capital social, planejamento e desenvolvimento …

267
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA CAPITAL SOCIAL, PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL EM SERGIPE GLEIDENEIDES TELES DOS SANTOS São Cristóvão/SE 2015

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Page 1: CAPITAL SOCIAL, PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO …

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PROacute-REITORIA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO E PESQUISA

NUacuteCLEO DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOGRAFIA

CAPITAL SOCIAL PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

REGIONAL EM SERGIPE

GLEIDENEIDES TELES DOS SANTOS

Satildeo CristoacutevatildeoSE

2015

GLEIDENEIDES TELES DOS SANTOS

CAPITAL SOCIAL PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

REGIONAL EM SERGIPE

Tese de Doutorado submetida agrave

aprovaccedilatildeo do Nuacutecleo de Poacutes-Graduaccedilatildeo

em Geografia da Universidade Federal

de Sergipe como parte dos requisitos

necessaacuterios para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de

Doutora em Geografia

Orientador Prof Dr Dean Lee Hansen

Satildeo Cristoacutevatildeo ndashSE

2015

FICHA CATALOGRAacuteFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Santos Gleideneides Teles dos S237c Capital social planejamento e desenvolvimento regional

em Sergipe Gleideneides Teles dos Santos orientador Dean Lee Hansen ndash Satildeo Cristoacutevatildeo 2015 267 f il

Tese (doutorado em Geografia) ndash Universidade Federal de Sergipe 2015

O

1 Geografia social 2 Capital social 3 Desenvolvimento regional 4 Planejamento 5 Sergipe (SE)

I Hansen Dean Lee orient II Tiacutetulo CDU 91133322462(8137)

v

AGRADECIMENTOS

A Deus pelos benefiacutecios que me concedeu e me concedes A meus pais (in memoriam)

Djalmira Teles e Manoel Saturnino pelos exemplos de vida e valores transmitidos a meus

irmatildeos e irmatildes especialmente Genicelma e Carlos pelo auxiacutelio na aplicaccedilatildeo dos

questionaacuterios e pelo apoio de sempre e a muitas outras pessoas como o Professor Dr Dean

Lee Hansen pela paciecircncia e sabedoria na orientaccedilatildeo da tese agraves Professoras Doutoras Vera

Franccedila e Maria Augusta Mundim Vargas pela valiosa colaboraccedilatildeo na qualificaccedilatildeo mas

sobretudo pelos exemplos de vida e profissionalismo ao Professor Doutor Marco Antocircnio

Jorge agrave Professora Doutora Josefa Lisboa Coordenadora do NPGEO pela presteza de

sempre a Everton Secretaacuterio do NPGEO ao Dr Seacutergio Ferrari por saber ser gestor

competente e flexiacutevel e a todos os delegados e delegadas do processo do planejamento

participativo Agradeccedilo tambeacutem a outras pessoas anocircnimas que na caminhada me ajudaram

me apoiaram ou me fizeram refletir sobre valores como solidariedade e confianccedila A todos

meus sinceros agradecimentos

vi

RESUMO

A presente tese analisa o capital social e seus efeitos sobre a poliacutetica de desenvolvimento em

Sergipe Especificamente a tese analisa os estoques a natureza espacial e o papel das

instituiccedilotildees puacuteblicas de desenvolvimento regional e de planejamento estadual na construccedilatildeo e

ou reduccedilatildeo desse ativo dos territoacuterios de planejamento de Sergipe Para tanto foi

desenvolvida uma estrutura teoacuterica baseada nos conceitos de regiatildeo regionalizaccedilatildeo territoacuterio

capital social governanccedila e desenvolvimento Em decorrecircncia de suas caracteriacutesticas

analiacuteticas foram destacados os conceitos de capital social e territoacuterio Foram definidos na

tese respectivamente como atributo da estrutura social acessiacutevel aos indiviacuteduos e grupos que

mantecircm laccedilos interpessoais alimentados por valores normas e crenccedilas capazes de mobilizar e

empoderar os indiviacuteduos as comunidades e as organizaccedilotildees com a finalidade de auferir

benefiacutecios muacutetuos e como uma categoria geograacutefica que legitima as accedilotildees dos agentes sociais

institucionalizando o capital social Por sua vez a pesquisa empiacuterica inclui a anaacutelise dos

procedimentos e mecanismos usados pelos oacutergatildeos de planejamento e de desenvolvimento

regional e estadual na construccedilatildeo das poliacuteticas e dos planos de desenvolvimento regional

propostos para o Nordeste brasileiro e para o estado de Sergipe agrave luz dos instrumentos de

planejamento dos conceitos propostos para capital social e governanccedila e das estruturas

organizacionais dedicadas ao desenvolvimento A pesquisa tambeacutem contou com a aplicaccedilatildeo

de noventa questionaacuterios e seis entrevistas entre atores sociais e gestores vinculados a

diferentes oacutergatildeos puacuteblicos instituiccedilotildees sociais e representantes da comunidade envolvidos no

planejamento territorial do Estado Apoacutes a anaacutelise dos dados coletados conclui-se que a

cultura poliacutetica institucional figura como um dos maiores obstaacuteculos para o fortalecimento do

capital social da participaccedilatildeo social da integraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas em Sergipe e por

conseguinte para seu desenvolvimento regional

Palavras-chave Capital Social PlanejamentoTerritoacuterio Desenvolvimento regional

vii

ABSTRACT

The present thesis analyzes social capital and its effects on the development policy in the

State of Sergipe Especially it analyzes the spatial nature of social capital and the role of

public institutions in state and regional development and the construction or not of this

intangible resource in Sergipersquos territories To accomplish this a theoretical framework was

developed based on concepts including region regionalization territory social capital

governance and development concepts Social capital and territory were concepts emphasized

and defined in this thesis respectively as an attribute of social structure accessible to

individuals as well as groups with inter personal connections enhanced by values norms and

beliefs able to promote individuals communities and organizations to a position of power

aimed at acquiring mutual benefits and as a geographical category that provides legitimate

actions for social agents and institutionalizes social capital The empirical research included

an analysis of procedures and mechanisms used by institutions of planning and regional and

state development in the construction of proposed policies and regional development plans for

the state of Sergipe A focus was placed on planning instruments that centered on social

capital governance and organizational structures dedicated to development Field research

was based on the application of 90 questionnaires and six interviews between managers and

social actors linked to different government agencies social institutions and communities

involved in territorial planning of the State After data analysis it was concluded that

institutional culture figures as a major obstacle for the strengthening of social capital social

participation and integration of public policies in Sergipe and therefore in its territorial

development

Keywords Social capital TerritoryPlanning Regional development

viii

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 1 ndash Sergipe Territoacuterios de planejamento 22

Figura 2 ndash Dimensotildees do territoacuterio 32

Figura 3 ndash Sistemas de governanccedila no Estado contemporacircneo 87

Figura 4 ndash Sergipe Regiotildees Plano -1976 107

Figura 5 ndash Sergipe Regiotildees de Planejamento - 1987 109

Figura 6 ndash Sergipe Regiotildees de Planejamento - 2004 112

Figura7 ndash Sergipe Regiotildees Educacionais 116

Figura 8 ndash Sergipe Regiotildees da Emdagro 117

Figura 9 ndash Sergipe Distritos Rodoviaacuterios 119

Figura 10 ndash Sergipe Microrregiotildees de saneamento baacutesico 120

Figura 11 ndash Sergipe Regiotildees de Sauacutede 122

Figura 12ndash Sergipe Consoacutercios de saneamento 124

Figura 13 ndash Sergipe Regiotildees de turismo 125

Figura 14 ndash SergipeRegiatildeo de atuaccedilatildeo do Projeto Dom Taacutevora 128

Figura 15ndash

Comparaccedilatildeo entre as metas previstas no Plano Plurianual 2012-

2015 e executadas ateacute setembro 2014 do Programa Sergipe

Cidades

151

Figura 16 ndash Nuacutemero total de participantes nas conferecircncias municipais -

2007 e 2009 160

Figura 17 ndash Percentual de participaccedilatildeo por territoacuterio de organizaccedilotildees da

sociedade nas conferecircncias municipais - 2007 - 2009 164

Figura 18 ndash Percentual de participaccedilatildeo por territoacuterio de representantes do

poder puacuteblico nas conferecircncias municipais - 2007 - 2009 165

Figura 19 ndash Percentual de participaccedilatildeo por territoacuterio de outros ou sem

filiaccedilatildeo nas conferecircncias municipais - 2007- 2009 165

Figura 20 ndash Nuacutemero total de participantes nas conferecircncias territoriais -

2007-2011 169

Figura 21 ndash Nuacutemero de participantes por territoacuterio de planejamento 2007 -

2011 171

Figura 22 ndash Faixa etaacuteria dos participantes da sondagem realizada em 2010 173

Figura 23 ndash Estado civil dos participantes da sondagem realizada em 2010 174

Figura 24 ndash Escolaridade dos participantes da sondagem realizada em 2010 175

Figura 25 ndash Escolaridade dos participantes da pesquisa realizada em 2013 178

Figura 26 ndash Faixa etaacuteria dos participantes da pesquisa realizada em 2013 179

Figura 27 ndash Nuacutemero de delegados afiliados a organizaccedilotildees sociais 180

Figura 28 ndash Correlaccedilatildeo entre escolaridade e afiliaccedilatildeo a organizaccedilotildees sociais 183

Figura 29 ndash Meacutedias dos percentuais de confianccedila dos delegados e delegadas

nas instituiccedilotildees puacuteblicas

185

e186

Figura 30 ndash Percentual de respondentes que lecirc jornal e ou revistas todos os

dias 191

Figura 31 ndash Percentual de respondentes que disse estar capacitado para

promover mudanccedilas locais 199

Figura 32 ndash Grau de honestidade de servidores instituiccedilotildees puacuteblicas e

entidades da sociedade civil e religiosa () 202

Figura 33ndash Sergipe ndash Iacutendice de capital social 206

Figura 34 ndash Sergipe Periacuteodo de criaccedilatildeo das estruturas de governanccedila das

poliacuteticas setoriais - 2014 211

x

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 ndash Inventaacuterio de acepccedilotildees de territoacuterio 36

Quadro 2 ndash Principais caracteriacutesticas das abordagens de

regionalizaccedilatildeo 38

Quadro 3 ndash Escalas do planejamento governamental brasileiro 51

Quadro 4 ndash Conceituaccedilotildees de capital social e linhas teoacutericas das

abordagens 76

Quadro 5 ndash Autores e propostas conceituais de governanccedila e

governabilidade 85

Quadro 6 ndash Sergipe Estruturas de planejamento que antecederam ao

Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe 129

Quadro 7 ndash Sergipe Evoluccedilatildeo histoacuterica das instituiccedilotildees de

planejamento 136

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Brasil e Grandes Regiotildees Indicadores sociais - 2014 94

Tabela 2 ndash Sergipe Regiotildees institucionalizadas 121

Tabela 3 ndash Sergipe Participaccedilatildeo das diferentes entidades nas Conferecircncias do

Planejamento Participativo em 2007 e 2009 161

Tabela 4 ndash Pontos de insatisfaccedilatildeo dos delegados e das delegadas em relaccedilatildeo

ao processo do planejamento participativo ndash 2008 170

Tabela 5ndash Percentual de delegados que participaram da sondagen em 2010 172

Tabela 6 ndash Nuacutemero de questionaacuterios aplicados por territoacuterio 177

Tabela 7 ndash Principais fontes de informaccedilatildeo sobre as accedilotildees do governo () 189

Tabela 8 ndash Principais fontes de informaccedilatildeo sobre mercado () 192

Tabela 9 ndash Principais fontes da exclusatildeo social () 192

Tabela 10 ndash Engajamento em accedilotildees poliacuteticas () 201

Tabela 11 ndash ICSi dos territoacuterios de planejamento de Sergipe 205

xii

LISTA DE SIGLAS

MPA Movimento dos Pequenos Agricultores

MNLM Movimento Nacional de Luta por Moradia

PAC Poliacutetica Agriacutecola Comum

PLANASA Plano Nacional de Saneamento

PNDR Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional

PNUD Programa das Naccedilotildees Unidas

PIB Produto Interno Bruto

PPA Plano Plurianual

PRONAT Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Territoacuterios

Rurais

PT Partido dos Trabalhadores

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas

SEDETEC Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econocircmico e Tecnoloacutegico

ADEMA Administraccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente

ASPLAN Assessoria de Planejamento

CDE Comissatildeo de Desenvolvimento Econocircmico do Estado de Sergipe

CEE Comunidade Econocircmica Europeia

CEPAL Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina

CHESF Companhia Hidro Eleacutetrica do Satildeo Francisco

CODEVASF Companhia de Desenvolvimento dos Vales do Satildeo Francisco

Parnaiacuteba Itapecuru e Mearim

CONDEL Conselho Deliberativo

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CONDESE Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe

CVSF Comissatildeo do Vale do Satildeo Francisco

DESO Companhia de Saneamento de Sergipe

DNOCS Departamento Nacional de Obras contra as Secas

ELETROBRAacuteS Centrais Eleacutetricas Brasileiras SA

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo

FAPISE Federaccedilatildeo dos Apicultores do Estado de Sergipe

FUNDEPLAN Fundaccedilatildeo Estadual de Planejamento Pesquisa e Estatiacutestica

GTDN Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICM Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IESAP Instituto de Estudos Econocircmicos e Sociais Aplicados

ICODERUS Instituto de Cooperaccedilatildeo para o Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel

IFOCS Inspetoria Federal de Obras contra as Secas

IICA Instituto de Cooperaccedilatildeo para a Agricultura

INEP Instituto de Economia e Pesquisa

IOCS Inspetoria de Obras Contra as Secas

IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LDO Lei de Diretrizes Orccedilamentaacuterias

MDA Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente

MST Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra

xiii

SDT Secretaria de Desenvolvimento Territorial

SENAC Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Comercial

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAR Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural

SEP Sistema Estadual de Planejamento

SICONV Sistema de Convecircnios

SEPLAN Secretaria de Estado do Planejamento

SEPLANTEC Secretaria de Estado do Planejamento Ciecircncia e Tecnologia

SUVALE Superintendecircncia do Vale do Satildeo Francisco

TVA Tennessee Valley Authority

UFS Universidade Federal de Sergipe

UNIT Universidade Tiradentes

UNMP Uniatildeo Nacional por Moradia Popular

xiv

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REGIAtildeO TERRITOacuteRIO E REGIONALIZACcedilAtildeO 25

21 Concepccedilotildees de regiatildeo 27 22 Territoacuterio territorializaccedilatildeo e territorialidade 31 23 Regionalizaccedilatildeo do conceito de regiatildeo ao enfoque do desenvolvimento 37

3 PLANEJAMENTO COMO FERRAMENTA DE INTERVENCcedilAtildeO DO ESTADO 42

31 O Planejamento do e para o desenvolvimento 44 32 Desenvolvimento entre as percepccedilotildees e os discursos 53 33 Desenvolvimento local e o desenvolvimento territorial processos em construccedilatildeo 57

4 CAPITAL SOCIAL E GOVERNANCcedilA 68

41 Conceituaccedilatildeo de Capital Social 70 411 Capital social e seus efeitos sobre as poliacuteticas de desenvolvimento 77

42 Governanccedila e Governabilidade 80 421 Conceitos de Governanccedila 81 422 Estruturaccedilatildeo de Sistema de governanccedila 86

5 PLANEJAMENTO EM SERGIPE 89

51 Relevacircncia das instituiccedilotildees puacuteblicas de desenvolvimento regional na construccedilatildeo ou destruiccedilatildeo

de capital social em Sergipe 91 511 A Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste a essecircncia do planejamento regional

brasileiro 91 512 Companhia HidroEleacutetrica do Satildeo Francisco da geraccedilatildeo da energia ao fortalecimento do

capital social dos atingidos por barragens 96 52 Planejamento em Sergipe entre as liccedilotildees e os desafios 102

521 Trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo em Sergipe 103 522 Planejamento do desenvolvimento em Sergipe entre o mito Condese e o fracasso do

planejamento regional 129 523 Planejamento orccedilamentaacuterio e a reduccedilatildeo da funccedilatildeo planejamento 136 524 Planejamento participativo entre as novas ideias e as antigas praacuteticas 141

6 AVALIACcedilAtildeO DO ESTOQUE DE CAPITAL SOCIAL NOS E DOS

TERRITOacuteRIOS DE PLANEJAMENTO DE SERGIPE 152

61 Participaccedilatildeo social como dimensatildeo do capital social ferramenta do planejamento e estrateacutegia

para o desenvolvimento territorial 154 62 Mobilizaccedilatildeo e participaccedilatildeo social em instituiccedilotildees participativas municipais (conferecircncias

municipais do Planejamento Participativo) 157 63 A participaccedilatildeo social em instituiccedilotildees participativas territoriais (conferecircncias territoriais) 166 64 Aplicaccedilatildeo da proposta metodoloacutegica do Banco Mundial para medir o capital social 176

641 Dimensotildees do capital social segundo o Banco Mundial 179 642 Mensurando o estoque de capital social nos territoacuterios de planejamento em Sergipe 203

65 Governanccedila das institucionalidades agrave democratizaccedilatildeo e efetividade das poliacuteticas puacuteblicas 208 CONCLUSOtildeES 216

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 226

APEcircNDICES

A ndash Questionaacuterio Integrado pera Medir Capital Social

B ndash Roteiro de Entrevista

C ndash Indicadores sociais dos Territoacuterios de planejamento

D ndash Resultados ponderados do grau de honestidade

E ndash Variaacuteveis usadas no caacutelculo do Iacutendice de Capital Social (ICSi)

F ndash Estruturas de Governanccedila vinculadas ao Estado

G ndash Motivaccedilotildees para classificaccedilatildeo do municiacutepio em desenvolvidonatildeo desenvolvido

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

Capital social eacute uma categoria analiacutetica emergida em meio agraves crises do papel do

Estado ideoloacutegica da recomposiccedilatildeo das escalas e ainda no contexto da discussatildeo da

mundializaccedilatildeo do capital do fortalecimento da democracia e da sociedade participativa e em

rede O capital social desde a deacutecada de 1980 tem suscitado o interesse de pesquisadores

agecircncias financiadoras e promotoras do desenvolvimento que perceberam a correlaccedilatildeo

positiva entre a existecircncia de estoque de capital social e a democratizaccedilatildeo o desenvolvimento

regional e o bom desempenho institucional Para Fukuyama (1999) o capital social eacute

importante para o funcionamento eficaz das economias modernas e eacute a condiccedilatildeo sine qua non

da democracia liberal estaacutevel A popularizaccedilatildeo dos efeitos positivos do capital social eacute

atribuiacuteda a Putnam (2006) cujos estudos tecircm estimulado a produccedilatildeo de extensa literatura e

ainda o desenvolvimento de pesquisas sobre capital social em diferentes paiacuteses

Conceitualmente as principais referecircncias de capital social satildeo Pierre Bourdieu e James

Coleman

Por capital social entende-se um agregado de recursos acessiacuteveis aos indiviacuteduos e

grupos que possuem valores (solidariedade amizade lealdade e outros) normas de boa

convivecircncia e crenccedilas que desenvolvem nos indiviacuteduos e nos grupos a confianccedila no proacuteximo

e nas instituiccedilotildees (formais e informais) a honestidade no trato com o outro e com os bens

puacuteblicos e a susceptibilidade agrave mobilizaccedilatildeo agrave participaccedilatildeo e agrave cooperaccedilatildeo O capital social eacute

um produto do trabalho social e um bem puacuteblico (BOURDIEU 1980 COLEMAN 1988

PUTNAM 2006)

A associaccedilatildeo do capital social agrave heranccedila cultural tem inquietado pesquisadores que

estudam o papel do Estado na evoluccedilatildeo das sociedades Nessa linha de abordagem de capital

social destacam-se Peter Evans e Jonathan Fox Nos argumentos de Evans (1998) o Estado e

as estruturas sociais satildeo mutuamente determinantes e portanto um Estado coerente e coeso eacute

muito mais suscetiacutevel a uma sociedade auto-organizada Na mesma linha de abordagem Fox

(1996) argumenta que sociedades dominadas por poderes puacuteblicos clientelistas autoritaacuterios e

coercitivos satildeo esvaziadas de capital social Sendo assim o Estado (as instituiccedilotildees poliacuteticas)

tanto pode fomentar o capital social quanto pode esgotaacute-lo

17

Diante dessas duas linhas de abordagens do capital social (culturalismo e neo-

institucionalismo) e diante dos discursos positivos a respeito dos efeitos do capital social o

conhecimento de seu estoque se revela como um elemento fundamental para poliacuteticas de

desenvolvimento Aliado ao papel do capital social no desenvolvimento sua importacircncia

tambeacutem se inscreve no controle e na gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas As dimensotildees da

participaccedilatildeo em associaccedilotildees do empoderamento e accedilatildeo poliacutetica e a confianccedila dos indiviacuteduos

nas instituiccedilotildees satildeo os indicadores mais relevantes para a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas

(GROOTAERTC et al 2003 p15) A dimensatildeo do empoderamento e da accedilatildeo poliacutetica foi

vista por esses pesquisadores como um indicador de produccedilatildeo de capital social Portanto

eventos que fomentem o desenvolvimento da capacidade e habilidade dos indiviacuteduos para a

participaccedilatildeo social e o empoderamento se inscrevem como uma potencialidade para a

construccedilatildeo do capital social A instituiccedilatildeo de espaccedilos participativos no Brasil e

particularmente em Sergipe apoacutes a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 foi vista

como uma potencialidade para a produccedilatildeo ou o fortalecimento do capital social Desse modo

a avaliaccedilatildeo do capital social seus efeitos sobre as poliacuteticas de desenvolvimento e a instituiccedilatildeo

de espaccedilos participativos como caminho para o fortalecimento do capital social foram accedilotildees

que instigaram a pesquisa da tese

No conjunto de questotildees que serviu de base para o aprofundamento da tese tem-se a

cultura poliacutetica da populaccedilatildeo e das instituiccedilotildees puacuteblicas com atuaccedilatildeo em Sergipe marcadas

pelo clientelismo e patrimonialismo eacute favoraacutevel agrave construccedilatildeo de capital social O conjunto

das instituiccedilotildees poliacuteticas e sociais dos territoacuterios permite a sustentabilidade de uma poliacutetica de

desenvolvimento O modelo de planejamento e execuccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento

em base territorial eacute de fato uma proposta nova ou uma nova roupagem para as velhas

praacuteticas e meacutetodos regionais Qual eacute a ldquonaturezardquo espacial do capital social nos territoacuterios de

planejamento de Sergipe As instituiccedilotildees poliacuteticas e as instituiccedilotildees participativas ou as

estruturas de governanccedila podem fortalecer e ou construir capital social

A principal hipoacutetese dessa pesquisa foi que o planejamento eacute a ferramenta estrutural

do e para o desenvolvimento o capital social eacute o elemento de sustentabilidade deste e a

governanccedila eacute a estrateacutegia e pilar para a efetividade dos planos e poliacuteticas de desenvolvimento

A pesquisa tratou de capital social planejamento puacuteblico e desenvolvimento regional

Este estudo avalia a ldquonaturezardquo espacial e o estoque de capital social nos territoacuterios de

planejamento de Sergipe e o papel das instituiccedilotildees puacuteblicas tanto de desenvolvimento

18

regional quanto de planejamento estadual na construccedilatildeo e ou destruiccedilatildeo do capital social e

portanto de territoacuterios

Influenciado pela pesquisa de Putnam e pelas propostas de desenvolvimento territorial

em construccedilatildeo pelos governos federal e estadual e sobretudo pelos argumentos operacionais

do processo de desenvolvimento de autores como Furtado (1988) Sachs (2000) e Sen (2010)

e de capital social de autores estruturalistas como Bourdieu (1980) Coleman (1988) Durston

(1999) Portes (1998) Woolcook e Narayan (2000) culturalistas como Putman (2006) e neo-

institucionalistas como Evans (1998) e Fox (1996) procura-se avaliar o papel do Estado na

formaccedilatildeo do capital social regionalterritorial e inventariar o estoque de capital social dos

territoacuterios de planejamento como possibilidades e desafios para dar efetividade agraves propostas

de poliacutetica de desenvolvimento e agraves poliacuteticas puacuteblicas em Sergipe

O ponto de partida da pesquisa foi o processo do planejamento do desenvolvimento

territorial participativo (PDTP) instituiacutedo pelo Governo do Estado e as conferecircncias criadas

como espaccedilo de diaacutelogo entre Estado sociedade e mercado A participaccedilatildeo social nas

conferecircncias foi tomada como uma referecircncia para o empoderamento e a formaccedilatildeo de uma

consciecircncia cidadatilde uma vez que a participaccedilatildeo exige dos indiviacuteduos capacidade e habilidade

de negociaccedilatildeo e priorizaccedilatildeo das accedilotildees que assegurem o desenvolvimento regional A

capacidade de participaccedilatildeo vincula-se agrave cultura poliacutetica e ao niacutevel do estoque do capital social

existente

O planejamento do desenvolvimento visto como um processo de construccedilatildeo preditiva

de meacutedio e longo prazo exige metodologia que vai aleacutem do levantamento das demandas de

interesse dos cidadatildeos e da participaccedilatildeo dos tecnocratas Entretanto o planejamento do

desenvolvimento perde ritmo e rota em processos cujas decisotildees satildeo exclusivamente poliacuteticas

O planejamento como processo teacutecnico-poliacutetico se sustenta em regiotildees e lugares com alto

estoque de capital social e onde as diferenccedilas entre os participantes natildeo permitam a anulaccedilatildeo

ou manipulaccedilatildeo da maioria pelo detentor do poder ou como diz Castro (2004 p 150) onde

haja a organizaccedilatildeo da convivecircncia entre os diferentes

O Estado contemporacircneo detentor da prerrogativa dessa organizaccedilatildeo tambeacutem eacute o

principal agente indutor dos processos de desenvolvimento em toda a histoacuteria do

planejamento brasileiro e consequentemente sergipano O planejamento puacuteblico brasileiro

percorreu diferentes escalas em diferentes momentos de sua histoacuteria poliacutetica O resgate desse

processo aleacutem de subsidiar a anaacutelise do estudo em tela permite o alinhamento metodoloacutegico

com o planejamento participativo

19

As discussotildees sobre o planejamento do desenvolvimento atual destacam o capital

social e a governanccedila como elementos que apontaram para uma correlaccedilatildeo positiva entre estes

e o desenvolvimento regional o desempenho governamental e o fortalecimento da

democracia

A construccedilatildeo teoacuterica deste estudo discute os conceitos de regiatildeo territoacuterio

territorializaccedilatildeo regionalizaccedilatildeo capital social governanccedila e desenvolvimento tendo como

principais categorias de anaacutelise o capital social e o territoacuterio e como base empiacuterica da

pesquisa os territoacuterios de planejamento de Sergipe

A metodologia adotada eacute um estudo de caso cujo desenvolvimento contemplou

pesquisa documental e de campo Os meacutetodos da pesquisa quantitativa e qualitativa

desenvolveram-se com a aplicaccedilatildeo de survey adaptado do modelo do Questionaacuterio Integrado

para medir Capital Social ndash QI-MCS proposto pelo Banco Mundial (2003) e entrevistas

estruturadas (Apecircndice B) As amostras foram intencionais (natildeo probabiliacutesticas) e envolveram

os participantes do processo do planejamento participativo para coleta de dados e

informaccedilotildees sobre o capital social e as entrevistas envolveram ex-secretaacuterios de planejamento

e ex-diretores e teacutecnico de oacutergatildeo de planejamento para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o

planejamento e as propostas de poliacuteticas de desenvolvimento O nuacutemero de questionaacuterios

aplicados por territoacuterio de planejamento e o melhor detalhamento da metodologia

encontram-se no capiacutetulo 6

O questionaacuterio incluiu 139 perguntas distribuiacutedas em seis blocos O primeiro

apresentou perguntas para a identificaccedilatildeo do territoacuterio e descriccedilatildeo do perfil dos participantes

da pesquisa O segundo propotildee perguntas para a caracterizaccedilatildeo da participaccedilatildeo dos indiviacuteduos

em grupos e redes e informaccedilotildees sobre os grupos O bloco envolveu questotildees a respeito do

acesso ao grupo o tempo meacutedio no grupo se haacute contribuiccedilatildeo para a participaccedilatildeo frequecircncia

das reuniotildees origem dos membros dos grupos formas das deliberaccedilotildees seleccedilatildeo dos liacutederes e

outras O terceiro bloco coletou informaccedilotildees sobre a confianccedila em diferentes categorias e a

identificaccedilatildeo de praacuteticas solidaacuterias O quarto bloco envolveu perguntas sobre o acesso agrave

informaccedilatildeo e aos meios de comunicaccedilatildeo O quinto bloco tratou de levantar informaccedilotildees que

retratassem a coesatildeo e a inclusatildeo social dos grupos e o sexto e uacuteltimo focalizou o

empoderamento e accedilatildeo poliacutetica Neste bloco aleacutem das questotildees que revelassem a accedilatildeo

poliacutetica dos indiviacuteduos inseriram-se questotildees para a coleta de informaccedilotildees a respeito da

percepccedilatildeo dos indiviacuteduos sobre o desenvolvimento (Apecircndice A)

20

O capital social foi medido pelo conjunto de indicadores sociais que agrupa desde

dados a respeito da participaccedilatildeo em grupos ateacute a integraccedilatildeo social a confianccedila a

solidariedade entre os indiviacuteduos o empoderamento e a accedilatildeo coletiva coletados por meio de

aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com os participantes do processo do planejamento participativo

A anaacutelise da capacidade de construccedilatildeo ou fortalecimento do capital social pelas

instituiccedilotildees poliacuteticas foi avaliada utilizando-se de documentos teacutecnicos e de estudos

produzidos tanto pela academia quanto pelos teacutecnicos das instituiccedilotildees pesquisadas a respeito

do planejamento governamental como tambeacutem pelas entrevistas formuladas com os ex-

secretaacuterios de planejamento e gestores dos oacutergatildeos de planejamento regional

As unidades espaciais do estudo foram os oito territoacuterios de planejamento (Figura 1)

assim estruturados

i Territoacuterio Alto Sertatildeo Sergipano ndash localizado no Noroeste de Sergipe eacute

formado por sete municiacutepios (Canindeacute do Satildeo Francisco Gararu Monte

Alegre de Sergipe Nossa Senhora da Gloacuteria Nossa Senhora de Lourdes Poccedilo

Redondo e Porto da Folha)

ii Territoacuterio Agreste Central ndash inserido no Centro-Noroeste do Estado agrega

quatorze municiacutepios (Areia Branca Campo do Brito Carira Frei Paulo

Itabaiana Macambira Malhador Moita Bonita Nossa Senhora Aparecida

Pedra Mole Pinhatildeo Ribeiroacutepolis Satildeo Domingos e Satildeo Miguel do Aleixo)

iii Territoacuterio Baixo Satildeo Francisco Sergipano ndash localizado no Nordeste de Sergipe

eacute formado por quatorze municiacutepios (Amparo do Satildeo Francisco Brejo Grande

Canhoba Cedro de Satildeo Joatildeo Ilha das Flores Japoatatilde Malhada dos Bois

Muribeca Neoacutepolis Pacatuba Propriaacute Santana do Satildeo Francisco Satildeo

Francisco e Telha)

iv Territoacuterio Centro-Sul Sergipano ndash formado por cinco municiacutepios (Lagarto

poccedilo Verde Riachatildeo do Dantas Simatildeo Dias e Tobias Barreto)

v Territoacuterio Grande Aracaju ndash inserido no Centro-Leste de Sergipe eacute formado

por nove municiacutepios (Aracaju Barra dos Coqueiros Itaporanga DrsquoAjuda

Laranjeiras Maruim Nossa Senhora do Socorro Riachuelo Satildeo Cristoacutevatildeo e

Santo Amaro das Brotas)

vi Territoacuterio Leste Sergipano ndash localizado no Leste de Sergipe eacute formado por

nove municiacutepios (Capela Carmoacutepolis Divina Pastora General Maynard

Japaratuba Pirambu Rosaacuterio do Catete Santa Rosa de Lima e Siriri)

21

vii Territoacuterio Meacutedio Sertatildeo Sergipano ndash inserido no Meio-Norte de Sergipe agrupa

seis municiacutepios (Aquidabatilde Cumbe Feira Nova Graccho Cardoso Itabi e

Nossa Senhora das Dores)

viii Territoacuterio Sul Sergipano ndash inserido no Sul do estado eacute formado por onze

municiacutepios (Arauaacute Boquim Cristinaacutepolis Estacircncia Indiaroba Itabaianinha

Pedrinhas Salgado santa Luzia do Itanhi Tomar do Geru e Umbauacuteba)1

1 Os principais indicadores sociais de cada territoacuterio encontram-se no Apecircndice C

22

Figura 1 Sergipe ndash Territoacuterios de Planejamento

Fonte SEPLAN2008

23

Para avaliar a natureza espacial o estoque nos territoacuterios de planejamento e o papel

das instituiccedilotildees na construccedilatildeo eou destruiccedilatildeo do capital social o trabalho foi estruturado em

seis capiacutetulos O segundo capiacutetulo intitulado Regiatildeo Terrritoacuterio e Regionalizaccedilatildeo reflete

sobre a construccedilatildeo de regiotildees e territoacuterios buscando explicar as construccedilotildees destas categorias

e suas vinculaccedilotildees com as accedilotildees do Estado contemporacircneo portanto como categorias que

orientam o planejamento e a gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

O terceiro capiacutetulo intitulado Planejamento como ferramenta de intervenccedilatildeo do

Estado discute acerca das contribuiccedilotildees teoacutericas das linhas de abordagens e dos modelos dos

processos de planejamento e de desenvolvimento e sobretudo dos processos de planejamento

do e para o desenvolvimento que se evidenciam como percepccedilotildees de uma complexa

combinaccedilatildeo de variaacuteveis econocircmicas sociais poliacuteticas ambientais e culturais e se estruturam

em diferentes fatores de produccedilatildeo sistemas poliacuteticos estruturas sociais relaccedilotildees de poder e

escalas Aleacutem disso destaca o desenvolvimento local e o territorial como estrateacutegias

fenocircmenos processo de transformaccedilatildeo e alternativa ao desenvolvimento centralizador e

comandado pelo Estado sustentada pela valorizaccedilatildeo de potenciais do meio pela participaccedilatildeo

de todos os agentes e pela inclusatildeo social

O quarto capiacutetulo Capital social e governanccedila coloca em evidecircncia ativos

intangiacuteveis como ferramentas preponderantes para o desenvolvimento Embora se reconheccedila

que natildeo haacute teoria sobre capital social as vaacuterias concepccedilotildees e linhas de abordagem tecircm

permitido o desenvolvimento de estudos e ampliado as discussotildees sobre essa temaacutetica Tais

discussotildees notadamente tecircm se voltado para os efeitos do capital social nos processos

participativos e de controle de poliacuteticas puacuteblicas portanto nos espaccedilos democraacuteticos e nas

poliacuteticas de desenvolvimento A governanccedila como sistema essencial para a democracia

participativa eacute sustentada por uma sociedade revestida de consciecircncia poliacutetica ndash de cidadania

portanto com alto estoque de capital social

O capiacutetulo cinco intitulado Planejamento em Sergipe percorre os caminhos do

planejamento de poliacuteticas puacuteblicas e do desenvolvimento no Estado Para tanto o ponto de

partida foi a anaacutelise das praacuteticas institucionais em busca de argumentos e fragmentos de

estruturas organizacionais e de movimento poliacutetico que tenha contribuiacutedo e ou que possa

contribuir para a formaccedilatildeo do capital social regional e local e consequentemente o

desenvolvimento regional territorial estadual e municipal As praacuteticas institucionais e as

relaccedilotildees estabelecidas entre o Estado e a sociedade no planejamento foram elementos

estruturadores da avaliaccedilatildeo Avalia-se ainda a experiecircncia da Chesf na construccedilatildeo de capital

24

social dos atingidos por barragens Revisita-se ainda a histoacuteria do planejamento puacuteblico em

Sergipe abordando a trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo e os modelos e fases dos processos

O capiacutetulo seis Avaliaccedilatildeo do estoque de capital social nos e dos territoacuterios de

planejamento de Sergipe se constitui nos resultados da pesquisa de campo Avalia-se o

estoque de capital social nos e dos territoacuterios de planejamento tomando-se por base o

Questionaacuterio Integrado para medir Capital Social ndash QI-MCS a participaccedilatildeo social dos

indiviacuteduos nas instituiccedilotildees participativas (conferecircncias municipais territoriais e estaduais e

conselhos de poliacuteticas puacuteblicas)

Utilizando-se de recursos estatiacutesticos calcula-se o Iacutendice de Capital Social dos e nos

territoacuterios de planejamento sergipanos A confirmaccedilatildeo do niacutevel de estoque de capital social

nos territoacuterios eacute requerida tanto como estrateacutegia para a compreensatildeo da manutenccedilatildeo dos

baixos indicadores sociais nos territoacuterios quanto para a proposiccedilatildeo de accedilotildees voltadas para o

fortalecimento do capital social como elemento fundamental ao desenvolvimento Estuda-se

nessa pesquisa o capital social dos territoacuterios com base nas dimensotildees do capital social

propostas pelo Banco Mundial como a participaccedilatildeo em grupos e redes a confianccedila e a

solidariedade a informaccedilatildeo e a comunicaccedilatildeo a coesatildeo e a inclusatildeo social e o empoderamento

e a accedilatildeo poliacutetica

A anaacutelise das estruturas de governanccedila (conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas) se

reveste do esforccedilo para se explicar analiticamente a efetividade das estruturas de governanccedila

na formaccedilatildeo do capital social e na gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem como na democratizaccedilatildeo

em Sergipe

Por uacuteltimo a conclusatildeo sintetiza os achados das pesquisas (teoacuterica documental e de

campo) e propotildee o aprofundamento da pesquisa sobre capital social a ampliaccedilatildeo do debate

sobre o capital social pelos geoacutegrafos e a melhoria para propostas de planejamento

participativo em escala estadual

25

2 REGIAtildeO TERRITOacuteRIO E REGIONALIZACcedilAtildeO

Eacute o uso do territoacuterio e natildeo o territoacuterio em si

mesmo que faz dele o objeto da anaacutelise social

(SANTOS 2006 p15)

26

2 REGIAtildeO TERRITOacuteTIO E REGIONALIZACcedilAtildeO

O uso do termo territoacuterio e os processos da territorializaccedilatildeo ganharam destaques

respectivamente como unidade de planejamento e como processo do e para o

desenvolvimento tanto nas escalas federal quanto estadual e municipal principalmente na

deacutecada de 2000 O interesse de anaacutelise desses processos por diferentes aacutereas de estudo

fundamenta-se na proposta da participaccedilatildeo social no planejamento governamental e na

elaboraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

No contexto da accedilatildeo poliacutetica regiatildeo e territoacuterio permitem concepccedilotildees diferenciadas

daquelas construiacutedas pela academia Assim este capiacutetulo resgata as principais concepccedilotildees de

regiatildeo e territoacuterio e de seus processos formadores buscando o alinhamento entre as

concepccedilotildees acadecircmicas e as praacuteticas governamentais

Inicialmente duas questotildees devem ser esclarecidas Primeiro a expressatildeo territoacuterio

como espaccedilo definido e delimitado por e a partir de relaccedilotildees de poder como categoria de

anaacutelise social e natural base para o planejamento e sua derivada territorialidade satildeo muito

antigas Como bem escreveu Santos (2006 p15) o ldquoretorno do territoacuteriordquo deve ser entendido

como uma metaacutefora para facilitar a definiccedilatildeo desse espaccedilo habitado agrave luz das novas

possibilidades tecnoloacutegicas informacionais e sineacutergicas contexto no qual se pretende

desenvolver este trabalho Segundo o uso do territoacuterio proposto natildeo concorre com outras

unidades de planejamento tradicionais como regiatildeo conforme previa Andrade (2006 p 213)

nem substitui o conceito de regiatildeo como assegurou Haesbaert (2002 p 2) Entretanto esse

autor reconhece que ldquoao longo da histoacuteria do pensamento geograacutefico facilmente

identificamos fases de um rico processo de construccedilatildeo destruiccedilatildeo e reconstruccedilatildeo do conceito

de regiatildeordquo De fato as experiecircncias do planejamento confirmam esse ldquodeslizamento de

escalardquo como propotildee Benko (2001 p7) Para esse autor os sistemas econocircmico social e

poliacutetico evoluem e os processos evolutivos alteram as escalas de atuaccedilatildeo exigem diferentes

arranjos para sua operacionalizaccedilatildeo e recompotildeem a regiatildeo Na tese de Markusen (2005 p69)

natildeo haacute evidecircncia convincente de que as regiotildees estejam ressurgindo uma vez que natildeo haacute

relato ou comprovaccedilatildeo de que algum processo de aglomeraccedilatildeo diferenciada no territoacuterio

tivesse sido paralisado e esteja ressurgindo A rejeiccedilatildeo da autora a essa caracterizaccedilatildeo se

fundamenta em fases nas quais as particularidades e autoconsciecircncia regional satildeo mais

evidentes

27

Com base nesses esclarecimentos pretende-se fornecer elementos para a compreensatildeo

da construccedilatildeo do termo regiatildeo e contextualizar o ldquouso do territoacuteriordquo pela anaacutelise dos

elementos que requisitaram o ldquoretorno da expressatildeo territoacuteriordquo no planejamento puacuteblico e as

articulaccedilotildees existentes entre territoacuterio e regiatildeo

Este capiacutetulo eacute composto por trecircs subcapiacutetulos O primeiro fornece uma compreensatildeo

da construccedilatildeo e produccedilatildeo da regiatildeo ao longo do tempo nos diferentes espaccedilos e por

diferentes aacutereas de estudo O segundo eacute um inventaacuterio das acepccedilotildees de territoacuterio e de seus

processos formuladores Por uacuteltimo analisam-se os objetivos dos processos de

regionalizaccedilatildeo buscando identificar seus agentes e o alinhamento com os processos do

planejamento do desenvolvimento regional

21 Concepccedilotildees de regiatildeo

A anaacutelise conceitual de regiatildeo nas correntes do pensamento geograacutefico2 fornece uma

compreensatildeo da construccedilatildeo ou produccedilatildeo dessa categoria ao longo do tempo nos diferentes

espaccedilos e por diferentes aacutereas de estudo Tomada como referencial tanto para a

contextualizaccedilatildeo de planos de desenvolvimento e das regionalizaccedilotildees propostas pela

Administraccedilatildeo Puacuteblica (federal e estadual) quanto pela academia para a interpretaccedilatildeo

justificaccedilatildeo e explicaccedilatildeo de fenocircmenos sociais culturais bioloacutegicos e econocircmicos o termo

regiatildeo vem se aperfeiccediloando complexificando e exigindo definiccedilotildees diferenciadas de acordo

com a perspectiva da anaacutelise com a dimensatildeo abordada e a corrente do pensamento

geograacutefico dominante

Sem a pretensatildeo de uma revisatildeo conceitual de regiatildeo de territoacuterio e de suas derivadas

o exerciacutecio de explicar como construir a definiccedilatildeo de regiatildeo nesta tese tem a finalidade de

facilitar o seu entendimento como unidade de planejamento do e para desenvolvimento

regional

O termo regiatildeo na interpretaccedilatildeo geograacutefica pode ser definido explicado delimitado e

produzido Essa produccedilatildeo surge da necessidade da siacutentese da percepccedilatildeo da relaccedilatildeo entre

homem e natureza e de sua organizaccedilatildeo no espaccedilo No pensamento dominante no final do

seacuteculo XIX denominado determinismo ambiental a regiatildeo era caracterizada por seus

aspectos fiacutesicos e bioloacutegicos interpretados pela relevacircncia interaccedilotildees e influecircncias ocorrentes

entre seus componentes Nessa caracterizaccedilatildeo de acordo com Andrade (1977 p 37) as

2 Um resumo didaacutetico das correntes do pensamento geograacutefico encontra-se em Correcirca (1995 p7)

28

modificaccedilotildees nas condiccedilotildees naturais provocadas pelas accedilotildees do homem natildeo influenciavam na

delimitaccedilatildeo das regiotildees Percebe-se que embora admitindo a importacircncia dos componentes

do meio ambiente para o homem efetivamente na concepccedilatildeo do determinismo ambiental o

ser humano era dissociado da natureza e se comportava como mero observador ou seja o

homem natildeo se percebia um dos elementos do meio natural e um dos agentes modeladores dos

espaccedilos

A segunda acepccedilatildeo de regiatildeo conforme interpreta Correcirca (1997 p185) origina-se

como reaccedilatildeo ao pensamento determinista da regiatildeo natural Nessa fase reconhecem-se os

recursos ambientais como ldquopossibilidadesrdquo para as atividades humanas e o homem como o

agente de controle e dominaccedilatildeo dos recursos naturais e modelador da regiatildeo Contudo

separam-se os fenocircmenos naturais dos sociais atribuindo um caraacuteter ideograacutefico aos eventos

ao tempo e ao espaccedilo A regiatildeo eacute construiacuteda valendo-se do reconhecimento das accedilotildees

humanas sobre determinado espaccedilo independentemente dos componentes naturais que datildeo a

sustentaccedilatildeo a essa organizaccedilatildeo e de ser o homem um dos componentes do meio

Para Correcirca (1997 p187) somente a partir da deacutecada de 1970 e com o surgimento da

geografia criacutetica fundamentada no materialismo histoacuterico e dialeacutetico na geografia humanista

e cultural a regiatildeo passa a ser construiacuteda tanto por meio da organizaccedilatildeo social associada ao

modo de produccedilatildeo capitalista quanto pela cultura local e pelas relaccedilotildees de poder e

dominaccedilatildeo Nessa interpretaccedilatildeo a interaccedilatildeo entre os aspectos sociais econocircmicos culturais

poliacuteticos e ambientais forneceu as bases para a siacutentese conceitual de regiatildeo e permitiu a

percepccedilatildeo do homem como componente do meio e agente modelador do espaccedilo

Embora se perceba a inserccedilatildeo de novos elementos para conceituar regiatildeo natildeo haacute

negaccedilatildeo de nenhum dos conceitos e sim a preocupaccedilatildeo na conceituaccedilatildeo de regiatildeo Essa

capacidade de ajustes e flexibilidade para a conceituaccedilatildeo de regiatildeo decorre do fato de que

diferentes especialistas construiacuteram regiatildeo pelos diferentes componentes ponderaccedilotildees

dimensotildees objetivos e interpretaccedilotildees A regiatildeo eacute percebida como um ser vivo e portanto

evolui com as ciecircncias e as teacutecnicas humanas e econocircmicas tem caraacuteter concreto e

relatividade histoacuterica aleacutem de ser um instrumento de accedilatildeo dominaccedilatildeo e controle

(Kaiser1967p279) Por essas razotildees haacute uma complexidade na conceituaccedilatildeo inclusive

reconhecida por Kaiser (1967 p280) Correcirca (1995 p22) e Oliveira (1977 p27) e na

definiccedilatildeo de regiatildeo proposta pela Geografia Nova que procura sua concretude baseando-se na

explicaccedilatildeo de processos como a divisatildeo territorial do trabalho a accedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas a

articulaccedilatildeo para e pelo capital entre outros Entretanto Kaiser (1967) procura enumerar

29

fatores essenciais para delimitar e definir regiatildeo Satildeo considerados elementos essenciais na

conceituaccedilatildeo de regiatildeo

Os laccedilos existentes entre seus habitantes sua organizaccedilatildeo social e econocircmica

impressa no espaccedilo e em torno de um centro dotado de certa autonomia e

sua integraccedilatildeo funcional em uma economia global (KAISER 1967

p280)

Corroborando os elementos propostos por Kaiser (1967) Santos (1994) cita que as

variaacuteveis usadas para conceituar regiatildeo satildeo as mais diversas e podem ser repensadas e criadas

uma vez que satildeo os elementos da construccedilatildeo dos espaccedilos de convivecircncia dos lugares

funcionais do todo Entatildeo

A regiatildeo se define assim como o resultado das possibilidades ligadas a

certa presenccedila nela de capitais fixos exercendo determinado papel ou

determinadas funccedilotildees teacutecnicas e das condiccedilotildees de seu funcionamento

econocircmico dadas pela rede de relaccedilotildees sociais Pode-se dizer que haacute uma

verdadeira dialeacutetica entre ambos esses fatores concretos um influenciando e

modificando o outro (SANTOS 1985 p 67)

Para esse autor aleacutem das redes de relaccedilotildees sociais os avanccedilos teacutecnico-cientiacutefico-

informacionais que possibilitam por meio de suas funcionalidades a manutenccedilatildeo dos fluxos

globais tambeacutem satildeo elementos a serem usados na conceituaccedilatildeo de regiatildeo Nas suas palavras

As regiotildees satildeo subdivisotildees do espaccedilo do espaccedilo total do espaccedilo nacional e

mesmo de espaccedilo local satildeo espaccedilos de convivecircncia lugares funcionais do

todo um produto social [] O espaccedilo eacute constituiacutedo por um sistema de

accedilotildees e um sistema de objetos indissoluacuteveis hoje nenhuma regiatildeo tem nela

proacutepria a totalidade das relaccedilotildees que decidem seu movimento As regiotildees

satildeo mediadas por normas externas ao paiacutes no caso uma ordem global e

tambeacutem por normas internas centralizadas no Estado Federal (SANTOS

1994 p1 e 4)

Os sistemas e fluxos como construccedilotildees sociais apresentam dinacircmicas e elementos

que resultam das percepccedilotildees ou da ldquogestatildeo do saberrdquo dos autores que os interpretam

Para Foucault (2011 p157) 3 regiatildeo lugar e territoacuterio satildeo metaacuteforas espaciais

estrateacutegicas que remetem agraves formas de dominaccedilatildeo agraves anaacutelises dos efeitos do poder Para esse

autor eacute efetivamente de guerra de administraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de gestatildeo de um saber que

se trata em tais expressotildees Neste enfoque a regionalizaccedilatildeo deve ser compreendida como

processo formulado tomando-se por base formas-conteuacutedo como organizaccedilatildeo social poliacutetica

econocircmica e cultural com o objetivo de melhoria da gestatildeo do espaccedilo regional

3 Para Foucault territoacuterio eacute uma noccedilatildeo geograacutefica juriacutedico-poliacutetica aquilo que eacute controlado por um certo tipo de

poder e regiatildeo eacute uma noccedilatildeo fiscal administrativa militar

30

Valendo-se dessas vaacuterias possibilidades conceituais e da emergecircncia de novos

elementos como o capital social a governanccedila e o reconhecimento das formas de relaccedilatildeo

estabelecidas com base na anaacutelise das dimensotildees poliacutetica e cultural natildeo se propotildee nesse

estudo um conceito de regiatildeo A elaboraccedilatildeo mais cuidadosa que se pretende eacute reconhecer

quais satildeo os elementos que alimentam e datildeo suporte agraves estruturas organizacionais agraves suas

funcionalidades e fluxos no espaccedilo em anaacutelise os laccedilos de confianccedila e de reciprocidade que

facilitam a cooperaccedilatildeo espontacircnea e as normas e as redes4 de relaccedilotildees sociais existentes entre

seus habitantes e que sustentam e influenciam os agrupamentos sociais as organizaccedilotildees

bioloacutegicas sociais e econocircmicas estabelecidas no espaccedilo e em torno de um centro de poder a

integraccedilatildeo funcional das organizaccedilotildees econocircmicas em uma economia global as condiccedilotildees

naturais que datildeo suporte e caracterizam essas organizaccedilotildees econocircmicas e sociais satildeo atributos

de uma regiatildeo

Como descreveu Santos (1988 p46) estudar uma regiatildeo significa mergulhar em um

universo constituiacutedo por uma diversidade de relaccedilotildees interaccedilotildees redes e fluxos de diferentes

formas funccedilotildees organizaccedilotildees e em diferentes niacuteveis de atuaccedilatildeo e contradiccedilatildeo

Assumindo os fatores essenciais e comuns identificados por Kaiser (1967 p280) para

conceituar regiatildeo eacute possiacutevel inferir que uma regiatildeo compreende um conjunto de variaacuteveis

naturais (fiacutesicas e bioloacutegicas) sociais culturais e poliacuteticas que interagem entre si e com o

meio externo de modo sineacutergico produzindo formas-conteuacutedo diferenciadas de acordo com

as mudanccedilas impostas pela proacutepria sociedade e em escalas diversas A regiatildeo eacute portanto uma

produccedilatildeo do espaccedilo cujos limites satildeo definidos pela ocorrecircncia produccedilatildeo e interaccedilatildeo de

variaacuteveis Desse modo a conceituaccedilatildeo de regiatildeo como unidade de planejamento e estrateacutegia

do e para o desenvolvimento estaacute relacionada aos cenaacuterios sobretudo futuros agrave governanccedila e

agrave governabilidade produzidas no espaccedilo

Considerando que regiatildeo e territoacuterio satildeo categorias analiacuteticas em constante construccedilatildeo

destruiccedilatildeo e reconstruccedilatildeo no subcapiacutetulo seguinte resgatam-se as conceituaccedilotildees de territoacuterio

4 Rede na concepccedilatildeo de Castells eacute um conjunto de noacutes interconectados Noacute eacute o ponto no qual uma curva se

entrecorta As redes constituem a nova morfologia social de nossa sociedade (CASTELLS 2002 p 566) Nessa

concepccedilatildeo cada pessoa corresponde a um noacute na estrutura social

31

22 Territoacuterio territorializaccedilatildeo e territorialidade

O termo territoacuterio eacute um conceito central na geografia e do mesmo modo que regiatildeo

tem apresentado complexidade em sua conceituaccedilatildeo tanto pelo fato de ser interpretado por

especialistas de diferentes aacutereas do conhecimento e nos mais diversos enfoques quanto pela

dinacircmica social e pelos avanccedilos tecnoloacutegicos e informacionais que tecircm posto em questatildeo o

ldquoespaccedilo vitalrdquo Observa-se contudo que as interpretaccedilotildees de territoacuterio e de territorialidade

tecircm tido como foco estrateacutegias para a compreensatildeo dos mecanismos ou forccedilas responsaacuteveis

pela espacialidade de processos sociais5 e comportamentais de outras espeacutecies animais

A expressatildeo territoacuterio originou-se na ecologia ou nas ciecircncias naturais (MORAES

1990 p 23) e seria uma aacuterea de influecircncia e dominaccedilatildeo de uma espeacutecie animal (ANDRADE

2006 p213) O termo e os fundamentos da ecologia satildeo atribuiacutedos ao bioacutelogo alematildeo Ernst

Haeckel que em 1869 conceituou ecologia como o estudo do lugar onde se vive e onde se

estabelecem as relaccedilotildees entre os organismos inclusive o homem e entre estes e o meio

ambiente

Influenciado pelas ideias de Haeckel e preocupado em interpretar e descrever as

relaccedilotildees entre os homens e entre estes e o meio em um contexto do pensamento geograacutefico

que privilegiava os elementos naturais Friedrich Ratzel propotildee o termo territoacuterio para

expressar o sentimento do homem em relaccedilatildeo ao espaccedilo apropriado Na interpretaccedilatildeo de

Moraes (1993 p23) sobre o pensamento de Ratzel o territoacuterio eacute posto como um espaccedilo que

algueacutem possui eacute a posse que lhe atribui identidade

Odum (1986 p223) afirma que o termo ldquoterritoacuteriordquo (destaque do autor) foi empregado

pela primeira vez em 1920 por Elliot Howard em seu livro Territory in Bird Life Para a

Ecologia o territoacuterio eacute o espaccedilo delimitado como aacuterea de permanecircncia (home range) e

defendido por espeacutecies animais evitando a superposiccedilatildeo dos espaccedilos usados por outros

grupos antagocircnicos

Observa-se que tanto a espacialidade humana quanto a territorialidade dos animais tecircm

raiacutezes nas relaccedilotildees sociais e na territorialidade A territorialidade neste trabalho deve ser

entendida como a expressatildeo do domiacutenio do espaccedilo vivido

5 Oliveira (2004 p 29) define como processos sociais as diversas formas pelas quais os indiviacuteduos e os grupos

atuam uns com os outros relacionam-se e estabelecem relaccedilotildees sociais

32

Nas sociedades humanas essa territorialidade remete agrave propriedade privada afirmada

no direito romano e na base ideoloacutegica da produccedilatildeo capitalista e agrave formaccedilatildeo do Estado

Entretanto eacute a subjetividade do reconhecimento da propriedade ou seja do controle efetivo

ou ainda afetivo ou do poder sobre aquele espaccedilo o objeto da territorialidade

A vinculaccedilatildeo da formaccedilatildeo do Estado ao territoacuterio e deste agraves diferentes relaccedilotildees de

poder ocorrentes nos espaccedilos eacute defendida por Ratzel segundo Moraes (1990 p 76) Andrade

(2006 p213) Gruppi 6(1980 p 7) e Bobbio (2001 p 23) e tem se mantido ao longo do

tempo independentemente das acepccedilotildees assumidas por territoacuterio conforme se pode extrair

dos conceitos apresentados no Quadro 1

Santos (2006) defende que

Eacute o uso do territoacuterio e natildeo o territoacuterio em si mesmo que faz dele objeto da

anaacutelise social [] O territoacuterio satildeo formas mas o territoacuterio usado satildeo objetos

e accedilotildees sinocircnimos de espaccedilo humano espaccedilo habitado (SANTOS 2006

p15)

O territoacuterio usado vivido e controlado pelas relaccedilotildees sociais e de suas organizaccedilotildees

poliacuteticas e sociais eacute ainda o objeto da anaacutelise social e base da formaccedilatildeo do Estado7

O territoacuterio enquanto espaccedilo delimitado a partir de processos sociais ou de outros

mecanismos de sustentaccedilatildeo dos grupos sociais como poder normas sociais costumes

crenccedilas e valores estabelecidos em uma base fiacutesica e motivados pela apropriaccedilatildeo desse espaccedilo

vivido tem tido uma amplitude conceitual que segundo Haesbaert (2007 p 38) vai da

perspectiva etnoloacutegica agrave psicoloacutegica

Territoacuterio para esse autor

[] tem sido uma expressatildeo ambiacutegua que pode designar desde um espaccedilo

social qualquer como predomina no senso comum e entre alguns geoacutegrafos

ateacute um espaccedilo marcado e defendido por determinadas espeacutecies animais seu

espaccedilo de sobrevivecircncia como eacute definido pela etologia (HAESBEART

1997 p56)

Sistematizando as vaacuterias concepccedilotildees de territoacuterio Haesbaert (2007 p40) conseguiu

agrupaacute-las em trecircs dimensotildees que estatildeo intrinsecamente relacionadas poliacutetica econocircmica e

cultural ou simboacutelico-cultural (Figura 2) Segundo esse autor a dimensatildeo poliacutetica refere-se agraves

6 Gruppi (1980 p7) define Estado como um poder poliacutetico que se exerce sobre um territoacuterio e um conjunto

demograacutefico Nesse caso o territoacuterio eacute um dos elementos do Estado 7 De acordo com Bobbio (2001 p62 e p 62) o Estado como sistema poliacutetico eacute com respeito ao sistema social

um subsistema Para esse autor satildeo sistemas distintos mas interdependentes do sistema social em sua

complexidade e em sua articulaccedilatildeo interna

33

accedilotildees de domiacutenio poder comando ou gestatildeo de determinado espaccedilo delimitado a dimensatildeo

cultural aborda questotildees da identidade do indiviacuteduo ou grupos de indiviacuteduos em relaccedilatildeo ao

espaccedilo habitado e a dimensatildeo econocircmica enfatiza a espacializaccedilatildeo das relaccedilotildees econocircmicas e

dos acessos aos recursos ambientais

Figura 2 ndash Dimensotildees do Territoacuterio

Sistematizaccedilatildeo proacutepria valendo-se das informaccedilotildees de Haesbaert 2007

O inventaacuterio das concepccedilotildees de territoacuterio apresentado no Quadro 1 corrobora a

agregaccedilatildeo apresentada por Haesbaert (2007) que interpretou as vaacuterias acepccedilotildees de territoacuterio

em todo o mundo e por Cruz (2009) e Goacutemez e Mahecha (1998) que estudaram alguns dos

conceitos de territoacuterio que estatildeo no debate na Colocircmbia e no Brasil A anaacutelise dos conceitos

sistematizados no Quadro 1 permitiu a formulaccedilatildeo dos seguintes pressupostos

i Territoacuterios satildeo reconstruccedilotildees histoacutericas que interpretam e incorporam as mudanccedilas

ocorridas nas realidades sociais e nas diferentes escalas

ii O territoacuterio eacute uma construccedilatildeo social (ARAUJO 2008 GOacuteMEZ e MAHECHA 1998

CARA 2006) fundamentada na disponibilidade de um espaccedilo geograacutefico delimitado a

partir de suas condicionantes naturais organizacionais (sociais econocircmicas e

poliacuteticas) culturais histoacutericas (MDA) nas relaccedilotildees de poder (RAFFESTIN 1993

FOUCAULT 2011 NEVES 2006 SOUZA 1995 PERICO 2009 ANDRADE

2006 HAESBAERT 2007 SCHNEIDER e TARTARUGA 2004) e em outros

34

sistemas de relaccedilotildees sociais como a reciprocidade a confianccedila capacidade de

articulaccedilatildeo e outros

iii O territoacuterio eacute ainda o espaccedilo habitado delimitado a partir da aacuterea de influecircncia dos

processos sociais e das organizaccedilotildees de poderes ndash do aparelho de Estado daquelas que

funcionam fora abaixo e ao lado do aparelho de Estado (RATZEL 1990 SANTOS

2006 CARA 2006 FOUCAULT 2011 E GIMEacuteNEZ 1999)

iv O territoacuterio eacute a representaccedilatildeo do espaccedilo social e como tal pode ser dito construiacutedo e

percebido segundo diferentes princiacutepios de visatildeo analiacutetica

Essa capacidade polissecircmica que acompanha a utilizaccedilatildeo de territoacuterio origina-se por

um lado da dificuldade da representaccedilatildeo do espaccedilo social8 baseando-se em suas muacuteltiplas

dimensotildees da falta de diaacutelogo entre as diversas aacutereas das Ciecircncias Sociais como assinala

Haesbaert (2007 p36) ou por outro lado do modelo da anaacutelise das transformaccedilotildees dos

discursos em atraveacutes de e a partir das relaccedilotildees de poder como propotildee Foucault (2011 p

158)

Retornando agraves proposiccedilotildees juriacutedico-poliacuteticas de territoacuterio de Foucault e da metaacutefora do

retorno do territoacuterio de Santos e considerando natildeo apenas a polissemia que acompanha a

utilizaccedilatildeo de territoacuterio entre os diversos autores que a discutem mas tambeacutem a mudanccedila do

sentido substantivo na corrente do pensamento geograacutefico o territoacuterio deve ser entendido

como o espaccedilo delimitado a partir da aacuterea de influecircncia dos processos sociais e das

organizaccedilotildees de poderes ndash do aparelho de Estado daquelas que funcionam fora abaixo e ao

lado do aparelho de Estado e caracterizado por criteacuterios multidimensionais - biogeofiacutesicos

sociais econocircmicos culturais institucionais poliacuteticos ndash exerciacutecio de poder (gestatildeo controle e

regulaccedilatildeo) e afetiva - sentimento de pertenccedila O territoacuterio conceituado nesta tese resulta de

um procedimento metodoloacutegico que independentemente das variaacuteveis e dos fatores tomados

para sua delimitaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo respeita a temporalidade e as especificidades de cada

espaccedilo respondendo diferentemente a uma accedilatildeo poliacutetica ou a um determinado poder

Quanto ao retorno do territoacuterio de Santos eacute importante destacar que o que se percebe eacute

a necessidade do reconhecimento dos muacuteltiplos territoacuterios para a delimitaccedilatildeo do espaccedilo de

intervenccedilatildeo estatal A evoluccedilatildeo dos sistemas econocircmico social e poliacutetico e a

8 Para Bourdieu (2010 p 133) o espaccedilo social eacute construiacutedo na base de princiacutepios de diferenciaccedilatildeo ou de

distribuiccedilatildeo das posiccedilotildees relativas dos agentes e grupo de agentes neste espaccedilo

35

multidimensionalidade de poder tecircm ocupado diferentes niacuteveis espaciais9 que vatildeo aleacutem do

territoacuterio estatal Desse modo a compatibilidade dos espaccedilos para a aplicaccedilatildeo das normas de

cada territoacuterio estatal requer a retomada conceitual e analiacutetica de territoacuterio e de

territorialidade

Para Cara (2006 p 263) o sentimento de pertenccedila de identidade regional de tomada

de consciecircncia regional e de participaccedilatildeo (ANDRADE 2006 p214) define a territorialidade

ndash uma qualidade subjetiva do grupo social

Para Perico (2009 p63) e Correcirca (2006 p251) a territorialidade se define valendo-se

da maneira (forma) das praacuteticas e suas expressotildees materiais e simboacutelicas de como os grupos

se organizam para gerenciar integrar e apropriar-se de seu territoacuterio A expressatildeo da

territorialidade se manifesta nos valores e na identidade desses grupos

Corroborando Perico e Correcirca Goacutemez e Mahecha (1998 p 124) apresentam como

atributo da territorialidade a capacidade de controle Esse atributo pode ser identificado em

um indiviacuteduo em um grupo em uma companhia multinacional no Estado e se reveste de

fundamental importacircncia tanto para os processos da territorializaccedilatildeo e da regionalizaccedilatildeo

quanto para a da efetividade dos planos poliacuteticas e programas de desenvolvimento territorial

e ou regional A capacidade de controle estaacute diretamente relacionada com a maturidade

poliacutetica ou com o grau de liberdade10

da sociedade e de seus representantes como seraacute

analisada nos toacutepicos seguintes

A territorializaccedilatildeo por sua vez eacute um processo multiescalar e multidimensional

relacionado agraves accedilotildees de modificaccedilatildeo de construccedilatildeo e de reconstruccedilatildeo do territoacuterio e da

territorialidade Como lembrado por Schneider e Tartaruga (2004 p101) o decliacutenio ou a

retomada do territoacuterio ou a morte da regiatildeo como analisa Haesbaert (2002 p 2) na

interpretaccedilatildeo atual dos processos de planejamento regional e territorial satildeo hipoacuteteses

refutadas haja vista a ocorrecircncia simultacircnea dos referidos processos no mesmo espaccedilo

Entretanto o enfoque conceitual a seguir seraacute dado para a regionalizaccedilatildeo

9 Como afirma Benko (2001 p7) ldquoos niacuteveis espaciais pertinentes de anaacuteliserdquo satildeo o mundial o supranacional

(blocos econocircmicos) o nacional e o regional (local ou infranacional) 10

A liberdade construiacuteda e instrumentalizada pelos atributos poliacuteticos sociais econocircmicos e culturais de cada

sociedade como defendido por Sen (2012)

36

Quadro 1 ndash Inventaacuterio de acepccedilotildees de territoacuterio

Autor Conceitos de Territoacuterio

Friedrich Ratzel (1990) Porccedilatildeo da superfiacutecie terrestre apropriada por um grupo humano

Claude Raffestin (1993) Espaccedilo onde se projetou um trabalho seja energia e informaccedilatildeo e que por

consequecircncia revela relaccedilotildees marcadas pelo poder

Manoel Correia de Andrade

(2006) Espaccedilo de domiacutenio ou de gestatildeo de uma determinada aacuterea

Milton Santos (2006) Espaccedilo habitado

Michel Foucault (2011) Eacute uma noccedilatildeo juriacutedico-poliacutetica aquilo que eacute controlado por certo tipo de poder

Tania Bacelar de Araujo (2008) Satildeo construccedilotildees sociais cada um tem sua base ambiental sua histoacuteria sua

vida econocircmica sua organizaccedilatildeo social sua cultura Base de sua identidade

Gervaacutesio Rodrigo Neves

(2006) Satildeo espaccedilos de accedilatildeo e de poderes

Roberto Lobato Correcirca (2006) Espaccedilo revestido da dimensatildeo poliacutetica afetiva ou ambas

Marcelo J Lopes de Souza

(1995) Espaccedilo definido e delimitado por e a partir de relaccedilotildees de poder

Roberto Bustos Cara (2006) Eacute uma objetivaccedilatildeo multidimensional da apropriaccedilatildeo social do espaccedilo

Rogeacuterio Haesbaert(2007) Relaccedilatildeo de dominaccedilatildeo (poliacutetico-econocircmica) e apropriaccedilatildeo sociedade-espaccedilo

Gimeacutenez Gilberto (1999)

El resultado de la apropiacioacuten y valorizacioacuten del espacio mediante la

representacioacuten y el trabajo uma produccioacuten a partir del espacio inscrita en

el campo del poder por las relaciones que pone en juego

Gustavo Montantildeez Goacutemez e

Ovidio Delgado Mahecha

(1998)

Es uma construccioacuten social y nuestro conocimiento del mismo implica el

conocimiento del proceso de su produccioacuten

Rafael Echeverri Perico (2009) Accedilatildeo poliacutetica ou expressatildeo poliacutetica

Ministeacuterio do Desenvolvimento

Agraacuterio (MDA) (2003)

Eacute um espaccedilo fiacutesico geograficamente definido geralmente contiacutenuo

compreendendo cidades e campos caracterizados por criteacuterios

multidimensionais tais como o ambiente a economia a sociedade a cultura

a poliacutetica e as instituiccedilotildees e uma populaccedilatildeo com grupos sociais

relativamente distintos que se relacionam internamente e externamente por

meio de processos especiacuteficos nos quais se podem distinguir um ou mais

elementos que indicam identidade e coesatildeo social cultural e territorial

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

37

23 Regionalizaccedilatildeo do conceito de regiatildeo ao enfoque do desenvolvimento

A questatildeo da regionalizaccedilatildeo embora muito antiga apresenta complexidade que o

tempo as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e o conhecimento natildeo conseguiram superar Regionalizaccedilatildeo

eacute uma classificaccedilatildeo dos espaccedilos em categorias de mesma natureza Considerando as

diversidades ambientais sociais culturais e poliacuteticas essa classificaccedilatildeo em categorias de

mesma natureza requer no miacutenimo clareza e objetividade na definiccedilatildeo da meta a ser

alcanccedilada e nas etapas do processo da regionalizaccedilatildeo

O que se pretende neste subcapiacutetulo eacute sistematizar os processos da regionalizaccedilatildeo a

fim de que sejam evidenciados os objetivos e os tomadores da decisatildeo

Kayser (1967 p 14) analisando as divisotildees do espaccedilo geograacutefico nos paiacuteses

subdesenvolvidos propotildee como fatores da regionalizaccedilatildeo de ldquosignificado universalrdquo a

penetraccedilatildeo da economia comercial a conquista administrativa e a planificaccedilatildeo do

desenvolvimento regional Como processo de divisatildeo do espaccedilo a regionalizaccedilatildeo pode ser

entendida tomando-se por base diferentes acepccedilotildees Desse modo e agrave luz da conceituaccedilatildeo de

regiatildeo e de territoacuterio proposta por Foucault e com fundamento nas caracteriacutesticas principais

das acepccedilotildees de regionalizaccedilatildeo de Kayser (1967) Geiger (1969) Grigg (1973) Andrade

(1977 1971 e 2011) Souza (1976) Egler (1995) Haesbaert (1999) e Benko (1999)

apresentadas no Quadro 2 pode-se entender a regionalizaccedilatildeo como

a Uma accedilatildeo poliacutetica ndash caracterizada por ser uma decisatildeo revestida da

autoridade soberana do poder puacuteblico Envolve uma seacuterie de atividades

e processos de planejamento do desenvolvimento da gestatildeo ou da

organizaccedilatildeo do espaccedilo

b Um procedimento metodoloacutegico ndash teacutecnica usada e desenvolvida para a

anaacutelise de diferenciaccedilotildees e regularidades dos fenocircmenos distribuiacutedos

nos espaccedilos

c Um processo de produccedilatildeo do espaccedilo vivido que independe do Poder

Puacuteblico ou ainda

d Um processo formulado baseando-se na interpretaccedilatildeo das formas-

conteuacutedo como organizaccedilatildeo social poliacutetica econocircmica e cultural no

qual diversos agentes com diferentes interesses e praacuteticas espaciais

estruturam as redes e os arranjos poliacuteticos legais institucionais e

38

organizacionais de integraccedilatildeo e articulaccedilatildeo com o objetivo de melhoria

da gestatildeo do espaccedilo regional

Quadro 2 ndash Principais caracteriacutesticas das abordagens de regionalizaccedilatildeo

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

A compreensatildeo da importacircncia da regionalizaccedilatildeo como accedilatildeo poliacutetica procedimento

metodoloacutegico processo ou teacutecnica na promoccedilatildeo do crescimento econocircmico e do

desenvolvimento de espaccedilos regionais ou para a mitigaccedilatildeo de problemas como as

desigualdades sociais e econocircmicas eacute tida como base para o planejamento do

desenvolvimento regional

A abordagem da regionalizaccedilatildeo como accedilatildeo poliacutetica surge no poacutes guerra metade do

seacuteculo XX em meio agrave discussatildeo das teorias de localizaccedilatildeo de estado isolado de Von Thuumlnen

de localizaccedilatildeo industrial de Weber e dos polos de crescimento de Perroux As

regionalizaccedilotildees satildeo propostas principalmente pelo Estado e por economistas cientistas

poliacuteticos que propotildeem intervenccedilotildees interpretam e justificam o crescimento econocircmico de

determinadas regiotildees Para Silva

Eacute preciso ressaltar que as abrangentes proposiccedilotildees sobre a localizaccedilatildeo e o

desenvolvimento regional constituem-se ao mesmo tempo em importante

marco teoacuterico da maneira pela qual se processa a dinacircmica da organizaccedilatildeo

do espaccedilo em termos analiacuteticos (compreensatildeo da realidade) preditivos

(comportamento de elementos sobre determinadas condiccedilotildees) e de

planejamento ou seja a proposiccedilatildeo de alternativas para se atingir uma

efetiva regionalizaccedilatildeo do desenvolvimento (SILVA 1976 p 19)

REGIONALIZACcedilAtildeO CARACTERIacuteSTICAS PRINCIPAIS AUTORES

Regiotildees-plano Kayser 1967 Regiotildees administrativas e industriais de

Satildeo Paulo Souza 1976

Regiotildees de intervenccedilatildeo regiatildeo- problema

Andrade 1977 1971 e

2011

Expressatildeo de atuaccedilatildeo do Estado

Regiotildees de referecircncia Egler1995

Regiotildees ndash problema Benko 1999 Meacutetodos de investigaccedilatildeo Grigg 1973

Formas de produccedilatildeo das regiotildees Geiger1969

Instrumentos de anaacutelises ou

pressupostos metodoloacutegicos Haesbaert 1999 e 2010

Accedilatildeo poliacutetica

Procedimento Metodoloacutegico

39

A consciecircncia da existecircncia de um espaccedilo de poder poliacutetico e econocircmico delimitado

para atuaccedilatildeo do aparelho do Estado11

e sob a influecircncia dos aparelhos ideoloacutegicos do Estado

eacute o principal eixo do planejamento regional e tem sido tambeacutem a principal diretriz das

poliacuteticas de desenvolvimento regional Os aparelhos ideoloacutegicos do Estado fornecem as bases

sociais de sustentaccedilatildeo da representaccedilatildeo poliacutetica e do ldquocontrolerdquo do Estado sobre os demais

agentes do desenvolvimento e datildeo efetividade agraves accedilotildees do governo Desse modo a

regionalizaccedilatildeo como accedilatildeo poliacutetica independentemente da acepccedilatildeo teve o Estado como agente

indutor e o ldquoplanejamento regionalrdquo como principal ferramenta Entre os autores brasileiros

que comungam essa afirmativa estatildeo Egler (1995) Andrade (1977) Silva (1976) e Carvalho

(1979)

Egler (1995) analisando a questatildeo regional no Brasil admite que a regionalizaccedilatildeo eacute

uma expressatildeo de atuaccedilatildeo do Estado que tem como finalidade a otimizaccedilatildeo dos recursos

financeiros uma vez que os investimentos puacuteblicos devem ser aplicados em accedilotildees definidas a

partir de um processo de planejamento Tanto para Egler (1995) quanto para Andrade

(1977) o planejamento regional surge como uma estrateacutegia para o desenvolvimento social e

econocircmico Nas palavras de Andrade (1977)

Inegavelmente esses conhecimentos cientiacuteficos e as teacutecnicas de planificaccedilatildeo

regional constituem os elementos baacutesicos para a implantaccedilatildeo e o

desenvolvimento de uma poliacutetica de ldquoameacutenagement du territoire (1977 p

53)

A experiecircncia pioneira do planejamento regional ocorreu nos Estados Unidos da

Ameacuterica com a criaccedilatildeo da Tennessee Valey Authority (TVA) que segundo Egler (1995 p

219) natildeo serviu apenas para a orientaccedilatildeo dos investimentos puacuteblicos em uma aacuterea deprimida

da bacia do rio Tennessee Ela representou um esforccedilo de coordenaccedilatildeo e de articulaccedilatildeo das

diversas agecircncias de governo e de integraccedilatildeo de suas poliacuteticas em torno de metas comuns

voltadas para a recuperaccedilatildeo da economia regional12

Para esse autor ainda embora

reconhecido o pioneirismo do projeto americano o creacutedito da formataccedilatildeo do planejamento

regional como ferramenta modeladora de poliacuteticas e programas de desenvolvimento e de

reconstruccedilatildeo de espaccedilos eacute atribuiacutedo agrave Comissatildeo Econocircmica da Europa da Organizaccedilatildeo das

Naccedilotildees Unidas e portanto tem origem na Europa

11

Na tese de ALTHUSSER o Aparelho do Estado (AE) compreende o governo a administraccedilatildeo e outros 12

ATennessee Valey Authority teve a bacia hidrograacutefica como unidade de planejamento e o Estado como agente

indutor do desenvolvimento A Tennessee Valey Authority rejuvenesceu a economia local a partir de projetos

estruturantes como a construccedilatildeo de barragens no rio Tennessee o fornecimento de energia eleacutetrica produzida a

partir dos barramentos e a navegabilidade no rio (ANDRADE 1977 p 35)

40

Impulsionado pelas discussotildees sobre a regionalizaccedilatildeo o planejamento regional e as

teorias econocircmicas que interpretam o crescimento em busca do desenvolvimento Benko

(1999 p153)13

propotildee a formaccedilatildeo de uma ciecircncia regional como uma ciecircncia do futuro e trata

da mundializaccedilatildeo da economia das investigaccedilotildees sobre os distritos industriais das redes da

governanccedila e do desenvolvimento local como formas ou mecanismos da evoluccedilatildeo dessa Essa

proposta deve ser apreendida como parte da evoluccedilatildeo do processo da regionalizaccedilatildeo14

No

entanto os argumentos e os elementos apresentados natildeo foram suficientes para assegurar o

surgimento da ciecircncia

As formas ldquoevolutivasrdquo da ciecircncia regional proposta por Benko (1999) e as dinacircmicas

regionais analisadas e propostas por Amaral Filho (2010 p 25) permitem sistematizar como

elementos estruturadores das poliacuteticas de desenvolvimento regional na atualidade

(i) O planejamento como o instrumento da viabilidade econocircmica financeira

ambiental poliacutetica e social de qualquer projeto ou accedilatildeo regional e territorial

Qualquer estrateacutegia de desenvolvimento deveraacute ter o planejamento como a

principal ferramenta

(ii) A governanccedila local Constata-se a reduccedilatildeo do papel do Estado na proposiccedilatildeo

das poliacuteticas de desenvolvimento regional enquanto se confirma a inserccedilatildeo de

novos agentes e o surgimento de arranjos poliacutetico-administrativos que expotildeem

o deslocamento das decisotildees do poder central para os poderes locais e

sobretudo o compartilhamento das decisotildees entre o poder puacuteblico a iniciativa

privada e a sociedade civil Constata-se a ecircnfase no papel do Estado como

regulador mobilizador e coordenador das poliacuteticas puacuteblicas

(iii) O capital social local ndash a formaccedilatildeo e o reconhecimento do capital social local

como elemento baacutesico e chave no e para o desenvolvimento regional

(iv) As redes e os fluxos (capital informaccedilotildees e pessoas) existentes

13

BENKO (1999) propotildee a formaccedilatildeo da ciecircncia regional cuja concepccedilatildeo abrangeria uma anaacutelise

multidisciplinar e integrada ndash ldquociecircncia siacutenteserdquo e fornece uma revisatildeo das teorias que lhe dariam suporte numa

perspectiva evolutiva 14

Na evoluccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo observa-se o surgimento do termo regionalismo14

Como sugere Castro (1986)

o regionalismo ldquoeacute um conceito eminentemente poliacutetico vinculado poreacutem agrave identidade de territoacuteriordquo

Regionalizaccedilatildeo segundo Fishlow e Gaggard (1992) apud Oliveira (2012 p8) eacute a concentraccedilatildeo regional de

fluxos econocircmicos Oliveira (2012) e Castro (1986 p39) entendem regionalismo como um processo ou

expressatildeo das relaccedilotildees poliacuteticas entre regiotildees ou entre paiacuteses Oliveira (2012 p 8) considerou como tipos de

regionalismo as aacutereas de livre comeacutercio uniotildees aduaneiras uniatildeo econocircmica mercado comum acordos

multilaterais e outros

41

(v) As estruturas (sociais produtivas e culturais) internas da regiatildeo ndash o

reconhecimento a valorizaccedilatildeo o fortalecimento e a qualificaccedilatildeo dessas como

estrateacutegias de desenvolvimento regional

Sem pretensatildeo de esgotamento da discussatildeo sobre esses elementos nas proacuteximas

seccedilotildees ampliam-se os debates sobre o planejamento o papel do Estado nos processos de

desenvolvimento local e territorial O proacuteximo capiacutetulo resgata as concepccedilotildees de

planejamento e os modelos de desenvolvimento destacando as principais variaacuteveis

norteadoras de seus processos

42

3 PLANEJAMENTO COMO FERRAMENTA DE INTERVENCcedilAtildeO DO ESTADO

Muitos planos de desenvolvimento pouco mais

satildeo do que ritualismo simboacutelico ou devaneio

utoacutepico Podem consistir de propostas sem

compromisso programas sem inter-

relacionamentos previsotildees sem projetos e

projetos sem recursos (GROSS 1988 p 406)

43

3 PLANEJAMENTO COMO FERRAMENTA DE INTERVENCcedilAtildeO DO ESTADO

A regionalizaccedilatildeo eacute uma teacutecnica anterior ao formalismo do planejamento

governamental voltado para o desenvolvimento poreacutem prestava-se ao ordenamento dos

espaccedilos para diferentes usos aplicaccedilatildeo e gestatildeo de poliacuteticas Como consequecircncia permite

diferentes acepccedilotildees e sua formalizaccedilatildeo independe do poder puacuteblico Entretanto nesse

capiacutetulo pretende-se sistematizar os principais discursos do desenvolvimento tendo como

referecircncias conceituais Furtado (1988 2001) Goodland (1994) Goacutemez (2002 2006) Sachs

(2000 2012) Vasconcelos e Garcia (2004) Bresser-Pereira (2011) e Amartya Sen (2012)

Aleacutem disso propotildee-se no primeiro subcapiacutetulo revisar os processos de planejamento dessas

poliacuteticas de desenvolvimento com vista na identificaccedilatildeo de elementos faltantes que serviratildeo

de base para as novas propostas de modo que seja assegurada sua efetividade e a participaccedilatildeo

social Pretende-se ainda avaliar o papel das escalas (territorial e local) e o instrumento

planejamento nas poliacuteticas de desenvolvimento e brevemente discutir os modelos de

desenvolvimento a partir de suas percepccedilotildees

Este capiacutetulo eacute composto por trecircs subcapiacutetulos O primeiro fornece uma compreensatildeo

da evoluccedilatildeo histoacuterica do planejamento puacuteblico brasileiro da funccedilatildeo instrumental do

planejamento na poliacutetica de desenvolvimento regional e do papel da Administraccedilatildeo Puacuteblica na

pouca efetividade desse instrumento na histoacuteria do desenvolvimento regional e na efetividade

das poliacuteticas puacuteblicas O segundo avalia as percepccedilotildees do desenvolvimento seus modelos e

agentes e o terceiro destaca a recente proposta do desenvolvimento que valoriza o enfoque

territorial e local e variaacuteveis endoacutegenas como o capital social a governanccedila e os arranjos

produtivos como novos elementos que viabilizam o desenvolvimento e o fortalecimento dos

laccedilos comunitaacuterios

44

31 O Planejamento do e para o desenvolvimento

No Brasil a integraccedilatildeo regional e a articulaccedilatildeo para o desenvolvimento satildeo

constitucionais15

aleacutem de pactos poliacuteticos A regionalizaccedilatildeo no Brasil como teacutecnica que

apoiava a formulaccedilatildeo de planos e programas para o desenvolvimento regional apresenta

continuidades significativas e concretiza a atuaccedilatildeo do Estado como agente interventor do

desenvolvimento As poliacuteticas os planos e os programas de desenvolvimento em geral

tiveram e tecircm como principal objetivo a reconstruccedilatildeo das economias a reduccedilatildeo das

desigualdades intra e inter-regional e a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em

contextos de interesses econocircmicos poliacuteticos sociais ambientais e culturais diversos e como

instrumento o planejamento

No entanto o planejamento dessas poliacuteticas planos e programas natildeo assegurou

resultados efetivos16

para a grande maioria da populaccedilatildeo diretamente afetada ou beneficiada

Assim o caminho a ser percorrido neste capiacutetulo eacute explicar as etapas do processo do

planejamento reconhecer os pressupostos os elementos e potenciais nele usados ao longo do

tempo e sobretudo o contexto poliacutetico-institucional do planejamento da formulaccedilatildeo e da

execuccedilatildeo das poliacuteticas planos e programas de desenvolvimento

Embora reconhecendo a importacircncia da avaliaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e

de integraccedilatildeo regional neste contexto o principal objetivo deste subcapiacutetulo eacute a compreensatildeo

da forma como foram concebidas essas poliacuteticas ou melhor entender o seu planejamento de

modo que sejam evidenciados os atores e os agentes do desenvolvimento as sinergias

estabelecidas entre eles a mobilizaccedilatildeo social (ou natildeo) para a participaccedilatildeo no processo e as

escalas de anaacutelises

No contexto das concepccedilotildees de desenvolvimento de Khan (1988) Sachs (2000) e Sen

(2012) pode-se inferir que alguns dos elementos estruturadores das poliacuteticas de

desenvolvimento implementadas ateacute o presente apresentaram lacunas ou foram ignorados

como se pode apreender no texto escrito por Andrade (1971) na deacutecada de 1970 Para

15

O paraacutegrafo uacutenico do art 4ordm preconiza que a Repuacuteblica Federativa do Brasil buscaraacute a integraccedilatildeo econocircmica

poliacutetica social e cultural dos povos da Ameacuterica Latina visando agrave formaccedilatildeo de uma comunidade latino-

americana de naccedilotildees e o art 43 trata da articulaccedilatildeo necessaacuteria ao desenvolvimento e agrave reduccedilatildeo das

desigualdades regionais 16

Os resultados esperados satildeo tomados aqui como no miacutenimo a melhoria dos fatores econocircmicos estrateacutegicos

para o desenvolvimento como o aumento da capacidade produtiva a melhoria na qualidade da matildeo de obra e a

melhoria tecnoloacutegica o acesso aos serviccedilos puacuteblicos de qualidade e prestados com agilidade e cordialidade

instituiccedilotildees estruturadas para o planejamento e a alocaccedilatildeo dos recursos em accedilotildees que atendam aos interesses da

coletividade e reduzam a taxa da populaccedilatildeo que vive em situaccedilatildeo de pobreza entre outros

45

Andrade (1971 p18) a planificaccedilatildeo e a participaccedilatildeo popular satildeo estrateacutegias para acelerar as

transformaccedilotildees estruturais na sociedade nordestina e necessaacuterias a quaisquer poliacuteticas de

desenvolvimento

Conforme jaacute assumido no capiacutetulo anterior o Estado foi o principal agente das

propostas de desenvolvimento regional e consequentemente o seu planejador

Quanto ao processo do planejamento Costa (2011 p49) defende que ateacute a deacutecada de

1950 natildeo havia um efetivo planejamento governamental no Brasil Tratava-se de iniciativas

voltadas para questotildees regionais e urbanas marcadas pelo imediatismo e pela

descontinuidade como se pode constatar quando se analisa o oacutergatildeo de desenvolvimento do

Nordeste A Superintendecircncia do Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE17

eacute tomada como

referecircncia de instituiccedilatildeo criada para o planejamento regional e produto de um planejamento

nacional da modalidade espacial voltada para o desenvolvimento regional Haacute criacuteticas

contundentes a respeito da capacidade de planejamento e da efetividade do processo

conduzido por esse oacutergatildeo Essa afirmativa se fundamenta nos textos que sistematizam o

planejamento na administraccedilatildeo puacuteblica brasileira18

e naqueles que analisam o papel dessa

institucionalidade no desenvolvimento do Nordeste como os produzidos por Andrade (1971)

Costa (2011) Carvalho (1979) e Oliveira (1977)

Costa (1971) analisando o planejamento como instrumento de apoio agrave administraccedilatildeo

puacuteblica brasileira considera 1946 como o ano da iniciaccedilatildeo do planejamento regional e conclui

que

A experiecircncia brasileira em planejamento regional revela que os planos e as

responsabilidades dos oacutergatildeos de planejamento tecircm sido em geral impostos

mais como exigecircncia das circunstacircncias do que elaborados e definidos por

um processo racional de delineamento de uma estrateacutegia de mudanccedila () os

oacutergatildeos de planejamento regional natildeo conseguiram impor-se ao sistema

poliacutetico-social dominante caracterizado pelo particularismo () tecircm sido

compreendidos como fonte adicional de recursos para atender aos problemas

estaduais cabendo a cada Estado atrair a maior soma possiacutevel de recursos

(COSTA 1971 p 233)

Corroborando essa percepccedilatildeo Geiger (1969) cita

17

A SUDENE como instituiccedilatildeo de planejamento regional eacute analisada por geoacutegrafos como Andrade (1971) e

Costa (2011) economista como Carvalho (1979) e socioacutelogo como Oliveira (1977) 18

Para uma sistematizaccedilatildeo da experiecircncia brasileira de planejamento na Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira veja

COSTA Jorge Gustavo da Planejamento Brasileiro a experiecircncia brasileira Rio de Janeiro FGV 1971 569

pp

46

() eacute forccediloso reconhecer que natildeo vem sendo feito propriamente um

planejamento de desenvolvimento regional expressatildeo que no entanto vem

sendo aplicada e esta poliacutetica () eacute necessaacuterio que haja uma profunda

compreensatildeo dos mecanismos regionais atuais em andamento

principalmente quando se considera que o planejamento deve ser conforme

as tendecircncias espontaneamente delineadas (GEIGER 1969 pp 17 e 19)

De acordo com esse autor os Estados continuam sendo as bases para o planejamento

das intervenccedilotildees setoriais e as estrateacutegias espaciais de desenvolvimento consistem no

favorecimento agrave localizaccedilatildeo de induacutestrias de transformaccedilatildeo agrave disponibilizaccedilatildeo de

infraestrutura e de serviccedilos em determinadas regiotildees As implicaccedilotildees dessa praacutetica

demonstram o fraco desempenho da funccedilatildeo planejamento e as limitaccedilotildees do poder puacuteblico na

coordenaccedilatildeo da articulaccedilatildeo e da integraccedilatildeo das poliacuteticas regionais

Carvalho (1979) atribui o fraco papel do planejamento nas accedilotildees puacuteblicas e no

desenvolvimento regional agraves consequecircncias de uma seacuterie de fatores Por sua incisiva criacutetica agrave

estrutura e agrave capacidade operacional das instituiccedilotildees reproduz-se uma extensa citaccedilatildeo desse

autor

O comportamento da administraccedilatildeo puacuteblica federal [] inadequadamente

estruturado para a realizaccedilatildeo sistemaacutetica dos trabalhos de planejamento e

organizaccedilatildeo Eacute liacutecito admitir nesse sentido que o Brasil natildeo dispunha no

todo ou em parte das condiccedilotildees ou pressupostos favoraacuteveis ao

planejamento como os seguintes a estabilidade poliacutetica a firme

determinaccedilatildeo poliacutetica dos partidos e consciecircncia generalizada dos dirigentes

[] disponibilidade de dados estatiacutesticos existecircncia de capacidade teacutecnica

adequada estruturas administrativas e institucionais adequadas []

(CARVALHO 1979 p 136)

Oliveira (2003) analisando as obras de Celso Furtado aponta outras limitaccedilotildees que

permanecem recorrentes no planejamento puacuteblico no Brasil Para esse autor

O Planejamento nas economias subdesenvolvidas na ausecircncia de

mecanismos de mercado que funcionem como nas economias centrais

capitalistas tem a funccedilatildeo de teacutecnica de alocaccedilatildeo de recursos [] O

planejamento eacute racional na teorizaccedilatildeo furtadiana eacute uma questatildeo de

adequaccedilatildeo entre fins e meio (OLIVEIRA 2003 p 29 e 36)

A ausecircncia efetiva da ferramenta planejamento a desarticulaccedilatildeo dos oacutergatildeos regionais

o uso poliacutetico desses especialmente aqueles criados para o planejamento do desenvolvimento

do Nordeste brasileiro e seu baixo desempenho foram temas de discussatildeo de Cohn (1976

p60 e 69) que chama a atenccedilatildeo para a irracionalidade dessa praacutetica na aplicaccedilatildeo dos recursos

47

puacuteblicos Essa autora destaca ainda como fator comprometedor do planejamento da

execuccedilatildeo das accedilotildees e da efetividade das poliacuteticas a baixa eficaacutecia governamental e a ausecircncia

de confianccedila da populaccedilatildeo em relaccedilatildeo a essas instituiccedilotildees A confianccedila eacute um valor social e

ferramenta para a cooperaccedilatildeo e consequentemente um dos elementos baacutesicos e chave para o

processo e sucesso do desenvolvimento regional valor vinculado ao capital social tema a ser

tratado no capiacutetulo 6

O baixo desempenho institucional e a eficaacutecia governamental estatildeo associados ainda

agraves relaccedilotildees de poder estabelecidas entre o puacuteblico e o privado Quando estes se confundem em

uma economia capitalista as regras do capital satildeo as dominantes Ateacute porque e como afirma

Furtado (2003 p 150) o grupo de controle dos sistemas econocircmico e de poder eacute o mesmo

A literatura tem demonstrado uma disfunccedilatildeo do planejamento puacuteblico brasileiro Entre

as vaacuterias interpretaccedilotildees possiacuteveis para isso admite-se a fraca capacidade teacutecnica

institucional em todos os niacuteveis de planejamento (federal regional estadual e municipal) a

desarticulaccedilatildeo entre os oacutergatildeos que aleacutem de facilitar o planejamento setorial e subsidiado por

documentos teacutecnicos pouco consistentes natildeo integra as accedilotildees dificultando a percepccedilatildeo dos

resultados a ldquoculturardquo da descontinuidade das poliacuteticas e dos projetos a distacircncia e a ausecircncia

de diaacutelogo entre os planejadores e os executores a instituiccedilatildeo dos grupos de trabalho na

maioria das vezes compostos de indicados poliacuteticos sem compromisso com a instituiccedilatildeo e

com poliacuteticas puacuteblicas efetivamente a localizaccedilatildeo do poder central desses oacutergatildeos de

planejamento geralmente distantes das regiotildees de atuaccedilatildeo embora jaacute possuindo unidades

descentralizadas nas regiotildees e a indisponibilidade de recursos suficientes para a execuccedilatildeo de

todas as etapas

Outra limitaccedilatildeo constatada no planejamento do desenvolvimento regional

particularmente no Nordeste do Brasil foi a ausecircncia de modelos do desenvolvimento capazes

de se ldquoadaptaremrdquo agraves questotildees culturais nordestinas principalmente agrave cultura poliacutetica A

transferecircncia de modelos e de teorias de desenvolvimento19

planejadas e baseadas em

realidades culturais diversas para o Nordeste brasileiro tambeacutem frustraram as expectativas da

reduccedilatildeo das desigualdades regionais da miseacuteria e consequentemente do desenvolvimento

regional

19

As principais teorias de desenvolvimento regional e de localizaccedilatildeo estatildeo disponiacuteveis em SOUZA (2010)

SILVA (1976) que destaca a teoria dos polos de desenvolvimento e a das localidades centrais como as mais

estudadas e Correcirca (1982)

48

Na tese de Amaral Filho (2010) a crise do planejamento e da intervenccedilatildeo puacuteblicos

centralizadores desencadeou a partir dos anos 1980 transformaccedilotildees estruturais na

Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira O proacuteprio autor admite que a transformaccedilatildeo estrutural

ocorreu com a inserccedilatildeo de novos elementos nas velhas estruturas poreacutem com capacidade de

promover o desenvolvimento regional e a sustentabilidade das accedilotildees Para esse autor as

velhas estruturas satildeo as instituiccedilotildees e as organizaccedilotildees sociais produtivas e poliacutetico-

administrativas e alguns dos novos elementos satildeo capital social arranjos produtivos locais

mercado de trabalho estruturado parceria puacuteblico privado entre outros

No contexto das discussotildees teoacutericas e das experiecircncias de planejamento regional e de

planos e poliacuteticas para o desenvolvimento regional nota-se uma reavaliaccedilatildeo criacutetica da base

teoacuterica e dos modelos de localizaccedilatildeo e desenvolvimento regional (DINIZ 2000 p6)

A necessidade da reavaliaccedilatildeo por seu desgaste teoacuterico e praacutetico foi motivada por

diversos fatores tanto internos quanto externos Para Lima e Simotildees (2009 p 32) ldquoa deacutecada

de 1970 eacute marcada pela crise do pensamento regional e pela necessidade de reconstruccedilatildeo

teoacuterica do desenvolvimento de modo que as novas variaacuteveis que surgiram sobre a dinacircmica

regional como as escalas territoriais a inovaccedilatildeordquo a descentralizaccedilatildeo e a questatildeo ambiental

pudessem ser incluiacutedas

A questatildeo ambiental surge por pressatildeo da sociedade civil em paiacuteses desenvolvidos em

particular nos Estados Unidos como uma necessidade de planejamento adequado dos usos e

das formas de apropriaccedilatildeo dos bens naturais bem como da necessidade da correccedilatildeo e

mitigaccedilatildeo da degradaccedilatildeo e da poluiccedilatildeo ambiental decorrentes do funcionamento e da

localizaccedilatildeo inadequada de induacutestrias Assim a deacutecada de 197020

eacute marcada tambeacutem por

denuacutencias de degradaccedilatildeo e poluiccedilatildeo ambiental decorrente das concentraccedilotildees industriais e

sobretudo pelos efeitos sineacutergicos e cumulativos dos poluentes em todo o mundo

A partir da deacutecada de 1980 a localizaccedilatildeo de induacutestrias no Brasil obedecia aleacutem da

minimizaccedilatildeo dos custos dos transportes aos regramentos proacuteprios21

que tratavam e tratam do

zoneamento industrial e agrave Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente sujeitando-se aos seus

instrumentos principalmente do licenciamento ambiental da avaliaccedilatildeo de impactos

ambientais e dos padrotildees de qualidade ambiental As exigecircncias trazidas por esses

instrumentos possibilitam a identificaccedilatildeo e a mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais de projetos

20

O Decreto-Lei nordm 1413 de 14 de agosto de 1975 dispotildee sobre o controle da poluiccedilatildeo do meio ambiente

provocada por atividades industriais inclusive uma relocalizaccedilatildeo nos casos mais graves 21

A Lei nordm 6803 de 2 de julho de 1980 dispotildee sobre as diretrizes baacutesicas para o zoneamento industrial A Lei

nordm 6938 de 31 de agosto de 1981 dispotildee sobre a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente

49

planos e poliacuteticas voltados para o desenvolvimento antes da tomada de decisatildeo sobre a sua

localizaccedilatildeo

A aplicaccedilatildeo praacutetica desses instrumentos tem permitido resultados poucos

significativos tanto em relaccedilatildeo agrave seleccedilatildeo de alternativas locacionais quanto agrave mitigaccedilatildeo dos

impactos ambientais e sociais dos projetos Assiste-se apenas agrave inserccedilatildeo de novos elementos

no planejamento a ser executado por velhas estruturas institucionais de cultura poliacutetica

inflexiacutevel e sob forte influecircncia do capital e do poder poliacutetico dominante

Em relaccedilatildeo agrave localizaccedilatildeo dessas atividades como accedilatildeo de sua descentralizaccedilatildeo os

estudos de Diniz (1993 e 1995) Diniz e Crocco (1996) Pacheco (1996) e Guimaratildees Neto

(1997) examinam os processos da desconcentraccedilatildeo22

geograacutefica de atividades produtivas e

somente Pacheco admite a desconcentraccedilatildeo Os fatores que condicionaram a desconcentraccedilatildeo

produtiva relacionados por Pacheco (1996 p126) foram

O deslocamento da fronteira agriacutecola e mineral o processo de integraccedilatildeo

produtiva do mercado nacional o perfil relativamente desconcentrado do

sistema urbano brasileiro o surgimento de ldquodeseconomias de aglomeraccedilotildeesrdquo

e pressotildees ambientais nas aacutereas intensamente industrializadas as proacuteprias

poliacuteticas de governo [] os impactos diferenciados da crise econocircmica []

Apreende-se que as induacutestrias que se instalaram no Norte e no Nordeste foram

orientadas pela reserva dos bens minerais e natildeo por poliacutetica estrateacutegica de desenvolvimento

A tipologia das atividades e as tecnologias usadas necessariamente natildeo estatildeo integradas

agravequelas existentes e em operaccedilatildeo na regiatildeo de concentraccedilatildeo industrial Poreacutem o poder

decisoacuterio sobre as atividades continua centralizado no Rio de Janeiro Nesse contexto os

investimentos usados para a implantaccedilatildeo de unidade de produccedilatildeo de alumiacutenio no Maranhatildeo a

produccedilatildeo de fertilizantes23

em Sergipe a instalaccedilatildeo do Polo Petroquiacutemico de Camaccedilari na

Bahia e fora dos centros mais desenvolvidos para a exploraccedilatildeo do ldquoaccedilo potaacutessio petroacuteleo

petroquiacutemicardquo de fato contribuiacuteram para a desconcentraccedilatildeo geograacutefica e econocircmica Na

praacutetica o planejamento para a instalaccedilatildeo dessas induacutestrias fundamentou-se no estudo da

localizaccedilatildeo das reservas do volume dos bens minerais e da capacidade de exploraccedilatildeo e

infraestrutura necessaacuteria agrave operaccedilatildeo dessas unidades Fatores importantes para a localizaccedilatildeo

da induacutestria como a disponibilidade de matildeo de obra qualificada como cursos de formaccedilatildeo de

22

A desconcentraccedilatildeo geograacutefica eacute a distribuiccedilatildeo espacial de atividades projetos ou fenocircmenos sem o

deslocamento da autoridade e autonomia decisoacuteria ou seja permanece a concentraccedilatildeo do poder decisoacuterio no

niacutevel central e a gestatildeo delegada a unidades localizadas nos niacuteveis intermediaacuterios O poder decisoacuterio

permaneceu em Brasiacutelia e no Rio de Janeiro 23

Segundo dados do Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral a produccedilatildeo de potaacutessio fertilizante no Brasil

estaacute restrita ao complexo minausina Taquari-Vassouras em Sergipe

50

geoacutelogos e os impactos ambientais da operaccedilatildeo dos empreendimentos e outros natildeo foram

estudados

A instalaccedilatildeo de induacutestrias de grande porte deve ser precedida do planejamento

ambiental estrateacutegico que carece da reestruturaccedilatildeo do aparelho do Estado

Com foco nas transformaccedilotildees estruturais na Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira o

governo federal em 1995 lanccedilou o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado que

tinha como objetivos o aumento da governanccedila a flexibilidade administrativa e a efetividade

das accedilotildees puacuteblicas propostas Segundo o Plano Diretor (1995 p13) o paradigma gerencial

contemporacircneo fundamentado nos princiacutepios da confianccedila e da descentralizaccedilatildeo da decisatildeo

exige formas flexiacuteveis de gestatildeo estruturas horizontalizadas descentralizaccedilatildeo24

de funccedilotildees e

incentivos agrave criatividade E como os demais planos formulados a execuccedilatildeo do Plano Diretor

da Reforma do Aparelho do Estado tambeacutem foi comprometida por diversas regularidades

entre as quais a descontinuidade administrativa a competiccedilatildeo interburocraacutetica e o modelo da

descentralizaccedilatildeo proposto O plano atribui funccedilotildees e responsabilidades para outro ente

federado executar quando desconhece a capacidade estrutural e institucional da maioria dos

municiacutepios brasileiros para execuccedilatildeo de accedilotildees que exigem matildeo de obra especializada Aleacutem

disso os recursos financeiros permanecem centralizados no governo central A autonomia dos

estados e da maioria dos municiacutepios brasileiros especialmente do Nordeste do Brasil eacute

relativa visto que os recursos financeiros e econocircmicos para a gestatildeo da maioria deles

provecircm de transferecircncias realizadas pela Uniatildeo

Em relaccedilatildeo agraves escalas do planejamento na Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira e

considerando a referecircncia de Costa (1971 p233) de que as iniciativas de planejamento

regional e urbano antecederam o planejamento governamental brasileiro que iniciou em

1950 adotou-se este ano como do iniacutecio do processo de planejamento governamental

brasileiro para o desenvolvimento em escala nacional a partir dos anos 1960 e 1970 reduziu-

se agrave escala regional nos anos 1980 inicia-se a discussatildeo do planejamento em escala local em

meio agrave discussatildeo da globalizaccedilatildeo25

e da recomposiccedilatildeo da hierarquia dos espaccedilos produtivos

(BENKO 2001 p 8) e desde 2000 fala-se em escala territorial (Quadro 3)

24

A descentralizaccedilatildeo deveraacute ser entendida como um processo de transferecircncia de funccedilotildees e responsabilidades

da esfera de maior para a menor hierarquia A desconcentraccedilatildeo natildeo se confunde com a descentralizaccedilatildeo No

processo da descentralizaccedilatildeo ocorre o compartilhamento das decisotildees com outros agentes

25 Para entender a globalizaccedilatildeo ver Coutinho (1994) Chesnais (1995) Santos (2003) e Diniz (2000) que

analisam a globalizaccedilatildeo como um estaacutegio mais avanccedilado da internacionalizaccedilatildeo e da integraccedilatildeo da economia

mundial capitalista provocando vaacuterias transformaccedilotildees entre elas a reorganizaccedilatildeo dos padrotildees de gestatildeo de

produccedilatildeo e das relaccedilotildees de poder

51

Quadro 3 ndash Escalas do planejamento governamental brasileiro

PERIacuteODOS ESCALAS

2000 Territorial mdash muacuteltiplo funcional

1980 a 1990 Local mdash muacuteltiplo singular

1960 a 1970 Regional mdash subdivisatildeo do espaccedilo nacional

Ateacute 1950 Nacional

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

Na praacutetica das accedilotildees puacuteblicas o uso das escalas eacute apoiado por processos formais

complexos envolve decisotildees poliacuteticas e requer um arcabouccedilo institucional A crise do Estado

segundo Araujo (1999) deslocou a domiacutenio das decisotildees para o mercado e promoveu o

deslizamento das escalas do planejamento para cima e para baixo (BENKO 2001) De acordo

com Castro (1986) Gonzaacutelez (2005) e Gomeacutez (2006) esse deslocamento das escalas do

planejamento atende agraves transformaccedilotildees socio espaciais do capitalismo Neil Brenner (2001

apud GOacuteMEZ 2006 p 236) relaciona o movimento das escalas com o interesse de quem

exerce o domiacutenio do poder cuja manutenccedilatildeo do domiacutenio exercido pelo Estado estaria

vinculada agrave capacidade dele de reformular as escalas

Para Goacutemez (2006) as novas regras do jogo priorizam a escala local em detrimento da

nacional e regional que deixaram de ser operacionais para o Estado neoliberal Essas escalas

operacionais ou de planejamento de fato deixaram de ser usadas porque o Estado Nacional

que estava submetido ao interesse hegemocircnico da acumulaccedilatildeo produtiva (comandada pelo

capital industrial) passa a se submeter agraves necessidades da acumulaccedilatildeo financeira (ARAUJO

1999 p46)

Ainda a respeito das escalas de planejamento eacute importante destacar que a Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 elaborada sob a forte influecircncia dos movimentos sociais grupos e

estamentos organizados da sociedade (NABUCO 2007 p 78) reconhece o municiacutepio como

ente federado (art18) O municiacutepio passa a ser ldquocompetenterdquo para legislar e promover o

adequado ordenamento territorial mediante planejamento controle do uso parcelamento e

52

ocupaccedilatildeo do solo urbano Desse modo o planejamento puacuteblico no modelo teoacuterico das

poliacuteticas e dos planos regionais de desenvolvimento e os procedimentos metodoloacutegicos que jaacute

haviam sofrido um arrefecimento foram anulados Para Nabuco (2007 p 81) a proposta da

regionalizaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1988 eacute explicada na descentralizaccedilatildeo administrativa cuja

face mais visiacutevel eacute a municipalizaccedilatildeo

A discussatildeo do deslocamento das escalas eacute questatildeo inerente agrave articulaccedilatildeo poliacutetica de

Estados em desenvolvimento para assegurar a expansatildeo capitalista na periferia Nas palavras

de Brandatildeo (2003 p11) o capitalismo aprimorou sua capacidade de ser transescalar isto eacute

de se utilizar das escalas nacional regionais e locais cabendo a quem procura controlaacute-lo e

transformaacute-lo fazer o mesmo Dessa forma o debate teoacuterico e a praacutetica da regionalizaccedilatildeo a

seleccedilatildeo de uma ou de outra unidade para o planejamento puacuteblico devem ser precedidos aleacutem

da clareza de seus objetivos do reconhecimento dos principais processos sociais e suas

dinacircmicas da identificaccedilatildeo dos sujeitos direta ou indiretamente beneficiados e responsaacuteveis

pela gestatildeo das accedilotildees planejadas Esse cuidado se fundamenta no fato de que natildeo eacute a unidade

de planejamento que assegura a efetividade das accedilotildees planejadas e sim os sujeitos envolvidos

em todas as fases do processo

A praacutetica do planejamento puacuteblico da gestatildeo das poliacuteticas e planos de

desenvolvimento regional adverte para necessidades de mudanccedilas A persistecircncia das

desigualdades sociais e econocircmicas intra e inter-regionais tem motivado estudiosos e

pesquisadores a buscar interpretar os diversos fenocircmenos e tentar explicar a complexidade das

dinacircmicas sociais poliacuteticas e econocircmicas contemporacircneas como pontos de partida para um

(re)desenho dos processos do desenvolvimento O que se busca eacute assegurar mais efetividade

das accedilotildees propostas Para tanto o proacuteximo subcapiacutetulo trataraacute das concepccedilotildees e do papel do

Estado nos processos de desenvolvimento

53

32 Desenvolvimento entre as percepccedilotildees e os discursos

Partindo-se da convicccedilatildeo de que as assimetrias regionais satildeo produtos naturais26

eou

construccedilotildees poliacuteticas econocircmicas sociais e culturais e ainda de que essas natildeo satildeo barreiras

para o desenvolvimento regional ou local a regionalizaccedilatildeo como accedilatildeo poliacutetica processo ou

teacutecnica implementada com foco no e para o desenvolvimento deve ser planejada analisada e

avaliada Para tanto deve-se estimular a discussatildeo sobre o desenvolvimento e

fundamentalmente sobre as variaacuteveis que se deve concentrar tanto na elaboraccedilatildeo de propostas

de poliacuteticas com fins no desenvolvimento quanto na anaacutelise desses processos e de seus

impactos sobre as populaccedilotildees as economias o meio ambiente e as culturas regionais e

territoriais

O desenvolvimento eacute um conceito e como tal deve ser entendido como uma ideia ou

imagem produzida pela mente a partir de percepccedilotildees A percepccedilatildeo do desenvolvimento eacute

construiacuteda a partir da compreensatildeo de um processo complexo que envolve variaacuteveis

econocircmicas sociais poliacuteticas ambientais e culturais que se combinam de modo diferenciado

e desigual nos diferentes espaccedilos Do lado objetivo ela se estrutura nos fatores de produccedilatildeo

nas condiccedilotildees geoeconocircmicas dos mercados no conjunto das instituiccedilotildees poliacuteticas juriacutedicas

econocircmicas e sociais entre outras Do lado subjetivo a percepccedilatildeo se estrutura no sistema

simboacutelico ndash poder

Para Goacutemez (2006 p126)

O desenvolvimento portanto constroacutei-se teoriza-se e se implementa

atraveacutes de uma rede que inclui variaacuteveis macroeconocircmicas questotildees

culturais a participaccedilatildeo de certas instituiccedilotildees e sobretudo a partir das

relaccedilotildees que se estabelecem entre elas e de como essas relaccedilotildees se

sistematizamO conjunto de relaccedilotildees entre esses elementos () e a forccedila de

quem fala permite ao discurso do desenvolvimento criar aquilo de que fala e

estabelecer-se como discurso da verdade

26

Independentemente da corrente do pensamento geograacutefico as condiccedilotildees ambientais satildeo limitantes para

determinados modelos de desenvolvimento Exemplificando a disponibilidade ou a escassez hiacutedrica permitem

ocupaccedilotildees e usos diferenciados O consumo padratildeo de aacutegua em litrosdiapor pessoa natildeo pode ser o mesmo para

essas regiotildees De acordo com a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas cada pessoa necessita de 33 msup3 pessoa mecircs

(cerca de 110 litros de aacutegua por dia para atender agraves necessidades de consumo e higiene) Entretanto essa eacute

apenas uma estimativa Haacute uma variaccedilatildeo desse consumo que eacute influenciado natildeo apenas pela disponibilidade ou

escassez da aacutegua mas tambeacutem por fatores culturais

54

Historicamente a ldquofalardquo que permite o discurso do desenvolvimento pode ser atribuiacuteda

agraves institucionalidades principalmente poliacuteticas e econocircmicas O Estado27

e os agentes

financeiros tecircm construiacutedo esse discurso ao longo do tempo ancorados em teorias ou modelos

como a industrializaccedilatildeo modernizaccedilatildeo e outros

Furtado (1988 p57) e Sachs (2000 p47) afirmam que a ideia do desenvolvimento

ganha forccedila a partir da crise econocircmica do desemprego e da agitaccedilatildeo social que emergiram

apoacutes a Segunda Guerra Mundial28

e da necessidade da reconstruccedilatildeo dos paiacuteses

industrializados A busca de alternativas para a mitigaccedilatildeo dos impactos dessas questotildees

intensifica o papel do Estado como construtor do processo do desenvolvimento e do

planejamento como ferramenta estrateacutegica

Os outros agentes precursores do discurso do desenvolvimento satildeo as agecircncias

financiadoras O conceito de desenvolvimento originou-se nas ciecircncias econocircmicas sob a

denominaccedilatildeo de crescimento econocircmico passando posteriormente a ser apropriado pelos

cientistas sociais que incluiacuteram os fatores sociais e culturais na interpretaccedilatildeo anaacutelise e

construccedilatildeo do processo do desenvolvimento

Furtado (1988 p 45) e Vasconcellos e Garcia (2004 p210) descrevem que essas

interpretaccedilotildees surgidas entre o econocircmico cujo foco se centrava nos aspectos quantitativos e

o social que enfatizava os aspectos qualitativos motivou a diferenciaccedilatildeo conceitual entre

crescimento econocircmico e desenvolvimento Entretanto segundo Oliveira (2002 p 39) a

controveacutersia entre tais conceitos continua

Analisando o conceito de desenvolvimento de Furtado e de Bresser-Pereira conclui-se

que de fato haacute uma vinculaccedilatildeo do desenvolvimento ao crescimento econocircmico Para Furtado

(1988 p54) o desenvolvimento pode ser conceituado com base em trecircs criteacuterios que se inter-

relacionam ldquoo criteacuterio de um aumento na eficiecircncia do sistema de produccedilatildeo o criteacuterio da

satisfaccedilatildeo das necessidades baacutesicas e o criteacuterio do bem-estarrdquo

Bresser-Pereira (2011 p157) formula o conceito de desenvolvimento pelo

crescimento da produtividade e dos padrotildees de vida da populaccedilatildeo causado pela sistemaacutetica

utilizaccedilatildeo de excedente econocircmico na acumulaccedilatildeo de capital e no progresso teacutecnico

27

Para Bresser-Pereira (2011 p 157) o Estado eacute uma instituiccedilatildeo imprescindiacutevel para o desenvolvimento e

garantidora de sua competitividade 28

A Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) foi provocada por muitos fatores entre os quais a crise econocircmica

de 1929 e desencadeou mudanccedilas como o desmonte de estruturas coloniais a expansatildeo da alta tecnologia as

aglomeraccedilotildees industriais entre outras Para mais informaccedilotildees ver Chiaretli Marco (1998) e Vigevani Tullo

(1985)

55

Nos conceitos de Furtado e de Bresser-Pereira o desenvolvimento social e de

crescimento dos padrotildees de vida e de satisfaccedilatildeo das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo

decorrem do crescimento econocircmico ou seja o desenvolvimento eacute possiacutevel quando haacute

crescimento econocircmico Natildeo se percebe nessas propostas conceituais a preocupaccedilatildeo com os

impactos para a frente e para traacutes e da capacidade de suporte destes Esse conceito de

desenvolvimento que animou as discussotildees na deacutecada de 1970 ganha novas variaacuteveis e

interpretaccedilotildees a partir dos anos 1980 poreacutem conserva-se impreciso e carente de

investigaccedilotildees

Uma dessas interpretaccedilotildees apresenta o desenvolvimento sustentaacutevel conceito

disseminado pelo relatoacuterio ldquoNosso Futuro Comumrdquo Este documento foi elaborado pela

Comissatildeo das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento que definiu

desenvolvimento sustentaacutevel como aquele capaz de satisfazer as necessidades do presente

sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de suprir suas proacuteprias necessidades No

contexto conceitual do desenvolvimento sustentaacutevel Goodland (1994 p 278) propotildee que satildeo

trecircs os objetivos do desenvolvimento o econocircmico voltado para o crescimento com equidade

e eficiecircncia o social no qual se busca o fortalecimento e o ldquoempoderamentordquo dos atores e dos

agentes29

do desenvolvimento a participaccedilatildeo popular e a mobilidade social para os problemas

da coletividade a coesatildeo social a identidade cultural e o desenvolvimento institucional e o

ecoloacutegico no qual se espera o comprometimento de todos com a manutenccedilatildeo da integridade e

capacidade de suporte dos ecossistemas o respeito agrave biodiversidade a busca permanente pela

reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo e o empenho na resoluccedilatildeo das questotildees globais

Um dos grandes formuladores do conceito do desenvolvimento sustentaacutevel eacute o

professor Ignacy Sachs Embora admitindo que o crescimento econocircmico ainda se faccedila

necessaacuterio Sachs (2000) propotildee que ao se planejar o desenvolvimento devem-se considerar

cinco dimensotildees de sustentabilidade30

Para esse autor o desenvolvimento eacute um conceito

tridimensional cujos objetivos satildeo sempre sociais O planejamento do desenvolvimento deve

ser fundamentado no tripeacute finalidade social condicionalidade ambiental e viabilidade

econocircmica (SACHS 2012 p5)

29

Atores do desenvolvimento devem ser compreendidos como todos aqueles que participam do processo

embora natildeo sejam diretamente responsaacuteveis pela accedilatildeo efetiva Agentes do desenvolvimento satildeo todos aqueles

responsaacuteveis efetivamente pela execuccedilatildeo de accedilotildees que concorrem para o desenvolvimento 30

As cinco dimensotildees de sustentabilidade defendidas por Sachs (1993 p25) satildeo sustentabilidade social

econocircmica ecoloacutegica espacial e cultural

56

Outra interpretaccedilatildeo do desenvolvimento eacute proposta pelo economista Amartya Sen

Para esse autor

O desenvolvimento consiste na eliminaccedilatildeo de privaccedilotildees de liberdade que

limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer

ponderadamente sua condiccedilatildeo de agente (SEN 2010 p 10)

A liberdade como fator construtivo e instrumental do desenvolvimento como processo

que envolve questotildees econocircmicas poliacuteticas de mercado valores costumes normas e regras

sociais depende das capacidades individuais

Khan (1988 p 40) propotildee que o desenvolvimento seja entendido como um processo

coletivo com ganhos compartilhados entre todos Jaacute para Furtado 31

(2001) e Goacutemez (2002) o

desenvolvimento eacute um axioma da impossibilidade Para Furtado a impossibilidade recai

sobre as diferenccedilas de ritmo de acumulaccedilatildeo e reproduccedilatildeo de capital de grau de

desenvolvimento de capacidade de generalizaccedilatildeo em escala planetaacuteria dos atuais padrotildees de

consumo dos paiacuteses ricos Aleacutem disso as diferenccedilas culturais e as capacidades individuais

para a formaccedilatildeo de redes e execuccedilatildeo de accedilatildeo coletiva ou seja formaccedilatildeo do capital social

requerem uma interpretaccedilatildeo mais realista objetiva e ponderada ateacute porque como disse

Furtado

O custo em termos de depredaccedilatildeo do mundo fiacutesico desse estilo de vida eacute de

tal forma elevado que toda tentativa de generalizaacute-lo levaria inexoravelmente

ao colapso de toda uma civilizaccedilatildeo pondo em risco a sobrevivecircncia da

espeacutecie humana (FURTADO 2001 p 88)

Goacutemez (2002 p 8) por sua vez se fundamenta na ideia de que o desenvolvimento se

inscreve plenamente no corpo ideoloacutegico do capital natildeo revelando capacidade de mudanccedila

De fato nas propostas de desenvolvimento os paracircmetros e os indicadores selecionados para

medir e avaliar o processo respondem ao interesse do capital e satildeo aplicados em espaccedilos cujos

padrotildees culturais sociais e poliacuteticos satildeo distintos Aleacutem disso a interpretaccedilatildeo dos resultados

em seacuterie tornam os desiguais iguais Sendo assim essas praacuteticas tecircm se mostrado incapazes de

promover uma transformaccedilatildeo efetiva em todos os espaccedilos haja vista o aumento dos niacuteveis de

pobreza de desemprego e de desigualdade social em todo o mundo

31

FURTADO (2001) no livro ldquoO Mito do Desenvolvimento Econocircmicordquo descreve a impossibilidade do

desenvolvimento das economias da periferia

57

Celso Furtado e Goacutemez trataram da impossibilidade do desenvolvimento como uma

proposta para o coletivo Nesse caso o desenvolvimento equitativamente partilhado por

todos como proposto por Khan (1988) de fato eacute um mito ateacute porque

Sempre haveraacute os que aproveitaratildeo as chances que lhes estatildeo sendo dadas

pela sociedade e aqueles que as deixaratildeo passar Em uacuteltima instacircncia as

trajetoacuterias biograacuteficas satildeo sempre individuais (SACHS 2012 p5)

Para a presente tese admite-se o desenvolvimento como um conceito formulado a

partir das percepccedilotildees sobre os resultados de um processo

i planejado executado e monitorado por todos os agentes de desenvolvimento

ii cujas accedilotildees tecircm finalidade social sustentabilidade econocircmica e respeito agraves

condicionalidades ambientais e culturais de cada lugar

iii proposto tanto pelo poder puacuteblico quanto pela iniciativa privada e pela sociedade civil

organizada

iv que promove a melhoria qualitativa tanto das condiccedilotildees de vida quanto da cidadania e

da democracia e

v que impacta positivamente em todos aqueles que estatildeo dispostos e que satildeo capazes

de aproveitar as oportunidades que lhes estatildeo sendo dadas

Para tanto o planejamento se configura como uma das principais ferramentas de apoio e

meio para construccedilatildeo de processos de desenvolvimento Essa perspectiva eacute fundamental tanto

para a anaacutelise e compreensatildeo destes quanto para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas planos e

programas de desenvolvimento regional local ou territorial temas tratados no subcapiacutetulo que

se segue

33 Desenvolvimento local e o desenvolvimento territorial processos em construccedilatildeo

O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo ou as dinacircmicas na acumulaccedilatildeo e regulaccedilatildeo do capital

especialmente o aumento da competitividade nos mercados enfatiza sobremaneira a

importacircncia das variaacuteveis endoacutegenas no sucesso ou no fracasso das poliacuteticas de

desenvolvimento local O reconhecimento e a valorizaccedilatildeo dessas variaacuteveis podem ser

percebidos como uma estrateacutegia um fenocircmeno uma praacutetica uma teoria ou um processo que

surgiu como uma alternativa para o desenvolvimento em substituiccedilatildeo aos modelos

58

tradicionais e em paiacuteses pobres e com desenvolvimento tardio (VAZQUEZ-BAQUERO

2009)

Em relaccedilatildeo ao entendimento do que vem a ser o desenvolvimento local Oliveira

(2001 p11) acredita que esta eacute uma noccedilatildeo polissecircmica jaacute para Vaacutezquez-Baquero (1995

p221) o interesse em sua conceituaccedilatildeo adveacutem da ausecircncia de estudos sistemaacuteticos que

efetivamente demonstrem o desenvolvimento local valendo-se de suas condiccedilotildees endoacutegenas

Aliados a isso os diferentes enfoques usados para a interpretaccedilatildeo do desenvolvimento local

dificultam a percepccedilatildeo de um conceito que adite todas as correntes Haacute pelo menos trecircs linhas

de percepccedilatildeo do desenvolvimento local a economicista a humanista e a institucionalista

(GUTIEacuteRREZ 1996 p 69)

Os principais autores economicistas analisados abordam o desenvolvimento local

como uma forma flexiacutevel de regulaccedilatildeo do capital portanto uma estrateacutegia (VAacuteZQUEZ-

BAQUERO 1995 p 226) outro como um fenocircmeno para o fortalecimento das economias

(AZEVEDO 1995 p 241) outros ainda o percebem como um processo de transformaccedilatildeo nas

bases econocircmicas e na organizaccedilatildeo social em niacutevel local estruturado pelos atores locais

(BUARQUE 1999 p9 AMARAL FILHO 1996 p 38) No enfoque economicista o meio eacute

provedor de recursos e os sistemas econocircmico e social organizados se encarregam de fornecer

as vantagens competitivas

Os que defendem o enfoque institucionalista o conceituam como uma alternativa ao

desenvolvimento comandado por cima centralizador formulado pelo poder central e baseado

na atraccedilatildeo e na negociaccedilatildeo de recursos externos como condiccedilatildeo suficiente para a promoccedilatildeo do

crescimento econocircmico de aacutereas especiacuteficas (BENKO 2001 p9 MULS 2008 p2 VITTE

2006 p 77 HADDAD 2001 p 9) ou como o resultado de alteraccedilotildees nos mecanismos de

atuaccedilatildeo puacuteblica com a adoccedilatildeo de novas regras e orientaccedilotildees de poliacuteticas puacuteblicas e de

arranjos institucionais e de interaccedilatildeo estrateacutegica entre o puacuteblico e o privado (BLASCO 1994

p 98 TAPIA 2005 p 132 e GUTIEacuteRREZ 1996 p 60)

O enfoque humanista interpreta-o como uma accedilatildeo voluntaacuteria organizada que

interveacutem em um processo de mudanccedila social unindo-se intimamente desenvolvimento local e

desenvolvimento pessoal (GUTIEacuteRREZ 1996 p 71 traduccedilatildeo nossa)

O que haacute em comum nas propostas conceituais eacute a valorizaccedilatildeo dos potenciais de

desenvolvimento existentes em cada localidade a inclusatildeo da sociedade civil e da iniciativa

privada no planejamento e na gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas a mobilizaccedilatildeo a organizaccedilatildeo e a

59

capacitaccedilatildeo dos atores sociais locais para a participaccedilatildeo A ecircnfase nas variaacuteveis endoacutegenas ou

no conjunto de recursos que constituem o potencial de desenvolvimento local como os

sistemas econocircmicos culturais institucionais ambientais e sociais eacute sustentada pelos

seguintes pressupostos

(i) Um crescente processo de autonomia decisoacuteria

(ii) Uma crescente capacidade regional de captaccedilatildeo e reinversatildeo do excedente

econocircmico

(iii) Um crescente processo de inclusatildeo social

(iv) Uma crescente consciecircncia de preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo ambiental

(v) Uma crescente sincronia intersetorial e territorial do crescimento

(vi) Uma crescente percepccedilatildeo de pertencimento (BOISIER1991 p187

traduccedilatildeo nossa)

Haacute que notar que os pressupostos estatildeo fortemente influenciados por especificidades

que reforccedilam que as estrateacutegias do desenvolvimento local endoacutegeno devem ser diferenciadas

para cada lugar Benko (2001) Buarque (1999) Haddad (1994) Boisier (1991) e Muls (2008)

reconhecem a importacircncia do ambiente poliacutetico da organizaccedilatildeo produtiva e das

caracteriacutesticas da estrutura social para a efetividade de qualquer poliacutetica de desenvolvimento

regional local ou territorial Tapia (2005 p 133) destaca aleacutem desses elementos as

estruturas de governanccedila e a capacidade de controlar e internalizar o conhecimento e as

informaccedilotildees externas como estrateacutegia garantidora dessas poliacuteticas Para Boisier

Concretamente o desenvolvimento regional resulta da interaccedilatildeo de um

conjunto de processos mais simples sendo que cada um deles se constitui

em uma condiccedilatildeo necessaacuteria ao desenvolvimento da regiatildeo (BOISIER

1991 p187 traduccedilatildeo nossa)

Como conjunto de processos mais simples que permeia o desenvolvimento local

endoacutegeno tem-se

i a permanente coordenaccedilatildeo articulaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre os agentes e

atores de desenvolvimento (poder puacuteblico iniciativa privada e sociedade

civil organizada) ou seja que se estabeleccedila uma governanccedila de modo a

assegurar eficiecircncia nas accedilotildees propostas a produtividade e a

competitividade econocircmica

ii o aumento das oportunidades sociais

iii as garantias de transparecircncia dos processos e accedilotildees

iv a participaccedilatildeo popular de maneira que sejam fortalecidas a cidadania e a

democracia

60

v a descentralizaccedilatildeo da accedilatildeo poliacutetica do governo central(uniatildeo) para o local

(municiacutepios)

vi a estruturaccedilatildeo de sistemas produtivos locais influenciados pelas experiecircncias

exitosas do distrito industrial milieu innovateur e clusterrdquo (AMARAL FILHO

2010 p 25)

vii o mecanismo dinacircmico de autorreforccedilo das atividades produtivas

A capacidade de organizaccedilatildeo social (HADDAD 1994 p16) o poder de mobilizaccedilatildeo

das energias da sociedade explorando as suas capacidades e potencialidades especiacuteficas

(BUARQUE 1999 p 9) a densidade das relaccedilotildees entre os agentes locais (empresas

municipalidades universidades centros de pesquisa sindicatos) fornecem natildeo apenas as

bases da ambiecircncia social necessaacuteria ao processo como se revestem de papel determinante na

competitividade das atividades econocircmicas (BENKO e PECQUEUR 2001 p35)

Uma perspectiva teoacuterica de anaacutelise da ambiecircncia poliacutetica eacute a do Estado embora se

reconheccedila que natildeo haacute uma nova teoria do Estado Segundo Amaral Filho (2001) o que ocorre

satildeo interpretaccedilotildees para as funccedilotildees do Estado

As funccedilotildees do Estado baseiam-se

[] no resultado de processos e de dinacircmicas econocircmico-sociais

determinados por comportamentos dos atores dos agentes e das instituiccedilotildees

locais [] em um modo de intervenccedilatildeo pragmaacutetico [] um sistema aberto

mais atento agraves nuances de seu ambiente mais interativo com seus parceiros

mais sensiacutevel agrave informaccedilatildeo que recebe como retorno dos utilizadores dos

bens e serviccedilos (AMARAL FILHO 2001 pp 269 270)

A anaacutelise das funccedilotildees do Estado relacionadas por Amaral Filho (2001) induz agrave ecircnfase

do papel do Estado nas funccedilotildees de regulador mobilizador dos agentes e atores e coordenador

das poliacuteticas puacuteblicas Essas funccedilotildees exigiratildeo do Estado reestruturaccedilatildeo em seus aparelhos (de

Estado e ideoloacutegicos) de modo a atender agrave nova ordem da democracia participativa A

relevacircncia na reestruturaccedilatildeo se fundamenta nas velhas estruturas institucionais de cultura

poliacutetica inflexiacutevel e pouco democraacutetica constatada na Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira O

ambiente institucional pouco democraacutetico natildeo se alinha agrave proposta do desenvolvimento local

e compromete a implementaccedilatildeo das accedilotildees e da poliacutetica de desenvolvimento conforme sugere

Birkner (2008 p 298)

61

Na perspectiva teoacuterica do desenvolvimento sustentaacutevel com finalidade social e

respeito agraves condicionalidades ambientais a percepccedilatildeo do desenvolvimento local segundo

Goacutemez (2002 p4) ganha todo o sentido

A ecircnfase na melhoria da qualidade de vida na diversificaccedilatildeo produtiva e na

participaccedilatildeo que o desenvolvimento local exibe como suas principais

divisas se adaptam perfeitamente a essa tripla condiccedilatildeo atual do

desenvolvimento 32

O desenvolvimento endoacutegeno entendido como um desenvolvimento sustentaacutevel eacute

fundamentado nos seguintes pilares

(I) o novo papel do Estado federado (II) a estrateacutegia do desenvolvimento

econocircmico regional ou local baseada na mobilizaccedilatildeo de poupanccedila e

investimento em formaccedilatildeo bruta do capital fixo e (III) valorizaccedilatildeo dos

novos fatores de produccedilatildeo (AMARAL FILHO 1996 p 48)

O esforccedilo de vaacuterios estudiosos na conceituaccedilatildeo do desenvolvimento local endoacutegeno

tem demonstrado a natureza subjetiva e complexa desse processo A subjetividade adveacutem do

fato de que o desenvolvimento eacute uma percepccedilatildeo conforme jaacute descrito e a complexidade

induz a reflexotildees sobre a temaacutetica O desenvolvimento local endoacutegeno pode ser compreendido

como o resultado de um processo teacutecnico que envolve decisotildees poliacuteticas o conhecimento da

cultura local como base para estabelecer accedilotildees e meios estrateacutegicos para se alcanccedilar

determinado crescimento econocircmico e a participaccedilatildeo dos agentes locais como protagonistas

das decisotildees accedilotildees e projetos cuja finalidade eacute a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo

O maior desafio nesse processo incide no fato de que as decisotildees satildeo tomadas pelos

agentes do desenvolvimento (institucionais formais e informais) e os beneficiaacuterios33

em uma

relaccedilatildeo de forccedilas desigual carente de um arranjo institucional adaptado agraves condiccedilotildees reais de

cada lugar e garantidor do equiliacutebrio desse campo de forccedilas Entretanto essa interaccedilatildeo de

forccedilas estaacute diretamente relacionada com o niacutevel de participaccedilatildeo popular com a capacidade

efetiva de participaccedilatildeo de representantes da sociedade civil e da flexibilidade e funcionalidade

da Administraccedilatildeo Puacuteblica

32

Para Goacutemez eacute somente no contexto da interpretaccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel que o desenvolvimento

local ganha todo seu sentido embora seja mais propositivo que explicativo E como proposta que depende da

integraccedilatildeo entre os diferentes atores sociais (poliacuteticos empresaacuterios trabalhadores) esse autor acredita que o

ldquodesenvolvimento local eacute uma dessas estrateacutegias que reformulam sem modificar essencialmente as formas de

acumulaccedilatildeo do capitalrdquo 33

Agente eacute o que desenvolve as accedilotildees de desenvolvimento e o beneficiaacuterio eacute aquele que se assume objeto do

desenvolvimento conforme sugerem Pilonieta e Ochoa Arias (2006 p 27)

62

Em relaccedilatildeo agrave participaccedilatildeo popular eacute fundamental que a sociedade e seus

representantes tenham maturidade poliacutetica portanto capacidade para a negociaccedilatildeo o que

exigiraacute flexibilidade e ainda capacidade para aproveitar todas as oportunidades de

mobilizaccedilatildeo e participaccedilatildeo efetiva Entretanto ldquosomos um paiacutes sem cultura participativa e a

transformaccedilatildeo do niacutevel de consciecircncia eacute lentardquo (DOWBOR 1999 p79)

Aliado agrave ausecircncia da cultura participativa o modelo de gestatildeo puacuteblica tradicional

baseado em legalismo nas hierarquias na troca de favores nas entregas sob encomendas e no

assistencialismo fragiliza o capital social e humano e a democracia participativa Entretanto

romper paradigmas e aceitar novas ideias natildeo satildeo tarefas faacuteceis e sim desafios Sendo assim

o reconhecimento e o fortalecimento do capital social e do capital humano nesses lugares satildeo

accedilotildees cruciais para o planejamento a formulaccedilatildeo e a efetividade do desenvolvimento tanto

regional quanto local e territorial

Reconhecendo as mudanccedilas nas funccedilotildees do Estado e vislumbrando a distribuiccedilatildeo do

poder com outros agentes Sending e Neumann (2006) destacam trecircs principais reivindicaccedilotildees

para tratar a temaacutetica

O primeiro eacute que o governo deve ser estudado como um processo e natildeo

como uma instituiccedilatildeo Este movimento analiacutetico eacute dito para que seja possiacutevel

analisar as mudanccedilas de hierarquia e soberania da gestatildeo com base em redes

horizontais [] A segunda eacute que vaacuterios atores natildeo-estatais tornaram-se

muito mais poderosos na poliacutetica global do que o Estado portanto este eacute

menos poderoso do que antes [] A terceira eacute que a autoridade poliacutetica eacute

cada vez mais desalojada do Estado soberano e na direccedilatildeo transnacional de

poliacutetica em redes e funcionalmente em esferas especiacuteficas de autoridade

[] onde o Estado desempenha um papel estrateacutegico mas natildeo

necessariamente dominante (SENDING e NEUMANN 2006 p 651

traduccedilatildeo nossa)

A busca pelo equiliacutebrio das forccedilas poliacuteticas entre os atores eacute uma das anaacutelises e

propostas para a construccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento Para Llorens (2001 p25) o

papel do Estado nas poliacuteticas de desenvolvimento deve ser de catalisador animador de uma

atmosfera inovadora quer seja institucional social econocircmico quer seja poliacutetico e cultural

que impulsione o desenvolvimento do potencial empresarial e produtivo local

No contexto da discussatildeo analiacutetica e conceitual de desenvolvimento local surge a

proposta do desenvolvimento territorial como jaacute apresentado no Quadro 3 que demonstra as

escalas do planejamento governamental brasileiro Essa discussatildeo se inicia nos anos 1990 e a

63

proposta de construccedilatildeo de um modelo de desenvolvimento em base territorial34

ganha forccedila

poliacutetica para ser implementada pelo governo federal a partir de 2003 na gestatildeo liderada pelo

Partido dos Trabalhadores (PT) com a criaccedilatildeo da Secretaria de Desenvolvimento Territorial

na estrutura organizacional do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio (MDA)

O enfoque territorial no planejamento e na formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas brasileiras

surgiu para o meio rural e foi influenciado pelas experiecircncias de poliacuteticas territoriais em

construccedilatildeo no estado do Rio Grande do Sul na Ameacuterica Latina no Caribe e principalmente

na Uniatildeo Europeia35

O territoacuterio como unidade de planejamento para o espaccedilo rural na Ameacuterica Latina eacute

justificado por Perico e Ribero (2002) Para esses autores

A visatildeo territorial do rural surge como uma proposta de aproximaccedilatildeo da

nova visatildeo do desenvolvimento rural sustentaacutevel na Ameacuterica Latina e se

baseia na visatildeo de desenvolvimento regional e de desenvolvimento territorial

como uma expressatildeo de ordem poliacutetica econocircmica e social que visa na sua

essecircncia melhorar a forma como se apreende e orienta as intervenccedilotildees

formulaccedilatildeo de poliacuteticas e sistemas de planejamento para o setor rural na

Ameacuterica (PERICO e RIBERO2002 p27 Traduccedilatildeo nossa)

O enfoque territorial para o planejamento e formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para o

meio rural brasileiro tem como foco a promoccedilatildeo do desenvolvimento onde efetivamente

ocorram melhorias significativas na qualidade de vida da populaccedilatildeo que vive no meio rural

quer seja pela oferta dos serviccedilos puacuteblicos essenciais quer pela oportunidade de mercado

A poliacutetica territorial brasileira teve como referecircncia conceitual e apoio instrumental os

estudos produzidos pelo Instituto Interamericano de Cooperaccedilatildeo para a Agricultura (IICA)

pela Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe (CEPAL) e pela Uniatildeo Europeia

Entretanto a experiecircncia do Programa LEADER da Uniatildeo Europeia motivou a Secretaria de

Desenvolvimento Territorial a formular o programa de desenvolvimento sustentaacutevel dos

territoacuterios rurais cuja discussatildeo preparatoacuteria se deu no bojo do desafio da descentralizaccedilatildeo

34

Para uma anaacutelise mais detalhada do histoacuterico da construccedilatildeo da poliacutetica territorial brasileira sugere-se a leitura

do capiacutetulo 2 - A recepccedilatildeo do debate sobre desenvolvimento territorial no Brasil - do livro Poliacuteticas de

Desenvolvimento Territorial Rural no Brasil Avanccedilos e desafios do INSTITUTO INTERAMERICANO DE

COOPERACcedilAtildeO PARA A AGRICULTURA 2010 35

O Estado do Rio Grande do Sul por meio da experiecircncia dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento de

1999 e do programa do orccedilamento participativo (1999-2002) e na Uniatildeo Europeia com a Poliacutetica Agriacutecola

Comum (PAC) que vem sendo discutida desde 1957 com a instituiccedilatildeo da Comunidade Econocircmica Europeia

(CEE) com a criaccedilatildeo dos fundos estruturais e de coesatildeo e principalmente com o Programa Ligaccedilotildees entre

Accedilotildees de Desenvolvimento da Europa Rural ndash LEADER que tem como objetivos a convergecircncia das regiotildees e

dos estados-membros menos desenvolvidos a competitividade regional a geraccedilatildeo de emprego e a cooperaccedilatildeo

territorial europeia Mais informaccedilotildees sobre a poliacutetica regional europeia podem ser encontradas no siacutetio

httpeceuropaeuagriculturecommagricultureindex

64

das poliacuteticas puacuteblicas e do federalismo cooperativo recepcionado pela Constituiccedilatildeo Federal de

1988

Aliada a esses desafios a literatura produzida sobre o desenvolvimento local e o

desenvolvimento territorial jaacute apontava um conjunto de estrateacutegias que deveriam ser

observadas na formulaccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento Entre estas estrateacutegias merecem

destaque os sete elementos apresentados por Schejtman e Berdegueacute (2004) de quem pela

importacircncia dos elementos se reproduz aqui uma extensa citaccedilatildeo

[] com o propoacutesito de que no futuro se poderia ir aleacutem de uma

instituiccedilatildeo fundada no DRT e avanccedilar para uma razoaacutevel teoria da accedilatildeo

com desenho de poliacuteticas programas e projetos orientados para a

superaccedilatildeo da pobreza rural Desta revisatildeo se extraiacuteram sete elementos

que devem ser considerados pelo enfoque do DRT

1 A competitividade determinada por uma ampla difusatildeo do progresso

e o conhecimento satildeo condiccedilotildees necessaacuterias para a sobrevivecircncia das

unidades produtivas

2 A inovaccedilatildeo tecnoloacutegica que eleva a produtividade do trabalho eacute uma

determinante criacutetica para a melhoria do ingresso da populaccedilatildeo pobre

rural

3 A competitividade eacute um fenocircmeno sistecircmico ou seja natildeo eacute um

atributo das empresas ou unidades de produccedilatildeo individuais ou

isolados mas se baseia e depende das caracteriacutesticas dos ambientes

nos quais estatildeo inseridos

4 A demanda externa do territoacuterio eacute a forccedila motriz das transformaccedilotildees

produtivas e portanto eacute essencial para o aumento da produtividade e

da renda

5 Os viacutenculos urbano-rurais satildeo essenciais para o desenvolvimento das

atividades agriacutecolas e natildeo agriacutecolas no interior do territoacuterio

6 O desenvolvimento institucional eacute fundamental para o

desenvolvimento territorial

7 O territoacuterio natildeo eacute um espaccedilo fiacutesico objetivamente existente sendo

uma construccedilatildeo social ou seja um conjunto de relaccedilotildees sociais que

originam e agraves vezes expressam uma identidade e um senso de

propoacutesito compartilhado por muacuteltiplos agentes puacuteblicos e privados

(SCHEJTMAN e BERDEGUEacute 2004 p 4-5 Traduccedilatildeo nossa)

Considerando a vasta literatura produzida na deacutecada de 1990 sobre as estrateacutegias para

o desenvolvimento econocircmico local e desenvolvimento territorial rural a Secretaria de

Desenvolvimento Territorial apoiada pelo Instituto Interamericano de Cooperaccedilatildeo para a

Agricultura (IICA) inicia a sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em documentos institucionais36

de referecircncias para a seleccedilatildeo das estrateacutegias de desenvolvimento rural sustentaacutevel no Brasil

36

Referecircncias para a estrateacutegia de desenvolvimento rural sustentaacutevel no Brasil- documento Institucional 01

MINISTDA 2005 Marco Referencial para apoio no desenvolvimento de territoacuterios rurais ndash 02 MDA 2005

Referecircncias para a Gestatildeo Social de Territoacuterios Rurais ndash 03 MDA 2005 Plano territorial de desenvolvimento

rural sustentaacutevel guia para o planejamento documento de apoio 02 MDA 2005

65

gestatildeo dos territoacuterios articulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e atores sociais elaboraccedilatildeo de plano

territorial de desenvolvimento entre outros

A anaacutelise das estrateacutegias identificadas pela literatura para a implementaccedilatildeo de poliacuteticas

e ou programas de desenvolvimento local ou territorial o reconhecimento do quadro de

pobreza de exclusatildeo social e de desigualdades sociais e regionais nos territoacuterios37

brasileiros

e sobretudo dos papeacuteis constitutivo e instrumental da liberdade38

conforme proposto por Sen

(2012) como primordial e principal meio do desenvolvimento conferem agrave poliacutetica territorial

brasileira em construccedilatildeo grandes desafios ateacute porque eacute ldquouma via de matildeo uacutenicardquo haja vista o

contexto poliacutetico de sua criaccedilatildeo

Desse modo analisando os pressupostos para o desenvolvimento territorial rural

sustentaacutevel identificaram-se como desafios

(i) reforma agraacuteria

(ii) fortalecimento do capital social caracterizado pelo MDA como pouco

desenvolvido

(iii) desenvolvimento de capacidades humanas competentes

(iv) fornecimento dos serviccedilos puacuteblicos essenciais aos agricultores familiares

(v) mobilizaccedilatildeo e organizaccedilatildeo social para a participaccedilatildeo

(vi) integraccedilatildeo das poliacuteticas e

(vii) articulaccedilatildeo horizontal e vertical das institucionalidades formais e informais

Goacutemez (2006 p60) analisando os estudos que deram suporte agrave Secretaria de

Desenvolvimento Territorial para a construccedilatildeo da poliacutetica territorial acredita que se trata de

uma repaginada das poliacuteticas existentes uma vez que as alteraccedilotildees se processaram apenas na

escala do planejamento e alocaccedilatildeo dos recursos (do local para o territorial) e no enfoque das

poliacuteticas e accedilotildees (de setorial para territorial)

Beduschi Filho e Abramovay (2004 p 36) corroboram Goacutemez uma vez que

acreditam ser o grande desafio do planejamento brasileiro na poliacutetica territorial a mudanccedila da

praacutetica da alocaccedilatildeo dos recursos que deveraacute ldquopassar de uma loacutegica de reparticcedilatildeo setorial de

37

O conceito de territoacuterio para a SDT e para o programa de desenvolvimento sustentaacutevel dos territoacuterios rurais eacute

aquele apresentado pelo MDA que se encontra no Quadro 1 38

Para Sen (2012 p 58) o papel constitutivo ou primordial eacute a capacidade de cada indiviacuteduo ou seu capital O

papel instrumental ou os principais meios satildeo liberdades poliacuteticas (direitos civis) facilidades econocircmicas

oportunidades sociais garantias de transparecircncia e seguranccedila protetora

66

recursos e de demandas de balcatildeo (grifo dos autores) para uma loacutegica territorial e de

projetosrdquo Acrescenta-se a essa loacutegica a cultura de reparticcedilatildeo poliacutetica dos recursos e a

pulverizaccedilatildeo destes no orccedilamento geral da uniatildeo em accedilotildees pontuais que na grande maioria

natildeo satildeo finalizadas tanto pela insuficiecircncia dos recursos haja vista a ausecircncia do projeto e do

consequente orccedilamento quando do lanccedilamento da accedilatildeo no Sistema de Convecircnios (SICONV)

do governo federal quanto pela descontinuidade poliacutetica uma vez que natildeo se caracteriza

como uma intervenccedilatildeo complementar ou de fortalecimento de determinado arranjo produtivo

Outra estrateacutegia importante para as poliacuteticas de desenvolvimento local e ou territorial eacute

a estruturaccedilatildeo de uma governanccedila que seraacute tratada no proacuteximo capiacutetulo A anaacutelise da gestatildeo

social dos territoacuterios fornece elementos fundamentais para a compreensatildeo do desafio dessa

estruturaccedilatildeo Abramovay (2005) Bacelar (2008) e Perico (2009) analisando a proposta da

gestatildeo social dos territoacuterios rurais do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio alertam para

uma seacuterie de viacutecios da Administraccedilatildeo Puacuteblica que podem ser somatizados por diferentes

razotildees natildeo contribuindo para os efeitos esperados

Abramovay (2005 p7) destaca os riscos ldquode accedilotildees clientelistas e patrimonialistasrdquo nos

processos de formaccedilatildeo de territoacuterios a partir de iniciativa do poder puacuteblico Segundo ele haacute

risco de que ldquoos atores mais importantes de sua dinacircmica econocircmica social poliacutetica e cultural

estejam ausentes de suas organizaccedilotildees animadorasrdquo

Esse risco em um ambiente no qual o clientelismo e o patrimonialismo fazem parte da

cultura das institucionalidades induz a que qualquer proposta de desenvolvimento deveraacute

priorizar o reconhecimento dos agentes de desenvolvimento Esse reconhecimento natildeo apenas

impulsionaraacute a mudanccedila da praacutetica da alocaccedilatildeo dos recursos em projetos que integrem accedilotildees e

atendam agraves necessidades reais do territoacuterio como facilitaraacute a articulaccedilatildeo para a execuccedilatildeo das

accedilotildees assegurando sua efetividade Nesse sentido Bacelar (2008 p 25) entende que ldquoa

grande virtude da abordagem territorialrdquo eacute a oportunidade de que a articulaccedilatildeo seja efetivada

pelos agentes territoriais

Para Perico a gestatildeo social do territoacuterio

Mais do que um conceito trata-se de um processo com implicaccedilotildees enormes

do caraacuteter teacutecnico econocircmico poliacutetico cultural e de esperanccedila para modelos

novos ou ainda de visotildees novas da sociedade de futuro e de satisfaccedilatildeo (PERICO 2009 p 34)

A partir do reconhecimento da complexidade da construccedilatildeo e da implementaccedilatildeo de

uma poliacutetica de desenvolvimento em base territorial e fundamentalmente da pouca liberdade

67

de todos os agentes de desenvolvimento para garantir sua efetividade ocorre um

arrefecimento ldquonaturalrdquo na construccedilatildeo dos processos conduzidos por iniciativas dos governos

como eacute o caso dos territoacuterios rurais do governo federal desde 2010 A condiccedilatildeo natural

adveacutem da realidade da capacidade de participaccedilatildeo da populaccedilatildeo e da capacidade do ministeacuterio

de estimular essa participaccedilatildeo uma vez que os principais agentes de sua dinacircmica econocircmica

poliacutetica social e cultural ficaram fora do processo

Esse arrefecimento deve ser avaliado como a necessidade de priorizar accedilotildees que

forneccedilam as capacidades agrave populaccedilatildeo de modo que esta seja motivada e mobilizada para a

participaccedilatildeo Outra accedilatildeo a ser priorizada deve ser a institucionalizaccedilatildeo de espaccedilos para o

diaacutelogo Estado-Sociedade A disponibilizaccedilatildeo desses espaccedilos deve estabelecer e fortalecer

natildeo apenas a confianccedila para uma governanccedila de mais consensos e capacidade de

negociaccedilatildeo mas sobretudo criar as condiccedilotildees para que sejam fortalecidas e restauradas as

liberdades de todos os agentes do desenvolvimento Esse eacute o caminho para o enfrentamento

dos sete desafios apresentados para o desenvolvimento territorial rural e a orientaccedilatildeo para o

planejamento do e para o desenvolvimento nos enfoques local regional e nacional

Reconhecendo que a participaccedilatildeo social eacute influenciada pelo estoque de capital social desses

espaccedilos o capiacutetulo seguinte trataraacute das concepccedilotildees de capital social e de governanccedila bem

como dos efeitos deste sobre as instituiccedilotildees formais e informais o controle social e o

desenvolvimento local territorial e regional

68

4 CAPITAL SOCIAL E GOVERNANCcedilA

Capital social eacute um agregado de recursos reais

ou potenciais que estatildeo ligados agrave posse de uma

rede duraacutevel de relaccedilotildees mais ou menos

institucionalizadas de conhecimento e de

reconhecimento muacutetuo (BOURDIEU 1980

p2)

69

4 CAPITAL SOCIAL E GOVERNANCcedilA

O capital social eacute uma das ferramentas de poliacuteticas de desenvolvimento mais estudada

nas uacuteltimas deacutecadas Para entender as razotildees desse interesse tanto da academia quanto das

agecircncias financiadoras e promotoras do desenvolvimento buscou-se analisar as funccedilotildees do

capital social agrave luz das reflexotildees de diferentes autores e aacutereas do conhecimento Desse modo

este capiacutetulo propotildee a sistematizaccedilatildeo conceitual de capital social a apresentaccedilatildeo das correntes

teoacutericas mais apropriadas para o reconhecimento e interpretaccedilatildeo dele haja vista a

complexidade e imprecisatildeo conceitual do termo e a discussatildeo da importacircncia do capital social

para o desenvolvimento e para a estruturaccedilatildeo dos sistemas de governanccedila

Eacute prudente esclarecer que considerando o rigor do meacutetodo cientiacutefico natildeo haacute uma

teoria sobre capital social De fato haacute hipoacuteteses e diferentes interpretaccedilotildees para o termo que

natildeo aportam elementos suficientes para se considerar um marco teoacuterico (Durston 2000 p9)

O capiacutetulo estaacute estruturado em dois subcapiacutetulos O primeiro sistematiza as principais

concepccedilotildees e correntes conceituais de capital social e descreve seus efeitos nos diferentes

niacuteveis (individual social poliacutetico e econocircmico) O segundo sistematiza tambeacutem os conceitos

de governanccedila e avalia seu papel instrumental para as poliacuteticas de desenvolvimento

70

41 Conceituaccedilatildeo de Capital Social

A extensa literatura produzida sobre capital social tem reforccedilado a importacircncia deste

nas poliacuteticas de desenvolvimento e fortalecimento das democracias por meio da ampliaccedilatildeo da

participaccedilatildeo cidadatilde na poliacutetica e do envolvimento dos indiviacuteduos em atividades coletivas

geradoras de impactos sociais efetivos Entretanto o termo capital social originou-se na

sociologia claacutessica (ALBAGLI e MACIEL 2002 PORTES1998 FARR2004 RUTTEN e

BOEKEMA 2006 e BALESTRO 2006) e a autora Lyda Judson Hanifan eacute considerada a

pioneira na identificaccedilatildeo de elementos do capital social e na aplicaccedilatildeo metaforizada deste

(WOOLCOCK e NARAYAN 2000 p228)

Os estudos de Pierre Bourdieu James Coleman e Robert Putnam tecircm influenciado o

desenvolvimento das vaacuterias conceituaccedilotildees de capital social nas diferentes aacutereas do

conhecimento em especial na ciecircncia poliacutetica (Portes1998 Durston 2000 Warner 2001

Albagli e Maciel 2002 Vaacutezquez 2002 Baquero 2003 2008 Valdivieso 2003 e Farr 2004)

e em todo o mundo embora outros autores estejam sendo incorporados nas discussotildees do

capital social Entre esses John Durston e Nan Lin citado por Valdivieso (2003) e Stein

(2003) Fukuyama lembrado por Baquero (2003) e Stein (2003) Granovetter indicado por

Rutten e Boekema (2006) e Douglass North que influenciou Durston (2000) e Stein (2003)

Capital social eacute uma categoria analiacutetica que embora tenha surgido nas ciecircncias sociais

ganhou focirclego a partir da introduccedilatildeo do capital humano39

como um dos elementos que

poderiam fortalecer o crescimento econocircmico proposto pelos chamados economistas

neoclaacutessicos Como um fenocircmeno soacutecio-poliacutetico-cultural explicado e analisado com

fundamento na loacutegica do capital teve sua efervescecircncia conceitual na deacutecada de 1990 Poreacutem

a questatildeo do capital social como estrateacutegia para o desenvolvimento iniciou-se na deacutecada de

1980 em meio agraves crises do papel do Estado ideoloacutegica da recomposiccedilatildeo das escalas e ainda

no contexto da discussatildeo da mundializaccedilatildeo do capital do fortalecimento da democracia e da

sociedade participativa e em rede40

Capital social para Bourdieu e Coleman eacute um conjunto de recursos disponiacuteveis para

os indiviacuteduos que se relacionam e mantecircm laccedilos com outros indiviacuteduos do mesmo grupo e de

grupos diferentes (VAacuteZQUEZ 2002 p 130) Para Bourdieu (1980 p256) capital social eacute

39

Para o Banco Mundial capital humano eacute o valor agregado ao trabalhador na forma de conhecimento e

habilidades Assim cada ser humano eacute um investidor em seu capital O capital humano estaacute no indiviacuteduo 40

Para Castells em uma sociedade em rede o poder dos fluxos eacute mais importante que os fluxos do poder (2002

p565)

71

um agregado dos recursos reais ou potenciais que estatildeo ligados agrave posse de uma rede duraacutevel

de relaccedilotildees mais ou menos institucionalizadas de conhecimento e de reconhecimento muacutetuo

A rede de relaccedilotildees eacute vista por este autor como um produto portanto eacute construiacuteda valendo-se

de estrateacutegias de investimentos individuais ou coletivos consciente ou inconscientemente

cujo objetivo eacute a construccedilatildeo e a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees sociais que se fundamentam em

obrigaccedilotildees duraacuteveis subjetivamente sentidas (sentimentos de gratidatildeo respeito amizade

lealdade solidariedade etc) e institucionalizadas em estatutos socialmente reconhecidos ou

juridicamente garantidos41

Para Coleman (1988 p 98) capital social eacute definido por sua funccedilatildeo Natildeo eacute uma

entidade uacutenica mas uma variedade de diferentes entidades com dois elementos em comum

todas elas consistem de algum aspecto da estrutura social e facilitam certas accedilotildees dos atores ndash

pessoas ou empresas ndash no acircmbito da estrutura O capital social para ele eacute um recurso

socioestrutural inerente agraves relaccedilotildees sociais Desse modo eacute possiacutevel deduzir como elementos

da estrutura social que contribuem para a construccedilatildeo do capital social aleacutem da boa vontade

do companheirismo e da simpatia muacutetua destacados por Hanifan (1916 p130) a

confiabilidade a solidariedade as obrigaccedilotildees de reciprocidades as expectativas o

aproveitamento de normas sociais cooperativas entre outros que facilitam as relaccedilotildees nos

diversos grupos sociais

Tanto Bourdieu quanto Coleman argumentam que o capital social natildeo eacute natural e natildeo

existe nos indiacuteviacuteduosO capital social eacute um produto do trabalho social acumulado que tem

como elementos basilares para sua construccedilatildeo os valores culturais e histoacutericos dos grupos e

as capacidades destes de produzir e reproduzir relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e por meio dos

indiviacuteduos

Capital social para Putnam (2006 p177-180) eacute um atributo da estrutura social e se

refere agraves caracteriacutesticas das organizaccedilotildees sociais como redes normas sistemas cadeias de

relaccedilotildees sociais e confianccedila que contribuem para aumentar a eficiecircncia das accedilotildees coletivas e

das poliacuteticas puacuteblicas aleacutem de facilitar as accedilotildees coordenadas cooperadas e compartilhadas

Para ele uma cultura dominada pela confianccedila pelo compromisso da reciprocidade do

compartilhamento e da cooperaccedilatildeo eacute altamente produtiva do capital social Este autor

apresenta atributos do capital social e justifica a importacircncia dele no desempenho

institucional na efetividade das poliacuteticas puacuteblicas e no fortalecimento das comunidades

ciacutevicas destacando que sua abordagem natildeo eacute um argumento para o determinismo cultural e

41

Satildeo considerados aqui estatutos socialmente reconhecidos o grupo familial vicinal de lazer entre outros

72

sim para a ampliaccedilatildeo dos espaccedilos de participaccedilatildeo social e fortalecimento do estoque de

capital social (PUTNAM 1993 p5) Entretanto estes atributos satildeo inerentes aos valores

culturais da populaccedilatildeo e da capacidade destes de formar uma consciecircncia criacutetica organizada e

participativa

Para Fukuyama (1999) a confianccedila as redes e as instituiccedilotildees satildeo manifestaccedilotildees do

capital social e natildeo se constituem em capital social em si Essa eacute uma das criacuteticas mais

recorrentes agrave conceituaccedilatildeo de Putnam (FUKUYAMA 1999 JORDANA2000 REIS 2003

ALBAGLI e MACIEL 2002)

Segundo Fukuyama capital social eacute uma norma instanciada informal que promove a

cooperaccedilatildeo entre dois ou mais indiviacuteduos Estas normas instanciadas estatildeo relacionadas agraves

virtudes tradicionais e valores culturais como a honestidade a manutenccedilatildeo de compromissos

o desempenho de funccedilotildees de confianccedila e a reciprocidade de modo que se percebe uma

reflexatildeo sobre o capital social baseando-se nos valores culturais

Os elementos que asseguram as relaccedilotildees sociais a formaccedilatildeo das redes e a instituiccedilatildeo

das normas nas organizaccedilotildees sociais satildeo os valores42

culturais que apresentam

especificidades locais e regionais O grau de confianccedila existente entre os indiviacuteduos as

normas de comportamento ciacutevico praticado e o niacutevel de associativismo de uma comunidade

indicam que os valores dessa comunidade permitem agrave coletividade ser o agente de sua histoacuteria

e desenvolver accedilotildees que assegurem o bom desempenho das instituiccedilotildees puacuteblicas na prestaccedilatildeo

dos serviccedilos como propotildeem Putnam (1993) e Sen (2010 p 333)

Vaacutezquez (2002 p 146) ressalta que os valores e as atitudes natildeo podem ser

considerados capital social Capital social para ele eacute um recurso oriundo da participaccedilatildeo em

redes sociais A participaccedilatildeo em redes gera obrigaccedilotildees de reciprocidade e informaccedilatildeo Como

lembra Kliksberg (2000 p13) a cultura eacute um tema transversal a todas as dimensotildees do

capital social e estaacute na base das componentes fundamentais deste Entretanto natildeo satildeo todos os

valores que contribuem para a construccedilatildeo do capital social

Os valores culturais de um determinado espaccedilo ou de uma comunidade onde se

percebe o estiacutemulo agrave individualidade e onde ldquoem tempo de farinha pouca meu piratildeo

primeirordquo e ainda onde ldquocada um tenta puxar a brasa agrave sua sardinhardquo certamente que natildeo

42

Valores culturais (eacuteticos poliacuteticos e sociais) devem ser entendidos como o conjunto de normas e de

orientaccedilotildees de condutas dos indiviacuteduos Satildeo valores eacuteticos a solidariedade a bondade a lealdade a toleracircncia a

responsabilidade etc Satildeo valores poliacuteticos a justiccedila a igualdade a imparcialidade a liberdade a cidadania e

outros

73

satildeo espaccedilos que motivam habilitam ou oportunizam aos indiviacuteduos a construccedilatildeo e a

manutenccedilatildeo de relaccedilotildees sociais duradouras conscientes e confiaacuteveis necessaacuterias ao

desenvolvimento do capital social

O capital social como recurso disponibilizado somente para os indiviacuteduos em grupos e

natildeo para o indiviacuteduo separadamente e resultante das relaccedilotildees sociais permitiu a Putnam e a

Coleman caracterizaacute-lo como um bem puacuteblico Eacute possiacutevel relacionar o caraacuteter de bem puacuteblico

do capital social proposto por esses autores com a definiccedilatildeo de bens puacuteblicos de Sen (2012

p171) Segundo ele bens puacuteblicos satildeo aqueles disponiacuteveis para usufruto comum de todos

Desse modo e considerando os atributos do capital social expostos por Putnam Coleman e

Bourdieu este eacute um bem puacuteblico disponiacutevel para o grupo ou para os grupos com

caracteriacutesticas adequadas a essa tipologia de investimento social

Outra linha de reflexatildeo do capital social eacute defendida por Durston (1999 p 104) que

se fundamenta em Douglass North e define capital social como uma instituiccedilatildeo43

complexa e

orientada por normas de bem-estar comum e com papeacuteis racionalizados e conscientes e por

Grootaert (1998) que inclui ainda no conceito de capital social as relaccedilotildees mais formais e

estruturas institucionais como o governo o regime poliacutetico o estado de direito o sistema

judicial e outros sob o argumento da importacircncia dessas instituiccedilotildees no desenvolvimento

econocircmico Estes autores procuram conceituar capital social firmando-se nas instituiccedilotildees

formalizadas na evoluccedilatildeo das sociedades na influecircncia das instituiccedilotildees sobre as sociedades e

desta sobre as instituiccedilotildees

Na tese de Albagli e Maciel (2002 p4) Reis (2003 p 43) Baquero (2003 p 94) e

Guumlemes (2011 p93) ldquoas concepccedilotildees de capital social satildeo demasiadamente abrangentes e

portadoras de ambiguidades importantes que problematizam sua operacionalizaccedilatildeo teoacutericardquo

Essa problematizaccedilatildeo decorre da dependecircncia contextual da anaacutelise da aacuterea de conhecimento

do autor dos elementos usados na conceituaccedilatildeo e outros visto que as estruturas sociais satildeo

dotadas de normas de divisatildeo de funccedilotildees e satildeo regidas por valores comportamentos e

atitudes individuais A complexidade se daacute ainda mais quando se analisa o capital social como

caracteriacutestica das estruturas formais em todas as dimensotildees poliacutetica econocircmica ambiental e

social

43

Durston (2000 p 22) define instituiccedilotildees como sistemas de normas e de relaccedilotildees sociais estaacuteveis que resultam

das interaccedilotildees em um grupo de pessoas e que tendem a satisfazer as necessidades deste a um menor custo

possiacutevel Para North as instituiccedilotildees satildeo as restriccedilotildees inventadas para estruturar a interaccedilatildeo poliacutetica econocircmica e

social (North 1991 p97)

74

Na presente tese o capital social refere-se a um recurso acessiacutevel aos indiviacuteduos

grupos e instituiccedilotildees e que mantecircm laccedilos interpessoais a partir do reconhecimento de valores

de normas e de crenccedilas de grupos formais ou informais capazes de mobilizar os indiviacuteduos

por meio da atitude para reunir-se formar redes e associar-se a outros com a finalidade de

auferir benefiacutecios muacutetuos produzir bens comuns e fortalecer as instituiccedilotildees Embora o capital

social seja reconhecido nas e a partir das relaccedilotildees sociais os atributos das estruturas sociais

(confianccedila solidariedade reciprocidade cooperaccedilatildeo e outros) as crenccedilas o comportamento e

as atitudes satildeo dos indiviacuteduos E satildeo esses elementos que os capacitam para se relacionar

participar de processos eleitoraisciacutevicos filiar-se a organizaccedilotildees sociais manter as tradiccedilotildees

e os compromissos ciacutevicos e compartilhar accedilotildees com o outro O capital social eacute um recurso

inerente agrave estrutura dos relacionamentos estabelecidos entre os indiviacuteduos cuja fonte do

beneficiamento se encontra no outro e natildeo nele mesmo (Portes 1998 p 7) sendo desse modo

valorizado e suprido pela coletividade e natildeo pelo agente privado (Putnam 2003180)

O Banco Mundial (2003 p5) e Adler e Kwon (2009 p 90) diante das diferentes

conceituaccedilotildees formuladas sobre capital social propotildeem o agrupamento destas em duas

abordagens a primeira denominada estruturalista pelo Banco Mundial analisa o capital

social como um recurso que facilita a accedilatildeo dos indiviacuteduos que participam de redes sociais e

que mantecircm viacutenculos diretos e indiretos com outros atores componentes da rede Neste grupo

as informaccedilotildees o apoio e as ideias que os indiviacuteduos buscam em seus pares satildeo recursos

(capital) na medida em que satildeo acessiacuteveis somente dentro e por meio dessas relaccedilotildees

A segunda abordagem interpreta o capital social como uma caracteriacutestica das

estruturas sociais que possibilita aos seus participantes a coesatildeo e os benefiacutecios associados

Essa segunda abordagem eacute classificada como cognitiva pelo Banco Mundial e estaacute associada a

Putnam que discute a sinergia entre o engajamento ciacutevico o crescimento econocircmico e o

governo como resultado do contexto poliacutetico institucional e legal

De acordo com Balestro (2006 p29) que analisou diferentes conceituaccedilotildees de capital

social e os agrupamentos propostos por Adler e Kwon as conceituaccedilotildees de capital social

podem ser organizadas tanto em um como em outro grupo

Guumlemes (2011 p 93) propotildee a diferenciaccedilatildeo em duas linhas teoacutericas construiacutedas a

partir dos elementos usados para a conceituaccedilatildeo de capital social Na primeira denominada

culturalista o capital social eacute concebido como algo subjetivo e associado aos valores

culturais atitudes e traccedilos individuais Na segunda a estruturalista o capital social eacute

concebido como um aspecto da estrutura social acessiacutevel a indiviacuteduos e grupos a partir da

75

participaccedilatildeo destes em redes As linhas de abordagem do Banco Mundial e de Adler e Kwon

adotaram os efeitos do capital social como elementos de classificaccedilatildeo enquanto Guumlmes se

utilizou de fontes do capital social para ordenaacute-las

Analisando as conceituaccedilotildees de capital social de diferentes autores e as linhas teoacutericas

propostas por Guumlemes foi possiacutevel organizaacute-las em duas vertentes a estruturalista e a

culturalista A sua distribuiccedilatildeo obedeceu agrave tipologia da abordagem identificada nas obras

referenciadas no Quadro 4 Assim os trabalhos de Bourdieu (1980) Coleman (1988) Portes

(1998) Woolcock e Narayan (2000) Faar (2004) Banco Mundial (1998) Araujo (2003)

Durston (1999) e Guumlmes (2011) foram classificados na vertente estruturalista haja vista a

preocupaccedilatildeo dos autores em ressaltar aspectos da estrutura social como normas e redes que

permitem aos indiviacuteduos a participaccedilatildeo em redes motivada por uma racionalidade induzida

por certos incentivos ou sanccedilotildees estruturais As obras de Putnam Fukuyama Baquero

Kliksberg Valdivieso e Lechner foram sistematizadas na linha culturalista em que os valores

culturais desempenham um importante papel nas conceituaccedilotildees de capital social

Os elementos usados para as conceituaccedilotildees de capital social e a aacuterea de conhecimento

do autor fornecem ainda a identificaccedilatildeo das fontes do capital social De acordo com Adler e

Kwon (2009 p 95) satildeo trecircs as principais fontes de capital social rede normas

compartilhadas e crenccedilas compartilhadas Segundo eles satildeo fontes interdependentes embora

cada uma delas contribua de maneira diferente para a formaccedilatildeo do capital social A natureza

das normas determina essa contribuiccedilatildeo e o sistema de crenccedilas comuns permite a

comunicaccedilatildeo das ideias e das experiecircncias entre os participantes das redes e tambeacutem

respondem pelo papel da confianccedila nas relaccedilotildees sociais poliacuteticas e econocircmicas como

defende Sen (2012 p 24)

Putnam (1993 p39) demonstrou que um dos efeitos diretos das normas e redes ciacutevicas

em comunidades com alto estoque de capital social eacute o desempenho efetivo das instituiccedilotildees

puacuteblicas Os efeitos do capital social nas instituiccedilotildees formais e informais no controle social

e no desenvolvimento local ou regional seratildeo tratados a seguir

76

Quadro 4 Conceituaccedilotildees de capital social e correntes teoacutericas das abordagens

CORRENTE

TEOacuteRICAAUTOR CONCEITUACcedilAtildeO DE CAPITAL SOCIAL

Pierre Bourdieu

(1980)

Um agregado dos recursos reais ou potenciais que estatildeo ligados agrave posse de uma rede duraacutevel de

relaccedilotildees mais ou menos institucionalizadas de conhecimento e de reconhecimento muacutetuo

(Traduccedilatildeo nossa)

James S

Coleman (1988)

Eacute definido por sua funccedilatildeo ou seja pelos benefiacutecios das relaccedilotildees que os grupos produzem ldquoNatildeo eacute

uma entidade uacutenica mas uma variedade de diferentes entidades com dois elementos em comum

todas elas consistem no mesmo aspecto das estruturas sociais e todas facilitam certas accedilotildees dos

indiviacuteduos da mesma estrutura (Traduccedilatildeo nossa)

Alejandro Portes

(1998)

A capacidade dos atores para garantir benefiacutecios em virtude da adesatildeo em redes sociais ou outras

estruturas sociais

Maria Celina

DrsquoAraujo (2003)

Argamassa que manteacutem as instituiccedilotildees em contato entre si e as vincula ao cidadatildeo visando agrave

produccedilatildeo do bem comum

Adler e Kwon

(2009)

Recurso formado pela configuraccedilatildeo e conteuacutedo das redes de relaccedilotildees sociais mais ou menos

duraacutevel e acessiacutevel aos atores individuais e coletivos que delas fazem parte

Mariacutea Ceciacutelia

Guumlemes (2011)

Vantagem de revalorizar bens sociais intangiacuteveis como a confianccedila ou a reciprocidade no marco

da problematizaccedilatildeo do desenvolvimento econocircmico (Traduccedilatildeo nossa)

World Bank (1998)

Inclui as instituiccedilotildees as relaccedilotildees as atitudes e os valores que governam as interaccedilotildees entre as

pessoas e contribui para o desenvolvimento econocircmico e desenvolvimento socialEle inclui o

compartilhamento de valores e regras de conduta social expressa nas relaccedilotildees pessoais confianccedila

e um senso comum de responsabilidade ciacutevica que torna a sociedade mais do que uma coleccedilatildeo

de indiviacuteduos (Traduccedilatildeo nossa)

James Faar (2004)

Rede de associaccedilotildees atividades ou relaccedilotildees que unem as pessoas em uma comunidade por meio de

certas normas e capacidades psicoloacutegicas nomeadamente de confianccedila que satildeo essenciais para a

sociedade civil e produtivas de accedilatildeo coletiva futura ou bens na forma de outras formas de capital

(Traduccedilatildeo nossa)

Michael Woolcock

e Deepa Narayan

(2000)

Normas e redes que possibilitam agraves pessoas o agir coletivo (Traduccedilatildeo nossa)

John Durston

(1999)

O conjunto de normas instituiccedilotildees e organizaccedilotildees que promovem a confianccedila e a cooperaccedilatildeo

entre as pessoas nas comunidades e nas sociedades (Traduccedilatildeo nossa)

Francis Fukuyama

(1999)

Uma norma instanciada que promove a cooperaccedilatildeo entre dois ou mais indiviacuteduos As normas que

constituem o capital social podem variar de uma regra de reciprocidade entre dois amigos ateacute

todo o caminho ateacute as doutrinas complexas elaboradas e bem articuladas(Traduccedilatildeo nossa)

Robert Putman

(2006)

Caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo social como confianccedila normas e sistemas que contribuam para

aumentar a eficiecircncia da sociedade facilitando as accedilotildees coordenadas a cooperaccedilatildeo

espontacircnea as normas e as cadeias de relaccedilotildees sociais multiplicam-se com o uso e miacutenguam

com o desuso constitui um bem puacuteblico ao contraacuterio do capital convencional que normalmente

eacute um bem privado a regra da reciprocidade generalizada eacute um componente altamente

produtivo

Kliksberg

Bernardo (2000)A confianccedila o comportamento ciacutevico o grau de associativismo

Patricio Valdivieso

(2003)

Recursos de indiviacuteduos e coletividades que incluem redes sociais confianccedila normas comuns

accedilotildees cooperativas entre outras (Traduccedilatildeo nossa)

Marcello Baquero

(2003)

Envolvimento dos indiviacuteduos em atividades coletivas que geram beneficios em um espectro mais

amplo

Norbert Lechner

(1999)Confianccedila social normas de reciprocidade e redes de compromisso ciacutevico

Est

rutu

rali

sta

Cu

ltu

rali

sta

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

77

411 Capital social e seus efeitos sobre as poliacuteticas de desenvolvimento

As fontes do capital social tecircm influenciado a produccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos que

identificam uma multiplicidade de efeitos deste em diferentes niacuteveis (individual social

poliacutetico e econocircmico) Entretanto Portes (1998) argumenta que os efeitos do capital social

podem ser agrupados conforme suas funccedilotildees Para ele satildeo trecircs as funccedilotildees baacutesicas que podem

ser aplicadas a uma variedade de contextos (i) como uma fonte de controle social (ii) como

uma fonte de suporte familiar ou (iii) como fonte de benefiacutecios por meio de redes

extrafamiliares Neste texto a anaacutelise dos efeitos do capital social se desenvolveraacute a partir dos

niacuteveis de atuaccedilatildeo destacando as principais funccedilotildees destes

Os efeitos do capital social para o indiviacuteduo que participa de rede de relaccedilotildees sociais

podem ser enumerados desde o fortalecimento do sentimento de felicidade de satisfaccedilatildeo com

a vida como prevecirc Guumlemes (2011p95) ateacute a possibilidade de acesso a recursos escassos

como defende Albagli e Maciel (2002 p9) a fontes mais amplas de informaccedilatildeo a um custo

menor e ao poder sustentada por Adler e Kwon (2000 p 103) e ainda agrave difusatildeo da

confianccedila interpessoal como propotildee Jordana (2000)

No niacutevel social os efeitos do capital social devem ser analisados como fonte de

benefiacutecios oriundos das redes extrafamiliares e da capacidade dos indiviacuteduos de estabelecer

relaccedilotildees e formar redes Eacute a funccedilatildeo mais comum e mais estudada e se encontra vinculada agrave

solidariedade agraves obrigaccedilotildees de reciprocidade agrave confianccedila estabelecida entre os indiviacuteduos

que participam de redes Os principais benefiacutecios destacados satildeo o fortalecimento dos haacutebitos

de cooperaccedilatildeo solidariedade e espiacuterito puacuteblico compartilhamento das accedilotildees e facilidade nas

transaccedilotildees do mercado como defendem Bourdieu (1980) Portes (1998) Woolcock e Narayan

(1999) Fukuyama (1999) Baquero (2003e 2008) Rattner ( 2002) e Faar (2004)

No niacutevel poliacutetico o controle social ou controle democraacutetico por ser uma expressatildeo da

democracia participativa e de uma sociedade organizada (formal ou informalmente) e com

capacidade de participaccedilatildeo cidadatilde eacute reconhecidamente uma funccedilatildeo que vem ganhando

destaque natildeo apenas na gestatildeo puacuteblica com os estudos que enfatizam a importacircncia do capital

social para a governabilidade democraacutetica a democracia a eficiecircncia na Administraccedilatildeo

Puacuteblica e a qualidade das poliacuteticas puacuteblicas mas sobretudo correlacionada com a funccedilatildeo

econocircmica que destaca os efeitos do capital social sobre as poliacuteticas de desenvolvimento uma

vez que este estaacute sendo analisado e proposto como o elemento faltante no crescimento

78

econocircmico (PUTNAM 1993 GUumlEMES 2011 RUTTEN e BOEKEMA 2007 BAQUERO

2003 e 2008 e VALDIVIESO 2003)

Para Portes (1998) a funccedilatildeo controle social agrega uma seacuterie de estudos que ressaltam

o papel das instituiccedilotildees e do controle social Nesta seacuterie cabe destaque ao estudo de

Woolcock e Narayan(2000 p228) que investiga o papel e a importacircncia das comunidades e

instituiccedilotildees nas poliacuteticas de desenvolvimento econocircmico Para eles essa investigaccedilatildeo pode ser

realizada a partir de quatro perspectivas na visatildeo comunitaacuteria (as associaccedilotildees locais como

elemento do desenvolvimento) na visatildeo de redes (as redes horizontais e verticais e as

relaccedilotildees intra e intergrupais como fator de desenvolvimento) a visatildeo institucional (a

qualidade das instituiccedilotildees poliacuteticas legais econocircmicas e sociais como fator do

desenvolvimento) e a visatildeo sineacutergica (se baseia na relaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade como

base para o desenvolvimento)

De acordo com Woolcock e Narayan (2000 p234) a capacidade de mobilizaccedilatildeo dos

grupos sociais por interesses coletivos depende precisamente da qualidade das instituiccedilotildees

formais com as quais funcionam o desempenho do governo na prestaccedilatildeo dos serviccedilos e na

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem como o desempenho das empresas privadas

dependem da coerecircncia interna destes e da responsabilidade social adotada Essa dependecircncia

torna-se mais visiacutevel quando se comparam as oportunidades sociais oferecidas a indiviacuteduos

com e sem acesso a serviccedilos puacuteblicos de qualidade

O capital social como fator de desenvolvimento econocircmico eacute fortalecido ainda pela

proposta do desenvolvimento sustentaacutevel que insere a dimensatildeo social natildeo apenas como

finalidade mas sobretudo como variaacutevel articuladora entre o modelo econocircmico produtivo e

o desenvolvimento social como propotildee Perico (2008 p34) Esta articulaccedilatildeo seraacute estabelecida

a partir do conhecimento das intervenccedilotildees econocircmicas produtivas e da infraestrutura social e

do seu capital social O conhecimento do capital social a partir de indicadores deve fornecer

as bases para as estrateacutegias de crescimento econocircmico sustentaacutevel e o desenvolvimento social

efetivo

A confirmaccedilatildeo de correlaccedilatildeo positiva entre o capital social o desenvolvimento o

desempenho governamental e o fortalecimento das democracias tem estimulado pesquisadores

a buscar respostas para a possibilidade da construccedilatildeo do capital social Warner (2002) e

Nicholls (2009) acreditam que tanto o governo local quanto as instituiccedilotildees governamentais e

as organizaccedilotildees natildeo governamentais podem estruturar o capital social Os principais meios

pelos quais os governos locais podem contribuir para a formaccedilatildeo do capital social satildeo a

79

descentralizaccedilatildeo da execuccedilatildeo de programas e projetos concedendo agraves organizaccedilotildees sociais

essa execuccedilatildeo e mais a institucionalizaccedilatildeo de espaccedilos para a participaccedilatildeo popular para o

controle das poliacuteticas puacuteblicas e para a formaccedilatildeo de alianccedilas

A ideia de participaccedilatildeo cidadatilde transcende a noccedilatildeo de participaccedilatildeo poliacutetica e requer o

envolvimento das pessoas nas decisotildees de poliacuteticas e no controle social da gestatildeo puacuteblica ou

seja um alto niacutevel de capital social Os argumentos apresentados em favor da participaccedilatildeo

enfatizam a eficaacutecia das poliacuteticas a boa governanccedila a sustentabilidade o fortalecimento do

capital social a democratizaccedilatildeo o fortalecimento da sociedade civil e o desenvolvimento

Em relaccedilatildeo ao papel das instituiccedilotildees puacuteblicas na construccedilatildeo do capital social Warner

(2002) cita que a descentralizaccedilatildeo dos programas e o controle social das poliacuteticas e programas

compartilhados com a populaccedilatildeo aleacutem do impacto sobre o desenvolvimento do capital social

satildeo maiores quanto maior a capacidade de participaccedilatildeo da comunidade Quanto agrave capacidade

de as organizaccedilotildees sociais construiacuterem o capital social o autor admite esse poder embora

relacione algumas caracteriacutesticas verificadas em algumas comunidades que podem contribuir

para um baixo desempenho dessas organizaccedilotildees Satildeo elas a baixa capacidade associativa e

cooperativa as relaccedilotildees sociais fracas a falta de compromisso com os bens puacuteblicos ou

ainda em comunidades suscetiacuteveis de mudanccedilas em funccedilatildeo de forccedilas externas

Por fim constata-se de fato a complexidade da conceituaccedilatildeo do capital social e

sobretudo de sua aplicabilidade em um estudo teacutecnico-cientiacutefico Parte dessa complexidade

reside na necessidade do reconhecimento e da mensuraccedilatildeo das relaccedilotildees sociais estabelecidas

nos grupos e entre a sociedade civil o Estado e o mercado uma vez que todos os agentes e

atores (indiviacuteduos e organizaccedilotildees) estatildeo inseridos num contexto social Isso significa que satildeo

partes de um sistema permanente de relaccedilotildees sociais Esse sistema contiacutenuo de relaccedilotildees

sociais ao longo do tempo desenvolve suas proacuteprias normas valores e regras etc que satildeo

especiacuteficos de cada lugar e de cada regiatildeo

No contexto dessas especificidades eacute que se propotildee analisar o estoque de capital social

dos e nos territoacuterios de planejamento e a capacidade desse estoque na participaccedilatildeo do

processo de planejamento das poliacuteticas puacuteblicas na elaboraccedilatildeo dos instrumentos de

planejamento governamental e na construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de estruturas de governanccedilas

dessas poliacuteticas

A governanccedila como valor instrumental do e para o desenvolvimento eacute destacada por

Rodrik (2008) e Fukuyama (2008) que avaliam tanto o desempenho do Estado na prestaccedilatildeo

80

dos serviccedilos puacuteblicos quanto a organizaccedilatildeo social para a participaccedilatildeo democraacutetica e o controle

social

A estruturaccedilatildeo desses sistemas de governanccedila bem como seu uso como instrumento

para o desenvolvimento local e ou territorial dependem diretamente do capital social local

Desse modo o subcapiacutetulo seguinte trataraacute desse tema

42 Governanccedila e Governabilidade

Nos argumentos da teoria do desenvolvimento local endoacutegeno que enfatiza a melhoria

do desempenho da Administraccedilatildeo Puacuteblica a partir da inserccedilatildeo de outros agentes do

desenvolvimento no processo decisoacuterio o tema governanccedila (governance) se constitui um de

seus principais elementos Isto porque a proposta do desenvolvimento local como alternativa

de modelo enfatiza a pluralidade de agentes do desenvolvimento Essa pluralidade de agentes

exige clareza na coordenaccedilatildeo e nas regras do jogo base para a compreensatildeo da governanccedila

Inicialmente eacute importante entender a origem do termo governanccedila sua evoluccedilatildeo

conceitual e relaccedilatildeo com o desenvolvimento no Estado contemporacircneo A tentativa desse

resgate justifica-se pela necessidade do reconhecimento das possibilidades e dos desafios

desse instrumento analiacutetico em um modelo de desenvolvimento territorial

Etimologicamente a palavra

Governanccedila deriva-se do verbo grego kubernacircn (sic) (na realidade

xuβερνάω kubernaacuteo) que significa pilotar ou dirigir e que atraveacutes do latim

ldquogubernantiardquo chega ao castelhano antigo e ao portuguecircs ndashldquogovernanccedilardquondash

desde o francecircs ldquogouvernancerdquo (CENDOacuteN 2002 p 11 Traduccedilatildeo nossa)

O conceito de governanccedila tem sido formulado em diferentes campos do conhecimento

como na ciecircncia poliacutetica na economia na sociologia e ganhou relevacircncia na deacutecada de 1990

Embora exista uma profusa literatura sobre governanccedila natildeo haacute aqui a pretensatildeo de uma

revisatildeo extensiva e criacutetica sobre a temaacutetica O principal objetivo eacute contribuir para a discussatildeo

conceitual do que seja governanccedila e explicar a sua estruturaccedilatildeo em um sistema democraacutetico

com ldquolegitimidade miacutenima na formaccedilatildeoorientaccedilatildeo dos seus respectivos governosrdquo

81

(ARAUJO 2002 p 5)44

Desse modo as subseccedilotildees a seguir trataratildeo dos conceitos propostos

para governanccedila e governabilidade e da estruturaccedilatildeo de sistema de governanccedila

421 Conceitos de Governanccedila

O termo governanccedila ou como sugere Cendoacuten (2002 p 11) ldquoessa forma especial de

governarrdquo surge em um contexto de crise do Estado-Nacional (crise de governabilidade) cujo

primeiro registro tem sido atribuiacutedo ao Relatoacuterio para a Comissatildeo Trilateral intitulada The

Crisis of Democracy elaborado pelos cientistas poliacuteticos Samuel Huntington Michael Crozier

e Joji Watanuki em 1975 (ARAUJO 2002 SANTOS 2001 IVO 2002 e PRATS 2004) O

relatoacuterio conteacutem um diagnoacutestico as disfunccedilotildees da democracia e um conjunto de accedilotildees

estrateacutegicas e taacuteticas (o ldquoreceituaacuterio normativordquo como propotildee Ivo 2002 p3) que visava ao

fortalecimento das democracias e ao desenvolvimento equilibrado e sustentaacutevel nos paiacuteses em

desenvolvimento (HUNTINGTON et al 1975p 173)

Na deacutecada de 1980 a continuidade da discussatildeo da crise do Estado-Nacional foi

ampliada com a formaccedilatildeo de blocos econocircmicos da globalizaccedilatildeo e das reflexotildees sobre as

caracteriacutesticas do desenvolvimento endoacutegeno das poliacuteticas descentralizadas da mobilizaccedilatildeo

da pressatildeo e da organizaccedilatildeo da sociedade civil Nesse momento as agecircncias financiadoras

principalmente o Banco Mundial e o Fundo Monetaacuterio Internacional (FMI) aleacutem do Programa

das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) iniciam a produccedilatildeo de trabalhos que

orientavam a reforma administrativa e econocircmica e a praacutetica da boa governanccedila para os paiacuteses

em desenvolvimento Esse conjunto de praacuteticas e a criaccedilatildeo de novas institucionalidades que

tinham como objetivo fortalecer a democracia e a eficaacutecia dos governos para a promoccedilatildeo do

desenvolvimento equilibrado e sustentaacutevel denominado boa governanccedila fez com que o

conceito de governanccedila fosse empregado com o adjetivo ldquoboardquo ldquobuena gobernanzardquo ldquogood

governancerdquo (CENDOacuteN 2002 p12)

O Banco Mundial45

desenvolveu diversos trabalhos sobre a temaacutetica sendo o livro

Governance and Development lanccedilado em 1992 aquele que tem sido citado por autores

44

O autor considera legitimidade democraacutetica miacutenima a garantia de direitos fundamentais como a eleiccedilatildeo direta

respeito agrave oposiccedilatildeo voto secreto liberdade de expressatildeo e associaccedilatildeo pluripartidarismo e outros

45 O Banco Mundial conceitua governanccedila como uma ferramenta analiacutetica ou operacional Como ferramenta

operacional a governanccedila eacute interpretada a partir de trecircs aspectos (i) forma do regime poliacutetico (ii) processo no

qual eacute exercida a autoridade na administraccedilatildeo dos recursos econocircmicos e sociais de um paiacutes para o

82

como Santos (2001) como referecircncia para o conceito de governanccedila De acordo com a autora

governanccedila para o Banco Mundial refere-se agrave forma como eacute exercido o poder no

gerenciamento dos recursos econocircmicos e sociais de um paiacutes para o desenvolvimento

(SANTOS 2001 p8) O conceito de governanccedila para o Banco Mundial vincula-se ao

Estado e sua capacidade poliacutetica teacutecnica e institucional para a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e

acompanhamento das poliacuteticas puacuteblicas Desse modo a boa governanccedila como um conjunto de

praacuteticas buscava a estruturaccedilatildeo de uma governanccedila que fortalecesse a democracia

participativa e a governabilidade uma vez que atribui a este uacuteltimo o poder poliacutetico

institucional formal local

O Livro Branco da Comunidade Europeia conceitua governanccedila com base nas

ferramentas (regras praacuteticas processos) e nos valores essenciais (responsabilidade

transparecircncia coerecircncia eficiecircncia e eficaacutecia) disponibilizados para o grupo (LIVRO

BRANCO 2001 p8) que tambeacutem dizem respeito a ferramentas e valores essenciais para o

setor puacuteblico empreender as mudanccedilas necessaacuterias agrave participaccedilatildeo da sociedade civil

organizada e do setor produtivo na gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

O Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) reconhece a

importacircncia da gestatildeo puacuteblica e o fortalecimento da democracia para o desenvolvimento

como defendido por algumas organizaccedilotildees internacionais e sobretudo compreende a

dificuldade do diaacutelogo e aceitaccedilatildeo da estruturaccedilatildeo da governanccedila entre os paiacuteses em

desenvolvimento pela diversidade de pontos de vista e suas limitaccedilotildees Para o PNUD (1997

p9) a governanccedila trata aleacutem do setor puacuteblico do setor privado e das organizaccedilotildees da

sociedade civil Desse modo para o PNUD governanccedila eacute

O exerciacutecio da autoridade econocircmica poliacutetica e administrativa para gerir os

assuntos de um paiacutes em todos os niacuteveis Compreende os mecanismos

processos e instituiccedilotildees atraveacutes dos quais os cidadatildeos e grupos articulam

seus interesses exercer os seus direitos legais cumprem as suas obrigaccedilotildees e

mediam suas diferenccedilas (PNUD 1997 p 9)

O exerciacutecio da autoridade econocircmica natildeo deve se confundir com a autoridade poliacutetica

que por sua vez natildeo deve interferir na autoridade administrativa como se espera em um

regime democraacutetico E eacute esse reconhecimento da autoridade do outro que facilita o respeito agraves

regras instituiccedilotildees e praacuteticas necessaacuterias ao gerenciamento dos recursos econocircmicos e sociais

de um paiacutes e fundamentalmente estabelece as regras para a participaccedilatildeo de todos os agentes

desenvolvimento (iii) capacidade de planejamento e formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e a descentralizaccedilatildeo das

funccedilotildees (HYDEN e COURT 2002 p 12 traduccedilatildeo nossa)

83

do desenvolvimento na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas Ao Estado contemporacircneo cabem o

desafio e o papel de regulador coordenador entre os diversos elementos do arranjo e

garantidor dos direitos dos cidadatildeos

Outra perspectiva teoacuterica de anaacutelise da governanccedila surge com a proposta do

desenvolvimento local sustentaacutevel da descentralizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas e dos distritos

industriais No contexto do desenvolvimento local sustentaacutevel a inspiraccedilatildeo foi a experiecircncia

da Inglaterra com o incentivo agrave inovaccedilatildeo agrave participaccedilatildeo social e descentralizaccedilatildeo das

poliacuteticas puacuteblicas (IVO 2002 p 8)

Analisando as estruturas da governanccedila dos distritos industriais Tapia (2005)

reconhece a relativa heterogeneidade das abordagens conceituais de governanccedila nos estudos

produzidos Poreacutem conseguiu enfatizar trecircs vertentes analiacuteticas a primeira trata da ecircnfase da

dimensatildeo territorial do desenvolvimento local e do papel estrateacutegico das instituiccedilotildees no

desenvolvimento a segunda discute a governanccedila no contexto do paradigma da concertaccedilatildeo

social inspirada nas experiecircncias dos Pactos Territoriais na Europa e em especial a

experiecircncia regional italiana e por fim aquela que tem inspiraccedilatildeo na teoria das organizaccedilotildees

e na administraccedilatildeo e em seu caraacuteter normativo (TAPIA 2003 p 7)

A estrutura de governanccedila dos distritos industriais baseada na teoria das organizaccedilotildees

e na praacutetica de gerenciamento de empresas privadas serviu de modelo para o setor puacuteblico na

proposta da administraccedilatildeo puacuteblica gerencial46

No Brasil o principal defensor da

administraccedilatildeo puacuteblica gerencial foi Bresser-Pereira Para esse autor a governanccedila

compreende mecanismos processos e instituiccedilotildees puacuteblicas por meio das quais o Estado

transforma suas poliacuteticas em realidades

Aleacutem de Bresser-Pereira a maioria dos autores brasileiros analisados e relacionados

do Quadro 3 entre outros conceitua governanccedila como um atributo do poder puacuteblico como

pode ser percebido nos conceitos formulados por Diniz (1997) Ferreira (1996) Oliveira

(2003) Rua (1997) Araujo (2002) e outros como Kaufmann e Kraay (2007) Desse modo a

participaccedilatildeo socialquando prevista ocorre ateacute o grau de consulta obrigatoacuteria47 como pode ser

constatado nos estudos que analisam o funcionamento dos conselhos constitucionais de

poliacuteticas puacuteblicas Esses conselhos tecircm revelado limitaccedilotildees ora pela ausecircncia das

46

As principais caracteriacutesticas da administraccedilatildeo puacuteblica gerencial podem ser encontradas em Bresser-Pereira

Luis Carlos A reforma do Estado dos anos 90 loacutegica e mecanismos de controle Cadernos MARE da Reforma

do Estado nordm 01 1997 p 42 47

De acordo com Bordenave os graus e niacuteveis de participaccedilatildeo satildeo sete Satildeo eles informativo consultivo

facultativo consultivo obrigatoacuterio elaboraccedilatildeorecomendaccedilatildeo cogestatildeo delegaccedilatildeo e autogestatildeo (BORDENAVE

2007 p31)

84

informaccedilotildees ora pela pouca capacidade teacutecnica e poliacutetica das lideranccedilas sociais para

formulaccedilatildeo e anaacutelise das poliacuteticas e negociaccedilatildeo de prioridades e alianccedilas como afirma

Albuquerque (2004 p39)

Outro enfoque conceitual analisado ressalta a dimensatildeo social com o envolvimento e a

participaccedilatildeo da sociedade civil organizada e dos cidadatildeos na formulaccedilatildeo implementaccedilatildeo e

controle das poliacuteticas puacuteblicas aleacutem do compartilhamento de atribuiccedilotildees e pesos entre os

diferentes agentes Dentre os principais autores destacam-se Pratis (1998) com o sistema

institucional formal e informal Tapia (2005) que percebe uma accedilatildeo coletiva de um sistema

de atores Amos (2010) e suas formas de cooperaccedilatildeo e Santos (2001) com o padratildeo de

articulaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo O envolvimento e a participaccedilatildeo social na formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas sem uma reforma que envolva aspectos poliacuteticos

econocircmicos instrumentais e institucionais ndash formais e informais governamentais e natildeo

governamentais fundamentalmente eacute um esforccedilo que carece de anaacutelise mais acurada e uma

maturaccedilatildeo sobre os instrumentos haja vista os riscos efetivos do fortalecimento das praacuteticas

clientelistas que possuem raiacutezes fortes e ainda robustas na cultura poliacutetica brasileira e

nordestina

No esforccedilo de anaacutelise da governanccedila urbana no Brasil Frey (2007 p141) propotildee duas

vertentes de reflexotildees teoacutericas em torno da reforma e modernizaccedilatildeo do Estado e da gestatildeo

puacuteblica e ressalta a importacircncia dessas concepccedilotildees como referencial para a anaacutelise da

governanccedila A primeira delas denominada socialdemocraacutetica caracteriza-se pela

modernizaccedilatildeo gerencial do setor puacuteblico poreacutem manteacutem o gestor isolado das pressotildees sociais

e a segunda a democraacutetico-participativa propotildee a reestruturaccedilatildeo dos mecanismos de decisatildeo

e requer novas habilidades do gestor puacuteblico tanto para a formulaccedilatildeo dos processos quanto

para a articulaccedilatildeo integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo na sua implementaccedilatildeo e controle (FREY 2007

p141)

Fundamentando-se nas duas vertentes de reflexotildees teoacutericas de Frey (2007) tornou-se possiacutevel

a identificaccedilatildeo do referencial teoacuterico da governanccedila dos textos analisados conforme mostra o

Quadro 548

48

Eacute importante esclarecer que a vertente teoacuterica natildeo estaacute sendo proposta para o autor e sim para sua expressatildeo no

texto analisado

85

Quadro 5 Autores e propostas conceituais de governanccedila e governabilidade

AUTORES GOVERNANCcedilA GOVERNABILIDADE CONTEXTO

BrasilPresidecircncia

da Repuacuteblica

(1995)

Capacidade de implementar as poliacuteticas

puacuteblicas Poder para governar

Luiz C Bresser-

Pereira (1997)

Capacidade efetiva de que o Governo dispotildee

para transformar suas poliacuteticas em realidades Aspectos poliacuteticos

Caio MMFerreira

(1996)

Capacidade de implementaccedilatildeo das

transformaccedilotildees necessaacuterias

Condiccedilotildees de legitimidade de um determinado

governo para empreender as transformaccedilotildees

necessaacuterias

Gustavo J de

Oliveira (2003)Forma como eacute exercido o poder

Condiccedilotildees de legitimidade e sustentaccedilatildeo poliacutetica

que um governo tem para exercer o poder

Eli Diniz (1997)

Capacidade de accedilatildeo estatal na implementaccedilatildeo

das poliacuteticas e na consecuccedilatildeo das metas

coletivas Refere-se ao conjunto de

mecanismos e procedimentos para lidar com a

dimensatildeo participativa e plural da sociedade

()

Refere-se agraves condiccedilotildees sistecircmicas mais gerais

sob as quais se daacute o exerciacutecio do poder em uma

dada sociedade tais como as caracteriacutesticas do

regime poliacutetico() a forma de governo () as

relaccedilotildees entre os poderes () os sistemas

partidaacuterios () entre outras

Viniacutecius de C

Araujo (2002)

Capacidade que um determinado governo tem

para formular e implementar as suas poliacuteticas

Refere-se agraves proacuteprias condiccedilotildees

substantivasmateriais de exerciacutecio do poder e de

legitimidade do Estado e do seu governo

derivadas da sua postura diante da sociedade

civil e do mercado

Maria da G Rua

(1997)Rotinas de gerenciamento despolitizado

Dimensatildeo propriamente poliacutetica do processo de

governo

Joan Prats i Catalaacute

(1998)

Sistema institucional - formal e informal - que

demarca a accedilatildeo dos atores sociais -

governamentais e natildeo governamentais

Capacidade de um sistema democraacutetico para se

autogovernar e enfrentar positivamente os

desafios e as oportunidades

Maria Helena de

C Santos (2001)

Padratildeo de articulaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre

atores sociais e politicos e arranjos institucionais

que coordenam e regulam transaccedilotildees dentro e

pelas fronteiras do sistema econocircmico

Capacidade de um sistema poliacutetico em produzir

poliacuteticas puacuteblicas que resolvam os problemas da

sociedade ou a capacidade dos governos de

converter o potencial poliacutetico de um dado

conjunto de instituiccedilotildees e praacuteticas poliacuteticas em

capacidade de definir implementar e sustentar

poliacuteticas

Democraacutetico-

Participativo

Socialdemocraacutetico

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

Kersbergen e Waarden (2004) revisaram os diferentes conceitos de governanccedila e

entre outras conclusotildees afirmaram que as caracteriacutesticas usadas satildeo comuns a todas as

interpretaccedilotildees poreacutem as abordagens satildeo diferentes (Kersbergen e Waarden 2004 p151)

Para esses autores haacute pouca teoria sobre os temas poreacutem muita confusatildeo conceitual

(KERSBERGEN e WAARDEN 2004 p144) Para Araujo (2002) natildeo haacute uma definiccedilatildeo

clara de governabilidadegovernanccedila e a variaccedilatildeo conceitual depende da orientaccedilatildeo

ideoloacutegica do autor (ARAUJO 2002 p 6) De fato percebe-se que os termos estado e

governo satildeo as palavras-chave dos conceitos apresentados e que haacute uma tendecircncia da

86

vinculaccedilatildeo dos termos governanccedila e governabilidade com o poder do Estado e concentraccedilatildeo

da anaacutelise na dimensatildeo teacutecnica por meio da necessidade de ajustes do aparelho do Estado

Outros autores interpretam a governanccedila como uma qualidade do sistema poliacutetico e

referem-se a disposiccedilotildees comportamentais em vez de capacidades teacutecnicas (HYDEN e

COURT 2002 p13)

Essa disposiccedilatildeo comportamental estaacute diretamente ligada agrave cultura poliacutetica e

consequentemente ao controle democraacutetico de uma sociedade Portanto aplica-se tanto ao

poder puacuteblico para adotar os princiacutepios da boa governanccedila49

ou de novas habilidades

gerenciais como a flexibilidade a articulaccedilatildeo e a cooperaccedilatildeo quanto agrave populaccedilatildeo para a

mobilizaccedilatildeo a organizaccedilatildeo e a participaccedilatildeo50

Dessa forma governanccedila se estabelece em um

cenaacuterio onde haacute liberdade poliacutetica e confianccedila ou seja onde haacute capital social Desse modo o

sistema de governanccedila eacute possiacutevel onde haacute estoque de capital social Visando a uma melhor

compreensatildeo de um sistema de governanccedila a subseccedilatildeo a seguir abordaraacute a estruturaccedilatildeo de

sistema de governanccedila

422 Estruturaccedilatildeo de Sistema de governanccedila

Ao longo desta seccedilatildeo pretende-se descrever um sistema de governanccedila Para tanto e

considerando a profusatildeo de conceitos de governanccedila e de governabilidade adota-se neste

ensaio a governanccedila como um sistema apoiado por sua legitimidade conferida pelo sistema

democraacutetico constituiacutedo pelas instituiccedilotildees normas e procedimentos que permitem a

mobilizaccedilatildeo o envolvimento e a participaccedilatildeo efetiva da sociedade e do setor privado no

planejamento na formalizaccedilatildeo e na implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas e das accedilotildees

governamentais A Figura 3 esquematiza a proposta do sistema da governanccedila no Estado

contemporacircneo

O sistema eacute formado por todos os agentes do desenvolvimento (Estado mercado e

sociedade) e pelos instrumentos e regramentos utilizados por estes agentes para assegurar a

formalizaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas que se apoiam na estrutura

49

Segundo o Livro Branco das Comissotildees das Comunidades Europeias satildeo cinco os princiacutepios em que se baseia

a boa governanccedila a abertura que propotildee mais transparecircncia e linguagem acessiacutevel ao grande puacuteblico a ampla

participaccedilatildeo a responsabilizaccedilatildeo de cada agente por seus papeacuteis a eficaacutecia assegurando as respostas das

pressotildees sociais e a coerecircncia das accedilotildees com o sistema e a proposta de desenvolvimento (2007 p11) 50

Para Dowbor (1999 p79) somos um paiacutes sem cultura participativa e a transformaccedilatildeo do niacutevel de consciecircncia

eacute lenta

87

poliacutetico-administrativa do Estado na capacidade de negociaccedilatildeo dos agentes e sobretudo na

capacidade de mobilizaccedilatildeo de organizaccedilatildeo da sociedade civil e de disposiccedilatildeo para participar

do processo (capital social)

Esse sistema de governanccedila assegura a governabilidade aqui entendida como a

capacidade sistecircmica desenvolvida pela estrutura da governanccedila para a gestatildeo efetiva e o

alcance das metas estabelecidas

Figura 3 Sistema da Governanccedila no Estado contemporacircneo

FonteAdaptaccedilatildeo de Bustamante Rocionegowatorg

GOVERNABILIDADE

GOVERNANCcedilA

Estado Sociedade Civil

Dimensatildeo

Normativa

(poliacutetica-

administrativa)

Dimensatildeo da

negociaccedilatildeo Dimensatildeo de

Organizaccedilatildeo

Mobilizaccedilatildeo e

empoderamento

Mercado

Formulaccedilatildeo Implementaccedilatildeo e

Controle Social das poliacuteticas

Puacuteblicas

Segundo Frisken e Norris (2001 p468) quanto maior a horizontalidade do arranjo ou

dos componentes do sistema mais facilitada eacute a cooperaccedilatildeo e a participaccedilatildeo Desse modo em

sociedades caracterizadas por forte concentraccedilatildeo de poder de desigualdades sociais e de

precariedade da cidadania a estruturaccedilatildeo da governanccedila eacute um dos maiores desafios

O conceito de governanccedila vem sendo construiacutedo como uma categoria analiacutetica tanto

na economia quanto na ciecircncia poliacutetica Prats (2006) acredita que a conceituaccedilatildeo de

governanccedila e sua importacircncia para o desenvolvimento se originaram entre outros fatores do

88

reconhecimento de que a eficaacutecia e a eficiecircncia da gestatildeo puacuteblica natildeo dependem somente da

accedilatildeo do governo mas tambeacutem das institucionalidades da participaccedilatildeo da sociedade civil e

de novos instrumentos analiacuteticos como o capital social Pesquisas empiacutericas de Putnam (2006)

confirmaram a correlaccedilatildeo positiva entre capital social e desempenho institucional

O reconhecimento dos processos de planejamento bem como das instituiccedilotildees que

subsidiaram e que subsidiam as propostas das poliacuteticas de desenvolvimento regional ao longo

desses quase sessenta anos eacute o desafio de anaacutelise proposta no capiacutetulo seguinte

89

5 PLANEJAMENTO EM SERGIPE

ldquoO mercado eacute muito compatiacutevel com a

liberdade mas obviamente eacute um produtor

de desigualdades E para que as

desigualdades sejam aceitas eacute preciso que

elas partam do mesmo lugar O homem eacute

naturalmente diferente Ningueacutem quer a

igualdade no final noacutes queremos a

igualdade no comeccedilo O resultado final eacute

diferenciado mesmordquo (DELFIN NETO

2008 p8)

90

5 PLANEJAMENTO EM SERGIPE

O planejamento do desenvolvimento como processo de decisatildeo compartilhada e

objetivos comuns direcionados para mudar a realidade e ou as condiccedilotildees de uma regiatildeo

fundamenta-se em uma complexa rede que exige natildeo apenas a estabilidade econocircmica e

poliacutetica mas sobretudo estruturas de governanccedilas capazes natildeo soacute de reconhecer as etapas do

processo mas assegurar sua continuidade no tempo e no espaccedilo

Para tanto ao longo dos primeiros capiacutetulos recorreu-se agraves contribuiccedilotildees teoacutericas

sobre regiatildeo regionalizaccedilatildeo planejamento desenvolvimento capital social e governanccedila O

objetivo das contribuiccedilotildees teoacutericas eacute facilitar a explicaccedilatildeo natildeo apenas da construccedilatildeo

acadecircmica das categorias geograacuteficas regiatildeo e territoacuterio e dos processos derivados

regionalizaccedilatildeo regionalismo territorializaccedilatildeo e territorialidade como tambeacutem da apropriaccedilatildeo

dessas categorias como unidades de planejamento do desenvolvimento e gestatildeo de poliacuteticas e

programas

Desse modo pretende-se resgatar a trajetoacuteria do planejamento do desenvolvimento

regional em Sergipe com a finalidade de explorar o papel do Estado e das poliacuteticas puacuteblicas

na construccedilatildeo ou desconstruccedilatildeo do capital social na linha interpretativa neoinstitucionalista

do capital social

Nesse sentido este capiacutetulo trata da histoacuteria do planejamento e das institucionalidades

do planejamento em Sergipe tomando por base a institucionalidade maior do planejamento

regional ndash a Sudene e seu impacto sobre o capital social Pelo reconhecimento do modelo

autoritaacuterio e centralizador da Companhia Hidro Eleacutetrica do Satildeo Francisco (Chesf) e pelos

resultados empiacutericos de fortalecimento de capital social dos atingidos por barragens avalia-se

o papel desta institucionalidade na destruiccedilatildeo e (re)construccedilatildeo de capital social regional e em

Sergipe

91

51 Relevacircncia das instituiccedilotildees puacuteblicas de desenvolvimento regional na construccedilatildeo ou

destruiccedilatildeo de capital social em Sergipe

O contexto que justifica o breve exame de institucionalidades de desenvolvimento

regional neste trabalho eacute a perspectiva da contribuiccedilatildeo do planejamento e da execuccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas no fortalecimento do capital social especialmente em Sergipe A

Superintendecircncia do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) a Companhia Hidreleacutetrica do

Satildeo Francisco (Chesf) foram os oacutergatildeos de desenvolvimento regional selecionados para a

breve avaliaccedilatildeo A Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste por ser o oacutergatildeo

principal e pioneiro na aplicaccedilatildeo do planejamento regional como instrumento para o

desenvolvimento e a Companhia Hidreleacutetrica do Satildeo Francisco pela experiecircncia empiacuterica na

destruiccedilatildeo e fortalecimento do capital social dos atingidos por barragens

511 A Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste a essecircncia do planejamento

regional brasileiro

A criaccedilatildeo da Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste51

(Sudene) eacute um

marco tanto no planejamento regional brasileiro quanto na concepccedilatildeo do Nordeste como uma

macrorregiatildeo com potencialidades ambientais e socioeconocircmicas fragilidades e limitaccedilotildees

ambientais e socioeconocircmicas (BARROS 1975 COHN 1976 SILVA FILHO 1997

GARCIA 1999 CARVALHO 2001 SILVA 2002 OLIVEIRA 2003 MATTEO et al

2013) Para outros autores o planejamento regional brasileiro se confunde com a criaccedilatildeo da

Superintendecircncia do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) (ALBUQUERQUE e

CAVALCANTE 1978 PERIDES 1994 LAFER 1975)

Na visatildeo de Cano (1994 p 312) o papel do Estado foi muito vigoroso seja direta

seja indiretamente por meio da criaccedilatildeo de mecanismos como incentivos fiscais implantaccedilatildeo

de plantas industriais e ainda como destacam Geiger (2001) e Souza (1979) da criaccedilatildeo de

instituiccedilotildees voltadas especificamente para a gestatildeo regional

51

A Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) eacute uma autarquia federal especial vinculada

atualmente ao Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional com sede na cidade de Recife capital de Pernambuco Eacute

gerido por um Superintendente cuja indicaccedilatildeo obedece a criteacuterio poliacutetico e natildeo por eleiccedilatildeo democraacutetica entre as

institucionalidades e agentes do desenvolvimento regionalA Sudene foi instituiacuteda pela Lei nordm 3692 de 15 de

dezembro de 1959 e na sua primeira fase vinculou-se agrave Presidecircncia da Repuacuteblica

92

O papel da Sudene na economia e no desenvolvimento regional tem sido mateacuteria de

estudo de diferentes autores como Oliveira (1977) Carvalho (1979) Souza (1979) Andrade

(1970 1986 1993 2011) Diniz Filho e Bessa (1995) Cano (1994) Garcia (1999) Carvalho

(2001 2006 2008) Geiger (2001) e tantos outros Nesta pesquisa a avaliaccedilatildeo concentrou-se

em questotildees consideradas relevantes para a compreensatildeo do desempenho institucional na

gestatildeo da poliacutetica regional que contribuiacutesse para a construccedilatildeo ou natildeo de capital social

Motivada pela afirmativa de Cano (1994) da importacircncia do Estado na criaccedilatildeo da

Sudene o primeiro ponto a ser avaliado eacute o papel das forccedilas populares e das pressotildees sociais

nas tomadas de decisotildees poliacuteticas na Sudene De acordo com Souza (1979 p151) natildeo foi

faacutecil o nascimento da Sudene Segundo ele desde o iniacutecio se estabeleceu viva e generalizada

controveacutersia sobre o oacutergatildeo cuja discussatildeo envolveu poliacuteticos imprensa militares estudantes e

sacerdotes Para Souza (1979) ainda os poliacuteticos e os governos locais natildeo se apresentaram

unidos em favor da criaccedilatildeo do oacutergatildeo Desse modo e de pronto percebe-se que a criaccedilatildeo da

Sudene era pauta da agenda poliacutetica do Governo Central e natildeo dos governos estaduais

No entanto Bastos (1984) afirma que a partir de 1955 a ideia de marginalidade do

Nordeste no processo de expansatildeo do capitalismo e a necessidade de urgentes medidas para

solucionar a situaccedilatildeo forneceram espaccedilos poliacuteticos para a mobilizaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de

categorias como os camponeses e trabalhadores rurais e para a elaboraccedilatildeo de demandas As

Ligas Camponesas cuidadosamente analisadas por Bastos (1984) demonstraram um

movimento reivindicativo dos camponeses e trabalhadores rurais principalmente no estado

de Pernambuco

Andrade (1989 p 25) contudo descreve que as lutas camponesas e dos agricultores

mereceram pouca ou nenhuma atenccedilatildeo dos partidos poliacuteticos e que no momento da criaccedilatildeo

da Sudene o Partido Comunista do Brasil levantou como bandeira a organizaccedilatildeo do

movimento operaacuterio-camponecircs como forccedila mobilizadora para a revoluccedilatildeo comunista

