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ESTALEIRO ENSEADA DO PARAGUAÇU PLANO BÁSICO AMBIENTAL – ESTALEIRO ENSEADA DO PARAGUAÇU 13.Programa de Resgate e Salvamento da Flora Pág. 1/24 BIOMONITORAMENTO E MEIO AMBIENTE Coordenador do Estudo Responsável Técnico Revisão 00 09/2010 13. Programa de Resgate e Salvamento da Flora 13.1. Introdução A ampliação da capacidade da Indústria Naval no Estado da Bahia é uma necessidade em função dos cenários internacional e nacional de expansão da indústria de Petróleo e Gás, com a descoberta de novas reservas nas bacias sedimentares marinhas no litoral do Brasil e grande aumento da demanda por embarcações como plataformas de perfuração, navios sonda, navios FPSO, navios transportadores de petróleo, embarcações de apoio e outras. Com a decisão política de implantar um Estaleiro na região do Recôncavo Sul, o Governo da Bahia inicia um novo e histórico ciclo de desenvolvimento no estado, se configurando numa iniciativa de importância estratégica, capaz de movimentar a economia regional, criando um novo pólo no nordeste e reduzindo a hegemonia do sudeste em termos de estruturas de estaleiros de grande porte. Este documento descreve os procedimentos a serem adotados para o resgate e salvamento de material botânico viável, seja na forma de banco de sementes do solo, serapilheira, mudas da regeneração natural, epífitas, ou outras formas vegetativas das áreas objeto de supressão vegetal, e relocação desse material para a recuperação ambiental das áreas degradadas associadas ao empreendimento, e revitalização de matas ciliares e nascentes no baixo curso do rio Paraguaçu. O Estaleiro Enseada do Paraguaçu será implantado numa área de 164,85 hectares no município de Maragogipe, na localidade denominada de Ponta do Corujão, e contará com tecnologia de ponta para construção de embarcações e sondas. Para sua implantação, será estabelecida uma área de Reserva Legal de 37,91 hectares, porém será necessária a supressão em uma área de cerca de 90 hectares, destinados à Planta Industrial do estaleiro, além de área marítima aterrada de 15,72 hectares localizada na porção frontal do estaleiro, onde esta prevista a construção do cais de acabamento. Conexão Os estudos de caracterização da vegetação, composição florística, estrutura das comunidades vegetais, são importantes para discriminar quais as áreas mais relevantes do ponto de vista da biodiversidade, de sua relevância ecológica, e de sua importância na conservação e manutenção da dinâmica da Floresta Ombrófila. Os dados produzidos pelo inventário florestal, principalmente no que diz respeito ao IVI – Índice de Valor de Importância são subsídios imprescindíveis para nortear o resgate de espécies vegetais. Existem diversas técnicas para salvamento e resgate da vegetação de uma área que sofrerá supressão. Estas dependem da fitofisionomia, do porte e do arranjo dos componentes da flora. Para as plantas com porte mais expressivo opta-se pelo transplante com auxílio de máquinas como a retroescavadeira, já que nestes o resgate manual é inadequado devido à presença de um sistema radicular bastante volumoso.

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13. Programa de Resgate e Salvamento da Flora

13.1. Introdução

A ampliação da capacidade da Indústria Naval no Estado da Bahia é uma necessidade em função dos cenários internacional e nacional de expansão da indústria de Petróleo e Gás, com a descoberta de novas reservas nas bacias sedimentares marinhas no litoral do Brasil e grande aumento da demanda por embarcações como plataformas de perfuração, navios sonda, navios FPSO, navios transportadores de petróleo, embarcações de apoio e outras. Com a decisão política de implantar um Estaleiro na região do Recôncavo Sul, o Governo da Bahia inicia um novo e histórico ciclo de desenvolvimento no estado, se configurando numa iniciativa de importância estratégica, capaz de movimentar a economia regional, criando um novo pólo no nordeste e reduzindo a hegemonia do sudeste em termos de estruturas de estaleiros de grande porte. Este documento descreve os procedimentos a serem adotados para o resgate e salvamento de material botânico viável, seja na forma de banco de sementes do solo, serapilheira, mudas da regeneração natural, epífitas, ou outras formas vegetativas das áreas objeto de supressão vegetal, e relocação desse material para a recuperação ambiental das áreas degradadas associadas ao empreendimento, e revitalização de matas ciliares e nascentes no baixo curso do rio Paraguaçu. O Estaleiro Enseada do Paraguaçu será implantado numa área de 164,85 hectares no município de Maragogipe, na localidade denominada de Ponta do Corujão, e contará com tecnologia de ponta para construção de embarcações e sondas. Para sua implantação, será estabelecida uma área de Reserva Legal de 37,91 hectares, porém será necessária a supressão em uma área de cerca de 90 hectares, destinados à Planta Industrial do estaleiro, além de área marítima aterrada de 15,72 hectares localizada na porção frontal do estaleiro, onde esta prevista a construção do cais de acabamento. Conexão Os estudos de caracterização da vegetação, composição florística, estrutura das comunidades vegetais, são importantes para discriminar quais as áreas mais relevantes do ponto de vista da biodiversidade, de sua relevância ecológica, e de sua importância na conservação e manutenção da dinâmica da Floresta Ombrófila. Os dados produzidos pelo inventário florestal, principalmente no que diz respeito ao IVI – Índice de Valor de Importância são subsídios imprescindíveis para nortear o resgate de espécies vegetais. Existem diversas técnicas para salvamento e resgate da vegetação de uma área que sofrerá supressão. Estas dependem da fitofisionomia, do porte e do arranjo dos componentes da flora. Para as plantas com porte mais expressivo opta-se pelo transplante com auxílio de máquinas como a retroescavadeira, já que nestes o resgate manual é inadequado devido à presença de um sistema radicular bastante volumoso.

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Nas plantas lenhosas menores, com sistema radicular reduzido, em operações de arranquio em solos arenosos-argilosos, as raízes ficam nuas, sem solo aderido e com baixa expectativa de pegamento, com exceção de Schinus terebinthifolius e Guapira pernambucensis que apresentam excelentes taxas de pegamento (GOMES, 1999). Estas plantas e as bromélias, orquídeas e cactáceas serão retiradas e levadas para o viveiro de mudas, onde receberão os cuidados. Este método foi testado por Gomes (1999) com sucesso, pois um ano após o transplante de 37 espécies, 34 estavam vivas e reproduzindo-se. A falta de publicações sobre o tema dificulta a troca de informações assim como a comparação de métodos e eficácia de técnicas. Para o Estado da Bahia, destacam-se os trabalhos de SILVA & MENEZES (2007) onde foram resgatadas 87 espécies distribuídas entre 50.173 indivíduos, apresentando uma taxa de sobrevivência em média de 94,06% e MENEZES et al. (2007) onde foram transplantadas 1.923 moitas em uma restinga em moitas no Litoral Norte da Bahia. As propostas e informações contidas neste programa levam em consideração a maximização do resgate do maior número de espécies possível atentando sempre para a importância de cada espécie no contexto da diversidade e dinâmica nas comunidades vegetais.

