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Capítulo 5 Foto: José Sabino

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Capítulo 5

Foto: José Sabino

CAPÍTULO 5

231

INICIATIVAS PARA INDICAÇÃO DE ÁREAS GEOGRÁFICASPRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO E USO SUSTENTÁVEL DA

BIODIVERSIDADE NAS FRONTEIRAS DOS PAÍSES SUL-AMERICANOS

1. Antecedentes

A iniciativa brasileira

O Ministério do Meio Ambiente do Brasil(MMA) apoiou a realização de um processo deampla consulta a especialistas nos diversos gru-pos taxonômicos que compõem a biodiversidadebrasileira, no período de 1998 a 2001, processo queficou conhecido como “Seminários de Avaliação dosBiomas Brasileiros”. Foram enfocados cinco con-juntos de biomas brasileiros: Amazônia; Pantanale Cerrado; Caatinga; Mata Atlântica e CamposSulinos; e Zona Costeira e Marinha. Essas avalia-ções contaram com a participação de cerca de milespecialistas representantes dos setores acadê-mico e empresarial, ONGs e governos estaduais efederal, e resultou na indicação de novecentas áre-as geográficas e inúmeras ações prioritárias paraa conservação, o uso sustentável e a repartiçãodos benefícios da biodiversidade brasileira.

As áreas identificadas nesse processo ser-viram de base para o Decreto no 5.092, de 21 demaio de 2004, e para a Portaria no 126, de 27 demaio de 2004, do MMA, a qual define como áreasgeográficas prioritárias as novecentas áreasindicadas no processo de consulta que se encon-tram no mapa do Projeto de Conservação e Utiliza-ção Sustentável da Diversidade Biológica Brasilei-ra (PROBIO/MMA). Esse mapa foi publicado emnovembro de 2003, reeditado em maio de 2004e está disponível no site do MMA do Brasil( h t t p : / / w w w. m m a . g o v. b r ? i d _ e s t r u t u r a=14&id_conteudo=743).

De acordo com a portaria, as áreasidentificadas devem orientar as políticas federaisvoltadas para conservação in situ; utilização sus-tentável; repartição de benefícios do acesso a re-cursos genéticos e conhecimentos tradicionaisassociados; pesquisas; recuperação de áreas de-

gradadas ou espécies ameaçadas e valorizaçãoeconômica da biodiversidade.

Foram mapeadas 385 áreas na Amazônia,87 áreas nos biomas Cerrado e Pantanal, 82 áreasna Caatinga, 182 na Mata Atlântica e CamposSulinos e 164 áreas na Zona Costeira e Marinha. Omapa define três categorias de importância para aconservação das áreas: extremamente alta, muitoalta e alta. Também existem aquelas definidas como“insuficientemente conhecidas”, que exigem umesforço de estudos no sentido de ampliar o conhe-cimento da biodiversidade. Essa classificação, as-sim como a revisão do próprio mapa são tarefasatribuídas à Comissão Nacional de Biodiversidade(CONABIO). O mapa oficial das áreas prioritáriasrepresenta uma ferramenta essencial para gover-no e sociedade trabalharem de forma mais eficien-te na busca da sustentabilidade.

Algumas das áreas identificadas (68) sãocontíguas ou contínuas às fronteiras de países daAmérica do Sul (tabelas 5.1 a 5.4) e podem ser alvode ações em cooperação na gestão dabiodiversidade. Da mesma maneira, os outros paí-ses da América do Sul podem também ter estabe-lecido áreas prioritárias para conservação e usosustentável da biodiversidade. Em geral, as Estra-tégias Nacionais de Biodiversidade, as quais po-dem ser acessadas no CD-Rom anexo a esta pu-blicação, mencionam iniciativas para a elaboração,o estabelecimento e o fortalecimento de um siste-ma de áreas protegidas em seus territórios. Assim,o Brasil sugeriu considerar tais iniciativas como fer-ramentas potenciais para a orientação de açõesde cooperação bilaterais e regionais. Para tal, fo-ram solicitadas aos países informações sobre ini-ciativas nacionais para identificar áreas geográfi-cas prioritárias para a conservação e o uso sus-tentável da biodiversidade, particularmente nas áre-as próximas às fronteiras com outros países, aexemplo do que havia sido feito para o Brasil.1

1 São apresentadas aqui as informações disponibilizadas pelo Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e Paraguai. Os demais paísesnão forneceram informações ou não têm estabelecidas as áreas prioritárias para a conservação e o uso sustentável dabiodiversidade.

CAPÍTULO 5

232

Figura 5.1. Áreas geográficas brasileiras prioritárias para a conservação, o uso sustentável e a repartição de benefícios dabiodiversidade.

CAPÍTULO 5

233

País deFronteira Bioma Prioridade

GeralNome da ÁreaCódigoda Área

Tamanho(Ha)

Recomendação

Tabela 5.1. Lista de Áreas Prioritárias para Conservação de Biodiversidade localizadas nas regiões da Amazônia próxi-mas às fronteiras do Brasil com os países da América do Sul (ver mapa completo em http://www.mma.gov.br/?id_estrutura=14&id_conteudo=743), com o nível de prioridade para conservação e as recomendações sugeridas pelosparticipantes durante seu processo de identificação.

Bolívia

Bolívia

Bolívia

Bolívia

Bolívia

Bolívia

Bolívia

AM-18

AM-19

AM-24

AM-25

AM-28

AM-39

AM-40

32.443,30

610.875,97

109.680,15

114.598,42

26.456,08

88.070,97

214.051,94

Bolívia

Bolívia

Bolívia

Bolívia

Bolívia

Bolívia

Bolívia

Bolívia

AM-53

AM-56

AM-57

AM-58

AM-59

AM-237

AM-238

AM-203

AM-171

1.432.312,30

429.931,85

126.726,97

538.854,32

271.076,73

64.685,04

48.453,34

981.692,66

879.797,43

Uso sustentável dos recursos naturais;elaboração de plano de uso sustentáveldos recursos naturais e inventáriosbiológicos.

Proteção; fiscalização e proteção dasnascentes dos rios; e elaboração deinventários biológicos.

Uso sustentável dos recursos naturais;desenvolvimento de programa desustentabilidade econômica esocioambiental da área; e elaboração deinventários biológicos.

Criação de unidade de conservação; eelaboração de inventários biológicos.

Incorporação em unidade de conservaçãoexistente; incorporação da área naReserva Biológica Guaporé; e fiscalizaçãocontra caça ilegal.

Uso sustentável dos recursos naturais;elaboração de programa desustentabilidade econômica esocioambiental da área; e elaboração deinventários biológicos.

Proteção; fiscalização no limite norte daReserva Biológica; e atualização do Planode Manejo.

Realização de estudos para a definiçãode ações prioritárias.

Uso sustentável dos recursos naturais;implantação de plano de utilização dosrecursos naturais; e fortalecimento daassociação de moradores.

Proteção e recuperação ambiental;fiscalização e recuperação de algumasáreas degradadas; e elaboração deinventários biológicos.

Criação de unidade de conservação;transformação da área em ParqueNacional e Reserva Extrativista; e elabora-ção de inventários biológicos.

Uso sustentável dos recursos naturais; eimplementação de ações para a consoli-dação do Corredor Ecológico Oeste daAmazônia.

Criação de unidade de conservação; ecriação de unidade de conservação deuso sustentável.

Criação de unidade de conservação; ecriação de unidade de conservação deuso sustentável.

Realização de estudos para definição deações prioritárias.

Proteção, fiscalização e complementaçãodos inventários biológicos.

1 - Extrema-mente alta

1 - Extrema-mente alta

1 - Extrema-mente alta

FlorestaExtrativistaLaranjeiras

Rio Acre/Xapuri

Xapuri

TerritórioIndígena Pacaás

Novas

Serra do Cotia

TerritórioIndígena Rio

Guaporé

ReservaExtrativista Rio

Cautário

Calha do RioMadeira

Reserva Biológi-ca do Guaporé

(parcial)

Terra IndígenaIgarapé Lage

Médio Rio Acre

1 - Extrema-mente alta

1 - Extrema-mente alta

1 - Extrema-mente alta

1 - Extrema-mente alta

Nova áreaidentificadapelo grupo

regional

Nova áreaidentificadapelo grupo

regional

Nova áreaidentificadapelo grupo

regional

Nova áreaidentificadapelo grupo

regional

2 - Muito alta

2 - Muito alta

2 - Muito alta

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

1 - Extrema-mente alta

Parque NacionalSerra do Divisor

Amazônia

Amazônia

Peru

Fazenda Paud’Óleo

Rio Colorado

ReservaExtrativista

Pedras Negras

Parque Estadualde Corumbiara

Amazônia

Amazônia

1 - Extrema-mente alta

CAPÍTULO 5

234

País deFronteira Bioma Prioridade

GeralNome da ÁreaCódigoda Área

Tamanho(Ha)

Recomendação

Uso sustentável dos recursos naturais.

Uso sustentável dos recursos naturais; eelaboração de inventários biológicos.

Incorporação da área ao Parque Nacionalda Serra do Divisor, por meio de suaextensão em direção ao norte, a fim deatuar como corredor ecológico.

Realização de estudos para a definiçãode ações prioritárias.

Realização de estudos para a definiçãode ações prioritárias.

Proteção; e regularização da TerraIndígena Lameirão.

Realização de estudos para definição deações prioritárias.

Realização de estudos para definição deações prioritárias.

Realização de estudos para definição deações prioritárias.

Realização de estudos para definição deações prioritárias; e elaboração deinventários biológicos.

Proteção.

Proteção.

Uso sustentável dos recursos naturais; eelaboração de inventários biológicos.

Proteção; e fiscalização e elaboração deinventários biológicos.

Uso sustentável dos recursos naturais;elaboração de inventários florístico efaunístico e estudos sobre manejo depesca.

Uso sustentável dos recursos naturais;implantação de plano de proteção efiscalização das Terras Indígenas;elaboração de inventários biológicos;desenvolvimento de pesquisas aplicadas(ecologia, piscultura e plantas úteis) eetnoconhecimento; e anulação dasFlorestas Nacionais com superposição.

595.955,96AM-172

AM-173

Peru

Peru

Peru

Peru

Peru

Peru

Peru

Peru

Peru

AM-174

AM-176

AM-177

AM-184

AM-184

AM-186

AM-189

AM-190

AM-191

AM-199

AM-200

AM-201

AM-230

545.409,87

37.017,34

80.250,46

8.767.964,06

8.767.964,06

Colômbia

AM-287

10.767.741,88

75.294,68

433.108,85

689.509,34

329.193,38

203.182,49

970.934,97

301.799,40

79.267,40

Uso sustentável dos recursos naturais;regulamentação dos usos permissíveispara a área do entorno do ParqueNacional Serra do Divisor; e elaboraçãode inventários biológicos e estudos dealternativas de uso dos recursos naturais.

Realização de estudos para a definiçãode ações prioritárias.

1 - Extrema-mente alta

1 - Extrema-mente alta

1 - Extrema-mente alta

Terra IndígenaKampa do Rio

Amônea

1 - Extrema-mente alta

Amazônia

Terra IndígenaNukini

Extensão Norte doParque NacionalSerra do Divisor

Terra IndígenaVale do Javari

Margem Direita doRio Javari

Rio Quixito

Terra IndígenaKulina do RioEnvira / Terra

Indígena Kulina doIgarapé do Pau

Alto Purus

Terra Indígena AltoPurus

Estação Ecológicado Rio Acre

100.609,81

Extensão Orientaldo Parna da Serra

do Divisor

Amazônia

2 - Muito alta

1 - Extrema-mente alta

2 - Muito alta

2 - Muito alta

2 - Muito alta

1 - Extrema-mente alta

2 - Muito alta

392.320,65

185.783,47

Terra IndígenaAlto Rio Negro,

Terras IndígenasMédio Rio Negro Ie II, Terra Indíge-

na Rio Téa eTerra IndígenaRio Apaporis

Terra IndígenaRio Acre

Terra IndígenaMamoadate

Alto Turauacá

Içá – AltoSolimões

Várzea do AltoJapurá

AM-239

2 - Muito alta

2 - Muito alta

2 - Muito alta

Nova áreaidentificadapelo grupo

regional

AM-3392 - Muito alta

2 - Muito alta

1 - Extrema-mente alta

Peru

Peru

Peru

Peru

Peru

Peru

Colômbia

Colômbia

Reserva Extrativistado Alto Juruá

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

CAPÍTULO 5

235

País deFronteira Bioma Prioridade

GeralNome da ÁreaCódigoda Área

Tamanho(Ha)

Recomendação

Área intersticialentre o Parque

Nacional do Picoda Neblina e aTerra IndígenaAlto Rio Negro

672.376,02Amazônia

Amazônia

AM-240

1.050.694,32Venezuela

Incorporação em unidade de conservaçãoexistente; desenvolvimento de estudo paraampliação do Parque Nacional do Pico daNeblina; e criação de Grupo de TrabalhoFunai para identificação de Terra IndígenaMarabitanas Cué-Cué e Desenvolvimentode atividades agrícolas sustentáveis noentorno do núcleo.

