capítulo 7. doenças e seu controle no cultivo do milho...

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Capítulo 7. Doenças e seu Controle no Cultivo do Milho Verde No cultivo do “milho verde”, as doenças mais importantes são aquelas que ocorrem até o ponto de colheita, podendo, por isso, afetar a qualidade do produto final. As doenças foliares causadas por fungos e bactérias provocam necroses que reduzem a área foliar e, em conseqüência, a produção de fotoassimilados e a qualidade do milho verde. Fungos apodrecedores de espigas podem infectar os grãos do estádio de florescimento. As podridões do colmo, que ocorrem antes do florescimento, podem acarretar o tombamento das plantas, reduzindo a produção. Doenças sistêmicas do milho, como viroses, enfezamentos e míldio, interferem nos processos fisiológicos, prejudicando o desenvolvimento normal e a produção das plantas. As principais doenças que ocorrem na cultura do milho destinado à produção de milho verde são descritas a seguir. 7.1. Mancha por Exserohilum (Mancha por Helminthosporium) Os sintomas dessa doença são mais severos após o pendoamento e se iniciam pelas folhas baixeiras. Caracterizam-se pela formação de lesões foliares necróticas, de coloração palha e bordas bem definidas, alongadas, grandes e largas (Figura 7.1). O centro das lesões pode se tornar escuro, devido à frutificação do

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Capítulo 7. Doenças e seu Controle no Cultivo do Milho Verde

No cultivo do “milho verde”, as doenças mais importantessão aquelas que ocorrem até o ponto de colheita,podendo, por isso, afetar a qualidade do produto final.As doenças foliares causadas por fungos e bactériasprovocam necroses que reduzem a área foliar e, emconseqüência, a produção de fotoassimilados e aqualidade do milho verde. Fungos apodrecedores deespigas podem infectar os grãos do estádio deflorescimento. As podridões do colmo, que ocorrem antesdo florescimento, podem acarretar o tombamento dasplantas, reduzindo a produção. Doenças sistêmicas domilho, como viroses, enfezamentos e míldio, interferemnos processos fisiológicos, prejudicando odesenvolvimento normal e a produção das plantas.As principais doenças que ocorrem na cultura do milhodestinado à produção de milho verde são descritas aseguir.

7.1. Mancha por Exserohilum (Mancha por Helminthosporium)

Os sintomas dessa doença são mais severos após opendoamento e se iniciam pelas folhas baixeiras.Caracterizam-se pela formação de lesões foliaresnecróticas, de coloração palha e bordas bem definidas,alongadas, grandes e largas (Figura 7.1). O centro daslesões pode se tornar escuro, devido à frutificação do

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fungo. As lesões podem coalescer, acarretando morteprematura das plantas.

Figura 7.1. Mancha por

A mancha por Exserohilum é causada pelo fungo K.J. Leonard & E.G. Suggs. (Syn.

Pass.). Esse patógenosobrevive nos restos de cultura. Assim, em áreas ondeesses restos não são incorporados ao solo, pode ocorrerum aumento na concentração do inóculo e,conseqüentemente, na severidade da doença no plantiosubseqüente. Essa doença é favorecida por temperaturasentre 18o e 27 oC, com o ótimo em 20 oC, e pela presençade orvalho na superfície das folhas. Os conídios sãodisseminados, a longas distâncias, pelo vento, nãohavendo evidências da transmissão do pátogeno pelassementes.

A principal medida de controle é a utilização de cultivaresresistentes. Práticas como a rotação de cultura e aração egradagem, por reduzirem a concentração de inóculo no

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solo, podem reduzir a severidade da mancha porExserohilum. Essa doença pode ser controlada tambémpela aplicação do fungicida Tebuconazole, registrado noMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento paraessa finalidade. As aplicações devem começar tão logoapareçam os primeiros sintomas.

7.2. Ferrugem comumA ferrugem comum caracteriza-se pela formação, emambas as superfícies das folhas, de pústulas tipicamentealongadas, de cor marrom-clara, cuja epiderme se rompelongitudinalmente em forma de fenda (Figura 7.2).