13.2. Objetivos

Objetivos Gerais: O Plano de Resgate e Salvamento de Flora visa estabelecer as ações necessárias ao resgate e salvamento da flora nas áreas passíveis de supressão vegetal dentro da Área Diretamente Afetada (ADA) do Estaleiro Enseada do Paraguaçu. Objetivos Específicos:

� Indicar as medidas a serem adotadas previamente aos procedimentos de resgate e salvamento de flora, e sua importância no contexto da conservação da biodiversidade genética local;

� Especificar a infra estrutura necessária ao processo de resgate e salvamento da flora;

� Apresentar as especificações para implantação de área de aclimatação (viveiro); � Indicar as áreas a serem objeto de resgate e salvamento de flora; � Apontar os procedimentos para o resgate de espécies epífitas, herbáceas e sub-

arbustivas (sub-bosque) e arbóreas (plântulas e indivíduos jovens); � Especificar as formas de manejo e monitoramento dos indivíduos

resgatados; � Citar as formas de cultivo e desenvolvimento de propágulos de espécies

locais no viveiro de mudas; � Permitir o aproveitamento de mudas resgatadas anteriormente à fase de

supressão vegetal, de forma a conservar a diversidade genética local.

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Transversais

� Permitir a participação de mão de obra local nas ações de resgate e salvamento de flora, de forma a aproveitar o conhecimento popular e tradicional durante a execução do programa;

� Envolver instituições de pesquisa nas ações de resgate e recuperação ambiental, como forma de incorporar novas tecnologias e difundir conhecimentos a partir da experiência do Estaleiro Enseada do Paraguaçu.

13.3. Metodologia

13.3.1. Localização e Caracterização das Áreas Objeto de Resgate e Salvamento

O Estaleiro Enseada do Paraguaçu corresponde a um empreendimento da construção naval, a ser implantado nas margens do rio Paraguaçu, no município de Maragogipe, próximo do atual canteiro de obras de São Roque do Paraguaçu. A área na qual está prevista a implantação do Estaleiro Enseada do Paraguaçu está situada numa localidade denominada Ponta do Corujão, na margem direita do Rio Paraguaçu (FIGURA 3.1-1). A área total do empreendimento corresponde a aproximadamente 164,85 hectares, dos quais cerca de 37,91 hectares são destinados a área de Reserva Legal, correspondendo esta área, aos locais com vegetação mais preservada e com maior declividade. Os 126,94 hectares restantes são destinados à Planta Industrial do estaleiro incluindo a área marítima aterrada de 15,72 hectares na área frontal do estaleiro, onde esta prevista a construção do cais de acabamento. As áreas-alvo desse plano correspondem aos locais no entorno da área industrial, canteiro de obras e instalações temporárias (alojamento, restaurante, lazer, ambulatório, almoxarifado, estacionamento, posto de abastecimento), estradas/acessos e áreas passíveis de recomposição na área do dique seco, além de matas ciliares e nascentes a serem identificados no baixo curso do rio Paraguaçu, como forma de compensação ambiental.

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FIGURA 3.1-1 - Área de Implantação do Estaleiro Enseada do Paraguaçu.

A disposição das estruturas do empreendimento é apresentada na figura a seguir.

FIGURA 3.1-2: Layout do empreendimento.

13.3.2. Etapas do Empreendimento

As atividades a serem desenvolvidas pelo Estaleiro Enseada do Paraguaçu serão divididas em duas fases. A primeira corresponde a Fase de Implantação do empreendimento, que consiste na etapa construtiva, caracterizada por ações de remoção

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da cobertura vegetal, terraplenagem, dragagem, construção de fundações, via de acesso, sistemas de drenagem, contenção de terreno, edificações, redes elétricas, hidráulica, canteiros de obras, etc., ou seja, toda infra-estrutura necessária para o desenvolvimento inicial do empreendimento. A segunda fase do empreendimento corresponde a Fase de Operação do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, caracterizada pela etapa de construção de embarcações e sondas. Nesta etapa ocorrerão ações de compra e estocagem de matéria prima, corte, solda, jateamento, pintura, montagem das embarcações a serem construídas pelo empreendimento. De acordo com o cronograma físico de implantação do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, em primeiro lugar deverão ser realizadas as obras para a adequação do terreno (adaptação das vias de acesso, implantação de um sistema de energia elétrica, dentre outros). As atividades que deverão ser realizadas para a implantação do estaleiro assim como o prazo para essas atividades são apresentadas a seguir:

� Complementação do detalhamento do Projeto do Estaleiro – 180 dias; � Assinatura do Contrato de Financiamento – 15 dias; � Obras de Terraplanagem – 180 dias; � Compra/ Entrega - Equipamentos de Produção – 360 dias; � Construção de Obras Civis Prediais – 360 dias; � Construção das Fundações dos Edifícios Industriais – 300 dias; � Projetos/ fabricação e transporte das estruturas dos edifícios industriais – 360

dias; � Montagem das Estruturas dos Edifícios Industriais – 270 dias; � Pisos e Complementação dos Edifícios Industriais – 240 dias; � Montagem dos Equipamentos de Produção – 180 dias; � Montagem das Subestações e Redes de Utilidades – 180 dias; � Parede de Estacas Prancha – 300 dias; � Dragagem da área do cais – 180 dias; � Complementação Aterro / Adensamento do terreno – 180 dias; � Construção do cais de Acabamento – 300 dias; � Construção do Dique Seco – 360 dias; � Construção Linha Pórtico 900 t e Laje Concreto – 240 dias; � Montagem Porta Batel – 40 dias; � Complementação da Montagem Elétrica e Redes de Utilidades – 180 dias; � Montagem Pórtico de 900 toneladas – 60 dias; � Recrutamento, Seleção e Treinamento de Pessoal – 180 dias; � Início de Produção (maio/2012).

13.3.3. Caracterização da Vegetação Local

Com base na classificação da vegetação brasileira proposta na publicação "Classificação fisionômica-ecológica das formações neotropicais" (VELOSO e GÓES-FILHO, 1982, citados por VELOSO et al, 1991), a área de estudo está inserida na chamada região ecológica da floresta ombrófila densa (floresta pluvial tropical), que representa o domínio fitogeográfico da Mata Atlântica.

