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Capítulo 3

Foto: José Sabino

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CAPÍTULO 3

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1. Introdução

A América do Sul é a região com maior di-versidade biológica do mundo e, ao mesmo tempo,apresenta sérios problemas de degradação deecossistemas e ameaças crescentes sobre seupatrimônio de flora, fauna e demais grupos viven-tes. Diante da enorme vantagem comparativa querepresenta possuir cerca de 40% das espécies doplaneta, a região tem o desafio de conservar e usarsustentavelmente essa extraordinária riqueza na-tural em beneficio das presentes e futuras geraçõesde sul-americanos.

Precisamente, as Estratégias Nacionais deBiodiversidade (ENB) constituem um dos instrumen-tos fundamentais para a gestão integral e sustentá-vel do patrimônio biológico dos países. Todas asnações sul-americanas dispõem de ENB ou pro-cesso equivalente. Agora é tempo de suaimplementação por meio de ações concretas queindiquem um manejo sustentável da diversidade bi-ológica.

Nesse contexto, o presente documento ofe-rece uma visão de conjunto sobre as ENBs na Amé-rica do Sul e, ademais, pretende contribuir com umaperspectiva de futuro sobre sua implementação, afim de estimular uma maior articulação da diversi-dade biológica nas agendas regionais.

Levando-se em conta as características dodesenvolvimento humano nessa região do mundo,o desafio maior consiste em fazer uma gestão dabiodiversidade orientada por critérios desustentabilidade e eqüidade social. Resulta para-doxal que a região megadiversa por excelência, aqual conta com a quarta parte das fontes renováveisde água doce do planeta, apresente elevados ní-

ESTRATÉGIAS NACIONAIS DE BIODIVERSIDADENA AMÉRICA DO SULNA AMÉRICA DO SULNA AMÉRICA DO SULNA AMÉRICA DO SULNA AMÉRICA DO SUL

ESTADO ATUAL E PERSPECTIVAS1

RESUMO EXECUTIVO2

veis de pobreza e disparidade social como os queexibe a América do Sul.

As Estratégias Nacionais de Biodiversidadese os Planos de Ação (ENBPA) que orientam a suaimplementação são o marco dentro do qual hão deintegrar-se decididos esforços da sociedade nes-se sentido. Elas constituem a base para aimplementação em escala nacional da Convençãosobre Diversidade Biológica (CDB) por parte dospaíses signatários (Artigo 6 da CDB). Sem embar-go, além do compromisso de formular Estratégiase Planos em cumprimento do acordo multilateralcitado, os países sul-americanos assumiram a res-ponsabilidade de inserir o tema nas agendas políti-cas nacionais, regionais e locais, assim como pro-mover a cooperação intra-regional e articular naprática a gestão na biodiversidade com o desenvol-vimento socioeconômico.

2. Biodiversidade3 eDesenvolvimento Humano naAmérica do Sul

Para que as ENB se articulem maisorganicamente ao desenvolvimento geral dos paísese para que sua implementação gere maioresbenefícios ambientais, sociais e econômicos, éfundamental fazer um contínuo seguimento aoentorno biológico e socioeconômico no qual sedesenvolvem. Nesse sentido, além da análise doscontextos nacionais, é também estratégico projetaro tema em uma perspectiva regional sul-americana,com o propósito de potencializar a cooperação, ofortalecimento de capacidades e a construção deposições conjuntas nas negociações internacionais.

1 Análise realizada pela Unión Mundial para la Naturaleza (UICN) de autoria de Dania Quirola-Suárez e Eduardo Guerrero-Forero,Oficina Regional para América do Sul, UICN-Sul, Quito, Equador.2 O texto completo pode ser encontrado no CD que acompanha a presente publicação e no site da UICN-Sul. O estudo baseou-se na análise dos documentos de Estratégias, Planos de Ação e/ou Políticas Nacionais de Biodiversidade, assim como ementrevistas e consultas com representantes das agências que atuam como pontos focais da CDB e de organizações governa-mentais e não-governamentais que participaram no desenvolvimento das ENB nos distintos países.3 Entende-se a Biodiversidade como a variedade de formas de vida classificadas em ecossistemas, espécies e genes.

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Precisamente, para caracterizar o contextoregional e pôr em perspectiva a importância dasENBs em escala sul-americana, na continuação seapresenta uma breve análise da situação sobrebiodiversidade e desenvolvimento humano nessaparte no mundo.

2.1 Riqueza Biológica da América do Sul noContexto Internacional

A América do Sul caracteriza-se por gozar

A América do Sul tem uma extensão de 18 mi-lhões de Km2 e abriga 12 países localizados

em uma das áreas de maior riqueza bio-lógica do planeta. Metade deles é con-

siderada como países megadiversos:Colômbia, Brasil, Equador, Ve-

nezuela, Peru e Bolívia.Vale a pena dizer

que a diversidadebiológica desta re-gião é notável não

somente desdea perspectiva

das espécies senão também em termos

de ecossistemas. As am-plas variações e gradientes

tanto em altitude (desde 0 a maisde 6.000 m.s.n.m.) como latitudinais

(tropical, subtropical e antártico) dão con-ta disso. Contém uma excepcional multiplici-

dade de paisagens que vão desde algumas dasselvas tropicais mais chuvosas (no Chaco co-lombiano) restam alguns dos desertos maissecos do planeta (nas costas do Peru e Chi-le). De acordo com Dinerstein et al. (1995), são98 ecorregiões terrestres, sem contar com anotável diversidade de ambientes marinhos noMar do Caribe e Oceanos Pacífico e Atlântico.

de enorme biodiversidade e, adicionalmente, abun-dante oferta de água doce. Com efeito, o ricopatrimônio natural da região se vê refletido na enor-me variedade de ecossistemas, espécies e recur-sos genéticos, assim como em seu excepcionalsistema de bacias hidrográficas. Aproximadamente40% das espécies descritas (UICN, 2003), cercade 25% de todas as florestas (FAO, 2003) e 26%das fontes renováveis de água doce (United Nation,2003) do mundo, encontram-se aqui, em uma áreainferior a 15% da superfície terrestre.

Figura 3.1. Grandes formações naturais na América do Sul.

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A cadeia montanhosa dos Andes é oelemento determinante da notável biodiversidadesul-americana. Ela atravessa a região de Norte aSul por seu flanco ocidental e define um complexomosaico de formações ecológicas em gradientestanto de altitude quanto de latitude. Ali nascem aságuas tributárias da maioria dos grandes rios,incluindo o Amazonas. Na realidade, sem os Andesa Amazônia não seria nem a bacia mais caudalosanem a selva mais extensa do mundo.

Ao oriente da Cordilheira dos Andes, a re-gião está coberta por vastas extensões de flores-tas planas e savanas associadas a grandes siste-mas hídricos, em particular as bacias do Orenoco,do Amazonas, e o complexo hidrográfico Paraguai– Paraná – Rio do Prata. Esta ultima, a quarta ba-cia mais extensa do planeta, oferece um formidá-vel cenário ambiental vinculado a vastas planíciesdo Grande Chaco e os pampas.

Quanto a espécies, a América do Sul contacom mais de 100 mil espécies de plantas vasculares

e ocupa o primeiro lugar em espécies de aves, an-fíbios, mamíferos e mariposas, entre outros grupos(WCMC. 2000; CDB, 2001; UICN, 2003). Somentea sub-região dos Andes tropicais contém a maiordiversidade e endemismo de aves e anfíbios noâmbito global (CAN, 2001).

Os recursos genéticos na América do Sulsão abundantes e a região é centro de origem decultivos fundamentais para a alimentação e asubsistência humanas, como a batata, o algodão eo milho (este último domesticado por povos pré-colombianos e sul-americanos), apenas trêsexemplos notáveis entre centenas de outrasespécies de uso atual ou promissor.

O Índice Nacional de Biodiversidade (INB)4

(Secretaria da Convenção sobre a diversidade Bio-lógica, 2001) demonstra o alto grau de biodiversidadeconcentrada nos diferentes países (ver tabela 3.1,figura 3.2). A América do Sul abriga seis dos cha-mados países megadiversos, o que ilustra o valorgeopolítico da biodiversidade da região.

Baixo Alto

4 O Índice Nacional de Biodiversidade (INB), aplicado a mais de 160 países, baseia-se nas estimativas de riqueza e endemismodas quatro classes de vertebrados terrestres e de plantas vasculares, e está ajustada de acordo com a área do país. Vertebradose plantas têm o mesmo peso. A variação se estabelece entre um (Indonésia) e zero (Groenlândia). O índice de um paísdeterminado é suscetível à variação na medida em que evoluem os inventários de espécies. Ainda que não reflita todas asdimensões e escalas da diversidade biológica, serve como referência útil por haver sido aplicado a mais de 160 países e deveser entendido como uma aproximaçao à diversidade biológica de um país.

Figura 3.2. Índice Nacional de Biodiversidade no Mundo. Fonte: Global Biodiversity Outlook, 2001.

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Não obstante, além dos índices nacionais,vista em seu conjunto, a América do Sul é possivel-mente a região mais diversa do planeta.

A notável diversidade biológica está acom-panhada por uma excepcional diversidade cultural,a qual está representada por numerosas etniasnativas, acervo humano que tem sido enriquecidopelas numerosas correntes migratórias de origenseuropéias, africanas e asiáticas, que convergiramaqui durante os últimos ciclos. Em suma, a diversi-dade e a multiculturalidade caracterizam a regiãoe, além de seu valor intrínseco, constituem vanta-gens comparativas para o desenvolvimento susten-tável nesta parte do mundo.

Durante a última década, tem se tornadocada vez mais evidente que o potencial de desen-volvimento da região sustentado em seus valiososrecursos naturais é promissor. Sem embargo, suariqueza biológica está em situação de deterioraçãopermanente como resultado das pressões da ativi-dade econômica, dedicados em sua maior parte àexportação com baixa produtividade e baixo valoragregado. A desordenada expansão da fronteiraagrícola, a exploração das florestas naturais, a de-gradação dos campos úmidos, o uso de tecnologiainapropriada e a deterioração dos ecossistemascosteiros são algumas das causas principais daconsiderável redução das populações de muitasespécies.

Uma preocupante perda de biodiversidadetem se manifestado ao se examinarem indicadoressobre desmatamento e espécies ameaçadas. Oritmo de desmatamento na América do Sul é osegundo maior do mundo depois da África, ealcança taxas superiores a 3 milhões por ha/ano(FAO, 2003). Por sua parte, a lista vermelha daUICN 2003 registra 3.362 espécies ameaçadas, ouseja, cerca de 27% do total mundial(www.iucnredlist.org), maior que qualquer outraregião do mundo. A ameaça é mais marcante noEquador, Brasil, Peru e Colômbia, ainda que todosos países enfrentem situações que mereçamatenção em maior ou menor grau. Só em plantas,as espécies sul-americanas (2.153) constituem32% dos registros mundiais de flora ameaçada.Trata-se de cifras conservadoras, levando-se emconta que a lista vermelha é uma base de dadosem construção que atualmente avalia apenas uma

porção de todas as espécies descritas (exceto nocaso de aves, mamíferos e gimnospermas, gruponos quais a lista cobre uma porcentagem alta dasespécies descritas).

2.2 Desenvolvimento Humano eBiodiversidade

A conservação e o aproveitamento susten-tável da biodiversidade depende fundamentalmenteda maneira como os povos se relacionam entre si ecom o ambiente natural no qual sustentam seu de-senvolvimento. Portanto, é necessário considerar ocontexto social e a biodiversidade de maneira con-junta para pôr em uma adequada perspectiva o de-senvolvimento sustentável da América do Sul.

A riqueza em biodiversidade e água doce daregião contrasta com altos níveis de pobreza e ini-qüidade social, o que configura um inadmissívelparadoxo. Isso, entre outros fatores, está associa-do com a prevalência de práticas insustentáveis eineqüitativas no uso dos recursos naturais.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)5

localiza a Argentina, o Chile e o Uruguai na categoria“Desenvolvimento Humano Alto”, enquanto orestante dos países sul-americanos situa-se nacategoria “Desenvolvimento Humano Médio” (tabela3.1). Não obstante, a pobreza e a iniqüidade socialdemonstram uma situação social deficiente.

A população abaixo da linha de pobreza os-cila no patamar de 15% (Uruguai) a 62% (Bolívia),com situações paradoxais, como no caso da Argen-tina, o país com o melhor IDH e ao mesmo tempoum alto nível de pobreza que supera os 40% (naGrande Buenos Aires).

Exemplos claros de desafios sociaisassociados à biodiversidade são visíveis naColômbia e no Brasil, que são os países mais ricosem termos de biodiversidade na América do Sul,segundo o Índice Nacional de Biodiversidade (INB),por terem entre 50,6% e 37,5%, respectivamente,de sua população em situação de pobreza. Emcasos assim, como na maioria dos países daregião, a pobreza concentra-se nas zonas rurais,onde se encontra a riqueza natural.

Por sua parte, a distribuição da renda mos-tra o maior problema social da região, o qual se cons-titui em obstáculo para seu desenvolvimento. A aná-

5 O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considera para seu cálculo a esperança de vida ao nascer; a taxa de alfabetizaçãode adultos; a taxa bruta combinada de matriculação primária, secundária e terciária; e o produto interno per capita.

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lise da CEPAL (2003, 2004) indica que a situaçãodistributiva da região é das mais ineqüitativas domundo. O índice de Gini6 revela que todos os paí-ses entram em um patamar de distribuição de suariqueza entre 0,45 e 0,64, que em termos geraisreflete uma alta iniqüidade. Nesse sentido, o Brasilenfrenta um desafio importante, pois apresenta ovalor mais alto desse índice na região e é a econo-mia emergente com a maior iniqüidade quanto àdistribuição de renda no mundo. Assim mesmo, pa-íses com níveis de IDH altos como a Argentina e oChile (este último com relativamente baixo índicede pobreza) exibem índices de Gini preocupantes.Isso deixa claro que, ainda que durante as últimasdécadas se tenha produzido um avanço produtivoem algumas das variáveis do desenvolvimento hu-mano, a falta de eqüidade ainda afeta toda a região.

Tabela 3.1 Indicadores de Biodiversidade e Desenvolvimento Humano.

