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Capítulo 4
203
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA ÁREA
.
4.1 MEIO FÍSICO
4.1.1. Clima e Condições Meteorológicas
O Brasil, por suas dimensões continentais, possui uma ampla diversificação climática,
influenciada pela sua configuração geográfica, sua significativa extensão costeira, seu relevo e
a dinâmica das massas de ar sobre seu território. Esse último fator assume grande
importância, pois atua diretamente sobre as temperaturas e os índices pluviométricos nas
diferentes regiões do país.
Conforme Arthur Strahler, a área de estudo situa-se na zona de clima litorâneo úmido
exposto às massas tropicais marítimas, englobando estreita faixa do litoral leste e nordeste,
entre os municípios de Icapuí e Tibau, dos estados do Ceará e Rio Grande do Norte,
respectivamente.
É considerada uma região anômola dos continentes tropicais, pois tem clima
semiárido, apresentando alta variabilidade espacial e temporal da precipitação: no litoral >
1600 mm/ano e, no interior < 400 mm/ano. Por estar próximo da Zona de Convergência
Intertropical, recebe por todo o ano os ventos alísios.
A caracterização climática da região foi realizada a partir da análise dos dados das
estações meteorologicas do litoral norte nordestino, entre os estados de Ceará e Rio Grande do
Norte, que dispõe de séries históricas. O clima do local foi caracterizado a partir dos dados
coletados na estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET durante
o ano de 2010. Esta estação meteorológica automática esta localizada na superfície sendo
composta de uma unidade de memória central ("data logger"), ligada a vários sensores dos
parâmetros meteorológicos (pressão atmosférica, temperatura e umidade relativa do ar,
precipitação, radiação solar, direção e velocidade dos ventos, etc.), que integra os valores
medidos minuto a minuto e transmite os dados observados automaticamente a cada hora.
A seguir, as análises dos indíces pluviométricos, ventos, temperatura e umidade
relativa do ar da área de estudo.
4
204
a) Precipitação: Delimitação do período seco e chuvoso
A precipitação pluvial relaciona-se com a convecção local. Esta, por sua vez, é
caracterizada por movimentos ascendentes de ar úmido, resultante da ocorrência de pressões
atmosféricas mais baixas junto à superfície da Terra, seja em conseqüência do aquecimento
do ar em contato com essa superfície, seja pela ação de fenômenos transientes, de caráter
puramente dinâmico, como os sistemas frontais ou frentes frias, e perturbações ondulatórias
no campo dos ventos alísios. A convecção é essencialmente controlada, ou seja, intensificada
ou inibida, pela circulação geral da atmosfera, fenômenos de escala global resultante da
interação complexa com a superfície do planeta, particularmente relacionada à distribuição de
continentes e oceanos, topografia e cobertura vegetal, e o fornecimento desigual de energia
solar (MOLION & BERNARDO, 2002).
Sobre a Região do Nordeste do Brasil, consegue-se distinguir, de acordo com
STRANG (1972), três macroregimes pluviométricos distintos, a saber: do norte, região esta
que engloba a área de estudo; do sul, e o da Costa Leste do Nordeste.
A precipitação é resultante, essencialmente, da convergência do fluxo de umidade
sobre o continente. O vapor d’água é transportado para os níveis superiores por meio de
movimentos convectivos, ou ascendentes, produzido por uma baixa pressão em superfície,
que resulta do aquecimento diferencial terra-oceano, ou por forçantes mecânicas, tais como
a orografia (montanhas e planaltos) local e sistemas frontais. Tanto a orografia quanto os
sistemas frontais funcionam como uma alavanca ou cunha, os quais forçam a subida da
massa de ar úmido. Ao se elevar, essa parcela encontra menores pressões fazendo com que
ela se expanda rapidamente com conseqüente redução de temperatura. Se esse resfriamento
continuar, até que a massa atinja a temperatura de ponto de orvalho, ocorre a condensação,
formação de nuvens e chuva. Na presença de partículas higroscópicas, as gotículas unem-se
a essas aumentando seu volume. Mas, por sua vez, a variabilidade interanual da distribuição
de chuvas sobre o NEB, tanto em escalas espacial quanto temporal, está intimamente
relacionada com as mudanças nas configurações das circulações atmosférica e oceânica, de
características anômalas, externas à Região. Resultados sugerem que a temperatura da
superfície do mar (TSM) do Atlântico e Pacífico condicionam os totais pluviométricos
anuais da região Norte e Nordeste do Brasil (LIMA, 1991; XAVIER & XAVIER, 1998;
MOURA et al., 1999a e 1999b). O impacto causado pelo fenômeno El Niño-Oscilação Sul
(ENOS), um exemplo de perturbação climática de escala global, pode ser sentido
205
principalmente pela modificação no regime e no total de precipitação que, dependendo da
intensidade do evento, pode resultar em secas severas, interferindo, de forma expressiva,
nas atividades humanas da região.
Com base nos dados das estações meteorológicas do INMET foram confeccionados
os gráficos demonstrativos dos índices pluviométricos anual na região. Na análise da figura
4.1.1.1, em 2010, os meses mais chuvosos foram entre os meses de março a maio. O período
mais seco, em 2010, foi caracterizado pelos meses de agosto a janeiro (Figura 4.1.1.1).
Mesmo nos meses de maior precipitação, os números de dias de chuvas acumuladas foram
também registrados nos dias dos meses de março, abril, maio, junho e julho, destacando o
mês de abril como o maior em dias de chuvas acumuladas, praticamente houve chuvas
durante todo o mês. Outubro foi o mês com mais baixo índice de precipitação e dias de
chuvas, sendo registrado apenas um dia de chuvas.
Contrastando com as curvas pluviométricas das normais climatológicas de 1961-
1990 (INMET, 2010), que caracteriza os meses mais chuvosos de fevereiro a maio (Figura
4.1.1.2), e os meses de agosto a novembro como os meses mais secos, e temperatura média
anual alta (Figura 4.1.1.3), há indicação de anomalias climáticas nos últimos anos na região.
Tais anomalias estão possivelmente associadas e são influenciadas por diferentes fenômenos
de escala climática, entre os quais citamos: o El Niño (Buchmann et al. 1986b), La Niña
(Buchmann et al., 1989), as influências das águas do Atlântico Norte (Moura e Shukla, 1981 e
Buchmann et al. 1990), efeitos extratrópicos-trópicos (Namias, 1972), sistema frontais
oriundos do sul (Kousky, 1979), a variabilidade interanual da precipitação na região
amazônica (Buchmann et al., 1986a) e os ventos de leste, que podem ser constatados
frequentemente.
Diante destas adversidades climáticas existem perdas de sementes, colheitas, falta
d’água ou às vezes em abundância, causando enormes perdas na economia da região em
questão (Buchmann, 1998). Quando estas anomalias de teleconexões ou as causas localizadas
dentro da área não ocorrem, o homem obtém excelentes colheitas tendo em conta a alta
incidência da radiação solar, importante para a maturidade das árvores e lavouras.
Os efeitos locais (Gomes Filho, 1979 e Berkofsky, 1976) e os externos referidos
anteriormente à região mencionada, não podem ser alterados, pois são mecanismos complexos
localmente e menos ainda os de teleconexões não devem ser alterados, pois são efeitos globais
(Buchmann, 1998).
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Chuva Total Média 2010 Dias de Chuvas Acumulado 2010
Figura 4.1. - Precipitação total média anual associada ao número máxiimos de dias de chuvas
em 2010. Fonte: INMET, 2010.
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)
Chuva Total Média 2010 Normal Climatológica 1961-1990
Figura 4.2 - Precipitação total média anual em 2010 das chuvas associado às normais
climatológicas de 1961-1990. Fonte: INMET, 2010.
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(ºC
)
Chuva Total Média 2010 Média da Temperatura em 2010
Figura 4. 3 - Precipitação total média anual associada à média da temperatura em 2010 Fonte:
INMET, 2010.
b) Ventos: direção, sentido e velocidade média mensal e anual
O Nordeste do Brasil é influenciado pelos ventos alísios, e estes oscilam de
intensidade e direção entre o oceano e o continente. A característica dos ventos na região
Nordeste do Brasil é a presença de um forte ciclo sazonal definido por um período anual. Os
ventos alísios são controlados pelo movimento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT),
que se desloca de norte a sul com as mudanças de estações (Figura 4.4).
208
Figura 4. 4 - Mecanismo dos ventos alísios. Fonte: IAG/USP, 2010.
A preferência das orientações dos ventos na costa norte nordestina, principalmente na
região da área de estudo, pode ser evidenciada nos padrões das formas do relevo costeiro,
neste caso, as dunas existentes no litoral: a disposição como estas se formam e migram ao
longo do ciclo sazonal anual, as quais têm influências dos períodos de maior e/ou menor
intensidade dos ventos alísios, causados pelos efeitos de escalas regionais e globais como a
Corrente Sul Equatorial – CSE e ZCIT.
Contudo, a área de estudo está sobre relevo de superfície pediplanada e formas
tabulares suavemente inclinada e dissecada, bastante próxima do litoral (distante cerca de 6,5
km da linha de costa) favorecendo boa incidência dos ventos na área de estudo durante todo o
ano.
Desta forma, com base nas análises dos dados em 2010 da Estação Meteorológica do
INMET (INMET, 2010), sobre o comportamento anual da intensidade, sentido e direção dos
ventos, observa-se que durante todo o ano, os ventos sopram principalmente próximos dos
45º, 90º e 135º, respectivamente nos sentidos de nordeste, leste e sudeste (Figura 4.5).
209
As médias das velocidades variam entre 0,1 m/s a 8,4 m/s em escala anual. Tendo
alguns poucos meses de maior intensidade, contudo, a média anual das velocidades dos
ventos é de 6 m/s.
Figura 4. 5 - Comportamento anual da velocidade e direção dos ventos. Fonte: INMET, 2010.
Contudo, percebe-se que mensalmente que as velocidades dos ventos variam também
em escala diária. De janeiro a fevereiro as velocidades estão próximas de 6 m/s (Figuras 4.6),
e as direções concentra-se em entre os quadrantes de 45º a 90º, sentido NE a E. No mês de
março as velocidades diminuem para as médias de 4 m/s (Figura 4.7), e se prolongam com a
mesma média nos meses seguintes de abril a junho (Figuras 4.7 e 4.8). As direções nesse
período são mais dispersas entre os meses de abril e maio, com ventos soprando entre os
quadrantes de NW, NE e SE. Mudança essa, causada pelas forças externas, neste caso, o
movimento para norte da ZCIT, apresentando fortes efeitos no oceano e continente, pois entre
abril e maio, foram registrados os maiores índices pluviométricos. Além do ciclo estacional, o
clima na região apresenta uma série de modificações interanuais geralmente associadas ao
fenômeno El Niño e La Niña.
A partir do mês de junho (Figura 4.8), as direções dos ventos concentram-se
principalmente entre os 45º e 90º, NE e SE até o mês de dezembro.
210
As velocidades a apartir do mês de julho até o mês de dezembro aumentam atingindo
até 8 m/s (Figuras 4.9, 4.10 e 4.11), é nesse período, nos meses de outubro e dezembro, que
foram registradas as maiores velocidades, acima de 8,4 m/s.
Figura 4.6 - Velocidade e direção preferencial dos ventos nos meses de janeiro e feverreiro.
Figura 4.7 - Velocidade e direção preferencial dos ventos nos meses de março e abril.
211
Figura 4. 8 - Velocidade e direção preferencial dos ventos nos meses de maio e junho.
Figura 4.9 - Velocidade e direção preferencial dos ventos nos meses de julho e agosto.
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Figura 4.10 - Velocidade e direção preferencial dos ventos nos meses de setembro e outubro.
Figura 4.11 - Velocidade e direção preferencial dos ventos nos meses de novembro e
dezembro.
c) Temperatura do Ar: Temperatura mínima, média e máxima mensal e anual
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, a temperatura do ar na
região nordeste do Brasil é elevada ao longo de todo o ano com média anual de 26ºC. Análise
da temperatura média mostra uma pequena variação ao longo do ano, com uma amplitude de
variação de 3ºC, em que a média máxima registrada foi de 28ºC nos meses de dezembro e
213
janeiro, e, a média mínima registrada de 25ºC no mês de julho (Figura 4.12). Respectivamente
os meses de dezembro e janeiro, foram os meses com registro das maiores temperaturas, os
mais quentes, com 35,4ºC e 35,7ºC. Enquanto que, os meses de julho, agosto e setembro,
foram observadas as temperaturas mais baixas: 18,7ºC, 15,6ºC e 18ºC, apresentando desta
forma, uma amplitude de variação de 20,1ºC entre a máxima e a mínima temperatura.
Médias da Temperatura em 2010
(INMET, 2010)
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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Tem
pera
tura
(°C
)
Máxima Média Mínima
Figura 4.12 - Gráfico mostrando o comportamento anual das temperaturas máximas, médias
e mínimas em ºC em 2010 para a região entre os municípios de Icapúi (Ceará) e Tibau (Rio
Grande do Norte), com base na Estação Meteorológica do INMET, 2010.
A Figura 4.13 mostra o comportamento mensal da temperatura máxima registrada em
2010, revelam que os meses com as maiores temperaturas são: novembro, dezembro e janeiro,
35,3ºC, 35,4ºC e 35,7ºC respectivamente, sendo que em setembro também houve aumento de
temperatura com máxima de 34,5ºC, considerado, portanto, um mês entre as maiores
temepraturas. Nos demais meses do ano, as temperaturas máximas variam entre 32,1ºC e
33,9ºC.
As temperaturas médias mensais em 2010, conforme é observado na Figura 4.14,
mostram uma redução de 1ºC de janeiro para fevereiro e suscessivamente reduz 1ºC para o
mês de março e para o mês de abril, a partir daí até agosto a variação é mais estável com
214
amplitude de 0,3ºC, ascende rapidamente 1,2ºC em setembro, mantendo-se com estabilidade
até o mês de dezembro.
Na Figura 4.15, são registrados os meses com as temperaturas mínimas em 2010. De
janeiro a junho as mínimas variam entre 22,1ºC a 20,3ºC, decaindo rapidamente para 18,7ºC
em julho e posteriormente em agosto com 15,6ºC; no mês seguinte, a temperatura se eleva
para 18ºC e suscessivamente aumenta até atinge 21,8ºc em dezembro.
Temperatura Máxima nos Meses de 2010
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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Tem
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(°C
)
Máxima
Figura 4.13 - Gráfico mostrando o comportamento mensal das temperaturas ºC máxima em
2010, com base na Estação Meteorológica do INMET, 2010.
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Temperatura Média nos Meses de 2010
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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Tem
pera
tura
(°C
)
Média
Figura 4.14 - Gráfico mostrando o comportamento mensal das temperaturas ºC média em
2010, com base na Estação Meteorológica do INMET, 2010.
Temperatura Mínima nos Meses de 2010
0
4
7
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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Tem
pera
tura
(°C
)
Mínima
Figura 4.15 - Gráfico mostrando o comportamento mensal das temperaturas ºC mínimas em
2010, com base na Estação Meteorológica do INMET, 2010.
216
d) Umidade relativa do Ar: mínima, média e máxima anual e mensal
A média anual da umidade relativa do ar em 2010 é caracterizada por uma máxima de
96%, média de 77% e mínima de 30%, conforme pode ser observado na Figura 4.16.
A máxima umidade se manteve com 96% nos meses de abril a agosto, havendo pouca
variação para os meses que antecederam e posterior a esse período (Figura 4.17). Entretanto,
os meses que registraram as menores taxas de umidade foram os meses de agosto, setembro e
novembro, entre 30% e 32% de umidade, sendo setembro considerado o mês mais seco em
2010.
Correlacionado às taxas de precipitação, os meses mais úmidos são os meses mais
chuvosos, e os mais secos são os meses com poucas chuvas. Em relação às temperaturas, há
variação, pois pelas médias, agosto foi o mês das baixas temperaturas, não sendo o mais seco,
e sim o mês de setembro.
Média da Umidade Relativa do Ar em 2010
(INMET, 2010)
0
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Máxima Média Mínima
Um
ida
de
(%
)
Figura 4.16 - Comportamento da média anual da umidade relativa do ar em % em 2010.
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Figura 4.17 - Comportamento das médias mensais da umidade relativa do ar em % em 2010.
4.1.2. Geologia e Geomorfologia
a) Contexto Geológico Regional
A Agrícola Famosa LTDA está situada no último município do litoral leste do Ceará,
na divisa com o estado do Rio Grande do Norte, região semiárida do nordeste brasileiro,
correspondendo territorialmente a 70% pertencente ao município de Icapuí (CE), e 30% ao
município de Mossoró (RN).
Com base em Almeida et al. (1977), o empreendimento encontra-se situado na
Província Borborema, compreendendo rochas gnáissica-migmatíticas e faixas
metassupracrutais pré-cambrianas do embasamento (Jardim de Sá, 1994), recoberto por
rochas sedimentares fanerozóicas da Bacia Potiguar e Pernambuco-Paraíba (Figura 4.18),
província costeira na margem continental e eventos magmáticos ligados a abertura do Oceano
Atlântico durante o Cretáceo.
218
Figura 4.18 - Mapa geológico simplificado da Província Borborema, Nordeste do Brasil.
Modificado de Jardim de Sá (1994).
A área da fazenda está localizada no contexto geológico da Bacia Potiguar, esta bacia
limita-se na porção sul e oeste por rochas do embasamento cristalino, a noroeste pela Bacia do
Ceará com o Alto de Fortaleza, a sudeste pela Bacia Pernambuco-Paraíba pelo Alto de
Touros, mais a leste e a norte pelo Oceano Atlântico, prolongando-se até a curva batimétrica
de -2.000 m (Figura 4.19). De acordo com Pessoa Neto et al. (2007), a Bacia Potiguar abrange
uma área de aproximadamente 48.000 km2, sendo 21.500 km
2 locada na porção emersa e
26.500 km2 na porção submersa.
219
Figura 4.19 - Mapa geológico simplificado e arcabouço estrutural da Bacia Potiguar.
Compilado de Franco (2010).
Alguns autores, como Souza (1982), Araripe & Feijó (1994), Soares (1999), Pessoa
Neto et al. (1999) definiram a carta estratigráfica da Bacia Potiguar e, com o avanço dos
estudos e detalhamento da mesma, foi possível atualizar as unidades e empilhamentos
estratigráficos, bem como identificar as supersequências (Pessoa Neto et al., 2007), (Figura
4.20).
A história geológica experimentou uma evolução de bacia tipo rifte abortado para a
porção emersa e bacia tipo pull-apart na porção submersa, tendo o preenchimento sedimentar
formado por três supersequências, que são: Rifte, Pós-Rifte e Drifte. Também compõem no
arcabouço geológico os eventos magmáticos.
A Supersequência Rifte é representada por duas fases, sendo conhecido como: Rifte I
e Rifte II. Na fase Rifte I, Neoberrisiano/Eobarremiano, ocorreu o estriramento crustal com
forte subsidência do embasamento, caracterizados por meio-grábens assimétricos e altos
interno na direção, geralmente, NE-SW. Os sedimentos que preencheram o espaço de
acomodação gerado durante esse evento é representado pelos depósitos lacustres, flúvio-
deltaicos e fandeltaicos da Formação Pendências, que possui sedimentação lacustre associada
220
ao fluxo gravitacional de arenitos e fanglomerados; sistemas deltaicos e de leques aluviais-
fandeltas, oriundos da margem falhada; flúvio-deltáica progradante e proveniências das
margens flexurais e margens falhadas. Na fase Rifte II, Neobarremiano/Eo-Aptiano, ocorreu à
mudança na de cinemática de rifteamento, gerando um regime transcorrente-transformante,
que, futuramente, formaria a margem equatorial, onde esse regime mudou a direção do
transporte tectônico de NNW para E-W, sendo especialmente transtensional dextral. No final
da fase de rifteamento da bacia ocorreu a deposição de uma cunha clástica sintectônica
dominada por sistemas fluviais, leques aluviais, com bancos carbonáticos restritos,
correspondendo assim a Formação Pescada.
A Supersequencia Pós-Rifte, Aptiano/Albiano, é marcada pela sedimentação de
sistemas deposicionais flúvio-lacustres acomodados em uma discordância angular acima da
Supersequência Rifte. Essa fase representa a passagem gradativa de sistemas deposicionais
continentais para marinhos, caracterizadas por conglomerados de leques aluviais, por sistemas
fandeltas e flúvio-deltáicos dos membros Canto do Amaro e Upanema, bem como folhelhos
transicionais do Membro Galinhos e por final folhelhos pretos e caucilutito ostracoidais,
representando o evento de máxima transgressão marinha, denominados como Ponta do
Tubarão, onde esses membros supracitados pertencem à Formação Alagamar.
A Supersequência Drifte é representada por um conjunto de Sequências Marinha
Transgressiva datada do Eoalbiano/Eocampaniano e as Sequências Marinhas Regressivas
ocorridas no Neocampaniano/Holoceno. As Sequências Marinhas Transgressivas adotaram
um padrão de subsidência pouco acentuada, que resultou na deposição de sedimentos
siliciclásticos proximais, conhecido como Formação Açu; marinhos distais denominado de
Formação Quebrado; depósitos carbonáticos de mar raso, conhecida como Formação Ponta do
Mel; deposição de rampa carbonática dominada por maré, nomeada de Formação Jandaíra. A
Seqüência marinha regressiva, que ocorreu entre o Neocampaniano e o Holoceno,
representada por sistemas mistos compostos por leques costeiros, sistemas de plataformas
rasas com borda carbonática e sistemas de talude/bacia, definindo as rochas das formações
Barreiras, Tibau, Guamaré e Ubarana.
Três principais eventos magmáticos ocorreram na bacia. O primeiro é representado por
diques de diabásio orientados na direção E-W, associado ao processo de rifteamento e datados
de 132 Ma, conhecido como Rio Ceará Mirim (Araripe e Feijó, 1994); o segundo,
denominado Serra do Cuó, apresenta derrames basálticos com idade de 93 Ma (Souza et al.,
2004); e o último evento ocorrido com pulsos datados entre 70-65 e 9-6 Ma, compreendo
221
rochas basálticos que ocorrem de formas variadas no Alinhamento Macau-Queimadas,
representados pela Formação Macau (Pessoa Neto, 1999).
222
Figura 4.20 - Carta estratigráfica da Bacia Potiguar, segundo Pessoa Neto et al. (2007).
223
b) Contexto Geológico Local
A área que contempla o empreendimento possui uma geologia ímpar. Geologicamente,
a área está situada na “Plataforma de Aracati”, na qual a seção sedimentar pós-aptiana capeia
uma extensa área do embasamento cristalino (Sousa, 2008). Segundo este autor, os mapas
geológicos, seções sísmicas e mapas gravimétricos residuais identificam altos do
embasamento, considerados feições paleogeomórficas, alinhados na direção NE-SW. O
embasamento é recoberto por cerca de 400 m de arenitos fluviais albo-cenomanianos da
Formação Açu. O registro de uma extensa plataforma carbonática, de idade turoniana-
neocampaniana, é representada pela Formação Jandaíra, com cerca de
250 m de espessura nesta área, de acordo com dados de subsuperfície da PETROBRAS.
Recobrindo estas litologias, ocorrem rochas siliciclásticas relacionadas à Formação Barreiras,
além de sedimentos informalmente denominados de “pós-Barreiras”.
Os litotipos que afloram e/ou sub-afloram na região da Fazenda Agrícola Famosa
correspondem a sedimentos eólicos e aluviais Plio-pleistocênicos e sedimentos siliciclásticos
associados à Formação Barreiras, constituída por arenitos médios a grossos depositados em
sistema fluvial entrelaçado, associado com leques aluviais e depósitos litorâneos (Alheiros et
al. 1988), e sedimentos relacionados à deposição eólica, conhecidos como paleodunas,
representado por areias de coloração branca, amarela ou vermelha, associados à Formação
Potengi.
Sousa (2002) faz distinção entre a Formação Barreiras, que ocorre na base das falésias,
a exemplo a localidade de Ponta Grossa, no município de Icapuí - CE, e a Formação Potengi,
que ocorre na porção superior das falésias e capeando a Formação Barreiras em clara
discordância estrutural.
As rochas da Formação Barreiras ocorrem sob a forma usual de estratos
horizontalizados e não-deformados, ou como camadas basculadas e afetadas por deformação
de forte magnitude (acamamento e falhas com forte basculamento), em um trecho mais
restrito do litoral a oeste de Icapuí (Sousa 2003). Nos trechos não deformados, as falésias
expõem principalmente o nível superior (fácies superior) da Formação Barreiras, o qual é
composto por arenitos médios a grossos, com intercalações conglomeráticas de coloração
avermelhada, geralmente apresentando estrutura maciça. Todavia, é nas falésias com rochas
deformadas (basculadas) que a fácies inferior da Formação Barreiras está mais bem exposto,
224
sendo representado por arenitos médios a finos, com coloração variando entre amarelo, roxo e
vermelho, em alguns casos mostrando-se bastante oxidados. (Sousa 2008).
Esta unidade ocorre principalmente na parte sul da área, representado no mapa pela
cor rosa (Figura 4.20), que encontra-se no Anexo 4.20.
Figura 4.21 - Mapa Geológico da Fazenda Agrícola Famosa LTDA. Este mapa encontra-se
em anexo, no final do relatório.
É formada por arenitos médios a grossos, avermelhados, por vezes, ferruginosos, com
grãos de quartzo na fração área, sendo eles angulosos a sub-angulosos; e conglomerados finos
com seixos sub-arredondados. Observa-se estratos intercalados entre arenito grosso com
conglomerados finos, isso implica na variação de energia do ambiente deposicional, onde a
camada mais espessa (arenito grosso) foi depositada em ambiente de mais baixa energia, ao
passo que o conglomerado fino, representa um ambiente de maior energia, e devido a
variações de camadas de arenito grosso a que estão expressas na rocha por camadas mais finas
e cíclicas de arenito grosso com conglomerados finos (Figura 4.22).
225
Figura 4.22 - Coluna estratigráfica da Formação Barreiras.
Observam-se na propriedade pequenas porções onde são retirados esses sedimentos
para serem utilizados com alguma finalidade dentro do próprio empreendimento (Figura
4.23).
226
Figura 4.23 - Jazida de sedimentos da Formação Barreiras.
Capeando discordantemente a porção superior das rochas da Formação Barreiras,
ocorrem sedimentos que representam paleodunas e que podem ser correlacionados à
Formação Potengi, presente em várias localidades no Estado do Rio Grande do Norte e Ceará.
Segundo Vilaça et al. (1986), A Formação Potengi é constituída por sedimentos areno-
quartzosos, com pouca argila e grânulos de limonita, de coloração avermelhada, tornando-se
mais escuras em direção ao litoral. Tais sedimentos são caracterizados por areias de coloração
branca, amarela ou vermelha, relacionadas à sedimentação eólica. Esta unidade ocorre
principalmente no quadrante Norte da área. Mais comumente, o contato inferior dos litotipos
da Formação Potengi com as rochas da Formação Barreiras se dá de forma erosional
(marcado pela diferença no grau de litificação dos sedimentos).
Na área do empreendimento esses sedimentos ocorrem de maneira incolidada a pouco
consolidado (Figura 4.24), sendo representado por sedimentos de granulometria areia média
com grãos arredondados a sub-arredondados de quartzo, variando sua cor de areia branca à
amarelada.
227
Figura 4.24 - Fotografia mostrando o afloramento da Formação Potengi.
Nesta unidade também são retirado material sedimentar representado pela jazida de
areia dentro do empreendimento (Figura 4.25).
228
Figura 4.25 - Jazida para retirada de sedimento da Formação Potengi.
c) Contexto Geomorfológico Regional
No NE do Brasil a maioria das feições topográficas foi formada durante o Cenozóico,
sob controles morfoclimáticos e morfoestruturais, sendo resultado da evolução cíclica do
soerguimento regional induzido pela separação do Supercontinente Gondwana, reativações
tectônicas e morfodinâmica atual (Mabesone, 1978). Ao longo dos anos diversos autores
estudaram o comportamento das feições morfológicas no NE do Brasil em diversas escalas de
trabalho.
Crandall (1910) abordou as diferenças morfológicas entre o litoral e o Planalto da
Borborema, ao estudar áreas nos estados da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, referindo-
se às superfícies baixas que se estendem a partir do sopé da serra de Baturité/CE na direção
dos vales do Rio Jaguaribe e do Rio Piranhas/Assu como planícies. Domingues (1952)
afirmou que as grandes superfícies aplainadas no interior do NE estão relacionadas à
229
topografia plana, alternância entre períodos secos e chuvosos e à natureza litológica e
estrutural das rochas.
Feio (1954) identificou no relevo do Rio Grande do Norte e Paraíba os seguintes
elementos morfológicos: o litoral, o degrau entre o litoral E e o Planalto da Borborema, o
Planalto da Borborema e o Baixo Sertão. Na evolução proposta por este autor o evento mais
antigo foi a formação da superfície do nível superior da Borborema e deposição do material
que a recobre, em seguida ocorreram sucessivos soerguimentos e erosões, sendo que o último
soerguimento resultou na fase erosiva do Baixo Sertão, que abrange as bacias dos rios
Piranhas-Assu, Apodi-Mossoró e Jaguaribe, e estende-se na direção do litoral setentrional,
onde conecta-se com as plataformas da Chapada do Apodi, Serra do Carmo e outras. Por fim
o último evento seria o abaixamento da região litorânea devido à flexura.
Czajka (1958) identificou no NE do Brasil três níveis altimétricos (800 a 1.000 m, 450
a 500 m e o mais baixo com até 150 m) e as seguintes unidades morfológicas regionais:
Plataforma Costeira Setentrional, Planícies Intramontanas, Planalto da Borborema e os níveis
mais elevados. Salim et al., (1973) identificaram no Rio Grande do Norte três elementos
morfológicos: a superfície das chapadas e serras altas (Terciário); a superfície geral plana
sobre sedimentos e ondulada sobre rochas cristalinas (Pleistoceno); e os vales embutidos na
superfície geral.
Como resultado das pesquisas desenvolvidas durante o projeto RADAMBRASIL,
Prates et al. (1981) definiram as seguintes unidades geomorfológicas (Figura 4.26):
230
Figura 4.26. Geomorfologia do NE oriental do Brasil. (Modificado de Valentim da Silva,
2009).
Tabuleiros Costeiros: superfícies de aplainamento que se estendem ao longo do
litoral nordestino, subdivididas em tabuleiros (formado principalmente pela Formação
Barreiras); chapadas do litoral norte, onde se destaca a Chapada do Apodi entre os baixos
cursos dos rios Jaguaribe e Piranhas/Assu, cujo material constituinte corresponde ao Grupo
Apodi e Formação Barreiras, atingindo 151 m de altitude; e a faixa litorânea com planícies
flúvio-marinhas e campos de dunas sobrepostas aos tabuleiros. Na Chapada do Apodi se
destacam as bacias hidrográficas dos rios Apodi-Mossoró e Piranhas-Assu, com padrão de
drenagem difuso formado por riachos intermitentes, nas áreas com relevo plano o solo é
231
derivado dos carbonatos da Formação Jandaíra e onde o relevo é plano a suavemente
ondulado os solos são derivados dos arenitos da Formação Açu;
Depressão Sertaneja: o relevo é homogêneo onde se destacam formas de topo plano,
tem caráter periférico e interplanáltico, circundando os compartimentos elevados (inselbergs
e/ou cristas de relevo) ou se estendendo a partir das bases escarpadas dos planaltos.
Coberturas de alteração superficial de aproximadamente 1 m ocorrem sobre esta unidade, a
vegetação de caatinga é a predominante e os cursos de drenagem intermitentes causam sulcos
na superfície (Costa, 2006);
Planalto da Borborema: caracterizado por um maciço cristalino précambriano de
direção geral NNE, subdividido em encosta oriental, encosta ocidental e planalto central, é
circundado pela depressão sertaneja;
Planaltos Residuais: consiste nos inselbergs que se destacam sobre a topografia plana
da depressão sertaneja;
Planalto Sertanejo: ocorre de forma semicircular em volta do planalto da borborema,
da Chapada do Araripe e do planalto da ibiapaba.
Segundo Peulvast e Claudino Sales (2004) o relevo atual reflete uma justaposição de
elementos altamente contrastantes com idades diferentes, estes autores identificaram na região
as superfícies altas (entre 700 e 1.000 m), formando platôs ou topos escalonados em
patamares estreitos e superfícies baixas (inferior a 300 m), conectadas na direção do mar a
uma superfície de tabuleiros costeiros. As superfícies de altitudes intermediárias ocorrem
como platôs baixos na Chapada do Apodi (80 a 150 m) e suportes dissecados por cristas das
terras altas do Ceará Central e Borborema. As feições encontradas nas formas de relevo
refletem a estruturação geológica após a Orogênese Brasiliana, que consistiu em colapso
tardi-orogênico, erosão e soterramento parcial do orógeno, rifteamento intracontinental
neocomiano seguido no Albiano pela subsidência pós-rifte e abertura do oceano, formação da
margem passiva transformante com evolução tectônica diferenciada amplamente influenciada
pelos padrões de rifteamento.
d) Contexto Geomorfológico Local
No aspecto geomorfológico, a região costeira é produto de sua evolução geológica
(diversas transgressões e regressões) associada à ação da natureza (clima, marés, ventos, etc.)
232
e à ação do homem, representando estes últimos importantes agentes modeladores de relevo.
(Farias, 1997).
A metodologia utilizada para a identificação das unidades geomorfológicas foi
baseada na classificação de Amaro et al. (2002), correlacionados com os dados observados na
área do empreendimento.
As paleodunas vegetadas cobrem a parte norte e nordeste da área, capeando as areias
da Formação Potengi. Constituem a acumulação de sedimentos depositados pela ação eólica,
representando, desta forma, depósitos de areia inconsolidada. Apresentam granulometria
média a muito fina, caracterizadas pela presença de cobertura vegetal, estando de certa forma,
protegidas dos processos de erosão por dissipação ocasionada pelos ventos.
Na região, elas ocorrem sobre as falésias e são formadas por areias exibindo coloração
branca, amarela e vermelha, relacionadas a uma sedimentação eólica. A discordância na base
desta unidade torna-se nítida quando os estratos sotopostos encontram-se basculados. São
nitidamente mais recentes do que as rochas sedimentares da Formação Barreiras, constituintes
da feição geomorfológica caracterizada pelos Tabuleiros Costeiros que ocorrem na porção SE
da área. (Figura 4.27).
Figura 4.27. Mapa Geomorfológico da Fazenda Agrívola Famosa LTDA. Este mapa
encontra-se em anexo no final do relatório.
233
O relevo da área é plano com suaves ondulações, marcado pelos sedimentos das
formações Barreiras e Potengi.
Informações como declividade e uso das terras são de suma importância para o
planejamento ambiental e agrícola, auxiliando em soluções de problemas causados por
atividades com alta intensividade e agressividade ao solo como, no caso, a agricultura.
A topografia atua como agente natural da condição de relevo de uma região, definindo o
potencial e possíveis limitações a determinados usos culturais. O solo, a princípio, também é
entendido como um agente natural, porém, passível de ações em busca de um aumento de
produtividade, a custos adicionais. O uso da terra torna-se, então, um fator cultural adaptável
às condições de relevo e de solos, possibilitando intervenções a nível de planejamento.
(Stefani et al.,1996).
O conhecimento das classes de declividade de certa região é importante porque visa
atender à legislação específica para o ordenamento do uso da terra (Rostagno, 1999). Além
disso, a declividade tem relação importante com vários processos hidrológicos, tais como a
infiltração, o escoamento superficial, a umidade do solo, etc. (Lima, 1987).
A divisão de classe é amplamente utilizada por diversos pesquisadores para o estudo do
uso do solo. (Cogo et al., 2003; Sato ;Piroli, 2006; Hamada et al.).
Esse estudo, apoiado em referências topográficas, tem por objetivo obter a declividade
da região do empreendimento servindo, dessa forma, como embasamento para o
aproveitamento máximo possível das potencialidades locais e evitando possíveis limitações
para cada classe de terra, permitindo assim o desenvolvimento do planejamento agrícola da
fazenda.
Como vimos, o fator declividade é responsável pela velocidade do escoamento
superficial, assim, quanto maior esse escoamento, maior será a capacidade de erosão, estando,
desta forma, diretamente ligado à estabilidade geotécnica da região.
A análise dos dados representados na Tabela 4.1 e na Figura 4.27, permitiu verificar que
na área da fazenda predominam os relevos planos a suave ondulado, ou seja, 68,28% da área
possuem declives que variam de 0 a 3% (o relevo plano) e em 31,72% da área, predominam o
relevo suave ondulado (declive de 3-8%). O mesmo foi observado para a área de influência,
onde ocorrem predominantemente relevos dos tipos plano e suave ondulado, observam-se
ainda as classes de relevo ondulado (8-13%) e forte ondulado (declive 13-25%), porém, com
pouca representatividade na área, estando relacionadas com a ocorrência de falésias próximas
234
à linha de costa. Declives de classes montanhoso (declive 25-45%) e escarpado (declive
>45%) apresentam resultados nulos para a região.
A partir desta análise da declividade, observa-se que a área do empreendimento
apresenta declives que inferiores a 8%, ou seja, para as classes de relevo abrangentes o
escoamento superficial é mínimo, proporcional a capacidade de erosão, também mínima.
Desta forma, pode-se afirmar que estas áreas são próprias para plantio de culturas, entretanto,
o uso de práticas de conservação do solo pra controlar o processo de erosão é indispensável.
Assim, considerando apenas a declividade é possível afirmar que, as terras da Fazenda
Agrícola Famosa LTDA são totalmente agricultáveis, sendo própria para cultivos anuais e
permanentes.
Tabela 4.1. Classes de Relevo e declividade para a região da Fazenda Agrícola Famosa
LTDA.
Classes de relevo Classes de declive
(%)
Área
(Km²)
(%)
Plano 0-3 40,97 68,28
Suave Ondulado 3-8 19,03 31,72
Ondulado 8-13 0 0
Forte Ondulado 13-25 0 0
Montanhoso 20-45 0 0
Escarpado 45 0 0
Total - 60 100
235
Figura 4.28. Mapa de declividade da Fazenda Agrícola Famosa LTDA.
236
4.1.3. Solo
O conhecimento dos solos é relevante para o desenvolvimento das mais diversas
atividades, em especial aquelas ligadas à agricultura, como também aos programas de
experimentação agrícola, aos projetos de irrigação, às iniciativas de conservação de solos, aos
programas de reforma agrária, além de outros.
Neste contexto e considerando que tanto o processo de formação dos solos como o
manejo inadequado são atributos que contribuem para sua variabilidade. O presente estudo
teve como objetivo efetuar levantamento das características relacionadas com a fertilidade,
além da estimativa dos teores de umidade e caracterização dos solos da Fazenda Agrícola
Famosa LTDA, atendendo a solicitação do Termo de Referência para elaboração do Estudo
Ambiental, requerido pelo Instituo Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA.
Para tanto, foram realizadas visitas de campo, com o intuito de classificar,
preliminarmente, os diferentes tipos de solo, bem como fazer a coleta amostral de solo para as
devidas análises físico-químicas e estimativas da taxa de absorção de umidade.
Metodologia
Para a elaboração deste trabalho, a metodologia adotada envolveu as etapas de
aplicação do sensoriamento remoto para confecção de carta imagem, objetivando a
identificação do empreendimento e análise preliminar do terreno; levantamento amostral e
análises laboratoriais para caracterização físico-química do solo.
As coletas de amostras de solo foram manualmente executadas, de forma aleatória, na
camada superficial (0-20 cm), no período compreendido entre 11 e 13 de Janeiro de 2011
(Figura 4.29).
Com a finalidade de avaliar as condições atuais destes solos, foram selecionados 63
pontos no perímetro da área, de modo que os mesmos representassem significativamente o
total da área abrangida pela Fazenda Agrícola Famosa LTDA (Figura 4.30).
Um trado de aço inox foi utilizado e após cada coleta as amostras foram devidamente
identificadas, armazenadas em sacos plásticos, colocadas em caixas térmicas e conservadas
até a chegada em laboratório, para os procedimentos de pré-tratamento e análises; no
laboratório de Análises de Solos da universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) e
237
no laboratório de análises de solo, água e planta da EMPARN. Todas as análises seguiram os
procedimentos do Manual de Métodos de Análises de Solos da EMBRAPA (1997).
Figura 4.29. Procedimento metodológico para a coleta amostral de solo. (A): Análise da carta
imagem; (B): escolha dos pontos de coleta; (C) homogeneização das amostras; (D):
Armazenamento e identificação.
A B
C D
238
Figura 4.30. Croqui esquemático da Fazenda com a localização dos pontos de coleta (vermelho). Fotos A e B: Procedimento amostral; coleta
manual superficial (0-20 cm).
239
4.1.3.1. Fertilidade
Na caracterização do solo, a análise físico-química se faz necessária para o
conhecimento da fertilidade do mesmo, que diz respeito a capacidade do solo em fornecer
nutrientes às plantas, identificando a presença ou não de acidez e necessidade de recuperação
do mesmo. Tais características determinam se um solo corresponde às expectativas, ou seja,
se é viável a restauração/implantação de determinadas culturas; sendo essas, dentre outras, de
acordo com Lima et al. (2002), as seguintes: pH, fósforo (P), potássio (K+), sódio (Na
+),
cálcio (Ca2+
), magnésio (Mg2+
), acidez trocável (Al3+
), acidez potencial (H+Al), soma de
bases (SB), capacidade de troca de cátions (t ou CTC); saturação por bases (V); saturação por
alumínio (m); porcentagem de sódio trocável (PST).
Para uma melhor compreensão e visualização dos dados analíticos, optou-se
inicialmente pela elaboração de um sumário estatístico para cada parâmetro analisado, com o
intuito de auxílio na interpretação dos resultados e correlação com os valores adotados como
referência. Dessa forma, foi construído um sumário estatístico (Tabela 4.2); representativo
dos dados referentes aos pontos de coleta analisados ao longo do perímetro da Fazenda,
conforme visualização na Figura 4.29 apresentada anteriormente.
240
Tabela 4.2. Sumário estatístico dos parâmetros analisados quanto à fertilidade.
Parâmetro mín média máx
pH 4,7 5,71 8,0
P (mg.dm-3
) 3,50 13,27 150,30
K+
(mg.dm-3
) 18,25 38,90 79,70
Na+
(mg.dm-3
) 4,70 16,25 118,00
Ca2+
(cmolc.dm-3
) 0,30 0,91 4,40
Mg2+
(cmolc.dm-3
) 0,40 0,56 2,60
Al3+
(cmolc.dm-3
) 0,00 0,09 0,45
H+Al (cmolc.dm-3
) 0,63 1,29 2,48
SB (cmolc.dm-3
) 0,85 1,59 6,44
t (cmolc.dm-3
) 1,15 1,68 6,44
CTC (cmolc.dm-3
) 1,10 2,83 6,72
V (%) 24,71 49,54 100
m (%) 0 10,29 51
PST (%) 0 1,77 8
Fonte: Resultados analíticos provenientes de análises de fertilidade no Laboratório da
UFERSA.
Para os valores de pH, pode-se observar através da análise do sumário estatístico, dos
resultados e dos valores de referência (Tabela 4.3), solos fortemente ácidos em sua maioria,
com 28 pontos (4,3<pH>5,3), 25 pontos moderadamente ácidos (5,4<pH>6,5), 9 pontos com
pH na faixa de praticamente neutro (6,6<pH>7,3) e apenas 1 ponto moderadamente alcalino
(7,4<pH>8,3).
Tabela 4.3. Classes de reação. Referem-se às distinções de estado de acidez ou alcalinidade
do material dos solos. Fonte: Embrapa, 2009.
Classes pH (solo/água 1:2,5)
Extremamente ácido < 4,3
Fortemente ácido 4,3 – 5,3
Moderadamente ácido 5,4 – 6,5
Praticamente neutro 6,6 – 7,3
Moderadamente alcalino 7,4 – 8,3
Fortemente alcalino > 8,3
241
Fonte: Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais.
Em relação aos teores de fósforo e potássio disponível, foram adotadas como
referência as Recomendações para o Uso de Corretivo e Fertilizantes em Minas Gerais
(Tabela 4.4), para se ter uma idéia dos teores destes nutrientes presentes no solo avaliado. Dos
63 pontos avaliados, 31 apresentaram valores muito baixo de fósforo disponível (≤ 3,0), 10
com baixo teor do nutriente (3,1 - 4,3), 3 pontos com teores médio (4,4 - 6,0), 8 classificados
como um bom teor (6,1 - 9,0) e 11 apresentaram teores considerados como sendo muito bom
(> 9,0).
Em relação aos teores de potássio disponível, 5 apresentaram valores muito baixo de
potássio disponível (≤ 15), 36 com baixo teor do nutriente (16 - 40) e 22 pontos classificados
com teores médio (41 – 705).
Tabela 4.4. Classes de interpretação da disponibilidade para o fósforo de acordo com o teor
de fósforo remanescente (P-rem) e para o potássio.
Fósforo disponível (P)
P-rem (mg.dm-3
) Muito baixo Baixo Médio Bom Muito
bom
0-4 ≤ 3,0 3,1 - 4,3 4,4 - 6,0 6,1 - 9,0 > 9,0
4-10 ≤ 4,0 4,1 - 6,0 6,1 - 8,3 8,4 - 12,5 > 12,5
10-19 ≤ 6,0 6,1 - 8,3 8,4 - 11,4 11,5 - 17,5 > 17,5
19-30 ≤ 8,0 8,1 - 11,4 11,5 - 15,8 15,9 - 24,0 > 24,0
30-44 ≤ 11,0 11,1 - 15,8 15,9 - 21,8 21,9 - 33,0 > 33,0
44-60 ≤ 15,0 15,1 - 21,8 21,9 - 30,0 30,1 - 45,0 > 45,0
Potássio disponível (K)
≤ 15 16 - 40 41 - 705 71 - 120 > 120
Fonte: Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais.
Para analisar e interpretar as concentrações do complexo de troca catiônica referentes
à fertilidade, também foram considerados como referência as Recomendações para o Uso de
Corretivos e Fertilizantes em Minas Gerais (Tabela 4.5).
242
Tabela 4.5. Classes de interpretação de fertilidade do solo para o complexo de troca catiônica.
Classificação
Característica Muito
baixo Baixo Médio Bom Muito bom
Cálcio trocável (Ca2+
) ≤ 0,40 0,41 - 1,20 1,21 - 2,40 2,41 - 4,00 > 4,00
Magnésio trocável
(Mg2+
) ≤ 0,15 0,16 - 0,45 0,46 - 0,90 0,91 - 1,50
> 1,50
Acidez trocável (Al3+
) ≤ 0,20 0,21 - 0,50 0,51 - 1,00 1,01 - 2,00 > 2,00
Acidez potencial (H +
Al) ≤ 1,00 1,01 - 2,50 2,51 - 5,00 5,01 - 9,00
> 9,00
Soma de bases (SB) ≤ 0,60 0,61 - 1,80 1,81 - 3,60 3,61 - 6,00 > 6,00
CTC efetiva (t) ≤ 0,80 0,81 - 2,30 2,31 - 4,60 4,61 - 8,00 > 8,00
CTC pH 7 ≤ 1,60 1,61 - 4,30 4,31 - 8,60 8,61 - 15,00 >15,00
Saturação por bases (V) ≤ 20,0 20,1 - 40,0 40,1 - 60,0 60,1 - 80,0 > 80,0
Saturação por Al3+
(m) ≤ 15,0 15,1 - 30,0 30,1 - 50,0 50,1 - 75,0 > 75,0
Fonte: Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais.