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Originalmente, a Mata Atlântica ocupava 1.290.000 km² do território brasileiro. Os impactos de diferentes ciclos de exploração e a concentração das maiores cidades e núcleos industriais fizeram com que a vegetação natural fosse reduzida drasticamente. A Mata Atlântica foi o primeiro alvo de degradação pelos colonizadores portugueses. O nome do país, Brasil, vem de uma árvore, o pau brasil (Cesalpinia echinata), explorada pelos indígenas e pelos colonizadores para extração de um pigmento vermelho. A devastação foi maior nas áreas planas da região costeira e na estreita faixa litorânea do Nordeste, onde resta menos de 1% da floresta original. A Mata Atlântica é uma floresta pluvial montana, ocupando principalmente montanhas com altitudes de 800 a 1700 metros. Dessa forma, é uma formação vegetal que sofre a influência direta dos ventos marinhos, os alísios, que ao subirem a encosta da serra se resfriam, condensando-se e provocando a neblina observada, por exemplo na Serra do Mar - onde a precipitação atinge os 2000 mm por ano; em algumas regiões, como em Boracéia (Estado de São Paulo), a precipitação até 4000mm por ano. A umidade destas áreas vai depender da distância entre elas e o mar. A Mata Atlântica, que possui 20.000 espécies de plantas - das quais 8.000 são endêmicas - é o segundo maior bloco de floresta tropical do país. Inclui diversos tipos de ecossistemas tropicais como as faixas litorâneas do Atlântico, as florestas de baixada e de encosta da Serra do Mar, as florestas interioranas e as matas de Araucária. A grande umidade possibilita o desenvolvimento de uma rica flora de briófitos e pteridófitos, além de epífitas, tais como orquídeas e bromélias. Algumas árvores, como o jequitibá rosa (Cariniana legalis (Mart. Kuntze), chegam a 40 metros de altura. As palmeiras são elementos comuns na paisagem, destacando-se entre elas o palmito juçara (Euterpe edulis Mart.) - espécie bastante explorada para fins comerciais. As áreas mais altas apresentam os campos de altitude. Entre 300 e 800 metros de altitude há outro tipo de floresta, com árvores mais baixas, até 25 metros. A fauna endêmica é caracterizada principalmente por insetos, e anfíbios variados, diversas aves e mamíferos silvestres. O muriqui (Brachyteles arachnoides), um gênero endêmico de primatas, é o maior macaco do continente. Há espécies de abelhas nativas importantes para a polinização do dossel, como a gurupu (Melipona bicolor). Embora seja um tema bastante controverso, alguns pesquisadores acreditam que a lavoura do cacau, atualmente em declínio, foi importante para a conservação da mata, por utilizar-se de sistema de cabruca, aproveitando a cobertura vegetal para sombreamento. No período de 1991 a 2002, a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) foi reconhecida pela UNESCO, abrangendo áreas de alto grau de preservação da Mata Atlântica. A RBMA foi a primeira unidade da Rede Mundial de Reservas da Biosfera declarada no Brasil. É a maior reserva em área florestada do planeta, abrangendo cerca de 35 milhões de hectares, distribuídos em 15 estados do Brasil. A Mata Atlântica também está entre os cinco primeiros na lista dos Hotspots mundiais, ou os ecossistemas mais ameaçados do planeta. O histórico regional levou a perdas expressivas da cobertura vegetal original, sendo observados atualmente alguns remanescentes de vegetação secundária, entremeados por grandes áreas antropizadas, formando um mosaico de usos que se estende por todo o Recôncavo.

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O relevo, caracterizado pela existência de planícies marinha e fluviomarinha e tabuleiros pré-litorâneos e interioranos, favorece a formação de ecossistemas diversos. São observados trechos de floresta ombrófila densa, ambiente de restinga com áreas cobertas por vegetação psamófila, zonas úmidas caracterizadas por vegetação herbácea e palmeiras tolerantes à inundação, e em toda a foz do Rio Paraguaçu, é observada vegetação com influência fluviomarinha, o manguezal. As áreas de manguezal apresentam uma variação grande em termos de estado de conservação. Existem trechos bastante alterados ou simplesmente removidos para aterro, e outros que se mostram com características mais próximas das originais, mantendo um bom nível de conservação. O Recôncavo foi, desde seus primórdios, uma região de base agrícola, que durante muito tempo teve sua produção exportada para a Capital pelas águas da Baía de Todos os Santos, com destaque para o açúcar, durante o período colonial, e para o fumo, na virada do século XX. Atualmente passando por uma grave crise econômica, a região busca novas alternativas para a revitalização de sua economia, vislumbrando como uma delas o turismo. As atividades extrativistas são atualmente as principais atividades econômicas desenvolvidas pela população residente no entorno da Baía de Iguape, representando o sustento de mais de 70% das famílias. Na Baía de Iguape, por este motivo, foi criada a Reserva Extrativista Marinha (RESEX) da Baía do Iguape, unidade de conservação federal. As paisagens são formadas a partir da interação entre os componentes físicos como tipo de terreno, hidrologia, topografia, solos, clima e outros, com os aspectos bióticos. Em suma as características físicas determinam quais são os tipos de fitofisionomias que podem se desenvolver em uma dada área. Como a vegetação de cada tipo passa por diferentes estágios sucessionais ao longo do tempo, as paisagens assim formadas tem uma natureza dinâmica. A ação humana é outro elemento com grande potencial de alterar a paisagem, porque se sobrepõe aos processos naturais e insere elementos de manejo da vegetação, solos, topografia e recursos hídricos. A partir do mapa de vegetação é possível fotointerpretar e identificar a correlação entre as diferentes fitofisionomias e as características físicas do terreno e com aspectos de manejo pelo homem. Apresenta-se a seguir uma breve conceituação das fitofisionomias acima citadas e a sua relação com os aspectos físicos e de manejo pelo homem.

13.3.3.1. Fitofisionomias Identificadas

Floresta Ombrófila Densa em Estágio Inicial de Regeneração – se apresenta como uma fisionomia herbáceo/arbustiva de porte baixo com altura média inferior a 5 metros. Para as florestas ombrófila densa e estacional semidecidual e altura média inferior a 3 metros para as demais formações florestais, com cobertura vegetal variando de fechada a aberta. As espécies lenhosas apresentam geralmente distribuição diamétrica de pequena amplitude. As epífitas, se existentes, são representadas principalmente por líquens, briófitas e pteridófitas, mas com baixa diversidade, enquanto que as trepadeiras, se presentes, são geralmente herbáceas. A serapilheira, quando existente, forma uma camada fina pouco decomposta, contínua ou não, espécies pioneiras abundantes, ausência de sub-bosque e a florística está representada em maior frequência para as florestas ombrófila densa: tiririca (Scleria); canelas-de-velho, mundururus (Clidemia),

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(Miconia) (Henriettea); quaresmeira (Tibouchina); corindiba (Trema); bananeirinha, (Heliconia); (Telepteris); piaçaba, indaiá (Attalea). Na área do empreendimento esta fitofisionomia é a mais freqüente, estando distribuída predominantemente nas áreas mais planas, com solos dos tipos Neossolo, Argissolo e Espodossolo. Tratam-se de solos com textura argilo arenosa, com lençol freático raso e boa permeabilidade. Estas áreas foram manejadas como pastagem e zonas de cultivo, sendo que o manejo realizado foi interrompido, de modo que as áreas de Floresta Ombófila Densa em Estágio Inicial de Regeneração são áreas que estão nos ciclos iniciais da sucessão vegetal. Floresta Ombrófila Densa em Estágio de Inicial a Médio de Regeneração – tem sua delimitação longe de ser a ideal entre os diferentes estágios de regeneração das florestas ombrófilas, já que muitas vezes os fragmentos estudados se encontram em estágios intermediários de desenvolvimento, o que dificulta a classificação de seu estágio de regeneração. Deve-se considerar também que a complexidade ecológica florestal, que apresenta dinâmica - espaço – temporal, não pode ser classificada pontualmente. Neste sentido a Floresta Ombrófila em Estágio de Inicial a Médio de Regeneração apresenta características tanto daquelas em estágio inicial de regeneração quanto, aquelas que se encontram em estágio médio de regeneração. Neste sentido, as características mais marcantes desta fisionomia, são o desenvolvimento inicial de sub – bosque, espécies arbóreas pioneiras que já chegam a formar alguma continuidade de dossel e alguma produção de serapilheira. Esta fitofisionomia está distribuída de modo descontínuo no terreno, formando manchas na porção centro-leste e noroeste do terreno. Parte desta vegetação está situada em uma elevação topográfica na porção sudeste do terreno. Esta fitofisionomia ocorre em áreas com solos do tipo argissolo amarelo álico e distrófico e neossolo quartzarênico. São áreas com relevo ondulado a plano. O aqüífero é de baixa profundidade oscilando de 0,6 a 5,4 m. Mata de Restinga – As matas ou florestas de restinga também têm sido descritas por diversos autores ao longo do tempo estando estas associadas a depósitos sedimentares mais antigos, como nos Leques Aluviais Pleistocênicos ocorrentes no Litoral do Estado da Bahia. Correspondem a uma fisionomia florestal de médio porte, com árvores podendo atingir até 10m de altura, localizada principalmente no topo deste depósito. Fisionomia bastante semelhante já foi descrita para outras regiões da costa brasileira (ARAÚJO & HENRIQUES, 1984; HENRIQUES et al., 1986; PEREIRA, 1990; ASSIS, 2004), que as denominaram de mata de Myrtaceae ou mata seca. Segundo Waetcher (1995) as chama de mata arenosa, enquanto que Trindade (1991) de floresta arenosa litorânea e Silva (1998) de floresta de restinga. Umas das particularidades desta fitofisionomias é esclerofilia, ou seja, adaptação fenotípica das espécies arbustiva - arbóreas que as compõem, em decorrência da pobreza nutricional dos solos associados a uma grande intensidade e freqüência dos ventos costeiros carregados de sal. É o chamado pseudo - esclerofitismo oligotrófico, comum para estas fitofisionomias do quaternário costeiro do Estado da Bahia (PINTO et al., 1984). Esta característica pode ser observada através do baixo porte das espécies arbóreas, e acentuada esclerofilia dos órgãos vegetativos. Esta fitofisionomia está distribuída em uma mancha contínua no extremo sul do terreno, estando associada à solos do tipo argissolo amarelo álico e distróficos, com relevo ondulado. São solos pobres. O aqüífero na área de ocorrência desta fitofisionomia é raso. Mata Paludosa – As florestas da planície litorânea sujeitas a diferentes padrões de inundação são amplamente conhecidas e descritas na literatura, e da mesma forma que as florestas não inundáveis, recebem denominações variadas, na sua maioria destacando o período no qual a formação permanece inundada. Os termos "mata" ou "floresta periodicamente inundada" e "permanentemente inundada" foram empregados por Araujo & Henriques (1984), Pereira (1990), enquanto "mata" ou "floresta paludosa",

