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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA SAULO MARQUES DOURADO CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DA ABÓBORA JACAREZINHO (CURCUBITA MOSCHATA D.) UTILIZANDO ENSAIOS DE COMPRESSÃO. Juazeiro BA 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

SAULO MARQUES DOURADO

CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DA

ABÓBORA JACAREZINHO (CURCUBITA MOSCHATA D.)

UTILIZANDO ENSAIOS DE COMPRESSÃO.

Juazeiro – BA

2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

SAULO MARQUES DOURADO

CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DA

ABÓBORA JACAREZINHO (CURCUBITA MOSCHATA D.)

UTILIZANDO ENSAIOS DE COMPRESSÃO.

Trabalho apresentado a Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Campus Juazeiro, como requisito para obtenção do título de Engenheiro Mecânico.

Orientador: Prof. Dr. Nelson Cárdenas Olivier. Co-orientador: Prof. Msc. Acácio Figueiredo Neto. Co-orientador: Prof. Dr. Alan Christie da Silva Dantas.

Juazeiro – BA

2011

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I

Dourado, Saulo Marques.

D739c

Caracterização das propriedades mecânicas da abóbora jacarezinho (Curcubita moschata D.) através de ensaios de compressão / Saulo Marques Dourado. -- Juazeiro,BA, 2011.

Xiii, 50 f. : il.: 29 cm. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Engenharia Mecânica) - Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Juazeiro-BA, 2011.

Orientador: Prof. Dr. Nelson Cárdenas Olivier. Co-Orientador: Prof. MSc Acácio Figueiredo Neto. Co-Orientador: Prof. Dr. Alan Christie da Silva Dantas

1. Abóbora – Compressão (Mecânica). 2. Abóbora –

Propriedade mecânica I. Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco. III. Olivier, Nelson Cárdenas. IV. Figueiredo Neto, Acácio. V. Dantas, Alan Christie da Silva.

CDD 620.1

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF

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II

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III

Dedico este trabalho de conclusão de

curso primeiramente aos meus pais,

Floriano Marques T. Neto e Odacilane

Seixas D. Marques, ao meu querido

irmão, Silas Marques Dourado, aos

familiares, ao meu amor Carla Shirley

e aos meus verdadeiros amigos que

se mostraram sempre presentes nesta

e em outras importantes etapas de

minha vida.

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IV

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado força, coragem e entendimento

até agora.

Aos meus pais, que mesmo com todos os empecilhos me apoiaram heroicamente

nessa minha escolha, acreditando no meu potencial e sempre me oferecendo

suporte nas horas boas e más.

Ao meu irmão, Silas Marques Dourado, que mesmo distante durante todo período de

curso, sempre esteve disposto a me ajudar em todos os momentos.

A todos meus familiares, minhas avós Maria Amélia (In Memorian) e Amália Seixas,

minhas tias, tios, primas e primos por todo carinho e atenção que cederam a mim.

A minha namorada, Carla Shirley, por todo amor, carinho, compreensão e ajuda nas

horas diversas e de todas as formas que necessitei.

Aos meus amigos, Thalles Andrade de Queiroga, Claudio Jerônimo, Kenned Soares,

Paulo Xavier, James Menezes, Rodrigo Damasceno, Fredson Freire, Hugo

Vasconcelos e muitos outros, pelos momentos de alegrias e troca de

conhecimentos, cujas amizades quero levar para o resto da vida.

Aos meus companheiros de graduação, em especial, Paulo Renan, Djakman, Pedro

André, Tales, Glênio e Fábio, com quais convivi e compartilhei momentos

inesquecíveis de aprendizado e apoio.

A todos os meus professores da graduação, em especial aos do colegiado de

Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Vale do São Francisco

(UNIVASF), que foram capazes de transmitir conhecimento com a destreza de um

verdadeiro mestre.

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V

"(...) cada célula, todo fio de cabelo,

falando assim parece exagero, mas se

depender de mim eu vou até o fim (...)"

(Humberto Gessinger)

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VI

Dourado, S. M. Caracterização das propriedades mecânicas da abóbora jacarezinho (Curcubita moschata D.) através de ensaios de compressão. 2011. 50f. Monografia (Trabalho de conclusão de curso em Engenharia Mecânica) – Colegiado de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Vale do São Francisco, Juazeiro, 2011.

RESUMO

O presente trabalho utilizou ensaios de compressão em abóboras da espécie Curcubita moschata D. conhecida popularmente como abóbora jacarezinho e foi desenvolvido para determinar experimentalmente e mediante cálculos características mecânicas como módulo de elasticidade, força máxima e tensão máxima desse produto agrícola. Para avaliação e determinação dessas propriedades foram ensaiados à compressão amostras de frutos inteiros e corpos-de-prova de geometria cilíndrica tirados dos mesmos frutos em diferentes estádios de maturação, 15, 30, 40 50 e 60 dias após a colheita. Em posse dos resultados experimentais de força máxima e tensão máxima para as amostras e corpos-de-prova, e após criteriosa comparação entre os ensaios nos dois tipos em questão, foi possível estabelecer uma faixa entre 30 e 50 dias considerada ótima para beneficiamento e transporte dessa hortaliça. Os ensaios compressivos nos corpos-de-prova permitiram a determinação experimental do coeficiente de Poisson dessa variedade de abóbora. Os módulos de elasticidade estimados não mostraram um padrão de diminuição com o aumento da maturação, como era esperado, indicando prováveis fontes de erros nas considerações feitas para o uso das equações que são regidas pela teoria de contato de Hertz. Palavras Chave: Abóbora, propriedades mecânicas, ensaios de compressão, estádios de maturação.

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VII

Dourado, S. M. Characterization of the mechanical properties of pumpkin alligator (Curcubita moschata D.) through compression tests. 2011. 50f. Monograph (Work Completion Course in Mechanical Engineering) – Department of Mechanical Engineering, Universidade Federal do Vale do São Francisco, Juazeiro, 2011.

ABSTRACT

The present study utilized compression tests pumpkins species Curcubita moschata D. popularly known as pumpkin jacarezinho and was designed to determine experimentally and by calculating the mechanical characteristics such as elastic modulus, maximum strength and maximum stress of agricultural product. For evaluation and determination of these properties were tested for compression samples fresh fruit and body-of-proof cylindrical geometry taken from the same fruit at different stages of maturation, 15, 30, 40 50 and 60 days after harvest. In possession of the experimental results of maximum force and maximum stress for samples and specimens used in evidence, and after careful comparison between the tests in two types in question could be established between 30 and 50 days considered optimal for processing and transport this vegetable. The compressive tests on the bodies of the test piece allowed the experimental determination of Poisson's ratio of the variety of pumpkin. The modulus of elasticity estimates did not show a downward trend with increasing maturity, as expected, indicating possible sources of errors in assumptions made for the use of equations that are governed by the theory of Hertz contact. Keywords: Pumpkin, mechanical properties, compression tests, maturity stages.

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VIII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Consumo per capita da abóbora no Brasil. ................................................. 7

Figura 2: Representação das fases no ensaio de compressão. .............................. 16

Figura 3: Curva Tensão-Deformação. ..................................................................... 17

Figura 4: Foto da Máquina Universal de ensaio. ...................................................... 19

Figura 5: Imagem 3D do corpo-de-prova cilíndrico da polpa mostrando as

dimensões em mm. ................................................................................................... 20

Figura 6: Fotos dos arranjos para execução dos ensaios de compressão. a) Fruto

da abóbora. b) Corpo-de-prova cilíndrico elaborado da polpa do fruto. .................... 20

Figura 7: Curva Força-Deformação para o fruto inteiro da abóbora Curcubita

moschata D.. Estádio de maturação de 15 dias ........................................................ 22

Figura 8: Curva Força-Deformação para o fruto inteiro da abóbora Curcubita

moschata D.. Estádio de maturação de 60 dias. ....................................................... 23

Figura 9: Curvas médias Força-Deformação para o fruto inteiro da abóbora

Curcubita moschata D.. ............................................................................................. 24

Figura 10: Deformação máxima média em função dos estádios de maturação para

os frutos inteiros. ....................................................................................................... 25

Figura 11: Força máxima média em função dos estádios de maturação para os

frutos inteiros. ............................................................................................................ 26

Figura 12: Ruptura do fruto após o ensaio uniaxial de compressão. ........................ 27

Figura 13: Curva Força-Deformação para corpos-de-prova da polpa (CP). Estádio

de maturação de15 dias. ........................................................................................... 28

Figura 14: Curva Força-Deformação para corpos-de-prova da polpa (CP). Estádio

de maturação de 30 dias. .......................................................................................... 29

Figura 15: Curva Força-Deformação para corpos-de-prova da polpa (CP). Estádio

de maturação de 40 dias. .......................................................................................... 29

Figura 16: Curva Força-Deformação para corpos-de-prova da polpa (CP). Estádio

de maturação de 50 dias. .......................................................................................... 30

Figura 17: Curva Força-Deformação para corpos-de-prova da polpa (CP). Estádio

de maturação de 60 dias. .......................................................................................... 30

