características de criações de búfalos no brasil e a contribuição do

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ZOOTECNIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS OSMAR GONÇALVES Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do marketing no agronegócio bubalino Pirassununga 2008

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Page 1: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ZOOTECNIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS

OSMAR GONÇALVES

Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

marketing no agronegócio bubalino

Pirassununga

2008

Page 2: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

Tese apresentada à Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do Título de Doutor em Zootecnia. Área de Concentração: Qualidade e Produtividade Animal. Orientador: Raul Franzolin Neto

OSMAR GONÇALVES

Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

marketing no agronegócio bubalino

Pirassununga

2008

Page 3: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Serviço de Biblioteca e Informação da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo

Gonçalves, Osmar G635c Características de criações de búfalos no Brasil e a

contribuição do marketing no agronegócio bubalino. / Osmar Gonçalves. -- Pirassununga, 2008.

130 f. Tese (Doutorado) -- Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos – Universidade de São Paulo. Departamento de Zootecnia. Área de Concentração: Qualidade e Produtividade Animal. Orientador: Prof. Dr. Raul Franzolin Neto. 1. Bubalinocultura 2. Búfalo 3. Agronegócio 4.

Marketing I. Título.

Page 4: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

A minha esposa Vaine e ao meu filho Gustavo, pelo amor,

carinho e pela compreensão nos momentos em que fiquei ausente. Aos meus pais

Oswaldo (em memória) e Elza, por tudo que fizeram por mim para que eu

conseguisse chegar até aqui. Aos meus companheiros de jornada, pelo apoio

recebido na elaboração deste trabalho.

Page 5: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

AGRADECIMENTO

Ao Professor Dr. Raul Franzolin Neto, pela contribuição científica e

acadêmica, pela amizade e companheirismo.

Aos funcionários da FZEA/USP, Marcelo Roberto Dozena, Cláudio Fernando

Germano Ramos (biblioteca) e Régis Gonçalves dos Santos (setor de eventos), por

terem contribuído no desenvolvimento e disponibilização do questionário eletrônico

da pesquisa na página da FZEA/USP.

Aos bubalinocultores que contribuíram na obtenção dos dados apresentados

neste trabalho em especial ao Sr. Otávio Bernardes e Getúlio Marcantonio.

Aos meus amigos Adriano Rogério Bruno Tech, Danielle Magierski Valério,

Patrícia Domingos, pela ajuda prestada na execução do Projeto.

Aos funcionários e amigos da Secretaria da Pós Graduação, em especial à

Sra. Clélia, Conceição e Layla.

Aos companheiros da pós-graduação.

A Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos pela oportunidade de

realizar este Projeto.

A Academia da Força Aérea, pela dispensa concedida para que eu pudesse

me aprimorar como pesquisador.

Page 6: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

RESUMO

GONÇALVES, O. Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do marketing no agronegócio bubalino. 2008. 130 f. Tese

(doutorado) – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de

São Paulo, Pirassununga, 2008.

O presente trabalho teve como objetivo identificar determinadas

características produtivas e econômicas de algumas criações de búfalos no Brasil

desenvolvendo um estudo sobre as dificuldades, facilidades e potencialidade da

bubalinocultura envolvendo as ferramentas de marketing aplicadas ao agronegócio

bubalino. Foi realizada uma pesquisa de campo utilizando formulário eletrônico para

preenchimento “on line” por criadores de búfalos com questões estratégicas e

disponibilizado na página da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da

Universidade de São Paulo. O mesmo questionário impresso foi encaminhado, via

correio, à 184 criadores de búfalos com endereços cadastrados na página da

Associação Brasileira de Criadores de Búfalos. Foram avaliadas 50 propriedades

com atividade em bubalinocultura rurais distribuídas em 12 Estados brasileiros. O

presente estudo identificou que a bubalinocultura representa uma atividade

promissora junto ao agronegócio brasileiro com bom nicho de mercado para a

produção de leite, porém com barreiras no posicionamento do mercado da carne de

búfalo. Há um desafio a ser vencido a partir da articulação dos componentes de toda

a estrutura no agronegócio bubalino envolvendo cadeia produtiva de leite e de carne

para produção em escala visando atender adequadamente a demanda do mercado

interno e do mercado externo.

Palavras-chave: bubalinocultura, búfalo, agronegócio, marketing.

Page 7: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

ABSTRACT

GONÇALVES, O. Characteristics of buffalo production in Brazil and the

contribution of the marketing in the buffalo agribusiness. 2008. 130 f. Thesis

(Doctorate) – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de

São Paulo, Pirassununga, 2008.

This study aimed to identify certain characteristics of some productive and

economical of buffalo production in Brazil developing a study on the difficulties,

advantages and potential of buffalo production involving the tools of marketing

applied to buffalo agribusiness. We performed a field research using electronic form

to fill on line by buffalo raisers with strategic questions available on the website of

Faculty of Food Engineering and Animal Science from University of Sao Paulo. The

same form was sent via mail to the 184 buffalo raisers with addresses registered on

the website of the Brazilian Buffalo Raisers Association. We evaluated 50 rural farms

with activity in buffalo production distributed in 12 Brazilian states. This study

identified that buffalo production represents a promising activity to the Brazilian

agribusiness with a good special market for milk production, but with barriers in the

market positioning of buffalo meat. There is a challenge to be achievement from the

articulation of the components of the entire structure in the agribusiness production

chain involving buffalo milk and meat production scale to adequately meet the

demand of the internal and external markets.

.

Keywords: agribusiness buffalo, buffalo, agribusiness, marketing.

Page 8: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Distribuição de búfalos nas regiões geográficas brasileiras.................. 17

Figura 2 - Evolução do rebanho bubalino brasileiro............................................... 19

Figura 3 – Esquema identificando a competitividade do sistema agroindustrial

do leite.................................................................................................................... 23

Figura 4 - Cadeia produtiva da pecuária de corte do Brasil................................... 25

Figura 5 – Raça Murrah......................................................................................... 29

Figura 6 – Fêmea da raça Murrah.......................................................................... 30

Figura 7 – Raça Mediterrâneo................................................................................ 30

Figura 8 – Raça Jafarabadi Gir.............................................................................. 31

Figura 9 – Raça Jafarabadi Palitana...................................................................... 31

Figura 10 – Exemplar da raça Carabao................................................................. 32

Figura 11 – Projeções do agronegócio – Mundial e Brasil.................................... 33

Figura 12 – Sistema agroindustrial......................................................................... 36

Figura 13 - Elementos do Sistema de produção de bubalinos de corte................. 40

Figura 14 - Caracterização das redes globais e dos cenários que operarão em

2010....................................................................................................................... 41

Figura 15 – Selo de garantia de produtos com certificação de conformidade....... 68

Figura 16 - Modelo do Processo Decisório de Compra......................................... 80

Figura 17 - As técnicas de análise de dados......................................................... 90

Figura 18 - Freqüência de propriedade segundo atividade rural principal

desenvolvida.......................................................................................................... 93

Figura 19 - Distribuição numérica das raças predominantes na Bubalinocultura.. 95

Figura 20 - Distribuição do número de raças criadas nas propriedades................ 95

Figura 21 - Distribuição da principal finalidade da comercialização de búfalos..... 96

Page 9: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

Figura 22 - Distribuição da finalidade de comercialização secundária da criação

de búfalos............................................................................................................... 97

Figura 23 - Destino da produção de leite concentradas pelo número de

propriedades.......................................................................................................... 101

Figura 24 - Tempo dedicado à criação de bubalinos............................................. 107

Figura 25 - Opções de negócios da propriedade................................................... 108

Figura 26 – Maiores despesas na bubalinocultura................................................. 108

Figura 27 – Maiores receitas na bubalinocultura................................................... 109

Figura 28 – Maiores vantagens da bubalinocultura............................................... 109

Figura 29 – Maiores desvantagens da bubalinocultura.......................................... 111

Page 10: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição do rebanho mundial de búfalos – classificação por

continente – 2003................................................................................................... 16

Tabela 2 – Distribuição do rebanho bubalino no Brasil.......................................... 18

Tabela 3 - Rendimento de leite em derivados........................................................ 21

Tabela 4 - Principais obstáculos para a pecuária de corte.................................... 27

Tabela 5 - Integração da Administração de Marketing no Agronegócio................ 56

Tabela 6 - Ações Relacionadas à Implementação da Rastreabilidade.................. 68

Tabela 7 – Ações de Marketing – Foco em Valorização e Divulgação do

Produto Carne........................................................................................................ 73

Tabela 8 - Benefícios mercadológicos na cadeia pecuária de corte...................... 75

Tabela 9 - Mix de marketing................................................................................... 84

Tabela 10 – Distribuição geográfica das propriedades analisadas........................ 91

Tabela 11 - Estratificação das propriedades com bubalinos, quanto ao tamanho. 92

Tabela 12 - Distribuição do número de búfalos por propriedade........................... 93

Tabela 13 - Áreas de pastagens presentes nas propriedades com búfalos.......... 94

Tabela 14 - Distribuição com número médio de animais por categorias em

diferentes dimensões de rebanho bubalino........................................................... 98

Tabela 15 - Produção média de leite por animal/ dia – durante a lactação,

concentradas pelo número de propriedades.......................................................... 100

Tabela 16 – Período médio de lactação, concentradas pelo número de

propriedades.......................................................................................................... 101

Tabela 17 - Comercialização de fêmeas e machos............................................... 103

Tabela 18- Sistemas de produção e suplementação alimentar............................. 106

Page 11: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

LISTA DE SIGLAS

ABCB Associação Brasileira de Criadores de Búfalos.

ABMR Associação Brasileira de Marketing Rural.

DCI Diário Comércio e Indústria.

ECR Efficient Consumer Response.

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

ha Hectare.

IAA Indústrias agroalimentares.

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

P&D Pesquisa e desenvolvimento.

MERCOSUL Mercado Comum do Sul.

SAI Sistema agroindustrial.

SIM Sistema de Informações de Marketing.

SisBov Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e

Bubalina.

SRG Serviço de Registro Genealógico.

Page 12: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

SUMÁRIO

RESUMO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 13

2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................................... 15

2.1 A Bubalinocultura............................................................................................. 15

2.1.1 População Mundial de Búfalos...................................................................... 15

2.1.2 Búfalos no Brasil........................................................................................... 16

2.1.3 Produção de Leite de Búfala......................................................................... 19

2.1.4 Produção de Carne Bubalina........................................................................ 23

2.1.5 Associação Brasileira de Criadores de Búfalos............................................ 28

2.1.6 Raças de Bubalinos no Brasil....................................................................... 29

2.1.6.1 Raça Murrah.............................................................................................. 29

2.1.6.2 Raça Mediterrâneo..................................................................................... 30

2.1.6.3 Raça Jafarabadi......................................................................................... 31

2.1.6.4 Raça Carabao............................................................................................ 32

2.2 Definição de Agronegócio................................................................................ 33

2.2.1 Cadeia de Produção Agroindustrial............................................................... 34

2.2.2 Sistema Agroindustrial.................................................................................. 35

2.2.2.1 Análise do Sistema Agroindustrial em um Mercado Competitivo............... 38

2.2.2.2 As Características da Demanda e Oferta em um Sistema Agroindustrial.. 42

2.2.3 As Características da Cadeia da Indústria.................................................... 43

2.2.4 Opções Estratégicas para Empresas Agroindustriais................................... 47

2.3 O Planejamento Estratégico como Ferramenta de Operação em um

Mercado Competitivo............................................................................................. 50

2.3.1 Definição do Plano de Marketing.................................................................. 52

2.3.2 Integração das Ferramentas de Marketing (4Ps) e Funções Estratégicas

de Marketing (4As) no Agronegócio....................................................................... 55

2.3.2.1 Diferenciação e Posicionamento do Produto............................................. 61

2.3.2.2 Rastreabilidade e a Certificação dos Processos e Produtos..................... 64

2.4 Marketing no Agronegócio............................................................................... 69

2.4.1 Alianças Mercadológicas............................................................................... 73

2.4.2 Pesquisa de Mercado.................................................................................... 77

Page 13: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

2.4.3 Comportamento do Consumidor................................................................... 79

2.4.4 Gestão de Marketing com Base nos Clientes............................................... 81

2.4.5 Segmentação de Mercado............................................................................ 83

2.4.6 Mix de Marketing........................................................................................... 84

3 Objetivos............................................................................................................. 86

4 Material e Métodos.............................................................................................. 87

5 Resultados e Discussão...................................................................................... 91

5.1 Propriedades.................................................................................................... 91

5.1.1 Distribuição das Propriedades...................................................................... 91

5.1.2 Estratificação das Propriedades.................................................................... 91

5.1.3 Atividade Rural Principal Desenvolvida......................................................... 93

5.1.4 Áreas de Pastagens...................................................................................... 94

5.1.5 Composição do Rebanho: Análise das Raças Predominantes.................... 94

5.1.6 Finalidade da Criação................................................................................... 96

5.1.7 Categorias do Animal.................................................................................... 97

5.1.8 Produção de Leite e Comercialização........................................................... 100

5.1.9 Produção de Carne e Comercialização de bubalinos................................... 102

5.1.10 Sistema de Produção.................................................................................. 104

5.1.11 Caracterização da Atividade....................................................................... 107

6 CONCLUSÕES................................................................................................... 113

REFERÊNCIAS

APÊNDICES

Page 14: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

13

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é atualmente o maior produtor comercial de bovinos no mundo,

destacando-se como uma economia emergente, principalmente no agronegócio

(BRAUN et al., 2008). A bubalinocultura comercial é caracterizada pela criação do

búfalo doméstico asiático que representa um animal altamente adaptado para a

inserção na cadeia agroindustrial do leite e da carne. Introduzida inicialmente na

região Norte do Brasil, a bubalinocultura vem conquistando espaço rapidamente em

várias regiões do nosso país.

Características como precocidade, docilidade, rusticidade e longevidade

aliadas à grande capacidade de adaptabilidade, tornam o búfalo uma boa alternativa

de produção de carne e leite para a população. Segundo Ramos (2002) o búfalo se

desenvolve a uma taxa média em torno de 85% de eficiência reprodutiva em monta

natural, contra cerca de 45% dos bovinos.

As mudanças dos aspectos cotidianos da vida nas sociedades vêm ocorrendo

de maneira rápida, interferindo inclusive nos hábitos e escolhas por produtos a

serem consumidos. Desta forma, as empresas, para se manterem no competitivo

mercado devem apresentar flexibilidade e qualidade nos produtos oferecidos.

A base para a diferenciação de um produto ocorre quando existe algum

atributo distinto entre esse bem e os demais. Essa percepção sobre o aspecto

diferenciador pode ser real ou estar somente na mente do consumidor.

Qualquer alteração que se faça em um produto, tais como composição,

embalagem, tamanho, cor ou desenho, determina o surgimento de um novo produto.

De uma maneira geral, devido à necessidade de abastecimento em larga

escala dos mercados de carne e leite e também pela grande competição de mercado

entre os produtos bovinos, suínos e de aves, este estudo visa avaliar o perfil de

algumas unidades produtoras de bubalinos do mercado brasileiro.

O emprego de ferramentas de gestão de mercado relacionadas ao

desenvolvimento de produtos, determinação do mercado-alvo para os produtos da

Page 15: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

14

bubalinocultura e os aspectos relacionados à comunicação e distribuição, são

apresentadas neste trabalho como propostas de melhorias para os empreendedores

do agronegócio bubalino.

Page 16: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

15

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A Bubalinocultura

A fim de posicionar o búfalo dentre as espécies existentes, encontraremos

sua classificação zoológica dentro dos animais ruminantes que apresentam o

estômago dividido em quatro compartimentos: rúmen, retículo, omaso e abomaso. A

família dos Bovidae abrange sub-famílias dos ovinos e caprinos, antílopes e a Tribu

Bovini, que por sua vez é dividida em três grupos – Bovina (os bovinos), a Syncerina

(os búfalos africanos) e a Bubalina (os búfalos asiáticos) (COCKRILL, 1974).

Os Bubalinos como são denominados os búfalos da espécie Bubalus bubalis

têm sua origem na Ásia e foram domesticados provavelmente ao redor de 7.000

anos atrás.

2.1.1 População Mundial de Búfalos

Existem dificuldades na avaliação da população mundial de bubalinos, pois

em alguns países os búfalos são incluídos na pecuária como bovinos, em outros

casos, os proprietários informam números inferiores por questões fiscais.

Tomando-se por base que a grande maioria do rebanho mundial de búfalos

está concentrada em países asiáticos, em desenvolvimento e superpopulosos

(97%), a bubalinocultura é uma atividade que utiliza de poucos recursos

tecnológicos.

A Ásia apresentava em 2003, a maior concentração de bubalinos do mundo.

Neste mesmo período, segundo Borghese (2005), o Brasil possuía 1.149.424

cabeças de búfalos, ou seja, 94,82% da população de bubalinos existentes no

Continente Americano.

A tabela 1 apresenta a distribuição entre os continentes, da população

mundial de búfalos. Dessa forma, pode-se observar a grande importância econômica

Page 17: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

16

e social que o búfalo apresenta nos países asiáticos. Já no continente africano, a

população está constituída por animais selvagens.

Na Europa, destaca-se a Itália que embora apresente menor número de

búfalos, a bubalinocultura é uma atividade econômica de grande importância,

desenvolvida com alta tecnologia e com posicionamento de seu principal produto, o

queijo mozzarella, bem definido em seu mercado-alvo.

Tabela 1 - Distribuição do rebanho mundial de búfalos – classificação por continente – 2003

Continentes Rebanho (cabeças) Total (%)

Ásia 165.597.778 97,03

África 3.560.025 2,09

Américas 1.212.195 0,71

Europa 296.685 0,17

Oceania 65 0,0

Total 170.666.748 100

Fonte: Adaptado da Situação da Bubalinocultura Mineira (GARCIA; AMARAL; SALVADOR, 2005).

2.1.2 Búfalos no Brasil

Segundo Zava (1987), o rebanho bubalino brasileiro teve início em 1890 com

a introdução de búfalos Carabao na Ilha de Marajó, no Estado do Pará, trazidos por

fugitivos procedentes da Guiana Francesa.

Em 1962, tradicionais criadores de bovinos zebuínos, Francisco Matarazzo,

Celso Garcia Cid, Torres Homem Rodrigues da Cunha e outros, importaram búfalas

da Índia, das raças Murrah e Jafarabadi.

Segundo Bernardes (2007) o crescimento da população dos bubalinos no

Brasil, no período compreendido entre 1961 a 2005 foi de 1.806%, enquanto que no

mundo, o crescimento do rebanho bubalino foi de 97,34%.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,

2006), o Brasil possuía em 2006 o maior rebanho de bubalinos na América Latina,

com aproximadamente 1.156.870 cabeças, distribuídos em 13.096 estabelecimentos

Page 18: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

17

61%11%

10%

12%6%

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Figura 1 - Distribuição de búfalos nas regiões geográficas brasileiras. Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Pesquisa da Pecuária Municipal 2006.

agropecuários. Entretanto, segundo Bernardes (2007), esse dado está subestimado

e a população brasileira de búfalos deveria girar, em 2006, ao redor de 3.500.000 de

cabeças, sendo que o Estado do Pará possuía aproximadamente um milhão e meio

de animais.

Por ser adequado à produção de carne e leite e também devido à força e

resistência é utilizado como animal de tração ele é considerado um animal de tripla

aptidão (OLIVEIRA, 2005).

Atualmente a bubalinocultura encontra-se distribuída em todas as regiões

brasileiras (Figura 1), com a maioria dos animais localizados na região Norte (IBGE,

2006). A distribuição do rebanho bubalino entre os Estados brasileiros durante os

anos de 2005 e 2006 pode ser vista na Tabela 2.

Page 19: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

18

Segundo Garcia, Amaral e Salvador (2005) o rebanho cresceu dez vezes

desde 1970, à taxa média de 13% ao ano até 1996, quando ocorreu uma forte

diminuição do número de cabeças, voltando a crescer a partir de 1998. Nestes 33

Tabela 2 – Distribuição do rebanho bubalino no Brasil

Grandes Regiões e Bubalinos (cabeças) Unidades da Federação 2005 2006

Brasil 1.173.629 1.156.870Norte 728.004 706.072Rondônia 6.457 6.093Acre 2.421 3.099Amazonas 49.891 51.848Roraima 280 280Pará 466.210 429.246Amapá 193.485 206.210Tocantins 9.260 9.296Nordeste 121.662 126.757Maranhão 79.915 84.205Piauí 542 542Ceará 1.186 1.123Rio Grande do Norte 485 635Paraíba 1.637 1.656Pernambuco 17.353 17.969Alagoas 1.818 1.791Sergipe 387 385Bahia 18.339 18.451Sudeste 113.862 115.494Minas Gerais 36.158 38.059Espírito Santo 669 672Rio de Janeiro 5.299 5.405São Paulo 71.736 71.358Sul 144.531 137.058Paraná 40.187 35.420Santa Catarina 22.185 22.051Rio Grande do Sul 82.159 79.587Centro-Oeste 65.570 71.489Mato Grosso do Sul 19.051 17.846Mato Grosso 14.297 20.543Goiás 31.268 32.200Distrito Federal 954 900 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Pesquisa da Pecuária Municipal (2006).

Page 20: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

19

anos, manteve-se a concentração na região Norte do Brasil. Não se conhece as

razões que ocasionaram a diminuição do rebanho apresentada na Figura 2. Uma

das causas prováveis se deve a erros na coleta e avaliação dos dados estatísticos.

Figura 2 - Evolução do rebanho bubalino brasileiro. Fonte: IBGE (2006).

2.1.3 Produção de Leite de Búfala

Na Índia e outros países da Ásia, a população consome o leite de búfala a

partir da sua mistura com leite em pó desnatado de vaca bovina e água (VIEIRA;

NEVES, 1980). Essa mistura, devido ao alto teor de gordura no leite da búfala,

proporciona boas características organolépticas e melhor valor nutritivo.

No Brasil, a grande importância de consumo desse alimento está na sua

transformação em derivados, pois o seu elevado teor de extrato seco possibilita um

alto rendimento industrial (MACEDO et al., 2001). Segundo Ferrara e Intrieri (1975),

a mussarela típica e original é preparada com leite de búfala integral.

Os queijos suaves e não maturados originários da Itália são a Mozzarella e a

Ricotta. A Mozzarella é um tipo de queijo originalmente fabricado a partir de leite de

búfala integral, com alto teor de gordura, o que lhe confere paladar delicado. É um

tipo de queijo fresco de massa filada, originário do sul da Itália (região de Campana),

perto de Nápoles, no século XVI. A região da Campana hoje possui o selo de origem

0

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

1.200.000

1.400.000

1.600.000

1.800.00019

90

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Bubalinos

Page 21: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

20

da autêntica Mozzarella, (TEIXEIRA; BASTIANETTO; OLIVEIRA, 2005).

O queijo Mozzarella é comercializado em pedaços, fatias, tranças, tiras e as

tradicionais bolas. As bolas de mozzarella podem ser encontradas em líquido de

conservação (que contém sal e ácido cítrico), em embalagem plástica a vácuo, ou

ainda, com atmosfera modificada (com nitrogênio e dióxido de carbono), sendo que

essas duas últimas apresentações aumentam a meia vida do produto.

De acordo com Consalvo (1997), o sul da Itália apresenta o maior consumo

médio de Mozzarella de leite de búfala: 7,42 Kg/ ano, por pessoa.