Uso sustentável dos recursos naturais;demarcação; desintrusão; implementaçãode monitoramento da evolução da açãoantrópica; elaboração de estudos da inter-relação da biodiversidade,etnoconhecimento e formas indígenas demanejo.

Uso sustentável dos recursos naturais;desintrusão; implementação demonitoramento da evolução da açãoantrópica; elaboração de estudos da inter-relação da biodiversidade,etnoconhecimento e formas indígenas demanejo.

Uso sustentável dos recursos naturais;desintrusão; Implementação demonitoramento da evolução da açãoantrópica; elaboração estudos da inter-relação da biodiversidade,etnoconhecimento e formas indígenas demanejo.

Criação de unidade de conservação;criação de unidade de conservação deproteção integral; e elaboração deinventários biológicos.

Proteção; elaboração de plano de manejocom definição de uso de recursosnaturais pelas comunidades tradicionais;desenvolvimento de estudos sobrepossibilidades para o ecoturismo eregularização da visitação; e transforma-ção do trecho da estrada S. Miguel.

Proteção; instituição de grupo de trabalhomultidisciplinar com participação indígena(Federação da Organizações Indígenas doRio Negro - FOIRN e AssociaçãoYanomami Rio Canaberis e Afluentes -AYRCA) para redefinições de limites e decategorias de manejo.

2 - Muito alta

Uso sustentável dos recursos naturais;fiscalização e proteção contra invasões;elaboração de inventários etnobiológicos,biológicos e ecológicos; e anulação dasFlorestas Nacionais indevidamenteincluídas na Terra Indígena Yanomami,criadas em razão de objetivos geográficos.

Uso sustentável dos recursos naturais; efiscalização para impedir entrada degarimpeiros na área do Demini.

1.536.344,98

1.171.615,09

979.817,72

1.722.971,49

216.627,68

57.082,41

2.467.684,54

AM-248

AM-247

AM-245

AM-243

Terra IndígenaSão Marcos eTerra IndígenaRaposa Serra

do Sol

Terra IndígenaManoá/Pium eTerra Indígena

Moskow

Terra IndígenaJacamim

Alto Trombetas

Terra IndígenaYanomami no

Amazonas

SuperposiçãoParque NacionalPico da Neblina

com TerraIndígena

Yanomami

Parque NacionalPico da Neblina

SuperposiçãoTerra Indígena

Yanomami comParque EstadualSerra do Araçá

e FlorestaNacional doAmazonas

Venezuela

Venezuela

Venezuela

Guiana

2 - Muito alta

2 - Muito alta

1 - Extrema-mente alta

1 - Extrema-mente alta

1 - Extrema-mente alta

Nova áreaidentificadapelo grupo

regional

AM-164

AM-271

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

AM-269

AM-262

2 - Muito alta

1 - Extrema-mente alta

Guiana

Guiana

Colômbia

Guiana

Amazônia

Amazônia

CAPÍTULO 5

236

País deFronteira Bioma Prioridade

GeralNome da ÁreaCódigoda Área

Tamanho(Ha)

Recomendação

Terra IndígenaSão Marcos eTerra IndígenaRaposa Serra

do Sol

AM-261 26.676,50

AM-146 1.207.172,64

413.313,82

6.981,13

66.175,79

2.467.684,54 Uso sustentável dos recursos naturais;desintrusão; implementação demonitoramento da evolução da açãoantrópica; elaboração de estudos da inter-relação da biodiversidade eetnoconhecimento e formas indígenas demanejo.

Uso sustentável dos recursos naturais;demarcação; desintrusão; implementaçãode monitoramento da evolução da açãoantrópica; e elaboração de estudos dainter-relação da biodiversidade,etnoconhecimento e formas indígenas demanejo.

Uso sustentável dos recursos naturais.

Criação de unidade de conservação.Alto Rio Jarí –Tumucumaque

Médio Oiapoque

Terra IndígenaUaçá

Terra IndígenaGalibi

Terra IndígenaJumina

ReservaFlorestal

Tumucumaquee Terra

IndígenaTumucumaque

Terra IndígenaSanta Inês

Uso sustentável dos recursos naturais;fiscalização de invasões e proteção doentorno; avaliação das degradaçõesambientais provocadas por garimpos eincêndios; elaboração de inventáriosbioecológicos e etnobiológicos; eanulação das Florestas Nacionaisindevidamente incluídas na TerraIndígena Yanomami, criadas em razãode objetivos geográficos.

2 - Muito alta

1 - Extrema-mente alta

1 - Extrema-mente alta

1 - Extrema-mente alta

2 - Muito alta

1 - Extrema-mente alta

1 - Extrema-mente alta

Uso sustentável dos recursos naturais;fiscalização e proteção do entorno daTerra Indígena para evitar invasões egarantir área para refúgio de caça; eimplantação de programa de educaçãoambiental para populações davizinhança.

Uso sustentável dos recursos naturais;fiscalização e proteção do entorno daTerra Indígena para evitar invasões egarantir área para refúgio de caça; eimplantação de programa de educaçãoambiental para populações da vizinhança.

Uso sustentável dos recursos naturais;fiscalização e proteção do entorno daTerra Indígena para evitar invasões egarantir área para refúgio de caça; eimplantação de programa de educaçãoambiental para populações da vizinhança.

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

Amazônia

2 - Muito alta 1.986.817,25AM-153GuianaFrancesa

GuianaFrancesa

GuianaFrancesa

GuianaFrancesa

GuianaFrancesa

Suriname

Venezuela

Venezuela

Uso sustentável dos recursos naturais;fiscalização de invasões e proteção doentorno; avaliação das degradaçõesambientais provocadas por garimpos eincêndios; elaboração de Inventáriosbioecológicos e etnobiológicos; eanulação das Florestas Nacionaisindevidamente incluídas na TerraIndígena Yanomami, criadas em funçãode objetivos geográficos

AM-251 5.893.121,532 - Muito altaTerra IndígenaYanomami em

Roraima

AmazôniaVenezuela

1.830.070,70

AM-138

AM-137

AM-136

AM-157

AM-262

Amazônia

Amazônia

Amazônia

CAPÍTULO 5

237

País deFronteira Bioma Prioridade

GeralNome da Área Recomendação

Tabela 5.2. Lista de Áreas Prioritárias para Conservação de Biodiversidade localizadas nas regiões da Mata Atlânticae Campos Sulinos próximas às fronteiras do Brasil com os países da América do Sul (ver mapa completo em http://www.mma.gov.br/?id_estrutura=14&id_conteudo=743), com o nível de prioridade para conservação e as recomendaçõessugeridas pelos participantes durante seu processo de identificação.

T

Argenti-na

Uruguai

Uruguai

Paraguai

ParaguaieArgenti-na

País deFronteira Bioma Prioridade

GeralNome da Área Códigoda Área Recomendação

MataAtlântica eCamposSulinos

MataAtlântica eCamposSulinos

MataAtlântica eCamposSulinos

MataAtlântica eCamposSulinos

MataAtlântica eCamposSulinos

CampanhaGaúcha

CampanhaGaúcha

1 - Extrema-mente alta

1 - Extrema-mente alta

2 - Muito alta

1 - Extrema-mente alta

1 - Extrema-mente alta

MA-733

MA-733

MA-735

MA-676

MA-680

2.609.495,75

2.609.495,75

848.118,46

646.530,24

224.923,51

Criação e ampliação de unidade deconservação.

Criação e ampliação de unidade deconservação.

Recuperação Florestal.

Manejo.

Manejo da unidade de conservação.Iguaçu

Paraná (IlhaGrande)

Campo deBaixada de

Bagé

Uruguai

Uruguai

GuianaFrance-sa

GuianaFrance-sa

ZonaCosteira eMarinha

ZonaCosteira eMarinha

ZonaCosteira eMarinha

ZonaCosteira eMarinha

Lagoa Mirim

Chuí

Foz do RioOiapoque a Pontado Marrecal

Plataforma doAmapá

3 - Alta

3 - Alta

1 - Extrema-mente alta

1 - Extrema-mente alta

MC-864

MC-869

MC-737

MC-870

268.151,70

1.513,53

631.022,58

7.694.408,98

Manejo.

Manejo, recuperação e inventáriobiológico.

Inventário biológico.

Manejo, inventário biológico e criação deUnidade de Conservação de uso indireto.

Tabela 5.3. Lista de Áreas Prioritárias para Conservação de Biodiversidade localizadas nas regiões da Zona Costeira e Marinhapróximas às fronteiras do Brasil com os países da América do Sul (ver mapa completo em http://www.mma.gov.br/?id_estrutura=14&id_conteudo=743), com o nível de prioridade para conservação e as recomendações sugeridas pelos parti-cipantes durante seu processo de identificação.

Tamanho(ha)

Códigoda Área

Tamanho(ha)

CAPÍTULO 5

238

Tabela 5.4. Lista de Áreas Prioritárias para Conservação de Biodiversidade localizadas nas regiões do Cerrado próximas àsfronteiras do Brasil com os países da América do Sul (ver mapa completo em http://www.mma.gov.br/?id_estrutura=14&id_conteudo=743), com o nível de prioridade para conservação e as recomendações sugeridas pelos partici-pantes durante seu processo de identificação.

País deFronteira Bioma Prioridade

GeralNome da Área Códigoda área Recomendação

Lagoa Mirim

Chuí

Foz do RioOiapoque a Pontado Marrecal

Plataforma doAmapá

3 - Alta

3 - Alta

1 - Extre-mamente

alta

1 - Extre-mamente

alta

MC-864

MC-869

MC-737

MC-870

268.151,70

1.513,53

631.022,58

7.694.408,98

Manejo.

Manejo, recuperação e inventáriobiológico.

Inventário biológico.

Manejo; e elaboração de inventáriosbiológicos e criação de unidade deconservação de uso indireto.

ZonaCosteira eMarinha

ZonaCosteira eMarinha

ZonaCosteira eMarinha

ZonaCosteira eMarinha

Uruguai

Uruguai

GuianaFrance-sa

GuianaFrance-sa

Tamanho(ha)

CAPÍTULO 5

239

2. Argentina

Na Argentina, ainda não foi realizado um pro-cesso formal de identificação de áreas prioritáriaspara a conservação e o uso sustentável dabiodiversidade. Na realidade, sabe-se quais são asáreas prioritárias e frágeis, mas falta sua validaçãopor meio de um processo de consulta, que deveser organizado em breve. De qualquer modo, vári-as unidades de conservação existentes localizam-se na fronteira com países vizinhos.

3. Bolívia2

O instrumento de conservação in situ maisimportante atualmente é o Sistema Nacional de Áre-as Protegidas (SNAP), cujoobjetivo central é a conser-vação estratégica deamostras representativasdos componentes dabiodiversidade, tanto emquantidade (superfície)quanto em qualidade (esta-do de conservação). Vintee uma áreas constituem oSNAP, 17 das quais se en-contram em gestão e estãovinculadas com mais de 60municípios. Essas áreasprotegidas estatais ocupamum total de mais de175.000 km2, equivalente a17 % da superfície territorialdo país.

2 Textos e mapas extraídos de Ministerio de Desarrollo Sostenible y Planificación, 2001. Versão digital do documento “EstratégiaNacional de Biodiversidade da Bolivia”. La Paz, Bolívia.

Figura 5.2 Mapa deEcorregiões

da Bolívia

A Bolívia pode ser subdividida em 12ecorregiões (figura 5.2). Existem ecossistemas bemrepresentados no SNAP, como por exemplo as flo-restas montanas úmidas dos Yungas, as florestasúmidas da Faixa Sub-Andina ou os ecossistemasdo Chaco. Sem embargo, ainda existemecossistemas ausentes no SNAP que requeremuma proteção especial. Muitas áreas protegidasforam criadas de maneira arbitrária e não guardamvalores biológicos relevantes, e por isso devem serredefinidas. Contudo, muitas áreas importantes paraa conservação, que guardam biodiversidade de dis-tribuição localmente agregada e com altos níveisde endemismo, encontram-se adjacentes a zonasdensamente povoadas, com alta pressão antrópicae fora das áreas protegidas.

CAPÍTULO 5

240

4. Chile

A tabela 5.5 apresenta uma lista de 190 áre-as prioritárias para proteção da biodiversidade noChile, definidas no marco da Estratégia Nacionalde Biodiversidade (pode-se ter acesso ao docu-mento completo no CD-Rom). O Chile é divididoem 12 ecorregiões (figura 5.3) e compartilha trêsprincipais ecossistemas terrestres: o altiplanoandino, com Peru, Bolívia e Argentina; a floresta plu-vial subantártica e a tundra patagônica, comparti-

lhadas com Argentina; e quanto ao mar, o Chilecompartilha o Oceano Pacífico com Peru, Equadore Colômbia. Nesse caso, existe um importante acor-do internacional subscrito por esses países costei-ros: a “Convenção para a Proteção do Meio Mari-nho e a Zona Costeira do Pacífico Sudeste” e seusAcordos Complementares. No marco desta Con-venção, foi assinado, em 1989, o “Protocolo para aConservação e Administração das Áreas Marinhase Costeiras do Pacífico Sudeste” (mais informaçõessobre esses acordos no capítulo 4).

