEY, C.S.B. Determinação da dose

inseminante e embriogênese na fertilização artificial de tambaqui (Colossoma

macropomum). Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.65, n.2, p.421-429, 2013.

MACIEL, C. M. R. R. 2006. Ontogenia de larvas de piracanjuba, Brycon orbignyanus

Valenciennes (1849) (Characiformes, Characidae, Bryconinae). Viçosa: Universidade

Federal de Viçosa, Tese (Doutorado) Brasil, 229pp, 2006.

MARQUES, C.; NAKAGHI, L. S. O.; FAUSTINO, F.; GANECO, L. N.; SENHORINI,

J. A. Observation of the embryonic development in Pseudoplatystoma coruscans

(Siluriformes: Pimelodidae) under light and scanning electron microscopy. Zygote 16,

333-342. 2008.

NEUMANN, E. Desenvolvimento embrionário de jatuarana Brycon sp. (Teleostei,

Characidae). Tese (Doutorado em Aquicultura) – Centro de Aquicultura da

UNESP/CAUNESP, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 108 f. 2008.

Page 35: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

34

NINHAUS-SILVEIRA, A.; FORESTI, F.; AZEVEDO, A. Structural and ultrastructural

analysis of embryonic development of Prochilodus lineatus (Valenciennes, 1836)

(Characiforme;Prochilodontidae). Zygote, v. 14, p. 217-229, 2006.

REYNALTE-TATAJE, D.; ZANIBONI-FILHO, E.; ESQUIVEL, J.R. Embryonic and

larvae development of piracanjuba, Brycon orbignyanus Valenciennes, 1849 (Pisces,

Characidae). Acta. Sci. Biol. Sci. v.26, p.67-71, 2004.

SALMITO-VANDERLEY, C. S. B; SANTANA, I. C. H. Histologia e Embriologia

Animal Comparada. Desenvolvimento de peixes. 1.ed. Fortaleza: RDS, 2010.

SILVA, J. A. M. da; PEREIRA FILHO, M.; CAVERO, B. A. S.; OLIVEIRA -

PEREIRA, M. I. Digestibilidade aparente dos nutrientes e energia de ração

suplementada com enzimas digestivas exógenadas para jevenis de tambaqui (Colossoma

macropomum Cuvier, 1818). Acta Amazonica, vol. 37, p. 157-164. 2007.

SIVIDANES, V. P, FRIES, E. M.; DECARLI, J. A.; FEIDEN, A.; HERMES, C. A.

Desenvolvimento Embrionário do Piau Vermelho Leporinus copelandii (Steindachner,

1875). Cultivando o Saber, Cascavel, v.6, n.1, p.85-94, 2013.

SIVIDANES, V. P.; DECARLI, J. A.; FEIDEN, A.; BOSCOLO, W. R.; SIGNOR, A.;

SIGNOR, A. A.; DIEMER, O. Desenvolvimento embrionário do jundiá Rhamdia

voulezi. Rev. Acad., Ciênc. Agrár. Ambient., Curitiba, v. 10, n. 4, p. 403-408,

out./dez. 2012.

SIVIDANES, V. P.; DUTRA, F. M.; MENDONÇA, P. P. Desenvolvimento

embrionário da carpa prateada, Hypophthalmichthys molitrix (Valenciennes, 1844). R.

bras. Ci. Vet., v. 19, n. 1, p. 21-25, jan./abr. 2012b.

VALBUENA-VILLARREAL, R. D; ZAPATA-BERRUECOS, B. E; DAVID-

RUALES, C.; CRUZ-CASALLAS, P. E. Desarrollo Embrionario del Capaz Pimelodus

grosskopfii (Steindachner, 1879). Int. J. Morphol. vol.30, n.1, pp. 150-156. 2012.

Page 36: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

35

Efeito de diferentes dietas sobre o desempenho de pós-larvas de tambaqui

(Colossoma macropomum, Cuvier, 1818)

Effect of different diets on the performance of post larvae of tambaqui (Colossoma

macropomum, Cuvier, 1818)

ALMEIDA, Charlle Andrerson Lima de1*

1Universidade Federal de Sergipe, Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Aracaju,

Sergipe, Brasil.