Colômbia

Brasil

Equador

Venezuela

Peru

Bolívia

Guiana

Suriname

Argentina

Paraguai

Chile

Uruguai

1,141,748

8,511,996

272,045

912,050

1,285,220

1,098,581

91,000

163,270

2,766,889

406,752

756,950

176,215

Superfície(Km2) (a)

País NBI2001 (b)

0.935 (2)

0.877 (4)

0.873 (5)

0.850 (7)

0.843 (8)

0.724 (20)

0.685 (27)

0.623 (53)

0.615 (56)

0.613 (58)

0.570 (70)

0.487 (103)

0.773 (73)

0.775 (72)

0.735 (100)

0.778 (68)

0.752 (85)

0.681 (114)

0.719 (104)

0.780 (67)

0.853 (34)

0.751 (89)

0.839 (43)

0.833 (46)

Índice deDesenvolvimento

Humano (IDH) 2002 (c)

PIB /per capita(PPA em US$)

2002 (d)

6,370

7,770

3,580

5,380

5,010

2,460

4,260

6,590

10,880

4,610

9,820

7,830

50.6 (2002*)

37.5 (2001)

49.0 (2002)

48.6 (2002)

54.8 (2001)

62.4 (2002)

nd

nd

41.5 (2002**)

61.0 (2001)

20.6 (2000)

15.4 (2002)

Porcentagem depopulação abaixo

da linha de pobreza2000-2002 (e)

0.575 (2002*)

0.639 (2001)

0.513 (2002)

0.500 (2002)

0.525 (2001)

0.614 (2002)

nd

nd

0.590 (2002**)

0.570 (2001)

0.559 (2000)

0.455 (2002)

Distribuiçãode renda

Índice de Gini2000-2002 (e)

Obs.: Nesta tabela, os países foram ordenados de acordo com o Índice Nacional de Biodiversidade.INB: Índice Nacional de Biodiversidade (a coluna correspondente mostra este índice e, em parênteses, a posição entre161 países); IDH: Índice de Desenvolvimento Humano (a coluna correspondente mostra este índice e, em parênteses, aposição entre 177 países; PIB: Produto Interno Bruto (ajustado segundo o tipo de câmbio ou Paridade de Poder Aquisitivo(PPA), para refletir as diferenças de preços entre os países). Fontes: (a) Naciones Unidas, 2002; (b) Secretariado daCDB, 2001; (c) Naciones Unidas, 2002; (d) Naciones Unidas, 2002, 2004; (e) CEPAL, 2002, 2004. *Colômbia: a informaçãosobre pobreza e Índice de Gini corresponde a áreas urbanas; **Argentina: a informação sobre pobreza e Índice de Ginicorresponde à Grande Buenos Aires. nd: não há dados.

6 O Índice de Gini é o mais empregado na análise da distribução de renda. Toma valores do patamar 0 a 1, onde o valor 0corresponde à eqüidade absoluta e o 1 à iniqüidade absoluta.

A América do Sul e sua população enfren-tam sérias pressões para o manejo de seus recur-sos naturais, renováveis e não-renováveis, comoconseqüência dos processos de desregulação nasmatérias social e ambiental que buscam favorecera competitividade, o que está associado às políti-cas de estabilização e às medidas de ajuste estru-tural com recortes pressupostos para investimentosocial e a crescente dedicação de recursos ao pa-gamento da dívida externa.

Nesse cenário, os Estados enfrentam oenorme desafio de se consolidar como agentes demediação entre as urgências econômicas, as ne-cessidades de acumulação, o bem-estar das mai-orias e a sustentabilidade ambiental. Para isso, de-vem articular no marco de um regime econômicoglobal que pressione os países produtores de ma-

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téria-prima para intensificar seus modelos de pro-dução, orientando-os mais à exportação que aoconsumo interno.

O risco está baseado no fato de que essesmodelos podem conduzir a atividades contamina-doras baseadas em uma produção com altoscustos ambientais e sociais e poucos efeitos redis-tributivos. Como exemplos de atividades produtivasnas quais existe uma ampla margem para melhorado esquema, podem-se mencionar a economia dopetróleo e os monocultivos para a exportação.

Esse complexo contexto reflete a necessi-dade de ampliar a cobertura e a qualidade dos ser-viços básicos e alcançar a melhor integração dasações para cumprir as metas da Declaração doMilênio, assim como promover sociedades maisinclusivas. Nisso, aparece um papel-chave da ges-tão da biodiversidade e dos recursos hídricos, comofontes de produtos e serviços críticos para o bem-estar humano.

São necessárias vontade política e ferramen-tas criativas para conciliar as metas de crescimen-to econômico, inclusão social e gestão sustentávelda biodiversidade. A implementação das ENBs e odesenvolvimento de Estratégias Subregionais deBiodiversidade (como o caso da ERB para os paí-ses do Trópico Andino) hão de cumprir uma funçãofundamental nesse sentido. Os planos de ação dasENBs devem estreitar definitivamente seus víncu-los com as agendas políticas, os planos e as estra-tégias sociais e econômicas.

3. As Estratégias Nacionais deBiodiversidade

As ENBs refletem a maneira particular comque cada um dos países busca cumprir com osobjetivos da CDB à luz de suas circunstâncias es-pecíficas. De maneira complementar, os planos deação propõem atividades concretas em cada umdos âmbitos temáticos contidos na Estratégia.

Com efeito, as ENBs são concebidas comomarco estratégico dentro do qual se implementamos objetivos da CDB nas dimensões ambiental (con-servação), econômica (uso sustentável) e social(distribuição justa e eqüitativa dos benefícios deri-

vados dos recursos naturais). Esse enfoque inte-grado oferece a oportunidade de contribuir de ma-neira balanceada com o desenvolvimento susten-tável dos países.

Todos os países da região ratificaram nosanos posteriores à Reunião da Terra (Rio de Janei-ro, 1992) entre 1993 e 1996, a Convenção sobreDiversidade Biológica, e boa parte deles conta cominstrumentos legais específicos em matéria debiodiversidade.

Doze anos depois da Reunião do Rio, todosos países sul-americanos formularam tambémsuas ENBs e/ou definiram processos equivalentesde política e gestão que constituem em si suasEstratégias (Anexo 3). Entretanto, o caminho esco-lhido não seguiu um padrão. Em alguns casos,optou-se por formular diretamente um documentode ENBPA; em outros, optou-se primeiro por de-senvolver e/ou adaptar marcos normativos e políti-cos, como parte de um processo mais complexode construção de uma Estratégia Nacional. Qual-quer que tenha sido a via selecionada, a maior par-te das ENBs e/ou processos equivalentes na Amé-rica do Sul foi construída no período 1994-2003.

A definição do marco estratégico e da estru-tura (objetivos, áreas temáticas etc.) das ENBs e/ou Políticas de Biodiversidades, assim como aconstrução dos Planos de Ação, geraram nos paí-ses amplas consultas e espaços de participaçãoque envolveram atores governamentais e não-go-vernamentais interessados.

A validação e a aprovação formal das ENBsnão têm seguido um modelo padrão, pois isso de-pende do processo escolhido, do momento políticoe das particularidades político-administrativas decada país. Em alguns casos, a ENB tem sido pro-mulgada com decreto oficial (como, por exemplo, aArgentina); em outros, tem sido publicada e valida-da oficialmente pelas instâncias correspondentes(exemplos: Equador, Peru e Venezuela); em outrosmais, o elemento formal que define a estratégia éuma política nacional de biodiversidade (exemplos:Brasil e Colômbia). Existe também um caso no qualse realizou um exercício de consulta e reuniões, ese produziu um documento que se encontra pen-dente ou em processo de validação (Suriname).

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3.1. O processo para o desenvolvimento dasENBPA

O desenvolvimento das ENBs tem se con-vertido em um exercício de experimentação social,o qual se tem sustentado na participação de espe-cialista e interessados na biodiversidade que traba-lham em diversas organizações públicas e priva-das, coordenados pelas autoridades ambientais.

Os processos de elaboração das ENBs to-maram vários anos e intenso trabalho em matériade consecução de recursos, pesquisas, identifica-ção de atores, sistematização, busca de acordos eapoio político. Vários países e organizações inter-nacionais têm apoiado esses processos por meiode cooperação técnica e financeira, como é o casodos governos da Holanda, Suíça, Alemanha, do Pro-grama das Nações Unidas para o Desenvolvimen-to (PNUD), do Programa das Nações Unidas parao Meio Ambiente (PNUMA), do Fundo Mundial parao Meio Ambiente (GEF), do Banco Interamericanode Desenvolvimento (BID) e da União Mundial paraa Natureza (UICN), entre outros.

O processo centrou-se em alguns casos naformulação propriamente dita de um documentochamado Estratégia Nacional de Biodiversidade e,em outros, a ênfase deu-se no desenvolvimento deuma plataforma de ação, articulada em torno de umapolítica nacional de biodiversidade.

De fato, alguns países formularam por meiode amplos exercícios de consulta documentos deestratégia acompanhados de um diagnóstico e de

um plano de ação como tal, é o caso típico da Bolíviae da Venezuela. Outros, como a Colômbia e o Brasil,optaram por processos de mais longo prazo, nosquais a promulgação oficial de uma política nacionalde biodiversidade tem tido papel fundamental.

O Brasil definiu que sua estratégia nacionalde biodiversidade pressupõe primeiro aimplementação de um marco legal, uma políticanacional de biodiversidade, elaborada em conjuntocom a sociedade e, ademais, a implementaçãodessa política por meio de um plano de ação glo-bal, sob a coordenação do Programa Nacional deBiodiversidade (Ministério do Meio Ambiente/Brasil,2003).

De sua parte, a Colômbia conta com ummarco legal que determina toda sua política e ges-tão ambiental (a Lei n0 99, de 1993), sob a qual seformulou a Política Nacional de Biodiversidade(publicada em 1997) e se gerou a visão e o proces-so de longo prazo (25 anos). O processo nessecaso passou pela preparação de uma proposta téc-nica de Plano de Ação (1998) com metas concre-tas em curto (4 anos) e médio prazo (10 anos), cujaimplementação vem associada a políticas setoriaisrelevantes. O processo tem incluído também umafase de concertação política, e como parte destatem-se buscado conscientizar os diferentes atoresa respeito da transversalidade do tema, que afetatanto ao setor público quanto ao privado e às ONGse organizações sociais (Instituto Humboldt/Colôm-bia, 1998, 2003).

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CAPÍTULO 3

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O processo da Estratégia Nacionalde Biodiversidade da Argentina foi

um dos pioneiros da região epermitiu “alcançar uma melhor

articulação dos esforços existentesem conservação e uso sustentávelda biodiversidade, gerar o espaço

para a vinculação entre distintossetores até o momento isolado, e

promover entre eles o estudo, aconservação ou regulação da

biodiversidade” (Andelman e García,2000). Esse processo tem servido

como piloto no âmbito internacionale modelo para distintos países.

Figura 3.3 Processo da Estratégia Nacional de Biodiversidade da Argentina.

Em termos gerais, o processo de desenvol-vimento das ENBs permitiu gerar um espaço devinculação entre distintos setores que usualmentenão estavam em contato e promover o intercâmbioentre diversos atores sociais que estão relaciona-dos direta ou indiretamente ao uso, ao estudo, àconservação ou à regulação da diversidade bioló-gica. A presença de diversos atores caracteriza tam-bém pontos de vista e interesses diferentes quetêm sido necessariamente discutidos no contextodas estratégias de biodiversidade. Esse tipo de exer-cício tem demandado grandes esforços de prepa-ração, criação de acordos básicos e disponibilida-de de recursos econômicos para facilitar amobilização e a participação de atores relevantes.

Na maioria dos países, utilizaram-se siste-mas interativos e participativos em distintos níveis(nacional, regional e local), com especialistas e ato-res-chave, o que permitiu construir uma propostaconcertada e alcançar a validação do processo.Vários países realizaram reuniões regionais(subnacionais) e setoriais para conseguir plasmaras especificidades das regiões geográficas, comoum passo das consultas que logo levaram à execu-ção de reuniões nacionais para validação eintegração de propostas.

O enfoque preferido foi transversal emultidiciplinar, orientado à criação de consensossobre os principais temas e com uma negociaçãotransparente, como parte de um processo dinâmi-co e adaptativo.

Fonte: Processo Participativo da Elaboração daEstratégia Nacional de Biodiversidade. A experiência da

República da Argentina, Abril de 1998.

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Os Grupos Nacionais de Trabalho sobreBiodiversidade (GNTB) realizaram um papel crucialem alguns países ao oferecer apoio técnico à auto-ridade ambiental antes, durante e posteriormenteao processo de formulação da ENBPA, por meiode equipes multidisciplinares e de composição aber-ta, o que envolveu especialistas em distintas áreasrelacionadas com a biodiversidade.

Em muitos casos, envolveram-se setorestradicionalmente excluídos dos processos detomada de decisão, além dos diferentes níveisgovernamentais; em vários países trabalhou-se comcamponeses, colonizadores, povos indígenas,empresas privadas, especialistas, assim como comrepresentantes de ONGs e centros de pesquisas.

A participação de alguns grupos com impac-to direto sobre a biodiversidade – por exemplo, osetor empresarial – tende a aumentar a importân-cia crescente dos negócios relacionados ao tema.Sem embargo, mesmo com a falta de confiançaem relação à articulação de interesses e poder dosgrupos econômicos que manejam a extração deminerais, petróleo e recursos florestais e pesquei-ros. Trata-se de um processo lento no qual devemtransparecer as ações e os discursos dos distintossetores com um fim comum que favoreça a con-servação, o uso sustentável e a repartição justa eeqüitativa dos custos e dos benefícios em curto elongo prazo.

Existe uma tendência crescente à participa-ção de grupos indígenas e pequenos agricultoresnão somente por suas práticas e conhecimentostradicionais aplicados à conservação dabiodiversidade, mas também pelo reconhecimentode seu direito a uma distribuição eqüitativa de be-nefícios derivados do uso dos recursos genéticos,uma vez que são possuidores de um conhecimen-to valioso, cujo acesso deveria ser negociado emcontratos de propriedade intelectual sui generis.