Corroborando Andrade Cohn (1976 p 86) afirma que se atribuiu significacircncia a um

movimento social reivindicativo de trabalhadores sem iniciativa sem conhecimento sem

informaccedilatildeo e accedilatildeo poliacutetica como foi o caso das Ligas Camponesas cuja atuaccedilatildeo era de

poliacuteticos partidaacuterios e natildeo de organizaccedilotildees sociais com capacidade de participaccedilatildeo poliacutetica

Aliado a isso o modelo de gestatildeo burocraacutetico tradicional de toda a Administraccedilatildeo

Puacuteblica brasileira adotado pela Sudene caracterizado pela centralizaccedilatildeo administrativa e

poliacutetica formalismo rigidez de procedimentos e desconfianccedila nas relaccedilotildees entre o governo e

os cidadatildeos como diz Beltratildeo (2002 p30) natildeo contribuiu para a participaccedilatildeo social

93

Corroborando Beltratildeo (2009) Silva Filho (2009 p15) sistematiza a atuaccedilatildeo do oacutergatildeo

de planejamento regional em trecircs momentos (i) de autonomia absoluta ndash de 1959 a 1964 (ii)

de centralizaccedilatildeo parcial ndash de 1964 a 1979 e (iii) de centralizaccedilatildeo total ndash de 1979 a 2001 A

anaacutelise desses momentos agrave luz da interpretaccedilatildeo conceitual de centralizaccedilatildeo e autonomia

adotada nesta pesquisa reavaliou o planejamento da Sudene classificando-o nas seguintes

fases de 1959 a 1964 ndash de centralizaccedilatildeo total do poder decisoacuterio das funccedilotildees e tarefas uma

vez que se apreendia autonomia absoluta de 1964 a 1979 ndash de centralizaccedilatildeo parcial do poder

decisoacuterio e centralizaccedilatildeo total da funccedilatildeo e das tarefas do planejamento regional e de 1979 ateacute

os dias atuais ndash de centralizaccedilatildeo do planejamento institucional

O relato de Souza (1997 p 156) amplia a compreensatildeo dessa centralizaccedilatildeo

administrativa e expressa um planejamento baseado em um conhecimento superficial das

realidades e potencialidades nordestinas sobretudo humanas Na praacutetica a participaccedilatildeo

social e de profissionais locais no planejamento do desenvolvimento regional a

descentralizaccedilatildeo e a integraccedilatildeo das accedilotildees da Sudene com outros oacutergatildeos nunca ocorreram De

acordo com Silva (2002 p 28) nunca prosperou no Brasil qualquer tipo de estrutura

descentralizada de poder

O reconhecimento das limitaccedilotildees do planejamento do desenvolvimento regional pode

ser observado pelo hiato que ainda separa o Nordeste das regiotildees mais ricas do paiacutes

demonstrado por uma seacuterie de indicadores sociais Para exemplificar esse hiato seratildeo

apresentados indicadores como a taxa () de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais

de idade o percentual () de vulneraacuteveis agrave pobreza o Iacutendice de Theil-L52

e do Iacutendice de

Desenvolvimento Humano (IDH) para o Brasil e as grandes regiotildees para o ano de 2010

(Tabela 1)

52

O Iacutendice de Theil-L mede a desigualdade na distribuiccedilatildeo de indiviacuteduos segundo a renda domiciliar per capita

excluiacutedos aqueles com renda domiciliar per capita nula Eacute o logaritmo da razatildeo entre as meacutedias aritmeacutetica e

geomeacutetrica da renda domiciliar per capita dos indiviacuteduos sendo nulo quando natildeo existir desigualdade de renda

entre eles e tendente ao infinito quando a desigualdade tender ao maacuteximo (PNUDAtlas de Desenvolvimento

Humano 2013)

94

Tabela 1 Brasil e Grandes Regiotildees

Indicadores sociais

2013

Brasil e Grandes

Regiotildees

Taxa de

Analfabetismo

da populaccedilatildeo de

15 anos ou mais

de idade

IDHM

de

vulneraacuteveis agrave

pobreza

Iacutendice de Theil-

L

Nordeste 2003 0660 5493 072

Norte 1123 0680 4683 070

BRASIL 961 0727 3256 068

Centro-Oeste 687 0750 2351 060

Sudeste 625 0750 2352 058

Sul 497 0760 1690 049

Fonte PNUD Atlas de Desenvolvimento Humano 2013

Os dados do Atlas de Desenvolvimento Humano de 2013 demonstram que os piores

resultados dos indicadores sociais ainda satildeo encontrados no Nordeste Mesmo reconhecendo

que o processo educacional pede tempo acredita-se que a escolarizaccedilatildeo pede esforccedilo e

empenho do indiviacuteduo mas sobretudo do Estado que deve oportunizar a esses o acesso agrave

escola e a uma educaccedilatildeo de qualidade Infelizmente mais de meio seacuteculo natildeo foi suficiente

para que o Estado fornecesse as condiccedilotildees necessaacuterias agrave melhoria do niacutevel de escolarizaccedilatildeo no

Nordeste O empenho ou melhor a falta de empenho dos governos em especial de Sergipe

neste item seraacute exemplificada quando da anaacutelise do oacutergatildeo de planejamento estadual

O enfoque institucionalista do planejamento do desenvolvimento regional e partindo

da pressuposiccedilatildeo impliacutecita de um Estado controlado pelas estruturas poliacuteticas

fundamentalmente alicerccediladas em valores que favorecem o clientelismo o mandonismo e a

corrupccedilatildeo e sem nenhuma articulaccedilatildeo eacute difiacutecil imaginar a estruturaccedilatildeo de uma

institucionalidade transformadora e mais difiacutecil ainda eacute a sua sobrevivecircncia De acordo com

Souza (1997 p 159) Leite (2011 p2) e Guimaratildees Neto (1997 p 90) o temor de perder

estiacutemulos fiscais financeiros e poliacuteticos sempre ameaccedilou e inquietou diferentes setores que

tecircm resistido agraves mudanccedilas Portanto

Uma sociedade caracterizada por uma rede local de detentores de poder

pouco articulada com interesses estabelecidos no status quo iraacute dificultar a

sobrevivecircncia de um aparato do Estado coerente e coeso Da mesma forma a

ausecircncia de um aparato do Estado coerente torna menos provaacutevel que a

sociedade civil vaacute se auto-organizar de uma forma melhor do que os frouxos

laccedilos de lealdade existentes (EVANS1998 p 78)

95

Eacute igualmente pouco comum a auto-organizaccedilatildeo e o controle de poliacuteticas puacuteblicas de

uma sociedade tatildeo dependente do Estado natildeo apenas na prestaccedilatildeo dos serviccedilos essenciais

como na oportunidade de ldquoempregordquo na Administraccedilatildeo Puacuteblica como eacute o caso da maioria dos

municiacutepios sergipanos Para mudar esse quadro de dependecircncia satildeo necessaacuterios cidadatildes e

cidadatildeos agentes poliacuteticos conscientes e natildeo atores ldquomanipuladosrdquo para o controle social53

Aleacutem disso satildeo necessaacuterias decisotildees poliacuteticas que respondam agraves demandas recorrentes tanto

no debate quanto na agenda poliacutetica (puacuteblica) e natildeo a interesses poliacuteticos outros Romper a

ineacutercia das forccedilas sociais em nosso paiacutes eacute tatildeo importante para promover mudanccedilas sociais

quanto para uma reforma na Administraccedilatildeo Puacuteblica em todos os niacuteveis de governo

Reafirmando que natildeo era pretensatildeo desta pesquisa a avaliaccedilatildeo de desempenho da

Sudene e sim dos processos sociais e poliacuteticos na perspectiva da formaccedilatildeo ou do

fortalecimento do capital social regional os fatos que motivaram sua extinccedilatildeo e recriaccedilatildeo

permitiram algumas reflexotildees preliminares uma vez que tambeacutem natildeo haacute propoacutesito no

esgotamento da discussatildeo Na primeira as denuacutencias de corrupccedilatildeo o esgotamento de um

modelo de financiamento do desenvolvimento regional a falta de mobilizaccedilatildeo da sociedade

da imprensa e dos poliacuteticos para defender a natildeo extinccedilatildeo do oacutergatildeo e as dificuldades na

implementaccedilatildeo dos planos satildeo fortes argumentos para acreditar na perda de confianccedila da

sociedade na institucionalidade e em seu papel no desenvolvimento regional e

consequentemente na formaccedilatildeo de capital social

Na segunda a retomada do planejamento do desenvolvimento deve ser um projeto

nacional como defende Egler (1993) Arauacutejo (1999a 1999b) Unger (2009) e sobretudo

como preconizado na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 A recriaccedilatildeo da Sudene se constituiu em

uma decisatildeo poliacutetica que natildeo pode se sobrepor aos preceitos constitucionais e ao interesse da

populaccedilatildeo O subcapiacutetulo a seguir relata brevemente a experiecircncia de fortalecimento do

capital social da Companhia Hidro Eleacutetrica do Satildeo Francisco (Chesf) valendo-se de sua

poliacutetica de reassentamento das populaccedilotildees atingidas por suas intervenccedilotildees

53

Controle social entendido como um conjunto de mecanismos e procedimentos que garantem agrave sociedade

informaccedilotildees representaccedilotildees teacutecnicas e participaccedilatildeo nos processos de formulaccedilatildeo de poliacuteticas de planejamento e

de avaliaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (Artigo 3ordm inciso IV da Lei nordm 114452007)

96

512 Companhia HidroEleacutetrica do Satildeo Francisco da geraccedilatildeo da energia ao

fortalecimento do capital social dos atingidos por barragens

Na deacutecada de 1940 o governo brasileiro motivado pelas experiecircncias internacionais

de planejamento regional cria instituiccedilotildees e programas voltados para o desenvolvimento de

aacutereas-problemas Satildeo exemplos de instituiccedilotildees criadas para desenvolver o Vale do Satildeo

Francisco a Comissatildeo do Vale do Satildeo Francisco (CVSF) e a Companhia Hidro Eleacutetrica do

Satildeo Francisco (Chesf) Costa (1971 p248) defendeu que na deacutecada de 1940 o Vale do Satildeo

Francisco foi ressaltado tanto como uma aacuterea estrateacutegica quanto como uma alternativa para o

desenvolvimento do Nordeste e consequentemente nacional seja pela viabilidade da

agricultura irrigada seja pelo potencial hidroeleacutetrico Guimaratildees Neto (2010 p 50) na

mesma linha considera que a criaccedilatildeo da CVSF como da Chesf e do BNB eacute resultado da

maturaccedilatildeo que o encaminhamento de soluccedilotildees para a questatildeo regional requeria Oliveira

(2001 p 11) tece suas consideraccedilotildees a respeito da criaccedilatildeo da Chesf no contexto do papel do

Estado Segundo esse autor a criaccedilatildeo dessa instituiccedilatildeo torna-se possiacutevel pela transiccedilatildeo do

Estado oligaacuterquico para um Estado mais complexo intervencionista e promotor do

desenvolvimento econocircmico e a Chesf seria um agente de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento

regional

Todos esses argumentos consolidam a iniciativa da criaccedilatildeo da Companhia Hidro

Eleacutetrica do Satildeo Francisco (Chesf) como oacutergatildeo de desenvolvimento regional e o papel do

Estado como interventor do desenvolvimento

A anaacutelise desenvolvida neste subcapiacutetulo natildeo procura ressaltar o papel da Chesf no

desenvolvimento regional O foco da anaacutelise eacute o papel da Chesf na formaccedilatildeo de capital social

regional valendo-se da compreensatildeo da poliacutetica de relaccedilotildees sociais institucional para a

execuccedilatildeo das accedilotildees de construccedilatildeo de barragens reservatoacuterios e demais intervenccedilotildees em rios

para fins de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica

A Companhia foi criada54

para efetivar o aproveitamento da energia hidraacuteulica do rio

Satildeo Francisco e fornecer a energia eleacutetrica necessaacuteria ao desenvolvimento sobretudo

industrial da regiatildeo Segundo Andrade (1970 p 123) na deacutecada de 1960 a energia

constituiu-se em um grande fator limitante ao desenvolvimento industrial

54

Nos termos do Decreto-Lei n 8031 de 3 de outubro de 1945 o Ministeacuterio da Agricultura foi autorizado a

organizar a Companhia Hidro Eleacutetrica do Satildeo Francisco com a finalidade de aproveitar progressivamente o

potencial de energia hidraacuteulica do Rio Satildeo Francisco para a geraccedilatildeo de energia eleacutetrica

97

No que concerne agrave estrutura organizacional Oliveira (2001 p 16 17) descreve que a

Companhia adotou um modelo estritamente industrial com elevado grau de autonomia

econocircmico-financeira poder teacutecnico eficaacutecia empreendedora e sobretudo pela ausecircncia ou

debilidade de controles sociais e poliacuteticos existentes

A poliacutetica centralizadora da Chesf altamente autoritaacuteria nas relaccedilotildees sociais e

extremamente degradadora dos sistemas ambientais causando significativos e irreversiacuteveis

impactos sociais e ambientais eacute reconhecida tambeacutem por Rebouccedilas (1992 p 38) que

acrescenta a esse autoritarismo a forma mecanizada de implantaccedilatildeo dos empreendimentos e o

descaso com a poliacutetica de reassentamento

A construccedilatildeo de barragens de reservatoacuterios e demais intervenccedilotildees em rios para fins

de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica ou regularizaccedilatildeo de vazotildees em qualquer parte do mundo

impacta as condiccedilotildees sociais culturais e ambientais locais e ateacute regionais Para Garcecircz (1978

p35) e Schaeffer (1987 p44) quanto maior o porte do empreendimento hidraacuteulico

construiacutedo tanto maior as alteraccedilotildees nas condiccedilotildees naturais locais e regionais Schaeffer

(1987 p43) relaciona como principais fatores causadores desses impactos ambientais55

o

deslocamento de populaccedilotildees das aacutereas a serem inundadas as alteraccedilotildees na qualidade e regime

das aacuteguas a criaccedilatildeo de novas paisagens mudanccedila na hidrologia com a regularizaccedilatildeo da vazatildeo

dos rios entre outras

Embora reconhecendo a importacircncia desse conjunto de fatores causadores de impactos

ambientais nas fases de construccedilatildeo e operaccedilatildeo de centrais ou sistemas hidreleacutetricos no

contexto da finalidade dessa pesquisa a anaacutelise natildeo mereceraacute mais comentaacuterios Entretanto a

forma como o empreendedor planeja e executa o reassentamento das populaccedilotildees residentes

nas aacutereas a serem inundadas e mitiga os impactos daquelas diretamente afetadas pelas

alteraccedilotildees do regime das aacuteguas e da hidrologia que deflagram essas modificaccedilotildees e

sobretudo interfere nos laccedilos e nas relaccedilotildees sociais eacute a variaacutevel mais importante e foco da

avaliaccedilatildeo

Fundamentando-se nos estudos de Garcecircz (1978) Andrade (1984 2011) Schaeffer

(1987) Sigaud (19871992) Rebouccedilas (1992) Galvatildeo (1999) Bortoleto (2001) Viana

(2003) Bermann (2007) Guerra (2008) Sevaacute (2008) Scott (2009) pode-se inferir que na

histoacuteria do planejamento dos grandes projetos hidreleacutetricos a questatildeo social dos atingidos

55

Considera-se impacto ambiental nos termos do artigo 1ordm da Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA) qualquer alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente

causada por qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas que direta ou

indiretamente afetam a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo as atividades sociais e econocircmicas a

biota as condiccedilotildees esteacuteticas e sanitaacuterias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais

98

principalmente daqueles diretamente afetados foi uma variaacutevel pouco significativa para a

tomada de decisatildeo da Chesf Essa insignificacircncia ou descaso como prefere Rebouccedilas (1992 e

2000) eacute demonstrado tanto na ausecircncia da participaccedilatildeo dos futuros atingidos ou

representantes desses nas discussotildees das alternativas locacionais do barramento quanto na

tomada de decisatildeo a respeito da formataccedilatildeo do programa de reassentamento56

das populaccedilotildees

para outras aacutereas no modelo do reassentamento ou na ausecircncia de medidas preventivas em

relaccedilatildeo agrave destruiccedilatildeo da estrutura social e dos valores culturais existentes na aacuterea a ser

inundada sem uma anaacutelise socioloacutegica e antropoloacutegica adequada Somando-se a essa ausecircncia

da inserccedilatildeo da questatildeo social no planejamento da obra a qualidade dos estudos ambientais57

o momento de sua elaboraccedilatildeo (que deveria ser anterior a qualquer tipo de intervenccedilatildeo na aacuterea

selecionada) e o papel emprestado aos estudos ambientais de viabilizar e ou validar as

decisotildees assumidas pelo empreendedor contribuiacuteram para a ampliaccedilatildeo dos impactos ou dos

efeitos sociais perversos relacionados a grandes projetos hidreleacutetricos em especial

construiacutedos ao longo do rio Satildeo Francisco

Para Sigaud (1987 p 4) o que se convencionou chamar de ldquoavaliaccedilatildeo de impactos

sociaisrdquo (destaque do autor) eacute na verdade uma avaliaccedilatildeo para estabelecer as medidas

minimizadoras ou mitigadoras dos impactos de uma decisatildeo jaacute tomada e em curso

Analisando os impactos ambientais sobre as comunidades atingidas Sigaud descreve que

Os efeitos de um acontecimento como o avanccedilo das aacuteguas sobre as terras de

cultivos natildeo estatildeo contidos apenas no acontecimento em si mas satildeo

mediatizados pelas relaccedilotildees que os grupos sociais concretos mantecircm com o

territoacuterio (SIGAUD 1992 p1)

As relaccedilotildees que os grupos sociais concretos (pescadores comunidades indiacutegenas

camponeses58

agricultores familiares moradores de cidades ribeirinhas) mantinham com o

territoacuterio ndash cujo elemento de identidade desses grupos em relaccedilatildeo ao espaccedilo habitado era o

rio Satildeo Francisco ndash satildeo destruiacutedas com o deslocamento compulsoacuterio desses A

desterritorializaccedilatildeo sofrida por esses grupos imposta pelo Estado desencadeou uma seacuterie de

conflitos entre as diferentes forccedilas sociais como disse Rebouccedilas (1992 p39) e interferiu

diretamente no capital social desses O deslocamento da populaccedilatildeo que ali residia para outras

56

O programa de reassentamento que prevecirc o deslocamento das populaccedilotildees da aacuterea a ser inundada para outra foi

denominada por Sigaud (1987) de deslocamento compulsoacuterio Para esse autor uma vez que a populaccedilatildeo a ser

atingida natildeo participa e portanto natildeo interfere na tomada de decisatildeo essa populaccedilatildeo se constitui em um

problema para o qual eacute buscada uma soluccedilatildeo qualquer e a qualquer preccedilo

57 O primeiro Estudo de Impacto Ambiental (EIA) realizado no Brasil foi para o projeto da Barragem de

Sobradinho no Estado da Bahia em 1972 58

Sigaud (1992) definiu camponecircs como pequeno produtor que trabalhava em regime de economia familiar e

esclareceu que a afirmaccedilatildeo de que esses constituiacuteam a maior parte da populaccedilatildeo deslocada se amparava na

informaccedilatildeo veiculada pelos documentos das empresas do setor eleacutetrico de que se tratava de populaccedilotildees rurais

99

aacutereas distantes do rio aleacutem de justificar o termo deslocamento compulsoacuterio dificultou o

processo de (re)territorializaccedilatildeo como movimento indissociaacutevel da desterritorializaccedilatildeo Essa

dificuldade ocorreu e continua a ocorrer seja pela destruiccedilatildeo da territorialidade dos grupos

dos valores culturais e histoacutericos e das atividades produtivas tradicionais seja pela

desagregaccedilatildeo dos grupos familiares e vicinais que natildeo participaram das discussotildees e se

submeteram a um processo de organizaccedilatildeo do espaccedilo estruturado pelo Estado e permeado por

situaccedilotildees de desencontros estranhezas e resistecircncias Esses processos nos barramentos do rio

Satildeo Francisco sobretudo em Sobradinho e Itaparica localizados entre os estados da Bahia e

de Pernambuco (PEBA) foram registrados por Sigoud (1987 1992) por Lima (1992)

Galvatildeo (1999) Sevaacute (2008) Scott (2009) e outros autores que descrevem a dramaacutetica

desterritorializaccedilatildeo e reterritorializaccedilatildeo ocorrida De acordo com Lima

Um traccedilo social caracteriacutestico do reassentamento de Itaparica tem sido a

desestruturaccedilatildeo dos antigos laccedilos sociais que permeavam na cidade

inundada Eacute recorrente esse sentimento entre os reassentados durante toda a

pesquisa Tanto nas agrovilas como na vida urbana de Petrolacircndia

constatamos esse sentimento de inseguranccedila desconfianccedila e a perda dos

laccedilos de amizade anteriormente existentes (LIMA p16)

Essas situaccedilotildees conflituosas e de inseguranccedila e desconfianccedila relatadas pelo autor

forneceram as bases para a grande construccedilatildeo ndash mobilizaccedilatildeo e criaccedilatildeo dos movimentos

sociais59

ndash que se materializou na organizaccedilatildeo dos atingidos por barragens Entretanto essa

organizaccedilatildeo foi apoiada por grupos mediadores como as Comunidades Eclesiais de Base a

Comissatildeo Pastoral da Terra o Sindicato dos Trabalhadores Rurais a Igreja Catoacutelica o Centro

Pastoral da Juventude entre outros (REBOUCcedilAS 1992 p 40) Para esse autor esse

processo de mobilizaccedilatildeo social tem ocorrido diferentemente nas distintas regiotildees brasileiras

Corroborando Rebouccedilas Sigaud (1992 p5) e Pimentel (2012 p49) ressaltam que no caso

dos atingidos pela barragem de Sobradinho considerando o contexto histoacuterico e poliacutetico de

sua construccedilatildeo e portanto a limitada capacidade de reaccedilatildeo dos movimentos sociais a reaccedilatildeo

da populaccedilatildeo e sua pressatildeo sobre a Chesf pode ser considerada uma resposta poliacutetica Essa

resposta poliacutetica soacute foi possiacutevel pelo empoderamento dos atingidos e consequentemente pelo

fortalecimento de seu capital social apoiado pelos grupos mediadores

59

Para entender o movimento de organizaccedilatildeo dos trabalhadores atingidos pelas barragens de Sobradinho e de

Itaparica ver BOMFIM Juarez Duarte Movimentos Sociais de Trabalhadores no Rio Satildeo Francisco Scripta

Nova Revista Eletrocircnica de Geografiacutea y Ciencias Sociales Universidad de Barcelona n 45(30) 1 de agosto

de 1999

100

Em relaccedilatildeo ao projeto do barramento e construccedilatildeo da Usina Hidreleacutetrica de Itaparica

(UHE Itaparica atual Luiz Gonzaga) Rebouccedilas (1992 p 43) e Pimentel (2012 p 52)

afirmam que o processo de conscientizaccedilatildeo poliacutetica se deu atraveacutes da realizaccedilatildeo de cursos

sobre sindicalismo e sobre a necessidade de os atingidos desenvolverem estrateacutegias de accedilatildeo

mais sistematizadas para o enfrentamento das forccedilas poliacuteticas do Estado representado pela

Chesf dos grandes empreiteiros dos grandes proprietaacuterios locais entre outros

A formaccedilatildeo da consciecircncia poliacutetica dos atingidos pela barragem de Itaparica fortaleceu

o capital social dos grupos e tem sido a variaacutevel mais importante para o desenvolvimento

regionalterritorial Eacute importante ressaltar que a intervenccedilatildeo do Estado tanto pode destruir

quanto construir o capital social No caso das barragens de Sobradinho e de Itaparica a

intervenccedilatildeo do Estado foi de tal modo destrutiva dos valores dos laccedilos de amizade das

relaccedilotildees com os grupos vicinais da esperanccedila das populaccedilotildees atingidas que o apoio dos

movimentos sociais conseguiu que esses grupos acreditassem que tambeacutem poderiam enfrentaacute-

los e desse modo conseguiram se reestruturar e assegurar sua reproduccedilatildeo como pescadores

comunidades indiacutegenas camponeses agricultores familiares moradores de cidades

ribeirinhas

O fortalecimento do capital social dessas aacutereas de influecircncia dos grandes projetos de

infraestrutura em particular das usinas hidroeleacutetricas a longa e exitosa trajetoacuteria de

organizaccedilatildeo social e o empoderamento dos atingidos pelas barragens construiacutedas no

submeacutedio60

Satildeo Francisco contribuiu para o reconhecimento dos territoacuterios de identidade pelo

Governo da Bahia61

O Territoacuterio de Identidade de Itaparica no estado da Bahia eacute formado por seis

municiacutepios Abareacute Chorrochoacute Rodelas Gloacuteria Macurureacute e Paulo Afonso cuja dinacircmica

social eacute marcada por forte mobilizaccedilatildeo social na luta pela terra e pela implementaccedilatildeo das

accedilotildees da poliacutetica de reassentamento totalmente sem confianccedila no Estado

A barragem de Itaparica foi construiacuteda entre 1976 e 1988 e passados 26 anos as accedilotildees

para o reassentamento de famiacutelias afetadas pela barragem ainda requerem intervenccedilatildeo do

Ministeacuterio Puacuteblico Federal62

para que a Chesf cumpra os acordos assinados na deacutecada de

60

O Submeacutedio Satildeo Francisco abrange aacutereas dos Estados da Bahia e Pernambuco estende-se de Remanso ateacute

Paulo Afonso (BA) e inclui as sub-bacias dos rios Pajeuacute Touratildeo e Vargem aleacutem da sub-bacia do rio Moxotoacute

uacuteltimo afluente da margem esquerda (CODEVASF 2001 p11) 61

ALENCAR Cristina Maria M de Caracterizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos processos de territorializaccedilatildeo dos Planos

Plurianuais de Investimentos da Bahia e de Sergipe Salvador SDTIICA 2010 62

O Relatoacuterio do Tribunal de Contas da Uniatildeo (TC 0135482011-5) demonstra essa dependecircncia e institui prazo

para que a Chesf apresente relatoacuterio informando o cumprimento dessas Ver ainda a mateacuteria ldquoMPF aciona

CHESF para reassentar populaccedilatildeo afetada pela barragem de Itaparica e cumprir pendecircncias nos

reassentamentosrdquo do Ministeacuterio Puacuteblico Federal da Bahia veiculada em 7 de maio de 2013

101

1980 e ainda haacute famiacutelias dependendo financeiramente da Chesf Assim esse estado de

dependecircncia que se arrasta por 26 anos de certo modo confirma que a organizaccedilatildeo social e o

fortalecimento do capital social dos atingidos pela barragem de Itaparica ainda natildeo foram

suficientes para assegurar todas as liberdades instrumentais necessaacuterias ao desenvolvimento

dos grupos e de seus territoacuterios poreacutem a persistecircncia e a resistecircncia da organizaccedilatildeo social em

busca de sua territorialidade eacute um caminho para a liberdade e para o desenvolvimento

territorial e regional

Pelo exposto pode-se concluir que a Chesf como instituiccedilatildeo de desenvolvimento

regional foi capaz de destruir o capital social dos grupos atingidos pelas barragens construiacutedas

no submeacutedio Satildeo Francisco e por sua atuaccedilatildeo autoritaacuteria centralizadora e causadora de

significativos impactos sociais provocou na populaccedilatildeo diretamente afetada por suas accedilotildees

uma reaccedilatildeo de fortalecimento de seu capital social

Centrando a anaacutelise nas populaccedilotildees ribeirinhas do Baixo Satildeo Francisco63

que tambeacutem

foram atingidas pelos barramentos no rio Satildeo Francisco a reflexatildeo possiacutevel eacute que os estudos

realizados pela Chesf para o aproveitamento da energia hidraacuteulica do rio Satildeo Francisco natildeo

avaliou os impactos sociais ambientais e econocircmicos no Baixo Satildeo Francisco Os estudos de

impacto ambiental e seus respectivos relatoacuterios de impacto ambiental (EIAsRIMAs) natildeo

inseriram a foz do Rio Satildeo Francisco na aacuterea de influecircncia indireta dos impactos como pode

ser constatado no Estudo de Impacto Ambiental da Usina Hidreleacutetrica de Xingoacute64

Para Vargas (1999 p237) os excluiacutedos ou desterritorializados no Baixo Satildeo

Francisco seja dos projetos de irrigaccedilatildeo implantados pela Codevasf seja do processo de

pecuarizaccedilatildeo influenciados pelo movimento dos atingidos por barragens e pelo comando do

Movimento dos Sem Terra (MST) do Sul do Brasil organizaram-se em movimento

reivindicatoacuterio de acesso agrave terra e de confronto com as poliacuteticas governamentais de

desenvolvimento excludentes A influecircncia desse movimento foi mais significativa no Alto

Sertatildeo Sergipano onde se concentra 41 dos assentamentos de Reforma Agraacuteria do Estado

segundo Franccedila e Cruz (2013 p151)

Eacute relevante pontuar que o movimento e a organizaccedilatildeo social desses excluiacutedos

independentemente do nuacutemero de assentamentos rurais registrados em Sergipe natildeo

resultaram da formaccedilatildeo de uma consciecircncia poliacutetica de seus membros Lamentavelmente e

63

O Baixo Satildeo Francisco se estende de Paulo Afonso agrave foz (CODEVASF 2001 p 12) 64

O Estudo de Impacto Ambiental e o Relatoacuterio de Impacto Ambiental da Usina Hidroeleacutetrica de Xingoacute podem

ser consultados na Administraccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente (ADEMA)

102

corroborando Demo (2009) nunca houve em Sergipe cidadania suficiente para a necessaacuteria

accedilatildeo poliacutetica Os argumentos para sustentaccedilatildeo dessa afirmativa encontram-se no Capiacutetulo 6

No contexto da anaacutelise do papel das institucionalidades no desenvolvimento a

proposta de continuidade aponta para a escala estadual Dessa forma a anaacutelise do subcapiacutetulo

a seguir trataraacute do papel das instituiccedilotildees estaduais na construccedilatildeo ou destruiccedilatildeo de cenaacuterios

sociais de formaccedilatildeo de capital social e na democratizaccedilatildeo Para tanto a anaacutelise percorreraacute as

regionalizaccedilotildees propostas e implementadas os modelos de planejamento adotados e as

dimensotildees culturais organizacionais que interferiram e interferem na praacutetica do planejamento

em base local

52 Planejamento em Sergipe entre as liccedilotildees e os desafios

Retoma-se a anaacutelise das categorias geograacuteficas como subsiacutedio para a compreensatildeo dos

deslocamentos das escalas e dos usos das unidades de planejamento puacuteblico em Sergipe

Ainda neste subcapiacutetulo apresentam-se as diferentes regionalizaccedilotildees em uso no Estado

de Sergipe e os papeacuteis assumidos por essas regiotildees seja na gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas seja

em sua descentralizaccedilatildeo ou desconcentraccedilatildeo das accedilotildees procurando destacar as regiotildees

construiacutedas a partir de accedilotildees poliacuteticas poreacutem reconhecendo outras regiotildees construiacutedas

socialmente e analisam-se os processos de planejamento adotados em Sergipe

Sergipe acumulou sobretudo nas deacutecadas de 1960 e 1970 do seacuteculo passado uma

razoaacutevel experiecircncia em planejamento do desenvolvimento Impulsionado pela questatildeo

regional pelas diretrizes da Sudene e da CEPAL o Governo de Sergipe estruturou

institucionalidades de planejamento elaborou planos de desenvolvimento e capacitou teacutecnicos

para o planejamento regional e a captaccedilatildeo de recursos para investimentos

Na concepccedilatildeo de Barreto

Os ideais teacutecnicos e poliacuteticos de desenvolvimento do Nordeste aflorados em

fins dos anos 1950 vieram tambeacutem ensejar aos Estados da Regiatildeo

movimentos com vistas agrave adoccedilatildeo da ideologia do planejamento como

caminho mais curto para se atingir o progresso econocircmico e social

(BARRETO 1976 p4)

A ideologia do planejamento como teacutecnica preditiva do progresso econocircmico e social

foi adotada pela Administraccedilatildeo Puacutebica estadual que sob a influecircncia e sobretudo a

cooperaccedilatildeo da Sudene institui o Conselho do Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe

(Condese) por meio do Decreto nordm 470 de 31 de marccedilo de 1959

103

Os principais textos que descrevem a histoacuteria do planejamento em Sergipe satildeo dos

economistas Dilson Menezes Barreto65

Paulo Barbosa de Araujo e Antocircnio Rocha Santos

Entretanto para a elaboraccedilatildeo deste toacutepico foram entrevistados ex-Secretaacuterios de Estado do

Planejamento e teacutecnicos especialistas com profundo conhecimento das teacutecnicas e

metodologias de planejamento do Estado

O primeiro texto produzido sobre a histoacuteria do planejamento em Sergipe eacute de autoria

de Dilson Menezes Barreto em 1976 que destaca a criaccedilatildeo do Conselho de Desenvolvimento

Econocircmico de Sergipe (Condese) e a influecircncia da Sudene no planejamento estadual Paulo

Barbosa de Araujo descreve a evoluccedilatildeo das institucionalidades de planejamento de Sergipe e

Antonio Rocha Santos relata a experiecircncia do planejamento e apresenta proposta para a

reestruturaccedilatildeo do Instituto de Economia e Pesquisa (INEP) e a retomada do planejamento no

estado

Apoiado por essas referecircncias histoacutericas neste capiacutetulo a avaliaccedilatildeo se concentraraacute (i)

na trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo em Sergipe para explicar a importacircncia das escalas no

planejamento do desenvolvimento estadual regional ou territorial (ii) nos modelos de

planejamento puacuteblico adotados em Sergipe e (iii) no papel das dimensotildees culturais

organizacionais na construccedilatildeo ou natildeo de capital social

521 Trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo em Sergipe

A regionalizaccedilatildeo em Sergipe sempre esteve vinculada agraves intervenccedilotildees e accedilotildees do

estado no espaccedilo A histoacuteria das regionalizaccedilotildees em Sergipe iniciou-se com as experiecircncias

desenvolvidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 1945 e 1969

que dividiram o Estado em cinco e oito regiotildees66

respectivamente A regionalizaccedilatildeo proposta

pelo IBGE em 1945 tinha como objetivos o estabelecimento de um banco de dados

estatiacutesticos a respeito das regiotildees brasileiras e ainda fins didaacuteticos A segunda

regionalizaccedilatildeo segundo Galvatildeo e Faissol (1969 p 182) surgiu da necessidade da

implementaccedilatildeo do processo de planejamento urbano com o estabelecimento de programas de

65 Dilson Menezes Barreto foi Secretaacuterio Executivo do CONDESE entre outubro de 1977 e marccedilo de 1979

escreveu sobre o CONDESE em sua Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Sociologia em 2003 publicada em livro em

2013 66

As regiotildees propostas 1945 eram Litoral Central Baixo Satildeo Francisco Sertatildeo do Satildeo Francisco e Oeste Em

1969 a divisatildeo foi em microrregiotildees homogecircneas Eram elas Sertatildeo Sergipano do Satildeo Francisco Propriaacute Nossa

Senhora das Dores Agreste de Itabaiana Cotinguiba Litoral Sul Sergipano Agreste de Lagarto e Sertatildeo do Rio

Real (IBGE 2008 e SANTOS e ANDRADE 1986)

104

desenvolvimento econocircmico As regiotildees de planejamento foram definidas por esses autores

como unidades espaciais nas quais as diferentes alternativas de intervenccedilatildeo possam partir de

uma compreensatildeo previsiacutevel dos resultados dessa accedilatildeo (GALVAtildeO e FAISSOL 1969 p 189)

Assim a regionalizaccedilatildeo eacute incorporada ao processo do planejamento brasileiro e

permite a distribuiccedilatildeo das intervenccedilotildees puacuteblicas nas regiotildees de acordo com a finalidade de

cada processo e com o cenaacuterio de gestatildeo do poder nesses espaccedilos

A regionalizaccedilatildeo em Sergipe apoiou-se nos modelos dos centros e dos polos de

desenvolvimento nos estudos claacutessicos da Itaacutelia Meridional no modelo do Vale do

Tennessee nos Estados Unidos no planejamento do desenvolvimento e na elaboraccedilatildeo dos

planos e projetos regionais estruturadores desse processo natildeo apenas no Nordeste como nas

demais regiotildees brasileiras

Para um entrevistado o planejamento regional nordestino tem como referecircncia a

ideologia desenvolvimentista da Sudene cujo arcabouccedilo teoacuterico do planejamento dos

indicadores e das variaacuteveis econocircmicas e sociais para o desenvolvimento tem origem na

Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina (CEPAL) e em Celso Furtado que acreditava na

necessidade de montar uma base econocircmica no Nordeste como aconteceu em outras regiotildees

do Brasil

Na culminacircncia do processo do planejamento regional e do desenvolvimento

econocircmico a ecircnfase na regionalizaccedilatildeo ou seja no processo de construccedilatildeo da regiatildeo como

espaccedilo de intervenccedilatildeo tornou-se estrateacutegia de planejamento puacuteblico na deacutecada de 1970

Analisando a regionalizaccedilatildeo como elemento fundamental do processo de planejamento

urbano e regional em Satildeo Paulo Souza (1976 p 120) afirma que a estruturaccedilatildeo do espaccedilo

regional tinha como objetivos facilitar a concentraccedilatildeo e a integraccedilatildeo dos programas

administrativos setoriais e daacute maior racionalidade agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos e ao controle

administrativo

Em Sergipe observou-se tambeacutem a praacutetica da regionalizaccedilatildeo para a desconcentraccedilatildeo

da gestatildeo das poliacuteticas de sauacutede de educaccedilatildeo de infraestrutura rodoviaacuteria de energia e

fazenda independentemente das propostas de regiotildees do IBGE Contudo ao contraacuterio do que

ocorreu em Satildeo Paulo que teve suas regiotildees delimitadas a partir de nuacutecleos pontos de

convergecircncia do homem e de suas atividades (Souza 1976 p 107) essas regionalizaccedilotildees

foram propostas pelos oacutergatildeos gestores dessas poliacuteticas estaduais cujos processos de

delimitaccedilatildeo dessas regiotildees poliacutetico-operacionais natildeo obedeceram a criteacuterios cientiacuteficos de

regionalizaccedilatildeo (GOVERNO DO ESTADO DE SERGIPE 1976) Constatada a praacutetica da

105

regionalizaccedilatildeo e ressentindo-se da necessidade de se estabelecer criteacuterios cientiacuteficos e a

uniformizaccedilatildeo das regiotildees para a desconcentraccedilatildeo o controle da administraccedilatildeo puacuteblica

estadual a distribuiccedilatildeo das poliacuteticas e das intervenccedilotildees puacuteblicas e sobretudo a gestatildeo desses

espaccedilos o Estado por meio do Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe

(Condese) oacutergatildeo de assessoramento do planejamento do Governo do Estado aleacutem de

formalizar uma diretriz para o processo propocircs entre 1971 e 1972 duas regionalizaccedilotildees A

primeira regionalizaccedilatildeo tinha como objetivo a desconcentraccedilatildeo da Administraccedilatildeo Puacuteblica

estadual para melhorar o desempenho do Poder Executivo em atendimento ao projeto de

reforma administrativa em curso no governo federal e no estadual A metodologia adotada

para a regionalizaccedilatildeo foi aquela proposta pela Sudene e pelo IBGE O segundo trabalho

elaborado pelo Condese nos fins de 1972 baseou-se nos seguintes criteacuterios distacircncia entre as

sedes populaccedilatildeo total aacuterea de abrangecircncia de cada regiatildeo e densidade demograacutefica Essa

regionalizaccedilatildeo propotildee duas alternativas para a divisatildeo do Estado Na primeira seriam

formadas seis regiotildees Aracaju Propriaacute Nossa Senhora da Gloacuteria Itabaiana Salgado e

Capela Na segunda propotildee-se a formaccedilatildeo de cinco regiotildees Aracaju Propriaacute Itabaiana

Lagarto e Capela (GOVERNO DO ESTADO DE SERGIPECONSELHO DE

DESENVOLVIMENTO ECONOcircMICO DE SERGIPE 1976 p 243) Os criteacuterios usados

pelo Condese natildeo obedeceram agraves formas de organizaccedilatildeo urbano-industrial do espaccedilo como

vigorava agrave eacutepoca no IBGE

Analisando essas regiotildees propostas pelo Condese Diniz coordenador do processo da

regionalizaccedilatildeo de 1976 conclui que Lagarto Propriaacute Estacircncia Tobias Barreto e Itabaiana

eram cidades que se apresentavam como centralidades ou centros de zonas Estacircncia e

Lagarto em qualquer regionalizaccedilatildeo formariam regiotildees diferenciadas no Sul do Estado e

Propriaacute Nossa Senhora da Gloacuteria e Canindeacute do Satildeo Francisco eram cidades com centralidade

pouca niacutetida

Em 1975 coordenando uma nova regionalizaccedilatildeo fruto de um convecircnio celebrado

entre a Universidade Federal de Sergipe e o Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de

Sergipe (Condese) e apoiado pela Superintendecircncia do Desenvolvimento do Nordeste

(Sudene) Diniz (1976 p253) constata que (i) todo o Estado se constitui numa aacuterea

essencialmente homogecircnea onde apenas Aracaju se destaca (ii) a influecircncia dos centros de

zonas sobre suas respectivas aacutereas eacute muito pouco niacutetida secundaacuteria diante da dominaccedilatildeo da

capital- Aracaju (iii) o papel regional dos centros de zonas eacute induzido por Aracaju ou pelo

governo central e no que diz respeito agrave organizaccedilatildeo regional a produccedilatildeo do espaccedilo em

Sergipe tem sido induzida pelo Estado

106

Tomando por base essas constataccedilotildees e assumindo a ausecircncia de dados para o uso dos

modelos dos centros e dos polos de desenvolvimento abraccedilados pela Sudene Diniz

coordenador do processo da regionalizaccedilatildeo justifica

Preferimos natildeo desenvolver o estudo da organizaccedilatildeo espacial de Sergipe

numa perspectiva de polarizaccedilatildeo em decorrecircncia dos problemas teoacutericos

ligados agrave ideia embora natildeo deixe de haver certa concordacircncia entre as

nossas diretrizes para a regionalizaccedilatildeo e a triacuteplice tipologia do espaccedilo

perrouxiano Todavia a inexistecircncia de estudos locais que caracterizem o

papel polarizador dos centros urbanos e a constataccedilatildeo empiacuterica que as

cidades de Sergipe satildeo mais drenos do que polos nos levaram optar por uma

abordagem segundo a ideia de nodalidade (GOVERNO DO ESTADO DE

SERGIPE1976 p 3)

A decisatildeo assumida por Diniz em 1975 mesmo na ausecircncia de estudos como citado

para o devido embasamento foi acertada e as observaccedilotildees arroladas permanecem vaacutelidas ateacute

o presente67

tendo sofrido variaccedilotildees pouco significativas somente na primeira deacutecada do

seacuteculo XXI De acordo com o estudo das Regiotildees de influecircncia das cidades (IBGE 2008)

Sergipe eacute constituiacutedo por um Capital Regional A formado pela capital Aracaju um Centro

Sub Regional B que eacute Itabaiana quatro Centros de Zona A (Estacircncia Lagarto Nossa

Senhora da Gloacuteria e Propriaacute) trecircs Centros de Zona B (Canindeacute do Satildeo Francisco Neoacutepolis e

Nossa Senhora das Dores) e 62 centros locais que satildeo sedes dos municiacutepios sergipanos68

A organizaccedilatildeo espacial do Estado coordenada por Diniz e publicada em 1976

considera que as regiotildees satildeo porccedilotildees contiacutenuas do espaccedilo e define as regiotildees nodais valendo-

se do mapeamento das zonas de influecircncia dos centros de zonas Esse trabalho de Diniz de

1976 resultou em duas proposiccedilotildees finais sete regiotildees nodais (Aracaju Estacircncia Tobias

Barreto Lagarto Itabaiana Propriaacute e Penedo) e quatro regiotildees plano ou de planejamento

(Aracaju Estacircncia Itabaiana e Propriaacute) que foram apresentadas como regiotildees administrativas

do Estado (Figura 4)

67

Dados do censo populacional de 2010 constataram que Aracaju concentrava 28 da populaccedilatildeo do Estado

(IBGE 2010) e ainda eacute o municiacutepio com a maior infraestrutura de saneamento de sauacutede de educaccedilatildeo e de

serviccedilos do Estado 68

A rede urbana de Sergipe pode ser visualizada em FRANCcedilA Vera Luacutecia A e CRUZ Maria Tereza S Atlas

Escolar Sergipe espaccedilo Geo-Histoacuterico e Cultural Joatildeo Pessoa GRAFSET 2013

107

Figura 4Sergipe ndash Regiotildees Planos

108

Das trecircs regionalizaccedilotildees produzidas pelo Condese como unidades de planejamento de

intervenccedilotildees governamentais somente a uacuteltima de 1976 mereceu anaacutelise e adaptaccedilatildeo para

um programa governamental voltado para o desenvolvimento regional O Projeto Campo

Verde accedilatildeo do governo em bases regionais ndash 1988-1990 (1987) se caracterizou como um

Plano de Governo voltado para o desenvolvimento regional

O Projeto Campo Verde dedica um capiacutetulo agrave proposta de regionalizaccedilatildeo revisa os

processos empreendidos para o Estado e usa como base ldquoUma Proposta de Regionalizaccedilatildeo

para o Estado de Sergiperdquo trabalho coordenado pelo Professor Joseacute Alexandre Felizola Diniz

da Universidade Federal de Sergipe para operacionalizaccedilatildeo de suas accedilotildees A regionalizaccedilatildeo

do Projeto Campo Verde previa a formaccedilatildeo de seis regiotildees (Aracaju Estacircncia Lagarto

Itabaiana Nossa Senhora da Gloacuteria e Propriaacute) identificadas a partir de centralidade regional

de cidades de porte elevado ou meacutedio (Figura 5)

Segundo o estudo a metodologia adotada na elaboraccedilatildeo e validaccedilatildeo das regiotildees foi o

planejamento participativo Entretanto a leitura dos estudos evidencia que a participaccedilatildeo

ocorreu no I Seminaacuterio Estadual sobre Organizaccedilatildeo do Espaccedilo cujos resultados destacados

como discutidos e aprovados no Seminaacuterio foram a decisatildeo pela inclusatildeo da sede do

municiacutepio de Nossa Senhora da Gloacuteria como centro de uma regiatildeo e natildeo de centro secundaacuterio

da Regiatildeo de Aracaju como havia sido atribuiacutedo nos estudos coordenados por Diniz em

1976 e pela subdivisatildeo da Regiatildeo de Aracaju criando uma subaacuterea em torno de Maruim

Como metodologia participativa o Projeto previa ainda

Concebe-se a nova proposta como um documento que seraacute definido nos

escalotildees teacutecnicos e poliacuteticos do Governo e posteriormente seraacute debatido

com as comunidades interessadas atraveacutes de seminaacuterios que seratildeo realizados

nas sedes das novas regiotildees (GOVERNO DE SERGIPESEPLAN 1987

p9)

109

Figura 5 Sergipe ndash Regiotildees de Planejamento - 1987

110

A leitura do documento deixa claro que as comunidades natildeo participaram da

construccedilatildeo das regiotildees sendo posteriormente convocadas para o debate Entretanto os

documentos produzidos natildeo explicitam as formas e os meios usados para informar a

comunidade sobre a temaacutetica a ser debatida em seminaacuterios nem a constituiccedilatildeo de espaccedilos para

as discussotildees anteriores a esses Essas informaccedilotildees permitem deduzir que a comunidade seria

informada sobre o processo durante o evento Como se comprova pela leitura do projeto a

ideia da metodologia participativa em Sergipe natildeo eacute nova Poreacutem a praacutetica e sobretudo os

processos de mobilizaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e a informaccedilatildeo satildeo os grandes gargalos do

planejamento governamental como poderatildeo ser constatados nos subcapiacutetulos seguintes

De acordo com o Projeto Campo Verde ainda

Somente se justificaraacute o processo de regionalizaccedilatildeo para o Estado de

Sergipe se o Governo definir que os seus proacuteximos atos administrativos e

poliacuteticos seratildeo expressos claramente em termos espaciais e se toda a forma

de intervenccedilatildeo proposta tiver o objetivo de introduzir mudanccedilas profundas

na sociedade sergipana (GOVERNO DE SERGIPESEPLAN 1987

p21 e 22)

A previsatildeo de espacializaccedilatildeo das accedilotildees tinha como finalidade a desconcentraccedilatildeo da

Administraccedilatildeo Puacuteblica que no enfoque institucionalista promoveria a integraccedilatildeo poliacutetica

econocircmica e social necessaacuteria ao desenvolvimento regional Entretanto segundo Teacutecnico do

Governo especialista em planejamento entrevistado em janeiro de 2014 a aplicaccedilatildeo plena

desse plano nunca foi realizada Assim a regionalizaccedilatildeo proposta pelo Projeto Campo Verde

se configurou como uma decisatildeo teacutecnica e natildeo poliacutetica Ademais o momento histoacuterico de

crise fiscal e financeira do Estado e de planejamento regional natildeo deve ter contribuiacutedo

tambeacutem para a execuccedilatildeo plena do projeto Contudo no mesmo momento histoacuterico das crises

a Constituiccedilatildeo Federal eacute aprovada e traz em seu artigo 165 a necessidade da regionalizaccedilatildeo

dos objetivos e metas da administraccedilatildeo puacuteblica federal que passa a ser obrigaccedilatildeo tambeacutem da

administraccedilatildeo puacuteblica estadual Para cumprir tal preceito constitucional o primeiro Plano

Plurianual estadual elaborado em 1991 adota as microrregiotildees geograacuteficas do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) como unidades de planejamento

Desse modo pode-se concluir que Sergipe adotou a microrregiatildeo geograacutefica proposta

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) como unidade de planejamento das

intervenccedilotildees governamentais em detrimento das regiotildees propostas pelo proacuteprio Estado A

Proposta de Desenvolvimento para o Estado de Sergipe 1992-1995 bem como o Plano

Plurianual 1992-1995 e os trecircs planos plurianuais subsequentes (1996-1999 2000-2003 e

111

2004-2007) tiveram a microrregiatildeo geograacutefica proposta pele IBGE como unidade de

planejamento

Em 2004 o Governo do Estado cria seis Regiotildees de Planejamento para as accedilotildees

governamentais por meio da Lei n 5375 de 30 de junho de 2004 e reconhece as demais

regionalizaccedilotildees regularmente estabelecidas ou adotadas por oacutergatildeos da administraccedilatildeo direta ou

indireta As regiotildees de planejamento (RP) foram assim especificadas em lei RP 01- Sertatildeo

RP 02 ndash Baixo Satildeo Francisco RP 03 ndash Litoral Norte RP 04 ndash Agreste RP 05 ndash Grande

Aracaju e RP 06 Litoral Sul (Figura 6) As novas regiotildees foram criadas sem criteacuterios teacutecnicos

e efetivamente serviram apenas para o planejamento orccedilamentaacuterio69

Em 2007 o Governo de Sergipe influenciado pela experiecircncia do Estado do Rio

Grande do Sul institui por meio do Decreto n 24339 de 20 de abril de 2007 o territoacuterio

como unidade de planejamento e base para a promoccedilatildeo do desenvolvimento entre as diversas

regiotildees do Estado Eacute importante destacar que embora o Decreto que institui os Territoacuterios de

Planejamento natildeo seja uma norma juriacutedica vaacutelida uma vez que natildeo regulamenta nenhuma

Lei tem tido eficaacutecia haja vista sua aplicabilidade na territorializaccedilatildeo das accedilotildees tanto no

Plano Plurianual quanto nas Leis Orccedilamentaacuterias

69

O documento de Revisatildeo do Plano Plurianual 2006-2007 natildeo contempla a regionalizaccedilatildeo

112

Figura 6 Sergipe ndash Regiotildees de Planejamento - 2004

113

A regionalizaccedilatildeoterritorializaccedilatildeo realizada em 2007 foi conduzida pela Universidade

Federal de Sergipe e coordenada pela Professora Doutora em Geografia Vera Luacutecia Alves

Franccedila e com a participaccedilatildeo dos Professores Ricardo Oliveira Lacerda de Melo e Oliacutevio

Alberto Teixeira que embasados na polissemia do termo territoacuterio e em suas principais

abordagens adotam para as precisotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da regionalizaccedilatildeo os seguintes

argumentos juriacutedico-poliacuteticos culturais econocircmicos semioloacutegicos psicossocioloacutegicos e os

da praacutetica histoacuterica De acordo com os diagnoacutesticos elaborados para fundamentar o processo

da regionalizaccedilatildeo

Diversas abordagens procuram ressaltar diferentes dimensotildees do processo de

territorializaccedilatildeo70

No entanto mais do que imaginar que se trata de

abordagens que satildeo contraditoacuterias ou contraacuterias em si deve-se percebecirc-las

como complementares entre si fornecendo uma ideia dos diversos aspectos

que precisam ser levados em conta para compreender os processos de

definiccedilatildeo de territoacuterio Nesse sentido do ponto de vista do planejamento do

desenvolvimento sustentaacutevel importa pensar uma compreensatildeo da questatildeo

territorial fundamentalmente em conjunto com os atores sociais envolvidos

isto eacute de maneira participativa (GOVERNO DO ESTADO DE

SERGIPEUNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 2007 p 6)

Essa compreensatildeo de pensar os territoacuterios em conjunto com os agentes e atores

envolvidos representa muito mais que adotar uma metodologia proposta pela Secretaria de

Desenvolvimento Territorial (SDT) do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio (MDA) Essa

accedilatildeo inicia um processo de inclusatildeo da populaccedilatildeo nas decisotildees governamentais de construccedilatildeo

de regiotildees em Sergipe A construccedilatildeo dos territoacuterios de planejamento foi marcada pela junccedilatildeo

do saber teacutecnico com o olhar do pertencimento do espaccedilo de diferentes segmentos sociais e

poliacuteticos Entretanto a participaccedilatildeo social no processo seraacute discutida no proacuteximo capiacutetulo

Aleacutem do marco da inclusatildeo da participaccedilatildeo no processo a construccedilatildeo dos territoacuterios

de planejamento acumula ainda outro marco destacado por Vargas (2011) Para esse autor

A recente divisatildeo do Estado em Territoacuterios de Planejamento e considerando

a intencionalidade de conformaccedilatildeo de Territoacuterio de Identidade consiste em

um novo padratildeo de regionalizaccedilatildeo que por um lado supera o eixo de

produccedilatildeo do desenvolvimento ancorado no modelo de turismo de praia e sol

iniciado nos anos 1980 e por outro instiga a continuidade da abordagem

cultural sobretudo por vivenciarmos pela primeira vez a cultura como

dimensatildeo do planejamento do desenvolvimento (VARGAS 2011 p 100)

70

As dimensotildees usadas no processo da territorializaccedilatildeo foram econocircmico-produtiva social poliacutetico-

institucional sociocultural e geoambiental Essas dimensotildees bem como as 15 variaacuteveis e os 79 indicadores que

subsidiaram a construccedilatildeo dos territoacuterios de planejamento encontram-se em GOVERNO DO ESTADO DE

SERGIPEUNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE Estado de Sergipe uma proposta de territorializaccedilatildeo

para o planejamento Aracaju Seplan 2007 vol I e II

114

A dimensatildeo cultural como uma variaacutevel importante no processo do planejamento do

desenvolvimento eacute defendida por autores como Putnam Fukuyama Baquero e Valdivieso

que ressaltam os valores culturais na formaccedilatildeo e fortalecimento do capital social fator de

desenvolvimento econocircmico O reconhecimento do capital social como fator de

desenvolvimento nos e dos territoacuterios de planejamento eacute a temaacutetica a ser analisada no

proacuteximo capiacutetulo

Os estudos elaborados para subsidiar a tomada de decisatildeo a respeito da delimitaccedilatildeo de

cada territoacuterio de planejamento permitiram a formaccedilatildeo de oito territoacuterios A divisatildeo territorial

de Sergipe tambeacutem natildeo conseguiu compatibilidade integral com a divisatildeo dos Territoacuterios

Rurais que posteriormente passaram a integrar o Programa Territoacuterios da Cidadania

proposto pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) do Ministeacuterio do

Desenvolvimento Agraacuterio (MDA) Dos quatro territoacuterios que integram o Programa Territoacuterios

da Cidadania em Sergipe somente dois deles (Alto Sertatildeo Sergipano e Baixo Satildeo Francisco

Sergipano) guardam o mesmo conjunto de municiacutepios dos territoacuterios de planejamento do

Estado Isso se deve a dois fatos o primeiro por intervenccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos gestores

municipais do territoacuterio Alto Sertatildeo Sergipano que exigiram do Estado o respeito agrave divisatildeo

territorial em curso pela SDTMDA precisamente mantendo o municiacutepio de Nossa Senhora

de Lourdes como pertencente ao Alto Sertatildeo e natildeo ao Baixo Satildeo Francisco como propunha o

Estado tatildeo somente pelo andamento dos processos em construccedilatildeo com recursos do Programa

Territoacuterios da Cidadania e o segundo pelo entendimento e aceitaccedilatildeo de todos de que a

proposta de articulaccedilatildeo das institucionalidades nos trecircs niacuteveis de governo para a integraccedilatildeo

das poliacuteticas no mesmo espaccedilo permitiria maior efetividade das accedilotildees e do controle social

No entanto esse consenso natildeo foi estabelecido para os Territoacuterios Sul Sergipano e Sertatildeo

Ocidental O resultado da efetividade das accedilotildees implementadas nos territoacuterios nos quais se

chegou a um consenso poderia apoiar a discussatildeo nos demais caso a poliacutetica da

territorializaccedilatildeo da SDTMDA natildeo tivesse sofrido um arrefecimento Esse arrefecimento se

deve a diferentes fatores que vatildeo desde a ausecircncia de projetos a questotildees como a

incapacidade para a prestaccedilatildeo de contas dos recursos gastos na execuccedilatildeo das accedilotildees das

organizaccedilotildees sociais e dos gestores municipais71

a capacidade de participaccedilatildeo efetiva da

populaccedilatildeo nos colegiados interferecircncias poliacuteticas tanto dos governos locais quanto do central

e sobretudo a velha e conhecida regularidade das poliacuteticas puacuteblicas ndash a descontinuidade por

71

Os impactos do Programa Territoacuterios da Cidadania em Sergipe podem ser vistos em HANSEN Dean L Os

Impactos dos Grandes Projetos Federais no Estado de Sergipe e proposiccedilotildees de poliacuteticas In APOLINAacuteRIO

Valdecircnia e SILVA Maria Lussieu da Impactos dos Grandes Projetos Federais sobre os Estados do Nordeste

Natal Edufrn 2011 p 299- 327

115

mudanccedila do gestor da Secretaria de Desenvolvimento Territorial e do Ministeacuterio do

Desenvolvimento Agraacuterio

A experiecircncia da gestatildeo social do Programa Territoacuterios da Cidadania permitiu a

construccedilatildeo do pressuposto de que a criaccedilatildeo de espaccedilos participativos pode fortalecer o capital

social territorial O iacutendice de capital social dos territoacuterios de planejamento de Sergipe poderaacute

confirmar ou refutar essa hipoacutetese tendo em vista o tempo transcorrido e a tipologia da

participaccedilatildeo social nos colegiados

O territoacuterio de fato eacute a unidade de planejamento orccedilamentaacuterio em Sergipe desde

2008 Entretanto aleacutem dessa unidade de planejamento orccedilamentaacuterio puacuteblico Sergipe adota

outras regionalizaccedilotildees com finalidades diversas como a gestatildeo de poliacuteticas setoriais como os

recursos hiacutedricos e suas unidades de planejamento ndash as bacias hidrograacuteficas72

a

descentralizaccedilatildeo e a desconcentraccedilatildeo da gestatildeo a gestatildeo compartilhada a execuccedilatildeo de

programas voltados para o desenvolvimento territorial a reduccedilatildeo da pobreza e outros que natildeo

foram afetadas pelo processo de regionalizaccedilatildeoterritorializaccedilatildeo e pelo planejamento

orccedilamentaacuterio Essas regionalizaccedilotildees bem como os instrumentos legais de criaccedilatildeo e finalidades

encontram-se na Tabela 2

As Regiotildees educacionais ou as Diretorias Regionais foram criadas para fins de

desconcentraccedilatildeo da poliacutetica estadual (Figura 7) Satildeo dez diretorias regionais que agrupam

municiacutepios mediante o criteacuterio da contiguidade espacial As diretorias regionais natildeo tecircm

autonomia para a elaboraccedilatildeo de Plano Regional ou estabelecimento de indicadores e metas

diferenciadas Todo o planejamento educacional se concentra na Assessoria de Planejamento

da Secretaria em Aracaju As Diretorias Regionais de Educaccedilatildeo funcionam como centros de

descentralizaccedilatildeo administrativa da Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo

As regiotildees operacionais da Empresa de Desenvolvimento Agropecuaacuterio

(EMDAGRO) com previsatildeo de criaccedilatildeo estabelecida em Lei e decisatildeo poliacutetica do Conselho

Deliberativo da autarquia foram criadas visando agrave desconcentraccedilatildeo das accedilotildees administrativas

financeiras e teacutecnicas (assistecircncia aos produtores rurais) Satildeo cinco regiotildees operacionais cujo

criteacuterio de seleccedilatildeo da sede regional obedeceu agraves principais atividades produtivas como a

citricultura em Boquim a pecuaacuteria de leite em Nossa Senhora da Gloacuteria a pecuaacuteria de corte e

o cooperativismo em Lagarto e a rizicultura em Propriaacute (Figura 8)

72

O mapeamento das bacias hidrograacuteficas de Sergipe pode ser encontrado em FRANCcedilA Vera Luacutecia Alves e

CRUZ Maria Tereza Souza Atlas Escolar Sergipe espaccedilo geo-histoacuterico e culturalJoatildeo Pessoa GRAFSET

2013

116

Figura 7 Sergipe ndash Regiotildees educacionais

Fonte SEED 2014

117

Figura 8 Sergipe ndash Regiotildees da Emdagro

Fonte EMDAGRO 2014

Fonte EMDAGRO 2014

118

Aleacutem das regiotildees de descentralizaccedilatildeo administrativa da educaccedilatildeo e da Emdagro os

distritos rodoviaacuterios satildeo regiotildees administrativas cuja finalidade eacute a programaccedilatildeo de serviccedilos

de manutenccedilatildeo e conservaccedilatildeo da malha rodoviaacuteria estadual Satildeo cinco distritos rodoviaacuterios

cujo criteacuterio baacutesico definidor da regionalizaccedilatildeo foi a centralidade dos municiacutepios sedes dos

distritos Satildeo eles Nossa Senhora da Gloacuteria Lagarto Estacircncia Japaratuba e Aracaju (Figura

9)

A gestatildeo do saneamento em Sergipe eacute o tema que tem demandado regiotildees

diferenciadas por tipologia dos serviccedilos Para a gestatildeo dos serviccedilos de abastecimento de aacutegua

e de coleta e tratamento dos esgotos adotaram-se as microrregiotildees de saneamento cujos

criteacuterios definidores das microrregiotildees obedeceram agrave interdependecircncia dos sistemas e o

manancial hiacutedrico usado no fornecimento de aacutegua Satildeo treze as microrregiotildees de saneamento

baacutesico (Figura 10)

119

Figura 9 Sergipe ndash Distritos Rodoviaacuterios

FonteLei 56952005

120

Figura 10 Sergipe ndash Microrregiotildees de saneamento baacutesico

121

As regiotildees de sauacutede satildeo sete cujas sedes regionais coincidem com a Capital regional

A (Aracaju) o Centro Sub Regional B (Itabaiana) e os Centros de Zona A (Estacircncia Lagarto

Nossa Senhora da Gloacuteria e Propriaacute) propostos pelo IBGE Somente a sede regional de Nossa

Senhora do Socorro natildeo foi recepcionada por proposta do IBGE As regiotildees de sauacutede atendem

agrave gestatildeo descentralizada proposta pelo Governo Federal (Figura 11)

Tabela 2 Sergipe

Regiotildees institucionalizadas

RegiatildeoInstrumento Legal de

criaccedilatildeoFinalidade

Bacia HidrograacuteficaLei nordm 3870 de 25 de

setembro de 1997

Implementar a Poliacutetica Estadual de

Recursos Hiacutedricos

Regiotildees Educacionais

Decreto Estadual nos

85671987 e 18989 de

27 de julho de 2001

Desconcentrar a gestatildeo da poliacutetica

educacional

Regiotildees Operacionais Lei nordm 5416 de 26 de

agosto de 2004

Desconcentrar as accedilotildees da Empresa

de Desenvolvimento Agropecuaacuterio

de Sergipe

Distritos RodoviaacuteriosLei nordm 5697 de 18 de julho

de 2005

Programar e executar as atividades

pertinentes agrave conservaccedilatildeo e agrave

manutenccedilatildeo da malha rodoviaacuteria

estadual

Microrregiotildees de

Saneamento Baacutesico

relativas aos serviccedilos de

abastecimento de aacutegua e

esgotamento sanitaacuterio

Lei Complementar nordm 176

de 18 de dezembro de 2009

Integrar a organizaccedilatildeo planejar e

executar serviccedilos de abastecimento

de aacutegua e esgotamento sanitaacuterio

Regiotildees de Sauacutede

Lei nordm 6345 de 2 de

janeiro de 2008 e sua

regulamentaccedilatildeo

Deliberaccedilatildeo Nordm 0562012

do Colegiado

Interfederativo Estadual

Descentralizar e compartilhar a

gestatildeo da poliacutetica de sauacutede

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

122

Figura 11 Sergipe ndash Regiotildees de Sauacutede

FonteDELIBERACcedilAtildeO DO COLEGIADO INTERFEDERATIVO ESTADUAL Nordm 0562012

123

Outras regionalizaccedilotildees que resultaram da accedilatildeo poliacutetica satildeo as Regiotildees de Consoacutercios

de Saneamento que tecircm como finalidade a gestatildeo compartilhada dos resiacuteduos soacutelidos pelos

municiacutepios sergipanos (Figura 12) e as regiotildees turiacutesticas que tecircm como objetivo planejar

administrar e construir a integraccedilatildeo e a cooperaccedilatildeo entre os participantes das atividades do

turismo em cada regiatildeo ou polo (Figura 13) Eacute importante ressaltar que tanto as regiotildees de

consoacutercios de saneamento quanto as regiotildees turiacutesticas foram construiacutedas com base em

criteacuterios teacutecnicos metodologias participativas e diretrizes de Poliacutetica e Programa Nacional

respectivamente As regiotildees de saneamento obedecem agrave Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos

Soacutelidos (Lei nordm 12305 de 2 de agosto de 2010) e as regiotildees turiacutesticas ou os polos turiacutesticos agraves

diretrizes do Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo roteiros do Brasil

Percebe-se ainda a existecircncia de regiotildees funcionais como as comarcas do Poder

Judiciaacuterio a bacia leiteira a regiatildeo da citricultura do Estado e tantas outras construiacutedas

independentemente ou com o apoio do poder puacuteblico que tecircm reforccedilado as regiotildees como

espaccedilos de convivecircncia lugares funcionais produto social

124

Figura 12 Sergipe ndash Regiotildees de Consoacutercio de saneamento

Fonte SEMARH 2014

125

Figura 13 Sergipe ndash Regiotildees de turismo

FONTE GOVERNO DE SERGIPESECRETARIA DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO ECONOcircMICO

DA CIEcircNCIA E TECNOLOGIA E DO TURISMO 2009

126

As regiotildees educacionais as unidades operacionais da Emdagro as regiotildees de sauacutede

os distritos rodoviaacuterios e as microrregiotildees de saneamento foram construiacutedas tomando-se por

base o saber teacutecnico sem obedecer a uma racionalidade metodoloacutegica permitindo tambeacutem a

construccedilatildeo de regiatildeo sem observar a contiguidade do espaccedilo geograacutefico como ocorre com as

microrregiotildees de saneamento baacutesico e ainda sem a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo Entretanto as

regiotildees de sauacutede foram validadas nos respectivos colegiados interfederativos regionais e

ratificadas pelo colegiado estadual que satildeo institucionalidades participativas

Conforme jaacute descrito essas regiotildees natildeo interferem na alocaccedilatildeo dos recursos para

efeito do planejamento orccedilamentaacuterio das intervenccedilotildees governamentais ou seja durante a

elaboraccedilatildeo do orccedilamento anual ou do Plano Plurianual todo e qualquer programa ou projeto

de intervenccedilatildeo em quaisquer dessas regiotildees teraacute sua identificaccedilatildeo orccedilamentaacuteria nos

territoacuterios de planejamento e natildeo de sua regiatildeo de gestatildeo ou execuccedilatildeo O territoacuterio na

praacutetica eacute a unidade de planejamento orccedilamentaacuterio e atende ao paraacutegrafo 1ordm do artigo 165 da

Constituiccedilatildeo Federal O territoacuterio efetivamente no quadro do planejamento atual de Sergipe

natildeo se constitui em unidade de planejamento do desenvolvimento conforme argumentos

expostos nos proacuteximos itens Entretanto essa conclusatildeo apenas corrobora a praacutetica da Uniatildeo

embora destacada como uma accedilatildeo duvidosa para Balbim e Contel (2013) Para esses autores

A leitura e interpretaccedilatildeo das poliacuteticas dos planos e dos programas do

governo federal- incluindo alguns exemplos de poliacuteticas estaduais ndash

poderiam ainda identificar se estaacute sendo de fato cumprida a determinaccedilatildeo

constitucional (Artigo 165 paraacutegrafo 1ordm) que obriga os Planos Plurianuais

(PPAs) a estabelecer ldquode forma regionalizada as diretrizes os objetivos e

metas da administraccedilatildeo puacutebica federal para as despesas de capital e outras

dela decorrentes e para as relativas aos programas de natureza continuadardquo (BALBIM E CONTEL 2013 p 44)

Reconhecendo que haacute a necessidade de uma unidade de planejamento orccedilamentaacuterio

para cumprimento do Artigo 165 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e sobretudo de um

planejamento do desenvolvimento em Sergipe que seja compatiacutevel com o Plano Plurianual

como preconiza a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a adoccedilatildeo de uma unidade de planejamento

com capacidade de atendimento de todos os propoacutesitos seria uma situaccedilatildeo desejada poreacutem

impossiacutevel Essa impossibilidade adveacutem de diversas situaccedilotildees entre elas o fato de que (i)

diferentes poliacuteticas setoriais adotaram unidades diferenciadas como as bacias hidrograacuteficas

as microrregiotildees de saneamento (ii) as unidades devem ser reconhecidas pelo quadro de

gestores puacuteblicos (secretaacuterios e dirigentes de oacutergatildeos) (iii) o planejamento trabalha em

muacuteltiplas escalas o que implica reconhecer que haacute dimensotildees de intervenccedilatildeo mais adequada

127

ao tratamento de determinadas questotildees O reconhecimento da necessidade de o planejamento

trabalhar em muacuteltiplas escalas eacute uma das conclusotildees do Estudo da Dimensatildeo Territorial para

o Planejamento desenvolvido pelo Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (2008) e

tambeacutem se aplica ao Estado de Sergipe Constata-se ainda que pela limitaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos os programas e projetos geralmente estabelecem aacutereas de atuaccedilatildeo73

que natildeo

obedecem agraves regionalizaccedilotildees preacute-existentes como eacute o caso do Programa Sergipe Cidades do

Projeto de Combate agrave Pobreza Rural no Estado de Sergipe (PCPR) e do Projeto Dom Taacutevora

(Figura 14) que tiveram suas aacutereas de atuaccedilatildeo definidas por indicadores sociais dos

municiacutepios principalmente o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)

principalmente os dois uacuteltimos programas

Reconhecendo que a regionalizaccedilatildeo em Sergipe tem sido um ato poliacutetico e na maioria

das vezes induzido por demandas do governo central inseridos em contextos mais setoriais

esses atos natildeo foram decisivos para o planejamento puacuteblico estadual As regionalizaccedilotildees

tambeacutem natildeo tecircm contribuiacutedo para a compreensatildeo de mudanccedilas efetivas nos indicadores

sociais e econocircmicos do Estado e para o entendimento dos impactos dos programas nas

diferentes escalas

Entretanto os modelos de planejamento puacuteblico nos termos dos regramentos legais

exigem unidades de planejamento para a alocaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos Assim sendo os

subcapiacutetulos a seguir analisaratildeo as iniciativas de planejamento puacuteblico em Sergipe e suas

contribuiccedilotildees para a estruturaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento sustentaacutevel e de uma

democracia participativa ou pelo menos contribuir para o debate do desenvolvimento

regional territorial Para tanto os subcapiacutetulos a seguir trataratildeo do planejamento em Sergipe

em trecircs fases distintas o planejamento do desenvolvimento o planejamento orccedilamentaacuterio e o

planejamento participativo

73

O Programa Sergipe Cidades natildeo atua no municiacutepio de Aracaju o PCPR excluiu a Regiatildeo Metropolitana

portanto natildeo atua nos municiacutepios de Aracaju Barra dos Coqueiros Nossa Senhora do Socorro e Satildeo Cristoacutevatildeo

128

Figura 14 Sergipe ndash Regiatildeo de atuaccedilatildeo do Projeto Dom Taacutevora

Fonte Projeto Dom Taacutevora 2014

129

522 Planejamento do desenvolvimento em Sergipe entre o mito Condese e o fracasso

do planejamento regional

Neste subcapiacutetulo pretende-se analisar o papel do Condese no planejamento e no

desenvolvimento de Sergipe Para tanto tenta-se resgatar a histoacuteria do planejamento em

Sergipe e analisar o desempenho do Condese na elaboraccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento

e na formaccedilatildeo de capital social

No contexto do planejamento do desenvolvimento em Sergipe o Conselho de

Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe (Condese) tem sido a maior referecircncia Entretanto

antes do Conselho outras entidades foram criados para desempenhar entre outras funccedilotildees o

planejamento Foram eles a Secccedilatildeo de Estudos Econocircmicos Financeiros a Consultoria

Teacutecnica de Assuntos Econocircmicos e Financeiros e a Comissatildeo de Desenvolvimento

Econocircmico (Quadro 6)

Quadro 6 Sergipe

Estruturas de planejamento que antecederam ao Conselho de Desenvolvimento

Econocircmico de Sergipe

Entidade Instrumento Legal de criaccedilatildeo

Secccedilatildeo de Estudos Econocircmicos e

Financeiros

Decreto-Lei n 956 de 31 de

dezembro de 1945

Consultoria Teacutecnica de Assuntos

Econocircmicos e Financeiros

Decreto n 433 de 7 de novembro de

1952

Comissatildeo de Desenvolvimento

Econocircmico

Decreto n 130 de 5 de dezembro de

1952

Conselho de Desenvolvimento

Econocircmico de Sergipe (Condese)

Decreto n 470 de 31de marccedilo de

1959 Sistematizaccedilatildeo proacutepria

Paulo Barbosa de Araujo (1983) considera como primeira instituiccedilatildeo do planejamento

de Sergipe a Secccedilatildeo de Estudos Econocircmicos Financeiros criado segundo ele na calda do

movimento de redemocratizaccedilatildeo em 1945 A Secccedilatildeo de Estudos Econocircmicos Financeiros

integrava o Departamento da Fazenda (atual Secretaria de Estado da Fazenda) e tinha como

finalidade o planejamento de questotildees macroeconocircmicas do Estado Para Paulo Barbosa essa

Secccedilatildeo durou sete anos e embora natildeo se tenha registro de sua atuaccedilatildeo em 1952 ascendeu agrave

categoria de Consultoria Teacutecnica vinculada diretamente ao Gabinete do Secretaacuterio da

Fazenda

130

A Consultoria Teacutecnica ampliou a atuaccedilatildeo da Secccedilatildeo poreacutem concentrou suas

atividades em pesquisas econocircmicas e financeiras Como afirma Araujo

Haacute uma evidecircncia que natildeo se pode negar agrave luz da documentaccedilatildeo que ainda

se dispotildee de que tanto a Secccedilatildeo de Estudos Econocircmicos e Financeiros

como a Consultoria Teacutecnica estavam muito voltadas agrave aacuterea tributaacuteria e

financeira do Estado natildeo existindo muita autonomia entatildeo para se enfrentar

os problemas de ordem econocircmica que estavam na ordem do dia em todo o

Nordeste devido agrave crise econocircmica e social da regiatildeo (ARAUJO 1983

p7)

A afirmativa de Araujo (1983) permite a interpretaccedilatildeo de que essas

institucionalidades de fato natildeo exerciam a funccedilatildeo planejamento do desenvolvimento do

Estado Nas palavras de Barreto (1976 p4) com base nesses nuacutecleos implantaram-se as

raiacutezes da racionalizaccedilatildeo teacutecnico-administrativa de execuccedilatildeo de processos orccedilamentaacuterios e do

sistema tributaacuterio do Estado O que se fazia em Sergipe era uma repeticcedilatildeo do que ocorria no

niacutevel federal ou seja o ajuste da alocaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

Influenciado pela infraestrutura de energia eleacutetrica produzida pela Usina

Hidroeleacutetrica de Paulo Afonso o Governo do Estado cria a Comissatildeo de Desenvolvimento

Econocircmico do Estado de Sergipe 74

(CDE) Essa Comissatildeo oacutergatildeo consultivo do governo

tinha a finalidade de planejar o desenvolvimento econocircmico estadual tendo adotado o modelo

da industrializaccedilatildeo o aproveitamento dos recursos naturais a modernizaccedilatildeo da agricultura o

fornecimento de infraestrutura para os transportes e a melhoria da qualidade de vida da

populaccedilatildeo

A Comissatildeo de Desenvolvimento Econocircmico do Estado de Sergipe (CDE) era

composta por representantes do Poder Executivo (3) e do Legislativo (1) das classes

produtoras (3) e do sistema financeiro (1) A Comissatildeo foi a primeira estrutura de governanccedila

criada em Sergipe vinculava-se ao Governo e natildeo tinha representaccedilatildeo da sociedade para

planejar o desenvolvimento Para Araujo (1983 p8) tanto a composiccedilatildeo como o discurso e o

trabalho da Comissatildeo expressam natildeo apenas o autoritarismo e a centralidade do Estado como

tambeacutem o pensamento dominante agrave eacutepoca que via o planejamento como uma accedilatildeo poliacutetica

De acordo com esse autor ainda embora a Comissatildeo tenha sobrevivido por sete anos natildeo haacute

registro de estudo ou obra resultante da atuaccedilatildeo dessa Comissatildeo visto que se reuniam

apenas uma vez por semana

74

Santos (1985 p9) natildeo considerou a Comissatildeo de Desenvolvimento Econocircmico do Estado como

institucionalidade do planejamento por ter sido uma simples disposiccedilatildeo legal sem implementaccedilatildeo de accedilatildeo que

merecesse seu destaque

131

Eacute relevante destacar que os textos produzidos sobre as experiecircncias do planejamento

em Sergipe natildeo descrevem a articulaccedilatildeo ocorrida entre a Comissatildeo e as demais estruturas da

Administraccedilatildeo Puacuteblica para a proposiccedilatildeo de estudos teacutecnicos e o planejamento do

desenvolvimento do Estado A ausecircncia dessa articulaccedilatildeo serviu de base para justificar a

criaccedilatildeo de outra estrutura de governanccedila ndash o Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de

Sergipe (Condese)

O Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe eacute a referecircncia uacutenica e maior

da racionalidade teacutecnico-administrativa e poliacutetica do planejamento a longo prazo em Sergipe e

com accedilotildees efetivamente implementadas Esse reconhecimento foi registrado por Barreto

(1976 2014) Araujo (1983) e Santos (1985) poreacutem eacute verbalizado natildeo soacute por aqueles que

experienciaram as teacutecnicas como por aqueles que reconhecem seus resultados e os

desdobramentos desses no tempo e no espaccedilo sergipano

O Condese foi criado em marccedilo de 1959 em um contexto histoacuterico marcado pelo

Estado como agente propulsor e o planejamento como ferramenta teacutecnica e poliacutetica

orientadora do desenvolvimento que agrave eacutepoca vinculava-se ao processo da industrializaccedilatildeo

Na composiccedilatildeo do Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe (Condese) jaacute

se observa a inclusatildeo de representantes das classes trabalhadoras poreacutem natildeo de representantes

de organizaccedilotildees sociais O fato da inclusatildeo de representantes das classes trabalhadoras

permitiu tanto a Paulo Barbosa Araujo como a Dilson Barreto reconhecerem o Condese como

um espaccedilo democraacutetico e aberto poreacutem natildeo participativo

A estrutura organizacional do Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe

(Condese) contava com uma Secretaria Executiva e Secccedilotildees Teacutecnicas formadas por grupos de

trabalhos que operacionalizavam as accedilotildees do Conselho Tanto Barreto (1976 2013) quanto

Araujo (1983) e Santos (1985) revisando a atuaccedilatildeo do Condese propuseram a construccedilatildeo de

fases que em linhas gerais foram delimitadas por sua estrutura organizacional e regime

juriacutedico (oacutergatildeo articulador da consultoria teacutecnica autarquia oacutergatildeo central do planejamento)

Tanto Barreto (1976 p8) quanto Araujo (1983 p 18) descrevem que a fase

ascensional do planejamento do desenvolvimento em Sergipe ocorreu no periacuteodo autoritaacuterio

quando se criou a autarquia com autonomia administrativa e financeira e maior flexibilidade

de accedilatildeo Araujo (1983) assinala que essa ascensatildeo da funccedilatildeo planejamento foi acompanhada

da ruptura do modelo democraacutetico representado pela exclusatildeo da representaccedilatildeo das classes

trabalhistas no Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe

132

Os impactos diretos do planejamento do Condese no desenvolvimento do Estado satildeo

reconhecidos pela criaccedilatildeo de empresas puacuteblicas e estatais para a gestatildeo de poliacuteticas setoriais

importantes como a agricultura turismo saneamento energia eleacutetrica habitaccedilatildeo e o

aproveitamento de recursos minerais a elaboraccedilatildeo de planos setoriais e outros75

Outro

impacto importante para a base do desenvolvimento do Estado lembrado por um ex-gestor

puacuteblico entrevistado na pesquisa diz respeito agrave formaccedilatildeo dos economistas tanto pela

Universidade Federal de Sergipe como pela Universidade Tiradentes (antiga Faculdade

Integrada Tiradentes) Isso porque muitos professores da Universidade Tiradentes eram

teacutecnicos do Condese76

Nas palavras do entrevistado a parceria notadamente com as

Universidades constituiu-se em um instrumento importante para o alicerce do

desenvolvimento no Estado

A UFS tambeacutem foi um aporte intelectual importante para a economia

regional O Departamento de Geografia e de Economia da UFS avanccedilou

nisso Na Geografia a contribuiccedilatildeo dos Professores Joseacute Alexandre Felizola

Diniz e Adelci Figueiredo dos estudos da problemaacutetica regional e dos cursos

de mestrado e doutorado foram fundamentais [] O foco era o

desenvolvimento Poreacutem a capacitaccedilatildeo dos teacutecnicos tendo em vista a

necessidade de se qualificar os recursos humanos e estimular o

empreendedorismo tambeacutem passaram a ser finalidades do Condese O

CONDESE a UFS e a UNIT investiram na capacitaccedilatildeo das pessoas Os

setores de serviccedilos da informaccedilatildeo e da educaccedilatildeo cresceram muito em

Sergipe por esses esforccedilos (Ex-Gestor puacuteblico entrevista concedida em

2013)

De fato aleacutem do trabalho Organizaccedilatildeo Espacial de Sergipe (1976) fruto da parceria

entre o Condese e a UFS outros estudos como o Plano Estadual de Habitaccedilatildeo (1971) o Plano

Diretor do Distrito Industrial de Aracaju (1974) e outros foram desenvolvidos pelos teacutecnicos

do Estado

Durante a fase ascensional observou-se a instituiccedilatildeo do sistema estadual de

planejamento pela Lei n 19171974 Vale lembrar que a criaccedilatildeo do sistema de planejamento

visava atender ao preconizado no Decreto Federal n 200 de 25 de fevereiro de 1967 sendo a

Lei estadual n 1917 de 18 de dezembro de 1974 praticamente uma transcriccedilatildeo do Decreto-

Lei Portanto Sergipe levou sete anos para adotar o sistema de planejamento orccedilamentaacuterio

descentralizado Entatildeo

75

Os planos elaborados pelo Condese foram O Primeiro Programa de estudos e Pesquisa para o Planejamento

Econocircmico de Sergipe com vigecircncia de 1962 a 1963 o Plano Decenal de Desenvolvimento do Estado I Plano

de Desenvolvimento Econocircmico e Social de Sergipe ndash 1976-1979 76

Foram teacutecnicos do Condese e professores o advogado Darcilo Melo Costa e os economistas Walmir Bruno

Soares Pedro dos Anjos Newton Pedro da Silva e Joseacute Augusto Freire

133

A descentralizaccedilatildeo programada natildeo era uma poliacutetica com vistas a romper o

autoritarismo reinante na administraccedilatildeo estadual a reestruturaccedilatildeo do

Sistema Estadual de Planejamento (SEP) estava muito mais voltada aos

problemas de eficiecircncia Donde a criaccedilatildeo das Assessorias de Planejamento

(ASPLANrsquos) nas diversas Secretarias de Estado natildeo necessariamente era a

descentralizaccedilatildeo do poder de controle e coordenaccedilatildeo que o planejamento

exercita [] O controle e a decisatildeo de aplicar os investimentos estava

centralizado no oacutergatildeo central do Sistema (ARAUJO 1983 p23)

A praacutetica autoritaacuteria destacada por Araujo de fato natildeo se elimina com accedilotildees

descentralizadas embora se tenha reduzido o poder do oacutergatildeo central Entretanto eacute importante

destacar que a centralizaccedilatildeo da coordenaccedilatildeo das accedilotildees planejadas preconiza natildeo soacute a

articulaccedilatildeo para a integraccedilatildeo das accedilotildees o uso de praacuteticas cooperadas e modelos flexiacuteveis

necessaacuterios aos ajustes de projetos e atividades constantes dos programas governamentais

para atender agraves demandas e responder agraves pressotildees da sociedade civil nos diferentes setores

Contudo Paulo Barbosa Araujo (1983) Antocircnio Rocha Santos (1985) e Dilson Barreto

(1976) reconhecem que o planejamento puacuteblico em Sergipe nasceu pelas matildeos do estado sem

a participaccedilatildeo social por influecircncia externa e dependente do planejamento federal Por essas

caracteriacutesticas esperava-se que as decisotildees poliacuteticas se sobrepusessem agraves accedilotildees planejadas

independentemente da tipologia do bem ou do serviccedilo proposto por estas uacuteltimas

De acordo com Buarque (1999) o jogo poliacutetico interfere na materializaccedilatildeo das accedilotildees

planejadas e o planejamento sofre o impacto direto de uma conjuntura conflituosa tanto no

plano econocircmico quanto no poliacutetico De fato transcorridos 55 anos de institucionalidades de

planejamento puacuteblico os baixos indicadores sociais ainda encontrados em Sergipe denunciam

as modestas mudanccedilas sociais ocorridas A concentraccedilatildeo do planejamento deu-se em

atividades econocircmicas ou estruturantes como a infraestrutura rodoviaacuteria a construccedilatildeo de

distritos industriais que como disse um entrevistado para o crescimento industrial

influenciado pela captaccedilatildeo de recursos da Sudene o principal projeto foi o da implantaccedilatildeo dos

distritos industriais como vetores do desenvolvimento

Entretanto na visatildeo de Barreto (1976) esse restrito grupo de teacutecnicos do Conselho de

Desenvolvimento pela autonomia adquirida interferiu nas relaccedilotildees de poder do estado Desse

modo a conjuntura conflituosa no plano poliacutetico interveio na execuccedilatildeo das accedilotildees No

entendimento de Gross (1988 p409) a evoluccedilatildeo do desenvolvimento econocircmico exige uma

conscientizaccedilatildeo realista de interdependecircncia entre o planejamento e a administraccedilatildeo e na

ausecircncia dessa conscientizaccedilatildeo a execuccedilatildeo das accedilotildees planejadas eacute comprometida O

comprometimento da execuccedilatildeo das accedilotildees ocorrido em Sergipe deveu-se agrave disputa de poder

entre Secretaacuterios e dirigentes de oacutergatildeos Aleacutem disso a ausecircncia de participaccedilatildeo social no

134

processo imposta pelo regime autoritaacuterio e a cultura poliacutetica institucional e social dominante

facultou ao grupo do Condese a reproduccedilatildeo do poder da cuacutepula do Executivo estadual

Em relaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo do sistema estadual de planejamento Santos (1985 p14)

considera que houve uma involuccedilatildeo da funccedilatildeo planejamento na esfera estadual Segundo esse

autor a partir de 1983 as estruturas de planejamento do estado satildeo desmontadas e o

planejamento do desenvolvimento passa a ser setorizado e elaborado de forma isolada por

empresas de consultorias eou consultores geralmente exoacutegenos ao estado (SANTOS 1985

p15)

Eacute praticamente unanimidade nos textos sobre o planejamento puacuteblico em Sergipe e

nas entrevistas realizadas que com a extinccedilatildeo do Condese houve tambeacutem o esgotamento da

funccedilatildeo planejamento do desenvolvimento em Sergipe (BARBOSA 1983 p30 SANTOS

1985 p10) ou seja credita-se o esgotamento da funccedilatildeo planejamento em Sergipe agrave extinccedilatildeo

do Condese Contudo a anaacutelise do planejamento puacuteblico brasileiro revela que as crises

sobretudo fiscal e financeira o planejamento voltado para a estabilizaccedilatildeo monetaacuteria e a

discussatildeo da reduccedilatildeo do papel do estado ocorrentes nesse periacuteodo foram algumas das

agravantes do planejamento do desenvolvimento natildeo apenas em Sergipe como no Nordeste e

no Brasil Desse modo apreende-se que a extinccedilatildeo do Condese foi permeada por essas crises

e agravada pelos modelos poliacutetico-institucional e de desenvolvimento adotados e ainda pelo

estilo de tomada de decisatildeo em vigor

Desse modo os textos produzidos sobre a histoacuteria do planejamento em Sergipe talvez

por estarem eivados por sentimentos diversos tratam da reestruturaccedilatildeo da Administraccedilatildeo

Puacuteblica estadual como uma manobra poliacutetica para desmonte da estrutura do Condese E nessa

dificuldade de aceitaccedilatildeo deixaram de analisar o planejamento estadual no contexto da

dinacircmica social e poliacutetica nacional e global Como disse Albuquerque (2004 p20) o

contexto era marcado por movimentos que se organizam como espaccedilo de accedilatildeo reivindicativa

de modelos de desenvolvimento (sustentaacutevel) e de planejamento (democraacutetico) Esses

movimentos culminaram com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal em 1988 conhecida

como a Constituiccedilatildeo Cidadatilde e com a Constituiccedilatildeo Estadual em 1989 e com estas a abertura

de espaccedilos participativos para a gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas contemplando todo o ciclo ou

seja o planejamento a execuccedilatildeo o controle e avaliaccedilatildeo e a correccedilatildeo dos programas e

projetos

Eacute importante perceber que mesmo reconhecendo que o modelo de desenvolvimento

que priorizava o econocircmico natildeo atendia agraves especificidades sociais do estado a reestruturaccedilatildeo

135

da Administraccedilatildeo Puacuteblica natildeo foi percebida como necessaacuteria pelos analistas ateacute porque a

reestruturaccedilatildeo natildeo alterou o planejamento tecnocraacutetico e o desenvolvimento voltado para o

progresso econocircmico Soacute para exemplificar ateacute meados da deacutecada de 1990 poucos

municiacutepios possuiacuteam estabelecimentos de ensino meacutedio

Constata-se que embora o Conselho tivesse uma preocupaccedilatildeo com a capacitaccedilatildeo de

seus teacutecnicos a alta taxa de analfabetismo da populaccedilatildeo e a ausecircncia de estabelecimento de

ensino meacutedio nas sedes municipais aleacutem da existecircncia de professores sem a devida

habilitaccedilatildeo natildeo se constituiacuteram em situaccedilatildeo problema para o modelo de desenvolvimento

adotado nem accedilatildeo que merecesse uma poliacutetica para alteraccedilatildeo da realidade E como lembra

Demo (2009) a poliacutetica puacuteblica mais sensiacutevel para o desenvolvimento eacute a educaccedilatildeo

Desse modo a avaliaccedilatildeo das poliacuteticas e do planejamento do desenvolvimento adotado

pelo Condese permite inferir que no contexto da democratizaccedilatildeo e de formaccedilatildeo de capital

social esse natildeo contribuiu para a formaccedilatildeo de capital social e era uma institucionalidade que

natildeo apresentava sustentabilidade no modelo de redemocratizaccedilatildeo pela cultura poliacutetica

burocraacutetica e autoritaacuteria assumida e pela negligecircncia com as poliacuteticas sociais e ambientais

Entretanto eacute importante reconhecer que com a extinccedilatildeo do Condese e a criaccedilatildeo da

Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan) e do Instituto de Economia e Pesquisa em

1979 mesmo mantendo muitos teacutecnicos do quadro de servidores do Conselho de

Desenvolvimento paulatinamente observou-se a descontinuidade de projetos de accedilotildees de

pesquisas e ateacute da sistematizaccedilatildeo de dados e de informaccedilotildees a respeito do Estado e dos

municiacutepios fundamentais para a elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos e as poliacuteticas puacuteblicas Outra

aacuterea que sofreu descontinuidade foi o setor cartograacutefico e o acervo bibliograacutefico sobre

planejamento puacuteblico desenvolvimento e poliacuteticas puacuteblicas iniciada pela Condese

Lamentavelmente todo registro produzido encontra-se armazenado de forma inadequada sem

as condiccedilotildees de conservaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de documentos produzidos pelas entidades do

planejamento em Sergipe demonstrando total descaso com os dados e as informaccedilotildees

produzidas no estado

Em marccedilo de 1979 depois de vinte anos e tendo sofrido duas alteraccedilotildees o Conselho

de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe foi extinto e se criou a Secretaria de Estado do

Planejamento (Seplan) como oacutergatildeo coordenador do planejamento e o Instituto de Economia e

Pesquisa (INEP) oacutergatildeo operacional da Secretaria Essas estruturas organizacionais bem como

suas dimensotildees culturais e modelo de tomada de decisatildeo seratildeo analisadas a seguir

136

523 Planejamento orccedilamentaacuterio e a reduccedilatildeo da funccedilatildeo planejamento

Tomando-se por base o Decreto-Lei n 2001976 o processo de planejamento

econocircmico perde forccedila e ganham feiccedilatildeo especial os processos de orccedilamento-programa anual e

de elaboraccedilatildeo dos programas gerais setoriais e regionais Nessa nova organizaccedilatildeo cabia agrave

Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan) o estabelecimento de diretrizes orccedilamentaacuterias

necessaacuterias agrave conduccedilatildeo do planejamento e da elaboraccedilatildeo dos orccedilamentos pelos demais oacutergatildeos

do governo Ao longo desses anos a Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan) sofreu

algumas alteraccedilotildees em funccedilatildeo da inclusatildeo de outras temaacuteticas para gestatildeo sob sua

competecircncia ou como consequecircncia da reduccedilatildeo de poder da funccedilatildeo planejamento Desse

modo o planejamento jaacute foi entendido como um subitem da economia e financcedilas a ciecircncia e

tecnologia como itens do planejamento e atualmente o planejamento eacute uma funccedilatildeo da

administraccedilatildeo do quadro de servidores estaduais (Quadro 7)

Quadro 7 Sergipe

Evoluccedilatildeo histoacuterica da Secretaria de Planejamento

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

A criaccedilatildeo da Secretaria do Planejamento ensejou tambeacutem a criaccedilatildeo de um oacutergatildeo

responsaacutevel pela coleta e sistematizaccedilatildeo de dados a respeito das variaacuteveis econocircmicas

sociais culturais ambientais e tecnoloacutegicos necessaacuterias ao planejamento Desse modo em

paralelo agrave criaccedilatildeo da Secretaria criou-se o Instituto de Economia e Pesquisa (INEP) como

oacutergatildeo de apoio ao planejamento seguindo o modelo do Instituto de Pesquisa Econocircmica

Aplicada (IPEA) do governo federal

137

O Instituto de Economia e Pesquisa (INEP) entidade autaacuterquica criada em 1979

vinculava-se agrave Secretaria de Estado do Planejamento e tinha como funccedilatildeo a realizaccedilatildeo de

estudos pesquisas anaacutelises levantamento e sistematizaccedilatildeo de dados e de informaccedilotildees

necessaacuterias ao conhecimento da realidade social econocircmica e financeira do Estado ao

planejamento dos oacutergatildeos setoriais e dos municiacutepios Aleacutem disso o INEP tambeacutem era

responsaacutevel pela gestatildeo da poliacutetica da ciecircncia e tecnologia de Sergipe

Institucionalmente a Seplan e o INEP mantiveram os mesmos princiacutepios da

Administraccedilatildeo Puacuteblica burocraacutetica do Condese e dos demais oacutergatildeos puacuteblicos brasileiros A

elaboraccedilatildeo dos planos dos programas e dos projetos era cercada pelo formalismo de

procedimentos controle riacutegido dos processos e estilo de tomada de decisatildeo do tipo

autocraacutetico ou seja havia uma distacircncia significativa entre o tomador de decisatildeo (Estado) e

os beneficiaacuterios das poliacuteticas e das accedilotildees (sociedade)

A experiecircncia e a praacutetica do planejamento vinculado agrave elaboraccedilatildeo de plano

motivaram a Secretaria de Planejamento a elaborar em 1979 o II Plano de Desenvolvimento

Econocircmico e Social de Sergipe e a estabelecer as diretrizes da Poliacutetica de governo para o

Quadriecircnio 1979-1982 Entre as orientaccedilotildees desse plano percebe-se a preocupaccedilatildeo dos

planejadores com a abertura de canais de comunicaccedilatildeo entre o Governo e a Sociedade

Com larga experiecircncia no planejamento puacuteblico estadual teacutecnico entrevistado durante

a pesquisa descreve que

As definiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas eram institucionais e hierarquicamente

indicadas do acircmbito federal para o estadual principalmente no periacuteodo dos

governos militares quando qualquer processo de caraacuteter democraacutetico era

dificultado A elaboraccedilatildeo de planos programas e projetos eram realizadas

por grupos multidisciplinares formados por teacutecnicos especializados dos

diversos segmentos do Estado sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria de

Planejamento considerando-se os paracircmetros dos Planos de Governo em

niacutevel Federal e as respectivas fontes orccedilamentaacuterias jaacute definidas com base na

Lei de Diretrizes Orccedilamentaacuterias (LDO)

As caracteriacutesticas da Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual para esse entrevistado reafirma

a dependecircncia do planejamento estadual das diretrizes estabelecidas pelo governo federal

Desse modo agraves Assessorias de Planejamento de cada Secretaria cabia efetivamente a

elaboraccedilatildeo de programas e respectivos projetos e atividades e agrave Secretaria de Planejamento e

ao seu grupo multidisciplinar a sistematizaccedilatildeo dos programas setoriais no plano geral do

governo Observa-se que muitos programas foram e satildeo criados a partir de projetos pontuais e

atendendo a programas federais haja vista a vinculaccedilatildeo dos programas estaduais aos recursos

federais

138

Nesse ponto eacute importante reconhecer que os componentes das Assessorias de

Planejamento das Secretarias na sua maioria natildeo conheciam teacutecnicas de planejamento aleacutem

disso muitas assessorias mantinham teacutecnicos que desconheciam a problemaacutetica da aacuterea para a

qual formulavam programas e projetos seja pela visatildeo pontual da formaccedilatildeo acadecircmica

recebida seja pelo compromisso poliacutetico assumido Ademais a cultura poliacutetica de favores natildeo

permitia a execuccedilatildeo das accedilotildees planejadas Havia e haacute efetivamente uma distacircncia entre o que

se planeja e o que se executa em funccedilatildeo das demandas poliacuteticas eleitoreiras

Apoacutes dez anos de funcionamento a Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan) foi

extinta em 1989 sendo criada a Secretaria de Estado de Economia e Financcedilas que passa a

responder pelas aacutereas de competecircncia das Secretarias extintas (do Planejamento e da

Fazenda) A fusatildeo das Secretarias demonstra a reduccedilatildeo de poder do planejamento como

processo em funccedilatildeo de diversas crises Entre essas crises destacam-se fiscal financeira

agravada pela taxa de inflaccedilatildeo da intervenccedilatildeo puacuteblica centralizadora e autocraacutetica de escala

do planejamento entre outras vivenciadas especialmente na deacutecada de 1980 e iniacutecio da

deacutecada de 1990 por todo o aparelho de estado e em todos os niacuteveis de governo na prestaccedilatildeo

de serviccedilos e fornecimento de equipamentos 77

urbanos agrave populaccedilatildeo

Nesse contexto de crises o Instituto de Economia e Pesquisa (INEP) foi o primeiro a

apresentar colapso de sua estrutura sendo extinto em 1987 substituiacutedo pelo Instituto de

Estudos Econocircmicos e Sociais Aplicados (IESAP) para dar continuidade agraves suas atividades

Poreacutem em 1989 com a fusatildeo das Secretarias de Planejamento e da Fazenda institui-se a

Fundaccedilatildeo Estadual de Planejamento Pesquisa e Estatiacutestica (FUNDEPLAN) para ocupar suas

funccedilotildees Com a fusatildeo das secretarias de fato o orccedilamento-programa anual como instrumento

de planejamento ficou sendo executado pela Fundaccedilatildeo Estadual de Planejamento Entretanto

dois anos depois em 1991 a Fundaccedilatildeo de Planejamento tambeacutem foi extinta e criou-se

novamente a Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan)

A nova estruturaccedilatildeo da Seplan incorporou outras aacutereas de atuaccedilatildeo em 1995 e passa a

ser denominada de Secretaria de Estado do Planejamento Ciecircncia e Tecnologia (Seplantec)

poreacutem essas alteraccedilotildees natildeo interferiram na metodologia nem no estilo de tomada de decisatildeo

do planejamento orccedilamentaacuterio

Teacutecnico do governo que vivenciou a histoacuteria do planejamento puacuteblico no periacuteodo de

1972 a 1994 coloca ainda como dificuldades para o planejamento de poliacuteticas puacuteblicas a

77

Equipamentos urbanos aqui definidos como todos os bens puacuteblicos de utilidade puacuteblica destinados agrave

prestaccedilatildeo de serviccedilos necessaacuterios ao funcionamento da cidade implantados mediante autorizaccedilatildeo do poder

puacuteblico e em espaccedilos puacuteblicos Desse modo agrupam-se nessa categoria creche centro comunitaacuterio delegacia

destacamento de bombeiro militar terminal rodoviaacuterio obras de infraestrutura urbana e de saneamento

139

falta de integraccedilatildeo das accedilotildees de articulaccedilatildeo entre as secretarias e de qualificaccedilatildeo dos teacutecnicos

A desvalorizaccedilatildeo do quadro de servidores serviu e serve somente para a perpetuaccedilatildeo do

apadrinhamento poliacutetico e fortalecimento da ldquoinduacutestriardquo da consultoria Tanto a criaccedilatildeo e

preenchimento de cargos puacuteblicos pelos apadrinhados poliacutetico ou cabos eleitorais como a

contrataccedilatildeo de consultores para a elaboraccedilatildeo de estudos tecircm reforccedilado a caracteriacutestica da

descontinuidade administrativa seja pelo descompromisso dos servidores com os produtos

entregues pelos consultores pelo total desconhecimento de seu conteuacutedo seja pela mudanccedila

do titular da pasta e consequentemente dos seus afilhados

Como consequecircncia dessas praacuteticas eacute possiacutevel afirmar ainda que a distacircncia entre a

formulaccedilatildeo de propostas (realizadas por consultores) elaboraccedilatildeo de programas e respectivos

projetos e sua implementaccedilatildeo por servidores estaduais geralmente tecircm contribuiacutedo para a

baixa implementaccedilatildeo das poliacuteticas uma vez que natildeo se conhecem as propostas e sobretudo

fragilizado cada vez mais o papel do estado na prestaccedilatildeo de serviccedilos puacuteblicos e na induccedilatildeo

de propostas e programas que contribuem minimamente para o seu desenvolvimento social

Conforme lembrou Guimaratildees Neto (2010 p60) no periacuteodo de 1985 a 1994 as accedilotildees

puacuteblicas se concentraram na estabilizaccedilatildeo monetaacuteria e na reduccedilatildeo do tamanho do estado o

que de certa forma leva a entender que a fusatildeo das secretarias e o ldquovaivemrdquo das entidades

estaduais do planejamento foram adaptaccedilotildees agraves circunstacircncias Assim sendo efetivamente

apoacutes 1985 somente o Projeto Campo Verde foi elaborado como proposta de desenvolvimento

regional que segundo ex-teacutecnicos entrevistados natildeo chegou a ser executado A partir da

promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o planejamento do e para o desenvolvimento

regional ou estadual deixou de existir reforccedilando o desmonte das estruturas de planejamento

A partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o foco da Secretaria de Planejamento passou

a ser a elaboraccedilatildeo do orccedilamento e do Plano Plurianual (PPA) seguindo o Manual de

Orientaccedilatildeo produzido pelo Ministeacuterio do Planejamento A entidade de planejamento estadual

jaacute produziu seis planos plurianuais o primeiro teve a vigecircncia de 1992 a 1995 e o uacuteltimo de

2012 a 2015 Considerando que os dois uacuteltimos planos plurianuais adotaram metodologia

participativa a anaacutelise desses seraacute apresentada no toacutepico seguinte

Quanto ao planejamento como um processo contiacutenuo como defende Kon (1994)

envolvendo diferentes etapas como elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e verificaccedilatildeo dos resultados

constata-se que natildeo haacute efetivamente a implementaccedilatildeo da maioria das accedilotildees planejadas e

muito menos a avaliaccedilatildeo dos resultados

140

Entretanto natildeo se pode negar o legado dessas entidades de planejamento na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e no alicerce do desenvolvimento do estado Eacute importante

esclarecer que independentemente do modelo de gestatildeo e de tecnologia adotada da cultura

poliacutetica institucional e social alguns projetos contribuiacuteram para a economia do estado e para a

melhoria das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo Incluem-se nessa uacuteltima as accedilotildees voltadas

para o abastecimento de aacutegua nas sedes municipais As accedilotildees planejadas para o atendimento

do abastecimento de aacutegua ateacute meados da deacutecada de 1980 foi o sustentaacuteculo para a meacutedia

atual (7646) do total de domiciacutelios particulares permanentes com abastecimento de aacutegua

nas sedes dos 7578

municiacutepios sergipanos O significativo investimento em adutoras que

captam aacutegua do rio Satildeo Francisco para complementar o abastecimento de aacutegua na capital do

estado e principalmente fornecer aacutegua para as sedes municipais foi impulsionado pelo Plano

Nacional de Saneamento (PLANASA) pela proposta de uso de recursos provenientes do

Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) e pela instituiccedilatildeo da Companhia de

Saneamento de Sergipe (DESO) na deacutecada de 1970

Eacute importante mencionar que embora a Constituiccedilatildeo Federal e a Constituiccedilatildeo Estadual

preconizem a descentralizaccedilatildeo da prestaccedilatildeo dos serviccedilos de saneamento a realidade poliacutetico-

institucional e financeira atual da maioria dos municiacutepios sergipanos requer uma anaacutelise mais

aprofundada do modelo de gestatildeo mais apropriado para o saneamento municipal agrave luz das

experiecircncias de privatizaccedilatildeo dos serviccedilos de instituiccedilatildeo de arranjo de governanccedila em

funcionamento em outros municiacutepios brasileiros da condiccedilatildeo poliacutetico-institucional desses e

desde que a operaccedilatildeo na escala municipal natildeo afete significativamente os custos

A parceria com as Universidades como destacado pelo entrevistado aleacutem de

aproximar a teoria da praacutetica do planejamento permitiu a ampliaccedilatildeo dessas unidades de

ensino natildeo apenas na oferta de cursos como na qualificaccedilatildeo dos profissionais estruturando

esse ldquopolo (sic) de educaccedilatildeo superiorrdquo em Aracaju e atualmente expandindo-se para o

interior do estado A parceria construiacuteda entre a Universidade sobretudo a Universidade

Federal de Sergipe e o estado eacute um dos legados das entidades precursoras do planejamento

que daacute sustentabilidade ao desenvolvimento

Outra questatildeo observada nos textos e confirmada pelos entrevistados eacute que o

planejamento como instrumento de intervenccedilatildeo e controle social do desenvolvimento deixa de

ser prioridade para a Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira O texto legal traz com clareza a

78

Dos 75 municiacutepios do Estado de Sergipe 15 deles possuem menos de 2000 domiciacutelios particulares

permanentes em suas sedes segundo dados do IBGE de 2010 A viabilidade econocircmica da instituiccedilatildeo de um

oacutergatildeo de saneamento para atendimento dessa demanda carece de estudo detalhado

141

preocupaccedilatildeo do planejamento orccedilamentaacuterio e a compatibilizaccedilatildeo dos orccedilamentos anuais das

autarquias empresas puacuteblicas e demais entidades instituiacutedas pelo poder puacuteblico

O planejamento continuou sendo executado por cada uma das entidades da

Administraccedilatildeo Puacuteblica de modo centralizado autoritaacuterio desarticulado e sem nenhuma

preocupaccedilatildeo com a integraccedilatildeo das poliacuteticas dos programas e dos projetos planejados bem

como com a duplicidade de projetos para a mesma aacuterea ou seja repetem-se em Sergipe os

mesmos procedimentos executados pelos Ministeacuterios E como bem disse Cavalcante (2007

p145) a anaacutelise dos programas finaliacutesticos demonstra ineficiecircncia e as decisotildees

orccedilamentaacuterias satildeo poliacuteticas e natildeo teacutecnicas

524 Planejamento participativo entre as novas ideias e as antigas praacuteticas

No contexto do modelo de planejamento setorial adotado pelo governo federal e

seguido pelo governo de Sergipe o planejamento do desenvolvimento realizado de forma

democraacutetica preconiza antes de tudo a conscientizaccedilatildeo do Gestor do Poder Executivo

Estadual de que antigas praacuteticas poliacuteticas devem ser abolidas a tecnoburocracia eacute um modelo

superado e os sujeitos sociais devem exigir a informaccedilatildeo a participaccedilatildeo e se sentir no direito

de definir programas e projetos como defende Dagnino (2004 p 108) sob pena de

comprometimento da participaccedilatildeo e da democratizaccedilatildeo no estado

Conceitualmente o planejamento participativo proposto pelo Governo de Sergipe foi

um processo de identificaccedilatildeo das necessidades e expectativas da populaccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves

intervenccedilotildees puacuteblicas que promovessem o desenvolvimento municipal territorial e estadual

Essa forma de participaccedilatildeo na concepccedilatildeo de Verdejo (2006 p10) eacute apenas uma fonte de

informaccedilatildeo A metodologia usada para a identificaccedilatildeo das necessidades ou das informaccedilotildees

foi o Diagnoacutestico Raacutepido Participativo (DRP) O Diagnoacutestico Raacutepido Participativo eacute uma

metodologia desenvolvida para planejamento rural em base local Somando-se agrave metodologia

apropriada para informaccedilotildees locais a natildeo delimitaccedilatildeo do campo de difusatildeo espacial dos

custos ou dos benefiacutecios das accedilotildees que deveriam se circunscrever nos acircmbitos territorial e

estadual e a natildeo divulgaccedilatildeo dessas informaccedilotildees aos participantes das conferecircncias municipais

permitiram o levantamento de informaccedilotildees de difiacutecil tratamento pelo Estado por sua natureza

local conforme se descreve no capiacutetulo seguinte e o comprometimento do processo

participativo pela expectativa criada e praticamente sem respostas

142

A anaacutelise sistemaacutetica das demandas a organizaccedilatildeo dessas informaccedilotildees em programas

a indicaccedilatildeo de projetos e ou a inserccedilatildeo das intervenccedilotildees demandadas nos programas bem

como a tomada de decisatildeo por aqueles que deveriam compor o Plano Plurianual e que

portanto teria previsatildeo orccedilamentaacuteria para a execuccedilatildeo continuaram sendo realizadas pelas

assessorias de planejamento setoriais foco da anaacutelise neste subcapiacutetulo

A elaboraccedilatildeo dos programas pelas Assessorias de Planejamento de cada Secretaria e

oacutergatildeos da administraccedilatildeo direta obedeceu e obedece ao manual de orientaccedilotildees fornecido pela

Secretaria que responde pelo planejamento que no caso atual eacute a Secretaria de Estado do

Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (Seplag) Esse manual oportuniza diferentes meacutetodos para

a formulaccedilatildeo de programas e de projetos A seleccedilatildeo do meacutetodo cabe exclusivamente agraves

assessorias de planejamento setoriais

De acordo com o manual de elaboraccedilatildeo do Plano Plurianual 2008-2011 a formulaccedilatildeo

de programas e de projetos deveria ser precedida da definiccedilatildeo e delimitaccedilatildeo do problema que

se desejava enfrentar ou da demanda da sociedade que se desejava atender a participaccedilatildeo

social se daria por meio das conferecircncias municipais territoriais e estaduais e a funccedilatildeo dos

teacutecnicos da Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual seria ajudar o Governo a colocar em praacutetica a

vontade popular destacando que a tecnocracia ouve pensa e organiza (GOVERNO DO

ESTADO DE SERGIPE 2007 p 4 destaque do autor)

Assim a elaboraccedilatildeo de programas e projetos em 2007 que deveriam compor o PPA

2008-2011 e contemplar as demandas sociais coletadas coube agraves Assessorias de

Planejamento setoriais que obedeceram ao formalismo de procedimentos ao controle riacutegido

dos processos e estilo de tomada de decisatildeo do tipo autocraacutetico e natildeo consultivo como se

esperaria em um processo participativo A elaboraccedilatildeo dos programas e projetos continuou

sendo privileacutegio da tecnocracia como jaacute dizia Souza (2004) portanto monopoacutelio do Poder

Puacuteblico

Entretanto conveacutem ressaltar que o manual de elaboraccedilatildeo do PPA 2008-2011 destaca a

importacircncia da ampla discussatildeo dos programas e projetos com os atores envolvidos com

especialistas da aacuterea fim do oacutergatildeo e beneficiaacuterios do programa (GOVERNO DO ESTADO

DE SERGIPE 2007 p 19) Entretanto natildeo satildeo disponibilizados espaccedilos para essa

participaccedilatildeo

Na praacutetica essa discussatildeo para definiccedilatildeo dos programas natildeo ocorreu com os

beneficiaacuterios A participaccedilatildeo social foi requerida para a validaccedilatildeo da sistematizaccedilatildeo dos

143

programas e seus respectivos projetos quando foram submetidos aos delegados79

do processo

do planejamento participativo instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico Estadual na conferecircncia

estadual No contexto dos niacuteveis de participaccedilatildeo proposto por Bordenave (2007) essa

apresentaccedilatildeo dos programas aos delegados natildeo se caracterizou como uma participaccedilatildeo pois

natildeo se concedeu aos delegados o poder de decisatildeo sobre quais programas e projetos deveriam

compor o plano e sobretudo pelo fato de que as prioridades indicadas pelos delegados do

processo natildeo foram respeitadas conforme pode ser constatado no capiacutetulo seguinte Portanto

na conferecircncia estadual realizada em dezembro de 2007 se buscou o apoio da sociedade para

o processo do planejamento do desenvolvimento territorial participativo

Eacute importante reconhecer que embora esse tenha se constituiacutedo no primeiro momento

do planejamento estadual no qual os programas e projetos estavam sendo submetidos ao

conhecimento da sociedade nesse espaccedilo participativo os delegados do processo receberam a

informaccedilatildeo a respeito do conjunto de programas que comporiam o Plano Plurianual (PPA)

2008-2011 durante a conferecircncia natildeo participando de sua formulaccedilatildeo A natildeo participaccedilatildeo

decorreu sobretudo do fato de que o tempo legal para a apresentaccedilatildeo do Plano Plurianual agrave

Assembleia Legislativa eacute ateacute 30 de setembro Portanto a proposta do PPA jaacute havia sido

encaminhada agrave Assembleia Legislativa para a apreciaccedilatildeo antes da realizaccedilatildeo da conferecircncia

estadual que ocorreu nos dias 9 e 10 de dezembro de 2007 A aprovaccedilatildeo do PPA pela

Assembleia Legislativa ocorreu em 19 de dezembro atraveacutes da Lei n 63022007

Em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo dos programas e projetos eacute importante esclarecer e ateacute

repetir primeiramente que muitos programas e projetos por atenderem a programas federais

nem sempre permitem inserccedilotildees e alteraccedilotildees uma vez que as regras para a submissatildeo dos

projetos jaacute foram definidas Segundo muitas demandas sociais natildeo se apresentaram naquele

momento com viabilidade econocircmica teacutecnica e poliacutetica para sua execuccedilatildeo principalmente

porque a maioria delas (60)80

tinha encargo para a prestaccedilatildeo dos serviccedilos indefinido isto eacute

a competecircncia era concorrente embora o interesse fosse local Exemplificando a demanda

pela construccedilatildeo de postos de sauacutede de escolas e de creches em povoados aleacutem da informaccedilatildeo

a respeito do nuacutemero de beneficiaacuterios e da caracteriacutestica do grupo social especiacutefico (faixa de

renda idade sexo niacutevel de escolaridade etc) da localizaccedilatildeo geograacutefica (distacircncia da sede e

79

Delegados satildeo particulares que receberam a delegaccedilatildeo de seus pares organizados formalmente em

associaccedilotildees cooperativas outras ou natildeo para representaacute-los nas conferecircncias territoriais e estaduais no processo

do planejamento participativo 80

Durante a realizaccedilatildeo das Conferecircncias municipais em 2007 foram levantadas 8671 demandas por

intervenccedilotildees puacuteblicas Dessas 5212 tinham difusatildeo espacial dos custos ou dos benefiacutecios da accedilatildeo se

circunscrevendo no acircmbito local devendo portanto em princiacutepio receber atenccedilatildeo do governo municipal 1271

delas numa escala econocircmica (na qual se procura o menor niacutevel de gastos) se circunscreveram na escala

territorial e 2188 exigiam espaccedilo estadual (SeplanPlanejamento Participativo de Sergipe 2007)

144

de outras unidades prestadoras daqueles serviccedilos) do estudo da melhor alternativa para a

prestaccedilatildeo do serviccedilo demandado e necessaacuterio agrave tomada de decisatildeo pelo poder puacuteblico requer

ainda a consulta o conhecimento e a adesatildeo do gestor municipal uma vez que os custos

operacionais dessas unidades devem ser previstos no planejamento orccedilamentaacuterio dos

municiacutepios e obrigatoriamente ter a disponibilidade de recursos financeiros e humanos para

assegurar a prestaccedilatildeo dos serviccedilos

No caso do processo do planejamento participativo o nuacutemero de demandas e a

tipologia das accedilotildees requeridas pela sociedade facultaram agrave Secretaria de Planejamento a

desenvolver mecanismos para a captaccedilatildeo de recursos para atender agraves demandas sociais Desse

modo muitas das accedilotildees demandadas que natildeo puderam ser inseridas nos programas existentes

por limitaccedilotildees financeiras para investimentos do Estado foram viabilizadas por meio de

operaccedilotildees de creacutedito ou seja contrataram-se empreacutestimos em diferentes agentes financeiros

como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) o Banco

Interamericano para Reconstruccedilatildeo e Desenvolvimento (BIRD) e o Fundo Internacional de

Desenvolvimento Agriacutecola (FIDA) agecircncia da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Para

tanto foram elaborados programas81

especiacuteficos para grandes aacutereas concentradoras de accedilotildees

nas funccedilotildees de governo da urbanizaccedilatildeo e da habitaccedilatildeo do saneamento e de apoio agraves

atividades produtivas no campo respectivamente Esses programas por serem submetidos a

agentes financeiros sobretudo externo como o Banco Interamericano para Reconstruccedilatildeo e

Desenvolvimento (BIRD) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agriacutecola (FIDA)

seguiram o Manual para Instruccedilatildeo de Pleitos82

da Secretaria do Tesouro Nacional e

subordinam-se agraves normas da Lei Complementar nordm 101 de 4 de maio de 2000 mais conhecida

como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e agraves Resoluccedilotildees do Senado Federal nordms 40 e

432001 A formulaccedilatildeo das cartas consulta documento de referecircncia para a apresentaccedilatildeo de

pleitos aos agentes financeiros ocorreu de forma articulada entre as instituiccedilotildees puacuteblicas

estaduais envolvidas e com a participaccedilatildeo de seus teacutecnicos Agrave exceccedilatildeo do Programa Aacuteguas de

Sergipe que foi submetidos ao Comitecirc da Bacia do Rio Sergipe para apreciaccedilatildeo os demais

programas natildeo foram discutidos em espaccedilos participativos

Apoacutes a formataccedilatildeo do Programa pelas Assessorias de Planejamento agrave Secretaria de

Planejamento cabia e cabe avaliar a consistecircncia dos programas com as orientaccedilotildees

estrateacutegicas do governo estabelecidas em 2007 mdash inclusatildeo pelo direito e inclusatildeo pela renda

81

Os programas contratados foram Sergipe Cidades Aacuteguas de Sergipe Projeto Dom Taacutevora entre outros 82

O Manual para Instruccedilatildeo de Pleitos (MIP) da Secretaria do Tesouro Nacional encontra-se disponiacutevel no

seguinte endereccedilo wwwtesourofazendagovbrdocumento10180241999mip2014-04pdf

145

a coerecircncia interna dos programas bem como a pertinecircncia das accedilotildees para a alteraccedilatildeo do

quadro ou da situaccedilatildeo que cada setor desejava alterar

Tanto as Assessorias de Planejamento quanto a equipe da Seplan (atual Seplag) na

construccedilatildeo dos programas seus objetivos metas definiccedilatildeo dos projetos e dos indicadores de

resultados se utilizaram portanto de praacuteticas antigas de elaboraccedilatildeo de programas A

inovaccedilatildeo consistiu apenas na criaccedilatildeo de espaccedilos participativos para a identificaccedilatildeo das

necessidades sociais ainda que a sociedade natildeo tenha tido a percepccedilatildeo da importacircncia desses

para o desenvolvimento e a democratizaccedilatildeo do Estado como se pretende mostrar no capiacutetulo

6

Embora o manual de elaboraccedilatildeo do Plano Plurianual 2008-2011 natildeo tenha previsto a

participaccedilatildeo social na fase de formulaccedilatildeo dos programas para o acompanhamento da

execuccedilatildeo desses havia a promessa da instituiccedilatildeo dos conselhos territoriais como instacircncias de

controle social Para a instituiccedilatildeo desses conselhos a minuta do decreto foi submetida agrave

apreciaccedilatildeo dos delegados do processo do planejamento participativo durante a realizaccedilatildeo da

3ordf Conferecircncia Lamentavelmente esse decreto natildeo foi assinado por total desinteresse do

Gestor do Executivo Estadual no controle social ou na criaccedilatildeo de institucionalidades

territoriais participativas

Ainda em relaccedilatildeo agrave adoccedilatildeo de antigas praacuteticas observou-se que em 2008 a Secretaria

do Planejamento vinculou o planejamento agrave elaboraccedilatildeo de planos e natildeo se preocupou em

organizar o processo participativo em todas as fases do ciclo de gestatildeo Nesse periacuteodo

elaborou-se o Plano de Desenvolvimento de Sergipe (Desenvolver-SE) com o objetivo de

promover o desenvolvimento do Estado por meio do aumento da competitividade econocircmica

diversificaccedilatildeo da base produtiva e melhor distribuiccedilatildeo de renda nos territoacuterios e nas classes

sociais e oito planos territoriais que foram submetidos aos delegados do processo para

validaccedilatildeo dos dados e das informaccedilotildees Portanto mais uma vez a elaboraccedilatildeo dos planos natildeo

teve a participaccedilatildeo social e natildeo foram criados espaccedilos participativos ou outros canais de

comunicaccedilatildeo que possibilitassem o acompanhamento da execuccedilatildeo das accedilotildees propostas pela

populaccedilatildeo

Entretanto as conferecircncias foram os espaccedilos usados tambeacutem para o acompanhamento

da execuccedilatildeo das accedilotildees via Boletim do Territoacuterio As conferecircncias municipais realizadas em

2009 tiveram entre outros objetivos a apresentaccedilatildeo de balanccedilo dos resultados das deliberaccedilotildees

da 1ordf e 2ordf Conferecircncia Estadual e o avanccedilo na construccedilatildeo do processo do planejamento

participativo

146

As consequecircncias do natildeo acompanhamento tanto pelas equipes setoriais do governo

quanto pela sociedade civil e da ausecircncia de controle social dos programas e projetos

validados nas conferecircncias e constantes no PPA 2008-2011 bem como dos planos tecircm

permitido natildeo apenas alteraccedilotildees da tipologia dos projetos como a natildeo execuccedilatildeo daqueles

classificados como prioritaacuterios para as organizaccedilotildees sociais por forccedila de antigas praacuteticas

poliacuteticas como o clientelismo e outros acordos poliacuteticos

A respeito das alteraccedilotildees na tipologia dos projetos eacute importante destacar que apesar de

todos os gestores municipais terem sido convidados a se inserir no processo a participaccedilatildeo

desses nas conferecircncias municipais natildeo assegurou o respeito agraves prioridades municipais

definidas pela populaccedilatildeo

Paralelamente agraves conferecircncias muitos gestores municipais apresentaram e negociaram

com o Governo do Estado lista de intervenccedilotildees municipais selecionadas pelo Poder Puacuteblico

municipal de forma autoritaacuteria e que natildeo coincidiram com as demandas indicadas pela

populaccedilatildeo Essa lista negociada passou a ser a prioritaacuteria para o Governo do Estado que em

vez de executar projetos estruturantes e voltados para o desenvolvimento territorial

concentrou todos os esforccedilos e recursos de operaccedilotildees de creacutedito na execuccedilatildeo de obras

eleitoreiras de difusatildeo espacial dos custos e dos benefiacutecios da accedilatildeo circunscrevendo-se no

acircmbito local e que natildeo contribuem para o conjunto de accedilotildees que deveriam fornecer as bases e

garantir a sustentabilidade econocircmica e social no estado Satildeo intervenccedilotildees pontuais

construiacutedas sem a observacircncia da complementaridade com outras existentes e que isoladas

na sua maioria natildeo contribuem para o desenvolvimento regional ou territorial Um exemplo

disso eacute o Programa Sergipe Cidades83

Esse Programa foi elaborado com o objetivo de elevar

a competitividade econocircmica diversificar a base produtiva e distribuir melhor a renda nos

territoacuterios sergipanos Para tanto o seu foco era o desenvolvimento induzido por intervenccedilotildees

que (a) estimulassem e assegurassem a sustentabilidade econocircmica dos territoacuterios (b)

promovessem a estruturaccedilatildeo urbana dos municiacutepios sergipanos e (c) fortalecessem a

organizaccedilatildeo estrutural da Administraccedilatildeo Puacuteblica municipal

O planejamento voltado para a estruturaccedilatildeo econocircmica dos territoacuterios previa a

execuccedilatildeo de intervenccedilotildees nas quais se procurava o menor niacutevel de gastos e o atendimento a

um conjunto de municiacutepios Entre as intervenccedilotildees planejadas que se enquadraram nessa

categoria estavam os matadouros territoriais as escolas profissionalizantes os Complexos

83

O Programa Sergipe Cidades eacute executado com recursos de operaccedilatildeo de creacutedito (empreacutestimo) contratada com o

Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) no valor de R$ 250 milhotildees

147

Empresariais Integrados (CEI) e os mercados territoriais84

Dessas intervenccedilotildees nenhum

matadouro foi executado e somente o Complexo Empresarial Integrado de Tobias Barreto foi

construiacutedo e as escolas profissionalizantes nos territoacuterios Leste Sergipano (Carmoacutepolis) Sul

Sergipano (Boquim) e Alto Sertatildeo Sergipano (Poccedilo Redondo)

Entretanto as maiores alteraccedilotildees foram observadas nas intervenccedilotildees de estruturaccedilatildeo

urbana A preocupaccedilatildeo com a estruturaccedilatildeo urbana era dotar as sedes municipais com a

infraestrutura miacutenima de equipamentos puacuteblicos para natildeo soacute assegurar o bem-estar e a

permanecircncia da populaccedilatildeo nos municiacutepios como atrair investidores de meacutedio porte a se

fixarem no interior ampliando a oferta de empregos

O planejamento previa a construccedilatildeo de equipamentos urbanos e por negociaccedilatildeo

poliacutetica os recursos da operaccedilatildeo de creacutedito voltaram-se sobretudo para intervenccedilotildees como

pavimentaccedilatildeo de vias puacuteblicas urbanizaccedilatildeo de praccedilas e construccedilatildeo de quadras esportivas e

ginaacutesio de esportes principalmente em povoados

A pavimentaccedilatildeo de vias puacuteblicas anterior ao estudo da macrodrenagem da aacuterea no

caso das sedes municipais e povoados aleacutem de constituir em risco potencial para

alagamentos com impactos significativos na sauacutede puacuteblica natildeo se enquadra no tipo de

investimento puacuteblico com circunscriccedilatildeo estadual ou seja que se justifique o emprego de

recursos originados de operaccedilotildees de creacutedito Natildeo apenas pelo fato de que a difusatildeo dos

benefiacutecios eacute restrita ao espaccedilo local com impacto meramente pontual mas sobretudo pelo

fato de que os recursos puacuteblicos para investimentos em poliacuteticas puacuteblicas geralmente satildeo

limitados e requerem a adoccedilatildeo de criteacuterios para a priorizaccedilatildeo das intervenccedilotildees Alguns desses

criteacuterios satildeo (i) que a obra possibilite um maior retorno social e (ii) contemple um maior

nuacutemero de beneficiaacuterios com os recursos disponiacuteveis Eacute notoacuterio que intervenccedilatildeo do tipo

pavimentaccedilatildeo natildeo se enquadra nesses criteacuterios

Outra questatildeo fundamental na aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos diz respeito agrave

imparcialidade dos gestores para a indicaccedilatildeo das intervenccedilotildees Para explicar a ausecircncia desse

princiacutepio na tomada de decisatildeo poliacutetica basta saber o nuacutemero de intervenccedilotildees que satildeo

destinadas aos municiacutepios de origem dos governadores Ateacute 2013 o Programa Sergipe

84

Complexo Empresarial Integrado eacute aqui concebido como espaccedilo que permite uma interface entre as empresas

os setores industriais os governos locais e a comunidade e o mercado territorial definido como espaccedilo que

possibilita o recebimento a comercializaccedilatildeo e a distribuiccedilatildeo dos produtos ou Central de Abastecimento

Territorial

148

Cidades natildeo havia executado nenhuma intervenccedilatildeo em Santa Rosa de Lima Em 2014 nove

intervenccedilotildees de desenvolvimento urbano foram executadas85

nesse municiacutepio

Aleacutem da imparcialidade a execuccedilatildeo do Programa Sergipe Cidades ou melhor o

investimento de R$ 270 milhotildees (R$ 250 milhotildees de empreacutestimo e 20 milhotildees de

contrapartida do estado) pouco contribuiraacute para o desenvolvimento de Sergipe Ainda assim

essa pouca contribuiccedilatildeo estaacute sendo creditada aos centros profissionalizantes em construccedilatildeo

uma vez que o Centro Empresarial Integrado de Tobias Barreto foi ocupado pelas empresas jaacute

existentes no municiacutepio natildeo assegurando a ampliaccedilatildeo da oferta de empregos no territoacuterio

A construccedilatildeo de quadras de esportes em povoados sem um projeto integrado com as

Secretarias (estadual e municipais) de Educaccedilatildeo Esporte e Lazer para o desenvolvimento de

projetos que busquem o uso efetivo desses espaccedilos incorreraacute no futuro proacuteximo na

depredaccedilatildeo desses como jaacute ocorreu e ainda ocorre tanto pelo desrespeito ao patrimocircnio

puacuteblico caracteriacutestica comum no estado quanto pela ausecircncia da apropriaccedilatildeo do espaccedilo pela

populaccedilatildeo

Ademais eacute importante esclarecer que tanto o Ministeacuterio das Cidades quanto o

Ministeacuterio dos Esportes disponibilizam recursos para pavimentaccedilatildeo em municiacutepios cujos

recursos satildeo da modalidade de transferecircncia voluntaacuteria86

ou seja o municiacutepio natildeo necessita

pagar pelos recursos transferidos Entretanto satildeo poucos os municiacutepios que cadastram

projetos para a captaccedilatildeo de recursos nos ministeacuterios e nas negociaccedilotildees poliacuteticas os recursos

de investimentos estruturantes para o desenvolvimento do Estado satildeo gastos com obras

pontuais e para atendimento de nuacutemero reduzido de beneficiaacuterios

As intervenccedilotildees executadas de modo pontual e atendendo a acordos poliacuteticos natildeo

fornecem as bases para uma estruturaccedilatildeo urbana adequada com a disponibilidade de

equipamentos que possibilitem ampliaccedilatildeo e fortalecimento dos laccedilos e das relaccedilotildees sociais e

tambeacutem natildeo assegura a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo e muito menos fortalece a

democracia no estado Essa praacutetica alimenta e fornece as condiccedilotildees para a reproduccedilatildeo do

clientelismo e da cultura poliacutetica paternalista e de favores

Pelo exposto e como bem disse Geiger (1969) o Poder Puacuteblico natildeo planeja A anaacutelise

neste trabalho infelizmente apenas confirmou que natildeo haacute planejamento do e para o

85

Nuacutemeros dos contratos das intervenccedilotildees executadas no municiacutepio de Santa Rosa de Lima com recursos do

Programa Sergipe Cidades 04 05 53 58 60 63 68 73 e 882014 Fonte SEDURB Relatoacuterio de

Acompanhamento do Programa Sergipe Cidades 2014 86

Transferecircncias voluntaacuterias satildeo os recursos financeiros repassados pela Uniatildeo aos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em decorrecircncia da celebraccedilatildeo de convecircnios acordos ajustes ou outros instrumentos similares cuja

finalidade eacute a realizaccedilatildeo de obras eou serviccedilos de interesse comum e coincidente com as trecircs esferas do

Governo conforme disponibilizado no siacutetio do Tesouro Nacional

149

desenvolvimento em Sergipe Somando-se a ausecircncia da praacutetica do planejamento e da cultura

das descontinuidades que mascara ainda mais qualquer iniciativa de planejamento de longo

prazo o planejamento orccedilamentaacuterio eacute um mero atendimento de uma norma legal Para

explicar melhor o natildeo planejamento orccedilamentaacuterio somente em 2008 primeiro ano do novo

PPA 2008-2011 foram elaborados 446 minutas de decretos abrindo creacuteditos suplementares

em favor dos diversos oacutergatildeos estaduais Importa lembrar que 2008 foi o primeiro ano de

execuccedilatildeo do Plano Plurianual 2008-2011 elaborado em 2007 Segundo o Relatoacuterio de

Atividades de 2008 da Seplan esses decretos ajustavam as despesas agraves necessidades de

execuccedilatildeo dos oacutergatildeos

Ainda sobre o planejamento orccedilamentaacuterio isto eacute do natildeo planejamento a revisatildeo do

PPA 2008-2011 realizada em 2009 para o biecircnio 20102011 anulou oito programas devido agrave

natildeo execuccedilatildeo das accedilotildees propostas Essa anulaccedilatildeo soacute confirma as dificuldades ainda existentes

para a construccedilatildeo de programas na Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual

No contexto do ciclo de planejamento governamental que tem como base o artigo 165

da Constituiccedilatildeo Federal os programas satildeo a expressatildeo do planejamento Desse modo se a

elaboraccedilatildeo dos programas natildeo foi participativa logo o planejamento natildeo foi participativo

Ainda assim em 2011 a Secretaria de Estado do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (Seplag)

em preparaccedilatildeo para a elaboraccedilatildeo do PPA 2012-2015 realiza um novo ciclo de conferecircncias

territoriais cujo lema era Conferecircncias Territoriais do Plano Plurianual Participativo PPA-P

Durante essas conferecircncias coletaram-se mais demandas (628) que segundo o PPA estadual

2012-215 foram entregues agraves diversas Secretarias de Estado para que elas pudessem

incorporar na medida do possiacutevel agraves suas propostas de Programas que constituiriam o Plano

Plurianual 2012-215

A mensagem do Governo do Estado no PPA 2012-2015 admite ainda que o Governo

de Sergipe segue integralmente a metodologia proposta pelo governo federal para a

elaboraccedilatildeo do PPA e que apresenta como inovaccedilotildees (i) o planejamento influenciado pelas

agendas prioritaacuterias do Governo (ii) as accedilotildees parte operacional do PPA passaram a ser

atributos apenas dos orccedilamentos anuais e (iii) os programas temaacuteticos foram organizados para

aleacutem dos objetivos metas e indicadores em iniciativas

Segundo o PPA 2012-2015 os indicadores servem para mensurar os impactos dos

programas junto agrave sociedade e para a avaliaccedilatildeo das poliacuteticas Para tanto enfatiza que a

participaccedilatildeo social continuaria durante a implementaccedilatildeo das accedilotildees e para tal haveria o

agendamento de reuniotildees permanentes com os delegados do Planejamento Participativo e que

150

seria criada uma nova estrutura de acompanhamento monitoramento e avaliaccedilatildeo dos

programas ndash a Sala de Situaccedilatildeo ndash instalada na Secretaria do Planejamento Orccedilamento e

Gestatildeo

Em relaccedilatildeo agraves reuniotildees permanentes com os delegados em 2012 2013 e 2014

nenhuma reuniatildeo foi realizada envolvendo os delegados do processo do planejamento

participativo e a Sala de Situaccedilatildeo eacute espaccedilo exclusivo de Secretaacuterios de Estado cujas

deliberaccedilotildees satildeo pouco divulgadas ateacute mesmo entre os servidores estaduais

De fato o acompanhamento o monitoramento e a avaliaccedilatildeo de programas natildeo eacute uma

cultura institucional brasileira Para Cavalcante (2007 p143) que avaliou a implementaccedilatildeo

dos PPAs da Uniatildeo dos uacuteltimos 40 anos dois problemas centrais foram encontrados na

mensuraccedilatildeo dos resultados dos programas a dificuldade na elaboraccedilatildeo dos indicadores de

resultados (efetividade) e de mensuraccedilatildeo do grau de impacto do programa na evoluccedilatildeo do

indicador e a complexidade de identificar um periacuteodo razoaacutevel para que um programa gere

resultados

Essas dificuldades tambeacutem foram observadas por avaliadores do Plano de

Desenvolvimento de Sergipe que perceberam dificuldades na seleccedilatildeo de indicadores na

consistecircncia dos programas e na baixa qualificaccedilatildeo das equipes de planejamento

A apuraccedilatildeo das metas do Programa Sergipe Cidades no PPA 2012-2015 demonstra a

pouca importacircncia do planejamento como funccedilatildeo teacutecnica Previa-se apenas uma pavimentaccedilatildeo

de vias puacuteblicas e foram executadas 23 cinco urbanizaccedilotildees de praccedilas tendo sido construiacutedas

36 natildeo havia previsatildeo de construccedilatildeo de mercado municipal e foram construiacutedos sete (Figura

15) No entanto das doze delegacias previstas somente oito foram construiacutedas A delegacia

por se constituir em um equipamento urbano que atende a Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual

proporcionando melhoria na prestaccedilatildeo do serviccedilo de seguranccedila puacuteblica deveria ter sido uma

intervenccedilatildeo priorizada

151

Figura 15 Sergipe ndash Comparaccedilatildeo entre as metas do Programa Sergipe Cidades

previstas no PPA 2012-2015 e executadas ateacute setembro de 2014

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Urbanizaccedilatildeo de praccedilas

Pavimentaccedilatildeo

Construccedilatildeo de quadras esportivas

ConstruccedilatildeoReforma de delegacias

ConstruccedilatildeoReforma mercado hellip

Implant de rede de iluminaccedilatildeo hellip

Construccedilatildeo de ginaacutesios de esportes

Reforma de terminais rodoviaacuterios

Implant sistemas de trat de esgotos

Construccedilatildeo de escolas hellip

Implant Sist Abastecimento de aacutegua

Realizado

Previsto

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados do PPA 2012-2015 e Sedurb 2014

A comparaccedilatildeo entre as metas previstas e aquelas executadas confirma a

discricionariedade dos gestores quanto agrave alocaccedilatildeo dos recursos muitas vezes divergindo

daquilo que foi planejado contribuindo tambeacutem para as constantes alteraccedilotildees na Lei de

Orccedilamento Anual como jaacute destacado Essas alteraccedilotildees mostram uma inconsistecircncia ou o natildeo

planejamento que eacute agravado pela ausecircncia de um processo de monitoramento e avaliaccedilatildeo dos

programas pelos teacutecnicos dos oacutergatildeos setoriais mas sobretudo de controle social

O proacuteximo Capiacutetulo trataraacute da capacidade de participaccedilatildeo e de controle social no ciclo

de gestatildeo puacuteblica estadual e ainda da avaliaccedilatildeo e caacutelculo do estoque do capital social nos e

dos territoacuterios de planejamento

152

6 AVALIACcedilAtildeO DO ESTOQUE DE CAPITAL SOCIAL NOS E DOS

TERRITOacuteRIOS DE PLANEJAMENTO DE SERGIPE

o homem ser de relaccedilotildees

e natildeo soacute de contatos natildeo apenas

estaacute no mundo mas com o mundo Estar com o mundo

resulta de sua abertura agrave realidade que o faz ser o ente de

relaccedilotildees que eacute (FREIRE 1967 p39)

153

6ndash AVALIACcedilAtildeO DO ESTOQUE DE CAPITAL SOCIAL NOS E DOS TERRITOacuteRIOS

DE PLANEJAMENTO DE SERGIPE

A cultura poliacutetica o modelo de gestatildeo e as praacuteticas das instituiccedilotildees puacuteblicas de

planejamento estadual satildeo as principais variaacuteveis da avaliaccedilatildeo do estoque de capital social

Este capiacutetulo apresenta os resultados da pesquisa de campo realizada para a

mensuraccedilatildeo do estoque de capital social nos territoacuterios de planejamento de Sergipe Para

tanto seratildeo abordadas as dimensotildees do capital social e avaliada a participaccedilatildeo social nos

espaccedilos participativos (conferecircncias municipais territoriais e estaduais e conselhos de

poliacuteticas puacuteblicas) instituiacutedos pelo governo do Estado

No estudo de caso procura-se explixar a participaccedilatildeo social tanto nos espaccedilos

participativos quanto nas estruturas de governanccedilas instituiacutedas em Sergipe na perspectiva de

avaliar o papel da sociedade e do estado na construccedilatildeo ou destruiccedilatildeo do capital social Para

isso parte-se da caracterizaccedilatildeo da participaccedilatildeo e sua importacircncia no planejamento das

poliacuteticas puacuteblicas e como ferramenta garantidora do desenvolvimento regional e local da

importacircncia do processo de mobilizaccedilatildeo dos atores e agentes do desenvolvimento para a

participaccedilatildeo da anaacutelise da participaccedilatildeo social nas conferecircncias municipais territoriais e

estaduais como caminho para a avaliaccedilatildeo do estoque de capital social nesses espaccedilos

No que concerne agrave mensuraccedilatildeo do estoque de capital social dos territoacuterios de

planejamento a estrateacutegia usada visa a compreensatildeo da manutenccedilatildeo dos baixos indicadores

sociais e econocircmicos nos territoacuterios e a proposiccedilatildeo de accedilotildees voltadas para o fortalecimento do

capital social valendo-se de suas dimensotildees propostas pelo Banco Mundial como a

participaccedilatildeo em grupos e rede a confianccedila e a solidariedade a informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo a

coesatildeo e inclusatildeo social e o empoderamento e accedilatildeo poliacutetica calculou-se o Iacutendice de Capital

Social

Analisam-se ainda estruturas de governanccedila como os conselhos gestores de poliacuteticas

puacuteblicas como um esforccedilo para tentar explicar e analiticamente entender a efetividade das

instituiccedilotildees participativas especialmente as estruturas de governanccedilas na formaccedilatildeo do capital

social e na gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem como na democratizaccedilatildeo em Sergipe

154

61 Participaccedilatildeo social como dimensatildeo do capital social ferramenta do planejamento e

estrateacutegia para o desenvolvimento territorial

Participar eacute condiccedilatildeo inerente agrave vida em sociedade O indiviacuteduo ao nascer participa

do grupo familiar e agrave medida que se socializa se capacita e amplia sua participaccedilatildeo em

diferentes grupos incorpora e reforccedila os valores culturais e as normas da comunidade como

defende Putnam (2006) e constroacutei as bases para a participaccedilatildeo social como diz Bordenave

(2007)

A necessidade de conhecer a natureza e a estrutura da participaccedilatildeo social emergiu com

grande forccedila na deacutecada de 1990 no contexto da discussatildeo da reforma do estado de modelos

de desenvolvimento regional e local por imposiccedilatildeo de agentes financeiros e ainda do

fortalecimento da democracia como destacado nos toacutepicos anteriores e em Bandeira (1999)

Cremonese (2012) Costa (2009) e IPEA (2013)

A participaccedilatildeo social tem sido referenciada como sinocircnimo das expressotildees

participaccedilatildeo da sociedade civil participaccedilatildeo popular e participaccedilatildeo cidadatilde como se pode ver

em Banco Interamericano de Desenvolvimento (2000) Albuquerque (2004) e Silva (2009)

Entretanto essas expressotildees no contexto da cultura brasileira e do pressuposto de um Estado

Democraacutetico de Direito podem significar processos distintos A participaccedilatildeo social efetiva

ocorre quando se reconhece e se tem assegurados os direitos civis poliacuteticos e sociais isto eacute

quando se tem cidadania87

e como lembrado por Putnam (2008 p 101) quando o interesse

da coletividade se sobrepotildee aos interesses individuais Para Dagnino (2004 p108) a noccedilatildeo

da cidadania requer a constituiccedilatildeo de sujeitos sociais ativos que participam e tecircm o direito de

definir aquilo em que querem ser incluiacutedos Para essa autora o conceito de cidadania deve

estar associado agrave garantia de direitos agrave democracia e agraves transformaccedilotildees sociais

A anaacutelise da participaccedilatildeo social e do papel das instituiccedilotildees participativas realizada por

Bordenave (2007 p27) e Dagnino (2004 p 103) Moroni (2005 p10) enfatiza as condiccedilotildees

objetivas da cidadania como alternativas para assegurar fortalecer e ampliar a participaccedilatildeo

social dar efetividade agraves instituiccedilotildees participativas e agrave democratizaccedilatildeo

87

Qualquer discussatildeo sobre cidadania necessariamente inclui a evoluccedilatildeo histoacuterica da sociedade ateacute chegar ao

presente estaacutegio Essa evoluccedilatildeo se respalda em pressupostos que enfatizam o homem mantendo sua liberdade

individual numa organizaccedilatildeo social que se molda a um Estado ou a um Estado-naccedilatildeo e aos diferentes modos e

formas de governo Para melhor compreensatildeo sobre cidadania ver CARVALHO Joseacute Murilo de Cidadania no

Brasil o longo caminho Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001

155

As instituiccedilotildees participativas88

denominadas por Avritzer (2008) satildeo sistemas de

relaccedilotildees que resultam da interaccedilatildeo de grupo de pessoas de organizaccedilotildees da sociedade civil e

do Estado na deliberaccedilatildeo sobre poliacuteticas puacuteblicas Desse modo satildeo instituiccedilotildees participativas

conselhos conferecircncias assembleias de bairros de orccedilamento participativo audiecircncias

puacuteblicas oficinas de participaccedilatildeo comitecircs de bacias hidrograacuteficas e organizaccedilotildees natildeo

governamentais ambientais

No contexto da construccedilatildeo da cidadania os processos e as instituiccedilotildees participativas

podem ser analisados por meio de diferentes variaacuteveis entre as quais destacamos as formas

de participaccedilatildeo89

(se espontacircnea imposta ou concedida) os niacuteveis de participaccedilatildeo

(informacional consulta e outros) as condicionantes dos niacuteveis da participaccedilatildeo (estrutura

social topologia das lideranccedilas normas das instituiccedilotildees) as forccedilas atuantes na dinacircmica

participativa o acesso agrave informaccedilatildeo e sobretudo a qualidade poliacutetica da populaccedilatildeo e das

instituiccedilotildees

A qualidade poliacutetica eacute construiacuteda fundamentando-se em poliacuteticas educacionais e

culturais de qualidade de acesso agrave informaccedilatildeo e ao diaacutelogo com o poder puacuteblico e se reflete

na capacidade do indiviacuteduo de participar ativa e efetivamente nos processos de decisatildeo

definindo resgatando gerenciando direitos ou seja fortalecendo a cidadania e o capital

social A cidadania beneficia a participaccedilatildeo voluntaacuteria ou autocircnoma90

na qual o indiviacuteduo eacute

consciente de seus interesses e dos interesses de seu grupo e concorre para a participaccedilatildeo

cidadatilde

A participaccedilatildeo cidadatilde para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) eacute

entendida como

O conjunto de processos pelos quais os diversos intervenientes influenciam o

processo de decisatildeo sobre as atividades e sua execuccedilatildeo (BID 2000 p1

traduccedilatildeo nossa)

Assim pode-se inferir que a participaccedilatildeo cidadatilde eacute fundamentalmente alicerccedilada na

qualidade poliacutetica Enquanto a participaccedilatildeo popular ou a participaccedilatildeo social embora natildeo

desejaacutevel podem ocorrer com atores sociais como bem destacado por Moroni (2006 p 15)

88

Moroni (2005) analisando o direito agrave participaccedilatildeo no Governo Lula define os conselhos de gestatildeo de poliacuteticas

e as conferecircncias como espaccedilos institucionais componentes do sistema descentralizado e participativo No

contexto da poliacutetica territorial o Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio usa a expressatildeo institucionalidades

territoriais como sinocircnimo para as instituiccedilotildees participativas 89

A classificaccedilatildeo das formas graus e niacuteveis da participaccedilatildeo condicionantes e forccedilas atuantes na dinacircmica

participativa encontra-se em Bordenave (2007) 90

A participaccedilatildeo autocircnoma segundo Borba (2011 p 70) ldquoeacute produto de uma escolha individual motivada pelo

interesse em influenciar as decisotildees governamentaisrdquo (2011 p70)

156

que desempenham bons papeacuteis na mobilizaccedilatildeo na capilaridade e ateacute mesmo na reproduccedilatildeo do

poder concedente poreacutem satildeo coibido de participar

Para Albuquerque (2004 p 32) muitos canais institucionais de participaccedilatildeo criados

apoacutes a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 satildeo burocratizados e esvaziados de

conteuacutedo burocraacutetico O funcionamento de conselhos de gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e das

assembleias de bairros dos orccedilamentos participativos tornaram-se importantes espaccedilos de

disputa de poder como observado por Gohn (2000) Teixeira (2000) Albuquerque (2004)

Avritzer (2008) Pontual (2008) e Cohn (2011) Isto se deve entre outros fatores agrave fragilidade

teacutecnica e de cultura poliacutetica dos intervenientes dos processos e sobretudo agrave estrutura das

instituiccedilotildees participativas A conclusatildeo desses autores induz agrave interpretaccedilatildeo de uma

participaccedilatildeo de atores sociais ao inveacutes de cidadatildeos e cidadatildes E como lembra Demo (2001

p129) ldquoparticipar por participar eacute foacutermula certa para matar a participaccedilatildeordquo

A avaliaccedilatildeo dos conselhos de gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e das assembleias dos

orccedilamentos participativos nos uacuteltimos vinte anos tem sido mateacuteria de estudo de diversos

pesquisadores entre eles Albuquerque (2004) Gohn (2000) Dagnino (2004) Teixeira

(2000) Pontual (2008) Borba (2011) Avritzer (2008 2012) Silva (2011) Silva (2009) Para

Avritzer (2011 p16) esses estudos tecircm tido como foco a ampliaccedilatildeo dos espaccedilos de

deliberaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas nos trecircs niacuteveis de governo e a avaliaccedilatildeo dos efeitos dessas

instituiccedilotildees participativas na democratizaccedilatildeo do Estado e da sociedade e na efetividade das

accedilotildees aiacute deliberadas Contudo as conclusotildees de muitos desses estudos apontam

A pouca experiecircncia da populaccedilatildeo em recorrer ou participar dos mesmos

tornando-os ainda mais vulneraacuteveis ao peso do poder econocircmico e poliacutetico

das elites conservadoras (PONTUAL 2008 p3)

O aprendizado da democracia via participaccedilatildeo passa necessariamente pela

conscientizaccedilatildeo dos cidadatildeos de seus direitos(Cohn 2011 p23)

A proacutepria sociedade precisa ser democratizada e assumir uma cultura de

participaccedilatildeo e tambeacutem uma eacutetica de responsabilidade puacuteblicaa cultura

poliacutetica que prevalece no setor puacuteblico eacute ainda clientelista patrimonialista e

autoritaacuteria (TEIXEIRA 2000 p 108 E 113)

Os conselhos satildeo mecanismos limitados para a transformaccedilatildeo social

apesar de pouco avanccedilo em direccedilatildeo a transformar em poder de fato o poder

legal que esses espaccedilos participativos possuem (MORONI 2006 p23)

Haacute ainda muitas lacunas nas suas estruturas e formas de funcionamento

(GOHN 2000 p36)

Embora essas citaccedilotildees indiquem que a populaccedilatildeo as estruturas das institucionalidades

participativas e o aparelho do Estado tecircm desafios para um Estado democraacutetico de direito

esses processos e instituiccedilotildees participativas independentemente das formas de participaccedilatildeo e

criaccedilatildeo se iniciaram e haacute efetivamente uma ldquoexplosatildeordquo de avaliaccedilotildees desses com indicativos

157

para seu melhoramento correccedilatildeo ou aperfeiccediloamento Essas indicaccedilotildees transcorreram em

toda a deacutecada de 2000 e permanecem conforme se pode ler na publicaccedilatildeo do Instituto de

Pesquisa Econocircmica Aplicada (IPEA 2013 p58) que cita a carecircncia de olhares mais atentos

e qualitativos sobre a participaccedilatildeo social e a disponibilizaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre os

processos de forma mais ampla e aberta entre outras

Tem-se ainda o farto conhecimento de todas as deficiecircncias da qualidade da

educaccedilatildeo baacutesica agrave ausecircncia de articulaccedilatildeo e integraccedilatildeo (horizontal e vertical) de instituiccedilotildees e

poliacuteticas e aos meios tradicionais de fazer poliacutetica no Brasil (paternalismo clientelismo

mandonismo corrupccedilatildeo) O que se espera eacute o enfretamento dessas deficiecircncias uma reforma

poliacutetica o acesso de fato agraves informaccedilotildees com linguagem acessiacutevel agrave populaccedilatildeo a

estruturaccedilatildeo de novos arranjos institucionais uma poliacutetica educacional de qualidade entre

outras accedilotildees A populaccedilatildeo com os protestos que ocorreram em todo o Brasil no mecircs de junho

de 2013 mostrou que se sente incomodada e quer mudanccedilas Resta-nos avaliar a qualidade

das manifestaccedilotildees e da participaccedilatildeo para a efetividade das mudanccedilas necessaacuterias embora natildeo

seja essa a pretensatildeo deste trabalho

Embora tambeacutem natildeo seja pretensatildeo na pesquisa o aprofundamento da discussatildeo

sobre participaccedilatildeo instituiccedilotildees participativas ou de avaliaccedilatildeo de processos de participaccedilatildeo

popular e sobretudo de um resgate da evoluccedilatildeo histoacuterica da participaccedilatildeo social em Sergipe a

proposta neste capiacutetulo eacute a anaacutelise da participaccedilatildeo de atores sociais orientada para o

reconhecimento do capital social dos e nos territoacuterios de planejamento nas conferecircncias do

processo do planejamento participativo e ainda como instrumento do planejamento e

estrateacutegia para o desenvolvimento Para tanto os principais objetivos satildeo analisar a

capacidade de participaccedilatildeo da populaccedilatildeo e o processo de mobilizaccedilatildeo usado e sobretudo

avaliar os mecanismos de ampliaccedilatildeo e ou a garantia da continuidade do processo como meios

para o fortalecimento do capital social e para o desenvolvimento territorialregional

62 Mobilizaccedilatildeo e participaccedilatildeo social em instituiccedilotildees participativas municipais

(conferecircncias municipais do Planejamento Participativo)

Influenciado pela participaccedilatildeo de atores sociais nas conferecircncias mobilizadas pelo

governo federal e pela experiecircncia das assembleias de bairros de orccedilamento participativo

vivenciada na gestatildeo municipal o Governo estadual iniciou em 2007 com o propoacutesito de

inovar a Administraccedilatildeo Puacuteblica com a instituiccedilatildeo de uma governanccedila construiacuteda a partir de

alianccedilas com a sociedade civil e o setor privado e assegurar o planejamento puacuteblico a partir de

158

consulta popular Para tanto instituiu-se o processo de Planejamento do Desenvolvimento

Territorial Participativo as conferecircncias municipais territoriais e estadual como instituiccedilotildees

ou canais de participaccedilatildeo e os territoacuterios como unidades de planejamento91

O processo do planejamento participativo instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico Estadual tem

como base a consulta popular e como finalidade a identificaccedilatildeo de demandas das

comunidades sergipanas relacionadas agrave elaboraccedilatildeo do Plano de Desenvolvimento

Participativo de Sergipe92

e dos Planos Territoriais instrumentos a serem aprovados pelo

Conselho de Desenvolvimento Econocircmico e Social do Estado de Sergipe e pelos conselhos

territoriais Esse processo surge em meio a inuacutemeros desafios como a singularidade93

o perfil

e a cultura poliacutetica das lideranccedilas locais o modelo de gestatildeo puacuteblica tradicional e outros Nos

termos do Decreto que instituiu o processo do planejamento participativo a participaccedilatildeo dos

atores sociais deve ocorrer nas escalas municipal territorial e estadual com formas e niacuteveis de

participaccedilatildeo diferenciados Para a conferecircncia municipal a participaccedilatildeo fora concedida agrave

populaccedilatildeo maior de 18 anos e independentemente de quaisquer filiaccedilotildees agraves instituiccedilotildees

organizadas ou a partidos poliacuteticos Nas conferecircncias territoriais e estaduais a participaccedilatildeo

era dirigida aos delegados eleitos nas conferecircncias municipais A indicaccedilatildeo e eleiccedilatildeo dos

delegados obedeceram ao regimento das conferecircncias no qual se previa a participaccedilatildeo de trecircs

representantes do poder puacuteblico dois da iniciativa privada e cinco de organizaccedilotildees que

representassem os movimentos sociais as ONGs as entidades sindicais e profissionais as

cooperativas e outras Prefeitos municipais e presidentes das cacircmaras de vereadores foram

considerados delegados natos A eleiccedilatildeo dos delegados ocorria entre os pares e conforme

regras previstas em regimento aprovado no iniacutecio de cada conferecircncia

O niacutevel de participaccedilatildeo exigido nas conferecircncias municipais eacute a consulta das accedilotildees

prioritaacuterias para a alocaccedilatildeo de recursos e viabilizaccedilatildeo de execuccedilatildeo pelo Governo do Estado

com foco na reduccedilatildeo da pobreza e no desenvolvimento territorial Considerando a

singularidade do processo a hierarquizaccedilatildeo das accedilotildees prioritaacuterias deveria ser orientada para a

resoluccedilatildeo de problemas de maior gravidade e aquelas de maior retorno social haja vista a

limitaccedilatildeo dos recursos financeiros e institucionais e a alta incidecircncia de pobreza nos

municiacutepios sergipanos Entretanto na praacutetica isso natildeo ocorreu tanto pela falta de clareza da

91

Os Decretos estaduais nos

24339 e 24338 de 29 de abril de 2007 instituem o processo de Planejamento do

Desenvolvimento Territorial Participativo e os oito territoacuterios de planejamento respectivamente 92

O objetivo e as etapas do processo do planejamento participativo encontram-se no Decreto n 243392007 93

As experiecircncias de consultas populares na sua grande maioria ocorreram por iniciativa do Poder Puacuteblico

municipal cuja escala de atuaccedilatildeo eacute o municiacutepio A tipologia das accedilotildees executadas pelo poder puacuteblico municipal

difere bastante daquelas que devem ser executadas pelo poder puacuteblico estadual

159

metodologia proposta pelo Estado quanto pelo grau de necessidade dos participantes e a

percepccedilatildeo de gravidade desses

O grau de participaccedilatildeo nas conferecircncias territoriais previsto no Decreto deve ser a

consulta das demandas de caraacuteter territorial isto eacute aquelas accedilotildees que se implantadas

atenderiam a mais de um municiacutepio Satildeo exemplos de accedilotildees de caraacuteter territorial os hospitais

regionais os mercados territoriais os matadouros regionais e outros e ainda aquelas accedilotildees

voltadas para o fortalecimento das cadeias produtivas e para o desenvolvimento de cada

territoacuterio

A convocaccedilatildeo dos participantes ou dos atores sociais bem como a organizaccedilatildeo das

conferecircncias municipais competia a uma comissatildeo formada por trecircs representantes um do

poder executivo municipal um do poder legislativo e um da sociedade civil organizada

Entretanto o projeto da mobilizaccedilatildeo social havia sido desenhado pelo poder puacuteblico estadual

Os processos de mobilizaccedilatildeo tiveram nas prefeituras um elemento decisivo

Onde o prefeito queria ter muita gente participando houve divulgaccedilatildeo

antecipada e por vaacuterios meios onde o prefeito preferia que a populaccedilatildeo natildeo

comparecesse a divulgaccedilatildeo foi tiacutemida e onde o prefeito queria defender seus

interesses dentro do PP a massa de funcionaacuterios foi mobilizada em

detrimento do conjunto da sociedade Enfim observou-se que as prefeituras

lanccedilaram matildeo de vaacuterios artifiacutecios para mobilizar ou desmobilizar ou seja

para controlar o processo de participaccedilatildeo a partir inclusive da composiccedilatildeo

da Comissatildeo Executiva Municipal (CARREGOSA 2009 p 105)

Como demonstra a citaccedilatildeo na praacutetica o arranjo da comissatildeo preparatoacuteria municipal se

deu entre parceiros poliacuteticos e essa decisatildeo reforccedilou o modelo centralizador da gestatildeo puacuteblica

municipal e a organizaccedilatildeo do poder e ainda demonstrou a fragilidade das informaccedilotildees e da

comunicaccedilatildeo sobre o projeto e a confianccedila da populaccedilatildeo no projeto poliacutetico do governo do

Estado naquele momento

Em relaccedilatildeo agrave mobilizaccedilatildeo94

para as conferecircncias do planejamento participativo na

escala municipal em 2007 o governo de Sergipe conseguiu mobilizar95

um contingente

proacuteximo de 18 mil pessoas96

Em 2009 no segundo ciclo de conferecircncias municipais a

mobilizaccedilatildeo foi reduzida para pouco mais de 10 mil pessoas (Figura 16) Embora esse

quantitativo impressione o valor em si deve estar na qualidade da participaccedilatildeo E como

94

Para Toro e Werneck (1997 p11) ldquomobilizar eacute convocar vontades para atuar na busca de um propoacutesito

comum sob uma interpretaccedilatildeo e um sonho tambeacutem compartilhadosrdquo 95

A base para a caracterizaccedilatildeo satildeo os dados disponibilizados nas fichas de inscriccedilatildeo preenchida pelos

participantes durante a realizaccedilatildeo das Conferecircncias Municipais nos dois ciclos 96

O nuacutemero de participantes refere-se agrave somatoacuteria das assinaturas na relaccedilatildeo dos participantes e natildeo corresponde

ao nuacutemero dos participantes que preencheram e devolveram a ficha de inscriccedilatildeo

160

afirma Putnam (2008 p 110) o caraacuteter da participaccedilatildeo depende da natureza poliacutetica dos

participantes Essa natureza poliacutetica eacute o objeto a ser desvelado tanto para a compreensatildeo do

processo do planejamento quanto para a confianccedila social no projeto poliacutetico e nas instituiccedilotildees

Tambeacutem essa natureza poliacutetica eacute objeto a ser avaliado verificando se se constitui em um bem

puacuteblico nos territoacuterios sergipanos capaz de assegurar o desenvolvimento territorial como

proposto

Figura 16 Sergipe

Nuacutemero total de participantes das conferecircncias municipais ndash 2007 e 2009

0 5000 10000 15000 20000

2007

2009

Fonte SeplanSeplag Relatoacuterios das Conferecircncias de 2007 e 2009

Buscando analisar a natureza poliacutetica da participaccedilatildeo o primeiro elemento seraacute o natildeo

atendimento agrave convocaccedilatildeo para o segundo ciclo de conferecircncias ou melhor a reduccedilatildeo das

pessoas mobilizadas para a participaccedilatildeo Para tanto propotildeem-se algumas hipoacuteteses

exploratoacuterias embora se acredite que todas elas se resumem agrave insuficiecircncia da cidadania da

populaccedilatildeo como afirma Demo (2009 p3) Na primeira delas a desmobilizaccedilatildeo ocorreu em

funccedilatildeo do baixo atendimento das accedilotildees demandadas Em 2007 a populaccedilatildeo confiava no

projeto poliacutetico do Governo do Estado - ldquoSergipe governo de todosrdquo e esperava dele no

miacutenimo que as decisotildees tomadas nas conferecircncias fossem atendidas A populaccedilatildeo atendeu agrave

convocaccedilatildeo dos municiacutepios para as conferecircncias e foram relacionadas 8671 demandas

Dessas 5212 satildeo accedilotildees cuja execuccedilatildeo compete ao municiacutepio e em todos os territoacuterios de

planejamento concentraram-se principalmente em demandas recorrentes das agendas da

sauacutede da educaccedilatildeo e da assistecircncia social ou seja a populaccedilatildeo sergipana ainda reclama por

direitos sociais e acreditava que a convocaccedilatildeo de seus liacutederes poderia responder aos seus

desejos e necessidades Na segunda a fragilidade da cultura participativa da populaccedilatildeo e as

vaacuterias convocaccedilotildees para as conferecircncias promovidas tanto pelo governo federal quanto pelo

governo estadual sem respostas para as demandas levantadas contribuiacuteram para a

161

desmobilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para a participaccedilatildeo Na terceira os ldquoprojetosrdquo de mobilizaccedilatildeo e

de comunicaccedilatildeo natildeo foram adequados ou seja a linguagem a forma e os meios usados para

comunicar natildeo foram acessiacuteveis ao puacuteblico A convocaccedilatildeo para as conferecircncias ocorreu entre

os aliados poliacuteticos dos gestores municipais e estaduais e os servidores municipais ou seja

houve uma participaccedilatildeo mobilizada uma vez que os participantes dependiam da vontade e

compromisso poliacutetico para atendimento de suas demandas e mostraram-se leais a seus liacutederes

(BORBA 2011 p 70 CARREGOSA 2009 p 105) Isso se confirma pelo percentual de

participaccedilatildeo de representantes do poder puacuteblico municipal (3186 em 2007 e 3487 em

2009) e outrosnatildeo declarados filiados a organizaccedilotildees ou entidades (4002 em 2007 e

3017 em 2009) e o baixo percentual de participantes com filiaccedilatildeo a organizaccedilotildees da

sociedade nos dois periacuteodos (Tabela 3) A priori a participaccedilatildeo das associaccedilotildees das

organizaccedilotildees sociais (movimentos e ONGs) das instituiccedilotildees religiosas de cooperativas das

entidades sindicais e entidades profissionais nas conferecircncias municipais em 2007 e 2009

permite inferir uma baixa capacidade de organizaccedilatildeo da populaccedilatildeo a fragilidade dos

movimentos sociais e a forte relaccedilatildeo hieraacuterquica clientelista 97

no Estado

Tabela 3 Sergipe - Participaccedilatildeo das diferentes entidades nas Conferecircncias do

Planejamento Participativo em 2007 e 2009

Nordm de casos Nordm de casos

Indiacutegenas 0 0 2 002

Iniciativa Privada 0 0 143 138

Quilombolas 19 015 22 021

Cooperativas 26 021 56 054

Conselhos 91 073 135 130

Poder Puacuteblico Federal 108 087 183 177

Instituiccedilotildees ou Entidades Religiosas 115 093 91 088

Poder Legislativo Municipal 129 104 212 205

Entidades Sindicais 262 211 241 233

Poder Puacuteblico Estadual 739 596 686 663

Organizaccedilotildees sociais (movimentos ONGs) 888 716 499 482

Associaccedilotildees 1111 896 1349 1303

Poder Puacuteblico Municipal 3952 3186 3609 3487

OurtosSem Filiaccedilatildeo declarada 4964 4002 3123 3017

Total 12404 10000 10351 10000

2007 2009

Fonte SeplanFicha de Inscriccedilatildeo dos participantes 2007 e 2009

97

Nunes (1997 p40) define clientelismos como um sistema de controle de fluxo de recursos materiais e de

intermediaccedilatildeo de interesses no qual natildeo haacute nuacutemero fixo ou organizado de unidades constitutivas Para DrsquoAacutevila

Filho (2004 p 217) o clientelismo eacute caracterizado como um tipo de troca poliacutetica assimeacutetrica marcado por uma

seacuterie de especificidades A cultura poliacutetica sergipana tem suas especificidades e justifica o comportamento das

instituiccedilotildees puacuteblicas das organizaccedilotildees da sociedade e dos atores sociais nas conferecircncias do planejamento

participativo

162

Oliva (1991) estudando o processo poliacutetico sergipano afirma a existecircncia de

caracteriacutesticas que satildeo peculiares agrave estrutura de poder no Estado Entre elas estatildeo a

manipulaccedilatildeo das classes subalternas pelas classes dominantes impedidas sistematicamente de

se manifestar a incapacidade de coesatildeo e os conflitos internos dos movimentos sociais Essas

caracteriacutesticas se mantecircm fortes e se reproduzem no tempo e no espaccedilo de ldquodemocracia

participativardquo como demonstrou a participaccedilatildeo dos atores sociais nas conferecircncias do

planejamento participativo

Em relaccedilatildeo agrave participaccedilatildeo das organizaccedilotildees sociais entidades e instituiccedilotildees

participativas em 2007 somente 2025 dos participantes declararam pertencer a uma

organizaccedilatildeo social ou a uma instituiccedilatildeo participativa Em 2009 houve um aumento da

participaccedilatildeo desses grupos (2314) Poreacutem observa-se em 2009 uma reduccedilatildeo da

participaccedilatildeo de organizaccedilotildees sociais (movimentos e instituiccedilotildees religiosas) e um aumento da

participaccedilatildeo de associaccedilotildees e instituiccedilotildees participativas (conselhos ONGs) Para Avritzer

(2012 p 12) a participaccedilatildeo social de entidades ou instituiccedilotildees religiosas e associaccedilotildees

comunitaacuterias satildeo padrotildees da participaccedilatildeo nacional e nos uacuteltimos tempos constata-se um

aumento da participaccedilatildeo de formas institucionalizadas (conselhos gestores de poliacuteticas

puacuteblicas) lado a lado com as formas natildeo institucionalizadas Esse padratildeo se confirmou nas

conferecircncias municipais realizadas em Sergipe As conferecircncias municipais realizadas em

2009 tiveram um aumento na participaccedilatildeo de associados conselheiros e cooperados

O percentual de participaccedilatildeo de cada um dos trecircs principais segmentos98

por territoacuterio

de planejamento demonstrou que o percentual de participaccedilatildeo das organizaccedilotildees da

sociedade99

nas conferecircncias foi maior nos dois ciclos nos territoacuterios Alto Sertatildeo Sergipano

Centro-Sul Sergipano e Sul Sergipano e mais representativa no ciclo 2009 (Figura 17) Essa

constataccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agrave dinacircmica das organizaccedilotildees sociais nesses territoacuterios

decorrente de accedilotildees de diferentes fontes embora todas voltadas para a democratizaccedilatildeo e

impostas de cima para baixo ou melhor sob a ldquoregecircnciardquo do Estado100

Entre elas a

institucionalizaccedilatildeo dos conselhos de gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas a articulaccedilatildeo para a

98

Haacute registro da participaccedilatildeo de representantes da iniciativa privada somente para 2009 Embora considere a

necessidade desse segmento para a efetividade de qualquer modelo de governanccedila pela ausecircncia de dados em

2007 os dados de 2009 natildeo foram incorporados nesta anaacutelise 99

Incluem-se aqui todas as formas de organizaccedilatildeo da sociedade como movimentos ONGs associaccedilotildees

cooperativas entidades ou instituiccedilotildees religiosas entidades sindicais associaccedilotildees de quilombolas e indiacutegenas 100

Azevedo Mota e Cunha (2006 p58) analisando o associativismo em Nossa Senhora da Gloacuteria no territoacuterio

Alto Sertatildeo Sergipano afirmam que a criaccedilatildeo de associaccedilotildees nos povoados Tanque de Pedra e Aningas foi

resultado de incentivo do Estado

163

construccedilatildeo dos territoacuterios rurais criados pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial

(SDT) do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio (MDA) o funcionamento dos

colegiados101

territoriais e a gestatildeo social de projetos

A ausecircncia de espontaneidade da populaccedilatildeo para a organizaccedilatildeo social e do incentivo

do Estado para essa praacutetica foi registrada por Bursztyn (2008 p78) que analisando o

planejamento e o clientelismo no Nordeste enfatiza o estiacutemulo do Estado para o

cooperativismo os resultados mais quantitativos que qualitativos dessas organizaccedilotildees e ldquocerta

impermeabilidade em relaccedilatildeo agrave proliferaccedilatildeo espontacircnea das cooperativas no Nordesterdquo

Constata-se que a histoacuteria da organizaccedilatildeo social no Brasil natildeo se caracteriza como voluntaacuteria

e portanto indica pouca capacidade de envolvimento dos indiviacuteduos em accedilotildees coletivas

principalmente no Nordeste

Analisando os dilemas vivenciados pelos movimentos sociais no Territoacuterio Alto Sertatildeo

Sergipano Nobre (2008 p 206) confirma tanto a induccedilatildeo do Estado na criaccedilatildeo de

associaccedilotildees e cooperativas nos projetos de reforma agraacuteria para acessar recursos financeiros

quanto a cooptaccedilatildeo de representantes de organizaccedilotildees da sociedade civil pelo poder local nos

conselhos municipais de desenvolvimento sustentaacutevel Essas caracteriacutesticas comprometem a

formaccedilatildeo do capital social e consequentemente a democratizaccedilatildeo e qualquer proposta de

desenvolvimento Para Rennoacute (2003 p 73) esse comportamento dos gestores aleacutem de ser

mais onerosos do que mecanismos de mobilizaccedilatildeo espontacircneos eacute a antiacutetese do capital social

O dilema do movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nas conferecircncias

municipais realizadas em 2007 contribuiu para a reduccedilatildeo da participaccedilatildeo de militantes no

processo do planejamento participativo em 2009 Esse fato poder ser interpretado como uma

desmobilizaccedilatildeo do movimento social para o processo do planejamento participativo As

causas para essa desmobilizaccedilatildeo podem ser o natildeo atendimento das reivindicaccedilotildees dos

assentados e acampados da reforma agraacuteria102

a desconfianccedila dos militantes no processo e ou

a recusa agrave participaccedilatildeo em favor da manutenccedilatildeo da autonomia diante do risco de cooptaccedilatildeo

como defendem Santos (2008) e Nobre (2008) Entretanto esses autores confirmam o

crescimento da participaccedilatildeo dos movimentos sociais e de organizaccedilotildees sociais natildeo vinculados

101

De acordo com Nobre (2008 p160) o Colegiado de Desenvolvimento Territoacuterio do Alto Sertatildeo Sergipano

foi criado em abril de 2004 102

Exemplificando em 2007 o percentual de participaccedilatildeo de atores sociais afiliados ao Movimento dos

Trabalhadores Rurais Sem Terra nas conferecircncias dos municiacutepios de Indiaroba e Santa Luzia do Itanhi no

Territoacuterio Sul Sergipano foi de 58 e 47 respectivamente tendo em vista o nuacutemero de acampados nesses

municiacutepios e de assentados aguardando os projetos baacutesicos para o atendimento dos serviccedilos de educaccedilatildeo sauacutede e

de condiccedilotildees adequadas de trabalho

164

ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ou ao Movimento dos Pequenos

Agricultores (MPA) nesses espaccedilos participativos em construccedilatildeo em Sergipe

Figura 17 Percentual de participaccedilatildeo por territoacuterio de organizaccedilotildees da sociedade nas

conferecircncias municipais 2007 e 2009

00 100 200 300 400

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco hellip

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

2009

2007

Fonte SeplanFicha de Inscriccedilatildeo dos participantes 2007 e 2009

A participaccedilatildeo de representantes do poder puacuteblico nas conferecircncias municipais foi

maior no ciclo 2009 que no ciclo 2007 sobretudo nos territoacuterios Agreste Central Baixo Satildeo

Francisco Centro-Sul Sergipano Meacutedio Sertatildeo e Sul Sergipano (Figura 18) O aumento da

participaccedilatildeo de servidores municipais nas conferecircncias em 2009 tambeacutem foi influenciado pela

lideranccedila poliacutetica que assumia a gestatildeo municipal naquele ano e que se enquadrava como

partidaacuterio ou base aliada do governo estadual Para aleacutem da participaccedilatildeo social as

conferecircncias municipais do planejamento participativo satildeo espaccedilos de fortalecimento e de

reproduccedilatildeo do clientelismo O percentual meacutedio (32 e 35 respectivamente) de

participaccedilatildeo de representantes do poder puacuteblico municipal nas conferecircncias realizadas induz a

essa constataccedilatildeo

165

Figura 18 Percentual de participantes por territoacuterio representando o poder puacuteblico

nas conferecircncias municipais 2007 e 2009

0 10 20 30 40 50 60 70

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco Sergipano

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

2009

2007

FonteSeplanFicha de Inscriccedilatildeo dos participantes 2007 e 2009

De modo geral a participaccedilatildeo de indiviacuteduos sem filiaccedilatildeo associativa declarada foi

maior nas conferecircncias municipais em 2007 com percentuais que variaram entre 3287 no

territoacuterio Leste Sergipano e 7928 no Meacutedio Sertatildeo Sergipano (Figura 19) Como visto

esse atendimento agrave convocaccedilatildeo a priori pode revelar a confianccedila no projeto poliacutetico do

governo do Estado e em seus liacutederes e ou a continuidade da relaccedilatildeo hieraacuterquica clientelista

tiacutepica da poliacutetica local

Figura 19 Percentual de participaccedilatildeo por territoacuterio de outros ou sem filiaccedilatildeo nas

conferecircncias municipais 2007 e 2009

00 200 400 600 800 1000

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco Sergipano

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

2009

2007

FonteSeplanFicha de Inscriccedilatildeo dos participantes 2007 e 2009

Considerando essa participaccedilatildeo como uma confianccedila percebe-se que os territoacuterios do

Alto Sertatildeo Sergipano Grande Aracaju Sul Sergipano e Leste Sergipano praticamente

166

mantiveram os percentuais de participaccedilatildeo de pessoas sem filiaccedilatildeo associativa nos dois ciclos

de conferecircncias Os territoacuterios Meacutedio Sertatildeo Sergipano Centro-Sul e Agreste Central

apresentaram queda no envolvimento dessas pessoas no processo poreacutem ocorreu um

aumento na participaccedilatildeo de representantes do poder puacuteblico municipal Esses dados induzem

ainda agrave interpretaccedilatildeo de que as comissotildees preparatoacuterias municipais natildeo informaram e natildeo

convocaram adequadamente a populaccedilatildeo ou a confianccedila no projeto poliacutetico do governo

estadual era menor nesses territoacuterios A mobilizaccedilatildeo pode ter ocorrrido entre as lideranccedilas

sociais partidaacuterias dos gestores municipais denominadas por Lima (2010p 154) como os

assiacuteduos participantes das atividades realizadas reforccedilando as conferecircncias como espaccedilos de

trocas portanto de relaccedilatildeo clientelista Como sugere DrsquoAacutevila Filho (2004 p218) a proacutepria

inclusatildeo participativa pode se transformar em objeto de negociaccedilatildeo

Quanto ao perfil dos participantes de modo geral pode-se dizer que as conferecircncias

municipais nos dois ciclos do processo do planejamento participativo foram realizadas com

um puacuteblico majoritariamente feminino (5673 em 2007 e 5650 em 2009) moradoras da

zona urbana (6673 em 2007 e 6293 em 2009) distribuiacutedas em diferentes profissotildees

entre as quais se destacaram as agricultoraslavradoras (223) e as professoras (17)

A predominacircncia da participaccedilatildeo das mulheres nas Conferecircncias Municipais natildeo se

repetiu nas Conferecircncias Territoriais Os representantes municipais selecionados entre os

pares e em foacuteruns individuais para as Conferecircncias Territorial e Estadual garantiram a

participaccedilatildeo masculina Na perspectiva da participaccedilatildeo social e de gecircnero a participaccedilatildeo do

homem ainda eacute predominante na poliacutetica e nos espaccedilos puacuteblicos em Sergipe O perfil dos

delegados seraacute analisado no contexto da discussatildeo das conferecircncias territoriais

63 A participaccedilatildeo social em instituiccedilotildees participativas territoriais (conferecircncias

territoriais)

Na poliacutetica territorial adotada pelo estado as conferecircncias territoriais assumem uma

importacircncia relevante isso porque considerando o territoacuterio como a base para o enfoque das

poliacuteticas puacuteblicas e fonte das demandas de intervenccedilatildeo puacuteblica estrateacutegica para o

desenvolvimento territorial estas seriam o espaccedilo de participaccedilatildeo de negociaccedilatildeo de

articulaccedilatildeo de cooperaccedilatildeo e de agir coletivamente dos atores sociais ndash governamentais e natildeo

governamentais e portanto de fortalecimento do capital social e de construccedilatildeo de estruturas

de governanccedila que promovessem o desenvolvimento territorial

167

Analisando as conferecircncias territoriais realizadas em Sergipe como instituiccedilotildees

participativas e no contexto da vontade poliacutetica do governo de implementar a participaccedilatildeo

como propotildee Avritzer (2008 p45) a organizaccedilatildeo da sociedade civil e a estrutura das

instituiccedilotildees puacuteblicas com capacidade de respostas agraves pressotildees sociais se apresentam como

fatores preponderantes para sustentar a vontade poliacutetica e dar efetividade aos processos

participativos

Assim o desempenho do Estado no atendimento das demandas e na prestaccedilatildeo dos

serviccedilos de qualidade e orientados para a eliminaccedilatildeo dos fatores de privaccedilotildees de liberdade de

boa parte dos sergipanos principalmente da populaccedilatildeo interiorana que vive em povoados e

pequenas comunidades rurais deveria ser condiccedilatildeo fundamental para estimular e ampliar a

organizaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos atores sociais no controle e gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas e

promover o desenvolvimento territorial

Nos termos do Decreto 24339 de 20 de abril de 2007 as conferecircncias territoriais tecircm

por objetivo consolidar e validar as demandas oriundas das conferecircncias municipais

pertinentes aos respectivos territoacuterios Entre 2007 e 2013 foram realizadas cinco rodadas103

de conferecircncias territoriais nas quais se percebe a participaccedilatildeo dos atores sociais voltada para

a integraccedilatildeo dos grupos e construccedilatildeo coletiva da poliacutetica territorial Na primeira conferecircncia

denominada primeira rodada de conferecircncias territoriais o objetivo era a sistematizaccedilatildeo das

accedilotildees de caraacuteter territorial e estadual oriundas das conferecircncias municipais que deveriam

compor o Plano Plurianual 2008 ndash 2011104

A participaccedilatildeo concedida aos delegados eleitos

nas conferecircncias municipais teve caraacuteter informativo sobre as accedilotildees relacionadas pelo Estado

para compor o Plano Plurianual Na segunda rodada a participaccedilatildeo fora concedida para a

consulta a respeito de questotildees relacionadas ao pertencimento ao territoacuterio Assim nessas

conferecircncias foram identificados os valores construiacutedos os siacutembolos dos territoacuterios

reconhecidas as principais atividades econocircmicasprodutivas e seus pontos fortes fracos

oportunidades e ameaccedilas para sua dinamizaccedilatildeo Na terceira conferecircncia territorial a

participaccedilatildeo fora concedida para a informaccedilatildeo e validaccedilatildeo dos planos de desenvolvimento dos

territoacuterios Na quarta conferecircncia a participaccedilatildeo ocorreu atraveacutes da consulta aos delegados

sobre as melhores praacuteticas desenvolvidas pelas organizaccedilotildees sociais com abrangecircncia eou

impacto territorial as accedilotildees governamentais de articulaccedilatildeo e de dinamizaccedilatildeo econocircmica do

territoacuterio a gastronomia e as necessidades das capacitaccedilotildees das instituiccedilotildees puacuteblicas e das

103

Terminologia inspirada do Orccedilamento Participativo de Porto Alegre 104

Eacute importante destacar que as conferecircncias natildeo alteraram os procedimentos e as rotinas da elaboraccedilatildeo do Plano

Plurianual 2008-2011e dos orccedilamentos anuais

168

organizaccedilotildees sociais para o empoderamento e a sustentabilidade dos projetos orientados para

o desenvolvimento local e territorial Por fim a quinta conferecircncia concedeu aos participantes

o espaccedilo para a consulta sobre as accedilotildees que deveriam compor o Plano Plurianual para 2012-

2015

Como visto a participaccedilatildeo dos atores sociais nas conferecircncias territoriais foi

totalmente dependente do aparelho do estado e sob a influecircncia dos aparelhos ideoloacutegicos do

estado Da mobilizaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo aos processos metodoloacutegicos agraves temaacuteticas aos

procedimentos decisoacuterios agrave mediaccedilatildeo de conflitos agrave negociaccedilatildeo e agrave integraccedilatildeo dos grupos

para a cooperaccedilatildeo ateacute seus resultados foram tarefas assumidas pelo estado nesses espaccedilos

Aleacutem disso a metodologia e a teacutecnica usadas para a elaboraccedilatildeo dos planos plurianuais e dos

orccedilamentos anuais natildeo sofreram alteraccedilotildees Essa constataccedilatildeo causa frustraccedilatildeo aos analistas

natildeo apenas porque esses espaccedilos natildeo tecircm produzido autonomia em relaccedilatildeo ao poder puacuteblico

como supotildeem DrsquoAacutevila Filho e Jorge (2004 p 228) mas sobretudo pela demonstraccedilatildeo de

cidadania pequena e de fraco capital social nos territoacuterios sergipanos

Nessa linha de argumentaccedilatildeo o nuacutemero de participantes (delegados convidados

teacutecnicos e observadores) bem como o perfil dos delegados do processo do planejamento

participativo satildeo variaacuteveis fundamentais para verificar os niacuteveis de capital social em Sergipe

e consequentemente nos territoacuterios de planejamento

Em julho de 2007 durante a realizaccedilatildeo da primeira conferecircncia territorial foi

registrado o maior nuacutemero de participantes com 2833 pessoas distribuiacutedas nas oito

conferecircncias decorrecircncia direta da expectativa das instituiccedilotildees sociais no escopo da accedilatildeo

governamental A segunda rodada de conferecircncias territoriais que ocorreu entre 12 de

novembro e primeiro de dezembro do mesmo ano contou com a participaccedilatildeo de 1069

pessoas portanto 377 do puacuteblico da primeira conferecircncia Na terceira ocorrida em 2008

registrou-se a participaccedilatildeo de somente 900 pessoas ou seja 317 do nuacutemero de

participantes da primeira conferecircncia e a quarta e quinta rodadas de conferecircncia territorial natildeo

conseguiram recuperar o nuacutemero de participantes e praticamente permaneceu com o mesmo

nuacutemero ateacute 2011 (Figura 20) A reduccedilatildeo da participaccedilatildeo nas conferecircncias territoriais confirma

a desmobilizaccedilatildeo tanto de observadores quanto de delegados e teacutecnicos do governo para o

processo do planejamento participativo

169

Figura 20 Nuacutemero total de participantes nas conferecircncias Territoriais 2007-2011

-

500

1000

1500

2000

2500

3000

2007 2007 2008 2009 2011

Conferecircncias Territoriais

Fonte Seplan Relatoacuterios das Conferecircncia Territoriais 2007- 2009 e Seplag 2013

A queda da participaccedilatildeo principalmente dos delegados eleitos motivou a Secretaria

de Estado do Planejamento a avaliar o processo com a finalidade de desenvolver e melhorar

estrateacutegias de intervenccedilatildeo nas diferentes etapas (informaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo participaccedilatildeo

atendimento agraves demandas e outros) Essa avaliaccedilatildeo ocorreu durante a terceira rodada de

conferecircncias territoriais e da segunda conferecircncia estadual e envolveu delegados

observadores e teacutecnicos do governo Os resultados da avaliaccedilatildeo apontaram a insatisfaccedilatildeo dos

delegados principalmente em relaccedilatildeo aos seguintes pontos baixo niacutevel de execuccedilatildeo das accedilotildees

aprovadas nas conferecircncias realizadas em 2007 (3107) ausecircncia de divulgaccedilatildeo e de

acompanhamento das accedilotildees em execuccedilatildeo (2816) capacitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo

ampliaccedilatildeo dos espaccedilos participativos (1748) etc (Tabela 4) A atitude de ausentar-se dos

atores sociais perante as situaccedilotildees-problema (niacutevel de execuccedilatildeo das accedilotildees criaccedilatildeo de espaccedilos

participativos e acompanhamento) confirma que de fato natildeo temos uma cultura participativa

(DOWBOR1999) e infere ainda que haacute baixa resistecircncia dos atores sociais para o

enfrentamento de situaccedilotildees-problemas a baixa escolaridade eacute um oacutebice ao desenvolvimento e

agrave criaccedilatildeo de uma consciecircncia democraacutetica (FREIRE 1967 p101) os movimentos sociais

receiam a neutralizaccedilatildeo dos conflitos existentes e a desconsideraccedilatildeo das contradiccedilotildees como

estrateacutegia de pactuaccedilatildeo mediada pelo Estado (SANTOS 2008 p 283) e haacute perda de

confianccedila no processo Na avaliaccedilatildeo dos teacutecnicos as criacuteticas ao processo direcionam a anaacutelise

para as fragilidades do aparelho de Estado e ou admissatildeo de imaturidade e incompletude

como diz Souza (2006 p236) para um planejamento participativo

Os principais reclames dos teacutecnicos se referiam agrave falta de engajamento poliacutetico visto

que os Secretaacuterios de Estado e Dirigentes dos oacutergatildeos estaduais pouco se comprometeram com

o processo ou seja natildeo ocorreu o necessaacuterio empoderamento dos gestores articulaccedilatildeo

170

(horizontal e vertical) entre as instituiccedilotildees puacuteblicas divulgaccedilatildeo das accedilotildees e clareza no

processo Na avaliaccedilatildeo dos observadores a construccedilatildeo de canais permanentes de articulaccedilatildeo

institucional a capacitaccedilatildeo dos envolvidos e o grau de realizaccedilatildeo das propostas seriam as

accedilotildees que poderiam alimentar a continuidade do processo

Tabela 4 Pontos de Insatisfaccedilatildeo dos delegados e das delegadas em relaccedilatildeo ao

processo do planejamento participativo em 2008

Resultados Ponderados Nordm de casos

Baixo niacutevel de execuccedilatildeo das accedilotildees aprovadas

nas conferecircncias realizadas em 2007 32 3107

Ausecircncia de divulgaccedilatildeo e de acompanhamento

do processo e das accedilotildees em execuccedilatildeo 29 2816

Capacitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo ampliaccedilatildeo

dos espaccedilos participativos 18 1748

Insuficiente articulaccedilatildeo entre os oacutergatildeos do

governo estadual e entre estes e os municiacutepios

os oacutergatildeos federais e a sociedade

12 1165

Desrespeito ao levantamento e agraves prioridades

identificadas em 2007 e comprometimento

poliacutetico-partidaacuterio

12 1165

TOTAL 103 10000

Fonte SeplanRelatoacuterio de Anaacutelise do Processo do Planejamento Participativo 2008

Na avaliaccedilatildeo de todos os envolvidos o principal indicador de insatisfaccedilatildeo eacute o

desempenho do governo O grau de realizaccedilatildeo das accedilotildees ou o compromisso de sua execuccedilatildeo

independentemente de melhorias nas demais etapas do processo eacute a variaacutevel que poderia

garantir a continuidade do processo e reverter os quadros dos demais indicadores

principalmente da participaccedilatildeo da organizaccedilatildeo social e do capital social Por outro lado e de

acordo com Putnam

o contexto social e a histoacuteria condicionam profundamente o desempenho

das instituiccedilotildees Quando o solo regional eacute feacutertil as regiotildees sustentam-se das

tradiccedilotildees regionais mas quando o solo eacute ruim as novas instituiccedilotildees

definham A existecircncia de instituiccedilotildees eficazes e responsaacuteveis depende no

jargatildeo do humanismo ciacutevico das virtudes e praacuteticas republicanas

(PUTNAM2006 p 191)

Considerando o contexto social e poliacutetico de Sergipe a mudanccedila no desempenho

institucional e sobretudo no modelo de gestatildeo puacuteblica embora fundamental soacute seraacute possiacutevel

com a conscientizaccedilatildeo organizaccedilatildeo participaccedilatildeo social efetiva Nas palavras de Dallari

(1999 p43) o indiviacuteduo conscientizado fica indiferente e natildeo desanima perante os

171

obstaacuteculos Cidadatildeos e organizaccedilotildees civis efetivamente interessados em tomar parte nas

poliacuteticas puacuteblicas tecircm a participaccedilatildeo como um compromisso de vida um direito e uma

necessidade

A distribuiccedilatildeo dessas pessoas ldquoconscientizadasrdquo nos territoacuterios de planejamento pode

ser medida pela participaccedilatildeo dos atores sociais (delegados observadores e teacutecnicos) nas

conferecircncias territoriais ou seja pela capacidade de resistecircncia desses indiviacuteduos ao longo do

periacuteodo em anaacutelise e compromisso com as accedilotildees coletivas e com o desenvolvimento

territorial Em todos os territoacuterios houve uma queda na participaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave conferecircncia

realizada em 2007 e permanecendo praticamente o mesmo nuacutemero de participantes nas

conferecircncias de 2009 e 2011 (Figura 21)

Figura 21 Nuacutemero de participantes por territoacuterio de planejamento 2007 - 2011

0 100 200 300 400 500

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco Sergipano

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

2011

2009

2008

2008

2007

Fonte Seplan Relatoacuterios das Conferecircncia Territoriais 2007- 2009 e Seplag 2013

A queda na participaccedilatildeo foi praticamente idecircntica em todos os territoacuterios Alguns

atores sociais decidiram continuar no processo Assim o conhecimento do perfil dos

delegados eleitos forneceraacute melhor compreensatildeo de suas caracteriacutesticas bem como dos

fatores que contribuiacuteram para a resistecircncia desses no processo Para tanto seratildeo utilizados

dados e informaccedilotildees de avaliaccedilatildeo realizada pela Secretaria de Estado do Planejamento em

2010 durante a IV conferecircncia estadual do planejamento participativo

A pesquisa consistiu no fornecimento de informaccedilotildees por parte dos delegados em

relaccedilatildeo aos seguintes pontos dados pessoais (nome contatos naturalidade data de

nascimentoidade sexo profissatildeo local de domiciacutelio estado civil e escolaridade) grau de

interesse na participaccedilatildeo como delegado forma de acompanhamento das accedilotildees do governo e

172

aacuterea de maior interesse nas discussotildees do processo A partir da anaacutelise das respostas eacute

possiacutevel traccedilar um perfil dos atores sociais da instituiccedilatildeo participativa criada em Sergipe com

foco no desenvolvimento territorial e reconhecer o potencial dos atores no fortalecimento do

capital social dos territoacuterios O nuacutemero de delegados respondentes ao survey aplicado em

2010 foi 148 que corresponde a 20 do total de delegados eleitos para o processo do

planejamento participativo (Tabela 5)

Tabela 5 Percentual de delegados que participaram da sondagen em 2010

Nordm de eleitos Nordm de respondentes

Agreste Central Sergipano 14 140 28 200

Alto Sertatildeo Sergipano 7 70 14 200

Baixo Satildeo Francisco Sergipano 14 140 27 193

Centro Sul Sergipano 5 50 18 360

Grande Aracaju 9 90 21 233

Leste Sergipano 9 90 11 122

Meacutedio Sertatildeo Sergipano 6 60 12 200

Sul Sergipano 11 110 17 155

TOTAL 75 740 148 200

DelegadosNordm de

municiacutepiosTerritoacuterios

Fonte Seplan Relatoacuterio das Conferecircncias 2010

A participaccedilatildeo nas conferecircncias territoriais eacute predominantemente de homens (58)

residentes em aacutereas urbanas (62) Dos oito territoacuterios de planejamento somente o da Grande

Aracaju e o Leste Sergipano apresentaram o nuacutemero de delegadas maior que o de delegados

Essa distribuiccedilatildeo ocorreu aleatoriamente visto que natildeo se previa nos espaccedilos a distribuiccedilatildeo

por gecircneros e raccedilasetnia A maior participaccedilatildeo feminina nas conferecircncias municipais eacute

explicada mais pelo caraacuteter reivindicativo de lutas das mulheres por serviccedilos puacuteblicos de

qualidade Analisando a participaccedilatildeo das mulheres nos espaccedilos de poder e decisatildeo o II Plano

Nacional de Poliacutetica para as Mulheres cita

No Brasil atualmente a presenccedila das mulheres ocorre de forma mais

expressiva no acircmbito das organizaccedilotildees e associaccedilotildees na sociedade eacute menor

nos partidos poliacuteticos e menor ainda nos parlamentos e governos

(BRASIL 2008 p 116)

Eacute possiacutevel se apropriar das variaacuteveis usadas pelo II Plano Nacional de Poliacutetica para as

Mulheres para justificar a participaccedilatildeo dessas nas conferecircncias municipais e nas territoriais

Nos termos do II Plano (BRASIL 2008 p 116) algumas das variaacuteveis que justificam a sub-

representaccedilatildeo das mulheres nos parlamentos e nos governos relacionam-se aos papeis

destinados a essas ao longo dos tempos a persistecircncia da cultura patriarcal que associa os

173

homens ao espaccedilo puacuteblico e as mulheres ao espaccedilo privado e o pouco tempo dedicado agrave accedilatildeo

poliacutetica pelas mulheres Entre os papeacuteis estatildeo a responsabilidade com o cuidado com as (os)

filhas(os) familiares doentes idosas(os) e com as tarefas domeacutesticas Nas conferecircncias

territoriais como a discussatildeo tem caraacuteter mais abrangente e menos reivindicatoacuterio a

participaccedilatildeo das mulheres eacute menor Aleacutem dessas variaacuteveis Demo (2005 p 96) destaca a falta

da cidadania como o problema mais agudo A falta de cidadania eacute uma das hipoacuteteses a ser

analisada para conhecer as participantes do processo do planejamento participativo

Em relaccedilatildeo agrave idade dos delegados e das delegadas participantes do survey esses se

distribuem em cinco faixas etaacuterias A maioria dos participantes tem idade entre 31 e 50 anos

(58) embora a quantidade de jovens e de idosos (aproximadamente 17 e 13

respectivamente) chame a atenccedilatildeo A maior concentraccedilatildeo dos jovens com idades entre 18 e 30

anos encontra-se no Agreste Central Sergipano (41) e de idosos nos territoacuterios Grande

Aracaju e Meacutedio Sertatildeo Sergipano (Figura 22)

Figura 22 Faixa etaacuteria dos participantes da sondagem realizada em 2010

0 10 20 30 40 50

18 - 30

31-40

41-50

51-60

Mais de 60

Natildeo declarado

Fonte Seplan Perfil dos Delegados 2010

Em relaccedilatildeo ao estado civil dos delegados constatou-se que entre os entrevistados

aproximadamente 53 satildeo casados (incluindo os relacionamentos estaacuteveis) 3624 satildeo

solteiros 470 satildeo viuacutevos e cerca de 6 natildeo declarou situaccedilatildeo de estado civil (Figura 23)

174

Figura 23 Estado civil dos participantes da sondagem realizada em 2010

000 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Viuvo(a)

Natildeo declarado

Solteiro(a)

Casado(a)

Fonte Seplan Perfil dos Delegados 2010

A escolaridade dos atores sociais participantes do planejamento participativo aliada

ao conhecimento empiacuterico desses influencia na qualidade dos debates proposiccedilotildees

participaccedilatildeo e consequentemente avanccedilo do processo Aleacutem disso a escolaridade capacita o

indiviacuteduo a eliminar as privaccedilotildees de liberdade como afirma Sen (2012) O niacutevel de

escolaridade dos delegados e delegadas do processo do planejamento variou entre delegado

analfabeto e delegado com niacutevel universitaacuterio Os nuacutemeros sobre a escolaridade indicam que

31 dos participantes tecircm o ensino meacutedio completo e 46 estatildeo concluindo ou concluiacuteram

curso superior o que tende a qualificar positivamente os debates e a participaccedilatildeo desses atores

(Figura 24) De acordo com Avritzer (2012 p13) natildeo satildeo os mais pobres nem os sujeitos

com escolaridade mais baixa quem participam dessas institucionalidades e sim aqueles com

escolaridade mais alta do que a meacutedia Assim os dados de escolaridade do processo do

planejamento participativo confirmam o padratildeo participativo local e nacional destacado pelo

autor

175

Figura 24 Escolaridade dos participantes da sondagem realizada em 2010

0 10 20 30 40 50

Natildeo alfabetizado

Fund incompleto

Fund Completo

Meacutedio incompleto

Meacutedio completo

Superior incompleto

Superior completo

Natildeo declarado

Fonte Seplan Perfil dos Delegados 2010

O grau de envolvimento com o planejamento participativo a que se predispuseram

esses atores revela certa confianccedila no processo e ou um compromisso de vida um direito e

uma necessidade de participar de cada delegado (a) Aleacutem disso as relaccedilotildees estabelecidas

entre as organizaccedilotildees sociais e entre essas e o Estado nessas conferecircncias sinalizam para a

existecircncia de capital social em Sergipe e confirmam a limitaccedilatildeo do processo de planejamento

estatal a ausecircncia de modelo de desenvolvimento que respeite as potencialidades e limitaccedilotildees

poliacuteticas culturais e sociais locais e fundamentalmente a necessidade de transformaccedilatildeo

estrutural na Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual O capital social visto como recurso com

capacidade para influenciar a democracia a governabilidade democraacutetica as poliacuteticas de

desenvolvimento e a estrutura da Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute o que se busca na anaacutelise seguinte

176

64 Aplicaccedilatildeo da proposta metodoloacutegica do Banco Mundial para medir o capital social

Apropriando-se das reflexotildees sobre capital social e governanccedila do capiacutetulo 4 ao longo

deste capiacutetulo analisar-se-aacute o estoque de capital social dos territoacuterios de planejamento Aleacutem

disso buscar-se-atildeo elementos para o fortalecimento da discussatildeo conceitual da categoria

territoacuterio natildeo apenas como instrumento de intervenccedilatildeo estatal ou enfoque como destacam

Scheider e Tartaruga (2004 p 10) mas fundamentalmente como o espaccedilo de accedilatildeo poliacutetica

de relaccedilatildeo de confianccedila e de poder compartilhado Afinal como disse Santos (2006) eacute o uso

do territoacuterio e natildeo o territoacuterio em si que faz dele o objeto de anaacutelise Esse esforccedilo se justifica

pela multiplicidade de publicaccedilotildees envolvendo temas como capital social participaccedilatildeo social

e desenvolvimento com enfoque territorial e pouca ecircnfase no territoacuterio como espaccedilo de

relaccedilotildees sociais de governanccedila como espaccedilo de poder compartilhado e de desenvolvimento

como espaccedilo de ganhos compartilhados O esforccedilo se refere agrave espacializaccedilatildeo de processos

que embora induzidos pelo Estado encontraram certa permeabilidade em funccedilatildeo do seu

capital social Poreacutem o exerciacutecio seraacute de reconhecimento de possibilidades e de

potencialidades desses elementos nos territoacuterios sergipanos

Desse modo e admitindo a participaccedilatildeo como um compromisso um dever ou uma

necessidade sua aacuterea de influecircncia sobre a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas as institucionalidades

e a governanccedila pode ser delimitada e expressar a territorialidade Para tanto faz-se necessaacuterio

o conhecimento da qualidade da participaccedilatildeo para reconhecimento da territorialidade e do

territoacuterio A qualidade da participaccedilatildeo social das conferecircncias municipais territoriais e

estaduais jaacute descrita permite inferir que o processo do planejamento participativo eacute uma

iniciativa capaz de promover a participaccedilatildeo e consequentemente uma das vias para o

fortalecimento da democratizaccedilatildeo em Sergipe e para a implementaccedilatildeo de poliacuteticas de

desenvolvimento voltadas para a reduccedilatildeo das desigualdades intra e inter-regional

Assumindo ainda a hipoacutetese de Costa (2009 p 92) de que a participaccedilatildeo prospera

onde existe capital social adotaram-se como amostras intencionais (natildeo probabiliacutesticas)

delegados(as) do processo de planejamento participativo O instrumento de coleta de dados

foi o questionaacuterio proposto pelo Banco Mundial (2003) denominado Questionaacuterio Integrado

para medir Capital Social ndash QI-MCS adaptado agrave realidade local

O reconhecimento do capital social eacute variaacutevel fundamental tanto para a seleccedilatildeo da

escala e definiccedilatildeo dos procedimentos e teacutecnicas de planejamento quanto para o

acompanhamento e o monitoramento das accedilotildees propostas para o desenvolvimento e a

177

delimitaccedilatildeo da aacuterea de influecircncia das capacidades e habilidades dos delegados (as) e das accedilotildees

e poliacuteticas de desenvolvimento

A anaacutelise do conjunto de respostas envolve variaacuteveis que fornecem informaccedilotildees sobre

o perfil dos participantes e as capacidades e habilidades desses nas seguintes aacutereas grupos e

redes confianccedila e solidariedade informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo coesatildeo e inclusatildeo social e

empoderamento e accedilatildeo poliacutetica

Os dados utilizados nesta anaacutelise satildeo oriundos de pesquisa realizada em julho e agosto

de 2013 com os delegados e delegadas eleitos no processo do planejamento participativo

Para tanto foram aplicados de forma aleatoacuteria 90 questionaacuterios que representam uma

amostra de 12 desses delegados que se dispuseram a participar da pesquisa Dos que se

prontificaram a responder 378 eram do sexo masculino e 622 do sexo feminino (Tabela

6) Desses delegados cerca de 60 residem em aacutereas urbanas 31 tecircm formaccedilatildeo superior

20 satildeo professores e 289 satildeo agricultores

Tabela 6 Nuacutemero de Questionaacuterios aplicaddos por territoacuterio

Nordm Agreste Central Sergipano 17 189Alto Sertatildeo Sergipano 8 89Baixo Satildeo Francisco Sergipano 17 189Centro Sul 6 67Grande Aracaju 11 122Leste Sergipano 11 122Meacutedio Sertatildeo Sergipano 7 78Sul Sergipano 13 144

TOTAL 90 1000

Questionaacuterios AplicadosTerritoacuterios

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

O niacutevel de escolaridade dos delegados pesquisados confirma a proposiccedilatildeo de Avritzer

(2012) da participaccedilatildeo daqueles com melhores niacuteveis de escolaridade Os territoacuterios Grande

Aracaju Centro-Sul Sergipano e Sul Sergipano concentraram os delegados com os melhores

niacuteveis de escolaridade e os territoacuterios Alto Sertatildeo Sergipano Meacutedio Sertatildeo e Baixo Satildeo

Francisco os mais baixos niacuteveis (Figura 25) Esses niacuteveis de escolaridade satildeo compatiacuteveis

com as altas taxas de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos ou mais de idade nesses

territoacuterios Segundo dados do IBGE (2010) os municiacutepios que compotildeem esses trecircs uacuteltimos

territoacuterios apresentaram as maiores taxas de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos ou mais

de idade (Apecircndice C) Aleacutem das altas taxas de analfabetismo da maioria dos municiacutepios

178

sergipanos a qualidade do ensino eacute outro fator que se pode correlacionar com a capacidade de

participaccedilatildeo A qualidade da educaccedilatildeo no ensino fundamental e meacutedio expressa pelo Iacutendice

de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) demonstra que a educaccedilatildeo e sua poliacutetica

tecircm problemas seacuterios que comprometem o desenvolvimento natildeo apenas regional como o do

proacuteprio cidadatildeo e da democratizaccedilatildeo do paiacutes Como lembra Demo (2009 p3) a populaccedilatildeo

natildeo tem qualidade democraacutetica suficiente por exemplo para pressionar o governo por

mudanccedilas para exigir dos poliacuteticos outro comportamento por uma educaccedilatildeo de qualidade e

para dizer natildeo agrave corrupccedilatildeo

Figura 25 Escolaridade dos participantes da pesquisa realizada em 2013

0 2 4 6 8 10

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco hellip

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

Superior Completo

Ensino Meacutedio

Ensino Fundamental

Analfabeto

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Em relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria dos entrevistados pode-se afirmar que a maioria dos

respondentes tem entre 31 e 50 anos de idade (Figura 26) A amostra embora intencional

conseguiu envolver representantes de todas as idades e de todas as faixas etaacuterias dos

delegados A maior participaccedilatildeo de idosos ocorreu no Agreste Central com 4 delegados com

mais de 60 anos de idade

179

Figura 26 Faixa etaacuteria dos participantes da pesquisa realizada em 2013

0 1 2 3 4 5 6 7

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco Sergipano

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

Natildeo Declarado

Mais de 61

51 - 60

41 - 50

31 - 40

18 - 30

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

A reduzida participaccedilatildeo de jovens como delegados no processo induz agrave reflexatildeo da

apatia dos jovens para a participaccedilatildeo poliacutetica e consequentemente para o comprometimento

do fortalecimento do capital social local como recurso advindo da capacidade de se

relacionar

641 Dimensotildees do capital social segundo o Banco Mundial

O questionaacuterio integrado para medir capital proposto pelo Banco Mundial e usado

nesta pesquisa organiza um conjunto de questotildees em cinco dimensotildees que agregadas

fornecem o iacutendice de capital social As dimensotildees analisadas referem-se agrave participaccedilatildeo em

grupos e redes confianccedila e solidariedade informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo coesatildeo e inclusatildeo

social empoderamento e accedilatildeo poliacutetica que passaratildeo a ser analisadas a seguir

6411 Participaccedilatildeo em grupos

Essa dimensatildeo considera a participaccedilatildeo em organizaccedilotildees sociais formais as formas de

acesso as vantagens da participaccedilatildeo e as decisotildees poliacuteticas desses grupos De acordo com

Putnam

Diz-se que as associaccedilotildees civis contribuem para a eficaacutecia e a estabilidade

do governo democraacutetico natildeo soacute por causa de seus efeitos ldquointernosrdquo sobre o

indiviacuteduo mas tambeacutem por causa de seus efeitos ldquoexternosrdquo sobre a

sociedade (PUTNAM 2006 p 103)

180

De fato a participaccedilatildeo em organizaccedilotildees sociais independentemente de sua finalidade

pode contribuir para a democratizaccedilatildeo e para o fortalecimento dos laccedilos e das relaccedilotildees sociais

Para tanto alguns criteacuterios satildeo apontados como essenciais para que de fato ocorra essa

contribuiccedilatildeo O primeiro deles eacute a participaccedilatildeo voluntaacuteria ou autocircnoma que como disse

Borba (2011 p 70) deve ser produto de uma escolha individual motivada pelo interesse em

influenciar as decisotildees governamentais ou resolver problemas coletivos O reconhecimento de

que a maioria das organizaccedilotildees sociais eacute decorrente de incentivos do Estado para acessar

recursos puacuteblicos e ou bens e que o niacutevel de participaccedilatildeo nessas institucionalidades

compromete a democratizaccedilatildeo e fortalece o clientelismo e outras trocas poliacuteticas a

continuidade de delegados(as) no processo do planejamento participativo e o baixo percentual

de participaccedilatildeo em grupos e redes detectados na pesquisa oferecem reflexotildees que podem

servir para o reconhecimento do niacutevel de capital social assim como para o papel das

instituiccedilotildees inclusive participativas na estruturaccedilatildeo de espaccedilos de interaccedilatildeo social de

articulaccedilatildeo de atores (sociais puacuteblicos e privados) e na integraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas ou

como disse Putnam (2006 p31) para remodelar a vida poliacutetica

Analisando os dados sobre a participaccedilatildeo dos entrevistados em organizaccedilotildees sociais

obteve-se um percentual meacutedio de 93 de participaccedilatildeo em grupos Os dados demonstraram

que predominam os delegados associados (associaccedilotildees de moradores e de agricultores) com

29 representantes e os afiliados a organizaccedilotildees sindicais com 11pessoas sindicalizadas (Figura

27)

Figura 27 Nuacutemero de delegados afiliados a organizaccedilotildees sociais

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Associaccedilatildeo de Moradores

Associaccedilatildeo de agricultores

Sindicato

Outro tipo de Organizaccedilatildeo

Grupo religioso

Entidade Profissional

Partido poliacutetico

Organizaccedilatildeo artiacutestica ou similar

Cooperativa

Conselho Gestor de Poliacuteticas Puacuteblicas

Coletivo Jovem Ambiental

Comitecirc de Bacias Hidrograacuteficas

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

181

No que diz respeito agrave associaccedilatildeo sindical Putnam (22006 p120) lembra que a

sindicalizaccedilatildeo pode ter valor ciacutevico em paiacuteses onde a afiliaccedilatildeo eacute voluntaacuteria No Brasil embora

voluntaacuteria a afiliaccedilatildeo eacute motivada pela forccedila dos movimentos sindicais (muito maior nas

deacutecadas de 1980 e 1990) pela participaccedilatildeo dos sindicatos nas negociaccedilotildees coletivas de

trabalho e representaccedilatildeo das categorias dos trabalhadores ou seja eacute motivada por interesses

coletivos Nas palavras de Rennoacute (2003 p72) sindicatos e associaccedilotildees de abrangecircncia

nacional ldquosatildeo por excelecircncia instrumentos de mediaccedilatildeo de interesses coletivos

organizadosrdquo Alinhado agraves ideias de Rennoacute Abramovay (2002 p 118) reconhece a

capilaridade do Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais e seu papel na ldquoreconstruccedilatildeo

institucional da vida poliacutetica no interior do paiacutesrdquo Assim espera-se que os delegados afiliados

aos sindicatos dos trabalhadores rurais dos trabalhadores rurais jovens e dos agricultores

tenham capacidade para a participaccedilatildeo poliacutetica e o fortalecimento de organizaccedilotildees sociais

Considerando que a organizaccedilatildeo das associaccedilotildees de agricultores e de moradores eacuteincentivada

pelo estado o nuacutemero de delegados afiliados a essa tipologia de organizaccedilatildeo por si soacute natildeo

revela o engajamento poliacutetico dos associados nem a capacidade de accedilatildeo coletivas desses A

respeito dessa tipologia de organizaccedilatildeo Rennoacute (2003) afirma que como satildeo instituiccedilotildees com

escopo de demandas mais limitado e voltado para temas locais natildeo oferecem niacuteveis de

mobilizaccedilatildeo coletiva acerca de poliacuteticas puacuteblicas No entanto os laccedilos estabelecidos entre os

indiviacuteduos a confianccedila adquirida no outro e no grupo e a capacidade desses de gerar

benefiacutecios para a coletividade independentemente de ter essa coletividade uma abrangecircncia

restrita ao lugar onde ocorre a accedilatildeo esses satildeo argumentos que podem fortalecer e ou formar o

capital social Para isso eacute fundamental que se reconheccedilam os inuacutemeros desafios para a

formaccedilatildeo e ou fortalecimento do capital social que vatildeo da poliacutetica educacional dos jovens

principalmente do meio rural da cultura clientelista do poder local e das elites corruptas agraves

oportunidades poliacuteticas Nesse contexto natildeo apenas as organizaccedilotildees sociais mas sobretudo

o estado e sua forma de relaccedilatildeo com a sociedade e a cultura institucional satildeo fundamentais

para esse processo Uma das formas de o estado estimular a geraccedilatildeo de accedilatildeo coletiva eacute a

instituiccedilatildeo de espaccedilos de oportunidade poliacutetica ou seja a criaccedilatildeo das instituiccedilotildees

participativas A instituiccedilatildeo das conferecircncias municipais territoriais e estaduais poderia ser

esse estiacutemulo essa discussatildeo seraacute retomada mais adiante

Em relaccedilatildeo agrave participaccedilatildeo em instituiccedilotildees participativas dos 90 entrevistados somente

quatro informaram sua participaccedilatildeo como membro um representante do Conselho de

