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243 Capital intelectual em uma organização mantenedora de IES particular: um estudo comparativo Autora: Regina Minelo - Administração Professora Orientadora: Ms. Edna de Almeida Rodrigues* Faculdade Politécnica de Matão Trabalho apresentado no 7º Congresso Nacional de Iniciação Científica - CONIC-SEMESP 2007 Trabalho premiado com menção honrosa na área de Ciências Humanas e Sociais, Letras, Lingüística e Artes no 1º. Seminário da Produção Docente e Discente das Faculdades da Anhanguera *Pesquisadora FUNADESP Resumo As abordagens de Capital Intelectual e de Gestão do Conhecimento preocupam-se em compreender o fenômeno da criação de valor organizacional e em propor formas para o desenvolvimento de competências que facilitem a criação do conhecimento organizacional. Este estudo tem como objetivo evidenciar a percepção dos alunos a respeito das práticas de Capital Intelectual e de Gestão do Conhecimento realizadas por uma organização mantenedora particular de ensino superior, para analisar o confronto de seus resultados com os resultados de um trabalho anterior, os quais evidenciaram que, de modo geral, as práticas criadoras de valor promovidas por uma organização mantenedora de instituições de ensino superior particulares do estado de São Paulo são percebidas pelos alunos de uma das unidades mantidas, mas que, contudo, eles não são capazes de associar algumas práticas internas com os princípios fundamentais dos conceitos, e, considerando que a organização agrupava, por ocasião do início da pesquisa, também nas vinte e três unidades mantidas, mais de cinqüenta mil alunos, este estudo propõe dar continuidade à pesquisa anterior de forma a evidenciar a percepção dos alunos de todas as demais unidades ainda não pesquisadas e analisar a partir de um confronto de seus resultados com os anteriores. A relevância deste estudo reside na possibilidade de contribuir com a gestão de Capital Intelectual e de Gestão do Conhecimento da unidade de análise, a qual é caracterizada como uma Sociedade Anônima, portanto gerenciada por resultados e preocupada com criação de valor organizacional. A comparação feita por este estudo evidenciou que os alunos das demais unidades mantidas também reconhecem as práticas da organização mantenedora, desta forma, fortalecendo a pesquisa anterior. Palavras-chave: capital intelectual, criação de valor, gestão do conhecimento, mantenedora de IES, governança corporativa. Introdução As empresas são avaliadas pelo mercado através das pessoas que fazem parte do quadro de funcionários, Stewart (1998), faz referência ao capital humano, aos funcionários especializados, habilidosos e criativos, inovando nos produtos e serviços. A instituição de ensino superior (IES) tem uma função essencial dentro desse contexto: propor-se a ser parceira do governo para formar profissionais do conhecimento, caracterizados pela capacidade de tomar decisão, a partir de uma visão holística da organização, de formas a identificar os elementos intangíveis criadores de valor organizacional para contribuir com o processo de valorização da empresa. Entretanto, sendo a IES particular uma organização com objetivos de lucro, ela tem também interesse próprio a respeito de Capital Intelectual (CI) e de Gestão do

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Capital intelectual em umaorganização mantenedora de IESparticular: um estudo comparativo

Autora: Regina Minelo - AdministraçãoProfessora Orientadora: Ms. Edna de Almeida Rodrigues*

Faculdade Politécnica de Matão

Trabalho apresentado no 7º CongressoNacional de Iniciação Científica -CONIC-SEMESP 2007Trabalho premiado com mençãohonrosa na área de Ciências Humanas eSociais, Letras, Lingüística e Artes no1º. Seminário da Produção Docente eDiscente das Faculdades da Anhanguera