Figura 5.3. Ecorregiões do Chile

CAPÍTULO 5

241

Núm Região Núm Região

Valle de Azapa

Quebrada de Camarones

Cerros de Poconchile

Acantilados de Pta Madrid

Punta Blanca a Cerro Camaraca

Desembocadura Rio Camarones

Desembocadura Rio Lluta

Punta Gruesa (Oasis de Niebla)

Alto Patache (Oasis de Niebla)

Punta Lobos (Oasis de Niebla)

Alto Chipana (Oasis de Niebla)

Caleta Buena (Oasis de Niebla)

Cerro Camaraca (Oasis de Niebla)

Alto Junin (Oasis de Niebla)

Huantajaya (Oasis de Niebla)

Huantaca (Oasis de Niebla)

Pabellón de Pica (Oasis de Niebla)

Mejillones del N-Caleta Junin

Punta Patache

Bahia de Chipana

Cuevas de Anzota

Sector Precordillera Tignamar

Desembocadura de Vitor

Quebrada de Vitor

Desembocadura del Rio Loa

Valle de Lluta

Salar del Huasco

Salar de Coposa

Salar de Michincha

Quebrada de Garza

31

32

33

34

35

36

37

38

39

40

41

42

43

44

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Sector Pan de Azucar

Cuarta El Aguila-Quebrada Cardones

Rinconada de Caquena

Laguna Huantija

Salar Aguas Calientes IV

Lagna Legia

Oasis Quillagua

Desembocadura Rio Loa

Peninsula de Mijillones

Desierto Florido

Estuario Rio Huasco y Carrizal

Estuario Rio Copiapo hasta MorroCopiapo

Salar de Pedernales y Alrededores

Laguna Valeriano

Laguna Grande

PuntaTeatino-Qda.Honda

Sta. Ines

Estero Derecho

Cerro La Virgen

Guanta

Cuarta El Espino

El Durazno

Los Choros

Culimo

Condoriaco

Arrayan

Cordillera Melon

Los Molles

Bosques Zapallar

Sta Ines

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Tabela 5.5 Áreas Prioritárias para a biodiversidade no Chile

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CAPÍTULO 5

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Alicahue

Laguna Verde

Las Cardillas

Alto Huemul

La Robleria

Humedal de Laguna de Bucalemu

Humedal de Laguna de Topocalma

Arcos de Calan

Bosques nativos de Digua y Bullileo

Bosques de Ruil y Hualo de Curepto

Tregualemu

Alta cuenca del Achibueno

Vegas del Itata

Adi Alto del Bio Bio

Altos de Ninhue (Cordinación de Cerros)

Humedales y Sistema LacustreIntercomuna Concepción

Fundo Nonguen

Laguna Santa Elena

Humedal Tubul Raqui

Adi Lleu-Lleu

S.P. Tregualemu, Ramadillas y rio Petorca

Quebrada Caramavida

Isla Quiriquina y Tumbes

Altos de Escuadron

Fundo Villucura

Tome Neuque

Area Marina adyacente a Isla Mocha

Río Polcura

S.P. Nevados de Chillán

S.P. Cerro Cayumanque

Area de Manejo Lafquenche

Area de Manejo Nigue Norte y Sur

Area de Manejo Punta Queule

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Estuario Río Imperial

Estuario Río Queule

Cuerpo de Agua del Lago Budi

Humedales ribereños al Lago Budi

Vegas de Puren

Area Amortiguacion Parque NacionalNahuelbuta

Area Amortiguacion Monumento Contulmo

Humedales Costeros Moncul

Laguna Moncul

Curso de Agua Mahuidanche – Quitratue –Donguil

Bosques Pantanosos

Río Cholchol

Humedales Queule

Bosques Pantanosos Mahuidanche –Quitratue – Donguil

Bosque Relicto Rucamanque

Bosque Relicto Ñielol

Vegas Chivilcan

Villa Las Araucarias

Cerro Adencul

Veranadas de Lonquimay

Laguna Renaico

Curinanco

Amp Parque Nacional Chiloe

Cordillera de la Costa

Tic - Toc

Mocho Choshuenco

Cascadas - Volcan Osorno

Río Maullin

Chaiguata

Isla Guafo

Rio Puelo

Llico Norte

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Llico Sur

Mehuin Rio Lingue

Mar Brava

Piti Palena

Sector Hudson

Desembocadura Lago O’Higgins - RioPascua

Lago Presidente Rios

Mallin Grande - Furioso

Monumento Natural Dos Lagunas

Archipielago W Canal Messier

Isla Kent - Quitralco

Estepa Jeinimeni - Lagunas Bahia Jara

Islas Oceanicas Guamblin, Ipun

Bahia Anna Pink - Estero Walker

Entrada Baker

Deltas General carrera Oeste

Subcuenca Rio baker

Sector Ventisquero Chico

Rio Caleta

Lago Escondido

Canal Whiteside

Lago Blanco - Kami

Isla Carlos III e islote Ruper

Bahia Lomas

Murray Hardy

Omora Dientes Navarino

Yendegaia

Cordón de Cantillana

Loncha

Roblería del Cobre de Loncha

El Roble

Altos del Río Maipo

El Morado

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San Gabriel

El Volcán

San José de Maipo

Río Olivares, Río Colorado, Tupungato

Humedal de Batuco

Humedal de Batuco 2

Piedmont Andino

Cuenca Estero El Yali

Cajón de Los Mosquitos

Río Clarillo

Corredor Fronterizo Alto Andino

Corredor Limítrofe Sur (Angostura)

Corredor Limítrofe Norte (Chacabuco)

La Vacada de Huelquén

Fundo Huechún

Alto de la Cuenca del Mapocho

Colina-Lo Barnechea

Cerro Bustamante

Mallarauco

Corredor Río Maipo

Peldehue

Corredor Río Mapocho

San Pedro Nororiente

Cerro Lonquén

Cerro Águilas

Cerros limítrofes

Melipilla-San Antonio

Las Lomas-Cerro Pelucón

Cordón de Naltagua

Cerros Alto Jahuel-Huelquén

Cerro Chena

Cerro Cabras de Tiltil

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244

5. Colômbia5. Colômbia5. Colômbia5. Colômbia5. Colômbia3

O Instituto Humboldt e a WWF acabam depublicar uma análise das lacunas de conservaçãodo sistema de parques nacionais4 na qual são iden-tificados os ecossistemas, por ecorregião, que nãoestão bem representados no atual sistema. Em re-sumo, os ecossistemas típicos de regiões secas,muito secas ou hiperestacionais são os menos re-presentados e os que necessitam de maior aten-ção. Esse é o caso de sistemas sazonais em áre-as de inundações periódicas ou com particularida-des edáficas.

Várias unidades de conservação existentesna Colômbia localizam-se na fronteira com paísesvizinhos. Em particular, o trabalho que se tem feitoem algumas zonas do país permite priorizar duaszonas binacionais para a conservação in situ. A pri-meira trata-se da zona do piemonte andino oriental,na fronteira Colombo-Equatoriana. Essa é uma fai-xa de mata contínua que conecta florestasaltoandinas com florestas de planície. É territorioindígena do povo Cofán, os quais se interessam pelaconservação de seus territórios sagrados.

Também na fronteira com o Equador,localiza-se um extenso sistema de Páramosúmidos, na faixa compreendida pelo vulcão Chilesna Colômbia e pela Reserva del Ángel no Equador.Este também é território indígena na Colômbia eum desenho do plano de trabalho para aconservação dessa zona binacional já foi iniciado.

Com respeito às áreas prioritárias para con-servação de ecossistemas do Chocó biogeográfico,a entidade com mais informações é a WWF-Co-lômbia, que conta com diagnósticos regionais eidentificação de áreas prioritárias nessa faixa queinclui a Colômbia e o Equador (mais informaçõesem http://www.wwf.org.co/colombia/que_hacemos/choco_biogeografico.php).

6. Guiana6. Guiana6. Guiana6. Guiana6. Guiana55555

A Guiana atualmente tem apenas duas áre-as oficialmente protegidas. A primeira é o ParqueNacional Kaieteur, localizado ao longo do rio Potaro,e é rico em espécies vegetais e animais, muitas

das quais são endêmicas. O Parque de menos detrezentos hectares foi estabelecido em 1929 e apre-senta formações vegetais que variam de florestaisa savânicas. A área ao seu redor é ameaçada pelamineração de ouro e o desmatamento ilegal. Outraárea legalmente protegida é o Centro do ProgramaInternacional de Florestas Iwokrama (IwokramaInternational Rainforest Programme) com cerca de306 mil hectares de floresta tropical.

A Agência de Proteção Ambiental da Guianaoferece informações gerais sobre outras áreas pro-tegidas propostas para o país. São elas:

Montanhas Kanaku: a aparente altabiodiversidade da região (75% da espé-cies florestais, 60% da avifauna e 80%das espécies de mamíferos que ocorremno país) reflete a diversidade incomumde habitats, que variam de savanas, ma-tas de galeria e florestas semidecíduasnas áreas mais baixas, a florestas demontanha sempre-verdes dentro de umafaixa altitudinal de 150 a 900 metros.Monte Roraima: essa área contém mui-tos elementos da fauna e flora do Escu-do da Guiana que não são encontradasem nenhum outro local. Essa regiãomontanhosa é pouco estudada naGuiana, mas sabe-se que é rica em plan-tas raras e em animais do lado daVenezuela e do Brasil, nos quais existemgrandes Parques Nacionais (Monumen-to Natural Formação dos Tepuis, naVenezuela, e o Parque Nacional do Mon-te Roraima, no Brasil). O Monte Roraimacontém vários tipos de vegetação queprotegem uma importante baciahidrográfica, vital para a Guiana. A áreaque ocupa foi proposta como umPatrimônio da Humanidade e como umparque nacional.Cataratas Orinduik: localizadas ao Nortede Lethem, na fronteira com o Brasil, asCataratas Orinduik são uma dasformações geológicas mais antigas nopaís e são rodeadas por savanas secas.

3 Informação fornecida por Natalia Arango, Investigadora Principal em Áreas Protegidas, do Instituto Humboldt, Colômbia.4 Esses dados estão publicados no livro Vacíos de Conservación del Sistema de Parques Nacionales de Colombia desde unaPerspectiva Ecorregional, WWF/Colômbia e Instituto Humboldt, 2003.5 Informações retiradas dos sites da Agência de Proteção Ambiental (Environment Protection Agency – www.epaguyana.org) e daWWF-Guiana (www.wwfguianas.org).

CAPÍTULO 5

245

Essa área foi proposta como um parquenacional, um monumento natural e comoum importante sítio para conservação.Florestas do Sudeste: ocupa umagrande área ao sul da Guiana, na fronteiracom o Brasil e o Suriname. Dadospreliminares indicam que essa floresta édiferente das demais encontradas naGuiana por possuir flora e fauna ricas einexploradas com muitos possíveis novosregistros para a Guiana, bem comoespécies não descritas. Dessa maneira,essa área foi proposta como importanteárea para a conservação.Shell Beach: essa praia, localizada nacosta oeste da Guiana, entre a foz do rioWaini e do rio Pomeroon, apresenta umgrande banco de corais, de aproximada-mente 10 km de comprimento. Contémum número de ecossistemas significan-tes tanto nacionalmente quanto global-mente. É o único local na Guiana que ain-da apresenta grandes áreas intactas demanguezais e pântanos costeiros. É umadas áreas de nidificação mais importan-tes no mundo para quatro espécies detartarugas marinhas, as quais estão sen-do constantemente estudadas (tartaru-ga-de-couro – Dermochelys coriacea,tartaruga-verde – Chelonia mydas, tarta-ruga oliva – Lepidochelys olivacea e tar-taruga-cabeçuda – Caretta caretta). En-tretanto, o restante da flora e da fauna nãofoi estudado. A área foi proposta comoum Santuário da Vida Silvestre.

7. Paraguai

O Paraguai, embora não tenha realizado umprocesso de identificação de áreas prioritárias paraa conservação e o uso sustentável dabiodiversidade, possui um sistema de unidades deconservação (Sistema Nacional de Áreas Silves-tres Protegidas – SINASIP) com unidades de con-servação que representam 5,98% do território na-cional. Do total de áreas protegidas, considera-seque cerca de 70% estejam realmente consolidadosem termos de posse de terra e demarcação de li-mites. Além disso, o governo definiu duas grandesáreas para Reservas da Biosfera. Há, também, in-dicações de áreas potenciais para a criação de

novas unidades de conservação, e várias unidadesde conservação existentes no país localizam-se nafronteira com países vizinhos.

De acordo com o Primeiro Relatório Nacio-nal do Paraguai à Convenção sobre DiversidadeBiológica (2003), existem iniciativas no setor públi-co para a ordenação de zonas transfronteiriças(mesmo que ainda não tenham sidoimplementadas). Um exemplo importante é o “Me-morando de Entendimento para a Elaboração doPlano de Ação para o Manejo Transfronteiriço dasÁreas Silvestres Protegidas do Paraguai e da Bolí-via”. Outra iniciativa foi a “Identificação de ÁreasPrioritárias para a Conservação em cincoEcorregiões da América do Sul”, entre Bolívia, Pa-namá, Equador, Colômbia e Paraguai.

