caracterizaÇÃo do ambiente da bacia hidrogrÁfica do cÓrrego cardoso, belo horizonte, mg, brasil

55
1 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA UNATEC-CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL Integrantes: André Luiz da Silva Peçanha Carina Bárbara Espírito Santo João Bosco Gomes Junior João Henrique Silva Santana João Paulo Lopes Chaves Miranda Marluci de Carvalho Milagres Thiago César Silva Neves Orientador(a): Cristina de Souza Silva Belo Horizonte 1º/2010

Upload: jplmiranda

Post on 27-Jul-2015

1.883 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

Este estudo constitui a caracterização, entre elementos bióticos e abióticos, do ambiente da bacia hidrográfica do córrego Cardoso. A bacia, que é parte integrante da APA Sul – RMBH está situada na região centro sul da cidade de Belo Horizonte é formada principalmente pelo bairro Santa Efigênia e pelo conjunto de vilas conhecido como Aglomerado da Serra. A bacia é marcada pela intensa modificação do espaço causada pela ocupação desordenada do solo. Em 2006 teve início na bacia o programa Vila Viva que objetiva realizar melhorias nas condições ambientais e de infraestrutura que impactem positivamente na qualidade de vida dos habitantes da região. No entanto, conclui-se que, apesar da eficácia do Vila Viva, ainda há inúmeras possibilidades de melhoria nestes aspectos.

TRANSCRIPT

Page 1: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

1

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

UNATEC-CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO

AMBIENTAL

CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA

HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO

HORIZONTE, MG, BRASIL

Integrantes: André Luiz da Silva Peçanha

Carina Bárbara Espírito Santo

João Bosco Gomes Junior

João Henrique Silva Santana

João Paulo Lopes Chaves Miranda

Marluci de Carvalho Milagres

Thiago César Silva Neves

Orientador(a): Cristina de Souza Silva

Belo Horizonte

1º/2010

Page 2: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

2

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

UNATEC-CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO

AMBIENTAL

CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA

HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO

HORIZONTE, MG, BRASIL

Trabalho apresentado à disciplina Projeto Aplicado

Ciências do Ambiente do Curso Superior de Tecnologia

em Gestão Ambiental da UNATEC.

Campus: Barreiro

Orientador: Profª. Cristina de Souza Silva

Belo Horizonte

1º/2010

Page 3: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

3

CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO

CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

Alunos: PEÇANHA, André e-mail: [email protected]

SANTO, Carina Bárbara [email protected]

GOMES-JÚNIOR, João [email protected]

SANTANA, João Henrique [email protected]

MIRANDA, João Paulo [email protected]

MILAGRES, Marluci [email protected]

NEVES, Thiago [email protected]

Orientador: SILVA, Cristina de Souza [email protected]

Este estudo constitui a caracterização, entre elementos bióticos e abióticos, do ambiente da

bacia hidrográfica do córrego Cardoso. A bacia, que é parte integrante da APA Sul – RMBH

está situada na região centro sul da cidade de Belo Horizonte é formada principalmente pelo

bairro Santa Efigênia e pelo conjunto de vilas conhecido como Aglomerado da Serra. A bacia

é marcada pela intensa modificação do espaço causada pela ocupação desordenada do solo.

Em 2006 teve início na bacia o programa Vila Viva que objetiva realizar melhorias nas

condições ambientais e de infraestrutura que impactem positivamente na qualidade de vida

dos habitantes da região. No entanto, conclui-se que, apesar da eficácia do Vila Viva, ainda há

inúmeras possibilidades de melhoria nestes aspectos.

Palavras Chave: CÓRREGO CARDOSO; CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL; BACIA

HIDROGRÁFICA

Page 4: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

4

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................5

2. PROBLEMATIZAÇÃO..........................................................................................6

3. JUSTIFICATIVA.....................................................................................................7

4. OBJETIVOS..............................................................................................................8

4.1. Objetivo Geral........................................................................................................8

4.2. Objetivos Específicos.............................................................................................8

5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................................................................9

5.1. Área de Proteção Ambiental(APA).......................................................................9

5.2. APA Sul RMBH......................................................................................................9

5.2.1 Criação...................................................................................................................9

5.2.2. Características naturais.....................................................................................11

5.2.2.1 Cerrado.............................................................................................................13

5.2.2.2 Matas de Galeria..............................................................................................17

5.2.2.3 Mata Atlântica..................................................................................................17

5.3. Bacia Hidrográfica do córrego Cardoso.............................................................21

5.3.1. Ocupação do Solo...............................................................................................24

5.3.2. Vila Viva..............................................................................................................25

5.3.3. Caracterização do Ambiente.............................................................................28

6. METODOLOGIA.....................................................................................................31

7. RESULTADOS.........................................................................................................32

7.1 Fisiografia................................................................................................................32

7.2 Climatologia.............................................................................................................33

7.3 Geologia....................................................................................................................35

7.4 Fauna e Flora...........................................................................................................38

7.5 Recursos Hídricos...................................................................................................40

8. CONCLUSÃO...........................................................................................................42

9. REFERÊNCIAS........................................................................................................43

10. ANEXOS..................................................................................................................47

Page 5: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

5

1. INTRODUÇÃO

O Córrego Cardoso situa-se na Área de Proteção Ambiental – APA Sul da região

metropolitana de Belo Horizonte. O estabelecimento da APA Sul RMBH, pelo Decreto

Estadual 35.624, de 8 de junho de 1994, resultou da negociação entre os vários setores

atuantes na região, através de debates e seminários, sempre realizados com o aval do COPAM

(Conselho Estadual de Política Ambiental, 1994).

Na APA Sul RMBH estão presentes duas grandes bacias hidrográficas, a do Rio São

Francisco e a do Rio Doce, que respondem pelo abastecimento de aproximadamente 70% da

população de Belo Horizonte e de 50% da população de sua região metropolitana.

A área possui uma das maiores extensões de cobertura vegetal nativa contínua do estado,

abrangendo regiões conhecidas como Caraça e Gandarela. (IEF, 2010)

O aglomerado da Serra, situado na região sul de Belo Horizonte, é parte integrante da Bacia

Hidrográfica do Córrego Cardoso, que estende-se entre as regiões centro-sul e leste de Belo

Horizonte. Segundo o Plano Global Específico(PGE) de Belo Horizonte, elaborado entre 1998

e 2001, o aglomerado possui população estimada de mais de 45.000 habitantes distribuídos

entre 7 vilas. A rápida e desordenada ocupação da região contribuiu de forma eficaz para a

alteração do ambiente natural da bacia.

Em 2006, com base no PGE, teve início no Aglomerado da Serra o programa Vila Viva que

visa melhorias nas condições de moradia, saneamento, integração social, qualidade ambiental,

entre outros.

Este trabalho é um projeto interdisciplinar que tem como objetivo identificar, através de

diagnóstico ambiental, as características naturais da bacia hidrográfica do Córrego Cardoso a

fim de contribuir para maior conhecimento deste espaço.

Page 6: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

6

2. PROBLEMATIZAÇÃO

Problema, para Kerlinger (1980), é uma questão que mostra uma situação necessitada de

discussão, investigação, decisão ou solução. Simplificando, problema é uma questão que

pretende responder. Todo o processo de pesquisa irá girar em torno de sua solução (VILELA-

JUNIOR, 2000).

Entre elementos bióticos e abióticos, como é a composição do ambiente da bacia hidrográfica

do Córrego Cardoso?

Page 7: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

7

3. JUSTIFICATIVA

A bacia hidrográfica do Córrego Cardoso tem importante localização em Belo Horizonte

tendo sido largamente ocupada sem que houvesse qualquer preocupação com planejamento

urbano, comprometendo assim as características naturais da região. Além dos problemas

ambientais, e sociais, a ocupação desordenada da região acarretou riscos à saúde e à vida

humana encontrando-se a maioria das residências em áreas de risco geológico pela

composição do solo, bem como, a declividade do terreno e a proximidade da margem do

córrego Cardoso e seus afluentes.

O pequeno número de estudos científicos sobre a região não reflete a importante função da

bacia hidrográfica do córrego Cardoso no meio ambiente a que se insere.