*Endereço para correspondência: [email protected]

RESUMO

Este estudo foi realizado com o objetivo de avaliar o desenvolvimento de pós-larvas de

tambaqui (Colossoma macropomum) alimentadas com diferentes dietas. Foram

utilizadas 6.000 larvas de tambaqui, com comprimento total de 5,70±0,2894 mm e peso

médio inicial de 0,0012±0,0010 mg e mantidos incubados em doze incubadoras modelo

cilindro cônico de 25 litros e 4 de 75 litros, na densidade de estocagem de 10 larvas/L.

Foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado, composto de quatro

tratamentos e quatro repetições. Os alimentos avaliados foram pasta de branchoneta;

leite em pó; albumina; cistos de Artêmia salina descapsulados. As larvas de tambaqui

alimentadas com cistos de Artêmia salina descapsulados, apresentaram comprimento

superior ao observado nos demais tratamentos. As larvas alimentadas com albumina

apresentaram comprimento inferior ao registrado com cistos de Artêmia salina

descapsulados, porém esse comprimento foi superior ao obtido nos tratamentos com

leite em pó e pasta de branchoneta, nos quais as larvas apresentaram o menor

comprimento. O resultado do comprimento foi inferior no tratamento com leite em pó

isso foi relacionado com o valor proteico do leite que foi de (9% de proteína em uma

porção de 26g) sendo bem inferior aos demais tratamentos, mas esse resultado foi

superior ao tratamento com pasta de branchoneta que tem um valor proteico bem

superior, isso deve está relacionado a forma com que a branchoneta foi fornecida na

forma de pasta não se tornando muito atrativa para larvas de tambaqui. O tratamento

com cisto de Artêmia salina descapsulados demonstrou ser bastante eficiente nas

variáveis peso, comprimento e taxa sobrevivência, desta forma essa dieta pode ser

utilizada na alimentação de pós-larva de tambaqui.

Palavras-chave: albumina, artemia, branchoneta, leite em pó, nutrição, peixe

Page 37: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

36

SUMMARY

This study was conducted to assess the development of postlarvae of tambaqui

(Colossoma macropomum) fed with different diets. Tambaqui 6,000 larvae were used,

with total length of 5.70 ± 0.2894 mm and initial average weight of 0.0012±0.0010 mg

and kept hatched in incubators tapered cylinder model of twelve 25 liters and 4 of 75

liters in storage density of 10 larvae/L. Was used a completely randomized design

composed of four treatments and four replicates. The foods evaluated: were branchoneta

folder; powdered milk; albumin; cysts of Artemia salina descapsulated. Tambaqui

larvae fed cysts of Artemia salina descapsulated with showed higher length observed in

the other treatments. The larvae fed with albumin showed length less than the registered

with brine shrimp cysts Artemia salina descapsulated, however this length was higher

than that obtained in the treatments with powdered milk and branchoneta folder, where

the larvae showed the smallest length. The result of the length was less than in the

treatment with powdered milk that was related to the protein value of milk that was (9%

in a serving of protein 26 g) being lower than the other treatments, but this result was

superior to treatment with branchoneta folder that has a far superior protein value, it

must be related to how the branchoneta was provided in the form of folder not

becoming very attractive to larvae of tambaqui. Treatment with cysts of Artemia salina

descapsulated proved to be very efficient in the variables weight, length and survival

rate in this way this diet can be used for the feeding of transition of tambaqui.

Keywords: albumin, artemia, branchoneta, powdered milk, nutrition, fish

INTRODUÇÃO

A aquicultura é uma atividade de produção que vem crescendo nos últimos anos em

todo o mundo. No Brasil, o excelente incremento da piscicultura é o reflexo de suas

dimensões continentais, da presença de grande quantidade de água doce, de clima

favorável e grande quantidade de espécies nativas com potencial para a aquicultura

(MEURER et al., 2009).

Apesar dos avanços, a piscicultura tem seu potencial de crescimento reduzido, sendo um

dos entraves para este crescimento o pouco conhecimento biológico das espécies nativas

de valor comercial (GODINHO, 2007).