Em setembro de 2001, foi assinada aDeclaração de Cooperação para o DesenvolvimentoSustentável do Grande Chaco Americano comobase para a assinatura do Tratado de Cooperaçãodo Grande Chaco Americano. Essa iniciativa, quebusca o desenvolvimento econômico e ambientalsustentáveis, tem sido promovida pelo Governo daProvíncia do Chaco Argentino, com o consenso daSecretaria de Desenvolvimento Sustentável ePolítica Ambiental da Argentina, da Secretaria doAmbiente do Paraguai e do Ministério doDesenvolvimento Sustentável e Planejamento daBolívia.

No setor das organizações não-governa-mentais, várias experiências podem ser citadas,como por exemplo:

O Forum Mbaracayú (Mata Atlântica Inte-rior), realizado entre atores da socieda-de civil e do setor público do Brasil e doParaguai, que ocorreu em setembro de2001.O “Projeto Trinacional de Conservação daFloresta Paranaense ou Mata AtlânticaInterior” (entre Argentina, Brasil eParaguai), iniciado em 1995 com o apoioda WWF, da Agência Americana para oDesenvolvimento Internacional (USAID),da Itaipú Binacional e da União Mundialpara a Natureza (UICN).Em 2000, iniciou-se o Programa Panta-nal para a identificação de áreasprioritárias no Pantanal (financiado pelaUSAID por meio da The NatureConservancy (TNC) que ainda realizareuniões trinacionais (Brasil, Paraguai e

CAPÍTULO 5

246

Bolívia) e conta com a participação ativado governo e das ONGs do Paraguai.

8. Peru

O Peru possui 57 áreas naturais protegidasno âmbito do Sistema Natural de Áreas NaturaisProtegidas pelo Estado (SINANPE), totalizando cer-ca de 16 milhões de hectares, o que representaaproximadamente 13% do territorio nacional (osnomes das áreas e suas extensões podem serencontrados em http://www.inrena.gob.pe/dganp_cat.html). Em 1998, as Zonas Prioritáriaspara a Conservação foram demarcadas e servemcomo base para a definição das áreas para con-servação da biodiversidade noSINANPE. A figura 5.4 apresenta as38 Zonas Prioritárias para Conserva-ção, bem como as áreas naturais pro-tegidas no âmbito do Sistema. É im-portante destacar que, sem embar-go, 13 das zonas prioritárias são co-

bertas pelo SINANPE, 15 delas são insuficientemen-te cobertas e dez não são nada cobertas. Sete des-tas últimas dez zonas encontram-se na fronteirado Peru com outros países (3, 4, 6, 8, 10, 21 e 38),o que pode ser subsídio para a criação de áreasprotegidas transfronteiriças.

9. Conservação de EcossistemasComuns

Os representantes dos países sul-america-nos reunidos no Rio de Janeiro identificaram váriasações como prioritárias, concretas e imediatas paraa cooperação bilateral e regional (capítulo 1). Entreelas, destacam-se as ações voltadas à conserva-

Figura 5.4. As 38 ZonasPrioritárias para Conservação no

Peru. As áreas marcadas emvermelho são as Áreas Naturais

Protegidas no âmbito do SistemaNacional de Áreas Naturais Prote-

gidas – SINANPE; as áreasmarcadas em lilás são as Zonas

Prioritárias não cobertas peloSINANPE; as áreas marcadas em

verde são as cobertas peloSINANPE; e as áreas marcadas

em azul são as insuficientementecobertas pelo SINANPE.

CAPÍTULO 5

247

ção de ecossistemas comuns, como o desenvolvi-mento de Redes Regionais ou Sub-Regionais deÁreas Protegidas, além do fortalecimento dos sis-temas nacionais de áreas protegidas, áreasfronteiriças e corredores ecológicos.

9.1 Chaco

A consolidação do Programa de Ação Sub-Regional do Grande Chaco Americano(PASCHACO), ecossistema que envolve Argentina,Bolívia e Paraguai, foi considerada de grandeimportância para os participantes da reunião. Aregião, que ocupa 6% do espaço geográfico daAmérica do Sul, apresenta marcados gradientesclimáticos e uma grande diversidade de ambientes,divididos nas sub-regiões do Chaco Úmido, ChacoSeco, Chaco Árido e as Serras. Destaca-se apredominância de extensas planícies; a porçãosudoeste ocupada por serras; grandes rios que aatravessam em sentido Noroeste-Sudeste até suaconfluência com o Paraguai-Paraná; savanassecas e inundáveis, pântanos, banhados, salitreirae por suposição, uma grande extensão e diversidadede florestas e arbustos. Tudo isto traduz-se em umaalta diversidade de espécies animais e vegetais quefazem do Chaco uma das áreas internacionalmentefundamentais em termos de conservação dabiodiversidade.6

Fora da Argentina, o Chaco paráguaio ebolíviano aparece como um espaço de baixa densi-dade populacional, que de forma geral está sob usode pecuária extensiva sobre pastagens naturaisimplantadas em superfícies extensas ou em peque-nas parcelas desmontadas e cultivadas. O uso agrí-cola do solo tem como cultivos principais, em am-bos os países, a soja e o algodão.

O Grande Chaco Americano encontra-sesubmetido a um severo processo de degradaçãode seus recursos naturais, com sérias implicânciasna alta fragilidade dos ecossistemas eirreversibilidade em alguns processos, originandocrescente desertificação, empobrecimento emigração de sua população. Ante a necessidadede reverter a pobreza, preservar o ecossistema edeter a grave degradação dos recursos naturais,os países envolvidos consideram o Grande Chaco

Americano como uma unidade para a promoção dodesenvolvimento sustentável, e manifestam anecessidade de trabalhar em forma conjunta nomarco da Convenção Internacional de Luta contraa Desertificação, assim como em acordo com asConvenções de Diversidade Biológica e MudançaClimática.

Esse processo, denominado Programa deAção Sub-Regional (PAS) responde aos lineamen-tos fixados pela Convenção de Luta contra aDesertificação e a Seca, das Nações Unidas, a qualtem sido ratificada pelos três países (Argentina,Bolívia e Paraguai). Ademais, na X Reunião de Mi-nistros de Meio Ambiente da América Latina e doCaribe, decidiu-se promover o processo PAS Gran-de Chaco, como mecanismo de complementaçãodos Programas de Ação Nacional de Luta contra aDesertificação nos respectivos países.

O programa tem como objetivo geral melho-rar as condições socioeconômicas das populaçõesdo Grande Chaco Americano, preservando, conser-vando e restaurando o ecossistema mediante a re-alização de ações comuns para o aproveitamentosustentável dos recursos naturais, e a implantaçãode um modelo participativo que contemple as ne-cessidades, expectativas e demandas dos diferen-tes atores sociais envolvidos.

Ao finalizar o presente projeto, espera-seuma consolidação das relações interinstitucionaisentre os três países envolvidos. Por outro lado seespera contar com um documento-base que clari-fique o diagnóstico ambiental e socioeconômico dasub-região e que estabeleça as linhas prioritáriasde ação, que redundará, futuramente, na melhorada tomada de decisões com base nas experiênci-as consolidadas.7

9.2 Corredor Andino

Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolí-via, países-membros da Comunidade Andina deNações (CAN)8, formam o Corredor Andino, para oqual foi identificada a necessidade de desenvolvi-mento de um Projeto Multirregional e/ou Binacionaldo Caminho Inca, e outro referente à gestão de Áre-as Úmidas no Alto Andino. A geografia física dosAndes, caracterizada por sua elevação, mobilida-

6 Ver http://www.elgranchaco.com/BaseDeDatos/regional.aspx.7 Informações obtidas em: http://www.medioambiente.gov.ar/granchaco/8 Mais informações em http://www.comunidadandina.org.

CAPÍTULO 5

248

de, localização tropical e idade geológica, cria con-dições únicas de biodiversidade. Os Andes tropi-cais desses países constituem o epicentro globalda biodiversidade por concentrarem aproximada-mente 25% da diversidade biológica do planeta euma diversidade cultural valiosa.

A região andina conta com algo entre 45 e50 mil plantas vasculares, das quais 20 mil sãoendêmicas; 1.666 espécies de aves (677endêmicas); 1.309 espécies de anfíbios e répteis(822 endêmicas); 414 espécies de mamíferos (68endêmicas); e 3.389 espécies de vertebrados (semconsiderar peixes), das quais 1.567 são endêmicas.Essa biodiversidade é extremamente vulnerávelnessa época marcada pelas mudanças climáticas,pela globalização e seus impactos.

Nesse contexto, as condições de grande di-versidade e extrema vulnerabilidade econômica,social e ambiental dos ecossistemas de montanhas,requerem uma gestão integrada da biodiversidadecom um enfoque ecossistêmico para identificar pro-cessos produtivos que sejam sustentáveis e pro-dutos da biodiversidade que agreguem valor paracontribuir com a geração de emprego e o alívio dapobreza.

No âmbito da Reunião com os países daAmérica do Sul, identificou-se, com respeito aoCorredor Andino, a necessidade de desenvolvimentode um Projeto Multirregional e/ou Binacional doCaminho Inca, e outro referente à gestão de áreasúmidas no Alto Andino. A existência, no CaminhoInca, de uma fauna abundante e variada, comespécies ameaçadas de extinção, como o urso deóculos (Tremaretos Ornatus), o galo-da-serraandino (Rupícola peruviana) e o veado anão (Pudumephistopheles), entre outros, foi um dos motivospara que o governo do Peru declarasse a regiãocomo uma Unidade de Conservação, em 1981, como intuito de conservar e preservar os recursosnaturais e culturais de grande valor histórico ecientífico.

No marco da Estratégia Regional deBiodiversidade para os Países do Trópico Andino(ERB),9 acordada na cidade de Lima, Peru, em 7de julho de 2002, pelo Conselho Andino de Minis-tros de Relações Exteriores, tem-se dado priorida-

de aos ecossistemas transfronteiriços (continentaise marinho-costeiros) e às espécies ameaçadas. ACAN apresentou em dezembro de 2001 o documen-to temático “Conservação de EcossistemasTransfronteiriços e Proteção e Recuperação deEspécies Ameaçadas”11 com uma valoração do es-tado de conservação dos ecossistemastransfronteiriços entre os países andinos, e umaanálise de políticas, estratégias, planos e normasrelativas à conservação e ao uso sustentável deecossistemas, adotados pelos diferentes países.Pode-se ter acesso a tal documento no website daComunidade Andina (http://www.comunidadandina.org/desenvolvimento/dct2.pdf), bem como no CD-rom anexo a esta publicação. A informação quesegue foi baseada em ambos os documentos.

9.2.1 Ecossistemas terrestres transfronteiriços

Causas e conseqüências da degradação dosecossistemas

Nos informes nacionais de biodiversidadedos países da CAN mencionam-se diversas cau-sas, diretas e indiretas, que afetam o estado deconservação dos ecossistemas terrestres e, por-tanto, da biodiversidade. São elas:

altos níveis de pobreza;educação (ambiental) insuficiente;crescimento populacional;expansão da fronteira agropecuária;exploração florestal;abertura de novas estradas;desmatamento/queima/roça;queimada;sobrepastoreio;contaminação.

As conseqüências e os efeitos dessasações se refletem em diferentes alterações dohabitat, que podem resumir-se em fragmentação,redução e destruição. Os ecossistemas terrestrestransfronteiriços entre os países da CAN são listadosna tabela 5.6. Os ecossistemas terrestrestransfronteiriços preliminarmente identificadoscomo os mais ameaçados de destruição são:

9 Documento completo pode ser encontrado no CD-Rom anexo a esta publicação.10 Documento referente à II Reunião Regional sobre Conservação de Ecossistemas Transfronteiriços e Espécies Ameaçadas,

no âmbito da Comunidade Andina, realizado em Lima, Peru, de 26 a 28 de março de 2001.

CAPÍTULO 5

249

Ecossistemas Bol.

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Peru Equ. Col. Ven.