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"turfosa" ou "brejosa" foram citados por Araujo & Henriques (1984), Waechter (1995), Araujo (1992), Dillenburg et al. (1992), e "mata alagadiça". Indiferente a terminologia empregada, o caráter seletivo da saturação hídrica do solo, faz com que a composição florística destas fisionomias muitas vezes apresenta monodominância de algumas espécies arbóreas. São áreas com lençol raso a aflorante no período chuvoso e solos do tipo neossolo quartzênico distrófico, com textura arenosa e relevo plano. Manguezal – No Brasil, os manguezais estão distribuídos ao longo do litoral, desde o Amapá a Santa Catarina. E, no estado da Bahia, ocupam uma extensão de 462 km, devido ao perímetro costeiro da Baía de Todos os Santos (BTS), que apresenta um número muito grande de reentrâncias, enseadas e ilhas. Esta Baía é caracterizada como um corpo de água costeira, influenciado pelas massas d’água oceânicas. Os manguezais da região são do tipo misto, de porte baixo e de borda (UFBA, 1996). Neles, ocorrem três principais espécies vegetais – Rhizophora mangle L. (mangue vermelho), Avicennia schaueriana Stapf. & Leechmann (mangue negro) e Laguncularia racemosa Gaertner (f.) (mangue branco). Foram identificadas 133 espécies pertencentes a 63 famílias. Melastomataceae (dez espécies) foi a família com maior riqueza de espécies, seguida de Arecaceae (nove espécies), Clusiaceae (sete espécies), Cyperaceae e Rubiaceae (seis espécies cada), Fabaceae, Mimosaceae, Myrtaceae, Poaceae e Asteraceae (cinco espécies cada). Os representantes mais comuns dessas famílias são: “mundururu”, “piaçava”, “camaçari”, “junco”, "candeia-de-rato", “sucupira”, “muanza-branca”, “araçá-do-mato”, “rabo-de-raposa” e “candeia” respectivamente. Anacardiaceae e Bromeliaceae apresentaram quatro espécies cada (“mangueira”, “gravatá”, “candeia”), enquanto que Annonaceae, Lythraceae e Euphorbiaceae apresentaram três espécies cada. A soma dessas famílias corresponde a 59,39% do total de espécies identificadas. As demais famílias apresentaram duas ou uma espécie cada.

13.3.3.2. Espécies Alvo para Resgate e Salvamento

O QUADRO 3.3.2-1 apresenta a relação de todas as espécies identificadas na área do empreendimento.

QUADRO 3.3.2-1– Listagem das espécies identificadas na área do Empreendimento, considerando a ADA, AID e AII.

FAMÍLIA ESPÉCIES NOME POPULAR POTENCIAL

Anacardiaceae

Anacardium occidentale L. "cajueiro" Frutífera

Mangifera indica L. "mangueira" Frutífera

Schinus terebinthifolius Raddi "aroeirinha" Medicinal

Tapirira guianensis Aubl. "pau-pombo" Frutífera

Annonaceae Duguetia sp. Uso popular

Guatteria sp. "pindaíba-preta" Uso popular

Xylopia brasiliensis Spreng. "pindaíba" Uso popular

Apocynaceae Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson "bananeira"

Araceae Dracontioides sp.

Philodendron sp. Paisagismo

Araliaceae Didymopanax morototoni (Aubl.) Decne. &

Planch. "matataúba" Uso popular

Arecaceae

Bactris ferrugea Burret "tucum"

Attalea funifera Mart. ex Spreng. "piaçava" Construção civil / Uso

popular

Bactris sp. "tucum" Paisagismo

Cocus nucifera L. "coqueiro" Frutífera

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FAMÍLIA ESPÉCIES NOME POPULAR POTENCIAL Desmoncus orthacanthos Mart. "titara" Paisagismo

Elaeis guianensis Steud. "dendezeiro" Uso popular

Polyandrococos caudescens Barb.Rodr. "buri" Paisagismo

Syagrus coronata Becc. "licuri" Paisagismo

Syagrus schizophylla (Mart.) Glassman "licurioba" Uso popular

Asteraceae

Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera "candeia" Uso popular

Eremanthus incanus (Less.) Less. "candeia" Uso popular

Mikania sp.

Vernonia sp.

Sphagneticola trilobata (L.) Pruski

Avicenniaceae Avicennia shaueriana Stapf & Leechm. ex Moldenk

Blechnaceae Blechnum serrulatum Rich "feto-do-brejo" Paisagismo

Boraginaceae Cordia nodosa Lam. "baba-de-boi"

Bromeliaceae

Aechmea multiflora L.B.Sm. "gravatá" Paisagismo

Hohenbergia stellata Schult.f. Paisagismo

Tillandsia sp. Paisagismo

Vriesea sp. Paisagismo

Burseraceae Protium heptaphyllum March. "amescla" Medicina popular

Caesalpiniaceae Chamaecrista sp.

Cecropiaceae Cecropia sp. "embaúba" Uso medicinal

Chrysobalanaceae Hirtella ciliata Mart. & Zucc. "açoita-cavalo"

Clusiaceae

Caraipa densifolia Mart. "camaçari" Construção civil / Uso

popular

Clusia nemorosa G.Mey. "mangue"

Clusia hilariana Schltdl "mangue"

Kielmeyera reticulata Saddi "vaza-matéria"

Symphonia globulifera L.f. "landirana"

Vismia guianensis (Aubl.) Choisy "capianga"

Calophyllum sp. “landim”

Combretaceae Laguncularia racemosa C.F. Gaertn.

Convolvulaceae Ipomoea sp. "salsa-de-praia"

Cyperaceae

Cyperaceae 01

Cyperus haspan L.

