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Paulo Victorino
CAPÍTULO SEIS
ADMINISTRAÇÃO TURBINADA
O GOVERNO DE JUSCELINO KUBITSCHEK
Às vésperas das eleições, o jornalista e deputado Carlos
Lacerda lança uma nova confusão ao publicar a chamada Carta
Brandi. Escrita em papel timbrado original da Câmara de
Corrientes supostamente por um deputado argentino, Antonio
Jesus Brandi, era dirigida ao candidato a vice-Presidente, João
Goulart. Nela se estabelecia um suposto contato entre Jango e a
Embaixada Argentina no Rio de Janeiro para ultimar o processo de
envio de armas de guerra ao Brasil, visando o início de uma
revolução sindicalista nos moldes do governo de Juan Domingo
Perón. Publicada pela Tribuna de Imprensa e pelo jornal O Globo
e lida por Carlos Lacerda na televisão, essa carta provocou a maior
celeuma, prejudicando bastante as candidaturas JK-Jango. Ficou
provado (depois das eleições), que tal documento tinha sido forjado
pelo escritório Cordeiro e Malfussi, cujos sócios foram presos na
Argentina. O próprio Carlos Lacerda acabou reconhecendo a
falsidade da carta, o que não anulou seus efeitos eleitorais,
favorecendo a União Democrática Nacional.
Ao clarear do dia 24 de agosto de 1954, a população brasileira, incrédula e
estarrecida, toma conhecimento da morte trágica do presidente Getúlio Dorneles
Vargas, vítima do esquema de segurança que montara em torno de si, mas
vítima, também, de forças reacionárias que não queriam vê-lo no poder e que,
por qualquer pretexto, ou por pretexto nenhum, queriam desalojá-lo.
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O dia começa tenebroso. O perigo de tumulto nos locais de trabalho leva
patrões a suspender a jornada naquele dia, fazendo com que a agitação se
transfira para as ruas das grandes cidades. Horas depois, às pressas, é
declarado feriado nacional, com o que o trabalho fica suspenso também nas
raras casas que ainda haviam ousado abrir suas portas.
Nos locais públicos, protestos e depredações, ocasionando confrontos com a
polícia, cuidadosa em não complicar uma situação que já era, por si só, bem
difícil.
Em Belo Horizonte, o governador do Estado, Juscelino Kubitschek de
Oliveira, toma conhecimento de que uma grande concentração ia se formando
na avenida Afonso Pena, junto às escadarias da Igreja de São José. Eram já
mais de 50 mil pessoas, ouvindo calorosos discursos de líderes políticos e
sindicais, em ambiente inflamado, e num estado de comoção muito grande, tudo
levando a crer que, em breve, começariam tumultos impossíveis de se controlar.
O governador não tem dúvidas. Sozinho, sai do palácio, percorre a avenida e
sobe as escadarias, aproximando-se dos líderes da manifestação, como conta
Hélio Silva:
"Juscelino Kubitschek pediu licença e, declarando-se o
governador do Estado, dirigiu umas palavras à multidão. Estavam
todos vivendo um momento doloroso para a nação. Era preciso que
o povo, que sofria com a perda de Vargas não transformasse suas
expansões num movimento de desordem. Por isso, o governador
convidava a todos para subirem, a pé, em direção ao Palácio das
Laranjeiras [o palácio do Governo], onde poderiam ficar em seus
parques, todo o dia, trocando ideias. Suas palavras
impressionaram, pois falou emocionado.
"Assim, a multidão o acompanhou até o palácio, lá passando
todo o dia. Mas os últimos grupos só se dissiparam por volta das
23 horas. Foi então que Juscelino pôde vir ao Rio de Janeiro, para
visitar o corpo do presidente, no velório do Palácio do Catete,
regressando, ainda pela madrugada, a Belo Horizonte."
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Assim era JK: arrojado, mas sem pedantismo, aparentemente calmo,
mesmo que em seu interior se arrastasse um turbilhão de emoções. Apresentava
sempre uma serenidade que irritava seus adversários, muitos dos quais a
confundiam como um ato de cinismo e de provocação.
Com tal equilíbrio, é até compreensível que entre 1926 a 1985, abrangendo
um período de 59 anos, Juscelino Kubitschek torna-se o único Presidente civil
a concluir seu mandato, vencendo todas as tentativas, primeiro para impedi-lo
de tomar posse, depois para impedi-lo de governar.
Havia pedras no caminho
Como se recorda, a trajetória de JK a caminho da Presidência transcorreu por
uma estrada pedregosa e acidentada, que teria levado à desistência qualquer
outro, menos afeito às ciladas políticas e menos prevenido contra ações efetivas,
realizadas à margem da lei.
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Primeiro, a tentativa de se adiar as eleições gerais (exceto para Presidente),
marcadas para 3 de outubro de 1954, dois meses após a morte de Vargas.