Figura 18: Curva média “Força-Deformação” de todos os estádios de maturação da

polpa. ........................................................................................................................ 32

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IX

Figura 19: Módulo de elasticidade médio para polpa em função da maturação. ..... 33

Figura 20: Tensão média para polpa em função da maturação. .............................. 33

Figura 21: Corpo-de-prova da polpa ensaiado. ........................................................ 35

Figura 22: Aplicação da teoria de contato de Hertz para uma esfera em contato com

placas planas. .......................................................................................................... 36

Figura 23: Representação do posicionamento para tomada das medidas. .............. 37

Figura 24: Módulos de elasticidade experimental e estimados em função do estádio

de maturação. ........................................................................................................... 41

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X

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Época de plantio de algumas hortaliças de acordo com o clima. ................ 5

Tabela 2. Média total das forças e deformações da polpa em função do estádio de

maturação. ................................................................................................................ 31

Tabela 3. Altura em mm das amostras dos frutos inteiros.. ...................................... 37

Tabela 4. Medição do fruto na longitudinal. .............................................................. 38

Tabela 5. Medição do fruto na transversal.. .............................................................. 38

Tabela 6. Média para obtenção dos diâmetros ideais dos frutos em função do

estádio de maturação. ............................................................................................... 39

Tabela 7. Deformação, força e raio dos frutos em função do estádio de maturação..

.................................................................................................................................. 40

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XI

LISTA DE ABREVIATURAS

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

UNEB – Universidade Estadual da Bahia

UNIVASF – Universidade Federal do Vale do São Francisco

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XII

LISTA DE SÍMBOLOS

Е - Módulo de elasticidade, Pa

σ - Tensão, Pa

ε - Deformação específica, %

εx - Deformação longitudinal

εy - Deformação transversal

F - Força, N

D - Deformação, m

v - Razão de Poisson

D - Diâmetro final, mm

Do - Diâmetro inicial, mm

h - Altura final, mm

ho - Altura inicial, mm

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XIII

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 2

3 OBJETIVOS ......................................................................................................... 3

3.1 Objetivo geral ............................................................................................... 3

3.2 Objetivos específicos .................................................................................. 3

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 4

4.1 Principais características da cultura da abóbora ...................................... 4

4.2 Importância sócio-econômica ..................................................................... 6

4.3 Produção e consumo no Nordeste e no Vale do São Francisco.............. 8

4.4 Transporte de frutas e hortaliças.............................................................. 10

4.5 Ensaios mecânicos em produtos agrícolas ................................................ 12

4.5.1 Importância da determinação das propriedades mecânicas de produtos

agrícolas ................................................................................................................ 14

5 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 18

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 22

6.1 Resultados para os ensaios nos frutos inteiros ......................................... 22

6.2 Resultados para os ensaios da polpa .......................................................... 28

6.3 Determinação experimental do coeficiente de Poisson ( ) para abóbora

“jacarezinho” ....................................................................................................... 34

6.4 Módulos de elasticidade estimados pelas equações da Teoria de Contato

de Hertz................................................................................................................. 36

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 43

8 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 45

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1

1 INTRODUÇÃO

A produção de hortaliças e frutas no Brasil é parte integrante da produção

agrícola. A quantia gerada para o Brasil por ano em torno de R$ 26 bilhões, que

representa 26% do valor total da produção agrícola do país(IBGE, 2006). A falta de

qualidade das frutas e hortaliças, a dificuldade de acesso aos produtos de boa

qualidade, a colheita de frutas imaturas, mais firmes para garantir maior tempo de

prateleira, a competição com os produtos industrializados (mais confiáveis) e a

inexistência de apoio ao comprador, estão entre as razões que levaram à diminuição

do consumo domiciliar per capita (IBGE, 2006).

A má qualidade das frutas e hortaliças, incluindo a abóbora, está associada

principalmente às injúrias mecânicas sofridas durante o processo de colheita,

armazenamento e transporte, onde eles são submetidos aos mais variados tipos de

esforços mecânicos. As injúrias mecânicas podem ser do tipo impacto, compressão,

vibração, cortes e esfoladuras, além de que esforços de compressão podem causar

danos plásticos aos órgãos vegetais causando-lhes amassamentos e deformações

no epicarpo (KAYS, 1991; WILLS et al., 1997).

O elevado índice de perdas dos produtos hortícolas no Brasil se concentra

basicamente no estágio pós-colheita, mais especificamente durante a

comercialização, devido às práticas agrícolas inadequadas, na distribuição e nos

postos de venda ao consumidor final (CHITARRA & CHITARRA, 1990).

A necessidade de ampliação e desenvolvimento de técnicas práticas para

melhoria da produção é de fundamental importância para a melhoria dos processos

produtivos assim como armazenagem e transporte, que promovem o aumento da

qualidade do produto e aumento de preço no mercado externo (BARBOSA, 2010).

Para isso, foram utilizados ensaios uniaxiais de compressão a fim de caracterizar as

propriedades mecânicas da abóbora da variedade Curcubita moschata D., com o

objetivo de estipular uma faixa ótima para beneficiamento e transporte dessa

hortaliça.

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2

2 JUSTIFICATIVA

As perdas pós-colheita de hortaliças no Brasil, da produção até a

comercialização, representam de 20 a 25% do total da produção. Essas perdas

estão distribuídas da seguinte maneira: campo (10%), manuseio e transporte (50%),

centrais de abastecimento e comercialização (30%), supermercados e consumidores

(10%) (EMBRAPA, 2009). Entre os anos de 1997 e 2000, um total de cinco milhões

de toneladas por ano foi desperdiçado entre frutas e hortaliças no território nacional,

gerando um prejuízo total em torno de 2,2 bilhões de dólares por ano para o Brasil,

(EMBRAPA, 2001).

A utilização de ensaios de compressão em produtos agrícolas, como a abóbora

jacarezinho, se justifica pela necessidade de se conhecer as forças máximas

suportadas por essa variedade vegetal, a fim de saber qual a força necessária para

ocorrer o rompimento do fruto e assim determinar a faixa ótima em termos de

estádio de maturação para fazer o beneficiamento e transporte dessa hortaliça.

Outro fator importante é a determinação experimental do Coeficiente de Poisson

para essa variedade vegetal. Com essa razão obtida, outros estudos poderão ser

feitos utilizando-o para os cálculos do módulo de elasticidade.

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3

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Determinar o momento ótimo, em termos de estádio de maturação, para

colheita, armazenamento e transporte do fruto da abóbora jacarezinho.

3.2 Objetivos específicos

Para atingir o objetivo geral foram determinados os seguintes objetivos

específicos:

Caracterizar as propriedades mecânicas do fruto, para cada estádio de

maturação através de ensaios mecânicos de compressão.

Determinar as curvas força-deformação para cada estádio de maturação.

Determinar a tensão máxima que o fruto suporta experimentalmente além de

determinar o coeficiente de Poisson para essa variedade.

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4

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 Principais características da cultura da abóbora

A abóbora (Cucurbita moschata) é uma espécie indígena americana com

significativa participação na alimentação de muitos países. Tem como origem a

região central do México estendendo-se até a Colômbia e a Venezuela. Possui

ampla distribuição no Sudeste do México, América Central, Colômbia e Peru

(Whitaker & Carter, 1946; Whitaker & Cutler, 1965).

A família Cucurbitaceae engloba mais de 800 espécies de plantas, agrupadas

em cerca de 80 gêneros, das quais muitas têm grande importância econômica na

horticultura mundial. Lopes (1991), afirma que a produção brasileira de

cucurbitáceas vem crescendo cerca de 10% ao ano a partir de 1988, destacando-se

a abóbora, abobrinha, chuchu, melão, melancia, moranga e pepino como as

espécies mais expressivas na economia agrícola nacional. Os índices apresentados

pela FAO (1999) registraram 843 mil toneladas de frutos produzidos na América do

Sul. No Brasil, cerca de 17 mil toneladas de frutos foram comercializadas na

Ceagesp-SP durante o ano de 1996 (FNP Consultoria e Comércio, 1998).

A abóbora possui em um quilograma, 1,3% em fibras e 96% em água, com a

seguinte composição: 40 calorias, 280 mg de vitamina A, 700 de vitamina B5, 100

mg de vitamina B2, 55 mg de vitamina B, além de sais como cálcio, fósforo,

potássio, sódio, ferro e enxofre (Luengo, 2000).

Existe um número muito grande de variedades de abóboras, de diversos

tamanhos, desde pequenas morangas do tamanho de laranjas até enormes

abóboras com mais de 20 Kg. Os formatos também variam muito: podem ser

redondas, chatas e com gomos. As morangas podem ser ovais, retas ou terem

pescoço, a casca pode ser lisa ou encaroçada; a cor pode ser amarela, verde,

rajada, quase preta e, naturalmente, cor-de-abóbora.

