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1 Light Novel Project Capítulo 5 Um rugido tremendo fez o ar noturno tremer. O céu estava coberto por nuvens pesadas. A luz da primeira lua do mês não iluminou o chão. Ao invés disso, o chão estava inundado em trevas como o fundo do mar. Um barulho ensurdecedor estava chovendo na terra como raios do trovão. E no céu, um enxame de aviões de asas brancas estava voando, produzindo esse sinistro som de ventilação. Para ser exato, bimotores militares imensos com grandes asas. Bombardeiros, mandados do país inimigo do outro lado do mar para invadi-los. Finalmente, coisas negras caíram dos bombardeiros, um depois do outro. Essas coisas eram metálicas, cheias de explosivos e morte. As bombas gigantes caíram no chão, espalhando fogo e devastação. As ondas de choque destruíram os prédios sem piedade e as chamas queimaram as ruas. A cidade silenciosa virou um inferno, cheio de choro e os gritos dos habitantes. A cidade estava queimando tragicamente e chamas escarlates pintavam o céu noturno de vermelho. Havia uma única garota numa elevação fora da cidade que estava observando essa visão de calamidade com um assombro incrédulo. “Ah... Ahh...” ela tropeçou com uma voz tão rouca quanto a de uma mulher de idade. Era uma voz de desespero.

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1 Light Novel Project

Capítulo 5

Um rugido tremendo fez o ar noturno tremer.

O céu estava coberto por nuvens pesadas.

A luz da primeira lua do mês não iluminou o chão. Ao invés disso, o chão estava

inundado em trevas como o fundo do mar.

Um barulho ensurdecedor estava chovendo na terra como raios do trovão. E no céu,

um enxame de aviões de asas brancas estava voando, produzindo esse sinistro som de

ventilação.

Para ser exato, bimotores militares imensos com grandes asas.

Bombardeiros, mandados do país inimigo do outro lado do mar para invadi-los.

Finalmente, coisas negras caíram dos bombardeiros, um depois do outro.

Essas coisas eram metálicas, cheias de explosivos e morte.

As bombas gigantes caíram no chão, espalhando fogo e devastação.

As ondas de choque destruíram os prédios sem piedade e as chamas queimaram as

ruas.

A cidade silenciosa virou um inferno, cheio de choro e os gritos dos habitantes.

A cidade estava queimando tragicamente e chamas escarlates pintavam o céu noturno

de vermelho.

Havia uma única garota numa elevação fora da cidade que estava observando essa

visão de calamidade com um assombro incrédulo.

“Ah... Ahh...” ela tropeçou com uma voz tão rouca quanto a de uma mulher de idade.

Era uma voz de desespero.

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2 Light Novel Project

Fogo estava queimando a cidade natal dela, transformando o terreno que ela amava

em meras ruínas. E cercando os amados amigos e a família dela—

A única coisa que restava depois da formação de bombardeiros ter passado era uma

cidade em chamas.

A garota caiu sem força na grama, molhada com o orvalho noturno.

Foi então que...

“...!”

Ela percebeu alguém se aproximando e levantou a cabeça rapidamente.

Uma sombra podia ser vista andando calmamente na direção dela com as chamas

terríveis queimando atrás daquela.

Não, havia duas. Uma tinha a silhueta de um homem.

A outra tinha a forma de uma garotinha.

Ela não conseguia reconhecer a face da garota por causa da luz nos olhos, mas estava

claro que essa garota tinha que ser terrivelmente bonita — e ela estava usando roupas

estranhas—

A garota estava segurando um único livro diante dela. As letras em uma linguagem

estranha estavam gravadas em sua capa de couro velha e seca.

Finalmente, os dois pararam na frente da garota ansiosa.

“Você não precisa chorar” o homem disse com uma voz calma e sorriu. “Se algo foi

quebrado, você só precisa reconstruí-lo. Certo?”

Sem falar, a pequena garota entregou o livro para o homem que o estendeu para a

garota no chão.

Ela olhou para ele sem palavras. Então, ela aceitou o livro, estendendo a mão

inconscientemente, e perguntou:

“... O que é isso?”

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Foi a garotinha que respondeu a pergunta dela. A corrente de prata da pequena garota

tocou na velha tranca que ela estava usando e produziu um som frio.

“É um livro espectral... um livro escrito pra você.”

“... Meu livro... um livro espectral...” a garota repetiu essas palavras enquanto olhava

para o livro.

E quando ela levantou os olhos novamente, os dois já tinham desaparecido.

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Capítulo 5 - Os Queimadores de Livros

Episódio Extra 01: Bibliocausto

Parte 1

Um tipo estranho de motocicleta estava sendo dirigido numa estrada empoeirada.

Aquela grande moto estava equipada com um imenso motor de dois cilindros e na

direita dela estava um sidecar com um quebra-vento. Era um sidecar americano de uso militar.

Aquela moto era pilotada por um homem robusto. Ele estava usando um casaco longo

que parecia uma batina e botas de couro que pareciam botas de caubói. Suas roupas estranhas

o faziam parecer um homem da igreja, mas também um caçador de recompensas.

Ele provavelmente tinha quase trinta anos.

Contrário ao que uma pessoa poderia esperar, ele tinha um rosto gracioso. Mas como

ele estava mantendo os lábios firmemente fechados, ele parecia difícil de se aproximar. O

cabelo cinza dele estava amarrado e as sobrancelhas dele estavam enrugadas como as de um

filósofo pensante.

Sentando no assento ao lado dele estava uma linda garota de mais ou menos 16 ou 17

anos.

Metade do rosto dela estava coberto por grandes óculos de proteção que pareciam

uma venda. Mas ainda se podia reconhecer a beleza dela. A pele dela era branca como neve, o

cabelo longo e prateado. Ela parecia quase uma boneca, dando uma impressão de uma obra

prima.

A estrada levava até uma pequena cidade próxima de um lago.

Era uma cidade calma e casas feitas de pedra desde os dias antigos.

Do outro lado do lago estava uma grande fábrica com uma longa chaminé que subia

até o céu escuro. Vários armazéns para os produtos da fábrica podiam ser vistos do lado de

fora da cidade.

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Finalmente, esses dois viajantes vestidos estranhamente e em uma motocicleta

chegaram na rua estreita junto aos armazéns.

Enquanto dirigiam a motocicleta, o homem observou cada uma das muitas mini ruas

complexamente ligadas.

Esse curso de ação parecia mais aquele de um cão de caça que estava perseguindo sua

presa do que o de um estranho que tinha se perdido.

Então, depois de virar em vários lugares, o motorista subitamente desacelerou sua

motocicleta.

Uma forma magra podia ser vista de pé no centro da via diante deles, cercada pelas

altas paredes dos armazéns.

“Pare! Você aí, pare agora mesmo!”