Experiente na política, JK sabia que, uma vez suspenso este pleito, seria meio
caminho para cancelar também as eleições presidenciais de 1955, e se opôs
fortemente à proposta, trazida ao seu partido pelo governador de Pernambuco,
Etelvino Lins de Albuquerque.
Depois, a ação do Presidente Café Filho, recém empossado, induzindo o
postulante a desistir à sua candidatura, já que esta ainda nem havia sido lançado
por seu partido. Outra negativa. Seguiu-se, uma ação mais concreta do mesmo
Café Filho, ao apresentar um manifesto do Exército por uma candidatura única
e de militar, segundo eles, a única alternativa viável para a manutenção da
ordem.
Lançada de fato e de direito a chapa Juscelino-João Goulart pelo Partido
Social Democrático e pelo Partido Trabalhista Brasileiro, coube à União
Democrática Nacional, sua opositora, agir firme junto ao Tribunal Superior
Eleitoral, durante o processo de regulamentação das eleições visando melar o
processo.
Não conseguindo impor sua tese de maioria absoluta (50% do eleitorado), a
UDN obteve pelo menos a aprovação da cédula única que, embora evitando a
fraude, trazia um novo complicador: sua distribuição por todo o país era difícil, o
que favorecia a UDN, cujo eleitorado se concentrava nos grandes centros.
Foi preciso, então, que o PSD providenciasse transporte próprio para fazer o
material chegar aos rincões mais distantes. Ainda assim, houve núcleos
eleitorais que deixaram de votar por não receberem a tempo a cédula única.
Às vésperas das eleições, o jornalista e deputado Carlos Lacerda lança uma
nova confusão ao publicar a chamada Carta Brandi. Escrita em papel timbrado
original da Câmara de Corrientes supostamente por um deputado argentino,
Antonio Jesus Brandi, era dirigida ao candidato a vice-Presidente, João Goulart.
Nela se estabelecia um suposto contato entre Jango e a Embaixada Argentina
no Rio de Janeiro para ultimar o processo de envio de armas de guerra ao Brasil,
visando o início de uma revolução sindicalista nos moldes do governo de Juan
Domingo Perón.
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Publicada pela Tribuna de Imprensa e pelo jornal O Globo e lida por Carlos
Lacerda na televisão, essa carta provocou a maior celeuma, prejudicando
bastante as candidaturas JK-Jango. Ficou provado (depois das eleições), que
tal documento tinha sido forjado pelo escritório Cordeiro e Malfussi, cujos sócios
foram presos na Argentina. O próprio Carlos Lacerda acabou reconhecendo a
falsidade da carta, o que não anulou seus efeitos eleitorais, favorecendo a UDN.
Eleito Juscelino Kubitschek, surgiram os acontecimentos de novembro de
1955, com o discurso intempestivo do coronel Mamede junto ao túmulo do
general Canrobert, conforme narrado no capítulo anterior, originando dois
contra-golpes promovidos em conjunto pelos generais Teixeira Lott e Odilio
Denys, para garantir a posse do eleito.
Inicia-se, então conspiração para um levante armado, que deveria eclodir em
Recife em 17 de janeiro de 1956 (14 dias antes da posse), comandado pelo
Almirante Sílvio Heck, com apoio, no Rio de Janeiro, dos almirantes Pena Botto
e Amorim do Vale, todos envolvidos nos acontecimentos de novembro. Teria
também o apoio do brigadeiro Eduardo Gomes, que se deslocaria a Recife, para
dar cobertura junto à Aeronáutica. Todavia, a mobilização em Recife não teve os
esperados desdobramentos no Rio e em outras partes do país, abortando-se o
movimento antes mesmo que ele viesse a eclodir.
Seria ingenuidade supor que, diante desse clima, o governo a ser empossado
transcorreria sem ameaças de subversão. Juscelino tomou posse, sim, mas sua
permanência na Presidência só se tornou possível por sua tolerância, por vezes
até exagerada, e por seu espírito de conciliação, que desarmou, uma a uma, as
tentativas de desestabilização institucional.
Dependeu muito, também, da presença de seu ministro da Guerra, general
Henrique Duffles Teixeira Lott, elemento de coesão dentro do Exército e
respeitado em todas as Forças Armadas.
O professor Francisco de Assis Silva, em seu livro História do Brasil, sintetiza
com felicidade o perfil do novo Presidente:
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"Dotado de uma capacidade rara de perceber a importância do
momento histórico pelo qual passava o país, o mineiro de
Diamantina, dono de uma sensível vocação para a política,
conseguiu ‘trabalhar’ com a oposição, evitando confrontar-se com
ela. (...)
"A aproximação com os militares foi muito além da anistia. (...)