A conservação e o uso sustentável dabiodiversidade é responsabilidade de todos os ci-dadãos, e vários países da região têm feito explícitasua vontade política de vincular de maneira ativa asociedade civil ao desenho e ao desenvolvimentodas atividades de implementação. É importante queesses processos sejam transparentes e efetivos,

evitando que a participação social seja simplesmen-te mecanismo de validação de decisões e fazendoque realmente cumpra com seu papel de facilitar ainterlocução dos diversos atores na definição detemas e soluções que afetam suas comunidade,países e regiões.

As perspectivas de futuro envolvem maiorparticipação dos atores sociais de acordo com aslinhas estratégicas e os mecanismos para efetivaras ENBs. O mapeamento de atores é um passofundamental nessa direção. É evidente a necessi-dade de aprofundar a articulação de distintas orga-nizações, bem como o intercâmbio de informaçãoe a criação de sistemas que permitam uma melhorco-gestão da biodiversidade.

3.2. Marco Estratégico: Missão, Visão,Objetivo Geral

Como parte do desenvolvimento das ENBs,os países sul-americanos estabeleceram seusmarcos estratégicos ou conceituais, que incluem adefinição de uma visão, uma missão e/ou um obje-tivo geral (tabela 3.2). Em termos gerais, essesmarcos correspondem aos três objetivos gerais daCDB. Ademais, recolhem elementos relevantesassociados às expectativas de desenvolvimentosocial, econômico e ambiental de cada um dos pa-íses. Um aspecto destacado, nesses documentos,consiste em considerar a biodiversidade por seuvalor estratégico para o desenvolvimento sustentá-vel, a luta contra a pobreza e a busca de uma maioreqüidade social.

O marco conceitual das ENBs sugere a ne-cessidade de inserir as Estratégias nas políticaseconômicas e sociais a partir do reconhecimentoda biodiversidade como fator estratégico para odesenvolvimento. Com efeito, a maior parte dasENBPA indica para elevar o tema da biodiversidadeà escala política e procura ser consistente com ascorrespondentes Estratégias e/ou Planos Nacionaisde Desenvolvimento. Para isso, projeta os recur-sos biológicos como estratégicos para as ativida-des de desenvolvimento e promove tanto sua con-servação quanto o uso sustentável.

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CAPÍTULO 3

130

Tabela 3.2 O marco estratégico das ENBPA7 na América do Sul (Visão, Missão, Objetivo Geral).

7 ENBPA: Estratégia Nacional de Biodiversidade e Plano de Ação.

A visão de futuro: os elementos sobressalentes da visão conjunta de futuro são: (a)que a diversidade biológica da Argentina contribua com o bem-estar da sociedade, apartir da manutenção tanto da riqueza biótica do país em si, como dos múltiplosserviços que ela presta às atividades humanas; (b) conservar a diversidade biológicaem nível de genes, espécies, habitats e ecossistemas, para contribuir com amanutenção dos processos ecológicos essenciais; (c) respeitar a variedade decosmovisões que têm os diferentes setores da sociedade sobre a diversidade biológicae seus componentes; (d) garantir que o aproveitamento dos recursos biológicos sefaça de maneira sustentável; (e) promover instrumentos que garantam uma participaçãojusta e eqüitativa dos benefícios derivados da utilização de recursos genéticos; (f)fortalecer as capacidades nacionais, tanto dos recursos humanos quanto dasinstituições, para o logro desses objetivos; e (g) desenvolver uma ativa coordenação ecooperação no âmbito internacional.O papel da estratégia: a ENB procura contribuir, em primeiro lugar, para a capitalizaçãodas ações em andamento, vertendo os numerosos esforços já existentes no país,assim como identificar as deficiências ou os vazios e planificar os próximos passosnecessários. Constitui o produto do primeiro ciclo do processo de planificação umaprimeira aproximação à definição de um marco para a ação nacional, um esforço deintegração de vontades e projetos individuais, um passo para o envolvimento dasociedade no desenho de uma perspectiva que vá além do presente. Deve ser percebidacomo o início de um processo disparador e integrador de idéias e ações que procuramotivar a expansão das capacidades e dos esforços. Espera-se que constitua umcimento a partir do qual se possa construir e reconstruir compromissos, em que sejaentendido como um manual de recomendações rígidas e inalteráveis.

Argentina

Bolívia

Visão: a Bolívia conserva e aproveita de maneira sustentável sua biodiversidadeotimizando seu aporte à economia, à sociedade e à competitividade internacional.Missão: o Estado boliviano articula esforços, desenvolve ações e alianças estratégicasorientadas à conservação e ao uso sustentável da biodiversidade, colaborando com odesenvolvimento sustentável.Objetivo estratégico: desenvolver o potencial econômico da diversidade biológica dopaís, assegurando a conservação e o uso sustentável de ecossistemas, espécies erecursos genéticos, por meio da potencialização da capacidade produtiva dos distintosatores e da distribuição eqüitativa dos benefícios que se gerem, a fim de contribuircom o desenvolvimento nacional, melhorando a qualidade de vida da população.

Objetivo geral da Política Nacional de Biodiversidade: promover, de forma integrada, aconservação da biodiversidade e a utilização sustentável de seus componentes, assimcomo a distribuição justa e eqüitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursosgenéticos, dos componentes do patrimônio genético e dos conhecimentos tradicionaisassociados a esses recursos.

Brasil

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CAPÍTULO 3

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Visão a longo prazo do Plano de Ação Nacional em Biodiversidade: um conjuntode resultados coletivos em grande escala configura a visão nacional com respeitoao estado do tema no longo prazo, em um horizonte temporal de 25 anos. Emtermos gerais, projeta-se um cenário futuro caracterizado por avanços substanciaisem três eixos centrais estratégicos: o conhecimento, a conservação e o usosustentável da biodiversidade. Projetam-se outros resultados fundamentais: (a)ordenamento ambiental do território estabelecido, que deve se constituir emelemento estruturante para a planificação dos setores produtivos e contribuir como desenvolvimento das metas de conservação da biodiversidade; (b)reconhecimento justo das contribuições da conservação e ao aproveitamento dabiodiversidade e dos impactos que causam os diferentes atores com suas ações;(c) o Sistema Nacional de Áreas Naturais Protegidas consolidado como instrumentoprincipal para a conservação da biodiversidade; (d) harmonização, nas áreas dosistema, dos objetivos sociais da conservação da biodiversidade e das necessidadesbásicas da população, no marco do desenvolvimento humano sustentável; (e)sistema educativo transformado e orientado à preparação de cidadãos conscientescapacitados para gerar o conhecimento e o desenvolvimento tecnológiconecessários para o manejo sustentável dos recursos naturais; (f) sistema de gestãode recursos hídricos nas fontes, consolidando-se, em concordância com ascrescentes demandas de água por parte da população e dos diversos setoresprodutivos; e (g) condições estabelecidas para haver desenvolvido o potencialeconômico que tem a Colômbia como país megadiverso, garantindo bem-estar,renda, patentes, direitos e outros benefícios a comunidades, indústrias e à Naçãoem geral.

Objetivo da Política Nacional de Biodiversidade: promover a conservação, oconhecimento e o uso sustentável da biodiversidade, assim como a distribuiçãojusta e eqüitativa dos benefícios derivados da utilização de conhecimentos,inovações e práticas associadas a ela por parte da comunidade científica nacional,da indústria e das comunidades locais.

Visão: a biodiversidade do país é protegida, conhecida e utilizada de formasustentável por parte de todos os chilenos, a fim de garantir a qualidade de vidadas gerações atuais e futuras.Objetivo geral: melhorar a gestão sustentável da biodiversidade, com o objetivo deresguardar sua capacidade vital e garantir o acesso aos benefícios para o bem-estar das gerações atuais e futuras.

Visão ao ano 2020: o Equador é um país que conserva e utiliza sustentavelmentesua biodiversidade, a qual se expressa em uma melhor qualidade de vida de suapopulação, no aproveitamento ótimo dos recursos econômicos, sociais, culturaise ambientais associados; e na distribuição eqüitativa dos benefícios e dos custosderivados de seu uso e conservação na sociedade equatoriana.

Colômbia

Chile

Equador

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CAPÍTULO 3

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Posição política da Guiana sobre o valor de sua biodiversidade: a diversidade biológicae seus componentes têm valor para fins agrícolas, genéticos, sociais, econômicos,científicos, ecológicos, culturais e estéticos. Sem tentar diferenciar ou subordinarnenhum desses valores, o papel econômico da biodiversidade na Guiana (tanto realquanto potencial) coloca-a em uma posição importante entre o grupo de recursosnaturais do país. A biodiversidade é vista, portanto, como componente essencial domotor de crescimento. Para que contribua com o desenvolvimento nacional, serianecessário usá-la de forma que permita sua contínua disponibilidade no futuro comunidades viáveis representativas de seus componentes sendo conservadas como parteda estratégia de desenvolvimento do país.Propósito geral (“overall goal”) do Plano de Ação: promover e lograr a conservação dabiodiversidade da Guiana, usar seus componentes de forma sustentável e fomentar adistribuição justa e eqüitativa de benefícios derivados de seu uso.

Visão: mudança para um modelo de desenvolvimento sustentável que propicie aimplementação eficaz e eficiente de programas nacionais de conservação e usosustentável da biodiversidade, considerando os princípios da CDB (com ênfase nosdireitos dos povos autóctones sobre os conhecimentos tradicionais), o fortalecimentoinstitucional e o marco legal nacional e internacional, com o fim de melhorar a qualidadede vida.Missão: apoiar a formulação, a execução e a valoração dos planos, programas eprojetos orientados a estudar, conservar e utilizar de forma sustentável a diversidadebiológica no território nacional, com base em ações coordenadas dos diversos atores(governo, sociedade civil, povos indígenas, setor privado e academia) e com asconsiderações de gênero e de respeito aos conhecimentos tradicionais.

Visão Estratégica a 2021: o Peru é o país no mundo que obtêm para sua populaçãoos maiores benefícios de sua biodiversidade, conservando e usando sustentavelmente,e restaurando seus componentes para a satisfação das necessidades básicas, obem-estar e a geração de riquezas para as atuais e futuras gerações.Objetivo geral da Estratégia: a conservação da diversidade biológica, a utilizaçãosustentável de seus componentes e a participação justa e eqüitativa nos benefíciosque derivem da utilização dos recursos genéticos, mediante, entre outros elementos,o acesso adequado a esses recursos e a transferência apropriada das tecnologiaspertinentes, tendo em conta todos os direitos sobre esses recursos e tecnologias,assim como um financiamento apropriado.

Objetivos gerais (“broad objectives”) da Estratégia: (a) o desenvolvimento de um marcode política nacional para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade; (b) arealização do uso sustentável e a conservação da biodiversidade por meio doplanejamento nacional e a cooperação internacional; (c) a criação das condiçõespara um manejo efetivo da biodiversidade por meio da aplicação da legislação existentee do desenvolvimento da legislação necessária; e (d) o fortalecimento substancial dascapacidades humanas com o propósito de assegurar o uso sustentável e a conservaçãoda biodiversidade.

Guiana

Paraguai

Peru

Suriname

Objetivo global da Estratégia: conservar a diversidade de ecossistemas, espécies erecursos genéticos e manter os processos e sistemas ecológicos, considerando aestreita relação existente entre a diversidade biológica e os fatores biofísicos esocioeconômicos que determinam os usos humanos sobre o território.

Uruguai

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CAPÍTULO 3

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Visão: o conhecimento e a valoração da diversidade biológica do país permitiramgarantir sua conservação e sua utilização sustentável em benefício das geraçõespresentes e futuras.Missão: o Estado promoverá as ações necessárias para incrementar o conhecimento,e assegurar a conservação e o uso sustentável da diversidade biológica, integrando-os aos planos de desenvolvimento nacional, estadual e municipal; para tanto foramlevadas a cabo alianças estratégicas nacionais e internacionais a fim de alcançar osobjetivos propostos.

Venezuela

3.3. Marco Estratégico: Princípios eLineamentos de Política

As Estratégias Nacionais de Biodiversidadedefinem uma série de princípios e lineamentos depolítica que apontam o cumprimento dos objetivosda Convenção sobre a diversidade Biológica e aomesmo tempo adaptam objetivos citados ao con-texto nacional. Tais princípios e lineamentos respon-dem a exposições estratégicas que buscam conci-liar o cumprimento dos compromissos internacio-nais no marco da CDB com as metas nacionais dedesenvolvimento.

A maioria dos países acolhe, explícita ouimplicitamente, os seguintes princípios básicos nomarco de suas ENBPA e/ou políticas debiodiversidade, ainda que existam diferenças eespecificidades quanto a sua orientação e grau deênfase:

Sustentabilidade ecológica e econô-mica: a biodiversidade deve ser usadadentro do limite de funcionamento dosecossistemas, garantindo a continuida-de dos processos ecológicos eevolutivos, assim como a oferta de bense serviços ambientais para benefício dasgerações futuras.Soberania: a biodiversidade é patrimôniode cada país e tem um valor estratégicopara seu desenvolvimento.Eqüidade: o acesso à biodiversidade e àrepartição de benefícios derivados de seuuso deve ser realizado de maneira justae eqüitativa.Participação: deve-se facilitar a partici-pação de todos os atores e setores, as-sim como promover práticas orientadas

à concertação e à decisão social, taiscomo a consulta prévia e o consentimen-to fundamentado prévio.Descentralização: deve-se fortalecer agestão descentralizada e as capacidadeslocais para a gestão da biodiversidade.Co-responsabilidade: a gestão dabiodiversidade é uma responsabilidadecompartilhada entre a administração pú-blica e a sociedade civil.Defesa do conhecimento tradicional:o conhecimento tradicional associado àdiversidade biológica é patrimônio dospovos indígenas e das comunidades lo-cais e camponesas, os quais têm facul-dade de decidir sobre eles.Reconhecimento da multiculturalidadee o valor cultural da biodiversidade.Precaução e prevenção: a aplicação doprincípio de precaução é necessária paraa conservação e a sustentabilidade dadiversidade biológica.

Pode-se citar, como um caso interessante,o fato de que a Guiana adotou quatro princípios bá-sicos em seu plano de ação: (a) o enfoqueparticipativo, (b) o enfoque ecossistêmico, (c) oenfoque de planejamento cíclico e adaptativo e (d)o princípio da precaução (Environmentel ProtectionAgency-Guiana, 1999). Nesse caso, trata-se deprincípios que estabelecem enfoques conceituaispara a gestão da biodiversidade.