Eleocharis geniculata (L.) Roem. & Schult. "junco"

Eleocharis interstincta R.Br. "junco"

Rhynchospora cephalotes Vahl "tiririca-de-cabeça"

Scleria sp. "tiririca"

Davalliaceae Neprolepis sp.

Dilleniaceae Curatella americana L. "cajueiro-bravo" Uso medicinal

Davilla rugosa Poir. "cipó-fogo" Uso popular

Eriocaulaceae Syngonanthus imbricatus Ruhland "sempre-viva" Paisagismo

Erythroxylaceae Erythroxylum sp. "cocão"

Euphorbiaceae Chamaesyce hyssopifolia (L.) Smal

Croton sellowii Baill.

Pera glabrata Poepp. ex Baill.

Fabaceae

Andira fraxinifolia Benth. "angelim" Construção civil

Bowdichia virgilioides Kunth "sucupira" Construção civil

Dalbergia ecastaphyllum (L.) Taub.

Desmodium sp. "carrapicheiro"

Stylosanthes viscosa (Aubl.) Sw. "vassourinha"

Flacourtiaceae Casearia sp.

Casearia sylvestris Sw. "cafezinho"

Gentianaceae Schultesia guianensis (Aubl.) Malme

Heliconiaceae Heliconia psittacorum L.f.

"bananeirinha-do-mato" Paisagismo

Humiriaceae Humiria balsamifera Aubl. "umirí-de-cheiro"

Icacinaceae Emmotum affine Miers "aderno"

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FAMÍLIA ESPÉCIES NOME POPULAR POTENCIAL Juncaceae Juncus sp. "junco"

Lauraceae Ocotea sp.

Lecythidaceae Eschweilera ovata (Cambess.) Miers "biriba" Construção civil

Loranthaceae Psittacanthus sp.

"erva-de-passarinho"

Lycopodiaceae Lycopodiella cernua (L.) Pic.Serm.

"lanterninha-de-jardim" Paisagismo

Lythraceae Cuphea sp.

Cuphea flava Spreng.

Cuphea sessilifolia Mart.

Malpighiaceae Byrsonima sericea DC. "murici"

Stigmaphyllon blanchetii C.E.Anderson

Malvaceae Pavonia cancellata (L.) Cav.

Marantaceae Monotagma sp. Paisagismo

Melastomataceae

Acisanthera sp.

Clidemia capitellata (Bonpl.) D.Don "folha-de-fogo"

Clidemia hirta D.Don "folha-de-fogo"

Henriettea succosa DC. "mundururu" Construção civil

Miconia albicans (Sw.) Steud.

Miconia ciliata (Rich.) DC.

Miconia prasina DC. "mundururu"

Miconia sp. "mundururu-

branco"

Pterolepis glomerata Triana Paisagismo

Tibouchina bradeana Renner. Paisagismo

Meliaceae Guarea sp. "birreiro" Construção civil

Mimosaceae

Abarema filamentosa Benth.

Albizia polycephala (Benth.) Killip ex Record "quinzenza" Construção civil

Balizia sp. "muanza-branca" Construção civil

Inga laurina (Sw.) Willd. "ingá-de-macaco"

Stryphnodendron sp. "muanza-vermelha" Construção civil

Myrsinaceae Rapanea guianensis Aubl. "capororoca"

Myrtaceae

Eugenia sp. "murta preta"

Myrcia guianensis DC.

Myrcia rostrata DC. "murta"

Myrcia sp. "murta branca"

Psidium sp. "araçá-do-mato"

Ochnaceae Sauvagesia sprengelii A.St.-Hil. Paisagismo

Onagraceae Ludwigia octovalvis (Jacq.) P.H.Raven "cruz-de-malta" Paisagismo

Orchidaceae Vanilla sp. Paisagismo

Pinaceae Pinus sp. "pinheiro" Paisagismo

Poaceae

Andropogon leucostachyus Kunth "rabo-de-raposa"

Chloris barbata Sw.

Echinolaena inflexa Chase

Ichnanthus drepanophyllus Mez

Sporobolus virginicus (L.) Kunth

Polygalaceae Bredemeyera sp.

Pteridaceae Acrostichum aureum L.

"sambaia-do-mangue"

Rhizophoraceae Rhizophora mangle L. "mangue-vermelho"

Polygonaceae Coccoloba mollis Casar. "buji"

Rubiaceae

Alibertia sp. "genipapo-do-mato"

Alseis floribunda Schott

Amaioua guianensis Aubl. "candeia-de-rato"

Borreria sp. "carquejinha"

Genipa americana L. "jenipapo" Uso popular

Staelia sp.

Sapindaceae Cupania oblongifolia Mart. "cambotá" Uso popular

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FAMÍLIA ESPÉCIES NOME POPULAR POTENCIAL Serjania salzmanniana Seem. "tinguí" Uso medicinal

Sapotaceae Manilkara salzmannii (DC.) Lam. "maçaranduba" Construção civil

Schizaeaceae Lydodium volubile Sw.

Scrophulariaceae Bacopa sp.

Scrophulariaceae 02

Simaroubaceae Simarouba amara Aubl "pau-paraíba" Construção civil

Solanaceae Solanum sp. "jurubeba" Uso popular

Turneraceae Turnera ulmifolia L.

Vochysiaceae Vochysia pyramidalis Mart. "cinzeiro"

Xyridaceae Xyris ciliata Thunb.

Por definição, espera-se que todas estas espécies estejam representadas no banco de sementes do solo ou na regeneração natural ou alguma outra forma de propagação vegetativa. Deve-se adotar esforço adicional para assegurar que as espécies mais raras sejam contempladas no salvamento, embora se tenha identificado pela análise fitossociológica que a espécie Vochysia pyramidalis predomina na maior parte das fitofisionomias estudadas, apresentando o maior Valor de Importância em quase a totalidade dos ecótopos (FIGURA 3.3.2-1).

FIGURA 3.3.2-1: Vochysia pyramidalis, espécie de grande plasticidade fenotípica e representando o maior Valor de Importância em quase todas as fisionomias avaliadas.

As palmeiras, como a Attlaea funifera, que apresentam bom sucesso no processo de transplantio devem ser contempladas, até para que possam servir como atividade produtiva para as comunidades tradicionais.

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13.3.4. Atividades pré-operacionais

13.3.4.1. Demarcação das Áreas de Arranquio

Devem-se considerar como áreas de arranquio (resgate e salvamento) aquelas onde existe vegetação a ser suprimida durante a fase de implantação do empreendimento, delimitada pela poligonal da Área Industrial do projeto. As áreas de arranquio deverão ser previamente georeferenciadas e demarcadas (limitadas) com fita zebrada, estando os limites contemplados e de acordo com o projeto. Recomenda-se que o resgate se inicie pelas áreas mais distantes do viveiro ou área de triagem e aclimatação, e que avance no sentido de redução das distâncias de transporte ao longo do tempo.

13.3.4.2. Demarcação da Área de Reserva Legal

É recomendado demarcar a área destinada a Reserva Legal do empreendimento, com fita zebrada ou outro material de fácil visualização, para que fique claro o limite da intervenção. Esta demarcação previne que ocorram avanços desnecessários de obras sobre a vegetação que será preservada. A remoção prévia de cipós e lianas nos limites da Reserva Legal e a abertura de aceiro de 2m de largura facilitam ainda mais o procedimento de supressão vegetal, pois evitam o arraste de árvores de preservação emaranhadas com cipós durante a derrubada das árvores nos locais específicos de desmatamento.