Com Juscelino, as Forças Armadas passaram a ocupar um lugar
de destaque nas decisões do Estado, compondo, juntamente com
a alta burocracia civil, a burocracia estatal. (...) A aliança com os
militares talvez explique o fato de Juscelino ter mantido o vice-
presidente João Goulart sem traumas com as Forças Armadas."
Quem era Juscelino
Kubitschek
Juscelino Kubitschek de Oliveira nasceu em 1902 na cidade de
Diamantina, Estado de Minas Gerais, um lugar revestido de grande simbolismo,
servindo de berço a um dos grandes estadistas de nossa República.
Diamantina fica na Serra do Espinhaço, um divisor de águas entre os rios que
se destinam à bacia do São Francisco, a oeste, e os rios que vão desaguar
diretamente no Atlântico, a Leste. O governo JK foi também um divisor entre o
Brasil agrícola e o Brasil industrial.
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Diamantina é o centro geográfico de Minas Gerais e seu mais famoso filho
sempre procurou o centro: literalmente, com a construção de Brasília;
alegoricamente, por suas posições equilibradas, na busca do consenso e da
conciliação.
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Em 1927 formou-se em medicina e, no início de sua carreira, trabalhou junto
a hospitais de sangue. Com o apoio e incentivo do governador Benedito
Valadares, iniciou a carreira política, elegendo-se deputado federal em 1934,
prefeito de Belo Horizonte em 1937, governador de Minas em 1950 e, finalmente,
presidente da República em 1955.
Arrojo e determinação sempre foram características de sua personalidade.
Belo Horizonte é a primeira cidade traçada no papel e construída pela vontade
do então governador Afonso Pena, contra os que queriam manter a capital em
Ouro Preto. Juscelino, quando prefeito da capital mineira, acrescentou a ela
outra obra controvertida: o conjunto arquitetônico de Pampulha, formado por
um lago artificial e prédios construídos por Oscar Niemeyer (1907-2012 ).
Uma dessas obras, a igreja de São Francisco teve painéis e azulejos pintados
por Cândido Portinari (1903-1962), gerando um impasse com a Arquidiocese,
que se recusou a consagrar esse templo ao culto religioso, achando um abuso
a arquitetura avançada do edifício e um sacrilégio a deformação dos ícones
representando os santos no melhor estilo modernista.
A quebra da tradição secular de fazer igrejas com torres feito setas apontando
para o céu e com santos gorduchos, de rostos arredondados, custou uma boa
briga com o clero, mas a igreja de São Francisco foi, finalmente reconhecida e
consagrada. Era o rompimento com a inércia e o início do movimento em direção
à modernidade.
Acrescente-se, de passagem, que tanto Niemeyer, o arquiteto, como
Portinari, o pintor, eram comunistas e ateus, o que trazia um complicador na
avaliação de suas obras, mormente as de caráter religioso. Muito mais tarde, em
1981 e morto Juscelino, o arquiteto Oscar Niemeyer foi incumbido de construir o
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Monumento a JK que, em princípio, teve sua inauguração contestada por alguns
setores das forças armadas porque, à distância, segundo esses opositores,
poderia se confundir com o símbolo comunista da foice e o martelo. Afinal, foi
inaugurado.
O Ministério
Durante a campanha eleitoral, Juscelino levava consigo uma proposta, que
chamou de nacional-desenvolvimentista, a qual incluía trinta metas
objetivando gerar o progresso e criar a modernização do país. A essas metas,
acrescentou mais uma, a construção da nova capital federal no centro geográfico
do país, assunto que será tratado em separado no próximo capítulo.
Assim, seja pela necessidade de governar com todas as forças políticas
influentes na vida brasileira, seja pela dinâmica de seu governo, que pretendia
avançar 50 anos em 5, JK teve de compor e recompor várias vezes os vários
escalões do governo, inclusive e principalmente o Ministério, que sofreu
contínuas modificações.
Para citar um só, o Ministério de Relações Exteriores, por ele passaram
José Carlos de Macedo Soares, Décio Honorato de Moura, Francisco Negrão de
Lima, Antônio Mendes Viana, Fernando Ramos de Alencar, Horácio Lafer,
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Edmundo Pena Barbosa da Silva, Afonso Arinos de Melo Franco, Vasco Tristão
Leitão da Cunha e Ilmar Pena Marinho. Dez titulares num período de cinco anos.
Destaque-se que um deles, Afonso Arinos, era fundador e líder incontestável
da UDN, o qual, em tempos passados, fora um ferrenho opositor de JK.