*Pesquisadora FUNADESP

Resumo

As abordagens de Capital Intelectual e de Gestão do Conhecimento preocupam-se em compreender o fenômenoda criação de valor organizacional e em propor formas para o desenvolvimento de competências que facilitem acriação do conhecimento organizacional. Este estudo tem como objetivo evidenciar a percepção dos alunos a respeitodas práticas de Capital Intelectual e de Gestão do Conhecimento realizadas por uma organização mantenedora particularde ensino superior, para analisar o confronto de seus resultados com os resultados de um trabalho anterior, os quaisevidenciaram que, de modo geral, as práticas criadoras de valor promovidas por uma organização mantenedora deinstituições de ensino superior particulares do estado de São Paulo são percebidas pelos alunos de uma das unidadesmantidas, mas que, contudo, eles não são capazes de associar algumas práticas internas com os princípios fundamentaisdos conceitos, e, considerando que a organização agrupava, por ocasião do início da pesquisa, também nas vinte e trêsunidades mantidas, mais de cinqüenta mil alunos, este estudo propõe dar continuidade à pesquisa anterior de forma aevidenciar a percepção dos alunos de todas as demais unidades ainda não pesquisadas e analisar a partir de umconfronto de seus resultados com os anteriores. A relevância deste estudo reside na possibilidade de contribuir com agestão de Capital Intelectual e de Gestão do Conhecimento da unidade de análise, a qual é caracterizada como umaSociedade Anônima, portanto gerenciada por resultados e preocupada com criação de valor organizacional. Acomparação feita por este estudo evidenciou que os alunos das demais unidades mantidas também reconhecem aspráticas da organização mantenedora, desta forma, fortalecendo a pesquisa anterior.

Palavras-chave: capital intelectual, criação de valor, gestão do conhecimento, mantenedora de IES, governançacorporativa.

Introdução

As empresas são avaliadas pelo mercado atravésdas pessoas que fazem parte do quadro de funcionários,Stewart (1998), faz referência ao capital humano, aosfuncionários especializados, habilidosos e criativos,inovando nos produtos e serviços. A instituição de ensinosuperior (IES) tem uma função essencial dentro dessecontexto: propor-se a ser parceira do governo para

formar profissionais do conhecimento, caracterizadospela capacidade de tomar decisão, a partir de uma visãoholística da organização, de formas a identificar oselementos intangíveis criadores de valor organizacionalpara contribuir com o processo de valorização daempresa.

Entretanto, sendo a IES particular uma organizaçãocom objetivos de lucro, ela tem também interesse próprioa respeito de Capital Intelectual (CI) e de Gestão do

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Conhecimento (GC), pois, para atender aos objetivoseducacionais, é necessário antes gerir seus própriostalentos e atingir os objetivos estratégicos.

Dentro dessa discussão, criar valor diante dosclientes é uma forma de conquistar vantagem competitiva,e isso representa a busca comum dos conceitos de CI eGC, pois, conforme Matheus (2003), existem fatoresintangíveis que contribuem para a criação de valor dentroda empresa e que estão relacionados a elementos doCapital Intelectual. Entretanto, a organização devedesenvolver capacidade para captar, manter e disseminaro conhecimento internalizado no indivíduo, de forma queo novo conhecimento criado seja percebido pelosclientes e investidores.

Sendo assim, a seguir o estudo apresenta asdecisões metodológicas direcionadoras da pesquisa.

Metodologia

Conforme Cervo e Bervian (2007), a pesquisade caráter descritiva concede ao pesquisador apossibilidade de ampliar suas experiências em relação aum determinado problema, proporcionando maiorfamiliaridade, com vistas a torná-lo mais explicito. Deacordo com Gil, (2002, p.42), os métodos usados parapesquisas descritivas são, juntamente com asexploratórias, as que habitualmente realizam ospesquisadores sociais preocupados com a atuaçãoprática. São também as mais solicitadas por organizaçõescomo instituições educacionais, empresas comerciais,partidos políticos etc.

Então, a pesquisa deste estudo é declarada comoexploratório-descritiva, pois, caracteriza-se como a faseem que o pesquisador e as pessoas integrantes doambiente que será investigado, começam a identificar osproblemas, os atores e as possibilidades de ação.

Sendo esse estudo uma continuidade de resultadosanteriores, sua proposta metodológica, então, assemelha-se daquele estudo, de forma que mantém ascaracterísticas metodológicas, a qual apresenta osseguintes elementos:

• Unidade de análise: uma organizaçãomantenedora de vinte e três IES particularesinstaladas no estado de São Paulo, a qual atua emensino de graduação e pós-graduação;• Instrumento de coleta de dados: (1) revisãoconceitual; e (2) questionário estruturadoeletrônico, contendo 25 questões acompanhadasde Escala Likert de 5 pontos para medir apercepção da amostra formada por 690 alunos,sendo 30 de cada uma das vinte e três unidades,

disponível em um site. A escolha de utilizar o siteaconteceu em razão dos respondentes estaremdistantes geograficamente.• Variáveis da pesquisa: (1) percepção que osalunos têm sobre as práticas que a unidade deanálise aplica e que sejam fundamentadas pelosconceitos de CI e GC; e (2) disparidades deresultado evidenciadas entre as vinte e três IES.• Hipóteses da pesquisa: (1) sendo a unidadede análise uma organização Sociedade Anônimae por buscar a padronização de procedimentospara garantir o atendimento de sua missãodeclarada e garantir também a manutenção dosníveis de qualidade definidos é esperado que aspráticas realizadas sejam semelhantes entre as IES;e (2) mas que, entretanto, diferenças ocorram emvirtude da influência de elementos contextuaiscomo, por exemplo, idade dos respondentes, poisa maioria das IES atua em cidades diferentes doestado de São Paulo e de outros 2 Estadosbrasileiros e muito possivelmente abriga alunoscom perfis diferenciados.

Problema da pesquisa

A unidade de análise, por ser da área educacionale por ser uma S.A., acompanha as propostas de CI eGC. Então, este estudo declara como problema depesquisa o seguinte: Qual a percepção dos alunos arespeito das práticas de Capital Intelectual e deGestão do Conhecimento de uma organizaçãomantenedora de IES?

Objetivos da pesquisa

Os resultados de um estudo realizadoanteriormente junto a 30 clientes (alunos) de uma IESparticular evidenciaram que, embora percebam a maioriadas práticas de Capital Intelectual e de Gestão deConhecimento promovidas pela mantenedora, algumasdelas não são percebidas pelos respondentes, como porexemplo, o programa de avaliação institucional realizadosemestralmente não é reconhecido como instrumento demedição de desempenho e melhoria.

A partir disto e alinhado com o problema dapesquisa, surge o objetivo principal do presente trabalho,considerando que a organização mantenedorapesquisada agrupava, por ocasião do início da pesquisa,nas vinte e três unidades mantidas, mais de cinqüenta milalunos, este estudo propõe dar continuidade à pesquisaanterior e estabelece os seguintes objetivos: evidenciar

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a percepção dos alunos de todas as IES mantidas arespeito das práticas de Capital Intelectual e de Gestãodo Conhecimento realizados pela organizaçãomantenedora, para analisar o confronto de seusresultados com os resultados anteriores.

O objetivo principal tem ainda o apoio dosseguintes objetivos específicos: (1) desenvolver revisãoconceitual; (2) evidenciar as principais práticas relativasaos conceitos CI e GC desenvolvidas pela unidade deanálise percebidas pelos clientes (alunos); (3) contribuircom a gestão da unidade de análise; e (4) contribuir coma proposta de modelos gerenciais.

Justificativa

Considerando que a pesquisa anterior foi realizadacom clientes (alunos) somente de uma das vinte e trêsIES mantidas, a importância desta proposta reside napossibilidade de fortalecer os resultados anteriores deforma que pretende contemplar todas as unidades deIES mantidas, buscando, desta forma, resultados maissignificativos.

Também fortalece este estudo a possibilidade decontribuir com a gestão de CI da unidade de análise, aqual é caracterizada como uma Sociedade Anônima,portanto gerenciada por resultados e preocupada comcriação de valor organizacional.

Quanto aos conceitos abordados, a relevância dotrabalho é fortalecida pelo fato de os estudos sobre CI eGC não estarem ainda consolidados e por ambosdiscutirem os elementos amplificadores da valorizaçãoda empresa do ponto de vista dos clientes e dosinvestidores.

Ainda, Hair Jr. Et al. (2005) afirma que a pesquisaem administração é uma função de busca da verdade demodo que os tomadores de decisões administrativastornem-se mais eficientes, sendo assim, todas asorganizações são potenciais usuárias da pesquisa emadministração, pois administram pessoas e estudammercados e clientes.

A seguir, este estudo apresenta o referencialteórico, para fornecer a base conceitual dodesenvolvimento da pesquisa de campo.

Referencial Teórico

Capital IntelectualA dinâmica organizacional contemporânea inserida

em um ambiente globalizado, no qual as empresasnecessariamente atingem o sucesso a partir de suacapacidade de competitividade, leva a teoria

organizacional a buscar novos modelos de gestão. Énesse contexto que o conceito de CI aborda questõescomo a criação de valor organizacional a partir dos ativosorganizacionais intangíveis, de forma que os ativosfinanceiros cedem espaço para o conhecimentoorganizacional.