Era uma jovem mulher com um rosto sem medo. O estilo de cabelo dela era simples

como o de um homem, assim como suas roupas, que pareciam confortáveis.

Ela abriu os braços, bloqueando o caminho deles, e chamou o motorista.

A atitude dela não mostrava amizade, mas ela não parecia ser uma ladra.

A única arma que ela tinha era um cassetete.

O motoqueiro suspirou de forma irritada e freou sem palavras.

“Poderia responder algumas das minhas perguntas, por gentileza?”

A mulher se aproximou deles facilmente depois de confirmar que a motocicleta tinha

parado.

As costas dela estavam esticadas e o olhar concentrado em uma certa altura. Era o

estilo de andar de uma pessoa experiente em lutas corpo a corpo.

“... Quem é você?” o motorista perguntou simplesmente, observando ela.

“Eu sou Mabel Nash. Uma policial.” A mulher se apresentou orgulhosamente.

“Uma policial? Você?”

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“Sim. É a primeira vez que você vê uma mulher policial?”

“Sim.” o motorista assentiu imediatamente.

Mabel riu levemente.

“Entendi... bom, desde alguns anos atrás, mulheres tem sido contratadas como

policiais também, nesse distrito. Uma das razões foi a falta de pessoas devido a guerra, e

também houveram algumas outras circunstâncias... além do mais, eu ouvi que policiais

mulheres não são nada raras na capital ou regiões do sul, certo?”

“... E o que essa policial quer de mim?” o motorista perguntou, desinteressado na

conversa dela.

“Nós recebemos um relatório. Na verdade, eu deveria estar de folga hoje, sabe... mas

eu um conhecido me pediu.” disse Mabel, sorrindo sarcasticamente. Ela parecia

surpreendentemente sociável quando estava sorrindo.

“... Um relatório?”

“Sim. Alguém relatou que um homem estranho estava dirigindo na cidade em uma

motocicleta com uma garota no sidecar.”

O motorista fez uma careta aflita.

“Você quer dizer que... eu sou aquele homem estranho?”

“Hmm, eu suponho que sim... quer dizer...” Mabel murmurou e olhou para a garota no

sidecar.

A garota lá ainda estava usando os óculos, e não se movia um músculo.

Ela tinha inicialmente ouvido a conversa deles com curiosidade e então os ombros dela

começaram a tremer. O longo cabelo prateado dela balançou e uma risada contida saiu

daqueles lindos lábios.

“Hrhrhr... quem mais se encaixaria naquela imagem melhor que VOCÊ, eml?” ela disse

com uma voz sádica que não combinava com sua aparência graciosa.

“Cale a boca, lixo.”

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“Você MESMO não percebeu? Ou você até pensou que era LEGAL?”

“Eu disse pra calar a boca.”

“Hmm... por favor, vocês dois...” Mabel os interrompeu rapidamente, antes que

pudessem sair do controle. Então, ela olhou para a garota no sidecar e ficou tensa. Só naquela

hora ela tinha percebido as roupas estranhas que a garota de cabelo prateado usava.

Ela estava usando uma roupa branca que cobria o corpo inteiro.

Haviam cintos de couro costurados em vários lugares da roupa robusta, presos de

maneira apertada para restringir os movimentos dela. As únicas partes do corpo que podiam

se mover livremente eram as que estavam acima do pescoço e tudo que havia abaixo dos

pulsos. Parecia com uma camisa de força usada para transportar um criminoso terrível. O

vestido dela podia estar decorado com rendas e babados, mas sem dúvida tinha sido feito para

restringi-la.

E por toda essa camisa de força, podiam se ver velhas trancas.

Numerosas trancas firmemente seladas nos cintos da camisa de força dela limitavam

os movimentos livres que ela poderia fazer. Ela estava sendo tratada inumanamente, não

havia outro jeito de dizer isso.

“O que são... essas roupas?” Mabel encarou o motorista.

“Não se preocupe com ela. Ela está usando isso por vontade própria.”

“Eh?”

“Eu só estou me adaptando as suas preferênCIAS!” a garota restringida olhou para Hal

e riu, gostando da perturbação de Mabel.

Hal franziu a testa e perguntou. “O que você quer dizer com as minhas preferências?”

“Não se finja de BOBO... eu sei que você ADORA esse tipo de coisa, não É?”

“Eu não tenho o menor interesse nas suas roupas.”

“Lá vai ele de novo... não negue tão desesperadamente só porque está na frente de

uma muLHER. Seu pervertido.”

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“Cale a boca, lixo.” ordenou Hal para a garota de cabelos prateados, fazendo uma

careta.

Primeiramente, Mabel tinha ficado surpresa com o abuso verbal que eles lançavam um

ao outro e apenas observou ele. Ela se recuperou e virou para Hal.

“Quem... quem são vocês? Vocês não parecem ser desse país, mas também não são

viajantes normais, certo?”

“Eu sou Hal Kamhout. Ela é Flam... Flamberge. Nós viemos pra essa cidade pra

procurar uma pessoa.”

“Procurar uma pessoa?”

“Sim.” Hal assentiu. “Um jovem que viaja junto com uma garota. Eu não sei nada sobre

as roupas do homem, mas a garota deve estar usando uma tranca, assim como esse lixo. Além

disso... ela carrega livros estranhos consigo.”

“Livros?” Mabel disse, apertando os olhos com cautela.

“Você tem alguma ideia, oficial?” Hal perguntou para ela calmamente.

A policial deu de ombros. “Hmm...” E explicou, “Bem, eu não posso saber se você me

pergunta do nada... esses livros são valiosos ou coisa parecida?”

“Tais livros não tem valor.” Hal declarou firmemente.

Mabel olhou para ele por um momento.

“Diga-me... você está no clero?” ela disse de repente, como se tivesse tido uma

realização.

As roupas de Hal pareciam o robe de um sacerdote afinal e, além disso, ele tinha

amarrado um bastão do lado da motocicleta. O bastão era imenso e tinha um turíbulo preso

na ponta. Mabel não conseguia imaginar um bastão tão pouco prático sendo usado em outra

coisa que não algum tipo de rito religioso.

Fora isso, também havia a atitude estranhamente insolente dele, que não se encaixava

com a aparência, e parecia com algo do clero. Porém...

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“Eu não faço parte do clero. Eu sou um queimador de livros.” Hal disse imediatamente.

Mabel nunca tinha ouvido falar sobre um trabalho como esse. Pelo menos não havia

um título de sacerdócio com esse nome na igreja ocidental. Mabel claramente não havia

entendido, mas Hal não explicou.

“Bem, que seja... então você não está causando nenhum mal a essa garota, certo?” ela

perguntou depois de suspirar resignadamente e se virar para a garota presa.

A garota de cabelos prateados tirou os óculos com os braços quase imóveis e olhou

para Mabel com um sorriso calmo.

Então, um sorriso malicioso apareceu no rosto terrivelmente belo dela.