Desenvolvimento Municipal de Lagarto outro eacute membro tanto do Conselho da Crianccedila

quanto do Conselho de Poliacutetica para as Mulheres em Boquim outro eacute membro do Conselho

182

da Crianccedila em Satildeo Domingos um eacute participante do coletivo105

jovem ambiental do

Municiacutepio de Satildeo Cristoacutevatildeo Entretanto quando questionados a respeito da participaccedilatildeo em

reuniotildees de conselhos e de comitecirc de bacias hidrograacuteficas audiecircncias puacuteblicas ou

conferecircncias 756 dos respondentes informaram ter participado de um desses eventos nos

uacuteltimos 12 meses As motivaccedilotildees para a participaccedilatildeo nesses espaccedilos foram diversificadas e

vatildeo aleacutem do pleito de demandas e de uma consciecircncia poliacutetica como por exemplo a

participaccedilatildeo em audiecircncias puacuteblicas comitecirc de bacias e coletivos jovens ambientais que

requer uma consciecircncia ambiental para a defesa de bens puacuteblicos

A forma como os respondentes acessaram os grupos reforccedila a fragilidade da cultura

associativa e a construccedilatildeo de cima para baixo dessas entidades mdash 60 disseram que foram

convidados a afiliar-se agrave organizaccedilatildeo e cerca de 40 foram fundadores da organizaccedilatildeo Os

tipos das organizaccedilotildees evidenciam seus objetivos que se concentram na produccedilatildeo de bens e

serviccedilos (saneamento e equipamentos urbanos e agriacutecolas) fortalecimento da produccedilatildeo

comercializaccedilatildeo de produtos (renda irlandesa pescado mel e proacutepolis batata-doce) e

capacitaccedilatildeoformaccedilatildeo dos envolvidos Aleacutem dos objetivos a tipologia das organizaccedilotildees revela

que 52 desses grupos operam apenas na comunidade e 34 tecircm abrangecircncia municipal

Os dados indicam que as organizaccedilotildees apresentam diferenciaccedilatildeo interna em relaccedilatildeo agrave

renda dos afiliados e mantecircm um padratildeo democraacutetico nas tomadas de decisotildees A anaacutelise dos

dados permitiu constatar que a meacutedia dos associados nos grupos eacute de seis anos e meio a

participaccedilatildeo eacute favorecida a homens e mulheres (79) embora 15 participem de

organizaccedilatildeo soacute para mulheres e cerca de 2 somente para jovens Natildeo haacute homogeneidade de

renda nos grupos uma vez que 55 informaram que haacute diferenciaccedilatildeo na renda dos

participantes Manteacutem-se um padratildeo democraacutetico nas organizaccedilotildees tanto na escolha dos

liacutederes quanto na tomada de decisatildeo Segundo os dados apurados 95 das decisotildees satildeo

tomadas por consenso 95 dos liacutederes satildeo eleitos pelos membros dos grupos que tambeacutem

aprovaram o desempenho desses mdash 58 consideraram a atuaccedilatildeo de seus liacutederes

relativamente efetiva e somente 9 disseram ser essa pouco eficiente Em relaccedilatildeo ao

gerenciamento de recursos financeiros 65 informaram que as organizaccedilotildees gerenciam

recursos provenientes de repasses dos governos federal e estadual (80) Esse percentual

confirma a criaccedilatildeo da organizaccedilatildeo para o acesso aos recursos de programas federais e

estaduais Pela tipologia e aacuterea de abrangecircncia das organizaccedilotildees somente 12 desenvolvem

105

Coletivos Jovens de Meio Ambiente satildeo grupos informais criados pelo Ministeacuterio do Meio Ambiente para

promover a participaccedilatildeo de jovens em questotildees ambientais Para melhor conhecimento deve-se buscar

ldquoColetivos Jovens de Meio Ambiente manual orientadorrdquo na paacutegina do Ministeacuterio do Meio Ambiente

183

accedilotildees fora do municiacutepio de origem Os resultados dos percentuais meacutedios de participaccedilatildeo e o

percentual de respondentes com formaccedilatildeo superior apresentaram uma forte correlaccedilatildeo entre

essas variaacuteveis (Figura 28) Essa forte correlaccedilatildeo justifica as caracteriacutesticas dos grupos e

induz a uma diferenciaccedilatildeo nos territoacuterios sergipanos que seraacute avaliada no proacuteximo capiacutetulo

Figura 28 Correlaccedilatildeo entre Escolaridade e afiliaccedilatildeo a organizaccedilotildees sociais

AC

ASS

BSF

CS

GA

LSMSS

SS

0

10

20

30

40

50

60

70

0 2 4 6 8 10 12 14

Esco

lari

dad

e

ParticipaccedilatildeoCorrelaccedilatildeo r=071

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

ASS Alto Sertatildeo Sergipano AC Agreste Central BSF Baixo Satildeo Francisco CS Centro-Sul GA Grande

Aracaju LS Leste Sergipano MS Meacutedio Sertatildeo e SS Sul Sergipano

A correlaccedilatildeo estreita entre o niacutevel de escolaridade e a participaccedilatildeo no territoacuterio Alto

Sertatildeo Sergipano (ASS) revela ainda que os percentuais tanto da participaccedilatildeo quanto da

formaccedilatildeo satildeo baixos O Alto Sertatildeo Sergipano foi o territoacuterio que apresentou menor nuacutemero

de delegados com formaccedilatildeo superior nessa pesquisa Essa correlaccedilatildeo eacute endossada ainda pela

taxa de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos e mais de idade nos municiacutepios que compotildeem

os territoacuterios do Alto Sertatildeo Sergipano (ASS) Baixo Satildeo Francisco Sergipano (BSF) Meacutedio

Sertatildeo Sergipano (MSS) Agreste Central (AC) e Sul Sergipano (SS) como demonstrado no

Apecircndice C

Assim a qualidade da educaccedilatildeo principalmente do ensino regular (fundamental e

meacutedio) e a poliacutetica educacional deficiente e voltada para a quantidade e mascarando os

resultados e a qualidade desses ainda satildeo fatores impeditivos para a cidadania o

desenvolvimento e a mudanccedila nas estruturas organizacionais puacuteblicas no estado Torres

(2013) em entrevista ao Jornal da Cidade afirma que apenas 54 dos jovens entre 15 e 17

anos frequentam o ensino meacutedio e que haacute descaso da Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo

(SEED) com os problemas relacionados agrave educaccedilatildeo (Jornal da Cidade domingo 15 e

184

segunda-feira 16122013) Entretanto satildeo esses descasos que alimentam fortalecem e

reproduzem o clientelismo e a ldquonova roupagem do coronelismordquo como bem cita Vilaccedila

a imagem do coronel nordestino se alia indelevelmente agrave do chefe poliacutetico

E nesses anos todo chefe poliacutetico do remoto interior do Nordeste praticou

mdash seja ele ateacute um letrado meacutedico padre ou bacharel mdash muitos dos

meacutetodos atitudes e outros haacutebitos de mando tipicamente coroneliacutestico

(VILACcedilA 2003 p60)

Lamentavelmente em Sergipe natildeo eacute diferente e a poliacutetica educacional vigente

corrobora esses meacutetodos atitudes e outros haacutebitos de mando tipicamente coroneliacutesticos que

corroem valores principalmente confianccedila interpessoal e nas instituiccedilotildees Os dados coletados

sobre confianccedila nas pessoas e nas instituiccedilotildees nesta pesquisa confirmam a desconfianccedila dos

sergipanos como veremos a seguir

6412 Confianccedila e solidariedade

Como elementos da estrutura social que contribuem para a construccedilatildeo do capital

social a confianccedila e a solidariedade satildeo valores construiacutedos ao longo dos tempos nos grupos

e pelos grupos essenciais para a democratizaccedilatildeo de um paiacutes e o bom desempenho das

instituiccedilotildees poliacuteticas Portanto

A confianccedila interpessoal e a confianccedila nas instituiccedilotildees poliacuteticas satildeo preacute-

condiccedilatildeo para a formaccedilatildeo de associaccedilotildees secundaacuterias que por sua vez

podem agir como promotoras da participaccedilatildeo poliacutetica e consequentemente

no aperfeiccediloamento da democracia (BAQUERO 2003 p 91)

Infelizmente os resultados do survey aplicado indicam pouca confianccedila interpessoal e

nas instituiccedilotildees puacuteblicas em Sergipe Esse dado permite inferir que a pouca confianccedila

interpessoal e nas instituiccedilotildees poliacuteticas eacute uma das principais causas do baixo niacutevel de

participaccedilatildeo poliacutetica e de organizaccedilatildeo social da populaccedilatildeo e sobretudo da pouca efetividade

das poliacuteticas puacuteblicas implementadas em Sergipe A pouca efetividade eacute mais

comprometedora do que a pouca capacidade de atendimento das demandas sociais visto que

na primeira haacute emprego de recursos humanos institucionais e financeiros e permanecem

criacuteticos os indicadores sociais principalmente o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) o

Iacutendice de pobreza e a Taxa de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos ou mais de idade Em

Sergipe106

cerca de 80 dos municiacutepios sergipanos tecircm Iacutendice de Pobreza maior que 50

106

Dos 75 municiacutepios 58 tecircm iacutendice de pobreza maior que 50 e 11 municiacutepios tecircm maior que 60

Exemplificando Santa Luzia do Itanhi segundo dados do IBGE 2013 tem IDH 0540 e Iacutendice de Pobreza de

6586 Esses indicadores encontram-se no Apecircndice C

185

O niacutevel de confianccedila limita a atuaccedilatildeo cooperada e compartilhada entre os indiviacuteduos e

entre esses e as instituiccedilotildees bem como a articulaccedilatildeo institucional e a integraccedilatildeo das poliacuteticas

Como afirma Bourdieu

O limite de um campo eacute o limite dos seus efeitos ou em outro sentido um

agente ou uma instituiccedilatildeo faz parte de um campo na medida em que nele

sofre efeitos ou que nele os produz (BOURDIEU 2010 p 31)

Os efeitos da confianccedila mostraram-se favoraacuteveis somente para grupos familiares e de

amigos uma vez que 62 dos respondentes disseram confiar na maioria das pessoas de sua

localidade Em relaccedilatildeo ao limite dos efeitos da confianccedila nas pessoas que fazem as

instituiccedilotildees puacuteblicas os dados demonstraram pouca confianccedila nos servidores que fazem as

instituiccedilotildees poliacuteticas (Figuras 29) Na praacutetica a resposta ldquonem muito nem poucordquo confirma

certa indiferenccedila dos respondentes em relaccedilatildeo agraves instituiccedilotildees poliacuteticas ou seja haacute uma clara

demonstraccedilatildeo de desencanto dos respondentes com as instituiccedilotildees em funccedilatildeo da pouca

efetividade das poliacuteticas puacuteblicas do baixo atendimento das demandas sociais da ausecircncia de

serviccedilos puacuteblicos de qualidade pela corrupccedilatildeo ativa e pelos interesses poliacuteticos subjacentes agraves

accedilotildees executadas

Figuras 29 Meacutedias dos percentuais de confianccedila dos delegados e delegadas nas instituiccedilotildees

puacuteblicas

000 1000 2000 3000 4000

Agreste Central Sergipano

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 1000 2000 3000 4000

Alto Sertatildeo Sergipano

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

186

000 1000 2000 3000

Baixo Satildeo FranciscoConfio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 500 1000 1500 2000 2500

Cento Sul SergipanoConfio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 1000 2000 3000 4000

Grande Aracaju

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 500 10001500200025003000

Leste Sergipano

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 500 1000 1500 2000 2500

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 1000 2000 3000 4000

Sul Sergipano

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Incluem-se como instituiccedilotildees puacuteblicas administraccedilatildeo puacuteblica municipal estadual e

federal tendo sido destacados a Companhia de Saneamento de Sergipe professores

profissionais da sauacutede poliacutecia poder judiciaacuterio poder legislativo DNOCS CODEVASF

SUDENE e CHESF Entretanto considerando que a grande maioria dos entrevistados

desconhece oacutergatildeos como o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS) a

Companhia de Desenvolvimento dos Vales do Satildeo Francisco e do Parnaiacuteba (CODEVASF) a

Superintendecircncia do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e a Companhia Hidro Eleacutetrica

do Satildeo Francisco (CHESF) estes foram excluiacutedos dos caacutelculos da confianccedila Afinal se natildeo se

reconhecem os efeitos dessas instituiccedilotildees natildeo haacute como estabelecer confianccedila nelas

A confianccedila no grupo vicinal se amplia quando 60 dos respondentes informam que

participam de accedilotildees comunitaacuterias ou coletivas que vatildeo de trabalhos voluntaacuterios agrave realizaccedilatildeo

187

de eventos e mutirotildees para resoluccedilatildeo de problemas pontuais como a pavimentaccedilatildeo de ruas

construccedilatildeo de silos para armazenamento de raccedilatildeo animal A tipologia das accedilotildees comunitaacuterias

relacionadas pelos entrevistados demonstra forte solidariedade nos grupos Esse achado

confirma a tese de Baquero (2003 p 92) que acredita que haacute um enfraquecimento das

relaccedilotildees sociais e que a cultura de lealdade raramente vai aleacutem do grupo familiar e de amigos

mais proacuteximos Para esse autor o setor puacuteblico eacute visto com desconfianccedila e a noccedilatildeo de bem

comum eacute fraacutegil Portanto a accedilatildeo coletiva que fortaleccedila a democratizaccedilatildeo natildeo eacute percebida ou

de fato eacute ausente em Sergipe

6413 Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

A comunicaccedilatildeo eacute a habilidade e o recurso mais elementar nas relaccedilotildees sociais Eacute o

instrumento de transformaccedilatildeo das pessoas e de suas realidades Assim

Sem a comunicaccedilatildeo cada pessoa seria um mundo fechado em si mesmo Pela

comunicaccedilatildeo as pessoas compartilham experiecircncias ideias e sentimentos

Ao se relacionarem como seres interdependentes influenciam-se

mutuamente e juntas modificam a realidade onde estatildeo inseridas

(BORDENAVE 1982 p38)

Como recurso a comunicaccedilatildeo tanto pode ampliar conhecimentos e consciecircncia criacutetica

quanto pode dificultar a informaccedilatildeo caso os instrumentos e os meios da comunicaccedilatildeo natildeo

sejam adequados para o grupo A informaccedilatildeo na tese de Coleman (1988 p 104) eacute base para

a accedilatildeo e uma de suas principais fontes encontra-se na relaccedilatildeo com o outro Assim a

participaccedilatildeo em grupos redes e entidades associativas proporciona a comunicaccedilatildeo entre seus

membros sobre questotildees que vatildeo aleacutem dos fins dos grupos por exemplo a oferta de trabalho

como afirmam Vaacutezquez (2002 p136) e Putnam (1993 p1) criando ou fortalecendo mais

recursos ou seja mais capital social

Um dos principais instrumentos da participaccedilatildeo poliacutetica e da cidadania encontra-se na

capacidade e habilidade da leitura da interpretaccedilatildeo de textos e do uso dos meios adequadas da

comunicaccedilatildeo Tomando a capacidade de ler e interpretar textos como habilidades necessaacuterias

para a participaccedilatildeo poliacutetica e considerando a correlaccedilatildeo positiva entre as taxas de

analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos ou mais de idade e a participaccedilatildeo social em Sergipe

pode-se inferir que haacute problemas na comunicaccedilatildeo e nos meios adotados para informar a

populaccedilatildeo sobre as questotildees inerentes agraves poliacuteticas puacuteblicas no Estado

De fato o analfabetismo reduz as possibilidades da comunicaccedilatildeo principalmente

escrita e da participaccedilatildeo dos sujeitos sociais Como diz Sen (2010 p 60) o analfabetismo

188

pode tolher a participaccedilatildeo poliacutetica do indiviacuteduo pela incapacidade da leitura e da comunicaccedilatildeo

escrita com os demais envolvidos nos grupos Essa incapacidade naturalmente exclui o

sujeito de grupos e natildeo estimula sua iniciativa de accedilotildees coletivas como ficou claro na

experiecircncia das conferecircncias do processo do planejamento participativo em Sergipe

No reconhecimento dessas dificuldades a comunicaccedilatildeo e os meios selecionados para

informar a populaccedilatildeo principalmente a analfabeta sobre direitos sociais poliacuteticas puacuteblicas e

controle social satildeo fundamentais natildeo soacute para a inclusatildeo social como para despertar no outro a

percepccedilatildeo da possibilidade de tornar-se sujeito ativo nos espaccedilos participativos A informaccedilatildeo

neste trabalho eacute reconhecida como capital social recurso que se obteacutem como subproduto da

participaccedilatildeo

A quantidade e a qualidade da informaccedilatildeo satildeo influenciadas ainda pelo tipo de grupo

ou rede social aos quais os indiviacuteduos pertencem (VAacuteZQUEZ 2002) Para esse autor uma

grande rede formada por simples conhecidos pode proporcionar mais informaccedilotildees sobre

ofertas de trabalho por exemplo do que uma rede formada somente por amigos Em outras

palavras os grupos familiares e vicinais tecircm quantidade e a qualidade da informaccedilatildeo

reduzida uma vez que geralmente compartilham as mesmas informaccedilotildees e os mesmos

interesses e portanto possuem pouco capital social Dessa forma a participaccedilatildeo em

associaccedilatildeo de moradores e associaccedilotildees comunitaacuterias concentram menos recursos (capital

social) do que a participaccedilatildeo no sindicato dos trabalhadores rurais como citado no toacutepico

anterior que partilham informaccedilotildees com indiviacuteduos de outras localidades e outros estados

Considerando que a qualidade e a quantidade da informaccedilatildeo estatildeo diretamente

proporcionais agraves suas fontes os meios de comunicaccedilatildeo podem exercer papel importante na

formaccedilatildeo do capital social Para Castells que defende a tese da sociedade em rede107

A comunicaccedilatildeo constitui o espaccedilo puacuteblico ou seja o espaccedilo cognitivo em

que as mentes das pessoas recebem informaccedilatildeo e formam os seus pontos de

vista atraveacutes do processamento de sinais da sociedade no seu conjunto ()

os sistemas de comunicaccedilatildeo mediaacuteticos criam os relacionamentos entre

instituiccedilotildees e organizaccedilotildees da sociedade e as pessoas no seu conjunto natildeo

enquanto indiviacuteduos mas como receptores coletivos de informaccedilatildeo mesmo

quando a informaccedilatildeo final eacute processada por cada indiviacuteduo de acordo com as

suas proacuteprias caracteriacutesticas pessoais Eacute por isso que a estrutura e a dinacircmica

da comunicaccedilatildeo social satildeo essenciais na formaccedilatildeo da consciecircncia e da

opiniatildeo e a base do processo de decisatildeo poliacutetica (CASTELLS 2006 p 23)

107

A sociedade em rede eacute qualificada como aquela que possui soacutelida tecnologia de informaccedilatildeo no niacutevel das

infraestruturas produccedilatildeo e conhecimento (CARDOSO 2006p34)

189

Embora reconhecendo que a sociedade brasileira natildeo eacute classificada como uma

sociedade em rede como definida por Castells e sim como uma sociedade em transiccedilatildeo

segundo Cardoso (2006 p31) os meios de comunicaccedilatildeo presentes e disponibilizados tecircm

influenciado as caracteriacutesticas da sociedade e do governo Assim buscou-se junto aos

delegados e delegadas ouvidos na pesquisa identificar quais seriam as principais fontes de

informaccedilatildeo das accedilotildees do governo e sobre o mercado usadas por eles Dos dados coletados

observou-se que as principais fontes satildeo a TV a internet e o raacutedio (Tabela 7) O uso do raacutedio

como uma das principais fontes de informaccedilotildees aleacutem de confirmar que a sociedade sergipana

natildeo eacute uma sociedade em rede contraria a previsatildeo de Castells (1999 p413) de fim da

audiecircncia de massa Em Sergipe ela persiste em meio agrave cultura da virtualidade por ser ainda o

meio de comunicaccedilatildeo acessiacutevel a todos principalmente para a populaccedilatildeo com indicadores

sociais criacuteticos como um baixo niacutevel de escolaridade e alto iacutendice de pobreza como a dos

municiacutepios que compotildeem os territoacuterios Centro-Sul Sul Sergipano Agreste Central e Baixo

Satildeo Francisco

Tabela 7 Principais fontes de informaccedilatildeo sobre as accedilotildees do governo ()

Agreste

Central

Sergipano

Alto Sertatildeo

Sergipano

Baixo Satildeo

Francisco

Sergipano

Centro-

Sul

Sergipano

Grande

Aracaju

Leste

Sergipano

Meacutedio

Sertatildeo

Sergipano

Sul

Sergipano

Pessoas da

comunidade1176 0 00 1176 000 000 909 1429 000

Raacutedio 6471 3750 5882 1000 3636 1818 2857 8462

TV 7647 10000 7647 8333 6364 7273 8571 9231

Jornal 000 000 000 000 1818 2727 000 767

Internet 5882 8750 7059 6667 8182 6364 10000 6154

Territoacuterios

Fontes de

Informaccedilatildeo

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Como se pode inferir da anaacutelise do quadro anterior a TV foi a principal fonte de

informaccedilatildeo para delegados e delegadas de seis dos oito territoacuterios e a internet para os

respondentes dos territoacuterios da Grande Aracaju e do Meacutedio Sertatildeo Sergipano Na TV a

comunicaccedilatildeo pode ser manipulada para atender a interesses diversos inclusive a reproduccedilatildeo

do poder dominante natildeo contribuindo para a formaccedilatildeo da consciecircncia poliacutetica e da opiniatildeo

dos agentes sociais Isso ocorre tanto pelo baixo grau de escolaridade da populaccedilatildeo quanto

pelo fato de o grupo de controle do sistema econocircmico ser o mesmo do poder como afirmava

Furtado (2003) se natildeo as mesmas pessoas aquelas da relaccedilatildeo de compadrio

190

Em relaccedilatildeo agrave internet haacute acesso da maioria dos delegados e delegadas de todos os

territoacuterios agraves novas tecnologias Nesse caso cabe-nos argumentar o papel dessa comunicaccedilatildeo

no fortalecimento do capital social dos territoacuterios uma vez que a internet natildeo segue o modelo

de interaccedilatildeo das comunidades fiacutesicas e existe uma correlaccedilatildeo forte entre o niacutevel de

escolaridade e a utilizaccedilatildeo efetiva da internet como afirma Castells

Comunidades virtuais satildeo redes sociais interpessoais em sua maioria

baseada em laccedilos fracos diversificadiacutessimas e especializadiacutessimos tambeacutem

capazes de gerar reciprocidade e apoio por intermeacutedio da dinacircmica da

interaccedilatildeo sustentada (CASTELLS 2002 p445)

Entretanto essa reciprocidade e apoio natildeo guardam a mesma confianccedila de uma

interaccedilatildeo face a face que envolve compromissos de longas datas conforme defende

Granovetter (1973 p1362) e tatildeo importante principalmente para a sociedade brasileira que eacute

desconfiada por natureza Aliada a isso a estrutura da administraccedilatildeo puacuteblica estadual

responsaacutevel pela divulgaccedilatildeo das accedilotildees do governo eacute uma paacutegina virtual mdash a Agecircncia Sergipe

de Notiacutecias Isso significa que as mateacuterias e accedilotildees divulgadas satildeo selecionadas e divulgadas

natildeo apenas com a intenccedilatildeo de levar a informaccedilatildeo do fato agrave populaccedilatildeo e demonstrar o

comprometimento do governo com a prestaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos e execuccedilatildeo de accedilotildees

para atendimento desses Ao contraacuterio a comunicaccedilatildeo se daacute com o objetivo do fortalecimento

e reproduccedilatildeo do poder poliacutetico corroborando Andrade (1993 p 28) que diz que os grupos

dominantes no Nordeste estatildeo comprometidos muito mais com os seus interesses do que com

os interesses da regiatildeo e da populaccedilatildeo Essa praacutetica compromete natildeo apenas o acesso efetivo

agraves notiacutecias do governo a criaccedilatildeo e o fortalecimento do capital social mas tambeacutem reproduz o

mandonismo e fortalece o clientelismo no Estado Essa reproduccedilatildeo eacute facilitada pela

frequecircncia de acesso aos meios de comunicaccedilatildeo dos respondentes da pesquisa Mais de 80

dos respondentes de todos os territoacuterios assistem agrave TV todos os dias e poucos disseram que

leem jornais ou revistas exceto 25 dos delegados do Alto Sertatildeo Sergipano 36 do Leste

Sergipano e 18 dos delegados da Grande Aracaju (Figura 30)

191

Figura 30 Percentual de respondentes que lecirc jornal e ou revistas todos os dias

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Centro-Sul Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco

Agreste Central Sergipano

Sul Sergipano

Grande Aracaju

Alto Sertatildeo Sergipano

Leste Sergipano

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Esse dado de ausecircncia do haacutebito de leitura de grande parte dos respondentes embora

representando uma amostra justifica-se pelo alto iacutendice de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15

anos ou mais de idade e respalda a praticamente inexistente contribuiccedilatildeo dos membros dos

grupos para a divulgaccedilatildeo das accedilotildees do governo a pouca participaccedilatildeo poliacutetica da populaccedilatildeo a

cidadania pequena no processo do planejamento participativo aleacutem de comprometer o

fortalecimento do capital social De acordo com Putnam (2006 p106) quem lecirc tem mais

condiccedilotildees de participar e expressa o interesse do indiviacuteduo pelos assuntos comunitaacuterios Eacute

importante destacar que a ediccedilatildeo de jornal diaacuterio impresso ocorre somente em Aracaju capital

do Estado A falta do jornal108

diaacuterio tambeacutem compromete o desenvolvimento do haacutebito da

leitura Contudo os maiores percentuais de leitores de jornais natildeo foram encontrados no

territoacuterio da Grande Aracaju e sim nos territoacuterios Leste Sergipano e Alto Sertatildeo Sergipano Os

jornais impressos que circulam no Alto Sertatildeo Sergipano satildeo editados em Aracaju sendo o

principal deles o semanaacuterio Jornal Cinform Entretanto em Nossa Senhora da Gloacuteria existe

uma paacutegina virtual ndash soudesergipe que divulga as notiacutecias do Alto Sertatildeo Sergipano A

circulaccedilatildeo do Cinform e a paacutegina virtual de Nossa Senhora da Gloacuteria natildeo respaldam as

respostas dos entrevistados

108

Os jornais em circulaccedilatildeo no estado satildeo editados em Aracaju (Jornal da Cidade Correio de Sergipe Jornal O

Dia satildeo diaacuterios Jornal Cinform - semanaacuterio) Em Estacircncia (Tribuna Culturalmdashpaacutegina virtual) territoacuterio Sul

Sergipano em Lagarto (Jornal Lagartense ndash paacutegina virtual) territoacuterio Centro-Sul Sergipano e em Pirambu

(Tribuna da Praia ndash paacutegina virtual e impresso) no Leste Sergipano (Fonte Pesquisa de campo 2013)

192

Quanto agraves principais fontes de informaccedilatildeo sobre emprego preccedilo de produtos e de

serviccedilos observa-se que os dados coletados natildeo diferem muito das fontes de informaccedilotildees das

accedilotildees do governo Predominaram como fontes de informaccedilotildees sobre o mercado a TV com

um percentual meacutedio de 88 o raacutedio (73) e a internet como a principal fonte para cerca de

70 dos respondentes (Tabela 8)

Tabela 8 Principais fontes de informaccedilatildeo sobre mercado ()

Agreste

Central

Sergipano

Alto Sertatildeo

Sergipano

Baixo Satildeo

Francisco

Sergipano

Centro-

Sul

Sergipano

Grande

Aracaju

Leste

Sergipano

Meacutedio

Sertatildeo

Sergipano

Sul

Sergipano

Pessoas da comunidade 1176 000 000 000 000 909 000 000

Raacutedio 6471 6250 7647 8333 3636 10000 7143 8462

TV 8235 10000 9412 8333 6364 9091 8571 10000

Jornal 588 000 000 000 1818 2727 000 769

Internet 4706 7500 5882 6667 6364 6364 10000 6154

Territoacutetios

Fontes de Informaccedilatildeo

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Em relaccedilatildeo ao acesso agrave informaccedilatildeo todos os respondentes da pesquisa confirmaram

melhoria nos uacuteltimos cinco anos Entretanto essa melhoria natildeo se refere agrave publicizaccedilatildeo das

accedilotildees do governo e sim uma melhoria das bases microeletrocircnicas que facilitaram a

operacionalizaccedilatildeo de tecnologias da comunicaccedilatildeo como a televisatildeo o raacutedio o

microcomputador e a telefonia moacutevel O acesso a essas tecnologias valorizou os indiviacuteduos

como receptores coletivos de informaccedilatildeo ou melhor a massa109

como afirma Castells e

reduziu a importacircncia da comunicaccedilatildeo interpessoal alimentada pela interaccedilatildeo face a face dos

atores sociais A interaccedilatildeo face a face se justifica pelo fortalecimento e reproduccedilatildeo de

caracteriacutesticas sociais como confianccedila solidariedade que potencializam as normas a coesatildeo e

a inclusatildeo social bem como o desempenho de grupos e instituiccedilotildees puacuteblicas

6414 Coesatildeo e Inclusatildeo Social

A coesatildeo110

e a inclusatildeo social satildeo objetivos estrateacutegicos das poliacuteticas de

desenvolvimento (GOODLAND 1994 SACHS 2000 e KHAN 1988) Isso porque nessas

poliacuteticas se busca aleacutem da equidade social com a inclusatildeo das pessoas como beneficiaacuterias

109

Massa eacute um agrupamento relativamente grande de pessoas separadas e desconhecidas que recebem em geral

passivamente informaccedilotildees veiculadas pelos meios de comunicaccedilatildeo de massa (OLIVEIRA 2004 p 69) 110

Coesatildeo social eacute a expressatildeo de sociedade na qual prevalece a equidade o respeito agrave diversidade agrave

solidariedade agrave justiccedila social o sentimento de pertencimento e inclusatildeo (BRASILMDA 2005 p 21)

193

das poliacuteticas e programas sociais o compartilhamento da gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas entre o

poder puacuteblico a sociedade e a iniciativa privada ou seja a inclusatildeo da sociedade e da

iniciativa privada nos ciclos dos projetos puacuteblicos e no planejamento das poliacuteticas Para tanto

o reconhecimento das variaacuteveis endoacutegenas que sustentaratildeo esse compartilhamento como a

flexibilidade das instituiccedilotildees puacuteblicas o respeito agrave diversidade a capacidade de participaccedilatildeo e

de negociaccedilatildeo dos envolvidos a maturidade poliacutetica da populaccedilatildeo nos espaccedilos onde deveratildeo

ser implementadas as poliacuteticas os programas e os projetos satildeo elementos fundamentais

Desse modo a coesatildeo social eacute avaliada aqui a partir de caracteriacutesticas sociais e

econocircmicas que provoquem sentimentos de uniatildeo ou de conflito de inseguranccedila e de

exclusatildeo nas interaccedilotildees sociais cotidianas A pesquisa mostrou que mais de 70 dos

entrevistados confirmam que haacute desigualdades e diferenccedilas entre os indiviacuteduos nos locais

onde residem A posiccedilatildeo social a renda a crenccedila religiosa e o analfabetismo foram as

principais causas apontadas para as desigualdades e consequentemente para a exclusatildeo e a

inseguranccedila (Tabela 9) Esse resultado coaduna-se com a afirmativa de Silva e Resende

(2005 p7) de que na regiatildeo Nordeste o niacutevel de renda se correlaciona positivamente com o

acesso agrave sauacutede baacutesica agrave educaccedilatildeo e agrave aacutegua encanada

Tabela 9 Principais fontes da exclusatildeo social ()

Agreste

Central

Sergipano

Alto

Sertatildeo

Sergipano

Baixo Satildeo

Francisco

Sergipano

Centro-

Sul

Sergipano

Grande

Aracaju

Leste

Sergipano

Meacutedio

Sertatildeo

Sergipano

Sul

Sergipano

Posiccedilatildeo social 10000 10000 10000 10000 10000 10000 10000 10000

Renda 10000 10000 10000 10000 10000 10000 10000 10000

Crenccedila religiosa 590 1250 590 000 1820 1820 000 000

Analfabetismo 000 2500 000 000 910 910 000 000

Sentimento de seguranccedila 9380 7140 8130 8330 8000 7270 10000 9230

DesigualdadesDiferenccedilas

()

Territoacuterios

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

A renda e a exclusatildeo tanto do mercado quanto do acesso aos serviccedilos puacuteblicos

essenciais e da participaccedilatildeo poliacutetica dos atores sociais satildeo variaacuteveis diretamente relacionadas

agrave escolaridade O analfabetismo foi apontado principalmente no Alto Sertatildeo Agreste Central

Grande Aracaju e Leste Sergipano como um dos fatores que contribuem para as diferenccedilas

das condiccedilotildees (ou desigualdades) sociais e econocircmicas Quando questionados se as

desigualdades motivaram a violecircncia local cerca de 70 das respostas indicaram que natildeo

194

exceto os dados do territoacuterio da Grande Aracaju que confirmaram a violecircncia com um

percentual de 54 Eacute importante esclarecer que na opiniatildeo dos entrevistados natildeo satildeo as

desigualdades que influenciam o quadro de violecircncia nas comunidades e sim as diferenccedilas

Entretanto natildeo satildeo as diferenccedilas ou as diversidades regionais (culturais ambientais ou

econocircmicas) ressaltadas por Araujo (2010 p 208) como potencialidades capazes de gerar

riquezas que influenciam a violecircncia e sim a intoleracircncia a valores e crenccedilas do outro A

poliacutetica a crenccedila religiosa e a etnia foram citadas como as principais causas para as diferenccedilas

nos territoacuterios embora em percentuais baixos As diferenccedilas poliacuteticas podem induzir agrave

conscientizaccedilatildeo ciacutevica dos indiviacuteduos e portanto ser um potencial ou a depender do grau de

conscientizaccedilatildeo e maturidade poliacutetica dos indiviacuteduos gerar violecircncia como jaacute ocorreu em

Sergipe (DANTAS 1987) A violecircncia decorrente de diferenccedila poliacutetica geralmente

relaciona-se agrave garantia do poder local ou melhor agrave demarcaccedilatildeo do territoacuterio

O reconhecimento pelos entrevistados de que as diferenccedilas no territoacuterio da Grande

Aracaju geram violecircncia guarda coerecircncia com a afirmativa de Carlos (2007 p 51) de que eacute

na rua que afloram as diferenccedilas e as contradiccedilotildees que permeiam a vida cotidiana E satildeo as

cidades maiores que abrigam e tornam essas contradiccedilotildees mais visiacuteveis Em Sergipe as

maiores contradiccedilotildees satildeo observadas no territoacuterio da Grande Aracaju que abriga a Regiatildeo

Metropolitana de Aracaju111

Essa concentra 404 da populaccedilatildeo do Estado e 46 aglomerados

subnormais assim distribuiacutedos 28 deles em Aracaju um na Barra dos Coqueiros 14 em

Nossa Senhora do Socorro e trecircs em Satildeo Cristoacutevatildeo Aracaju concentra aproximadamente 28

da populaccedilatildeo do Estado e eacute o municiacutepio sergipano com a melhor infraestrutura de sauacutede

incluindo o saneamento baacutesico da educaccedilatildeo e do lazer

De fato a violecircncia eacute maior na Regiatildeo Metropolitana de Aracaju e o aumento da

violecircncia nos uacuteltimos cinco anos foi mais sentido pelos delegados dos territoacuterios da Grande

Aracaju Leste Sergipano Centro-Sul e Baixo Satildeo Francisco Sergipano Entretanto os dados

coletados mostram que natildeo haacute sentimento de inseguranccedila na localidade onde vivem apesar de

a confianccedila ser maior entre os grupos familiar e vicinal como jaacute descrito

Outro elemento citado pelos entrevistados como responsaacutevel pela violecircncia na

comunidade foi o uso de drogas principalmente de bebidas alcooacutelicas O consumo de

bebidas alcooacutelicas associa-se agraves interaccedilotildees sociais cotidianas observadas em todos os

territoacuterios Os encontros em bares foram citados como uma atividade de lazer frequente entre

os participantes do processo do planejamento participativo (SEPLAN 2008)

111

A Regiatildeo Metropolitana de Aracaju eacute formada pelos municiacutepios de Aracaju Barra dos Coqueiros Nossa

Senhora do Socorro e Satildeo Cristoacutevatildeo

195

A manifestaccedilatildeo de sociabilidade nos encontros para a praacutetica de atividades fiacutesicas natildeo

satildeo frequentes entre os entrevistados Entretanto a sociabilidade ressaltada pelos participantes

das conferecircncias do planejamento participativo e frequente em todos os territoacuterios eacute conferida

pelos encontros nas feiras nas festas juninas nas festas religiosas novenas e quermesses nos

passeios na praccedila e nas cadeiras das calccediladas Essas interaccedilotildees sociais tecircm proporcionado

laccedilos fortes entre os grupos familiares e vicinais no Estado por ainda permitir a interaccedilatildeo face

a face e consequentemente a uniatildeo desses Nessas interaccedilotildees sociais cotidianas relacionadas

pelos participantes das conferecircncias do planejamento participativo e nas entrevistas realizadas

com delegados e delegadas desse processo natildeo se constatou exclusatildeo de indiviacuteduos em

atividades coletivas A exclusatildeo da populaccedilatildeo independentemente do grau de escolaridade e

da renda eacute percebida no planejamento e na tomada de decisatildeo sobre as poliacuteticas programas e

projetos em que devem ser alocados os recursos puacuteblicos Contudo satildeo as escolhas

individuais que habilitam as pessoas para as relaccedilotildees interpessoais a formaccedilatildeo de redes e a

participaccedilatildeo poliacutetica

As relaccedilotildees interpessoais passam cada vez mais pela teacutecnica computadores

celulares TVs walkman etc () O natildeo se olhar o natildeo se falar o

exacerbado individualismo produz uma nova polidez que se baseia na

recusa do outro ()a exacerbaccedilatildeo do individualismo que se reproduz como

condiccedilatildeoproduto da reproduccedilatildeo das relaccedilotildees sociais neste fim de seacuteculo

(CARLOS 2007 p 76 e 77)

Nos territoacuterios sergipanos embora se constate o acesso agraves tecnologias da

comunicaccedilatildeo o grau de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos ou mais de idade atenua o

exacerbado individualismo pelo uso dessas tecnologias principalmente no interior do Estado

E eacute essa atenuaccedilatildeo que daacute a resistecircncia silenciosa da natureza humana sertaneja

(BURSZTYN 2008 p26) Poreacutem natildeo assegura a coesatildeo social

A resistecircncia como elemento da cultura sertaneja eacute percebida ainda no quadro de

exclusatildeo da populaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos como sauacutede incluiacutedo o saneamento baacutesico

educaccedilatildeo de qualidade e o transporte puacuteblico coletivo Para Silva e Resende (2005 p 20)

essa resistecircncia proveacutem da ausecircncia do estado na provisatildeo desses serviccedilos puacuteblicos focados

nos indiviacuteduos Os baixos Iacutendices de Desenvolvimento Humano (IDH) e os altos percentuais

do analfabetismo e do iacutendice de pobreza nos municiacutepios sergipanos demonstram o niacutevel de

exclusatildeo ainda existente no Estado e as barreiras reais enfrentadas pela populaccedilatildeo para

acessar os direitos sociais e assegurar o empoderamento necessaacuterio ao seu desenvolvimento e

crescimento

196

6415 Empoderamento e Accedilatildeo poliacutetica

A expressatildeo empoderamento origina-se do vocaacutebulo inglecircs empowerment e ganhou

notoriedade a partir do final da deacutecada de 1970 no contexto da reestruturaccedilatildeo produtiva e da

busca de novo modelo do desenvolvimento que tinha como uma das premissas a

descentralizaccedilatildeo mecanismo que deveria tornar a accedilatildeo das institucionalidades puacuteblicas mais

aacutegeis e transparentes no atendimento das demandas sociais

Nessa proposta de modelo a descentralizaccedilatildeo poderia trazer as agecircncias de serviccedilos

puacuteblicos para mais perto das comunidades e populaccedilotildees pobres aumentando potencialmente

a prestaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos e facilitando o controle social sobre as instituiccedilotildees e suas

accedilotildees Para tanto recomenda-se aos estados o fortalecimento das capacidades locais (estado

organizaccedilotildees sociais e iniciativa privada) a criaccedilatildeo de mecanismos e oportunidades eficazes

de participaccedilatildeo popular a interaccedilatildeo de poliacuteticas e de processos institucionais articulados

(BANCO MUNDIAL 2002)

Desse modo o fortalecimento da capacidade das organizaccedilotildees sociais para a

participaccedilatildeo no planejamento e na gestatildeo das poliacuteticas e principalmente nos processos de

tomada de decisatildeo sobre as poliacuteticas e accedilotildees de e para o desenvolvimento local passou a

compor a conceituaccedilatildeo de empoderamento

Empoderamento (empowerment) para o Banco Mundial

Refere-se agrave expansatildeo dos recursos e capacidades das pessoas em tomar

parte negociar influenciar controlar e responsabilizar instituiccedilotildees que

afetam suas vidas (BANCO MUNDIAL 2002 p 10)

A expansatildeo dos recursos e capacidades significa disponibilizar aos indiviacuteduos as

liberdades substantivas e instrumentais (liberdades poliacuteticas e oportunidades sociais)

defendidas por Sen (2012 p 58 e 59) como meios para tornaacute-los cidadatildeos capazes de

promover sua autonomia melhora gradual de suas vidas e com uma visatildeo criacutetica(GOHN

2004 p 23) Essa expansatildeo dos recursos eacute papel tanto do estado como da sociedade A oferta

de educaccedilatildeo de qualidade a ampliaccedilatildeo do acesso agrave informaccedilatildeo e agraves tecnologias da

comunicaccedilatildeo a criaccedilatildeo de espaccedilos e a reduccedilatildeo das barreiras para a participaccedilatildeo poliacutetica no

planejamento e gestatildeo de poliacuteticas e programas puacuteblicos satildeo accedilotildees que devem ser promovidas

pelo estado para o fortalecimento das liberdades individuais e coletivas

Para Pereira (2006) o empoderamento eacute ainda

A accedilatildeo coletiva desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos

privilegiados de decisotildees de consciecircncia social dos direitos sociais Essa

consciecircncia ultrapassa a tomada de iniciativa individual de conhecimento e

197

superaccedilatildeo de uma situaccedilatildeo particular (realidade) em que se encontra ateacute

atingir a compreensatildeo de teias complexas de relaccedilotildees sociais que informam

contextos econocircmicos e poliacuteticos mais abrangentes (PEREIRA 2006 p1)

No conceito proposto pelo autor a expansatildeo das capacidades eacute inerente a uma

populaccedilatildeo que tem uma consciecircncia poliacutetica e portanto um alto niacutevel de capital social A

formaccedilatildeo dessa consciecircncia poliacutetica embora fundamental para o processo do empoderamento

no contexto da democracia brasileira apresenta grandes desafios para sua concretude E como

disse Martins (1994 p 12) estamos muito longe de uma sociedade de cidadatildeos

Nesse trabalho o empoderamento seraacute analisado tanto no niacutevel individual quanto no

comunitaacuterio ou coletivo (BAQUERO 2012 p176) O empoderamento individual seraacute

medido a partir da percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a sua autoestima (sentimento de

felicidade) autonomia nas decisotildees diaacuterias autoconfianccedila para agir e promover a conquista

da cidadania e defesa de seus interesses O empoderamento comunitaacuterio de acordo com

Baquero (2012 p 177) envolve processos participativos e resoluccedilatildeo de accedilotildees de interesse

coletivo A avaliaccedilatildeo de conteuacutedo dos dados coletados se fundamentaraacute nas sugestotildees de

anaacutelise dos dados do Questionaacuterio Integrado para Medir Capital Social de Grootaert et al

(2003 p21) e nas concepccedilotildees conceituais de capital social de Coleman (1988) Putnam

(1993 2006) Sen (2012) e empoderamento de Baquero (2012) e Gohn (2004)

O sentimento de felicidade tem valor simboacutelico para expressar o niacutevel de satisfaccedilatildeo do

indiviacuteduo em relaccedilatildeo agraves liberdades substantivas e instrumentais ou a felicidade (eudaimonia)

como finalidade da poliacutetica no pensamento aristoteacutelico Assim a felicidade como recurso

virtual e impessoal pode se tornar real nas interaccedilotildees sociais materializadas nas accedilotildees

executadas que tiveram como motivaccedilatildeo a solidariedade a obrigaccedilatildeo de reciprocidade E na

concepccedilatildeo de Coleman (1988 p S98) quando valores e normas facilitam accedilotildees dos

indiviacuteduos da mesma estrutura social pode-se fortalecer o capital social

Quando perguntado se o entrevistado se considerava uma pessoa feliz

aproximadamente 70 deles disseram sim o que induz a um elevado niacutevel de satisfaccedilatildeo com

a situaccedilatildeo da vida Admitindo a baixa representatividade da populaccedilatildeo que vive abaixo da

linha de pobreza112

nas conferecircncias do planejamento participativo esse dado natildeo deve ser

lido como da totalidade da populaccedilatildeo Ateacute porque dados do Latinobaroacutemetro113

de 2011

mostram que o brasileiro natildeo estaacute satisfeito com a democracia com os espaccedilos fornecidos

para a participaccedilatildeo poliacutetica a maneira como funciona a educaccedilatildeo puacuteblica e outras

112

Aquele que vive com ateacute R$ 70 de rendimento domiciliar per capita mecircs (IBGE) 113

Dados disponiacuteveis em wwwlatinobarometroorglatjsp Acesso em 23122013

198

Em relaccedilatildeo ao controle das atividades diaacuterias cerca de 90 dos entrevistados

disseram que controlam a maioria das decisotildees Considerando que a maioria dos entrevistados

tem idade entre 31 e 50 anos era de esperar esse controle na tomada de decisatildeo Entretanto

sabendo-se que 6235 dos entrevistados eram do sexo feminino a boa notiacutecia eacute o sentimento

da emancipaccedilatildeo da mulher sergipana

O sentimento de lideranccedila tambeacutem foi observado nas respostas dadas ao

questionamento a respeito do autorreconhecimento da capacidade de promover mudanccedila na

comunidade ou na cidade onde reside Cerca de 80 dos entrevistados afirmaram ser capazes

de promover mudanccedilas na localidade onde moram Os maiores reconhecimentos foram

observados nos territoacuterios Sul Sergipano (100) Alto Sertatildeo Sergipano (875) e Grande

Aracaju (818) e o menor percentual (588) constatou-se no Agreste Central Sergipano

(Figura 31) Os resultados encontrados analisados agrave luz da histoacuteria de atuaccedilatildeo dos

movimentos sociais114

entidades sindicais e organizaccedilotildees da sociedade civil confirmam o

desempenho dessas institucionalidades e movimentos sociais nas lutas por reforma agraacuteria

notadamente nos territoacuterios Sul Sergipano Alto Sertatildeo e Leste Sergipano e por moradia

especialmente no territoacuterio da Grande Aracaju A luta por reforma agraacuteria em Sergipe

segundo Lopes (2000 p 102) eacute uma accedilatildeo coletiva e natildeo individual Quando assentados

esses indiviacuteduos enfraquecem os laccedilos com os movimentos que os apoiaram e comeccedilam a

desenvolver outros laccedilos com outros agentes como financeiros e de assistecircncia teacutecnica

poreacutem natildeo interagem entre si (LISBOA 2000 e NOBRE 2008)

O territoacuterio Agreste Central apresenta como peculiaridades a concentraccedilatildeo de meacutedias e

pequenas propriedades rurais principalmente nos municiacutepios localizados no entorno de

Itabaiana a olericultura como uma das principais atividades produtivas em periacutemetros

puacuteblicos irrigados e um grande nuacutemero de associaccedilotildees comunitaacuterias criadas para acessar

recursos principalmente do Projeto Nordeste (Pronese) que desenvolvem accedilotildees

independentes

114

Para mais informaccedilatildeo sobre a histoacuteria contextualizada dos movimentos dos trabalhadores rurais sem terra em

Sergipe ver Nobre (2008) e sobre a histoacuteria dos assentamentos dos pequenos produtores rurais e dos conflitos de

terra e reforma agraacuteria em Sergipe ver Silva (1995) Silva e Lopes (1996) e Lopes (2000)

199

Figura 31 Percentual de respondentes que disse estar capacitado para promover

mudanccedilas locais

0 20 40 60 80 100 120

Agreste Central Sergipano

Cento Sul Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Leste Sergipano

Baixo Satildeo Francisco

Grande Aracaju

Alto Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Quanto agrave capacidade de mobilizaccedilatildeo de um grupo de pessoas para resolver um

problema da coletividade praticamente ocorreu unanimidade nessa accedilatildeo 967 dos

entrevistados disseram ser capazes de mobilizar pessoas para a resoluccedilatildeo de problemas

coletivos Entretanto eacute importante esclarecer que apesar de ocorrerem accedilotildees isoladas de

mobilizaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos que atendam a comunidade como o exemplo da

associaccedilatildeo de moradores do povoado Descoberto no municiacutepio de Carira territoacuterio Agreste

Central Sergipano que pavimentou algumas ruas do povoado com recursos dos associados e

ainda a aquisiccedilatildeo de maquinaacuterio e construccedilatildeo de sede da cooperativa em Campo do Brito

tambeacutem no Agreste Central por iniciativa e mobilizaccedilatildeo dos cooperados essa natildeo eacute a regra

em Sergipe Em relaccedilatildeo agrave mobilizaccedilatildeo para os assentamentos da reforma agraacuteria Lopes

(2000 p 102) afirma que geralmente daacute-se sob o comandoinfluecircncia de uma organizaccedilatildeo da

sociedade civil ou movimento social (MST STR Igreja etc) Do mesmo modo a mobilizaccedilatildeo

para a construccedilatildeo de moradias populares115

principalmente nas aacutereas urbanas daacute-se tambeacutem

sob o comandoinfluecircncia de organizaccedilotildees ou movimentos sociais como a Central dos

Movimentos Populares (CMP) Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM) ou Uniatildeo

Nacional por Moradia Popular (UNMP)

De modo geral

115

Uma das formas de acesso ao Programa Minha Casa Minha Vida eacute a apresentaccedilatildeo por entidades

oganizadoras assim entendidas as cooperativas associaccedilotildees ou entidades da sociedade civil sem fins lucrativos

200

Permanece a inabalaacutevel resignaccedilatildeo agrave fatalidade das adversidades que satildeo

ldquovontade de Deusrdquo A esperanccedila de que melhores dias viratildeo natildeo deixou de

ser um traccedilo marcante do sertanejo que se manteacutem apesar da marcante

cultura pragmaacutetica da modernidade que chega pela televisatildeo

(BURSZTYN 2008 p 27)

A resignaccedilatildeo pode ser decorrente da repressatildeo ou ateacute mesmo das formas possiacuteveis de

accedilatildeo e da maior ou menor abertura poliacutetica dos governantes segundo lembra Albuquerque

(2004 p 16) ou da capacidade de mobilizaccedilatildeo dos movimentos Soacute exemplificando nunca

houve na histoacuteria de Sergipe grandes movimentos ambientalistas ou engajamento de pessoas

em defesa dos manguezais e rios urbanos e contra as ocupaccedilotildees irregulares lanccedilamento de

efluentes (liacutenguas negras) e construccedilotildees irregulares nas praias etc

Sergipe eacute um Estado com escassez hiacutedrica e praticamente dependente das aacuteguas do

Rio Satildeo Francisco cujas margens tecircm usos e ocupaccedilotildees que aleacutem de comprometer a

qualidade de suas aacuteguas compromete tambeacutem a condiccedilatildeo socioeconocircmica dos ribeirinhos

Os grupos existentes satildeo sempre reduzidos e contam sempre com os mesmos indiviacuteduos Dos

90 entrevistados somente um havia participado de reuniotildees do Comitecirc da Bacia Hidrograacutefica

do Rio Sergipe A consciecircncia ambiental ainda eacute incipiente da mesma forma que a habilidade

para tomar decisotildees que afetam as atividades cotidianas e que podem transformar a realidade

dos lugares e a vida das pessoas tambeacutem o eacute

Essa conclusatildeo eacute amparada ainda pelos dados coletados a respeito da accedilatildeo poliacutetica ou

de cidadania realizada pelos entrevistados para a comunidade Dallari (1999 p39) esclarece

que a participaccedilatildeo poliacutetica natildeo eacute apenas a participaccedilatildeo eleitoral tal como ocorre nas

democracias representativas principalmente onde o voto eacute obrigatoacuterio como no Brasil

Independentemente dos viacutecios que cercam o sistema e o processo eleitoral no Brasil o

voto deve ser a manifestaccedilatildeo consciente da indicaccedilatildeo daqueles indiviacuteduos mais habilitados

para a representaccedilatildeo das vontades e interesses do povo Para o exerciacutecio do voto o acesso agrave

informaccedilatildeo e a capacidade de interpretaccedilatildeo correta e formaccedilatildeo de um juiacutezo de valor a respeito

dos candidatos e de seu desempenho satildeo fundamentais em uma democracia representativa

Considerando a obrigatoriedade do voto o percentual de analfabetismo da populaccedilatildeo

a desinformaccedilatildeo dominante e a frequecircncia da ocorrecircncia dos casos de corrupccedilatildeo para a

manutenccedilatildeo dos acordos e apoios poliacuteticos o exerciacutecio do voto tem sido desestimulante e natildeo

serve como um bom indicador de uma comunidade ciacutevica no Brasil e em Sergipe

Entretanto em meio agraves deficiecircncias 73 dos entrevistados disseram que sairiam para

votar independentemente da obrigatoriedade uma vez que o voto eacute a expressatildeo da vontade

201

do povo Todavia o desempenho dos eleitos e sua manutenccedilatildeo no poder satildeo reflexos de

consciecircncia de cidadatildeo e no quadro atual de cidadania pequena

Quanto agraves accedilotildees de cidadania estas seratildeo analisadas a partir do engajamento dos

entrevistados em accedilotildees poliacuteticas como a participaccedilatildeo voluntaacuteria em audiecircncias puacuteblicas

conferecircncias protestos mobilizaccedilotildees denuacutencias da ausecircncia ou mau funcionamento de

serviccedilos puacuteblicos tanto nos meios de comunicaccedilatildeo quanto no Ministeacuterio Puacuteblico Os

resultados obtidos das entrevistas demonstram que satildeo tiacutemidas as accedilotildees poliacuteticas dos

delegados e delegadas do processo do planejamento participativo (Tabela 10)

A participaccedilatildeo em reuniotildees de conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas (conselho da

crianccedila e do adolescente do idoso e do desenvolvimento municipal) foi a accedilatildeo poliacutetica com o

maior percentual meacutedio (7547) e a participaccedilatildeo nesses espaccedilos como jaacute comentado em

toacutepicos anteriores natildeo se traduz em bom niacutevel de cidadania

A denuacutencia de problemas da coletividade em meios de comunicaccedilatildeo como o raacutedio e a

TV foi maior nos territoacuterios do Baixo Satildeo Francisco Meacutedio Sertatildeo e Alto Sertatildeo Sergipano

enquanto a procura pelo Ministeacuterio Puacuteblico para efetuar denuacutencia foi maior nos territoacuterios da

Grande Aracaju Leste Sergipano e Meacutedio Sertatildeo e o abaixo-assinado apareceu como uma

ferramenta importante no Agreste Central Sergipano

Quanto agrave procura de poliacutetico(s) para a resoluccedilatildeo de problemas coletivos essa accedilatildeo

foi maior nos territoacuterios Alto Sertatildeo Sergipano Centro-Sul e Baixo Satildeo Francisco

Tabela 10 Engajamento em accedilotildees poliacuteticas ()

Agreste

Central

Sergipano

Alto Sertatildeo

Sergipano

Baixo Satildeo

Francisco

Sergipano

Centro- Sul

Sergipano

Grande

Aracaju

Leste

Sergipano

Meacutedio

Sertatildeo

Sergipano

Sul

Sergipano

Reuniatildeo de conselho

audiecircncia puacuteblica conferecircncia7647 875 7647 5000 7273 6364 10000 7692

Encontrocontato com poliacutetico 3529 5000 4706 5000 2727 3636 2857 3846

Protestos 000 3750 4118 000 4545 2727 1429 000

Denuacutencia em TV raacutedio 000 2500 2941 1667 1818 909 2857 769

Notificaccedilatildeo no Ministeacuterio

Puacuteblico1176 000 1765 1667 3636 3636 2857 769

Mobilizaccedilatildeo local 000 2500 1765 000 2727 1818 1429 1538

Abaixo-assinado 5294 3750 3529 1667 3636 2727 4286 1538

Territoacuterios

Participaccedilotildees

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

A percepccedilatildeo da honestidade influencia na confianccedila no outro e reflete o zelo e o

comprometimento com a funccedilatildeo os recursos e os bens puacuteblicos daqueles que exercem funccedilatildeo

poliacutetica ou ainda a capacidade desses de exercerem funccedilotildees poliacuteticas respeitando direitos e

garantias fundamentais constitucionais Desse modo quando questionados a respeito do grau

202

de honestidade que se atribuiacutea a servidores instituiccedilotildees puacuteblicas e entidades da sociedade

civil e religiosas constatou-se que de modo geral os liacutederes religiosos e os professores foram

aqueles com nuacutemero de casos mais representativos para a honestidade Dos respondentes 55

consideraram os liacutederes religiosos geralmente honestos 32 disseram que os professores satildeo

geralmente honestos 24 deles acreditaram que os governos municipais satildeo geralmente

honestos e somente 18 deles disseram que o governo estadual eacute geralmente honesto (Figura

32)

Figura 32 Grau de honestidade de servidores instituiccedilotildees puacuteblicas e entidades da

sociedade civil e religiosas ()

0 10 20 30 40 50 60

Poder Legislativo

Emdagro

Governo estadual

Poder Judiciaacuterio

Governo municipal

Professores

Liacutederes Religiosos

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

A percepccedilatildeo de elevado grau de honestidade desses grupos e institucionalidades eacute um

elemento fundamental para quaisquer propostas de desenvolvimento construccedilatildeo de estruturas

de governanccedila e fortalecimento da democracia O detalhamento dos resultados ponderados

para a honestidade dessas entidades e grupos encontra-se no Apendice D

Para Lazzarini Madolazzo Artes e Siqueira (2005) o questionaacuterio como o World

Values Survey natildeo estaria necessariamente medindo confianccedila mas sim confiabilidade Para

eles enquanto confianccedila diz respeito agrave percepccedilatildeo de risco nas relaccedilotildees de troca

confiabilidade eacute relacionada ao grau com que as pessoas se comportam de forma cooperativa

isto eacute evitam lesar as outras

Desse modo no toacutepico seguinte procura-se mensurar o estoque de capital social nos

territoacuterios de planejamento

203

642 Mensurando o estoque de capital social nos territoacuterios de planejamento em

Sergipe

Capital social eacute uma categoria de anaacutelise de difiacutecil observaccedilatildeo direta e portanto

requer a aplicaccedilatildeo de modelos estatiacutesticos que proporcionem a percepccedilatildeo de classes latentes

(FONSECA 2008 p9)

A ferramenta usada para a coleta dos dados foi o Questionaacuterio Integrado para Medir

Capital Social ndash QI-MCS proposto pelo Banco Mundial (2003) com adaptaccedilotildees agrave realidade

local O uso do questionaacuterio integrado na pesquisa se deu pelo fato de ser uma proposta

elaborada por grupo de pesquisadores em sua maioria estudiosos do assunto e interessados

em conduzir levantamentos de iacutendices nacionais de capital social e por sua aplicaccedilatildeo em

paiacuteses perifeacutericos (Banco Mundial 2003 GUEDES ROSAS e CAcircNDIDO 2008 p 71)

Aleacutem disso o questionaacuterio integrado tem sido considerado por estudiosos do capital social

uma ferramenta de mensuraccedilatildeo que permite adaptaccedilotildees de acordo com o puacuteblico linhas

teoacutericas e interesses dos pesquisadores

O Questionaacuterio Integrado usado na pesquisa consiste em seis dimensotildees voltadas para

variaacuteveis ou categorias que compotildeem os recursos disponiacuteveis nos indiviacuteduos e que alimentam

as redes de relaccedilotildees e a participaccedilatildeo e datildeo empoderamento aos indiviacuteduos e comunidades Os

dados foram obtidos junto a 90 participantes do processo do planejamento participativo haja

vista o papel desses na proposta da poliacutetica de desenvolvimento territorial do Governo do

Estado

A construccedilatildeo de indicadores de capital social natildeo tem sido tarefa faacutecil e requer a

participaccedilatildeo de diversos especialistas de diferentes aacutereas do conhecimento Na concepccedilatildeo de

Monasteacuterio (2002 p7) a abordagem do capital social exige dos pesquisadores posturas

plurais e interdisciplinares Para o Banco Mundial a construccedilatildeo de modelos empiacutericos e de

indicadores de capital social bem como a aplicaccedilatildeo de anaacutelises multivariadas116

nas quais o

capital social eacute a variaacutevel dependente por sua complexidade e subjetividade requer bastante

cautela e racionalidade Por tudo isso a construccedilatildeo do iacutendice de capital social dos territoacuterios

116

Para a interpretaccedilatildeo dos dados coletados aplicou-se teacutecnicas estatiacutesticas de anaacutelises multivariadas de

interdependecircncia como a Anaacutelise de Correspondecircncia (AC) Anaacutelise de Agrupamento (Cluster Analysis)e

Escalonamento Multidimensional utilizando-se do Software Statistical Package for the Social Scienses (SPSS)

Pela complexidade e subjetividade dos resultados e sobretudo pela cautela e racionalidade requerida pela

pesquisa deixaram de ser apresentados para este momento

204

de planejamento deve ser interpretada como um ensaio preliminar na busca de meacutetodos e

teacutecnicas estatiacutesticas favoraacuteveis agrave espacializaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dessa variaacutevel dependente

Para gerar o iacutendice de capital social (ICSi) foram coletadas por meio do Questionaacuterio

Integrado para Medir o Capital Social- QI- MCS adaptado aos objetivos desta pesquisa

selecionadas tratadas e analisadas variaacuteveis117

distribuiacutedas nas seguintes dimensotildees

participaccedilatildeo em grupos confianccedila e solidariedade accedilatildeo coletiva e cooperaccedilatildeo informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo coesatildeo e inclusatildeo social e empoderamento e accedilatildeo poliacutetica

Assim o iacutendice de capital social foi calculado pela seguinte equaccedilatildeo (1)

(1)

Onde

ICSi eacute o iacutendice de capital social do i-eacutesimo indiviacuteduo

Eij eacute a resposta do i-eacutesimo indiviacuteduo para a j-eacutesima pergunta

maacutex Ej eacute a maacutexima resposta da j-eacutesima questatildeo (indicando alto capital social)

i=1n (indiviacuteduos entrevistados)

j=1m (variaacuteveis que compotildeem o indicador)

O ICSi varia de 0 a 1 como propostos por Khan e Silva (2005 p106) e seus

resultados satildeo agrupados em trecircs intervalos

Baixo estoque de capital social0 lt ICSi le 05

Meacutedio estoque de capital social 05 lt ICSi le 08

Alto estoque de capital social 08 lt ICSi le 10

Os resultados do caacutelculo do Iacutendice de Capital Social demonstram um baixo estoque de

capital social (menor que 05) em todos os territoacuterios conforme demonstra a Tabela 11

117

O Apecircndice E relaciona as variaacuteveis usadas no caacutelculo do Iacutendice de Capital Social (ICSi)

205

Tabela 11 ICSi dos territoacuterios de planejamento de Sergipe

Territoacuterio Meacutedia Desvio Padratildeo

Alto Sertatildeo 011827 001111

Grande Aracaju 013190 003102

Centro Sul 012149 002014

Sul Sergipano 012000 000812

Agreste Sergipano 011491 001060

Baixo Satildeo Francisco 011999 001129

Leste Sergipano 011979 001279

Meacutedio Sertatildeo 012529 001247

Total 012082 001568

A anaacutelise dos resultados permitiu a confirmaccedilatildeo de baixo estoque de capital social nos

territoacuterios de planejamento Entretanto para fins de espacializaccedilatildeo das diferenccedilas do estoque

de capital social buscou-se ordenar o ICSi de modo que a representaccedilatildeo do ICSi fosse

diferenciada no espaccedilo geograacutefico O ICSi encontrado permitiu a formaccedilatildeo de trecircs grupos o

primeiro formado pelos territoacuterios Agreste Central Alto Sertatildeo Sergipano Baixo Satildeo

Francisco e Leste Sergipano o segundo formado pelos territoacuterios Meacutedio Sertatildeo Centro-Sul e

Sul Sergipano e o terceiro formado pelo territoacuterio da Grande Aracaju (Figura 33)

206

Figura 33 Sergipe ndash Iacutendice de Capital Social

207

O Iacutendice de Capital Social (ICSi) confirmou o baixo estoque de capital social em

todos os territoacuterios de planejamento e sobretudo refutou algumas das hipoacuteteses sugeridas no

projeto de pesquisa e confirmou outras que se mostraram fundamentais para o

aprofundamento da discussatildeo do capital social como elemento de desenvolvimento Desse

modo as interpretaccedilotildees aqui permitiram a antecipaccedilatildeo das seguintes conclusotildees

a O niacutevel de dificuldades para reconhecer o capital social individual ou coletivo eacute igual

para as aacutereas urbana e rural em Sergipe

b A construccedilatildeo ou o fortalecimento do capital social coletivo ou comunitaacuterio como

defende Durston (1999) eacute mais faacutecil na aacuterea rural tanto pelo sentimento de

pertencimento quanto pelas praacuteticas de reciprocidade relaccedilotildees de vizinhanccedila e

existecircncia de grupos familiares maiores e concentrados no lugar

c A histoacuteria de ocupaccedilatildeo dos territoacuterios sergipanos tradicional ou por intervenccedilatildeo de

grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais (MST) natildeo foi um elemento

reconhecido aqui como importante na formaccedilatildeo do capital social dos territoacuterios

sergipanos embora os assentamentos da Reforma Agraacuteria possam ser excelentes

laboratoacuterios para o fortalecimento do capital social

d De fato natildeo haacute diferenccedila significativa na cultura poliacutetica e na capacidade de

participaccedilatildeo social nos territoacuterios de planejamento

e Lamentavelmente a cultura institucional puacuteblica em Sergipe (nos trecircs niacuteveis de

governo) natildeo favorece a construccedilatildeo e o fortalecimento do capital social

f O capital social dos territoacuterios pode ser fortalecido e ser o elemento fundante do

desenvolvimento territorial

g O funcionamento das estruturas de governanccedila instituiacutedas pelo estado reforccedilam esse

baixo estoque de capital social e natildeo estatildeo colaborando para sua formaccedilatildeo e

fortalecimento

O capital social como elemento do e para o desenvolvimento bem como os meios

possiacuteveis para seu fortalecimento principalmente nas estruturas de governanccedila eacute o maior

desafio das institucionalidades em Sergipe A efetividade dos sistemas de governanccedila soacute seraacute

possiacutevel em sociedades com alto estoque de capital social A avaliaccedilatildeo das estruturas de

governanccedila em funcionamento em Sergipe seraacute o tema abordado no proacuteximo subcapiacutetulo

208

65 Governanccedila das institucionalidades agrave democratizaccedilatildeo e efetividade das poliacuteticas

puacuteblicas

A governanccedila como exerciacutecio de articulaccedilatildeo necessaacuteria agrave participaccedilatildeo e facilitadora

do controle social de poliacuteticas puacuteblicas exige natildeo apenas mecanismos democraacuteticos de

participaccedilatildeo social mas sobretudo modelos de gestatildeo que prevejam arranjos institucionais

ou estruturas organizacionais cooperativas e integradas e participantes com cultura poliacutetica

participativa ou seja em sociedades com alto estoque de capital social Os Conselhos118

gestores de poliacuteticas puacuteblicas satildeo estruturas organizacionais de governanccedila criados para

atender a essa finalidade

Entretanto diferentes autores avaliando o funcionamento desses conselhos

reconheceram a existecircncia de disputa de poder (GOHN 2000 TEIXEIRA 2000

ALBUQUERQUE 2004 AVRITZER 2008 PONTUAL 2008 e COHN 2011) e a

fragilidade da capacidade teacutecnica e poliacutetica propositiva dos participantes das organizaccedilotildees

sociais tanto pelo excesso de burocracia quanto pela escassez de informaccedilatildeo diaacutelogo e

democracia adotados nesses espaccedilos (ALBUQUERQUE 2004)

De fato a profusatildeo de conselhos as pautas seletivas e voltadas apenas para a

validaccedilatildeo de poliacuteticas e projetos setoriais e sobretudo de interesse poliacutetico as dinacircmicas

adotadas nos conselhos aliadas agrave baixa escolarizaccedilatildeo e capacidade de anaacutelise criacutetica das

mateacuterias em pauta da maioria dos representantes das organizaccedilotildees sociais e ao desinteresse

da integraccedilatildeo de poliacutetica de representantes do Poder Puacuteblico tecircm tornado os conselhos

gestores de poliacuteticas puacuteblicas grandes laboratoacuterios para estudos em diferentes aacutereas do

conhecimento conforme jaacute descrito no toacutepico anterior e destacado por Avritzer (2011 p13)

como a crise da efetividade da participaccedilatildeo e da deliberaccedilatildeo

Pela magnitude das possibilidades e pelo volume e disponibilidade de estudos que

analisam a ampliaccedilatildeo dos espaccedilos participativos a participaccedilatildeo a efetividade das accedilotildees

deliberadas nesses espaccedilos denominados conselhos conferecircncias comitecircs e orccedilamentos

participativos a delimitaccedilatildeo da linha de abordagem e da instituiccedilatildeo de governanccedila nessa

pesquisa apresenta-se como fundamental Desse modo a finalidade da anaacutelise nesse trabalho

deveraacute se concentrar no reconhecimento da estrutura organizacional dos conselhos de

poliacuteticas puacuteblicas como arranjos de governanccedila criados no niacutevel estadual a capacidade de

gestatildeo de poliacuteticas desses espaccedilos a qualidade das deliberaccedilotildees para o desenvolvimento

regional e para o fortalecimento da democracia em Sergipe

118

Para Teixeira (2000 p 102) os conselhos recebem diversas denominaccedilotildees como conselho setorial conselho

de gestatildeo conselho de poliacuteticas puacuteblicas conselho gestor de poliacuteticas puacuteblicas

209

Eacute importante pontuar que os conselhos satildeo estruturas de governanccedila com legitimidade

nas quais o estado transforma suas poliacuteticas em realidade como disse Bresser-Pereira

Conselho na concepccedilatildeo de Teixeira

Satildeo oacutergatildeos puacuteblicos de natureza sui generis satildeo criados por lei

regidos por um regulamento que eacute aprovado por seu plenaacuterio mas

referendado pelo Executivo tecircm caraacuteter obrigatoacuterio para todo o paiacutes

como condiccedilatildeo para repasse de recursos O que lhes daacute especificidade

eacute talvez sua composiccedilatildeo (TEIXEIRA 2000 p 103)

De fato todos os 24 conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas (setoriais e temaacuteticas)

estaduais foram criados por lei ou por decreto do Governador do Estado os conselhos satildeo

regidos por regulamento aprovado em seu plenaacuterio e satildeo ainda parte integrante da estrutura

organizacional do Estado O caraacuteter obrigatoacuterio dos conselhos refere-se tanto agrave previsibilidade

constitucional quanto agraves exigecircncias de poliacuteticas e programas federais para o repasse de

recursos principalmente para as poliacuteticas e os programas geridos pelos conselhos

constitucionais Dos 24 conselhos gestores de poliacuteticas instituiacutedos em Sergipe oito satildeo

conhecidos tambeacutem como conselhos constitucionais Os demais conselhos foram criados para

atender ao interesse de repasse de recursos e natildeo por vontade poliacutetica ou melhor por

consciecircncia poliacutetica dos gestores do executivo estadual de ampliar espaccedilo para a

democratizaccedilatildeo das accedilotildees puacuteblicas

Os conselhos reconhecidos pela Constituiccedilatildeo Estadual de 1989 satildeo de Defesa e

Seguranccedila da Comunidade (art 130) da Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (art133)

Educaccedilatildeo (art220) Cultura (art 228) Meio Ambiente (sect7 do art 232) Ciecircncia e Tecnologia

(art238) Proteccedilatildeo e Defesa do Consumidor (art260) e Justiccedila (art115)

A organizaccedilatildeo estrutural dos conselhos de modo geral adota as orientaccedilotildees advindas

do Governo Federal Para Teixeira (2000 p 101) as estruturas dos conselhos brasileiros

variam conforme estejam vinculados agrave implementaccedilatildeo de programas governamentais

especiacuteficos (alimentaccedilatildeo escolar ensino fundamental conselhos escolares conselho de

seguranccedila alimentar e nutricional) ou agrave gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas setoriais (educaccedilatildeo sauacutede

seguranccedila puacuteblica transporte) e temaacuteticas (meio ambiente proteccedilatildeo do idoso direitos da

crianccedila e do adolescente da pessoa portadora de deficiecircncia)

Eacute importante esclarecer que nesta anaacutelise procurar-se-aacute analisar apenas os conselhos

de poliacuteticas puacuteblicas ou conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas Outras estruturas de

governanccedila119

como os conselhos gestores dos fundos estaduais (de Habitaccedilatildeo de Interesse

Social de combate agrave pobreza de defesa do meio ambiente recursos hiacutedricos e outros) os

119

O Apecircndice F traz a relaccedilatildeo dessas estruturas de governanccedila e os respectivos instrumentos legais de criaccedilatildeo

210

comitecircs de bacias hidrograacuteficas e o foacuterum de turismo embora reconhecendo a importacircncia

dessas governanccedilas na construccedilatildeo da democracia natildeo seratildeo objetos desta anaacutelise

Em Sergipe a estrutura organizacional dos conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas

pode variar principalmente do modelo adotado pelo conselho nacional como eacute o caso por

exemplo do conselho estadual do meio ambiente O Conselho Estadual do Meio Ambiente

120 instituiacutedo em 1978 e regulamentado em 1979 antecedeu agrave criaccedilatildeo do Conselho Nacional

do Meio Ambiente (CONAMA) que foi criado em 1981 A composiccedilatildeo do Conselho

Estadual do Meio Ambiente nos termos do Decreto regulamentador n 43381979 natildeo previa

a participaccedilatildeo de representantes da sociedade civil A uacuteltima alteraccedilatildeo proposta para o

Conselho Estadual de Meio Ambiente refere-se agrave sua denominaccedilatildeo de Conselho Estadual de

Controle do Meio Ambiente passa para Conselho Estadual do Meio Ambiente que ocorreu

com a Lei 4787 de 2 de maio de 2003 A regulamentaccedilatildeo dessa Lei traria novos elementos

como a inclusatildeo de representantes de organizaccedilotildees da sociedade civil em sua composiccedilatildeo

objetivando agrave conformaccedilatildeo paritaacuteria das representaccedilotildees naquele espaccedilo Entretanto essa

reorganizaccedilatildeo ainda natildeo ocorreu e o conselho funciona hoje sem a representaccedilatildeo de

organizaccedilotildees da sociedade civil

Constata-se poreacutem que a maioria dos conselhos (583) tem composiccedilatildeo paritaacuteria

(Educaccedilatildeo Assistecircncia Social Agricultura dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente do

Direito da Pessoa Portadora de Deficiecircncia Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel

Desenvolvimento Comercial Sauacutede Recursos Hiacutedricos Emprego e Renda e do

Desenvolvimento Urbano) 125 tecircm maioria da representaccedilatildeo da sociedade civil

(Seguranccedila Alimentar Cultura e Turismo) e 291 dos Conselhos ainda tem uma

composiccedilatildeo majoritaacuteria do poder puacuteblico (Transportes Meio Ambiente Saneamento

Desenvolvimento Industrial Ciecircncia e Tecnologia Desenvolvimento Econocircmico e Social e

de Tracircnsito)

O primeiro conselho instituiacutedo em Sergipe foi o Conselho de Sauacutede criado em 1947

no contexto da discussatildeo do Serviccedilo de Sauacutede Puacuteblica Foi reorganizado algumas vezes em

funccedilatildeo da vinculaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede a diferentes secretarias e por forccedila da criaccedilatildeo do

120

A primeira estrutura organizacional voltada para as questotildees ambientais em Sergipe foi o Conselho

Executivo de Controle de Poluiccedilatildeo das Aacuteguas A criaccedilatildeo do Conselho Executivo foi prevista no Convecircnio de 11

de outubro de 1972 celebrado entre o Governo do Estado de Sergipe e o Ministeacuterio da Marinha e tinha como

finalidade como finalidade promover o intercacircmbio o desenvolvimento de estudos e a execuccedilatildeo de accedilotildees que

visassem ao controle da poluiccedilatildeo dos rios Sergipe Japaratuba Vasa-Barris Piauiacute e suas respectivas bacias

contribuintes agrave melhoria das aacuteguas de uso domeacutestico industrial agriacutecola e recreativo agrave preservaccedilatildeo da flora e

da fauna aquaacutetica agrave preservaccedilatildeo da ecologia do meio e agrave consequente reduccedilatildeo do processo de degradaccedilatildeo das

reservas hiacutedricas com a eliminaccedilatildeo gradativa dos focos de poluiccedilatildeo

211

Sistema Uacutenico de Sauacutede O segundo foi o Conselho da Educaccedilatildeo na deacutecada de 60 e no final

da deacutecada de 1970 em meio agrave discussatildeo da poluiccedilatildeo e da degradaccedilatildeo ambiental e

influenciado pela primeira Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente e

Desenvolvimento realizada entre 5 e 16 de junho de 1972 em Estocolmo na Sueacutecia criou-se

o Conselho Estadual do Meio Ambiente Entretanto as deacutecadas de 1990 e 2000 foram aquelas

em que se criou a maioria dos conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas em Sergipe (Figura

34)

Figura 34 Sergipe

Estruturas de governanccedilas das poliacuteticas setoriais - 1960-2010

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Ateacute 1960 1970 1980 1990 2000 2010

Nordm

de

Con

selh

os

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

A concentraccedilatildeo da instituiccedilatildeo dos conselhos nas deacutecadas de 1990 e de 2000

particularmente em Sergipe reforccedila a hipoacutetese da instituiccedilatildeo dos conselhos apoacutes a

promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e da Constituiccedilatildeo Estadual de 1989 como

resultado de reivindicaccedilatildeo de movimentos sociais como defende Albuquerque (2004 p37) e

sobretudo pela necessidade de repasse de recursos da Uniatildeo para o Estado

Teixeira (2000 p05) analisando o funcionamento dos conselhos e seu papel como

nova institucionalidade puacuteblica e democraacutetica assinala uma seacuterie de condiccedilotildees para que esses

de fato possam desempenhar tais papeacuteis Entre essas condiccedilotildees estatildeo a autonomia a

revogabilidade dos mandatos dos conselheiros a imperatividade do mandato a publicidade

dos debates que ocorrem no interior desses espaccedilos a criaccedilatildeo de canais de comunicaccedilatildeo

permanentes e interativos entre os cidadatildeos o governo e as entidades representativas e ainda

a capacidade teacutecnica e poliacutetica dos conselheiros para a participaccedilatildeo

212

A partir dessas condiccedilotildees assinaladas por Teixeira far-se-aacute uma breve anaacutelise dos

Conselhos gestores em Sergipe e destaques para os Conselhos Estaduais de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Urbano e de Transportes

Em relaccedilatildeo agrave autonomia eacute importante destacar que em geral em relaccedilatildeo agraves

deliberaccedilotildees dos conselhos como por exemplo Resoluccedilotildees do Conselho Estadual do Meio

Ambiente (CEMA) que regulamentam o licenciamento de atividades ou fornecem diretrizes

para usos de atributos ambientais estas satildeo respeitadas Poreacutem natildeo haacute autonomia dos

Conselhos em relaccedilatildeo ao poder poliacutetico dominante Como enfatizado na Lei Estadual n

47872003 de fato o Conselho de Meio Ambiente eacute parte integrante da estrutura da

Secretaria de Estado do Meio Ambiente

Outro fato que ameaccedila a autonomia dos conselhos diz respeito agrave autoria das mateacuterias

que compotildeem as pautas das reuniotildees As mateacuterias que satildeo submetidas aos conselhos satildeo

propostas pelas secretarias responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo das poliacuteticas e tecircm o conselho

como instacircncia para validar ou refutar atos estudos planos e outros Satildeo raras as solicitaccedilotildees

de pauta de conselheiros seja de representantes da sociedade civil organizada seja de

representantes do Estado ou de outras entidades que os compotildeem

Dos 35 anos do Conselho Estadual de Meio Ambiente praticamente todas as pautas

satildeo elaboradas com base em demandas da Secretaria de Meio Ambiente (SEMARH) da

Administraccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente (ADEMA) ou de infratores ambientais que

interpotildeem recursos junto ao Conselho contra penalidades administrativas recebidas da

ADEMA Efetivamente no Conselho Estadual de Meio Ambiente natildeo se discute a poliacutetica

ambiental A Lei estadual 5858 de 22 de marccedilo de 2006 que dispotildee sobre a Poliacutetica Estadual

do Meio Ambiente em seus artigos 23 e 24 prevecirc a elaboraccedilatildeo do Plano Estadual do Meio

Ambiente e dos elementos que deveratildeo compor o plano respectivamente O plano jamais foi

elaborado ou cobrado por ambientalistas ou por conselheiros

No Conselho de Transportes embora se constate uma correlaccedilatildeo de forccedilas maior que a

observada no Conselho de Meio Ambiente a autonomia do conselho termina onde comeccedila o

risco de quebra da alianccedila ou coalizatildeo poliacutetica estabelecida entre o estado e os representantes

das empresas prestadoras de serviccedilos de transporte intermunicipal puacuteblico de passageiros

Poucas vezes se viu a solicitaccedilatildeo de aumento da tarifa dos transportes puacuteblicos ser

contestada No Conselho Estadual de Transportes (CET) natildeo se discute a poliacutetica de

transporte intermunicipal de passageiros mas questotildees pontuais como a instalaccedilatildeo de pontos

de parada de ocircnibus requerida por representantes das empresas prestadoras dos serviccedilos

como ocorreu na 29ordf reuniatildeo A ausecircncia do planejamento e do Plano Diretor de Transporte

213

Puacuteblico Intermunicipal de Passageiros permite essa lacuna no conselho e o julgamento das

solicitaccedilotildees dos prestadores do serviccedilo de transporte como demandas sociais

As questotildees da revogabilidade dos mandatos e da imperatividade defendida por

Teixeira natildeo se aplicam aos conselhos estaduais de poliacuteticas puacuteblicas em Sergipe

Natildeo haacute a publicizaccedilatildeo das mateacuterias antes de serem submetidas aos conselhos muito

menos o debate ocorrido no interior desses espaccedilos como espera Teixeira (2000) A

publicaccedilatildeo de mateacuteria referente aos conselhos diz respeito somente agraves resoluccedilotildees e muitas

delas publicam apenas os extratos das resoluccedilotildees Mesmo para os servidores puacuteblicos em

plena atividade os assuntos referentes aos conselhos natildeo satildeo divulgados e compartilhados

para a plena execuccedilatildeo das poliacuteticas no acircmbito das secretarias Natildeo existe canal de

comunicaccedilatildeo temporaacuterio ou permanente para a divulgaccedilatildeo das mateacuterias e facilitar o acesso

agraves resoluccedilotildees dos conselhos pelo puacuteblico interessado e efetivamente jamais existiu qualquer

cobranccedila desse tipo pela sociedade ou seja natildeo haacute transparecircncia nesses espaccedilos A interaccedilatildeo

entre Estado e Sociedade a respeito da elaboraccedilatildeo do acompanhamento e da execuccedilatildeo das

poliacuteticas puacuteblicas ocorre somente por meio de conferecircncias quando exigidas pelos programas

federais Na tentativa de explicar o comportamento e a capacidade teacutecnica e poliacutetica de

participaccedilatildeo social no controle dessas poliacuteticas o Governo do Estado por meio da Secretaria

de Estado do Desenvolvimento Urbano e exigecircncia do Ministeacuterio das Cidades elaborou o

Plano Estadual de Habitaccedilatildeo de Interesse Social de forma participativa Todas as etapas para a

elaboraccedilatildeo do plano foram submetidas agrave consulta popular tendo sido realizada a uacuteltima

audiecircncia em marccedilo 2012 com a participaccedilatildeo de vaacuterios representantes de organizaccedilotildees da

sociedade civil como o Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM) a Uniatildeo

Nacional por Moradia Popular (UNMP) e outros movimentos aleacutem de beneficiaacuterios de

programas habitacionais O Plano Estadual de Habitaccedilatildeo de Interesse Social eacute mateacuteria que

necessita de aprovaccedilatildeo do Conselho Estadual de Desenvolvimento Urbano Transcorridos

dois anos e informados da necessidade do cumprimento das metas pactuadas pelo Estado

sobretudo da aprovaccedilatildeo do Plano pelo Conselho nenhum representante desses Movimentos

questiona o Estado ou exerce qualquer tipo de pressatildeo para aprovaccedilatildeo e execuccedilatildeo do plano

Nas palavras de Costa e Cunha (2009) inuacutemeros fatores contribuem para transformar

os conselhos e a possibilidade de participaccedilatildeo cidadatilde atraveacutes deles em mera ficccedilatildeo legal Pela

total e irrestrita concordacircncia com as palavras desses autores transcrevem-se os fatores por

eles indicados que contribuem para essa ficccedilatildeo legal

A submissatildeo aos ditames de alocaccedilatildeo de recursos por arte dos dirigentes

poliacuteticos a dependecircncia agraves normas e diretrizes teacutecnicas fixadas pelas

214

burocracias federal estadual e municipal a difiacutecil convivecircncia com partidos

graccedilas agrave atraccedilatildeo que os recursos destinados a poliacuteticas sociais tecircm para o

exerciacutecio do clientelismo o reduzido niacutevel educacional e de renda de muitos

beneficiaacuterios e o puro e simples desinteresse de parte da populaccedilatildeo em atuar

na escolha de representantes ou no controle de suas atividades (COSTA e

CUNHA 2009 p 90)

Em Sergipe a maioria dos conselhos tem funccedilatildeo deliberativa o que exige a

capacitaccedilatildeo dos representantes nas temaacuteticas em apreciaccedilatildeo e deliberaccedilatildeo O despreparo

teacutecnico de representantes de organizaccedilotildees da sociedade civil a falta de informaccedilatildeo e a

ausecircncia de compromisso de gestores com as poliacuteticas puacuteblicas efetivamente tecircm

comprometido a qualidade e o controle social da implementaccedilatildeo de accedilotildees aprovadas nessas

instacircncias de participaccedilatildeo

A instituiccedilatildeo de diversos conselhos de poliacuteticas puacuteblicas nos trecircs niacuteveis de governo

como espaccedilo para o controle social aleacutem de atender a programas da Uniatildeo visando agrave

transferecircncia de recursos tem oportunizado aos gestores de poliacuteticas e a pesquisadores a

avaliaccedilatildeo de desempenho dessas institucionalidades a capacidade teacutecnica e poliacutetica para a

participaccedilatildeo e a habilidade de negociaccedilatildeo de seus membros bem como a efetividade desses

espaccedilos no processo da democratizaccedilatildeo

Para o Ministeacuterio da Integraccedilatildeo

Os desafios de governanccedila no campo das poliacuteticas regionais se devem em

particular agrave complexidade do sistema federativo brasileiro ao caraacuteter

recente da participaccedilatildeo organizada da sociedade civil na poliacutetica puacuteblica

brasileira agrave escassez de mecanismos de coordenaccedilatildeo e articulaccedilatildeo entre

Uniatildeo Estados e Municiacutepios assim como intra governos agrave estrutura

especiacutefica do modelo de reparticcedilatildeo de recursos entre as instacircncias de poder

e agrave loacutegica de atuaccedilatildeo historicamente setorial dos programas do governo

federal (MI 2010 p 40)

Independentemente da escassez de mecanismos de coordenaccedilatildeo e articulaccedilatildeo a arte de

articular exige a disposiccedilatildeo dos interessados para o processo Na articulaccedilatildeo intragoverno a

figura do coordenador do processo concentra poder fato que amplia a complexidade da

articulaccedilatildeo na arena montada por acordos poliacuteticos como eacute o caso da Administraccedilatildeo Puacuteblica

sergipana inibindo o interesse daquele que natildeo quer compartilhar o poder de decisatildeo sobre

questotildees relativas ao setor pelo qual responde E assim a participaccedilatildeo de representantes do

governo (Secretaacuterios de Estado) nos conselhos ocorre como mero formalismo para apoio das

decisotildees tomadas pelo colega Soma-se a isso a frequecircncia das e nas reuniotildees dos conselhos

que fica condicionada agrave previsibilidade de pagamento de jetom remuneraccedilatildeo paga aos

conselheiros pela participaccedilatildeo Caso natildeo se estabeleccedila esse benefiacutecio pela participaccedilatildeo em

geral haacute a indicaccedilatildeo de servidor para representar a instituiccedilatildeo Entretanto a esse indicado natildeo

215

se daacute autonomia para decidir em nome da instituiccedilatildeo representada Por tudo isso a tese dos

conselhos como ficccedilotildees legais confirma-se

Outra questatildeo relevante vinculada aos conselhos refere-se a seu papel na

descentralizaccedilatildeo das poliacuteticas A criaccedilatildeo dos conselhos setoriais atende ao programa federal

de descentralizaccedilatildeo que preconiza essa estrutura de governanccedila nos trecircs niacuteveis de governo e

nos niacuteveis subnacionais que atendem aos Programas regionais e territoriais Embora

reconhecendo o Conselho da Sudene e os Colegiados Territoriais do Programa Territoacuterios da

Cidadania como estrutura de governanccedila subnacional e os conselhos municipais como

governanccedilas locais essas institucionalidades natildeo seratildeo analisadas nesta tese

Contudo tanto a estrutura organizacional quanto a capacidade teacutecnica e poliacutetica de

participaccedilatildeo dessas institucionalidades seja no niacutevel estadual seja no municipal natildeo tecircm

contribuiacutedo para a efetividade da prestaccedilatildeo dos serviccedilos como era esperado com o Programa

de Descentralizaccedilatildeo Soma-se a essa realidade a cidadania pequena dos representantes das

organizaccedilotildees sociais para a discussatildeo e aprovaccedilatildeo de decisotildees que viabilizem as poliacuteticas

puacuteblicas setoriais

A governanccedila como um sistema constituiacutedo pelas instituiccedilotildees normas e

procedimentos que permite a mobilizaccedilatildeo o envolvimento e a participaccedilatildeo efetiva do estado

da sociedade e do setor privado no planejamento na formalizaccedilatildeo e na implementaccedilatildeo e no

controle social das poliacuteticas puacuteblicas ainda natildeo eacute uma realidade em Sergipe De fato o

reconhecimento de uma sociedade caracterizada por forte concentraccedilatildeo de poder de

desigualdades sociais precariedade da cidadania e fraco capital social a estruturaccedilatildeo e

operacionalizaccedilatildeo de governanccedila ainda eacute um desafio Por tudo exposto as estruturas de

governanccedila existentes no niacutevel estadual por sua natureza estrutural e instrumental natildeo tecircm

contribuiacutedo para a democracia participativa em Sergipe

216

CONCLUSOtildeES

Esta tese avalia o estoque de capital social sua ldquonatureza espacialrdquo e a cultura poliacutetica

dos oacutergatildeos de desenvolvimento com atuaccedilatildeo no Estado e das instituiccedilotildees puacuteblicas de

planejamento estadual e a relaccedilatildeo destas com a construccedilatildeo e destruiccedilatildeo do capital social em

Sergipe A questatildeo central voltou-se para a explicaccedilatildeo de que o capital social eacute elemento

fundamental para a gestatildeo e garantia da efetividade das poliacuteticas puacuteblicas e dos programas de

desenvolvimento regional e territorial

O capital social desde a deacutecada de 1980 tem sido correlacionado positivamente com

democracias liberais desenvolvimento regional e bom desempenho institucional Uma das

premissas adotadas eacute a existecircncia de alto estoque de capital social ou seja de uma

comunidade ciacutevica que adquire plenitude e visibilidade no territoacuterio com base no

empoderamento comunitaacuterio e na capacidade da accedilatildeo poliacutetica voltada para o desenvolvimento

territorial e para o controle social das poliacuteticas puacuteblicas

Neste estudo avaliaram-se as categorias geograacuteficas regiatildeo e territoacuterio e os processos

da regionalizaccedilatildeo e territorializaccedilatildeo a partir das concepccedilotildees teoacutericas e das praacuteticas poliacuteticas

Resgatou-se a trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo em Sergipe na perspectiva do entendimento da

importacircncia das categorias geograacuteficas regiatildeo e territoacuterio nas praacuteticas poliacuteticas A

regionalizaccedilatildeo e a territorializaccedilatildeo em Sergipe satildeo expressotildees da atuaccedilatildeo do Estado e

repeticcedilotildees de modelos de processos e metodologias que ocorreram e que ocorrem no Brasil

Em Sergipe tanto a regionalizaccedilatildeo quanto a territorializaccedilatildeo vincularam-se ao planejamento e

tiveram como objetivos o crescimento econocircmico o desenvolvimento de espaccedilos regionais a

desconcentraccedilatildeo da gestatildeo de poliacuteticas e o controle de programas governamentais A anaacutelise

da trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo no Estado demonstrou que a Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual se

utiliza de unidades espaciais diferenciadas para o planejamento orccedilamentaacuterio a

desconcentraccedilatildeo da gestatildeo de poliacutetica e para o desenvolvimento regional

Avaliaram-se as poliacuteticas de desenvolvimento instituiacutedas para o Estado na perspectiva

do reconhecimento das concepccedilotildees que as alimentavam O termo desenvolvimento por sua

origem nas ciecircncias econocircmicas surgiu como um processo orientado para a melhoria da

eficiecircncia do sistema de produccedilatildeo e consequentemente para o crescimento econocircmico A

apropriaccedilatildeo do termo desenvolvimento pelas ciecircncias sociais incorpora aspectos sociais no

processo tanto como variaacuteveis garantidoras de sua efetividade quanto como finalidade O

desenvolvimento eacute um processo que requer cidadania ou seja sujeitos sociais conscientes e

217

participativos Defende-se neste trabalho o desenvolvimento como um processo que tem

finalidade social viabilidade econocircmica e condicionalidade ambiental

O uso do territoacuterio como unidade de planejamento do desenvolvimento ocorreu em

meio agrave crise do modelo do planejamento regional e da necessidade de inserccedilatildeo das dimensotildees

social e ambiental na proposta de desenvolvimento No contexto teoacuterico-conceitual o

territoacuterio eacute a categoria geograacutefica que legitima as accedilotildees dos agentes sociais atraveacutes do

controle social e da efetividade das estruturas de governanccedila de poliacuteticas puacuteblicas e de certo

modo expressaria a contraposiccedilatildeo agraves velhas formas centralizadoras do planejamento puacuteblico

e da concepccedilatildeo do desenvolvimento como crescimento econocircmico

A territorializaccedilatildeo proposta pelo Governo do Estado em 2007 interpretou o territoacuterio

como expressatildeo e produto das relaccedilotildees protagonizadas pelos agentes territoriais O territoacuterio

foi proximidade agentes interaccedilotildees espaccedilo poliacutetico espaccedilo habitado espaccedilo de gestatildeo em

conflito e uma construccedilatildeo social

O territoacuterio interpretado como expressatildeo e produto das relaccedilotildees teve delimitaccedilatildeo

direcionada para a accedilatildeo poliacutetica do Estado O territoacuterio eacute categoria praacutetica medida das accedilotildees

(projetos) da poliacutetica de desenvolvimento e o Estado o sujeito concreto produtor dos

territoacuterios de planejamento e executor das accedilotildees em base territorial No entanto as accedilotildees

inscreveratildeo deslocamentosmovimentos e novos espaccedilos faratildeo deles novas expressotildees

poliacuteticas Nesse ponto o papel da geografia eacute ressaltado natildeo apenas para interpretar os

processos seus impactos interesses e agentes do desenvolvimento mas tambeacutem espacializaacute-

los a partir dos movimentos induzidos construiacutedos ou fortalecidos pelas accedilotildees

A siacutentese da histoacuteria do planejamento governamental brasileiro e sergipano

apresentada mostrou que efetivamente o planejamento regional ocorreu em fases

diferenciadas nas escalas nacional e estadual O planejamento regional brasileiro ocorreu nas

deacutecadas de 1950 e 1960 enquanto o planejamento do desenvolvimento sergipano se fez

melhor nas deacutecadas de 1960 e ateacute meados da deacutecada de 1970 A partir do Decreto-Lei nordm 200

de 25 de fevereiro de 1967 o planejamento foi executado pelo governo central orientado para

a elaboraccedilatildeo do orccedilamento-programa anual cujas accedilotildees deveriam ser regionalizadas A partir

da aplicaccedilatildeo efetiva do Decreto-Lei nordm 2001967 a funccedilatildeo planejamento do desenvolvimento

regional perde legitimidade entra em crise afetando tambeacutem as institucionalidades de

desenvolvimento como o Condese em Sergipe

A anaacutelise da trajetoacuteria do planejamento em Sergipe permitiu o reconhecimento do

Condese como o pilar do planejamento regional e base para o desenvolvimento econocircmico do

Estado ateacute os dias atuais Em contraposiccedilatildeo o planejamento tecnocraacutetico do Condese voltado

218

para o crescimento econocircmico do Estado e por outro a negligecircncia com as poliacuteticas sociais

sobretudo educaccedilatildeo e a cultura poliacutetica autoritaacuteria e centralizadora em meio agrave dinacircmica

social iniciada na deacutecada de 1970 e as crises em escala nacional colaboraram para sua

extinccedilatildeo

A discussatildeo sobre os processos do planejamento do desenvolvimento e sobre o

planejamento do desenvolvimento procurou destacar os agentes as escalas e os valores

culturais predominantes e os meacutetodos e praacuteticas usadas na perspectiva da correlaccedilatildeo entre a

construccedilatildeo desses processos e a formaccedilatildeo de capital social no Estado Para tanto foram

analisadas as praacuteticas dos oacutergatildeos de desenvolvimento regional (Sudene e Chesf) na busca da

contribuiccedilatildeo desses na formaccedilatildeo do estoque de capital social regional e local

A pesquisa sobre capital social permitiu no seu princiacutepio reconhecer a necessidade do

aprofundamento de estudos sobre os efeitos do capital social sobretudo aqueles agrupados

nas funccedilotildees de controle social e de benefiacutecios das redes extrafamiliares haja vista sua

importacircncia na gestatildeo puacuteblica no fortalecimento da democracia e nas poliacuteticas de

desenvolvimento principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento

Por efeitos do capital social no niacutevel social e com funccedilatildeo de benefiacutecios oriundos de

redes extrafamiliares deve-se entender a facilidade da execuccedilatildeo de accedilotildees coletivas e

compartilhadas da organizaccedilatildeo social em associaccedilatildeo e ou cooperativas para a realizaccedilatildeo de

accedilotildees de interesse da coletividade Os efeitos cuja funccedilatildeo se relaciona com o controle social

por outro lado satildeo benefiacutecios advindos da capacidade e habilidade da participaccedilatildeo cidadatilde da

capacidade de mobilizaccedilatildeo social e de desempenho do Estado na aplicaccedilatildeo das poliacuteticas e no

relacionamento com a sociedade e com o mercado O reconhecimento da importacircncia dessas

funccedilotildees do capital social na gestatildeo puacuteblica e o desejo de contribuir na condiccedilatildeo de servidor

puacuteblico para a melhoria das praacuteticas do planejamento puacuteblico foram os grandes motivadores

dessa pesquisa

A proposiccedilatildeo do aprofundamento de pesquisa a respeito das funccedilotildees de controle social

e de benefiacutecios das redes extrafamiliares fundamenta-se na revisatildeo da literatura nacional e

internacional sobre capital social na avaliaccedilatildeo das normas e procedimentos organizacionais e

de planejamento do desenvolvimento da Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira e principalmente a

sergipana e ainda nos resultados dessa pesquisa

A pesquisa confirmou a crise do planejamento do desenvolvimento regional e do natildeo

planejamento em escala estadual o papel do Estado nos processos de desenvolvimento e da

dinacircmica social e sobretudo a relevacircncia do capital social nesses processos no

fortalecimento da democracia e na melhoria do desempenho das instituiccedilotildees puacuteblicas

219

Territoacuterio e regiatildeo tomados como unidades de planejamento da alocaccedilatildeo de recursos

puacuteblicos satildeo escalas que produzem anaacutelises (econocircmicas e sociais) semelhantes em

sociedades com cidadania pequena ou pouca maturidade poliacutetica Em sociedades de sujeitos

sociais ativos e participantes o territoacuterio como expressatildeo poliacutetica e construccedilatildeo social

apresenta resultados das anaacutelises da efetividade das poliacuteticas de desenvolvimento e accedilotildees

puacuteblicas diferentes daqueles encontrados na regiatildeo

Os resultados desta pesquisa confirmaram a natildeo existecircncia de sujeitos sociais ativos e

portanto capazes de sustentar uma poliacutetica territorial participativa em Sergipe Aleacutem disso o

territoacuterio foi espaccedilo de apropriaccedilatildeo do Estado demonstrado tanto pela superioridade da esfera

poliacutetica nos espaccedilos participativos criados para fortalecer os territoacuterios de planejamento e

fomentar a apropriaccedilatildeo desses pela sociedade quanto pela legitimidade de agente do

planejamento do desenvolvimento e prestador dos serviccedilos essenciais O territoacuterio nesse

contexto foi e continuaraacute sendo categoria praacutetica espaccedilo de visibilidade da poliacutetica de

desenvolvimento

A cultura poliacutetica dos sujeitos sociais e das organizaccedilotildees puacuteblicas identificadas pela

pesquisa reflete os fracos laccedilos das relaccedilotildees entre o Estado e a sociedade em Sergipe A

classificaccedilatildeo dos laccedilos em fracos se agrava em Sergipe pelas seguintes razotildees a dependecircncia

da oferta de emprego na Administraccedilatildeo Puacuteblica municipal da grande maioria da populaccedilatildeo

ativa dos municiacutepios e a ausecircncia de poliacutetica educacional como estrateacutegia de

desenvolvimento Razotildees que dificultam a transformaccedilatildeo do niacutevel de consciecircncia dos

indiviacuteduos e da sociedade e portanto da formaccedilatildeo de uma comunidade ciacutevica como

defendeu Putnam cujos cidadatildeos satildeo participativos possuem igualdade poliacutetica satildeo

prestativos e organizados civil e politicamente e sobretudo natildeo alimentam e reproduzem

processos como a corrupccedilatildeo e o clientelismo

No contexto da discussatildeo do territoacuterio como categoria praacutetica espaccedilo de visibilidade

da accedilatildeo poliacutetica a pesquisa constatou que a gestatildeo de poliacuteticas setoriais em bases regionais

diferenciadas da escala usada pelo ldquoplanejamentordquo do desenvolvimento estadual reforccedilou a

adoccedilatildeo do territoacuterio como uma decisatildeo poliacutetica Decisatildeo que na praacutetica pouco alterou o

planejamento e a execuccedilatildeo das poliacuteticas setoriais as praacuteticas orccedilamentaacuterias e as estruturas de

governanccedila instituiacutedas e em funcionamento em Sergipe

A participaccedilatildeo social no processo do planejamento participativo ou melhor a reduccedilatildeo

da participaccedilatildeo social nas conferecircncias confirmou a natildeo apropriaccedilatildeo dos territoacuterios de

planejamento pela sociedade e portanto reforccedila a territorializaccedilatildeo como decisatildeo poliacutetica

tomada de ldquocima para baixordquo praacutetica comum em Sergipe

220

A breve avaliaccedilatildeo do processo participativo revelou que o poder de influecircncia e

cooptaccedilatildeo nos espaccedilos participativos instituiacutedos pelo Estado praticamente concentrou-se

nele mesmo As representaccedilotildees das organizaccedilotildees sociais e dos movimentos sociais

contribuiacuteram pouco para o embate nas questotildees de desenvolvimento e a representaccedilatildeo do

setor privado efetivamente natildeo existiu A dependecircncia da Administraccedilatildeo Puacuteblica de grande

parte dos representantes municipais presentes nas conferecircncias a heranccedila cultural das

relaccedilotildees de compadrio clientelismo e assistencialismo da Administraccedilatildeo Puacuteblica aleacutem do

individualismo dos sujeitos sociais contribuiacuteram para essa afirmativa e tambeacutem para

consolidar o achado da cidadania pequena e baixo estoque de capital social em Sergipe

O planejamento puacuteblico como processo que se utiliza de instrumento (meacutetodo)

racional de alocaccedilatildeo dos recursos mostrou-se fraacutegil e incompleto Fragilidade assim

interpretada decorreu tanto da natildeo efetividade das accedilotildees planejadas quanto da natildeo existecircncia

do planejamento da alocaccedilatildeo dos recursos No caso em anaacutelise o planejamento

governamental fraacutegil e incompleto inseriu o levantamento de demandas da populaccedilatildeo como

uma de suas etapas O processo teve etapas teacutecnicas e meacutetodos definidos e construiacutedos sem a

participaccedilatildeo social A seleccedilatildeo das metodologias e das temaacuteticas usadas nos espaccedilos

participativos bem como a construccedilatildeo dos programas e do Plano Plurianual foram tarefas

exclusivas da tecnocracia As conferecircncias sobretudo as territoriais e estaduais foram

espaccedilos de consulta e natildeo de elaboraccedilatildeo dos programas e do plano plurianual Mostraram-se

fraacutegeis o projeto de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo do processo a natildeo delimitaccedilatildeo do campo

de intervenccedilotildees estaduais para a coleta de demandas o natildeo empoderamento organizacional

(de toda Administraccedilatildeo Puacuteblica) sobretudo do Chefe do Executivo e a natildeo elaboraccedilatildeo dos

programas e plano plurianual participativo entre outros

A agenda paralela do gestor do Executivo estadual negociando obras e intervenccedilotildees

com os gestores municipais as quais se tornaram prioridades na alocaccedilatildeo dos recursos

descaracterizou o que poderia ser o meacutetodo de investigaccedilatildeo das demandas sociais e reforccedilou o

ldquoplanejamentordquo como funccedilatildeo de uma Secretaria A descaracterizaccedilatildeo foi percebida e

exteriorizada pelos participantes durante a avaliaccedilatildeo do processo do planejamento

participativo realizada em 2010 pela Secretaria de Estado do Planejamento A

descaracterizaccedilatildeo foi expressa ainda pelo grau de confiabilidade dos participantes no processo

e nas instituiccedilotildees puacuteblicas

A ausecircncia do empoderamento organizacional se confirmou sobretudo com a

descontinuidade do processo motivada pela substituiccedilatildeo do gestor da pasta do planejamento

221

O processo em vez de ser melhorado e aperfeiccediloado sofreu arrefecimento O arrefecimento

foi demonstrado tanto pelo reduzido nuacutemero de participantes nas conferecircncias sobretudo na

conferecircncia territorial ocorrida em 2011 quanto pela natildeo implementaccedilatildeo e continuidade das

accedilotildees que aproximariam o Estado da sociedade Contribuiu ainda para isso a ausecircncia de

integraccedilatildeo das poliacuteticas e o grande nuacutemero de conferecircncias setoriais realizados pelo Estado

para atender agraves poliacuteticas da Uniatildeo e assegurar o repasse de recursos para os programas

estaduais

A avaliaccedilatildeo do processo do Planejamento do Desenvolvimento Territorial

Participativo (PDTP) mais tarde denominado tambeacutem de Planejamento Participativo (PP)

permitiu concluir que o processo se constituiu em nova roupagem para as velhas praacuteticas

centralizadoras de poder A criaccedilatildeo de espaccedilo participativo natildeo deve ser apenas fruto da

vontade poliacutetica A criaccedilatildeo de espaccedilos participativos exige aleacutem do comprometimento e

empoderamento dos gestores uma (re)organizaccedilatildeo estrutural da Administraccedilatildeo Puacuteblica

estadual a quebra da rigidez processual hieraacuterquica e das barreiras que natildeo foram modeladas

para a transparecircncia a participaccedilatildeo a integraccedilatildeo e a articulaccedilatildeo muitas vezes nem mesmo

para ceder ao interesse puacuteblico em detrimento do interesse do grupo poliacutetico que estaacute

representando como se constata em Sergipe

No contexto da poliacutetica de desenvolvimento a priorizaccedilatildeo da execuccedilatildeo de obras

pontuais dispersas e sem integraccedilatildeo com um arranjo produtivo desnuda as instituiccedilotildees

puacuteblicas enfraquece ou anula o planejamento e esconde a natureza das elites poliacuteticas e seu

projeto de poder Praacutetica que se constitui em um dos maiores obstaacuteculos natildeo apenas para o

fortalecimento do capital social a participaccedilatildeo a integraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas sobretudo

para o desenvolvimento regional a democratizaccedilatildeo e a reduccedilatildeo do quadro de privaccedilotildees de

liberdades A execuccedilatildeo de obras pontuais fruto de negociaccedilatildeo eleitoreira natildeo estrutura as

atividades produtivas e natildeo elimina as privaccedilotildees de liberdade da populaccedilatildeo

A ldquonegociaccedilatildeordquo reacende a discussatildeo do papel da educaccedilatildeo nos processos e a pouca

relevacircncia dessa temaacutetica nas propostas de desenvolvimento em Sergipe A baixa

escolarizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em praticamente todos os territoacuterios conforme visto no apecircndice

C eacute resultado da reduzida e recente disponibilidade de estabelecimento de educaccedilatildeo de ensino

meacutedio nos municiacutepios sergipanos As altas taxas de analfabetismo da populaccedilatildeo com 15 e

mais anos de idade satildeo reflexos da ausecircncia da prestaccedilatildeo desse serviccedilo pelo poder puacuteblico e

da dificuldade de acesso aos estabelecimentos de ensino pela populaccedilatildeo mais carente A

experiecircncia sergipana de planejamento do desenvolvimento ilustra bem essa ausecircncia O

222

planejamento do Condese nas deacutecadas de 1960 e 1970 voltou-se para o crescimento

econocircmico enfatizando a industrializaccedilatildeo e a modernizaccedilatildeo das induacutestrias instaladas no

estado Nas deacutecadas de 1980 e 1990 com a mudanccedila do enfoque do desenvolvimento

integrando reformas institucionais econocircmicas e sociais programas de educaccedilatildeo passaram a

compor as agendas das poliacuteticas puacuteblicas em resposta aos programas e recursos da Uniatildeo

Entretanto o acesso aos estabelecimentos de ensino e a qualidade da prestaccedilatildeo desses

serviccedilos bem como a educaccedilatildeo como um instrumento de transformaccedilatildeo social ainda natildeo satildeo

percebidas como entraves ao desenvolvimento agrave reduccedilatildeo da pobreza e ao ldquoempoderamentordquo

de sujeitos e comunidades pelo menos pela maioria dos participantes desta pesquisa

Os argumentos usados para a classificaccedilatildeo das localidades em desenvolvidasnatildeo

desenvolvidas em todos os territoacuterios vatildeo desde a ausecircncia de infraetrutura urbana e produtiva

agrave ineficiecircncia da gestatildeo puacuteblica e pouca cidadania (Apecircndice G) As tipologias da maioria dos

argumentos fornecidos corroboram o niacutevel do empoderamento individual dos respondentes da

pesquisa a continuidade da percepccedilatildeo do desenvolvimento vinculado ao crescimento

econocircmico e ao Estado como agente executor da poliacutetica Praticamente todos os respondentes

atribuiacuteram a responsabilidade pelo desenvolvimento da comunidade e do municiacutepio ao Poder

Puacuteblico e agraves academias A delegaccedilatildeo de responsabilidade ao Poder Puacuteblico e o natildeo

reconhecimento do respondente de agente capaz de transformar sua comunidade revelou que

o niacutevel do empoderamento dos participantes eacute individual e tecircnue e a dependecircncia do Poder

Puacuteblico eacute coletiva Em contraposiccedilatildeo agrave dependecircncia a confianccedila nas instituiccedilotildees eacute pouca

A evidecircncia identificada pela pesquisa da inexistecircncia do niacutevel de empoderamento

comunitaacuterio sinaliza para o baixo estoque de capital social em Sergipe e a continuidade de

praacuteticas como o clientelismo e o personalismo e sobretudo para o aumento da soberania e o

fortalecimento da cultura centralizadora e autoritaacuteria identificada nas instituiccedilotildees puacuteblicas

(federais e estaduais) atuantes em Sergipe

As instituiccedilotildees puacuteblicas tecircm papel relevante no fortalecimento ou esvaziamento do

capital social Os achados da pesquisa confirmaram tanto o esvaziamento do capital social

notadamente a regra de todas as instituiccedilotildees analisadas quanto o fortalecimento de modo

indireto do capital social pela Chesf O fortalecimento do capital social dos atingidos pelas

construccedilotildees de barragens executadas pela Chesf no Meacutedio Satildeo Francisco foi o uacutenico

exemplo de fortalecimento evidenciado nesta pesquisa Entretanto eacute importante lembrar que o

fortalecimento do capital social dos atingidos por barragens surgiu em resposta ao

planejamento autoritaacuterio e centralizador da Chesf e ao descaso com os impactos sociais

223

negativos decorrentes das intervenccedilotildees por ela realizadas e pelos laccedilos fortes existentes nas

comunidades atingidas ou seja desterritorializadas pela construccedilatildeo e operacionalizaccedilatildeo das

barragens O fortalecimento do capital social dos atingidos pelas barragens e a natureza

espacial desse capital social (territorializaccedilatildeo) culminaram na instituiccedilatildeo formal dos territoacuterios

de identidade da Bahia

A presenccedila dos movimentos sociais e de seus organizadores em determinados espaccedilos

natildeo eacute garantia de alto estoque de capital social Inclui-se tambeacutem a capacidade de associar-se

dos sergipanos A pesquisa revelou que a maioria das associaccedilotildees em Sergipe foi criada para

acessar recursos puacuteblicos e ou bens e a decisatildeo para associar-se natildeo tem sido voluntaacuteria A

participaccedilatildeo em grupos no Estado por si soacute natildeo significa alto estoque de capital social e natildeo

tem contribuiacutedo para o fortalecimento do empoderamento comunitaacuterio

A capacidade de participaccedilatildeo social eacute semelhante em todos os territoacuterios de

planejamento de Sergipe A participaccedilatildeo depende de um lado da capacidade e habilidade

individual e coletiva dos participantes (atores e agentes) e do outro das condiccedilotildees objetivas da

cidadania Confirmou-se que ainda natildeo se tem cidadania suficiente para a participaccedilatildeo social

em Sergipe Assim o planejamento participativo como um processo alicerccedilado na ampla

participaccedilatildeo popular e o desenvolvimento como uma construccedilatildeo coletiva articulada em duas

escalas (territorial e estadual) satildeo maacuteximas impossiacuteveis para a cultura poliacutetica dominante em

Sergipe

Com base no estudo do reconhecimento do estoque de capital social nos territoacuterios de

planejamento o Iacutendice de Capital Social calculado revelou-se baixo e a natureza espacial

desse capital social eacute a mesma em todos os territoacuterios de planejamento Esses resultados

confirmam os inventaacuterios de diferentes dimensotildees de capital social realizados no Brasil que

tecircm demonstrado baixo estoque de capital social O estoque de capital social em Sergipe eacute

muito baixo

O Questionaacuterio Integrado para Medir o Capital Social (QI-MCS) proposto pelo Banco

Mundial eacute uma ferramenta flexiacutevel e de fato confiaacutevel vaacutelida e uacutetil para inventariar e

aprofundar pesquisas nas diferentes dimensotildees do capital social Entretanto sua aplicaccedilatildeo

requer a definiccedilatildeo clara dos objetivos gerais (pesquisa acadecircmica ou formulaccedilatildeo de poliacutetica

puacuteblica) e especiacuteficos da pesquisa (avaliarfortalecer o associativismo e a capacidade de accedilatildeo

coletiva avaliar o niacutevel de confianccedila nas institucionalidadespoliacuteticas avaliarfortalecer o

niacutevel de empoderamento e a capacidade de accedilatildeo poliacutetica dos indiviacuteduos avaliar o niacutevel de

acesso agrave informaccedilatildeo sobre determinado temasetorpoliacutetica da comunidade pesquisada avaliar

224

o niacutevel de coesatildeo da populaccedilatildeo entre outros) a definiccedilatildeo do puacuteblico a ser avaliadoatendido

pela poliacutetica os diferentes agentes atuantes no espaccedilo e outros Essa clareza eacute requerida tanto

para otimizaccedilatildeo de recursos (financeiros humanos e tempo) uma vez que o questionaacuterio eacute

extenso quanto para a capacidade de aprofundamento das questotildees e informaccedilotildees sobre a

dimensatildeo a ser avaliada e sua adaptaccedilatildeo agrave realidade cultural local tornando o questionaacuterio um

instrumento mais objetivo

Para a pesquisa realizada foi considerado relevante o inventaacuterio de todas as

dimensotildees ou seja de informaccedilotildees sobre a participaccedilatildeo em grupos e redes o niacutevel de

confianccedila e solidariedade entre as pessoas e entre estas e as instituiccedilotildees a capacidade de accedilatildeo

coletiva e de cooperaccedilatildeo dos indiviacuteduos os meios de acesso agrave informaccedilatildeo e agrave comunicaccedilatildeo

dos indiviacuteduos o grau de coesatildeo e inclusatildeo social e a capacidade de empoderamento e accedilatildeo

poliacutetica Essa relevacircncia partiu natildeo apenas do exerciacutecio da aplicaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo da

ferramenta de coleta como tambeacutem para melhor instrumentalizaccedilatildeo das proposiccedilotildees visando

ao resgate do capital social em Sergipe e em seus territoacuterios

A constataccedilatildeo nesta pesquisa da ldquoregra geralrdquo do esvaziamento dos estoques de

capital social pelas instituiccedilotildees puacuteblicas e sobretudo a evidecircncia empiacuterica do fortalecimento

do capital social dos atingidos por barragens construiacutedas pela Chesf no Meacutedio Satildeo Francisco

reforccedilaram que estruturas de governanccedilas e poliacuteticas puacuteblicas sensatas e efetivas podem

revitalizar estoques de capital social

Como siacutentese integradora dessas conclusotildees e principal achado da tese foi encontrar

evidecircncia empiacuterica para a ldquonatureza espacialrdquo do capital social e para o papel desse recurso

sobretudo para as poliacuteticas de desenvolvimento Constatou-se que de fato haacute uma correlaccedilatildeo

positiva entre a existecircncia de alto estoque de capital social e o desenvolvimento

regionalterritorial a eficiecircnciadesempenho institucional na Administraccedilatildeo Puacuteblica a

governabilidade democraacutetica o fortalecimento democraacutetico a qualidade das poliacuteticas puacuteblicas

e a efetividade das estruturas de governanccedila O baixo estoque de capital social identificado

nos territoacuterios de planejamento satildeo reflexos do formalismo processual da rigidez burocraacutetica

do autoritarismo e a pouca eficiecircncia das poliacuteticas implementadas pelas instituiccedilotildees de

desenvolvimento regional e de planejamento avaliadas Os resultados das anaacutelises dos dados

coletados na pesquisa a avaliaccedilatildeo desenvolvida sobre o processo do planejamento

participativo e os indicadores sociais disponiacuteveis em fonte oficial como IBGE corroboram

esse achado

225

As instituiccedilotildees participativas como as conferecircncias do planejamento participativo e os

conselhos de poliacuteticas puacuteblicas satildeo de fato estruturas que podem favorecer a revitalizaccedilatildeo do

estoque de capital social Isso acontece quando haacute empoderamento comunitaacuterio ou seja em

comunidades ciacutevicas Nesse contexto o processo denominado planejamento do

desenvolvimento territorial participativo (PDTP) instituiacutedo pelo Governo do Estado em

2007 constituiu-se em (e se constitui uma vez que natildeo ocorreu revogaccedilatildeo do Decreto que o

instituiu) uma via de espaccedilos e esboccedilos tanto para meacutetodos participativos em processos de

planejamento do desenvolvimento regional quanto para revitalizaccedilatildeo do estoque do capital

social nos territoacuterios de planejamento De fato haacute a possibilidade do fortalecimento de todos

os niacuteveis de empoderamento (individual comunitaacuterio e organizacional) da abertura e

oportunizaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo de uma consciecircncia criacutetica na populaccedilatildeo a partir das conferecircncias

do planejamento participativo Os estudos indicaram como primeira proposiccedilatildeo a necessaacuteria

revisatildeo do processo a melhoria da comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo das informaccedilotildees em linguagem

e meios acessiacuteveis a todos e todas a transparecircncia na seleccedilatildeo das accedilotildees a serem executadas

A pesquisa induziu que o fortalecimento do capital social nos municiacutepios sergipanos eacute

o caminho para as mudanccedilas institucionais a democratizaccedilatildeo o desenvolvimento estadual e a

reduccedilatildeo das desigualdades Considerando que as instituiccedilotildees puacuteblicas foram identificadas

como uma das principais responsaacuteveis pelo baixo estoque de capital social a reforma

administrativa que minimize o formalismo processual e maximize e flexibilize o acesso agraves

normas e aos serviccedilos e bens fornecidos e produzidos pelo Estado eacute vislumbrada como o

instrumental para a reversatildeo do quadro de baixos indicadores sociais e de estoque de capital

social e a segunda proposta e desafio para os gestores nos trecircs niacuteveis de governo

Por fim a principal contribuiccedilatildeo para o resgate do processo de planejamento

participativo eacute a formataccedilatildeo do processo de forma participativa e para a geografia eacute um

convite ao debate da utilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo do capital social e agrave ampliaccedilatildeo da articulaccedilatildeo

com as ciecircncias sociais

226

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_________ II Plano Diretor de Desenvolvimento Econocircmico e Social do Nordeste

Recife Sudene 1966

_________ III Plano Diretor de Desenvolvimento Econocircmico e Social do Nordeste

Recife Sudene 1966

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249

Siacutetios Consultados

WWWalsegovbr (legislaccedilatildeo estadual)

WWWbnbgovbr

WWWcodevasfgovbr

WWWchesfgovbr

WWWdnocsgovbr

WWWibgegovbr

WWWipeagovbr

WWWlatinobarometroorg

WWWplanejamentogovbr

WWWplanaltogovbrlegislacao (legislaccedilatildeo federal)

WWWsedetecsegovbr

WWWsudenegovbr

wwwseplagsegovbr

WWWtesourofazendagovbr

WWWworldbankorg

250

Apecircndice A ndash Questionaacuterio Integrado para Medir Capital Social

251

252

253

254

APEcircNDICE Bndash ROTEIRO DE ENTREVISTA

1 Na sua experiecircncia vivenciada na Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual qual foi o modelo

de planejamento adotado para o desenvolvimento do Estado de Sergipe

2 Em sua opiniatildeo quais foram as poliacuteticas mais efetivas de desenvolvimento formuladas

para o Estado

3 Quais eram os principais objetivos dessas poliacuteticas

4 Qual (is) foi(foram) a(s) unidade(s) de planejamento adotada(s)

5 Como essas poliacuteticas eram formuladas

6 Quem participava desse processo

7 Havia o acompanhamento da execuccedilatildeo dessas poliacuteticas

8 Qual era o modelo de gestatildeo dessas poliacuteticas

9 Em sua opiniatildeo quais foram os principais impactos sociais econocircmicos ou outros

dessas poliacuteticas no estado

10 Em sua opiniatildeo quais foram os principais gargalos para a implementaccedilatildeo dessas

poliacuteticas de desenvolvimento

11 Que pontos o (a) Sr(Sra)assinalaria como avanccedilos no Estado em decorrecircncia dessas

poliacuteticas

12 O que o Sr (Sra) aponta como o maior desafio para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de

uma poliacutetica de desenvolvimento em Sergipe Por que

13 Como o(a) Sr (Sra) Avalia a contribuiccedilatildeo da populaccedilatildeo na implementaccedilatildeo dessas

poliacuteticas

14 O que faltou e falta no Estado para a efetividade da reduccedilatildeo das desigualdades sociais

econocircmicas intra e inter-regionais

255

APEcircNDICE C ndash INDICADORES SOCIAIS DOS TERRITOacuteRIOS DE PLANEJAMENTO

Ensino

fundamental

Ensino

meacutedio

Areia Branca 16857 246 486 275 190 0579 5195 7 18 1

Campo do Brito 16749 282 497 336 239 0621 4226 14 24 2

Carira 20007 348 558 273 13 0588 5014 13 44 1

Frei Paulo 13874 266 592 339 259 0589 4939 6 18 1

Itabaiana 86967 218 779 365 161 0642 4805 43 85 10

Macambira 6401 315 479 267 281 0583 4435 5 11 1

Malhador 12042 247 467 261 208 0587 4532 6 18 2

Moita Bonita 11001 265 418 305 200 0587 4980 7 14 1

Nossa Senhora Aparecida 8508 378 406 246 153 0577 4315 6 22 1

Pedra Mole 2974 277 402 296 168 0593 5006 4 6 1

Pinhatildeo 5973 302 556 272 184 0583 5262 3 12 1

Ribeiroacutepolis 17173 285 655 316 157 0613 5078 9 24 2

Satildeo Domingos 10271 334 501 267 214 0588 5082 7 16 2

Satildeo Miguel do Aleixo 3698 338 472 272 433 0567 5336 6 13 1

Meacutedia 2929 5191

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Associaccedilatildeo

p 1000

hab

IDH

Iacutendice

de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

TERRITOacuteRIO AGRESTE CENTRAL SERGIPANO

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo da

populaccedilatildeo de 15 anos

ou mais de idade -

2010 - total ()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda

per

capita

(R$)

256

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Canindeacute de Satildeo Francisco 24686 300 570 238 211 0567 6404 11 26 2

Gararu 11405 308 248 210 281 0564 5625 6 25 2

Monte Alegre de Sergipe 13627 338 590 202 095 0553 6424 2 12 1

Nossa Senhora da Gloacuteria 32497 267 665 299 222 0587 5493 18 42 5

Nossa Senhora de Lourdes 6238 289 528 254 064 0598 5581 7 12 2

Poccedilo Redondo 30880 356 276 177 194 0529 5552 10 37 4

Porto da Folha 27146 313 367 213 328 0568 5671 10 51 7

Meacutedia 310 463 22757

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Alto Sertatildeo Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda per

capita (R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

257

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Amparo do Satildeo Francisco 2275 238 809 271 483 0611 5229 2 3 1

Brejo Grande 7742 315 502 181 232 0540 6586 1 10 2

Canhoba 3956 322 379 226 152 0569 5734 5 12 1

Cedro de Satildeo Joatildeo 5633 212 894 315 124 0623 5420 3 7 1

Ilha das Flores 8348 257 651 181 287 0562 5141 5 10 2

Japoatatilde 12938 308 333 245 201 0560 5099 7 21 5

Malhada dos Bois 3456 237 463 233 174 0599 4872 3 6 1

Muribeca 7344 247 448 264 231 0626 5128 8 13 1

Neoacutepolis 18506 227 568 297 459 0589 4899 13 26 4

Pacatuba 13137 294 205 190 228 0555 5840 5 25 2

Propriaacute 28451 187 857 370 179 0661 5046 15 25 5

Santana do Satildeo Francisco 7038 21 643 222 341 0590 5155 4 6 2

Satildeo Francisco 3393 267 701 272 324 0587 4998 3 5 1

Telha 2957 273 381 245 372 0604 4246 3 4 1

Meacutedia 2567 5596 25086

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Baixo Satildeo Francisco Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab

de sauacutede

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda per

capita (R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

258

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Lagarto 94861 253 515 317 196 0625 4764 39 85 8

Poccedilo Verde 21983 299 560 243 378 0561 5969 12 25 1

Riachatildeo do Dantas 19386 292 251 201 31 0539 5461 11 42 2

Simatildeo Dias 38702 268 528 278 227 0604 4933 15 54 4

Tobias Barreto 48040 283 671 300 26 0557 5817 13 47 5

Meacutedia 279 505 2678

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Centro-Sul Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda

per

capita

(R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

259

Territoacuterio

Ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Aracaju 571149 66 1000 875 297 0770 2745 121 210 82

Barra dos Coqueiros 24976 133 836 390 136 0649 5342 6 21 3

Itaporanga d`Ajuda 30419 246 390 248 184 0561 5317 21 53 2

Laranjeiras 26902 157 790 271 190 0642 6156 13 24 1

Maruim 16343 177 737 298 104 0618 6398 10 16 3

Nossa Senhora do Socorro 160827 107 969 330 071 0664 5928 38 110 16

Riachuelo 9355 170 840 277 235 0617 6351 5 12 1

Santo Amaro das Brotas 11410 189 720 333 228 0637 5724 4 12 1

Satildeo Cristoacutevatildeo 78864 128 845 367 146 0662 5714 16 63 9

Meacutedia 1526 37656

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Grande Aracaju

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda per

capita (R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

260

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Capela 30761 248 692 263 114 0615 5342 24 33 4

Carmoacutepolis 13503 145 794 333 126 0643 6136 7 11 2

Divina Pastora 4326 232 485 274 277 0610 6240 4 5 1

General Maynard 2929 152 629 316 171 0645 4943 2 4 1

Japaratuba 16864 206 460 293 261 0621 5052 16 22 1

Pirambu 8369 202 586 251 096 0603 5953 8 10 1

Rosaacuterio do Catete 9221 141 706 325 217 0631 6477 6 5 1

Santa Rosa de Lima 3749 272 570 225 16 0592 4964 4 7 1

Siriri 8004 207 397 256 050 0609 5518 8 10 1

Meacutedia 2005 28178

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

Leste Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda per

capita (R$)

261

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Aquidabatilde 20056 295 571 322 130 0578 5029 13 34 2

Cumbe 3813 265 596 270 079 0604 5387 4 7 1

Feira Nova 5324 302 674 231 169 0584 6232 4 10 1

Gracho Cardoso 5645 30 479 249 319 0577 5778 5 16 1

Itabi 4972 309 553 266 121 0602 5053 4 14 1

Nossa Senhora das Dores 24580 284 652 280 094 0600 5767 12 26 3

Meacutedia 2925 5875 26967

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda per

capita (R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

262

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Arauaacute 10878 275 413 238 138 0595 5348 14 22 1

Boquim 25533 242 626 278 270 0604 5653 7 20 3

Cristinaacutepolis 16519 305 505 223 085 0553 5726 7 25 1

Estacircncia 64409 179 850 355 213 0647 6389 26 48 8

Indiaroba 15831 267 353 205 24 0580 5693 14 23 1

Itabaianinha 38910 298 499 236 280 0556 5613 12 53 4

Pedrinhas 8833 267 733 221 238 0592 5836 2 9 1

Salgado 19365 275 346 271 418 0609 4728 12 34 1

Santa Luzia do Itanhy 12969 330 225 174 108 0545 5703 9 20 1

Tomar do Geru 12855 321 374 201 257 0551 6324 4 27 1

Umbauacuteba 22434 247 621 253 259 0579 5859 9 25 3

Meacutedia 273 2414

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Sul Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda

per

capita

(R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

263

APEcircNDICE D- Resultados ponderados do grau de honestidade

a) do Governo do Estado

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 2 22

Geralmente desonesto 13 144

Nem honesto nem desonesto 50 556

Geralmente honesto 18 200

Muito honesto 1 11

Natildeo respondeNatildeo sabe 6 67

90 1000

b) do Governo Municipal

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 2 22

Geralmente desonesto 2 22

Nem honesto nem desonesto 54 600

Geralmente honesto 24 267

Muito honesto 1 11

Natildeo respondeNatildeo sabe 7 78

90 1000

c) da Emdagro

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 0 00

Geralmente desonesto 4 44

Nem honesto nem desonesto 53 589

Geralmente honesto 16 178

Muito honesto 1 11

Natildeo respondeNatildeo responde 16 178

90 1000

d) de Professores e funcionaacuterios da escola

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 0 00

Geralmente desonesto 1 11

Nem honesto nem desonesto 46 511

Geralmente honesto 32 356

Muito honesto 3 33

Natildeo respondeNatildeo responde 8 89

90 1000

e) do Poder Legislativo

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 2 22

Geralmente desonesto 22 244

Nem honesto nem desonesto 45 500

Geralmente honesto 14 156

Muito honesto 0 00

Natildeo respondeNatildeo responde 7 78

90 1000

264

f) do Poder Judiciaacuterio

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 2 22

Geralmente desonesto 10 111

Nem honesto nem desonesto 45 500

Geralmente honesto 23 256

Muito honesto 3 33

Natildeo respondeNatildeo responde 7 78

90 1000

g) de Liacutederes Religiosos

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 0 00

Geralmente desonesto 0 00

Nem honesto nem desonesto 11 122

Geralmente honesto 55 611

Muito honesto 10 111

Natildeo respondeNatildeo responde 14 156

90 1000

265

APEcircNDICE E ndash Variaacuteveis usadas no caacutelculo do Iacutendice de Capital Social (ICSi)

1 Acesso ao grupo 34 Jornal como principal fornte de informaccedilatildeo

2 Assiste TV frequentemente 35 Lecirc jornal ou revista frequentemente

3 Capacidade de mobilizaccedilatildeo 36 Melhorias no acesso agrave informaccedilatildeo nos uacuteltimos anos

4 Capacidade para realizar mudanccedilas locais 37Notificaccedilatildeo (Ministeacuterio Puacuteblico Poliacutecia e outros) por

problemas locais

5 Confianccedila nas pessoas da localidade 38 Ouve raacutedio frequentemente

6 Contato com poliacuteticos 39 Participaccedilatildeo em Associaccedilatildeo Esportiva

7 Controle nas atividades diaacuterias 40 Participaccedilatildeo em Associaccedilatildeo Artiacutestica

8 Crenccedila religiosa como causa das diferenccedilas na comunidade 41 Participaccedilatildeo em Associaccedilatildeo de Agricultores

9 Denuncia problemas locais em raacutedio e TV 42 Participaccedilatildeo em Associaccedilatildeo de Moradores

10 Exclusatildeo de participaccedilatildeo de atividades na comunidade 43 Participaccedilatildeo em Clube Social

11 Existecircncia de diferenccedilas entre as pessoas na comunidade 44 Participaccedilatildeo em Comitecirc de Bacia Hidrograacutefica

12 Forma de seleccedilatildeo dos liacutederes 45 Participaccedilatildeo em Conselhos Gestores

13 Grau de confiaccedila nos profissionais da sauacutede 46 Participaccedilatildeo em Cooperativa

14 Grau de confianccedila em pessoas com a mesma escolaridade 47 Participaccedilatildeo em entidade profissional

15 Grau de confianccedila em pessoas da igreja 48 Participaccedilatildeo em grupo poliacutetico

16 Grau de confianccedila na poliacutecia 49 participaccedilatildeo em Grupo religioso

17 Grau de confianccedila nas pessoas de outras associaccedilotildees 50 Participaccedilatildeo em Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental de defesa

ambiental18 Grau de confianccedila no governo estadual 51 Participaccedilatildeo em outros grupos

19 Grau de confianccedila no governo federal 52 Participaccedilatildeo em processos de mobilizaccedilatildeo na comunidade

20 Grau de confianccedila no poder judiciaacuterio 53 Participaccedilatildeo em protestos

21 Grau de confianccedila no poder legislativo 54 Participaccedilatildeo em sindicato

22 Grau de confianccedila nos comerciantes locais 55 Pessoas da comunidade como principal fonte de informaccedilotildees

23 Grau de confianccedila nos funcionaacuterios da DESO 56Pessoas da comunidade como principal fonte de informaccedilotildees

sobre o mercado

24 Grau de confianccedila nos funcionaacuterios municipais 57 Poliacutetica partidaacuteria como causa de diferenccedilas entre as pessoas

25 Grau de confianccedila nos membros do grupo 58 Posiccedilatildeo social como causa das diferenccedilas na comunidade

26 Grau de confianccedila nos professores 59 Raacutedio como principal fonte de informaccedilotildees sobre o mercado

27 Grau de confianccedila nos teacutecnicos da Chesf 60 Raacutedio como principal fornte de informaccedilatildeo

28 Grau de confianccedila nos teacutecnicos da Codevasf 61 Renda como causa das diferenccedilas na comunidade

29 Grau de confianccedila nos teacutecnicos do DNOCS 62 Sente-se seguro na localidade

30 Grau e confianccedila nos teacutecnicos da Sudene 63 Solidariedade com o proacuteximo

31Internet como principal fonte de informaccedilatildeo sobre accedilotildees do

governo64

TV como principal fonte de informaccedilatildeo sobre accedilotildees do

governo

32Internet como principal fonte de informaccedilotildees sobre o

mercado65 TV como principal fonte de informaccedilotildees sobre o mercado

33 Jornal como principal fonte de informaccedilotildees sobre o mercado 66 Violencia na localidade decorrente de diferenccedilas

67 Voto como exerciacutecio de democracia

VARIAacuteVEIS USADAS NO CAacuteLCULO DO ICSi

266

APEcircNDICE F- Estruturas de Governanccedila vinculadas ao Estado

Governanccedila EstadualAno de

criaccedilatildeoInstrumento de Criaccedilatildeo

Conselho Estadual de Sauacutede 1947 Decreto-Lei 1167 de 13 de marccedilo de 1947

Conselho Estadual de Educaccedilatildeo (CEE) 1963 Lei n 1190 de 05061963

Conselho Estadual de Turismo 1971 Lei n 1721 de 9 de dezembro de 1971

Conselho Estadual de Meio Ambiente (CEMA) 1978 Lei n 2181 de 12 de outubro de 1978

Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI) 1979 Decreto n4324 de 5 de abril de 1979

Conselho Estadual de Ciecircncia e Tecnologia

(CONCIT)1987 Decreto n13745 de 30 de junho de 1993

Conselho de Desenvolvimento Comercial (CDC) 1987 Decreto n 8414 de 5 de maio de 1987

Conselho Estadual de Direitos e Proteccedilatildeo do

Idoso1991 Lei n 3116 de 19121991

Conselho Estadual de Proteccedilatildeo e Defesa do

Consumidor (CODECON)1991 Lei n 3139 de23 de dezembro de 1991

Conselho Estadual da Agricultura 1991 Lei n 2984 de 23 de maio de 1991

Conselho Estadual dos Direitos da Crianccedila e do

Adolescente1991 Lei n 3062 de 11 de outubro de 1991

Conselho Estadual dos Transportes (CET) 1994 Lei 3481 de 13 de maio de 1994

Conselho Estadual de Assistecircncia Social 1995 Lei n 3686 de 26 de dezembro de 1995

Conselho Estadual de Cultura 1997 Lei n 1478 de 16 de agosto de 1997

Conselho Estadual de Recursos Hiacutedricos 1997 Lei n 3870 de 25 de fevereiro de 1997

Conselho Estadual dos Direito da Mulher 1998 Lei n 3972 de 25 de maio de 1998

Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural

Sustentaacutevel (CDRS)2000

Decreto n19439 de 2 de dezembro de

2000

Conselho Estadual dos Diretos da Pessoa

Portadora de Deficiecircncia2001 Lei n 4481 de 14 de dezembro de 2001

Conselho Estadual de Transito (CETRANSE) 2002 4543 de 12042002

Conselho Estadual de Seguranccedila Alimentar e

Nutricional (CONSEANSE)2003 Decreto n 21750 de 4 de abril de 2003

Conselho Estadual do Emprego e Renda

(CEERSE)2003 Lei n 4908 de 21082003

Conselho Estadual de Desenvolvimento

Econocircmico e Social do Estado de Sergipe

(CEDES)

2004 Lei n 5405 de 30 de julho de 2004

Conselho Estadual de Saneamento (CESAN) 2010 Lei n 6977 de 3 de novembro de 2010

Conselho Estadual de Desenvolvimento Urbano

(CEDURB)2011 Lei7297 07122011

Conselho Gestor do Fundo Estadual de Habitaccedilatildeo

de Interesse Social 2008 Lei nordm 6501 de 1 de dezembro de 2008

Conselho Gestor do Fundo de Defesa do Meio

Ambiente2004 Lei n 5360 de 4 de abril de 2004

Grupo Coordenador do Fundo Estadual de

Recursos Hiacutedricos (FUNERH)1997 Lei n 3870 de 25 de setembro de 1997

Comitecirc Estadual da Reserva da Biosfera da

Caatinga2006 Decreto n 24039 de 10 de outubro de 2006

Comitecirc Estadual da Reserva da Biosfera da Mata

Atlacircntica2000

Decreto n 18638 de 21 de fevereiro de

2000

Foacuterum Estadual de Turismo 2003 Decreto n 22006 de 14 de julho de 2003

Comitecirc da Bacia Hidrograacutefica do Rio Sergipe

(CBH Rio Sergipe)2002 Decreto n 20778 de 21 de junho de 2002

Comitecirc da Bacia Hidrograacutefica do Rio Japaratuba

(CBH Rio Japaratuba)2007 Decreto n 24650 de 30 de agosto de 2007

Comitecirc da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piaui (CBH

Rio Piaui)2005

Decreto n 23375 de 9 de setembro de

2005

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

267

APEcircNDICE G ndash Motivaccedilotildees para classificaccedilatildeo do municiacutepio em desenvolvidonatildeo

desenvolvido

Motivaccedilotildees para a Classificaccedilatildeo do Municiacutepio em DesenvolvidoNatildeo Desenvolvido

Natildeo tem emprego para ningueacutem

Educaccedilatildeo natildeo valorizada e drogas generalizadas

Falta banco meacutedicos e dentistas A populaccedilatildeo tem que se deslocar para Aracaju para buscar

esses profissionais

Praccedilas e ruas reurbanizadas

Atraccedilotildees turiacutesticas

Cidade proacutexima a capital Comeacutercio fraco educaccedilatildeo deficiente gestatildeo puacuteblica ineficiente

Pavimentaccedilatildeo iluminaccedilatildeo sistema de esgoto transporte puacuteblico

Consciecircncia poliacutetica cidadania

Nossos jovens estatildeo saindo para estudar A cidade eacute desenvolvida quando tem educaccedilatildeo que

atenda agrave populaccedilatildeo A universidade eacute fundamental

Ausencia de Infraestrutura

Comeacutercio melhorado

Preccedilos dos produtos altos para atraccedilatildeo turiacutestica derrubada de bares da prainha afugentando os

turistas

Tem infraestrutura poreacutem natildeo dispotildee de trabalho ou seja natildeo haacute investimento para geraccedilatildeo de

emprego Educaccedilatildeo - natildeo haacute invetimento para cursos profissionalizantes

A administraccedilatildeo puacuteblica natildeo tem sido atuante para modificar as condiccedilotildees locais

Crescendo bastante trabalho de conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo

A gestatildeo puacuteblica deveria ter

Faltam diversas estruturas e o fortalecimento da educaccedilatildeo

Natildeo eacute mais desenvolvido porque o povo natildeo demonstra interesse Natildeo se organiza para

desenvolver

Instituiccedilatildeo de ensino superior Educaccedilatildeo

Precisa mais faacutebrica mais emprego para se tornar desenvolvida

A cidade da pedra Faltam empregos para os jovens

Comeacutercio habitaccedilatildeo

Geraccedilatildeo de empregos

O municiacutepio tem condiccedilotildees de desenvolver poreacutem a gestatildeo municipal eacute acomodada

Universidade educaccedilatildeosauacutede

O municiacutepio natildeo tem infraestrutura (abastecimento e saneamento) 80 da zona rural e toda a

comunidade rural necessita de todos os serviccedilos

Falta faacutebricas O desenvolvimento eacute tudo para fora O comeacutercio eacute fraco

Precariedade dos serviccedilos

Populaccedilatildeo organizada favorece o desenvolvimento

Falta de empregos ou postos de trabalho

Crescimento eacute pouco Moradia embora deseordenada Falta emprego

Obras estatildeo sendo implantadas

Falta muita coisa Calccedilamento sinalizaccedilatildeo do tracircnsito

Organizaccedilatildeo da cidade com meacutedicos universidade e outros

Cidade pequena Tem comeacutercio e acesso agrave informaccedilatildeo

Existecircncia da Faacutebrica da Azaleacuteia e da Fibra Forte

Natildeo tem agecircncia bancaacuteria e acesso agrave informaccedilatildeo

Embora muito pequena eacute bem organizada Tem cooperativa ONGs organizadas

Com infraestrutura urbana

Duas universidades raacutedio comunitaacuteria

Jovens estatildeo saindo para procurar emprego

Falta muita coisa trabalho saneamento baacutesico

Projetos de faacutebricas geraccedilatildeo de emprego

O comeacutercio depende de Propriaacute e Aracaju

Page 2: CAPITAL SOCIAL, PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO …

GLEIDENEIDES TELES DOS SANTOS

CAPITAL SOCIAL PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

REGIONAL EM SERGIPE

Tese de Doutorado submetida agrave

aprovaccedilatildeo do Nuacutecleo de Poacutes-Graduaccedilatildeo

em Geografia da Universidade Federal

de Sergipe como parte dos requisitos

necessaacuterios para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de

Doutora em Geografia

Orientador Prof Dr Dean Lee Hansen

Satildeo Cristoacutevatildeo ndashSE

2015

FICHA CATALOGRAacuteFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Santos Gleideneides Teles dos S237c Capital social planejamento e desenvolvimento regional

em Sergipe Gleideneides Teles dos Santos orientador Dean Lee Hansen ndash Satildeo Cristoacutevatildeo 2015 267 f il

Tese (doutorado em Geografia) ndash Universidade Federal de Sergipe 2015

O

1 Geografia social 2 Capital social 3 Desenvolvimento regional 4 Planejamento 5 Sergipe (SE)

I Hansen Dean Lee orient II Tiacutetulo CDU 91133322462(8137)

v

AGRADECIMENTOS

A Deus pelos benefiacutecios que me concedeu e me concedes A meus pais (in memoriam)

Djalmira Teles e Manoel Saturnino pelos exemplos de vida e valores transmitidos a meus

irmatildeos e irmatildes especialmente Genicelma e Carlos pelo auxiacutelio na aplicaccedilatildeo dos

questionaacuterios e pelo apoio de sempre e a muitas outras pessoas como o Professor Dr Dean

Lee Hansen pela paciecircncia e sabedoria na orientaccedilatildeo da tese agraves Professoras Doutoras Vera

Franccedila e Maria Augusta Mundim Vargas pela valiosa colaboraccedilatildeo na qualificaccedilatildeo mas

sobretudo pelos exemplos de vida e profissionalismo ao Professor Doutor Marco Antocircnio

Jorge agrave Professora Doutora Josefa Lisboa Coordenadora do NPGEO pela presteza de

sempre a Everton Secretaacuterio do NPGEO ao Dr Seacutergio Ferrari por saber ser gestor

competente e flexiacutevel e a todos os delegados e delegadas do processo do planejamento

participativo Agradeccedilo tambeacutem a outras pessoas anocircnimas que na caminhada me ajudaram

me apoiaram ou me fizeram refletir sobre valores como solidariedade e confianccedila A todos

meus sinceros agradecimentos

vi

RESUMO

A presente tese analisa o capital social e seus efeitos sobre a poliacutetica de desenvolvimento em

Sergipe Especificamente a tese analisa os estoques a natureza espacial e o papel das

instituiccedilotildees puacuteblicas de desenvolvimento regional e de planejamento estadual na construccedilatildeo e

ou reduccedilatildeo desse ativo dos territoacuterios de planejamento de Sergipe Para tanto foi

desenvolvida uma estrutura teoacuterica baseada nos conceitos de regiatildeo regionalizaccedilatildeo territoacuterio

capital social governanccedila e desenvolvimento Em decorrecircncia de suas caracteriacutesticas

analiacuteticas foram destacados os conceitos de capital social e territoacuterio Foram definidos na

tese respectivamente como atributo da estrutura social acessiacutevel aos indiviacuteduos e grupos que

mantecircm laccedilos interpessoais alimentados por valores normas e crenccedilas capazes de mobilizar e

empoderar os indiviacuteduos as comunidades e as organizaccedilotildees com a finalidade de auferir

benefiacutecios muacutetuos e como uma categoria geograacutefica que legitima as accedilotildees dos agentes sociais

institucionalizando o capital social Por sua vez a pesquisa empiacuterica inclui a anaacutelise dos

procedimentos e mecanismos usados pelos oacutergatildeos de planejamento e de desenvolvimento

regional e estadual na construccedilatildeo das poliacuteticas e dos planos de desenvolvimento regional

propostos para o Nordeste brasileiro e para o estado de Sergipe agrave luz dos instrumentos de

planejamento dos conceitos propostos para capital social e governanccedila e das estruturas

organizacionais dedicadas ao desenvolvimento A pesquisa tambeacutem contou com a aplicaccedilatildeo

de noventa questionaacuterios e seis entrevistas entre atores sociais e gestores vinculados a

diferentes oacutergatildeos puacuteblicos instituiccedilotildees sociais e representantes da comunidade envolvidos no

planejamento territorial do Estado Apoacutes a anaacutelise dos dados coletados conclui-se que a

cultura poliacutetica institucional figura como um dos maiores obstaacuteculos para o fortalecimento do

capital social da participaccedilatildeo social da integraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas em Sergipe e por

conseguinte para seu desenvolvimento regional

Palavras-chave Capital Social PlanejamentoTerritoacuterio Desenvolvimento regional

vii

ABSTRACT

The present thesis analyzes social capital and its effects on the development policy in the

State of Sergipe Especially it analyzes the spatial nature of social capital and the role of

public institutions in state and regional development and the construction or not of this

intangible resource in Sergipersquos territories To accomplish this a theoretical framework was

developed based on concepts including region regionalization territory social capital

governance and development concepts Social capital and territory were concepts emphasized

and defined in this thesis respectively as an attribute of social structure accessible to

individuals as well as groups with inter personal connections enhanced by values norms and

beliefs able to promote individuals communities and organizations to a position of power

aimed at acquiring mutual benefits and as a geographical category that provides legitimate

actions for social agents and institutionalizes social capital The empirical research included

an analysis of procedures and mechanisms used by institutions of planning and regional and

state development in the construction of proposed policies and regional development plans for

the state of Sergipe A focus was placed on planning instruments that centered on social

capital governance and organizational structures dedicated to development Field research

was based on the application of 90 questionnaires and six interviews between managers and

social actors linked to different government agencies social institutions and communities

involved in territorial planning of the State After data analysis it was concluded that

institutional culture figures as a major obstacle for the strengthening of social capital social

participation and integration of public policies in Sergipe and therefore in its territorial

development

Keywords Social capital TerritoryPlanning Regional development

viii

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 1 ndash Sergipe Territoacuterios de planejamento 22

Figura 2 ndash Dimensotildees do territoacuterio 32

Figura 3 ndash Sistemas de governanccedila no Estado contemporacircneo 87

Figura 4 ndash Sergipe Regiotildees Plano -1976 107

Figura 5 ndash Sergipe Regiotildees de Planejamento - 1987 109

Figura 6 ndash Sergipe Regiotildees de Planejamento - 2004 112

Figura7 ndash Sergipe Regiotildees Educacionais 116

Figura 8 ndash Sergipe Regiotildees da Emdagro 117

Figura 9 ndash Sergipe Distritos Rodoviaacuterios 119

Figura 10 ndash Sergipe Microrregiotildees de saneamento baacutesico 120

Figura 11 ndash Sergipe Regiotildees de Sauacutede 122

Figura 12ndash Sergipe Consoacutercios de saneamento 124

Figura 13 ndash Sergipe Regiotildees de turismo 125

Figura 14 ndash SergipeRegiatildeo de atuaccedilatildeo do Projeto Dom Taacutevora 128

Figura 15ndash

Comparaccedilatildeo entre as metas previstas no Plano Plurianual 2012-

2015 e executadas ateacute setembro 2014 do Programa Sergipe

Cidades

151

Figura 16 ndash Nuacutemero total de participantes nas conferecircncias municipais -

2007 e 2009 160

Figura 17 ndash Percentual de participaccedilatildeo por territoacuterio de organizaccedilotildees da

sociedade nas conferecircncias municipais - 2007 - 2009 164

Figura 18 ndash Percentual de participaccedilatildeo por territoacuterio de representantes do

poder puacuteblico nas conferecircncias municipais - 2007 - 2009 165

Figura 19 ndash Percentual de participaccedilatildeo por territoacuterio de outros ou sem

filiaccedilatildeo nas conferecircncias municipais - 2007- 2009 165

Figura 20 ndash Nuacutemero total de participantes nas conferecircncias territoriais -

2007-2011 169

Figura 21 ndash Nuacutemero de participantes por territoacuterio de planejamento 2007 -

2011 171

Figura 22 ndash Faixa etaacuteria dos participantes da sondagem realizada em 2010 173

Figura 23 ndash Estado civil dos participantes da sondagem realizada em 2010 174

Figura 24 ndash Escolaridade dos participantes da sondagem realizada em 2010 175

Figura 25 ndash Escolaridade dos participantes da pesquisa realizada em 2013 178

Figura 26 ndash Faixa etaacuteria dos participantes da pesquisa realizada em 2013 179

Figura 27 ndash Nuacutemero de delegados afiliados a organizaccedilotildees sociais 180

Figura 28 ndash Correlaccedilatildeo entre escolaridade e afiliaccedilatildeo a organizaccedilotildees sociais 183

Figura 29 ndash Meacutedias dos percentuais de confianccedila dos delegados e delegadas

nas instituiccedilotildees puacuteblicas

185

e186

Figura 30 ndash Percentual de respondentes que lecirc jornal e ou revistas todos os

dias 191

Figura 31 ndash Percentual de respondentes que disse estar capacitado para

promover mudanccedilas locais 199

Figura 32 ndash Grau de honestidade de servidores instituiccedilotildees puacuteblicas e

entidades da sociedade civil e religiosa () 202

Figura 33ndash Sergipe ndash Iacutendice de capital social 206

Figura 34 ndash Sergipe Periacuteodo de criaccedilatildeo das estruturas de governanccedila das

poliacuteticas setoriais - 2014 211

x

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 ndash Inventaacuterio de acepccedilotildees de territoacuterio 36

Quadro 2 ndash Principais caracteriacutesticas das abordagens de

regionalizaccedilatildeo 38

Quadro 3 ndash Escalas do planejamento governamental brasileiro 51

Quadro 4 ndash Conceituaccedilotildees de capital social e linhas teoacutericas das

abordagens 76

Quadro 5 ndash Autores e propostas conceituais de governanccedila e

governabilidade 85

Quadro 6 ndash Sergipe Estruturas de planejamento que antecederam ao

Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe 129

Quadro 7 ndash Sergipe Evoluccedilatildeo histoacuterica das instituiccedilotildees de

planejamento 136

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Brasil e Grandes Regiotildees Indicadores sociais - 2014 94

Tabela 2 ndash Sergipe Regiotildees institucionalizadas 121

Tabela 3 ndash Sergipe Participaccedilatildeo das diferentes entidades nas Conferecircncias do

Planejamento Participativo em 2007 e 2009 161

Tabela 4 ndash Pontos de insatisfaccedilatildeo dos delegados e das delegadas em relaccedilatildeo

ao processo do planejamento participativo ndash 2008 170

Tabela 5ndash Percentual de delegados que participaram da sondagen em 2010 172

Tabela 6 ndash Nuacutemero de questionaacuterios aplicados por territoacuterio 177

Tabela 7 ndash Principais fontes de informaccedilatildeo sobre as accedilotildees do governo () 189

Tabela 8 ndash Principais fontes de informaccedilatildeo sobre mercado () 192

Tabela 9 ndash Principais fontes da exclusatildeo social () 192

Tabela 10 ndash Engajamento em accedilotildees poliacuteticas () 201

Tabela 11 ndash ICSi dos territoacuterios de planejamento de Sergipe 205

xii

LISTA DE SIGLAS

MPA Movimento dos Pequenos Agricultores

MNLM Movimento Nacional de Luta por Moradia

PAC Poliacutetica Agriacutecola Comum

PLANASA Plano Nacional de Saneamento

PNDR Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional

PNUD Programa das Naccedilotildees Unidas

PIB Produto Interno Bruto

PPA Plano Plurianual

PRONAT Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Territoacuterios

Rurais

PT Partido dos Trabalhadores

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas

SEDETEC Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econocircmico e Tecnoloacutegico

ADEMA Administraccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente

ASPLAN Assessoria de Planejamento

CDE Comissatildeo de Desenvolvimento Econocircmico do Estado de Sergipe

CEE Comunidade Econocircmica Europeia

CEPAL Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina

CHESF Companhia Hidro Eleacutetrica do Satildeo Francisco

CODEVASF Companhia de Desenvolvimento dos Vales do Satildeo Francisco

Parnaiacuteba Itapecuru e Mearim

CONDEL Conselho Deliberativo

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CONDESE Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe

CVSF Comissatildeo do Vale do Satildeo Francisco

DESO Companhia de Saneamento de Sergipe

DNOCS Departamento Nacional de Obras contra as Secas

ELETROBRAacuteS Centrais Eleacutetricas Brasileiras SA

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo

FAPISE Federaccedilatildeo dos Apicultores do Estado de Sergipe

FUNDEPLAN Fundaccedilatildeo Estadual de Planejamento Pesquisa e Estatiacutestica

GTDN Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICM Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IESAP Instituto de Estudos Econocircmicos e Sociais Aplicados

ICODERUS Instituto de Cooperaccedilatildeo para o Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel

IFOCS Inspetoria Federal de Obras contra as Secas

IICA Instituto de Cooperaccedilatildeo para a Agricultura

INEP Instituto de Economia e Pesquisa

IOCS Inspetoria de Obras Contra as Secas

IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LDO Lei de Diretrizes Orccedilamentaacuterias

MDA Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente

MST Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra

xiii

SDT Secretaria de Desenvolvimento Territorial

SENAC Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Comercial

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAR Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural

SEP Sistema Estadual de Planejamento

SICONV Sistema de Convecircnios

SEPLAN Secretaria de Estado do Planejamento

SEPLANTEC Secretaria de Estado do Planejamento Ciecircncia e Tecnologia

SUVALE Superintendecircncia do Vale do Satildeo Francisco

TVA Tennessee Valley Authority

UFS Universidade Federal de Sergipe

UNIT Universidade Tiradentes

UNMP Uniatildeo Nacional por Moradia Popular

xiv

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REGIAtildeO TERRITOacuteRIO E REGIONALIZACcedilAtildeO 25

21 Concepccedilotildees de regiatildeo 27 22 Territoacuterio territorializaccedilatildeo e territorialidade 31 23 Regionalizaccedilatildeo do conceito de regiatildeo ao enfoque do desenvolvimento 37

3 PLANEJAMENTO COMO FERRAMENTA DE INTERVENCcedilAtildeO DO ESTADO 42

31 O Planejamento do e para o desenvolvimento 44 32 Desenvolvimento entre as percepccedilotildees e os discursos 53 33 Desenvolvimento local e o desenvolvimento territorial processos em construccedilatildeo 57

4 CAPITAL SOCIAL E GOVERNANCcedilA 68

41 Conceituaccedilatildeo de Capital Social 70 411 Capital social e seus efeitos sobre as poliacuteticas de desenvolvimento 77

42 Governanccedila e Governabilidade 80 421 Conceitos de Governanccedila 81 422 Estruturaccedilatildeo de Sistema de governanccedila 86

5 PLANEJAMENTO EM SERGIPE 89

51 Relevacircncia das instituiccedilotildees puacuteblicas de desenvolvimento regional na construccedilatildeo ou destruiccedilatildeo

de capital social em Sergipe 91 511 A Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste a essecircncia do planejamento regional

brasileiro 91 512 Companhia HidroEleacutetrica do Satildeo Francisco da geraccedilatildeo da energia ao fortalecimento do

capital social dos atingidos por barragens 96 52 Planejamento em Sergipe entre as liccedilotildees e os desafios 102

521 Trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo em Sergipe 103 522 Planejamento do desenvolvimento em Sergipe entre o mito Condese e o fracasso do

planejamento regional 129 523 Planejamento orccedilamentaacuterio e a reduccedilatildeo da funccedilatildeo planejamento 136 524 Planejamento participativo entre as novas ideias e as antigas praacuteticas 141

6 AVALIACcedilAtildeO DO ESTOQUE DE CAPITAL SOCIAL NOS E DOS

TERRITOacuteRIOS DE PLANEJAMENTO DE SERGIPE 152

61 Participaccedilatildeo social como dimensatildeo do capital social ferramenta do planejamento e estrateacutegia

para o desenvolvimento territorial 154 62 Mobilizaccedilatildeo e participaccedilatildeo social em instituiccedilotildees participativas municipais (conferecircncias

municipais do Planejamento Participativo) 157 63 A participaccedilatildeo social em instituiccedilotildees participativas territoriais (conferecircncias territoriais) 166 64 Aplicaccedilatildeo da proposta metodoloacutegica do Banco Mundial para medir o capital social 176

641 Dimensotildees do capital social segundo o Banco Mundial 179 642 Mensurando o estoque de capital social nos territoacuterios de planejamento em Sergipe 203

65 Governanccedila das institucionalidades agrave democratizaccedilatildeo e efetividade das poliacuteticas puacuteblicas 208 CONCLUSOtildeES 216

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 226

APEcircNDICES

A ndash Questionaacuterio Integrado pera Medir Capital Social

B ndash Roteiro de Entrevista

C ndash Indicadores sociais dos Territoacuterios de planejamento

D ndash Resultados ponderados do grau de honestidade

E ndash Variaacuteveis usadas no caacutelculo do Iacutendice de Capital Social (ICSi)

F ndash Estruturas de Governanccedila vinculadas ao Estado

G ndash Motivaccedilotildees para classificaccedilatildeo do municiacutepio em desenvolvidonatildeo desenvolvido

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

Capital social eacute uma categoria analiacutetica emergida em meio agraves crises do papel do

Estado ideoloacutegica da recomposiccedilatildeo das escalas e ainda no contexto da discussatildeo da

mundializaccedilatildeo do capital do fortalecimento da democracia e da sociedade participativa e em

rede O capital social desde a deacutecada de 1980 tem suscitado o interesse de pesquisadores

agecircncias financiadoras e promotoras do desenvolvimento que perceberam a correlaccedilatildeo

positiva entre a existecircncia de estoque de capital social e a democratizaccedilatildeo o desenvolvimento

regional e o bom desempenho institucional Para Fukuyama (1999) o capital social eacute

importante para o funcionamento eficaz das economias modernas e eacute a condiccedilatildeo sine qua non

da democracia liberal estaacutevel A popularizaccedilatildeo dos efeitos positivos do capital social eacute

atribuiacuteda a Putnam (2006) cujos estudos tecircm estimulado a produccedilatildeo de extensa literatura e

ainda o desenvolvimento de pesquisas sobre capital social em diferentes paiacuteses

Conceitualmente as principais referecircncias de capital social satildeo Pierre Bourdieu e James

Coleman

Por capital social entende-se um agregado de recursos acessiacuteveis aos indiviacuteduos e

grupos que possuem valores (solidariedade amizade lealdade e outros) normas de boa

convivecircncia e crenccedilas que desenvolvem nos indiviacuteduos e nos grupos a confianccedila no proacuteximo

e nas instituiccedilotildees (formais e informais) a honestidade no trato com o outro e com os bens

puacuteblicos e a susceptibilidade agrave mobilizaccedilatildeo agrave participaccedilatildeo e agrave cooperaccedilatildeo O capital social eacute

um produto do trabalho social e um bem puacuteblico (BOURDIEU 1980 COLEMAN 1988

PUTNAM 2006)

A associaccedilatildeo do capital social agrave heranccedila cultural tem inquietado pesquisadores que

estudam o papel do Estado na evoluccedilatildeo das sociedades Nessa linha de abordagem de capital

social destacam-se Peter Evans e Jonathan Fox Nos argumentos de Evans (1998) o Estado e

as estruturas sociais satildeo mutuamente determinantes e portanto um Estado coerente e coeso eacute

muito mais suscetiacutevel a uma sociedade auto-organizada Na mesma linha de abordagem Fox

(1996) argumenta que sociedades dominadas por poderes puacuteblicos clientelistas autoritaacuterios e

coercitivos satildeo esvaziadas de capital social Sendo assim o Estado (as instituiccedilotildees poliacuteticas)

tanto pode fomentar o capital social quanto pode esgotaacute-lo

17

Diante dessas duas linhas de abordagens do capital social (culturalismo e neo-

institucionalismo) e diante dos discursos positivos a respeito dos efeitos do capital social o

conhecimento de seu estoque se revela como um elemento fundamental para poliacuteticas de

desenvolvimento Aliado ao papel do capital social no desenvolvimento sua importacircncia

tambeacutem se inscreve no controle e na gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas As dimensotildees da

participaccedilatildeo em associaccedilotildees do empoderamento e accedilatildeo poliacutetica e a confianccedila dos indiviacuteduos

nas instituiccedilotildees satildeo os indicadores mais relevantes para a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas

(GROOTAERTC et al 2003 p15) A dimensatildeo do empoderamento e da accedilatildeo poliacutetica foi

vista por esses pesquisadores como um indicador de produccedilatildeo de capital social Portanto

eventos que fomentem o desenvolvimento da capacidade e habilidade dos indiviacuteduos para a

participaccedilatildeo social e o empoderamento se inscrevem como uma potencialidade para a

construccedilatildeo do capital social A instituiccedilatildeo de espaccedilos participativos no Brasil e

particularmente em Sergipe apoacutes a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 foi vista

como uma potencialidade para a produccedilatildeo ou o fortalecimento do capital social Desse modo

a avaliaccedilatildeo do capital social seus efeitos sobre as poliacuteticas de desenvolvimento e a instituiccedilatildeo

de espaccedilos participativos como caminho para o fortalecimento do capital social foram accedilotildees

que instigaram a pesquisa da tese

No conjunto de questotildees que serviu de base para o aprofundamento da tese tem-se a

cultura poliacutetica da populaccedilatildeo e das instituiccedilotildees puacuteblicas com atuaccedilatildeo em Sergipe marcadas

pelo clientelismo e patrimonialismo eacute favoraacutevel agrave construccedilatildeo de capital social O conjunto

das instituiccedilotildees poliacuteticas e sociais dos territoacuterios permite a sustentabilidade de uma poliacutetica de

desenvolvimento O modelo de planejamento e execuccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento

em base territorial eacute de fato uma proposta nova ou uma nova roupagem para as velhas

praacuteticas e meacutetodos regionais Qual eacute a ldquonaturezardquo espacial do capital social nos territoacuterios de

planejamento de Sergipe As instituiccedilotildees poliacuteticas e as instituiccedilotildees participativas ou as

estruturas de governanccedila podem fortalecer e ou construir capital social

A principal hipoacutetese dessa pesquisa foi que o planejamento eacute a ferramenta estrutural

do e para o desenvolvimento o capital social eacute o elemento de sustentabilidade deste e a

governanccedila eacute a estrateacutegia e pilar para a efetividade dos planos e poliacuteticas de desenvolvimento

A pesquisa tratou de capital social planejamento puacuteblico e desenvolvimento regional

Este estudo avalia a ldquonaturezardquo espacial e o estoque de capital social nos territoacuterios de

planejamento de Sergipe e o papel das instituiccedilotildees puacuteblicas tanto de desenvolvimento

18

regional quanto de planejamento estadual na construccedilatildeo e ou destruiccedilatildeo do capital social e

portanto de territoacuterios

Influenciado pela pesquisa de Putnam e pelas propostas de desenvolvimento territorial

em construccedilatildeo pelos governos federal e estadual e sobretudo pelos argumentos operacionais

do processo de desenvolvimento de autores como Furtado (1988) Sachs (2000) e Sen (2010)

e de capital social de autores estruturalistas como Bourdieu (1980) Coleman (1988) Durston

(1999) Portes (1998) Woolcook e Narayan (2000) culturalistas como Putman (2006) e neo-

institucionalistas como Evans (1998) e Fox (1996) procura-se avaliar o papel do Estado na

formaccedilatildeo do capital social regionalterritorial e inventariar o estoque de capital social dos

territoacuterios de planejamento como possibilidades e desafios para dar efetividade agraves propostas

de poliacutetica de desenvolvimento e agraves poliacuteticas puacuteblicas em Sergipe

O ponto de partida da pesquisa foi o processo do planejamento do desenvolvimento

territorial participativo (PDTP) instituiacutedo pelo Governo do Estado e as conferecircncias criadas

como espaccedilo de diaacutelogo entre Estado sociedade e mercado A participaccedilatildeo social nas

conferecircncias foi tomada como uma referecircncia para o empoderamento e a formaccedilatildeo de uma

consciecircncia cidadatilde uma vez que a participaccedilatildeo exige dos indiviacuteduos capacidade e habilidade

de negociaccedilatildeo e priorizaccedilatildeo das accedilotildees que assegurem o desenvolvimento regional A

capacidade de participaccedilatildeo vincula-se agrave cultura poliacutetica e ao niacutevel do estoque do capital social

existente

O planejamento do desenvolvimento visto como um processo de construccedilatildeo preditiva

de meacutedio e longo prazo exige metodologia que vai aleacutem do levantamento das demandas de

interesse dos cidadatildeos e da participaccedilatildeo dos tecnocratas Entretanto o planejamento do

desenvolvimento perde ritmo e rota em processos cujas decisotildees satildeo exclusivamente poliacuteticas

O planejamento como processo teacutecnico-poliacutetico se sustenta em regiotildees e lugares com alto

estoque de capital social e onde as diferenccedilas entre os participantes natildeo permitam a anulaccedilatildeo

ou manipulaccedilatildeo da maioria pelo detentor do poder ou como diz Castro (2004 p 150) onde

haja a organizaccedilatildeo da convivecircncia entre os diferentes

O Estado contemporacircneo detentor da prerrogativa dessa organizaccedilatildeo tambeacutem eacute o

principal agente indutor dos processos de desenvolvimento em toda a histoacuteria do

planejamento brasileiro e consequentemente sergipano O planejamento puacuteblico brasileiro

percorreu diferentes escalas em diferentes momentos de sua histoacuteria poliacutetica O resgate desse

processo aleacutem de subsidiar a anaacutelise do estudo em tela permite o alinhamento metodoloacutegico

com o planejamento participativo

19

As discussotildees sobre o planejamento do desenvolvimento atual destacam o capital

social e a governanccedila como elementos que apontaram para uma correlaccedilatildeo positiva entre estes

e o desenvolvimento regional o desempenho governamental e o fortalecimento da

democracia

A construccedilatildeo teoacuterica deste estudo discute os conceitos de regiatildeo territoacuterio

territorializaccedilatildeo regionalizaccedilatildeo capital social governanccedila e desenvolvimento tendo como

principais categorias de anaacutelise o capital social e o territoacuterio e como base empiacuterica da

pesquisa os territoacuterios de planejamento de Sergipe

A metodologia adotada eacute um estudo de caso cujo desenvolvimento contemplou

pesquisa documental e de campo Os meacutetodos da pesquisa quantitativa e qualitativa

desenvolveram-se com a aplicaccedilatildeo de survey adaptado do modelo do Questionaacuterio Integrado

para medir Capital Social ndash QI-MCS proposto pelo Banco Mundial (2003) e entrevistas

estruturadas (Apecircndice B) As amostras foram intencionais (natildeo probabiliacutesticas) e envolveram

os participantes do processo do planejamento participativo para coleta de dados e

informaccedilotildees sobre o capital social e as entrevistas envolveram ex-secretaacuterios de planejamento

e ex-diretores e teacutecnico de oacutergatildeo de planejamento para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o

planejamento e as propostas de poliacuteticas de desenvolvimento O nuacutemero de questionaacuterios

aplicados por territoacuterio de planejamento e o melhor detalhamento da metodologia

encontram-se no capiacutetulo 6

O questionaacuterio incluiu 139 perguntas distribuiacutedas em seis blocos O primeiro

apresentou perguntas para a identificaccedilatildeo do territoacuterio e descriccedilatildeo do perfil dos participantes

da pesquisa O segundo propotildee perguntas para a caracterizaccedilatildeo da participaccedilatildeo dos indiviacuteduos

em grupos e redes e informaccedilotildees sobre os grupos O bloco envolveu questotildees a respeito do

acesso ao grupo o tempo meacutedio no grupo se haacute contribuiccedilatildeo para a participaccedilatildeo frequecircncia

das reuniotildees origem dos membros dos grupos formas das deliberaccedilotildees seleccedilatildeo dos liacutederes e

outras O terceiro bloco coletou informaccedilotildees sobre a confianccedila em diferentes categorias e a

identificaccedilatildeo de praacuteticas solidaacuterias O quarto bloco envolveu perguntas sobre o acesso agrave

informaccedilatildeo e aos meios de comunicaccedilatildeo O quinto bloco tratou de levantar informaccedilotildees que

retratassem a coesatildeo e a inclusatildeo social dos grupos e o sexto e uacuteltimo focalizou o

empoderamento e accedilatildeo poliacutetica Neste bloco aleacutem das questotildees que revelassem a accedilatildeo

poliacutetica dos indiviacuteduos inseriram-se questotildees para a coleta de informaccedilotildees a respeito da

percepccedilatildeo dos indiviacuteduos sobre o desenvolvimento (Apecircndice A)

20

O capital social foi medido pelo conjunto de indicadores sociais que agrupa desde

dados a respeito da participaccedilatildeo em grupos ateacute a integraccedilatildeo social a confianccedila a

solidariedade entre os indiviacuteduos o empoderamento e a accedilatildeo coletiva coletados por meio de

aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com os participantes do processo do planejamento participativo

A anaacutelise da capacidade de construccedilatildeo ou fortalecimento do capital social pelas

instituiccedilotildees poliacuteticas foi avaliada utilizando-se de documentos teacutecnicos e de estudos

produzidos tanto pela academia quanto pelos teacutecnicos das instituiccedilotildees pesquisadas a respeito

do planejamento governamental como tambeacutem pelas entrevistas formuladas com os ex-

secretaacuterios de planejamento e gestores dos oacutergatildeos de planejamento regional

As unidades espaciais do estudo foram os oito territoacuterios de planejamento (Figura 1)

assim estruturados

i Territoacuterio Alto Sertatildeo Sergipano ndash localizado no Noroeste de Sergipe eacute

formado por sete municiacutepios (Canindeacute do Satildeo Francisco Gararu Monte

Alegre de Sergipe Nossa Senhora da Gloacuteria Nossa Senhora de Lourdes Poccedilo

Redondo e Porto da Folha)

ii Territoacuterio Agreste Central ndash inserido no Centro-Noroeste do Estado agrega

quatorze municiacutepios (Areia Branca Campo do Brito Carira Frei Paulo

Itabaiana Macambira Malhador Moita Bonita Nossa Senhora Aparecida

Pedra Mole Pinhatildeo Ribeiroacutepolis Satildeo Domingos e Satildeo Miguel do Aleixo)

iii Territoacuterio Baixo Satildeo Francisco Sergipano ndash localizado no Nordeste de Sergipe

eacute formado por quatorze municiacutepios (Amparo do Satildeo Francisco Brejo Grande

Canhoba Cedro de Satildeo Joatildeo Ilha das Flores Japoatatilde Malhada dos Bois

Muribeca Neoacutepolis Pacatuba Propriaacute Santana do Satildeo Francisco Satildeo

Francisco e Telha)

iv Territoacuterio Centro-Sul Sergipano ndash formado por cinco municiacutepios (Lagarto

poccedilo Verde Riachatildeo do Dantas Simatildeo Dias e Tobias Barreto)

v Territoacuterio Grande Aracaju ndash inserido no Centro-Leste de Sergipe eacute formado

por nove municiacutepios (Aracaju Barra dos Coqueiros Itaporanga DrsquoAjuda

Laranjeiras Maruim Nossa Senhora do Socorro Riachuelo Satildeo Cristoacutevatildeo e

Santo Amaro das Brotas)

vi Territoacuterio Leste Sergipano ndash localizado no Leste de Sergipe eacute formado por

nove municiacutepios (Capela Carmoacutepolis Divina Pastora General Maynard

Japaratuba Pirambu Rosaacuterio do Catete Santa Rosa de Lima e Siriri)

21

vii Territoacuterio Meacutedio Sertatildeo Sergipano ndash inserido no Meio-Norte de Sergipe agrupa

seis municiacutepios (Aquidabatilde Cumbe Feira Nova Graccho Cardoso Itabi e

Nossa Senhora das Dores)

viii Territoacuterio Sul Sergipano ndash inserido no Sul do estado eacute formado por onze

municiacutepios (Arauaacute Boquim Cristinaacutepolis Estacircncia Indiaroba Itabaianinha

Pedrinhas Salgado santa Luzia do Itanhi Tomar do Geru e Umbauacuteba)1

1 Os principais indicadores sociais de cada territoacuterio encontram-se no Apecircndice C

22

Figura 1 Sergipe ndash Territoacuterios de Planejamento

Fonte SEPLAN2008

23

Para avaliar a natureza espacial o estoque nos territoacuterios de planejamento e o papel

das instituiccedilotildees na construccedilatildeo eou destruiccedilatildeo do capital social o trabalho foi estruturado em

seis capiacutetulos O segundo capiacutetulo intitulado Regiatildeo Terrritoacuterio e Regionalizaccedilatildeo reflete

sobre a construccedilatildeo de regiotildees e territoacuterios buscando explicar as construccedilotildees destas categorias

e suas vinculaccedilotildees com as accedilotildees do Estado contemporacircneo portanto como categorias que

orientam o planejamento e a gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

O terceiro capiacutetulo intitulado Planejamento como ferramenta de intervenccedilatildeo do

Estado discute acerca das contribuiccedilotildees teoacutericas das linhas de abordagens e dos modelos dos

processos de planejamento e de desenvolvimento e sobretudo dos processos de planejamento

do e para o desenvolvimento que se evidenciam como percepccedilotildees de uma complexa

combinaccedilatildeo de variaacuteveis econocircmicas sociais poliacuteticas ambientais e culturais e se estruturam

em diferentes fatores de produccedilatildeo sistemas poliacuteticos estruturas sociais relaccedilotildees de poder e

escalas Aleacutem disso destaca o desenvolvimento local e o territorial como estrateacutegias

fenocircmenos processo de transformaccedilatildeo e alternativa ao desenvolvimento centralizador e

comandado pelo Estado sustentada pela valorizaccedilatildeo de potenciais do meio pela participaccedilatildeo

de todos os agentes e pela inclusatildeo social

O quarto capiacutetulo Capital social e governanccedila coloca em evidecircncia ativos

intangiacuteveis como ferramentas preponderantes para o desenvolvimento Embora se reconheccedila

que natildeo haacute teoria sobre capital social as vaacuterias concepccedilotildees e linhas de abordagem tecircm

permitido o desenvolvimento de estudos e ampliado as discussotildees sobre essa temaacutetica Tais

discussotildees notadamente tecircm se voltado para os efeitos do capital social nos processos

participativos e de controle de poliacuteticas puacuteblicas portanto nos espaccedilos democraacuteticos e nas

poliacuteticas de desenvolvimento A governanccedila como sistema essencial para a democracia

participativa eacute sustentada por uma sociedade revestida de consciecircncia poliacutetica ndash de cidadania

portanto com alto estoque de capital social

O capiacutetulo cinco intitulado Planejamento em Sergipe percorre os caminhos do

planejamento de poliacuteticas puacuteblicas e do desenvolvimento no Estado Para tanto o ponto de

partida foi a anaacutelise das praacuteticas institucionais em busca de argumentos e fragmentos de

estruturas organizacionais e de movimento poliacutetico que tenha contribuiacutedo e ou que possa

contribuir para a formaccedilatildeo do capital social regional e local e consequentemente o

desenvolvimento regional territorial estadual e municipal As praacuteticas institucionais e as

relaccedilotildees estabelecidas entre o Estado e a sociedade no planejamento foram elementos

estruturadores da avaliaccedilatildeo Avalia-se ainda a experiecircncia da Chesf na construccedilatildeo de capital

24

social dos atingidos por barragens Revisita-se ainda a histoacuteria do planejamento puacuteblico em

Sergipe abordando a trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo e os modelos e fases dos processos

O capiacutetulo seis Avaliaccedilatildeo do estoque de capital social nos e dos territoacuterios de

planejamento de Sergipe se constitui nos resultados da pesquisa de campo Avalia-se o

estoque de capital social nos e dos territoacuterios de planejamento tomando-se por base o

Questionaacuterio Integrado para medir Capital Social ndash QI-MCS a participaccedilatildeo social dos

indiviacuteduos nas instituiccedilotildees participativas (conferecircncias municipais territoriais e estaduais e

conselhos de poliacuteticas puacuteblicas)

Utilizando-se de recursos estatiacutesticos calcula-se o Iacutendice de Capital Social dos e nos

territoacuterios de planejamento sergipanos A confirmaccedilatildeo do niacutevel de estoque de capital social

nos territoacuterios eacute requerida tanto como estrateacutegia para a compreensatildeo da manutenccedilatildeo dos

baixos indicadores sociais nos territoacuterios quanto para a proposiccedilatildeo de accedilotildees voltadas para o

fortalecimento do capital social como elemento fundamental ao desenvolvimento Estuda-se

nessa pesquisa o capital social dos territoacuterios com base nas dimensotildees do capital social

propostas pelo Banco Mundial como a participaccedilatildeo em grupos e redes a confianccedila e a

solidariedade a informaccedilatildeo e a comunicaccedilatildeo a coesatildeo e a inclusatildeo social e o empoderamento

e a accedilatildeo poliacutetica

A anaacutelise das estruturas de governanccedila (conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas) se

reveste do esforccedilo para se explicar analiticamente a efetividade das estruturas de governanccedila

na formaccedilatildeo do capital social e na gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem como na democratizaccedilatildeo

em Sergipe

Por uacuteltimo a conclusatildeo sintetiza os achados das pesquisas (teoacuterica documental e de

campo) e propotildee o aprofundamento da pesquisa sobre capital social a ampliaccedilatildeo do debate

sobre o capital social pelos geoacutegrafos e a melhoria para propostas de planejamento

participativo em escala estadual

25

2 REGIAtildeO TERRITOacuteRIO E REGIONALIZACcedilAtildeO

Eacute o uso do territoacuterio e natildeo o territoacuterio em si

mesmo que faz dele o objeto da anaacutelise social

(SANTOS 2006 p15)

26

2 REGIAtildeO TERRITOacuteTIO E REGIONALIZACcedilAtildeO

O uso do termo territoacuterio e os processos da territorializaccedilatildeo ganharam destaques

respectivamente como unidade de planejamento e como processo do e para o

desenvolvimento tanto nas escalas federal quanto estadual e municipal principalmente na

deacutecada de 2000 O interesse de anaacutelise desses processos por diferentes aacutereas de estudo

fundamenta-se na proposta da participaccedilatildeo social no planejamento governamental e na

elaboraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

No contexto da accedilatildeo poliacutetica regiatildeo e territoacuterio permitem concepccedilotildees diferenciadas

daquelas construiacutedas pela academia Assim este capiacutetulo resgata as principais concepccedilotildees de

regiatildeo e territoacuterio e de seus processos formadores buscando o alinhamento entre as

concepccedilotildees acadecircmicas e as praacuteticas governamentais

Inicialmente duas questotildees devem ser esclarecidas Primeiro a expressatildeo territoacuterio

como espaccedilo definido e delimitado por e a partir de relaccedilotildees de poder como categoria de

anaacutelise social e natural base para o planejamento e sua derivada territorialidade satildeo muito

antigas Como bem escreveu Santos (2006 p15) o ldquoretorno do territoacuteriordquo deve ser entendido

como uma metaacutefora para facilitar a definiccedilatildeo desse espaccedilo habitado agrave luz das novas

possibilidades tecnoloacutegicas informacionais e sineacutergicas contexto no qual se pretende

desenvolver este trabalho Segundo o uso do territoacuterio proposto natildeo concorre com outras

unidades de planejamento tradicionais como regiatildeo conforme previa Andrade (2006 p 213)

nem substitui o conceito de regiatildeo como assegurou Haesbaert (2002 p 2) Entretanto esse

autor reconhece que ldquoao longo da histoacuteria do pensamento geograacutefico facilmente

identificamos fases de um rico processo de construccedilatildeo destruiccedilatildeo e reconstruccedilatildeo do conceito

de regiatildeordquo De fato as experiecircncias do planejamento confirmam esse ldquodeslizamento de

escalardquo como propotildee Benko (2001 p7) Para esse autor os sistemas econocircmico social e

poliacutetico evoluem e os processos evolutivos alteram as escalas de atuaccedilatildeo exigem diferentes

arranjos para sua operacionalizaccedilatildeo e recompotildeem a regiatildeo Na tese de Markusen (2005 p69)

natildeo haacute evidecircncia convincente de que as regiotildees estejam ressurgindo uma vez que natildeo haacute

relato ou comprovaccedilatildeo de que algum processo de aglomeraccedilatildeo diferenciada no territoacuterio

tivesse sido paralisado e esteja ressurgindo A rejeiccedilatildeo da autora a essa caracterizaccedilatildeo se

fundamenta em fases nas quais as particularidades e autoconsciecircncia regional satildeo mais

evidentes

27

Com base nesses esclarecimentos pretende-se fornecer elementos para a compreensatildeo

da construccedilatildeo do termo regiatildeo e contextualizar o ldquouso do territoacuteriordquo pela anaacutelise dos

elementos que requisitaram o ldquoretorno da expressatildeo territoacuteriordquo no planejamento puacuteblico e as

articulaccedilotildees existentes entre territoacuterio e regiatildeo

Este capiacutetulo eacute composto por trecircs subcapiacutetulos O primeiro fornece uma compreensatildeo

da construccedilatildeo e produccedilatildeo da regiatildeo ao longo do tempo nos diferentes espaccedilos e por

diferentes aacutereas de estudo O segundo eacute um inventaacuterio das acepccedilotildees de territoacuterio e de seus

processos formuladores Por uacuteltimo analisam-se os objetivos dos processos de

regionalizaccedilatildeo buscando identificar seus agentes e o alinhamento com os processos do

planejamento do desenvolvimento regional

21 Concepccedilotildees de regiatildeo

A anaacutelise conceitual de regiatildeo nas correntes do pensamento geograacutefico2 fornece uma

compreensatildeo da construccedilatildeo ou produccedilatildeo dessa categoria ao longo do tempo nos diferentes

espaccedilos e por diferentes aacutereas de estudo Tomada como referencial tanto para a

contextualizaccedilatildeo de planos de desenvolvimento e das regionalizaccedilotildees propostas pela

Administraccedilatildeo Puacuteblica (federal e estadual) quanto pela academia para a interpretaccedilatildeo

justificaccedilatildeo e explicaccedilatildeo de fenocircmenos sociais culturais bioloacutegicos e econocircmicos o termo

regiatildeo vem se aperfeiccediloando complexificando e exigindo definiccedilotildees diferenciadas de acordo

com a perspectiva da anaacutelise com a dimensatildeo abordada e a corrente do pensamento

geograacutefico dominante

Sem a pretensatildeo de uma revisatildeo conceitual de regiatildeo de territoacuterio e de suas derivadas

o exerciacutecio de explicar como construir a definiccedilatildeo de regiatildeo nesta tese tem a finalidade de

facilitar o seu entendimento como unidade de planejamento do e para desenvolvimento

regional

O termo regiatildeo na interpretaccedilatildeo geograacutefica pode ser definido explicado delimitado e

produzido Essa produccedilatildeo surge da necessidade da siacutentese da percepccedilatildeo da relaccedilatildeo entre

homem e natureza e de sua organizaccedilatildeo no espaccedilo No pensamento dominante no final do

seacuteculo XIX denominado determinismo ambiental a regiatildeo era caracterizada por seus

aspectos fiacutesicos e bioloacutegicos interpretados pela relevacircncia interaccedilotildees e influecircncias ocorrentes

entre seus componentes Nessa caracterizaccedilatildeo de acordo com Andrade (1977 p 37) as

2 Um resumo didaacutetico das correntes do pensamento geograacutefico encontra-se em Correcirca (1995 p7)

28

modificaccedilotildees nas condiccedilotildees naturais provocadas pelas accedilotildees do homem natildeo influenciavam na

delimitaccedilatildeo das regiotildees Percebe-se que embora admitindo a importacircncia dos componentes

do meio ambiente para o homem efetivamente na concepccedilatildeo do determinismo ambiental o

ser humano era dissociado da natureza e se comportava como mero observador ou seja o

homem natildeo se percebia um dos elementos do meio natural e um dos agentes modeladores dos

espaccedilos

A segunda acepccedilatildeo de regiatildeo conforme interpreta Correcirca (1997 p185) origina-se

como reaccedilatildeo ao pensamento determinista da regiatildeo natural Nessa fase reconhecem-se os

recursos ambientais como ldquopossibilidadesrdquo para as atividades humanas e o homem como o

agente de controle e dominaccedilatildeo dos recursos naturais e modelador da regiatildeo Contudo

separam-se os fenocircmenos naturais dos sociais atribuindo um caraacuteter ideograacutefico aos eventos

ao tempo e ao espaccedilo A regiatildeo eacute construiacuteda valendo-se do reconhecimento das accedilotildees

humanas sobre determinado espaccedilo independentemente dos componentes naturais que datildeo a

sustentaccedilatildeo a essa organizaccedilatildeo e de ser o homem um dos componentes do meio

Para Correcirca (1997 p187) somente a partir da deacutecada de 1970 e com o surgimento da

geografia criacutetica fundamentada no materialismo histoacuterico e dialeacutetico na geografia humanista

e cultural a regiatildeo passa a ser construiacuteda tanto por meio da organizaccedilatildeo social associada ao

modo de produccedilatildeo capitalista quanto pela cultura local e pelas relaccedilotildees de poder e

dominaccedilatildeo Nessa interpretaccedilatildeo a interaccedilatildeo entre os aspectos sociais econocircmicos culturais

poliacuteticos e ambientais forneceu as bases para a siacutentese conceitual de regiatildeo e permitiu a

percepccedilatildeo do homem como componente do meio e agente modelador do espaccedilo

Embora se perceba a inserccedilatildeo de novos elementos para conceituar regiatildeo natildeo haacute

negaccedilatildeo de nenhum dos conceitos e sim a preocupaccedilatildeo na conceituaccedilatildeo de regiatildeo Essa

capacidade de ajustes e flexibilidade para a conceituaccedilatildeo de regiatildeo decorre do fato de que

diferentes especialistas construiacuteram regiatildeo pelos diferentes componentes ponderaccedilotildees

dimensotildees objetivos e interpretaccedilotildees A regiatildeo eacute percebida como um ser vivo e portanto

evolui com as ciecircncias e as teacutecnicas humanas e econocircmicas tem caraacuteter concreto e

relatividade histoacuterica aleacutem de ser um instrumento de accedilatildeo dominaccedilatildeo e controle

(Kaiser1967p279) Por essas razotildees haacute uma complexidade na conceituaccedilatildeo inclusive

reconhecida por Kaiser (1967 p280) Correcirca (1995 p22) e Oliveira (1977 p27) e na

definiccedilatildeo de regiatildeo proposta pela Geografia Nova que procura sua concretude baseando-se na

explicaccedilatildeo de processos como a divisatildeo territorial do trabalho a accedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas a

articulaccedilatildeo para e pelo capital entre outros Entretanto Kaiser (1967) procura enumerar

29

fatores essenciais para delimitar e definir regiatildeo Satildeo considerados elementos essenciais na

conceituaccedilatildeo de regiatildeo

Os laccedilos existentes entre seus habitantes sua organizaccedilatildeo social e econocircmica

impressa no espaccedilo e em torno de um centro dotado de certa autonomia e

sua integraccedilatildeo funcional em uma economia global (KAISER 1967

p280)

Corroborando os elementos propostos por Kaiser (1967) Santos (1994) cita que as

variaacuteveis usadas para conceituar regiatildeo satildeo as mais diversas e podem ser repensadas e criadas

uma vez que satildeo os elementos da construccedilatildeo dos espaccedilos de convivecircncia dos lugares

funcionais do todo Entatildeo

A regiatildeo se define assim como o resultado das possibilidades ligadas a

certa presenccedila nela de capitais fixos exercendo determinado papel ou

determinadas funccedilotildees teacutecnicas e das condiccedilotildees de seu funcionamento

econocircmico dadas pela rede de relaccedilotildees sociais Pode-se dizer que haacute uma

verdadeira dialeacutetica entre ambos esses fatores concretos um influenciando e

modificando o outro (SANTOS 1985 p 67)

Para esse autor aleacutem das redes de relaccedilotildees sociais os avanccedilos teacutecnico-cientiacutefico-

informacionais que possibilitam por meio de suas funcionalidades a manutenccedilatildeo dos fluxos

globais tambeacutem satildeo elementos a serem usados na conceituaccedilatildeo de regiatildeo Nas suas palavras

As regiotildees satildeo subdivisotildees do espaccedilo do espaccedilo total do espaccedilo nacional e

mesmo de espaccedilo local satildeo espaccedilos de convivecircncia lugares funcionais do

todo um produto social [] O espaccedilo eacute constituiacutedo por um sistema de

accedilotildees e um sistema de objetos indissoluacuteveis hoje nenhuma regiatildeo tem nela

proacutepria a totalidade das relaccedilotildees que decidem seu movimento As regiotildees

satildeo mediadas por normas externas ao paiacutes no caso uma ordem global e

tambeacutem por normas internas centralizadas no Estado Federal (SANTOS

1994 p1 e 4)

Os sistemas e fluxos como construccedilotildees sociais apresentam dinacircmicas e elementos

que resultam das percepccedilotildees ou da ldquogestatildeo do saberrdquo dos autores que os interpretam

Para Foucault (2011 p157) 3 regiatildeo lugar e territoacuterio satildeo metaacuteforas espaciais

estrateacutegicas que remetem agraves formas de dominaccedilatildeo agraves anaacutelises dos efeitos do poder Para esse

autor eacute efetivamente de guerra de administraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de gestatildeo de um saber que

se trata em tais expressotildees Neste enfoque a regionalizaccedilatildeo deve ser compreendida como

processo formulado tomando-se por base formas-conteuacutedo como organizaccedilatildeo social poliacutetica

econocircmica e cultural com o objetivo de melhoria da gestatildeo do espaccedilo regional

3 Para Foucault territoacuterio eacute uma noccedilatildeo geograacutefica juriacutedico-poliacutetica aquilo que eacute controlado por um certo tipo de

poder e regiatildeo eacute uma noccedilatildeo fiscal administrativa militar

30

Valendo-se dessas vaacuterias possibilidades conceituais e da emergecircncia de novos

elementos como o capital social a governanccedila e o reconhecimento das formas de relaccedilatildeo

estabelecidas com base na anaacutelise das dimensotildees poliacutetica e cultural natildeo se propotildee nesse

estudo um conceito de regiatildeo A elaboraccedilatildeo mais cuidadosa que se pretende eacute reconhecer

quais satildeo os elementos que alimentam e datildeo suporte agraves estruturas organizacionais agraves suas

funcionalidades e fluxos no espaccedilo em anaacutelise os laccedilos de confianccedila e de reciprocidade que

facilitam a cooperaccedilatildeo espontacircnea e as normas e as redes4 de relaccedilotildees sociais existentes entre

seus habitantes e que sustentam e influenciam os agrupamentos sociais as organizaccedilotildees

bioloacutegicas sociais e econocircmicas estabelecidas no espaccedilo e em torno de um centro de poder a

integraccedilatildeo funcional das organizaccedilotildees econocircmicas em uma economia global as condiccedilotildees

naturais que datildeo suporte e caracterizam essas organizaccedilotildees econocircmicas e sociais satildeo atributos

de uma regiatildeo

Como descreveu Santos (1988 p46) estudar uma regiatildeo significa mergulhar em um

universo constituiacutedo por uma diversidade de relaccedilotildees interaccedilotildees redes e fluxos de diferentes

formas funccedilotildees organizaccedilotildees e em diferentes niacuteveis de atuaccedilatildeo e contradiccedilatildeo

Assumindo os fatores essenciais e comuns identificados por Kaiser (1967 p280) para

conceituar regiatildeo eacute possiacutevel inferir que uma regiatildeo compreende um conjunto de variaacuteveis

naturais (fiacutesicas e bioloacutegicas) sociais culturais e poliacuteticas que interagem entre si e com o

meio externo de modo sineacutergico produzindo formas-conteuacutedo diferenciadas de acordo com

as mudanccedilas impostas pela proacutepria sociedade e em escalas diversas A regiatildeo eacute portanto uma

produccedilatildeo do espaccedilo cujos limites satildeo definidos pela ocorrecircncia produccedilatildeo e interaccedilatildeo de

variaacuteveis Desse modo a conceituaccedilatildeo de regiatildeo como unidade de planejamento e estrateacutegia

do e para o desenvolvimento estaacute relacionada aos cenaacuterios sobretudo futuros agrave governanccedila e

agrave governabilidade produzidas no espaccedilo

Considerando que regiatildeo e territoacuterio satildeo categorias analiacuteticas em constante construccedilatildeo

destruiccedilatildeo e reconstruccedilatildeo no subcapiacutetulo seguinte resgatam-se as conceituaccedilotildees de territoacuterio

4 Rede na concepccedilatildeo de Castells eacute um conjunto de noacutes interconectados Noacute eacute o ponto no qual uma curva se

entrecorta As redes constituem a nova morfologia social de nossa sociedade (CASTELLS 2002 p 566) Nessa

concepccedilatildeo cada pessoa corresponde a um noacute na estrutura social

31

22 Territoacuterio territorializaccedilatildeo e territorialidade

O termo territoacuterio eacute um conceito central na geografia e do mesmo modo que regiatildeo

tem apresentado complexidade em sua conceituaccedilatildeo tanto pelo fato de ser interpretado por

especialistas de diferentes aacutereas do conhecimento e nos mais diversos enfoques quanto pela

dinacircmica social e pelos avanccedilos tecnoloacutegicos e informacionais que tecircm posto em questatildeo o

ldquoespaccedilo vitalrdquo Observa-se contudo que as interpretaccedilotildees de territoacuterio e de territorialidade

tecircm tido como foco estrateacutegias para a compreensatildeo dos mecanismos ou forccedilas responsaacuteveis

pela espacialidade de processos sociais5 e comportamentais de outras espeacutecies animais

A expressatildeo territoacuterio originou-se na ecologia ou nas ciecircncias naturais (MORAES

1990 p 23) e seria uma aacuterea de influecircncia e dominaccedilatildeo de uma espeacutecie animal (ANDRADE

2006 p213) O termo e os fundamentos da ecologia satildeo atribuiacutedos ao bioacutelogo alematildeo Ernst

Haeckel que em 1869 conceituou ecologia como o estudo do lugar onde se vive e onde se

estabelecem as relaccedilotildees entre os organismos inclusive o homem e entre estes e o meio

ambiente

Influenciado pelas ideias de Haeckel e preocupado em interpretar e descrever as

relaccedilotildees entre os homens e entre estes e o meio em um contexto do pensamento geograacutefico

que privilegiava os elementos naturais Friedrich Ratzel propotildee o termo territoacuterio para

expressar o sentimento do homem em relaccedilatildeo ao espaccedilo apropriado Na interpretaccedilatildeo de

Moraes (1993 p23) sobre o pensamento de Ratzel o territoacuterio eacute posto como um espaccedilo que

algueacutem possui eacute a posse que lhe atribui identidade

Odum (1986 p223) afirma que o termo ldquoterritoacuteriordquo (destaque do autor) foi empregado

pela primeira vez em 1920 por Elliot Howard em seu livro Territory in Bird Life Para a

Ecologia o territoacuterio eacute o espaccedilo delimitado como aacuterea de permanecircncia (home range) e

defendido por espeacutecies animais evitando a superposiccedilatildeo dos espaccedilos usados por outros

grupos antagocircnicos

Observa-se que tanto a espacialidade humana quanto a territorialidade dos animais tecircm

raiacutezes nas relaccedilotildees sociais e na territorialidade A territorialidade neste trabalho deve ser

entendida como a expressatildeo do domiacutenio do espaccedilo vivido

5 Oliveira (2004 p 29) define como processos sociais as diversas formas pelas quais os indiviacuteduos e os grupos

atuam uns com os outros relacionam-se e estabelecem relaccedilotildees sociais

32

Nas sociedades humanas essa territorialidade remete agrave propriedade privada afirmada

no direito romano e na base ideoloacutegica da produccedilatildeo capitalista e agrave formaccedilatildeo do Estado

Entretanto eacute a subjetividade do reconhecimento da propriedade ou seja do controle efetivo

ou ainda afetivo ou do poder sobre aquele espaccedilo o objeto da territorialidade

A vinculaccedilatildeo da formaccedilatildeo do Estado ao territoacuterio e deste agraves diferentes relaccedilotildees de

poder ocorrentes nos espaccedilos eacute defendida por Ratzel segundo Moraes (1990 p 76) Andrade

(2006 p213) Gruppi 6(1980 p 7) e Bobbio (2001 p 23) e tem se mantido ao longo do

tempo independentemente das acepccedilotildees assumidas por territoacuterio conforme se pode extrair

dos conceitos apresentados no Quadro 1

Santos (2006) defende que

Eacute o uso do territoacuterio e natildeo o territoacuterio em si mesmo que faz dele objeto da

anaacutelise social [] O territoacuterio satildeo formas mas o territoacuterio usado satildeo objetos

e accedilotildees sinocircnimos de espaccedilo humano espaccedilo habitado (SANTOS 2006

p15)

O territoacuterio usado vivido e controlado pelas relaccedilotildees sociais e de suas organizaccedilotildees

poliacuteticas e sociais eacute ainda o objeto da anaacutelise social e base da formaccedilatildeo do Estado7

O territoacuterio enquanto espaccedilo delimitado a partir de processos sociais ou de outros

mecanismos de sustentaccedilatildeo dos grupos sociais como poder normas sociais costumes

crenccedilas e valores estabelecidos em uma base fiacutesica e motivados pela apropriaccedilatildeo desse espaccedilo

vivido tem tido uma amplitude conceitual que segundo Haesbaert (2007 p 38) vai da

perspectiva etnoloacutegica agrave psicoloacutegica

Territoacuterio para esse autor

[] tem sido uma expressatildeo ambiacutegua que pode designar desde um espaccedilo

social qualquer como predomina no senso comum e entre alguns geoacutegrafos

ateacute um espaccedilo marcado e defendido por determinadas espeacutecies animais seu

espaccedilo de sobrevivecircncia como eacute definido pela etologia (HAESBEART

1997 p56)

Sistematizando as vaacuterias concepccedilotildees de territoacuterio Haesbaert (2007 p40) conseguiu

agrupaacute-las em trecircs dimensotildees que estatildeo intrinsecamente relacionadas poliacutetica econocircmica e

cultural ou simboacutelico-cultural (Figura 2) Segundo esse autor a dimensatildeo poliacutetica refere-se agraves

6 Gruppi (1980 p7) define Estado como um poder poliacutetico que se exerce sobre um territoacuterio e um conjunto

demograacutefico Nesse caso o territoacuterio eacute um dos elementos do Estado 7 De acordo com Bobbio (2001 p62 e p 62) o Estado como sistema poliacutetico eacute com respeito ao sistema social

um subsistema Para esse autor satildeo sistemas distintos mas interdependentes do sistema social em sua

complexidade e em sua articulaccedilatildeo interna

33

accedilotildees de domiacutenio poder comando ou gestatildeo de determinado espaccedilo delimitado a dimensatildeo

cultural aborda questotildees da identidade do indiviacuteduo ou grupos de indiviacuteduos em relaccedilatildeo ao

espaccedilo habitado e a dimensatildeo econocircmica enfatiza a espacializaccedilatildeo das relaccedilotildees econocircmicas e

dos acessos aos recursos ambientais

Figura 2 ndash Dimensotildees do Territoacuterio

Sistematizaccedilatildeo proacutepria valendo-se das informaccedilotildees de Haesbaert 2007

O inventaacuterio das concepccedilotildees de territoacuterio apresentado no Quadro 1 corrobora a

agregaccedilatildeo apresentada por Haesbaert (2007) que interpretou as vaacuterias acepccedilotildees de territoacuterio

em todo o mundo e por Cruz (2009) e Goacutemez e Mahecha (1998) que estudaram alguns dos

conceitos de territoacuterio que estatildeo no debate na Colocircmbia e no Brasil A anaacutelise dos conceitos

sistematizados no Quadro 1 permitiu a formulaccedilatildeo dos seguintes pressupostos

i Territoacuterios satildeo reconstruccedilotildees histoacutericas que interpretam e incorporam as mudanccedilas

ocorridas nas realidades sociais e nas diferentes escalas

ii O territoacuterio eacute uma construccedilatildeo social (ARAUJO 2008 GOacuteMEZ e MAHECHA 1998

CARA 2006) fundamentada na disponibilidade de um espaccedilo geograacutefico delimitado a

partir de suas condicionantes naturais organizacionais (sociais econocircmicas e

poliacuteticas) culturais histoacutericas (MDA) nas relaccedilotildees de poder (RAFFESTIN 1993

FOUCAULT 2011 NEVES 2006 SOUZA 1995 PERICO 2009 ANDRADE

2006 HAESBAERT 2007 SCHNEIDER e TARTARUGA 2004) e em outros

34

sistemas de relaccedilotildees sociais como a reciprocidade a confianccedila capacidade de

articulaccedilatildeo e outros

iii O territoacuterio eacute ainda o espaccedilo habitado delimitado a partir da aacuterea de influecircncia dos

processos sociais e das organizaccedilotildees de poderes ndash do aparelho de Estado daquelas que

funcionam fora abaixo e ao lado do aparelho de Estado (RATZEL 1990 SANTOS

2006 CARA 2006 FOUCAULT 2011 E GIMEacuteNEZ 1999)

iv O territoacuterio eacute a representaccedilatildeo do espaccedilo social e como tal pode ser dito construiacutedo e

percebido segundo diferentes princiacutepios de visatildeo analiacutetica

Essa capacidade polissecircmica que acompanha a utilizaccedilatildeo de territoacuterio origina-se por

um lado da dificuldade da representaccedilatildeo do espaccedilo social8 baseando-se em suas muacuteltiplas

dimensotildees da falta de diaacutelogo entre as diversas aacutereas das Ciecircncias Sociais como assinala

Haesbaert (2007 p36) ou por outro lado do modelo da anaacutelise das transformaccedilotildees dos

discursos em atraveacutes de e a partir das relaccedilotildees de poder como propotildee Foucault (2011 p

158)

Retornando agraves proposiccedilotildees juriacutedico-poliacuteticas de territoacuterio de Foucault e da metaacutefora do

retorno do territoacuterio de Santos e considerando natildeo apenas a polissemia que acompanha a

utilizaccedilatildeo de territoacuterio entre os diversos autores que a discutem mas tambeacutem a mudanccedila do

sentido substantivo na corrente do pensamento geograacutefico o territoacuterio deve ser entendido

como o espaccedilo delimitado a partir da aacuterea de influecircncia dos processos sociais e das

organizaccedilotildees de poderes ndash do aparelho de Estado daquelas que funcionam fora abaixo e ao

lado do aparelho de Estado e caracterizado por criteacuterios multidimensionais - biogeofiacutesicos

sociais econocircmicos culturais institucionais poliacuteticos ndash exerciacutecio de poder (gestatildeo controle e

regulaccedilatildeo) e afetiva - sentimento de pertenccedila O territoacuterio conceituado nesta tese resulta de

um procedimento metodoloacutegico que independentemente das variaacuteveis e dos fatores tomados

para sua delimitaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo respeita a temporalidade e as especificidades de cada

espaccedilo respondendo diferentemente a uma accedilatildeo poliacutetica ou a um determinado poder

Quanto ao retorno do territoacuterio de Santos eacute importante destacar que o que se percebe eacute

a necessidade do reconhecimento dos muacuteltiplos territoacuterios para a delimitaccedilatildeo do espaccedilo de

intervenccedilatildeo estatal A evoluccedilatildeo dos sistemas econocircmico social e poliacutetico e a

8 Para Bourdieu (2010 p 133) o espaccedilo social eacute construiacutedo na base de princiacutepios de diferenciaccedilatildeo ou de

distribuiccedilatildeo das posiccedilotildees relativas dos agentes e grupo de agentes neste espaccedilo

35

multidimensionalidade de poder tecircm ocupado diferentes niacuteveis espaciais9 que vatildeo aleacutem do

territoacuterio estatal Desse modo a compatibilidade dos espaccedilos para a aplicaccedilatildeo das normas de

cada territoacuterio estatal requer a retomada conceitual e analiacutetica de territoacuterio e de

territorialidade

Para Cara (2006 p 263) o sentimento de pertenccedila de identidade regional de tomada

de consciecircncia regional e de participaccedilatildeo (ANDRADE 2006 p214) define a territorialidade

ndash uma qualidade subjetiva do grupo social

Para Perico (2009 p63) e Correcirca (2006 p251) a territorialidade se define valendo-se

da maneira (forma) das praacuteticas e suas expressotildees materiais e simboacutelicas de como os grupos

se organizam para gerenciar integrar e apropriar-se de seu territoacuterio A expressatildeo da

territorialidade se manifesta nos valores e na identidade desses grupos

Corroborando Perico e Correcirca Goacutemez e Mahecha (1998 p 124) apresentam como

atributo da territorialidade a capacidade de controle Esse atributo pode ser identificado em

um indiviacuteduo em um grupo em uma companhia multinacional no Estado e se reveste de

fundamental importacircncia tanto para os processos da territorializaccedilatildeo e da regionalizaccedilatildeo

quanto para a da efetividade dos planos poliacuteticas e programas de desenvolvimento territorial

e ou regional A capacidade de controle estaacute diretamente relacionada com a maturidade

poliacutetica ou com o grau de liberdade10

da sociedade e de seus representantes como seraacute

analisada nos toacutepicos seguintes

A territorializaccedilatildeo por sua vez eacute um processo multiescalar e multidimensional

relacionado agraves accedilotildees de modificaccedilatildeo de construccedilatildeo e de reconstruccedilatildeo do territoacuterio e da

territorialidade Como lembrado por Schneider e Tartaruga (2004 p101) o decliacutenio ou a

retomada do territoacuterio ou a morte da regiatildeo como analisa Haesbaert (2002 p 2) na

interpretaccedilatildeo atual dos processos de planejamento regional e territorial satildeo hipoacuteteses

refutadas haja vista a ocorrecircncia simultacircnea dos referidos processos no mesmo espaccedilo

Entretanto o enfoque conceitual a seguir seraacute dado para a regionalizaccedilatildeo

9 Como afirma Benko (2001 p7) ldquoos niacuteveis espaciais pertinentes de anaacuteliserdquo satildeo o mundial o supranacional

(blocos econocircmicos) o nacional e o regional (local ou infranacional) 10

A liberdade construiacuteda e instrumentalizada pelos atributos poliacuteticos sociais econocircmicos e culturais de cada

sociedade como defendido por Sen (2012)

36

Quadro 1 ndash Inventaacuterio de acepccedilotildees de territoacuterio

Autor Conceitos de Territoacuterio

Friedrich Ratzel (1990) Porccedilatildeo da superfiacutecie terrestre apropriada por um grupo humano

Claude Raffestin (1993) Espaccedilo onde se projetou um trabalho seja energia e informaccedilatildeo e que por

consequecircncia revela relaccedilotildees marcadas pelo poder

Manoel Correia de Andrade

(2006) Espaccedilo de domiacutenio ou de gestatildeo de uma determinada aacuterea

Milton Santos (2006) Espaccedilo habitado

Michel Foucault (2011) Eacute uma noccedilatildeo juriacutedico-poliacutetica aquilo que eacute controlado por certo tipo de poder

Tania Bacelar de Araujo (2008) Satildeo construccedilotildees sociais cada um tem sua base ambiental sua histoacuteria sua

vida econocircmica sua organizaccedilatildeo social sua cultura Base de sua identidade

Gervaacutesio Rodrigo Neves

(2006) Satildeo espaccedilos de accedilatildeo e de poderes

Roberto Lobato Correcirca (2006) Espaccedilo revestido da dimensatildeo poliacutetica afetiva ou ambas

Marcelo J Lopes de Souza

(1995) Espaccedilo definido e delimitado por e a partir de relaccedilotildees de poder

Roberto Bustos Cara (2006) Eacute uma objetivaccedilatildeo multidimensional da apropriaccedilatildeo social do espaccedilo

Rogeacuterio Haesbaert(2007) Relaccedilatildeo de dominaccedilatildeo (poliacutetico-econocircmica) e apropriaccedilatildeo sociedade-espaccedilo

Gimeacutenez Gilberto (1999)

El resultado de la apropiacioacuten y valorizacioacuten del espacio mediante la

representacioacuten y el trabajo uma produccioacuten a partir del espacio inscrita en

el campo del poder por las relaciones que pone en juego

Gustavo Montantildeez Goacutemez e

Ovidio Delgado Mahecha

(1998)

Es uma construccioacuten social y nuestro conocimiento del mismo implica el

conocimiento del proceso de su produccioacuten

Rafael Echeverri Perico (2009) Accedilatildeo poliacutetica ou expressatildeo poliacutetica

Ministeacuterio do Desenvolvimento

Agraacuterio (MDA) (2003)

Eacute um espaccedilo fiacutesico geograficamente definido geralmente contiacutenuo

compreendendo cidades e campos caracterizados por criteacuterios

multidimensionais tais como o ambiente a economia a sociedade a cultura

a poliacutetica e as instituiccedilotildees e uma populaccedilatildeo com grupos sociais

relativamente distintos que se relacionam internamente e externamente por

meio de processos especiacuteficos nos quais se podem distinguir um ou mais

elementos que indicam identidade e coesatildeo social cultural e territorial

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

37

23 Regionalizaccedilatildeo do conceito de regiatildeo ao enfoque do desenvolvimento

A questatildeo da regionalizaccedilatildeo embora muito antiga apresenta complexidade que o

tempo as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e o conhecimento natildeo conseguiram superar Regionalizaccedilatildeo

eacute uma classificaccedilatildeo dos espaccedilos em categorias de mesma natureza Considerando as

diversidades ambientais sociais culturais e poliacuteticas essa classificaccedilatildeo em categorias de

mesma natureza requer no miacutenimo clareza e objetividade na definiccedilatildeo da meta a ser

alcanccedilada e nas etapas do processo da regionalizaccedilatildeo

O que se pretende neste subcapiacutetulo eacute sistematizar os processos da regionalizaccedilatildeo a

fim de que sejam evidenciados os objetivos e os tomadores da decisatildeo

Kayser (1967 p 14) analisando as divisotildees do espaccedilo geograacutefico nos paiacuteses

subdesenvolvidos propotildee como fatores da regionalizaccedilatildeo de ldquosignificado universalrdquo a

penetraccedilatildeo da economia comercial a conquista administrativa e a planificaccedilatildeo do

desenvolvimento regional Como processo de divisatildeo do espaccedilo a regionalizaccedilatildeo pode ser

entendida tomando-se por base diferentes acepccedilotildees Desse modo e agrave luz da conceituaccedilatildeo de

regiatildeo e de territoacuterio proposta por Foucault e com fundamento nas caracteriacutesticas principais

das acepccedilotildees de regionalizaccedilatildeo de Kayser (1967) Geiger (1969) Grigg (1973) Andrade

(1977 1971 e 2011) Souza (1976) Egler (1995) Haesbaert (1999) e Benko (1999)

apresentadas no Quadro 2 pode-se entender a regionalizaccedilatildeo como

a Uma accedilatildeo poliacutetica ndash caracterizada por ser uma decisatildeo revestida da

autoridade soberana do poder puacuteblico Envolve uma seacuterie de atividades

e processos de planejamento do desenvolvimento da gestatildeo ou da

organizaccedilatildeo do espaccedilo

b Um procedimento metodoloacutegico ndash teacutecnica usada e desenvolvida para a

anaacutelise de diferenciaccedilotildees e regularidades dos fenocircmenos distribuiacutedos

nos espaccedilos

c Um processo de produccedilatildeo do espaccedilo vivido que independe do Poder

Puacuteblico ou ainda

d Um processo formulado baseando-se na interpretaccedilatildeo das formas-

conteuacutedo como organizaccedilatildeo social poliacutetica econocircmica e cultural no

qual diversos agentes com diferentes interesses e praacuteticas espaciais

estruturam as redes e os arranjos poliacuteticos legais institucionais e

38

organizacionais de integraccedilatildeo e articulaccedilatildeo com o objetivo de melhoria

da gestatildeo do espaccedilo regional

Quadro 2 ndash Principais caracteriacutesticas das abordagens de regionalizaccedilatildeo