Em matéria de lineamentos estratégicos ede política, alguns aspectos aparecem de formarecorrente nas diferentes ENBs:

o valor estratégico da biodiversidade;a transversalidade;

Fontes: Documentos das Estratégias Nacionais, Planos de Ação e/ou Políticas de Biodiversidade.

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CAPÍTULO 3

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o fortalecimento dos sistemas naturais deáreas protegidas;o estabelecimento de incentivos para pro-mover a conservação e o uso sustentá-vel da biodiversidade;o fortalecimento das capacidades em ci-ência e tecnologia e a defesa dos conhe-cimentos tradicionais;o diálogo de saberes entre a ciência e oconhecimento tradicional;o desenvolvimento de sistemas de infor-mação em biodiversidade publicamentedisponíveis, para transparecer a informa-ção estatística, e assim, facilitar seu bomuso na tomada de decisões;o estímulo ao investimento público e pri-vado orientado ao uso sustentável dabiodiversidade, como marco de respeitopelas normas nacionais na matéria;o respeito aos direitos tanto individuaisquanto coletivos com respeito ao aces-so e à distribuição de benefícios deriva-dos da biodiversidade;a cooperação com outras nações, emespecial na região.

Como exemplo ilustrativo, a ENB bolivianaestabelece os seguintes lineamentos de política:

reconhecimento do caráter estratégico dabiodiversidade para o desenvolvimentonacional;integração da conservação dabiodiversidade na planificação dodesenvolvimento;desenvolvimento de capacidades nacio-nais;conservação da diversidade biológica porsua importância ecológica, econômica ecultural;fortalecimento da pesquisa e da educa-ção em biodiversidade;fortalecimento do Sistema Nacional deÁreas Protegidas;atração de investimentos para desenvol-ver o potencial econômico da biodiversi-dade;

integração da biodiversidade em estraté-gias de desenvolvimento rural;articulação de estratégias de uso de re-cursos naturais renováveis e não-renováveis;eqüidade no acesso à biodiversidade e àdistribuição de benefícios;a gestão da biodiversidade a partir dasculturas originárias;participação como fator essencial para aconservação e o desenvolvimento sus-tentável;consciência pública para assumir os de-safios da conservação da biodiversidade;sustentabilidade financeira do modelo deconservação da biodiversidade;fortalecimento de compromissos interna-cionais.

3.4 Conteúdo Temático das ENBs naAmérica do Sul

A análise do conteúdo das ENBs demonstraque a maior parte dos países tem desenvolvido-asde acordo com o esquema articulado da CDB, eque adicionalmente se têm desenvolvido temasestratégicos específicos de acordo com seus con-textos nacionais.

Para os países da região, os três objetivosda convenção determinam a estrutura de suas es-tratégias e/ou políticas em biodiversidades e têmum peso relativo e importância balanceados. Alémde conservar a biodiversidade, a região privilegiaseu uso sustentável e a distribuição eqüitativa debenefícios. Disto, essa idéia de balanço foi expres-sa pela região latino-americana e caribenha duran-te a COP7, ao pedir que o tema de uso sustentáveltivesse um tratamento na agenda compatível comsua condição de objetivo central da convenção. Damesma forma, o tema de acesso e distribuiçãoeqüitativa de benefícios derivados do uso dos re-cursos genéticos ocupa um lugar relevante na mai-or parte das ENBs sul-americanas.

O anterior põe-se em evidência ao exami-nar de forma comparada o conteúdo temático dasENBs e/ou Políticas de Biodiversidade (tabela 3.3).

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CAPÍTULO 3

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Tabela 3.3 Conteúdo temático de Estratégias Nacionais, Planos de Ação e/ou Políticas de Biodiversidade na Américado Sul.

Seções da ENB:(1) Marco Geral para Conservação e Uso Sustentável da Diversidade Biológica.(2) Utilização Sustentável da Diversidade Biológica.(3) Conservação da Diversidade Biológica.(4) Recursos Genéticos.(5) Aumento das Capacidades Nacionais em Relação à Diversidade Biológica.(6) Aspectos Internacionais.(7) Implementação da Estratégia Nacional de Biodiversidade.

Argentina

Áreas de Intervenção dos Planos de Ação:(1) Conservação de Ecossistemas, Espécies e Recursos Genéticos de Importância

Ecológica, Econômica e Cultural.(2) Atração de Investimentos em Produtos e Serviços Ambientais da Biodiversidade.(3) Fortalecimento de Capacidades Nacionais para a Gestão da Biodiversidade.(4) Fortalecimento da Gestão Local na Conservação e no Uso Sustentável da

Biodiversidade.(5) Educação, Sensibilização, Difusão e Controle Social para a Gestão Sustentável

da Biodiversidade.

Bolívia

Componentes da Política Nacional de Biodiversidade:(1) Conhecimento da Biodiversidade.(2) Conservação da Biodiversidade.(3) Uso Sustentável dos Componentes da Biodiversidade.(4) Controle, Valoração, Prevenção e Atenuação de Impactos sobre a Biodiversidade.(5) Acesso aos Recursos Genéticos e aos Conhecimentos Tradicionais Associados

e Repartição de Benefícios.(6) Educação, Sensibilização Pública, Informação e Divulgação sobre Biodiversidade.(7) Fortalecimento Jurídico e Institucional para a Gestão da Biodiversidade.

Brasil

Linhas da Estratégia:(1) Conservação e Restauração de Ecossistemas.(2) Preservação de Espécies e do Patrimônio Genético.(3) Práticas Produtivas Sustentáveis.(4) Coordenação Interinstitucional e Intersetorial.(5) Mecanismos Formais e Não-Formais para a Gestão da Biodiversidade.(6) Educação Ambiental, Consciência Pública e Acesso à Informação.(7) Investigação sobre Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade.(8) Mecanismos para o Financiamento requerido na Conservação da Biodiversidade.

Chile

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CAPÍTULO 3

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Eixos e Estratégias da Proposta Técnica de Plano de Ação:(1) Conhecer

• Caracterização dos Componentes da Biodiversidade.• Proteção, Recuperação e Divulgação do Conhecimento Tradicional.

(2) Conservar• Conformação e Consolidação de um Sistema Nacional de Áreas Protegidas.• Redução dos Processos de Deterioração da Biodiversidade na Colômbia.• Restauração de Ecossistemas e Recuperação de Espécies• Promoção da Conservação ex situ.

(3) Usar Sustentavelmente a Biodiversidade• Promoção de Sistemas de Manejo Sustentável dos Recursos Biológicos.• Desenvolvimento Sustentável do Potencial Econômico da Biodiversidade.• Sistemas de Valoração Econômica de Componentes da Biodiversidade.

Estratégia que atravessa horizontalmente todas as ações propostas:(1) Distribuição Justa e Eqüitativa dos Benefícios Derivados da Biodiversidade.

Colômbia

Linhas Estratégicas da ENB:(1) Uso Sustentável.(2) Conservação.(3) Equilíbrio de Pressões.(4) Eqüidade.

Equador

Guiana

Áreas Programáticas do Plano de Ação:Fase I: Programa de Base(1) Mobilização de Recursos Financeiros e Técnicos.(2) Desenvolvimento Institucional e Capacitação de Recursos Humanos.(3) Pesquisa e Informação sobre Biodiversidade.(4) Consolidação da Estrutura Política, Legal e Administrativa.(5) Sensibilização Pública e Educação.(6) Conservação in situ e ex situ da Biodiversidade.(7) Medidas de Incentivos e Alternativas Econômicas.(8) Medidas para o Uso Sustentável da Biodiversidade.(9) Monitoração, Valoração e Divulgação da Implementação.Fase II: Consolidação da Fase I e Indicação de Intervenções Adicionais(1) Mobilização de Recursos Financeiros e Técnicos.(2) Desenvolvimento Institucional e Capacitação de Recursos Humanos.(3) Investigação e Informação sobre Biodiversidade.(4) Sensibilização Pública e Educação.(5) Conservação in situ e ex situ da Biodiversidade.(6) Monitoração, Valoração e Divulgação da Implementação.(7) Planejamento do Ciclo 2 do Plano de Ação em Biodiversidade.

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CAPÍTULO 3

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Objetivos Estratégicos Gerais da ENBPA:(1) Desenvolvimento de Recursos Energéticos.(2) Conservação de Recursos Naturais – Conservação in situ.(3) Conservação de Recursos Naturais – Conservação ex situ.(4) Conservação de Recursos Naturais – Espécies Ameaçadas.(5) Conservação de Recursos Naturais – Espécies e Taxonomia.(6) Desenvolvimento de Recursos Silvestres.(7) Manejo Florestal Sustentável.(8) Desenvolvimento de Recursos Agropecuários.(9) Desenvolvimento de Serviços – Sistemas de Informação.(10) Desenvolvimento de Serviços – Turismo.(11) Biotecnologia e Seguridade da Biotecnologia.(12) Desenvolvimento Urbano e Rural.(13) Bacias Atmosféricas e Aquáticas.(14) Territórios Sob Jurisdição Especial – Sob Domínio do Ministério da Defesa e

das Forças Armadas.(15) Territórios Sob Jurisdição Especial – Terras Indígenas.(16) Valores Sociais – Educação, Capacitação e Difusão.(17) Valores Sociais – Investigação.(18) Valores Sociais – Marco Legal e Institucional.(19) Ecocivismo.

Paraguai

Linhas Estratégicas da ENBPA:(1) Conservar a Diversidade Biológica no Peru.(2) Integrar o Uso Sustentável da diversidade Biológica no Manejo de Recursos

Naturais.(3) Estabelecer Medidas Especiais para a Conservação e a Restauração da

Diversidade Biológica Frente a Processos Externos.(4) Promover a Participação e o Compromisso da Sociedade Peruana na Conservação

da Diversidade Biológica.(5) Melhorar o Conhecimento sobre a Diversidade Biológica.(6) Aperfeiçoar os Instrumentos para a Gestão da Diversidade Biológica.(7) Fortalecer a Imagem do Peru no Contexto Internacional.(8) Executar Ações Imediatas.

Peru

Componentes da Estratégia em razão dos Objetivos gerais (broad objectives):(1) Desenvolvimento de um Marco de Política Nacional para a Conservação e o Uso

Sustentável da Diversidade Biológica.(2) Uso Sustentável e Conservação da Biodiversidade, por meio do Planejamento

Nacional e a Cooperação Internacional.(3) Criação das Condições para um Manejo Efetivo da Biodiversidade por meio da

Aplicação da Legislação Existente e do Desenvolvimento de LegislaçãoNecessária.

(4) Fortalecimento das Capacidades Humanas com o Propósito de Assegurar oUso Sustentável e a Conservação da Biodiversidade.

Suriname8

8 O documento de ENB do Suriname é um rascunho que se encontra pendente de validação. Foi o resultado das reuniõestécnicas com especialistas e interessados, em um processo coordenado pelo Grupo de Trabalho em Biodiversidade estabele-cido no Ministério de Planejamento e Cooperação para o Desenvolvimento (Ministry of Planning and Development Cooperation).

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CAPÍTULO 3

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Temas da Estratégia:(1) Conservação e Uso Sustentável da Diversidade Biológica.(2) Valoração do Impacto Ambiental (EIA).(3) Pesquisa, Capacitação e Intercâmbio de Informação.(4) Acesso aos Recursos Genéticos.(5) Educação e Consciência Pública.(6) Políticas de Desenvolvimento.

Uruguai

Linhas estratégicas da ENBPA:(1) Conhecer, Valorar e Divulgar a Diversidade Biológica.(2) Promover a Conservação in situ.(3) Promover a Conservação ex situ.(4) Assegurar e Promover a Participação da Sociedade na Gestão da Diversidade

Biológica.(5) Incorporar o Conhecimento da Diversidade Biológica nos Processos Educativos

Formais e Informais e na Capacitação dos Recursos Humanos.(6) Envolver as Comunidades Indígenas e Locais na Gestão da Diversidade Biológica.(7) Prevenir, Mitigar e Controlar os Impactos das Atividades Humanas sobre a

Diversidade Biológica.(8) Promover o Aproveitamento Sustentável.(9) Estabelecer Mecanismos que Permitam o Acesso aos Recursos Genéticos.(10) Desenvolvimento de Biotecnologias para Aproveitar Sustentavelmente a

Diversidade Biológica dentro dos Princípios de Bioética e Biossegurança.(11) Fortalecer as Relações Regionais para Conservar a Diversidade Biológica nas

Biorregiões Transfronteiriças.(12) Fortalecer as Instituições Dedicadas a Conservar a Diversidade Biológica e a

Conduzir a Estratégia Nacional.(13) Promover o Financiamento para a Estratégia Nacional sobre a Diversidade

Biológica.(14) Desenvolver Programas para o Cumprimento de Compromissos Internacionais

no Marco da Convenção sobre Diversidade Biológica.(15) Desenvolvimento de Programas de Prioridade Nacional.

Venezuela

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CAPÍTULO 3

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Tabela 3.4 Áreas Temáticas da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB).

Temas definidos no texto da Convenção(temas transversais ou cross-cutting issues):

A política e o planejamento da conservação e douso sustentável da biodiversidade no âmbitonacional, regional e outros níveis contemplam osseguintes aspectos:

Art. 7o Identificação e seguimentoArt. 8o Conservação in situ/Áreas Protegidas

• Reabilitação e restauração deecossistemas degradados

• Espécies ameaçadas• Biossegurança• Preservação de conhecimentos

tradicionais, inovações e práticas decomunidades locais e indígenas

Art. 9o Conservação ex situArt. 10 Utilização sustentável dos componentes dadiversidade biológicaArt. 11 IncentivosArt. 12 Pesquisa e capacitaçãoArt. 13 Educação e consciência públicaArt. 14 Valoração do impacto e redução ao mínimodo impacto adversoArt. 15 Acesso aos recursos genéticosArt. 16 Acesso à tecnologia e à transferência detecnologiaArt. 17 Intercâmbio de informaçãoArt. 18 Cooperação técnica e científicaArt. 19 Gestão da Biotecnologia e distribuição debenefíciosArt. 20 Recursos Financeiros

Temas adotados pela Conferência dasPartes (os chamados programas detrabalho):

• Biodiversidade Agrícola

• Biodiversidade Florestal

• Biodiversidade de Ecossistemas

Hídricos Continentais

• Diversidade Marinho-Costeira

• Zonas Áridas e Subúmidas

• Biodiversidade de Montanhas

• Áreas Protegidas

A ser considerado na COP 8:

• Biodiversidade de Ilhas

Fonte: Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica (www.biodiv.org).