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“Não SE PREOCUPE. Essa é a forma dele de mostrar AMOR.”

“Pare de falar besteira e cale a boca.” Hal mandou numa voz baixa, obviamente

irritado.

Ele estava se expressando de forma rude, mas obviamente não era apenas abuso de

um lado só.

Depois de confirmar isso, Mabel disse. “Certo. Desculpe por incomoda-lo.”

Quando ela acenou e estava prestes a sair. “Espere.” Hal a parou. “Eu também tenho

uma pergunta.”

“O quê?”

“Eu quero comprar gasolina. Existe alguma loja por perto onde eu possa comprar?” Hal

disse, antes de olhar no tanque de sua moto. Aparentemente, não restava muito combustível

depois de dirigir pela cidade o dia todo, procurando por alguém.

Porém, Mabel balançou a cabeça tristemente.

“Não tem nenhum posto de gasolina nessa cidade. Automóveis particulares ainda não

são tão populares... mas um mercador viajante vai vir pra cá depois de amanhã. Você vai poder

comprar um pouco de gasolina dele.”

“Certo... entendi.” Ele assentiu calmamente.

Em contraste, Mabel parecia preocupada e perguntou. “Quais são seus planos? A

próxima cidade está muito distante, sabe?”

“Certo. Então nós teremos que acampar.” Hal disse sem hesitar.

“De novo?!” a garota presa reclamou.

Mabel não conseguiu reprimir uma pequena risada ao ouvir isso.

“Hmm... se vocês quiserem, gostariam de passar a noite na minha casa?”

Hal virou os olhos para Mabel, sem expressão. Parecia que ele não conseguia entender

as intenções dela.

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Mabel fez um esforço para soar alegre e falou. “Minha casa pode ser pequena, mas

preparar uma cama e um pouco de comida não deve ser problema!”

“Por quê?” Hal perguntou, simplesmente.

Ela procurou as palavras e finalmente disse. “Bem, é o meu trabalho proteger a ordem

pública afinal... e você não concorda que é mais seguro manter as pessoas suspeitas do meu

lado ao invés de deixá-las sozinhas?”

A garota restringida ouviu silenciosamente a explicação afobada de Mabel, olhando

para ela. Então ela riu de forma maldosa e apontou para Hal.

“Você se apaixonou por ELE?”

“É-é claro que não!” Mabel gritou histericamente.

Hal apenas olhou as duas silenciosamente, não mostrando nenhuma expressão em

particular.

Parte 2

A cidade estava escura. Hal e Flamberge estavam andando numa rua no distrito de

compras, levados pela Mabel.

A rua estava cheia de pessoas comprando, pessoas voltando pra casa depois do

trabalho e vendedores em suas bancas.

Mas misteriosamente, essa cena não passava uma impressão animada. Certamente,

dava-se para ouvir os gritos dos trabalhadores, que estavam levantando bagagem pesada, ou

as frases de marketing dos assistentes de loja. Os vendedores estavam conversando

alegremente com seus clientes e as risadas de um bando de crianças brincando ressoavam na

rua. Havia até pessoas conversando ao lado da rua enquanto bebiam cerveja.

E ainda assim, tudo isso parecia fingido. Era quase como assistir os atores de uma peça

ruim.

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Do lado de Hal, que estava encarando aquelas pessoas severamente, a garota

restringida Flam zombou. “Eu devo chamar essa cidade de animada ou somBRIA?”

“Não se esqueça que nós estamos na zona rural. Todos aqui são sinceros.” Mabel disse,

defendendo as pessoas da cidade.

Depois de dar uma olhada nela, Hal olhou para os prédios. Então ele murmurou. “Uma

cidade rural sincera, não é...? Apesar de que tem muitos bordéis.”

“Aquele não é o seu TIPO?” Flam disse, rindo e apontando para um prédio próximo.

Embaixo de uma placa de mau gosto, que tornava o tipo do lugar claro só de olhar,

havia uma jovem mulher se mostrando para os homens enquanto expunha sua pele

generosamente. O lugar estava cercado por uma atmosfera dissoluta que não se encaixava

com uma pequena cidade remota.

“Bem... isso é porque havia uma fábrica de armas, sabe...” Mabel deu uma desculpa.

“Uma fábrica de armas?” Hal perguntou depois de se virar calmamente.

“Durante a guerra as coisas eram mais animadas aqui, com os militares e

trabalhadores imigrantes. E o mesmo pode ser dito desse lugar aqui... bem, e assim as

prostitutas se reuniram vindo atrás disso.” Mabel disse num tom triste e deu de ombros. “Pra

dizer a verdade, também foi por isso que eu fui empregada como uma policial. Policiais

homens podem ter problemas lidando com problemas em bordéis.”

“Entendi.” Hal assentiu seriamente.

A garota restringida olhou para ele com um sorriso sardônico.

“Uma cidade com muitos bordéis, não é... você deve estar feliz que nós viemos aqui

depois de ouvir aqueles RUMORES! Não é, Hal?”

“Não tente alterar os fatos.” Hal respondeu com uma carranca.

“Que rumores?” perguntou Mabel, virando a cabeça..

Depois de sussurrar brevemente, Hal disse: “Aparentemente, muitas pessoas

desaparecem nessa cidade, não é?”

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“Eh?”

Mabel piscou em surpresa. Ele não se preocupou com ela e continuou.

“Eu ouvi que mais de 80 pessoas desapareceram durante os dois anos depois do fim da

guerra. Esse é um número extraordinário, considerando a população dessa cidade.”

“80 pessoas...?” Mabel sussurrou em espanto e ficou pálida. Ela tentou sorrir, mas só

conseguiu fazer os lábios tremerem. “Você ouviu uma mentira... isso não pode ser.”

“O que te faz ter tanta certeza?” ele perguntou com uma voz sem emoção.

“Não se esqueça de que eu sou uma oficial da polícia! Eu definitivamente saberia se

algo assim tivesse realmente acontecido nessa cidade. Nos anos recentes, nenhuma pessoa

desapareceu ou morreu. No máximo, você poderia dizer que alguns dos velhos que haviam

estado doentes por muito tempo faleceram em um hospital distante em outra cidade—”

Mabel claramente fez o seu melhor pra tentar explicar.

Mas Hal foi direto ao ponto.

“Quase todas as pessoas que desapareceram não são daqui. Elas eram viajantes,

mercadores e outros passantes.”

“Você faz parecer que os habitantes dessa cidade atacam qualquer estranho que

apareça, não é?” Mabel franziu a testa, ofendida. Então ela continuou em uma voz zangada.

“Nesse caso, o próximo alvo seriam vocês dois.”

“Eu espero.” Ele assentiu com uma expressão séria.

Mabel olhou para ele sem acreditar, mas ela não podia encontrar nenhum sinal de

piada.

Ela suspirou, se controlou de novo, e olhou para ele seriamente.