Figura 7.2. Ferrugem comum ( ).

Essas pústulas podem também ser observadas na bainha,colmo e palhas das espigas. O agente causal da ferrugemcomum é o fungo Schw.

Por ser um parasita obrigatório, a fonte primária deinóculo são os uredosporos, de cor marrom, tipicamentearredondados, formados no próprio milho, ou osaeciosporos produzidos no hospedeiro alternativo

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sp. (trevo) e cuja disseminação se dá principalmente pelovento. Em cultivares susceptíveis e sob condiçõesambientais favoráveis à doença, como alta umidaderelativa e temperaturas entre 16o e 23 oC, pode ocorrer amorte prematura das plantas e redução acentuada notamanho das espigas e dos grãos.

As principais medidas de controle são a utilização decultivares resistentes, a eliminação das plantashospedeiras infectadas (milho e o trevo) e evitar,principalmente em plantios escalonados, novos plantiospróximos a culturas infectadas. Essa doença pode sercontrolada também pela aplicação do fungicidaTebuconazole, registrado no Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento para essa finalidade. Asaplicações devem começar tão logo apareçam os primeirossintomas.

7.3. Ferrugem polissoraA ferrugem polissora pode ser observada por ocasião doflorescimento das plantas de milho, inicialmente nasfolhas baixeiras, na forma de pústulas,predominantemente circulares, de cor marrom-clara (Figura7.3). As pústulas tornam-se marrom-escuras à medida emque a planta se aproxima da fase de maturação. Essaspústulas, de aspecto pulverulento, encontram-se maisdensamente distribuídas na face superior das folhas e sedesenvolvem mais lentamente na face inferior, sendo maiscomum encontrar esporulação apenas na face superiorPodem também ser observadas na bainha, colmo e palhasdas espigas.

O agente causal dessa ferrugem é o fungoUnderw, considerado um parasita obrigatório.

Por apresentar como único hospedeiro o milho, a fonte

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primária de inóculo para as novas culturas são osuredosporos, de cor amarelada, tipicamente ovais airregulares, formados no próprio milho, cuja disseminaçãose dá principalmente pelo vento. A severidade daferrugem polissora é favorecida por umidade relativa altae temperaturas em torno de 27 oC. Ocorre com maisintensidade em altitudes abaixo de 700 m. Nessascondições, em cultivares susceptíveis, pode ocorrer amorte prematura das plantas e redução acentuada notamanho das espigas e dos grãos.

Figura 7.3. Ferrugem polissora ( ).

As principais medidas de controle são a utilização decultivares resistentes e evitar, principalmente em plantiosescalonados, novos plantios próximos a culturasinfectadas. Essa doença pode ser controlada também pelaaplicação do fungicida Tebuconazole, registrado noMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento paraessa finalidade. As aplicações devem começar tão logoapareçam os primeiros sintomas.

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7.4. Ferrugem branca ou tropicalA ferrugem branca pode ser facilmente identificada, emcondições de campo, pela coloração creme de suaspústulas (Figura 7.4), que ocorrem tipicamente em grupos,na superfície superior das folhas. Com o desenvolvimentoda doença, os grupos de pústulas tornam-se circundadospor um halo escuro, freqüentemente avermelhado. Sobcondições favoráveis, pode causar morte prematura dasplantas e redução acentuada no tamanho das espigas egrãos.

Figura 7.4. Ferrugem branca ou tropical ( ).

O agente causal da Ferrugem branca ou tropical é o fungo (Mains) Cummins & Ramachar,

considerado um parasita obrigatório. Até o momento, nãosão conhecidos hospedeiros alternativos para essepatógeno. Apresenta, como único hospedeiro, o milho,sendo essa a fonte primária de inóculo para as novasculturas de milho. Os uredosporos são hialinos e suadisseminação se dá principalmente pelo vento.