O tambaqui, Colossoma macropomum (Cuvier, 1818), é uma espécie nativa das bacias

dos rios Amazonas e Orinoco. Devido o destaque nacional que esta espécie vem

obtendo nos últimos anos, o tambaqui tem despertado o interesse de diversos setores no

Brasil seja da iniciativa privada ou governamental (RESENDE, 2009). Esta espécie tem

despertado interesse de pesquisadores e produtores devido a sua adaptação ao cativeiro,

Page 38: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

37

rápido crescimento, fácil aceitação de alimento artificial e elevado valor comercial de

sua carne (MENDONÇA et al., 2009).

Entre os fatores que influenciaram a larvicultura, a alimentação é considerada como um

dos mais importante, pois atua diretamente sobre o desempenho, sobrevivência e

crescimento dos peixes, desta forma a alimentação deficiente é uma das principais

causas de mortalidade nas fases inicias de vida; contudo, esse problema pode ser

minimizado, quando alimento apropriado são fornecidos para cada espécie (DIEMER et

al ., 2012).

A crescente produção nacional, aliada a grande necessidade de maior disponibilidade de

juvenis, torna a larvicultura um desafio para pesquisadores e produtores que vem

tentando aumentar a produção de animais saudáveis para a subsequente fase do ciclo de

produção (LUZ & PORTELLA, 2005).

Embora tenham ocorrido avanços no desenvolvimento de dietas inertes para

larvicultura, a maior parte dela ainda está baseada na utilização de alimento vivo como

estratégia de alimentação (CONCEIÇÃO et al., 2010).

Este estudo foi realizado com o objetivo de avaliar a utilização de diferentes dietas

sobre o desenvolvimento de pós-larvas de tambaqui (Colossoma macropomum) durante

a fase inicial.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado nas instalações do Centro Integrado de Recursos

Pesqueiros do Betume (CODEVASF), localizada no perímetro Irrigado de Betume, no

município de Neópolis-SE, no período de 08 a 15 de abril de 2013. Foram utilizadas

6.000 larvas de tambaqui, obtidas por indução hormonal, e transferidas para as unidades

experimentais com idade de 4 dias com comprimento total de 5,70±0,3 mm e peso

médio inicial de 0,0012±0,0010 mg. Os animais foram contados individualmente e

transferidos aleatoriamente para as unidades experimentais durante um período de 8

dias, foram utilizadas 12 incubadoras modelo cilindro cônico de 25 litros e 4 de 75 litros

com fluxo aberto (3,0 L/mim), na densidade de estocagem de 10 larvas/L, sem aeração

constante e com fotoperíodo natural.

Os alimentos avaliados foram: Pasta de branchoneta; Leite em pó; Albumina; Cisto de

artêmia salina descapsulados.

Para o processo de descapsulação dos cistos de artêmia salina seguimos a metodologia

proposta por (TAKATA, 2007).

Page 39: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

38

Para produção da pasta de branchoneta as mesma foram capturadas nos viveiros da

própria estação de piscicultura com rede de plâncton de malha de 25mm.

Posteriormente as branchonetas foram lavadas em água corrente para retirada das

impurezas e triturada em liquidificador até a formação de uma pasta homogênea que foi

acondicionada na geladeira e retirada somente na hora da alimentação.

A quantidade de cada alimento fornecido nos tratamentos foram 24g/dia por

incubadoras de 25 litros e 72g/dia por incubadoras de 75 litros, distribuídos em 8

refeições diárias nos horários de (3h, 6h, 9h, 12h, 15h, 18h, 21h, 24h). Antes do

fornecimento da alimentação o fluxo de água das incubadoras era cessado para evitar a

perda de alimento. Uma vez por dia, uma hora após a alimentação, era feito a sifonagem

das incubadoras para retirada de excretas e sobras de alimento. Em cada sifonagem

retirava-se 50% do volume total da incubadora, e posteriormente, o fluxo de água era

aberto.

A cada dois dias foram coletados aleatoriamente de cada incubadora 10% do total de

indivíduos estes animais foram fixados em formol 4% tamponado para a determinação

do peso e comprimento e ao final do experimento. Para determinação do peso e do

comprimento as larvas foram retiradas do formol e colocadas sobre papel absorvente

para a retirada do excesso de líquidos, medindo-se seu comprimento padrão, da ponta

do focinho até o inicio da inserção da nadadeira caudal. Decorridos 8 dias, as larvas

restantes foram contadas para a determinação da taxa de sobrevivência.