A bacia é parte integrante da Área Proteção Ambiental – APA Sul RMBH, deste modo,

diagnosticar o seu ambiente natural relaciona-se à identificação de importantes fatores

ambientais presentes na região sendo o Córrego Cardoso grande tributário do Ribeirão

Arrudas.

A caracterização ambiental da bacia hidrográfica do córrego Cardoso poderá contribuir para

futuros estudos sobre a região.

Page 8: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

8

4. OBJETIVOS

Segundo Fernandes (2008), objetivo é sinônimo de propósito, de meta; responde à pergunta: o

que se pretende investigar.

Deste modo definem-se os seguintes objetivos para este trabalho:

4.1. Objetivo Geral

Diagnosticar o ambiente da bacia hidrográfica do Córrego Cardoso.

4.2. Objetivos Específicos

Visando encontrar as respostas mais adequadas e explicativas para a problematização cabe

detalhar o objetivo geral da seguinte maneira:

Localizar o Córrego Cardoso em carta topográfica e realizar cálculos que permitam encontrar

dados de natureza morfométrica como densidade de drenagem e coeficiente de manutenção

dos córregos pertencentes à bacia. Os dados morfométricos serão mais bem assimilados após

caracterizar a climatologia da bacia.

Caracterizar visual e bibliograficamente a fauna e a cobertura vegetal predominante na região

assim como o solo e formações rochosas.

Por ser um dos recursos naturais em maior evidência atualmente, faz-se necessário

caracterizar a qualidade dos recursos hídricos dos cursos d‟água da bacia.

Page 9: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

9

5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.1. Área de Proteção Ambiental(APA)

A lei No 9.985, de 18 de julho de 2000 institui o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza – SNUC e estabelece critérios e normas para a criação, implantação

e gestão das unidades de conservação (IEF, 2010).

Ainda sobre a lei No 9.985:

Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de

ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente

importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como

objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e

assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais (MADAUAR, 2009).

A Lei 6.938/81, no inciso VI, do art. 9º, inclui os espaços territoriais especialmente protegidos

pelo Poder público Federal, Estadual e Municipal como instrumentos da Política Nacional do

Meio Ambiente, exemplificando, como tais, as áreas de proteção ambiental, as áreas de

relevante interesse ecológico e as reservas extrativistas (IEF, 2010).

É importante salientar que as áreas de proteção ambiental se dividem em dois grupos

distintos, unidades de proteção integral e unidades de uso sustentável.

O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido

apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos em lei. Já o

objetivo das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o

uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais (IBAMA, 2010).

5.2. APA Sul RMBH

5.2.1 Criação

A Região Metropolitana de Belo Horizonte, dotada de atributos bióticos, econômicos,

culturais e estéticos significativos, destaca-se por sua vocação minerária, responsável pelo

Page 10: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

10

surgimento dos núcleos de população desde o Século XVIII (IEF, 2010).

A exploração econômica da mineração de ouro e, posteriormente substituída, em maior

escala, pela mineração de ferro, é considerada como um dos vetores de expansão urbana,

iniciada historicamente pelos municípios de Nova Lima e Brumadinho (IEF, 2010).

A demanda pela criação de uma Área de Proteção Ambiental (APA), na região sul de Belo

Horizonte, partiu inicialmente de uma associação de proprietários de “residências de fins de

semana” da localidade de São Sebastião das Águas Claras (IEF, 2010).

Os estudos técnicos para definição de limites apontaram a adequação de uma região mais

abrangente que a demanda inicial, com aproximadamente 170 mil hectares. Quando esta

proposição técnica foi levada para a avaliação do Conselho Estadual de Política Ambiental -

COPAM, através da então Câmara de Defesa de Ecossistemas, ampliou-se o debate em torno

da viabilidade da unidade (IEF, 2010).

A APA Sul foi estabelecida em 8 de junho de 1994 pelo Decreto Estadual 35.624 que declara

entre outros:

Art. 1º - Sob a denominação de APA Sul RMBH, fica declarada Área de Proteção Ambiental

a região situada nos Municípios de Belo Horizonte, Brumadinho, Caeté, Ibirité, Itabirito,

Nova Lima, Raposos, Rio Acima e Santa Bárbara (Figura 01), com a delimitação geográfica

constante do Anexo deste Decreto (MEDAUAR, 2009).

Page 11: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

11

Figura 01 – APA Sul RMBH

Fonte: Redeapasul, 2010

Art. 2º - A declaração de que trata o artigo anterior tem por objetivo proteger e conservar os

sistemas naturais essenciais à biodiversidade, especialmente os recursos hídricos necessários

ao abastecimento da população da região metropolitana de Belo Horizonte e áreas adjacentes,

com vista à melhoria de qualidade de vida da população local, à proteção dos ecossistemas e

ao desenvolvimento sustentado(MEDAUAR, 2009).

5.2.2. Características naturais

Na APA Sul RMBH estão presentes duas grandes bacias hidrográficas, a do Rio São

Francisco e a do Rio Doce, que respondem pelo abastecimento de aproximadamente 70% da

população de Belo Horizonte e 50% da população de sua região metropolitana (IEF, 2010).

A área possui uma das maiores extensões de cobertura vegetal nativa contínua do Estado,

abrangendo regiões conhecidas como Caraça e Gandarela. Ocorrem aí as matas úmidas de

Page 12: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

12

fundos de vales e as matas de altitude e grandes formações rochosas. Estas características

determinam inestimável valor em termos de biodiversidade(IEF, 2010).

O Estado de Minas Gerais ainda apresenta remanescentes do que foi uma extensa faixa de

florestas pertencentes ao domínio da Mata Atlântica, atualmente reduzida à cerca de 4% de

sua cobertura original (COSTA et al. 1998).

A região da APA Sul é compreendida por parte das bacias dos rios Paraopeba, das Velhas e

Doce e está localizada em área coberta por Floresta Estacional Semidecidual e encraves de

Cerrado e Campo (SPÓSITO & STEHMANN, 2005).

Pouco se conhece sobre a diversidade biológica da APA Sul, que foi incluída nas Prioridades

para Conservação da Biodiversidade do Estado de Minas Gerais, devido ao alto grau de

endemismo de plantas e animais, e às constantes pressões de desmatamento, expansão urbana,

mineração e turismo na região (COSTA et al. 1998).

A área da APA Sul-RMBH é bastante extensa, ocupando aproximadamente 163.000 há. Está

situada na vertente oriental do sul da Cadeia do Espinhaço, dentro do domínio florestal

atlântico. Esta região, inserida no Quadrilátero Ferrífero, é dominada, nas regiões mais altas,

pelos campos com florestas ocorrendo nas áreas de drenagem que descem e preenchem os

vales e encostas erodidas, além de incluir encraves de cerrado (MUZZI & STEHMANN

2005).

Muitas das áreas de floresta apresentam grande quantidade de gramíneas no solo, o que pode

ser conseqüência de um dossel mais aberto, com maior penetração de luz. As aberturas do

dossel podem ter se originado de corte seletivo no passado, ou de quedas de árvores em locais

inclinados, que acabam abrindo clareiras na mata (SPÓSITO & STEHMANN, 2005).

O clima da região da APA Sul é do tipo Cwb de Köppen, classificado como temperado

chuvoso (mesotérmico) ou subtropical de altitude, com inverno seco e verão chuvoso, com

temperatura média do mês mais frio inferior a 18 °C e a do mês mais quente inferior a 22 °C

(ANTUNES, 1986). O relevo é montanhoso, sendo a maior parte com grandes declividades.

As altitudes variam de 800 a 1.250 m (SPÓSITO & STEHMANN, 2005).

Page 13: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

13

A APA Sul apresenta uma rede hidrográfica extensa com matas ciliares relativamente

preservadas. A presença de campos naturais no alto dos morros e montanhas da região pode

ser uma barreira natural para muitas espécies arbóreas, evidenciando a importância das matas

ciliares nos vales que funcionam como corredores naturais. A existência de diferentes

Unidades de Conservação na região, nas categorias RPPN e APE, juntamente com as matas

ciliares, proporciona uma estrutura de rede capaz de sustentar a biodiversidade local. Esses

corredores naturais são, contudo, interrompidos pelas áreas urbanas, como a cidade de Nova

Lima e Rio Acima, bem como por atividades de lavra e barragens (SPÓSITO &

STEHMANN, 2005).