O queijo provolone é outro queijo que pode ser feito utilizando-se leite de

búfala, pois seu processamento é uma continuação ao processo utilizado na

fabricação da Mozzarella, quando após a salga, é maturado por cerca de 50 dias

(quando o teor de gordura é alto) e defumado. Quando feito com leite de búfala, o

provolone demanda mais tempo para sua maturação devido ao maior teor de

gordura, se comparado ao de vaca. O provolone tem sabor picante e pode ser

encontrado em diversos formatos e tamanhos.

Segundo Teixeira, Bastianetto e Oliveira (2005), outros queijos podem ser

produzidos a partir do leite de búfala, como queijo frescal e requeijão. Estes

produtos apresentam boa aceitabilidade e bom rendimento, o que pode ser

comprovado no mercado nacional, inicialmente do norte do país e mais

recentemente do sudeste. Encontramos até mesmo queijos originalmente

desenvolvidos no Brasil utilizando-se o leite de búfala, como o queijo Marajoara, que

é branco, leve e cremoso. Porém uma dificuldade que se encontra na indústria, para

a utilização do leite de búfala, é a produção de queijos maturados, devido ao alto

teor de gordura deste leite é necessário um tempo maior de maturação do produto,

ou padronização da gordura.

O doce de leite e a manteiga compreendem outros derivados lácteos que

também podem ser produzidos tendo como matéria-prima o leite de búfala. O leite

de búfala possibilita a formação de texturas mais firmes e cremosas, sem a

necessidade da utilização de espessantes como o leite em pó, devido ao seu alto

teor de gorduras, proteínas e à elevada retenção de água. É o caso da fabricação,

por exemplo, de iogurtes e creme de leite.

Page 22: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

21

O leite de búfala por apresentar maior valor nutritivo tem maior rendimento

que o leite bovino em aproximadamente 40% a 50% na elaboração de derivados

(queijos, iogurte, doce de leite etc). Teixeira, Bastianetto e Oliveira (2005), em

estudo realizado na região do Alto São Francisco - Minas Gerais observaram os

seguintes valores médios para a composição do leite de búfala: 17,21% para sólidos

totais; 6,85% para gordura, 4,19% para proteínas e 4,93% para lactose.

Rendimentos de alguns subprodutos do leite de búfala e de vaca podem ser

observados na Tabela 3, conforme Figueiredo (2006).

Tabela 3 - Rendimento de leite em derivados

Fonte: Adaptado de Elaboração e caracterização do “queijo marajó”, tipo creme, de leite de búfala, visando sua padronização (FIGUEIREDO, 2006).

No Brasil, a produção de leite de búfala destinada à industrialização vem

crescendo 25% em média, ao ano, desde 2001. Segundo IBGE (2006), o Brasil

possuía em 2006, 2.758 estabelecimentos que produziram 33.515.000 de litros de

leite. Em 2007, em artigo publicado no Diário Comércio e Indústria (DCI), citado por

Pólo (2008) foram produzidos 18,5 mil toneladas de derivados a partir do

processamento de 45 milhões de litros de leite. Deste total de derivados, a

Mozzarella de búfala representou aproximadamente 13 mil toneladas. O setor

possuía em 2007, 150 laticínios que gerou um faturamento de US$ 55 milhões em

2007 com receita de US$ 17 milhões para os bubalinocultores.

Ainda segundo Pólo (2008), atualmente a produção de leite de búfala e

derivados tem sua maior concentração na região Sudeste do Brasil, principalmente

no Estado de São Paulo, devido à concentração maior do mercado consumidor.

Leite/Produto (L/kg) Derivado

Búfala Bovina Iogurte 1,20 2,0 Queijo CPATU 4,56 6,0 a 8,0 Mozzarella 5,50 8,0 a 10,0 Provolone 7,43 8,0 a 10,0 “Queijo Marajó” 6,00 10,0 a 12,0 Doce de leite 2,56 3,5

Page 23: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

22

Estima-se que a produção total de leite de búfalas no Brasil, em 2007, tenha sido de

92,3 milhões de litros e a projeção para 2008 é de 10% de crescimento sobre esse

volume. Desse total, 50% é produzido na região Norte.

Nos meses compreendidos entre novembro e fevereiro as búfalas não

produzem leite devido a característica de sazonalidade reprodutiva em monta

natural. É necessário o emprego de tecnologia para sincronizar o cio dos animais

com a inseminação artificial uniformizando a oferta de carne e leite durante o ano

todo.

Segundo Ramos (2002), muitos fatores interferem na produção de leite de

búfala, tais como: genético, nutrição, período de lactação, idade da búfala, estação

do parto, entre outras. A variação da produção de leite por lactação tem sido

observada entre 1006 Kg a 5364 Kg com duração da lactação de 178 a 349 dias.

Malhado et al. (2007) após análise de 3.604 lactações de 1.135 animais da

raça Murrah, nascidos entre 1982 e 2003, observaram durações das lactações entre

150 e 390 dias (média 256 +/- 51 dias), com produção de leite média de 1863,5 Kg

+/- 682,4 kg.

Um novo cenário na bubalinocultura se forma com aumento dos rebanhos

leiteiros, confirmando o crescente interesse pela exploração de seu potencial de

crescimento (Bernardes, W.; Bernardes, O., 1993), particularmente nos Estados que

compõe a região Sudeste (MACEDO et al., 2001).

Segundo Franzolin Neto (1993), da mesma forma que o rebanho bovino, a

produção de leite poderá ser incrementada pela seleção de fêmeas de alta produção

e pelo manejo correto em um ambiente favorável à espécie.

Jank e Galan (1998) apresentam a delimitação do sistema agroindustrial do

leite, através da determinação dos elos que compõe este sistema. Os elementos

destacados no esquema apresentado na Figura 3 são considerados pelos autores

mais importantes do sistema do leite.

Page 24: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

23

Figura 3 – Esquema identificando a competitividade do sistema agroindustrial do leite. Fonte: JANK; GALAN (1998).

2.1.4 Produção de Carne Bubalina

Os bubalinos apresentam grande potencial como produtor de carne já que

são capazes de atingir pesos ao redor de 530 kg quando mantidos em pastagens

cultivadas como as existentes na região Centro-Sul. Já na região Norte, em campo

natural, o búfalo apresenta peso médio de 500 kg aos 3,5 anos (JORGE, 2005).

Atualmente, a preocupação com a saúde e com a qualidade de vida vem

ganhando importância em um segmento de consumidores que já apresentam a

maior parte de suas demandas atendidas e procuram ter uma vida mais saudável

com uma dieta adequada.

Dessa forma, o posicionamento da carne de bubalinos nos cardápios e as

Fornecedores de Insumos, Máquinas e Equipamentos

Produção Primária de leite

Processamento Distribuição

Page 25: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

24

estratégias de comunicação utilizadas a fim de estimular o seu consumo estão

ligados às suas características nutricionais e organolépticas.

De acordo com Lima (2005), os atributos percebidos pelo consumidor para

carnes frescas estão relacionados à quantidade de gordura (magreza), o sabor e a

maciez. Esses fatores representam elementos de diferenciação do produto e devem

ser trabalhados a fim de possibilitar o crescimento do consumo interno e promover o

fortalecimento da cadeia agroindustrial da pecuária bubalina.

Nos estudos desenvolvidos por Oliveira (2005), a obtenção de novas

tecnologias para aumentar os rendimentos relacionados à comercialização e sua

qualidade só será possível através do trabalho em conjunto de geneticistas,

produtores, frigoríficos, profissionais de marketing e especialistas em qualidade de

carcaça e de carne. A complementação desse trabalho pode ser feita através do

fortalecimento da marca e da implementação de um sistema de rastreabilidade.

Outra aplicação viável para a carne de búfalo é na forma de hambúrgueres.

Neste caso, o diferencial mercadológico apresentado é o baixo teor de colesterol.

Segundo Barcellos et al. (2004) a crise que afeta a pecuária de corte tem

suas raízes na estrutura do sistema. Devido às dificuldades em efetivar boas

negociações por parte dos frigoríficos em relação à rede de varejo, as diferenças no

valor acordado são transferidas ao produtor rural.

Na análise do cenário apresentado na Figura 4, pode-se entender a

organização estrutural da cadeia produtiva da carne bubalina. A competitividade dos

agentes fora dos limites de produção gera profundas dificuldades de coordenação

da cadeia, pois, a relação entre os membros é regulada por atitudes meramente

comerciais, sem comprometimentos entre os segmentos que constitui o todo.

Page 26: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

25

Figura 4 - Cadeia produtiva da pecuária de corte do Brasil. Fonte: Adaptado de Lazzarini Neto S.; Lazzarini S. G.; Pismel (1996).

A desarticulação entre os elos de uma cadeia compromete a sua

INDÚSTRIA DE INSUMOS

PRODUÇÃO ANIMAL

INDÚSTRIA FRIGORÍFICA

ENTREPOSTOS REVENDEDORES

ATACADO E VAREJO

MERCADO EXTERNO

TRADING

CONSUMIDORES

Oss

os /

Seb

o pa

ra a

para

s

Animais para abate

Insumos

Carcaças/ Cortes/ Industrializados

Carcaças

Carcaças

Açougues, supermercados, boutiques, fast food, cozinhas industriais e churrascarias

Page 27: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

26

competitividade tornando-a não apta para aproveitar as oportunidades de mercado e

em particular nas mudanças do comportamento do consumidor. Contudo, essas

percepções devem ser repassadas aos segmentos da cadeia, através de um

eficiente sistema de comunicação entre seus agentes.

Segundo Barcellos et al. (2004), no frigorífico, o processo de informações é

mais amplo, compreendendo várias fontes, as quais podem ser úteis, se repassadas

aos produtores na forma e no momento apropriado. Por outro lado, a organização

varejo-frigorífico e atacado-frigorífico se limita a informar aos produtores os padrões

de qualidade que os animais devem ter ao serem abatidos. Os produtores por sua

vez, apresentam processos informacionais deficientes, com poucas fontes e com um

agravamento pela falta de organização ou pelo pouco repasse de informações tanto

pelo varejo quanto pelo frigorífico.

Segundo Neves et al. (2002), para que se obtenha sucesso em um trabalho

de marketing voltado para carne bovina, a estrutura da cadeia deverá estar

organizada ao longo de todo o sistema agroindustrial (Tabela 4). Esta análise pode

ser estendida para a cadeia agroindustrial da bubalinocultura, visto que as

características dos produtos e mercados analisados são semelhantes.

Page 28: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

27

Tabela 4 - Principais obstáculos para a pecuária de corte

Fonte: Adaptado de Neves et al. (2002).

Indústria de Insumos Produção de Bovinos Indústria Frigorífica Logística e Distribuição Altas alíquotas de impor-tação dos princípios ati-vos usados nos medica-mentos veterinários.

Melhorar a representativi-dade através de uma coor-denação estadual das en-tidades existentes, trazen-do fortalecimento político da classe.

Ampliar a capacidade de processar produtos dife-renciados.

Melhorar a qualidade de conservação e apresen-tação do produto nas gôndolas dos pontos de vendas.

Necessidade de redução dos impostos dos insumos.

Capacitação do produtor rural a nível gerencial e tecnológico.

Ações de melhoria para ganhos de produtividade.

Ampliação da segurança do alimento.

Garantia da qualidade dos insumos com controle e divulgação pelos órgãos competentes.

Criar mecanismos mais fortes para proteger a liquidez/pagamento, reduzir o risco.

Independência dos técni-cos de fiscalização sani-tária com as indústrias.

Garantia de origem.

Aumentar as pesquisas dos insumos de nutrição/ outras alternativas.

Difusão e estruturação de comercialização, entendi-mento de alternativas.

Regras mais estáveis e Estado mais atuante para cumprimento da legisla-ção existente.

Informação sobre manu-seio e preparo (rótulo).

Maior divulgação das pesquisas em curso nos controles sanitários.

Organização dos produtores para melhorar o poder de barganha com a indústria.

Transparência nas negociações com o produtor.

Oferecer cortes diferen-ciados ao consumidor – segmentação de mercado.

Treinamento e capaci-tação de mão-de-obra

Capacitação da mão-de-obra rural

Capacitação de mão-de-obra e redução da alta rotatividade

Estabelecimento de redes de compras (reunião de açougues)

Agregar valor ao produto (com serviços, por exemplo) – buscando fidelização.

Tecnificação: sanidade, nutrição e genética.

Criação e desenvolvimento de novos produtos.

Pesquisa de preferência de consumo.

Qualidade com preço competitivo.

Estímulo a “leal concorrên-cia”, com boicote a ações predatórias ao setor.

Compra diferenciada com o pagamento de um extra para produtor de carne diferenciada.

Rastrear caminhões contra roubos de carga.

Segmentação de mercado.

Elaboração do “manual de boas práticas de produção”, buscando a padronização do sistema produtivo.

Pagamento à vista – garantia de credibilidade.

Reunião de empresas complementares – medidas para a redução de custo

Contato entre produtores para coordenação de cria, recria e engorda

União de frigoríficos para o desenvolvimento de competências (miúdos, couro, traseiro, dianteiro).

Page 29: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

28

2.1.5 Associação Brasileira de Criadores de Búfalos

A Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB) teve sua fundação

em 21 de abril de 1960, articulada pelo produtor Paulo Joaquim Monteiro Silva e

pelo zootecnista Alberto Alves Santiago. Tem como principal objetivo, incentivar a

bubalinocultura no Brasil através da organização dos interesses dos criadores de

búfalos e do aprimoramento técnico-científico na criação de bubalinos. Em 2008

reunia 132 associados em todo Brasil. A ABCB foi a primeira no mundo em seu

gênero em promover o serviço de registro genealógico dos animais bubalinos

(ABCB, 2007).

O Serviço de Registro Genealógico (S.R.G.) da ABCB foi aprovado pelo

Decreto Nº. 58984, de 03 de agosto de 1966, porém os trabalhos do Registro

Genealógico foram iniciados em 1970. Esta atividade é dirigida por um

superintendente, médico veterinário, zootecnista ou engenheiro agrônomo

homologado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.

O S.R.G. tem por finalidade:

a) Realizar o registro genealógico;

b) Comprovar filiação, linhagem e grau de sangue;

c) Promover o melhoramento genético, e

d) Incrementar e aprimorar a seleção dos reprodutores, através de Provas

Zootécnicas.

Na definição das raças existentes no Brasil, a ABCB definiu as raças

Jafarabadi e Murrah com base na literatura Anglo-Indiana e através do exame e

observações de exemplares existentes em várias regiões.

Os búfalos Carabao, que inicialmente eram denominados “Rosilhos”, tiveram

a definição de sua raça a partir de animais localizados na região geográfica do

Sudeste da Ásia.

Os búfalos originários da Itália, existentes no Brasil, tiveram inicialmente a

denominação “Italianos” ou “Europeus”. A esta raça, a ABCB propôs a denominação

Page 30: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

29

“Mediterrâneo”, por serem comuns na Itália, Bulgária, Romênia, Grécia, Turquia,

Egito e Tunísia, países próximos ao Mar Mediterrâneo.

Segundo Bernardes (2007), a ABCB iniciou um Programa de Melhoramento

das Raças Bubalinas em 2006, que controla oficialmente o desenvolvimento do peso

e produção leiteira de rebanhos registrados, permitindo obter estimativa da avaliação

genética individual de características de interesse econômico e, assim, identificar e

estimular a multiplicação de germoplasma de animais de maior potencial no

melhoramento.

2.1.6 Raças de Bubalinos no Brasil

As características dos animais pertencentes as quatro raças oficiais de

búfalos no Brasil representam padrões adotados pela ABCB de cada raça que são

controladas por técnicos especializados e devidamente credenciados pela ABCB,

por um Conselho Deliberativo técnico.

A raça Murrah também é conhecida como Delhi, local onde se originou (Índia)

e expandiu.

O Murrah apresenta pele e pêlos na cor negro-azeviche com cabeça leve e

chifres curtos, espiralados, enrodilhando-se em anéis na altura do crânio. São

animais profundos e de boa capacidade de produção.

Os machos adultos pesam entre 450 Kg e 800 Kg, podendo atingir 1000 Kg.

As fêmeas pesam entre 350 kg a 700 kg, raras exceções chegam a 900 kg (Figura

6).

Segundo Zava (1987) a raça Murrah é a que tem a maior demanda no Brasil e

se encontra distribuída em praticamente todo o território nacional.

2.1.6.1 Raça Murrah

Page 31: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

30

Os animais da raça Mediterrâneo tiveram sua origem na Índia e foram

introduzidos na Europa através da ocupação árabe. Atualmente a Itália se destaca

na criação desta raça.

A raça Mediterrâneo apresenta como padrão animais de porte médio e

medianos, com chifres longos, fortes e grossos, dirigidos para trás, para fora e para

o alto terminando em forma semicircular ou de lira (Figura 7).

2.1.6.2 Raça Mediterrâneo

Figura 5 – Raça Murrah.

Figura 6 – Fêmea da raça Murrah.

Page 32: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

31

O nome dessa raça vem da cidade de Jafarabadi, localizada na província de

Gujarat, na Índia. Sua cor característica é negra e seu corpo é mais longo que o da

raça Murrah, a cabeça e o pescoço são mais maciços. Existem dois grupos definidos

em distintas regiões geográficas na Índia, o Jafarabadi Gir (Figura 8) e o Palitana

(Figura 9). Entretanto a ABCB só reconhece animais como pertencentes a uma

única raça, a Jafarabadi.

Os machos adultos pesam próximo de 600 Kg e as fêmeas pesam em torno

de 450 kg, raras exceções chegam a 900 kg.

2.1.6.3 Raça Jafarabadi

Figura 7 – Raça Mediterrâneo.

Figura 8 – Raça Jafarabadi Gir.

Page 33: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

32

No Brasil, a maior população desta raça está concentrada na Ilha de Marajó,

no Estado do Pará. É a única raça adaptada às regiões pantanosas e, por isto,

apresentando pelagem mais clara. Originário da Indochina tem a cabeça triangular,

chifres grandes e pontiagudos, voltados para cima, e porte médio. As orelhas são de

tamanho médio, horizontais e cobertas de pêlos longos e claros. (Figura 10).

2.1.6.4 Raça Carabao

Figura 9 – Raça Jafarabadi Palitana.

Figura 10 – Exemplar da raça Carabao.

Page 34: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

33

Possuem pelagem cinza escura ou rosilhos, sendo portadores de manchas de

tonalidade clara ou branca nas patas, no pescoço logo abaixo da mandíbula e

próximas ao peito em forma de listras circulares e paralelas, além de tufos claros nas

arcadas orbitárias superiores, nas comissuras labiais e no ventre.

2.2 Definição de Agronegócio

É o conjunto de operações de produção, armazenamento, distribuição e

comercialização de insumos e de produtos agropecuários e agroflorestais. Incluem

serviços de apoio e objetiva suprir o consumidor final de produtos de origem

agropecuária e florestal (EMBRAPA, 2006).

De acordo com o relatório de Projeções do Agronegócio – Mundial e Brasil:

O agronegócio deve ser entendido como a cadeia produtiva que envolve desde a fabricação de insumos, passando pela produção nos estabelecimentos agropecuários e pela transformação, até o seu consumo. Essa cadeia incorpora todos os serviços de apoio: pesquisa e assistência técnica, processamento, transporte, comercialização, crédito, exportação, serviços portuários, distribuidores, bolsas e o consumidor final. (MAPA, 2008, p.5).

A Figura 11 representa os elementos envolvidos em uma cadeia produtiva

do agronegócio.

Figura 11 – Projeções do Agronegócio – Mundial e Brasil. Fonte: MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2008).

SISTEMA AGROINDUSTRIALAmbiente Institucional

Cultura, Tradições, Educação e Costumes

Ambiente InstitucionalInformação, Associações, P&D, Finanças e Firmas

T1 T2 T3 T4 T5

T = Transações Típicas entre os elos do sistema

Insumos Agro-pecuária Indústria Distribuição:

Atacado Distribuição: Varejo

Page 35: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

34

No Brasil, o termo agropecuária é usado para definir o uso econômico do

solo para o cultivo da terra, associado com a criação de animais.

Agronegócio (também chamado de agribusiness) é o conjunto de negócios

relacionados à agricultura dentro do ponto de vista econômico.

Costuma-se dividir o estudo do agronegócio em três partes. A primeira parte

trata dos negócios agropecuários propriamente ditos (ou de "dentro da porteira") que

representam os produtores rurais, sejam eles pequenos, médios ou grandes

produtores, constituídos na forma de pessoas físicas (fazendeiros ou camponeses)

ou de pessoas jurídicas (empresas) (SILVA; BATALHA, 2001).

Em segundo lugar, os negócios à montante (ou "da pré-porteira") aos da

agropecuária, representados pela indústrias e comércios que fornecem insumos

para a produção rural. Por exemplo, os fabricantes de fertilizantes, defensivos

químicos, equipamentos etc.

Em terceiro lugar estão os negócios à jusante dos negócios agropecuários,

ou de "pós-porteira"; onde estão a compra, transporte, beneficiamento e venda dos

produtos agropecuários, até chegar ao consumidor final. Enquadram-se nesta

definição os frigoríficos, as indústrias têxteis e calçadistas, empacotadores,

supermercados e distribuidores de alimentos.

Para Silva e Batalha (2001), o agronegócio envolve a associação de fatores

relacionados à produção, transformação, distribuição e consumo de alimentos.

2.2.1 Cadeia de Produção Agroindustrial

Toda cadeia de produção, agroindustrial ou não, tem a sua estrutura efetivada

para atender às demandas de mercados. Os mercados são constituídos por vários

níveis de necessidades que os produtos existentes irão satisfazer os diversos grupos

de consumidores. Os consumidores podem recorrer a produtos de cadeias de

produção diversas para satisfazer suas necessidades.

A estrutura necessária de uma cadeia de produção agroindustrial é

Page 36: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

35

identificada através da definição do produto final. A partir dessa definição são

determinadas todas as atividades necessárias para sua obtenção, passando pelas

operações comerciais, técnicas, logísticas e pela atividade agrícola e pecuária

propriamente dita. Dessa forma, na cadeia de produção agroindustrial do leite, tem-

se a fabricação de mussarela, a manteiga, o requeijão etc. Para Batalha (1995) as

operações técnicas são aquelas necessárias para a passagem de um produto em

determinado grau de acabamento a um outro, e o conjunto destas operações

técnicas elementares define a arquitetura do sistema. Assim, a análise destas

operações permitirá detectar novas oportunidades de mercado para a empresa.

Para Silva e Batalha (2001), a produção agroindustrial pode ser dividida em

três macrossegmentos, a saber:

- Comercialização: São representados pelas empresas que estão em contato

com o cliente final da cadeia de produção que vibializam o consumo e o comércio

dos produtos finais – supermercados, restaurantes e empresas que realizam a

distribuição dos produtos.

- Industrialização: São representados pelas empresas responsáveis pela

transformação de matérias-primas em produtos finais destinados ao consumidor

intermediário ou final.

- Produção de matérias-primas: São as empresas que fornecem matérias-

primas iniciais para que outras empresas possam executar o processo de produção

de componentes ou produto final.

2.2.2 Sistema Agroindustrial

Para Silva e Batalha (2001) um sistema agroindustrial (SAI) é considerado

como um conjunto de atividades que contribuem para a produção de bens

agroindustriais, desde a produção dos insumos, tais como sementes, máquinas

agrícolas etc, até a oferta do produto final ao consumidor, tais como queijos, biscoito

etc.

Page 37: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

36

O SAI é composto por seis grupos distintos:

1. agricultura, pecuária e pesca;

2. indústrias agroalimentares (IAA);

3. distribuição agrícola e alimentar;

4. comércio internacional;

5. consumidor;

6. indústrias e serviços de apoio.