De acordo com Stewart (1998), o CI correspondeao conjunto de conhecimentos e informaçõesencontrados nas organizações, que agrega valor aoproduto ou serviços, mediante a aplicação da inteligência,e não do capital monetário. O autor ainda comenta quea gestão do conhecimento de todos em uma empresapode ser uma vantagem competitiva (STEWART, 1998),o que é corroborado por Edvinsson e Malone (1998,p.31), quando afirmam que a soma do Capital Humanocom o Capital Estrutural resulta em CI.

O capital humano inclui a capacidade,conhecimento, habilidade e experiência individual dosempregados e gerentes, e também a sua criatividade ecapacidade de inovar (EDVINSSON e MALONE,1998). Os autores utilizam uma metáfora para conceituaro capital intelectual, comparando a empresa a umaárvore, considerando a parte visível (troncos, galho efolhas) como o que está declarado formalmente emorganogramas, demonstrações contábeis e outrosdocumentos, e a parte que se encontra abaixo dasuperfície (sistema de raízes) como os fatores dinâmicosocultos que embasam a empresa visível formada poredifícios e produtos: o CI.

Estrutura de Capital IntelectualDe acordo com Sveiby (1998, p.9), “as pessoas

são os únicos verdadeiros agentes na empresa. Todosos ativos e estruturas [...] são resultado das açõeshumanas”. O autor afirma que as empresas buscam criarsuas estruturas, seja interna ou externa, a fim de mantera existência da empresa, contando com os esforços ededicação das pessoas que a compõe. Entretanto,mesmo que os indivíduos valiosos deixem uma empresa,pelo menos alguns elementos das estruturas interna eexterna continuarão intactos, como o nome daorganização, o software, os manuais, e etc., que podemservir de plataforma e apoio para um novo começo.Sveiby (1998, p. 234) propõe o modelo denominado“Monitor de Ativos Intangíveis”, ilustrado na figura 1.

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Segundo o modelo proposto por Sveiby (1998),a estrutura externa manifesta-se por meio dorelacionamento da organização com clientes,fornecedores, governos, etc., assim como a percepçãoque estes detêm da mesma. Em relação à estruturaInterna, envolve fatores desenvolvidos, criados oumantidos internamente pelos funcionários, como sistemasde informações gerenciais, por exemplo, portanto quandoessa estrutura consegue apoiar adequadamente acompetência das pessoas, cria valor e a organizaçãotorna-se mais competitiva. Portanto, verifica-se comovantagem do modelo apresentado na figura 1 àpossibilidade da mensuração do Capital Intelectual sersimples e de fácil interpretação, porém limitada, devidoà rotina de utilização de indicadores não-financeiros pelasempresas.

Segundo Stewart (1998), a estrutura de CI podeser dividida em três tipos:

1) Capital Humano: Para Stewart (1998, p.68), ocapital humano é a capacidade, o conhecimento,a habilidade, a criatividade e as experiênciasindividuais e grupais dos colaboradores etransformados em produtos e serviços (que são omotivo pelo quais os clientes procuram à empresae não o concorrente), então, o autor entende queo capital humano é tudo aquilo que as pessoaslevam para casa depois do expediente; é a fontede inovação e renovação das empresas;2) Capital Estrutura: Stewart (1998, p.97-98)define capital estrutural como sendo um conjuntode conhecimentos retidos e de propriedade daempresa. “È o conhecimento que não vai para casadepois do expediente. [...] pertence à empresacomo um todo. Pode ser reproduzido e dividido”,como: tecnologia, invenções, dados, publicaçõese processos e patentes”, isso tudo é que fazaumentar o valor para os acionistas. O autordefende ainda que o capital estrutural é formado

pela infra-estrutura que apóia o capital humano;3) Capital de Relacionamentos: “O capital decliente é o valor dos relacionamentos de umaempresa com as pessoas com quais faz negócios”É através deste relacionamento, que o capitalintelectual se transforma em dinheiro (STEWART,1998, p.68-69). Toda empresa possui capital decliente (SAINT-ONGE1, 1996, apudSTEWART, 1998, p.68). O capital de clientes éo mais valioso de todos capitais intangíveis daorganização.