Segundo Robinson (1997), a família da Cucurbitaceae é o conjunto de

espécies de maior variedade genética que pode ser encontrada no mundo. Existe

diversidade de características não apenas entre variedades diferentes, como

também dentro de uma mesma variedade. Como uma família e como plantações

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5

individuais, a Cucurbitaceae apresenta grande divergências na adaptação e na

evolução.

As principais culturas Cucurbitáceas – melancias, pepinos, melões e

abóboras – representam 20% da produção total de produtos olerícolas no Mundo,

assumindo uma proporção do total semelhante à das principais Solanáceas

(excluído a batata). A melancia é a principal cultura Cucurbitácea a nível mundial

com cerca de 40% da produção total de Cucurbitáceas, seguida do pepino com

27%. Melões e abóboras representam 20 e 12% da produção mundial de membros

da família, respectivamente.

A tabela 1 mostra as épocas mais favoráveis para o plantio de algumas

espécies de alimentos, incluindo dois tipos da família das Cucurbitáceas, abóbora e

abobrinha. Para apresentar bom desenvolvimento, as espécies de abóbora podem

apresentar diferentes exigências de clima. Uma definição correta da época de

plantio deve levar em conta aspecto como microclimas regionais e características

específicas das cultivares.

Tabela 1. Época de plantio de algumas hortaliças de acordo com o clima.

(http://www.sebraemg.com.br, adaptado.)

Por serem espécies de polinização cruzada, há uma grande variedade de

formas, de cores e de texturas dos frutos. As plantas também apresentam

características bastante distintas, mas podem ser englobadas em dois grupos: as de

tronco e as de baraço. As primeiras formam os frutos ao redor do caule; já as

segundas precisam de mais espaço para desenvolver o baraço, ao longo do qual

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6

desenvolverá os frutos. Existe ainda a abóbora (ou moranga) híbrida, obtida do

cruzamento das espécies Cucurbita maxima e Cucurbita moschata. As abóboras

híbridas são estéreis, sendo necessário o plantio de um cultivar polinizador,

preferencialmente de Cucurbita maxima, para cobrir de 15% a 20% da área. Todos

os tipos de abóboras são plantas de clima quente, preferindo temperaturas entre 20

e 27 graus.

Boa parte das abóboras não resiste a temperaturas abaixo de 10 graus, pois

o frio prejudica a germinação das sementes e o crescimento da planta. O calor

excessivo, acima de 35 graus, também é prejudicial, causando queimadura nos

frutos. A maior parte das abóboras tem ciclo médio entre 90 e 120 dias. Algumas

têm ciclo menor, como é o caso da Menina Brasileira, quando colhida precocemente,

com cerca de 75 dias, e da Abóbora de Tronco Híbrida Caserta bonanza, com ciclo

de apenas 45 dias.

4.2 Importância sócio-econômica

As abóboras e morangas têm elevada importância sócio-econômica em

diferentes regiões do país ocupando o 7° lugar entre as hortaliças, sendo que o

cultivo da abóbora híbrida interespecífica (Cucurbita maxima x Cucurbita moschata),

conhecidamente como abóbora tipo Tetsukabuto, Kabutiá ou japonesa, está em

franca expansão, chegando a dominar o mercado em algumas regiões brasileiras. O

cultivo de cucurbitáceas é uma prática bastante realizada em diversos estados

brasileiros, tal como Minas Gerais, que tem como objetivo o mercado nacional e

também mercado internacional integrando países do MERCOSUL (ISLA, 2006).

Ainda do ponto de vista sócio econômico, as abóboras são importantes por

fazer parte da alimentação básica das populações de várias regiões do país, tendo

em 1996, apresentado na Central de Abastecimento do Estado de São Paulo

(CEAGESP-SP), o volume comercializado de 17.244 toneladas, com preço médio de

US$/kg 0,34 (AGRINUAL, 1998).

De acordo com o IBGE, entre os anos de 1995-96 havia, no Brasil, cerca de

112.398 produtores de abóboras, que cultivaram 104.305 hectares e colheram

215,9 milhões de frutos. A região que representa o sudeste do Brasil participou com

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7

34% e o estado de São Paulo com 54% da produção, cabendo 10% ao Rio de

Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo (CAMARGO, 2003). Em 2000 o estado de

São Paulo cultivou 6.263 hectares com abóboras, que resultou em 3.000 toneladas

de produção (ANUÁRIO IEA, 2000). No período de 1995-2000, a quantidade média

de abóboras e morangas comercializadas no ETSP-CEAGESPE foi cerca de 24.400

t/ano sendo entre abóboras maduras e secas do tipo menina brasileira e outras

espécies (CAMARGO & MAZZEI, 2002).

No Brasil, entre o período de 2002 e 2003 o consumo per capita de abóbora

de acordo com IBGE, foi de aproximadamente 1,196 kg, perdendo apenas para o

tomate (5,0kg) e a cebola (3,47kg), para famílias consideradas de baixa renda. O

perfil de renda mensal familiar do consumidor deste produto, quando se considera o

consumo per capita anual, variou de R$ 400,00 (0,892kg) até mais de R$ 3.000,00

(1,55kg) (IBGE, 2004). No entanto, como pode ser observado pela figura 1, o seu

consumo vem aumentando com o decorrer dos anos passando de 1,5 kg por

pessoa/ano para 4,2 kg por pessoa/ano, sem considerar o fator renda (IBGE, 2006).

Figura 1: Consumo per capita da abóbora no Brasil. (IBGE, 2006.)

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4.3 Produção e consumo no Nordeste e no Vale do São Francisco

O Brasil possui áreas tanto irrigadas quanto áreas de sequeiro, quando se

trata de plantio de abóbora, dependem da região, do tipo de solo e do perfil do

produtor que adapta sua produção de acordo com o mercado, tanto local, quanto

voltado para exportação (EMBRAPA, 2006).

Na região Nordeste do Brasil constata-se a existência de dois modelos de

produção de abóbora. Por um lado, verifica-se o plantio de algumas variedades, por

exemplo, a “jacarezinho”, além de híbridos do tipo japonês como o “Tetsukabuto”. A

variedade “jacarezinho” é geralmente utilizada para plantio sob irrigação, tendo sua

aceitação limitada praticamente ao mercado da região, sendo altamente susceptível

a doenças, as quais limitam a produção. Quanto ao híbrido japonês, tem o plantio

fortemente concentrado na região sul do estado da Bahia (Eunápolis, Teixeira de

Freitas, Itabela, Posto da Mata), na qual os plantios caracterizam-se pela elevada

utilização de insumos. No ano de 1997, essa região apresentou áreas de plantio

com cerca de 10.000 ha. e produtividade média de 10 t/ha. A produção abastece

principalmente os estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e em menor

escala, os estados do Rio de Janeiro e no Nordeste, a cidade de Salvador.

As espécies em geral de abóboras encontram-se bem estabelecida na

agricultura do Nordeste brasileiro e embora seja uma espécie exótica, é cultivada e

selecionada na agricultura tradicional da região, onde variedades locais são

encontradas. A Companhia de Armazéns Gerais de Pernambuco (CEAGEPE),

localizada em Recife, destaca-se na comercialização dessa hortaliça, tendo durante

o período de 1995 a 1997, transacionado o volume de 56.760 toneladas dessa

hortaliça, com preço médio/kg de R$ 0,51. Para compor esse volume

comercializado, teve-se a participação dos estados da Bahia (23,61%), Maranhão

(23,75%), Rio Grande do Norte (12,79%), Piauí (4,33%), áreas do próprio estado de

Pernambuco (24,14%) e outros estados (11,38%). A produção Pernambucana é

procedente dos municípios de Custódia (23%); Pesqueira (14%); Petrolina (10%);

Ouricuri (10%); Arcoverde (7%); Venturosa, Pedra e Serra Talhada (4%) e outros

municípios (24%) (CEAGEPE, 1996).

Ainda citando a região Nordeste, no período de 2002-03, o consumo de

abóbora, independente do tipo, estabeleceu- se em torno de 1,09 kg per capita. Em

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ordem hierárquica, os habitantes dos Estados de Pernambuco (1,77 kg), Piauí (1,60

kg), Maranhão (1,37 kg) e Bahia (1,28kg) foram os que se mostraram maiores

consumidores per capita desta hortaliça (IBGE, 2004). Peixoto (1987) afirma que o

mercado consumidor nordestino, admite maior variação em peso e formato de fruto.

Há preferência por frutos maiores que são vendidos em fatias ou frutos

microprocessados vendidos em supermercados. Não obstante, frutos de menor

tamanho e com peso máximo de três quilogramas são os preferidos dos

consumidores em potencial, quando comercializados inteiros, além de que frutos

nessa faixa de peso são mais facilmente transportados e armazenados.

A Abóbora faz parte do grupo dos mais importantes produtos hortífrutícolas

produzidos e comercializados no Nordeste. Dentro da macrorregião, o Vale do São

Francisco desponta atualmente como um dos principais pólos de produção deste

fruto. O cultivo da abóbora no Submédio do São Francisco, diferentes de outros

pólos de produção da região Nordeste, são realizados em áreas irrigadas.