Por ser uma doença observada nos mesmos locais daferrugem polissora, com intensidade e severidade

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semelhantes à mesma, é provável que ambas sejamfavorecidas pelas mesmas condições climáticas.

O método mais eficiente de controle da ferrugem branca éa utilização de cultivares resistentes.

7.5. Mancha por PhaeosphaeriaOs sintomas dessa doença se caracterizam pela presença,nas folhas, de lesões necróticas, de cor palha, em númerovariável, circulares a elípticas, com diâmetro variandoaproximadamente de 0,3 a 1,0 cm. Peritécios e picnídiospodem ser observados nessas lesões, na superfíciesuperior das folhas. No início, essas lesões são aquosas,do tipo anasarca, de cor verde-clara (Figura 7.5).

Figura 7.5. Mancha por ( ).

Em geral, os sintomas da mancha por aparecem primeiro nas folhas inferiores, progredindo paraas folhas superiores, sob condições favoráveis. Ossintomas são mais severos após o pendoamento. Podecausar a seca prematura das folhas e redução no ciclo daplanta. O tamanho e o peso dos grãos podem serdrasticamente reduzidos, acarretando queda na produçãode até 60%.

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A mancha por é causada pelo fungo (P. Henn.) Rane, Payak & Renfro, f.

imperfeita sp.

A severidade dessa doença é favorecida essencialmentepela umidade relativa acima de 60% e por temperaturasnoturnas em torno de 14 oC.

Além do milho, não são conhecidos outros hospedeiros de. Esse patógeno sobrevive nos

restos de cultura e, em áreas em que esses restos não sãoincorporados ao solo, pode ocorrer um aumento naconcentração de inóculo e, conseqüentemente, naseveridade da doença. Após ocorrência severa da doença,recomenda-se a rotação de cultura ou a incorporação dosrestos de cultura ao solo.

O método mais eficiente de controle da mancha por é a utilização de cultivares resistentes.

Uma prática cultural que tem-se mostrado efetiva, emalgumas regiões, é a realização dos plantios de milho maiscedo, geralmente nos meses de setembro e outubro,evitando, assim, os plantios tardios, nos quais a doençaincide com maior severidade.

7.6. Míldio do sorgo em milhoO agente etiológico dessa doença é o fungo

, (Weston e Uppal) C.G.Shaw (=Sclerospora sorghi Weston e Uppal).

Essa doença causa a esterilidade das plantas de milho,quando a infecção ocorre nos primeiros estádios de seudesenvolvimento. O pendão de plantas infectadas poresse patógeno pode apresentar deformações em que asestruturas florais se transformam em pequenas folhas(pendão louco ou “crazy top”) (Figura 7.6). Algumas

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vezes, em plantas infectadas, não há formação do pendãoe essas apresentam folhas estreitas e eretas.

Figura 7.6. Míldio do sorgo ( ) - pendão louco

A disseminação do patógeno se dá pelo vento, na formade oosporos e, principalmente, de esporangiosporos, essesúltimos formados na superfície inferior das folhas, napresença de orvalho e temperaturas entre 21 e 23 oC.Através das sementes, a disseminação pode ocorrer naforma de oosporos aderidos à superfície ou, internamente,na forma de micélio. Essas condições de umidade etemperatura também favorecem a infecção das plantaspor , porém a doença progride eatinge níveis epidêmicos apenas se, após a infecção, atemperatura ambiente se mantiver abaixo de 22 oC.

O fungo sobrevive no solo, por vários anos, na forma deoosporos e, nos restos de cultura, na forma de oosporos ede micélio. Plantas de sorgo infectadas por essepatógeno, particularmente as espécies perenes de

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e , tambémgarantem sua sobrevivência e constituem a principal fontede inóculo para a cultura do milho.