13.3.4.3. Treinamento de Funcionários

Anteriormente à execução do Programa de Resgate e Salvamento da Flora e das operações de supressão vegetal para implantação do empreendimento, deverá ocorrer o treinamento dos funcionários, sobre os procedimentos a serem adotados durante as operações e os condicionantes ambientais a serem atendidos durante a fase de implantação. É prevista a alocação de funcionários que permaneçam desde a fase de resgate até a fase de recuperação ambiental de áreas degradadas, sendo priorizada mão de obra local.

13.3.4.4. Parcerias Interinstitucionais

Atendendo aos termos da Anuência Prévia n°. 29/2010 – APA Baía de Todos os Santos, item 6 – Estabelecer parcerias com instituições de nível superior de preferência local, de modo a formar equipes responsáveis pelas ações de resgate de fauna e flora e manutenção do viveiro/horto, buscar-se-ão parceiros locais para execução das atividades de resgate, podendo inclusive resultar em trabalhos científicos que ampliem a área de distribuição de algumas espécies ocorrentes no local.

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13.3.4.5. Instalação de Infraestrutura e Equipamentos

Para a execução do programa, serão necessárias estruturas de apoio, preferencialmente as estruturas já utilizadas no canteiro de obras, a exemplo de vestiários, refeitório, galpões para guarda de equipamentos e ferramentas, e um viveiro de mudas, que continuará sendo utilizado na fase de execução do projeto de recuperação de áreas degradadas. As definições para a construção do viveiro estão especificadas em item específico.

13.3.5. Execução do Resgate

13.3.5.1. Critérios de Coleta

O programa prevê a coleta de sementes e outras formas de propágulos (mudas, estacas, o individuo inteiro), sua germinação/desenvolvimento e posterior plantio/reintrodução no ambiente natural. Esta coleta deverá ser iniciada obrigatoriamente em fase anterior à supressão vegetal, para assegurar sua eficácia. As sementes e propágulos resgatados deverão ser acondicionados adequadamente, conforme necessidade de cada espécie, para aguardo do posterior aproveitamento nas áreas destinadas ao plantio/replantio /enriquecimento; O resgate de espécies da flora deverá acompanhar a retirada da vegetação em todas as áreas previstas para a supressão, com destaque para as áreas onde se observa a presença de adensamentos vegetacionais. A liberação de uma área para desmate somente será realizada após inspeção e constatação pelo supervisor da efetiva retirada do germoplasma viável. Serão resgatados sementes, propágulos, estacas e mudas de espécies que estiverem presentes na Área Diretamente Afetada (ADA) pelo empreendimento. A coleta deverá seguir critérios para seleção do material a ser coletado. Estes critérios são relacionados a seguir:

� Coletas de mudas em desenvolvimento de espécies de especial interesse � Coleta de serapilheira nas áreas destinadas a resgate; � Coletas de sementes de espécies arbóreas e arbustivas existentes que estiverem

frutificadas; � Coleta de mudas de bromélias e outras epífitas de fácil transporte; � Coleta de mudas de palmeiras de pequeno tamanho e de fácil transplante; e � Coleta de material (lianas, cipós) para reprodução por estaquia.

Devem ser priorizadas para coleta as mudas de epífitas (a exemplo de bromélias), que apresentam maior facilidade de pegamento, assim como palmeiras, cactos e espécies ameaçadas de extinção ou endêmicas. Estas plantas normalmente apresentam algum tipo de relação harmônica com a fauna associada, e trazem muitos benefícios para projetos de recomposição vegetal, por serem atrativos para a fauna.

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O processo de resgate não pode ser realizado de uma única vez. É necessário que abranja um intervalo de tempo que concentre a maior parte do período de frutificação e dispersão das espécies, para que se torne mais efetivo. O período de dispersão de sementes anemocóricas em vegetação decídua ocorre principalmente na estação seca e de sementes zoocóricas no início da estação chuvosa. É importante que estes períodos sejam respeitados, devendo-se coletar sementes em sua época de dispersão, armazená-las e plantá-las quando o solo apresenta umidade suficiente na estação chuvosa (VIEIRA & SCARIOT 2006). A coleta deverá ser direcionada para aqueles indivíduos em frutificação, porém, deve-se atentar para a qualidade do material resgatado, para não comprometer todo o banco de germoplasma resgatado. Da mesma forma, o resgate deverá abranger o máximo possível de indivíduos matriz, para traduzir a variabilidade genética local.

13.3.5.2. Resgate Manual

O resgate manual será aplicado às espécies herbáceas, sub-arbustivas e arbustivas ou para os indivíduos arbóreos em fase inicial de desenvolvimento (plântulas). Este procedimento deverá ser realizado com o uso de material apropriado como cavador reto, enxadinhas, sacos para mudas e outros. Todos os indivíduos deverão ser coletados com o sistema radicular completo sem a necessidade de redução ou limpeza do mesmo. Os espécimes resgatados deverão ser ensacados e levados para a área de aclimatação (viveiro), onde serão manejados e monitorados. Para as espécies epífitas que estiverem fixadas sobre outras plantas o ramo deve ser podado e posteriormente fixado em placa de xaxim e lavado para área de aclimatação. Para aquelas que estiverem fixadas sobre o tronco principal, é necessária a utilização de espátula para a sua remoção. Especificamente para as orquídeas que necessitarem de poda do sistema radicular, para facilitação de transporte, deve-se atentar para os procedimentos de higiene do local do corte (sabão neutro e escovinha). Caso a planta suporte seja um indivíduo arbóreo (lenhoso), o local do corte deve ser tratado para prevenção de contaminação (tinta látex). Para as orquídeas terrestres recomenda-se o uso de enxadinha e pá para remoção de todo o sistema de raízes, incluindo grande parte do solo local. O transplantio deve ser realizado com a abertura de cova proporcional ao sistema radical, sendo antes introduzida camada de substrato orgânico, como serrapiheira ou composto orgânico em local sombreado. A serapilheira deverá ser resgatada com um rastelo (FIGURA 3.5.2-1) e acondicionada em sacos plásticos escuros. Para as bromélias terrestres, segue-se o mesmo procedimento citado para as orquídeas terrestres, atentando para os cuidados no momento da poda das raízes, já que são muito comuns bromélias se multiplicarem, gerando clones “filhos”. A poda em geral deve ser executada evitando-se ao máximo as lesões aos sistemas radiculares.

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FIGURA 3.5.2-1 – Rastelo, usado para remoção de serapilheira. Fonte:http://imagenes.eurekakids.net/images/productos/media/15350403.jpg

13.3.5.3. Resgate com Máquinas

Essa técnica se destina ao arranquio da vegetação lenhosa (arbórea), com altura de até 1,5 m, através do transplante direto com auxílio de máquinas como a retroescavadeira e/ou pá – carregadeira, para obtenção de um desmame mais profundo e que minimize os impactos sobre sistema radicular. As covas devem ser abertas com profundidade compatível ao sistema radicular de cada indivíduo ou grupo arrancado cujas dimensões normalmente variam entre 40cmx40cmx40cm a 100cmx50cmx100cm. Estas covas podem receber uma mistura de 5 kg de matéria orgânica, sendo uma parte, composta por restos vegetais triturados. Tão importante quanto resgatar o banco de sementes, é retirar a camada superficial do solo para uso em áreas a serem recuperadas. Essa camada superficial de até 5 cm concentra a maior parte da microbiota, e seu aproveitamento resulta na transferência de toda uma comunidade presente no local de resgate, e da matéria orgânica presente no solo, crucial para o bom desenvolvimento das mudas resgatadas. A camada superficial do solo deve ser armazenada em bandejas de 0,60 x 1,00m, ou mesmo ser disposta diretamente sobre o caminhão, por meio de carrinhos de mão. À medida que as mudas sejam resgatadas, é importante que um profissional biólogo, agrônomo ou engenheiro florestal oriente os procedimentos de triagem e acondicionamento, para posterior transporte até o viveiro vegetal. O local de triagem deve ser preferencialmente protegido da incidência solar direta. O acondicionamento poderá ser realizado diretamente em sacos plásticos, ou mesmo em bandejas, e o transporte até o viveiro não pode exceder 03 (três) horas, no caso de mudas, para evitar perdas.