5.2.2.1 Cerrado

Segundo Ratter e Dargie (1992), o Cerrado ocupa 23% do território brasileiro(Figura 02),

estendendo-se da margem da Floresta Amazônica até os estados de São Paulo e Paraná (Ratter

& Dargie 1992), representando o segundo maior bioma do Brasil superado apenas pela

Floresta Amazônica (RIBEIRO & WALTER 1998).

Figura 02 – Área central do Cerrado no Brasil. IBGE (1993).

Fonte: MACHADO et al., 2004

Page 14: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

14

Os Cerrados são assim reconhecidos, devido às suas diversas formações ecossistêmicas. Sob o

ponto de vista fisionômico temos: o cerradão, o cerrado típico, o campo cerrado, o campo sujo

de cerrado, e o campo limpo que apresentam altura e biomassa vegetal em ordem decrescente

(IBAMA, 2010).

A flora do Cerrado é muito antiga (Cretáceo) e os autores divergem quanto ao número de

espécies que a compõe(FIDELIS & GODOY, 2002). Para Ratter & Dargie (1992) seria algo

em torno de 700 espécies de árvores e arbustos de grande porte. A última estimativa

(CASTRO et al. 1999) mostra o máximo de 2.000 espécies arbóreas e 5.250 espécies

herbáceas e subarbustivas, portanto flora muito mais rica do que se pensava inicialmente.

De acordo com o IBAMA (2010) o Cerrado típico é constituído por árvores relativamente

baixas (até vinte metros), esparsas, disseminadas em meio a arbustos, subarbustos e uma

vegetação baixa constituída, em geral, por gramíneas.

A típica vegetação que ocorre no Cerrado (Figura 03) possui seus troncos tortuosos, de baixo

porte, ramos retorcidos, cascas espessas e folhas grossas. Os estudos efetuados consideram

que a vegetação nativa do Cerrado não apresenta essa característica pela falta de água – pois,

ali se encontra uma grande e densa rede hídrica – mas sim, devido a outros fatores edáficos

(de solo), como o desequilíbrio no teor de micronutrientes, a exemplo do alumínio (IBAMA,

2010).

Figura 03 – Cerrado

Fonte: Tv Ecologica, 2008

Page 15: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

15

Dados reunidos de vários autores sugerem que, dependendo do grupo taxonômico

considerado, a porcentagem de espécies brasileiras que ocorrem no Cerrado pode representar

algo entre 20 e 50% (Tabela 1). Além dessa expressiva representação, a biodiversidade do

Cerrado possui um significativo número de endemismos para vários grupos de animais e

plantas.

Tabela 01 – Estimativas da riqueza de espécies do Cerrado e comparação com o total de

espécies conhecidas para o Brasil e para o Mundo.

Fonte: SHEPERD, 2000.

Segundo Machado et al. (2004) a grande diversidade de espécies de animais e plantas do

Cerrado está associada com a não menos desprezível diversidade de ambientes.

As espécies de animais e plantas apresentam uma grande associação com os ecossistemas

locais, podendo-se encontrar vários exemplos de espécies muito ligadas aos ambientes

naturais. Assim, aves como o soldadinho (Antilophia galeata) ou o pula-pula-de-sobrancelha

(Figura 04) (Basileuterus leucophrys) somente podem ser encontradas em matas de galeria

(Machado 2000). Mamíferos como o ratinho Kunsia fronto só existem em formações de

cerrado mais denso (MARINHO-FILHO et al. 2002). Lagartos como o Cnemidophorus

ocellifer só ocorrem em cerrados de terrenos arenosos. Palmeiras como o buriti (Figura 05)

(Mauritia flexuosa) estão muito associadas com as formações de veredas e orquídeas como a

Constancia cipoense só ocorre em campos rupestres (MACHADO ET al., 2004).

Page 16: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

16

Figura 04 - Pula-pula-de-sobrancelha

Fonte: Wikiaves, 2010

Figura 05 – Buriti do Cerrado

Fonte: Vale das Jalapas, 2010

Page 17: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

17

Nos últimos 25 anos, o Cerrado vem recebendo ação direta do desenvolvimento da agricultura

(RATTER et al. 1996; 1997). Pivello & Coutinho (1996) afirmam que atualmente, quase todo

o ambiente de cerrado está sob intensa pressão humana e não é mais natural.

5.2.2.2 Matas de Galeria

As matas de galeria são formações florestais associadas aos cursos d‟água que cortam a região

do Cerrado. A despeito da reduzida área que ocupam na região, constituem-se nas

comunidades de maior riqueza e diversidade no Cerrado(FELFILI, 2000).

As matas de galeria acompanham os pequenos rios e córregos no Cerrado e são as

comunidades mais ricas e diversas do bioma, como resposta às marcantes variações no seu

ambiente físico (SANTIAGO, et al., 2005).

Oliveira-Filho et al. (1994) destacaram ainda que essas comunidades também contribuem para

a regulação do assoreamento, da turbidez da água, do regime de cheias, da manutenção da

perenidade das águas e da erosão das margens de rios e córregos.

As matas de galeria na região do cerrado têm papel fundamental na manutenção do equilíbrio

ambiental e social. Apesar de legalmente protegidas vêm sendo sistematicamente substituídas

pela agricultura e pelo uso de madeiras e outros produtos regionais (SILVA-JUNIOR, 2003).

Estimativas efetuadas em 1998 indicam a perda de cerca de 60% da cobertura vegetal original

(1953) ocupada por matas de galeria no Distrito Federal (DF) (UNESCO, 2000).

5.2.2.3 Mata Atlântica

A Mata Atlântica é considerada um dos mais importantes repositórios de biodiversidade do

planeta e um dos biomas mais ameaçados do mundo, sendo por isso considerado um hotspot

para a conservação (TABARELLI et al., 2005).

De acordo com as delimitações estabelecidas pelo Mapa de Vegetação do Brasil(Figura06),

do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (1993), a totalidade das florestas

Ombrófila Densa, Ombrófila Mista, também denominada de Mata de Araucárias, Ombrófila

Aberta, Estacional, Semidecidual e Estacional Decidual, está localizada nos Estados do Rio

Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito

Page 18: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

18

Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí.

As Florestas Estacionais Semideciduais e Deciduais localizam-se nos estados de Mato Grosso

do Sul e Goiás.

Figura 06 – Domínio da Mata Atlântica

Fonte: IBGE, 1993

Estima-se que este bioma abriga 20.000 espécies de plantas vasculares(Tabela 02), das quais

cerca de 8.000 são endêmicas (MYERS et al., 2000).

Page 19: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

19

Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2004

O tronco das árvores, normalmente é liso, só se ramifica bem no alto para formar a copa. As

copas das árvores mais altas, que necessitam receber grande quantidade de luz, tocam umas

nas outras formando uma massa de folhas e galhos(Figura 07). Esta parte vem a ser então a

camada superior da floresta. O Bugio e o tucano são exemplos de animais que ocupam essa

camada. A maioria das espécies de bromélias e orquídeas, que necessitam mais de luz,

também a ocupam. Em uma parte mais baixa chamada de sub-bosque, nascem e crescem

arbustos, pequenas árvores, bambus, samambaias gigantes, liquens e outras espécies que

toleram menor quantidade de luz. A maioria das espécies de aves habita essa camada da

floresta(WOEHL-JR. et.al, 2006).

Page 20: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

20

Figura 07 – Vegetação da Mata Atlântica

Fonte: Universitário.com.br, 2010

As folhas que caem das árvores, os galhos secos que se desprendem e os troncos das árvores

que morrem vão se acumulando no chão da floresta e criam um ambiente muito especial, que

constitui o habitat de muitos insetos, outros animais e, principalmente, fungos e

bactérias(WOEHL-JR. et.al, 2006)

Woehl-Júnior (2006), destaca ainda que a mata era caracterizada pela imensa diversidade

biológica, pela presença de árvores altas de caules grossos e principalmente, pelo equilíbrio

entre as espécies. A intervenção humana tem transformado estes ecossistemas, antes

intocados.