Para o controle dessa doença, recomenda-se a utilizaçãode cultivares resistentes. A eliminação de plantas de sorgoinfectadas pelo patógeno também é uma medida efetivade controle. Práticas culturais como aração, gradagem erotação de cultura contribuem para a redução naquantidade de inóculo presente no solo. A realização deplantios em determinadas épocas, evitando-se a exposiçãoda cultura a condições climáticas favoráveis à doença,particularmente nos primeiros estádios dedesenvolvimento das plantas, permite escapar da mesma.Embora o fungicida Metalaxil, utilizado para tratamentode sementes, seja efetivo no controle desse patógeno,não está registrado no Ministério da Agricultura, Pecuáriae Abastecimento para esse fim.

7.7. Mancha por CercosporaA Mancha por em milho é uma doença quecausa perdas consideráveis na produção de sementes egrãos. Plantas com sintomas severos da doença tornam-sesusceptíves às podridões do colmo, podendo essaschegarem a níveis de incidência de 100%. No Brasil, essadoença tem se destacado entre as principais na cultura domilho, devido ao aumento significativo em sua severidade.Tem sido observada em alta severidade no Sudoeste deGoiás (Montividiu, Rio Verde, Mineiros, Jataí), onde temcausado redução na produção superior a 80%. Essadoença já foi detectada também na região da AltaMogiana, em São Paulo, em Paracatu, MG, em Dourados,Itaporã e Maracaju, MS e Pedra Preta, MT.

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A mancha por é causada pelo fungo Tehon & Daniels. A severidade

dessa doença é favorecida por temperaturas entre 24o e35 oC, pela ocorrência de vários dias nublados, com altaumidade relativa, e pela cerração. Sob condiçõesdesfavoráveis, a doença paralisa seu desenvolvimento edesenvolve-se rapidamente tão logo as condições voltema ser favoráveis. A disseminação desse patógeno emlongas distâncias se dá principalmente pelo vento, naforma de conídios e de fragmentos de restos de culturainfectados deixados na superfície do solo, podendoocorrer também por respingos de chuva.

Nas folhas, os sintomas de susceptibilidade sãocaracterizados por lesões inicialmente amareladas,retangulares, tipicamente limitadas pelas nervurassecundárias, passando a necróticas, de coloração cinza,com extremidades tipicamente retangulares (Figura 7.7).

Figura 7.7. Mancha por ) - (Foto cedidapelo Dr.Carlos de Leon).

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Esses sintomas são mais visíveis próximo aoflorescimento, nas folhas inferiores e, sob condiçõesfavoráveis, podem atingir as folhas superiores em cerca deuma semana. Podem ocorrer também no colmo e bainhase eventualmente na palha, após infecção severa dasfolhas.

A medida de controle mais eficiente para essa doença é autilização de cultivares resistentes. O enterrio dos restosde cultura infectados e, quando se utiliza o sistema deplantio direto, a rotação de cultura, são medidas quecontribuem muito para reduzir a severidade dessa doença.Contudo, essas medidas não serão suficientes paracontrolar a doença se houver, na vizinhança, por ocasiãodo próximo plantio, lavouras severamente infectadas, jáque a disseminação do patógeno em longas distâncias sedá principalmente pelo vento. Nessas condições, essasmedidas devem ser complementadas com o plantio decultivares resistentes. Evitar altas densidades de plantio,que podem proporcionar microclima favorável aodesenvolvimento desse patógeno, também pode reduzir aseveridade da doença.

7.8. EnfezamentosOs enfezamentos são doenças sistêmicas associadas àpresença, no floema das plantas, de microorganismosprocariontes, pertencentes à classe Mollicutes(espiroplasma e fitoplasma).

Embora as plantas de milho sejam infectadas nos estádiosiniciais de desenvolvimento, os sintomas dosenfezamentos manifestam-se tipicamente na época doenchimento de grãos.

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É sintoma típico do enfezamento pálido, causado porespiroplasma, a presença de estrias esbranquiçadas nasfolhas, que iniciam-se próximo à inserção da mesma nocaule da planta (Figura 7.8a). As plantas com essa doençamorrem precocemente. O enfezamento vermelho, causadopor fitoplasma, caracteriza-se, principalmente, pelointenso avermelhamento das plantas (Figura 7.8b).