As medições das larvas foram realizadas sob estereomicroscópio trinocular TZM-2 LED

OPTIKA, equipado com uma câmera digital Optika Vision Lite com aumento 1,5x.

Posteriormente, foram pesadas em uma balança analítica SHIMADZU, modelo AY220

precisão de 0,0001g.

Os parâmetros temperatura (oC) e o oxigênio dissolvido (mg.L

-1)), foram monitorados

diariamente pela manhã as 06h00min e à tarde as 18h00min, por meio de aparelho

eletrônico portáteis (YSI 550A), assim como o pH (pHmetro HANNA HELP 5).

O delineamento experimental foi de inteiramente casualizados (DIC), com quatro

tratamentos e quatro repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância e, no

caso de diferenças estatísticas, aplicou-se o teste Tukey a 5% de probabilidade, por

meio do programa computacional programa estatístico Sisvar versão 5.3.

Page 40: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

39

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios para as variáveis físico-químicas da água durante o período

experimental (Tabela 1) estiveram dentro dos limites considerados satisfatórios para a

criação da espécie (KUBITZA, 2003).

Tabela 1 - Parâmetros físico-químicos da água obtidos durante o experimento com

larvas de tambaqui (Colossoma macropomum) submetidas a diferentes dietas

Parâmetro

Tratamentos

Pasta de

branchoneta

Leite em pó Albumina

Cisto de

Artêmia salina

descapsulados

Temperatura (oC) 29,1±0,87 29,1±0,78 29,2±0,74 29,2±0,77

Oxigênio dissolvido (mg.L-1

) 5,5±0,65 5,5±0,68 5,5±0,66 5,6±0,61

pH 7,6±0,19 7,6±0,17 7,5±0,18 7,4±0,16

Valores expressos na média ± desvio padrão dos dados coletados.

Foram observadas diferenças significativa (P<0,05) entre os diferentes tratamentos para

o peso e comprimento das larvas de tambaqui. Os valores médios de peso (g),

comprimento (mm) e sobrevivência (%) das larvas de tambaqui submetidas a diferentes

dietas estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Valores médios (± desvio padrão) de comprimento (mm) e sobrevivência (%)

de larvas de tambaqui (Colossoma macropomum) submetidas a diferentes dietas.

Variáveis

Tratamentos

Pasta de

branchoneta Leite em pó Albumina

Cisto de

Artêmia salina

descapsulados

CV(%)

Peso (g) 0,0014±0,0001b 0,0015±0,0001

b 0,0019±0,0003

b 0,0037±0,0006

a 12,24

Comprimento (mm) 5,73±0,03c 5,80±0,08

c 6,07±0,10

b 6,41±0,13

a 1,01

Sobrevivência (%) 83±12,9a 77±18,2

a 84±3,1

a 83±8,6

a 13,60

Médias±desvio-padrão seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem entre si

pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

Page 41: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

40

Segundo Luz (2007), o uso de alimento vivo proporciona melhor taxa de crescimento e

sobrevivência das larvas e, como consequência, as larvas apresentam maior ganho de

peso e biomassa final.

As larvas de tambaqui alimentadas com cisto de artêmia salina descapsulados,

apresentaram peso e comprimento superior (P<0,05) ao observado nos demais

tratamentos (Tabela 2). Isso indica que os cistos de artêmia salina descapsulados

demonstraram ser bem atrativos e proteicos, sendo bem aceitos pelas pós-larvas de

tambaqui, provavelmente isso ocorreu devido a sua alta capacidade de flutuação e

demora no afundamento no tanque de cultivo facilitando a sua captura. Segundo García

et al., (2011), o melhor desempenho obtido em larvas de peixes alimentadas com cistos

descapsulados pode estar relacionada com uma maior quantidade de alimentos (matéria

seca) consumidas e, portanto, maior quantidade de proteínas, lipídios, carboidratos e

energia. Esses resultados corroboram com os encontrados por LOMBARDI e GOMES,

(2008) que alimentaram larvas de tambacu com cistos de Artemia salina descapsulado.