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

A compreensatildeo da importacircncia da regionalizaccedilatildeo como accedilatildeo poliacutetica procedimento

metodoloacutegico processo ou teacutecnica na promoccedilatildeo do crescimento econocircmico e do

desenvolvimento de espaccedilos regionais ou para a mitigaccedilatildeo de problemas como as

desigualdades sociais e econocircmicas eacute tida como base para o planejamento do

desenvolvimento regional

A abordagem da regionalizaccedilatildeo como accedilatildeo poliacutetica surge no poacutes guerra metade do

seacuteculo XX em meio agrave discussatildeo das teorias de localizaccedilatildeo de estado isolado de Von Thuumlnen

de localizaccedilatildeo industrial de Weber e dos polos de crescimento de Perroux As

regionalizaccedilotildees satildeo propostas principalmente pelo Estado e por economistas cientistas

poliacuteticos que propotildeem intervenccedilotildees interpretam e justificam o crescimento econocircmico de

determinadas regiotildees Para Silva

Eacute preciso ressaltar que as abrangentes proposiccedilotildees sobre a localizaccedilatildeo e o

desenvolvimento regional constituem-se ao mesmo tempo em importante

marco teoacuterico da maneira pela qual se processa a dinacircmica da organizaccedilatildeo

do espaccedilo em termos analiacuteticos (compreensatildeo da realidade) preditivos

(comportamento de elementos sobre determinadas condiccedilotildees) e de

planejamento ou seja a proposiccedilatildeo de alternativas para se atingir uma

efetiva regionalizaccedilatildeo do desenvolvimento (SILVA 1976 p 19)

REGIONALIZACcedilAtildeO CARACTERIacuteSTICAS PRINCIPAIS AUTORES

Regiotildees-plano Kayser 1967 Regiotildees administrativas e industriais de

Satildeo Paulo Souza 1976

Regiotildees de intervenccedilatildeo regiatildeo- problema

Andrade 1977 1971 e

2011

Expressatildeo de atuaccedilatildeo do Estado

Regiotildees de referecircncia Egler1995

Regiotildees ndash problema Benko 1999 Meacutetodos de investigaccedilatildeo Grigg 1973

Formas de produccedilatildeo das regiotildees Geiger1969

Instrumentos de anaacutelises ou

pressupostos metodoloacutegicos Haesbaert 1999 e 2010

Accedilatildeo poliacutetica

Procedimento Metodoloacutegico

39

A consciecircncia da existecircncia de um espaccedilo de poder poliacutetico e econocircmico delimitado

para atuaccedilatildeo do aparelho do Estado11

e sob a influecircncia dos aparelhos ideoloacutegicos do Estado

eacute o principal eixo do planejamento regional e tem sido tambeacutem a principal diretriz das

poliacuteticas de desenvolvimento regional Os aparelhos ideoloacutegicos do Estado fornecem as bases

sociais de sustentaccedilatildeo da representaccedilatildeo poliacutetica e do ldquocontrolerdquo do Estado sobre os demais

agentes do desenvolvimento e datildeo efetividade agraves accedilotildees do governo Desse modo a

regionalizaccedilatildeo como accedilatildeo poliacutetica independentemente da acepccedilatildeo teve o Estado como agente

indutor e o ldquoplanejamento regionalrdquo como principal ferramenta Entre os autores brasileiros

que comungam essa afirmativa estatildeo Egler (1995) Andrade (1977) Silva (1976) e Carvalho

(1979)

Egler (1995) analisando a questatildeo regional no Brasil admite que a regionalizaccedilatildeo eacute

uma expressatildeo de atuaccedilatildeo do Estado que tem como finalidade a otimizaccedilatildeo dos recursos

financeiros uma vez que os investimentos puacuteblicos devem ser aplicados em accedilotildees definidas a

partir de um processo de planejamento Tanto para Egler (1995) quanto para Andrade

(1977) o planejamento regional surge como uma estrateacutegia para o desenvolvimento social e

econocircmico Nas palavras de Andrade (1977)

Inegavelmente esses conhecimentos cientiacuteficos e as teacutecnicas de planificaccedilatildeo

regional constituem os elementos baacutesicos para a implantaccedilatildeo e o

desenvolvimento de uma poliacutetica de ldquoameacutenagement du territoire (1977 p

53)

A experiecircncia pioneira do planejamento regional ocorreu nos Estados Unidos da

Ameacuterica com a criaccedilatildeo da Tennessee Valey Authority (TVA) que segundo Egler (1995 p

219) natildeo serviu apenas para a orientaccedilatildeo dos investimentos puacuteblicos em uma aacuterea deprimida

da bacia do rio Tennessee Ela representou um esforccedilo de coordenaccedilatildeo e de articulaccedilatildeo das

diversas agecircncias de governo e de integraccedilatildeo de suas poliacuteticas em torno de metas comuns

voltadas para a recuperaccedilatildeo da economia regional12

Para esse autor ainda embora

reconhecido o pioneirismo do projeto americano o creacutedito da formataccedilatildeo do planejamento

regional como ferramenta modeladora de poliacuteticas e programas de desenvolvimento e de

reconstruccedilatildeo de espaccedilos eacute atribuiacutedo agrave Comissatildeo Econocircmica da Europa da Organizaccedilatildeo das

Naccedilotildees Unidas e portanto tem origem na Europa

11

Na tese de ALTHUSSER o Aparelho do Estado (AE) compreende o governo a administraccedilatildeo e outros 12

ATennessee Valey Authority teve a bacia hidrograacutefica como unidade de planejamento e o Estado como agente

indutor do desenvolvimento A Tennessee Valey Authority rejuvenesceu a economia local a partir de projetos

estruturantes como a construccedilatildeo de barragens no rio Tennessee o fornecimento de energia eleacutetrica produzida a

partir dos barramentos e a navegabilidade no rio (ANDRADE 1977 p 35)

40

Impulsionado pelas discussotildees sobre a regionalizaccedilatildeo o planejamento regional e as

teorias econocircmicas que interpretam o crescimento em busca do desenvolvimento Benko

(1999 p153)13

propotildee a formaccedilatildeo de uma ciecircncia regional como uma ciecircncia do futuro e trata

da mundializaccedilatildeo da economia das investigaccedilotildees sobre os distritos industriais das redes da

governanccedila e do desenvolvimento local como formas ou mecanismos da evoluccedilatildeo dessa Essa

proposta deve ser apreendida como parte da evoluccedilatildeo do processo da regionalizaccedilatildeo14

No

entanto os argumentos e os elementos apresentados natildeo foram suficientes para assegurar o

surgimento da ciecircncia

As formas ldquoevolutivasrdquo da ciecircncia regional proposta por Benko (1999) e as dinacircmicas

regionais analisadas e propostas por Amaral Filho (2010 p 25) permitem sistematizar como

elementos estruturadores das poliacuteticas de desenvolvimento regional na atualidade

(i) O planejamento como o instrumento da viabilidade econocircmica financeira

ambiental poliacutetica e social de qualquer projeto ou accedilatildeo regional e territorial

Qualquer estrateacutegia de desenvolvimento deveraacute ter o planejamento como a

principal ferramenta

(ii) A governanccedila local Constata-se a reduccedilatildeo do papel do Estado na proposiccedilatildeo

das poliacuteticas de desenvolvimento regional enquanto se confirma a inserccedilatildeo de

novos agentes e o surgimento de arranjos poliacutetico-administrativos que expotildeem

o deslocamento das decisotildees do poder central para os poderes locais e

sobretudo o compartilhamento das decisotildees entre o poder puacuteblico a iniciativa

privada e a sociedade civil Constata-se a ecircnfase no papel do Estado como

regulador mobilizador e coordenador das poliacuteticas puacuteblicas

(iii) O capital social local ndash a formaccedilatildeo e o reconhecimento do capital social local

como elemento baacutesico e chave no e para o desenvolvimento regional

(iv) As redes e os fluxos (capital informaccedilotildees e pessoas) existentes

13

BENKO (1999) propotildee a formaccedilatildeo da ciecircncia regional cuja concepccedilatildeo abrangeria uma anaacutelise

multidisciplinar e integrada ndash ldquociecircncia siacutenteserdquo e fornece uma revisatildeo das teorias que lhe dariam suporte numa

perspectiva evolutiva 14

Na evoluccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo observa-se o surgimento do termo regionalismo14

Como sugere Castro (1986)

o regionalismo ldquoeacute um conceito eminentemente poliacutetico vinculado poreacutem agrave identidade de territoacuteriordquo

Regionalizaccedilatildeo segundo Fishlow e Gaggard (1992) apud Oliveira (2012 p8) eacute a concentraccedilatildeo regional de

fluxos econocircmicos Oliveira (2012) e Castro (1986 p39) entendem regionalismo como um processo ou

expressatildeo das relaccedilotildees poliacuteticas entre regiotildees ou entre paiacuteses Oliveira (2012 p 8) considerou como tipos de

regionalismo as aacutereas de livre comeacutercio uniotildees aduaneiras uniatildeo econocircmica mercado comum acordos

multilaterais e outros

41

(v) As estruturas (sociais produtivas e culturais) internas da regiatildeo ndash o

reconhecimento a valorizaccedilatildeo o fortalecimento e a qualificaccedilatildeo dessas como

estrateacutegias de desenvolvimento regional

Sem pretensatildeo de esgotamento da discussatildeo sobre esses elementos nas proacuteximas

seccedilotildees ampliam-se os debates sobre o planejamento o papel do Estado nos processos de

desenvolvimento local e territorial O proacuteximo capiacutetulo resgata as concepccedilotildees de

planejamento e os modelos de desenvolvimento destacando as principais variaacuteveis

norteadoras de seus processos

42

3 PLANEJAMENTO COMO FERRAMENTA DE INTERVENCcedilAtildeO DO ESTADO

Muitos planos de desenvolvimento pouco mais

satildeo do que ritualismo simboacutelico ou devaneio

utoacutepico Podem consistir de propostas sem

compromisso programas sem inter-

relacionamentos previsotildees sem projetos e

projetos sem recursos (GROSS 1988 p 406)

43

3 PLANEJAMENTO COMO FERRAMENTA DE INTERVENCcedilAtildeO DO ESTADO

A regionalizaccedilatildeo eacute uma teacutecnica anterior ao formalismo do planejamento

governamental voltado para o desenvolvimento poreacutem prestava-se ao ordenamento dos

espaccedilos para diferentes usos aplicaccedilatildeo e gestatildeo de poliacuteticas Como consequecircncia permite

diferentes acepccedilotildees e sua formalizaccedilatildeo independe do poder puacuteblico Entretanto nesse

capiacutetulo pretende-se sistematizar os principais discursos do desenvolvimento tendo como

referecircncias conceituais Furtado (1988 2001) Goodland (1994) Goacutemez (2002 2006) Sachs

(2000 2012) Vasconcelos e Garcia (2004) Bresser-Pereira (2011) e Amartya Sen (2012)

Aleacutem disso propotildee-se no primeiro subcapiacutetulo revisar os processos de planejamento dessas

poliacuteticas de desenvolvimento com vista na identificaccedilatildeo de elementos faltantes que serviratildeo

de base para as novas propostas de modo que seja assegurada sua efetividade e a participaccedilatildeo

social Pretende-se ainda avaliar o papel das escalas (territorial e local) e o instrumento

planejamento nas poliacuteticas de desenvolvimento e brevemente discutir os modelos de

desenvolvimento a partir de suas percepccedilotildees

Este capiacutetulo eacute composto por trecircs subcapiacutetulos O primeiro fornece uma compreensatildeo

da evoluccedilatildeo histoacuterica do planejamento puacuteblico brasileiro da funccedilatildeo instrumental do

planejamento na poliacutetica de desenvolvimento regional e do papel da Administraccedilatildeo Puacuteblica na

pouca efetividade desse instrumento na histoacuteria do desenvolvimento regional e na efetividade

das poliacuteticas puacuteblicas O segundo avalia as percepccedilotildees do desenvolvimento seus modelos e

agentes e o terceiro destaca a recente proposta do desenvolvimento que valoriza o enfoque

territorial e local e variaacuteveis endoacutegenas como o capital social a governanccedila e os arranjos

produtivos como novos elementos que viabilizam o desenvolvimento e o fortalecimento dos

laccedilos comunitaacuterios

44

31 O Planejamento do e para o desenvolvimento

No Brasil a integraccedilatildeo regional e a articulaccedilatildeo para o desenvolvimento satildeo

constitucionais15

aleacutem de pactos poliacuteticos A regionalizaccedilatildeo no Brasil como teacutecnica que

apoiava a formulaccedilatildeo de planos e programas para o desenvolvimento regional apresenta

continuidades significativas e concretiza a atuaccedilatildeo do Estado como agente interventor do

desenvolvimento As poliacuteticas os planos e os programas de desenvolvimento em geral

tiveram e tecircm como principal objetivo a reconstruccedilatildeo das economias a reduccedilatildeo das

desigualdades intra e inter-regional e a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em

contextos de interesses econocircmicos poliacuteticos sociais ambientais e culturais diversos e como

instrumento o planejamento

No entanto o planejamento dessas poliacuteticas planos e programas natildeo assegurou

resultados efetivos16

para a grande maioria da populaccedilatildeo diretamente afetada ou beneficiada

Assim o caminho a ser percorrido neste capiacutetulo eacute explicar as etapas do processo do

planejamento reconhecer os pressupostos os elementos e potenciais nele usados ao longo do

tempo e sobretudo o contexto poliacutetico-institucional do planejamento da formulaccedilatildeo e da

execuccedilatildeo das poliacuteticas planos e programas de desenvolvimento

Embora reconhecendo a importacircncia da avaliaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e

de integraccedilatildeo regional neste contexto o principal objetivo deste subcapiacutetulo eacute a compreensatildeo

da forma como foram concebidas essas poliacuteticas ou melhor entender o seu planejamento de

modo que sejam evidenciados os atores e os agentes do desenvolvimento as sinergias

estabelecidas entre eles a mobilizaccedilatildeo social (ou natildeo) para a participaccedilatildeo no processo e as

escalas de anaacutelises

No contexto das concepccedilotildees de desenvolvimento de Khan (1988) Sachs (2000) e Sen

(2012) pode-se inferir que alguns dos elementos estruturadores das poliacuteticas de

desenvolvimento implementadas ateacute o presente apresentaram lacunas ou foram ignorados

como se pode apreender no texto escrito por Andrade (1971) na deacutecada de 1970 Para

15

O paraacutegrafo uacutenico do art 4ordm preconiza que a Repuacuteblica Federativa do Brasil buscaraacute a integraccedilatildeo econocircmica

poliacutetica social e cultural dos povos da Ameacuterica Latina visando agrave formaccedilatildeo de uma comunidade latino-

americana de naccedilotildees e o art 43 trata da articulaccedilatildeo necessaacuteria ao desenvolvimento e agrave reduccedilatildeo das

desigualdades regionais 16

Os resultados esperados satildeo tomados aqui como no miacutenimo a melhoria dos fatores econocircmicos estrateacutegicos

para o desenvolvimento como o aumento da capacidade produtiva a melhoria na qualidade da matildeo de obra e a

melhoria tecnoloacutegica o acesso aos serviccedilos puacuteblicos de qualidade e prestados com agilidade e cordialidade

instituiccedilotildees estruturadas para o planejamento e a alocaccedilatildeo dos recursos em accedilotildees que atendam aos interesses da

coletividade e reduzam a taxa da populaccedilatildeo que vive em situaccedilatildeo de pobreza entre outros

45

Andrade (1971 p18) a planificaccedilatildeo e a participaccedilatildeo popular satildeo estrateacutegias para acelerar as

transformaccedilotildees estruturais na sociedade nordestina e necessaacuterias a quaisquer poliacuteticas de

desenvolvimento

Conforme jaacute assumido no capiacutetulo anterior o Estado foi o principal agente das

propostas de desenvolvimento regional e consequentemente o seu planejador

Quanto ao processo do planejamento Costa (2011 p49) defende que ateacute a deacutecada de

1950 natildeo havia um efetivo planejamento governamental no Brasil Tratava-se de iniciativas

voltadas para questotildees regionais e urbanas marcadas pelo imediatismo e pela

descontinuidade como se pode constatar quando se analisa o oacutergatildeo de desenvolvimento do

Nordeste A Superintendecircncia do Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE17

eacute tomada como

referecircncia de instituiccedilatildeo criada para o planejamento regional e produto de um planejamento

nacional da modalidade espacial voltada para o desenvolvimento regional Haacute criacuteticas

contundentes a respeito da capacidade de planejamento e da efetividade do processo

conduzido por esse oacutergatildeo Essa afirmativa se fundamenta nos textos que sistematizam o

planejamento na administraccedilatildeo puacuteblica brasileira18

e naqueles que analisam o papel dessa

institucionalidade no desenvolvimento do Nordeste como os produzidos por Andrade (1971)

Costa (2011) Carvalho (1979) e Oliveira (1977)

Costa (1971) analisando o planejamento como instrumento de apoio agrave administraccedilatildeo

puacuteblica brasileira considera 1946 como o ano da iniciaccedilatildeo do planejamento regional e conclui

que

A experiecircncia brasileira em planejamento regional revela que os planos e as

responsabilidades dos oacutergatildeos de planejamento tecircm sido em geral impostos

mais como exigecircncia das circunstacircncias do que elaborados e definidos por

um processo racional de delineamento de uma estrateacutegia de mudanccedila () os

oacutergatildeos de planejamento regional natildeo conseguiram impor-se ao sistema

poliacutetico-social dominante caracterizado pelo particularismo () tecircm sido

compreendidos como fonte adicional de recursos para atender aos problemas

estaduais cabendo a cada Estado atrair a maior soma possiacutevel de recursos

(COSTA 1971 p 233)

Corroborando essa percepccedilatildeo Geiger (1969) cita

17

A SUDENE como instituiccedilatildeo de planejamento regional eacute analisada por geoacutegrafos como Andrade (1971) e

Costa (2011) economista como Carvalho (1979) e socioacutelogo como Oliveira (1977) 18

Para uma sistematizaccedilatildeo da experiecircncia brasileira de planejamento na Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira veja

COSTA Jorge Gustavo da Planejamento Brasileiro a experiecircncia brasileira Rio de Janeiro FGV 1971 569

pp

46

() eacute forccediloso reconhecer que natildeo vem sendo feito propriamente um

planejamento de desenvolvimento regional expressatildeo que no entanto vem

sendo aplicada e esta poliacutetica () eacute necessaacuterio que haja uma profunda

compreensatildeo dos mecanismos regionais atuais em andamento

principalmente quando se considera que o planejamento deve ser conforme

as tendecircncias espontaneamente delineadas (GEIGER 1969 pp 17 e 19)

De acordo com esse autor os Estados continuam sendo as bases para o planejamento

das intervenccedilotildees setoriais e as estrateacutegias espaciais de desenvolvimento consistem no

favorecimento agrave localizaccedilatildeo de induacutestrias de transformaccedilatildeo agrave disponibilizaccedilatildeo de

infraestrutura e de serviccedilos em determinadas regiotildees As implicaccedilotildees dessa praacutetica

demonstram o fraco desempenho da funccedilatildeo planejamento e as limitaccedilotildees do poder puacuteblico na

coordenaccedilatildeo da articulaccedilatildeo e da integraccedilatildeo das poliacuteticas regionais

Carvalho (1979) atribui o fraco papel do planejamento nas accedilotildees puacuteblicas e no

desenvolvimento regional agraves consequecircncias de uma seacuterie de fatores Por sua incisiva criacutetica agrave

estrutura e agrave capacidade operacional das instituiccedilotildees reproduz-se uma extensa citaccedilatildeo desse

autor

O comportamento da administraccedilatildeo puacuteblica federal [] inadequadamente

estruturado para a realizaccedilatildeo sistemaacutetica dos trabalhos de planejamento e

organizaccedilatildeo Eacute liacutecito admitir nesse sentido que o Brasil natildeo dispunha no

todo ou em parte das condiccedilotildees ou pressupostos favoraacuteveis ao

planejamento como os seguintes a estabilidade poliacutetica a firme

determinaccedilatildeo poliacutetica dos partidos e consciecircncia generalizada dos dirigentes

[] disponibilidade de dados estatiacutesticos existecircncia de capacidade teacutecnica

adequada estruturas administrativas e institucionais adequadas []

(CARVALHO 1979 p 136)

Oliveira (2003) analisando as obras de Celso Furtado aponta outras limitaccedilotildees que

permanecem recorrentes no planejamento puacuteblico no Brasil Para esse autor

O Planejamento nas economias subdesenvolvidas na ausecircncia de

mecanismos de mercado que funcionem como nas economias centrais

capitalistas tem a funccedilatildeo de teacutecnica de alocaccedilatildeo de recursos [] O

planejamento eacute racional na teorizaccedilatildeo furtadiana eacute uma questatildeo de

adequaccedilatildeo entre fins e meio (OLIVEIRA 2003 p 29 e 36)

A ausecircncia efetiva da ferramenta planejamento a desarticulaccedilatildeo dos oacutergatildeos regionais

o uso poliacutetico desses especialmente aqueles criados para o planejamento do desenvolvimento

do Nordeste brasileiro e seu baixo desempenho foram temas de discussatildeo de Cohn (1976

p60 e 69) que chama a atenccedilatildeo para a irracionalidade dessa praacutetica na aplicaccedilatildeo dos recursos

47

puacuteblicos Essa autora destaca ainda como fator comprometedor do planejamento da

execuccedilatildeo das accedilotildees e da efetividade das poliacuteticas a baixa eficaacutecia governamental e a ausecircncia

de confianccedila da populaccedilatildeo em relaccedilatildeo a essas instituiccedilotildees A confianccedila eacute um valor social e

ferramenta para a cooperaccedilatildeo e consequentemente um dos elementos baacutesicos e chave para o

processo e sucesso do desenvolvimento regional valor vinculado ao capital social tema a ser

tratado no capiacutetulo 6

O baixo desempenho institucional e a eficaacutecia governamental estatildeo associados ainda

agraves relaccedilotildees de poder estabelecidas entre o puacuteblico e o privado Quando estes se confundem em

uma economia capitalista as regras do capital satildeo as dominantes Ateacute porque e como afirma

Furtado (2003 p 150) o grupo de controle dos sistemas econocircmico e de poder eacute o mesmo

A literatura tem demonstrado uma disfunccedilatildeo do planejamento puacuteblico brasileiro Entre

as vaacuterias interpretaccedilotildees possiacuteveis para isso admite-se a fraca capacidade teacutecnica

institucional em todos os niacuteveis de planejamento (federal regional estadual e municipal) a

desarticulaccedilatildeo entre os oacutergatildeos que aleacutem de facilitar o planejamento setorial e subsidiado por

documentos teacutecnicos pouco consistentes natildeo integra as accedilotildees dificultando a percepccedilatildeo dos

resultados a ldquoculturardquo da descontinuidade das poliacuteticas e dos projetos a distacircncia e a ausecircncia

de diaacutelogo entre os planejadores e os executores a instituiccedilatildeo dos grupos de trabalho na

maioria das vezes compostos de indicados poliacuteticos sem compromisso com a instituiccedilatildeo e

com poliacuteticas puacuteblicas efetivamente a localizaccedilatildeo do poder central desses oacutergatildeos de

planejamento geralmente distantes das regiotildees de atuaccedilatildeo embora jaacute possuindo unidades

descentralizadas nas regiotildees e a indisponibilidade de recursos suficientes para a execuccedilatildeo de

todas as etapas

Outra limitaccedilatildeo constatada no planejamento do desenvolvimento regional

particularmente no Nordeste do Brasil foi a ausecircncia de modelos do desenvolvimento capazes

de se ldquoadaptaremrdquo agraves questotildees culturais nordestinas principalmente agrave cultura poliacutetica A

transferecircncia de modelos e de teorias de desenvolvimento19

planejadas e baseadas em

realidades culturais diversas para o Nordeste brasileiro tambeacutem frustraram as expectativas da

reduccedilatildeo das desigualdades regionais da miseacuteria e consequentemente do desenvolvimento

regional

19

As principais teorias de desenvolvimento regional e de localizaccedilatildeo estatildeo disponiacuteveis em SOUZA (2010)

SILVA (1976) que destaca a teoria dos polos de desenvolvimento e a das localidades centrais como as mais

estudadas e Correcirca (1982)

48

Na tese de Amaral Filho (2010) a crise do planejamento e da intervenccedilatildeo puacuteblicos

centralizadores desencadeou a partir dos anos 1980 transformaccedilotildees estruturais na

Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira O proacuteprio autor admite que a transformaccedilatildeo estrutural

ocorreu com a inserccedilatildeo de novos elementos nas velhas estruturas poreacutem com capacidade de

promover o desenvolvimento regional e a sustentabilidade das accedilotildees Para esse autor as

velhas estruturas satildeo as instituiccedilotildees e as organizaccedilotildees sociais produtivas e poliacutetico-

administrativas e alguns dos novos elementos satildeo capital social arranjos produtivos locais

mercado de trabalho estruturado parceria puacuteblico privado entre outros

No contexto das discussotildees teoacutericas e das experiecircncias de planejamento regional e de

planos e poliacuteticas para o desenvolvimento regional nota-se uma reavaliaccedilatildeo criacutetica da base

teoacuterica e dos modelos de localizaccedilatildeo e desenvolvimento regional (DINIZ 2000 p6)

A necessidade da reavaliaccedilatildeo por seu desgaste teoacuterico e praacutetico foi motivada por

diversos fatores tanto internos quanto externos Para Lima e Simotildees (2009 p 32) ldquoa deacutecada

de 1970 eacute marcada pela crise do pensamento regional e pela necessidade de reconstruccedilatildeo

teoacuterica do desenvolvimento de modo que as novas variaacuteveis que surgiram sobre a dinacircmica

regional como as escalas territoriais a inovaccedilatildeordquo a descentralizaccedilatildeo e a questatildeo ambiental

pudessem ser incluiacutedas

A questatildeo ambiental surge por pressatildeo da sociedade civil em paiacuteses desenvolvidos em

particular nos Estados Unidos como uma necessidade de planejamento adequado dos usos e

das formas de apropriaccedilatildeo dos bens naturais bem como da necessidade da correccedilatildeo e

mitigaccedilatildeo da degradaccedilatildeo e da poluiccedilatildeo ambiental decorrentes do funcionamento e da

localizaccedilatildeo inadequada de induacutestrias Assim a deacutecada de 197020

eacute marcada tambeacutem por

denuacutencias de degradaccedilatildeo e poluiccedilatildeo ambiental decorrente das concentraccedilotildees industriais e

sobretudo pelos efeitos sineacutergicos e cumulativos dos poluentes em todo o mundo

A partir da deacutecada de 1980 a localizaccedilatildeo de induacutestrias no Brasil obedecia aleacutem da

minimizaccedilatildeo dos custos dos transportes aos regramentos proacuteprios21

que tratavam e tratam do

zoneamento industrial e agrave Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente sujeitando-se aos seus

instrumentos principalmente do licenciamento ambiental da avaliaccedilatildeo de impactos

ambientais e dos padrotildees de qualidade ambiental As exigecircncias trazidas por esses

instrumentos possibilitam a identificaccedilatildeo e a mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais de projetos

20

O Decreto-Lei nordm 1413 de 14 de agosto de 1975 dispotildee sobre o controle da poluiccedilatildeo do meio ambiente

provocada por atividades industriais inclusive uma relocalizaccedilatildeo nos casos mais graves 21

A Lei nordm 6803 de 2 de julho de 1980 dispotildee sobre as diretrizes baacutesicas para o zoneamento industrial A Lei

nordm 6938 de 31 de agosto de 1981 dispotildee sobre a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente

49

planos e poliacuteticas voltados para o desenvolvimento antes da tomada de decisatildeo sobre a sua

localizaccedilatildeo

A aplicaccedilatildeo praacutetica desses instrumentos tem permitido resultados poucos

significativos tanto em relaccedilatildeo agrave seleccedilatildeo de alternativas locacionais quanto agrave mitigaccedilatildeo dos

impactos ambientais e sociais dos projetos Assiste-se apenas agrave inserccedilatildeo de novos elementos

no planejamento a ser executado por velhas estruturas institucionais de cultura poliacutetica

inflexiacutevel e sob forte influecircncia do capital e do poder poliacutetico dominante

Em relaccedilatildeo agrave localizaccedilatildeo dessas atividades como accedilatildeo de sua descentralizaccedilatildeo os

estudos de Diniz (1993 e 1995) Diniz e Crocco (1996) Pacheco (1996) e Guimaratildees Neto

(1997) examinam os processos da desconcentraccedilatildeo22

geograacutefica de atividades produtivas e

somente Pacheco admite a desconcentraccedilatildeo Os fatores que condicionaram a desconcentraccedilatildeo

produtiva relacionados por Pacheco (1996 p126) foram

O deslocamento da fronteira agriacutecola e mineral o processo de integraccedilatildeo

produtiva do mercado nacional o perfil relativamente desconcentrado do

sistema urbano brasileiro o surgimento de ldquodeseconomias de aglomeraccedilotildeesrdquo

e pressotildees ambientais nas aacutereas intensamente industrializadas as proacuteprias

poliacuteticas de governo [] os impactos diferenciados da crise econocircmica []

Apreende-se que as induacutestrias que se instalaram no Norte e no Nordeste foram

orientadas pela reserva dos bens minerais e natildeo por poliacutetica estrateacutegica de desenvolvimento

A tipologia das atividades e as tecnologias usadas necessariamente natildeo estatildeo integradas

agravequelas existentes e em operaccedilatildeo na regiatildeo de concentraccedilatildeo industrial Poreacutem o poder

decisoacuterio sobre as atividades continua centralizado no Rio de Janeiro Nesse contexto os

investimentos usados para a implantaccedilatildeo de unidade de produccedilatildeo de alumiacutenio no Maranhatildeo a

produccedilatildeo de fertilizantes23

em Sergipe a instalaccedilatildeo do Polo Petroquiacutemico de Camaccedilari na

Bahia e fora dos centros mais desenvolvidos para a exploraccedilatildeo do ldquoaccedilo potaacutessio petroacuteleo

petroquiacutemicardquo de fato contribuiacuteram para a desconcentraccedilatildeo geograacutefica e econocircmica Na

praacutetica o planejamento para a instalaccedilatildeo dessas induacutestrias fundamentou-se no estudo da

localizaccedilatildeo das reservas do volume dos bens minerais e da capacidade de exploraccedilatildeo e

infraestrutura necessaacuteria agrave operaccedilatildeo dessas unidades Fatores importantes para a localizaccedilatildeo

da induacutestria como a disponibilidade de matildeo de obra qualificada como cursos de formaccedilatildeo de

22

A desconcentraccedilatildeo geograacutefica eacute a distribuiccedilatildeo espacial de atividades projetos ou fenocircmenos sem o

deslocamento da autoridade e autonomia decisoacuteria ou seja permanece a concentraccedilatildeo do poder decisoacuterio no

niacutevel central e a gestatildeo delegada a unidades localizadas nos niacuteveis intermediaacuterios O poder decisoacuterio

permaneceu em Brasiacutelia e no Rio de Janeiro 23

Segundo dados do Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral a produccedilatildeo de potaacutessio fertilizante no Brasil

estaacute restrita ao complexo minausina Taquari-Vassouras em Sergipe

50

geoacutelogos e os impactos ambientais da operaccedilatildeo dos empreendimentos e outros natildeo foram

estudados

A instalaccedilatildeo de induacutestrias de grande porte deve ser precedida do planejamento

ambiental estrateacutegico que carece da reestruturaccedilatildeo do aparelho do Estado

Com foco nas transformaccedilotildees estruturais na Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira o

governo federal em 1995 lanccedilou o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado que

tinha como objetivos o aumento da governanccedila a flexibilidade administrativa e a efetividade

das accedilotildees puacuteblicas propostas Segundo o Plano Diretor (1995 p13) o paradigma gerencial

contemporacircneo fundamentado nos princiacutepios da confianccedila e da descentralizaccedilatildeo da decisatildeo

exige formas flexiacuteveis de gestatildeo estruturas horizontalizadas descentralizaccedilatildeo24

de funccedilotildees e

incentivos agrave criatividade E como os demais planos formulados a execuccedilatildeo do Plano Diretor

da Reforma do Aparelho do Estado tambeacutem foi comprometida por diversas regularidades

entre as quais a descontinuidade administrativa a competiccedilatildeo interburocraacutetica e o modelo da

descentralizaccedilatildeo proposto O plano atribui funccedilotildees e responsabilidades para outro ente

federado executar quando desconhece a capacidade estrutural e institucional da maioria dos

municiacutepios brasileiros para execuccedilatildeo de accedilotildees que exigem matildeo de obra especializada Aleacutem

disso os recursos financeiros permanecem centralizados no governo central A autonomia dos

estados e da maioria dos municiacutepios brasileiros especialmente do Nordeste do Brasil eacute

relativa visto que os recursos financeiros e econocircmicos para a gestatildeo da maioria deles

provecircm de transferecircncias realizadas pela Uniatildeo

Em relaccedilatildeo agraves escalas do planejamento na Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira e

considerando a referecircncia de Costa (1971 p233) de que as iniciativas de planejamento

regional e urbano antecederam o planejamento governamental brasileiro que iniciou em

1950 adotou-se este ano como do iniacutecio do processo de planejamento governamental

brasileiro para o desenvolvimento em escala nacional a partir dos anos 1960 e 1970 reduziu-

se agrave escala regional nos anos 1980 inicia-se a discussatildeo do planejamento em escala local em

meio agrave discussatildeo da globalizaccedilatildeo25

e da recomposiccedilatildeo da hierarquia dos espaccedilos produtivos

(BENKO 2001 p 8) e desde 2000 fala-se em escala territorial (Quadro 3)

24

A descentralizaccedilatildeo deveraacute ser entendida como um processo de transferecircncia de funccedilotildees e responsabilidades

da esfera de maior para a menor hierarquia A desconcentraccedilatildeo natildeo se confunde com a descentralizaccedilatildeo No

processo da descentralizaccedilatildeo ocorre o compartilhamento das decisotildees com outros agentes

25 Para entender a globalizaccedilatildeo ver Coutinho (1994) Chesnais (1995) Santos (2003) e Diniz (2000) que

analisam a globalizaccedilatildeo como um estaacutegio mais avanccedilado da internacionalizaccedilatildeo e da integraccedilatildeo da economia

mundial capitalista provocando vaacuterias transformaccedilotildees entre elas a reorganizaccedilatildeo dos padrotildees de gestatildeo de

produccedilatildeo e das relaccedilotildees de poder

51

Quadro 3 ndash Escalas do planejamento governamental brasileiro

PERIacuteODOS ESCALAS

2000 Territorial mdash muacuteltiplo funcional

1980 a 1990 Local mdash muacuteltiplo singular

1960 a 1970 Regional mdash subdivisatildeo do espaccedilo nacional

Ateacute 1950 Nacional

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

Na praacutetica das accedilotildees puacuteblicas o uso das escalas eacute apoiado por processos formais

complexos envolve decisotildees poliacuteticas e requer um arcabouccedilo institucional A crise do Estado

segundo Araujo (1999) deslocou a domiacutenio das decisotildees para o mercado e promoveu o

deslizamento das escalas do planejamento para cima e para baixo (BENKO 2001) De acordo

com Castro (1986) Gonzaacutelez (2005) e Gomeacutez (2006) esse deslocamento das escalas do

planejamento atende agraves transformaccedilotildees socio espaciais do capitalismo Neil Brenner (2001

apud GOacuteMEZ 2006 p 236) relaciona o movimento das escalas com o interesse de quem

exerce o domiacutenio do poder cuja manutenccedilatildeo do domiacutenio exercido pelo Estado estaria

vinculada agrave capacidade dele de reformular as escalas

Para Goacutemez (2006) as novas regras do jogo priorizam a escala local em detrimento da

nacional e regional que deixaram de ser operacionais para o Estado neoliberal Essas escalas

operacionais ou de planejamento de fato deixaram de ser usadas porque o Estado Nacional

que estava submetido ao interesse hegemocircnico da acumulaccedilatildeo produtiva (comandada pelo

capital industrial) passa a se submeter agraves necessidades da acumulaccedilatildeo financeira (ARAUJO

1999 p46)

Ainda a respeito das escalas de planejamento eacute importante destacar que a Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 elaborada sob a forte influecircncia dos movimentos sociais grupos e

estamentos organizados da sociedade (NABUCO 2007 p 78) reconhece o municiacutepio como

ente federado (art18) O municiacutepio passa a ser ldquocompetenterdquo para legislar e promover o

adequado ordenamento territorial mediante planejamento controle do uso parcelamento e

52

ocupaccedilatildeo do solo urbano Desse modo o planejamento puacuteblico no modelo teoacuterico das

poliacuteticas e dos planos regionais de desenvolvimento e os procedimentos metodoloacutegicos que jaacute

haviam sofrido um arrefecimento foram anulados Para Nabuco (2007 p 81) a proposta da

regionalizaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1988 eacute explicada na descentralizaccedilatildeo administrativa cuja

face mais visiacutevel eacute a municipalizaccedilatildeo

A discussatildeo do deslocamento das escalas eacute questatildeo inerente agrave articulaccedilatildeo poliacutetica de

Estados em desenvolvimento para assegurar a expansatildeo capitalista na periferia Nas palavras

de Brandatildeo (2003 p11) o capitalismo aprimorou sua capacidade de ser transescalar isto eacute

de se utilizar das escalas nacional regionais e locais cabendo a quem procura controlaacute-lo e

transformaacute-lo fazer o mesmo Dessa forma o debate teoacuterico e a praacutetica da regionalizaccedilatildeo a

seleccedilatildeo de uma ou de outra unidade para o planejamento puacuteblico devem ser precedidos aleacutem

da clareza de seus objetivos do reconhecimento dos principais processos sociais e suas

dinacircmicas da identificaccedilatildeo dos sujeitos direta ou indiretamente beneficiados e responsaacuteveis

pela gestatildeo das accedilotildees planejadas Esse cuidado se fundamenta no fato de que natildeo eacute a unidade

de planejamento que assegura a efetividade das accedilotildees planejadas e sim os sujeitos envolvidos

em todas as fases do processo

A praacutetica do planejamento puacuteblico da gestatildeo das poliacuteticas e planos de

desenvolvimento regional adverte para necessidades de mudanccedilas A persistecircncia das

desigualdades sociais e econocircmicas intra e inter-regionais tem motivado estudiosos e

pesquisadores a buscar interpretar os diversos fenocircmenos e tentar explicar a complexidade das

dinacircmicas sociais poliacuteticas e econocircmicas contemporacircneas como pontos de partida para um

(re)desenho dos processos do desenvolvimento O que se busca eacute assegurar mais efetividade

das accedilotildees propostas Para tanto o proacuteximo subcapiacutetulo trataraacute das concepccedilotildees e do papel do

Estado nos processos de desenvolvimento

53

32 Desenvolvimento entre as percepccedilotildees e os discursos

Partindo-se da convicccedilatildeo de que as assimetrias regionais satildeo produtos naturais26

eou

construccedilotildees poliacuteticas econocircmicas sociais e culturais e ainda de que essas natildeo satildeo barreiras

para o desenvolvimento regional ou local a regionalizaccedilatildeo como accedilatildeo poliacutetica processo ou

teacutecnica implementada com foco no e para o desenvolvimento deve ser planejada analisada e

avaliada Para tanto deve-se estimular a discussatildeo sobre o desenvolvimento e

fundamentalmente sobre as variaacuteveis que se deve concentrar tanto na elaboraccedilatildeo de propostas

de poliacuteticas com fins no desenvolvimento quanto na anaacutelise desses processos e de seus

impactos sobre as populaccedilotildees as economias o meio ambiente e as culturas regionais e

territoriais

O desenvolvimento eacute um conceito e como tal deve ser entendido como uma ideia ou

imagem produzida pela mente a partir de percepccedilotildees A percepccedilatildeo do desenvolvimento eacute

construiacuteda a partir da compreensatildeo de um processo complexo que envolve variaacuteveis

econocircmicas sociais poliacuteticas ambientais e culturais que se combinam de modo diferenciado

e desigual nos diferentes espaccedilos Do lado objetivo ela se estrutura nos fatores de produccedilatildeo

nas condiccedilotildees geoeconocircmicas dos mercados no conjunto das instituiccedilotildees poliacuteticas juriacutedicas

econocircmicas e sociais entre outras Do lado subjetivo a percepccedilatildeo se estrutura no sistema

simboacutelico ndash poder

Para Goacutemez (2006 p126)

O desenvolvimento portanto constroacutei-se teoriza-se e se implementa

atraveacutes de uma rede que inclui variaacuteveis macroeconocircmicas questotildees

culturais a participaccedilatildeo de certas instituiccedilotildees e sobretudo a partir das

relaccedilotildees que se estabelecem entre elas e de como essas relaccedilotildees se

sistematizamO conjunto de relaccedilotildees entre esses elementos () e a forccedila de

quem fala permite ao discurso do desenvolvimento criar aquilo de que fala e

estabelecer-se como discurso da verdade

26

Independentemente da corrente do pensamento geograacutefico as condiccedilotildees ambientais satildeo limitantes para

determinados modelos de desenvolvimento Exemplificando a disponibilidade ou a escassez hiacutedrica permitem

ocupaccedilotildees e usos diferenciados O consumo padratildeo de aacutegua em litrosdiapor pessoa natildeo pode ser o mesmo para

essas regiotildees De acordo com a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas cada pessoa necessita de 33 msup3 pessoa mecircs

(cerca de 110 litros de aacutegua por dia para atender agraves necessidades de consumo e higiene) Entretanto essa eacute

apenas uma estimativa Haacute uma variaccedilatildeo desse consumo que eacute influenciado natildeo apenas pela disponibilidade ou

escassez da aacutegua mas tambeacutem por fatores culturais

54

Historicamente a ldquofalardquo que permite o discurso do desenvolvimento pode ser atribuiacuteda

agraves institucionalidades principalmente poliacuteticas e econocircmicas O Estado27

e os agentes

financeiros tecircm construiacutedo esse discurso ao longo do tempo ancorados em teorias ou modelos

como a industrializaccedilatildeo modernizaccedilatildeo e outros

Furtado (1988 p57) e Sachs (2000 p47) afirmam que a ideia do desenvolvimento

ganha forccedila a partir da crise econocircmica do desemprego e da agitaccedilatildeo social que emergiram

apoacutes a Segunda Guerra Mundial28

e da necessidade da reconstruccedilatildeo dos paiacuteses

industrializados A busca de alternativas para a mitigaccedilatildeo dos impactos dessas questotildees

intensifica o papel do Estado como construtor do processo do desenvolvimento e do

planejamento como ferramenta estrateacutegica

Os outros agentes precursores do discurso do desenvolvimento satildeo as agecircncias

financiadoras O conceito de desenvolvimento originou-se nas ciecircncias econocircmicas sob a

denominaccedilatildeo de crescimento econocircmico passando posteriormente a ser apropriado pelos

cientistas sociais que incluiacuteram os fatores sociais e culturais na interpretaccedilatildeo anaacutelise e

construccedilatildeo do processo do desenvolvimento

Furtado (1988 p 45) e Vasconcellos e Garcia (2004 p210) descrevem que essas

interpretaccedilotildees surgidas entre o econocircmico cujo foco se centrava nos aspectos quantitativos e

o social que enfatizava os aspectos qualitativos motivou a diferenciaccedilatildeo conceitual entre

crescimento econocircmico e desenvolvimento Entretanto segundo Oliveira (2002 p 39) a

controveacutersia entre tais conceitos continua

Analisando o conceito de desenvolvimento de Furtado e de Bresser-Pereira conclui-se

que de fato haacute uma vinculaccedilatildeo do desenvolvimento ao crescimento econocircmico Para Furtado

(1988 p54) o desenvolvimento pode ser conceituado com base em trecircs criteacuterios que se inter-

relacionam ldquoo criteacuterio de um aumento na eficiecircncia do sistema de produccedilatildeo o criteacuterio da

satisfaccedilatildeo das necessidades baacutesicas e o criteacuterio do bem-estarrdquo

Bresser-Pereira (2011 p157) formula o conceito de desenvolvimento pelo

crescimento da produtividade e dos padrotildees de vida da populaccedilatildeo causado pela sistemaacutetica

utilizaccedilatildeo de excedente econocircmico na acumulaccedilatildeo de capital e no progresso teacutecnico

27

Para Bresser-Pereira (2011 p 157) o Estado eacute uma instituiccedilatildeo imprescindiacutevel para o desenvolvimento e

garantidora de sua competitividade 28

A Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) foi provocada por muitos fatores entre os quais a crise econocircmica

de 1929 e desencadeou mudanccedilas como o desmonte de estruturas coloniais a expansatildeo da alta tecnologia as

aglomeraccedilotildees industriais entre outras Para mais informaccedilotildees ver Chiaretli Marco (1998) e Vigevani Tullo

(1985)

55

Nos conceitos de Furtado e de Bresser-Pereira o desenvolvimento social e de

crescimento dos padrotildees de vida e de satisfaccedilatildeo das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo

decorrem do crescimento econocircmico ou seja o desenvolvimento eacute possiacutevel quando haacute

crescimento econocircmico Natildeo se percebe nessas propostas conceituais a preocupaccedilatildeo com os

impactos para a frente e para traacutes e da capacidade de suporte destes Esse conceito de

desenvolvimento que animou as discussotildees na deacutecada de 1970 ganha novas variaacuteveis e

interpretaccedilotildees a partir dos anos 1980 poreacutem conserva-se impreciso e carente de

investigaccedilotildees

Uma dessas interpretaccedilotildees apresenta o desenvolvimento sustentaacutevel conceito

disseminado pelo relatoacuterio ldquoNosso Futuro Comumrdquo Este documento foi elaborado pela

Comissatildeo das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento que definiu

desenvolvimento sustentaacutevel como aquele capaz de satisfazer as necessidades do presente

sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de suprir suas proacuteprias necessidades No

contexto conceitual do desenvolvimento sustentaacutevel Goodland (1994 p 278) propotildee que satildeo

trecircs os objetivos do desenvolvimento o econocircmico voltado para o crescimento com equidade

e eficiecircncia o social no qual se busca o fortalecimento e o ldquoempoderamentordquo dos atores e dos

agentes29

do desenvolvimento a participaccedilatildeo popular e a mobilidade social para os problemas

da coletividade a coesatildeo social a identidade cultural e o desenvolvimento institucional e o

ecoloacutegico no qual se espera o comprometimento de todos com a manutenccedilatildeo da integridade e

capacidade de suporte dos ecossistemas o respeito agrave biodiversidade a busca permanente pela

reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo e o empenho na resoluccedilatildeo das questotildees globais

Um dos grandes formuladores do conceito do desenvolvimento sustentaacutevel eacute o

professor Ignacy Sachs Embora admitindo que o crescimento econocircmico ainda se faccedila

necessaacuterio Sachs (2000) propotildee que ao se planejar o desenvolvimento devem-se considerar

cinco dimensotildees de sustentabilidade30

Para esse autor o desenvolvimento eacute um conceito

tridimensional cujos objetivos satildeo sempre sociais O planejamento do desenvolvimento deve

ser fundamentado no tripeacute finalidade social condicionalidade ambiental e viabilidade

econocircmica (SACHS 2012 p5)

29

Atores do desenvolvimento devem ser compreendidos como todos aqueles que participam do processo

embora natildeo sejam diretamente responsaacuteveis pela accedilatildeo efetiva Agentes do desenvolvimento satildeo todos aqueles

responsaacuteveis efetivamente pela execuccedilatildeo de accedilotildees que concorrem para o desenvolvimento 30

As cinco dimensotildees de sustentabilidade defendidas por Sachs (1993 p25) satildeo sustentabilidade social

econocircmica ecoloacutegica espacial e cultural

56

Outra interpretaccedilatildeo do desenvolvimento eacute proposta pelo economista Amartya Sen

Para esse autor

O desenvolvimento consiste na eliminaccedilatildeo de privaccedilotildees de liberdade que

limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer

ponderadamente sua condiccedilatildeo de agente (SEN 2010 p 10)

A liberdade como fator construtivo e instrumental do desenvolvimento como processo

que envolve questotildees econocircmicas poliacuteticas de mercado valores costumes normas e regras

sociais depende das capacidades individuais

Khan (1988 p 40) propotildee que o desenvolvimento seja entendido como um processo

coletivo com ganhos compartilhados entre todos Jaacute para Furtado 31

(2001) e Goacutemez (2002) o

desenvolvimento eacute um axioma da impossibilidade Para Furtado a impossibilidade recai

sobre as diferenccedilas de ritmo de acumulaccedilatildeo e reproduccedilatildeo de capital de grau de

desenvolvimento de capacidade de generalizaccedilatildeo em escala planetaacuteria dos atuais padrotildees de

consumo dos paiacuteses ricos Aleacutem disso as diferenccedilas culturais e as capacidades individuais

para a formaccedilatildeo de redes e execuccedilatildeo de accedilatildeo coletiva ou seja formaccedilatildeo do capital social

requerem uma interpretaccedilatildeo mais realista objetiva e ponderada ateacute porque como disse

Furtado

O custo em termos de depredaccedilatildeo do mundo fiacutesico desse estilo de vida eacute de

tal forma elevado que toda tentativa de generalizaacute-lo levaria inexoravelmente

ao colapso de toda uma civilizaccedilatildeo pondo em risco a sobrevivecircncia da

espeacutecie humana (FURTADO 2001 p 88)

Goacutemez (2002 p 8) por sua vez se fundamenta na ideia de que o desenvolvimento se

inscreve plenamente no corpo ideoloacutegico do capital natildeo revelando capacidade de mudanccedila

De fato nas propostas de desenvolvimento os paracircmetros e os indicadores selecionados para

medir e avaliar o processo respondem ao interesse do capital e satildeo aplicados em espaccedilos cujos

padrotildees culturais sociais e poliacuteticos satildeo distintos Aleacutem disso a interpretaccedilatildeo dos resultados

em seacuterie tornam os desiguais iguais Sendo assim essas praacuteticas tecircm se mostrado incapazes de

promover uma transformaccedilatildeo efetiva em todos os espaccedilos haja vista o aumento dos niacuteveis de

pobreza de desemprego e de desigualdade social em todo o mundo

31

FURTADO (2001) no livro ldquoO Mito do Desenvolvimento Econocircmicordquo descreve a impossibilidade do

desenvolvimento das economias da periferia

57

Celso Furtado e Goacutemez trataram da impossibilidade do desenvolvimento como uma

proposta para o coletivo Nesse caso o desenvolvimento equitativamente partilhado por

todos como proposto por Khan (1988) de fato eacute um mito ateacute porque

Sempre haveraacute os que aproveitaratildeo as chances que lhes estatildeo sendo dadas

pela sociedade e aqueles que as deixaratildeo passar Em uacuteltima instacircncia as

trajetoacuterias biograacuteficas satildeo sempre individuais (SACHS 2012 p5)

Para a presente tese admite-se o desenvolvimento como um conceito formulado a

partir das percepccedilotildees sobre os resultados de um processo

i planejado executado e monitorado por todos os agentes de desenvolvimento

ii cujas accedilotildees tecircm finalidade social sustentabilidade econocircmica e respeito agraves

condicionalidades ambientais e culturais de cada lugar

iii proposto tanto pelo poder puacuteblico quanto pela iniciativa privada e pela sociedade civil

organizada

iv que promove a melhoria qualitativa tanto das condiccedilotildees de vida quanto da cidadania e

da democracia e

v que impacta positivamente em todos aqueles que estatildeo dispostos e que satildeo capazes

de aproveitar as oportunidades que lhes estatildeo sendo dadas

Para tanto o planejamento se configura como uma das principais ferramentas de apoio e

meio para construccedilatildeo de processos de desenvolvimento Essa perspectiva eacute fundamental tanto

para a anaacutelise e compreensatildeo destes quanto para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas planos e

programas de desenvolvimento regional local ou territorial temas tratados no subcapiacutetulo que

se segue

33 Desenvolvimento local e o desenvolvimento territorial processos em construccedilatildeo

O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo ou as dinacircmicas na acumulaccedilatildeo e regulaccedilatildeo do capital

especialmente o aumento da competitividade nos mercados enfatiza sobremaneira a

importacircncia das variaacuteveis endoacutegenas no sucesso ou no fracasso das poliacuteticas de

desenvolvimento local O reconhecimento e a valorizaccedilatildeo dessas variaacuteveis podem ser

percebidos como uma estrateacutegia um fenocircmeno uma praacutetica uma teoria ou um processo que

surgiu como uma alternativa para o desenvolvimento em substituiccedilatildeo aos modelos

58

tradicionais e em paiacuteses pobres e com desenvolvimento tardio (VAZQUEZ-BAQUERO

2009)

Em relaccedilatildeo ao entendimento do que vem a ser o desenvolvimento local Oliveira

(2001 p11) acredita que esta eacute uma noccedilatildeo polissecircmica jaacute para Vaacutezquez-Baquero (1995

p221) o interesse em sua conceituaccedilatildeo adveacutem da ausecircncia de estudos sistemaacuteticos que

efetivamente demonstrem o desenvolvimento local valendo-se de suas condiccedilotildees endoacutegenas

Aliados a isso os diferentes enfoques usados para a interpretaccedilatildeo do desenvolvimento local

dificultam a percepccedilatildeo de um conceito que adite todas as correntes Haacute pelo menos trecircs linhas

de percepccedilatildeo do desenvolvimento local a economicista a humanista e a institucionalista

(GUTIEacuteRREZ 1996 p 69)

Os principais autores economicistas analisados abordam o desenvolvimento local

como uma forma flexiacutevel de regulaccedilatildeo do capital portanto uma estrateacutegia (VAacuteZQUEZ-

BAQUERO 1995 p 226) outro como um fenocircmeno para o fortalecimento das economias

(AZEVEDO 1995 p 241) outros ainda o percebem como um processo de transformaccedilatildeo nas

bases econocircmicas e na organizaccedilatildeo social em niacutevel local estruturado pelos atores locais

(BUARQUE 1999 p9 AMARAL FILHO 1996 p 38) No enfoque economicista o meio eacute

provedor de recursos e os sistemas econocircmico e social organizados se encarregam de fornecer

as vantagens competitivas

Os que defendem o enfoque institucionalista o conceituam como uma alternativa ao

desenvolvimento comandado por cima centralizador formulado pelo poder central e baseado

na atraccedilatildeo e na negociaccedilatildeo de recursos externos como condiccedilatildeo suficiente para a promoccedilatildeo do

crescimento econocircmico de aacutereas especiacuteficas (BENKO 2001 p9 MULS 2008 p2 VITTE

2006 p 77 HADDAD 2001 p 9) ou como o resultado de alteraccedilotildees nos mecanismos de

atuaccedilatildeo puacuteblica com a adoccedilatildeo de novas regras e orientaccedilotildees de poliacuteticas puacuteblicas e de

arranjos institucionais e de interaccedilatildeo estrateacutegica entre o puacuteblico e o privado (BLASCO 1994

p 98 TAPIA 2005 p 132 e GUTIEacuteRREZ 1996 p 60)

O enfoque humanista interpreta-o como uma accedilatildeo voluntaacuteria organizada que

interveacutem em um processo de mudanccedila social unindo-se intimamente desenvolvimento local e

desenvolvimento pessoal (GUTIEacuteRREZ 1996 p 71 traduccedilatildeo nossa)

O que haacute em comum nas propostas conceituais eacute a valorizaccedilatildeo dos potenciais de

desenvolvimento existentes em cada localidade a inclusatildeo da sociedade civil e da iniciativa

privada no planejamento e na gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas a mobilizaccedilatildeo a organizaccedilatildeo e a

59

capacitaccedilatildeo dos atores sociais locais para a participaccedilatildeo A ecircnfase nas variaacuteveis endoacutegenas ou

no conjunto de recursos que constituem o potencial de desenvolvimento local como os

sistemas econocircmicos culturais institucionais ambientais e sociais eacute sustentada pelos

seguintes pressupostos

(i) Um crescente processo de autonomia decisoacuteria

(ii) Uma crescente capacidade regional de captaccedilatildeo e reinversatildeo do excedente

econocircmico

(iii) Um crescente processo de inclusatildeo social

(iv) Uma crescente consciecircncia de preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo ambiental

(v) Uma crescente sincronia intersetorial e territorial do crescimento

(vi) Uma crescente percepccedilatildeo de pertencimento (BOISIER1991 p187

traduccedilatildeo nossa)

Haacute que notar que os pressupostos estatildeo fortemente influenciados por especificidades

que reforccedilam que as estrateacutegias do desenvolvimento local endoacutegeno devem ser diferenciadas

para cada lugar Benko (2001) Buarque (1999) Haddad (1994) Boisier (1991) e Muls (2008)

reconhecem a importacircncia do ambiente poliacutetico da organizaccedilatildeo produtiva e das

caracteriacutesticas da estrutura social para a efetividade de qualquer poliacutetica de desenvolvimento

regional local ou territorial Tapia (2005 p 133) destaca aleacutem desses elementos as

estruturas de governanccedila e a capacidade de controlar e internalizar o conhecimento e as

informaccedilotildees externas como estrateacutegia garantidora dessas poliacuteticas Para Boisier

Concretamente o desenvolvimento regional resulta da interaccedilatildeo de um

conjunto de processos mais simples sendo que cada um deles se constitui

em uma condiccedilatildeo necessaacuteria ao desenvolvimento da regiatildeo (BOISIER

1991 p187 traduccedilatildeo nossa)

Como conjunto de processos mais simples que permeia o desenvolvimento local

endoacutegeno tem-se

i a permanente coordenaccedilatildeo articulaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre os agentes e

atores de desenvolvimento (poder puacuteblico iniciativa privada e sociedade

civil organizada) ou seja que se estabeleccedila uma governanccedila de modo a

assegurar eficiecircncia nas accedilotildees propostas a produtividade e a

competitividade econocircmica

ii o aumento das oportunidades sociais

iii as garantias de transparecircncia dos processos e accedilotildees

iv a participaccedilatildeo popular de maneira que sejam fortalecidas a cidadania e a

democracia

60

v a descentralizaccedilatildeo da accedilatildeo poliacutetica do governo central(uniatildeo) para o local

(municiacutepios)

vi a estruturaccedilatildeo de sistemas produtivos locais influenciados pelas experiecircncias

exitosas do distrito industrial milieu innovateur e clusterrdquo (AMARAL FILHO

2010 p 25)

vii o mecanismo dinacircmico de autorreforccedilo das atividades produtivas

A capacidade de organizaccedilatildeo social (HADDAD 1994 p16) o poder de mobilizaccedilatildeo

das energias da sociedade explorando as suas capacidades e potencialidades especiacuteficas

(BUARQUE 1999 p 9) a densidade das relaccedilotildees entre os agentes locais (empresas

municipalidades universidades centros de pesquisa sindicatos) fornecem natildeo apenas as

bases da ambiecircncia social necessaacuteria ao processo como se revestem de papel determinante na

competitividade das atividades econocircmicas (BENKO e PECQUEUR 2001 p35)

Uma perspectiva teoacuterica de anaacutelise da ambiecircncia poliacutetica eacute a do Estado embora se

reconheccedila que natildeo haacute uma nova teoria do Estado Segundo Amaral Filho (2001) o que ocorre

satildeo interpretaccedilotildees para as funccedilotildees do Estado

As funccedilotildees do Estado baseiam-se

[] no resultado de processos e de dinacircmicas econocircmico-sociais

determinados por comportamentos dos atores dos agentes e das instituiccedilotildees

locais [] em um modo de intervenccedilatildeo pragmaacutetico [] um sistema aberto

mais atento agraves nuances de seu ambiente mais interativo com seus parceiros

mais sensiacutevel agrave informaccedilatildeo que recebe como retorno dos utilizadores dos

bens e serviccedilos (AMARAL FILHO 2001 pp 269 270)

A anaacutelise das funccedilotildees do Estado relacionadas por Amaral Filho (2001) induz agrave ecircnfase

do papel do Estado nas funccedilotildees de regulador mobilizador dos agentes e atores e coordenador

das poliacuteticas puacuteblicas Essas funccedilotildees exigiratildeo do Estado reestruturaccedilatildeo em seus aparelhos (de

Estado e ideoloacutegicos) de modo a atender agrave nova ordem da democracia participativa A

relevacircncia na reestruturaccedilatildeo se fundamenta nas velhas estruturas institucionais de cultura

poliacutetica inflexiacutevel e pouco democraacutetica constatada na Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira O

ambiente institucional pouco democraacutetico natildeo se alinha agrave proposta do desenvolvimento local

e compromete a implementaccedilatildeo das accedilotildees e da poliacutetica de desenvolvimento conforme sugere

Birkner (2008 p 298)

61

Na perspectiva teoacuterica do desenvolvimento sustentaacutevel com finalidade social e

respeito agraves condicionalidades ambientais a percepccedilatildeo do desenvolvimento local segundo

Goacutemez (2002 p4) ganha todo o sentido

A ecircnfase na melhoria da qualidade de vida na diversificaccedilatildeo produtiva e na

participaccedilatildeo que o desenvolvimento local exibe como suas principais

divisas se adaptam perfeitamente a essa tripla condiccedilatildeo atual do

desenvolvimento 32

O desenvolvimento endoacutegeno entendido como um desenvolvimento sustentaacutevel eacute

fundamentado nos seguintes pilares

(I) o novo papel do Estado federado (II) a estrateacutegia do desenvolvimento

econocircmico regional ou local baseada na mobilizaccedilatildeo de poupanccedila e

investimento em formaccedilatildeo bruta do capital fixo e (III) valorizaccedilatildeo dos

novos fatores de produccedilatildeo (AMARAL FILHO 1996 p 48)

O esforccedilo de vaacuterios estudiosos na conceituaccedilatildeo do desenvolvimento local endoacutegeno

tem demonstrado a natureza subjetiva e complexa desse processo A subjetividade adveacutem do

fato de que o desenvolvimento eacute uma percepccedilatildeo conforme jaacute descrito e a complexidade

induz a reflexotildees sobre a temaacutetica O desenvolvimento local endoacutegeno pode ser compreendido

como o resultado de um processo teacutecnico que envolve decisotildees poliacuteticas o conhecimento da

cultura local como base para estabelecer accedilotildees e meios estrateacutegicos para se alcanccedilar

determinado crescimento econocircmico e a participaccedilatildeo dos agentes locais como protagonistas

das decisotildees accedilotildees e projetos cuja finalidade eacute a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo

O maior desafio nesse processo incide no fato de que as decisotildees satildeo tomadas pelos

agentes do desenvolvimento (institucionais formais e informais) e os beneficiaacuterios33

em uma

relaccedilatildeo de forccedilas desigual carente de um arranjo institucional adaptado agraves condiccedilotildees reais de

cada lugar e garantidor do equiliacutebrio desse campo de forccedilas Entretanto essa interaccedilatildeo de

forccedilas estaacute diretamente relacionada com o niacutevel de participaccedilatildeo popular com a capacidade

efetiva de participaccedilatildeo de representantes da sociedade civil e da flexibilidade e funcionalidade

da Administraccedilatildeo Puacuteblica

32

Para Goacutemez eacute somente no contexto da interpretaccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel que o desenvolvimento

local ganha todo seu sentido embora seja mais propositivo que explicativo E como proposta que depende da

integraccedilatildeo entre os diferentes atores sociais (poliacuteticos empresaacuterios trabalhadores) esse autor acredita que o

ldquodesenvolvimento local eacute uma dessas estrateacutegias que reformulam sem modificar essencialmente as formas de

acumulaccedilatildeo do capitalrdquo 33

Agente eacute o que desenvolve as accedilotildees de desenvolvimento e o beneficiaacuterio eacute aquele que se assume objeto do

desenvolvimento conforme sugerem Pilonieta e Ochoa Arias (2006 p 27)

62

Em relaccedilatildeo agrave participaccedilatildeo popular eacute fundamental que a sociedade e seus

representantes tenham maturidade poliacutetica portanto capacidade para a negociaccedilatildeo o que

exigiraacute flexibilidade e ainda capacidade para aproveitar todas as oportunidades de

mobilizaccedilatildeo e participaccedilatildeo efetiva Entretanto ldquosomos um paiacutes sem cultura participativa e a

transformaccedilatildeo do niacutevel de consciecircncia eacute lentardquo (DOWBOR 1999 p79)

Aliado agrave ausecircncia da cultura participativa o modelo de gestatildeo puacuteblica tradicional

baseado em legalismo nas hierarquias na troca de favores nas entregas sob encomendas e no

assistencialismo fragiliza o capital social e humano e a democracia participativa Entretanto

romper paradigmas e aceitar novas ideias natildeo satildeo tarefas faacuteceis e sim desafios Sendo assim

o reconhecimento e o fortalecimento do capital social e do capital humano nesses lugares satildeo

accedilotildees cruciais para o planejamento a formulaccedilatildeo e a efetividade do desenvolvimento tanto

regional quanto local e territorial

Reconhecendo as mudanccedilas nas funccedilotildees do Estado e vislumbrando a distribuiccedilatildeo do

poder com outros agentes Sending e Neumann (2006) destacam trecircs principais reivindicaccedilotildees

para tratar a temaacutetica

O primeiro eacute que o governo deve ser estudado como um processo e natildeo

como uma instituiccedilatildeo Este movimento analiacutetico eacute dito para que seja possiacutevel

analisar as mudanccedilas de hierarquia e soberania da gestatildeo com base em redes

horizontais [] A segunda eacute que vaacuterios atores natildeo-estatais tornaram-se

muito mais poderosos na poliacutetica global do que o Estado portanto este eacute

menos poderoso do que antes [] A terceira eacute que a autoridade poliacutetica eacute

cada vez mais desalojada do Estado soberano e na direccedilatildeo transnacional de

poliacutetica em redes e funcionalmente em esferas especiacuteficas de autoridade

[] onde o Estado desempenha um papel estrateacutegico mas natildeo

necessariamente dominante (SENDING e NEUMANN 2006 p 651

traduccedilatildeo nossa)

A busca pelo equiliacutebrio das forccedilas poliacuteticas entre os atores eacute uma das anaacutelises e

propostas para a construccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento Para Llorens (2001 p25) o

papel do Estado nas poliacuteticas de desenvolvimento deve ser de catalisador animador de uma

atmosfera inovadora quer seja institucional social econocircmico quer seja poliacutetico e cultural

que impulsione o desenvolvimento do potencial empresarial e produtivo local

No contexto da discussatildeo analiacutetica e conceitual de desenvolvimento local surge a

proposta do desenvolvimento territorial como jaacute apresentado no Quadro 3 que demonstra as

escalas do planejamento governamental brasileiro Essa discussatildeo se inicia nos anos 1990 e a

63

proposta de construccedilatildeo de um modelo de desenvolvimento em base territorial34

ganha forccedila

poliacutetica para ser implementada pelo governo federal a partir de 2003 na gestatildeo liderada pelo

Partido dos Trabalhadores (PT) com a criaccedilatildeo da Secretaria de Desenvolvimento Territorial

na estrutura organizacional do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio (MDA)

O enfoque territorial no planejamento e na formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas brasileiras

surgiu para o meio rural e foi influenciado pelas experiecircncias de poliacuteticas territoriais em

construccedilatildeo no estado do Rio Grande do Sul na Ameacuterica Latina no Caribe e principalmente

na Uniatildeo Europeia35

O territoacuterio como unidade de planejamento para o espaccedilo rural na Ameacuterica Latina eacute

justificado por Perico e Ribero (2002) Para esses autores

A visatildeo territorial do rural surge como uma proposta de aproximaccedilatildeo da

nova visatildeo do desenvolvimento rural sustentaacutevel na Ameacuterica Latina e se

baseia na visatildeo de desenvolvimento regional e de desenvolvimento territorial

como uma expressatildeo de ordem poliacutetica econocircmica e social que visa na sua

essecircncia melhorar a forma como se apreende e orienta as intervenccedilotildees

formulaccedilatildeo de poliacuteticas e sistemas de planejamento para o setor rural na

Ameacuterica (PERICO e RIBERO2002 p27 Traduccedilatildeo nossa)

O enfoque territorial para o planejamento e formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para o

meio rural brasileiro tem como foco a promoccedilatildeo do desenvolvimento onde efetivamente

ocorram melhorias significativas na qualidade de vida da populaccedilatildeo que vive no meio rural

quer seja pela oferta dos serviccedilos puacuteblicos essenciais quer pela oportunidade de mercado

A poliacutetica territorial brasileira teve como referecircncia conceitual e apoio instrumental os

estudos produzidos pelo Instituto Interamericano de Cooperaccedilatildeo para a Agricultura (IICA)

pela Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe (CEPAL) e pela Uniatildeo Europeia

Entretanto a experiecircncia do Programa LEADER da Uniatildeo Europeia motivou a Secretaria de

Desenvolvimento Territorial a formular o programa de desenvolvimento sustentaacutevel dos

territoacuterios rurais cuja discussatildeo preparatoacuteria se deu no bojo do desafio da descentralizaccedilatildeo

34

Para uma anaacutelise mais detalhada do histoacuterico da construccedilatildeo da poliacutetica territorial brasileira sugere-se a leitura

do capiacutetulo 2 - A recepccedilatildeo do debate sobre desenvolvimento territorial no Brasil - do livro Poliacuteticas de

Desenvolvimento Territorial Rural no Brasil Avanccedilos e desafios do INSTITUTO INTERAMERICANO DE

COOPERACcedilAtildeO PARA A AGRICULTURA 2010 35

O Estado do Rio Grande do Sul por meio da experiecircncia dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento de

1999 e do programa do orccedilamento participativo (1999-2002) e na Uniatildeo Europeia com a Poliacutetica Agriacutecola

Comum (PAC) que vem sendo discutida desde 1957 com a instituiccedilatildeo da Comunidade Econocircmica Europeia

(CEE) com a criaccedilatildeo dos fundos estruturais e de coesatildeo e principalmente com o Programa Ligaccedilotildees entre

Accedilotildees de Desenvolvimento da Europa Rural ndash LEADER que tem como objetivos a convergecircncia das regiotildees e

dos estados-membros menos desenvolvidos a competitividade regional a geraccedilatildeo de emprego e a cooperaccedilatildeo

territorial europeia Mais informaccedilotildees sobre a poliacutetica regional europeia podem ser encontradas no siacutetio

httpeceuropaeuagriculturecommagricultureindex

64

das poliacuteticas puacuteblicas e do federalismo cooperativo recepcionado pela Constituiccedilatildeo Federal de

1988

Aliada a esses desafios a literatura produzida sobre o desenvolvimento local e o

desenvolvimento territorial jaacute apontava um conjunto de estrateacutegias que deveriam ser

observadas na formulaccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento Entre estas estrateacutegias merecem

destaque os sete elementos apresentados por Schejtman e Berdegueacute (2004) de quem pela

importacircncia dos elementos se reproduz aqui uma extensa citaccedilatildeo

[] com o propoacutesito de que no futuro se poderia ir aleacutem de uma

instituiccedilatildeo fundada no DRT e avanccedilar para uma razoaacutevel teoria da accedilatildeo

com desenho de poliacuteticas programas e projetos orientados para a

superaccedilatildeo da pobreza rural Desta revisatildeo se extraiacuteram sete elementos

que devem ser considerados pelo enfoque do DRT

1 A competitividade determinada por uma ampla difusatildeo do progresso

e o conhecimento satildeo condiccedilotildees necessaacuterias para a sobrevivecircncia das

unidades produtivas

2 A inovaccedilatildeo tecnoloacutegica que eleva a produtividade do trabalho eacute uma

determinante criacutetica para a melhoria do ingresso da populaccedilatildeo pobre

rural

3 A competitividade eacute um fenocircmeno sistecircmico ou seja natildeo eacute um

atributo das empresas ou unidades de produccedilatildeo individuais ou

isolados mas se baseia e depende das caracteriacutesticas dos ambientes

nos quais estatildeo inseridos

4 A demanda externa do territoacuterio eacute a forccedila motriz das transformaccedilotildees

produtivas e portanto eacute essencial para o aumento da produtividade e

da renda

5 Os viacutenculos urbano-rurais satildeo essenciais para o desenvolvimento das

atividades agriacutecolas e natildeo agriacutecolas no interior do territoacuterio

6 O desenvolvimento institucional eacute fundamental para o

desenvolvimento territorial

7 O territoacuterio natildeo eacute um espaccedilo fiacutesico objetivamente existente sendo

uma construccedilatildeo social ou seja um conjunto de relaccedilotildees sociais que

originam e agraves vezes expressam uma identidade e um senso de

propoacutesito compartilhado por muacuteltiplos agentes puacuteblicos e privados

(SCHEJTMAN e BERDEGUEacute 2004 p 4-5 Traduccedilatildeo nossa)

Considerando a vasta literatura produzida na deacutecada de 1990 sobre as estrateacutegias para

o desenvolvimento econocircmico local e desenvolvimento territorial rural a Secretaria de

Desenvolvimento Territorial apoiada pelo Instituto Interamericano de Cooperaccedilatildeo para a

Agricultura (IICA) inicia a sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em documentos institucionais36

de referecircncias para a seleccedilatildeo das estrateacutegias de desenvolvimento rural sustentaacutevel no Brasil

36

Referecircncias para a estrateacutegia de desenvolvimento rural sustentaacutevel no Brasil- documento Institucional 01

MINISTDA 2005 Marco Referencial para apoio no desenvolvimento de territoacuterios rurais ndash 02 MDA 2005

Referecircncias para a Gestatildeo Social de Territoacuterios Rurais ndash 03 MDA 2005 Plano territorial de desenvolvimento

rural sustentaacutevel guia para o planejamento documento de apoio 02 MDA 2005

65

gestatildeo dos territoacuterios articulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e atores sociais elaboraccedilatildeo de plano

territorial de desenvolvimento entre outros

A anaacutelise das estrateacutegias identificadas pela literatura para a implementaccedilatildeo de poliacuteticas

e ou programas de desenvolvimento local ou territorial o reconhecimento do quadro de

pobreza de exclusatildeo social e de desigualdades sociais e regionais nos territoacuterios37

brasileiros

e sobretudo dos papeacuteis constitutivo e instrumental da liberdade38

conforme proposto por Sen

(2012) como primordial e principal meio do desenvolvimento conferem agrave poliacutetica territorial

brasileira em construccedilatildeo grandes desafios ateacute porque eacute ldquouma via de matildeo uacutenicardquo haja vista o

contexto poliacutetico de sua criaccedilatildeo

Desse modo analisando os pressupostos para o desenvolvimento territorial rural

sustentaacutevel identificaram-se como desafios

(i) reforma agraacuteria

(ii) fortalecimento do capital social caracterizado pelo MDA como pouco

desenvolvido

(iii) desenvolvimento de capacidades humanas competentes

(iv) fornecimento dos serviccedilos puacuteblicos essenciais aos agricultores familiares

(v) mobilizaccedilatildeo e organizaccedilatildeo social para a participaccedilatildeo

(vi) integraccedilatildeo das poliacuteticas e

(vii) articulaccedilatildeo horizontal e vertical das institucionalidades formais e informais

Goacutemez (2006 p60) analisando os estudos que deram suporte agrave Secretaria de

Desenvolvimento Territorial para a construccedilatildeo da poliacutetica territorial acredita que se trata de

uma repaginada das poliacuteticas existentes uma vez que as alteraccedilotildees se processaram apenas na

escala do planejamento e alocaccedilatildeo dos recursos (do local para o territorial) e no enfoque das

poliacuteticas e accedilotildees (de setorial para territorial)

Beduschi Filho e Abramovay (2004 p 36) corroboram Goacutemez uma vez que

acreditam ser o grande desafio do planejamento brasileiro na poliacutetica territorial a mudanccedila da

praacutetica da alocaccedilatildeo dos recursos que deveraacute ldquopassar de uma loacutegica de reparticcedilatildeo setorial de

37

O conceito de territoacuterio para a SDT e para o programa de desenvolvimento sustentaacutevel dos territoacuterios rurais eacute

aquele apresentado pelo MDA que se encontra no Quadro 1 38

Para Sen (2012 p 58) o papel constitutivo ou primordial eacute a capacidade de cada indiviacuteduo ou seu capital O

papel instrumental ou os principais meios satildeo liberdades poliacuteticas (direitos civis) facilidades econocircmicas

oportunidades sociais garantias de transparecircncia e seguranccedila protetora

66

recursos e de demandas de balcatildeo (grifo dos autores) para uma loacutegica territorial e de

projetosrdquo Acrescenta-se a essa loacutegica a cultura de reparticcedilatildeo poliacutetica dos recursos e a

pulverizaccedilatildeo destes no orccedilamento geral da uniatildeo em accedilotildees pontuais que na grande maioria

natildeo satildeo finalizadas tanto pela insuficiecircncia dos recursos haja vista a ausecircncia do projeto e do

consequente orccedilamento quando do lanccedilamento da accedilatildeo no Sistema de Convecircnios (SICONV)

do governo federal quanto pela descontinuidade poliacutetica uma vez que natildeo se caracteriza

como uma intervenccedilatildeo complementar ou de fortalecimento de determinado arranjo produtivo

Outra estrateacutegia importante para as poliacuteticas de desenvolvimento local e ou territorial eacute

a estruturaccedilatildeo de uma governanccedila que seraacute tratada no proacuteximo capiacutetulo A anaacutelise da gestatildeo

social dos territoacuterios fornece elementos fundamentais para a compreensatildeo do desafio dessa

estruturaccedilatildeo Abramovay (2005) Bacelar (2008) e Perico (2009) analisando a proposta da

gestatildeo social dos territoacuterios rurais do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio alertam para

uma seacuterie de viacutecios da Administraccedilatildeo Puacuteblica que podem ser somatizados por diferentes

razotildees natildeo contribuindo para os efeitos esperados

Abramovay (2005 p7) destaca os riscos ldquode accedilotildees clientelistas e patrimonialistasrdquo nos

processos de formaccedilatildeo de territoacuterios a partir de iniciativa do poder puacuteblico Segundo ele haacute

risco de que ldquoos atores mais importantes de sua dinacircmica econocircmica social poliacutetica e cultural

estejam ausentes de suas organizaccedilotildees animadorasrdquo

Esse risco em um ambiente no qual o clientelismo e o patrimonialismo fazem parte da

cultura das institucionalidades induz a que qualquer proposta de desenvolvimento deveraacute

priorizar o reconhecimento dos agentes de desenvolvimento Esse reconhecimento natildeo apenas

impulsionaraacute a mudanccedila da praacutetica da alocaccedilatildeo dos recursos em projetos que integrem accedilotildees e

atendam agraves necessidades reais do territoacuterio como facilitaraacute a articulaccedilatildeo para a execuccedilatildeo das

accedilotildees assegurando sua efetividade Nesse sentido Bacelar (2008 p 25) entende que ldquoa

grande virtude da abordagem territorialrdquo eacute a oportunidade de que a articulaccedilatildeo seja efetivada

pelos agentes territoriais

Para Perico a gestatildeo social do territoacuterio

Mais do que um conceito trata-se de um processo com implicaccedilotildees enormes

do caraacuteter teacutecnico econocircmico poliacutetico cultural e de esperanccedila para modelos

novos ou ainda de visotildees novas da sociedade de futuro e de satisfaccedilatildeo (PERICO 2009 p 34)

A partir do reconhecimento da complexidade da construccedilatildeo e da implementaccedilatildeo de

uma poliacutetica de desenvolvimento em base territorial e fundamentalmente da pouca liberdade

67

de todos os agentes de desenvolvimento para garantir sua efetividade ocorre um

arrefecimento ldquonaturalrdquo na construccedilatildeo dos processos conduzidos por iniciativas dos governos

como eacute o caso dos territoacuterios rurais do governo federal desde 2010 A condiccedilatildeo natural

adveacutem da realidade da capacidade de participaccedilatildeo da populaccedilatildeo e da capacidade do ministeacuterio

de estimular essa participaccedilatildeo uma vez que os principais agentes de sua dinacircmica econocircmica

poliacutetica social e cultural ficaram fora do processo

Esse arrefecimento deve ser avaliado como a necessidade de priorizar accedilotildees que

forneccedilam as capacidades agrave populaccedilatildeo de modo que esta seja motivada e mobilizada para a

participaccedilatildeo Outra accedilatildeo a ser priorizada deve ser a institucionalizaccedilatildeo de espaccedilos para o

diaacutelogo Estado-Sociedade A disponibilizaccedilatildeo desses espaccedilos deve estabelecer e fortalecer

natildeo apenas a confianccedila para uma governanccedila de mais consensos e capacidade de

negociaccedilatildeo mas sobretudo criar as condiccedilotildees para que sejam fortalecidas e restauradas as

liberdades de todos os agentes do desenvolvimento Esse eacute o caminho para o enfrentamento

dos sete desafios apresentados para o desenvolvimento territorial rural e a orientaccedilatildeo para o

planejamento do e para o desenvolvimento nos enfoques local regional e nacional

Reconhecendo que a participaccedilatildeo social eacute influenciada pelo estoque de capital social desses

espaccedilos o capiacutetulo seguinte trataraacute das concepccedilotildees de capital social e de governanccedila bem

como dos efeitos deste sobre as instituiccedilotildees formais e informais o controle social e o

desenvolvimento local territorial e regional

68

4 CAPITAL SOCIAL E GOVERNANCcedilA

Capital social eacute um agregado de recursos reais

ou potenciais que estatildeo ligados agrave posse de uma

rede duraacutevel de relaccedilotildees mais ou menos

institucionalizadas de conhecimento e de

reconhecimento muacutetuo (BOURDIEU 1980

p2)

69

4 CAPITAL SOCIAL E GOVERNANCcedilA

O capital social eacute uma das ferramentas de poliacuteticas de desenvolvimento mais estudada

nas uacuteltimas deacutecadas Para entender as razotildees desse interesse tanto da academia quanto das

agecircncias financiadoras e promotoras do desenvolvimento buscou-se analisar as funccedilotildees do

capital social agrave luz das reflexotildees de diferentes autores e aacutereas do conhecimento Desse modo

este capiacutetulo propotildee a sistematizaccedilatildeo conceitual de capital social a apresentaccedilatildeo das correntes

teoacutericas mais apropriadas para o reconhecimento e interpretaccedilatildeo dele haja vista a

complexidade e imprecisatildeo conceitual do termo e a discussatildeo da importacircncia do capital social

para o desenvolvimento e para a estruturaccedilatildeo dos sistemas de governanccedila

Eacute prudente esclarecer que considerando o rigor do meacutetodo cientiacutefico natildeo haacute uma

teoria sobre capital social De fato haacute hipoacuteteses e diferentes interpretaccedilotildees para o termo que

natildeo aportam elementos suficientes para se considerar um marco teoacuterico (Durston 2000 p9)

O capiacutetulo estaacute estruturado em dois subcapiacutetulos O primeiro sistematiza as principais

concepccedilotildees e correntes conceituais de capital social e descreve seus efeitos nos diferentes

niacuteveis (individual social poliacutetico e econocircmico) O segundo sistematiza tambeacutem os conceitos

de governanccedila e avalia seu papel instrumental para as poliacuteticas de desenvolvimento

70

41 Conceituaccedilatildeo de Capital Social

A extensa literatura produzida sobre capital social tem reforccedilado a importacircncia deste

nas poliacuteticas de desenvolvimento e fortalecimento das democracias por meio da ampliaccedilatildeo da

participaccedilatildeo cidadatilde na poliacutetica e do envolvimento dos indiviacuteduos em atividades coletivas

geradoras de impactos sociais efetivos Entretanto o termo capital social originou-se na

sociologia claacutessica (ALBAGLI e MACIEL 2002 PORTES1998 FARR2004 RUTTEN e

BOEKEMA 2006 e BALESTRO 2006) e a autora Lyda Judson Hanifan eacute considerada a

pioneira na identificaccedilatildeo de elementos do capital social e na aplicaccedilatildeo metaforizada deste

(WOOLCOCK e NARAYAN 2000 p228)

Os estudos de Pierre Bourdieu James Coleman e Robert Putnam tecircm influenciado o

desenvolvimento das vaacuterias conceituaccedilotildees de capital social nas diferentes aacutereas do

conhecimento em especial na ciecircncia poliacutetica (Portes1998 Durston 2000 Warner 2001

Albagli e Maciel 2002 Vaacutezquez 2002 Baquero 2003 2008 Valdivieso 2003 e Farr 2004)

e em todo o mundo embora outros autores estejam sendo incorporados nas discussotildees do

capital social Entre esses John Durston e Nan Lin citado por Valdivieso (2003) e Stein

(2003) Fukuyama lembrado por Baquero (2003) e Stein (2003) Granovetter indicado por

Rutten e Boekema (2006) e Douglass North que influenciou Durston (2000) e Stein (2003)

Capital social eacute uma categoria analiacutetica que embora tenha surgido nas ciecircncias sociais

ganhou focirclego a partir da introduccedilatildeo do capital humano39

como um dos elementos que

poderiam fortalecer o crescimento econocircmico proposto pelos chamados economistas

neoclaacutessicos Como um fenocircmeno soacutecio-poliacutetico-cultural explicado e analisado com

fundamento na loacutegica do capital teve sua efervescecircncia conceitual na deacutecada de 1990 Poreacutem

a questatildeo do capital social como estrateacutegia para o desenvolvimento iniciou-se na deacutecada de

1980 em meio agraves crises do papel do Estado ideoloacutegica da recomposiccedilatildeo das escalas e ainda

no contexto da discussatildeo da mundializaccedilatildeo do capital do fortalecimento da democracia e da

sociedade participativa e em rede40

Capital social para Bourdieu e Coleman eacute um conjunto de recursos disponiacuteveis para

os indiviacuteduos que se relacionam e mantecircm laccedilos com outros indiviacuteduos do mesmo grupo e de

grupos diferentes (VAacuteZQUEZ 2002 p 130) Para Bourdieu (1980 p256) capital social eacute

39

Para o Banco Mundial capital humano eacute o valor agregado ao trabalhador na forma de conhecimento e

habilidades Assim cada ser humano eacute um investidor em seu capital O capital humano estaacute no indiviacuteduo 40

Para Castells em uma sociedade em rede o poder dos fluxos eacute mais importante que os fluxos do poder (2002

p565)

71

um agregado dos recursos reais ou potenciais que estatildeo ligados agrave posse de uma rede duraacutevel

de relaccedilotildees mais ou menos institucionalizadas de conhecimento e de reconhecimento muacutetuo

A rede de relaccedilotildees eacute vista por este autor como um produto portanto eacute construiacuteda valendo-se

de estrateacutegias de investimentos individuais ou coletivos consciente ou inconscientemente

cujo objetivo eacute a construccedilatildeo e a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees sociais que se fundamentam em

obrigaccedilotildees duraacuteveis subjetivamente sentidas (sentimentos de gratidatildeo respeito amizade

lealdade solidariedade etc) e institucionalizadas em estatutos socialmente reconhecidos ou

juridicamente garantidos41

Para Coleman (1988 p 98) capital social eacute definido por sua funccedilatildeo Natildeo eacute uma

entidade uacutenica mas uma variedade de diferentes entidades com dois elementos em comum

todas elas consistem de algum aspecto da estrutura social e facilitam certas accedilotildees dos atores ndash

pessoas ou empresas ndash no acircmbito da estrutura O capital social para ele eacute um recurso

socioestrutural inerente agraves relaccedilotildees sociais Desse modo eacute possiacutevel deduzir como elementos

da estrutura social que contribuem para a construccedilatildeo do capital social aleacutem da boa vontade

do companheirismo e da simpatia muacutetua destacados por Hanifan (1916 p130) a

confiabilidade a solidariedade as obrigaccedilotildees de reciprocidades as expectativas o

aproveitamento de normas sociais cooperativas entre outros que facilitam as relaccedilotildees nos

diversos grupos sociais

Tanto Bourdieu quanto Coleman argumentam que o capital social natildeo eacute natural e natildeo

existe nos indiacuteviacuteduosO capital social eacute um produto do trabalho social acumulado que tem

como elementos basilares para sua construccedilatildeo os valores culturais e histoacutericos dos grupos e

as capacidades destes de produzir e reproduzir relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e por meio dos

indiviacuteduos

Capital social para Putnam (2006 p177-180) eacute um atributo da estrutura social e se

refere agraves caracteriacutesticas das organizaccedilotildees sociais como redes normas sistemas cadeias de

relaccedilotildees sociais e confianccedila que contribuem para aumentar a eficiecircncia das accedilotildees coletivas e

das poliacuteticas puacuteblicas aleacutem de facilitar as accedilotildees coordenadas cooperadas e compartilhadas

Para ele uma cultura dominada pela confianccedila pelo compromisso da reciprocidade do

compartilhamento e da cooperaccedilatildeo eacute altamente produtiva do capital social Este autor

apresenta atributos do capital social e justifica a importacircncia dele no desempenho

institucional na efetividade das poliacuteticas puacuteblicas e no fortalecimento das comunidades

ciacutevicas destacando que sua abordagem natildeo eacute um argumento para o determinismo cultural e

41

Satildeo considerados aqui estatutos socialmente reconhecidos o grupo familial vicinal de lazer entre outros

72

sim para a ampliaccedilatildeo dos espaccedilos de participaccedilatildeo social e fortalecimento do estoque de

capital social (PUTNAM 1993 p5) Entretanto estes atributos satildeo inerentes aos valores

culturais da populaccedilatildeo e da capacidade destes de formar uma consciecircncia criacutetica organizada e

participativa

Para Fukuyama (1999) a confianccedila as redes e as instituiccedilotildees satildeo manifestaccedilotildees do

capital social e natildeo se constituem em capital social em si Essa eacute uma das criacuteticas mais

recorrentes agrave conceituaccedilatildeo de Putnam (FUKUYAMA 1999 JORDANA2000 REIS 2003

ALBAGLI e MACIEL 2002)

Segundo Fukuyama capital social eacute uma norma instanciada informal que promove a

cooperaccedilatildeo entre dois ou mais indiviacuteduos Estas normas instanciadas estatildeo relacionadas agraves

virtudes tradicionais e valores culturais como a honestidade a manutenccedilatildeo de compromissos

o desempenho de funccedilotildees de confianccedila e a reciprocidade de modo que se percebe uma

reflexatildeo sobre o capital social baseando-se nos valores culturais

Os elementos que asseguram as relaccedilotildees sociais a formaccedilatildeo das redes e a instituiccedilatildeo

das normas nas organizaccedilotildees sociais satildeo os valores42

culturais que apresentam

especificidades locais e regionais O grau de confianccedila existente entre os indiviacuteduos as

normas de comportamento ciacutevico praticado e o niacutevel de associativismo de uma comunidade

indicam que os valores dessa comunidade permitem agrave coletividade ser o agente de sua histoacuteria

e desenvolver accedilotildees que assegurem o bom desempenho das instituiccedilotildees puacuteblicas na prestaccedilatildeo

dos serviccedilos como propotildeem Putnam (1993) e Sen (2010 p 333)

Vaacutezquez (2002 p 146) ressalta que os valores e as atitudes natildeo podem ser

considerados capital social Capital social para ele eacute um recurso oriundo da participaccedilatildeo em

redes sociais A participaccedilatildeo em redes gera obrigaccedilotildees de reciprocidade e informaccedilatildeo Como

lembra Kliksberg (2000 p13) a cultura eacute um tema transversal a todas as dimensotildees do

capital social e estaacute na base das componentes fundamentais deste Entretanto natildeo satildeo todos os

valores que contribuem para a construccedilatildeo do capital social

Os valores culturais de um determinado espaccedilo ou de uma comunidade onde se

percebe o estiacutemulo agrave individualidade e onde ldquoem tempo de farinha pouca meu piratildeo

primeirordquo e ainda onde ldquocada um tenta puxar a brasa agrave sua sardinhardquo certamente que natildeo

42

Valores culturais (eacuteticos poliacuteticos e sociais) devem ser entendidos como o conjunto de normas e de

orientaccedilotildees de condutas dos indiviacuteduos Satildeo valores eacuteticos a solidariedade a bondade a lealdade a toleracircncia a

responsabilidade etc Satildeo valores poliacuteticos a justiccedila a igualdade a imparcialidade a liberdade a cidadania e

outros

73

satildeo espaccedilos que motivam habilitam ou oportunizam aos indiviacuteduos a construccedilatildeo e a

manutenccedilatildeo de relaccedilotildees sociais duradouras conscientes e confiaacuteveis necessaacuterias ao

desenvolvimento do capital social

O capital social como recurso disponibilizado somente para os indiviacuteduos em grupos e

natildeo para o indiviacuteduo separadamente e resultante das relaccedilotildees sociais permitiu a Putnam e a

Coleman caracterizaacute-lo como um bem puacuteblico Eacute possiacutevel relacionar o caraacuteter de bem puacuteblico

do capital social proposto por esses autores com a definiccedilatildeo de bens puacuteblicos de Sen (2012

p171) Segundo ele bens puacuteblicos satildeo aqueles disponiacuteveis para usufruto comum de todos

Desse modo e considerando os atributos do capital social expostos por Putnam Coleman e

Bourdieu este eacute um bem puacuteblico disponiacutevel para o grupo ou para os grupos com

caracteriacutesticas adequadas a essa tipologia de investimento social

Outra linha de reflexatildeo do capital social eacute defendida por Durston (1999 p 104) que

se fundamenta em Douglass North e define capital social como uma instituiccedilatildeo43

complexa e

orientada por normas de bem-estar comum e com papeacuteis racionalizados e conscientes e por

Grootaert (1998) que inclui ainda no conceito de capital social as relaccedilotildees mais formais e

estruturas institucionais como o governo o regime poliacutetico o estado de direito o sistema

judicial e outros sob o argumento da importacircncia dessas instituiccedilotildees no desenvolvimento

econocircmico Estes autores procuram conceituar capital social firmando-se nas instituiccedilotildees

formalizadas na evoluccedilatildeo das sociedades na influecircncia das instituiccedilotildees sobre as sociedades e

desta sobre as instituiccedilotildees

Na tese de Albagli e Maciel (2002 p4) Reis (2003 p 43) Baquero (2003 p 94) e

Guumlemes (2011 p93) ldquoas concepccedilotildees de capital social satildeo demasiadamente abrangentes e

portadoras de ambiguidades importantes que problematizam sua operacionalizaccedilatildeo teoacutericardquo

Essa problematizaccedilatildeo decorre da dependecircncia contextual da anaacutelise da aacuterea de conhecimento

do autor dos elementos usados na conceituaccedilatildeo e outros visto que as estruturas sociais satildeo

dotadas de normas de divisatildeo de funccedilotildees e satildeo regidas por valores comportamentos e

atitudes individuais A complexidade se daacute ainda mais quando se analisa o capital social como

caracteriacutestica das estruturas formais em todas as dimensotildees poliacutetica econocircmica ambiental e

social

43

Durston (2000 p 22) define instituiccedilotildees como sistemas de normas e de relaccedilotildees sociais estaacuteveis que resultam

das interaccedilotildees em um grupo de pessoas e que tendem a satisfazer as necessidades deste a um menor custo

possiacutevel Para North as instituiccedilotildees satildeo as restriccedilotildees inventadas para estruturar a interaccedilatildeo poliacutetica econocircmica e

social (North 1991 p97)

74

Na presente tese o capital social refere-se a um recurso acessiacutevel aos indiviacuteduos

grupos e instituiccedilotildees e que mantecircm laccedilos interpessoais a partir do reconhecimento de valores

de normas e de crenccedilas de grupos formais ou informais capazes de mobilizar os indiviacuteduos

por meio da atitude para reunir-se formar redes e associar-se a outros com a finalidade de

auferir benefiacutecios muacutetuos produzir bens comuns e fortalecer as instituiccedilotildees Embora o capital

social seja reconhecido nas e a partir das relaccedilotildees sociais os atributos das estruturas sociais

(confianccedila solidariedade reciprocidade cooperaccedilatildeo e outros) as crenccedilas o comportamento e

as atitudes satildeo dos indiviacuteduos E satildeo esses elementos que os capacitam para se relacionar

participar de processos eleitoraisciacutevicos filiar-se a organizaccedilotildees sociais manter as tradiccedilotildees

e os compromissos ciacutevicos e compartilhar accedilotildees com o outro O capital social eacute um recurso

inerente agrave estrutura dos relacionamentos estabelecidos entre os indiviacuteduos cuja fonte do

beneficiamento se encontra no outro e natildeo nele mesmo (Portes 1998 p 7) sendo desse modo

valorizado e suprido pela coletividade e natildeo pelo agente privado (Putnam 2003180)

O Banco Mundial (2003 p5) e Adler e Kwon (2009 p 90) diante das diferentes

conceituaccedilotildees formuladas sobre capital social propotildeem o agrupamento destas em duas

abordagens a primeira denominada estruturalista pelo Banco Mundial analisa o capital

social como um recurso que facilita a accedilatildeo dos indiviacuteduos que participam de redes sociais e

que mantecircm viacutenculos diretos e indiretos com outros atores componentes da rede Neste grupo

as informaccedilotildees o apoio e as ideias que os indiviacuteduos buscam em seus pares satildeo recursos

(capital) na medida em que satildeo acessiacuteveis somente dentro e por meio dessas relaccedilotildees

A segunda abordagem interpreta o capital social como uma caracteriacutestica das

estruturas sociais que possibilita aos seus participantes a coesatildeo e os benefiacutecios associados

Essa segunda abordagem eacute classificada como cognitiva pelo Banco Mundial e estaacute associada a

Putnam que discute a sinergia entre o engajamento ciacutevico o crescimento econocircmico e o

governo como resultado do contexto poliacutetico institucional e legal

De acordo com Balestro (2006 p29) que analisou diferentes conceituaccedilotildees de capital

social e os agrupamentos propostos por Adler e Kwon as conceituaccedilotildees de capital social

podem ser organizadas tanto em um como em outro grupo

Guumlemes (2011 p 93) propotildee a diferenciaccedilatildeo em duas linhas teoacutericas construiacutedas a

partir dos elementos usados para a conceituaccedilatildeo de capital social Na primeira denominada

culturalista o capital social eacute concebido como algo subjetivo e associado aos valores

culturais atitudes e traccedilos individuais Na segunda a estruturalista o capital social eacute

concebido como um aspecto da estrutura social acessiacutevel a indiviacuteduos e grupos a partir da

75

participaccedilatildeo destes em redes As linhas de abordagem do Banco Mundial e de Adler e Kwon

adotaram os efeitos do capital social como elementos de classificaccedilatildeo enquanto Guumlmes se

utilizou de fontes do capital social para ordenaacute-las

Analisando as conceituaccedilotildees de capital social de diferentes autores e as linhas teoacutericas

propostas por Guumlemes foi possiacutevel organizaacute-las em duas vertentes a estruturalista e a

culturalista A sua distribuiccedilatildeo obedeceu agrave tipologia da abordagem identificada nas obras

referenciadas no Quadro 4 Assim os trabalhos de Bourdieu (1980) Coleman (1988) Portes

(1998) Woolcock e Narayan (2000) Faar (2004) Banco Mundial (1998) Araujo (2003)

Durston (1999) e Guumlmes (2011) foram classificados na vertente estruturalista haja vista a

preocupaccedilatildeo dos autores em ressaltar aspectos da estrutura social como normas e redes que

permitem aos indiviacuteduos a participaccedilatildeo em redes motivada por uma racionalidade induzida

por certos incentivos ou sanccedilotildees estruturais As obras de Putnam Fukuyama Baquero

Kliksberg Valdivieso e Lechner foram sistematizadas na linha culturalista em que os valores

culturais desempenham um importante papel nas conceituaccedilotildees de capital social

Os elementos usados para as conceituaccedilotildees de capital social e a aacuterea de conhecimento

do autor fornecem ainda a identificaccedilatildeo das fontes do capital social De acordo com Adler e

Kwon (2009 p 95) satildeo trecircs as principais fontes de capital social rede normas

compartilhadas e crenccedilas compartilhadas Segundo eles satildeo fontes interdependentes embora

cada uma delas contribua de maneira diferente para a formaccedilatildeo do capital social A natureza

das normas determina essa contribuiccedilatildeo e o sistema de crenccedilas comuns permite a

comunicaccedilatildeo das ideias e das experiecircncias entre os participantes das redes e tambeacutem

respondem pelo papel da confianccedila nas relaccedilotildees sociais poliacuteticas e econocircmicas como

defende Sen (2012 p 24)

Putnam (1993 p39) demonstrou que um dos efeitos diretos das normas e redes ciacutevicas

em comunidades com alto estoque de capital social eacute o desempenho efetivo das instituiccedilotildees

puacuteblicas Os efeitos do capital social nas instituiccedilotildees formais e informais no controle social

e no desenvolvimento local ou regional seratildeo tratados a seguir

76

Quadro 4 Conceituaccedilotildees de capital social e correntes teoacutericas das abordagens

CORRENTE

TEOacuteRICAAUTOR CONCEITUACcedilAtildeO DE CAPITAL SOCIAL

Pierre Bourdieu

(1980)

Um agregado dos recursos reais ou potenciais que estatildeo ligados agrave posse de uma rede duraacutevel de

relaccedilotildees mais ou menos institucionalizadas de conhecimento e de reconhecimento muacutetuo

(Traduccedilatildeo nossa)

James S

Coleman (1988)

Eacute definido por sua funccedilatildeo ou seja pelos benefiacutecios das relaccedilotildees que os grupos produzem ldquoNatildeo eacute

uma entidade uacutenica mas uma variedade de diferentes entidades com dois elementos em comum

todas elas consistem no mesmo aspecto das estruturas sociais e todas facilitam certas accedilotildees dos

indiviacuteduos da mesma estrutura (Traduccedilatildeo nossa)

Alejandro Portes

(1998)

A capacidade dos atores para garantir benefiacutecios em virtude da adesatildeo em redes sociais ou outras

estruturas sociais

Maria Celina

DrsquoAraujo (2003)

Argamassa que manteacutem as instituiccedilotildees em contato entre si e as vincula ao cidadatildeo visando agrave

produccedilatildeo do bem comum

Adler e Kwon

(2009)

Recurso formado pela configuraccedilatildeo e conteuacutedo das redes de relaccedilotildees sociais mais ou menos

duraacutevel e acessiacutevel aos atores individuais e coletivos que delas fazem parte

Mariacutea Ceciacutelia

Guumlemes (2011)

Vantagem de revalorizar bens sociais intangiacuteveis como a confianccedila ou a reciprocidade no marco

da problematizaccedilatildeo do desenvolvimento econocircmico (Traduccedilatildeo nossa)

World Bank (1998)

Inclui as instituiccedilotildees as relaccedilotildees as atitudes e os valores que governam as interaccedilotildees entre as

pessoas e contribui para o desenvolvimento econocircmico e desenvolvimento socialEle inclui o

compartilhamento de valores e regras de conduta social expressa nas relaccedilotildees pessoais confianccedila

e um senso comum de responsabilidade ciacutevica que torna a sociedade mais do que uma coleccedilatildeo

de indiviacuteduos (Traduccedilatildeo nossa)

James Faar (2004)

Rede de associaccedilotildees atividades ou relaccedilotildees que unem as pessoas em uma comunidade por meio de

certas normas e capacidades psicoloacutegicas nomeadamente de confianccedila que satildeo essenciais para a

sociedade civil e produtivas de accedilatildeo coletiva futura ou bens na forma de outras formas de capital

(Traduccedilatildeo nossa)

Michael Woolcock

e Deepa Narayan

(2000)

Normas e redes que possibilitam agraves pessoas o agir coletivo (Traduccedilatildeo nossa)

John Durston

(1999)

O conjunto de normas instituiccedilotildees e organizaccedilotildees que promovem a confianccedila e a cooperaccedilatildeo

entre as pessoas nas comunidades e nas sociedades (Traduccedilatildeo nossa)

Francis Fukuyama

(1999)

Uma norma instanciada que promove a cooperaccedilatildeo entre dois ou mais indiviacuteduos As normas que

constituem o capital social podem variar de uma regra de reciprocidade entre dois amigos ateacute

todo o caminho ateacute as doutrinas complexas elaboradas e bem articuladas(Traduccedilatildeo nossa)

Robert Putman

(2006)

Caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo social como confianccedila normas e sistemas que contribuam para

aumentar a eficiecircncia da sociedade facilitando as accedilotildees coordenadas a cooperaccedilatildeo

espontacircnea as normas e as cadeias de relaccedilotildees sociais multiplicam-se com o uso e miacutenguam

com o desuso constitui um bem puacuteblico ao contraacuterio do capital convencional que normalmente

eacute um bem privado a regra da reciprocidade generalizada eacute um componente altamente

produtivo

Kliksberg

Bernardo (2000)A confianccedila o comportamento ciacutevico o grau de associativismo

Patricio Valdivieso

(2003)

Recursos de indiviacuteduos e coletividades que incluem redes sociais confianccedila normas comuns

accedilotildees cooperativas entre outras (Traduccedilatildeo nossa)

Marcello Baquero

(2003)

Envolvimento dos indiviacuteduos em atividades coletivas que geram beneficios em um espectro mais

amplo

Norbert Lechner

(1999)Confianccedila social normas de reciprocidade e redes de compromisso ciacutevico

Est

rutu

rali

sta

Cu

ltu

rali

sta

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

77

411 Capital social e seus efeitos sobre as poliacuteticas de desenvolvimento

As fontes do capital social tecircm influenciado a produccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos que

identificam uma multiplicidade de efeitos deste em diferentes niacuteveis (individual social

poliacutetico e econocircmico) Entretanto Portes (1998) argumenta que os efeitos do capital social

podem ser agrupados conforme suas funccedilotildees Para ele satildeo trecircs as funccedilotildees baacutesicas que podem

ser aplicadas a uma variedade de contextos (i) como uma fonte de controle social (ii) como

uma fonte de suporte familiar ou (iii) como fonte de benefiacutecios por meio de redes

extrafamiliares Neste texto a anaacutelise dos efeitos do capital social se desenvolveraacute a partir dos

niacuteveis de atuaccedilatildeo destacando as principais funccedilotildees destes

Os efeitos do capital social para o indiviacuteduo que participa de rede de relaccedilotildees sociais

podem ser enumerados desde o fortalecimento do sentimento de felicidade de satisfaccedilatildeo com

a vida como prevecirc Guumlemes (2011p95) ateacute a possibilidade de acesso a recursos escassos

como defende Albagli e Maciel (2002 p9) a fontes mais amplas de informaccedilatildeo a um custo

menor e ao poder sustentada por Adler e Kwon (2000 p 103) e ainda agrave difusatildeo da

confianccedila interpessoal como propotildee Jordana (2000)

No niacutevel social os efeitos do capital social devem ser analisados como fonte de

benefiacutecios oriundos das redes extrafamiliares e da capacidade dos indiviacuteduos de estabelecer

relaccedilotildees e formar redes Eacute a funccedilatildeo mais comum e mais estudada e se encontra vinculada agrave

solidariedade agraves obrigaccedilotildees de reciprocidade agrave confianccedila estabelecida entre os indiviacuteduos

que participam de redes Os principais benefiacutecios destacados satildeo o fortalecimento dos haacutebitos

de cooperaccedilatildeo solidariedade e espiacuterito puacuteblico compartilhamento das accedilotildees e facilidade nas

transaccedilotildees do mercado como defendem Bourdieu (1980) Portes (1998) Woolcock e Narayan

(1999) Fukuyama (1999) Baquero (2003e 2008) Rattner ( 2002) e Faar (2004)

No niacutevel poliacutetico o controle social ou controle democraacutetico por ser uma expressatildeo da

democracia participativa e de uma sociedade organizada (formal ou informalmente) e com

capacidade de participaccedilatildeo cidadatilde eacute reconhecidamente uma funccedilatildeo que vem ganhando

destaque natildeo apenas na gestatildeo puacuteblica com os estudos que enfatizam a importacircncia do capital

social para a governabilidade democraacutetica a democracia a eficiecircncia na Administraccedilatildeo

Puacuteblica e a qualidade das poliacuteticas puacuteblicas mas sobretudo correlacionada com a funccedilatildeo

econocircmica que destaca os efeitos do capital social sobre as poliacuteticas de desenvolvimento uma

vez que este estaacute sendo analisado e proposto como o elemento faltante no crescimento

78

econocircmico (PUTNAM 1993 GUumlEMES 2011 RUTTEN e BOEKEMA 2007 BAQUERO

2003 e 2008 e VALDIVIESO 2003)

Para Portes (1998) a funccedilatildeo controle social agrega uma seacuterie de estudos que ressaltam

o papel das instituiccedilotildees e do controle social Nesta seacuterie cabe destaque ao estudo de

Woolcock e Narayan(2000 p228) que investiga o papel e a importacircncia das comunidades e

instituiccedilotildees nas poliacuteticas de desenvolvimento econocircmico Para eles essa investigaccedilatildeo pode ser

realizada a partir de quatro perspectivas na visatildeo comunitaacuteria (as associaccedilotildees locais como

elemento do desenvolvimento) na visatildeo de redes (as redes horizontais e verticais e as

relaccedilotildees intra e intergrupais como fator de desenvolvimento) a visatildeo institucional (a

qualidade das instituiccedilotildees poliacuteticas legais econocircmicas e sociais como fator do

desenvolvimento) e a visatildeo sineacutergica (se baseia na relaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade como

base para o desenvolvimento)

De acordo com Woolcock e Narayan (2000 p234) a capacidade de mobilizaccedilatildeo dos

grupos sociais por interesses coletivos depende precisamente da qualidade das instituiccedilotildees

formais com as quais funcionam o desempenho do governo na prestaccedilatildeo dos serviccedilos e na

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem como o desempenho das empresas privadas

dependem da coerecircncia interna destes e da responsabilidade social adotada Essa dependecircncia

torna-se mais visiacutevel quando se comparam as oportunidades sociais oferecidas a indiviacuteduos

com e sem acesso a serviccedilos puacuteblicos de qualidade

O capital social como fator de desenvolvimento econocircmico eacute fortalecido ainda pela

proposta do desenvolvimento sustentaacutevel que insere a dimensatildeo social natildeo apenas como

finalidade mas sobretudo como variaacutevel articuladora entre o modelo econocircmico produtivo e

o desenvolvimento social como propotildee Perico (2008 p34) Esta articulaccedilatildeo seraacute estabelecida

a partir do conhecimento das intervenccedilotildees econocircmicas produtivas e da infraestrutura social e

do seu capital social O conhecimento do capital social a partir de indicadores deve fornecer

as bases para as estrateacutegias de crescimento econocircmico sustentaacutevel e o desenvolvimento social

efetivo

A confirmaccedilatildeo de correlaccedilatildeo positiva entre o capital social o desenvolvimento o

desempenho governamental e o fortalecimento das democracias tem estimulado pesquisadores

a buscar respostas para a possibilidade da construccedilatildeo do capital social Warner (2002) e

Nicholls (2009) acreditam que tanto o governo local quanto as instituiccedilotildees governamentais e

as organizaccedilotildees natildeo governamentais podem estruturar o capital social Os principais meios

pelos quais os governos locais podem contribuir para a formaccedilatildeo do capital social satildeo a

79

descentralizaccedilatildeo da execuccedilatildeo de programas e projetos concedendo agraves organizaccedilotildees sociais

essa execuccedilatildeo e mais a institucionalizaccedilatildeo de espaccedilos para a participaccedilatildeo popular para o

controle das poliacuteticas puacuteblicas e para a formaccedilatildeo de alianccedilas

A ideia de participaccedilatildeo cidadatilde transcende a noccedilatildeo de participaccedilatildeo poliacutetica e requer o

envolvimento das pessoas nas decisotildees de poliacuteticas e no controle social da gestatildeo puacuteblica ou

seja um alto niacutevel de capital social Os argumentos apresentados em favor da participaccedilatildeo

enfatizam a eficaacutecia das poliacuteticas a boa governanccedila a sustentabilidade o fortalecimento do

capital social a democratizaccedilatildeo o fortalecimento da sociedade civil e o desenvolvimento

Em relaccedilatildeo ao papel das instituiccedilotildees puacuteblicas na construccedilatildeo do capital social Warner

(2002) cita que a descentralizaccedilatildeo dos programas e o controle social das poliacuteticas e programas

compartilhados com a populaccedilatildeo aleacutem do impacto sobre o desenvolvimento do capital social

satildeo maiores quanto maior a capacidade de participaccedilatildeo da comunidade Quanto agrave capacidade

de as organizaccedilotildees sociais construiacuterem o capital social o autor admite esse poder embora

relacione algumas caracteriacutesticas verificadas em algumas comunidades que podem contribuir

para um baixo desempenho dessas organizaccedilotildees Satildeo elas a baixa capacidade associativa e

cooperativa as relaccedilotildees sociais fracas a falta de compromisso com os bens puacuteblicos ou

ainda em comunidades suscetiacuteveis de mudanccedilas em funccedilatildeo de forccedilas externas

Por fim constata-se de fato a complexidade da conceituaccedilatildeo do capital social e

sobretudo de sua aplicabilidade em um estudo teacutecnico-cientiacutefico Parte dessa complexidade

reside na necessidade do reconhecimento e da mensuraccedilatildeo das relaccedilotildees sociais estabelecidas

nos grupos e entre a sociedade civil o Estado e o mercado uma vez que todos os agentes e

atores (indiviacuteduos e organizaccedilotildees) estatildeo inseridos num contexto social Isso significa que satildeo

partes de um sistema permanente de relaccedilotildees sociais Esse sistema contiacutenuo de relaccedilotildees

sociais ao longo do tempo desenvolve suas proacuteprias normas valores e regras etc que satildeo

especiacuteficos de cada lugar e de cada regiatildeo

No contexto dessas especificidades eacute que se propotildee analisar o estoque de capital social

dos e nos territoacuterios de planejamento e a capacidade desse estoque na participaccedilatildeo do

processo de planejamento das poliacuteticas puacuteblicas na elaboraccedilatildeo dos instrumentos de

planejamento governamental e na construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de estruturas de governanccedilas

dessas poliacuteticas

A governanccedila como valor instrumental do e para o desenvolvimento eacute destacada por

Rodrik (2008) e Fukuyama (2008) que avaliam tanto o desempenho do Estado na prestaccedilatildeo

80

dos serviccedilos puacuteblicos quanto a organizaccedilatildeo social para a participaccedilatildeo democraacutetica e o controle

social

A estruturaccedilatildeo desses sistemas de governanccedila bem como seu uso como instrumento

para o desenvolvimento local e ou territorial dependem diretamente do capital social local

Desse modo o subcapiacutetulo seguinte trataraacute desse tema

42 Governanccedila e Governabilidade

Nos argumentos da teoria do desenvolvimento local endoacutegeno que enfatiza a melhoria

do desempenho da Administraccedilatildeo Puacuteblica a partir da inserccedilatildeo de outros agentes do

desenvolvimento no processo decisoacuterio o tema governanccedila (governance) se constitui um de

seus principais elementos Isto porque a proposta do desenvolvimento local como alternativa

de modelo enfatiza a pluralidade de agentes do desenvolvimento Essa pluralidade de agentes

exige clareza na coordenaccedilatildeo e nas regras do jogo base para a compreensatildeo da governanccedila

Inicialmente eacute importante entender a origem do termo governanccedila sua evoluccedilatildeo

conceitual e relaccedilatildeo com o desenvolvimento no Estado contemporacircneo A tentativa desse

resgate justifica-se pela necessidade do reconhecimento das possibilidades e dos desafios

desse instrumento analiacutetico em um modelo de desenvolvimento territorial

Etimologicamente a palavra

Governanccedila deriva-se do verbo grego kubernacircn (sic) (na realidade

xuβερνάω kubernaacuteo) que significa pilotar ou dirigir e que atraveacutes do latim

ldquogubernantiardquo chega ao castelhano antigo e ao portuguecircs ndashldquogovernanccedilardquondash

desde o francecircs ldquogouvernancerdquo (CENDOacuteN 2002 p 11 Traduccedilatildeo nossa)

O conceito de governanccedila tem sido formulado em diferentes campos do conhecimento

como na ciecircncia poliacutetica na economia na sociologia e ganhou relevacircncia na deacutecada de 1990

Embora exista uma profusa literatura sobre governanccedila natildeo haacute aqui a pretensatildeo de uma

revisatildeo extensiva e criacutetica sobre a temaacutetica O principal objetivo eacute contribuir para a discussatildeo

conceitual do que seja governanccedila e explicar a sua estruturaccedilatildeo em um sistema democraacutetico

com ldquolegitimidade miacutenima na formaccedilatildeoorientaccedilatildeo dos seus respectivos governosrdquo

81

(ARAUJO 2002 p 5)44

Desse modo as subseccedilotildees a seguir trataratildeo dos conceitos propostos

para governanccedila e governabilidade e da estruturaccedilatildeo de sistema de governanccedila

421 Conceitos de Governanccedila

O termo governanccedila ou como sugere Cendoacuten (2002 p 11) ldquoessa forma especial de

governarrdquo surge em um contexto de crise do Estado-Nacional (crise de governabilidade) cujo

primeiro registro tem sido atribuiacutedo ao Relatoacuterio para a Comissatildeo Trilateral intitulada The

Crisis of Democracy elaborado pelos cientistas poliacuteticos Samuel Huntington Michael Crozier

e Joji Watanuki em 1975 (ARAUJO 2002 SANTOS 2001 IVO 2002 e PRATS 2004) O

relatoacuterio conteacutem um diagnoacutestico as disfunccedilotildees da democracia e um conjunto de accedilotildees

estrateacutegicas e taacuteticas (o ldquoreceituaacuterio normativordquo como propotildee Ivo 2002 p3) que visava ao

fortalecimento das democracias e ao desenvolvimento equilibrado e sustentaacutevel nos paiacuteses em

desenvolvimento (HUNTINGTON et al 1975p 173)

Na deacutecada de 1980 a continuidade da discussatildeo da crise do Estado-Nacional foi

ampliada com a formaccedilatildeo de blocos econocircmicos da globalizaccedilatildeo e das reflexotildees sobre as

caracteriacutesticas do desenvolvimento endoacutegeno das poliacuteticas descentralizadas da mobilizaccedilatildeo

da pressatildeo e da organizaccedilatildeo da sociedade civil Nesse momento as agecircncias financiadoras

principalmente o Banco Mundial e o Fundo Monetaacuterio Internacional (FMI) aleacutem do Programa

das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) iniciam a produccedilatildeo de trabalhos que

orientavam a reforma administrativa e econocircmica e a praacutetica da boa governanccedila para os paiacuteses

em desenvolvimento Esse conjunto de praacuteticas e a criaccedilatildeo de novas institucionalidades que

tinham como objetivo fortalecer a democracia e a eficaacutecia dos governos para a promoccedilatildeo do

desenvolvimento equilibrado e sustentaacutevel denominado boa governanccedila fez com que o

conceito de governanccedila fosse empregado com o adjetivo ldquoboardquo ldquobuena gobernanzardquo ldquogood

governancerdquo (CENDOacuteN 2002 p12)

O Banco Mundial45

desenvolveu diversos trabalhos sobre a temaacutetica sendo o livro

Governance and Development lanccedilado em 1992 aquele que tem sido citado por autores

44

O autor considera legitimidade democraacutetica miacutenima a garantia de direitos fundamentais como a eleiccedilatildeo direta

respeito agrave oposiccedilatildeo voto secreto liberdade de expressatildeo e associaccedilatildeo pluripartidarismo e outros

45 O Banco Mundial conceitua governanccedila como uma ferramenta analiacutetica ou operacional Como ferramenta

operacional a governanccedila eacute interpretada a partir de trecircs aspectos (i) forma do regime poliacutetico (ii) processo no

qual eacute exercida a autoridade na administraccedilatildeo dos recursos econocircmicos e sociais de um paiacutes para o

82

como Santos (2001) como referecircncia para o conceito de governanccedila De acordo com a autora

governanccedila para o Banco Mundial refere-se agrave forma como eacute exercido o poder no

gerenciamento dos recursos econocircmicos e sociais de um paiacutes para o desenvolvimento

(SANTOS 2001 p8) O conceito de governanccedila para o Banco Mundial vincula-se ao

Estado e sua capacidade poliacutetica teacutecnica e institucional para a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e

acompanhamento das poliacuteticas puacuteblicas Desse modo a boa governanccedila como um conjunto de

praacuteticas buscava a estruturaccedilatildeo de uma governanccedila que fortalecesse a democracia

participativa e a governabilidade uma vez que atribui a este uacuteltimo o poder poliacutetico

institucional formal local

O Livro Branco da Comunidade Europeia conceitua governanccedila com base nas

ferramentas (regras praacuteticas processos) e nos valores essenciais (responsabilidade

transparecircncia coerecircncia eficiecircncia e eficaacutecia) disponibilizados para o grupo (LIVRO

BRANCO 2001 p8) que tambeacutem dizem respeito a ferramentas e valores essenciais para o

setor puacuteblico empreender as mudanccedilas necessaacuterias agrave participaccedilatildeo da sociedade civil

organizada e do setor produtivo na gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

O Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) reconhece a

importacircncia da gestatildeo puacuteblica e o fortalecimento da democracia para o desenvolvimento

como defendido por algumas organizaccedilotildees internacionais e sobretudo compreende a

dificuldade do diaacutelogo e aceitaccedilatildeo da estruturaccedilatildeo da governanccedila entre os paiacuteses em

desenvolvimento pela diversidade de pontos de vista e suas limitaccedilotildees Para o PNUD (1997

p9) a governanccedila trata aleacutem do setor puacuteblico do setor privado e das organizaccedilotildees da

sociedade civil Desse modo para o PNUD governanccedila eacute

O exerciacutecio da autoridade econocircmica poliacutetica e administrativa para gerir os

assuntos de um paiacutes em todos os niacuteveis Compreende os mecanismos

processos e instituiccedilotildees atraveacutes dos quais os cidadatildeos e grupos articulam

seus interesses exercer os seus direitos legais cumprem as suas obrigaccedilotildees e

mediam suas diferenccedilas (PNUD 1997 p 9)

O exerciacutecio da autoridade econocircmica natildeo deve se confundir com a autoridade poliacutetica

que por sua vez natildeo deve interferir na autoridade administrativa como se espera em um

regime democraacutetico E eacute esse reconhecimento da autoridade do outro que facilita o respeito agraves

regras instituiccedilotildees e praacuteticas necessaacuterias ao gerenciamento dos recursos econocircmicos e sociais

de um paiacutes e fundamentalmente estabelece as regras para a participaccedilatildeo de todos os agentes

desenvolvimento (iii) capacidade de planejamento e formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e a descentralizaccedilatildeo das

funccedilotildees (HYDEN e COURT 2002 p 12 traduccedilatildeo nossa)

83

do desenvolvimento na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas Ao Estado contemporacircneo cabem o

desafio e o papel de regulador coordenador entre os diversos elementos do arranjo e

garantidor dos direitos dos cidadatildeos

Outra perspectiva teoacuterica de anaacutelise da governanccedila surge com a proposta do

desenvolvimento local sustentaacutevel da descentralizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas e dos distritos

industriais No contexto do desenvolvimento local sustentaacutevel a inspiraccedilatildeo foi a experiecircncia

da Inglaterra com o incentivo agrave inovaccedilatildeo agrave participaccedilatildeo social e descentralizaccedilatildeo das

poliacuteticas puacuteblicas (IVO 2002 p 8)

Analisando as estruturas da governanccedila dos distritos industriais Tapia (2005)

reconhece a relativa heterogeneidade das abordagens conceituais de governanccedila nos estudos

produzidos Poreacutem conseguiu enfatizar trecircs vertentes analiacuteticas a primeira trata da ecircnfase da

dimensatildeo territorial do desenvolvimento local e do papel estrateacutegico das instituiccedilotildees no

desenvolvimento a segunda discute a governanccedila no contexto do paradigma da concertaccedilatildeo

social inspirada nas experiecircncias dos Pactos Territoriais na Europa e em especial a

experiecircncia regional italiana e por fim aquela que tem inspiraccedilatildeo na teoria das organizaccedilotildees

e na administraccedilatildeo e em seu caraacuteter normativo (TAPIA 2003 p 7)

A estrutura de governanccedila dos distritos industriais baseada na teoria das organizaccedilotildees

e na praacutetica de gerenciamento de empresas privadas serviu de modelo para o setor puacuteblico na

proposta da administraccedilatildeo puacuteblica gerencial46

No Brasil o principal defensor da

administraccedilatildeo puacuteblica gerencial foi Bresser-Pereira Para esse autor a governanccedila

compreende mecanismos processos e instituiccedilotildees puacuteblicas por meio das quais o Estado

transforma suas poliacuteticas em realidades

Aleacutem de Bresser-Pereira a maioria dos autores brasileiros analisados e relacionados

do Quadro 3 entre outros conceitua governanccedila como um atributo do poder puacuteblico como

pode ser percebido nos conceitos formulados por Diniz (1997) Ferreira (1996) Oliveira

(2003) Rua (1997) Araujo (2002) e outros como Kaufmann e Kraay (2007) Desse modo a

participaccedilatildeo socialquando prevista ocorre ateacute o grau de consulta obrigatoacuteria47 como pode ser

constatado nos estudos que analisam o funcionamento dos conselhos constitucionais de

poliacuteticas puacuteblicas Esses conselhos tecircm revelado limitaccedilotildees ora pela ausecircncia das

46

As principais caracteriacutesticas da administraccedilatildeo puacuteblica gerencial podem ser encontradas em Bresser-Pereira

Luis Carlos A reforma do Estado dos anos 90 loacutegica e mecanismos de controle Cadernos MARE da Reforma

do Estado nordm 01 1997 p 42 47

De acordo com Bordenave os graus e niacuteveis de participaccedilatildeo satildeo sete Satildeo eles informativo consultivo

facultativo consultivo obrigatoacuterio elaboraccedilatildeorecomendaccedilatildeo cogestatildeo delegaccedilatildeo e autogestatildeo (BORDENAVE

2007 p31)

84

informaccedilotildees ora pela pouca capacidade teacutecnica e poliacutetica das lideranccedilas sociais para

formulaccedilatildeo e anaacutelise das poliacuteticas e negociaccedilatildeo de prioridades e alianccedilas como afirma

Albuquerque (2004 p39)

Outro enfoque conceitual analisado ressalta a dimensatildeo social com o envolvimento e a

participaccedilatildeo da sociedade civil organizada e dos cidadatildeos na formulaccedilatildeo implementaccedilatildeo e

controle das poliacuteticas puacuteblicas aleacutem do compartilhamento de atribuiccedilotildees e pesos entre os

diferentes agentes Dentre os principais autores destacam-se Pratis (1998) com o sistema

institucional formal e informal Tapia (2005) que percebe uma accedilatildeo coletiva de um sistema

de atores Amos (2010) e suas formas de cooperaccedilatildeo e Santos (2001) com o padratildeo de

articulaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo O envolvimento e a participaccedilatildeo social na formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas sem uma reforma que envolva aspectos poliacuteticos

econocircmicos instrumentais e institucionais ndash formais e informais governamentais e natildeo

governamentais fundamentalmente eacute um esforccedilo que carece de anaacutelise mais acurada e uma

maturaccedilatildeo sobre os instrumentos haja vista os riscos efetivos do fortalecimento das praacuteticas

clientelistas que possuem raiacutezes fortes e ainda robustas na cultura poliacutetica brasileira e

nordestina

No esforccedilo de anaacutelise da governanccedila urbana no Brasil Frey (2007 p141) propotildee duas

vertentes de reflexotildees teoacutericas em torno da reforma e modernizaccedilatildeo do Estado e da gestatildeo

puacuteblica e ressalta a importacircncia dessas concepccedilotildees como referencial para a anaacutelise da

governanccedila A primeira delas denominada socialdemocraacutetica caracteriza-se pela

modernizaccedilatildeo gerencial do setor puacuteblico poreacutem manteacutem o gestor isolado das pressotildees sociais

e a segunda a democraacutetico-participativa propotildee a reestruturaccedilatildeo dos mecanismos de decisatildeo

e requer novas habilidades do gestor puacuteblico tanto para a formulaccedilatildeo dos processos quanto

para a articulaccedilatildeo integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo na sua implementaccedilatildeo e controle (FREY 2007

p141)

Fundamentando-se nas duas vertentes de reflexotildees teoacutericas de Frey (2007) tornou-se possiacutevel

a identificaccedilatildeo do referencial teoacuterico da governanccedila dos textos analisados conforme mostra o

Quadro 548

48

Eacute importante esclarecer que a vertente teoacuterica natildeo estaacute sendo proposta para o autor e sim para sua expressatildeo no

texto analisado

85

Quadro 5 Autores e propostas conceituais de governanccedila e governabilidade

AUTORES GOVERNANCcedilA GOVERNABILIDADE CONTEXTO

BrasilPresidecircncia

da Repuacuteblica

(1995)

Capacidade de implementar as poliacuteticas

puacuteblicas Poder para governar

Luiz C Bresser-

Pereira (1997)

Capacidade efetiva de que o Governo dispotildee

para transformar suas poliacuteticas em realidades Aspectos poliacuteticos

Caio MMFerreira

(1996)

Capacidade de implementaccedilatildeo das

transformaccedilotildees necessaacuterias

Condiccedilotildees de legitimidade de um determinado

governo para empreender as transformaccedilotildees

necessaacuterias

Gustavo J de

Oliveira (2003)Forma como eacute exercido o poder

Condiccedilotildees de legitimidade e sustentaccedilatildeo poliacutetica

que um governo tem para exercer o poder

Eli Diniz (1997)

Capacidade de accedilatildeo estatal na implementaccedilatildeo

das poliacuteticas e na consecuccedilatildeo das metas

coletivas Refere-se ao conjunto de

mecanismos e procedimentos para lidar com a

dimensatildeo participativa e plural da sociedade

()

Refere-se agraves condiccedilotildees sistecircmicas mais gerais

sob as quais se daacute o exerciacutecio do poder em uma

dada sociedade tais como as caracteriacutesticas do

regime poliacutetico() a forma de governo () as

relaccedilotildees entre os poderes () os sistemas

partidaacuterios () entre outras

Viniacutecius de C

Araujo (2002)

Capacidade que um determinado governo tem

para formular e implementar as suas poliacuteticas

Refere-se agraves proacuteprias condiccedilotildees

substantivasmateriais de exerciacutecio do poder e de

legitimidade do Estado e do seu governo

derivadas da sua postura diante da sociedade

civil e do mercado

Maria da G Rua

(1997)Rotinas de gerenciamento despolitizado

Dimensatildeo propriamente poliacutetica do processo de

governo

Joan Prats i Catalaacute

(1998)

Sistema institucional - formal e informal - que

demarca a accedilatildeo dos atores sociais -

governamentais e natildeo governamentais

Capacidade de um sistema democraacutetico para se

autogovernar e enfrentar positivamente os

desafios e as oportunidades

Maria Helena de

C Santos (2001)

Padratildeo de articulaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre

atores sociais e politicos e arranjos institucionais

que coordenam e regulam transaccedilotildees dentro e

pelas fronteiras do sistema econocircmico

Capacidade de um sistema poliacutetico em produzir

poliacuteticas puacuteblicas que resolvam os problemas da

sociedade ou a capacidade dos governos de

converter o potencial poliacutetico de um dado

conjunto de instituiccedilotildees e praacuteticas poliacuteticas em

capacidade de definir implementar e sustentar

poliacuteticas

Democraacutetico-

Participativo

Socialdemocraacutetico

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

Kersbergen e Waarden (2004) revisaram os diferentes conceitos de governanccedila e

entre outras conclusotildees afirmaram que as caracteriacutesticas usadas satildeo comuns a todas as

interpretaccedilotildees poreacutem as abordagens satildeo diferentes (Kersbergen e Waarden 2004 p151)

Para esses autores haacute pouca teoria sobre os temas poreacutem muita confusatildeo conceitual

(KERSBERGEN e WAARDEN 2004 p144) Para Araujo (2002) natildeo haacute uma definiccedilatildeo

clara de governabilidadegovernanccedila e a variaccedilatildeo conceitual depende da orientaccedilatildeo

ideoloacutegica do autor (ARAUJO 2002 p 6) De fato percebe-se que os termos estado e

governo satildeo as palavras-chave dos conceitos apresentados e que haacute uma tendecircncia da

86

vinculaccedilatildeo dos termos governanccedila e governabilidade com o poder do Estado e concentraccedilatildeo

da anaacutelise na dimensatildeo teacutecnica por meio da necessidade de ajustes do aparelho do Estado

Outros autores interpretam a governanccedila como uma qualidade do sistema poliacutetico e

referem-se a disposiccedilotildees comportamentais em vez de capacidades teacutecnicas (HYDEN e

COURT 2002 p13)

Essa disposiccedilatildeo comportamental estaacute diretamente ligada agrave cultura poliacutetica e

consequentemente ao controle democraacutetico de uma sociedade Portanto aplica-se tanto ao

poder puacuteblico para adotar os princiacutepios da boa governanccedila49

ou de novas habilidades

gerenciais como a flexibilidade a articulaccedilatildeo e a cooperaccedilatildeo quanto agrave populaccedilatildeo para a

mobilizaccedilatildeo a organizaccedilatildeo e a participaccedilatildeo50

Dessa forma governanccedila se estabelece em um

cenaacuterio onde haacute liberdade poliacutetica e confianccedila ou seja onde haacute capital social Desse modo o

sistema de governanccedila eacute possiacutevel onde haacute estoque de capital social Visando a uma melhor

compreensatildeo de um sistema de governanccedila a subseccedilatildeo a seguir abordaraacute a estruturaccedilatildeo de

sistema de governanccedila

422 Estruturaccedilatildeo de Sistema de governanccedila

Ao longo desta seccedilatildeo pretende-se descrever um sistema de governanccedila Para tanto e

considerando a profusatildeo de conceitos de governanccedila e de governabilidade adota-se neste

ensaio a governanccedila como um sistema apoiado por sua legitimidade conferida pelo sistema

democraacutetico constituiacutedo pelas instituiccedilotildees normas e procedimentos que permitem a

mobilizaccedilatildeo o envolvimento e a participaccedilatildeo efetiva da sociedade e do setor privado no

planejamento na formalizaccedilatildeo e na implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas e das accedilotildees

governamentais A Figura 3 esquematiza a proposta do sistema da governanccedila no Estado

contemporacircneo

O sistema eacute formado por todos os agentes do desenvolvimento (Estado mercado e

sociedade) e pelos instrumentos e regramentos utilizados por estes agentes para assegurar a

formalizaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas que se apoiam na estrutura

49

Segundo o Livro Branco das Comissotildees das Comunidades Europeias satildeo cinco os princiacutepios em que se baseia

a boa governanccedila a abertura que propotildee mais transparecircncia e linguagem acessiacutevel ao grande puacuteblico a ampla

participaccedilatildeo a responsabilizaccedilatildeo de cada agente por seus papeacuteis a eficaacutecia assegurando as respostas das

pressotildees sociais e a coerecircncia das accedilotildees com o sistema e a proposta de desenvolvimento (2007 p11) 50

Para Dowbor (1999 p79) somos um paiacutes sem cultura participativa e a transformaccedilatildeo do niacutevel de consciecircncia

eacute lenta

87

poliacutetico-administrativa do Estado na capacidade de negociaccedilatildeo dos agentes e sobretudo na

capacidade de mobilizaccedilatildeo de organizaccedilatildeo da sociedade civil e de disposiccedilatildeo para participar

do processo (capital social)

Esse sistema de governanccedila assegura a governabilidade aqui entendida como a

capacidade sistecircmica desenvolvida pela estrutura da governanccedila para a gestatildeo efetiva e o

alcance das metas estabelecidas

Figura 3 Sistema da Governanccedila no Estado contemporacircneo

FonteAdaptaccedilatildeo de Bustamante Rocionegowatorg

GOVERNABILIDADE

GOVERNANCcedilA

Estado Sociedade Civil

Dimensatildeo

Normativa

(poliacutetica-

administrativa)

Dimensatildeo da

negociaccedilatildeo Dimensatildeo de

Organizaccedilatildeo

Mobilizaccedilatildeo e

empoderamento

Mercado

Formulaccedilatildeo Implementaccedilatildeo e

Controle Social das poliacuteticas

Puacuteblicas

Segundo Frisken e Norris (2001 p468) quanto maior a horizontalidade do arranjo ou

dos componentes do sistema mais facilitada eacute a cooperaccedilatildeo e a participaccedilatildeo Desse modo em

sociedades caracterizadas por forte concentraccedilatildeo de poder de desigualdades sociais e de

precariedade da cidadania a estruturaccedilatildeo da governanccedila eacute um dos maiores desafios

O conceito de governanccedila vem sendo construiacutedo como uma categoria analiacutetica tanto

na economia quanto na ciecircncia poliacutetica Prats (2006) acredita que a conceituaccedilatildeo de

governanccedila e sua importacircncia para o desenvolvimento se originaram entre outros fatores do

88

reconhecimento de que a eficaacutecia e a eficiecircncia da gestatildeo puacuteblica natildeo dependem somente da

accedilatildeo do governo mas tambeacutem das institucionalidades da participaccedilatildeo da sociedade civil e

de novos instrumentos analiacuteticos como o capital social Pesquisas empiacutericas de Putnam (2006)

confirmaram a correlaccedilatildeo positiva entre capital social e desempenho institucional

O reconhecimento dos processos de planejamento bem como das instituiccedilotildees que

subsidiaram e que subsidiam as propostas das poliacuteticas de desenvolvimento regional ao longo

desses quase sessenta anos eacute o desafio de anaacutelise proposta no capiacutetulo seguinte

89

5 PLANEJAMENTO EM SERGIPE

ldquoO mercado eacute muito compatiacutevel com a

liberdade mas obviamente eacute um produtor

de desigualdades E para que as

desigualdades sejam aceitas eacute preciso que

elas partam do mesmo lugar O homem eacute

naturalmente diferente Ningueacutem quer a

igualdade no final noacutes queremos a

igualdade no comeccedilo O resultado final eacute

diferenciado mesmordquo (DELFIN NETO

2008 p8)

90

5 PLANEJAMENTO EM SERGIPE

O planejamento do desenvolvimento como processo de decisatildeo compartilhada e

objetivos comuns direcionados para mudar a realidade e ou as condiccedilotildees de uma regiatildeo

fundamenta-se em uma complexa rede que exige natildeo apenas a estabilidade econocircmica e

poliacutetica mas sobretudo estruturas de governanccedilas capazes natildeo soacute de reconhecer as etapas do

processo mas assegurar sua continuidade no tempo e no espaccedilo

Para tanto ao longo dos primeiros capiacutetulos recorreu-se agraves contribuiccedilotildees teoacutericas

sobre regiatildeo regionalizaccedilatildeo planejamento desenvolvimento capital social e governanccedila O

objetivo das contribuiccedilotildees teoacutericas eacute facilitar a explicaccedilatildeo natildeo apenas da construccedilatildeo

acadecircmica das categorias geograacuteficas regiatildeo e territoacuterio e dos processos derivados

regionalizaccedilatildeo regionalismo territorializaccedilatildeo e territorialidade como tambeacutem da apropriaccedilatildeo

dessas categorias como unidades de planejamento do desenvolvimento e gestatildeo de poliacuteticas e

programas

Desse modo pretende-se resgatar a trajetoacuteria do planejamento do desenvolvimento

regional em Sergipe com a finalidade de explorar o papel do Estado e das poliacuteticas puacuteblicas

na construccedilatildeo ou desconstruccedilatildeo do capital social na linha interpretativa neoinstitucionalista

do capital social

Nesse sentido este capiacutetulo trata da histoacuteria do planejamento e das institucionalidades

do planejamento em Sergipe tomando por base a institucionalidade maior do planejamento

regional ndash a Sudene e seu impacto sobre o capital social Pelo reconhecimento do modelo

autoritaacuterio e centralizador da Companhia Hidro Eleacutetrica do Satildeo Francisco (Chesf) e pelos

resultados empiacutericos de fortalecimento de capital social dos atingidos por barragens avalia-se

o papel desta institucionalidade na destruiccedilatildeo e (re)construccedilatildeo de capital social regional e em

Sergipe

91

51 Relevacircncia das instituiccedilotildees puacuteblicas de desenvolvimento regional na construccedilatildeo ou

destruiccedilatildeo de capital social em Sergipe

O contexto que justifica o breve exame de institucionalidades de desenvolvimento

regional neste trabalho eacute a perspectiva da contribuiccedilatildeo do planejamento e da execuccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas no fortalecimento do capital social especialmente em Sergipe A

Superintendecircncia do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) a Companhia Hidreleacutetrica do

Satildeo Francisco (Chesf) foram os oacutergatildeos de desenvolvimento regional selecionados para a

breve avaliaccedilatildeo A Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste por ser o oacutergatildeo

principal e pioneiro na aplicaccedilatildeo do planejamento regional como instrumento para o

desenvolvimento e a Companhia Hidreleacutetrica do Satildeo Francisco pela experiecircncia empiacuterica na

destruiccedilatildeo e fortalecimento do capital social dos atingidos por barragens

511 A Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste a essecircncia do planejamento

regional brasileiro

A criaccedilatildeo da Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste51

(Sudene) eacute um

marco tanto no planejamento regional brasileiro quanto na concepccedilatildeo do Nordeste como uma

macrorregiatildeo com potencialidades ambientais e socioeconocircmicas fragilidades e limitaccedilotildees

ambientais e socioeconocircmicas (BARROS 1975 COHN 1976 SILVA FILHO 1997

GARCIA 1999 CARVALHO 2001 SILVA 2002 OLIVEIRA 2003 MATTEO et al

2013) Para outros autores o planejamento regional brasileiro se confunde com a criaccedilatildeo da

Superintendecircncia do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) (ALBUQUERQUE e

CAVALCANTE 1978 PERIDES 1994 LAFER 1975)

Na visatildeo de Cano (1994 p 312) o papel do Estado foi muito vigoroso seja direta

seja indiretamente por meio da criaccedilatildeo de mecanismos como incentivos fiscais implantaccedilatildeo

de plantas industriais e ainda como destacam Geiger (2001) e Souza (1979) da criaccedilatildeo de

instituiccedilotildees voltadas especificamente para a gestatildeo regional

51

A Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) eacute uma autarquia federal especial vinculada

atualmente ao Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional com sede na cidade de Recife capital de Pernambuco Eacute

gerido por um Superintendente cuja indicaccedilatildeo obedece a criteacuterio poliacutetico e natildeo por eleiccedilatildeo democraacutetica entre as

institucionalidades e agentes do desenvolvimento regionalA Sudene foi instituiacuteda pela Lei nordm 3692 de 15 de

dezembro de 1959 e na sua primeira fase vinculou-se agrave Presidecircncia da Repuacuteblica

92

O papel da Sudene na economia e no desenvolvimento regional tem sido mateacuteria de

estudo de diferentes autores como Oliveira (1977) Carvalho (1979) Souza (1979) Andrade

(1970 1986 1993 2011) Diniz Filho e Bessa (1995) Cano (1994) Garcia (1999) Carvalho

(2001 2006 2008) Geiger (2001) e tantos outros Nesta pesquisa a avaliaccedilatildeo concentrou-se

em questotildees consideradas relevantes para a compreensatildeo do desempenho institucional na

gestatildeo da poliacutetica regional que contribuiacutesse para a construccedilatildeo ou natildeo de capital social

Motivada pela afirmativa de Cano (1994) da importacircncia do Estado na criaccedilatildeo da

Sudene o primeiro ponto a ser avaliado eacute o papel das forccedilas populares e das pressotildees sociais

nas tomadas de decisotildees poliacuteticas na Sudene De acordo com Souza (1979 p151) natildeo foi

faacutecil o nascimento da Sudene Segundo ele desde o iniacutecio se estabeleceu viva e generalizada

controveacutersia sobre o oacutergatildeo cuja discussatildeo envolveu poliacuteticos imprensa militares estudantes e

sacerdotes Para Souza (1979) ainda os poliacuteticos e os governos locais natildeo se apresentaram

unidos em favor da criaccedilatildeo do oacutergatildeo Desse modo e de pronto percebe-se que a criaccedilatildeo da

Sudene era pauta da agenda poliacutetica do Governo Central e natildeo dos governos estaduais

No entanto Bastos (1984) afirma que a partir de 1955 a ideia de marginalidade do

Nordeste no processo de expansatildeo do capitalismo e a necessidade de urgentes medidas para

solucionar a situaccedilatildeo forneceram espaccedilos poliacuteticos para a mobilizaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de

categorias como os camponeses e trabalhadores rurais e para a elaboraccedilatildeo de demandas As

Ligas Camponesas cuidadosamente analisadas por Bastos (1984) demonstraram um

movimento reivindicativo dos camponeses e trabalhadores rurais principalmente no estado

de Pernambuco

Andrade (1989 p 25) contudo descreve que as lutas camponesas e dos agricultores

mereceram pouca ou nenhuma atenccedilatildeo dos partidos poliacuteticos e que no momento da criaccedilatildeo

da Sudene o Partido Comunista do Brasil levantou como bandeira a organizaccedilatildeo do

movimento operaacuterio-camponecircs como forccedila mobilizadora para a revoluccedilatildeo comunista

Corroborando Andrade Cohn (1976 p 86) afirma que se atribuiu significacircncia a um

movimento social reivindicativo de trabalhadores sem iniciativa sem conhecimento sem

informaccedilatildeo e accedilatildeo poliacutetica como foi o caso das Ligas Camponesas cuja atuaccedilatildeo era de

poliacuteticos partidaacuterios e natildeo de organizaccedilotildees sociais com capacidade de participaccedilatildeo poliacutetica

Aliado a isso o modelo de gestatildeo burocraacutetico tradicional de toda a Administraccedilatildeo

Puacuteblica brasileira adotado pela Sudene caracterizado pela centralizaccedilatildeo administrativa e

poliacutetica formalismo rigidez de procedimentos e desconfianccedila nas relaccedilotildees entre o governo e

os cidadatildeos como diz Beltratildeo (2002 p30) natildeo contribuiu para a participaccedilatildeo social

93

Corroborando Beltratildeo (2009) Silva Filho (2009 p15) sistematiza a atuaccedilatildeo do oacutergatildeo

de planejamento regional em trecircs momentos (i) de autonomia absoluta ndash de 1959 a 1964 (ii)

de centralizaccedilatildeo parcial ndash de 1964 a 1979 e (iii) de centralizaccedilatildeo total ndash de 1979 a 2001 A

anaacutelise desses momentos agrave luz da interpretaccedilatildeo conceitual de centralizaccedilatildeo e autonomia

adotada nesta pesquisa reavaliou o planejamento da Sudene classificando-o nas seguintes

fases de 1959 a 1964 ndash de centralizaccedilatildeo total do poder decisoacuterio das funccedilotildees e tarefas uma

vez que se apreendia autonomia absoluta de 1964 a 1979 ndash de centralizaccedilatildeo parcial do poder

decisoacuterio e centralizaccedilatildeo total da funccedilatildeo e das tarefas do planejamento regional e de 1979 ateacute

os dias atuais ndash de centralizaccedilatildeo do planejamento institucional

O relato de Souza (1997 p 156) amplia a compreensatildeo dessa centralizaccedilatildeo

administrativa e expressa um planejamento baseado em um conhecimento superficial das

realidades e potencialidades nordestinas sobretudo humanas Na praacutetica a participaccedilatildeo

social e de profissionais locais no planejamento do desenvolvimento regional a

descentralizaccedilatildeo e a integraccedilatildeo das accedilotildees da Sudene com outros oacutergatildeos nunca ocorreram De

acordo com Silva (2002 p 28) nunca prosperou no Brasil qualquer tipo de estrutura

descentralizada de poder

O reconhecimento das limitaccedilotildees do planejamento do desenvolvimento regional pode

ser observado pelo hiato que ainda separa o Nordeste das regiotildees mais ricas do paiacutes

demonstrado por uma seacuterie de indicadores sociais Para exemplificar esse hiato seratildeo

apresentados indicadores como a taxa () de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais

de idade o percentual () de vulneraacuteveis agrave pobreza o Iacutendice de Theil-L52

e do Iacutendice de

Desenvolvimento Humano (IDH) para o Brasil e as grandes regiotildees para o ano de 2010

(Tabela 1)

52

O Iacutendice de Theil-L mede a desigualdade na distribuiccedilatildeo de indiviacuteduos segundo a renda domiciliar per capita

excluiacutedos aqueles com renda domiciliar per capita nula Eacute o logaritmo da razatildeo entre as meacutedias aritmeacutetica e

geomeacutetrica da renda domiciliar per capita dos indiviacuteduos sendo nulo quando natildeo existir desigualdade de renda

entre eles e tendente ao infinito quando a desigualdade tender ao maacuteximo (PNUDAtlas de Desenvolvimento

Humano 2013)

94

Tabela 1 Brasil e Grandes Regiotildees

Indicadores sociais

2013

Brasil e Grandes

Regiotildees

Taxa de

Analfabetismo

da populaccedilatildeo de

15 anos ou mais

de idade

IDHM

de

vulneraacuteveis agrave

pobreza

Iacutendice de Theil-

L

Nordeste 2003 0660 5493 072

Norte 1123 0680 4683 070

BRASIL 961 0727 3256 068

Centro-Oeste 687 0750 2351 060

Sudeste 625 0750 2352 058

Sul 497 0760 1690 049

Fonte PNUD Atlas de Desenvolvimento Humano 2013

Os dados do Atlas de Desenvolvimento Humano de 2013 demonstram que os piores

resultados dos indicadores sociais ainda satildeo encontrados no Nordeste Mesmo reconhecendo

que o processo educacional pede tempo acredita-se que a escolarizaccedilatildeo pede esforccedilo e

empenho do indiviacuteduo mas sobretudo do Estado que deve oportunizar a esses o acesso agrave

escola e a uma educaccedilatildeo de qualidade Infelizmente mais de meio seacuteculo natildeo foi suficiente

para que o Estado fornecesse as condiccedilotildees necessaacuterias agrave melhoria do niacutevel de escolarizaccedilatildeo no

Nordeste O empenho ou melhor a falta de empenho dos governos em especial de Sergipe

neste item seraacute exemplificada quando da anaacutelise do oacutergatildeo de planejamento estadual

O enfoque institucionalista do planejamento do desenvolvimento regional e partindo

da pressuposiccedilatildeo impliacutecita de um Estado controlado pelas estruturas poliacuteticas

fundamentalmente alicerccediladas em valores que favorecem o clientelismo o mandonismo e a

corrupccedilatildeo e sem nenhuma articulaccedilatildeo eacute difiacutecil imaginar a estruturaccedilatildeo de uma

institucionalidade transformadora e mais difiacutecil ainda eacute a sua sobrevivecircncia De acordo com

Souza (1997 p 159) Leite (2011 p2) e Guimaratildees Neto (1997 p 90) o temor de perder

estiacutemulos fiscais financeiros e poliacuteticos sempre ameaccedilou e inquietou diferentes setores que

tecircm resistido agraves mudanccedilas Portanto

Uma sociedade caracterizada por uma rede local de detentores de poder

pouco articulada com interesses estabelecidos no status quo iraacute dificultar a

sobrevivecircncia de um aparato do Estado coerente e coeso Da mesma forma a

ausecircncia de um aparato do Estado coerente torna menos provaacutevel que a

sociedade civil vaacute se auto-organizar de uma forma melhor do que os frouxos

laccedilos de lealdade existentes (EVANS1998 p 78)

95

Eacute igualmente pouco comum a auto-organizaccedilatildeo e o controle de poliacuteticas puacuteblicas de

uma sociedade tatildeo dependente do Estado natildeo apenas na prestaccedilatildeo dos serviccedilos essenciais

como na oportunidade de ldquoempregordquo na Administraccedilatildeo Puacuteblica como eacute o caso da maioria dos

municiacutepios sergipanos Para mudar esse quadro de dependecircncia satildeo necessaacuterios cidadatildes e

cidadatildeos agentes poliacuteticos conscientes e natildeo atores ldquomanipuladosrdquo para o controle social53

Aleacutem disso satildeo necessaacuterias decisotildees poliacuteticas que respondam agraves demandas recorrentes tanto

no debate quanto na agenda poliacutetica (puacuteblica) e natildeo a interesses poliacuteticos outros Romper a

ineacutercia das forccedilas sociais em nosso paiacutes eacute tatildeo importante para promover mudanccedilas sociais

quanto para uma reforma na Administraccedilatildeo Puacuteblica em todos os niacuteveis de governo

Reafirmando que natildeo era pretensatildeo desta pesquisa a avaliaccedilatildeo de desempenho da

Sudene e sim dos processos sociais e poliacuteticos na perspectiva da formaccedilatildeo ou do

fortalecimento do capital social regional os fatos que motivaram sua extinccedilatildeo e recriaccedilatildeo

permitiram algumas reflexotildees preliminares uma vez que tambeacutem natildeo haacute propoacutesito no

esgotamento da discussatildeo Na primeira as denuacutencias de corrupccedilatildeo o esgotamento de um

modelo de financiamento do desenvolvimento regional a falta de mobilizaccedilatildeo da sociedade

da imprensa e dos poliacuteticos para defender a natildeo extinccedilatildeo do oacutergatildeo e as dificuldades na

implementaccedilatildeo dos planos satildeo fortes argumentos para acreditar na perda de confianccedila da

sociedade na institucionalidade e em seu papel no desenvolvimento regional e

consequentemente na formaccedilatildeo de capital social

Na segunda a retomada do planejamento do desenvolvimento deve ser um projeto

nacional como defende Egler (1993) Arauacutejo (1999a 1999b) Unger (2009) e sobretudo

como preconizado na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 A recriaccedilatildeo da Sudene se constituiu em

uma decisatildeo poliacutetica que natildeo pode se sobrepor aos preceitos constitucionais e ao interesse da

populaccedilatildeo O subcapiacutetulo a seguir relata brevemente a experiecircncia de fortalecimento do

capital social da Companhia Hidro Eleacutetrica do Satildeo Francisco (Chesf) valendo-se de sua

poliacutetica de reassentamento das populaccedilotildees atingidas por suas intervenccedilotildees

53

Controle social entendido como um conjunto de mecanismos e procedimentos que garantem agrave sociedade

informaccedilotildees representaccedilotildees teacutecnicas e participaccedilatildeo nos processos de formulaccedilatildeo de poliacuteticas de planejamento e

de avaliaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (Artigo 3ordm inciso IV da Lei nordm 114452007)

96

512 Companhia HidroEleacutetrica do Satildeo Francisco da geraccedilatildeo da energia ao

fortalecimento do capital social dos atingidos por barragens

Na deacutecada de 1940 o governo brasileiro motivado pelas experiecircncias internacionais

de planejamento regional cria instituiccedilotildees e programas voltados para o desenvolvimento de

aacutereas-problemas Satildeo exemplos de instituiccedilotildees criadas para desenvolver o Vale do Satildeo

Francisco a Comissatildeo do Vale do Satildeo Francisco (CVSF) e a Companhia Hidro Eleacutetrica do

Satildeo Francisco (Chesf) Costa (1971 p248) defendeu que na deacutecada de 1940 o Vale do Satildeo

Francisco foi ressaltado tanto como uma aacuterea estrateacutegica quanto como uma alternativa para o

desenvolvimento do Nordeste e consequentemente nacional seja pela viabilidade da

agricultura irrigada seja pelo potencial hidroeleacutetrico Guimaratildees Neto (2010 p 50) na

mesma linha considera que a criaccedilatildeo da CVSF como da Chesf e do BNB eacute resultado da

maturaccedilatildeo que o encaminhamento de soluccedilotildees para a questatildeo regional requeria Oliveira

(2001 p 11) tece suas consideraccedilotildees a respeito da criaccedilatildeo da Chesf no contexto do papel do

Estado Segundo esse autor a criaccedilatildeo dessa instituiccedilatildeo torna-se possiacutevel pela transiccedilatildeo do

Estado oligaacuterquico para um Estado mais complexo intervencionista e promotor do

desenvolvimento econocircmico e a Chesf seria um agente de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento

regional

Todos esses argumentos consolidam a iniciativa da criaccedilatildeo da Companhia Hidro

Eleacutetrica do Satildeo Francisco (Chesf) como oacutergatildeo de desenvolvimento regional e o papel do

Estado como interventor do desenvolvimento

A anaacutelise desenvolvida neste subcapiacutetulo natildeo procura ressaltar o papel da Chesf no

desenvolvimento regional O foco da anaacutelise eacute o papel da Chesf na formaccedilatildeo de capital social

regional valendo-se da compreensatildeo da poliacutetica de relaccedilotildees sociais institucional para a

execuccedilatildeo das accedilotildees de construccedilatildeo de barragens reservatoacuterios e demais intervenccedilotildees em rios

para fins de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica

A Companhia foi criada54

para efetivar o aproveitamento da energia hidraacuteulica do rio

Satildeo Francisco e fornecer a energia eleacutetrica necessaacuteria ao desenvolvimento sobretudo

industrial da regiatildeo Segundo Andrade (1970 p 123) na deacutecada de 1960 a energia

constituiu-se em um grande fator limitante ao desenvolvimento industrial

54

Nos termos do Decreto-Lei n 8031 de 3 de outubro de 1945 o Ministeacuterio da Agricultura foi autorizado a

organizar a Companhia Hidro Eleacutetrica do Satildeo Francisco com a finalidade de aproveitar progressivamente o

potencial de energia hidraacuteulica do Rio Satildeo Francisco para a geraccedilatildeo de energia eleacutetrica

97

No que concerne agrave estrutura organizacional Oliveira (2001 p 16 17) descreve que a

Companhia adotou um modelo estritamente industrial com elevado grau de autonomia

econocircmico-financeira poder teacutecnico eficaacutecia empreendedora e sobretudo pela ausecircncia ou

debilidade de controles sociais e poliacuteticos existentes

A poliacutetica centralizadora da Chesf altamente autoritaacuteria nas relaccedilotildees sociais e

extremamente degradadora dos sistemas ambientais causando significativos e irreversiacuteveis

impactos sociais e ambientais eacute reconhecida tambeacutem por Rebouccedilas (1992 p 38) que

acrescenta a esse autoritarismo a forma mecanizada de implantaccedilatildeo dos empreendimentos e o

descaso com a poliacutetica de reassentamento

A construccedilatildeo de barragens de reservatoacuterios e demais intervenccedilotildees em rios para fins

de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica ou regularizaccedilatildeo de vazotildees em qualquer parte do mundo

impacta as condiccedilotildees sociais culturais e ambientais locais e ateacute regionais Para Garcecircz (1978

p35) e Schaeffer (1987 p44) quanto maior o porte do empreendimento hidraacuteulico

construiacutedo tanto maior as alteraccedilotildees nas condiccedilotildees naturais locais e regionais Schaeffer

(1987 p43) relaciona como principais fatores causadores desses impactos ambientais55

o

deslocamento de populaccedilotildees das aacutereas a serem inundadas as alteraccedilotildees na qualidade e regime

das aacuteguas a criaccedilatildeo de novas paisagens mudanccedila na hidrologia com a regularizaccedilatildeo da vazatildeo

dos rios entre outras

Embora reconhecendo a importacircncia desse conjunto de fatores causadores de impactos

ambientais nas fases de construccedilatildeo e operaccedilatildeo de centrais ou sistemas hidreleacutetricos no

contexto da finalidade dessa pesquisa a anaacutelise natildeo mereceraacute mais comentaacuterios Entretanto a

forma como o empreendedor planeja e executa o reassentamento das populaccedilotildees residentes

nas aacutereas a serem inundadas e mitiga os impactos daquelas diretamente afetadas pelas

alteraccedilotildees do regime das aacuteguas e da hidrologia que deflagram essas modificaccedilotildees e

sobretudo interfere nos laccedilos e nas relaccedilotildees sociais eacute a variaacutevel mais importante e foco da

avaliaccedilatildeo

Fundamentando-se nos estudos de Garcecircz (1978) Andrade (1984 2011) Schaeffer

(1987) Sigaud (19871992) Rebouccedilas (1992) Galvatildeo (1999) Bortoleto (2001) Viana

(2003) Bermann (2007) Guerra (2008) Sevaacute (2008) Scott (2009) pode-se inferir que na

histoacuteria do planejamento dos grandes projetos hidreleacutetricos a questatildeo social dos atingidos

55

Considera-se impacto ambiental nos termos do artigo 1ordm da Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA) qualquer alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente

causada por qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas que direta ou

indiretamente afetam a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo as atividades sociais e econocircmicas a

biota as condiccedilotildees esteacuteticas e sanitaacuterias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais

98

principalmente daqueles diretamente afetados foi uma variaacutevel pouco significativa para a

tomada de decisatildeo da Chesf Essa insignificacircncia ou descaso como prefere Rebouccedilas (1992 e

2000) eacute demonstrado tanto na ausecircncia da participaccedilatildeo dos futuros atingidos ou

representantes desses nas discussotildees das alternativas locacionais do barramento quanto na

tomada de decisatildeo a respeito da formataccedilatildeo do programa de reassentamento56

das populaccedilotildees

para outras aacutereas no modelo do reassentamento ou na ausecircncia de medidas preventivas em

relaccedilatildeo agrave destruiccedilatildeo da estrutura social e dos valores culturais existentes na aacuterea a ser

inundada sem uma anaacutelise socioloacutegica e antropoloacutegica adequada Somando-se a essa ausecircncia

da inserccedilatildeo da questatildeo social no planejamento da obra a qualidade dos estudos ambientais57

o momento de sua elaboraccedilatildeo (que deveria ser anterior a qualquer tipo de intervenccedilatildeo na aacuterea

selecionada) e o papel emprestado aos estudos ambientais de viabilizar e ou validar as

decisotildees assumidas pelo empreendedor contribuiacuteram para a ampliaccedilatildeo dos impactos ou dos

efeitos sociais perversos relacionados a grandes projetos hidreleacutetricos em especial

construiacutedos ao longo do rio Satildeo Francisco

Para Sigaud (1987 p 4) o que se convencionou chamar de ldquoavaliaccedilatildeo de impactos

sociaisrdquo (destaque do autor) eacute na verdade uma avaliaccedilatildeo para estabelecer as medidas

minimizadoras ou mitigadoras dos impactos de uma decisatildeo jaacute tomada e em curso

Analisando os impactos ambientais sobre as comunidades atingidas Sigaud descreve que

Os efeitos de um acontecimento como o avanccedilo das aacuteguas sobre as terras de

cultivos natildeo estatildeo contidos apenas no acontecimento em si mas satildeo

mediatizados pelas relaccedilotildees que os grupos sociais concretos mantecircm com o

territoacuterio (SIGAUD 1992 p1)

As relaccedilotildees que os grupos sociais concretos (pescadores comunidades indiacutegenas

camponeses58

agricultores familiares moradores de cidades ribeirinhas) mantinham com o

territoacuterio ndash cujo elemento de identidade desses grupos em relaccedilatildeo ao espaccedilo habitado era o

rio Satildeo Francisco ndash satildeo destruiacutedas com o deslocamento compulsoacuterio desses A

desterritorializaccedilatildeo sofrida por esses grupos imposta pelo Estado desencadeou uma seacuterie de

conflitos entre as diferentes forccedilas sociais como disse Rebouccedilas (1992 p39) e interferiu

diretamente no capital social desses O deslocamento da populaccedilatildeo que ali residia para outras

56

O programa de reassentamento que prevecirc o deslocamento das populaccedilotildees da aacuterea a ser inundada para outra foi

denominada por Sigaud (1987) de deslocamento compulsoacuterio Para esse autor uma vez que a populaccedilatildeo a ser

atingida natildeo participa e portanto natildeo interfere na tomada de decisatildeo essa populaccedilatildeo se constitui em um

problema para o qual eacute buscada uma soluccedilatildeo qualquer e a qualquer preccedilo

57 O primeiro Estudo de Impacto Ambiental (EIA) realizado no Brasil foi para o projeto da Barragem de

Sobradinho no Estado da Bahia em 1972 58

Sigaud (1992) definiu camponecircs como pequeno produtor que trabalhava em regime de economia familiar e

esclareceu que a afirmaccedilatildeo de que esses constituiacuteam a maior parte da populaccedilatildeo deslocada se amparava na

informaccedilatildeo veiculada pelos documentos das empresas do setor eleacutetrico de que se tratava de populaccedilotildees rurais

99

aacutereas distantes do rio aleacutem de justificar o termo deslocamento compulsoacuterio dificultou o

processo de (re)territorializaccedilatildeo como movimento indissociaacutevel da desterritorializaccedilatildeo Essa

dificuldade ocorreu e continua a ocorrer seja pela destruiccedilatildeo da territorialidade dos grupos

dos valores culturais e histoacutericos e das atividades produtivas tradicionais seja pela

desagregaccedilatildeo dos grupos familiares e vicinais que natildeo participaram das discussotildees e se

submeteram a um processo de organizaccedilatildeo do espaccedilo estruturado pelo Estado e permeado por

situaccedilotildees de desencontros estranhezas e resistecircncias Esses processos nos barramentos do rio

Satildeo Francisco sobretudo em Sobradinho e Itaparica localizados entre os estados da Bahia e

de Pernambuco (PEBA) foram registrados por Sigoud (1987 1992) por Lima (1992)

Galvatildeo (1999) Sevaacute (2008) Scott (2009) e outros autores que descrevem a dramaacutetica

desterritorializaccedilatildeo e reterritorializaccedilatildeo ocorrida De acordo com Lima

Um traccedilo social caracteriacutestico do reassentamento de Itaparica tem sido a

desestruturaccedilatildeo dos antigos laccedilos sociais que permeavam na cidade

inundada Eacute recorrente esse sentimento entre os reassentados durante toda a

pesquisa Tanto nas agrovilas como na vida urbana de Petrolacircndia

constatamos esse sentimento de inseguranccedila desconfianccedila e a perda dos

laccedilos de amizade anteriormente existentes (LIMA p16)

Essas situaccedilotildees conflituosas e de inseguranccedila e desconfianccedila relatadas pelo autor

forneceram as bases para a grande construccedilatildeo ndash mobilizaccedilatildeo e criaccedilatildeo dos movimentos

sociais59

ndash que se materializou na organizaccedilatildeo dos atingidos por barragens Entretanto essa

organizaccedilatildeo foi apoiada por grupos mediadores como as Comunidades Eclesiais de Base a

Comissatildeo Pastoral da Terra o Sindicato dos Trabalhadores Rurais a Igreja Catoacutelica o Centro

Pastoral da Juventude entre outros (REBOUCcedilAS 1992 p 40) Para esse autor esse

processo de mobilizaccedilatildeo social tem ocorrido diferentemente nas distintas regiotildees brasileiras

Corroborando Rebouccedilas Sigaud (1992 p5) e Pimentel (2012 p49) ressaltam que no caso

dos atingidos pela barragem de Sobradinho considerando o contexto histoacuterico e poliacutetico de

sua construccedilatildeo e portanto a limitada capacidade de reaccedilatildeo dos movimentos sociais a reaccedilatildeo

da populaccedilatildeo e sua pressatildeo sobre a Chesf pode ser considerada uma resposta poliacutetica Essa

resposta poliacutetica soacute foi possiacutevel pelo empoderamento dos atingidos e consequentemente pelo

fortalecimento de seu capital social apoiado pelos grupos mediadores

59

Para entender o movimento de organizaccedilatildeo dos trabalhadores atingidos pelas barragens de Sobradinho e de

Itaparica ver BOMFIM Juarez Duarte Movimentos Sociais de Trabalhadores no Rio Satildeo Francisco Scripta

Nova Revista Eletrocircnica de Geografiacutea y Ciencias Sociales Universidad de Barcelona n 45(30) 1 de agosto

de 1999

100

Em relaccedilatildeo ao projeto do barramento e construccedilatildeo da Usina Hidreleacutetrica de Itaparica

(UHE Itaparica atual Luiz Gonzaga) Rebouccedilas (1992 p 43) e Pimentel (2012 p 52)

afirmam que o processo de conscientizaccedilatildeo poliacutetica se deu atraveacutes da realizaccedilatildeo de cursos

sobre sindicalismo e sobre a necessidade de os atingidos desenvolverem estrateacutegias de accedilatildeo

mais sistematizadas para o enfrentamento das forccedilas poliacuteticas do Estado representado pela

Chesf dos grandes empreiteiros dos grandes proprietaacuterios locais entre outros

A formaccedilatildeo da consciecircncia poliacutetica dos atingidos pela barragem de Itaparica fortaleceu

o capital social dos grupos e tem sido a variaacutevel mais importante para o desenvolvimento

regionalterritorial Eacute importante ressaltar que a intervenccedilatildeo do Estado tanto pode destruir

quanto construir o capital social No caso das barragens de Sobradinho e de Itaparica a

intervenccedilatildeo do Estado foi de tal modo destrutiva dos valores dos laccedilos de amizade das

relaccedilotildees com os grupos vicinais da esperanccedila das populaccedilotildees atingidas que o apoio dos

movimentos sociais conseguiu que esses grupos acreditassem que tambeacutem poderiam enfrentaacute-

los e desse modo conseguiram se reestruturar e assegurar sua reproduccedilatildeo como pescadores

comunidades indiacutegenas camponeses agricultores familiares moradores de cidades

ribeirinhas

O fortalecimento do capital social dessas aacutereas de influecircncia dos grandes projetos de

infraestrutura em particular das usinas hidroeleacutetricas a longa e exitosa trajetoacuteria de

organizaccedilatildeo social e o empoderamento dos atingidos pelas barragens construiacutedas no

submeacutedio60

Satildeo Francisco contribuiu para o reconhecimento dos territoacuterios de identidade pelo

Governo da Bahia61

O Territoacuterio de Identidade de Itaparica no estado da Bahia eacute formado por seis

municiacutepios Abareacute Chorrochoacute Rodelas Gloacuteria Macurureacute e Paulo Afonso cuja dinacircmica

social eacute marcada por forte mobilizaccedilatildeo social na luta pela terra e pela implementaccedilatildeo das

accedilotildees da poliacutetica de reassentamento totalmente sem confianccedila no Estado

A barragem de Itaparica foi construiacuteda entre 1976 e 1988 e passados 26 anos as accedilotildees

para o reassentamento de famiacutelias afetadas pela barragem ainda requerem intervenccedilatildeo do

Ministeacuterio Puacuteblico Federal62

para que a Chesf cumpra os acordos assinados na deacutecada de

60

O Submeacutedio Satildeo Francisco abrange aacutereas dos Estados da Bahia e Pernambuco estende-se de Remanso ateacute

Paulo Afonso (BA) e inclui as sub-bacias dos rios Pajeuacute Touratildeo e Vargem aleacutem da sub-bacia do rio Moxotoacute

uacuteltimo afluente da margem esquerda (CODEVASF 2001 p11) 61

ALENCAR Cristina Maria M de Caracterizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos processos de territorializaccedilatildeo dos Planos

Plurianuais de Investimentos da Bahia e de Sergipe Salvador SDTIICA 2010 62

O Relatoacuterio do Tribunal de Contas da Uniatildeo (TC 0135482011-5) demonstra essa dependecircncia e institui prazo

para que a Chesf apresente relatoacuterio informando o cumprimento dessas Ver ainda a mateacuteria ldquoMPF aciona

CHESF para reassentar populaccedilatildeo afetada pela barragem de Itaparica e cumprir pendecircncias nos

reassentamentosrdquo do Ministeacuterio Puacuteblico Federal da Bahia veiculada em 7 de maio de 2013

101

1980 e ainda haacute famiacutelias dependendo financeiramente da Chesf Assim esse estado de

dependecircncia que se arrasta por 26 anos de certo modo confirma que a organizaccedilatildeo social e o

fortalecimento do capital social dos atingidos pela barragem de Itaparica ainda natildeo foram

suficientes para assegurar todas as liberdades instrumentais necessaacuterias ao desenvolvimento

dos grupos e de seus territoacuterios poreacutem a persistecircncia e a resistecircncia da organizaccedilatildeo social em

busca de sua territorialidade eacute um caminho para a liberdade e para o desenvolvimento

territorial e regional

Pelo exposto pode-se concluir que a Chesf como instituiccedilatildeo de desenvolvimento

regional foi capaz de destruir o capital social dos grupos atingidos pelas barragens construiacutedas

no submeacutedio Satildeo Francisco e por sua atuaccedilatildeo autoritaacuteria centralizadora e causadora de

significativos impactos sociais provocou na populaccedilatildeo diretamente afetada por suas accedilotildees

uma reaccedilatildeo de fortalecimento de seu capital social

Centrando a anaacutelise nas populaccedilotildees ribeirinhas do Baixo Satildeo Francisco63

que tambeacutem

foram atingidas pelos barramentos no rio Satildeo Francisco a reflexatildeo possiacutevel eacute que os estudos

realizados pela Chesf para o aproveitamento da energia hidraacuteulica do rio Satildeo Francisco natildeo

avaliou os impactos sociais ambientais e econocircmicos no Baixo Satildeo Francisco Os estudos de

impacto ambiental e seus respectivos relatoacuterios de impacto ambiental (EIAsRIMAs) natildeo

inseriram a foz do Rio Satildeo Francisco na aacuterea de influecircncia indireta dos impactos como pode

ser constatado no Estudo de Impacto Ambiental da Usina Hidreleacutetrica de Xingoacute64

Para Vargas (1999 p237) os excluiacutedos ou desterritorializados no Baixo Satildeo

Francisco seja dos projetos de irrigaccedilatildeo implantados pela Codevasf seja do processo de

pecuarizaccedilatildeo influenciados pelo movimento dos atingidos por barragens e pelo comando do

Movimento dos Sem Terra (MST) do Sul do Brasil organizaram-se em movimento

reivindicatoacuterio de acesso agrave terra e de confronto com as poliacuteticas governamentais de

desenvolvimento excludentes A influecircncia desse movimento foi mais significativa no Alto

Sertatildeo Sergipano onde se concentra 41 dos assentamentos de Reforma Agraacuteria do Estado

segundo Franccedila e Cruz (2013 p151)

Eacute relevante pontuar que o movimento e a organizaccedilatildeo social desses excluiacutedos

independentemente do nuacutemero de assentamentos rurais registrados em Sergipe natildeo

resultaram da formaccedilatildeo de uma consciecircncia poliacutetica de seus membros Lamentavelmente e

63

O Baixo Satildeo Francisco se estende de Paulo Afonso agrave foz (CODEVASF 2001 p 12) 64

O Estudo de Impacto Ambiental e o Relatoacuterio de Impacto Ambiental da Usina Hidroeleacutetrica de Xingoacute podem

ser consultados na Administraccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente (ADEMA)

102

corroborando Demo (2009) nunca houve em Sergipe cidadania suficiente para a necessaacuteria

accedilatildeo poliacutetica Os argumentos para sustentaccedilatildeo dessa afirmativa encontram-se no Capiacutetulo 6

No contexto da anaacutelise do papel das institucionalidades no desenvolvimento a

proposta de continuidade aponta para a escala estadual Dessa forma a anaacutelise do subcapiacutetulo

a seguir trataraacute do papel das instituiccedilotildees estaduais na construccedilatildeo ou destruiccedilatildeo de cenaacuterios

sociais de formaccedilatildeo de capital social e na democratizaccedilatildeo Para tanto a anaacutelise percorreraacute as

regionalizaccedilotildees propostas e implementadas os modelos de planejamento adotados e as

dimensotildees culturais organizacionais que interferiram e interferem na praacutetica do planejamento

em base local

52 Planejamento em Sergipe entre as liccedilotildees e os desafios

Retoma-se a anaacutelise das categorias geograacuteficas como subsiacutedio para a compreensatildeo dos

deslocamentos das escalas e dos usos das unidades de planejamento puacuteblico em Sergipe

Ainda neste subcapiacutetulo apresentam-se as diferentes regionalizaccedilotildees em uso no Estado

de Sergipe e os papeacuteis assumidos por essas regiotildees seja na gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas seja

em sua descentralizaccedilatildeo ou desconcentraccedilatildeo das accedilotildees procurando destacar as regiotildees

construiacutedas a partir de accedilotildees poliacuteticas poreacutem reconhecendo outras regiotildees construiacutedas

socialmente e analisam-se os processos de planejamento adotados em Sergipe

Sergipe acumulou sobretudo nas deacutecadas de 1960 e 1970 do seacuteculo passado uma

razoaacutevel experiecircncia em planejamento do desenvolvimento Impulsionado pela questatildeo

regional pelas diretrizes da Sudene e da CEPAL o Governo de Sergipe estruturou

institucionalidades de planejamento elaborou planos de desenvolvimento e capacitou teacutecnicos

para o planejamento regional e a captaccedilatildeo de recursos para investimentos

Na concepccedilatildeo de Barreto

Os ideais teacutecnicos e poliacuteticos de desenvolvimento do Nordeste aflorados em

fins dos anos 1950 vieram tambeacutem ensejar aos Estados da Regiatildeo

movimentos com vistas agrave adoccedilatildeo da ideologia do planejamento como

caminho mais curto para se atingir o progresso econocircmico e social

(BARRETO 1976 p4)

A ideologia do planejamento como teacutecnica preditiva do progresso econocircmico e social

foi adotada pela Administraccedilatildeo Puacutebica estadual que sob a influecircncia e sobretudo a

cooperaccedilatildeo da Sudene institui o Conselho do Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe

(Condese) por meio do Decreto nordm 470 de 31 de marccedilo de 1959

103

Os principais textos que descrevem a histoacuteria do planejamento em Sergipe satildeo dos

economistas Dilson Menezes Barreto65

Paulo Barbosa de Araujo e Antocircnio Rocha Santos

Entretanto para a elaboraccedilatildeo deste toacutepico foram entrevistados ex-Secretaacuterios de Estado do

Planejamento e teacutecnicos especialistas com profundo conhecimento das teacutecnicas e

metodologias de planejamento do Estado

O primeiro texto produzido sobre a histoacuteria do planejamento em Sergipe eacute de autoria

de Dilson Menezes Barreto em 1976 que destaca a criaccedilatildeo do Conselho de Desenvolvimento

Econocircmico de Sergipe (Condese) e a influecircncia da Sudene no planejamento estadual Paulo

Barbosa de Araujo descreve a evoluccedilatildeo das institucionalidades de planejamento de Sergipe e

Antonio Rocha Santos relata a experiecircncia do planejamento e apresenta proposta para a

reestruturaccedilatildeo do Instituto de Economia e Pesquisa (INEP) e a retomada do planejamento no

estado

Apoiado por essas referecircncias histoacutericas neste capiacutetulo a avaliaccedilatildeo se concentraraacute (i)

na trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo em Sergipe para explicar a importacircncia das escalas no

planejamento do desenvolvimento estadual regional ou territorial (ii) nos modelos de

planejamento puacuteblico adotados em Sergipe e (iii) no papel das dimensotildees culturais

organizacionais na construccedilatildeo ou natildeo de capital social

521 Trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo em Sergipe

A regionalizaccedilatildeo em Sergipe sempre esteve vinculada agraves intervenccedilotildees e accedilotildees do

estado no espaccedilo A histoacuteria das regionalizaccedilotildees em Sergipe iniciou-se com as experiecircncias

desenvolvidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 1945 e 1969

que dividiram o Estado em cinco e oito regiotildees66

respectivamente A regionalizaccedilatildeo proposta

pelo IBGE em 1945 tinha como objetivos o estabelecimento de um banco de dados

estatiacutesticos a respeito das regiotildees brasileiras e ainda fins didaacuteticos A segunda

regionalizaccedilatildeo segundo Galvatildeo e Faissol (1969 p 182) surgiu da necessidade da

implementaccedilatildeo do processo de planejamento urbano com o estabelecimento de programas de

65 Dilson Menezes Barreto foi Secretaacuterio Executivo do CONDESE entre outubro de 1977 e marccedilo de 1979

escreveu sobre o CONDESE em sua Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Sociologia em 2003 publicada em livro em

2013 66

As regiotildees propostas 1945 eram Litoral Central Baixo Satildeo Francisco Sertatildeo do Satildeo Francisco e Oeste Em

1969 a divisatildeo foi em microrregiotildees homogecircneas Eram elas Sertatildeo Sergipano do Satildeo Francisco Propriaacute Nossa

Senhora das Dores Agreste de Itabaiana Cotinguiba Litoral Sul Sergipano Agreste de Lagarto e Sertatildeo do Rio

Real (IBGE 2008 e SANTOS e ANDRADE 1986)

104

desenvolvimento econocircmico As regiotildees de planejamento foram definidas por esses autores

como unidades espaciais nas quais as diferentes alternativas de intervenccedilatildeo possam partir de

uma compreensatildeo previsiacutevel dos resultados dessa accedilatildeo (GALVAtildeO e FAISSOL 1969 p 189)

Assim a regionalizaccedilatildeo eacute incorporada ao processo do planejamento brasileiro e

permite a distribuiccedilatildeo das intervenccedilotildees puacuteblicas nas regiotildees de acordo com a finalidade de

cada processo e com o cenaacuterio de gestatildeo do poder nesses espaccedilos

A regionalizaccedilatildeo em Sergipe apoiou-se nos modelos dos centros e dos polos de

desenvolvimento nos estudos claacutessicos da Itaacutelia Meridional no modelo do Vale do

Tennessee nos Estados Unidos no planejamento do desenvolvimento e na elaboraccedilatildeo dos

planos e projetos regionais estruturadores desse processo natildeo apenas no Nordeste como nas

demais regiotildees brasileiras

Para um entrevistado o planejamento regional nordestino tem como referecircncia a

ideologia desenvolvimentista da Sudene cujo arcabouccedilo teoacuterico do planejamento dos

indicadores e das variaacuteveis econocircmicas e sociais para o desenvolvimento tem origem na

Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina (CEPAL) e em Celso Furtado que acreditava na

necessidade de montar uma base econocircmica no Nordeste como aconteceu em outras regiotildees

do Brasil

Na culminacircncia do processo do planejamento regional e do desenvolvimento

econocircmico a ecircnfase na regionalizaccedilatildeo ou seja no processo de construccedilatildeo da regiatildeo como

espaccedilo de intervenccedilatildeo tornou-se estrateacutegia de planejamento puacuteblico na deacutecada de 1970

Analisando a regionalizaccedilatildeo como elemento fundamental do processo de planejamento

urbano e regional em Satildeo Paulo Souza (1976 p 120) afirma que a estruturaccedilatildeo do espaccedilo

regional tinha como objetivos facilitar a concentraccedilatildeo e a integraccedilatildeo dos programas

administrativos setoriais e daacute maior racionalidade agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos e ao controle

administrativo

Em Sergipe observou-se tambeacutem a praacutetica da regionalizaccedilatildeo para a desconcentraccedilatildeo

da gestatildeo das poliacuteticas de sauacutede de educaccedilatildeo de infraestrutura rodoviaacuteria de energia e

fazenda independentemente das propostas de regiotildees do IBGE Contudo ao contraacuterio do que

ocorreu em Satildeo Paulo que teve suas regiotildees delimitadas a partir de nuacutecleos pontos de

convergecircncia do homem e de suas atividades (Souza 1976 p 107) essas regionalizaccedilotildees

foram propostas pelos oacutergatildeos gestores dessas poliacuteticas estaduais cujos processos de

delimitaccedilatildeo dessas regiotildees poliacutetico-operacionais natildeo obedeceram a criteacuterios cientiacuteficos de

regionalizaccedilatildeo (GOVERNO DO ESTADO DE SERGIPE 1976) Constatada a praacutetica da

105

regionalizaccedilatildeo e ressentindo-se da necessidade de se estabelecer criteacuterios cientiacuteficos e a

uniformizaccedilatildeo das regiotildees para a desconcentraccedilatildeo o controle da administraccedilatildeo puacuteblica

estadual a distribuiccedilatildeo das poliacuteticas e das intervenccedilotildees puacuteblicas e sobretudo a gestatildeo desses

espaccedilos o Estado por meio do Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe

(Condese) oacutergatildeo de assessoramento do planejamento do Governo do Estado aleacutem de

formalizar uma diretriz para o processo propocircs entre 1971 e 1972 duas regionalizaccedilotildees A

primeira regionalizaccedilatildeo tinha como objetivo a desconcentraccedilatildeo da Administraccedilatildeo Puacuteblica

estadual para melhorar o desempenho do Poder Executivo em atendimento ao projeto de

reforma administrativa em curso no governo federal e no estadual A metodologia adotada

para a regionalizaccedilatildeo foi aquela proposta pela Sudene e pelo IBGE O segundo trabalho

elaborado pelo Condese nos fins de 1972 baseou-se nos seguintes criteacuterios distacircncia entre as

sedes populaccedilatildeo total aacuterea de abrangecircncia de cada regiatildeo e densidade demograacutefica Essa

regionalizaccedilatildeo propotildee duas alternativas para a divisatildeo do Estado Na primeira seriam

formadas seis regiotildees Aracaju Propriaacute Nossa Senhora da Gloacuteria Itabaiana Salgado e

Capela Na segunda propotildee-se a formaccedilatildeo de cinco regiotildees Aracaju Propriaacute Itabaiana

Lagarto e Capela (GOVERNO DO ESTADO DE SERGIPECONSELHO DE

DESENVOLVIMENTO ECONOcircMICO DE SERGIPE 1976 p 243) Os criteacuterios usados

pelo Condese natildeo obedeceram agraves formas de organizaccedilatildeo urbano-industrial do espaccedilo como

vigorava agrave eacutepoca no IBGE

Analisando essas regiotildees propostas pelo Condese Diniz coordenador do processo da

regionalizaccedilatildeo de 1976 conclui que Lagarto Propriaacute Estacircncia Tobias Barreto e Itabaiana

eram cidades que se apresentavam como centralidades ou centros de zonas Estacircncia e

Lagarto em qualquer regionalizaccedilatildeo formariam regiotildees diferenciadas no Sul do Estado e

Propriaacute Nossa Senhora da Gloacuteria e Canindeacute do Satildeo Francisco eram cidades com centralidade

pouca niacutetida

Em 1975 coordenando uma nova regionalizaccedilatildeo fruto de um convecircnio celebrado

entre a Universidade Federal de Sergipe e o Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de

Sergipe (Condese) e apoiado pela Superintendecircncia do Desenvolvimento do Nordeste

(Sudene) Diniz (1976 p253) constata que (i) todo o Estado se constitui numa aacuterea

essencialmente homogecircnea onde apenas Aracaju se destaca (ii) a influecircncia dos centros de

zonas sobre suas respectivas aacutereas eacute muito pouco niacutetida secundaacuteria diante da dominaccedilatildeo da

capital- Aracaju (iii) o papel regional dos centros de zonas eacute induzido por Aracaju ou pelo

governo central e no que diz respeito agrave organizaccedilatildeo regional a produccedilatildeo do espaccedilo em

Sergipe tem sido induzida pelo Estado

106

Tomando por base essas constataccedilotildees e assumindo a ausecircncia de dados para o uso dos

modelos dos centros e dos polos de desenvolvimento abraccedilados pela Sudene Diniz

coordenador do processo da regionalizaccedilatildeo justifica

Preferimos natildeo desenvolver o estudo da organizaccedilatildeo espacial de Sergipe

numa perspectiva de polarizaccedilatildeo em decorrecircncia dos problemas teoacutericos

ligados agrave ideia embora natildeo deixe de haver certa concordacircncia entre as

nossas diretrizes para a regionalizaccedilatildeo e a triacuteplice tipologia do espaccedilo

perrouxiano Todavia a inexistecircncia de estudos locais que caracterizem o

papel polarizador dos centros urbanos e a constataccedilatildeo empiacuterica que as

cidades de Sergipe satildeo mais drenos do que polos nos levaram optar por uma

abordagem segundo a ideia de nodalidade (GOVERNO DO ESTADO DE

SERGIPE1976 p 3)

A decisatildeo assumida por Diniz em 1975 mesmo na ausecircncia de estudos como citado

para o devido embasamento foi acertada e as observaccedilotildees arroladas permanecem vaacutelidas ateacute

o presente67

tendo sofrido variaccedilotildees pouco significativas somente na primeira deacutecada do

seacuteculo XXI De acordo com o estudo das Regiotildees de influecircncia das cidades (IBGE 2008)

Sergipe eacute constituiacutedo por um Capital Regional A formado pela capital Aracaju um Centro

Sub Regional B que eacute Itabaiana quatro Centros de Zona A (Estacircncia Lagarto Nossa

Senhora da Gloacuteria e Propriaacute) trecircs Centros de Zona B (Canindeacute do Satildeo Francisco Neoacutepolis e

Nossa Senhora das Dores) e 62 centros locais que satildeo sedes dos municiacutepios sergipanos68

A organizaccedilatildeo espacial do Estado coordenada por Diniz e publicada em 1976

considera que as regiotildees satildeo porccedilotildees contiacutenuas do espaccedilo e define as regiotildees nodais valendo-

se do mapeamento das zonas de influecircncia dos centros de zonas Esse trabalho de Diniz de

1976 resultou em duas proposiccedilotildees finais sete regiotildees nodais (Aracaju Estacircncia Tobias

Barreto Lagarto Itabaiana Propriaacute e Penedo) e quatro regiotildees plano ou de planejamento

(Aracaju Estacircncia Itabaiana e Propriaacute) que foram apresentadas como regiotildees administrativas

do Estado (Figura 4)

67

Dados do censo populacional de 2010 constataram que Aracaju concentrava 28 da populaccedilatildeo do Estado

(IBGE 2010) e ainda eacute o municiacutepio com a maior infraestrutura de saneamento de sauacutede de educaccedilatildeo e de

serviccedilos do Estado 68

A rede urbana de Sergipe pode ser visualizada em FRANCcedilA Vera Luacutecia A e CRUZ Maria Tereza S Atlas

Escolar Sergipe espaccedilo Geo-Histoacuterico e Cultural Joatildeo Pessoa GRAFSET 2013

107

Figura 4Sergipe ndash Regiotildees Planos

108

Das trecircs regionalizaccedilotildees produzidas pelo Condese como unidades de planejamento de

intervenccedilotildees governamentais somente a uacuteltima de 1976 mereceu anaacutelise e adaptaccedilatildeo para

um programa governamental voltado para o desenvolvimento regional O Projeto Campo

Verde accedilatildeo do governo em bases regionais ndash 1988-1990 (1987) se caracterizou como um

Plano de Governo voltado para o desenvolvimento regional

O Projeto Campo Verde dedica um capiacutetulo agrave proposta de regionalizaccedilatildeo revisa os

processos empreendidos para o Estado e usa como base ldquoUma Proposta de Regionalizaccedilatildeo

para o Estado de Sergiperdquo trabalho coordenado pelo Professor Joseacute Alexandre Felizola Diniz

da Universidade Federal de Sergipe para operacionalizaccedilatildeo de suas accedilotildees A regionalizaccedilatildeo

do Projeto Campo Verde previa a formaccedilatildeo de seis regiotildees (Aracaju Estacircncia Lagarto

Itabaiana Nossa Senhora da Gloacuteria e Propriaacute) identificadas a partir de centralidade regional

de cidades de porte elevado ou meacutedio (Figura 5)

Segundo o estudo a metodologia adotada na elaboraccedilatildeo e validaccedilatildeo das regiotildees foi o

planejamento participativo Entretanto a leitura dos estudos evidencia que a participaccedilatildeo

ocorreu no I Seminaacuterio Estadual sobre Organizaccedilatildeo do Espaccedilo cujos resultados destacados

como discutidos e aprovados no Seminaacuterio foram a decisatildeo pela inclusatildeo da sede do

municiacutepio de Nossa Senhora da Gloacuteria como centro de uma regiatildeo e natildeo de centro secundaacuterio

da Regiatildeo de Aracaju como havia sido atribuiacutedo nos estudos coordenados por Diniz em

1976 e pela subdivisatildeo da Regiatildeo de Aracaju criando uma subaacuterea em torno de Maruim

Como metodologia participativa o Projeto previa ainda

Concebe-se a nova proposta como um documento que seraacute definido nos

escalotildees teacutecnicos e poliacuteticos do Governo e posteriormente seraacute debatido

com as comunidades interessadas atraveacutes de seminaacuterios que seratildeo realizados

nas sedes das novas regiotildees (GOVERNO DE SERGIPESEPLAN 1987

p9)

109

Figura 5 Sergipe ndash Regiotildees de Planejamento - 1987

110

A leitura do documento deixa claro que as comunidades natildeo participaram da

construccedilatildeo das regiotildees sendo posteriormente convocadas para o debate Entretanto os

documentos produzidos natildeo explicitam as formas e os meios usados para informar a

comunidade sobre a temaacutetica a ser debatida em seminaacuterios nem a constituiccedilatildeo de espaccedilos para

as discussotildees anteriores a esses Essas informaccedilotildees permitem deduzir que a comunidade seria

informada sobre o processo durante o evento Como se comprova pela leitura do projeto a

ideia da metodologia participativa em Sergipe natildeo eacute nova Poreacutem a praacutetica e sobretudo os

processos de mobilizaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e a informaccedilatildeo satildeo os grandes gargalos do

planejamento governamental como poderatildeo ser constatados nos subcapiacutetulos seguintes

De acordo com o Projeto Campo Verde ainda

Somente se justificaraacute o processo de regionalizaccedilatildeo para o Estado de

Sergipe se o Governo definir que os seus proacuteximos atos administrativos e

poliacuteticos seratildeo expressos claramente em termos espaciais e se toda a forma

de intervenccedilatildeo proposta tiver o objetivo de introduzir mudanccedilas profundas

na sociedade sergipana (GOVERNO DE SERGIPESEPLAN 1987

p21 e 22)

A previsatildeo de espacializaccedilatildeo das accedilotildees tinha como finalidade a desconcentraccedilatildeo da

Administraccedilatildeo Puacuteblica que no enfoque institucionalista promoveria a integraccedilatildeo poliacutetica

econocircmica e social necessaacuteria ao desenvolvimento regional Entretanto segundo Teacutecnico do

Governo especialista em planejamento entrevistado em janeiro de 2014 a aplicaccedilatildeo plena

desse plano nunca foi realizada Assim a regionalizaccedilatildeo proposta pelo Projeto Campo Verde

se configurou como uma decisatildeo teacutecnica e natildeo poliacutetica Ademais o momento histoacuterico de

crise fiscal e financeira do Estado e de planejamento regional natildeo deve ter contribuiacutedo

tambeacutem para a execuccedilatildeo plena do projeto Contudo no mesmo momento histoacuterico das crises

a Constituiccedilatildeo Federal eacute aprovada e traz em seu artigo 165 a necessidade da regionalizaccedilatildeo

dos objetivos e metas da administraccedilatildeo puacuteblica federal que passa a ser obrigaccedilatildeo tambeacutem da

administraccedilatildeo puacuteblica estadual Para cumprir tal preceito constitucional o primeiro Plano

Plurianual estadual elaborado em 1991 adota as microrregiotildees geograacuteficas do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) como unidades de planejamento

Desse modo pode-se concluir que Sergipe adotou a microrregiatildeo geograacutefica proposta

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) como unidade de planejamento das

intervenccedilotildees governamentais em detrimento das regiotildees propostas pelo proacuteprio Estado A

Proposta de Desenvolvimento para o Estado de Sergipe 1992-1995 bem como o Plano

Plurianual 1992-1995 e os trecircs planos plurianuais subsequentes (1996-1999 2000-2003 e

111

2004-2007) tiveram a microrregiatildeo geograacutefica proposta pele IBGE como unidade de

planejamento

Em 2004 o Governo do Estado cria seis Regiotildees de Planejamento para as accedilotildees

governamentais por meio da Lei n 5375 de 30 de junho de 2004 e reconhece as demais

regionalizaccedilotildees regularmente estabelecidas ou adotadas por oacutergatildeos da administraccedilatildeo direta ou

indireta As regiotildees de planejamento (RP) foram assim especificadas em lei RP 01- Sertatildeo

RP 02 ndash Baixo Satildeo Francisco RP 03 ndash Litoral Norte RP 04 ndash Agreste RP 05 ndash Grande

Aracaju e RP 06 Litoral Sul (Figura 6) As novas regiotildees foram criadas sem criteacuterios teacutecnicos

e efetivamente serviram apenas para o planejamento orccedilamentaacuterio69

Em 2007 o Governo de Sergipe influenciado pela experiecircncia do Estado do Rio

Grande do Sul institui por meio do Decreto n 24339 de 20 de abril de 2007 o territoacuterio

como unidade de planejamento e base para a promoccedilatildeo do desenvolvimento entre as diversas

regiotildees do Estado Eacute importante destacar que embora o Decreto que institui os Territoacuterios de

Planejamento natildeo seja uma norma juriacutedica vaacutelida uma vez que natildeo regulamenta nenhuma

Lei tem tido eficaacutecia haja vista sua aplicabilidade na territorializaccedilatildeo das accedilotildees tanto no

Plano Plurianual quanto nas Leis Orccedilamentaacuterias

69

O documento de Revisatildeo do Plano Plurianual 2006-2007 natildeo contempla a regionalizaccedilatildeo

112

Figura 6 Sergipe ndash Regiotildees de Planejamento - 2004

113

A regionalizaccedilatildeoterritorializaccedilatildeo realizada em 2007 foi conduzida pela Universidade

Federal de Sergipe e coordenada pela Professora Doutora em Geografia Vera Luacutecia Alves

Franccedila e com a participaccedilatildeo dos Professores Ricardo Oliveira Lacerda de Melo e Oliacutevio

Alberto Teixeira que embasados na polissemia do termo territoacuterio e em suas principais

abordagens adotam para as precisotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da regionalizaccedilatildeo os seguintes

argumentos juriacutedico-poliacuteticos culturais econocircmicos semioloacutegicos psicossocioloacutegicos e os

da praacutetica histoacuterica De acordo com os diagnoacutesticos elaborados para fundamentar o processo

da regionalizaccedilatildeo

Diversas abordagens procuram ressaltar diferentes dimensotildees do processo de

territorializaccedilatildeo70

No entanto mais do que imaginar que se trata de

abordagens que satildeo contraditoacuterias ou contraacuterias em si deve-se percebecirc-las

como complementares entre si fornecendo uma ideia dos diversos aspectos

que precisam ser levados em conta para compreender os processos de

definiccedilatildeo de territoacuterio Nesse sentido do ponto de vista do planejamento do

desenvolvimento sustentaacutevel importa pensar uma compreensatildeo da questatildeo

territorial fundamentalmente em conjunto com os atores sociais envolvidos

isto eacute de maneira participativa (GOVERNO DO ESTADO DE

SERGIPEUNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 2007 p 6)

Essa compreensatildeo de pensar os territoacuterios em conjunto com os agentes e atores

envolvidos representa muito mais que adotar uma metodologia proposta pela Secretaria de

Desenvolvimento Territorial (SDT) do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio (MDA) Essa

accedilatildeo inicia um processo de inclusatildeo da populaccedilatildeo nas decisotildees governamentais de construccedilatildeo

de regiotildees em Sergipe A construccedilatildeo dos territoacuterios de planejamento foi marcada pela junccedilatildeo

do saber teacutecnico com o olhar do pertencimento do espaccedilo de diferentes segmentos sociais e

poliacuteticos Entretanto a participaccedilatildeo social no processo seraacute discutida no proacuteximo capiacutetulo

Aleacutem do marco da inclusatildeo da participaccedilatildeo no processo a construccedilatildeo dos territoacuterios

de planejamento acumula ainda outro marco destacado por Vargas (2011) Para esse autor

A recente divisatildeo do Estado em Territoacuterios de Planejamento e considerando

a intencionalidade de conformaccedilatildeo de Territoacuterio de Identidade consiste em

um novo padratildeo de regionalizaccedilatildeo que por um lado supera o eixo de

produccedilatildeo do desenvolvimento ancorado no modelo de turismo de praia e sol

iniciado nos anos 1980 e por outro instiga a continuidade da abordagem

cultural sobretudo por vivenciarmos pela primeira vez a cultura como

dimensatildeo do planejamento do desenvolvimento (VARGAS 2011 p 100)

70

As dimensotildees usadas no processo da territorializaccedilatildeo foram econocircmico-produtiva social poliacutetico-

institucional sociocultural e geoambiental Essas dimensotildees bem como as 15 variaacuteveis e os 79 indicadores que

subsidiaram a construccedilatildeo dos territoacuterios de planejamento encontram-se em GOVERNO DO ESTADO DE

SERGIPEUNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE Estado de Sergipe uma proposta de territorializaccedilatildeo

para o planejamento Aracaju Seplan 2007 vol I e II

114

A dimensatildeo cultural como uma variaacutevel importante no processo do planejamento do

desenvolvimento eacute defendida por autores como Putnam Fukuyama Baquero e Valdivieso

que ressaltam os valores culturais na formaccedilatildeo e fortalecimento do capital social fator de

desenvolvimento econocircmico O reconhecimento do capital social como fator de

desenvolvimento nos e dos territoacuterios de planejamento eacute a temaacutetica a ser analisada no

proacuteximo capiacutetulo

Os estudos elaborados para subsidiar a tomada de decisatildeo a respeito da delimitaccedilatildeo de

cada territoacuterio de planejamento permitiram a formaccedilatildeo de oito territoacuterios A divisatildeo territorial

de Sergipe tambeacutem natildeo conseguiu compatibilidade integral com a divisatildeo dos Territoacuterios

Rurais que posteriormente passaram a integrar o Programa Territoacuterios da Cidadania

proposto pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) do Ministeacuterio do

Desenvolvimento Agraacuterio (MDA) Dos quatro territoacuterios que integram o Programa Territoacuterios

da Cidadania em Sergipe somente dois deles (Alto Sertatildeo Sergipano e Baixo Satildeo Francisco

Sergipano) guardam o mesmo conjunto de municiacutepios dos territoacuterios de planejamento do

Estado Isso se deve a dois fatos o primeiro por intervenccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos gestores

municipais do territoacuterio Alto Sertatildeo Sergipano que exigiram do Estado o respeito agrave divisatildeo

territorial em curso pela SDTMDA precisamente mantendo o municiacutepio de Nossa Senhora

de Lourdes como pertencente ao Alto Sertatildeo e natildeo ao Baixo Satildeo Francisco como propunha o

Estado tatildeo somente pelo andamento dos processos em construccedilatildeo com recursos do Programa

Territoacuterios da Cidadania e o segundo pelo entendimento e aceitaccedilatildeo de todos de que a

proposta de articulaccedilatildeo das institucionalidades nos trecircs niacuteveis de governo para a integraccedilatildeo

das poliacuteticas no mesmo espaccedilo permitiria maior efetividade das accedilotildees e do controle social

No entanto esse consenso natildeo foi estabelecido para os Territoacuterios Sul Sergipano e Sertatildeo

Ocidental O resultado da efetividade das accedilotildees implementadas nos territoacuterios nos quais se

chegou a um consenso poderia apoiar a discussatildeo nos demais caso a poliacutetica da

territorializaccedilatildeo da SDTMDA natildeo tivesse sofrido um arrefecimento Esse arrefecimento se

deve a diferentes fatores que vatildeo desde a ausecircncia de projetos a questotildees como a

incapacidade para a prestaccedilatildeo de contas dos recursos gastos na execuccedilatildeo das accedilotildees das

organizaccedilotildees sociais e dos gestores municipais71

a capacidade de participaccedilatildeo efetiva da

populaccedilatildeo nos colegiados interferecircncias poliacuteticas tanto dos governos locais quanto do central

e sobretudo a velha e conhecida regularidade das poliacuteticas puacuteblicas ndash a descontinuidade por

71

Os impactos do Programa Territoacuterios da Cidadania em Sergipe podem ser vistos em HANSEN Dean L Os

Impactos dos Grandes Projetos Federais no Estado de Sergipe e proposiccedilotildees de poliacuteticas In APOLINAacuteRIO

Valdecircnia e SILVA Maria Lussieu da Impactos dos Grandes Projetos Federais sobre os Estados do Nordeste

Natal Edufrn 2011 p 299- 327

115

mudanccedila do gestor da Secretaria de Desenvolvimento Territorial e do Ministeacuterio do

Desenvolvimento Agraacuterio

A experiecircncia da gestatildeo social do Programa Territoacuterios da Cidadania permitiu a

construccedilatildeo do pressuposto de que a criaccedilatildeo de espaccedilos participativos pode fortalecer o capital

social territorial O iacutendice de capital social dos territoacuterios de planejamento de Sergipe poderaacute

confirmar ou refutar essa hipoacutetese tendo em vista o tempo transcorrido e a tipologia da

participaccedilatildeo social nos colegiados

O territoacuterio de fato eacute a unidade de planejamento orccedilamentaacuterio em Sergipe desde

2008 Entretanto aleacutem dessa unidade de planejamento orccedilamentaacuterio puacuteblico Sergipe adota

outras regionalizaccedilotildees com finalidades diversas como a gestatildeo de poliacuteticas setoriais como os

recursos hiacutedricos e suas unidades de planejamento ndash as bacias hidrograacuteficas72

a

descentralizaccedilatildeo e a desconcentraccedilatildeo da gestatildeo a gestatildeo compartilhada a execuccedilatildeo de

programas voltados para o desenvolvimento territorial a reduccedilatildeo da pobreza e outros que natildeo

foram afetadas pelo processo de regionalizaccedilatildeoterritorializaccedilatildeo e pelo planejamento

orccedilamentaacuterio Essas regionalizaccedilotildees bem como os instrumentos legais de criaccedilatildeo e finalidades

encontram-se na Tabela 2

As Regiotildees educacionais ou as Diretorias Regionais foram criadas para fins de

desconcentraccedilatildeo da poliacutetica estadual (Figura 7) Satildeo dez diretorias regionais que agrupam

municiacutepios mediante o criteacuterio da contiguidade espacial As diretorias regionais natildeo tecircm

autonomia para a elaboraccedilatildeo de Plano Regional ou estabelecimento de indicadores e metas

diferenciadas Todo o planejamento educacional se concentra na Assessoria de Planejamento

da Secretaria em Aracaju As Diretorias Regionais de Educaccedilatildeo funcionam como centros de

descentralizaccedilatildeo administrativa da Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo

As regiotildees operacionais da Empresa de Desenvolvimento Agropecuaacuterio

(EMDAGRO) com previsatildeo de criaccedilatildeo estabelecida em Lei e decisatildeo poliacutetica do Conselho

Deliberativo da autarquia foram criadas visando agrave desconcentraccedilatildeo das accedilotildees administrativas

financeiras e teacutecnicas (assistecircncia aos produtores rurais) Satildeo cinco regiotildees operacionais cujo

criteacuterio de seleccedilatildeo da sede regional obedeceu agraves principais atividades produtivas como a

citricultura em Boquim a pecuaacuteria de leite em Nossa Senhora da Gloacuteria a pecuaacuteria de corte e

o cooperativismo em Lagarto e a rizicultura em Propriaacute (Figura 8)

72

O mapeamento das bacias hidrograacuteficas de Sergipe pode ser encontrado em FRANCcedilA Vera Luacutecia Alves e

CRUZ Maria Tereza Souza Atlas Escolar Sergipe espaccedilo geo-histoacuterico e culturalJoatildeo Pessoa GRAFSET

2013

116

Figura 7 Sergipe ndash Regiotildees educacionais

Fonte SEED 2014

117

Figura 8 Sergipe ndash Regiotildees da Emdagro

Fonte EMDAGRO 2014

Fonte EMDAGRO 2014

118

Aleacutem das regiotildees de descentralizaccedilatildeo administrativa da educaccedilatildeo e da Emdagro os

distritos rodoviaacuterios satildeo regiotildees administrativas cuja finalidade eacute a programaccedilatildeo de serviccedilos

de manutenccedilatildeo e conservaccedilatildeo da malha rodoviaacuteria estadual Satildeo cinco distritos rodoviaacuterios

cujo criteacuterio baacutesico definidor da regionalizaccedilatildeo foi a centralidade dos municiacutepios sedes dos

distritos Satildeo eles Nossa Senhora da Gloacuteria Lagarto Estacircncia Japaratuba e Aracaju (Figura

9)

A gestatildeo do saneamento em Sergipe eacute o tema que tem demandado regiotildees

diferenciadas por tipologia dos serviccedilos Para a gestatildeo dos serviccedilos de abastecimento de aacutegua

e de coleta e tratamento dos esgotos adotaram-se as microrregiotildees de saneamento cujos

criteacuterios definidores das microrregiotildees obedeceram agrave interdependecircncia dos sistemas e o

manancial hiacutedrico usado no fornecimento de aacutegua Satildeo treze as microrregiotildees de saneamento

baacutesico (Figura 10)

119

Figura 9 Sergipe ndash Distritos Rodoviaacuterios

FonteLei 56952005

120

Figura 10 Sergipe ndash Microrregiotildees de saneamento baacutesico

121

As regiotildees de sauacutede satildeo sete cujas sedes regionais coincidem com a Capital regional

A (Aracaju) o Centro Sub Regional B (Itabaiana) e os Centros de Zona A (Estacircncia Lagarto

Nossa Senhora da Gloacuteria e Propriaacute) propostos pelo IBGE Somente a sede regional de Nossa

Senhora do Socorro natildeo foi recepcionada por proposta do IBGE As regiotildees de sauacutede atendem

agrave gestatildeo descentralizada proposta pelo Governo Federal (Figura 11)

Tabela 2 Sergipe

Regiotildees institucionalizadas

RegiatildeoInstrumento Legal de

criaccedilatildeoFinalidade

Bacia HidrograacuteficaLei nordm 3870 de 25 de

setembro de 1997

Implementar a Poliacutetica Estadual de

Recursos Hiacutedricos

Regiotildees Educacionais

Decreto Estadual nos

85671987 e 18989 de

27 de julho de 2001

Desconcentrar a gestatildeo da poliacutetica

educacional

Regiotildees Operacionais Lei nordm 5416 de 26 de

agosto de 2004

Desconcentrar as accedilotildees da Empresa

de Desenvolvimento Agropecuaacuterio

de Sergipe

Distritos RodoviaacuteriosLei nordm 5697 de 18 de julho

de 2005

Programar e executar as atividades

pertinentes agrave conservaccedilatildeo e agrave

manutenccedilatildeo da malha rodoviaacuteria

estadual

Microrregiotildees de

Saneamento Baacutesico

relativas aos serviccedilos de

abastecimento de aacutegua e

esgotamento sanitaacuterio

Lei Complementar nordm 176

de 18 de dezembro de 2009

Integrar a organizaccedilatildeo planejar e

executar serviccedilos de abastecimento

de aacutegua e esgotamento sanitaacuterio

Regiotildees de Sauacutede

Lei nordm 6345 de 2 de

janeiro de 2008 e sua

regulamentaccedilatildeo

Deliberaccedilatildeo Nordm 0562012

do Colegiado

Interfederativo Estadual

Descentralizar e compartilhar a

gestatildeo da poliacutetica de sauacutede

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

122

Figura 11 Sergipe ndash Regiotildees de Sauacutede

FonteDELIBERACcedilAtildeO DO COLEGIADO INTERFEDERATIVO ESTADUAL Nordm 0562012

123

Outras regionalizaccedilotildees que resultaram da accedilatildeo poliacutetica satildeo as Regiotildees de Consoacutercios

de Saneamento que tecircm como finalidade a gestatildeo compartilhada dos resiacuteduos soacutelidos pelos

municiacutepios sergipanos (Figura 12) e as regiotildees turiacutesticas que tecircm como objetivo planejar

administrar e construir a integraccedilatildeo e a cooperaccedilatildeo entre os participantes das atividades do

turismo em cada regiatildeo ou polo (Figura 13) Eacute importante ressaltar que tanto as regiotildees de

consoacutercios de saneamento quanto as regiotildees turiacutesticas foram construiacutedas com base em

criteacuterios teacutecnicos metodologias participativas e diretrizes de Poliacutetica e Programa Nacional

respectivamente As regiotildees de saneamento obedecem agrave Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos

Soacutelidos (Lei nordm 12305 de 2 de agosto de 2010) e as regiotildees turiacutesticas ou os polos turiacutesticos agraves

diretrizes do Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo roteiros do Brasil

Percebe-se ainda a existecircncia de regiotildees funcionais como as comarcas do Poder

Judiciaacuterio a bacia leiteira a regiatildeo da citricultura do Estado e tantas outras construiacutedas

independentemente ou com o apoio do poder puacuteblico que tecircm reforccedilado as regiotildees como

espaccedilos de convivecircncia lugares funcionais produto social

124

Figura 12 Sergipe ndash Regiotildees de Consoacutercio de saneamento

Fonte SEMARH 2014

125

Figura 13 Sergipe ndash Regiotildees de turismo

FONTE GOVERNO DE SERGIPESECRETARIA DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO ECONOcircMICO

DA CIEcircNCIA E TECNOLOGIA E DO TURISMO 2009

126

As regiotildees educacionais as unidades operacionais da Emdagro as regiotildees de sauacutede

os distritos rodoviaacuterios e as microrregiotildees de saneamento foram construiacutedas tomando-se por

base o saber teacutecnico sem obedecer a uma racionalidade metodoloacutegica permitindo tambeacutem a

construccedilatildeo de regiatildeo sem observar a contiguidade do espaccedilo geograacutefico como ocorre com as

microrregiotildees de saneamento baacutesico e ainda sem a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo Entretanto as

regiotildees de sauacutede foram validadas nos respectivos colegiados interfederativos regionais e

ratificadas pelo colegiado estadual que satildeo institucionalidades participativas

Conforme jaacute descrito essas regiotildees natildeo interferem na alocaccedilatildeo dos recursos para

efeito do planejamento orccedilamentaacuterio das intervenccedilotildees governamentais ou seja durante a

elaboraccedilatildeo do orccedilamento anual ou do Plano Plurianual todo e qualquer programa ou projeto

de intervenccedilatildeo em quaisquer dessas regiotildees teraacute sua identificaccedilatildeo orccedilamentaacuteria nos

territoacuterios de planejamento e natildeo de sua regiatildeo de gestatildeo ou execuccedilatildeo O territoacuterio na

praacutetica eacute a unidade de planejamento orccedilamentaacuterio e atende ao paraacutegrafo 1ordm do artigo 165 da

Constituiccedilatildeo Federal O territoacuterio efetivamente no quadro do planejamento atual de Sergipe

natildeo se constitui em unidade de planejamento do desenvolvimento conforme argumentos

expostos nos proacuteximos itens Entretanto essa conclusatildeo apenas corrobora a praacutetica da Uniatildeo

embora destacada como uma accedilatildeo duvidosa para Balbim e Contel (2013) Para esses autores

A leitura e interpretaccedilatildeo das poliacuteticas dos planos e dos programas do

governo federal- incluindo alguns exemplos de poliacuteticas estaduais ndash

poderiam ainda identificar se estaacute sendo de fato cumprida a determinaccedilatildeo

constitucional (Artigo 165 paraacutegrafo 1ordm) que obriga os Planos Plurianuais

(PPAs) a estabelecer ldquode forma regionalizada as diretrizes os objetivos e

metas da administraccedilatildeo puacutebica federal para as despesas de capital e outras

dela decorrentes e para as relativas aos programas de natureza continuadardquo (BALBIM E CONTEL 2013 p 44)

Reconhecendo que haacute a necessidade de uma unidade de planejamento orccedilamentaacuterio

para cumprimento do Artigo 165 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e sobretudo de um

planejamento do desenvolvimento em Sergipe que seja compatiacutevel com o Plano Plurianual

como preconiza a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a adoccedilatildeo de uma unidade de planejamento

com capacidade de atendimento de todos os propoacutesitos seria uma situaccedilatildeo desejada poreacutem

impossiacutevel Essa impossibilidade adveacutem de diversas situaccedilotildees entre elas o fato de que (i)

diferentes poliacuteticas setoriais adotaram unidades diferenciadas como as bacias hidrograacuteficas

as microrregiotildees de saneamento (ii) as unidades devem ser reconhecidas pelo quadro de

gestores puacuteblicos (secretaacuterios e dirigentes de oacutergatildeos) (iii) o planejamento trabalha em

muacuteltiplas escalas o que implica reconhecer que haacute dimensotildees de intervenccedilatildeo mais adequada

127

ao tratamento de determinadas questotildees O reconhecimento da necessidade de o planejamento

trabalhar em muacuteltiplas escalas eacute uma das conclusotildees do Estudo da Dimensatildeo Territorial para

o Planejamento desenvolvido pelo Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (2008) e

tambeacutem se aplica ao Estado de Sergipe Constata-se ainda que pela limitaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos os programas e projetos geralmente estabelecem aacutereas de atuaccedilatildeo73

que natildeo

obedecem agraves regionalizaccedilotildees preacute-existentes como eacute o caso do Programa Sergipe Cidades do

Projeto de Combate agrave Pobreza Rural no Estado de Sergipe (PCPR) e do Projeto Dom Taacutevora