“Talvez, as pessoas que você está procurando... também desapareceram nessa cidade?”

“Quem sabe?” murmurou o homem de roupas estranhas, enquanto apertava seu

bastão com mais força, o que fez o metal ranger levemente em suas mãos.

“Você não sabe?”

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“É por isso que nós viemos aqui. Para investigar se tem algo a ver com eles.”

“Entendo.” Mabel assentiu levemente.

Então ela parou na frente de uma casa. Apesar de ser velha, podia-se dizer que era

uma casa de 3 andares bem construída. Escadas de pedra levavam a entrada, que era

decorada com gravuras simples, mas bonitas.

“Estamos aqui!”

Mabel subiu nas escadas com passos convictos e mostrou a entrada para eles,

apontando para a porta. A casa era aparentemente a casa dela.

“Uma casa como essa apesar de viver SOZINHA? Bem elegante, não é? Ganha bem

sendo uma poliCIAL corrupta?” Flam perguntou, impressionada.

“Eu não sou corrupta!” Mabel declarou. “E eu não estou vivendo sozinha também.”

Com um rosto levemente orgulhoso, ela abriu a porta. A casa dela não era tão luxuosa

quanto parecia pelo lado de fora, mas ainda era espaçosa.

Logo na frente do salão de entrada havia uma escadaria, levando ao segundo andar, e

no lado direito havia a sala de estar onde uma lareira estava queimando. Um sofá de lã estava

na frente da lareira, e nele, estava um velho casal.

Eles perceberam a chegada de Mabel e lentamente se viraram.

“Bem vinda, Mabel.”

“Você deve esta cansada, Mabel.”

Eles falaram de uma forma rígida, que parecia o som de engrenagens enferrujadas, e

sorriram. Os sorrisos, porém, pareciam tão artificiais quanto os sorrisos de um boneco

mecânico.

Mas Mabel ignorou o comportamento estranho deles e sorriu de volta.

“Olá, pessoal. Eu trouxe convidados. Dois viajantes chamados... err, Hal e Flam.”

Os dois velhos se viraram para o Hal. Com exatamente a mesma expressão. E então

eles sorriram novamente de forma artificial.

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16 Light Novel Project

“Certo. Bem vindos.”

“Certo. Vocês devem estar cansados com a jornada.”

Eles pareciam estar repetindo frases pré-decididas. Hal não prestou atenção deles e

virou para Mabel.

“Quem são eles?”

“Eles são meus avôs. E ali é...”

Mabel olhou para a escada.

Dava para ouvir o barulho de alguém descendo. Os passos eram leves, implicando um

peso baixo. Eventualmente, uma pequena cabeça apareceu em cima do corrimão.

Era uma pequena garota, com 12 ou 13 anos. O rosto dela parecia como uma versão

mais jovem do de Mabel.

“Quem são vocês?”

Os olhos castanhos de avelã dela se moviam entre Hal e Flam, dando a eles um olhar

reprovador.

“Patty.” Mabel chamou o nome da garota, para ela saber que estava se comportando

inapropriadamente. Então ela sorriu levemente para suas visitas.

“Ela é a minha irmã mais nova Patrícia. Patty, essas pessoas são Hal e Flam. Eu decidi

os deixar passarem a noite aqui—”

“Pra que vocês vieram aqui?” Patrícia gritou nervosa, ignorando a apresentação

amigável de sua irmã mais velha. “Vão embora! Vão embora logo!”

Ela correu para cima pelas escadas sem dar tempo para eles responderem. Depois de

alguns momentos, pode-se ouvir uma porta fechando. Patrícia tinha se trancado em seu

quarto.

“Patty! Espere um momento... Patty!”

Mabel correu, seguindo sua irmã.

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17 Light Novel Project

Depois de olhar a mulher que deixou eles lá, Flam suspirou com a testa franzida.

“Aquela garota realmente se comportou MAL. Talvez ela tenha percebido que você é um

pervertido que adora GAROTINHAS, certo, Hal?”

“Eu não sou um pervertido e não adoro garotinhas, porém, eu acho que isso pode ser

interessante—” Hal respondeu para Flam, de forma séria, diferente do habitual.

“Mh?”

A garota confinada olhou para Hal, levantando o queixo magro. Os olhos prateados

luminosos dela se apertaram como os de um gato.

“Pelo menos, aquela garota parece ter emoções o bastante para não gostar de mim.”

murmurou Hal, quase mantendo uma cara séria.

Se banhando na luz da lareira, luzes brilharam no bastão de prata, como chamas.

Parte 3

Depois da meia-noite, Hal saiu da casa de Mabel Nash.

A garota confinada não estava com ele, e ele também não estava carregando seu

bastão de prata. O queimador de livros alto virou as mangas de seu robe e andou pela cidade

escura adormecida.

Ele estava indo para trás de um monte que ficava além do coração da cidade.

Não era óbvio imediatamente, mas se uma pessoa olhasse bem para o mapa da cidade,

dava-se para ver que as conexões entre as ruas dessa cidade eram extremamente não naturais

em alguns pontos. Havia uma área que era evitada por todas as cidades para que não pudesse

ser alcançada de carro.

Também era impossível vê-la de longe devido a altura e florestas — então ela podia

ser chamada de sombra da cidade.

Depois de andar pelas trevas sem descanso, Hal finalmente chegou no monte

bloqueado.

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18 Light Novel Project

E prendeu a respiração.

“Entendi... então era isso...”

A parte de trás da cidade que ele podia ver de lá era uma visão terrível de destroços e

cinzas.

Os restos dos prédios que tinham sido destruídos por uma explosão. Ruas que tinham

virado meras cinzas depois de terem sido engolidas por um mar de chamas.

Era uma visão horrível. Mesmo com o longo tempo que havia se passado desde então,

ainda dava para sentir claramente a magnitude da catástrofe que tinha assombrado essa

cidade. Os traços da guerra.

Essa cidade provavelmente tinha sido bombardeada pelo país inimigo, assim como a

capital.

Atacada por incontáveis bombas. Queimada pelas chamas e explosões geradas.

Centenas de prédios tinham sido queimados até virar cinzas, e muitos mais humanos

haviam perdido suas vidas.

Eventualmente, mesmo as pessoas dessa cidade haviam abandonado essa terra.

Em termos de tamanho, a área era quase metade da área da cidade. Um espaço tão

grande tinha sido deixado como terra queimada.

A maioria dos sobreviventes parecia estar inconsciente a respeito da existência dessa

área, porque alguém estava escondendo isso deles.

Alguém tinha apagado a lembrança desses traços terríveis da memória dos habitantes.

Mas, quem tinha feito isso? E por que...?

“... Oh... o que você está fazendo aqui?”

Subitamente, enquanto Hal estava pensando, uma voz doce chegou a seus ouvidos.

Quando ele se virou, viu uma mulher ao seu lado.