A partir da revisão das Estratégias Nacionaisde Biodiversidade na América do Sul, podem-seidentificar os temas prioritários que têm sido desen-volvidos com maior ênfase nesses documentos.Tais temas são:

3.5 O Desenvolvimento dos Temas da CDBnas ENBs

A seguinte análise dos temas prioritários ba-seia-se nas Áreas Temáticas definidas pelo textoda Convenção e nos programas de trabalhoadotados pela Conferência das Partes (tabela 3.4).

Conservação in situ: áreas protegidas econhecimentos tradicionais, inovações epráticas;Conservação ex situ;Utilização sustentável dos componentesda Diversidade Biológica;Pesquisa, educação e consciência públi-ca;Recursos genéticos;Ecossistemas prioritários: biodiversidadeflorestal, áreas úmidas e grandes baciashidrográficas, grandes savanas e mari-nho-costeiros.

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CAPÍTULO 3

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A julgar pelos documentos de ENBs e outrosrelacionados, um menor grau de desenvolvimentorelativo pode ser observado nos seguintes temas:

Identificação e seguimento;Incentivos; eAcesso e transferência de tecnologia.

Conservação in situ (Art. 80 da CDB)

Tem-se, entre os temas considerados: áre-as protegidas, proteção e recuperação deecossistemas, zonas de amortecimento,biossegurança, espécies invasoras, conhecimentotradicional, inovações e práticas e mitigação deameaças. Esses temas são incluídos no programatemático da convenção e são considerados em vá-rias estratégias nacionais sul-americanas com ei-xos transversais.

As ENBs põem particular ênfase nos temasde áreas protegidas (artigo 80 da CDB parágrafosa-c) e conhecimento tradicional, inovações e práti-cas (parágrafo j).

Áreas protegidas (Art. 8 da CDB, (Art. 8 da CDB, (Art. 8 da CDB, (Art. 8 da CDB, (Art. 8 da CDB,parágrafos a-cparágrafos a-cparágrafos a-cparágrafos a-cparágrafos a-c)

As ENBs promovem em termos gerais aconstituição e o fortalecimento dos SistemasNacionais de Áreas Protegidas (SNAP) e o apoio àgestão das autoridades encarregadas do seumanejo. Além disso, enfatiza-se a necessidade deincorporar a comunidade na conservação dosrecursos e promover o ecoturismo como umaalternativa de uso sustentável.

As ENBs consideram os SNAPs comoinstrumentos fundamentais para a conservação dabiodiversidade. A maioria dos países da regiãodispõe de marcos legais específicos na forma deleis sobre áreas protegidas. Assim, nos lineamentosestratégicos de vários paises, considera-sefundamental a garantia de representatividade dosdiversos ecossistemas continentais e marinhos,fortalecer a organização institucional e estabelecerum sistema integrado que articule esforços comdiversos organismos de pesquisa, organizaçõesnão-governamentais, comunidades locais ereservas privadas.

A região conta com um crescimento signifi-cativo do número de áreas protegidas e crescenteexperiência em seu manejo. O desafio maior é a

consolidação dos sistemas nacionais de áreas pro-tegidas (UICN/PNUMA/FAO, 2003). Existe a neces-sidade de se alcançar uma completa coberturabiogeográfica que permita alcançar maior represen-tação da diversidade biológica e paisagística, emespecial em áreas marinhas e costeiras.

Durante a última década, as áreasprotegidas têm observado uma notável expansãoem termos de área superficial e, ao mesmo tempo,têm sido objeto de enormes pressões associadasao delicado e instável contexto socioeconômico queafeta a região. Disto, se tem levantado umproveitoso debate em torno da função social dosparques nacionais e outras áreas protegidas, o quetem forçado as agências responsáveis a buscar umamelhor integração destas no marco do ordenamentoterritorial e o desenvolvimento socioeconômico.

É necessário enfrentar desafios fundamen-tais, como a sub-representação de certosecossistemas críticos, aspectos deficitários demanejo de gestão e de financiamento, e pressõesocasionadas por grandes obras de infra-estruturaou efeitos negativos diretos da exploração petrolífe-ra, mineira e da expansão de monoculturas.

As expectativas para as áreas protegidas daAmérica do Sul devem considerar as inter-relaçõesentre áreas protegidas, diversidade biológica e re-cursos hídricos.

Em matéria de integração e conectividadenos sistemas de áreas protegidas, considera-se queos corredores ecorregionais ou ecológicos podempromover uma melhor integração das áreas prote-gidas dentro dos limites políticos dos países e foradeles por meio de cooperação com países limítrofespara o manejo de áreas naturais protegidasfronteiriças e para a implementação de corredoresecológicos. Um inventário preliminar realizado pelaUICN detectou 82 iniciativas de corredores na Amé-rica do Sul e distintas escalas com variados objeti-vos e alcances (UICN, 2004).

Conhecimentos Tradicionais, Inovações ePráticas (Arts. 8(Arts. 8(Arts. 8(Arts. 8(Arts. 80j e 10c)j e 10c)j e 10c)j e 10c)j e 10c)

A riqueza e a diversidade cultural da regiãodemandam uma ênfase particular no tratamento deconhecimentos tradicionais, inovações e práticasno marco das ENBPAs.

Os conhecimentos tradicionais, asinovações e as práticas relacionadas com a

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CAPÍTULO 3

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biodiversidade têm importância fundamental noacesso aos recursos genéticos (bioprospecção) ena distribuição dos benefícios resultantes. Existempráticas tradicionais e locais que contribuemsubstancialmente com o uso sustentável dabiodiversidade.

Proteger e manter os conhecimentos e aspráticas das comunidades indígenas e locais su-põe também a necessidade de considerar aspec-tos relacionados com a distribuição justa e eqüitati-va de benefícios, o intercâmbio de informação so-bre conhecimentos tradicionais e autóctones (arti-go 17.2) e a cooperação para o desenvolvimentode tecnologias tradicionais e autóctones (artigo18.4).

Quanto à distribuição justa e eqüitativa pro-move-se o desenvolvimento de direitos de proprie-dade intelectual e mecanismos de compensaçãoque protejam e mantenham os conhecimentos lo-cais e tradicionais. Os direitos dos povos indígenase das comunidades locais também se estendemaos direitos territoriais, uma vez que o conhecimen-to, as tradições e a cultura se desenvolvem em re-lação com o ambiente natural e os espaços físicosonde se assentam as comunidades.

A diversidade cultural da América do Sul éextremamente rica. Essa riqueza representa umgrande potencial em conhecimentos e práticas tra-dicionais ligadas ao manejo sustentável dabiodiversidade. Sem embargo, existem várias ame-aças à diversidade cultural vinculadas com as pres-sões sobre o ambiente pela exploração intensivade recursos naturais nos territórios onde se assen-tam as comunidades indígenas e locais (como, porexemplo, explorações mineira e hidrocarbonífera),e que se aprofundam com problemas de acesso àterra e conflitos quanto a posse.

A Estratégia Regional de Biodiversidade daComunidade Andina de Nações (CAN) constitui umavanço fundamental nas iniciativas supranacionaisde cooperação para a conservação e o uso sus-tentável da biodiversidade. Essa estratégia temcomo um de seus objetivos “proteger e fortaleceros conhecimentos, inovações e práticas das co-munidades indígenas, afro-americanas e locais combase no reconhecimento de seus direitos individu-ais, comunitários e coletivos”. Para tanto, a CAN

adotou a Decisão 391 para o estabelecimento deuma política comum dos países membros que con-tem com a participação e a consulta a grupos ditose que permita alcançar resultados efetivos internae externamente à comunidade, de maneira que sefreie o atual processo de perda e apropriaçãoindevida dos recursos da biodiversidade e seusconhecimentos associados.

As Partes da CDB têm o compromisso dedesenvolver normas nacionais e estratégias deimplementação do artigo 80 (j) em consulta a repre-sentantes indígenas e, assim mesmo, empreenderum processo intersessional para esses fins.9 As-sim mesmo, a Convenção estabeleceu no ano de2000 o Grupo de Trabalho Ad-Hoc de ComposiçãoAberta, para a prática do artigo 8j da Convenção esuas disposições conexas. O conhecimento tradi-cional e o rol dos povos indígenas e comunidadeslocais são considerados eixos transversais, umavez que afetam muitos dos âmbitos da convenção.

Na raiz dessa iniciativa, vários paises (i.e.Peru e Chile) vêm empreendendo novos projetospara esse fim e têm desenvolvido mecanismo deproteção, incluindo leis para a proteção dos conhe-cimentos coletivos dos povos indígenas.

Os processos de construção de instrumen-tos legais e de pesquisa e a adoção de norma oupolíticas nacionais com relação ao artigo 80 (j), oudisposições conexas, devem contar com efetiva eplena participação das comunidades indígenas elocais para que sua implementação seja profícua.Esse é um âmbito que sempre deve ser fortalecidona região.

Reconhece-se a necessidade se de contarcom regulamentação para proteger os direitos depropriedade intelectual individual e coletivo, dos co-nhecimentos tangíveis e intangíveis associados àbiodiversidade. Sem embargo, os marcos legais departicipação devem ser acompanhados de açõesconsistentes e de uma capacidade de gestão daautoridade ambiental nacional para o monitoramentoe o controle de seu cumprimento. Disto, tem-seidentificado vários problemas relacionados ao usoinapropriado e ilegal do conhecimento tradicional eo uso de patentes que têm sido obtidas sem o con-sentimento informado prévio das comunidades esem a distribuição de benefícios derivados da

9 Decisão III/14 da Terceira Conferência das Partes (Buenos Aires, 1996).

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comercialização de produtos que se baseiam nes-se conhecimento.

Os esforços dos países da região para evi-tar os usos e os aproveitamentos indevidos dessesrecursos e conhecimentos são urgentes e devemser fortalecidos tanto nos contextos nacionais comono dinâmico desenvolvimento das normativas inter-nacionais no marco da CDB, o Conselho do Acordosobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Inte-lectual Relacionados com o Comércio (ADPIC), aOrganização Mundial da Propriedade Intelectual(OMPI), o Acordo de Livre Comércio das Américas(ALCA) e a Organização das Nações Unidas para aAlimentação e a Agricultura (FAO).

Isso quer dizer que um dos desafios dasENBs nesse tema, como em muitos outros, é arti-cular suas ações e políticas de maneira transversalem outros instrumentos e corpos normativos rela-cionados como o setor agrícola, de comércio, turis-mo, entre outros. Assim mesmo, requer-se umaarticulação entre o conhecimento tradicional e oconhecimento científico por meio do diálogo de sa-beres.

Algumas das perspectivas nesse âmbitosão: a criação de sistemas integrados de recupera-ção, a sistematização e a proteção de conhecimen-tos tradicionais associados à biodiversidade. Ade-mais, é necessário contar com mecanismos paraa cooperação, o consentimento e a distribuição debenefícios.

É primordial que a definição de instrumentosse baseie em princípios como o consentimentoinformado prévio, antes da utilização dos recursos,e que fomente o desenvolvimento de termosmutuamente acertados entre provedores e usuáriosde recursos genéticos. Os avanços nessa matériadependem também das negociações em outrosfóruns relacionados com temas como comércio eacordos regionais,10 e o desenvolvimento e aaplicação das Guias de Bonn sobre Acesso aRecursos Genéticos que foram aprovadas durantea Sexta Conferência das Partes do Convênio deHaya no ano 2002. No futuro próximo, será deenorme relevância para a região a negociação deum Regime Internacional sobre essas matérias,

acordado tanto no marco da CDB como daConvenção Mundial sobre DesenvolvimentoSustentável (Johannesburgo, 2002).

Conservação ex situ (Art. 90)

No marco de suas políticas e estratégiasnacionais de biodiversidade, a maioria dos paísessul-americanos assinala aos bancos degermoplasma como um dos instrumentos-chave deconservação ex situ. Nesse âmbito, existe o reco-nhecimento de que um banco de germoplasma nãoé só um meio de conservação de recursos genéti-cos, mas acima de tudo um meio para transformarum potencial estimado em uma oportunidade real(Instituto Humboldt, 1998). Além de sua importân-cia na agricultura e na segurança alimentar, reco-nhece-se que os bancos de germoplasma podematender as necessidades de conservação de so-los, agricultura orgânica, fruticultura e extração deprincípios ativos.

Em matéria de recursos fitogenéticos, emalguns países conta-se com uma aceitável capaci-dade instalada e um número importante de pesqui-sas, a região confronta o desafio de fortalecer suasredes de bancos de germoplasma e, como no casodas áreas protegidas, integrá-las mais efetivamen-te aos planos de desenvolvimento socioeconômico.

Os países da região contam com bancos desementes e bancos de germoplasma desenvolvi-dos principalmente em centros de pesquisas agrí-colas e universidades. Por exemplo: a Comunida-de Andina de Nações conta com 88 bancos ativos,dos quais 60% são manejados por instituições pú-blicas (CAN, 2002).

Entre os principais problemas para a con-servação ex situ, conta-se com a fuga ou a perdade informação e materiais colecionados duranteexpedições nacionais e internacionais, escassacapacidade de infra-estrutura e financeira, escas-sos recursos humanos especializados, fontes detrabalho para taxônomos e outros pesquisadores.Ainda assim, existe alta dependência de tecnologiae insumos; as ENBs promovem a articulação e ofortalecimento dos centros de conservação ex situ

10 Nos últimos anos, têm-se criado novos instrumentos internacionais vinculados diretamente com os povos indígenas, e emparticular sobre comércio. Entre estes, conta-se com o Convênio 169 da OIT sobre Povos Tribais e Indígenas em PaísesIndependentes e fóruns internacionais, tais como a FAO, a Organização Mundial de Comércio (em nível de seu Comitê sobreComércio e Ambiente) e a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). Assim mesmo, a Comunidade Andina deNações e a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) têm abordado temas indígenas e especificamenteaqueles referentes à propriedade intelectual indígena e à diversidade biológica.