O primeiro Ministério ficou assim formado:
Relações Exteriores, José Carlos de Macedo Soares; Justiça,
Francisco Menezes Pimentel, substituído pouco depois por Nereu
Ramos; Fazenda, deputado José Maria Alkimin; Agricultura,
Ernesto Dorneles; Educação e Cultura, Clóvis Salgado da Gama;
Trabalho, Indústria e Comércio, Nelson Bachel Omegna,
substituído em seguida por José Parsifal Barroso; Viação e Obras
Públicas, capitão Lúcio Martin Meira; Saúde, Maurício Campos de
Medeiros, seguido pelo general Mário Pinotti; Guerra, general
Henrique Duffles Teixeira Lott, que ficou durante os cinco anos de
mandato; Marinha, almirante Renato de Almeida Guilhobel, (do
último ministério de Getúlio), logo substituído pelo almirante
Antônio Alves Câmara Júnior; Aeronáutica, brigadeiro Henrique
Fleiiuss, depois substituído pelo brigadeiro Vasco Secco.
Para a Casa Militar foi designado o general Nelson de Melo; para a Casa Civil,
Álvaro de Barros Lins; Chefe de Polícia, general de brigada Augusto Magessi
Pereira.
Um ponto sensível, neste momento, era o comando da 1ª Região Militar que,
por nomeação do ministro da Guerra, foi entregue ao seu companheiro do
contra-golpe de novembro de 1955, o general Odílio Denys.
Vários postos de direção em estatais e autarquias também foram entregues
a oficiais superiores do Exército, destacando-se a presidência da Petrobrás e,
mais tarde, a da Sudene (fundada em 15 de dezembro de 1959), criando-se
um vínculo seguro da administração com as Forças Armadas, o que também
garantiu a estabilidade do governo.
A eminência parda do regime
A expressão eminência parda foi usada pela primeira vez para designar o
Cardeal de Richelieu (1585-1642), Primeiro-Ministro de Luís XIII, o qual,
exercendo forte influência sobre o soberano francês, sustentou o regime,
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neutralizando o poder dos nobres e estabelecendo a monarquia absoluta na
França. Daí em diante, o termo passou a indicar todos aqueles que, pela sua
ascendência e peso nas decisões, foram um fator preponderante de estabilidade
de um regime.
Assim, no governo de JK, foi considerada como eminência parda a presença
destacada e contínua de seu ministro da guerra, o general Teixeira Lott. Com
certeza, há algum exagero nisso. Juscelino governava de fato e de direito e,
embora fizesse concessões às forças ao seu redor, a verdade é que nunca abriu
mão de sua autoridade de Presidente, tomando decisões e sustentando-as,
recuando às vezes para escolher um melhor caminho, mas jamais afastando-se
dos alvos propostos, que levou, todos eles, a bom termo.
Diga-se, a favor de Juscelino, que, mesmo nos momentos mais difíceis,
jamais transferiu a outrem a prerrogativa de governar.
Não obstante, é fato incontestável que seu governo só se tornou possível pela
influência de seu ministro da Guerra junto às Forças Armadas. Em 1955, Lott
tornara-se o fiador da transição, derrubando, num espaço de dez dias, dois
presidentes da República: Carlos Luz, que ficou quatro dias no poder, e Café
Filho, impedido de retornar ao cargo após sua alta hospitalar. Garantida a posse,
Lott ficou os cinco anos ao lado do governo e, em alguns momentos, sua figura
teve tal destaque que se confundiu com a própria administração central.
Foi assim, por exemplo um mês após a posse de JK, quando mais de oito mil
pessoas se concentraram na Esplanada do Castelo para fazer um ato de
sustentação ao ministro da Guerra. Na ocasião foi aprovada moção nos
seguintes termos:
"O povo, reunido em praça pública, neste memorável comício da
Capital da República, no dia 9 de março de 1956, manifesta todo
seu apreço ao general Teixeira Lott, por sua atitude em defesa da
Constituição em 11 e 21 de novembro de 1955 e pelos inestimáveis
serviços à nação brasileira. Às injúrias, ao ódio dos inimigos da
democracia, responde o povo com o calor desta homenagem,
expressão da solidariedade de todos os brasileiros."
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Em 11 de novembro de 1956, aniversário do movimento que tirou Carlos Luz
do poder, ocorre uma nova concentração, desta vez em frente ao ministério da
Guerra, reunindo perto de 15 mil pessoas. O local era área de segurança
nacional, vedado a comícios, mas, neste encontro, o próprio Ministro subiu ao
palanque, para receber a homenagem que lhe estava sendo prestada.
Pelas mãos do vice-Presidente, João Goulart, foi-lhe entregue uma espada
de ouro, fabricada em Caxias do Sul, tendo as seguintes inscrições: "Civis e
militares oferecem ao general Lott" (...) "A espada de novembro".
Um longo discurso de Jango, seguido de uma resposta, igualmente longa do
general, marcaram a importância do momento, jamais igualado em qualquer
manifestação que se tenha feito ao efetivo presidente da República, Juscelino
Kubitschek.