Figura 7.8b. Enfezamento vermelho(Fitoplasma)

Figura 7.8a. Enfezamento pálido(Espiroplasma)

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Freqüentemente, as plantas e produzem pequenas espigasem proliferação. As plantas com enfezamento vermelhogeralmente morrem precocemente.Os enfezamentos reduzem significativamente aquantidade absorvida de nutrientes pelas plantas demilho, com conseqüente redução na produção, sendo esseefeito influenciado pela susceptibilidade da cultivar,época de infecção das plantas e temperatura ambiente.

O espiroplasma e o fitoplasma são transmitidos de formapersistente propagativa pela cigarrinha do milho,

Delong & Wolcott. Esse inseto vetor, assim comoos patógenos que transmite, multiplica-se apenas emmilho ( L. ) e em espécies relacionadas, que sãoraras no Brasil. A presença contínua de plantas de milhono campo, oriundas da germinação de sementes de milhoremanescentes da cultura anterior ou por plantiossucessivos dessa cultura, pode permitir a sobrevivênciados patógenos e da cigarrinha.

Experimentos sob condições controladas mostram quetemperaturas de 31oC durante o dia e 25oC durante anoite favorecem a multiplicação desses patógenos,acelerando o aparecimento de sintomas nas plantas. Essascondições de alta temperatura também reduzem o períodolatente dos patógenos em .

As medidas de controle dos enfezamentos sãoessencialmente preventivas e incluem a utilização decultivares resistentes, a eliminação das plantas de milhoinfectadas, germinadas de sementes remanescentes dacultura anterior, para evitar a perpetuação do inóculo e dacigarrinha. A interrupção de plantios escalonados, e arealização de plantios na época normal, evitando-seplantios tardios, são alternativas que podem contribuirpara reduzir a incidência dessas doenças. A diversificação

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das cultivares para plantio pode contribuir para minimizarem incidência de prejuízos que possam ser causados pelosenfezamentos. Não há resultados conclusivos mostrandocontrole efetivo dos enfezamentos através do controlequímico da cigarrinha.

7.9. Virose do rayado finoEssa virose é transmitida pela cigarrinha e, assim como os enfezamentos, ocorre comumente emplantios tardios de milho, podendo causar perdas de até30% no tamanho e no peso de grãos. Pode seridentificada pela presença, nas folhas, de pequenospontos cloróticos paralelos às nervuras secundárias, queassumem aspecto de riscas e podem ser melhorvisualizados quando a folha é observada contra a luz(Figura 7.9). Contudo essa virose não tem sido observadaocorrendo em níveis de incidência tão altos como osenfezamentos.

Figura 7.9. Rayado fino

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7.10. Virose do mosaico comumEssa virose, causada por potyvírus, pode ser identificadapor seus sintomas típicos de mosaico formado pormanchas de cor verde-clara, que contrastam com atonalidade de verde normal das folhas (Figura 7.10). Essesvírus são transmitidos de forma não persistente porpulgões, principalmente pelo pulgão do milho,

Fitch., e infectam muitas espéciesgramíneas. No Brasil, foram estimadas reduções da ordemde 50% no tamanho e no peso de grãos causadas pelomosaico comum.

Figura 7.10. Mosaico comum do milho.

A medida de controle mais efetiva para essa virose, alémdo uso de cultivares resistentes, é a eliminação de fontesde inóculo proporcionado por gramíneas infectadas (queapresentam sintomas muito semelhantes aos do milho) naárea de plantio. Vários estudos mostram que o controlequímico do pulgão não resulta em controle eficiente dadoença.

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7.11. Doenças foliares causadas por bactériasAs bacterioses geralmente ocorrem em plantas isoladasdentro da cultura.