Gestão de ConhecimentoO conceito de GC surgiu no início da década de

90 preocupado em tratar da prática de agregar valor àinformação e distribuí-la, aproveitando os recursosexistentes na empresa. Segundo Sveiby (1998, p.3), “agestão do conhecimento [...] faz parte da estratégiaempresarial”. A capacidade de criar, gerenciar, espalharconhecimento é fundamental para uma organizaçãoconquistar vantagem competitiva.

Nonaka e Takeuchi, (1997, p.63) definem oconhecimento como “[...] um processo humano edinâmico de justificar a crença pessoal com relação àverdade”. O conhecimento organizacional, portanto écriado dinamicamente pela interação social entre osindivíduos da organização, por meio da interação de doistipos de conhecimento: tácito e explícito. “Oconhecimento tácito é pessoal, específico ao contextoe, assim, difícil de ser formulado e comunicado. Já oconhecimento explícito ou ‘codificado’, refere-se aoconhecimento transmissível em linguagem formal esistemática” (NONAKA e TAKEUCHI, 1997, p.65).

Sendo assim, o conhecimento tácito inclui modelosmentais representados por esquemas, paradigmas,perspectivas e crenças, criados a partir de analogias como objetivo de uma maior compreensão do mundo, realaqui e agora. E o conhecimento explicito está presente,por exemplo, nos dados brutos, na fórmulas e nosprocedimentos codificados (NONAKA e TAKEUCHI,1997, p.66). A chave para a inovação revela-se naadoção de uma abordagem que permite a criação,difusão e incorporação do conhecimento a novosprodutos, serviços, sistemas e processos, possibilitandoa utilização do conhecimento e a sua gestão comovantagem competitiva (NONAKA e TAKEUCHI, 1997,p.4).

A interação entre os conhecimentos tácito eexplícito é traduzida pelo modelo de conversão doconhecimento - modelo SECI - que acontece em quatromodos distintos, porém complementares. O modelo é

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introduzido num processo cíclico, evolutivo no tempo,no qual o resultado de uma etapa é o ponto de partidapara a realização da outra. Esta interação caracteriza-sepor quatro formas de conversão do conhecimento: asocialização, a externalização, a internalização e acombinação (NONAKA e TAKEUCHI, 1997, p. 69),conforme ilustrado na figura 2.

A Socialização é o processo de compartilhamentode experiências entre os indivíduos de um grupo e quese desenvolve por meio da observação, da imitação eda prática. Na Externalização, o conhecimento éconvertido através de metáforas, analogias, conceitoshipótese ou modelos. A Combinação é a sistematizaçãode conceitos em um sistema de conhecimento, o qualenvolve a combinação de diferentes conjuntos deconhecimento explícito, como por exemplo, os protótiposde produtos, envolve a classificação, a sumarização, apesquisa e a categorização das informações. Já aInternalização é o processo de incorporação doconhecimento explícito, ou seja, é o modo pelo qual oconhecimento explícito torna-se ferramenta deaprendizagem, por meio de manuais ou documentos, evolta a assumir um contexto abstrato e subjetivo paracada membro na organização. Aqui reside a inovação(NONAKA e TAKEUCHI, 1997, p.70-77).

O modelo SECI possibilita que a criação doconhecimento interaja contínua e dinamicamente entre oconhecimento tácito e o conhecimento explícito,alavancado pela espiral do conhecimento ilustrada pelafigura 3. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), a teoriada espiral de criação do conhecimento organizacionalocorre a partir dos indivíduos e sua interação com osdemais, transformando conhecimento individualorganizacional e até interorganizacional.

Sendo a IES uma instituição de criação deconhecimento em sua essência, a seguir é apresentadauma breve caracterização da gestão de entidademantenedora de IES particular de forma a alinhar CI eGC a este tipo de organização.

Gestão de mantenedora de IES particularSegundo Silva Junior e Muniz (2004), desde o

século IX, com a chegada da corte portuguesa ao Brasil,o ensino superior brasileiro passa por grandestransformações, sendo que, nos últimos anos, tornou-seum dos segmentos mais importantes para a economianacional em razão do forte crescimento do setor,chegando a dominar 9% do Produto Interno Bruto (PIB)brasileiro em 2002, superando os setores detelecomunicações (6%) e energia (4%). Neste contexto,surgem as IES’s particulares, as quais possibilitaram aexpansão geográfica do ensino superior, com umaconcentração evidente na região sudeste brasileira.