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19 Light Novel Project

A mulher era alta e voluptuosa. O vestido dela era pequeno e tinha um grande decote

além de uma abertura nas pernas em que uma pessoa podia ver as coxas sedutoras dela. Um

perfume obsceno cercava o cabelo decorado dela. Ela era o próprio modelo de uma prostituta.

Sim, quase perfeita demais, o que dava a ela a sensação de uma mera fabricação—

Como os outros residentes da cidade, aquela prostituta parecia artificial.

“Ei, não me ignore!” A mulher se moveu para frente de Hal, irritada pelo silêncio dele.

Então, ela percebeu com uma voz surpresa: “Oh, que homem lindo...”

Ela colocou os braços ao redor do pescoço dele e empurrou os seios contra o peito

dele.

“Ei docinho. Está sozinho? Que tal passar a noite comigo?”

“Por quê?” Hal suspirou, entediado.

A prostituta olhou para o rosto de Hal com surpresa.

“Hã?”

“Eu não me importo particularmente quando uma prostituta anda pela cidade. Mas

por que você está num lugar como esse?”

“Garoto... do que você está falando?”

Um leve sinal de raiva emergiu no rosto dela.

... que parecia exatamente como um caricaturista de terceira classe desenharia alguém

zangado.

“Deve haver lugares muito melhores para uma prostituta atrair clientes. Então por que

você veio para cá? Quem te mandou?” Ele perguntou, olhando as ruínas da cidade.

“Quem...? Que diabos? O que você...?”

A prostituta estava claramente agitada. A expressão tinha deixado o rosto dela,

deixando para trás uma cara inumanamente vazia que lembrava uma escultura.

Hal perguntou friamente: “Me responda. Quem mandou você vir aqui?”

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20 Light Novel Project

“Me... mandou? O que você quer dizer? Sério, do que você está falando..?” Ela

balançou a cabeça.

Hal continuou sem prestar atenção nisso. “Você veio aqui falar comigo por vontade

própria?”

“Do que você está falando...? O que didididiabos...? O quequequequequeque...?” A

boca da mulher formava palavras como um gravador quebrado, enquanto os olhos vazios dela

se arregalavam.

Hal franziu o cenho.

Subitamente, algo branco passou pela visão dele rápido como uma lâmina.

“?!”

Sangue fresco caiu da bochecha de Hal. O braço da prostituta tinha vindo na direção

dele, cortando as trevas. Os braços dela tremendo tinham subitamente e cuidadosamente

mirado e atacado a artéria carótida ele. Se a reação de Hal tivesse sido um pouco mais lenta,

ele teria morrido, sem dúvidas.

“Então foi você que atacou os estrangeiros? Não... ou...” Hal perguntou enquanto

evitava os ataques contínuos dela.

Porém, as palavras da prostituta já tinham perdido todo o sentido.

“Oquequequequeque... vvvooocêê...” Enquanto lançava palavras em uma voz estranha,

ela atacava com os dedos, mirando os olhos de Hal.

O braço dela estava se movendo a uma velocidade monstruosa, mas Hal o pegou

facilmente no ar. Porém, a mulher não parou de se mover. Ela levantou ele com uma força

sobrenatural para jogá-lo no chão.

Mas, no momento em que ela estava prestes a jogá-lo, Hal disse, “Que força imensa.”

antes de desaparecer por um momento e reaparecer atrás dela, sem sequer um som.

Os ombros da prostituta sem expressão tremeram claramente, como se ela estivesse

perturbada. Com um rugido terrível do fundo da garganta, ela atacou com o braço de novo.

“Mas... é inútil.”

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21 Light Novel Project

Ele pegou o braço dela novamente. Ele girou o cotovelo dela na direção errada e fez a

mesma coisa com o ombro.

“Quê—!!” Gritou a prostituta.

É impossível ignorar a construção do corpo humano, não importa quão forte seja. As

juntas dela rangeram, estendidas até o limite.

“Não se mova. Essa é uma técnica da arte marcial oriental ‘Baritsu’. Você pode

facilmente quebrar seu braço.” explicou Hal friamente.

Mas a prostituta não pensou em parar de resistir. O ranger dos ossos dela ficou mais

intenso. Um leve sinal de inquietação apareceu nas bochechas do rosto sem expressão de Hal.

“AAAAAAAAAAAAAH!!”

A prostituta quebrou o próprio braço, produzindo um som desagradável. E então, o

cotovelo dela foi rasgado.

Hal fez uma cara severa. Nenhuma gota se sangue estava fluindo do cotovelo rasgado

dela, que estava caído no chão, Apenas uma seção de madeira podia ser vista na junta do

cotovelo dela.

“Você—”

A mulher, que tinha se libertado da técnica dele, tirou vantagem da perturbação

momentânea de Hal e atacou com o braço direito.

A parte do lado do casaco de Hal foi cortada e ficou molhada com sangue fresco. Ele

chutou a prostituta para criar alguma distância.

“Ah, então é isso... essa é a resposta...” ele murmurou enquanto olhava para o braço

esquerdo dela no chão.

Para ser exato, era um pedaço de madeira. Um pedaço de madeira que tinha sido feito

para parecer um braço humano, com uma bola de madeira polida como junta. A metade

inferior do braço de um boneco.

A prostituta de um braço correu na direção de Hal.

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22 Light Novel Project

Mas antes que ela pudesse chegar nele, ele pegou a cabeça dela sem problemas e a

bateu contra o chão.

A cabeça dela foi rompida e quebrada em incontáveis pedaços de madeira seca.

O que restava no fim eram — os restos de um fantoche de roupas de prostituta.

Parte 4

A noite já estava acabada quando Hal voltou para a casa de Mabel.

Ela não estava mais lá, aparentemente, ela já tinha ido trabalhar. Hal ignorou

completamente os velhos na frente da lareira e foi para o quarto de visitas.

Depois de abrir a porta, ele levantou uma sobrancelha.

A cama de Hal estava ocupada por duas garotas que estavam dormindo perto uma da

outra. Uma delas era a garota confinada de cabelos prateados. A outra era a versão em

miniatura da Mabel.

As mãos da garota de cabelos prateados estavam segurando um velho livro de contos

de fadas.

Aparentemente, elas tinham adormecido enquanto Flam estava lendo um conto de

fadas para ela.

“... Você está ATRASADO, Hal. Você foi pra algum bordel pra se DIVERTIR?” Flam disse

com sono quando percebeu a chegada de Hal.

“O que você está fazendo?” Hal perguntou bruscamente.

Flam se levantou, deixando seu cabelo prateado macio dançar, e disse: “Como você

pode ver! Eu já ganhei a garotinha pra você.”

“Hmph.” Hal deu um sorriso de escárnio.

“Mh...”

Patrícia virou e acordou. Depois de percebeu Hal na porta, ela se sentou rapidamente.