Transportes

Combustíveis

Indústria Química

Indústria Mecânica

Embalagens

Outros Serviços

Produção

Agricultura Pecuária

Pesca

Transformação

IAA 1ª.

transformação IAA 2ª.

transformação IAA 3ª.

transformação

Distribuição

Varejo

Atacado Representantes

Hotéis etc

Exploração florestal

Indústria do FumoCouro e peles

Têxtil Móveis

Papel e papelão

Figura 12 – Sistema agroindustrial. Fonte: Adaptado de Silva e Batalha (2001).

Uma cadeia de produção agroindustrial é consideradao um sistema aberto,

pois a sua estrutura interage com o ambiente em que está inserido (SILVA;

BATALHA, 2001).

Segundo Brum e Jank (2001), uma possibilidade de estratégia de crescimento

e efetivação na gestão da cadeia de suprimento, está na concretização de parcerias

entre o setor varejista, o setor atacadista, os setores industriais e de outros serviços

e o setor primário, visando à redução dos custos envolvidos com a distribuição de

alimentos.

Indústrias de Apoio

Não Alimentares

Alimentares

Page 38: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

37

Nesse modelo de gestão da cadeia de suprimentos de alimentos, surge nos

EUA em 1993, o Efficient Consumer Response (ECR), ou Resposta Eficiente ao

Consumidor. Essa ferramenta representa um esforço de otimização da cadeia

logística, com o objetivo de melhorar o atendimento ao cliente final através da

construção de uma cadeia de suprimentos mais ágil e barata entre fabricantes,

distribuidores e varejistas. O ECR demanda o estabelecimento de um fluxo

consistente de produtos e de informações operando na cadeia logística de

suprimentos, visando a manutenção do abastecimento do ponto de venda a custos

baixos e em níveis adequados.

Uma das principais ferramentas do ECR é a padronização, pois determina um

conjunto de procedimentos comuns e estáveis de identificação de produtos pelos

códigos de barras, definição de uma tipologia padrão de embalagens e de veículos a

serem utilizados no transporte ao longo da cadeia (BRUM; JANK, 2001).

Com a relativa estabilidade de preços alcançada pelo Brasil após 1994, os

supermercados viram-se obrigados a redefinirem suas estratégias de atuação,

privilegiando cada vez mais a necessidade de se obter resultados operacionais em

detrimento dos resultados financeiros.

A coordenação das cadeias de suprimento é efetivada através do

compartilhamento de informações entre os seus vários níveis visando a redução dos

custos.

Segundo Brum e Jank (2001), a cadeia de suprimento da carne bovina

apresenta problemas referentes às informações descompassadas entre os agentes

que a compõe e fraca ou ausente padronização de procedimentos, desde a

produção animal até a comercialização nos supermercados e açougues. O mesmo

ocorre com a carne bubalina, pois a estrutura da cadeia de suprimento é idêntica à

da carne bovina.

Dentro deste contexto, os esforços pela padronização na comercialização da

carne bubalina dentro de um modelo de gestão de cadeias de suprimento podem

estar relacionados a dois grupos de variáveis: às relacionadas com a coordenação

de fornecedores e às relacionadas à heterogeneidade das estruturas de custo e do

tamanho dos supermercados.

Page 39: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

38

2.2.2.1 Análise do Sistema Agroindustrial em um Mercado Competitivo

O sistema agroindustrial apresenta diversas maneiras de competição em seus

vários setores. Os fatores determinantes dos diferentes modos de competição são,

por exemplo, a política agrícola vigente, as variações ocorridas devido aos hábitos

de consumo ou variações ocorridas nos mercados internacionais. As atualizações

tecnológicas podem não se distribuir uniformemente em todos os setores do

sistema.

Em uma análise sobre a competitividade no agronegócio, Zylbersztajn (1994),

considera a existência de quatro variáveis: o ambiente macro-econômico; as

tendências sociais e demográficas; o acesso a equipamentos e tecnologia; e as

regulamentações governamentais.

Quanto à análise do ambiente macroeconômico temos que considerar os

mercados internacionais globalizados e as grandes mudanças no cenário político

internacional.

No estudo das tendências sociais devemos considerar o nível de renda e o

grau de educação, as exigências em termos de qualidade, o grau de urbanização e

suas conseqüências quanto ao tipo de necessidades e estruturas de distribuição, o

avanço da expectativa de vida das populações e as necessidades associadas à

idade, a maior participação da mulher no mercado de trabalho e a conseqüente

busca por alimentos de preparo rápido, e alterações na estrutura familiar com um

número crescente de pessoas vivendo sozinhas.

A análise ao acesso a equipamentos e tecnologia é importante, pois a

atualização das linhas de produção para melhor produzir em certos segmentos de

mercado com produtos diferenciados exige a contribuição da tecnologia, assim como

a identificação de tendências de demanda e desenvolvimento de inovações exige

recursos humanos especializados.

As regulamentações governamentais podem gerar impactos nas cadeias de

alguns produtos (FARINA; AZEVEDO; SAES, 1997), ou ainda o Estado como

mediador e indutor da geração de tecnologia. Ressalta-se aqui a importância dos

Page 40: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

39

investimentos em pesquisa e desenvolvimento pelo Estado com a criação e

consolidação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) em 26

de abril de 1973.

Para Kotler e Keller (2006) o modelo da estrutura de mercado existente na

indústria depende basicamente de três elementos: as características da demanda,

as características da oferta e as características da cadeia da indústria.

Segundo Barcellos et al. (2004), o sistema de produção dentro da empresa

rural pode ser definido pela tecnologia disponível, ou seja, a forma de como produzir

o bezerro, a novilha, o novilho, o búfalo etc. A definição e implantação de um

sistema de produção demandam a compreensão do macrosistema que envolve essa

produção.

A disponibilidade de capital, acervo tecnológico, vocação do empresário, logística regional, mercado, características do consumidor, recursos humanos, legislação, meio ambiente e clima são alguns dos fatores que harmonicamente definirão o sistema. Assim, para integrar os pilares da tecnologia de processos – genética, nutrição, sanidade e manejo – necessário será observar aqueles fatores. (BARCELLOS et al., 2004, p.4).

A Figura 13 apresenta as diversas variáveis que compõe um ambiente de um

sistema de produção de bubalinos de corte.

Page 41: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

40

Figura 13 - Elementos do Sistema de produção de bubalinos de corte. Fonte: O autor.

Para que a carne de novilhos possa ser considerada como produto

diferenciado, a mesma deverá ser identificada pelo consumidor. A fim de garantir

este reconhecimento a estrutura tem se organizado para de que o produto esteja

apoiado por uma marca.

Segundo Kotler (2000) a marca orienta o consumidor sobre a origem do

produto e pode proteger tanto o consumidor quanto o fabricante dos produtos

concorrentes que apresentam características semelhantes. A identificação da marca

assegura a percepção de qualidade e simplifica o processo de decisão de compra

pelo consumidor.

A marca “Baby Búfalo” foi criada para identificar a carne de búfalos jovens,

abatidos precocemente, com idade inferior a 24 meses e peso vivo com

aproximadamente 450 kg. Com esses atributos para o abate, a carne apresenta

ótimas características sensoriais. Dessa forma, através da apresentação de um

Sistema de Produção de Carne e Couro Matéria- Sistema de Indústrias de Distribuição e Mercados prima produção processamento e Comercialização consumidores transformação

Alguns Elementos do Micro Ambiente do Agronegócio

- Sistemas de crédito e subsídios - Recursos naturais - Emprego de mídias de comunicação

- Cultura e características do mercado consumidor - Tecnologias disponíveis

Alguns Elementos do Macro Ambiente do Agronegócio

- Políticas públicas - Políticas econômicas, fiscais e tributárias

- Políticas de gestão ambiental - Políticas internacionais - Barreiras tarifárias

Page 42: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

41

produto com maior qualidade é possível obter um preço melhor no mercado,

favorável aos produtores e comerciantes. (OLIVEIRA, 2005)

Os animais denominados de “baby-bufalo” tendem a produzir carne mais macia que, associada aos processos tecnológicos como estimulação elétrica, reduz o endurecimento causado pelo resfriamento industrial, e o uso de embalagens a vácuo para promover amaciamento (maturação). Esses cortes são armazenados em temperaturas entre 0ºC e 4ºC, por períodos superiores a duas semanas antes da venda, que irão garantir a qualidade sensorial do produto. Também existe a necessidade de estar sempre atento ao manejo a que esses animais são submetidos, desde a fazenda até o frigorífico, reduzindo o estresse e, conseqüentemente, alterações no pH do músculo no período post-mortem. A manutenção de valores de pH da carne em torno de 5,8 é um dos principais critérios de qualidade a serem observados para as carnes destinadas à maturação. (OLIVEIRA, 2005, p.127).

A Figura 14 representa a necessidade de definir uma estrutura de mercado

baseada no tamanho do mercado-alvo e no planejamento do produto.

Quanto maior o valor agregado percebido no produto, maior será o valor

atribuído à marca, maior será a participação da empresa no mercado e maior será o

nível de tecnologia empregada no produto oferecido.

Redes que atuam em segmentos de mercado mais definidos

Características: - Altíssima qualidade; - Marca tradicional; - Mercados fragmentados; - Custos e preços elevados; - Canais de distribuição sofisticados; - Comunicação direcionada; - Certificação comprovada.

Redes que entregam carnes com alto valor percebido

Características: - Forte presença de marcas; - Elevada tecnologia de embalagens; - Forte adoção tecnológica; - Forte orientação para o mercado; - Elevados gastos com comunicação; - Diferenciação nos produtos e serviços; - Distribuição extensiva.

Redes informais – Baixo valor percebido Características: - Canais de distribuição alternativos; - Poucos controles de mercado; - Produtos sem identificação de origem; - Foco em segmentos de mercado menosprezados; - Relações de mercado de curto prazo.

Redes líderes em custos com segurança garantida

Características: - Marcas-próprias dos varejistas; - Emprego de tecnologia para redução de custos; - Baixas margens de contribuição; - Foco em custos; - Certificações com qualidade e segurança; - Coordenadas por redes de fast food.

Figura 14 - Caracterização das redes globais e dos cenários que operarão em 2010. Fonte: Adaptado de NEVES et al. 2002.

Cresce o Tamanho do Mercado

Cre

sce

o V

alor

Per

cebi

do

Page 43: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

42

2.2.2.2 As Características da Demanda e Oferta em um Sistema Agroindustrial

A análise das características da demanda por um produto ou serviço deve

considerar:

- Taxa de crescimento: O crescimento da demanda tende a elevar o

desempenho da indústria considerada. A determinação da taxa de crescimento da

demanda de produtos ou serviços pela indústria influencia a conduta e o

desempenho econômico das empresas que mantém relação com esta indústria.

A demanda pelos produtos agroindustriais é relativamente estável em relação

ao tempo e em relação ao preço, principalmente nos bens de primeira necessidade.

Existem alguns produtos cuja demanda aumenta em certas épocas do ano como

peru, chocolate, suínos, peixes e alguns outros que estão relacionados a fatores

climáticos como a cerveja e o vinho.

O trabalho de previsão de demanda usada para que a empresa possa

elaborar seu plano de produção e dimensionar seus estoques e tendências utiliza

uma série de ferramentas e técnicas de estudo de mercado.

O setor agroindustrial apresenta uma demanda relativamente estável, mas

pelo lado da oferta, está caracterizada por variações decorrentes de certas

características específicas da produção agrícola, como a dependência do clima, a

sua natureza biológica e a perecibilidade. As diferenças entre a demanda e oferta

neste setor são analisadas por Scherer (1996) através do estudo das instituições e

organizações que buscam através de certos mecanismos de comercialização

minimizar a instabilidade de preços e incertezas que podem afetar toda a cadeia

agroindustrial.

Na análise das características da oferta devemos considerar os seguintes

elementos:

- Número de produtores: A análise do grau de concentração de produtores em

um ramo de atividade visa avaliar a competitividade entre essas empresas.

Indústrias com menor número de produtores, ou seja, com maior grau de

Page 44: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

43

concentração, podem exercer seu poder de mercado para obter preços mais altos,

tendo melhor desempenho (PORTER, 1981). Em um mercado com um grande

número de produtores haverá uma competitividade interna, através de uma política

mais agressiva de efetivação de preço.

Scherer (1996) classifica a estrutura de mercado da indústria em função do

número de competidores e em função do tipo de produto (homogêneos ou

diferenciados), resultando do monopólio à competição pura, passando pelo

oligopólio.

- A competição dos importados pode exercer fortes pressões em empresas

nacionais. Conseqüentemente estas empresas podem não apresentar melhor

desempenho mesmo fazendo parte de indústrias com alta concentração. Isto reforça

a importância do dinamismo impulsionado pelos choques externos no modelo

estrutura-conduta-desempenho.

2.2.3 As Características da Cadeia Agroindustrial

O setor agroindustrial enfrenta uma competitividade bastante intensa devido a

integração de mercados. É o caso de alguns produtos como o trigo, leite, vinhos e

arroz que com o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) enfrentam problemas de

competição de mercado.

- A capacidade de utilização: É um elemento muito importante da estrutura de

produção. A baixa capacidade de utilização tende a conduzir a um aumento nos

preços dos produtos, especialmente em indústrias com custos fixos altos, afetando o

seu desempenho.

- As oportunidades tecnológicas: As oportunidades tecnológicas na indústria

têm efeitos importantes na conduta das empresas ou produtores (SCHERER; ROSS,

1990). As inovações tecnológicas demandam muitos esforços de criação,

desenvolvimento, testes e introdução de novos produtos e novos processos.

- Barreiras de entrada: No sistema agroindustrial, as atividades agrícolas em

geral têm poucas barreiras à entrada de novos produtores o que pode rapidamente

Page 45: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

44

aumentar a oferta, reduzindo seu poder de barganha e lucratividade. Isto é indicado

pela tendência ao acréscimo de valor, principalmente nas fases de processamento e

distribuição. Em pesquisa realizada por Zylbersztajn (1994) indicam que a

distribuição dos custos dos produtos do complexo agroindustrial, 13% ficavam com o

setor de produção de insumos, 8% com o setor de produção agropecuária e 79%

com os setores de processamento e distribuição. Os setores de processamento e

distribuição são os que em geral apresentam maiores barreiras de entrada.

Para Kotler e Keller (2006), a produção de inovações tecnológicas pode ser

desenvolvida dentro ou fora das empresas. As cadeias de produção agroindustrial

em geral buscam em outros setores da economia suas principais fontes de inovação

tecnológica (embalagens, aditivos, equipamentos, insumos e outros). O setor

agroindustrial é tradicionalmente, a nível mundial, um dos que apresenta níveis mais

baixos de investimento em pesquisa e desenvolvimento (BATALHA, 1995).

Como geração e difusão de novas tecnologias para o setor agrícola,

destacam-se as Universidades Públicas e instituições públicas de pesquisa

agropecuária, como a EMBRAPA. Outras instituições como algumas Universidades

privadas têm também atuação de destaque na pesquisa e desenvolvimento

tecnológico. É de fundamental importância a geração de tecnologia moderna

adequada à realidade brasileira com implantação de sistemas de difusão de

tecnologia a fim de atingir diretamente e agilmente o setor agropecuário (FIRETTI;

RIBEIRO, 1999).

Os aspectos que determinam o desempenho em uma indústria, segundo Leite

(2003) são: resultados técnicos - que se referem à eficiência dos processos onde

são manufaturados os produtos; resultados financeiros - representados em geral

pela margem de lucro; resultados de inovações tecnológicas e novos processos; e,

resultados promocionais, que refletem a relação entre custos de produto vendido e

custos de produção. Kennedy; Harrison e Piedra (1998) destacam que a inovação

em um produto e seu processo são importantes para atender adequadamente

demandas por atributos específicos de qualidade exigidos por consumidores. Esses

fatores podem ser elementos determinantes da preservação e melhoria das

participações de mercado.

Page 46: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

45

Para Oliveira (1991) existem quatro fatores que influenciam a lucratividade

das empresas em uma indústria: a rivalidade entre competidores, os produtos

substitutos, o poder de negociação dos compradores e fornecedores e a entrada ou

saída de competidores na indústria.

A análise dos resultados financeiros de uma empresa proporciona aos seus

tomadores de decisão ferramentas para avaliar seu desempenho. Oliveira (1991)

apresenta alguns índices para análise: índices de endividamento, índices de

liquidez, índices de rentabilidade, índices de crescimento e produtividade, índices

secundários e índices de avaliação da saúde financeira da empresa. A lucratividade

é um indicador importante, porque a competitividade requer a manutenção ou o

crescimento lucrativo das participações de mercado.

Harrington (1997) define produtividade como o aumento da quantidade de

produção por unidade de recursos, sejam recursos humanos, financeiros ou

equipamentos usados nesta produção. A produtividade eleva-se com a melhoria da

qualidade e tem influência direta na competitividade e na sobrevivência da empresa

(CAMPOS, 1992).

Podemos perceber aumentos de produtividade no setor agropecuário

brasileiro conseqüência de uma evolução tecnológica e gerencial. Para Nantes e

Scarpelli (2001) isto está associado a uma gradativa concentração da produção

agrícola em propriedades modernizadas.

O aumento na participação do mercado interno e a expansão dos mercados

internacionais, o aumento da produção com os recursos já disponíveis nas empresas

e a redução do desperdício criando resultados melhores são alguns indicadores que

mostram um desempenho favorável.

As constantes mudanças que ocorrem no ambiente empresarial, determinam

às empresas a necessidade de promover a melhoria contínua da qualidade dos

produtos e processos. Empresas do setor agroindustrial no Brasil estão implantando

modelos de gestão da qualidade total, tendo-se como exemplo a indústria

exportadora de suco de laranja concentrado e de produtos derivados da carne.

Para Toledo (2001), as diferenças existentes entre a avaliação da qualidade

Page 47: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

46

no início de uma cadeia agroindustrial onde as relações são mais diretas e objetivas,

como por exemplo, entre produtores rurais e agroindústria, porém, torna-se mais

subjetivo quanto mais próximo do final da cadeia. Este fato vem reforçar a

importância que assume as exigências do consumidor final como elemento

otimizador das cadeias agroindustriais modernas.

O desenvolvimento tecnológico constitui-se em importante elemento do

desempenho da indústria e tem seu início na conscientização dos aspectos

qualitativos específicos dos recursos humanos e de suas possibilidades de

aprimoramento das novas técnicas em curto espaço de tempo.

As políticas públicas adquirem especial importância sobre os produtos

agroindustriais em função das características de produção e do consumo. A

atividade pecuária, com uma grande instabilidade em decorrência da dependência

do clima, da natureza biológica, somando-se ainda a grande flutuação de preços,

busca nas políticas públicas estímulo a sua produção. Por outro lado, o consumo

dos produtos agroindustriais e sua interface com a comercialização, têm nas

políticas públicas amparo para questões ligadas à segurança alimentar, distribuição

de renda e saúde. Por se tratar da alimentação humana, o setor agroindustrial está

mais sujeito às regulamentações sociais, como aspectos de controle sanitário e

regras quanto à comercialização desses produtos (AZEVEDO, 2001).

A estrutura e a conduta do setor agropecuário podem ser afetadas por

políticas públicas específicas, incluindo regulamentações governamentais, como

controle de preços e regras de comércio internacional. O espaço para as políticas

públicas surge em função das falhas de mercado.

Todo mercado decide o que e quanto comprar e produzir, como reservar os

recursos necessários para a produção e ainda, como distribuir os produtos finais. O

consumidor exige um bom desempenho dos produtores de bens e de serviços.

Assim, o mercado consumidor define o padrão de qualidade dos produtos e serviços

que irá consumir. Portanto, para que as organizações consigam ser viáveis para seu

mercado, elas devem procurar atingir uma série de objetivos, tais como: não

desperdiçar os já escassos recursos; produzir qualitativa e quantitativamente de

acordo com as necessidades do consumidor; aumentar a eficácia do sistema

Page 48: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

47

produtivo; usufruir as oportunidades oferecidas pela tecnologia e pela ciência;

manter a estabilidade do emprego de recursos, principalmente os recursos

humanos.

No campo da Organização Industrial, busca-se verificar como os processos de mercado dirigem as atividades dos produtores ao encontro da demanda dos consumidores, como esses processos podem falhar, como se ajustam ou podem ser ajustados, de sorte ao alcançarem um desempenho, o mais próximo possível, de algum padrão ideal. (SCHERER E ROSS, 1990, p.2).

Para Farina, Azevedo e Saes (1997), o objetivo da Organização Industrial é

determinar quais forças são responsáveis pela sua organização e como estas forças

têm se alterado no tempo e ainda, quais efeitos podem ser esperados de mudanças

na forma de organização da indústria.

A obra de Michael Porter, dentre outros méritos, foi responsável por traduzir os fatos estilizados da Organização Industrial para o mundo das empresas, estabelecendo condições para obtenção de vantagens competitivas que nada mais são do que assimetrias em relação aos concorrentes – vantagens de custo, informação, diferenciação, capacidade de criação e aproveitamento de oportunidades de investimento. (FARINA, AZEVEDO; SAES, 1997, p.26).

2.2.4 Opções Estratégicas para Empresas Agroindustriais

O desempenho, segundo Scherer e Ross (1990), é conseqüência da conduta

ou comportamento da empresa, e implica no alcance de alguns objetivos como:

decisões apropriadas sobre o quê, quanto e como produzir, considerando-se a

escassez de recursos e as necessidades qualitativas e quantitativas do consumidor;

redução do desperdício; progressos em relação a forma de produzir, a partir dos

avanços da ciência e tecnologia; obtenção de maiores níveis de produtividade;

estabilidade do emprego de recursos, especialmente os recursos humanos;

satisfação das necessidades de pessoas onde inclui-se os consumidores, os

empregados e os acionistas.

O comportamento da empresa refere-se às atividades dos vendedores e dos

compradores da empresa, pelas atividades caracterizadas pelo comportamento de

preços, pelas estratégias utilizadas na comunicação do produto, pelos investimentos

em pesquisa e desenvolvimento, pelos investimentos nas instalações da planta

produtiva e pela competição ou cooperação entre empresas.

Page 49: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

48

A estrutura da indústria define também a maneira que esta organiza o

atendimento ao mercado através do número de vendedores e distribuidores, pelo

nível de diferenciação do produto, pela presença ou ausência de competidores, pelo

grau de integração vertical das empresas, pelo grau de diversificação da linha de

produtos, e pelo nível das barreiras de entrada no negócio. A estrutura de mercado

apresentada pela empresa depende da oferta e da demanda estabelecida. Na

análise da oferta as condições de análise incluem a concentração de produtores de

matérias-primas ou diversidade de produtores, o modelo de produção adotado e a

durabilidade do produto. Quanto à demanda devemos considerar a disponibilidade

de produtos/serviços substitutos, a taxa de crescimento da demanda, a

sazonalidade, os métodos empregados pelos compradores, e as características de

marketing do produto vendido.

A especialização como opção estratégica para uma empresa, segundo Silva e

Batalha (2001), consiste em concentrar as atividades em determinado segmento de

mercado ou no emprego de uma determinada tecnologia. Esse tipo de estratégia é

normalmente utilizada por pequenas empresas, que buscam ocupar nichos de

mercado.

A Integração vertical é uma alternativa estratégica importante das empresas

agroindustriais que assegura à empresa o recebimento dos suprimentos disponíveis

em períodos de escassez ou que terá um meio de escoamento para os seus

produtos em períodos de baixa demanda geral. Nos sistemas agroindustriais

destacam-se as integrações para trás e as integrações para frente.