A Mata Atlântica brasileira, hoje reduzida a menos de 8% de sua extensão original(Figura

08), perfazia cerca de 1.350.000 km2 do território nacional e estende-se desde o Ceará até o

Rio Grande do Sul (Fundação SOS Mata Atlântica et al., 1998; Fundação SOS Mata Atlântica

& INPE, 2002).

Page 21: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

21

Figura 08 – Domínio da Mata Atlântica, Remanescentes Florestais em 1990

Fonte: SOS Mata Atlântica, 1990

5.3. Bacia Hidrográfica do córrego Cardoso

Segundo Cruz (2003), a bacia hidrográfica (Figura 09) é uma área geográfica natural formada

por uma área da superfície terrestre, que contribui na formação e no armazenamento de um

determinado curso d‟água. São delimitadas pelos pontos mais altos do relevo (espigões,

divisores de água), dentro da qual a água proveniente das chuvas é drenada superficialmente

por um curso d‟água principal até sua saída da bacia, no local mais baixo do relevo, que

corresponde à foz desse curso d´água.

Page 22: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

22

Figura 09 - Bacia Hidrográfica

Fonte: ANA, 2010

A bacia hidrográfica do Córrego Cardoso, situada em na cidade de Belo Horizonte(Figura 10),

é composta pelo bairro Santa Efigênia e em sua maior parte pelo Aglomerado da Serra.

Page 23: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

23

Figura 10 – Mapa de localização da bacia hidrográfica do córrego Cardoso dentro de Belo

Horizonte

O aglomerado está situado na região sudeste de Belo Horizonte e faz divisa com os bairros

Baleia, Novo São Lucas, Mangabeiras, Parque das Mangabeiras, Santa Efigênia e Serra.

Muitos habitantes do aglomerado trabalham, utilizam serviços e lazer desses bairros. A área

do aglomerado é igual a 150,93ha segundo o levantamento feito pela prefeitura para

realização do Plano Global Específico. Possui uma população estimada de 46.000 habitantes

que estão distribuídas em 7 vilas, umas com ocupação mais antiga e outras com ocupação

mais recente. Segundo uma Pesquisa realizada pela PUC e pela Secretaria Municipal de

Desenvolvimento Social, o Aglomerado da Serra é uma das áreas de maior exclusão social de

Belo Horizonte (Plano Global Específico(PGE), 2000).

Page 24: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

24

5.3.1. Ocupação do Solo

A ocupação do aglomerado da Serra aconteceu sem que houvesse qualquer forma de

planejamento urbano, deste modo grande parte das moradias foi instalada em áreas

irregulares, de risco e sem devido saneamento para atender às necessidades da comunidade.

Das seis vilas do Aglomerado da Serra, a Santana do Cafezal é a que teve a ocupação mais

recente. Seu surgimento se deu a partir de 1975 com a expansão da vila Nossa Senhora da

Conceição para morro adjacente. Os terrenos inicialmente povoados foram o topo do morro e

as margens do caminho que ligava o local ao bairro Santa Efigênia. Em seguida os barracos

alastraram-se na encosta leste (PGE, 2000).

A expansão periférica das cidades e a forma precária como são implantados os assentamentos

informais ou espontâneos resultam em quadros de degradação físicoambiental. Os impactos

ambientais associados ao processo de urbanização ampliaram-se perigosamente nos últimos

tempos, o que acarreta, também, um desafio ao poder público e à sociedade em geral: prevenir

novos impactos e recuperar as áreas afetadas (NETTO, 2005).

Um dos impactos ambientais mais preocupantes decorrentes da ocupação aleatória do solo é a

interferência nas características naturais dos recursos hídricos.

Segundo Tundisi (1999), alterações na quantidade, distribuição e qualidade dos recursos

hídricos ameaçam a sobrevivência humana e as demais espécies do planeta, estando o

desenvolvimento econômico e social dos países fundamentados na disponibilidade de água de

boa qualidade e na capacidade de sua conservação e proteção.

A simples retirada de vegetação e posterior ocupação de margens de córregos já compromete

a qualidade ambiental do corpo hídrico e seu entorno(FREIRE, 2000). Freire (2000) destaca

ainda que, quando esta ocupação se dá de maneira precária, sem o devido planejamento, o

comprometimento é muito maior, inclusive do balanço hídrico, acarretando não somente

comprometimento da qualidade da água como também da quantidade deste recurso.(FREIRE,

2007).

Além dos impactos ambientais, essas ocupações irregulares geram vários outros problemas,

como a exclusão social decorrente do “não reconhecimento do direito de posse e a

Page 25: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

25

permanência da precariedade da moradia conseguida geralmente com muito trabalho” (GUIA,

21; 2003).

5.3.2. Vila Viva

O Aglomerado da Serra é uma área caracterizada por altas declividades e pelo fato de ter as

nascentes de dois importantes contribuintes do Ribeirão Arrudas, o Córrego da Serra e o

Córrego Cardoso. Uma área de recarga de lençol freático, que possui várias nascentes e que,

caracterizando-se como áreas de preservação e proteção ambiental pela legislação, não

poderia ser ocupada(NETTO, 2005).

Diante dos problemas de favelização, e dentro de um processo de redemocratização do País,

que via do lado das políticas urbanas a ampliação dos direitos sociais, a Prefeitura de Belo

Horizonte começou a programar políticas públicas que buscam o redimensionamento dos

direitos sobre a propriedade particular (NETTO, 2005).

Ainda segundo Netto (2005), no primeiro semestre de 1999, teve início o Plano Global

Específico do Aglomerado da Serra, envolvendo seis favelas.

No ano de 2006, iniciou-se em Belo Horizonte um conjunto de ações do poder público

municipal com o sentido de prover de infra-estrutura básica parte do Aglomerado da Serra.

Este programa foi denominado “Programa Vila Viva”(GOMES, 2009).

A origem do Programa Vila Viva, cujas primeiras obras tiveram início em 2005 no

Aglomerado da Serra, está diretamente relacionada com o Plano Global Específico (PGE) de

cada vila atendida. O plano é um estudo aprofundado da realidade das vilas e favelas de Belo

Horizonte, com participação direta da comunidade. Este projeto é realizado em três etapas:

levantamento de dados, elaboração de um diagnóstico integrado dos principais problemas da

área em estudo e, por último, definição das prioridades locais e das ações necessárias para

atendê-las (URBEL, 2010)

O Vila Viva engloba obras de saneamento, remoção de famílias, construção de unidades

habitacionais, erradicação de áreas de risco, reestruturação do sistema viário, urbanização de

becos, implantação de parques e equipamentos para a prática de esportes e lazer. Após o

Page 26: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

26

término da urbanização, a área será legalizada com a emissão das escrituras dos lotes aos

ocupantes (PBH, 2010).

De acordo com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte – PBH (2010), o programa de

“urbanização” Vila Viva, em implementação, é o “maior programa de urbanização de favelas

do Brasil”.

Para a implantação do programa, a Prefeitura de Belo Horizonte conta com recursos

assegurados de R$171,2 milhões. Deste montante, R$113 milhões financiados pelo Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com contrapartida de 25% pela

Prefeitura, e R$58,2 milhões pelo governo federal através do Programa Saneamento para

Todos da Caixa Econômica Federal, com contrapartida de 10% do município (PBH, 2010).

Segundo a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (URBEL, 2010), a previsão é de que

11.829 famílias sejam removidas nas 11 comunidades beneficiadas. Até o fim das obras, serão

construídos 5.878 apartamentos para o reassentamento dessas famílias nas próprias

comunidades(Figura 11). Existe ainda a opção de receber o valor da indenização pela

benfeitoria da residência ou participar do reassentamento monitorado pelo Proas.