Para os teores de cálcio trocável (Ca2+
), 27 pontos são considerados com
concentrações muito baixas (≤ 0,40), 20 pontos com baixo teor, 14 com teores médio e 2
pontos com concentrações classificados como sendo muito bom (>4,00)
Com relação aos teores de magnésio trocável (Mg2+
), 1 ponto foi considerado muito
baixo (≤ 0,15), 39 pontos classificados como sendo de baixa concentração (0,16 - 0,45), 18
pontos com teores médios (0,46 - 0,90), 2 considerados como de bom teor (0,91 - 1,50) e 3
pontos classificados como sendo muito bons (> 1,50).
A acidez trocável (Al3+
) apresentou variações de muito baixas a baixa, com teores
variando de ≤ 0,20 e entre 0,21 - 0,50, respectivamente. Já a acidez potencial (H+Al)
apresentou 19 pontos classificados como sendo muito baixo e 44 pontos considerados de
baixa representatividade, confirmando o caráter ácido dos solos da região analisada.
A soma de bases (SB) dá uma indicação do número de cargas negativas que estão
ocupados por bases nos colóides do solo. Sendo assim, através da análise dos resultados,
foram encontrados 12 pontos considerados muito baixo (≤ 0,60), 33 pontos classificados
como baixo (0,61 - 1,80), 14 dentro de uma média classificação (1,81 - 3,60), 3 pontos com
uma classificação boa (3,61 - 6,00) e 1 ponto muito bom (> 6,00).
243
A CTC efetiva (t) diz respeito a capacidade efetiva de um solo em reter cátions
próximos do seu pH natural. Para os valores encontrados em campo, estão 19 pontos
classificados como sendo muito baixo (≤ 0,80), 31 pontos considerados de baixa CTC efetiva
(0,81 - 2,30), 10 pontos apresentando média CTC efetiva (2,31 - 4,60) e 3 pontos
considerados de boa CTC efetiva (4,61 - 8,00).
Já para a Capacidade de Troca de Cátions - CTC a pH 7,0; que diz respeito a
quantidade de cátions adsorvida a pH 7,0, ou seja, se reflete na CTC potencial do solo, sendo
o valor a ser atingido se a calagem elevasse o pH a 7,0. Dessa forma, para a área avalizada,
são encontrados valores de CTC classificados como sendo muito baixo ((≤ 1,60), com 3
pontos), seguidos de 55 pontos considerados de baixa CTC (1,61 - 4,30) e 5 pontos
classificados com uma média CTC (4,31 - 8,60).
A saturação por bases refere-se à proporção (taxa percentual, V% de cátions básicos
trocáveis em relação à capacidade de troca determinada a pH 7. Para a área da Fazenda
Agrícola Famosa, foram encontrados valores que variaram de 24,71 a 100%, indicando o
caráter eutrófico e o caráter distrófico, respectivamente. A maioria dos pontos (30) são
considerados de baixo valor (entre 20,1 e 40%), 14 estão classificados como sendo médios
(40,1 e 60%), 8 pontos são considerados como sendo bom (60,1 e 80%) e 11 pertence a
classe dos muito bons, com teores > 80%.
A porcentagem de saturação por alumínio (m) representa o quanto da CTC efetiva está
ocupada pela acidez trocável ou Al trocável. Com isso, os solos analisados apresentaram
saturação por alumínio que variou de 0 a 51%, classificados da seguinte maneira: 45 pontos
com muito baixa saturação por alumínio, 14 pontos classificado com baixa saturação, 3 de
média saturação e 1 ponto com boa saturação por alumínio.
De maneira geral, pode-se constatar que a maior parte dos pontos analisados
apresentou fertilidade baixa. Isto pode ser decorrente de a maioria dos pontos terem sido
coletados num ambiente em que não houve alterações e/ou intervenções antrópicas (em que
são feitas correções e aplicação de fertilizantes); ou seja, já se era esperado devido à origem e
formação dos devidos solos. Já para constatar o supracitado, foram tomados pontos controle
dentro das áreas cultivadas, em que a fertilidade apresentou melhoria significativa.
244
4.1.3.2. Capacidade de campo
O manejo adequado dos sistemas de irrigação depende das características físico-
químicas do solo. A interação da água com tais características manifesta propriedades como o
limite superior de umidade que determinado solo apresenta (capacidade de campo), que se
reflete de suma importância nos processos de armazenagem e disponibilidade de água para as
plantas (Andrade & Stone, 2011).
Sendo assim, avaliando os valores resultantes das análises de capacidade de campo, a
1/3 e 5 atm, realizadas pela Emparn, podem ser observados, graficamente (Figura 4.30), uma
alta variação nas taxas de umidade ao longo do perímetro da Fazenda. Isto decorre do tipo de
solo, do tipo de uso e ocupação do mesmo, além do manejo realizado para os variados fins.
0.00
1.00
2.00
3.00
4.00
5.00
6.00
7.00
8.00
9.00
P2
1
P1
4
P4
5
C1
4
C5
P2
2
C11
C3
3
P3
3
P4
1
C9
P1
C3
6
C3
4
C1
2
P4
4
P4
8
C4
C3
0
C8
C3
5
C23
P1
6
P2
4
P2
7
P3
6
P2
6
P3
5
P3
1
P2
5
C6
0,033 MPa
0,5 MPa
Figura 4.31. Gráfico da variação na capacidade de campo (1/3 e 5 atm), para os 63 pontos de
coleta.
4.1.3.3. Granulometria
A análise granulométrica se trata da avaliação dos diferentes tamanhos das partículas e
tem como principal objetivo o estudo dos sedimentos, bem como onde eles são formados.
Neste sentido, essa análise (tamanho das partículas) é considerada um parâmetro essencial
para se compreender o ambiente de sedimentação e o regime hidrodinâmico em que um
ecossistema encontra-se submetido, podendo explicar a dinâmica sazonal dos ambientes; onde
relações entre as variações texturais, taxa de transporte, energia e diversificadas fontes de
sedimentos são relevantes quando se trata da caracterização textural de um determinado
ambiente (Komar, 1998; Middleton, 2003).
245
Dessa forma, para a realização da análise granulométrica, foram escolhidos,
aleatoriamente, 20 dos 63 pontos coletados, pelo motivo de todos aparentarem visualmente, as
mesmas características quanto à classificação textural.
Isto foi constatado nos resultados apresentados, onde não ocorrem variações
significativas nas frações areia, argila e silte, como pode ser visto graficamente na Figura
4.32. Variações da fração areia em torno de 90 %, enquanto que a fração argila varia de 2 a 8
% e a fração silte com máximo de 3.7%.
Figura 4.32. Quantificação das frações areia, argila e silte, dados em g.Kg-1
. Fonte: Coleta de
dados in situ.
4.1.3.4. Classificação dos solos da Fazenda Agrícola Famosa LTDA.
Dentro de uma escala regional, os solos da região são caracterizados em dois tipos:
Latossolos e Neossolos, segundo os Levantamentos Exploratórios-Reconhecimento de solos
dos estados do Ceará e Rio Grande do Norte (Embrapa, 1971 e 1973).
Sendo assim, de acordo com a Embrapa (1971), para o empreendimento supracitado,
ocorrem solos oriundos de dois diferentes tipos de formação, são elas: Barreiras e Potengi.
Dentro da formação Barreiras, estão presentes as classes de solo pertencentes aos
LATOSSOLOS, que são os Latossolos Vermelhos Amarelos Eutróficos (LVAe),
caracterizados por serem profundos, bem drenados e predominantemente ácidos, conforme
observados nas análises de fertilidade. Já para a formação Potengi, os NEOSSOLOS
quartzarênicos (RQ), compostos pelas Areias Quartzosas Distróficas, que variam de ácidos a
246
alcalinos, excessivamente drenados e de baixa fertilidade natural, como também pode ser
observado nas análises de fertilidade, realizadas na Universidade Federal Rural do Semiárido
(UFERSA).
Dessa forma, para a caracterização dos solos da região supracitada, foram utilizados
tanto o conhecimento da literatura existente como a diferenciação das classes solos através da
carta de Munsell; além do diagnóstico final, a partir dos resultados dos parâmetros analizados.
Através de uma análise preliminar, foram observadas as caracterísiticas visuais dos
diferentes perfis analisados. De acordo com Campos (2004), a cor é um dos mais favoráveis
atributos para caracterização de um determinado solo e sua verificação constitui importante
fonte de informação para a pedologia. Rotineiramente, a cor é determinada em campo pela
sua comparação visual com padrões existentes em cartas de cor.
Para o estudo em evidência, foi utilizada em campo a carta de Munsell (1975) para
comparação visual da cor do solo em campo e a classificação foi fundamentada no Sistema
Brasileiro de Classificação dos Solos (2009) e, através das análises realizadas in situ,
conforme descritas anteriormente.
Sendo assim, o mapa pedológico foi realizado numa escala de detalhe de 1:5.000 e
mostra que no perímetro da Fazenda Agrícola Famosa LTDA. foram encontradas três
diferentes classes de solos, são elas: Cambissolo Flúvico (CY), Latossolo Vermelho-amarelo
eutrófico (LVAe) e Neossolos quartzarênico (RQ). (Figuras 4.33 e 4.34).
Uma observação a ser feita quanto da impressão do mapa pedológico é que o mesmo
foi impresso numa folha tamanho A3 (42,0 x 29,7 cm), pelo fato de o tamanho do mapa no
arquivo original do software Arc Gis (310,0 x 220,0 cm) ser muito superior ao tamanho do
plotter de impressão. Outra justificativa para a impressão neste formato é a existência de três
diferentes classes de solo bem definidas, de acordo com o levantamento realizado; sendo
permitida, portanto, uma visualização clara das mesmas numa escala menor.
Figura 4.33. Diferentes classes de solo, da Fazenda Agrícola Famosa LTDA.
Latossolo Vermelho-amarelo
eutrófico (LVAe)
Cambissolo Flúvico (CY)
Neossolo Quartzarênico (RQ)
247
Erro!
Figura 4.34. Mapa Pedológico.
248
4.1.4. Hidrogeologia
a) Balanço Hídrico e Caracterização do Clima
O balanço hídrico e a caracterização climática da área são apresentados com base em
dados da estação meteorológica de Mossoró-RN, obtidos através do Banco de Dados do
INMET, período de 1974 a 2008 (35 anos). Os parâmetros fundamentais nessa avaliação são a
precipitação pluviométrica (P mensal e anual) e a evapotranspiração potencial (Etp)
correspondente, neste caso, obtida através de fórmulas empíricas conforme será apresentado
mais adiante.
a.1) Precipitações pluviométricas
A precipitação pluviométrica anual na estação de Mossoró-RN é em média 771,3 mm
(Tabela 4.6). O comportamento da distribuição das chuvas ao longo dos meses é apresentado
na Figura 4.35, verificando-se que as mesmas ocorrem principalmente nos meses de janeiro a
junho com maior concentração nos meses de março e abril, neste caso, alcançando valores da
ordem de 178 mm.
249
Tabela 4.6. Valores médios mensais de precipitação na estação meteorológica de Mossoró
(Período de 1974 a 2008). Fonte: INMET, 2009.
Meses Mossoró/RN
Jan 82,9
Fev 113,9
Mar 177,9
Abr 179,1
Mai 99,2
Jun 52,1
Jul 36,3
Ago 7
Set 4,4
Out 2,1
Nov 2,9
Dez 13,5
Ano 771,3
Figura 4.35. Gráfico da Precipitação Média Mensal (mm) na Estação Meteorológica de
Mossoró, RN. Fonte: INMET, 2009.
250
a.2) Parâmetros que influem nos componentes primários do ciclo hidrológico
Os componentes primários do ciclo hidrológico correspondem à precipitação,
evapotranspiração, escoamento ou runoff e infiltração. Influem sobre esses componentes,
principalmente sobre a evapotranspiração, os seguintes elementos: temperatura, radiação,
insolação, umidade relativa, ventos e pressão atmosférica.
A temperatura média varia anualmente ao longo dos meses com uma amplitude de 2,6
0C, indo de 26,1°C nos meses mais frios (junho e julho) a 28,7 C no período mais quente
(outubro a janeiro), Figura 4.36A. A evaporação é menor no período de fevereiro a junho,
intensificando-se a partir de julho, até atingir o valor máximo no mês de outubro, quando
diminui gradativamente (Figura 4.36B). O período de insolação não sofre grandes
modificações, com limites mínimos de fevereiro a abril (em torno de 200 h/mensais) e
máximos de agosto a novembro (pouco menos que 300 h/mensais), Figura 4.36C. A umidade
relativa do ar varia de 60,7 a 80,7%. A umidade é mais elevada nos meses de março e abril,
que corresponde ao período de maiores precipitações pluviométricas (Figura 4.36D). A
velocidade do vento atinge um valor mínimo de 2,1 no mês de abril e máximo de 5,0 m/s no
mês de outubro (Figura 4.36E). Também observa-se as variações de médias mensais dos
elementos climáticos (Tabela 4.7)
251
Figura 4.36. Fatores que influem nos componentes primários do ciclo hidrológico. Gráficos
obtidos com dados da Estação meteorológica de Mossoró-RN.
252
Tabela 4.7. Valores médios mensais dos elementos climáticos na estação de Mossoró/RN (Período de 1974 a 2008). Fonte: INMET, 2009.
Elementos do clima
Médias Mensais Média
ou Total
Anual Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Precipitação média
(mm)
82,9 113,9 177,9 179,1 99,2 52,1 36,3 7 4,4 2,1 2,9 13,5 771,3
T (0c)
Mínima 23,9 23,6 23,3 23,2 22,9 21,9 21,4 21,5 22,2 23,2 23,4 23,7 22,9 Máxima 34,1 33,6 32,9 32,6 32,5 32,4 32,8 34,1 34,8 34,9 34,8 34,7 33,7
Média 28,3 27,9 27,4 27,1 27 26,6 26,7 27,3 28 28,3 28,5 28,7 28,3
Evaporação (mm) 198,1 143,7 119,1 104,1 113,7 132 171,7 208 231,7 243 237,2 226,2 198,1 Insolação (horas) 232,7 198,9 207,7 198,8 223,7 212,5 236,1 271,6 278,2 296,2 287,4 268,6 232,7
Umidade relativa (%) 70,6 73,1 79,2 80,7 78,2 73,6 68,8 62,3 60,7 62,2 64,4 65,6 70,6
Ventos Velocidade
(m/s)
4 3,3 2,8 2,1 2,3 2,7 3 4,2 4,8 5 4,9 4,6 4 Direção NE NE Calmo Calmo Calmo SE SE SE SE NE NE NE -
253
a.3) Balanço Hídrico
Para o estabelecimento do Balanço hídrico é necessário os dados de precipitação
pluviométrica (P) mensais e anuais e das evapotranspirações potenciais (ETp)
correspondentes. As precipitações foram obtidas diretamente da estação meteorológica e os
valores da Etp foram calculados pelo método de Turc a partir do conhecimento das
coordenadas do lugar e dos valores das temperaturas mensais anuais, índice global de
radiação e umidade.
a.4) Cálculo de ETp
A umidade relativa do ar Ur é maior que 50%, assim sendo para o calculo da ETp
mensal utiliza-se a equação:
de fevereiro
Onde:
ETp é evapotranspiração potencial (mm/mês);
t é temperatura média mensal do período em 0C;
Ig é índice global de radiação (cal/cm2/dia).
Os valores de Ig (Tabela 4.8) foram obtidos a partir dos mapas de Black fornecidos
mês a mês. A ETp mensal variou de 103,0 mm a 148,4 mm/mês com um total anual de 1493,1
mm.
254
Tabela 4.8. Valores obtidos da Evapotranspiração potencial (Etp)
Mês t (0C) Ig
(cal/cm2/dia)
Etp
(mm)
Jan 28,3 400 117,6
Fev 27,9 380 103,4
Mar 27,4 400 116,3
Abr 27,1 350 103,0
Mai 27,0 380 110,6
Jun 26,2 390 112,0
Jul 26,1 500 139,7
Ago 26,8 460 130,8
Set 27,5 520 147,5
Out 28,0 520 148,4
Nov 28,2 460 133,1
Dez 28,3 450 130,7
Ano 1493,1
a.5) Resultados do balanço hídrico e Interpretação
A evapotranspiração potencial anual obtida conforme já apresentado é da ordem de
1493,1 mm e a evapotranspiração real obtida pelo Balanço hídrico (Tabela 4.9) foi de 730,8
mm/ano, portanto um déficit hídrico de 762,3 mm/ano. O período de déficit é de Julho a
janeiro (Figura 4.37). Ocorre excedente hídrico no mês de abril, com um total anual de 48,2
mm.
O balanço está representado (Figura 4.37) a partir do momento em que as reservas de
água no solo começaram a se reconstituir, mês de fevereiro, que corresponde ao mês no qual
foi iniciado o balanço.
O excedente hídrico representa o volume de água que se infiltra no terreno e que escoa
sobre sua superfície. As características geológicas da área de estudo, com cobertura de areias
eólicas, condicionam a ausência de escoamentos superficiais e sugerem condições favoráveis
para infiltração. A recarga de água subterrânea, entretanto é baixa devido à elevada
evapotranspiração potencial. Tomando por base o excedente hídrico de 48,2 mm e a
255
precipitação pluviométrica de 771,3 mm, resulta em uma taxa de infiltração em potencial de
apenas 6,5%, o que é característico de regiões semiáridas.
a.6) Caracterização do clima
O tipo de clima pode ser definido segundo Thornthwaite em função do índice global i
expresso pela seguinte equação:
Onde:
ih é o índice de umidade definido por ;
Ia é o índice de aridez definido por ;
S é o excedente hídrico anual avaliado em 48,2 mm;
D é o déficit hídrico anual de 762,3 mm;
ETp é a evapotranspiração potencial anual avaliada em 1493,1mm.
Aplicando as equações resulta: ih = 3,2%; ia = 51% e i = -27,4%. Com base nesses
resultados, o clima da área de estudo fica caracterizado como semiárido (Tabela 4.10).
256
Tabela 4.9. Resultados do Balanço hídrico da Região da Fazenda Belém (valores em mm).
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Evapotranspiração potencial - ETP 117,6 103,4 116,3 103,0 110,6 112,0 139,7 130,8 147,5 148,4 133,1 130,7 1493,1
Precipitação P 82,9 113,9 177,9 179,1 99,2 51,2 36,3 7,0 4,4 2,1 2,9
13,5
771,3
Diferença P - Etp
-34,7 10,5 61,6 76,1 -11,4 -60,8 -103,4 -123,8 -143,1 -146,3 -130,2
-117,2
Variação da reserva d´água do solo
0 10,5 89,5 0 -2,8 -60,8 -36,4 0 0 0 0
0
Reserva d´água útil (100 mm)
0 10,5 100 100 97,2 36,4 0 0 0 0 0
0
Evapotranspiração real Etr
82,9 103,4 116,3 103,0 110,6 112,0 72,7 7,0 4,4 2,1 2,9
13,5
730,8
Déficit D
34,7 0 0 0 0 0 67,0 123,8 143,1 146,3 130,2
117,2
762,3
Excedente S
0 0 0 48,2 0 0 0 0 0 0 0
0
Escamento R 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
257
Figura 4.37. Representação gráfica do Balanço hídrico.
258
Tabela 4.10. Tipo de clima segundo o valor do índice global anual (i).
Índice global (I) Tipo de clima
! > 100 Muito úmico
20 a 100 Úmido
0 a 20 Sub-úmido/ úmido
-20 a 0 Sub-úmido a seco
-40 a -20 Semi-árido
-60 a -40 Árido
< -60 Hiper-árido
b) Contexto Regional de Unidades Aqüíferas na área do empreendimento.
Aquífero Açu
Este reservatório deve ocorrer em subsuperfície, praticamente, em toda a área do
estudo. As informações sobre o aqüífero Açu são escassas, havendo referências que o seu
potencial hidrogeológico é fraco e que as águas são de salinidade elevada. Segundo PERH -
SERHID/RN (1998) o aqüífero ocorre numa área efetiva de 934 km2 e os recursos explotáveis
foram avaliados preliminarmente em apenas 3,14 milhões de m3/ano, havendo referência a
uma disponibilidade hídrica já instalada ordem de 2,72 milhões de m3/ano.
Aquífero Jandaira
Regionalmente o aquífero Jandaira apresenta uma ampla variação faciológica, tanto
vertical como horizontalmente, sendo constituído por calcários cinzas e cremes, margas,
siltitos, folhelhos, argilitos e dolomitos. O aqüífero
Jandaíra localiza-se na porção superior da seqüência carbonática da Formação
Jandaíra, dispondo-se sub-horizontalmente, com espessuras variando de 50 a 250 metros.
Trata-se de um aqüífero essencialmente livre, heterogêneo, hidraulicamente anisotrópico e de
circulação cárstica e fissural em seu interior.
O aqüífero Jandaíra é limitado em sua porção inferior por sedimentos pouco
permeáveis pertencentes à base da Formação Jandaíra e topo da Formação Açu, compostos
por argilas arenosas, argilas siltosas, argilitos, folhelhos, margas, calcarenitos e calcários
259
compactados, que funcionam como camadas confinantes ou semi-confinantes do aqüífero
Açu.
Aquífero Barreiras
Localiza-se no curso médio-Inferior da bacia do Rio Maxaranguape. Constitui o
principal aquífero da bacia e de maior potencialidade, graças à estrutura geológica favorável
em termos de armazenamento e circulação das águas subterrâneas. O aquífero Barreiras
ocorre numa área efetiva de 432,0 km2 e apresenta um recurso anual explotável da ordem de
74,14 x106 m3/ano, do qual apenas 4,4X106 m
3/ano é referido como explotado (PERH-
SERHID/RN, 1998). Ainda, é vista a possibilidade de perfuração de poços com 40 a 60 m de
profundidade produzindo de 10 a 120 m3/h e com águas de boa qualidade para o uso humano
e irrigação, ou seja, águas com baixa salinidade com resíduo seco inferior a 250 mg/L e do
tipo C2S1 para irrigação, podendo ser utilizadas na maior parte de solos e culturas.
Regionalmente nos cursos médio-inferior das bacias da costa Leste do Estado do Rio Grande
do Norte, o aquífero Barreiras constitui, em quase sua integridade, o recurso utilizado pela
população para o suprimento hídrico urbano e rural, ressaltando-se que a irrigação se processa
também em grande parte com o bombeamento de água subterrânea desse aquífero.
c) Contexto local do Áquifero Cárstico na área de estudo
A área de estudo está localizada na região Oeste da bacia Potiguar, na região do alto de
Aracati, limite dos estados do Rio Grande do Norte com Ceará, em uma região constituída por
rochas sedimentares da formação Potengi e Barreiras sotopostas as rochas carbonáticas
(calcáreos e dolomitos) da Formação Jandaíra de idade Cretáceo superior. Esta unidade
geológica constitui a principal unidade aqüífera da área de estudo, o aqüífero carstico
Jandaíra, sendo esse a principal fonte de abastecimento para agricultura irrigável na área de
estudo.
O termo carste (karst) “de origem servo-croata significa campo de pedras calcárias.”
(OLIVEIRA, 1997, p. 3). O conceito foi empregado para designar a morfologia das formações
calcárias encontradas ao norte do Adriático, na península de Istria, noroeste da Iugoslávia, ao
final do século XIX. (LISBOA, 1997). Atualmente, o termo é utilizado para designar “as
260
áreas calcárias ou dolomíticas que possuem uma topografia característica, oriunda da
dissolução de tais rochas.” (CHRISTOFOLETTI, 1980, p.153).
O principal aspecto de uma área cárstica é “a presença de uma drenagem de sentido
predominantemente vertical e subterrânea (criptorréica), seguindo fendas, condutos e
cavernas, com quase completa ausência de cursos d'água superficiais.” (OLIVEIRA, 1997, p.
3). A paisagem cárstica, de acordo com Oliveira (1997, p.3) “apresenta aspectos ruiniformes e
esburacados, preponderantemente desenvolvidos em formações calcárias.”
O sistema cárstico é constituído por três componentes principais, que se desenvolvem
de maneira conjunta e interdependente: os sistemas de cavernas, aqüíferos de condutos e o
relevo cárstico. (TEIXEIRA et al, 2001). As formas ou feições da paisagem cárstica são
caracterizadas pelas dolinas, uvalas, poljés, sumidouros e cavernas, conforme Lima (2004,
p.6) e representado na Figura 4.38.
Figura 4.38. Ilustração esquemática da ocorrência de água subterrânea numa rocha
carbonática na qual a permeabilidade secundária ocorre ao longe dos planos de
acamadamento e das fraturas verticais alargadas por dissolução. (Walker, 1956: Davis & De
West, 1956, modificação de Freeze & Cherry. 1979).
O aqüífero livre cárstico Jandaíra possui uma carstificação bem diversificada
dependendo da localização na área, esse processo de carstificação influencia nas
potencialidades e qualidade das águas na sua área. Quanto maior a carstificação maior a
presença de condutos para a circulação da água e maiores serão as vazões dos poços.
261
Esse processo pode ser visualizado pelas variações das vazões em profundidades
equivalentes mostrados na Tabela 4.11, onde as profundidades variam de 60 a 95 m, vazões
oscilando entre 40 e 130 m3/h e níveis estáticos variando de 23,00 á 37,00 m.
Tabela 4.11. Poços com profundidade e vazão na área do empreendimento.
long lat Poço Prof.(m) Q(m3/h)
684165 9461370 1 800 130
684247 9461206 2 74 70
684173 9461202 3 72 80
684084 9461198 4 82 80
684011 9461086 5 92 130
684380 9461338 6 85 40
682122 9462764 7 840 180
682112 9462712 8 70 113
682089 9462702 9 68 100
682074 9462730 10 74 113
689981 9459285 11 65 42
679961 9459301 12 75 113
679937 9459295 13 60 132
679920 9459269 14 70 90
679845 9459269 15 70 132
681553 9460812 16 97 90
681790 9461279 17 60 150
681812 9461273 18 60 90
683011 9461164 19 75 80
683010 9461180 20 78 90
Essas vazões exemplificam a excelente potencialidade do aqüífero Jandaíra como
fonte de água subterrânea para abastecimento de áreas para agricultura irrigada como no caso
do estudo.
262
d) Características construtivas dos poços
Os poços na área do empreendimento são perfurados em 10’’ revestidos em 8’’, com
cimentação isolando toda a área de argila e calcário compacto, indicando uma variação de 0 á
50 m, sendo revestido com cascalho nos intervalos do calcário e com filtro na região de maior
fraturamento do calcário como pode ser observado nas fichas de poços em anexo ao final do
relatório. Com exceção apenas de dois poços que captam água de uma profundidade elevada,
cerca de 800 m.
e) Potencialidades de explotação do aqüífero
A área de estudo possui um potencial de explotação da ordem de mais de 3000 m3/h
atualmente, sendo extremamente compatível para a área irrigada, e não comprometendo a
viabilidade hídrica do aqüífero, sendo, portanto, uma área de plena sustentabilidade hídrica,
observando que as vazões de exploração na área deve se manter na ordem de 130 m3/h, como
uma margem de segurança para não haver rebaixamentos acentuados dos níveis dos poços e
garantir todo o processo de abastecimento. Outra alternativa é a exploração de poços mais
profundos, no aqüífero Açu, que apresentam águas de boa qualidade e propiciam vazões
elevadas como mostram os dos poços já perfurados na área nessas condições de explotação.
f) Qualidade das águas
f.1) Qualidade das águas para consumo humano
A classificação das águas para o uso humano foi definida em função das normas da
Organização Mundial de Saúde (OMS) e Portaria no 518/2004 do Ministério da Saúde
(Tabela 4.12).
263
Tabela 4.12. Padrões de potabilidade.
Parâmetro* OMS CONAMA**
Permitido Excessivo
Máximo
permitido
pH (adm) 7,0 - 8,5 6,5 - 9,2 6,0 - 9,5
Sólidos Totais 1000 1500 500
Dureza (mg/L
CaCO3) 500
Cálcio 75 200
Magnésio 125 125
Sódio 200 200
Cloreto 250 600 250
Sulfato 200 400 250
Amoniaco 0,5 0,5 1,5
Nitrato 45 50 45
Ferro total 0,3 1 0,3
*Valores em mg/L, quando não indicados;
**Resolução CONAMA 325 Março 2005
Os resultados das análises visualizados na Tabela 4.13 mostram que as águas dos
poços 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 11 apresentam restrições para cloreto, já os poços 2, 4, 5, 6, 7, 9, 8 e 11
estão fora do limite permitido para sódio. No caso do Magnésio apenas o poço 4 mostra-se
fora dos padrões de potabilidade. Os outros parâmetros estão de acordo com a resolução ou
não foram determinados nas análises químicas.
264
Tabela 4.13. Resultados de análises Químicas
N° pH HCO3 Ca Mg Na Cl
amostra mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L
PP-2 7,9 250,1 32,0 17,017 235,98 78,1
PP-3 8,2 250,1 32,0 17,017 193,89 85,2
PP-4 6,7 311,1 708,0 184,756 349,60 1150,2
PP-5 7,1 274,5 380,0 68,068 456,09 681,6
PP-6 7 256,2 408,0 48,620 312,80 731,3
PP-7 7,7 286,7 92,0 89,947 90,85 894,6
PP-9 6,9 414,8 796,0 31,603 284,51 894,6
PP-8 6,9 414,8 660,0 114,257 224,48 894,6
PP-11 7,1 433,1 680,0 102,102 321,54 986,9
PP-15 7,4 294,6 64,0 58,344 74,29 85,2
f.2) Qualidade das águas para irrigação
A prática da irrigação é indispensável nas regiões áridas e semiáridas em virtude da
ocorrência de déficit hídrico para as culturas na época seca. A acumulação de água no período
chuvoso alternado com aumento da evaporação na estação seca promove uma variação
quantitativa e qualitativa no teor de sais das águas com implicações para uso na irrigação
(NUNES FILHO et al., 1991) e esta, pode ser fator de salinização quando não manejada
adequadamente (PIZARRO, 1985; HOORN; ALPHEN, 1981). É, portanto, imprescindível a
avaliação da qualidade da água como medida preventiva dos processos de salinização
gradativos pelo acumulo de sais oriundos de irrigações sucessivas (HOLANDA; AMORIM,
1992).
A qualidade das águas da região do empreendimento foi avaliada sob os três aspectos
fundamentais quanto ao uso na irrigação: salinidade (C), sodicidade (S) e toxidade (T) de
íons. O efeito da salinidade é de natureza osmótica podendo afetar diretamente o rendimento
das culturas. A sodicidade se refere ao efeito relativo do sódio da água de irrigação tendendo a
elevar a porcentagem de sódio trocável do solo (PST), com danos nas suas propriedades
físico-químicas, provocando problemas de infiltração. A toxidade, diz respeito ao efeito
específico de certos íons sobre as plantas, afetando o rendimento, independente do efeito
osmótico.
265
f.3) Classes de água quanto ao risco de salinidade
Numa avaliação qualitativa, as águas se dividem em quatro classes de salinidade, à
medida que aumenta a concentração de sais e consequentemente sua condutividade elétrica,
recebendo denominações sucessivas de C1, C2, C3 e C4, com os limites apresentados por
Richards (1954) e, por conveniência, também adotados como índices de salinidade por
Frenkel (1984), conforme mostra a Tabela 4.14, com as seguintes interpretações:
C1 - Água de baixa salinidade. Pode ser usada para irrigação da maioria das culturas,
em quase todos os tipos de solos, com muito pouca probabilidade de que se desenvolvam
problemas de salinidade. Se necessária alguma lixiviação de sais, esta é conseguida em
condições normais de irrigação, exceto em solos de muito baixa permeabilidade.
C2 - Água de média salinidade. Pode ser usada sempre e quando houver uma
lixiviação moderada de sais. Em quase todos os casos se adequa ao cultivo de plantas
moderadamente tolerante aos sais, sem necessidade de práticas especiais de controle de
salinidade.
C3 - Água de alta salinidade. Não pode ser usada em solos com drenagem deficiente.
Mesmo com drenagem adequada pode ser necessário práticas especiais de controle da
salinidade, devendo, portanto, ser utilizada na irrigação de espécies vegetais de alta tolerância
aos sais. Os riscos apresentados por esta classe de água podem ser amenizados quando do
emprego do método de irrigação localizada mantendo o solo continuamente úmido.
C4 - Água de muito alta salinidade. Não é apropriada para irrigação sob condições
normais, porém pode ser usada ocasionalmente, em circunstâncias muito especiais. Os solos
devem ser permeáveis, a drenagem adequada, devendo ser aplicada água em excesso para se
obter uma boa lixiviação de sais e, mesmo assim devem ser explorados com culturas
altamente tolerantes aos sais.
266
Tabela 4.14. Classificação da água para irrigação quanto ao risco de salinidade.
Richards (1954) UCCC1 Ayers & Westcot (1991)
Classe de
Salinidade Faixas de CEa (dS.m
-1)
Risco de
Salinidade
Faixa de CEa
(dS.m-1
)
Problema de
Salinidade
C1 < 0,25 < 0,75 Baixo < 0,7 nenhum
C2 0,25 - 0,75 0,75 - 1,50 Médio 0,7 - 3,0 moderado
C3 0,75 - 2,25 1,50 - 3,00 Alto > 3,0 severo
C4 > 2,25 > 3,00 Muito alto - -
1 UCCC - University of California Committee of Consultantes (Fonte: Frenkel, 1984;
Pizarro, 1985).
f.4) Classes de água quanto ao risco de sodicidade
A classificação das águas de irrigação com respeito à RAS se baseia essencialmente
no efeito do sódio trocável nas condições físicas do solo causando problemas de infiltração
pela redução da permeabilidade. Richards (1954) dividiu as águas em quatro classes tomando
por base valores limites da RAS, em função da CEa, com as seguintes interpretações:
A recomendação de Ayers Westcot (1991), quanto ao perigo de sódio, restringe-se a
três classes de sodicidade, obtidas relacionando-se a RASo com a salinidade da água de
irrigação, conforme Tabela 4.15.
Tabela 4.15. Riscos de problemas de infiltração no solo causados pela sodicidade da água.
CLASSES DE SODICIDADE1
RASo
S1
Sem Problemas
S2
Problemas Crescentes
S3
Problemas Severos
......(mmolc -1
)½ ..... .....................................CEa (dS.m
-1).................................................
0-3 > 0,70 0,70 - 0,20 < 0,20
3-6 > 1,20 1,20 - 0,30 < 0,30
6-12 > 1,90 1,90 - 0,50 < 0,50
12-20 > 2,90 2,90 - 1,30 < 1,30
20-40 > 5,00 5,00 - 2,90 < 2,90
Fonte: Adaptado de Ayers & Westcot (1991).
1 Simbologia (S) não se refere a classificação de
Richards (1954); foi inserida para resumir a descrição da classe.
267
f.5) Classes de água quanto ao risco de toxicidade
Os elementos mais propensos a causarem toxidez nas plantas, em decorrência de
concentrações elevadas na água de irrigação, são: sódio, cloro e boro. Quanto aos riscos que
apresentam, de acordo com Ayers & Westcot (1991) podem ser divididos em três classes
(Tabela 4.16). Na irrigação por aspersão foliar, quando há uma exposição direta da parte mais
sensível da planta à água contendo elevados teores de sais, os problemas de toxicidade tendem
a se intensificarem (Maas, 1985 e 1986; Ayers & Westcot, 1991) e as culturas se subdividem
quanto ao limite de tolerância ao sódio e cloreto conforme Tabela 4.16.
Tabela 4.16. Concentrações de íons em água e respectivos riscos de toxicidade às plantas.
Classes de toxicidade da água1
Íon T1
Nenhum problema
T2
Problema moderado
T3
Problema severo
Sódio ou Cloreto (mmolc -1:)
- Irrigação por superfície < 3 3 - 9 > 9
- Irrigação por aspersão < 3 > 3
Boro (mg -1) < 0,7 0,7 - 3,0 >3,0
Fonte: Adaptado de Ayers & Westcot (1991). 1
Simbologia (T) não contida nos artigos
originais; inserida neste item para resumir descrição da classe.
A Tabela 4.17 apresenta os parâmetros hidroquímicos obtidos (Dezembro 2010) e
utilizados na classificação das águas para a irrigação e os resultados da classificação segundo
os aspectos fundamentais assinalados. As classes de sodicidade foram definidas em função da
classificação de Richards (1954). O RAS (Razão de adsorção de sódio) foi corrigido devido
aos efeitos que podem ser produzidos com a razão Ca/HCO3).
268
Tabela 4.17. Classificação das águas para irrigação.
N° pH HCO3 Ca Mg Na Cl HCO3/Ca RAS° CE Classe
amostra mmolc/l mmolc/l mmolc/l mmolc/l mmolc/l mmolc/l dS/m de água
PP-2 7,9 4,100 0,800 0,700 10,26 2,2 5,13 11,80 0,960 C2S2T3
PP-3 8,2 4,100 0,800 0,700 8,43 2,4 5,13 9,70 0,590 C2S2T2
PP-4 6,7 5,100 17,700 7,600 15,20 32,4 5,10 4,30 4,050 C4S2T3
PP-5 7,1 4,500 9,500 2,800 19,83 19,2 0,47 8,00 2,560 C3S2T3
PP-6 7 4,200 10,200 2,000 13,60 20,6 0,41 5,50 2,580 C3S1T3
PP-7 7,7 4,700 2,300 3,700 3,95 25,2 2,04 2,30 0,700 C1S2T2
PP-8 6,9 6,800 19,900 1,300 12,37 25,2 0,34 3,80 2,960 C3S1T3
PP-9 6,9 6,800 16,500 4,700 9,76 25,2 0,41 3,00 3,090 C4S1T3
PP-11 7,1 7,100 17,000 4,200 13,98 27,8 0,42 4,30 3,000 C4S1T3
PP-15 7,4 4,830 1,600 2,400 3,23 2,4 3,02 2,3 0,570 C1S2T2
269
As águas dos poços analisados apresentam algumas restrições quanto a salinidade no
caso dos poços 4, 8, 5, 6 e 11 onde as águas são enquadradas do como do tipo C4 e C3, ou
seja, com alta salinidade, não sendo indicado para irrigação, os que apresentam salinidade
media , como os enquadrados como do tipo C2, podem ser usados na irrigação para culturas
com resistência a sais , os que apresentam toxicidade elevada T3, não devem ser usadas em
solos de culturas pouco resistentes a sais, no caso do T2, deve observar a resistência das
culturas aos sais, sendo a sodicidade média no caso das águas do tipo S2, não irrigar em
culturas pouco resistente a sais.
g) Vulnerabilidade do aqüífero
No caso de aquíferos cársticos, a zona insaturada é muito mais efetiva no processo de
atenuação de poluentes que a zona saturada, devido aos processos microbiológicos e
físicoquímicos. Isto ocorre por que o sistema de fissuras das rochas calcárias facilitam a
rápida penetração dos poluentes no aquífero, caracterizando assim uma alta vulnerabilidade
natural dos cársticos sendo principalmente atribuida a velocidade de circulação da água
subterrânea relativamente alta e sua escassa interação contaminante-rocha, o que provoca uma
elevada capacidade de propagação neste meio.
h) Recomendações
Monitorar mensalmente as variações de nível d´agua para observações de variações
dos mesmos e observar se não está havendo superexplotação do aqüífero.
Realizar análises físico-químicas e Bacteriológicas regularmente para caracterização
da qualidade da água, e observar se não há nenhuma contaminação por parte de algum
produto químico utilizado na área.
270
4.2. MEIO BIOLÓGICO
4.2.2 FLORA
Os recursos florestais da Caatinga no Estado do Rio Grande do Norte têm um papel
importante no seu desenvolvimento, seja para abastecer as indústrias e estabelecimentos
comerciais com biomassa para geração de energia, seja na formação de renda familiar pelo
uso da madeira para construções rurais, tais como, estacas e mourões, ou na produção e
comercialização de uma série de produtos florestais madeireiros e não madeireiros.
A floresta sempre esteve presente na vida da população, por outro lado a Caatinga da
região ainda apresenta extensões consideráveis de remanescentes florestais, principalmente
quando comparada a outras regiões do Estado. As áreas da Empresa Agrícola Famosa estão
inseridas em três municípios: Tibau no Rio Grande do Norte com 3.652,3737 hectares
(61,80%) e dois municípios no Estado do Ceará, Icapui como 1.506,2202 hectares (25,49%) e
Aracati com 751,1349 hectares (12,71%), constituída por três fazendas denominadas: fazenda
Famosa, fazenda João Mole e fazenda Mossoró, juntas, totalizam 5.909,7288 hectares.
O Uso e ocupação do solo dos três imóveis são constituídos pelas seguintes unidades
conforme Tabela 4.18 e Figura que se segue.
Tabela 4.18 – Uso e Ocupação do Solo da Fazenda Agrícola Famosa
Tipo de Uso Área (há) %
1. Área de antropismo 75,0695 1,26
2. Área de compostagem 6,5149 0,11
3. Área de pousio 86,8125 1,46
4. Área de produção de mudas 4,1509 0,07
5. Área industrial 36,1736 0,61
6. Área de produção agrícola 1.933,95 32,51
7. Área de depósito de resíduos 1,3439 0,02
8. Estradas internas 51,0118 0,86
9. Jazidas 5,2107 0,09
271
10. Área de mata – vegetação arbustiva arbórea 2.054,11 34,53
11. Área de Reserva Legal 1.255,84 21,11
12. Área com vegetação de quebra vento 401,435 6,75
13. Área de Preservação Permanente - APP 33,6697 0,57
14. Área de Reservatórios d’água 3,9808 0,07
TOTAL 5.949,27 100,00
A Agrícola Famosa Ltda., é um empreendimento que tem a fruticultura como sua
principal atividade econômica. O diferencial desta empresa é detenção do conhecimento dos
sistemas de produção de frutas tropicais em grande escala, onde tem como premissa principal
a maximização dos processos produtivos incorporando novas tecnologias em todas as áreas
que esteja produzindo, seja em áreas adquiridas ou arrendando na região.
Como pode ser observado na tabela acima, o empreendimento tem como premissa
principal nas suas atividades é o resguardo dos recursos naturais, visto que dos 5.949,27
hectares de área total, 3.714,1196 hectares (62,85%) são resguardados por vegetação natural
de Caatinga arbustiva arbórea, apenas 2.195,6092 hectares (37,15%) estão disponíveis a
produção ou servindo de apoio a produção. As áreas de produção, destinadas aos cultivos
agrícolas totalizam 1.933,9509 hectares, o que corresponde a 32,72% das áreas totais dos
imóveis.
272
Figura 4.39 – Mapa de Uso de Ocupação do Solo da Empresa Agrícola Famosa
273
4.2.2.1 - Metodologia
Para a realização deste estudo partiu-se da análise de material bibliográfico
existente sobre o tema, somando-se várias visitas a campo. A partir daí, procurou-se
apresentar uma nomenclatura para a cobertura vegetal da área em pauta, dividindo-a em
três categorias, enfocadas ao longo do texto:
A) cobertura vegetal natural;
B) cobertura vegetal antropizada e
C) cobertura vegetal monitorada (corredores).
4.2.2.2 - Cobertura vegetal
O trabalho direcionado a qualquer ecossistema, seja objetivando diretamente a
fauna, a uma sucessão ecológica ocorrente, a fitogeografia, ou se considerar qualquer
outro aspecto biológico, necessita sempre caracterizar primeiramente a fisionomia
florística da região em estudo.
A região onde se encontra localizado o empreendimento está inserida no Bioma
Caatinga, caracterizado assim, como um ecossistema semiárido, onde recobre
aproximadamente 910.000 quilômetros quadrados do solo brasileiro, aproximadamente
10% do território brasileiro, a caatinga abrange nove estados brasileiros, cobrindo a
maior parte dos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe, Bahia e a parte norte do estado de Minas Gerais.
O termo “Caatinga” tem sua origem no Tupi Guarani que significa “Mata
Branca), o qual tem sua origem o aspecto de feição a estação seca, período em que a
mesma perde as folhas deixando à mostra seus troncos esbranquiçados (Prado, 2003).
A vasta região semiárida situada no Nordeste do Brasil coincide, de um modo
geral, com o que se convencionou chamar de “polígono das secas”, e
fitogeograficamente é a região das “caatingas”. É impossível falar dos seus recursos
florestais sem referir a certos problemas fitogeográficos ligados à sua caracterização.
274
Figura 4.39 – Localização da zona do Semiárido brasileiro
Sobre a Caatinga, muitos pesquisadores a descreveram, sendo considerados os
precursores dos estudos florísticos e fisionômicos deste tipo de ecossistema.
Contribuições valiosas trazidas para o conhecimento da flora e vegetação da caatinga
como Tricart e Ab’Saber, ao relacionarem a vegetação às condições morfoclimáticas.
O Sertão semiárido encontra-se no Bioma da Caatinga, que é o único
ecossistema exclusivamente brasileiro, e é considerada uma das 37 regiões naturais do
planeta. Isto é, a Caatinga ainda abriga pelo menos 70% de sua cobertura vegetal
original, e por isso é considerada estratégica no contexto das mudanças globais
(TABARELLI e SILVA, 2003 apud CHACON, 2007*)
A Caatinga é caracterizada como um complexo vegetacional onde os tipos de
vegetação dominantes são constituídos de arbustos e arvores , os quais são decíduos
(caem as folhas) durante o período de verão, frequentemente providos de espinhos e ou
acúleos, com grande presença de cactáceas , bromeliáceas e de plantas herbáceas. As
plantas herbáceas só vegetam ao longo dos períodos chuvosos, do mesmo modo que as
gramíneas, o que acarreta os quadros clássicos de falta de alimentos para os animais da
região. As plantas suculentas, que vão além de cactos, são também características da
275
região. Em consequência dos distintos habitats deste bioma, é comum a variação das
formas de vida, levando uma mesma espécies a apresentar portes variados em função
das condições locais (Rizzini, 1997).
Segundo os autores, o clima tropical árido e semiárido ocorre normalmente
próximo aos trópicos, nas zonas de altas pressões atmosféricas. A temperatura é muita
elevada e a precipitação muito baixa e mal distribuídas.
Os solos normalmente são revestidos de um capeamento sedimentar e o subsolo é
impermeável, impedindo o armazenamento de água das chuvas. Por isso a maioria dos rios é
temporária, isto é, desaparecem na época das secas. Assim, as plantas não dispõem de água para
se manter.
De início, é necessário, notar que a definição de Martius – “Silva aestu aphylla”
– nem sempre é verdadeira, porquanto, muitas vezes, a “caatinga” não é uma floresta,
assemelhando-se mais, nesses casos, os “campos cerrados“. Há verdadeiras transições
entre a “caatinga florestal” e a “campestre” através de vastas áreas do Brasil Centro-
oriental, onde as duas regiões se limitam.
É considerada como região semiárida aquela que possibilita o desenvolvimento
de uma cobertura vegetal mais ou menos contínua, como a caatinga, savanas e estepes,
mas que não permite o cultivo de plantas anuais, como o milho, de maneira regular e
com boa produtividade, em virtude da baixa pluviosidade e de má distribuição das
chuvas.
A ocorrência de secas periódicas é a característica mais marcante das regiões
semiáridas. A cobertura vegetal destas regiões é xerófita, raquítica e caducifólia. Os
solos são caracteristicamente pobres em matéria orgânica, geralmente ricos em cálcio e
potássio e apresentam numerosas e extensas manchas salinizadas.
O Semiárido nordestino é uma região muito vasta, pobre e populosa. Sua área e
sua população são maiores do que as de muitos países. Quanto às riquezas naturais, esta
região se diferencia das outras regiões pobres do Brasil por possuir sérias limitações de
clima e de solo. Ecologicamente, é uma área muito devastada, devido à luta secular que
o homem regional enfrenta com a natureza na tentativa de sobrevivência.
O clima constitui a característica mais importante do Semiárido, principalmente
devido á ocorrência das secas estacionais.