As integrações para frente podem permitir que a empresa diferencie o seu

produto com maior sucesso, porque passa a poder controlar um número maior de

elementos do processo de produção ou dos canais de distribuição, estando mais

perto do cliente final e assim identificar mais facilmente suas necessidades de

consumo. A integração para frente é demonstrada na pesquisa de Herrera;

Sproesser e Batalha (1998), onde vários produtores de leite integram-se

verticalmente para frente com mini-usinas de processamento de leite em sua

propriedade.

As integrações para trás, ou a montante, possibilitam à empresa garantias

Page 50: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

49

referentes à qualidade e da quantidade no suprimento de matéria-prima e a

obtenção destes recursos a custos mais reduzidos. A integração para trás possibilita

à empresa intensificar a diferenciação exercendo o controle sobre a produção de

insumos básicos, a empresa pode realmente se tornar apta a diferenciar o seu

produto de uma forma melhor ou, ao menos, merecer credibilidade ao afirmar que

pode fazê-lo. Se a integração permitir que a empresa receba insumos com

especificações particulares, ela pode melhorar o seu produto final ou, pelo menos,

distingui-lo dos demais concorrentes (PORTER, 1991).

A diversificação de um produto no mercado é apresentada por Kon (1994)

como sendo a introdução de um produto em um mercado no qual a empresa ainda

não participa, ou seja, a busca do investimento em uma nova indústria, modificando

sua linha de produtos, diversificando suas atividades. Esta estratégia possibilita à

empresa não se restringir a um só mercado, usando os mesmos produtos ou

produtos diferentes, buscando reduzir os riscos da concentração das atividades em

um só setor ou relacionados à queda da demanda.

Para Silva e Batalha (2001) a empresa pode diversificar-se entrando em

mercados em que não atuava, usando os mesmos produtos ou utilizando produtos

diferentes. As estratégias de diversificação nem sempre são bem sucedidas. Ries

(1996) relaciona uma grande quantidade de casos em que as empresas que se

mantiveram focalizadas em um único produto apresentaram maiores lucros.

A estrutura de uma indústria é muito dinâmica e sofre constantes alterações

devido a grande competição estabelecida no mercado, e ainda, devido às mudanças

naturais necessárias, tais como as flutuações de preços das matérias-primas,

oscilações dos mercados financeiros, ou devido ao crescimento da concorrência

internacional.

Para Porter (1993) a melhoria e inovação numa indústria são processos

contínuos. Neste contexto de muitas ameaças e oportunidades no mercado, os

empreendedores sofrem pelas incertezas e desafios existentes. A empresa deve ser

capaz, de atualizar seu mix de marketing, se portifólio de produtos, onde e de que

forma os produz e sua forma organizacional (GEUS, 1998). Para atender as

necessidades dos consumidores e minimizar a ação dos produtos competidores as

Page 51: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

50

empresas estão constantemente buscando e encontrando soluções inovadoras.

No mercado em geral os fatores determinantes da competitividade estão

ligados a aspectos que dizem respeito aos consumidores e à tecnologia.

Consideramos também como fator de competitividade a aquisição ou o controle de

“marcas” e a ampliação de mercados através de aquisições e ao domínio da

logística.

A competitividade assegura a sobrevivência de uma empresa. Outra variável

que contribui para a manutenção de uma empresa no mercado é a qualidade, pois

ela está relacionada àquilo que o cliente percebe e lhe promove a plena satisfação

(CAMPOS, 1992).

2.3 O Planejamento Estratégico como Ferramenta de Operação em um Mercado Competitivo

Segundo Desreumax apud Carvalho Júnior (1997), a palavra estratégia é

definida no sentido reduzido como o conjunto de ações específicas que devem

permitir o alcance dos alvos e objetivos e que se inscrevem na moldura das missões

e políticas da empresa.

Pelo fato de existir competição no mercado é que são formuladas as

estratégias. Dessa forma, a estratégia expressa de que forma uma empresa deve

utilizar seus pontos fortes e reconhecer e minimizar seus pontos fracos existentes e

potenciais, a fim de alcançar seus objetivos, considerando as mudanças no meio

ambiente a qual ela está inserida. Indica a direção que a empresa deve seguir.

Além de assegurar a sobrevivência da empresa, através do emprego de seus

mecanismos, a estratégia é um elemento orientador aos diversos elementos de

compõe a organização.

Devido à organização de vários produtores em um sistema único, é

importante que sejam definidas as funções de cada participante dentro da

Page 52: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

51

organização da produção através do planejamento estratégico. O Planejamento

Estratégico é um processo gerencial que possibilita aos participantes estabelecer

caminhos, visando obter a melhor relação ou adaptação da empresa ou agentes

com o ambiente onde atua (SILVA; BATALHA, 2001). As principais questões

relacionadas ao Planejamento Estratégico são:

Questão 1. Temos consenso sobre a relevância do Planejamento?

Questão 2. Onde queremos chegar? Por que? Em que atividades devemos nos

concentrar?

Questão 3. Quais são os fatores de sucesso neste ramo de negócio?

Questão 4. Quais são os pontos fortes e fracos dos fatores internos como finanças,

produção, recursos humanos, estocagem etc?

Questão 5. Quais são os pontos fortes e fracos dos fatores externos como mercado

consumidor/ cliente, competidores da indústria e meio ambiente?

Questão 6. Quais são os objetivos ou resultados futuros da atividade?

Questão 7. Quais são as metas? Quem são os responsáveis por sua obtenção?

Questão 8. Quais são as vias alternativas para alcançar os objetivos alternativos?

Questão 9. Estamos prontos para a implantação e controle das diretrizes? Estão

todos comprometidos? Estamos prontos para redirecionar caso se altere o ambiente

econômico (plano econômico, desvalorização etc)?

As questões apresentadas retratam a necessidade da definição de variáveis

pela organização a fim de se tornar mais eficiente para comercializar. Portanto, ela

irá definir se irá agir sozinha ou através de parcerias com outros agentes que já

atuam no mercado.

Para Porter (1986) a competição no mercado deve ser analisada a partir da

consideração de fatores que permitam avaliar as possibilidades de ganho. São elas:

ameaça de entrada de novos concorrentes, o nível de rivalidade entre os

competidores de mercado, a ameaça de produtos substitutos e o poder de

Page 53: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

52

negociação dos compradores e dos fornecedores.

A constituição de uma associação possibilita poder na negociação com

compradores e fornecedores. Como exemplo de compra se destaca o poder dos

supermercados, os quais comercializam produtos orgânicos recebidos sob a forma

de consignação de produtores parceiros (WEYDMANN, 1988). O controle dos custos

de produção, de transação, e a certificação são importantes para conduzir estas

negociações.

As ameaças proporcionadas pelos produtos concorrentes podem ser

reduzidas pela diferenciação percebida através da marca e pela busca de parcerias

na comercialização, facilitando inclusive, o acesso a novos mercados.

As ações isoladas ou com parceiros de mercado requerem que se conheça a

estrutura do mercado e a conduta dos rivais no mercado, buscando identificar

possíveis sinergias e conhecer o mix de marketing conhecido como 4 P’s: produto,

preço, praça, promoção (BATALHA; SILVA, 1995).

2.3.1 Definição do Plano de Marketing

A definição das necessidades dos clientes de uma empresa configura uma

das principais tarefas relacionadas à gestão de mercado (SILVA; BATALHA, 2001).

Para que uma ação de marketing seja bem sucedida é necessária a

elaboração de um plano de marketing (AMBRÓSIO, 1999).

Para Tirado (2007), os componentes de um Plano de Marketing são:

- Análise ou diagnóstico: Descreve as características do ambiente em que o

empreendimento está inserido, bem como suas implicações no agronegócio,

comparando pontos fortes e fracos de uma empresa com os seus competidores de

mercado. A análise do ambiente avalia variáveis incontroláveis do marketing, como

economia, política, legislação, cultura, tecnologia etc.

- Diretrizes: É a determinação da missão, metas e políticas organizacionais.

As diretrizes determinam onde a empresa pretende chegar, considerando o

Page 54: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

53

ambiente na qual ela está inserida.

- Estratégias: Definição das estratégias e os meios necessários para o

cumprimento das metas estabelecidas. É necessário prever todas as ações

necessárias, assim como todos os recursos necessários para a sua realização.

- Avaliação: É a mensuração do esforço de marketing e o cumprimento das

metas estabelecidas no plano de marketing.

O plano de marketing aponta para decisões a serem tomadas pela empresa,

assim como as estratégias de mercado serão implementadas pelos diversos

profissionais que a compõe.

Segundo o mesmo autor, a definição de um plano de marketing deve seguir o

seguinte roteiro:

- Determinação da oportunidade;

- Elaboração de marketing estratégico;

- Elaboração de ações de marketing e

- Implementação e controle do plano de marketing.

A parte do plano denominada oportunidade é formada por dois elementos: a

situação e os objetivos.

A situação posiciona o usuário do plano de marketing os motivos de

existência e em qual momento ele tem sua validade operacional. É importante que

se defina a situação a partir de uma abordagem macroeconômica, ou seja, uma

explicação sobre a conjuntura econômica, política e social na qual a empresa está

inserida.

Logo a seguir, apresenta-se a posição da empresa em relação aos seus

competidores de mercado e como as estratégias estabelecidas irá ajudá-los a atingir

os seus objetivos.

Se considerarmos o lançamento ou reposicionamento de um produto, o plano

deverá conter uma análise resumida deste:

Page 55: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

54

- Se o produto é novo, qual é o plano para o seu lançamento nos mercados-

alvo atendidos pela empresa.

- Se o produto já existe deveremos definir quais são as estratégias para o seu

relançamento nos mercados já atendido ou em novos mercados.

Se a situação apresentada é a de um produto que já existe, apresenta-se a

sua participação no total das vendas e nos lucros da empresa. No caso de um novo

produto devem ser demonstradas as projeções nas vendas e nos lucros da empresa.

O objetivo é algo que a empresa procura alcançar em um determinado

período de tempo. Ele pode ser representado através de mercados a serem

atingidos, volumes de vendas a serem efetivadas no mercado, lucro. Os objetivos de

marketing são medidas de sucesso conquistadas pela implementação do plano de

marketing.

Os objetivos de marketing têm os seguintes atributos:

- ser mensurável: precisam ser quantificados;

- ter identificação no tempo: apresentam um prazo específico;

- ser claros: não dar margem à interpretações.

Para Silva e Batalha (2001), na elaboração do marketing estratégico da

empresa, deverão ser considerados os aspectos definidos na segmentação do

mercado, como atratividade dos diferentes segmentos ou nichos de mercado, o ciclo

de vida dos diferentes produtos e as estratégias de posicionamento do produto no

mercado. O sistema de informações de marketing irá fornecer instruções sobre o

mercado a qual a empresa decidiu atender.

O principal objetivo dessa parte do plano de marketing é conhecer o

consumidor. Para isso, pretende-se definir o perfil do consumidor através de suas

características culturais, sociais, pessoais e psicológicas. Como aspectos do seu

comportamento, devemos identificar as necessidades, os hábitos e atitudes e papéis

de compra desempenhados pelos consumidores.

Outra informação primordial no desenvolvimento do marketing estratégico

Page 56: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

55

está relacionada ao mercado-alvo que a empresa irá atender. Esse estudo de

mercado considera em sua elaboração, o seu histórico, tamanho, níveis de

demanda, sazonalidade, tecnologias disponíveis, empresas competidoras e produtos

concorrentes, projeções econômicas e de participação no mercado total.

2.3.2 Integração das Ferramentas de Marketing (4Ps) e Funções Estratégicas de Marketing (4As) no Agronegócio

Para cada elo da cadeia sistêmica e competitiva no agronegócio, existe uma

necessidade correlata relacionada à administração de marketing.

Page 57: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

56

Tabela 5 - Integração da Administração de Marketing no Agronegócio

Função estratégica de Marketing

em Agronegócio (As) Ferramentas de Marketing

em Agronegócio (Ps) Localização na cadeia

produtiva

Sistema de informação com dados de oferta de leite e carne de búfalos, custos e níveis de competitividade de oferta. Fatores que representam ameaças e oportunidades na cadeia competitiva.

Pesquisa de posiciona-mento – apresentação de tendências de consumo de carne e leite, influência dos ajustes ao longo da cadeia e segmentação de mercado.

- Planejamento do Governo;

- Planejamento estra-tégico do setor privado;

- Meios de informação, e

- Políticos e lideranças do agronegócio.

Definição de política de produção. Acordos entre agroindústrias e produtores, decisões sobre o mix de produtos, sistemas de comercialização da tecno-logia para a produção de bubalinos.

Produto: qualidade, quantidade, custo, localização e percepção. Preço: Sistema de comercialização e relação custo/ benefício percebidos.

- Cooperativas; - Agroindústrias; - Governo-estrutura; - Sistema financeiro; - Setor de insumos, e - Fornecedores de bens de produção.

Marketing dos produtos advindos da bubalinocultura, valor agregado, marcas, comunicação, vendas, serviços ao consumidor e promoção.

Promoção: Ações de venda, comunicação, giro de estoques, geração e atendimento da demanda.

- Lojas de conveniência;

- Cadeias de fast food;- Supermercados; - Consumidores; - Restaurantes; - Mídia.

Feedback e controle econô-mico-financeiro. Competitividade de custos. Benchmark. Qualidade percebida. Competitividade e sistema.

Pesquisa: Sistemas de informações de marke-ting.

Todos os elos da cadeia do agronegócio.

Fonte: Adaptado de Megido e Xavier (1995).

A ação do marketing abrangendo toda a cadeia do agronegócio é fator

determinante para o sucesso e expansão do mesmo. Os aspectos legais

considerados na elaboração do plano de marketing referem-se na legalidade e na

responsabilidade do produto, bem como da empresa e seus dirigentes. Os aspectos

ANÁLISE

ATIVAÇÃO

AVALIAÇÃO

ADAPTAÇÃO

Page 58: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

57

legais compreendem a verificação dos requisitos legais para a industrialização de

um produto, o registro da marca e o conhecimento do Código de Defesa do

Consumidor (Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990).

O posicionamento do produto no mercado é uma tarefa importante no

processo de atendimento de necessidades de mercado (AMBRÓSIO, 1999).

Para se definir o posicionamento de um produto no mercado, se faz

necessário conhecer o mercado e o consumidor para que, a partir do estudo do

posicionamento dos produtos concorrentes, se decida os aspectos diferenciais do

produto que deverão ser comunicados ao mercado.

A elaboração do marketing tático envolve a utilização do composto de

marketing, também conhecido como “4P´s”. São eles: produto, ponto, promoção e

preço. A definição dos pontos no marketing tático irá delinear as ações de marketing

para a empresa, assim como as ações de todos os setores relacionados ao

composto de marketing: produção, suprimentos, logística, engenharia do produto,

financeiro assim como o próprio setor de marketing.

Quanto ao produto, consideramos todos os bens tangíveis ou intangíveis

oferecidos no mercado a fim de satisfazer um desejo ou necessidade.

Considerando um produto já existente, devemos fazer um breve histórico

sobre ele, mas para um novo produto faz-se necessário explicar os objetivos da sua

criação e as etapas do seu desenvolvimento.

Deverá constar ainda no marketing tático, o ciclo de vida do produto,

descrevendo em que fase está: introdução, crescimento, maturidade ou declínio e a

partir dessa análise, descrever qual estratégica básica para o produto – construir

uma imagem da marca, gerar experimentação em pontos de vendas, investir mais

em propaganda, dentre outras.

As características do produto deverão ser comunicadas ao mercado assim

como os benefícios propostos, tais como especificações e resultados de pesquisas.

Outros aspectos pertinentes ao produto deverão ser apresentados no

marketing tático a fim de essas variáveis sejam comunicadas aos públicos que irá

Page 59: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

58

consumi-lo. Além dos aspectos até aqui apresentados, ainda devemos atentar para

a comunicação da marca, o design a embalagem e o rótulo, a qualidade, os serviços

e garantias, as formas de utilização e cuidados necessários.

Na definição do segundo composto de marketing, o ponto, requer um conjunto

de elementos que irão tornar disponível o produto ao consumidor, onde e quando ele

necessitar. Neste composto são definidas as táticas relacionadas à distribuição do

produto para o mercado-alvo.

Para Azevedo (2001), os produtos agroindustriais são em sua maioria, bens

de primeira necessidade com baixo valor unitário. O consumidor de produtos

agroindustriais exige regularidade e qualidade do produto consumido. A qualidade

refere-se aos aspectos objetivos, como segurança do alimento. O sabor e o prazer

são elementos subjetivos de um produto.

Por outro lado, os produtos agroindustriais subordinam-se ao comportamento

sazonal da oferta. A carne de búfalo, por exemplo, tem o seu pico da safra durante o

outono, quando as chuvas começam a escassear. A fim de diminuir os impactos

causados pela sazonalidade, o pecuarista poderá manter os búfalos durante o

inverno, no entanto, os custos necessários para a manutenção do rebanho irão

aumentar, forçando um aumento do preço do produto ao mercado consumidor.

A comercialização dos produtos agroindustriais deverá ir além do transporte

físico das mercadorias, deverá considerar as particularidades desse mercado: a

instabilidade da oferta de insumos irá desestabilizar a oferta dos produtos

agroindustriais assim como seus preços. Essa situação de incerteza irá prejudicar

toda a cadeia produtiva, desde empresários até trabalhadores e consumidores.

Para que haja o atendimento das necessidades de distribuição a empresa

terá que decidir como serão as vendas ao seu público: de maneira direta ou através

da utilização de intermediários. Caso a opção for feita pelo uso de intermediários, a

empresa terá que definir qual a estrutura necessária, quais as estratégias de

relacionamento entre os canais. Existe ainda a necessidade de definir qual o melhor

sistema logístico a fim de atender a necessidade de coordenar as atividades entre

fornecedores, compradores, fabricantes, profissionais de marketing, participantes de

canal e consumidores.

Page 60: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

59

Como todo processo administrativo, o controle das ações implementadas

assegura o sucesso do plano de marketing. O controle é orientado pelo resultado

financeiro e também pela programação das ações planejadas.

O controle de marketing é feito a partir da administração por objetivos, em

quatro etapas:

- estabelecimento de metas mensais ou trimestrais;

- monitoramento do desempenho no mercado;

- determinação das causas dos desvios com relação ao planejamento, e

- adoção de ações corretivas.

Quanto ao controle e avaliação do plano de marketing, a administração pode

utilizar cinco ferramentas de gestão.

- análise de vendas através da comparação entre as vendas reais e as

projeções de vendas.

- análise da evolução na participação de mercado.

- análise das despesas de marketing com relação às vendas.

- análise financeira através do estudo dos fatores que afetam a taxa de

retorno sobre o patrimônio líquido da empresa.

- análise do mercado baseada em scorecard que mensura qualitativamente o

desempenho do plano de marketing em relação aos consumidores e em relação aos

acionistas.

A análise de equilíbrio avalia os aspectos positivos e negativos do plano de

marketing, a fim de auxiliar a administração no processo decisório. Os quatro

componentes da análise de equilíbrio são:

- Pontos fortes: Referem-se à organização a partir da análise de variáveis

controláveis pela direção da organização.

Algumas questões que devem ser consideradas referentes aos pontos fortes

Page 61: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

60

são: nível de conhecimento que o mercado tem da empresa ou da marca, imagem

da empresa ou da marca quanto à qualidade, flexibilidade operacional, localização

da fábrica, existência de certificação de qualidade, produto inovador, realização de

pesquisas de mercado com resultados positivos e nível de entusiasmo dos

funcionários.

Para o mercado dos produtos gerados pela bubalinocultura, a diferenciação

dos mesmos poderá ser percebida através do selo de pureza impresso na

embalagem (BERNARDES, 2007).

- Pontos fracos: Também relacionados com a organização devem ser

questionados a fim de que sejam eliminados. Alguns fatores a serem considerados

são: adequação da estrutura de vendas, necessidade de substituição dos gerentes,

imagem quanto à qualidade dos produtos ou serviços, eficiência da fábrica e rapidez

no atendimento de pedidos.

Segundo Silva e Batalha (2001), a análise interna irá diagnosticar e avaliar

aspectos da empresa frente à concorrência e aos objetivos determinados. Todas as

áreas relacionadas à realização dos objetivos deverão ser envolvidas: marketing,

recursos humanos, produção, suprimentos, finanças etc.

Para a integração dessas áreas, existe a necessidade de uma equipe

multidisciplinar para a coordenação das atividades e para que os problemas que

afetam a competitividade da organização sejam identificados.

Devido à sazonalidade gerada pelos aspectos reprodutivos dos bubalinos,

existe uma diminuição na oferta ao mercado de leite e carne podendo comprometer

a imagem desses produtos no mercado consumidor.

- Oportunidades: As oportunidades são decorrentes do mercado, portanto são

fatores externos à organização e representam variáveis incontroláveis. Alguns

aspectos podem ser considerados na análise das oportunidades: compra de controle

acionário de outra empresa, fusão com outra empresa, investimentos que geram

vantagem competitiva sobre os competidores, taxas de juros em queda e taxas de

câmbio favoráveis à exportação.

Existe uma grande possibilidade de crescimento no mercado brasileiro para

Page 62: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

61

os produtos oriundos da bubalinocultura, pois de todo leite produzido no Brasil,

somente 7% é de origem bubalina e não existe registro que mensure a participação

da carne de búfalo no mercado interno (BERNARDES, 2007).

- Ameaças: As ameaças também são oriundas do mercado, relacionadas à

fatores externos. Podemos considerar como fatores que representam ameaças à

empresa: relações dos principais clientes da empresa com o seu competidor de

mercado, investimentos dos competidores estrangeiros, alteração de leis que regem

a atividade da empresa e condições de garantias de fornecimento de insumos para a

produção.

Segundo Silva e Batalha (2001), a organização deverá identificar quais são os

fatores-críticos que proporcionarão sucesso no ramo de negócio em que a empresa

deseja investir.

Os fatores culturais relacionados ao consumo de carne e leite de bovinos no

Brasil representam uma ameaça à efetivação do posicionamento do leite e da carne

de bubalinos no mercado interno.

2.3.2.1 Diferenciação e Posicionamento do Produto

Quando uma empresa produz suas ofertas ao mercado com graus de

especificação diferentes, ajudam no posicionamento desses produtos no mercado e

poderá alavancar as vendas e melhorar a margem de contribuição do produto.

Conforme Barcellos et al. (2004), produzir bezerros com o mesmo peso na hora da

venda, touros com um mesmo padrão fenotípico, novilhos com uma mesma

conformação, vacas cujo couro não apresenta lesões, é produzir algo diferente a um

mercado que atualmente é muito exigente.

O posicionamento não pode ser assegurado somente através de

investimentos em genética, nutrição, sanidade, mão-de-obra qualificada, controle de

qualidade, instalações, conduzem à máxima produtividade, dentro de uma eficácia

operacional, pois na hora da comercialização o preço é estabelecido pelo mercado.

Segundo Ferraz (2007), as opções para o posicionamento de novos

Page 63: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

62

produtos bovinos no mercado interno, estão relacionadas a uma linha de produtos

com base na carne bovina, desenvolvidos para um público-alvo que procura pratos

de preparo rápido e fácil.

Da mesma forma, essa opção pode ser aplicada à carne de búfalo através

da oferta de produtos prontos que precisam somente ser aquecidos: estrogonofe,

almôndegas, rabada, dobradinha, penne à bolonhesa, carne com legumes. As

embalagens devem permitir a conservação em temperatura ambiente, preservando

as características dos alimentos. A oferta da carne de bubalino ao mercado através

da indústria alimentícia possibilita um ganho maior que a oferta no mercado de

commodities.