Para Silva Junior e Muniz (2004), este fenômenotraz à tona a questão da gestão universitária das unidadesfora da sede, as quais se encontram geograficamentedistantes da mantenedora, o que pressupõe um esforçono sentido de manter o padrão de configuraçãoorganizacional da mantenedora nestas unidades mantidas,em razão da necessidade de controle da matriz e danecessidade de identificação e autonomia da IES mantida.

Sociedade Anônima (S.A.)A S.A. é a forma jurídico-societária mais

apropriada aos grandes empreendimentos econômicos.A Lei nº. 6.404/76 estabelece que quando de capitalaberto, a S.A. é caracterizada pela possibilidade denegociar participações societárias (ações) em bolsas devalores, forma pela qual capta investidores (acionistas),os quais respondem pelas obrigações sociais até o limitedo valor da emissão das ações que possuem (CNB).

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Oferecer ações em bolsas de valores é um instrumentode captação de recurso incremental, o que cria valororganizacional e, consequentemente, atrai maisinvestidores interessados em conseguir lucros.

Pesquisa de campoA partir do referencial teórico desenvolvido, este

estudo faz a seguir uma breve caracterização da unidadede análise, para facilitar a compreensão dodesenvolvimento da pesquisa e, na seqüência, traz aapresentação e a análise dos resultados da pesquisa.

Caracterização da Unidade de AnáliseA unidade de análise é uma organização privada

que mantém vinte e três IES, tendo como estratégiaprincipal a padronização de procedimentos, com ocompromisso de oferecer a melhor combinação entrequalidade no ensino e preços acessíveis.

É caracterizada como S.A. e sua estrutura éformada por acionistas investidores com ações na bolsade valores, é nesse contexto que faz uma S.A criar valore vantagem competitiva em relação às demais unidadesde ensino superior.

A organização aplica semestralmente umaavaliação institucional em todas as IES mantidas, na qualos alunos respondem a um questionário eletrônico paraverificar o índice de satisfação. Nesta avaliação sãoverificados: a estrutura física, os serviços internos, abiblioteca, o projeto pedagógico, os docentes, oscoordenadores e todos os projetos acadêmicos e depesquisa da instituição.

O objetivo da organização é promover ensino deforma eficiente com qualidade visando sempre umamelhoria continua.

Desenvolvimento da PesquisaA pesquisa de campo deste estudo de caso

ocorreu no período de 11 a 21 do mês de setembro de2007 junto a uma amostra formada por 30 respondentese a população alvo é de 690 alunos, de cada IES mantidapela unidade de análise, por meio de um questionárioestruturado eletrônico contendo 25 questõesacompanhadas de Escala Likert de 5 pontos, disponívelem um site, para medir a percepção dos respondentesquanto às práticas de CI e de GC.

Apresentação dos Resultados da PesquisaO estudo descreve o desenvolvimento da pesquisa,

deste modo apresenta os resultados e sua análisedescritiva e exploratória, para comprovar se os mesmosforam capazes de responder o problema da pesquisa e

atender a seus objetivos.A seguir os valores representam as quantidades

de respondentes optantes pela respectiva opção daescala e para permitir uma visualização mais objetiva dasopiniões dos respondentes, os resultados emporcentagem referem-se aos agrupamentos em escalalikert de 5 pontos variando entre discordo fortemente,discordo, sem opinião, concorda e concorda fortemente.

Na questão 1 (Estou satisfeito com a gestão atualda mantenedora), 49% dos participantes concordam coma proposta, enquanto que somente 11% discordam oudiscordam fortemente, 20% não tem opinião e 20%concordam fortemente conforme ilustra o gráfico 1.

Na questão 2 (Comparo as práticas damantenedora às de outras instituições de ensinosuperior), para 46% essa é uma atividade importante,26% é muito importante, 23% não têm opinião e somente5% discordam, cujos dados são apresentados pelográfico 2.

Do total dos participantes, 71% concordam ouconcordam fortemente com a proposta da questão 3 (Osistema de informação da instituição permite acessorápido e fácil às informações relevantes), 20% não temopinião, enquanto que apenas 9% discordam.