Entretanto, é importante ressaltar que estes cultivos são praticados quase que em

sua totalidade pelos produtores familiares assentados nas áreas de colonização dos

diversos perímetros irrigados da região ou proprietários de pequenas faixas de terras

localizadas nas margens do Rio São Francisco e de seus afluentes. Trata-se de

produtores pouco capitalizados que cultivam a abóbora praticamente durante todo o

ano e destina a produção principalmente para os grandes centros de consumo

dessa região. Entretanto, por tratar-se de cultivos tecnificados e consumidores de

capital a exploração da abóbora somente torna-se atividade lucrativa se os

produtores alcançarem além de uma alta produtividade física uma adequada

rentabilidade econômica (CEAGEPE, 1996).

No Vale do São Francisco, na área do pólo Petrolina/Juazeiro, o volume

comercializado de abóbora de janeiro de 1996 a agosto de 1998, foi de 57.670 t,

sendo que 23.505 t foram correspondentes a abóbora comum e 34.165 t a variedade

“jacarezinho”, com preço médio de R$ 0,24/mensal/kg. A origem dessa produção

comercializada é basicamente dos projetos irrigados do Vale do São Francisco e dos

municípios de Imperatriz, Codó, Monteiro, entre outros, do estado do Maranhão

(JUAZEIRO, 1998).

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4.4 Transporte de frutas e hortaliças

As abóboras são frutos de grande dimensão, apresentando dificuldades na

comercialização, armazenamento e manuseio, ocasionando muitas perdas. Por isso,

manuseio e transporte de hortaliças devem ser feitos com o máximo de cuidado

possível, levando em consideração fatores como: estado de maturação, umidade,

local de acondicionamento e temperatura.

O que se verifica nos mercados de produtores, que são responsáveis pela

comercialização primária dessa hortaliça, é que o transporte é feito sem se tomar as

devidas precauções para aumentar a vida útil das abóboras. São transportadas em

carrocerias de caminhões, ocasionando assim a perda de parte da carga

proveniente às injúrias mecânicas. As principais causas de injúrias mecânicas em

produtos hortícolas são forças externas de vibração, compressão e impacto (KAYS,

1991; WILLS et al., 1997), que podem causar diferentes tipos de lesões, como

abrasões, cortes, rupturas, amassamentos e injúrias internas (SARGENT et al.,

1989a e 1989b; CHITARRA & CHITARRA, 1990).

As injúrias mecânicas podem ser reduzidas a um nível aceitável quando todo

o sistema de manuseio pós-colheita é avaliado, desde a colheita até o consumidor

(PELEG, 1985; SARGENT, 1995). Esse fenômeno é a causa primária de perdas

pós-colheita para alguns produtos hortícolas, e podem ocorrer em qualquer ponto da

cadeia de produção, beneficiamento e comercialização (PELEG, 1985; KAYS, 1991).

Realizar o transporte de hortaliças em um país de dimensões consideradas

por muitos continentais é um verdadeiro desafio, isso devido principalmente as

precárias estradas que são escoadas a produção do campo para as cidades ou vice

versa. Por isso, todas as formas possíveis que ajudam as hortaliças a chegarem aos

seus destinos em perfeito estado para consumo humano devem ser realizadas para

que tal fato ocorra. Os cuidados são principalmente: o registro sobre cargas

anteriores e a limpeza e desinfecção da câmara de transporte, sendo que tais

detalhes devem ser verificados antes das hortaliças serem colocadas na unidade de

transporte; a inspeção completa dos recipientes que conterá as hortaliças e das

unidades transportadoras deve ser realizada antes que o produto seja carregado;

inspeções para verificação da presença de mau cheiro, sujeira visível ou resíduos de

matéria orgânica também devem ser feitas periodicamente.

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Quando os preços não estão bons, os frutos podem ser armazenados em

galpões ventilados e adequados por um período de um a dois meses, desde que as

morangas tenham sido colhidas em época seca (LOPES, 2002).

As hortaliças frescas devem ser acondicionadas e transportadas em

condições que minimizem a possibilidade de contaminação química, física ou

microbiana. As seguintes práticas devem ser adotadas: as instalações destinadas ao

armazenamento e transporte das hortaliças devem ser construídas de tal forma a

minimizar a ocorrência de danos mecânicos e evitar o acesso de animais; hortaliças

impróprias ao consumo humano devem ser retiradas antes do transporte para o

armazenamento; os trabalhadores envolvidos com a colheita devem remover o

máximo possível de sujeira (solo, pedaços de madeira, pedras, entre outros);

materiais de limpeza e substâncias tóxicas devem ser adequadamente identificados

e mantidos ou armazenados em locais seguros.

As hortaliças são geralmente transportadas em caminhões abertos cobertos

com lona ou, mais raramente, em sistema refrigerado. É importante lembrar no caso

do transporte refrigerado que as empresas também transportam outros materiais. A

melhor hipótese seria que as câmaras para transporte de hortaliças fossem próprias

para alimentos, apenas utilizados para transportar o mesmo tipo de alimentos e

limpos minuciosamente entre carregamentos. Entretanto, é importante frisar que

cada responsável pela expedição das hortaliças frescas deve procurar saber qual

tipo de produto foi anteriormente transportado nas câmaras destinadas a transportar

seu produto.

Como existem hortaliças que são suscetíveis à desordem fisiológica

conhecida como injúria por frio, o transporte realizado em temperaturas

excessivamente baixas pode danificar o produto. Além da temperatura, a umidade

relativa na unidade de transporte deve ser considerada para evitar a desidratação ou

o desenvolvimento de condensação.

O transporte de hortaliças não deve ser feito em recipientes utilizados para

transportar peixes, carnes cruas, ovos e outros produtos que constituem fontes

predominantes de patógenos transmitidos por alimentos, a menos que esses

recipientes tenham sido adequadamente limpos e desinfetados, em conjunção com

outras práticas de higiene operacional.

O manuseio das abóboras verdes deve ser feito com maior cuidado e em

ambientes de umidade relativa elevada para se evitar as esfoladuras e o

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murchamento. As abobrinhas têm sido acondicionadas em caixas de madeira

forradas com papel para reduzir as esfoladuras e diminuir a perda de água.

4.5 Ensaios mecânicos em produtos agrícolas

Os ensaios mecânicos dos materiais são procedimentos padronizados que

compreendem cálculos, testes, gráficos e consultas a tabelas, tudo isso em

conformidade com normas técnicas, para submeter um objeto a esforços que vai

sofrer nas condições reais de uso, chegando a limites extremos de solicitação. Com

a utilização destes ensaios é possível determinar as propriedades mecânicas dos

objetos (PENTEADO et al. 2003).

Os ensaios mecânicos são realizados pela aplicação, em um material, de um

dos tipos de esforços possíveis (tração, compressão, flexão, torção, cisalhamento e

pressão interna), para determinar a resistência do material a cada um dos esforços.

Quando se trata de realização de ensaios mecânicos, o que mais se utiliza são as

normas referentes à especificação dos materiais e ao método de ensaio (SOUZA,

1982).

Ribeiro et al. (2007) verificou a influência do teor de água nos valores das

variáveis que caracterizam a textura de grãos de soja submetidos à compressão em

diferentes posições: força máxima de compressão para deformação fixa; módulo

proporcional de deformidade; tangente e secante máximas.

Couto et al. (2001) determinou os módulos de deformidade de frutos de café

em diferentes estádios de maturação, identificados pela coloração verde, verdoengo

e cereja, obtidos para o produto comprimido em diferentes velocidades de aplicação

da carga, segundo três orientações.

Corradini et al. (2009) investigou as características da fibra de coco verde de

diversas cultivares em função do ponto de colheita dos frutos, na composição

química, nas propriedades mecânicas usando ensaios de tração nas fibras do coco

e térmicas, como forma de contribuir para avaliar seu potencial de aplicação na

elaboração de novos materiais.

Henry et al. (2000) estudando a resistência da soja à compressão e quatro

umidades observaram que, ao comprimir o grão, a força de ruptura, perpendicular à

divisão dos cotilédones, foi maior, comparada às outras orientações, e que a

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habilidade da soja em resistir à compressão diminuiu com o aumento do teor de

água. Além disso, os autores verificaram que maiores velocidades de compressão

requerem maiores forças de ruptura e que grãos colhidos na maturidade fisiológica

requerem menor força à ruptura e maior deformação, comparados àqueles colhidos

cinco semanas após a maturidade fisiológica.

Kang et al. (1995) determinaram o módulo de deformidade de grãos de trigo

utilizando ensaios de compressão entre placas planas e paralelas.

Baryeh (2000) investigou algumas propriedades (módulo de elasticidade, grau

de elasticidade e dureza) relacionadas com a resistência compressiva de abacate

visando a determinação do número de camadas viáveis para o empilhamento do

produto durante seu empacotamento em caixas de madeira. Os resultados

indicaram que logo após a colheita e 15 dias após que esse acontecer, o número de

camadas do produto que podem ser empilhadas é reduzida de 35 para 2.