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Floresta pluvial amazônica (Hylaea)

Florestas úmidas do Sudoeste (Acre, Madre de Dios)

Florestas úmidas do Napo (Hylaea ocidental)

Florestas úmidas da região Japurá–Rio Negro (Hylaea norocidental)

Florestas de Várzea e Florestas inundáveis

Floresta úmidas andinas

Yungas (costa oriental dos Andes médios)

Florestas montanhosas da Cordilheira Real Oriental

Florestas montanhosas da Cordilheira Oriental

Florestas montanhosas dos Andes Venezuelanos

Florestas úmidas de Catatumbo (floresta tropical chuvosa, sempre verde)

Florestas montanhosas dos Andes Noroestes

Florestas úmidas ocidentais equatorianas

Floresta seca (floresta decídua)

Florestas secas tropicais latifoliada (vegetação dos vales secos)

Florestas secas de Tumbes/Piura (Floresta seca e form. de suculentas)

Campo xérico de Barranquilla e Guajira (Floresta seca, cardonales)

Savana

Pastagens inundáveis da Amazônia ocidental

Pampas do Heath e de Iturralde (Savana de palmeiras)

Savanas da Amazônia (Campos Cerrados, Chapadas)

Planícies da Venezuela e da Colômbia (Pradarias das planícies)

Ecossistema andino de alta montanha – pastagens montanhosas

Puna dos Andes Centrais

Puna úmida dos Andes Centrais

Páramo yungueno

Páramo da Cordilheira Central

Páramo do Norte dos Andes

Páramo da Cordilheira de Mérida e da Serra Nevada de Santa Marta

Classificação modificada com base em Hueck & Selbut (1972) e Dinerstein et al. (1995).Fonte: Documento Temático “Conservación de Ecosistemas Transfronterizos y Protección y Recuperación de EspeciesAmenazadas” em http://www.comunidadandina.org/desenvolvimento/dct2.pdf. e documento da Estratégia Regional deBiodiversidade para os países do Trópico Andino (CD-Rom). (x) = ocorre em menor extensão

floresta decídua até o Caribe (fronteira daVenezuela e Colômbia);floresta decídua (Pacífico – fronteira doEquador e Peru);

páramos do Norte dos Andes e da Cordi-lheira de Perijá (fronteira da Venezuela eColômbia); eflorestas andinas úmidas do Noroeste(fronteira da Colômbia e Equador).

Tabela 5.6. Ecossistemas terrestres transfronteiriços entre os países membros da Comunidade Andina de Nações (CAN).

CAPÍTULO 5

250

FlorestasEntre os mais importantes ecossistemas

transfronteiriços no âmbito da CAN estão as flores-tas, que compreendem as da planície amazônica eas florestas úmidas de montanha, localizadas nosflancos orientais dos Andes, além das florestas doChocó no Pacífico (tabela 5.6), que junto com asanteriores, constituem as zonas de maiorbiodiversidade do planeta. Essas florestas são ri-cas em recursos madeireiros, não-madeireiros eem vida silvestre e têm uma função protetora dasbacias e dos solos. Sua principal ameaça é a suaconversão em terras agrícolas.

A gestão dos ecossistemas florestais temestado principalmente dirigida ao aproveitamentocomercial de recursos madeireiros, com algumasatividades agroflorestais e plantações florestais emmaior ou menor medida para os diferentes países.Nesses ecossistemas, requerem-se ações de pro-teção, recuperação e uso sustentável, e cada paístem desenvolvido diferentes estratégias de modoque se possa conservar e lograr um desenvolvimen-to sustentável de tais áreas.11

Iniciativas transfronteiriças em ecossistemasflorestais

Só foi identificada uma iniciativatransfronteiriça em ecossistemas florestais. Trata-se do Projeto ITTO Binacional, entre Peru e Equa-dor, o qual é coordenado pelo Instituto Nacional deRecursos Naturais (INRENA/Peru) e o Ministério doAmbiente (Equador) e executado pela ConservationInternational no Peru e pela Fundação Natura noEquador. Seus eixos centrais são a conservaçãoda biodiversidade e o uso sustentável dos recursosem benefício das populações locais. Foram con-cluídos estudos preliminares e está por se iniciar oprojeto propriamente dito.

A partir da análise das políticas e estratégi-as florestais e do diagnóstico do estado de conser-vação desses ecossistemas, sugeriu-se conside-rar como possíveis ações no nível regional na ERB,o intercâmbio de experiências sobre recuperaçãoe manejo sustentável de florestas e o desenho deatividades específicas de conservação de florestastransfronteiriças, de acordo com o estado de con-servação e as oportunidades de uso sustentável decada um (maior número de iniciativas binacionais).

Savanas e camposO terceiro grupo de ecossistemas são os

campos, que incluem os complexos de savanas degrande extensão na fronteira entre Venezuela eColômbia e, em pequena escala, na fronteira entrePeru e Bolívia. As savanas, que abrigam uma ricafauna silvestre e estão sujeitas a inundaçõesestacionais, são utilizadas para pecuária.

Os ecossistemas de campos de alta mon-tanha, como o páramo e a puna, abarcam grandesextensões, em geral bastante povoadas e com pe-cuária intensa. Os ecossistemas de páramo sãode grande importância no Equador, Colômbia,Venezuela e o norte do Peru. Parte deles encontra-se nas fronteiras. O páramo caracteriza-se pela altafragilidade, pelo importantíssimo papel na conser-vação da água e pelos importantes níveis de amea-ça. Essa situação merece a consideração dos pa-íses andino-amazônicos para adotar medidas deconservação de caráter regional. Apenas o Equa-dor tem desenvolvido uma política específica paraos páramos.

Ecossistemas áridosOs países andinos também possuem impor-

tantes ecossistemas áridos em seus territórios,como a costa do Pacífico no Peru, a puna no Perue na Bolívia, os vales interandinos e o Chaco naBolívia, e a costa do Caribe na Colômbia e naVenezuela. Tal situação poderia estimular o interessede incorporar na Estratégia Andina ações de inter-câmbio de experiências. Por outro lado, encontram-se sob ameaça as superfícies – ainda que reduzi-das – dos ecossistemas secos transfronteiriços,aspecto que requer ações de proteção, recupera-ção e uso sustentável de caráter binacional. Todosos países da CAN têm ratificado a Convenção so-bre Luta Contra a Desertificação que junto com asresoluções adotadas pela CDB constituem ummarco de ação comum.

Áreas ÚmidasOutro grupo de ecossistemas importantes

e de grande diversidade nos cinco países da CANtrata das áreas úmidas de água doce e águas cos-teiras. As principais causas de perdas ou degrada-ção de áreas úmidas na região são fundamental-

11 Informações completas sobre as estratégias de cada país e da ERB Andina podem ser encontradas no capítulo 2, assimcomo no CD-Rom anexo a esta publicação.

CAPÍTULO 5

251

País Bacia compartilhada Vertente oubacia Tipos de áreas úmidas presentes*

mente a intervenção humana e a contaminaçãoambiental, incluindo a crescente apropriação dorecurso água para usos humanos. Profundas mu-danças econômicas e sociais afetam de formamuito marcada a situação atual e as tendênciasfuturas da sub-região, no que corresponde ao meioambiente em geral e às áreas úmidas em particu-lar.

Os países andinos compartilham baciashidrográficas que se estendem a ambos os ladosdas fronteiras (tabela 5.7). A superfície total das ba-cias compartilhadas representa uma proporçãoimportante do território continental da CAN. Essasbacias constituem laços que podem reforçar aspolíticas andinas de integração fronteiriça.

Colômbia

Colômbia

Colômbia

Colômbia

Colômbia

Equador

Equador

Equador

Equador

Equador

Equador

Equador

Equador

Equador

Equador

Peru

Peru

Peru

Venezuela

Venezuela

Venezuela

Venezuela

Peru-Equador

Colômbia

Peru

Peru

Peru

Peru

Peru

Peru

Colômbia

Peru

Peru

Bolívia

Bolívia

Bolívia

Fronteiracom

Península de Guajira(várias)

Maracaibo (região deCatatumbo)

Orinoco

Negro

Putumayo

San Miguel Putumayo

Napo

Tigre

Pastaza

Morona

Santiago

Chinchipe

Mira

Puyango –Tumbes

Catamayo – Chira

Acre

Madre de Dios

Sistema TDPS (Titicaca,Deságuadero, Poopó,

Salar de Coipasa)

Caribe

Caribe

Orinoco

Amazonas

Amazonas

Amazonas

Amazonas

Amazonas

Amazonas

Amazonas

Amazonas

Amazonas

Pacífico

Pacífico

Pacífico

Amazonas

Madeira eAmazonas

Endorreica delAltiplano

Lagoas estuarinas, Rios, Pântanos

Rios, Pântanos, Lagoas estuarinas, Florestaspântanosas, Represas artificiais

Estuário, Pântanos, Rios, Manguezais

Manguezais, Rios

Rios, Lagoa

Rios, Áreas úmidas florestais em planíciesinundáveis

Lagoas, Rios, Savanas e Floresta inundáveis.

Lagoas altoandinas, Rios, Planície inundável,Lago Titicaca e Poopó.

Rios, Áreas úmidas florestais em planíciesinundáveis

Rios, Pântanos, Planície inundável

Fonte: Documento Temático “Conservación de Ecosistemas Transfronterizos y Protección y Recuperación de EspeciesAmenazadas” em http://www.comunidadandina.org/desenvolvimento/dct2.pdf. e documento da Estratégia Regional deBiodiversidade para os países do Trópico Andino (CD-Rom).

* A identificação de Áreas Úmidas Marino-Costeiras é muito incompleta.

Tabela 5.7 Bacias hidrográficas compartilhadas entre os países membros da Comunidade Andina de Nações. Primeira-mente, o país de onde o rio vem e depois o país que recebe as águas.

CAPÍTULO 5

252

Iniciativas transfronteiriças na CANO desenvolvimento de programas bi ou

multinacionais de manejo de bacias compartilha-das é fundamental. O exemplo mais avançado é omanejo da bacia do Lago Titicaca para o qual Perue Bolívia assinaram um acordo de condomínio daságuas e manejam o recurso hídrico conjuntamen-te. A gestão de áreas úmidas nos países do trópicoandino realiza-se fundamentalmente no marco daaplicação da Convenção Ramsar. Essa gestão temdiferentes níveis de desenvolvimento em cada país.

Podem-se identificar algumas iniciativas emáreas úmidas e bacias transfronteiriças no âmbitoda CAN.

Peru e Bolívia: existe um acordo firma-do entre estes dois países para o “Con-domínio das águas do Sistema TDPS(Titicaca, Deságuadero, Poopó, Salar deCoipasa)”. De acordo com este tratado,nenhum dos dois países pode dispor daságuas sem acordo mútuo. Dessa manei-ra, assegura-se a estabilidade de um sis-tema hidrológico sumamente frágil, ondehabita muita gente. O Lago Titicaca é umsítio Ramsar binacional. Na atualidade,desenvolve-se no Sistema TDPS um pro-jeto destinado à conservação dabiodiversidade, que apoiará a gestão co-ordenada deste importante sítio.Peru e Equador: nos manguezais loca-lizados na fronteira entre estes dois paí-ses, com apoio da Organização das Na-ções Unidas para a Alimentação e a Agri-cultura (FAO), está-se impulsionando umprojeto dirigido à sanidade da água naslangostineras.Peru e Equador: o Plano Binacional deDesenvolvimento da Região FronteiriçaPeru–Equador, resultante dos acordos depaz, baseia-se no planejamento e nomanejo integral de bacias compartilha-das.

Da análise realizada, surgem algumas pos-sibilidades de ação que poderiam ser considera-das na Estratégia Regional:

Realizar um inventário e valoração dasáreas úmidas transfronteiriças.Fortalecer ou desenvolver o uso racionalde áreas úmidas, aplicando as diretrizesRamsar de uso racional.Revisar legislações, políticas e estratégi-as dos países destinados a: harmonizarlegislações ou identificar oportunidadesde intercâmbio de experiências dos paí-ses que têm vantagens comparativas aosque requerem apoio.Integrar a conservação e o uso racionalde áreas úmidas em planos de desen-volvimento nacional, local, em planeja-mento de uso de solo e bacias.

9.2.2 Ecossistemas marinhos e costeirosOs ecossistemas marinhos da CAN estão

incluídos em quatro províncias distintas (tabela 5.8),cujas jurisdições territoriais marinhas cobrem pou-co mais de 3,5 milhões de km2. Nelas, pode-se en-contrar as águas mais produtivas do mundo (oecossistema de afloramento de Humboldt); uma dasáreas com maior biodiversidade marinha (o CaribeTropical); e um dos mais importantes centros deendemismo marinho do mundo (as IlhasGalápagos). O crescimento acelerado das popula-ções costeiras, o desenvolvimento urbano e suacontaminação associada, assim como as pescari-as e a maricultura, incluindo o desenvolvimento degrandes indústrias, como a exploração petrolífera emineira, são os principais fatores de transforma-ção das costas e contribuem à destruição de popu-lações animais e o hábitat de que dependem. Natabela 5.8 se resumem as atividades e as amea-ças centrais de cada uma das quatro provínciasanalisadas.

CAPÍTULO 5

253

Província Países da CAN Atividade e recursos pesqueiros Ameaças

Tabela 5.8. Atividades e ameaças das quatro Províncias Biogeográficas da Comunidade Andina de Nações (CAN)

Tropical do Atlânti-co Noroeste

Quente-temperadade Pacífico Sudeste

Tropical do PacíficoLeste

Galápagos

Colômbia eVenezuela

Colômbia, Equadore Norte do Peru

Peru

Equador

Pesca artesanal, lagostas, peixes,tartarugas e conchas

Maricultura, pesca industrial eartesanal; lagostas e peixespelágicos

Pesca industrial; peixes pelágicos

Pesca artesanal, invertebrados epeixes

Ecoturismo, poluição, sobrepopulaçãoe desenvolvimento urbano

Poluição, desmatamento de manguese desenvolvimento urbano

Sobrepesca, poluição e desenvolvi-mento urbano

Ecoturismo e invasões de populaçãocontinental

Fonte: Documento Temático “Conservación de Ecosistemas Transfronterizos y Protección y Recuperación de EspeciesAmenazadas” em http://www.comunidadandina.org/desenvolvimento/dct2.pdf. e documento da Estratégia Regional deBiodiversidade para os países do Trópico Andino (CD-Rom).