O regime pluviométrico do Semiárido delimita duas estações bem distintas: uma
curta estação chuvosa, de três a cinco meses de duração, que ocorre no verão e outono e
276
é denominada, vulgarmente, na região, de “inverno”, e uma longa estação seca, de sete a
nove meses, que ocorre no inverno e primavera e é conhecida, popularmente, no
Nordeste, com a denominação de “verão”. As chuvas são imprevisíveis, torrenciais e
irregulares, no tempo e no espaço. A precipitação média do Semiárido está em torno de
500 mm anuais, que, se não fossem irregularidade das chuvas e a baixa latitude que
favorecem a excessiva evaporação, entorno de 1.500 a 2.000 mm anuais, seriam
suficientes para o cultivo regular e alta produtividade das culturas anuais.
A caatinga apresenta características extremas quando comparada aos demais
biomas brasileiros por apresentar a mais baixa precipitação anual, as mais altas médias
anuais de temperaturas, evapotranspiração potencial e radiação solar e a mias baixa taxa
de umidade relativa.
O solos da caatinga é caracterizado por uma grande quantidade de tipos de solos,
variando de solos rasos pedregosos a solos arenosos profundos, os quais, juntamente
com a água disponível irá definir o padrão das diferentes tipologias vegetais, que vai
desde áreas com predomínio de cactáceas à caatinga de areia (Veloso ET AL, 2002). A
origem geomorfológica e geológica da região da caatinga resultou deste grande mosaico
de solos com características variadas mesmo em pequenas distâncias como relata
(Sampaio, 1995 apud Prado, 2003).
Apesar de suas condições severas, o bioma Caatinga apresenta uma
surpreendente diversidade de ambientes, proporcionados por um mosaico de tipos de
vegetação, em geral caducifólia, xerófila e, por vezes, espinhosa, variando com o
mosaico de solos e a disponibilidade de água. A vegetação considerada mais típica de
caatinga encontra-se nas depressões sertanejas: uma ao norte e outra ao sul do bioma,
separadas por uma série de serras que constituem uma barreira geográfica para diversas
espécies. Mas os diferentes tipos de caatinga estendem-se também por regiões mais
altas e de relevo variado, e incluem a caatinga arbustiva a arbórea, a mata seca e a mata
úmida, o carrasco e as formações abertas com domínio de cactáceas e bromeliáceas,
entre outros.
Segundo o Zoneamento Agroecológico da Caatinga – ZANE, Embrapa (2000) a
caatinga é formada por treze tipologias vegetais diferentes, distribuídas de acordo com a
interação entre as espécies vegetais, clima e solo. A partir do ZANE, foi possível
identificar 20 unidade de paisagem, que foram subdivididas em 172 unidades
geoambientais, sendo que a Caatinga estando presente em mais de 80% das unidades.
277
Figura 4.39 – Zoneamento Agroecológico do Nordeste (ZANE) – Grandes Unidades de
paisagem e suas respectivas unidades geoambientais. Fonte: EMBRAPA (2000)
278
Andrade Lima (1981) e Prado (2003) caracterizaram a caatinga em 7 (sete)
tipologias vegetais: Florestas de caatinga alta, Florestas de caatinga média, Florestas de
caatinga baixa, Caatinga arbustiva densa ou aberta, Caatinga arbustiva aberta baixa,
Floresta ciliar e Floresta de caatinga média,
UNIDADE I - Floresta de Caatinga Alta:
Unidade com características fisionômicas bastante diferentes das demais
vegetações típicas da Caatinga. Porém, o período sem folhas, bem como a composição
florística realçam o elo com o bioma. Localizada em áreas com. maior disponibilidade
hídrica, com índice xerotérmico (índice xerotérmico de GAUSSEN – nº de dias
biologicamente secos) entre 100 e 150. Corresponde às Caatingas das Superfícies
Cársticas do sul da BA e norte de MG. Também observada em parte do Planalto da
Borborema (nos estados.de PE, AL e PB) e das Superfícies Dissecadas Diversas (BA e
PB).
UNIDADE II - Floresta de Caatinga Média:
Trata-se de uma unidade bastante comum em todo o nordeste brasileiro com
grande variedade de formas. Apresenta árvores com altura de 7 a 15 m e, densidades
variáveis nas camadas arbóreas.
Esta Unidade possui índice xerotérmico variando entre 150 a 200 e ocupa as
Unidades de Paisagem da Depressão Sertaneja e parte das Superfícies Retrabalhadas, do
Planalto da Borborema, das Superfícies Dissecadas Diversas, das Superfícies Cársticas,
dos Maciços e Serras Baixas e dos Serrotes, Inselbergues e Maciços Residuais.
UNIDADE III - Floresta de Caatinga Baixa:
Restrita às áreas de solos arenosos do centro-sul de PE e norte da BA,
apresentando índice xerotérmico entre 150 e 200, correspondendo às Bacias
Sedimentares (maior parte no estado da BA), as Dunas Continentais (também na BA),
279
parte das Chapadas Altas (CE, PE, PI, RN e PB) e das Chapadas Intermediárias (PI, CE
e BA).
UNIDADE IV - Caatinga Arbustiva Densa ou Aberta:
Trata-se do tipo de vegetação mais disseminado atualmente, além de ter sofrido
grande influência antrópica, localiza-se em zonas de menor precipitação do bioma.
Abrange as Unidades de Paisagem de ocorrência da UNIDADE II e apresenta índice
xerotérmico variando entre 150 a 300.
UNIDADE V - Caatinga Arbustiva Aberta Baixa:
Ocorre de forma dispersa na Depressão Sertaneja, em solos rasos, arenosos ou
ricos em cascalhos, requerendo uma combinação de baixa precipitação, longo período
de seca. A altura da comunidade em torno de 0,7 a 1 m, a ocorrência deste tipo de
vegetação pode ser devido ao pastejo de animais.
UNIDADE VI - Floresta Ciliar:
Com fisionornia dominada pela palmeira Copernicia prunifera (carnaúba),
ocorre ao longo dos cursos d'água principalmente nos estados de PI, CE e RN em áreas
com solos aluviais e índices xerotérmicos entre 150 e 200 não ocupando uma Unidade
de Paisagem única, entretanto, parte das Grandes Áreas Aluviais do CE), aos vales dos
Tabuleiros Costeiros do (CE, PI e RN) e parte da Depressão Sertaneja (PI) encontra-se
presente.
UNIDADE VII - Floresta de Caatinga Média:
Trata-se de um novo componente, sugerido por Prado (2003), à classificação de
Andrade Lima (1981), apresentando um conjunto distinto de espécies restrito a esse tipo
de vegetação. Nessa unidade, às vezes dominam outras espécies tais como
Myracodruon urundeuva (aroeira), Anadenanthera colubrina (angico branco),
Aspidosperma pyrifolium (pereiro) compartilhando o dossel com Auxemma oncocalyx
280
(Pau branco).
Numa proposta de divisão da Caatinga, Velloso et al., (2002) dividiram o bioma
em oito ecorregiões, com características ambientais similares, dentre as quais se inclui
os tipos de solos, conforme demonstrado a seguir.
Complexo de Campo Maior: Os solos presentes nessa ecorregião são
sedimentares da Formação Longá, com problemas de drenagem. Predominam os
plintossolos; solos rasos, providos de baixa, fertilidade natural e caracterizados pela
acidez e má drenagem.
Complexo Ibiapaba-Araripe:.Sobre as chapadas estão presentes solos mais
profundos, principalmente latossolos, com fertilidade baixa. Na cuesta, são encontrados
também solos profundos, arenosos, entretanto, mais férteis.
Depressão Sertaneja Setentrional: Os solos nas planícies baixas são rasos,
pedregosos, de origem cristalina e de fertilidade média a baixa. Destacam-se os
luvissolos, argissolos, neossolos e planossolos. Na Chapada do Apodi, encontram-se
solos mais profundos que o restante da ecorregião, calcários e mais planos, com
predominância dos cambissolos e latossolos eutróficos. É nessa ecorregião que se
encontra implantado o empreendimento em estudo. No Seridó, encontram-se os
luvissolos, planossolos e argissolos, além dos neossolos das elevações residuais. No
Cariri Paraibano, predominam os luvissolos, sendo comum encontrar neossolos.
Planalto da Borborema: Nos maciços graruticos de relevo movimentado
predominam os neossolos e argissolos. Nos patamares mais suaves, áreas mais baixas e
fundo de vales ocorrem os planossolos e neossolos.
Depressão Sertaneja Meridional: Possui solos profundos, como os latossolos
predominando nas partes oeste e sul. Ao norte, predominam os argissolos, neossolos e
luvissolos. Na região entre a Chapada Diamantina e o Raso da Catarina, predominam os
planossolos. Nas áreas retrabalhadas a leste da Chapada Diamantina predominam os
argissolos.
281
Dunas de São Francisco: Trata-se de uma ecorregião formada por depósitos
eólicos podendo ultrapassar 100 m de altura. Nesta, estão presentes os neossolos, com
fertilidade muito baixa.
Complexo da Chapada Diamantina: Nos maciços e serras altas, predominam
os neossolos e grandes afloramentos de rochas. Nos topos planos, os latossolos. Na
parte leste, predominam os argissolos e latossolos.
Raso da Catarina: A parte oeste desta ecorregião se caracteriza por ser uma
bacia com predominância de solos muito arenosos, profundos e pouco férteis e relevo
muito plano. Na parte sul, há predominância de neossolos e latossolos. Na parte norte,
predominam os neossolos.
282
Figura 4.40 – Divisão da Caatinga em Ecorregiões. Fonte Velloso (2002)
Conforme figura acima, a área de influência do empreendimento em estudo se
encontra situado na Depressão Sertaneja Setentrional, a principal característica desta
283
ecorregião é a irregularidade no sistema pluviométrico, de alta deficiência hídrica na
maior parte do ano. Na chapada do Apodi, esta irregularidade hídrica e menos
acentuada devido os solos reterem mais umidade. De um mudo geral o regime de
precipitação é muito concentrado, podendo o período de seca chegar até 10 meses.
Com relação a tipologia da vegetação, predomina a caatinga arbustiva a
arbórea, sobre solos de origem cristalina. Existem áreas remanescentes de caatinga
arbórea nas encostas e serras baixas, embora muito degradadas. Os vales continham
originalmente caatinga arbórea, e ainda hoje encontram-se remanescentes de vegetação
ciliares (como por exemplo, os carnaubais do Rio Grande do Norte e Ceará).
Possui elementos da flora que são diferentes da Depressão Meridional. Além
destes, a Depressão Setentrional contém duas áreas diferenciadas com extremos
climáticos que condicionam uma vegetação pobre, de porte mais baixo (Seridó e Cariris
Velhos). O Seridó apresenta uma vegetação mais aberta, com grandes extensões de
herbáceas, e o Cariri condiciona uma caatinga nanificada. (Velloso et al, 2002).
4.2.2.3 – Padrões de Vegetação nos Estados do Rio Grande do Norte e Ceará
Apesar de amplamente devastada, a vegetação natural nos Estados do Rio
Grande do Norte e Ceará, continuam sendo um dos elementos de natureza mais
marcante da paisagem geográfica. A destruição das florestas nativas é uma prática
sistemática, com a finalidade de transformar as áreas de florestas em áreas de cultivo,
principalmente a agricultura e pastagens para bovinocultura.
4.2.2.3.1 – Mata de Caatinga
No Rio Grande do Norte e Ceará a caatinga se estende por mais 75% da área de
seus territórios, ocupando toda a região semiárida desses dois Estados, são formações
vegetais lenhosas de porte baixo ou médio, formada por plantas xerófilas, ou seja,
adaptadas a lugares secos, também são caducifólias, pois perdem as folhas para diminuir
a transpiração e evitar assim, a perda de água armazenada, produzindo uma paisagem
seca e semi desértica.
A caatinga apresenta características peculiares de resistência a falta d´água,
como a redução da massa foliar, cutículas cerosas nas folhas, transformação das folhas
284
em espinhos com a queda das folhas no período seco. É muito comum a presença de
espécies xerófilas ou cactáceas como mandacaru, o xique-xique, o facheiro, e a
palmatória braba, que se caracterizam pela ausência de folhas e por serem suculentas,
possuindo órgãos subterrâneos de reserva de água para o período de estiagem, ou como
se diz no sertão, para o período da seca.
A vegetação da caatinga varia em porte, densidade, composição de espécies
vegetais e variação climática. Assim a caatinga divide-se em caatinga hipoxerófila que é
menos seca, mais densa e de porte arbóreo e arbóreo-arbustivo. A caatinga hiperxerófila
é mais seca, menos densa, predominantemente de porte arbustivo, ou arbóreo arbustivo
ao até mesmo arbóreo.
As espécies mais encontradas na caatinga são: Xymenia americana (ameixa),
Anadenanthera macrocarpa (angico), Astronium urundeuva (aroeira), Schinopsis
brasiliensis (brauna), Maytenus rigida (bom-nome), Caesalpinia pyramidalis
(catingueira), Cassia sp (canafistula), Piptadenia moniliformes (catanduva), Melocactus
depressus (coroa-de-frade), Neoglaziovia variegata (caroá), Amburana cearensis
(cumaru), Bombax sp. (embiratanha), Mimosa sp (espinheiro), Cereus squamosus
(facheiro), Jatropha phyllacantha (faveleira), Bursera leptophloeos (imburana),
Zizyphus joazeiro (juazeiro), Pithecolobium dumosum (jurema branca), Mimosa
acutistipula (jurema preta), Caesalpinia ferrea (pau ferro/jucá), Manihot glaziovii
(maniçoba), Cereus jamacaru (mandacaru), Croton hemiargyreus (marmeleiro),
Bromelia laciniosa (mancambira), Bauhinia forficata (mororó), Combretum leprosum
(mufumbo), Opuntia monacantha (palmatória), Aspidosperma pyrifolium (pereiro),
Jatropha ribifolia (pinhão brabo), Bumelia sertorum (quixabeira), Mimosa
caesalpiniaefolia (sabiá), Spondia tuberosa (imbuzeiro), Jatropha urens (urtiga),
Pilocereus gounellei (xique-xique) etc.
Entre as espécies mais comumus da caatinga temos: o Anadenanthera
macrocarpa (angico), Astronium urundeuva (arroreira), Ceiba petandra (barriguda),
Schinopsis brasiliensis (braúna), Tabebuia caraiba (craibeira), Caesalpinia pyramidalis
(catingueira), Piptadenia moniliformes (catanduva), Amburana cearensis (cumaru),
faveleira, Pithecolobium dumosum (jurema branca), Mimosa acutistipula (jurema preta),
Croton hemiargyreus (marmeleiro), Combretum leprosum (mofumbo), Aspidosperma
pyrifolium (pereiro), Spondia tuberosa (imbuzeiro), Croton campestris (velame) etc.
285
4.2.2.4 -- Ecossistemas Regionais do Entorno do Empreendimento
Os dados que compuseram este estudo tiveram como meta fazer um
levantamento do meio biótico local de maneira a contribuir com o aumento do
conhecimento científico da região, de modo que o diagnóstico realizado possibilite o
melhor gerenciamento dos recursos naturais de forma equilibrada. Neste sentido, a
complexa relação intra e interespecífica do empreendimento que se situa nas
proximidades da zona litorânea dos dois Estados apontam para necessidade da
realização de estudos sobre a dinâmica dos ecossistemas existentes.
A zona litorânea do RN e CE é composta por algumas unidades bioecológicas
como vegetação pioneira psamófita, vegetação subperenifofia de dunas, vegetação de
tabuleiro pré-litorâneo, manguezal e vegetação de planície fluvial, as quais se destacam
pela importância dos recursos florestais e faunísticos existentes na Área de Influência
para qualidade de vida do homem. Neste sentido, segue a descrição dos principais
domínios observados na região.
4.2.2.4.1 - Vegetação de Caatinga da Região
A região encontra-se totalmente inserida no Bioma Caatinga, apresenta-se com
coberta com vegetação predominante de caatinga hiperxerófila. Sua fisionomia é
iteressante, pois durante o período de seca (julho a dezembro) apresenta estar totalmente
morta, mas ao primeiros sinais de chuva torna-se exuberante. Esta vegetação é composta
de espécies xerófilas e na sua maioria, caducifólias, de porte pequeno, com
estratificação arbustiva arbórea, espinhenta e, por ocasião das chuvas, apresenta um
estrato herbáceo bastante desenvolvido.
Na região e na área do empreendimento predomina a caatinga arbustiva arbórea
densa, apresenta porte médio entre 3 a 5 m de altura, com árvores em concentrações
significativas e presença de sub bosque.
Nos locais onde os solos são rasos predomina a caatinga arbustiva arbórea rala,
apresenta um porte médio de até 3 m de altura, com baixa frequência de bosques.
Neste tipo de bosque há uma grande presença de capim panasco (Aristida
adscensionis), capim mimoso (Anthephora hermaphrodita) e plantas forrageiras que
286
aparecem no período chuvoso e logo desaparecem no período seco, associados com
espécies como jurema preto (Mimosa tenuiflora), pinhão bravo (Jatroph pliana),
pereiro, (Aspidosperma pirifolium), xique xique (Cereus Gounelli), Faveleira
(Cnidosculos Phyllacanthus), malva rasteira (Pavonina cancellata), angico
(Anadenanthera macrocarpa), marmeleiro(Croton hemiargyreus), pau branco (Auxema
onconcalyx), e mata pasto (Cassia uniflora) entre outras.
Na situação atual, esta vegetação vem sofrendo fortes impactos antrópicos ao
longo do tempo, sendo destruída em queimadas para dar lugar as áreas de plantações ou
pastagens, bem como no aproveitamento da madeira para construção civil e fins
energético lenha e carvão que atende as várias industrias da região como cerâmicas,
olarias, caeiras padarias e outra industrias. Este importante bioma, que tem provido
grande carga da energia necessária às atividades produtivas dos Estados e a subsistência
das populações locais se torna impressindível a sua conservação.
4.2.2.4.2 - Vegetação Poneira Psamófila
Nas região próximo ao empreendimento mais próximo ao litoral é comum
encontrat um outro padrão de vegetação que se diferencia da vegetação de caatinga
arbustiva ou arbustiva arbórea. Este tipo de vegetação pioneira psamófila ocorre nos
trechos da planície de deflação acompanhando a linha de costa, de forma que se
encontra em ambiente submetido à alta salinidade e solos ácidos, sendo denominadas de
psamófila-halófitas justamente por toleram condições adversas como solos arenosos e
ácidos, ventos fortes e alta concentração de sais.
Nesta zona, a variedade e densidade das espécies vegetais variam bastante,
principalmente, devido às atividades antrópicas existentes no local, contudo, apresenta
uma sucessão primária que se inicia com o estabelecimento das pioneiras do tipo
Ipomoea pes-caprea (salsa-da-praia), Remiria maritima (pinheirinho) e Blutaparon
portulacoides (bredo-da-praia), iniciando logo acima da linha de maré e se estendendo
até a base das dunas estabilizadas, ocupando uma faixa de largura variável. Vale
salientar que a dificuldade desta vegetação alcança um clímax se deve, sobretudo, à
constante movimentação de areia pelos ventos e dinâmicas das marés, desta maneira,
não permitindo o estabelecimento de processos pedogenéticos.
287
Como espécies mais representativas desta unidade bioecológica, destacam-se:
Ipomoea pes-caprae (salsa), Hybanthus ipecacuanha (ipecacuanha), Iresine
portulacoides (bredinho ou pirrixiu), Paspalum vaginatum (capim-de-praia), Paspalum
maritimum (capim-gengibre) e Remirea marítima (pinheirinho-da-praia).
A fauna que ocorre na região é composta principalmente por aves marinhas e
comuns para zonas de tabuleiro pré-litorâneo, as quais se alimentam basicamente de
pequenos insetos, frutos, répteis e artrópodes. Todavia, vale salientar que a fauna desta
zona também está bem representada pelos artrópodes, répteis e moluscos.
A avifauna deste ecossitema tem hábitos terrícolas e são consumidoras de
sementes, insetos e vermes, dentre os representantes destacam-se: Vanellus chilensis
(teteu), Pluvialis squatarola (tarambola-pintada), Pluvialis dominica (tarambola),
Charadrius semipalmatus (maçarico), Charadrius collaris (maçarico-de-colar),
Arenaria interpres (maçarico), Tringa solitaria (maçarico), Tringa flavipes (maçarico),
Tringa melanoleuca (maçaricão), Actitis macularia (maçariquinho), Calidris canutus
(maçarico-de-peito-marrom), Calidris pusilla (maçariquinho), Calidris alba (maçarico-
de-areia), Bartramia longicauda (maçarico-do-campo), Gallinago gallinago (narceja-
pequena), Gallinago undulata (narceja), Sterna hirundo (trinta-réis), Sterna
superficiliaris (trinta-réis), Anous stolidus (andorinha-do-mar) etc.
4.2.2.4.3 - Vegetação Subperenifofia de Dunas
A vegetação subperenifólia de dunas em muitos locais da zona litorânea Ceará e
Rio Grande do Norte se encontra degradada devido à retirada de muitas espécies,
restando ainda alguns vestígios e trechos relativamente conservados. Os sinais destes
impactos são evidenciados devido a perda de recursos naturais, importantes para a
conservação da biodiversidade local, bem como uma relativa descaracterização
paisagística causadas pelos moradores do entorno.
Os desmatamentos causam o avanço de sedimentos, intensificação na lixiviação
dos solos, redução do aquífero subsuperficial e perda da qualidade paisagística. Porém,
a caça predatória também tem contribuído para a redução da fauna local. Além disso,
vale salientar que a criação de animais domésticos de forma extensiva, principalmente
caprinos e ouvinos, também tem causando sérios danos à vegetação pioneira e ao
equilíbio deste ecossistema.
288
No entanto, observa-se que em alguns locais ainda ocorrem significativos
vestígios de vegetação de dunas, as quais são responsáveis por promover a retenção dos
sedimentos e, conseqüêntemente, a fixação das dunas, conservação do relevo e dos
recursos hídricos subsuperficiais. Nestes pontos há o predomínio de espécies de porte
arbóreo e arbustivo, dentre as quais se destacam o Anacardium occidentale (Cajueiro) e
Byrsonima crassifolia (Murici).
Nesta unidade bioecológica, ocorrem muitas espécies pertecentes à avifauna
local, as quais utilizam este ambiente como parte do nicho ecológico. Dentre as aves
levantadas, destacam-se: Mimus gilvus (sabiá-da-paria), Gnorimopsar chopi (graúna),
Icterus icterus (currupião), Coccyzus melacoryphus (papa-lagarta), Columbina picui
(rolinha-branca), Columbina sp (rolinha-cascavel) Buteo magnirostris (gavião-ripino),
Vanellus chilensis (tetéu), Anthus lutescens (tiziu-da-praia), Glaucidium brasilianum
(caboré) e Caracara plancus (carcará).
Dentre os principais representantes da mastofauna local apontados pelos
moradores da região, destaca-se: Felis tigrina (gato-do-mato), Cerdocyon thous
(raposa), Procyon cancrivorus (guaxinim), Didelphis albiventris
(gambá/Caçaco/Timbu), Euphractus sexcinctus (tatu-peba) e Cavia aperea (preá).
A herpetofauna nesta zona está representada, principalmente, por indivíduos
como a Iguana iguana (camaleão), Ameiva ameiva (tejubinha), Tupinambis merianae
(teju), além de algunsofídios como a Philodryas olfersii (cobra-verde), Oxybelis aeneus
(cobra-de-cipó-marrom), Micrurus ibiboboca (cobra-coral), Oxiyrhopus
trigeminus(falsa-coral), Liophis poecylogirus (cobra-de-tabuleiro) e Wagleropsis
merremi (goipeba).
4.2.2.4.4 - Vegetação De Tabuleiro Pré-Litorâneo
A vegetação que cobre o Tabuleiro litorâneo é composta por um complexo
florístico bem caracterizado, com espécies da Caatinga, Mata Seca, Cerrado ou
Cerradão, distribuído nos terraços arenosos litorâneos, planos ou levemente ondulado,
por trás das dunas, marcado pela paisagem formada sobre o areal justapraiano e comum
na região Norte e Nordeste brasileira. Essa vegetação está correlacionada com os
289
depósitos terciários (Plio-Pleistoceno), conhecido como Formação Barreiras, e recoberto
por areias quaternárias (SOUZA, 1997; FERNANDES,1998).
Para Brandão (1995), os Tabuleiros ocorrem na zona litorânea, mais
precisamente sobre a faixa de domínio da Formação Barreiras, e apresentam
diferenciações na percolação da água subterrânea em função das variações
granulométricas existentes (fácies arenosa e argilosa), o que determina o tipo de
cobertura vegetal presente. Estas áreas também são revestidas por duas unidades
ecológicas distintas: a Floresta de Tabuleiro, dominante na fácie argilosa, e uma
associação da caatinga/cerrado, dominante na face arenosa.
Segundo Araújo et al. (1995) e Fernandes (1996), os esforços vêm se
concentrando nas áreas de vegetação de Caatinga em função de sua representatividade
nesse Bioma, tratando as outras formações ou enclaves florísticos, como as Matas
Úmidas e Matas de Tabuleiro, com menos atenção. Todavia, baseado no crescente
número de publicações e surgimento de unidades de conservação (UC’s) nestas zonas
ou adjacentes a estas, verifica-se uma gradativa valorização dessas outras formações por
parte da sociedade.
A vegetação de Tabuleiro litorâneo se caracteriza por apresentar certa densidade,
indivíduos com porte médio de 6 metros e cujas folhas caem em mais de 50% nos
períodos de estiagem. No entanto, esse conjunto vegetacional não se apresenta
homogêneo, dividindo-se em duas feições distintas, vegetação subperenifólia e
vegetação caducifólia (ARAÚJO, 2002)
De acordo com Fernandes (1998), podem ser detectadas no litoral Ceará e do
Rio Grande do Norte algumas manchas com bons representantes das florestas costeiras
com espécies atingindo alturas de 5 a 8 metros, conhecidas como florestas estacionais
esclerofilas de tabuleiro, das quais, destacam-se: Hymenaea courbaril (jatobá),
Copaifera langsdorffii (copaíba), Andira retusa (angelim), Chlorophora tinctoria
(amora silvestre), Vatairea macrocarpa (amargoso) etc.
Além disso, muitas vezes podem ocorrer manchas de Cerrado ou representantes
dessa formação vegetacional na zona de Mata de Tabuleiro, ou mesmo comunidades
florestais semidecíduas, com acentuada esclerofilia de seus componentes e alcançando
de 3 a 5 metros de altura, normalmente deixando espaços entre seus componentes
florísticos, das quais, destacam-se: Strychnos parvifolia (carrasco-preto), Vatairea
macrocarpa (angelim-do-cerrado), Andira retusa (angelim), Coccoloba latifólia
290
(cocoloba), Randia spinosa (guazuticurú), Zanthoxylum syncarpum (limãozinho),
Simarouba versicolor (mata-cachorro/mata-vaqueiro), Bauhinia ungulata (mororó),
Chamaecrista ensiformis (pau-ferro-da-praia/coração-de-nego), Caesalpinia bracteosa
(catingueira), Mouriri guianensis (puçá), Mouriri cearensis (mandapuçá) etc
(FERNANDES, 1998).
Na zona litorânea compreendida entre os Estados de Pernambuco e Piauí, ou
mesmo parte do Maranhão Oriental, ocorrem espécies, por vezes, lenhosas, das quais
podem ser citadas: Curatella americana (lixeira/sambaíba), Qualea grandiflora (pau-
terra), Qualeaparviflora (pau-terrinha), Himatanthus drasticus (janaúba), Andira
laurifólia (angelim), Andiraretusa (angelim), Plathymenia reticulata (vinhatico),
Hancornia speciosa (mangabeira), Hirtella americana (ajuru), Hirtella racemosa
(azeitona-do-mato), Anacardium microcarpum (caju-do-campo), Salvertia
convallariodora (folha-larga), Lippia fruticosa, Hymenaea martiana (jatobá-da-mata),
Jacaranda brasiliana (caroba), Parkia platycephala (visgueiro), Dimorphandra
gardneriana (faveiro), Ouratea fieldingiana (batiputá), Simarouba versicolor (mata-
cachorro), Copaifera langsdorfii (copaíba/pau-d'óleo), Simaba maiana (casar), Anonna
coriacea (araticum), Tabebuia caraiba (ipê-amarelo-do-cerrado), Stryphonodendron
coriaceum (barbatimão), Byrsonima crassifolia (murici), Byrsonima. sericea (murici)
etc.
Verifica-se nesta unidade boiecológica a existência de uma maior diversidade de
espécies que compõem a avifauna, onde seus representantes nidificam e buscam
alimento entre as ramagens, nas copas dos vegetais e também no solo. Dentre as
espécies de ave, destacam-se: Mimus saturninus (sabiá-do-campo), Gnorimopsar chopi
(graúna), Thamnophilus doliatus (choró), Icterus icterus (currupião), Coccyzus
melacoryphus (papa-lagarta), Columbina picui (rolinha-branca), Columbina talpacoti
(rolinha caldo-de-feijão), Columbina diminuta (rolinha-cabocla), Melanotrochilus
fuscus (beija-flor), Empidonax euleri (papa-mosca), Camptostoma obsoletum (papa-
mosquito), Buteo magnirostris (gavião-ripino), Aratinga cactorum (periquito),
Glaucidium brasilianum (caboré), Piculus chrysochloros (pica-pau-verde) e Paroaria
dominicana (campina / galo-campina).
Quanto aos principais representantes da mastofauna, destaca-se: Callithrix
jacchus (soim), Felis tigrina (gato-do-mato), Cerdocyon thous (raposa), Procyon
291
cancrivorus (guaxinim), Didelphis albiventris (gambá/Caçaco/Timbu), Euphractus
sexcinctus (tatu-peba), Cavia aperea (preá) e Oligoryzomys stramineus (rato-do-mato).
Além disso, baseado no levantamento realizado através de observações e relatos
dos moradores da região, a herpetofauna encontra-se representada, principalmente, pela
Iguana iguana (camaleão), Cnemidophorus ocellifer (tejubina), Ameiva ameiva
(tejubinha), Tupinambis merianae (teju), Tropidurus torquatus (calango), etc., tendo-se
entre os ofídios: Philodryas olfersii (cobra-verde), Oxybelis aeneus (cobra-de-cipó-
marrom), Micrurus ibiboboca (cobra-coral), Oxiyrhopus trigeminus (falsa-coral) e
Corallus enydrys (cobra-de-veado).
4.2.2.4.5 - Manguezal
As zonas estuarinas são pontos de comunicação dos rios e oceano, onde ocorrem
intrusões marinhas, podendo até se estender além do limite da influência da maré, além
de serem consideradas como zona importante para manutenção e reprodução de muitas
espécies marinhas e dulcícolas, principalmente as comunidades eurihalinas.
A vegetação de mangue está sujeito ao regime das marés, dominado por espécies
vegetais típicas, às quais se associam a outros componentes vegetais e animais. Mas a
riqueza biológica dos ecossistemas costeiros faz com que essas áreas sejam
consideradas grandes "berçários" naturais para inúmeras espécies de peixes, crustáceos,
moluscos e aves devido a sua alta produtividade dos primeiros níveis tróficos, bem
como a grande disponibilidade de alimentos e recursos naturais (GERCO/PE, 2003).
Este ecossistema tão particular desempenha papel importante na estabilidade da
geomorfologia, na conservação da biodiversidade e na manutenção de amplos recursos
pesqueiros das populações humanas ribeirinhas e costeiras, sendo também uma fonte de
proteína animal com alto valor nutricional (MARITNS et al., 2003).
A mastofauna, avifauna e herpetofauna associadas ao ecossistema de mangue
também estão representadas por um grande número de espécies, as quais utilizam esse
ambiente de grande fluxo energético para manuteção de suas atividades biológicas.
Assim, dentre as aves comuns para essa unidade bioecológica.
Os manguezais são ecossistemas bastante singulares e as especulações
imobiliárias, juntamente com outros empreendimentos industriais, superam a
capacidade de suporte de impactos ambientais destes ambientes, bem como sua
292
capacidade de recuperação, quando comparado ao avanço das atividade antrópicas.
Entretanto, mesmo sendo considerados como Áreas de Preservação Permanente (APP),
de acordo com o Código Florestal - Lei N°. 4.771, de 15 de setembro de 1965 e a
Resolução CONAMA N° 303, de 20 de março de 2002, esses fragmentos florestais
ainda sofrem impactos resultantes destas atividades.
Vale ressaltar que na região próximo ao entorno do empreendimento a presença
de manguezais são pouco significativos.
4.2.2.4.6 - Salgado
As áreas estuarinas são ambientes muito frágeis e vulneráveis devido às pressões
antrópicas, causando diversos desequilíbrios na sua dinâmica natural. Nas regiões
intertropicais, existe um ecossistema particular conhecido manguezal, ou seja, uma zona
costeira de transição entre os ambientes terrestre e marinho sendo característico de
regiões tropicais e subtropicais. Contudo, vale destacar que o ecossistema manguezal
não se restringe apenas à cobertura vegetal, mas também inclui parte da planície
fluviomarinha, salgado e apicum.
Dentre as espécies observadas neste ponto a Ipomoea pes-caprae (salsa), Iresine
portulacoides (bredinho), Sesuvium portulacastrum (beldroega-da-praia), Portulaca
oleracea L. (beldroega), Blutaparon portulacoides (bredo-da-praia), Paspalium
vaginatum (capim-de-praia), Remirea marítima (pinheirinho-da-praia), Conocarpus
erectus L. (mangue-de-botão).
4.2.2.4.7 - Vegetação de Planície Fluvial
As planícies fluviais são regiões que apresentam solos bem drenados, zonas
alagáveis durante os períodos chuvosos, possuem solos relativamente férteis,
favorecendo o desenvolvimento de uma cobertura vegetal com fisionomia de mata de
ciliar, dominada por carnaúbas, que contrasta na maioria das vezes com a vegetação
caducifólia ou subcaducifólia de baixo porte e pouco adensada dos interflúvios
sertanejos.
Dentre as espécies que ocorrem nestas zonas, verifica-se uma predominância de
Copernicia prunifera (carnaúba), que em geral ocorre associada a outras espécies
293
arbóreas como Zizyphus joazeiro (juazeiro), Amburana cearensis (cumaru), Licania
rigida (oiticica), Thiloa glaucocarpa (sipaúba), Lonchocarpus sericeus (ingá-bravo),
Erythrina velutina (mulungu), Luetzelburgia auriculata (pau-mocó), Ximenia
americana (ameixa) e Conocarpus erectus L. (mangue-de-botão).
Na região se destacam duas planícies fluviais, a do vale do Jaguaribe no Ceará
que se estende ao longo do rio Jaguaribe e pelo lado do Rio Grande do Norte a planície
do rio Apodi Mossoró. Estes dois rios são de alto significado econômico e social para
as populações que se estabeleceram ao longo de seus cursos.
4.2.2.5 - Ecossistema Local
O empreendimento encontra se localizado na zona litorânea dos estados do
Ceará e Rio Grande do Norte, que inclui, principalmente, a formação vegetal de
Tabuleiro Pré-litorâneo, sendo observada a presença de uma vegetação herbácea e
arbustivo-arbórea sob influência direta de atividades antrópicas. Tais componentes
arbóreos são remanescentes de uma estrutura vegetacional florestal, matas
escleromórficas e matas secas estacionais litorâneas.
As atividades antrópicas nesta zona vêm afetando diretamente sobre a
composição florística local, considerada pouco complexa em função do histórico do uso
da terra. Além disso, o porte arbustivo de boa parte das propriedades também é outro
fator indicativo referente à intensa exploração econômica da terra para o plantio de
culturas de interesse econômico. No caso específico do empreendimento de vido ao
potencial de cobertura da vegetação local ser bem representativo, este efeito sobre a
flora local ainda não se faz presente, visto que quase 63% das terras ocupadas pelo
empreendimento (3.714) hectares são resguardados por vegetação natural de caatinga
arbustiva arbórea.
4.2.2.5.1 - Vegetação Antrópica
Considera-se como vegetação antrópica aquela constituída por espécies
frutíferas de importância paisagística e comercial, normalmente plantadas em
propriedades como sítios, fazendas e até mesmo quintas das residências.
294
A vegetação antrópica observada na propriedade constitui-se, principalmente,
pela Cucumis melo L. (melão) devido o histórico da exploração da terra. Esta espécie é
uma das principais culturas produzidas na propriedade devido sua adaptação aos solos
da região. Além desta, foram identificadas na mesma propriedade outras espécies
antrópicas, porém, sem fins comerciais como: Asparagus officinalis (aspargo), psidium
guajava (goiabeira), Zea mays (milho), Cucurbita pepo (jerimum), citrullus lanatus
(melancia) e a Mangifera indica (mangueira).
Na zona litorânea nordestina, assim como no interior do nordestino, outras
culturas antrópicas também possuem grande relevância, principalmente para as famílias
de baixa renda, pois influem diretamente no sustendo das mesmas. Normalmente estas
culturas são plantadas no fim da estação chuvosa para o aproveitamento da
disponibilidade de água no solo a fim de garantir alimento para boa parte do ano.
4.2.2.6 - Biocenose
O conceito de "biocenose" (do grego bios, vida, e koinos, comum, público) foi
criado pelo zoólogo alemão K.A. Möbius, em 1877, para ressaltar a relação de vida em
comum dos seres que habitam determinada região, ou seja, estuda o equilíbrio ecológico
entre as comunidades que vivem em um mesmo local.
As condições ambientais encontradas na área visitada revelam atributos naturais
necessários para manutenção de muitas espécies devido à existência de uma área de
cobertura vegetal nativa significativa, que oferece abrigo e alimento para a fauna, bem
como a existência de recursos hídricos.
4.2.2.7 - Possibilidade de Conectividade com Unidades de Conservação (UC’s)
O empreendimento está situado nos municípios de Aracati, Icapuí no Ceará e Tibau no
Rio Grande do Norte, sob influência do Complexo Vegetacional da Zona Litorânea. A cobertura
vegetal local é composta pela vegetação de caatinga inserida no complexo dos Tabuleiros Pré-
Litorâneos do CE e RN em estágio intermediário de regeneração e abriga uma relevante
biodiversidade. Além disso, as áreas não estão diretamente ligadas ou localizadas em áreas
adjacentes a qualquer Unidade de Conservação (UC). No entanto, as UC’s mais próximas dos
imóveis que compreendem o empreendimento são a APA da Praia de Canoa Quebrada (4 mil
295
hectares), Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) de Estevão (200 hectares), APA de
Ponta Grossa (558,67 hectares) e APA do Manguezal da Barra Grande (1.260,31 hectares),
estando as duas primeiras localizadas no município de Aracati – CE e as duas últimas no
município de Icapuí – CE. Do lado do Rio Grande do Norte não há nenhuma unidade de
conservação.
Baseado na localização dos imóveis, os mesmos não tem influência direta sobre as áreas
de amortecimento de 10 km das respectivas áreas de conservação, como previsto pela Resolução
CONAMA Nº 13/90, de 6 de Dezembro de 1990, em função das distâncias para cada uma delas,
ou seja, a primeira e a segunda UC’s distando aproximadamente 50 km, enquanto a terceira a
aproximadamente 25 km e a quarta a 15 km. Mesmo assim, vale destacar a importância da
conservação da área do entorno do Empreendimento para manutenção do ecossistema regional,
bem como o fluxo gênico da biodiversidade.
4.2.2.8 – Objetivos do Inventário Florestal
A caatinga apresenta uma diversidade de fisionomias e um quadro geral de
degradação, sendo importantes os estudos fitossociologicos para a caracterização da
vegetação nas diferentes fácies. Este trabalho teve como objetivo realizar um estudo
fitossociológico do componente arbustivo árboreo com o intuito de caracterizar a
composição florística e a estrutura da caatinga com fitofisionomia relativamente
homogênea nas fazendas pertencentes a Agrícola Famosa.
4.2.2.9 - Aspectos Técnicos, Princípios e Critérios, Inventário Florestal, Cubagem e
Fitossociolgia
Os principais objetivos dos inventários florestais são avaliar a cobertura
florestal; caracterizar os tipos florestais; determinar a composição florística das
espécies; determinar estimativas de volume com controle de precisão, por espécie,
classe de diâmetro, tipo florestal, qualidade do tronco, comprimento de tora, classe e
utilização comercial, por unidade de área, total etc.
Antes de se realizar o Inventário Florestal, foi feito o Mapeamento do Uso e
Ocupação do Solo do imóvel para qualificar e quantificar as unidades geoambientais
existentes, bem como, saber os quantitativos das áreas dos imóveis estão aptas ao uso e
ocupação do solo.
296
Através do mapeamento foi possível qualificar e quantificar os acessos
(estradas) que cortam os imóveis, as áreas com vegetação, áreas de produção agrícola e
de produção de mudas, as áreas antropizadas, áreas administrativas, áreas industrias,
jazidas, área de mata – vegetação arbustiva arbórea, quebra ventos, áreas de Preservação
Permanente – APP e Reserva Legal conforme figura abaixo.
Figura 4.41 – Figura do Uso e Ocupação do solo da Agrícola Famosa Ltda.
297
4.2.2.10 – Vegetação do empreendimento
A cobertura vegetal característica dos imóveis é do tipo “caatinga hiperxerófila”,
isto é decorrente do caráter xerófilo menos acentuado de porte arbustivo arbóreo ou
arbóreo e mais denso quando relacionado com a caatinga hiperxerófila e de tabuleiro.
Tomando como base o estudo de Avaliação do Estoque Lenheiro no Estado do
Rio Grande do Norte; Primeira Etapa, Estratificação e Mapeamento da Vegetação
Nativa Lenhosa através de Composições Coloridas, do Satélite TM LANDSAT 5,
realizado pelo Projeto PNUD/FAO/IBAMA/BRA-87-007, (1992). Classificou o estrato
da vegetação de onde se encontra as fazendas da Agrícola Famosa, como sendo do Tipo
3, ou seja, vegetação arbustiva arbórea fechada, caracterizada por possuir um porte
médio de 3 a 4 m de altura, com presença de sub-bosque. Entre as espécies mais comuns
encontradas na área tem-se: Angélica (Angelica guetarda) Catingueira (Caesalpinia
pyramidalis), Catanduva (Piptadenia meniliformes), Imburana (Busera leptophloeos),
João Mole (Pisonia tomentosa), Jurema Branca (Pithecolobium dumosum), Jurema
Preta (Mimosa tenuiflora), Marmeleiro (Cróton hemiargyreus), Mofumbo (Cobretum
leprosum), Mororó (Bauhinia forficata), Pereiro (Aspidosperma dasycarpon).
298
Figura 4.42 – Aspecto da vegetação da área
Segundo o inventário florestal realizado pelo projeto
PNUD/FAO/IBAMA/BRA-87-007, (1994). Em nível da microrregião Assu/Apodi, os
resultados para o estoque florestal desta tipologia apresentam as seguintes informações:
Densidade: 8.620 árvores /ha
Área basal na base: 11,23 m²/ha
Área basal no peito: 8,99 m²/ha
Volume cilíndrico na base: 48,46 m³/ha
Volume cilíndrico no peito: 39,31 m³/ha
Peso verde: 72,72 ton/ha
Peso seco: 46,80 ton/ha
Volume real: 75,77 m³/ha
Volume empilhado: 257,53 st/há
299
4.2.2.11 - Aspectos Técnicos, Princípios e Critérios do Planejamento Florestal
4.2.2.11.1 - O Inventário Florestal
4.2.2.11.2- Sistema de Amostragem
A amostragem permite aferir a partir de um número reduzido de medições, as
características da população a partir de um conjunto de informações a respeito da
estrutura horizontal da floresta como: abundância das espécies, diâmetro, área basal,
altura, volumes individuais e/ou conjuntos, etc.
Estas aferições são feitas através das médias obtidas em campo e dos parâmetros
escolhidos dos quais se obtém o grau de confiabilidade através da análise estatística. O
sistema de amostragem utilizada no inventário florestal foi a amostragem aleatória,
cujas unidades amostrais (parcelas) de 20 x 20 m (400m²) foram sorteadas inteiramente
ao acaso, dentro da área de mata passível de exploração.
Conforme a Instrução Normativa – IN 03 de 04 2001 / IBAMA, no art. 18, cita
que, para o Plano de Manejo Florestal Sustentável, o erro de amostragem estipulado é
de 20% para o volume real total, com 90% de probabilidade.
4.2.2.11.3- Dados Dendrométricos Coletados
Para caracterização dos parâmetros técnicos com vistas à elaboração do Plano de
Manejo Florestal da área, foram coletados os seguintes dados dendrométricos:
Levantamento das espécies arbustiva arbórea através do nome vulgar
com posterior identificação do nome científico em bibliografia;
Diâmetro na base (DNB), expresso em cm, medido a 0,30 m acima do
nível do solo com suta finlandesa ou fita diamétrica;
Diâmetro no Peito (DAP), expresso em cm, medido a 1,30 m acima do
nível do solo com suta finlandesa ou fita diamétrica;
Altura (H), expressa em m, estimada com aproximação de 0,50 m para
árvores até 5,00 m de altura e de 1,00 m para árvores superiores a 5,00 m.
300
Adotou-se ainda, os seguintes critérios durante as medições:
As árvores com bifurcação ao nível do solo, impossibilitando a medição
do DNB, foram consideradas como árvores separadas;
Foram medidas somente as árvores com DAP acima de 1,5cm, sendo este
o diâmetro mínimo utilizado para lenha;
As espécies que não foram identificadas pelos mateiros e equipe técnica,
são consideradas como árvores indeterminadas;
As árvores mortas foram classificadas pelos nomes vulgares, porém
identificadas como espécies “MORTAS”. O relatório de vitalidade das espécies permite
identificar, grau de sanidade da árvore quanto ao estágio vegetativo da espécie,
indicando se está viva, doente ou morta.
As classes de diâmetro no peito (DAP) e área basal equivalente (ABP ou
G) adotada foram:
Tabela 4.19 - Classes de áreas basais estabelecidas
CLASSE CLASSE NA SUTA
(cm)
CLASSE DE ABP
(cm2)
AMPLITUDE DE
CLASSE (cm2)
I * 1,5 - 7,5 2 - 44 42
II** 7,5 - 10,5 44 - 87 43
III 10,5 - 12,5 87 - 123 36
IV 12,5 - 14,5 123 - 165 42
V > 14,5 > 165 -
* Limite superior coincide com o diâmetro de “garrafa”
** Limite superior coincide com o diâmetro de “litro”
Para cada parcela ou unidade amostral foi marcada, enumerada e
georreferenciada, a marcação em campo foi feita com fita zebrada conforme
foto a seguir.
Os dados coletados em campo foram processados utilizando o Software
INFL Caatinga, desenvolvido e disponibilizado pelo GEF Caatinga.
301
Para desenvolvimento dos cálculos e processamento dos dados, foram
utilizadas várias fórmulas que serão apresentadas no decorrer do desenvolvimento do
documento, por exemplo, o cálculo da área basal (ABP ou G), que é dado pela seguinte
fórmula:
Área basal (ABP ou G)
ABP ou G = 4
².D= 0,7854. ²D
Em que:
π = 3,141593
D = diâmetro altura do peito (1,30 m)
Foto 2- Aspecto da parcela amostral marcada com fita zebrada, sendo georreferenciada.
302
4.2.2.11.4- Cubagem
Para converter os dados do inventário (diâmetro e altura) para os valores de peso
verde, peso seco, volume real e volume empilhado, são necessários definir os fatores de
forma ou as equações de volume para as espécies.
No caso do Rio Grande do Norte, o Projeto PNUD/FAO/IBAMA/BRA-87-007,
(1994) desenvolveu um trabalho para determinação de modelos de equação de peso e
volume para várias espécies, em diferentes tipos florestais da caatinga, que serão
utilizadas como modelo referencial na elaboração deste Plano de Manejo, como segue
na tabela abaixo.