Figura 11 – Inauguração de apartamentos do Vila Viva

Fonte: Portal PBH, 2010

Page 27: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

27

O Programa Vila Viva também engloba ações de promoção social e desenvolvimento

comunitário, educação sanitária e ambiental e criação de alternativas de geração de trabalho e

renda (URBEL, 2010).

URBEL – Vila Viva

Transformação no Aglomerado da Serra

A primeira etapa do Vila Viva, que começou no final de

2005, foi entregue em abril de 2007. Foram construídos 48

apartamentos e parte da avenida Cardoso. No início da

avenida Mem de Sá foram construídas duas barragens de

contenção para controlar a vazão das águas de chuva e

evitar as enchentes na região. Para essa obra, foram

removidas e reassentadas 220 famílias, que moravam em

situação subumana e de risco, às margens do Córrego

Cardoso. Vários becos também foram urbanizados nesta

fase.

Na segunda etapa, foi entregue à população, em dezembro

de 2007, o Complexo Esportivo do Aglomerado da Serra

Mário Guimarães, 104 apartamentos e a sede da

Cooperativa de Costureiras. O complexo foi construído em

um terreno de 20 mil m² cedido pela Fundação Benjamin

Guimarães, e é composto por um campo de futebol

gramado com dimensão oficial, alambrados, vestiários,

arquibancadas, iluminação para jogos noturnos, quadra

poliesportiva e estacionamento.

Em dezembro de 2008, foi inaugurada a avenida do

Cardoso, que tem 16 metros de largura e 1.660 metros de

extensão. Ela corta o Aglomerado, ligando a Avenida Mem

de Sá, em Santa Efigênia, à Rua Caraça, no Bairro Serra.

Por causa do terreno acidentado, dois trechos da avenida do

Cardoso são de viaduto, sendo o primeiro trecho de 128m e

o segundo de 64m. A construção de um viaduto em vilas e

favelas é pioneira no Brasil. Também foram entregues à

população apartamentos destinados ao reassentamento de

famílias removidas do aglomerado.

Em julho de 2009, foram concluídos mais 168

apartamentos. Até o momento foram finalizadas 528

unidades habitacionais no Aglomerado da Serra. A

urbanização da rua da Amizade, que inclui contenções de

escosta, pavimentação, implantação de redes de drenagem e

esgoto, também está finalizada. Além da Praça da

Bandoneon, que possui uma área de lazer com quadra de

esportes, três duchas, equipamento lúdico, espaço para

eventos e Academia da Cidade. (Portal PBH, 2010).

Page 28: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

28

5.3.3. Caracterização do Ambiente

Bacias hidrográficas são constituídas por vários elementos bióticos e abióticos que se inter

relacionam e com suas peculiaridades formam um complexo conjunto de características que

as difere. Estes elementos sejam topográficos, climáticos, hidrológicos, químicos, biológicos

ou geológicos formam um sistema, que em estado natural encontra-se em equilíbrio, sendo

aplicável seu estudo de forma interdisciplinar e sistêmica.

“A bacia hidrográfica é um sistema ambiental complexo, resultante das inter-

relações entre os subsistemas físico-natural (natureza) e socioeconômico

(sociedade). A compatibilidade entre as dinâmicas destes subsistemas – de

modo a conciliar qualidade de vida e respeito aos limites e potencialidades do

meio físico – é a meta de um processo sustentável de desenvolvimento

urbano.” (MATTOS, 2005, p.xi)

“Na cidade essa relação entre os subsistemas é distinta daquela que ocorre em

ambientes rurais ou naturais, haja vista que a organização da cidade ocorre

em função principalmente daquilo que é imposto pelo subsistema

socioeconômico. No entanto, essa imposição não pode (ou, pelo menos, não

deveria) ignorar os limites e potencialidades dados pelo subsistema físico-

natural.” (MATTOS, 2005, p.8)

Segundo Porto et.al (1999), em qualquer bacia, as características do escoamento superficial

são largamente influenciadas pelo tipo predominante de solo, devido à capacidade de

infiltração dos diferentes solos, que por sua vez é resultado do tamanho dos grãos do solo, sua

agregação, forma e arranjo das partículas. Solos que contém material coloidal contraem-se e

incham-se com as mudanças de umidade, afetando a capacidade de infiltração. A porosidade

afeta tanto a infiltração quanto a capacidade de armazenamento e varia bastante para solos

diferentes. Algumas rochas têm 1% de porosidade, enquanto solos orgânicos chegam a ter 80

a 90%.

A qualidade da água de uma microbacia pode ser influenciada por diversos fatores e, dentre

eles, estão o clima, a cobertura vegetal, a topografia, a geologia, bem como o tipo, o uso e o

manejo do solo da bacia hidrográfica (VAZHEMIN, 1972; PEREIRA, 1997). Segundo

Arcova et al. (1998), os vários processos que controlam a qualidade da água de determinado

manancial fazem parte de um frágil equilíbrio, motivo pelo qual alterações de ordem física,

química ou climática, na bacia hidrográfica, podem modificar a sua qualidade.

Na Bacia Hidrográfica desenvolvem-se atividades humanas que utilizam a água para

múltiplas finalidades, inclusive de recepção, diluição e assimilação de esgotos urbanos, de

efluentes industriais e de rejeitos agrícolas. Os usos da água são consuntivos – abastecimento

Page 29: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

29

urbano, industrial e irrigação – que registram perdas por evaporação, infiltração no solo,

evapotranspiração, absorção pelas plantas e incorporação a produtos industriais, e não

consuntivos – geração hidrelétrica e navegação fluvial – que não afetam a quantidade da água

disponível (BARTH & BARBOSA, 1999).

Segundo BARTH & BARBOSA (1999), o balanço entre a disponibilidade e a demanda de

água para diversos fins, indica a situação hídrica de escassez ou de abundância da bacia

hidrográfica.

Outro fator influenciado e influenciável pelo solo e pelas características hidrológicas é a

vegetação, que a exemplo dos dois primeiros está intimamente relacionada à fauna e ao clima.

Segundo Porto (1999), as florestas têm ação regularizadora nas vazões dos cursos d‟água, mas

não aumentam o valor médio das vazões. Em climas secos, a vegetação pode até mesmo

diminuí-lo em virtude do aumento da evaporação.

O desenvolvimento das plantas está diretamente associado a fatores externos, como duração,

intensidade e distribuição espectral da radiação, temperatura, gravidade, forças impostas pelo

vento, correntes de água e uma variedade de influências químicas (LARCHER, 2000).

A fauna também tem seus nichos ecológicos determinados por fatores ambientais. Os fatores

de ambiente importantes da definição do nicho são luz, calor, água, nutrientes e fatores

mecânicos, que são determinados em grande medida pelo clima e solo(PILLAR, 1994).

Bom exemplo da influência da vegetação sobre a fauna são as florestas de galeria. Para a

fauna de mamíferos, as florestas de galeria são de fundamental importância, sobretudo em

áreas de cerrado. Essas florestas, provavelmente, possibilitam o incremento da diversidade de

espécies da fauna sob dois aspectos: primeiro por constituírem os corredores, que permitem

que as espécies de hábitat florestal alcancem grandes extensões e segundo por oferecerem

refúgio, alimento e água para as espécies não florestais (REDFORD & FONSECA, 1986).

As florestas de galeria constituem o tipo de habitat que abriga a maior parte dos endemismos

de mamíferos do Brasil Central e cerca de 85% das espécies de mamíferos não-voadores;

praticamente, todas as espécies de morcegos mantêm alguma associação com essas florestas

(MARINHO-FILHO & REIS 1989).

Page 30: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

30

Segundo Mendonça (2009) as características do relevo são importantes no estudo de bacias

hidrográficas, pois a velocidade de escoamento superficial depende da declividade do terreno,

o que determina o seu relevo.

A declividade da bacia ou dos terrenos da bacia tem uma relação importante e também

complexa com a infiltração, o escoamento superficial, a umidade do solo e a contribuição de

água subterrânea ao escoamento do curso d‟água. É um dos fatores mais importantes que

controla o tempo do escoamento superficial e da concentração da chuva (PORTO et al. 1999).