Existe a necessidade de preocupar-se com o posicionamento estratégico da

empresa no mercado, ou seja, conhecer os problemas fora do controle da empresa,

pois os problemas existentes dentro da porteira são bem conhecidos pelos

produtores.

Para Barcellos et al. (2004), quando um produtor de novilhos padroniza a

sua produção passou a ser diferente até o momento que outros produtores também

fizeram o mesmo. Essa vantagem inicial deixou de ser competitiva e passou a ser

um fator normal no mercado. Deste modo, é fundamental inovar e constantemente

investir numa dimensão vertical para receber um melhor preço pelo produto

diferenciado.

Um dos aspectos mais importantes na busca da diferenciação de um

produto no mercado é compreender o que o consumidor deseja (KOTLER, 2000).

Nesse processo, são percebidas mudanças importantes com relação ao

comportamento do consumidor com relação ao consumo da carne bubalina. Os

clientes estão cada vez mais exigentes e bem informados, conscientes de que a

qualidade não é apenas um atrativo de marketing, mas sim, um atributo de

posicionamento de um produto no mercado. As mudanças sociais, culturais e

econômicas, além de mudanças nas estruturas domésticas e nos estilos de vida têm

levado as pessoas a gastarem menos tempo na compra e preparação dos alimentos.

Nesse sentido, alguns dos principais atributos percebidos e valorizados pelo

consumidor são descritos abaixo:

Page 64: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

63

- Maciez: É o principal atributo valorizado pelo consumidor.

- Segurança alimentar: Está associada à rastreabilidade do produtor.

- Certificação de Qualidade: É a garantia de origem ou qualidade.

- Aparência do produto: Apresentação do produto e da embalagem.

- Inovação: É o lançamento de novos produtos, novas embalagens, novos

cortes, tamanhos e quantidades adequadas ao consumidor.

- Conveniência: É a facilidade de preparo, a facilidade de manuseio da

carne e a disponibilidade para encontrá-la.

- Limpeza: Está associada ao produto, às instalações de produção e

distribuição e ainda, às pessoas que manipulam o produto.

- Preço: É o valor percebido pelo cliente.

- Padronização: É a uniformidade na oferta do produto sem variações que

haja variações.

- Marca: Associa a qualidade e padronização do produto oferecido.

- Tradição: Está ligada à origem e aos costumes relacionados ao mercado

atendido.

- Meio ambiente e bem estar animal: É a valorização do meio ambiente e

escolha de empresas que se preocupam com os animais através da produção de

produtos orgânicos.

- Valor nutricional: É a valorização de atributos de um produto saudável,

benéfico ao consumidor e sua família.

Para que a carne do bubalino ocupe um lugar de destaque no mercado

brasileiro, é fundamental o estabelecimento de estratégias de marketing para

aumentar o seu consumo, para isto, o foco deverá ser na criação de uma imagem do

produto e na comunicação eficaz de suas qualidades numa seqüência de agregação

de valor ao produto final que deverá cumprir quatro condições básicas para iniciar

Page 65: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

64

uma campanha eficiente: segurança higiênico-sanitária, valor nutricional garantido,

características sensoriais e rastreabilidade (BARCELLOS et al., 2004).

2.3.2.2 Rastreabilidade e a Certificação dos Processos e Produtos

Segundo Conceição e Barros (2005), a certificação representa uma série de

atributos de um produto ou serviço e a garantia de que eles se enquadram em

normas predefinidas. Desta forma, o processo de certificação envolve normas

estabelecidas na esfera pública, privada, nacional ou internacional e um órgão

certificador com poder de monitoramento e exclusão.

A oferta de um produto como diferente dos demais no mercado, com o

objetivo de satisfazer o cliente, desde a sua produção até a chegada nos canais de

comercialização, como a venda de um touro, por exemplo, ou de um corte de carne,

somente poderá ser garantida se o seu processo de produção ou a sua qualidade

intrínseca forem atestados ou certificados.

As garantias acerca da origem e confiabilidade da carne são baseadas na

identificação da base de fornecedores, que é mais facilmente obtida nos casos onde

a matéria-prima é obtida apenas de uma propriedade.

Para que seja possível a localização de um processo ou de um produto

certificado há a necessidade de um caminho físico que possibilite no tempo e no

espaço identificá-lo. Esse processo é definido como rastreamento, ou seja,

percorrendo um percurso para frente ou para trás, para onde vai ou de onde veio o

produto, é possível reconstruir a história de todas as matérias primas e processos

que lhe deram origem.

Segundo Barcellos et al. (2004), para a pecuária de corte existem no

mercado, dois tipos de certificação cuja utilização visa a diferenciação de produto:

A certificação de origem: Busca validar as informações referentes à

procedência do animal, operando como um processo paralelo e complementar a

rastreabilidade. A certificação poderá ser total ou parcial: ela será total quando

Page 66: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

65

ocorre a identificação, coleta, controle e processamento de dados desde o

nascimento do animal até o abate. Desta forma é possível reconstruir o histórico do

animal, oferecendo garantia de segurança da carne obtida do mesmo. Esse é o

processo regulamentado e legislado pelo Sistema Brasileiro de Identificação e

Certificação de Origem Bovina e Bubalina (SisBov) pois os rebanhos incluídos nesse

programa produzirão “carne rastreada”.

No Sisbov existe a exigência de associar um número a cada animal do

rebanho, pois cada animal recebe um brinco que contém seu número de série. Esse

registro acompanha o animal até o abate, a fim de permitir que cada distribuição de

carne encontre-se associada ao animal respectivo, possibilitando, dessa maneira,

que seja identificado o criador e proprietário daquele bovino.

A certificação de conformidade: É um modelo que tem como objetivo atestar

os processos de produção. Portanto, ela não é uma certificação individual, mas de

rebanhos ou lotes de animais que estão sendo submetidos às conformidades de um

determinado processo previamente definido. Na maioria das vezes é exigida por um

cliente ou grupos de clientes específicos.

Para que seja possível construir um sistema completo de rastreabilidade e

certificação é necessário envolver todos os elementos da cadeia produtiva. A

determinação do nível de controle de qualidade é uma variável dependente do

comportamento do consumidor.

A certificação proporciona vários benefícios aos consumidores porque reduz

as dissonâncias de informações sobre o produto e cria incentivos à cooperação

horizontal e vertical entre os participantes do processo.

Um grande problema encontrado pelas empresas que buscam a certificação

de seus produtos refere-se a poucas entidades certificadoras atuam no país e pela

não valorização desse diferencial por parte dos compradores.

Como modelos existentes no mercado, Conceição e Barros (2005)

encontraram apenas em algumas redes de varejo, empresas que procuraram criar

um padrão próprio de qualidade. Segundo esses pesquisadores, o processo de

certificação mais elaborado é o do grupo Carrefour, que desenvolve a alguns anos,

Page 67: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

66

rigoroso programa de certificação da carne vermelha por ele comercializada. O

programa desenvolvido pelo grupo Carrefour, utiliza sistema de controles que vão

desde insumos utilizados, práticas de manejo, até o padrão de acabamento dos

animais. As fazendas produtoras somente podem fornecer carne ao grupo desde

que atendam aos padrões estabelecidos.

Apesar de todo o esforço para se adequar às exigências da certificação, os

pecuaristas não necessariamente recebem valores acima do mercado pelo seu

produto, mesmo que durante o ciclo produtivo tenha seguido os procedimentos

exigidos pelo padrão Carrefour. Nesse exemplo apresentado, durante o processo

produtivo e em todo abate, os técnicos do grupo Carrefour acompanham os

produtores, assegurando a qualidade da certificação. Dessa forma, fica evidenciado

que o controle da produção é rigoroso, o que permitirá atender aos padrões

existentes em todas as lojas do grupo.

Para Conceição e Barros (2005), as preocupações com a certificação de

produtos e a estrutura necessária para um sistema de rastreabilidade devem ser

analisadas sob a ótica do atendimento às exigências internacionais e ao mercado

interno. No primeiro caso, temos a identificação das chamadas “barreiras técnicas”

(barreiras sanitárias) e no segundo, a questão da diferenciação do produto, a partir

de sua valorização.

A certificação de qualidade representa uma ferramenta importante do

marketing associada ao produto e pode ser examinada como uma forma de

agregação de valor. A agregação de valor em um produto proporciona a ele uma

maior margem de contribuição à empresa, melhorando dessa forma, seus resultados

finais.

A competição estabelecida no mercado entre empresas que oferecem

produtos similares proporciona aos consumidores informações para a identificação

da qualidade dos produtos. Como exemplo citado, o produtor de um produto

alimentar com baixa taxa de gordura desejará, voluntariamente, anunciar este fato.

Na medida em que os demais produtores façam o mesmo, os consumidores ficarão

desconfiados de produtos que não tenham este fato identificado. Dessa forma, se a

carne dos bubalinos apresentarem certificação sobre os seus aspectos positivos ela

Page 68: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

67

terá um melhor posicionamento no mercado em relação à carne dos bovinos

(CONCEIÇÃO; BARROS, 2005).

A credibilidade e o valor da certificação têm uma relação direta com a

qualidade da empresa que oferece esse serviço. Pode-se afirmar, portanto que os

serviços fornecidos por instituições que são confiáveis e conhecidas por um grande

número de consumidores terão mais sucesso na redução de custos de informação,

otimizando as transações de mercado e aumentando a eficiência. Segundo

Conceição e Barros (2005), os Governos e associações representativas do Governo

são os mais reconhecidos e confiáveis no fornecimento de serviços de certificação.

A Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB) deu um primeiro

passo para a certificação de conformidade, pois ainda que parcial, o selo de pureza

dos produtos derivados do leite demonstrou bons resultados como forma de

integração da cadeia produtiva e na oferta de produtos de melhor qualidade ao

consumidor final (Figura 15).

Segundo Bernardes (2007), o programa “Selo de Pureza” foi criado com o

objetivo de promover segurança alimentar ao consumidor na medida em que a

ABCB busca garantir que os produtos ao receberem o “selo”, sejam produzidos

unicamente com leite de búfalas e por outro, promove a estes produtos,

diferenciação no mercado em relação aos produtos que são fabricados a partir da

mistura com o leite bovino.

Além da fiscalização, este programa da ABCB vem desenvolvendo diversas

ações junto ao mercado visando promover a imagem do produto através da

distribuição de materiais promocionais em ação junto aos compradores.

As características exigidas pelo consumidor buscam ser atendidas e as

garantias do diferencial de qualidade são dadas pela certificação do processo de

produção e de conformidade, ou seja, os produtos certificados são produzidos 100%

com a utilização de leite de búfalas.

Page 69: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

68

Figura 15 - Selo de garantia de produtos com certificação de conformidade. Fonte: ABCB (2007).

O aumento no comércio mundial de alimentos e as mudanças nos hábitos

alimentares vêm gerando preocupação dos consumidores e dos governantes em

relação à qualidade dos alimentos. Assim, a rastreabilidade é de fundamental

importância quando se trata de segurança do alimento.

Tabela 6 - Ações Relacionadas à Implementação da Rastreabilidade

Fonte: Adaptado de Neves et al. (2002).

Ações Elo beneficiado Resistências apresentadas

Ações para sensibilização

Resultados esperados

Criar um sistema de informação coordenado entre os diversos elos da cadeia (tecnologia para transmissão de dados).

Produtores; Frigoríficos; Atacadistas e Varejistas.

Produtores, frigoríficos (em função dos investimentos necessários).

Esclarecimento sobre benefícios futuros e reais.

Aumento na confiabilidade do produto; Identificação de gargalos; Garantia de procedência.

Organizar um Banco de Dados (dados de produção, abate, processamento etc).

Produtores; Frigoríficos; Atacadistas e Varejistas.

Produtores, frigoríficos (em função dos investimentos necessários).

Esclarecimento sobre benefícios futuros e reais.

Aumento na confiabilidade do produto; Identificação de gargalos; Garantia de procedência.

Garantia de Origem.

Todos os elos. Produtores, frigoríficos (em função dos investimentos necessários).

Esclarecimento sobre benefícios futuros e reais.

Garantia de procedência.

Page 70: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

69

2.4 Marketing no Agronegócio

A aplicação dos conceitos do marketing traz muitos benefícios ao produtor

rural. A coordenação de todos os recursos e atividades que ocorrem antes e depois

da porteira, visa à obtenção de lucro a fim de proporcionar maior investimento no

negócio através da reestruturação da propriedade (TIRADO, 2007).

Atualmente, existe uma grande preocupação com a preservação do meio

ambiente. Todos os esforços que envolvem as atividades agropecuárias deverão

refletir seu desenvolvimento sustentável. Consideramos por desenvolvimento

sustentável a valorização e integração de diferentes fatores, tais como o tecnológico,

o ambiental, o social e o econômico.

O fator tecnológico compreende a necessidade de que se tenham tecnologias

de baixo custo, de maneira que proporcionem o máximo de renda e o mínimo de

dependência, sem, contudo, destruir o meio ambiente.

O fator ambiental visa produzir sem destruir, devolvendo ao meio ambiente

tudo que dele é tirado a cada ciclo produtivo; dessa forma é possível continuar

produzindo no longo prazo. Além disso, deve-se zelar pela saúde de quem produz e

de quem consome os alimentos.

O fator social cuida para que um maior número possível de pessoas seja

beneficiado. As decisões políticas ou tecnologias devem sempre ter como objetivo o

bem estar do trabalhador. Somente existe desenvolvimento sustentável se for

preservado o homem em condições de vida digna.

O fator econômico busca a melhoria da rentabilidade das atividades

desenvolvidas a fim de tornar possível uma melhor qualidade de vida de todas as

pessoas que dela vivem e trabalham.

Para Tirado (2007), através da utilização do planejamento de marketing, o

produtor tem condições de organizar e coordenar as ações relacionadas à produção

e o atendimento ao mercado.

O marketing voltado para atividades do agronegócio é definido como a

administração integrada da unidade produtiva rural dentro da porteira, através de um

Page 71: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

70

planejamento do composto mercadológico de produtos de origem vegetal e animal.

É o estabelecimento de objetivos, estratégias e táticas que auxiliem na tomada de

decisão sobre a produção e a comercialização.

Segundo Silva e Batalha (2001), o marketing aplicado no agronegócio utiliza

os mesmos conceitos aplicados em outros segmentos produtivos, porém, algumas

singularidades devem ser consideradas:

- natureza dos produtos oferecidos – fatores relacionados à sazonalidade e

perecibilidade.

- comportamento do consumidor – preocupação com a saúde.

- desarticulação do setor de produção agropecuária.

- importância do papel exercido pelas cooperativas nas atividades

desenvolvidas pelas empresas de transformação de produtos de origem

agropecuária.

Existem três grandes vertentes que guia discussões dos administradores que

interferem diretamente no agronegócio: a revolução da informação (sua obtenção,

análise e propagação), as diferenças das demandas dos públicos em termos de

produtos ou serviços (quantidade, qualidade, custos e tecnologia) e o surgimento de

novas formas de relacionamentos entre organizações.

No que se refere à revolução proporcionada pela informação, esta

compartilha instruções ao longo de toda a cadeia na qual a empresa está inserida.

As informações relativas a uma característica do produto, ou relacionada aos

aspectos funcionais deste, devem ser difundidas para toda a cadeia; tais como

fornecedores, canais de distribuição. Esse cuidado deve gerar questões sobre

logística, produção, suprimentos, marketing, pesquisa e desenvolvimento (P&D) e

ralações públicas.

A diferença nos níveis de demanda dos clientes para a satisfação de suas

necessidades leva uma cadeia produtiva a buscar diferentes formas de satisfazê-la.

Para tanto, se faz necessária a utilização de ferramentas relacionadas à banco de

dados e estratégias de fidelização de clientes.

Page 72: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

71

Como forma de relacionamento entre organizações destaca-se o surgimento

de alianças mercadológicas.

Conforme Silva e Batalha (2001), devido à existência de diferentes mercados

que se formam ao longo de uma cadeia de produção agroindustrial, podemos dar

diferentes enfoques para o marketing aplicado no agronegócio.

O marketing rural é desenvolvido junto aos produtores de insumos

agropecuários e os produtores rurais. Este setor é composto por produtores

artesanais, produtores capitalistas e cooperativistas.

O marketing agrícola envolve os mercados relacionados entre as

agroindústrias e a agricultura. É formado por um grande número de produtores

organizados em cooperativas como forma de agregar valor a seu produto e fazer

frente ao poder de barganha dos poucos compradores e algumas vezes atingido o

setor de distribuição ou até mesmo o consumidor final.

Segundo Bialoskorski Neto (1999), as cooperativas representam

empreendimentos que permitem aos cooperados poder de barganha em mercados

competitivos, e ainda, possibilitam a agregação de valor às commodities

agropecuárias.

No Brasil, existem atualmente mais de 7600 cooperativas sendo que destas,

1544 atuam na atividade agropecuária (OCB, 2008).

Segundo Waack e Machado Filho (1999), o sistema cooperativista

agroalimentar é formado a partir da associação de um grupo de produtores,

normalmente com base comum ideológica e doutrinária.

O marketing agroindustrial está localizado entre os setores industrial e o de

distribuição, passando pelos setores de produção. Esses setores apresentam um

limitado número de compradores e vendedores e os mercados por eles formados

são bastante heterogêneos.

Outro enfoque dado para o marketing na gestão agroindustrial, o marketing

alimentar situa-se no nível do consumidor final e representado pelas ações

desenvolvidas pelo comércio varejista. Esse mercado apresenta um grande número

Page 73: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

72

de consumidores e um número restrito de distribuidores.

O marketing alimentar é composto pelo marketing do produto e marketing da

distribuição.

No estudo da agropecuária, que sempre foi considerada apenas como

atividade primária e não em sua cadeia agroalimentar, as ferramentas do marketing

estão sendo implementadas tardiamente, se comparado com os outros segmentos

econômicos.

Devido a grande importância atribuída atualmente ao agronegócio, faz-se

necessário verificar o quanto o setor agrícola se preocupa com o marketing.

No início dos anos 70, um simples boletim de agricultura dos Estados Unidos já sentenciava: hoje, o processo que envolve alimentos e fibras é muito maior do que simplesmente a produção rural. Inclui muitas atividades antes da porteira (insumos, por exemplo), assim como marketing e processamento dos produtos agrícolas, depois da porteira. (MEGIDO; XAVIER,1995, p.27).

Quanto ao Brasil destacam:

A primeira entidade a procurar caminhos de estudos e envolvimento da sociedade brasileira para o tema do marketing ligado ao assunto agropecuário foi a ABMR - Associação Brasileira de Marketing Rural. Fundada no final da década de 70 - por um grupo de profissionais ligados às indústrias de insumos, bens de produção agropecuários, bem como agências de propaganda, veículos de comunicação e empresas de pesquisa de marketing - a ABMR mostrou-se atuante e mantêm a discussão aberta sobre a tecnologia de marketing, mais caracterizada para o segmento de insumos-serviços e bens de produção agropecuários. (MEGIDO; XAVIER,1995, p.88).

Pode-se entender que a preocupação do marketing na atividade agropecuária

é recente, se for comparada com os demais segmentos. Em decorrência a esse

diagnóstico, pouca coisa se criou em termos de marketing para o setor.

No estudo intitulado “Marketing & Ações Coletivas em Redes de Empresas: O

Caso da Carne Bovina no Mato Grosso do Sul”, Neves et al. (2002) apresentam um

quadro-resumo das ações mercadológicas necessárias ao Agronegócio.

Page 74: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

73

Tabela 7 – Ações de Marketing – Foco em Valorização e Divulgação do Produto Carne

Ações Elo Beneficiado

Quem será contra?

Como inverter?

Resultados pretendidos

Promover campanha de MKT da carne bubalina.

Todos os elos da cadeia.

Aqueles que forem onerados.

Sensibilizar e viabilizar recurso financeiro.

Ganho de participação de mercado; Aumento das exportações.

Valorizar produto “Carne Bubalina” através de embalagens, disposição nas gôndolas, cortes. Conhecer a preferência de consumo por segmentos de mercado.

Produtores, Frigoríficos, Atacado e Varejo.

Aqueles que forem onerados.

Sensibilizar e viabilizar recurso financeiro.

Aumento da demanda; Maior atratividade do produto; Direcionamento da produção, industrialização e comercialização.

Desenvolver a marca da carne (agregação de valor ao produto).

Todos os elos.

Aqueles que forem onerados.

Sensibilizar e viabilizar recurso financeiro

Valorização e divulgação do produto.

Investir no consumidor do futuro (divulgando as qualidades nutricionais da carne bubalina)

Todos os elos

Aqueles que forem onerados

Sensibilizar e viabilizar recurso financeiro

Melhor conhecimento do produto; Aumento da demanda

Divulgar informação sobre manuseio e preparo do produto carne (rótulo, material publicitário, etc..)

Todos os elos

Indústria, atacadistas e varejistas (em função do custo)

Sensibilizar e viabilizar recurso financeiro

Melhor conhecimento do preparo do produto; Aumento da demanda

Fonte: Adaptado de Neves et al. (2002).

2.4.1 Alianças Mercadológicas

O desenvolvimento de alianças mercadológicas no sistema de produção de

bubalinos é uma proposta para fomentar uma parceria vertical, que envolve

supermercados, frigoríficos e pecuaristas que tem como objetivo disponibilizar ao

consumidor produtos com certificado de origem e de qualidade. Mas, para que esse

sistema funcione efetivamente, se faz necessário o envolvimento de outros agentes,

como por exemplo, àqueles relacionados à logística. Esses agentes contribuem para

a melhoria da qualidade de atendimento às necessidades dos clientes, viabilizando

os níveis de estoques em pontos da cadeia de abastecimento, através da reposição

Page 75: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

74

contínua de produtos e entrega just in time na distribuição ao varejo (ALVES, 2001).

As alianças mercadológicas têm sido criadas para atender os diversos segmentos de

mercado visando agregar valores aos produtos com atributos de qualidade. Estas

relações de mercado demandam uma postura cooperativa entre os seus

componentes.

Segundo Silva e Batalha (2001) é necessário operacionalizar ações a fim de

concretizar a coordenação e a sinergia entre os componentes de uma cadeia

produtiva a fim de aumentar a sua capacidade sistêmica de reagir às mudanças

existentes em um contexto competitivo.

Uma cadeia agroindustrial pode ser vista como um conjunto de empresas

unidas entre si através de alianças estratégicas internas a sua estrutura. Essas

alianças estratégicas são consideradas empreendimentos de risco ao longo de uma

escala que vai do processo de fusões e aquisições para o controle total de uma

cadeia através de uma integração vertical completa, até empreendimentos

cooperativos informais.

Segundo Lorange e Roos, citado por Silva e Batalha (2001), a formação de

uma aliança estratégica de sucesso, obtida através da cooperação ao longo de uma

cadeia agroindustrial é determinada em seu processo inicial de formação a partir da

análise de algumas questões, a saber:

- Qual o poder de negociação dos participantes?

- Qual empresa exercerá o papel de agente coordenador?

- Quais são os benefícios para os membros participantes?

- Quais são os aspectos culturais semelhantes entre os participantes?

- Quais são os objetivos de cada participante?

É importante harmonizar as intenções estratégicas de cada participante da

cadeia a fim de planejar e viabilizar ações necessárias para o aumento da eficiência

e eficácia de todo sistema.