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23 Light Novel Project

“Você voltou?” ela perguntou.

Hal assentiu calmamente.

“Sim.”

“Você está ferido.”

“Nada sério.”

“Mas...”

Patrícia olhou preocupada para o casaco manchado de sangue de Hal.

“Você estava preocupada comigo?” ele perguntou depois de finalmente perceber a

razão pela qual ela tinha dormido junto com a Flam.

Patrícia hesitou um pouco, mas assentiu ligeiramente.

“Não é a primeira vez que viajantes visitaram essa casa, certo?”

Ela assentiu mais uma vez e disse com uma voz baixa. “Eles nunca voltam.”

“Entendi.”

Por um tempo, Hal apenas olhou para a garotinha que tinha os cabelos bagunçados

depois de dormir. Por um fragmento de um segundo, uma luz de pena passou pelos olhos dele.

“Nós estamos indo, Flam.” Hal declarou após pegar seu bastão, que estava encostado

na parede.

A garota confinada protestou com uma voz claramente irritada. “O que dói de

rePENTE? Você está com ciúmes porque eu peguei uma garoTINHA?”

“Cale a boca, lixo. Prepare-se.”

Ele balançou seu casaco sujo de sangue e estava preste a sair, quando...

“Vocês não são... viajantes normais, certo, senhor? Quem é você?” Patrícia perguntou

numa voz madura e calma.

Hal virou e corrigiu ela:

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24 Light Novel Project

“Eu não sou um senhor. Eu sou um queimador de livros.”

Parte 5

Hal levou Flam para a fábrica, na costa do lago do lado de fora da cidade.

Como já tinha passado da hora da abertura, muitas máquinas estavam fazendo seu

trabalho sem descanso. Apesar disso, as coisas estavam quietas e havia muito poucos

trabalhadores. Ninguém falou com eles quando Hal e Flam entraram sem permissão.

“Caramba, essa é uma fábrica deSOLADA.” Disse Flam, obviamente entediada.

Ela estava sendo carregada por Hal como uma mochila, pois não conseguia andar

sozinha.

“Eu olhei os arquivos.” Hal explicou. “É como a Mabel disse. A fábrica produzia armas

durante a guerra. Munição, bombas e partes de pistolas—”

“A guerra já acabou, CERTO? O que eles estão produzindo AGORA?” Flam perguntou

com suspeita.

Hal apontou para uma construção na área da fábrica.

Era uma sala de estoque barata que estava sendo usada para guardar uma montanha

de bonecos em caixas.

Mas eles não eram tão bonitos quanto se esperaria. Eles eram homens e mulheres

corpulentos de meia idade, velhos magros, crianças bochechudas e finalmente, prostitutas

cheias de maquiagem — os habitantes da cidade.

“BONECOS bem estranhos. Quem compraria eles e POR QUÊ? Para aliviar o estresse

batendo NELES?” Flam perguntou e deu de ombros.

“Eu acho que eles não estão à venda.”

“HAH?”

“Você já ouviu falar dos ‘Shikigamis’ que são usados na feitiçaria oriental?”

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25 Light Novel Project

Flan sorriu ao ouvir as palavras de Hal. Era um sorriso lindo, mas demoníaco.

“SIM, é uma técnica que permite que o feiticeiro controle bonecos feitos de papel ou

palha fazendo um feitiço NELES.”

“Esses são provavelmente a mesma coisa.” Hal falou enquanto apontava para os

empregados que estavam produzindo os fantoches.

Aquelas pessoas sem expressão estavam trabalhando como máquinas. Exatamente

como a prostituta da noite anterior. Eles eram bonecos feitos apenas para agir de acordo com

os papéis designados a eles.

“Você está falando sobre esses traBALHADORES? Então, bonecos estão fazendo

boNECOS?” Flam riu divertida.

Hal respondeu seriamente. “Não tem nada estranho sobre isso se nós assumirmos que

eles são Shikigamis que foram ordenados a produzir novos bonecos.”

“Hmph... qual é o ponto de fazer bonecos afiNAL?”

“É para substituir os habitantes dessa cidade.”

“Para substituir os habitantes com boNECOS...?” Flam virou a cabeça, e a tranca no

pescoço dela produziu um som metálico.

“A maioria dos cidadãos aqui são bonecos como esses. Mabel provavelmente estava

dizendo a verdade quando falou que ninguém tinha morrido aqui nos últimos anos. Afinal,

qualquer um que morresse seria substituído por um boneco que aja como o falecido agia

durante sua vid—“

Hal olhou os empregados trabalhando com olhos sem emoção. Subitamente, ele parou

de andar.

“Fora isso, parece que bonecos quebrados são substituídos por novos também.”

Um boneco em uma caixa em forma de caixão foi carregado para dentro. A cabeça

dele tinha sido completamente destruída e tudo abaixo do cotovelo esquerdo estava perdido.

Era a prostituta que Hal tinha destruído na noite anterior.

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26 Light Novel Project

Um boneco destruído é facilmente substituído por um novo. E dessa forma, a cidade

permanece imutável.

A vida diária do passado está sendo mantida por toda a eternidade nessa cidade—

“Por que eles fariam ISSO?” Perguntou Flam, parecendo realmente não saber.

“Quem sabe? Pode perguntar ao culpado.” disse Hal, virando lentamente.

Ele apontou seu grande bastão de prata para as trevas além de uma passagem da

fábrica.

“—certo, Mabel Nash?” ele levantou sua voz profunda, que ecoou para dentro daquele

lugar.

Logo depois, uma jovem mulher apareceu da sobra da estação metálica.

A mulher estava usando um uniforme de polícia. Flam riu ao ver a expressão tensa de

Mabel.

“OH? Os oficiais de polícia de hoje em dia também trabalham em fáBRICAS?”

Mabel pareceu um pouco aflita ao ouvir as palavras de Flam.

Então ela soltou um suspiro longo e profundo para significar sua resignação.

“Desde quando você soube?” ela perguntou para Hal.

“Sua pergunta parece obscura para mim, mas se você quer saber quando eu comecei a

suspeitar que você era a chefe dos bonecos, isso seria ontem, no momento que você falou

comigo.” explicou ele no seu usual tom franco.

“Como?”

Mabel estava claramente pasmada.

Hal não se importou e continuou: “Nós andamos pela cidade de propósito com uma

motocicleta espalhafatosa e informamos cada cidadão que nós estávamos procurando por

alguém. Nós consideramos provável que alguém que tivesse encontrado a Biblioprincesa se

aproximasse de nós, depois de ouvir sobre isso.”

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27 Light Novel Project

“... Então vocês me atraíram, não é?” Mabel suspirou depois de ouvir Hal. “Por

‘Biblioprincesa’, você quer dizer aquela garota de armadura com uma tranca que parece uma

linda boneca...?”

Pela primeira vez, uma mudança ocorreu na expressão de Hal.