Como descreve Porto (1999), a variação da elevação e também a elevação média de uma

bacia são fatores importantes com relação à temperatura e à precipitação.

De acordo com Larcher (2000) o relevo, em especial, exerce grande influência sobre alguns

fatores climáticos direcionais, como a radiação e o vento.

Os elementos climáticos são definidos pelos atributos físicos que representam as propriedades

da atmosfera geográfica de um dado local. Os mais comumente utilizados para caracterizar a

atmosfera geográfica são a temperatura, a umidade e a pressão, que, influenciados pela

diversidade geográfica, manifestam-se por meio de precipitação, vento, nebulosidade, ondas

de calor e frio, entre outros. (MENDONÇA, 2007, p. 41)

O clima, considerado em diferentes escalas, é o fator mais importante de variação da

vegetação. O clima é influenciado em grande medida pelo balanço da radiação solar. Os

efeitos da radiação solar sobre condições de luminosidade, temperatura e disponibilidade de

água para os vegetais são mediados por estratégias de adaptação (PILLAR, 1995).

Page 31: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

31

6. METODOLOGIA

Segundo Hegenberg (1976), método é o “caminho pelo qual se chega a determinado

resultado, ainda que esse caminho não tenha sido fixado de antemão de modo refletido e

deliberado”. Esta “pesquisa exploratória, ou estudo exploratório, tem por objetivo conhecer a

variável de estudo tal como se apresenta, seu significado e o contexto onde ela se insere”

(PIOVESAN e TEMPORINI, 1995).

Optou-se pelos seguintes métodos para auxiliar a pesquisa:

Revisão Bibliográfica, a partir de consulta e pesquisa em sites, trabalhos científicos e livros.

Análises documentais como leituras de mapas topográficos, geológicos e hidrológicos para

obter conhecimento sobre a localização, altitude e área da bacia bem como características do

solo e dos recursos hídricos.

O mapa geológico utilizado foi o Mapa Geológico de Belo Horizonte de 2005 com escala de

1:50.000.

Para elaboração de maquete da bacia hidrográfica do córrego Cardoso, além de carta

topográfica da região em escala 1:7060 e imagem de satélite, foram utilizadas placas de isopor

de 1,5cm de espessura representando as curvas de nível, argamassa, serragem, areia colorida e

tinta. Para uma comparação mais aprofundada entre dados bibliográficos e a situação real

atual, realizaram-se duas visitas in loco com o intuito de recolher material e realizar

observações. A primeira visita foi realizada em 05 de abril de 2010 e a segunda em 10 de

maio de 2010. A partir do material recolhido nas visitas foi elaborado também um vídeo sobre

a bacia.

Caracterizou-se o clima da região através do Sistema de Classificação Climática(SCC) de

Köppen-Geiger. O SCC de Köppen (KÖPPEN e GEIGER, 1928), é um dos mais abrangentes

e parte do pressuposto que a vegetação natural é a melhor expressão do clima de uma região.

É um SCC ainda hoje largamente utilizado, em sua forma original ou com modificações

(ROLIM et.al., 2007).

A caracterização da qualidade dos recursos hídricos foi realizada com base nos parâmetros

sensorialmente perceptíveis.

Page 32: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

32

7. RESULTADOS

7.1 Fisiografia

O Córrego Cardoso, possui um comprimento de 3,4 km de curso d‟água, sendo que 75% do

seu curso encontra-se impermeabilizado por intervenção antrópica. Segundo dados do IBGE

(2000), a bacia conta com uma população 43.585 habitantes, em uma área de 300 ha.

A altitude no exutório do córrego Cardoso que é o ponto mais baixo da bacia é de 820m

chegando a 1195m nos divisores de água ao sul. Com base nestes dados calcula-se que a

amplitude altimétrica da bacia corresponde a 375m.

O valor da densidade de drenagem da bacia é de 3,24 km/km². A densidade de drenagem é

calculada através da fórmula Dd= LT/A, onde LT é o comprimento total dos canais e A é a

área total da bacia. O valor 3,24 km/km² ilustra a baixa densidade de drenagem da bacia.

A densidade hidrológica da bacia, dada pela formula Dh= n/A onde, n representa o número

total de cursos d‟água e A a área total da bacia é de 4,7 rios/km². De acordo com este índice

proposto por Horton (1945), a bacia apresenta capacidade média para a geração de novos

cursos d‟água.

Calcula-se através da fórmula Rr= (Δa/L) x 100 [%], onde Δa representa a amplitude

altimétrica da bacia e L o comprimento do canal principal, a relação de relevo da bacia. Para a

bacia do córrego Cardoso o valor encontrado é 88,2 m/km, que indica que o relevo é

montanhoso.

Para encontrar o índice de rugosidade da bacia foi utilizada a fórmula Ir= H x Dd, onde H é a

amplitude altimétrica da bacia (km) Dd é a densidade de drenagem (km/ km²). O índice de

rugosidade da bacia hidrográfica do córrego Cardoso é de 1,215. Este é um valor elevado e

fundamenta os riscos de inundações da bacia, já que, de acordo com Ribeiro e Campolina

(2010), áreas potencialmente assoladas por cheias relâmpagos são previstas como possuidoras

de índices elevados de rugosidade.

Page 33: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

33

7.2 Climatologia

Belo Horizonte, por sua localização geográfica, sofre a influência de fenômenos

meteorológicos de latitudes médias e tropicais. Duas estações bem definidas podem ser

identificadas: uma seca (inverno), na qual atuam a Frente Polar Atlântica (FPA) e o

anticiclone subtropical do Atlântico Sul; e uma outra chuvosa (verão), na qual predominam os

sistemas convectivos associados ao aquecimento continental, e a Zona de Convergência do

Atlântico Sul (ZCAS) (de QUADRO & de ABREU, 1994).

A tabela 03 resume a climatologia das variáveis atmosféricas de Belo Horizonte,

representadas pelos valores médios mensais tomados anualmente e sazonalmente.

Fonte: ABREU, 1998

Algumas das variáveis do clima de Belo Horizonte são ilustradas também no gráfico a

seguir(Figura 12) onde os dados climatológicos representam uma média do período entre

1961 e 1990.

Page 34: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

34

Figura 12 – Climatologia de Belo Horizonte

Fonte: INMET, 2010

O clima de Belo Horizonte possui um período de estiagem entre abril e setembro e um

período chuvoso entre outubro e fevereiro que é quando ocorre o maior número de

deslizamentos de encostas que, como veremos, é ocorrência comum na bacia devido, entre

outros fatores, às características geológicas da região.

Assim como deslizamento de encostas, algumas características da região aliadas à forma de

ocupação do solo propiciam enchentes e inundações no período chuvoso.

Conforme observado no Mapa da classificação climática de Köppen-Geiger para a América

do Sul (2007) (Figura 13), ocorrem em Belo Horizonte Cwa (clima subtropical/tropical de

altitude) e Cwb (clima temperado marítimo/clima tropical de altitude), sendo na região da

APA Sul do tipo Cwb de Köppen, classificado como temperado chuvoso (mesotérmico) ou

subtropical de altitude(ANTUNES, 1986).

Page 35: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

35

Figura 13 - Mapa da classificação climática de Köppen-Geiger para a América do Sul

Fonte: PEEL, 2007

7.3 Geologia

A bacia possui três grupos geológicos(Figuras 14), o grupo piracicaba com a formação Fecho

do Funil, o grupo Sabará e o Complexo Belo Horizonte.

Page 36: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

36

Figura 14 – Mapa Geológico da Bacia Hidrográfica do Córrego Cardoso. Adaptado do Mapa

Geológico de Belo Horizonte.

Fonte: CODEMIG, 2005

A geologia da área é definida basicamente por filitos medianamente alterados a muito

alterados, sendo que a rocha sã é somente observada localmente. A rocha possui uma foliação

bem definida de direção variando entre N25ºE e N80ºE com mergulhos entre 40º e 75º para

SE(PGE, 2000).

O portal ambiente Brasil (2010) define Filito como rocha metamórfica de granulação fina,

intermediária entre o xisto e a ardósia, constituída de minerais micáceos, clorita e quartzo,

apresentando boa divisibilidade. Tem comumente aspecto sedoso, devido à sericita. Origina-

se, em geral, de material argiloso por diananometamorfismo e recristalização. Comum no

Proterozóico brasileiro.