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A camada superficial do solo poderá ser armazenada em leiras, e ter seu uso programado para um horizonte de, no máximo, 180 dias. Esse material deverá ser coberto em épocas de chuvas torrenciais, para evitar o carreamento para vales e drenagens.

13.3.6. Manejo

13.3.6.1. Área de Aclimatação

Esta estrutura serve para a aclimatação das espécies resgatadas assim como a produção de mudas das espécies locais, em um processo que envolve pesquisas em beneficiamento e armazenamento de sementes, tratamentos de recipientes, substrato e manejo de mudas das espécies a serem suprimidas e dos indivíduos resgatados (rega, fitossanitarismo e adubação orgânica). Neste sentido, se propõe a construção de um viveiro temporário em Eucalipto tratado com 10cm de diâmetro e com no mínimo 2000m² de área, cobertura e fechamento em sombrite 70%, bancadas para triagem materiais, espaço para trituração da serrapilheira para compor substrato, piso em gravilhão (camada h=20cm), pontos de energia, sistema de irrigação em gotejamento (ANEXO A - CROQUI).

13.3.6.2. Manejo de Sementes

Para as sementes, é importante realizar o correto armazenamento, seja a crioconservação, no caso de sementes ortodoxas, seja a dessecação simples. Quando da utilização, deve-se adotar métodos adequados de quebra de dormência, conforme a natureza da semente, que envolvem:

� Escarificação mecânica com lixa; � Imersão em água a temperatura ambiente por cinco minutos; � Imersão em água a 70°C por cinco minutos; � Imersão em água a 100°C por cinco minutos; � Imersão em hipoclorito de sódio; � Imersão em ácido sulfúrico por cinco, vinte e cinco, trinta e cinco ou quarenta e

cinco minutos. Após este procedimento, as sementes devem ser germinadas em leitos de areia, e posteriormente realizado o procedimento de repicagem, com transplantio para sacos plástico com substrato.

13.3.6.3. Áreas de Transplantio

As áreas de transplante para a vegetação resgatada deverão ser similares ambientalmente de forma a resguardar ao máximo a estrutura e composição da vegetação resgatada e da paisagem original. Os espécimes resgatados depois de aclimatados poderão ser replantados em outras áreas desde que sejam relevadas as suas características biológicas. Os transplantes poderão atender os seguintes aspectos do manejo e conservação como:

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� Recuperação de Áreas Degradadas (vide PRAD); � Uso de espécies nativas de potencial paisagístico no paisagismo do

empreendimento; � Enriquecimento da vegetação remanescente nas AID e AII e Reserva Legal e de

potenciais corredores de fauna; � Criação de corredores ecológicos;

13.3.7. Monitoramento

Em ambientes florestais, devido a alta densidade de espécies arbustivas e arbóreas, além das questões estruturais, o aproveitamento no resgate de espécies vegetais é menor quando comparado a resgates em fitofisionomias abertas. Neste caso a produção de mudas das espécies locais é fundamental para a manutenção da diversidade da vegetação local. A chuva de sementes é o conjunto de sementes dispersas em um determinado local, em um determinado tempo (REIS & TRES, 2007). Avaliar a chuva de sementes com periodicidade bimensal durante três anos nas áreas onde houve transplantio é uma forma de mensurar o sucesso do repovoamento. Baseada nos conhecimentos florísticos e fitossociológicos subsidiam a analise de parte da dinâmica vegetacional da região, o que propicia assim a uma conservação gênica, além da manutenção das relações bióticas. A coleta manual direta de sementes em áreas de supressão e nos fragmentos florestais, para a propagação destas em viveiro, fornece condições para a manutenção de espécies-chaves nas áreas, uma vez que melhora a qualidade de habitat, essencial para estabelecer conexões entre as áreas restauradas e a paisagem regional (REIS & TRES, 2007). Para a avaliação da chuva de sementes, serão utilizados 10 coletores por matriz confeccionados em malha de nylon (sombrite de viveiro) de 3,5m x 3,5m x 0,15m de profundidade, a 1m de altura do solo, eqüidistantes entre si por 50m, evitando assim repetições gênicas, além de coletas diretas manuais. A implantação e escolha das matrizes para instalação dos coletores será norteada nos estudos fitossociológicos da área. Todo o material coletado deverá ser acondicionado em sacos plásticos e devidamente etiquetados. Após a secagem a sombra e em temperatura ambiente, as sementes serão triadas manualmente em viveiro.

13.4. Cronograma Físico

É importante que o cronograma do programa esteja alinhado com o cronograma das obras e com o cronograma de resgate de fauna para que as ações ocorram de forma coordenada, especialmente as ações de resgate de germoplasma e uso gradual nas áreas em recomposição. Apresenta-se a seguir a proposta de cronograma desenvolvida com base no cronograma do empreendimento.

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TABELA 13.4.1- 1 – Cronograma físico para execução do PRAD.

ETAPAS AÇÕES E ATIVIDADES 1º ANO 2º ANO 3º ANO

Planejamento

1. Análise do planejamento das intervenções do projeto

2. Análise das áreas de suprimidas

3. Análise, Georeferenciamento e Seleção das áreas alvos para recuperação

Intervenções

4. Admissão e capacitação da equipe de campo

5. Georeferenciamento das áreas do PRAD

6. Seleção das técnicas por área e das espécies

7. Implantação das técnicas por unidade selecionada

Manejo e Monitoramento

8. Manejo das áreas em restauração

9. Monitoramento de eficácia das técnicas

10. Análise dos dados (Relatórios Mensais e Anuais)

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13.5. Equipe Técnica

Para a execução dos trabalhos acima descritos será necessária a composição de uma equipe técnica, descrita em quadro abaixo: TABELA 13.5.1 – Equipe técnica prevista para execução do Programa de Resgate e Salvamento da Flora.

PROFISSIONAL COMPETÊNCIAS BÁSICAS

Coordenador (1) Elaboração e coordenação em projetos vegetacionais

Técnico (1) Graduação em Ciências Biológicas, Eng. Florestal ou Agronomia

Estagiário (2) Graduando em Ciências Biológicas, Eng. Florestal ou Agronomia

Jardineiro ou Técnico Agrícola (1) Experiência em manejo florestal ou agrícola

Funcionários de Campo* (25) Auxiliar prático

*Podendo ser remanejados da própria obra do empreendimento para os trabalhos do recuperação de áreas degradadas.