Imenso ódio e raiva surgiram em seus olhos geralmente sem expressão. Porém, isso só

durou um curto momento. A expressão dele imediatamente voltou ao normal, e então ele fez

uma pergunta a Mabel.

“Você recebeu um livro espectral da Biblioprincesa, não foi?”

“Você quer dizer, isso?”

Mabel pegou o livro que estivera escondendo atrás de si e segurou-o na altura do

peito. Um sorriso levemente triunfante surgiu no rosto dela.

“O ‘Rahouto Reihou Kaigen’, hm... uma escritura taoista perdida que contem técnicas

para controlar familiARES—” Flam disse, impressionada.

O rosto de Hal escureceu.

“Quando eu fiz uma cerimônia do jeito que estava escrito nesse livro, bonecos que me

obedeciam nasceram. Eu apenas ordenei eles para agir como substitutos dos cidadãos mortos.

Também foi brincadeira de criança aumentar o número dele comandando os primeiros que eu

fiz. Afinal, eles trabalham sem parar e eu fui capaz de usar essa fábrica deserta...” Mabel falou

sem parar. Sim, quase como se ela estivesse confessando seus pecados para um padre—

“Por que você tentou substituir os habitantes dessa cidade com fantoches?”

“‘Por que’? Que pergunta boba! Para proteger essa cidade, é claro!” Mabel reagiu com

sensitividade diante da reprovação de Hal. “Essa cidade foi quase completamente destruída

uma vez, sabe? Devastada por um bombardeiro!” Mabel mordeu os lábios enquanto

aguentava memórias dolorosas. “Aconteceu no mesmo dia em que a capital foi atacada por

um esquadrão aéreo. Eu tenho certeza que o alvo deles era a fábrica de armas daqui. Devido

às massas de pólvora nos armazéns e o calor infernal quando elas explodiram, menos de 400

pessoas sobreviveram ao ataque aéreo... Você entende essa escala? Nem um quinto de uma

cidade que anteriormente tivera uma população de 3000 pessoas sobreviveu!”

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28 Light Novel Project

A voz de Mabel, as declarações dela, ecoaram numerosas vezes dentro da fábrica.

Hal continuou em silêncio e ouviu ela.

“Foi naquele momento de desespero que eles me deram esse livro. Eles me disseram

que ele era o meu livro espectral...”

O “eles” que Mabel tinha mencionado fez os ombros de Hal tremerem.

“Você ordenou que os bonecos substituíssem os cidadãos que morreram durante o

bombardeio?”

Mabel sorriu.

“Exatamente! Para manter tudo tão pacífico quanto era nos tempos passados. Como

isso é uma coisa ruim? Os outros sobreviventes os aceitaram imediatamente, também! Bem, é

claro. Os amados familiares e amigos deles voltaram afinal—”

“Bonecos são e vão continuar sendo apenas bonecos.”

As palavras duras de Hal partiram o sorriso de Mabel.

“Eles só podem seguir comandos. Logo que eles são colocados em uma situação

estranha, eles entram em pânico. Sim, por exemplo, quando eles se encontram com um

estranho. Ou quando alguém faz a eles uma pergunta inesperada. Então eles perdem o

controle e atacam esses estranhos para erradicar a fonte de seu pânico.”

“Eh...?”

Mabel ficou tensa como um bloco de gelo.

“Você não percebeu, mestra de bonecos? Seus bonecos são a causa dos frequentes

desaparecimentos de viajantes nessa cidade.” Hal declarou friamente.

Mabel tentou negar reflexivamente, mas caiu em silêncio. Ela tinha percebido o

ferimento embaixo do casaco cortado de Hal.

“Não... você está mentindo...” Mabel balançou a cabeça fracamente. Mas Hal não

parou e continuou a falar.

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29 Light Novel Project

“Pessoas e cidades mudam conforme o tempo passa. Naturalmente, algumas vidas

serão perdidas no processo. Mas se você resistir a esse modo de vida a força, uma distorção

aparecerá em algum lugar. Não é a cidade que você esteve protegendo. É a sombra do

passado dela. E a sua própria fraqueza por se agarrar a essa sombra.”

Depois de um momento de silêncio, Mabel assentiu.

“Heh... eu acho que você está certo.”

Um sorriso apareceu no rosto levemente abaixado dela.

O sorriso era triste, mas cheio de uma forte vontade.

“Mas sabe de uma coisa? É tarde demais para mudar os meus métodos. Mesmo se for

só uma sombra, eu vou proteger essa cidade—!” Mabel gritou.

A expressão dela tinha mudado. Hal percebeu esse fato e se preparou. Subitamente,

numerosas sombras apareceram atrás dele. Pessoas velhas e de meia idade, e prostitutas.

Os bonecos encaixotados tinham despertado. Não demorou muito até o número deles

exceder 10 e encher o caminho estreito. Hal e Flam estavam de pé lá, sem defesa, enquanto o

bando de bonecos enquanto tentavam eles, com a aparência dos cidadãos, e com as

expressões vazias especiais de bonecos.

Hal conhecia muito bem a força monstruosa deles, devido a seu encontro com a

prostituta na noite anterior.

E ele também sabia que não teria chance se um número como aquele atacasse ele de

uma vez só.

“Entendi.”

Mas ele não mudou de expressão. Ele apenas calmamente tirou a luva de sua mão

direita.

“Eu queimarei isso então... prepare-se, Flam... não...”

Uma linda joia estava presa nas costas da mão direita de Hal. A cor dela era um

escarlate profundo que parecia sangue solidificado.

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30 Light Novel Project

Ele fechou o punho direito e quando abriu a mão de novo, ele estava segurando um

bando de chaves douradas. Todas essas chaves velhas tinham letras misteriosas gravadas.

“‘Biblioprincesa Quebrada’(Biblioteca a Muito Perdida), Flamberge! Eu pergunto de ti,

Eres tu humanidade—?” Ele gritou para a garota confinada.

Flam balançou seu cabelo prateado selvagenmente e começou a gargalhar. A fábrica

ressoou com a risada alta e cheia de loucura dela, que ia completamente contra sua linda

aparência.

Hal brandiu o bando de chaves sobre sua cabeça e começou a abrir as incontáveis

trancas que estavam selando a garota. Uma atrás da outra, e cada vez as chaves faziam um

som como um instrumento.

A garota de cabelos prateados libertada saiu de seu vestido.

Ela não estivera usando nada embaixo de sua camisa de força.

No corpo pelado quase brilhante dela, dava para se ver uma linha prateada indo do

lado esquerdo dela para a coxa direita. Era um zíper metálico. Um zíper prateado tinha sido

fundido a pele branco-porcelana dela.

《Não. Nós sóis o Reino — O Reino Caído. 》

Os lábios da garota de cabelos dourados proclamaram com a voz rouca de uma velha.