(Figura 14) que tiveram suas aacutereas de atuaccedilatildeo definidas por indicadores sociais dos

municiacutepios principalmente o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)

principalmente os dois uacuteltimos programas

Reconhecendo que a regionalizaccedilatildeo em Sergipe tem sido um ato poliacutetico e na maioria

das vezes induzido por demandas do governo central inseridos em contextos mais setoriais

esses atos natildeo foram decisivos para o planejamento puacuteblico estadual As regionalizaccedilotildees

tambeacutem natildeo tecircm contribuiacutedo para a compreensatildeo de mudanccedilas efetivas nos indicadores

sociais e econocircmicos do Estado e para o entendimento dos impactos dos programas nas

diferentes escalas

Entretanto os modelos de planejamento puacuteblico nos termos dos regramentos legais

exigem unidades de planejamento para a alocaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos Assim sendo os

subcapiacutetulos a seguir analisaratildeo as iniciativas de planejamento puacuteblico em Sergipe e suas

contribuiccedilotildees para a estruturaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento sustentaacutevel e de uma

democracia participativa ou pelo menos contribuir para o debate do desenvolvimento

regional territorial Para tanto os subcapiacutetulos a seguir trataratildeo do planejamento em Sergipe

em trecircs fases distintas o planejamento do desenvolvimento o planejamento orccedilamentaacuterio e o

planejamento participativo

73

O Programa Sergipe Cidades natildeo atua no municiacutepio de Aracaju o PCPR excluiu a Regiatildeo Metropolitana

portanto natildeo atua nos municiacutepios de Aracaju Barra dos Coqueiros Nossa Senhora do Socorro e Satildeo Cristoacutevatildeo

128

Figura 14 Sergipe ndash Regiatildeo de atuaccedilatildeo do Projeto Dom Taacutevora

Fonte Projeto Dom Taacutevora 2014

129

522 Planejamento do desenvolvimento em Sergipe entre o mito Condese e o fracasso

do planejamento regional

Neste subcapiacutetulo pretende-se analisar o papel do Condese no planejamento e no

desenvolvimento de Sergipe Para tanto tenta-se resgatar a histoacuteria do planejamento em

Sergipe e analisar o desempenho do Condese na elaboraccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento

e na formaccedilatildeo de capital social

No contexto do planejamento do desenvolvimento em Sergipe o Conselho de

Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe (Condese) tem sido a maior referecircncia Entretanto

antes do Conselho outras entidades foram criados para desempenhar entre outras funccedilotildees o

planejamento Foram eles a Secccedilatildeo de Estudos Econocircmicos Financeiros a Consultoria

Teacutecnica de Assuntos Econocircmicos e Financeiros e a Comissatildeo de Desenvolvimento

Econocircmico (Quadro 6)

Quadro 6 Sergipe

Estruturas de planejamento que antecederam ao Conselho de Desenvolvimento

Econocircmico de Sergipe

Entidade Instrumento Legal de criaccedilatildeo

Secccedilatildeo de Estudos Econocircmicos e

Financeiros

Decreto-Lei n 956 de 31 de

dezembro de 1945

Consultoria Teacutecnica de Assuntos

Econocircmicos e Financeiros

Decreto n 433 de 7 de novembro de

1952

Comissatildeo de Desenvolvimento

Econocircmico

Decreto n 130 de 5 de dezembro de

1952

Conselho de Desenvolvimento

Econocircmico de Sergipe (Condese)

Decreto n 470 de 31de marccedilo de

1959 Sistematizaccedilatildeo proacutepria

Paulo Barbosa de Araujo (1983) considera como primeira instituiccedilatildeo do planejamento

de Sergipe a Secccedilatildeo de Estudos Econocircmicos Financeiros criado segundo ele na calda do

movimento de redemocratizaccedilatildeo em 1945 A Secccedilatildeo de Estudos Econocircmicos Financeiros

integrava o Departamento da Fazenda (atual Secretaria de Estado da Fazenda) e tinha como

finalidade o planejamento de questotildees macroeconocircmicas do Estado Para Paulo Barbosa essa

Secccedilatildeo durou sete anos e embora natildeo se tenha registro de sua atuaccedilatildeo em 1952 ascendeu agrave

categoria de Consultoria Teacutecnica vinculada diretamente ao Gabinete do Secretaacuterio da

Fazenda

130

A Consultoria Teacutecnica ampliou a atuaccedilatildeo da Secccedilatildeo poreacutem concentrou suas

atividades em pesquisas econocircmicas e financeiras Como afirma Araujo

Haacute uma evidecircncia que natildeo se pode negar agrave luz da documentaccedilatildeo que ainda

se dispotildee de que tanto a Secccedilatildeo de Estudos Econocircmicos e Financeiros

como a Consultoria Teacutecnica estavam muito voltadas agrave aacuterea tributaacuteria e

financeira do Estado natildeo existindo muita autonomia entatildeo para se enfrentar

os problemas de ordem econocircmica que estavam na ordem do dia em todo o

Nordeste devido agrave crise econocircmica e social da regiatildeo (ARAUJO 1983

p7)

A afirmativa de Araujo (1983) permite a interpretaccedilatildeo de que essas

institucionalidades de fato natildeo exerciam a funccedilatildeo planejamento do desenvolvimento do

Estado Nas palavras de Barreto (1976 p4) com base nesses nuacutecleos implantaram-se as

raiacutezes da racionalizaccedilatildeo teacutecnico-administrativa de execuccedilatildeo de processos orccedilamentaacuterios e do

sistema tributaacuterio do Estado O que se fazia em Sergipe era uma repeticcedilatildeo do que ocorria no

niacutevel federal ou seja o ajuste da alocaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

Influenciado pela infraestrutura de energia eleacutetrica produzida pela Usina

Hidroeleacutetrica de Paulo Afonso o Governo do Estado cria a Comissatildeo de Desenvolvimento

Econocircmico do Estado de Sergipe 74

(CDE) Essa Comissatildeo oacutergatildeo consultivo do governo

tinha a finalidade de planejar o desenvolvimento econocircmico estadual tendo adotado o modelo

da industrializaccedilatildeo o aproveitamento dos recursos naturais a modernizaccedilatildeo da agricultura o

fornecimento de infraestrutura para os transportes e a melhoria da qualidade de vida da

populaccedilatildeo

A Comissatildeo de Desenvolvimento Econocircmico do Estado de Sergipe (CDE) era

composta por representantes do Poder Executivo (3) e do Legislativo (1) das classes

produtoras (3) e do sistema financeiro (1) A Comissatildeo foi a primeira estrutura de governanccedila

criada em Sergipe vinculava-se ao Governo e natildeo tinha representaccedilatildeo da sociedade para

planejar o desenvolvimento Para Araujo (1983 p8) tanto a composiccedilatildeo como o discurso e o

trabalho da Comissatildeo expressam natildeo apenas o autoritarismo e a centralidade do Estado como

tambeacutem o pensamento dominante agrave eacutepoca que via o planejamento como uma accedilatildeo poliacutetica

De acordo com esse autor ainda embora a Comissatildeo tenha sobrevivido por sete anos natildeo haacute

registro de estudo ou obra resultante da atuaccedilatildeo dessa Comissatildeo visto que se reuniam

apenas uma vez por semana

74

Santos (1985 p9) natildeo considerou a Comissatildeo de Desenvolvimento Econocircmico do Estado como

institucionalidade do planejamento por ter sido uma simples disposiccedilatildeo legal sem implementaccedilatildeo de accedilatildeo que

merecesse seu destaque

131

Eacute relevante destacar que os textos produzidos sobre as experiecircncias do planejamento

em Sergipe natildeo descrevem a articulaccedilatildeo ocorrida entre a Comissatildeo e as demais estruturas da

Administraccedilatildeo Puacuteblica para a proposiccedilatildeo de estudos teacutecnicos e o planejamento do

desenvolvimento do Estado A ausecircncia dessa articulaccedilatildeo serviu de base para justificar a

criaccedilatildeo de outra estrutura de governanccedila ndash o Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de

Sergipe (Condese)

O Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe eacute a referecircncia uacutenica e maior

da racionalidade teacutecnico-administrativa e poliacutetica do planejamento a longo prazo em Sergipe e

com accedilotildees efetivamente implementadas Esse reconhecimento foi registrado por Barreto

(1976 2014) Araujo (1983) e Santos (1985) poreacutem eacute verbalizado natildeo soacute por aqueles que

experienciaram as teacutecnicas como por aqueles que reconhecem seus resultados e os

desdobramentos desses no tempo e no espaccedilo sergipano

O Condese foi criado em marccedilo de 1959 em um contexto histoacuterico marcado pelo

Estado como agente propulsor e o planejamento como ferramenta teacutecnica e poliacutetica

orientadora do desenvolvimento que agrave eacutepoca vinculava-se ao processo da industrializaccedilatildeo

Na composiccedilatildeo do Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe (Condese) jaacute

se observa a inclusatildeo de representantes das classes trabalhadoras poreacutem natildeo de representantes

de organizaccedilotildees sociais O fato da inclusatildeo de representantes das classes trabalhadoras

permitiu tanto a Paulo Barbosa Araujo como a Dilson Barreto reconhecerem o Condese como

um espaccedilo democraacutetico e aberto poreacutem natildeo participativo

A estrutura organizacional do Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe

(Condese) contava com uma Secretaria Executiva e Secccedilotildees Teacutecnicas formadas por grupos de

trabalhos que operacionalizavam as accedilotildees do Conselho Tanto Barreto (1976 2013) quanto

Araujo (1983) e Santos (1985) revisando a atuaccedilatildeo do Condese propuseram a construccedilatildeo de

fases que em linhas gerais foram delimitadas por sua estrutura organizacional e regime

juriacutedico (oacutergatildeo articulador da consultoria teacutecnica autarquia oacutergatildeo central do planejamento)

Tanto Barreto (1976 p8) quanto Araujo (1983 p 18) descrevem que a fase

ascensional do planejamento do desenvolvimento em Sergipe ocorreu no periacuteodo autoritaacuterio

quando se criou a autarquia com autonomia administrativa e financeira e maior flexibilidade

de accedilatildeo Araujo (1983) assinala que essa ascensatildeo da funccedilatildeo planejamento foi acompanhada

da ruptura do modelo democraacutetico representado pela exclusatildeo da representaccedilatildeo das classes

trabalhistas no Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe

132

Os impactos diretos do planejamento do Condese no desenvolvimento do Estado satildeo

reconhecidos pela criaccedilatildeo de empresas puacuteblicas e estatais para a gestatildeo de poliacuteticas setoriais

importantes como a agricultura turismo saneamento energia eleacutetrica habitaccedilatildeo e o

aproveitamento de recursos minerais a elaboraccedilatildeo de planos setoriais e outros75

Outro

impacto importante para a base do desenvolvimento do Estado lembrado por um ex-gestor

puacuteblico entrevistado na pesquisa diz respeito agrave formaccedilatildeo dos economistas tanto pela

Universidade Federal de Sergipe como pela Universidade Tiradentes (antiga Faculdade

Integrada Tiradentes) Isso porque muitos professores da Universidade Tiradentes eram

teacutecnicos do Condese76

Nas palavras do entrevistado a parceria notadamente com as

Universidades constituiu-se em um instrumento importante para o alicerce do

desenvolvimento no Estado

A UFS tambeacutem foi um aporte intelectual importante para a economia

regional O Departamento de Geografia e de Economia da UFS avanccedilou

nisso Na Geografia a contribuiccedilatildeo dos Professores Joseacute Alexandre Felizola

Diniz e Adelci Figueiredo dos estudos da problemaacutetica regional e dos cursos

de mestrado e doutorado foram fundamentais [] O foco era o

desenvolvimento Poreacutem a capacitaccedilatildeo dos teacutecnicos tendo em vista a

necessidade de se qualificar os recursos humanos e estimular o

empreendedorismo tambeacutem passaram a ser finalidades do Condese O

CONDESE a UFS e a UNIT investiram na capacitaccedilatildeo das pessoas Os

setores de serviccedilos da informaccedilatildeo e da educaccedilatildeo cresceram muito em

Sergipe por esses esforccedilos (Ex-Gestor puacuteblico entrevista concedida em

2013)

De fato aleacutem do trabalho Organizaccedilatildeo Espacial de Sergipe (1976) fruto da parceria

entre o Condese e a UFS outros estudos como o Plano Estadual de Habitaccedilatildeo (1971) o Plano

Diretor do Distrito Industrial de Aracaju (1974) e outros foram desenvolvidos pelos teacutecnicos

do Estado

Durante a fase ascensional observou-se a instituiccedilatildeo do sistema estadual de

planejamento pela Lei n 19171974 Vale lembrar que a criaccedilatildeo do sistema de planejamento

visava atender ao preconizado no Decreto Federal n 200 de 25 de fevereiro de 1967 sendo a

Lei estadual n 1917 de 18 de dezembro de 1974 praticamente uma transcriccedilatildeo do Decreto-

Lei Portanto Sergipe levou sete anos para adotar o sistema de planejamento orccedilamentaacuterio

descentralizado Entatildeo

75

Os planos elaborados pelo Condese foram O Primeiro Programa de estudos e Pesquisa para o Planejamento

Econocircmico de Sergipe com vigecircncia de 1962 a 1963 o Plano Decenal de Desenvolvimento do Estado I Plano

de Desenvolvimento Econocircmico e Social de Sergipe ndash 1976-1979 76

Foram teacutecnicos do Condese e professores o advogado Darcilo Melo Costa e os economistas Walmir Bruno

Soares Pedro dos Anjos Newton Pedro da Silva e Joseacute Augusto Freire

133

A descentralizaccedilatildeo programada natildeo era uma poliacutetica com vistas a romper o

autoritarismo reinante na administraccedilatildeo estadual a reestruturaccedilatildeo do

Sistema Estadual de Planejamento (SEP) estava muito mais voltada aos

problemas de eficiecircncia Donde a criaccedilatildeo das Assessorias de Planejamento

(ASPLANrsquos) nas diversas Secretarias de Estado natildeo necessariamente era a

descentralizaccedilatildeo do poder de controle e coordenaccedilatildeo que o planejamento

exercita [] O controle e a decisatildeo de aplicar os investimentos estava

centralizado no oacutergatildeo central do Sistema (ARAUJO 1983 p23)

A praacutetica autoritaacuteria destacada por Araujo de fato natildeo se elimina com accedilotildees

descentralizadas embora se tenha reduzido o poder do oacutergatildeo central Entretanto eacute importante

destacar que a centralizaccedilatildeo da coordenaccedilatildeo das accedilotildees planejadas preconiza natildeo soacute a

articulaccedilatildeo para a integraccedilatildeo das accedilotildees o uso de praacuteticas cooperadas e modelos flexiacuteveis

necessaacuterios aos ajustes de projetos e atividades constantes dos programas governamentais

para atender agraves demandas e responder agraves pressotildees da sociedade civil nos diferentes setores

Contudo Paulo Barbosa Araujo (1983) Antocircnio Rocha Santos (1985) e Dilson Barreto

(1976) reconhecem que o planejamento puacuteblico em Sergipe nasceu pelas matildeos do estado sem

a participaccedilatildeo social por influecircncia externa e dependente do planejamento federal Por essas

caracteriacutesticas esperava-se que as decisotildees poliacuteticas se sobrepusessem agraves accedilotildees planejadas

independentemente da tipologia do bem ou do serviccedilo proposto por estas uacuteltimas

De acordo com Buarque (1999) o jogo poliacutetico interfere na materializaccedilatildeo das accedilotildees

planejadas e o planejamento sofre o impacto direto de uma conjuntura conflituosa tanto no

plano econocircmico quanto no poliacutetico De fato transcorridos 55 anos de institucionalidades de

planejamento puacuteblico os baixos indicadores sociais ainda encontrados em Sergipe denunciam

as modestas mudanccedilas sociais ocorridas A concentraccedilatildeo do planejamento deu-se em

atividades econocircmicas ou estruturantes como a infraestrutura rodoviaacuteria a construccedilatildeo de

distritos industriais que como disse um entrevistado para o crescimento industrial

influenciado pela captaccedilatildeo de recursos da Sudene o principal projeto foi o da implantaccedilatildeo dos

distritos industriais como vetores do desenvolvimento

Entretanto na visatildeo de Barreto (1976) esse restrito grupo de teacutecnicos do Conselho de

Desenvolvimento pela autonomia adquirida interferiu nas relaccedilotildees de poder do estado Desse

modo a conjuntura conflituosa no plano poliacutetico interveio na execuccedilatildeo das accedilotildees No

entendimento de Gross (1988 p409) a evoluccedilatildeo do desenvolvimento econocircmico exige uma

conscientizaccedilatildeo realista de interdependecircncia entre o planejamento e a administraccedilatildeo e na

ausecircncia dessa conscientizaccedilatildeo a execuccedilatildeo das accedilotildees planejadas eacute comprometida O

comprometimento da execuccedilatildeo das accedilotildees ocorrido em Sergipe deveu-se agrave disputa de poder

entre Secretaacuterios e dirigentes de oacutergatildeos Aleacutem disso a ausecircncia de participaccedilatildeo social no

134

processo imposta pelo regime autoritaacuterio e a cultura poliacutetica institucional e social dominante

facultou ao grupo do Condese a reproduccedilatildeo do poder da cuacutepula do Executivo estadual

Em relaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo do sistema estadual de planejamento Santos (1985 p14)

considera que houve uma involuccedilatildeo da funccedilatildeo planejamento na esfera estadual Segundo esse

autor a partir de 1983 as estruturas de planejamento do estado satildeo desmontadas e o

planejamento do desenvolvimento passa a ser setorizado e elaborado de forma isolada por

empresas de consultorias eou consultores geralmente exoacutegenos ao estado (SANTOS 1985

p15)

Eacute praticamente unanimidade nos textos sobre o planejamento puacuteblico em Sergipe e

nas entrevistas realizadas que com a extinccedilatildeo do Condese houve tambeacutem o esgotamento da

funccedilatildeo planejamento do desenvolvimento em Sergipe (BARBOSA 1983 p30 SANTOS

1985 p10) ou seja credita-se o esgotamento da funccedilatildeo planejamento em Sergipe agrave extinccedilatildeo

do Condese Contudo a anaacutelise do planejamento puacuteblico brasileiro revela que as crises

sobretudo fiscal e financeira o planejamento voltado para a estabilizaccedilatildeo monetaacuteria e a

discussatildeo da reduccedilatildeo do papel do estado ocorrentes nesse periacuteodo foram algumas das

agravantes do planejamento do desenvolvimento natildeo apenas em Sergipe como no Nordeste e

no Brasil Desse modo apreende-se que a extinccedilatildeo do Condese foi permeada por essas crises

e agravada pelos modelos poliacutetico-institucional e de desenvolvimento adotados e ainda pelo

estilo de tomada de decisatildeo em vigor

Desse modo os textos produzidos sobre a histoacuteria do planejamento em Sergipe talvez

por estarem eivados por sentimentos diversos tratam da reestruturaccedilatildeo da Administraccedilatildeo

Puacuteblica estadual como uma manobra poliacutetica para desmonte da estrutura do Condese E nessa

dificuldade de aceitaccedilatildeo deixaram de analisar o planejamento estadual no contexto da

dinacircmica social e poliacutetica nacional e global Como disse Albuquerque (2004 p20) o

contexto era marcado por movimentos que se organizam como espaccedilo de accedilatildeo reivindicativa

de modelos de desenvolvimento (sustentaacutevel) e de planejamento (democraacutetico) Esses

movimentos culminaram com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal em 1988 conhecida

como a Constituiccedilatildeo Cidadatilde e com a Constituiccedilatildeo Estadual em 1989 e com estas a abertura

de espaccedilos participativos para a gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas contemplando todo o ciclo ou

seja o planejamento a execuccedilatildeo o controle e avaliaccedilatildeo e a correccedilatildeo dos programas e

projetos

Eacute importante perceber que mesmo reconhecendo que o modelo de desenvolvimento

que priorizava o econocircmico natildeo atendia agraves especificidades sociais do estado a reestruturaccedilatildeo

135

da Administraccedilatildeo Puacuteblica natildeo foi percebida como necessaacuteria pelos analistas ateacute porque a

reestruturaccedilatildeo natildeo alterou o planejamento tecnocraacutetico e o desenvolvimento voltado para o

progresso econocircmico Soacute para exemplificar ateacute meados da deacutecada de 1990 poucos

municiacutepios possuiacuteam estabelecimentos de ensino meacutedio

Constata-se que embora o Conselho tivesse uma preocupaccedilatildeo com a capacitaccedilatildeo de

seus teacutecnicos a alta taxa de analfabetismo da populaccedilatildeo e a ausecircncia de estabelecimento de

ensino meacutedio nas sedes municipais aleacutem da existecircncia de professores sem a devida

habilitaccedilatildeo natildeo se constituiacuteram em situaccedilatildeo problema para o modelo de desenvolvimento

adotado nem accedilatildeo que merecesse uma poliacutetica para alteraccedilatildeo da realidade E como lembra

Demo (2009) a poliacutetica puacuteblica mais sensiacutevel para o desenvolvimento eacute a educaccedilatildeo

Desse modo a avaliaccedilatildeo das poliacuteticas e do planejamento do desenvolvimento adotado

pelo Condese permite inferir que no contexto da democratizaccedilatildeo e de formaccedilatildeo de capital

social esse natildeo contribuiu para a formaccedilatildeo de capital social e era uma institucionalidade que

natildeo apresentava sustentabilidade no modelo de redemocratizaccedilatildeo pela cultura poliacutetica

burocraacutetica e autoritaacuteria assumida e pela negligecircncia com as poliacuteticas sociais e ambientais

Entretanto eacute importante reconhecer que com a extinccedilatildeo do Condese e a criaccedilatildeo da

Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan) e do Instituto de Economia e Pesquisa em

1979 mesmo mantendo muitos teacutecnicos do quadro de servidores do Conselho de

Desenvolvimento paulatinamente observou-se a descontinuidade de projetos de accedilotildees de

pesquisas e ateacute da sistematizaccedilatildeo de dados e de informaccedilotildees a respeito do Estado e dos

municiacutepios fundamentais para a elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos e as poliacuteticas puacuteblicas Outra

aacuterea que sofreu descontinuidade foi o setor cartograacutefico e o acervo bibliograacutefico sobre

planejamento puacuteblico desenvolvimento e poliacuteticas puacuteblicas iniciada pela Condese

Lamentavelmente todo registro produzido encontra-se armazenado de forma inadequada sem

as condiccedilotildees de conservaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de documentos produzidos pelas entidades do

planejamento em Sergipe demonstrando total descaso com os dados e as informaccedilotildees

produzidas no estado

Em marccedilo de 1979 depois de vinte anos e tendo sofrido duas alteraccedilotildees o Conselho

de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe foi extinto e se criou a Secretaria de Estado do

Planejamento (Seplan) como oacutergatildeo coordenador do planejamento e o Instituto de Economia e

Pesquisa (INEP) oacutergatildeo operacional da Secretaria Essas estruturas organizacionais bem como

suas dimensotildees culturais e modelo de tomada de decisatildeo seratildeo analisadas a seguir

136

523 Planejamento orccedilamentaacuterio e a reduccedilatildeo da funccedilatildeo planejamento

Tomando-se por base o Decreto-Lei n 2001976 o processo de planejamento

econocircmico perde forccedila e ganham feiccedilatildeo especial os processos de orccedilamento-programa anual e

de elaboraccedilatildeo dos programas gerais setoriais e regionais Nessa nova organizaccedilatildeo cabia agrave

Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan) o estabelecimento de diretrizes orccedilamentaacuterias

necessaacuterias agrave conduccedilatildeo do planejamento e da elaboraccedilatildeo dos orccedilamentos pelos demais oacutergatildeos

do governo Ao longo desses anos a Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan) sofreu

algumas alteraccedilotildees em funccedilatildeo da inclusatildeo de outras temaacuteticas para gestatildeo sob sua

competecircncia ou como consequecircncia da reduccedilatildeo de poder da funccedilatildeo planejamento Desse

modo o planejamento jaacute foi entendido como um subitem da economia e financcedilas a ciecircncia e

tecnologia como itens do planejamento e atualmente o planejamento eacute uma funccedilatildeo da

administraccedilatildeo do quadro de servidores estaduais (Quadro 7)

Quadro 7 Sergipe

Evoluccedilatildeo histoacuterica da Secretaria de Planejamento

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

A criaccedilatildeo da Secretaria do Planejamento ensejou tambeacutem a criaccedilatildeo de um oacutergatildeo

responsaacutevel pela coleta e sistematizaccedilatildeo de dados a respeito das variaacuteveis econocircmicas

sociais culturais ambientais e tecnoloacutegicos necessaacuterias ao planejamento Desse modo em

paralelo agrave criaccedilatildeo da Secretaria criou-se o Instituto de Economia e Pesquisa (INEP) como

oacutergatildeo de apoio ao planejamento seguindo o modelo do Instituto de Pesquisa Econocircmica

Aplicada (IPEA) do governo federal

137

O Instituto de Economia e Pesquisa (INEP) entidade autaacuterquica criada em 1979

vinculava-se agrave Secretaria de Estado do Planejamento e tinha como funccedilatildeo a realizaccedilatildeo de

estudos pesquisas anaacutelises levantamento e sistematizaccedilatildeo de dados e de informaccedilotildees

necessaacuterias ao conhecimento da realidade social econocircmica e financeira do Estado ao

planejamento dos oacutergatildeos setoriais e dos municiacutepios Aleacutem disso o INEP tambeacutem era

responsaacutevel pela gestatildeo da poliacutetica da ciecircncia e tecnologia de Sergipe

Institucionalmente a Seplan e o INEP mantiveram os mesmos princiacutepios da

Administraccedilatildeo Puacuteblica burocraacutetica do Condese e dos demais oacutergatildeos puacuteblicos brasileiros A

elaboraccedilatildeo dos planos dos programas e dos projetos era cercada pelo formalismo de

procedimentos controle riacutegido dos processos e estilo de tomada de decisatildeo do tipo

autocraacutetico ou seja havia uma distacircncia significativa entre o tomador de decisatildeo (Estado) e

os beneficiaacuterios das poliacuteticas e das accedilotildees (sociedade)

A experiecircncia e a praacutetica do planejamento vinculado agrave elaboraccedilatildeo de plano

motivaram a Secretaria de Planejamento a elaborar em 1979 o II Plano de Desenvolvimento

Econocircmico e Social de Sergipe e a estabelecer as diretrizes da Poliacutetica de governo para o

Quadriecircnio 1979-1982 Entre as orientaccedilotildees desse plano percebe-se a preocupaccedilatildeo dos

planejadores com a abertura de canais de comunicaccedilatildeo entre o Governo e a Sociedade

Com larga experiecircncia no planejamento puacuteblico estadual teacutecnico entrevistado durante

a pesquisa descreve que

As definiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas eram institucionais e hierarquicamente

indicadas do acircmbito federal para o estadual principalmente no periacuteodo dos

governos militares quando qualquer processo de caraacuteter democraacutetico era

dificultado A elaboraccedilatildeo de planos programas e projetos eram realizadas

por grupos multidisciplinares formados por teacutecnicos especializados dos

diversos segmentos do Estado sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria de

Planejamento considerando-se os paracircmetros dos Planos de Governo em

niacutevel Federal e as respectivas fontes orccedilamentaacuterias jaacute definidas com base na

Lei de Diretrizes Orccedilamentaacuterias (LDO)

As caracteriacutesticas da Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual para esse entrevistado reafirma

a dependecircncia do planejamento estadual das diretrizes estabelecidas pelo governo federal

Desse modo agraves Assessorias de Planejamento de cada Secretaria cabia efetivamente a

elaboraccedilatildeo de programas e respectivos projetos e atividades e agrave Secretaria de Planejamento e

ao seu grupo multidisciplinar a sistematizaccedilatildeo dos programas setoriais no plano geral do

governo Observa-se que muitos programas foram e satildeo criados a partir de projetos pontuais e

atendendo a programas federais haja vista a vinculaccedilatildeo dos programas estaduais aos recursos

federais

138

Nesse ponto eacute importante reconhecer que os componentes das Assessorias de

Planejamento das Secretarias na sua maioria natildeo conheciam teacutecnicas de planejamento aleacutem

disso muitas assessorias mantinham teacutecnicos que desconheciam a problemaacutetica da aacuterea para a

qual formulavam programas e projetos seja pela visatildeo pontual da formaccedilatildeo acadecircmica

recebida seja pelo compromisso poliacutetico assumido Ademais a cultura poliacutetica de favores natildeo

permitia a execuccedilatildeo das accedilotildees planejadas Havia e haacute efetivamente uma distacircncia entre o que

se planeja e o que se executa em funccedilatildeo das demandas poliacuteticas eleitoreiras

Apoacutes dez anos de funcionamento a Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan) foi

extinta em 1989 sendo criada a Secretaria de Estado de Economia e Financcedilas que passa a

responder pelas aacutereas de competecircncia das Secretarias extintas (do Planejamento e da

Fazenda) A fusatildeo das Secretarias demonstra a reduccedilatildeo de poder do planejamento como

processo em funccedilatildeo de diversas crises Entre essas crises destacam-se fiscal financeira

agravada pela taxa de inflaccedilatildeo da intervenccedilatildeo puacuteblica centralizadora e autocraacutetica de escala

do planejamento entre outras vivenciadas especialmente na deacutecada de 1980 e iniacutecio da

deacutecada de 1990 por todo o aparelho de estado e em todos os niacuteveis de governo na prestaccedilatildeo

de serviccedilos e fornecimento de equipamentos 77

urbanos agrave populaccedilatildeo

Nesse contexto de crises o Instituto de Economia e Pesquisa (INEP) foi o primeiro a

apresentar colapso de sua estrutura sendo extinto em 1987 substituiacutedo pelo Instituto de

Estudos Econocircmicos e Sociais Aplicados (IESAP) para dar continuidade agraves suas atividades

Poreacutem em 1989 com a fusatildeo das Secretarias de Planejamento e da Fazenda institui-se a

Fundaccedilatildeo Estadual de Planejamento Pesquisa e Estatiacutestica (FUNDEPLAN) para ocupar suas

funccedilotildees Com a fusatildeo das secretarias de fato o orccedilamento-programa anual como instrumento

de planejamento ficou sendo executado pela Fundaccedilatildeo Estadual de Planejamento Entretanto

dois anos depois em 1991 a Fundaccedilatildeo de Planejamento tambeacutem foi extinta e criou-se

novamente a Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan)

A nova estruturaccedilatildeo da Seplan incorporou outras aacutereas de atuaccedilatildeo em 1995 e passa a

ser denominada de Secretaria de Estado do Planejamento Ciecircncia e Tecnologia (Seplantec)

poreacutem essas alteraccedilotildees natildeo interferiram na metodologia nem no estilo de tomada de decisatildeo

do planejamento orccedilamentaacuterio

Teacutecnico do governo que vivenciou a histoacuteria do planejamento puacuteblico no periacuteodo de

1972 a 1994 coloca ainda como dificuldades para o planejamento de poliacuteticas puacuteblicas a

77

Equipamentos urbanos aqui definidos como todos os bens puacuteblicos de utilidade puacuteblica destinados agrave

prestaccedilatildeo de serviccedilos necessaacuterios ao funcionamento da cidade implantados mediante autorizaccedilatildeo do poder

puacuteblico e em espaccedilos puacuteblicos Desse modo agrupam-se nessa categoria creche centro comunitaacuterio delegacia

destacamento de bombeiro militar terminal rodoviaacuterio obras de infraestrutura urbana e de saneamento

139

falta de integraccedilatildeo das accedilotildees de articulaccedilatildeo entre as secretarias e de qualificaccedilatildeo dos teacutecnicos

A desvalorizaccedilatildeo do quadro de servidores serviu e serve somente para a perpetuaccedilatildeo do

apadrinhamento poliacutetico e fortalecimento da ldquoinduacutestriardquo da consultoria Tanto a criaccedilatildeo e

preenchimento de cargos puacuteblicos pelos apadrinhados poliacutetico ou cabos eleitorais como a

contrataccedilatildeo de consultores para a elaboraccedilatildeo de estudos tecircm reforccedilado a caracteriacutestica da

descontinuidade administrativa seja pelo descompromisso dos servidores com os produtos

entregues pelos consultores pelo total desconhecimento de seu conteuacutedo seja pela mudanccedila

do titular da pasta e consequentemente dos seus afilhados

Como consequecircncia dessas praacuteticas eacute possiacutevel afirmar ainda que a distacircncia entre a

formulaccedilatildeo de propostas (realizadas por consultores) elaboraccedilatildeo de programas e respectivos

projetos e sua implementaccedilatildeo por servidores estaduais geralmente tecircm contribuiacutedo para a

baixa implementaccedilatildeo das poliacuteticas uma vez que natildeo se conhecem as propostas e sobretudo

fragilizado cada vez mais o papel do estado na prestaccedilatildeo de serviccedilos puacuteblicos e na induccedilatildeo

de propostas e programas que contribuem minimamente para o seu desenvolvimento social

Conforme lembrou Guimaratildees Neto (2010 p60) no periacuteodo de 1985 a 1994 as accedilotildees

puacuteblicas se concentraram na estabilizaccedilatildeo monetaacuteria e na reduccedilatildeo do tamanho do estado o

que de certa forma leva a entender que a fusatildeo das secretarias e o ldquovaivemrdquo das entidades

estaduais do planejamento foram adaptaccedilotildees agraves circunstacircncias Assim sendo efetivamente

apoacutes 1985 somente o Projeto Campo Verde foi elaborado como proposta de desenvolvimento

regional que segundo ex-teacutecnicos entrevistados natildeo chegou a ser executado A partir da

promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o planejamento do e para o desenvolvimento

regional ou estadual deixou de existir reforccedilando o desmonte das estruturas de planejamento

A partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o foco da Secretaria de Planejamento passou

a ser a elaboraccedilatildeo do orccedilamento e do Plano Plurianual (PPA) seguindo o Manual de

Orientaccedilatildeo produzido pelo Ministeacuterio do Planejamento A entidade de planejamento estadual

jaacute produziu seis planos plurianuais o primeiro teve a vigecircncia de 1992 a 1995 e o uacuteltimo de

2012 a 2015 Considerando que os dois uacuteltimos planos plurianuais adotaram metodologia

participativa a anaacutelise desses seraacute apresentada no toacutepico seguinte

Quanto ao planejamento como um processo contiacutenuo como defende Kon (1994)

envolvendo diferentes etapas como elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e verificaccedilatildeo dos resultados

constata-se que natildeo haacute efetivamente a implementaccedilatildeo da maioria das accedilotildees planejadas e

muito menos a avaliaccedilatildeo dos resultados

140

Entretanto natildeo se pode negar o legado dessas entidades de planejamento na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e no alicerce do desenvolvimento do estado Eacute importante

esclarecer que independentemente do modelo de gestatildeo e de tecnologia adotada da cultura

poliacutetica institucional e social alguns projetos contribuiacuteram para a economia do estado e para a

melhoria das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo Incluem-se nessa uacuteltima as accedilotildees voltadas

para o abastecimento de aacutegua nas sedes municipais As accedilotildees planejadas para o atendimento

do abastecimento de aacutegua ateacute meados da deacutecada de 1980 foi o sustentaacuteculo para a meacutedia

atual (7646) do total de domiciacutelios particulares permanentes com abastecimento de aacutegua

nas sedes dos 7578

municiacutepios sergipanos O significativo investimento em adutoras que

captam aacutegua do rio Satildeo Francisco para complementar o abastecimento de aacutegua na capital do

estado e principalmente fornecer aacutegua para as sedes municipais foi impulsionado pelo Plano

Nacional de Saneamento (PLANASA) pela proposta de uso de recursos provenientes do

Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) e pela instituiccedilatildeo da Companhia de

Saneamento de Sergipe (DESO) na deacutecada de 1970

Eacute importante mencionar que embora a Constituiccedilatildeo Federal e a Constituiccedilatildeo Estadual

preconizem a descentralizaccedilatildeo da prestaccedilatildeo dos serviccedilos de saneamento a realidade poliacutetico-

institucional e financeira atual da maioria dos municiacutepios sergipanos requer uma anaacutelise mais

aprofundada do modelo de gestatildeo mais apropriado para o saneamento municipal agrave luz das

experiecircncias de privatizaccedilatildeo dos serviccedilos de instituiccedilatildeo de arranjo de governanccedila em

funcionamento em outros municiacutepios brasileiros da condiccedilatildeo poliacutetico-institucional desses e

desde que a operaccedilatildeo na escala municipal natildeo afete significativamente os custos

A parceria com as Universidades como destacado pelo entrevistado aleacutem de

aproximar a teoria da praacutetica do planejamento permitiu a ampliaccedilatildeo dessas unidades de

ensino natildeo apenas na oferta de cursos como na qualificaccedilatildeo dos profissionais estruturando

esse ldquopolo (sic) de educaccedilatildeo superiorrdquo em Aracaju e atualmente expandindo-se para o

interior do estado A parceria construiacuteda entre a Universidade sobretudo a Universidade

Federal de Sergipe e o estado eacute um dos legados das entidades precursoras do planejamento

que daacute sustentabilidade ao desenvolvimento

Outra questatildeo observada nos textos e confirmada pelos entrevistados eacute que o

planejamento como instrumento de intervenccedilatildeo e controle social do desenvolvimento deixa de

ser prioridade para a Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira O texto legal traz com clareza a

78

Dos 75 municiacutepios do Estado de Sergipe 15 deles possuem menos de 2000 domiciacutelios particulares

permanentes em suas sedes segundo dados do IBGE de 2010 A viabilidade econocircmica da instituiccedilatildeo de um

oacutergatildeo de saneamento para atendimento dessa demanda carece de estudo detalhado

141

preocupaccedilatildeo do planejamento orccedilamentaacuterio e a compatibilizaccedilatildeo dos orccedilamentos anuais das

autarquias empresas puacuteblicas e demais entidades instituiacutedas pelo poder puacuteblico

O planejamento continuou sendo executado por cada uma das entidades da

Administraccedilatildeo Puacuteblica de modo centralizado autoritaacuterio desarticulado e sem nenhuma

preocupaccedilatildeo com a integraccedilatildeo das poliacuteticas dos programas e dos projetos planejados bem

como com a duplicidade de projetos para a mesma aacuterea ou seja repetem-se em Sergipe os

mesmos procedimentos executados pelos Ministeacuterios E como bem disse Cavalcante (2007

p145) a anaacutelise dos programas finaliacutesticos demonstra ineficiecircncia e as decisotildees

orccedilamentaacuterias satildeo poliacuteticas e natildeo teacutecnicas

524 Planejamento participativo entre as novas ideias e as antigas praacuteticas

No contexto do modelo de planejamento setorial adotado pelo governo federal e

seguido pelo governo de Sergipe o planejamento do desenvolvimento realizado de forma

democraacutetica preconiza antes de tudo a conscientizaccedilatildeo do Gestor do Poder Executivo

Estadual de que antigas praacuteticas poliacuteticas devem ser abolidas a tecnoburocracia eacute um modelo

superado e os sujeitos sociais devem exigir a informaccedilatildeo a participaccedilatildeo e se sentir no direito

de definir programas e projetos como defende Dagnino (2004 p 108) sob pena de

comprometimento da participaccedilatildeo e da democratizaccedilatildeo no estado

Conceitualmente o planejamento participativo proposto pelo Governo de Sergipe foi

um processo de identificaccedilatildeo das necessidades e expectativas da populaccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves

intervenccedilotildees puacuteblicas que promovessem o desenvolvimento municipal territorial e estadual

Essa forma de participaccedilatildeo na concepccedilatildeo de Verdejo (2006 p10) eacute apenas uma fonte de

informaccedilatildeo A metodologia usada para a identificaccedilatildeo das necessidades ou das informaccedilotildees

foi o Diagnoacutestico Raacutepido Participativo (DRP) O Diagnoacutestico Raacutepido Participativo eacute uma

metodologia desenvolvida para planejamento rural em base local Somando-se agrave metodologia

apropriada para informaccedilotildees locais a natildeo delimitaccedilatildeo do campo de difusatildeo espacial dos

custos ou dos benefiacutecios das accedilotildees que deveriam se circunscrever nos acircmbitos territorial e

estadual e a natildeo divulgaccedilatildeo dessas informaccedilotildees aos participantes das conferecircncias municipais

permitiram o levantamento de informaccedilotildees de difiacutecil tratamento pelo Estado por sua natureza

local conforme se descreve no capiacutetulo seguinte e o comprometimento do processo

participativo pela expectativa criada e praticamente sem respostas

142

A anaacutelise sistemaacutetica das demandas a organizaccedilatildeo dessas informaccedilotildees em programas

a indicaccedilatildeo de projetos e ou a inserccedilatildeo das intervenccedilotildees demandadas nos programas bem

como a tomada de decisatildeo por aqueles que deveriam compor o Plano Plurianual e que

portanto teria previsatildeo orccedilamentaacuteria para a execuccedilatildeo continuaram sendo realizadas pelas

assessorias de planejamento setoriais foco da anaacutelise neste subcapiacutetulo

A elaboraccedilatildeo dos programas pelas Assessorias de Planejamento de cada Secretaria e

oacutergatildeos da administraccedilatildeo direta obedeceu e obedece ao manual de orientaccedilotildees fornecido pela

Secretaria que responde pelo planejamento que no caso atual eacute a Secretaria de Estado do

Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (Seplag) Esse manual oportuniza diferentes meacutetodos para

a formulaccedilatildeo de programas e de projetos A seleccedilatildeo do meacutetodo cabe exclusivamente agraves

assessorias de planejamento setoriais

De acordo com o manual de elaboraccedilatildeo do Plano Plurianual 2008-2011 a formulaccedilatildeo

de programas e de projetos deveria ser precedida da definiccedilatildeo e delimitaccedilatildeo do problema que

se desejava enfrentar ou da demanda da sociedade que se desejava atender a participaccedilatildeo

social se daria por meio das conferecircncias municipais territoriais e estaduais e a funccedilatildeo dos

teacutecnicos da Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual seria ajudar o Governo a colocar em praacutetica a

vontade popular destacando que a tecnocracia ouve pensa e organiza (GOVERNO DO

ESTADO DE SERGIPE 2007 p 4 destaque do autor)

Assim a elaboraccedilatildeo de programas e projetos em 2007 que deveriam compor o PPA

2008-2011 e contemplar as demandas sociais coletadas coube agraves Assessorias de

Planejamento setoriais que obedeceram ao formalismo de procedimentos ao controle riacutegido

dos processos e estilo de tomada de decisatildeo do tipo autocraacutetico e natildeo consultivo como se

esperaria em um processo participativo A elaboraccedilatildeo dos programas e projetos continuou

sendo privileacutegio da tecnocracia como jaacute dizia Souza (2004) portanto monopoacutelio do Poder

Puacuteblico

Entretanto conveacutem ressaltar que o manual de elaboraccedilatildeo do PPA 2008-2011 destaca a

importacircncia da ampla discussatildeo dos programas e projetos com os atores envolvidos com

especialistas da aacuterea fim do oacutergatildeo e beneficiaacuterios do programa (GOVERNO DO ESTADO

DE SERGIPE 2007 p 19) Entretanto natildeo satildeo disponibilizados espaccedilos para essa

participaccedilatildeo

Na praacutetica essa discussatildeo para definiccedilatildeo dos programas natildeo ocorreu com os

beneficiaacuterios A participaccedilatildeo social foi requerida para a validaccedilatildeo da sistematizaccedilatildeo dos

143

programas e seus respectivos projetos quando foram submetidos aos delegados79

do processo

do planejamento participativo instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico Estadual na conferecircncia

estadual No contexto dos niacuteveis de participaccedilatildeo proposto por Bordenave (2007) essa

apresentaccedilatildeo dos programas aos delegados natildeo se caracterizou como uma participaccedilatildeo pois

natildeo se concedeu aos delegados o poder de decisatildeo sobre quais programas e projetos deveriam

compor o plano e sobretudo pelo fato de que as prioridades indicadas pelos delegados do

processo natildeo foram respeitadas conforme pode ser constatado no capiacutetulo seguinte Portanto

na conferecircncia estadual realizada em dezembro de 2007 se buscou o apoio da sociedade para

o processo do planejamento do desenvolvimento territorial participativo

Eacute importante reconhecer que embora esse tenha se constituiacutedo no primeiro momento

do planejamento estadual no qual os programas e projetos estavam sendo submetidos ao

conhecimento da sociedade nesse espaccedilo participativo os delegados do processo receberam a

informaccedilatildeo a respeito do conjunto de programas que comporiam o Plano Plurianual (PPA)

2008-2011 durante a conferecircncia natildeo participando de sua formulaccedilatildeo A natildeo participaccedilatildeo

decorreu sobretudo do fato de que o tempo legal para a apresentaccedilatildeo do Plano Plurianual agrave

Assembleia Legislativa eacute ateacute 30 de setembro Portanto a proposta do PPA jaacute havia sido

encaminhada agrave Assembleia Legislativa para a apreciaccedilatildeo antes da realizaccedilatildeo da conferecircncia

estadual que ocorreu nos dias 9 e 10 de dezembro de 2007 A aprovaccedilatildeo do PPA pela

Assembleia Legislativa ocorreu em 19 de dezembro atraveacutes da Lei n 63022007

Em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo dos programas e projetos eacute importante esclarecer e ateacute

repetir primeiramente que muitos programas e projetos por atenderem a programas federais

nem sempre permitem inserccedilotildees e alteraccedilotildees uma vez que as regras para a submissatildeo dos

projetos jaacute foram definidas Segundo muitas demandas sociais natildeo se apresentaram naquele

momento com viabilidade econocircmica teacutecnica e poliacutetica para sua execuccedilatildeo principalmente

porque a maioria delas (60)80

tinha encargo para a prestaccedilatildeo dos serviccedilos indefinido isto eacute

a competecircncia era concorrente embora o interesse fosse local Exemplificando a demanda

pela construccedilatildeo de postos de sauacutede de escolas e de creches em povoados aleacutem da informaccedilatildeo

a respeito do nuacutemero de beneficiaacuterios e da caracteriacutestica do grupo social especiacutefico (faixa de

renda idade sexo niacutevel de escolaridade etc) da localizaccedilatildeo geograacutefica (distacircncia da sede e

79

Delegados satildeo particulares que receberam a delegaccedilatildeo de seus pares organizados formalmente em

associaccedilotildees cooperativas outras ou natildeo para representaacute-los nas conferecircncias territoriais e estaduais no processo

do planejamento participativo 80

Durante a realizaccedilatildeo das Conferecircncias municipais em 2007 foram levantadas 8671 demandas por

intervenccedilotildees puacuteblicas Dessas 5212 tinham difusatildeo espacial dos custos ou dos benefiacutecios da accedilatildeo se

circunscrevendo no acircmbito local devendo portanto em princiacutepio receber atenccedilatildeo do governo municipal 1271

delas numa escala econocircmica (na qual se procura o menor niacutevel de gastos) se circunscreveram na escala

territorial e 2188 exigiam espaccedilo estadual (SeplanPlanejamento Participativo de Sergipe 2007)

144

de outras unidades prestadoras daqueles serviccedilos) do estudo da melhor alternativa para a

prestaccedilatildeo do serviccedilo demandado e necessaacuterio agrave tomada de decisatildeo pelo poder puacuteblico requer

ainda a consulta o conhecimento e a adesatildeo do gestor municipal uma vez que os custos

operacionais dessas unidades devem ser previstos no planejamento orccedilamentaacuterio dos

municiacutepios e obrigatoriamente ter a disponibilidade de recursos financeiros e humanos para

assegurar a prestaccedilatildeo dos serviccedilos

No caso do processo do planejamento participativo o nuacutemero de demandas e a

tipologia das accedilotildees requeridas pela sociedade facultaram agrave Secretaria de Planejamento a

desenvolver mecanismos para a captaccedilatildeo de recursos para atender agraves demandas sociais Desse

modo muitas das accedilotildees demandadas que natildeo puderam ser inseridas nos programas existentes

por limitaccedilotildees financeiras para investimentos do Estado foram viabilizadas por meio de

operaccedilotildees de creacutedito ou seja contrataram-se empreacutestimos em diferentes agentes financeiros

como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) o Banco

Interamericano para Reconstruccedilatildeo e Desenvolvimento (BIRD) e o Fundo Internacional de

Desenvolvimento Agriacutecola (FIDA) agecircncia da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Para

tanto foram elaborados programas81

especiacuteficos para grandes aacutereas concentradoras de accedilotildees

nas funccedilotildees de governo da urbanizaccedilatildeo e da habitaccedilatildeo do saneamento e de apoio agraves

atividades produtivas no campo respectivamente Esses programas por serem submetidos a

agentes financeiros sobretudo externo como o Banco Interamericano para Reconstruccedilatildeo e

Desenvolvimento (BIRD) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agriacutecola (FIDA)

seguiram o Manual para Instruccedilatildeo de Pleitos82

da Secretaria do Tesouro Nacional e

subordinam-se agraves normas da Lei Complementar nordm 101 de 4 de maio de 2000 mais conhecida

como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e agraves Resoluccedilotildees do Senado Federal nordms 40 e

432001 A formulaccedilatildeo das cartas consulta documento de referecircncia para a apresentaccedilatildeo de

pleitos aos agentes financeiros ocorreu de forma articulada entre as instituiccedilotildees puacuteblicas

estaduais envolvidas e com a participaccedilatildeo de seus teacutecnicos Agrave exceccedilatildeo do Programa Aacuteguas de

Sergipe que foi submetidos ao Comitecirc da Bacia do Rio Sergipe para apreciaccedilatildeo os demais

programas natildeo foram discutidos em espaccedilos participativos

Apoacutes a formataccedilatildeo do Programa pelas Assessorias de Planejamento agrave Secretaria de

Planejamento cabia e cabe avaliar a consistecircncia dos programas com as orientaccedilotildees

estrateacutegicas do governo estabelecidas em 2007 mdash inclusatildeo pelo direito e inclusatildeo pela renda

81

Os programas contratados foram Sergipe Cidades Aacuteguas de Sergipe Projeto Dom Taacutevora entre outros 82

O Manual para Instruccedilatildeo de Pleitos (MIP) da Secretaria do Tesouro Nacional encontra-se disponiacutevel no

seguinte endereccedilo wwwtesourofazendagovbrdocumento10180241999mip2014-04pdf

145

a coerecircncia interna dos programas bem como a pertinecircncia das accedilotildees para a alteraccedilatildeo do

quadro ou da situaccedilatildeo que cada setor desejava alterar

Tanto as Assessorias de Planejamento quanto a equipe da Seplan (atual Seplag) na

construccedilatildeo dos programas seus objetivos metas definiccedilatildeo dos projetos e dos indicadores de

resultados se utilizaram portanto de praacuteticas antigas de elaboraccedilatildeo de programas A

inovaccedilatildeo consistiu apenas na criaccedilatildeo de espaccedilos participativos para a identificaccedilatildeo das

necessidades sociais ainda que a sociedade natildeo tenha tido a percepccedilatildeo da importacircncia desses

para o desenvolvimento e a democratizaccedilatildeo do Estado como se pretende mostrar no capiacutetulo

6

Embora o manual de elaboraccedilatildeo do Plano Plurianual 2008-2011 natildeo tenha previsto a

participaccedilatildeo social na fase de formulaccedilatildeo dos programas para o acompanhamento da

execuccedilatildeo desses havia a promessa da instituiccedilatildeo dos conselhos territoriais como instacircncias de

controle social Para a instituiccedilatildeo desses conselhos a minuta do decreto foi submetida agrave

apreciaccedilatildeo dos delegados do processo do planejamento participativo durante a realizaccedilatildeo da

3ordf Conferecircncia Lamentavelmente esse decreto natildeo foi assinado por total desinteresse do

Gestor do Executivo Estadual no controle social ou na criaccedilatildeo de institucionalidades

territoriais participativas

Ainda em relaccedilatildeo agrave adoccedilatildeo de antigas praacuteticas observou-se que em 2008 a Secretaria

do Planejamento vinculou o planejamento agrave elaboraccedilatildeo de planos e natildeo se preocupou em

organizar o processo participativo em todas as fases do ciclo de gestatildeo Nesse periacuteodo

elaborou-se o Plano de Desenvolvimento de Sergipe (Desenvolver-SE) com o objetivo de

promover o desenvolvimento do Estado por meio do aumento da competitividade econocircmica

diversificaccedilatildeo da base produtiva e melhor distribuiccedilatildeo de renda nos territoacuterios e nas classes

sociais e oito planos territoriais que foram submetidos aos delegados do processo para

validaccedilatildeo dos dados e das informaccedilotildees Portanto mais uma vez a elaboraccedilatildeo dos planos natildeo

teve a participaccedilatildeo social e natildeo foram criados espaccedilos participativos ou outros canais de

comunicaccedilatildeo que possibilitassem o acompanhamento da execuccedilatildeo das accedilotildees propostas pela

populaccedilatildeo

Entretanto as conferecircncias foram os espaccedilos usados tambeacutem para o acompanhamento

da execuccedilatildeo das accedilotildees via Boletim do Territoacuterio As conferecircncias municipais realizadas em

2009 tiveram entre outros objetivos a apresentaccedilatildeo de balanccedilo dos resultados das deliberaccedilotildees

da 1ordf e 2ordf Conferecircncia Estadual e o avanccedilo na construccedilatildeo do processo do planejamento

participativo

146

As consequecircncias do natildeo acompanhamento tanto pelas equipes setoriais do governo

quanto pela sociedade civil e da ausecircncia de controle social dos programas e projetos

validados nas conferecircncias e constantes no PPA 2008-2011 bem como dos planos tecircm

permitido natildeo apenas alteraccedilotildees da tipologia dos projetos como a natildeo execuccedilatildeo daqueles

classificados como prioritaacuterios para as organizaccedilotildees sociais por forccedila de antigas praacuteticas

poliacuteticas como o clientelismo e outros acordos poliacuteticos

A respeito das alteraccedilotildees na tipologia dos projetos eacute importante destacar que apesar de

todos os gestores municipais terem sido convidados a se inserir no processo a participaccedilatildeo

desses nas conferecircncias municipais natildeo assegurou o respeito agraves prioridades municipais

definidas pela populaccedilatildeo

Paralelamente agraves conferecircncias muitos gestores municipais apresentaram e negociaram

com o Governo do Estado lista de intervenccedilotildees municipais selecionadas pelo Poder Puacuteblico

municipal de forma autoritaacuteria e que natildeo coincidiram com as demandas indicadas pela

populaccedilatildeo Essa lista negociada passou a ser a prioritaacuteria para o Governo do Estado que em

vez de executar projetos estruturantes e voltados para o desenvolvimento territorial

concentrou todos os esforccedilos e recursos de operaccedilotildees de creacutedito na execuccedilatildeo de obras

eleitoreiras de difusatildeo espacial dos custos e dos benefiacutecios da accedilatildeo circunscrevendo-se no

acircmbito local e que natildeo contribuem para o conjunto de accedilotildees que deveriam fornecer as bases e

garantir a sustentabilidade econocircmica e social no estado Satildeo intervenccedilotildees pontuais

construiacutedas sem a observacircncia da complementaridade com outras existentes e que isoladas

na sua maioria natildeo contribuem para o desenvolvimento regional ou territorial Um exemplo

disso eacute o Programa Sergipe Cidades83

Esse Programa foi elaborado com o objetivo de elevar

a competitividade econocircmica diversificar a base produtiva e distribuir melhor a renda nos

territoacuterios sergipanos Para tanto o seu foco era o desenvolvimento induzido por intervenccedilotildees

que (a) estimulassem e assegurassem a sustentabilidade econocircmica dos territoacuterios (b)

promovessem a estruturaccedilatildeo urbana dos municiacutepios sergipanos e (c) fortalecessem a

organizaccedilatildeo estrutural da Administraccedilatildeo Puacuteblica municipal

O planejamento voltado para a estruturaccedilatildeo econocircmica dos territoacuterios previa a

execuccedilatildeo de intervenccedilotildees nas quais se procurava o menor niacutevel de gastos e o atendimento a

um conjunto de municiacutepios Entre as intervenccedilotildees planejadas que se enquadraram nessa

categoria estavam os matadouros territoriais as escolas profissionalizantes os Complexos

83

O Programa Sergipe Cidades eacute executado com recursos de operaccedilatildeo de creacutedito (empreacutestimo) contratada com o

Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) no valor de R$ 250 milhotildees

147

Empresariais Integrados (CEI) e os mercados territoriais84

Dessas intervenccedilotildees nenhum

matadouro foi executado e somente o Complexo Empresarial Integrado de Tobias Barreto foi

construiacutedo e as escolas profissionalizantes nos territoacuterios Leste Sergipano (Carmoacutepolis) Sul

Sergipano (Boquim) e Alto Sertatildeo Sergipano (Poccedilo Redondo)

Entretanto as maiores alteraccedilotildees foram observadas nas intervenccedilotildees de estruturaccedilatildeo

urbana A preocupaccedilatildeo com a estruturaccedilatildeo urbana era dotar as sedes municipais com a

infraestrutura miacutenima de equipamentos puacuteblicos para natildeo soacute assegurar o bem-estar e a

permanecircncia da populaccedilatildeo nos municiacutepios como atrair investidores de meacutedio porte a se

fixarem no interior ampliando a oferta de empregos

O planejamento previa a construccedilatildeo de equipamentos urbanos e por negociaccedilatildeo

poliacutetica os recursos da operaccedilatildeo de creacutedito voltaram-se sobretudo para intervenccedilotildees como

pavimentaccedilatildeo de vias puacuteblicas urbanizaccedilatildeo de praccedilas e construccedilatildeo de quadras esportivas e

ginaacutesio de esportes principalmente em povoados

A pavimentaccedilatildeo de vias puacuteblicas anterior ao estudo da macrodrenagem da aacuterea no

caso das sedes municipais e povoados aleacutem de constituir em risco potencial para

alagamentos com impactos significativos na sauacutede puacuteblica natildeo se enquadra no tipo de

investimento puacuteblico com circunscriccedilatildeo estadual ou seja que se justifique o emprego de

recursos originados de operaccedilotildees de creacutedito Natildeo apenas pelo fato de que a difusatildeo dos

benefiacutecios eacute restrita ao espaccedilo local com impacto meramente pontual mas sobretudo pelo

fato de que os recursos puacuteblicos para investimentos em poliacuteticas puacuteblicas geralmente satildeo

limitados e requerem a adoccedilatildeo de criteacuterios para a priorizaccedilatildeo das intervenccedilotildees Alguns desses

criteacuterios satildeo (i) que a obra possibilite um maior retorno social e (ii) contemple um maior

nuacutemero de beneficiaacuterios com os recursos disponiacuteveis Eacute notoacuterio que intervenccedilatildeo do tipo

pavimentaccedilatildeo natildeo se enquadra nesses criteacuterios

Outra questatildeo fundamental na aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos diz respeito agrave

imparcialidade dos gestores para a indicaccedilatildeo das intervenccedilotildees Para explicar a ausecircncia desse

princiacutepio na tomada de decisatildeo poliacutetica basta saber o nuacutemero de intervenccedilotildees que satildeo

destinadas aos municiacutepios de origem dos governadores Ateacute 2013 o Programa Sergipe

84

Complexo Empresarial Integrado eacute aqui concebido como espaccedilo que permite uma interface entre as empresas

os setores industriais os governos locais e a comunidade e o mercado territorial definido como espaccedilo que

possibilita o recebimento a comercializaccedilatildeo e a distribuiccedilatildeo dos produtos ou Central de Abastecimento

Territorial

148

Cidades natildeo havia executado nenhuma intervenccedilatildeo em Santa Rosa de Lima Em 2014 nove

intervenccedilotildees de desenvolvimento urbano foram executadas85

nesse municiacutepio

Aleacutem da imparcialidade a execuccedilatildeo do Programa Sergipe Cidades ou melhor o

investimento de R$ 270 milhotildees (R$ 250 milhotildees de empreacutestimo e 20 milhotildees de

contrapartida do estado) pouco contribuiraacute para o desenvolvimento de Sergipe Ainda assim

essa pouca contribuiccedilatildeo estaacute sendo creditada aos centros profissionalizantes em construccedilatildeo

uma vez que o Centro Empresarial Integrado de Tobias Barreto foi ocupado pelas empresas jaacute

existentes no municiacutepio natildeo assegurando a ampliaccedilatildeo da oferta de empregos no territoacuterio

A construccedilatildeo de quadras de esportes em povoados sem um projeto integrado com as

Secretarias (estadual e municipais) de Educaccedilatildeo Esporte e Lazer para o desenvolvimento de

projetos que busquem o uso efetivo desses espaccedilos incorreraacute no futuro proacuteximo na

depredaccedilatildeo desses como jaacute ocorreu e ainda ocorre tanto pelo desrespeito ao patrimocircnio

puacuteblico caracteriacutestica comum no estado quanto pela ausecircncia da apropriaccedilatildeo do espaccedilo pela

populaccedilatildeo

Ademais eacute importante esclarecer que tanto o Ministeacuterio das Cidades quanto o

Ministeacuterio dos Esportes disponibilizam recursos para pavimentaccedilatildeo em municiacutepios cujos

recursos satildeo da modalidade de transferecircncia voluntaacuteria86

ou seja o municiacutepio natildeo necessita

pagar pelos recursos transferidos Entretanto satildeo poucos os municiacutepios que cadastram

projetos para a captaccedilatildeo de recursos nos ministeacuterios e nas negociaccedilotildees poliacuteticas os recursos

de investimentos estruturantes para o desenvolvimento do Estado satildeo gastos com obras

pontuais e para atendimento de nuacutemero reduzido de beneficiaacuterios

As intervenccedilotildees executadas de modo pontual e atendendo a acordos poliacuteticos natildeo

fornecem as bases para uma estruturaccedilatildeo urbana adequada com a disponibilidade de

equipamentos que possibilitem ampliaccedilatildeo e fortalecimento dos laccedilos e das relaccedilotildees sociais e

tambeacutem natildeo assegura a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo e muito menos fortalece a

democracia no estado Essa praacutetica alimenta e fornece as condiccedilotildees para a reproduccedilatildeo do

clientelismo e da cultura poliacutetica paternalista e de favores

Pelo exposto e como bem disse Geiger (1969) o Poder Puacuteblico natildeo planeja A anaacutelise

neste trabalho infelizmente apenas confirmou que natildeo haacute planejamento do e para o

85

Nuacutemeros dos contratos das intervenccedilotildees executadas no municiacutepio de Santa Rosa de Lima com recursos do

Programa Sergipe Cidades 04 05 53 58 60 63 68 73 e 882014 Fonte SEDURB Relatoacuterio de

Acompanhamento do Programa Sergipe Cidades 2014 86

Transferecircncias voluntaacuterias satildeo os recursos financeiros repassados pela Uniatildeo aos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em decorrecircncia da celebraccedilatildeo de convecircnios acordos ajustes ou outros instrumentos similares cuja

finalidade eacute a realizaccedilatildeo de obras eou serviccedilos de interesse comum e coincidente com as trecircs esferas do

Governo conforme disponibilizado no siacutetio do Tesouro Nacional

149

desenvolvimento em Sergipe Somando-se a ausecircncia da praacutetica do planejamento e da cultura

das descontinuidades que mascara ainda mais qualquer iniciativa de planejamento de longo

prazo o planejamento orccedilamentaacuterio eacute um mero atendimento de uma norma legal Para

explicar melhor o natildeo planejamento orccedilamentaacuterio somente em 2008 primeiro ano do novo

PPA 2008-2011 foram elaborados 446 minutas de decretos abrindo creacuteditos suplementares

em favor dos diversos oacutergatildeos estaduais Importa lembrar que 2008 foi o primeiro ano de

execuccedilatildeo do Plano Plurianual 2008-2011 elaborado em 2007 Segundo o Relatoacuterio de

Atividades de 2008 da Seplan esses decretos ajustavam as despesas agraves necessidades de

execuccedilatildeo dos oacutergatildeos

Ainda sobre o planejamento orccedilamentaacuterio isto eacute do natildeo planejamento a revisatildeo do

PPA 2008-2011 realizada em 2009 para o biecircnio 20102011 anulou oito programas devido agrave

natildeo execuccedilatildeo das accedilotildees propostas Essa anulaccedilatildeo soacute confirma as dificuldades ainda existentes

para a construccedilatildeo de programas na Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual

No contexto do ciclo de planejamento governamental que tem como base o artigo 165

da Constituiccedilatildeo Federal os programas satildeo a expressatildeo do planejamento Desse modo se a

elaboraccedilatildeo dos programas natildeo foi participativa logo o planejamento natildeo foi participativo

Ainda assim em 2011 a Secretaria de Estado do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (Seplag)

em preparaccedilatildeo para a elaboraccedilatildeo do PPA 2012-2015 realiza um novo ciclo de conferecircncias

territoriais cujo lema era Conferecircncias Territoriais do Plano Plurianual Participativo PPA-P

Durante essas conferecircncias coletaram-se mais demandas (628) que segundo o PPA estadual

2012-215 foram entregues agraves diversas Secretarias de Estado para que elas pudessem

incorporar na medida do possiacutevel agraves suas propostas de Programas que constituiriam o Plano

Plurianual 2012-215

A mensagem do Governo do Estado no PPA 2012-2015 admite ainda que o Governo

de Sergipe segue integralmente a metodologia proposta pelo governo federal para a

elaboraccedilatildeo do PPA e que apresenta como inovaccedilotildees (i) o planejamento influenciado pelas

agendas prioritaacuterias do Governo (ii) as accedilotildees parte operacional do PPA passaram a ser

atributos apenas dos orccedilamentos anuais e (iii) os programas temaacuteticos foram organizados para

aleacutem dos objetivos metas e indicadores em iniciativas

Segundo o PPA 2012-2015 os indicadores servem para mensurar os impactos dos

programas junto agrave sociedade e para a avaliaccedilatildeo das poliacuteticas Para tanto enfatiza que a

participaccedilatildeo social continuaria durante a implementaccedilatildeo das accedilotildees e para tal haveria o

agendamento de reuniotildees permanentes com os delegados do Planejamento Participativo e que

150

seria criada uma nova estrutura de acompanhamento monitoramento e avaliaccedilatildeo dos

programas ndash a Sala de Situaccedilatildeo ndash instalada na Secretaria do Planejamento Orccedilamento e

Gestatildeo

Em relaccedilatildeo agraves reuniotildees permanentes com os delegados em 2012 2013 e 2014

nenhuma reuniatildeo foi realizada envolvendo os delegados do processo do planejamento

participativo e a Sala de Situaccedilatildeo eacute espaccedilo exclusivo de Secretaacuterios de Estado cujas

deliberaccedilotildees satildeo pouco divulgadas ateacute mesmo entre os servidores estaduais

De fato o acompanhamento o monitoramento e a avaliaccedilatildeo de programas natildeo eacute uma

cultura institucional brasileira Para Cavalcante (2007 p143) que avaliou a implementaccedilatildeo

dos PPAs da Uniatildeo dos uacuteltimos 40 anos dois problemas centrais foram encontrados na

mensuraccedilatildeo dos resultados dos programas a dificuldade na elaboraccedilatildeo dos indicadores de

resultados (efetividade) e de mensuraccedilatildeo do grau de impacto do programa na evoluccedilatildeo do

indicador e a complexidade de identificar um periacuteodo razoaacutevel para que um programa gere

resultados

Essas dificuldades tambeacutem foram observadas por avaliadores do Plano de

Desenvolvimento de Sergipe que perceberam dificuldades na seleccedilatildeo de indicadores na

consistecircncia dos programas e na baixa qualificaccedilatildeo das equipes de planejamento

A apuraccedilatildeo das metas do Programa Sergipe Cidades no PPA 2012-2015 demonstra a

pouca importacircncia do planejamento como funccedilatildeo teacutecnica Previa-se apenas uma pavimentaccedilatildeo

de vias puacuteblicas e foram executadas 23 cinco urbanizaccedilotildees de praccedilas tendo sido construiacutedas

36 natildeo havia previsatildeo de construccedilatildeo de mercado municipal e foram construiacutedos sete (Figura

15) No entanto das doze delegacias previstas somente oito foram construiacutedas A delegacia

por se constituir em um equipamento urbano que atende a Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual

proporcionando melhoria na prestaccedilatildeo do serviccedilo de seguranccedila puacuteblica deveria ter sido uma

intervenccedilatildeo priorizada

151

Figura 15 Sergipe ndash Comparaccedilatildeo entre as metas do Programa Sergipe Cidades

previstas no PPA 2012-2015 e executadas ateacute setembro de 2014

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Urbanizaccedilatildeo de praccedilas

Pavimentaccedilatildeo

Construccedilatildeo de quadras esportivas

ConstruccedilatildeoReforma de delegacias

ConstruccedilatildeoReforma mercado hellip

Implant de rede de iluminaccedilatildeo hellip

Construccedilatildeo de ginaacutesios de esportes

Reforma de terminais rodoviaacuterios

Implant sistemas de trat de esgotos

Construccedilatildeo de escolas hellip

Implant Sist Abastecimento de aacutegua

Realizado

Previsto

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados do PPA 2012-2015 e Sedurb 2014

A comparaccedilatildeo entre as metas previstas e aquelas executadas confirma a

discricionariedade dos gestores quanto agrave alocaccedilatildeo dos recursos muitas vezes divergindo

daquilo que foi planejado contribuindo tambeacutem para as constantes alteraccedilotildees na Lei de

Orccedilamento Anual como jaacute destacado Essas alteraccedilotildees mostram uma inconsistecircncia ou o natildeo

planejamento que eacute agravado pela ausecircncia de um processo de monitoramento e avaliaccedilatildeo dos

programas pelos teacutecnicos dos oacutergatildeos setoriais mas sobretudo de controle social

O proacuteximo Capiacutetulo trataraacute da capacidade de participaccedilatildeo e de controle social no ciclo

de gestatildeo puacuteblica estadual e ainda da avaliaccedilatildeo e caacutelculo do estoque do capital social nos e

dos territoacuterios de planejamento

152

6 AVALIACcedilAtildeO DO ESTOQUE DE CAPITAL SOCIAL NOS E DOS

TERRITOacuteRIOS DE PLANEJAMENTO DE SERGIPE

o homem ser de relaccedilotildees

e natildeo soacute de contatos natildeo apenas

estaacute no mundo mas com o mundo Estar com o mundo

resulta de sua abertura agrave realidade que o faz ser o ente de

relaccedilotildees que eacute (FREIRE 1967 p39)

153

6ndash AVALIACcedilAtildeO DO ESTOQUE DE CAPITAL SOCIAL NOS E DOS TERRITOacuteRIOS

DE PLANEJAMENTO DE SERGIPE

A cultura poliacutetica o modelo de gestatildeo e as praacuteticas das instituiccedilotildees puacuteblicas de

planejamento estadual satildeo as principais variaacuteveis da avaliaccedilatildeo do estoque de capital social

Este capiacutetulo apresenta os resultados da pesquisa de campo realizada para a

mensuraccedilatildeo do estoque de capital social nos territoacuterios de planejamento de Sergipe Para

tanto seratildeo abordadas as dimensotildees do capital social e avaliada a participaccedilatildeo social nos

espaccedilos participativos (conferecircncias municipais territoriais e estaduais e conselhos de

poliacuteticas puacuteblicas) instituiacutedos pelo governo do Estado

No estudo de caso procura-se explixar a participaccedilatildeo social tanto nos espaccedilos

participativos quanto nas estruturas de governanccedilas instituiacutedas em Sergipe na perspectiva de

avaliar o papel da sociedade e do estado na construccedilatildeo ou destruiccedilatildeo do capital social Para

isso parte-se da caracterizaccedilatildeo da participaccedilatildeo e sua importacircncia no planejamento das

poliacuteticas puacuteblicas e como ferramenta garantidora do desenvolvimento regional e local da

importacircncia do processo de mobilizaccedilatildeo dos atores e agentes do desenvolvimento para a

participaccedilatildeo da anaacutelise da participaccedilatildeo social nas conferecircncias municipais territoriais e

estaduais como caminho para a avaliaccedilatildeo do estoque de capital social nesses espaccedilos

No que concerne agrave mensuraccedilatildeo do estoque de capital social dos territoacuterios de

planejamento a estrateacutegia usada visa a compreensatildeo da manutenccedilatildeo dos baixos indicadores

sociais e econocircmicos nos territoacuterios e a proposiccedilatildeo de accedilotildees voltadas para o fortalecimento do

capital social valendo-se de suas dimensotildees propostas pelo Banco Mundial como a

participaccedilatildeo em grupos e rede a confianccedila e a solidariedade a informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo a

coesatildeo e inclusatildeo social e o empoderamento e accedilatildeo poliacutetica calculou-se o Iacutendice de Capital

Social

Analisam-se ainda estruturas de governanccedila como os conselhos gestores de poliacuteticas

puacuteblicas como um esforccedilo para tentar explicar e analiticamente entender a efetividade das

instituiccedilotildees participativas especialmente as estruturas de governanccedilas na formaccedilatildeo do capital

social e na gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem como na democratizaccedilatildeo em Sergipe

154

61 Participaccedilatildeo social como dimensatildeo do capital social ferramenta do planejamento e

estrateacutegia para o desenvolvimento territorial

Participar eacute condiccedilatildeo inerente agrave vida em sociedade O indiviacuteduo ao nascer participa

do grupo familiar e agrave medida que se socializa se capacita e amplia sua participaccedilatildeo em

diferentes grupos incorpora e reforccedila os valores culturais e as normas da comunidade como

defende Putnam (2006) e constroacutei as bases para a participaccedilatildeo social como diz Bordenave

(2007)

A necessidade de conhecer a natureza e a estrutura da participaccedilatildeo social emergiu com

grande forccedila na deacutecada de 1990 no contexto da discussatildeo da reforma do estado de modelos

de desenvolvimento regional e local por imposiccedilatildeo de agentes financeiros e ainda do

fortalecimento da democracia como destacado nos toacutepicos anteriores e em Bandeira (1999)

Cremonese (2012) Costa (2009) e IPEA (2013)

A participaccedilatildeo social tem sido referenciada como sinocircnimo das expressotildees

participaccedilatildeo da sociedade civil participaccedilatildeo popular e participaccedilatildeo cidadatilde como se pode ver

em Banco Interamericano de Desenvolvimento (2000) Albuquerque (2004) e Silva (2009)

Entretanto essas expressotildees no contexto da cultura brasileira e do pressuposto de um Estado

Democraacutetico de Direito podem significar processos distintos A participaccedilatildeo social efetiva

ocorre quando se reconhece e se tem assegurados os direitos civis poliacuteticos e sociais isto eacute

quando se tem cidadania87

e como lembrado por Putnam (2008 p 101) quando o interesse

da coletividade se sobrepotildee aos interesses individuais Para Dagnino (2004 p108) a noccedilatildeo

da cidadania requer a constituiccedilatildeo de sujeitos sociais ativos que participam e tecircm o direito de

definir aquilo em que querem ser incluiacutedos Para essa autora o conceito de cidadania deve

estar associado agrave garantia de direitos agrave democracia e agraves transformaccedilotildees sociais

A anaacutelise da participaccedilatildeo social e do papel das instituiccedilotildees participativas realizada por

Bordenave (2007 p27) e Dagnino (2004 p 103) Moroni (2005 p10) enfatiza as condiccedilotildees

objetivas da cidadania como alternativas para assegurar fortalecer e ampliar a participaccedilatildeo

social dar efetividade agraves instituiccedilotildees participativas e agrave democratizaccedilatildeo

87

Qualquer discussatildeo sobre cidadania necessariamente inclui a evoluccedilatildeo histoacuterica da sociedade ateacute chegar ao

presente estaacutegio Essa evoluccedilatildeo se respalda em pressupostos que enfatizam o homem mantendo sua liberdade

individual numa organizaccedilatildeo social que se molda a um Estado ou a um Estado-naccedilatildeo e aos diferentes modos e

formas de governo Para melhor compreensatildeo sobre cidadania ver CARVALHO Joseacute Murilo de Cidadania no

Brasil o longo caminho Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001

155

As instituiccedilotildees participativas88

denominadas por Avritzer (2008) satildeo sistemas de

relaccedilotildees que resultam da interaccedilatildeo de grupo de pessoas de organizaccedilotildees da sociedade civil e

do Estado na deliberaccedilatildeo sobre poliacuteticas puacuteblicas Desse modo satildeo instituiccedilotildees participativas

conselhos conferecircncias assembleias de bairros de orccedilamento participativo audiecircncias

puacuteblicas oficinas de participaccedilatildeo comitecircs de bacias hidrograacuteficas e organizaccedilotildees natildeo

governamentais ambientais

No contexto da construccedilatildeo da cidadania os processos e as instituiccedilotildees participativas

podem ser analisados por meio de diferentes variaacuteveis entre as quais destacamos as formas

de participaccedilatildeo89

(se espontacircnea imposta ou concedida) os niacuteveis de participaccedilatildeo

(informacional consulta e outros) as condicionantes dos niacuteveis da participaccedilatildeo (estrutura

social topologia das lideranccedilas normas das instituiccedilotildees) as forccedilas atuantes na dinacircmica

participativa o acesso agrave informaccedilatildeo e sobretudo a qualidade poliacutetica da populaccedilatildeo e das

instituiccedilotildees

A qualidade poliacutetica eacute construiacuteda fundamentando-se em poliacuteticas educacionais e

culturais de qualidade de acesso agrave informaccedilatildeo e ao diaacutelogo com o poder puacuteblico e se reflete

na capacidade do indiviacuteduo de participar ativa e efetivamente nos processos de decisatildeo

definindo resgatando gerenciando direitos ou seja fortalecendo a cidadania e o capital

social A cidadania beneficia a participaccedilatildeo voluntaacuteria ou autocircnoma90

na qual o indiviacuteduo eacute

consciente de seus interesses e dos interesses de seu grupo e concorre para a participaccedilatildeo

cidadatilde

A participaccedilatildeo cidadatilde para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) eacute

entendida como

O conjunto de processos pelos quais os diversos intervenientes influenciam o

processo de decisatildeo sobre as atividades e sua execuccedilatildeo (BID 2000 p1

traduccedilatildeo nossa)

Assim pode-se inferir que a participaccedilatildeo cidadatilde eacute fundamentalmente alicerccedilada na

qualidade poliacutetica Enquanto a participaccedilatildeo popular ou a participaccedilatildeo social embora natildeo

desejaacutevel podem ocorrer com atores sociais como bem destacado por Moroni (2006 p 15)

88

Moroni (2005) analisando o direito agrave participaccedilatildeo no Governo Lula define os conselhos de gestatildeo de poliacuteticas

e as conferecircncias como espaccedilos institucionais componentes do sistema descentralizado e participativo No

contexto da poliacutetica territorial o Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio usa a expressatildeo institucionalidades

territoriais como sinocircnimo para as instituiccedilotildees participativas 89

A classificaccedilatildeo das formas graus e niacuteveis da participaccedilatildeo condicionantes e forccedilas atuantes na dinacircmica

participativa encontra-se em Bordenave (2007) 90

A participaccedilatildeo autocircnoma segundo Borba (2011 p 70) ldquoeacute produto de uma escolha individual motivada pelo

interesse em influenciar as decisotildees governamentaisrdquo (2011 p70)

156

que desempenham bons papeacuteis na mobilizaccedilatildeo na capilaridade e ateacute mesmo na reproduccedilatildeo do

poder concedente poreacutem satildeo coibido de participar

Para Albuquerque (2004 p 32) muitos canais institucionais de participaccedilatildeo criados

apoacutes a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 satildeo burocratizados e esvaziados de

conteuacutedo burocraacutetico O funcionamento de conselhos de gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e das

assembleias de bairros dos orccedilamentos participativos tornaram-se importantes espaccedilos de

disputa de poder como observado por Gohn (2000) Teixeira (2000) Albuquerque (2004)

Avritzer (2008) Pontual (2008) e Cohn (2011) Isto se deve entre outros fatores agrave fragilidade

teacutecnica e de cultura poliacutetica dos intervenientes dos processos e sobretudo agrave estrutura das

instituiccedilotildees participativas A conclusatildeo desses autores induz agrave interpretaccedilatildeo de uma

participaccedilatildeo de atores sociais ao inveacutes de cidadatildeos e cidadatildes E como lembra Demo (2001

p129) ldquoparticipar por participar eacute foacutermula certa para matar a participaccedilatildeordquo

A avaliaccedilatildeo dos conselhos de gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e das assembleias dos

orccedilamentos participativos nos uacuteltimos vinte anos tem sido mateacuteria de estudo de diversos

pesquisadores entre eles Albuquerque (2004) Gohn (2000) Dagnino (2004) Teixeira

(2000) Pontual (2008) Borba (2011) Avritzer (2008 2012) Silva (2011) Silva (2009) Para

Avritzer (2011 p16) esses estudos tecircm tido como foco a ampliaccedilatildeo dos espaccedilos de

deliberaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas nos trecircs niacuteveis de governo e a avaliaccedilatildeo dos efeitos dessas

instituiccedilotildees participativas na democratizaccedilatildeo do Estado e da sociedade e na efetividade das

accedilotildees aiacute deliberadas Contudo as conclusotildees de muitos desses estudos apontam

A pouca experiecircncia da populaccedilatildeo em recorrer ou participar dos mesmos

tornando-os ainda mais vulneraacuteveis ao peso do poder econocircmico e poliacutetico

das elites conservadoras (PONTUAL 2008 p3)

O aprendizado da democracia via participaccedilatildeo passa necessariamente pela

conscientizaccedilatildeo dos cidadatildeos de seus direitos(Cohn 2011 p23)

A proacutepria sociedade precisa ser democratizada e assumir uma cultura de

participaccedilatildeo e tambeacutem uma eacutetica de responsabilidade puacuteblicaa cultura

poliacutetica que prevalece no setor puacuteblico eacute ainda clientelista patrimonialista e

autoritaacuteria (TEIXEIRA 2000 p 108 E 113)

Os conselhos satildeo mecanismos limitados para a transformaccedilatildeo social

apesar de pouco avanccedilo em direccedilatildeo a transformar em poder de fato o poder

legal que esses espaccedilos participativos possuem (MORONI 2006 p23)

Haacute ainda muitas lacunas nas suas estruturas e formas de funcionamento

(GOHN 2000 p36)

Embora essas citaccedilotildees indiquem que a populaccedilatildeo as estruturas das institucionalidades

participativas e o aparelho do Estado tecircm desafios para um Estado democraacutetico de direito

esses processos e instituiccedilotildees participativas independentemente das formas de participaccedilatildeo e

criaccedilatildeo se iniciaram e haacute efetivamente uma ldquoexplosatildeordquo de avaliaccedilotildees desses com indicativos

157

para seu melhoramento correccedilatildeo ou aperfeiccediloamento Essas indicaccedilotildees transcorreram em

toda a deacutecada de 2000 e permanecem conforme se pode ler na publicaccedilatildeo do Instituto de

Pesquisa Econocircmica Aplicada (IPEA 2013 p58) que cita a carecircncia de olhares mais atentos

e qualitativos sobre a participaccedilatildeo social e a disponibilizaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre os

processos de forma mais ampla e aberta entre outras

Tem-se ainda o farto conhecimento de todas as deficiecircncias da qualidade da

educaccedilatildeo baacutesica agrave ausecircncia de articulaccedilatildeo e integraccedilatildeo (horizontal e vertical) de instituiccedilotildees e

poliacuteticas e aos meios tradicionais de fazer poliacutetica no Brasil (paternalismo clientelismo

mandonismo corrupccedilatildeo) O que se espera eacute o enfretamento dessas deficiecircncias uma reforma

poliacutetica o acesso de fato agraves informaccedilotildees com linguagem acessiacutevel agrave populaccedilatildeo a

estruturaccedilatildeo de novos arranjos institucionais uma poliacutetica educacional de qualidade entre

outras accedilotildees A populaccedilatildeo com os protestos que ocorreram em todo o Brasil no mecircs de junho

de 2013 mostrou que se sente incomodada e quer mudanccedilas Resta-nos avaliar a qualidade

das manifestaccedilotildees e da participaccedilatildeo para a efetividade das mudanccedilas necessaacuterias embora natildeo

seja essa a pretensatildeo deste trabalho

Embora tambeacutem natildeo seja pretensatildeo na pesquisa o aprofundamento da discussatildeo

sobre participaccedilatildeo instituiccedilotildees participativas ou de avaliaccedilatildeo de processos de participaccedilatildeo

popular e sobretudo de um resgate da evoluccedilatildeo histoacuterica da participaccedilatildeo social em Sergipe a

proposta neste capiacutetulo eacute a anaacutelise da participaccedilatildeo de atores sociais orientada para o

reconhecimento do capital social dos e nos territoacuterios de planejamento nas conferecircncias do

processo do planejamento participativo e ainda como instrumento do planejamento e

estrateacutegia para o desenvolvimento Para tanto os principais objetivos satildeo analisar a

capacidade de participaccedilatildeo da populaccedilatildeo e o processo de mobilizaccedilatildeo usado e sobretudo

avaliar os mecanismos de ampliaccedilatildeo e ou a garantia da continuidade do processo como meios

para o fortalecimento do capital social e para o desenvolvimento territorialregional

62 Mobilizaccedilatildeo e participaccedilatildeo social em instituiccedilotildees participativas municipais

(conferecircncias municipais do Planejamento Participativo)

Influenciado pela participaccedilatildeo de atores sociais nas conferecircncias mobilizadas pelo

governo federal e pela experiecircncia das assembleias de bairros de orccedilamento participativo

vivenciada na gestatildeo municipal o Governo estadual iniciou em 2007 com o propoacutesito de

inovar a Administraccedilatildeo Puacuteblica com a instituiccedilatildeo de uma governanccedila construiacuteda a partir de

alianccedilas com a sociedade civil e o setor privado e assegurar o planejamento puacuteblico a partir de

158

consulta popular Para tanto instituiu-se o processo de Planejamento do Desenvolvimento

Territorial Participativo as conferecircncias municipais territoriais e estadual como instituiccedilotildees

ou canais de participaccedilatildeo e os territoacuterios como unidades de planejamento91

O processo do planejamento participativo instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico Estadual tem

como base a consulta popular e como finalidade a identificaccedilatildeo de demandas das

comunidades sergipanas relacionadas agrave elaboraccedilatildeo do Plano de Desenvolvimento

Participativo de Sergipe92

e dos Planos Territoriais instrumentos a serem aprovados pelo

Conselho de Desenvolvimento Econocircmico e Social do Estado de Sergipe e pelos conselhos

territoriais Esse processo surge em meio a inuacutemeros desafios como a singularidade93

o perfil

e a cultura poliacutetica das lideranccedilas locais o modelo de gestatildeo puacuteblica tradicional e outros Nos

termos do Decreto que instituiu o processo do planejamento participativo a participaccedilatildeo dos

atores sociais deve ocorrer nas escalas municipal territorial e estadual com formas e niacuteveis de

participaccedilatildeo diferenciados Para a conferecircncia municipal a participaccedilatildeo fora concedida agrave

populaccedilatildeo maior de 18 anos e independentemente de quaisquer filiaccedilotildees agraves instituiccedilotildees

organizadas ou a partidos poliacuteticos Nas conferecircncias territoriais e estaduais a participaccedilatildeo

era dirigida aos delegados eleitos nas conferecircncias municipais A indicaccedilatildeo e eleiccedilatildeo dos

delegados obedeceram ao regimento das conferecircncias no qual se previa a participaccedilatildeo de trecircs

representantes do poder puacuteblico dois da iniciativa privada e cinco de organizaccedilotildees que

representassem os movimentos sociais as ONGs as entidades sindicais e profissionais as

cooperativas e outras Prefeitos municipais e presidentes das cacircmaras de vereadores foram

considerados delegados natos A eleiccedilatildeo dos delegados ocorria entre os pares e conforme

regras previstas em regimento aprovado no iniacutecio de cada conferecircncia

O niacutevel de participaccedilatildeo exigido nas conferecircncias municipais eacute a consulta das accedilotildees

prioritaacuterias para a alocaccedilatildeo de recursos e viabilizaccedilatildeo de execuccedilatildeo pelo Governo do Estado

com foco na reduccedilatildeo da pobreza e no desenvolvimento territorial Considerando a

singularidade do processo a hierarquizaccedilatildeo das accedilotildees prioritaacuterias deveria ser orientada para a

resoluccedilatildeo de problemas de maior gravidade e aquelas de maior retorno social haja vista a

limitaccedilatildeo dos recursos financeiros e institucionais e a alta incidecircncia de pobreza nos

municiacutepios sergipanos Entretanto na praacutetica isso natildeo ocorreu tanto pela falta de clareza da

91

Os Decretos estaduais nos

24339 e 24338 de 29 de abril de 2007 instituem o processo de Planejamento do

Desenvolvimento Territorial Participativo e os oito territoacuterios de planejamento respectivamente 92

O objetivo e as etapas do processo do planejamento participativo encontram-se no Decreto n 243392007 93

As experiecircncias de consultas populares na sua grande maioria ocorreram por iniciativa do Poder Puacuteblico

municipal cuja escala de atuaccedilatildeo eacute o municiacutepio A tipologia das accedilotildees executadas pelo poder puacuteblico municipal

difere bastante daquelas que devem ser executadas pelo poder puacuteblico estadual

159

metodologia proposta pelo Estado quanto pelo grau de necessidade dos participantes e a

percepccedilatildeo de gravidade desses

O grau de participaccedilatildeo nas conferecircncias territoriais previsto no Decreto deve ser a

consulta das demandas de caraacuteter territorial isto eacute aquelas accedilotildees que se implantadas

atenderiam a mais de um municiacutepio Satildeo exemplos de accedilotildees de caraacuteter territorial os hospitais

regionais os mercados territoriais os matadouros regionais e outros e ainda aquelas accedilotildees

voltadas para o fortalecimento das cadeias produtivas e para o desenvolvimento de cada

territoacuterio

A convocaccedilatildeo dos participantes ou dos atores sociais bem como a organizaccedilatildeo das

conferecircncias municipais competia a uma comissatildeo formada por trecircs representantes um do

poder executivo municipal um do poder legislativo e um da sociedade civil organizada

Entretanto o projeto da mobilizaccedilatildeo social havia sido desenhado pelo poder puacuteblico estadual

Os processos de mobilizaccedilatildeo tiveram nas prefeituras um elemento decisivo

Onde o prefeito queria ter muita gente participando houve divulgaccedilatildeo

antecipada e por vaacuterios meios onde o prefeito preferia que a populaccedilatildeo natildeo

comparecesse a divulgaccedilatildeo foi tiacutemida e onde o prefeito queria defender seus

interesses dentro do PP a massa de funcionaacuterios foi mobilizada em

detrimento do conjunto da sociedade Enfim observou-se que as prefeituras

lanccedilaram matildeo de vaacuterios artifiacutecios para mobilizar ou desmobilizar ou seja

para controlar o processo de participaccedilatildeo a partir inclusive da composiccedilatildeo

da Comissatildeo Executiva Municipal (CARREGOSA 2009 p 105)

Como demonstra a citaccedilatildeo na praacutetica o arranjo da comissatildeo preparatoacuteria municipal se

deu entre parceiros poliacuteticos e essa decisatildeo reforccedilou o modelo centralizador da gestatildeo puacuteblica

municipal e a organizaccedilatildeo do poder e ainda demonstrou a fragilidade das informaccedilotildees e da

comunicaccedilatildeo sobre o projeto e a confianccedila da populaccedilatildeo no projeto poliacutetico do governo do

Estado naquele momento

Em relaccedilatildeo agrave mobilizaccedilatildeo94

para as conferecircncias do planejamento participativo na

escala municipal em 2007 o governo de Sergipe conseguiu mobilizar95

um contingente

proacuteximo de 18 mil pessoas96

Em 2009 no segundo ciclo de conferecircncias municipais a

mobilizaccedilatildeo foi reduzida para pouco mais de 10 mil pessoas (Figura 16) Embora esse

quantitativo impressione o valor em si deve estar na qualidade da participaccedilatildeo E como

94

Para Toro e Werneck (1997 p11) ldquomobilizar eacute convocar vontades para atuar na busca de um propoacutesito

comum sob uma interpretaccedilatildeo e um sonho tambeacutem compartilhadosrdquo 95

A base para a caracterizaccedilatildeo satildeo os dados disponibilizados nas fichas de inscriccedilatildeo preenchida pelos

participantes durante a realizaccedilatildeo das Conferecircncias Municipais nos dois ciclos 96

O nuacutemero de participantes refere-se agrave somatoacuteria das assinaturas na relaccedilatildeo dos participantes e natildeo corresponde

ao nuacutemero dos participantes que preencheram e devolveram a ficha de inscriccedilatildeo

160

afirma Putnam (2008 p 110) o caraacuteter da participaccedilatildeo depende da natureza poliacutetica dos

participantes Essa natureza poliacutetica eacute o objeto a ser desvelado tanto para a compreensatildeo do

processo do planejamento quanto para a confianccedila social no projeto poliacutetico e nas instituiccedilotildees

Tambeacutem essa natureza poliacutetica eacute objeto a ser avaliado verificando se se constitui em um bem

puacuteblico nos territoacuterios sergipanos capaz de assegurar o desenvolvimento territorial como

proposto

Figura 16 Sergipe

Nuacutemero total de participantes das conferecircncias municipais ndash 2007 e 2009

0 5000 10000 15000 20000

2007

2009

Fonte SeplanSeplag Relatoacuterios das Conferecircncias de 2007 e 2009

Buscando analisar a natureza poliacutetica da participaccedilatildeo o primeiro elemento seraacute o natildeo

atendimento agrave convocaccedilatildeo para o segundo ciclo de conferecircncias ou melhor a reduccedilatildeo das

pessoas mobilizadas para a participaccedilatildeo Para tanto propotildeem-se algumas hipoacuteteses

exploratoacuterias embora se acredite que todas elas se resumem agrave insuficiecircncia da cidadania da

populaccedilatildeo como afirma Demo (2009 p3) Na primeira delas a desmobilizaccedilatildeo ocorreu em

funccedilatildeo do baixo atendimento das accedilotildees demandadas Em 2007 a populaccedilatildeo confiava no

projeto poliacutetico do Governo do Estado - ldquoSergipe governo de todosrdquo e esperava dele no

miacutenimo que as decisotildees tomadas nas conferecircncias fossem atendidas A populaccedilatildeo atendeu agrave

convocaccedilatildeo dos municiacutepios para as conferecircncias e foram relacionadas 8671 demandas

Dessas 5212 satildeo accedilotildees cuja execuccedilatildeo compete ao municiacutepio e em todos os territoacuterios de

planejamento concentraram-se principalmente em demandas recorrentes das agendas da

sauacutede da educaccedilatildeo e da assistecircncia social ou seja a populaccedilatildeo sergipana ainda reclama por

direitos sociais e acreditava que a convocaccedilatildeo de seus liacutederes poderia responder aos seus

desejos e necessidades Na segunda a fragilidade da cultura participativa da populaccedilatildeo e as

vaacuterias convocaccedilotildees para as conferecircncias promovidas tanto pelo governo federal quanto pelo

governo estadual sem respostas para as demandas levantadas contribuiacuteram para a

161

desmobilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para a participaccedilatildeo Na terceira os ldquoprojetosrdquo de mobilizaccedilatildeo e

de comunicaccedilatildeo natildeo foram adequados ou seja a linguagem a forma e os meios usados para

comunicar natildeo foram acessiacuteveis ao puacuteblico A convocaccedilatildeo para as conferecircncias ocorreu entre

os aliados poliacuteticos dos gestores municipais e estaduais e os servidores municipais ou seja

houve uma participaccedilatildeo mobilizada uma vez que os participantes dependiam da vontade e

compromisso poliacutetico para atendimento de suas demandas e mostraram-se leais a seus liacutederes

(BORBA 2011 p 70 CARREGOSA 2009 p 105) Isso se confirma pelo percentual de

participaccedilatildeo de representantes do poder puacuteblico municipal (3186 em 2007 e 3487 em

2009) e outrosnatildeo declarados filiados a organizaccedilotildees ou entidades (4002 em 2007 e

3017 em 2009) e o baixo percentual de participantes com filiaccedilatildeo a organizaccedilotildees da

sociedade nos dois periacuteodos (Tabela 3) A priori a participaccedilatildeo das associaccedilotildees das

organizaccedilotildees sociais (movimentos e ONGs) das instituiccedilotildees religiosas de cooperativas das

entidades sindicais e entidades profissionais nas conferecircncias municipais em 2007 e 2009

permite inferir uma baixa capacidade de organizaccedilatildeo da populaccedilatildeo a fragilidade dos

movimentos sociais e a forte relaccedilatildeo hieraacuterquica clientelista 97

no Estado

Tabela 3 Sergipe - Participaccedilatildeo das diferentes entidades nas Conferecircncias do

Planejamento Participativo em 2007 e 2009

Nordm de casos Nordm de casos

Indiacutegenas 0 0 2 002

Iniciativa Privada 0 0 143 138

Quilombolas 19 015 22 021

Cooperativas 26 021 56 054

Conselhos 91 073 135 130

Poder Puacuteblico Federal 108 087 183 177

Instituiccedilotildees ou Entidades Religiosas 115 093 91 088

Poder Legislativo Municipal 129 104 212 205

Entidades Sindicais 262 211 241 233

Poder Puacuteblico Estadual 739 596 686 663

Organizaccedilotildees sociais (movimentos ONGs) 888 716 499 482

Associaccedilotildees 1111 896 1349 1303

Poder Puacuteblico Municipal 3952 3186 3609 3487

OurtosSem Filiaccedilatildeo declarada 4964 4002 3123 3017

Total 12404 10000 10351 10000

2007 2009

Fonte SeplanFicha de Inscriccedilatildeo dos participantes 2007 e 2009

97

Nunes (1997 p40) define clientelismos como um sistema de controle de fluxo de recursos materiais e de

intermediaccedilatildeo de interesses no qual natildeo haacute nuacutemero fixo ou organizado de unidades constitutivas Para DrsquoAacutevila

Filho (2004 p 217) o clientelismo eacute caracterizado como um tipo de troca poliacutetica assimeacutetrica marcado por uma

seacuterie de especificidades A cultura poliacutetica sergipana tem suas especificidades e justifica o comportamento das

instituiccedilotildees puacuteblicas das organizaccedilotildees da sociedade e dos atores sociais nas conferecircncias do planejamento

participativo

162

Oliva (1991) estudando o processo poliacutetico sergipano afirma a existecircncia de

caracteriacutesticas que satildeo peculiares agrave estrutura de poder no Estado Entre elas estatildeo a

manipulaccedilatildeo das classes subalternas pelas classes dominantes impedidas sistematicamente de

se manifestar a incapacidade de coesatildeo e os conflitos internos dos movimentos sociais Essas

caracteriacutesticas se mantecircm fortes e se reproduzem no tempo e no espaccedilo de ldquodemocracia

participativardquo como demonstrou a participaccedilatildeo dos atores sociais nas conferecircncias do

planejamento participativo

Em relaccedilatildeo agrave participaccedilatildeo das organizaccedilotildees sociais entidades e instituiccedilotildees

participativas em 2007 somente 2025 dos participantes declararam pertencer a uma

organizaccedilatildeo social ou a uma instituiccedilatildeo participativa Em 2009 houve um aumento da

participaccedilatildeo desses grupos (2314) Poreacutem observa-se em 2009 uma reduccedilatildeo da

participaccedilatildeo de organizaccedilotildees sociais (movimentos e instituiccedilotildees religiosas) e um aumento da

participaccedilatildeo de associaccedilotildees e instituiccedilotildees participativas (conselhos ONGs) Para Avritzer

(2012 p 12) a participaccedilatildeo social de entidades ou instituiccedilotildees religiosas e associaccedilotildees

comunitaacuterias satildeo padrotildees da participaccedilatildeo nacional e nos uacuteltimos tempos constata-se um

aumento da participaccedilatildeo de formas institucionalizadas (conselhos gestores de poliacuteticas

puacuteblicas) lado a lado com as formas natildeo institucionalizadas Esse padratildeo se confirmou nas

conferecircncias municipais realizadas em Sergipe As conferecircncias municipais realizadas em

2009 tiveram um aumento na participaccedilatildeo de associados conselheiros e cooperados

O percentual de participaccedilatildeo de cada um dos trecircs principais segmentos98

por territoacuterio

de planejamento demonstrou que o percentual de participaccedilatildeo das organizaccedilotildees da

sociedade99

nas conferecircncias foi maior nos dois ciclos nos territoacuterios Alto Sertatildeo Sergipano

Centro-Sul Sergipano e Sul Sergipano e mais representativa no ciclo 2009 (Figura 17) Essa

constataccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agrave dinacircmica das organizaccedilotildees sociais nesses territoacuterios

decorrente de accedilotildees de diferentes fontes embora todas voltadas para a democratizaccedilatildeo e

impostas de cima para baixo ou melhor sob a ldquoregecircnciardquo do Estado100

Entre elas a

institucionalizaccedilatildeo dos conselhos de gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas a articulaccedilatildeo para a

98

Haacute registro da participaccedilatildeo de representantes da iniciativa privada somente para 2009 Embora considere a

necessidade desse segmento para a efetividade de qualquer modelo de governanccedila pela ausecircncia de dados em

2007 os dados de 2009 natildeo foram incorporados nesta anaacutelise 99

Incluem-se aqui todas as formas de organizaccedilatildeo da sociedade como movimentos ONGs associaccedilotildees

cooperativas entidades ou instituiccedilotildees religiosas entidades sindicais associaccedilotildees de quilombolas e indiacutegenas 100

Azevedo Mota e Cunha (2006 p58) analisando o associativismo em Nossa Senhora da Gloacuteria no territoacuterio

Alto Sertatildeo Sergipano afirmam que a criaccedilatildeo de associaccedilotildees nos povoados Tanque de Pedra e Aningas foi

resultado de incentivo do Estado

163

construccedilatildeo dos territoacuterios rurais criados pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial

(SDT) do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio (MDA) o funcionamento dos

colegiados101

territoriais e a gestatildeo social de projetos

A ausecircncia de espontaneidade da populaccedilatildeo para a organizaccedilatildeo social e do incentivo

do Estado para essa praacutetica foi registrada por Bursztyn (2008 p78) que analisando o

planejamento e o clientelismo no Nordeste enfatiza o estiacutemulo do Estado para o

cooperativismo os resultados mais quantitativos que qualitativos dessas organizaccedilotildees e ldquocerta

impermeabilidade em relaccedilatildeo agrave proliferaccedilatildeo espontacircnea das cooperativas no Nordesterdquo

Constata-se que a histoacuteria da organizaccedilatildeo social no Brasil natildeo se caracteriza como voluntaacuteria

e portanto indica pouca capacidade de envolvimento dos indiviacuteduos em accedilotildees coletivas

principalmente no Nordeste

Analisando os dilemas vivenciados pelos movimentos sociais no Territoacuterio Alto Sertatildeo

Sergipano Nobre (2008 p 206) confirma tanto a induccedilatildeo do Estado na criaccedilatildeo de

associaccedilotildees e cooperativas nos projetos de reforma agraacuteria para acessar recursos financeiros

quanto a cooptaccedilatildeo de representantes de organizaccedilotildees da sociedade civil pelo poder local nos

conselhos municipais de desenvolvimento sustentaacutevel Essas caracteriacutesticas comprometem a

formaccedilatildeo do capital social e consequentemente a democratizaccedilatildeo e qualquer proposta de

desenvolvimento Para Rennoacute (2003 p 73) esse comportamento dos gestores aleacutem de ser

mais onerosos do que mecanismos de mobilizaccedilatildeo espontacircneos eacute a antiacutetese do capital social

O dilema do movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nas conferecircncias

municipais realizadas em 2007 contribuiu para a reduccedilatildeo da participaccedilatildeo de militantes no

processo do planejamento participativo em 2009 Esse fato poder ser interpretado como uma

desmobilizaccedilatildeo do movimento social para o processo do planejamento participativo As

causas para essa desmobilizaccedilatildeo podem ser o natildeo atendimento das reivindicaccedilotildees dos

assentados e acampados da reforma agraacuteria102

a desconfianccedila dos militantes no processo e ou

a recusa agrave participaccedilatildeo em favor da manutenccedilatildeo da autonomia diante do risco de cooptaccedilatildeo

como defendem Santos (2008) e Nobre (2008) Entretanto esses autores confirmam o

crescimento da participaccedilatildeo dos movimentos sociais e de organizaccedilotildees sociais natildeo vinculados

101

De acordo com Nobre (2008 p160) o Colegiado de Desenvolvimento Territoacuterio do Alto Sertatildeo Sergipano

foi criado em abril de 2004 102

Exemplificando em 2007 o percentual de participaccedilatildeo de atores sociais afiliados ao Movimento dos

Trabalhadores Rurais Sem Terra nas conferecircncias dos municiacutepios de Indiaroba e Santa Luzia do Itanhi no

Territoacuterio Sul Sergipano foi de 58 e 47 respectivamente tendo em vista o nuacutemero de acampados nesses

municiacutepios e de assentados aguardando os projetos baacutesicos para o atendimento dos serviccedilos de educaccedilatildeo sauacutede e

de condiccedilotildees adequadas de trabalho

164

ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ou ao Movimento dos Pequenos

Agricultores (MPA) nesses espaccedilos participativos em construccedilatildeo em Sergipe

Figura 17 Percentual de participaccedilatildeo por territoacuterio de organizaccedilotildees da sociedade nas

conferecircncias municipais 2007 e 2009

00 100 200 300 400

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco hellip

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

2009

2007

Fonte SeplanFicha de Inscriccedilatildeo dos participantes 2007 e 2009

A participaccedilatildeo de representantes do poder puacuteblico nas conferecircncias municipais foi

maior no ciclo 2009 que no ciclo 2007 sobretudo nos territoacuterios Agreste Central Baixo Satildeo

Francisco Centro-Sul Sergipano Meacutedio Sertatildeo e Sul Sergipano (Figura 18) O aumento da

participaccedilatildeo de servidores municipais nas conferecircncias em 2009 tambeacutem foi influenciado pela

lideranccedila poliacutetica que assumia a gestatildeo municipal naquele ano e que se enquadrava como

partidaacuterio ou base aliada do governo estadual Para aleacutem da participaccedilatildeo social as

conferecircncias municipais do planejamento participativo satildeo espaccedilos de fortalecimento e de

reproduccedilatildeo do clientelismo O percentual meacutedio (32 e 35 respectivamente) de

participaccedilatildeo de representantes do poder puacuteblico municipal nas conferecircncias realizadas induz a

essa constataccedilatildeo

165

Figura 18 Percentual de participantes por territoacuterio representando o poder puacuteblico

nas conferecircncias municipais 2007 e 2009

0 10 20 30 40 50 60 70

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco Sergipano

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

2009

2007

FonteSeplanFicha de Inscriccedilatildeo dos participantes 2007 e 2009

De modo geral a participaccedilatildeo de indiviacuteduos sem filiaccedilatildeo associativa declarada foi

maior nas conferecircncias municipais em 2007 com percentuais que variaram entre 3287 no

territoacuterio Leste Sergipano e 7928 no Meacutedio Sertatildeo Sergipano (Figura 19) Como visto

esse atendimento agrave convocaccedilatildeo a priori pode revelar a confianccedila no projeto poliacutetico do

governo do Estado e em seus liacutederes e ou a continuidade da relaccedilatildeo hieraacuterquica clientelista

tiacutepica da poliacutetica local

Figura 19 Percentual de participaccedilatildeo por territoacuterio de outros ou sem filiaccedilatildeo nas

conferecircncias municipais 2007 e 2009

00 200 400 600 800 1000

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco Sergipano

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

2009

2007

FonteSeplanFicha de Inscriccedilatildeo dos participantes 2007 e 2009

Considerando essa participaccedilatildeo como uma confianccedila percebe-se que os territoacuterios do

Alto Sertatildeo Sergipano Grande Aracaju Sul Sergipano e Leste Sergipano praticamente

166

mantiveram os percentuais de participaccedilatildeo de pessoas sem filiaccedilatildeo associativa nos dois ciclos

de conferecircncias Os territoacuterios Meacutedio Sertatildeo Sergipano Centro-Sul e Agreste Central

apresentaram queda no envolvimento dessas pessoas no processo poreacutem ocorreu um

aumento na participaccedilatildeo de representantes do poder puacuteblico municipal Esses dados induzem

ainda agrave interpretaccedilatildeo de que as comissotildees preparatoacuterias municipais natildeo informaram e natildeo

convocaram adequadamente a populaccedilatildeo ou a confianccedila no projeto poliacutetico do governo

estadual era menor nesses territoacuterios A mobilizaccedilatildeo pode ter ocorrrido entre as lideranccedilas

sociais partidaacuterias dos gestores municipais denominadas por Lima (2010p 154) como os

assiacuteduos participantes das atividades realizadas reforccedilando as conferecircncias como espaccedilos de

trocas portanto de relaccedilatildeo clientelista Como sugere DrsquoAacutevila Filho (2004 p218) a proacutepria

inclusatildeo participativa pode se transformar em objeto de negociaccedilatildeo

Quanto ao perfil dos participantes de modo geral pode-se dizer que as conferecircncias

municipais nos dois ciclos do processo do planejamento participativo foram realizadas com

um puacuteblico majoritariamente feminino (5673 em 2007 e 5650 em 2009) moradoras da

zona urbana (6673 em 2007 e 6293 em 2009) distribuiacutedas em diferentes profissotildees

entre as quais se destacaram as agricultoraslavradoras (223) e as professoras (17)

A predominacircncia da participaccedilatildeo das mulheres nas Conferecircncias Municipais natildeo se

repetiu nas Conferecircncias Territoriais Os representantes municipais selecionados entre os

pares e em foacuteruns individuais para as Conferecircncias Territorial e Estadual garantiram a

participaccedilatildeo masculina Na perspectiva da participaccedilatildeo social e de gecircnero a participaccedilatildeo do

homem ainda eacute predominante na poliacutetica e nos espaccedilos puacuteblicos em Sergipe O perfil dos

delegados seraacute analisado no contexto da discussatildeo das conferecircncias territoriais

63 A participaccedilatildeo social em instituiccedilotildees participativas territoriais (conferecircncias

territoriais)

Na poliacutetica territorial adotada pelo estado as conferecircncias territoriais assumem uma

importacircncia relevante isso porque considerando o territoacuterio como a base para o enfoque das

poliacuteticas puacuteblicas e fonte das demandas de intervenccedilatildeo puacuteblica estrateacutegica para o

desenvolvimento territorial estas seriam o espaccedilo de participaccedilatildeo de negociaccedilatildeo de

articulaccedilatildeo de cooperaccedilatildeo e de agir coletivamente dos atores sociais ndash governamentais e natildeo

governamentais e portanto de fortalecimento do capital social e de construccedilatildeo de estruturas

de governanccedila que promovessem o desenvolvimento territorial

167

Analisando as conferecircncias territoriais realizadas em Sergipe como instituiccedilotildees

participativas e no contexto da vontade poliacutetica do governo de implementar a participaccedilatildeo

como propotildee Avritzer (2008 p45) a organizaccedilatildeo da sociedade civil e a estrutura das

instituiccedilotildees puacuteblicas com capacidade de respostas agraves pressotildees sociais se apresentam como

fatores preponderantes para sustentar a vontade poliacutetica e dar efetividade aos processos

participativos

Assim o desempenho do Estado no atendimento das demandas e na prestaccedilatildeo dos

serviccedilos de qualidade e orientados para a eliminaccedilatildeo dos fatores de privaccedilotildees de liberdade de

boa parte dos sergipanos principalmente da populaccedilatildeo interiorana que vive em povoados e

pequenas comunidades rurais deveria ser condiccedilatildeo fundamental para estimular e ampliar a

organizaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos atores sociais no controle e gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas e

promover o desenvolvimento territorial

Nos termos do Decreto 24339 de 20 de abril de 2007 as conferecircncias territoriais tecircm

por objetivo consolidar e validar as demandas oriundas das conferecircncias municipais

pertinentes aos respectivos territoacuterios Entre 2007 e 2013 foram realizadas cinco rodadas103

de conferecircncias territoriais nas quais se percebe a participaccedilatildeo dos atores sociais voltada para

a integraccedilatildeo dos grupos e construccedilatildeo coletiva da poliacutetica territorial Na primeira conferecircncia

denominada primeira rodada de conferecircncias territoriais o objetivo era a sistematizaccedilatildeo das

accedilotildees de caraacuteter territorial e estadual oriundas das conferecircncias municipais que deveriam

compor o Plano Plurianual 2008 ndash 2011104

A participaccedilatildeo concedida aos delegados eleitos

nas conferecircncias municipais teve caraacuteter informativo sobre as accedilotildees relacionadas pelo Estado

para compor o Plano Plurianual Na segunda rodada a participaccedilatildeo fora concedida para a

consulta a respeito de questotildees relacionadas ao pertencimento ao territoacuterio Assim nessas

conferecircncias foram identificados os valores construiacutedos os siacutembolos dos territoacuterios

reconhecidas as principais atividades econocircmicasprodutivas e seus pontos fortes fracos

oportunidades e ameaccedilas para sua dinamizaccedilatildeo Na terceira conferecircncia territorial a

participaccedilatildeo fora concedida para a informaccedilatildeo e validaccedilatildeo dos planos de desenvolvimento dos

territoacuterios Na quarta conferecircncia a participaccedilatildeo ocorreu atraveacutes da consulta aos delegados

sobre as melhores praacuteticas desenvolvidas pelas organizaccedilotildees sociais com abrangecircncia eou

impacto territorial as accedilotildees governamentais de articulaccedilatildeo e de dinamizaccedilatildeo econocircmica do

territoacuterio a gastronomia e as necessidades das capacitaccedilotildees das instituiccedilotildees puacuteblicas e das

103

Terminologia inspirada do Orccedilamento Participativo de Porto Alegre 104

Eacute importante destacar que as conferecircncias natildeo alteraram os procedimentos e as rotinas da elaboraccedilatildeo do Plano

Plurianual 2008-2011e dos orccedilamentos anuais

168

organizaccedilotildees sociais para o empoderamento e a sustentabilidade dos projetos orientados para

o desenvolvimento local e territorial Por fim a quinta conferecircncia concedeu aos participantes

o espaccedilo para a consulta sobre as accedilotildees que deveriam compor o Plano Plurianual para 2012-

2015

Como visto a participaccedilatildeo dos atores sociais nas conferecircncias territoriais foi

totalmente dependente do aparelho do estado e sob a influecircncia dos aparelhos ideoloacutegicos do

estado Da mobilizaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo aos processos metodoloacutegicos agraves temaacuteticas aos

procedimentos decisoacuterios agrave mediaccedilatildeo de conflitos agrave negociaccedilatildeo e agrave integraccedilatildeo dos grupos

para a cooperaccedilatildeo ateacute seus resultados foram tarefas assumidas pelo estado nesses espaccedilos

Aleacutem disso a metodologia e a teacutecnica usadas para a elaboraccedilatildeo dos planos plurianuais e dos

orccedilamentos anuais natildeo sofreram alteraccedilotildees Essa constataccedilatildeo causa frustraccedilatildeo aos analistas

natildeo apenas porque esses espaccedilos natildeo tecircm produzido autonomia em relaccedilatildeo ao poder puacuteblico

como supotildeem DrsquoAacutevila Filho e Jorge (2004 p 228) mas sobretudo pela demonstraccedilatildeo de

cidadania pequena e de fraco capital social nos territoacuterios sergipanos

Nessa linha de argumentaccedilatildeo o nuacutemero de participantes (delegados convidados

teacutecnicos e observadores) bem como o perfil dos delegados do processo do planejamento

participativo satildeo variaacuteveis fundamentais para verificar os niacuteveis de capital social em Sergipe

e consequentemente nos territoacuterios de planejamento

Em julho de 2007 durante a realizaccedilatildeo da primeira conferecircncia territorial foi

registrado o maior nuacutemero de participantes com 2833 pessoas distribuiacutedas nas oito

conferecircncias decorrecircncia direta da expectativa das instituiccedilotildees sociais no escopo da accedilatildeo

governamental A segunda rodada de conferecircncias territoriais que ocorreu entre 12 de

novembro e primeiro de dezembro do mesmo ano contou com a participaccedilatildeo de 1069

pessoas portanto 377 do puacuteblico da primeira conferecircncia Na terceira ocorrida em 2008

registrou-se a participaccedilatildeo de somente 900 pessoas ou seja 317 do nuacutemero de

participantes da primeira conferecircncia e a quarta e quinta rodadas de conferecircncia territorial natildeo

conseguiram recuperar o nuacutemero de participantes e praticamente permaneceu com o mesmo

nuacutemero ateacute 2011 (Figura 20) A reduccedilatildeo da participaccedilatildeo nas conferecircncias territoriais confirma

a desmobilizaccedilatildeo tanto de observadores quanto de delegados e teacutecnicos do governo para o

processo do planejamento participativo

169

Figura 20 Nuacutemero total de participantes nas conferecircncias Territoriais 2007-2011

-

500

1000

1500

2000

2500

3000

2007 2007 2008 2009 2011

Conferecircncias Territoriais

Fonte Seplan Relatoacuterios das Conferecircncia Territoriais 2007- 2009 e Seplag 2013

A queda da participaccedilatildeo principalmente dos delegados eleitos motivou a Secretaria

de Estado do Planejamento a avaliar o processo com a finalidade de desenvolver e melhorar

estrateacutegias de intervenccedilatildeo nas diferentes etapas (informaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo participaccedilatildeo

atendimento agraves demandas e outros) Essa avaliaccedilatildeo ocorreu durante a terceira rodada de

conferecircncias territoriais e da segunda conferecircncia estadual e envolveu delegados

observadores e teacutecnicos do governo Os resultados da avaliaccedilatildeo apontaram a insatisfaccedilatildeo dos

delegados principalmente em relaccedilatildeo aos seguintes pontos baixo niacutevel de execuccedilatildeo das accedilotildees

aprovadas nas conferecircncias realizadas em 2007 (3107) ausecircncia de divulgaccedilatildeo e de

acompanhamento das accedilotildees em execuccedilatildeo (2816) capacitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo

ampliaccedilatildeo dos espaccedilos participativos (1748) etc (Tabela 4) A atitude de ausentar-se dos

atores sociais perante as situaccedilotildees-problema (niacutevel de execuccedilatildeo das accedilotildees criaccedilatildeo de espaccedilos

participativos e acompanhamento) confirma que de fato natildeo temos uma cultura participativa

(DOWBOR1999) e infere ainda que haacute baixa resistecircncia dos atores sociais para o

enfrentamento de situaccedilotildees-problemas a baixa escolaridade eacute um oacutebice ao desenvolvimento e

agrave criaccedilatildeo de uma consciecircncia democraacutetica (FREIRE 1967 p101) os movimentos sociais

receiam a neutralizaccedilatildeo dos conflitos existentes e a desconsideraccedilatildeo das contradiccedilotildees como

estrateacutegia de pactuaccedilatildeo mediada pelo Estado (SANTOS 2008 p 283) e haacute perda de

confianccedila no processo Na avaliaccedilatildeo dos teacutecnicos as criacuteticas ao processo direcionam a anaacutelise

para as fragilidades do aparelho de Estado e ou admissatildeo de imaturidade e incompletude

como diz Souza (2006 p236) para um planejamento participativo

Os principais reclames dos teacutecnicos se referiam agrave falta de engajamento poliacutetico visto

que os Secretaacuterios de Estado e Dirigentes dos oacutergatildeos estaduais pouco se comprometeram com

o processo ou seja natildeo ocorreu o necessaacuterio empoderamento dos gestores articulaccedilatildeo

170

(horizontal e vertical) entre as instituiccedilotildees puacuteblicas divulgaccedilatildeo das accedilotildees e clareza no

processo Na avaliaccedilatildeo dos observadores a construccedilatildeo de canais permanentes de articulaccedilatildeo

institucional a capacitaccedilatildeo dos envolvidos e o grau de realizaccedilatildeo das propostas seriam as

accedilotildees que poderiam alimentar a continuidade do processo

Tabela 4 Pontos de Insatisfaccedilatildeo dos delegados e das delegadas em relaccedilatildeo ao

processo do planejamento participativo em 2008

Resultados Ponderados Nordm de casos

Baixo niacutevel de execuccedilatildeo das accedilotildees aprovadas

nas conferecircncias realizadas em 2007 32 3107

Ausecircncia de divulgaccedilatildeo e de acompanhamento

do processo e das accedilotildees em execuccedilatildeo 29 2816

Capacitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo ampliaccedilatildeo

dos espaccedilos participativos 18 1748

Insuficiente articulaccedilatildeo entre os oacutergatildeos do

governo estadual e entre estes e os municiacutepios

os oacutergatildeos federais e a sociedade

12 1165

Desrespeito ao levantamento e agraves prioridades

identificadas em 2007 e comprometimento

poliacutetico-partidaacuterio

12 1165

TOTAL 103 10000

Fonte SeplanRelatoacuterio de Anaacutelise do Processo do Planejamento Participativo 2008

Na avaliaccedilatildeo de todos os envolvidos o principal indicador de insatisfaccedilatildeo eacute o

desempenho do governo O grau de realizaccedilatildeo das accedilotildees ou o compromisso de sua execuccedilatildeo

independentemente de melhorias nas demais etapas do processo eacute a variaacutevel que poderia

garantir a continuidade do processo e reverter os quadros dos demais indicadores

principalmente da participaccedilatildeo da organizaccedilatildeo social e do capital social Por outro lado e de

acordo com Putnam

o contexto social e a histoacuteria condicionam profundamente o desempenho

das instituiccedilotildees Quando o solo regional eacute feacutertil as regiotildees sustentam-se das

tradiccedilotildees regionais mas quando o solo eacute ruim as novas instituiccedilotildees

definham A existecircncia de instituiccedilotildees eficazes e responsaacuteveis depende no

jargatildeo do humanismo ciacutevico das virtudes e praacuteticas republicanas

(PUTNAM2006 p 191)

Considerando o contexto social e poliacutetico de Sergipe a mudanccedila no desempenho

institucional e sobretudo no modelo de gestatildeo puacuteblica embora fundamental soacute seraacute possiacutevel

com a conscientizaccedilatildeo organizaccedilatildeo participaccedilatildeo social efetiva Nas palavras de Dallari

(1999 p43) o indiviacuteduo conscientizado fica indiferente e natildeo desanima perante os

171

obstaacuteculos Cidadatildeos e organizaccedilotildees civis efetivamente interessados em tomar parte nas

poliacuteticas puacuteblicas tecircm a participaccedilatildeo como um compromisso de vida um direito e uma

necessidade

A distribuiccedilatildeo dessas pessoas ldquoconscientizadasrdquo nos territoacuterios de planejamento pode

ser medida pela participaccedilatildeo dos atores sociais (delegados observadores e teacutecnicos) nas

conferecircncias territoriais ou seja pela capacidade de resistecircncia desses indiviacuteduos ao longo do

periacuteodo em anaacutelise e compromisso com as accedilotildees coletivas e com o desenvolvimento

territorial Em todos os territoacuterios houve uma queda na participaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave conferecircncia

realizada em 2007 e permanecendo praticamente o mesmo nuacutemero de participantes nas

conferecircncias de 2009 e 2011 (Figura 21)

Figura 21 Nuacutemero de participantes por territoacuterio de planejamento 2007 - 2011

0 100 200 300 400 500

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco Sergipano

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

2011

2009

2008

2008

2007

Fonte Seplan Relatoacuterios das Conferecircncia Territoriais 2007- 2009 e Seplag 2013

A queda na participaccedilatildeo foi praticamente idecircntica em todos os territoacuterios Alguns

atores sociais decidiram continuar no processo Assim o conhecimento do perfil dos

delegados eleitos forneceraacute melhor compreensatildeo de suas caracteriacutesticas bem como dos

fatores que contribuiacuteram para a resistecircncia desses no processo Para tanto seratildeo utilizados

dados e informaccedilotildees de avaliaccedilatildeo realizada pela Secretaria de Estado do Planejamento em

2010 durante a IV conferecircncia estadual do planejamento participativo

A pesquisa consistiu no fornecimento de informaccedilotildees por parte dos delegados em

relaccedilatildeo aos seguintes pontos dados pessoais (nome contatos naturalidade data de

nascimentoidade sexo profissatildeo local de domiciacutelio estado civil e escolaridade) grau de

interesse na participaccedilatildeo como delegado forma de acompanhamento das accedilotildees do governo e

172

aacuterea de maior interesse nas discussotildees do processo A partir da anaacutelise das respostas eacute

possiacutevel traccedilar um perfil dos atores sociais da instituiccedilatildeo participativa criada em Sergipe com

foco no desenvolvimento territorial e reconhecer o potencial dos atores no fortalecimento do

capital social dos territoacuterios O nuacutemero de delegados respondentes ao survey aplicado em

2010 foi 148 que corresponde a 20 do total de delegados eleitos para o processo do

planejamento participativo (Tabela 5)

Tabela 5 Percentual de delegados que participaram da sondagen em 2010

Nordm de eleitos Nordm de respondentes

Agreste Central Sergipano 14 140 28 200

Alto Sertatildeo Sergipano 7 70 14 200

Baixo Satildeo Francisco Sergipano 14 140 27 193

Centro Sul Sergipano 5 50 18 360

Grande Aracaju 9 90 21 233

Leste Sergipano 9 90 11 122

Meacutedio Sertatildeo Sergipano 6 60 12 200

Sul Sergipano 11 110 17 155

TOTAL 75 740 148 200

DelegadosNordm de

municiacutepiosTerritoacuterios

Fonte Seplan Relatoacuterio das Conferecircncias 2010

A participaccedilatildeo nas conferecircncias territoriais eacute predominantemente de homens (58)

residentes em aacutereas urbanas (62) Dos oito territoacuterios de planejamento somente o da Grande

Aracaju e o Leste Sergipano apresentaram o nuacutemero de delegadas maior que o de delegados

Essa distribuiccedilatildeo ocorreu aleatoriamente visto que natildeo se previa nos espaccedilos a distribuiccedilatildeo

por gecircneros e raccedilasetnia A maior participaccedilatildeo feminina nas conferecircncias municipais eacute

explicada mais pelo caraacuteter reivindicativo de lutas das mulheres por serviccedilos puacuteblicos de

qualidade Analisando a participaccedilatildeo das mulheres nos espaccedilos de poder e decisatildeo o II Plano

Nacional de Poliacutetica para as Mulheres cita

No Brasil atualmente a presenccedila das mulheres ocorre de forma mais

expressiva no acircmbito das organizaccedilotildees e associaccedilotildees na sociedade eacute menor

nos partidos poliacuteticos e menor ainda nos parlamentos e governos

(BRASIL 2008 p 116)

Eacute possiacutevel se apropriar das variaacuteveis usadas pelo II Plano Nacional de Poliacutetica para as

Mulheres para justificar a participaccedilatildeo dessas nas conferecircncias municipais e nas territoriais

Nos termos do II Plano (BRASIL 2008 p 116) algumas das variaacuteveis que justificam a sub-

representaccedilatildeo das mulheres nos parlamentos e nos governos relacionam-se aos papeis

destinados a essas ao longo dos tempos a persistecircncia da cultura patriarcal que associa os

173

homens ao espaccedilo puacuteblico e as mulheres ao espaccedilo privado e o pouco tempo dedicado agrave accedilatildeo

poliacutetica pelas mulheres Entre os papeacuteis estatildeo a responsabilidade com o cuidado com as (os)

filhas(os) familiares doentes idosas(os) e com as tarefas domeacutesticas Nas conferecircncias

territoriais como a discussatildeo tem caraacuteter mais abrangente e menos reivindicatoacuterio a

participaccedilatildeo das mulheres eacute menor Aleacutem dessas variaacuteveis Demo (2005 p 96) destaca a falta

da cidadania como o problema mais agudo A falta de cidadania eacute uma das hipoacuteteses a ser

analisada para conhecer as participantes do processo do planejamento participativo

Em relaccedilatildeo agrave idade dos delegados e das delegadas participantes do survey esses se

distribuem em cinco faixas etaacuterias A maioria dos participantes tem idade entre 31 e 50 anos

(58) embora a quantidade de jovens e de idosos (aproximadamente 17 e 13

respectivamente) chame a atenccedilatildeo A maior concentraccedilatildeo dos jovens com idades entre 18 e 30

anos encontra-se no Agreste Central Sergipano (41) e de idosos nos territoacuterios Grande

Aracaju e Meacutedio Sertatildeo Sergipano (Figura 22)

Figura 22 Faixa etaacuteria dos participantes da sondagem realizada em 2010

0 10 20 30 40 50

18 - 30

31-40

41-50

51-60

Mais de 60

Natildeo declarado

Fonte Seplan Perfil dos Delegados 2010

Em relaccedilatildeo ao estado civil dos delegados constatou-se que entre os entrevistados

aproximadamente 53 satildeo casados (incluindo os relacionamentos estaacuteveis) 3624 satildeo

solteiros 470 satildeo viuacutevos e cerca de 6 natildeo declarou situaccedilatildeo de estado civil (Figura 23)

174

Figura 23 Estado civil dos participantes da sondagem realizada em 2010

000 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Viuvo(a)

Natildeo declarado

Solteiro(a)

Casado(a)

Fonte Seplan Perfil dos Delegados 2010

A escolaridade dos atores sociais participantes do planejamento participativo aliada

ao conhecimento empiacuterico desses influencia na qualidade dos debates proposiccedilotildees

participaccedilatildeo e consequentemente avanccedilo do processo Aleacutem disso a escolaridade capacita o

indiviacuteduo a eliminar as privaccedilotildees de liberdade como afirma Sen (2012) O niacutevel de

escolaridade dos delegados e delegadas do processo do planejamento variou entre delegado

analfabeto e delegado com niacutevel universitaacuterio Os nuacutemeros sobre a escolaridade indicam que

31 dos participantes tecircm o ensino meacutedio completo e 46 estatildeo concluindo ou concluiacuteram

curso superior o que tende a qualificar positivamente os debates e a participaccedilatildeo desses atores

(Figura 24) De acordo com Avritzer (2012 p13) natildeo satildeo os mais pobres nem os sujeitos

com escolaridade mais baixa quem participam dessas institucionalidades e sim aqueles com

escolaridade mais alta do que a meacutedia Assim os dados de escolaridade do processo do

planejamento participativo confirmam o padratildeo participativo local e nacional destacado pelo

autor

175

Figura 24 Escolaridade dos participantes da sondagem realizada em 2010

0 10 20 30 40 50

Natildeo alfabetizado

Fund incompleto

Fund Completo

Meacutedio incompleto

Meacutedio completo

Superior incompleto

Superior completo

Natildeo declarado

Fonte Seplan Perfil dos Delegados 2010

O grau de envolvimento com o planejamento participativo a que se predispuseram

esses atores revela certa confianccedila no processo e ou um compromisso de vida um direito e

uma necessidade de participar de cada delegado (a) Aleacutem disso as relaccedilotildees estabelecidas

entre as organizaccedilotildees sociais e entre essas e o Estado nessas conferecircncias sinalizam para a

existecircncia de capital social em Sergipe e confirmam a limitaccedilatildeo do processo de planejamento

estatal a ausecircncia de modelo de desenvolvimento que respeite as potencialidades e limitaccedilotildees

poliacuteticas culturais e sociais locais e fundamentalmente a necessidade de transformaccedilatildeo

estrutural na Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual O capital social visto como recurso com

capacidade para influenciar a democracia a governabilidade democraacutetica as poliacuteticas de

desenvolvimento e a estrutura da Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute o que se busca na anaacutelise seguinte

176

64 Aplicaccedilatildeo da proposta metodoloacutegica do Banco Mundial para medir o capital social

Apropriando-se das reflexotildees sobre capital social e governanccedila do capiacutetulo 4 ao longo

deste capiacutetulo analisar-se-aacute o estoque de capital social dos territoacuterios de planejamento Aleacutem

disso buscar-se-atildeo elementos para o fortalecimento da discussatildeo conceitual da categoria

territoacuterio natildeo apenas como instrumento de intervenccedilatildeo estatal ou enfoque como destacam

Scheider e Tartaruga (2004 p 10) mas fundamentalmente como o espaccedilo de accedilatildeo poliacutetica

de relaccedilatildeo de confianccedila e de poder compartilhado Afinal como disse Santos (2006) eacute o uso

do territoacuterio e natildeo o territoacuterio em si que faz dele o objeto de anaacutelise Esse esforccedilo se justifica

pela multiplicidade de publicaccedilotildees envolvendo temas como capital social participaccedilatildeo social

e desenvolvimento com enfoque territorial e pouca ecircnfase no territoacuterio como espaccedilo de

relaccedilotildees sociais de governanccedila como espaccedilo de poder compartilhado e de desenvolvimento

como espaccedilo de ganhos compartilhados O esforccedilo se refere agrave espacializaccedilatildeo de processos

que embora induzidos pelo Estado encontraram certa permeabilidade em funccedilatildeo do seu

capital social Poreacutem o exerciacutecio seraacute de reconhecimento de possibilidades e de

potencialidades desses elementos nos territoacuterios sergipanos

Desse modo e admitindo a participaccedilatildeo como um compromisso um dever ou uma

necessidade sua aacuterea de influecircncia sobre a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas as institucionalidades

e a governanccedila pode ser delimitada e expressar a territorialidade Para tanto faz-se necessaacuterio

o conhecimento da qualidade da participaccedilatildeo para reconhecimento da territorialidade e do

territoacuterio A qualidade da participaccedilatildeo social das conferecircncias municipais territoriais e

estaduais jaacute descrita permite inferir que o processo do planejamento participativo eacute uma

iniciativa capaz de promover a participaccedilatildeo e consequentemente uma das vias para o

fortalecimento da democratizaccedilatildeo em Sergipe e para a implementaccedilatildeo de poliacuteticas de

desenvolvimento voltadas para a reduccedilatildeo das desigualdades intra e inter-regional

Assumindo ainda a hipoacutetese de Costa (2009 p 92) de que a participaccedilatildeo prospera

onde existe capital social adotaram-se como amostras intencionais (natildeo probabiliacutesticas)

delegados(as) do processo de planejamento participativo O instrumento de coleta de dados

foi o questionaacuterio proposto pelo Banco Mundial (2003) denominado Questionaacuterio Integrado

para medir Capital Social ndash QI-MCS adaptado agrave realidade local

O reconhecimento do capital social eacute variaacutevel fundamental tanto para a seleccedilatildeo da

escala e definiccedilatildeo dos procedimentos e teacutecnicas de planejamento quanto para o

acompanhamento e o monitoramento das accedilotildees propostas para o desenvolvimento e a

177

delimitaccedilatildeo da aacuterea de influecircncia das capacidades e habilidades dos delegados (as) e das accedilotildees

e poliacuteticas de desenvolvimento

A anaacutelise do conjunto de respostas envolve variaacuteveis que fornecem informaccedilotildees sobre

o perfil dos participantes e as capacidades e habilidades desses nas seguintes aacutereas grupos e

redes confianccedila e solidariedade informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo coesatildeo e inclusatildeo social e

empoderamento e accedilatildeo poliacutetica

Os dados utilizados nesta anaacutelise satildeo oriundos de pesquisa realizada em julho e agosto

de 2013 com os delegados e delegadas eleitos no processo do planejamento participativo

Para tanto foram aplicados de forma aleatoacuteria 90 questionaacuterios que representam uma

amostra de 12 desses delegados que se dispuseram a participar da pesquisa Dos que se

prontificaram a responder 378 eram do sexo masculino e 622 do sexo feminino (Tabela

6) Desses delegados cerca de 60 residem em aacutereas urbanas 31 tecircm formaccedilatildeo superior

20 satildeo professores e 289 satildeo agricultores

Tabela 6 Nuacutemero de Questionaacuterios aplicaddos por territoacuterio

Nordm Agreste Central Sergipano 17 189Alto Sertatildeo Sergipano 8 89Baixo Satildeo Francisco Sergipano 17 189Centro Sul 6 67Grande Aracaju 11 122Leste Sergipano 11 122Meacutedio Sertatildeo Sergipano 7 78Sul Sergipano 13 144

TOTAL 90 1000

Questionaacuterios AplicadosTerritoacuterios

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

O niacutevel de escolaridade dos delegados pesquisados confirma a proposiccedilatildeo de Avritzer

(2012) da participaccedilatildeo daqueles com melhores niacuteveis de escolaridade Os territoacuterios Grande

Aracaju Centro-Sul Sergipano e Sul Sergipano concentraram os delegados com os melhores

niacuteveis de escolaridade e os territoacuterios Alto Sertatildeo Sergipano Meacutedio Sertatildeo e Baixo Satildeo

Francisco os mais baixos niacuteveis (Figura 25) Esses niacuteveis de escolaridade satildeo compatiacuteveis

com as altas taxas de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos ou mais de idade nesses

territoacuterios Segundo dados do IBGE (2010) os municiacutepios que compotildeem esses trecircs uacuteltimos

territoacuterios apresentaram as maiores taxas de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos ou mais

de idade (Apecircndice C) Aleacutem das altas taxas de analfabetismo da maioria dos municiacutepios

178

sergipanos a qualidade do ensino eacute outro fator que se pode correlacionar com a capacidade de

participaccedilatildeo A qualidade da educaccedilatildeo no ensino fundamental e meacutedio expressa pelo Iacutendice

de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) demonstra que a educaccedilatildeo e sua poliacutetica

tecircm problemas seacuterios que comprometem o desenvolvimento natildeo apenas regional como o do

proacuteprio cidadatildeo e da democratizaccedilatildeo do paiacutes Como lembra Demo (2009 p3) a populaccedilatildeo

natildeo tem qualidade democraacutetica suficiente por exemplo para pressionar o governo por

mudanccedilas para exigir dos poliacuteticos outro comportamento por uma educaccedilatildeo de qualidade e

para dizer natildeo agrave corrupccedilatildeo

Figura 25 Escolaridade dos participantes da pesquisa realizada em 2013

0 2 4 6 8 10

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco hellip

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

Superior Completo

Ensino Meacutedio

Ensino Fundamental

Analfabeto

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Em relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria dos entrevistados pode-se afirmar que a maioria dos

respondentes tem entre 31 e 50 anos de idade (Figura 26) A amostra embora intencional

conseguiu envolver representantes de todas as idades e de todas as faixas etaacuterias dos

delegados A maior participaccedilatildeo de idosos ocorreu no Agreste Central com 4 delegados com

mais de 60 anos de idade

179

Figura 26 Faixa etaacuteria dos participantes da pesquisa realizada em 2013

0 1 2 3 4 5 6 7

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco Sergipano

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

Natildeo Declarado

Mais de 61

51 - 60

41 - 50

31 - 40

18 - 30

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

A reduzida participaccedilatildeo de jovens como delegados no processo induz agrave reflexatildeo da

apatia dos jovens para a participaccedilatildeo poliacutetica e consequentemente para o comprometimento

do fortalecimento do capital social local como recurso advindo da capacidade de se

relacionar

641 Dimensotildees do capital social segundo o Banco Mundial

O questionaacuterio integrado para medir capital proposto pelo Banco Mundial e usado

nesta pesquisa organiza um conjunto de questotildees em cinco dimensotildees que agregadas

fornecem o iacutendice de capital social As dimensotildees analisadas referem-se agrave participaccedilatildeo em

grupos e redes confianccedila e solidariedade informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo coesatildeo e inclusatildeo

social empoderamento e accedilatildeo poliacutetica que passaratildeo a ser analisadas a seguir

6411 Participaccedilatildeo em grupos

Essa dimensatildeo considera a participaccedilatildeo em organizaccedilotildees sociais formais as formas de

acesso as vantagens da participaccedilatildeo e as decisotildees poliacuteticas desses grupos De acordo com

Putnam

Diz-se que as associaccedilotildees civis contribuem para a eficaacutecia e a estabilidade

do governo democraacutetico natildeo soacute por causa de seus efeitos ldquointernosrdquo sobre o

indiviacuteduo mas tambeacutem por causa de seus efeitos ldquoexternosrdquo sobre a

sociedade (PUTNAM 2006 p 103)

180

De fato a participaccedilatildeo em organizaccedilotildees sociais independentemente de sua finalidade

pode contribuir para a democratizaccedilatildeo e para o fortalecimento dos laccedilos e das relaccedilotildees sociais

Para tanto alguns criteacuterios satildeo apontados como essenciais para que de fato ocorra essa

contribuiccedilatildeo O primeiro deles eacute a participaccedilatildeo voluntaacuteria ou autocircnoma que como disse

Borba (2011 p 70) deve ser produto de uma escolha individual motivada pelo interesse em

influenciar as decisotildees governamentais ou resolver problemas coletivos O reconhecimento de

que a maioria das organizaccedilotildees sociais eacute decorrente de incentivos do Estado para acessar

recursos puacuteblicos e ou bens e que o niacutevel de participaccedilatildeo nessas institucionalidades

compromete a democratizaccedilatildeo e fortalece o clientelismo e outras trocas poliacuteticas a

continuidade de delegados(as) no processo do planejamento participativo e o baixo percentual

de participaccedilatildeo em grupos e redes detectados na pesquisa oferecem reflexotildees que podem

servir para o reconhecimento do niacutevel de capital social assim como para o papel das

instituiccedilotildees inclusive participativas na estruturaccedilatildeo de espaccedilos de interaccedilatildeo social de

articulaccedilatildeo de atores (sociais puacuteblicos e privados) e na integraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas ou

como disse Putnam (2006 p31) para remodelar a vida poliacutetica

Analisando os dados sobre a participaccedilatildeo dos entrevistados em organizaccedilotildees sociais

obteve-se um percentual meacutedio de 93 de participaccedilatildeo em grupos Os dados demonstraram

que predominam os delegados associados (associaccedilotildees de moradores e de agricultores) com

29 representantes e os afiliados a organizaccedilotildees sindicais com 11pessoas sindicalizadas (Figura

27)

Figura 27 Nuacutemero de delegados afiliados a organizaccedilotildees sociais

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Associaccedilatildeo de Moradores

Associaccedilatildeo de agricultores

Sindicato

Outro tipo de Organizaccedilatildeo

Grupo religioso

Entidade Profissional

Partido poliacutetico

Organizaccedilatildeo artiacutestica ou similar

Cooperativa

Conselho Gestor de Poliacuteticas Puacuteblicas

Coletivo Jovem Ambiental

Comitecirc de Bacias Hidrograacuteficas

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

181

No que diz respeito agrave associaccedilatildeo sindical Putnam (22006 p120) lembra que a

sindicalizaccedilatildeo pode ter valor ciacutevico em paiacuteses onde a afiliaccedilatildeo eacute voluntaacuteria No Brasil embora

voluntaacuteria a afiliaccedilatildeo eacute motivada pela forccedila dos movimentos sindicais (muito maior nas

deacutecadas de 1980 e 1990) pela participaccedilatildeo dos sindicatos nas negociaccedilotildees coletivas de

trabalho e representaccedilatildeo das categorias dos trabalhadores ou seja eacute motivada por interesses

coletivos Nas palavras de Rennoacute (2003 p72) sindicatos e associaccedilotildees de abrangecircncia

nacional ldquosatildeo por excelecircncia instrumentos de mediaccedilatildeo de interesses coletivos

organizadosrdquo Alinhado agraves ideias de Rennoacute Abramovay (2002 p 118) reconhece a

capilaridade do Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais e seu papel na ldquoreconstruccedilatildeo

institucional da vida poliacutetica no interior do paiacutesrdquo Assim espera-se que os delegados afiliados

aos sindicatos dos trabalhadores rurais dos trabalhadores rurais jovens e dos agricultores

tenham capacidade para a participaccedilatildeo poliacutetica e o fortalecimento de organizaccedilotildees sociais

Considerando que a organizaccedilatildeo das associaccedilotildees de agricultores e de moradores eacuteincentivada

pelo estado o nuacutemero de delegados afiliados a essa tipologia de organizaccedilatildeo por si soacute natildeo

revela o engajamento poliacutetico dos associados nem a capacidade de accedilatildeo coletivas desses A

respeito dessa tipologia de organizaccedilatildeo Rennoacute (2003) afirma que como satildeo instituiccedilotildees com

escopo de demandas mais limitado e voltado para temas locais natildeo oferecem niacuteveis de

mobilizaccedilatildeo coletiva acerca de poliacuteticas puacuteblicas No entanto os laccedilos estabelecidos entre os

indiviacuteduos a confianccedila adquirida no outro e no grupo e a capacidade desses de gerar

benefiacutecios para a coletividade independentemente de ter essa coletividade uma abrangecircncia

restrita ao lugar onde ocorre a accedilatildeo esses satildeo argumentos que podem fortalecer e ou formar o

capital social Para isso eacute fundamental que se reconheccedilam os inuacutemeros desafios para a

formaccedilatildeo e ou fortalecimento do capital social que vatildeo da poliacutetica educacional dos jovens

principalmente do meio rural da cultura clientelista do poder local e das elites corruptas agraves

oportunidades poliacuteticas Nesse contexto natildeo apenas as organizaccedilotildees sociais mas sobretudo

o estado e sua forma de relaccedilatildeo com a sociedade e a cultura institucional satildeo fundamentais

para esse processo Uma das formas de o estado estimular a geraccedilatildeo de accedilatildeo coletiva eacute a

instituiccedilatildeo de espaccedilos de oportunidade poliacutetica ou seja a criaccedilatildeo das instituiccedilotildees

participativas A instituiccedilatildeo das conferecircncias municipais territoriais e estaduais poderia ser

esse estiacutemulo essa discussatildeo seraacute retomada mais adiante

Em relaccedilatildeo agrave participaccedilatildeo em instituiccedilotildees participativas dos 90 entrevistados somente

quatro informaram sua participaccedilatildeo como membro um representante do Conselho de

Desenvolvimento Municipal de Lagarto outro eacute membro tanto do Conselho da Crianccedila

quanto do Conselho de Poliacutetica para as Mulheres em Boquim outro eacute membro do Conselho

182

da Crianccedila em Satildeo Domingos um eacute participante do coletivo105

jovem ambiental do

Municiacutepio de Satildeo Cristoacutevatildeo Entretanto quando questionados a respeito da participaccedilatildeo em

reuniotildees de conselhos e de comitecirc de bacias hidrograacuteficas audiecircncias puacuteblicas ou

conferecircncias 756 dos respondentes informaram ter participado de um desses eventos nos

uacuteltimos 12 meses As motivaccedilotildees para a participaccedilatildeo nesses espaccedilos foram diversificadas e

vatildeo aleacutem do pleito de demandas e de uma consciecircncia poliacutetica como por exemplo a

participaccedilatildeo em audiecircncias puacuteblicas comitecirc de bacias e coletivos jovens ambientais que

requer uma consciecircncia ambiental para a defesa de bens puacuteblicos

A forma como os respondentes acessaram os grupos reforccedila a fragilidade da cultura

associativa e a construccedilatildeo de cima para baixo dessas entidades mdash 60 disseram que foram

convidados a afiliar-se agrave organizaccedilatildeo e cerca de 40 foram fundadores da organizaccedilatildeo Os

tipos das organizaccedilotildees evidenciam seus objetivos que se concentram na produccedilatildeo de bens e

serviccedilos (saneamento e equipamentos urbanos e agriacutecolas) fortalecimento da produccedilatildeo

comercializaccedilatildeo de produtos (renda irlandesa pescado mel e proacutepolis batata-doce) e

capacitaccedilatildeoformaccedilatildeo dos envolvidos Aleacutem dos objetivos a tipologia das organizaccedilotildees revela

que 52 desses grupos operam apenas na comunidade e 34 tecircm abrangecircncia municipal

Os dados indicam que as organizaccedilotildees apresentam diferenciaccedilatildeo interna em relaccedilatildeo agrave

renda dos afiliados e mantecircm um padratildeo democraacutetico nas tomadas de decisotildees A anaacutelise dos

dados permitiu constatar que a meacutedia dos associados nos grupos eacute de seis anos e meio a

participaccedilatildeo eacute favorecida a homens e mulheres (79) embora 15 participem de

organizaccedilatildeo soacute para mulheres e cerca de 2 somente para jovens Natildeo haacute homogeneidade de

renda nos grupos uma vez que 55 informaram que haacute diferenciaccedilatildeo na renda dos

participantes Manteacutem-se um padratildeo democraacutetico nas organizaccedilotildees tanto na escolha dos

liacutederes quanto na tomada de decisatildeo Segundo os dados apurados 95 das decisotildees satildeo

tomadas por consenso 95 dos liacutederes satildeo eleitos pelos membros dos grupos que tambeacutem

aprovaram o desempenho desses mdash 58 consideraram a atuaccedilatildeo de seus liacutederes

relativamente efetiva e somente 9 disseram ser essa pouco eficiente Em relaccedilatildeo ao

gerenciamento de recursos financeiros 65 informaram que as organizaccedilotildees gerenciam

recursos provenientes de repasses dos governos federal e estadual (80) Esse percentual

confirma a criaccedilatildeo da organizaccedilatildeo para o acesso aos recursos de programas federais e

estaduais Pela tipologia e aacuterea de abrangecircncia das organizaccedilotildees somente 12 desenvolvem

105

Coletivos Jovens de Meio Ambiente satildeo grupos informais criados pelo Ministeacuterio do Meio Ambiente para

promover a participaccedilatildeo de jovens em questotildees ambientais Para melhor conhecimento deve-se buscar

ldquoColetivos Jovens de Meio Ambiente manual orientadorrdquo na paacutegina do Ministeacuterio do Meio Ambiente

183

accedilotildees fora do municiacutepio de origem Os resultados dos percentuais meacutedios de participaccedilatildeo e o

percentual de respondentes com formaccedilatildeo superior apresentaram uma forte correlaccedilatildeo entre

essas variaacuteveis (Figura 28) Essa forte correlaccedilatildeo justifica as caracteriacutesticas dos grupos e

induz a uma diferenciaccedilatildeo nos territoacuterios sergipanos que seraacute avaliada no proacuteximo capiacutetulo

Figura 28 Correlaccedilatildeo entre Escolaridade e afiliaccedilatildeo a organizaccedilotildees sociais

AC

ASS

BSF

CS

GA

LSMSS

SS

0

10

20

30

40

50

60

70

0 2 4 6 8 10 12 14

Esco

lari

dad

e

ParticipaccedilatildeoCorrelaccedilatildeo r=071

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

ASS Alto Sertatildeo Sergipano AC Agreste Central BSF Baixo Satildeo Francisco CS Centro-Sul GA Grande

Aracaju LS Leste Sergipano MS Meacutedio Sertatildeo e SS Sul Sergipano

A correlaccedilatildeo estreita entre o niacutevel de escolaridade e a participaccedilatildeo no territoacuterio Alto

Sertatildeo Sergipano (ASS) revela ainda que os percentuais tanto da participaccedilatildeo quanto da

formaccedilatildeo satildeo baixos O Alto Sertatildeo Sergipano foi o territoacuterio que apresentou menor nuacutemero

de delegados com formaccedilatildeo superior nessa pesquisa Essa correlaccedilatildeo eacute endossada ainda pela

taxa de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos e mais de idade nos municiacutepios que compotildeem

os territoacuterios do Alto Sertatildeo Sergipano (ASS) Baixo Satildeo Francisco Sergipano (BSF) Meacutedio

Sertatildeo Sergipano (MSS) Agreste Central (AC) e Sul Sergipano (SS) como demonstrado no

Apecircndice C

Assim a qualidade da educaccedilatildeo principalmente do ensino regular (fundamental e

meacutedio) e a poliacutetica educacional deficiente e voltada para a quantidade e mascarando os

resultados e a qualidade desses ainda satildeo fatores impeditivos para a cidadania o

desenvolvimento e a mudanccedila nas estruturas organizacionais puacuteblicas no estado Torres

(2013) em entrevista ao Jornal da Cidade afirma que apenas 54 dos jovens entre 15 e 17

anos frequentam o ensino meacutedio e que haacute descaso da Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo

(SEED) com os problemas relacionados agrave educaccedilatildeo (Jornal da Cidade domingo 15 e

184

segunda-feira 16122013) Entretanto satildeo esses descasos que alimentam fortalecem e

reproduzem o clientelismo e a ldquonova roupagem do coronelismordquo como bem cita Vilaccedila

a imagem do coronel nordestino se alia indelevelmente agrave do chefe poliacutetico

E nesses anos todo chefe poliacutetico do remoto interior do Nordeste praticou

mdash seja ele ateacute um letrado meacutedico padre ou bacharel mdash muitos dos

meacutetodos atitudes e outros haacutebitos de mando tipicamente coroneliacutestico

(VILACcedilA 2003 p60)

Lamentavelmente em Sergipe natildeo eacute diferente e a poliacutetica educacional vigente

corrobora esses meacutetodos atitudes e outros haacutebitos de mando tipicamente coroneliacutesticos que

corroem valores principalmente confianccedila interpessoal e nas instituiccedilotildees Os dados coletados

sobre confianccedila nas pessoas e nas instituiccedilotildees nesta pesquisa confirmam a desconfianccedila dos

sergipanos como veremos a seguir

6412 Confianccedila e solidariedade

Como elementos da estrutura social que contribuem para a construccedilatildeo do capital

social a confianccedila e a solidariedade satildeo valores construiacutedos ao longo dos tempos nos grupos

e pelos grupos essenciais para a democratizaccedilatildeo de um paiacutes e o bom desempenho das

instituiccedilotildees poliacuteticas Portanto

A confianccedila interpessoal e a confianccedila nas instituiccedilotildees poliacuteticas satildeo preacute-

condiccedilatildeo para a formaccedilatildeo de associaccedilotildees secundaacuterias que por sua vez

podem agir como promotoras da participaccedilatildeo poliacutetica e consequentemente

no aperfeiccediloamento da democracia (BAQUERO 2003 p 91)

Infelizmente os resultados do survey aplicado indicam pouca confianccedila interpessoal e

nas instituiccedilotildees puacuteblicas em Sergipe Esse dado permite inferir que a pouca confianccedila

interpessoal e nas instituiccedilotildees poliacuteticas eacute uma das principais causas do baixo niacutevel de

participaccedilatildeo poliacutetica e de organizaccedilatildeo social da populaccedilatildeo e sobretudo da pouca efetividade

das poliacuteticas puacuteblicas implementadas em Sergipe A pouca efetividade eacute mais

comprometedora do que a pouca capacidade de atendimento das demandas sociais visto que

na primeira haacute emprego de recursos humanos institucionais e financeiros e permanecem

criacuteticos os indicadores sociais principalmente o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) o

Iacutendice de pobreza e a Taxa de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos ou mais de idade Em

Sergipe106

cerca de 80 dos municiacutepios sergipanos tecircm Iacutendice de Pobreza maior que 50

106

Dos 75 municiacutepios 58 tecircm iacutendice de pobreza maior que 50 e 11 municiacutepios tecircm maior que 60

Exemplificando Santa Luzia do Itanhi segundo dados do IBGE 2013 tem IDH 0540 e Iacutendice de Pobreza de

6586 Esses indicadores encontram-se no Apecircndice C

185

O niacutevel de confianccedila limita a atuaccedilatildeo cooperada e compartilhada entre os indiviacuteduos e

entre esses e as instituiccedilotildees bem como a articulaccedilatildeo institucional e a integraccedilatildeo das poliacuteticas

Como afirma Bourdieu

O limite de um campo eacute o limite dos seus efeitos ou em outro sentido um

agente ou uma instituiccedilatildeo faz parte de um campo na medida em que nele

sofre efeitos ou que nele os produz (BOURDIEU 2010 p 31)

Os efeitos da confianccedila mostraram-se favoraacuteveis somente para grupos familiares e de

amigos uma vez que 62 dos respondentes disseram confiar na maioria das pessoas de sua

localidade Em relaccedilatildeo ao limite dos efeitos da confianccedila nas pessoas que fazem as

instituiccedilotildees puacuteblicas os dados demonstraram pouca confianccedila nos servidores que fazem as

instituiccedilotildees poliacuteticas (Figuras 29) Na praacutetica a resposta ldquonem muito nem poucordquo confirma

certa indiferenccedila dos respondentes em relaccedilatildeo agraves instituiccedilotildees poliacuteticas ou seja haacute uma clara

demonstraccedilatildeo de desencanto dos respondentes com as instituiccedilotildees em funccedilatildeo da pouca

efetividade das poliacuteticas puacuteblicas do baixo atendimento das demandas sociais da ausecircncia de

serviccedilos puacuteblicos de qualidade pela corrupccedilatildeo ativa e pelos interesses poliacuteticos subjacentes agraves

accedilotildees executadas

Figuras 29 Meacutedias dos percentuais de confianccedila dos delegados e delegadas nas instituiccedilotildees

puacuteblicas

000 1000 2000 3000 4000

Agreste Central Sergipano

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 1000 2000 3000 4000

Alto Sertatildeo Sergipano

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

186

000 1000 2000 3000

Baixo Satildeo FranciscoConfio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 500 1000 1500 2000 2500

Cento Sul SergipanoConfio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 1000 2000 3000 4000

Grande Aracaju

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 500 10001500200025003000

Leste Sergipano

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 500 1000 1500 2000 2500

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 1000 2000 3000 4000

Sul Sergipano

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Incluem-se como instituiccedilotildees puacuteblicas administraccedilatildeo puacuteblica municipal estadual e

federal tendo sido destacados a Companhia de Saneamento de Sergipe professores

profissionais da sauacutede poliacutecia poder judiciaacuterio poder legislativo DNOCS CODEVASF

SUDENE e CHESF Entretanto considerando que a grande maioria dos entrevistados

desconhece oacutergatildeos como o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS) a

Companhia de Desenvolvimento dos Vales do Satildeo Francisco e do Parnaiacuteba (CODEVASF) a

Superintendecircncia do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e a Companhia Hidro Eleacutetrica

do Satildeo Francisco (CHESF) estes foram excluiacutedos dos caacutelculos da confianccedila Afinal se natildeo se

reconhecem os efeitos dessas instituiccedilotildees natildeo haacute como estabelecer confianccedila nelas

A confianccedila no grupo vicinal se amplia quando 60 dos respondentes informam que

participam de accedilotildees comunitaacuterias ou coletivas que vatildeo de trabalhos voluntaacuterios agrave realizaccedilatildeo

187

de eventos e mutirotildees para resoluccedilatildeo de problemas pontuais como a pavimentaccedilatildeo de ruas

construccedilatildeo de silos para armazenamento de raccedilatildeo animal A tipologia das accedilotildees comunitaacuterias

relacionadas pelos entrevistados demonstra forte solidariedade nos grupos Esse achado

confirma a tese de Baquero (2003 p 92) que acredita que haacute um enfraquecimento das

relaccedilotildees sociais e que a cultura de lealdade raramente vai aleacutem do grupo familiar e de amigos

mais proacuteximos Para esse autor o setor puacuteblico eacute visto com desconfianccedila e a noccedilatildeo de bem

comum eacute fraacutegil Portanto a accedilatildeo coletiva que fortaleccedila a democratizaccedilatildeo natildeo eacute percebida ou

de fato eacute ausente em Sergipe

6413 Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

A comunicaccedilatildeo eacute a habilidade e o recurso mais elementar nas relaccedilotildees sociais Eacute o

instrumento de transformaccedilatildeo das pessoas e de suas realidades Assim

Sem a comunicaccedilatildeo cada pessoa seria um mundo fechado em si mesmo Pela

comunicaccedilatildeo as pessoas compartilham experiecircncias ideias e sentimentos

Ao se relacionarem como seres interdependentes influenciam-se

mutuamente e juntas modificam a realidade onde estatildeo inseridas

(BORDENAVE 1982 p38)

Como recurso a comunicaccedilatildeo tanto pode ampliar conhecimentos e consciecircncia criacutetica

quanto pode dificultar a informaccedilatildeo caso os instrumentos e os meios da comunicaccedilatildeo natildeo

sejam adequados para o grupo A informaccedilatildeo na tese de Coleman (1988 p 104) eacute base para

a accedilatildeo e uma de suas principais fontes encontra-se na relaccedilatildeo com o outro Assim a

participaccedilatildeo em grupos redes e entidades associativas proporciona a comunicaccedilatildeo entre seus

membros sobre questotildees que vatildeo aleacutem dos fins dos grupos por exemplo a oferta de trabalho

como afirmam Vaacutezquez (2002 p136) e Putnam (1993 p1) criando ou fortalecendo mais

recursos ou seja mais capital social

Um dos principais instrumentos da participaccedilatildeo poliacutetica e da cidadania encontra-se na

capacidade e habilidade da leitura da interpretaccedilatildeo de textos e do uso dos meios adequadas da

comunicaccedilatildeo Tomando a capacidade de ler e interpretar textos como habilidades necessaacuterias

para a participaccedilatildeo poliacutetica e considerando a correlaccedilatildeo positiva entre as taxas de

analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos ou mais de idade e a participaccedilatildeo social em Sergipe

pode-se inferir que haacute problemas na comunicaccedilatildeo e nos meios adotados para informar a

populaccedilatildeo sobre as questotildees inerentes agraves poliacuteticas puacuteblicas no Estado

De fato o analfabetismo reduz as possibilidades da comunicaccedilatildeo principalmente

escrita e da participaccedilatildeo dos sujeitos sociais Como diz Sen (2010 p 60) o analfabetismo

188

pode tolher a participaccedilatildeo poliacutetica do indiviacuteduo pela incapacidade da leitura e da comunicaccedilatildeo

escrita com os demais envolvidos nos grupos Essa incapacidade naturalmente exclui o

sujeito de grupos e natildeo estimula sua iniciativa de accedilotildees coletivas como ficou claro na

experiecircncia das conferecircncias do processo do planejamento participativo em Sergipe

No reconhecimento dessas dificuldades a comunicaccedilatildeo e os meios selecionados para

informar a populaccedilatildeo principalmente a analfabeta sobre direitos sociais poliacuteticas puacuteblicas e

controle social satildeo fundamentais natildeo soacute para a inclusatildeo social como para despertar no outro a

percepccedilatildeo da possibilidade de tornar-se sujeito ativo nos espaccedilos participativos A informaccedilatildeo

neste trabalho eacute reconhecida como capital social recurso que se obteacutem como subproduto da

participaccedilatildeo

A quantidade e a qualidade da informaccedilatildeo satildeo influenciadas ainda pelo tipo de grupo

ou rede social aos quais os indiviacuteduos pertencem (VAacuteZQUEZ 2002) Para esse autor uma

grande rede formada por simples conhecidos pode proporcionar mais informaccedilotildees sobre

ofertas de trabalho por exemplo do que uma rede formada somente por amigos Em outras

palavras os grupos familiares e vicinais tecircm quantidade e a qualidade da informaccedilatildeo

reduzida uma vez que geralmente compartilham as mesmas informaccedilotildees e os mesmos

interesses e portanto possuem pouco capital social Dessa forma a participaccedilatildeo em

associaccedilatildeo de moradores e associaccedilotildees comunitaacuterias concentram menos recursos (capital

social) do que a participaccedilatildeo no sindicato dos trabalhadores rurais como citado no toacutepico

anterior que partilham informaccedilotildees com indiviacuteduos de outras localidades e outros estados

Considerando que a qualidade e a quantidade da informaccedilatildeo estatildeo diretamente

proporcionais agraves suas fontes os meios de comunicaccedilatildeo podem exercer papel importante na

formaccedilatildeo do capital social Para Castells que defende a tese da sociedade em rede107

A comunicaccedilatildeo constitui o espaccedilo puacuteblico ou seja o espaccedilo cognitivo em

que as mentes das pessoas recebem informaccedilatildeo e formam os seus pontos de

vista atraveacutes do processamento de sinais da sociedade no seu conjunto ()

os sistemas de comunicaccedilatildeo mediaacuteticos criam os relacionamentos entre

instituiccedilotildees e organizaccedilotildees da sociedade e as pessoas no seu conjunto natildeo

enquanto indiviacuteduos mas como receptores coletivos de informaccedilatildeo mesmo

quando a informaccedilatildeo final eacute processada por cada indiviacuteduo de acordo com as

suas proacuteprias caracteriacutesticas pessoais Eacute por isso que a estrutura e a dinacircmica

da comunicaccedilatildeo social satildeo essenciais na formaccedilatildeo da consciecircncia e da

opiniatildeo e a base do processo de decisatildeo poliacutetica (CASTELLS 2006 p 23)

107

A sociedade em rede eacute qualificada como aquela que possui soacutelida tecnologia de informaccedilatildeo no niacutevel das

infraestruturas produccedilatildeo e conhecimento (CARDOSO 2006p34)

189

Embora reconhecendo que a sociedade brasileira natildeo eacute classificada como uma

sociedade em rede como definida por Castells e sim como uma sociedade em transiccedilatildeo

segundo Cardoso (2006 p31) os meios de comunicaccedilatildeo presentes e disponibilizados tecircm

influenciado as caracteriacutesticas da sociedade e do governo Assim buscou-se junto aos

delegados e delegadas ouvidos na pesquisa identificar quais seriam as principais fontes de

informaccedilatildeo das accedilotildees do governo e sobre o mercado usadas por eles Dos dados coletados

observou-se que as principais fontes satildeo a TV a internet e o raacutedio (Tabela 7) O uso do raacutedio

como uma das principais fontes de informaccedilotildees aleacutem de confirmar que a sociedade sergipana

natildeo eacute uma sociedade em rede contraria a previsatildeo de Castells (1999 p413) de fim da

audiecircncia de massa Em Sergipe ela persiste em meio agrave cultura da virtualidade por ser ainda o

meio de comunicaccedilatildeo acessiacutevel a todos principalmente para a populaccedilatildeo com indicadores

sociais criacuteticos como um baixo niacutevel de escolaridade e alto iacutendice de pobreza como a dos

municiacutepios que compotildeem os territoacuterios Centro-Sul Sul Sergipano Agreste Central e Baixo

Satildeo Francisco

Tabela 7 Principais fontes de informaccedilatildeo sobre as accedilotildees do governo ()

Agreste

Central

Sergipano

Alto Sertatildeo

Sergipano

Baixo Satildeo

Francisco

Sergipano

Centro-

Sul

Sergipano

Grande

Aracaju

Leste

Sergipano

Meacutedio

Sertatildeo

Sergipano

Sul

Sergipano

Pessoas da

comunidade1176 0 00 1176 000 000 909 1429 000

Raacutedio 6471 3750 5882 1000 3636 1818 2857 8462

TV 7647 10000 7647 8333 6364 7273 8571 9231

Jornal 000 000 000 000 1818 2727 000 767

Internet 5882 8750 7059 6667 8182 6364 10000 6154

Territoacuterios

Fontes de

Informaccedilatildeo

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Como se pode inferir da anaacutelise do quadro anterior a TV foi a principal fonte de

informaccedilatildeo para delegados e delegadas de seis dos oito territoacuterios e a internet para os

respondentes dos territoacuterios da Grande Aracaju e do Meacutedio Sertatildeo Sergipano Na TV a

comunicaccedilatildeo pode ser manipulada para atender a interesses diversos inclusive a reproduccedilatildeo

do poder dominante natildeo contribuindo para a formaccedilatildeo da consciecircncia poliacutetica e da opiniatildeo

dos agentes sociais Isso ocorre tanto pelo baixo grau de escolaridade da populaccedilatildeo quanto

pelo fato de o grupo de controle do sistema econocircmico ser o mesmo do poder como afirmava

Furtado (2003) se natildeo as mesmas pessoas aquelas da relaccedilatildeo de compadrio

190

Em relaccedilatildeo agrave internet haacute acesso da maioria dos delegados e delegadas de todos os

territoacuterios agraves novas tecnologias Nesse caso cabe-nos argumentar o papel dessa comunicaccedilatildeo

no fortalecimento do capital social dos territoacuterios uma vez que a internet natildeo segue o modelo

de interaccedilatildeo das comunidades fiacutesicas e existe uma correlaccedilatildeo forte entre o niacutevel de

escolaridade e a utilizaccedilatildeo efetiva da internet como afirma Castells

Comunidades virtuais satildeo redes sociais interpessoais em sua maioria

baseada em laccedilos fracos diversificadiacutessimas e especializadiacutessimos tambeacutem

capazes de gerar reciprocidade e apoio por intermeacutedio da dinacircmica da

interaccedilatildeo sustentada (CASTELLS 2002 p445)

Entretanto essa reciprocidade e apoio natildeo guardam a mesma confianccedila de uma

interaccedilatildeo face a face que envolve compromissos de longas datas conforme defende

Granovetter (1973 p1362) e tatildeo importante principalmente para a sociedade brasileira que eacute

desconfiada por natureza Aliada a isso a estrutura da administraccedilatildeo puacuteblica estadual

responsaacutevel pela divulgaccedilatildeo das accedilotildees do governo eacute uma paacutegina virtual mdash a Agecircncia Sergipe

de Notiacutecias Isso significa que as mateacuterias e accedilotildees divulgadas satildeo selecionadas e divulgadas

natildeo apenas com a intenccedilatildeo de levar a informaccedilatildeo do fato agrave populaccedilatildeo e demonstrar o

comprometimento do governo com a prestaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos e execuccedilatildeo de accedilotildees

para atendimento desses Ao contraacuterio a comunicaccedilatildeo se daacute com o objetivo do fortalecimento

e reproduccedilatildeo do poder poliacutetico corroborando Andrade (1993 p 28) que diz que os grupos

dominantes no Nordeste estatildeo comprometidos muito mais com os seus interesses do que com

os interesses da regiatildeo e da populaccedilatildeo Essa praacutetica compromete natildeo apenas o acesso efetivo

agraves notiacutecias do governo a criaccedilatildeo e o fortalecimento do capital social mas tambeacutem reproduz o

mandonismo e fortalece o clientelismo no Estado Essa reproduccedilatildeo eacute facilitada pela

frequecircncia de acesso aos meios de comunicaccedilatildeo dos respondentes da pesquisa Mais de 80

dos respondentes de todos os territoacuterios assistem agrave TV todos os dias e poucos disseram que

leem jornais ou revistas exceto 25 dos delegados do Alto Sertatildeo Sergipano 36 do Leste

Sergipano e 18 dos delegados da Grande Aracaju (Figura 30)

191

Figura 30 Percentual de respondentes que lecirc jornal e ou revistas todos os dias

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Centro-Sul Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco

Agreste Central Sergipano

Sul Sergipano

Grande Aracaju

Alto Sertatildeo Sergipano

Leste Sergipano

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Esse dado de ausecircncia do haacutebito de leitura de grande parte dos respondentes embora

representando uma amostra justifica-se pelo alto iacutendice de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15

anos ou mais de idade e respalda a praticamente inexistente contribuiccedilatildeo dos membros dos

grupos para a divulgaccedilatildeo das accedilotildees do governo a pouca participaccedilatildeo poliacutetica da populaccedilatildeo a

cidadania pequena no processo do planejamento participativo aleacutem de comprometer o

fortalecimento do capital social De acordo com Putnam (2006 p106) quem lecirc tem mais

condiccedilotildees de participar e expressa o interesse do indiviacuteduo pelos assuntos comunitaacuterios Eacute

importante destacar que a ediccedilatildeo de jornal diaacuterio impresso ocorre somente em Aracaju capital

do Estado A falta do jornal108

diaacuterio tambeacutem compromete o desenvolvimento do haacutebito da

leitura Contudo os maiores percentuais de leitores de jornais natildeo foram encontrados no

territoacuterio da Grande Aracaju e sim nos territoacuterios Leste Sergipano e Alto Sertatildeo Sergipano Os

jornais impressos que circulam no Alto Sertatildeo Sergipano satildeo editados em Aracaju sendo o

principal deles o semanaacuterio Jornal Cinform Entretanto em Nossa Senhora da Gloacuteria existe

uma paacutegina virtual ndash soudesergipe que divulga as notiacutecias do Alto Sertatildeo Sergipano A

circulaccedilatildeo do Cinform e a paacutegina virtual de Nossa Senhora da Gloacuteria natildeo respaldam as

respostas dos entrevistados

108

Os jornais em circulaccedilatildeo no estado satildeo editados em Aracaju (Jornal da Cidade Correio de Sergipe Jornal O

Dia satildeo diaacuterios Jornal Cinform - semanaacuterio) Em Estacircncia (Tribuna Culturalmdashpaacutegina virtual) territoacuterio Sul

Sergipano em Lagarto (Jornal Lagartense ndash paacutegina virtual) territoacuterio Centro-Sul Sergipano e em Pirambu

(Tribuna da Praia ndash paacutegina virtual e impresso) no Leste Sergipano (Fonte Pesquisa de campo 2013)

192

Quanto agraves principais fontes de informaccedilatildeo sobre emprego preccedilo de produtos e de

serviccedilos observa-se que os dados coletados natildeo diferem muito das fontes de informaccedilotildees das

accedilotildees do governo Predominaram como fontes de informaccedilotildees sobre o mercado a TV com

um percentual meacutedio de 88 o raacutedio (73) e a internet como a principal fonte para cerca de

70 dos respondentes (Tabela 8)

Tabela 8 Principais fontes de informaccedilatildeo sobre mercado ()

Agreste

Central

Sergipano

Alto Sertatildeo

Sergipano

Baixo Satildeo

Francisco

Sergipano

Centro-

Sul

Sergipano

Grande

Aracaju

Leste

Sergipano

Meacutedio

Sertatildeo

Sergipano

Sul

Sergipano

Pessoas da comunidade 1176 000 000 000 000 909 000 000

Raacutedio 6471 6250 7647 8333 3636 10000 7143 8462

TV 8235 10000 9412 8333 6364 9091 8571 10000

Jornal 588 000 000 000 1818 2727 000 769

Internet 4706 7500 5882 6667 6364 6364 10000 6154

Territoacutetios

Fontes de Informaccedilatildeo

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Em relaccedilatildeo ao acesso agrave informaccedilatildeo todos os respondentes da pesquisa confirmaram

melhoria nos uacuteltimos cinco anos Entretanto essa melhoria natildeo se refere agrave publicizaccedilatildeo das

accedilotildees do governo e sim uma melhoria das bases microeletrocircnicas que facilitaram a

operacionalizaccedilatildeo de tecnologias da comunicaccedilatildeo como a televisatildeo o raacutedio o

microcomputador e a telefonia moacutevel O acesso a essas tecnologias valorizou os indiviacuteduos

como receptores coletivos de informaccedilatildeo ou melhor a massa109

como afirma Castells e

reduziu a importacircncia da comunicaccedilatildeo interpessoal alimentada pela interaccedilatildeo face a face dos

atores sociais A interaccedilatildeo face a face se justifica pelo fortalecimento e reproduccedilatildeo de

caracteriacutesticas sociais como confianccedila solidariedade que potencializam as normas a coesatildeo e

a inclusatildeo social bem como o desempenho de grupos e instituiccedilotildees puacuteblicas

6414 Coesatildeo e Inclusatildeo Social

A coesatildeo110

e a inclusatildeo social satildeo objetivos estrateacutegicos das poliacuteticas de

desenvolvimento (GOODLAND 1994 SACHS 2000 e KHAN 1988) Isso porque nessas

poliacuteticas se busca aleacutem da equidade social com a inclusatildeo das pessoas como beneficiaacuterias

109

Massa eacute um agrupamento relativamente grande de pessoas separadas e desconhecidas que recebem em geral

passivamente informaccedilotildees veiculadas pelos meios de comunicaccedilatildeo de massa (OLIVEIRA 2004 p 69) 110

Coesatildeo social eacute a expressatildeo de sociedade na qual prevalece a equidade o respeito agrave diversidade agrave

solidariedade agrave justiccedila social o sentimento de pertencimento e inclusatildeo (BRASILMDA 2005 p 21)

193

das poliacuteticas e programas sociais o compartilhamento da gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas entre o

poder puacuteblico a sociedade e a iniciativa privada ou seja a inclusatildeo da sociedade e da

iniciativa privada nos ciclos dos projetos puacuteblicos e no planejamento das poliacuteticas Para tanto

o reconhecimento das variaacuteveis endoacutegenas que sustentaratildeo esse compartilhamento como a

flexibilidade das instituiccedilotildees puacuteblicas o respeito agrave diversidade a capacidade de participaccedilatildeo e

de negociaccedilatildeo dos envolvidos a maturidade poliacutetica da populaccedilatildeo nos espaccedilos onde deveratildeo

ser implementadas as poliacuteticas os programas e os projetos satildeo elementos fundamentais

Desse modo a coesatildeo social eacute avaliada aqui a partir de caracteriacutesticas sociais e

econocircmicas que provoquem sentimentos de uniatildeo ou de conflito de inseguranccedila e de

exclusatildeo nas interaccedilotildees sociais cotidianas A pesquisa mostrou que mais de 70 dos

entrevistados confirmam que haacute desigualdades e diferenccedilas entre os indiviacuteduos nos locais

onde residem A posiccedilatildeo social a renda a crenccedila religiosa e o analfabetismo foram as

principais causas apontadas para as desigualdades e consequentemente para a exclusatildeo e a

inseguranccedila (Tabela 9) Esse resultado coaduna-se com a afirmativa de Silva e Resende

(2005 p7) de que na regiatildeo Nordeste o niacutevel de renda se correlaciona positivamente com o

acesso agrave sauacutede baacutesica agrave educaccedilatildeo e agrave aacutegua encanada

Tabela 9 Principais fontes da exclusatildeo social ()

Agreste

Central

Sergipano

Alto

Sertatildeo

Sergipano

Baixo Satildeo

Francisco

Sergipano

Centro-

Sul

Sergipano

Grande

Aracaju

Leste

Sergipano

Meacutedio

Sertatildeo

Sergipano

Sul

Sergipano

Posiccedilatildeo social 10000 10000 10000 10000 10000 10000 10000 10000

Renda 10000 10000 10000 10000 10000 10000 10000 10000

Crenccedila religiosa 590 1250 590 000 1820 1820 000 000

Analfabetismo 000 2500 000 000 910 910 000 000

Sentimento de seguranccedila 9380 7140 8130 8330 8000 7270 10000 9230

DesigualdadesDiferenccedilas

()

Territoacuterios

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

A renda e a exclusatildeo tanto do mercado quanto do acesso aos serviccedilos puacuteblicos

essenciais e da participaccedilatildeo poliacutetica dos atores sociais satildeo variaacuteveis diretamente relacionadas

agrave escolaridade O analfabetismo foi apontado principalmente no Alto Sertatildeo Agreste Central

Grande Aracaju e Leste Sergipano como um dos fatores que contribuem para as diferenccedilas

das condiccedilotildees (ou desigualdades) sociais e econocircmicas Quando questionados se as

desigualdades motivaram a violecircncia local cerca de 70 das respostas indicaram que natildeo

194

exceto os dados do territoacuterio da Grande Aracaju que confirmaram a violecircncia com um

percentual de 54 Eacute importante esclarecer que na opiniatildeo dos entrevistados natildeo satildeo as

desigualdades que influenciam o quadro de violecircncia nas comunidades e sim as diferenccedilas

Entretanto natildeo satildeo as diferenccedilas ou as diversidades regionais (culturais ambientais ou

econocircmicas) ressaltadas por Araujo (2010 p 208) como potencialidades capazes de gerar

riquezas que influenciam a violecircncia e sim a intoleracircncia a valores e crenccedilas do outro A

poliacutetica a crenccedila religiosa e a etnia foram citadas como as principais causas para as diferenccedilas

nos territoacuterios embora em percentuais baixos As diferenccedilas poliacuteticas podem induzir agrave

conscientizaccedilatildeo ciacutevica dos indiviacuteduos e portanto ser um potencial ou a depender do grau de

conscientizaccedilatildeo e maturidade poliacutetica dos indiviacuteduos gerar violecircncia como jaacute ocorreu em

Sergipe (DANTAS 1987) A violecircncia decorrente de diferenccedila poliacutetica geralmente

relaciona-se agrave garantia do poder local ou melhor agrave demarcaccedilatildeo do territoacuterio

O reconhecimento pelos entrevistados de que as diferenccedilas no territoacuterio da Grande

Aracaju geram violecircncia guarda coerecircncia com a afirmativa de Carlos (2007 p 51) de que eacute

na rua que afloram as diferenccedilas e as contradiccedilotildees que permeiam a vida cotidiana E satildeo as

cidades maiores que abrigam e tornam essas contradiccedilotildees mais visiacuteveis Em Sergipe as

maiores contradiccedilotildees satildeo observadas no territoacuterio da Grande Aracaju que abriga a Regiatildeo

Metropolitana de Aracaju111

Essa concentra 404 da populaccedilatildeo do Estado e 46 aglomerados

subnormais assim distribuiacutedos 28 deles em Aracaju um na Barra dos Coqueiros 14 em

Nossa Senhora do Socorro e trecircs em Satildeo Cristoacutevatildeo Aracaju concentra aproximadamente 28

da populaccedilatildeo do Estado e eacute o municiacutepio sergipano com a melhor infraestrutura de sauacutede

incluindo o saneamento baacutesico da educaccedilatildeo e do lazer

De fato a violecircncia eacute maior na Regiatildeo Metropolitana de Aracaju e o aumento da

violecircncia nos uacuteltimos cinco anos foi mais sentido pelos delegados dos territoacuterios da Grande

Aracaju Leste Sergipano Centro-Sul e Baixo Satildeo Francisco Sergipano Entretanto os dados

coletados mostram que natildeo haacute sentimento de inseguranccedila na localidade onde vivem apesar de

a confianccedila ser maior entre os grupos familiar e vicinal como jaacute descrito

Outro elemento citado pelos entrevistados como responsaacutevel pela violecircncia na

comunidade foi o uso de drogas principalmente de bebidas alcooacutelicas O consumo de

bebidas alcooacutelicas associa-se agraves interaccedilotildees sociais cotidianas observadas em todos os

territoacuterios Os encontros em bares foram citados como uma atividade de lazer frequente entre

os participantes do processo do planejamento participativo (SEPLAN 2008)

111

A Regiatildeo Metropolitana de Aracaju eacute formada pelos municiacutepios de Aracaju Barra dos Coqueiros Nossa

Senhora do Socorro e Satildeo Cristoacutevatildeo

195

A manifestaccedilatildeo de sociabilidade nos encontros para a praacutetica de atividades fiacutesicas natildeo

satildeo frequentes entre os entrevistados Entretanto a sociabilidade ressaltada pelos participantes

das conferecircncias do planejamento participativo e frequente em todos os territoacuterios eacute conferida

pelos encontros nas feiras nas festas juninas nas festas religiosas novenas e quermesses nos

passeios na praccedila e nas cadeiras das calccediladas Essas interaccedilotildees sociais tecircm proporcionado

laccedilos fortes entre os grupos familiares e vicinais no Estado por ainda permitir a interaccedilatildeo face

a face e consequentemente a uniatildeo desses Nessas interaccedilotildees sociais cotidianas relacionadas

pelos participantes das conferecircncias do planejamento participativo e nas entrevistas realizadas

com delegados e delegadas desse processo natildeo se constatou exclusatildeo de indiviacuteduos em

atividades coletivas A exclusatildeo da populaccedilatildeo independentemente do grau de escolaridade e

da renda eacute percebida no planejamento e na tomada de decisatildeo sobre as poliacuteticas programas e

projetos em que devem ser alocados os recursos puacuteblicos Contudo satildeo as escolhas

individuais que habilitam as pessoas para as relaccedilotildees interpessoais a formaccedilatildeo de redes e a

participaccedilatildeo poliacutetica

As relaccedilotildees interpessoais passam cada vez mais pela teacutecnica computadores

celulares TVs walkman etc () O natildeo se olhar o natildeo se falar o

exacerbado individualismo produz uma nova polidez que se baseia na

recusa do outro ()a exacerbaccedilatildeo do individualismo que se reproduz como

condiccedilatildeoproduto da reproduccedilatildeo das relaccedilotildees sociais neste fim de seacuteculo

(CARLOS 2007 p 76 e 77)

Nos territoacuterios sergipanos embora se constate o acesso agraves tecnologias da

comunicaccedilatildeo o grau de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos ou mais de idade atenua o

exacerbado individualismo pelo uso dessas tecnologias principalmente no interior do Estado

E eacute essa atenuaccedilatildeo que daacute a resistecircncia silenciosa da natureza humana sertaneja

(BURSZTYN 2008 p26) Poreacutem natildeo assegura a coesatildeo social

A resistecircncia como elemento da cultura sertaneja eacute percebida ainda no quadro de

exclusatildeo da populaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos como sauacutede incluiacutedo o saneamento baacutesico

educaccedilatildeo de qualidade e o transporte puacuteblico coletivo Para Silva e Resende (2005 p 20)

essa resistecircncia proveacutem da ausecircncia do estado na provisatildeo desses serviccedilos puacuteblicos focados

nos indiviacuteduos Os baixos Iacutendices de Desenvolvimento Humano (IDH) e os altos percentuais

do analfabetismo e do iacutendice de pobreza nos municiacutepios sergipanos demonstram o niacutevel de

exclusatildeo ainda existente no Estado e as barreiras reais enfrentadas pela populaccedilatildeo para

acessar os direitos sociais e assegurar o empoderamento necessaacuterio ao seu desenvolvimento e

crescimento

196

6415 Empoderamento e Accedilatildeo poliacutetica

A expressatildeo empoderamento origina-se do vocaacutebulo inglecircs empowerment e ganhou

notoriedade a partir do final da deacutecada de 1970 no contexto da reestruturaccedilatildeo produtiva e da

busca de novo modelo do desenvolvimento que tinha como uma das premissas a

descentralizaccedilatildeo mecanismo que deveria tornar a accedilatildeo das institucionalidades puacuteblicas mais

aacutegeis e transparentes no atendimento das demandas sociais

Nessa proposta de modelo a descentralizaccedilatildeo poderia trazer as agecircncias de serviccedilos

puacuteblicos para mais perto das comunidades e populaccedilotildees pobres aumentando potencialmente

a prestaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos e facilitando o controle social sobre as instituiccedilotildees e suas

accedilotildees Para tanto recomenda-se aos estados o fortalecimento das capacidades locais (estado

organizaccedilotildees sociais e iniciativa privada) a criaccedilatildeo de mecanismos e oportunidades eficazes

de participaccedilatildeo popular a interaccedilatildeo de poliacuteticas e de processos institucionais articulados

(BANCO MUNDIAL 2002)

Desse modo o fortalecimento da capacidade das organizaccedilotildees sociais para a

participaccedilatildeo no planejamento e na gestatildeo das poliacuteticas e principalmente nos processos de

tomada de decisatildeo sobre as poliacuteticas e accedilotildees de e para o desenvolvimento local passou a

compor a conceituaccedilatildeo de empoderamento

Empoderamento (empowerment) para o Banco Mundial

Refere-se agrave expansatildeo dos recursos e capacidades das pessoas em tomar

parte negociar influenciar controlar e responsabilizar instituiccedilotildees que

afetam suas vidas (BANCO MUNDIAL 2002 p 10)

A expansatildeo dos recursos e capacidades significa disponibilizar aos indiviacuteduos as

liberdades substantivas e instrumentais (liberdades poliacuteticas e oportunidades sociais)

defendidas por Sen (2012 p 58 e 59) como meios para tornaacute-los cidadatildeos capazes de

promover sua autonomia melhora gradual de suas vidas e com uma visatildeo criacutetica(GOHN

2004 p 23) Essa expansatildeo dos recursos eacute papel tanto do estado como da sociedade A oferta

de educaccedilatildeo de qualidade a ampliaccedilatildeo do acesso agrave informaccedilatildeo e agraves tecnologias da

comunicaccedilatildeo a criaccedilatildeo de espaccedilos e a reduccedilatildeo das barreiras para a participaccedilatildeo poliacutetica no

planejamento e gestatildeo de poliacuteticas e programas puacuteblicos satildeo accedilotildees que devem ser promovidas

pelo estado para o fortalecimento das liberdades individuais e coletivas

Para Pereira (2006) o empoderamento eacute ainda

A accedilatildeo coletiva desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos

privilegiados de decisotildees de consciecircncia social dos direitos sociais Essa

consciecircncia ultrapassa a tomada de iniciativa individual de conhecimento e

197

superaccedilatildeo de uma situaccedilatildeo particular (realidade) em que se encontra ateacute

atingir a compreensatildeo de teias complexas de relaccedilotildees sociais que informam

contextos econocircmicos e poliacuteticos mais abrangentes (PEREIRA 2006 p1)

No conceito proposto pelo autor a expansatildeo das capacidades eacute inerente a uma

populaccedilatildeo que tem uma consciecircncia poliacutetica e portanto um alto niacutevel de capital social A

formaccedilatildeo dessa consciecircncia poliacutetica embora fundamental para o processo do empoderamento

no contexto da democracia brasileira apresenta grandes desafios para sua concretude E como

disse Martins (1994 p 12) estamos muito longe de uma sociedade de cidadatildeos

Nesse trabalho o empoderamento seraacute analisado tanto no niacutevel individual quanto no

comunitaacuterio ou coletivo (BAQUERO 2012 p176) O empoderamento individual seraacute

medido a partir da percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a sua autoestima (sentimento de

felicidade) autonomia nas decisotildees diaacuterias autoconfianccedila para agir e promover a conquista

da cidadania e defesa de seus interesses O empoderamento comunitaacuterio de acordo com

Baquero (2012 p 177) envolve processos participativos e resoluccedilatildeo de accedilotildees de interesse

coletivo A avaliaccedilatildeo de conteuacutedo dos dados coletados se fundamentaraacute nas sugestotildees de

anaacutelise dos dados do Questionaacuterio Integrado para Medir Capital Social de Grootaert et al

(2003 p21) e nas concepccedilotildees conceituais de capital social de Coleman (1988) Putnam

(1993 2006) Sen (2012) e empoderamento de Baquero (2012) e Gohn (2004)

O sentimento de felicidade tem valor simboacutelico para expressar o niacutevel de satisfaccedilatildeo do

indiviacuteduo em relaccedilatildeo agraves liberdades substantivas e instrumentais ou a felicidade (eudaimonia)

como finalidade da poliacutetica no pensamento aristoteacutelico Assim a felicidade como recurso

virtual e impessoal pode se tornar real nas interaccedilotildees sociais materializadas nas accedilotildees

executadas que tiveram como motivaccedilatildeo a solidariedade a obrigaccedilatildeo de reciprocidade E na

concepccedilatildeo de Coleman (1988 p S98) quando valores e normas facilitam accedilotildees dos

indiviacuteduos da mesma estrutura social pode-se fortalecer o capital social

Quando perguntado se o entrevistado se considerava uma pessoa feliz

aproximadamente 70 deles disseram sim o que induz a um elevado niacutevel de satisfaccedilatildeo com

a situaccedilatildeo da vida Admitindo a baixa representatividade da populaccedilatildeo que vive abaixo da

linha de pobreza112

nas conferecircncias do planejamento participativo esse dado natildeo deve ser

lido como da totalidade da populaccedilatildeo Ateacute porque dados do Latinobaroacutemetro113

de 2011

mostram que o brasileiro natildeo estaacute satisfeito com a democracia com os espaccedilos fornecidos

para a participaccedilatildeo poliacutetica a maneira como funciona a educaccedilatildeo puacuteblica e outras

112

Aquele que vive com ateacute R$ 70 de rendimento domiciliar per capita mecircs (IBGE) 113

Dados disponiacuteveis em wwwlatinobarometroorglatjsp Acesso em 23122013

198

Em relaccedilatildeo ao controle das atividades diaacuterias cerca de 90 dos entrevistados

disseram que controlam a maioria das decisotildees Considerando que a maioria dos entrevistados

tem idade entre 31 e 50 anos era de esperar esse controle na tomada de decisatildeo Entretanto

sabendo-se que 6235 dos entrevistados eram do sexo feminino a boa notiacutecia eacute o sentimento

da emancipaccedilatildeo da mulher sergipana

O sentimento de lideranccedila tambeacutem foi observado nas respostas dadas ao

questionamento a respeito do autorreconhecimento da capacidade de promover mudanccedila na

comunidade ou na cidade onde reside Cerca de 80 dos entrevistados afirmaram ser capazes

de promover mudanccedilas na localidade onde moram Os maiores reconhecimentos foram

observados nos territoacuterios Sul Sergipano (100) Alto Sertatildeo Sergipano (875) e Grande

Aracaju (818) e o menor percentual (588) constatou-se no Agreste Central Sergipano

(Figura 31) Os resultados encontrados analisados agrave luz da histoacuteria de atuaccedilatildeo dos

movimentos sociais114

entidades sindicais e organizaccedilotildees da sociedade civil confirmam o

desempenho dessas institucionalidades e movimentos sociais nas lutas por reforma agraacuteria

notadamente nos territoacuterios Sul Sergipano Alto Sertatildeo e Leste Sergipano e por moradia

especialmente no territoacuterio da Grande Aracaju A luta por reforma agraacuteria em Sergipe

segundo Lopes (2000 p 102) eacute uma accedilatildeo coletiva e natildeo individual Quando assentados

esses indiviacuteduos enfraquecem os laccedilos com os movimentos que os apoiaram e comeccedilam a

desenvolver outros laccedilos com outros agentes como financeiros e de assistecircncia teacutecnica

poreacutem natildeo interagem entre si (LISBOA 2000 e NOBRE 2008)

O territoacuterio Agreste Central apresenta como peculiaridades a concentraccedilatildeo de meacutedias e

pequenas propriedades rurais principalmente nos municiacutepios localizados no entorno de

Itabaiana a olericultura como uma das principais atividades produtivas em periacutemetros

puacuteblicos irrigados e um grande nuacutemero de associaccedilotildees comunitaacuterias criadas para acessar

recursos principalmente do Projeto Nordeste (Pronese) que desenvolvem accedilotildees

independentes

114

Para mais informaccedilatildeo sobre a histoacuteria contextualizada dos movimentos dos trabalhadores rurais sem terra em

Sergipe ver Nobre (2008) e sobre a histoacuteria dos assentamentos dos pequenos produtores rurais e dos conflitos de

terra e reforma agraacuteria em Sergipe ver Silva (1995) Silva e Lopes (1996) e Lopes (2000)

199

Figura 31 Percentual de respondentes que disse estar capacitado para promover

mudanccedilas locais

0 20 40 60 80 100 120

Agreste Central Sergipano

Cento Sul Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Leste Sergipano

Baixo Satildeo Francisco

Grande Aracaju

Alto Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Quanto agrave capacidade de mobilizaccedilatildeo de um grupo de pessoas para resolver um

problema da coletividade praticamente ocorreu unanimidade nessa accedilatildeo 967 dos

entrevistados disseram ser capazes de mobilizar pessoas para a resoluccedilatildeo de problemas

coletivos Entretanto eacute importante esclarecer que apesar de ocorrerem accedilotildees isoladas de

mobilizaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos que atendam a comunidade como o exemplo da

associaccedilatildeo de moradores do povoado Descoberto no municiacutepio de Carira territoacuterio Agreste

Central Sergipano que pavimentou algumas ruas do povoado com recursos dos associados e

ainda a aquisiccedilatildeo de maquinaacuterio e construccedilatildeo de sede da cooperativa em Campo do Brito

tambeacutem no Agreste Central por iniciativa e mobilizaccedilatildeo dos cooperados essa natildeo eacute a regra

em Sergipe Em relaccedilatildeo agrave mobilizaccedilatildeo para os assentamentos da reforma agraacuteria Lopes

(2000 p 102) afirma que geralmente daacute-se sob o comandoinfluecircncia de uma organizaccedilatildeo da

sociedade civil ou movimento social (MST STR Igreja etc) Do mesmo modo a mobilizaccedilatildeo

para a construccedilatildeo de moradias populares115

principalmente nas aacutereas urbanas daacute-se tambeacutem

sob o comandoinfluecircncia de organizaccedilotildees ou movimentos sociais como a Central dos

Movimentos Populares (CMP) Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM) ou Uniatildeo

Nacional por Moradia Popular (UNMP)

De modo geral

115

Uma das formas de acesso ao Programa Minha Casa Minha Vida eacute a apresentaccedilatildeo por entidades

oganizadoras assim entendidas as cooperativas associaccedilotildees ou entidades da sociedade civil sem fins lucrativos

200

Permanece a inabalaacutevel resignaccedilatildeo agrave fatalidade das adversidades que satildeo

ldquovontade de Deusrdquo A esperanccedila de que melhores dias viratildeo natildeo deixou de

ser um traccedilo marcante do sertanejo que se manteacutem apesar da marcante

cultura pragmaacutetica da modernidade que chega pela televisatildeo

(BURSZTYN 2008 p 27)

A resignaccedilatildeo pode ser decorrente da repressatildeo ou ateacute mesmo das formas possiacuteveis de

accedilatildeo e da maior ou menor abertura poliacutetica dos governantes segundo lembra Albuquerque

(2004 p 16) ou da capacidade de mobilizaccedilatildeo dos movimentos Soacute exemplificando nunca

houve na histoacuteria de Sergipe grandes movimentos ambientalistas ou engajamento de pessoas

em defesa dos manguezais e rios urbanos e contra as ocupaccedilotildees irregulares lanccedilamento de

efluentes (liacutenguas negras) e construccedilotildees irregulares nas praias etc

Sergipe eacute um Estado com escassez hiacutedrica e praticamente dependente das aacuteguas do

Rio Satildeo Francisco cujas margens tecircm usos e ocupaccedilotildees que aleacutem de comprometer a

qualidade de suas aacuteguas compromete tambeacutem a condiccedilatildeo socioeconocircmica dos ribeirinhos

Os grupos existentes satildeo sempre reduzidos e contam sempre com os mesmos indiviacuteduos Dos

90 entrevistados somente um havia participado de reuniotildees do Comitecirc da Bacia Hidrograacutefica

do Rio Sergipe A consciecircncia ambiental ainda eacute incipiente da mesma forma que a habilidade

para tomar decisotildees que afetam as atividades cotidianas e que podem transformar a realidade

dos lugares e a vida das pessoas tambeacutem o eacute

Essa conclusatildeo eacute amparada ainda pelos dados coletados a respeito da accedilatildeo poliacutetica ou

de cidadania realizada pelos entrevistados para a comunidade Dallari (1999 p39) esclarece

que a participaccedilatildeo poliacutetica natildeo eacute apenas a participaccedilatildeo eleitoral tal como ocorre nas

democracias representativas principalmente onde o voto eacute obrigatoacuterio como no Brasil

Independentemente dos viacutecios que cercam o sistema e o processo eleitoral no Brasil o

voto deve ser a manifestaccedilatildeo consciente da indicaccedilatildeo daqueles indiviacuteduos mais habilitados

para a representaccedilatildeo das vontades e interesses do povo Para o exerciacutecio do voto o acesso agrave

informaccedilatildeo e a capacidade de interpretaccedilatildeo correta e formaccedilatildeo de um juiacutezo de valor a respeito

dos candidatos e de seu desempenho satildeo fundamentais em uma democracia representativa

Considerando a obrigatoriedade do voto o percentual de analfabetismo da populaccedilatildeo

a desinformaccedilatildeo dominante e a frequecircncia da ocorrecircncia dos casos de corrupccedilatildeo para a

manutenccedilatildeo dos acordos e apoios poliacuteticos o exerciacutecio do voto tem sido desestimulante e natildeo

serve como um bom indicador de uma comunidade ciacutevica no Brasil e em Sergipe

Entretanto em meio agraves deficiecircncias 73 dos entrevistados disseram que sairiam para

votar independentemente da obrigatoriedade uma vez que o voto eacute a expressatildeo da vontade

201

do povo Todavia o desempenho dos eleitos e sua manutenccedilatildeo no poder satildeo reflexos de

consciecircncia de cidadatildeo e no quadro atual de cidadania pequena

Quanto agraves accedilotildees de cidadania estas seratildeo analisadas a partir do engajamento dos

entrevistados em accedilotildees poliacuteticas como a participaccedilatildeo voluntaacuteria em audiecircncias puacuteblicas

conferecircncias protestos mobilizaccedilotildees denuacutencias da ausecircncia ou mau funcionamento de

serviccedilos puacuteblicos tanto nos meios de comunicaccedilatildeo quanto no Ministeacuterio Puacuteblico Os

resultados obtidos das entrevistas demonstram que satildeo tiacutemidas as accedilotildees poliacuteticas dos

delegados e delegadas do processo do planejamento participativo (Tabela 10)

A participaccedilatildeo em reuniotildees de conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas (conselho da

crianccedila e do adolescente do idoso e do desenvolvimento municipal) foi a accedilatildeo poliacutetica com o

maior percentual meacutedio (7547) e a participaccedilatildeo nesses espaccedilos como jaacute comentado em

toacutepicos anteriores natildeo se traduz em bom niacutevel de cidadania

A denuacutencia de problemas da coletividade em meios de comunicaccedilatildeo como o raacutedio e a

TV foi maior nos territoacuterios do Baixo Satildeo Francisco Meacutedio Sertatildeo e Alto Sertatildeo Sergipano

enquanto a procura pelo Ministeacuterio Puacuteblico para efetuar denuacutencia foi maior nos territoacuterios da

Grande Aracaju Leste Sergipano e Meacutedio Sertatildeo e o abaixo-assinado apareceu como uma

ferramenta importante no Agreste Central Sergipano

Quanto agrave procura de poliacutetico(s) para a resoluccedilatildeo de problemas coletivos essa accedilatildeo

foi maior nos territoacuterios Alto Sertatildeo Sergipano Centro-Sul e Baixo Satildeo Francisco

Tabela 10 Engajamento em accedilotildees poliacuteticas ()

Agreste

Central

Sergipano

Alto Sertatildeo

Sergipano

Baixo Satildeo

Francisco

Sergipano

Centro- Sul

Sergipano

Grande

Aracaju

Leste

Sergipano

Meacutedio

Sertatildeo

Sergipano

Sul

Sergipano

Reuniatildeo de conselho

audiecircncia puacuteblica conferecircncia7647 875 7647 5000 7273 6364 10000 7692

Encontrocontato com poliacutetico 3529 5000 4706 5000 2727 3636 2857 3846

Protestos 000 3750 4118 000 4545 2727 1429 000

Denuacutencia em TV raacutedio 000 2500 2941 1667 1818 909 2857 769

Notificaccedilatildeo no Ministeacuterio

Puacuteblico1176 000 1765 1667 3636 3636 2857 769

Mobilizaccedilatildeo local 000 2500 1765 000 2727 1818 1429 1538

Abaixo-assinado 5294 3750 3529 1667 3636 2727 4286 1538

Territoacuterios

Participaccedilotildees

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

A percepccedilatildeo da honestidade influencia na confianccedila no outro e reflete o zelo e o

comprometimento com a funccedilatildeo os recursos e os bens puacuteblicos daqueles que exercem funccedilatildeo

poliacutetica ou ainda a capacidade desses de exercerem funccedilotildees poliacuteticas respeitando direitos e

garantias fundamentais constitucionais Desse modo quando questionados a respeito do grau

202

de honestidade que se atribuiacutea a servidores instituiccedilotildees puacuteblicas e entidades da sociedade

civil e religiosas constatou-se que de modo geral os liacutederes religiosos e os professores foram

aqueles com nuacutemero de casos mais representativos para a honestidade Dos respondentes 55

consideraram os liacutederes religiosos geralmente honestos 32 disseram que os professores satildeo

geralmente honestos 24 deles acreditaram que os governos municipais satildeo geralmente

honestos e somente 18 deles disseram que o governo estadual eacute geralmente honesto (Figura

32)

Figura 32 Grau de honestidade de servidores instituiccedilotildees puacuteblicas e entidades da

sociedade civil e religiosas ()

0 10 20 30 40 50 60

Poder Legislativo

Emdagro

Governo estadual

Poder Judiciaacuterio

Governo municipal

Professores

Liacutederes Religiosos

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

A percepccedilatildeo de elevado grau de honestidade desses grupos e institucionalidades eacute um

elemento fundamental para quaisquer propostas de desenvolvimento construccedilatildeo de estruturas

de governanccedila e fortalecimento da democracia O detalhamento dos resultados ponderados

para a honestidade dessas entidades e grupos encontra-se no Apendice D

Para Lazzarini Madolazzo Artes e Siqueira (2005) o questionaacuterio como o World

Values Survey natildeo estaria necessariamente medindo confianccedila mas sim confiabilidade Para

eles enquanto confianccedila diz respeito agrave percepccedilatildeo de risco nas relaccedilotildees de troca

confiabilidade eacute relacionada ao grau com que as pessoas se comportam de forma cooperativa

isto eacute evitam lesar as outras

Desse modo no toacutepico seguinte procura-se mensurar o estoque de capital social nos

territoacuterios de planejamento

203

642 Mensurando o estoque de capital social nos territoacuterios de planejamento em

Sergipe

Capital social eacute uma categoria de anaacutelise de difiacutecil observaccedilatildeo direta e portanto

requer a aplicaccedilatildeo de modelos estatiacutesticos que proporcionem a percepccedilatildeo de classes latentes

(FONSECA 2008 p9)

A ferramenta usada para a coleta dos dados foi o Questionaacuterio Integrado para Medir

Capital Social ndash QI-MCS proposto pelo Banco Mundial (2003) com adaptaccedilotildees agrave realidade

local O uso do questionaacuterio integrado na pesquisa se deu pelo fato de ser uma proposta

elaborada por grupo de pesquisadores em sua maioria estudiosos do assunto e interessados

em conduzir levantamentos de iacutendices nacionais de capital social e por sua aplicaccedilatildeo em

paiacuteses perifeacutericos (Banco Mundial 2003 GUEDES ROSAS e CAcircNDIDO 2008 p 71)

Aleacutem disso o questionaacuterio integrado tem sido considerado por estudiosos do capital social

uma ferramenta de mensuraccedilatildeo que permite adaptaccedilotildees de acordo com o puacuteblico linhas

teoacutericas e interesses dos pesquisadores

O Questionaacuterio Integrado usado na pesquisa consiste em seis dimensotildees voltadas para

variaacuteveis ou categorias que compotildeem os recursos disponiacuteveis nos indiviacuteduos e que alimentam

as redes de relaccedilotildees e a participaccedilatildeo e datildeo empoderamento aos indiviacuteduos e comunidades Os

dados foram obtidos junto a 90 participantes do processo do planejamento participativo haja

vista o papel desses na proposta da poliacutetica de desenvolvimento territorial do Governo do

Estado

A construccedilatildeo de indicadores de capital social natildeo tem sido tarefa faacutecil e requer a

participaccedilatildeo de diversos especialistas de diferentes aacutereas do conhecimento Na concepccedilatildeo de

Monasteacuterio (2002 p7) a abordagem do capital social exige dos pesquisadores posturas

plurais e interdisciplinares Para o Banco Mundial a construccedilatildeo de modelos empiacutericos e de

indicadores de capital social bem como a aplicaccedilatildeo de anaacutelises multivariadas116

nas quais o

capital social eacute a variaacutevel dependente por sua complexidade e subjetividade requer bastante

cautela e racionalidade Por tudo isso a construccedilatildeo do iacutendice de capital social dos territoacuterios

116

Para a interpretaccedilatildeo dos dados coletados aplicou-se teacutecnicas estatiacutesticas de anaacutelises multivariadas de

interdependecircncia como a Anaacutelise de Correspondecircncia (AC) Anaacutelise de Agrupamento (Cluster Analysis)e

Escalonamento Multidimensional utilizando-se do Software Statistical Package for the Social Scienses (SPSS)

Pela complexidade e subjetividade dos resultados e sobretudo pela cautela e racionalidade requerida pela

pesquisa deixaram de ser apresentados para este momento

204

de planejamento deve ser interpretada como um ensaio preliminar na busca de meacutetodos e

teacutecnicas estatiacutesticas favoraacuteveis agrave espacializaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dessa variaacutevel dependente

Para gerar o iacutendice de capital social (ICSi) foram coletadas por meio do Questionaacuterio

Integrado para Medir o Capital Social- QI- MCS adaptado aos objetivos desta pesquisa

selecionadas tratadas e analisadas variaacuteveis117

distribuiacutedas nas seguintes dimensotildees

participaccedilatildeo em grupos confianccedila e solidariedade accedilatildeo coletiva e cooperaccedilatildeo informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo coesatildeo e inclusatildeo social e empoderamento e accedilatildeo poliacutetica

Assim o iacutendice de capital social foi calculado pela seguinte equaccedilatildeo (1)

(1)

Onde

ICSi eacute o iacutendice de capital social do i-eacutesimo indiviacuteduo

Eij eacute a resposta do i-eacutesimo indiviacuteduo para a j-eacutesima pergunta

maacutex Ej eacute a maacutexima resposta da j-eacutesima questatildeo (indicando alto capital social)

i=1n (indiviacuteduos entrevistados)

j=1m (variaacuteveis que compotildeem o indicador)

O ICSi varia de 0 a 1 como propostos por Khan e Silva (2005 p106) e seus

resultados satildeo agrupados em trecircs intervalos

Baixo estoque de capital social0 lt ICSi le 05

Meacutedio estoque de capital social 05 lt ICSi le 08

Alto estoque de capital social 08 lt ICSi le 10

Os resultados do caacutelculo do Iacutendice de Capital Social demonstram um baixo estoque de

capital social (menor que 05) em todos os territoacuterios conforme demonstra a Tabela 11

117

O Apecircndice E relaciona as variaacuteveis usadas no caacutelculo do Iacutendice de Capital Social (ICSi)

205

Tabela 11 ICSi dos territoacuterios de planejamento de Sergipe

Territoacuterio Meacutedia Desvio Padratildeo

Alto Sertatildeo 011827 001111

Grande Aracaju 013190 003102

Centro Sul 012149 002014

Sul Sergipano 012000 000812

Agreste Sergipano 011491 001060

Baixo Satildeo Francisco 011999 001129

Leste Sergipano 011979 001279

Meacutedio Sertatildeo 012529 001247

Total 012082 001568

A anaacutelise dos resultados permitiu a confirmaccedilatildeo de baixo estoque de capital social nos

territoacuterios de planejamento Entretanto para fins de espacializaccedilatildeo das diferenccedilas do estoque

de capital social buscou-se ordenar o ICSi de modo que a representaccedilatildeo do ICSi fosse

diferenciada no espaccedilo geograacutefico O ICSi encontrado permitiu a formaccedilatildeo de trecircs grupos o

primeiro formado pelos territoacuterios Agreste Central Alto Sertatildeo Sergipano Baixo Satildeo

Francisco e Leste Sergipano o segundo formado pelos territoacuterios Meacutedio Sertatildeo Centro-Sul e

Sul Sergipano e o terceiro formado pelo territoacuterio da Grande Aracaju (Figura 33)

206

Figura 33 Sergipe ndash Iacutendice de Capital Social

207

O Iacutendice de Capital Social (ICSi) confirmou o baixo estoque de capital social em

todos os territoacuterios de planejamento e sobretudo refutou algumas das hipoacuteteses sugeridas no

projeto de pesquisa e confirmou outras que se mostraram fundamentais para o

aprofundamento da discussatildeo do capital social como elemento de desenvolvimento Desse

modo as interpretaccedilotildees aqui permitiram a antecipaccedilatildeo das seguintes conclusotildees

a O niacutevel de dificuldades para reconhecer o capital social individual ou coletivo eacute igual

para as aacutereas urbana e rural em Sergipe

b A construccedilatildeo ou o fortalecimento do capital social coletivo ou comunitaacuterio como

defende Durston (1999) eacute mais faacutecil na aacuterea rural tanto pelo sentimento de

pertencimento quanto pelas praacuteticas de reciprocidade relaccedilotildees de vizinhanccedila e

existecircncia de grupos familiares maiores e concentrados no lugar

c A histoacuteria de ocupaccedilatildeo dos territoacuterios sergipanos tradicional ou por intervenccedilatildeo de

grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais (MST) natildeo foi um elemento

reconhecido aqui como importante na formaccedilatildeo do capital social dos territoacuterios

sergipanos embora os assentamentos da Reforma Agraacuteria possam ser excelentes

laboratoacuterios para o fortalecimento do capital social

d De fato natildeo haacute diferenccedila significativa na cultura poliacutetica e na capacidade de

participaccedilatildeo social nos territoacuterios de planejamento

e Lamentavelmente a cultura institucional puacuteblica em Sergipe (nos trecircs niacuteveis de

governo) natildeo favorece a construccedilatildeo e o fortalecimento do capital social

f O capital social dos territoacuterios pode ser fortalecido e ser o elemento fundante do

desenvolvimento territorial

g O funcionamento das estruturas de governanccedila instituiacutedas pelo estado reforccedilam esse

baixo estoque de capital social e natildeo estatildeo colaborando para sua formaccedilatildeo e

fortalecimento

O capital social como elemento do e para o desenvolvimento bem como os meios

possiacuteveis para seu fortalecimento principalmente nas estruturas de governanccedila eacute o maior

desafio das institucionalidades em Sergipe A efetividade dos sistemas de governanccedila soacute seraacute

possiacutevel em sociedades com alto estoque de capital social A avaliaccedilatildeo das estruturas de

governanccedila em funcionamento em Sergipe seraacute o tema abordado no proacuteximo subcapiacutetulo

208

65 Governanccedila das institucionalidades agrave democratizaccedilatildeo e efetividade das poliacuteticas

puacuteblicas

A governanccedila como exerciacutecio de articulaccedilatildeo necessaacuteria agrave participaccedilatildeo e facilitadora

do controle social de poliacuteticas puacuteblicas exige natildeo apenas mecanismos democraacuteticos de

participaccedilatildeo social mas sobretudo modelos de gestatildeo que prevejam arranjos institucionais

ou estruturas organizacionais cooperativas e integradas e participantes com cultura poliacutetica

participativa ou seja em sociedades com alto estoque de capital social Os Conselhos118

gestores de poliacuteticas puacuteblicas satildeo estruturas organizacionais de governanccedila criados para

atender a essa finalidade

Entretanto diferentes autores avaliando o funcionamento desses conselhos

reconheceram a existecircncia de disputa de poder (GOHN 2000 TEIXEIRA 2000

ALBUQUERQUE 2004 AVRITZER 2008 PONTUAL 2008 e COHN 2011) e a

fragilidade da capacidade teacutecnica e poliacutetica propositiva dos participantes das organizaccedilotildees

sociais tanto pelo excesso de burocracia quanto pela escassez de informaccedilatildeo diaacutelogo e

democracia adotados nesses espaccedilos (ALBUQUERQUE 2004)

De fato a profusatildeo de conselhos as pautas seletivas e voltadas apenas para a

validaccedilatildeo de poliacuteticas e projetos setoriais e sobretudo de interesse poliacutetico as dinacircmicas

adotadas nos conselhos aliadas agrave baixa escolarizaccedilatildeo e capacidade de anaacutelise criacutetica das

mateacuterias em pauta da maioria dos representantes das organizaccedilotildees sociais e ao desinteresse

da integraccedilatildeo de poliacutetica de representantes do Poder Puacuteblico tecircm tornado os conselhos

gestores de poliacuteticas puacuteblicas grandes laboratoacuterios para estudos em diferentes aacutereas do

conhecimento conforme jaacute descrito no toacutepico anterior e destacado por Avritzer (2011 p13)

como a crise da efetividade da participaccedilatildeo e da deliberaccedilatildeo

Pela magnitude das possibilidades e pelo volume e disponibilidade de estudos que

analisam a ampliaccedilatildeo dos espaccedilos participativos a participaccedilatildeo a efetividade das accedilotildees

deliberadas nesses espaccedilos denominados conselhos conferecircncias comitecircs e orccedilamentos

participativos a delimitaccedilatildeo da linha de abordagem e da instituiccedilatildeo de governanccedila nessa

pesquisa apresenta-se como fundamental Desse modo a finalidade da anaacutelise nesse trabalho

deveraacute se concentrar no reconhecimento da estrutura organizacional dos conselhos de

poliacuteticas puacuteblicas como arranjos de governanccedila criados no niacutevel estadual a capacidade de

gestatildeo de poliacuteticas desses espaccedilos a qualidade das deliberaccedilotildees para o desenvolvimento

regional e para o fortalecimento da democracia em Sergipe

118

Para Teixeira (2000 p 102) os conselhos recebem diversas denominaccedilotildees como conselho setorial conselho

de gestatildeo conselho de poliacuteticas puacuteblicas conselho gestor de poliacuteticas puacuteblicas

209

Eacute importante pontuar que os conselhos satildeo estruturas de governanccedila com legitimidade

nas quais o estado transforma suas poliacuteticas em realidade como disse Bresser-Pereira

Conselho na concepccedilatildeo de Teixeira

Satildeo oacutergatildeos puacuteblicos de natureza sui generis satildeo criados por lei

regidos por um regulamento que eacute aprovado por seu plenaacuterio mas

referendado pelo Executivo tecircm caraacuteter obrigatoacuterio para todo o paiacutes

como condiccedilatildeo para repasse de recursos O que lhes daacute especificidade

eacute talvez sua composiccedilatildeo (TEIXEIRA 2000 p 103)

De fato todos os 24 conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas (setoriais e temaacuteticas)

estaduais foram criados por lei ou por decreto do Governador do Estado os conselhos satildeo

regidos por regulamento aprovado em seu plenaacuterio e satildeo ainda parte integrante da estrutura

organizacional do Estado O caraacuteter obrigatoacuterio dos conselhos refere-se tanto agrave previsibilidade

constitucional quanto agraves exigecircncias de poliacuteticas e programas federais para o repasse de

recursos principalmente para as poliacuteticas e os programas geridos pelos conselhos

constitucionais Dos 24 conselhos gestores de poliacuteticas instituiacutedos em Sergipe oito satildeo

conhecidos tambeacutem como conselhos constitucionais Os demais conselhos foram criados para

atender ao interesse de repasse de recursos e natildeo por vontade poliacutetica ou melhor por

consciecircncia poliacutetica dos gestores do executivo estadual de ampliar espaccedilo para a

democratizaccedilatildeo das accedilotildees puacuteblicas

Os conselhos reconhecidos pela Constituiccedilatildeo Estadual de 1989 satildeo de Defesa e

Seguranccedila da Comunidade (art 130) da Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (art133)