Os fenômenos de instabilidade de encostas e taludes são com freqüência, causas de acidentes

cujos prejuízos são acrescidos quando ocorrem em áreas densamente ocupadas. As

modificações hidrológicas, hidrogeológicas e geomorfológicas, em especial aquelas

decorrentes da urbanização, são muitas vezes as principais causas da instabilização(PGE,

2000).

O PGE (2000) destaca que as características fisiográficas da área em estudo, não são de forma

geral, favoráveis a ocupação, principalmente pela classe menos favorecida, visto que requer

obras mais „robustas‟ de custos mais elevados. Tal fato, aliado a extrema situação de pobreza

Page 37: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

37

da população que se instalou no local, conduziu a situações de risco(Figura 15) que podem

gerar perdas materiais e de vidas humanas.

Figura 15 – Mapa de Risco Geológico do Rio das Velhas

Fonte: CARVALHO, 2004

Segundo Fernandes et.al (1993), os principais problemas associados à ocupação de maciços

de solos deste tipo são:

- escorregamentos de aterros constituídos por solos siltosos e micáceos, provenientes da

alteração dos filitos e mica-xistos, por dificuldade de compactação.

- instalação de processos erosivos intensos em cortes (solo exposto) e aterros lançados de

filitos e xistos.

- desplacamento de rocha em maçicos quartzíticos e de filitos.

- baixa capacidade de suporte, dificuldade de compactação de solos de alteração de mica-

xistos e filitos, além de escorregamentos de aterros lançados em encosta.

As obras do programa Vila Viva contribuíram significativamente para a diminuição dos casos

de risco geológico na bacia hidrográfica do córrego Cardoso(Figura 16).

Page 38: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

38

Figura 16 - Gráfico dos casos de risco geológico no Aglomerado da Serra.

Fonte: URBEL, 2008

7.4 Fauna e Flora

A fauna e a flora da bacia hidrográfica do Córrego Cardoso sofreram modificações intensas

devido à antropização. São encontrados poucos fragmentos remanescentes(Figura 17) dos

ecossistemas originais, apenas florestas de galeria na parte à montante dos cursos d‟água.

Cerrado e Mata Atlântica não são encontrados na bacia, apenas nas adjacências.

O projeto vila viva tem como objetivo recuperar a vegetação nas margens dos cursos d‟água

da bacia, além de realizar ações de paisagismo em todo o aglomerado da Serra. A falha

observada neste processo é a utilização de espécies exóticas como bananeira e mangueira, já

que, o reflorestamento é feito sem embasamento em estudos a respeito das espécies típicas do

bioma característico da região.

Page 39: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

39

Figura 17 – Remanescente de floresta de galeria no córrego da 2ª água(afluente do

córrego Cardoso) com interferência de espécies exóticas.

As espécies da fauna observadas na bacia, além de escassas são no geral espécies

invasoras(Figura 18) ou pragas como cães e ratos. Como relatado por um dos coordenadores

do Projeto Vila Viva, ocorrem raras aparição de espécies de pequeno porte típicas do cerrado

como o quati, que migram do Parque das Mangabeiras que faz divisa com a bacia hidrográfica

do córrego Cardoso ao sul.

Figura 18 – Cães de rua observados no aglomerado da Serra.

Page 40: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

40

7.5 Recursos Hídricos

Dada a forma de ocupação do solo da bacia hidrográfica do Córrego Cardoso, os cursos

d‟água tiveram suas características muito alteradas devido à supressão da vegetação ciliar e ao

lançamento de efluentes domésticos.

Visando a recuperação destes corpos d‟água o programa Vila Viva vem realizando ações de

revitalização e reflorestamento das margens, despoluição dos recursos hídricos bem como

planejamento e execução de obras de saneamento para o direcionamento das águas residuais

para estações de tratamento de esgotos(ETE) como a ETE Arrudas.

Deste modo a parte do córrego Cardoso mais próxima à nascente ainda encontra-se

comprometida(Figura19), já que, a despoluição deve ser feita seguindo o sentido do

reassentamento das famílias, começando próximo ao exutório e terminando próximo à

nascente. Os afluentes do córrego Cardoso já foram recuperados(Figura 20).

Figura 19 - Córrego Cardoso próximo à nascente

Page 41: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

41

Figura 20 – Córrego da Terceira Água, afluente recuperado do córrego Cardoso

Ainda foram instaladas bacias de contenção de enchentes(Figura 21) ao longo dos cursos

d‟água com o intuito de controlar a vazão dos mesmos reduzindo os riscos de inundações.

Figura 21 – Bacia de contenção de enchentes e gaiola de retenção de resíduos sólidos.

Page 42: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

42

8. CONCLUSÃO

Identificou-se que o ambiente da bacia hidrográfica do Córrego Cardoso encontra-se muito

alterado devido a ações antrópicas, principalmente pela ocupação sem planejamento do solo

do Aglomerado da Serra que acarretou problemas de natureza sanitária, risco geológico,

impermeabilização do solo, supressão da vegetação, entre outros.

A área verde da bacia tem dimensões bastante reduzidas e o único ecossistema remanescente

na bacia, ainda que muito modificado, são as matas de galeria presentes no início dos córregos

ao sul da área em estudo.

A maior parte da bacia tem o solo impermeabilizado. Fator que, aliado à disposição

inadequada de resíduos sólidos, aumenta as chances de inundações. Além de causar

inundações, a má destinação final de resíduos sólidos pode atrair vetores biológicos,

colocando a saúde da população em risco.

O lançamento de águas residuais proveniente das residências nos cursos d‟água é outro fator

que contribui para o risco à saúde dos moradores.

O programa Vila Viva vêm contribuindo bastante para a mitigação dos impactos gerados pela

antropização com obras de urbanização e saneamento. Para alcançar resultados satisfatórios o

programa trabalha também com capacitação dos habitantes do aglomerado e programas de

educação ambiental.

Verificou-se que ainda há grandes possibilidades de melhorias das condições ambientais da

bacia de modo que a contribuição da região para os aspectos que interferem na qualidade de

vida da sociedade seja ainda mais positiva. Assim, este trabalho poderá contribuir para tais

melhorias, além de, servir como subsídio e ponto de partida para novas pesquisas sobre a

região.

Page 43: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

43

9. REFERÊNCIAS

ABREU, M. L. de; MOREIRA, A. A. M.; LUCIO, P. S.; TOSCANO E. M. M. de.

Comportamento Temporal de Séries Climáticas. Parte 1: Climatologia de Belo

Horizonte – MG(Brasil). UFMG, Departamento de Geografia. Belo Horizonte. 1998

ANSELMO, Carolina de Castro. Estudo de tipologias de habitação para o Aglomerado da

Serra. UFMG, Escola de Arquitetura. Belo Horizonte, 2007

AMBIENTE BRASIL. Glossário

Disponível em: <http://ambientebrasil.com.br> - Acesso em 13 mai. 2010

BARTH, Flávio Terra; BARBOSA, Wanda Espírito Santo. Recursos Hídricos. São Paulo,

1999.

CARVALHO, Edézio Teixeira de. Aspectos de Riscos Geológicos da RMBH, A Prevenção

de Riscos Naturais e Industriais no Ambiente Urbano. Seminário Franco-Brasileiro. Belo

Horizonte, 2004.

CRUZ, L.S.B. Diagnóstico Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Uberaba. Campinas -

SP. Tese de doutorado, FEAGRI, UNICAMP, 181 p. 2003.