Que também foi observado por BABOLI et al., (2012) alimentando larva de truta

marrom (Salmo trutta caspius) com cistos de artemia descapsulados durante 35 dias.

Resultados inferiores foram encontrados por (BEHR et al., 2000), alimentando larvas de

jundiá (Rhamdia quelen) com ração contendo cistos de artemia descapsulados durante

sete dias.

As larvas alimentadas com Albumina apresentaram peso e comprimento inferior ao

registrado com cistos de artêmia salina descapsulados, porém o peso e comprimento

foram superiores (P<0,05) ao obtido nos tratamentos com Leite em pó e pasta de

branchoneta, nos quais as larvas apresentaram o menor peso e comprimento. Isso deve

estar relacionado com o fato valor proteico da albumina ser inferior ao dos cistos de

artêmia salina descapsulados possuindo pouca palatabilidade. Nagel et al., (2012),

obtiveram resultados inferiores trabalhando com substituição da farinha de peixe por

albumina e globulina para juvenis truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss W.), analisou

baixa digestibilidade de albumina quando comparada com farinha de peixe, não

recomendado a substituição a níveis de 75 e 100% devido a sua palatabilidade

provocando redução no desenvolvimento e aumento da mortalidade. Nagel et al.,

(2012), obtiveram bom resultado substituindo a farinha de peixe pela albumina com

nível de 50% em experimento com juvenis de truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss W.).

Resultados inferiores de peso e comprimento também foram encontrados por TRONCO

Page 42: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

41

et al., (2007) em experimento, alimentando larva de jundiá (Rhamdia quelen) com uma

dieta de 100% de albumina.

Os resultados de peso e comprimento foram inferiores no tratamento com leite em pó

isso pode estar relacionado com o valor proteico do leite que foi de (9% de proteína em

uma porção de 26g) sendo inferior aos demais tratamentos. Segundo Dairiki & Silva,

(2011), a quantidade de proteína ingerida diminui conforme o crescimento do peixe. Em

larvas, a exigência está em torno de 42% e decresce para até 20% quando o peixe

alcança a idade adulta. De acordo com Kubitza, (2003b), diversas pisciculturas

alimentam as pós-larvas ainda nas incubadoras com ração, leite em pó, gema de ovo

crua ou cozida, levedura e diversos outros produtos. A maioria das pós-larvas não são

capazes de aproveitar diretamente os nutrientes presentes nestes alimentos. O

desenvolvimento que se observa nas pós-larvas recebendo estes alimentos se deve à

ingestão indireta das bactérias aderidas às micro partículas de alimento e dos

protozoários que se proliferam na água das incubadoras graças ao aumento na

população bacteriana e à presença das partículas de alimento em suspensão.

Os resultados com pasta de branchoneta não foram observadas diferenças com a dieta

com leite em pó, mesmo a pasta de branchoneta tendo um valor proteico bem superior,

isso deve estar relacionado a forma que a branchoneta foi fornecida na forma de pasta

não sendo atrativa, pelo fato, do diâmetro das partículas, não serem adequadas ao

tamanho da boca das larvas de tambaqui. SONG et al., (2005), citaram que na primeira

alimentação é muito importante analisar o tamanho da boca que possui uma relação

positiva com o diâmetro do alimento, sendo importante dimensionar o tamanho do

alimento proporcionalmente à dimensão da boca. Resultados inferiores também foram

encontrados por MARINHO, (2007) ao alimentar larva de surubim (Pseudoplatystoma

corruscans) com branchoneta em pó durante 10 dias, isso foi atribuído ao diâmetro das

partículas do alimento. Yflaar & Olivera, ( 2003) alimentando larva de camarão cinza

com náuplios de branchoneta congelados também obteve resultados inferiores de peso e

comprimento até o estagio de PL10, isso foi atribuído ao processo de limpeza dos cistos

de branchoneta e armazenamento inadequado.

Não houve diferença significativa (P>0,05) na taxa de sobrevivência das larvas nos

diferentes tratamentos (Tabela 2).