Educaccedilatildeo (art220) Cultura (art 228) Meio Ambiente (sect7 do art 232) Ciecircncia e Tecnologia

(art238) Proteccedilatildeo e Defesa do Consumidor (art260) e Justiccedila (art115)

A organizaccedilatildeo estrutural dos conselhos de modo geral adota as orientaccedilotildees advindas

do Governo Federal Para Teixeira (2000 p 101) as estruturas dos conselhos brasileiros

variam conforme estejam vinculados agrave implementaccedilatildeo de programas governamentais

especiacuteficos (alimentaccedilatildeo escolar ensino fundamental conselhos escolares conselho de

seguranccedila alimentar e nutricional) ou agrave gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas setoriais (educaccedilatildeo sauacutede

seguranccedila puacuteblica transporte) e temaacuteticas (meio ambiente proteccedilatildeo do idoso direitos da

crianccedila e do adolescente da pessoa portadora de deficiecircncia)

Eacute importante esclarecer que nesta anaacutelise procurar-se-aacute analisar apenas os conselhos

de poliacuteticas puacuteblicas ou conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas Outras estruturas de

governanccedila119

como os conselhos gestores dos fundos estaduais (de Habitaccedilatildeo de Interesse

Social de combate agrave pobreza de defesa do meio ambiente recursos hiacutedricos e outros) os

119

O Apecircndice F traz a relaccedilatildeo dessas estruturas de governanccedila e os respectivos instrumentos legais de criaccedilatildeo

210

comitecircs de bacias hidrograacuteficas e o foacuterum de turismo embora reconhecendo a importacircncia

dessas governanccedilas na construccedilatildeo da democracia natildeo seratildeo objetos desta anaacutelise

Em Sergipe a estrutura organizacional dos conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas

pode variar principalmente do modelo adotado pelo conselho nacional como eacute o caso por

exemplo do conselho estadual do meio ambiente O Conselho Estadual do Meio Ambiente

120 instituiacutedo em 1978 e regulamentado em 1979 antecedeu agrave criaccedilatildeo do Conselho Nacional

do Meio Ambiente (CONAMA) que foi criado em 1981 A composiccedilatildeo do Conselho

Estadual do Meio Ambiente nos termos do Decreto regulamentador n 43381979 natildeo previa

a participaccedilatildeo de representantes da sociedade civil A uacuteltima alteraccedilatildeo proposta para o

Conselho Estadual de Meio Ambiente refere-se agrave sua denominaccedilatildeo de Conselho Estadual de

Controle do Meio Ambiente passa para Conselho Estadual do Meio Ambiente que ocorreu

com a Lei 4787 de 2 de maio de 2003 A regulamentaccedilatildeo dessa Lei traria novos elementos

como a inclusatildeo de representantes de organizaccedilotildees da sociedade civil em sua composiccedilatildeo

objetivando agrave conformaccedilatildeo paritaacuteria das representaccedilotildees naquele espaccedilo Entretanto essa

reorganizaccedilatildeo ainda natildeo ocorreu e o conselho funciona hoje sem a representaccedilatildeo de

organizaccedilotildees da sociedade civil

Constata-se poreacutem que a maioria dos conselhos (583) tem composiccedilatildeo paritaacuteria

(Educaccedilatildeo Assistecircncia Social Agricultura dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente do

Direito da Pessoa Portadora de Deficiecircncia Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel

Desenvolvimento Comercial Sauacutede Recursos Hiacutedricos Emprego e Renda e do

Desenvolvimento Urbano) 125 tecircm maioria da representaccedilatildeo da sociedade civil

(Seguranccedila Alimentar Cultura e Turismo) e 291 dos Conselhos ainda tem uma

composiccedilatildeo majoritaacuteria do poder puacuteblico (Transportes Meio Ambiente Saneamento

Desenvolvimento Industrial Ciecircncia e Tecnologia Desenvolvimento Econocircmico e Social e

de Tracircnsito)

O primeiro conselho instituiacutedo em Sergipe foi o Conselho de Sauacutede criado em 1947

no contexto da discussatildeo do Serviccedilo de Sauacutede Puacuteblica Foi reorganizado algumas vezes em

funccedilatildeo da vinculaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede a diferentes secretarias e por forccedila da criaccedilatildeo do

120

A primeira estrutura organizacional voltada para as questotildees ambientais em Sergipe foi o Conselho

Executivo de Controle de Poluiccedilatildeo das Aacuteguas A criaccedilatildeo do Conselho Executivo foi prevista no Convecircnio de 11

de outubro de 1972 celebrado entre o Governo do Estado de Sergipe e o Ministeacuterio da Marinha e tinha como

finalidade como finalidade promover o intercacircmbio o desenvolvimento de estudos e a execuccedilatildeo de accedilotildees que

visassem ao controle da poluiccedilatildeo dos rios Sergipe Japaratuba Vasa-Barris Piauiacute e suas respectivas bacias

contribuintes agrave melhoria das aacuteguas de uso domeacutestico industrial agriacutecola e recreativo agrave preservaccedilatildeo da flora e

da fauna aquaacutetica agrave preservaccedilatildeo da ecologia do meio e agrave consequente reduccedilatildeo do processo de degradaccedilatildeo das

reservas hiacutedricas com a eliminaccedilatildeo gradativa dos focos de poluiccedilatildeo

211

Sistema Uacutenico de Sauacutede O segundo foi o Conselho da Educaccedilatildeo na deacutecada de 60 e no final

da deacutecada de 1970 em meio agrave discussatildeo da poluiccedilatildeo e da degradaccedilatildeo ambiental e

influenciado pela primeira Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente e

Desenvolvimento realizada entre 5 e 16 de junho de 1972 em Estocolmo na Sueacutecia criou-se

o Conselho Estadual do Meio Ambiente Entretanto as deacutecadas de 1990 e 2000 foram aquelas

em que se criou a maioria dos conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas em Sergipe (Figura

34)

Figura 34 Sergipe

Estruturas de governanccedilas das poliacuteticas setoriais - 1960-2010

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Ateacute 1960 1970 1980 1990 2000 2010

Nordm

de

Con

selh

os

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

A concentraccedilatildeo da instituiccedilatildeo dos conselhos nas deacutecadas de 1990 e de 2000

particularmente em Sergipe reforccedila a hipoacutetese da instituiccedilatildeo dos conselhos apoacutes a

promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e da Constituiccedilatildeo Estadual de 1989 como

resultado de reivindicaccedilatildeo de movimentos sociais como defende Albuquerque (2004 p37) e

sobretudo pela necessidade de repasse de recursos da Uniatildeo para o Estado

Teixeira (2000 p05) analisando o funcionamento dos conselhos e seu papel como

nova institucionalidade puacuteblica e democraacutetica assinala uma seacuterie de condiccedilotildees para que esses

de fato possam desempenhar tais papeacuteis Entre essas condiccedilotildees estatildeo a autonomia a

revogabilidade dos mandatos dos conselheiros a imperatividade do mandato a publicidade

dos debates que ocorrem no interior desses espaccedilos a criaccedilatildeo de canais de comunicaccedilatildeo

permanentes e interativos entre os cidadatildeos o governo e as entidades representativas e ainda

a capacidade teacutecnica e poliacutetica dos conselheiros para a participaccedilatildeo

212

A partir dessas condiccedilotildees assinaladas por Teixeira far-se-aacute uma breve anaacutelise dos

Conselhos gestores em Sergipe e destaques para os Conselhos Estaduais de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Urbano e de Transportes

Em relaccedilatildeo agrave autonomia eacute importante destacar que em geral em relaccedilatildeo agraves

deliberaccedilotildees dos conselhos como por exemplo Resoluccedilotildees do Conselho Estadual do Meio

Ambiente (CEMA) que regulamentam o licenciamento de atividades ou fornecem diretrizes

para usos de atributos ambientais estas satildeo respeitadas Poreacutem natildeo haacute autonomia dos

Conselhos em relaccedilatildeo ao poder poliacutetico dominante Como enfatizado na Lei Estadual n

47872003 de fato o Conselho de Meio Ambiente eacute parte integrante da estrutura da

Secretaria de Estado do Meio Ambiente

Outro fato que ameaccedila a autonomia dos conselhos diz respeito agrave autoria das mateacuterias

que compotildeem as pautas das reuniotildees As mateacuterias que satildeo submetidas aos conselhos satildeo

propostas pelas secretarias responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo das poliacuteticas e tecircm o conselho

como instacircncia para validar ou refutar atos estudos planos e outros Satildeo raras as solicitaccedilotildees

de pauta de conselheiros seja de representantes da sociedade civil organizada seja de

representantes do Estado ou de outras entidades que os compotildeem

Dos 35 anos do Conselho Estadual de Meio Ambiente praticamente todas as pautas

satildeo elaboradas com base em demandas da Secretaria de Meio Ambiente (SEMARH) da

Administraccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente (ADEMA) ou de infratores ambientais que

interpotildeem recursos junto ao Conselho contra penalidades administrativas recebidas da

ADEMA Efetivamente no Conselho Estadual de Meio Ambiente natildeo se discute a poliacutetica

ambiental A Lei estadual 5858 de 22 de marccedilo de 2006 que dispotildee sobre a Poliacutetica Estadual

do Meio Ambiente em seus artigos 23 e 24 prevecirc a elaboraccedilatildeo do Plano Estadual do Meio

Ambiente e dos elementos que deveratildeo compor o plano respectivamente O plano jamais foi

elaborado ou cobrado por ambientalistas ou por conselheiros

No Conselho de Transportes embora se constate uma correlaccedilatildeo de forccedilas maior que a

observada no Conselho de Meio Ambiente a autonomia do conselho termina onde comeccedila o

risco de quebra da alianccedila ou coalizatildeo poliacutetica estabelecida entre o estado e os representantes

das empresas prestadoras de serviccedilos de transporte intermunicipal puacuteblico de passageiros

Poucas vezes se viu a solicitaccedilatildeo de aumento da tarifa dos transportes puacuteblicos ser

contestada No Conselho Estadual de Transportes (CET) natildeo se discute a poliacutetica de

transporte intermunicipal de passageiros mas questotildees pontuais como a instalaccedilatildeo de pontos

de parada de ocircnibus requerida por representantes das empresas prestadoras dos serviccedilos

como ocorreu na 29ordf reuniatildeo A ausecircncia do planejamento e do Plano Diretor de Transporte

213

Puacuteblico Intermunicipal de Passageiros permite essa lacuna no conselho e o julgamento das

solicitaccedilotildees dos prestadores do serviccedilo de transporte como demandas sociais

As questotildees da revogabilidade dos mandatos e da imperatividade defendida por

Teixeira natildeo se aplicam aos conselhos estaduais de poliacuteticas puacuteblicas em Sergipe

Natildeo haacute a publicizaccedilatildeo das mateacuterias antes de serem submetidas aos conselhos muito

menos o debate ocorrido no interior desses espaccedilos como espera Teixeira (2000) A

publicaccedilatildeo de mateacuteria referente aos conselhos diz respeito somente agraves resoluccedilotildees e muitas

delas publicam apenas os extratos das resoluccedilotildees Mesmo para os servidores puacuteblicos em

plena atividade os assuntos referentes aos conselhos natildeo satildeo divulgados e compartilhados

para a plena execuccedilatildeo das poliacuteticas no acircmbito das secretarias Natildeo existe canal de

comunicaccedilatildeo temporaacuterio ou permanente para a divulgaccedilatildeo das mateacuterias e facilitar o acesso

agraves resoluccedilotildees dos conselhos pelo puacuteblico interessado e efetivamente jamais existiu qualquer

cobranccedila desse tipo pela sociedade ou seja natildeo haacute transparecircncia nesses espaccedilos A interaccedilatildeo

entre Estado e Sociedade a respeito da elaboraccedilatildeo do acompanhamento e da execuccedilatildeo das

poliacuteticas puacuteblicas ocorre somente por meio de conferecircncias quando exigidas pelos programas

federais Na tentativa de explicar o comportamento e a capacidade teacutecnica e poliacutetica de

participaccedilatildeo social no controle dessas poliacuteticas o Governo do Estado por meio da Secretaria

de Estado do Desenvolvimento Urbano e exigecircncia do Ministeacuterio das Cidades elaborou o

Plano Estadual de Habitaccedilatildeo de Interesse Social de forma participativa Todas as etapas para a

elaboraccedilatildeo do plano foram submetidas agrave consulta popular tendo sido realizada a uacuteltima

audiecircncia em marccedilo 2012 com a participaccedilatildeo de vaacuterios representantes de organizaccedilotildees da

sociedade civil como o Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM) a Uniatildeo

Nacional por Moradia Popular (UNMP) e outros movimentos aleacutem de beneficiaacuterios de

programas habitacionais O Plano Estadual de Habitaccedilatildeo de Interesse Social eacute mateacuteria que

necessita de aprovaccedilatildeo do Conselho Estadual de Desenvolvimento Urbano Transcorridos

dois anos e informados da necessidade do cumprimento das metas pactuadas pelo Estado

sobretudo da aprovaccedilatildeo do Plano pelo Conselho nenhum representante desses Movimentos

questiona o Estado ou exerce qualquer tipo de pressatildeo para aprovaccedilatildeo e execuccedilatildeo do plano

Nas palavras de Costa e Cunha (2009) inuacutemeros fatores contribuem para transformar

os conselhos e a possibilidade de participaccedilatildeo cidadatilde atraveacutes deles em mera ficccedilatildeo legal Pela

total e irrestrita concordacircncia com as palavras desses autores transcrevem-se os fatores por

eles indicados que contribuem para essa ficccedilatildeo legal

A submissatildeo aos ditames de alocaccedilatildeo de recursos por arte dos dirigentes

poliacuteticos a dependecircncia agraves normas e diretrizes teacutecnicas fixadas pelas

214

burocracias federal estadual e municipal a difiacutecil convivecircncia com partidos

graccedilas agrave atraccedilatildeo que os recursos destinados a poliacuteticas sociais tecircm para o

exerciacutecio do clientelismo o reduzido niacutevel educacional e de renda de muitos

beneficiaacuterios e o puro e simples desinteresse de parte da populaccedilatildeo em atuar

na escolha de representantes ou no controle de suas atividades (COSTA e

CUNHA 2009 p 90)

Em Sergipe a maioria dos conselhos tem funccedilatildeo deliberativa o que exige a

capacitaccedilatildeo dos representantes nas temaacuteticas em apreciaccedilatildeo e deliberaccedilatildeo O despreparo

teacutecnico de representantes de organizaccedilotildees da sociedade civil a falta de informaccedilatildeo e a

ausecircncia de compromisso de gestores com as poliacuteticas puacuteblicas efetivamente tecircm

comprometido a qualidade e o controle social da implementaccedilatildeo de accedilotildees aprovadas nessas

instacircncias de participaccedilatildeo

A instituiccedilatildeo de diversos conselhos de poliacuteticas puacuteblicas nos trecircs niacuteveis de governo

como espaccedilo para o controle social aleacutem de atender a programas da Uniatildeo visando agrave

transferecircncia de recursos tem oportunizado aos gestores de poliacuteticas e a pesquisadores a

avaliaccedilatildeo de desempenho dessas institucionalidades a capacidade teacutecnica e poliacutetica para a

participaccedilatildeo e a habilidade de negociaccedilatildeo de seus membros bem como a efetividade desses

espaccedilos no processo da democratizaccedilatildeo

Para o Ministeacuterio da Integraccedilatildeo

Os desafios de governanccedila no campo das poliacuteticas regionais se devem em

particular agrave complexidade do sistema federativo brasileiro ao caraacuteter

recente da participaccedilatildeo organizada da sociedade civil na poliacutetica puacuteblica

brasileira agrave escassez de mecanismos de coordenaccedilatildeo e articulaccedilatildeo entre

Uniatildeo Estados e Municiacutepios assim como intra governos agrave estrutura

especiacutefica do modelo de reparticcedilatildeo de recursos entre as instacircncias de poder

e agrave loacutegica de atuaccedilatildeo historicamente setorial dos programas do governo

federal (MI 2010 p 40)

Independentemente da escassez de mecanismos de coordenaccedilatildeo e articulaccedilatildeo a arte de

articular exige a disposiccedilatildeo dos interessados para o processo Na articulaccedilatildeo intragoverno a

figura do coordenador do processo concentra poder fato que amplia a complexidade da

articulaccedilatildeo na arena montada por acordos poliacuteticos como eacute o caso da Administraccedilatildeo Puacuteblica

sergipana inibindo o interesse daquele que natildeo quer compartilhar o poder de decisatildeo sobre

questotildees relativas ao setor pelo qual responde E assim a participaccedilatildeo de representantes do

governo (Secretaacuterios de Estado) nos conselhos ocorre como mero formalismo para apoio das

decisotildees tomadas pelo colega Soma-se a isso a frequecircncia das e nas reuniotildees dos conselhos

que fica condicionada agrave previsibilidade de pagamento de jetom remuneraccedilatildeo paga aos

conselheiros pela participaccedilatildeo Caso natildeo se estabeleccedila esse benefiacutecio pela participaccedilatildeo em

geral haacute a indicaccedilatildeo de servidor para representar a instituiccedilatildeo Entretanto a esse indicado natildeo

215

se daacute autonomia para decidir em nome da instituiccedilatildeo representada Por tudo isso a tese dos

conselhos como ficccedilotildees legais confirma-se

Outra questatildeo relevante vinculada aos conselhos refere-se a seu papel na

descentralizaccedilatildeo das poliacuteticas A criaccedilatildeo dos conselhos setoriais atende ao programa federal

de descentralizaccedilatildeo que preconiza essa estrutura de governanccedila nos trecircs niacuteveis de governo e

nos niacuteveis subnacionais que atendem aos Programas regionais e territoriais Embora

reconhecendo o Conselho da Sudene e os Colegiados Territoriais do Programa Territoacuterios da

Cidadania como estrutura de governanccedila subnacional e os conselhos municipais como

governanccedilas locais essas institucionalidades natildeo seratildeo analisadas nesta tese

Contudo tanto a estrutura organizacional quanto a capacidade teacutecnica e poliacutetica de

participaccedilatildeo dessas institucionalidades seja no niacutevel estadual seja no municipal natildeo tecircm

contribuiacutedo para a efetividade da prestaccedilatildeo dos serviccedilos como era esperado com o Programa

de Descentralizaccedilatildeo Soma-se a essa realidade a cidadania pequena dos representantes das

organizaccedilotildees sociais para a discussatildeo e aprovaccedilatildeo de decisotildees que viabilizem as poliacuteticas

puacuteblicas setoriais

A governanccedila como um sistema constituiacutedo pelas instituiccedilotildees normas e

procedimentos que permite a mobilizaccedilatildeo o envolvimento e a participaccedilatildeo efetiva do estado

da sociedade e do setor privado no planejamento na formalizaccedilatildeo e na implementaccedilatildeo e no

controle social das poliacuteticas puacuteblicas ainda natildeo eacute uma realidade em Sergipe De fato o

reconhecimento de uma sociedade caracterizada por forte concentraccedilatildeo de poder de

desigualdades sociais precariedade da cidadania e fraco capital social a estruturaccedilatildeo e

operacionalizaccedilatildeo de governanccedila ainda eacute um desafio Por tudo exposto as estruturas de

governanccedila existentes no niacutevel estadual por sua natureza estrutural e instrumental natildeo tecircm

contribuiacutedo para a democracia participativa em Sergipe

216

CONCLUSOtildeES

Esta tese avalia o estoque de capital social sua ldquonatureza espacialrdquo e a cultura poliacutetica

dos oacutergatildeos de desenvolvimento com atuaccedilatildeo no Estado e das instituiccedilotildees puacuteblicas de

planejamento estadual e a relaccedilatildeo destas com a construccedilatildeo e destruiccedilatildeo do capital social em

Sergipe A questatildeo central voltou-se para a explicaccedilatildeo de que o capital social eacute elemento

fundamental para a gestatildeo e garantia da efetividade das poliacuteticas puacuteblicas e dos programas de

desenvolvimento regional e territorial

O capital social desde a deacutecada de 1980 tem sido correlacionado positivamente com

democracias liberais desenvolvimento regional e bom desempenho institucional Uma das

premissas adotadas eacute a existecircncia de alto estoque de capital social ou seja de uma

comunidade ciacutevica que adquire plenitude e visibilidade no territoacuterio com base no

empoderamento comunitaacuterio e na capacidade da accedilatildeo poliacutetica voltada para o desenvolvimento

territorial e para o controle social das poliacuteticas puacuteblicas

Neste estudo avaliaram-se as categorias geograacuteficas regiatildeo e territoacuterio e os processos

da regionalizaccedilatildeo e territorializaccedilatildeo a partir das concepccedilotildees teoacutericas e das praacuteticas poliacuteticas

Resgatou-se a trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo em Sergipe na perspectiva do entendimento da

importacircncia das categorias geograacuteficas regiatildeo e territoacuterio nas praacuteticas poliacuteticas A

regionalizaccedilatildeo e a territorializaccedilatildeo em Sergipe satildeo expressotildees da atuaccedilatildeo do Estado e

repeticcedilotildees de modelos de processos e metodologias que ocorreram e que ocorrem no Brasil

Em Sergipe tanto a regionalizaccedilatildeo quanto a territorializaccedilatildeo vincularam-se ao planejamento e

tiveram como objetivos o crescimento econocircmico o desenvolvimento de espaccedilos regionais a

desconcentraccedilatildeo da gestatildeo de poliacuteticas e o controle de programas governamentais A anaacutelise

da trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo no Estado demonstrou que a Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual se

utiliza de unidades espaciais diferenciadas para o planejamento orccedilamentaacuterio a

desconcentraccedilatildeo da gestatildeo de poliacutetica e para o desenvolvimento regional

Avaliaram-se as poliacuteticas de desenvolvimento instituiacutedas para o Estado na perspectiva

do reconhecimento das concepccedilotildees que as alimentavam O termo desenvolvimento por sua

origem nas ciecircncias econocircmicas surgiu como um processo orientado para a melhoria da

eficiecircncia do sistema de produccedilatildeo e consequentemente para o crescimento econocircmico A

apropriaccedilatildeo do termo desenvolvimento pelas ciecircncias sociais incorpora aspectos sociais no

processo tanto como variaacuteveis garantidoras de sua efetividade quanto como finalidade O

desenvolvimento eacute um processo que requer cidadania ou seja sujeitos sociais conscientes e

217

participativos Defende-se neste trabalho o desenvolvimento como um processo que tem

finalidade social viabilidade econocircmica e condicionalidade ambiental

O uso do territoacuterio como unidade de planejamento do desenvolvimento ocorreu em

meio agrave crise do modelo do planejamento regional e da necessidade de inserccedilatildeo das dimensotildees

social e ambiental na proposta de desenvolvimento No contexto teoacuterico-conceitual o

territoacuterio eacute a categoria geograacutefica que legitima as accedilotildees dos agentes sociais atraveacutes do

controle social e da efetividade das estruturas de governanccedila de poliacuteticas puacuteblicas e de certo

modo expressaria a contraposiccedilatildeo agraves velhas formas centralizadoras do planejamento puacuteblico

e da concepccedilatildeo do desenvolvimento como crescimento econocircmico

A territorializaccedilatildeo proposta pelo Governo do Estado em 2007 interpretou o territoacuterio

como expressatildeo e produto das relaccedilotildees protagonizadas pelos agentes territoriais O territoacuterio

foi proximidade agentes interaccedilotildees espaccedilo poliacutetico espaccedilo habitado espaccedilo de gestatildeo em

conflito e uma construccedilatildeo social

O territoacuterio interpretado como expressatildeo e produto das relaccedilotildees teve delimitaccedilatildeo

direcionada para a accedilatildeo poliacutetica do Estado O territoacuterio eacute categoria praacutetica medida das accedilotildees

(projetos) da poliacutetica de desenvolvimento e o Estado o sujeito concreto produtor dos

territoacuterios de planejamento e executor das accedilotildees em base territorial No entanto as accedilotildees

inscreveratildeo deslocamentosmovimentos e novos espaccedilos faratildeo deles novas expressotildees

poliacuteticas Nesse ponto o papel da geografia eacute ressaltado natildeo apenas para interpretar os

processos seus impactos interesses e agentes do desenvolvimento mas tambeacutem espacializaacute-

los a partir dos movimentos induzidos construiacutedos ou fortalecidos pelas accedilotildees

A siacutentese da histoacuteria do planejamento governamental brasileiro e sergipano

apresentada mostrou que efetivamente o planejamento regional ocorreu em fases

diferenciadas nas escalas nacional e estadual O planejamento regional brasileiro ocorreu nas

deacutecadas de 1950 e 1960 enquanto o planejamento do desenvolvimento sergipano se fez

melhor nas deacutecadas de 1960 e ateacute meados da deacutecada de 1970 A partir do Decreto-Lei nordm 200

de 25 de fevereiro de 1967 o planejamento foi executado pelo governo central orientado para

a elaboraccedilatildeo do orccedilamento-programa anual cujas accedilotildees deveriam ser regionalizadas A partir

da aplicaccedilatildeo efetiva do Decreto-Lei nordm 2001967 a funccedilatildeo planejamento do desenvolvimento

regional perde legitimidade entra em crise afetando tambeacutem as institucionalidades de

desenvolvimento como o Condese em Sergipe

A anaacutelise da trajetoacuteria do planejamento em Sergipe permitiu o reconhecimento do

Condese como o pilar do planejamento regional e base para o desenvolvimento econocircmico do

Estado ateacute os dias atuais Em contraposiccedilatildeo o planejamento tecnocraacutetico do Condese voltado

218

para o crescimento econocircmico do Estado e por outro a negligecircncia com as poliacuteticas sociais

sobretudo educaccedilatildeo e a cultura poliacutetica autoritaacuteria e centralizadora em meio agrave dinacircmica

social iniciada na deacutecada de 1970 e as crises em escala nacional colaboraram para sua

extinccedilatildeo

A discussatildeo sobre os processos do planejamento do desenvolvimento e sobre o

planejamento do desenvolvimento procurou destacar os agentes as escalas e os valores

culturais predominantes e os meacutetodos e praacuteticas usadas na perspectiva da correlaccedilatildeo entre a

construccedilatildeo desses processos e a formaccedilatildeo de capital social no Estado Para tanto foram

analisadas as praacuteticas dos oacutergatildeos de desenvolvimento regional (Sudene e Chesf) na busca da

contribuiccedilatildeo desses na formaccedilatildeo do estoque de capital social regional e local

A pesquisa sobre capital social permitiu no seu princiacutepio reconhecer a necessidade do

aprofundamento de estudos sobre os efeitos do capital social sobretudo aqueles agrupados

nas funccedilotildees de controle social e de benefiacutecios das redes extrafamiliares haja vista sua

importacircncia na gestatildeo puacuteblica no fortalecimento da democracia e nas poliacuteticas de

desenvolvimento principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento

Por efeitos do capital social no niacutevel social e com funccedilatildeo de benefiacutecios oriundos de

redes extrafamiliares deve-se entender a facilidade da execuccedilatildeo de accedilotildees coletivas e

compartilhadas da organizaccedilatildeo social em associaccedilatildeo e ou cooperativas para a realizaccedilatildeo de

accedilotildees de interesse da coletividade Os efeitos cuja funccedilatildeo se relaciona com o controle social

por outro lado satildeo benefiacutecios advindos da capacidade e habilidade da participaccedilatildeo cidadatilde da

capacidade de mobilizaccedilatildeo social e de desempenho do Estado na aplicaccedilatildeo das poliacuteticas e no

relacionamento com a sociedade e com o mercado O reconhecimento da importacircncia dessas

funccedilotildees do capital social na gestatildeo puacuteblica e o desejo de contribuir na condiccedilatildeo de servidor

puacuteblico para a melhoria das praacuteticas do planejamento puacuteblico foram os grandes motivadores

dessa pesquisa

A proposiccedilatildeo do aprofundamento de pesquisa a respeito das funccedilotildees de controle social

e de benefiacutecios das redes extrafamiliares fundamenta-se na revisatildeo da literatura nacional e

internacional sobre capital social na avaliaccedilatildeo das normas e procedimentos organizacionais e

de planejamento do desenvolvimento da Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira e principalmente a

sergipana e ainda nos resultados dessa pesquisa

A pesquisa confirmou a crise do planejamento do desenvolvimento regional e do natildeo

planejamento em escala estadual o papel do Estado nos processos de desenvolvimento e da

dinacircmica social e sobretudo a relevacircncia do capital social nesses processos no

fortalecimento da democracia e na melhoria do desempenho das instituiccedilotildees puacuteblicas

219

Territoacuterio e regiatildeo tomados como unidades de planejamento da alocaccedilatildeo de recursos

puacuteblicos satildeo escalas que produzem anaacutelises (econocircmicas e sociais) semelhantes em

sociedades com cidadania pequena ou pouca maturidade poliacutetica Em sociedades de sujeitos

sociais ativos e participantes o territoacuterio como expressatildeo poliacutetica e construccedilatildeo social

apresenta resultados das anaacutelises da efetividade das poliacuteticas de desenvolvimento e accedilotildees

puacuteblicas diferentes daqueles encontrados na regiatildeo

Os resultados desta pesquisa confirmaram a natildeo existecircncia de sujeitos sociais ativos e

portanto capazes de sustentar uma poliacutetica territorial participativa em Sergipe Aleacutem disso o

territoacuterio foi espaccedilo de apropriaccedilatildeo do Estado demonstrado tanto pela superioridade da esfera

poliacutetica nos espaccedilos participativos criados para fortalecer os territoacuterios de planejamento e

fomentar a apropriaccedilatildeo desses pela sociedade quanto pela legitimidade de agente do

planejamento do desenvolvimento e prestador dos serviccedilos essenciais O territoacuterio nesse

contexto foi e continuaraacute sendo categoria praacutetica espaccedilo de visibilidade da poliacutetica de

desenvolvimento

A cultura poliacutetica dos sujeitos sociais e das organizaccedilotildees puacuteblicas identificadas pela

pesquisa reflete os fracos laccedilos das relaccedilotildees entre o Estado e a sociedade em Sergipe A

classificaccedilatildeo dos laccedilos em fracos se agrava em Sergipe pelas seguintes razotildees a dependecircncia

da oferta de emprego na Administraccedilatildeo Puacuteblica municipal da grande maioria da populaccedilatildeo

ativa dos municiacutepios e a ausecircncia de poliacutetica educacional como estrateacutegia de

desenvolvimento Razotildees que dificultam a transformaccedilatildeo do niacutevel de consciecircncia dos

indiviacuteduos e da sociedade e portanto da formaccedilatildeo de uma comunidade ciacutevica como

defendeu Putnam cujos cidadatildeos satildeo participativos possuem igualdade poliacutetica satildeo

prestativos e organizados civil e politicamente e sobretudo natildeo alimentam e reproduzem

processos como a corrupccedilatildeo e o clientelismo

No contexto da discussatildeo do territoacuterio como categoria praacutetica espaccedilo de visibilidade

da accedilatildeo poliacutetica a pesquisa constatou que a gestatildeo de poliacuteticas setoriais em bases regionais

diferenciadas da escala usada pelo ldquoplanejamentordquo do desenvolvimento estadual reforccedilou a

adoccedilatildeo do territoacuterio como uma decisatildeo poliacutetica Decisatildeo que na praacutetica pouco alterou o

planejamento e a execuccedilatildeo das poliacuteticas setoriais as praacuteticas orccedilamentaacuterias e as estruturas de

governanccedila instituiacutedas e em funcionamento em Sergipe

A participaccedilatildeo social no processo do planejamento participativo ou melhor a reduccedilatildeo

da participaccedilatildeo social nas conferecircncias confirmou a natildeo apropriaccedilatildeo dos territoacuterios de

planejamento pela sociedade e portanto reforccedila a territorializaccedilatildeo como decisatildeo poliacutetica

tomada de ldquocima para baixordquo praacutetica comum em Sergipe

220

A breve avaliaccedilatildeo do processo participativo revelou que o poder de influecircncia e

cooptaccedilatildeo nos espaccedilos participativos instituiacutedos pelo Estado praticamente concentrou-se

nele mesmo As representaccedilotildees das organizaccedilotildees sociais e dos movimentos sociais

contribuiacuteram pouco para o embate nas questotildees de desenvolvimento e a representaccedilatildeo do

setor privado efetivamente natildeo existiu A dependecircncia da Administraccedilatildeo Puacuteblica de grande

parte dos representantes municipais presentes nas conferecircncias a heranccedila cultural das

relaccedilotildees de compadrio clientelismo e assistencialismo da Administraccedilatildeo Puacuteblica aleacutem do

individualismo dos sujeitos sociais contribuiacuteram para essa afirmativa e tambeacutem para

consolidar o achado da cidadania pequena e baixo estoque de capital social em Sergipe

O planejamento puacuteblico como processo que se utiliza de instrumento (meacutetodo)

racional de alocaccedilatildeo dos recursos mostrou-se fraacutegil e incompleto Fragilidade assim

interpretada decorreu tanto da natildeo efetividade das accedilotildees planejadas quanto da natildeo existecircncia

do planejamento da alocaccedilatildeo dos recursos No caso em anaacutelise o planejamento

governamental fraacutegil e incompleto inseriu o levantamento de demandas da populaccedilatildeo como

uma de suas etapas O processo teve etapas teacutecnicas e meacutetodos definidos e construiacutedos sem a

participaccedilatildeo social A seleccedilatildeo das metodologias e das temaacuteticas usadas nos espaccedilos

participativos bem como a construccedilatildeo dos programas e do Plano Plurianual foram tarefas

exclusivas da tecnocracia As conferecircncias sobretudo as territoriais e estaduais foram

espaccedilos de consulta e natildeo de elaboraccedilatildeo dos programas e do plano plurianual Mostraram-se

fraacutegeis o projeto de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo do processo a natildeo delimitaccedilatildeo do campo

de intervenccedilotildees estaduais para a coleta de demandas o natildeo empoderamento organizacional

(de toda Administraccedilatildeo Puacuteblica) sobretudo do Chefe do Executivo e a natildeo elaboraccedilatildeo dos

programas e plano plurianual participativo entre outros

A agenda paralela do gestor do Executivo estadual negociando obras e intervenccedilotildees

com os gestores municipais as quais se tornaram prioridades na alocaccedilatildeo dos recursos

descaracterizou o que poderia ser o meacutetodo de investigaccedilatildeo das demandas sociais e reforccedilou o

ldquoplanejamentordquo como funccedilatildeo de uma Secretaria A descaracterizaccedilatildeo foi percebida e

exteriorizada pelos participantes durante a avaliaccedilatildeo do processo do planejamento

participativo realizada em 2010 pela Secretaria de Estado do Planejamento A

descaracterizaccedilatildeo foi expressa ainda pelo grau de confiabilidade dos participantes no processo

e nas instituiccedilotildees puacuteblicas

A ausecircncia do empoderamento organizacional se confirmou sobretudo com a

descontinuidade do processo motivada pela substituiccedilatildeo do gestor da pasta do planejamento

221

O processo em vez de ser melhorado e aperfeiccediloado sofreu arrefecimento O arrefecimento

foi demonstrado tanto pelo reduzido nuacutemero de participantes nas conferecircncias sobretudo na

conferecircncia territorial ocorrida em 2011 quanto pela natildeo implementaccedilatildeo e continuidade das

accedilotildees que aproximariam o Estado da sociedade Contribuiu ainda para isso a ausecircncia de

integraccedilatildeo das poliacuteticas e o grande nuacutemero de conferecircncias setoriais realizados pelo Estado

para atender agraves poliacuteticas da Uniatildeo e assegurar o repasse de recursos para os programas

estaduais

A avaliaccedilatildeo do processo do Planejamento do Desenvolvimento Territorial

Participativo (PDTP) mais tarde denominado tambeacutem de Planejamento Participativo (PP)

permitiu concluir que o processo se constituiu em nova roupagem para as velhas praacuteticas

centralizadoras de poder A criaccedilatildeo de espaccedilo participativo natildeo deve ser apenas fruto da

vontade poliacutetica A criaccedilatildeo de espaccedilos participativos exige aleacutem do comprometimento e

empoderamento dos gestores uma (re)organizaccedilatildeo estrutural da Administraccedilatildeo Puacuteblica

estadual a quebra da rigidez processual hieraacuterquica e das barreiras que natildeo foram modeladas

para a transparecircncia a participaccedilatildeo a integraccedilatildeo e a articulaccedilatildeo muitas vezes nem mesmo

para ceder ao interesse puacuteblico em detrimento do interesse do grupo poliacutetico que estaacute

representando como se constata em Sergipe

No contexto da poliacutetica de desenvolvimento a priorizaccedilatildeo da execuccedilatildeo de obras

pontuais dispersas e sem integraccedilatildeo com um arranjo produtivo desnuda as instituiccedilotildees

puacuteblicas enfraquece ou anula o planejamento e esconde a natureza das elites poliacuteticas e seu

projeto de poder Praacutetica que se constitui em um dos maiores obstaacuteculos natildeo apenas para o

fortalecimento do capital social a participaccedilatildeo a integraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas sobretudo

para o desenvolvimento regional a democratizaccedilatildeo e a reduccedilatildeo do quadro de privaccedilotildees de

liberdades A execuccedilatildeo de obras pontuais fruto de negociaccedilatildeo eleitoreira natildeo estrutura as

atividades produtivas e natildeo elimina as privaccedilotildees de liberdade da populaccedilatildeo

A ldquonegociaccedilatildeordquo reacende a discussatildeo do papel da educaccedilatildeo nos processos e a pouca

relevacircncia dessa temaacutetica nas propostas de desenvolvimento em Sergipe A baixa

escolarizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em praticamente todos os territoacuterios conforme visto no apecircndice

C eacute resultado da reduzida e recente disponibilidade de estabelecimento de educaccedilatildeo de ensino

meacutedio nos municiacutepios sergipanos As altas taxas de analfabetismo da populaccedilatildeo com 15 e

mais anos de idade satildeo reflexos da ausecircncia da prestaccedilatildeo desse serviccedilo pelo poder puacuteblico e

da dificuldade de acesso aos estabelecimentos de ensino pela populaccedilatildeo mais carente A

experiecircncia sergipana de planejamento do desenvolvimento ilustra bem essa ausecircncia O

222

planejamento do Condese nas deacutecadas de 1960 e 1970 voltou-se para o crescimento

econocircmico enfatizando a industrializaccedilatildeo e a modernizaccedilatildeo das induacutestrias instaladas no

estado Nas deacutecadas de 1980 e 1990 com a mudanccedila do enfoque do desenvolvimento

integrando reformas institucionais econocircmicas e sociais programas de educaccedilatildeo passaram a

compor as agendas das poliacuteticas puacuteblicas em resposta aos programas e recursos da Uniatildeo

Entretanto o acesso aos estabelecimentos de ensino e a qualidade da prestaccedilatildeo desses

serviccedilos bem como a educaccedilatildeo como um instrumento de transformaccedilatildeo social ainda natildeo satildeo

percebidas como entraves ao desenvolvimento agrave reduccedilatildeo da pobreza e ao ldquoempoderamentordquo

de sujeitos e comunidades pelo menos pela maioria dos participantes desta pesquisa

Os argumentos usados para a classificaccedilatildeo das localidades em desenvolvidasnatildeo

desenvolvidas em todos os territoacuterios vatildeo desde a ausecircncia de infraetrutura urbana e produtiva

agrave ineficiecircncia da gestatildeo puacuteblica e pouca cidadania (Apecircndice G) As tipologias da maioria dos

argumentos fornecidos corroboram o niacutevel do empoderamento individual dos respondentes da

pesquisa a continuidade da percepccedilatildeo do desenvolvimento vinculado ao crescimento

econocircmico e ao Estado como agente executor da poliacutetica Praticamente todos os respondentes

atribuiacuteram a responsabilidade pelo desenvolvimento da comunidade e do municiacutepio ao Poder

Puacuteblico e agraves academias A delegaccedilatildeo de responsabilidade ao Poder Puacuteblico e o natildeo

reconhecimento do respondente de agente capaz de transformar sua comunidade revelou que

o niacutevel do empoderamento dos participantes eacute individual e tecircnue e a dependecircncia do Poder

Puacuteblico eacute coletiva Em contraposiccedilatildeo agrave dependecircncia a confianccedila nas instituiccedilotildees eacute pouca

A evidecircncia identificada pela pesquisa da inexistecircncia do niacutevel de empoderamento

comunitaacuterio sinaliza para o baixo estoque de capital social em Sergipe e a continuidade de

praacuteticas como o clientelismo e o personalismo e sobretudo para o aumento da soberania e o

fortalecimento da cultura centralizadora e autoritaacuteria identificada nas instituiccedilotildees puacuteblicas

(federais e estaduais) atuantes em Sergipe

As instituiccedilotildees puacuteblicas tecircm papel relevante no fortalecimento ou esvaziamento do

capital social Os achados da pesquisa confirmaram tanto o esvaziamento do capital social

notadamente a regra de todas as instituiccedilotildees analisadas quanto o fortalecimento de modo

indireto do capital social pela Chesf O fortalecimento do capital social dos atingidos pelas

construccedilotildees de barragens executadas pela Chesf no Meacutedio Satildeo Francisco foi o uacutenico

exemplo de fortalecimento evidenciado nesta pesquisa Entretanto eacute importante lembrar que o

fortalecimento do capital social dos atingidos por barragens surgiu em resposta ao

planejamento autoritaacuterio e centralizador da Chesf e ao descaso com os impactos sociais

223

negativos decorrentes das intervenccedilotildees por ela realizadas e pelos laccedilos fortes existentes nas

comunidades atingidas ou seja desterritorializadas pela construccedilatildeo e operacionalizaccedilatildeo das

barragens O fortalecimento do capital social dos atingidos pelas barragens e a natureza

espacial desse capital social (territorializaccedilatildeo) culminaram na instituiccedilatildeo formal dos territoacuterios

de identidade da Bahia

A presenccedila dos movimentos sociais e de seus organizadores em determinados espaccedilos

natildeo eacute garantia de alto estoque de capital social Inclui-se tambeacutem a capacidade de associar-se

dos sergipanos A pesquisa revelou que a maioria das associaccedilotildees em Sergipe foi criada para

acessar recursos puacuteblicos e ou bens e a decisatildeo para associar-se natildeo tem sido voluntaacuteria A

participaccedilatildeo em grupos no Estado por si soacute natildeo significa alto estoque de capital social e natildeo

tem contribuiacutedo para o fortalecimento do empoderamento comunitaacuterio

A capacidade de participaccedilatildeo social eacute semelhante em todos os territoacuterios de

planejamento de Sergipe A participaccedilatildeo depende de um lado da capacidade e habilidade

individual e coletiva dos participantes (atores e agentes) e do outro das condiccedilotildees objetivas da

cidadania Confirmou-se que ainda natildeo se tem cidadania suficiente para a participaccedilatildeo social

em Sergipe Assim o planejamento participativo como um processo alicerccedilado na ampla

participaccedilatildeo popular e o desenvolvimento como uma construccedilatildeo coletiva articulada em duas

escalas (territorial e estadual) satildeo maacuteximas impossiacuteveis para a cultura poliacutetica dominante em

Sergipe

Com base no estudo do reconhecimento do estoque de capital social nos territoacuterios de

planejamento o Iacutendice de Capital Social calculado revelou-se baixo e a natureza espacial

desse capital social eacute a mesma em todos os territoacuterios de planejamento Esses resultados

confirmam os inventaacuterios de diferentes dimensotildees de capital social realizados no Brasil que

tecircm demonstrado baixo estoque de capital social O estoque de capital social em Sergipe eacute

muito baixo

O Questionaacuterio Integrado para Medir o Capital Social (QI-MCS) proposto pelo Banco

Mundial eacute uma ferramenta flexiacutevel e de fato confiaacutevel vaacutelida e uacutetil para inventariar e

aprofundar pesquisas nas diferentes dimensotildees do capital social Entretanto sua aplicaccedilatildeo

requer a definiccedilatildeo clara dos objetivos gerais (pesquisa acadecircmica ou formulaccedilatildeo de poliacutetica

puacuteblica) e especiacuteficos da pesquisa (avaliarfortalecer o associativismo e a capacidade de accedilatildeo

coletiva avaliar o niacutevel de confianccedila nas institucionalidadespoliacuteticas avaliarfortalecer o

niacutevel de empoderamento e a capacidade de accedilatildeo poliacutetica dos indiviacuteduos avaliar o niacutevel de

acesso agrave informaccedilatildeo sobre determinado temasetorpoliacutetica da comunidade pesquisada avaliar

224

o niacutevel de coesatildeo da populaccedilatildeo entre outros) a definiccedilatildeo do puacuteblico a ser avaliadoatendido

pela poliacutetica os diferentes agentes atuantes no espaccedilo e outros Essa clareza eacute requerida tanto

para otimizaccedilatildeo de recursos (financeiros humanos e tempo) uma vez que o questionaacuterio eacute

extenso quanto para a capacidade de aprofundamento das questotildees e informaccedilotildees sobre a

dimensatildeo a ser avaliada e sua adaptaccedilatildeo agrave realidade cultural local tornando o questionaacuterio um

instrumento mais objetivo

Para a pesquisa realizada foi considerado relevante o inventaacuterio de todas as

dimensotildees ou seja de informaccedilotildees sobre a participaccedilatildeo em grupos e redes o niacutevel de

confianccedila e solidariedade entre as pessoas e entre estas e as instituiccedilotildees a capacidade de accedilatildeo

coletiva e de cooperaccedilatildeo dos indiviacuteduos os meios de acesso agrave informaccedilatildeo e agrave comunicaccedilatildeo

dos indiviacuteduos o grau de coesatildeo e inclusatildeo social e a capacidade de empoderamento e accedilatildeo

poliacutetica Essa relevacircncia partiu natildeo apenas do exerciacutecio da aplicaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo da

ferramenta de coleta como tambeacutem para melhor instrumentalizaccedilatildeo das proposiccedilotildees visando

ao resgate do capital social em Sergipe e em seus territoacuterios

A constataccedilatildeo nesta pesquisa da ldquoregra geralrdquo do esvaziamento dos estoques de

capital social pelas instituiccedilotildees puacuteblicas e sobretudo a evidecircncia empiacuterica do fortalecimento

do capital social dos atingidos por barragens construiacutedas pela Chesf no Meacutedio Satildeo Francisco

reforccedilaram que estruturas de governanccedilas e poliacuteticas puacuteblicas sensatas e efetivas podem

revitalizar estoques de capital social

Como siacutentese integradora dessas conclusotildees e principal achado da tese foi encontrar

evidecircncia empiacuterica para a ldquonatureza espacialrdquo do capital social e para o papel desse recurso

sobretudo para as poliacuteticas de desenvolvimento Constatou-se que de fato haacute uma correlaccedilatildeo

positiva entre a existecircncia de alto estoque de capital social e o desenvolvimento

regionalterritorial a eficiecircnciadesempenho institucional na Administraccedilatildeo Puacuteblica a

governabilidade democraacutetica o fortalecimento democraacutetico a qualidade das poliacuteticas puacuteblicas

e a efetividade das estruturas de governanccedila O baixo estoque de capital social identificado

nos territoacuterios de planejamento satildeo reflexos do formalismo processual da rigidez burocraacutetica

do autoritarismo e a pouca eficiecircncia das poliacuteticas implementadas pelas instituiccedilotildees de

desenvolvimento regional e de planejamento avaliadas Os resultados das anaacutelises dos dados

coletados na pesquisa a avaliaccedilatildeo desenvolvida sobre o processo do planejamento

participativo e os indicadores sociais disponiacuteveis em fonte oficial como IBGE corroboram

esse achado

225

As instituiccedilotildees participativas como as conferecircncias do planejamento participativo e os

conselhos de poliacuteticas puacuteblicas satildeo de fato estruturas que podem favorecer a revitalizaccedilatildeo do

estoque de capital social Isso acontece quando haacute empoderamento comunitaacuterio ou seja em

comunidades ciacutevicas Nesse contexto o processo denominado planejamento do

desenvolvimento territorial participativo (PDTP) instituiacutedo pelo Governo do Estado em

2007 constituiu-se em (e se constitui uma vez que natildeo ocorreu revogaccedilatildeo do Decreto que o

instituiu) uma via de espaccedilos e esboccedilos tanto para meacutetodos participativos em processos de

planejamento do desenvolvimento regional quanto para revitalizaccedilatildeo do estoque do capital

social nos territoacuterios de planejamento De fato haacute a possibilidade do fortalecimento de todos

os niacuteveis de empoderamento (individual comunitaacuterio e organizacional) da abertura e

oportunizaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo de uma consciecircncia criacutetica na populaccedilatildeo a partir das conferecircncias

do planejamento participativo Os estudos indicaram como primeira proposiccedilatildeo a necessaacuteria

revisatildeo do processo a melhoria da comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo das informaccedilotildees em linguagem

e meios acessiacuteveis a todos e todas a transparecircncia na seleccedilatildeo das accedilotildees a serem executadas

A pesquisa induziu que o fortalecimento do capital social nos municiacutepios sergipanos eacute

o caminho para as mudanccedilas institucionais a democratizaccedilatildeo o desenvolvimento estadual e a

reduccedilatildeo das desigualdades Considerando que as instituiccedilotildees puacuteblicas foram identificadas

como uma das principais responsaacuteveis pelo baixo estoque de capital social a reforma

administrativa que minimize o formalismo processual e maximize e flexibilize o acesso agraves

normas e aos serviccedilos e bens fornecidos e produzidos pelo Estado eacute vislumbrada como o

instrumental para a reversatildeo do quadro de baixos indicadores sociais e de estoque de capital

social e a segunda proposta e desafio para os gestores nos trecircs niacuteveis de governo

Por fim a principal contribuiccedilatildeo para o resgate do processo de planejamento

participativo eacute a formataccedilatildeo do processo de forma participativa e para a geografia eacute um

convite ao debate da utilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo do capital social e agrave ampliaccedilatildeo da articulaccedilatildeo

com as ciecircncias sociais

226

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WWWtesourofazendagovbr

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250

Apecircndice A ndash Questionaacuterio Integrado para Medir Capital Social

251

252

253

254

APEcircNDICE Bndash ROTEIRO DE ENTREVISTA

1 Na sua experiecircncia vivenciada na Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual qual foi o modelo

de planejamento adotado para o desenvolvimento do Estado de Sergipe

2 Em sua opiniatildeo quais foram as poliacuteticas mais efetivas de desenvolvimento formuladas

para o Estado

3 Quais eram os principais objetivos dessas poliacuteticas

4 Qual (is) foi(foram) a(s) unidade(s) de planejamento adotada(s)

5 Como essas poliacuteticas eram formuladas

6 Quem participava desse processo

7 Havia o acompanhamento da execuccedilatildeo dessas poliacuteticas

8 Qual era o modelo de gestatildeo dessas poliacuteticas

9 Em sua opiniatildeo quais foram os principais impactos sociais econocircmicos ou outros

dessas poliacuteticas no estado

10 Em sua opiniatildeo quais foram os principais gargalos para a implementaccedilatildeo dessas

poliacuteticas de desenvolvimento

11 Que pontos o (a) Sr(Sra)assinalaria como avanccedilos no Estado em decorrecircncia dessas

poliacuteticas

12 O que o Sr (Sra) aponta como o maior desafio para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de

uma poliacutetica de desenvolvimento em Sergipe Por que

13 Como o(a) Sr (Sra) Avalia a contribuiccedilatildeo da populaccedilatildeo na implementaccedilatildeo dessas

poliacuteticas

14 O que faltou e falta no Estado para a efetividade da reduccedilatildeo das desigualdades sociais

econocircmicas intra e inter-regionais

255

APEcircNDICE C ndash INDICADORES SOCIAIS DOS TERRITOacuteRIOS DE PLANEJAMENTO

Ensino

fundamental

Ensino

meacutedio

Areia Branca 16857 246 486 275 190 0579 5195 7 18 1

Campo do Brito 16749 282 497 336 239 0621 4226 14 24 2

Carira 20007 348 558 273 13 0588 5014 13 44 1

Frei Paulo 13874 266 592 339 259 0589 4939 6 18 1

Itabaiana 86967 218 779 365 161 0642 4805 43 85 10

Macambira 6401 315 479 267 281 0583 4435 5 11 1

Malhador 12042 247 467 261 208 0587 4532 6 18 2

Moita Bonita 11001 265 418 305 200 0587 4980 7 14 1

Nossa Senhora Aparecida 8508 378 406 246 153 0577 4315 6 22 1

Pedra Mole 2974 277 402 296 168 0593 5006 4 6 1

Pinhatildeo 5973 302 556 272 184 0583 5262 3 12 1

Ribeiroacutepolis 17173 285 655 316 157 0613 5078 9 24 2

Satildeo Domingos 10271 334 501 267 214 0588 5082 7 16 2

Satildeo Miguel do Aleixo 3698 338 472 272 433 0567 5336 6 13 1

Meacutedia 2929 5191

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Associaccedilatildeo

p 1000

hab

IDH

Iacutendice

de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

TERRITOacuteRIO AGRESTE CENTRAL SERGIPANO

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo da

populaccedilatildeo de 15 anos

ou mais de idade -

2010 - total ()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda

per

capita

(R$)

256

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Canindeacute de Satildeo Francisco 24686 300 570 238 211 0567 6404 11 26 2

Gararu 11405 308 248 210 281 0564 5625 6 25 2

Monte Alegre de Sergipe 13627 338 590 202 095 0553 6424 2 12 1

Nossa Senhora da Gloacuteria 32497 267 665 299 222 0587 5493 18 42 5

Nossa Senhora de Lourdes 6238 289 528 254 064 0598 5581 7 12 2

Poccedilo Redondo 30880 356 276 177 194 0529 5552 10 37 4

Porto da Folha 27146 313 367 213 328 0568 5671 10 51 7

Meacutedia 310 463 22757

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Alto Sertatildeo Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda per

capita (R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

257

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Amparo do Satildeo Francisco 2275 238 809 271 483 0611 5229 2 3 1

Brejo Grande 7742 315 502 181 232 0540 6586 1 10 2

Canhoba 3956 322 379 226 152 0569 5734 5 12 1

Cedro de Satildeo Joatildeo 5633 212 894 315 124 0623 5420 3 7 1

Ilha das Flores 8348 257 651 181 287 0562 5141 5 10 2

Japoatatilde 12938 308 333 245 201 0560 5099 7 21 5

Malhada dos Bois 3456 237 463 233 174 0599 4872 3 6 1

Muribeca 7344 247 448 264 231 0626 5128 8 13 1

Neoacutepolis 18506 227 568 297 459 0589 4899 13 26 4

Pacatuba 13137 294 205 190 228 0555 5840 5 25 2

Propriaacute 28451 187 857 370 179 0661 5046 15 25 5

Santana do Satildeo Francisco 7038 21 643 222 341 0590 5155 4 6 2

Satildeo Francisco 3393 267 701 272 324 0587 4998 3 5 1

Telha 2957 273 381 245 372 0604 4246 3 4 1

Meacutedia 2567 5596 25086

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Baixo Satildeo Francisco Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab

de sauacutede

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda per

capita (R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

258

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Lagarto 94861 253 515 317 196 0625 4764 39 85 8

Poccedilo Verde 21983 299 560 243 378 0561 5969 12 25 1

Riachatildeo do Dantas 19386 292 251 201 31 0539 5461 11 42 2

Simatildeo Dias 38702 268 528 278 227 0604 4933 15 54 4

Tobias Barreto 48040 283 671 300 26 0557 5817 13 47 5

Meacutedia 279 505 2678

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Centro-Sul Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda

per

capita

(R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

259

Territoacuterio

Ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Aracaju 571149 66 1000 875 297 0770 2745 121 210 82

Barra dos Coqueiros 24976 133 836 390 136 0649 5342 6 21 3

Itaporanga d`Ajuda 30419 246 390 248 184 0561 5317 21 53 2

Laranjeiras 26902 157 790 271 190 0642 6156 13 24 1

Maruim 16343 177 737 298 104 0618 6398 10 16 3

Nossa Senhora do Socorro 160827 107 969 330 071 0664 5928 38 110 16

Riachuelo 9355 170 840 277 235 0617 6351 5 12 1

Santo Amaro das Brotas 11410 189 720 333 228 0637 5724 4 12 1

Satildeo Cristoacutevatildeo 78864 128 845 367 146 0662 5714 16 63 9

Meacutedia 1526 37656

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Grande Aracaju

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda per

capita (R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

260

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Capela 30761 248 692 263 114 0615 5342 24 33 4

Carmoacutepolis 13503 145 794 333 126 0643 6136 7 11 2

Divina Pastora 4326 232 485 274 277 0610 6240 4 5 1

General Maynard 2929 152 629 316 171 0645 4943 2 4 1

Japaratuba 16864 206 460 293 261 0621 5052 16 22 1

Pirambu 8369 202 586 251 096 0603 5953 8 10 1

Rosaacuterio do Catete 9221 141 706 325 217 0631 6477 6 5 1

Santa Rosa de Lima 3749 272 570 225 16 0592 4964 4 7 1

Siriri 8004 207 397 256 050 0609 5518 8 10 1

Meacutedia 2005 28178

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

Leste Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda per

capita (R$)

261

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Aquidabatilde 20056 295 571 322 130 0578 5029 13 34 2

Cumbe 3813 265 596 270 079 0604 5387 4 7 1

Feira Nova 5324 302 674 231 169 0584 6232 4 10 1

Gracho Cardoso 5645 30 479 249 319 0577 5778 5 16 1

Itabi 4972 309 553 266 121 0602 5053 4 14 1

Nossa Senhora das Dores 24580 284 652 280 094 0600 5767 12 26 3

Meacutedia 2925 5875 26967

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda per

capita (R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

262

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Arauaacute 10878 275 413 238 138 0595 5348 14 22 1

Boquim 25533 242 626 278 270 0604 5653 7 20 3

Cristinaacutepolis 16519 305 505 223 085 0553 5726 7 25 1

Estacircncia 64409 179 850 355 213 0647 6389 26 48 8

Indiaroba 15831 267 353 205 24 0580 5693 14 23 1

Itabaianinha 38910 298 499 236 280 0556 5613 12 53 4

Pedrinhas 8833 267 733 221 238 0592 5836 2 9 1

Salgado 19365 275 346 271 418 0609 4728 12 34 1

Santa Luzia do Itanhy 12969 330 225 174 108 0545 5703 9 20 1

Tomar do Geru 12855 321 374 201 257 0551 6324 4 27 1

Umbauacuteba 22434 247 621 253 259 0579 5859 9 25 3

Meacutedia 273 2414

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Sul Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda

per

capita

(R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

263

APEcircNDICE D- Resultados ponderados do grau de honestidade

a) do Governo do Estado

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 2 22

Geralmente desonesto 13 144

Nem honesto nem desonesto 50 556

Geralmente honesto 18 200

Muito honesto 1 11

Natildeo respondeNatildeo sabe 6 67

90 1000

b) do Governo Municipal

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 2 22

Geralmente desonesto 2 22

Nem honesto nem desonesto 54 600

Geralmente honesto 24 267

Muito honesto 1 11

Natildeo respondeNatildeo sabe 7 78

90 1000

c) da Emdagro

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 0 00

Geralmente desonesto 4 44

Nem honesto nem desonesto 53 589

Geralmente honesto 16 178

Muito honesto 1 11

Natildeo respondeNatildeo responde 16 178

90 1000

d) de Professores e funcionaacuterios da escola

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 0 00

Geralmente desonesto 1 11

Nem honesto nem desonesto 46 511

Geralmente honesto 32 356

Muito honesto 3 33

Natildeo respondeNatildeo responde 8 89

90 1000

e) do Poder Legislativo

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 2 22

Geralmente desonesto 22 244

Nem honesto nem desonesto 45 500

Geralmente honesto 14 156

Muito honesto 0 00

Natildeo respondeNatildeo responde 7 78

90 1000

264

f) do Poder Judiciaacuterio

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 2 22

Geralmente desonesto 10 111

Nem honesto nem desonesto 45 500

Geralmente honesto 23 256

Muito honesto 3 33

Natildeo respondeNatildeo responde 7 78

90 1000

g) de Liacutederes Religiosos

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 0 00

Geralmente desonesto 0 00

Nem honesto nem desonesto 11 122

Geralmente honesto 55 611

Muito honesto 10 111

Natildeo respondeNatildeo responde 14 156

90 1000

265

APEcircNDICE E ndash Variaacuteveis usadas no caacutelculo do Iacutendice de Capital Social (ICSi)

1 Acesso ao grupo 34 Jornal como principal fornte de informaccedilatildeo

2 Assiste TV frequentemente 35 Lecirc jornal ou revista frequentemente

3 Capacidade de mobilizaccedilatildeo 36 Melhorias no acesso agrave informaccedilatildeo nos uacuteltimos anos

4 Capacidade para realizar mudanccedilas locais 37Notificaccedilatildeo (Ministeacuterio Puacuteblico Poliacutecia e outros) por

problemas locais

5 Confianccedila nas pessoas da localidade 38 Ouve raacutedio frequentemente

6 Contato com poliacuteticos 39 Participaccedilatildeo em Associaccedilatildeo Esportiva

7 Controle nas atividades diaacuterias 40 Participaccedilatildeo em Associaccedilatildeo Artiacutestica

8 Crenccedila religiosa como causa das diferenccedilas na comunidade 41 Participaccedilatildeo em Associaccedilatildeo de Agricultores

9 Denuncia problemas locais em raacutedio e TV 42 Participaccedilatildeo em Associaccedilatildeo de Moradores

10 Exclusatildeo de participaccedilatildeo de atividades na comunidade 43 Participaccedilatildeo em Clube Social

11 Existecircncia de diferenccedilas entre as pessoas na comunidade 44 Participaccedilatildeo em Comitecirc de Bacia Hidrograacutefica

12 Forma de seleccedilatildeo dos liacutederes 45 Participaccedilatildeo em Conselhos Gestores

13 Grau de confiaccedila nos profissionais da sauacutede 46 Participaccedilatildeo em Cooperativa

14 Grau de confianccedila em pessoas com a mesma escolaridade 47 Participaccedilatildeo em entidade profissional

15 Grau de confianccedila em pessoas da igreja 48 Participaccedilatildeo em grupo poliacutetico

16 Grau de confianccedila na poliacutecia 49 participaccedilatildeo em Grupo religioso

17 Grau de confianccedila nas pessoas de outras associaccedilotildees 50 Participaccedilatildeo em Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental de defesa

ambiental18 Grau de confianccedila no governo estadual 51 Participaccedilatildeo em outros grupos

19 Grau de confianccedila no governo federal 52 Participaccedilatildeo em processos de mobilizaccedilatildeo na comunidade

20 Grau de confianccedila no poder judiciaacuterio 53 Participaccedilatildeo em protestos

21 Grau de confianccedila no poder legislativo 54 Participaccedilatildeo em sindicato

22 Grau de confianccedila nos comerciantes locais 55 Pessoas da comunidade como principal fonte de informaccedilotildees

23 Grau de confianccedila nos funcionaacuterios da DESO 56Pessoas da comunidade como principal fonte de informaccedilotildees

sobre o mercado

24 Grau de confianccedila nos funcionaacuterios municipais 57 Poliacutetica partidaacuteria como causa de diferenccedilas entre as pessoas

25 Grau de confianccedila nos membros do grupo 58 Posiccedilatildeo social como causa das diferenccedilas na comunidade

26 Grau de confianccedila nos professores 59 Raacutedio como principal fonte de informaccedilotildees sobre o mercado

27 Grau de confianccedila nos teacutecnicos da Chesf 60 Raacutedio como principal fornte de informaccedilatildeo

28 Grau de confianccedila nos teacutecnicos da Codevasf 61 Renda como causa das diferenccedilas na comunidade

29 Grau de confianccedila nos teacutecnicos do DNOCS 62 Sente-se seguro na localidade

30 Grau e confianccedila nos teacutecnicos da Sudene 63 Solidariedade com o proacuteximo

31Internet como principal fonte de informaccedilatildeo sobre accedilotildees do

governo64

TV como principal fonte de informaccedilatildeo sobre accedilotildees do

governo

32Internet como principal fonte de informaccedilotildees sobre o

mercado65 TV como principal fonte de informaccedilotildees sobre o mercado

33 Jornal como principal fonte de informaccedilotildees sobre o mercado 66 Violencia na localidade decorrente de diferenccedilas

67 Voto como exerciacutecio de democracia

VARIAacuteVEIS USADAS NO CAacuteLCULO DO ICSi

266

APEcircNDICE F- Estruturas de Governanccedila vinculadas ao Estado

Governanccedila EstadualAno de

criaccedilatildeoInstrumento de Criaccedilatildeo

Conselho Estadual de Sauacutede 1947 Decreto-Lei 1167 de 13 de marccedilo de 1947

Conselho Estadual de Educaccedilatildeo (CEE) 1963 Lei n 1190 de 05061963

Conselho Estadual de Turismo 1971 Lei n 1721 de 9 de dezembro de 1971

Conselho Estadual de Meio Ambiente (CEMA) 1978 Lei n 2181 de 12 de outubro de 1978

Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI) 1979 Decreto n4324 de 5 de abril de 1979

Conselho Estadual de Ciecircncia e Tecnologia

(CONCIT)1987 Decreto n13745 de 30 de junho de 1993

Conselho de Desenvolvimento Comercial (CDC) 1987 Decreto n 8414 de 5 de maio de 1987

Conselho Estadual de Direitos e Proteccedilatildeo do

Idoso1991 Lei n 3116 de 19121991

Conselho Estadual de Proteccedilatildeo e Defesa do

Consumidor (CODECON)1991 Lei n 3139 de23 de dezembro de 1991

Conselho Estadual da Agricultura 1991 Lei n 2984 de 23 de maio de 1991

Conselho Estadual dos Direitos da Crianccedila e do

Adolescente1991 Lei n 3062 de 11 de outubro de 1991

Conselho Estadual dos Transportes (CET) 1994 Lei 3481 de 13 de maio de 1994

Conselho Estadual de Assistecircncia Social 1995 Lei n 3686 de 26 de dezembro de 1995

Conselho Estadual de Cultura 1997 Lei n 1478 de 16 de agosto de 1997

Conselho Estadual de Recursos Hiacutedricos 1997 Lei n 3870 de 25 de fevereiro de 1997

Conselho Estadual dos Direito da Mulher 1998 Lei n 3972 de 25 de maio de 1998

Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural

Sustentaacutevel (CDRS)2000

Decreto n19439 de 2 de dezembro de

2000

Conselho Estadual dos Diretos da Pessoa

Portadora de Deficiecircncia2001 Lei n 4481 de 14 de dezembro de 2001

Conselho Estadual de Transito (CETRANSE) 2002 4543 de 12042002

Conselho Estadual de Seguranccedila Alimentar e

Nutricional (CONSEANSE)2003 Decreto n 21750 de 4 de abril de 2003

Conselho Estadual do Emprego e Renda

(CEERSE)2003 Lei n 4908 de 21082003

Conselho Estadual de Desenvolvimento

Econocircmico e Social do Estado de Sergipe

(CEDES)

2004 Lei n 5405 de 30 de julho de 2004

Conselho Estadual de Saneamento (CESAN) 2010 Lei n 6977 de 3 de novembro de 2010

Conselho Estadual de Desenvolvimento Urbano

(CEDURB)2011 Lei7297 07122011

Conselho Gestor do Fundo Estadual de Habitaccedilatildeo

de Interesse Social 2008 Lei nordm 6501 de 1 de dezembro de 2008

Conselho Gestor do Fundo de Defesa do Meio

Ambiente2004 Lei n 5360 de 4 de abril de 2004

Grupo Coordenador do Fundo Estadual de

Recursos Hiacutedricos (FUNERH)1997 Lei n 3870 de 25 de setembro de 1997

Comitecirc Estadual da Reserva da Biosfera da

Caatinga2006 Decreto n 24039 de 10 de outubro de 2006

Comitecirc Estadual da Reserva da Biosfera da Mata

Atlacircntica2000

Decreto n 18638 de 21 de fevereiro de

2000

Foacuterum Estadual de Turismo 2003 Decreto n 22006 de 14 de julho de 2003

Comitecirc da Bacia Hidrograacutefica do Rio Sergipe

(CBH Rio Sergipe)2002 Decreto n 20778 de 21 de junho de 2002

Comitecirc da Bacia Hidrograacutefica do Rio Japaratuba

(CBH Rio Japaratuba)2007 Decreto n 24650 de 30 de agosto de 2007

Comitecirc da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piaui (CBH

Rio Piaui)2005

Decreto n 23375 de 9 de setembro de

2005

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

267

APEcircNDICE G ndash Motivaccedilotildees para classificaccedilatildeo do municiacutepio em desenvolvidonatildeo

desenvolvido

Motivaccedilotildees para a Classificaccedilatildeo do Municiacutepio em DesenvolvidoNatildeo Desenvolvido

Natildeo tem emprego para ningueacutem

Educaccedilatildeo natildeo valorizada e drogas generalizadas

Falta banco meacutedicos e dentistas A populaccedilatildeo tem que se deslocar para Aracaju para buscar

esses profissionais

Praccedilas e ruas reurbanizadas

Atraccedilotildees turiacutesticas

Cidade proacutexima a capital Comeacutercio fraco educaccedilatildeo deficiente gestatildeo puacuteblica ineficiente

Pavimentaccedilatildeo iluminaccedilatildeo sistema de esgoto transporte puacuteblico

Consciecircncia poliacutetica cidadania

Nossos jovens estatildeo saindo para estudar A cidade eacute desenvolvida quando tem educaccedilatildeo que

atenda agrave populaccedilatildeo A universidade eacute fundamental

Ausencia de Infraestrutura

Comeacutercio melhorado

Preccedilos dos produtos altos para atraccedilatildeo turiacutestica derrubada de bares da prainha afugentando os

turistas

Tem infraestrutura poreacutem natildeo dispotildee de trabalho ou seja natildeo haacute investimento para geraccedilatildeo de

emprego Educaccedilatildeo - natildeo haacute invetimento para cursos profissionalizantes

A administraccedilatildeo puacuteblica natildeo tem sido atuante para modificar as condiccedilotildees locais

Crescendo bastante trabalho de conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo

A gestatildeo puacuteblica deveria ter

Faltam diversas estruturas e o fortalecimento da educaccedilatildeo

Natildeo eacute mais desenvolvido porque o povo natildeo demonstra interesse Natildeo se organiza para

desenvolver

Instituiccedilatildeo de ensino superior Educaccedilatildeo

Precisa mais faacutebrica mais emprego para se tornar desenvolvida

A cidade da pedra Faltam empregos para os jovens

Comeacutercio habitaccedilatildeo

Geraccedilatildeo de empregos

O municiacutepio tem condiccedilotildees de desenvolver poreacutem a gestatildeo municipal eacute acomodada

Universidade educaccedilatildeosauacutede

O municiacutepio natildeo tem infraestrutura (abastecimento e saneamento) 80 da zona rural e toda a

comunidade rural necessita de todos os serviccedilos

Falta faacutebricas O desenvolvimento eacute tudo para fora O comeacutercio eacute fraco

Precariedade dos serviccedilos

Populaccedilatildeo organizada favorece o desenvolvimento

Falta de empregos ou postos de trabalho

Crescimento eacute pouco Moradia embora deseordenada Falta emprego

Obras estatildeo sendo implantadas

Falta muita coisa Calccedilamento sinalizaccedilatildeo do tracircnsito

Organizaccedilatildeo da cidade com meacutedicos universidade e outros

Cidade pequena Tem comeacutercio e acesso agrave informaccedilatildeo

Existecircncia da Faacutebrica da Azaleacuteia e da Fibra Forte

Natildeo tem agecircncia bancaacuteria e acesso agrave informaccedilatildeo

Embora muito pequena eacute bem organizada Tem cooperativa ONGs organizadas

Com infraestrutura urbana

Duas universidades raacutedio comunitaacuteria

Jovens estatildeo saindo para procurar emprego

Falta muita coisa trabalho saneamento baacutesico

Projetos de faacutebricas geraccedilatildeo de emprego

O comeacutercio depende de Propriaacute e Aracaju

Page 3: CAPITAL SOCIAL, PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO …

FICHA CATALOGRAacuteFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Santos Gleideneides Teles dos S237c Capital social planejamento e desenvolvimento regional

em Sergipe Gleideneides Teles dos Santos orientador Dean Lee Hansen ndash Satildeo Cristoacutevatildeo 2015 267 f il

Tese (doutorado em Geografia) ndash Universidade Federal de Sergipe 2015

O

1 Geografia social 2 Capital social 3 Desenvolvimento regional 4 Planejamento 5 Sergipe (SE)

I Hansen Dean Lee orient II Tiacutetulo CDU 91133322462(8137)

v

AGRADECIMENTOS

A Deus pelos benefiacutecios que me concedeu e me concedes A meus pais (in memoriam)

Djalmira Teles e Manoel Saturnino pelos exemplos de vida e valores transmitidos a meus

irmatildeos e irmatildes especialmente Genicelma e Carlos pelo auxiacutelio na aplicaccedilatildeo dos

questionaacuterios e pelo apoio de sempre e a muitas outras pessoas como o Professor Dr Dean

Lee Hansen pela paciecircncia e sabedoria na orientaccedilatildeo da tese agraves Professoras Doutoras Vera

Franccedila e Maria Augusta Mundim Vargas pela valiosa colaboraccedilatildeo na qualificaccedilatildeo mas

sobretudo pelos exemplos de vida e profissionalismo ao Professor Doutor Marco Antocircnio

Jorge agrave Professora Doutora Josefa Lisboa Coordenadora do NPGEO pela presteza de

sempre a Everton Secretaacuterio do NPGEO ao Dr Seacutergio Ferrari por saber ser gestor

competente e flexiacutevel e a todos os delegados e delegadas do processo do planejamento

participativo Agradeccedilo tambeacutem a outras pessoas anocircnimas que na caminhada me ajudaram

me apoiaram ou me fizeram refletir sobre valores como solidariedade e confianccedila A todos

meus sinceros agradecimentos

vi

RESUMO

A presente tese analisa o capital social e seus efeitos sobre a poliacutetica de desenvolvimento em

Sergipe Especificamente a tese analisa os estoques a natureza espacial e o papel das

instituiccedilotildees puacuteblicas de desenvolvimento regional e de planejamento estadual na construccedilatildeo e

ou reduccedilatildeo desse ativo dos territoacuterios de planejamento de Sergipe Para tanto foi

desenvolvida uma estrutura teoacuterica baseada nos conceitos de regiatildeo regionalizaccedilatildeo territoacuterio

capital social governanccedila e desenvolvimento Em decorrecircncia de suas caracteriacutesticas

analiacuteticas foram destacados os conceitos de capital social e territoacuterio Foram definidos na

tese respectivamente como atributo da estrutura social acessiacutevel aos indiviacuteduos e grupos que

mantecircm laccedilos interpessoais alimentados por valores normas e crenccedilas capazes de mobilizar e

empoderar os indiviacuteduos as comunidades e as organizaccedilotildees com a finalidade de auferir

benefiacutecios muacutetuos e como uma categoria geograacutefica que legitima as accedilotildees dos agentes sociais

institucionalizando o capital social Por sua vez a pesquisa empiacuterica inclui a anaacutelise dos

procedimentos e mecanismos usados pelos oacutergatildeos de planejamento e de desenvolvimento

regional e estadual na construccedilatildeo das poliacuteticas e dos planos de desenvolvimento regional

propostos para o Nordeste brasileiro e para o estado de Sergipe agrave luz dos instrumentos de

planejamento dos conceitos propostos para capital social e governanccedila e das estruturas

organizacionais dedicadas ao desenvolvimento A pesquisa tambeacutem contou com a aplicaccedilatildeo

de noventa questionaacuterios e seis entrevistas entre atores sociais e gestores vinculados a

diferentes oacutergatildeos puacuteblicos instituiccedilotildees sociais e representantes da comunidade envolvidos no

planejamento territorial do Estado Apoacutes a anaacutelise dos dados coletados conclui-se que a

cultura poliacutetica institucional figura como um dos maiores obstaacuteculos para o fortalecimento do

capital social da participaccedilatildeo social da integraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas em Sergipe e por

conseguinte para seu desenvolvimento regional

Palavras-chave Capital Social PlanejamentoTerritoacuterio Desenvolvimento regional

vii

ABSTRACT

The present thesis analyzes social capital and its effects on the development policy in the

State of Sergipe Especially it analyzes the spatial nature of social capital and the role of

public institutions in state and regional development and the construction or not of this

intangible resource in Sergipersquos territories To accomplish this a theoretical framework was

developed based on concepts including region regionalization territory social capital

governance and development concepts Social capital and territory were concepts emphasized

and defined in this thesis respectively as an attribute of social structure accessible to

individuals as well as groups with inter personal connections enhanced by values norms and

beliefs able to promote individuals communities and organizations to a position of power

aimed at acquiring mutual benefits and as a geographical category that provides legitimate

actions for social agents and institutionalizes social capital The empirical research included

an analysis of procedures and mechanisms used by institutions of planning and regional and

state development in the construction of proposed policies and regional development plans for

the state of Sergipe A focus was placed on planning instruments that centered on social

capital governance and organizational structures dedicated to development Field research

was based on the application of 90 questionnaires and six interviews between managers and

social actors linked to different government agencies social institutions and communities

involved in territorial planning of the State After data analysis it was concluded that

institutional culture figures as a major obstacle for the strengthening of social capital social

participation and integration of public policies in Sergipe and therefore in its territorial

development

Keywords Social capital TerritoryPlanning Regional development

viii

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 1 ndash Sergipe Territoacuterios de planejamento 22

Figura 2 ndash Dimensotildees do territoacuterio 32

Figura 3 ndash Sistemas de governanccedila no Estado contemporacircneo 87

Figura 4 ndash Sergipe Regiotildees Plano -1976 107

Figura 5 ndash Sergipe Regiotildees de Planejamento - 1987 109

Figura 6 ndash Sergipe Regiotildees de Planejamento - 2004 112

Figura7 ndash Sergipe Regiotildees Educacionais 116

Figura 8 ndash Sergipe Regiotildees da Emdagro 117

Figura 9 ndash Sergipe Distritos Rodoviaacuterios 119

Figura 10 ndash Sergipe Microrregiotildees de saneamento baacutesico 120

Figura 11 ndash Sergipe Regiotildees de Sauacutede 122

Figura 12ndash Sergipe Consoacutercios de saneamento 124

Figura 13 ndash Sergipe Regiotildees de turismo 125

Figura 14 ndash SergipeRegiatildeo de atuaccedilatildeo do Projeto Dom Taacutevora 128

Figura 15ndash

Comparaccedilatildeo entre as metas previstas no Plano Plurianual 2012-

2015 e executadas ateacute setembro 2014 do Programa Sergipe

Cidades

151

Figura 16 ndash Nuacutemero total de participantes nas conferecircncias municipais -

2007 e 2009 160

Figura 17 ndash Percentual de participaccedilatildeo por territoacuterio de organizaccedilotildees da

sociedade nas conferecircncias municipais - 2007 - 2009 164

Figura 18 ndash Percentual de participaccedilatildeo por territoacuterio de representantes do

poder puacuteblico nas conferecircncias municipais - 2007 - 2009 165

Figura 19 ndash Percentual de participaccedilatildeo por territoacuterio de outros ou sem

filiaccedilatildeo nas conferecircncias municipais - 2007- 2009 165

Figura 20 ndash Nuacutemero total de participantes nas conferecircncias territoriais -

2007-2011 169

Figura 21 ndash Nuacutemero de participantes por territoacuterio de planejamento 2007 -

2011 171

Figura 22 ndash Faixa etaacuteria dos participantes da sondagem realizada em 2010 173

Figura 23 ndash Estado civil dos participantes da sondagem realizada em 2010 174

Figura 24 ndash Escolaridade dos participantes da sondagem realizada em 2010 175

Figura 25 ndash Escolaridade dos participantes da pesquisa realizada em 2013 178

Figura 26 ndash Faixa etaacuteria dos participantes da pesquisa realizada em 2013 179

Figura 27 ndash Nuacutemero de delegados afiliados a organizaccedilotildees sociais 180

Figura 28 ndash Correlaccedilatildeo entre escolaridade e afiliaccedilatildeo a organizaccedilotildees sociais 183

Figura 29 ndash Meacutedias dos percentuais de confianccedila dos delegados e delegadas

nas instituiccedilotildees puacuteblicas

185

e186

Figura 30 ndash Percentual de respondentes que lecirc jornal e ou revistas todos os

dias 191

Figura 31 ndash Percentual de respondentes que disse estar capacitado para

promover mudanccedilas locais 199

Figura 32 ndash Grau de honestidade de servidores instituiccedilotildees puacuteblicas e

entidades da sociedade civil e religiosa () 202

Figura 33ndash Sergipe ndash Iacutendice de capital social 206

Figura 34 ndash Sergipe Periacuteodo de criaccedilatildeo das estruturas de governanccedila das

poliacuteticas setoriais - 2014 211

x

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 ndash Inventaacuterio de acepccedilotildees de territoacuterio 36

Quadro 2 ndash Principais caracteriacutesticas das abordagens de

regionalizaccedilatildeo 38

Quadro 3 ndash Escalas do planejamento governamental brasileiro 51

Quadro 4 ndash Conceituaccedilotildees de capital social e linhas teoacutericas das

abordagens 76

Quadro 5 ndash Autores e propostas conceituais de governanccedila e

governabilidade 85

Quadro 6 ndash Sergipe Estruturas de planejamento que antecederam ao

Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe 129

Quadro 7 ndash Sergipe Evoluccedilatildeo histoacuterica das instituiccedilotildees de

planejamento 136

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Brasil e Grandes Regiotildees Indicadores sociais - 2014 94

Tabela 2 ndash Sergipe Regiotildees institucionalizadas 121

Tabela 3 ndash Sergipe Participaccedilatildeo das diferentes entidades nas Conferecircncias do

Planejamento Participativo em 2007 e 2009 161

Tabela 4 ndash Pontos de insatisfaccedilatildeo dos delegados e das delegadas em relaccedilatildeo

ao processo do planejamento participativo ndash 2008 170

Tabela 5ndash Percentual de delegados que participaram da sondagen em 2010 172

Tabela 6 ndash Nuacutemero de questionaacuterios aplicados por territoacuterio 177

Tabela 7 ndash Principais fontes de informaccedilatildeo sobre as accedilotildees do governo () 189

Tabela 8 ndash Principais fontes de informaccedilatildeo sobre mercado () 192

Tabela 9 ndash Principais fontes da exclusatildeo social () 192

Tabela 10 ndash Engajamento em accedilotildees poliacuteticas () 201

Tabela 11 ndash ICSi dos territoacuterios de planejamento de Sergipe 205

xii

LISTA DE SIGLAS

MPA Movimento dos Pequenos Agricultores

MNLM Movimento Nacional de Luta por Moradia

PAC Poliacutetica Agriacutecola Comum

PLANASA Plano Nacional de Saneamento

PNDR Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Regional

PNUD Programa das Naccedilotildees Unidas

PIB Produto Interno Bruto

PPA Plano Plurianual

PRONAT Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Territoacuterios

Rurais

PT Partido dos Trabalhadores

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas

SEDETEC Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econocircmico e Tecnoloacutegico

ADEMA Administraccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente

ASPLAN Assessoria de Planejamento

CDE Comissatildeo de Desenvolvimento Econocircmico do Estado de Sergipe

CEE Comunidade Econocircmica Europeia

CEPAL Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina

CHESF Companhia Hidro Eleacutetrica do Satildeo Francisco

CODEVASF Companhia de Desenvolvimento dos Vales do Satildeo Francisco

Parnaiacuteba Itapecuru e Mearim

CONDEL Conselho Deliberativo

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CONDESE Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe

CVSF Comissatildeo do Vale do Satildeo Francisco

DESO Companhia de Saneamento de Sergipe

DNOCS Departamento Nacional de Obras contra as Secas

ELETROBRAacuteS Centrais Eleacutetricas Brasileiras SA

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo

FAPISE Federaccedilatildeo dos Apicultores do Estado de Sergipe

FUNDEPLAN Fundaccedilatildeo Estadual de Planejamento Pesquisa e Estatiacutestica

GTDN Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICM Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IESAP Instituto de Estudos Econocircmicos e Sociais Aplicados

ICODERUS Instituto de Cooperaccedilatildeo para o Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel

IFOCS Inspetoria Federal de Obras contra as Secas

IICA Instituto de Cooperaccedilatildeo para a Agricultura

INEP Instituto de Economia e Pesquisa

IOCS Inspetoria de Obras Contra as Secas

IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LDO Lei de Diretrizes Orccedilamentaacuterias

MDA Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente

MST Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra

xiii

SDT Secretaria de Desenvolvimento Territorial

SENAC Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Comercial

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAR Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural

SEP Sistema Estadual de Planejamento

SICONV Sistema de Convecircnios

SEPLAN Secretaria de Estado do Planejamento

SEPLANTEC Secretaria de Estado do Planejamento Ciecircncia e Tecnologia

SUVALE Superintendecircncia do Vale do Satildeo Francisco

TVA Tennessee Valley Authority

UFS Universidade Federal de Sergipe

UNIT Universidade Tiradentes

UNMP Uniatildeo Nacional por Moradia Popular

xiv

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REGIAtildeO TERRITOacuteRIO E REGIONALIZACcedilAtildeO 25

21 Concepccedilotildees de regiatildeo 27 22 Territoacuterio territorializaccedilatildeo e territorialidade 31 23 Regionalizaccedilatildeo do conceito de regiatildeo ao enfoque do desenvolvimento 37

3 PLANEJAMENTO COMO FERRAMENTA DE INTERVENCcedilAtildeO DO ESTADO 42

31 O Planejamento do e para o desenvolvimento 44 32 Desenvolvimento entre as percepccedilotildees e os discursos 53 33 Desenvolvimento local e o desenvolvimento territorial processos em construccedilatildeo 57

4 CAPITAL SOCIAL E GOVERNANCcedilA 68

41 Conceituaccedilatildeo de Capital Social 70 411 Capital social e seus efeitos sobre as poliacuteticas de desenvolvimento 77

42 Governanccedila e Governabilidade 80 421 Conceitos de Governanccedila 81 422 Estruturaccedilatildeo de Sistema de governanccedila 86

5 PLANEJAMENTO EM SERGIPE 89

51 Relevacircncia das instituiccedilotildees puacuteblicas de desenvolvimento regional na construccedilatildeo ou destruiccedilatildeo

de capital social em Sergipe 91 511 A Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste a essecircncia do planejamento regional

brasileiro 91 512 Companhia HidroEleacutetrica do Satildeo Francisco da geraccedilatildeo da energia ao fortalecimento do

capital social dos atingidos por barragens 96 52 Planejamento em Sergipe entre as liccedilotildees e os desafios 102

521 Trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo em Sergipe 103 522 Planejamento do desenvolvimento em Sergipe entre o mito Condese e o fracasso do

planejamento regional 129 523 Planejamento orccedilamentaacuterio e a reduccedilatildeo da funccedilatildeo planejamento 136 524 Planejamento participativo entre as novas ideias e as antigas praacuteticas 141

6 AVALIACcedilAtildeO DO ESTOQUE DE CAPITAL SOCIAL NOS E DOS

TERRITOacuteRIOS DE PLANEJAMENTO DE SERGIPE 152

61 Participaccedilatildeo social como dimensatildeo do capital social ferramenta do planejamento e estrateacutegia

para o desenvolvimento territorial 154 62 Mobilizaccedilatildeo e participaccedilatildeo social em instituiccedilotildees participativas municipais (conferecircncias

municipais do Planejamento Participativo) 157 63 A participaccedilatildeo social em instituiccedilotildees participativas territoriais (conferecircncias territoriais) 166 64 Aplicaccedilatildeo da proposta metodoloacutegica do Banco Mundial para medir o capital social 176

641 Dimensotildees do capital social segundo o Banco Mundial 179 642 Mensurando o estoque de capital social nos territoacuterios de planejamento em Sergipe 203

65 Governanccedila das institucionalidades agrave democratizaccedilatildeo e efetividade das poliacuteticas puacuteblicas 208 CONCLUSOtildeES 216

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 226

APEcircNDICES

A ndash Questionaacuterio Integrado pera Medir Capital Social

B ndash Roteiro de Entrevista

C ndash Indicadores sociais dos Territoacuterios de planejamento

D ndash Resultados ponderados do grau de honestidade

E ndash Variaacuteveis usadas no caacutelculo do Iacutendice de Capital Social (ICSi)

F ndash Estruturas de Governanccedila vinculadas ao Estado

G ndash Motivaccedilotildees para classificaccedilatildeo do municiacutepio em desenvolvidonatildeo desenvolvido

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

Capital social eacute uma categoria analiacutetica emergida em meio agraves crises do papel do

Estado ideoloacutegica da recomposiccedilatildeo das escalas e ainda no contexto da discussatildeo da

mundializaccedilatildeo do capital do fortalecimento da democracia e da sociedade participativa e em

rede O capital social desde a deacutecada de 1980 tem suscitado o interesse de pesquisadores

agecircncias financiadoras e promotoras do desenvolvimento que perceberam a correlaccedilatildeo

positiva entre a existecircncia de estoque de capital social e a democratizaccedilatildeo o desenvolvimento

regional e o bom desempenho institucional Para Fukuyama (1999) o capital social eacute

importante para o funcionamento eficaz das economias modernas e eacute a condiccedilatildeo sine qua non

da democracia liberal estaacutevel A popularizaccedilatildeo dos efeitos positivos do capital social eacute

atribuiacuteda a Putnam (2006) cujos estudos tecircm estimulado a produccedilatildeo de extensa literatura e

ainda o desenvolvimento de pesquisas sobre capital social em diferentes paiacuteses

Conceitualmente as principais referecircncias de capital social satildeo Pierre Bourdieu e James

Coleman

Por capital social entende-se um agregado de recursos acessiacuteveis aos indiviacuteduos e

grupos que possuem valores (solidariedade amizade lealdade e outros) normas de boa

convivecircncia e crenccedilas que desenvolvem nos indiviacuteduos e nos grupos a confianccedila no proacuteximo

e nas instituiccedilotildees (formais e informais) a honestidade no trato com o outro e com os bens

puacuteblicos e a susceptibilidade agrave mobilizaccedilatildeo agrave participaccedilatildeo e agrave cooperaccedilatildeo O capital social eacute

um produto do trabalho social e um bem puacuteblico (BOURDIEU 1980 COLEMAN 1988

PUTNAM 2006)

A associaccedilatildeo do capital social agrave heranccedila cultural tem inquietado pesquisadores que

estudam o papel do Estado na evoluccedilatildeo das sociedades Nessa linha de abordagem de capital

social destacam-se Peter Evans e Jonathan Fox Nos argumentos de Evans (1998) o Estado e

as estruturas sociais satildeo mutuamente determinantes e portanto um Estado coerente e coeso eacute

muito mais suscetiacutevel a uma sociedade auto-organizada Na mesma linha de abordagem Fox

(1996) argumenta que sociedades dominadas por poderes puacuteblicos clientelistas autoritaacuterios e

coercitivos satildeo esvaziadas de capital social Sendo assim o Estado (as instituiccedilotildees poliacuteticas)

tanto pode fomentar o capital social quanto pode esgotaacute-lo

17

Diante dessas duas linhas de abordagens do capital social (culturalismo e neo-

institucionalismo) e diante dos discursos positivos a respeito dos efeitos do capital social o

conhecimento de seu estoque se revela como um elemento fundamental para poliacuteticas de

desenvolvimento Aliado ao papel do capital social no desenvolvimento sua importacircncia

tambeacutem se inscreve no controle e na gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas As dimensotildees da

participaccedilatildeo em associaccedilotildees do empoderamento e accedilatildeo poliacutetica e a confianccedila dos indiviacuteduos

nas instituiccedilotildees satildeo os indicadores mais relevantes para a efetividade das poliacuteticas puacuteblicas

(GROOTAERTC et al 2003 p15) A dimensatildeo do empoderamento e da accedilatildeo poliacutetica foi

vista por esses pesquisadores como um indicador de produccedilatildeo de capital social Portanto

eventos que fomentem o desenvolvimento da capacidade e habilidade dos indiviacuteduos para a

participaccedilatildeo social e o empoderamento se inscrevem como uma potencialidade para a

construccedilatildeo do capital social A instituiccedilatildeo de espaccedilos participativos no Brasil e

particularmente em Sergipe apoacutes a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 foi vista

como uma potencialidade para a produccedilatildeo ou o fortalecimento do capital social Desse modo

a avaliaccedilatildeo do capital social seus efeitos sobre as poliacuteticas de desenvolvimento e a instituiccedilatildeo

de espaccedilos participativos como caminho para o fortalecimento do capital social foram accedilotildees

que instigaram a pesquisa da tese

No conjunto de questotildees que serviu de base para o aprofundamento da tese tem-se a

cultura poliacutetica da populaccedilatildeo e das instituiccedilotildees puacuteblicas com atuaccedilatildeo em Sergipe marcadas

pelo clientelismo e patrimonialismo eacute favoraacutevel agrave construccedilatildeo de capital social O conjunto

das instituiccedilotildees poliacuteticas e sociais dos territoacuterios permite a sustentabilidade de uma poliacutetica de

desenvolvimento O modelo de planejamento e execuccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento

em base territorial eacute de fato uma proposta nova ou uma nova roupagem para as velhas

praacuteticas e meacutetodos regionais Qual eacute a ldquonaturezardquo espacial do capital social nos territoacuterios de

planejamento de Sergipe As instituiccedilotildees poliacuteticas e as instituiccedilotildees participativas ou as

estruturas de governanccedila podem fortalecer e ou construir capital social

A principal hipoacutetese dessa pesquisa foi que o planejamento eacute a ferramenta estrutural

do e para o desenvolvimento o capital social eacute o elemento de sustentabilidade deste e a

governanccedila eacute a estrateacutegia e pilar para a efetividade dos planos e poliacuteticas de desenvolvimento

A pesquisa tratou de capital social planejamento puacuteblico e desenvolvimento regional

Este estudo avalia a ldquonaturezardquo espacial e o estoque de capital social nos territoacuterios de

planejamento de Sergipe e o papel das instituiccedilotildees puacuteblicas tanto de desenvolvimento

18

regional quanto de planejamento estadual na construccedilatildeo e ou destruiccedilatildeo do capital social e

portanto de territoacuterios

Influenciado pela pesquisa de Putnam e pelas propostas de desenvolvimento territorial

em construccedilatildeo pelos governos federal e estadual e sobretudo pelos argumentos operacionais

do processo de desenvolvimento de autores como Furtado (1988) Sachs (2000) e Sen (2010)

e de capital social de autores estruturalistas como Bourdieu (1980) Coleman (1988) Durston

(1999) Portes (1998) Woolcook e Narayan (2000) culturalistas como Putman (2006) e neo-

institucionalistas como Evans (1998) e Fox (1996) procura-se avaliar o papel do Estado na

formaccedilatildeo do capital social regionalterritorial e inventariar o estoque de capital social dos

territoacuterios de planejamento como possibilidades e desafios para dar efetividade agraves propostas

de poliacutetica de desenvolvimento e agraves poliacuteticas puacuteblicas em Sergipe

O ponto de partida da pesquisa foi o processo do planejamento do desenvolvimento

territorial participativo (PDTP) instituiacutedo pelo Governo do Estado e as conferecircncias criadas

como espaccedilo de diaacutelogo entre Estado sociedade e mercado A participaccedilatildeo social nas

conferecircncias foi tomada como uma referecircncia para o empoderamento e a formaccedilatildeo de uma

consciecircncia cidadatilde uma vez que a participaccedilatildeo exige dos indiviacuteduos capacidade e habilidade

de negociaccedilatildeo e priorizaccedilatildeo das accedilotildees que assegurem o desenvolvimento regional A

capacidade de participaccedilatildeo vincula-se agrave cultura poliacutetica e ao niacutevel do estoque do capital social

existente

O planejamento do desenvolvimento visto como um processo de construccedilatildeo preditiva

de meacutedio e longo prazo exige metodologia que vai aleacutem do levantamento das demandas de

interesse dos cidadatildeos e da participaccedilatildeo dos tecnocratas Entretanto o planejamento do

desenvolvimento perde ritmo e rota em processos cujas decisotildees satildeo exclusivamente poliacuteticas

O planejamento como processo teacutecnico-poliacutetico se sustenta em regiotildees e lugares com alto

estoque de capital social e onde as diferenccedilas entre os participantes natildeo permitam a anulaccedilatildeo

ou manipulaccedilatildeo da maioria pelo detentor do poder ou como diz Castro (2004 p 150) onde

haja a organizaccedilatildeo da convivecircncia entre os diferentes

O Estado contemporacircneo detentor da prerrogativa dessa organizaccedilatildeo tambeacutem eacute o

principal agente indutor dos processos de desenvolvimento em toda a histoacuteria do

planejamento brasileiro e consequentemente sergipano O planejamento puacuteblico brasileiro

percorreu diferentes escalas em diferentes momentos de sua histoacuteria poliacutetica O resgate desse

processo aleacutem de subsidiar a anaacutelise do estudo em tela permite o alinhamento metodoloacutegico

com o planejamento participativo

19

As discussotildees sobre o planejamento do desenvolvimento atual destacam o capital

social e a governanccedila como elementos que apontaram para uma correlaccedilatildeo positiva entre estes

e o desenvolvimento regional o desempenho governamental e o fortalecimento da

democracia

A construccedilatildeo teoacuterica deste estudo discute os conceitos de regiatildeo territoacuterio

territorializaccedilatildeo regionalizaccedilatildeo capital social governanccedila e desenvolvimento tendo como

principais categorias de anaacutelise o capital social e o territoacuterio e como base empiacuterica da

pesquisa os territoacuterios de planejamento de Sergipe

A metodologia adotada eacute um estudo de caso cujo desenvolvimento contemplou

pesquisa documental e de campo Os meacutetodos da pesquisa quantitativa e qualitativa

desenvolveram-se com a aplicaccedilatildeo de survey adaptado do modelo do Questionaacuterio Integrado

para medir Capital Social ndash QI-MCS proposto pelo Banco Mundial (2003) e entrevistas

estruturadas (Apecircndice B) As amostras foram intencionais (natildeo probabiliacutesticas) e envolveram

os participantes do processo do planejamento participativo para coleta de dados e

informaccedilotildees sobre o capital social e as entrevistas envolveram ex-secretaacuterios de planejamento

e ex-diretores e teacutecnico de oacutergatildeo de planejamento para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o

planejamento e as propostas de poliacuteticas de desenvolvimento O nuacutemero de questionaacuterios

aplicados por territoacuterio de planejamento e o melhor detalhamento da metodologia

encontram-se no capiacutetulo 6

O questionaacuterio incluiu 139 perguntas distribuiacutedas em seis blocos O primeiro

apresentou perguntas para a identificaccedilatildeo do territoacuterio e descriccedilatildeo do perfil dos participantes

da pesquisa O segundo propotildee perguntas para a caracterizaccedilatildeo da participaccedilatildeo dos indiviacuteduos

em grupos e redes e informaccedilotildees sobre os grupos O bloco envolveu questotildees a respeito do

acesso ao grupo o tempo meacutedio no grupo se haacute contribuiccedilatildeo para a participaccedilatildeo frequecircncia

das reuniotildees origem dos membros dos grupos formas das deliberaccedilotildees seleccedilatildeo dos liacutederes e

outras O terceiro bloco coletou informaccedilotildees sobre a confianccedila em diferentes categorias e a

identificaccedilatildeo de praacuteticas solidaacuterias O quarto bloco envolveu perguntas sobre o acesso agrave

informaccedilatildeo e aos meios de comunicaccedilatildeo O quinto bloco tratou de levantar informaccedilotildees que

retratassem a coesatildeo e a inclusatildeo social dos grupos e o sexto e uacuteltimo focalizou o

empoderamento e accedilatildeo poliacutetica Neste bloco aleacutem das questotildees que revelassem a accedilatildeo

poliacutetica dos indiviacuteduos inseriram-se questotildees para a coleta de informaccedilotildees a respeito da

percepccedilatildeo dos indiviacuteduos sobre o desenvolvimento (Apecircndice A)

20

O capital social foi medido pelo conjunto de indicadores sociais que agrupa desde

dados a respeito da participaccedilatildeo em grupos ateacute a integraccedilatildeo social a confianccedila a

solidariedade entre os indiviacuteduos o empoderamento e a accedilatildeo coletiva coletados por meio de

aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com os participantes do processo do planejamento participativo

A anaacutelise da capacidade de construccedilatildeo ou fortalecimento do capital social pelas

instituiccedilotildees poliacuteticas foi avaliada utilizando-se de documentos teacutecnicos e de estudos

produzidos tanto pela academia quanto pelos teacutecnicos das instituiccedilotildees pesquisadas a respeito

do planejamento governamental como tambeacutem pelas entrevistas formuladas com os ex-

secretaacuterios de planejamento e gestores dos oacutergatildeos de planejamento regional

As unidades espaciais do estudo foram os oito territoacuterios de planejamento (Figura 1)

assim estruturados

i Territoacuterio Alto Sertatildeo Sergipano ndash localizado no Noroeste de Sergipe eacute

formado por sete municiacutepios (Canindeacute do Satildeo Francisco Gararu Monte

Alegre de Sergipe Nossa Senhora da Gloacuteria Nossa Senhora de Lourdes Poccedilo

Redondo e Porto da Folha)

ii Territoacuterio Agreste Central ndash inserido no Centro-Noroeste do Estado agrega

quatorze municiacutepios (Areia Branca Campo do Brito Carira Frei Paulo

Itabaiana Macambira Malhador Moita Bonita Nossa Senhora Aparecida

Pedra Mole Pinhatildeo Ribeiroacutepolis Satildeo Domingos e Satildeo Miguel do Aleixo)

iii Territoacuterio Baixo Satildeo Francisco Sergipano ndash localizado no Nordeste de Sergipe

eacute formado por quatorze municiacutepios (Amparo do Satildeo Francisco Brejo Grande

Canhoba Cedro de Satildeo Joatildeo Ilha das Flores Japoatatilde Malhada dos Bois

Muribeca Neoacutepolis Pacatuba Propriaacute Santana do Satildeo Francisco Satildeo

Francisco e Telha)

iv Territoacuterio Centro-Sul Sergipano ndash formado por cinco municiacutepios (Lagarto

poccedilo Verde Riachatildeo do Dantas Simatildeo Dias e Tobias Barreto)

v Territoacuterio Grande Aracaju ndash inserido no Centro-Leste de Sergipe eacute formado

por nove municiacutepios (Aracaju Barra dos Coqueiros Itaporanga DrsquoAjuda

Laranjeiras Maruim Nossa Senhora do Socorro Riachuelo Satildeo Cristoacutevatildeo e

Santo Amaro das Brotas)

vi Territoacuterio Leste Sergipano ndash localizado no Leste de Sergipe eacute formado por

nove municiacutepios (Capela Carmoacutepolis Divina Pastora General Maynard

Japaratuba Pirambu Rosaacuterio do Catete Santa Rosa de Lima e Siriri)

21

vii Territoacuterio Meacutedio Sertatildeo Sergipano ndash inserido no Meio-Norte de Sergipe agrupa

seis municiacutepios (Aquidabatilde Cumbe Feira Nova Graccho Cardoso Itabi e

Nossa Senhora das Dores)

viii Territoacuterio Sul Sergipano ndash inserido no Sul do estado eacute formado por onze

municiacutepios (Arauaacute Boquim Cristinaacutepolis Estacircncia Indiaroba Itabaianinha

Pedrinhas Salgado santa Luzia do Itanhi Tomar do Geru e Umbauacuteba)1

1 Os principais indicadores sociais de cada territoacuterio encontram-se no Apecircndice C

22

Figura 1 Sergipe ndash Territoacuterios de Planejamento

Fonte SEPLAN2008

23

Para avaliar a natureza espacial o estoque nos territoacuterios de planejamento e o papel

das instituiccedilotildees na construccedilatildeo eou destruiccedilatildeo do capital social o trabalho foi estruturado em

seis capiacutetulos O segundo capiacutetulo intitulado Regiatildeo Terrritoacuterio e Regionalizaccedilatildeo reflete

sobre a construccedilatildeo de regiotildees e territoacuterios buscando explicar as construccedilotildees destas categorias

e suas vinculaccedilotildees com as accedilotildees do Estado contemporacircneo portanto como categorias que

orientam o planejamento e a gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

O terceiro capiacutetulo intitulado Planejamento como ferramenta de intervenccedilatildeo do

Estado discute acerca das contribuiccedilotildees teoacutericas das linhas de abordagens e dos modelos dos

processos de planejamento e de desenvolvimento e sobretudo dos processos de planejamento

do e para o desenvolvimento que se evidenciam como percepccedilotildees de uma complexa

combinaccedilatildeo de variaacuteveis econocircmicas sociais poliacuteticas ambientais e culturais e se estruturam

em diferentes fatores de produccedilatildeo sistemas poliacuteticos estruturas sociais relaccedilotildees de poder e

escalas Aleacutem disso destaca o desenvolvimento local e o territorial como estrateacutegias

fenocircmenos processo de transformaccedilatildeo e alternativa ao desenvolvimento centralizador e

comandado pelo Estado sustentada pela valorizaccedilatildeo de potenciais do meio pela participaccedilatildeo

de todos os agentes e pela inclusatildeo social

O quarto capiacutetulo Capital social e governanccedila coloca em evidecircncia ativos

intangiacuteveis como ferramentas preponderantes para o desenvolvimento Embora se reconheccedila

que natildeo haacute teoria sobre capital social as vaacuterias concepccedilotildees e linhas de abordagem tecircm

permitido o desenvolvimento de estudos e ampliado as discussotildees sobre essa temaacutetica Tais

discussotildees notadamente tecircm se voltado para os efeitos do capital social nos processos

participativos e de controle de poliacuteticas puacuteblicas portanto nos espaccedilos democraacuteticos e nas

poliacuteticas de desenvolvimento A governanccedila como sistema essencial para a democracia

participativa eacute sustentada por uma sociedade revestida de consciecircncia poliacutetica ndash de cidadania

portanto com alto estoque de capital social

O capiacutetulo cinco intitulado Planejamento em Sergipe percorre os caminhos do

planejamento de poliacuteticas puacuteblicas e do desenvolvimento no Estado Para tanto o ponto de

partida foi a anaacutelise das praacuteticas institucionais em busca de argumentos e fragmentos de

estruturas organizacionais e de movimento poliacutetico que tenha contribuiacutedo e ou que possa

contribuir para a formaccedilatildeo do capital social regional e local e consequentemente o

desenvolvimento regional territorial estadual e municipal As praacuteticas institucionais e as

relaccedilotildees estabelecidas entre o Estado e a sociedade no planejamento foram elementos

estruturadores da avaliaccedilatildeo Avalia-se ainda a experiecircncia da Chesf na construccedilatildeo de capital

24

social dos atingidos por barragens Revisita-se ainda a histoacuteria do planejamento puacuteblico em

Sergipe abordando a trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo e os modelos e fases dos processos

O capiacutetulo seis Avaliaccedilatildeo do estoque de capital social nos e dos territoacuterios de

planejamento de Sergipe se constitui nos resultados da pesquisa de campo Avalia-se o

estoque de capital social nos e dos territoacuterios de planejamento tomando-se por base o

Questionaacuterio Integrado para medir Capital Social ndash QI-MCS a participaccedilatildeo social dos

indiviacuteduos nas instituiccedilotildees participativas (conferecircncias municipais territoriais e estaduais e

conselhos de poliacuteticas puacuteblicas)

Utilizando-se de recursos estatiacutesticos calcula-se o Iacutendice de Capital Social dos e nos

territoacuterios de planejamento sergipanos A confirmaccedilatildeo do niacutevel de estoque de capital social

nos territoacuterios eacute requerida tanto como estrateacutegia para a compreensatildeo da manutenccedilatildeo dos

baixos indicadores sociais nos territoacuterios quanto para a proposiccedilatildeo de accedilotildees voltadas para o

fortalecimento do capital social como elemento fundamental ao desenvolvimento Estuda-se

nessa pesquisa o capital social dos territoacuterios com base nas dimensotildees do capital social

propostas pelo Banco Mundial como a participaccedilatildeo em grupos e redes a confianccedila e a

solidariedade a informaccedilatildeo e a comunicaccedilatildeo a coesatildeo e a inclusatildeo social e o empoderamento

e a accedilatildeo poliacutetica

A anaacutelise das estruturas de governanccedila (conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas) se

reveste do esforccedilo para se explicar analiticamente a efetividade das estruturas de governanccedila

na formaccedilatildeo do capital social e na gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem como na democratizaccedilatildeo

em Sergipe

Por uacuteltimo a conclusatildeo sintetiza os achados das pesquisas (teoacuterica documental e de

campo) e propotildee o aprofundamento da pesquisa sobre capital social a ampliaccedilatildeo do debate

sobre o capital social pelos geoacutegrafos e a melhoria para propostas de planejamento

participativo em escala estadual

25

2 REGIAtildeO TERRITOacuteRIO E REGIONALIZACcedilAtildeO

Eacute o uso do territoacuterio e natildeo o territoacuterio em si

mesmo que faz dele o objeto da anaacutelise social

(SANTOS 2006 p15)

26

2 REGIAtildeO TERRITOacuteTIO E REGIONALIZACcedilAtildeO

O uso do termo territoacuterio e os processos da territorializaccedilatildeo ganharam destaques

respectivamente como unidade de planejamento e como processo do e para o

desenvolvimento tanto nas escalas federal quanto estadual e municipal principalmente na

deacutecada de 2000 O interesse de anaacutelise desses processos por diferentes aacutereas de estudo

fundamenta-se na proposta da participaccedilatildeo social no planejamento governamental e na

elaboraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

No contexto da accedilatildeo poliacutetica regiatildeo e territoacuterio permitem concepccedilotildees diferenciadas

daquelas construiacutedas pela academia Assim este capiacutetulo resgata as principais concepccedilotildees de

regiatildeo e territoacuterio e de seus processos formadores buscando o alinhamento entre as

concepccedilotildees acadecircmicas e as praacuteticas governamentais

Inicialmente duas questotildees devem ser esclarecidas Primeiro a expressatildeo territoacuterio

como espaccedilo definido e delimitado por e a partir de relaccedilotildees de poder como categoria de

anaacutelise social e natural base para o planejamento e sua derivada territorialidade satildeo muito

antigas Como bem escreveu Santos (2006 p15) o ldquoretorno do territoacuteriordquo deve ser entendido

como uma metaacutefora para facilitar a definiccedilatildeo desse espaccedilo habitado agrave luz das novas

possibilidades tecnoloacutegicas informacionais e sineacutergicas contexto no qual se pretende

desenvolver este trabalho Segundo o uso do territoacuterio proposto natildeo concorre com outras

unidades de planejamento tradicionais como regiatildeo conforme previa Andrade (2006 p 213)

nem substitui o conceito de regiatildeo como assegurou Haesbaert (2002 p 2) Entretanto esse

autor reconhece que ldquoao longo da histoacuteria do pensamento geograacutefico facilmente

identificamos fases de um rico processo de construccedilatildeo destruiccedilatildeo e reconstruccedilatildeo do conceito

de regiatildeordquo De fato as experiecircncias do planejamento confirmam esse ldquodeslizamento de

escalardquo como propotildee Benko (2001 p7) Para esse autor os sistemas econocircmico social e

poliacutetico evoluem e os processos evolutivos alteram as escalas de atuaccedilatildeo exigem diferentes

arranjos para sua operacionalizaccedilatildeo e recompotildeem a regiatildeo Na tese de Markusen (2005 p69)

natildeo haacute evidecircncia convincente de que as regiotildees estejam ressurgindo uma vez que natildeo haacute

relato ou comprovaccedilatildeo de que algum processo de aglomeraccedilatildeo diferenciada no territoacuterio

tivesse sido paralisado e esteja ressurgindo A rejeiccedilatildeo da autora a essa caracterizaccedilatildeo se

fundamenta em fases nas quais as particularidades e autoconsciecircncia regional satildeo mais

evidentes

27

Com base nesses esclarecimentos pretende-se fornecer elementos para a compreensatildeo

da construccedilatildeo do termo regiatildeo e contextualizar o ldquouso do territoacuteriordquo pela anaacutelise dos

elementos que requisitaram o ldquoretorno da expressatildeo territoacuteriordquo no planejamento puacuteblico e as

articulaccedilotildees existentes entre territoacuterio e regiatildeo

Este capiacutetulo eacute composto por trecircs subcapiacutetulos O primeiro fornece uma compreensatildeo

da construccedilatildeo e produccedilatildeo da regiatildeo ao longo do tempo nos diferentes espaccedilos e por

diferentes aacutereas de estudo O segundo eacute um inventaacuterio das acepccedilotildees de territoacuterio e de seus

processos formuladores Por uacuteltimo analisam-se os objetivos dos processos de

regionalizaccedilatildeo buscando identificar seus agentes e o alinhamento com os processos do

planejamento do desenvolvimento regional

21 Concepccedilotildees de regiatildeo

A anaacutelise conceitual de regiatildeo nas correntes do pensamento geograacutefico2 fornece uma

compreensatildeo da construccedilatildeo ou produccedilatildeo dessa categoria ao longo do tempo nos diferentes

espaccedilos e por diferentes aacutereas de estudo Tomada como referencial tanto para a

contextualizaccedilatildeo de planos de desenvolvimento e das regionalizaccedilotildees propostas pela

Administraccedilatildeo Puacuteblica (federal e estadual) quanto pela academia para a interpretaccedilatildeo

justificaccedilatildeo e explicaccedilatildeo de fenocircmenos sociais culturais bioloacutegicos e econocircmicos o termo

regiatildeo vem se aperfeiccediloando complexificando e exigindo definiccedilotildees diferenciadas de acordo

com a perspectiva da anaacutelise com a dimensatildeo abordada e a corrente do pensamento

geograacutefico dominante

Sem a pretensatildeo de uma revisatildeo conceitual de regiatildeo de territoacuterio e de suas derivadas

o exerciacutecio de explicar como construir a definiccedilatildeo de regiatildeo nesta tese tem a finalidade de

facilitar o seu entendimento como unidade de planejamento do e para desenvolvimento

regional

O termo regiatildeo na interpretaccedilatildeo geograacutefica pode ser definido explicado delimitado e

produzido Essa produccedilatildeo surge da necessidade da siacutentese da percepccedilatildeo da relaccedilatildeo entre

homem e natureza e de sua organizaccedilatildeo no espaccedilo No pensamento dominante no final do

seacuteculo XIX denominado determinismo ambiental a regiatildeo era caracterizada por seus

aspectos fiacutesicos e bioloacutegicos interpretados pela relevacircncia interaccedilotildees e influecircncias ocorrentes

entre seus componentes Nessa caracterizaccedilatildeo de acordo com Andrade (1977 p 37) as

2 Um resumo didaacutetico das correntes do pensamento geograacutefico encontra-se em Correcirca (1995 p7)

28

modificaccedilotildees nas condiccedilotildees naturais provocadas pelas accedilotildees do homem natildeo influenciavam na

delimitaccedilatildeo das regiotildees Percebe-se que embora admitindo a importacircncia dos componentes

do meio ambiente para o homem efetivamente na concepccedilatildeo do determinismo ambiental o

ser humano era dissociado da natureza e se comportava como mero observador ou seja o

homem natildeo se percebia um dos elementos do meio natural e um dos agentes modeladores dos

espaccedilos

A segunda acepccedilatildeo de regiatildeo conforme interpreta Correcirca (1997 p185) origina-se

como reaccedilatildeo ao pensamento determinista da regiatildeo natural Nessa fase reconhecem-se os

recursos ambientais como ldquopossibilidadesrdquo para as atividades humanas e o homem como o

agente de controle e dominaccedilatildeo dos recursos naturais e modelador da regiatildeo Contudo

separam-se os fenocircmenos naturais dos sociais atribuindo um caraacuteter ideograacutefico aos eventos

ao tempo e ao espaccedilo A regiatildeo eacute construiacuteda valendo-se do reconhecimento das accedilotildees

humanas sobre determinado espaccedilo independentemente dos componentes naturais que datildeo a

sustentaccedilatildeo a essa organizaccedilatildeo e de ser o homem um dos componentes do meio

Para Correcirca (1997 p187) somente a partir da deacutecada de 1970 e com o surgimento da

geografia criacutetica fundamentada no materialismo histoacuterico e dialeacutetico na geografia humanista

e cultural a regiatildeo passa a ser construiacuteda tanto por meio da organizaccedilatildeo social associada ao

modo de produccedilatildeo capitalista quanto pela cultura local e pelas relaccedilotildees de poder e

dominaccedilatildeo Nessa interpretaccedilatildeo a interaccedilatildeo entre os aspectos sociais econocircmicos culturais

poliacuteticos e ambientais forneceu as bases para a siacutentese conceitual de regiatildeo e permitiu a

percepccedilatildeo do homem como componente do meio e agente modelador do espaccedilo

Embora se perceba a inserccedilatildeo de novos elementos para conceituar regiatildeo natildeo haacute

negaccedilatildeo de nenhum dos conceitos e sim a preocupaccedilatildeo na conceituaccedilatildeo de regiatildeo Essa

capacidade de ajustes e flexibilidade para a conceituaccedilatildeo de regiatildeo decorre do fato de que

diferentes especialistas construiacuteram regiatildeo pelos diferentes componentes ponderaccedilotildees

dimensotildees objetivos e interpretaccedilotildees A regiatildeo eacute percebida como um ser vivo e portanto

evolui com as ciecircncias e as teacutecnicas humanas e econocircmicas tem caraacuteter concreto e

relatividade histoacuterica aleacutem de ser um instrumento de accedilatildeo dominaccedilatildeo e controle

(Kaiser1967p279) Por essas razotildees haacute uma complexidade na conceituaccedilatildeo inclusive

reconhecida por Kaiser (1967 p280) Correcirca (1995 p22) e Oliveira (1977 p27) e na

definiccedilatildeo de regiatildeo proposta pela Geografia Nova que procura sua concretude baseando-se na

explicaccedilatildeo de processos como a divisatildeo territorial do trabalho a accedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas a

articulaccedilatildeo para e pelo capital entre outros Entretanto Kaiser (1967) procura enumerar

29

fatores essenciais para delimitar e definir regiatildeo Satildeo considerados elementos essenciais na

conceituaccedilatildeo de regiatildeo

Os laccedilos existentes entre seus habitantes sua organizaccedilatildeo social e econocircmica

impressa no espaccedilo e em torno de um centro dotado de certa autonomia e

sua integraccedilatildeo funcional em uma economia global (KAISER 1967

p280)

Corroborando os elementos propostos por Kaiser (1967) Santos (1994) cita que as

variaacuteveis usadas para conceituar regiatildeo satildeo as mais diversas e podem ser repensadas e criadas

uma vez que satildeo os elementos da construccedilatildeo dos espaccedilos de convivecircncia dos lugares

funcionais do todo Entatildeo

A regiatildeo se define assim como o resultado das possibilidades ligadas a

certa presenccedila nela de capitais fixos exercendo determinado papel ou

determinadas funccedilotildees teacutecnicas e das condiccedilotildees de seu funcionamento

econocircmico dadas pela rede de relaccedilotildees sociais Pode-se dizer que haacute uma

verdadeira dialeacutetica entre ambos esses fatores concretos um influenciando e

modificando o outro (SANTOS 1985 p 67)

Para esse autor aleacutem das redes de relaccedilotildees sociais os avanccedilos teacutecnico-cientiacutefico-

informacionais que possibilitam por meio de suas funcionalidades a manutenccedilatildeo dos fluxos

globais tambeacutem satildeo elementos a serem usados na conceituaccedilatildeo de regiatildeo Nas suas palavras

As regiotildees satildeo subdivisotildees do espaccedilo do espaccedilo total do espaccedilo nacional e

mesmo de espaccedilo local satildeo espaccedilos de convivecircncia lugares funcionais do

todo um produto social [] O espaccedilo eacute constituiacutedo por um sistema de

accedilotildees e um sistema de objetos indissoluacuteveis hoje nenhuma regiatildeo tem nela

proacutepria a totalidade das relaccedilotildees que decidem seu movimento As regiotildees

satildeo mediadas por normas externas ao paiacutes no caso uma ordem global e

tambeacutem por normas internas centralizadas no Estado Federal (SANTOS

1994 p1 e 4)

Os sistemas e fluxos como construccedilotildees sociais apresentam dinacircmicas e elementos

que resultam das percepccedilotildees ou da ldquogestatildeo do saberrdquo dos autores que os interpretam

Para Foucault (2011 p157) 3 regiatildeo lugar e territoacuterio satildeo metaacuteforas espaciais

estrateacutegicas que remetem agraves formas de dominaccedilatildeo agraves anaacutelises dos efeitos do poder Para esse

autor eacute efetivamente de guerra de administraccedilatildeo de implantaccedilatildeo de gestatildeo de um saber que

se trata em tais expressotildees Neste enfoque a regionalizaccedilatildeo deve ser compreendida como

processo formulado tomando-se por base formas-conteuacutedo como organizaccedilatildeo social poliacutetica

econocircmica e cultural com o objetivo de melhoria da gestatildeo do espaccedilo regional

3 Para Foucault territoacuterio eacute uma noccedilatildeo geograacutefica juriacutedico-poliacutetica aquilo que eacute controlado por um certo tipo de

poder e regiatildeo eacute uma noccedilatildeo fiscal administrativa militar

30

Valendo-se dessas vaacuterias possibilidades conceituais e da emergecircncia de novos

elementos como o capital social a governanccedila e o reconhecimento das formas de relaccedilatildeo

estabelecidas com base na anaacutelise das dimensotildees poliacutetica e cultural natildeo se propotildee nesse

estudo um conceito de regiatildeo A elaboraccedilatildeo mais cuidadosa que se pretende eacute reconhecer

quais satildeo os elementos que alimentam e datildeo suporte agraves estruturas organizacionais agraves suas

funcionalidades e fluxos no espaccedilo em anaacutelise os laccedilos de confianccedila e de reciprocidade que

facilitam a cooperaccedilatildeo espontacircnea e as normas e as redes4 de relaccedilotildees sociais existentes entre

seus habitantes e que sustentam e influenciam os agrupamentos sociais as organizaccedilotildees

bioloacutegicas sociais e econocircmicas estabelecidas no espaccedilo e em torno de um centro de poder a

integraccedilatildeo funcional das organizaccedilotildees econocircmicas em uma economia global as condiccedilotildees

naturais que datildeo suporte e caracterizam essas organizaccedilotildees econocircmicas e sociais satildeo atributos

de uma regiatildeo

Como descreveu Santos (1988 p46) estudar uma regiatildeo significa mergulhar em um

universo constituiacutedo por uma diversidade de relaccedilotildees interaccedilotildees redes e fluxos de diferentes

formas funccedilotildees organizaccedilotildees e em diferentes niacuteveis de atuaccedilatildeo e contradiccedilatildeo

Assumindo os fatores essenciais e comuns identificados por Kaiser (1967 p280) para

conceituar regiatildeo eacute possiacutevel inferir que uma regiatildeo compreende um conjunto de variaacuteveis

naturais (fiacutesicas e bioloacutegicas) sociais culturais e poliacuteticas que interagem entre si e com o

meio externo de modo sineacutergico produzindo formas-conteuacutedo diferenciadas de acordo com

as mudanccedilas impostas pela proacutepria sociedade e em escalas diversas A regiatildeo eacute portanto uma

produccedilatildeo do espaccedilo cujos limites satildeo definidos pela ocorrecircncia produccedilatildeo e interaccedilatildeo de

variaacuteveis Desse modo a conceituaccedilatildeo de regiatildeo como unidade de planejamento e estrateacutegia

do e para o desenvolvimento estaacute relacionada aos cenaacuterios sobretudo futuros agrave governanccedila e

agrave governabilidade produzidas no espaccedilo

Considerando que regiatildeo e territoacuterio satildeo categorias analiacuteticas em constante construccedilatildeo

destruiccedilatildeo e reconstruccedilatildeo no subcapiacutetulo seguinte resgatam-se as conceituaccedilotildees de territoacuterio

4 Rede na concepccedilatildeo de Castells eacute um conjunto de noacutes interconectados Noacute eacute o ponto no qual uma curva se

entrecorta As redes constituem a nova morfologia social de nossa sociedade (CASTELLS 2002 p 566) Nessa

concepccedilatildeo cada pessoa corresponde a um noacute na estrutura social

31

22 Territoacuterio territorializaccedilatildeo e territorialidade

O termo territoacuterio eacute um conceito central na geografia e do mesmo modo que regiatildeo

tem apresentado complexidade em sua conceituaccedilatildeo tanto pelo fato de ser interpretado por

especialistas de diferentes aacutereas do conhecimento e nos mais diversos enfoques quanto pela

dinacircmica social e pelos avanccedilos tecnoloacutegicos e informacionais que tecircm posto em questatildeo o

ldquoespaccedilo vitalrdquo Observa-se contudo que as interpretaccedilotildees de territoacuterio e de territorialidade

tecircm tido como foco estrateacutegias para a compreensatildeo dos mecanismos ou forccedilas responsaacuteveis

pela espacialidade de processos sociais5 e comportamentais de outras espeacutecies animais

A expressatildeo territoacuterio originou-se na ecologia ou nas ciecircncias naturais (MORAES

1990 p 23) e seria uma aacuterea de influecircncia e dominaccedilatildeo de uma espeacutecie animal (ANDRADE

2006 p213) O termo e os fundamentos da ecologia satildeo atribuiacutedos ao bioacutelogo alematildeo Ernst

Haeckel que em 1869 conceituou ecologia como o estudo do lugar onde se vive e onde se

estabelecem as relaccedilotildees entre os organismos inclusive o homem e entre estes e o meio

ambiente

Influenciado pelas ideias de Haeckel e preocupado em interpretar e descrever as

relaccedilotildees entre os homens e entre estes e o meio em um contexto do pensamento geograacutefico

que privilegiava os elementos naturais Friedrich Ratzel propotildee o termo territoacuterio para

expressar o sentimento do homem em relaccedilatildeo ao espaccedilo apropriado Na interpretaccedilatildeo de

Moraes (1993 p23) sobre o pensamento de Ratzel o territoacuterio eacute posto como um espaccedilo que

algueacutem possui eacute a posse que lhe atribui identidade

Odum (1986 p223) afirma que o termo ldquoterritoacuteriordquo (destaque do autor) foi empregado

pela primeira vez em 1920 por Elliot Howard em seu livro Territory in Bird Life Para a

Ecologia o territoacuterio eacute o espaccedilo delimitado como aacuterea de permanecircncia (home range) e

defendido por espeacutecies animais evitando a superposiccedilatildeo dos espaccedilos usados por outros

grupos antagocircnicos

Observa-se que tanto a espacialidade humana quanto a territorialidade dos animais tecircm

raiacutezes nas relaccedilotildees sociais e na territorialidade A territorialidade neste trabalho deve ser

entendida como a expressatildeo do domiacutenio do espaccedilo vivido

5 Oliveira (2004 p 29) define como processos sociais as diversas formas pelas quais os indiviacuteduos e os grupos

atuam uns com os outros relacionam-se e estabelecem relaccedilotildees sociais

32

Nas sociedades humanas essa territorialidade remete agrave propriedade privada afirmada

no direito romano e na base ideoloacutegica da produccedilatildeo capitalista e agrave formaccedilatildeo do Estado

Entretanto eacute a subjetividade do reconhecimento da propriedade ou seja do controle efetivo

ou ainda afetivo ou do poder sobre aquele espaccedilo o objeto da territorialidade

A vinculaccedilatildeo da formaccedilatildeo do Estado ao territoacuterio e deste agraves diferentes relaccedilotildees de

poder ocorrentes nos espaccedilos eacute defendida por Ratzel segundo Moraes (1990 p 76) Andrade

(2006 p213) Gruppi 6(1980 p 7) e Bobbio (2001 p 23) e tem se mantido ao longo do

tempo independentemente das acepccedilotildees assumidas por territoacuterio conforme se pode extrair

dos conceitos apresentados no Quadro 1

Santos (2006) defende que

Eacute o uso do territoacuterio e natildeo o territoacuterio em si mesmo que faz dele objeto da

anaacutelise social [] O territoacuterio satildeo formas mas o territoacuterio usado satildeo objetos

e accedilotildees sinocircnimos de espaccedilo humano espaccedilo habitado (SANTOS 2006

p15)

O territoacuterio usado vivido e controlado pelas relaccedilotildees sociais e de suas organizaccedilotildees

poliacuteticas e sociais eacute ainda o objeto da anaacutelise social e base da formaccedilatildeo do Estado7

O territoacuterio enquanto espaccedilo delimitado a partir de processos sociais ou de outros

mecanismos de sustentaccedilatildeo dos grupos sociais como poder normas sociais costumes

crenccedilas e valores estabelecidos em uma base fiacutesica e motivados pela apropriaccedilatildeo desse espaccedilo

vivido tem tido uma amplitude conceitual que segundo Haesbaert (2007 p 38) vai da

perspectiva etnoloacutegica agrave psicoloacutegica

Territoacuterio para esse autor

[] tem sido uma expressatildeo ambiacutegua que pode designar desde um espaccedilo

social qualquer como predomina no senso comum e entre alguns geoacutegrafos

ateacute um espaccedilo marcado e defendido por determinadas espeacutecies animais seu

espaccedilo de sobrevivecircncia como eacute definido pela etologia (HAESBEART

1997 p56)

Sistematizando as vaacuterias concepccedilotildees de territoacuterio Haesbaert (2007 p40) conseguiu

agrupaacute-las em trecircs dimensotildees que estatildeo intrinsecamente relacionadas poliacutetica econocircmica e

cultural ou simboacutelico-cultural (Figura 2) Segundo esse autor a dimensatildeo poliacutetica refere-se agraves

6 Gruppi (1980 p7) define Estado como um poder poliacutetico que se exerce sobre um territoacuterio e um conjunto

demograacutefico Nesse caso o territoacuterio eacute um dos elementos do Estado 7 De acordo com Bobbio (2001 p62 e p 62) o Estado como sistema poliacutetico eacute com respeito ao sistema social

um subsistema Para esse autor satildeo sistemas distintos mas interdependentes do sistema social em sua

complexidade e em sua articulaccedilatildeo interna

33

accedilotildees de domiacutenio poder comando ou gestatildeo de determinado espaccedilo delimitado a dimensatildeo

cultural aborda questotildees da identidade do indiviacuteduo ou grupos de indiviacuteduos em relaccedilatildeo ao

espaccedilo habitado e a dimensatildeo econocircmica enfatiza a espacializaccedilatildeo das relaccedilotildees econocircmicas e

dos acessos aos recursos ambientais

Figura 2 ndash Dimensotildees do Territoacuterio

Sistematizaccedilatildeo proacutepria valendo-se das informaccedilotildees de Haesbaert 2007

O inventaacuterio das concepccedilotildees de territoacuterio apresentado no Quadro 1 corrobora a

agregaccedilatildeo apresentada por Haesbaert (2007) que interpretou as vaacuterias acepccedilotildees de territoacuterio

em todo o mundo e por Cruz (2009) e Goacutemez e Mahecha (1998) que estudaram alguns dos

conceitos de territoacuterio que estatildeo no debate na Colocircmbia e no Brasil A anaacutelise dos conceitos

sistematizados no Quadro 1 permitiu a formulaccedilatildeo dos seguintes pressupostos

i Territoacuterios satildeo reconstruccedilotildees histoacutericas que interpretam e incorporam as mudanccedilas

ocorridas nas realidades sociais e nas diferentes escalas

ii O territoacuterio eacute uma construccedilatildeo social (ARAUJO 2008 GOacuteMEZ e MAHECHA 1998

CARA 2006) fundamentada na disponibilidade de um espaccedilo geograacutefico delimitado a

partir de suas condicionantes naturais organizacionais (sociais econocircmicas e

poliacuteticas) culturais histoacutericas (MDA) nas relaccedilotildees de poder (RAFFESTIN 1993

FOUCAULT 2011 NEVES 2006 SOUZA 1995 PERICO 2009 ANDRADE

2006 HAESBAERT 2007 SCHNEIDER e TARTARUGA 2004) e em outros

34

sistemas de relaccedilotildees sociais como a reciprocidade a confianccedila capacidade de

articulaccedilatildeo e outros

iii O territoacuterio eacute ainda o espaccedilo habitado delimitado a partir da aacuterea de influecircncia dos

processos sociais e das organizaccedilotildees de poderes ndash do aparelho de Estado daquelas que

funcionam fora abaixo e ao lado do aparelho de Estado (RATZEL 1990 SANTOS

2006 CARA 2006 FOUCAULT 2011 E GIMEacuteNEZ 1999)

iv O territoacuterio eacute a representaccedilatildeo do espaccedilo social e como tal pode ser dito construiacutedo e

percebido segundo diferentes princiacutepios de visatildeo analiacutetica

Essa capacidade polissecircmica que acompanha a utilizaccedilatildeo de territoacuterio origina-se por

um lado da dificuldade da representaccedilatildeo do espaccedilo social8 baseando-se em suas muacuteltiplas

dimensotildees da falta de diaacutelogo entre as diversas aacutereas das Ciecircncias Sociais como assinala

Haesbaert (2007 p36) ou por outro lado do modelo da anaacutelise das transformaccedilotildees dos

discursos em atraveacutes de e a partir das relaccedilotildees de poder como propotildee Foucault (2011 p

158)

Retornando agraves proposiccedilotildees juriacutedico-poliacuteticas de territoacuterio de Foucault e da metaacutefora do

retorno do territoacuterio de Santos e considerando natildeo apenas a polissemia que acompanha a

utilizaccedilatildeo de territoacuterio entre os diversos autores que a discutem mas tambeacutem a mudanccedila do

sentido substantivo na corrente do pensamento geograacutefico o territoacuterio deve ser entendido

como o espaccedilo delimitado a partir da aacuterea de influecircncia dos processos sociais e das

organizaccedilotildees de poderes ndash do aparelho de Estado daquelas que funcionam fora abaixo e ao

lado do aparelho de Estado e caracterizado por criteacuterios multidimensionais - biogeofiacutesicos

sociais econocircmicos culturais institucionais poliacuteticos ndash exerciacutecio de poder (gestatildeo controle e

regulaccedilatildeo) e afetiva - sentimento de pertenccedila O territoacuterio conceituado nesta tese resulta de

um procedimento metodoloacutegico que independentemente das variaacuteveis e dos fatores tomados

para sua delimitaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo respeita a temporalidade e as especificidades de cada

espaccedilo respondendo diferentemente a uma accedilatildeo poliacutetica ou a um determinado poder

Quanto ao retorno do territoacuterio de Santos eacute importante destacar que o que se percebe eacute

a necessidade do reconhecimento dos muacuteltiplos territoacuterios para a delimitaccedilatildeo do espaccedilo de

intervenccedilatildeo estatal A evoluccedilatildeo dos sistemas econocircmico social e poliacutetico e a

8 Para Bourdieu (2010 p 133) o espaccedilo social eacute construiacutedo na base de princiacutepios de diferenciaccedilatildeo ou de

distribuiccedilatildeo das posiccedilotildees relativas dos agentes e grupo de agentes neste espaccedilo

35

multidimensionalidade de poder tecircm ocupado diferentes niacuteveis espaciais9 que vatildeo aleacutem do

territoacuterio estatal Desse modo a compatibilidade dos espaccedilos para a aplicaccedilatildeo das normas de

cada territoacuterio estatal requer a retomada conceitual e analiacutetica de territoacuterio e de

territorialidade

Para Cara (2006 p 263) o sentimento de pertenccedila de identidade regional de tomada

de consciecircncia regional e de participaccedilatildeo (ANDRADE 2006 p214) define a territorialidade

ndash uma qualidade subjetiva do grupo social

Para Perico (2009 p63) e Correcirca (2006 p251) a territorialidade se define valendo-se

da maneira (forma) das praacuteticas e suas expressotildees materiais e simboacutelicas de como os grupos

se organizam para gerenciar integrar e apropriar-se de seu territoacuterio A expressatildeo da

territorialidade se manifesta nos valores e na identidade desses grupos

Corroborando Perico e Correcirca Goacutemez e Mahecha (1998 p 124) apresentam como

atributo da territorialidade a capacidade de controle Esse atributo pode ser identificado em

um indiviacuteduo em um grupo em uma companhia multinacional no Estado e se reveste de

fundamental importacircncia tanto para os processos da territorializaccedilatildeo e da regionalizaccedilatildeo

quanto para a da efetividade dos planos poliacuteticas e programas de desenvolvimento territorial

e ou regional A capacidade de controle estaacute diretamente relacionada com a maturidade

poliacutetica ou com o grau de liberdade10

da sociedade e de seus representantes como seraacute

analisada nos toacutepicos seguintes

A territorializaccedilatildeo por sua vez eacute um processo multiescalar e multidimensional

relacionado agraves accedilotildees de modificaccedilatildeo de construccedilatildeo e de reconstruccedilatildeo do territoacuterio e da

territorialidade Como lembrado por Schneider e Tartaruga (2004 p101) o decliacutenio ou a

retomada do territoacuterio ou a morte da regiatildeo como analisa Haesbaert (2002 p 2) na

interpretaccedilatildeo atual dos processos de planejamento regional e territorial satildeo hipoacuteteses

refutadas haja vista a ocorrecircncia simultacircnea dos referidos processos no mesmo espaccedilo

Entretanto o enfoque conceitual a seguir seraacute dado para a regionalizaccedilatildeo

9 Como afirma Benko (2001 p7) ldquoos niacuteveis espaciais pertinentes de anaacuteliserdquo satildeo o mundial o supranacional

(blocos econocircmicos) o nacional e o regional (local ou infranacional) 10

A liberdade construiacuteda e instrumentalizada pelos atributos poliacuteticos sociais econocircmicos e culturais de cada

sociedade como defendido por Sen (2012)

36

Quadro 1 ndash Inventaacuterio de acepccedilotildees de territoacuterio

Autor Conceitos de Territoacuterio

Friedrich Ratzel (1990) Porccedilatildeo da superfiacutecie terrestre apropriada por um grupo humano

Claude Raffestin (1993) Espaccedilo onde se projetou um trabalho seja energia e informaccedilatildeo e que por

consequecircncia revela relaccedilotildees marcadas pelo poder

Manoel Correia de Andrade

(2006) Espaccedilo de domiacutenio ou de gestatildeo de uma determinada aacuterea

Milton Santos (2006) Espaccedilo habitado

Michel Foucault (2011) Eacute uma noccedilatildeo juriacutedico-poliacutetica aquilo que eacute controlado por certo tipo de poder

Tania Bacelar de Araujo (2008) Satildeo construccedilotildees sociais cada um tem sua base ambiental sua histoacuteria sua

vida econocircmica sua organizaccedilatildeo social sua cultura Base de sua identidade

Gervaacutesio Rodrigo Neves

(2006) Satildeo espaccedilos de accedilatildeo e de poderes

Roberto Lobato Correcirca (2006) Espaccedilo revestido da dimensatildeo poliacutetica afetiva ou ambas

Marcelo J Lopes de Souza

(1995) Espaccedilo definido e delimitado por e a partir de relaccedilotildees de poder

Roberto Bustos Cara (2006) Eacute uma objetivaccedilatildeo multidimensional da apropriaccedilatildeo social do espaccedilo

Rogeacuterio Haesbaert(2007) Relaccedilatildeo de dominaccedilatildeo (poliacutetico-econocircmica) e apropriaccedilatildeo sociedade-espaccedilo

Gimeacutenez Gilberto (1999)

El resultado de la apropiacioacuten y valorizacioacuten del espacio mediante la

representacioacuten y el trabajo uma produccioacuten a partir del espacio inscrita en

el campo del poder por las relaciones que pone en juego

Gustavo Montantildeez Goacutemez e

Ovidio Delgado Mahecha

(1998)

Es uma construccioacuten social y nuestro conocimiento del mismo implica el

conocimiento del proceso de su produccioacuten

Rafael Echeverri Perico (2009) Accedilatildeo poliacutetica ou expressatildeo poliacutetica

Ministeacuterio do Desenvolvimento

Agraacuterio (MDA) (2003)

Eacute um espaccedilo fiacutesico geograficamente definido geralmente contiacutenuo

compreendendo cidades e campos caracterizados por criteacuterios

multidimensionais tais como o ambiente a economia a sociedade a cultura

a poliacutetica e as instituiccedilotildees e uma populaccedilatildeo com grupos sociais

relativamente distintos que se relacionam internamente e externamente por

meio de processos especiacuteficos nos quais se podem distinguir um ou mais

elementos que indicam identidade e coesatildeo social cultural e territorial

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

37

23 Regionalizaccedilatildeo do conceito de regiatildeo ao enfoque do desenvolvimento

A questatildeo da regionalizaccedilatildeo embora muito antiga apresenta complexidade que o

tempo as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e o conhecimento natildeo conseguiram superar Regionalizaccedilatildeo

eacute uma classificaccedilatildeo dos espaccedilos em categorias de mesma natureza Considerando as

diversidades ambientais sociais culturais e poliacuteticas essa classificaccedilatildeo em categorias de

mesma natureza requer no miacutenimo clareza e objetividade na definiccedilatildeo da meta a ser

alcanccedilada e nas etapas do processo da regionalizaccedilatildeo

O que se pretende neste subcapiacutetulo eacute sistematizar os processos da regionalizaccedilatildeo a

fim de que sejam evidenciados os objetivos e os tomadores da decisatildeo

Kayser (1967 p 14) analisando as divisotildees do espaccedilo geograacutefico nos paiacuteses

subdesenvolvidos propotildee como fatores da regionalizaccedilatildeo de ldquosignificado universalrdquo a

penetraccedilatildeo da economia comercial a conquista administrativa e a planificaccedilatildeo do

desenvolvimento regional Como processo de divisatildeo do espaccedilo a regionalizaccedilatildeo pode ser

entendida tomando-se por base diferentes acepccedilotildees Desse modo e agrave luz da conceituaccedilatildeo de

regiatildeo e de territoacuterio proposta por Foucault e com fundamento nas caracteriacutesticas principais

das acepccedilotildees de regionalizaccedilatildeo de Kayser (1967) Geiger (1969) Grigg (1973) Andrade

(1977 1971 e 2011) Souza (1976) Egler (1995) Haesbaert (1999) e Benko (1999)

apresentadas no Quadro 2 pode-se entender a regionalizaccedilatildeo como

a Uma accedilatildeo poliacutetica ndash caracterizada por ser uma decisatildeo revestida da

autoridade soberana do poder puacuteblico Envolve uma seacuterie de atividades

e processos de planejamento do desenvolvimento da gestatildeo ou da

organizaccedilatildeo do espaccedilo

b Um procedimento metodoloacutegico ndash teacutecnica usada e desenvolvida para a

anaacutelise de diferenciaccedilotildees e regularidades dos fenocircmenos distribuiacutedos

nos espaccedilos

c Um processo de produccedilatildeo do espaccedilo vivido que independe do Poder

Puacuteblico ou ainda

d Um processo formulado baseando-se na interpretaccedilatildeo das formas-

conteuacutedo como organizaccedilatildeo social poliacutetica econocircmica e cultural no

qual diversos agentes com diferentes interesses e praacuteticas espaciais

estruturam as redes e os arranjos poliacuteticos legais institucionais e

38

organizacionais de integraccedilatildeo e articulaccedilatildeo com o objetivo de melhoria

da gestatildeo do espaccedilo regional

Quadro 2 ndash Principais caracteriacutesticas das abordagens de regionalizaccedilatildeo

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

A compreensatildeo da importacircncia da regionalizaccedilatildeo como accedilatildeo poliacutetica procedimento

metodoloacutegico processo ou teacutecnica na promoccedilatildeo do crescimento econocircmico e do

desenvolvimento de espaccedilos regionais ou para a mitigaccedilatildeo de problemas como as

desigualdades sociais e econocircmicas eacute tida como base para o planejamento do

desenvolvimento regional

A abordagem da regionalizaccedilatildeo como accedilatildeo poliacutetica surge no poacutes guerra metade do

seacuteculo XX em meio agrave discussatildeo das teorias de localizaccedilatildeo de estado isolado de Von Thuumlnen

de localizaccedilatildeo industrial de Weber e dos polos de crescimento de Perroux As

regionalizaccedilotildees satildeo propostas principalmente pelo Estado e por economistas cientistas

poliacuteticos que propotildeem intervenccedilotildees interpretam e justificam o crescimento econocircmico de

determinadas regiotildees Para Silva

Eacute preciso ressaltar que as abrangentes proposiccedilotildees sobre a localizaccedilatildeo e o

desenvolvimento regional constituem-se ao mesmo tempo em importante

marco teoacuterico da maneira pela qual se processa a dinacircmica da organizaccedilatildeo

do espaccedilo em termos analiacuteticos (compreensatildeo da realidade) preditivos

(comportamento de elementos sobre determinadas condiccedilotildees) e de

planejamento ou seja a proposiccedilatildeo de alternativas para se atingir uma

efetiva regionalizaccedilatildeo do desenvolvimento (SILVA 1976 p 19)

REGIONALIZACcedilAtildeO CARACTERIacuteSTICAS PRINCIPAIS AUTORES

Regiotildees-plano Kayser 1967 Regiotildees administrativas e industriais de

Satildeo Paulo Souza 1976

Regiotildees de intervenccedilatildeo regiatildeo- problema

Andrade 1977 1971 e

2011

Expressatildeo de atuaccedilatildeo do Estado

Regiotildees de referecircncia Egler1995

Regiotildees ndash problema Benko 1999 Meacutetodos de investigaccedilatildeo Grigg 1973

Formas de produccedilatildeo das regiotildees Geiger1969

Instrumentos de anaacutelises ou

pressupostos metodoloacutegicos Haesbaert 1999 e 2010

Accedilatildeo poliacutetica

Procedimento Metodoloacutegico

39

A consciecircncia da existecircncia de um espaccedilo de poder poliacutetico e econocircmico delimitado

para atuaccedilatildeo do aparelho do Estado11

e sob a influecircncia dos aparelhos ideoloacutegicos do Estado

eacute o principal eixo do planejamento regional e tem sido tambeacutem a principal diretriz das

poliacuteticas de desenvolvimento regional Os aparelhos ideoloacutegicos do Estado fornecem as bases

sociais de sustentaccedilatildeo da representaccedilatildeo poliacutetica e do ldquocontrolerdquo do Estado sobre os demais

agentes do desenvolvimento e datildeo efetividade agraves accedilotildees do governo Desse modo a

regionalizaccedilatildeo como accedilatildeo poliacutetica independentemente da acepccedilatildeo teve o Estado como agente

indutor e o ldquoplanejamento regionalrdquo como principal ferramenta Entre os autores brasileiros

que comungam essa afirmativa estatildeo Egler (1995) Andrade (1977) Silva (1976) e Carvalho

(1979)

Egler (1995) analisando a questatildeo regional no Brasil admite que a regionalizaccedilatildeo eacute

uma expressatildeo de atuaccedilatildeo do Estado que tem como finalidade a otimizaccedilatildeo dos recursos

financeiros uma vez que os investimentos puacuteblicos devem ser aplicados em accedilotildees definidas a

partir de um processo de planejamento Tanto para Egler (1995) quanto para Andrade

(1977) o planejamento regional surge como uma estrateacutegia para o desenvolvimento social e

econocircmico Nas palavras de Andrade (1977)

Inegavelmente esses conhecimentos cientiacuteficos e as teacutecnicas de planificaccedilatildeo

regional constituem os elementos baacutesicos para a implantaccedilatildeo e o

desenvolvimento de uma poliacutetica de ldquoameacutenagement du territoire (1977 p

53)

A experiecircncia pioneira do planejamento regional ocorreu nos Estados Unidos da

Ameacuterica com a criaccedilatildeo da Tennessee Valey Authority (TVA) que segundo Egler (1995 p

219) natildeo serviu apenas para a orientaccedilatildeo dos investimentos puacuteblicos em uma aacuterea deprimida

da bacia do rio Tennessee Ela representou um esforccedilo de coordenaccedilatildeo e de articulaccedilatildeo das

diversas agecircncias de governo e de integraccedilatildeo de suas poliacuteticas em torno de metas comuns

voltadas para a recuperaccedilatildeo da economia regional12

Para esse autor ainda embora

reconhecido o pioneirismo do projeto americano o creacutedito da formataccedilatildeo do planejamento

regional como ferramenta modeladora de poliacuteticas e programas de desenvolvimento e de

reconstruccedilatildeo de espaccedilos eacute atribuiacutedo agrave Comissatildeo Econocircmica da Europa da Organizaccedilatildeo das

Naccedilotildees Unidas e portanto tem origem na Europa

11

Na tese de ALTHUSSER o Aparelho do Estado (AE) compreende o governo a administraccedilatildeo e outros 12

ATennessee Valey Authority teve a bacia hidrograacutefica como unidade de planejamento e o Estado como agente

indutor do desenvolvimento A Tennessee Valey Authority rejuvenesceu a economia local a partir de projetos

estruturantes como a construccedilatildeo de barragens no rio Tennessee o fornecimento de energia eleacutetrica produzida a

partir dos barramentos e a navegabilidade no rio (ANDRADE 1977 p 35)

40

Impulsionado pelas discussotildees sobre a regionalizaccedilatildeo o planejamento regional e as

teorias econocircmicas que interpretam o crescimento em busca do desenvolvimento Benko

(1999 p153)13

propotildee a formaccedilatildeo de uma ciecircncia regional como uma ciecircncia do futuro e trata

da mundializaccedilatildeo da economia das investigaccedilotildees sobre os distritos industriais das redes da

governanccedila e do desenvolvimento local como formas ou mecanismos da evoluccedilatildeo dessa Essa

proposta deve ser apreendida como parte da evoluccedilatildeo do processo da regionalizaccedilatildeo14

No

entanto os argumentos e os elementos apresentados natildeo foram suficientes para assegurar o

surgimento da ciecircncia

As formas ldquoevolutivasrdquo da ciecircncia regional proposta por Benko (1999) e as dinacircmicas

regionais analisadas e propostas por Amaral Filho (2010 p 25) permitem sistematizar como

elementos estruturadores das poliacuteticas de desenvolvimento regional na atualidade

(i) O planejamento como o instrumento da viabilidade econocircmica financeira

ambiental poliacutetica e social de qualquer projeto ou accedilatildeo regional e territorial

Qualquer estrateacutegia de desenvolvimento deveraacute ter o planejamento como a

principal ferramenta

(ii) A governanccedila local Constata-se a reduccedilatildeo do papel do Estado na proposiccedilatildeo

das poliacuteticas de desenvolvimento regional enquanto se confirma a inserccedilatildeo de

novos agentes e o surgimento de arranjos poliacutetico-administrativos que expotildeem

o deslocamento das decisotildees do poder central para os poderes locais e

sobretudo o compartilhamento das decisotildees entre o poder puacuteblico a iniciativa

privada e a sociedade civil Constata-se a ecircnfase no papel do Estado como

regulador mobilizador e coordenador das poliacuteticas puacuteblicas

(iii) O capital social local ndash a formaccedilatildeo e o reconhecimento do capital social local

como elemento baacutesico e chave no e para o desenvolvimento regional

(iv) As redes e os fluxos (capital informaccedilotildees e pessoas) existentes

13

BENKO (1999) propotildee a formaccedilatildeo da ciecircncia regional cuja concepccedilatildeo abrangeria uma anaacutelise

multidisciplinar e integrada ndash ldquociecircncia siacutenteserdquo e fornece uma revisatildeo das teorias que lhe dariam suporte numa

perspectiva evolutiva 14

Na evoluccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo observa-se o surgimento do termo regionalismo14

Como sugere Castro (1986)

o regionalismo ldquoeacute um conceito eminentemente poliacutetico vinculado poreacutem agrave identidade de territoacuteriordquo

Regionalizaccedilatildeo segundo Fishlow e Gaggard (1992) apud Oliveira (2012 p8) eacute a concentraccedilatildeo regional de

fluxos econocircmicos Oliveira (2012) e Castro (1986 p39) entendem regionalismo como um processo ou

expressatildeo das relaccedilotildees poliacuteticas entre regiotildees ou entre paiacuteses Oliveira (2012 p 8) considerou como tipos de

regionalismo as aacutereas de livre comeacutercio uniotildees aduaneiras uniatildeo econocircmica mercado comum acordos

multilaterais e outros

41

(v) As estruturas (sociais produtivas e culturais) internas da regiatildeo ndash o

reconhecimento a valorizaccedilatildeo o fortalecimento e a qualificaccedilatildeo dessas como

estrateacutegias de desenvolvimento regional

Sem pretensatildeo de esgotamento da discussatildeo sobre esses elementos nas proacuteximas

seccedilotildees ampliam-se os debates sobre o planejamento o papel do Estado nos processos de

desenvolvimento local e territorial O proacuteximo capiacutetulo resgata as concepccedilotildees de

planejamento e os modelos de desenvolvimento destacando as principais variaacuteveis

norteadoras de seus processos

42

3 PLANEJAMENTO COMO FERRAMENTA DE INTERVENCcedilAtildeO DO ESTADO

Muitos planos de desenvolvimento pouco mais

satildeo do que ritualismo simboacutelico ou devaneio

utoacutepico Podem consistir de propostas sem

compromisso programas sem inter-

relacionamentos previsotildees sem projetos e

projetos sem recursos (GROSS 1988 p 406)

43

3 PLANEJAMENTO COMO FERRAMENTA DE INTERVENCcedilAtildeO DO ESTADO

A regionalizaccedilatildeo eacute uma teacutecnica anterior ao formalismo do planejamento

governamental voltado para o desenvolvimento poreacutem prestava-se ao ordenamento dos

espaccedilos para diferentes usos aplicaccedilatildeo e gestatildeo de poliacuteticas Como consequecircncia permite

diferentes acepccedilotildees e sua formalizaccedilatildeo independe do poder puacuteblico Entretanto nesse

capiacutetulo pretende-se sistematizar os principais discursos do desenvolvimento tendo como

referecircncias conceituais Furtado (1988 2001) Goodland (1994) Goacutemez (2002 2006) Sachs

(2000 2012) Vasconcelos e Garcia (2004) Bresser-Pereira (2011) e Amartya Sen (2012)

Aleacutem disso propotildee-se no primeiro subcapiacutetulo revisar os processos de planejamento dessas

poliacuteticas de desenvolvimento com vista na identificaccedilatildeo de elementos faltantes que serviratildeo

de base para as novas propostas de modo que seja assegurada sua efetividade e a participaccedilatildeo

social Pretende-se ainda avaliar o papel das escalas (territorial e local) e o instrumento

planejamento nas poliacuteticas de desenvolvimento e brevemente discutir os modelos de

desenvolvimento a partir de suas percepccedilotildees

Este capiacutetulo eacute composto por trecircs subcapiacutetulos O primeiro fornece uma compreensatildeo

da evoluccedilatildeo histoacuterica do planejamento puacuteblico brasileiro da funccedilatildeo instrumental do

planejamento na poliacutetica de desenvolvimento regional e do papel da Administraccedilatildeo Puacuteblica na

pouca efetividade desse instrumento na histoacuteria do desenvolvimento regional e na efetividade

das poliacuteticas puacuteblicas O segundo avalia as percepccedilotildees do desenvolvimento seus modelos e

agentes e o terceiro destaca a recente proposta do desenvolvimento que valoriza o enfoque

territorial e local e variaacuteveis endoacutegenas como o capital social a governanccedila e os arranjos

produtivos como novos elementos que viabilizam o desenvolvimento e o fortalecimento dos

laccedilos comunitaacuterios

44

31 O Planejamento do e para o desenvolvimento

No Brasil a integraccedilatildeo regional e a articulaccedilatildeo para o desenvolvimento satildeo

constitucionais15

aleacutem de pactos poliacuteticos A regionalizaccedilatildeo no Brasil como teacutecnica que

apoiava a formulaccedilatildeo de planos e programas para o desenvolvimento regional apresenta

continuidades significativas e concretiza a atuaccedilatildeo do Estado como agente interventor do

desenvolvimento As poliacuteticas os planos e os programas de desenvolvimento em geral

tiveram e tecircm como principal objetivo a reconstruccedilatildeo das economias a reduccedilatildeo das

desigualdades intra e inter-regional e a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em

contextos de interesses econocircmicos poliacuteticos sociais ambientais e culturais diversos e como

instrumento o planejamento

No entanto o planejamento dessas poliacuteticas planos e programas natildeo assegurou

resultados efetivos16

para a grande maioria da populaccedilatildeo diretamente afetada ou beneficiada

Assim o caminho a ser percorrido neste capiacutetulo eacute explicar as etapas do processo do

planejamento reconhecer os pressupostos os elementos e potenciais nele usados ao longo do

tempo e sobretudo o contexto poliacutetico-institucional do planejamento da formulaccedilatildeo e da

execuccedilatildeo das poliacuteticas planos e programas de desenvolvimento

Embora reconhecendo a importacircncia da avaliaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e

de integraccedilatildeo regional neste contexto o principal objetivo deste subcapiacutetulo eacute a compreensatildeo

da forma como foram concebidas essas poliacuteticas ou melhor entender o seu planejamento de

modo que sejam evidenciados os atores e os agentes do desenvolvimento as sinergias

estabelecidas entre eles a mobilizaccedilatildeo social (ou natildeo) para a participaccedilatildeo no processo e as

escalas de anaacutelises

No contexto das concepccedilotildees de desenvolvimento de Khan (1988) Sachs (2000) e Sen

(2012) pode-se inferir que alguns dos elementos estruturadores das poliacuteticas de

desenvolvimento implementadas ateacute o presente apresentaram lacunas ou foram ignorados

como se pode apreender no texto escrito por Andrade (1971) na deacutecada de 1970 Para

15

O paraacutegrafo uacutenico do art 4ordm preconiza que a Repuacuteblica Federativa do Brasil buscaraacute a integraccedilatildeo econocircmica

poliacutetica social e cultural dos povos da Ameacuterica Latina visando agrave formaccedilatildeo de uma comunidade latino-

americana de naccedilotildees e o art 43 trata da articulaccedilatildeo necessaacuteria ao desenvolvimento e agrave reduccedilatildeo das

desigualdades regionais 16

Os resultados esperados satildeo tomados aqui como no miacutenimo a melhoria dos fatores econocircmicos estrateacutegicos

para o desenvolvimento como o aumento da capacidade produtiva a melhoria na qualidade da matildeo de obra e a

melhoria tecnoloacutegica o acesso aos serviccedilos puacuteblicos de qualidade e prestados com agilidade e cordialidade

instituiccedilotildees estruturadas para o planejamento e a alocaccedilatildeo dos recursos em accedilotildees que atendam aos interesses da

coletividade e reduzam a taxa da populaccedilatildeo que vive em situaccedilatildeo de pobreza entre outros

45

Andrade (1971 p18) a planificaccedilatildeo e a participaccedilatildeo popular satildeo estrateacutegias para acelerar as

transformaccedilotildees estruturais na sociedade nordestina e necessaacuterias a quaisquer poliacuteticas de

desenvolvimento

Conforme jaacute assumido no capiacutetulo anterior o Estado foi o principal agente das

propostas de desenvolvimento regional e consequentemente o seu planejador

Quanto ao processo do planejamento Costa (2011 p49) defende que ateacute a deacutecada de

1950 natildeo havia um efetivo planejamento governamental no Brasil Tratava-se de iniciativas

voltadas para questotildees regionais e urbanas marcadas pelo imediatismo e pela

descontinuidade como se pode constatar quando se analisa o oacutergatildeo de desenvolvimento do

Nordeste A Superintendecircncia do Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE17

eacute tomada como

referecircncia de instituiccedilatildeo criada para o planejamento regional e produto de um planejamento

nacional da modalidade espacial voltada para o desenvolvimento regional Haacute criacuteticas

contundentes a respeito da capacidade de planejamento e da efetividade do processo

conduzido por esse oacutergatildeo Essa afirmativa se fundamenta nos textos que sistematizam o

planejamento na administraccedilatildeo puacuteblica brasileira18

e naqueles que analisam o papel dessa

institucionalidade no desenvolvimento do Nordeste como os produzidos por Andrade (1971)

Costa (2011) Carvalho (1979) e Oliveira (1977)

Costa (1971) analisando o planejamento como instrumento de apoio agrave administraccedilatildeo

puacuteblica brasileira considera 1946 como o ano da iniciaccedilatildeo do planejamento regional e conclui

que

A experiecircncia brasileira em planejamento regional revela que os planos e as

responsabilidades dos oacutergatildeos de planejamento tecircm sido em geral impostos

mais como exigecircncia das circunstacircncias do que elaborados e definidos por

um processo racional de delineamento de uma estrateacutegia de mudanccedila () os

oacutergatildeos de planejamento regional natildeo conseguiram impor-se ao sistema

poliacutetico-social dominante caracterizado pelo particularismo () tecircm sido

compreendidos como fonte adicional de recursos para atender aos problemas

estaduais cabendo a cada Estado atrair a maior soma possiacutevel de recursos

(COSTA 1971 p 233)

Corroborando essa percepccedilatildeo Geiger (1969) cita

17

A SUDENE como instituiccedilatildeo de planejamento regional eacute analisada por geoacutegrafos como Andrade (1971) e

Costa (2011) economista como Carvalho (1979) e socioacutelogo como Oliveira (1977) 18

Para uma sistematizaccedilatildeo da experiecircncia brasileira de planejamento na Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira veja

COSTA Jorge Gustavo da Planejamento Brasileiro a experiecircncia brasileira Rio de Janeiro FGV 1971 569

pp

46

() eacute forccediloso reconhecer que natildeo vem sendo feito propriamente um

planejamento de desenvolvimento regional expressatildeo que no entanto vem

sendo aplicada e esta poliacutetica () eacute necessaacuterio que haja uma profunda

compreensatildeo dos mecanismos regionais atuais em andamento

principalmente quando se considera que o planejamento deve ser conforme

as tendecircncias espontaneamente delineadas (GEIGER 1969 pp 17 e 19)

De acordo com esse autor os Estados continuam sendo as bases para o planejamento

das intervenccedilotildees setoriais e as estrateacutegias espaciais de desenvolvimento consistem no

favorecimento agrave localizaccedilatildeo de induacutestrias de transformaccedilatildeo agrave disponibilizaccedilatildeo de

infraestrutura e de serviccedilos em determinadas regiotildees As implicaccedilotildees dessa praacutetica

demonstram o fraco desempenho da funccedilatildeo planejamento e as limitaccedilotildees do poder puacuteblico na

coordenaccedilatildeo da articulaccedilatildeo e da integraccedilatildeo das poliacuteticas regionais

Carvalho (1979) atribui o fraco papel do planejamento nas accedilotildees puacuteblicas e no

desenvolvimento regional agraves consequecircncias de uma seacuterie de fatores Por sua incisiva criacutetica agrave

estrutura e agrave capacidade operacional das instituiccedilotildees reproduz-se uma extensa citaccedilatildeo desse

autor

O comportamento da administraccedilatildeo puacuteblica federal [] inadequadamente

estruturado para a realizaccedilatildeo sistemaacutetica dos trabalhos de planejamento e

organizaccedilatildeo Eacute liacutecito admitir nesse sentido que o Brasil natildeo dispunha no

todo ou em parte das condiccedilotildees ou pressupostos favoraacuteveis ao

planejamento como os seguintes a estabilidade poliacutetica a firme

determinaccedilatildeo poliacutetica dos partidos e consciecircncia generalizada dos dirigentes

[] disponibilidade de dados estatiacutesticos existecircncia de capacidade teacutecnica

adequada estruturas administrativas e institucionais adequadas []

(CARVALHO 1979 p 136)

Oliveira (2003) analisando as obras de Celso Furtado aponta outras limitaccedilotildees que

permanecem recorrentes no planejamento puacuteblico no Brasil Para esse autor

O Planejamento nas economias subdesenvolvidas na ausecircncia de

mecanismos de mercado que funcionem como nas economias centrais

capitalistas tem a funccedilatildeo de teacutecnica de alocaccedilatildeo de recursos [] O

planejamento eacute racional na teorizaccedilatildeo furtadiana eacute uma questatildeo de

adequaccedilatildeo entre fins e meio (OLIVEIRA 2003 p 29 e 36)

A ausecircncia efetiva da ferramenta planejamento a desarticulaccedilatildeo dos oacutergatildeos regionais

o uso poliacutetico desses especialmente aqueles criados para o planejamento do desenvolvimento

do Nordeste brasileiro e seu baixo desempenho foram temas de discussatildeo de Cohn (1976

p60 e 69) que chama a atenccedilatildeo para a irracionalidade dessa praacutetica na aplicaccedilatildeo dos recursos

47

puacuteblicos Essa autora destaca ainda como fator comprometedor do planejamento da

execuccedilatildeo das accedilotildees e da efetividade das poliacuteticas a baixa eficaacutecia governamental e a ausecircncia

de confianccedila da populaccedilatildeo em relaccedilatildeo a essas instituiccedilotildees A confianccedila eacute um valor social e

ferramenta para a cooperaccedilatildeo e consequentemente um dos elementos baacutesicos e chave para o

processo e sucesso do desenvolvimento regional valor vinculado ao capital social tema a ser

tratado no capiacutetulo 6

O baixo desempenho institucional e a eficaacutecia governamental estatildeo associados ainda

agraves relaccedilotildees de poder estabelecidas entre o puacuteblico e o privado Quando estes se confundem em

uma economia capitalista as regras do capital satildeo as dominantes Ateacute porque e como afirma

Furtado (2003 p 150) o grupo de controle dos sistemas econocircmico e de poder eacute o mesmo

A literatura tem demonstrado uma disfunccedilatildeo do planejamento puacuteblico brasileiro Entre

as vaacuterias interpretaccedilotildees possiacuteveis para isso admite-se a fraca capacidade teacutecnica

institucional em todos os niacuteveis de planejamento (federal regional estadual e municipal) a

desarticulaccedilatildeo entre os oacutergatildeos que aleacutem de facilitar o planejamento setorial e subsidiado por

documentos teacutecnicos pouco consistentes natildeo integra as accedilotildees dificultando a percepccedilatildeo dos

resultados a ldquoculturardquo da descontinuidade das poliacuteticas e dos projetos a distacircncia e a ausecircncia

de diaacutelogo entre os planejadores e os executores a instituiccedilatildeo dos grupos de trabalho na

maioria das vezes compostos de indicados poliacuteticos sem compromisso com a instituiccedilatildeo e

com poliacuteticas puacuteblicas efetivamente a localizaccedilatildeo do poder central desses oacutergatildeos de

planejamento geralmente distantes das regiotildees de atuaccedilatildeo embora jaacute possuindo unidades

descentralizadas nas regiotildees e a indisponibilidade de recursos suficientes para a execuccedilatildeo de

todas as etapas

Outra limitaccedilatildeo constatada no planejamento do desenvolvimento regional

particularmente no Nordeste do Brasil foi a ausecircncia de modelos do desenvolvimento capazes

de se ldquoadaptaremrdquo agraves questotildees culturais nordestinas principalmente agrave cultura poliacutetica A

transferecircncia de modelos e de teorias de desenvolvimento19

planejadas e baseadas em

realidades culturais diversas para o Nordeste brasileiro tambeacutem frustraram as expectativas da

reduccedilatildeo das desigualdades regionais da miseacuteria e consequentemente do desenvolvimento

regional

19

As principais teorias de desenvolvimento regional e de localizaccedilatildeo estatildeo disponiacuteveis em SOUZA (2010)

SILVA (1976) que destaca a teoria dos polos de desenvolvimento e a das localidades centrais como as mais

estudadas e Correcirca (1982)

48

Na tese de Amaral Filho (2010) a crise do planejamento e da intervenccedilatildeo puacuteblicos

centralizadores desencadeou a partir dos anos 1980 transformaccedilotildees estruturais na

Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira O proacuteprio autor admite que a transformaccedilatildeo estrutural

ocorreu com a inserccedilatildeo de novos elementos nas velhas estruturas poreacutem com capacidade de

promover o desenvolvimento regional e a sustentabilidade das accedilotildees Para esse autor as

velhas estruturas satildeo as instituiccedilotildees e as organizaccedilotildees sociais produtivas e poliacutetico-

administrativas e alguns dos novos elementos satildeo capital social arranjos produtivos locais

mercado de trabalho estruturado parceria puacuteblico privado entre outros

No contexto das discussotildees teoacutericas e das experiecircncias de planejamento regional e de

planos e poliacuteticas para o desenvolvimento regional nota-se uma reavaliaccedilatildeo criacutetica da base

teoacuterica e dos modelos de localizaccedilatildeo e desenvolvimento regional (DINIZ 2000 p6)

A necessidade da reavaliaccedilatildeo por seu desgaste teoacuterico e praacutetico foi motivada por

diversos fatores tanto internos quanto externos Para Lima e Simotildees (2009 p 32) ldquoa deacutecada

de 1970 eacute marcada pela crise do pensamento regional e pela necessidade de reconstruccedilatildeo

teoacuterica do desenvolvimento de modo que as novas variaacuteveis que surgiram sobre a dinacircmica

regional como as escalas territoriais a inovaccedilatildeordquo a descentralizaccedilatildeo e a questatildeo ambiental

pudessem ser incluiacutedas

A questatildeo ambiental surge por pressatildeo da sociedade civil em paiacuteses desenvolvidos em

particular nos Estados Unidos como uma necessidade de planejamento adequado dos usos e

das formas de apropriaccedilatildeo dos bens naturais bem como da necessidade da correccedilatildeo e

mitigaccedilatildeo da degradaccedilatildeo e da poluiccedilatildeo ambiental decorrentes do funcionamento e da

localizaccedilatildeo inadequada de induacutestrias Assim a deacutecada de 197020

eacute marcada tambeacutem por

denuacutencias de degradaccedilatildeo e poluiccedilatildeo ambiental decorrente das concentraccedilotildees industriais e

sobretudo pelos efeitos sineacutergicos e cumulativos dos poluentes em todo o mundo

A partir da deacutecada de 1980 a localizaccedilatildeo de induacutestrias no Brasil obedecia aleacutem da

minimizaccedilatildeo dos custos dos transportes aos regramentos proacuteprios21

que tratavam e tratam do

zoneamento industrial e agrave Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente sujeitando-se aos seus

instrumentos principalmente do licenciamento ambiental da avaliaccedilatildeo de impactos

ambientais e dos padrotildees de qualidade ambiental As exigecircncias trazidas por esses

instrumentos possibilitam a identificaccedilatildeo e a mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais de projetos

20

O Decreto-Lei nordm 1413 de 14 de agosto de 1975 dispotildee sobre o controle da poluiccedilatildeo do meio ambiente

provocada por atividades industriais inclusive uma relocalizaccedilatildeo nos casos mais graves 21

A Lei nordm 6803 de 2 de julho de 1980 dispotildee sobre as diretrizes baacutesicas para o zoneamento industrial A Lei

nordm 6938 de 31 de agosto de 1981 dispotildee sobre a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente

49

planos e poliacuteticas voltados para o desenvolvimento antes da tomada de decisatildeo sobre a sua

localizaccedilatildeo

A aplicaccedilatildeo praacutetica desses instrumentos tem permitido resultados poucos

significativos tanto em relaccedilatildeo agrave seleccedilatildeo de alternativas locacionais quanto agrave mitigaccedilatildeo dos

impactos ambientais e sociais dos projetos Assiste-se apenas agrave inserccedilatildeo de novos elementos

no planejamento a ser executado por velhas estruturas institucionais de cultura poliacutetica

inflexiacutevel e sob forte influecircncia do capital e do poder poliacutetico dominante

Em relaccedilatildeo agrave localizaccedilatildeo dessas atividades como accedilatildeo de sua descentralizaccedilatildeo os

estudos de Diniz (1993 e 1995) Diniz e Crocco (1996) Pacheco (1996) e Guimaratildees Neto

(1997) examinam os processos da desconcentraccedilatildeo22

geograacutefica de atividades produtivas e

somente Pacheco admite a desconcentraccedilatildeo Os fatores que condicionaram a desconcentraccedilatildeo

produtiva relacionados por Pacheco (1996 p126) foram

O deslocamento da fronteira agriacutecola e mineral o processo de integraccedilatildeo

produtiva do mercado nacional o perfil relativamente desconcentrado do

sistema urbano brasileiro o surgimento de ldquodeseconomias de aglomeraccedilotildeesrdquo

e pressotildees ambientais nas aacutereas intensamente industrializadas as proacuteprias

poliacuteticas de governo [] os impactos diferenciados da crise econocircmica []

Apreende-se que as induacutestrias que se instalaram no Norte e no Nordeste foram

orientadas pela reserva dos bens minerais e natildeo por poliacutetica estrateacutegica de desenvolvimento

A tipologia das atividades e as tecnologias usadas necessariamente natildeo estatildeo integradas

agravequelas existentes e em operaccedilatildeo na regiatildeo de concentraccedilatildeo industrial Poreacutem o poder

decisoacuterio sobre as atividades continua centralizado no Rio de Janeiro Nesse contexto os

investimentos usados para a implantaccedilatildeo de unidade de produccedilatildeo de alumiacutenio no Maranhatildeo a

produccedilatildeo de fertilizantes23

em Sergipe a instalaccedilatildeo do Polo Petroquiacutemico de Camaccedilari na

Bahia e fora dos centros mais desenvolvidos para a exploraccedilatildeo do ldquoaccedilo potaacutessio petroacuteleo

petroquiacutemicardquo de fato contribuiacuteram para a desconcentraccedilatildeo geograacutefica e econocircmica Na

praacutetica o planejamento para a instalaccedilatildeo dessas induacutestrias fundamentou-se no estudo da

localizaccedilatildeo das reservas do volume dos bens minerais e da capacidade de exploraccedilatildeo e

infraestrutura necessaacuteria agrave operaccedilatildeo dessas unidades Fatores importantes para a localizaccedilatildeo

da induacutestria como a disponibilidade de matildeo de obra qualificada como cursos de formaccedilatildeo de

22

A desconcentraccedilatildeo geograacutefica eacute a distribuiccedilatildeo espacial de atividades projetos ou fenocircmenos sem o

deslocamento da autoridade e autonomia decisoacuteria ou seja permanece a concentraccedilatildeo do poder decisoacuterio no

niacutevel central e a gestatildeo delegada a unidades localizadas nos niacuteveis intermediaacuterios O poder decisoacuterio

permaneceu em Brasiacutelia e no Rio de Janeiro 23

Segundo dados do Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral a produccedilatildeo de potaacutessio fertilizante no Brasil

estaacute restrita ao complexo minausina Taquari-Vassouras em Sergipe

50

geoacutelogos e os impactos ambientais da operaccedilatildeo dos empreendimentos e outros natildeo foram

estudados

A instalaccedilatildeo de induacutestrias de grande porte deve ser precedida do planejamento

ambiental estrateacutegico que carece da reestruturaccedilatildeo do aparelho do Estado

Com foco nas transformaccedilotildees estruturais na Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira o

governo federal em 1995 lanccedilou o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado que

tinha como objetivos o aumento da governanccedila a flexibilidade administrativa e a efetividade

das accedilotildees puacuteblicas propostas Segundo o Plano Diretor (1995 p13) o paradigma gerencial

contemporacircneo fundamentado nos princiacutepios da confianccedila e da descentralizaccedilatildeo da decisatildeo

exige formas flexiacuteveis de gestatildeo estruturas horizontalizadas descentralizaccedilatildeo24

de funccedilotildees e

incentivos agrave criatividade E como os demais planos formulados a execuccedilatildeo do Plano Diretor

da Reforma do Aparelho do Estado tambeacutem foi comprometida por diversas regularidades

entre as quais a descontinuidade administrativa a competiccedilatildeo interburocraacutetica e o modelo da

descentralizaccedilatildeo proposto O plano atribui funccedilotildees e responsabilidades para outro ente

federado executar quando desconhece a capacidade estrutural e institucional da maioria dos

municiacutepios brasileiros para execuccedilatildeo de accedilotildees que exigem matildeo de obra especializada Aleacutem

disso os recursos financeiros permanecem centralizados no governo central A autonomia dos

estados e da maioria dos municiacutepios brasileiros especialmente do Nordeste do Brasil eacute

relativa visto que os recursos financeiros e econocircmicos para a gestatildeo da maioria deles

provecircm de transferecircncias realizadas pela Uniatildeo

Em relaccedilatildeo agraves escalas do planejamento na Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira e

considerando a referecircncia de Costa (1971 p233) de que as iniciativas de planejamento

regional e urbano antecederam o planejamento governamental brasileiro que iniciou em

1950 adotou-se este ano como do iniacutecio do processo de planejamento governamental

brasileiro para o desenvolvimento em escala nacional a partir dos anos 1960 e 1970 reduziu-

se agrave escala regional nos anos 1980 inicia-se a discussatildeo do planejamento em escala local em

meio agrave discussatildeo da globalizaccedilatildeo25

e da recomposiccedilatildeo da hierarquia dos espaccedilos produtivos

(BENKO 2001 p 8) e desde 2000 fala-se em escala territorial (Quadro 3)

24

A descentralizaccedilatildeo deveraacute ser entendida como um processo de transferecircncia de funccedilotildees e responsabilidades

da esfera de maior para a menor hierarquia A desconcentraccedilatildeo natildeo se confunde com a descentralizaccedilatildeo No

processo da descentralizaccedilatildeo ocorre o compartilhamento das decisotildees com outros agentes

25 Para entender a globalizaccedilatildeo ver Coutinho (1994) Chesnais (1995) Santos (2003) e Diniz (2000) que

analisam a globalizaccedilatildeo como um estaacutegio mais avanccedilado da internacionalizaccedilatildeo e da integraccedilatildeo da economia

mundial capitalista provocando vaacuterias transformaccedilotildees entre elas a reorganizaccedilatildeo dos padrotildees de gestatildeo de

produccedilatildeo e das relaccedilotildees de poder

51

Quadro 3 ndash Escalas do planejamento governamental brasileiro

PERIacuteODOS ESCALAS

2000 Territorial mdash muacuteltiplo funcional

1980 a 1990 Local mdash muacuteltiplo singular

1960 a 1970 Regional mdash subdivisatildeo do espaccedilo nacional

Ateacute 1950 Nacional

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

Na praacutetica das accedilotildees puacuteblicas o uso das escalas eacute apoiado por processos formais

complexos envolve decisotildees poliacuteticas e requer um arcabouccedilo institucional A crise do Estado

segundo Araujo (1999) deslocou a domiacutenio das decisotildees para o mercado e promoveu o

deslizamento das escalas do planejamento para cima e para baixo (BENKO 2001) De acordo

com Castro (1986) Gonzaacutelez (2005) e Gomeacutez (2006) esse deslocamento das escalas do

planejamento atende agraves transformaccedilotildees socio espaciais do capitalismo Neil Brenner (2001

apud GOacuteMEZ 2006 p 236) relaciona o movimento das escalas com o interesse de quem

exerce o domiacutenio do poder cuja manutenccedilatildeo do domiacutenio exercido pelo Estado estaria

vinculada agrave capacidade dele de reformular as escalas

Para Goacutemez (2006) as novas regras do jogo priorizam a escala local em detrimento da

nacional e regional que deixaram de ser operacionais para o Estado neoliberal Essas escalas

operacionais ou de planejamento de fato deixaram de ser usadas porque o Estado Nacional

que estava submetido ao interesse hegemocircnico da acumulaccedilatildeo produtiva (comandada pelo

capital industrial) passa a se submeter agraves necessidades da acumulaccedilatildeo financeira (ARAUJO

1999 p46)

Ainda a respeito das escalas de planejamento eacute importante destacar que a Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 elaborada sob a forte influecircncia dos movimentos sociais grupos e

estamentos organizados da sociedade (NABUCO 2007 p 78) reconhece o municiacutepio como

ente federado (art18) O municiacutepio passa a ser ldquocompetenterdquo para legislar e promover o

adequado ordenamento territorial mediante planejamento controle do uso parcelamento e

52

ocupaccedilatildeo do solo urbano Desse modo o planejamento puacuteblico no modelo teoacuterico das

poliacuteticas e dos planos regionais de desenvolvimento e os procedimentos metodoloacutegicos que jaacute

haviam sofrido um arrefecimento foram anulados Para Nabuco (2007 p 81) a proposta da

regionalizaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1988 eacute explicada na descentralizaccedilatildeo administrativa cuja

face mais visiacutevel eacute a municipalizaccedilatildeo

A discussatildeo do deslocamento das escalas eacute questatildeo inerente agrave articulaccedilatildeo poliacutetica de

Estados em desenvolvimento para assegurar a expansatildeo capitalista na periferia Nas palavras

de Brandatildeo (2003 p11) o capitalismo aprimorou sua capacidade de ser transescalar isto eacute

de se utilizar das escalas nacional regionais e locais cabendo a quem procura controlaacute-lo e

transformaacute-lo fazer o mesmo Dessa forma o debate teoacuterico e a praacutetica da regionalizaccedilatildeo a

seleccedilatildeo de uma ou de outra unidade para o planejamento puacuteblico devem ser precedidos aleacutem

da clareza de seus objetivos do reconhecimento dos principais processos sociais e suas

dinacircmicas da identificaccedilatildeo dos sujeitos direta ou indiretamente beneficiados e responsaacuteveis

pela gestatildeo das accedilotildees planejadas Esse cuidado se fundamenta no fato de que natildeo eacute a unidade

de planejamento que assegura a efetividade das accedilotildees planejadas e sim os sujeitos envolvidos

em todas as fases do processo

A praacutetica do planejamento puacuteblico da gestatildeo das poliacuteticas e planos de

desenvolvimento regional adverte para necessidades de mudanccedilas A persistecircncia das

desigualdades sociais e econocircmicas intra e inter-regionais tem motivado estudiosos e

pesquisadores a buscar interpretar os diversos fenocircmenos e tentar explicar a complexidade das

dinacircmicas sociais poliacuteticas e econocircmicas contemporacircneas como pontos de partida para um

(re)desenho dos processos do desenvolvimento O que se busca eacute assegurar mais efetividade

das accedilotildees propostas Para tanto o proacuteximo subcapiacutetulo trataraacute das concepccedilotildees e do papel do

Estado nos processos de desenvolvimento

53

32 Desenvolvimento entre as percepccedilotildees e os discursos

Partindo-se da convicccedilatildeo de que as assimetrias regionais satildeo produtos naturais26

eou

construccedilotildees poliacuteticas econocircmicas sociais e culturais e ainda de que essas natildeo satildeo barreiras

para o desenvolvimento regional ou local a regionalizaccedilatildeo como accedilatildeo poliacutetica processo ou

teacutecnica implementada com foco no e para o desenvolvimento deve ser planejada analisada e

avaliada Para tanto deve-se estimular a discussatildeo sobre o desenvolvimento e

fundamentalmente sobre as variaacuteveis que se deve concentrar tanto na elaboraccedilatildeo de propostas

de poliacuteticas com fins no desenvolvimento quanto na anaacutelise desses processos e de seus

impactos sobre as populaccedilotildees as economias o meio ambiente e as culturas regionais e

territoriais

O desenvolvimento eacute um conceito e como tal deve ser entendido como uma ideia ou

imagem produzida pela mente a partir de percepccedilotildees A percepccedilatildeo do desenvolvimento eacute

construiacuteda a partir da compreensatildeo de um processo complexo que envolve variaacuteveis

econocircmicas sociais poliacuteticas ambientais e culturais que se combinam de modo diferenciado

e desigual nos diferentes espaccedilos Do lado objetivo ela se estrutura nos fatores de produccedilatildeo

nas condiccedilotildees geoeconocircmicas dos mercados no conjunto das instituiccedilotildees poliacuteticas juriacutedicas

econocircmicas e sociais entre outras Do lado subjetivo a percepccedilatildeo se estrutura no sistema

simboacutelico ndash poder

Para Goacutemez (2006 p126)

O desenvolvimento portanto constroacutei-se teoriza-se e se implementa

atraveacutes de uma rede que inclui variaacuteveis macroeconocircmicas questotildees

culturais a participaccedilatildeo de certas instituiccedilotildees e sobretudo a partir das

relaccedilotildees que se estabelecem entre elas e de como essas relaccedilotildees se

sistematizamO conjunto de relaccedilotildees entre esses elementos () e a forccedila de

quem fala permite ao discurso do desenvolvimento criar aquilo de que fala e

estabelecer-se como discurso da verdade

26

Independentemente da corrente do pensamento geograacutefico as condiccedilotildees ambientais satildeo limitantes para

determinados modelos de desenvolvimento Exemplificando a disponibilidade ou a escassez hiacutedrica permitem

ocupaccedilotildees e usos diferenciados O consumo padratildeo de aacutegua em litrosdiapor pessoa natildeo pode ser o mesmo para

essas regiotildees De acordo com a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas cada pessoa necessita de 33 msup3 pessoa mecircs

(cerca de 110 litros de aacutegua por dia para atender agraves necessidades de consumo e higiene) Entretanto essa eacute

apenas uma estimativa Haacute uma variaccedilatildeo desse consumo que eacute influenciado natildeo apenas pela disponibilidade ou

escassez da aacutegua mas tambeacutem por fatores culturais

54

Historicamente a ldquofalardquo que permite o discurso do desenvolvimento pode ser atribuiacuteda

agraves institucionalidades principalmente poliacuteticas e econocircmicas O Estado27

e os agentes

financeiros tecircm construiacutedo esse discurso ao longo do tempo ancorados em teorias ou modelos

como a industrializaccedilatildeo modernizaccedilatildeo e outros

Furtado (1988 p57) e Sachs (2000 p47) afirmam que a ideia do desenvolvimento

ganha forccedila a partir da crise econocircmica do desemprego e da agitaccedilatildeo social que emergiram

apoacutes a Segunda Guerra Mundial28

e da necessidade da reconstruccedilatildeo dos paiacuteses

industrializados A busca de alternativas para a mitigaccedilatildeo dos impactos dessas questotildees

intensifica o papel do Estado como construtor do processo do desenvolvimento e do

planejamento como ferramenta estrateacutegica

Os outros agentes precursores do discurso do desenvolvimento satildeo as agecircncias

financiadoras O conceito de desenvolvimento originou-se nas ciecircncias econocircmicas sob a

denominaccedilatildeo de crescimento econocircmico passando posteriormente a ser apropriado pelos

cientistas sociais que incluiacuteram os fatores sociais e culturais na interpretaccedilatildeo anaacutelise e

construccedilatildeo do processo do desenvolvimento

Furtado (1988 p 45) e Vasconcellos e Garcia (2004 p210) descrevem que essas

interpretaccedilotildees surgidas entre o econocircmico cujo foco se centrava nos aspectos quantitativos e

o social que enfatizava os aspectos qualitativos motivou a diferenciaccedilatildeo conceitual entre

crescimento econocircmico e desenvolvimento Entretanto segundo Oliveira (2002 p 39) a

controveacutersia entre tais conceitos continua

Analisando o conceito de desenvolvimento de Furtado e de Bresser-Pereira conclui-se

que de fato haacute uma vinculaccedilatildeo do desenvolvimento ao crescimento econocircmico Para Furtado

(1988 p54) o desenvolvimento pode ser conceituado com base em trecircs criteacuterios que se inter-

relacionam ldquoo criteacuterio de um aumento na eficiecircncia do sistema de produccedilatildeo o criteacuterio da

satisfaccedilatildeo das necessidades baacutesicas e o criteacuterio do bem-estarrdquo

Bresser-Pereira (2011 p157) formula o conceito de desenvolvimento pelo

crescimento da produtividade e dos padrotildees de vida da populaccedilatildeo causado pela sistemaacutetica

utilizaccedilatildeo de excedente econocircmico na acumulaccedilatildeo de capital e no progresso teacutecnico

27

Para Bresser-Pereira (2011 p 157) o Estado eacute uma instituiccedilatildeo imprescindiacutevel para o desenvolvimento e

garantidora de sua competitividade 28

A Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) foi provocada por muitos fatores entre os quais a crise econocircmica

de 1929 e desencadeou mudanccedilas como o desmonte de estruturas coloniais a expansatildeo da alta tecnologia as

aglomeraccedilotildees industriais entre outras Para mais informaccedilotildees ver Chiaretli Marco (1998) e Vigevani Tullo

(1985)

55

Nos conceitos de Furtado e de Bresser-Pereira o desenvolvimento social e de

crescimento dos padrotildees de vida e de satisfaccedilatildeo das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo

decorrem do crescimento econocircmico ou seja o desenvolvimento eacute possiacutevel quando haacute

crescimento econocircmico Natildeo se percebe nessas propostas conceituais a preocupaccedilatildeo com os

impactos para a frente e para traacutes e da capacidade de suporte destes Esse conceito de

desenvolvimento que animou as discussotildees na deacutecada de 1970 ganha novas variaacuteveis e

interpretaccedilotildees a partir dos anos 1980 poreacutem conserva-se impreciso e carente de

investigaccedilotildees

Uma dessas interpretaccedilotildees apresenta o desenvolvimento sustentaacutevel conceito

disseminado pelo relatoacuterio ldquoNosso Futuro Comumrdquo Este documento foi elaborado pela

Comissatildeo das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento que definiu

desenvolvimento sustentaacutevel como aquele capaz de satisfazer as necessidades do presente

sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de suprir suas proacuteprias necessidades No

contexto conceitual do desenvolvimento sustentaacutevel Goodland (1994 p 278) propotildee que satildeo

trecircs os objetivos do desenvolvimento o econocircmico voltado para o crescimento com equidade

e eficiecircncia o social no qual se busca o fortalecimento e o ldquoempoderamentordquo dos atores e dos

agentes29

do desenvolvimento a participaccedilatildeo popular e a mobilidade social para os problemas

da coletividade a coesatildeo social a identidade cultural e o desenvolvimento institucional e o

ecoloacutegico no qual se espera o comprometimento de todos com a manutenccedilatildeo da integridade e

capacidade de suporte dos ecossistemas o respeito agrave biodiversidade a busca permanente pela

reduccedilatildeo da poluiccedilatildeo e o empenho na resoluccedilatildeo das questotildees globais

Um dos grandes formuladores do conceito do desenvolvimento sustentaacutevel eacute o

professor Ignacy Sachs Embora admitindo que o crescimento econocircmico ainda se faccedila

necessaacuterio Sachs (2000) propotildee que ao se planejar o desenvolvimento devem-se considerar

cinco dimensotildees de sustentabilidade30

Para esse autor o desenvolvimento eacute um conceito

tridimensional cujos objetivos satildeo sempre sociais O planejamento do desenvolvimento deve

ser fundamentado no tripeacute finalidade social condicionalidade ambiental e viabilidade

econocircmica (SACHS 2012 p5)

29

Atores do desenvolvimento devem ser compreendidos como todos aqueles que participam do processo

embora natildeo sejam diretamente responsaacuteveis pela accedilatildeo efetiva Agentes do desenvolvimento satildeo todos aqueles

responsaacuteveis efetivamente pela execuccedilatildeo de accedilotildees que concorrem para o desenvolvimento 30

As cinco dimensotildees de sustentabilidade defendidas por Sachs (1993 p25) satildeo sustentabilidade social

econocircmica ecoloacutegica espacial e cultural

56

Outra interpretaccedilatildeo do desenvolvimento eacute proposta pelo economista Amartya Sen

Para esse autor

O desenvolvimento consiste na eliminaccedilatildeo de privaccedilotildees de liberdade que

limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer

ponderadamente sua condiccedilatildeo de agente (SEN 2010 p 10)

A liberdade como fator construtivo e instrumental do desenvolvimento como processo

que envolve questotildees econocircmicas poliacuteticas de mercado valores costumes normas e regras

sociais depende das capacidades individuais

Khan (1988 p 40) propotildee que o desenvolvimento seja entendido como um processo

coletivo com ganhos compartilhados entre todos Jaacute para Furtado 31

(2001) e Goacutemez (2002) o

desenvolvimento eacute um axioma da impossibilidade Para Furtado a impossibilidade recai

sobre as diferenccedilas de ritmo de acumulaccedilatildeo e reproduccedilatildeo de capital de grau de

desenvolvimento de capacidade de generalizaccedilatildeo em escala planetaacuteria dos atuais padrotildees de

consumo dos paiacuteses ricos Aleacutem disso as diferenccedilas culturais e as capacidades individuais

para a formaccedilatildeo de redes e execuccedilatildeo de accedilatildeo coletiva ou seja formaccedilatildeo do capital social

requerem uma interpretaccedilatildeo mais realista objetiva e ponderada ateacute porque como disse

Furtado

O custo em termos de depredaccedilatildeo do mundo fiacutesico desse estilo de vida eacute de

tal forma elevado que toda tentativa de generalizaacute-lo levaria inexoravelmente

ao colapso de toda uma civilizaccedilatildeo pondo em risco a sobrevivecircncia da

espeacutecie humana (FURTADO 2001 p 88)

Goacutemez (2002 p 8) por sua vez se fundamenta na ideia de que o desenvolvimento se

inscreve plenamente no corpo ideoloacutegico do capital natildeo revelando capacidade de mudanccedila

De fato nas propostas de desenvolvimento os paracircmetros e os indicadores selecionados para

medir e avaliar o processo respondem ao interesse do capital e satildeo aplicados em espaccedilos cujos

padrotildees culturais sociais e poliacuteticos satildeo distintos Aleacutem disso a interpretaccedilatildeo dos resultados

em seacuterie tornam os desiguais iguais Sendo assim essas praacuteticas tecircm se mostrado incapazes de

promover uma transformaccedilatildeo efetiva em todos os espaccedilos haja vista o aumento dos niacuteveis de

pobreza de desemprego e de desigualdade social em todo o mundo

31

FURTADO (2001) no livro ldquoO Mito do Desenvolvimento Econocircmicordquo descreve a impossibilidade do

desenvolvimento das economias da periferia

57

Celso Furtado e Goacutemez trataram da impossibilidade do desenvolvimento como uma

proposta para o coletivo Nesse caso o desenvolvimento equitativamente partilhado por

todos como proposto por Khan (1988) de fato eacute um mito ateacute porque

Sempre haveraacute os que aproveitaratildeo as chances que lhes estatildeo sendo dadas

pela sociedade e aqueles que as deixaratildeo passar Em uacuteltima instacircncia as

trajetoacuterias biograacuteficas satildeo sempre individuais (SACHS 2012 p5)

Para a presente tese admite-se o desenvolvimento como um conceito formulado a

partir das percepccedilotildees sobre os resultados de um processo

i planejado executado e monitorado por todos os agentes de desenvolvimento

ii cujas accedilotildees tecircm finalidade social sustentabilidade econocircmica e respeito agraves

condicionalidades ambientais e culturais de cada lugar

iii proposto tanto pelo poder puacuteblico quanto pela iniciativa privada e pela sociedade civil

organizada

iv que promove a melhoria qualitativa tanto das condiccedilotildees de vida quanto da cidadania e

da democracia e

v que impacta positivamente em todos aqueles que estatildeo dispostos e que satildeo capazes

de aproveitar as oportunidades que lhes estatildeo sendo dadas

Para tanto o planejamento se configura como uma das principais ferramentas de apoio e

meio para construccedilatildeo de processos de desenvolvimento Essa perspectiva eacute fundamental tanto

para a anaacutelise e compreensatildeo destes quanto para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas planos e

programas de desenvolvimento regional local ou territorial temas tratados no subcapiacutetulo que

se segue

33 Desenvolvimento local e o desenvolvimento territorial processos em construccedilatildeo

O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo ou as dinacircmicas na acumulaccedilatildeo e regulaccedilatildeo do capital

especialmente o aumento da competitividade nos mercados enfatiza sobremaneira a

importacircncia das variaacuteveis endoacutegenas no sucesso ou no fracasso das poliacuteticas de

desenvolvimento local O reconhecimento e a valorizaccedilatildeo dessas variaacuteveis podem ser

percebidos como uma estrateacutegia um fenocircmeno uma praacutetica uma teoria ou um processo que

surgiu como uma alternativa para o desenvolvimento em substituiccedilatildeo aos modelos

58

tradicionais e em paiacuteses pobres e com desenvolvimento tardio (VAZQUEZ-BAQUERO

2009)

Em relaccedilatildeo ao entendimento do que vem a ser o desenvolvimento local Oliveira

(2001 p11) acredita que esta eacute uma noccedilatildeo polissecircmica jaacute para Vaacutezquez-Baquero (1995

p221) o interesse em sua conceituaccedilatildeo adveacutem da ausecircncia de estudos sistemaacuteticos que

efetivamente demonstrem o desenvolvimento local valendo-se de suas condiccedilotildees endoacutegenas

Aliados a isso os diferentes enfoques usados para a interpretaccedilatildeo do desenvolvimento local

dificultam a percepccedilatildeo de um conceito que adite todas as correntes Haacute pelo menos trecircs linhas

de percepccedilatildeo do desenvolvimento local a economicista a humanista e a institucionalista

(GUTIEacuteRREZ 1996 p 69)

Os principais autores economicistas analisados abordam o desenvolvimento local

como uma forma flexiacutevel de regulaccedilatildeo do capital portanto uma estrateacutegia (VAacuteZQUEZ-

BAQUERO 1995 p 226) outro como um fenocircmeno para o fortalecimento das economias

(AZEVEDO 1995 p 241) outros ainda o percebem como um processo de transformaccedilatildeo nas

bases econocircmicas e na organizaccedilatildeo social em niacutevel local estruturado pelos atores locais

(BUARQUE 1999 p9 AMARAL FILHO 1996 p 38) No enfoque economicista o meio eacute

provedor de recursos e os sistemas econocircmico e social organizados se encarregam de fornecer

as vantagens competitivas

Os que defendem o enfoque institucionalista o conceituam como uma alternativa ao

desenvolvimento comandado por cima centralizador formulado pelo poder central e baseado

na atraccedilatildeo e na negociaccedilatildeo de recursos externos como condiccedilatildeo suficiente para a promoccedilatildeo do

crescimento econocircmico de aacutereas especiacuteficas (BENKO 2001 p9 MULS 2008 p2 VITTE

2006 p 77 HADDAD 2001 p 9) ou como o resultado de alteraccedilotildees nos mecanismos de

atuaccedilatildeo puacuteblica com a adoccedilatildeo de novas regras e orientaccedilotildees de poliacuteticas puacuteblicas e de

arranjos institucionais e de interaccedilatildeo estrateacutegica entre o puacuteblico e o privado (BLASCO 1994

p 98 TAPIA 2005 p 132 e GUTIEacuteRREZ 1996 p 60)

O enfoque humanista interpreta-o como uma accedilatildeo voluntaacuteria organizada que

interveacutem em um processo de mudanccedila social unindo-se intimamente desenvolvimento local e

desenvolvimento pessoal (GUTIEacuteRREZ 1996 p 71 traduccedilatildeo nossa)

O que haacute em comum nas propostas conceituais eacute a valorizaccedilatildeo dos potenciais de

desenvolvimento existentes em cada localidade a inclusatildeo da sociedade civil e da iniciativa

privada no planejamento e na gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas a mobilizaccedilatildeo a organizaccedilatildeo e a

59

capacitaccedilatildeo dos atores sociais locais para a participaccedilatildeo A ecircnfase nas variaacuteveis endoacutegenas ou

no conjunto de recursos que constituem o potencial de desenvolvimento local como os

sistemas econocircmicos culturais institucionais ambientais e sociais eacute sustentada pelos

seguintes pressupostos

(i) Um crescente processo de autonomia decisoacuteria

(ii) Uma crescente capacidade regional de captaccedilatildeo e reinversatildeo do excedente

econocircmico

(iii) Um crescente processo de inclusatildeo social

(iv) Uma crescente consciecircncia de preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo ambiental

(v) Uma crescente sincronia intersetorial e territorial do crescimento

(vi) Uma crescente percepccedilatildeo de pertencimento (BOISIER1991 p187

traduccedilatildeo nossa)

Haacute que notar que os pressupostos estatildeo fortemente influenciados por especificidades

que reforccedilam que as estrateacutegias do desenvolvimento local endoacutegeno devem ser diferenciadas

para cada lugar Benko (2001) Buarque (1999) Haddad (1994) Boisier (1991) e Muls (2008)

reconhecem a importacircncia do ambiente poliacutetico da organizaccedilatildeo produtiva e das

caracteriacutesticas da estrutura social para a efetividade de qualquer poliacutetica de desenvolvimento

regional local ou territorial Tapia (2005 p 133) destaca aleacutem desses elementos as

estruturas de governanccedila e a capacidade de controlar e internalizar o conhecimento e as

informaccedilotildees externas como estrateacutegia garantidora dessas poliacuteticas Para Boisier

Concretamente o desenvolvimento regional resulta da interaccedilatildeo de um

conjunto de processos mais simples sendo que cada um deles se constitui

em uma condiccedilatildeo necessaacuteria ao desenvolvimento da regiatildeo (BOISIER

1991 p187 traduccedilatildeo nossa)

Como conjunto de processos mais simples que permeia o desenvolvimento local

endoacutegeno tem-se

i a permanente coordenaccedilatildeo articulaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre os agentes e

atores de desenvolvimento (poder puacuteblico iniciativa privada e sociedade

civil organizada) ou seja que se estabeleccedila uma governanccedila de modo a

assegurar eficiecircncia nas accedilotildees propostas a produtividade e a

competitividade econocircmica

ii o aumento das oportunidades sociais

iii as garantias de transparecircncia dos processos e accedilotildees

iv a participaccedilatildeo popular de maneira que sejam fortalecidas a cidadania e a

democracia

60

v a descentralizaccedilatildeo da accedilatildeo poliacutetica do governo central(uniatildeo) para o local

(municiacutepios)

vi a estruturaccedilatildeo de sistemas produtivos locais influenciados pelas experiecircncias

exitosas do distrito industrial milieu innovateur e clusterrdquo (AMARAL FILHO

2010 p 25)

vii o mecanismo dinacircmico de autorreforccedilo das atividades produtivas

A capacidade de organizaccedilatildeo social (HADDAD 1994 p16) o poder de mobilizaccedilatildeo

das energias da sociedade explorando as suas capacidades e potencialidades especiacuteficas

(BUARQUE 1999 p 9) a densidade das relaccedilotildees entre os agentes locais (empresas

municipalidades universidades centros de pesquisa sindicatos) fornecem natildeo apenas as

bases da ambiecircncia social necessaacuteria ao processo como se revestem de papel determinante na

competitividade das atividades econocircmicas (BENKO e PECQUEUR 2001 p35)

Uma perspectiva teoacuterica de anaacutelise da ambiecircncia poliacutetica eacute a do Estado embora se

reconheccedila que natildeo haacute uma nova teoria do Estado Segundo Amaral Filho (2001) o que ocorre

satildeo interpretaccedilotildees para as funccedilotildees do Estado

As funccedilotildees do Estado baseiam-se

[] no resultado de processos e de dinacircmicas econocircmico-sociais

determinados por comportamentos dos atores dos agentes e das instituiccedilotildees

locais [] em um modo de intervenccedilatildeo pragmaacutetico [] um sistema aberto

mais atento agraves nuances de seu ambiente mais interativo com seus parceiros

mais sensiacutevel agrave informaccedilatildeo que recebe como retorno dos utilizadores dos

bens e serviccedilos (AMARAL FILHO 2001 pp 269 270)

A anaacutelise das funccedilotildees do Estado relacionadas por Amaral Filho (2001) induz agrave ecircnfase

do papel do Estado nas funccedilotildees de regulador mobilizador dos agentes e atores e coordenador

das poliacuteticas puacuteblicas Essas funccedilotildees exigiratildeo do Estado reestruturaccedilatildeo em seus aparelhos (de

Estado e ideoloacutegicos) de modo a atender agrave nova ordem da democracia participativa A

relevacircncia na reestruturaccedilatildeo se fundamenta nas velhas estruturas institucionais de cultura

poliacutetica inflexiacutevel e pouco democraacutetica constatada na Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira O

ambiente institucional pouco democraacutetico natildeo se alinha agrave proposta do desenvolvimento local

e compromete a implementaccedilatildeo das accedilotildees e da poliacutetica de desenvolvimento conforme sugere

Birkner (2008 p 298)

61

Na perspectiva teoacuterica do desenvolvimento sustentaacutevel com finalidade social e

respeito agraves condicionalidades ambientais a percepccedilatildeo do desenvolvimento local segundo

Goacutemez (2002 p4) ganha todo o sentido

A ecircnfase na melhoria da qualidade de vida na diversificaccedilatildeo produtiva e na

participaccedilatildeo que o desenvolvimento local exibe como suas principais

divisas se adaptam perfeitamente a essa tripla condiccedilatildeo atual do

desenvolvimento 32

O desenvolvimento endoacutegeno entendido como um desenvolvimento sustentaacutevel eacute

fundamentado nos seguintes pilares

(I) o novo papel do Estado federado (II) a estrateacutegia do desenvolvimento

econocircmico regional ou local baseada na mobilizaccedilatildeo de poupanccedila e

investimento em formaccedilatildeo bruta do capital fixo e (III) valorizaccedilatildeo dos

novos fatores de produccedilatildeo (AMARAL FILHO 1996 p 48)

O esforccedilo de vaacuterios estudiosos na conceituaccedilatildeo do desenvolvimento local endoacutegeno

tem demonstrado a natureza subjetiva e complexa desse processo A subjetividade adveacutem do

fato de que o desenvolvimento eacute uma percepccedilatildeo conforme jaacute descrito e a complexidade

induz a reflexotildees sobre a temaacutetica O desenvolvimento local endoacutegeno pode ser compreendido

como o resultado de um processo teacutecnico que envolve decisotildees poliacuteticas o conhecimento da

cultura local como base para estabelecer accedilotildees e meios estrateacutegicos para se alcanccedilar

determinado crescimento econocircmico e a participaccedilatildeo dos agentes locais como protagonistas

das decisotildees accedilotildees e projetos cuja finalidade eacute a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo

O maior desafio nesse processo incide no fato de que as decisotildees satildeo tomadas pelos

agentes do desenvolvimento (institucionais formais e informais) e os beneficiaacuterios33

em uma

relaccedilatildeo de forccedilas desigual carente de um arranjo institucional adaptado agraves condiccedilotildees reais de

cada lugar e garantidor do equiliacutebrio desse campo de forccedilas Entretanto essa interaccedilatildeo de

forccedilas estaacute diretamente relacionada com o niacutevel de participaccedilatildeo popular com a capacidade

efetiva de participaccedilatildeo de representantes da sociedade civil e da flexibilidade e funcionalidade

da Administraccedilatildeo Puacuteblica

32

Para Goacutemez eacute somente no contexto da interpretaccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel que o desenvolvimento

local ganha todo seu sentido embora seja mais propositivo que explicativo E como proposta que depende da

integraccedilatildeo entre os diferentes atores sociais (poliacuteticos empresaacuterios trabalhadores) esse autor acredita que o

ldquodesenvolvimento local eacute uma dessas estrateacutegias que reformulam sem modificar essencialmente as formas de

acumulaccedilatildeo do capitalrdquo 33

Agente eacute o que desenvolve as accedilotildees de desenvolvimento e o beneficiaacuterio eacute aquele que se assume objeto do

desenvolvimento conforme sugerem Pilonieta e Ochoa Arias (2006 p 27)

62

Em relaccedilatildeo agrave participaccedilatildeo popular eacute fundamental que a sociedade e seus

representantes tenham maturidade poliacutetica portanto capacidade para a negociaccedilatildeo o que

exigiraacute flexibilidade e ainda capacidade para aproveitar todas as oportunidades de

mobilizaccedilatildeo e participaccedilatildeo efetiva Entretanto ldquosomos um paiacutes sem cultura participativa e a

transformaccedilatildeo do niacutevel de consciecircncia eacute lentardquo (DOWBOR 1999 p79)

Aliado agrave ausecircncia da cultura participativa o modelo de gestatildeo puacuteblica tradicional

baseado em legalismo nas hierarquias na troca de favores nas entregas sob encomendas e no

assistencialismo fragiliza o capital social e humano e a democracia participativa Entretanto

romper paradigmas e aceitar novas ideias natildeo satildeo tarefas faacuteceis e sim desafios Sendo assim

o reconhecimento e o fortalecimento do capital social e do capital humano nesses lugares satildeo

accedilotildees cruciais para o planejamento a formulaccedilatildeo e a efetividade do desenvolvimento tanto

regional quanto local e territorial

Reconhecendo as mudanccedilas nas funccedilotildees do Estado e vislumbrando a distribuiccedilatildeo do

poder com outros agentes Sending e Neumann (2006) destacam trecircs principais reivindicaccedilotildees

para tratar a temaacutetica

O primeiro eacute que o governo deve ser estudado como um processo e natildeo

como uma instituiccedilatildeo Este movimento analiacutetico eacute dito para que seja possiacutevel

analisar as mudanccedilas de hierarquia e soberania da gestatildeo com base em redes

horizontais [] A segunda eacute que vaacuterios atores natildeo-estatais tornaram-se

muito mais poderosos na poliacutetica global do que o Estado portanto este eacute

menos poderoso do que antes [] A terceira eacute que a autoridade poliacutetica eacute

cada vez mais desalojada do Estado soberano e na direccedilatildeo transnacional de

poliacutetica em redes e funcionalmente em esferas especiacuteficas de autoridade

[] onde o Estado desempenha um papel estrateacutegico mas natildeo

necessariamente dominante (SENDING e NEUMANN 2006 p 651

traduccedilatildeo nossa)

A busca pelo equiliacutebrio das forccedilas poliacuteticas entre os atores eacute uma das anaacutelises e

propostas para a construccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento Para Llorens (2001 p25) o

papel do Estado nas poliacuteticas de desenvolvimento deve ser de catalisador animador de uma

atmosfera inovadora quer seja institucional social econocircmico quer seja poliacutetico e cultural

que impulsione o desenvolvimento do potencial empresarial e produtivo local

No contexto da discussatildeo analiacutetica e conceitual de desenvolvimento local surge a

proposta do desenvolvimento territorial como jaacute apresentado no Quadro 3 que demonstra as

escalas do planejamento governamental brasileiro Essa discussatildeo se inicia nos anos 1990 e a

63

proposta de construccedilatildeo de um modelo de desenvolvimento em base territorial34

ganha forccedila

poliacutetica para ser implementada pelo governo federal a partir de 2003 na gestatildeo liderada pelo

Partido dos Trabalhadores (PT) com a criaccedilatildeo da Secretaria de Desenvolvimento Territorial

na estrutura organizacional do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio (MDA)

O enfoque territorial no planejamento e na formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas brasileiras

surgiu para o meio rural e foi influenciado pelas experiecircncias de poliacuteticas territoriais em

construccedilatildeo no estado do Rio Grande do Sul na Ameacuterica Latina no Caribe e principalmente

na Uniatildeo Europeia35

O territoacuterio como unidade de planejamento para o espaccedilo rural na Ameacuterica Latina eacute

justificado por Perico e Ribero (2002) Para esses autores

A visatildeo territorial do rural surge como uma proposta de aproximaccedilatildeo da

nova visatildeo do desenvolvimento rural sustentaacutevel na Ameacuterica Latina e se

baseia na visatildeo de desenvolvimento regional e de desenvolvimento territorial

como uma expressatildeo de ordem poliacutetica econocircmica e social que visa na sua

essecircncia melhorar a forma como se apreende e orienta as intervenccedilotildees

formulaccedilatildeo de poliacuteticas e sistemas de planejamento para o setor rural na

Ameacuterica (PERICO e RIBERO2002 p27 Traduccedilatildeo nossa)

O enfoque territorial para o planejamento e formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para o

meio rural brasileiro tem como foco a promoccedilatildeo do desenvolvimento onde efetivamente

ocorram melhorias significativas na qualidade de vida da populaccedilatildeo que vive no meio rural

quer seja pela oferta dos serviccedilos puacuteblicos essenciais quer pela oportunidade de mercado

A poliacutetica territorial brasileira teve como referecircncia conceitual e apoio instrumental os

estudos produzidos pelo Instituto Interamericano de Cooperaccedilatildeo para a Agricultura (IICA)

pela Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe (CEPAL) e pela Uniatildeo Europeia

Entretanto a experiecircncia do Programa LEADER da Uniatildeo Europeia motivou a Secretaria de

Desenvolvimento Territorial a formular o programa de desenvolvimento sustentaacutevel dos

territoacuterios rurais cuja discussatildeo preparatoacuteria se deu no bojo do desafio da descentralizaccedilatildeo

34

Para uma anaacutelise mais detalhada do histoacuterico da construccedilatildeo da poliacutetica territorial brasileira sugere-se a leitura

do capiacutetulo 2 - A recepccedilatildeo do debate sobre desenvolvimento territorial no Brasil - do livro Poliacuteticas de

Desenvolvimento Territorial Rural no Brasil Avanccedilos e desafios do INSTITUTO INTERAMERICANO DE

COOPERACcedilAtildeO PARA A AGRICULTURA 2010 35

O Estado do Rio Grande do Sul por meio da experiecircncia dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento de

1999 e do programa do orccedilamento participativo (1999-2002) e na Uniatildeo Europeia com a Poliacutetica Agriacutecola

Comum (PAC) que vem sendo discutida desde 1957 com a instituiccedilatildeo da Comunidade Econocircmica Europeia

(CEE) com a criaccedilatildeo dos fundos estruturais e de coesatildeo e principalmente com o Programa Ligaccedilotildees entre

Accedilotildees de Desenvolvimento da Europa Rural ndash LEADER que tem como objetivos a convergecircncia das regiotildees e

dos estados-membros menos desenvolvidos a competitividade regional a geraccedilatildeo de emprego e a cooperaccedilatildeo

territorial europeia Mais informaccedilotildees sobre a poliacutetica regional europeia podem ser encontradas no siacutetio

httpeceuropaeuagriculturecommagricultureindex

64

das poliacuteticas puacuteblicas e do federalismo cooperativo recepcionado pela Constituiccedilatildeo Federal de

1988

Aliada a esses desafios a literatura produzida sobre o desenvolvimento local e o

desenvolvimento territorial jaacute apontava um conjunto de estrateacutegias que deveriam ser

observadas na formulaccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento Entre estas estrateacutegias merecem

destaque os sete elementos apresentados por Schejtman e Berdegueacute (2004) de quem pela

importacircncia dos elementos se reproduz aqui uma extensa citaccedilatildeo

[] com o propoacutesito de que no futuro se poderia ir aleacutem de uma

instituiccedilatildeo fundada no DRT e avanccedilar para uma razoaacutevel teoria da accedilatildeo

com desenho de poliacuteticas programas e projetos orientados para a

superaccedilatildeo da pobreza rural Desta revisatildeo se extraiacuteram sete elementos

que devem ser considerados pelo enfoque do DRT

1 A competitividade determinada por uma ampla difusatildeo do progresso

e o conhecimento satildeo condiccedilotildees necessaacuterias para a sobrevivecircncia das

unidades produtivas

2 A inovaccedilatildeo tecnoloacutegica que eleva a produtividade do trabalho eacute uma

determinante criacutetica para a melhoria do ingresso da populaccedilatildeo pobre

rural

3 A competitividade eacute um fenocircmeno sistecircmico ou seja natildeo eacute um

atributo das empresas ou unidades de produccedilatildeo individuais ou

isolados mas se baseia e depende das caracteriacutesticas dos ambientes

nos quais estatildeo inseridos

4 A demanda externa do territoacuterio eacute a forccedila motriz das transformaccedilotildees

produtivas e portanto eacute essencial para o aumento da produtividade e

da renda

5 Os viacutenculos urbano-rurais satildeo essenciais para o desenvolvimento das

atividades agriacutecolas e natildeo agriacutecolas no interior do territoacuterio

6 O desenvolvimento institucional eacute fundamental para o

desenvolvimento territorial

7 O territoacuterio natildeo eacute um espaccedilo fiacutesico objetivamente existente sendo

uma construccedilatildeo social ou seja um conjunto de relaccedilotildees sociais que

originam e agraves vezes expressam uma identidade e um senso de

propoacutesito compartilhado por muacuteltiplos agentes puacuteblicos e privados

(SCHEJTMAN e BERDEGUEacute 2004 p 4-5 Traduccedilatildeo nossa)

Considerando a vasta literatura produzida na deacutecada de 1990 sobre as estrateacutegias para

o desenvolvimento econocircmico local e desenvolvimento territorial rural a Secretaria de

Desenvolvimento Territorial apoiada pelo Instituto Interamericano de Cooperaccedilatildeo para a

Agricultura (IICA) inicia a sistematizaccedilatildeo das informaccedilotildees em documentos institucionais36

de referecircncias para a seleccedilatildeo das estrateacutegias de desenvolvimento rural sustentaacutevel no Brasil

36

Referecircncias para a estrateacutegia de desenvolvimento rural sustentaacutevel no Brasil- documento Institucional 01

MINISTDA 2005 Marco Referencial para apoio no desenvolvimento de territoacuterios rurais ndash 02 MDA 2005