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Os dados da questão 4 (A instituição preocupa-se com o retorno financeiro trazido pelos novosinvestimentos), 63% dos participantes sabem que aunidade de análise gerencia por resultados, enquanto11% desconhecem e 26% não têm opinião, conformegráfico 4.

Em relação à questão 5 (A cultura e o ambienteda instituição são propícios para a integração entre aspessoas), 26% dos alunos discordam 37% concordam,29% concordam fortemente e 8% não têm opinião.

Na questão 6 (A remuneração dos empregadosda instituição é superior à média paga pelo mercado deensino superior) 14% discordam fortemente, 63% nãotêm opinião, 17% concordam e apenas 6% concordamfortemente.

Em relação à questão 7 (A marca da instituição ébastante conhecida e respeitada no mercado), somente9% dos alunos discordam, 31% não têm opinião, 40%concordam e 20% concordam fortemente.

Quanto à questão 8 (Há forte troca de informaçõese de conhecimentos entre os funcionários da instituição),17% dos respondentes discordam 34% não têm opinião,43% concordam e apenas 6% concordam fortemente.

Na questão 9 (A instituição mantém bomrelacionamento com clientes, fornecedores e parceiros),9% dos participantes discordam fortemente, 43% nãotêm opinião, 34% concordam e 14% concordamfortemente.

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Quanto à questão 10 (A instituição melhoracontinuamente os serviços oferecidos), 14% dosrespondentes discordam ou discordam fortemente, 23%não têm opinião e 63% concordam ou concordamfortemente.

Na questão 11 (São implementadas continuamentenovas idéias e novos procedimentos na instituição),somente 8% discordam, 26% não têm opinião 66%concordam ou concordam fortemente que existe estaprática.

Na questão 12 (Os níveis de qualidade de todasas atividades operacionais da instituição sãoincondicionalmente respeitados e mantidos), 18% dosrespondentes discordam 31% não têm opinião e 51%concordam.

Quanto à questão 13 (Os empregados dainstituição trabalham bem em equipe), somente 2%discordam, 43% não tem opinião e 55% concordam ouconcordam fortemente que os funcionários trabalham emequipe.

Na questão 14 (A gestão da instituição é voltadapara o mercado, de forma que procura identificar eatender as necessidades dos clientes), 66% dos alunosconcordam ou concordam fortemente, 29% não têmopinião e apenas 5% discordam.

Quanto à questão 15 (Todos os empregados dainstituição passam por algum tipo de treinamento), 46%não têm opinião, 40% concordam ou concordamfortemente e 14% discordam ou discordam fortemente.

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Em relação à questão 16 (A instituição firmaparcerias com empreendimentos locais de forma a darsuporte aos seus serviços), 9% discordam 40% não têmopinião e os que concordam somam 51%.

Na questão 17 (As informações fornecidas pelosalunos são disseminadas (divulgadas) satisfatoriamentepela instituição), 20% discordam, e 20% não têm opiniãoe 60% dos alunos concordam ou concordam fortementecom a proposta.

Na questão 18 (Os empregados da instituiçãopossuem conhecimento adequado à suas funções), 12%discordam 14% não têm opinião e 74% concordam ouconcordam fortemente que existe conhecimentoadequado.

Quanto à questão 19 (Os professores da instituiçãopossuem conhecimento adequado às disciplinas queministram), 23% dos alunos discordam fortemente oudiscordam, 26% não têm opinião e 51% concordam.

Na questão 20 (A instituição utilizada um processosistemático de avaliação de desempenho dosempregados e dos professores), 57% dos respondentesconcordam ou concordam fortemente, 34% não têmopinião e entre os que discordam ou discordamfortemente somam 9%.

Na questão 21 (A instituição busca melhorarcontinuamente a qualidade do relacionamento com osclientes), do total dos respondentes que discordam oudiscordam fortemente somam 6%, 31% não opinaram e63% e concordam ou concordam fortemente a respeitocom a proposta.

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Quanto à questão 22 (A mantenedora assume opapel de apoiadora dos professores e empregados), 60%dos alunos não têm opinião, 34% concordam ouconcordam fortemente e 6% somam os que discordamou discordam fortemente com a proposta.