Resultados inferiores e superiores de sobrevivência foram encontrados por LOMBARDI

& GOMES, (2008) na primeira e segunda fase de seu experimento com sobrevivência

em torno de 62% e 97% de sobrevivência respectivamente alimentando larva de

Page 43: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

42

tambacu com cisto de Artemia salina descapsulado. TRONCO et al., (2007)

encontraram resultados inferiores com 76,67% de sobrevivência em seu experimento II

com 14 dias de criação, onde alimentou larva de jundiá (Rhamdia quelen) com uma

dieta de 100% de albumina. Resultados superiores foi encontrado por Morais (2005),

utilizando uma dieta à base de ovo cru e cozido de galinha obteve um ótimo resultado

com a espécie Symplysodon sp. alcançando uma sobre de 91,98%.

Neste trabalho foi observado que mesmo leite em pó tendo um valor proteico bem

inferior quando comparado com os outros tratamentos isso não foi um fator decisivo na

variável sobrevivência, sendo que não foi observada diferença significativa entre os

tratamentos. Resultados inferiores de sobrevivência foram encontrados por MARINHO,

(2007) alimentando larva de surubim (Pseudoplatystoma corruscans) com branchoneta

em pó durante 10 dias onde obteve sobrevivência média de 13,75% e por YFLAAR &

OLIVERA, (2003) alimentando larva de camarão cinza com náuplios de branchoneta

congelados onde obteve uma taxa de sobrevivência de 36,6%.

O tratamento com cisto de artêmia salina descapsulados demonstrou ser bastante

eficiente nas variáveis peso, comprimento e taxa sobrevivência, desta forma essa dieta

pode ser utilizada na alimentação de pós-larva de tambaqui.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATENCIO-GARCÍA, V.; ZANIBONI-FILHO, E.; PARDO-CARRASCO, S.; ARIAS-

CASTELLANOS, A. Influência da primeira alimentação na larvicultura e alevinagem

do yamú Brycon siebenthalae (Characidae). Acta Scientiarum Animal Sciences,

Maringá, v. 25, n. 1, p. 61-72, 2003.

BABOLI, M. J.; ROOZBEHFAR, R.; BIRIA, M. Use of decapsulated artemia cysts for

the growth and survival of caspian salmon (Salmo trutta caspius) fry. International

Journal of Biosciences, v. 2, n. 10, p. 110-115, 2012.

BEHR, E. R.; TRONCO, A. P.; NETO, J. R. Action of time and feeding suplementation

form with artemia franciscana on the survival and growth of the south american catfish

larvae. Ciência Rural, v. 30, n. 3, 2000.

CONCEIÇÃO, L. E. C.; YÚFERA, M.; MAKRIDIS, P.; MORAIS, S.; DINIS, M. T.

Live feed for early stages of fish rearing. Aquaculture Research, v.41, p.613-640, 2010.

DAIRIKI, J. K.; SILVA, T. B. A. da. Revisão de literatura: exigências nutricionais do

tambaqui - compilação de trabalhos, formulação de ração adequada e desafios futuros.

Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental, (Embrapa Amazônia Ocidental. Documentos,

91), p. 44, 2011.

Page 44: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

43

DIEMER, O.; NEU, D. H.; SARY, C.; FINKLER, J. K.; BOSCOLO, W. R.; FEIDEN,

A. Artemia sp. na alimentação de larvas de jundiá (Rhamdia quelen). Ciência Animal

Brasileira, v. 13, n. 2, 2012.

GARCÍA V., CELADA J.D., CARRAL J.M., GONZÁLEZ R., GONZÁLEZ A. AND SÁEZ-ROYUELA M. A comparative study of different preparations of decapsulated Artemia cysts as food for tench (Tinca tinca L.) larvae. Animal Feed Sci. Technol., 170: 72-77, 2011.

GODINHO, H. Estratégias reprodutivas de peixes aplicadas à aquicultura: bases para o

desenvolvimento de tecnologias de produção. Revista Brasileira de Reprodução

Animal, Belo Horizonte, v. 31, n. 3, p. 351-360, 2007.

KUBITZA, F. Larvicultura de Peixes Nativos, Panorama da Aquicultura, v. 13, n. 77,

maio/junho – 2003b.

KUBITZA, F. Qualidade da água no cultivo de peixes e camarões.1. ed. Jundiaí,

2003.