Referecircncias para a Gestatildeo Social de Territoacuterios Rurais ndash 03 MDA 2005 Plano territorial de desenvolvimento

rural sustentaacutevel guia para o planejamento documento de apoio 02 MDA 2005

65

gestatildeo dos territoacuterios articulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e atores sociais elaboraccedilatildeo de plano

territorial de desenvolvimento entre outros

A anaacutelise das estrateacutegias identificadas pela literatura para a implementaccedilatildeo de poliacuteticas

e ou programas de desenvolvimento local ou territorial o reconhecimento do quadro de

pobreza de exclusatildeo social e de desigualdades sociais e regionais nos territoacuterios37

brasileiros

e sobretudo dos papeacuteis constitutivo e instrumental da liberdade38

conforme proposto por Sen

(2012) como primordial e principal meio do desenvolvimento conferem agrave poliacutetica territorial

brasileira em construccedilatildeo grandes desafios ateacute porque eacute ldquouma via de matildeo uacutenicardquo haja vista o

contexto poliacutetico de sua criaccedilatildeo

Desse modo analisando os pressupostos para o desenvolvimento territorial rural

sustentaacutevel identificaram-se como desafios

(i) reforma agraacuteria

(ii) fortalecimento do capital social caracterizado pelo MDA como pouco

desenvolvido

(iii) desenvolvimento de capacidades humanas competentes

(iv) fornecimento dos serviccedilos puacuteblicos essenciais aos agricultores familiares

(v) mobilizaccedilatildeo e organizaccedilatildeo social para a participaccedilatildeo

(vi) integraccedilatildeo das poliacuteticas e

(vii) articulaccedilatildeo horizontal e vertical das institucionalidades formais e informais

Goacutemez (2006 p60) analisando os estudos que deram suporte agrave Secretaria de

Desenvolvimento Territorial para a construccedilatildeo da poliacutetica territorial acredita que se trata de

uma repaginada das poliacuteticas existentes uma vez que as alteraccedilotildees se processaram apenas na

escala do planejamento e alocaccedilatildeo dos recursos (do local para o territorial) e no enfoque das

poliacuteticas e accedilotildees (de setorial para territorial)

Beduschi Filho e Abramovay (2004 p 36) corroboram Goacutemez uma vez que

acreditam ser o grande desafio do planejamento brasileiro na poliacutetica territorial a mudanccedila da

praacutetica da alocaccedilatildeo dos recursos que deveraacute ldquopassar de uma loacutegica de reparticcedilatildeo setorial de

37

O conceito de territoacuterio para a SDT e para o programa de desenvolvimento sustentaacutevel dos territoacuterios rurais eacute

aquele apresentado pelo MDA que se encontra no Quadro 1 38

Para Sen (2012 p 58) o papel constitutivo ou primordial eacute a capacidade de cada indiviacuteduo ou seu capital O

papel instrumental ou os principais meios satildeo liberdades poliacuteticas (direitos civis) facilidades econocircmicas

oportunidades sociais garantias de transparecircncia e seguranccedila protetora

66

recursos e de demandas de balcatildeo (grifo dos autores) para uma loacutegica territorial e de

projetosrdquo Acrescenta-se a essa loacutegica a cultura de reparticcedilatildeo poliacutetica dos recursos e a

pulverizaccedilatildeo destes no orccedilamento geral da uniatildeo em accedilotildees pontuais que na grande maioria

natildeo satildeo finalizadas tanto pela insuficiecircncia dos recursos haja vista a ausecircncia do projeto e do

consequente orccedilamento quando do lanccedilamento da accedilatildeo no Sistema de Convecircnios (SICONV)

do governo federal quanto pela descontinuidade poliacutetica uma vez que natildeo se caracteriza

como uma intervenccedilatildeo complementar ou de fortalecimento de determinado arranjo produtivo

Outra estrateacutegia importante para as poliacuteticas de desenvolvimento local e ou territorial eacute

a estruturaccedilatildeo de uma governanccedila que seraacute tratada no proacuteximo capiacutetulo A anaacutelise da gestatildeo

social dos territoacuterios fornece elementos fundamentais para a compreensatildeo do desafio dessa

estruturaccedilatildeo Abramovay (2005) Bacelar (2008) e Perico (2009) analisando a proposta da

gestatildeo social dos territoacuterios rurais do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio alertam para

uma seacuterie de viacutecios da Administraccedilatildeo Puacuteblica que podem ser somatizados por diferentes

razotildees natildeo contribuindo para os efeitos esperados

Abramovay (2005 p7) destaca os riscos ldquode accedilotildees clientelistas e patrimonialistasrdquo nos

processos de formaccedilatildeo de territoacuterios a partir de iniciativa do poder puacuteblico Segundo ele haacute

risco de que ldquoos atores mais importantes de sua dinacircmica econocircmica social poliacutetica e cultural

estejam ausentes de suas organizaccedilotildees animadorasrdquo

Esse risco em um ambiente no qual o clientelismo e o patrimonialismo fazem parte da

cultura das institucionalidades induz a que qualquer proposta de desenvolvimento deveraacute

priorizar o reconhecimento dos agentes de desenvolvimento Esse reconhecimento natildeo apenas

impulsionaraacute a mudanccedila da praacutetica da alocaccedilatildeo dos recursos em projetos que integrem accedilotildees e

atendam agraves necessidades reais do territoacuterio como facilitaraacute a articulaccedilatildeo para a execuccedilatildeo das

accedilotildees assegurando sua efetividade Nesse sentido Bacelar (2008 p 25) entende que ldquoa

grande virtude da abordagem territorialrdquo eacute a oportunidade de que a articulaccedilatildeo seja efetivada

pelos agentes territoriais

Para Perico a gestatildeo social do territoacuterio

Mais do que um conceito trata-se de um processo com implicaccedilotildees enormes

do caraacuteter teacutecnico econocircmico poliacutetico cultural e de esperanccedila para modelos

novos ou ainda de visotildees novas da sociedade de futuro e de satisfaccedilatildeo (PERICO 2009 p 34)

A partir do reconhecimento da complexidade da construccedilatildeo e da implementaccedilatildeo de

uma poliacutetica de desenvolvimento em base territorial e fundamentalmente da pouca liberdade

67

de todos os agentes de desenvolvimento para garantir sua efetividade ocorre um

arrefecimento ldquonaturalrdquo na construccedilatildeo dos processos conduzidos por iniciativas dos governos

como eacute o caso dos territoacuterios rurais do governo federal desde 2010 A condiccedilatildeo natural

adveacutem da realidade da capacidade de participaccedilatildeo da populaccedilatildeo e da capacidade do ministeacuterio

de estimular essa participaccedilatildeo uma vez que os principais agentes de sua dinacircmica econocircmica

poliacutetica social e cultural ficaram fora do processo

Esse arrefecimento deve ser avaliado como a necessidade de priorizar accedilotildees que

forneccedilam as capacidades agrave populaccedilatildeo de modo que esta seja motivada e mobilizada para a

participaccedilatildeo Outra accedilatildeo a ser priorizada deve ser a institucionalizaccedilatildeo de espaccedilos para o

diaacutelogo Estado-Sociedade A disponibilizaccedilatildeo desses espaccedilos deve estabelecer e fortalecer

natildeo apenas a confianccedila para uma governanccedila de mais consensos e capacidade de

negociaccedilatildeo mas sobretudo criar as condiccedilotildees para que sejam fortalecidas e restauradas as

liberdades de todos os agentes do desenvolvimento Esse eacute o caminho para o enfrentamento

dos sete desafios apresentados para o desenvolvimento territorial rural e a orientaccedilatildeo para o

planejamento do e para o desenvolvimento nos enfoques local regional e nacional

Reconhecendo que a participaccedilatildeo social eacute influenciada pelo estoque de capital social desses

espaccedilos o capiacutetulo seguinte trataraacute das concepccedilotildees de capital social e de governanccedila bem

como dos efeitos deste sobre as instituiccedilotildees formais e informais o controle social e o

desenvolvimento local territorial e regional

68

4 CAPITAL SOCIAL E GOVERNANCcedilA

Capital social eacute um agregado de recursos reais

ou potenciais que estatildeo ligados agrave posse de uma

rede duraacutevel de relaccedilotildees mais ou menos

institucionalizadas de conhecimento e de

reconhecimento muacutetuo (BOURDIEU 1980

p2)

69

4 CAPITAL SOCIAL E GOVERNANCcedilA

O capital social eacute uma das ferramentas de poliacuteticas de desenvolvimento mais estudada

nas uacuteltimas deacutecadas Para entender as razotildees desse interesse tanto da academia quanto das

agecircncias financiadoras e promotoras do desenvolvimento buscou-se analisar as funccedilotildees do

capital social agrave luz das reflexotildees de diferentes autores e aacutereas do conhecimento Desse modo

este capiacutetulo propotildee a sistematizaccedilatildeo conceitual de capital social a apresentaccedilatildeo das correntes

teoacutericas mais apropriadas para o reconhecimento e interpretaccedilatildeo dele haja vista a

complexidade e imprecisatildeo conceitual do termo e a discussatildeo da importacircncia do capital social

para o desenvolvimento e para a estruturaccedilatildeo dos sistemas de governanccedila

Eacute prudente esclarecer que considerando o rigor do meacutetodo cientiacutefico natildeo haacute uma

teoria sobre capital social De fato haacute hipoacuteteses e diferentes interpretaccedilotildees para o termo que

natildeo aportam elementos suficientes para se considerar um marco teoacuterico (Durston 2000 p9)

O capiacutetulo estaacute estruturado em dois subcapiacutetulos O primeiro sistematiza as principais

concepccedilotildees e correntes conceituais de capital social e descreve seus efeitos nos diferentes

niacuteveis (individual social poliacutetico e econocircmico) O segundo sistematiza tambeacutem os conceitos

de governanccedila e avalia seu papel instrumental para as poliacuteticas de desenvolvimento

70

41 Conceituaccedilatildeo de Capital Social

A extensa literatura produzida sobre capital social tem reforccedilado a importacircncia deste

nas poliacuteticas de desenvolvimento e fortalecimento das democracias por meio da ampliaccedilatildeo da

participaccedilatildeo cidadatilde na poliacutetica e do envolvimento dos indiviacuteduos em atividades coletivas

geradoras de impactos sociais efetivos Entretanto o termo capital social originou-se na

sociologia claacutessica (ALBAGLI e MACIEL 2002 PORTES1998 FARR2004 RUTTEN e

BOEKEMA 2006 e BALESTRO 2006) e a autora Lyda Judson Hanifan eacute considerada a

pioneira na identificaccedilatildeo de elementos do capital social e na aplicaccedilatildeo metaforizada deste

(WOOLCOCK e NARAYAN 2000 p228)

Os estudos de Pierre Bourdieu James Coleman e Robert Putnam tecircm influenciado o

desenvolvimento das vaacuterias conceituaccedilotildees de capital social nas diferentes aacutereas do

conhecimento em especial na ciecircncia poliacutetica (Portes1998 Durston 2000 Warner 2001

Albagli e Maciel 2002 Vaacutezquez 2002 Baquero 2003 2008 Valdivieso 2003 e Farr 2004)

e em todo o mundo embora outros autores estejam sendo incorporados nas discussotildees do

capital social Entre esses John Durston e Nan Lin citado por Valdivieso (2003) e Stein

(2003) Fukuyama lembrado por Baquero (2003) e Stein (2003) Granovetter indicado por

Rutten e Boekema (2006) e Douglass North que influenciou Durston (2000) e Stein (2003)

Capital social eacute uma categoria analiacutetica que embora tenha surgido nas ciecircncias sociais

ganhou focirclego a partir da introduccedilatildeo do capital humano39

como um dos elementos que

poderiam fortalecer o crescimento econocircmico proposto pelos chamados economistas

neoclaacutessicos Como um fenocircmeno soacutecio-poliacutetico-cultural explicado e analisado com

fundamento na loacutegica do capital teve sua efervescecircncia conceitual na deacutecada de 1990 Poreacutem

a questatildeo do capital social como estrateacutegia para o desenvolvimento iniciou-se na deacutecada de

1980 em meio agraves crises do papel do Estado ideoloacutegica da recomposiccedilatildeo das escalas e ainda

no contexto da discussatildeo da mundializaccedilatildeo do capital do fortalecimento da democracia e da

sociedade participativa e em rede40

Capital social para Bourdieu e Coleman eacute um conjunto de recursos disponiacuteveis para

os indiviacuteduos que se relacionam e mantecircm laccedilos com outros indiviacuteduos do mesmo grupo e de

grupos diferentes (VAacuteZQUEZ 2002 p 130) Para Bourdieu (1980 p256) capital social eacute

39

Para o Banco Mundial capital humano eacute o valor agregado ao trabalhador na forma de conhecimento e

habilidades Assim cada ser humano eacute um investidor em seu capital O capital humano estaacute no indiviacuteduo 40

Para Castells em uma sociedade em rede o poder dos fluxos eacute mais importante que os fluxos do poder (2002

p565)

71

um agregado dos recursos reais ou potenciais que estatildeo ligados agrave posse de uma rede duraacutevel

de relaccedilotildees mais ou menos institucionalizadas de conhecimento e de reconhecimento muacutetuo

A rede de relaccedilotildees eacute vista por este autor como um produto portanto eacute construiacuteda valendo-se

de estrateacutegias de investimentos individuais ou coletivos consciente ou inconscientemente

cujo objetivo eacute a construccedilatildeo e a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees sociais que se fundamentam em

obrigaccedilotildees duraacuteveis subjetivamente sentidas (sentimentos de gratidatildeo respeito amizade

lealdade solidariedade etc) e institucionalizadas em estatutos socialmente reconhecidos ou

juridicamente garantidos41

Para Coleman (1988 p 98) capital social eacute definido por sua funccedilatildeo Natildeo eacute uma

entidade uacutenica mas uma variedade de diferentes entidades com dois elementos em comum

todas elas consistem de algum aspecto da estrutura social e facilitam certas accedilotildees dos atores ndash

pessoas ou empresas ndash no acircmbito da estrutura O capital social para ele eacute um recurso

socioestrutural inerente agraves relaccedilotildees sociais Desse modo eacute possiacutevel deduzir como elementos

da estrutura social que contribuem para a construccedilatildeo do capital social aleacutem da boa vontade

do companheirismo e da simpatia muacutetua destacados por Hanifan (1916 p130) a

confiabilidade a solidariedade as obrigaccedilotildees de reciprocidades as expectativas o

aproveitamento de normas sociais cooperativas entre outros que facilitam as relaccedilotildees nos

diversos grupos sociais

Tanto Bourdieu quanto Coleman argumentam que o capital social natildeo eacute natural e natildeo

existe nos indiacuteviacuteduosO capital social eacute um produto do trabalho social acumulado que tem

como elementos basilares para sua construccedilatildeo os valores culturais e histoacutericos dos grupos e

as capacidades destes de produzir e reproduzir relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e por meio dos

indiviacuteduos

Capital social para Putnam (2006 p177-180) eacute um atributo da estrutura social e se

refere agraves caracteriacutesticas das organizaccedilotildees sociais como redes normas sistemas cadeias de

relaccedilotildees sociais e confianccedila que contribuem para aumentar a eficiecircncia das accedilotildees coletivas e

das poliacuteticas puacuteblicas aleacutem de facilitar as accedilotildees coordenadas cooperadas e compartilhadas

Para ele uma cultura dominada pela confianccedila pelo compromisso da reciprocidade do

compartilhamento e da cooperaccedilatildeo eacute altamente produtiva do capital social Este autor

apresenta atributos do capital social e justifica a importacircncia dele no desempenho

institucional na efetividade das poliacuteticas puacuteblicas e no fortalecimento das comunidades

ciacutevicas destacando que sua abordagem natildeo eacute um argumento para o determinismo cultural e

41

Satildeo considerados aqui estatutos socialmente reconhecidos o grupo familial vicinal de lazer entre outros

72

sim para a ampliaccedilatildeo dos espaccedilos de participaccedilatildeo social e fortalecimento do estoque de

capital social (PUTNAM 1993 p5) Entretanto estes atributos satildeo inerentes aos valores

culturais da populaccedilatildeo e da capacidade destes de formar uma consciecircncia criacutetica organizada e

participativa

Para Fukuyama (1999) a confianccedila as redes e as instituiccedilotildees satildeo manifestaccedilotildees do

capital social e natildeo se constituem em capital social em si Essa eacute uma das criacuteticas mais

recorrentes agrave conceituaccedilatildeo de Putnam (FUKUYAMA 1999 JORDANA2000 REIS 2003

ALBAGLI e MACIEL 2002)

Segundo Fukuyama capital social eacute uma norma instanciada informal que promove a

cooperaccedilatildeo entre dois ou mais indiviacuteduos Estas normas instanciadas estatildeo relacionadas agraves

virtudes tradicionais e valores culturais como a honestidade a manutenccedilatildeo de compromissos

o desempenho de funccedilotildees de confianccedila e a reciprocidade de modo que se percebe uma

reflexatildeo sobre o capital social baseando-se nos valores culturais

Os elementos que asseguram as relaccedilotildees sociais a formaccedilatildeo das redes e a instituiccedilatildeo

das normas nas organizaccedilotildees sociais satildeo os valores42

culturais que apresentam

especificidades locais e regionais O grau de confianccedila existente entre os indiviacuteduos as

normas de comportamento ciacutevico praticado e o niacutevel de associativismo de uma comunidade

indicam que os valores dessa comunidade permitem agrave coletividade ser o agente de sua histoacuteria

e desenvolver accedilotildees que assegurem o bom desempenho das instituiccedilotildees puacuteblicas na prestaccedilatildeo

dos serviccedilos como propotildeem Putnam (1993) e Sen (2010 p 333)

Vaacutezquez (2002 p 146) ressalta que os valores e as atitudes natildeo podem ser

considerados capital social Capital social para ele eacute um recurso oriundo da participaccedilatildeo em

redes sociais A participaccedilatildeo em redes gera obrigaccedilotildees de reciprocidade e informaccedilatildeo Como

lembra Kliksberg (2000 p13) a cultura eacute um tema transversal a todas as dimensotildees do

capital social e estaacute na base das componentes fundamentais deste Entretanto natildeo satildeo todos os

valores que contribuem para a construccedilatildeo do capital social

Os valores culturais de um determinado espaccedilo ou de uma comunidade onde se

percebe o estiacutemulo agrave individualidade e onde ldquoem tempo de farinha pouca meu piratildeo

primeirordquo e ainda onde ldquocada um tenta puxar a brasa agrave sua sardinhardquo certamente que natildeo

42

Valores culturais (eacuteticos poliacuteticos e sociais) devem ser entendidos como o conjunto de normas e de

orientaccedilotildees de condutas dos indiviacuteduos Satildeo valores eacuteticos a solidariedade a bondade a lealdade a toleracircncia a

responsabilidade etc Satildeo valores poliacuteticos a justiccedila a igualdade a imparcialidade a liberdade a cidadania e

outros

73

satildeo espaccedilos que motivam habilitam ou oportunizam aos indiviacuteduos a construccedilatildeo e a

manutenccedilatildeo de relaccedilotildees sociais duradouras conscientes e confiaacuteveis necessaacuterias ao

desenvolvimento do capital social

O capital social como recurso disponibilizado somente para os indiviacuteduos em grupos e

natildeo para o indiviacuteduo separadamente e resultante das relaccedilotildees sociais permitiu a Putnam e a

Coleman caracterizaacute-lo como um bem puacuteblico Eacute possiacutevel relacionar o caraacuteter de bem puacuteblico

do capital social proposto por esses autores com a definiccedilatildeo de bens puacuteblicos de Sen (2012

p171) Segundo ele bens puacuteblicos satildeo aqueles disponiacuteveis para usufruto comum de todos

Desse modo e considerando os atributos do capital social expostos por Putnam Coleman e

Bourdieu este eacute um bem puacuteblico disponiacutevel para o grupo ou para os grupos com

caracteriacutesticas adequadas a essa tipologia de investimento social

Outra linha de reflexatildeo do capital social eacute defendida por Durston (1999 p 104) que

se fundamenta em Douglass North e define capital social como uma instituiccedilatildeo43

complexa e

orientada por normas de bem-estar comum e com papeacuteis racionalizados e conscientes e por

Grootaert (1998) que inclui ainda no conceito de capital social as relaccedilotildees mais formais e

estruturas institucionais como o governo o regime poliacutetico o estado de direito o sistema

judicial e outros sob o argumento da importacircncia dessas instituiccedilotildees no desenvolvimento

econocircmico Estes autores procuram conceituar capital social firmando-se nas instituiccedilotildees

formalizadas na evoluccedilatildeo das sociedades na influecircncia das instituiccedilotildees sobre as sociedades e

desta sobre as instituiccedilotildees

Na tese de Albagli e Maciel (2002 p4) Reis (2003 p 43) Baquero (2003 p 94) e

Guumlemes (2011 p93) ldquoas concepccedilotildees de capital social satildeo demasiadamente abrangentes e

portadoras de ambiguidades importantes que problematizam sua operacionalizaccedilatildeo teoacutericardquo

Essa problematizaccedilatildeo decorre da dependecircncia contextual da anaacutelise da aacuterea de conhecimento

do autor dos elementos usados na conceituaccedilatildeo e outros visto que as estruturas sociais satildeo

dotadas de normas de divisatildeo de funccedilotildees e satildeo regidas por valores comportamentos e

atitudes individuais A complexidade se daacute ainda mais quando se analisa o capital social como

caracteriacutestica das estruturas formais em todas as dimensotildees poliacutetica econocircmica ambiental e

social

43

Durston (2000 p 22) define instituiccedilotildees como sistemas de normas e de relaccedilotildees sociais estaacuteveis que resultam

das interaccedilotildees em um grupo de pessoas e que tendem a satisfazer as necessidades deste a um menor custo

possiacutevel Para North as instituiccedilotildees satildeo as restriccedilotildees inventadas para estruturar a interaccedilatildeo poliacutetica econocircmica e

social (North 1991 p97)

74

Na presente tese o capital social refere-se a um recurso acessiacutevel aos indiviacuteduos

grupos e instituiccedilotildees e que mantecircm laccedilos interpessoais a partir do reconhecimento de valores

de normas e de crenccedilas de grupos formais ou informais capazes de mobilizar os indiviacuteduos

por meio da atitude para reunir-se formar redes e associar-se a outros com a finalidade de

auferir benefiacutecios muacutetuos produzir bens comuns e fortalecer as instituiccedilotildees Embora o capital

social seja reconhecido nas e a partir das relaccedilotildees sociais os atributos das estruturas sociais

(confianccedila solidariedade reciprocidade cooperaccedilatildeo e outros) as crenccedilas o comportamento e

as atitudes satildeo dos indiviacuteduos E satildeo esses elementos que os capacitam para se relacionar

participar de processos eleitoraisciacutevicos filiar-se a organizaccedilotildees sociais manter as tradiccedilotildees

e os compromissos ciacutevicos e compartilhar accedilotildees com o outro O capital social eacute um recurso

inerente agrave estrutura dos relacionamentos estabelecidos entre os indiviacuteduos cuja fonte do

beneficiamento se encontra no outro e natildeo nele mesmo (Portes 1998 p 7) sendo desse modo

valorizado e suprido pela coletividade e natildeo pelo agente privado (Putnam 2003180)

O Banco Mundial (2003 p5) e Adler e Kwon (2009 p 90) diante das diferentes

conceituaccedilotildees formuladas sobre capital social propotildeem o agrupamento destas em duas

abordagens a primeira denominada estruturalista pelo Banco Mundial analisa o capital

social como um recurso que facilita a accedilatildeo dos indiviacuteduos que participam de redes sociais e

que mantecircm viacutenculos diretos e indiretos com outros atores componentes da rede Neste grupo

as informaccedilotildees o apoio e as ideias que os indiviacuteduos buscam em seus pares satildeo recursos

(capital) na medida em que satildeo acessiacuteveis somente dentro e por meio dessas relaccedilotildees

A segunda abordagem interpreta o capital social como uma caracteriacutestica das

estruturas sociais que possibilita aos seus participantes a coesatildeo e os benefiacutecios associados

Essa segunda abordagem eacute classificada como cognitiva pelo Banco Mundial e estaacute associada a

Putnam que discute a sinergia entre o engajamento ciacutevico o crescimento econocircmico e o

governo como resultado do contexto poliacutetico institucional e legal

De acordo com Balestro (2006 p29) que analisou diferentes conceituaccedilotildees de capital

social e os agrupamentos propostos por Adler e Kwon as conceituaccedilotildees de capital social

podem ser organizadas tanto em um como em outro grupo

Guumlemes (2011 p 93) propotildee a diferenciaccedilatildeo em duas linhas teoacutericas construiacutedas a

partir dos elementos usados para a conceituaccedilatildeo de capital social Na primeira denominada

culturalista o capital social eacute concebido como algo subjetivo e associado aos valores

culturais atitudes e traccedilos individuais Na segunda a estruturalista o capital social eacute

concebido como um aspecto da estrutura social acessiacutevel a indiviacuteduos e grupos a partir da

75

participaccedilatildeo destes em redes As linhas de abordagem do Banco Mundial e de Adler e Kwon

adotaram os efeitos do capital social como elementos de classificaccedilatildeo enquanto Guumlmes se

utilizou de fontes do capital social para ordenaacute-las

Analisando as conceituaccedilotildees de capital social de diferentes autores e as linhas teoacutericas

propostas por Guumlemes foi possiacutevel organizaacute-las em duas vertentes a estruturalista e a

culturalista A sua distribuiccedilatildeo obedeceu agrave tipologia da abordagem identificada nas obras

referenciadas no Quadro 4 Assim os trabalhos de Bourdieu (1980) Coleman (1988) Portes

(1998) Woolcock e Narayan (2000) Faar (2004) Banco Mundial (1998) Araujo (2003)

Durston (1999) e Guumlmes (2011) foram classificados na vertente estruturalista haja vista a

preocupaccedilatildeo dos autores em ressaltar aspectos da estrutura social como normas e redes que

permitem aos indiviacuteduos a participaccedilatildeo em redes motivada por uma racionalidade induzida

por certos incentivos ou sanccedilotildees estruturais As obras de Putnam Fukuyama Baquero

Kliksberg Valdivieso e Lechner foram sistematizadas na linha culturalista em que os valores

culturais desempenham um importante papel nas conceituaccedilotildees de capital social

Os elementos usados para as conceituaccedilotildees de capital social e a aacuterea de conhecimento

do autor fornecem ainda a identificaccedilatildeo das fontes do capital social De acordo com Adler e

Kwon (2009 p 95) satildeo trecircs as principais fontes de capital social rede normas

compartilhadas e crenccedilas compartilhadas Segundo eles satildeo fontes interdependentes embora

cada uma delas contribua de maneira diferente para a formaccedilatildeo do capital social A natureza

das normas determina essa contribuiccedilatildeo e o sistema de crenccedilas comuns permite a

comunicaccedilatildeo das ideias e das experiecircncias entre os participantes das redes e tambeacutem

respondem pelo papel da confianccedila nas relaccedilotildees sociais poliacuteticas e econocircmicas como

defende Sen (2012 p 24)

Putnam (1993 p39) demonstrou que um dos efeitos diretos das normas e redes ciacutevicas

em comunidades com alto estoque de capital social eacute o desempenho efetivo das instituiccedilotildees

puacuteblicas Os efeitos do capital social nas instituiccedilotildees formais e informais no controle social

e no desenvolvimento local ou regional seratildeo tratados a seguir

76

Quadro 4 Conceituaccedilotildees de capital social e correntes teoacutericas das abordagens

CORRENTE

TEOacuteRICAAUTOR CONCEITUACcedilAtildeO DE CAPITAL SOCIAL

Pierre Bourdieu

(1980)

Um agregado dos recursos reais ou potenciais que estatildeo ligados agrave posse de uma rede duraacutevel de

relaccedilotildees mais ou menos institucionalizadas de conhecimento e de reconhecimento muacutetuo

(Traduccedilatildeo nossa)

James S

Coleman (1988)

Eacute definido por sua funccedilatildeo ou seja pelos benefiacutecios das relaccedilotildees que os grupos produzem ldquoNatildeo eacute

uma entidade uacutenica mas uma variedade de diferentes entidades com dois elementos em comum

todas elas consistem no mesmo aspecto das estruturas sociais e todas facilitam certas accedilotildees dos

indiviacuteduos da mesma estrutura (Traduccedilatildeo nossa)

Alejandro Portes

(1998)

A capacidade dos atores para garantir benefiacutecios em virtude da adesatildeo em redes sociais ou outras

estruturas sociais

Maria Celina

DrsquoAraujo (2003)

Argamassa que manteacutem as instituiccedilotildees em contato entre si e as vincula ao cidadatildeo visando agrave

produccedilatildeo do bem comum

Adler e Kwon

(2009)

Recurso formado pela configuraccedilatildeo e conteuacutedo das redes de relaccedilotildees sociais mais ou menos

duraacutevel e acessiacutevel aos atores individuais e coletivos que delas fazem parte

Mariacutea Ceciacutelia

Guumlemes (2011)

Vantagem de revalorizar bens sociais intangiacuteveis como a confianccedila ou a reciprocidade no marco

da problematizaccedilatildeo do desenvolvimento econocircmico (Traduccedilatildeo nossa)

World Bank (1998)

Inclui as instituiccedilotildees as relaccedilotildees as atitudes e os valores que governam as interaccedilotildees entre as

pessoas e contribui para o desenvolvimento econocircmico e desenvolvimento socialEle inclui o

compartilhamento de valores e regras de conduta social expressa nas relaccedilotildees pessoais confianccedila

e um senso comum de responsabilidade ciacutevica que torna a sociedade mais do que uma coleccedilatildeo

de indiviacuteduos (Traduccedilatildeo nossa)

James Faar (2004)

Rede de associaccedilotildees atividades ou relaccedilotildees que unem as pessoas em uma comunidade por meio de

certas normas e capacidades psicoloacutegicas nomeadamente de confianccedila que satildeo essenciais para a

sociedade civil e produtivas de accedilatildeo coletiva futura ou bens na forma de outras formas de capital

(Traduccedilatildeo nossa)

Michael Woolcock

e Deepa Narayan

(2000)

Normas e redes que possibilitam agraves pessoas o agir coletivo (Traduccedilatildeo nossa)

John Durston

(1999)

O conjunto de normas instituiccedilotildees e organizaccedilotildees que promovem a confianccedila e a cooperaccedilatildeo

entre as pessoas nas comunidades e nas sociedades (Traduccedilatildeo nossa)

Francis Fukuyama

(1999)

Uma norma instanciada que promove a cooperaccedilatildeo entre dois ou mais indiviacuteduos As normas que

constituem o capital social podem variar de uma regra de reciprocidade entre dois amigos ateacute

todo o caminho ateacute as doutrinas complexas elaboradas e bem articuladas(Traduccedilatildeo nossa)

Robert Putman

(2006)

Caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo social como confianccedila normas e sistemas que contribuam para

aumentar a eficiecircncia da sociedade facilitando as accedilotildees coordenadas a cooperaccedilatildeo

espontacircnea as normas e as cadeias de relaccedilotildees sociais multiplicam-se com o uso e miacutenguam

com o desuso constitui um bem puacuteblico ao contraacuterio do capital convencional que normalmente

eacute um bem privado a regra da reciprocidade generalizada eacute um componente altamente

produtivo

Kliksberg

Bernardo (2000)A confianccedila o comportamento ciacutevico o grau de associativismo

Patricio Valdivieso

(2003)

Recursos de indiviacuteduos e coletividades que incluem redes sociais confianccedila normas comuns

accedilotildees cooperativas entre outras (Traduccedilatildeo nossa)

Marcello Baquero

(2003)

Envolvimento dos indiviacuteduos em atividades coletivas que geram beneficios em um espectro mais

amplo

Norbert Lechner

(1999)Confianccedila social normas de reciprocidade e redes de compromisso ciacutevico

Est

rutu

rali

sta

Cu

ltu

rali

sta

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

77

411 Capital social e seus efeitos sobre as poliacuteticas de desenvolvimento

As fontes do capital social tecircm influenciado a produccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos que

identificam uma multiplicidade de efeitos deste em diferentes niacuteveis (individual social

poliacutetico e econocircmico) Entretanto Portes (1998) argumenta que os efeitos do capital social

podem ser agrupados conforme suas funccedilotildees Para ele satildeo trecircs as funccedilotildees baacutesicas que podem

ser aplicadas a uma variedade de contextos (i) como uma fonte de controle social (ii) como

uma fonte de suporte familiar ou (iii) como fonte de benefiacutecios por meio de redes

extrafamiliares Neste texto a anaacutelise dos efeitos do capital social se desenvolveraacute a partir dos

niacuteveis de atuaccedilatildeo destacando as principais funccedilotildees destes

Os efeitos do capital social para o indiviacuteduo que participa de rede de relaccedilotildees sociais

podem ser enumerados desde o fortalecimento do sentimento de felicidade de satisfaccedilatildeo com

a vida como prevecirc Guumlemes (2011p95) ateacute a possibilidade de acesso a recursos escassos

como defende Albagli e Maciel (2002 p9) a fontes mais amplas de informaccedilatildeo a um custo

menor e ao poder sustentada por Adler e Kwon (2000 p 103) e ainda agrave difusatildeo da

confianccedila interpessoal como propotildee Jordana (2000)

No niacutevel social os efeitos do capital social devem ser analisados como fonte de

benefiacutecios oriundos das redes extrafamiliares e da capacidade dos indiviacuteduos de estabelecer

relaccedilotildees e formar redes Eacute a funccedilatildeo mais comum e mais estudada e se encontra vinculada agrave

solidariedade agraves obrigaccedilotildees de reciprocidade agrave confianccedila estabelecida entre os indiviacuteduos

que participam de redes Os principais benefiacutecios destacados satildeo o fortalecimento dos haacutebitos

de cooperaccedilatildeo solidariedade e espiacuterito puacuteblico compartilhamento das accedilotildees e facilidade nas

transaccedilotildees do mercado como defendem Bourdieu (1980) Portes (1998) Woolcock e Narayan

(1999) Fukuyama (1999) Baquero (2003e 2008) Rattner ( 2002) e Faar (2004)

No niacutevel poliacutetico o controle social ou controle democraacutetico por ser uma expressatildeo da

democracia participativa e de uma sociedade organizada (formal ou informalmente) e com

capacidade de participaccedilatildeo cidadatilde eacute reconhecidamente uma funccedilatildeo que vem ganhando

destaque natildeo apenas na gestatildeo puacuteblica com os estudos que enfatizam a importacircncia do capital

social para a governabilidade democraacutetica a democracia a eficiecircncia na Administraccedilatildeo

Puacuteblica e a qualidade das poliacuteticas puacuteblicas mas sobretudo correlacionada com a funccedilatildeo

econocircmica que destaca os efeitos do capital social sobre as poliacuteticas de desenvolvimento uma

vez que este estaacute sendo analisado e proposto como o elemento faltante no crescimento

78

econocircmico (PUTNAM 1993 GUumlEMES 2011 RUTTEN e BOEKEMA 2007 BAQUERO

2003 e 2008 e VALDIVIESO 2003)

Para Portes (1998) a funccedilatildeo controle social agrega uma seacuterie de estudos que ressaltam

o papel das instituiccedilotildees e do controle social Nesta seacuterie cabe destaque ao estudo de

Woolcock e Narayan(2000 p228) que investiga o papel e a importacircncia das comunidades e

instituiccedilotildees nas poliacuteticas de desenvolvimento econocircmico Para eles essa investigaccedilatildeo pode ser

realizada a partir de quatro perspectivas na visatildeo comunitaacuteria (as associaccedilotildees locais como

elemento do desenvolvimento) na visatildeo de redes (as redes horizontais e verticais e as

relaccedilotildees intra e intergrupais como fator de desenvolvimento) a visatildeo institucional (a

qualidade das instituiccedilotildees poliacuteticas legais econocircmicas e sociais como fator do

desenvolvimento) e a visatildeo sineacutergica (se baseia na relaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade como

base para o desenvolvimento)

De acordo com Woolcock e Narayan (2000 p234) a capacidade de mobilizaccedilatildeo dos

grupos sociais por interesses coletivos depende precisamente da qualidade das instituiccedilotildees

formais com as quais funcionam o desempenho do governo na prestaccedilatildeo dos serviccedilos e na

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem como o desempenho das empresas privadas

dependem da coerecircncia interna destes e da responsabilidade social adotada Essa dependecircncia

torna-se mais visiacutevel quando se comparam as oportunidades sociais oferecidas a indiviacuteduos

com e sem acesso a serviccedilos puacuteblicos de qualidade

O capital social como fator de desenvolvimento econocircmico eacute fortalecido ainda pela

proposta do desenvolvimento sustentaacutevel que insere a dimensatildeo social natildeo apenas como

finalidade mas sobretudo como variaacutevel articuladora entre o modelo econocircmico produtivo e

o desenvolvimento social como propotildee Perico (2008 p34) Esta articulaccedilatildeo seraacute estabelecida

a partir do conhecimento das intervenccedilotildees econocircmicas produtivas e da infraestrutura social e

do seu capital social O conhecimento do capital social a partir de indicadores deve fornecer

as bases para as estrateacutegias de crescimento econocircmico sustentaacutevel e o desenvolvimento social

efetivo

A confirmaccedilatildeo de correlaccedilatildeo positiva entre o capital social o desenvolvimento o

desempenho governamental e o fortalecimento das democracias tem estimulado pesquisadores

a buscar respostas para a possibilidade da construccedilatildeo do capital social Warner (2002) e

Nicholls (2009) acreditam que tanto o governo local quanto as instituiccedilotildees governamentais e

as organizaccedilotildees natildeo governamentais podem estruturar o capital social Os principais meios

pelos quais os governos locais podem contribuir para a formaccedilatildeo do capital social satildeo a

79

descentralizaccedilatildeo da execuccedilatildeo de programas e projetos concedendo agraves organizaccedilotildees sociais

essa execuccedilatildeo e mais a institucionalizaccedilatildeo de espaccedilos para a participaccedilatildeo popular para o

controle das poliacuteticas puacuteblicas e para a formaccedilatildeo de alianccedilas

A ideia de participaccedilatildeo cidadatilde transcende a noccedilatildeo de participaccedilatildeo poliacutetica e requer o

envolvimento das pessoas nas decisotildees de poliacuteticas e no controle social da gestatildeo puacuteblica ou

seja um alto niacutevel de capital social Os argumentos apresentados em favor da participaccedilatildeo

enfatizam a eficaacutecia das poliacuteticas a boa governanccedila a sustentabilidade o fortalecimento do

capital social a democratizaccedilatildeo o fortalecimento da sociedade civil e o desenvolvimento

Em relaccedilatildeo ao papel das instituiccedilotildees puacuteblicas na construccedilatildeo do capital social Warner

(2002) cita que a descentralizaccedilatildeo dos programas e o controle social das poliacuteticas e programas

compartilhados com a populaccedilatildeo aleacutem do impacto sobre o desenvolvimento do capital social

satildeo maiores quanto maior a capacidade de participaccedilatildeo da comunidade Quanto agrave capacidade

de as organizaccedilotildees sociais construiacuterem o capital social o autor admite esse poder embora

relacione algumas caracteriacutesticas verificadas em algumas comunidades que podem contribuir

para um baixo desempenho dessas organizaccedilotildees Satildeo elas a baixa capacidade associativa e

cooperativa as relaccedilotildees sociais fracas a falta de compromisso com os bens puacuteblicos ou

ainda em comunidades suscetiacuteveis de mudanccedilas em funccedilatildeo de forccedilas externas

Por fim constata-se de fato a complexidade da conceituaccedilatildeo do capital social e

sobretudo de sua aplicabilidade em um estudo teacutecnico-cientiacutefico Parte dessa complexidade

reside na necessidade do reconhecimento e da mensuraccedilatildeo das relaccedilotildees sociais estabelecidas

nos grupos e entre a sociedade civil o Estado e o mercado uma vez que todos os agentes e

atores (indiviacuteduos e organizaccedilotildees) estatildeo inseridos num contexto social Isso significa que satildeo

partes de um sistema permanente de relaccedilotildees sociais Esse sistema contiacutenuo de relaccedilotildees

sociais ao longo do tempo desenvolve suas proacuteprias normas valores e regras etc que satildeo

especiacuteficos de cada lugar e de cada regiatildeo

No contexto dessas especificidades eacute que se propotildee analisar o estoque de capital social

dos e nos territoacuterios de planejamento e a capacidade desse estoque na participaccedilatildeo do

processo de planejamento das poliacuteticas puacuteblicas na elaboraccedilatildeo dos instrumentos de

planejamento governamental e na construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de estruturas de governanccedilas

dessas poliacuteticas

A governanccedila como valor instrumental do e para o desenvolvimento eacute destacada por

Rodrik (2008) e Fukuyama (2008) que avaliam tanto o desempenho do Estado na prestaccedilatildeo

80

dos serviccedilos puacuteblicos quanto a organizaccedilatildeo social para a participaccedilatildeo democraacutetica e o controle

social

A estruturaccedilatildeo desses sistemas de governanccedila bem como seu uso como instrumento

para o desenvolvimento local e ou territorial dependem diretamente do capital social local

Desse modo o subcapiacutetulo seguinte trataraacute desse tema

42 Governanccedila e Governabilidade

Nos argumentos da teoria do desenvolvimento local endoacutegeno que enfatiza a melhoria

do desempenho da Administraccedilatildeo Puacuteblica a partir da inserccedilatildeo de outros agentes do

desenvolvimento no processo decisoacuterio o tema governanccedila (governance) se constitui um de

seus principais elementos Isto porque a proposta do desenvolvimento local como alternativa

de modelo enfatiza a pluralidade de agentes do desenvolvimento Essa pluralidade de agentes

exige clareza na coordenaccedilatildeo e nas regras do jogo base para a compreensatildeo da governanccedila

Inicialmente eacute importante entender a origem do termo governanccedila sua evoluccedilatildeo

conceitual e relaccedilatildeo com o desenvolvimento no Estado contemporacircneo A tentativa desse

resgate justifica-se pela necessidade do reconhecimento das possibilidades e dos desafios

desse instrumento analiacutetico em um modelo de desenvolvimento territorial

Etimologicamente a palavra

Governanccedila deriva-se do verbo grego kubernacircn (sic) (na realidade

xuβερνάω kubernaacuteo) que significa pilotar ou dirigir e que atraveacutes do latim

ldquogubernantiardquo chega ao castelhano antigo e ao portuguecircs ndashldquogovernanccedilardquondash

desde o francecircs ldquogouvernancerdquo (CENDOacuteN 2002 p 11 Traduccedilatildeo nossa)

O conceito de governanccedila tem sido formulado em diferentes campos do conhecimento

como na ciecircncia poliacutetica na economia na sociologia e ganhou relevacircncia na deacutecada de 1990

Embora exista uma profusa literatura sobre governanccedila natildeo haacute aqui a pretensatildeo de uma

revisatildeo extensiva e criacutetica sobre a temaacutetica O principal objetivo eacute contribuir para a discussatildeo

conceitual do que seja governanccedila e explicar a sua estruturaccedilatildeo em um sistema democraacutetico

com ldquolegitimidade miacutenima na formaccedilatildeoorientaccedilatildeo dos seus respectivos governosrdquo

81

(ARAUJO 2002 p 5)44

Desse modo as subseccedilotildees a seguir trataratildeo dos conceitos propostos

para governanccedila e governabilidade e da estruturaccedilatildeo de sistema de governanccedila

421 Conceitos de Governanccedila

O termo governanccedila ou como sugere Cendoacuten (2002 p 11) ldquoessa forma especial de

governarrdquo surge em um contexto de crise do Estado-Nacional (crise de governabilidade) cujo

primeiro registro tem sido atribuiacutedo ao Relatoacuterio para a Comissatildeo Trilateral intitulada The

Crisis of Democracy elaborado pelos cientistas poliacuteticos Samuel Huntington Michael Crozier

e Joji Watanuki em 1975 (ARAUJO 2002 SANTOS 2001 IVO 2002 e PRATS 2004) O

relatoacuterio conteacutem um diagnoacutestico as disfunccedilotildees da democracia e um conjunto de accedilotildees

estrateacutegicas e taacuteticas (o ldquoreceituaacuterio normativordquo como propotildee Ivo 2002 p3) que visava ao

fortalecimento das democracias e ao desenvolvimento equilibrado e sustentaacutevel nos paiacuteses em

desenvolvimento (HUNTINGTON et al 1975p 173)

Na deacutecada de 1980 a continuidade da discussatildeo da crise do Estado-Nacional foi

ampliada com a formaccedilatildeo de blocos econocircmicos da globalizaccedilatildeo e das reflexotildees sobre as

caracteriacutesticas do desenvolvimento endoacutegeno das poliacuteticas descentralizadas da mobilizaccedilatildeo

da pressatildeo e da organizaccedilatildeo da sociedade civil Nesse momento as agecircncias financiadoras

principalmente o Banco Mundial e o Fundo Monetaacuterio Internacional (FMI) aleacutem do Programa

das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) iniciam a produccedilatildeo de trabalhos que

orientavam a reforma administrativa e econocircmica e a praacutetica da boa governanccedila para os paiacuteses

em desenvolvimento Esse conjunto de praacuteticas e a criaccedilatildeo de novas institucionalidades que

tinham como objetivo fortalecer a democracia e a eficaacutecia dos governos para a promoccedilatildeo do

desenvolvimento equilibrado e sustentaacutevel denominado boa governanccedila fez com que o

conceito de governanccedila fosse empregado com o adjetivo ldquoboardquo ldquobuena gobernanzardquo ldquogood

governancerdquo (CENDOacuteN 2002 p12)

O Banco Mundial45

desenvolveu diversos trabalhos sobre a temaacutetica sendo o livro

Governance and Development lanccedilado em 1992 aquele que tem sido citado por autores

44

O autor considera legitimidade democraacutetica miacutenima a garantia de direitos fundamentais como a eleiccedilatildeo direta

respeito agrave oposiccedilatildeo voto secreto liberdade de expressatildeo e associaccedilatildeo pluripartidarismo e outros

45 O Banco Mundial conceitua governanccedila como uma ferramenta analiacutetica ou operacional Como ferramenta

operacional a governanccedila eacute interpretada a partir de trecircs aspectos (i) forma do regime poliacutetico (ii) processo no

qual eacute exercida a autoridade na administraccedilatildeo dos recursos econocircmicos e sociais de um paiacutes para o

82

como Santos (2001) como referecircncia para o conceito de governanccedila De acordo com a autora

governanccedila para o Banco Mundial refere-se agrave forma como eacute exercido o poder no

gerenciamento dos recursos econocircmicos e sociais de um paiacutes para o desenvolvimento

(SANTOS 2001 p8) O conceito de governanccedila para o Banco Mundial vincula-se ao

Estado e sua capacidade poliacutetica teacutecnica e institucional para a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e

acompanhamento das poliacuteticas puacuteblicas Desse modo a boa governanccedila como um conjunto de

praacuteticas buscava a estruturaccedilatildeo de uma governanccedila que fortalecesse a democracia

participativa e a governabilidade uma vez que atribui a este uacuteltimo o poder poliacutetico

institucional formal local

O Livro Branco da Comunidade Europeia conceitua governanccedila com base nas

ferramentas (regras praacuteticas processos) e nos valores essenciais (responsabilidade

transparecircncia coerecircncia eficiecircncia e eficaacutecia) disponibilizados para o grupo (LIVRO

BRANCO 2001 p8) que tambeacutem dizem respeito a ferramentas e valores essenciais para o

setor puacuteblico empreender as mudanccedilas necessaacuterias agrave participaccedilatildeo da sociedade civil

organizada e do setor produtivo na gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

O Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) reconhece a

importacircncia da gestatildeo puacuteblica e o fortalecimento da democracia para o desenvolvimento

como defendido por algumas organizaccedilotildees internacionais e sobretudo compreende a

dificuldade do diaacutelogo e aceitaccedilatildeo da estruturaccedilatildeo da governanccedila entre os paiacuteses em

desenvolvimento pela diversidade de pontos de vista e suas limitaccedilotildees Para o PNUD (1997

p9) a governanccedila trata aleacutem do setor puacuteblico do setor privado e das organizaccedilotildees da

sociedade civil Desse modo para o PNUD governanccedila eacute

O exerciacutecio da autoridade econocircmica poliacutetica e administrativa para gerir os

assuntos de um paiacutes em todos os niacuteveis Compreende os mecanismos

processos e instituiccedilotildees atraveacutes dos quais os cidadatildeos e grupos articulam

seus interesses exercer os seus direitos legais cumprem as suas obrigaccedilotildees e

mediam suas diferenccedilas (PNUD 1997 p 9)

O exerciacutecio da autoridade econocircmica natildeo deve se confundir com a autoridade poliacutetica

que por sua vez natildeo deve interferir na autoridade administrativa como se espera em um

regime democraacutetico E eacute esse reconhecimento da autoridade do outro que facilita o respeito agraves

regras instituiccedilotildees e praacuteticas necessaacuterias ao gerenciamento dos recursos econocircmicos e sociais

de um paiacutes e fundamentalmente estabelece as regras para a participaccedilatildeo de todos os agentes

desenvolvimento (iii) capacidade de planejamento e formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e a descentralizaccedilatildeo das

funccedilotildees (HYDEN e COURT 2002 p 12 traduccedilatildeo nossa)

83

do desenvolvimento na formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas Ao Estado contemporacircneo cabem o

desafio e o papel de regulador coordenador entre os diversos elementos do arranjo e

garantidor dos direitos dos cidadatildeos

Outra perspectiva teoacuterica de anaacutelise da governanccedila surge com a proposta do

desenvolvimento local sustentaacutevel da descentralizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas e dos distritos

industriais No contexto do desenvolvimento local sustentaacutevel a inspiraccedilatildeo foi a experiecircncia

da Inglaterra com o incentivo agrave inovaccedilatildeo agrave participaccedilatildeo social e descentralizaccedilatildeo das

poliacuteticas puacuteblicas (IVO 2002 p 8)

Analisando as estruturas da governanccedila dos distritos industriais Tapia (2005)

reconhece a relativa heterogeneidade das abordagens conceituais de governanccedila nos estudos

produzidos Poreacutem conseguiu enfatizar trecircs vertentes analiacuteticas a primeira trata da ecircnfase da

dimensatildeo territorial do desenvolvimento local e do papel estrateacutegico das instituiccedilotildees no

desenvolvimento a segunda discute a governanccedila no contexto do paradigma da concertaccedilatildeo

social inspirada nas experiecircncias dos Pactos Territoriais na Europa e em especial a

experiecircncia regional italiana e por fim aquela que tem inspiraccedilatildeo na teoria das organizaccedilotildees

e na administraccedilatildeo e em seu caraacuteter normativo (TAPIA 2003 p 7)

A estrutura de governanccedila dos distritos industriais baseada na teoria das organizaccedilotildees

e na praacutetica de gerenciamento de empresas privadas serviu de modelo para o setor puacuteblico na

proposta da administraccedilatildeo puacuteblica gerencial46

No Brasil o principal defensor da

administraccedilatildeo puacuteblica gerencial foi Bresser-Pereira Para esse autor a governanccedila

compreende mecanismos processos e instituiccedilotildees puacuteblicas por meio das quais o Estado

transforma suas poliacuteticas em realidades

Aleacutem de Bresser-Pereira a maioria dos autores brasileiros analisados e relacionados

do Quadro 3 entre outros conceitua governanccedila como um atributo do poder puacuteblico como

pode ser percebido nos conceitos formulados por Diniz (1997) Ferreira (1996) Oliveira

(2003) Rua (1997) Araujo (2002) e outros como Kaufmann e Kraay (2007) Desse modo a

participaccedilatildeo socialquando prevista ocorre ateacute o grau de consulta obrigatoacuteria47 como pode ser

constatado nos estudos que analisam o funcionamento dos conselhos constitucionais de

poliacuteticas puacuteblicas Esses conselhos tecircm revelado limitaccedilotildees ora pela ausecircncia das

46

As principais caracteriacutesticas da administraccedilatildeo puacuteblica gerencial podem ser encontradas em Bresser-Pereira

Luis Carlos A reforma do Estado dos anos 90 loacutegica e mecanismos de controle Cadernos MARE da Reforma

do Estado nordm 01 1997 p 42 47

De acordo com Bordenave os graus e niacuteveis de participaccedilatildeo satildeo sete Satildeo eles informativo consultivo

facultativo consultivo obrigatoacuterio elaboraccedilatildeorecomendaccedilatildeo cogestatildeo delegaccedilatildeo e autogestatildeo (BORDENAVE

2007 p31)

84

informaccedilotildees ora pela pouca capacidade teacutecnica e poliacutetica das lideranccedilas sociais para

formulaccedilatildeo e anaacutelise das poliacuteticas e negociaccedilatildeo de prioridades e alianccedilas como afirma

Albuquerque (2004 p39)

Outro enfoque conceitual analisado ressalta a dimensatildeo social com o envolvimento e a

participaccedilatildeo da sociedade civil organizada e dos cidadatildeos na formulaccedilatildeo implementaccedilatildeo e

controle das poliacuteticas puacuteblicas aleacutem do compartilhamento de atribuiccedilotildees e pesos entre os

diferentes agentes Dentre os principais autores destacam-se Pratis (1998) com o sistema

institucional formal e informal Tapia (2005) que percebe uma accedilatildeo coletiva de um sistema

de atores Amos (2010) e suas formas de cooperaccedilatildeo e Santos (2001) com o padratildeo de

articulaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo O envolvimento e a participaccedilatildeo social na formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas sem uma reforma que envolva aspectos poliacuteticos

econocircmicos instrumentais e institucionais ndash formais e informais governamentais e natildeo

governamentais fundamentalmente eacute um esforccedilo que carece de anaacutelise mais acurada e uma

maturaccedilatildeo sobre os instrumentos haja vista os riscos efetivos do fortalecimento das praacuteticas

clientelistas que possuem raiacutezes fortes e ainda robustas na cultura poliacutetica brasileira e

nordestina

No esforccedilo de anaacutelise da governanccedila urbana no Brasil Frey (2007 p141) propotildee duas

vertentes de reflexotildees teoacutericas em torno da reforma e modernizaccedilatildeo do Estado e da gestatildeo

puacuteblica e ressalta a importacircncia dessas concepccedilotildees como referencial para a anaacutelise da

governanccedila A primeira delas denominada socialdemocraacutetica caracteriza-se pela

modernizaccedilatildeo gerencial do setor puacuteblico poreacutem manteacutem o gestor isolado das pressotildees sociais

e a segunda a democraacutetico-participativa propotildee a reestruturaccedilatildeo dos mecanismos de decisatildeo

e requer novas habilidades do gestor puacuteblico tanto para a formulaccedilatildeo dos processos quanto

para a articulaccedilatildeo integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo na sua implementaccedilatildeo e controle (FREY 2007

p141)

Fundamentando-se nas duas vertentes de reflexotildees teoacutericas de Frey (2007) tornou-se possiacutevel

a identificaccedilatildeo do referencial teoacuterico da governanccedila dos textos analisados conforme mostra o

Quadro 548

48

Eacute importante esclarecer que a vertente teoacuterica natildeo estaacute sendo proposta para o autor e sim para sua expressatildeo no

texto analisado

85

Quadro 5 Autores e propostas conceituais de governanccedila e governabilidade

AUTORES GOVERNANCcedilA GOVERNABILIDADE CONTEXTO

BrasilPresidecircncia

da Repuacuteblica

(1995)

Capacidade de implementar as poliacuteticas

puacuteblicas Poder para governar

Luiz C Bresser-

Pereira (1997)

Capacidade efetiva de que o Governo dispotildee

para transformar suas poliacuteticas em realidades Aspectos poliacuteticos

Caio MMFerreira

(1996)

Capacidade de implementaccedilatildeo das

transformaccedilotildees necessaacuterias

Condiccedilotildees de legitimidade de um determinado

governo para empreender as transformaccedilotildees

necessaacuterias

Gustavo J de

Oliveira (2003)Forma como eacute exercido o poder

Condiccedilotildees de legitimidade e sustentaccedilatildeo poliacutetica

que um governo tem para exercer o poder

Eli Diniz (1997)

Capacidade de accedilatildeo estatal na implementaccedilatildeo

das poliacuteticas e na consecuccedilatildeo das metas

coletivas Refere-se ao conjunto de

mecanismos e procedimentos para lidar com a

dimensatildeo participativa e plural da sociedade

()

Refere-se agraves condiccedilotildees sistecircmicas mais gerais

sob as quais se daacute o exerciacutecio do poder em uma

dada sociedade tais como as caracteriacutesticas do

regime poliacutetico() a forma de governo () as

relaccedilotildees entre os poderes () os sistemas

partidaacuterios () entre outras

Viniacutecius de C

Araujo (2002)

Capacidade que um determinado governo tem

para formular e implementar as suas poliacuteticas

Refere-se agraves proacuteprias condiccedilotildees

substantivasmateriais de exerciacutecio do poder e de

legitimidade do Estado e do seu governo

derivadas da sua postura diante da sociedade

civil e do mercado

Maria da G Rua

(1997)Rotinas de gerenciamento despolitizado

Dimensatildeo propriamente poliacutetica do processo de

governo

Joan Prats i Catalaacute

(1998)

Sistema institucional - formal e informal - que

demarca a accedilatildeo dos atores sociais -

governamentais e natildeo governamentais

Capacidade de um sistema democraacutetico para se

autogovernar e enfrentar positivamente os

desafios e as oportunidades

Maria Helena de

C Santos (2001)

Padratildeo de articulaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre

atores sociais e politicos e arranjos institucionais

que coordenam e regulam transaccedilotildees dentro e

pelas fronteiras do sistema econocircmico

Capacidade de um sistema poliacutetico em produzir

poliacuteticas puacuteblicas que resolvam os problemas da

sociedade ou a capacidade dos governos de

converter o potencial poliacutetico de um dado

conjunto de instituiccedilotildees e praacuteticas poliacuteticas em

capacidade de definir implementar e sustentar

poliacuteticas

Democraacutetico-

Participativo

Socialdemocraacutetico

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

Kersbergen e Waarden (2004) revisaram os diferentes conceitos de governanccedila e

entre outras conclusotildees afirmaram que as caracteriacutesticas usadas satildeo comuns a todas as

interpretaccedilotildees poreacutem as abordagens satildeo diferentes (Kersbergen e Waarden 2004 p151)

Para esses autores haacute pouca teoria sobre os temas poreacutem muita confusatildeo conceitual

(KERSBERGEN e WAARDEN 2004 p144) Para Araujo (2002) natildeo haacute uma definiccedilatildeo

clara de governabilidadegovernanccedila e a variaccedilatildeo conceitual depende da orientaccedilatildeo

ideoloacutegica do autor (ARAUJO 2002 p 6) De fato percebe-se que os termos estado e

governo satildeo as palavras-chave dos conceitos apresentados e que haacute uma tendecircncia da

86

vinculaccedilatildeo dos termos governanccedila e governabilidade com o poder do Estado e concentraccedilatildeo

da anaacutelise na dimensatildeo teacutecnica por meio da necessidade de ajustes do aparelho do Estado

Outros autores interpretam a governanccedila como uma qualidade do sistema poliacutetico e

referem-se a disposiccedilotildees comportamentais em vez de capacidades teacutecnicas (HYDEN e

COURT 2002 p13)

Essa disposiccedilatildeo comportamental estaacute diretamente ligada agrave cultura poliacutetica e

consequentemente ao controle democraacutetico de uma sociedade Portanto aplica-se tanto ao

poder puacuteblico para adotar os princiacutepios da boa governanccedila49

ou de novas habilidades

gerenciais como a flexibilidade a articulaccedilatildeo e a cooperaccedilatildeo quanto agrave populaccedilatildeo para a

mobilizaccedilatildeo a organizaccedilatildeo e a participaccedilatildeo50

Dessa forma governanccedila se estabelece em um

cenaacuterio onde haacute liberdade poliacutetica e confianccedila ou seja onde haacute capital social Desse modo o

sistema de governanccedila eacute possiacutevel onde haacute estoque de capital social Visando a uma melhor

compreensatildeo de um sistema de governanccedila a subseccedilatildeo a seguir abordaraacute a estruturaccedilatildeo de

sistema de governanccedila

422 Estruturaccedilatildeo de Sistema de governanccedila

Ao longo desta seccedilatildeo pretende-se descrever um sistema de governanccedila Para tanto e

considerando a profusatildeo de conceitos de governanccedila e de governabilidade adota-se neste

ensaio a governanccedila como um sistema apoiado por sua legitimidade conferida pelo sistema

democraacutetico constituiacutedo pelas instituiccedilotildees normas e procedimentos que permitem a

mobilizaccedilatildeo o envolvimento e a participaccedilatildeo efetiva da sociedade e do setor privado no

planejamento na formalizaccedilatildeo e na implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas e das accedilotildees

governamentais A Figura 3 esquematiza a proposta do sistema da governanccedila no Estado

contemporacircneo

O sistema eacute formado por todos os agentes do desenvolvimento (Estado mercado e

sociedade) e pelos instrumentos e regramentos utilizados por estes agentes para assegurar a

formalizaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas que se apoiam na estrutura

49

Segundo o Livro Branco das Comissotildees das Comunidades Europeias satildeo cinco os princiacutepios em que se baseia

a boa governanccedila a abertura que propotildee mais transparecircncia e linguagem acessiacutevel ao grande puacuteblico a ampla

participaccedilatildeo a responsabilizaccedilatildeo de cada agente por seus papeacuteis a eficaacutecia assegurando as respostas das

pressotildees sociais e a coerecircncia das accedilotildees com o sistema e a proposta de desenvolvimento (2007 p11) 50

Para Dowbor (1999 p79) somos um paiacutes sem cultura participativa e a transformaccedilatildeo do niacutevel de consciecircncia

eacute lenta

87

poliacutetico-administrativa do Estado na capacidade de negociaccedilatildeo dos agentes e sobretudo na

capacidade de mobilizaccedilatildeo de organizaccedilatildeo da sociedade civil e de disposiccedilatildeo para participar

do processo (capital social)

Esse sistema de governanccedila assegura a governabilidade aqui entendida como a

capacidade sistecircmica desenvolvida pela estrutura da governanccedila para a gestatildeo efetiva e o

alcance das metas estabelecidas

Figura 3 Sistema da Governanccedila no Estado contemporacircneo

FonteAdaptaccedilatildeo de Bustamante Rocionegowatorg

GOVERNABILIDADE

GOVERNANCcedilA

Estado Sociedade Civil

Dimensatildeo

Normativa

(poliacutetica-

administrativa)

Dimensatildeo da

negociaccedilatildeo Dimensatildeo de

Organizaccedilatildeo

Mobilizaccedilatildeo e

empoderamento

Mercado

Formulaccedilatildeo Implementaccedilatildeo e

Controle Social das poliacuteticas

Puacuteblicas

Segundo Frisken e Norris (2001 p468) quanto maior a horizontalidade do arranjo ou

dos componentes do sistema mais facilitada eacute a cooperaccedilatildeo e a participaccedilatildeo Desse modo em

sociedades caracterizadas por forte concentraccedilatildeo de poder de desigualdades sociais e de

precariedade da cidadania a estruturaccedilatildeo da governanccedila eacute um dos maiores desafios

O conceito de governanccedila vem sendo construiacutedo como uma categoria analiacutetica tanto

na economia quanto na ciecircncia poliacutetica Prats (2006) acredita que a conceituaccedilatildeo de

governanccedila e sua importacircncia para o desenvolvimento se originaram entre outros fatores do

88

reconhecimento de que a eficaacutecia e a eficiecircncia da gestatildeo puacuteblica natildeo dependem somente da

accedilatildeo do governo mas tambeacutem das institucionalidades da participaccedilatildeo da sociedade civil e

de novos instrumentos analiacuteticos como o capital social Pesquisas empiacutericas de Putnam (2006)

confirmaram a correlaccedilatildeo positiva entre capital social e desempenho institucional

O reconhecimento dos processos de planejamento bem como das instituiccedilotildees que

subsidiaram e que subsidiam as propostas das poliacuteticas de desenvolvimento regional ao longo

desses quase sessenta anos eacute o desafio de anaacutelise proposta no capiacutetulo seguinte

89

5 PLANEJAMENTO EM SERGIPE

ldquoO mercado eacute muito compatiacutevel com a

liberdade mas obviamente eacute um produtor

de desigualdades E para que as

desigualdades sejam aceitas eacute preciso que

elas partam do mesmo lugar O homem eacute

naturalmente diferente Ningueacutem quer a

igualdade no final noacutes queremos a

igualdade no comeccedilo O resultado final eacute

diferenciado mesmordquo (DELFIN NETO

2008 p8)

90

5 PLANEJAMENTO EM SERGIPE

O planejamento do desenvolvimento como processo de decisatildeo compartilhada e

objetivos comuns direcionados para mudar a realidade e ou as condiccedilotildees de uma regiatildeo

fundamenta-se em uma complexa rede que exige natildeo apenas a estabilidade econocircmica e

poliacutetica mas sobretudo estruturas de governanccedilas capazes natildeo soacute de reconhecer as etapas do

processo mas assegurar sua continuidade no tempo e no espaccedilo

Para tanto ao longo dos primeiros capiacutetulos recorreu-se agraves contribuiccedilotildees teoacutericas

sobre regiatildeo regionalizaccedilatildeo planejamento desenvolvimento capital social e governanccedila O

objetivo das contribuiccedilotildees teoacutericas eacute facilitar a explicaccedilatildeo natildeo apenas da construccedilatildeo

acadecircmica das categorias geograacuteficas regiatildeo e territoacuterio e dos processos derivados

regionalizaccedilatildeo regionalismo territorializaccedilatildeo e territorialidade como tambeacutem da apropriaccedilatildeo

dessas categorias como unidades de planejamento do desenvolvimento e gestatildeo de poliacuteticas e

programas

Desse modo pretende-se resgatar a trajetoacuteria do planejamento do desenvolvimento

regional em Sergipe com a finalidade de explorar o papel do Estado e das poliacuteticas puacuteblicas

na construccedilatildeo ou desconstruccedilatildeo do capital social na linha interpretativa neoinstitucionalista

do capital social

Nesse sentido este capiacutetulo trata da histoacuteria do planejamento e das institucionalidades

do planejamento em Sergipe tomando por base a institucionalidade maior do planejamento

regional ndash a Sudene e seu impacto sobre o capital social Pelo reconhecimento do modelo

autoritaacuterio e centralizador da Companhia Hidro Eleacutetrica do Satildeo Francisco (Chesf) e pelos

resultados empiacutericos de fortalecimento de capital social dos atingidos por barragens avalia-se

o papel desta institucionalidade na destruiccedilatildeo e (re)construccedilatildeo de capital social regional e em

Sergipe

91

51 Relevacircncia das instituiccedilotildees puacuteblicas de desenvolvimento regional na construccedilatildeo ou

destruiccedilatildeo de capital social em Sergipe

O contexto que justifica o breve exame de institucionalidades de desenvolvimento

regional neste trabalho eacute a perspectiva da contribuiccedilatildeo do planejamento e da execuccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas no fortalecimento do capital social especialmente em Sergipe A

Superintendecircncia do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) a Companhia Hidreleacutetrica do

Satildeo Francisco (Chesf) foram os oacutergatildeos de desenvolvimento regional selecionados para a

breve avaliaccedilatildeo A Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste por ser o oacutergatildeo

principal e pioneiro na aplicaccedilatildeo do planejamento regional como instrumento para o

desenvolvimento e a Companhia Hidreleacutetrica do Satildeo Francisco pela experiecircncia empiacuterica na

destruiccedilatildeo e fortalecimento do capital social dos atingidos por barragens

511 A Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste a essecircncia do planejamento

regional brasileiro

A criaccedilatildeo da Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste51

(Sudene) eacute um

marco tanto no planejamento regional brasileiro quanto na concepccedilatildeo do Nordeste como uma

macrorregiatildeo com potencialidades ambientais e socioeconocircmicas fragilidades e limitaccedilotildees

ambientais e socioeconocircmicas (BARROS 1975 COHN 1976 SILVA FILHO 1997

GARCIA 1999 CARVALHO 2001 SILVA 2002 OLIVEIRA 2003 MATTEO et al

2013) Para outros autores o planejamento regional brasileiro se confunde com a criaccedilatildeo da

Superintendecircncia do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) (ALBUQUERQUE e

CAVALCANTE 1978 PERIDES 1994 LAFER 1975)

Na visatildeo de Cano (1994 p 312) o papel do Estado foi muito vigoroso seja direta

seja indiretamente por meio da criaccedilatildeo de mecanismos como incentivos fiscais implantaccedilatildeo

de plantas industriais e ainda como destacam Geiger (2001) e Souza (1979) da criaccedilatildeo de

instituiccedilotildees voltadas especificamente para a gestatildeo regional

51

A Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) eacute uma autarquia federal especial vinculada

atualmente ao Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional com sede na cidade de Recife capital de Pernambuco Eacute

gerido por um Superintendente cuja indicaccedilatildeo obedece a criteacuterio poliacutetico e natildeo por eleiccedilatildeo democraacutetica entre as

institucionalidades e agentes do desenvolvimento regionalA Sudene foi instituiacuteda pela Lei nordm 3692 de 15 de

dezembro de 1959 e na sua primeira fase vinculou-se agrave Presidecircncia da Repuacuteblica

92

O papel da Sudene na economia e no desenvolvimento regional tem sido mateacuteria de

estudo de diferentes autores como Oliveira (1977) Carvalho (1979) Souza (1979) Andrade

(1970 1986 1993 2011) Diniz Filho e Bessa (1995) Cano (1994) Garcia (1999) Carvalho

(2001 2006 2008) Geiger (2001) e tantos outros Nesta pesquisa a avaliaccedilatildeo concentrou-se

em questotildees consideradas relevantes para a compreensatildeo do desempenho institucional na

gestatildeo da poliacutetica regional que contribuiacutesse para a construccedilatildeo ou natildeo de capital social

Motivada pela afirmativa de Cano (1994) da importacircncia do Estado na criaccedilatildeo da

Sudene o primeiro ponto a ser avaliado eacute o papel das forccedilas populares e das pressotildees sociais

nas tomadas de decisotildees poliacuteticas na Sudene De acordo com Souza (1979 p151) natildeo foi

faacutecil o nascimento da Sudene Segundo ele desde o iniacutecio se estabeleceu viva e generalizada

controveacutersia sobre o oacutergatildeo cuja discussatildeo envolveu poliacuteticos imprensa militares estudantes e

sacerdotes Para Souza (1979) ainda os poliacuteticos e os governos locais natildeo se apresentaram

unidos em favor da criaccedilatildeo do oacutergatildeo Desse modo e de pronto percebe-se que a criaccedilatildeo da

Sudene era pauta da agenda poliacutetica do Governo Central e natildeo dos governos estaduais

No entanto Bastos (1984) afirma que a partir de 1955 a ideia de marginalidade do

Nordeste no processo de expansatildeo do capitalismo e a necessidade de urgentes medidas para

solucionar a situaccedilatildeo forneceram espaccedilos poliacuteticos para a mobilizaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de

categorias como os camponeses e trabalhadores rurais e para a elaboraccedilatildeo de demandas As

Ligas Camponesas cuidadosamente analisadas por Bastos (1984) demonstraram um

movimento reivindicativo dos camponeses e trabalhadores rurais principalmente no estado

de Pernambuco

Andrade (1989 p 25) contudo descreve que as lutas camponesas e dos agricultores

mereceram pouca ou nenhuma atenccedilatildeo dos partidos poliacuteticos e que no momento da criaccedilatildeo

da Sudene o Partido Comunista do Brasil levantou como bandeira a organizaccedilatildeo do

movimento operaacuterio-camponecircs como forccedila mobilizadora para a revoluccedilatildeo comunista

Corroborando Andrade Cohn (1976 p 86) afirma que se atribuiu significacircncia a um

movimento social reivindicativo de trabalhadores sem iniciativa sem conhecimento sem

informaccedilatildeo e accedilatildeo poliacutetica como foi o caso das Ligas Camponesas cuja atuaccedilatildeo era de

poliacuteticos partidaacuterios e natildeo de organizaccedilotildees sociais com capacidade de participaccedilatildeo poliacutetica

Aliado a isso o modelo de gestatildeo burocraacutetico tradicional de toda a Administraccedilatildeo

Puacuteblica brasileira adotado pela Sudene caracterizado pela centralizaccedilatildeo administrativa e

poliacutetica formalismo rigidez de procedimentos e desconfianccedila nas relaccedilotildees entre o governo e

os cidadatildeos como diz Beltratildeo (2002 p30) natildeo contribuiu para a participaccedilatildeo social

93

Corroborando Beltratildeo (2009) Silva Filho (2009 p15) sistematiza a atuaccedilatildeo do oacutergatildeo

de planejamento regional em trecircs momentos (i) de autonomia absoluta ndash de 1959 a 1964 (ii)

de centralizaccedilatildeo parcial ndash de 1964 a 1979 e (iii) de centralizaccedilatildeo total ndash de 1979 a 2001 A

anaacutelise desses momentos agrave luz da interpretaccedilatildeo conceitual de centralizaccedilatildeo e autonomia

adotada nesta pesquisa reavaliou o planejamento da Sudene classificando-o nas seguintes

fases de 1959 a 1964 ndash de centralizaccedilatildeo total do poder decisoacuterio das funccedilotildees e tarefas uma

vez que se apreendia autonomia absoluta de 1964 a 1979 ndash de centralizaccedilatildeo parcial do poder

decisoacuterio e centralizaccedilatildeo total da funccedilatildeo e das tarefas do planejamento regional e de 1979 ateacute

os dias atuais ndash de centralizaccedilatildeo do planejamento institucional

O relato de Souza (1997 p 156) amplia a compreensatildeo dessa centralizaccedilatildeo

administrativa e expressa um planejamento baseado em um conhecimento superficial das

realidades e potencialidades nordestinas sobretudo humanas Na praacutetica a participaccedilatildeo

social e de profissionais locais no planejamento do desenvolvimento regional a

descentralizaccedilatildeo e a integraccedilatildeo das accedilotildees da Sudene com outros oacutergatildeos nunca ocorreram De

acordo com Silva (2002 p 28) nunca prosperou no Brasil qualquer tipo de estrutura

descentralizada de poder

O reconhecimento das limitaccedilotildees do planejamento do desenvolvimento regional pode

ser observado pelo hiato que ainda separa o Nordeste das regiotildees mais ricas do paiacutes

demonstrado por uma seacuterie de indicadores sociais Para exemplificar esse hiato seratildeo

apresentados indicadores como a taxa () de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais

de idade o percentual () de vulneraacuteveis agrave pobreza o Iacutendice de Theil-L52

e do Iacutendice de

Desenvolvimento Humano (IDH) para o Brasil e as grandes regiotildees para o ano de 2010

(Tabela 1)

52

O Iacutendice de Theil-L mede a desigualdade na distribuiccedilatildeo de indiviacuteduos segundo a renda domiciliar per capita

excluiacutedos aqueles com renda domiciliar per capita nula Eacute o logaritmo da razatildeo entre as meacutedias aritmeacutetica e

geomeacutetrica da renda domiciliar per capita dos indiviacuteduos sendo nulo quando natildeo existir desigualdade de renda

entre eles e tendente ao infinito quando a desigualdade tender ao maacuteximo (PNUDAtlas de Desenvolvimento

Humano 2013)

94

Tabela 1 Brasil e Grandes Regiotildees

Indicadores sociais

2013

Brasil e Grandes

Regiotildees

Taxa de

Analfabetismo

da populaccedilatildeo de

15 anos ou mais

de idade

IDHM

de

vulneraacuteveis agrave

pobreza

Iacutendice de Theil-

L

Nordeste 2003 0660 5493 072

Norte 1123 0680 4683 070

BRASIL 961 0727 3256 068

Centro-Oeste 687 0750 2351 060

Sudeste 625 0750 2352 058

Sul 497 0760 1690 049

Fonte PNUD Atlas de Desenvolvimento Humano 2013

Os dados do Atlas de Desenvolvimento Humano de 2013 demonstram que os piores

resultados dos indicadores sociais ainda satildeo encontrados no Nordeste Mesmo reconhecendo

que o processo educacional pede tempo acredita-se que a escolarizaccedilatildeo pede esforccedilo e

empenho do indiviacuteduo mas sobretudo do Estado que deve oportunizar a esses o acesso agrave

escola e a uma educaccedilatildeo de qualidade Infelizmente mais de meio seacuteculo natildeo foi suficiente

para que o Estado fornecesse as condiccedilotildees necessaacuterias agrave melhoria do niacutevel de escolarizaccedilatildeo no

Nordeste O empenho ou melhor a falta de empenho dos governos em especial de Sergipe

neste item seraacute exemplificada quando da anaacutelise do oacutergatildeo de planejamento estadual

O enfoque institucionalista do planejamento do desenvolvimento regional e partindo

da pressuposiccedilatildeo impliacutecita de um Estado controlado pelas estruturas poliacuteticas

fundamentalmente alicerccediladas em valores que favorecem o clientelismo o mandonismo e a

corrupccedilatildeo e sem nenhuma articulaccedilatildeo eacute difiacutecil imaginar a estruturaccedilatildeo de uma

institucionalidade transformadora e mais difiacutecil ainda eacute a sua sobrevivecircncia De acordo com

Souza (1997 p 159) Leite (2011 p2) e Guimaratildees Neto (1997 p 90) o temor de perder

estiacutemulos fiscais financeiros e poliacuteticos sempre ameaccedilou e inquietou diferentes setores que

tecircm resistido agraves mudanccedilas Portanto

Uma sociedade caracterizada por uma rede local de detentores de poder

pouco articulada com interesses estabelecidos no status quo iraacute dificultar a

sobrevivecircncia de um aparato do Estado coerente e coeso Da mesma forma a

ausecircncia de um aparato do Estado coerente torna menos provaacutevel que a

sociedade civil vaacute se auto-organizar de uma forma melhor do que os frouxos

laccedilos de lealdade existentes (EVANS1998 p 78)

95

Eacute igualmente pouco comum a auto-organizaccedilatildeo e o controle de poliacuteticas puacuteblicas de

uma sociedade tatildeo dependente do Estado natildeo apenas na prestaccedilatildeo dos serviccedilos essenciais

como na oportunidade de ldquoempregordquo na Administraccedilatildeo Puacuteblica como eacute o caso da maioria dos

municiacutepios sergipanos Para mudar esse quadro de dependecircncia satildeo necessaacuterios cidadatildes e

cidadatildeos agentes poliacuteticos conscientes e natildeo atores ldquomanipuladosrdquo para o controle social53

Aleacutem disso satildeo necessaacuterias decisotildees poliacuteticas que respondam agraves demandas recorrentes tanto

no debate quanto na agenda poliacutetica (puacuteblica) e natildeo a interesses poliacuteticos outros Romper a

ineacutercia das forccedilas sociais em nosso paiacutes eacute tatildeo importante para promover mudanccedilas sociais

quanto para uma reforma na Administraccedilatildeo Puacuteblica em todos os niacuteveis de governo

Reafirmando que natildeo era pretensatildeo desta pesquisa a avaliaccedilatildeo de desempenho da

Sudene e sim dos processos sociais e poliacuteticos na perspectiva da formaccedilatildeo ou do

fortalecimento do capital social regional os fatos que motivaram sua extinccedilatildeo e recriaccedilatildeo

permitiram algumas reflexotildees preliminares uma vez que tambeacutem natildeo haacute propoacutesito no

esgotamento da discussatildeo Na primeira as denuacutencias de corrupccedilatildeo o esgotamento de um

modelo de financiamento do desenvolvimento regional a falta de mobilizaccedilatildeo da sociedade

da imprensa e dos poliacuteticos para defender a natildeo extinccedilatildeo do oacutergatildeo e as dificuldades na

implementaccedilatildeo dos planos satildeo fortes argumentos para acreditar na perda de confianccedila da

sociedade na institucionalidade e em seu papel no desenvolvimento regional e

consequentemente na formaccedilatildeo de capital social

Na segunda a retomada do planejamento do desenvolvimento deve ser um projeto

nacional como defende Egler (1993) Arauacutejo (1999a 1999b) Unger (2009) e sobretudo

como preconizado na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 A recriaccedilatildeo da Sudene se constituiu em

uma decisatildeo poliacutetica que natildeo pode se sobrepor aos preceitos constitucionais e ao interesse da

populaccedilatildeo O subcapiacutetulo a seguir relata brevemente a experiecircncia de fortalecimento do

capital social da Companhia Hidro Eleacutetrica do Satildeo Francisco (Chesf) valendo-se de sua

poliacutetica de reassentamento das populaccedilotildees atingidas por suas intervenccedilotildees

53

Controle social entendido como um conjunto de mecanismos e procedimentos que garantem agrave sociedade

informaccedilotildees representaccedilotildees teacutecnicas e participaccedilatildeo nos processos de formulaccedilatildeo de poliacuteticas de planejamento e

de avaliaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (Artigo 3ordm inciso IV da Lei nordm 114452007)

96

512 Companhia HidroEleacutetrica do Satildeo Francisco da geraccedilatildeo da energia ao

fortalecimento do capital social dos atingidos por barragens

Na deacutecada de 1940 o governo brasileiro motivado pelas experiecircncias internacionais

de planejamento regional cria instituiccedilotildees e programas voltados para o desenvolvimento de

aacutereas-problemas Satildeo exemplos de instituiccedilotildees criadas para desenvolver o Vale do Satildeo

Francisco a Comissatildeo do Vale do Satildeo Francisco (CVSF) e a Companhia Hidro Eleacutetrica do

Satildeo Francisco (Chesf) Costa (1971 p248) defendeu que na deacutecada de 1940 o Vale do Satildeo

Francisco foi ressaltado tanto como uma aacuterea estrateacutegica quanto como uma alternativa para o

desenvolvimento do Nordeste e consequentemente nacional seja pela viabilidade da

agricultura irrigada seja pelo potencial hidroeleacutetrico Guimaratildees Neto (2010 p 50) na

mesma linha considera que a criaccedilatildeo da CVSF como da Chesf e do BNB eacute resultado da

maturaccedilatildeo que o encaminhamento de soluccedilotildees para a questatildeo regional requeria Oliveira

(2001 p 11) tece suas consideraccedilotildees a respeito da criaccedilatildeo da Chesf no contexto do papel do

Estado Segundo esse autor a criaccedilatildeo dessa instituiccedilatildeo torna-se possiacutevel pela transiccedilatildeo do

Estado oligaacuterquico para um Estado mais complexo intervencionista e promotor do

desenvolvimento econocircmico e a Chesf seria um agente de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento

regional

Todos esses argumentos consolidam a iniciativa da criaccedilatildeo da Companhia Hidro

Eleacutetrica do Satildeo Francisco (Chesf) como oacutergatildeo de desenvolvimento regional e o papel do

Estado como interventor do desenvolvimento

A anaacutelise desenvolvida neste subcapiacutetulo natildeo procura ressaltar o papel da Chesf no

desenvolvimento regional O foco da anaacutelise eacute o papel da Chesf na formaccedilatildeo de capital social

regional valendo-se da compreensatildeo da poliacutetica de relaccedilotildees sociais institucional para a

execuccedilatildeo das accedilotildees de construccedilatildeo de barragens reservatoacuterios e demais intervenccedilotildees em rios

para fins de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica

A Companhia foi criada54

para efetivar o aproveitamento da energia hidraacuteulica do rio

Satildeo Francisco e fornecer a energia eleacutetrica necessaacuteria ao desenvolvimento sobretudo

industrial da regiatildeo Segundo Andrade (1970 p 123) na deacutecada de 1960 a energia

constituiu-se em um grande fator limitante ao desenvolvimento industrial

54

Nos termos do Decreto-Lei n 8031 de 3 de outubro de 1945 o Ministeacuterio da Agricultura foi autorizado a

organizar a Companhia Hidro Eleacutetrica do Satildeo Francisco com a finalidade de aproveitar progressivamente o

potencial de energia hidraacuteulica do Rio Satildeo Francisco para a geraccedilatildeo de energia eleacutetrica

97

No que concerne agrave estrutura organizacional Oliveira (2001 p 16 17) descreve que a

Companhia adotou um modelo estritamente industrial com elevado grau de autonomia

econocircmico-financeira poder teacutecnico eficaacutecia empreendedora e sobretudo pela ausecircncia ou

debilidade de controles sociais e poliacuteticos existentes

A poliacutetica centralizadora da Chesf altamente autoritaacuteria nas relaccedilotildees sociais e

extremamente degradadora dos sistemas ambientais causando significativos e irreversiacuteveis

impactos sociais e ambientais eacute reconhecida tambeacutem por Rebouccedilas (1992 p 38) que

acrescenta a esse autoritarismo a forma mecanizada de implantaccedilatildeo dos empreendimentos e o

descaso com a poliacutetica de reassentamento

A construccedilatildeo de barragens de reservatoacuterios e demais intervenccedilotildees em rios para fins

de geraccedilatildeo de energia eleacutetrica ou regularizaccedilatildeo de vazotildees em qualquer parte do mundo

impacta as condiccedilotildees sociais culturais e ambientais locais e ateacute regionais Para Garcecircz (1978

p35) e Schaeffer (1987 p44) quanto maior o porte do empreendimento hidraacuteulico

construiacutedo tanto maior as alteraccedilotildees nas condiccedilotildees naturais locais e regionais Schaeffer

(1987 p43) relaciona como principais fatores causadores desses impactos ambientais55

o

deslocamento de populaccedilotildees das aacutereas a serem inundadas as alteraccedilotildees na qualidade e regime

das aacuteguas a criaccedilatildeo de novas paisagens mudanccedila na hidrologia com a regularizaccedilatildeo da vazatildeo

dos rios entre outras

Embora reconhecendo a importacircncia desse conjunto de fatores causadores de impactos

ambientais nas fases de construccedilatildeo e operaccedilatildeo de centrais ou sistemas hidreleacutetricos no

contexto da finalidade dessa pesquisa a anaacutelise natildeo mereceraacute mais comentaacuterios Entretanto a

forma como o empreendedor planeja e executa o reassentamento das populaccedilotildees residentes

nas aacutereas a serem inundadas e mitiga os impactos daquelas diretamente afetadas pelas

alteraccedilotildees do regime das aacuteguas e da hidrologia que deflagram essas modificaccedilotildees e

sobretudo interfere nos laccedilos e nas relaccedilotildees sociais eacute a variaacutevel mais importante e foco da

avaliaccedilatildeo

Fundamentando-se nos estudos de Garcecircz (1978) Andrade (1984 2011) Schaeffer

(1987) Sigaud (19871992) Rebouccedilas (1992) Galvatildeo (1999) Bortoleto (2001) Viana

(2003) Bermann (2007) Guerra (2008) Sevaacute (2008) Scott (2009) pode-se inferir que na

histoacuteria do planejamento dos grandes projetos hidreleacutetricos a questatildeo social dos atingidos

55

Considera-se impacto ambiental nos termos do artigo 1ordm da Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA) qualquer alteraccedilatildeo das propriedades fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do meio ambiente

causada por qualquer forma de mateacuteria ou energia resultante das atividades humanas que direta ou

indiretamente afetam a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo as atividades sociais e econocircmicas a

biota as condiccedilotildees esteacuteticas e sanitaacuterias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais

98

principalmente daqueles diretamente afetados foi uma variaacutevel pouco significativa para a

tomada de decisatildeo da Chesf Essa insignificacircncia ou descaso como prefere Rebouccedilas (1992 e

2000) eacute demonstrado tanto na ausecircncia da participaccedilatildeo dos futuros atingidos ou

representantes desses nas discussotildees das alternativas locacionais do barramento quanto na

tomada de decisatildeo a respeito da formataccedilatildeo do programa de reassentamento56

das populaccedilotildees

para outras aacutereas no modelo do reassentamento ou na ausecircncia de medidas preventivas em

relaccedilatildeo agrave destruiccedilatildeo da estrutura social e dos valores culturais existentes na aacuterea a ser

inundada sem uma anaacutelise socioloacutegica e antropoloacutegica adequada Somando-se a essa ausecircncia

da inserccedilatildeo da questatildeo social no planejamento da obra a qualidade dos estudos ambientais57

o momento de sua elaboraccedilatildeo (que deveria ser anterior a qualquer tipo de intervenccedilatildeo na aacuterea

selecionada) e o papel emprestado aos estudos ambientais de viabilizar e ou validar as

decisotildees assumidas pelo empreendedor contribuiacuteram para a ampliaccedilatildeo dos impactos ou dos

efeitos sociais perversos relacionados a grandes projetos hidreleacutetricos em especial

construiacutedos ao longo do rio Satildeo Francisco

Para Sigaud (1987 p 4) o que se convencionou chamar de ldquoavaliaccedilatildeo de impactos

sociaisrdquo (destaque do autor) eacute na verdade uma avaliaccedilatildeo para estabelecer as medidas

minimizadoras ou mitigadoras dos impactos de uma decisatildeo jaacute tomada e em curso

Analisando os impactos ambientais sobre as comunidades atingidas Sigaud descreve que

Os efeitos de um acontecimento como o avanccedilo das aacuteguas sobre as terras de

cultivos natildeo estatildeo contidos apenas no acontecimento em si mas satildeo

mediatizados pelas relaccedilotildees que os grupos sociais concretos mantecircm com o

territoacuterio (SIGAUD 1992 p1)

As relaccedilotildees que os grupos sociais concretos (pescadores comunidades indiacutegenas

camponeses58

agricultores familiares moradores de cidades ribeirinhas) mantinham com o

territoacuterio ndash cujo elemento de identidade desses grupos em relaccedilatildeo ao espaccedilo habitado era o

rio Satildeo Francisco ndash satildeo destruiacutedas com o deslocamento compulsoacuterio desses A

desterritorializaccedilatildeo sofrida por esses grupos imposta pelo Estado desencadeou uma seacuterie de

conflitos entre as diferentes forccedilas sociais como disse Rebouccedilas (1992 p39) e interferiu

diretamente no capital social desses O deslocamento da populaccedilatildeo que ali residia para outras

56

O programa de reassentamento que prevecirc o deslocamento das populaccedilotildees da aacuterea a ser inundada para outra foi

denominada por Sigaud (1987) de deslocamento compulsoacuterio Para esse autor uma vez que a populaccedilatildeo a ser

atingida natildeo participa e portanto natildeo interfere na tomada de decisatildeo essa populaccedilatildeo se constitui em um

problema para o qual eacute buscada uma soluccedilatildeo qualquer e a qualquer preccedilo

57 O primeiro Estudo de Impacto Ambiental (EIA) realizado no Brasil foi para o projeto da Barragem de

Sobradinho no Estado da Bahia em 1972 58

Sigaud (1992) definiu camponecircs como pequeno produtor que trabalhava em regime de economia familiar e

esclareceu que a afirmaccedilatildeo de que esses constituiacuteam a maior parte da populaccedilatildeo deslocada se amparava na

informaccedilatildeo veiculada pelos documentos das empresas do setor eleacutetrico de que se tratava de populaccedilotildees rurais

99

aacutereas distantes do rio aleacutem de justificar o termo deslocamento compulsoacuterio dificultou o

processo de (re)territorializaccedilatildeo como movimento indissociaacutevel da desterritorializaccedilatildeo Essa

dificuldade ocorreu e continua a ocorrer seja pela destruiccedilatildeo da territorialidade dos grupos

dos valores culturais e histoacutericos e das atividades produtivas tradicionais seja pela

desagregaccedilatildeo dos grupos familiares e vicinais que natildeo participaram das discussotildees e se

submeteram a um processo de organizaccedilatildeo do espaccedilo estruturado pelo Estado e permeado por

situaccedilotildees de desencontros estranhezas e resistecircncias Esses processos nos barramentos do rio

Satildeo Francisco sobretudo em Sobradinho e Itaparica localizados entre os estados da Bahia e

de Pernambuco (PEBA) foram registrados por Sigoud (1987 1992) por Lima (1992)

Galvatildeo (1999) Sevaacute (2008) Scott (2009) e outros autores que descrevem a dramaacutetica

desterritorializaccedilatildeo e reterritorializaccedilatildeo ocorrida De acordo com Lima

Um traccedilo social caracteriacutestico do reassentamento de Itaparica tem sido a

desestruturaccedilatildeo dos antigos laccedilos sociais que permeavam na cidade

inundada Eacute recorrente esse sentimento entre os reassentados durante toda a

pesquisa Tanto nas agrovilas como na vida urbana de Petrolacircndia

constatamos esse sentimento de inseguranccedila desconfianccedila e a perda dos

laccedilos de amizade anteriormente existentes (LIMA p16)

Essas situaccedilotildees conflituosas e de inseguranccedila e desconfianccedila relatadas pelo autor

forneceram as bases para a grande construccedilatildeo ndash mobilizaccedilatildeo e criaccedilatildeo dos movimentos

sociais59

ndash que se materializou na organizaccedilatildeo dos atingidos por barragens Entretanto essa

organizaccedilatildeo foi apoiada por grupos mediadores como as Comunidades Eclesiais de Base a

Comissatildeo Pastoral da Terra o Sindicato dos Trabalhadores Rurais a Igreja Catoacutelica o Centro

Pastoral da Juventude entre outros (REBOUCcedilAS 1992 p 40) Para esse autor esse

processo de mobilizaccedilatildeo social tem ocorrido diferentemente nas distintas regiotildees brasileiras

Corroborando Rebouccedilas Sigaud (1992 p5) e Pimentel (2012 p49) ressaltam que no caso

dos atingidos pela barragem de Sobradinho considerando o contexto histoacuterico e poliacutetico de

sua construccedilatildeo e portanto a limitada capacidade de reaccedilatildeo dos movimentos sociais a reaccedilatildeo

da populaccedilatildeo e sua pressatildeo sobre a Chesf pode ser considerada uma resposta poliacutetica Essa

resposta poliacutetica soacute foi possiacutevel pelo empoderamento dos atingidos e consequentemente pelo

fortalecimento de seu capital social apoiado pelos grupos mediadores

59

Para entender o movimento de organizaccedilatildeo dos trabalhadores atingidos pelas barragens de Sobradinho e de

Itaparica ver BOMFIM Juarez Duarte Movimentos Sociais de Trabalhadores no Rio Satildeo Francisco Scripta

Nova Revista Eletrocircnica de Geografiacutea y Ciencias Sociales Universidad de Barcelona n 45(30) 1 de agosto

de 1999

100

Em relaccedilatildeo ao projeto do barramento e construccedilatildeo da Usina Hidreleacutetrica de Itaparica

(UHE Itaparica atual Luiz Gonzaga) Rebouccedilas (1992 p 43) e Pimentel (2012 p 52)

afirmam que o processo de conscientizaccedilatildeo poliacutetica se deu atraveacutes da realizaccedilatildeo de cursos

sobre sindicalismo e sobre a necessidade de os atingidos desenvolverem estrateacutegias de accedilatildeo

mais sistematizadas para o enfrentamento das forccedilas poliacuteticas do Estado representado pela

Chesf dos grandes empreiteiros dos grandes proprietaacuterios locais entre outros

A formaccedilatildeo da consciecircncia poliacutetica dos atingidos pela barragem de Itaparica fortaleceu

o capital social dos grupos e tem sido a variaacutevel mais importante para o desenvolvimento

regionalterritorial Eacute importante ressaltar que a intervenccedilatildeo do Estado tanto pode destruir

quanto construir o capital social No caso das barragens de Sobradinho e de Itaparica a

intervenccedilatildeo do Estado foi de tal modo destrutiva dos valores dos laccedilos de amizade das

relaccedilotildees com os grupos vicinais da esperanccedila das populaccedilotildees atingidas que o apoio dos

movimentos sociais conseguiu que esses grupos acreditassem que tambeacutem poderiam enfrentaacute-

los e desse modo conseguiram se reestruturar e assegurar sua reproduccedilatildeo como pescadores

comunidades indiacutegenas camponeses agricultores familiares moradores de cidades

ribeirinhas

O fortalecimento do capital social dessas aacutereas de influecircncia dos grandes projetos de

infraestrutura em particular das usinas hidroeleacutetricas a longa e exitosa trajetoacuteria de

organizaccedilatildeo social e o empoderamento dos atingidos pelas barragens construiacutedas no

submeacutedio60

Satildeo Francisco contribuiu para o reconhecimento dos territoacuterios de identidade pelo

Governo da Bahia61

O Territoacuterio de Identidade de Itaparica no estado da Bahia eacute formado por seis

municiacutepios Abareacute Chorrochoacute Rodelas Gloacuteria Macurureacute e Paulo Afonso cuja dinacircmica

social eacute marcada por forte mobilizaccedilatildeo social na luta pela terra e pela implementaccedilatildeo das

accedilotildees da poliacutetica de reassentamento totalmente sem confianccedila no Estado

A barragem de Itaparica foi construiacuteda entre 1976 e 1988 e passados 26 anos as accedilotildees

para o reassentamento de famiacutelias afetadas pela barragem ainda requerem intervenccedilatildeo do

Ministeacuterio Puacuteblico Federal62

para que a Chesf cumpra os acordos assinados na deacutecada de

60

O Submeacutedio Satildeo Francisco abrange aacutereas dos Estados da Bahia e Pernambuco estende-se de Remanso ateacute

Paulo Afonso (BA) e inclui as sub-bacias dos rios Pajeuacute Touratildeo e Vargem aleacutem da sub-bacia do rio Moxotoacute

uacuteltimo afluente da margem esquerda (CODEVASF 2001 p11) 61

ALENCAR Cristina Maria M de Caracterizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo dos processos de territorializaccedilatildeo dos Planos

Plurianuais de Investimentos da Bahia e de Sergipe Salvador SDTIICA 2010 62

O Relatoacuterio do Tribunal de Contas da Uniatildeo (TC 0135482011-5) demonstra essa dependecircncia e institui prazo

para que a Chesf apresente relatoacuterio informando o cumprimento dessas Ver ainda a mateacuteria ldquoMPF aciona

CHESF para reassentar populaccedilatildeo afetada pela barragem de Itaparica e cumprir pendecircncias nos

reassentamentosrdquo do Ministeacuterio Puacuteblico Federal da Bahia veiculada em 7 de maio de 2013

101

1980 e ainda haacute famiacutelias dependendo financeiramente da Chesf Assim esse estado de

dependecircncia que se arrasta por 26 anos de certo modo confirma que a organizaccedilatildeo social e o

fortalecimento do capital social dos atingidos pela barragem de Itaparica ainda natildeo foram

suficientes para assegurar todas as liberdades instrumentais necessaacuterias ao desenvolvimento

dos grupos e de seus territoacuterios poreacutem a persistecircncia e a resistecircncia da organizaccedilatildeo social em

busca de sua territorialidade eacute um caminho para a liberdade e para o desenvolvimento

territorial e regional

Pelo exposto pode-se concluir que a Chesf como instituiccedilatildeo de desenvolvimento

regional foi capaz de destruir o capital social dos grupos atingidos pelas barragens construiacutedas

no submeacutedio Satildeo Francisco e por sua atuaccedilatildeo autoritaacuteria centralizadora e causadora de

significativos impactos sociais provocou na populaccedilatildeo diretamente afetada por suas accedilotildees

uma reaccedilatildeo de fortalecimento de seu capital social

Centrando a anaacutelise nas populaccedilotildees ribeirinhas do Baixo Satildeo Francisco63

que tambeacutem

foram atingidas pelos barramentos no rio Satildeo Francisco a reflexatildeo possiacutevel eacute que os estudos

realizados pela Chesf para o aproveitamento da energia hidraacuteulica do rio Satildeo Francisco natildeo

avaliou os impactos sociais ambientais e econocircmicos no Baixo Satildeo Francisco Os estudos de

impacto ambiental e seus respectivos relatoacuterios de impacto ambiental (EIAsRIMAs) natildeo

inseriram a foz do Rio Satildeo Francisco na aacuterea de influecircncia indireta dos impactos como pode

ser constatado no Estudo de Impacto Ambiental da Usina Hidreleacutetrica de Xingoacute64

Para Vargas (1999 p237) os excluiacutedos ou desterritorializados no Baixo Satildeo

Francisco seja dos projetos de irrigaccedilatildeo implantados pela Codevasf seja do processo de

pecuarizaccedilatildeo influenciados pelo movimento dos atingidos por barragens e pelo comando do

Movimento dos Sem Terra (MST) do Sul do Brasil organizaram-se em movimento

reivindicatoacuterio de acesso agrave terra e de confronto com as poliacuteticas governamentais de

desenvolvimento excludentes A influecircncia desse movimento foi mais significativa no Alto

Sertatildeo Sergipano onde se concentra 41 dos assentamentos de Reforma Agraacuteria do Estado

segundo Franccedila e Cruz (2013 p151)

Eacute relevante pontuar que o movimento e a organizaccedilatildeo social desses excluiacutedos

independentemente do nuacutemero de assentamentos rurais registrados em Sergipe natildeo

resultaram da formaccedilatildeo de uma consciecircncia poliacutetica de seus membros Lamentavelmente e

63

O Baixo Satildeo Francisco se estende de Paulo Afonso agrave foz (CODEVASF 2001 p 12) 64

O Estudo de Impacto Ambiental e o Relatoacuterio de Impacto Ambiental da Usina Hidroeleacutetrica de Xingoacute podem

ser consultados na Administraccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente (ADEMA)

102

corroborando Demo (2009) nunca houve em Sergipe cidadania suficiente para a necessaacuteria

accedilatildeo poliacutetica Os argumentos para sustentaccedilatildeo dessa afirmativa encontram-se no Capiacutetulo 6

No contexto da anaacutelise do papel das institucionalidades no desenvolvimento a

proposta de continuidade aponta para a escala estadual Dessa forma a anaacutelise do subcapiacutetulo

a seguir trataraacute do papel das instituiccedilotildees estaduais na construccedilatildeo ou destruiccedilatildeo de cenaacuterios

sociais de formaccedilatildeo de capital social e na democratizaccedilatildeo Para tanto a anaacutelise percorreraacute as

regionalizaccedilotildees propostas e implementadas os modelos de planejamento adotados e as

dimensotildees culturais organizacionais que interferiram e interferem na praacutetica do planejamento

em base local

52 Planejamento em Sergipe entre as liccedilotildees e os desafios

Retoma-se a anaacutelise das categorias geograacuteficas como subsiacutedio para a compreensatildeo dos

deslocamentos das escalas e dos usos das unidades de planejamento puacuteblico em Sergipe

Ainda neste subcapiacutetulo apresentam-se as diferentes regionalizaccedilotildees em uso no Estado

de Sergipe e os papeacuteis assumidos por essas regiotildees seja na gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas seja

em sua descentralizaccedilatildeo ou desconcentraccedilatildeo das accedilotildees procurando destacar as regiotildees

construiacutedas a partir de accedilotildees poliacuteticas poreacutem reconhecendo outras regiotildees construiacutedas

socialmente e analisam-se os processos de planejamento adotados em Sergipe

Sergipe acumulou sobretudo nas deacutecadas de 1960 e 1970 do seacuteculo passado uma

razoaacutevel experiecircncia em planejamento do desenvolvimento Impulsionado pela questatildeo

regional pelas diretrizes da Sudene e da CEPAL o Governo de Sergipe estruturou

institucionalidades de planejamento elaborou planos de desenvolvimento e capacitou teacutecnicos

para o planejamento regional e a captaccedilatildeo de recursos para investimentos

Na concepccedilatildeo de Barreto

Os ideais teacutecnicos e poliacuteticos de desenvolvimento do Nordeste aflorados em

fins dos anos 1950 vieram tambeacutem ensejar aos Estados da Regiatildeo

movimentos com vistas agrave adoccedilatildeo da ideologia do planejamento como

caminho mais curto para se atingir o progresso econocircmico e social

(BARRETO 1976 p4)

A ideologia do planejamento como teacutecnica preditiva do progresso econocircmico e social

foi adotada pela Administraccedilatildeo Puacutebica estadual que sob a influecircncia e sobretudo a

cooperaccedilatildeo da Sudene institui o Conselho do Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe

(Condese) por meio do Decreto nordm 470 de 31 de marccedilo de 1959

103

Os principais textos que descrevem a histoacuteria do planejamento em Sergipe satildeo dos

economistas Dilson Menezes Barreto65

Paulo Barbosa de Araujo e Antocircnio Rocha Santos

Entretanto para a elaboraccedilatildeo deste toacutepico foram entrevistados ex-Secretaacuterios de Estado do

Planejamento e teacutecnicos especialistas com profundo conhecimento das teacutecnicas e

metodologias de planejamento do Estado

O primeiro texto produzido sobre a histoacuteria do planejamento em Sergipe eacute de autoria

de Dilson Menezes Barreto em 1976 que destaca a criaccedilatildeo do Conselho de Desenvolvimento

Econocircmico de Sergipe (Condese) e a influecircncia da Sudene no planejamento estadual Paulo

Barbosa de Araujo descreve a evoluccedilatildeo das institucionalidades de planejamento de Sergipe e

Antonio Rocha Santos relata a experiecircncia do planejamento e apresenta proposta para a

reestruturaccedilatildeo do Instituto de Economia e Pesquisa (INEP) e a retomada do planejamento no

estado

Apoiado por essas referecircncias histoacutericas neste capiacutetulo a avaliaccedilatildeo se concentraraacute (i)

na trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo em Sergipe para explicar a importacircncia das escalas no

planejamento do desenvolvimento estadual regional ou territorial (ii) nos modelos de

planejamento puacuteblico adotados em Sergipe e (iii) no papel das dimensotildees culturais

organizacionais na construccedilatildeo ou natildeo de capital social

521 Trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo em Sergipe

A regionalizaccedilatildeo em Sergipe sempre esteve vinculada agraves intervenccedilotildees e accedilotildees do

estado no espaccedilo A histoacuteria das regionalizaccedilotildees em Sergipe iniciou-se com as experiecircncias

desenvolvidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 1945 e 1969

que dividiram o Estado em cinco e oito regiotildees66

respectivamente A regionalizaccedilatildeo proposta

pelo IBGE em 1945 tinha como objetivos o estabelecimento de um banco de dados

estatiacutesticos a respeito das regiotildees brasileiras e ainda fins didaacuteticos A segunda

regionalizaccedilatildeo segundo Galvatildeo e Faissol (1969 p 182) surgiu da necessidade da

implementaccedilatildeo do processo de planejamento urbano com o estabelecimento de programas de

65 Dilson Menezes Barreto foi Secretaacuterio Executivo do CONDESE entre outubro de 1977 e marccedilo de 1979

escreveu sobre o CONDESE em sua Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Sociologia em 2003 publicada em livro em

2013 66

As regiotildees propostas 1945 eram Litoral Central Baixo Satildeo Francisco Sertatildeo do Satildeo Francisco e Oeste Em

1969 a divisatildeo foi em microrregiotildees homogecircneas Eram elas Sertatildeo Sergipano do Satildeo Francisco Propriaacute Nossa

Senhora das Dores Agreste de Itabaiana Cotinguiba Litoral Sul Sergipano Agreste de Lagarto e Sertatildeo do Rio

Real (IBGE 2008 e SANTOS e ANDRADE 1986)

104

desenvolvimento econocircmico As regiotildees de planejamento foram definidas por esses autores

como unidades espaciais nas quais as diferentes alternativas de intervenccedilatildeo possam partir de

uma compreensatildeo previsiacutevel dos resultados dessa accedilatildeo (GALVAtildeO e FAISSOL 1969 p 189)

Assim a regionalizaccedilatildeo eacute incorporada ao processo do planejamento brasileiro e

permite a distribuiccedilatildeo das intervenccedilotildees puacuteblicas nas regiotildees de acordo com a finalidade de

cada processo e com o cenaacuterio de gestatildeo do poder nesses espaccedilos

A regionalizaccedilatildeo em Sergipe apoiou-se nos modelos dos centros e dos polos de

desenvolvimento nos estudos claacutessicos da Itaacutelia Meridional no modelo do Vale do

Tennessee nos Estados Unidos no planejamento do desenvolvimento e na elaboraccedilatildeo dos

planos e projetos regionais estruturadores desse processo natildeo apenas no Nordeste como nas

demais regiotildees brasileiras

Para um entrevistado o planejamento regional nordestino tem como referecircncia a

ideologia desenvolvimentista da Sudene cujo arcabouccedilo teoacuterico do planejamento dos

indicadores e das variaacuteveis econocircmicas e sociais para o desenvolvimento tem origem na

Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina (CEPAL) e em Celso Furtado que acreditava na

necessidade de montar uma base econocircmica no Nordeste como aconteceu em outras regiotildees

do Brasil

Na culminacircncia do processo do planejamento regional e do desenvolvimento

econocircmico a ecircnfase na regionalizaccedilatildeo ou seja no processo de construccedilatildeo da regiatildeo como

espaccedilo de intervenccedilatildeo tornou-se estrateacutegia de planejamento puacuteblico na deacutecada de 1970

Analisando a regionalizaccedilatildeo como elemento fundamental do processo de planejamento

urbano e regional em Satildeo Paulo Souza (1976 p 120) afirma que a estruturaccedilatildeo do espaccedilo

regional tinha como objetivos facilitar a concentraccedilatildeo e a integraccedilatildeo dos programas

administrativos setoriais e daacute maior racionalidade agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos e ao controle

administrativo

Em Sergipe observou-se tambeacutem a praacutetica da regionalizaccedilatildeo para a desconcentraccedilatildeo

da gestatildeo das poliacuteticas de sauacutede de educaccedilatildeo de infraestrutura rodoviaacuteria de energia e

fazenda independentemente das propostas de regiotildees do IBGE Contudo ao contraacuterio do que

ocorreu em Satildeo Paulo que teve suas regiotildees delimitadas a partir de nuacutecleos pontos de

convergecircncia do homem e de suas atividades (Souza 1976 p 107) essas regionalizaccedilotildees

foram propostas pelos oacutergatildeos gestores dessas poliacuteticas estaduais cujos processos de

delimitaccedilatildeo dessas regiotildees poliacutetico-operacionais natildeo obedeceram a criteacuterios cientiacuteficos de

regionalizaccedilatildeo (GOVERNO DO ESTADO DE SERGIPE 1976) Constatada a praacutetica da

105

regionalizaccedilatildeo e ressentindo-se da necessidade de se estabelecer criteacuterios cientiacuteficos e a

uniformizaccedilatildeo das regiotildees para a desconcentraccedilatildeo o controle da administraccedilatildeo puacuteblica

estadual a distribuiccedilatildeo das poliacuteticas e das intervenccedilotildees puacuteblicas e sobretudo a gestatildeo desses

espaccedilos o Estado por meio do Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe

(Condese) oacutergatildeo de assessoramento do planejamento do Governo do Estado aleacutem de

formalizar uma diretriz para o processo propocircs entre 1971 e 1972 duas regionalizaccedilotildees A

primeira regionalizaccedilatildeo tinha como objetivo a desconcentraccedilatildeo da Administraccedilatildeo Puacuteblica

estadual para melhorar o desempenho do Poder Executivo em atendimento ao projeto de

reforma administrativa em curso no governo federal e no estadual A metodologia adotada

para a regionalizaccedilatildeo foi aquela proposta pela Sudene e pelo IBGE O segundo trabalho

elaborado pelo Condese nos fins de 1972 baseou-se nos seguintes criteacuterios distacircncia entre as

sedes populaccedilatildeo total aacuterea de abrangecircncia de cada regiatildeo e densidade demograacutefica Essa

regionalizaccedilatildeo propotildee duas alternativas para a divisatildeo do Estado Na primeira seriam

formadas seis regiotildees Aracaju Propriaacute Nossa Senhora da Gloacuteria Itabaiana Salgado e

Capela Na segunda propotildee-se a formaccedilatildeo de cinco regiotildees Aracaju Propriaacute Itabaiana

Lagarto e Capela (GOVERNO DO ESTADO DE SERGIPECONSELHO DE

DESENVOLVIMENTO ECONOcircMICO DE SERGIPE 1976 p 243) Os criteacuterios usados

pelo Condese natildeo obedeceram agraves formas de organizaccedilatildeo urbano-industrial do espaccedilo como

vigorava agrave eacutepoca no IBGE

Analisando essas regiotildees propostas pelo Condese Diniz coordenador do processo da

regionalizaccedilatildeo de 1976 conclui que Lagarto Propriaacute Estacircncia Tobias Barreto e Itabaiana

eram cidades que se apresentavam como centralidades ou centros de zonas Estacircncia e

Lagarto em qualquer regionalizaccedilatildeo formariam regiotildees diferenciadas no Sul do Estado e

Propriaacute Nossa Senhora da Gloacuteria e Canindeacute do Satildeo Francisco eram cidades com centralidade

pouca niacutetida

Em 1975 coordenando uma nova regionalizaccedilatildeo fruto de um convecircnio celebrado

entre a Universidade Federal de Sergipe e o Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de

Sergipe (Condese) e apoiado pela Superintendecircncia do Desenvolvimento do Nordeste

(Sudene) Diniz (1976 p253) constata que (i) todo o Estado se constitui numa aacuterea

essencialmente homogecircnea onde apenas Aracaju se destaca (ii) a influecircncia dos centros de

zonas sobre suas respectivas aacutereas eacute muito pouco niacutetida secundaacuteria diante da dominaccedilatildeo da

capital- Aracaju (iii) o papel regional dos centros de zonas eacute induzido por Aracaju ou pelo

governo central e no que diz respeito agrave organizaccedilatildeo regional a produccedilatildeo do espaccedilo em

Sergipe tem sido induzida pelo Estado

106

Tomando por base essas constataccedilotildees e assumindo a ausecircncia de dados para o uso dos

modelos dos centros e dos polos de desenvolvimento abraccedilados pela Sudene Diniz

coordenador do processo da regionalizaccedilatildeo justifica

Preferimos natildeo desenvolver o estudo da organizaccedilatildeo espacial de Sergipe

numa perspectiva de polarizaccedilatildeo em decorrecircncia dos problemas teoacutericos

ligados agrave ideia embora natildeo deixe de haver certa concordacircncia entre as

nossas diretrizes para a regionalizaccedilatildeo e a triacuteplice tipologia do espaccedilo

perrouxiano Todavia a inexistecircncia de estudos locais que caracterizem o

papel polarizador dos centros urbanos e a constataccedilatildeo empiacuterica que as

cidades de Sergipe satildeo mais drenos do que polos nos levaram optar por uma

abordagem segundo a ideia de nodalidade (GOVERNO DO ESTADO DE

SERGIPE1976 p 3)

A decisatildeo assumida por Diniz em 1975 mesmo na ausecircncia de estudos como citado

para o devido embasamento foi acertada e as observaccedilotildees arroladas permanecem vaacutelidas ateacute

o presente67

tendo sofrido variaccedilotildees pouco significativas somente na primeira deacutecada do

seacuteculo XXI De acordo com o estudo das Regiotildees de influecircncia das cidades (IBGE 2008)

Sergipe eacute constituiacutedo por um Capital Regional A formado pela capital Aracaju um Centro

Sub Regional B que eacute Itabaiana quatro Centros de Zona A (Estacircncia Lagarto Nossa

Senhora da Gloacuteria e Propriaacute) trecircs Centros de Zona B (Canindeacute do Satildeo Francisco Neoacutepolis e

Nossa Senhora das Dores) e 62 centros locais que satildeo sedes dos municiacutepios sergipanos68

A organizaccedilatildeo espacial do Estado coordenada por Diniz e publicada em 1976

considera que as regiotildees satildeo porccedilotildees contiacutenuas do espaccedilo e define as regiotildees nodais valendo-

se do mapeamento das zonas de influecircncia dos centros de zonas Esse trabalho de Diniz de

1976 resultou em duas proposiccedilotildees finais sete regiotildees nodais (Aracaju Estacircncia Tobias

Barreto Lagarto Itabaiana Propriaacute e Penedo) e quatro regiotildees plano ou de planejamento

(Aracaju Estacircncia Itabaiana e Propriaacute) que foram apresentadas como regiotildees administrativas

do Estado (Figura 4)

67

Dados do censo populacional de 2010 constataram que Aracaju concentrava 28 da populaccedilatildeo do Estado

(IBGE 2010) e ainda eacute o municiacutepio com a maior infraestrutura de saneamento de sauacutede de educaccedilatildeo e de

serviccedilos do Estado 68

A rede urbana de Sergipe pode ser visualizada em FRANCcedilA Vera Luacutecia A e CRUZ Maria Tereza S Atlas

Escolar Sergipe espaccedilo Geo-Histoacuterico e Cultural Joatildeo Pessoa GRAFSET 2013

107

Figura 4Sergipe ndash Regiotildees Planos

108

Das trecircs regionalizaccedilotildees produzidas pelo Condese como unidades de planejamento de

intervenccedilotildees governamentais somente a uacuteltima de 1976 mereceu anaacutelise e adaptaccedilatildeo para

um programa governamental voltado para o desenvolvimento regional O Projeto Campo

Verde accedilatildeo do governo em bases regionais ndash 1988-1990 (1987) se caracterizou como um

Plano de Governo voltado para o desenvolvimento regional

O Projeto Campo Verde dedica um capiacutetulo agrave proposta de regionalizaccedilatildeo revisa os

processos empreendidos para o Estado e usa como base ldquoUma Proposta de Regionalizaccedilatildeo

para o Estado de Sergiperdquo trabalho coordenado pelo Professor Joseacute Alexandre Felizola Diniz

da Universidade Federal de Sergipe para operacionalizaccedilatildeo de suas accedilotildees A regionalizaccedilatildeo

do Projeto Campo Verde previa a formaccedilatildeo de seis regiotildees (Aracaju Estacircncia Lagarto

Itabaiana Nossa Senhora da Gloacuteria e Propriaacute) identificadas a partir de centralidade regional

de cidades de porte elevado ou meacutedio (Figura 5)

Segundo o estudo a metodologia adotada na elaboraccedilatildeo e validaccedilatildeo das regiotildees foi o

planejamento participativo Entretanto a leitura dos estudos evidencia que a participaccedilatildeo

ocorreu no I Seminaacuterio Estadual sobre Organizaccedilatildeo do Espaccedilo cujos resultados destacados

como discutidos e aprovados no Seminaacuterio foram a decisatildeo pela inclusatildeo da sede do

municiacutepio de Nossa Senhora da Gloacuteria como centro de uma regiatildeo e natildeo de centro secundaacuterio

da Regiatildeo de Aracaju como havia sido atribuiacutedo nos estudos coordenados por Diniz em

1976 e pela subdivisatildeo da Regiatildeo de Aracaju criando uma subaacuterea em torno de Maruim

Como metodologia participativa o Projeto previa ainda

Concebe-se a nova proposta como um documento que seraacute definido nos

escalotildees teacutecnicos e poliacuteticos do Governo e posteriormente seraacute debatido

com as comunidades interessadas atraveacutes de seminaacuterios que seratildeo realizados

nas sedes das novas regiotildees (GOVERNO DE SERGIPESEPLAN 1987

p9)

109

Figura 5 Sergipe ndash Regiotildees de Planejamento - 1987

110

A leitura do documento deixa claro que as comunidades natildeo participaram da

construccedilatildeo das regiotildees sendo posteriormente convocadas para o debate Entretanto os

documentos produzidos natildeo explicitam as formas e os meios usados para informar a

comunidade sobre a temaacutetica a ser debatida em seminaacuterios nem a constituiccedilatildeo de espaccedilos para

as discussotildees anteriores a esses Essas informaccedilotildees permitem deduzir que a comunidade seria

informada sobre o processo durante o evento Como se comprova pela leitura do projeto a

ideia da metodologia participativa em Sergipe natildeo eacute nova Poreacutem a praacutetica e sobretudo os

processos de mobilizaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e a informaccedilatildeo satildeo os grandes gargalos do

planejamento governamental como poderatildeo ser constatados nos subcapiacutetulos seguintes

De acordo com o Projeto Campo Verde ainda

Somente se justificaraacute o processo de regionalizaccedilatildeo para o Estado de

Sergipe se o Governo definir que os seus proacuteximos atos administrativos e

poliacuteticos seratildeo expressos claramente em termos espaciais e se toda a forma

de intervenccedilatildeo proposta tiver o objetivo de introduzir mudanccedilas profundas

na sociedade sergipana (GOVERNO DE SERGIPESEPLAN 1987

p21 e 22)

A previsatildeo de espacializaccedilatildeo das accedilotildees tinha como finalidade a desconcentraccedilatildeo da

Administraccedilatildeo Puacuteblica que no enfoque institucionalista promoveria a integraccedilatildeo poliacutetica

econocircmica e social necessaacuteria ao desenvolvimento regional Entretanto segundo Teacutecnico do

Governo especialista em planejamento entrevistado em janeiro de 2014 a aplicaccedilatildeo plena

desse plano nunca foi realizada Assim a regionalizaccedilatildeo proposta pelo Projeto Campo Verde

se configurou como uma decisatildeo teacutecnica e natildeo poliacutetica Ademais o momento histoacuterico de

crise fiscal e financeira do Estado e de planejamento regional natildeo deve ter contribuiacutedo

tambeacutem para a execuccedilatildeo plena do projeto Contudo no mesmo momento histoacuterico das crises

a Constituiccedilatildeo Federal eacute aprovada e traz em seu artigo 165 a necessidade da regionalizaccedilatildeo

dos objetivos e metas da administraccedilatildeo puacuteblica federal que passa a ser obrigaccedilatildeo tambeacutem da

administraccedilatildeo puacuteblica estadual Para cumprir tal preceito constitucional o primeiro Plano

Plurianual estadual elaborado em 1991 adota as microrregiotildees geograacuteficas do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) como unidades de planejamento

Desse modo pode-se concluir que Sergipe adotou a microrregiatildeo geograacutefica proposta

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) como unidade de planejamento das

intervenccedilotildees governamentais em detrimento das regiotildees propostas pelo proacuteprio Estado A

Proposta de Desenvolvimento para o Estado de Sergipe 1992-1995 bem como o Plano

Plurianual 1992-1995 e os trecircs planos plurianuais subsequentes (1996-1999 2000-2003 e

111

2004-2007) tiveram a microrregiatildeo geograacutefica proposta pele IBGE como unidade de

planejamento

Em 2004 o Governo do Estado cria seis Regiotildees de Planejamento para as accedilotildees

governamentais por meio da Lei n 5375 de 30 de junho de 2004 e reconhece as demais

regionalizaccedilotildees regularmente estabelecidas ou adotadas por oacutergatildeos da administraccedilatildeo direta ou

indireta As regiotildees de planejamento (RP) foram assim especificadas em lei RP 01- Sertatildeo

RP 02 ndash Baixo Satildeo Francisco RP 03 ndash Litoral Norte RP 04 ndash Agreste RP 05 ndash Grande

Aracaju e RP 06 Litoral Sul (Figura 6) As novas regiotildees foram criadas sem criteacuterios teacutecnicos

e efetivamente serviram apenas para o planejamento orccedilamentaacuterio69

Em 2007 o Governo de Sergipe influenciado pela experiecircncia do Estado do Rio

Grande do Sul institui por meio do Decreto n 24339 de 20 de abril de 2007 o territoacuterio

como unidade de planejamento e base para a promoccedilatildeo do desenvolvimento entre as diversas

regiotildees do Estado Eacute importante destacar que embora o Decreto que institui os Territoacuterios de

Planejamento natildeo seja uma norma juriacutedica vaacutelida uma vez que natildeo regulamenta nenhuma

Lei tem tido eficaacutecia haja vista sua aplicabilidade na territorializaccedilatildeo das accedilotildees tanto no

Plano Plurianual quanto nas Leis Orccedilamentaacuterias

69

O documento de Revisatildeo do Plano Plurianual 2006-2007 natildeo contempla a regionalizaccedilatildeo

112

Figura 6 Sergipe ndash Regiotildees de Planejamento - 2004

113

A regionalizaccedilatildeoterritorializaccedilatildeo realizada em 2007 foi conduzida pela Universidade

Federal de Sergipe e coordenada pela Professora Doutora em Geografia Vera Luacutecia Alves

Franccedila e com a participaccedilatildeo dos Professores Ricardo Oliveira Lacerda de Melo e Oliacutevio

Alberto Teixeira que embasados na polissemia do termo territoacuterio e em suas principais

abordagens adotam para as precisotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da regionalizaccedilatildeo os seguintes

argumentos juriacutedico-poliacuteticos culturais econocircmicos semioloacutegicos psicossocioloacutegicos e os

da praacutetica histoacuterica De acordo com os diagnoacutesticos elaborados para fundamentar o processo

da regionalizaccedilatildeo

Diversas abordagens procuram ressaltar diferentes dimensotildees do processo de

territorializaccedilatildeo70

No entanto mais do que imaginar que se trata de

abordagens que satildeo contraditoacuterias ou contraacuterias em si deve-se percebecirc-las

como complementares entre si fornecendo uma ideia dos diversos aspectos

que precisam ser levados em conta para compreender os processos de

definiccedilatildeo de territoacuterio Nesse sentido do ponto de vista do planejamento do

desenvolvimento sustentaacutevel importa pensar uma compreensatildeo da questatildeo

territorial fundamentalmente em conjunto com os atores sociais envolvidos

isto eacute de maneira participativa (GOVERNO DO ESTADO DE

SERGIPEUNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 2007 p 6)

Essa compreensatildeo de pensar os territoacuterios em conjunto com os agentes e atores

envolvidos representa muito mais que adotar uma metodologia proposta pela Secretaria de

Desenvolvimento Territorial (SDT) do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio (MDA) Essa

accedilatildeo inicia um processo de inclusatildeo da populaccedilatildeo nas decisotildees governamentais de construccedilatildeo

de regiotildees em Sergipe A construccedilatildeo dos territoacuterios de planejamento foi marcada pela junccedilatildeo

do saber teacutecnico com o olhar do pertencimento do espaccedilo de diferentes segmentos sociais e

poliacuteticos Entretanto a participaccedilatildeo social no processo seraacute discutida no proacuteximo capiacutetulo

Aleacutem do marco da inclusatildeo da participaccedilatildeo no processo a construccedilatildeo dos territoacuterios

de planejamento acumula ainda outro marco destacado por Vargas (2011) Para esse autor

A recente divisatildeo do Estado em Territoacuterios de Planejamento e considerando

a intencionalidade de conformaccedilatildeo de Territoacuterio de Identidade consiste em

um novo padratildeo de regionalizaccedilatildeo que por um lado supera o eixo de

produccedilatildeo do desenvolvimento ancorado no modelo de turismo de praia e sol

iniciado nos anos 1980 e por outro instiga a continuidade da abordagem

cultural sobretudo por vivenciarmos pela primeira vez a cultura como

dimensatildeo do planejamento do desenvolvimento (VARGAS 2011 p 100)

70

As dimensotildees usadas no processo da territorializaccedilatildeo foram econocircmico-produtiva social poliacutetico-

institucional sociocultural e geoambiental Essas dimensotildees bem como as 15 variaacuteveis e os 79 indicadores que

subsidiaram a construccedilatildeo dos territoacuterios de planejamento encontram-se em GOVERNO DO ESTADO DE

SERGIPEUNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE Estado de Sergipe uma proposta de territorializaccedilatildeo

para o planejamento Aracaju Seplan 2007 vol I e II

114

A dimensatildeo cultural como uma variaacutevel importante no processo do planejamento do

desenvolvimento eacute defendida por autores como Putnam Fukuyama Baquero e Valdivieso

que ressaltam os valores culturais na formaccedilatildeo e fortalecimento do capital social fator de

desenvolvimento econocircmico O reconhecimento do capital social como fator de

desenvolvimento nos e dos territoacuterios de planejamento eacute a temaacutetica a ser analisada no

proacuteximo capiacutetulo

Os estudos elaborados para subsidiar a tomada de decisatildeo a respeito da delimitaccedilatildeo de

cada territoacuterio de planejamento permitiram a formaccedilatildeo de oito territoacuterios A divisatildeo territorial

de Sergipe tambeacutem natildeo conseguiu compatibilidade integral com a divisatildeo dos Territoacuterios

Rurais que posteriormente passaram a integrar o Programa Territoacuterios da Cidadania

proposto pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) do Ministeacuterio do

Desenvolvimento Agraacuterio (MDA) Dos quatro territoacuterios que integram o Programa Territoacuterios

da Cidadania em Sergipe somente dois deles (Alto Sertatildeo Sergipano e Baixo Satildeo Francisco

Sergipano) guardam o mesmo conjunto de municiacutepios dos territoacuterios de planejamento do

Estado Isso se deve a dois fatos o primeiro por intervenccedilatildeo da populaccedilatildeo e dos gestores

municipais do territoacuterio Alto Sertatildeo Sergipano que exigiram do Estado o respeito agrave divisatildeo

territorial em curso pela SDTMDA precisamente mantendo o municiacutepio de Nossa Senhora

de Lourdes como pertencente ao Alto Sertatildeo e natildeo ao Baixo Satildeo Francisco como propunha o

Estado tatildeo somente pelo andamento dos processos em construccedilatildeo com recursos do Programa

Territoacuterios da Cidadania e o segundo pelo entendimento e aceitaccedilatildeo de todos de que a

proposta de articulaccedilatildeo das institucionalidades nos trecircs niacuteveis de governo para a integraccedilatildeo

das poliacuteticas no mesmo espaccedilo permitiria maior efetividade das accedilotildees e do controle social

No entanto esse consenso natildeo foi estabelecido para os Territoacuterios Sul Sergipano e Sertatildeo

Ocidental O resultado da efetividade das accedilotildees implementadas nos territoacuterios nos quais se

chegou a um consenso poderia apoiar a discussatildeo nos demais caso a poliacutetica da

territorializaccedilatildeo da SDTMDA natildeo tivesse sofrido um arrefecimento Esse arrefecimento se

deve a diferentes fatores que vatildeo desde a ausecircncia de projetos a questotildees como a

incapacidade para a prestaccedilatildeo de contas dos recursos gastos na execuccedilatildeo das accedilotildees das

organizaccedilotildees sociais e dos gestores municipais71

a capacidade de participaccedilatildeo efetiva da

populaccedilatildeo nos colegiados interferecircncias poliacuteticas tanto dos governos locais quanto do central

e sobretudo a velha e conhecida regularidade das poliacuteticas puacuteblicas ndash a descontinuidade por

71

Os impactos do Programa Territoacuterios da Cidadania em Sergipe podem ser vistos em HANSEN Dean L Os

Impactos dos Grandes Projetos Federais no Estado de Sergipe e proposiccedilotildees de poliacuteticas In APOLINAacuteRIO

Valdecircnia e SILVA Maria Lussieu da Impactos dos Grandes Projetos Federais sobre os Estados do Nordeste

Natal Edufrn 2011 p 299- 327

115

mudanccedila do gestor da Secretaria de Desenvolvimento Territorial e do Ministeacuterio do

Desenvolvimento Agraacuterio

A experiecircncia da gestatildeo social do Programa Territoacuterios da Cidadania permitiu a

construccedilatildeo do pressuposto de que a criaccedilatildeo de espaccedilos participativos pode fortalecer o capital

social territorial O iacutendice de capital social dos territoacuterios de planejamento de Sergipe poderaacute

confirmar ou refutar essa hipoacutetese tendo em vista o tempo transcorrido e a tipologia da

participaccedilatildeo social nos colegiados

O territoacuterio de fato eacute a unidade de planejamento orccedilamentaacuterio em Sergipe desde

2008 Entretanto aleacutem dessa unidade de planejamento orccedilamentaacuterio puacuteblico Sergipe adota

outras regionalizaccedilotildees com finalidades diversas como a gestatildeo de poliacuteticas setoriais como os

recursos hiacutedricos e suas unidades de planejamento ndash as bacias hidrograacuteficas72

a

descentralizaccedilatildeo e a desconcentraccedilatildeo da gestatildeo a gestatildeo compartilhada a execuccedilatildeo de

programas voltados para o desenvolvimento territorial a reduccedilatildeo da pobreza e outros que natildeo

foram afetadas pelo processo de regionalizaccedilatildeoterritorializaccedilatildeo e pelo planejamento

orccedilamentaacuterio Essas regionalizaccedilotildees bem como os instrumentos legais de criaccedilatildeo e finalidades

encontram-se na Tabela 2

As Regiotildees educacionais ou as Diretorias Regionais foram criadas para fins de

desconcentraccedilatildeo da poliacutetica estadual (Figura 7) Satildeo dez diretorias regionais que agrupam

municiacutepios mediante o criteacuterio da contiguidade espacial As diretorias regionais natildeo tecircm

autonomia para a elaboraccedilatildeo de Plano Regional ou estabelecimento de indicadores e metas

diferenciadas Todo o planejamento educacional se concentra na Assessoria de Planejamento

da Secretaria em Aracaju As Diretorias Regionais de Educaccedilatildeo funcionam como centros de

descentralizaccedilatildeo administrativa da Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo

As regiotildees operacionais da Empresa de Desenvolvimento Agropecuaacuterio

(EMDAGRO) com previsatildeo de criaccedilatildeo estabelecida em Lei e decisatildeo poliacutetica do Conselho

Deliberativo da autarquia foram criadas visando agrave desconcentraccedilatildeo das accedilotildees administrativas

financeiras e teacutecnicas (assistecircncia aos produtores rurais) Satildeo cinco regiotildees operacionais cujo

criteacuterio de seleccedilatildeo da sede regional obedeceu agraves principais atividades produtivas como a

citricultura em Boquim a pecuaacuteria de leite em Nossa Senhora da Gloacuteria a pecuaacuteria de corte e

o cooperativismo em Lagarto e a rizicultura em Propriaacute (Figura 8)

72

O mapeamento das bacias hidrograacuteficas de Sergipe pode ser encontrado em FRANCcedilA Vera Luacutecia Alves e

CRUZ Maria Tereza Souza Atlas Escolar Sergipe espaccedilo geo-histoacuterico e culturalJoatildeo Pessoa GRAFSET

2013

116

Figura 7 Sergipe ndash Regiotildees educacionais

Fonte SEED 2014

117

Figura 8 Sergipe ndash Regiotildees da Emdagro

Fonte EMDAGRO 2014

Fonte EMDAGRO 2014

118

Aleacutem das regiotildees de descentralizaccedilatildeo administrativa da educaccedilatildeo e da Emdagro os

distritos rodoviaacuterios satildeo regiotildees administrativas cuja finalidade eacute a programaccedilatildeo de serviccedilos

de manutenccedilatildeo e conservaccedilatildeo da malha rodoviaacuteria estadual Satildeo cinco distritos rodoviaacuterios

cujo criteacuterio baacutesico definidor da regionalizaccedilatildeo foi a centralidade dos municiacutepios sedes dos

distritos Satildeo eles Nossa Senhora da Gloacuteria Lagarto Estacircncia Japaratuba e Aracaju (Figura

9)

A gestatildeo do saneamento em Sergipe eacute o tema que tem demandado regiotildees

diferenciadas por tipologia dos serviccedilos Para a gestatildeo dos serviccedilos de abastecimento de aacutegua

e de coleta e tratamento dos esgotos adotaram-se as microrregiotildees de saneamento cujos

criteacuterios definidores das microrregiotildees obedeceram agrave interdependecircncia dos sistemas e o

manancial hiacutedrico usado no fornecimento de aacutegua Satildeo treze as microrregiotildees de saneamento

baacutesico (Figura 10)

119

Figura 9 Sergipe ndash Distritos Rodoviaacuterios

FonteLei 56952005

120

Figura 10 Sergipe ndash Microrregiotildees de saneamento baacutesico

121

As regiotildees de sauacutede satildeo sete cujas sedes regionais coincidem com a Capital regional

A (Aracaju) o Centro Sub Regional B (Itabaiana) e os Centros de Zona A (Estacircncia Lagarto

Nossa Senhora da Gloacuteria e Propriaacute) propostos pelo IBGE Somente a sede regional de Nossa

Senhora do Socorro natildeo foi recepcionada por proposta do IBGE As regiotildees de sauacutede atendem

agrave gestatildeo descentralizada proposta pelo Governo Federal (Figura 11)

Tabela 2 Sergipe

Regiotildees institucionalizadas

RegiatildeoInstrumento Legal de

criaccedilatildeoFinalidade

Bacia HidrograacuteficaLei nordm 3870 de 25 de

setembro de 1997

Implementar a Poliacutetica Estadual de

Recursos Hiacutedricos

Regiotildees Educacionais

Decreto Estadual nos

85671987 e 18989 de

27 de julho de 2001

Desconcentrar a gestatildeo da poliacutetica

educacional

Regiotildees Operacionais Lei nordm 5416 de 26 de

agosto de 2004

Desconcentrar as accedilotildees da Empresa

de Desenvolvimento Agropecuaacuterio

de Sergipe

Distritos RodoviaacuteriosLei nordm 5697 de 18 de julho

de 2005

Programar e executar as atividades

pertinentes agrave conservaccedilatildeo e agrave

manutenccedilatildeo da malha rodoviaacuteria

estadual

Microrregiotildees de

Saneamento Baacutesico

relativas aos serviccedilos de

abastecimento de aacutegua e

esgotamento sanitaacuterio

Lei Complementar nordm 176

de 18 de dezembro de 2009

Integrar a organizaccedilatildeo planejar e

executar serviccedilos de abastecimento

de aacutegua e esgotamento sanitaacuterio

Regiotildees de Sauacutede

Lei nordm 6345 de 2 de

janeiro de 2008 e sua

regulamentaccedilatildeo

Deliberaccedilatildeo Nordm 0562012

do Colegiado

Interfederativo Estadual

Descentralizar e compartilhar a

gestatildeo da poliacutetica de sauacutede

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

122

Figura 11 Sergipe ndash Regiotildees de Sauacutede

FonteDELIBERACcedilAtildeO DO COLEGIADO INTERFEDERATIVO ESTADUAL Nordm 0562012

123

Outras regionalizaccedilotildees que resultaram da accedilatildeo poliacutetica satildeo as Regiotildees de Consoacutercios

de Saneamento que tecircm como finalidade a gestatildeo compartilhada dos resiacuteduos soacutelidos pelos

municiacutepios sergipanos (Figura 12) e as regiotildees turiacutesticas que tecircm como objetivo planejar

administrar e construir a integraccedilatildeo e a cooperaccedilatildeo entre os participantes das atividades do

turismo em cada regiatildeo ou polo (Figura 13) Eacute importante ressaltar que tanto as regiotildees de

consoacutercios de saneamento quanto as regiotildees turiacutesticas foram construiacutedas com base em

criteacuterios teacutecnicos metodologias participativas e diretrizes de Poliacutetica e Programa Nacional

respectivamente As regiotildees de saneamento obedecem agrave Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos

Soacutelidos (Lei nordm 12305 de 2 de agosto de 2010) e as regiotildees turiacutesticas ou os polos turiacutesticos agraves

diretrizes do Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo roteiros do Brasil

Percebe-se ainda a existecircncia de regiotildees funcionais como as comarcas do Poder

Judiciaacuterio a bacia leiteira a regiatildeo da citricultura do Estado e tantas outras construiacutedas

independentemente ou com o apoio do poder puacuteblico que tecircm reforccedilado as regiotildees como

espaccedilos de convivecircncia lugares funcionais produto social

124

Figura 12 Sergipe ndash Regiotildees de Consoacutercio de saneamento

Fonte SEMARH 2014

125

Figura 13 Sergipe ndash Regiotildees de turismo

FONTE GOVERNO DE SERGIPESECRETARIA DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO ECONOcircMICO

DA CIEcircNCIA E TECNOLOGIA E DO TURISMO 2009

126

As regiotildees educacionais as unidades operacionais da Emdagro as regiotildees de sauacutede

os distritos rodoviaacuterios e as microrregiotildees de saneamento foram construiacutedas tomando-se por

base o saber teacutecnico sem obedecer a uma racionalidade metodoloacutegica permitindo tambeacutem a

construccedilatildeo de regiatildeo sem observar a contiguidade do espaccedilo geograacutefico como ocorre com as

microrregiotildees de saneamento baacutesico e ainda sem a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo Entretanto as

regiotildees de sauacutede foram validadas nos respectivos colegiados interfederativos regionais e

ratificadas pelo colegiado estadual que satildeo institucionalidades participativas

Conforme jaacute descrito essas regiotildees natildeo interferem na alocaccedilatildeo dos recursos para

efeito do planejamento orccedilamentaacuterio das intervenccedilotildees governamentais ou seja durante a

elaboraccedilatildeo do orccedilamento anual ou do Plano Plurianual todo e qualquer programa ou projeto

de intervenccedilatildeo em quaisquer dessas regiotildees teraacute sua identificaccedilatildeo orccedilamentaacuteria nos

territoacuterios de planejamento e natildeo de sua regiatildeo de gestatildeo ou execuccedilatildeo O territoacuterio na

praacutetica eacute a unidade de planejamento orccedilamentaacuterio e atende ao paraacutegrafo 1ordm do artigo 165 da

Constituiccedilatildeo Federal O territoacuterio efetivamente no quadro do planejamento atual de Sergipe

natildeo se constitui em unidade de planejamento do desenvolvimento conforme argumentos

expostos nos proacuteximos itens Entretanto essa conclusatildeo apenas corrobora a praacutetica da Uniatildeo

embora destacada como uma accedilatildeo duvidosa para Balbim e Contel (2013) Para esses autores

A leitura e interpretaccedilatildeo das poliacuteticas dos planos e dos programas do

governo federal- incluindo alguns exemplos de poliacuteticas estaduais ndash

poderiam ainda identificar se estaacute sendo de fato cumprida a determinaccedilatildeo

constitucional (Artigo 165 paraacutegrafo 1ordm) que obriga os Planos Plurianuais

(PPAs) a estabelecer ldquode forma regionalizada as diretrizes os objetivos e

metas da administraccedilatildeo puacutebica federal para as despesas de capital e outras

dela decorrentes e para as relativas aos programas de natureza continuadardquo (BALBIM E CONTEL 2013 p 44)

Reconhecendo que haacute a necessidade de uma unidade de planejamento orccedilamentaacuterio

para cumprimento do Artigo 165 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e sobretudo de um

planejamento do desenvolvimento em Sergipe que seja compatiacutevel com o Plano Plurianual

como preconiza a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a adoccedilatildeo de uma unidade de planejamento

com capacidade de atendimento de todos os propoacutesitos seria uma situaccedilatildeo desejada poreacutem

impossiacutevel Essa impossibilidade adveacutem de diversas situaccedilotildees entre elas o fato de que (i)

diferentes poliacuteticas setoriais adotaram unidades diferenciadas como as bacias hidrograacuteficas

as microrregiotildees de saneamento (ii) as unidades devem ser reconhecidas pelo quadro de

gestores puacuteblicos (secretaacuterios e dirigentes de oacutergatildeos) (iii) o planejamento trabalha em

muacuteltiplas escalas o que implica reconhecer que haacute dimensotildees de intervenccedilatildeo mais adequada

127

ao tratamento de determinadas questotildees O reconhecimento da necessidade de o planejamento

trabalhar em muacuteltiplas escalas eacute uma das conclusotildees do Estudo da Dimensatildeo Territorial para

o Planejamento desenvolvido pelo Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (2008) e

tambeacutem se aplica ao Estado de Sergipe Constata-se ainda que pela limitaccedilatildeo dos recursos

puacuteblicos os programas e projetos geralmente estabelecem aacutereas de atuaccedilatildeo73

que natildeo

obedecem agraves regionalizaccedilotildees preacute-existentes como eacute o caso do Programa Sergipe Cidades do

Projeto de Combate agrave Pobreza Rural no Estado de Sergipe (PCPR) e do Projeto Dom Taacutevora

(Figura 14) que tiveram suas aacutereas de atuaccedilatildeo definidas por indicadores sociais dos

municiacutepios principalmente o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)

principalmente os dois uacuteltimos programas

Reconhecendo que a regionalizaccedilatildeo em Sergipe tem sido um ato poliacutetico e na maioria

das vezes induzido por demandas do governo central inseridos em contextos mais setoriais

esses atos natildeo foram decisivos para o planejamento puacuteblico estadual As regionalizaccedilotildees

tambeacutem natildeo tecircm contribuiacutedo para a compreensatildeo de mudanccedilas efetivas nos indicadores

sociais e econocircmicos do Estado e para o entendimento dos impactos dos programas nas

diferentes escalas

Entretanto os modelos de planejamento puacuteblico nos termos dos regramentos legais

exigem unidades de planejamento para a alocaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos Assim sendo os

subcapiacutetulos a seguir analisaratildeo as iniciativas de planejamento puacuteblico em Sergipe e suas

contribuiccedilotildees para a estruturaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento sustentaacutevel e de uma

democracia participativa ou pelo menos contribuir para o debate do desenvolvimento

regional territorial Para tanto os subcapiacutetulos a seguir trataratildeo do planejamento em Sergipe

em trecircs fases distintas o planejamento do desenvolvimento o planejamento orccedilamentaacuterio e o

planejamento participativo

73

O Programa Sergipe Cidades natildeo atua no municiacutepio de Aracaju o PCPR excluiu a Regiatildeo Metropolitana

portanto natildeo atua nos municiacutepios de Aracaju Barra dos Coqueiros Nossa Senhora do Socorro e Satildeo Cristoacutevatildeo

128

Figura 14 Sergipe ndash Regiatildeo de atuaccedilatildeo do Projeto Dom Taacutevora

Fonte Projeto Dom Taacutevora 2014

129

522 Planejamento do desenvolvimento em Sergipe entre o mito Condese e o fracasso

do planejamento regional

Neste subcapiacutetulo pretende-se analisar o papel do Condese no planejamento e no

desenvolvimento de Sergipe Para tanto tenta-se resgatar a histoacuteria do planejamento em

Sergipe e analisar o desempenho do Condese na elaboraccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento

e na formaccedilatildeo de capital social

No contexto do planejamento do desenvolvimento em Sergipe o Conselho de

Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe (Condese) tem sido a maior referecircncia Entretanto

antes do Conselho outras entidades foram criados para desempenhar entre outras funccedilotildees o

planejamento Foram eles a Secccedilatildeo de Estudos Econocircmicos Financeiros a Consultoria

Teacutecnica de Assuntos Econocircmicos e Financeiros e a Comissatildeo de Desenvolvimento

Econocircmico (Quadro 6)

Quadro 6 Sergipe

Estruturas de planejamento que antecederam ao Conselho de Desenvolvimento

Econocircmico de Sergipe

Entidade Instrumento Legal de criaccedilatildeo

Secccedilatildeo de Estudos Econocircmicos e

Financeiros

Decreto-Lei n 956 de 31 de

dezembro de 1945

Consultoria Teacutecnica de Assuntos

Econocircmicos e Financeiros

Decreto n 433 de 7 de novembro de

1952

Comissatildeo de Desenvolvimento

Econocircmico

Decreto n 130 de 5 de dezembro de

1952

Conselho de Desenvolvimento

Econocircmico de Sergipe (Condese)

Decreto n 470 de 31de marccedilo de

1959 Sistematizaccedilatildeo proacutepria

Paulo Barbosa de Araujo (1983) considera como primeira instituiccedilatildeo do planejamento

de Sergipe a Secccedilatildeo de Estudos Econocircmicos Financeiros criado segundo ele na calda do

movimento de redemocratizaccedilatildeo em 1945 A Secccedilatildeo de Estudos Econocircmicos Financeiros

integrava o Departamento da Fazenda (atual Secretaria de Estado da Fazenda) e tinha como

finalidade o planejamento de questotildees macroeconocircmicas do Estado Para Paulo Barbosa essa

Secccedilatildeo durou sete anos e embora natildeo se tenha registro de sua atuaccedilatildeo em 1952 ascendeu agrave

categoria de Consultoria Teacutecnica vinculada diretamente ao Gabinete do Secretaacuterio da

Fazenda

130

A Consultoria Teacutecnica ampliou a atuaccedilatildeo da Secccedilatildeo poreacutem concentrou suas

atividades em pesquisas econocircmicas e financeiras Como afirma Araujo

Haacute uma evidecircncia que natildeo se pode negar agrave luz da documentaccedilatildeo que ainda

se dispotildee de que tanto a Secccedilatildeo de Estudos Econocircmicos e Financeiros

como a Consultoria Teacutecnica estavam muito voltadas agrave aacuterea tributaacuteria e

financeira do Estado natildeo existindo muita autonomia entatildeo para se enfrentar

os problemas de ordem econocircmica que estavam na ordem do dia em todo o

Nordeste devido agrave crise econocircmica e social da regiatildeo (ARAUJO 1983

p7)

A afirmativa de Araujo (1983) permite a interpretaccedilatildeo de que essas

institucionalidades de fato natildeo exerciam a funccedilatildeo planejamento do desenvolvimento do

Estado Nas palavras de Barreto (1976 p4) com base nesses nuacutecleos implantaram-se as

raiacutezes da racionalizaccedilatildeo teacutecnico-administrativa de execuccedilatildeo de processos orccedilamentaacuterios e do

sistema tributaacuterio do Estado O que se fazia em Sergipe era uma repeticcedilatildeo do que ocorria no

niacutevel federal ou seja o ajuste da alocaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

Influenciado pela infraestrutura de energia eleacutetrica produzida pela Usina

Hidroeleacutetrica de Paulo Afonso o Governo do Estado cria a Comissatildeo de Desenvolvimento

Econocircmico do Estado de Sergipe 74

(CDE) Essa Comissatildeo oacutergatildeo consultivo do governo

tinha a finalidade de planejar o desenvolvimento econocircmico estadual tendo adotado o modelo

da industrializaccedilatildeo o aproveitamento dos recursos naturais a modernizaccedilatildeo da agricultura o

fornecimento de infraestrutura para os transportes e a melhoria da qualidade de vida da

populaccedilatildeo

A Comissatildeo de Desenvolvimento Econocircmico do Estado de Sergipe (CDE) era

composta por representantes do Poder Executivo (3) e do Legislativo (1) das classes

produtoras (3) e do sistema financeiro (1) A Comissatildeo foi a primeira estrutura de governanccedila

criada em Sergipe vinculava-se ao Governo e natildeo tinha representaccedilatildeo da sociedade para

planejar o desenvolvimento Para Araujo (1983 p8) tanto a composiccedilatildeo como o discurso e o

trabalho da Comissatildeo expressam natildeo apenas o autoritarismo e a centralidade do Estado como

tambeacutem o pensamento dominante agrave eacutepoca que via o planejamento como uma accedilatildeo poliacutetica

De acordo com esse autor ainda embora a Comissatildeo tenha sobrevivido por sete anos natildeo haacute

registro de estudo ou obra resultante da atuaccedilatildeo dessa Comissatildeo visto que se reuniam

apenas uma vez por semana

74

Santos (1985 p9) natildeo considerou a Comissatildeo de Desenvolvimento Econocircmico do Estado como

institucionalidade do planejamento por ter sido uma simples disposiccedilatildeo legal sem implementaccedilatildeo de accedilatildeo que

merecesse seu destaque

131

Eacute relevante destacar que os textos produzidos sobre as experiecircncias do planejamento

em Sergipe natildeo descrevem a articulaccedilatildeo ocorrida entre a Comissatildeo e as demais estruturas da

Administraccedilatildeo Puacuteblica para a proposiccedilatildeo de estudos teacutecnicos e o planejamento do

desenvolvimento do Estado A ausecircncia dessa articulaccedilatildeo serviu de base para justificar a

criaccedilatildeo de outra estrutura de governanccedila ndash o Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de

Sergipe (Condese)

O Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe eacute a referecircncia uacutenica e maior

da racionalidade teacutecnico-administrativa e poliacutetica do planejamento a longo prazo em Sergipe e

com accedilotildees efetivamente implementadas Esse reconhecimento foi registrado por Barreto

(1976 2014) Araujo (1983) e Santos (1985) poreacutem eacute verbalizado natildeo soacute por aqueles que

experienciaram as teacutecnicas como por aqueles que reconhecem seus resultados e os

desdobramentos desses no tempo e no espaccedilo sergipano

O Condese foi criado em marccedilo de 1959 em um contexto histoacuterico marcado pelo

Estado como agente propulsor e o planejamento como ferramenta teacutecnica e poliacutetica

orientadora do desenvolvimento que agrave eacutepoca vinculava-se ao processo da industrializaccedilatildeo

Na composiccedilatildeo do Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe (Condese) jaacute

se observa a inclusatildeo de representantes das classes trabalhadoras poreacutem natildeo de representantes

de organizaccedilotildees sociais O fato da inclusatildeo de representantes das classes trabalhadoras

permitiu tanto a Paulo Barbosa Araujo como a Dilson Barreto reconhecerem o Condese como

um espaccedilo democraacutetico e aberto poreacutem natildeo participativo

A estrutura organizacional do Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe

(Condese) contava com uma Secretaria Executiva e Secccedilotildees Teacutecnicas formadas por grupos de

trabalhos que operacionalizavam as accedilotildees do Conselho Tanto Barreto (1976 2013) quanto

Araujo (1983) e Santos (1985) revisando a atuaccedilatildeo do Condese propuseram a construccedilatildeo de

fases que em linhas gerais foram delimitadas por sua estrutura organizacional e regime

juriacutedico (oacutergatildeo articulador da consultoria teacutecnica autarquia oacutergatildeo central do planejamento)

Tanto Barreto (1976 p8) quanto Araujo (1983 p 18) descrevem que a fase

ascensional do planejamento do desenvolvimento em Sergipe ocorreu no periacuteodo autoritaacuterio

quando se criou a autarquia com autonomia administrativa e financeira e maior flexibilidade

de accedilatildeo Araujo (1983) assinala que essa ascensatildeo da funccedilatildeo planejamento foi acompanhada

da ruptura do modelo democraacutetico representado pela exclusatildeo da representaccedilatildeo das classes

trabalhistas no Conselho de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe

132

Os impactos diretos do planejamento do Condese no desenvolvimento do Estado satildeo

reconhecidos pela criaccedilatildeo de empresas puacuteblicas e estatais para a gestatildeo de poliacuteticas setoriais

importantes como a agricultura turismo saneamento energia eleacutetrica habitaccedilatildeo e o

aproveitamento de recursos minerais a elaboraccedilatildeo de planos setoriais e outros75

Outro

impacto importante para a base do desenvolvimento do Estado lembrado por um ex-gestor

puacuteblico entrevistado na pesquisa diz respeito agrave formaccedilatildeo dos economistas tanto pela

Universidade Federal de Sergipe como pela Universidade Tiradentes (antiga Faculdade

Integrada Tiradentes) Isso porque muitos professores da Universidade Tiradentes eram

teacutecnicos do Condese76

Nas palavras do entrevistado a parceria notadamente com as

Universidades constituiu-se em um instrumento importante para o alicerce do

desenvolvimento no Estado

A UFS tambeacutem foi um aporte intelectual importante para a economia

regional O Departamento de Geografia e de Economia da UFS avanccedilou

nisso Na Geografia a contribuiccedilatildeo dos Professores Joseacute Alexandre Felizola

Diniz e Adelci Figueiredo dos estudos da problemaacutetica regional e dos cursos

de mestrado e doutorado foram fundamentais [] O foco era o

desenvolvimento Poreacutem a capacitaccedilatildeo dos teacutecnicos tendo em vista a

necessidade de se qualificar os recursos humanos e estimular o

empreendedorismo tambeacutem passaram a ser finalidades do Condese O

CONDESE a UFS e a UNIT investiram na capacitaccedilatildeo das pessoas Os

setores de serviccedilos da informaccedilatildeo e da educaccedilatildeo cresceram muito em

Sergipe por esses esforccedilos (Ex-Gestor puacuteblico entrevista concedida em

2013)

De fato aleacutem do trabalho Organizaccedilatildeo Espacial de Sergipe (1976) fruto da parceria

entre o Condese e a UFS outros estudos como o Plano Estadual de Habitaccedilatildeo (1971) o Plano

Diretor do Distrito Industrial de Aracaju (1974) e outros foram desenvolvidos pelos teacutecnicos

do Estado

Durante a fase ascensional observou-se a instituiccedilatildeo do sistema estadual de

planejamento pela Lei n 19171974 Vale lembrar que a criaccedilatildeo do sistema de planejamento

visava atender ao preconizado no Decreto Federal n 200 de 25 de fevereiro de 1967 sendo a

Lei estadual n 1917 de 18 de dezembro de 1974 praticamente uma transcriccedilatildeo do Decreto-

Lei Portanto Sergipe levou sete anos para adotar o sistema de planejamento orccedilamentaacuterio

descentralizado Entatildeo

75

Os planos elaborados pelo Condese foram O Primeiro Programa de estudos e Pesquisa para o Planejamento

Econocircmico de Sergipe com vigecircncia de 1962 a 1963 o Plano Decenal de Desenvolvimento do Estado I Plano

de Desenvolvimento Econocircmico e Social de Sergipe ndash 1976-1979 76

Foram teacutecnicos do Condese e professores o advogado Darcilo Melo Costa e os economistas Walmir Bruno

Soares Pedro dos Anjos Newton Pedro da Silva e Joseacute Augusto Freire

133

A descentralizaccedilatildeo programada natildeo era uma poliacutetica com vistas a romper o

autoritarismo reinante na administraccedilatildeo estadual a reestruturaccedilatildeo do

Sistema Estadual de Planejamento (SEP) estava muito mais voltada aos

problemas de eficiecircncia Donde a criaccedilatildeo das Assessorias de Planejamento

(ASPLANrsquos) nas diversas Secretarias de Estado natildeo necessariamente era a

descentralizaccedilatildeo do poder de controle e coordenaccedilatildeo que o planejamento

exercita [] O controle e a decisatildeo de aplicar os investimentos estava

centralizado no oacutergatildeo central do Sistema (ARAUJO 1983 p23)

A praacutetica autoritaacuteria destacada por Araujo de fato natildeo se elimina com accedilotildees

descentralizadas embora se tenha reduzido o poder do oacutergatildeo central Entretanto eacute importante

destacar que a centralizaccedilatildeo da coordenaccedilatildeo das accedilotildees planejadas preconiza natildeo soacute a

articulaccedilatildeo para a integraccedilatildeo das accedilotildees o uso de praacuteticas cooperadas e modelos flexiacuteveis

necessaacuterios aos ajustes de projetos e atividades constantes dos programas governamentais

para atender agraves demandas e responder agraves pressotildees da sociedade civil nos diferentes setores

Contudo Paulo Barbosa Araujo (1983) Antocircnio Rocha Santos (1985) e Dilson Barreto

(1976) reconhecem que o planejamento puacuteblico em Sergipe nasceu pelas matildeos do estado sem

a participaccedilatildeo social por influecircncia externa e dependente do planejamento federal Por essas

caracteriacutesticas esperava-se que as decisotildees poliacuteticas se sobrepusessem agraves accedilotildees planejadas

independentemente da tipologia do bem ou do serviccedilo proposto por estas uacuteltimas

De acordo com Buarque (1999) o jogo poliacutetico interfere na materializaccedilatildeo das accedilotildees

planejadas e o planejamento sofre o impacto direto de uma conjuntura conflituosa tanto no

plano econocircmico quanto no poliacutetico De fato transcorridos 55 anos de institucionalidades de

planejamento puacuteblico os baixos indicadores sociais ainda encontrados em Sergipe denunciam

as modestas mudanccedilas sociais ocorridas A concentraccedilatildeo do planejamento deu-se em

atividades econocircmicas ou estruturantes como a infraestrutura rodoviaacuteria a construccedilatildeo de

distritos industriais que como disse um entrevistado para o crescimento industrial

influenciado pela captaccedilatildeo de recursos da Sudene o principal projeto foi o da implantaccedilatildeo dos

distritos industriais como vetores do desenvolvimento

Entretanto na visatildeo de Barreto (1976) esse restrito grupo de teacutecnicos do Conselho de

Desenvolvimento pela autonomia adquirida interferiu nas relaccedilotildees de poder do estado Desse

modo a conjuntura conflituosa no plano poliacutetico interveio na execuccedilatildeo das accedilotildees No

entendimento de Gross (1988 p409) a evoluccedilatildeo do desenvolvimento econocircmico exige uma

conscientizaccedilatildeo realista de interdependecircncia entre o planejamento e a administraccedilatildeo e na

ausecircncia dessa conscientizaccedilatildeo a execuccedilatildeo das accedilotildees planejadas eacute comprometida O

comprometimento da execuccedilatildeo das accedilotildees ocorrido em Sergipe deveu-se agrave disputa de poder

entre Secretaacuterios e dirigentes de oacutergatildeos Aleacutem disso a ausecircncia de participaccedilatildeo social no

134

processo imposta pelo regime autoritaacuterio e a cultura poliacutetica institucional e social dominante

facultou ao grupo do Condese a reproduccedilatildeo do poder da cuacutepula do Executivo estadual

Em relaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo do sistema estadual de planejamento Santos (1985 p14)

considera que houve uma involuccedilatildeo da funccedilatildeo planejamento na esfera estadual Segundo esse

autor a partir de 1983 as estruturas de planejamento do estado satildeo desmontadas e o

planejamento do desenvolvimento passa a ser setorizado e elaborado de forma isolada por

empresas de consultorias eou consultores geralmente exoacutegenos ao estado (SANTOS 1985

p15)

Eacute praticamente unanimidade nos textos sobre o planejamento puacuteblico em Sergipe e

nas entrevistas realizadas que com a extinccedilatildeo do Condese houve tambeacutem o esgotamento da

funccedilatildeo planejamento do desenvolvimento em Sergipe (BARBOSA 1983 p30 SANTOS

1985 p10) ou seja credita-se o esgotamento da funccedilatildeo planejamento em Sergipe agrave extinccedilatildeo

do Condese Contudo a anaacutelise do planejamento puacuteblico brasileiro revela que as crises

sobretudo fiscal e financeira o planejamento voltado para a estabilizaccedilatildeo monetaacuteria e a

discussatildeo da reduccedilatildeo do papel do estado ocorrentes nesse periacuteodo foram algumas das

agravantes do planejamento do desenvolvimento natildeo apenas em Sergipe como no Nordeste e

no Brasil Desse modo apreende-se que a extinccedilatildeo do Condese foi permeada por essas crises

e agravada pelos modelos poliacutetico-institucional e de desenvolvimento adotados e ainda pelo

estilo de tomada de decisatildeo em vigor

Desse modo os textos produzidos sobre a histoacuteria do planejamento em Sergipe talvez

por estarem eivados por sentimentos diversos tratam da reestruturaccedilatildeo da Administraccedilatildeo

Puacuteblica estadual como uma manobra poliacutetica para desmonte da estrutura do Condese E nessa

dificuldade de aceitaccedilatildeo deixaram de analisar o planejamento estadual no contexto da

dinacircmica social e poliacutetica nacional e global Como disse Albuquerque (2004 p20) o

contexto era marcado por movimentos que se organizam como espaccedilo de accedilatildeo reivindicativa

de modelos de desenvolvimento (sustentaacutevel) e de planejamento (democraacutetico) Esses

movimentos culminaram com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal em 1988 conhecida

como a Constituiccedilatildeo Cidadatilde e com a Constituiccedilatildeo Estadual em 1989 e com estas a abertura

de espaccedilos participativos para a gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas contemplando todo o ciclo ou

seja o planejamento a execuccedilatildeo o controle e avaliaccedilatildeo e a correccedilatildeo dos programas e

projetos

Eacute importante perceber que mesmo reconhecendo que o modelo de desenvolvimento

que priorizava o econocircmico natildeo atendia agraves especificidades sociais do estado a reestruturaccedilatildeo

135

da Administraccedilatildeo Puacuteblica natildeo foi percebida como necessaacuteria pelos analistas ateacute porque a

reestruturaccedilatildeo natildeo alterou o planejamento tecnocraacutetico e o desenvolvimento voltado para o

progresso econocircmico Soacute para exemplificar ateacute meados da deacutecada de 1990 poucos

municiacutepios possuiacuteam estabelecimentos de ensino meacutedio

Constata-se que embora o Conselho tivesse uma preocupaccedilatildeo com a capacitaccedilatildeo de

seus teacutecnicos a alta taxa de analfabetismo da populaccedilatildeo e a ausecircncia de estabelecimento de

ensino meacutedio nas sedes municipais aleacutem da existecircncia de professores sem a devida

habilitaccedilatildeo natildeo se constituiacuteram em situaccedilatildeo problema para o modelo de desenvolvimento

adotado nem accedilatildeo que merecesse uma poliacutetica para alteraccedilatildeo da realidade E como lembra

Demo (2009) a poliacutetica puacuteblica mais sensiacutevel para o desenvolvimento eacute a educaccedilatildeo

Desse modo a avaliaccedilatildeo das poliacuteticas e do planejamento do desenvolvimento adotado

pelo Condese permite inferir que no contexto da democratizaccedilatildeo e de formaccedilatildeo de capital

social esse natildeo contribuiu para a formaccedilatildeo de capital social e era uma institucionalidade que

natildeo apresentava sustentabilidade no modelo de redemocratizaccedilatildeo pela cultura poliacutetica

burocraacutetica e autoritaacuteria assumida e pela negligecircncia com as poliacuteticas sociais e ambientais

Entretanto eacute importante reconhecer que com a extinccedilatildeo do Condese e a criaccedilatildeo da

Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan) e do Instituto de Economia e Pesquisa em

1979 mesmo mantendo muitos teacutecnicos do quadro de servidores do Conselho de

Desenvolvimento paulatinamente observou-se a descontinuidade de projetos de accedilotildees de

pesquisas e ateacute da sistematizaccedilatildeo de dados e de informaccedilotildees a respeito do Estado e dos

municiacutepios fundamentais para a elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos e as poliacuteticas puacuteblicas Outra

aacuterea que sofreu descontinuidade foi o setor cartograacutefico e o acervo bibliograacutefico sobre

planejamento puacuteblico desenvolvimento e poliacuteticas puacuteblicas iniciada pela Condese

Lamentavelmente todo registro produzido encontra-se armazenado de forma inadequada sem

as condiccedilotildees de conservaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de documentos produzidos pelas entidades do

planejamento em Sergipe demonstrando total descaso com os dados e as informaccedilotildees

produzidas no estado

Em marccedilo de 1979 depois de vinte anos e tendo sofrido duas alteraccedilotildees o Conselho

de Desenvolvimento Econocircmico de Sergipe foi extinto e se criou a Secretaria de Estado do

Planejamento (Seplan) como oacutergatildeo coordenador do planejamento e o Instituto de Economia e

Pesquisa (INEP) oacutergatildeo operacional da Secretaria Essas estruturas organizacionais bem como

suas dimensotildees culturais e modelo de tomada de decisatildeo seratildeo analisadas a seguir

136

523 Planejamento orccedilamentaacuterio e a reduccedilatildeo da funccedilatildeo planejamento

Tomando-se por base o Decreto-Lei n 2001976 o processo de planejamento

econocircmico perde forccedila e ganham feiccedilatildeo especial os processos de orccedilamento-programa anual e

de elaboraccedilatildeo dos programas gerais setoriais e regionais Nessa nova organizaccedilatildeo cabia agrave

Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan) o estabelecimento de diretrizes orccedilamentaacuterias

necessaacuterias agrave conduccedilatildeo do planejamento e da elaboraccedilatildeo dos orccedilamentos pelos demais oacutergatildeos

do governo Ao longo desses anos a Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan) sofreu

algumas alteraccedilotildees em funccedilatildeo da inclusatildeo de outras temaacuteticas para gestatildeo sob sua

competecircncia ou como consequecircncia da reduccedilatildeo de poder da funccedilatildeo planejamento Desse

modo o planejamento jaacute foi entendido como um subitem da economia e financcedilas a ciecircncia e

tecnologia como itens do planejamento e atualmente o planejamento eacute uma funccedilatildeo da

administraccedilatildeo do quadro de servidores estaduais (Quadro 7)

Quadro 7 Sergipe

Evoluccedilatildeo histoacuterica da Secretaria de Planejamento

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

A criaccedilatildeo da Secretaria do Planejamento ensejou tambeacutem a criaccedilatildeo de um oacutergatildeo

responsaacutevel pela coleta e sistematizaccedilatildeo de dados a respeito das variaacuteveis econocircmicas

sociais culturais ambientais e tecnoloacutegicos necessaacuterias ao planejamento Desse modo em

paralelo agrave criaccedilatildeo da Secretaria criou-se o Instituto de Economia e Pesquisa (INEP) como

oacutergatildeo de apoio ao planejamento seguindo o modelo do Instituto de Pesquisa Econocircmica

Aplicada (IPEA) do governo federal

137

O Instituto de Economia e Pesquisa (INEP) entidade autaacuterquica criada em 1979

vinculava-se agrave Secretaria de Estado do Planejamento e tinha como funccedilatildeo a realizaccedilatildeo de

estudos pesquisas anaacutelises levantamento e sistematizaccedilatildeo de dados e de informaccedilotildees

necessaacuterias ao conhecimento da realidade social econocircmica e financeira do Estado ao

planejamento dos oacutergatildeos setoriais e dos municiacutepios Aleacutem disso o INEP tambeacutem era

responsaacutevel pela gestatildeo da poliacutetica da ciecircncia e tecnologia de Sergipe

Institucionalmente a Seplan e o INEP mantiveram os mesmos princiacutepios da

Administraccedilatildeo Puacuteblica burocraacutetica do Condese e dos demais oacutergatildeos puacuteblicos brasileiros A

elaboraccedilatildeo dos planos dos programas e dos projetos era cercada pelo formalismo de

procedimentos controle riacutegido dos processos e estilo de tomada de decisatildeo do tipo

autocraacutetico ou seja havia uma distacircncia significativa entre o tomador de decisatildeo (Estado) e

os beneficiaacuterios das poliacuteticas e das accedilotildees (sociedade)

A experiecircncia e a praacutetica do planejamento vinculado agrave elaboraccedilatildeo de plano

motivaram a Secretaria de Planejamento a elaborar em 1979 o II Plano de Desenvolvimento

Econocircmico e Social de Sergipe e a estabelecer as diretrizes da Poliacutetica de governo para o

Quadriecircnio 1979-1982 Entre as orientaccedilotildees desse plano percebe-se a preocupaccedilatildeo dos

planejadores com a abertura de canais de comunicaccedilatildeo entre o Governo e a Sociedade

Com larga experiecircncia no planejamento puacuteblico estadual teacutecnico entrevistado durante

a pesquisa descreve que

As definiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas eram institucionais e hierarquicamente

indicadas do acircmbito federal para o estadual principalmente no periacuteodo dos

governos militares quando qualquer processo de caraacuteter democraacutetico era

dificultado A elaboraccedilatildeo de planos programas e projetos eram realizadas

por grupos multidisciplinares formados por teacutecnicos especializados dos

diversos segmentos do Estado sob a coordenaccedilatildeo da Secretaria de

Planejamento considerando-se os paracircmetros dos Planos de Governo em

niacutevel Federal e as respectivas fontes orccedilamentaacuterias jaacute definidas com base na

Lei de Diretrizes Orccedilamentaacuterias (LDO)

As caracteriacutesticas da Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual para esse entrevistado reafirma

a dependecircncia do planejamento estadual das diretrizes estabelecidas pelo governo federal

Desse modo agraves Assessorias de Planejamento de cada Secretaria cabia efetivamente a

elaboraccedilatildeo de programas e respectivos projetos e atividades e agrave Secretaria de Planejamento e

ao seu grupo multidisciplinar a sistematizaccedilatildeo dos programas setoriais no plano geral do

governo Observa-se que muitos programas foram e satildeo criados a partir de projetos pontuais e

atendendo a programas federais haja vista a vinculaccedilatildeo dos programas estaduais aos recursos

federais

138

Nesse ponto eacute importante reconhecer que os componentes das Assessorias de

Planejamento das Secretarias na sua maioria natildeo conheciam teacutecnicas de planejamento aleacutem

disso muitas assessorias mantinham teacutecnicos que desconheciam a problemaacutetica da aacuterea para a

qual formulavam programas e projetos seja pela visatildeo pontual da formaccedilatildeo acadecircmica

recebida seja pelo compromisso poliacutetico assumido Ademais a cultura poliacutetica de favores natildeo

permitia a execuccedilatildeo das accedilotildees planejadas Havia e haacute efetivamente uma distacircncia entre o que

se planeja e o que se executa em funccedilatildeo das demandas poliacuteticas eleitoreiras

Apoacutes dez anos de funcionamento a Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan) foi

extinta em 1989 sendo criada a Secretaria de Estado de Economia e Financcedilas que passa a

responder pelas aacutereas de competecircncia das Secretarias extintas (do Planejamento e da

Fazenda) A fusatildeo das Secretarias demonstra a reduccedilatildeo de poder do planejamento como

processo em funccedilatildeo de diversas crises Entre essas crises destacam-se fiscal financeira

agravada pela taxa de inflaccedilatildeo da intervenccedilatildeo puacuteblica centralizadora e autocraacutetica de escala

do planejamento entre outras vivenciadas especialmente na deacutecada de 1980 e iniacutecio da

deacutecada de 1990 por todo o aparelho de estado e em todos os niacuteveis de governo na prestaccedilatildeo

de serviccedilos e fornecimento de equipamentos 77

urbanos agrave populaccedilatildeo

Nesse contexto de crises o Instituto de Economia e Pesquisa (INEP) foi o primeiro a

apresentar colapso de sua estrutura sendo extinto em 1987 substituiacutedo pelo Instituto de

Estudos Econocircmicos e Sociais Aplicados (IESAP) para dar continuidade agraves suas atividades

Poreacutem em 1989 com a fusatildeo das Secretarias de Planejamento e da Fazenda institui-se a

Fundaccedilatildeo Estadual de Planejamento Pesquisa e Estatiacutestica (FUNDEPLAN) para ocupar suas

funccedilotildees Com a fusatildeo das secretarias de fato o orccedilamento-programa anual como instrumento

de planejamento ficou sendo executado pela Fundaccedilatildeo Estadual de Planejamento Entretanto

dois anos depois em 1991 a Fundaccedilatildeo de Planejamento tambeacutem foi extinta e criou-se

novamente a Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan)

A nova estruturaccedilatildeo da Seplan incorporou outras aacutereas de atuaccedilatildeo em 1995 e passa a

ser denominada de Secretaria de Estado do Planejamento Ciecircncia e Tecnologia (Seplantec)

poreacutem essas alteraccedilotildees natildeo interferiram na metodologia nem no estilo de tomada de decisatildeo

do planejamento orccedilamentaacuterio

Teacutecnico do governo que vivenciou a histoacuteria do planejamento puacuteblico no periacuteodo de

1972 a 1994 coloca ainda como dificuldades para o planejamento de poliacuteticas puacuteblicas a

77

Equipamentos urbanos aqui definidos como todos os bens puacuteblicos de utilidade puacuteblica destinados agrave

prestaccedilatildeo de serviccedilos necessaacuterios ao funcionamento da cidade implantados mediante autorizaccedilatildeo do poder

puacuteblico e em espaccedilos puacuteblicos Desse modo agrupam-se nessa categoria creche centro comunitaacuterio delegacia

destacamento de bombeiro militar terminal rodoviaacuterio obras de infraestrutura urbana e de saneamento

139

falta de integraccedilatildeo das accedilotildees de articulaccedilatildeo entre as secretarias e de qualificaccedilatildeo dos teacutecnicos

A desvalorizaccedilatildeo do quadro de servidores serviu e serve somente para a perpetuaccedilatildeo do

apadrinhamento poliacutetico e fortalecimento da ldquoinduacutestriardquo da consultoria Tanto a criaccedilatildeo e

preenchimento de cargos puacuteblicos pelos apadrinhados poliacutetico ou cabos eleitorais como a

contrataccedilatildeo de consultores para a elaboraccedilatildeo de estudos tecircm reforccedilado a caracteriacutestica da

descontinuidade administrativa seja pelo descompromisso dos servidores com os produtos

entregues pelos consultores pelo total desconhecimento de seu conteuacutedo seja pela mudanccedila

do titular da pasta e consequentemente dos seus afilhados

Como consequecircncia dessas praacuteticas eacute possiacutevel afirmar ainda que a distacircncia entre a

formulaccedilatildeo de propostas (realizadas por consultores) elaboraccedilatildeo de programas e respectivos

projetos e sua implementaccedilatildeo por servidores estaduais geralmente tecircm contribuiacutedo para a

baixa implementaccedilatildeo das poliacuteticas uma vez que natildeo se conhecem as propostas e sobretudo

fragilizado cada vez mais o papel do estado na prestaccedilatildeo de serviccedilos puacuteblicos e na induccedilatildeo

de propostas e programas que contribuem minimamente para o seu desenvolvimento social

Conforme lembrou Guimaratildees Neto (2010 p60) no periacuteodo de 1985 a 1994 as accedilotildees

puacuteblicas se concentraram na estabilizaccedilatildeo monetaacuteria e na reduccedilatildeo do tamanho do estado o

que de certa forma leva a entender que a fusatildeo das secretarias e o ldquovaivemrdquo das entidades

estaduais do planejamento foram adaptaccedilotildees agraves circunstacircncias Assim sendo efetivamente

apoacutes 1985 somente o Projeto Campo Verde foi elaborado como proposta de desenvolvimento

regional que segundo ex-teacutecnicos entrevistados natildeo chegou a ser executado A partir da

promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o planejamento do e para o desenvolvimento

regional ou estadual deixou de existir reforccedilando o desmonte das estruturas de planejamento

A partir da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o foco da Secretaria de Planejamento passou

a ser a elaboraccedilatildeo do orccedilamento e do Plano Plurianual (PPA) seguindo o Manual de

Orientaccedilatildeo produzido pelo Ministeacuterio do Planejamento A entidade de planejamento estadual

jaacute produziu seis planos plurianuais o primeiro teve a vigecircncia de 1992 a 1995 e o uacuteltimo de

2012 a 2015 Considerando que os dois uacuteltimos planos plurianuais adotaram metodologia

participativa a anaacutelise desses seraacute apresentada no toacutepico seguinte

Quanto ao planejamento como um processo contiacutenuo como defende Kon (1994)

envolvendo diferentes etapas como elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e verificaccedilatildeo dos resultados

constata-se que natildeo haacute efetivamente a implementaccedilatildeo da maioria das accedilotildees planejadas e

muito menos a avaliaccedilatildeo dos resultados

140

Entretanto natildeo se pode negar o legado dessas entidades de planejamento na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e no alicerce do desenvolvimento do estado Eacute importante

esclarecer que independentemente do modelo de gestatildeo e de tecnologia adotada da cultura

poliacutetica institucional e social alguns projetos contribuiacuteram para a economia do estado e para a

melhoria das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo Incluem-se nessa uacuteltima as accedilotildees voltadas

para o abastecimento de aacutegua nas sedes municipais As accedilotildees planejadas para o atendimento

do abastecimento de aacutegua ateacute meados da deacutecada de 1980 foi o sustentaacuteculo para a meacutedia

atual (7646) do total de domiciacutelios particulares permanentes com abastecimento de aacutegua

nas sedes dos 7578

municiacutepios sergipanos O significativo investimento em adutoras que

captam aacutegua do rio Satildeo Francisco para complementar o abastecimento de aacutegua na capital do

estado e principalmente fornecer aacutegua para as sedes municipais foi impulsionado pelo Plano

Nacional de Saneamento (PLANASA) pela proposta de uso de recursos provenientes do

Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) e pela instituiccedilatildeo da Companhia de

Saneamento de Sergipe (DESO) na deacutecada de 1970

Eacute importante mencionar que embora a Constituiccedilatildeo Federal e a Constituiccedilatildeo Estadual

preconizem a descentralizaccedilatildeo da prestaccedilatildeo dos serviccedilos de saneamento a realidade poliacutetico-

institucional e financeira atual da maioria dos municiacutepios sergipanos requer uma anaacutelise mais

aprofundada do modelo de gestatildeo mais apropriado para o saneamento municipal agrave luz das

experiecircncias de privatizaccedilatildeo dos serviccedilos de instituiccedilatildeo de arranjo de governanccedila em

funcionamento em outros municiacutepios brasileiros da condiccedilatildeo poliacutetico-institucional desses e

desde que a operaccedilatildeo na escala municipal natildeo afete significativamente os custos

A parceria com as Universidades como destacado pelo entrevistado aleacutem de

aproximar a teoria da praacutetica do planejamento permitiu a ampliaccedilatildeo dessas unidades de

ensino natildeo apenas na oferta de cursos como na qualificaccedilatildeo dos profissionais estruturando

esse ldquopolo (sic) de educaccedilatildeo superiorrdquo em Aracaju e atualmente expandindo-se para o

interior do estado A parceria construiacuteda entre a Universidade sobretudo a Universidade

Federal de Sergipe e o estado eacute um dos legados das entidades precursoras do planejamento

que daacute sustentabilidade ao desenvolvimento

Outra questatildeo observada nos textos e confirmada pelos entrevistados eacute que o

planejamento como instrumento de intervenccedilatildeo e controle social do desenvolvimento deixa de

ser prioridade para a Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira O texto legal traz com clareza a

78

Dos 75 municiacutepios do Estado de Sergipe 15 deles possuem menos de 2000 domiciacutelios particulares

permanentes em suas sedes segundo dados do IBGE de 2010 A viabilidade econocircmica da instituiccedilatildeo de um

oacutergatildeo de saneamento para atendimento dessa demanda carece de estudo detalhado

141

preocupaccedilatildeo do planejamento orccedilamentaacuterio e a compatibilizaccedilatildeo dos orccedilamentos anuais das

autarquias empresas puacuteblicas e demais entidades instituiacutedas pelo poder puacuteblico

O planejamento continuou sendo executado por cada uma das entidades da

Administraccedilatildeo Puacuteblica de modo centralizado autoritaacuterio desarticulado e sem nenhuma

preocupaccedilatildeo com a integraccedilatildeo das poliacuteticas dos programas e dos projetos planejados bem

como com a duplicidade de projetos para a mesma aacuterea ou seja repetem-se em Sergipe os

mesmos procedimentos executados pelos Ministeacuterios E como bem disse Cavalcante (2007

p145) a anaacutelise dos programas finaliacutesticos demonstra ineficiecircncia e as decisotildees

orccedilamentaacuterias satildeo poliacuteticas e natildeo teacutecnicas

524 Planejamento participativo entre as novas ideias e as antigas praacuteticas

No contexto do modelo de planejamento setorial adotado pelo governo federal e

seguido pelo governo de Sergipe o planejamento do desenvolvimento realizado de forma

democraacutetica preconiza antes de tudo a conscientizaccedilatildeo do Gestor do Poder Executivo

Estadual de que antigas praacuteticas poliacuteticas devem ser abolidas a tecnoburocracia eacute um modelo

superado e os sujeitos sociais devem exigir a informaccedilatildeo a participaccedilatildeo e se sentir no direito

de definir programas e projetos como defende Dagnino (2004 p 108) sob pena de

comprometimento da participaccedilatildeo e da democratizaccedilatildeo no estado

Conceitualmente o planejamento participativo proposto pelo Governo de Sergipe foi

um processo de identificaccedilatildeo das necessidades e expectativas da populaccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves

intervenccedilotildees puacuteblicas que promovessem o desenvolvimento municipal territorial e estadual

Essa forma de participaccedilatildeo na concepccedilatildeo de Verdejo (2006 p10) eacute apenas uma fonte de

informaccedilatildeo A metodologia usada para a identificaccedilatildeo das necessidades ou das informaccedilotildees

foi o Diagnoacutestico Raacutepido Participativo (DRP) O Diagnoacutestico Raacutepido Participativo eacute uma

metodologia desenvolvida para planejamento rural em base local Somando-se agrave metodologia

apropriada para informaccedilotildees locais a natildeo delimitaccedilatildeo do campo de difusatildeo espacial dos

custos ou dos benefiacutecios das accedilotildees que deveriam se circunscrever nos acircmbitos territorial e

estadual e a natildeo divulgaccedilatildeo dessas informaccedilotildees aos participantes das conferecircncias municipais

permitiram o levantamento de informaccedilotildees de difiacutecil tratamento pelo Estado por sua natureza

local conforme se descreve no capiacutetulo seguinte e o comprometimento do processo

participativo pela expectativa criada e praticamente sem respostas

142

A anaacutelise sistemaacutetica das demandas a organizaccedilatildeo dessas informaccedilotildees em programas

a indicaccedilatildeo de projetos e ou a inserccedilatildeo das intervenccedilotildees demandadas nos programas bem

como a tomada de decisatildeo por aqueles que deveriam compor o Plano Plurianual e que

portanto teria previsatildeo orccedilamentaacuteria para a execuccedilatildeo continuaram sendo realizadas pelas

assessorias de planejamento setoriais foco da anaacutelise neste subcapiacutetulo

A elaboraccedilatildeo dos programas pelas Assessorias de Planejamento de cada Secretaria e

oacutergatildeos da administraccedilatildeo direta obedeceu e obedece ao manual de orientaccedilotildees fornecido pela

Secretaria que responde pelo planejamento que no caso atual eacute a Secretaria de Estado do

Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (Seplag) Esse manual oportuniza diferentes meacutetodos para

a formulaccedilatildeo de programas e de projetos A seleccedilatildeo do meacutetodo cabe exclusivamente agraves

assessorias de planejamento setoriais

De acordo com o manual de elaboraccedilatildeo do Plano Plurianual 2008-2011 a formulaccedilatildeo

de programas e de projetos deveria ser precedida da definiccedilatildeo e delimitaccedilatildeo do problema que

se desejava enfrentar ou da demanda da sociedade que se desejava atender a participaccedilatildeo

social se daria por meio das conferecircncias municipais territoriais e estaduais e a funccedilatildeo dos

teacutecnicos da Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual seria ajudar o Governo a colocar em praacutetica a

vontade popular destacando que a tecnocracia ouve pensa e organiza (GOVERNO DO

ESTADO DE SERGIPE 2007 p 4 destaque do autor)

Assim a elaboraccedilatildeo de programas e projetos em 2007 que deveriam compor o PPA

2008-2011 e contemplar as demandas sociais coletadas coube agraves Assessorias de

Planejamento setoriais que obedeceram ao formalismo de procedimentos ao controle riacutegido

dos processos e estilo de tomada de decisatildeo do tipo autocraacutetico e natildeo consultivo como se

esperaria em um processo participativo A elaboraccedilatildeo dos programas e projetos continuou

sendo privileacutegio da tecnocracia como jaacute dizia Souza (2004) portanto monopoacutelio do Poder

Puacuteblico

Entretanto conveacutem ressaltar que o manual de elaboraccedilatildeo do PPA 2008-2011 destaca a

importacircncia da ampla discussatildeo dos programas e projetos com os atores envolvidos com

especialistas da aacuterea fim do oacutergatildeo e beneficiaacuterios do programa (GOVERNO DO ESTADO

DE SERGIPE 2007 p 19) Entretanto natildeo satildeo disponibilizados espaccedilos para essa

participaccedilatildeo

Na praacutetica essa discussatildeo para definiccedilatildeo dos programas natildeo ocorreu com os

beneficiaacuterios A participaccedilatildeo social foi requerida para a validaccedilatildeo da sistematizaccedilatildeo dos

143

programas e seus respectivos projetos quando foram submetidos aos delegados79

do processo

do planejamento participativo instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico Estadual na conferecircncia

estadual No contexto dos niacuteveis de participaccedilatildeo proposto por Bordenave (2007) essa

apresentaccedilatildeo dos programas aos delegados natildeo se caracterizou como uma participaccedilatildeo pois

natildeo se concedeu aos delegados o poder de decisatildeo sobre quais programas e projetos deveriam

compor o plano e sobretudo pelo fato de que as prioridades indicadas pelos delegados do

processo natildeo foram respeitadas conforme pode ser constatado no capiacutetulo seguinte Portanto

na conferecircncia estadual realizada em dezembro de 2007 se buscou o apoio da sociedade para

o processo do planejamento do desenvolvimento territorial participativo

Eacute importante reconhecer que embora esse tenha se constituiacutedo no primeiro momento

do planejamento estadual no qual os programas e projetos estavam sendo submetidos ao

conhecimento da sociedade nesse espaccedilo participativo os delegados do processo receberam a

informaccedilatildeo a respeito do conjunto de programas que comporiam o Plano Plurianual (PPA)

2008-2011 durante a conferecircncia natildeo participando de sua formulaccedilatildeo A natildeo participaccedilatildeo

decorreu sobretudo do fato de que o tempo legal para a apresentaccedilatildeo do Plano Plurianual agrave

Assembleia Legislativa eacute ateacute 30 de setembro Portanto a proposta do PPA jaacute havia sido

encaminhada agrave Assembleia Legislativa para a apreciaccedilatildeo antes da realizaccedilatildeo da conferecircncia

estadual que ocorreu nos dias 9 e 10 de dezembro de 2007 A aprovaccedilatildeo do PPA pela

Assembleia Legislativa ocorreu em 19 de dezembro atraveacutes da Lei n 63022007

Em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo dos programas e projetos eacute importante esclarecer e ateacute

repetir primeiramente que muitos programas e projetos por atenderem a programas federais

nem sempre permitem inserccedilotildees e alteraccedilotildees uma vez que as regras para a submissatildeo dos

projetos jaacute foram definidas Segundo muitas demandas sociais natildeo se apresentaram naquele

momento com viabilidade econocircmica teacutecnica e poliacutetica para sua execuccedilatildeo principalmente

porque a maioria delas (60)80

tinha encargo para a prestaccedilatildeo dos serviccedilos indefinido isto eacute

a competecircncia era concorrente embora o interesse fosse local Exemplificando a demanda

pela construccedilatildeo de postos de sauacutede de escolas e de creches em povoados aleacutem da informaccedilatildeo

a respeito do nuacutemero de beneficiaacuterios e da caracteriacutestica do grupo social especiacutefico (faixa de

renda idade sexo niacutevel de escolaridade etc) da localizaccedilatildeo geograacutefica (distacircncia da sede e

79

Delegados satildeo particulares que receberam a delegaccedilatildeo de seus pares organizados formalmente em

associaccedilotildees cooperativas outras ou natildeo para representaacute-los nas conferecircncias territoriais e estaduais no processo

do planejamento participativo 80

Durante a realizaccedilatildeo das Conferecircncias municipais em 2007 foram levantadas 8671 demandas por

intervenccedilotildees puacuteblicas Dessas 5212 tinham difusatildeo espacial dos custos ou dos benefiacutecios da accedilatildeo se

circunscrevendo no acircmbito local devendo portanto em princiacutepio receber atenccedilatildeo do governo municipal 1271

delas numa escala econocircmica (na qual se procura o menor niacutevel de gastos) se circunscreveram na escala

territorial e 2188 exigiam espaccedilo estadual (SeplanPlanejamento Participativo de Sergipe 2007)

144

de outras unidades prestadoras daqueles serviccedilos) do estudo da melhor alternativa para a

prestaccedilatildeo do serviccedilo demandado e necessaacuterio agrave tomada de decisatildeo pelo poder puacuteblico requer

ainda a consulta o conhecimento e a adesatildeo do gestor municipal uma vez que os custos

operacionais dessas unidades devem ser previstos no planejamento orccedilamentaacuterio dos

municiacutepios e obrigatoriamente ter a disponibilidade de recursos financeiros e humanos para

assegurar a prestaccedilatildeo dos serviccedilos

No caso do processo do planejamento participativo o nuacutemero de demandas e a

tipologia das accedilotildees requeridas pela sociedade facultaram agrave Secretaria de Planejamento a

desenvolver mecanismos para a captaccedilatildeo de recursos para atender agraves demandas sociais Desse

modo muitas das accedilotildees demandadas que natildeo puderam ser inseridas nos programas existentes

por limitaccedilotildees financeiras para investimentos do Estado foram viabilizadas por meio de

operaccedilotildees de creacutedito ou seja contrataram-se empreacutestimos em diferentes agentes financeiros

como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) o Banco

Interamericano para Reconstruccedilatildeo e Desenvolvimento (BIRD) e o Fundo Internacional de

Desenvolvimento Agriacutecola (FIDA) agecircncia da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Para

tanto foram elaborados programas81

especiacuteficos para grandes aacutereas concentradoras de accedilotildees

nas funccedilotildees de governo da urbanizaccedilatildeo e da habitaccedilatildeo do saneamento e de apoio agraves

atividades produtivas no campo respectivamente Esses programas por serem submetidos a

agentes financeiros sobretudo externo como o Banco Interamericano para Reconstruccedilatildeo e

Desenvolvimento (BIRD) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agriacutecola (FIDA)

seguiram o Manual para Instruccedilatildeo de Pleitos82

da Secretaria do Tesouro Nacional e

subordinam-se agraves normas da Lei Complementar nordm 101 de 4 de maio de 2000 mais conhecida

como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e agraves Resoluccedilotildees do Senado Federal nordms 40 e

432001 A formulaccedilatildeo das cartas consulta documento de referecircncia para a apresentaccedilatildeo de

pleitos aos agentes financeiros ocorreu de forma articulada entre as instituiccedilotildees puacuteblicas

estaduais envolvidas e com a participaccedilatildeo de seus teacutecnicos Agrave exceccedilatildeo do Programa Aacuteguas de

Sergipe que foi submetidos ao Comitecirc da Bacia do Rio Sergipe para apreciaccedilatildeo os demais

programas natildeo foram discutidos em espaccedilos participativos

Apoacutes a formataccedilatildeo do Programa pelas Assessorias de Planejamento agrave Secretaria de

Planejamento cabia e cabe avaliar a consistecircncia dos programas com as orientaccedilotildees

estrateacutegicas do governo estabelecidas em 2007 mdash inclusatildeo pelo direito e inclusatildeo pela renda

81

Os programas contratados foram Sergipe Cidades Aacuteguas de Sergipe Projeto Dom Taacutevora entre outros 82

O Manual para Instruccedilatildeo de Pleitos (MIP) da Secretaria do Tesouro Nacional encontra-se disponiacutevel no

seguinte endereccedilo wwwtesourofazendagovbrdocumento10180241999mip2014-04pdf

145

a coerecircncia interna dos programas bem como a pertinecircncia das accedilotildees para a alteraccedilatildeo do

quadro ou da situaccedilatildeo que cada setor desejava alterar

Tanto as Assessorias de Planejamento quanto a equipe da Seplan (atual Seplag) na

construccedilatildeo dos programas seus objetivos metas definiccedilatildeo dos projetos e dos indicadores de

resultados se utilizaram portanto de praacuteticas antigas de elaboraccedilatildeo de programas A

inovaccedilatildeo consistiu apenas na criaccedilatildeo de espaccedilos participativos para a identificaccedilatildeo das

necessidades sociais ainda que a sociedade natildeo tenha tido a percepccedilatildeo da importacircncia desses

para o desenvolvimento e a democratizaccedilatildeo do Estado como se pretende mostrar no capiacutetulo

6

Embora o manual de elaboraccedilatildeo do Plano Plurianual 2008-2011 natildeo tenha previsto a

participaccedilatildeo social na fase de formulaccedilatildeo dos programas para o acompanhamento da

execuccedilatildeo desses havia a promessa da instituiccedilatildeo dos conselhos territoriais como instacircncias de

controle social Para a instituiccedilatildeo desses conselhos a minuta do decreto foi submetida agrave

apreciaccedilatildeo dos delegados do processo do planejamento participativo durante a realizaccedilatildeo da

3ordf Conferecircncia Lamentavelmente esse decreto natildeo foi assinado por total desinteresse do

Gestor do Executivo Estadual no controle social ou na criaccedilatildeo de institucionalidades

territoriais participativas

Ainda em relaccedilatildeo agrave adoccedilatildeo de antigas praacuteticas observou-se que em 2008 a Secretaria

do Planejamento vinculou o planejamento agrave elaboraccedilatildeo de planos e natildeo se preocupou em

organizar o processo participativo em todas as fases do ciclo de gestatildeo Nesse periacuteodo

elaborou-se o Plano de Desenvolvimento de Sergipe (Desenvolver-SE) com o objetivo de

promover o desenvolvimento do Estado por meio do aumento da competitividade econocircmica

diversificaccedilatildeo da base produtiva e melhor distribuiccedilatildeo de renda nos territoacuterios e nas classes

sociais e oito planos territoriais que foram submetidos aos delegados do processo para

validaccedilatildeo dos dados e das informaccedilotildees Portanto mais uma vez a elaboraccedilatildeo dos planos natildeo

teve a participaccedilatildeo social e natildeo foram criados espaccedilos participativos ou outros canais de

comunicaccedilatildeo que possibilitassem o acompanhamento da execuccedilatildeo das accedilotildees propostas pela

populaccedilatildeo

Entretanto as conferecircncias foram os espaccedilos usados tambeacutem para o acompanhamento

da execuccedilatildeo das accedilotildees via Boletim do Territoacuterio As conferecircncias municipais realizadas em

2009 tiveram entre outros objetivos a apresentaccedilatildeo de balanccedilo dos resultados das deliberaccedilotildees

da 1ordf e 2ordf Conferecircncia Estadual e o avanccedilo na construccedilatildeo do processo do planejamento

participativo

146

As consequecircncias do natildeo acompanhamento tanto pelas equipes setoriais do governo

quanto pela sociedade civil e da ausecircncia de controle social dos programas e projetos

validados nas conferecircncias e constantes no PPA 2008-2011 bem como dos planos tecircm

permitido natildeo apenas alteraccedilotildees da tipologia dos projetos como a natildeo execuccedilatildeo daqueles

classificados como prioritaacuterios para as organizaccedilotildees sociais por forccedila de antigas praacuteticas

poliacuteticas como o clientelismo e outros acordos poliacuteticos

A respeito das alteraccedilotildees na tipologia dos projetos eacute importante destacar que apesar de

todos os gestores municipais terem sido convidados a se inserir no processo a participaccedilatildeo

desses nas conferecircncias municipais natildeo assegurou o respeito agraves prioridades municipais

definidas pela populaccedilatildeo

Paralelamente agraves conferecircncias muitos gestores municipais apresentaram e negociaram

com o Governo do Estado lista de intervenccedilotildees municipais selecionadas pelo Poder Puacuteblico

municipal de forma autoritaacuteria e que natildeo coincidiram com as demandas indicadas pela

populaccedilatildeo Essa lista negociada passou a ser a prioritaacuteria para o Governo do Estado que em

vez de executar projetos estruturantes e voltados para o desenvolvimento territorial

concentrou todos os esforccedilos e recursos de operaccedilotildees de creacutedito na execuccedilatildeo de obras

eleitoreiras de difusatildeo espacial dos custos e dos benefiacutecios da accedilatildeo circunscrevendo-se no

acircmbito local e que natildeo contribuem para o conjunto de accedilotildees que deveriam fornecer as bases e

garantir a sustentabilidade econocircmica e social no estado Satildeo intervenccedilotildees pontuais

construiacutedas sem a observacircncia da complementaridade com outras existentes e que isoladas

na sua maioria natildeo contribuem para o desenvolvimento regional ou territorial Um exemplo

disso eacute o Programa Sergipe Cidades83

Esse Programa foi elaborado com o objetivo de elevar

a competitividade econocircmica diversificar a base produtiva e distribuir melhor a renda nos

territoacuterios sergipanos Para tanto o seu foco era o desenvolvimento induzido por intervenccedilotildees

que (a) estimulassem e assegurassem a sustentabilidade econocircmica dos territoacuterios (b)

promovessem a estruturaccedilatildeo urbana dos municiacutepios sergipanos e (c) fortalecessem a

organizaccedilatildeo estrutural da Administraccedilatildeo Puacuteblica municipal

O planejamento voltado para a estruturaccedilatildeo econocircmica dos territoacuterios previa a

execuccedilatildeo de intervenccedilotildees nas quais se procurava o menor niacutevel de gastos e o atendimento a

um conjunto de municiacutepios Entre as intervenccedilotildees planejadas que se enquadraram nessa

categoria estavam os matadouros territoriais as escolas profissionalizantes os Complexos

83

O Programa Sergipe Cidades eacute executado com recursos de operaccedilatildeo de creacutedito (empreacutestimo) contratada com o

Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) no valor de R$ 250 milhotildees

147

Empresariais Integrados (CEI) e os mercados territoriais84

Dessas intervenccedilotildees nenhum

matadouro foi executado e somente o Complexo Empresarial Integrado de Tobias Barreto foi

construiacutedo e as escolas profissionalizantes nos territoacuterios Leste Sergipano (Carmoacutepolis) Sul

Sergipano (Boquim) e Alto Sertatildeo Sergipano (Poccedilo Redondo)

Entretanto as maiores alteraccedilotildees foram observadas nas intervenccedilotildees de estruturaccedilatildeo

urbana A preocupaccedilatildeo com a estruturaccedilatildeo urbana era dotar as sedes municipais com a

infraestrutura miacutenima de equipamentos puacuteblicos para natildeo soacute assegurar o bem-estar e a

permanecircncia da populaccedilatildeo nos municiacutepios como atrair investidores de meacutedio porte a se

fixarem no interior ampliando a oferta de empregos

O planejamento previa a construccedilatildeo de equipamentos urbanos e por negociaccedilatildeo

poliacutetica os recursos da operaccedilatildeo de creacutedito voltaram-se sobretudo para intervenccedilotildees como

pavimentaccedilatildeo de vias puacuteblicas urbanizaccedilatildeo de praccedilas e construccedilatildeo de quadras esportivas e

ginaacutesio de esportes principalmente em povoados

A pavimentaccedilatildeo de vias puacuteblicas anterior ao estudo da macrodrenagem da aacuterea no

caso das sedes municipais e povoados aleacutem de constituir em risco potencial para

alagamentos com impactos significativos na sauacutede puacuteblica natildeo se enquadra no tipo de

investimento puacuteblico com circunscriccedilatildeo estadual ou seja que se justifique o emprego de

recursos originados de operaccedilotildees de creacutedito Natildeo apenas pelo fato de que a difusatildeo dos

benefiacutecios eacute restrita ao espaccedilo local com impacto meramente pontual mas sobretudo pelo

fato de que os recursos puacuteblicos para investimentos em poliacuteticas puacuteblicas geralmente satildeo

limitados e requerem a adoccedilatildeo de criteacuterios para a priorizaccedilatildeo das intervenccedilotildees Alguns desses

criteacuterios satildeo (i) que a obra possibilite um maior retorno social e (ii) contemple um maior

nuacutemero de beneficiaacuterios com os recursos disponiacuteveis Eacute notoacuterio que intervenccedilatildeo do tipo

pavimentaccedilatildeo natildeo se enquadra nesses criteacuterios

Outra questatildeo fundamental na aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos diz respeito agrave

imparcialidade dos gestores para a indicaccedilatildeo das intervenccedilotildees Para explicar a ausecircncia desse

princiacutepio na tomada de decisatildeo poliacutetica basta saber o nuacutemero de intervenccedilotildees que satildeo

destinadas aos municiacutepios de origem dos governadores Ateacute 2013 o Programa Sergipe

84

Complexo Empresarial Integrado eacute aqui concebido como espaccedilo que permite uma interface entre as empresas

os setores industriais os governos locais e a comunidade e o mercado territorial definido como espaccedilo que

possibilita o recebimento a comercializaccedilatildeo e a distribuiccedilatildeo dos produtos ou Central de Abastecimento

Territorial

148

Cidades natildeo havia executado nenhuma intervenccedilatildeo em Santa Rosa de Lima Em 2014 nove

intervenccedilotildees de desenvolvimento urbano foram executadas85

nesse municiacutepio

Aleacutem da imparcialidade a execuccedilatildeo do Programa Sergipe Cidades ou melhor o

investimento de R$ 270 milhotildees (R$ 250 milhotildees de empreacutestimo e 20 milhotildees de

contrapartida do estado) pouco contribuiraacute para o desenvolvimento de Sergipe Ainda assim

essa pouca contribuiccedilatildeo estaacute sendo creditada aos centros profissionalizantes em construccedilatildeo

uma vez que o Centro Empresarial Integrado de Tobias Barreto foi ocupado pelas empresas jaacute

existentes no municiacutepio natildeo assegurando a ampliaccedilatildeo da oferta de empregos no territoacuterio

A construccedilatildeo de quadras de esportes em povoados sem um projeto integrado com as

Secretarias (estadual e municipais) de Educaccedilatildeo Esporte e Lazer para o desenvolvimento de

projetos que busquem o uso efetivo desses espaccedilos incorreraacute no futuro proacuteximo na

depredaccedilatildeo desses como jaacute ocorreu e ainda ocorre tanto pelo desrespeito ao patrimocircnio

puacuteblico caracteriacutestica comum no estado quanto pela ausecircncia da apropriaccedilatildeo do espaccedilo pela

populaccedilatildeo

Ademais eacute importante esclarecer que tanto o Ministeacuterio das Cidades quanto o

Ministeacuterio dos Esportes disponibilizam recursos para pavimentaccedilatildeo em municiacutepios cujos

recursos satildeo da modalidade de transferecircncia voluntaacuteria86

ou seja o municiacutepio natildeo necessita

pagar pelos recursos transferidos Entretanto satildeo poucos os municiacutepios que cadastram

projetos para a captaccedilatildeo de recursos nos ministeacuterios e nas negociaccedilotildees poliacuteticas os recursos

de investimentos estruturantes para o desenvolvimento do Estado satildeo gastos com obras

pontuais e para atendimento de nuacutemero reduzido de beneficiaacuterios

As intervenccedilotildees executadas de modo pontual e atendendo a acordos poliacuteticos natildeo

fornecem as bases para uma estruturaccedilatildeo urbana adequada com a disponibilidade de

equipamentos que possibilitem ampliaccedilatildeo e fortalecimento dos laccedilos e das relaccedilotildees sociais e

tambeacutem natildeo assegura a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo e muito menos fortalece a

democracia no estado Essa praacutetica alimenta e fornece as condiccedilotildees para a reproduccedilatildeo do

clientelismo e da cultura poliacutetica paternalista e de favores

Pelo exposto e como bem disse Geiger (1969) o Poder Puacuteblico natildeo planeja A anaacutelise

neste trabalho infelizmente apenas confirmou que natildeo haacute planejamento do e para o

85

Nuacutemeros dos contratos das intervenccedilotildees executadas no municiacutepio de Santa Rosa de Lima com recursos do

Programa Sergipe Cidades 04 05 53 58 60 63 68 73 e 882014 Fonte SEDURB Relatoacuterio de

Acompanhamento do Programa Sergipe Cidades 2014 86

Transferecircncias voluntaacuterias satildeo os recursos financeiros repassados pela Uniatildeo aos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em decorrecircncia da celebraccedilatildeo de convecircnios acordos ajustes ou outros instrumentos similares cuja

finalidade eacute a realizaccedilatildeo de obras eou serviccedilos de interesse comum e coincidente com as trecircs esferas do

Governo conforme disponibilizado no siacutetio do Tesouro Nacional

149

desenvolvimento em Sergipe Somando-se a ausecircncia da praacutetica do planejamento e da cultura

das descontinuidades que mascara ainda mais qualquer iniciativa de planejamento de longo

prazo o planejamento orccedilamentaacuterio eacute um mero atendimento de uma norma legal Para

explicar melhor o natildeo planejamento orccedilamentaacuterio somente em 2008 primeiro ano do novo

PPA 2008-2011 foram elaborados 446 minutas de decretos abrindo creacuteditos suplementares

em favor dos diversos oacutergatildeos estaduais Importa lembrar que 2008 foi o primeiro ano de

execuccedilatildeo do Plano Plurianual 2008-2011 elaborado em 2007 Segundo o Relatoacuterio de

Atividades de 2008 da Seplan esses decretos ajustavam as despesas agraves necessidades de

execuccedilatildeo dos oacutergatildeos

Ainda sobre o planejamento orccedilamentaacuterio isto eacute do natildeo planejamento a revisatildeo do

PPA 2008-2011 realizada em 2009 para o biecircnio 20102011 anulou oito programas devido agrave

natildeo execuccedilatildeo das accedilotildees propostas Essa anulaccedilatildeo soacute confirma as dificuldades ainda existentes

para a construccedilatildeo de programas na Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual

No contexto do ciclo de planejamento governamental que tem como base o artigo 165

da Constituiccedilatildeo Federal os programas satildeo a expressatildeo do planejamento Desse modo se a

elaboraccedilatildeo dos programas natildeo foi participativa logo o planejamento natildeo foi participativo

Ainda assim em 2011 a Secretaria de Estado do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (Seplag)

em preparaccedilatildeo para a elaboraccedilatildeo do PPA 2012-2015 realiza um novo ciclo de conferecircncias

territoriais cujo lema era Conferecircncias Territoriais do Plano Plurianual Participativo PPA-P

Durante essas conferecircncias coletaram-se mais demandas (628) que segundo o PPA estadual

2012-215 foram entregues agraves diversas Secretarias de Estado para que elas pudessem

incorporar na medida do possiacutevel agraves suas propostas de Programas que constituiriam o Plano

Plurianual 2012-215

A mensagem do Governo do Estado no PPA 2012-2015 admite ainda que o Governo

de Sergipe segue integralmente a metodologia proposta pelo governo federal para a

elaboraccedilatildeo do PPA e que apresenta como inovaccedilotildees (i) o planejamento influenciado pelas

agendas prioritaacuterias do Governo (ii) as accedilotildees parte operacional do PPA passaram a ser

atributos apenas dos orccedilamentos anuais e (iii) os programas temaacuteticos foram organizados para

aleacutem dos objetivos metas e indicadores em iniciativas

Segundo o PPA 2012-2015 os indicadores servem para mensurar os impactos dos

programas junto agrave sociedade e para a avaliaccedilatildeo das poliacuteticas Para tanto enfatiza que a

participaccedilatildeo social continuaria durante a implementaccedilatildeo das accedilotildees e para tal haveria o

agendamento de reuniotildees permanentes com os delegados do Planejamento Participativo e que

150

seria criada uma nova estrutura de acompanhamento monitoramento e avaliaccedilatildeo dos

programas ndash a Sala de Situaccedilatildeo ndash instalada na Secretaria do Planejamento Orccedilamento e

Gestatildeo

Em relaccedilatildeo agraves reuniotildees permanentes com os delegados em 2012 2013 e 2014

nenhuma reuniatildeo foi realizada envolvendo os delegados do processo do planejamento

participativo e a Sala de Situaccedilatildeo eacute espaccedilo exclusivo de Secretaacuterios de Estado cujas

deliberaccedilotildees satildeo pouco divulgadas ateacute mesmo entre os servidores estaduais

De fato o acompanhamento o monitoramento e a avaliaccedilatildeo de programas natildeo eacute uma

cultura institucional brasileira Para Cavalcante (2007 p143) que avaliou a implementaccedilatildeo

dos PPAs da Uniatildeo dos uacuteltimos 40 anos dois problemas centrais foram encontrados na

mensuraccedilatildeo dos resultados dos programas a dificuldade na elaboraccedilatildeo dos indicadores de

resultados (efetividade) e de mensuraccedilatildeo do grau de impacto do programa na evoluccedilatildeo do

indicador e a complexidade de identificar um periacuteodo razoaacutevel para que um programa gere

resultados

Essas dificuldades tambeacutem foram observadas por avaliadores do Plano de

Desenvolvimento de Sergipe que perceberam dificuldades na seleccedilatildeo de indicadores na

consistecircncia dos programas e na baixa qualificaccedilatildeo das equipes de planejamento

A apuraccedilatildeo das metas do Programa Sergipe Cidades no PPA 2012-2015 demonstra a

pouca importacircncia do planejamento como funccedilatildeo teacutecnica Previa-se apenas uma pavimentaccedilatildeo

de vias puacuteblicas e foram executadas 23 cinco urbanizaccedilotildees de praccedilas tendo sido construiacutedas

36 natildeo havia previsatildeo de construccedilatildeo de mercado municipal e foram construiacutedos sete (Figura

15) No entanto das doze delegacias previstas somente oito foram construiacutedas A delegacia

por se constituir em um equipamento urbano que atende a Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual

proporcionando melhoria na prestaccedilatildeo do serviccedilo de seguranccedila puacuteblica deveria ter sido uma

intervenccedilatildeo priorizada

151

Figura 15 Sergipe ndash Comparaccedilatildeo entre as metas do Programa Sergipe Cidades

previstas no PPA 2012-2015 e executadas ateacute setembro de 2014

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Urbanizaccedilatildeo de praccedilas

Pavimentaccedilatildeo

Construccedilatildeo de quadras esportivas

ConstruccedilatildeoReforma de delegacias

ConstruccedilatildeoReforma mercado hellip

Implant de rede de iluminaccedilatildeo hellip

Construccedilatildeo de ginaacutesios de esportes

Reforma de terminais rodoviaacuterios

Implant sistemas de trat de esgotos

Construccedilatildeo de escolas hellip

Implant Sist Abastecimento de aacutegua

Realizado

Previsto

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados do PPA 2012-2015 e Sedurb 2014

A comparaccedilatildeo entre as metas previstas e aquelas executadas confirma a

discricionariedade dos gestores quanto agrave alocaccedilatildeo dos recursos muitas vezes divergindo

daquilo que foi planejado contribuindo tambeacutem para as constantes alteraccedilotildees na Lei de

Orccedilamento Anual como jaacute destacado Essas alteraccedilotildees mostram uma inconsistecircncia ou o natildeo

planejamento que eacute agravado pela ausecircncia de um processo de monitoramento e avaliaccedilatildeo dos

programas pelos teacutecnicos dos oacutergatildeos setoriais mas sobretudo de controle social

O proacuteximo Capiacutetulo trataraacute da capacidade de participaccedilatildeo e de controle social no ciclo

de gestatildeo puacuteblica estadual e ainda da avaliaccedilatildeo e caacutelculo do estoque do capital social nos e

dos territoacuterios de planejamento

152

6 AVALIACcedilAtildeO DO ESTOQUE DE CAPITAL SOCIAL NOS E DOS

TERRITOacuteRIOS DE PLANEJAMENTO DE SERGIPE

o homem ser de relaccedilotildees

e natildeo soacute de contatos natildeo apenas

estaacute no mundo mas com o mundo Estar com o mundo

resulta de sua abertura agrave realidade que o faz ser o ente de

relaccedilotildees que eacute (FREIRE 1967 p39)

153

6ndash AVALIACcedilAtildeO DO ESTOQUE DE CAPITAL SOCIAL NOS E DOS TERRITOacuteRIOS

DE PLANEJAMENTO DE SERGIPE

A cultura poliacutetica o modelo de gestatildeo e as praacuteticas das instituiccedilotildees puacuteblicas de

planejamento estadual satildeo as principais variaacuteveis da avaliaccedilatildeo do estoque de capital social

Este capiacutetulo apresenta os resultados da pesquisa de campo realizada para a

mensuraccedilatildeo do estoque de capital social nos territoacuterios de planejamento de Sergipe Para

tanto seratildeo abordadas as dimensotildees do capital social e avaliada a participaccedilatildeo social nos

espaccedilos participativos (conferecircncias municipais territoriais e estaduais e conselhos de

poliacuteticas puacuteblicas) instituiacutedos pelo governo do Estado

No estudo de caso procura-se explixar a participaccedilatildeo social tanto nos espaccedilos

participativos quanto nas estruturas de governanccedilas instituiacutedas em Sergipe na perspectiva de

avaliar o papel da sociedade e do estado na construccedilatildeo ou destruiccedilatildeo do capital social Para

isso parte-se da caracterizaccedilatildeo da participaccedilatildeo e sua importacircncia no planejamento das

poliacuteticas puacuteblicas e como ferramenta garantidora do desenvolvimento regional e local da

importacircncia do processo de mobilizaccedilatildeo dos atores e agentes do desenvolvimento para a

participaccedilatildeo da anaacutelise da participaccedilatildeo social nas conferecircncias municipais territoriais e

estaduais como caminho para a avaliaccedilatildeo do estoque de capital social nesses espaccedilos

No que concerne agrave mensuraccedilatildeo do estoque de capital social dos territoacuterios de

planejamento a estrateacutegia usada visa a compreensatildeo da manutenccedilatildeo dos baixos indicadores

sociais e econocircmicos nos territoacuterios e a proposiccedilatildeo de accedilotildees voltadas para o fortalecimento do

capital social valendo-se de suas dimensotildees propostas pelo Banco Mundial como a

participaccedilatildeo em grupos e rede a confianccedila e a solidariedade a informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo a

coesatildeo e inclusatildeo social e o empoderamento e accedilatildeo poliacutetica calculou-se o Iacutendice de Capital

Social

Analisam-se ainda estruturas de governanccedila como os conselhos gestores de poliacuteticas

puacuteblicas como um esforccedilo para tentar explicar e analiticamente entender a efetividade das

instituiccedilotildees participativas especialmente as estruturas de governanccedilas na formaccedilatildeo do capital

social e na gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas bem como na democratizaccedilatildeo em Sergipe

154

61 Participaccedilatildeo social como dimensatildeo do capital social ferramenta do planejamento e

estrateacutegia para o desenvolvimento territorial

Participar eacute condiccedilatildeo inerente agrave vida em sociedade O indiviacuteduo ao nascer participa

do grupo familiar e agrave medida que se socializa se capacita e amplia sua participaccedilatildeo em

diferentes grupos incorpora e reforccedila os valores culturais e as normas da comunidade como

defende Putnam (2006) e constroacutei as bases para a participaccedilatildeo social como diz Bordenave

(2007)

A necessidade de conhecer a natureza e a estrutura da participaccedilatildeo social emergiu com

grande forccedila na deacutecada de 1990 no contexto da discussatildeo da reforma do estado de modelos

de desenvolvimento regional e local por imposiccedilatildeo de agentes financeiros e ainda do

fortalecimento da democracia como destacado nos toacutepicos anteriores e em Bandeira (1999)

Cremonese (2012) Costa (2009) e IPEA (2013)