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para complementar a conservação in situ e facilitara implementação de processos educativos, cientí-ficos e tecnológicos que permitam contribuir com oreconhecimento e o aumento do interesse sobreos valores e a importância da biodiversidade. Dequalquer modo, busca-se a integração entre as va-riedades de cultivo desenvolvidas pelas comunida-des locais e indígenas com os cultivos de organis-mos científico-tecnológicos e também umacomplementação entre, o setor científico-tecnológico e o setor privado empresarial pelaimplementação de projetos e atividades conjuntas.

Os países estão interessados em ampliar,fortalecer e integrar os diversos sistemas deconservação ex situ. Com esse propósito, espera-se consolidar mecanismos que assegurem provisãoconstante de recursos humanos e financeiros, infra-estrutura e equipamento em longo prazo,precisamente para não pôr em perigo os recursosbiológicos conservados ex situ. As ENBs tambémbuscam fortalecer a recoleção planejada e seletivade recursos biológicos, promover a pesquisa e odesenvolvimento sobre recursos biológicos, criarum sistema de informação amplo relativo aosrecursos conservados ex situ e aperfeiçoar ossistemas de vigilância e alerta para evitar a perdade recursos.

Alguns dos aspectos que se deve tomar emconta para esse tema são:

Mecanismos para a apropriação regionaldos recursos genéticos por meio da ne-gociação conjunta no país e por país.Estratégia combinada, instrumentos le-gais, institucionais, políticos, científicos,sociais e de mercado.Cooperação e intercâmbio sul-sul.Melhor articulação entre as instituições eos planos de conservação in situ (áreasprotegidas) com as de conservação exsitu (bancos de germoplasma).

Entre as perspectivas, conta-se com acriação de incentivos para a participação do setorprivado e a necessária integração de ações deconservação ex situ com as ações de gestão dosrecursos genéticos e a repartição eqüitativa derecursos que contemplem esquemas de benefíciosmútuos e que salvaguardem as coleções em ummarco de rentabilidade ambiental, econômica esocial.

As ENBs outorgam particular ênfase aotema dos recursos genéticos, tendo em vista querepresenta oportunidades concretas para promo-ver novos produtos e serviços que podem ajudar asatisfazer às necessidades básicas, como a segu-rança alimentar, e a abrir novas oportunidades demercado com potenciais benefícios econômicossignificativos.

Uma das prioridades regionais na área debiodiversidade são os inventários de recursos ge-néticos, que permitiriam melhorar as coleções degermoplasma.

Utilização Sustentável dos Componentes daDiversidade Biológica (Art. 10)(Art. 10)(Art. 10)(Art. 10)(Art. 10)

O uso sustentável relaciona-se com oportu-nidades de emprego e desenvolvimento para ascomunidades locais e as práticas artesanais. Comesse propósito, considera-se importante nas ENBsdesenvolver estudos sobre o potencial econômicodo uso sustentável da biodiversidade e contemplarmecanismos, instrumentos e normas queminimizem o impacto ambiental das atividades pro-dutivas por meio do uso de tecnologias mais lim-pas.

De acordo com várias ENBs, o usosustentável deve também considerar o fomento dealternativas de renda para as pessoas que derivamseu sustento da sobre-explotação, exploraçãoirracional da biodiversidade e exploração deespécies ameaçadas. Com esse propósito, deve-se gerar como ciência sobre os hábitos nãosustentáveis de consumo de espécies silvestres eprover opções alimentícias viáveis, tais como ofomento da zoocria comunitária. Ainda assim, deve-se considerar a promoção de iniciativas para oestabelecimento de programas de zoocrias,piscicultura, cultivo e manejo de frutas e plantascomestíveis de maneira orgânica, agroflorestas emedicina tradicional, tendo em conta uma avaliaçãoprévia de sua viabilidade ambiental no âmbito locale regional.

Espera-se favorecer a pesquisa de longoprazo em projetos de uso sustentável e a promo-ção de estudos de mercado sobre produtos e deri-vados de recursos silvestres promissores e meca-nismos de comércio justo.

Igualmente, outra esfera de uso sustentáveldesenvolvida por algumas ENBs consiste na criação

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de mercados que capturem os serviços ambientaisessenciais que os ecossistemas oferecem.

Espera-se que parte dos benefícios dabiodiversidade sejam reinvestidos em conservaçãode áreas protegidas, atividades de pesquisa básicae aplicada sobre os recursos da biodiversidade enas tecnologias ligadas a sua conservação e usosustentável. Dessa maneira, pode-se contar commecanismo de autofinanciamento que alimente prá-ticas de conservação e geração de renda que ga-rantam a viabilidade dos ecossistemas no longoprazo.

Dentro das limitações, o entendimento so-bre o potencial de uso sustentável da biodiversidadenão tem sido, todavia, assimilado de maneira glo-bal, e não existem suficientes mecanismos efeti-vos de distribuição de benefícios que permitam re-duzir os níveis de pobreza e marginalidade. Ade-mais, aquelas pessoas com acesso a recursosnaturais e que têm desenvolvido modelos de sub-sistência se vêem agora ameaçadas pelos impac-tos negativos de um sistema de produção que atentacontra a qualidade ambiental e a saúde humana.

O uso sustentável é um dos temas que de-manda cooperação entre os diferentes atores, e temo potencial de vincular diversos setores sociais ecriar uma plataforma comum para os promotoresda conservação e da produção. Os resultados dasdiscussões globais e regionais sobre esse tema têmenorme potencial de aplicação no âmbito da Améri-ca do Sul e em escala nacional. Em particular, aquestão deve ser desenvolvida na escala local paraa qual se requer políticas de incentivo e mecanis-mos de mercado que facilitem a oferta e a deman-da de bens de serviços da biodiversidade que sãomanejados de maneira sustentável. Ainda assim,devem-se explorar possibilidades com a coopera-ção internacional para empreender iniciativas quecontemplem os ciclos de vida de produtos e servi-ços que são produzidos em muitos casos nos “pa-íses megadiversos” e consumidos por países de-senvolvidos, entre eles os produtos orgânicos e deecoturismo.

Constitui-se opção valiosa a incursão emnovas ações, como a Iniciativa Biocomércio, pro-movida pela Organização das Nações Unidas parao Comércio e o Desenvolvimento. Essa iniciativatem com missão estimular o comércio e os investi-mentos nos recursos biológicos para promover odesenvolvimento sustentável de acordo com os trêsobjetivos da convenção.

Pesquisa (Art. 12 Educação e Consciência)Pública (Art. 13)

As ENBs da América do Sul enfatizam o for-talecimento das capacidades nacionais em pesqui-sa sob o entendimento de que a pesquisa científicaorganizada e coordenada tem o potencial de proversoluções práticas para a conservação e o uso sus-tentável da biodiversidade (como exemplo, ver ENBdo Equador).

Na América do Sul, as ENBs promovem aintegração de mecanismos para facilitar a coope-ração e o intercâmbio de informação mediante aarticulação de redes de estações de pesquisas quepermitam contar com um sistema permanente demonitoramento. É fundamental que os países con-tem com pesquisas sobre os componentes dabiodiversidade, identificando as necessidades deinformação e áreas críticas para cada país por meiodo uso de Inventários Nacionais de Biodiversidade.Assim mesmo, as estratégias promovem a pesqui-sa sobre o conhecimento e as práticas das comu-nidades locais, a qual também servirá como funda-mento para a tomada de decisões.

Alguns países sugerem a criação de estatu-tos únicos de pesquisa para estabelecer mecanis-mos ágeis que promovam os projetos de pesquisacientífica de cientistas nacionais e estrangeiros,além de garantir os direitos de propriedade, indivi-dual e coletiva, sobre os resultados das pesquisase sobre o conhecimento tradicional associado aosrecursos genéticos e aos sistemas tradicionais demanejo de recursos naturais.

Um aspecto evidente que se deve reforçar éa necessidade de melhorar a articulação entre asENBPAs com as políticas, estratégias e/ou siste-ma de ciência e tecnologia em cada um dos paí-ses. Nesse sentido, as agências governamentaisde ciências e tecnologias (COMICITS) devem seros canais institucionais dessa relação necessária.

A educação sobre biodiversidade éfundamental nas ENBs, na perspectiva dedesenvolver recursos humanos capacitados econscientes para desenvolver uma gestão eficientee efetiva. Nesse aspecto, além de quadros técnicos,promovem-se o desenvolvimento de um sistemaeducativo e o de estratégia de comunicaçãodirigidos a atores-chave que favorecem aconservação e o uso sustentável da biodiversidade.

Existe a necessidade de espaços como os

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Grupos Nacionais de Biodiversidade, que agrupamespecialistas nos temas de biodiversidade.

Os Grupos Nacionais de Biodiversidade têmo potencial de fortalecer o intercâmbio de conheci-mentos; melhorar o trabalho interdisciplinar e a ge-ração de consciência pública por meio da interaçãocom especialistas e interessados em temas debiodiversidade em setores mais amplos; e aprovei-tar a oportunidade do trabalho no âmbito de comu-nidades locais dentro dos processos dedescentralização do manejo ambiental e, em parti-cular, da biodiversidade.

Acesso a Recursos Genéticos e Distribuiçãode Benefícios (Art. 15 e 16)(Art. 15 e 16)(Art. 15 e 16)(Art. 15 e 16)(Art. 15 e 16)

Os países de América do Sul ainda não co-nhecem todo seu patrimônio genético. Precisamen-te, uma das prioridades regionais da biodiversidadesão os inventários de recursos genéticos que per-mitiram melhorar as coleções de germoplasma.Ademais, os países da região não reconhecem osvalores comerciais/econômicos de seus recursosgenéticos, e os mecanismos de proteção do co-nhecimento tradicional são insuficientes e/ou nãose aplicam.

A informação disponível faz referência a in-ventários por espécies, mas ainda não existem aná-lises desagregadas que mostrem uma relação di-reta entre os usos potenciais dos recursos genéti-cos e as oportunidades de mercado.

A Política de Biodiversidade do Brasil realizaum tratamento conjunto dos temas de acesso aosrecursos genéticos e aos conhecimentostradicionais associados e à distribuição debenefícios. Enfatiza-se a necessidade de contarcom um sistema de acesso controlado aosrecursos genéticos e de reparticipação justa eeqüitativa. Ademais, prevê-se dotar de valoragregado os recursos genéticos por meio dapesquisa científica e do desenvolvimentotecnológico. Sugerem-se também mecanismoslegais e institucionais que promovam a participaçãona gestão desses recursos. Um aspecto importantetrata dos mecanismos de controle social e de

negociação governamental em relação aosresultados da bioprospecção e seus benefícios.

Em matéria de acesso aos recursos genéti-cos, a Comunidade Andina de Nações conta com aDecisão 391 de “Regime Comum de Acesso aosRecursos Genéticos”, que regula tal acesso parapromover sua conservação e assegurar uma dis-tribuição eqüitativa de benefícios. A Decisão 391 éum sistema jurídico-administrativo que fixa o pro-cedimento para utilização dos recursos genéticosnos países da sub-região andina. Uma avaliaçãoda aplicação da Decisão 391 evidenciou que exis-tem diferentes interpretações das definições, o queafeta a sua efetiva aplicação. Todavia, persistemresistências entre as comunidades locais para vin-cular-se a instituições de pesquisa e bioprospecção.

A partir da experiência da Comunidade Andinade Nações, depreende-se que uma efetiva aplicaçãodos regimes de acesso aos recursos genéticosdemanda certos requisitos, entre eles: adequadadefinição do âmbito de aplicação da norma;existência de mecanismos governamentais degestão integrados; capacidade científica instalada;apoio financeiro específico; e sistema de registro edifusão de informação em diferentes níveis.

Os países da região coincidem no acessocontrolado aos recursos genéticos como parte doexercício de direitos soberanos sobre os recursosnaturais e a faculdade de regular seu acesso parafavorecer seu uso sustentável.

A adequada regulamentação ao acesso e aointercâmbio de informação e mostras de materialgenético com fins comerciais e de pesquisa é desuma importância para o desenvolvimento dessecampo, assim como o estabelecimento de bancosgenéticos que facilitem a pesquisa, a transferênciade material e o intercâmbio de informação em níveltécnico e tecnológico em bioquímica e biotecnologia(em particular, o desenvolvimento de biotecnologiassustentadas no uso e no melhoramento de varie-dades autóctones).

As perspectivas abrangem regimes integra-dos de acesso aos recursos genéticos que consi-derem os benefícios ou os resultados derivados desua posterior utilização.

11 As Guias de Bonn têm como objetivo melhorar a maneira como pesquisadores, recoletores, companhias internacionais eoutros usuários ganham com o acesso a recursos genéticos valiosos e a distribução de benefícios aos países de origem.Ademais, guiam os governos para que estabeleçam métodos para estabelecer condições justas e práticas para os usuáriosque buscam recursos genéticos, quem a câmbio entregam benefícios do uso, em forma de rendas, dividendos, colaboraçãocientífica ou capacitação.

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Na escala global, está pendente aimplementação das Guias de Bonn11 sobre Acessoe Distribuição de Benefícios, tal como a aplicaçãodo Protocolo de Biossegurança e a regulamentaçãonacional necessária para controlar o impacto daliberação no meio natural de espécies ou variedadesmodificadas geneticamente. Incluem-se aí, ainda,os mecanismos de cooperação entre o setor privadoe os centros de pesquisa, e entre entidadesnacionais e estrangeiras para esse propósito.

A região deverá enfrentar vários desafios,entre eles a situação de deslocamento da agricul-tura para a subsistência e sua substituição pormonocultivos promovidos por sistemas ineqüitativosde subsídios à agricultura. Ainda assim, as pres-sões do Acordo de Livre Comércio das Américas(ALCA), e outros acordos comerciais que se en-contram em processo de negociação/implementação, sobre a abertura dos mercados,tendem a favorecer a desregulação para o acessoe distribuição eqüitativa dos benefícios e os direitosde propriedade intelectual. Nesse sentido, os acor-

4. Mecanismos de Implementação

As Estratégias Nacionais de Biodiversidadeda América do Sul constituem um esforço valiosoque tem incorporado distintos atores sociais na de-finição de objetivos estratégicos, lineamentos depolíticas, atividades e resultados que buscam quecada um dos países possa conservar e contribuircom o desenvolvimento de seus povos por inter-médio do uso sustentável da biodiversidade e dadistribuição eqüitativa de benefícios.