CODEMIG. Projeto Geologia do Quadrilátero Ferrífero, Mapa Geológico de Belo

Horizonte. UFMG. Belo Horizonte, 2005

DONADIO, Nicole M. M.; GALBIATTI, João A.; PAULA, Rinaldo C. de; Qualidade da

Água de Nascentes com Diferentes Usos do Solo na Bacia Hidrográfica do Córrego Rico,

São Paulo, Brasil. UNESP, Jaboticabal. 2005

DUARTE, Camila; LACERDA, Diego; ROCHA, Juliana; CARVALHO, Milton. A

Valorização do Espaço: Um Estudo do Vila Viva, Projeto de Urbanização de Vilas e

Favelas em Belo Horizonte (Minas Gerais, Brasil). UFMG, Belo Horizonte. 2009

FERNANDES, Carlos. O Objetivo de pesquisa. São Mateus, ES, 2008

Page 44: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

44

FIDELIS, A.T.; GODOY, S.A.P. Estrutura de um Cerrado Strictu Sensu na gleba

Cerrado pé-de-gigante, Santa Rita do Passa Quatro, SP. USP, Departamento de Biologia.

Ribeirão Preto, 2002.

HEGENBERG, L. Etapas da investigação científica. EPU-EDUSP, São Paulo. 1976.

IBAMA. Área de Proteção Ambiental. Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis

Disponível em: <http://ibama.gov.br> - Acesso em 06 mai. 2010

IEF. Áreas Protegidas - APA Sul RMBH. Instituto Estadual de Florestas.

Disponível em: <http://ief.mg.gov.br> - Acesso em 14 mar. 2010

MACHADO, R.B.; RAMOS NETO M.B.; PEREIRA, P.G.P.; CALDAS, E.F.;

GONÇALVES, D.A., SANTOS N.S.; TABOR, K. e STEININGER, M. Estimativas de

perda da área do Cerrado brasileiro. Conservação Internacional, Brasília, 2004.

MATTOS, Sérgio Henrique Vannucchi Leme de. Avaliação da qualidade ambiental da

bacia hidrográfica do córrego do Piçarrão (Campinas-SP). UNICAMP, Instituto de

Geociências. Campinas, 2005.

MEDAUAR, Odete. Coletânea de Legislação Ambiental, Constituição Federal / 8 ed.

Ver., ampl. E atual. Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2009

MENDONÇA, Antonio Sérgio Ferreira. Hidrologia. UFES, Centro Tecnológico,

Departamento de Engenharia Ambiental. Espírito Santo, 2009.

MEYER, Sylvia; SILVA, Alexandre; JÚNIOR, Paulo Marco; MEIRA, João Alves.

Composição florística da vegetação arbórea de um trecho de floresta de galeria do

Parque Estadual do Rola-Moça na Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG,

Brasil. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, 2004.

PBH, URBEL. Programas e projetos – Vila Viva. Prefeitura de Belo Horizonte.

Disponível em: <http://portalpbh.pbh.gov.br> - Acesso em 15 abr. 2010

Page 45: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

45

PIGOZZO. C. M. et al. Comparação florística entre um fragmento de Mata Atlântica e

ambientes associados (restinga e manguezal) na cidade de Salvador, Bahia. Salvador,

2007.

PILLAR, V.D. Interações entre organismos, fatores de ambiente e formação de

comunidades vegetais. UFRGS, Departamento de Botânica. Porto Alegre, 1994.

PILLAR, V.D. Clima e vegetação. UFRGS, Departamento de Botânica. Porto Alegre, 1995.

PIOVESAN, Armando; TEMPORINI, Edméa Rita. Pesquisa exploratória: procedimento

metodológico para o estudo de fatores humanos no campo da saúde pública. USP,

Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública. São Paulo, 1995.

PEEL, M. C.; FINLAYSON, B. L.; McMAHON, T. A. Updated world map of the Köppen-

Geiger climate classification. University of Melbourne, Victoria, Austrália. Melbourne, 2007

AMBIENTE BRASIL; Glossário Ambiental.

Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br> - Acesso em 20 abr. 2010

PORTO, Rubem La Laina; FILHO, Kamel Zahed; SILVA, Ricardo Martins da. Hidrologia

Aplicada, Bacias Hidrográficas. USP, Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária.

São Paulo, 1999.

RIBEIRO, J. G da P.; CAMPOLINA, M. Apostila de Hidrologia, Bacia Hidrográfica,

Morfometria e Ciclo Hidrológico. Belo Horizonte, 2010.

ROLIM, G. de S.; CAMARGO, M. B. P. de; LANIA, D. G.,; MORAES, J. FERNANDO L.

de. Classificação Climática de Köppen e de Thornthwaite e sua Aplicabilidade na

Determinação de Zonas Agroclimáticas para o Estado de São Paulo. Campinas, 2007

SANTIAGO, Joanildo; SILVA-JUNIOR da Manoel Cláudio; LIMA, Leonardo Carvalho.

Fitossociologia da regeneração arbórea na Mata de Galeria do Pitoco (IBGE-DF), seis

anos após fogo acidental. Brasília, 2005

SIAM. Decreto nº 35.624, de 08 de junho de 1994. Sistema Integrado de Informação

Ambiental, SEMAD Minas Gerais, Belo Horizonte, 1994.

SILVA-JÚNIOR, Manoel Cláudio da. Fitossociologia e Estrutura Diamétrica na Mata de

Galeria do Pitoco, na Reserva Ecológica do IBGE, DF. Brasília, 2003

Page 46: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

46

SUDECAP. Plano Diretor de Drenagem de Belo Horizonte – Bacia Elemantar do

Córrego do Cardoso. Superintendência de Desenvolvimento da Capital, Prefeitura de Belo

Horizonte, Belo Horizonte. 2008.

SPÓSITO, Tereza Cristina; STEHMAN, João Renato. Heterogeneidade florística e

estrutural de remanescentes florestais da Área de Proteção Ambiental ao Sul da Região

Metropolitana de Belo Horizonte (APA Sul-RMBH), Minas Gerais, Brasil. UFMG, Belo

Horizonte. 2006

SUHOGUSOFF, Valentin G.; CASTRO, Isac de; PILIACKAS, José Mauricio; BARBOSA,

José Marcos. Influência da temperatura e da umidade relativa do ar e determinação do

estado trófico em Tillandsia stricta Lindl. (Bromeliaceae), ocorrente no Parque Estadual

da Ilha Anchieta, Ubatuba-SP. O Mundo da Saúde, São Paulo, 2008: jul/set

VILELA-JÚNIOR, Guanis de Barros. Problema e Hipóteses de Pesquisa. São Paulo, 2000.

WOEHL-JÚNIOR, Germano; WOEHL, Elza Nishimura; KAMCHEN, Sibele. Mata

Atlântica, Essencial para a Vida. Instituto Rã-Bugio para Conservação da Biodiversidade.

Jaraguá do Sul, SC. 2006

Page 47: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

47

10. ANEXOS

Figura 22 – Edifício do programa Vila Viva

Figura 23 – Vegetação com Edifícios do programa Vila Viva ao fundo

Page 48: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

48

Figura 24 – Vista panorâmica do Aglomerado da Serra

Figura 25 – Espaço social BH Cidadania no Parque da Terceira Água

Page 49: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

49

Figura 26 - Ponte sobre o córrego da Terceira Água

Figura 27 - Mudas de plantas produzidas para revegetação no Aglomerado da Serra

Page 50: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

50

Figura 28 – Placa afixada dentro do Parque da Terceira Água

Figura 29 – Parque da Terceira Água e mudas de plantas para revegetação

Page 51: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

51

Figura 30 – Margem revegetada do córrego Cardoso com Aglomerado da Serra ao fundo

Figura 31 - Obra para desassoreamento do córrego Cardoso

Page 52: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

52

Figura 32 – Avenida Mem da Sá, parte canalizada do córrego Cardoso no bairro Santa

Efigênia

Figura 33 - Exutório do córrego Cardoso e ribeirão Arrudas

Page 53: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

53

Figura 34 – Delimitação da bacia hidrográfica para construção da maquete

Figura35 - Placas de isopor montadas para construção da maquete

Page 54: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

54

Figura 36 – Construção da maquete da bacia hidrográfica do córrego Cardoso

Figura 37 – Maquete da bacia do córrego Cardoso em fase inicial de construção

Page 55: CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO CARDOSO, BELO HORIZONTE, MG, BRASIL

55

Figura 38 – Representação da hipsometria da bacia hidrográfica

Figura 39 – Maquete em fase de acabamento