Uma aliança mercadológica tem como objetivo proporcionar vantagens a

Page 76: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

75

todos os elementos que a compõem. Para o produtor de bubalinos, a participação de

um programa de qualidade poderá aumentar a sua rentabilidade devido aos

diferenciais de qualidade proporcionados por esse tipo de programa além das

vantagens decorrentes do emprego de técnicas de mercado através do uso das

ferramentas de marketing – os 4 P´s. Ainda quanto aos benefícios apresentados por

uma aliança mercadológica, a indústria poderá contar com o fornecimento de sua

matéria prima, em quantidade e qualidade com regularidade, de acordo com

definição prévia entre os componentes da aliança. Os canais de distribuição –

Atacado e Varejo poderão promover a aproximação entre o consumidor e o produto

através do argumento de qualidade garantida (SILVA; BATALHA, 2001).

Tabela 8 - Benefícios mercadológicos na cadeia pecuária de corte

Fonte: Adaptado de Pigatto et al.apud Lima (2005).

Conforme Pigatto et al. (1999) apud Lima (2005), as vantagens

proporcionadas entre os elementos que compõe uma cadeia de produção

agroindustrial devem ser ordenadas e direcionadas a um interesse comum, ou seja,

direcionados para o fortalecimento do setor pecuário. Para isso, é necessário que se

estabeleça o reconhecimento e a valorização de cada elo da cadeia.

Alguns desafios remetem a incertezas ligadas ao ambiente e ao

comportamento dos agentes que compõe o sistema de aliança mercadológica: os

Benefícios promovidos pelas alianças mercadológicas

Pecuarista

Aumento da rentabilidade, com abate precoce; Absorção e utilização de técnicas de manejo mais modernas, que podem propiciar ganhos de produtividade no médio e no longo prazo; Garantia de venda do búfalo, para frigoríficos que valorizem o produto dentro de certas especificações; A longo prazo, ganhos em termos de diferenciação do produto commodity e dos produtores que podem abrir novos mercados (via agregação de valor) interna e externamente ao Brasil;

Frigorífico

Garantia de regularidade de abastecimento, com produtos dentro de uma especificação superior de qualidade; Garantia de venda do produto a distribuição; Diferenciação do frigorífico, que pode, no médio prazo tornar-se um exportador, dentro das normas internacionais;

Logística

Garantia de regularidade de abastecimento, com produtos dentro de uma especificação superior de qualidade; Disponibilização ao consumidor final de um produto com garantia de origem e qualidade, demonstrados através de um selo ou uma marca que o torna diferenciado;

Público-alvo

Recebe informações sobre os produtos (sua origem, características organolépticas e formas de cozimento mais adequadas), incluindo possibilidade de rastreabilidade; Dispõe de carne de qualidade superior; Obtém garantias em termos de saúde do produto adquirido.

Page 77: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

76

pecuaristas poderão encontrar dificuldades na oferta de novilhos ou bois para

obterem melhor disponibilidade de matéria prima, dessa forma, irão forçar as

alianças a criarem uma estratégia operacional adequada e um planejamento de

produção periódico de novilhos acabados de acordo com os padrões estabelecidos

para o abate. Em relação ao peso das carcaças, este afeta diretamente a

produtividade industrial e a padronização dos cortes. Uma outra dificuldade

apresentada pelo sistema de alianças é a equalização dos interesses dos seus

diversos componentes, que muitas vezes são conflitantes e requer do processo de

coordenação transparência dos objetivos e das etapas a serem cumpridas para cada

parte.

Como proposta para que as diferenças dos componentes de uma aliança

mercadológica sejam diluídas, cada participante deverá apresentar um elevado nível

de excelência individual, com adequado padrão produtivo e tecnológico que possam

realmente contribuir para a produção de um produto diferenciado pronto a atender

as exigências dos consumidores torna-se importante para a parceria. Neste contexto

se torna fundamental a existência de um agente que promova a coordenação entre

os elos da cadeia.

Podemos destacar outros problemas encontrados pelas alianças

mercadológicas: a dificuldade na padronização e a irregularidade de oferta dos

novilhos, a sazonalidade na produção, o oportunismo nas negociações, o déficit na

coordenação dos elos da cadeia produtiva, dentre outros.

As propostas de coordenação do setor produtivo dos produtos dos bubalinos,

promovida pelas alianças, poderão contribuir para o progresso financeiro e produtivo

da cadeia agroalimentar, fazendo com que os produtores e a indústria tenham

melhores lucros, os supermercados tenham produtos de melhor qualidade para

ofertar aos consumidores, para que cada vez mais suas necessidades sejam

satisfeitas. A criação de alianças tem por objetivo integrar os vários elos de uma

cadeia produtiva, buscando a melhoria do produto final, um retorno financeiro para

os envolvidos criando um banco de dados que permitirá a rastreabilidade de todo o

processo. É importante que cada componente visualize na cadeia como um todo

para que a mesma seja bem sucedida.

Page 78: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

77

2.4.2 Pesquisa de Mercado

Como já foi abordado anteriormente, um sistema de informação eficaz

compreende elementos essenciais para a gestão da cadeia de suprimentos.

Para Silva e Batalha (2001), a utilização de novas tecnologias no meio

empresarial demanda uma redefinição dos processos intra-organizacional e entre

organizações. Em algumas indústrias agroalimentares pesquisadas a estrutura da

área comercial é orientada por clientes ou grupos de atacadistas e varejistas.

As informações obtidas nos check outs dos pontos de distribuição são

rapidamente transferidas para uma central nos fornecedores para que estes

acompanhem a performance dos seus produtos em tempo real e elaborem ações

proativas para obterem melhores resultados nas vendas.

Neste contexto, a pesquisa de mercado tem por finalidade coletar e analisar

informações sobre o produto, o mercado, a distribuição, as vendas, a promoção e

propaganda, os aspectos motivacionais e a concorrência (RIGATTO, 1999).

O trabalho de pesquisa de mercado possibilita que a organização utilize todo

o potencial de seus conhecimentos tecnológicos e ultrapasse rapidamente a etapa

do conceito para a etapa da distribuição de um produto ou serviço. É importante

conhecer a pesquisa de mercado: Uma pesquisa bem conduzida e devidamente

interpretada poder trazer resultados e informações importantes para a solução de

um problema de mercado.

A pesquisa de marketing é um instrumento útil para descobrir novas

oportunidades de mercado tanto para produtos como para serviços, além de outras

finalidades, como testar impacto do esforço de marketing, com testes do tipo antes e

depois, para segmentar o mercado. Dentre as principais etapas, tem-se a definição

do problema de pesquisa, o desenvolvimento do plano da pesquisa, implementação,

interpretação e divulgação dos resultados.

Estas etapas são apresentadas por Kotler (2000), da seguinte forma:

- Definição do problema e dos objetivos da pesquisa: Os gestores devem

definir com precisão os objetivos da pesquisa a fim de ajudarem no planejamento e

Page 79: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

78

na interpretação dos resultados obtidos. A definição do problema e dos objetivos da

pesquisa constituem os passos mais difíceis em todo o processo de pesquisa.

- Desenvolvimento do Plano de Pesquisa: A segunda etapa do processo de

pesquisa de mercado demanda a determinação da informação necessária, no

desenvolvimento de um plano para obtê-la e na apresentação do plano para a

gerência de marketing. A proposta sobre o plano de pesquisa deverá considerar os

problemas de gerenciamento levantados e os objetivos da pesquisa, a informação a

ser obtida, as fontes de informação ou os métodos para coleta de dados e a forma

pela quais os resultados irão ser úteis ao processo de tomada de decisão. A

proposta também deverá incluir ainda os custos da pesquisa.

- Implementação do Plano de Pesquisa: O plano de pesquisa é colocado em

ação: Os dados são coletados, processados e são feitas as análises das

informações.

- Interpretação e Apresentação dos Resultados: Os resultados e as

conclusões acerca da pesquisa serão apresentados aos gestores. Os resultados

devem ser apresentados de forma exata às necessidades destes através de

resultados a fim de subsidiar o processo de tomada de decisões.

A indústria agroalimentar investe pouco em pesquisa de mercado para definir

o comportamento do consumidor de seus produtos. Segundo Silva e Batalha

(2001), os produtores que participam da agroindústria concentram seus esforços em

desenvolver métodos de produção, suprimentos necessários para atender os planos

de fabricação e ainda, possuir uma boa equipe de vendedores. Por outro lado,

alguns canais de distribuição têm buscado informações junto aos consumidores a

fim de identificar necessidades relacionadas a mudanças nos pontos de vendas.

Os tipos de pesquisas de mercado apresentados por Kotler e Armstrong

(2005), são:

- Pesquisa exploratória: É a coleta de informações preliminares que irão

contribuir na definição do problema e na sugestão de hipóteses.

- Pesquisa descritiva: É a determinação de elementos, como potencial de

mercado para determinado produto, a determinação de dados demográficos ou o

Page 80: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

79

comportamento dos consumidores que adquirem um determinado produto.

- Pesquisa causal: É o teste de hipóteses sobre suas relações de causa e

efeito.

Segundo Silva e Batalha (2001), a coleta de dados da pesquisa pode ser

realizada a partir da implementação de questionário contendo questões abertas ou

fechadas (do tipo sim, não, não sei) ou com questões fechadas através do emprego

de múltipla escolha. A utilização de questionário representa uma maneira rápida

para se obter informações a custos baixos. Um dos problemas mais comuns na

utilização de questionários na pesquisa de mercado reside na má vontade do

indivíduo em responder as informações solicitadas, por sua incapacidade de

fornecer as respostas desejadas (não saber, não lembrar) ou ainda pela própria

indiferença em relação ao questionário poderá indivíduos a maquiar uma resposta

que mais lhes apraz.

2.4.3 Comportamento do Consumidor

Para Aaker, Kumar e Day (2001) o propósito de uma pesquisa qualitativa é

descobrir o que o consumidor tem em mente, sendo este tipo de pesquisa, um

método mais intensivo, onde existe um maior relacionamento com o respondente,

proporcionando assim, maior riqueza e profundidade na pesquisa, o que significa

maior potencial de insights e perspectivas sobre aspectos como pensamentos,

sentimentos e comportamentos. A melhor maneira para compreender a fundo as

motivações e os sentimentos dos consumidores é através da pesquisa qualitativa

(MCDANIEL; GATES, 2003).

O objetivo de todo negócio, bens ou serviços, é criar e manter clientes

satisfeitos (DRUCKER, 1973). Um dos grandes atributos existentes no sucesso de

um processo de compra está ligado ao relacionamento duradouro entre empresa e

consumidor (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000).

Para que este relacionamento mantenha-se ao longo do tempo é preciso

entender a necessidade da existência de qualidade e satisfação permanente dos

Page 81: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

80

clientes. O foco na qualidade, do ponto de vista do cliente, e sua satisfação são

fundamentais para o sucesso do processo de compra (LOVELOCK; WRIGHT, 2001).

A satisfação de compra é o resultado da diferença entre desempenho

percebido pelo comprador e suas expectativas anteriores de compra de determinado

produto ou serviço (KOTLER; KELLER, 2006).

O Modelo do Processo Decisório de Compra é apresentado de forma a facilitar o

entendimento da seqüência das etapas e das relações de todas as variáveis

(ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000).

Figura 16 - Modelo do Processo Decisório de Compra. Fonte: EngeL, J. F.; Blackwell, R. D.; Miniard

(2000).

Page 82: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

81

2.4.4 Gestão de Marketing com Base nos Clientes

As empresas que exercem uma moderna forma de gestão necessitam

conhecer e satisfazer as necessidades de seus clientes. Isso significa oferecer

produtos com qualidade, com reduzidos custos, com confiança e bom atendimento.

Os competidores de mercado fornecem aos clientes produtos cada vez melhores e

que buscam atender as necessidades dos consumidores de uma forma cada vez

mais completa.

Considerando a gestão de marketing com base nos clientes, a administração

estratégica deverá envolver a análise, o planejamento, a implementação, a

organização e o controle dos programas destinados a criar, desenvolver e manter

trocas com o mercado-alvo. A intenção é buscar a satisfação das necessidades,

demandas e desejos dos consumidores, o que leva a atingir os objetivos da

organização.

É fundamental para a identificação das ameaças e oportunidades, o

encaminhamento de soluções através de eventuais direcionamentos estratégicos, a

redefinição das estruturas organizacionais e a avaliação do processo de tomada de

decisão.

Las Casas (2006) apresenta as funções da administração de marketing:

- estabelecer os objetivos da organização;

- escolher e estudar o mercado selecionado e verificar as condições de

atendê-lo;

- desenvolver o composto mercadológico: produto, preço, distribuição e

promoção;

- implementar o plano: diagnosticar assessorar e avaliar;

- controlar o plano para verificar se está alcançando seus objetivos.

Trabalhar com estes processos exige da empresa uma quantidade

considerável de trabalho e técnicas. A administração de marketing ocorre quando a

empresa ou cliente pensam em uma negociação.

Page 83: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

82

O marketing organizacional, segundo Churchill (2000) considera que, para

criar valor aos clientes e alcançar seus objetivos, tem-se que desenvolver planos e

estratégias de marketing, entender clientes e mercados, desenvolver compostos do

produto, preço, distribuição e promoção de marketing e implementar e controlar

atividades.

Entender clientes e mercados reporta a pesquisa e a segmentação dos

grupos atendidos. Os segmentos selecionados são chamados de mercado-alvo

(CHURCHILL, 2000). Esta segmentação exige da empresa um tratamento

diferenciado aos seus clientes, como por exemplo: ao mercado industrial, de

atacados, de varejo, ao Governo. Cada tipo de mercado exige da organização, uma

estrutura administrativa com planejamentos em função da especialização e de seus

clientes, para coordenar as atividades e esforços de marketing. As estratégias

orientadas pelo marketing demandam pesquisas para obter informações a partir das

quais serão determinadas as exigências de mercado.

Ao aplicar os conceitos de marketing, se faz necessária a verificação das

potencialidades e fragilidades da empresa e as incertezas externas do mercado que

podem se tornar obstáculos para que a organização se oriente pelo mercado. O

marketing interage com outras funções da empresa na busca dos interesses dos

clientes. A obtenção de uma orientação moderna de marketing requer o aval da

presidência, consultoria, um departamento de marketing corporativo, seminários

internos, contratações e promoções para talentos além de um sistema de

planejamento de marketing (KOTLER, 2000).

Tendo o foco no cliente, a empresa deverá criar ferramentas de atendimento

de forma individual e com tratamento personalizado. Esta tarefa exige da empresa

um sistema de informação adequado que permita o livre fluxo de conhecimento entre

todos os funcionários que trabalham para aumentar os benefícios sociais dos

consumidores ao atender suas necessidades e desejos, individualizando e

personalizando seus serviços. Os consumidores são atendidos como parte da

massa ou de segmentos maiores; clientes são atendidos em base individual.

Consumidores são atendidos por qualquer pessoa que esteja disponível; clientes

são atendidos por profissionais devidamente capacitados.

Page 84: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

83

2.4.5 Segmentação de Mercado

Identificar os segmentos de mercado é uma necessidade urgente de uma

empresa para atender satisfatoriamente seus clientes. A determinação do mercado-

alvo é o primeiro passo a ser tomado pela empresa. Determina de maneira bem

ampla, qual o mercado selecionado, ou seja, o grupo que se tem maior interesse em

atingir com programas de marketing.

As empresas que utilizam as ferramentas do marketing separam seus

mercados de acordo com o uso final do produto: mercado industrial e de consumo

(LAS CASAS, 2006). A segmentação de mercado permite que a empresa concentre

seus esforços de marketing nos compradores com maior chance de consumo e

atendimento das necessidades.

A segmentação do mercado baseado em necessidades ocorre através do

estudo das tendências e preferências dos consumidores, necessários para

determinação das estratégias de marketing a serem empregados pela organização.

Estas informações possibilitam a identificação de um maior número de atributos

relacionados a um mesmo produto.

O estudo da segmentação de mercado define o segmento-alvo a ser

atendido com base em diversos fatores como tamanho, renda, região, potencial de

crescimento e cultura. Ao definir o segmento-alvo com características comuns e

importantes, divide-se o mercado em partes a fim de:

- definir o perfil dos clientes;

- conhecer suas necessidades, desejos e demandas;

- dividir o mercado de acordo com o perfil dos clientes;

- definir o tamanho de cada mercado segmentado;

- definir o marketing–mix: produto, preço, praça e promoção.

A segmentação de mercado permite a empresa concentrar os esforços de

marketing nas partes mais atrativas, obter mais vendas com custos menores, maior

produtividade na comercialização e facilidade de comunicação (RIGATTO, 1999).

Page 85: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

84

2.4.6 Mix de Marketing

A definição sobre o programa de marketing demanda a adaptação deste às

condições locais. Este contexto se inicia com o conhecimento e definição de um

planejamento geral de marketing mix para que seja possível inverter ações no mix

de mercado de produtos da bubalinocultura. Dentre os elementos possíveis existem

diversas formas de apresentação do produto como; quanto às suas dimensões

físicas, características, finalidades, tipo de embalagem e apresentação visual,

garantias, marcas e logotipo. Os canais de distribuição utilizados podem variar

desde a venda direta ao consumidor ou através de varejistas, revendedores ou

através da utilização de distribuidores. Os preços podem variar ainda conforme a

região onde é distribuído, com descontos conforme a quantidade ou outros tipos de

variação. A promoção do produto pode ser feita através dos diversos veículos de

mídia: jornais, televisão, revistas especializadas, e sua promoção de vendas, pode

ser implementada nos pontos de comercialização através dos próprios vendedores

ou junto aos revendedores.

Para que a empresa mantenha sua participação no mercado com

determinado produto ou serviço, deve selecionar estratégias desafiantes e

específicas, conforme os componentes do marketing-mix, entendidos de forma inter-

relacionada. Para compreender esta relação, Kotler (2000) ilustra da seguinte forma:

Tabela 9 - Mix de marketing

Estratégias progressivas de implementação

Produto Oferecer um produto básico.

Oferecer extensões de produtos: servi-ços e garantia.

Diversificar marcas e modelos.

Retirar itens fra-cos.

Preço Preço de penetração. Preço para acom-panhar ou vencer a concorrência.

Preço elevado. Reduzir preços.

Ponto Mais intensiva. Seletiva. Intensiva. Ser seletivo: de-sacelerar ca-nais não lucra-tivos.

Promoção Construir consciência e interesse no mercado de massa.

Construir consciên-cia do produto entre os adotantes e re-vendedores.

Enfatizar as diferen-ças e benefícios da marca.

Reduzir ao nível necessário para manter fiéis os bons consumidores.

Fonte: Adaptado de Kotler (2000).

Page 86: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

85

As variáveis internas que compõe o marketing mix devem ser equacionadas

com as variáveis que compõe o macro ambiente, às quais a empresa deverá

considerar para que sua análise sobre o mercado esteja completa. As variáveis que

compõem o macro ambiente da empresa não são controláveis diretamente pela

organização. Podemos citar como exemplos, a legislação, a cultura, a economia, o

sistema social (RIGATTO, 1999).

A análise das demandas de mercado, os desejos e necessidades dos

consumidores devem fazer parte dos trabalhos desenvolvidos pelo marketing rural.

O estudo do marketing no agronegócio é um dos mais novos segmentos do

marketing que envolve o estudo dos produtos, serviços e ações na área rural.

Identificar as características e as necessidades desse mercado, seu crescimento e

sua efetivação em harmonia aos comportamentos e aos objetivos e metas da

empresa são desafios para os estudiosos de mercado.

O agronegócio exige a escolha de mercados, melhores ofertas, elaborar um

planejamento de marketing, e ainda, o agronegócio deve trabalhar e instalar um

eficiente Sistema de Informações de Marketing - SIM (KOTLER, 2000). O sistema de

informações é uma forma organizada de coletar e analisar as informações

adequadas, apresentando-as de forma a permitir o uso das mesmas nas decisões

de marketing voltadas ao agronegócio.

O SIM contém informações para diversos problemas e tomadas de decisões

de marketing, sendo essencial uma base de dados. Ao longo das últimas décadas, o

setor do agronegócio, utiliza o sistema de informação e marketing para a solução de

problemas e a tomada de decisões.

Page 87: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

86

3 OBJETIVOS

Este estudo reflete o seguinte questionamento norteador da investigação:

“Quais são as características gerais de criações de búfalos no Brasil e de que

maneira as ferramentas do marketing podem contribuir para o reposicionamento dos

produtos gerados pela bubalinocultura no mercado brasileiro?”

Através de revisão bibliográfica procurou-se evidenciar que as ferramentas de

gestão de mercado e de negócios podem tornar a bubalinocultura mais viável e

competitiva no mercado nacional.

Desta forma, o presente trabalho analisa o segmento de leite e de carne de

bubalinos, tendo em vista explorar sua estrutura, competitividade e dificuldades

existentes considerando as atividades complexas delimitadas pelas cadeias

agroindustrial da carne e do leite.

Com a finalidade de obter o direcionamento da pesquisa, associa-se a este

trabalho, alguns objetivos específicos, a saber:

- investigar algumas características da bubalinocultura no mundo;

- investigar as características gerais da bubalinocultura no mercado brasileiro;

- realizar estudo das ferramentas de marketing e sua aplicação no mercado

consumidor;

- analisar a organização e o estudo dos sistemas agroindustriais voltados para

a produção de carne e leite para atender a demanda do mercado consumidor;

Page 88: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

87

4 MATERIAL E MÉTODOS

A metodologia utilizada foi baseada nos trabalhos descritos por Samara e

Barros (2002), no livro “Pesquisa de Marketing”, através da definição da metodologia

da pesquisa e elaboração de formulário para a coleta de dados.

A pesquisa foi implementada a partir de estudos descritivos através da

obtenção de dados primários, mesclado com dados obtidos através de

levantamentos estatísticos (quantitativos), também ad-hoc (SAMARA; BARROS,

2002).

Foram levantados ainda dados na revisão de literatura obtidos junto aos

registros disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Organização das

Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Para a elaboração do formulário de coleta de dados, foram considerados os

aspectos mais importantes deste projeto envolvendo o levantamento de dados

referentes às informações gerais da propriedade e da sua administração, tais como:

características profissionais do entrevistado, dados físicos da propriedade, quanto

tempo atua nesta atividade, maiores vantagens e desvantagens na bubalinocultura.

Em relação aos dados do rebanho, buscou-se mapear a raça predominante e

os elementos que compõe a produção comercial na bubalinocultura e a descrição da

composição do rebanho através da mensuração de búfalas, bezerros, novilhas,

garrotes e reprodutores.

Outra informação considerada relevante refere-se à produção e destino do

leite e carne dos bubalinos, assim como a comercialização de fêmeas e machos, a

análise do sistema de produção e os elementos que compõe a suplementação

alimentar. Para a identificação de machos e fêmeas para o abate, procurou-se

caracterizar a comercialização em locais especializados de abate de animais que

são os frigoríficos de médio/grande porte ou em locais de abate de pequeno porte

como abatedouros municipais e posteriormente comercializados em açougues ou

casa de carnes.

Page 89: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

88

O questionário foi elaborado de maneira simples e objetiva para que os

produtores pudessem entender e responder às questões enviadas. A pesquisa foi

implementada a partir de questões abertas e fechadas junto à bubalinocultores no

Brasil, a fim de se entender os problemas encontrados pelos criadores.

A elaboração do questionário da pesquisa contou com a participação do

bubalinocultor e médico, o Sr. Otávio Bernardes, que possui uma vasta experiência

desta atividade e visão ampla do agronegócio bubalino no Brasil além de ter sido

presidente da ABCB no período compreendido entre 2004 e 2007.

A obtenção dos dados sobre alguns criatórios de bubalinos foi realizada em

duas fases: A primeira fase foi caracterizada pelo uso de ferramenta teste para

obtenção de dados com informações preliminares referentes ao ano de 2005 e a

segunda fase compreendeu o desenvolvimento definitivo com obtenção de dados de

2006 e 2007 (Apêndice B).