Encontra-se em processo o estabelecimentode mecanismos que permita a efetivaimplementação em escala nacional e regional, umavez que as estratégias por si só não garantem aconservação e o uso sustentável. Essas Estratégi-as devem estar acompanhadas de planos de açãoe objetivos concretos, factíveis e estimáveis quepromovam a sustentabilidade financeira do modelode conservação da biodiversidade e o fortalecimen-to da cooperação nacional e internacional, assimcomo o fortalecimento da participação e o desen-volvimento de consciência pública para assumir osdesafios da conservação da biodiversidade.

As ENBs devem estar sustentadas em umcompromisso dos atores sociais e acompanhadasde instrumentos para facilitar sua implementaçãoPor meio de ações relacionadas com a educação;

a participação cidadã; o desenvolvimento legislativoe institucional; os incentivos e os investimentos eco-nômicos; e o desenvolvimento e a transferência detecnologia.

A implementação efetiva das ENBs depen-de de que os planos de ação se integrem na práticacom outros setores e políticas. Assim, por exem-plo, uma plataforma de trabalho que harmonize osobjetivos de biodiversidade com o ordenamentoterritorial e o uso do solo pode ser chave para aintegração. Justamente nessa perspectiva é que osplanos de ação permitem identificar prioridades tantono âmbito nacional quanto em escala subnacional,estadual e municipal, de acordo com a divisão ad-ministrativa de cada país e a dotação orçamentáriacorrespondente.

4.1 Compromisso Político

As Estratégias Nacionais de Biodiversidadedevem contar com a vontade política dos governoscorrentes para que sua implementação seja parteintegrante das agendas de desenvolvimento dospaíses. O compromisso político está determinadopela prioridade que se outorga a aspectos dabiodiversidade nas agendas de desenvolvimento eplanos econômicos, e o apoio financeiro medianteos orçamentos gerais dos Estados.

Ainda que os fundos de cooperação interna-cional sejam fundamentais para a implementaçãodas ENBs, é necessário ampliar as fontes nacio-nais e regionais para financiar os planos de ação.

Um dos maiores desafios constitui oenvolvimento de diversos setores e dos Estadoscom os quais se espera criar mecanismos dearticulação e acordos com a política dedescentralização e sua ativa participação nos pro-cessos de elaboração de planos de ação e suaimplementação. Os temas de conservação e usosustentável podem ter maior eco em escala local,tendo em vista que os impactos são diretos e é maisfactível desenvolver um sentido de pertinência napopulação.

Os países, ademais, terão de executar suaspropostas de manejo da biodiversidade em escalaregional dentro de suas fronteiras, bem como asiniciativas de integração regional supranacionais.Neste último caso, será necessário promover aexecução de iniciativas como a Estratégia Regio-nal de Biodiversidade para os Países do TrópicoAndino e sua integração com outras propostas.

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4.2 Marco Regulatório

É necessário que se consolide um marcopolítico, legal e administrativo que permita que asEstratégias Nacionais de Biodiversidade se apli-quem apoiadas em leis sobre biodiversidade e re-gulamentos específicos que estabeleçam as regrase os incentivos para que os diversos atores pos-sam tomar decisões eficientes e efetivas. Essesprocessos, em muitos casos, são extremamentelentos e desgastantes, por exemplo, no caso doEquador, a Lei sobre Biodiversidade tem estado emprocessos de desenho e revisão por mais de seisanos e, todavia, não se tem conseguido sua apro-vação.

Existe grande quantidade de instrumentos depolítica desenvolvidos que devem ser integrados àsEstratégias e Políticas Nacionais de Biodiversidade,tais como Estratégias Nacionais de Conservação,Políticas de Vida Silvestre, Políticas e Planos deÁreas Protegidas, Planos Nacionais de Gestão/Ação Ambiental, Planos Nacionais de Desenvolvi-mento; igualmente, Planos de Ação setoriais, comoos Planos de Ação de Desenvolvimento Florestal; eoutros planos relacionados com as convenções in-ternacionais sobre mudança climática, tráfico deespécies, campos úmidos e desertificação, entreoutros.

Para que passem do papel à realidade, osmarcos político e legal devem apoiar-se na gestãoparticipativa da biodiversidade e na transversalidadecom as políticas setoriais.

4.3 Planejamento

As Estratégias Nacionais de Biodiversidadeestão sendo implementadas por meio de políticase planos de ação que podem ser mais efetivos paracumprir com os objetivos planejados se considera-rem nos processos certos princípios e aproxima-ções.

O processo de Plano de Ação da Guiana,consistente com as sugestões da Convenção, su-gere considerar os seguintes:

processos participativos;planejamento cíclico e adaptativo;aproximação ecossistêmica; eprincípio de precaução;

A combinação desses elementos tem opotencial de facilitar um processo dinâmico de

planejamento da biodiversidade, no qual pode-seconsiderar os ecossistemas sob uma perspectivaintegral que se ajusta com o tempo e que tem umhorizonte de longo prazo. Esses processos departicipação devem ser integrados e transversaisno sentido de que sejam parte de outros esforçosde planejamento que se leve a cabo nos setoresprodutivos (agricultura, pesca, turismo) eadministrativos. Ainda assim, é importante que aplanificação conte com indicadores e metas queconsiderem o rol que os distintos setores devemtomar dentro do co-manejo da biodiversidade.

As políticas de biodiversidade devem contarcom planos de ação sempre que se identifiquemos responsáveis pelas diferentes ações, bem comoos recursos humanos, institucionais, de infra-estrutura e financeiros necessários para suaimplementação. Os planos de ação nacional devemvir acompanhados de planos de ação em níveisregionais, estaduais e municipais, com suas açõesprioritárias e mecanismos específicos deimplementação.

4.4 Recursos Humanos e CapacidadeInstitucional

O impulso a ações coordenadas e comple-mentares entre as distintas instituições educativas,de pesquisa e capacitação é necessário para al-cançar o melhor desenvolvimento de capacidadestécnicas e uso dos recursos escassos para o tra-balho de conservação e identificação de usos sus-tentáveis da biodiversidade.

A gestão da biodiversidade tem deixado deser um âmbito exclusivo de biólogos e requerenfoque interdisciplinar para a implementação dasENBs. É necessário que os países fortaleçam asredes de especialistas e que mantenham inventári-os atualizados de profissionais com o fim de sermais efetivos na integração das capacidades exis-tentes e na identificação de brechas de conheci-mento tanto no âmbito científico quanto no de ad-ministração.

A promoção de bolsas de estudo e intercâm-bios em nível sub-regional e com outros países émuito importante. Uma condição relevante é que ostemas de pesquisa possam ter aplicação real nocontexto local e que se fortaleça também a capaci-dade institucional local para nutrir-se do conheci-mento de especialistas que possam integrar os co-

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nhecimentos científicos de vanguarda com o co-nhecimento tradicional dos povos locais.

As tecnologias de ponta podem facilitar ageração, a validação e a divulgação de conhecimen-tos sobre biodiversidade. O uso de meios eletrôni-cos facilita muito o acesso entre pesquisadores.Sem embargo, devem-se manter mecanismos dis-poníveis para o trabalho no campo e com tecnologiassimples de utilizar. De todo modo, é necessário le-var em conta a adequada adaptação de tecnologiae a recuperação de técnicas tradicionais.

A capacidade institucional e de gestão tam-bém diz respeito a: integração da autoridadeambiental respectiva com outros processos e polí-ticas de desenvolvimento; eficácia para resolverconflitos; harmonia entre necessidades de açõesentre distintos âmbitos; e cooperação com outrasentidades que têm responsabilidades específicas;mas complementares às ENBs.

4.5 Informação e Tomada de Consciência

Existe um desafio enorme em termos decontar com estratégias de comunicação queconsigam uma geração de consciência orientada amudanças de comportamento na sociedade. Énecessário que se conheça a importância daconservação, do uso sustentável da biodiversidadee da distribuição justa e eqüitativa de benefícioscomo estratégia do país, mas também que seconsiga chegar com uma linguagem que modifiqueas atitudes e o cumprimento de papéis individuaise institucionais que cada um pode ter para fazerdesta uma oportunidade de desenvolvimento.

Da mesma forma que ocorreu em sua for-mulação, é importante estimular a participação du-rante sua implementação. Divulgar massivamenteos elementos fundamentais das ENBs e promoversua apropriação por todas as escalas da socieda-de são igualmente fundamentais.

A tomada de consciência deve ser promovi-da tanto em nível de liderança dos governantescomo pelos sinais gerados pelos distintos atoressociais envolvidos direta e indiretamente naimplementação das estratégias.

Em matéria de informação, uma útil ferra-menta que deve ser fortalecida e ampliada é o me-canismo de facilitamento (clearing-housemechanism).

4.6 Incentivos Econômicos e Valoração daBiodiversidade

A mudança de comportamento dos atoresnão somente se baseia na geração de consciênciasobre a biodiversidade, mas também na criação deincentivos que motivem a população e atores-cha-ve a tomar decisões acordadas com os objetivosdas ENBs.

Os incentivos de tipo econômico requeremuma caracterização das oportunidades que exis-tem para o uso sustentável da biodiversidade e avaloração de habitats que permita abrir mercadospara os serviços ambientais. Ademais, é necessá-rio que se identifiquem e eliminem os incentivosperversos que diminuem as oportunidades dosecossistemas de regenerar-se e de seremvalorados pelos múltiplos serviços e produtos queoferecem.

O esquema de incentivos deverá conside-rar os sistemas de consumo e produção sustentá-vel, que por uma parte gerem uma maior demandade bens e serviços que conservem o patrimônio debiodiversidade e, por outra, promovam sistemas deprodução e manejo de recursos sem desperdícios,tal como funciona nos sistemas naturais.

Entre os incentivos, incluem-se transforma-ções das taxas de aproveitamento florestal e de-senvolvimento de taxas compensatórias, certifica-dos de incentivos, entre outros. Os créditos bran-dos são uma opção para beneficiar sistemas pro-dutivos associados à pequena e média produção,bem como, atividades de experimentação, pesqui-sa, produção e comercialização, implementação detecnologias de produção limpa ou programas dereflorestamento. Estuda-se, ademais, a possibilida-de de eliminar taxas e impostos para equipes depesquisa científica.

A identificação e a aplicação de alternativaseconômicas que freiem as pressões de uso e abu-so de recursos por necessidades de subsistênciaimediata são urgentes. As populações terão incen-tivos para conservar quando forem conscientes dasrelações de interdependência que se geram entreas práticas de uso dos recursos e sua deteriora-ção no médio e longo prazos. Nesse sentido, é tam-bém importante o uso de indicadores que permi-tam determinar os avanços alcançados e as bre-chas que necessitam ser cobertas quanto a mane-jo e dedicação de recursos.

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4.7 Sustentabilidade Financeira

O financiamento da atual fase deimplementação das Estratégias Nacionais deBiodiversidade há de contar com fontes múltiplasque permitam a integração da biodiversidade emplanos de desenvolvimento, financiamento gover-namental, investimentos do setor privado e ajudade doadores. No âmbito central, em cada país, énecessário que o plano de implementação seja par-te das partidas pressupostas do Plano Nacional deDesenvolvimento.

A articulação dos temas intersetoriais emacroeconômicos requer maior aproximação e fa-cilitação de processos entre as instituições que têma seu cargo direto a gestão da biodiversidade comos ministérios da Economia e Fazenda, conside-rando que o orçamento nacional de cada país de-veria refletir as prioridades da Estratégia e facilitaro desenvolvimento de capacidades institucionais etecnológicas para que o esforço tenha perspecti-vas de êxito no longo prazo.

O acesso a recursos financeiros por meiodo Fundo Ambiental Mundial e o apoio da coopera-ção internacional podem ter aplicação mais efetivapor intermédio da administração realizada pelosfundos ambientais nacionais.

O desafio é a geração de fontes locais e re-gionais de fundos que permitam considerar abiodiversidade como um recurso estratégico quecontribui para satisfazer às necessidades locais egerar valor agregado para o intercâmbio comercial.A conservação da biodiversidade não pode depen-der no longo prazo das contribuições internacionais.Sem embargo, devem-se explorar possibilidadespara criar alianças entre distintas organizações quepermitam fazer um uso mais efetivo dos recursose gerar melhores propostas.

É interessante mencionar alguns exemplospráticos sobre financiamento:

Bolívia, por exemplo, tem desenvolvidoo Comitê de Doadores para coordenar eapoiar o ordenamento do investimento nagestão da biodiversidade, no que partici-pam USAID, COSUDE, GTZ, Embaixa-das da Alemanha, Dinamarca, Reino Uni-do, Países Baixos, Suécia e Bélgica.Esse tipo de iniciativa pode potenciar assinergias e promover um fluxo mais or-denado e eficiente de recursos.

Entre as opções de autofinanciamento, aColômbia conta com recursos financei-ros nacionais suficientes para levar a caboo processo graças aos impostos predi-ais, impostos à terra e o imposto às ven-das brutas de energia. Isso tem permiti-do incluir o tema de biodiversidade nosplanos e nos orçamentos trianuais dascorporações e apoiar o desenvolvimentode capacidades em escala regional esetorial, em particular nos setores agrí-cola, minero/energético, e de infra-estru-tura e transporte.No caso de Guiana, promove-se a gera-ção de renda com uma carteiradiversificada de produtos e serviçosambientais, que incluem cargos por ser-viços ecológicos por meio de impostosespeciais, taxas para bioprospecção, pa-gos por pesquisa acadêmica;reestruturação do uso atual da vida sil-vestre pelo desenvolvimento de novosmercados para produtos de vida silves-tre com base no uso sustentável, taiscomo uso de extratos e observação deaves; e alternativas aos usos silvestrescomo o cultivo de espécies em deman-da. Para a conservação in situ sugere-se o cargo aos usuários dos visitantesem áreas protegidas bem como o paga-mento de entradas em zoológicos e pa-gamentos por acesso ao material gené-tico e à participação nos benefícios de in-venções.

Outras opções são o eco-etnoturismo, aspenalidades do tipo poluidor-pagador, as trocas dodébito pela natureza, a fixação de carbono e os pro-jetos baseados no Mecanismo de Desenvolvimen-to Limpo (MDL), e o pagamento de serviços, como,por exemplo, o custo total dos serviços de água.