LOMBARDI, D. C.; GOMES, L. C. Substituição de alimento vivo por alimento inerte

na larvicultura intensiva do tambacu (♀ Colossoma macropomum X ♂ Piaractus

mesopotamicus). Acta Scientiarum Animal Sciences, Maringá, v. 30, n. 4, p. 467-472,

2008.

LUZ, R. K. Resistência ao estresse e crescimento de larvas de peixes neotropicais

alimentados com diferentes dietas. Pesq. Agropecu. Bras., Brasília, v. 12, n. 1, p. 65-72,

2007.

LUZ, R. K.; PORTELLA, M. C. Tolerance to the air exposition test of Hoplias lacerdae

larvae and juvenile during its initial development. Brazilian Archives of Biology and

Technology, v.48, p.567 573, 2005.

MARINHO, S. A. M. Sobrevivência e crescimento de larvas de surubim

pseudoplatystoma corruscans (spix & agassiz,1829) sob diferentes condições

alimentares. Dissertação em Recursos Pesqueiros e Aquicultura - Universidade Federal

Rural de Pernambuco. 2007.

MENDONÇA, P.P.; FERREIRA, R.A.; VIDAL JUNIOR, M.V.; ANDRADE, D.R.;

SANTOS, M.V.B.; FERREIRA, A.V.; REZENDE, F.P. Influência do fotoperíodo no

desenvolvimento de juvenis de tambaqui (Colossoma macropomum), Arch. Zootec. v.

58, n. (223), p. 323-331. 2009.

MEURER, F.; COSTA, M. M.; BARROS, D. A. D.; OLIVEIRA, S. T. L.; PAIXÃO, P.

S. Brown propolis extract in feed as a growth promoter of Nile tilapia (Oreochromis

niloticus). Aquaculture Research, v.40, p.603-608, 2009.

MORAIS, F. B. Sistema intensivo de incubação e manejo de cria de Acará Disco,

Symphysodon spp. Dissertação do Programa de Pós-Graduação em Recursos

Pesqueiros e Aquicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco. p. 54, 2005.

Page 45: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

44

NAGEL F., SLAWSKI H., ADEM H., TRESSEL R. P., WYSUJACK K. & SCHULZ

C. Albumin and globulin rapeseed protein fractions as fish meal alternative in diets fed

to rainbow trout (Oncorhynchus mykiss W.). Aquaculture, 354–355, 121–127, 2012.

RESENDE, E. K. de. Pesquisa em rede em aquicultura: bases tecnológicas para o

desenvolvimento sustentável da aquicultura no Brasil. Aquabrasil. Rev. Bras. Zootec.,

Viçosa, v. 38, n. esp., p. 52-57, 2009.

SONG, Y. B.; OH, S. R.; SEO, J. P.; JI, B. G.; LIM, B. S.; LEE, Y. D. Larval

Development and Rearing of longtooth Grouper Epinephelus bruneus in jeju Insland,

Korea. Journal of the word Aquaculture Society, v. 36, n. 2, p. 209-215, 2005.

TAKATA, R. Produção de juvenis de Artemia franciscana e análise da utilização de

dietas vivas e inertes na larvicultura intensiva do pintado Pseudoplatystoma

coruscans. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Aquicultura do

Centro de Aquicultura da UNESP, Universidade Estadual Paulista, Centro de

Aquicultura, 2007.

TRONCO, A. P.; RADÜNZ NETO, J.; MEDEIROS, T. S.; LIMA, R. L. Alimentação

de larvas de jundiá (Rhamdia quelen) com dietas semipurificadas e fontes lipídicas. B.

Inst. Pesca, São Paulo, v. 33, n. 1, p. 9 - 17, 2007.

YFLAAR, B. Z; OLIVERA, A. Utilização de náuplios de “branchoneta”

Dendrocephalus brasiliensis (Pesta, 1921) na alimentação de larvas do "camarão cinza"

Litopenaeus vannamei (Boone, 1931). Acta Scientiarum. Biological Sciences, Maringá,

v. 25, no. 2, p. 299-307, 2003.

Page 46: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região

45

ANEXO

Page 47: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região
Page 48: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região
Page 49: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região
Page 50: CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO … · ... quando tipos de alimento apropriado são fornecidos para cada ... das potencialidades naturais de cada região ... A região