Tabela 4.20 - Modelos matemáticos utilizados
Espécie Densidade
Básica (kg/dm³)
Umidade
% Equação de Peso
Aroeira
Angico
Catingueira
Cumarú
Imburana
Jucá
Jurema branca
Jurema Preta
Marmeleiro
Mofumbo
Mororó
Pereiro
Pau Branco
Sabiá
Demais espécies
0,740
0,787
0,687
0,586
0,420
0,798
0,720
0,821
0,654
0,515
0,814
0,670
0,687
0,802
0,710
31
31
37
44
60
36
32
28
33
52
26
33
30
23
34
Pv = 0,983 + 1.253,616 x ABPH
Pv = 6,138 + 1.253,616 x ABPH
Pv = 2,287 +1.109, 380 x ABPH
Pv = 8,268 + 1093,055 x ABPH
Pv = -4,216 + 1.105,900 x ABPH
Pv = 3,247 + 0,838 x ABP
Pv = 7,021 + 999,202 x ABPH
Pv = 2,868 + 898,419 x ABPH
Pv = 3,121 + 814,212 x ABPH
Pv = 4,030 + 1.174,143 x ABPH
Pv = 2,613 + 608,823 x ABPH
Pv = 1,966 + 915,180 x ABPH
Pv = 6,601 + 546,601 x ABPH
Pv = 1,338 + 686,743 x ABPH
Pv = 0,001 + 1.320,000 x ABPH
303
As equações adotadas são do tipo linear (y = a + bx) onde a variável
independente (x) pode ser a área basal no peito ou na base (ABP, ABB) ou o volume
cilíndrico no peito ou na base (ABP.H, ABB.H) dependendo da espécie. De posse
desses resultados, obteremos a variável calculada, que é o Peso Verde (PV).
PV = a + b.ABP
PV = a + b.ABB
PV = a + b.ABP.H
PV = a + b.ABB.H
Em que:
Pv = Peso seco
a = coeficiente de interceptação o linear
b = coeficiente angular
Os Cálculos dos parâmetros a e b são dados pelas seguintes fórmulas:
N
Xb
N
Pva
.
N
XN
PvXXPv
b²
X²
..
A partir dos valores de umidade e densidade básica de cada espécie, transforma-
se o Peso verde (PV) em Peso seco (Ps) e finalmente em volume real.
304
A determinação da umidade em base úmida (UBU), para cada espécie, é
calculada através da seguinte fórmula:
100(%)Pv
PsPvUBU
A densidade básica (db) é a relação entre o peso seco (Ps) e o volume verde
(VV), podendo ser expressa em g/cm³, Kg/dm³ ou t/m³
Vv
Pvdb
O fator de forma (ff) é dado pela divisão do volume real pelo volume cilíndrico
HABP
Vrff
. ou ainda
db
UBUbff
)1(
No caso específico o fator de forma (ff) adotado para as diferentes espécies foi
de 0,9.
O fator de empilhamento (fe) é dado pela relação entre a densidade da madeira
verde e o peso médio do stéreo (st).
Pst
dbvfe st/m³ 3,4 aindaou ³/0034,0
/3,314
³/07,1dmst
stkg
dmKgfe
Com o fator de empilhamento (fe) 3,40 st/m³ pode-se calcular finalmente o
volume empilhado.
305
Figura 4.44 – Aspecto do metro stéreo (st) de lenha empilhada.
4.2.2.11.5– Análise da Estrutura da Floresta - Fitossociologia
Para que haja um aproveitamento racional e a sobrevivência da vegetação, é
necessário a aplicação de técnicas silviculturais adequada a ecologia da área.
O resultado da análise estrutural permite fazermos deduções sobre a origem,
características ecológicas e sinecológicas, dinamismo e tendências, para o futuro
desenvolvimento da vegetação na área, considerando elementos básicos para o
planejamento do manejo florestal.
Os parâmetros fitossociológicos calculados para a vegetação da área foram:
freqüência, abundância, dominância, índice de valor de importância e índice de
cobertura para cada espécie.
Freqüência
Para o cálculo da freqüência, considera-se a quantidade de indivíduos de cada
espécie, encontrados e identificados por parcela amostrada, podendo ser absoluta ou
relativa. Segundo LAMPRECHT, a freqüência mede a regularidade da distribuição
horizontal de cada espécie sobre o terreno, ou seja, a sua dispersão média.
306
Freqüência absoluta da espécie = % de parcelas em que ocorre uma espécie
Freqüência absoluta = 100 espécies das absoluta Freqüência
espécie da absoluta Freqüência
Abundância ou Densidade
Segundo LAMPRECHT, a abundância ou densidade mede a participação das
diferentes espécies na floresta. Define abundância absoluta como sendo o número total
de indivíduos pertencentes a uma determinada espécie, e diz que a abundância relativa
indica a participação de cada espécie em percentagem do número total de árvores
levantadas na parcela respectivamente, considerando o número total igual a 100% tais
como:
Abundância absoluta (Ab abs.) = n/ha
Abundância relativa (Ab rel.) = 100N/ha
n/ha
Em que:
Ab abs = Abundância absoluta
Ab rel = Abundância relativa
n/ha = número de árvores de cada espécie por hectare
N/ha = Número Total de árvores por hectare.
Dominância
Segundo FINOL, a dominância permite medir a potencialidade produtiva da
vegetação e, constitui um parâmetro útil para a determinação das qualidades de sítio.
SCHMIDT E FŐRSTER afirmam que a Dominância é a medida de projeção
total do corpo da planta e que a Dominância de uma espécie é a soma de todas as
projeções horizontais dos indivíduos pertencentes a esta espécie. Esta projeção se dá
através do cálculo de área basal dos troncos.
307
A dominância absoluta se calculada pela soma das áreas basais dos indivíduos
pertencentes a uma determinada espécie.
A Dominância relativa se calcula em percentagem da soma total das
Dominâncias absolutas (área basal/ha), e seu valor corresponde a participação em
percentagem de cada espécie na expansão horizontal total.
D abs. = g/ha
D rel. = 100G/ha
g/ha
Em que:
D abs. = Dominância absoluta (m²)
D rel. = Dominância relativa (%)
g/ha = Área basal de cada especie/ha
G/ha = Área basal total/ha
4.2.2.12 - Estoque Lenhoso do Inventário Florestal da Agrícola Famosa Ltda.
4.2.2.13 - Resultado Geral do Inventário Florestal por Classe Diamétrica
Na tabela abaixo mostra o resumo do inventário florestal com a distribuição do
potencial da vegetação por classes diamétricas e das principais variáveis em estudo.
Tabela 4.21 – resultado do estoque geral por classe de diâmetro
Classe ARV.
(ind/ha)
ABB
(m2/ha)
ABP
(m2/ha)
ABB.H
(m3/ha)
ABP.H
(m3/há)
P.
Verde
(t/ha)
P.
Seco
(t/ha)
V. Real
(m3/ha)
V.Emp.
(st/ha) %
CL1 1.868 2,56 1,85 8,72 6,31 16,57 10,53 15,62 53,16 24,49
CL2 363 2,23 1,53 9,16 6,38 14,37 9,12 13,57 46,15 21,26
CL3 154 1,70 1,05 7,69 4,83 9,68 6,10 9,07 30,84 14,21
CL4 68 1,11 0,69 5,00 3,11 6,43 4,02 6,08 20,67 9,52
CL5 116 3,69 2,40 19,83 13,31 20,59 12,66 19,48 66,28 30,53
Total 2.568 11,29 7,52 50,40 33,94 67,64 42,43 63,81 217,10 100,0
A vegetação da área é caracterizada por uma densidade de 2.568 indivíduos por
hectare, o resultado da área basal na base e peito foi de 11,29 m²/ha e 7,52 m²/ha
respectivamente, e o volume cilíndrico na base é de 50,40 m3/ha e no Peito, 33,94
308
m3/ha. O Peso verde acumulado foi de 67,64 t/ha, quando convertido para peso seco
alcança 42,43 t/ha, isto é equivalente a um volume real de 63,81 m³/ha, quando
convertido em volume empilhado após aplicar-se o fator de empilhamento obtêm-se o
volume de biomassa de 217,10 st/ha.
A análise da estrutura da população demonstra que 72,74 % dos indivíduos se
encontram na classe I, o que representa 24,49 % do volume empilhado. Esse resultado é
um indicativo de que a área encontra-se ainda em estágio de sucessão.
As demais classes diamétricas de II a V, com 27,26 % dos indivíduos, contém
75,51 % do volume empilhado o que é bastante significativo. Destaque para a classe V,
com 4,52 % dos indivíduos, apresenta 30,53 % volume empilhado (66,28 st/ha). A
altura média encontrada para todas as árvores foi de 4,3 metros.
4.2.2.14 - Diversidade Florestal
No quadro abaixo são apresentados os dados da estrutura horizontal da cobertura
vegetal da área para as 37 (trinta e sete) espécies levantadas, as variáveis estudadas
foram freqüência, abundância ou densidade, dominância, índices de valor de
importância e de cobertura.
A frequência indica o número de parcelas em que as espécies ocorreram.
309
Tabela 4.22 - Estrutura horizontal da vegetação na área
Item Espécie Frequência Abundância Dominância IVI
IVC
Abs.
%
Rel.
%
Abs.
n/ha
Rel.
%
Abs.
g/ha
Rel.
%
1 Ameixa 35,71 2,92 41,071 0,90 0,041 0,30 4,12 1,20
2 Amorosa 28,57 2,34 101,796 2,22 0,274 2,04 6,60 4,26
3 Angélica 42,86 3,51 280,357 6,11 0,430 3,21 12,83 9,32
4 Bom nome 14,29 1,17 32,143 0,70 0,024 0,18 2,05 0,88
5 Barba de sagui 7,14 0,58 3,571 0,08 0,002 0,02 0,68 0,09
6 Bugi 64,28 5,26 80,357 1,75 0,061 0,46 7,47 2,21
7 Burra leiteira 14,29 1,17 7,143 0,16 0,009 0,06 1,39 0,22
8 Camará 7,14 0,58 44,64 0,97 0,031 0,23 1,79 1,21
9 Camboim 14,29 1,17 44,643 0,97 0,032 0,24 2,38 1,21
10 Cardeiro 7,14 0,58 3,571 0,08 0,108 0,81 1,47 0,89
11 Catingueira 85,71 7,02 376,786 8,21 1,368 10,21 25,44 18,42
12 Catanduva 92,86 7,60 1419,643 30,95 6,123 45,68 84,23 76,63
13 Canela de
veado
14,29 1,17 12,500 0,27 0,008 0,06 1,50 0,33
14 Feijão bravo 21,43 1,75 60,714 1,32 0,095 0,71 3,79 2,03
15 Imburana 50,00 4,09 57,143 1,25 0,741 5,53 10,87 6,78
16 João mole 57,14 4,68 96,429 2,10 0,491 3,66 10,44 5,76
17 Juazeiro 14,29 1,17 21,429 0,47 0,036 0,27 1,90 0,73
18 Jurema Branca 78,57 6,43 198,214 4,32 0,439 3,28 14,03 7,60
19 Jucá 28,57 2,34 28,571 0,62 0,082 0,61 3,58 1,24
20 Jurema preta 42,86 3,51 194,643 4,24 0,937 6,99 14,74 11,23
21 Maniçoba 50,00 4,09 41,071 0,90 0,049 0,36 5,35 1,26
22 Maria preta 7,14 0,58 3,571 0,08 0,002 0,01 0,68 0,09
23 Marmeleiro 92,86 7,60 666,071 14,52 0,478 3,57 25,69 18,09
24 Massaranduba 21,43 1,75 32,143 0,70 0,068 0,50 2,96 1,21
25 Mofumbo 21,43 1,75 89,286 1,95 0,093 0,70 4,40 2,64
26 Mororó 78,57 6,43 114,286 2,49 0,080 0,60 9,52 3,09
27 Murici 14,28 1,17 69,643 1,52 0,073 0,54 3,23 2,06
28 Mutamba 14,29 1,17 35,714 0,78 0,164 1,23 3,17 2,00
29 Pau Branco 21,43 1,75 146,429 3,19 0,580 4,33 9,28 7,52
30 Pau d’óleo 7,14 0,58 7,143 0,16 0,010 0,07 0,81 0,23
31 Pereiro 21,43 1,75 32,143 0,70 0,011 0,08 2,54 0,78
32 Pinhão 57,14 4,68 67,857 1,48 0,041 0,30 6,46 1,78
33 Pau leite 21,43 1,75 37,500 0,82 0,032 0,24 2,81 1,05
34 Quixabeira 7,14 0,58 25,000 0,55 0,205 1,53 2,66 2,08
35 Sipaúba 35,71 2,92 92,857 2,02 0,170 1,26 6,21 3,29
36 Ubaia 14,29 1,17 8,929 0,19 0,011 0,08 1,45 0,28
37 Velâme 14,29 1,17 12,500 0,27 0,004 0,03 1,47 0,30
TOTAL 1.221,43 100,00 4.587,500 100,00 13,405 100,00 300,00 200,00
Analisando a estrutura horizontal da vegetação da área, conclui-se que os
resultados ora apresentados demonstram, que o potencial da cobertura florestal está
definido em função de 5 espécies conforme quadro abaixo. Em relação a dispersão das
espécies nas parcelas, 4 espécies se destacam: Catingueira, Catanduva, Jurema branca,
310
Marmeleiro e Mororó, ambas ocorreram em mais de 10 parcelas do total de 14 parcelas
inventariadas.
Tabela 4.23 – Resumo da estrutura horizontal das 5 principais espécies
Espécie % Frequência
Relativa
% Abundância
Relativa
% Dominância
Relativa
1. Angélica
2. Catingueira
3. Catanduva
4. Jurema preta
5. Marmeleiro
3,51
7,02
7,60
3,51
7,60
6,11
8,21
30,95
4,24
14,52
3,21
10,21
45,68
6,99
3,57
Total 29,24 64,03 69,66
O resumo da tabela anterior indica que, a estrutura horizontal da vegetação da
área é formada por 5 espécies que totalizam 29,24% da frequência, 64,03% da
abundância e 69,66% da dominância. Estes resultados indicam que as espécies da área
apresentam potencial para exploração energética, no caso, a lenha.
A espécie com maior destaque é a Catanduva com frequência de 7,60% dos
indivíduos em, abundância de 30,95 % que corresponde a uma área basal (ABB = 4,941
m²/ha), e dominância com 45,68%. Em relação ao do volume empilhado, a Catanduva
apresenta um estoque de 147,25st/ha, o que corresponde a 67,83% do volume total.
4.2.2.15 - Estoque Individual por Espécie
Os valores do estoque individual das espécies encontram-se na tabela a seguir.
311
Tabela 4.24 - Valor do estoque florestal individual por espécie
Item
Espécie
N Arv.
(n/ha)
Altura
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
P. Verde
t/ha
P. Seco
t/ha
Vol.
Real
m³/ha
Vol.
Emp.
st/ha
%
1 Ameixa 23 2,7 0,026 0,023 0,094 0,62 0,09 0,30 0,14
2 Amorosa 57 3,5 0,252 0,153 0,800 0,528 0,74 2,54 1,17
3 Angélica 157 3,3 0,349 0,241 1,770 1,014 1,29 4,39 2,02
4 Bom nome 18 2,7 0,028 0,013 0,045 0,030 0,04 0,14 0,07
5 Barba de sagui 2 4,0 0,002 0,001 0,007 0,004 0,01 0,02 0,01
6 Bugi 45 3,4 0,047 0,034 0,160 0,105 0,15 0,50 0,23
7 Burra leiteira 4 2,0 0,008 0,005 0,013 0,008 0,01 0,04 0,02
8 Camará 25 3,3 0,022 0,018 0,083 0,055 0,08 0,26 0,12
9 Camboim 25 3,1 0,028 0,018 0,084 0,055 0,08 0,27 0,12
10 Cardeiro 2 3,0 0,032 0,061 0,240 0,158 0,22 0,76 0,35
11 Catingueira 211 3,8 1,179 0,766 4,214 2,655 3,87 13,18 6,07
12 Catanduva 795 3,9 4,941 3,429 45,373 28,585 43,30 147,25 67,83
13 Canela de veado 7 2,8 0,005 0,005 0,020 0,013 0,02 0,06 0,03
14 Feijão bravo 34 3,4 0,101 0,053 0,245 0,161 0,23 0,77 0,36
15 Imburana 32 4,2 0,652 0,415 2,808 1,123 2,67 9,12 4,20
16 João mole 54 3,6 0,364 0,275 1,720 1,135 1,60 5,45 2,51
17 Juazeiro 13 3,5 0,054 0,020 0,139 0,092 0,13 0,44 0,20
18 Jurema Branca 111 3,5 0,393 0,246 1,850 1,258 1,75 5,94 2,74
19 Jucá 16 4,2 0,067 0,046 0,439 0,281 0,35 1,20 0,55
20 Jurema preta 109 3,9 0,979 0,525 2,500 1,800 2,19 7,45 3,43
21 Maniçoba 23 3,2 0,040 0,027 0,133 0,088 0,12 0,42 0,19
22 Maria preta 2 3,0 0,001 0,001 4,44 2,93 0,00 0,01 0,01
23 Marmeleiro 373 2,6 0,405 0,268 1,812 1,214 1,86 6,33 2,92
24 Massaranduba 18 3,1 0,054 0,038 0,156 0,103 0,14 0,49 0,23
25 Mofumbo 50 3,4 0,068 0,052 0,424 0,204 0,40 1,34 0,62
26 Mororó 64 2,8 0,070 0,045 0,255 0,188 0,23 0,79 0,36
27 Murici 39 3,3 0,069 0,041 0,186 0,125 0,17 0,59 0,27
28 Mutamba 20 3,9 0,128 0,092 0,485 0,320 0,45 1,53 0,71
29 Pau Branco 82 3,7 0,343 0,325 0,101 0,071 0,10 0,35 0,16
30 Pau d’óleo 4 4,0 0,010 0,005 0,026 0,017 0,02 0,08 0,04
31 Pereiro 18 2,9 0,026 0,006 0,052 0,034 0,05 0,18 0,08
32 Pinhão 38 2,8 0,060 0,023 0,091 0,060 0,09 0,29 0,13
33 Pau leite 21 3,2 0,068 0,018 0,088 0,058 0,08 0,28 0,13
34 Quixabeira 14 3,2 0,215 0,115 0,566 0,374 0,53 1,79 0,82
35 Sipaúba 52 3,5 0,194 0,095 0,610 0,421 0,71 2,41 1,11
36 Ubaia 5 3,0 0,008 0,006 0,033 0,020 0,03 0,09 0,04
37 Velâme 7 2,5 0,003 0,002 0,007 0,005 0,01 0,02 0,01
Total 2.568 11,291 7,506 67,631 42,430 63,81 217,10 100,00
Conforme destacado na tabela anterior, apenas 1 (uma) espécie, apresenta o
maior potencial de biomassa, ou seja, 67,83 % com volume de empilhamento de 147,25
st/ha de um total inventariado de 217,10 st/ha.
312
4.2.2.16 - . Regeneração
Na caatinga, o processo regenerativo da vegetação ocorre de três formas,
dependendo da espécie:
Por sementes;
Por brotação dos tocos;
Por rebrota de raiz.
A prática do uso do fogo, não será permitida a utilização deste método, todas as
três formas de regeneração serão viabilizadas na área explorada. A disponibilidade de
sementes é garantida tanto pelo banco natural de sementes no solo como através da
produção de sementes na mata dos talhões preservados. Além disto, quase todas as
espécies da caatinga se regeneram através da rebrota do toco e pela rebentação das
raízes, o que garante também a regeneração da mata, provavelmente em menor espaço
de tempo, por já ter o sistema radicular formado.
4.2.2.17 - Restrição ao corte
Haverá restrição ao corte, apenas para as espécies de aroeira em vista desta
espécie encontrar-se relacionada na lista das espécies com risco ou ameaçadas de
extinção.
Nas áreas de Reserva Legal - RL e de Preservação Permanente – APP não
haverá exploração de nenhum tipo, permanecendo a mesma intacta.
4.2.2.18 - Tipo de Corte Adotado
O tipo de corte adotado na área será o de corte raso em talhões ou Unidade
Produtiva Anual (UPA).
313
4.2.2.19 Produção
A produção madeireira da área se restringirá à retirada de lenha, cujo destino
será atender a demanda do setor caeiro do município de Governador Dix Sept Rosado.
A previsão da produção a ser manejada, será em função da área a ser explorada e
do rendimento por hectare, conforme os dados obtidos, conforme exposto no quadro a
seguir:
Tabela 4.25 – Resultado da produção madeireira do imóvel
Item Unidade Quantidade
Área ha 943,5177
Rendimento st/ha 153,60
Estoque st 144.924
Poder calorífico total mcal 259,27 x 106
* 1st = 1.789 mcal/st
De posse do resultado do estoque florestal total, prevê-se qual a área e o volume
de biomassa florestal que deverá ser explorado anualmente por talhão ou Unidade
Produtiva Anual (UPA).
De acordo com os dados informados (planejado) no quadro a cima, serão
explorados 15 talhões ou UPAs, totalizando 144.924 st, com um potencial calorífico de
259,27 x 106 mcal.
A cada ano será explorado um talhão, com isso, o sistema de exploração adotado
ocorrerá em 100% do mesmo, conforme planta em anexo, restringindo apenas às
espécies de aroeira (Astronium urundeva), buji (Combretum laxum) e pinhão (Jatropha
ribifolia) que não serão computadas ao estoque total.
4.2.2.20 – Resultado por tipo de uso dos produtos florestais
O aproveitamento da matéria prima florestal pode ser feita na forma de diversos
produtos madeireiros, tais como: lenha, carvão, estaca, mourões, varas etc.. Dentre eles, a
lenha é considerada o menos nobre, ou seja, de menor inversão econômica, muito
embora, tenha viabilidade econômica garantida. No casso específico deste plano de
manejo florestal, a lenha garantirá o suprimento de energia avarias indústrias da região.
314
De acordo com os estudos realizados para o Rio Grande do Norte pelo Projeto
PNUD/FAO/IBAMA/BRA/87/007, Diagnóstico Florestal para o Estado, as
potencialidades da vegetação em função dos produtos florestais podem ser assim
definidos:
» Madeira para estacas e mourões – 6%;
» Madeiras para uso energético (lenha e carvão) 94%.
O resultado do tipo e uso é resultante da separação das espécies florestais de
acordo com sua aptidão de uso individual ou em conjunto de indivíduos, em função das
classes de uso, do diâmetro, e principalmente da espécie.
No quadro abaixo será apresentada a classificação do potencial das espécies por
classe diamétrica conforme sua aptidão de uso.
Tabela 4.26 - Classificação do potencial das espécies florestais por tipo de uso
Tipo de uso Classe (cm) Diâmetro (cm) Espécies
Varas 1 2 a 5 marmeleiro, mororó
Estacas e mourão 2,3, e 4 7 a 14 jurema preta, mororó, sabiá e jurema
amorosa
Lenha e carvão 2 em diante Maior que 2 Todas as espécies
4.2.2.21 – Estoque em função do potencial de uso
Conforme dados obtidos no inventário florestal, obtêm-se os seguintes valores de
estoque unitário de acordo com o tipo de uso:
Tabela 4.27 – Estoque unitário por Tipo de Uso
Produtos Estoque (st/ha) %
Estacas e mourão
Lenha
9,22
144,38
6,00%
94,00
Total 153,60 100,00
315
Tabela 4.28 – Estoque total por Produto
Produtos Rendimento (st/ha) Área (ha) Estoque (st) Estoque
Pro produto
Estacas e mourão (*)
Lenha
9,22
144,38
943,5177
943,5177
8.699,23
136.225,08
260.970 und.
136.225,08 st
Total 153,60 943,5177 144.924,31
(*) 1 st = 30 unidades
4.2.2.22 - Impactos Ambientais e Medidas Mitigadoras
Os impactos ambientais que poderão ocorrer pela implantação do presente Plano
de Manejo Florestal Sustentado, estarão relacionados basicamente à retirada da
cobertura vegetal da área. Porém este impacto é bastante minimizado em função dos
seguintes aspectos:
A utilização do resto do material (galhadas) como cobertura do
solo, impedirá a exposição do solo da ação do tempo e de processos
erosivos, além de incorporar matéria orgânica ao solo;
Não utilizar fogo, sendo este um dos fatores de maior degradação,
por provocar a destruição dos indivíduos, das sementes, raízes, dos tocos,
matéria orgânica, fauna, a microflora e microorganismos, bem como,
provocar a aceleração de processos erosivos;
Por outro lado, pode-se observar que a área apresenta topografia
suave, ondulada a plana, o que contribui na manutenção do equilíbrio do
ecossistema local;
O número de cabeças de gado a serem colocadas na área do Plano
de Manejo Florestal deverá respeitar a capacidade de suporte da vegetação.
O pastoreio na área de manejo poderá ser permitido, desde que
obedeça a critérios relativos à capacidade de suporte, adotado pela
EMBRAPA – CNPC, conforme Tabela abaixo.
316
Tabela 4.29 – Critérios da capacidade de suporte adotado pela EMBRAPA –
CNPC
Vegetação Bovino
(ha/cab.a)
Ovinos
(ha/cab.a)
Caprino
(ha/cab.a)
Caatinga Nativa 10,0 – 12,00 1,5 – 2,0 1,5 – 2,0
Corte Raso 3,4 – 4,5 1,0 – 1,5 0,5 – 0,7
Corte Seletivo 3,0 – 4,0 0,5 – 1,0 0,5 – 1,0
Fonte: EMBRAPA/CNPC, 1997.
4.2.2.23 - Fórmulas, Memória de Cálculo e Análise Estatística.
As fórmulas e memórias de cálculos, não serão apresentadas nesse item,
devido às mesmas terem sido apresentadas no decorrer da elaboração deste plano de
manejo, que podem ser verificadas nos itens anteriores e que se segue.
A análise estatística dos resultados do inventário florestal se deu em função
do volume empilhado para as 14 parcelas amostradas. O Software que processa os
dados do inventário florestal realiza a análise estatística para as variáveis: peso verde,
peso seco, volume real e volume empilhado, por parcela e por hectare. A análise do
inventário se dá conforme critérios e parâmetros estabelecidos pela Norma que
determina um erro pré-estabelecido de 20% com probabilidade de 90%.
317
Tabela 4.30 – Resultado do Volume Empilhado e Análise estatística das 17 parcelas
amostradas
Parcelas Volume empilhado
(st/ha)
01
02
03 04
05
06 07
08
09 10
11
12
13 14
242,82
106,34
96,56 213,10
247,90
167,52 226,59
154,37
174,04 380,20
306,02
220,87
198,55 304,50
Amostras (n) 14
Média ( X ) st/ha 217,10
Desvio Padrão (S) st/ha 78,09
Variância (S2) st/ha 6.097,41
Erro Padrão da média (Sx) 20,87
Coeficiente de Variação (CV) % 35,97
Erro da amostragem absoluto (Ea) st/ha 17,01
Erro da amostragem relativo (Er) % 20,00
Intervalo de confiança (IC) st/ha 180,16 217,10 254,04
Amostragem necessária (und.) 10
4.2.2.24 – Fórmulas Matemáticas
Média: X = n
xin
i
1
Em que:
X = média do volume empilhado
xi = volume de cada parcela
n = número de parcela ou intensidade de amostras
Variância: S²x= 1-n
²)(²
1 n
xx
n
i
318
Desvio Padrão: s = S²x
Erro Padrão da média: S x = n
s
Coeficiente de Variação: CV(%) = 100x
xS
Intervalo de Confiança: IC = X t. S x
Em que:
t = Student - valor tabelado de t para um nível de significância desejado t= 1,761
para 90% de probabilidade.
Erro de Amostragem absoluto: Ea = t.S x
Erro de Amostragem relativo: Er = x
xSt
O estoque médio da área é de 217,10 st/ha, tendo como estoque mínimo 180,16
st/ha e o máximo de 254,04 st/ha. Estes valores se encontram dentro do limite de erro
pré-estabelecido em 20% e 90% de probabilidade.
4.2.2.25 – Resumo do inventário florestal por espécie e classe diamétrica
Nas tabelas a seguir são apresentadas o resumo do inventário florestal da
distribuição das árvores por classe de diâmetro.
319
Tabelas 4.31 - Distribuição das espécies por Classes de Diâmetro
Altura média: 1,3 m
Altura média: 3,1m
Ameixa Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
21
2
-
-
-
2,6
4,0
0,0173
0,0090
-
-
-
0,0178
0,0050
-
-
-
0,0471
0,0359
-
-
-
0,0502
0,0202
-
-
-
66,85
26,66
-
-
-
44,14
17,60
-
-
-
0,06
0,02
-
-
-
0,21
0,08
-
-
-
TOTAL 23 0,0263 0,0228 0,0830 0,0704 93,51 61,75 0,09 0,30
Amorosa Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
36
11
7
4
-
3,2
4,3
4,4
3,8
-
0,0513
0,0663
0,0711
0,0631
-
0,0366
0,0445
0,0366
0,2368
-
0,1746
0,2814
0,3066
0,2368
-
0,1275
0,1841
0,1582
0,1354
-
168,87
243,09
209,02
178,65
-
111,51
160,51
138,02
117,97
-
0,16
0,23
0,19
0,17
-
0,54
0,77
0,66
0,57
-
TOTAL 57 0,2518 0,1535 0,9994 0,6052 799,63 528,00 0,74 2,54
320
Altura média: 3,0m
Altura média: 1,1m
Angélica Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
136
14
5
2
-
3,3
3,6
4,2
4,0
-
0,1719
0,0917
0,0574
0,0275
-
0,1311
0,0519
0,0439
0,0140
-
0,5991
0,3270
0,2380
0,1100
-
0,4559
0,1898
0,1893
0,0561
-
985,97
372,31
311,91
99,69
-
564,96
213,34
178,72
57,12
-
0,72
0,27
0,23
0,07
-
2,45
0,92
0,77
0,25
-
TOTAL 157 0,3485 0,2409 1,2741 0,8911 1.769,88 1.014,14 1,29 4,39
Bom nome Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
16
2
-
-
-
2,7
3,0
-
-
-
0,0188
0,0090
-
-
-
0,0109
0,0022
-
-
-
0,0468
0,0270
-
-
-
0,0271
0,0068
-
-
-
36,12
8,89
-
-
-
23,85
5,87
-
-
-
0,03
0,01
-
-
-
0,11
0,03
-
-
-
TOTAL 18 0,0278 0,0131 0,0738 0,0339 45,00 29,72 0,04 0,14
321
Altura média: 0,8m
Altura média: 0,7 m
Barba de
sagui Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
2
-
-
-
-
4,0
-
-
-
-
0,0022
-
-
-
-
0,0013
-
-
-
-
0,0089
-
-
-
-
0,0050
-
-
-
-
6,67
-
-
-
-
4,40
-
-
-
-
0,01
-
-
-
-
0,02
-
-
-
-
TOTAL 2 0,0022 0,0013 0,0089 0,0050 6,67 4,40 0,01 0,02
Bugi Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
45
-
-
-
-
3,4
-
-
-
-
0,0470
-
-
-
-
0,0342
-
-
-
-
0,1679
-
-
-
-
0,1204
-
-
-
-
159,63
-
-
-
-
105,40
-
-
-
-
0,15
-
-
-
-
0,50
-
-
-
-
TOTAL 45 0,0470 0,0342 0,1679 0,1204 159,63 150,40 0,15 0,50
322
Altura média: 0,4 m
Altura média: 0,7 m
Burra
leiteira Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
4
-
-
-
-
2,0
-
-
-
-
0,0081
-
-
-
-
0,0048
-
-
-
-
0,0162
-
-
-
-
0,0095
-
-
-
-
12,59
-
-
-
-
8,31
-
-
-
-
0,01
-
-
-
-
0,04
-
-
-
-
TOTAL 4 0,0081 0,0048 0,0162 0,0095 12,59 8,31 0,01 0,04
Camará Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
25
-
-
-
-
3,3
-
-
-
-
0,0223
-
-
-
-
0,0175
-
-
-
-
0,0784
-
-
-
-
0,0621
-
-
-
-
82,69
-
-
-
-
54,60
-
-
-
-
0,08
-
-
-
-
0,26
-
-
-
-
TOTAL 25 0,0223 0,0175 0,0784 0,0621 82,69 54,60 0,08 0,26
323
Altura média: 1,4 m
Altura média: 0,6 m
Camboim Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
23
2
-
-
-
3,1
4,0
-
-
-
0,0192
0,0090
-
-
-
0,0111
0,0069
-
-
-
0,0625
0,0359
-
-
-
0,0354
0,0274
-
-
-
47,79
36,29
-
-
-
31,55
23,96
-
-
-
0,05
0,03
-
-
-
0,15
0,11
-
-
-
TOTAL 25 0,0282 0,0180 0,0984 0,0629 84,07 55,51 0,08 0,27
Cardeiro Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
-
-
-
2
-
-
-
-
3,0
-
-
-
-
0,0316
-
-
-
-
0,0606
-
-
-
-
0,0946
-
-
-
-
0,1818
-
-
-
-
239,93
-
-
-
-
158,43
-
-
-
-
0,22
-
-
-
-
0,76
-
TOTAL 2 0,0316 0,0606 0,0946 0,1818 239,93 158,43 0,22 0,76
324
Altura média: 4,4 m
Altura média: 4,5 m
Catingueira Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
130
45
20
9
7
3,5
3,9
3,8
5,6
5,0
0,2676
0,2693
0,2227
0,1456
0,2742
0,1808
0,1525
0,1031
0,1115
0,2185
0,9650
1,0462
0,8468
0,8166
1,3446
0,6607
0,5929
0,4080
0,6212
1,0816
1.030,88
759,78
497,38
709,61
1.216,33
649,45
478,66
313,35
447,05
766,29
0,95
0,70
0,46
0,65
1,12
3,22
2,38
1,56
2,22
3,80
TOTAL 211 1,1794 0,7664 5,0192 3,3644 4.213,98 2.654,80 3,87 13,18
Catanduva Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
434
189
80
36
55
3,4
4,1
4,9
4,6
5,4
0,8398
1,1548
0,8688
0,5864
1,4913
0,6286
0,8241
0,5393
0,3631
1,0740
3,0004
4,7591
4,2579
2,6939
8,0209
2,2430
3,4627
2,6839
1,7100
5,8829
8.929,17
10.900,8
2
7.040,71
4.701,77
13.800,6
7
5.625,38
6.867,51
4.435,65
2.962,12
8.694,42
8,52
10,41
6,72
4,49
13,17
28,98
35,38
22,85
15,26
44,79
TOTAL 795 4,9411 3,4291 22,732
2
15,982
5
45.373,1
3
28.585,0
8
43,30 147,25
325
Altura média: 0,6 m
Altura média: 2,1 m
Canela de
veado Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
7
-
-
-
-
2,8
-
-
-
-
0,0046
-
-
-
-
0,0046
-
-
-
-
0,0139
-
-
-
-
0,0148
-
-
-
-
19,82
-
-
-
-
13,08
-
-
-
-
0,02
-
-
-
-
0,06
-
-
-
-
TOTAL 7 0,0046 0,0046 0,0139 0,0148 19,82 13,08 0,02 0,06
Feijão
bravo Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
30
-
2
-
2
3,4
-
3,5
-
3,6
0,0366
-
0,0237
-
0,0405
0,0219
-
0,0230
-
0,0083
0,1255
-
0,0830
-
0,1459
0,0746
-
0,0805
-
0,0298
98,98
-
106,27
-
39,32
65,36
-
70,17
-
25,97
0,09
-
0,10
-
0,04
0,31
-
0,34
-
0,12
TOTAL 34 0,1008 0,0532 0,3544 0,1849 244,57 161,49 0,23 0,77
326
Altura média: 4,5 m
Altura média: 4,1 m
Imburana Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
14
2
4
5
7
3,4
4,0
5,3
4,5
5,3
0,0269
0,0140
0,0439
0,0825
0,4846
0,0116
4
0,0090
0,0342
0,0422
0,3133
0,0921
0,0561
0,2279
0,3712
3,0721
0,0561
0,0359
0,1750
0,1764
1,9730
122,27
47,23
208,62
217,70
2.212,10
48,91
18,89
83,45
87,08
884,84
0,12
0,04
0,20
0,21
2,11
0,40
0,15
0,68
0,71
7,18
TOTAL 32 0,6519 0,4151 3,8194 2,4164 2.807,93 1.123,17 2,67 9,12
João mole Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
30
9
5
4
5
3,0
3,9
4,0
3,3
6,3
0,0453
0,0597
0,0676
0,0590
0,1320
0,0311
0,0511
0,0581
0,0283
0,1062
0,1386
0,2346
0,2704
0,1950
0,8425
0,0973
0,1995
0,2361
0,0962
0,6729
129,16
263,36
311,76
127,10
888,26
85,28
173,89
205,86
83,92
586,52
0,12
0,24
0,29
0,12
0,83
0,41
0,84
0,99
0,40
2,82
TOTAL 54 0,3636 0,2748 1,6811 1,3020 1.719,63 1.135,47 1,60 5,45
327
Altura média: 2,9 m
Altura média: 4,1 m
Juazeiro Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
9
-
2
2
-
2,5
-
6,0
6,0
-
0,0059
-
0,0202
0,0275
-
0,0042
-
0,0090
0,0069
-
0,0148
-
0,1212
0,1650
-
0,0107
-
0,0539
0,0412
-
13,89
-
71,09
54,43
-
9,17
-
46,94
35,94
-
0,01
-
0,07
0,05
-
0,04
-
0,23
0,17
-
TOTAL 13 0,0536 0,0201 0,3010 0,1058 139,42 92,06 0,13 0,44
Jurema
branca Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
86
16
2
2
5
3,3
4,4
4,0
4,0
4,7
0,0907
0,0978
0,0170
0,0275
0,1596
0,0687
0,0550
0,0081
0,0119
0,1022
0,3209
0,4421
0,0679
0,1100
0,7621
0,2395
0,2623
0,0325
0,0477
0,4911
841,65
374,83
45,05
60,18
528,10
572,32
254,88
30,63
40,93
359,10
0,80
0,35
0,04
0,06
0,50
2,70
1,20
0,14
0,19
1,70
TOTAL 111 0,3926 0,2459 1,7030 1,0731 1.849,80 1.257,87 1,75 5,94
328
Altura média: 2,7 m
Altura média: 4,1 m
Jucá Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
11
2
4
-
-
3,7
4,0
6,0
-
-
0,0187
0,0114
0,0372
-
-
0,0151
0,0050
0,0259
-
-
0,0743
0,0454
0,2230
-
-
0,0604
0,0202
0,1557
-
-
161,72
48,11
229,03
-
-
103,50
30,79
146,58
-
-
0,13
0,04
0,18
-
-
0,44
0,13
0,62
-
-
TOTAL 16 0,0673 0,0460 0,3427 0,2363 438,86 280,87 0,35 1,20
Jurema
preta Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
63
16
11
2
18
3,5
4,3
4,0
4,0
5,0
0,0891
0,1055
0,1250
0,0316
0,6279
0,0619
0,0868
0,0878
0,0050
0,2833
0,3309
0,4564
0,4962
0,1262
3,2270
0,2296
0,3686
0,3625
0,0202
1,4538
385,64
377,23
356,38
23,27
1.357,36
277,66
271,60
256,60
16,75
977,30
0,34
0,33
0,31
0,02
1,19
1,15
1,12
1,06
0,07
4,05
TOTAL 109 0,9791 0,5248 4,6367 2,4347 2.499,89 1.799,92 2,19 7,45
329
Altura média: 1,6 m
Altura média: 0,6 m
Maniçoba Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
21
2
-
-
-
3,0
5,0
-
-
-
0,0258
0,0140
-
-
-
0,0192
0,0080
-
-
-
0,0827
0,0702
-
-
-
0,0611
0,0400
-
-
-
80,55
52,76
-
-
-
53,19
34,84
-
-
-
0,08
0,05
-
-
-
0,25
0,17
-
-
-
TOTAL 23 0,0398 0,0272 0,1529 0,1011 133,32 88,03 0,12 0,42
Maria
preta Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
2
-
-
-
-
3,0
-
-
-
-
0,0006
-
-
-
-
0,0011
-
-
-
-
0,0016
-
-
-
-
0,0034
-
-
-
-
4,44
-
-
-
-
2,94
-
-
-
-
-
-
-
-
-
0,01
-
-
-
-
TOTAL 2 0,0006 0,0011 0,0016 0,0034 4,44 2,94 - 0,01
330
Altura média: 2,5 m
Altura média: 1,3 m
Marmeleiro Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
363
5
4
2
-
2,6
3,8
3,0
3,0
-
0,3073
0,0293
0,0407
0,0275
-
0,2216
0,0140
0,0258
0,0063
-
0,8905
0,1177
0,1220
0,0825
-
0,6243
0,0679
0,0773
0,0189
-
1.644,61
71,99
74,18
20,99
-
1.101,88
48,23
49,70
14,06
-
1,69
0,07
0,08
0,02
-
5,74
0,25
0,26
0,07
-
TOTAL 373 0,4048 0,2677 1,2127 0,7884 1.811,77 1.213,88 1,86 6,33
Massaranduba Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
16
2
-
-
-
3,0
3,5
-
-
-
0,0400
0,0140
-
-
-
0,0289
0,0090
-
-
-
0,1196
0,0491
-
-
-
0,0868
0,0314
-
-
-
114,43
41,47
-
-
-
75,56
27,38
-
-
-
0,11
0,04
-
-
-
0,36
0,13
-
-
-
TOTAL 18 0,0540 0,1687 0,1687 0,1182 155,90 102,94 0,14 0,49
331
Altura média: 1,4 m
Altura média: 1,3 m
Mofumbo Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
48
2
-
-
-
3,4
3,5
-
-
-
0,0571
0,0114
-
-
-
0,0509
0,0013
-
-
-
0,2136
0,0398
-
-
-
0,1850
0,0045
-
-
-
411,75
12,38
-
-
-
197,64
5,94
-
-
-
0,38
0,01
-
-
-
1,31
0,04
-
-
-
TOTAL 50 0,0685 0,0522 0,2534 0,1895 424,14 203,59 0,40 1,34
Mororó Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
63
2
-
-
-
2,8
3,5
-
-
-
0,0586
0,0114
-
-
-
0,0356
0,094
-
-
-
0,1775
0,0398
-
-
-
0,1088
0,0329
-
-
-
230,00
24,69
-
-
-
170,20
18,27
-
-
-
0,21
0,02
-
-
-
0,71
0,08
-
-
-
TOTAL 64 0,0700 0,0450 0,1417 0,1417 254,69 188,47 0,23 0,79
332
Altura média: 1,5 m
Altura média: 2,2 m
Murici Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
36
4
-
-
-
3,3
4,0
-
-
-
0,0460
0,0227
-
-
-
0,0303
0,0105
-
-
-
0,1593
0,0909
-
-
-
0,1020
0,0386
-
-
-
135,00
50,91
-
-
-
90,91
34,29
-
-
-
0,13
0,05
-
-
-
0,43
0,16
-
-
-
TOTAL 39 0,0687 0,0408 0,2502 0,1406 185,91 125,19 0,17 0,59
Mutamba Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
2
14
4
-
-
3,0
4,0
4,0
-
-
0,0006
0,0840
0,0439
-
-
0,0006
0,0665
0,0250
-
-
0,0016
0,3357
0,1755
-
-
0,0016
0,2659
0,0998
-
-
2,22
351,02
131,82
-
-
1,47
231,78
87,04
-
-
-
0,33
0,12
-
-
0,01
1,11
0,42
-
-
TOTAL 20 0,1285 0,0921 0,5128 0,3673 485,06 320,29 0,45 1,53
333
Altura média: 4,2 m
Altura média: 0,8 m
Pau
branco Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
64
11
2
-
5
3,1
5,0
6,0
-
6,7
0,0669
0,0663
0,0170
-
0,1930
0,0651
0,0582
0,0090
-
0,1927
0,2418
0,3282
0,1018
-
1,2948
0,2412
0,3004
0,0539
-
1,3084
78,67
13,24
2,21
-
7,18
55,07
9,27
1,55
-
5,02
0,08
0,01
-
-
0,01
0,27
0,05
0,01
-
0,02
TOTAL 82 0,3432 0,3250 1,9666 1,9039 101,30 70,91 0,10 0,35
Pau
d’óleo Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
4
-
-
-
-
4,0
-
-
-
-
0,0101
-
-
-
-
0,0053
-
-
-
-
0,0404
-
-
-
-
0,0196
-
-
-
-
25,92
-
-
-
-
17,12
-
-
-
-
0,02
-
-
-
-
0,08
-
-
-
-
TOTAL 4 0,0101 0,0053 0,0404 0,0196 25,92 17,12 0,02 0,08
334
Altura média: 0,6 m
Altura média: 1,1 m
Pereiro Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
18
-
-
-
-
2,9
-
-
-
-
0,0258
-
-
-
-
0,0063
-
-
-
-
0,0766
-
-
-
-
0,0175
-
-
-
-
51,66
-
-
-
-
34,46
-
-
-
-
0,05
-
-
-
-
0,18
-
-
-
-
TOTAL 18 0,0258 0,0063 0,0766 0,0175 51,66 34,46 0,05 0,18
Pinhão Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
36
-
2
-
-
2,8
-
3,0
-
-
0,0362
-
0,0237
-
-
0,0222
-
0,0006
-
-
0,1079
-
0,0711
-
-
0,0666
-
0,0016
-
-
88,71
-
2,22
-
-
58,58
-
1,47
-
-
0,08
-
-
-
-
0,28
-
0,01
-
-
TOTAL 38 0,0599 0,0228 0,1790 0,0682 90,94 60,04 0,09 0,29
335
Altura média: 2,3 m
Altura média: 2,5 m
Pau leite Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
18
2
-
-
2
3,0
4,5
-
-
4,0
0,0189
0,0090
-
-
0,0405
0,0084
0,0070
-
-
0,0024
0,0539
0,0404
-
-
0,1621
0,0248
0,0316
-
-
0,0095
33,34
41,66
-
-
12,59
22,02
27,51
-
-
8,31
0,03
0,04
-
-
0,01
0,10
0,13
-
-
0,04
TOTAL 21 0,0684 0,0178 0,2564 0,0659 87,59 57,83 0,08 0,28
Quixabeira Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
4
4
2
-
5
2,0
3,3
3,5
-
3,8
0,0018
0,0254
0,0237
-
0,1645
0,0011
0,0203
0,0170
-
0,0766
0,0036
0,0820
0,0830
-
0,6379
0,0021
0,0655
0,0595
-
0,3018
2,97
86,46
78,40
-
398,41
1,96
57,09
51,77
-
263,07
-
0,08
0,07
-
0,37
0,01
0,27
0,25
-
1,26
TOTAL 14 0,2154 0,1150 0,8065 0,4289 566,23 373,88 0,53 1,79
336
Altura média: 2,3 m
Altura média: 0,6 m
Sipaúba Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
41
7
-
-
4
3,3
4,4
-
-
4,0
0,0647
0,0484
-
-
0,0813
0,0432
0,0288
-
-
0,0230
0,2346
0,2145
-
-
0,3157
0,1593
0,1302
-
-
0,1093
325,06
160,16
-
-
125,00
224,29
110,51
-
-
86,25
0,38
0,19
-
-
0,15
1,29
0,63
-
-
0,49
TOTAL 52 0,1944 0,0950 0,7648 0,3988 610,22 421,05 0,71 2,41
Ubaia Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
5
-
-
-
-
3,0
-
-
-
-
0,0083
-
-
-
-
0,0063
-
-
-
-
0,0271
-
-
-
-
0,0220
-
-
-
-
33,36
-
-
-
-
20,02
-
-
-
-
0,03
-
-
-
-
0,09
-
-
-
-
TOTAL 5 0,0083 0,0063 0,0271 0,0220 33,36 20,02 0,03 0,09
337
Altura média: 0,5 m
4.2.2.26 – Relação das Espécies, Nome Cientifico e Família
A área em estudo apresenta espécies vegetais pertencentes a 2 (duas)
fitofisionomias; a Caatinga e o Tabuleiro.