Resende et al. (2007) analisaram o comportamento mecânico de grãos de

feijão submetidos a compressão, variando-se o teor de água nos grãos.

Henry-Zachary et al. (2000) utilizaram ensaios de compressão para estudar o

efeito da variedade, da velocidade de compressão, da orientação do produto e do

teor de umidade sobre o comportamento mecânico de grãos de soja.

Espécimes cilíndricos, retirados de materiais biológicos, foram submetidos a

testes de compressão uniaxial, entre placas paralelas, para determinação do módulo

de elasticidade de maçã (Mohsenin et al., 1963) e batata (Finney et al., 1964).

Zoerb & Hall (1960) e Shelef & Mohsenin (1966) determinaram o módulo de

elasticidade de grãos agrícolas usando espécimes preparados ao se cortar as

extremidades do produto.

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4.5.1 Importância da determinação das propriedades mecânicas de

produtos agrícolas

O estudo e determinação das propriedades mecânicas em produtos agrícolas

mostram-se necessário para se conhecer características mecânicas da fruta ou

hortaliça possíveis de se determinar apenas mediante ensaios mecânicos. Com os

valores médios de propriedades como resistência mecânica, módulo de elasticidade,

os equipamentos e processos utilizados no ciclo de colheita até o consumidor final,

incluindo manuseio, transporte, limpeza, embalagem, podem ser mais bem

confeccionados e administrados visando o máximo de eficiência possível.

De acordo com Segerlind (1984), o conhecimento das propriedades

mecânicas básicas é um requerimento para simulações e cálculos para predição do

comportamento de um material quando submetido a diferentes tipos de

carregamento. Dentre essas propriedades evidencia-se o módulo de elasticidade do

material, enquanto o conhecimento desse módulo permite que sejam realizadas

comparações de resistência relativa de vários materiais. Essas comparações podem

ser estendidas para análise de materiais agrícolas, que é o enfoque do presente

trabalho, além de determinação experimental do módulo de elasticidade para o fruto

in natura e para o corpo-de-prova produzido com sua polpa.

A utilização de espécimes retirados do material biológico para a determinação

do módulo de elasticidade é bastante questionada. Quaisquer modificações de um

material intacto, na tentativa de se obter um espécime com forma padrão, podem

proporcionar resultados que se desviam do comportamento mecânico real do

material biológico (COUTO, 2001).

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4.6 ENSAIO DE COMPRESSÃO

Uma das principais dificuldades em se analisar produtos agrícolas é a falta de

uniformidade em sua geometria. Geralmente elas apresentam formas convexas, que

é o caso do espécime em questão (grãos, frutos e vegetais intactos). Devido essa

geometria, a determinação do módulo de elasticidade utilizando as curvas “Força-

Deformação” através de ensaios mecânicos de compressão uniaxial, torna-se

bastante complexa.

Não é freqüente o uso de ensaios mecânicos de compressão em metais ou

ligas metálicas, porque a determinação de propriedades mecânicas é dificultada pela

existência de atrito entre as placas da máquina, a possibilidade de flambagem, pela

dificuldade de medida de valores numéricos do ensaio e por alguns outros fatores

que provocam incidência considerável de erros. Para metais, o ensaio mais

comumente utilizado para se obter as propriedades mecânicas é o de tração. No

entanto, realizar ensaio de tração em frutos e hortaliças é praticamente inviável, pois

haveria uma enorme dificuldade na fixação do corpo de prova na máquina, que

geraria erros devido ao rompimento irregular do mesmo. Sabendo disso, o ensaio

mais utilizado em frutas e hortaliças, com possibilidades reais de determinação das

propriedades mecânicas, é o de compressão.

Conforme o material a ser ensaiado seja dúctil ou frágil, as condições de

ensaio variam muito. No primeiro caso, só se pode determinar com certa precisão as

propriedades referentes à zona elástica, sendo impossível medir a carga máxima

atingida ou de ruptura. Um corpo-de-prova cilíndrico de metal, por exemplo, tende,

na zona plástica, a aumentar sua secção transversal (aumento do diâmetro e

diminuição do comprimento) com acréscimo da carga. Se for considerada a tensão

real (carga dividida por unidade de área instantânea), com o aumento de carga, essa

tensão diminui, aumentando assim a resistência do material (SOUZA, 1982).

Os materiais frágeis não apresentam deformação lateral apreciável, e a

ruptura ocorre por cisalhamento e escorregamento, ao longo de um plano inclinado

de 45 graus. Nesse caso, podem-se determinar então algumas propriedades da

zona elástica, principalmente o limite de resistência e o limite de ruptura, que

coincidem para esses materiais (SOUZA, 1982).

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Para o traçado do diagrama tensão-deformação, há a necessidade de uma

perfeita centralização da amostra entre as placas da máquina, para que a carga de

compressão atue exatamente na direção de seu eixo. Para qualquer ensaio de

compressão, as placas da máquina devem ser paralelas, a fim de garantir essa

axialidade.

Para ensaios de compressão em materiais dúcteis, na fase plástica, pelo

aumento da secção transversal, a curva real de compressão fica abaixo da curva

convencional. A tensão de ruptura depende da geometria e da lubrificação entre o

corpo-de-prova e as placas da máquina e, portanto não podem ser comparados com

outros resultados obtidos de maneira diferente, além de não poder ser usada como

especificação do material (SOUZA, 1982). A figura 2 representa as fases no ensaio

de compressão até a ruptura do material.

Figura 2: Representação das fases no ensaio de compressão. (www.materia.coppe.ufrj.br)

Na fase elástica da deformação os materiais obedecem à lei de Hooke. Suas

deformações são diretamente proporcionais às tensões aplicadas. Se por algum fato

um ensaio for interrompido antes de atingir o limite elástico do material e a força

aplicada for retirada, o corpo volta à sua forma original. A determinação do limite

elástico e do limite de proporcionalidade, com finalidade de conhecer a zona elástica

do material, é feita por carregamentos e descarregamentos sucessivos do corpo-de-

prova até que seja alcançada uma carga onde se possa observar, com uma precisão

suficientemente boa, uma deformação permanente no caso do limite elástico, ou

uma tensão onde a deformação deixa de ser proporcional a ela no caso do limite de

proporcionalidade.

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A figura 3 apresenta o gráfico genérico do limite da curva “Tensão-

Deformação” dos materiais.

Figura 3: Curva Tensão-Deformação. (SOUZA, 1982)

No regime elástico, o comportamento da curva é linear, seguindo a Lei Hooke.

A proporcionalidade também pode ser observada nesse trecho retilíneo curva do

diagrama e a constante de proporcionalidade é denominada módulo de deformação

longitudinal ou módulo de elasticidade (E). Ultrapassado o limite de

proporcionalidade (fp), tem lugar a fase plástica, na qual ocorrem deformações

crescentes sem variação de tensão (patamar de escoamento). A força no limite de

resistência (fu) é a última suportada pelo material antes da sua ruptura plástica

(SOUZA, 1982) Tal parâmetro é de fundamental importância para o trabalho em

questão, já que um dos objetivos desse estudo é saber a última força suportada

pelas abóboras, para cada estágio de maturação.

A constante de proporcionalidade, E, é conhecido como módulo de

elasticidade ou módulo de Young. Esse módulo determina a rigidez de um material;

quanto maior o módulo, menor será a deformação elástica resultante da aplicação

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de uma tensão e mais rígida será o material. A expressão matemática que determina

essa constante é dada por:

(1)

Onde:

E - Módulo de elasticidade (Pa),

σ - Tensão aplicada (Pa), e

ε - Deformação específica, % (variação do comprimento dividido pelo comprimento

inicial).

5 MATERIAIS E MÉTODOS

Os ensaios de compressão foram realizados nos frutos inteiros da abóbora da

variação Curcubita moschata D., conhecida popularmente como abóbora tipo

jacarezinho, além de ensaios em seus respectivos corpos-de-prova cilíndricos

retirados da polpa. Os frutos foram plantados no mês de dezembro de 2010 e foram

colhidos em datas diferentes logo após a floração. A floração foi observada após 50

dias de plantado, então depois desse fenômeno, começou-se a contar os dias para

os estádios de maturação. Os frutos foram cultivados em Juazeiro-BA na

Universidade Estadual da Bahia (UNEB), no campo experimental de hortaliças.

Os ensaios foram realizados em uma máquina universal de ensaios de

acionamento eletromecânico, “Máquina Universal de Ensaios, modelo DL 10.000” do

fabricante EMIC (Figura 4). Os ensaios foram feitos no Laboratório de Ensaios

Mecânicos do Colegiado de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Vale

do São Francisco (UNIVASF). Essa máquina tem capacidade de até 100 KN (10.000

Kgf). As velocidades de ensaio podem ser configuradas numa faixa de 0,01 a 500

mm/min. A máquina de ensaio é interligada a um microcomputador, e os dados são

obtidos através do software “Tesc, versão 3.04”.

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Figura 4: Foto da Máquina Universal de ensaio.