A par da fundamental importância de Lott na preservação do governo, há
também que registrar a presença de seu colega, general Odilio Denys no
comando da 1ª Região Militar, sediada no Rio de Janeiro, que continuava sendo
a Capital Federal. A figura deste militar em posto de tão alto comando
desestimulava qualquer movimento de rebelião dentro do Exército para pôr fim
ao governo JK.
Verdade é que, para preservá-lo no comando, foi preciso recorrer a um
casuismo, criando lei que permitia ao Presidente suspender a reforma
compulsória de oficiais cujos serviços, a seu julgar, ainda fossem necessários ao
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país. Um terno sob medida e de alta costura, destinado a prorrogar a
permanência, na ativa, do comandante da 1ª RM, evitando que este caísse na
compulsória.
Não por acaso, a mensagem que o Presidente enviou ao Congresso ficou
conhecida como Projeto Denys. Não por acaso, também, que a tramitação
começou pelo Senado, onde a aprovação se deu com facilidade, para só então
seguir para a Câmara Federal, onde também foi aprovado, mas usando-se de
artimanhas para vencer a resistência da UDN. Aprovada a lei, a oposição
ameaçou impetrar recurso junto ao Supremo Tribunal Federal, mas acabou se
conformando e ficou o dito por não dito.
As "Revoltas dos Escoteiros"
Não haviam se passado duas semanas da posse do novo Presidente, e um
movimento sedicioso ocorria dentro da Aeronáutica, liderado pelo major-aviador
Haroldo Coimbra Veloso e pelo capitão-aviador José Chaves Lameirão. Pela
precipitação com que foi deflagrada a ação, e pelo amadorismo com que ela se
desenvolveu, houve quem a comparasse a uma revolta de escoteiros, uma
injustiça cometida contra o barão de Baden-Powell e seus juvenis seguidores,
que sempre primaram pelo método, pela organização e pelo respeito à ordem
vigente.
As trapalhadas começam já pelo dia escolhido para o levante: um sábado de
Carnaval, 11 de fevereiro de 1956. Na hora aprazada, os dois comandantes se
perderam um do outro vindo a se reunir somente horas depois. Em seu primeiro
alvo, o Campo dos Afonsos, os contatos falharam e, não havendo adesão da
guarda, a praça teve de ser tomada à força e o avião de caça, pilotado por eles
mesmos, levantou voo sem autorização da torre de comando, provocando um
alerta geral que prejudicou as etapas seguintes.
Fazendo uma primeira escala na base aérea do Cachimbo (Planalto
Central), os revoltosos seguiram depois para Jacareacanga, às margens do rio
Tapajós, a sudoeste do Pará e a 700 quilômetros de Altamira, quase já na divisa
com o Estado do Amazonas.
Essa escolha não era casual. O major Veloso havia participado da
construção da base de Jacareacanga tornando-se conhecido dos índios e
caboclos ali residentes, sobre os quais tinha forte ascendência. A estes foram
distribuídas armas e munições para garantir a praça durante algum tempo.
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Não tardou que o governo mandasse tropas, em avião pilotado pelo major
Paulo Vitor da Silva e pelo tenente Carlos César Petit. O primeiro aderiu à
revolta e o segundo foi aprisionado, juntamente com as tropas legalistas.
Veloso e Lameirão, os revoltosos
Voando em seguida em direção à foz do rio Tapajós, na confluência deste
com o Rio Amazonas, os oficiais rebeldes se apossaram de Santarém, onde
repórteres de rádios e jornais haviam se instalado para acompanhar o
movimento.
Fracassado o contra-ataque pelo ar, o governo manda, então, o navio
Presidente Vargas com novas forças, para atacar por terra.
Daí por diante, tudo o mais deu errado para os românticos revolucionários.
As adesões de outras bases não aconteceram e, menos ainda, tiveram apoio da
Marinha e do Exército.
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Em Jacareacanga, os prisioneiros não eram trunfo, mas sim um peso a mais,
pois tinham de ser vigiados e alimentados. Isolados em Santarém, os rebeldes
confundiram um vapor de carreira com o navio que transportava as tropas
legalistas e, temerosos, recuaram até o povoado de São Luís do Tapajós, onde,
dias depois, passaram a ser caçados pelos legalistas.
O comandante, avisado a tempo, conseguiu escapar, refugiando-se na mata,
mas acabou sendo denunciado por um caboclo, já cansado de tanta aventura.
Então uma patrulha se dirigiu local indicado e o major Haroldo Veloso,
surpreendido em uma casa, sentado em uma cadeira de balanço, não ofereceu
resistência.
E os demais? O major Paulo Vitor da Silva e o capitão Lameirão conseguiram
reparar as avarias do avião de que haviam se apossado e levantaram voo em
direção a Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, onde pediram asilo político.
Em 29 de fevereiro de 1956, dezoito dias após aquele fatídico sábado de
Carnaval, terminou o levante, com a frase conciliatória de JK:
“Vamos virar a página, passar uma esponja em todos os
acontecimentos e começar vida nova, porque o país deseja paz
para trabalhar.”