Hal colocou a mão nela e puxou o zíper inteiro de uma só vez. Um espaço escuro e

infinitamente profundo abriu atrás do zíper.

“A Biblioprincesa... Prateada...!”

Foi Mabel que falou essas palavras com uma cara contorcida.

Hal pegou um único livro das profundezas do buraco no corpo nu de Flam—

Era um velho livro encapado com couro que tinha perdido a cor.

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31 Light Novel Project

Mabel mordeu os lábios quando percebeu.

“Um livro espectral?! Mas é tarde demais...! Você não tem tempo para lê-lo—”

“Quem disse que eu leria isso?” Hal anunciou friamente.

Ele colocou seu longo bastão na cintura, colocando a ponta para frente. Ele parecia um

soldado que estava prestes a disparar com uma arma gigante. Então ele carregou o bastão

colocando o livro espectral na ponta dele.

“Carregar Cartucho — Labareda!” ele gritou austeramente.

No momento seguinte, chamas azul esbranquiçadas saíram da ponta do bastão.

O objeto que estava disparando aquela chama com o formato de lâmina não era mais

um bastão. A parte longa do corpo era um equilibrador para suportar o impacto quando

disparava e a parte que parecia um turíbulo era para aguentar o coice. Era uma arma feita para

destruir.

Uma arma destrutiva que usava os livros espectrais proibidos como munição e

transformava a magia deles em chamas.

“Oh, Ramo da Calamidade! Reduza tudo a cinzas—!”

O fogo do bastão de Hal incinerou os bonecos que atacavam.

Os bonecos que eram atingidos pelo fogo mágico eram cobertos por ele e destruídos.

Mabel, que só podia olhar pasmada, gaguejou: “Ele é louco... ele está usando um livro

espectral... como lenha...!”

Hal ignorou Mabel, que tinha caído de joelhos, e apontou seu bastão para os depósitos

da fábrica.

Bolas de fogo saíram do bastão como balas.

Esse bombardeio instantaneamente queimou os bonecos encaixotados num fogo do

inferno.

Vendo a fábrica queimar. “Aah...” Mabel levantou a voz fragilmente.

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32 Light Novel Project

“O Ramo da Calamidade que foi selado por nove chaves... não me diga que isso é...”

ela murmurou fracamente, olhando para o homem com o bastão de fogo.

Ela pressionou o livro firmemente contra o próprio peito.

“Você vai... queimar o meu livro...?”

Hal não respondeu. Ele apontou sem palavras a ponta flamejante de seu bastão na

direção dela.

Mabel sorriu piedosamente para ele sem mostrar nenhum sinal de medo.

“O bastão do cataclismo do gigante de fogo Surtr, que ele usou para engolfar a terra

em chamas durante o Ragnarök... se você continuar usando essa arma, você vai ser enterrado

pelas suas próprias chamas, assim como a raça gigante dos mitos!”

Hal assentiu calmamente diante do aviso da mestra de bonecos.

“Eu sei. Esse é o destino de um queimador de livros.”

E então, as chamas do bastão engolfaram o livro espectral e a dona dele sem piedade.

Parte 6

Logo antes do pôr do sol, um homem alto, junto com uma garota confinada, visitaram

a casa de Patrícia Nash novamente.

Patrícia sentou na frente da lareira e observou silenciosamente os avôs dela que

tinham parado de se mover.

Os olhos dela estavam levemente molhados com lágrimas, mas ela não estava

chorando. Sentada naquela sala escura, abraçando as próprias pernas, ela parecia estar

esperando que o tempo voltasse a se mover.

Foi então que Hal e sua companheira voltaram.

O queimador de livros, que tinha saído de sua moto, estava carregando Mabel em seus

braços e tinha seu longo bastão de prata nas costas. Quando Patrícia percebeu isso, ela

arregalou os olhos com medo.

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33 Light Novel Project

“... Você matou a minha irmã?” ela perguntou com uma voz firme, depois de respirar

fundo.

“O meu trabalho é apagar todos os livros espectrais e tudo que entrou em contato

com eles.” Hal respondeu friamente. “Assim sendo,” Ele continuou sem entonação na voz. “Eu

também queimei a parte da mente dela que foi corroída pelo livro espectral. Provavelmente

ela não vai se lembrar de nada desde que recebeu o livro, até quando acordar de novo.”

Patrícia piscou algumas vezes e silenciosamente penou no significado das palavras de

Hal.

Então, ela levantou a cabeça e confirmou que sua irmã mais velha ainda estava

respirando.

“Mas... ela ainda está viva, certo?”

Hal assentiu sem palavras e colocou Mabel no sofá onde ela podia dormir.

Então ele se virou para sair da casa. Não restava nada para o queimador de livros nessa

cidade agora que ele tinha extinguido o livro espectral.

Patrícia percebeu esse fato e correu atrás dele.

Hal já tinha subido na motocicleta e estava prestes a ligar o motor.

Ela olhou para ele e disse. “Uhm... obrigado.”

Hal olhou para ela após se virar.

“Por que você me agradece?”

Patrícia não pode evitar uma risada, achando a reação dele muito engraçada.

“Eu sabia... que nós só estávamos num longo sono... todos estavam mortos, mas nós

fingíamos que não sabíamos. Apesar de que deveria ter sido o nosso dever aproveitar mais a

vida no lugar dos mortos...” Patrícia parou ali, e então, subitamente, sorriu. Isso era porque,

por alguma razão, parecia que o queimador de livros estava sorrindo apesar de estar com a

mesma expressão de sempre.

“Obrigado por salvar a minha irmã.” ela o agradeceu de novo.

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34 Light Novel Project

Hal olhou para ela calmamente. “É melhor você agradecer a sua irmã. Ela queria te

mostrar—”

“Eu sei. Eu definitivamente nunca esquecerei como essa cidade era na época que era

querida para a minha irmã.” ela garantiu, cheia de confiança.

Depois de assentir sem palavras, Hal ligou a motocicleta e acelerou, sem olhar para

trás.

A garota desapareceu rapidamente depois de alguns momentos e também não

demorou muito para que a cidade dela na costa do lago ficasse distante.

Eles continuaram dirigindo na estrada seca por um tempo até que a garota confinada

no sidecar falou subitamente.

“... Você parece feLIZ, Hal.” ela disse, enquanto deixava o cabelo dançar no vento.

“Eu não sei do que você está falando.” Hal declarou mal-humorado.

“Você estava sorrindo agora MESMO, não ESTAVA?” Flam começou a brincar com ele.

“Eu não estava.”

“Ooh sim, você ESTAVA. De orelha a ORELHA.”

Flam riu divertida.

“Seu PERVERTIDO! Você se lembrou daquela garotinha só AGORA?”

“Cale a boca, lixo.”

A motocicleta continuou em seu caminho com os dois discutindo.

As costas deles estavam tingidas de vermelho pela luz do sol poente.