A caracterização florística da área é composta por 37 (trinta e sete) espécies,
distribuídas em 23 (vinte e três) famílias pertencentes ao bioma Caatinga e 4 (quatro) a
vegetação de Tabuleiro.
Entre os indivíduos inventariados 10 (dez) espécies são comuns as duas
fitofisionomias.
A estrutura horizontal da população está distribuída em 23 (vinte e três) famílias.
As famílias que apresentaram o maior número de espécies foram a Euphorbiaceae com
6 (seis), Leguminosae mimosoideae com 4, Combretacea e Leguminosae
Caesalpinoideae ambas com 3 (três), as famílias Myrtaceae e Sapotaceae, com 2 (duas)
espécies cada; as demais apresentaram uma única espécie, conforme descrito no quadro
a seguir.
Velâme Nº Arv.
n/ha
H média
(m)
ABB
m²/ha
ABP
m²/ha
ABBH
m³/ha
ABPH
m³/ha
P.Verde
Kg/ha
P. seco
Kg/ha
Vol. Real
m³/ha
Vol. Emp.
St/ha
Classe
CL 1
CL 2
CL 3
CL 4
CL 5
7
-
-
-
-
2,5
-
-
-
-
0,0029
-
-
-
-
0,0022
-
-
-
-
0,0077
-
-
-
-
0,0055
-
-
-
-
7,41
-
-
-
-
4,89
-
-
-
-
0,01
-
-
-
-
0,02
-
-
-
-
TOTAL 7 0,0029 0,0022 0,0077 0,0055 7,41 4,89 0,01 0,02
338
Tabela 4.32 - Lista das espécies encontradas na área em estudo.
Nome vulgar Nome científico Família Fitofisionomia / Habitat
Tabuleiro Caatinga
1. Ameixa Xymenia americana Olacaceae X X
2. Amorosa Piptadenia obliqua Mimosaceae X X
3. Angélica Angélica guetarda Rubiaceae X
4. Bom nome Maytenus rigida Celastraceae X
5. Barba de sagui
(Sagüi)
Mimosa sp Leguminosae mimosoideae X
6. Bugi Combretum laxum Combretaceae X
7. Burra leiteira Chamaesyce hyssopifolia
Small Euphorbiaceae
Euphorbiaceae X
8. Camará Lantana camara Verbenaceae X
9. Camboim Eugenia crenata Mirtaceae X
10. Cardeiro Cereus adscendens Cactaceae X X
11. Catingueira Caesalpinia pyramidalis Fabaceae X
12. Catanduva Piptadenia moniliformes Leguminosae mimosoideae X X
13. Canela de veado
Mouriri guianensis Memecylaceae X
14. Feijão bravo Phaseolus sp. Leguminosae papilionoideae X
15. Imburana Bursera leptophloes Burseraceae X
16. João mole Pisonia tomentosa
Nyctaginaceae X X
17. Juazeiro Zizyphus joazeiro Ranaceae X X
18. Jurema branca Pithecolobium dumosum Leguminosae – Mimosoideae X
19. Jucá Caesalpinia ferrea Leguminosae –Caesalpinoideae X
20. Jurema preta Mimosa acutistipula Leguminosae – Mimosoideae X
21. Maniçoba Manihot glaziovii Euphorbiaceae X
22. Maria preta Eupatorium ballotaefolium Compostaceae X
23. Marmeleiro Croton hemiargyreus Euphorbiaceae X
24. Maçaranduba Manilkara rufula Sapotaceae X
25. Mofumbo Combretum leprosum Combretaceae X
26. Mororó Bauhinia forficata Leguminosae – Caesalpinoideae X
27. Murici Malpighia crassifolia Malpiguiaceae X X
28. Mutamba Guazuma ulmifolia Esterculiaceae X X
29. Pau branco Cordia oncocalyx Borraginaceae X
30. Pau d’óleo Copaiba cearensis Leguminosae – Caesalpinoideae X X
31. Pereiro Aspidosperma pyrifolium Apocynaceae X
32. Pinhão Jatropha ribifolia Euphorbiaceae X
33. Pau leite Euphorbia phospherea Euphorbiaceae X
34. Quixabeira Bumelia sertorum Sapotaceae X
35. Sipaúba Thiloa glaucocarpa Combretaceae X X
36. Ubaia Eugenia uvalha Myrtaceae X
37. Velâme Croton campestris Euphorbiaceae X
339
4.2.2. FAUNA
A Caatinga ocupa uma área aproximada de 800.000km2, sendo um dos
principais domínios morfoclimáticos brasileiros.
De acordo com Souza (2004) do ponto de vista científico, a caatinga é um dos
biomas menos conhecidos do Brasil e também um dos mais ameaçados e transformados
pela ação antrópica através dos séculos. A região apresenta extensas áreas degradadas,
com os solos passando por um intenso processo de desertificação, devido
principalmente ao desmatamento (SOUZA, 2004).
Pinha (2008) afirma que a falta de proteção aos ecossistemas e a perda contínua
de recursos biológicos vem causando a extinção de espécies como a ararinha-azul
(Cyanopsitta spixii) e colocando em risco de extinção, espécies como a onça pintada
(Panthera onca) a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) e o pintassilgo-do-nordeste
(Carduellis yarrellii).
Em relação a riqueza de espécies, segundo o MMA (2002), até o momento
foram registradas na caatinga 932 espécies de plantas vasculares, 185 espécies de
peixes, 154 espécies de répteis e anfíbios, 348 espécies de aves e 148 espécies de
mamíferos, com registro de espécies endêmicas, a exemplo de peixes (57%) e aves
(4,3%).
4.2.2.1. Metodologia
4.2.2.1.1 Levantamento de dados
Para realizar o levantamento dos dados primários foram percorridos oito
transectos preexistentes na área que apresentavam diferentes habitats, mas
principalmente amostrando a formação de caatinga hipexerófita (Figura 4.45 A) e as
áreas agricultáveis (Figura 4.45 B) e com edificações aqui chamadas de áreas
antrópicas.
340
Figura 4.45 - Transecto na caatinga hiperxerófita (A) e transecto na área agrícola (B). Fotos: Bruno França, 2010
Essas transecções foram percorridas de forma linear por uma distância de 1 km
cada, sendo identificados os exemplares assim como seus vestígios (rastros e/ou fezes)
que se encontravam tanto em cima do transecto com numa faixa lateral de 20 m devido
ao adensamento da vegetação.
Para auxiliar na detecção de algumas espécies de aves foi utilizada a técnica do
playback onde se reproduz o canto da espécie e espera-se a resposta (Figura 4.46).
Figura 4.46 - Pesquisador percorrendo o transecto utilizando-se de playback. Foto: Juska
Mendonça, 2010
A B
341
O número de indivíduos de cada espécie era anotado em caderneta de campo,
assim como a localização, data, hora, habitat. Assim, pode-se avaliar a abundância de
cada espécie, o período de atividade e o uso dos diferentes habitats.
Complementando o inventário faunístico foram realizadas entrevistas com os
funcionários da Agrícola Famosa perguntando-os sobre que animais eles encontravam
na região e em que localidades. Foram utilizados guias de identificação com fotos e/ou
ilustrações para que os entrevistados indicassem os animais. Também foi realizado um
levantamento bibliográfico em periódicos científicos.
4.2.2.1.2 Identificação e classificação faunística
A classificação taxonômica dos grupos segue a utilizada pela Sociedade
Brasileira de Herpetologia (2010) para anfíbios e Bérnils (2010) para répteis, do Comitê
Brasileiro de Registros Ornitológicos (2011) para a avifauna, Bonvicino (2008) para
roedores, Oliveira & Cassaro (1999) para os felinos e Reis et al. (2006) para os
mamíferos de forma geral e Reis et al. (2007) para os morcegos.
4.2.2.1.3 Análise dos dados
O esforço amostral (curva do coletor) será aferido com base na distância
percorrida nos transectos (Km) e pelo número de espécies obtidas por quilômetro
percorrido.
Em relação à riqueza de espécies em toda a amostra (Sobs) foi representado por
uma curva de acumulação de espécies, plotada em um gráfico que evidencia a
quantidade de esforço amostral empregada durante o período de estudo. De acordo com
o comportamento desta curva pode-se dizer, segundo Chazdon et al. (1998), o número
de espécies que ainda não foram registradas para a área.
Para estimar se a riqueza de espécies obtidas corresponde à prevista para a área
foi utilizado o estimador não-paramétrico Jacknife de primeira ordem (Jack 1). Este é
um procedimento que se fundamenta no número de organismos presentes em uma
amostra e é utilizado para reduzir a subestimativa do número de espécies em uma
assembléia. O Jack 1 é baseado na presença de espécies que ocorrem em uma única
342
unidade amostral (“uniques”) para estimar o número de espécies não observadas
(COLDWELL & CONDDINGTON, 1994).
A diversidade de espécies foi calculada utilizando o Índice de Diversidade de
Shannon-Wiener e de Simpson (H’). O Índice de Diversidade de Simpson é mais
sensível às variações nas espécies mais abundantes e dá a probabilidade de um ou mais
indivíduos retirados ao acaso de uma comunidade pertencerem a espécies diferentes
(KREBS, 1999; MAGURRAN, 2004). Este índice é calculado através da equação:
D= ∑ (pi)²
Onde pi é a proporção de indivíduos da espécie i na comunidade.
O índice de diversidade de Shannon-Wiener é mais sensível ás mudanças na
abundância das espécies raras e assume que os indivíduos são amostrados
aleatoriamente de uma população, assumindo também que todas as espécies estão
representadas na amostra (KREBS, 1999; MAGURRAN, 2004). Este índice é calculado
através da equação:
H= - ∑pilogepi
Onde pi é a proporção de cada espécie na amostra total.
As análises de diversidade foram realizadas com a utilização do software DiVes
v.2.0 (RODRIGUES, 2005).
4.2.2.2. Caracterização Faunística da Agrícola Famosa
4.2.2.2.1 Anfíbios e Répteis (Herpetofauna)
Os anfíbios são valiosos como indicadores da qualidade do ambiente, devido a
suas características morfológicas e fisiológicas, aos aspectos de sua historia natural e,
principalmente, pela sua enorme sensibilidade a alterações de parâmetros físicoquímicos
da água, além do que várias espécies são sensíveis a alterações na estrutura da
vegetação nas vizinhanças dos corpos d`água (BEISWENGER,1988; BLAUSTEIN &
WAKE,1995; FEIO,1998; WEYGOLGT,1989).
Esses animais constituem um elo de suma importância nas cadeias ecológicas,
servindo de alimento para serpentes, aves e mamíferos, além de controlar as populações
de insetos (BASTOS et al., 2003).
343
Durante certo tempo prevaleceu a idéia entre os herpetólogos de que a Caatinga
não tinha fauna própria, admitindo-se que os répteis que ali se encontravam eram os
mesmos eu ocorriam no grande cinturão diagonal de formações abertas que se estende
do Chaco ao Nordeste brasileiro, passando pelo cerrado (VANZOLINI, 1974, 1976,
1988). Hoje, sabe-se que há endemismo na caatinga (RODRIGUES, 1984, 1987, 1988).
A informação oriunda do estudo de répteis da Caatinga é fundamental para a
compreensão da história atual do ecossistema. Apesar disso, o nível de conhecimento
sobre essa fauna é ainda insatisfatório. Conhecem-se hoje, de localidades com a feição
característica das caatingas semi-áridas, 44 espécies de lagartos, 9 espécies de
anfisbenídeos, 47 espécies de serpentes, quatro quelônios e três crocodilianos
(RODRIGUES, 2003).
A área da Agrícola Famosa apresentou uma diversidade herpetológica composta
por 32 espécies, sendo 13 lagartos, um amfisbenídeo, 12 serpentes e seis anfíbios anuros
(Tabela AA).
As famílias Gekkonidae e Teiidae apresentaram o maior número de espécies na
área, ambas com três, sendo que a diversidade de espécies para a família Gekkonidae
representa 50% das espécies descritas no Brasil para essa família. Já a família Teiidae
representa 9,3% e a Phyllodactylidae 16,6% (Figura 4.47).
Figura 4.47 - Diversidade de espécies por família de lagartos e anfisbenídeos na área de
influência da Agrícola Famosa relacionando com a diversidade brasileira para as
mesmas famílias.
344
A família Dipsadidae (N= 4) apresentou a maior diversidade de serpentes na
área, seguida de Colubridae (N= 3) (Figura 4.2.2.2.2). Comparando-se com a
diversidade de espécies para as mesmas famílias descritas para o Brasil, Diapsadidae
representa 1,6%, Elapidae (3,7%), Viperidae (7,1%), Colubridae (8,8%) e Boidae
(16,6%) (Figura 4.48).
Figura 4.48 - Diversidade de espécies por família de serpentes na área de influência da
Agrícola Famosa relacionando com a diversidade brasileira para as mesmas famílias.
Foi possível identificar ocorrendo na área antrópica 17 espécies (Tabela
4.2.2.2.2), sendo uma anfisbênia, três anfíbios anuros, seis serpentes e sete lagartos.
Estas espécies estão distribuídas nas famílias Amphisbaenidae, Iguanidae, Tropiduridae,
Gekkonidae, Phyllodactylidae, Teiidae, Boidae, Dipsadidae, Elapidae, Bufonidae e
Hylidae.
Na formação de Caatinga hiperxerófita 32 espécies (Tabela 4.2.2.2.2) foram
registradas, sendo distribuídas nas famílias Amphisbaenidae, Gymnophthalmidae,
Scincidae, Polychrotidae, Iguanidae, Tropiduridae, Gekkonidae, Phyllodactylidae,
Teiidae, Boidae, Dipsadidae, Viperidae, Elapidae, Bufonidae, Leptodactylidae,
Leiuperidae e Hylidae.
345
As espécies mais abundantes na área são: Cnemidophorus ocellifer (calango) e
Tropidurus torquatus (lagartixa). Foi encontrado em um dos galpões de armazenamento
de mangueiras de irrigação um exemplar de salamanta, Epicrates cenchria (Figura
Figura 4.49 A) e também uma briba, Hemidactylus mabouia (Figura 4.49 B) e
Tropidurus torquatus nas paredes e telhados das edificações (Figura Figura 4.49 C).
Figura 4.49 - Indivíduo de salamanta, Epicrates cenchria (A) e de briba,
Hemidactylus mabouia (B) encontrados no galpão de armazenamento de mangueiras de
irrigação e Tropidurus torquatus no telhado de um alojamento na Agrícola Famosa (C). Fotos: Bruno França, 2010
As espécies mais frequentemente observadas nessa área são o calango
(Cnemidophorus ocellifer), a lagartixa (Tropidurus torquatus) e o teju (Tupinambis
merianae).
A falta de corpos de água na área justificam a baixa diversidade de anfíbios,
composta apenas por seis espécies (tabela 4.34).
Todas as espécies registradas nessa área possuem uma ampla distribuição
geográfica no Nordeste para a formação de Caatinga e não constam na lista brasileira de
fauna ameaçada de extinção.
A B
C
346
Durante a realização dos transectos na área de influência da Agrícola Famosa foi
detectado apenas cinco espécies de répteis, sendo três lagartos e duas serpentes. Como
se observa na Tabela 4.33, a espécie que apresentou uma maior abundância absoluta foi
Cnemidophorus ocellifer (19,3 ind/km²), seguida de Tropidurus torquatus (5 ind/km²).
Tabela 4.33 - Lista de répteis registrados durante os transectos realizados na área de
influência da Agrícola Famosa. Legenda: Transecto – T1 = Transecto 1, T2 = Transecto
2, T3 = Transecto 3, T4 = Transecto 4, T5 = Transecto 5, T6 = Transecto 6, T7 =
Transecto 7, T8 = Transecto 8.
Espécie
Transecto
Nº de
Contato
s
Abundânc
ia
Relativa
(ind/km)
Abundânc
ia
Absoluta
(ind/km²) T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8
Philodryas nattereri 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0,0001 0,6
Tropidurus torquatus 0 0 4 0 0 2 0 2 8 0,0010 5
Cnemidophorus
ocellifer 0 0 2 4 6 11 4 4 31 0,0038 19,3
Tupinambis merianae 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0,0001 0,6
Boa cosntrictor 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0,0001 0,6
Índice de Diversidade de Shanon-
Winer H': 0,3505
Índice de Diversidade de Simpson Ds: 0,8873
Algumas espécies puderam ser fotografadas durante os transectos, como o
calango (Figura 4.50 A) pode ser observado principalmente na borda da mata, assim
como o teju (Figura 4.50 B) e a jibóia (Figura 4.50 C).
347
Figura 4.50 - Calango, Cnemidophorus ocellifer observado sobre o folhiço na borda da
mata (A); teju, Tupinambis merianae encontrado forrageando na estrada próximo a
borda da mata; (C) jibóia . Fotos: A - Bruno França, 2010, B – Adailton Epaminondas, 2009,
C – IBAMA, 2009
Ao analisar o esforço amostral ilustrado pela curva do coletor pode-se constatar
que a mesma apresenta um padrão crescente de diversidade, indicando ainda não foi
atingido à totalidade ou proximidade da diversidade da área (Figura 4.51).
A B
C
348
Figura 4.51 - Curva de acúmulo de espécies para a área de influência da Agrícola
Famosa de acordo com a distância percorrida nos transectos.
O índice de diversidade de Shanon-Winer foi H': 0,3505 e o índice de
diversidade de Simpson foi Ds: 0,8873. Utilizando-se do estimador de diversidade
Jacknife 1 obteve-se uma curva ainda crescente na riqueza de espécies (Figura 4.52), o
que indica que o número total de espécies para a área não foi alcançado com os
transectos. Fato comprovado pelas espécies que foram indicadas nas entrevistas com os
funcionários do empreendimento.
349
Figura 4.52-. Curva de diversidade obtida com o estimador Jacknife 1 durante os
transectos na área de influência da Agrícola Famosa.
350
Tabela 4.34. Lista das espécies de répteis e anfíbios para a área de influência da Agrícola Famosa. Legenda: Status de Conservação - AE =
Ameaçado de Extinção e NA = Não Ameaçado de Extinção; Tipo de Registro - V = Visual, A = Auditivo, E = Entrevista e B = Bibliografia;
Habitat – CH = Caatinga Hiperxerófita e AA = Área Antrópica.
Taxon Nome Popular Abundância
Status de
Conservação
Tipo de
Registro
Habitat
AE NA CH AA
Classe Reptilia
Ordem Squamata
Família Amphisbaenidae
Amphisbaena alba Linnaeus, 1758 Cobra de duas cabeças - - X E X X
Família Iguanidae
Iguana iguana (Linnaeus, 1758) Camaleão; Iguana 1 - X V X X
Família Polychrotidae
Polychrus acutirostris Spix, 1825 Calango cego - - X E X -
Família Tropiduridae
Tropidurus torquatus (Wied, 1820) Lagartixa 8 - X V X X
Família Gekkonidae
Hemidactylus agrius Vanzolini, 1978 Lagartixa 1 - X V X -
Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818) Briba 1 - X V X X
Lygodactylus klugei (Smith, Martin & Swain, 1977) Lagartixinha 1 - X V X -
Família Phyllodactylidae
351
Gymnodactylus darwinii (Gray, 1845) Lagarto 1 - X B X -
Gymnodactylus geckoides Spix, 1825 Lagarto 1 - X V X X
Família Teiidae
Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) Bico doce - - X E X X
Cnemidophorus ocellifer (Spix, 1825) Calango 31 - X V X X
Tupinambis merianae (Duméril & Bibron, 1839) Teju 1 - X V X X
Família Gymnophthalmidae
Vanzosaura rubricauda (Boulenger, 1902)
Lagarto de cauda
vermelha - - X
E
X -
Família Scincidae
Mabuya heathi Schmidt & Inger, 1951 Lagarto 1 -
V X -
Família Boidae
Boa constrictor Linnaeus, 1758 Jibóia 1 - X V X X
Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758) Salamanta 1 - X V X X
Família Colubridae
Drymarchon corais (Boie, 1827) Papa ovo - - X E X -
Leptophis ahaetulla (Linnaeus, 1758) Cobra de cipó - - X E X -
Oxybelis aeneus (Wagler, 1824) Cobra de cipó - - X E X -
Família Dipsadidae
Apostolepis cearensis Gomes, 1915 Falsa coral - - X E X -
352
Oxyrhopus trigeminus Duméril, Bibron & Duméril,
1854 Falsa coral - - X
E
X X
Philodryas nattereri Steindachner, 1870 Corre campo 1 - X V X X
Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) Cobra verde - - X E X -
Família Elapidae
Micrurus ibiboboca (Merrem, 1820) Coral verdadeira - - X E X X
Família Viperidae
Bothropoides erythromelas (Amaral, 1923) Jararaca da seca - - X E X -
Caudisona durissa (Linnaeus, 1758) Cascavel - - X E X -
Classe Amphibia
Ordem Anura
Família Bufonidae
Rhinella granulosa (Spix, 1824) Sapo 1 - X A X X
Rhinella jimi (Stevaux, 2002) Sapo cururu 1 - X A X X
Família Hylidae
Scinax similis (Cochran, 1952) Perereca 1 - X A X X
Scinax x-signatus (Spix, 1824) Perereca 1 - X A X -
Família Leiuperidae
Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 Rã cachorro 1 - X A X -
Família Leptodactylidae
353
Leptodactylus natalensis A. Lutz, 1930 Caçote 1 - X A X -
354
4.2.2.2.2 Aves
As aves representaram o maior grupo terrestre observado na área de influência
do empreendimento. A avifauna pela sua diversidade de espécies e ocupação de papéis
ecológicos chave, é um dos mais eficientes indicadores da qualidade ambiental. O
conhecimento já existente sobre a ecologia do grupo é suficiente para selecionar e
utilizar certas aves como indicadoras das condições ambientais (GONZAGA, 1985).
Assim, merecem atenção especial os táxons endêmicos e as espécies ameaçadas de
extinção.
Segundo Eken et al. (2004) por serem bioindicadoras, as aves são comumente
utilizadas na identificação de áreas de endemismos e naquelas consideradas prioritárias
para conservação. Olmos (2005) destaca que este processo deve considerar quais as
espécies em maior risco de extinção e onde se concentram estas espécies, seus habitas e
comunidades ameaçadas.
Apesar do pouco conhecimento sobre os endemismos do bioma, sabe-se que
2,9% das espécies da caatinga são endêmicas (SILVA et al., 2003) o que a levou a ser
classificada como uma EBA pela BirdLife International.
Espécies endêmicas são aquelas de distribuição restrita, sendo próprias de
determinadas regiões, seja por decorrência de fatores ecológicos específicos de
determinadas regiões ou devido a alterações geográficas drásticas. As aves endêmicas
são aquelas com área de distribuição inferior a 50.000 km², conforme exposto
anteriormente.
Espécies de distribuição restrita tendem a ser raras, pois além da pequena
distribuição normalmente tem pouca abundância populacional, o que as levam a um
duplo risco de extinção. Segundo Fonseca, Pinto & Rylands (1997) espécies endêmicas
respondem mais rapidamente a fragmentação dos habitats, tornando-se mais suscetíveis
as ameaças, e, portanto devendo ser protegidas em Unidades de Conservação da
Natureza.
A análise dos transectos na área mostram um índice de diversidade de Shanon
de H’: 1,37 e Simpson de Ds: 0,9862, registrando 32 espécies, tendo suas abundâncias
relativa e absoluta demonstradas na Tabela 4.35. Quando somamos as espécies
registradas fora do período de transecto o número de espécies sobe para 95 (Tabela
4.36).
355
Tabela 4.35. Lista de espécies de aves registradas nos transectos na área de influência
da Agrícola Famosa.
Espécie
Nº de
Contatos
Abundância
Relativa (ind/km)
Abundância
Absoluta (ind/km²)
Penelope jacucaca 5 0,0006 3,13
Cathartes aura 3 0,0003 1,88
Cathartes burrovianus 6 0,0007 3,75
Coragyps atratus 1 0,0001 0,63
Rupornis magnirostris 3 0,0003 1,88
Caracara plancus 1 0,0001 0,63
Columbina passerina 11 0,0013 6,88
Patagioenas picazuro 3 0,0003 1,88
Aratinga cactorum 6 0,0007 3,75
Chrysolampis mosquitus 1 0,0001 0,63
Chlorostilbon lucidus 10 0,0012 6,25
Picumnus limae 2 0,0002 1,25
Taraba major 1 0,0001 0,63
Sakesphorus cristatus 2 0,0002 1,25
Thamnophilus capistratus 4 0,0005 2,50
Thamnophilus torquatus 6 0,0007 3,75
Formicivora melanogaster 10 0,0012 6,25
Hemitriccus margaritaceiventer 10 0,0012 6,25
Todirostrum cinereum 1 0,0001 0,63
Tyrannus melancholicus 3 0,0003 1,88
Myiarchus tyrannulus 2 0,0002 1,25
Cyclarhis gujanensis 3 0,0003 1,88
Cyanocorax cyanopogon 18 0,0022 11,25
Cantorchilus longirostris 6 0,0007 3,75
Polioptila plumbea 10 0,0012 6,25
Mimus saturninus 4 0,0005 2,50
Coereba flaveola 1 0,0001 0,63
Tangara sayaca 3 0,0003 1,88
Sporophila albogularis 6 0,0007 3,75
Lanio pileatus 13 0,0016 8,13
Paroaria dominicana 1 0,0001 0,63
Euphonia chlorotica 4 0,0005 2,50
Índice de Diversidade de
Shanon-Winer H': 1,3729
Índice de Diversidade de
Simpson Ds: 0,9862
356
A maioria das espécies de aves encontradas na área de estudo apresenta uma
grande plasticidade ambiental, ou seja, podem ser encontrados em vários tipos de
fitofisionomias no estado do Rio Grande do Norte e no Ceará como em campos, na
caatinga, em áreas úmidas e inclusive em áreas antropizadas. Podemos citar como
espécies comuns nos campos: o inhambu-chororó (Crypturellus parvirostris), a
codorna-amarela (Nothura maculosa), a rolinha-cinzenta (Columbina passerina)
(Figura 4.53 A), o anu-preto (Crotophaga ani) (Figura 4.53 B ), o anu-branco (Guira
guira) (Figura 4.53 C) e a sabia da praia (Mimus gilvus) (Figura 4.53 D). Estas também
puderam ser observadas na área da Agrícola Famosa.
Figura 4.53. Espécies de aves comuns nos campos: Columbina passerina (A),
Crotophaga ani (B), Guira guira (C) e Mimus gilvus (D). (Fotos: Bruno França, 2010).
Na Caatinga da área de influência do empreendimento apresenta espécies típicas
do referido bioma, tais como o periquito-da-caatinga (Aratinga cactorum), o pica-pau-
anão-da-caatinga (Picumnus limae), a choca-do-nordeste (Sakesphorus cristatus)
(Figura 4.54 A), a choca-barrada-do-nordeste (Thamnophilus capistratus) (Figura 4.54
B), gralha-cancã (Cyanocorax cyanopogon), o golinho (Sporophila albogularis) (Figura
A B
C D
357
4.54 C), o cardeal-do-nordeste (Paroaria dominicana) (Figura 4.54 D) e a jacucaca
(Penelope jacucaca).
Figura 4.54. Espécies de aves típicas da caatinga: Sakesphorus cristatus (A),
Thamnophilus capistratus (B), Sporophila albogularis (C) e Paroaria dominicana (D). Fotos: Bruno França, 2010
Nas áreas antropizadas e pode-se observar o quero-quero (Vanellus chilensis)
(Figura 4.55 A), a coruja-buraqueira (Athene cunicularia), a lavadeira-mascarada
(Fluvicola nengeta), a polícia-inglesa-do-sul (Sturnella superciliaris) (Figura 4.55 B), o
cambacica (Coereba flaveola) (Figura 4.55 C) e o pardal (Passer domesticus) (Figura
4.55 D).
A B
C D
358
Figura 4.55. Aves observadas nas áreas antrópicas: Vanellus chilensis (A), Sturnella
superciliaris (B), Coereba flaveola (C) e Passer domesticus (D). Fotos: Bruno França,
2010
As aves de rapina também utilizam as áreas de plantação após a colheita para
caçar, como por exemplo: o caracará (Caracara plancus) (Figura 4.56 A), o gavião-
carijó (Rupornis magnirostris), o gavião-caboclo (Heterospizias meridionalis) (Figura
4.56 B), o gavião-peneira (Elanus leucurus), o gavião-de-rabo-branco (Geranoaetus
albicaudatus) (Figura 4.56 C) e o falcão-de-coleira (Falco femoralis) (Figura 4.56 D).
A B
C D
359
Figura 4.56 - Aves de rapina utilizando as plantações como área de caça e descanso:
Caracara plancus (A), Heterospizias meridionalis (B), Geranoaetus albicaudatus (C) e
Falco femoralis (D). Fotos: Bruno França, 2010
A B
C D
360
Tabela 4.36. Lista das espécies de aves registradas para a Área de Influência da Agrícola Famosa. Legenda: Status de Conservação - AE =
Ameaçado de Extinção e NA = Não Ameaçado de Extinção; Tipo de Registro - V = Visual, A = Auditivo, E = Entrevista e B = Bibliografia;
Habitat – CH = Caatinga Hiperxerófita e AA = Área Antrópica.
Taxon Nome Popular
Status de
Conservação Tipo de
Registro
Habitat
AE NA CH AA
Ordem Tinamiformes
Família Tinamidae
Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827) inhambu-chororó
X E, B X
Nothura maculosa (Temminck, 1815) codorna-amarela
X A X
Ordem Galliformes
Família Cracidae
Penelope jacucaca Spix, 1825 jacucaca X
V X
Ordem Ciconiiformes
Família Ardeidae
Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758) garça-vaqueira
X V
X
Ordem Cathartiformes
Família Cathartidae
Cathartes aura (Linnaeus, 1758) urubu-de-cabeça-vermelha
X V X X
Cathartes burrovianus Cassin, 1845 urubu-de-cabeça-amarela
X V X X
Coragyps atratus (Bechstein, 1793) urubu-de-cabeça-preta
X V X X
361
Ordem Accipitriformes
Família Accipitridae
Elanus leucurus (Vieillot, 1818) gavião-peneira
X V X X
Heterospizias meridionalis (Latham, 1790) gavião-caboclo
X V X X
Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) gavião-carijó
X V X X
Geranoaetus albicaudatus (Vieillot, 1816) gavião-de-rabo-branco
X V X X
Ordem Falconiformes
Família Falconidae
Caracara plancus (Miller, 1777) caracará
X V X X
Falco femoralis Temminck, 1822 falcão-de-coleira
X V X X
Ordem Cariamiformes
Família Cariamidae
Cariama cristata (Linnaeus, 1766) seriema
X E, B X X
Ordem Charadriiformes
Família Charadriidae
Vanellus chilensis (Molina, 1782) quero-quero
X V
X
Família Jacanidae
Jacana jacana (Linnaeus, 1766) jaçanã
X E, B
X
Ordem Columbiformes
Família Columbidae
362
Columbina passerina (Linnaeus, 1758) rolinha-cinzenta
X V X X
Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa
X V X X
Columbina picui (Temminck, 1813) rolinha-picui
X V X X
Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) pombão
X V X
Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 juriti-pupu
X A X
Ordem Psittaciformes
Família Psittacidae
Aratinga cactorum (Kuhl, 1820) periquito-da-caatinga
X V X X
Forpus xanthopterygius (Spix, 1824) tuim
X E, B X
Ordem Cuculiformes
Família Cuculidae
Crotophaga ani Linnaeus, 1758 anu-preto
X V X X
Guira guira (Gmelin, 1788) anu-branco
X V X X
Ordem Strigiformes
Família Tytonidae
Tyto alba (Scopoli, 1769) coruja-da-igreja
X E, B X
Família Strigidae
Megascops choliba (Vieillot, 1817) corujinha-do-mato
X V X
Athene cunicularia (Molina, 1782) coruja-buraqueira
X V
X
Ordem Caprimulgiformes
363
Família Nyctibiidae
Nyctibius griseus (Gmelin, 1789) mãe-da-lua
X E, B X
Família Caprimulgidae
Antrostomus rufus (Boddaert, 1783) joão-corta-pau
X A X
Hydropsalis albicollis (Gmelin, 1789) bacurau
X V X
Hydropsalis parvula (Gould, 1837) bacurau-chintã
X V X
Hydropsalis hirundinacea (Spix, 1825) bacurauzinho-da-caatinga
X B X
Ordem Apodiformes
Família Trochilidae
Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) beija-flor-tesoura
X V X X
Chrysolampis mosquitus (Linnaeus, 1758) beija-flor-vermelho
X V X
Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) besourinho-de-bico-vermelho
X V X X
Amazilia fimbriata (Gmelin, 1788) beija-flor-de-garganta-verde
X V X
Ordem Trogoniformes
Família Trogonidae
Trogon curucui Linnaeus, 1766 surucuá-de-barriga-vermelha
X E, B X
Ordem Galbuliformes
Família Galbulidae
Galbula ruficauda Cuvier, 1816 ariramba-de-cauda-ruiva
X E, B X
Família Bucconidae
364
Nystalus maculatus (Gmelin, 1788) rapazinho-dos-velhos
X E, B X
Ordem Piciformes
Família Picidae
Picumnus limae Snethlage, 1924 pica-pau-anão-da-caatinga X
V X
Veniliornis passerinus (Linnaeus, 1766) picapauzinho-anão
X V X
Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) pica-pau-verde-barrado
X E, B X
Ordem Passeriformes
Família Thamnophilidae
Taraba major (Vieillot, 1816) choró-boi
X V X
Sakesphorus cristatus (Wied, 1831) choca-do-nordeste
X V X
Thamnophilus capistratus Lesson, 1840 choca-barrada-do-nordeste
X V X
Thamnophilus torquatus Swainson, 1825 choca-de-asa-vermelha
X V X
Thamnophilus pelzelni Hellmayr, 1924 choca-do-planalto
X B X
Myrmorchilus strigilatus (Wied, 1831) piu-piu
X B X
Formicivora melanogaster Pelzeln, 1868 formigueiro-de-barriga-preta
X V X
Família Dendrocolaptidae
Dendroplex picus (Gmelin, 1788) arapaçu-de-bico-branco
X B X
Família Rhynchocyclidae
Tolmomyias flaviventris (Wied, 1831) bico-chato-amarelo
X B X
Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766) ferreirinho-relógio
X V X
365
Hemitriccus margaritaceiventer (d'Orbigny &
Lafresnaye, 1837) sebinho-de-olho-de-ouro
X V X
Família Tyrannidae
Myiopagis viridicata (Vieillot, 1817) guaracava-de-crista-
alaranjada
X B X
Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) risadinha
X V X
Phaeomyias murina (Spix, 1825) bagageiro
X B X
Cnemotriccus fuscatus (Wied, 1831) guaracavuçu
X B X
Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) lavadeira-mascarada
X B X
Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) suiriri-cavaleiro
X B X
Myiozetetes similis (Spix, 1825) bentevizinho-de-penacho-
vermelho
X V
X
Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) bem-te-vi
X V
X
Myiodynastes maculatus (Statius Muller,
1776) bem-te-vi-rajado
X B X
Empidonomus varius (Vieillot, 1818) peitica
X B X
Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 suiriri
X V X X
Casiornis fuscus Sclater & Salvin, 1873 caneleiro-enxofre
X B X
Myiarchus tyrannulus (Statius Muller, 1776) maria-cavaleira-de-rabo-
enferrujado
X V X
366
Família Vireonidae
Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) pitiguari
X V X
Família Corvidae
Cyanocorax cyanopogon (Wied, 1821) gralha-cancã
X V X
Família Hirundinidae
Progne chalybea (Gmelin, 1789) andorinha-doméstica-grande
X V
X
Família Troglodytidae
Troglodytes musculus Naumann, 1823 corruíra
X E, B
X
Cantorchilus longirostris (Vieillot, 1819) garrinchão-de-bico-grande
X V X
Família Polioptilidae
Polioptila plumbea (Gmelin, 1788) balança-rabo-de-chapéu-preto
X V X
Família Turdidae
Turdus leucomelas Vieillot, 1818 sabiá-barranco
X E, B X
Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850 sabiá-poca
X E, B X
Família Mimidae
Mimus gilvus (Vieillot, 1807) sabiá-da-praia
X V X
Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) sabiá-do-campo
X V X X
Família Coerebidae
Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) cambacica
X V X X
Família Thraupidae
367
Tachyphonus rufus (Boddaert, 1783) pipira-preta
X E, B X
Lanio pileatus (Wied, 1821) tico-tico-rei-cinza
X V X
Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) sanhaçu-cinzento
X V X X
Tangara palmarum (Wied, 1823) sanhaçu-do-coqueiro
X E, B X X
Tangara cayana (Linnaeus, 1766) saíra-amarela
X B X
Paroaria dominicana (Linnaeus, 1758) cardeal-do-nordeste
X V X X
Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) saí-azul
X B X
Família Emberizidae
Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) tiziu
X E, B X X
Sporophila albogularis (Spix, 1825) golinho
X V X X
Família Cardinalidae
Cyanoloxia brissonii (Lichtenstein, 1823) azulão
X E, B
X
Família Parulidae
Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830) pula-pula
X B X
Basileuterus flaveolus (Baird, 1865) canário-do-mato
X B X
Família Icteridae
Icterus cayanensis (Linnaeus, 1766) encontro
X V X X
Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819) garibaldi
X V
X
Sturnella superciliaris (Bonaparte, 1850) polícia-inglesa-do-sul
X V
X
Família Fringillidae
368
Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) fim-fim
X V X
Família Passeridae
Passer domesticus (Linnaeus, 1758) pardal X V X
369
4.2.2.2.2.1 Aves Ameaçadas de Extinção
Espécies ameaçadas são aquelas cuja população está em declínio, podendo ser
classificadas como vulneráveis, em perigo ou criticamente em perigo de extinção, de
acordo com os critérios adotados pelo Livro Vermelho da IUCN. Também podem ser
classificadas como quase ameaçadas ou extintas na natureza (PINHA, 2008).
A principal ameaça às aves nas Américas é a perda do seu habitat, sendo este
sozinho, o principal risco de extinção ás aves ameaçadas no Novo Mundo. Apesar do
comércio ilegal, também representar importante risco, raramente é o principal fator de
risco para uma espécie (WEGE & LONG, 1995).
Segundo a Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de
Extinção (MMA, 2003) a caatinga abriga 12 espécies de aves ameaçadas de extinção,
sendo 6 vulneráveis (VU), 3 em perigo (EP) e 3 criticamente em perigo (CP).
Na área da Agrícola Famosa estão presentes duas espécies de aves que se
encontram na lista nacional de fauna ameaçada de extinção, que são a Penelope
jacucaca (jacucaca) e o Picumnus limae (pica-pau-anão-da-caatinga) (Tabela 4.36).
A espécie Penelope jacucaca é endêmica da Caatinga, é a maior espécie de
cracídeo deste bioma, vivendo preferencialmente na caatinga arbórea e nas matas secas.
Originalmente ocorria em quase todos os estados nordestinos e em Minas Gerais
(Figura 4.57). Tolera certo grau de perturbação em seu ambiente, porém bastante
sensível à caça. Possui uma alimentação essencialmente frugívora, tem predileção por
frutos, como o do joazeiro, consumindo também flores de ipê. Pode ser visto sozinho,
aos pares ou em pequenos grupos, que se deslocam rapidamente pelo solo ou pelas
árvores, na área de estudo foram vistos dois bandos em dois locais e dias diferentes.
Sendo o primeiro avistamento de dois indivíduos no dia 16 de junho de 2010 por volta
das 16:30h caminhando no chão da trilha em local com vegetação de caatinga
hiperxerófita (Figura 4.58 A e B ) a uma distância de aproximadamente 200m da borda
da mata em contato com uma área plantada. Já o segundo, com cinco indivíduos, foi
observado no dia seguinte as 16:10h caminhando na borda da mata margeando uma
cerca divisória da Agrícola Famosa com uma propriedade vizinha (Figura 4.58 C e D).
A distância entre os dois avistamento e o número de indivíduos observados leva a crer
que se trata de dois grupos distintos. A espécie é colocada na categoria vulnerável a
nível tanto mundial como nacional (MMA, 2008).
370
Figura 4.57 -. Localidades com registro de Penelope jacucaca no Brasil. (Fonte: MMA,
2008)
371
Figura 4.58 - Dois indivíduos de Penelope jacucaca observados em trilha dentro da
mata no dia 16/06/2010 (A), ampliação dos dois indivíduos observados mostrando
detalhes da espécie (B), grupo de composto por cinco indivíduos na borda da mata no
dia 17/06/2010 (C) e ampliação mostrando dois indivíduos do grupo (D). Fotos: Bruno
França, 2010
O Picumnus limae é um dos menores pica-paus conhecidos e que antes se
pensava ser restrito ao estado do Ceará, porém informações recentes demonstraram que
esse pica-pau apresenta uma distribuição mais ampla. Pois ocorre também foi registrado
para o Rio Grande do Norte e em Pernambuco (Roda 2002; Silva et. al no prelo)
(Figura 4.59). No estado do Rio Grande do Norte, essa espécie está amplamente
distribuída na caatinga da região do Seridó, região das serras úmidas e na caatinga
litorânea de alguns municípios como Galinhos, Guamaré e Macau. É uma espécie que
se apresentou abundante e comum nos locais registrados no estado potiguar, estando
presente inclusive em áreas bem fragmentadas e perturbadas pela ação antrópica. Foram
registrados um casal durante o transecto realizado no dia 16 de junho de 2010 as 14:40
h (Figura 4.60). Outro indivíduo foi ouvido as 08:20 h do dia 17 de junho de 2010
próximo a um galpão de armazenamento de mangueiras de irrigação.
A B
C D
372
Figura 4.59. Localidades com registro anteriores de Picumnus limae em vermelho e em
amarelo os registros recentes para o Rio Grande do Norte. Fonte: adaptado de MMA, 2008
Figura 4.60 - Macho de Picumnus limae (pica-pau-anão-da-caatinga) fotografado
durante o transecto no dia 16/06/2010 as 14:40 h na borda caatinga hiperxerófita. Foto:
Bruno França, 2010
373
4.2.2.2.3 Mamíferos
Dos integrantes silvestres que compõem a mastofauna da região da caatinga
destaca-se a presença do veado catingueiro, um animal de maior porte que tem sua
ecologia pouco conhecida; esses cervídeos são mais flexíveis ao uso de habitats, uma
vez que podem fazer uso desde florestas, matas ciliares de galeria até cerrados abertos,
campos e capoeiras. São mamíferos de hábitos solitários que eventualmente são vistos
aos pares, a sua alimentação é composta por frutos, flores, fungos, gramíneas,
leguminosas e alguns tipos de plantas de porte arbustivo e ervas (TIEPOLO & TOMAS,
2006).
Outro grupo presente nessa região são os marsupiais (timbú e cuíca) e
apresentam ampla distribuição geográfica. Alimentam-se de frutos, insetos e de vários
itens (onívoros), desempenham papeis ecológicos importantes, pois atuam como
disseminadores de sementes, controle biológico de insetos e na ciclagem de nutrientes
(ROSSI, BIANCONI & PEDRO, 2006). Além dos marsupiais, o tamanduá mirim
também é um controlador de formigas e cupins, pois esses itens constituem a base de
sua alimentação (MEDRI et al., 2006) e os tatus vão de herbívoros a comedores de
carniça (MARINHO-FILHO, 1992; MEDRI et al., 2006) a responsáveis pelo processo
de aeração do solo.
Os quirópteros (morcegos) são também espécies presentes na região, são
mamíferos bem diversificados quanto aos hábitos alimentares, observando-se
praticamente todos os grupos tróficos que desempenham importante papel ecológico
(REIS et al, 2007). Atuam no controle de insetos, são responsáveis pela polinização de
várias espécies de plantas, bem como da dispersão de sementes, sendo realizadas pelos
nectarívoros e frugívoros, respectivamente. No Brasil são conhecidas 167 espécies
distribuídas em nove famílias (REIS et. al., 2006; REIS et. al., 2007).
A ordem Carnívora é o um grupo bem representativo de mamíferos que ocorre
na área de estudo. Visto que são animais que ocupam o topo da pirâmide alimentar,
precisando de grandes áreas para obter a quantidade de presas necessárias à sua
subsistência, a destruição, fragmentação e alteração de habitats representam a principal
causa de ameaça para todas as espécies deste grupo (MMA, 2008).
Os carnívoros são importantes para os ecossistemas naturais e para a
conservação da biodiversidade em geral. Por serem predadores, podem regular as
374
populações de suas presas e estruturar as comunidades naturais com base na predação,
sendo por isso consideradas espécies-chave. Como necessitam de grandes áreas para
manter populações viáveis, esforços para conservar áreas suficientes à conservação de
carnívoros acabam por preservar também as outras espécies da comunidade. Nesse caso,
os carnívoros estariam exercendo papel de espécies “guarda-chuva”. São também
animais carismáticos, o que permite sua utilização como símbolos em projetos de
conservação, sendo considerados “espécies-bandeira” (MMA, 2008).
Na área do empreendimento foram registradas 33 espécies de mamíferos (Tabela
CC), distribuídos em sete ordens, que são: Carnivora, Chiroptera, Rodentia, Primates,
Xenarthra, Artiodactyla e Didelphimorphia. A ordem Carnivora apresentou maior
diversidade, com cinco famílias, seguida de Chiroptera e Rodentia, ambos com quatro
espécies (Figura 4.61).
Figura 4.61. Diversidade de famílias por ordem de mamíferos na área da Agrícola
Famosa.
Comparando-se a diversidade de espécies de mamíferos no Brasil com a da
Agrícola Famosa, a ordem Carnivora com oito espécies representa 30,77%, Artiodactyla
com duas compreende 20,22%, Xenarthra com três representa 15,79%, Chiroptera com
375
12 representa 7,19%, Didelphimorphia com duas compreende 3,64%, Primates com
duas tem 2,04% das espécies e Rodentia com quatro mostra uma representação de
1,70% (Figura 4.62).
Figura 4.62. Diversidade de espécies por ordem de mamíferos na Agrícola Famosa
comparando-se com a diversidade brasileira.
Na ordem Carnivora, a família Felidae (N= 3) foi a mais diversa, seguida de
Canidae (N= 2), Mustelidae, Mephitidae e Procyonidae com uma espécie cada (Figura
4.63).
376
Figura 4.63. Diversidade de espécies para as famílias da ordem Carnivora na área da
Agrícola Famosa.
Registrou-se a presença de representantes como o gato do mato (Leopardus
tigrinus), o gato mourisco (Puma yagouaroundi), a raposa (Cerdocyon thous), a tacaca
(Conepatus semistriatus) e o guaxinim (Procyon cancrivorus).
Foi possível registrar o veado catingueiro (Mazama gouazoubira) pelos seus
rastros (Figura 4.64 A) e por relato dos funcionários da área, além dos rastros da raposa
(Cerdocyon thous) (Figura 4.64 B). Foi possível registrar um tatu peba (Euphractus
sexcinctus) capturado por funcionários (Figura 4.64 C) para ser fotografado, sendo solto
após as fotos.
377
Figura 4.64. Rastro de Mazama gouazoubira registrado na área (A), rastro de
Cerdocyon thous (B) e um tatu peba () capturado na área da Agrícola Famosa. Fotos: A e
B – Juska Mendonça, 2010; C – Adailton Epaminondas
A B
C
378
Analisando a ordem Chiroptera, a família que apresentou maior diversidade foi
Phyllostomatidae (N= 9), as demais apresentaram apenas uma espécie cada (Figura
4.65).
