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CAPÍTULO 7

NOVAS TECNOLOGIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: POLÍTICAS E PRÁTICAS

MARIA LUISA FURLAN COSTA


• Desenvolvimento da Educação a Distância no Brasil é marcado pelo surgimento e disseminação dos meios de comunicação.

• EAD – Modalidade de ensino presente no cenário educacional brasileiro desde o início do século XX.

• Marco histórico – criação da Rádio Sociedadedo Rio de Janeiro por Edgar Roquette-Pinto.

EDGAR ROQUETTE-PINTOO rádio é a escola dos que não tem escola. É o jornal de quem não sabe ler; é o mestre de quem não pode ir a escola; é o divertimento gratuito do pobre; é o animador de novas esperanças; o consolador dos enfermos e o guia dos sãos –desde que o realizem com espírito altruísta e elevado.


Projetos desenvolvidos nas décadas de 1970 e 1980 criaram condições para que a EAD fosse contemplada na Lei de Diretrizes da EducaçãoNacional (LDB) – Lei 9394/96.De acordo com o artigo 80 da LDB, o PoderPúblico deve incentivar o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distânciaem todos os níveis e modalidades de ensino, bem como na educação continuada.


A partir das prerrogativas da Lei no 9394/96, a EAD deixa de ter um caráter emergencial e supletivo, adquirindo reconhecimento legal em uma série de documentos que procuram definir critérios e normas para a criação de cursos e programas de EAD pelas instituições de ensino.


Dentre esses documentos, podemos destacar o Decreto 2494/98, o qual, em seu Art. 1º, define a EAD como uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados e veiculados pelos diversos meios de comunicação. (O Decreto249498 foi revogado pelo Decreto 5622/05)


Paralelamente ao processo de normatização da EAD, foi criada, em 27 de maio de 1996, por meio do Decreto no 1.917, a Secretaria Especial de Educação a Distância (SEED), como um órgão integrante da estrutura regimental do Ministério da Educação, que, na época, representava a clara intenção do Governo Federal de investir na educação a distância e nas novas tecnologias como uma das estratégias para democratizar e elevar o padrão de qualidade da educação brasileira.


Entre os objetivos propostos, ressalta-se o de formular, planejar e avaliar políticas e programas de EAD visando à universalização e democratização do acesso à informação, ao conhecimento e à educação.Para atingir os objetivos propostos, a SEED desenvolve cinco programas que, em seu conjunto, procuram contribuir para a melhoria da qualidade da educação brasileira, especialmente relacionados à formação de professores para a educação básica.


• Proformação: o Programa de Formação de Professores em Exercício (Proformação) é um curso a distância, em nível médio, com habilitação para o magistério na modalidade Normal, realizado pelo MEC em parceria com os estados e municípios.

• Proinfo: é um programa educacional criado em 9 de abril de 1997 pelo Ministério da Educação para promover o uso da Telemática como ferramenta de enriquecimento pedagógico no ensino público fundamental e médio.


• TV Escola: é um Programa da Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação, dirigido à capacitação, atualização e aperfeiçoamento de professores do Ensino Fundamental e Médio da rede pública.

• PAPED: é um programa de Apoio à Pesquisa em EAD, desenvolvido em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).


• Rádio-Escola: O Rádio-Escola desenvolve ações, nas escolas públicas ou comunidades, que visam à utilização e à mobilização dessa mídia na difusão e no desenvolvimento de práticas pedagógicas, além de fornecer insumos para o exercício docente.


Os programas desenvolvidos pela SEED demonstram uma preocupação maior com a formação continuada dos professores do Ensino Fundamental e Médio. Somente a partir de 2003, mais precisamente a partir do início da gestão do professor Cristóvão Buarque no Ministério da Educação, é que se tem um discurso mais voltado para a educação a distância no ensino superior, embora já se tenha, desde 1996, uma série de documentação que trata da possibilidade de se utilizar a educação a distância nos cursos de graduação e pós-graduação.


Vale ressaltar que, de acordo com a Lei 9394/96 do Decreto 2494/98 (5622/05) e da Portaria 301/98, os cursos a distância que conferem certificado ou diploma de conclusão do Ensino Fundamental para Jovens e Adultos, do Ensino Médio, da Educação Profissional e de graduação serão oferecidos por instituições públicas ou privadas especificamente credenciadas para esse fim. No caso específico dos cursos de graduação, o credenciamento da instituição e a autorização do curso é competência do Ministério da Educação. Isto é feito por meio de parecer do Conselho Nacional da Educação, homologado pelo Ministro da Educação mediante portaria publicada no Diário Oficial da União.