A participaccedilatildeo social tem sido referenciada como sinocircnimo das expressotildees

participaccedilatildeo da sociedade civil participaccedilatildeo popular e participaccedilatildeo cidadatilde como se pode ver

em Banco Interamericano de Desenvolvimento (2000) Albuquerque (2004) e Silva (2009)

Entretanto essas expressotildees no contexto da cultura brasileira e do pressuposto de um Estado

Democraacutetico de Direito podem significar processos distintos A participaccedilatildeo social efetiva

ocorre quando se reconhece e se tem assegurados os direitos civis poliacuteticos e sociais isto eacute

quando se tem cidadania87

e como lembrado por Putnam (2008 p 101) quando o interesse

da coletividade se sobrepotildee aos interesses individuais Para Dagnino (2004 p108) a noccedilatildeo

da cidadania requer a constituiccedilatildeo de sujeitos sociais ativos que participam e tecircm o direito de

definir aquilo em que querem ser incluiacutedos Para essa autora o conceito de cidadania deve

estar associado agrave garantia de direitos agrave democracia e agraves transformaccedilotildees sociais

A anaacutelise da participaccedilatildeo social e do papel das instituiccedilotildees participativas realizada por

Bordenave (2007 p27) e Dagnino (2004 p 103) Moroni (2005 p10) enfatiza as condiccedilotildees

objetivas da cidadania como alternativas para assegurar fortalecer e ampliar a participaccedilatildeo

social dar efetividade agraves instituiccedilotildees participativas e agrave democratizaccedilatildeo

87

Qualquer discussatildeo sobre cidadania necessariamente inclui a evoluccedilatildeo histoacuterica da sociedade ateacute chegar ao

presente estaacutegio Essa evoluccedilatildeo se respalda em pressupostos que enfatizam o homem mantendo sua liberdade

individual numa organizaccedilatildeo social que se molda a um Estado ou a um Estado-naccedilatildeo e aos diferentes modos e

formas de governo Para melhor compreensatildeo sobre cidadania ver CARVALHO Joseacute Murilo de Cidadania no

Brasil o longo caminho Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2001

155

As instituiccedilotildees participativas88

denominadas por Avritzer (2008) satildeo sistemas de

relaccedilotildees que resultam da interaccedilatildeo de grupo de pessoas de organizaccedilotildees da sociedade civil e

do Estado na deliberaccedilatildeo sobre poliacuteticas puacuteblicas Desse modo satildeo instituiccedilotildees participativas

conselhos conferecircncias assembleias de bairros de orccedilamento participativo audiecircncias

puacuteblicas oficinas de participaccedilatildeo comitecircs de bacias hidrograacuteficas e organizaccedilotildees natildeo

governamentais ambientais

No contexto da construccedilatildeo da cidadania os processos e as instituiccedilotildees participativas

podem ser analisados por meio de diferentes variaacuteveis entre as quais destacamos as formas

de participaccedilatildeo89

(se espontacircnea imposta ou concedida) os niacuteveis de participaccedilatildeo

(informacional consulta e outros) as condicionantes dos niacuteveis da participaccedilatildeo (estrutura

social topologia das lideranccedilas normas das instituiccedilotildees) as forccedilas atuantes na dinacircmica

participativa o acesso agrave informaccedilatildeo e sobretudo a qualidade poliacutetica da populaccedilatildeo e das

instituiccedilotildees

A qualidade poliacutetica eacute construiacuteda fundamentando-se em poliacuteticas educacionais e

culturais de qualidade de acesso agrave informaccedilatildeo e ao diaacutelogo com o poder puacuteblico e se reflete

na capacidade do indiviacuteduo de participar ativa e efetivamente nos processos de decisatildeo

definindo resgatando gerenciando direitos ou seja fortalecendo a cidadania e o capital

social A cidadania beneficia a participaccedilatildeo voluntaacuteria ou autocircnoma90

na qual o indiviacuteduo eacute

consciente de seus interesses e dos interesses de seu grupo e concorre para a participaccedilatildeo

cidadatilde

A participaccedilatildeo cidadatilde para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) eacute

entendida como

O conjunto de processos pelos quais os diversos intervenientes influenciam o

processo de decisatildeo sobre as atividades e sua execuccedilatildeo (BID 2000 p1

traduccedilatildeo nossa)

Assim pode-se inferir que a participaccedilatildeo cidadatilde eacute fundamentalmente alicerccedilada na

qualidade poliacutetica Enquanto a participaccedilatildeo popular ou a participaccedilatildeo social embora natildeo

desejaacutevel podem ocorrer com atores sociais como bem destacado por Moroni (2006 p 15)

88

Moroni (2005) analisando o direito agrave participaccedilatildeo no Governo Lula define os conselhos de gestatildeo de poliacuteticas

e as conferecircncias como espaccedilos institucionais componentes do sistema descentralizado e participativo No

contexto da poliacutetica territorial o Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio usa a expressatildeo institucionalidades

territoriais como sinocircnimo para as instituiccedilotildees participativas 89

A classificaccedilatildeo das formas graus e niacuteveis da participaccedilatildeo condicionantes e forccedilas atuantes na dinacircmica

participativa encontra-se em Bordenave (2007) 90

A participaccedilatildeo autocircnoma segundo Borba (2011 p 70) ldquoeacute produto de uma escolha individual motivada pelo

interesse em influenciar as decisotildees governamentaisrdquo (2011 p70)

156

que desempenham bons papeacuteis na mobilizaccedilatildeo na capilaridade e ateacute mesmo na reproduccedilatildeo do

poder concedente poreacutem satildeo coibido de participar

Para Albuquerque (2004 p 32) muitos canais institucionais de participaccedilatildeo criados

apoacutes a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 satildeo burocratizados e esvaziados de

conteuacutedo burocraacutetico O funcionamento de conselhos de gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e das

assembleias de bairros dos orccedilamentos participativos tornaram-se importantes espaccedilos de

disputa de poder como observado por Gohn (2000) Teixeira (2000) Albuquerque (2004)

Avritzer (2008) Pontual (2008) e Cohn (2011) Isto se deve entre outros fatores agrave fragilidade

teacutecnica e de cultura poliacutetica dos intervenientes dos processos e sobretudo agrave estrutura das

instituiccedilotildees participativas A conclusatildeo desses autores induz agrave interpretaccedilatildeo de uma

participaccedilatildeo de atores sociais ao inveacutes de cidadatildeos e cidadatildes E como lembra Demo (2001

p129) ldquoparticipar por participar eacute foacutermula certa para matar a participaccedilatildeordquo

A avaliaccedilatildeo dos conselhos de gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e das assembleias dos

orccedilamentos participativos nos uacuteltimos vinte anos tem sido mateacuteria de estudo de diversos

pesquisadores entre eles Albuquerque (2004) Gohn (2000) Dagnino (2004) Teixeira

(2000) Pontual (2008) Borba (2011) Avritzer (2008 2012) Silva (2011) Silva (2009) Para

Avritzer (2011 p16) esses estudos tecircm tido como foco a ampliaccedilatildeo dos espaccedilos de

deliberaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas nos trecircs niacuteveis de governo e a avaliaccedilatildeo dos efeitos dessas

instituiccedilotildees participativas na democratizaccedilatildeo do Estado e da sociedade e na efetividade das

accedilotildees aiacute deliberadas Contudo as conclusotildees de muitos desses estudos apontam

A pouca experiecircncia da populaccedilatildeo em recorrer ou participar dos mesmos

tornando-os ainda mais vulneraacuteveis ao peso do poder econocircmico e poliacutetico

das elites conservadoras (PONTUAL 2008 p3)

O aprendizado da democracia via participaccedilatildeo passa necessariamente pela

conscientizaccedilatildeo dos cidadatildeos de seus direitos(Cohn 2011 p23)

A proacutepria sociedade precisa ser democratizada e assumir uma cultura de

participaccedilatildeo e tambeacutem uma eacutetica de responsabilidade puacuteblicaa cultura

poliacutetica que prevalece no setor puacuteblico eacute ainda clientelista patrimonialista e

autoritaacuteria (TEIXEIRA 2000 p 108 E 113)

Os conselhos satildeo mecanismos limitados para a transformaccedilatildeo social

apesar de pouco avanccedilo em direccedilatildeo a transformar em poder de fato o poder

legal que esses espaccedilos participativos possuem (MORONI 2006 p23)

Haacute ainda muitas lacunas nas suas estruturas e formas de funcionamento

(GOHN 2000 p36)

Embora essas citaccedilotildees indiquem que a populaccedilatildeo as estruturas das institucionalidades

participativas e o aparelho do Estado tecircm desafios para um Estado democraacutetico de direito

esses processos e instituiccedilotildees participativas independentemente das formas de participaccedilatildeo e

criaccedilatildeo se iniciaram e haacute efetivamente uma ldquoexplosatildeordquo de avaliaccedilotildees desses com indicativos

157

para seu melhoramento correccedilatildeo ou aperfeiccediloamento Essas indicaccedilotildees transcorreram em

toda a deacutecada de 2000 e permanecem conforme se pode ler na publicaccedilatildeo do Instituto de

Pesquisa Econocircmica Aplicada (IPEA 2013 p58) que cita a carecircncia de olhares mais atentos

e qualitativos sobre a participaccedilatildeo social e a disponibilizaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre os

processos de forma mais ampla e aberta entre outras

Tem-se ainda o farto conhecimento de todas as deficiecircncias da qualidade da

educaccedilatildeo baacutesica agrave ausecircncia de articulaccedilatildeo e integraccedilatildeo (horizontal e vertical) de instituiccedilotildees e

poliacuteticas e aos meios tradicionais de fazer poliacutetica no Brasil (paternalismo clientelismo

mandonismo corrupccedilatildeo) O que se espera eacute o enfretamento dessas deficiecircncias uma reforma

poliacutetica o acesso de fato agraves informaccedilotildees com linguagem acessiacutevel agrave populaccedilatildeo a

estruturaccedilatildeo de novos arranjos institucionais uma poliacutetica educacional de qualidade entre

outras accedilotildees A populaccedilatildeo com os protestos que ocorreram em todo o Brasil no mecircs de junho

de 2013 mostrou que se sente incomodada e quer mudanccedilas Resta-nos avaliar a qualidade

das manifestaccedilotildees e da participaccedilatildeo para a efetividade das mudanccedilas necessaacuterias embora natildeo

seja essa a pretensatildeo deste trabalho

Embora tambeacutem natildeo seja pretensatildeo na pesquisa o aprofundamento da discussatildeo

sobre participaccedilatildeo instituiccedilotildees participativas ou de avaliaccedilatildeo de processos de participaccedilatildeo

popular e sobretudo de um resgate da evoluccedilatildeo histoacuterica da participaccedilatildeo social em Sergipe a

proposta neste capiacutetulo eacute a anaacutelise da participaccedilatildeo de atores sociais orientada para o

reconhecimento do capital social dos e nos territoacuterios de planejamento nas conferecircncias do

processo do planejamento participativo e ainda como instrumento do planejamento e

estrateacutegia para o desenvolvimento Para tanto os principais objetivos satildeo analisar a

capacidade de participaccedilatildeo da populaccedilatildeo e o processo de mobilizaccedilatildeo usado e sobretudo

avaliar os mecanismos de ampliaccedilatildeo e ou a garantia da continuidade do processo como meios

para o fortalecimento do capital social e para o desenvolvimento territorialregional

62 Mobilizaccedilatildeo e participaccedilatildeo social em instituiccedilotildees participativas municipais

(conferecircncias municipais do Planejamento Participativo)

Influenciado pela participaccedilatildeo de atores sociais nas conferecircncias mobilizadas pelo

governo federal e pela experiecircncia das assembleias de bairros de orccedilamento participativo

vivenciada na gestatildeo municipal o Governo estadual iniciou em 2007 com o propoacutesito de

inovar a Administraccedilatildeo Puacuteblica com a instituiccedilatildeo de uma governanccedila construiacuteda a partir de

alianccedilas com a sociedade civil e o setor privado e assegurar o planejamento puacuteblico a partir de

158

consulta popular Para tanto instituiu-se o processo de Planejamento do Desenvolvimento

Territorial Participativo as conferecircncias municipais territoriais e estadual como instituiccedilotildees

ou canais de participaccedilatildeo e os territoacuterios como unidades de planejamento91

O processo do planejamento participativo instituiacutedo pelo Poder Puacuteblico Estadual tem

como base a consulta popular e como finalidade a identificaccedilatildeo de demandas das

comunidades sergipanas relacionadas agrave elaboraccedilatildeo do Plano de Desenvolvimento

Participativo de Sergipe92

e dos Planos Territoriais instrumentos a serem aprovados pelo

Conselho de Desenvolvimento Econocircmico e Social do Estado de Sergipe e pelos conselhos

territoriais Esse processo surge em meio a inuacutemeros desafios como a singularidade93

o perfil

e a cultura poliacutetica das lideranccedilas locais o modelo de gestatildeo puacuteblica tradicional e outros Nos

termos do Decreto que instituiu o processo do planejamento participativo a participaccedilatildeo dos

atores sociais deve ocorrer nas escalas municipal territorial e estadual com formas e niacuteveis de

participaccedilatildeo diferenciados Para a conferecircncia municipal a participaccedilatildeo fora concedida agrave

populaccedilatildeo maior de 18 anos e independentemente de quaisquer filiaccedilotildees agraves instituiccedilotildees

organizadas ou a partidos poliacuteticos Nas conferecircncias territoriais e estaduais a participaccedilatildeo

era dirigida aos delegados eleitos nas conferecircncias municipais A indicaccedilatildeo e eleiccedilatildeo dos

delegados obedeceram ao regimento das conferecircncias no qual se previa a participaccedilatildeo de trecircs

representantes do poder puacuteblico dois da iniciativa privada e cinco de organizaccedilotildees que

representassem os movimentos sociais as ONGs as entidades sindicais e profissionais as

cooperativas e outras Prefeitos municipais e presidentes das cacircmaras de vereadores foram

considerados delegados natos A eleiccedilatildeo dos delegados ocorria entre os pares e conforme

regras previstas em regimento aprovado no iniacutecio de cada conferecircncia

O niacutevel de participaccedilatildeo exigido nas conferecircncias municipais eacute a consulta das accedilotildees

prioritaacuterias para a alocaccedilatildeo de recursos e viabilizaccedilatildeo de execuccedilatildeo pelo Governo do Estado

com foco na reduccedilatildeo da pobreza e no desenvolvimento territorial Considerando a

singularidade do processo a hierarquizaccedilatildeo das accedilotildees prioritaacuterias deveria ser orientada para a

resoluccedilatildeo de problemas de maior gravidade e aquelas de maior retorno social haja vista a

limitaccedilatildeo dos recursos financeiros e institucionais e a alta incidecircncia de pobreza nos

municiacutepios sergipanos Entretanto na praacutetica isso natildeo ocorreu tanto pela falta de clareza da

91

Os Decretos estaduais nos

24339 e 24338 de 29 de abril de 2007 instituem o processo de Planejamento do

Desenvolvimento Territorial Participativo e os oito territoacuterios de planejamento respectivamente 92

O objetivo e as etapas do processo do planejamento participativo encontram-se no Decreto n 243392007 93

As experiecircncias de consultas populares na sua grande maioria ocorreram por iniciativa do Poder Puacuteblico

municipal cuja escala de atuaccedilatildeo eacute o municiacutepio A tipologia das accedilotildees executadas pelo poder puacuteblico municipal

difere bastante daquelas que devem ser executadas pelo poder puacuteblico estadual

159

metodologia proposta pelo Estado quanto pelo grau de necessidade dos participantes e a

percepccedilatildeo de gravidade desses

O grau de participaccedilatildeo nas conferecircncias territoriais previsto no Decreto deve ser a

consulta das demandas de caraacuteter territorial isto eacute aquelas accedilotildees que se implantadas

atenderiam a mais de um municiacutepio Satildeo exemplos de accedilotildees de caraacuteter territorial os hospitais

regionais os mercados territoriais os matadouros regionais e outros e ainda aquelas accedilotildees

voltadas para o fortalecimento das cadeias produtivas e para o desenvolvimento de cada

territoacuterio

A convocaccedilatildeo dos participantes ou dos atores sociais bem como a organizaccedilatildeo das

conferecircncias municipais competia a uma comissatildeo formada por trecircs representantes um do

poder executivo municipal um do poder legislativo e um da sociedade civil organizada

Entretanto o projeto da mobilizaccedilatildeo social havia sido desenhado pelo poder puacuteblico estadual

Os processos de mobilizaccedilatildeo tiveram nas prefeituras um elemento decisivo

Onde o prefeito queria ter muita gente participando houve divulgaccedilatildeo

antecipada e por vaacuterios meios onde o prefeito preferia que a populaccedilatildeo natildeo

comparecesse a divulgaccedilatildeo foi tiacutemida e onde o prefeito queria defender seus

interesses dentro do PP a massa de funcionaacuterios foi mobilizada em

detrimento do conjunto da sociedade Enfim observou-se que as prefeituras

lanccedilaram matildeo de vaacuterios artifiacutecios para mobilizar ou desmobilizar ou seja

para controlar o processo de participaccedilatildeo a partir inclusive da composiccedilatildeo

da Comissatildeo Executiva Municipal (CARREGOSA 2009 p 105)

Como demonstra a citaccedilatildeo na praacutetica o arranjo da comissatildeo preparatoacuteria municipal se

deu entre parceiros poliacuteticos e essa decisatildeo reforccedilou o modelo centralizador da gestatildeo puacuteblica

municipal e a organizaccedilatildeo do poder e ainda demonstrou a fragilidade das informaccedilotildees e da

comunicaccedilatildeo sobre o projeto e a confianccedila da populaccedilatildeo no projeto poliacutetico do governo do

Estado naquele momento

Em relaccedilatildeo agrave mobilizaccedilatildeo94

para as conferecircncias do planejamento participativo na

escala municipal em 2007 o governo de Sergipe conseguiu mobilizar95

um contingente

proacuteximo de 18 mil pessoas96

Em 2009 no segundo ciclo de conferecircncias municipais a

mobilizaccedilatildeo foi reduzida para pouco mais de 10 mil pessoas (Figura 16) Embora esse

quantitativo impressione o valor em si deve estar na qualidade da participaccedilatildeo E como

94

Para Toro e Werneck (1997 p11) ldquomobilizar eacute convocar vontades para atuar na busca de um propoacutesito

comum sob uma interpretaccedilatildeo e um sonho tambeacutem compartilhadosrdquo 95

A base para a caracterizaccedilatildeo satildeo os dados disponibilizados nas fichas de inscriccedilatildeo preenchida pelos

participantes durante a realizaccedilatildeo das Conferecircncias Municipais nos dois ciclos 96

O nuacutemero de participantes refere-se agrave somatoacuteria das assinaturas na relaccedilatildeo dos participantes e natildeo corresponde

ao nuacutemero dos participantes que preencheram e devolveram a ficha de inscriccedilatildeo

160

afirma Putnam (2008 p 110) o caraacuteter da participaccedilatildeo depende da natureza poliacutetica dos

participantes Essa natureza poliacutetica eacute o objeto a ser desvelado tanto para a compreensatildeo do

processo do planejamento quanto para a confianccedila social no projeto poliacutetico e nas instituiccedilotildees

Tambeacutem essa natureza poliacutetica eacute objeto a ser avaliado verificando se se constitui em um bem

puacuteblico nos territoacuterios sergipanos capaz de assegurar o desenvolvimento territorial como

proposto

Figura 16 Sergipe

Nuacutemero total de participantes das conferecircncias municipais ndash 2007 e 2009

0 5000 10000 15000 20000

2007

2009

Fonte SeplanSeplag Relatoacuterios das Conferecircncias de 2007 e 2009

Buscando analisar a natureza poliacutetica da participaccedilatildeo o primeiro elemento seraacute o natildeo

atendimento agrave convocaccedilatildeo para o segundo ciclo de conferecircncias ou melhor a reduccedilatildeo das

pessoas mobilizadas para a participaccedilatildeo Para tanto propotildeem-se algumas hipoacuteteses

exploratoacuterias embora se acredite que todas elas se resumem agrave insuficiecircncia da cidadania da

populaccedilatildeo como afirma Demo (2009 p3) Na primeira delas a desmobilizaccedilatildeo ocorreu em

funccedilatildeo do baixo atendimento das accedilotildees demandadas Em 2007 a populaccedilatildeo confiava no

projeto poliacutetico do Governo do Estado - ldquoSergipe governo de todosrdquo e esperava dele no

miacutenimo que as decisotildees tomadas nas conferecircncias fossem atendidas A populaccedilatildeo atendeu agrave

convocaccedilatildeo dos municiacutepios para as conferecircncias e foram relacionadas 8671 demandas

Dessas 5212 satildeo accedilotildees cuja execuccedilatildeo compete ao municiacutepio e em todos os territoacuterios de

planejamento concentraram-se principalmente em demandas recorrentes das agendas da

sauacutede da educaccedilatildeo e da assistecircncia social ou seja a populaccedilatildeo sergipana ainda reclama por

direitos sociais e acreditava que a convocaccedilatildeo de seus liacutederes poderia responder aos seus

desejos e necessidades Na segunda a fragilidade da cultura participativa da populaccedilatildeo e as

vaacuterias convocaccedilotildees para as conferecircncias promovidas tanto pelo governo federal quanto pelo

governo estadual sem respostas para as demandas levantadas contribuiacuteram para a

161

desmobilizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para a participaccedilatildeo Na terceira os ldquoprojetosrdquo de mobilizaccedilatildeo e

de comunicaccedilatildeo natildeo foram adequados ou seja a linguagem a forma e os meios usados para

comunicar natildeo foram acessiacuteveis ao puacuteblico A convocaccedilatildeo para as conferecircncias ocorreu entre

os aliados poliacuteticos dos gestores municipais e estaduais e os servidores municipais ou seja

houve uma participaccedilatildeo mobilizada uma vez que os participantes dependiam da vontade e

compromisso poliacutetico para atendimento de suas demandas e mostraram-se leais a seus liacutederes

(BORBA 2011 p 70 CARREGOSA 2009 p 105) Isso se confirma pelo percentual de

participaccedilatildeo de representantes do poder puacuteblico municipal (3186 em 2007 e 3487 em

2009) e outrosnatildeo declarados filiados a organizaccedilotildees ou entidades (4002 em 2007 e

3017 em 2009) e o baixo percentual de participantes com filiaccedilatildeo a organizaccedilotildees da

sociedade nos dois periacuteodos (Tabela 3) A priori a participaccedilatildeo das associaccedilotildees das

organizaccedilotildees sociais (movimentos e ONGs) das instituiccedilotildees religiosas de cooperativas das

entidades sindicais e entidades profissionais nas conferecircncias municipais em 2007 e 2009

permite inferir uma baixa capacidade de organizaccedilatildeo da populaccedilatildeo a fragilidade dos

movimentos sociais e a forte relaccedilatildeo hieraacuterquica clientelista 97

no Estado

Tabela 3 Sergipe - Participaccedilatildeo das diferentes entidades nas Conferecircncias do

Planejamento Participativo em 2007 e 2009

Nordm de casos Nordm de casos

Indiacutegenas 0 0 2 002

Iniciativa Privada 0 0 143 138

Quilombolas 19 015 22 021

Cooperativas 26 021 56 054

Conselhos 91 073 135 130

Poder Puacuteblico Federal 108 087 183 177

Instituiccedilotildees ou Entidades Religiosas 115 093 91 088

Poder Legislativo Municipal 129 104 212 205

Entidades Sindicais 262 211 241 233

Poder Puacuteblico Estadual 739 596 686 663

Organizaccedilotildees sociais (movimentos ONGs) 888 716 499 482

Associaccedilotildees 1111 896 1349 1303

Poder Puacuteblico Municipal 3952 3186 3609 3487

OurtosSem Filiaccedilatildeo declarada 4964 4002 3123 3017

Total 12404 10000 10351 10000

2007 2009

Fonte SeplanFicha de Inscriccedilatildeo dos participantes 2007 e 2009

97

Nunes (1997 p40) define clientelismos como um sistema de controle de fluxo de recursos materiais e de

intermediaccedilatildeo de interesses no qual natildeo haacute nuacutemero fixo ou organizado de unidades constitutivas Para DrsquoAacutevila

Filho (2004 p 217) o clientelismo eacute caracterizado como um tipo de troca poliacutetica assimeacutetrica marcado por uma

seacuterie de especificidades A cultura poliacutetica sergipana tem suas especificidades e justifica o comportamento das

instituiccedilotildees puacuteblicas das organizaccedilotildees da sociedade e dos atores sociais nas conferecircncias do planejamento

participativo

162

Oliva (1991) estudando o processo poliacutetico sergipano afirma a existecircncia de

caracteriacutesticas que satildeo peculiares agrave estrutura de poder no Estado Entre elas estatildeo a

manipulaccedilatildeo das classes subalternas pelas classes dominantes impedidas sistematicamente de

se manifestar a incapacidade de coesatildeo e os conflitos internos dos movimentos sociais Essas

caracteriacutesticas se mantecircm fortes e se reproduzem no tempo e no espaccedilo de ldquodemocracia

participativardquo como demonstrou a participaccedilatildeo dos atores sociais nas conferecircncias do

planejamento participativo

Em relaccedilatildeo agrave participaccedilatildeo das organizaccedilotildees sociais entidades e instituiccedilotildees

participativas em 2007 somente 2025 dos participantes declararam pertencer a uma

organizaccedilatildeo social ou a uma instituiccedilatildeo participativa Em 2009 houve um aumento da

participaccedilatildeo desses grupos (2314) Poreacutem observa-se em 2009 uma reduccedilatildeo da

participaccedilatildeo de organizaccedilotildees sociais (movimentos e instituiccedilotildees religiosas) e um aumento da

participaccedilatildeo de associaccedilotildees e instituiccedilotildees participativas (conselhos ONGs) Para Avritzer

(2012 p 12) a participaccedilatildeo social de entidades ou instituiccedilotildees religiosas e associaccedilotildees

comunitaacuterias satildeo padrotildees da participaccedilatildeo nacional e nos uacuteltimos tempos constata-se um

aumento da participaccedilatildeo de formas institucionalizadas (conselhos gestores de poliacuteticas

puacuteblicas) lado a lado com as formas natildeo institucionalizadas Esse padratildeo se confirmou nas

conferecircncias municipais realizadas em Sergipe As conferecircncias municipais realizadas em

2009 tiveram um aumento na participaccedilatildeo de associados conselheiros e cooperados

O percentual de participaccedilatildeo de cada um dos trecircs principais segmentos98

por territoacuterio

de planejamento demonstrou que o percentual de participaccedilatildeo das organizaccedilotildees da

sociedade99

nas conferecircncias foi maior nos dois ciclos nos territoacuterios Alto Sertatildeo Sergipano

Centro-Sul Sergipano e Sul Sergipano e mais representativa no ciclo 2009 (Figura 17) Essa

constataccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agrave dinacircmica das organizaccedilotildees sociais nesses territoacuterios

decorrente de accedilotildees de diferentes fontes embora todas voltadas para a democratizaccedilatildeo e

impostas de cima para baixo ou melhor sob a ldquoregecircnciardquo do Estado100

Entre elas a

institucionalizaccedilatildeo dos conselhos de gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas a articulaccedilatildeo para a

98

Haacute registro da participaccedilatildeo de representantes da iniciativa privada somente para 2009 Embora considere a

necessidade desse segmento para a efetividade de qualquer modelo de governanccedila pela ausecircncia de dados em

2007 os dados de 2009 natildeo foram incorporados nesta anaacutelise 99

Incluem-se aqui todas as formas de organizaccedilatildeo da sociedade como movimentos ONGs associaccedilotildees

cooperativas entidades ou instituiccedilotildees religiosas entidades sindicais associaccedilotildees de quilombolas e indiacutegenas 100

Azevedo Mota e Cunha (2006 p58) analisando o associativismo em Nossa Senhora da Gloacuteria no territoacuterio

Alto Sertatildeo Sergipano afirmam que a criaccedilatildeo de associaccedilotildees nos povoados Tanque de Pedra e Aningas foi

resultado de incentivo do Estado

163

construccedilatildeo dos territoacuterios rurais criados pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial

(SDT) do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio (MDA) o funcionamento dos

colegiados101

territoriais e a gestatildeo social de projetos

A ausecircncia de espontaneidade da populaccedilatildeo para a organizaccedilatildeo social e do incentivo

do Estado para essa praacutetica foi registrada por Bursztyn (2008 p78) que analisando o

planejamento e o clientelismo no Nordeste enfatiza o estiacutemulo do Estado para o

cooperativismo os resultados mais quantitativos que qualitativos dessas organizaccedilotildees e ldquocerta

impermeabilidade em relaccedilatildeo agrave proliferaccedilatildeo espontacircnea das cooperativas no Nordesterdquo

Constata-se que a histoacuteria da organizaccedilatildeo social no Brasil natildeo se caracteriza como voluntaacuteria

e portanto indica pouca capacidade de envolvimento dos indiviacuteduos em accedilotildees coletivas

principalmente no Nordeste

Analisando os dilemas vivenciados pelos movimentos sociais no Territoacuterio Alto Sertatildeo

Sergipano Nobre (2008 p 206) confirma tanto a induccedilatildeo do Estado na criaccedilatildeo de

associaccedilotildees e cooperativas nos projetos de reforma agraacuteria para acessar recursos financeiros

quanto a cooptaccedilatildeo de representantes de organizaccedilotildees da sociedade civil pelo poder local nos

conselhos municipais de desenvolvimento sustentaacutevel Essas caracteriacutesticas comprometem a

formaccedilatildeo do capital social e consequentemente a democratizaccedilatildeo e qualquer proposta de

desenvolvimento Para Rennoacute (2003 p 73) esse comportamento dos gestores aleacutem de ser

mais onerosos do que mecanismos de mobilizaccedilatildeo espontacircneos eacute a antiacutetese do capital social

O dilema do movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nas conferecircncias

municipais realizadas em 2007 contribuiu para a reduccedilatildeo da participaccedilatildeo de militantes no

processo do planejamento participativo em 2009 Esse fato poder ser interpretado como uma

desmobilizaccedilatildeo do movimento social para o processo do planejamento participativo As

causas para essa desmobilizaccedilatildeo podem ser o natildeo atendimento das reivindicaccedilotildees dos

assentados e acampados da reforma agraacuteria102

a desconfianccedila dos militantes no processo e ou

a recusa agrave participaccedilatildeo em favor da manutenccedilatildeo da autonomia diante do risco de cooptaccedilatildeo

como defendem Santos (2008) e Nobre (2008) Entretanto esses autores confirmam o

crescimento da participaccedilatildeo dos movimentos sociais e de organizaccedilotildees sociais natildeo vinculados

101

De acordo com Nobre (2008 p160) o Colegiado de Desenvolvimento Territoacuterio do Alto Sertatildeo Sergipano

foi criado em abril de 2004 102

Exemplificando em 2007 o percentual de participaccedilatildeo de atores sociais afiliados ao Movimento dos

Trabalhadores Rurais Sem Terra nas conferecircncias dos municiacutepios de Indiaroba e Santa Luzia do Itanhi no

Territoacuterio Sul Sergipano foi de 58 e 47 respectivamente tendo em vista o nuacutemero de acampados nesses

municiacutepios e de assentados aguardando os projetos baacutesicos para o atendimento dos serviccedilos de educaccedilatildeo sauacutede e

de condiccedilotildees adequadas de trabalho

164

ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ou ao Movimento dos Pequenos

Agricultores (MPA) nesses espaccedilos participativos em construccedilatildeo em Sergipe

Figura 17 Percentual de participaccedilatildeo por territoacuterio de organizaccedilotildees da sociedade nas

conferecircncias municipais 2007 e 2009

00 100 200 300 400

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco hellip

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

2009

2007

Fonte SeplanFicha de Inscriccedilatildeo dos participantes 2007 e 2009

A participaccedilatildeo de representantes do poder puacuteblico nas conferecircncias municipais foi

maior no ciclo 2009 que no ciclo 2007 sobretudo nos territoacuterios Agreste Central Baixo Satildeo

Francisco Centro-Sul Sergipano Meacutedio Sertatildeo e Sul Sergipano (Figura 18) O aumento da

participaccedilatildeo de servidores municipais nas conferecircncias em 2009 tambeacutem foi influenciado pela

lideranccedila poliacutetica que assumia a gestatildeo municipal naquele ano e que se enquadrava como

partidaacuterio ou base aliada do governo estadual Para aleacutem da participaccedilatildeo social as

conferecircncias municipais do planejamento participativo satildeo espaccedilos de fortalecimento e de

reproduccedilatildeo do clientelismo O percentual meacutedio (32 e 35 respectivamente) de

participaccedilatildeo de representantes do poder puacuteblico municipal nas conferecircncias realizadas induz a

essa constataccedilatildeo

165

Figura 18 Percentual de participantes por territoacuterio representando o poder puacuteblico

nas conferecircncias municipais 2007 e 2009

0 10 20 30 40 50 60 70

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco Sergipano

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

2009

2007

FonteSeplanFicha de Inscriccedilatildeo dos participantes 2007 e 2009

De modo geral a participaccedilatildeo de indiviacuteduos sem filiaccedilatildeo associativa declarada foi

maior nas conferecircncias municipais em 2007 com percentuais que variaram entre 3287 no

territoacuterio Leste Sergipano e 7928 no Meacutedio Sertatildeo Sergipano (Figura 19) Como visto

esse atendimento agrave convocaccedilatildeo a priori pode revelar a confianccedila no projeto poliacutetico do

governo do Estado e em seus liacutederes e ou a continuidade da relaccedilatildeo hieraacuterquica clientelista

tiacutepica da poliacutetica local

Figura 19 Percentual de participaccedilatildeo por territoacuterio de outros ou sem filiaccedilatildeo nas

conferecircncias municipais 2007 e 2009

00 200 400 600 800 1000

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco Sergipano

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

2009

2007

FonteSeplanFicha de Inscriccedilatildeo dos participantes 2007 e 2009

Considerando essa participaccedilatildeo como uma confianccedila percebe-se que os territoacuterios do

Alto Sertatildeo Sergipano Grande Aracaju Sul Sergipano e Leste Sergipano praticamente

166

mantiveram os percentuais de participaccedilatildeo de pessoas sem filiaccedilatildeo associativa nos dois ciclos

de conferecircncias Os territoacuterios Meacutedio Sertatildeo Sergipano Centro-Sul e Agreste Central

apresentaram queda no envolvimento dessas pessoas no processo poreacutem ocorreu um

aumento na participaccedilatildeo de representantes do poder puacuteblico municipal Esses dados induzem

ainda agrave interpretaccedilatildeo de que as comissotildees preparatoacuterias municipais natildeo informaram e natildeo

convocaram adequadamente a populaccedilatildeo ou a confianccedila no projeto poliacutetico do governo

estadual era menor nesses territoacuterios A mobilizaccedilatildeo pode ter ocorrrido entre as lideranccedilas

sociais partidaacuterias dos gestores municipais denominadas por Lima (2010p 154) como os

assiacuteduos participantes das atividades realizadas reforccedilando as conferecircncias como espaccedilos de

trocas portanto de relaccedilatildeo clientelista Como sugere DrsquoAacutevila Filho (2004 p218) a proacutepria

inclusatildeo participativa pode se transformar em objeto de negociaccedilatildeo

Quanto ao perfil dos participantes de modo geral pode-se dizer que as conferecircncias

municipais nos dois ciclos do processo do planejamento participativo foram realizadas com

um puacuteblico majoritariamente feminino (5673 em 2007 e 5650 em 2009) moradoras da

zona urbana (6673 em 2007 e 6293 em 2009) distribuiacutedas em diferentes profissotildees

entre as quais se destacaram as agricultoraslavradoras (223) e as professoras (17)

A predominacircncia da participaccedilatildeo das mulheres nas Conferecircncias Municipais natildeo se

repetiu nas Conferecircncias Territoriais Os representantes municipais selecionados entre os

pares e em foacuteruns individuais para as Conferecircncias Territorial e Estadual garantiram a

participaccedilatildeo masculina Na perspectiva da participaccedilatildeo social e de gecircnero a participaccedilatildeo do

homem ainda eacute predominante na poliacutetica e nos espaccedilos puacuteblicos em Sergipe O perfil dos

delegados seraacute analisado no contexto da discussatildeo das conferecircncias territoriais

63 A participaccedilatildeo social em instituiccedilotildees participativas territoriais (conferecircncias

territoriais)

Na poliacutetica territorial adotada pelo estado as conferecircncias territoriais assumem uma

importacircncia relevante isso porque considerando o territoacuterio como a base para o enfoque das

poliacuteticas puacuteblicas e fonte das demandas de intervenccedilatildeo puacuteblica estrateacutegica para o

desenvolvimento territorial estas seriam o espaccedilo de participaccedilatildeo de negociaccedilatildeo de

articulaccedilatildeo de cooperaccedilatildeo e de agir coletivamente dos atores sociais ndash governamentais e natildeo

governamentais e portanto de fortalecimento do capital social e de construccedilatildeo de estruturas

de governanccedila que promovessem o desenvolvimento territorial

167

Analisando as conferecircncias territoriais realizadas em Sergipe como instituiccedilotildees

participativas e no contexto da vontade poliacutetica do governo de implementar a participaccedilatildeo

como propotildee Avritzer (2008 p45) a organizaccedilatildeo da sociedade civil e a estrutura das

instituiccedilotildees puacuteblicas com capacidade de respostas agraves pressotildees sociais se apresentam como

fatores preponderantes para sustentar a vontade poliacutetica e dar efetividade aos processos

participativos

Assim o desempenho do Estado no atendimento das demandas e na prestaccedilatildeo dos

serviccedilos de qualidade e orientados para a eliminaccedilatildeo dos fatores de privaccedilotildees de liberdade de

boa parte dos sergipanos principalmente da populaccedilatildeo interiorana que vive em povoados e

pequenas comunidades rurais deveria ser condiccedilatildeo fundamental para estimular e ampliar a

organizaccedilatildeo e participaccedilatildeo dos atores sociais no controle e gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas e

promover o desenvolvimento territorial

Nos termos do Decreto 24339 de 20 de abril de 2007 as conferecircncias territoriais tecircm

por objetivo consolidar e validar as demandas oriundas das conferecircncias municipais

pertinentes aos respectivos territoacuterios Entre 2007 e 2013 foram realizadas cinco rodadas103

de conferecircncias territoriais nas quais se percebe a participaccedilatildeo dos atores sociais voltada para

a integraccedilatildeo dos grupos e construccedilatildeo coletiva da poliacutetica territorial Na primeira conferecircncia

denominada primeira rodada de conferecircncias territoriais o objetivo era a sistematizaccedilatildeo das

accedilotildees de caraacuteter territorial e estadual oriundas das conferecircncias municipais que deveriam

compor o Plano Plurianual 2008 ndash 2011104

A participaccedilatildeo concedida aos delegados eleitos

nas conferecircncias municipais teve caraacuteter informativo sobre as accedilotildees relacionadas pelo Estado

para compor o Plano Plurianual Na segunda rodada a participaccedilatildeo fora concedida para a

consulta a respeito de questotildees relacionadas ao pertencimento ao territoacuterio Assim nessas

conferecircncias foram identificados os valores construiacutedos os siacutembolos dos territoacuterios

reconhecidas as principais atividades econocircmicasprodutivas e seus pontos fortes fracos

oportunidades e ameaccedilas para sua dinamizaccedilatildeo Na terceira conferecircncia territorial a

participaccedilatildeo fora concedida para a informaccedilatildeo e validaccedilatildeo dos planos de desenvolvimento dos

territoacuterios Na quarta conferecircncia a participaccedilatildeo ocorreu atraveacutes da consulta aos delegados

sobre as melhores praacuteticas desenvolvidas pelas organizaccedilotildees sociais com abrangecircncia eou

impacto territorial as accedilotildees governamentais de articulaccedilatildeo e de dinamizaccedilatildeo econocircmica do

territoacuterio a gastronomia e as necessidades das capacitaccedilotildees das instituiccedilotildees puacuteblicas e das

103

Terminologia inspirada do Orccedilamento Participativo de Porto Alegre 104

Eacute importante destacar que as conferecircncias natildeo alteraram os procedimentos e as rotinas da elaboraccedilatildeo do Plano

Plurianual 2008-2011e dos orccedilamentos anuais

168

organizaccedilotildees sociais para o empoderamento e a sustentabilidade dos projetos orientados para

o desenvolvimento local e territorial Por fim a quinta conferecircncia concedeu aos participantes

o espaccedilo para a consulta sobre as accedilotildees que deveriam compor o Plano Plurianual para 2012-

2015

Como visto a participaccedilatildeo dos atores sociais nas conferecircncias territoriais foi

totalmente dependente do aparelho do estado e sob a influecircncia dos aparelhos ideoloacutegicos do

estado Da mobilizaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo aos processos metodoloacutegicos agraves temaacuteticas aos

procedimentos decisoacuterios agrave mediaccedilatildeo de conflitos agrave negociaccedilatildeo e agrave integraccedilatildeo dos grupos

para a cooperaccedilatildeo ateacute seus resultados foram tarefas assumidas pelo estado nesses espaccedilos

Aleacutem disso a metodologia e a teacutecnica usadas para a elaboraccedilatildeo dos planos plurianuais e dos

orccedilamentos anuais natildeo sofreram alteraccedilotildees Essa constataccedilatildeo causa frustraccedilatildeo aos analistas

natildeo apenas porque esses espaccedilos natildeo tecircm produzido autonomia em relaccedilatildeo ao poder puacuteblico

como supotildeem DrsquoAacutevila Filho e Jorge (2004 p 228) mas sobretudo pela demonstraccedilatildeo de

cidadania pequena e de fraco capital social nos territoacuterios sergipanos

Nessa linha de argumentaccedilatildeo o nuacutemero de participantes (delegados convidados

teacutecnicos e observadores) bem como o perfil dos delegados do processo do planejamento

participativo satildeo variaacuteveis fundamentais para verificar os niacuteveis de capital social em Sergipe

e consequentemente nos territoacuterios de planejamento

Em julho de 2007 durante a realizaccedilatildeo da primeira conferecircncia territorial foi

registrado o maior nuacutemero de participantes com 2833 pessoas distribuiacutedas nas oito

conferecircncias decorrecircncia direta da expectativa das instituiccedilotildees sociais no escopo da accedilatildeo

governamental A segunda rodada de conferecircncias territoriais que ocorreu entre 12 de

novembro e primeiro de dezembro do mesmo ano contou com a participaccedilatildeo de 1069

pessoas portanto 377 do puacuteblico da primeira conferecircncia Na terceira ocorrida em 2008

registrou-se a participaccedilatildeo de somente 900 pessoas ou seja 317 do nuacutemero de

participantes da primeira conferecircncia e a quarta e quinta rodadas de conferecircncia territorial natildeo

conseguiram recuperar o nuacutemero de participantes e praticamente permaneceu com o mesmo

nuacutemero ateacute 2011 (Figura 20) A reduccedilatildeo da participaccedilatildeo nas conferecircncias territoriais confirma

a desmobilizaccedilatildeo tanto de observadores quanto de delegados e teacutecnicos do governo para o

processo do planejamento participativo

169

Figura 20 Nuacutemero total de participantes nas conferecircncias Territoriais 2007-2011

-

500

1000

1500

2000

2500

3000

2007 2007 2008 2009 2011

Conferecircncias Territoriais

Fonte Seplan Relatoacuterios das Conferecircncia Territoriais 2007- 2009 e Seplag 2013

A queda da participaccedilatildeo principalmente dos delegados eleitos motivou a Secretaria

de Estado do Planejamento a avaliar o processo com a finalidade de desenvolver e melhorar

estrateacutegias de intervenccedilatildeo nas diferentes etapas (informaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo participaccedilatildeo

atendimento agraves demandas e outros) Essa avaliaccedilatildeo ocorreu durante a terceira rodada de

conferecircncias territoriais e da segunda conferecircncia estadual e envolveu delegados

observadores e teacutecnicos do governo Os resultados da avaliaccedilatildeo apontaram a insatisfaccedilatildeo dos

delegados principalmente em relaccedilatildeo aos seguintes pontos baixo niacutevel de execuccedilatildeo das accedilotildees

aprovadas nas conferecircncias realizadas em 2007 (3107) ausecircncia de divulgaccedilatildeo e de

acompanhamento das accedilotildees em execuccedilatildeo (2816) capacitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo

ampliaccedilatildeo dos espaccedilos participativos (1748) etc (Tabela 4) A atitude de ausentar-se dos

atores sociais perante as situaccedilotildees-problema (niacutevel de execuccedilatildeo das accedilotildees criaccedilatildeo de espaccedilos

participativos e acompanhamento) confirma que de fato natildeo temos uma cultura participativa

(DOWBOR1999) e infere ainda que haacute baixa resistecircncia dos atores sociais para o

enfrentamento de situaccedilotildees-problemas a baixa escolaridade eacute um oacutebice ao desenvolvimento e

agrave criaccedilatildeo de uma consciecircncia democraacutetica (FREIRE 1967 p101) os movimentos sociais

receiam a neutralizaccedilatildeo dos conflitos existentes e a desconsideraccedilatildeo das contradiccedilotildees como

estrateacutegia de pactuaccedilatildeo mediada pelo Estado (SANTOS 2008 p 283) e haacute perda de

confianccedila no processo Na avaliaccedilatildeo dos teacutecnicos as criacuteticas ao processo direcionam a anaacutelise

para as fragilidades do aparelho de Estado e ou admissatildeo de imaturidade e incompletude

como diz Souza (2006 p236) para um planejamento participativo

Os principais reclames dos teacutecnicos se referiam agrave falta de engajamento poliacutetico visto

que os Secretaacuterios de Estado e Dirigentes dos oacutergatildeos estaduais pouco se comprometeram com

o processo ou seja natildeo ocorreu o necessaacuterio empoderamento dos gestores articulaccedilatildeo

170

(horizontal e vertical) entre as instituiccedilotildees puacuteblicas divulgaccedilatildeo das accedilotildees e clareza no

processo Na avaliaccedilatildeo dos observadores a construccedilatildeo de canais permanentes de articulaccedilatildeo

institucional a capacitaccedilatildeo dos envolvidos e o grau de realizaccedilatildeo das propostas seriam as

accedilotildees que poderiam alimentar a continuidade do processo

Tabela 4 Pontos de Insatisfaccedilatildeo dos delegados e das delegadas em relaccedilatildeo ao

processo do planejamento participativo em 2008

Resultados Ponderados Nordm de casos

Baixo niacutevel de execuccedilatildeo das accedilotildees aprovadas

nas conferecircncias realizadas em 2007 32 3107

Ausecircncia de divulgaccedilatildeo e de acompanhamento

do processo e das accedilotildees em execuccedilatildeo 29 2816

Capacitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo ampliaccedilatildeo

dos espaccedilos participativos 18 1748

Insuficiente articulaccedilatildeo entre os oacutergatildeos do

governo estadual e entre estes e os municiacutepios

os oacutergatildeos federais e a sociedade

12 1165

Desrespeito ao levantamento e agraves prioridades

identificadas em 2007 e comprometimento

poliacutetico-partidaacuterio

12 1165

TOTAL 103 10000

Fonte SeplanRelatoacuterio de Anaacutelise do Processo do Planejamento Participativo 2008

Na avaliaccedilatildeo de todos os envolvidos o principal indicador de insatisfaccedilatildeo eacute o

desempenho do governo O grau de realizaccedilatildeo das accedilotildees ou o compromisso de sua execuccedilatildeo

independentemente de melhorias nas demais etapas do processo eacute a variaacutevel que poderia

garantir a continuidade do processo e reverter os quadros dos demais indicadores

principalmente da participaccedilatildeo da organizaccedilatildeo social e do capital social Por outro lado e de

acordo com Putnam

o contexto social e a histoacuteria condicionam profundamente o desempenho

das instituiccedilotildees Quando o solo regional eacute feacutertil as regiotildees sustentam-se das

tradiccedilotildees regionais mas quando o solo eacute ruim as novas instituiccedilotildees

definham A existecircncia de instituiccedilotildees eficazes e responsaacuteveis depende no

jargatildeo do humanismo ciacutevico das virtudes e praacuteticas republicanas

(PUTNAM2006 p 191)

Considerando o contexto social e poliacutetico de Sergipe a mudanccedila no desempenho

institucional e sobretudo no modelo de gestatildeo puacuteblica embora fundamental soacute seraacute possiacutevel

com a conscientizaccedilatildeo organizaccedilatildeo participaccedilatildeo social efetiva Nas palavras de Dallari

(1999 p43) o indiviacuteduo conscientizado fica indiferente e natildeo desanima perante os

171

obstaacuteculos Cidadatildeos e organizaccedilotildees civis efetivamente interessados em tomar parte nas

poliacuteticas puacuteblicas tecircm a participaccedilatildeo como um compromisso de vida um direito e uma

necessidade

A distribuiccedilatildeo dessas pessoas ldquoconscientizadasrdquo nos territoacuterios de planejamento pode

ser medida pela participaccedilatildeo dos atores sociais (delegados observadores e teacutecnicos) nas

conferecircncias territoriais ou seja pela capacidade de resistecircncia desses indiviacuteduos ao longo do

periacuteodo em anaacutelise e compromisso com as accedilotildees coletivas e com o desenvolvimento

territorial Em todos os territoacuterios houve uma queda na participaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave conferecircncia

realizada em 2007 e permanecendo praticamente o mesmo nuacutemero de participantes nas

conferecircncias de 2009 e 2011 (Figura 21)

Figura 21 Nuacutemero de participantes por territoacuterio de planejamento 2007 - 2011

0 100 200 300 400 500

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco Sergipano

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

2011

2009

2008

2008

2007

Fonte Seplan Relatoacuterios das Conferecircncia Territoriais 2007- 2009 e Seplag 2013

A queda na participaccedilatildeo foi praticamente idecircntica em todos os territoacuterios Alguns

atores sociais decidiram continuar no processo Assim o conhecimento do perfil dos

delegados eleitos forneceraacute melhor compreensatildeo de suas caracteriacutesticas bem como dos

fatores que contribuiacuteram para a resistecircncia desses no processo Para tanto seratildeo utilizados

dados e informaccedilotildees de avaliaccedilatildeo realizada pela Secretaria de Estado do Planejamento em

2010 durante a IV conferecircncia estadual do planejamento participativo

A pesquisa consistiu no fornecimento de informaccedilotildees por parte dos delegados em

relaccedilatildeo aos seguintes pontos dados pessoais (nome contatos naturalidade data de

nascimentoidade sexo profissatildeo local de domiciacutelio estado civil e escolaridade) grau de

interesse na participaccedilatildeo como delegado forma de acompanhamento das accedilotildees do governo e

172

aacuterea de maior interesse nas discussotildees do processo A partir da anaacutelise das respostas eacute

possiacutevel traccedilar um perfil dos atores sociais da instituiccedilatildeo participativa criada em Sergipe com

foco no desenvolvimento territorial e reconhecer o potencial dos atores no fortalecimento do

capital social dos territoacuterios O nuacutemero de delegados respondentes ao survey aplicado em

2010 foi 148 que corresponde a 20 do total de delegados eleitos para o processo do

planejamento participativo (Tabela 5)

Tabela 5 Percentual de delegados que participaram da sondagen em 2010

Nordm de eleitos Nordm de respondentes

Agreste Central Sergipano 14 140 28 200

Alto Sertatildeo Sergipano 7 70 14 200

Baixo Satildeo Francisco Sergipano 14 140 27 193

Centro Sul Sergipano 5 50 18 360

Grande Aracaju 9 90 21 233

Leste Sergipano 9 90 11 122

Meacutedio Sertatildeo Sergipano 6 60 12 200

Sul Sergipano 11 110 17 155

TOTAL 75 740 148 200

DelegadosNordm de

municiacutepiosTerritoacuterios

Fonte Seplan Relatoacuterio das Conferecircncias 2010

A participaccedilatildeo nas conferecircncias territoriais eacute predominantemente de homens (58)

residentes em aacutereas urbanas (62) Dos oito territoacuterios de planejamento somente o da Grande

Aracaju e o Leste Sergipano apresentaram o nuacutemero de delegadas maior que o de delegados

Essa distribuiccedilatildeo ocorreu aleatoriamente visto que natildeo se previa nos espaccedilos a distribuiccedilatildeo

por gecircneros e raccedilasetnia A maior participaccedilatildeo feminina nas conferecircncias municipais eacute

explicada mais pelo caraacuteter reivindicativo de lutas das mulheres por serviccedilos puacuteblicos de

qualidade Analisando a participaccedilatildeo das mulheres nos espaccedilos de poder e decisatildeo o II Plano

Nacional de Poliacutetica para as Mulheres cita

No Brasil atualmente a presenccedila das mulheres ocorre de forma mais

expressiva no acircmbito das organizaccedilotildees e associaccedilotildees na sociedade eacute menor

nos partidos poliacuteticos e menor ainda nos parlamentos e governos

(BRASIL 2008 p 116)

Eacute possiacutevel se apropriar das variaacuteveis usadas pelo II Plano Nacional de Poliacutetica para as

Mulheres para justificar a participaccedilatildeo dessas nas conferecircncias municipais e nas territoriais

Nos termos do II Plano (BRASIL 2008 p 116) algumas das variaacuteveis que justificam a sub-

representaccedilatildeo das mulheres nos parlamentos e nos governos relacionam-se aos papeis

destinados a essas ao longo dos tempos a persistecircncia da cultura patriarcal que associa os

173

homens ao espaccedilo puacuteblico e as mulheres ao espaccedilo privado e o pouco tempo dedicado agrave accedilatildeo

poliacutetica pelas mulheres Entre os papeacuteis estatildeo a responsabilidade com o cuidado com as (os)

filhas(os) familiares doentes idosas(os) e com as tarefas domeacutesticas Nas conferecircncias

territoriais como a discussatildeo tem caraacuteter mais abrangente e menos reivindicatoacuterio a

participaccedilatildeo das mulheres eacute menor Aleacutem dessas variaacuteveis Demo (2005 p 96) destaca a falta

da cidadania como o problema mais agudo A falta de cidadania eacute uma das hipoacuteteses a ser

analisada para conhecer as participantes do processo do planejamento participativo

Em relaccedilatildeo agrave idade dos delegados e das delegadas participantes do survey esses se

distribuem em cinco faixas etaacuterias A maioria dos participantes tem idade entre 31 e 50 anos

(58) embora a quantidade de jovens e de idosos (aproximadamente 17 e 13

respectivamente) chame a atenccedilatildeo A maior concentraccedilatildeo dos jovens com idades entre 18 e 30

anos encontra-se no Agreste Central Sergipano (41) e de idosos nos territoacuterios Grande

Aracaju e Meacutedio Sertatildeo Sergipano (Figura 22)

Figura 22 Faixa etaacuteria dos participantes da sondagem realizada em 2010

0 10 20 30 40 50

18 - 30

31-40

41-50

51-60

Mais de 60

Natildeo declarado

Fonte Seplan Perfil dos Delegados 2010

Em relaccedilatildeo ao estado civil dos delegados constatou-se que entre os entrevistados

aproximadamente 53 satildeo casados (incluindo os relacionamentos estaacuteveis) 3624 satildeo

solteiros 470 satildeo viuacutevos e cerca de 6 natildeo declarou situaccedilatildeo de estado civil (Figura 23)

174

Figura 23 Estado civil dos participantes da sondagem realizada em 2010

000 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Viuvo(a)

Natildeo declarado

Solteiro(a)

Casado(a)

Fonte Seplan Perfil dos Delegados 2010

A escolaridade dos atores sociais participantes do planejamento participativo aliada

ao conhecimento empiacuterico desses influencia na qualidade dos debates proposiccedilotildees

participaccedilatildeo e consequentemente avanccedilo do processo Aleacutem disso a escolaridade capacita o

indiviacuteduo a eliminar as privaccedilotildees de liberdade como afirma Sen (2012) O niacutevel de

escolaridade dos delegados e delegadas do processo do planejamento variou entre delegado

analfabeto e delegado com niacutevel universitaacuterio Os nuacutemeros sobre a escolaridade indicam que

31 dos participantes tecircm o ensino meacutedio completo e 46 estatildeo concluindo ou concluiacuteram

curso superior o que tende a qualificar positivamente os debates e a participaccedilatildeo desses atores

(Figura 24) De acordo com Avritzer (2012 p13) natildeo satildeo os mais pobres nem os sujeitos

com escolaridade mais baixa quem participam dessas institucionalidades e sim aqueles com

escolaridade mais alta do que a meacutedia Assim os dados de escolaridade do processo do

planejamento participativo confirmam o padratildeo participativo local e nacional destacado pelo

autor

175

Figura 24 Escolaridade dos participantes da sondagem realizada em 2010

0 10 20 30 40 50

Natildeo alfabetizado

Fund incompleto

Fund Completo

Meacutedio incompleto

Meacutedio completo

Superior incompleto

Superior completo

Natildeo declarado

Fonte Seplan Perfil dos Delegados 2010

O grau de envolvimento com o planejamento participativo a que se predispuseram

esses atores revela certa confianccedila no processo e ou um compromisso de vida um direito e

uma necessidade de participar de cada delegado (a) Aleacutem disso as relaccedilotildees estabelecidas

entre as organizaccedilotildees sociais e entre essas e o Estado nessas conferecircncias sinalizam para a

existecircncia de capital social em Sergipe e confirmam a limitaccedilatildeo do processo de planejamento

estatal a ausecircncia de modelo de desenvolvimento que respeite as potencialidades e limitaccedilotildees

poliacuteticas culturais e sociais locais e fundamentalmente a necessidade de transformaccedilatildeo

estrutural na Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual O capital social visto como recurso com

capacidade para influenciar a democracia a governabilidade democraacutetica as poliacuteticas de

desenvolvimento e a estrutura da Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute o que se busca na anaacutelise seguinte

176

64 Aplicaccedilatildeo da proposta metodoloacutegica do Banco Mundial para medir o capital social

Apropriando-se das reflexotildees sobre capital social e governanccedila do capiacutetulo 4 ao longo

deste capiacutetulo analisar-se-aacute o estoque de capital social dos territoacuterios de planejamento Aleacutem

disso buscar-se-atildeo elementos para o fortalecimento da discussatildeo conceitual da categoria

territoacuterio natildeo apenas como instrumento de intervenccedilatildeo estatal ou enfoque como destacam

Scheider e Tartaruga (2004 p 10) mas fundamentalmente como o espaccedilo de accedilatildeo poliacutetica

de relaccedilatildeo de confianccedila e de poder compartilhado Afinal como disse Santos (2006) eacute o uso

do territoacuterio e natildeo o territoacuterio em si que faz dele o objeto de anaacutelise Esse esforccedilo se justifica

pela multiplicidade de publicaccedilotildees envolvendo temas como capital social participaccedilatildeo social

e desenvolvimento com enfoque territorial e pouca ecircnfase no territoacuterio como espaccedilo de

relaccedilotildees sociais de governanccedila como espaccedilo de poder compartilhado e de desenvolvimento

como espaccedilo de ganhos compartilhados O esforccedilo se refere agrave espacializaccedilatildeo de processos

que embora induzidos pelo Estado encontraram certa permeabilidade em funccedilatildeo do seu

capital social Poreacutem o exerciacutecio seraacute de reconhecimento de possibilidades e de

potencialidades desses elementos nos territoacuterios sergipanos

Desse modo e admitindo a participaccedilatildeo como um compromisso um dever ou uma

necessidade sua aacuterea de influecircncia sobre a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas as institucionalidades

e a governanccedila pode ser delimitada e expressar a territorialidade Para tanto faz-se necessaacuterio

o conhecimento da qualidade da participaccedilatildeo para reconhecimento da territorialidade e do

territoacuterio A qualidade da participaccedilatildeo social das conferecircncias municipais territoriais e

estaduais jaacute descrita permite inferir que o processo do planejamento participativo eacute uma

iniciativa capaz de promover a participaccedilatildeo e consequentemente uma das vias para o

fortalecimento da democratizaccedilatildeo em Sergipe e para a implementaccedilatildeo de poliacuteticas de

desenvolvimento voltadas para a reduccedilatildeo das desigualdades intra e inter-regional

Assumindo ainda a hipoacutetese de Costa (2009 p 92) de que a participaccedilatildeo prospera

onde existe capital social adotaram-se como amostras intencionais (natildeo probabiliacutesticas)

delegados(as) do processo de planejamento participativo O instrumento de coleta de dados

foi o questionaacuterio proposto pelo Banco Mundial (2003) denominado Questionaacuterio Integrado

para medir Capital Social ndash QI-MCS adaptado agrave realidade local

O reconhecimento do capital social eacute variaacutevel fundamental tanto para a seleccedilatildeo da

escala e definiccedilatildeo dos procedimentos e teacutecnicas de planejamento quanto para o

acompanhamento e o monitoramento das accedilotildees propostas para o desenvolvimento e a

177

delimitaccedilatildeo da aacuterea de influecircncia das capacidades e habilidades dos delegados (as) e das accedilotildees

e poliacuteticas de desenvolvimento

A anaacutelise do conjunto de respostas envolve variaacuteveis que fornecem informaccedilotildees sobre

o perfil dos participantes e as capacidades e habilidades desses nas seguintes aacutereas grupos e

redes confianccedila e solidariedade informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo coesatildeo e inclusatildeo social e

empoderamento e accedilatildeo poliacutetica

Os dados utilizados nesta anaacutelise satildeo oriundos de pesquisa realizada em julho e agosto

de 2013 com os delegados e delegadas eleitos no processo do planejamento participativo

Para tanto foram aplicados de forma aleatoacuteria 90 questionaacuterios que representam uma

amostra de 12 desses delegados que se dispuseram a participar da pesquisa Dos que se

prontificaram a responder 378 eram do sexo masculino e 622 do sexo feminino (Tabela

6) Desses delegados cerca de 60 residem em aacutereas urbanas 31 tecircm formaccedilatildeo superior

20 satildeo professores e 289 satildeo agricultores

Tabela 6 Nuacutemero de Questionaacuterios aplicaddos por territoacuterio

Nordm Agreste Central Sergipano 17 189Alto Sertatildeo Sergipano 8 89Baixo Satildeo Francisco Sergipano 17 189Centro Sul 6 67Grande Aracaju 11 122Leste Sergipano 11 122Meacutedio Sertatildeo Sergipano 7 78Sul Sergipano 13 144

TOTAL 90 1000

Questionaacuterios AplicadosTerritoacuterios

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

O niacutevel de escolaridade dos delegados pesquisados confirma a proposiccedilatildeo de Avritzer

(2012) da participaccedilatildeo daqueles com melhores niacuteveis de escolaridade Os territoacuterios Grande

Aracaju Centro-Sul Sergipano e Sul Sergipano concentraram os delegados com os melhores

niacuteveis de escolaridade e os territoacuterios Alto Sertatildeo Sergipano Meacutedio Sertatildeo e Baixo Satildeo

Francisco os mais baixos niacuteveis (Figura 25) Esses niacuteveis de escolaridade satildeo compatiacuteveis

com as altas taxas de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos ou mais de idade nesses

territoacuterios Segundo dados do IBGE (2010) os municiacutepios que compotildeem esses trecircs uacuteltimos

territoacuterios apresentaram as maiores taxas de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos ou mais

de idade (Apecircndice C) Aleacutem das altas taxas de analfabetismo da maioria dos municiacutepios

178

sergipanos a qualidade do ensino eacute outro fator que se pode correlacionar com a capacidade de

participaccedilatildeo A qualidade da educaccedilatildeo no ensino fundamental e meacutedio expressa pelo Iacutendice

de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica (IDEB) demonstra que a educaccedilatildeo e sua poliacutetica

tecircm problemas seacuterios que comprometem o desenvolvimento natildeo apenas regional como o do

proacuteprio cidadatildeo e da democratizaccedilatildeo do paiacutes Como lembra Demo (2009 p3) a populaccedilatildeo

natildeo tem qualidade democraacutetica suficiente por exemplo para pressionar o governo por

mudanccedilas para exigir dos poliacuteticos outro comportamento por uma educaccedilatildeo de qualidade e

para dizer natildeo agrave corrupccedilatildeo

Figura 25 Escolaridade dos participantes da pesquisa realizada em 2013

0 2 4 6 8 10

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco hellip

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

Superior Completo

Ensino Meacutedio

Ensino Fundamental

Analfabeto

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Em relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria dos entrevistados pode-se afirmar que a maioria dos

respondentes tem entre 31 e 50 anos de idade (Figura 26) A amostra embora intencional

conseguiu envolver representantes de todas as idades e de todas as faixas etaacuterias dos

delegados A maior participaccedilatildeo de idosos ocorreu no Agreste Central com 4 delegados com

mais de 60 anos de idade

179

Figura 26 Faixa etaacuteria dos participantes da pesquisa realizada em 2013

0 1 2 3 4 5 6 7

Agreste Central Sergipano

Alto Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco Sergipano

Centro Sul Sergipano

Grande Aracaju

Leste Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

Natildeo Declarado

Mais de 61

51 - 60

41 - 50

31 - 40

18 - 30

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

A reduzida participaccedilatildeo de jovens como delegados no processo induz agrave reflexatildeo da

apatia dos jovens para a participaccedilatildeo poliacutetica e consequentemente para o comprometimento

do fortalecimento do capital social local como recurso advindo da capacidade de se

relacionar

641 Dimensotildees do capital social segundo o Banco Mundial

O questionaacuterio integrado para medir capital proposto pelo Banco Mundial e usado

nesta pesquisa organiza um conjunto de questotildees em cinco dimensotildees que agregadas

fornecem o iacutendice de capital social As dimensotildees analisadas referem-se agrave participaccedilatildeo em

grupos e redes confianccedila e solidariedade informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo coesatildeo e inclusatildeo

social empoderamento e accedilatildeo poliacutetica que passaratildeo a ser analisadas a seguir

6411 Participaccedilatildeo em grupos

Essa dimensatildeo considera a participaccedilatildeo em organizaccedilotildees sociais formais as formas de

acesso as vantagens da participaccedilatildeo e as decisotildees poliacuteticas desses grupos De acordo com

Putnam

Diz-se que as associaccedilotildees civis contribuem para a eficaacutecia e a estabilidade

do governo democraacutetico natildeo soacute por causa de seus efeitos ldquointernosrdquo sobre o

indiviacuteduo mas tambeacutem por causa de seus efeitos ldquoexternosrdquo sobre a

sociedade (PUTNAM 2006 p 103)

180

De fato a participaccedilatildeo em organizaccedilotildees sociais independentemente de sua finalidade

pode contribuir para a democratizaccedilatildeo e para o fortalecimento dos laccedilos e das relaccedilotildees sociais

Para tanto alguns criteacuterios satildeo apontados como essenciais para que de fato ocorra essa

contribuiccedilatildeo O primeiro deles eacute a participaccedilatildeo voluntaacuteria ou autocircnoma que como disse

Borba (2011 p 70) deve ser produto de uma escolha individual motivada pelo interesse em

influenciar as decisotildees governamentais ou resolver problemas coletivos O reconhecimento de

que a maioria das organizaccedilotildees sociais eacute decorrente de incentivos do Estado para acessar

recursos puacuteblicos e ou bens e que o niacutevel de participaccedilatildeo nessas institucionalidades

compromete a democratizaccedilatildeo e fortalece o clientelismo e outras trocas poliacuteticas a

continuidade de delegados(as) no processo do planejamento participativo e o baixo percentual

de participaccedilatildeo em grupos e redes detectados na pesquisa oferecem reflexotildees que podem

servir para o reconhecimento do niacutevel de capital social assim como para o papel das

instituiccedilotildees inclusive participativas na estruturaccedilatildeo de espaccedilos de interaccedilatildeo social de

articulaccedilatildeo de atores (sociais puacuteblicos e privados) e na integraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas ou

como disse Putnam (2006 p31) para remodelar a vida poliacutetica

Analisando os dados sobre a participaccedilatildeo dos entrevistados em organizaccedilotildees sociais

obteve-se um percentual meacutedio de 93 de participaccedilatildeo em grupos Os dados demonstraram

que predominam os delegados associados (associaccedilotildees de moradores e de agricultores) com

29 representantes e os afiliados a organizaccedilotildees sindicais com 11pessoas sindicalizadas (Figura

27)

Figura 27 Nuacutemero de delegados afiliados a organizaccedilotildees sociais

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Associaccedilatildeo de Moradores

Associaccedilatildeo de agricultores

Sindicato

Outro tipo de Organizaccedilatildeo

Grupo religioso

Entidade Profissional

Partido poliacutetico

Organizaccedilatildeo artiacutestica ou similar

Cooperativa

Conselho Gestor de Poliacuteticas Puacuteblicas

Coletivo Jovem Ambiental

Comitecirc de Bacias Hidrograacuteficas

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

181

No que diz respeito agrave associaccedilatildeo sindical Putnam (22006 p120) lembra que a

sindicalizaccedilatildeo pode ter valor ciacutevico em paiacuteses onde a afiliaccedilatildeo eacute voluntaacuteria No Brasil embora

voluntaacuteria a afiliaccedilatildeo eacute motivada pela forccedila dos movimentos sindicais (muito maior nas

deacutecadas de 1980 e 1990) pela participaccedilatildeo dos sindicatos nas negociaccedilotildees coletivas de

trabalho e representaccedilatildeo das categorias dos trabalhadores ou seja eacute motivada por interesses

coletivos Nas palavras de Rennoacute (2003 p72) sindicatos e associaccedilotildees de abrangecircncia

nacional ldquosatildeo por excelecircncia instrumentos de mediaccedilatildeo de interesses coletivos

organizadosrdquo Alinhado agraves ideias de Rennoacute Abramovay (2002 p 118) reconhece a

capilaridade do Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais e seu papel na ldquoreconstruccedilatildeo

institucional da vida poliacutetica no interior do paiacutesrdquo Assim espera-se que os delegados afiliados

aos sindicatos dos trabalhadores rurais dos trabalhadores rurais jovens e dos agricultores

tenham capacidade para a participaccedilatildeo poliacutetica e o fortalecimento de organizaccedilotildees sociais

Considerando que a organizaccedilatildeo das associaccedilotildees de agricultores e de moradores eacuteincentivada

pelo estado o nuacutemero de delegados afiliados a essa tipologia de organizaccedilatildeo por si soacute natildeo

revela o engajamento poliacutetico dos associados nem a capacidade de accedilatildeo coletivas desses A

respeito dessa tipologia de organizaccedilatildeo Rennoacute (2003) afirma que como satildeo instituiccedilotildees com

escopo de demandas mais limitado e voltado para temas locais natildeo oferecem niacuteveis de

mobilizaccedilatildeo coletiva acerca de poliacuteticas puacuteblicas No entanto os laccedilos estabelecidos entre os

indiviacuteduos a confianccedila adquirida no outro e no grupo e a capacidade desses de gerar

benefiacutecios para a coletividade independentemente de ter essa coletividade uma abrangecircncia

restrita ao lugar onde ocorre a accedilatildeo esses satildeo argumentos que podem fortalecer e ou formar o

capital social Para isso eacute fundamental que se reconheccedilam os inuacutemeros desafios para a

formaccedilatildeo e ou fortalecimento do capital social que vatildeo da poliacutetica educacional dos jovens

principalmente do meio rural da cultura clientelista do poder local e das elites corruptas agraves

oportunidades poliacuteticas Nesse contexto natildeo apenas as organizaccedilotildees sociais mas sobretudo

o estado e sua forma de relaccedilatildeo com a sociedade e a cultura institucional satildeo fundamentais

para esse processo Uma das formas de o estado estimular a geraccedilatildeo de accedilatildeo coletiva eacute a

instituiccedilatildeo de espaccedilos de oportunidade poliacutetica ou seja a criaccedilatildeo das instituiccedilotildees

participativas A instituiccedilatildeo das conferecircncias municipais territoriais e estaduais poderia ser

esse estiacutemulo essa discussatildeo seraacute retomada mais adiante

Em relaccedilatildeo agrave participaccedilatildeo em instituiccedilotildees participativas dos 90 entrevistados somente

quatro informaram sua participaccedilatildeo como membro um representante do Conselho de

Desenvolvimento Municipal de Lagarto outro eacute membro tanto do Conselho da Crianccedila

quanto do Conselho de Poliacutetica para as Mulheres em Boquim outro eacute membro do Conselho

182

da Crianccedila em Satildeo Domingos um eacute participante do coletivo105

jovem ambiental do

Municiacutepio de Satildeo Cristoacutevatildeo Entretanto quando questionados a respeito da participaccedilatildeo em

reuniotildees de conselhos e de comitecirc de bacias hidrograacuteficas audiecircncias puacuteblicas ou

conferecircncias 756 dos respondentes informaram ter participado de um desses eventos nos

uacuteltimos 12 meses As motivaccedilotildees para a participaccedilatildeo nesses espaccedilos foram diversificadas e

vatildeo aleacutem do pleito de demandas e de uma consciecircncia poliacutetica como por exemplo a

participaccedilatildeo em audiecircncias puacuteblicas comitecirc de bacias e coletivos jovens ambientais que

requer uma consciecircncia ambiental para a defesa de bens puacuteblicos

A forma como os respondentes acessaram os grupos reforccedila a fragilidade da cultura

associativa e a construccedilatildeo de cima para baixo dessas entidades mdash 60 disseram que foram

convidados a afiliar-se agrave organizaccedilatildeo e cerca de 40 foram fundadores da organizaccedilatildeo Os

tipos das organizaccedilotildees evidenciam seus objetivos que se concentram na produccedilatildeo de bens e

serviccedilos (saneamento e equipamentos urbanos e agriacutecolas) fortalecimento da produccedilatildeo

comercializaccedilatildeo de produtos (renda irlandesa pescado mel e proacutepolis batata-doce) e

capacitaccedilatildeoformaccedilatildeo dos envolvidos Aleacutem dos objetivos a tipologia das organizaccedilotildees revela

que 52 desses grupos operam apenas na comunidade e 34 tecircm abrangecircncia municipal

Os dados indicam que as organizaccedilotildees apresentam diferenciaccedilatildeo interna em relaccedilatildeo agrave

renda dos afiliados e mantecircm um padratildeo democraacutetico nas tomadas de decisotildees A anaacutelise dos

dados permitiu constatar que a meacutedia dos associados nos grupos eacute de seis anos e meio a

participaccedilatildeo eacute favorecida a homens e mulheres (79) embora 15 participem de

organizaccedilatildeo soacute para mulheres e cerca de 2 somente para jovens Natildeo haacute homogeneidade de

renda nos grupos uma vez que 55 informaram que haacute diferenciaccedilatildeo na renda dos

participantes Manteacutem-se um padratildeo democraacutetico nas organizaccedilotildees tanto na escolha dos

liacutederes quanto na tomada de decisatildeo Segundo os dados apurados 95 das decisotildees satildeo

tomadas por consenso 95 dos liacutederes satildeo eleitos pelos membros dos grupos que tambeacutem

aprovaram o desempenho desses mdash 58 consideraram a atuaccedilatildeo de seus liacutederes

relativamente efetiva e somente 9 disseram ser essa pouco eficiente Em relaccedilatildeo ao

gerenciamento de recursos financeiros 65 informaram que as organizaccedilotildees gerenciam

recursos provenientes de repasses dos governos federal e estadual (80) Esse percentual

confirma a criaccedilatildeo da organizaccedilatildeo para o acesso aos recursos de programas federais e

estaduais Pela tipologia e aacuterea de abrangecircncia das organizaccedilotildees somente 12 desenvolvem

105

Coletivos Jovens de Meio Ambiente satildeo grupos informais criados pelo Ministeacuterio do Meio Ambiente para

promover a participaccedilatildeo de jovens em questotildees ambientais Para melhor conhecimento deve-se buscar

ldquoColetivos Jovens de Meio Ambiente manual orientadorrdquo na paacutegina do Ministeacuterio do Meio Ambiente

183

accedilotildees fora do municiacutepio de origem Os resultados dos percentuais meacutedios de participaccedilatildeo e o

percentual de respondentes com formaccedilatildeo superior apresentaram uma forte correlaccedilatildeo entre

essas variaacuteveis (Figura 28) Essa forte correlaccedilatildeo justifica as caracteriacutesticas dos grupos e

induz a uma diferenciaccedilatildeo nos territoacuterios sergipanos que seraacute avaliada no proacuteximo capiacutetulo

Figura 28 Correlaccedilatildeo entre Escolaridade e afiliaccedilatildeo a organizaccedilotildees sociais

AC

ASS

BSF

CS

GA

LSMSS

SS

0

10

20

30

40

50

60

70

0 2 4 6 8 10 12 14

Esco

lari

dad

e

ParticipaccedilatildeoCorrelaccedilatildeo r=071

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

ASS Alto Sertatildeo Sergipano AC Agreste Central BSF Baixo Satildeo Francisco CS Centro-Sul GA Grande

Aracaju LS Leste Sergipano MS Meacutedio Sertatildeo e SS Sul Sergipano

A correlaccedilatildeo estreita entre o niacutevel de escolaridade e a participaccedilatildeo no territoacuterio Alto

Sertatildeo Sergipano (ASS) revela ainda que os percentuais tanto da participaccedilatildeo quanto da

formaccedilatildeo satildeo baixos O Alto Sertatildeo Sergipano foi o territoacuterio que apresentou menor nuacutemero

de delegados com formaccedilatildeo superior nessa pesquisa Essa correlaccedilatildeo eacute endossada ainda pela

taxa de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos e mais de idade nos municiacutepios que compotildeem

os territoacuterios do Alto Sertatildeo Sergipano (ASS) Baixo Satildeo Francisco Sergipano (BSF) Meacutedio

Sertatildeo Sergipano (MSS) Agreste Central (AC) e Sul Sergipano (SS) como demonstrado no

Apecircndice C

Assim a qualidade da educaccedilatildeo principalmente do ensino regular (fundamental e

meacutedio) e a poliacutetica educacional deficiente e voltada para a quantidade e mascarando os

resultados e a qualidade desses ainda satildeo fatores impeditivos para a cidadania o

desenvolvimento e a mudanccedila nas estruturas organizacionais puacuteblicas no estado Torres

(2013) em entrevista ao Jornal da Cidade afirma que apenas 54 dos jovens entre 15 e 17

anos frequentam o ensino meacutedio e que haacute descaso da Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo

(SEED) com os problemas relacionados agrave educaccedilatildeo (Jornal da Cidade domingo 15 e

184

segunda-feira 16122013) Entretanto satildeo esses descasos que alimentam fortalecem e

reproduzem o clientelismo e a ldquonova roupagem do coronelismordquo como bem cita Vilaccedila

a imagem do coronel nordestino se alia indelevelmente agrave do chefe poliacutetico

E nesses anos todo chefe poliacutetico do remoto interior do Nordeste praticou

mdash seja ele ateacute um letrado meacutedico padre ou bacharel mdash muitos dos

meacutetodos atitudes e outros haacutebitos de mando tipicamente coroneliacutestico

(VILACcedilA 2003 p60)

Lamentavelmente em Sergipe natildeo eacute diferente e a poliacutetica educacional vigente

corrobora esses meacutetodos atitudes e outros haacutebitos de mando tipicamente coroneliacutesticos que

corroem valores principalmente confianccedila interpessoal e nas instituiccedilotildees Os dados coletados

sobre confianccedila nas pessoas e nas instituiccedilotildees nesta pesquisa confirmam a desconfianccedila dos

sergipanos como veremos a seguir

6412 Confianccedila e solidariedade

Como elementos da estrutura social que contribuem para a construccedilatildeo do capital

social a confianccedila e a solidariedade satildeo valores construiacutedos ao longo dos tempos nos grupos

e pelos grupos essenciais para a democratizaccedilatildeo de um paiacutes e o bom desempenho das

instituiccedilotildees poliacuteticas Portanto

A confianccedila interpessoal e a confianccedila nas instituiccedilotildees poliacuteticas satildeo preacute-

condiccedilatildeo para a formaccedilatildeo de associaccedilotildees secundaacuterias que por sua vez

podem agir como promotoras da participaccedilatildeo poliacutetica e consequentemente

no aperfeiccediloamento da democracia (BAQUERO 2003 p 91)

Infelizmente os resultados do survey aplicado indicam pouca confianccedila interpessoal e

nas instituiccedilotildees puacuteblicas em Sergipe Esse dado permite inferir que a pouca confianccedila

interpessoal e nas instituiccedilotildees poliacuteticas eacute uma das principais causas do baixo niacutevel de

participaccedilatildeo poliacutetica e de organizaccedilatildeo social da populaccedilatildeo e sobretudo da pouca efetividade

das poliacuteticas puacuteblicas implementadas em Sergipe A pouca efetividade eacute mais

comprometedora do que a pouca capacidade de atendimento das demandas sociais visto que

na primeira haacute emprego de recursos humanos institucionais e financeiros e permanecem

criacuteticos os indicadores sociais principalmente o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) o

Iacutendice de pobreza e a Taxa de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos ou mais de idade Em

Sergipe106

cerca de 80 dos municiacutepios sergipanos tecircm Iacutendice de Pobreza maior que 50

106

Dos 75 municiacutepios 58 tecircm iacutendice de pobreza maior que 50 e 11 municiacutepios tecircm maior que 60

Exemplificando Santa Luzia do Itanhi segundo dados do IBGE 2013 tem IDH 0540 e Iacutendice de Pobreza de

6586 Esses indicadores encontram-se no Apecircndice C

185

O niacutevel de confianccedila limita a atuaccedilatildeo cooperada e compartilhada entre os indiviacuteduos e

entre esses e as instituiccedilotildees bem como a articulaccedilatildeo institucional e a integraccedilatildeo das poliacuteticas

Como afirma Bourdieu

O limite de um campo eacute o limite dos seus efeitos ou em outro sentido um

agente ou uma instituiccedilatildeo faz parte de um campo na medida em que nele

sofre efeitos ou que nele os produz (BOURDIEU 2010 p 31)

Os efeitos da confianccedila mostraram-se favoraacuteveis somente para grupos familiares e de

amigos uma vez que 62 dos respondentes disseram confiar na maioria das pessoas de sua

localidade Em relaccedilatildeo ao limite dos efeitos da confianccedila nas pessoas que fazem as

instituiccedilotildees puacuteblicas os dados demonstraram pouca confianccedila nos servidores que fazem as

instituiccedilotildees poliacuteticas (Figuras 29) Na praacutetica a resposta ldquonem muito nem poucordquo confirma

certa indiferenccedila dos respondentes em relaccedilatildeo agraves instituiccedilotildees poliacuteticas ou seja haacute uma clara

demonstraccedilatildeo de desencanto dos respondentes com as instituiccedilotildees em funccedilatildeo da pouca

efetividade das poliacuteticas puacuteblicas do baixo atendimento das demandas sociais da ausecircncia de

serviccedilos puacuteblicos de qualidade pela corrupccedilatildeo ativa e pelos interesses poliacuteticos subjacentes agraves

accedilotildees executadas

Figuras 29 Meacutedias dos percentuais de confianccedila dos delegados e delegadas nas instituiccedilotildees

puacuteblicas

000 1000 2000 3000 4000

Agreste Central Sergipano

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 1000 2000 3000 4000

Alto Sertatildeo Sergipano

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

186

000 1000 2000 3000

Baixo Satildeo FranciscoConfio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 500 1000 1500 2000 2500

Cento Sul SergipanoConfio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 1000 2000 3000 4000

Grande Aracaju

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 500 10001500200025003000

Leste Sergipano

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 500 1000 1500 2000 2500

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

000 1000 2000 3000 4000

Sul Sergipano

Confio muito

Nem muito nem pouco

Confio pouco

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Incluem-se como instituiccedilotildees puacuteblicas administraccedilatildeo puacuteblica municipal estadual e

federal tendo sido destacados a Companhia de Saneamento de Sergipe professores

profissionais da sauacutede poliacutecia poder judiciaacuterio poder legislativo DNOCS CODEVASF

SUDENE e CHESF Entretanto considerando que a grande maioria dos entrevistados

desconhece oacutergatildeos como o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS) a

Companhia de Desenvolvimento dos Vales do Satildeo Francisco e do Parnaiacuteba (CODEVASF) a

Superintendecircncia do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e a Companhia Hidro Eleacutetrica

do Satildeo Francisco (CHESF) estes foram excluiacutedos dos caacutelculos da confianccedila Afinal se natildeo se

reconhecem os efeitos dessas instituiccedilotildees natildeo haacute como estabelecer confianccedila nelas

A confianccedila no grupo vicinal se amplia quando 60 dos respondentes informam que

participam de accedilotildees comunitaacuterias ou coletivas que vatildeo de trabalhos voluntaacuterios agrave realizaccedilatildeo

187

de eventos e mutirotildees para resoluccedilatildeo de problemas pontuais como a pavimentaccedilatildeo de ruas

construccedilatildeo de silos para armazenamento de raccedilatildeo animal A tipologia das accedilotildees comunitaacuterias

relacionadas pelos entrevistados demonstra forte solidariedade nos grupos Esse achado

confirma a tese de Baquero (2003 p 92) que acredita que haacute um enfraquecimento das

relaccedilotildees sociais e que a cultura de lealdade raramente vai aleacutem do grupo familiar e de amigos

mais proacuteximos Para esse autor o setor puacuteblico eacute visto com desconfianccedila e a noccedilatildeo de bem

comum eacute fraacutegil Portanto a accedilatildeo coletiva que fortaleccedila a democratizaccedilatildeo natildeo eacute percebida ou

de fato eacute ausente em Sergipe

6413 Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

A comunicaccedilatildeo eacute a habilidade e o recurso mais elementar nas relaccedilotildees sociais Eacute o

instrumento de transformaccedilatildeo das pessoas e de suas realidades Assim

Sem a comunicaccedilatildeo cada pessoa seria um mundo fechado em si mesmo Pela

comunicaccedilatildeo as pessoas compartilham experiecircncias ideias e sentimentos

Ao se relacionarem como seres interdependentes influenciam-se

mutuamente e juntas modificam a realidade onde estatildeo inseridas

(BORDENAVE 1982 p38)

Como recurso a comunicaccedilatildeo tanto pode ampliar conhecimentos e consciecircncia criacutetica

quanto pode dificultar a informaccedilatildeo caso os instrumentos e os meios da comunicaccedilatildeo natildeo

sejam adequados para o grupo A informaccedilatildeo na tese de Coleman (1988 p 104) eacute base para

a accedilatildeo e uma de suas principais fontes encontra-se na relaccedilatildeo com o outro Assim a

participaccedilatildeo em grupos redes e entidades associativas proporciona a comunicaccedilatildeo entre seus

membros sobre questotildees que vatildeo aleacutem dos fins dos grupos por exemplo a oferta de trabalho

como afirmam Vaacutezquez (2002 p136) e Putnam (1993 p1) criando ou fortalecendo mais

recursos ou seja mais capital social

Um dos principais instrumentos da participaccedilatildeo poliacutetica e da cidadania encontra-se na

capacidade e habilidade da leitura da interpretaccedilatildeo de textos e do uso dos meios adequadas da

comunicaccedilatildeo Tomando a capacidade de ler e interpretar textos como habilidades necessaacuterias

para a participaccedilatildeo poliacutetica e considerando a correlaccedilatildeo positiva entre as taxas de

analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos ou mais de idade e a participaccedilatildeo social em Sergipe

pode-se inferir que haacute problemas na comunicaccedilatildeo e nos meios adotados para informar a

populaccedilatildeo sobre as questotildees inerentes agraves poliacuteticas puacuteblicas no Estado

De fato o analfabetismo reduz as possibilidades da comunicaccedilatildeo principalmente

escrita e da participaccedilatildeo dos sujeitos sociais Como diz Sen (2010 p 60) o analfabetismo

188

pode tolher a participaccedilatildeo poliacutetica do indiviacuteduo pela incapacidade da leitura e da comunicaccedilatildeo

escrita com os demais envolvidos nos grupos Essa incapacidade naturalmente exclui o

sujeito de grupos e natildeo estimula sua iniciativa de accedilotildees coletivas como ficou claro na

experiecircncia das conferecircncias do processo do planejamento participativo em Sergipe

No reconhecimento dessas dificuldades a comunicaccedilatildeo e os meios selecionados para

informar a populaccedilatildeo principalmente a analfabeta sobre direitos sociais poliacuteticas puacuteblicas e

controle social satildeo fundamentais natildeo soacute para a inclusatildeo social como para despertar no outro a

percepccedilatildeo da possibilidade de tornar-se sujeito ativo nos espaccedilos participativos A informaccedilatildeo

neste trabalho eacute reconhecida como capital social recurso que se obteacutem como subproduto da

participaccedilatildeo

A quantidade e a qualidade da informaccedilatildeo satildeo influenciadas ainda pelo tipo de grupo

ou rede social aos quais os indiviacuteduos pertencem (VAacuteZQUEZ 2002) Para esse autor uma

grande rede formada por simples conhecidos pode proporcionar mais informaccedilotildees sobre

ofertas de trabalho por exemplo do que uma rede formada somente por amigos Em outras

palavras os grupos familiares e vicinais tecircm quantidade e a qualidade da informaccedilatildeo

reduzida uma vez que geralmente compartilham as mesmas informaccedilotildees e os mesmos

interesses e portanto possuem pouco capital social Dessa forma a participaccedilatildeo em

associaccedilatildeo de moradores e associaccedilotildees comunitaacuterias concentram menos recursos (capital

social) do que a participaccedilatildeo no sindicato dos trabalhadores rurais como citado no toacutepico

anterior que partilham informaccedilotildees com indiviacuteduos de outras localidades e outros estados

Considerando que a qualidade e a quantidade da informaccedilatildeo estatildeo diretamente

proporcionais agraves suas fontes os meios de comunicaccedilatildeo podem exercer papel importante na

formaccedilatildeo do capital social Para Castells que defende a tese da sociedade em rede107

A comunicaccedilatildeo constitui o espaccedilo puacuteblico ou seja o espaccedilo cognitivo em

que as mentes das pessoas recebem informaccedilatildeo e formam os seus pontos de

vista atraveacutes do processamento de sinais da sociedade no seu conjunto ()

os sistemas de comunicaccedilatildeo mediaacuteticos criam os relacionamentos entre

instituiccedilotildees e organizaccedilotildees da sociedade e as pessoas no seu conjunto natildeo

enquanto indiviacuteduos mas como receptores coletivos de informaccedilatildeo mesmo

quando a informaccedilatildeo final eacute processada por cada indiviacuteduo de acordo com as

suas proacuteprias caracteriacutesticas pessoais Eacute por isso que a estrutura e a dinacircmica

da comunicaccedilatildeo social satildeo essenciais na formaccedilatildeo da consciecircncia e da

opiniatildeo e a base do processo de decisatildeo poliacutetica (CASTELLS 2006 p 23)

107

A sociedade em rede eacute qualificada como aquela que possui soacutelida tecnologia de informaccedilatildeo no niacutevel das

infraestruturas produccedilatildeo e conhecimento (CARDOSO 2006p34)

189

Embora reconhecendo que a sociedade brasileira natildeo eacute classificada como uma

sociedade em rede como definida por Castells e sim como uma sociedade em transiccedilatildeo

segundo Cardoso (2006 p31) os meios de comunicaccedilatildeo presentes e disponibilizados tecircm

influenciado as caracteriacutesticas da sociedade e do governo Assim buscou-se junto aos

delegados e delegadas ouvidos na pesquisa identificar quais seriam as principais fontes de

informaccedilatildeo das accedilotildees do governo e sobre o mercado usadas por eles Dos dados coletados

observou-se que as principais fontes satildeo a TV a internet e o raacutedio (Tabela 7) O uso do raacutedio

como uma das principais fontes de informaccedilotildees aleacutem de confirmar que a sociedade sergipana

natildeo eacute uma sociedade em rede contraria a previsatildeo de Castells (1999 p413) de fim da

audiecircncia de massa Em Sergipe ela persiste em meio agrave cultura da virtualidade por ser ainda o

meio de comunicaccedilatildeo acessiacutevel a todos principalmente para a populaccedilatildeo com indicadores

sociais criacuteticos como um baixo niacutevel de escolaridade e alto iacutendice de pobreza como a dos

municiacutepios que compotildeem os territoacuterios Centro-Sul Sul Sergipano Agreste Central e Baixo

Satildeo Francisco

Tabela 7 Principais fontes de informaccedilatildeo sobre as accedilotildees do governo ()

Agreste

Central

Sergipano

Alto Sertatildeo

Sergipano

Baixo Satildeo

Francisco

Sergipano

Centro-

Sul

Sergipano

Grande

Aracaju

Leste

Sergipano

Meacutedio

Sertatildeo

Sergipano

Sul

Sergipano

Pessoas da

comunidade1176 0 00 1176 000 000 909 1429 000

Raacutedio 6471 3750 5882 1000 3636 1818 2857 8462

TV 7647 10000 7647 8333 6364 7273 8571 9231

Jornal 000 000 000 000 1818 2727 000 767

Internet 5882 8750 7059 6667 8182 6364 10000 6154

Territoacuterios

Fontes de

Informaccedilatildeo

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Como se pode inferir da anaacutelise do quadro anterior a TV foi a principal fonte de

informaccedilatildeo para delegados e delegadas de seis dos oito territoacuterios e a internet para os

respondentes dos territoacuterios da Grande Aracaju e do Meacutedio Sertatildeo Sergipano Na TV a

comunicaccedilatildeo pode ser manipulada para atender a interesses diversos inclusive a reproduccedilatildeo

do poder dominante natildeo contribuindo para a formaccedilatildeo da consciecircncia poliacutetica e da opiniatildeo

dos agentes sociais Isso ocorre tanto pelo baixo grau de escolaridade da populaccedilatildeo quanto

pelo fato de o grupo de controle do sistema econocircmico ser o mesmo do poder como afirmava

Furtado (2003) se natildeo as mesmas pessoas aquelas da relaccedilatildeo de compadrio

190

Em relaccedilatildeo agrave internet haacute acesso da maioria dos delegados e delegadas de todos os

territoacuterios agraves novas tecnologias Nesse caso cabe-nos argumentar o papel dessa comunicaccedilatildeo

no fortalecimento do capital social dos territoacuterios uma vez que a internet natildeo segue o modelo

de interaccedilatildeo das comunidades fiacutesicas e existe uma correlaccedilatildeo forte entre o niacutevel de

escolaridade e a utilizaccedilatildeo efetiva da internet como afirma Castells

Comunidades virtuais satildeo redes sociais interpessoais em sua maioria

baseada em laccedilos fracos diversificadiacutessimas e especializadiacutessimos tambeacutem

capazes de gerar reciprocidade e apoio por intermeacutedio da dinacircmica da

interaccedilatildeo sustentada (CASTELLS 2002 p445)

Entretanto essa reciprocidade e apoio natildeo guardam a mesma confianccedila de uma

interaccedilatildeo face a face que envolve compromissos de longas datas conforme defende

Granovetter (1973 p1362) e tatildeo importante principalmente para a sociedade brasileira que eacute

desconfiada por natureza Aliada a isso a estrutura da administraccedilatildeo puacuteblica estadual

responsaacutevel pela divulgaccedilatildeo das accedilotildees do governo eacute uma paacutegina virtual mdash a Agecircncia Sergipe

de Notiacutecias Isso significa que as mateacuterias e accedilotildees divulgadas satildeo selecionadas e divulgadas

natildeo apenas com a intenccedilatildeo de levar a informaccedilatildeo do fato agrave populaccedilatildeo e demonstrar o

comprometimento do governo com a prestaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos e execuccedilatildeo de accedilotildees

para atendimento desses Ao contraacuterio a comunicaccedilatildeo se daacute com o objetivo do fortalecimento

e reproduccedilatildeo do poder poliacutetico corroborando Andrade (1993 p 28) que diz que os grupos

dominantes no Nordeste estatildeo comprometidos muito mais com os seus interesses do que com

os interesses da regiatildeo e da populaccedilatildeo Essa praacutetica compromete natildeo apenas o acesso efetivo

agraves notiacutecias do governo a criaccedilatildeo e o fortalecimento do capital social mas tambeacutem reproduz o

mandonismo e fortalece o clientelismo no Estado Essa reproduccedilatildeo eacute facilitada pela

frequecircncia de acesso aos meios de comunicaccedilatildeo dos respondentes da pesquisa Mais de 80

dos respondentes de todos os territoacuterios assistem agrave TV todos os dias e poucos disseram que

leem jornais ou revistas exceto 25 dos delegados do Alto Sertatildeo Sergipano 36 do Leste

Sergipano e 18 dos delegados da Grande Aracaju (Figura 30)

191

Figura 30 Percentual de respondentes que lecirc jornal e ou revistas todos os dias

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Centro-Sul Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Baixo Satildeo Francisco

Agreste Central Sergipano

Sul Sergipano

Grande Aracaju

Alto Sertatildeo Sergipano

Leste Sergipano

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Esse dado de ausecircncia do haacutebito de leitura de grande parte dos respondentes embora

representando uma amostra justifica-se pelo alto iacutendice de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15

anos ou mais de idade e respalda a praticamente inexistente contribuiccedilatildeo dos membros dos

grupos para a divulgaccedilatildeo das accedilotildees do governo a pouca participaccedilatildeo poliacutetica da populaccedilatildeo a

cidadania pequena no processo do planejamento participativo aleacutem de comprometer o

fortalecimento do capital social De acordo com Putnam (2006 p106) quem lecirc tem mais

condiccedilotildees de participar e expressa o interesse do indiviacuteduo pelos assuntos comunitaacuterios Eacute

importante destacar que a ediccedilatildeo de jornal diaacuterio impresso ocorre somente em Aracaju capital

do Estado A falta do jornal108

diaacuterio tambeacutem compromete o desenvolvimento do haacutebito da

leitura Contudo os maiores percentuais de leitores de jornais natildeo foram encontrados no

territoacuterio da Grande Aracaju e sim nos territoacuterios Leste Sergipano e Alto Sertatildeo Sergipano Os

jornais impressos que circulam no Alto Sertatildeo Sergipano satildeo editados em Aracaju sendo o

principal deles o semanaacuterio Jornal Cinform Entretanto em Nossa Senhora da Gloacuteria existe

uma paacutegina virtual ndash soudesergipe que divulga as notiacutecias do Alto Sertatildeo Sergipano A

circulaccedilatildeo do Cinform e a paacutegina virtual de Nossa Senhora da Gloacuteria natildeo respaldam as

respostas dos entrevistados

108

Os jornais em circulaccedilatildeo no estado satildeo editados em Aracaju (Jornal da Cidade Correio de Sergipe Jornal O

Dia satildeo diaacuterios Jornal Cinform - semanaacuterio) Em Estacircncia (Tribuna Culturalmdashpaacutegina virtual) territoacuterio Sul

Sergipano em Lagarto (Jornal Lagartense ndash paacutegina virtual) territoacuterio Centro-Sul Sergipano e em Pirambu

(Tribuna da Praia ndash paacutegina virtual e impresso) no Leste Sergipano (Fonte Pesquisa de campo 2013)

192

Quanto agraves principais fontes de informaccedilatildeo sobre emprego preccedilo de produtos e de

serviccedilos observa-se que os dados coletados natildeo diferem muito das fontes de informaccedilotildees das

accedilotildees do governo Predominaram como fontes de informaccedilotildees sobre o mercado a TV com

um percentual meacutedio de 88 o raacutedio (73) e a internet como a principal fonte para cerca de

70 dos respondentes (Tabela 8)

Tabela 8 Principais fontes de informaccedilatildeo sobre mercado ()

Agreste

Central

Sergipano

Alto Sertatildeo

Sergipano

Baixo Satildeo

Francisco

Sergipano

Centro-

Sul

Sergipano

Grande

Aracaju

Leste

Sergipano

Meacutedio

Sertatildeo

Sergipano

Sul

Sergipano

Pessoas da comunidade 1176 000 000 000 000 909 000 000

Raacutedio 6471 6250 7647 8333 3636 10000 7143 8462

TV 8235 10000 9412 8333 6364 9091 8571 10000

Jornal 588 000 000 000 1818 2727 000 769

Internet 4706 7500 5882 6667 6364 6364 10000 6154

Territoacutetios

Fontes de Informaccedilatildeo

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Em relaccedilatildeo ao acesso agrave informaccedilatildeo todos os respondentes da pesquisa confirmaram

melhoria nos uacuteltimos cinco anos Entretanto essa melhoria natildeo se refere agrave publicizaccedilatildeo das

accedilotildees do governo e sim uma melhoria das bases microeletrocircnicas que facilitaram a

operacionalizaccedilatildeo de tecnologias da comunicaccedilatildeo como a televisatildeo o raacutedio o

microcomputador e a telefonia moacutevel O acesso a essas tecnologias valorizou os indiviacuteduos

como receptores coletivos de informaccedilatildeo ou melhor a massa109

como afirma Castells e

reduziu a importacircncia da comunicaccedilatildeo interpessoal alimentada pela interaccedilatildeo face a face dos

atores sociais A interaccedilatildeo face a face se justifica pelo fortalecimento e reproduccedilatildeo de

caracteriacutesticas sociais como confianccedila solidariedade que potencializam as normas a coesatildeo e

a inclusatildeo social bem como o desempenho de grupos e instituiccedilotildees puacuteblicas

6414 Coesatildeo e Inclusatildeo Social

A coesatildeo110

e a inclusatildeo social satildeo objetivos estrateacutegicos das poliacuteticas de

desenvolvimento (GOODLAND 1994 SACHS 2000 e KHAN 1988) Isso porque nessas

poliacuteticas se busca aleacutem da equidade social com a inclusatildeo das pessoas como beneficiaacuterias

109

Massa eacute um agrupamento relativamente grande de pessoas separadas e desconhecidas que recebem em geral

passivamente informaccedilotildees veiculadas pelos meios de comunicaccedilatildeo de massa (OLIVEIRA 2004 p 69) 110

Coesatildeo social eacute a expressatildeo de sociedade na qual prevalece a equidade o respeito agrave diversidade agrave

solidariedade agrave justiccedila social o sentimento de pertencimento e inclusatildeo (BRASILMDA 2005 p 21)

193

das poliacuteticas e programas sociais o compartilhamento da gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas entre o

poder puacuteblico a sociedade e a iniciativa privada ou seja a inclusatildeo da sociedade e da

iniciativa privada nos ciclos dos projetos puacuteblicos e no planejamento das poliacuteticas Para tanto

o reconhecimento das variaacuteveis endoacutegenas que sustentaratildeo esse compartilhamento como a

flexibilidade das instituiccedilotildees puacuteblicas o respeito agrave diversidade a capacidade de participaccedilatildeo e

de negociaccedilatildeo dos envolvidos a maturidade poliacutetica da populaccedilatildeo nos espaccedilos onde deveratildeo

ser implementadas as poliacuteticas os programas e os projetos satildeo elementos fundamentais

Desse modo a coesatildeo social eacute avaliada aqui a partir de caracteriacutesticas sociais e

econocircmicas que provoquem sentimentos de uniatildeo ou de conflito de inseguranccedila e de

exclusatildeo nas interaccedilotildees sociais cotidianas A pesquisa mostrou que mais de 70 dos

entrevistados confirmam que haacute desigualdades e diferenccedilas entre os indiviacuteduos nos locais

onde residem A posiccedilatildeo social a renda a crenccedila religiosa e o analfabetismo foram as

principais causas apontadas para as desigualdades e consequentemente para a exclusatildeo e a

inseguranccedila (Tabela 9) Esse resultado coaduna-se com a afirmativa de Silva e Resende

(2005 p7) de que na regiatildeo Nordeste o niacutevel de renda se correlaciona positivamente com o

acesso agrave sauacutede baacutesica agrave educaccedilatildeo e agrave aacutegua encanada

Tabela 9 Principais fontes da exclusatildeo social ()

Agreste

Central

Sergipano

Alto

Sertatildeo

Sergipano

Baixo Satildeo

Francisco

Sergipano

Centro-

Sul

Sergipano

Grande

Aracaju

Leste

Sergipano

Meacutedio

Sertatildeo

Sergipano

Sul

Sergipano

Posiccedilatildeo social 10000 10000 10000 10000 10000 10000 10000 10000

Renda 10000 10000 10000 10000 10000 10000 10000 10000

Crenccedila religiosa 590 1250 590 000 1820 1820 000 000

Analfabetismo 000 2500 000 000 910 910 000 000

Sentimento de seguranccedila 9380 7140 8130 8330 8000 7270 10000 9230

DesigualdadesDiferenccedilas

()

Territoacuterios

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

A renda e a exclusatildeo tanto do mercado quanto do acesso aos serviccedilos puacuteblicos

essenciais e da participaccedilatildeo poliacutetica dos atores sociais satildeo variaacuteveis diretamente relacionadas

agrave escolaridade O analfabetismo foi apontado principalmente no Alto Sertatildeo Agreste Central

Grande Aracaju e Leste Sergipano como um dos fatores que contribuem para as diferenccedilas

das condiccedilotildees (ou desigualdades) sociais e econocircmicas Quando questionados se as

desigualdades motivaram a violecircncia local cerca de 70 das respostas indicaram que natildeo

194

exceto os dados do territoacuterio da Grande Aracaju que confirmaram a violecircncia com um

percentual de 54 Eacute importante esclarecer que na opiniatildeo dos entrevistados natildeo satildeo as

desigualdades que influenciam o quadro de violecircncia nas comunidades e sim as diferenccedilas

Entretanto natildeo satildeo as diferenccedilas ou as diversidades regionais (culturais ambientais ou

econocircmicas) ressaltadas por Araujo (2010 p 208) como potencialidades capazes de gerar

riquezas que influenciam a violecircncia e sim a intoleracircncia a valores e crenccedilas do outro A

poliacutetica a crenccedila religiosa e a etnia foram citadas como as principais causas para as diferenccedilas

nos territoacuterios embora em percentuais baixos As diferenccedilas poliacuteticas podem induzir agrave

conscientizaccedilatildeo ciacutevica dos indiviacuteduos e portanto ser um potencial ou a depender do grau de

conscientizaccedilatildeo e maturidade poliacutetica dos indiviacuteduos gerar violecircncia como jaacute ocorreu em

Sergipe (DANTAS 1987) A violecircncia decorrente de diferenccedila poliacutetica geralmente

relaciona-se agrave garantia do poder local ou melhor agrave demarcaccedilatildeo do territoacuterio

O reconhecimento pelos entrevistados de que as diferenccedilas no territoacuterio da Grande

Aracaju geram violecircncia guarda coerecircncia com a afirmativa de Carlos (2007 p 51) de que eacute

na rua que afloram as diferenccedilas e as contradiccedilotildees que permeiam a vida cotidiana E satildeo as

cidades maiores que abrigam e tornam essas contradiccedilotildees mais visiacuteveis Em Sergipe as

maiores contradiccedilotildees satildeo observadas no territoacuterio da Grande Aracaju que abriga a Regiatildeo

Metropolitana de Aracaju111

Essa concentra 404 da populaccedilatildeo do Estado e 46 aglomerados

subnormais assim distribuiacutedos 28 deles em Aracaju um na Barra dos Coqueiros 14 em

Nossa Senhora do Socorro e trecircs em Satildeo Cristoacutevatildeo Aracaju concentra aproximadamente 28

da populaccedilatildeo do Estado e eacute o municiacutepio sergipano com a melhor infraestrutura de sauacutede

incluindo o saneamento baacutesico da educaccedilatildeo e do lazer

De fato a violecircncia eacute maior na Regiatildeo Metropolitana de Aracaju e o aumento da

violecircncia nos uacuteltimos cinco anos foi mais sentido pelos delegados dos territoacuterios da Grande

Aracaju Leste Sergipano Centro-Sul e Baixo Satildeo Francisco Sergipano Entretanto os dados

coletados mostram que natildeo haacute sentimento de inseguranccedila na localidade onde vivem apesar de

a confianccedila ser maior entre os grupos familiar e vicinal como jaacute descrito

Outro elemento citado pelos entrevistados como responsaacutevel pela violecircncia na

comunidade foi o uso de drogas principalmente de bebidas alcooacutelicas O consumo de

bebidas alcooacutelicas associa-se agraves interaccedilotildees sociais cotidianas observadas em todos os

territoacuterios Os encontros em bares foram citados como uma atividade de lazer frequente entre

os participantes do processo do planejamento participativo (SEPLAN 2008)

111

A Regiatildeo Metropolitana de Aracaju eacute formada pelos municiacutepios de Aracaju Barra dos Coqueiros Nossa

Senhora do Socorro e Satildeo Cristoacutevatildeo

195

A manifestaccedilatildeo de sociabilidade nos encontros para a praacutetica de atividades fiacutesicas natildeo

satildeo frequentes entre os entrevistados Entretanto a sociabilidade ressaltada pelos participantes

das conferecircncias do planejamento participativo e frequente em todos os territoacuterios eacute conferida

pelos encontros nas feiras nas festas juninas nas festas religiosas novenas e quermesses nos

passeios na praccedila e nas cadeiras das calccediladas Essas interaccedilotildees sociais tecircm proporcionado

laccedilos fortes entre os grupos familiares e vicinais no Estado por ainda permitir a interaccedilatildeo face

a face e consequentemente a uniatildeo desses Nessas interaccedilotildees sociais cotidianas relacionadas

pelos participantes das conferecircncias do planejamento participativo e nas entrevistas realizadas

com delegados e delegadas desse processo natildeo se constatou exclusatildeo de indiviacuteduos em

atividades coletivas A exclusatildeo da populaccedilatildeo independentemente do grau de escolaridade e

da renda eacute percebida no planejamento e na tomada de decisatildeo sobre as poliacuteticas programas e

projetos em que devem ser alocados os recursos puacuteblicos Contudo satildeo as escolhas

individuais que habilitam as pessoas para as relaccedilotildees interpessoais a formaccedilatildeo de redes e a

participaccedilatildeo poliacutetica

As relaccedilotildees interpessoais passam cada vez mais pela teacutecnica computadores

celulares TVs walkman etc () O natildeo se olhar o natildeo se falar o

exacerbado individualismo produz uma nova polidez que se baseia na

recusa do outro ()a exacerbaccedilatildeo do individualismo que se reproduz como

condiccedilatildeoproduto da reproduccedilatildeo das relaccedilotildees sociais neste fim de seacuteculo

(CARLOS 2007 p 76 e 77)

Nos territoacuterios sergipanos embora se constate o acesso agraves tecnologias da

comunicaccedilatildeo o grau de analfabetismo da populaccedilatildeo de 15 anos ou mais de idade atenua o

exacerbado individualismo pelo uso dessas tecnologias principalmente no interior do Estado

E eacute essa atenuaccedilatildeo que daacute a resistecircncia silenciosa da natureza humana sertaneja

(BURSZTYN 2008 p26) Poreacutem natildeo assegura a coesatildeo social

A resistecircncia como elemento da cultura sertaneja eacute percebida ainda no quadro de

exclusatildeo da populaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos como sauacutede incluiacutedo o saneamento baacutesico

educaccedilatildeo de qualidade e o transporte puacuteblico coletivo Para Silva e Resende (2005 p 20)

essa resistecircncia proveacutem da ausecircncia do estado na provisatildeo desses serviccedilos puacuteblicos focados

nos indiviacuteduos Os baixos Iacutendices de Desenvolvimento Humano (IDH) e os altos percentuais

do analfabetismo e do iacutendice de pobreza nos municiacutepios sergipanos demonstram o niacutevel de

exclusatildeo ainda existente no Estado e as barreiras reais enfrentadas pela populaccedilatildeo para

acessar os direitos sociais e assegurar o empoderamento necessaacuterio ao seu desenvolvimento e

crescimento

196

6415 Empoderamento e Accedilatildeo poliacutetica

A expressatildeo empoderamento origina-se do vocaacutebulo inglecircs empowerment e ganhou

notoriedade a partir do final da deacutecada de 1970 no contexto da reestruturaccedilatildeo produtiva e da

busca de novo modelo do desenvolvimento que tinha como uma das premissas a

descentralizaccedilatildeo mecanismo que deveria tornar a accedilatildeo das institucionalidades puacuteblicas mais

aacutegeis e transparentes no atendimento das demandas sociais

Nessa proposta de modelo a descentralizaccedilatildeo poderia trazer as agecircncias de serviccedilos

puacuteblicos para mais perto das comunidades e populaccedilotildees pobres aumentando potencialmente

a prestaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos e facilitando o controle social sobre as instituiccedilotildees e suas

accedilotildees Para tanto recomenda-se aos estados o fortalecimento das capacidades locais (estado

organizaccedilotildees sociais e iniciativa privada) a criaccedilatildeo de mecanismos e oportunidades eficazes

de participaccedilatildeo popular a interaccedilatildeo de poliacuteticas e de processos institucionais articulados

(BANCO MUNDIAL 2002)

Desse modo o fortalecimento da capacidade das organizaccedilotildees sociais para a

participaccedilatildeo no planejamento e na gestatildeo das poliacuteticas e principalmente nos processos de

tomada de decisatildeo sobre as poliacuteticas e accedilotildees de e para o desenvolvimento local passou a

compor a conceituaccedilatildeo de empoderamento

Empoderamento (empowerment) para o Banco Mundial

Refere-se agrave expansatildeo dos recursos e capacidades das pessoas em tomar

parte negociar influenciar controlar e responsabilizar instituiccedilotildees que

afetam suas vidas (BANCO MUNDIAL 2002 p 10)

A expansatildeo dos recursos e capacidades significa disponibilizar aos indiviacuteduos as

liberdades substantivas e instrumentais (liberdades poliacuteticas e oportunidades sociais)

defendidas por Sen (2012 p 58 e 59) como meios para tornaacute-los cidadatildeos capazes de

promover sua autonomia melhora gradual de suas vidas e com uma visatildeo criacutetica(GOHN

2004 p 23) Essa expansatildeo dos recursos eacute papel tanto do estado como da sociedade A oferta

de educaccedilatildeo de qualidade a ampliaccedilatildeo do acesso agrave informaccedilatildeo e agraves tecnologias da

comunicaccedilatildeo a criaccedilatildeo de espaccedilos e a reduccedilatildeo das barreiras para a participaccedilatildeo poliacutetica no

planejamento e gestatildeo de poliacuteticas e programas puacuteblicos satildeo accedilotildees que devem ser promovidas

pelo estado para o fortalecimento das liberdades individuais e coletivas

Para Pereira (2006) o empoderamento eacute ainda

A accedilatildeo coletiva desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos

privilegiados de decisotildees de consciecircncia social dos direitos sociais Essa

consciecircncia ultrapassa a tomada de iniciativa individual de conhecimento e

197

superaccedilatildeo de uma situaccedilatildeo particular (realidade) em que se encontra ateacute

atingir a compreensatildeo de teias complexas de relaccedilotildees sociais que informam

contextos econocircmicos e poliacuteticos mais abrangentes (PEREIRA 2006 p1)

No conceito proposto pelo autor a expansatildeo das capacidades eacute inerente a uma

populaccedilatildeo que tem uma consciecircncia poliacutetica e portanto um alto niacutevel de capital social A

formaccedilatildeo dessa consciecircncia poliacutetica embora fundamental para o processo do empoderamento

no contexto da democracia brasileira apresenta grandes desafios para sua concretude E como

disse Martins (1994 p 12) estamos muito longe de uma sociedade de cidadatildeos

Nesse trabalho o empoderamento seraacute analisado tanto no niacutevel individual quanto no

comunitaacuterio ou coletivo (BAQUERO 2012 p176) O empoderamento individual seraacute

medido a partir da percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a sua autoestima (sentimento de

felicidade) autonomia nas decisotildees diaacuterias autoconfianccedila para agir e promover a conquista

da cidadania e defesa de seus interesses O empoderamento comunitaacuterio de acordo com

Baquero (2012 p 177) envolve processos participativos e resoluccedilatildeo de accedilotildees de interesse

coletivo A avaliaccedilatildeo de conteuacutedo dos dados coletados se fundamentaraacute nas sugestotildees de

anaacutelise dos dados do Questionaacuterio Integrado para Medir Capital Social de Grootaert et al

(2003 p21) e nas concepccedilotildees conceituais de capital social de Coleman (1988) Putnam

(1993 2006) Sen (2012) e empoderamento de Baquero (2012) e Gohn (2004)

O sentimento de felicidade tem valor simboacutelico para expressar o niacutevel de satisfaccedilatildeo do

indiviacuteduo em relaccedilatildeo agraves liberdades substantivas e instrumentais ou a felicidade (eudaimonia)

como finalidade da poliacutetica no pensamento aristoteacutelico Assim a felicidade como recurso

virtual e impessoal pode se tornar real nas interaccedilotildees sociais materializadas nas accedilotildees

executadas que tiveram como motivaccedilatildeo a solidariedade a obrigaccedilatildeo de reciprocidade E na

concepccedilatildeo de Coleman (1988 p S98) quando valores e normas facilitam accedilotildees dos

indiviacuteduos da mesma estrutura social pode-se fortalecer o capital social

Quando perguntado se o entrevistado se considerava uma pessoa feliz

aproximadamente 70 deles disseram sim o que induz a um elevado niacutevel de satisfaccedilatildeo com

a situaccedilatildeo da vida Admitindo a baixa representatividade da populaccedilatildeo que vive abaixo da

linha de pobreza112

nas conferecircncias do planejamento participativo esse dado natildeo deve ser

lido como da totalidade da populaccedilatildeo Ateacute porque dados do Latinobaroacutemetro113

de 2011

mostram que o brasileiro natildeo estaacute satisfeito com a democracia com os espaccedilos fornecidos

para a participaccedilatildeo poliacutetica a maneira como funciona a educaccedilatildeo puacuteblica e outras

112

Aquele que vive com ateacute R$ 70 de rendimento domiciliar per capita mecircs (IBGE) 113

Dados disponiacuteveis em wwwlatinobarometroorglatjsp Acesso em 23122013

198

Em relaccedilatildeo ao controle das atividades diaacuterias cerca de 90 dos entrevistados

disseram que controlam a maioria das decisotildees Considerando que a maioria dos entrevistados

tem idade entre 31 e 50 anos era de esperar esse controle na tomada de decisatildeo Entretanto

sabendo-se que 6235 dos entrevistados eram do sexo feminino a boa notiacutecia eacute o sentimento

da emancipaccedilatildeo da mulher sergipana

O sentimento de lideranccedila tambeacutem foi observado nas respostas dadas ao

questionamento a respeito do autorreconhecimento da capacidade de promover mudanccedila na

comunidade ou na cidade onde reside Cerca de 80 dos entrevistados afirmaram ser capazes

de promover mudanccedilas na localidade onde moram Os maiores reconhecimentos foram

observados nos territoacuterios Sul Sergipano (100) Alto Sertatildeo Sergipano (875) e Grande

Aracaju (818) e o menor percentual (588) constatou-se no Agreste Central Sergipano

(Figura 31) Os resultados encontrados analisados agrave luz da histoacuteria de atuaccedilatildeo dos

movimentos sociais114

entidades sindicais e organizaccedilotildees da sociedade civil confirmam o

desempenho dessas institucionalidades e movimentos sociais nas lutas por reforma agraacuteria

notadamente nos territoacuterios Sul Sergipano Alto Sertatildeo e Leste Sergipano e por moradia

especialmente no territoacuterio da Grande Aracaju A luta por reforma agraacuteria em Sergipe

segundo Lopes (2000 p 102) eacute uma accedilatildeo coletiva e natildeo individual Quando assentados

esses indiviacuteduos enfraquecem os laccedilos com os movimentos que os apoiaram e comeccedilam a

desenvolver outros laccedilos com outros agentes como financeiros e de assistecircncia teacutecnica

poreacutem natildeo interagem entre si (LISBOA 2000 e NOBRE 2008)

O territoacuterio Agreste Central apresenta como peculiaridades a concentraccedilatildeo de meacutedias e

pequenas propriedades rurais principalmente nos municiacutepios localizados no entorno de

Itabaiana a olericultura como uma das principais atividades produtivas em periacutemetros

puacuteblicos irrigados e um grande nuacutemero de associaccedilotildees comunitaacuterias criadas para acessar

recursos principalmente do Projeto Nordeste (Pronese) que desenvolvem accedilotildees

independentes

114

Para mais informaccedilatildeo sobre a histoacuteria contextualizada dos movimentos dos trabalhadores rurais sem terra em

Sergipe ver Nobre (2008) e sobre a histoacuteria dos assentamentos dos pequenos produtores rurais e dos conflitos de

terra e reforma agraacuteria em Sergipe ver Silva (1995) Silva e Lopes (1996) e Lopes (2000)

199

Figura 31 Percentual de respondentes que disse estar capacitado para promover

mudanccedilas locais

0 20 40 60 80 100 120

Agreste Central Sergipano

Cento Sul Sergipano

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

Leste Sergipano

Baixo Satildeo Francisco

Grande Aracaju

Alto Sertatildeo Sergipano

Sul Sergipano

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

Quanto agrave capacidade de mobilizaccedilatildeo de um grupo de pessoas para resolver um

problema da coletividade praticamente ocorreu unanimidade nessa accedilatildeo 967 dos

entrevistados disseram ser capazes de mobilizar pessoas para a resoluccedilatildeo de problemas

coletivos Entretanto eacute importante esclarecer que apesar de ocorrerem accedilotildees isoladas de

mobilizaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos que atendam a comunidade como o exemplo da

associaccedilatildeo de moradores do povoado Descoberto no municiacutepio de Carira territoacuterio Agreste

Central Sergipano que pavimentou algumas ruas do povoado com recursos dos associados e

ainda a aquisiccedilatildeo de maquinaacuterio e construccedilatildeo de sede da cooperativa em Campo do Brito

tambeacutem no Agreste Central por iniciativa e mobilizaccedilatildeo dos cooperados essa natildeo eacute a regra

em Sergipe Em relaccedilatildeo agrave mobilizaccedilatildeo para os assentamentos da reforma agraacuteria Lopes

(2000 p 102) afirma que geralmente daacute-se sob o comandoinfluecircncia de uma organizaccedilatildeo da

sociedade civil ou movimento social (MST STR Igreja etc) Do mesmo modo a mobilizaccedilatildeo

para a construccedilatildeo de moradias populares115

principalmente nas aacutereas urbanas daacute-se tambeacutem

sob o comandoinfluecircncia de organizaccedilotildees ou movimentos sociais como a Central dos

Movimentos Populares (CMP) Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM) ou Uniatildeo

Nacional por Moradia Popular (UNMP)

De modo geral

115

Uma das formas de acesso ao Programa Minha Casa Minha Vida eacute a apresentaccedilatildeo por entidades

oganizadoras assim entendidas as cooperativas associaccedilotildees ou entidades da sociedade civil sem fins lucrativos

200

Permanece a inabalaacutevel resignaccedilatildeo agrave fatalidade das adversidades que satildeo

ldquovontade de Deusrdquo A esperanccedila de que melhores dias viratildeo natildeo deixou de

ser um traccedilo marcante do sertanejo que se manteacutem apesar da marcante

cultura pragmaacutetica da modernidade que chega pela televisatildeo

(BURSZTYN 2008 p 27)

A resignaccedilatildeo pode ser decorrente da repressatildeo ou ateacute mesmo das formas possiacuteveis de

accedilatildeo e da maior ou menor abertura poliacutetica dos governantes segundo lembra Albuquerque

(2004 p 16) ou da capacidade de mobilizaccedilatildeo dos movimentos Soacute exemplificando nunca

houve na histoacuteria de Sergipe grandes movimentos ambientalistas ou engajamento de pessoas

em defesa dos manguezais e rios urbanos e contra as ocupaccedilotildees irregulares lanccedilamento de

efluentes (liacutenguas negras) e construccedilotildees irregulares nas praias etc

Sergipe eacute um Estado com escassez hiacutedrica e praticamente dependente das aacuteguas do

Rio Satildeo Francisco cujas margens tecircm usos e ocupaccedilotildees que aleacutem de comprometer a

qualidade de suas aacuteguas compromete tambeacutem a condiccedilatildeo socioeconocircmica dos ribeirinhos

Os grupos existentes satildeo sempre reduzidos e contam sempre com os mesmos indiviacuteduos Dos

90 entrevistados somente um havia participado de reuniotildees do Comitecirc da Bacia Hidrograacutefica

do Rio Sergipe A consciecircncia ambiental ainda eacute incipiente da mesma forma que a habilidade

para tomar decisotildees que afetam as atividades cotidianas e que podem transformar a realidade

dos lugares e a vida das pessoas tambeacutem o eacute

Essa conclusatildeo eacute amparada ainda pelos dados coletados a respeito da accedilatildeo poliacutetica ou

de cidadania realizada pelos entrevistados para a comunidade Dallari (1999 p39) esclarece

que a participaccedilatildeo poliacutetica natildeo eacute apenas a participaccedilatildeo eleitoral tal como ocorre nas

democracias representativas principalmente onde o voto eacute obrigatoacuterio como no Brasil

Independentemente dos viacutecios que cercam o sistema e o processo eleitoral no Brasil o

voto deve ser a manifestaccedilatildeo consciente da indicaccedilatildeo daqueles indiviacuteduos mais habilitados

para a representaccedilatildeo das vontades e interesses do povo Para o exerciacutecio do voto o acesso agrave

informaccedilatildeo e a capacidade de interpretaccedilatildeo correta e formaccedilatildeo de um juiacutezo de valor a respeito

dos candidatos e de seu desempenho satildeo fundamentais em uma democracia representativa

Considerando a obrigatoriedade do voto o percentual de analfabetismo da populaccedilatildeo

a desinformaccedilatildeo dominante e a frequecircncia da ocorrecircncia dos casos de corrupccedilatildeo para a

manutenccedilatildeo dos acordos e apoios poliacuteticos o exerciacutecio do voto tem sido desestimulante e natildeo

serve como um bom indicador de uma comunidade ciacutevica no Brasil e em Sergipe

Entretanto em meio agraves deficiecircncias 73 dos entrevistados disseram que sairiam para

votar independentemente da obrigatoriedade uma vez que o voto eacute a expressatildeo da vontade

201

do povo Todavia o desempenho dos eleitos e sua manutenccedilatildeo no poder satildeo reflexos de

consciecircncia de cidadatildeo e no quadro atual de cidadania pequena

Quanto agraves accedilotildees de cidadania estas seratildeo analisadas a partir do engajamento dos

entrevistados em accedilotildees poliacuteticas como a participaccedilatildeo voluntaacuteria em audiecircncias puacuteblicas

conferecircncias protestos mobilizaccedilotildees denuacutencias da ausecircncia ou mau funcionamento de

serviccedilos puacuteblicos tanto nos meios de comunicaccedilatildeo quanto no Ministeacuterio Puacuteblico Os

resultados obtidos das entrevistas demonstram que satildeo tiacutemidas as accedilotildees poliacuteticas dos

delegados e delegadas do processo do planejamento participativo (Tabela 10)

A participaccedilatildeo em reuniotildees de conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas (conselho da

crianccedila e do adolescente do idoso e do desenvolvimento municipal) foi a accedilatildeo poliacutetica com o

maior percentual meacutedio (7547) e a participaccedilatildeo nesses espaccedilos como jaacute comentado em

toacutepicos anteriores natildeo se traduz em bom niacutevel de cidadania

A denuacutencia de problemas da coletividade em meios de comunicaccedilatildeo como o raacutedio e a

TV foi maior nos territoacuterios do Baixo Satildeo Francisco Meacutedio Sertatildeo e Alto Sertatildeo Sergipano

enquanto a procura pelo Ministeacuterio Puacuteblico para efetuar denuacutencia foi maior nos territoacuterios da

Grande Aracaju Leste Sergipano e Meacutedio Sertatildeo e o abaixo-assinado apareceu como uma

ferramenta importante no Agreste Central Sergipano

Quanto agrave procura de poliacutetico(s) para a resoluccedilatildeo de problemas coletivos essa accedilatildeo

foi maior nos territoacuterios Alto Sertatildeo Sergipano Centro-Sul e Baixo Satildeo Francisco

Tabela 10 Engajamento em accedilotildees poliacuteticas ()

Agreste

Central

Sergipano

Alto Sertatildeo

Sergipano

Baixo Satildeo

Francisco

Sergipano

Centro- Sul

Sergipano

Grande

Aracaju

Leste

Sergipano

Meacutedio

Sertatildeo

Sergipano

Sul

Sergipano

Reuniatildeo de conselho

audiecircncia puacuteblica conferecircncia7647 875 7647 5000 7273 6364 10000 7692

Encontrocontato com poliacutetico 3529 5000 4706 5000 2727 3636 2857 3846

Protestos 000 3750 4118 000 4545 2727 1429 000

Denuacutencia em TV raacutedio 000 2500 2941 1667 1818 909 2857 769

Notificaccedilatildeo no Ministeacuterio

Puacuteblico1176 000 1765 1667 3636 3636 2857 769

Mobilizaccedilatildeo local 000 2500 1765 000 2727 1818 1429 1538

Abaixo-assinado 5294 3750 3529 1667 3636 2727 4286 1538

Territoacuterios

Participaccedilotildees

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

A percepccedilatildeo da honestidade influencia na confianccedila no outro e reflete o zelo e o

comprometimento com a funccedilatildeo os recursos e os bens puacuteblicos daqueles que exercem funccedilatildeo

poliacutetica ou ainda a capacidade desses de exercerem funccedilotildees poliacuteticas respeitando direitos e

garantias fundamentais constitucionais Desse modo quando questionados a respeito do grau

202

de honestidade que se atribuiacutea a servidores instituiccedilotildees puacuteblicas e entidades da sociedade

civil e religiosas constatou-se que de modo geral os liacutederes religiosos e os professores foram

aqueles com nuacutemero de casos mais representativos para a honestidade Dos respondentes 55

consideraram os liacutederes religiosos geralmente honestos 32 disseram que os professores satildeo

geralmente honestos 24 deles acreditaram que os governos municipais satildeo geralmente

honestos e somente 18 deles disseram que o governo estadual eacute geralmente honesto (Figura

32)

Figura 32 Grau de honestidade de servidores instituiccedilotildees puacuteblicas e entidades da

sociedade civil e religiosas ()

0 10 20 30 40 50 60

Poder Legislativo

Emdagro

Governo estadual

Poder Judiciaacuterio

Governo municipal

Professores

Liacutederes Religiosos

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

A percepccedilatildeo de elevado grau de honestidade desses grupos e institucionalidades eacute um

elemento fundamental para quaisquer propostas de desenvolvimento construccedilatildeo de estruturas

de governanccedila e fortalecimento da democracia O detalhamento dos resultados ponderados

para a honestidade dessas entidades e grupos encontra-se no Apendice D

Para Lazzarini Madolazzo Artes e Siqueira (2005) o questionaacuterio como o World

Values Survey natildeo estaria necessariamente medindo confianccedila mas sim confiabilidade Para

eles enquanto confianccedila diz respeito agrave percepccedilatildeo de risco nas relaccedilotildees de troca

confiabilidade eacute relacionada ao grau com que as pessoas se comportam de forma cooperativa

isto eacute evitam lesar as outras

Desse modo no toacutepico seguinte procura-se mensurar o estoque de capital social nos

territoacuterios de planejamento

203

642 Mensurando o estoque de capital social nos territoacuterios de planejamento em

Sergipe

Capital social eacute uma categoria de anaacutelise de difiacutecil observaccedilatildeo direta e portanto

requer a aplicaccedilatildeo de modelos estatiacutesticos que proporcionem a percepccedilatildeo de classes latentes

(FONSECA 2008 p9)

A ferramenta usada para a coleta dos dados foi o Questionaacuterio Integrado para Medir

Capital Social ndash QI-MCS proposto pelo Banco Mundial (2003) com adaptaccedilotildees agrave realidade

local O uso do questionaacuterio integrado na pesquisa se deu pelo fato de ser uma proposta

elaborada por grupo de pesquisadores em sua maioria estudiosos do assunto e interessados

em conduzir levantamentos de iacutendices nacionais de capital social e por sua aplicaccedilatildeo em

paiacuteses perifeacutericos (Banco Mundial 2003 GUEDES ROSAS e CAcircNDIDO 2008 p 71)

Aleacutem disso o questionaacuterio integrado tem sido considerado por estudiosos do capital social

uma ferramenta de mensuraccedilatildeo que permite adaptaccedilotildees de acordo com o puacuteblico linhas

teoacutericas e interesses dos pesquisadores

O Questionaacuterio Integrado usado na pesquisa consiste em seis dimensotildees voltadas para

variaacuteveis ou categorias que compotildeem os recursos disponiacuteveis nos indiviacuteduos e que alimentam

as redes de relaccedilotildees e a participaccedilatildeo e datildeo empoderamento aos indiviacuteduos e comunidades Os

dados foram obtidos junto a 90 participantes do processo do planejamento participativo haja

vista o papel desses na proposta da poliacutetica de desenvolvimento territorial do Governo do

Estado

A construccedilatildeo de indicadores de capital social natildeo tem sido tarefa faacutecil e requer a

participaccedilatildeo de diversos especialistas de diferentes aacutereas do conhecimento Na concepccedilatildeo de

Monasteacuterio (2002 p7) a abordagem do capital social exige dos pesquisadores posturas

plurais e interdisciplinares Para o Banco Mundial a construccedilatildeo de modelos empiacutericos e de

indicadores de capital social bem como a aplicaccedilatildeo de anaacutelises multivariadas116

nas quais o

capital social eacute a variaacutevel dependente por sua complexidade e subjetividade requer bastante

cautela e racionalidade Por tudo isso a construccedilatildeo do iacutendice de capital social dos territoacuterios

116

Para a interpretaccedilatildeo dos dados coletados aplicou-se teacutecnicas estatiacutesticas de anaacutelises multivariadas de

interdependecircncia como a Anaacutelise de Correspondecircncia (AC) Anaacutelise de Agrupamento (Cluster Analysis)e

Escalonamento Multidimensional utilizando-se do Software Statistical Package for the Social Scienses (SPSS)

Pela complexidade e subjetividade dos resultados e sobretudo pela cautela e racionalidade requerida pela

pesquisa deixaram de ser apresentados para este momento

204

de planejamento deve ser interpretada como um ensaio preliminar na busca de meacutetodos e

teacutecnicas estatiacutesticas favoraacuteveis agrave espacializaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dessa variaacutevel dependente

Para gerar o iacutendice de capital social (ICSi) foram coletadas por meio do Questionaacuterio

Integrado para Medir o Capital Social- QI- MCS adaptado aos objetivos desta pesquisa

selecionadas tratadas e analisadas variaacuteveis117

distribuiacutedas nas seguintes dimensotildees

participaccedilatildeo em grupos confianccedila e solidariedade accedilatildeo coletiva e cooperaccedilatildeo informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo coesatildeo e inclusatildeo social e empoderamento e accedilatildeo poliacutetica

Assim o iacutendice de capital social foi calculado pela seguinte equaccedilatildeo (1)

(1)

Onde

ICSi eacute o iacutendice de capital social do i-eacutesimo indiviacuteduo

Eij eacute a resposta do i-eacutesimo indiviacuteduo para a j-eacutesima pergunta

maacutex Ej eacute a maacutexima resposta da j-eacutesima questatildeo (indicando alto capital social)

i=1n (indiviacuteduos entrevistados)

j=1m (variaacuteveis que compotildeem o indicador)

O ICSi varia de 0 a 1 como propostos por Khan e Silva (2005 p106) e seus

resultados satildeo agrupados em trecircs intervalos

Baixo estoque de capital social0 lt ICSi le 05

Meacutedio estoque de capital social 05 lt ICSi le 08

Alto estoque de capital social 08 lt ICSi le 10

Os resultados do caacutelculo do Iacutendice de Capital Social demonstram um baixo estoque de

capital social (menor que 05) em todos os territoacuterios conforme demonstra a Tabela 11

117

O Apecircndice E relaciona as variaacuteveis usadas no caacutelculo do Iacutendice de Capital Social (ICSi)

205

Tabela 11 ICSi dos territoacuterios de planejamento de Sergipe

Territoacuterio Meacutedia Desvio Padratildeo

Alto Sertatildeo 011827 001111

Grande Aracaju 013190 003102

Centro Sul 012149 002014

Sul Sergipano 012000 000812

Agreste Sergipano 011491 001060

Baixo Satildeo Francisco 011999 001129

Leste Sergipano 011979 001279

Meacutedio Sertatildeo 012529 001247

Total 012082 001568

A anaacutelise dos resultados permitiu a confirmaccedilatildeo de baixo estoque de capital social nos

territoacuterios de planejamento Entretanto para fins de espacializaccedilatildeo das diferenccedilas do estoque

de capital social buscou-se ordenar o ICSi de modo que a representaccedilatildeo do ICSi fosse

diferenciada no espaccedilo geograacutefico O ICSi encontrado permitiu a formaccedilatildeo de trecircs grupos o

primeiro formado pelos territoacuterios Agreste Central Alto Sertatildeo Sergipano Baixo Satildeo

Francisco e Leste Sergipano o segundo formado pelos territoacuterios Meacutedio Sertatildeo Centro-Sul e

Sul Sergipano e o terceiro formado pelo territoacuterio da Grande Aracaju (Figura 33)

206

Figura 33 Sergipe ndash Iacutendice de Capital Social

207

O Iacutendice de Capital Social (ICSi) confirmou o baixo estoque de capital social em

todos os territoacuterios de planejamento e sobretudo refutou algumas das hipoacuteteses sugeridas no

projeto de pesquisa e confirmou outras que se mostraram fundamentais para o

aprofundamento da discussatildeo do capital social como elemento de desenvolvimento Desse

modo as interpretaccedilotildees aqui permitiram a antecipaccedilatildeo das seguintes conclusotildees

a O niacutevel de dificuldades para reconhecer o capital social individual ou coletivo eacute igual

para as aacutereas urbana e rural em Sergipe

b A construccedilatildeo ou o fortalecimento do capital social coletivo ou comunitaacuterio como

defende Durston (1999) eacute mais faacutecil na aacuterea rural tanto pelo sentimento de

pertencimento quanto pelas praacuteticas de reciprocidade relaccedilotildees de vizinhanccedila e

existecircncia de grupos familiares maiores e concentrados no lugar

c A histoacuteria de ocupaccedilatildeo dos territoacuterios sergipanos tradicional ou por intervenccedilatildeo de

grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais (MST) natildeo foi um elemento

reconhecido aqui como importante na formaccedilatildeo do capital social dos territoacuterios

sergipanos embora os assentamentos da Reforma Agraacuteria possam ser excelentes

laboratoacuterios para o fortalecimento do capital social

d De fato natildeo haacute diferenccedila significativa na cultura poliacutetica e na capacidade de

participaccedilatildeo social nos territoacuterios de planejamento

e Lamentavelmente a cultura institucional puacuteblica em Sergipe (nos trecircs niacuteveis de

governo) natildeo favorece a construccedilatildeo e o fortalecimento do capital social

f O capital social dos territoacuterios pode ser fortalecido e ser o elemento fundante do

desenvolvimento territorial

g O funcionamento das estruturas de governanccedila instituiacutedas pelo estado reforccedilam esse

baixo estoque de capital social e natildeo estatildeo colaborando para sua formaccedilatildeo e

fortalecimento

O capital social como elemento do e para o desenvolvimento bem como os meios

possiacuteveis para seu fortalecimento principalmente nas estruturas de governanccedila eacute o maior

desafio das institucionalidades em Sergipe A efetividade dos sistemas de governanccedila soacute seraacute

possiacutevel em sociedades com alto estoque de capital social A avaliaccedilatildeo das estruturas de

governanccedila em funcionamento em Sergipe seraacute o tema abordado no proacuteximo subcapiacutetulo

208

65 Governanccedila das institucionalidades agrave democratizaccedilatildeo e efetividade das poliacuteticas

puacuteblicas

A governanccedila como exerciacutecio de articulaccedilatildeo necessaacuteria agrave participaccedilatildeo e facilitadora

do controle social de poliacuteticas puacuteblicas exige natildeo apenas mecanismos democraacuteticos de

participaccedilatildeo social mas sobretudo modelos de gestatildeo que prevejam arranjos institucionais

ou estruturas organizacionais cooperativas e integradas e participantes com cultura poliacutetica

participativa ou seja em sociedades com alto estoque de capital social Os Conselhos118

gestores de poliacuteticas puacuteblicas satildeo estruturas organizacionais de governanccedila criados para

atender a essa finalidade

Entretanto diferentes autores avaliando o funcionamento desses conselhos

reconheceram a existecircncia de disputa de poder (GOHN 2000 TEIXEIRA 2000

ALBUQUERQUE 2004 AVRITZER 2008 PONTUAL 2008 e COHN 2011) e a

fragilidade da capacidade teacutecnica e poliacutetica propositiva dos participantes das organizaccedilotildees

sociais tanto pelo excesso de burocracia quanto pela escassez de informaccedilatildeo diaacutelogo e

democracia adotados nesses espaccedilos (ALBUQUERQUE 2004)

De fato a profusatildeo de conselhos as pautas seletivas e voltadas apenas para a

validaccedilatildeo de poliacuteticas e projetos setoriais e sobretudo de interesse poliacutetico as dinacircmicas

adotadas nos conselhos aliadas agrave baixa escolarizaccedilatildeo e capacidade de anaacutelise criacutetica das

mateacuterias em pauta da maioria dos representantes das organizaccedilotildees sociais e ao desinteresse

da integraccedilatildeo de poliacutetica de representantes do Poder Puacuteblico tecircm tornado os conselhos

gestores de poliacuteticas puacuteblicas grandes laboratoacuterios para estudos em diferentes aacutereas do

conhecimento conforme jaacute descrito no toacutepico anterior e destacado por Avritzer (2011 p13)

como a crise da efetividade da participaccedilatildeo e da deliberaccedilatildeo

Pela magnitude das possibilidades e pelo volume e disponibilidade de estudos que

analisam a ampliaccedilatildeo dos espaccedilos participativos a participaccedilatildeo a efetividade das accedilotildees

deliberadas nesses espaccedilos denominados conselhos conferecircncias comitecircs e orccedilamentos

participativos a delimitaccedilatildeo da linha de abordagem e da instituiccedilatildeo de governanccedila nessa

pesquisa apresenta-se como fundamental Desse modo a finalidade da anaacutelise nesse trabalho

deveraacute se concentrar no reconhecimento da estrutura organizacional dos conselhos de

poliacuteticas puacuteblicas como arranjos de governanccedila criados no niacutevel estadual a capacidade de

gestatildeo de poliacuteticas desses espaccedilos a qualidade das deliberaccedilotildees para o desenvolvimento

regional e para o fortalecimento da democracia em Sergipe

118

Para Teixeira (2000 p 102) os conselhos recebem diversas denominaccedilotildees como conselho setorial conselho

de gestatildeo conselho de poliacuteticas puacuteblicas conselho gestor de poliacuteticas puacuteblicas

209

Eacute importante pontuar que os conselhos satildeo estruturas de governanccedila com legitimidade

nas quais o estado transforma suas poliacuteticas em realidade como disse Bresser-Pereira

Conselho na concepccedilatildeo de Teixeira

Satildeo oacutergatildeos puacuteblicos de natureza sui generis satildeo criados por lei

regidos por um regulamento que eacute aprovado por seu plenaacuterio mas

referendado pelo Executivo tecircm caraacuteter obrigatoacuterio para todo o paiacutes

como condiccedilatildeo para repasse de recursos O que lhes daacute especificidade

eacute talvez sua composiccedilatildeo (TEIXEIRA 2000 p 103)

De fato todos os 24 conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas (setoriais e temaacuteticas)

estaduais foram criados por lei ou por decreto do Governador do Estado os conselhos satildeo

regidos por regulamento aprovado em seu plenaacuterio e satildeo ainda parte integrante da estrutura

organizacional do Estado O caraacuteter obrigatoacuterio dos conselhos refere-se tanto agrave previsibilidade

constitucional quanto agraves exigecircncias de poliacuteticas e programas federais para o repasse de

recursos principalmente para as poliacuteticas e os programas geridos pelos conselhos

constitucionais Dos 24 conselhos gestores de poliacuteticas instituiacutedos em Sergipe oito satildeo

conhecidos tambeacutem como conselhos constitucionais Os demais conselhos foram criados para

atender ao interesse de repasse de recursos e natildeo por vontade poliacutetica ou melhor por

consciecircncia poliacutetica dos gestores do executivo estadual de ampliar espaccedilo para a

democratizaccedilatildeo das accedilotildees puacuteblicas

Os conselhos reconhecidos pela Constituiccedilatildeo Estadual de 1989 satildeo de Defesa e

Seguranccedila da Comunidade (art 130) da Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (art133)

Educaccedilatildeo (art220) Cultura (art 228) Meio Ambiente (sect7 do art 232) Ciecircncia e Tecnologia

(art238) Proteccedilatildeo e Defesa do Consumidor (art260) e Justiccedila (art115)

A organizaccedilatildeo estrutural dos conselhos de modo geral adota as orientaccedilotildees advindas

do Governo Federal Para Teixeira (2000 p 101) as estruturas dos conselhos brasileiros

variam conforme estejam vinculados agrave implementaccedilatildeo de programas governamentais

especiacuteficos (alimentaccedilatildeo escolar ensino fundamental conselhos escolares conselho de

seguranccedila alimentar e nutricional) ou agrave gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas setoriais (educaccedilatildeo sauacutede

seguranccedila puacuteblica transporte) e temaacuteticas (meio ambiente proteccedilatildeo do idoso direitos da

crianccedila e do adolescente da pessoa portadora de deficiecircncia)

Eacute importante esclarecer que nesta anaacutelise procurar-se-aacute analisar apenas os conselhos

de poliacuteticas puacuteblicas ou conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas Outras estruturas de

governanccedila119

como os conselhos gestores dos fundos estaduais (de Habitaccedilatildeo de Interesse

Social de combate agrave pobreza de defesa do meio ambiente recursos hiacutedricos e outros) os

119

O Apecircndice F traz a relaccedilatildeo dessas estruturas de governanccedila e os respectivos instrumentos legais de criaccedilatildeo

210

comitecircs de bacias hidrograacuteficas e o foacuterum de turismo embora reconhecendo a importacircncia

dessas governanccedilas na construccedilatildeo da democracia natildeo seratildeo objetos desta anaacutelise

Em Sergipe a estrutura organizacional dos conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas

pode variar principalmente do modelo adotado pelo conselho nacional como eacute o caso por

exemplo do conselho estadual do meio ambiente O Conselho Estadual do Meio Ambiente

120 instituiacutedo em 1978 e regulamentado em 1979 antecedeu agrave criaccedilatildeo do Conselho Nacional

do Meio Ambiente (CONAMA) que foi criado em 1981 A composiccedilatildeo do Conselho

Estadual do Meio Ambiente nos termos do Decreto regulamentador n 43381979 natildeo previa

a participaccedilatildeo de representantes da sociedade civil A uacuteltima alteraccedilatildeo proposta para o

Conselho Estadual de Meio Ambiente refere-se agrave sua denominaccedilatildeo de Conselho Estadual de

Controle do Meio Ambiente passa para Conselho Estadual do Meio Ambiente que ocorreu

com a Lei 4787 de 2 de maio de 2003 A regulamentaccedilatildeo dessa Lei traria novos elementos

como a inclusatildeo de representantes de organizaccedilotildees da sociedade civil em sua composiccedilatildeo

objetivando agrave conformaccedilatildeo paritaacuteria das representaccedilotildees naquele espaccedilo Entretanto essa

reorganizaccedilatildeo ainda natildeo ocorreu e o conselho funciona hoje sem a representaccedilatildeo de

organizaccedilotildees da sociedade civil

Constata-se poreacutem que a maioria dos conselhos (583) tem composiccedilatildeo paritaacuteria

(Educaccedilatildeo Assistecircncia Social Agricultura dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente do

Direito da Pessoa Portadora de Deficiecircncia Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel

Desenvolvimento Comercial Sauacutede Recursos Hiacutedricos Emprego e Renda e do

Desenvolvimento Urbano) 125 tecircm maioria da representaccedilatildeo da sociedade civil

(Seguranccedila Alimentar Cultura e Turismo) e 291 dos Conselhos ainda tem uma

composiccedilatildeo majoritaacuteria do poder puacuteblico (Transportes Meio Ambiente Saneamento

Desenvolvimento Industrial Ciecircncia e Tecnologia Desenvolvimento Econocircmico e Social e

de Tracircnsito)

O primeiro conselho instituiacutedo em Sergipe foi o Conselho de Sauacutede criado em 1947

no contexto da discussatildeo do Serviccedilo de Sauacutede Puacuteblica Foi reorganizado algumas vezes em

funccedilatildeo da vinculaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede a diferentes secretarias e por forccedila da criaccedilatildeo do

120

A primeira estrutura organizacional voltada para as questotildees ambientais em Sergipe foi o Conselho

Executivo de Controle de Poluiccedilatildeo das Aacuteguas A criaccedilatildeo do Conselho Executivo foi prevista no Convecircnio de 11

de outubro de 1972 celebrado entre o Governo do Estado de Sergipe e o Ministeacuterio da Marinha e tinha como

finalidade como finalidade promover o intercacircmbio o desenvolvimento de estudos e a execuccedilatildeo de accedilotildees que

visassem ao controle da poluiccedilatildeo dos rios Sergipe Japaratuba Vasa-Barris Piauiacute e suas respectivas bacias

contribuintes agrave melhoria das aacuteguas de uso domeacutestico industrial agriacutecola e recreativo agrave preservaccedilatildeo da flora e

da fauna aquaacutetica agrave preservaccedilatildeo da ecologia do meio e agrave consequente reduccedilatildeo do processo de degradaccedilatildeo das

reservas hiacutedricas com a eliminaccedilatildeo gradativa dos focos de poluiccedilatildeo

211

Sistema Uacutenico de Sauacutede O segundo foi o Conselho da Educaccedilatildeo na deacutecada de 60 e no final

da deacutecada de 1970 em meio agrave discussatildeo da poluiccedilatildeo e da degradaccedilatildeo ambiental e

influenciado pela primeira Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente e

Desenvolvimento realizada entre 5 e 16 de junho de 1972 em Estocolmo na Sueacutecia criou-se

o Conselho Estadual do Meio Ambiente Entretanto as deacutecadas de 1990 e 2000 foram aquelas

em que se criou a maioria dos conselhos gestores de poliacuteticas puacuteblicas em Sergipe (Figura

34)

Figura 34 Sergipe

Estruturas de governanccedilas das poliacuteticas setoriais - 1960-2010

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Ateacute 1960 1970 1980 1990 2000 2010

Nordm

de

Con

selh

os

Sistematizaccedilatildeo proacutepria a partir de dados da Pesquisa de campo de 2013

A concentraccedilatildeo da instituiccedilatildeo dos conselhos nas deacutecadas de 1990 e de 2000

particularmente em Sergipe reforccedila a hipoacutetese da instituiccedilatildeo dos conselhos apoacutes a

promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e da Constituiccedilatildeo Estadual de 1989 como

resultado de reivindicaccedilatildeo de movimentos sociais como defende Albuquerque (2004 p37) e

sobretudo pela necessidade de repasse de recursos da Uniatildeo para o Estado

Teixeira (2000 p05) analisando o funcionamento dos conselhos e seu papel como

nova institucionalidade puacuteblica e democraacutetica assinala uma seacuterie de condiccedilotildees para que esses

de fato possam desempenhar tais papeacuteis Entre essas condiccedilotildees estatildeo a autonomia a

revogabilidade dos mandatos dos conselheiros a imperatividade do mandato a publicidade

dos debates que ocorrem no interior desses espaccedilos a criaccedilatildeo de canais de comunicaccedilatildeo

permanentes e interativos entre os cidadatildeos o governo e as entidades representativas e ainda

a capacidade teacutecnica e poliacutetica dos conselheiros para a participaccedilatildeo

212

A partir dessas condiccedilotildees assinaladas por Teixeira far-se-aacute uma breve anaacutelise dos

Conselhos gestores em Sergipe e destaques para os Conselhos Estaduais de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Urbano e de Transportes

Em relaccedilatildeo agrave autonomia eacute importante destacar que em geral em relaccedilatildeo agraves

deliberaccedilotildees dos conselhos como por exemplo Resoluccedilotildees do Conselho Estadual do Meio

Ambiente (CEMA) que regulamentam o licenciamento de atividades ou fornecem diretrizes

para usos de atributos ambientais estas satildeo respeitadas Poreacutem natildeo haacute autonomia dos

Conselhos em relaccedilatildeo ao poder poliacutetico dominante Como enfatizado na Lei Estadual n

47872003 de fato o Conselho de Meio Ambiente eacute parte integrante da estrutura da

Secretaria de Estado do Meio Ambiente

Outro fato que ameaccedila a autonomia dos conselhos diz respeito agrave autoria das mateacuterias

que compotildeem as pautas das reuniotildees As mateacuterias que satildeo submetidas aos conselhos satildeo

propostas pelas secretarias responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo das poliacuteticas e tecircm o conselho

como instacircncia para validar ou refutar atos estudos planos e outros Satildeo raras as solicitaccedilotildees

de pauta de conselheiros seja de representantes da sociedade civil organizada seja de

representantes do Estado ou de outras entidades que os compotildeem

Dos 35 anos do Conselho Estadual de Meio Ambiente praticamente todas as pautas

satildeo elaboradas com base em demandas da Secretaria de Meio Ambiente (SEMARH) da

Administraccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente (ADEMA) ou de infratores ambientais que

interpotildeem recursos junto ao Conselho contra penalidades administrativas recebidas da

ADEMA Efetivamente no Conselho Estadual de Meio Ambiente natildeo se discute a poliacutetica

ambiental A Lei estadual 5858 de 22 de marccedilo de 2006 que dispotildee sobre a Poliacutetica Estadual

do Meio Ambiente em seus artigos 23 e 24 prevecirc a elaboraccedilatildeo do Plano Estadual do Meio

Ambiente e dos elementos que deveratildeo compor o plano respectivamente O plano jamais foi

elaborado ou cobrado por ambientalistas ou por conselheiros

No Conselho de Transportes embora se constate uma correlaccedilatildeo de forccedilas maior que a

observada no Conselho de Meio Ambiente a autonomia do conselho termina onde comeccedila o

risco de quebra da alianccedila ou coalizatildeo poliacutetica estabelecida entre o estado e os representantes

das empresas prestadoras de serviccedilos de transporte intermunicipal puacuteblico de passageiros

Poucas vezes se viu a solicitaccedilatildeo de aumento da tarifa dos transportes puacuteblicos ser

contestada No Conselho Estadual de Transportes (CET) natildeo se discute a poliacutetica de

transporte intermunicipal de passageiros mas questotildees pontuais como a instalaccedilatildeo de pontos

de parada de ocircnibus requerida por representantes das empresas prestadoras dos serviccedilos

como ocorreu na 29ordf reuniatildeo A ausecircncia do planejamento e do Plano Diretor de Transporte

213

Puacuteblico Intermunicipal de Passageiros permite essa lacuna no conselho e o julgamento das

solicitaccedilotildees dos prestadores do serviccedilo de transporte como demandas sociais

As questotildees da revogabilidade dos mandatos e da imperatividade defendida por

Teixeira natildeo se aplicam aos conselhos estaduais de poliacuteticas puacuteblicas em Sergipe

Natildeo haacute a publicizaccedilatildeo das mateacuterias antes de serem submetidas aos conselhos muito

menos o debate ocorrido no interior desses espaccedilos como espera Teixeira (2000) A

publicaccedilatildeo de mateacuteria referente aos conselhos diz respeito somente agraves resoluccedilotildees e muitas

delas publicam apenas os extratos das resoluccedilotildees Mesmo para os servidores puacuteblicos em

plena atividade os assuntos referentes aos conselhos natildeo satildeo divulgados e compartilhados

para a plena execuccedilatildeo das poliacuteticas no acircmbito das secretarias Natildeo existe canal de

comunicaccedilatildeo temporaacuterio ou permanente para a divulgaccedilatildeo das mateacuterias e facilitar o acesso

agraves resoluccedilotildees dos conselhos pelo puacuteblico interessado e efetivamente jamais existiu qualquer

cobranccedila desse tipo pela sociedade ou seja natildeo haacute transparecircncia nesses espaccedilos A interaccedilatildeo

entre Estado e Sociedade a respeito da elaboraccedilatildeo do acompanhamento e da execuccedilatildeo das

poliacuteticas puacuteblicas ocorre somente por meio de conferecircncias quando exigidas pelos programas

federais Na tentativa de explicar o comportamento e a capacidade teacutecnica e poliacutetica de

participaccedilatildeo social no controle dessas poliacuteticas o Governo do Estado por meio da Secretaria

de Estado do Desenvolvimento Urbano e exigecircncia do Ministeacuterio das Cidades elaborou o

Plano Estadual de Habitaccedilatildeo de Interesse Social de forma participativa Todas as etapas para a

elaboraccedilatildeo do plano foram submetidas agrave consulta popular tendo sido realizada a uacuteltima

audiecircncia em marccedilo 2012 com a participaccedilatildeo de vaacuterios representantes de organizaccedilotildees da

sociedade civil como o Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM) a Uniatildeo

Nacional por Moradia Popular (UNMP) e outros movimentos aleacutem de beneficiaacuterios de

programas habitacionais O Plano Estadual de Habitaccedilatildeo de Interesse Social eacute mateacuteria que

necessita de aprovaccedilatildeo do Conselho Estadual de Desenvolvimento Urbano Transcorridos

dois anos e informados da necessidade do cumprimento das metas pactuadas pelo Estado

sobretudo da aprovaccedilatildeo do Plano pelo Conselho nenhum representante desses Movimentos

questiona o Estado ou exerce qualquer tipo de pressatildeo para aprovaccedilatildeo e execuccedilatildeo do plano

Nas palavras de Costa e Cunha (2009) inuacutemeros fatores contribuem para transformar

os conselhos e a possibilidade de participaccedilatildeo cidadatilde atraveacutes deles em mera ficccedilatildeo legal Pela

total e irrestrita concordacircncia com as palavras desses autores transcrevem-se os fatores por

eles indicados que contribuem para essa ficccedilatildeo legal

A submissatildeo aos ditames de alocaccedilatildeo de recursos por arte dos dirigentes

poliacuteticos a dependecircncia agraves normas e diretrizes teacutecnicas fixadas pelas

214

burocracias federal estadual e municipal a difiacutecil convivecircncia com partidos

graccedilas agrave atraccedilatildeo que os recursos destinados a poliacuteticas sociais tecircm para o

exerciacutecio do clientelismo o reduzido niacutevel educacional e de renda de muitos

beneficiaacuterios e o puro e simples desinteresse de parte da populaccedilatildeo em atuar

na escolha de representantes ou no controle de suas atividades (COSTA e

CUNHA 2009 p 90)

Em Sergipe a maioria dos conselhos tem funccedilatildeo deliberativa o que exige a

capacitaccedilatildeo dos representantes nas temaacuteticas em apreciaccedilatildeo e deliberaccedilatildeo O despreparo

teacutecnico de representantes de organizaccedilotildees da sociedade civil a falta de informaccedilatildeo e a

ausecircncia de compromisso de gestores com as poliacuteticas puacuteblicas efetivamente tecircm

comprometido a qualidade e o controle social da implementaccedilatildeo de accedilotildees aprovadas nessas

instacircncias de participaccedilatildeo

A instituiccedilatildeo de diversos conselhos de poliacuteticas puacuteblicas nos trecircs niacuteveis de governo

como espaccedilo para o controle social aleacutem de atender a programas da Uniatildeo visando agrave

transferecircncia de recursos tem oportunizado aos gestores de poliacuteticas e a pesquisadores a

avaliaccedilatildeo de desempenho dessas institucionalidades a capacidade teacutecnica e poliacutetica para a

participaccedilatildeo e a habilidade de negociaccedilatildeo de seus membros bem como a efetividade desses

espaccedilos no processo da democratizaccedilatildeo

Para o Ministeacuterio da Integraccedilatildeo

Os desafios de governanccedila no campo das poliacuteticas regionais se devem em

particular agrave complexidade do sistema federativo brasileiro ao caraacuteter

recente da participaccedilatildeo organizada da sociedade civil na poliacutetica puacuteblica

brasileira agrave escassez de mecanismos de coordenaccedilatildeo e articulaccedilatildeo entre

Uniatildeo Estados e Municiacutepios assim como intra governos agrave estrutura

especiacutefica do modelo de reparticcedilatildeo de recursos entre as instacircncias de poder

e agrave loacutegica de atuaccedilatildeo historicamente setorial dos programas do governo

federal (MI 2010 p 40)

Independentemente da escassez de mecanismos de coordenaccedilatildeo e articulaccedilatildeo a arte de

articular exige a disposiccedilatildeo dos interessados para o processo Na articulaccedilatildeo intragoverno a

figura do coordenador do processo concentra poder fato que amplia a complexidade da

articulaccedilatildeo na arena montada por acordos poliacuteticos como eacute o caso da Administraccedilatildeo Puacuteblica

sergipana inibindo o interesse daquele que natildeo quer compartilhar o poder de decisatildeo sobre

questotildees relativas ao setor pelo qual responde E assim a participaccedilatildeo de representantes do

governo (Secretaacuterios de Estado) nos conselhos ocorre como mero formalismo para apoio das

decisotildees tomadas pelo colega Soma-se a isso a frequecircncia das e nas reuniotildees dos conselhos

que fica condicionada agrave previsibilidade de pagamento de jetom remuneraccedilatildeo paga aos

conselheiros pela participaccedilatildeo Caso natildeo se estabeleccedila esse benefiacutecio pela participaccedilatildeo em

geral haacute a indicaccedilatildeo de servidor para representar a instituiccedilatildeo Entretanto a esse indicado natildeo

215

se daacute autonomia para decidir em nome da instituiccedilatildeo representada Por tudo isso a tese dos

conselhos como ficccedilotildees legais confirma-se

Outra questatildeo relevante vinculada aos conselhos refere-se a seu papel na

descentralizaccedilatildeo das poliacuteticas A criaccedilatildeo dos conselhos setoriais atende ao programa federal

de descentralizaccedilatildeo que preconiza essa estrutura de governanccedila nos trecircs niacuteveis de governo e

nos niacuteveis subnacionais que atendem aos Programas regionais e territoriais Embora

reconhecendo o Conselho da Sudene e os Colegiados Territoriais do Programa Territoacuterios da

Cidadania como estrutura de governanccedila subnacional e os conselhos municipais como

governanccedilas locais essas institucionalidades natildeo seratildeo analisadas nesta tese

Contudo tanto a estrutura organizacional quanto a capacidade teacutecnica e poliacutetica de

participaccedilatildeo dessas institucionalidades seja no niacutevel estadual seja no municipal natildeo tecircm

contribuiacutedo para a efetividade da prestaccedilatildeo dos serviccedilos como era esperado com o Programa

de Descentralizaccedilatildeo Soma-se a essa realidade a cidadania pequena dos representantes das

organizaccedilotildees sociais para a discussatildeo e aprovaccedilatildeo de decisotildees que viabilizem as poliacuteticas

puacuteblicas setoriais

A governanccedila como um sistema constituiacutedo pelas instituiccedilotildees normas e

procedimentos que permite a mobilizaccedilatildeo o envolvimento e a participaccedilatildeo efetiva do estado

da sociedade e do setor privado no planejamento na formalizaccedilatildeo e na implementaccedilatildeo e no

controle social das poliacuteticas puacuteblicas ainda natildeo eacute uma realidade em Sergipe De fato o

reconhecimento de uma sociedade caracterizada por forte concentraccedilatildeo de poder de

desigualdades sociais precariedade da cidadania e fraco capital social a estruturaccedilatildeo e

operacionalizaccedilatildeo de governanccedila ainda eacute um desafio Por tudo exposto as estruturas de

governanccedila existentes no niacutevel estadual por sua natureza estrutural e instrumental natildeo tecircm

contribuiacutedo para a democracia participativa em Sergipe

216

CONCLUSOtildeES

Esta tese avalia o estoque de capital social sua ldquonatureza espacialrdquo e a cultura poliacutetica

dos oacutergatildeos de desenvolvimento com atuaccedilatildeo no Estado e das instituiccedilotildees puacuteblicas de

planejamento estadual e a relaccedilatildeo destas com a construccedilatildeo e destruiccedilatildeo do capital social em

Sergipe A questatildeo central voltou-se para a explicaccedilatildeo de que o capital social eacute elemento

fundamental para a gestatildeo e garantia da efetividade das poliacuteticas puacuteblicas e dos programas de

desenvolvimento regional e territorial

O capital social desde a deacutecada de 1980 tem sido correlacionado positivamente com

democracias liberais desenvolvimento regional e bom desempenho institucional Uma das

premissas adotadas eacute a existecircncia de alto estoque de capital social ou seja de uma

comunidade ciacutevica que adquire plenitude e visibilidade no territoacuterio com base no

empoderamento comunitaacuterio e na capacidade da accedilatildeo poliacutetica voltada para o desenvolvimento

territorial e para o controle social das poliacuteticas puacuteblicas

Neste estudo avaliaram-se as categorias geograacuteficas regiatildeo e territoacuterio e os processos

da regionalizaccedilatildeo e territorializaccedilatildeo a partir das concepccedilotildees teoacutericas e das praacuteticas poliacuteticas

Resgatou-se a trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo em Sergipe na perspectiva do entendimento da

importacircncia das categorias geograacuteficas regiatildeo e territoacuterio nas praacuteticas poliacuteticas A

regionalizaccedilatildeo e a territorializaccedilatildeo em Sergipe satildeo expressotildees da atuaccedilatildeo do Estado e

repeticcedilotildees de modelos de processos e metodologias que ocorreram e que ocorrem no Brasil

Em Sergipe tanto a regionalizaccedilatildeo quanto a territorializaccedilatildeo vincularam-se ao planejamento e

tiveram como objetivos o crescimento econocircmico o desenvolvimento de espaccedilos regionais a

desconcentraccedilatildeo da gestatildeo de poliacuteticas e o controle de programas governamentais A anaacutelise

da trajetoacuteria da regionalizaccedilatildeo no Estado demonstrou que a Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual se

utiliza de unidades espaciais diferenciadas para o planejamento orccedilamentaacuterio a

desconcentraccedilatildeo da gestatildeo de poliacutetica e para o desenvolvimento regional

Avaliaram-se as poliacuteticas de desenvolvimento instituiacutedas para o Estado na perspectiva

do reconhecimento das concepccedilotildees que as alimentavam O termo desenvolvimento por sua

origem nas ciecircncias econocircmicas surgiu como um processo orientado para a melhoria da

eficiecircncia do sistema de produccedilatildeo e consequentemente para o crescimento econocircmico A

apropriaccedilatildeo do termo desenvolvimento pelas ciecircncias sociais incorpora aspectos sociais no

processo tanto como variaacuteveis garantidoras de sua efetividade quanto como finalidade O

desenvolvimento eacute um processo que requer cidadania ou seja sujeitos sociais conscientes e

217

participativos Defende-se neste trabalho o desenvolvimento como um processo que tem

finalidade social viabilidade econocircmica e condicionalidade ambiental

O uso do territoacuterio como unidade de planejamento do desenvolvimento ocorreu em

meio agrave crise do modelo do planejamento regional e da necessidade de inserccedilatildeo das dimensotildees

social e ambiental na proposta de desenvolvimento No contexto teoacuterico-conceitual o

territoacuterio eacute a categoria geograacutefica que legitima as accedilotildees dos agentes sociais atraveacutes do

controle social e da efetividade das estruturas de governanccedila de poliacuteticas puacuteblicas e de certo

modo expressaria a contraposiccedilatildeo agraves velhas formas centralizadoras do planejamento puacuteblico

e da concepccedilatildeo do desenvolvimento como crescimento econocircmico

A territorializaccedilatildeo proposta pelo Governo do Estado em 2007 interpretou o territoacuterio

como expressatildeo e produto das relaccedilotildees protagonizadas pelos agentes territoriais O territoacuterio

foi proximidade agentes interaccedilotildees espaccedilo poliacutetico espaccedilo habitado espaccedilo de gestatildeo em

conflito e uma construccedilatildeo social

O territoacuterio interpretado como expressatildeo e produto das relaccedilotildees teve delimitaccedilatildeo

direcionada para a accedilatildeo poliacutetica do Estado O territoacuterio eacute categoria praacutetica medida das accedilotildees

(projetos) da poliacutetica de desenvolvimento e o Estado o sujeito concreto produtor dos

territoacuterios de planejamento e executor das accedilotildees em base territorial No entanto as accedilotildees

inscreveratildeo deslocamentosmovimentos e novos espaccedilos faratildeo deles novas expressotildees

poliacuteticas Nesse ponto o papel da geografia eacute ressaltado natildeo apenas para interpretar os

processos seus impactos interesses e agentes do desenvolvimento mas tambeacutem espacializaacute-

los a partir dos movimentos induzidos construiacutedos ou fortalecidos pelas accedilotildees

A siacutentese da histoacuteria do planejamento governamental brasileiro e sergipano

apresentada mostrou que efetivamente o planejamento regional ocorreu em fases

diferenciadas nas escalas nacional e estadual O planejamento regional brasileiro ocorreu nas

deacutecadas de 1950 e 1960 enquanto o planejamento do desenvolvimento sergipano se fez

melhor nas deacutecadas de 1960 e ateacute meados da deacutecada de 1970 A partir do Decreto-Lei nordm 200

de 25 de fevereiro de 1967 o planejamento foi executado pelo governo central orientado para

a elaboraccedilatildeo do orccedilamento-programa anual cujas accedilotildees deveriam ser regionalizadas A partir

da aplicaccedilatildeo efetiva do Decreto-Lei nordm 2001967 a funccedilatildeo planejamento do desenvolvimento

regional perde legitimidade entra em crise afetando tambeacutem as institucionalidades de

desenvolvimento como o Condese em Sergipe

A anaacutelise da trajetoacuteria do planejamento em Sergipe permitiu o reconhecimento do

Condese como o pilar do planejamento regional e base para o desenvolvimento econocircmico do

Estado ateacute os dias atuais Em contraposiccedilatildeo o planejamento tecnocraacutetico do Condese voltado

218

para o crescimento econocircmico do Estado e por outro a negligecircncia com as poliacuteticas sociais

sobretudo educaccedilatildeo e a cultura poliacutetica autoritaacuteria e centralizadora em meio agrave dinacircmica

social iniciada na deacutecada de 1970 e as crises em escala nacional colaboraram para sua

extinccedilatildeo

A discussatildeo sobre os processos do planejamento do desenvolvimento e sobre o

planejamento do desenvolvimento procurou destacar os agentes as escalas e os valores

culturais predominantes e os meacutetodos e praacuteticas usadas na perspectiva da correlaccedilatildeo entre a

construccedilatildeo desses processos e a formaccedilatildeo de capital social no Estado Para tanto foram

analisadas as praacuteticas dos oacutergatildeos de desenvolvimento regional (Sudene e Chesf) na busca da

contribuiccedilatildeo desses na formaccedilatildeo do estoque de capital social regional e local

A pesquisa sobre capital social permitiu no seu princiacutepio reconhecer a necessidade do

aprofundamento de estudos sobre os efeitos do capital social sobretudo aqueles agrupados

nas funccedilotildees de controle social e de benefiacutecios das redes extrafamiliares haja vista sua

importacircncia na gestatildeo puacuteblica no fortalecimento da democracia e nas poliacuteticas de

desenvolvimento principalmente nos paiacuteses em desenvolvimento

Por efeitos do capital social no niacutevel social e com funccedilatildeo de benefiacutecios oriundos de

redes extrafamiliares deve-se entender a facilidade da execuccedilatildeo de accedilotildees coletivas e

compartilhadas da organizaccedilatildeo social em associaccedilatildeo e ou cooperativas para a realizaccedilatildeo de

accedilotildees de interesse da coletividade Os efeitos cuja funccedilatildeo se relaciona com o controle social

por outro lado satildeo benefiacutecios advindos da capacidade e habilidade da participaccedilatildeo cidadatilde da

capacidade de mobilizaccedilatildeo social e de desempenho do Estado na aplicaccedilatildeo das poliacuteticas e no

relacionamento com a sociedade e com o mercado O reconhecimento da importacircncia dessas

funccedilotildees do capital social na gestatildeo puacuteblica e o desejo de contribuir na condiccedilatildeo de servidor

puacuteblico para a melhoria das praacuteticas do planejamento puacuteblico foram os grandes motivadores

dessa pesquisa

A proposiccedilatildeo do aprofundamento de pesquisa a respeito das funccedilotildees de controle social

e de benefiacutecios das redes extrafamiliares fundamenta-se na revisatildeo da literatura nacional e

internacional sobre capital social na avaliaccedilatildeo das normas e procedimentos organizacionais e

de planejamento do desenvolvimento da Administraccedilatildeo Puacuteblica brasileira e principalmente a

sergipana e ainda nos resultados dessa pesquisa

A pesquisa confirmou a crise do planejamento do desenvolvimento regional e do natildeo

planejamento em escala estadual o papel do Estado nos processos de desenvolvimento e da

dinacircmica social e sobretudo a relevacircncia do capital social nesses processos no

fortalecimento da democracia e na melhoria do desempenho das instituiccedilotildees puacuteblicas

219

Territoacuterio e regiatildeo tomados como unidades de planejamento da alocaccedilatildeo de recursos

puacuteblicos satildeo escalas que produzem anaacutelises (econocircmicas e sociais) semelhantes em

sociedades com cidadania pequena ou pouca maturidade poliacutetica Em sociedades de sujeitos

sociais ativos e participantes o territoacuterio como expressatildeo poliacutetica e construccedilatildeo social

apresenta resultados das anaacutelises da efetividade das poliacuteticas de desenvolvimento e accedilotildees

puacuteblicas diferentes daqueles encontrados na regiatildeo

Os resultados desta pesquisa confirmaram a natildeo existecircncia de sujeitos sociais ativos e

portanto capazes de sustentar uma poliacutetica territorial participativa em Sergipe Aleacutem disso o

territoacuterio foi espaccedilo de apropriaccedilatildeo do Estado demonstrado tanto pela superioridade da esfera

poliacutetica nos espaccedilos participativos criados para fortalecer os territoacuterios de planejamento e

fomentar a apropriaccedilatildeo desses pela sociedade quanto pela legitimidade de agente do

planejamento do desenvolvimento e prestador dos serviccedilos essenciais O territoacuterio nesse

contexto foi e continuaraacute sendo categoria praacutetica espaccedilo de visibilidade da poliacutetica de

desenvolvimento

A cultura poliacutetica dos sujeitos sociais e das organizaccedilotildees puacuteblicas identificadas pela

pesquisa reflete os fracos laccedilos das relaccedilotildees entre o Estado e a sociedade em Sergipe A

classificaccedilatildeo dos laccedilos em fracos se agrava em Sergipe pelas seguintes razotildees a dependecircncia

da oferta de emprego na Administraccedilatildeo Puacuteblica municipal da grande maioria da populaccedilatildeo

ativa dos municiacutepios e a ausecircncia de poliacutetica educacional como estrateacutegia de

desenvolvimento Razotildees que dificultam a transformaccedilatildeo do niacutevel de consciecircncia dos

indiviacuteduos e da sociedade e portanto da formaccedilatildeo de uma comunidade ciacutevica como

defendeu Putnam cujos cidadatildeos satildeo participativos possuem igualdade poliacutetica satildeo

prestativos e organizados civil e politicamente e sobretudo natildeo alimentam e reproduzem

processos como a corrupccedilatildeo e o clientelismo

No contexto da discussatildeo do territoacuterio como categoria praacutetica espaccedilo de visibilidade

da accedilatildeo poliacutetica a pesquisa constatou que a gestatildeo de poliacuteticas setoriais em bases regionais

diferenciadas da escala usada pelo ldquoplanejamentordquo do desenvolvimento estadual reforccedilou a

adoccedilatildeo do territoacuterio como uma decisatildeo poliacutetica Decisatildeo que na praacutetica pouco alterou o

planejamento e a execuccedilatildeo das poliacuteticas setoriais as praacuteticas orccedilamentaacuterias e as estruturas de

governanccedila instituiacutedas e em funcionamento em Sergipe

A participaccedilatildeo social no processo do planejamento participativo ou melhor a reduccedilatildeo

da participaccedilatildeo social nas conferecircncias confirmou a natildeo apropriaccedilatildeo dos territoacuterios de

planejamento pela sociedade e portanto reforccedila a territorializaccedilatildeo como decisatildeo poliacutetica

tomada de ldquocima para baixordquo praacutetica comum em Sergipe

220

A breve avaliaccedilatildeo do processo participativo revelou que o poder de influecircncia e

cooptaccedilatildeo nos espaccedilos participativos instituiacutedos pelo Estado praticamente concentrou-se

nele mesmo As representaccedilotildees das organizaccedilotildees sociais e dos movimentos sociais

contribuiacuteram pouco para o embate nas questotildees de desenvolvimento e a representaccedilatildeo do

setor privado efetivamente natildeo existiu A dependecircncia da Administraccedilatildeo Puacuteblica de grande

parte dos representantes municipais presentes nas conferecircncias a heranccedila cultural das

relaccedilotildees de compadrio clientelismo e assistencialismo da Administraccedilatildeo Puacuteblica aleacutem do

individualismo dos sujeitos sociais contribuiacuteram para essa afirmativa e tambeacutem para

consolidar o achado da cidadania pequena e baixo estoque de capital social em Sergipe

O planejamento puacuteblico como processo que se utiliza de instrumento (meacutetodo)

racional de alocaccedilatildeo dos recursos mostrou-se fraacutegil e incompleto Fragilidade assim

interpretada decorreu tanto da natildeo efetividade das accedilotildees planejadas quanto da natildeo existecircncia

do planejamento da alocaccedilatildeo dos recursos No caso em anaacutelise o planejamento

governamental fraacutegil e incompleto inseriu o levantamento de demandas da populaccedilatildeo como

uma de suas etapas O processo teve etapas teacutecnicas e meacutetodos definidos e construiacutedos sem a

participaccedilatildeo social A seleccedilatildeo das metodologias e das temaacuteticas usadas nos espaccedilos

participativos bem como a construccedilatildeo dos programas e do Plano Plurianual foram tarefas

exclusivas da tecnocracia As conferecircncias sobretudo as territoriais e estaduais foram

espaccedilos de consulta e natildeo de elaboraccedilatildeo dos programas e do plano plurianual Mostraram-se

fraacutegeis o projeto de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo do processo a natildeo delimitaccedilatildeo do campo

de intervenccedilotildees estaduais para a coleta de demandas o natildeo empoderamento organizacional

(de toda Administraccedilatildeo Puacuteblica) sobretudo do Chefe do Executivo e a natildeo elaboraccedilatildeo dos

programas e plano plurianual participativo entre outros

A agenda paralela do gestor do Executivo estadual negociando obras e intervenccedilotildees

com os gestores municipais as quais se tornaram prioridades na alocaccedilatildeo dos recursos

descaracterizou o que poderia ser o meacutetodo de investigaccedilatildeo das demandas sociais e reforccedilou o

ldquoplanejamentordquo como funccedilatildeo de uma Secretaria A descaracterizaccedilatildeo foi percebida e

exteriorizada pelos participantes durante a avaliaccedilatildeo do processo do planejamento

participativo realizada em 2010 pela Secretaria de Estado do Planejamento A

descaracterizaccedilatildeo foi expressa ainda pelo grau de confiabilidade dos participantes no processo

e nas instituiccedilotildees puacuteblicas

A ausecircncia do empoderamento organizacional se confirmou sobretudo com a

descontinuidade do processo motivada pela substituiccedilatildeo do gestor da pasta do planejamento

221

O processo em vez de ser melhorado e aperfeiccediloado sofreu arrefecimento O arrefecimento

foi demonstrado tanto pelo reduzido nuacutemero de participantes nas conferecircncias sobretudo na

conferecircncia territorial ocorrida em 2011 quanto pela natildeo implementaccedilatildeo e continuidade das

accedilotildees que aproximariam o Estado da sociedade Contribuiu ainda para isso a ausecircncia de

integraccedilatildeo das poliacuteticas e o grande nuacutemero de conferecircncias setoriais realizados pelo Estado

para atender agraves poliacuteticas da Uniatildeo e assegurar o repasse de recursos para os programas

estaduais

A avaliaccedilatildeo do processo do Planejamento do Desenvolvimento Territorial

Participativo (PDTP) mais tarde denominado tambeacutem de Planejamento Participativo (PP)

permitiu concluir que o processo se constituiu em nova roupagem para as velhas praacuteticas

centralizadoras de poder A criaccedilatildeo de espaccedilo participativo natildeo deve ser apenas fruto da

vontade poliacutetica A criaccedilatildeo de espaccedilos participativos exige aleacutem do comprometimento e

empoderamento dos gestores uma (re)organizaccedilatildeo estrutural da Administraccedilatildeo Puacuteblica

estadual a quebra da rigidez processual hieraacuterquica e das barreiras que natildeo foram modeladas

para a transparecircncia a participaccedilatildeo a integraccedilatildeo e a articulaccedilatildeo muitas vezes nem mesmo

para ceder ao interesse puacuteblico em detrimento do interesse do grupo poliacutetico que estaacute

representando como se constata em Sergipe

No contexto da poliacutetica de desenvolvimento a priorizaccedilatildeo da execuccedilatildeo de obras

pontuais dispersas e sem integraccedilatildeo com um arranjo produtivo desnuda as instituiccedilotildees

puacuteblicas enfraquece ou anula o planejamento e esconde a natureza das elites poliacuteticas e seu

projeto de poder Praacutetica que se constitui em um dos maiores obstaacuteculos natildeo apenas para o

fortalecimento do capital social a participaccedilatildeo a integraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas sobretudo

para o desenvolvimento regional a democratizaccedilatildeo e a reduccedilatildeo do quadro de privaccedilotildees de

liberdades A execuccedilatildeo de obras pontuais fruto de negociaccedilatildeo eleitoreira natildeo estrutura as

atividades produtivas e natildeo elimina as privaccedilotildees de liberdade da populaccedilatildeo

A ldquonegociaccedilatildeordquo reacende a discussatildeo do papel da educaccedilatildeo nos processos e a pouca

relevacircncia dessa temaacutetica nas propostas de desenvolvimento em Sergipe A baixa

escolarizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em praticamente todos os territoacuterios conforme visto no apecircndice

C eacute resultado da reduzida e recente disponibilidade de estabelecimento de educaccedilatildeo de ensino

meacutedio nos municiacutepios sergipanos As altas taxas de analfabetismo da populaccedilatildeo com 15 e

mais anos de idade satildeo reflexos da ausecircncia da prestaccedilatildeo desse serviccedilo pelo poder puacuteblico e

da dificuldade de acesso aos estabelecimentos de ensino pela populaccedilatildeo mais carente A

experiecircncia sergipana de planejamento do desenvolvimento ilustra bem essa ausecircncia O

222

planejamento do Condese nas deacutecadas de 1960 e 1970 voltou-se para o crescimento

econocircmico enfatizando a industrializaccedilatildeo e a modernizaccedilatildeo das induacutestrias instaladas no

estado Nas deacutecadas de 1980 e 1990 com a mudanccedila do enfoque do desenvolvimento

integrando reformas institucionais econocircmicas e sociais programas de educaccedilatildeo passaram a

compor as agendas das poliacuteticas puacuteblicas em resposta aos programas e recursos da Uniatildeo

Entretanto o acesso aos estabelecimentos de ensino e a qualidade da prestaccedilatildeo desses

serviccedilos bem como a educaccedilatildeo como um instrumento de transformaccedilatildeo social ainda natildeo satildeo

percebidas como entraves ao desenvolvimento agrave reduccedilatildeo da pobreza e ao ldquoempoderamentordquo

de sujeitos e comunidades pelo menos pela maioria dos participantes desta pesquisa

Os argumentos usados para a classificaccedilatildeo das localidades em desenvolvidasnatildeo

desenvolvidas em todos os territoacuterios vatildeo desde a ausecircncia de infraetrutura urbana e produtiva

agrave ineficiecircncia da gestatildeo puacuteblica e pouca cidadania (Apecircndice G) As tipologias da maioria dos

argumentos fornecidos corroboram o niacutevel do empoderamento individual dos respondentes da

pesquisa a continuidade da percepccedilatildeo do desenvolvimento vinculado ao crescimento

econocircmico e ao Estado como agente executor da poliacutetica Praticamente todos os respondentes

atribuiacuteram a responsabilidade pelo desenvolvimento da comunidade e do municiacutepio ao Poder

Puacuteblico e agraves academias A delegaccedilatildeo de responsabilidade ao Poder Puacuteblico e o natildeo

reconhecimento do respondente de agente capaz de transformar sua comunidade revelou que

o niacutevel do empoderamento dos participantes eacute individual e tecircnue e a dependecircncia do Poder

Puacuteblico eacute coletiva Em contraposiccedilatildeo agrave dependecircncia a confianccedila nas instituiccedilotildees eacute pouca

A evidecircncia identificada pela pesquisa da inexistecircncia do niacutevel de empoderamento

comunitaacuterio sinaliza para o baixo estoque de capital social em Sergipe e a continuidade de

praacuteticas como o clientelismo e o personalismo e sobretudo para o aumento da soberania e o

fortalecimento da cultura centralizadora e autoritaacuteria identificada nas instituiccedilotildees puacuteblicas

(federais e estaduais) atuantes em Sergipe

As instituiccedilotildees puacuteblicas tecircm papel relevante no fortalecimento ou esvaziamento do

capital social Os achados da pesquisa confirmaram tanto o esvaziamento do capital social

notadamente a regra de todas as instituiccedilotildees analisadas quanto o fortalecimento de modo

indireto do capital social pela Chesf O fortalecimento do capital social dos atingidos pelas

construccedilotildees de barragens executadas pela Chesf no Meacutedio Satildeo Francisco foi o uacutenico

exemplo de fortalecimento evidenciado nesta pesquisa Entretanto eacute importante lembrar que o

fortalecimento do capital social dos atingidos por barragens surgiu em resposta ao

planejamento autoritaacuterio e centralizador da Chesf e ao descaso com os impactos sociais

223

negativos decorrentes das intervenccedilotildees por ela realizadas e pelos laccedilos fortes existentes nas

comunidades atingidas ou seja desterritorializadas pela construccedilatildeo e operacionalizaccedilatildeo das

barragens O fortalecimento do capital social dos atingidos pelas barragens e a natureza

espacial desse capital social (territorializaccedilatildeo) culminaram na instituiccedilatildeo formal dos territoacuterios

de identidade da Bahia

A presenccedila dos movimentos sociais e de seus organizadores em determinados espaccedilos

natildeo eacute garantia de alto estoque de capital social Inclui-se tambeacutem a capacidade de associar-se

dos sergipanos A pesquisa revelou que a maioria das associaccedilotildees em Sergipe foi criada para

acessar recursos puacuteblicos e ou bens e a decisatildeo para associar-se natildeo tem sido voluntaacuteria A

participaccedilatildeo em grupos no Estado por si soacute natildeo significa alto estoque de capital social e natildeo

tem contribuiacutedo para o fortalecimento do empoderamento comunitaacuterio

A capacidade de participaccedilatildeo social eacute semelhante em todos os territoacuterios de

planejamento de Sergipe A participaccedilatildeo depende de um lado da capacidade e habilidade

individual e coletiva dos participantes (atores e agentes) e do outro das condiccedilotildees objetivas da

cidadania Confirmou-se que ainda natildeo se tem cidadania suficiente para a participaccedilatildeo social

em Sergipe Assim o planejamento participativo como um processo alicerccedilado na ampla

participaccedilatildeo popular e o desenvolvimento como uma construccedilatildeo coletiva articulada em duas

escalas (territorial e estadual) satildeo maacuteximas impossiacuteveis para a cultura poliacutetica dominante em

Sergipe

Com base no estudo do reconhecimento do estoque de capital social nos territoacuterios de

planejamento o Iacutendice de Capital Social calculado revelou-se baixo e a natureza espacial

desse capital social eacute a mesma em todos os territoacuterios de planejamento Esses resultados

confirmam os inventaacuterios de diferentes dimensotildees de capital social realizados no Brasil que

tecircm demonstrado baixo estoque de capital social O estoque de capital social em Sergipe eacute

muito baixo

O Questionaacuterio Integrado para Medir o Capital Social (QI-MCS) proposto pelo Banco

Mundial eacute uma ferramenta flexiacutevel e de fato confiaacutevel vaacutelida e uacutetil para inventariar e

aprofundar pesquisas nas diferentes dimensotildees do capital social Entretanto sua aplicaccedilatildeo

requer a definiccedilatildeo clara dos objetivos gerais (pesquisa acadecircmica ou formulaccedilatildeo de poliacutetica

puacuteblica) e especiacuteficos da pesquisa (avaliarfortalecer o associativismo e a capacidade de accedilatildeo

coletiva avaliar o niacutevel de confianccedila nas institucionalidadespoliacuteticas avaliarfortalecer o

niacutevel de empoderamento e a capacidade de accedilatildeo poliacutetica dos indiviacuteduos avaliar o niacutevel de

acesso agrave informaccedilatildeo sobre determinado temasetorpoliacutetica da comunidade pesquisada avaliar

224

o niacutevel de coesatildeo da populaccedilatildeo entre outros) a definiccedilatildeo do puacuteblico a ser avaliadoatendido

pela poliacutetica os diferentes agentes atuantes no espaccedilo e outros Essa clareza eacute requerida tanto

para otimizaccedilatildeo de recursos (financeiros humanos e tempo) uma vez que o questionaacuterio eacute

extenso quanto para a capacidade de aprofundamento das questotildees e informaccedilotildees sobre a

dimensatildeo a ser avaliada e sua adaptaccedilatildeo agrave realidade cultural local tornando o questionaacuterio um

instrumento mais objetivo

Para a pesquisa realizada foi considerado relevante o inventaacuterio de todas as

dimensotildees ou seja de informaccedilotildees sobre a participaccedilatildeo em grupos e redes o niacutevel de

confianccedila e solidariedade entre as pessoas e entre estas e as instituiccedilotildees a capacidade de accedilatildeo

coletiva e de cooperaccedilatildeo dos indiviacuteduos os meios de acesso agrave informaccedilatildeo e agrave comunicaccedilatildeo

dos indiviacuteduos o grau de coesatildeo e inclusatildeo social e a capacidade de empoderamento e accedilatildeo

poliacutetica Essa relevacircncia partiu natildeo apenas do exerciacutecio da aplicaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo da

ferramenta de coleta como tambeacutem para melhor instrumentalizaccedilatildeo das proposiccedilotildees visando

ao resgate do capital social em Sergipe e em seus territoacuterios

A constataccedilatildeo nesta pesquisa da ldquoregra geralrdquo do esvaziamento dos estoques de

capital social pelas instituiccedilotildees puacuteblicas e sobretudo a evidecircncia empiacuterica do fortalecimento

do capital social dos atingidos por barragens construiacutedas pela Chesf no Meacutedio Satildeo Francisco

reforccedilaram que estruturas de governanccedilas e poliacuteticas puacuteblicas sensatas e efetivas podem

revitalizar estoques de capital social

Como siacutentese integradora dessas conclusotildees e principal achado da tese foi encontrar

evidecircncia empiacuterica para a ldquonatureza espacialrdquo do capital social e para o papel desse recurso

sobretudo para as poliacuteticas de desenvolvimento Constatou-se que de fato haacute uma correlaccedilatildeo

positiva entre a existecircncia de alto estoque de capital social e o desenvolvimento

regionalterritorial a eficiecircnciadesempenho institucional na Administraccedilatildeo Puacuteblica a

governabilidade democraacutetica o fortalecimento democraacutetico a qualidade das poliacuteticas puacuteblicas

e a efetividade das estruturas de governanccedila O baixo estoque de capital social identificado

nos territoacuterios de planejamento satildeo reflexos do formalismo processual da rigidez burocraacutetica

do autoritarismo e a pouca eficiecircncia das poliacuteticas implementadas pelas instituiccedilotildees de

desenvolvimento regional e de planejamento avaliadas Os resultados das anaacutelises dos dados

coletados na pesquisa a avaliaccedilatildeo desenvolvida sobre o processo do planejamento

participativo e os indicadores sociais disponiacuteveis em fonte oficial como IBGE corroboram

esse achado

225

As instituiccedilotildees participativas como as conferecircncias do planejamento participativo e os

conselhos de poliacuteticas puacuteblicas satildeo de fato estruturas que podem favorecer a revitalizaccedilatildeo do

estoque de capital social Isso acontece quando haacute empoderamento comunitaacuterio ou seja em

comunidades ciacutevicas Nesse contexto o processo denominado planejamento do

desenvolvimento territorial participativo (PDTP) instituiacutedo pelo Governo do Estado em

2007 constituiu-se em (e se constitui uma vez que natildeo ocorreu revogaccedilatildeo do Decreto que o

instituiu) uma via de espaccedilos e esboccedilos tanto para meacutetodos participativos em processos de

planejamento do desenvolvimento regional quanto para revitalizaccedilatildeo do estoque do capital

social nos territoacuterios de planejamento De fato haacute a possibilidade do fortalecimento de todos

os niacuteveis de empoderamento (individual comunitaacuterio e organizacional) da abertura e

oportunizaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo de uma consciecircncia criacutetica na populaccedilatildeo a partir das conferecircncias

do planejamento participativo Os estudos indicaram como primeira proposiccedilatildeo a necessaacuteria

revisatildeo do processo a melhoria da comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo das informaccedilotildees em linguagem

e meios acessiacuteveis a todos e todas a transparecircncia na seleccedilatildeo das accedilotildees a serem executadas

A pesquisa induziu que o fortalecimento do capital social nos municiacutepios sergipanos eacute

o caminho para as mudanccedilas institucionais a democratizaccedilatildeo o desenvolvimento estadual e a

reduccedilatildeo das desigualdades Considerando que as instituiccedilotildees puacuteblicas foram identificadas

como uma das principais responsaacuteveis pelo baixo estoque de capital social a reforma

administrativa que minimize o formalismo processual e maximize e flexibilize o acesso agraves

normas e aos serviccedilos e bens fornecidos e produzidos pelo Estado eacute vislumbrada como o

instrumental para a reversatildeo do quadro de baixos indicadores sociais e de estoque de capital

social e a segunda proposta e desafio para os gestores nos trecircs niacuteveis de governo

Por fim a principal contribuiccedilatildeo para o resgate do processo de planejamento

participativo eacute a formataccedilatildeo do processo de forma participativa e para a geografia eacute um

convite ao debate da utilizaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo do capital social e agrave ampliaccedilatildeo da articulaccedilatildeo

com as ciecircncias sociais

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APEcircNDICE Bndash ROTEIRO DE ENTREVISTA

1 Na sua experiecircncia vivenciada na Administraccedilatildeo Puacuteblica estadual qual foi o modelo

de planejamento adotado para o desenvolvimento do Estado de Sergipe

2 Em sua opiniatildeo quais foram as poliacuteticas mais efetivas de desenvolvimento formuladas

para o Estado

3 Quais eram os principais objetivos dessas poliacuteticas

4 Qual (is) foi(foram) a(s) unidade(s) de planejamento adotada(s)

5 Como essas poliacuteticas eram formuladas

6 Quem participava desse processo

7 Havia o acompanhamento da execuccedilatildeo dessas poliacuteticas

8 Qual era o modelo de gestatildeo dessas poliacuteticas

9 Em sua opiniatildeo quais foram os principais impactos sociais econocircmicos ou outros

dessas poliacuteticas no estado

10 Em sua opiniatildeo quais foram os principais gargalos para a implementaccedilatildeo dessas

poliacuteticas de desenvolvimento

11 Que pontos o (a) Sr(Sra)assinalaria como avanccedilos no Estado em decorrecircncia dessas

poliacuteticas

12 O que o Sr (Sra) aponta como o maior desafio para a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de

uma poliacutetica de desenvolvimento em Sergipe Por que

13 Como o(a) Sr (Sra) Avalia a contribuiccedilatildeo da populaccedilatildeo na implementaccedilatildeo dessas

poliacuteticas

14 O que faltou e falta no Estado para a efetividade da reduccedilatildeo das desigualdades sociais

econocircmicas intra e inter-regionais

255

APEcircNDICE C ndash INDICADORES SOCIAIS DOS TERRITOacuteRIOS DE PLANEJAMENTO

Ensino

fundamental

Ensino

meacutedio

Areia Branca 16857 246 486 275 190 0579 5195 7 18 1

Campo do Brito 16749 282 497 336 239 0621 4226 14 24 2

Carira 20007 348 558 273 13 0588 5014 13 44 1

Frei Paulo 13874 266 592 339 259 0589 4939 6 18 1

Itabaiana 86967 218 779 365 161 0642 4805 43 85 10

Macambira 6401 315 479 267 281 0583 4435 5 11 1

Malhador 12042 247 467 261 208 0587 4532 6 18 2

Moita Bonita 11001 265 418 305 200 0587 4980 7 14 1

Nossa Senhora Aparecida 8508 378 406 246 153 0577 4315 6 22 1

Pedra Mole 2974 277 402 296 168 0593 5006 4 6 1

Pinhatildeo 5973 302 556 272 184 0583 5262 3 12 1

Ribeiroacutepolis 17173 285 655 316 157 0613 5078 9 24 2

Satildeo Domingos 10271 334 501 267 214 0588 5082 7 16 2

Satildeo Miguel do Aleixo 3698 338 472 272 433 0567 5336 6 13 1

Meacutedia 2929 5191

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Associaccedilatildeo

p 1000

hab

IDH

Iacutendice

de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

TERRITOacuteRIO AGRESTE CENTRAL SERGIPANO

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo da

populaccedilatildeo de 15 anos

ou mais de idade -

2010 - total ()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda

per

capita

(R$)

256

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Canindeacute de Satildeo Francisco 24686 300 570 238 211 0567 6404 11 26 2

Gararu 11405 308 248 210 281 0564 5625 6 25 2

Monte Alegre de Sergipe 13627 338 590 202 095 0553 6424 2 12 1

Nossa Senhora da Gloacuteria 32497 267 665 299 222 0587 5493 18 42 5

Nossa Senhora de Lourdes 6238 289 528 254 064 0598 5581 7 12 2

Poccedilo Redondo 30880 356 276 177 194 0529 5552 10 37 4

Porto da Folha 27146 313 367 213 328 0568 5671 10 51 7

Meacutedia 310 463 22757

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Alto Sertatildeo Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda per

capita (R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

257

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Amparo do Satildeo Francisco 2275 238 809 271 483 0611 5229 2 3 1

Brejo Grande 7742 315 502 181 232 0540 6586 1 10 2

Canhoba 3956 322 379 226 152 0569 5734 5 12 1

Cedro de Satildeo Joatildeo 5633 212 894 315 124 0623 5420 3 7 1

Ilha das Flores 8348 257 651 181 287 0562 5141 5 10 2

Japoatatilde 12938 308 333 245 201 0560 5099 7 21 5

Malhada dos Bois 3456 237 463 233 174 0599 4872 3 6 1

Muribeca 7344 247 448 264 231 0626 5128 8 13 1

Neoacutepolis 18506 227 568 297 459 0589 4899 13 26 4

Pacatuba 13137 294 205 190 228 0555 5840 5 25 2

Propriaacute 28451 187 857 370 179 0661 5046 15 25 5

Santana do Satildeo Francisco 7038 21 643 222 341 0590 5155 4 6 2

Satildeo Francisco 3393 267 701 272 324 0587 4998 3 5 1

Telha 2957 273 381 245 372 0604 4246 3 4 1

Meacutedia 2567 5596 25086

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Baixo Satildeo Francisco Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab

de sauacutede

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda per

capita (R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

258

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Lagarto 94861 253 515 317 196 0625 4764 39 85 8

Poccedilo Verde 21983 299 560 243 378 0561 5969 12 25 1

Riachatildeo do Dantas 19386 292 251 201 31 0539 5461 11 42 2

Simatildeo Dias 38702 268 528 278 227 0604 4933 15 54 4

Tobias Barreto 48040 283 671 300 26 0557 5817 13 47 5

Meacutedia 279 505 2678

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Centro-Sul Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda

per

capita

(R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

259

Territoacuterio

Ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Aracaju 571149 66 1000 875 297 0770 2745 121 210 82

Barra dos Coqueiros 24976 133 836 390 136 0649 5342 6 21 3

Itaporanga d`Ajuda 30419 246 390 248 184 0561 5317 21 53 2

Laranjeiras 26902 157 790 271 190 0642 6156 13 24 1

Maruim 16343 177 737 298 104 0618 6398 10 16 3

Nossa Senhora do Socorro 160827 107 969 330 071 0664 5928 38 110 16

Riachuelo 9355 170 840 277 235 0617 6351 5 12 1

Santo Amaro das Brotas 11410 189 720 333 228 0637 5724 4 12 1

Satildeo Cristoacutevatildeo 78864 128 845 367 146 0662 5714 16 63 9

Meacutedia 1526 37656

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Grande Aracaju

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda per

capita (R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

260

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Capela 30761 248 692 263 114 0615 5342 24 33 4

Carmoacutepolis 13503 145 794 333 126 0643 6136 7 11 2

Divina Pastora 4326 232 485 274 277 0610 6240 4 5 1

General Maynard 2929 152 629 316 171 0645 4943 2 4 1

Japaratuba 16864 206 460 293 261 0621 5052 16 22 1

Pirambu 8369 202 586 251 096 0603 5953 8 10 1

Rosaacuterio do Catete 9221 141 706 325 217 0631 6477 6 5 1

Santa Rosa de Lima 3749 272 570 225 16 0592 4964 4 7 1

Siriri 8004 207 397 256 050 0609 5518 8 10 1

Meacutedia 2005 28178

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

Leste Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda per

capita (R$)

261

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Aquidabatilde 20056 295 571 322 130 0578 5029 13 34 2

Cumbe 3813 265 596 270 079 0604 5387 4 7 1

Feira Nova 5324 302 674 231 169 0584 6232 4 10 1

Gracho Cardoso 5645 30 479 249 319 0577 5778 5 16 1

Itabi 4972 309 553 266 121 0602 5053 4 14 1

Nossa Senhora das Dores 24580 284 652 280 094 0600 5767 12 26 3

Meacutedia 2925 5875 26967

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Meacutedio Sertatildeo Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda per

capita (R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

262

Territoacuterio

ensino

fundamentalEnsino meacutedio

Arauaacute 10878 275 413 238 138 0595 5348 14 22 1

Boquim 25533 242 626 278 270 0604 5653 7 20 3

Cristinaacutepolis 16519 305 505 223 085 0553 5726 7 25 1

Estacircncia 64409 179 850 355 213 0647 6389 26 48 8

Indiaroba 15831 267 353 205 24 0580 5693 14 23 1

Itabaianinha 38910 298 499 236 280 0556 5613 12 53 4

Pedrinhas 8833 267 733 221 238 0592 5836 2 9 1

Salgado 19365 275 346 271 418 0609 4728 12 34 1

Santa Luzia do Itanhy 12969 330 225 174 108 0545 5703 9 20 1

Tomar do Geru 12855 321 374 201 257 0551 6324 4 27 1

Umbauacuteba 22434 247 621 253 259 0579 5859 9 25 3

Meacutedia 273 2414

IBGE 2013

Dados da sauacutede -2009

Sul Sergipano

IDH

Iacutendice de

pobreza

()

Nordm estab de Sauacutede

com atendimento

ambulatorial com

atendimento meacutedico

em especialidades

baacutesicas

Nordm estab Educ

MuniciacutepioPopulaccedilatildeo

total

Taxa de

analfabetismo

da populaccedilatildeo

de 15 anos ou

mais de idade -

2010 - total

()

Taxa

Urbanizaccedilatildeo

()

Renda

per

capita

(R$)

Associaccedilatildeo

p 1000 hab

263

APEcircNDICE D- Resultados ponderados do grau de honestidade

a) do Governo do Estado

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 2 22

Geralmente desonesto 13 144

Nem honesto nem desonesto 50 556

Geralmente honesto 18 200

Muito honesto 1 11

Natildeo respondeNatildeo sabe 6 67

90 1000

b) do Governo Municipal

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 2 22

Geralmente desonesto 2 22

Nem honesto nem desonesto 54 600

Geralmente honesto 24 267

Muito honesto 1 11

Natildeo respondeNatildeo sabe 7 78

90 1000

c) da Emdagro

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 0 00

Geralmente desonesto 4 44

Nem honesto nem desonesto 53 589

Geralmente honesto 16 178

Muito honesto 1 11

Natildeo respondeNatildeo responde 16 178

90 1000

d) de Professores e funcionaacuterios da escola

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 0 00

Geralmente desonesto 1 11

Nem honesto nem desonesto 46 511

Geralmente honesto 32 356

Muito honesto 3 33

Natildeo respondeNatildeo responde 8 89

90 1000

e) do Poder Legislativo

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 2 22

Geralmente desonesto 22 244

Nem honesto nem desonesto 45 500

Geralmente honesto 14 156

Muito honesto 0 00

Natildeo respondeNatildeo responde 7 78

90 1000

264

f) do Poder Judiciaacuterio

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 2 22

Geralmente desonesto 10 111

Nem honesto nem desonesto 45 500

Geralmente honesto 23 256

Muito honesto 3 33

Natildeo respondeNatildeo responde 7 78

90 1000

g) de Liacutederes Religiosos

Resultados Ponderados Nordm de casos

Muito desonesto 0 00

Geralmente desonesto 0 00

Nem honesto nem desonesto 11 122

Geralmente honesto 55 611

Muito honesto 10 111

Natildeo respondeNatildeo responde 14 156

90 1000

265

APEcircNDICE E ndash Variaacuteveis usadas no caacutelculo do Iacutendice de Capital Social (ICSi)

1 Acesso ao grupo 34 Jornal como principal fornte de informaccedilatildeo

2 Assiste TV frequentemente 35 Lecirc jornal ou revista frequentemente

3 Capacidade de mobilizaccedilatildeo 36 Melhorias no acesso agrave informaccedilatildeo nos uacuteltimos anos

4 Capacidade para realizar mudanccedilas locais 37Notificaccedilatildeo (Ministeacuterio Puacuteblico Poliacutecia e outros) por

problemas locais

5 Confianccedila nas pessoas da localidade 38 Ouve raacutedio frequentemente

6 Contato com poliacuteticos 39 Participaccedilatildeo em Associaccedilatildeo Esportiva

7 Controle nas atividades diaacuterias 40 Participaccedilatildeo em Associaccedilatildeo Artiacutestica

8 Crenccedila religiosa como causa das diferenccedilas na comunidade 41 Participaccedilatildeo em Associaccedilatildeo de Agricultores

9 Denuncia problemas locais em raacutedio e TV 42 Participaccedilatildeo em Associaccedilatildeo de Moradores

10 Exclusatildeo de participaccedilatildeo de atividades na comunidade 43 Participaccedilatildeo em Clube Social

11 Existecircncia de diferenccedilas entre as pessoas na comunidade 44 Participaccedilatildeo em Comitecirc de Bacia Hidrograacutefica

12 Forma de seleccedilatildeo dos liacutederes 45 Participaccedilatildeo em Conselhos Gestores

13 Grau de confiaccedila nos profissionais da sauacutede 46 Participaccedilatildeo em Cooperativa

14 Grau de confianccedila em pessoas com a mesma escolaridade 47 Participaccedilatildeo em entidade profissional

15 Grau de confianccedila em pessoas da igreja 48 Participaccedilatildeo em grupo poliacutetico

16 Grau de confianccedila na poliacutecia 49 participaccedilatildeo em Grupo religioso

17 Grau de confianccedila nas pessoas de outras associaccedilotildees 50 Participaccedilatildeo em Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental de defesa

ambiental18 Grau de confianccedila no governo estadual 51 Participaccedilatildeo em outros grupos

19 Grau de confianccedila no governo federal 52 Participaccedilatildeo em processos de mobilizaccedilatildeo na comunidade

20 Grau de confianccedila no poder judiciaacuterio 53 Participaccedilatildeo em protestos

21 Grau de confianccedila no poder legislativo 54 Participaccedilatildeo em sindicato

22 Grau de confianccedila nos comerciantes locais 55 Pessoas da comunidade como principal fonte de informaccedilotildees

23 Grau de confianccedila nos funcionaacuterios da DESO 56Pessoas da comunidade como principal fonte de informaccedilotildees

sobre o mercado

24 Grau de confianccedila nos funcionaacuterios municipais 57 Poliacutetica partidaacuteria como causa de diferenccedilas entre as pessoas

25 Grau de confianccedila nos membros do grupo 58 Posiccedilatildeo social como causa das diferenccedilas na comunidade

26 Grau de confianccedila nos professores 59 Raacutedio como principal fonte de informaccedilotildees sobre o mercado

27 Grau de confianccedila nos teacutecnicos da Chesf 60 Raacutedio como principal fornte de informaccedilatildeo

28 Grau de confianccedila nos teacutecnicos da Codevasf 61 Renda como causa das diferenccedilas na comunidade

29 Grau de confianccedila nos teacutecnicos do DNOCS 62 Sente-se seguro na localidade

30 Grau e confianccedila nos teacutecnicos da Sudene 63 Solidariedade com o proacuteximo

31Internet como principal fonte de informaccedilatildeo sobre accedilotildees do

governo64

TV como principal fonte de informaccedilatildeo sobre accedilotildees do

governo

32Internet como principal fonte de informaccedilotildees sobre o

mercado65 TV como principal fonte de informaccedilotildees sobre o mercado

33 Jornal como principal fonte de informaccedilotildees sobre o mercado 66 Violencia na localidade decorrente de diferenccedilas

67 Voto como exerciacutecio de democracia

VARIAacuteVEIS USADAS NO CAacuteLCULO DO ICSi

266

APEcircNDICE F- Estruturas de Governanccedila vinculadas ao Estado

Governanccedila EstadualAno de

criaccedilatildeoInstrumento de Criaccedilatildeo

Conselho Estadual de Sauacutede 1947 Decreto-Lei 1167 de 13 de marccedilo de 1947

Conselho Estadual de Educaccedilatildeo (CEE) 1963 Lei n 1190 de 05061963

Conselho Estadual de Turismo 1971 Lei n 1721 de 9 de dezembro de 1971

Conselho Estadual de Meio Ambiente (CEMA) 1978 Lei n 2181 de 12 de outubro de 1978

Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI) 1979 Decreto n4324 de 5 de abril de 1979

Conselho Estadual de Ciecircncia e Tecnologia

(CONCIT)1987 Decreto n13745 de 30 de junho de 1993

Conselho de Desenvolvimento Comercial (CDC) 1987 Decreto n 8414 de 5 de maio de 1987

Conselho Estadual de Direitos e Proteccedilatildeo do

Idoso1991 Lei n 3116 de 19121991

Conselho Estadual de Proteccedilatildeo e Defesa do

Consumidor (CODECON)1991 Lei n 3139 de23 de dezembro de 1991

Conselho Estadual da Agricultura 1991 Lei n 2984 de 23 de maio de 1991

Conselho Estadual dos Direitos da Crianccedila e do

Adolescente1991 Lei n 3062 de 11 de outubro de 1991

Conselho Estadual dos Transportes (CET) 1994 Lei 3481 de 13 de maio de 1994

Conselho Estadual de Assistecircncia Social 1995 Lei n 3686 de 26 de dezembro de 1995

Conselho Estadual de Cultura 1997 Lei n 1478 de 16 de agosto de 1997

Conselho Estadual de Recursos Hiacutedricos 1997 Lei n 3870 de 25 de fevereiro de 1997

Conselho Estadual dos Direito da Mulher 1998 Lei n 3972 de 25 de maio de 1998

Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural

Sustentaacutevel (CDRS)2000

Decreto n19439 de 2 de dezembro de

2000

Conselho Estadual dos Diretos da Pessoa

Portadora de Deficiecircncia2001 Lei n 4481 de 14 de dezembro de 2001

Conselho Estadual de Transito (CETRANSE) 2002 4543 de 12042002

Conselho Estadual de Seguranccedila Alimentar e

Nutricional (CONSEANSE)2003 Decreto n 21750 de 4 de abril de 2003

Conselho Estadual do Emprego e Renda

(CEERSE)2003 Lei n 4908 de 21082003

Conselho Estadual de Desenvolvimento

Econocircmico e Social do Estado de Sergipe

(CEDES)

2004 Lei n 5405 de 30 de julho de 2004

Conselho Estadual de Saneamento (CESAN) 2010 Lei n 6977 de 3 de novembro de 2010

Conselho Estadual de Desenvolvimento Urbano

(CEDURB)2011 Lei7297 07122011

Conselho Gestor do Fundo Estadual de Habitaccedilatildeo

de Interesse Social 2008 Lei nordm 6501 de 1 de dezembro de 2008

Conselho Gestor do Fundo de Defesa do Meio

Ambiente2004 Lei n 5360 de 4 de abril de 2004

Grupo Coordenador do Fundo Estadual de

Recursos Hiacutedricos (FUNERH)1997 Lei n 3870 de 25 de setembro de 1997

Comitecirc Estadual da Reserva da Biosfera da

Caatinga2006 Decreto n 24039 de 10 de outubro de 2006

Comitecirc Estadual da Reserva da Biosfera da Mata

Atlacircntica2000

Decreto n 18638 de 21 de fevereiro de

2000

Foacuterum Estadual de Turismo 2003 Decreto n 22006 de 14 de julho de 2003

Comitecirc da Bacia Hidrograacutefica do Rio Sergipe

(CBH Rio Sergipe)2002 Decreto n 20778 de 21 de junho de 2002

Comitecirc da Bacia Hidrograacutefica do Rio Japaratuba

(CBH Rio Japaratuba)2007 Decreto n 24650 de 30 de agosto de 2007

Comitecirc da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piaui (CBH

Rio Piaui)2005

Decreto n 23375 de 9 de setembro de

2005

Sistematizaccedilatildeo proacutepria

267

APEcircNDICE G ndash Motivaccedilotildees para classificaccedilatildeo do municiacutepio em desenvolvidonatildeo

desenvolvido

Motivaccedilotildees para a Classificaccedilatildeo do Municiacutepio em DesenvolvidoNatildeo Desenvolvido

Natildeo tem emprego para ningueacutem

Educaccedilatildeo natildeo valorizada e drogas generalizadas

Falta banco meacutedicos e dentistas A populaccedilatildeo tem que se deslocar para Aracaju para buscar

esses profissionais

Praccedilas e ruas reurbanizadas

Atraccedilotildees turiacutesticas

Cidade proacutexima a capital Comeacutercio fraco educaccedilatildeo deficiente gestatildeo puacuteblica ineficiente

Pavimentaccedilatildeo iluminaccedilatildeo sistema de esgoto transporte puacuteblico

Consciecircncia poliacutetica cidadania

Nossos jovens estatildeo saindo para estudar A cidade eacute desenvolvida quando tem educaccedilatildeo que

atenda agrave populaccedilatildeo A universidade eacute fundamental

Ausencia de Infraestrutura

Comeacutercio melhorado

Preccedilos dos produtos altos para atraccedilatildeo turiacutestica derrubada de bares da prainha afugentando os

turistas

Tem infraestrutura poreacutem natildeo dispotildee de trabalho ou seja natildeo haacute investimento para geraccedilatildeo de

emprego Educaccedilatildeo - natildeo haacute invetimento para cursos profissionalizantes

A administraccedilatildeo puacuteblica natildeo tem sido atuante para modificar as condiccedilotildees locais

Crescendo bastante trabalho de conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo

A gestatildeo puacuteblica deveria ter

Faltam diversas estruturas e o fortalecimento da educaccedilatildeo

Natildeo eacute mais desenvolvido porque o povo natildeo demonstra interesse Natildeo se organiza para

desenvolver

Instituiccedilatildeo de ensino superior Educaccedilatildeo

Precisa mais faacutebrica mais emprego para se tornar desenvolvida

A cidade da pedra Faltam empregos para os jovens

Comeacutercio habitaccedilatildeo

Geraccedilatildeo de empregos

O municiacutepio tem condiccedilotildees de desenvolver poreacutem a gestatildeo municipal eacute acomodada

Universidade educaccedilatildeosauacutede

O municiacutepio natildeo tem infraestrutura (abastecimento e saneamento) 80 da zona rural e toda a

comunidade rural necessita de todos os serviccedilos

Falta faacutebricas O desenvolvimento eacute tudo para fora O comeacutercio eacute fraco

Precariedade dos serviccedilos

Populaccedilatildeo organizada favorece o desenvolvimento

Falta de empregos ou postos de trabalho

Crescimento eacute pouco Moradia embora deseordenada Falta emprego

Obras estatildeo sendo implantadas

Falta muita coisa Calccedilamento sinalizaccedilatildeo do tracircnsito

Organizaccedilatildeo da cidade com meacutedicos universidade e outros

Cidade pequena Tem comeacutercio e acesso agrave informaccedilatildeo

Existecircncia da Faacutebrica da Azaleacuteia e da Fibra Forte

Natildeo tem agecircncia bancaacuteria e acesso agrave informaccedilatildeo

Embora muito pequena eacute bem organizada Tem cooperativa ONGs organizadas

Com infraestrutura urbana

Duas universidades raacutedio comunitaacuteria

Jovens estatildeo saindo para procurar emprego

Falta muita coisa trabalho saneamento baacutesico

Projetos de faacutebricas geraccedilatildeo de emprego

O comeacutercio depende de Propriaacute e Aracaju

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