13.6. Legislação Aplicável

Considerou-se as seguintes legislações básicas para elaboração deste programa: LEI N° 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981 - Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismo de formulação e aplicação, e dá outras providências DECRETO N° 97.632, DE 10 DE ABRIL DE 1989 - Dispõe sobre a regulamentação do Artigo 2°, inciso VIII, da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, e dá outras providências. LEI Nº. 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000 - Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. LEI Nº. 4.771 De 15 De Setembro De 1965 – Código Florestal Brasileiro. RESOLUÇÃO CONAMA 303 DE MARÇO DE 2002 – Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente. RESOLUÇÃO CONAMA 369 DE 28 DE MARÇO DE 2006 - Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP. LEI ESTADUAL 10.431 DE 20 DE DEZEMBRO DE 2006 - Dispõe sobre a Política de

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Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia, e dá outras providências. LEI N° 11.428, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2006 - Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências. LEI Nº 10.431 DE 20 DE DEZEMBRO DE 2006 - Dispõe sobre a Política de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia e dá outras providências. DECRETO N° 11.235, DE 10 DE OUTUBRO DE 2008 - Aprova o Regulamento da Lei n° 10.431, de 20 de dezembro de 2006, que institui a Política de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia e dá outras providências. INSTRUÇÃO NORMATIVA MMA N° 6, DE 23 DE SETEMBRO DE 2008 - Dispõe sobre espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. INSTRUÇÃO NORMATIVA MMA N° 4, DE 8 DE SETEMBRO DE 2009 - Dispõe sobre procedimentos técnicos para a utilização da vegetação da Reserva Legal sob regime de manejo florestal sustentável, e dá outras providências.

13.7. Inter-Relação com outros Programas

O Programa de Resgate e Salvamento da Flora interage diretamente com os seguintes:

� Programa de Gestão Ambiental do empreendimento. � Programa de Recuperação de Áreas Degradadas � Programa de Resgate de Fauna; � Programa de Revitalização de Matas Ciliares e Nascentes; � Programa de Treinamento de Trabalhadores; � Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) � Programa de Monitoramento Ambiental

13.8. Bibliografia

ARAÚJO, D.S.D &, R.P.B, HENRRIQUES. 1984. Análise Florística das Restingas do Estado do Rio de Janeiro: Origem, Estrutura e Processos. Niterói, CEUFF. p. 159-193. ARAUJO, D.S.D. 1992. Vegetation types of sandy coastal plains of tropical Brazil: a first approximation. In Coastal plant communities of Latin America (U. Seeliger, ed.). Academic Press, New York, p.337-347. ASSIS, A. M., PEREIRA, O. J. & THOMAS, L. D. 2004. Fitossociologia de uma floresta de restinga no Parque Estadual Paulo César Vinha, Setiba, município de Guarapari (ES). Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v.27, n.2, p.349-361. DILLENBURG, L. R., WAECHTER, J. L. & PORTO, M. L. 1992. Species composition and structure of a sandy coastal plain forest in northern Rio Grande do Sul,Brazil. In: U.

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Seeliger (org.). Coastal plant communities of Latin America. New York. Academic Press. 349-366. GOMES, J. M. L. 1999. Transplante de vegetação para recuperação de área degradada por extração de areia em Restinga. Anais do XXI ERBOT da Sociedade Botânica do Brasil – Seccional MG/BA/ES; HENRIQUES, R. P. B, ARAÚJO, D. S. D. de & HAY, J.D. 1986. Descrição e classificação dos tipos de vegetação da restinga de Carapebus, Rio de Janeiro. Rev. Bras. de Bot. 9: 173-189. IRIS V & MENEZES. C. M.. 2007. Manejo de Espécies Vegetais em uma Mata de Restinga no Litoral Norte da Bahia. Flora. Revista Biociências. Porto Alegre. 2007:159-161. MENEZES C.M. et al. 2007. Implantação, Manejo e Monitoramento de um Corredor Ecológico na Restinga no Litoral Norte da Bahia. Revista Biociências. Porto Alegre. 2007. 201-203. PEREIRA, O. J. 1990. Caracterização fitofisionômica da restinga de Setiba. Guarapari. Espírito Santo. In: Anais do II. SIMPÓSIO SOBRE ECOSSISTEMAS DA COSTA SUL E SUDESTE BRASILEIRA. ACIESP, Cananéia, São Paulo. v. 3. p. 207-219. PINTO, G. C. P. & BAUTISTA, H. P. & FERREIRA, J. D. C. A. 1984. A Restinga do Litoral Nordeste do Estado da Bahia. Restingas: Origem, Estrutura e Processos. Niterói, CEUFF. p. 1195-216. REIS, A.& TRES, D.R.. 2007. Nucleação: integração das comunidades naturais com a paisagem. In: Fundação Cargill. Manejo ambiental e restauração de áreas degradadas. p. 29-55. SILVA, S. M. 1998. As Formações Vegetais na Planície Litorânea da Ilha do Mel, Paraná, Brasil: Composição Florística e Principais Características Estruturais. Tese de Doutorado, Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Biologia Vegetal. Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas. TRINDADE, A. 1991. Estudo florístico e fitossociológico de um estrato arbustivo – arbóreo de um trecho de floresta arenícola costeira do Parque Estadual das Dunas. Natal (RN). Dissertação de Mestrado. Recife. Universidade Federal Rural de Pernambuco. VELOSO, H. P.; RANGEL FILHO, A. L., LIMA, J. C. A. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. IBGE, Rio de Janeiro. 1991. VELOSO, H.P., GÓES-FILHO, L. Fitogeografia Brasileira - classificação fisionômico-ecológica da vegetação neotropical. Boletim Técnico do Projeto RADAMBRASIL, Série Vegetação 1:1-80. 1982. WAECHTER, J. L. 1995. Aspectos ecológicos da vegetação de restinga no Rio Grande do Sul, Brasil. Comum. Mus. Ci. PUCRS, sérg. Bot. 33:49-68.

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13.9. Glossário

Adubação orgânica Técnica agrícola utilizada para elevar o conteúdo de matéria orgânica no solo. As plantas que apresentam crescimento rápido são cortadas jovens, ainda verdes e incorporadas ao solo, promovendo seu enriquecimento através da ação de microorganismos decompositores, aumentando a capacidade de reter fertilizantes e manter a umidade do solo. Devem ser preferidas aquelas da família das leguminosas, que além da matéria orgânica, incorporam ainda nitrogênio ao solo. Espécies endêmicas 1. Espécies que ocorrem somente em um determinado ambiente ou local. 2. Espécies cuja área de distribuição é restrita a uma região geográfica limitada e usualmente bem definida; Espécies nativas Espécies originárias do local ou ambiente onde se encontram. Espécimes Conjunto de indivíduos de uma determinada espécie Fenologia Estudo das relações entre os processos biológicos e o clima, como o que ocorre na brotação, frutificação e floração nas plantas. Fitogeografia Conjunto de espécies vegetais que habitam um mesmo ecossistema influenciando-se mutuamente. Estão sujeitas a condições ambientais similares, sendo uma unidade florística de aparência relativamente uniforme, caracterizada como uma subdivisão da formação, com área espacial conhecida e definida. Inventário florestal Descrição qualitativa e quantitativa de um povoamento florestal natural ou plantado (reflorestamento) Manejo Procedimento que visa assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas Propágulo Denominação aplicada a qualquer estrutura que serve à propagação ou multiplicação vegetativa de uma planta. Reserva Extrativista (RESEX) Área destinada à exploração auto-sustentável e conservação dos recursos naturais renováveis pelas populações tradicionais, equilibrando interesses ecológicos de conservação ambiental com interesses sociais de melhoria de vida das populações que ali habitam

13.10. Responsável Técnico

A responsável técnica pela elaboração do programa foi Nívea Roquelini Silva, bióloga MSc. CRBIO 27.861/5-D e Cadastro Técnico Federal n° 194936.