Ato contínuo, enviou ao Congresso Nacional uma mensagem, transformada
em projeto de lei que, depois de aprovado e sancionado, deu anistia plena não
só aos revoltosos de Jacareacanga, mas também aos envolvidos nos
acontecimentos de 1955, quando pretendiam impedir a posse do Presidente
eleito.
Esse ato foi interpretado por alguns como sinal de fraqueza e, em 1959
ocorreu a segunda revolta de escoteiros, desta vez em Aragarças, Estado de
Goiás, às margens do rio Araguaia, sob o comando do tenente-coronel da
Aeronáutica João Paulo Moreira Burnier.
Igualmente, não houve adesão e os revoltosos foram para Buenos Aires,
onde pediram asilo. Utilizando-se da lei anteriormente sancionada, JK anistiou a
este novo grupo, apostando sempre na pacificação nacional.
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As metas de governo
Vencidas as primeiras reações à sua presença no governo, Juscelino
Kubitschek pôs-se a trabalhar em seu plano de modernização do país, intitulado
por ele de nacional-desenvolvimentismo, um nome arrevessado e de difícil
aplicação.
Nacionalista o plano não era, pois ia buscar no exterior os capitais de que
necessitava, seja na forma de empréstimos, seja principalmente na atração de
investimentos de empresas estrangeiras no país, favorecidas com a promessa
de liberação total da remessa de lucros ao exterior, a câmbio subsidiado.
Ficava com o capital estrangeiro a parte mais rendosa dos empreendimentos,
com a construção e exploração de empresas de alta lucratividade. Ao governo
cabia investir da indústria de base, que absorve grandes capitais, com retorno
financeiro muito duvidoso.
E como o Brasil não dispunha de capitais, a gambiarra passou a funcionar
com toda intensidade, produzindo moeda além do que o mercado podia suportar,
o que gerou uma inflação sem precedentes.
Não obstante, os resultados não tardaram a aparecer. O progresso do Brasil
não estava mais associado à agricultura, que foi relegada ao quase abandono,
mas à atividade industrial, concentrada sobretudo em São Paulo, Rio de Janeiro
e Minas Gerais.
O programa de metas, cumprido em sua quase totalidade, prometia dobrar a
capacidade de geração de energia elétrica e previa a construção de uma usina
atômica piloto na Universidade de São Paulo, o aumento na produção de carvão
e na exploração e refino de petróleo, o reaparelhamento das ferrovias, a
implantação de vasta malha rodoviária e a ampliação da capacidade de
transporte aéreo e marítimo.
Previa também, mas não com tanta ênfase, a ampliação da capacidade
brasileira na produção de alimentos, construção de silos, armazéns e
matadouros, facilidade na aquisição de tratores, adubos e inseticidas.
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A indústria de base dobrou a produção de aço, celulose e borracha e
quintuplicou a produção de alumínio. A fabricação deste, por sinal, dependia da
ampliação da capacidade de produção de energia elétrica, elemento
indispensável para transformar a alumina no produto acabado.
Automóvel, o símbolo
da riqueza
De todas as metas, exceto Brasília, nenhuma outra se destacou mais e influiu
tanto no orgulho brasileiro como a da implantação da indústria
automobilística no Brasil. A produção de carros se apresentou como o símbolo
do progresso e da riqueza nacional, embora tenha sido talvez o mais equivocado
de todos os projetos na era JK.
Com efeito, as indústrias automobilísticas que se instalaram no país tinham
sido atraídas apenas pelos incentivos oferecidos na produção e seu objetivo era
atender ao mercado interno, não lhes interessando tornar o Brasil competitivo e
concorrente no mercado internacional, onde todas elas iam muito bem, obrigado.
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Isso gerou um crescimento distorcido que até hoje não conseguimos corrigir.
O Brasil encerrou o milênio com uma produção de quase um milhão e meio de
carros por ano, despejados no mercado nacional, atulhando as estradas e,
paradoxalmente, gerando problemas de desemprego, justamente o inverso do
objetivo proposto por ocasião da sua implantação.
Não foi assim, no princípio. A indústria automobilística chegou a manter cerca
de 140 mil empregos na região do ABC (Santo André, São Bernardo e São
Caetano), gerou o desenvolvimento da indústria de auto-peças e alavancou o
progresso de cidades até então pobres, como era o caso de São Bernardo do
Campo.
Até então, a rigor, o Brasil dispunha apenas de duas indústrias
automobilísticas de peso: a General Motors, em São Caetano, e a Ford, no bairro
do Bom Retiro em São Paulo.
Em verdade, só a GM podia ser considerada uma fábrica, pois detinha um
parque industrial completo. Já a Ford se instalara em um simples galpão, onde
recebia dos Estados Unidos, completos, carros desmontados e encaixotados.