Tendo em vista a característica fluida daságuas, os ecossistemas marinhos sãotransfronteiriços por natureza. Até a presente data,os países da CAN têm posto muito pouca ênfaseno âmbito marinho, sem embargo, reconhecem quecompartilham a responsabilidade do manejo deseus recursos costeiros. Nesse contexto, os paí-ses da Comunidade Andina têm elaborado políticasespecíficas para o Manejo Integrado das ZonasCosteiras (MIZC), as que se encontram em dife-rentes estados de revisão e implementação. Essemanejo integrado foi proposto na Agenda 21, ado-tada pela Conferência das Nações Unidas sobreMeio Ambiente e Desenvolvimento em 1992.

Cabe assinalar que Equador e Colômbia têmconseguido aplicar as etapas iniciais deimplementação de um MIZC. Da mesma maneira,Equador e Venezuela já contam com Áreas Prote-gidas que incluem alguns dos mais importantes ti-pos de habitat marinho e costeiro. Por exemplo, ede particular importância não só para a Comunida-de Andina, são a reserva e o parque nacional queprotegem o arquipélago de Galápagos e suas águascircundantes.

Adicionalmente, os países têm assinado di-versos convênios internacionais referentes ao meiomarinho: uns relacionados com o controle do usocompartilhado dos mares para o comércio, outrosque tratam do direito soberano sobre recursos con-tidos em águas territoriais, incluindo direitos comunsa recursos marinhos fora das jurisdições nacionais;e recentemente, os que tratam diretamente da pro-teção do ambiente marinho e a conservação das

espécies. Alguns exemplos desses convênios são:as convenções para prevenir a contaminação ma-rinha por derrame de hidrocarbonetos (fauna e flo-ra marinha do Atlântico), a Conveção de Ramsar(aves aquáticas em áreas úmidas), o acordoCITES (controle do comércio ilegal de flora e fauna)e a Convenção de Cartágena (meio marinho e zo-nas costeiras do Grande Caribe).

De especial relevância para a ComunidadeAndina são os acordos regionais que agrupam, porum lado, os países com costa para o Pacífico (Co-lômbia, Equador e Peru) e, por outro, os paísesCaribenhos (entre eles, a Venezuela e a Colômbia).Ambas as convenções buscam a gestão coorde-nada dos ambientes marinhos compartilhados e osmecanismos para controlar sua contaminaçãoambiental e a conservação da biodiversidade bioló-gica.

9.2.3 Gestão de Áreas ProtegidasOs países da CAN estão realizando gran-

des esforços para conservar a qualidade ambiental,tanto em ecossistemas terrestres como marinhos.Na conservação de ecossistemas e de espécies, agestão de áreas protegidas segue sendo o instru-mento mais utilizado, com a vantagem de que exis-te muita experiência internacional nesse âmbito,sobretudo em áreas transfronteiriças.

Os Países-Membros têm considerado oenfoque por ecossistemas na gestão de Áreas Pro-tegidas. Esse enfoque está sendo promovido pelaCDB e é uma estratégia para a gestão integrada deterras, extensões de águas e recursos vivos, que

CAPÍTULO 5

254

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15

16

17

18

19

20

850.000

1.896.000

483.700

422.000

293.500

158.100

548.000

48.000

51.300

603.400

982.000

2.440

1.080.000

537.000

Proposto

91.300

75.102

2.972

295.288

139.000

Área(Hectares)CategoriaContinuidade com

área vizinhaNomeFronteiracomPaís

promove a conservação e a utilização sustentávelde modo eqüitativo.

Foram identificadas 20 áreas protegidas lo-calizadas nas fronteiras entre os países andinos (ta-bela 5.9), das quais cinco têm um potencial demanejo binacional coordenado, uma vez que exis-tem áreas protegidas em ambos os lados da fron-teira (áreas em destaque). Essas áreascorresponden à Zona Reservada de Tambopata

Candamo e Parque Nacional Bahuaja Sonene noPeru, contíguos com o Parque Nacional Madidi naBolívia; e o Parque Natural Nacional Tamá, em am-bos os lados da fronteira entre a Colômbia e aVenezuela. As 15 restantes não apresentam conti-nuidade com áreas protegidas no país vizinho. Des-tas, a maioria corresponde a Parques Nacionais,quer dizer, a áreas de alta sensibilidade por sua ca-tegoria de manejo.

Tabela 5.9. Lista preliminar das áreas protegidas fronteiriças nos países da CAN

Bolívia

Bolívia

Bolívia

Colômbia

Colômbia

Colômbia

Colômbia

Colômbia

Equador

Equador

Equador

Equador

Peru

Peru

Peru

Peru

Peru

Peru

Venezuela

Venezuela

Peru

Peru

Peru

Peru

Peru

Venezuela

Venezuela

Venezuela

Colômbia

Peru

Peru

Peru

Bolívia

Bolívia

Equador

Equador

Equador

Equador

Colômbia

Colômbia

Manuripi Heath

Madidi

Apolobamba

La Paya

Amacayacu

Catatumba-Bari

El Tuparro

Tamá

Cayapas Mataje

Cuyabeno

Yasuni

El Cóndor

Tambopata Candamo

Bahuaja Sonene

El Cóndor

Cerros de Amopate

Tumbes

Manglares de Tumbes

Sierra Perijá

Tamá

Não

Sim (13 e 14)

Não

Não

Não

Não

Não

Sim (20)

Não

Não

Não

Sim (15)

Sim (2)

Sim (2)

Sim (12)

Não

Não

Não

Não

Sim (8)

Reserva Nacional

Parque Nacional-Área Natural deManejo Integrado

Área Natural Manejo Integrado

Parques Naturais Nacionais

Parques Naturais Nacionais

Parques Naturais Nacionais

Parques Naturais Nacionais

Parques Naturais Nacionais

Reserva Ecológica

Reserva Faunística

Parque Nacional

Parque Nacional

Zona Reservada

Parque Nacional

Parque Nacional

Parque Nacional

Zona Reservada

Santuário Nacional

Parque Nacional

Parque Nacional

Fonte: Documento Temático “Conservación de Ecosistemas Transfronterizos y Protección y Recuperación de EspeciesAmenazadas” em http://www.comunidadandina.org/desenvolvimento/dct2.pdf. e documento da Estratégia Regional deBiodiversidade para os países do Trópico Andino (CD-Rom).

CAPÍTULO 5

255

A existência de áreas protegidas contíguasrepresenta uma oportunidade para o manejointegrado, como se vê no caso Bolívia–Peru. Noscasos em que a área protegida fronteiriça está sóem um país, representa um risco ter áreas de altasensibilidade, mas em que uma parte de seus limitesestá fora de controle. É necessário desenvolver umtrabalho regional que analise a conveniência de criaruma área na fronteira do lado do país que faltaacordo de manejo coordenado, bem como deestabelecer acordos que permitam que o país quenão tem área protegida planeje o uso do territóriocomo zona de amortecimento da área protegida dovizinho. Esses são aspectos que a EstratégiaRegional de Biodiversidade dos países do TrópicoAndino deve considerar.

As tabelas 5.10 a 5.12 apresentam acaracterização ecológica, o estado de conservaçãodos ecossistemas nas fronteiras Venezuela–Colômbia, Colômbia–Equador–Peru e Peru–Bolívia,de acordo a informação disponível para cada país.Mencionam-se somente algumas áreas protegidas,principalmente as localizadas em áreas fronteiriças.

Nos ecossistemas transfronteiriços deVenezuela e Colômbia (tabela 5.10), destaca-se, nazona andina e para a bacia de Maracaibo, as áreasrurais extensas com poucos remanentes da vege-tação natural. A Serra de Perijá, junto com a Serrade Santa Marta, abrigam uma biodiversidade restri-ta e em alto perigo de perda; existem esforços dosdois países para protegê-la. As áreas de maior fer-tilidade de solos seguem o processo de transfor-mação em campos agrícolas. Um caso extremosurge com a perda e a degradação dosecossistemas naturais desde a costa, na depres-são de Maracaibo, para as florestas decíduas/semidecíduas e sempre verdes da serra, até as flo-restas pluviais ou ombrófilas de Catatumbo. Nessazona, encontra-se o Parque Nacional CatatumboBari.

As terras baixas incluem o complexo maiorde savanas transfronteiriças dos Países Andinos,com uma longitude de aproximadamente 800 km,mas não têm uma política de conservação e mane-jo entre os países limítrofes.

UnidadeCaracterísticademográficahumana, uso

Subunidades Importânciaecológica

Estado de conservaçãodas áreas protegidas

(AP)Area total

Km2 (*)

Tabela 5.10 Características de ecossistemas transfronteiriços entre Venezuela e Colômbia (de Norte a Sul)

Florestaseca doCaribe

Arbustos xerófilosespinhosos

Florestas tropófilassemidecíduas edecíduas

Mediana interven-ção

Forte pressão,Queimadasfreqüentes

Conservação dabacia para as terrasagrícolas,biodiversidade,endemismomoderado

Parque Nacional Medanos(VEN)

Frágil, só existem restos,Área de Proteção Macuira(COL)

32.000

Floresta ombrófilasubmontana emontana, sempreverde, Serra dePerija, e Cord.Oriental

Média intervençãohumana, extraçãode madeiras,fortes ameaças

Alta biodiversidadee endemismo

Parque Nacional Perijá(VEN), tambem incluifloresta decídua, ParqueNacional Macuira, oCocuy, Pisaba (COL)

67.000

Florestaúmidaandina

Floresta ombrófilasubmontana deCatatumbo

Forte intervençãohumana, fortesameaças, pecuária

Nexo biogeográfico Parque NacionalCatatumbo-Barí (COL),Parque Nacional Ciénegasde Juan Manuel (VEN)

21.800

Florestas ombrófilassubmontanas emontanas, sempreverdes Cord. deMérida

Média a forte,colonização,expansão agrícola,cultivo de amapola

Conservação debacias, altabiodiversidade eendemismo

Parque Nacional Tamá(COL/VEN)

17.000

CAPÍTULO 5

256

UnidadeCaracterísticademográficahumana, uso

Subunidades Importânciaecológica

Estado de conservaçãodas áreas protegidas

(AP)Area total

Km2 (*)

Ecossistemaaltoandino

Páramos de SantaMarta, Perijá e deMérida

Pecuária, pp.cultivo de amapola

Reservatórios deágua, espéciesendêmicas

Parte do Parque NacionalSanta Marta (COL),Perijá,Sierra Nevada, Sierra LaCulata (VEN)

pequeno

Páramos daCordilheira Ociden-tal e Oriental

Utilização agrícola(papa) e pecuária

Parque NacionalParamillo, Cocuy, Pisaba(COL)

Savana arborizada Pouco povoado,pecuária extensiva,pastos cultivados

59.000total

SavanasSavanas não-inundáveis

Pouco povoado,pecuária extensiva

Importantemosaico deecossistemaspara conservaçãode fauna e flora

Parque NacionalCinaruco, Parque Nacio-nal Yapacana (VEN),Parque Nacional oTuparro (COL)

355.000 eáreas de“savanasamazôni-

cas”

Savanas não-inundáveis

Pouco povoado,pastos cultivados,pecuária extensiva

Florestapluvialamazôni-ca

Floresta ombrófila,sempre verde,parcialmenteinundada

Pouca gente, roça,mineração, ouro

Biodiversidade Parque Nacional Parima-Tapirapeco, ParqueNacional Serrania LaNeblina (VEN)

720.000total

Floresta de várzea,ribeirinho, Morichales

Pouca gente Controle de águas,peixes

Parque Nacional oTuparro (COL), ParqueNacional Yapacana (VEN)

Fonte: Documento Temático “Conservación de Ecosistemas Transfronterizos y Protección y Recuperación de EspeciesAmenazadas” em http://www.comunidadandina.org/desenvolvimento/dct2.pdf. e documento da Estratégia Regional deBiodiversidade para os países do Trópico Andino (CD-Rom). * Tomado de Dinerstein et al. (1995) para todo o ecossistema naAmérica do Sul, não só a parte de fronteira

A tabela 5.11 apresenta as característicasdos ecossistemas transfronteiriços da Colômbia,Equador e Peru, porque ao largo do rio Putumayoexiste uma fronteira contínua entre Colômbia e osoutros dois países. Sem embargo, inclui tambémalguns ecossistemas próprios da fronteira peru–ecuatoriana.