Em relação aos estádios de maturação, os ensaios nos frutos inteiros foram

realizados para 15, 30, 40, 50 e 60 dias após a floração. As amostras de abóbora

foram limpas, incluindo a retirada dos talos a fim de garantir o máximo de

paralelismo, e foram separadas de acordo com os respectivos estádios de

maturação.

O ensaio nos frutos inteiro procedeu-se em cinco amostras para cada estádio

de maturação, totalizando 25 amostras. As dimensões das abóboras foram obtidas

com a utilização de um paquímetro universal (Mitutoyo) com capacidade de medição

de 150 mm de leitura e resolução de 0,05 mm.

Em relação aos ensaios de compressão na polpa, utilizaram-se estádios de

maturação iguais aos dos frutos. A preparação dos corpos-de-prova da polpa se

resumiu ao corte com um molde cilíndrico nos próprios frutos que foram submetidos

aos ensaios, retirada da casca e busca paralelismo entre as faces superior e inferior.

A figura 5 mostra as dimensões do corpo-de-prova da polpa.

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Figura 5: Imagem 3D do corpo-de-prova cilíndrico da polpa mostrando as dimensões em mm.

A posição de realização dos ensaios para os frutos e para os corpos-de-prova

da polpa são ilustradas na figura 6. O fruto se apresenta em seu estado de posição

natural, que proporciona maior estabilidade, sendo também a posição em que

geralmente é realizado o armazenamento dessas hortaliças. A posição dos corpos-

de-prova cilíndricos é normatizada, sendo a base colocada paralela à placa inferior e

no centro.

Na figura 6 (a) verifica-se que as placas foram usinadas e adaptadas apenas

para esse trabalho, pois essas peças originais são de menor diâmetro, como é

ilustrado na figura 6 (b).

(a) (b)

Figura 6: Fotos dos arranjos para execução dos ensaios de compressão. a) Fruto da abóbora. b)

Corpo-de-prova cilíndrico elaborado da polpa do fruto.

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A respeito do posicionamento das amostras entre as placas, foi tomado o

máximo de cuidado para manter as abóboras e os corpos-de-prova da polpa sempre

no centro da placa inferior da máquina, a fim de garantir que o ensaio procedesse

normalmente e que os resultados gerados fossem o mais próximo do ideal.

A velocidade adotada para os ensaios foi padronizada em 5 mm/min. Essa

velocidade é comumente usada em ensaios de compressão em produtos agrícolas,

como pode ser observado em Couto et al. (2002).

O tratamento dos dados para obtenção de tabelas e gráficos foram feitos

através do software Origin 7.0 (OriginLab Corporation – http://www.originlab.com),

que se mostra uma ferramenta necessária para tratamento de dados semelhantes

aos gerados nesse experimento.

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6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 Resultados para os ensaios nos frutos inteiros

As figuras 7 e 8 são exemplos das curvas geradas da força aplicada versus a

deformação sofrida em função dos extremos dos estádios de maturação de 15 e 60

dias para os frutos inteiros das abóboras “jacarezinho”. A figura 9 representa as

curvas médias “Força-Deformação” para todas as amostras e estádios de

maturação, 15, 30, 40, 50 e 60.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

0

500

1000

1500

2000

2500

Fo

rça

(N

)

Deformação (mm)

AM 01

AM 02

AM 03

AM 04

AM 05

Figura 7 :Curva Força-Deformação para o fruto inteiro da abóbora Curcubita moschata D.. Estádio de maturação de 15 dias

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0 5 10 15

0

500

1000

1500

2000

2500

F

orç

a

(N)

Deformação (mm)

AM 01

AM 02

AM 03

AM 04

AM 05

Figura 8: Curva Força-Deformação para o fruto inteiro da abóbora Curcubita moschata D.. Estádio de maturação de 60 dias.

Nas figuras 7 e 8 há variações na composição das curvas “Força-

Deformação” no que tange principalmente à inclinação e o comportamento na zona

elástica. Isso ocorre devido às irregularidades de forma e não homogeneidade de

peso das amostras ensaiadas, por se tratarem de produtos naturais.

Com a análise da figura 7 observa-se que quatro das amostras apresentam

forças máximas menores que 1.250 N, retratando a fragilidade dos frutos para esse

estádio de maturação.

O resultado esperado em termos de resultados estimado dos módulos de

elasticidade para cada fase de maturação depende praticamente da força e da

deformação. Espera-se que com o passar do tempo as amostras apresentem queda

na resistência mecânica e consequentemente nos respectivos módulos de

elasticidade.

As curvas das figuras 7 e 8 apresentam valores de deformações

desuniformes, esse resultado pode ser explicado pela falta de homogeneidade de

peso e forma. A maior flutuação de valores é visto na figura 8, onde a menor

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24

deformação é aproximadamente 20 mm e a maior é o dobro. Essas grandes

variações percebidas tanto no eixo da deformação quanto no da força podem ser um

indício que a análise com apenas 15 dias após a fecundação seja descartável para

avaliação d estudo em questão, já que na prática, a colheita não é feita nesse

período.

Figura 9: Curvas médias Força-Deformação para o fruto inteiro da abóbora Curcubita moschata D..

A figura 9 representa as curvas médias “Força-Deformação” referente a todos

os estádios de maturação. A partir de 40 dias em diante há uma diminuição da força

necessária para provocar o rompimento durante o ensaio. Essa diminuição se dá

devido às modificações da estrutura interna da abóbora.

As deformações e forças máximas apresentadas para as fases de maturação

de 50 e 60 dias foram bem homogêneas. Na maior parte das curvas, referindo-se a

todos os gráficos, a parte que representa a fase elástica permanece praticamente

constante, no entanto, quando se atinge a força máxima ocorre uma instantânea

diminuição no ângulo da curva. Graficamente, essa diminuição representa o

momento exato da ruptura da amostra, sendo esse momento o que interessa para a

determinação da deformação em milímetros utilizados nos cálculos dos módulos de

elasticidade estimados posteriormente na seção 6.4.

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25

Em relação à deformação média em função dos estádios de maturação

(Figura 10), é observada diminuição, esse fato, tal como a diminuição da força

necessária para o rompimento, pode estar associado à perda de água do fruto com

o passar do tempo, conferindo-lhe mais fragilidade. Além disso, mostra que a

abóbora não se comporta como um material viscoelástico, ou seja, não apresenta

uma fase elástica e uma viscosa, e sim apenas a fase elástica, evidenciado também

pelo comportamento linear das curvas até o rompimento (Figura 9).

10 20 30 40 50 60

0

10

20

30

40

50

(m

m)

Estádio de maturação (Dias)

Figura 10: Deformação máxima média em função dos estádios de maturação para os frutos inteiros.

A figura 11 apresenta a média das forças máxima em função dos estádios de

maturação das amostras dos frutos, obtidas experimentalmente através dos ensaios.

No período de 15 para 30 dias de maturação há um aumento significativo na força,

aproximadamente 1KN, necessária para provocar o rompimento das amostras. A

diminuição da resistência mecânica com aumento de tempo pós-colheita torna-se

evidente a partir de 40 dias de maturação em diante.

A faixa entre 15 e 25 dias (Figura 11) de maturação é a menos indicada para

qualquer atividade que possa de alguma forma comprometer a integridade estrutural

do fruto, pois é o período que o fruto necessita de menos força para provocar o

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rompimento. A partir de 45 dias de maturação, ocorre uma brusca queda da força

máxima suportada pela variedade “jacarezinho” se mostrando uma faixa igualmente

pouco aconselhável para beneficiamento e transporte desse fruto.

10 20 30 40 50 60

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Fo

rça

(N

)

Estádio de maturação (Dias)

Figura 11: Força máxima média em função dos estádios de maturação para os frutos inteiros.

A análise da curva da figura 11 possibilita estabelecer uma faixa ótima para

beneficiamento e transporte da abóbora “jacarezinho” entre 30 e 45 dias, pois serão

necessárias maiores forças para que haja o rompimento do fruto através de esforços

compressivos para esse período.

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27

A figura 12 mostra a ruptura da amostra do fruto com a realização do ensaio

de compressão. Para todas as amostras o rompimento se deu no epicarpo e ao

longo do seu eixo transversal.

Figura 12: Ruptura do fruto após o ensaio uniaxial de compressão.

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28

6.2 Resultados para os ensaios da polpa

As figuras de 13 a 17 mostram as curvas “Força-Deformação” para os corpos-

de-prova cilíndricos elaborados da polpa da abóbora. Todos os corpos-de-prova

tiveram tamanhos padronizados e as curvas geradas são de acordo com os estádios

de maturação.

Figura 13: Curva Força-Deformação para corpos-de-prova da polpa (CP). Estádio de maturação de15 dias.

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Figura 14: Curva Força-Deformação para corpos-de-prova da polpa (CP). Estádio de maturação de 30 dias.

Figura 15: Curva Força-Deformação para corpos-de-prova da polpa (CP). Estádio de maturação de 40 dias.