4.8 Mecanismos de Cooperação Sub-Regional

Existe a possibilidade de fortalecer os me-canismos de cooperação sub-regional quecorrespondem a acordos comerciais de coopera-ção e integração, como é o caso da ComunidadeAndina de Nações (CAN) e do Mercado Comum doSul (MERCOSUL).

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O processo de desenvolvimento da Estraté-gia Regional de Biodiversidade dos Países do Tró-pico Andino provou ser um exercício interessantede cooperação sub-regional, no qual se pôde tra-balhar em temas de interesse comum e comple-mentar em nível transfronteiriço e com enfoquesintegradores no nível eco-sistêmico.

Novos desafios constituem o trabalho emmacrobiorregiões, como no caso dos Andes, daBacia do Rio Amazonas ou do Grande Chaco.

Tais iniciativas sub-regionais devem manterum estreito vínculo com as ENBPA e, por sua vez,com processos subnacionais de manejo dabiodiversidade.

A iniciativa de cooperação em biodiversidadeem escala sul-americana ,promovida pelo governode Brasil, oferece um cenário apropriado para arti-cular e coordenar as diferentes estratégias e/ouprogramas sub-regionais.

5. Sinergias com Outros AcordosInternacionais

Os acordos Multilaterais relacionados coma CDB são múltiplos; entre eles, podem-se desta-car a Convenção-Quadro das Nações Unidas so-bre Mudança Climática (UNFCCC) e a Convençãodas Nações Unidas para a Luta contra aDesertificação (UNCCD), que foram geradas a partirdo processo da Conferência das Nações Unidassobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD,1992); além de outros mais antigos como a Con-venção sobre Áreas Úmidas de Importância Inter-nacional (Ramsar, 1972) e a Convenção sobre oComércio Internacional de Espécies Ameaçadas daFauna e Flora Silvestres (CITES, 1975), entre ou-tros.

Todos esses acordos têm de apresentarmedidas para reverter a exploração não-sustentá-vel dos recursos do planeta. Sem embargo, é evi-dente que não é suficiente alcançar uma sinergiaentre convênios pró-ambiente se também não hou-ver participação na definição de acordos relaciona-dos com o comércio e a propriedade intelectual quetambém estão relacionados com os objetivos daCDB.

As relações entre esses acordos e os obje-tivos da CDB são múltiplos a respeito da inter-rela-ção de impactos positivos e negativos dentro dostemas particulares que são manejados sob cada

um deles e os distintos níveis de biodiversidade:ecossistemas, espécies e genes.

Um aspecto-chave no uso das sinergias éconsiderar a interdependência entre as ações quese definem para promover o desenvolvimento sus-tentável. Por exemplo: a exploração florestal temum fundo econômico e social. Sem embargo, a pro-teção dos bosques e a reversão dos processos dedesmatamento contribuem para reduzir as emis-sões líquidas de dióxido de carbono, que causam oefeito estufa, previnem a degradação do solo e aperda de biodiversidade. Ainda assim, a geração deincentivos para o uso de energias renováveis quepossam atender às necessidades humanas podetambém reduzir as pressões sobre os bosques ereduzir as emissões.

A CDB está desenvolvendo mecanismos decooperação entre as diversas agências que mane-jam os convênios e o fortalecimento de sinergiasentre distintas organizações que participam em ati-vidades e programas desde seus âmbitos da pes-quisa científica, à economia e à gestão social. Assinergias mais fortes são as existentes entre CDB,UNFCCC e UNCCD.

6. Perspectivas

As ENBs têm o potencial de oferecer o mar-co para alcançar a sustentabilidade ecológica, so-cial, institucional e financeira dos processos de con-servação da biodiversidade. Os mecanismos deimplementação são o suporte para que elas tenhamviabilidade em termos reais.

É importante ressaltar que a implementaçãodas ENBs é concebida como um processo com-plexo e de longo prazo, sendo parte a colocaçãoem prática do Plano de Ação para a Conservação eo Uso Sustentável da Biodiversidade (que é o pas-so mais crítico).

6.1 Perspectivas no Âmbito Internacional

No âmbito internacional, um dos resultadosalentadores da Cúpula Mundial sobreDesenvolvimento Sustentável (2002) foi aconfirmação da decisão tomada na 6ª Conferênciadas Partes da CDB que estabeleceu a meta de2010 para reduzir de maneira significativa a perdade biodiversidade. Muitos dos países emdesenvolvimento não apoiaram essa decisão em

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razão da necessidade de contar com maiorescapacidades locais e financeiras para se cumprircom a meta. Sem dúvida, essa pode ser umaoportunidade para gerar possibilidades emdiferentes frentes, tanto no âmbito de financiamentoadicional como no apoio internacional, para o qualse deve decidir sobre as metas em termosconcretos.

No período 1992-2001, o Fundo Mundial parao Ambiente (GEF) proveu recursos para a conser-vação da biodiversidade de aproximadamente U$1,2bilhão e liberou outros U$2 bilhões para financiarprojetos em países em desenvolvimento.13 É de seesperar que os fundos se incrementem e que sepromovam maiores sinergias no uso de recursosdentro dos convênios de biodiversidade, mudançaclimática e desertificação.

Os temas de interesse para a região serãoinfluenciados pelas decisões relativas ao Plano deImplementação da Cúpula Mundial sobre Desenvol-vimento Sustentável, ao Plano da CDB e à Decla-ração do Milênio. Assim, espera-se a tomada de de-cisões com respeito à distribuição de benefíciosrelativos ao acesso aos recursos genéticos pormeio dos Guias de Bonn; sobre biossegurança como Protocolo de Biossegurança; bioprospecção e asIniciativas de Biocomércio; e proteção e aplicaçãodo conhecimento tradicional. Existe uma ênfase im-portante no tema de recuperação, restauração econservação dos ecossistemas produtores deágua, em particular produtores de umidade.

O tema da água ganha interesse pela amplanecessidade de acesso e qualidade, a qual foienfatizada durante a celebração do Ano Mundial daÁgua em 2003. A riqueza da água doce na Américado Sul é fundamental, uma vez que conta com gran-des bacias hidrográficas (Amazonas, Orenoco,Paraguai–Paraná–Prata) e caudais consideráveis,com enormes volumes hídricos.

Em escala regional, é importante conside-rar a Iniciativa Latino-Americana e Caribenha, apre-sentada na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimen-to Sustentável. Essa Iniciativa propõe transformaro desenvolvimento sustentável em prioridade es-tratégica de política baseada em um fundamentoético e na necessidade de assegurar financiamen-to em uma “nova globalização, que garanta um de-

senvolvimento sustentável, eqüitativo e inclusivo”.

6.2 Perspectivas no Âmbito Regional Sul-Americano

O enfoque regional permite aproveitar assimilitudes culturais e de língua, os problemasambientais comuns e, ainda, as instalações com-partilhadas, bem como cooperar nas atividades demonitoramento e investigação. A Estratégia Regio-nal de Biodiversidade para os Países do TrópicoAndino e a proposta de uma Estratégia Amazônicade Biodiversidade são aportes nessa direção quepoderiam estender-se a toda a região.

Com efeito, de maneira complementar àsENBPA, mostra-se de enorme relevância o desen-volvimento de estratégias sub-regionais, como ins-trumentos de integração e manejo conjunto dabiodiversidade por meio da cooperação entre gru-pos de países. Nesse sentido, a Estratégia Regio-nal de Biodiversidade para os Países do TrópicoAndino sustenta o fim de conjugar as capacidadesgovernamentais e não-governamentais nos cincopaíses da CAN, e focá-las no cumprimento dosobjetivos propostos.

Nessa mesma perspectiva, existem novasidéias que estão sendo exploradas para somar von-tades até a formulação de outras estratégias e/ouprogramas sub-regionais. Por exemplo: a Organi-zação do Tratado de Cooperação Amazônica(OTCA) já incorporou a proposta de um ProgramaAmazônico para a Conservação e Uso Sustentávelda Biodiversidade no marco de seu Plano Estraté-gico 2004-2012 (OTCA, 2004). Igualmente, existemantecedentes e propostas para desenvolver umainiciativa sub-regional de biodiversidade para o Es-cudo Guianês (prevê-se que no futuro poderia sedesenvolver uma iniciativa sub-regional para ospaíses do Cone Sul, tal como se sugere no texto daENB da Argentina).14 Evidentemente, trata-se de ini-ciativas em distintos momentos de evolução queseguramente promoverão a cooperação entre paí-ses sul-americanos durante os próximos anos e quedeverão ser complementares e sinergéticas entresi e com as ENBPA.

Certamente, o momento mostra-se propício,pois a atitude dos governos é particularmente favo-

13 http://www.biodiv.org14 Na ENB da Argentina foi definido que “Durante o desenvolvimento do exercício de planificação, se advertiu a necessidade deavançar no estabelecimento de estratégias conjuntas com respecto à diversidade biológica com os países vizinhos, especial-mente no marco do Mercosul”.

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rável à cooperação regional. Como mostra disso,durante uma reunião convocada precisamente paraidentificar prioridades de cooperação (Rio de Janei-ro, dezembro de 2003), surgiu a iniciativa de cons-truir uma estratégia sul-americana debiodiversidade, para a qual os países ali reunidospediram ao governo brasileiro que preparasse, como apoio da UICN, uma proposta que deverá ser apre-sentada aos Ministros de Meio Ambiente.15

A tudo isso soma-se como cenário de traba-lho conjunto, a construção de uma posição e umaproposta comum referentes à negociação no mar-co da CDB de um regime internacional para pro-mover e salvaguardar a justa e eqüitativa divisãodos benefícios derivados da utilização dos recur-sos genéticos. Certamente, já na COP 7 (KualaLumpur, Malásia, 2004), a região latino-americanae caribenha (GRULAC) enviou claros sinais comrespeito ao papel que espera cumprir nas negocia-ções de um regime internacional durante os próxi-mos anos.

A cooperação entre os países e sua interaçãopor redes pode facilitar a identificação de açõesprioritárias, o desenvolvimento de capacidades hu-manas e institucionais e a obtenção do apoio finan-ceiro necessário que pode favorecer uma reduçãode custos de transação e melhorar a negociaçãocom posições conjuntas em bloco regional.

Outro importante desafio regional está as-sociado às discussões sobre a ALCA e os acordosbinacionais/sub-regionais de livre comércio, osquais abriram a possibilidade de incluir os aspec-tos de ambiente e biodiversidade em um âmbito noqual os aspectos econômicos do comércio aindaprevalecem, e que em várias ocasiões ignoram atéas condições socioeconômicas da região.

Em termos gerais, existem oportunidadesvaliosas ao aplicarem-se iniciativas transnacionaisde conservação e uso sustentável, como por exem-plo os corredores biológicos promovidos por distin-tos países e organizações internacionais.

A iniciativa sobre cooperação embiodiversidade na América do Sul estimulou todosos países a identificar prioridades regionais e sub-regionais que serão objeto de ações conjuntas nospróximos anos.

6.3 Perspectivas no Âmbito Nacional

As perspectivas de uma implementaçãoexitosa das ENBs demanda que se logre que a so-ciedade em seu conjunto se aproprie delas. Um dosprincipais obstáculos para a execução se dá quan-do essas estratégias são consideradas como re-quisitos para cumprir a Convenção e oportunida-des de uso dos recursos do GEF no lugar do resul-tado de um processo nacional participativo e cons-ciente.

A gestão da biodiversidade deve contemplarsua melhor gestão nas estratégias de diminuiçãoda pobreza e nas dimensões socioeconômicas dospovos da região. Tais povos devem colocar os ob-jetivos de conservação, uso sustentável e distribui-ção justa e eqüitativa em suas agendas de desen-volvimento nacional e assegurar que a conserva-ção dos recursos da biodiversidade de maneirasustentável seja uma prática implantada nas açõesdos distintos atores sociais. As opções para a re-gião são múltiplas se consideradas visões integraisao desenvolvimento.

Estima-se que no futuro dar-se-á maior ên-fase aos serviços e aos produtos da biodiversidadecomo oportunidades de desenvolvimento econômi-co e conservação.

A implementação das ENBs está ligada aseus planos de ação nacionais, assim comosetoriais, por meio de acordos interministeriais re-lacionados com ambiente, agricultura, comércioexterior, minas e energia, entre outros. A fim de obtermaior detalhamento, os países defendem a elabo-ração de exercícios complementares à escala re-gional, provincial, municipal e local; bem como ofortalecimento da coordenação nos distintos níveis.Espera-se que a primeira década do 2000 apresentemaiores esforços de aplicação no âmbito de unida-des de governo descentralizadas e maior participa-ção dos povos indígenas na definição de planos demanejo e decisões que afetam os recursos natu-rais.

15 Carta do Rio de Janeiro.

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6.4 Conferência das Partes da CBDno Brasil, 2006

Em maio de 2006, o Brasil será o anfitriãoda 8ª Conferência das Partes (COP-8) da CDB. AsPartes voltarão a reunir-se no Brasil, quando oConvênio se aproximar de seus 15 anos de idade.Essa data tem valor simbólico e oferece umaocasião especial para avaliar o progresso e ossucessos desse acordo multilateral. Trata-se deuma oportunidade excepcional para que a Américado Sul traga posições comuns nos temas de maiorinteresse regional e para mostrar seus avanços nosprocessos regionais de cooperação.

6.5 O Futuro da Biodiversidade na América6.5 O Futuro da Biodiversidade na América6.5 O Futuro da Biodiversidade na América6.5 O Futuro da Biodiversidade na América6.5 O Futuro da Biodiversidade na Américado Suldo Suldo Suldo Suldo Sul

Se todos esses espaços de ação integradaforem consolidados, o resultado será condizentecom uma visão de futuro ambiciosa: América doSul, a região de megadiversidade que logrouconciliar os objetivos do desenvolvimento humanocom os objetivos da conservação e do usosustentável. Um cenário desejado, pelo qual vale apena trabalhar. Para tanto, deve-se garantir duranteas próximas décadas plataformas institucionais eprocessos orientados a uma gestão deecossistemas, espécies e recursos genéticos emfunção da eqüidade social.

Mais que documentos rígidos e estáticos, asENBs são processos vivos e abertos, adaptáveis amudanças no contexto, com projeção de longoprazo. Devem ser instrumentos de conservação,crescimento econômico sustentável e desenvolvi-mento humano.

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