A tabela inclui ecossistemas muito reduzi-dos e outros de grande tamanho. As florestas se-cas que se apresentam são remanescentes, não

incluem grandes áreas protegidas, e possivelmen-te existem algumas pequenas que são tão fragmen-tadas que a sobrevivência da biota das populaçõesé questionável. Um caso especial são as florestassecas de Marañón, no Peru, com uma área de15.000 km2, consideradas altamente ameaçadaspelas atividades de extração florestal, pecuária epela expansão de plantações da palma africana,ademais da exploração e da extração petrolífera(Dinerstein et al., 1995).

CAPÍTULO 5

257

Tabela 5.11. Características de ecossistemas transfronteiriços entre Colômbia, Equador e Peru (de Norte a Sul)

Unidade SubunidadesCaracterísticademográficahumana, uso

Importânciaecológica

Estado de conser-vação, Áreas

Protegidas (AP)Área total

Km2 (*)

Florestapluvialamazônica

Floresta ribeirinha,Várzea e Morichales

Pouca gente, perigode desmatamento,pecuária

Migração de peixes,controle de águas,ninhos de aves rarasp.p. incluido abajo

falta conservação

Florestas úmidas deJapura/Negro, BaixoPutumayo eSolimões, sempreverde, parcialmenteinundado

Pouca gente, Yáguase Boras, roça(Letícia, Iquitos)

Área com maiorprecipitação naAmazônia, altadiversidade de tiposde floresta

Parque NacionalAmacayacu,Cahuinarí (COL), conYáguas (PE),Reserva forestalAmazonas (COL)

Pequena

720.000

PequenaFlorestas de areiabranca (Barichales)

Cidade de Iquitosinflui

Endemismo Em perigo, não háárea protegida

Florestas úmidas atémuito úmidas deNapo

Hidrocarbonetos,colonização

Topografía, solos eprecipitaçõesvariáveis, muito altadiversidade de biota

Fragmentação,Parque NacionaL LaPaya (COL); ReservaFaunística Cuyabeno,Parque NacionalYasuni (ECU)

370.000

Florestas montanosda Cordilheira RealOriental (COL/ECU),Cordilheira o Cóndor,Cutucu

Sob maior pressãodemográfica,colonização

Área de relevoabrupto, microhabitat de váriasespécies

Parque NacionalSumapaz, Picachos(COL) ParqueNacional o Cóndorprojetado por ECU/PE

84.000

Florestas montanosdo Noroeste

Pressão humanaincrementa, agrícola,pecuária

Alta diversidade deespécies dedistribução restrita ede ecossistemas

Alto nível de fragmen-tação; ParqueNacional Puracé eRes. Indígena Chiles(COL)

53.000

Florestas pluviaisdo Pacífico

Aumento da coloni-zação, extração demadeiras e constru-ção de caminhos

Alta diversidade deespécies,endemismos

Parque NacionalSanquianga (COL)

40.000

Florestaúmidaandina

Florestaseca

Florestas secas deTumbes – Piura

Pecuária extensiva,exploração demadeira

Formação escassapouco conhecida,recuperação pordanos do El Niño

Parque NacionalCerros de Amotape(PE), Plano parauma ReservaBinacional daBiosfera

65.000total

Matorral desértico deTumbes – Piura

Caprinos Efêmeras poucoconhecidas

Idem

Florestas secasinterandinas(diferente em cadapaís)

Solos férteis, áreasagrícolas e deconcentraçãohumana

Frágil, importânciabiogeográfica,diversidade delianas

Remanescentesaltamente ameaça-dos, necessitamapoio de regenera-ção

Fragmen-tos de

poucos hana COL,

maisextenso no

sul

CAPÍTULO 5

258

Unidade SubunidadesCaracterísticademográficahumana, uso

Importânciaecológica

Estado de Conser-vação, Áreas

Protegidas (AP)Area total

Km2 (*)

Páramo do Nortedos Andes (Cord.Occ., Cent., Orient.)

Utilização agrícola(papa) e pecuária

Reservatórios deágua, espéciesendêmicas

AP Munchique, Huila,Nevado de LasHermosas, Puracé,Sumapaz, Picachos(COL); El Angel etc.(ECU)

59.000total

Páramo da Cordi-lheira Central (Peru)

Pastoreio, queima Área pequena,armazenamento deágua

AP Tapaconas,Namballe (PE)

14.000

Ecossistemasaltoandinos

Fonte: Documento Temático “Conservación de Ecosistemas Transfronterizos y Protección y Recuperación de EspeciesAmenazadas” em http://www.comunidadandina.org/desenvolvimento/dct2.pdf. e documento da Estratégia Regional deBiodiversidade para os países do Trópico Andino (CD-Rom). * Tomado de Dinerstein et al. (1995) para todo o ecossistema naAmérica do Sul, não só a parte de fronteira

Um aspecto sobressalente nosecossistemas transfronteiriços entre Peru e Bolívia(tabela 5.12) é a enorme diversidade deecossistemas e espécies, presentes em cincoáreas protegidas fronteiriças. Estas vão desde asflorestas amazônicas e os planos da provinciaIturralde (incluídos às vezes nas savanas de Beni)por baixo de 200 metros, até as altas montanhasde 6 mil metros, na Cordilheira Oriental, abarcandouma extensão norte-sul de mais de 300 km em linhareta e um total de mais de 5 milhões de ha

(Subprograma Binacional de Manejo de ÁreasProtegidas Fronteiriças no Marco do Programa deAção Integrado Peruano Bolíviano, PAIPB, Miranda,1998). Essa situação representa uma oportunidadeúnica de manter os habitats desses ecossistemas,incluindo as heranças culturais incaicas e pré-incaicas intactas. Atualmente contam com umadensidade populacional muito baixa e a rede deestradas não está desenvolvida, o que favorece aconservação desses ecossistemas.

CAPÍTULO 5

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Unidade SubunidadesCaracterísticademográficahumana, uso

Importanciaecológica

Estado de conservação,Áreas Protegidas (AP)

Área totalKm2 (*)

40.000and 15.000

184.000

189.000

Idem

189.000and 73.000

Tabela 5.12. Característica de ecossistemas transfronteiriços entre Peru e Bolívia (de Norte a Sul)

Florestapluvialamazônica

Florestas úmidasdo Sudoeste(Floresta úmidatropicalestacional, doAcre)

Exploração demadeiras,desmatamentopara pecuária,hidrocarbonetos,mineração deouro

Biodiversidade, áreanativa de castanha egoma, endemismo deprimatas

AP Manuripi Heath (BO),Alto Purús (PE)

Florestas deVárzea, florestasinundáveis

Pouca gente,exploração demadeiras

Migração de peixes,controle de águas,ninhos de aves raras

AP Isiboro Secure (BO) AltoPurús (PE)

534.000

SavanasPampas de Heathe de IturraldeSavana arborizadaSavana inundávelSavana não-inundável

Pouca gente epouco gado,queimada

Pampas com e semárvores, oligotrofas, pp.com água estancadabiodiversidade,endemismo

Incluido em APs deBahuaja – Sonene (PE) eMadidi (BO) e APTambopata Candamo (PE)e AP Apolobamba (BO)

Floresta úmidado Pie de Monte

Pouca gente, epouca infra-estrutura, explora-ção pontual demineração,agricultura e demadeiras

Região muito valiosapor sua alta diversidadede ecossistemas eespécies com umavariação altitudinal entre200 e 6.000 metros.Floresta

submontana(Floresta pluvialsubandina)

Floresta úmidamontana (losYungas s.str.)

Florestaúmidaandina

Ecossistemasaltoandinos

Páramoyungueno

Puna e pisosaltoandinosúmidos

Muita gente,pecuária, sobrepastoreio,agricultura, lenha

IdemIdem Idem

Lago Titicaca (baciaendorreica)

Projeto Binacional ALT, paraum manejo sustentável dabiodiversidade

Puna e pisosaltoandinossecos

Sobrepastoreio,retirada de lenha

Ecossistema extremo,pouco estudado

Incl. en planes Mauri-MazoCruz – Moquegua (AymaraLupaca, PE)

Florestaseca

Floresta secainterandina

Poucos assenta-mentos humanos,carbono vegetal

Nexo biogeográfico,pouco estudado

AP Madidi (BO)

Fonte: Documento Temático “Conservación de Ecosistemas Transfronterizos y Protección y Recuperación de EspeciesAmenazadas” em http://www.comunidadandina.org/desenvolvimento/dct2.pdf. e documento da Estratégia Regional deBiodiversidade para os países do Trópico Andino (CD-Rom). * Tomado de Dinerstein et al. (1995) para todo o ecossistema naAmérica do Sul, não só a parte de fronteira.

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Iniciativas transfronteiriças nos países andinosAs ações concretas de gestão compartilha-

da de áreas fronteiriças podem ser consideradasincipientes, mas têm-se identificado algumas inici-ativas transfronteiriças relativas à gestão de áreasprotegidas:

Peru-Colômbia: o Plano Colombo-Peru-ano para o Desenvolvimento da bacia dorio Putumayo cobre cinco programas. NoPrograma de Meio Ambiente envolvem-se ações de manejo de áreas protegidas.Equador-Peru: as Fundações Pró-Natu-reza (Peru) e Arco-Íris (Equador) estãodesenvolvendo iniciativas para proporuma Reserva da Biosfera Transfronteiriçaincluindo áreas existentes na zona dasFlorestas de Tumbes.Equador-Peru: Existe uma iniciativa deconstituir uma Reserva da BiosferaBinacional na região da Cordilheira doCóndor, como resultado dos acordos depaz de 1998.Bolívia-Peru: No marco do Programa deAção Integrada Peruano-Bolíviano(PAIPB), desenha-se a implementação deum Subprograma Binacional de Manejode Áreas Protegidas Fronteiriças. Alémdessa iniciativa governamental,Conservation International e WWF pro-movem a constitução do CorredorVilcabamba-Amboró como uma estraté-gia de gestão integrada de um conjuntode áreas protegidas e espaços interme-diários. Esse corredor encontra-se den-tro da ecorregião da Amazônia sudoes-te. A proposta de uma Reserva daBiosfera, no marco do PAIPB, inclui trêsáreas protegidas de fronteira que formamparte do Corredor Vilcabamba–Amboró.Colômbia-Equador: Na fronteira, exis-tem duas iniciativas de planejamentoecorregional, impulsionadas pela WWF:o Complexo Ecorregional Andes do Nor-te, que abarca também parte da fronteiraentre Peru e Colômbia (WWF, 2000) e aVisão ecorregional do Chocó (WWF,2001).

Uma iniciativa que não é binacional, masque envolveu o concurso dos cinco paí-ses andino-amazônicos é o ProgramaRegional de Planejamento e Manejo deÁreas Protegidas da Região Amazônica,desenvolvido no marco do Tratado deCooperação Amazônica (TCA), comapoio da FAO.

A identificação das necessidades de conser-vação dos ecossistemas transfronteiriços adquireuma importância vital e deve orientar-se para a iden-tificação de ações de conservação que devemacompanhar as atividades produtivas e comerciais,no marco do desenvolvimento sustentável. Por ou-tro lado, a identificação de ações conjuntas refor-çará os programas de desenvolvimento fronteiriçoem curso entre os países andinos.

9.3 Amazônia12

A Região Amazônica ocupa toda a área cen-tro-oriental da América do Sul, a leste da Cordilhei-ra dos Andes, e desde a Meseta das Guianas aoNorte até a Meseta Brasileira do Sul. Sua altitudevaria dos 4 mil metros na Cordilheira Ocidental atéo nível do mar. Abrange mais de 7,8 milhões de km2

(44% do território sul-americano), abarcando áreasda Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru,Suriname e Venezuela. Seus ecossistemas carac-terizam-se por apresentar a maior reserva dabiodiversidade do planeta: mais de 30 mil espéciesvegetais; cerca de 2 mil espécies de peixes, 60espécies de répteis, 35 famílias de mamíferos e,aproximadamente, 1.800 espécies de aves. Maisde 16% de toda o água doce do mundo escorremna Bacia Amazônica. É caracterizada por altas ta-xas de precipitação e sua extensão abarca cercade dois terços da superfície total de florestas úmi-das tropicais do mundo. Aproximadamente 3% daárea da região, cerca de 22 milhões de ha (220 milkm2), têm sido declarados pelos governos dos paí-ses amazônicos como parques nacionais e áreasprotegidas.

A Amazônia não pode ser considerada uni-camente como uma reserva de biodiversidade, sen-

12 Informações baseadas no documento “Programas Binacionais de Cooperação Fronteiriça – um modelo para o Desenvolvi-mento da Amazônia”, preparado pelas Unidades Técnicas dos programas binacionais fronteiriços de Bolívia, Brasil, Colômbia,Equador, e Peru, com o apoio técnico e financeiro da Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), daSecretaria Executiva para Assuntos Econômicos e Sociais, e do Departamento de Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente,Washington D.C., 1993. Disponível em: http://www.oas.org/usde/publications/Unit/oea08b/begin.htm.