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Seu trabalho, pois, não era fabricar e sim colocar os componentes em seus
lugares, montando o que já fora fabricado inteiramente no exterior.
Um exemplo de progresso: São Bernardo do Campo, nos anos cinquenta,
era uma cidade-dormitório, e os poucos empregos ali gerados estavam ligados
à indústria de móveis, pequena, mas tradicional, e à Brastemp, fábrica de
eletrodomésticos, ainda sem mercado suficiente para se expandir.
Uma única via pública, a rua Marechal Deodoro, atravessava a cidade de
ponta a ponta. Dela saiam as transversais, todas de terra esburacada,
lamacenta, e onde a água se empoçava nos dias de chuva..
O sistema telefônico em São Bernardo tinha pouco mais de 300 aparelhos
instalados, ligados a um PBX, onde as competentes telefonistas completavam
as ligações, conectando as pegas de um telefone ao outro. Tudo como nos
românticos tempos de Alexandre Graham Bell.
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De moderno, em São Bernardo, havia apenas a Cia. Cinematográfica Vera
Cruz, que rendia muita publicidade, mas nenhum dinheiro aos cofres públicos.
E, como toda ilusão, acabou fechando e corroendo o patrimônio de seus
empreendedores..
Ao contrário, a indústria automobilística, construída às margens da via
Anchieta, mudou prodigiosamente a face do município e o perfil de seus
moradores, criando uma classe média, impulsionando o consumo e gerando
impostos que permitiram a construção de uma cidade moderna, capaz de
competir com suas vizinhas.
Dotada de mão-de-obra altamente especializada, e de uma população
fortemente politizada, São Bernardo tornou-se, mais tarde, o elemento chave da
modernização sindical, ousando sustentar uma greve de grande duração em
plena vigência do Ato Institucional nº 5, e servindo de base para a criação do
Partido dos Trabalhadores (PT) com doutrina própria e raízes bem definidas.
Todo esse progresso não saiu de graça ao governo federal. A demanda por
matérias primas fundamentais dependeu da expansão da indústria de base que,
como dissemos, não interessava ao capital estrangeiro, tendo de ser bancada
com dinheiro público, conseguido com empréstimos e emissão de moeda, vale
dizer, com inflação. A maneira como o Brasil suportou essa pressão inflacionária
revela um país já consolidado, capaz de enfrentar e vencer desafios maiores,
quebrando sua dependência quase que exclusiva da agricultura.
Um pouco de folclore
Nem tudo foi róseo no governo JK e alguns acontecimentos, pelo inusitado
das situações criadas, acabaram se tornando folclóricos.
Um deles, foi a compra do porta-aviões Minas Gerais. Pura sucata,
imprestável para o uso, foi descartado pela Inglaterra por um preço muito
superior ao que realmente valia, se é que valia alguma coisa. Ainda por cima,
foram necessários reparos nos estaleiros brasileiros, que nos custaram uma
pequena fortuna.
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A ideia era agradar a Marinha e a Aeronáutica, mas acabou por criar uma
disputa feroz sobre quem devia comandar o navio. "É um porta-aviões, portanto
o comando deve ser da Aeronáutica", diziam uns. No lado oposto outros
replicavam: "Serve de pouso a aviões, é verdade, mas está dentro da água, e
água é exclusividade da Marinha".
A discussão se tornou tão acalorada que já estava ameaçando trazer uma
desavença entre as duas forças. Finalmente chegaram a um consenso. As
operações de manobras aéreas ficariam sob o comando da Aeronáutica e as
manobras de navegação do porta-aviões permaneceriam sob o comando da
Marinha. Uma e outra força agiriam em harmonia, dentro de um objetivo comum.
Um ovo de Colombo. Como não haviam pensado nisso antes?
Terminada a guerra, o compositor Juca Chaves ironizou o assunto em uma
de suas músicas: "O Brasil já vai à guerra, comprou porta-aviões. / Dois vivas
pra Inglaterra, 82 milhões! Mas que ladrões! / Porém há uma peninha: de quem
é o porta-aviões? / É meu! diz a Marinha; ‘é meu!’ diz a aviação. / Ah! Revolução!"
Sem folclore, mas de consequências mais graves foi o conflito estabelecido
com o Fundo Monetário Internacional, que desaprovou a política inflacionária de
JK, exigindo do Brasil um plano financeiro mais ortodoxo, que contivesse a a
moeda, mesmo à custa do desenvolvimento. Juscelino não se submeteu e
rompeu com o FMI, perdendo o aval deste para novos empréstimos externos.
Como isso também não era interessante ao capital internacional, que havia
encontrado seu paraíso no Brasil, as coisas foram se acomodando e o governo,
afinal, continuou obtendo os empréstimos de que necessitava para concluir sua
obra.
