capitalização mensal de lucros - stj

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  Superior Tribunal de Justiça AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 506.909 - RS (2014/ 0095097-4)  RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (Relator):  Tr at a-se de agr avo regimental interposto por MARIA ERCI RAMOS COELHO contra decisão da relatoria do Presidente deste Tribunal Superior, Ministro Francisco Falcão, que deu parcial provimento ao recu rso espe cial (e-STJ fls. 246/ 249) . A agravante r epete os argumentos trazidos na petição de recurso especial. É o relatório.  Documento: 48414733 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 1 de 4

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Capitalização Mensal de Lucros - Acórdão - STJ

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  • Superior Tribunal de Justia

    AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL N 506.909 - RS (2014/0095097-4)

    RELATRIO

    O EXMO. SR. MINISTRO RICARDO VILLAS BAS CUEVA (Relator):

    Trata-se de agravo regimental interposto por MARIA ERCI RAMOS COELHO

    contra deciso da relatoria do Presidente deste Tribunal Superior, Ministro Francisco Falco,

    que deu parcial provimento ao recurso especial (e-STJ fls. 246/249).

    A agravante repete os argumentos trazidos na petio de recurso especial.

    o relatrio.

    Documento: 48414733 - RELATRIO E VOTO - Site certificado Pgina 1 de 4

  • Superior Tribunal de Justia

    AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL N 506.909 - RS (2014/0095097-4)

    VOTO

    O EXMO. SR. MINISTRO RICARDO VILLAS BAS CUEVA (Relator):

    A irresignao no merece prosperar.

    Os argumentos expendidos nas razes do regimental so insuficientes para

    autorizar a reforma da deciso agravada, que deve ser mantida por seus prprios fundamentos:

    "Inicialmente, no que se refere alegada afronta ao disposto no art. 535, inciso II, do CPC, verifico que o julgado recorrido no padece de qualquer omisso ou contradio, porquanto decidiu fundamentadamente a quaestio trazida sua anlise, no podendo ser considerado nulo to somente porque contrrio aos interesses da parte.

    Nesse sentido: AgRg no AREsp 187.598/RJ, Primeira Turma , Rel. Min. Benedito Gonalves , DJe de 5/9/2012; REsp 1.133.689/PE, Segunda Seo , Rel. Min. Massami Uyeda , DJe de 18/5/2012; AgRg no Ag 1.092.421/RJ, Quinta Turma , Rel. Min. Marco Aurlio Bellizze , DJe de 6/3/2012; AgRg no Ag 977.769/RJ, Corte Especial , Rel. Min. Luiz Fux , DJe de 25/2/2010.

    Quanto ao afastamento da capitalizao anual de juros , verifica-se que a questo no foi apreciada pelo v. acrdo recorrido e sequer foi citada nos embargos de declarao opostos na origem, carecendo o recurso, no ponto, do imprescindvel prequestionamento, circunstncia que atrai a incidncia das Smulas 282 e 356 do c. Supremo Tribunal Federal.

    No mais, a eg. Segunda Seo deste c. Superior Tribunal de Justia consolidou o entendimento acerca das questes discutidas no recurso especial, nos moldes do art. 543-C do CPC, conforme os termos que se seguem:

    Juros remuneratrios:'a) As instituies financeiras no se sujeitam limitao dos juros

    remuneratrios estipulada na Lei de Usura (Decreto 22.626/33), Smula 596/STF; b) A estipulao dos juros remuneratrios superiores a 12% ao ano, por si s, no indica abusividade ; c) So inaplicveis aos juros remuneratrios dos contratos de mtuo bancrio as disposies do art. 591 c/c o art. 406 do CC/02; d) admitida a reviso das taxas de juros remuneratrios em situaes excepcionais, desde que caracterizada a relao de consumo e que a abusividade (capaz de colocar o consumidor em desvantagem exagerada art. 51, 1, do CDC) fique cabalmente demonstrada, ante s peculiaridades do julgamento em concreto'

    (REsp n 1.061.530/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi , DJe de 10/3/2009).

    Nessa linha, a pretenso recursal de limitao da taxa de juros remuneratrios 12% ao ano no encontra amparo na jurisprudncia pacificada deste c. Superior Tribunal de Justia.

    Incide, ainda, a Smula n. 382/STJ, que dispe: 'A estipulao de juros remuneratrios superiores a 12% ao ano, por si s, no indica abusividade'.

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  • Superior Tribunal de Justia

    Capitalizao mensal juros:'1. A capitalizao de juros vedada pelo Decreto 22.626/1933 (Lei

    de Usura) em intervalo inferior a um ano e permitida pela Medida Provisria 2.170-36/2001, desde que expressamente pactuada, tem por pressuposto a circunstncia de os juros devidos e j vencidos serem, periodicamente, incorporados ao valor principal. Os juros no pagos so incorporados ao capital e sobre eles passam a incidir novos juros. 2. Por outro lado, h os conceitos abstratos, de matemtica financeira, de 'taxa de juros simples' e 'taxa de juros compostos', mtodos usados na formao da taxa de juros contratada, prvios ao incio do cumprimento do contrato. A mera circunstncia de estar pactuada taxa efetiva e taxa nominal de juros no implica capitalizao de juros, mas apenas processo de formao da taxa de juros pelo mtodo composto, o que no proibido pelo Decreto 22.626/1933. 3. Teses para os efeitos do art. 543-C do CPC: - ' permitida a capitalizao de juros com periodicidade inferior a um ano em contratos celebrados aps 31/3/2000, data da publicao da Medida Provisria n 1.963-17/2000, em vigor como MP n 2.170-01, desde que expressamente pactuada.' - 'A capitalizao dos juros em periodicidade inferior anual deve vir pactuada de forma expressa e clara. A previso no contrato bancrio de taxa de juros anual superior ao duodcuplo da mensal suficiente para permitir a cobrana da taxa efetiva anual contratada'.'

    (REsp n 973.827/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomo , Rel. p/ acrdo a Min. Maria Isabel Gallotti , DJe de 24/9/2012).

    Na espcie, o eg. Tribunal a quo, permitiu a cobrana da capitalizao mensal dos juros com base na MP 2.170-36/2001 (fl. 173), que autoriza sua cobrana nos contratos firmados aps sua edio. O debate acerca da sua pactuao, alm de no ter sido suscitado no recurso especial e nos embargos de declarao opostos na origem, encontra bice na Smula n. 5 deste c. Superior Tribunal de Justia.

    Excluso do devedor dos cadastros de inadimplentes:O reconhecimento da abusividade dos encargos exigidos no

    perodo da normalidade contratual descaracteriza a mora do devedor (REsp n 1.061.530/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi , DJe de 10/3/2009).

    Por outro lado, 'a inscrio/manuteno do nome do devedor em cadastro de inadimplentes decidida na sentena ou no acrdo observar o que for decidido no mrito do processo. Caracterizada a mora, correta a inscrio/manuteno' (REsp n 1.061.530/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi , DJe de 10/03/2009).

    No caso dos autos, reconhecida a abusividade dos encargos remuneratrios, ou seja, dos juros remuneratrios, resta descaracterizada a mora. Em razo disso, fica vedada a inscrio do nome do devedor nos cadastros de inadimplentes.

    Ante o exposto, com fulcro no art. 544, 4, inciso II, alnea c, do CPC, conheo do agravo para dar parcial provimento ao recurso especial para vedar ou excluir o nome do devedor dos cadastros de inadimplentes" (e-STJ fls. 246/249).

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  • Superior Tribunal de Justia

    Diante de todo o exposto, nego provimento ao agravo regimental.

    o voto.

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