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do também uma importante fonte de recursos parao desenvolvimento. Contém uma das maiores re-servas conhecidas de bauxita (cerca de 15% do totalmundial), e é uma das maiores provedoras de ferroe aço aos mercados mundiais. A madeira e os pro-dutos derivados, ouro e estanho, são outros produ-tos com crescente demanda para exportação. Omanejo adequado dos recursos naturais da Ama-zônia é, portanto, de primordial importância para ospaíses da região e para o mundo inteiro.

Nesse contexto, na Reunião com os Paísesda América do Sul (dezembro de 2003), identificou-se como ação sub-regional prioritária a consolida-ção do processo para o estabelecimento de umaEstratégia Regional de Biodiversidade Amazônica,envolvendo todos os países-membros do Tratadode Cooperação Amazônica (TCA), firmado em ju-lho de 1978 por Brasil, Bolívia, Peru, Equador,Venezuela, Colômbia, Guiana e Suriname para as-segurar o uso racional e sustentável dos importan-tes recursos naturais amazônicos. O TCA é umacordo-quadro amplo que prevê a colaboração en-tre os países-membros para promover a pesquisacientífica e tecnológica e o intercâmbio de informa-ção; a utilização racional dos recursos naturais; aliberdade de navegação dos rios amazônicos; aproteção da navegação e do comércio; a preserva-ção do patrimônio cultural; os cuidados com a saú-de; a criação e operação de centros de pesquisa; oestabelecimento de uma adequada infra-estruturade transportes e comunicações; o incremento doturismo; e o comércio fronteiriço.13 Todas essas me-didas devem ser desenvolvidas mediante ações bi-laterais ou de grupos de países, com o objetivo depromover o desenvolvimento harmônico dos res-pectivos territórios.

O TCA é um importante instrumento multila-teral para promover a cooperação entre os paísesamazônicos em favor do desenvolvimento susten-tável da região. Em 1995, para fortalecerinstitucionalmente o Tratado, os chanceleres dosoito países, reunidos em Lima, decidiram instituiruma Secretaria Permanente para o TCA, com sedeem Brasília, e reafirmaram a importância da Ama-zônia como fonte essencial de matéria-prima paraas indústrias de alimentos, química e farmacêuti-ca. Recomendou-se às Partes a formulação de pla-

nos e estratégias para a conservação do meio am-biente e a promoção do desenvolvimento sustentá-vel da região, além do incremento da cooperaçãovoltada à pesquisa e à gestão em diversidade bio-lógica, recursos hídricos e hidrobiológicos, trans-portes, comunicações, populações indígenas, tu-rismo, educação e cultura.

9.3.1. Projetos de integração binacionaisOs países-membros encontraram no TCA

um marco adequado para promover a cooperaçãobinacional nas zonas fronteiriças por meio de pro-jetos de integração. A fim de estabelecer mecanis-mos para a execução das ações fronteiriças, fo-ram assinados acordos bilaterais de cooperação,os quais serviram de base para a realização deestudos integrados binacionais. Até o presente, osacordos bilaterais são: Brasil – Peru, novembro de1975; Colômbia – Equador, Colômbia – Guiana eColômbia – Peru, todos firmados em março de 1979;Brasil – Colômbia, em março de 1981; Brasil –Guiana, outubro de 1982; Bolívia – Brasil, em agos-to de 1990 e Brasil – Venezuela, julho de 1995 (paramais detalhes, ver capítulo 4).

Em termos gerais, os objetivos definidospelos países para os estudos binacionais deintegração fronteiriça podem ser sintetizados daseguinte maneira:

promover a gestão ambiental da área dosprojetos binacionais e incentivar seu de-senvolvimento autônomo e sustentável,utilizando corretamente as potencialida-des e respeitando as limitações que osrecursos naturais apresentam;contribuir para melhorar a qualidade devida da população mediante a geração deatividades produtivas e de fontes de tra-balho, assim como o melhoramento ou ainstalação de infra-estrutura física e so-cial básica que satisfaça às aspiraçõesdos habitantes;promover a integração de cada área na-cional nos respectivos países, assegu-rando que essa integração sirva comoelemento dinamizador do desenvolvimen-to;realizar o zoneamento ambiental comobase para o ordenamento territorial e paraa implementação de modelos de produ-ção que considerem a capacidade dos

13 Ver http://www.tratadoamazonico.org/Esp/index.htm.

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ecossistemas amazônicos dentro de umprocesso de desenvolvimento sustentá-vel no qual participem ativamente os gru-pos humanos assentados tradicional-mente na região, incluindo as comunida-des indígenas e nativas;conservar a biodiversidade da região; efortalecer os organismos nacionais vin-culados ao planejamento ambiental e aouso de recursos naturais e incentivar acriação de mecanismos de trabalhointerinstitucional.

Ainda que cada plano ou programa deintegração fronteiriça tenha características própri-as, é possível sintetizar seus objetivos específicoscomuns em:

fortalecer a pesquisa científica que per-mita gerar novas alternativas de manejode recursos naturais;fortalecer a proteção de áreas naturais esilvestres, mediante a criação de áreasde reserva e parques, que podem sernacionais, bi ou trinacionais;apoiar as instituições nacionais e regio-nais, estatais ou privadas responsáveis

pela aplicação das normas de uso da ter-ra, da infra-estrutura e da utilização derecursos, fortalecendo sua capacidadede gestão como instrumento de desen-volvimento;estimular os setores vinculados ao de-senvolvimento rural e valorizar os méto-dos tradicionais das populações indíge-nas;articular as áreas atualmente ocupadasà atividade econômica e produtiva dospaíses; eordenar os processos de colonização emalgumas áreas.

9.3.3 Estratégias propostas

Em decorrência do diagnóstico regionalrealizado para cada uma das áreas fronteiriças edo balanço de suas potencialidades e limitações,elaboraram-se os lineamentos da política e asestratégias para estruturar os planos binacionais dedesenvolvimento fronteiriço. Em termos gerais, asestratégias derivadas dos estudos realizadospodem-se resumir da seguinte maneira:

Em nível regional

zonear as áreas dos projetos binacionais para identificar os diferentes ecossistemas que a compõem,absorver e utilizar tecnologias ambientalmente seguras e estabelecer sistemas produtivos e demanejo que se adaptem melhor a esses ecossistemas;

ordenar e consolidar as áreas atualmente ocupadas, bem como os assentamentos em novas áreas;

prestar atenção às necessidades das populações e das comunidades locais e indígenas;

promover a segurança na fronteira, melhorando as condições de vida, os serviços básicos, asfacilidades de transporte e de comunicação;

fortalecer a capacidade de gestão dos organismos locais executores de programas e projetos;

realizar e difundir inventários dos valores socioculturais da região;

integrar até onde for possível os serviços de educação e saúde nas áreas fronteiriças e seus sistemasde comercialização, transporte, energia e comunicações;

estimular a verticalização da produção extrativista e a adoção de processos produtivos de utilizaçãosustentada, como forma de ampliar a participação dos produtores primários no valor agregadodessa produção; e

estimular a participação dos produtores e das comunidades, nas decisões sobre os rumos de seupróprio desenvolvimento; aproveitar o conhecimento tradicional e as práticas das comunidadesindígenas e locais na promoção do desenvolvimento sustentável.

CAPÍTULO 5

263

As estratégias setoriais propostas nos estudos binacionais, no âmbito nacional, resultam das diretri-zes nacionais de planejamento, dos objetivos de desenvolvimento definidos e da estratégia geraldescrita anteriormente. Elas poderiam ser resumidas em:

Recursos naturais e meio ambiente. Incentivar o ordenamento territorial das áreas dos projetosfronteiriços; preparar programas de pesquisa ambiental e propostas para canalizar uma maior por-centagem do investimento nacional para a gestão ambiental; estabelecer programas de capacitaçãopara o manejo dos recursos naturais; e promover a conscientização da importância do manejo dosrecursos da Amazônia.

Setores produtivos. Fortalecer as estações experimentais existentes para que possam desenvol-ver modelos adequados para incrementar a produtividade regional; desenvolver o transporte fluvialpara melhorar as relações socioculturais e comerciais na área fronteiriça com outras áreas deambos países; e apoiar mediante um programa de crédito o estabelecimento de agroindústrias.

População. Criar condições para que a população da região possa desfrutar de uma vida digna eprodutiva. Para isso, deve-se ampliar e integrar a oferta de equipamento e serviços de educação esaúde; apoiar o desenvolvimento das comunidades indígenas; promover a educação nutricional;desenvolver programas de participação comunitária para a construção de vivendas e obras desaneamento básico, com tecnologias apropriadas ao meio; e apoiar os programas binacionais decontrole de doenças infectocontagiosas.

Infra-estrutura física e integração espacial. Avaliar os novos projetos de infraestrutura e promo-ver novos desenhos que minimizem os impactos ambientais negativos e considerem as ameaçasnaturais, nos investimentos a efetuar-se; apoiar projetos que melhorem a infra-estrutura de comuni-cações; preparar um plano de desenvolvimento de estradas vicinais e de conexões intermodaispara servir às zonas mais desprovidas e integrá-las com a região e seus respectivos países; efomentar projetos binacionais de infra-estrutura de transporte, comunicações e de interconexãoenergética para centros povoados e comunidades rurais.

Desenvolvimento fronteiriço. Promover a realização de inventários dos valores socioculturais daregião; e utilizar o potencial de desenvolvimento de áreas fronteiriças para desenvolver o comérciointernacional e o transporte, fomentando as relações com outras áreas dos países.

Ciência e tecnologia. Promover a difusão e o intercâmbio de tecnologias adequadas ao meio nossetores produtivos, bem como de educação, vivência e infra-estrutura urbana.

Em nível nacional

CAPÍTULO 5

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A realização dos estudos e a formulação dosplanos e programas binacionais permitiram verifi-car que em alguns dos países não existem, ou nãoestão eficientemente constituídos, os organismosencarregados de centralizar os inventários ou a in-formação qualitativa sobre recursos naturais; e,quando existem vários, estes não estão conectadosentre si de forma que permitam a realização deestudos sobre os ecossistemas e suas relações.Faz-se necessário, assim, outorgar prioridade aofortalecimento institucional dos organismos encar-regados dessas áreas, promovendo a especializa-ção do pessoal pesquisador.

Sem embargo, a formulação dos planos eprogramas binacionais permitiu reafirmar o propó-sito principal da integração fronteiriça, que consisteem integrar as estruturas sociais, econômicas einstitucionais da zona, em núcleos relativamentehomogêneos, apesar de formar parte de países di-ferentes. Essa situação, além de fomentar soluçõesconjuntas a problemas comuns, permitiu identificare implementar projetos de uma escala maior a quepoderiam alcançar individualmente os países emsuas respectivas áreas de fronteira. Isso se baseiana compreensão do papel que cumprem as áreasfronteiriças e no conhecimento de suaspotencialidades comuns.

Identificou-se também como prioridade aconsolidação do processo para o estabelecimentode uma Estratégia Regional de Biodiversidade Ama-zônica, no âmbito da Organização do Tratado deCooperação Amazônica (OTCA), visto que está naAmazônia a maior reserva de biodiversidade do pla-neta, além de nada menos que um quinto da águadoce no mundo. Cientes da importância dessesrecursos e da necessidade de assegurar o seu usoracional e sustentável, Brasil, Bolívia, Peru, Equa-dor, Venezuela, Colômbia, Guiana e Suriname fir-

maram o Tratado de Cooperação Amazônica (TCA),um amplo acordo-quadro, regido por cinco princípi-os gerais: a competência exclusiva dos países daregião no desenvolvimento e na proteção da Ama-zônia; a soberania nacional na utilização e na con-servação de recursos naturais; a cooperação regi-onal como meio de facilitar a realização dos doisobjetivos anteriores; o equilíbrio e a harmonia entrea proteção ecológica e o desenvolvimento econô-mico; e a absoluta igualdade entre as partes.

A relevância da cooperação fronteiriça foienfatizada pelos chanceleres do Brasil, Bolívia,Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname eVenezuela, que durante a VIII Reunião de Ministrosdas Relações Exteriores dos Países-Membros daOrganização do Tratado de Cooperação Amazônica(OTCA), em 14 de setembro de 2004, aprovaram aDeclaração de Manaus.14 Por meio dessedocumento, os chanceleres aprovaram o PlanoEstratégico da OTCA, no qual são definidos os EixosEstratégicos de Ação, as Áreas Programáticas eos Instrumentos Operacionais para orientar asatividades da Organização desde o ano de 2004até 2012. O documento elaborado pela SecretariaPermanente responde aos desafios dodesenvolvimento sustentável da AmazôniaContinental e será a “carta de navegação política”da Secretaria. O Plano Estratégico está articuladoem quatro eixos: 1. Conservação e Uso Sustentáveldos Recursos Naturais Renováveis; 2. Gestão doConhecimento e Intercâmbio Tecnológico; 3.Integração e Competitividade Regional; e 4.Fortalecimento Institucional.

O TCA tem cumprido importante papel polí-tico na aproximação entre os países-partes, identi-ficados por uma problemática comum relacionadaao desenvolvimento e à conservação ambiental.

14 Ver http://www.otca.org.br/br/noticias/noticia.php?idNoticia=49