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Prós e contras no
governo JK
Ninguém, no bom uso de suas faculdades, há de negar que o governo JK
modernizou o Brasil, desenvolvendo seu parque industrial, sistematizando a
administração pública, criando uma classe média consistente, integrando os
vários Estados e consolidando a nação sem ferir o princípio federativo adotado
desde a primeira Constituição republicana.
Entretanto, o desenvolvimento, representado na expressão 50 anos em 5,
deixou uma lacuna, a maior e mais grave de todas, que alimentou os críticos de
Juscelino: seu governo criou uma classe média forte mas aumentou a
miséria do proletariado. O grande desafio brasileiro, que sempre foi a redenção
dos humildes, não se concretizou no governo JK e diga-se, a bem da verdade,
também não mereceu a atenção dos governos seguintes.
A implantação de indústrias altamente especializadas favoreceu o pessoal
técnico e empobreceu o trabalhador braçal, conhecido eufemisticamente como
ajudante geral.
Por outro lado, nacional-desenvolvimentismo privilegiou os grandes centros
industriais, fazendo piorar as condições de vida nos sertões brasileiros e
aumentando escandalosamente a desigualdade de renda.
A inflação gerada para a expansão das indústrias de base e a construção de
Brasília atingiu em cheio os menos favorecidos, que não encontraram como
defender os poucos tostões amealhados em seu duro trabalho.
A modernização também não foi um fator de assentamento das populações
em suas raízes, muito pelo contrário. Atraída pelo sonho, a população rural
passou a migrar com maior intensidade para os centros de progresso, inchando
as grandes cidades e iniciando um processo de favelização que nunca mais foi
estancado.
São Paulo é um exemplo disso. Sua primeira favela, a de Vila Prudente,
surgiu nos anos 50, como um processo temporário de assentamento.
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O problema não foi equacionado nos anos seguintes e as favelas começaram
a se multiplicar como um câncer. Ao contrário do Rio de Janeiro, onde a
favelização obedece a uma certa ordem, em São Paulo os barracos são erguidos
indiscriminadamente, em qualquer canto disponível, sob viadutos, à margem de
córregos imundos ou em qualquer ponto que se encontre próximo aos locais de
trabalho.
Em se livro “Quarto de Despejo”, um diário escrito em papel
de embrulhar pão, Carolina de Jesus descreve a vida surreal
de moradores de favela na cidade de São Paulo
Outro caso é o de Brasília. Os candangos que construíram a cidade não
estavam nos planos da Novacap e, ao concluir a obra, uma vez dispensados,
deveriam retornar aos seus pontos de origem.
Só que se recusaram a fazê-lo. A exuberante capital não era um simples local
de trabalho, era o seu orgulho, a sua alma, a sua vida. Transformando-se em
questão de fato, essa disposição dos operários em permanecer deu origem não
só às cidades satélites, núcleos de miséria, como até a favelas construídas à
volta do majestoso avião desenhado pelo arquiteto Lúcio Costa.
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Em resumo, o governo JK trouxe a riqueza, mas não extinguiu a miséria.
Desenvolveu os grandes centros mas empobreceu o restante do país. Suas
estradas uniram os pontos geográficos, mas, longe de levar o progresso,
serviram tão só para escoamento de grandes e contínuas levas de migrantes,
rumo ao sudeste, em busca de um sonho que, muitas vezes, não passava de
uma linda e colorida bolha de sabão.
O resgate do povo brasileiro não se deu no governo de Juscelino e as grandes
massas ainda esperam por quem promova sua redenção. É o sebastianismo,
presente na alma brasileira, que lhe sustenta a fé e lhe traz alento para caminhar
em busca do futuro.
Para concluir. Deixando a Presidência, JK elegeu-se senador, mas foi
cassado pelo governo Castelo Branco, tendo seus direitos políticos suspensos
por dez anos, com o que passou a viver no exílio, em Nova York e Paris.
Não teve dos governos militares o respeito que merecia. Tendo de vir ao
Brasil para acompanhar o velório de um familiar, foi detido e submetido a um
intenso interrogatório que se estendeu por várias horas, comprometendo sua
saúde, já abalada com problemas cardíacos. Foi preciso que políticos influentes
agissem junto às autoridades para que ele fosse enviado de volta ao exílio.
Autorizado, mais tarde, a voltar ao país, passa a escrever suas memórias,
mas não consegue vê-las publicadas. Em 22 de agosto de 1976, JK perde a
vida em um estranho acidente automobilístico próximo a Resende (Rodovia
Presidente Dutra) o qual, na opinião de alguns, nunca foi convincentemente
explicado.
Com a trágica morte, sela-se o destino de um dos maiores vultos da
República, cuja presença na história brasileira é hoje assinalada com o Memorial
JK, a última homenagem de Oscar Niemeyer ao seu chefe e amigo.