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Figura 16: Curva Força-Deformação para corpos-de-prova da polpa (CP). Estádio de maturação de

50 dias.

Figura 17: Curva Força-Deformação para corpos-de-prova da polpa (CP). Estádio de maturação de 60 dias.

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Analisando todas as figuras que mostram as curvas para os ensaios da polpa,

observa-se que as curvas não experimentam uma zona de transição, ou de

escoamento, bem definida. Em gráficos ”Força-Deformação” para materiais

metálicos, quando os mesmos apresentam boa ductilidade, nota-se um escoamento

bem definido. Os gráficos acima permitem concluir que esse espécime agrícola pode

ser considerado como um material dúctil, pois ele é submetido a grandes

deformações antes de sua ruptura, além de oferecer a conclusão de que os corpos-

de-prova retirados da polpa se comportam como materiais elásticos.

As deformações e resistências mecânicas não são drasticamente alteradas

com os estádios de maturação mais elevados. Em todos os gráficos as deformações

variam numa faixa de 5 a 7 mm, menos o corpo-de-prova dois no estádio de

maturação de 30 dias, que deformou aproximadamente 7,5 mm para uma também

maior força de aplicação de carga nesse estádio. Essa análise das deformações é

realizada em função da força máxima antes da ruptura. A força para ruptura varia

para todos os gráficos numa faixa de 225 a 350 N.

As médias para cada estádio de maturação da força máxima e suas

respectivas deformações médias, são mostradas na tabela 2.

Tabela 2. Média total das forças e deformações da polpa em função do estádio de maturação.

Há um salto, dentro da faixa de variação de força, considerada significativa

quando se analisa os corpos-de-prova na fase de maturação de 15 dias e de 40

dias, pois existe um aumento maior que 100 N. É visto também que a deformação,

ainda comparando esses dois estádios, praticamente não varia o que prova que

houve um aumento na ductilidade, sem significativa diminuição da resistência à força

compressiva.

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A figura 18 apresenta as curvas médias “Força-Deformação” para todos os

estádios de maturação, mostrando o comportamento homogêneo para o para a fase

elástica.

Figura 18: Curva média “Força-Deformação” de todos os estádios de maturação da polpa.

A figura 19 mostra os módulos de elasticidade médios em função dos

estádios de maturação, obtidos experimentalmente durante a realização dos ensaios

de compressão. Torna-se evidente que não existe um padrão definido para esse

parâmetro em função da maturação, existe um aumento até 40 dias e depois há

diminuição.

A tensão média suportada pela polpa da abóbora no momento da

compressão pode ser verificada pela figura 20. Essa tensão é a força suportada por

unidade de área dos corpos-de-prova retirados da polpa. A análise dos gráficos da

figura 19 e 20 permitem comprovar a faixa ótima para beneficiamento e transporte,

analisando também a polpa, entre 35 e 50 dias de maturação, dentro do esperado

quando se compara essa faixa com a obtida experimentalmente para o fruto inteiro,

que foi entre 30 e 45 dias.

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0 10 20 30 40 50 60 700

1

2

3

4

5

6

7

E (

MP

a)

Estádio de maturação (Dias)

Figura 19: Módulo de elasticidade médio para polpa em função da maturação.

0 10 20 30 40 50 60 70

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

(M

Pa

)

Estádio de maturação (Dias)

Figura 20: Tensão média para polpa em função da maturação.

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6.3 Determinação experimental do coeficiente de Poisson ( ) para

abóbora “jacarezinho”

O coeficiente de Poisson é a razão entre a deformação transversal associada

a uma deformação longitudinal na direção do esforço e pode ser expressa

matematicamente pela seguinte equação:

(2)

Onde:

= Coeficiente de Poisson;

= Deformação transversal;

= Deformação longitudinal.

Um exemplo de um corpo-de-prova da polpa após a realização do ensaio com

força uniaxial compressiva pode ser observado na figura 21. Os corpos-de-prova

para realização dos ensaios compressivos para determinação do coeficiente de

Poisson com o espécime jacarezinho foram os mesmos representados na figura 21

e foram feitos somente com a polpa da abóbora.

Os ensaios ocorreram em três corpos-de-prova da polpa e a tomada das

medidas foi através de um paquímetro digital.

É verificável o achatamento, provocando o aumento do diâmetro e a

diminuição da altura, parâmetros medidos para obtenção das deformações

transversais e longitudinais.

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Figura 21: Corpo-de-prova da polpa ensaiado.

As equações a seguir demonstram como foi obtida a deformação transversal

e longitudinal após a tomada das medidas.

(3)

Onde:

= Deformação transversal;

D = Diâmetro final (mm);

= Diâmetro inicial (mm).

(4)

Onde:

= Deformação longitudinal;

h = Altura final (mm);

= Altura inicial (mm).

Com posse desses dados gerados através dos ensaios, o coeficiente de

Poisson médio calculado foi igual a 0,45, estando dentro dos valores para materiais

elásticos e bem próximo ao utilizado por Couto et al. (2001) para determinação do

módulo de conformidade de frutos de café, que foi 0,49.

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6.4 Módulos de elasticidade estimados pelas equações da Teoria de

Contato de Hertz

Para determinação dos módulos de elasticidade estimados, utilizaram-se

duas equações, ambas regidas pela Teoria de Contato de Hertz. As equações

consideram que a geometria do fruto inteiro se aproximava de uma esfera maciça. A

teoria em questão relata os casos de tensões de contato características de

carregamento diametral de corpos cilíndricos, esféricos de acordo com Timoshenko

& Goodier (1970).

Para aplicação da Teoria de Contato de Hertz é necessário admitir algumas

considerações, que poderão fornecer resultados próximos do ideal. As

considerações são:

O material dos corpos de contato é homogêneo;

As forças aplicadas são estáticas;

O material possui comportamento elástico;

As tensões de contato se anulam na extremidade oposta do corpo (corpo

semi-infinito);

As superfícies dos corpos em contato são lisas o suficiente para que as forças

tangenciais possam ser desprezadas.

Os raios de curvatura dos sólidos em contato são muito grandes quando

comparados com o raio da superfície de contato, para Hertz quando a relação

for 1/10 já é o suficiente para aplicação do método;

Figura 22: Aplicação da teoria de contato de Hertz para uma esfera em contato com placas planas.

(Barbosa, 2010, adaptado)

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A figura 23 representa o posicionamento do fruto para tomada das medidas,

sendo D1 e D2 os valores de largura e comprimento, respectivamente, e H o valor

da altura.

Figura 23: Representação do posicionamento para tomada das medidas.

A tabela 3 representa as medidas de altura do fruto sem o talo e em posição

de repouso natural. O objetivo dessas tabelas é provar que é possível considerar a

abóbora “jacarezinho” como uma esfera maciça, com alguma diferença mais

significativa apenas na altura. Essa consideração permitirá utilizar a teoria do

contato de Hertz a fim de calcular os módulos de elasticidade estimados para cada

estádio de maturação.

A tomada das medidas da altura, largura e comprimento das amostras podem

ser observadas nas tabelas 3, 4 e 5, respectivamente. As medidas foram realizadas

com o paquímetro. Foram utilizadas as médias de quatro amostras para cada fase

de maturação.

Tabela 3. Altura em mm das amostras dos frutos inteiros.

AMOSTRA ESTÁDIO DE MATURAÇÃO (DIAS)

15 30 40 50 60

1 96 109 115 117 121

2 102 106 118 116 124

3 98 117 113 127 123

4 100 112,5 115,5 107,5 123

5 103 115,5 116 120 122

MÉDIA (mm) 99,8 112 115,5 117,5 122,5

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Comparando as medidas longitudinais e transversais, vistas nas tabelas 4 e 5,

e comparando ainda dentro da faixa de cada estádio de maturação, nota-se que a

maior diferença, tendo como parâmetro de avaliação a média, é para o estádio de 30

dias de maturação, tendo uma variação de 5,3%.

Tabela 4. Medição do fruto na longitudinal.

AMOSTRA ESTÁDIO DE MATURAÇÃO (DIAS)

15 30 40 50 60

1 133 172 168 175 179

2 132 145 161 172 183

3 130 162 166 192 193

4 131,5 158 161 175 185,5

5 131 153,5 149 160 189

MÉDIA (mm) 131,5 158,1 161 174,8 186

Tabela 5. Medição do fruto na transversal.

AMOSTRA ESTÁDIO DE MATURAÇÃO (DIAS)

15 30 40 50 60

1 134 168 169 180 180

2 125 162 160 168 190

3 123 171 161 184 199

4 126,5 167 160 172,5 190,5

5 124 166,5 149 160 190

MÉDIA (mm) 126,5 166,9 159,8 173 189,9

Como foi evidenciada através das tabelas anteriores, a geometria das

abóboras pôde ser considerada uma esfera para termos de cálculo. Para o presente

trabalho, as forças utilizadas são as visualizadas antes da ruptura da amostra.

A determinação dos módulos de elasticidade das amostras será obtida

através de duas equações, ambas correlacionadas com a teoria de contato de Hertz.