Figura 4.65. Diversidade de espécies para as famílias da ordem Chiroptera na área da
Agrícola Famosa.
4.2.2.2.3.1 Mamífero Ameaçado de Extinção
Das espécies existentes na Caatinga dez estão incluídas na lista oficial de
espécies ameaçadas de extinção. As mais vulneráveis ao intenso processo de degradação
observado no bioma, o qual inclui até mesmo pontos de desertificação, são espécies de
mamíferos de topo da cadeia trófica, como, por exemplo, os carnívoros. Nesse contexto
destaca-se o grupo dos felinos: das seis espécies registradas, cinco se encontram
ameaçadas.
O gato do mato (Leopardus tigrinus) foi citado nas entrevistas realizadas com
vários funcionários da Agrícola Famosa, é a menor espécie de felino encontrada no
Brasil e também uma das menos conhecidas. Tem porte semelhante ao do gato
doméstico, seu tamanho médio da cabeça e do corpo é de 49,1 cm (40 a 50,9 cm); a
cauda, longa, tem de 20,4 a 32 cm, enquanto o peso médio é de 2,4 kg (1,5 a 3,5 kg)
(OLIVEIRA & CASSARO, 1999). Segundo MMA (2008), ocorre numa variedade de
379
habitats que inclui florestas ombrófilas, deciduais, semideciduais e mistas de araucária,
tropicais e subtropicais, tanto de baixa altitude quanto montanas e pré-montanas.
Também ocorre nas diversas fisionomias do Cerrado, Caatinga e Pantanal, estando
ausente dos Pampas. Pode ser encontrada tanto em áreas primitivas quanto em algumas
áreas alteradas, incluindo áreas próximas a plantações de café, soja, cana e alguns
fragmentos de mata secundária (MMA, 2008).
Essas observações justificam a citação dos funcionários da área, já que tanto o
estado do Rio Grande do Norte como o Ceará incluem-se na área de ocorrência da
espécie (Figura 4.66). No Brasil é considerado no status de vulnerável na lista brasileira
de fauna ameaçada de extinção. As maiores ameaças à sobrevivência da espécie são a
perda, a fragmentação e a conversão dos habitats em outros tipos de ambientes. Soma-se
a captura de exemplares para o tráfico de animais (MMA, 2008).
Figura 4.66. Mapa da área de ocorrência do gato do mato (Felis tigrinus) no Brasil
mostrando a localização da Agrícola Famosa. (Fonte: adaptado do MMA, 2008)
Agrícola Famosa
380
Tabela 4.37. Lista das espécies de mamíferos para a área de influência da Agrícola Famosa. Legenda: Status de Conservação - AE = Ameaçado
de Extinção e NA = Não Ameaçado de Extinção; Tipo de Registro - V = Visual, A = Auditivo, E = Entrevista e B = Bibliografia; Habitat – CH =
Caatinga Hiperxerófita e AA = Área Antrópica.
Taxon Nome Popular
Status de Conservação Tipo de
Registro
Habitat
AE NA CH AA
Ordem Primates
Família Cebidae
Cebus aff. apella (Linnaeus, 1758) Macaco prego
X E X
Família Callitrichidae
Callithrix jacchus (Linnaeus, 1758) Sagui
X A X X
Ordem Didelphimorphia
Família Didelphidae
Didelphis albiventris Lund, 1840 Timbu
X E, B X X
Monodelphis sp. Cuica
X V X X
Ordem Xenarthra
Família Myrmecophagidae
Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) Tamandua mirim
X E X
Família Dasypodidae
Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) Tatu peba
X V X
Dasypus sp. Tatu verdadeiro
X E X
Ordem Carnivora
381
Família Mustelidae
Galictis vittata (Schreber, 1776) Furão
X E X
Família Felidae
Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) Gato do mato X
E X
Puma yagouaroundi (É. Geoffory Saint-Hilare, 1803) Gato mourisco
X E X
Felis silvestris catus (Linnaeus, 1758) Gato doméstico
X V
X
Família Canidae
Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) Raposa
X V X X
Canis lupus familiaris (Linnaeus, 1758) Cão doméstico
X V
X
Família Mephitidae
Conepatus semistriatus (Molina, 1782) Tacaca
X E X
Família Procyonidae
Procyon cancrivorus (G. [Baron] Cuvier, 1798) Guaxinim
X E X
Ordem Artiodactyla
Família Cervidae
Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) Veado catingueiro
X V X
Família Tayassuidae
Tayassu tajacu Linnaeus, 1758 Porco do mato
X E X
Ordem Rodentia
Família Cricetidae
382
Mus musculusLinnaeus, 1758 Catita
X E
X
Rattus rattus (Linnaeus, 1758) Rato
X E
X
Família Caviidae
Galea spixii (Wagler, 1831) Preá
X E X
Ordem Chiroptera
Família Phyllostomatidae
Phyllostomus discolor Wagner, 1843 Morcego X B X X
Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767) Morcego X B X X
Glossophaga soricina (Pallas, 1766) Morcego X B X X
Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) Morcego X B X X
Sturnira lilium Peters, 1860 Morcego X B X X
Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy, 1810) Morcego X B X X
Artibeus lituratus (Olfers, 1818) Morcego X B X X
Artibeus planirostris (Spix, 1823) Morcego X B X X
Artibeus obscurus Schinz, 1821 Marcego X B X X
Família Furipteridae
Furipterus horrens (F. Cuvier, 1828) Morcego X B X X
Família Molossidae
Molossus molossus (Pallas, 1766) Morcego X V X X
Família Vespertilionidae
383
Myotis nigricans (Schinz, 1821) Morcego X B X X
384
4.2.2.3. Conservação da Fauna na Caatinga
Foram identificadas 82 áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade
da Caatinga. Dessas áreas, 27 foram classificadas como de extrema importância
biológica, 12 como de muito alta importância, 18 como de alta importância (Figura
4.38) e 25 como insuficientemente conhecidas, mas de provável importância. Além
dessas, um corredor conectando áreas prioritárias em Minas Gerais e na Bahia também
foi proposto. O elevado número de áreas das quais pouco se conhece enfatiza a urgente
necessidade de um programa especial de fomento para o inventário biológico desse
bioma. As áreas prioritárias variam bastante em extensão, desde 235km2 até 24.077km
2.
No total cobriram cerca de 436.000km2, ou seja, 59,4% do bioma Caatinga. As de
extrema relevância biológica constituem 42% das áreas prioritárias, ou 24,7% de toda a
Caatinga.
Proteção integral foi a ação mais recomendada para a maioria (54,8%) das áreas
prioritárias. Indicou-se tal ação para 81% das áreas de extrema importância, para 75%
das de muito alta importância, e para 72% das de alta importância. Em contrapartida, e
como esperado, a principal ação proposta para a maior parte (96%) das áreas
insuficientemente conhecidas foi a investigação científica. Sugeriu-se a realização
urgente da ação recomendada para 43,9% das áreas, ou seja, para a maioria; a curto
prazo para 30,5% delas; e a médio prazo para 25,6%.
A área de abrangência da Agrícola Famosa encontra-se inserida em uma das
áreas consideradas de extrema importância biológica para a conservação da
biodiversidade da Caatinga.
385
Figura 4.67. Áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade da caatinga. Fonte:
MMA, 2007
4.2.2.3.1 Áreas Prioritárias para a Conservação de Anfíbios e Répteis na Caatinga
São conhecidas, em localidades com feição característica das caatingas semi-
áridas, 44 espécies de lagartos, nove espécies de anfisbenídeos, 47 de serpentes, quatro
de quelônios, três de crocodilianos, 47 de anfíbios anuros e duas de gimnofionos.
Dessas, aproximadamente 15% são endêmicas.
Do ponto de vista da cobertura geográfica há ainda muito por fazer. Talvez seja
essa a mais importante lacuna a ser preenchida para que possamos definir as áreas
prioritárias para conservação na Caatinga. As amostragens são bastante incipientes, o
que torna impossível, salvo para grupos mais bem estudados, como o dos lagartos e o
386
dos anfisbenídeos, falar em endemismos. As informações sobre a distribuição das
espécies de anfíbios e de répteis foram utilizadas para identificar e classificar áreas
prioritárias a serem conservadas. No total foram indicadas 19 áreas, sendo duas delas de
extrema importância biológica, 12 de muito alta importância e cinco de provável
importância, mas insuficientemente conhecidas (Figura 4.68).
Merecedoras de destaque são as duas áreas de dunas do médio rio São Francisco
(campos de dunas de Xique-Xique e de Santo Inácio, e campos de dunas de Casanova),
pois nelas concentram-se conjuntos únicos de espécies endêmicas. Por exemplo, das 41
espécies de lagartos e de anfisbenídeos registradas para o conjunto de áreas de dunas
praticamente 40% são endêmicas. Além disso, quatro gêneros são também exclusivos
da área.
A criação de áreas protegidas foi a ação recomendada para o Domo de Itabaiana,
Estação Ecológica do Xingó, Raso da Catarina e Raso da Glória, Chapada Diamantina,
Chapada do Araripe, serra das Almas, Quixadá/ encosta da serra de Baturité, Limoeiro
do Norte/Chapada do Apodi, região de encosta da chapada de Ibiapaba, dunas e
contatos com caatinga cerrado e cariris velhos. Essas áreas estão inseridas em regiões de
elevada diversidade, as quais abrigam importantes extensões de caatinga relativamente
bem preservadas, com alguns endemismos e com distribuições relictuais. É possível que
estudos futuros venham a reconhecer algumas dessas populações relictuais como
espécies endêmicas das áreas em que habitam.
387
Figura 4.68. Áreas prioritárias para a conservação de anfíbios e répteis nas caatingas.
Fonte: MMA, 2007
4.2.2.3.2 Áreas Prioritárias para a Conservação das Aves na Caatinga
O confronto dos critérios utilizados permitiu a identificação de 35 áreas
prioritárias para conservação, sendo 11 delas de extrema importância biológica, seis de
muito alta importância, e cinco de alta importância (Figura 4.69). As 13 restantes foram
indicadas principalmente para estudos básicos de inventário, e representam, portanto,
37% do total de áreas sugeridas.
As áreas prioritárias indicadas pelo grupo formam um conjunto bem distribuído,
do ponto de vista de sua localização geográfica, e bastante heterogêneo. Diversas dessas
áreas correspondem a unidades de conservação de proteção integral ou de uso
sustentado; algumas contemplam regiões para as quais a recomendação específica
aponta a necessidade de criação de unidade de conservação, e outras regiões em que a
realidade local requer medidas diversas, tais como inventário, intensificação de estudos,
388
implantação de zonas-tampão, e estabelecimento de corredores de vegetação nativa e de
áreas de recuperação e de manejo.
A Agrícola Famosa encontra-se inserida em uma área considerada de alta
importância biológica para a conservação das aves na caatinga, o que mostra a
necessidade da destinação de áreas de preservação.
Figura 4.69. Áreas prioritárias para a conservação de aves na Caatinga. Fonte: MMA,
2007
389
4.2.2.3.3 Áreas Prioritárias para a Conservação dos Mamíferos na Caatinga
A fauna de mamíferos da caatinga tem sido geralmente reconhecida como
depauperada, representativa de apenas um subconjunto da fauna de mamíferos do
cerrado, bioma esse mais extenso e mais úmido. Essa proposição, no entanto, está longe
de ser verdadeira. Com base nas referências bibliográficas contendo informações
geográficas passíveis de mapeamento, e em informações provenientes de espécimes
depositados em museus de história natural, foi possível relacionar pelo menos 148
espécies de mamíferos do bioma, das quais dez seriam endêmicas. Essa informação
contrapõe-se àquela segundo a qual haveria oitenta espécies no bioma, com menção de
um único caso de endemismo.
O número total de espécies para a Caatinga pode ainda ser maior, uma vez que
alguns registros de roedores e de morcegos não foram comprovados no nível específico
e, portanto, foram excluídos da contagem final. Esse fato, somado à pequena margem de
conspicuidade dos grupos, pode sugerir uma subestimativa da riqueza do bioma. Essa
carência de informação só poderá ser suprida com a intensificação de coletas, sobretudo
relativas à cobertura geográfica, e com o emprego de métodos complementares aos
anteriormente utilizados.
Apesar da documentada ausência de adaptações equivalentes às encontradas em
mamíferos de deserto, duas das espécies características da Caatinga o rato-de-fava
(Wiedomys pirrhorhinus) e o mocó (Kerodon rupestris) são de fato encontradas
somente nas formações vegetais abertas do bioma.
Das espécies existentes na Caatinga dez estão incluídas na lista oficial de
espécies ameaçadas de extinção. As mais vulneráveis ao intenso processo de degradação
observado no bioma, o qual inclui até mesmo pontos de desertificação, são espécies de
mamíferos de topo da cadeia trófica, como, por exemplo, os carnívoros. Nesse contexto
destaca-se o grupo dos felinos: das seis espécies registradas, cinco se encontram
ameaçadas.
A caça também configura importante fator de perigo para as espécies de
mamíferos, visto ser prática bastante comum na região.
A partir das informações compiladas acerca dos mamíferos, as áreas prioritárias
foram selecionadas com base na riqueza de espécies, na ocorrência de possíveis
390
endemismos – tanto no âmbito do bioma propriamente dito como em uma escala mais
restrita, bem como no status de conservação das espécies registradas.
Entre as áreas apontadas como prioritárias destacam-se: médio rio São
Francisco, Crato, base da Chapada Diamantina, base da Chapada de Ibiapaba, base da
Chapada do Araripe, Raso da Catarina, Morro do Chapéu, base da Serra de Baturité,
Parque Nacional da Serra das Confusões, Parque Nacional da Serra da Capivara, e
corredor parques Serra das Confusões/Serra da Capivara (Figura 4.70).
Figura 4.70. Áreas prioritárias para a conservação de mamíferos nas caatingas. Fonte:
MMA, 2007
391
4.2.3. ECOSSISTEMA AQUÁTICO
Na área de influência direta da empresa Agrícola Famosa Ltda. não há corpos
hídricos superficiais para diagnóstico de ecossistemas aquáticos.
4.3 – MEIO SÓCIO-ECONÔMICO
Diagnóstico socioeconômico elaborado para atender o IBAMA no processo de
licenciamento ambiental federal do empreendimento Fazenda Agrícola Famosa,
localizado na divisa dos estados do Ceará e Rio Grande do Norte, nos municípios de
Icapuí/CE, Aracati/CE e Tibau/RN. O estudo socioambiental visa descrever e analisar
aspectos sociais e econômicos dos Municípios alcançados pelo empreendimento, dentro
de requisitos formais estabelecidos no Termo de Referência que norteia o presente
estudo, de modo a identificar os impactos causados pela instalação e operação do
empreendimento na região em que se insere.
A Área de Influência Direta – AID do empreendimento foi definida como sendo
a área física do empreendimento.
A Área e Influência Indireta – AII do empreendimento foi definida dentro de
uma faixa de dois quilômetros no entorno da área física do empreendimento.
Para efeito de avaliação e análise socioeconômica, o estudo adotou uma área de
influência ampliada em face do porte, das características e da dinâmica comercial e de
produção do empreendimento, voltado na sua maior parte para o mercado de
exportação, além da disposição dos seus mercados de aquisições de bens e serviços que
lhe conferem alcance regional, além das considerações requeridas no Termo de
Referência – TR estabelecido para este estudo, que estão relacionadas às questões de
ordem local.
As pesquisas foram realizadas na sua totalidade em cima de dados secundários,
retirados de fontes de órgãos públicos federais, estaduais e municipais e de outras
instituições que atuam nos vários setores de interesses afins.
392
4.3.1. Diagnóstico Sócio-econômico de Icapuí/CE
4.3.1.1. Populações
Icapuí no estado do Ceará, é um dos três municípios onde se situa a área do
empreendimento Fazenda Agrícola Famosa. É o Município sede do empreendimento e
está localizado na porção leste do Estado do Ceará, distando 202,3 km de Fortaleza. De
acordo com o Instituto de Geografia e Estatística do Brasil/IBGE2, a área ocupada pelo
município é de 429 km2 e os seus limites territoriais são: Aracati/CE, a oeste e a sul;
com o Estado do Rio Grande do Norte, a sul e, com o Oceano Atlântico a leste e norte.
A região conta com um litoral privilegiado, destacando-se como atrativos principais, as
suas praias: Peroba, Mutamba, Barreiras, Ponta Grossa, Redonda, Barrinha,
Arrombados, Quitérias, Melancias, Tremembé, Peixe Gordo e Manibu.
O município está subdividido territorialmente em três distritos: Icapuí (sede),
Ibicuitaba e Manibú. Possui ainda quatro bairros: Mutamba, Cajuais, Salgadinho II e
Olho D’Água, com 30 núcleos populacionais, localizados na faixa litorânea, bem como
à margem da Rodovia CE-261 e no entroncamento da BR-304 que liga o Ceará ao Rio
Grande do Norte (Figura 4.71).
Figura 4.71 - Mapa de localização do município de Icapuí no Estado do Ceará. Fonte:
Projeto Orla – Plano de Intervenção na Orla Marítima de Icapuí
393
O município de Icapuí possui uma população total de 18.392 habitantes, sendo
51,19% do sexo masculino e 48,81% do sexo feminino. Quanto à situação domiciliar,
31,46% dos habitantes residem na zona urbana e 68,54% na zona rural (Tabela 4.38).
Tabela 4.38 – População residente – 1991/2010
A contagem populacional realizada pelo IBGE em 2010, confirmou o aspecto
rural do município, com uma taxa de 68,54% da população residindo na zona rural. Esta
constatação distingue Icapuí dos demais municípios que compõem a micro região, tendo
em vista que as taxas de urbanização nesses municípios ultrapassam a casa dos 50% das
suas respectivas populações (Tabela 4.39).
Tabela 4.39- Taxas de urbanização dos municípios da microrregião do Litoral de
Aracati, 2007
MUNICÍPIOS Taxa de Urbanização
(%)
Aracati 63,20
Fortim 68,14
Icapuí 30,67
Itaiçaba 53,85 Fonte: IBGE (2010)
A população por grupo de idades no ano de 2010 apresentou uma composição de
23,23% dos indivíduos com idades entre 0 a 14 anos. A maior parte da população
recenseada, no percentual de 68,49%, ficou na faixa dos 15 a 64 anos e o restante, 6,8%
da população, na faixa de 65 anos ou mais de idade. Observa-se com base nos dados
apresentados que o Município tem uma população residente relativamente jovem
(Tabela 4.40).
394
Tabela 4.40 – População recenseada, por sexo, segundo os grupos de idade –
2000/2010
Outro dado importante é que 55,96% da população residente consiste de
População Economicamente Ativa - PEA, com indivíduos na faixa dos 20 aos 59 anos
de idade, uma parcela significativa da população, que representa ao mesmo tempo uma
força potencial de trabalho a ser empregada em favor da economia do Município e um
desafio a ser vencido pelos gestores para garantir oportunidades de trabalho e boa
qualidade de vida para todos.
Segundo o IBGE, em 2000 a população total do Município era de 16.052
habitantes, com uma densidade demográfica de 37,4 hab/ km². O senso demográfico de
2010 estimou a população em 18.392 habitantes e a densidade demográfica evoluiu para
43,43 hab/km2, sendo que a maior parte dessa população encontra-se na faixa litorânea
do Município.
Os dados do senso de 2010 demonstram também, uma queda significativa na
razão de dependência entre a população dependente e a população potencialmente ativa,
ocasionada pela predominância da população com idades entre 15 e 64 anos. (Tabela
4.41).
395
Tabela 4.41 – Indicadores demográficos – 1991/2000/2010
No que se refere aos dados dos domicílios particulares ocupados por situação e
média de moradores, o senso 2010 demonstra que Icapuí está na média do Estado do
Ceará, com 3,39 moradores por domicílio urbano e 3,50 por domicílio rural para um
universo de 1.117 domicílios na zona rural e 3.523 domicílios em áreas urbanas (Tabela
4.42).
Tabela 4.42 – Domicílios particulares ocupados por situação e média de moradores –
2010.
Comunidades do Entorno
No entorno da área do empreendimento existem comunidades pertencentes aos
Distritos de Ibicuitaba; e Manibu – Praia de Manibu e Barrinha de Manibu; e as
Localidades de Olho D´água; Morro Pintado; Praia Melancias de Baixo; Melancias de
Cima; Bebe Agua; Córrego do Sal; Barrinha; Peixe Gordo; Guajirú; Tijuco; Vila União;
Vila Nova; Ninho da Ema; Bandeira; João Bravo e os Assentamentos Arisa; Gravier e
Tremembé. Uma parte das comunidades distribui-se ao longo da CE-261, estrada que
liga a sede de Icapuí ao município vizinho Tibau, já no Rio Grande do Norte.
São comunidades cuja economia baseia-se predominantemente na agricultura
familiar, com culturas tradicionais, como o plantio de milho, feijão e mandioca para
396
consumo da família e venda do excedente para o comércio local e, na comunidades
localizadas nas praias, há o predomínio da atividade pesqueira que se dá de forma
eminentemente artesanal.
As edificações existentes nas comunidades são na sua maior parte domicílios
residenciais, existindo algumas casas de veraneio principalmente em Tremembé e
Manibu. Na sede de Ibicuitaba, Tremembé, Morro Pintado e Peixe Gordo estão os
principais equipamentos de infraestrutura social e estabelecimentos comerciais para
atendimento a população da região.
Comunidades Tradicionais
Nas questões acerca da População Indígena e Populações Tradicionais o estudo
adotou o seguinte conceito, segundo o Decreto Federal N°. 6.040/2007:
São grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem
como tais, que possuem formas próprias de organização social,
que ocupam e usam territórios e recursos naturais como
condição para sua reprodução cultural, social, religiosa,
ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e
práticas gerados e transmitidos pela tradição.
A partir deste conceito, conclui-se que os povos e comunidades tradicionais do
Brasil são compostos pelos povos indígenas, quilombolas, as comunidades de terreiro,
os extrativistas, os ribeirinhos, os caboclos, os pescadores artesanais, os pomeranos,
dentre outros.
Os dados da Fundação Nacional do Índio – FUNAI/Fortaleza indicam que em
Icapuí, não há registros de comunidades indígenas. Sobre as comunidades quilombolas
constatou-se através da base de dados do INCRA, que também que não há registros no
município.
Os pescadores nativos que tem na pesca artesanal o seu meio de sobrevivência,
são considerados integrantes das comunidades tradicionais por realizarem atividades
com instrumentos e práticas utilizados desde a época de seus antepassados, havendo,
por conseguinte, um resgate e a continuidade dessa forma de pescar no município de
Icapuí.
397
4.3.1.2 Uso e Ocupação do Solo
A disponibilidade de bases de dados sobre a superfície terrestre vem se tornando
uma ferramenta indispensável na geração de informações confiáveis sobre os diversos
tipos de usos e ocupações do solo, dos tipos e distribuição das culturas, das áreas
destinadas à pastagens e, ainda, das áreas devastadas ou não ocupadas, áreas urbanas e
outras que são de fundamental importância para subsidiar o planejamento e gestão seja
do setor público ou privado, visando garantir a sustentabilidade dos recursos naturais e a
melhoria da qualidade de vida das populações.
Os Sistemas de Informações Geográficas – SIGs, tem se revelado uma
ferramenta de valor inconteste no auxílio de tomadas de decisões baseadas em dados
orbitais de sensoriamento remoto, que no caso da área em estudo, permite uma visão
completa e atualizada sob os vários aspectos que se pretenda considerar, seja do ponto
de vista amibental, social, cultural ou histórico.
O uso e ocupação do solo observando-se a área a partir do empreendimento,
foram identificados 13 (treze) modos de ocupação, listados a seguir:
a) Vegetação Natural (Caatinga);
b) Dunas;
c) Exploração de petróleo;
d) Parques Eólicos;
e) Aguas Agricultura (Culturas anuais, temporárias e permanentes);
f) Agricultura (hortifruticultura e remanescentes florestais);
g) Agro Extrativismo (culturas de vazante e exploração de carnaúbas);
h) Áreas urbanas;
i) Rodovias Federais – BRs;
j) Vias carroçáveis;
k) Rodovias Estaduais – CE;
l) Oceano;
m) Drenagens.
398
Figura 4.72 – Imagem de uso e ocupação do solo de Icapuí/CE. Fonte: SEMACE, 2010.
Dentre estas, as faixas que apresentam vegetação e agricultura são as mais
representativas. As áreas urbanas concentram-se, especialmente no trecho da Rodovia
Estadual CE-261 e vias carroçáveis do Município. Estas áreas estão representadas, no
entorno do empreendimento e pelo lado de Icapuí, por dois Distritos e vinte e uma
Comunidades Rurais.
Na área do empreendimento destaque para a predominância das faixas de
vegetação do bioma caatinga e áreas de cultivo agrícola.
Há ainda a exploração de petróleo na Fazenda Belém, que exerce grande
influência regional dado a importância econômica e a dinâmica dos investimentos sobre
a socioeconomia da região.
4.3.1.3 – Uso da água e disponibilidade hídrica
No município de Icapuí a distribuição de água é realizada pelo Serviço
Autônomo de Água e Esgoto – SAAE, Autarquia municipal criada em 1990 com o
ofício de operar, manter, conservar e explorar os serviços de água e esgoto no
município. Atualmente 100% das residências urbanas e cerca de 82% na zona rural
contam com abastecimento de água tratada, sendo o tratamento feito através da adição
399
de cloro. Em 2007, a cobertura desse serviço era de apenas 50,36% das residências
localizadas na zona rural.
Os domicílios que não contam com o serviço de distribuição de água pelo
SAAE, a exemplo das localidades: Retiro Grande, Ponta Grossa, Ariza e as do
Assentamento da Fazenda Belém são atendidos pela Secretaria de Obra, Serviços
Públicos e Urbanismo do Município. O SAAE presta apenas serviço de manutenção nos
equipamentos desses lugares.
As reservas hídricas do município estão, principalmente, no subterrâneo e
possuem boas condições de extração. A água distribuída no município é captada através
de 2 poços de aproximadamente 48 m de profundidade. Na sede Icapuí é distribuído
água nas 24 horas do dia, nas demais localidades o serviço é realizado forma alternada,
com duração de 6 horas por dia de abastecimento entre as localidades a leste e a oeste
da sede.
Em muitas localidades a água disponibilizada para as residências e demais usos
é salgada e inapropriada para o consumo humano e para agricultura. A Prefeitura,
através do Plano Municipal de Desenvolvimento Rural tem adotado providências que
visam a melhoria desse quadro, tendo como ações de destaque a perfuração e
revestimento de poços, com instalação de aparelho dessalinizador e a construção de
adutoras em algumas comunidades.
4.3.1.3. Aspectos Econômicos
A economia representa o status de desenvolvimento de uma sociedade e será
mais eficiente na medida em que as suas estruturas produtivas, as suas relações de
produção e as riquezas geradas tenham alcance ampliado sobre os seus cidadãos e
regiões, configurando assim o desenvolvimento econômico e social de uma nação ou
região ou País. No Brasil a política do crescimento econômico primou pelo
desenvolvimento das regiões Sul e Sudeste. Num segundo momento, vieram a abertura
das novas fronteiras agrícolas na Região Centro-Oeste do País e só muito tardiamente, a
região Nordeste passou a ser contempladas com políticas de governo voltadas para o
desenvolvimento econômico e social, ainda que de forma incipiente.
A economia do município de Icapuí pode ser considerada um reflexo do modelo
de crescimento adotado no País. O Setor primário é o mais representativo na formação
400
do seu Produto Interno Bruto - PIB. A produção desse setor é voltada basicamente para
a pesca da lagosta, a extração do sal, a friticultura, as culturas do caju e do coco e a
extração do petróleo.
Segundo o Plano de Intervenção na Orla Marítima de Icapuí-Ce/ Projeto Orla
(2006), “a pesca tem sido o setor de maior influência na economia do município tanto
pela ocupação da mão-de-obra direta e indireta: totalizando 2.877 famílias, onde
1.342(88,99%) estão vinculadas à pesca, quanto pela geração de divisas auferidas ao
município na forma de impostos, com o predomínio para a pesca da lagosta (82,88%).
Mais recentemente se observou um fluxo significativo de turistas e veranistas e também
a inserção de novas atividades produtivas como novas práticas de pesca e cultivo de
animais marinhos”.
O turismo ultimamente vem recebendo incentivos de políticas governamentais,
através de planos nacionais e locais. Em Icapuí, como de resto nos demais municípios
litorâneos, a valorização da culinária com os recursos do mar e o belo litoral tem
representado uma evolução do setor de serviços na composição do PIB do Município,
ademais os eventos em torno das atividades marinhas, geram receitas para todos os
setores da economia local, com reflexo importante na sua renda per capta.
O Produto Interno Bruto (PIB) em 2005, foi de R$ 104.155.000,00 reais,
correspondendo a um PIB per capita de R$ 5.935,00. Já para 2007, esse valor foi de R$
133.693.000,00 reais com um valor per capta de R$ 7.351,00.
Em 2007 o Setor Agropecuário foi que mais contribuiu par o incremento do PIB
do Município, com participação no valor de R$ 52.638.000,00, seguido do Setor de
Serviços, com participação no valor de R$ 45.723.000,00. As atividades industriais
tiveram participação no PIB de apenas R$ 29.615.000,00 (Tabela 4.43).
Tabela 4.43- Produto Interno Bruto /PIB - 2007
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais, 2007
Descrição Valor
Valor adicionado na agropecuária, 52.638 mil reais
Valor adicionado na indústria, 29.615 mil reais
Valor adicionado no serviço, 45.723 mil reais
Impostos 5.717 mil reais
PIB 133.693 mil reais
PIB per capita, 7.351 reais
401
Em 2008 mais uma vez o Setor Agropecuário é determinante para o crescimento
do PIB, representando 41,13%, seguido do Setor de Serviços com 35,73% e Industrial
com participação de 23,14% nas riquezas geradas no Município (Tabela 4.44).
Tabela 4.44 – Produto Interno Bruto - 2008
Cabe destacar que o Programa Bolsa Família do Governo Federal destinou ao
município de Icapuí em 2008, recursos da ordem de R$ 2.147.978,00 para atender a
população mais carente, ampliando o poder de compra desse público.Em 2007, esse
valor foi de R$ 1.804.767,00 bem abaixo dos recursos destinados em 2008.
Os dados do IBGE/IPECE demonstram que a renda per capta do município vem
crescendo gradativamente e já apresenta um crescimento de 56,89% no período de 2004
a 2008 (Figura 4.73).
Figura 4.73 – Produto Interno Bruto Icapuí 2004-2008
No que se refere à situação fiscal do Município, denota-se uma situação
deficitária entre receita e despesas, mesmo quando adicionado os valores recebidos a
título de parcelas dos Impostos Estaduais Arrecadados e Receitas da União arrecadadas.
402
Tabela 4.45 – Receita municipal - 2009
Tabela 4.46 – Despesa municipal - 2009
Tabela 4.47 – Receita Estadual Arrecadada - 2009
Tabela 4.48 – Receita da União Arrecadada - 2010
Atividades agrícolas
Constituído pelas atividades agropecuárias, extrativistas e pesqueiras, o setor
primário vem consolidando a sua importância no cenário econômico do município de
Icapuí, com destaque na produção de castanha de caju e coco da baía, com produção
403
escoada para Fortaleza e o estado do Rio Grande do Norte e suprimento do mercado
interno.
No extrativismo o município conta com a produção de madeira para lenha e a
carnaúba, utilizada na confecção de produtos artesanais.
Na lavoura temporária destaque para o cultivo de pelo melão, que gera 74% do
valor de produção desse setor, seguido pela cultura do abacaxi, com 16%, respectivo a
R$ 26.208.000,00 reais (Tabela 4.49).
Tabela 4.49- Valor da produção relativa às lavouras temporárias (por mil reais)
Cultura Valor da produção (mil reais)
Abacaxi 5.625
Cana-de açúcar 133
Feijão 360
Melancia 3.240
Melão 26.208
Milho (em grão) 75
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2009. Rio de Janeiro: IBGE (2010)
Segundo dados do IBGE, em 2009, havia no município a predominância de
criação de bovinos, com 6.660 cabeças. A presença de efetivos dos rebanhos de ovinos,
eqüinos, suínos, caprinos e outros animais perfazem um pequeno percentual no setor da
pecuária (Tabela 4.50).
Tabela 4.50 - Pecuária (por cabeça)
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2009.
Criação Quantidade por cabeças
Bovinos 6.660
Equinos 250
Asininos 93
Muares 150
Suínos 917
Caprinos 803
Ovinos 1.836
Galinhas 5.188
Vacas ordenhadas 812
404
Atividade pesqueira
A atividade pesqueira assume grande importância para a economia local. A
produção do pescado é bastante variada, as espécies mais comuns são o Pargo, o Serra,
a Cavala e a Lagosta. Segundo dados da Secretaria do Meio ambiente do município,
em 2003, a lagosta liderou na produtividade e lucratividade, como pode ser observado
na Tabela 4.51. Sua produção hoje é destinada ao mercado interno, porém, é com a
exportação que este setor se mantém.
Tabela 4.51- Produção pesqueira de Icapuí - 2003
Descrição Quantidade (tonelada) Valores (R$)
Peixes 363,6 -
Lagosta 390,2 -
Camarão marinho 0,5 -
Total 754,3 11.866.880,57 Fonte: SEDEMA (2004)
No Setor Pesqueiro em 2003, foram cadastrados 1.883 pescadores profissionais,
destes cerca de 1.037 foram amparados pelo seguro desemprego criado para garantir a
renda da atividade no período defeso da lagosta, período no qual não se pode realizar a
captura, do recurso lagosta. (Tabela 4.52).
Tabela 4.52 - Pessoas envolvidas diretamente com a atividade pesqueira
Descrição Quantidade
Total de pescadores c/ seguro desemprego 1.037
Total de pescadores s/ seguro desemprego 846
Total de pescadores cadastrados 1.883
Fonte: Colônia de Pescadores de Icapuí (2003)
Atividades empresariais
Os dados do Cadastro Central de Empresas do IBGE de 2008 (Tabela 4.53),
demonstrou no município de Icapuí a existência de 453 empresas ativas, que empregam
2.312 trabalhadores, destes, 1.967 são assalariados. O orçamento gasto com
remuneração é de R$ 18.211.000,00, o que perfaz uma média de 1,8 salários mínimos
por empregos diretos.
405
Tabela 4.53 - Estatísticas do Cadastro Central de Empresas
Descrição Valor
Número de unidades locais 453 unidades
Pessoal ocupado total 2.312 pessoas
Pessoal ocupado assalariado 1.967 pessoas
Salários e outras remunerações 18.211.000,00 reais
Salário médio mensal 1,8 salários mínimos
Fonte: IBGE,Cadastro Central de Empresas 2008. Rio de Janeiro: IBGE (2010)
O segmento turístico apresentou o melhor desempenho, seguido dos segmentos
da construção e de alimentos.
Renda e emprego
O Atlas de Desenvolvimento Humano por Município - IDHM 2003 do PNUD,
demonstra uma evolução no Índice de Desenvolvimento Humano do Município em
relação a renda da população (IDHM-Renda), percebe-se que, no período de 1991 até
2000, houve uma evolução, passando de 0,515 em 1991 para 0,525 em 2000 (Figura
4.74).
0,515
0,525
0,51
0,512
0,514
0,516
0,518
0,52
0,522
0,524
0,526
Figura 4.74 - Índice de Desenvolvimento Humano-Renda – Município de Icapuí –
1991-2000. Fonte: PNUD - Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2003
A concentração de renda consiste num dos maiores entraves para o
desenvolvimento sustentável. Esta situação é verificada no município de Icapuí na
406
medida em que, em 2000, os 20% mais pobres da população detinham apenas 3,20% da
renda gerada no município, enquanto o extrato correspondente aos 20% mais ricos
detinha 52,70%. Tal nível de desigualdade representa sérios problemas para aplicação
de políticas públicas.
Tomando por base o Censo Demográfico de 2010 (Tabela 4.54), o IBGE apurou
que 19,82% se encontravam em situação de extrema pobreza e, em que pese estar na
média estatística para o Estado, é um índice significativo que exige medidas urgentes
para minimizar os seus efeitos. O agravante é que desse percentual, 10, 64% estão em
áreas urbanas e 24,04% encontram-se em área rural, onde os efeitos das políticas
públicas demoram mais a chegar.
Tabela 4.54 – População extremamente pobre (com rendimento domiciliar per capita
mensal de até R$ 70,00) – 2010.
Houve uma evolução na renda per capta média do Município, de
aproximadamente 6%, passando de R$ 85,27 em 1991, para R$ 90,61 em 2000. A
população extremamente pobre (com rendimento domiciliar per capta mensal de até R$
70,00) teve uma redução de 8,54%, caindo de 66,3% em 1991, para 60,6% em 2000. No
entanto, mesmo com essas melhorias, não houve diferenças significativas para os
indicadores de desigualdade social para o período analisado e com isto, o Índice de
Gini, que mede o nível de desigualdade existente, foi de 0,49 em 1991 e em 2000, não
havendo nenhuma alteração, uma vez que este índice adota o parâmetro de zero a um e
quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade da região.
Com relação a Renda Domiciliar per capta apurada pelo Censo Demográfico de
2010 (Tabela 4.55), que significa a soma dos rendimentos mensais dos moradores do
domicílio dividida pelo número de seus moradores, observa-se uma situação
desfavorável do ponto de vista social, uma vez que 85,86% dos domicílios sobrevivem
com uma renda de até um salário mínimo, somente 10,40% dos domicílios tem renda de
um a mais de tres salarios mensais e 3,73% dos domicilios sobrevivem sem nenhuma
renda.
407
Tabela 4.55 – Renda domiciliar per capita (salário mínimo R$ 510,00 – 2010)
Percebe-se que mesmo de forma pouco expansiva, a melhoria da renda e das
condições de vida da população se dá através, principalmente, da atividade da
agropecuária, onde foram gerados 1.175 empregos formais, em 2008. Os outros setores,
no que se refere à formalidade, absorvem poucos trabalhadores (Tabela 4.56). Os dados
apontam também a existência de um grande contingente de trabalhadores do sexo
masculino, enquanto o feminino compõe menos de 25% do total de empregos formais
no município de Icapuí.
Tabela 4.56- Empregos formais no município de Icapuí e no Ceará - 2008
Discriminação
Número de empregos formais
Icapuí Ceará
Masculino Feminino Total Masculino Feminino Total
Extrativa Mineral 3 1 4 2.379 221 2.600
Indústria de Transformação 40 7 41 132.339 83.203 215.542
Serviços Industriais de Utilidade Pública - - - 5.540 978 6.518
Construção Civil - - - 42.192 3.523 45.715
Comércio 57 49 106 104.936 64.951 169.887
Serviços 75 18 93 177.855 130.133 307.988
Administração Pública 224 312 536 129.980 226.259 356.239
Agropecuária 1.098 77 1.175 22.068 3.442 25.510
Total das Atividades 1.497 464 1.961 617.289 512.710 1.129.999
Fonte: RAIS/2008 – MTE. IPECE(2010)
Os dados de 2010 (Tabela 4.57), em relação aos dados de 2008, apresentam uma
evolução dos números, mas continua o setor agropecuário como o carro chefe da
economia do Município e por isto, mantém o melhor desempenho sobre o número de
empregos formais com 1.897 empregos, bem acima dos demais setores.
408
Tabela 4.57 – Número de empregos formais – 2010.
Índice de Desenvolvimento Humano do Município – IDH
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD através do
Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil disponibiliza um banco de dados
contendo informações sobre o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)
e 124 outros indicadores georreferenciados de população, educação, habitação,
longevidade, renda, desigualdade social e características físicas do território que foram
basedos nos microdados dos censos de 1991 e de 2000 da Fundação Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
O indicador longevidade, reflete entre outras coisas, as condições de saúde
da população; medida pela expectativa de vida ao nascer;
O indicador educação é medido por uma combinação da taxa de
alfabetização de adultos e a taxa combinada de matrícula nos níveis de ensino:
fundamental, médio e superior;
O indicador renda é medido pelo poder de compra da população, baseado no
PIB per capita ajustado ao custo de vida local para torná-lo comparável entre países e
regiões, através da metodologia conhecida como paridade do poder de compra (PPC).
Destarte, Icapuí está entre as regiões consideradas de médio desenvolvimento
humano (IDH entre 0,5 e 0,8). Em relação aos outros municípios do Estado, Icapuí
apresenta uma situação intermediária: ocupa a 92ª posição, sendo que 91 municípios
(49,5%) estão em situação melhor e 92 municípios (50,5%) estão em situação pior ou
igual.
409
Tabela 4.58 – Índices de desenvolvimento
4.3.1.4 – Caracterização das condições de vida da população
O município conta com infraestrutura urbana, representada por praças, ruas e
avenidas pavimentadas em asfalto, pedra tosca ou areia. Na sede do Município tem mais
disponibilidade de equipamentos urbanísticos que na sede dos distritos e localidades,
constatando na cidade de Icapuí uma estrutura urbana plana, paralela, constituída de
ruas e avenidas, que demonstram a fluidez dos espaços.
O abastecimento d´agua no município de Icapuí está estruturado pelo Serviço
Autônomo de Água e Esgotos (SAAE), através do fornecimento por meio da captação
em poços profundos construídos e distribuídos no Município, tanto na sede municipal
como em alguns distritos e localidades.
São 33 pontos de abastecimento d’água no município. Em 05 destes a
comunidade não paga pelos serviços. Os outros 28 pontos tem cobrança pelos serviços,
para o custeio da distribuição de água. Nas sedes dos distritos e em alguns povoados, a
população utiliza também chafarizes públicos, construídos pelo Governo do Estado e na
zona rural a água para consumo humano geralmente é obtida a partir de lagoas, açudes e
poços, como também através do abastecimento de água pelo Exército, nas cisternas.
O serviço de esgotamento sanitário é de responsabilidade do Sistema Autônomo
de Água e Esgotos – SAAE, implantado principalmente na sede municipal. No entanto,
em algumas comunidades não existe esse sistema, sendo a forma dominante, a fossa
rudimentar e fossa séptica.
A coleta de resíduos sólidos fica a cargo do poder público municipal, e é
realizada em dias alternados e obedece a um plano estratégico que atende grande parte
da população do município. Os serviços de limpeza pública está focado principalmente
na coleta do lixo doméstico, sendo realizado também o transporte e destinação final do
lixo, varrição e capinação das praças e logradouros públicos. O lixo coletado é
410
destinado para o aterro controlado do município de Icapuí, podendo-se encontrar ainda
uma usina de seleção de lixo reciclável.
O acesso ao município de Icapuí é realizado, a partir de Fortaleza, através da
Rodovia Estadual CE-040, que é uma via construída em pavimento asfáltico com duas
faixas de rolamento, uma para cada sentido, podendo manter trechos com duas faixas ao
longo de seu trajeto. Em seguida toma-se a Rodovia Federal BR-304, em Aracati e logo
depois a rodovia estadual CE-261 que dá aceso direto a sede municipal de Icapuí.
Icapuí conta ainda com uma malha de vias municipais em pavimento primário.
A maioria das vias municipais necessita de conservação, não existem pistas de
rolamento definidas, nem acostamentos e a maioria delas se encontra em leito natural,
trafegável apenas em período bom e seco.
Quanto a infraestrutura social, o setor de educação de Icapuí, no ano de 2009,
contava com 23 unidades escolares, sendo 01 estadual e 22 municipais. Os
estabelecimentos de ensino do município habilitam-se ao Ensino Infantil, Fundamental,
Médio e Supletivo, de modo geral mantidos pelo poder público municipal.
A população do município de Icapuí conta com a implantação do sistema
público de saúde integrado ao Sistema Único de Saúde – SUS e pelo Programa de
Saúde da Família – PSF com atendimentos na área urbana e rural. Este é um sistema
local de saúde com nível primário e baseado nos princípios do SUS. Os equipamentos
de saúde do município, além do atendimento médico, dispõem de serviços de
odontologia, incorporado ao PSF.
Para atender a demanda de saúde da população o município de Icapuí contava
em 2011, com 10 estabelecimentos de saúde distribuídos da seguinte forma: 01 Hospital
(Unidade Mista), 07 postos de saúde, 02 Unidades de Apoio (Gravier e Belém), 01
Unidade de Vigilância Sanitária.
Destaca-se no município a implantação 07 Equipes do Programa Saúde da
Família e 04 Equipes do Programa Saúde Bucal- Modalidade 1.
Os recursos ambientais da zona costeira, como as belas praias de Redonda;
Ponta Grossa; Retiro Grande; Peroba; Picos; Barreiras; Barrinha de Mutamba;
Requenguela e Barra Grande; Praia de Placa; Praia de Quitérias; Tremembé; Melancias;
Peixe Gordo; Barrinha de Manibu; Praia de Manibu; e Praia do Arrombado. Os eventos
culturais e gastronômicos como o Festival da Lagosta que é o recurso pesqueiro
principal do município, os imensos coqueirais das praias que ajudam moldar belas
411
paisagens, somados a uma rede hoteleira de boa qualidade, fazem com que o setor
turístico venha despontando com um considerável potencial a ser explorado e com boas
chances de alavancar a economia de Icapuí.
As organizações da sociedade civil formadas por várias entidades de classes,
buscando defender os interesses de seus associados visando a melhoria da qualidade de
vida das populações locais, com destaque para a Colônia de Pescadores, uma das
organizações mais antigas e ativas do município na defesa dos interesses dos pescadores
profissionais. Conta ainda com Associações Comunitárias, de Artesãos entre outras.
A Segurança Pública de Icapuí é de competência da Polícia Civil, tendo como
unidade de segurança para o Município a Delegacia de Polícia Civil que está localizada
na sede municipal. Os policiais contam com uma logística de viatura para os serviços de
diligencias e apoio no atendimento às ocorrências diárias, principalmente nos finais de
semana.
A economia do município de Icapuí tem como destaque o Setor primário que
está representado pela agricultura, inclusive os cultivos de subsistência e a produção de
melão para exportação, a pecuária e em larga escala e as atividades pesqueiras, com
maior ênfase na cadeia produtiva da lagosta. O Setor Secundário, representado pelo
segmento industrial e, o Setor Terciário representado pelos segmentos de comércio e
serviços, destinados principalmente para o atendimento ao setor turístico.
O extrativismo vegetal para produção de carvão, tendo como matérias-primas a
oiticica e a carnaúba, tem se revelado uma atividade econômica bastante difundida no
município de Icapuí, assim como a exploração de areia, argila e diatomito para a
indústria cerâmica fabricar tijolos e telhas e a exploração de petróleo pela
PETROBRÁS, na Fazenda Belém.
A atividade turística desenvolvida no município também gera importante fonte
de renda para os moradores locais e vem fomentada através de programas do Governo
Federal, Estadual e Municipal, através do PRODETUR e do Projeto Orlas, visando
ordenar, especializar e difundir o turismo nas suas várias modalidades.
Segundo dados do IBGE (2009), até o ano de 2008, o PIB a preço de mercado
corrente para o município era de R$ 150.709,00 mil reais e o PIB per capita atingiu
nesse mesmo ano o valor de R$ 7.895,04.
412
O Produto Interno Bruto adicionado pelo setor agropecuário é o mais expressivo,
chegando a representar 40,51% do total, enquanto o setor de serviços representa 36,90%
e o setor industrial com um índice inferior aos dois com 22,59% do valor total.
Saúde
O estado do Ceará na última década vem melhorando os seus índices de saúde.
Cabe destacar a redução da taxa de mortalidade infantil, o controle de doenças
imunopreviníveis e a redução da mortalidade materna. No que se refere ao controle das
doenças imunopreviníveis, o atendimento de rotina nas unidades de saúde e as
campanhas públicas de vacinação em massa tem revelado resultados positivos.