Na fase I do trabalho, foram feitas pesquisas com o uso de um questionário

eletrônico desenvolvido e disponibilizado (homepage) pela FZEA/USP respondido

diretamente na página da FZEA, visitas a algumas propriedades, e também

distribuídos diretamente a produtores rurais da região do Vale do Ribeira, durante a

realização do Seminário de Bubalinocultura, ocorrido no dia 19 de agosto de 2006,

na cidade de Pariquera-Açu. Nesta fase, foram obtidos 45 questionários referentes a

propriedades criadoras de bubalinos localizadas em alguns Estados do Brasil.

Identificados alguns problemas e dificuldades para a realização da pesquisa

de campo durante a fase I, como o retorno demorado e dificuldades de

preenchimento de algumas informações, o formulário foi reestruturado e simplificado

para a fase II, visando proporcionar maior facilidade para obtenção de dados de dois

anos consecutivos da mesma propriedade (2006 e 2007), ampliando as informações

com melhoria na qualidade dos dados obtidos.

Assim, os dados foram obtidos somente através de disponibilidade on line de

formulário eletrônico, via internet, alocado no servidor da FZEA/USP (Apêndices A e

B) e também através de correspondência, via correio, do mesmo formulário

impresso, contendo uma carta de apresentação da pesquisa (Apêndice A)

juntamente com um envelope devidamente identificado com endereço para retorno e

Page 90: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

89

com selo.

O formulário eletrônico foi divulgado durante várias semanas na lista de

discussão sobre bubalinocultura (http://br.groups.yahoo.com/group/bufalos/) que se

destinou a discutir qualquer assunto direta ou indiretamente relacionado à

bubalinocultura em particular e à agropecuária em geral, tendo por finalidade buscar

intensificar a troca de informações e experiências entre seus participantes em prol

do desenvolvimento da bubalinocultura. Atualmente a lista conta com 845

integrantes (Acesso em 01/12/2008).

A correspondência via correio, foi encaminhada para 184 criações de búfalos

que apresentavam endereços disponíveis na página da Associação Brasileira de

Criadores de Búfalos (http://www.bufalo.com.br/). Foram recebidas 33

correspondências com formulários preenchidos, representando aproximadamente

18%. Esse percentual supera consideravelmente o índice esperado de retorno

através da utilização da ferramenta de pesquisa por meio da mala direta que é de

2%, de acordo com Kotler e Armstrong (2005). Isso demonstrou de certa forma, um

bom comprometimento e interesse dos bubalinocultores no aprimoramento da

cadeia do agronegócio bubalino. Todas as despesas foram custeadas pelo autor

deste trabalho.

Após a obtenção dos dados, os mesmos foram lançados em planilha

Microsoft Office Excel, ordenados e analisados através de utilização das análises

univariada, bivariada e multivariada (FREITAS; MOSCAROLA, 2002).

Page 91: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

90

Figura 17 - As técnicas de análise de dados. Fonte: Freitas; Moscarola (2002).

AS TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS

Análise univariada, tab. simples Descrever uma variável por vez Análise bivariada, tab. cruzada Relacionar 2 variáveis, explicar Análise multivariada, tab. múltipla Analisar simultaneamente diversas variáveis, sintetizar

Quem? Quem? O quê? Quem? O quê? Quando? Por quê?

Page 92: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

91

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Propriedades

5.1.1 Distribuição das Propriedades

Foram analisadas um total de 50 propriedades, distribuidas em 12 Estados

brasileiros de acordo com a Tabela 10.

Responderam à pesquisa, proprietários, arrendatários, profissionais

responsáveis, gerentes geral. Das 50 respostas recebidas, 33 foram obtidas via

correio e 17 através do preenchimento de questionário on line.

Pode-se observar que a maior concentração das propriedades que

participaram da pesquisa foi o Estado de São Paulo, que compreendeu 28% da

mesma, seguida de Minas Gerais (22%) e Rio Grande do Sul (22%). Tendo em vista

a ampla divulgação que foi feita entre vários criadores e interessados em

bubalinocultura no Brasil e o total de 36 participações (72%), demonstra a

importância destacada da bubalinocultura nesses Estados brasileiros.

5.1.2 Estratificação das Propriedades Uma parte bastante expressiva das propriedades aqui estudadas (72,4%),

possuem área inferior a 700 ha, com média de 325,7 ha. As propriedades com áreas

Tabela 10 - Distribuição geográfica das propriedades analisadas

Estado Número de propriedades Freqüência (%)

Amapá 1 2,0 Bahia 4 8,0 Ceará 1 2,0 Espírito Santo 1 2,0 Góias 1 2,0 Mato Grosso do Sul 1 2,0 Minas Gerais 11 22,0 Pará 3 6,0 Rio Grande do Norte 1 2,0 Rio Grande do Sul 11 22,0 Rondônia 1 2,0 São Paulo 14 28,0

Page 93: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

92

inferiores a 100 ha representaram uma parcela de 22,4% , com média de 55,1 ha

(Tabela 11).

Observou-se menor variação de tamanho das propriedades com áreas entre

700 ha e 2000 ha, com coeficiente de variação de 18,0%. Podemos verificar que

cerca de 14,0% dos criatórios apresentaram áreas superiores 700 ha e inferiores a

2000 ha enquanto que 12,0% das propriedades apresentaram áreas superiores a

2000 ha, que dentro da análise realizada são classificadas como grandes

propriedades.

Tomando como base de dados os números de animais existentes nas

propriedades analisadas nos anos de 2006 e 2007 a maioria delas, 44,4% em

média, possuem quantidade entre 100 a 500 animais, com média de 274,4 animais

(Tabela 12). Dessa forma fica evidenciado nesta pesquisa a predominância de

pequenos e médios produtores de bubalinos, representando aproximadamente 74%

do total.

Dessa forma, observou-se uma preocupação com a necessidade de produção

em escala dos produtos de leite e carne de bubalinos capaz de atender a demanda

mercadológica, visando baratear custos de produção envolvidos na cadeia do

agronegócio com um todo. A ausência de produtos nas prateleiras dos

supermercados e casas comerciais, mesmo que temporária, implica na possibilidade

de desinteresse do produto pelo consumidor e, principalmente, pelo distribuidor, já

que pode haver comprometimento em manter a cadeia de produtos em

funcionamento adequado. Além disso, laticínios e frigoríficos precisam de certo fluxo

de leite e carne em escala para baratear custos e haver melhores preços aos

Tabela 11 - Estratificação das propriedades com bubalinos, quanto ao tamanho

Áreas das propriedades x ≤ 100 ha 100 ha <x≤ 700 ha 700 ha <x< 2000 ha x ≥ 2000 ha

Número de propriedades 11 25 7 6

Freqüência (%) 22,4 51,1 14,3 12,2

Média ( X ) - Área (ha) 55,1 325,7 1367,4 3402,3

Coeficiente de variação 0,45 0,41 0,35 0,54

Page 94: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

93

6 propriedades(12%)

2 propriedades(4%)

2 propriedades(4%)

40 propriedades(80%)

Pecuária Agricultura Ensino e Pesquisa Outro

Figura 18 - Freqüência de propriedade segundo atividade rural principal desenvolvida.

produtores.

5.1.3 Atividade Rural Principal Desenvolvida

A atividade rural principal desenvolvida predominante nas propriedades que

criam búfalos é a pecuária, com 80%, seguida de agricultura (12%), demonstrando

que a bubalinocultura está integrada junto com a atividade pecuária, ou seja, criação

de bovinos e outros animais. Há também o desenvolvimento de criações de búfalos

visando atividades de ensino e pesquisas em universidades e centros de pesquisa

no Brasil (Figura 18).

Nas propriedades onde a atividade principal é a agricultura, o búfalo é criado

visando um atividade complementar com o fornecimento de carne e leite e a

possibilidade de produção de matéria orgânica.

Tabela 12 - Distribuição do número de búfalos por propriedade

x ≤ 100 100 < x < 500 x ≥ 500 Número de animais

2006 2007 2006 2007 2006 2007

Número de propriedades 13 13 18 22 10 14

Freqüência (%) 31,7 26,5 43,9 44,9 24,4 28,6

Média ( X ) 61,2 51,8 291,1 257,6 976,1 939,1

Coeficiente de variação 0,38 0,56 0,39 0,47 0,45 0,57

Page 95: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

94

5.1.4 Áreas de Pastagens

As áreas de pastagens utilizadas para alimentação dos bubalinos são

compostas por várias espécies de gramíneas, na maioria nativas. Essa

diversificação favorece a bubalinocultura, pois em condições desfavoráveis de

pastejo, o búfalo é menos seletivo que os bovinos.

Foram predominantes as propriedades com pequenas e médias pastagens,

perfazendo um total de 79,6%, sendo que a maioria 57,2% apresentam entre 50 ha

e 450 ha de pastagem com um coeficiente de variação de 60% que denota uma

expressiva variação nas áreas de pastagens estudadas (Tabela 13).

Verifica-se com esses dados que a bubalinocultura é desenvolvida a base de

pastagem compreendendo um sistema de criação típico da região tropical e com

bom espaço para uma melhor intensificação com aumento de produtividade.

5.1.5 Composição do Rebanho: Análise das Raças Predominantes

A distribuição das raças existentes nas propriedades avaliadas segue a

distribuição observada na Figura 19.

Tabela 13 - Áreas de pastagens presentes nas propriedades com búfalos Área de pastagem (ha) x ≤ 50 ha 50 ha < x < 450 ha 450 ha ≤ x < 1000 ha x ≥ 1000 ha

Número de propriedades 11 28 6 4

Freqüência (%) 22,4 57,2 12,2 8,2

Média ( X ) - Área (ha) 33,2 193,2 635,3 2294,0

Coeficiente de variação 0,51 0,60 0,30 0,4

Page 96: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

95

19 propriedades(39%)

30 propriedades(61%)

0(0%)

Apenas uma raça Duas Raças Mais de duas raças

Figura 20 - Distribuição do número de raças criadas nas propriedades.

Essa distribuição das principais raças criadas, expressa a predominância do

“grau de sangue” e não a pureza da raça em si. Assim podemos concluir que o

rebanho predominante é o composto pela raça Murrah (70%), seguida da raça

Mediterrâneo (16%), animais sem raça definida (10%) e da raça Jafarabadi (4%).

Esses dados estão de acordo com Zava (1987) em que o autor demonstrou a

importância da raça Murrah no Brasil. Não houve citação da existência de animais

da raça Carabao na presente pesquisa.

Por mestiço foram classificados todos os animais que não possuem uma

característica racial bem definida.

A maioria das propriedades analisadas trabalha com duas raças de bubalinos

(61%) enquanto que criações com apenas uma raça representaram (39%). conforme

podemos observar nos dados representados na Figura 20.

35 propriedades(70%)

2 propriedades(4%)

8 propriedades(16%)

5 propriedades(10%)

Murrah Jafarabadi Mediterrâneo Mestiço

Figura 19 - Distribuição numérica das raças predominantes na Bubalinocultura.

Page 97: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

96

11 propriedades(22%)

3 propriedades6%

30 propriedades (60%)

5 propriedades(10%)

1propriedade(2%)

Produção de leite Machos para abate ReprodutoresBezerros desmamados Matrizes

Figura 21 - Distribuição da principal finalidade da comercialização de búfalos.

5.1.6 Finalidade da Criação

A atividade comercial principal das criações de búfalos avaliadas é a

produção do leite, representando 60% das propriedades, seguida produção da carne

com a comercialização de machos para o abate (22%), conforme podemos observar

na Figura 21.

Na Figura 22 estão representados os dados obtidos da atividade comercial

secundária, ou seja, além da atividade principal de produção de leite, a maioria dos

produtores vende machos para o abate (30%) e bezerros desmamados (30%) ou

além da atividade primária com a venda de machos para o mercado de carnes

também ocorre a produção de leite (20%).

Quanto à comercialização de uma maneira geral, os criadores enfrentam

várias dificuldades. A carne é comercializada normalmente ao preço inferior da carne

de bovino. Para a exploração do leite deverá ainda haver uma significativa melhora

da qualidade genética do rebanho bubalino com conseqüente aumento da

produtividade.

Assim, podemos observar uma atividade mais acentuada para a exploração

do leite bubalino confirmando a informação citada por Bernardes e Bernardes (1993)

de que o crescimento da bubalinocultura se acentuava com o aumento de rebanhos

voltados para a exploração leiteira.

Page 98: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

97

5.1.7 Categorias do Animal

A avaliação das categorias dos animais dentro do rebanho bubalino é de

relevância para a eficiência produtiva do rebanho como um todo, assim como num

planejamento adequado para implantação de um sistema de produção de búfalos.

As categorias estudadas foram: búfalas paridas (matrizes), bezerros (até a

desmama), novilhas (até 24 meses), garrotes (até 24 meses), reprodutores e búfalas

em exploração de leite. Dentro de cada categoria, foi observado o número de

propriedades, a sua freqüência, o número médio com seu coeficiente de variação:

propriedades pequenas contendo menos de 20 animais por categoria animal,

propriedades entre 20 e menos que 100 animais e a propriedades maiores com 100

ou mais animais. Os dados obtidos encontram-se na Tabela 14.

3 propriedades(6%)

15 propriedades(30%)

5 propriedades(10%)

2 propriedades(4%) 10 propriedades

(20%)

15 propriedades(30%)

Produção de leite Machos para abate ReprodutoresBezerros desmamados Matrizes Outra

Figura 22 - Distribuição da finalidade de comercialização secundária da criação de búfalos.

Page 99: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

98

Para essa avaliação, alguns proprietários não forneceram as informações

solicitadas, não sendo consideradas essas propriedades neste parâmetro.

Na análise das búfalas paridas no ano de 2006, 39 propriedades forneceram

dados onde a maior concentração ocorreu em propriedades com mais de 100

animais (48,7%). Para o ano de 2007, 46 propriedades forneceram dados em que

também verificou-se maior concentração de búfalas paridas em propriedades

também com mais de 100 animais (50%).

Tabela 14 - Distribuição com número médio de animais por categorias em diferentes dimensões de rebanho bubalino

Búfalas paridas

Bezerros (desmama)

Novilhas (24 meses)

Garrotes (24 meses)

Reprodutores (24 meses)

Búfalas em produção de

leite

2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007

Propriedades com menos de 20 animais por categoria animal

Propriedades 5 4 7 6 11 9 11 12 33 40 3 3

Freqüência (%) 12,8 8,7 17,9 13,6 30,6 20,9 39,3 36,4 84,6 87,0 12,0 9,7

Média ( X ) 14 9,5 13,9 14,7 12,7 10,4 10,7 8,4 3,8 4,3 15,7 17,3

Coeficiente de variação 0,57 0,87 0,45 0,45 0,49 0,53 0,60 0,84 0,85 1,08 0,42 0,27

Propriedades com mais de 20 e menos de 100 animais por categoria animal

Propriedades 15 19 16 20 12 20 8 11 6 6 11 16

Freqüência (%) 38,5 41,3 41,0 45,5 33,3 46,5 28,6 33,3 15,4 13,0 44,0 51,6

Média ( X ) 58,3 55,2 60,6 54,7 44,6 47,6 60,0 55,6 31,5 32,7 54,5 53,6

Coeficiente de variação 0,43 0,45 0,38 0,45 0,30 0,39 0,38 0,37 0,17 0,22 0,43 0,38

Propriedades com 100 ou mais animais por categoria animal

Propriedades 19 23 16 18 13 14 9 10 0 0 11 12

Freqüência (%) 48,7 50,0 41,0 40,9 36,1 32,6 32,1 30,3 0,0 0,0 44,0 38,7

Média ( X ) 257,6 265,8 200,8 217,0 197,2 210,6 159,0 184,1 0,0 0,0 141,5 162,0

Coeficiente de variação 0,71 0,82 0,53 0,57 0,54 0,55 0,39 0,35 0,0 0,0 0,19 0,15

Page 100: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

99

Na avaliação dos bezerros até a demama, em 2006, 39 propriedades

forneceram dados. 41% das propriedades que possuíam entre 20 e 100 bezerros

desta categoria e o mesmo ocorreu em propriedades com mais de 100 bezerros

(41%). Para o ano de 2007, 44 propriedades forneceram dados em que verificou-se

maior concentração de bezerros até a demama em propriedades que possuem entre

20 e 100 bezerros (45,5%).

No estudo das novilhas, em 2006, houve 36 amostras de dados. A

distribuição referente a quantidade de animais foi praticamente uniforme, assim

como o coeficiente de variação, porém na análise dos resultados de 2007 a maioria

dos estabelecimentos, dos 46 analisados, 46,5% possuíam a concentração de

novilhas entre 20 e 100 animais e o menor coeficiente de variação: 39%.

Quanto à distribuição de garrotes, foram avaliados 28 propriedades em 2006

e 33 em 2007. Os resultados refletiram que em 2006 e 2007 a maioria dessas

propriedades tinham até 20 garrotes, aproximadamente 36% em média, porém, a

variação nas outras distribuições ficaram em torno de 30%

Quanto aos resultados apresentados referentes ao número de reprodutores,

foram obtidas 39 amostras referentes a 2006 e 46 a 2007. Em torno de 86% das

propriedades possuem até 20 animais reprodutores.

Na verificação da distribuição de búfalas em produção de leite, em 2006, 25

propriedades informaram o número de animais. Observou-se que a distribuição está

entre àquelas que possuem entre 20 e 100 búfalas em produção de leite e àquelas

que possuem mais de 100 búfalas. As propriedades que possuem menos de 20

búfalas em produção de leite utilizam o mesmo para consumo na propriedade.

Em 2007, 31 propriedades responderam sobre o número de búfalas em

produção de leite e quase 52% destas possuem entre 20 e 100 búfalas.

5.1.8 Produção de Leite e Comercialização

Na Tabela 15 estão apresentados os dados da produção média de leite em kg

por dia referente ao ano de 2006 com 25 propriedades que forneceram esses dados;

Page 101: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

100

e referente ao ano de 2007 com valores fornecidos por 30 propriedades. Nos dois

anos analisados, a maioria das propriedades (40%) produziu entre 4 Kg a 7 kg de

leite por dia, por animal, com média de 4,9 e 5,2 kg/búfala/dia nos anos de 2006 e

2007, respectivamente.

O perfil de criações de búfalos avaliado no presente trabalho é caracterizado,

portanto, por baixa produção diária de leite com até 10 kg/búfala. Houve uma

pequena parcela de propriedades com alta produção, de apenas 4% (2006) e 6,7%

(2007) com valores médios de 15,1 kg de leite/búfala (2006) e 13,3 kg (2007). O

valor médio obtido nos dois anos analisados foi de 5,1 kg leite/búfala.

Quanto à análise do período médio de lactação (Tabela 16), em 2006, 25

propriedades e 30 propriedades em 2007, apresentaram seus resultados. A

distribuição foi praticamente uniforme quando o período de lactação é classificado

entre período curto (menor que 240 dias), médio (entre 240 e 280 dias), longo (entre

280 e 350 dias) com baixo coeficiente de variação. Observou-se ainda, uma

pequena porcentagem de propriedades (3,6%) que apresentaram búfalas com

período muito longo de lactação (acima de 350 dias).

Dessa forma, verificou-se uma ampla variação na produção de leite, com

valores médios de 3,6 a 15,1 kg/animal/dia (Tabela 15) e no período de lactação das

búfalas com médias de 224,4 a 333,0 dias (Tabela 16), refletindo em diferenças de

potencial genético dos animais, nutrição e alimentação, condições de manejo e

exploração leiteira, entre outros fatores que afetam a produção de leite, conforme

citados por Ramos (2002). Entretanto, a variação observada foi menor que as

Tabela 15 - Produção média de leite por animal/ dia – durante a lactação, concentradas pelo número de propriedades

x ≤ 4 4 < x < 7 7 ≤ x ≤ 10 x > 10 Litros/dia

2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007

Número de propriedades 7 8 10 12 7 8 1 2

Freqüência (%) 28,0 26,7 40,0 40,0 28,0 26,7 4,0 6,7

Média ( X ) 3,6 3,7 4,9 5,2 7,8 8,0 15,1 13,3

Coeficiente de variação 0,16 0,17 0,13 0,13 0,16 0,15 0,14

Page 102: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

101

observadas por Malhado et al. (2007) em 3.604 lactações de 1.135 animais da raça

Murrah, cujos valores no período de lactação variaram entre 150 e 390 dias e

produção média de 1863,5 kg de leite/búfala/lactação.

De todas as propriedades pesquisadas, 18 não declararam o destino do leite

produzido. Observou-se que o destino principal do leite foi o fornecimento direto ao

laticínio, tendo em vista que esses estabelecimentos não são especializados em

processamento de leite de búfala (Figura 23).

Devido à baixa valorização do leite de búfala quando comercializado a

laticínios que processam leite de vaca, quase a metade dos proprietários (41%)

produziram queijo a fim de agregar valor ao leite. Outro fator que justifica o esforço

produtivo e mercadológico dos bubalinocultores é a falta de coordenação dos elos

16 propriedades(50%)13 propriedades

(41%)

3 propriedades(9%)

Laticínio Produção de queijo na propriedade Outro

Figura 23 - Destino da produção de leite concentradas pelo número de propriedades.

Tabela 16 – Período médio de lactação, concentradas pelo número de propriedades

x ≤ 240 240 < x < 280 280 ≤ x ≤ 350 x > 350 Período de lactação 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007

Número de propriedades 8 11 9 9 7 9 1 1

Freqüência (%) 32,0 36,7 36,0 30,0 28,0 30,0 4,0 3,3

Média ( X ) 222,4 229,5 267,0 268,9 288,6 291,1 333,0 320,0

Coeficiente de variação 0,09 0,05 0,02 0,01 0,04 0,04

Page 103: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

102

que compõe a cadeia do leite no agronegócio bubalino, ratificando as observações

de Silva e Batalha (2001).

Atualmente a produção de leite de bubalinos vem crescendo em uma relação

diretamente proporcional ao crescimento na exploração dessa atividade econômica.

O queijo mussarela é o principal produto comercial obtido a partir do leite de búfala.

O trabalho associativo, embasado pelo planejamento, apresenta uma grande

oportunidade para que os produtores possam ter acesso aos mercados e o

planejamento estratégico fortalece a gestão, facilitando a identificação das

vantagens competitivas de mercado e as ações de marketing quando trabalhados

com as ferramentas definidas pelo seu mix (RIGATTO, 1999; KOTLER, 2000).

Um dos grandes desafios atuais na bubalinocultura brasileira está na busca

da implementação de uma melhor organização e no estabelecimento de um melhor

equilíbrio nas cadeias comerciais de seus derivados, seja de carne, ainda muito

incipiente, seja no leite, em que a distribuição da rentabilidade concentra-se hoje

principalmente nos setores de distribuição em detrimento da produção primária e de

insumos.

É muito importante destacar que o Brasil se encontra em posição bastante

privilegiada com relação à bubalinocultura no mundo, visto que detém o maior

rebanho da espécie do Ocidente e dispõe de exemplares com boa produtividade

leiteira.

5.1.9 Produção de Carne e Comercialização de Bubalinos

Dentro do aspecto comercialização dos animais, foi solicitado aos produtores

que identificassem quatro formas de comercialização descriminando sua finalidade:

uso para recria, uso para reprodução como matrizes e abate de fêmeas em

frigorífico especializado em abates de bovinos ou para açougues (matadouros de

pequeno porte). O resultado dessa atividade pode ser observado na Tabela 17.

Na comercialização de fêmeas, o elemento do portifólio que apresenta maior

concentração é a comercialização da búfala para a reprodução (48%). Nos dois anos

Page 104: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

103

avaliados, 50% das propriedades promoveram vendas de fêmeas para o abate com

a maioria comercializada em frigoríficos especializados (Tabela 17).