Distinguem-se entre essas doenças a queima porRosen e a podridão do

cartucho, por

A queima por causa, nasfolhas, lesões de coloração palha, que algumas vezescoalescem, formando grandes áreas necróticas. Apodridão do cartucho, causada por ,inicia-se na sua base, por uma podridão do tipo aquoso.As folhas do cartucho desprendem-se facilmente e exalamum odor desagradável típico. Pode ocorrer oapodrecimento dos entrenós inferiores e murcha da planta(Figura 7.11).

Figura 7.11. Podridão do cartucho por

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Essas doenças são muito favorecidas pelo excesso dechuvas ou pelo excesso de água de irrigação etemperaturas elevadas. Podem ser controladas, emplantios irrigados, através do manejo adequado da águade irrigação.

7.12. Podridões do colmoDentre as podridões do colmo que podem ocorrer nacultura do milho destinado à produção de milho verdedistinguem-se, em importância, as podridões causadas por

(Eds.) Fitz. e por bactérias, porocorrerem nas plantas antes do florescimento.

A podridão do colmo causada por é do tipo aquosa e restringe-se

tipicamente ao primeiro entrenó acima do solo. Aspodridões causadas por bactérias também são do tipoaquoso, podendo, contudo, atingir vários entrenós acimado solo (Figura 7.12). Essas podridões causamtombamento das plantas, prejudicando a colheita e,quando ocorrem nos primeiros estádios dedesenvolvimento das plantas, ao matar a gema apical,estimulam o perfilhamento da planta. Em geral, sãofavorecidas pelo excesso de água no solo e portemperaturas elevadas. Podem ser eficientementecontroladas, em plantios irrigados, através do manejoadequado da água de irrigação.

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7.13. Literatura citada

Figura 7.12. Podridão do colmo por

A COMPENDIUM of corn diseases. St. Paul: AmericanPhytopathological Society, 1986. 64 p.ALMEIDA, A.C.L.; OLIVEIRA, E.; RESENDE, R.O.E.Detecção de vírus por RT-PCR, hibridização “dot-blot”edot-ELISA em milho. Fitopatologia Brasileira, Brasilia, v.25, n. 2, p.168 -174, 2000.LEON, C. de. Enfermedades del maíz, una guía para suidentificación en el campo. México: CIMMYT, 1984. 114p.FERNANDES, F.T.; OLIVEIRA, E. de. Principais doenças nacultura do milho. Sete Lagoas: EMBRAPA-CNPMS, 2000.80 p. (EMBRAPA-CNPMS.Circular Técnica, 26).

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FREDERIKSEN, R. Sorghum downy mildew: a disease ofmaize and sorghum. Texas AM University, 1972. 69 p.LEACH, C.M.; FULLERTON, R.A.; YOUNG Y. Nothern leafblight on maize in New Zeland. Relationship of Drechsleraturcica, airspora to factors influencing sporulation,conidium development and clamidospores formation.Phytopathology, St. Paul, v. 67, p. 629 - 636, 1977.LATTERELL, F.M.; ROSSI, A.E. Gray leaf spot of corn: adisease on the move. Plant Disease, St. Paul, v. 67, n. 8,p. 842 - 847, 1983.NAULT, L.R. Maize bush stunt and corn stunt: acomparison of disease symptom, pathogen host ranges,and vectors. Phytopathology, St. Paul, v. 70, n. 7., p. 659-662, 1980.RANE, M.S.; PAYAK, M.M.; RENFRO, B.L.A.Phaeosphaeria leaf spot of maize. In: SIMPOSIA ONDISEASES OF RICE, MAIZE, SORGHUM AND MILETS,1966, Chanchigarh. Proceedings... New Delhi: The IndianPhytopthological Society, 1966. p. 8 -10.OLIVEIRA, E.; WAQUIL, J.M.; FERNANDES, F.T.; PAIVA,E.; RESENDE, R.O.; KITAJIMA, W.E. Enfezamento pálidoe enfezamento vermelho na cultura do milho no BrasilCentral. Fitopatologia Brasileirla, Brasilia, v. 23., n. 1., p.45-47, 1998.