De modo geral o município de Icapuí, vem acompanhando os indicadores de
saúde do Estado, como se vê na tabela abaixo (Tabela 4.59).
Tabela 5.59 - Principais Indicadores de Saúde - 2009
INDICADORES ICAPUÍ CEARÁ
Médicos/1000 hab. 0,6 1,1
Dentistas /1000 hab. 0,3 0,3
Leitos/1.000 hab. 0,7 2,3
Unidades de saúde/1.000 hab 0,6 0,4
Taxa de internação por AVC (40 anos ou mais)/10.000 hab 27,8 26,0
Nascidos vivos (1) 248 133.506
Óbitos (1) 3 2.113
Taxa de Mortalidade Infantil/1.000 nascidos vivos (1) 12,1 15,8
Fonte: Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA)
Nota: (1) Dados referente à 2008
Em 2010 os dados se apresentam desfavoráveis em alguns indicadores (Tabela
4.60), mas ainda assim estão dentro da média do Estado e não se pode dizer que há um
descontrole da situação.
413
Tabela 4.60 – Principais Indicadores de Saúde - 2010
O ponto fundamental a ser destacado é a evolução positiva dos dados referentes
aos nascidos vivos com a redução da taxa de mortalidade infantil (Figura 4.75),
demonstrando uma melhora no atendimento e das estruturas de saúde do Município.
Cabendo ressaltar a implantação do Programa Agente de Saúde que tem contribuído
grandemente nas ações de prevenção e educação junto às populações menos informadas
e mais distantes dos centros de pronto atendimento.
Figura 4.75 – Taxa de mortalidade infantil – 2006/2010
Outro fator categórico para as melhorias relacionadas à área de saúde é a
evolução das estruturas de atendimento. São 11 Unidades ligas ao SUS, todas públicas,
localizadas em várias localidades no município (Tabela 4.61).
414
Tabela 4.61 – unidades de saúde ligadas ao sistema único de saúde (sus), por tipo de
prestador - 2010
Das 11 unidades de saúde ligadas ao SUS, por tipo de unidade (Tabela 4.62),
consta em funcionamento no Município 3 Postos de Saúde, 1 Unidade Mista, 1 Unidade
de Vigilância Sanitária, 5 Centros de Saúde/Unidade Básica de Saúde e 1 Centro de
Atenção Psicossocial. É uma estrutura que longe de ser ideal, mas vem surtindo efeitos
positivos no Município.
Tabela 4.62 – Unidades de saúde ligadas ao Sistema Único de Saúdo (SUS), por tipo de
unidade - 2010
Soma-se a estrtura de saúde de Icapuí, a força de trabalho dos profisionais que
atuam nas várias atividades de atendimento (Tabela 4.63), prevenção, controle e outros.
Aqui também temos um quadro longe do que se recomenda para os padrões satisfatórios
de saúde pública, mas ainda assim, o quadro é de evolução positiva no município, ainda
que de forma muito lenta.
415
Tabela 4.63 – Profissionais de saúde, ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS) - 2010
Do ponto de vista do controle de endemias e epidemias, os dados demonstram
uma situação favorável. Em 2010 (Tabela 4.64), foram registrados 1 caso de dengue e 3
casos de tuberculose. No caso da tuberculose o volta de ocorrência de casos tem como
motivação o descuido do poder público com a imunização da população, que fez
ressurgir no Brasil a sombra do sarampo, malária e outras dpenças que se julga estintas
ou controladas.
Tabela 4.64 – Caso confirmado das doenças de notificação compulsória - 2010
Educação
A administração do ensino nos 184 municípios do estado do Ceará é feito
através de 20 Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (CREDE),
da Secretaria de Educação do Estado do Ceará (SEDUC) responsável pela organização
da rede de educação nos município do Estado. Icapuí, juntamente com mais 12
municípios (Tabuleiro do Norte, Palhano, São João do Jaguaribe, Quixeré, Aracati,
416
Limoeiro do Norte, Morada Nova, Itaiçaba, Jaguaruana, Fortim, Alto Santo e Russas),
faz parte do CREDE 10, que tem Russas como município pólo dessa coordenação.
Segundo dados da Secretaria de Educação e Cultura do Município, Icapuí conta
com 20 estabelecimentos de ensino da rede pública, sendo 13 Centros de Educação
Infantil (creche e pré-escolar), 7 escolas de ensino fundamental e 1 escola de ensino
médio que está situada na Sede (Tabela 4.65).
Tabela 4.65- Número de estabelecimentos escolares no município de Icapuí
Fonte: Secretaria de Educação e Cultura do Município de Icapuí (2010)
Quanto á taxa de analfabetismo, segundo o Censo 2000 (IBGE), houve uma
evolução positiva entre 2000 e 2010, com uma queda de aproximadamente 8% na taxa
de analfabetismo funcional neste período (Tabela 4.66). É um dado que vem
acompanhando a média do Estado e que a primeira vista pode parecer pouco, mas
devemos considerar o crescimento da população no período e a taxa de abandono que
no ensino médio foi de 12,6% em 2010 (Tabela 4.66).
Tabela 4.66 – Taxa de analfabetismo funcional para pessoas com 15 anos ou mais –
200/2010
Os indicadores referentes a aprovação, reprovação, abandono e escolarização
líquida estão dentro da média do Estado, demonstrando que Icapuí, segue na mesma
linha desenhada pela política estadual de educação, sem nenhum esforço excepcional
(Tabela 4.67).
N° de Escolas que oferecem Estadual Municipal Particular
Creche e Pré-escolar - 13 -
Ensino Fundamental - 7 -
Ensino Médio 1 - -
417
Tabela 4.67 –Indicadores educacionais no ensino fundamental e médio - 2010
A relação número de professores e matrícula inicial em 2010 (Tabela 4.68), é
outro indicador que permanece dentro da média estadual. O destaque neste caso é o
crescimento do número de professores com nível superior no ensino infantil e de nível
médio, em que pese ter reduzido no ensino fundamental, conforme pode se verificar nas
Figuras 4.75 e 4.76.
Tabela 4.68 – Número de professores e matrículas inicial - 2010
Figura 4.75 - % docentes com nível me´dio e superior na educação infantil – Icapuí –
2004/2010
418
Figura 4.76 - % docentes com nível superior no ensino fundamental e médio– Icapuí –
2004/2010
Nota-se tambem grande deficiência na disponibilidade de laboratórios de
informática e bibliotecas no município, que deve dificultar os trabalhos de pesquisa e
com isto o aprendizado como um todo, ma vez que a rede mundial de computadores é
hoje uma ferramenta indispensável no aprimoramento do conhecimento para os
estudantes de qualquer nível de escolaridade (Tabela.4.69).
Tabela 4.69 – Escolas com equipamentos e salas de aula - 2010
Abastecimento de Água
A distribuição de água é realizada pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto do
Município de Icapuí – SAAE. Criado em 1990, é uma autarquia municipal que tem a
responsabilidade de operar, manter, conservar e explorar os serviços de água e esgoto na
região do município de Icapuí. Atualmente, há abastecimento d’água em 100% das
residências urbanas e 82% nas da zona rural, sendo o tratamento feito através da
aplicação de cloro. Em 2007, a cobertura desse serviço na zona rural era de apenas
50,36% de suas residências.
419
Os outros domicílios onde, ainda, não existe o serviço do SAAE são atendidos
pela Secretaria de Obra, Serviços Públicos e Urbanismo do Município como, por
exemplos, as localizadas em Retiro Grande, Ponta Grossa, Ariza e as do Assentamento
da Fazenda Belém. O SAAE presta apenas serviço de manutenção nos equipamentos
desses lugares.
As reserva de água do município está, principalmente, no subterrâneo e possuem
boas condições de extração. Assim, a água distribuída no município é captada através de
2 poços profundos de, aproximadamente, 48 m de profundidade. Vale salientar, que
existe água 24 horas na sede de Icapuí, porém nas outras localidades o serviço é
realizado através de manobra, tendo uma duração de 6 horas por dia de abastecimento,
alternadas entre as localidades a leste e a oeste da sede.
Em muitas localidades a água é salgada, o que a torna inapropriada para o
consumo humano e para agricultura. Destarte, através do Plano Municipal de
Desenvolvimento Rural existem ações que visam a melhoria desse quadro, tendo como
ações a perfuração e revestimento de poços (armazenamento de água potável para 01
dia), com instalação de aparelho dessalinizador e a construção de adutoras em algumas
comunidades.
Esgotamento Sanitário
De acordo com o Plano de Intervenção na Orla Marítima de Icapuí/Ce, do
Projeto Orla, o saneamento básico é uma das questões mais graves no município, pois
não existe rede de esgotamento sanitário na região e muitas residências não possuem
estruturas higiênicas mínimas, como por exemplo, banheiros. A única alternativa
sanitária das residências ainda é o sistema de fossa e sumidouro.
Segundo a Prefeitura, existe um projeto de construção de Kits Sanitários
(Banheiro com fossa séptica, tanque, pia de cozinha e tanque de lavar), associado à
educação sanitária. Porém, o quadro do município ainda é bastante preocupante.
Ainda de acordo com a Prefeitura, não há sistema de drenagem no município.
420
Limpeza Pública
A coleta de resíduos sólidos, assim como os serviços de limpeza pública fica a
cargo de uma empresa privada contratada pela Prefeitura. É essa empresa que realiza a
coleta de lixo 2 vezes por semana. A questão é que, de acordo com o Manual
Gerenciamento de Resíduos Sólidos, da Secretaria Especial de Desenvolvimento
Urbano do Governo Federal – SEDU, a freqüência mínima de coleta admissível em um
país de clima quente como o Brasil deve ser de 3 vezes por semana. A empresa de
limpeza dispõe de 4 carros caçamba, 1 trator, 1 caminhão e 40 carrinhos de mão. As
localidades de difícil acesso não contam com esses serviços e não é realizada coleta
seletiva no município.
Segundo a Secretaria de Obra, Serviços Públicos e Urbanismo do Município,
cerca de 10% do lixo é enterrado e 15% é queimado por seus produtores, os outros 75%
são coletados pela empresa responsável e disposto no Aterro Controlado do município,
que fica a 3 km da Sede, na estrada em direção a localidade Gravier. Sua área é de
16.000 m² e tem uma vida útil de 2 anos devido aos diversos males provocados pelo
chorume ao solo no qual o resíduo sólido está depositado, tendo em vista que o tipo de
aterro existente no município não é o mais apropriado para se ter menos impacto
negativo na região onde está instalado.
Habitação
Icapuí é um município bastante novo e a maioria das casas é de alvenaria, mas se
encontram muitas habitações de taipa que se localizam em regiões mais afastadas do
Centro, como nas praias, por exemplo. São de muita representatividade para o
Município os tipos de habitações dos pescadores, que ainda preservam a originalidade
rústica servindo como atração turística nas praias. Não existe na Cidade, nenhuma
construção que se caracterize como apartamento.
O Plano Diretor Participativo do Município está em processo de elaboração e o
ordenamento urbano com relação a edificações obedece o Código de Postura do
Município de Icapuí.
Vale ressaltar que as praias do município possuem casas de veraneio, as quais
permanecem fechadas na maior parte do ano.
421
Em relação à distribuição de moradores por domicílios, Icapuí mantém uma
média semelhante à do estado do Ceará (Tabela 4.70). Em 2007, a média de moradores
era de 3,52 moradores na zona urbana e 3,81 na zona rural.
Segundo dados da Contagem da População do ano de 2007 (IBGE), a maioria
dos domicílios particulares permanentes, cerca de 67% encontram-se na zona rural e
apenas 33% estão na zona urbana. A Tabela 4.70 mostra a zona onde os domicílios
particulares permanentes se localizam, média de moradores e números de domicílios do
município de Aracati, segundo dados da Contagem da População do ano de 2007.
Tabela 4.70 - Número de Domicílios e Média de Moradores do Município – 2007
Situação
Domicílios Particulares Permanentes
Quantidade Média de Moradores
Icapuí Ceará
Urbana 1.568 3,52 3,7
Rural 3.201 3,81 4,1
Total 4.769 3,72 3,8
Fonte: IBGE, Contagem da População, 2007 in Perfil Básico Municipal – IPECE (2010)
Turismo e lazer
O município de Icapuí é bastante famoso como local turístico por possuir belas
praias como as de Ponta Grossa, Redonda, Tremembé e Picos. As praias são tranqüilas e
as marés ideais para o banho. Muitas destas estão quase intocadas, mantendo suas
belezas naturais.
Existem alguns pontos turísticos específicos que são bastante visitados, como: as
falésias entre Redonda e Peroba; as trilhas ecológicas; os coqueirais de praia de Picos; o
Museu Arqueológico na praia de Ponta Grossa; o Mirante e o Mercado de Artesanato na
Sede de Icapuí; além do “Acqua Park”, que fica na praia de Manibú e o Memorial Chico
Bagre na Sede.
422
Desporto
As atividades práticas esportivas mais desenvolvidas entre a população
icapuiense é o futsal, futebol de areia e o atletismo, existindo maratonas competitivas no
município.
O Município conta com 6 quadras poliesportivas localizadas nas escolas.
Existem outras 4 distribuídas no Centro, Ibicuitaba, Redonda e Mutamba. Um fator
negativo é a desativação do Estádio Municipal, situado em frente ao Mirante, por falta
de manutenção da grama.
Energia
O município de Icapuí é atendido com energia hidroelétrica fornecida pela
Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF, que vem da uma subestação
localizada no município de Russas, com distribuição pela Companhia de Eletrificação
do Ceará – COELCE. Em Icapuí, na Rua Newton Ferreira, s/n – Centro, existe uma
unidade da COELCE para atendimento ao público.
Existe um grande potencial para a geração de energia eólica no município, com
alguns parques eólicos em fase de instalação o que denota que dentro de uma
perspectiva de médio prazo, o município possa explorar seu potencial eólico e solar,
importantes fontes de energia alternativa.
Com relação ao consumo de energia, a maior parte é de consumidores
residenciais. Por outro lado, em que pese o grande número de consumidores
residenciais, o maior consumo por Mwh se verifica nos setor industrial, seguido pelos
setores comercial e rural e público (Tabela 4.71).
423
Tabela 4.71. - Consumo de Energia Elétrica por Classes - 2002 - 2009
CLASSES DE CONSUMO
(MWh)
2002 2009
CONSUMO % CONSUMO %
Residencial 2.940 10,06 5.694 14,53
Industrial 20.344 69,62 26.824 68,47
Comercial 606 2,07 812 2,07
Rural 3.477 11,90 2.871 7,33
Público 1.846 6,32 2.958 7,55
Próprio 8 0,03 21 0,05
Total 29.221 100,00 39.179 100,00
Fonte: Companhia Energética do Ceará (COELCE)
Em 2010 segundo dados da COELCE, houve uma elevação significativa no
consumo global, com destaque para os setores público e rural, e consumidores
residenciais.
Tabela 4.72 – Consumo e consumidores de energia elétrica - 2010
Comunicação
Icapuí conta com serviços de três emissoras de rádio FM’s e três AM’s do
município de Aracati. Conta ainda 01 FM Educativa do próprio município, que está
localizada no Centro da Cidade. O Município dispõe de jornais de circulação local
(Jornal de Icapuí) e de jornais de grande circulação provenientes de Fortaleza e jornais e
revistas de outros Estados, obtidos através de assinatura de seus habitantes.
A televisão e o rádio constituem os meios de comunicação de massa mais
populares, atingindo todas as camadas sociais e faixas etárias. O acesso à informática
pela população de baixa renda é garantido através das escolas que desenvolvem
programas pontuais de inclusão digital voltados para capacitação dos jovens para
inserção no mercado de trabalho.
424
Os serviços postais e telegráficos, prestados pela Empresa Brasileira de Correios
e Telégrafos ainda se revelam alternativas importantes de comunicação junto aos
moradores. Para esses serviços, o Município conta come uma agencia no centro do
Município (sede) e mais três agências comunitárias em Ibicuitaba, Manibú e Redonda.
Os serviços de telefonia contam com mais de 300 terminais telefônicos em
funcionamento distribuídos pelo município. O serviço de telefonia móvel celular é
fornecido pelas companhias Oi, Tim, Claro e Vivo, sendo a Claro a operadora que
possui um maior poder de abrangência quanto à área geográfica do município,
apresentando uma melhor qualidade do sinal.
Transporte
Os meios de transporte mais usados pela população do município são: bicicletas
e motos, carros, coletivos e outros de menor representatividade. Segundo dados do
Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN, em 2003 a frota de veículos
municipais era de 936 unidades, destes, 459 veículos eram do tipo motocicletas, o que
correspondia a quase 50% dos veículos automotores existentes no município.
O sistema rodoviário é constituído de rodovias federais, estaduais e municipais.
A BR-304 é sua artéria principal. A CE-040 e aCE-261 compõem a malha rodoviária
estadual.
O sistema rodoviário municipal funciona de modo precário e em função das
rodovias maiores, sendo constituídas na sua maioria por estradas em leito natural. A
malha viária municipal não dispõem de pista de rolamento e nem de acostamento e
apresenta condições de tráfego o ano todo, com maior precariedade nos períodos
chuvosos.
Aracati, distante cerca de 54Km de Icapuí, conta com um Aeroporto Regional
que encontra-se em fase de reforma para ampliação e modernização. Este aparelho
público irá facilitar a entreda do turismo na região, benficiando também o município de
Icapuí.
425
Segurança Pública e Justiça
Icapuí é uma cidade pacata com poucas ocorrências relacionadas a conflitos
violentos. Os casos registrado pela Polícia Civil geralmente são de furtos e pequenos
roubos. Mais recentemente começam aparecer ocorrência envolvendo consumo e tráfico
de drogas.
Outros conflitos ocorrem por ocasião do período defeso da lagosta, quando
moradores das comunidades das praias tendem a entrar em conflitos com pescadores
que teimam em desrespeitar a proibição da captura, transporte e beneficiamento da
lagosta. Nesses casos faz-se necessário reforço policial de outros municípios para
garantir a segurança no local.
A estrutura de segurança pública do município conta com uma Delegacia Civil
que funciona 24 horas e possui um delegado e 2 policiais civis. Possui também um
destacamento da Polícia Militar formado por um efetivo de 10 policiais, que se revezam
em plantões e fazem a segurança do município dividindo-o em duas áreas: Ponta
Grossa/ Sede e Sede/Manibú. O contingente militar faz parte do 1º Batalhão do
município de Russas e contam com 2 motos e 2 viaturas para a realização do
policiamento na região.
O Fórum Juiz José Marijeso de Alencar funciona na Sede com 1 juiz, 1 promotor
e 1 defensor público e faz parte da 1° Entrância. Existe também no município uma
Cadeia Pública, na qual 1 agente penitenciário e 1 policial fazem a fiscalização do
prédio.
4.3.2. Diagnóstico Sócio-econômico de Aracati/CE
O município de Aracati é um dos três Municípios onde está situado o
empreendimento Fazenda Agrícola Famosa. O município integra a Região
Administrativa 9, a Macrorregião de Planejamento denominada do Litoral
Leste/Jaguaribe e pertence à Mesorregião do Jaguaribe e à Microrregião do Litoral de
Aracati. Possui uma área de 1.229,19 km² e densidade demográfica de 48,16 hab/km².
Aracati dista da capital, Fortaleza 150,0 km, segundo dados do Departamento de
Edificações, Rodovias e Transportes - DERT.
426
Aracati está dividida nos seguintes distritos: Aracati (Sede), Barreira dos Vianas,
Cabreiro, Córrego dos Fernandes, Jirau, Mata Fresca e Santa Tereza. Limita-se a Norte
com o Oceano Atlântico e o município de Fortim; ao Sul com o município de
Jaguaruana e o estado do Rio Grande do Norte; a Leste com o município de Icapuí e o
Oceano Atlântico; e a Oeste com os municípios de Beberibe, Palhano e Itaiçaba.
Tabela 4.73 – Divisão político administrativa do Município de Aracati/CE
4.3.2.1 – População
A população do município de Aracati, no ano 2000, segundo o Censo
Demográfico do IBGE (CEARÁ, 2005) é de 61.187 habitantes, distribuídos em 22.008
residentes na zona rural e 39.179 residentes na área urbana. A população quanto ao sexo
está distribuída em 30.145 homens e 31.042 mulheres.
Os dados da Contagem Populacional do IBGE para o ano de 2007 demonstrou
uma população de 66.049 habitantes residentes em Aracati, denotando um acréscimo de
4.862 habitantes em relação ao ano de 2000. A contagem populacional do IBGE
também determinou a origem da população residente, caracterizando Aracati como um
grande receptor, talvez em decorrência dos investimentos turísticos ocorridos nos
últimos anos e a atração que exerce a bela paisagem litorânea.
A tabela 4.74 apresenta a população total, por situação de domicílio e sexo do
município de Aracati nos anos de 1991 e 2000.
427
Tabela 4.74 – População total, por situação de domicílio e sexo – 1991 e 2000
Em termos percentuais, a população urbana representou no ano de 2000 um
valor de 64,03% e a população rural apresentando 35,97% do total. Em relação ao sexo
a população do município de Aracati apresenta-se dividida satisfatoriamente,
apresentando percentual de 49,27% de homens e 50,73% de mulheres, praticamente
50% para cada. Estes valores representam uma diferença de apenas 500 habitantes.
A figura 4.77 mostra a variação percentual da população total, por situação de
domicílio e sexo do município de Aracati nos anos de 1991 e 2000.
Figura 4.77 – Variação percentual da população total, por situação de domicílio e sexo
– 1991/2000
O perfil populacional apresenta dois grupos distintos, primeiro uma população
fixa, que são os residentes no município e no segundo grupo uma população flutuante,
formada por veranistas que passam temporadas em suas casas de veraneios e turistas
que se hospedam em hotéis e pousadas, principalmente em festas populares como o
carnaval atraindo para o município uma média de 150.000 visitantes somente no
428
período carnavalesco. A população flutuante contribui significativamente na geração de
novos empregos e para a melhoria da renda dos seus moradores, incrementando e
desenvolvendo o setor turístico municipal.
A população apresenta um contingente maior de pessoas jovens, com idades
entre 10 e 59 anos, potencial significativo de mão de obra em idade de trabalhar a ser
absorvida. A distribuição etária da população torna-se desafiante para governos e
sociedade em regiões pobres. Exigem a realização de investimentos elevados nos
setores de educação e saúde, para atendimento dos contingentes populacionais jovens.
Esta atenção se redobra quando se prevê uma demanda crescente por bens e serviços
públicos e a necessidade de políticas de geração de emprego e renda para a população
economicamente ativa.
A tabela 4.75 apresenta a distribuição da população do município de Aracati, por
faixa etária no ano de 2000.
Tabela 4.75 – Distribuição da população por faixa etária - 2000
A figura 4.78 apresenta a variação percentual da distribuição da população, por
faixa etária do município de Aracati no ano de 2000.
429
Figura 4.78 – Variação percentual da distribuição da população, por faixa etária - 2000
4.3.2.2. Uso e ocupação do solo
A disponibilidade de bases de dados sobre a superfície terrestre vem se tornando
uma ferramenta indispensável na geração de informações confiáveis sobre os diversos
tipos de usos e ocupações do solo, dos tipos e distribuição das culturas, das áreas
destinadas à pastagens e, ainda, das áreas devastadas ou não ocupadas, áreas urbanas e
outras que são de fundamental importância para subsidiar o planejamento e gestão seja
do setor público ou privado, visando garantir a sustentabilidade dos recursos naturais e a
melhoria da qualidade de vida das populações.
Os Sistemas de Informações Geográficas – SIGs, tem se revelado uma
ferramenta de valor inconteste no auxílio de tomadas de decisões baseadas em dados
orbitais de sensoriamento remoto, que no caso da área em estudo, permite uma visão
completa e atualizada sob os vários aspectos que se pretenda considerar, seja do ponto
de vista ambiental, social, cultural ou histórico.
A figura 4.79 ilustra (GERCO/CE) o uso e ocupação do solo no município de
Aracati. Observando-se a área a partir do empreendimento, foram identificados 14
(quatorze) modos de ocupação, listados a seguir:
430
Figura 4.79 – Imagem de uso e ocupação do solo de Aracati/CE. Fonte: SEMACE, 2010.
a) Vegetação Natural (Caatinga);
b) Dunas;
c) Exploração de petróleo;
d) Parques Eólicos;
e) Aguas Agricultura (Culturas anuais, temporárias e permanentes);
f) Agricultura (hortifruticultura e remanescentes florestais);
g) Agro Extrativismo (culturas de vazante e exploração de carnaúbas);
h) Áreas urbanas;
i) Rodovias Federais – BRs;
j) Vias carroçáveis;
k) Rodovias Estaduais – CE;
l) Oceano;
m) Drenagens.
431
Dentre estas, as faixas que apresentam vegetação e agricultura são as mais
representativas. As áreas urbanas concentram-se, especialmente no trecho da Rodovia
Estadual CE-040 e Rodovia Federal BR-304. Estas áreas estão representadas, no
entorno do empreendimento, pelo lado de Aracati, pelas seguintes Comunidades:
Quatro Bocas, Ilha do Meio, Tanque do Lima, Curral Grande, Flamengo, Mata Fresca e
cacimba Funda.
Na área do empreendimento destaque para a predominância das faixas de
vegetação do bioma caatinga e áreas de cultivo agrícola.
4.3.2.3. Uso da Água e disponibilidade Hídrica
O município de Aracati está totalmente inserido na bacia hidrográfica do Baixo
Jaguaribe e tem como drenagens principais o rio Jaguaribe e os córregos do Fernandes,
do Retiro e das Aroeiras (Fig 4.80).
Figura 4.80 - Bacia hidrográfica do Baixo Jaguaribe. Fonte: CPRM, 1998.
Segundo a CAGECE, 90% da população urbana é atendida com água
subterrânea provenientes de 35 poços tubulares com adução de 200 m3/h.
432
Aracati foi conferido a presença de 193 poços, dos quais 188 do tipo tubular
profundo (91 públicos e 97 privados) e 5 do tipo amazonas (4 públicos e 1 particular),
como mostra a figura 4.81 de forma percentual.
Figura 4.81 – Tipos de Poços
Para os poços tubulares privados verifica-se que 73% do total (70 poços) estão
em uso e 26% (26 poços) são passíveis de entrar em funcionamento (desativados - 16
poços; não instalados - 10 poços). Com relação aos poços tubulares públicos, 31% (29
poços) encontram-se desativados ou não instalados e, consequentemente, podem ser
aproveitados, enquanto que 57% (51 poços) estão sendo utilizados.
Figura 4.82 – Relação entre poços em uso e poços não em uso
Do ponto de vista qualitativo foram considerados, para classificação, os
seguintes intervalos de STD (Sólidos Totais Dissolvidos):
0 a 500 mg/L --- água doce
500 a 1.500 mg/L --- água salobra
> 1.500 mg/L --- água salgada
P oços
Amazonas
3%
P oços
T ubulares
97%
0
1020
3040
5060
70
Nº de poços
E m Uso 70 51
Não em Uso 26 29
P rivado P úblico
433
A figura 4.83 ilustra a classificação das águas do município de Aracati,
correspondente a poços tubulares, considerando as situações: em uso, desativados e não
instalados.
Deve-se ressaltar que só foram analisados os poços onde foi possível realizar
coleta de água e os 3 poços amazonas amostrados mostraram água do tipo doce.
Quanto aos poços tubulares, os resultados mostraram o seguinte: no conjunto
dos poços tubulares em uso, a predominância é de água salobra (41 poços),
representando cerca de 53% do total neste grupo específico. No conjunto dos poços
passíveis de entrar em funcionamento (desativados + não instalados) 40% (4 poços), do
total, apresentam água salobra, sendo 40% (4 poços) água doce e 20% (2 poços) água
salgada.
Figura 4.83 – Poços Tubulares de águas subterrâneas do município de Aracati.
4.3.2.4. Aspectos econômicos
Segundo dados do Anuário Estatístico do Ceará (IPECE, 2007), até o ano de
2005, o PIB a preço de mercado corrente para o município de Aracati era de 367.481
mil reais e o PIB per capita foi de R$ 5.442 mil reais.
A tabela 4.76 mostra os valores do PIB adicionado do município de Aracati por
setores no ano de 2005.
0
10
20
30
40
50
Nº de P oços
E m Uso 18 41 18
Desativados 2 2
Não Instalados 4 2
DOCE S ALOBRA S ALINA
434
Tabela 4.76 – PIB adicionado por setores - 2005
Como se comprova o Produto Interno Bruto adicionado ao setor de serviços é o
mais expressivo apresentando índice de 58,83%, no entanto em seguida aparece o setor
industrial com o índice de 29,08% e por último o setor de agropecuária com 12,08%.
Uma das atividades que está em pleno desenvolvimento e gerando um
crescimento no setor de serviços é o turismo. As belas praias e o carnaval geram receitas
para o município em todos os setores, desde o primário até o terciário. Apesar de
possuir grandes áreas para o plantio a agricultura não é incentivada e apenas 26,84% das
terras são produtivas.
Na pecuária a criação de bovinos e caprinos é praticada em pequena e média
escala, mas a atividade que se destaca é a pesca e a criação de camarão para importação
e exportação.
O setor terciário é representado pelo comércio artesanal, de alimentação e
hotelaria, estando em desenvolvimento e ativo devido à demanda turística do município.
Setor Primário
Constituído de atividades agropecuárias, extrativistas e pesqueiros, o setor
primário não representa um importante papel no cenário econômico no município de
Aracati. Em relação à atividade agrícola pode-se afirmar que não é das mais
representativas, possuindo uma porcentagem bastante baixa com relação à área de
cultivo. Mesmo possuindo baixos cultivos Aracati se destaca pela variedade de produtos
cultivados.
Os principais produtos cultivados no município no ano de 2006 foram os
seguintes: algodão herbáceo, banana, cana de açúcar, castanha de caju, coco-da-baía,
feijão, goiaba, mamão, mandioca, melão, etc., destaca-se como principal produto do
setor agrícola do município o melão, sendo, portanto o produto mais lucrativo.
435
A tabela 4.77 apresenta os principais produtos agrícolas do município de Aracati
no ano de 2006.
Tabela 4.77 – Principais produtos agrícolas do município - 2006
O município ainda tem como fonte de renda do setor primário o extrativismo
vegetal, representado praticamente pela carnaúba utilizada na confecção de produtos
artesanais.
A tabela 4.78 mostra os produtos do extrativismo vegetal e silvicultura do
município de Aracati no ano de 2006.
Tabela 4.78 - Extrativismo Vegetal e Silvicultura do Município - 2006
436
Os dados do IBGE, através do Anuário Estatístico do Ceará – IPECE (CEARÁ,
2007), relatam à presença de efetivos, bovinos, suínos, caprinos, ovinos, equinos,
asininos, muares e aves, dentre os quais, destaca-se também a avicultura como a
principal atividade no setor de pecuária, englobando, comercialização de ovos in natura
e aves em vários estágios do desenvolvimento do pinto até a fase adulta. A produção se
destina ao mercado local e exportação.
A criação de ovinos esta em crescimento superando a criação de suínos, uma
tendência que vem se firmando com a apreciação de pratos típicos e variados. Ressalta-
se que vem se registrando em Aracati uma queda na produção agropecuária, devido às
alterações climáticas, o difícil acesso à água para a produção, o valor elevado dos
insumos, entre outros fatores, concorreu para os resultados constatados.
A tabela 4.79 apresenta a produção pecuária do município de Aracati no ano de
2006, por efetivo de cabeças.
Tabela 4.79 – Produção Pecuária do Município - 2006
Destaca-se ainda a pesca marinha, atividade econômica de grande importância
para o município, principalmente nas comunidades litorâneas. Em 2006, a produção de
pescado marítimo, atingiu 397 toneladas, destas 326 toneladas de peixe, 18 toneladas de
camarão e 53 toneladas de lagosta.
437
A produção de peixe lidera a produtividade, sendo que em segundo lugar vem a
produção da lagosta e em seguida vem a produção do camarão, que está caracterizando
o município como o maior produtor de camarão em cativeiro no estado do Ceará, cujo
destino da produção é quase que exclusivamente para exportação.
Encontra-se uma rica variedade de peixes e mariscos, destacando-se em 2006 a
produção de algumas espécies que são as seguintes: albacora, ariacó, arraia, bagre,
beijupira, biquara, bonito, cação, caicó, camurim, camurupim, cavala, cioba, dentão,
dourado, guaiúba, guarajuba, guaximbora e pargo, fornecendo uma fonte de lucro e de
sobrevivência para os moradores do município. Alguns crustáceos, como caranguejos e
siris são capturados nos mangues. A maior partedestes produtos destina-se ao mercado
interno, visando atender a demanda das barracas de praia que atendem aos turistas.
A lagosta lidera na produtividade e lucratividade, além do camarão que está
caracterizando o município como o maior produtor de camarão em cativeiro no estado
do Ceará, cujo destino da produção é quase que exclusivamente para exportação.
A tabela 4.80 apresenta as principais espécies da produção de pescado marinho
do município de Aracati no ano de 2006.
438
Tabela 4.80 – Principais Espécies da Produção de Pescado Marinho - 2006
Setor Secundário
O número de unidades industriais no ano de 2006 era de 83, sendo as indústrias
de transformação, o setor que se destaca, com 72 unidades, enquanto a construção civil
com apenas 3, a extração mineral também com 3 e as de utilidade pública com 3
unidades industriais. Em termos percentuais as indústrias de transformação representam
89,16% do total, enquanto as indústrias de construção civil, extrativa mineral e utilidade
pública representam cada uma 3,61%.
A tabela 4.81 apresenta os estabelecimentos industriais, por tipo do município de
Aracati no ano de 2006.
439
Tabela 4.81 – Estabelecimentos Industriais, por Tipo - 2006
Dentre as indústrias de transformação por gênero, as maiores representantes são
as de produtos alimentares com 55,41% do total.
Em seguida vem a de vestuários, calçados, artefatos, tecidos, couros e peles
apresentando índice de 13,51%, a de produtos minerais não metálicos com 8,11% e a de
madeira com 6,76%, havendo assim para os demais estabelecimentos índices abaixo de
5,0%, são estes: produtos minerais não metálicos; metalurgia; mecânica; material
elétrico, eletrônica de comunicação; química; perfumaria, sabões e velas; têxtil; bebidas;
editorial e gráfica, entre outros.
A tabela 4.82 mostra a classificação das indústrias de transformação, por gênero
ativas do município de Aracati em 2006.
Tabela 4.82 – Indústrias e Transformação, por Gênero Ativas - 2006
440
Setor Terciário
A atividade comercial no município está presente sob duas modalidades:
atacadista e varejista. Destaca-se no ano de 2006 o setor varejista com 705
estabelecimentos comerciais, e o setor atacadista com 14 estabelecimentos, destacando-
se ainda 03 estabelecimentos de reparação de veículos e de objetos pessoais e de uso
doméstico, totalizando 722 estabelecimentos comerciais.
A maior parte dos estabelecimentos comerciais, ou seja, a maior concentração de
estabelecimentos encontra-se no centro da sede municipal. Porém, verifica-se também
estabelecimentos de menor porte nos distritos e localidades, que suprem parte das
necessidades da população.
Merece destaque o comércio de minimercados, mercearias e armazéns varejistas,
despontando bem a frente dos outros com 33,62%. Logo após em bem menor
quantidade situa-se o comércio de tecidos, vestuário e artigos de armarinho com 15,18%
do mercado varejista, e destacam-se também os estabelecimentos de material de
construções com índice de 8,09% e produtos de gêneros alimentícios 5,96%.
O setor dos serviços vem crescendo devido ao desenvolvimento do município
com o crescimento do turismo, surgindo assim uma maior necessidade de incremento
neste setor, que vem se destacando com certa importância, principalmente na
arrecadação de impostos e fonte de emprego e renda para a população do município de
Aracati.
A atividade turística faz movimentar toda a economia do município com
empregos diretos e indiretos e está realmente trazendo para Aracati um crescimento e
desenvolvimento. O tombamento do seu acervo arquitetônico foi uma iniciativa que
veio contribuir para a atividade turística além de preservar a memória e a história da
cidade.
A tabela 4.83 apresenta os estabelecimentos comerciais varejistas, por gêneros
de atividades do município de Aracati no ano de 2006.
441
Tabela 4.83 – Estabelecimentos Comerciais Varejistas, por Gênero de Atividades -
2006
Os estabelecimentos de hospedagem em Aracati variam desde pequenas
pousadas, rústicas e simples, até hotéis maiores e com melhor infra-estrutura.
A tabela 4.84 mostra a oferta nos meios de hospedagem do município de Aracati
no ano de 2006, segundo dados da SETUR (CEARÁ, 2007).
Tabela 4.84 – Oferta nos Meios de Hospedagem do Município - 2006
442
Além desse segmento a cidade conta com agências bancárias, serviços de
hotelaria, bares, restaurantes e uma variada gama de segmentos. O seu setor comercial
ainda é provido de mercantis de médio porte, farmácias, lojas de departamento e
congêneres. O número de empregos gerados nestes comércios não é significativo visto
que em sua maioria são empreendimentos familiares e seus empregados são
basicamente do núcleo familiar.
Segundo o Banco Central (CEARÁ, 2007), o município contava até o ano de
2006 com 04 estabelecimentos bancários: 01 do Banco do Brasil, 01 da Caixa
Econômica, 01 Banco do Nordeste do Brasil S.A.- Banco Múltiplo e 01 Banco
Múltiplo, que atende sua economia, prestando seu papel no processo de
desenvolvimento local.
4.3.2.4. Caracterização das condições de vida da população
Saúde
Os municípios do estado do Ceará têm apresentado relativos avanços na
melhoria dos indicadores dos níveis de saúde, notadamente em relação à redução das
taxas de mortalidade infantil, o controle de doenças imunopreviníveis e à redução da
mortalidade materna, entre outros indicadores. O controle das doenças imunopreviníveis
é feito mediante a vacinação de rotina nas unidades de saúde e campanhas públicas de
vacinação em massa.
O município de Aracati tem seguido perfil com uma cobertura vacinal em
menores de um ano em 2006, com os seguintes tipos de vacinas: Pólio com cobertura de
124,7%, Tetravalente (DTP+HIB) com 124,7% e BCG com 126,3%.
Os resultados satisfatórios da área de saúde foram conseguidos pelo município
com a implantação do Programa Agente de Saúde, que em 2006 contava com 100
agentes de saúde, acompanhando 16.836 famílias e tendo uma população assistida de
65.688 pessoas, cobrindo todo o município, onde esses agentes levam informações e
orientações básicas em saúde, incentivando a amamentação, encaminhando mulheres
gestantes para fazerem consultas de pré-natal e controlando a vacinação.
Os agentes de saúde fazem o trabalho individual nas residências, sendo
importante a sua atuação, sendo em sua maioria uma pessoa da própria comunidade,
443
onde se torna mais fácil o acesso às famílias, contribuindo para o sucesso desse
programa no município.
Outro fator de sucesso foi à implantação do Programa Saúde da Família - PSF
que tem como objetivo principal atender todas as famílias do município, onde os
profissionais de saúde deslocam-se em cada residência para diagnosticar os tipos de
doenças existentes, como também informar aos moradores os procedimentos para evitar
o acometimento de algumas doenças.
Todas estas medidas são ações de caráter preventivo e vem conseguindo bons
resultados, porém, o atendimento hospitalar, ambulatorial e de apoio como exames,
necessitam de investimentos.
Medidas educacionais principalmente entre jovens devem ter uma atenção
constante por parte do poder público, devido ao grande fluxo de turistas recebido pelo
município. A utilização de remédios caseiros também é feita por grande número de
pessoas. O cultivo de plantas medicinais em fundo de quintal é comum nas casas de
Aracati.
Segundo dados da Secretaria da Saúde do estado do Ceará – SESA (CEARÁ,
2005), existiam até o ano 2006, 24 unidades de saúde ligadas ao Sistema Único de
Saúde -SUS sendo 20 municipais e 04 privadas, disponibilizando um total de 112 leitos.
Em caso de doenças ou de emergências, o paciente é encaminhado ao hospital
do município ou é transferido para Fortaleza, devido o hospital municipal não está
estruturado para atender a uma demanda maior, tendo um quadro de profissionais de
saúde aquém a demanda da população, como também por não dispor de uma infra-
estrutura preparada para atendimento de casos com maior gravidade.
A tabela 4.85 apresenta as unidades de saúde ligadas ao SUS no município de
Aracati em 2006.
444
Tabela 4.85 – Tipo de Unidades de Saúde do Município - 2006
No que se refere aos profissionais de saúde, em 2006, o município possuía 500
profissionais ligados ao SUS. No município esses profissionais estão distribuídos da
seguinte forma: médicos (26,20%); dentistas (7,20%); enfermeiros (7,60%); outros
profissionais de nível superior (4,40%); outros profissionais de nível médio (34,60%) e
agentes de saúde (20,00%).
A tabela 4.86 apresenta os profissionais de saúde distribuídos por funções no
município de Aracati em 2006.
Tabela 4.86 – Profissionais de Saúde do Município - 2006
O maior número de profissionais da área de saúde do município de Aracati são
os seguintes: outros profissionais de nível médio que representam 34,60% dos
profissionais, seguido dos médicos com 26,20%. O quadro de médicos é ainda pequeno
para o município, o que daria 1 médico para atender a 467,07 habitantes referente à
população total do ano de 2000 (61.187). Com relação ao total de profissionais
dividindo-se pela população total do ano de 2007 (66.049) seria 1 médico para atender a
cada 504,19 habitantes.
445
A Taxa de Mortalidade Infantil dom município de Aracati em 2006 foi de 15,4%
por 1000 nascidos vivos, obtendo resultado positivo. Segundo o parâmetro da
Organização Mundial de Saúde - OMS, os resultados são também positivos, pois para
países em vias de desenvolvimento a taxa deve ser de no máximo 50 por 1000 nascidos
vivos. Esse fato pode ser amenizado devido ao programas de prevenção, principalmente
com o controle de doenças transmissíveis mediante vacinação em massa da população
infantil e à interiorização dos agentes de saúde e profissionais do Programa de Saúde da
Família -PSF.
No ano de 2007 houve no município de Aracati 111 casos de óbitos, sendo
destes 49 homens e 62 mulheres, ocasionados por doenças do seguinte tipo: infecciosas
e parasitária (14); neoplastias – tumores (07); sangue, órgãos hematológicos, transtornos
imunitários (01); endócrinas, nutricionais e metabólicas (10); sistema nervoso (01);
aparelho circulatório (34); aparelho respiratório (19); aparelho digestivo (04); doença de
pele e do tecido subcutâneo (01); aparelho geniturinário (01); originárias no período
perinatal (05); gravidez, parto ou puerpério (1); sintomas, sinais e achados anormais em
examesclínicos e laboratoriais (02); lesões, envenenamentos e causas externas (09) e
contatos com serviços de saúde (02).
Outros dois importantes indicadores de saúde são o número de crianças nascidas
vivas que chegaram a 1.167 e o número de óbitos para menores de 1 ano, que foi de
apenas 18 do total das crianças nascidas (CEARÁ, 2007).
Devido ao grande fluxo de turistas as autoridades do município de Aracati
intensificam as campanhas sobre AIDS e outras doenças venéreas. As doenças mais
frequentes registradas no município de Aracati foram à tuberculose, a hepatite viral e a
meningite, dentre outras.
A tabela 4.87 apresenta as doenças notificáveis encontradas no município de
Aracati no ano de 2006.
446
Tabela 4.87 – Doenças notificáveis no município - 2006
O município de Aracati é beneficiado com um Centro de Atenção Psicossocial -
CAPS que é considerado um centro de saúde mental comunitário e municipal, sendo
mantido e regulamentado pelo Sistema Único de Saúde - SUS, abrangendo a 7ª Célula
Regional de Saúde de Aracati que abrange além da cidade de Aracati, os municípios
vizinhos que são: Fortim, Icapuí, Beberibe e Itaiçaba.
Esse Centro de Saúde tem como objetivo atender a crianças, adolescentes e
idosos que apresentem transtornos mentais diversos, como depressão, quadros
psicóticos variados, transtornos decorrentes do uso nocivo do álcool e outras drogas,
vítimas de violência, retardo mental associado à depressão e outros transtornos mentais
graves.
A unidade de saúde mental é composta por uma equipe formada pelos seguintes
profissionais: assistentes sociais, enfermeira, auxiliar de enfermagem, psicóloga, médica
psiquiatra, terapeuta ocupacional, recepcionistas, motorista, auxiliares de serviços
gerais, monitores de oficina, cozinheira, educador físico e digitadora, possuindo também
ambulância disponível para o atendimento dos pacientes.
Educação
O Setor Educacional do município de Aracati é composto pelos níveis de
educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, administrado pelas redes de
ensino estadual, municipal e particular, como também o ensino superior.
447
O município de Aracati obteve em 2007 um total de 18.191 matrículas iniciais,
705 docentes e 149 estabelecimentos de ensino mantidos na sua maior parte pela
Prefeitura Municipal, havendo uma pequena participação da rede estadual e particular
de ensino.
Tabela 4.88 - Frota de veículos do município - 2007
O total de estudantes matriculados, segundo o nível de ensino, está assim
distribuído: 11,65% crianças matriculadas na Educação Infantil; 67,54% crianças e
adolescentes matriculadas no Ensino Fundamental; 17,47% matriculados no Ensino
Médio e 3,34% matriculados no Ensino Superior.
A tabela 4.89 apresenta o número de estabelecimentos, docentes e matrícula
inicial, por dependência administrativa e níveis de educação, no ano de 2007 do
município de Aracati.
Tabela 4.89 – Número de estabelecimentos, docentes e matrícula inicial, por
dependência administrativa e níveis de educação - 2007
448
A Secretaria de Educação, Cultura e Desporto de Aracati criou o Plano
Municipal de Educação, com os seguintes programas implementados (PDDU, 2001):
Programa de Habilitação de Professores; Programa de Aceleração de Aprendizagem;
Programa de Redução do Número de Escolas Isoladas; Programa Escola Viva; Kit
Material Didático; Alfabetização de Adultos; Programa de Merenda
Escolar/Distribuição por rotas; Creches (14) localizadas nas regiões carentes; Ensino
Pré- Escolar/Realizado com dinâmica, oficinas, etc.; Convênio com a Fundação
Nacional de Saúde/Higiene Bucal; Sistema de Intersecretarias na área de Educação; e
Transporte Escolar para localidades distantes.
O ensino na rede pública tem demonstrado nos últimos anos melhor qualidade, o
que se deve a capacitação de professores e o acesso destes aos cursos superiores, porém
os reflexos têm sido positivos no ano de 2005, com a taxa de aprovação no ensino
fundamental que foi de 84,3% e no ensino médio com 81,1%. No entanto a taxa geral de
evasão nos dois níveis de ensino apresentou um valor de 18,2% enquanto as taxas
repetência ainda segundo dos níveis de ensino fundamental e médio totalizam 18,5%.
Apesar disso, o número de crianças matriculadas cresceu significativamente em
resposta as campanhas patrocinadas pelo Governo Federal, em conjunto com o estado e
o município.
A Tabela 4.90 apresenta os principais indicadores educacionais do município de
Aracati no ano de 2005.
449
Tabela 4.90 – Principais Indicadores Educacionais - 2005
Os professores da rede municipal participam de cursos de capacitação e a grande
maioria concluiu o curso de pedagogia em regime especial. Isto representa uma
melhoria na qualidade de ensino do município. Com a implantação do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério - FUNDEF e sua utilização para o objetivo que se propõe, verificou-se que o
sistema educacional do município realmente obteve significativos resultados.