Na maioria das propriedades analisadas, a comercialização dos machos tem

como destino o abate em frigoríficos (46% das propriedades) e em açougues (22%).

A fim de posicionar a carne de bubalinos no mercado e obter a sua valorização e

distinção da carne bovina, se faz necessária a criação de frigoríficos especializados

para abate de bubalinos, conforme estudos desenvolvidos por Oliveira (2005). O

autor destaca ainda a necessidade do uso de novas tecnologias para aumentar os

rendimentos relacionados à qualidade da carne através do trabalho em conjunto de

geneticistas, produtores, frigoríficos, profissionais de marketing e especialistas em

qualidade de carcaça e de carne (Tabela 17).

Pode-se afirmar que o sucesso de um produto é resultado da aceitação do

mesmo pelo consumidor. Existe uma grande preocupação com todas as etapas do

processo de obtenção de carnes, somando cada um dos diferentes aspectos que

abordam a qualidade nutricional, higiênica, microbiológica e ambiental. É importante

a implementação de um sistema de rastreabilidade e certificação. Cada elo da

cadeia produtiva da carne deve buscar uma interação com os demais segmentos

que a compõem, não só para integração dos sistemas de produção, como também

para a incorporação de novas tecnologias.

De acordo com estudos realizados por Oliveira (2005), a carne dos bubalinos

Tabela 17 - Comercialização de fêmeas e machos

Recria Reprodução Frigorífico Açougues

2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007

Comercialização de fêmeas

Número de propriedades 19 19 24 24 16 16 9 9

Freqüência (%) 38,0 38,0 48,0 48,0 32,0 32,0 18,0 18,0

Comercialização de machos

Número de propriedades 15 15 18 18 23 23 11 11

Freqüência (%) 30,0 30,0 36,0 36,0 46,0 46,0 22,0 22,0

Page 105: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

104

é distribuída no varejo sem distinção da carne bovina, porém a carne dos bubalinos

apresenta gordura na cor branca, assim como ocorre com a gordura do leite por não

conter beta-caroteno o precursor da vitamina A, mas sim a própria Vitamina A.

Segundo Menegucci (2006), para que a carne bubalina encontre seu espaço

no mercado nacional, é necessário que a oferta seja feita através de animais jovens,

com carne mais macia e com menor teor de gordura. O emprego adequado de

tecnologias de produção e o uso de confinamentos irão auxiliar nesse processo.

A produção de machos destinados ao abate quando terminados em

confinamento, apresentam bom potencial para a produção de carcaça com bons

rendimentos de cortes comerciais.

Desta forma, além dos vários atributos a serem observados na carne, como o

seu valor nutritivo, sabor, aroma e segurança higiênico-sanitária, com o avanço da

tecnologia nos vários setores da cadeia, os consumidores irão perceber as

mudanças promovidas para posicionar o produto.

5.1.10 Sistema de Produção

Devido o búfalo apresentar um grande potencial de adaptação ao ambiente

no qual está inserido e o seu elevado grau de rusticidade, os resultados

apresentados na Tabela 18, quanto ao sistema de produção convergem para a

utilização de pastagens (62%) e também para o uso de tecnologia através da

pastagem rotacionada (60%). O sistema de confinamento total é pouco utilizado,

tanto para os machos (6%), como para as fêmeas (2%). Já 22% das propriedades

utilizam o sistema de confinamento parcial de fêmeas, demonstrando a necessidade

de suplementação alimentar, principalmente na época de escassez de pastagem.

Esse sistema de produção é diferente daquele utilizado na Itália que, devido à

escassez de pastagens, o confinamento total é utilizado como sistema de produção

para a grande maioria das fêmeas e machos (BORGHESE, 2005).

A suplementação alimentar é feita, na maioria dos casos, a partir da utilização

de recursos comuns como suplementação com volumoso (54% das propriedades) e

de sal mineral (82%) (Tabela 18). A utilização de dietas com baixo custo proporciona

Page 106: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

105

vantagens ao produtor a fim de não aumentar o custo final do produto. Assim, foram

identificados diferentes tipos de suplementos utilizados na bubalinocultura,

destacando-se os resíduos agroindustriais de produção geográfica específicas, entre

eles: caroço de algodão, farelo de soja, melaço, trigo, polpa cítrica, farelo de arroz,

farelo de milho, resíduos de castanha de caju, torta de babaçu, resíduo de

cervejaria, calcário calcítrico e refinasil.

Page 107: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

106

Por sua maior rusticidade, o búfalo tem mostrado respostas satisfatórias

consumindo alimentos não concorrentes com o de outras espécies e resíduos agro-

industriais que, potencialmente, causariam danos ambientais relevantes. Sua

capacidade de transformar gramíneas em derivados de alto valor agregado e dejetos

de alto valor o coloca como importante elo em sistemas naturais de produção, bem

como uma opção interessante para a ocupação das áreas rejeitadas pela agricultura

de exportação que vêm ocupando cada vez mais os terrenos mais férteis. Sua

exploração em pequenas propriedades onde geram ganhos substanciais aos

Tabela 18 - Sistemas de produção e suplementação alimentar

Propriedades que utilizam Freqüência (%)

Sistemas de produção

Somente pastagem 31 62,0

Pastagem rotacionada 30 60,0

Confinamento total de fêmeas 1 2,0

Confinamento parcial de fêmeas 11 22,0

Confinamento de machos para abate 3 6,0

Suplementação alimentar

Suplementação com volumoso 27 54,0

Silagem 17 34,0

Feno 5 10,0

Capineira 21 42,0

Cana-de-açúcar 23 46,0

Sal comum 18 36,0

Sal mineral 41 82,0

Uréia 21 42,0

Concentrado comercial 16 32,0

Page 108: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

107

42 propriedades(84%)

8 propriedades(16%)

x ? 5 x > 5

Figura 24 - Tempo dedicado à criação de bubalinos.

pequenos produtores tem-se mostrado relevante instrumento de progresso social,

conforme enfatizado por Bernardes (2007). Fomentar sua exploração é, portanto,

não só mais uma boa alternativa, mas uma escolha necessária em ambientes

tropicais.

A utilização do Sisbov na bovinocultura tem representado uma importante

ferramenta de gestão. A partir desse pressuposto o mesmo sistema poderá ser

utilizado na bubalinocultura, aprimorando o controle de gestão dessa cadeia

tornando assim, mais fácil o posicionamento do produto da bubalinocultura no

mercado interno.

No segmento de corte, a exemplo dos zebuínos, a bubalinocultura brasileira já

dispõe de animais com desempenhos melhores que os existentes nos países de

origem, onde a atividade é relativamente pouco explorada comercialmente.

5.1.11 Caracterização da Atividade A grande maioria (84%) das propriedades analisadas nos anos de 2006 e

2007 possuem mais de cinco anos de experiência em bubalinocultura (Figura 24).

Em análise de mercado feita previamente com amostragem realizada em 2005, a

proporção era de aproximadamente 70% de propriedades com mais de cinco anos

de experiência, o que demonstra certa estabilidade nessa atividade de agronegócio.

A bubalinocultura representa a atividade primária exclusiva para 44% das

propriedades avaliadas. Outras atividades econômicas são desenvolvidas

juntamente com a bubalinocultura em 56% das propriedades e as principais delas

Page 109: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

108

22 propriedades(44%)

28 propriedades(56%)

Apenas bubalinocultura Bubalinocultura e outra(s)

Figura 25 - Opções de negócios da propriedade.

4 propriedades(10%)

14 propriedades(35%)

15 propriedades(37%)

2 propriedades(5%)5 propriedades

(13%)

alimentação manutenção mão-de-obra remédios salários

Figura 26 – Maiores despesas na bubalinocultura.

compreendem o cultivo de arroz, eucalipto, milho, palmeiras, seringal e plantas

ornamentais (Figura 25).

Das propriedades analisadas, 40 apresentaram elementos que representaram

as maiores despesas operacionais com a bubalinocultura (Figura 26). A maioria das

propriedades (37%) considerou os gastos com alimentação as maiores despesas

dessa atividade, seguido com gastos com mão-de-obra (35%).

Page 110: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

109

8 propriedades(19%)

3 propriedades(7%)

6 propriedades(14%)

2 propriedades(5%)

24 propriedades(55%)

deriados do leite leiteleite e machos para abate reproduçãovenda para frigoríficos

Figura 27 – Maiores receitas na bubalinocultura.

A maioria das 43 propriedades (55%) indicaram que o leite como venda in

natura é o produto que proporcionou as maiores receitas na bubalinocultura. A

venda de animais para frigoríficos (Figura 27) é outro produto relevante que

proporcionou ganhos às propriedades.

As maiores vantagens da criação de búfalos apresentadas pelos 40

produtores analisados está na rusticidade, longevidade e docilidade dos animais

(50%). Outra vantagem apresentada por 20% das propriedades analisadas é o baixo

custo de produção de animais bubalinos (Figura 28).

6 propriedades(15%)

4 propriedades(10%)

2 propriedades(5%)

8 propriedades(20%)

20 propriedades(50%)

baixo custo de produçãoexclusividade dos produtos da bubalinoculturanicho de mercadorendimento e valorização do leiterusticidade, longevidade e docilidade

Figura 28 – Maiores vantagens da bubalinocultura.

Page 111: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

110

Dos vários aspectos negativos apresentados sobre a bubalinocultura (Figura

29), a maioria aponta para os baixos preços da carne e do couro praticados no

mercado (32,5%). Outros fatores identificados que merecem destaques são: a falta

de estrutura de toda cadeia do agronegócio bubalino (15%); mercado desorganizado

(15%); demora na formação do rebanho (7,5%) e preconceito (7,5%). Neste caso, há

uma grande falta de conhecimento do búfalo como produtor de carne e leite gerando

certo preconceito dos consumidores em relação a compra de seus produtos no

mercado.

A organização de uma cadeia produtiva envolvendo todo o agronegócio

bubalino deve ser realizada em cada setor, com profissionalismo mercadológico e

planejamento estratégico dos agentes no ambiente onde trabalha (produção de

carne e de leite, manufatura dos produtos em laticínios e frigoríficos, rede de

distribuição, centros de comercialização etc). Conforme citado por Ribeiro e Saffioti

(1999) a modernização do agronegócio brasileiro se faz com a incorporação de

novas tecnologias, passa pela consolidação de profissionais com formação superior

em Ciências Agrárias fortemente comprometidos, com a visão no aumento da

produção e produtividade como garantia de desenvolvimento e progresso sócio-

econômico.

Segundo Carrer e Cardoso (1999), a utilização de tecnologias modernas

aliadas às técnicas de produção, implantação de forrageiras artificiais, confinamento,

mineralização, cruzamento industrial, uso da informatização, programas de

melhoramento e da avaliação de reprodutores; promovem avanços na atividade da

pecuária de corte no Brasil, capaz de gerar “vantagens de escala” para o trabalho

empresarial eficiente na atuação da cadeia do agronegócio de carnes.

Page 112: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

111

6 propriedades(15%)

6 propriedades(15%)

14 propriedades(34%)2 propriedades

(5%)3 propriedades

(8%)

4 propriedades(10%)

2 propriedades(5%)

3 propriedades(8%)

administração de toda cadeia baixa liquidezbaixos preços de abate e couro comercializaçãodemora na formação do rebanho mercado desorganizadonão há desvantagens preconceito

Figura 29 – Maiores desvantagens da bubalinocultura.

A previsão de vendas deve ser desenvolvida considerando como fontes de

informações, o canal de distribuição e se possível, o cliente, parametrizada mês a

mês, por região, para todo o país e exportações.

Segundo Ambrósio (1999), podemos considerar como métodos de previsão

de vendas para produtos existentes, os métodos qualitativos através de informações

junto à equipe de vendas e a pesquisa de intenção de compras junto aos

consumidores. Os métodos estatísticos de tendência refletem a análise da tendência

a partir da consideração de vendas passadas.

A previsão de vendas para novos produtos poderá levar em conta o potencial

de vendas no mercado, os resultados de testes de mercado padrão em simulação de

lançamento de um novo produto e comparação de vendas de produtos similares.

O composto de marketing promoção utiliza várias ferramentas de

comunicação a fim de expor um produto para o seu mercado-alvo. Os instrumentos

da promoção podem ser representados pela propaganda, promoção de vendas,

relações públicas, venda pessoal e marketing direto.

A definição do preço representa o último composto de marketing utilizado no

marketing tático. O preço é um elemento muito sensível do composto de marketing,

pois afeta diretamente a receita e o lucro da empresa. O preço posiciona o produto

no mercado e serve de referência para comparação com produtos concorrentes.

Page 113: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

112

Para Silva e Batalha (2001) o composto preço no agronegócio sofre

influências da demanda de mercado, pelos custos da produção da empresa e por

questões relacionadas à safra e alterações do clima.

Assim, atualmente, a produção de leite bubalino encontra boa demanda no

mercado brasileiro, com valor agregado para a produção de subprodutos,

especialmente o queijo mussarela, devido ao baixo custo de produção e a alta

qualidade do leite que é capaz de proporcionar um queijo de boa aceitação no

mercado. Porém, a produção de carne bubalina encontra barreiras no

posicionamento dos vários tipos de cortes cárneos comerciais no mercado

consumidor.

Page 114: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

113

6 CONCLUSÕES

A espécie bubalina demonstrou ter grande potencial como opção pecuária

rentável, principalmente devido à facilidade de criação de um animal rústico e dócil

em um sistema de produção em pastagens a baixo custo. O búfalo fornece leite e

carne de ótima qualidade nutricional e organolépticas. Devido à grande

adaptabilidade dos animais, a bubalinocultura apresenta-se como opção econômica

aos mais diversos ambientes.

Nos criatórios analisados existem animais da raça Murrah, Jafarabadi,

Mediterrâneo e Mestiços, porém, o perfil principal é a criação da raça Murrah.

O sistema de criação é caracterizado pelo baixo custo em pastagem contínua

e com pastejo rotacionado com pouco uso de suplementação alimentar. A finalidade

econômica principal é a produção de leite para a fabricação do queijo mussarela.

Existem várias barreiras à comercialização da carne com baixo preço no

mercado devido à discriminação do búfalo pelos consumidores.

É importante que seja desenvolvida estrutura a fim de assegurar ao

bubalinocultor maior competitividade no setor agropecuário brasileiro. Para isso,

algumas ferramentas técnicas de produção aliadas a algumas ferramentas de gestão

se fazem necessárias:

a) controle zootécnico e dos custos de produção;

b) uso de técnicas de planejamento e de tecnologias na produção de

bubalinos a fim de promover melhorias na oferta dos animais quanto à produtividade

(diminuir os impactos causados pela sazonalidade) e quanto aos aspectos

diferenciais da carne percebidos pelos consumidores.

c) criação de alianças estratégicas entre os elementos da cadeia a fim de

fortalecer o setor, através da estruturação e fortalecimento de cada elo que a

compõe, visando gerar produção de escala.

d) utilização de consultorias de gestão organizacional e de produção;

e) desenvolvimento de programa de bonificação dos produtos a partir da

Page 115: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

114

melhoria da qualidade dos produtos oferecidos;

f) elaboração de campanhas mercadológicas ligadas aos produtos da

bubalinocultura, a fim de torná-los mais conhecidos no mercado interno aumentando

o consumo interno no país;

g) maior coesão entre os produtores que possam permitir discussões e

fortalecimento de sua atividade na cadeia como um todo.

São necessárias implantações de grandes mudanças da imagem da carne

bubalina pelos diferentes setores da cadeia produtiva junto à população. As

mudanças necessárias incluem campanhas publicitárias, que associam a imagem da

carne bubalina com a de uma carne natural, saudável e pouco calórica, dentro da

concepção de carne saudável com baixos teores de gordura, quando comparadas

às demais carnes. Também os derivados de carne de búfalo como hambúrgueres,

almôndegas, salsichas e lingüiças, devem ser trabalhados, pois representam uma

parte importante da carne industrial.

Com certeza, a produção de carne de búfalo é uma alternativa produtiva e

rentável para o fornecimento de carne à população. Contudo, isso só irá acontecer,

em escala mais significativa, se houver uma mobilização dos produtores de todo o

país, num esforço de marketing completo, que atinja desde o incentivo

governamental e não-governamental ao desenvolvimento da bubalinocultura

envolvendo seus aspectos técnico-profissionais e econômicos inseridos no moderno

sistema do agronegócio brasileiro e mundial, além de uma campanha voltada ao

incentivo do consumo desse tipo de carne, até os responsáveis pela cadeia de

distribuição. Todo esforço a favor do aumento do consumo da carne de búfalo será

em vão se o público não encontrá-la nos supermercados e frigoríficos.

Recomendações para trabalhos futuros

Considerando que o estudo da bubalinocultura no Brasil demanda maior

atenção por parte de pesquisadores a fim de fortalecer sua identidade e organizar

sua cadeia produtiva, alguns pontos são levantados para possíveis estudos futuros:

Page 116: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

115

a) prosseguir os estudos a partir da contribuição desta pesquisa com a

finalidade de descobrir novos avanços para o setor quanto à rentabilidade;

b) desenvolvimento de estudos a fim de conscientizar não somente a cadeia

do agronegócio bubalino, mas também, medidas políticas, econômicas e sociais

envolvidas com a eliminação da fome no Brasil.

c) estudar a cadeia total da produção de carne de búfalo, desde a sua

produção até o consumidor, visando identificar os pontos de estrangulamentos que

refletem no baixo fluxo de carne de búfalo no mercado.

d) identificar as características de desenvolvimento da bubalinocultura nos

diversos Estados brasileiros com ferramentas que possam produzir dados que

atendam a situação real existente.

Page 117: Características de criações de búfalos no Brasil e a contribuição do

116

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Carta enviada ao bubalinocultor para a coleta de dados no campo

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Pirassununga, São Paulo, junho de 2008.

Prezado pecuarista, bom dia!

Estamos desenvolvendo um trabalho de pesquisa com levantamento de

dados gerais sobre a bubalinocultura brasileira.

Para tanto, desenvolvemos um formulário, de fácil preenchimento e que

serão avaliados de modo geral e não individual. O banco de dados obtido será

mantido de forma restrita visando à análise científica.

Pedimos gentilmente que seja preenchido o formulário em anexo e nos

seja enviado através do envelope em anexo já selado, para que nossa base de

dados se torne mais confiável.

Este projeto foi desenvolvido com ajuda de colegas da área, em especial

do Dr. Otávio Bernardes (ABCB). A simples localização da propriedade e o

número de animais já são dados importantes para nós. Já recebemos

formulários preenchidos de criações de búfalos localizadas em MS, BA, PA,

DF, MG, CE e SP (principalmente Vale do Ribeira).

Desta forma, contamos com a sua valiosa participação nessa pesquisa

para que possamos realizar esse trabalho, que esperamos ser de grande

relevância para o crescimento dessa importante atividade produtiva animal, de

forma técnica e eficiente, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico

do Brasil.

NÃO DEIXE DE COLABORAR! A BUBALINOCULTURA PRECISA SER MAIS CONHECIDA EM NOSSO PAÍS!

Atenciosamente,

Prof. Osmar Gonçalves Academia da Força Aérea – doutorando da FZEA/USP

Prof. Raul Franzolin Neto - FZEA/USP (Orientador)

Pesquisa em Bubalinocultura Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos

Universidade de São Paulo

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APÊNDICE B – Questionário enviado ao bubalinocultor para a coleta de dados

no campo

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Pesquisa em Bubalinocultura: "Perfil e caracterização de criações de búfalos no Brasil e o

impacto do marketing no agronegócio bubalino" Osmar Gonçalves (Doutorando FZEA/USP), Prof. Dr. Raul Franzolin Neto (Orientador).

Pesquisa realizada com apoio da ABCB Preencha o formulário abaixo com dados disponíveis confiáveis. A pesquisa é de caráter geral e não de propriedade particular individual. Preencha um formulário para cada propriedade - A validação da pesquisa será feita por amostragem.

Informações Gerais Nome Completo:______________________________________________________________________

Função:________________________Nome da Propriedade:___________________________________

Endereço da Propriedade:_______________________________________________________________

Município:_______________________________ CEP:_________________ Estado:________________

Telefone da Propriedade:______________________Telefone de Contato:________________________

Homepage:_________________________________ e-mail:___________________________________

Informações da Propriedade (OBS: 1 alqueire = 2,42ha) Área Total (ha):___________ Área de Pastagem (ha):___________ Área de Agricultura (ha):_________

Área de Rios e Matas (ha):_________ Atividade Rural Principal:_________________________________

Atividades rurais: (criações animais, agricultura, industrial, etc.):_________________________________

Dados do Rebanho Bubalino Raça Predominante: Outras Raças:

1ª Produção 2ª Produção Comercial: Comercial:

Destino da Produção de Leite

Composição do Rebanho (Número de Animais)

2006 2007

Búfalas Paridas (Matrizes)

Bezerros (até a desmama)

Novilhas (até 24 meses)

Garrotes (até 24 meses)

Reprodutores

Total

Produção de Leite 2006 2007

Búfalas em produção de leite (número)

Produção média/animal/dia (kg)

Período médio de lactação/animal (dias)

Murrah Carabao Jafarabadi Mediterrâneo Sem raça definida

Leite Bezerros desmamados Matrizes Reprodutores/Sêmem Machos para abate Outra

Leite Bezerros desmamados Matrizes Reprodutores/Sêmem Machos para abate Outra Nenhuma

Venda in natura para laticínio especializado em processamento de leite de búfala. Venda in natura para laticínio em geral. Leite processado para a produção de queijo na própria propriedade. Venda in natura para intermediário. Outro: Preencha o campo seguinte (no verso).

Murrah Carabao Jafarabadi Mediterrâneo Sem raça definida

Universidade de São Paulo

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Outro:_______________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________

Principais tipos de pastagens:___________________________

____________________________________________________

Suplementação Alimentar

Alimentos concentrados utilizados:

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

Agronegócio Bubalino 1. Há quanto tempo é criador de búfalos?

2. Quais as opções de negócio/atividades em sua propriedade?

3. Onde ocorre o maior percentual de despesas da atividade em bubalinocultura?

________________________________________________________________________________

4. Onde ocorre o maior percentual de receita da atividade em bubalinocultura?

________________________________________________________________________________

5. Quais são as vantagens para a atividade em bubalinocultura?

________________________________________________________________________________

6. Quais são as desvantagens para a atividade em bubalinocultura?

________________________________________________________________________________

Comentários

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________ Para quaisquer esclarecimentos adicionais, você poderá entrar em contato com o Prof. Dr. Raul Franzolin Neto através do telefone: 55 19 3565.4196 ou por e-mail: [email protected] ou [email protected].

Sistema de Produção Pastejo contínuo Sim Não

Pastejo rotacionado Sim Não

Suplementação volumoso Sim Não

Confinamento total de fêmeas Sim Não

Confinamento parcial de fêmeas Sim Não

Confinamento machos para abate Sim Não

Assinale as três principais 2006 2007 Fêmeas para recria Fêmeas para reprodução Fêmeas para frigorífico Fêmeas para açougues Machos para recria Machos para reprodução Machos para frigorífico Machos para açougues

Silagem Sim Não Feno Sim Não Capineira Sim Não Cana-de-açúcar Sim Não Sal comum Sim Não Sal Mineral Sim Não Uréia Sim Não Concentrado comercial Sim Não

Comercialização de Bubalinos

Menos de cinco anos Mais de cinco anos

Apenas atividade em Bubalinocultura Atividade em Bubalinocultura e outras