A lista de todas as instituições credenciadas para oferta de EAD, disponível na página virtual da Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação, mostra que uma parcela significativa dos cursos ofertados por instituições públicas e privadas estávoltada para a formação de professores, como uma resposta imediata à necessidade de se resolver um dos maiores problemas da educação brasileira, que é a atuação dos professores leigos, ou seja, professores que atuam no Ensino Fundamental, especialmente nas quatro primeiras séries, sem a habilitação mínima exigida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.


Com o intuito de garantir a qualidade dos cursos de educação a distância ofertados pelas Instituições de Ensino Superior, o Ministério da Educação tem disponibilizado em sua página virtual um documento intitulado Indicadores de Qualidade para Cursos de Graduação a Distância que, embora não tenha força de lei, deve servir para orientar as Instituições que forem elaborar seus projetos pedagógicos de cursos de graduação a distância e as Comissões de Especialistas que forem analisar os mesmos.


De acordo com os Indicadores de Qualidade, o projeto de educação a distância deve ser coerente com o projeto pedagógico da instituição e não pode ser uma mera transposição do presencial, pois possui características, linguagem e formato próprios, exigindo administração, desenho, lógica, acompanhamento, avaliação, recursos técnicos, tecnológicos e pedagógicos condizentes com esse formato. Fica claro, portanto, que na perspectiva do MEC a educação a distância deve ter identidade própria, não estando limitada a uma concepção supletiva do ensino presencial.


A possibilidade da oferta de cursos de educação a distância mediados pelas novas tecnologias abre perspectiva para o processo de democratização do ensino no Brasil, vencendo desafios e obstáculos considerados até então intransponíveis. É evidente que os meios tecnológicos, por si só, não podem resolver todas as mazelas educacionais, mas éimpossível negar sua importância como um recurso metodológico de extrema necessidade para a sociedade atual.


O PNE (Lei 10.172/2001) e a própria LDB indicam a EAD como uma modalidade capaz de promover a universalização e a democratização do ensino no Brasil, especialmente no que se refere à capacitação dos professores em serviço.A Educação a Distância pode constituir-se, de fato, em uma proposta concreta para a democratização do ensino no Brasil, desde que se tenha em vista as diretrizes traçadas para os cursos de formação dos professores da educação básica, que pressupõe a garantia de padrões de qualidade que devem ser observados tanto para os cursos de EAD quanto para os cursos presenciais.


O próprio Ministério da Educação vem procurando vincular o uso das novas tecnologias e as práticas pedagógicas não presenciais aos cursos de graduação que são definidos pela legislação educacional como "cursos presenciais", o que pode ser confirmado pela Portaria nº 4059, de 10 de dezembro de 2004.


A portaria 4059/04 permite às instituições de ensino superior introduzir, na organização pedagógica de seus cursos superiores reconhecidos, a oferta de disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade semipresencial, com atividades didáticas, módulos ou unidades de ensino-aprendizagem centrados na auto-aprendizagem e com a mediação de recursos didáticos organizados em diferentes suportes de informação que utilizem tecnologias de comunicação. O número de disciplinas ofertadas na modalidade semipresencial não poderá ultrapassar 20% da carga horária do curso.


O crescimento da EAD no país abre perspectivas para a democratização e, atémesmo, universalização do ensino superior, tendo em vista que altera práticas pedagógicas consideradas tradicionais e, conseqüentemente, provoca uma mudança significativa na legislação educacional vigente, com a definição de políticas públicas para a utilização das novas tecnologias de informação e comunicação nos cursos presenciais e a distância.

PROPOSTA DE ATIVIDADES

1) Na página virtual do MEC (www.mec.gov.br), você pode obter mais informações sobre os cinco programas de EAD desenvolvidos pela Secretaria de Educação a Distância apresentados brevemente neste capítulo. Escolha um deles e faça uma descrição mais detalhada com base nas informações disponibilizadas na página virtual do programa.

2) A relação dos cursos de graduação a distância autorizados pelo Ministério da Educação estádisponível em sua página virtual. Faça uma tabela indicando os cursos de formação para professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental autorizados, bem como o nome das instituições que ofertam tais cursos.

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