Após a obtenção dos resultados, a análise será feita comparando os resultados das

equações, com os resultados obtidos experimentalmente pelo programa Tesc para

os módulos de elasticidade da polpa ensaiada.

Os módulos de elasticidade obtidos pela Eq. 5 são válidos para a compressão

de esfera entre duas placas plana. Em seus experimentos utilizando ensaios

compressivos em peras e pêssegos Fridley et al. (1968) investigaram a

aplicabilidade da elasticidade na predição de curvas de “Força-Deformação”. Os

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ensaios foram procedidos apenas para frutos intactos comprimidos entre placas

paralelas de uma máquina universal de ensaio.

(5)

Onde:

E - Módulo de elasticidade (Pa),

F - Força (N),

R - Raio da esfera (m), e

D – Deformação (m).

A determinação de R (raio da esfera em metros) será tomada, para cada

estádio de maturação, através das médias entre a altura, o comprimento longitudinal

e o comprimento transversal.

A tabela 6 define as médias das amostras, ressaltando que o valor

encontrado refere-se ao diâmetro idealizado das esferas. O valor do raio é

encontrado dividindo-se o diâmetro por dois.

Tabela 6. Média para obtenção dos diâmetros ideais dos frutos em função do estádio de maturação.

ESTÁDIO DE MATURAÇÃO (DIAS)

15 30 40 50 60

ALTURA 99,8 112 115,5 117,5 122,5

LARGURA 131,5 158,1 161 174,8 186

COMPRIMENTO 126,5 166,9 159,8 173 189,9

MÉDIA (mm) 119,3 145,7 145,4 155,1 166,1

Ainda de acordo com a Teoria de Contato de Hertz visando à determinação

do módulo de elasticidade de um corpo, pressionado entre duas placas planas e

considerando também a solução proposta por Timoshenko & Goodier (1951) para o

caso de corpos esféricos, o presente trabalho utiliza o equacionamento sugerido por

estes últimos pesquisadores a fim de determinar o módulo de elasticidade dos

frutos, além da forma proposta pela análise da curva “Força-Deformação”.

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A Eq.6 será a outra que disponibilizará os módulos de elasticidade para uma

esfera comprimida, então:

(6)

Onde:

E - Módulo de elasticidade (Pa),

F - Força (N),

- Razão de Poisson,

R - Raio da esfera (m), e

D – Deformação (m).

A tabela 7 mostra os parâmetros que foram utilizados para os cálculos através

das equações cinco e seis.

Tabela 7. Deformação, força e raio dos frutos em função do estádio de maturação.

ESTÁDIO DE MATURAÇÃO (DIAS)

DEFORMAÇÃO (mm) FORÇA (N) RAIO (mm)

15 24,00 1.208,20 63,00

30 22,00 1.778,20 73,00

40 18,00 1.793,00 73,00

50 12,00 1.551,40 78,00

60 11,00 1.514,80 83,00

A Eq. 5 não necessita do coeficiente de Poisson, é dependente do raio da

esfera, da força máxima e da deformação. A Eq. 6 necessita do coeficiente de

Poisson, obtido experimentalmente com valor de 0,45, de acordo com a seção 6.3

do presente trabalho.

Os módulos de elasticidade estimados através das equações cinco e seis, e

os valores reais obtidos através dos ensaios para a polpa são mostrados na figura

24. Como aconteceu nos resultados experimentais, não há padrão de apenas

diminuição do módulo de elasticidade com o avanço das fases de maturação, o que

ocorreu na verdade foi um comportamento inverso. Há uma diminuição da força

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necessária para romper as amostras a partir de 40 dias de maturação, no entanto,

para termos de cálculo do módulo de elasticidade não há redução devido à

diminuição da deformação com o passar do estádio de maturação, bem como a falta

de uniformidade para os raios em função da maturação.

Tomando como valores de referência os pontos obtidos pelos dados

experimentais do ensaio na polpa e realizando uma comparação com os pontos

obtidos pelas equações, verifica-se que os valores estimados pelas equações não

se comportam semelhante ao dos dados experimentais. A comparação é feita com a

polpa e não com o fruto porque os dados gerados pelo programa para os corpos-de-

prova da polpa são ideais, já que há uma padronização das medidas e da geometria

do corpo.

15 DIAS 30 DIAS 40 DIAS 50 DIAS 60 DIAS

0

1

2

3

4

5

6

7

E (

MP

a)

Estádio de maturação

Eq. 5

Eq. 6

Dados experimentais

Figura 24: Módulos de elasticidade experimental e estimados em função do estádio de maturação.

As utilizações das equações 5 e 6 em conformidade com as considerações

feitas para utilização da teoria de contato de Hertz, não fornecem resultados para

módulos de elasticidade condizentes com os esperados, já que não observa-se o

comportamento semelhante aos dos dados experimentais para a polpa, além de não

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gerar diminuição dos valores dos módulos de elasticidade com o passar da

maturação como é visto nos resultados para a polpa, onde a diminuição começa a

ocorrer à partir de 40 dias de maturação.

Barbosa (2010), que utilizou ensaios de compressão para determinar as

propriedades mecânicas da manga. Couto et al. (2001) concluiu também que quanto

maior o grau de maturação dos frutos de café, menor os módulos de deformidade,

parâmetro que depende diretamente do módulo de elasticidade, determinados

igualmente por ensaios de compressão.

Os erros relacionados aos cálculos feitos através das equações, para

determinações de “E”, podem ser associados a não adequação dos frutos às

condições necessárias para que se aplique a teoria de contato de Hertz. Esse fato

pode ser exemplificado por: falta de uniformidade dos corpos em contato, forças

tangenciais não desprezíveis devido à rugosidade da casca das amostras e falta de

homogeneidade de peso e forma na mesma faixa de maturação.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estabelecendo uma comparação da faixa ótima para os frutos inteiros e para

a polpa é visto que as forças máximas para o fruto e a tensão e módulos de

elasticidade máxima para a polpa permite fixar uma faixa ótima entre 30 e 50 dias

após a colheita para beneficiamento e transporte da abóbora da variedade Curcubita

moschata D., “jacarezinho”.

As curvas “Força-Deformação” para os frutos inteiros no estádio de maturação

de 15 e 30 dias apresentam pouca uniformidade em seus comportamentos gráficos,

evidenciados por grandes diferenças nas faixas de deformação para a curva de 15

dias e pouca deformação e muita força para curva de 30 dias, mostrando ser uma

faixa não aconselhável para beneficiamento e transporte.

Após 50 dias da floração, a resistência mecânica dos frutos é diminuída,

evidenciada pala pouca força necessária para provocar o rompimento do fruto, se

tornando então uma faixa também pouco aconselhável para beneficiamento e

transporte dessa hortaliça.

A abóbora não se comporta como um material viscoelástico, ou seja, não

apresenta uma fase elástica e uma viscosa, e sim apenas a fase elástica,

evidenciado pelo comportamento linear das curvas “Força-Deformação” dos frutos

inteiros até o rompimento

Para a polpa e frutos inteiros não ocorreu um padrão de diminuição, avaliando

o módulo de elasticidade em função do aumento no estádio de maturação, como se

era esperado no presente trabalho.

O uso das equações 5 e 6 para determinação dos módulos de elasticidade

não forneceram dados dentro do esperado, comprovando a ineficiência das mesmas

para utilização nesse tipo de produto agrícola.

A faixa de variação das deformações máximas em função da força máxima da

polpa foi pequena, analisando as curvas para todos os estádios de maturação.

Em algumas curvas do corpo-de-prova da polpa, para mesmo estádio de

maturação, são perceptíveis grandes diferenças nas forças necessárias para o

rompimento.

As possíveis fontes de erro do presente estudo, em relação aos valores

estimados do módulo de elasticidade são:

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Falta de homogeneidade em relação a alguns parâmetros, como altura

volume e peso.

Não ser um produto totalmente maciço, apresentando grande espaço oco

interno.

Sugestões para trabalhos futuros que complementariam o presente ou

auxiliaria para melhor análise e compreensões das propriedades mecânicas da

abóbora são enumeradas a seguir:

1. Buscar mais uniformidade de peso e dimensões para cada estádio de

maturação.

2. Realizar os ensaios em outras posições diferentes das de repouso, com o

fruto em “pé”, por exemplo, e avaliar as propriedades mecânicas.

3. Aumentar a quantidade das amostras em cada estádio de maturação visando

maior confiabilidade na avaliação qualitativa dos resultados.

4. Aumentar os estádios de maturação ou dividi-los em mais fases para se obter

mais curvas.

5. Alterar a velocidade dos ensaios e comparar os resultados das propriedades

mecânicas obtidas com os presentes nesse trabalho de conclusão de curso,

além de verificar a influência dessas novas velocidades no comportamento

das propriedades mecânicas.

6. Realizar simulação computacional para estudar o comportamento interno da

amostra durante o ensaio de compressão.

7. Determinar uma equação própria para obtenção do módulo de elasticidade,

levando em conta a forma oca e a espessura da polpa da abóbora.

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