Abastecimento de Água
A distribuição de água é de responsabilidade da Companhia de Água e Esgoto
do Ceará-CAGECE, que atende a 95,9% da população da sede municipal no ano de
2006. Já as comunidades situadas na periferia possuem como fontes de abastecimento
poços tubulares ou chafarizes e na zona rural o abastecimento de água é feito através de
nascentes ou poços subterrâneos, sendo esta alternativa importante para épocas de
estiagem.
Por forma de abastecimento do total de 1.757.888 domicílios pesquisados,
1.068.746 utilizavam rede geral canalizada, 36.737utilizavam poços ou nascente e
328.405 utilizavam outras formas de abastecimento.
Representando em termos percentuais, a maioria dos domicílios ainda utilizava-
se de rede geral, cerca de 59,58% e 17,01% utilizavam-se de poço ou nascente e 23,40%
possuíam outra forma de abastecimento.
450
A tabela 4.91 apresenta o número de domicílios particulares permanentes, por
forma de abastecimento de água em 2000 no município de Aracati.
Tabela 4.91 – Domicílios particulares permanentes, por foroma de abastecimento de
água - 2000
Segundo os últimos dados referentes ao ano de 2000, à maioria dos domicílios
ainda utilizava-se de rede geral, cerca de 59,58% e 17,01% utilizavam-se de poço ou
nascente e 23,40% possuíam outra forma de abastecimento.
De acordo com a CAGECE (CEARÁ, 2002/2003), os dados do ano de 2002
indicam que a extensão da rede de abastecimento d'água no município era de 85.407 m
e um volume produzido d'água de 2.174.421 m3. Já no ano de 2004 (CEARÁ, 2005) o
volume produzido passou para 2.511.493 m3 de água.
Existiam ainda no ano de 2004, 9.167 ligações ativas de água em Aracati,
enquanto no ano 2000, 8.475 faziam uso da rede geral.
Faz-se notar o aumento da rede de abastecimento da CAGECE, entre os anos
2000 e 2004.
No ano de 2006 havia 11.895 ligações reais e 10.312 de ligações ativas de água
apresentando um volume produzido de 2.753.842 m3de água. Verifica-se então que a
taxa de cobertura urbana de abastecimento de água foi de 95,5% nesse mesmo ano.
Esgotamento Sanitário
Existe no município de Aracati o sistema público de esgotamento sanitário, o
qual é administrado pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará - CAGECE, que
contempla atividades de coleta, tratamento e destino final dos esgotos sanitários. A Vila
de Canoa Quebrada é um dos centros urbanos contemplado com este serviço de
saneamento básico. Ressalta-se que ainda existem na sede do município valas negras e
águas estagnadas nas vias públicas.
451
A sede municipal tinha, em 2002, uma rede coletora de esgotos de apenas de
4.349 m de extensão (CEARÁ, 2002/2003).
Dos 14.224 domicílios pesquisados no Censo Demográfico, em 2000, 11.072
possuíam algum tipo de esgotamento sanitário, sendo que 74,70% fossas rudimentares,
22,16% sem banheiro nem sanitário e 1,12% outro tipo de esgotamento sanitário e
apenas 0,59% utilizam rede geral.
A tabela 4.92 apresenta a situação dos domicílios particulares permanentes,
segundo todas as suas instalações sanitárias no município de Aracati, em 2000.
Tabela 4.92 – Domicílios particulares permanentes, por tipo de esgotamento sanitário -
2000
A maioria dos domicílios referentes a esse mesmo período, utilizavamse da fossa
rudimentar, sendo 74,70%, mais da metade dos domicílios.
E um valor considerável não possuía banheiro nem sanitário, chegando a 22,16%
do total dos domicílios.
No ano de 2004, Aracati possuia apenas 246 ligações reais e 180 ligações ativas
de esgotos, e uma taxa de cobertura urbana de apenas 2% sendo ainda bastante precária
este tipo de infra-estrutura no município. Com relação ao ano de 2005 houve um
pequeno aumento no sistema de esgotamento sanitário com 250 ligações reais e 183
ligações ativas de esgoto apresentando uma taxa de cobertura urbana de 3,1%. Já no ano
de 2006 havia 335 ligações reais e 269 ligações ativas de esgoto, demonstrando que
houve um pequeno aumento da rede de esgoto, mais que ainda necessita que haja um
acrescimento desse serviço no município.
Limpeza Pública
Conforme dados do Censo Demográfico, em 2000, dos 14.758 domicílios
pesquisados, na maioria o lixo era coletado, sendo este serviço de responsabilidade da
Prefeitura Municipal de Aracati.
452
Quanto aos valores percentuais dos 14.224, como já dito, a maioria era coletado,
61,12%, 24,42% queimado, 6,35% enterrado, 7,47% jogado em terreno baldio, 0,11%
jogado em rios, lago ou mar e 0,53% tinham outro destino. Estes índices apresentam
valores satisfatórios em relação ao destino do lixo, já que grande parte desses resíduos é
coletada, chegando a mais da metade.
A tabela 4.93 apresenta o principal destino final do lixo gerado nos domicílios
particulares permanentes, no ano 2000 no município de Aracati.
Tabela 4.93 – Destino do lixo em domicílios particulares permanentes - 2000
O sistema de limpeza urbana no município é realizado na sede municipal, onde
existe a coleta sistemática e regular do lixo doméstico e hospitalar, com a participação
de seus moradores que contribuem com a limpeza colocando seus lixos em sacos
plásticos e depositado nos recipientes ou em frente às residências no dia da coleta
municipal.
Porém o seu destino final ainda é a céu aberto, necessitando da implantação de
um aterro sanitário. Ressalta-se que o cuidado com a limpeza é uma preocupação do
poder público municipal principalmente por Aracati ser uma cidade turística. Existem
camburões de lixo por toda a cidade e pequenas lixeiras rodeiam praças e calçadas.
Habitação
O município de Aracati possui um acervo arquitetônico antigo de sobrados e
casarões tombados como Patrimônio Histórico do Ceará.
Estes casarios são representantes de uma época de grande desenvolvimento
econômico ocorrido no município durante o século passado. São representativas no
município as habitações dos pescadores que ainda preservam a originalidade rústica que
atrai turistas.
453
Em relação à distribuição de moradores por domicílios, Aracati mantém a média
considerada aceitável, resultado de uma atenção à questão habitacional envolvendo
estado/município, em programas como mutirões habitacionais, com a construção de
moradias dotadas com infra-estrutura básica para a população de baixa renda da sede do
município, que vem dando uma resposta positiva a esta demanda social. Apesar da
especulação imobiliária em decorrência da beleza natural, não se formou em Aracati
uma população favelada.
Segundo o Censo Demográfico 2000 do IBGE, a maioria dos domicílios
particulares permanentes, cerca de 65,77% encontram-se em zona urbana e apenas
34,22% estão na zona rural. A média de moradores ficou em 4,16 moradores na zona
urbana e 4,44 na zona rural.
O Quadro 5.4 e o Quadro 5.5 apresentam a evolução dos domicílios municipais,
entre a Contagem Populacional de 1996 e o Censo Demográfico de 2000. Nesses
quadros houve grande incremento no número de domicílios, em proporção bem superior
ao crescimento populacional do período, o que tanto pode ser explicado pelo aumento
da renda da população, quanto está sendo vinculado ao crescimento específico do setor
turístico, através de casas de veraneio.
Na zona rural não foram identificados problemas habitacionais, talvez devido ao
deslocamento dessas populações para a zona urbana, bem como pela oferta de espaço
para a construção de moradias para as famílias que vão surgindo, apesar da precariedade
das casas estas seguem o perfil habitacional encontrado no interior do estado.
Tabela 4.94 – Domicílios, população residente e média de moradores - 1996
454
Tabela 4.95- Domicílios, população residente e média de moradores - 2000
No município de Aracati é consideravelmente maior o número de habitações
construídas em tijolos e com telhas sobre outras construídas em taipa e com telhado de
palha, havendo no geral, habitações dos mais variados tipos, dependendo da classe de
rendimento familiar.
Turismo, Lazer e Cultura
Destacam-se em Aracati as praias de Majorlândia, Lagoa do Mato, Fortim,
Retirinho, Retiro Grande e principalmente Canoa Quebrada, que é uma das mais
famosas praias do Ceará, conhecida até por pessoas de outros países.
Na praia de Majorlândia predominam os locais de veraneio da população local e
da vizinhança. Além de Majorlândia encontra-se ainda a praia de Quixaba e na porção
sul do município, estão às praias de Retirinho e Retiro Grande, que consiste em uma
enseada. Na Fontainha a esquerda de Quixaba, ainda pode-se conhecer praias desertas,
compostas por falésias que possuem formas esculturais à beira mar.
No sentido oeste do município esta localizada a praia de Canoa Quebrada, um
lugar que é composto por belezas naturais e diversão, o qual atrai turistas e visitantes de
todos os locais e principalmente estrangeiros. A praia é dotada de uma incrível beleza
natural, com dunas e falésias, onde nestas encontram-se esculpidas, o símbolo dessa
localidade, que são uma lua e uma estrela reconhecido internacionalmente.
Além da beleza natural Canoa Quebrada atraí pela sua boa infra-estrutura
noturna, a qual possui diversas boates e restaurantes, que satisfazem e encantam aos
visitantes. Além das pousadas existem também as barracas na praia, que oferecem uma
culinária de primeira qualidade e bastante típica da região como os pratos preparados
com peixes e frutos do mar.
455
Outra atração do município de Aracati é o carnaval que recebe uma média de
150.000 pessoas nesse período, fazendo com que a estrutura local seja modificada tanto
economicamente como socialmente. Verifica-se que o município no ano de 2006
possuía 58 estabelecimentos que ofertavam meios de hospedagem para os visitantes,
com a disponibilidade de 991 unidades habitacionais possuindo 2.479 leitos.
No caso de Aracati, a associação cultural deve levar em conta a origem e
desenvolvimento histórico das populações, dados em função do meio físico em que
habitam e das influências do sistema mundial sobre esse meio.
A representação cultural pode ser apreciada nas artes, que localmente se
apresentam sob variados aspectos, dentre os quais se destacam: a arquitetura das
cidades; a formação religiosa; a presença musical; a presença das artes cênicas; as festas
societárias; a arte construtiva dos equipamentos agrícolas; as artes de pesca; o desporto;
as artes plásticas, com um artesanato exuberante em artefatos da palha de carnaúba; a
culinária; e o associativismo.
A oferta de equipamentos culturais ainda é insipiente. As bibliotecas são as
únicas fontes de acesso à cultura formal que a população possui, estando contabilizadas
nessa referência as bibliotecas de escolas.
Segundo os dados da Secretaria de Cultura -SECULT, em 2006 (Anuário
Estatístico do Ceará - IPECE, 2007), Aracati possuía 01 biblioteca pública municipal e
01 museu. Este museu é equipamento da maior significância cultural para resgate e
preservação da história, da arte e das tradições dessa região. Nesse município
encontram-se tombados os seguintes monumentos pertencentes ao patrimônio histórico:
Casa de Câmara e Cadeia, Igreja Nossa Senhora do Rosário e Sobrado do Barão de
Aracati (Instituto do Museu Jaguaribano).
Os monumentos de Aracati também são marcas culturais importantes, podendo
ser destacada a igreja matriz de Nossa Senhora do Rosário, com construção iniciada no
Século XVIII e concluída na segunda metade do Século XIX, com estilo barroco que é
localizada na praça da matriz à Rua Dragão do Mar. Essa igreja possui algumas imagens
e mesa de comunhão de jacarandá, além de outras características notáveis.
Há ainda como parte de atração cultural o museu do jangadeiro, fundado em 15
de Novembro de 1968 em estilo neoclássico, localizado no antigo sobrado do Barão de
Aracati. Essa instituição cultural da cidade possui um bom acervo de peças de arte
popular e de documentos de seu passado. Muitas imagens das igrejas locais estão no
456
museu, evitando, com a medida, furtos ou doações irresponsáveis. O prédio é revestido
com azulejos portugueses estampados e no interior há curiosa helicoidal de ferro. Hoje o
prédio funciona também como sede do Serviço Social da Indústria - SESI.
Destaca-se ainda a Casa da Câmara e a Cadeia, cujo prédio teve obra iniciada no
século XVIII e apesar de sofrer algumas alterações por volta de 1920 terá sua
restauração à forma antiga.
Artesanato
Aracati é bastante rica no que diz respeito ao artesanato, possuindo artesãos que
trabalham fazendo labirintos em toalhas, caminho de mesa, blusas bordadas,
guardanapos, fazendo com que os turistas sejam atraídos para o município, onde podem
encontrar também as areias coloridas trabalhadas dentro das garrafas. Encontram-se
também bijuterias feitas de búzios e sementes, completando assim o quadro do
artesanato local.
O artesanato de Aracati destaca-se através de trabalhos com labirintos como
toalhas, caminho de mesa, blusas bordadas, guardanapos, areias coloridas dentro de
garrafas, bijouterias artesanais confeccionadas com produtos da terra, o que a tornam
original e única, utensílios decorativos e bolsas feitas de palha, chamam a atenção e
encantam os turistas, que ao comprarem estes produtos estão gerando emprego e renda
para muitas pessoas, deixando divisas no município que por sua vez pode oferecer aos
moradores serviços públicos de qualidade.
Essa atividade além de gerar empregos, demonstra a capacidade de criação da
população local. Esses artesanatos estão à venda em lojas de souvenir, perto das praias,
em praças e no terminal rodoviário.
Energia Elétrica
O município de Aracati é beneficiado com energia elétrica fornecida pela
Companhia Hidroelétrica do São Francisco - CHESF e distribuída pela Companhia
Energética do Ceará-COELCE.
O município obteve, no ano de 2006, um total de 21.786 consumidores e um
consumo de 72.533 MWh. A classe residencial apresentou o maior número de
457
consumidores com índice de 85,87%, seguida das classes rural com 6,75%, comercial
com 5,33% e os demais apresentaram índices abaixo de 2%. Com relação ao nível de
No item consumo de energia, a classe que mais se destacou foi à rural (31,41%),
seguida da residencial (36,22%), industrial (16,12%), comercial (12,47%) e as demais
classes de consumo apresentaram índices inferiores a 7,0%. A tabela 4.96 apresenta o
consumo e o número de consumidores de energia elétrica do município de Aracati, de
acordo com as classes de consumo no ano de 2006.
Tabela 4.96 – Consumo e número de consumidores de energia elétrica, por classes de
consumo - 2006
A figura 4.84 mostra a variação percentual do consumo e número de
consumidores de energia elétrica do município de Aracati, segundo as classes de
consumo no ano de 2006.
Figura 4.85 – Variação percentual do consumo e número de consumidores de energia
elétrica, por classes de consumo - 2006
458
Comunicação
O município de Aracati, comparado aos outros municípios cearenses, apresenta-
se bastante evoluído em termos de comunicação. O município conta com os seguintes
meios de comunicação: emissoras de rádio FM's e AM's locais e recebe sinais de
emissoras de televisão, sendo também observada a existência de um grande número de
antenas parabólicas, de forma que Aracati atende as necessidades de seus habitantes,
pois estes têm constantemente acesso a notícias locais, nacionais e internacionais.
Além desses meios de comunicação, esse município dispõe de jornais de
circulação local, de jornais provenientes de Fortaleza, como também jornais e revistas
de outros Estados, através de assinatura de seus habitantes.
Os serviços postais e telegráficos, prestados pela Empresa Brasileira de Correios
e Telégrafos - ECT (CEARÁ, 2007) oferecem a população local alternativas de manter
um elo com o resto do mundo de maneira mais direta e pessoal. Existem no município
01 agência dos Correios, 04postos de vendas de produtos, 04 caixas de coleta e 09
agências de Correios comunitárias.
Quanto ao serviço de telefonia, existe um bom índice de terminais em
funcionamento em relação aos terminais instalados e um número significativo de
telefones públicos, com uma média de 7,63 telefones por 1000 habitantes. Em 2003
haviam 6.405 linhas telefônicas em Aracati (CEARÁ/O Povo, 2004).
Na telefonia móvel, o município está na área de cobertura da prestadora TIM,
como também está na área de abrangência das prestadoras CLARO e OI.
O acesso a computadores e a Internet faz com que moradores mais privilegiados
e empresas acompanhem o progresso do resto do mundo. O acesso à informática pela
população de baixa renda é garantido através da escola e por cursos oferecidos pelo
estado e município preparando e facilitando a entrada destes jovens no mercado de
trabalho.
A televisão e o rádio ainda são os meios de comunicação mais populares
atingindo a todas as camadas sociais e faixas etárias, onde se pode observar grande
número de antenas parabólicas na zona rural. Podendose encontrar no município de
Aracati no ano de 2006, as seguintes emissoras de rádios: 01 rádio comunitária; 02
rádios com frequência modulada (FM Comercial); 03 rádios com ondas médias (AM);
459
totalizando 06 rádios, sendo especificadas da seguinte forma, 01 aguardando
licenciamento e 05 com licença definitiva.
Destaca-se ainda no município de Aracati a existência de 04 canais de rádio
difusão de som e imagem comercial e educativa por fase de implantação; sendo 01
outorgada e 03 que possuem licença definitiva.
Sistema Viário e Transportes
O acesso ao município de Aracati é realizado, partindo-se de Fortaleza através
da rodovia estadual CE-040 e pela rodovia federal BR-304, que é uma via construída
em pavimento asfáltico com duas faixas de rolamento, uma para cada sentido, podendo
manter trechos com duas faixas ao longo de seu trajeto.
O município de Aracati conta ainda com uma malha de estradas municipais em
pavimento primário, ou mesmo estradas estaduais como é o caso da via de ligação entre
Aracati e Canoa Quebrada, essa em pavimento asfáltico. A maioria das estradas
municipais necessita de conservação, não existindo pistas de rolamento definidas nem
acostamentos e a maioria delas se encontra em leito natural, trafegável apenas em
período bom e seco.
Aracati contava em 2004, segundo os dados do Anuário Estatístico do Ceará
(IPECE, 2005), com 211,0 km de rede rodoviária municipal, sendo 73,5 km de leito
natural, 126,5 km de implantada e 11,0 km pavimentada.
Existe no município um sistema aeroviário, que possui um campo de pouso,
distante 130 km de Fortaleza, com uma pista de 1.000 m de extensão e 30 m de largura,
sem revestimento, portanto, com condições deficitárias de operação, de propriedade do
Ministério da Aeronáutica. Este campo de pouso situa-se pouco além do entroncamento
da rodovia federal BR-304 com a rodovia estadual CE-040, portanto dentro da área de
influência direta do empreendimento, ressaltando-se que essa condição se dá pela
ampliação marginal da área de influência em um quilômetro além da rodovia.
O sistema rodoviário é constituído de rodovias federais, estaduais e municipais.
A BR-304 é sua artéria principal, possuindo entroncamento com a BR-116, ambas da
malha rodoviária federal. As rodovias estaduais CE-040 e a CE-371 compõem a malha
rodoviária estadual que serve ao município. O sistema rodoviário municipal funciona
460
em acréscimo e em função das rodovias maiores, além das estradas carroçáveis que
fazem a comunicação entre os distritos e localidades.
A BR-304 segue para o Estado do rio grande do Norte, vinda da sede municipal.
Para chegar às praias de Quixaba, Majorlândia e Canoa Quebrada o acesso é feito a
partir da sede municipal pela BR-304, depois seguindo pela CE-371 até as praias. Para
chegar ao município de Icapui, também se segue pela BR-304 até a CE-261, que dá
acesso ao município.
O município conta com um terminal rodoviário que atende as empresas de
ônibus que fazem o transporte de passageiros e cargas para os sistemas: intermunicipal e
interestadual.
Existe uma regularidade também de transportes alternativos, topics, que
complementam o transporte de passageiros entre as principais localidades e distritos da
região.
Os meios de transporte mais usados pela população são: motocicletas e
automóveis, além das bicicletas para deslocamento dentro da sede municipal;
caminhões e carros de aluguel para deslocamentos entre os distritos/sede, segundo
dados do DETRAN-CE de 2006 a frota de veículos municipais era de 6.582 unidades.
Há um crescimento na frota de carros particulares, e das camionetas a diesel, devido a
grande utilização desses veículos para a prática de esportes radicais.
A grande maioria cerca de 75,52% dos veículos são movidos à gasolina, seguido
dos movidos a diesel com 10,66%, que vem crescendo bastante, em todo o estado do
Ceará, devido o aumento da utilização de carros utilitários, camionetas, jeeps, etc.
Principalmente em municípios localizados próximos as praias, campos de dunas e locais
de acessos restritos aos outros tipos de automóveis e os movidos a álcool representam
8,35%, dentre outros. Outro fato bastante importante é a quantidade de motocicletas e
motonetas, que juntas somam 3.151 unidades, representando 45,53% do número de
automóveis.
O Quadro 5.10 apresenta os dados referentes à frota de veículos do município de
Aracati, em 2007, segundo dados do DENATRAN (IBGE, 2008).
461
Segurança Pública
Aracati é sede da comarca do poder Judiciário de 3a Entrância. É uma cidade
relativamente calma com casos mais frequentes de furtos e pequenos roubos. Apenas
nas épocas de alta estação e de carnaval é que surgem casos mais sérios que precisam da
intervenção policial ostensivamente. A Justiça e Segurança Pública contam com uma
Delegacia Civil com todo o corpo funcional.
4.3.3 Diagnóstico Sócio-econômico de Tibau/RN
4.3.3.1. Populações
Tibau no Estado do Rio Grane do Norte, é um dos três municípios onde se situa
a área do empreendimento Fazenda Agrícola Famosa. O município está localizado na
extremidade setentrional do estado do Rio Grande do Norte, pertence ao Polo Costa
Branca, à Mesoregião do Oeste Potiguar e, segundo classificação do IBGE à Micro
região de Mossoró, distando 328 km de Natal. De acordo com o Instituto de Geografia e
Estatística do Brasil/IBGE2, a área ocupada pelo município é de 162,4 km
2 e os seus
limites territoriais são: Oceano Atlântico e o Estado do Ceará ao Norte; Mossoró ao Sul;
Oceano Atlântico e Grossos a Leste e Mossoró e o Estado do Ceará a Oeste. A região
conta com um litoral privilegiado, destacando-se como atrativos principais, as suas
praias: Tibau Sede, Emanuelas, Gado Bravo, além de outros atrativos turísticos como a
462
Pedra do Chapéu, Morro das Areias Coloridas e as famosas falésias do seu litoral.
Figura 4.85 – Mapa administrativo do município de Tibau/RN.
Os dados do IBGE demonstram que o município de Tibau possui uma população
total de 3.750 habitantes, sendo 53,00% do sexo masculino e 47,00% do sexo feminino.
Quanto à situação domiciliar, 89,81% dos habitantes residem na zona urbana e 10,19%
na zona rural (Tabela 4.97).
463
Tabela 4.97 – Dados demográficos de Tibau/RN
A população por grupo de idades no ano de 2010 apresentou uma composição de
26,98% dos indivíduos com idades entre 0 a 14 anos. A maior parte da população
recenseada, no percentual de 55,19%, ficou na faixa dos 15 a 64 anos e o restante,
17,83% da população, na faixa de 65 anos ou mais de idade. Observa-se com base nos
dados apresentados que o Município tem uma população residente relativamente jovem
(Tabela 4.98).
464
Tabela 4.98 – Faixa etária por gênero da população de Tibau/RN
Faixa Etária Homens Mulheres
0 a 4 166 153
5 a 9 168 159
10 a 14 179 170
15 a 19 178 183
20 a 24 180 164
25 a 29 137 118
30 a 34 119 132
35 a 39 122 113
40 a 44 77 78
45 a 49 68 64
50 a 54 83 54
55 a 59 35 47
60 a 64 42 41
65 a 69 19 16
70 a 74 35 30
75 a 79 7 24
80 a 84 10 10
85 a 89 6 5
90 a 94 - -
95 a 99 - 6
Fonte: Censo Demográfico 2000/2007 (IBGE)
Outro dado importante é que 42,29% da população residente consiste de
População Economicamente Ativa - PEA, com indivíduos na faixa dos 20 aos 59 anos
de idade, uma parcela significativa da população, que representa ao mesmo tempo uma
força potencial de trabalho a ser empregada em favor da economia do Município e um
desafio a ser vencido pelos gestores para garantir oportunidades de trabalho e boa
qualidade de vida para todos.
Segundo o IBGE, em 2001 a população total do Município era de 3.197
habitantes, com uma densidade demográfica de 19,73 hab/ km². A Contagem
populacional de 2007 apontou uma população de 3.750 habitantes e a densidade
demográfica evoluiu para 23,09 hab/km2, sendo que a maior parte dessa população
encontra-se na zona urbana do Município.
465
Comunidades do Entorno
No entorno da área do empreendimento existem as comunidades Santa Isabel,
Aroeiras, Terio, São José, Canto de Boi, Mutirão e Gangorra. Uma parte das
comunidades distribui-se ao longo da RN-013, estrada que liga Tibau a Mossoró no Rio
Grande do Norte.
São comunidades cuja economia baseia-se predominantemente na agricultura
familiar, com culturas tradicionais, como o plantio de milho, feijão e mandioca para
consumo da família e venda do excedente para o comércio local e, nas comunidades
localizadas nas praias, há o predomínio da atividade pesqueira que se dá de forma
eminentemente artesanal.
As edificações existentes nas comunidades são na sua maior parte domicílios
residenciais, existindo algumas casas de veraneio, com destaque para Hotéis, Pousadas e
Condomínios distribuídos ao longo do seu litoral. Na sede do Município estão os
principais equipamentos de infraestrutura social e estabelecimentos comerciais para
atendimento à população da região.
Comunidades Tradicionais
Nas questões acerca da População Indígena e Populações Tradicionais o estudo
adotou o seguinte conceito: “São grupos culturalmente diferenciados e que se
reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que
ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução
cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações
e práticas gerados e transmitidos pela tradição (Decreto Federal N°. 6.040/2007).”. A
partir deste conceito, conclui-se que os povos e comunidades tradicionais do Brasil são
compostos pelos povos indígenas, quilombolas, as comunidades de terreiro, os
extrativistas, os ribeirinhos, os caboclos, os pescadores artesanais, os pomeranos, dentre
outros.
Os dados da Fundação Nacional do Índio – FUNAI indicam que em Tibau, não
há registros de comunidades indígenas. Sobre as comunidades quilombolas constatou-se
através da base de dados do INCRA, que também que não há registros no município.
466
Os pescadores nativos que tem na pesca artesanal o seu meio de sobrevivência,
são considerados integrantes das comunidades tradicionais por realizarem atividades
com instrumentos e práticas utilizados desde a época de seus antepassados, havendo,
por conseguinte, um resgate e a continuidade dessa forma de pescar no município de
Icapuí.
4.3.3.2 Uso e Ocupação do Solo
A disponibilidade de bases de dados sobre a superfície terrestre vem se tornando
uma ferramenta indispensável na geração de informações confiáveis sobre os diversos
tipos de usos e ocupações do solo, dos tipos e distribuição das culturas, das áreas
destinadas à pastagens e, ainda, das áreas devastadas ou não ocupadas, áreas urbanas e
outras que são de fundamental importância para subsidiar o planejamento e gestão seja
do setor público ou privado, visando garantir a sustentabilidade dos recursos naturais e a
melhoria da qualidade de vida das populações.
Os Sistemas de Informações Geográficas – SIGs, tem se revelado uma
ferramenta de valor inconteste no auxílio de tomadas de decisões baseadas em dados
orbitais de sensoriamento remoto, que no caso da área em estudo, permite uma visão
completa e atualizada sob os vários aspectos que se pretenda considerar, seja do ponto
de vista amibental, social, cultural ou histórico.
A figura 4.86 ilustra o uso e ocupação do solo. Observando-se a área a partir do
empreendimento, foram identificados 12 (doze) modos de ocupação, listados a seguir:
a. Vegetação Natural (Caatinga);
b. Dunas;
c. Exploração de petróleo;
d. Parques Eólicos;
e. Aguas
f. Agricultura (Culturas anuais, temporárias e permanentes);
g. Agricultura (hortifruticultura e remanescentes florestais);
h. Áreas urbanas;
i. Vias carroçáveis;
j. Rodovias Estaduais – RN;
467
k. Oceano;
l. Drenagens.
Figura 4.86 – Mapa de uso e ocupação de solo da Zona Homogênea Mossoroense.
Fonte: IDEMA, 2013.
Dentre estas, as faixas que apresentam vegetação e agricultura são as mais
representativas. As áreas urbanas concentram-se, especialmente na faixa litorânea e nos
trechos da Rodovia Estadual RN-013 e vias carroçáveis do Município.
Na área do empreendimento destaque para a predominância das faixas de
vegetação do bioma caatinga e áreas de cultivo agrícola.
Há ainda a exploração de petróleo que exerce grande influência regional dado a
importância econômica e a dinâmica dos investimentos sobre a socioeconomia da
região.
468
Figura 4.87 – Mapa da ocupação petrolífera da Zona Homogênea Mossoroense. Fonte:
IDEMA, 2013.
4.3.3.3 Uso da Água e disponibilidade Hídrica
Abastecimento de Água
No município de Tibau a distribuição de água é realizada pela rede geral do
Estado gerida pela Companhia de Água e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN).
Em 2000 existiam 714 domicílios, sendo 612 urbanos e 102 rurais. Deste total, 83,19%
dos domicílios eram abastecidos pela Rede Geral – CAERN, 5,74% através de poços ou
nascente e 11,06% por outras formas, que pode ser carros pipa por exemplo.
As reservas hídricas do município estão, principalmente, no subterrâneo e
possuem boas condições de extração. A distribuição de água município é feita através
de adutoras na sua maior parte. Na sede Tibau, é distribuído água nas 24 horas do dia,
nas demais localidades o serviço é realizado forma alternada.
Em muitas localidades a água disponibilizada para as residências e demais usos
é salgada e inapropriada para o consumo humano e para agricultura.
469
4.3.3.3 Aspectos econômicos
A economia representa o status de desenvolvimento de uma sociedade e será
mais eficiente na medida em que as suas estruturas produtivas, as suas relações de
produção e as riquezas geradas tenham alcance ampliado sobre os seus cidadãos e
regiões, configurando assim o desenvolvimento econômico e social de uma nação ou
região ou País. No Brasil a política do crescimento econômico primou pelo
desenvolvimento das regiões Sul e Sudeste. Num segundo momento, vieram a abertura
das novas fronteiras agrícolas na Região Centro-Oeste do País e só muito tardiamente, a
região Nordeste passou a ser contempladas com políticas de governo voltadas para o
desenvolvimento econômico e social, ainda que de forma incipiente.
Segundo dados do IBGE de 2008, o PIB total de Tibau era de R$ 38.961,928. A
economia do município pode ser dividida em três setores diferentes: o Primário, o
Secundário e o Terciário. Destes, o setor determinante para a evolução do produto
interno bruto municipal é o secundário, seguido pelo setor terciário. Enquanto isso, o
setor primário é o que rende menos. A renda per capita é de R$ 10.065,08.
Setor Primário
O Setor Primário é o menos relevante para a economia de Tibau. De todo o PIB
em geral, apenas 1.692 mil reais estão destinados a este setor. Segundo o IBGE em
2009 o município possuía um rebanho de 1.320 bovinos, 203 equinos, 558 suínos, 3.817
caprinos, 228 asininos, 456 mures, 2.416 ovinos, e 5.244 aves. No mesmo ano o
município produziu 120 mil litros de leite, nove mil dúzias de ovos de galinha e 2.579
quilos de mel de abelha.
Nas culturas permanente, Tibau produz castanha de caju e coco-da-baía. Já nas
culturas temporária, são produzidos algodão herbáceo, feijão, melancia, melão, milho e
sorgo.
Setores Secundário e Terciário
O Setor Secundário contribui com 21.727 mil reais do PIB municipal
provenientes do do valor adicionado bruto da indústria (setor secundário) o mais
relevante para a economia do município.
470
O Setor Terciário é o segundo em importância para a economia municipal. A
prestação de serviços rende 14.155 reais ao PIB municipal. De acordo com o IBGE, o
município possuía, no ano de 2009, setenta unidades locais, sendo 69 ativas e 865
trabalhadores, sendo 489 do tipo pessoal ocupado total e 376 ocupados assalariados.
Salários juntamente com outras remunerações somavam 3.183 mil reais e o salário
médio mensal de todo município era de 1,4 salários mínimos.
Segundo o Atlas para Promoção de Desenvolvimento Sustentável do Rio Grande
do Norte, estudo elaborado pelo Governo do Estado, para a Zona Homogênea
Mossoroense que compreende 25 Municípios do Estado, foram identificados áreas
potenciais de investimento para alavancar a economia do Tibau, em atividades como:
Caprinovinocultura, Cajucultura, Turismo Ecológico, Exploração de Sal, Cultivo de
Artêmia, Instalação de Equipamentos Turísticos e Instação de Energia Eólica, conforme
denota a Fig.4.88
Figura 4.88 – Mapa das áreas potenciais de investimento do município de Tibau/RN.
Fonte: IDEMA, 2013.
471
A economia do município de Tibau já segue uma tendência verificada pelo
Censo do IBGE de 2010, em que há a predominância do Setor de Serviços, geralmente
impulsionada pelo comércio e pelas atividades do segmento turístico.
Tibau também faz parte do Polo Costa Branca, que consiste de um plano
estratégico para divulgação e atração turística para a região baseado no turismo de
massa e no turismo histórico.
Renda e emprego
O Atlas de Desenvolvimento Humano por Município - IDHM 2003 do PNUD,
demonstra uma evolução no Índice de Desenvolvimento Humano do Município em
relação a renda da população (IDHM-Renda), percebe-se que, no período de 1991 até
2000, houve uma evolução, passando de 0,468 em 1991 para 0,571 em 2000. O IDHM
médio 2000 ficou em 0,678, o 26° maior do Rio Grande do Norte e o 3344° do País.
Para os demais indicadores temos o IDH-Educação com índica de 0,749 e o IDH-
Longevidade com 0,715.
Ocoeficiente de Gini, que mede a desigualdade social, é de 0,36, sendo que 1,00
é o pior número e 0,00 é o melhor. A incidência da pobreza, medida pelo IBGE, é de
59,65%, o limite inferior da incidência de pobreza é de 48,46%, o superior é 70,85% e a
subjetiva é 61,67%. A renda per capta segundo IBGE/2008 é de 10.065,08.
Índice de Desenvolvimento Humano do Município – IDH
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD através do
Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil disponibiliza um banco de dados
contendo informações sobre o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)
e 124 outros indicadores georreferenciados de população, educação, habitação,
longevidade, renda, desigualdade social e características físicas do território que foram
basedos nos microdados dos censos de 1991 e de 2000 da Fundação Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
O indicador longevidade, reflete, entre outras coisas, as condições de saúde
da população; medida pela expectativa de vida ao nascer;
472
O indicador educação é medido por uma combinação da taxa de
alfabetização de adultos e a taxa combinada de matrícula nos níveis de ensino:
fundamental, médio e superior;
O indicador renda é medido pelo poder de compra da população, baseado no
PIB per capita ajustado ao custo de vida local para torná-lo comparável entre países e
regiões, através da metodologia conhecida como paridade do poder de compra (PPC).
Tibau está entre as regiões consideradas de médio desenvolvimento humano
(IDH entre 0,5 e 0,8). Em relação aos outros municípios do Estado, Tibau apresenta
situação boa, é o 26° maior índice do Estado, de um total de 167 municípios que
compõe a divisão administrativa do Rio Grande do Norte.
4.3.3.4 Caracterização das condições de vida da população
Saúde
O município de Tibau pertence à 2ª Regional de Saúde do estado do Rio Grande
do Norte, que reúne quinze municípios e com sede instalada no município vizinho de
Mossoró. Em 2009, o município possuía apenas dois estabelecimentos de saúde - sendo
um posto de saúde e uma unidade mista -, todos eles públicos e com atendimento
garantido ao Sistema Único de Saúde (SUS). Além das duas instituições de saúde, o
município também conta com um laboratório.
Em 2008, Tibau possuía um total de 22 profissionais de saúde, sendo dez
agentes de saúde, dez auxiliares de enfermagem, e outros dois profissionais exerciam
outras funções.
Educação
O município não conta com instituições de ensino superior, como faculdades e
universidades, possuindo apenas escolas. Em 2009, das 1.020 matrículas existentes, 760
eram de ensino fundamental, 201 de ensino médio e 59 de ensino pré-escolar. Na rede
docente, havia um total de 156, dos quais 43 na rede fundamental, quatorze na rede
superior (ensino médio) e quatro na rede pré-escolar. Dentre as escolas, existiam seis
473
que ministravam ensino fundamental, uma de ensino secundário e três de ensino
primário - pré-escolar.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP) e do Ministério da Educação (MEC), o índice de analfabetismo
no ano de 2000 entre pessoas era mais frequente na faixa etária acima dos 25 anos
(50,17%), enquanto a menor frequência era entre 15 e 17 anos (25,27%). A taxa bruta
de frequência à escola, que em 1991 era de 55,83%, passou para 84,44% em 2000. 219
habitantes possuíam menos de 1 ano de estudo ou não contavam com instrução alguma.
Abastecimento de água
Além da saúde e da educação, o município conta com outros serviços básicos. O
serviço de abastecimento de água de todo o município é feito pela Companhia de Águas
e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN), onde toda a água que abastece o
município provém do manancial Açu.
Esgotamento sanitário
Em relação ao esgotamento sanitário, a maioria das residências possui
esgotamento feito a partir de uma fossa rudimentar, quatro eram feitos por vala e
quarenta e cinco imóveis não possuíam banheiros ou sanitários. Entre os domicílios com
esgotamento feito a partir de uma fossa, 633 tinham esgotamento com fossa rudimentar
e 28 com fossa do tipo séptica. Já em relação ao esgotamento feito a partir de uma vala,
todos eles eram feitos a partir de um outro escoadouro.
Limpeza pública
Em 2000, entre as mais de setecentas moradias existentes em Tibau, o lixo era
coletado em mais da metade residências (499 no total), sendo que 284 tinham a coleta
feita por meio de um serviço de limpeza e outros 215 tinham a coleta feita em caçambas
de serviço de limpeza. Além da coleta, parte do lixo era também queimado, enterrado,
jogado em terrenos baldios, rios ou mares ou tinham destinos diferentes.
474
Habitação
Em 2000, o município de Tibau possuía, em geral, 714 domicílios (612 urbanos
e 102 rurais), onde residiam 3.130 moradores. Em relação ao abastecimento de água nas
residências, 83,19% (594 imóveis) eram abastecidos pela rede geral, 5,74% (41
domicílios) eram abastecidos por água proveniente de um poço ou nascente e 11,06%
(79 residências) eram abastecidos de outra forma. Entre esses domicílios atendidos de
forma diferente, 77 imóveis eram abastecidos de forma não canalizada, apenas um era
canalizados em pelo menos um cômodo e, entre os domicílios que eram canalizados só
na propriedade ou terreno, existia também apenas um.
Turismo, Lazer e Cultura
Tibau, junto com os municípios de Angicos, Apodi, Areia Branca, Assu, Caiçara
do Norte, Carnaubais, Galinhos, Grossos, Guamaré, Itajá, Lajes, Macau, Mossoró,
Pendências, Porto do Mangue, São Bento do Norte e São Rafael, faz parte do Polo
Costa Branca, nome dado a uma região do Rio Grande do Norte que se baseia no
turismo de massa e no turismo histórico.
Além de suas praias, Tibau possui pontos turísticos conhecidos, tendo como
principais a Pedra do Chapéu (localizada próxima à divisa do Rio Grande do Norte,
município de Tibau, com o Ceará, município de Icapuí), o Morro de Areias Coloridas
(cuja denominação vem da coloração da areia local) e as famosas falésias, que são
formas geográficas do litoral, caracterizadas por abruptos encontros de terras com o
mar.[3]
Entre os principais eventos, destacam-se principalmente a Festa da Padroeira de
Tibau, Santa Teresinha, realizada anualmente entre os dias 21 de setembro e 1º de
outubro, e a festa de aniversário do município, comemorada no dia 21 de dezembro. A
cidade oference a praia das Emanuelas a praia mais badalada da cidade, onde podemos
encontrar diversos serviços como restaurantes, pizzaria,pousadas e hoteis.
Artesanato
O artesanato é uma das formas mais espontâneas da expressão cultural tibauense. Em
várias partes do município é possível encontrar uma produção artesanal diferenciada,
feita com matérias-primas regionais e criada de acordo com a cultura e o modo de vida
475
local. Alguns grupos reúnem diversos artesãos da região, disponibilizando espaço para
confecção, exposição e venda dos produtos artesanais. Normalmente essas peças são
vendidas em feiras, exposições ou lojas de artesanato.
Desporto
Em Tibau destacam-se a prática do surfe e do kitesurf, que costumam ser
praticados não apenas em Tibau, mas também em vários municípios litorâneos do Rio
Grande do Norte e de outros estados litorâneos do Brasil.
O município realiza ainda a Copa Tibau de Futsal, que ocorreu pela primeira
vez em junho de 2011, tendo como principal objetivo contemplar o esporte na atual
gestão do município.
Energia
Já a responsável pelo abastecimento de energia elétrica é a Companhia
Energética do Rio Grande do Norte (Cosern), que fornece energia em todos os
municípios do estado do Rio Grande do Norte; em 2007 havia 2.740 consumidores de
energia elétrica, que consumiram um total de 6.557 megawatts de energia.
Comunicação
O serviço telefônico móvel, por telefone celular, é oferecido por diversas
operadoras. O código de área (DDD) de Tibau é 084 e o Código de Endereçamento
Postal (CEP) da cidade é de 59678-000. No dia 10 de novembro de 2008 o município
passou a ser servido pela portabilidade, juntamente com outras cidades de DDDs 33 e
38, em Minas Gerais; 44, no Paraná; 49, em Santa Catarina; além de outros municípios
com código 84, no Rio Grande do Norte.[ Tibau ainda conta uma agência da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos.
Transportes
A frota municipal no ano de 2009 era de 651 veículos, sendo 301 automóveis, 22
caminhões, dois caminhões-trator, 148 caminhonetes, 31 camionetas, seis camionetas,
476
nove micro-ônibus, 233 motocicletas, trinta motonetas, seis ônibus; outros tipos de
veículos incluíam dez unidades. Por não possuir rios em abundância, o município não
possui muita tradição no transporte hidroviário, e também não é cortada por ferrovias
em seu território. Em Tibau, passam três rodovias, sendo que uma é federal (a BR-304,
que se localiza na divisa Tibau-Mossoró-Ceará) e duas rodovias estaduais: a RN-012,
que está localizada na divisa entre Tibau e Grossos, e a RN-013, que liga Tibau a
Mossoró Esta última, anunciada pela governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba
Ciarlini, está sendo duplicada e suas obras começaram em agosto de 2012.
Em 2007, a frota registrada, segundo o Departamento Estadual de Trânsito
(DETRAN) era de 462 unidades, sendo dezoito movidos a álcool, 255 a gasolina, 41 a
diesel, 98 movidos a uma mistura de gasolina e gás natural, 24 a uma mistura de álcool
e gás natural e dezesseis a uma mistura de álcool e gasolina. Outros dez veículos eram
movidos por meio de outros tipos de combustível.
Segurança Pública
A Segurança Pública de Tibau é de competência da Polícia Civil, tendo como
unidade de segurança para o Município a Delegacia de Polícia Civil que está localizada
na sede municipal. Os policiais contam com uma logística de viatura para os serviços de
diligencias e apoio no atendimento às ocorrências diárias, principalmente nos finais de
semana.
Feriados
Em Tibau, há apenas dois feriados municipais, sendo eles os dias 1º de outubro,
data da padroeira, e 21 de dezembro, data no qual os tibauenses comemoram a
emancipação política do município, que foi desmembrado de Grossos. De acordo com a
lei federal n.º 9.093, aprovada em 12 de setembro de 1995, os municípios podem ter no
máximo quatro feriados municipais, já incluída a Sexta-Feira Santa.
477
4.3.4. Diagnóstico das relações de dependência entre a população da área de
influência do empreendimento e os recursos ambientais atuais, a potencial
utilização futura desses recursos e a interferência da operação do empreendimento
nos mesmos.
A empresa Agrícola Famosa Ltda. atua desde 1995 nas atividades de produção,
beneficiamento e comércio de frutas para os mercado externo e interno. Opera as suas
atividades em uma área de xx hectares, com abrangência sobre os municípios de Icapuí
e Aracati no Estado do Ceará e Tibau no Rio Grande do Norte.
O seu faturamento Bruto em 2010, somando os valores praticados nos mercados
interno e externo, foi da ordem de R$ 35.556.021,46. Em 2011 foi de R$189.238.296,10
e, em 2012, chegou a R$ 265.108.899,60.
Tabela 4.99 – Faturamento dos últimos 3 anos da Agrícola Famosa Ltda.
O mercado de suprimento da empresa se divide por todas as regiões do País bem
como no exterior, sendo a maior parte dedicada à região Nordeste (Tab.4.100).
Tabela 4.100 –Mercado de suprimento nas demandas (%)
478
A Mão de Obra contratada entre 2010 e 2012, segundo dados da Área de
Recursos Humanos da empresa, tem priorizado a mão de obra dos municípios do
entorno, de modo que, dos 1.575 funcionários, 359 são de Icapuí/CE, 132 de Aracatí/CE
e 29 de Jaguaruana/CE. Pelo lado do Rio Grande do Norte, temos 202 trabalhadores da
região do Assentamento Maisa, 199 de Mossoró e 88 de Tibau, os demais pertencem a
outros municípios do Ceará e Rio grande do Norte, Paraiba e São Paulo.
A empresa tem um potencial para ampliação da sua área de cultivo, dentro da
planta atual, sem comprometer as áreas de reserva da propriedade.
A empresa atua dentro de padrões de qualidade de níveis internacionais em
termos de biosseguança, segurança alimentar e responsabilidade ambiental, que lhe
conferiam os seguintes Ceritificados:
GlobalGap – Ceritificada desde Dezembro de 2003. Trata das boas práticas
agrícolas europeias. Esta selo atende a boa parte dos clientes europeus.
Tesco Natures Choice (TNC) – Certificada desde Agosto de 2005. Visa a
sustentabilidade, preservação ambiental, segurança alimentar e o bem estar social.
HCCP – Certificada desde agosto de 2007.
Orgânico/IMO – Certificada desde Outubro de 2007, para produção,
processamento e comercialização orgânica do melão.
A Agrícola Famosa possui ainda os certificados SEDEX-ETI (Social e Ético) e
Fiel to Fork (exigência do Supermercado Mark & Spencer.
No que se refere ao uso dos recursos ambientais, a área em que está inserido o
empreendimento, tem vocação para a prática de uma agricultura tecnificada em larga
escala, haja vista a existência de grandes projetos agrícolas instalados na região e o
clima que garante o manejo adequado para as várias culturas que são cultivadas, seja
para a exportação ou para o mercado interno.
Do ponto de vista da responsabilidade social a empresa mantém seus quadros de
funcionários dentro formalidade, gerando mais de mil empregos diretos numa região
onde existe uma atomização de atividades econômicas, que vai desde a pesca artesanal,
passando pelo turismo, exploração de petróleo, instalações de parques eólicos e
exploração e industrialização de sal marinho, competindo por mão de obra de forma
coerente e primando por qualificar a mão de obra do entorno do empreendimento,
valorizando com isto as pessoas do local e melhorando também a qualidade de vida da
população dos municípios mais próximos.
479
Dos municípios do entorno do empreendimento, Aracati/CE e Tibau/RN,
apresentam situações mais favoráveis do ponto de vista da infra estrutura existente.
Icapuí se apresenta com grande parcela da população habitando a zona rural, praticando
agricultura de subsistência e com precária distribuição de infraestrutura. Por esses
aspectos, consideramos que a empresa Agrícola Famosa intervém no meio social de
forma positiva, garantindo emprego e renda para uma parcela significativa dessa
população.