Questão 23 (Todas as atividades operacionais dainstituição são realizadas com eficiência), apenas 3%discorda, 11% discordam fortemente, 23% dos alunosnão têm opinião e os que concordam ou concordamfortemente somam 63%.

Do total dos respondentes, 5% discordam oudiscordam fortemente da questão 24 (A instituiçãomantém uma relação de confiança e comprometimentocom os fornecedores e os parceiros), 49% não têmopinião e dos que concordam ou concordam fortementesomam 46%.

Na questão 25 (Os empregados da instituiçãorealizam suas atividades de forma completamentesatisfatória), apenas 3% discordaram fortemente, 6%discordaram, 36% não têm opinião e os que somam55% que concordam ou concordam fortemente.

Análise dos Resultados da PesquisaSegundo Gil (2002, p.35), as hipóteses elaboradas

com base nos resultados anteriores conduzem aconhecimentos mais amplos que aquelas decorrentes dasimples observação. À medida que a suposição se baseiaem estudos anteriores, após a coleta de dados, a etapaseguinte da pesquisa é a análise e a interpretação dosresultados. A conceituação está relacionada aos doisprocessos. O objetivo da análise é o de organizar osdados de forma que possibilitem o fornecimento deresposta do problema proposto para verificação. Oobjetivo da interpretação é buscar o sentido mais amplodas respostas.

Sendo assim, os gráficos são apresentados com asoma dos percentuais de citação em relação a 100% e aapresentação descritiva dos resultados indica afreqüência de citação em relação aos 35 respondentes.

Os resultados desta pesquisa permitem notar queos participantes, enquanto alunos da instituição percebemas práticas de CI e GC que a unidade de análisepromove, tais como: manter um sistema de informaçãono qual alunos, funcionários, professores e mantenedorautilizam; inovação de procedimentos; gestão porresultados, processo sistemático de avaliação dedesempenho, etc. Com relação às respostas em que háum destaque para os alunos que não têm opinião, faz-senecessário notar que são aquelas questões em que osmesmos desconhecem o assunto, então, é provável que

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haja dificuldade em perceber tais práticas, pois sãoprocedimentos internos à instituição. As questões como,a remuneração dos empregados da instituição é superiorà média paga pelo mercado de ensino superior; osempregados da instituição trabalham bem em equipe;todos os empregados da instituição passam por algumtipo de treinamento, são aquelas das quais passamdespercebidas ou pelo fato de que os respondentes nãoconhecem por isso não tem opinião sobre o assunto.

Embora haja discordância, a concordância estáem evidência na maioria dos gráficos demonstrados, poisa maior parte das respostas concentrou-se na escala 4(concordo), enquanto que na pesquisa anterior, asrespostas concentra-se na escala 3 (sem opinião).

Considerando que o questionário foi utilizadoanteriormente em outra pesquisa em apenas uma dasunidades, fez-se necessário uma nova aplicação doquestionário em todas as unidades de análise fortalecendoos conceitos da instituição.

É importante destacar, segundo Vicentin (2006),que os clientes (alunos) não acreditam que a instituiçãoprocura remunerar seus colaboradores com valor acimado mercado de educação superior oferece, que procuramanter um relacionamento de confiança com os parceirose que mantém uma ferramenta sistemática de avaliaçãode desempenho de funcionários e professores.

No entanto é possível afirmar que de modo geralos clientes (alunos) da instituição percebem que aspráticas realizadas pela entidade são executadas comeficiência, comprometimento e confiabilidade emelhoramento contínuo, tanto nas atividadespedagógicas, como nas de relacionamento com clientese investidores.

Para o fechamento da análise dos resultados dapesquisa, que combinada com o conteúdo do referencialteórico, este estudo considera pertinente abordar arespeito de Governança Corporativa de forma afundamentar a análise em questão.

Governança CorporativaSilva Junior e Muniz (2004) afirmam que a

expansão geográfica das IES’s está diretamenteassociado à Governança Corporativa. Os autorescomentam que a Gestão Corporativa abrange osinteresses dos stakeholders2, os sistemas de controle, aalocação de recursos, a dinâmica organizacional e aexpectativa de retorno dos investimentos realizados pelaempresa. Segundo os autores, o principal papel daGovernança Corporativa é transformar a corporação eminstrumento de maximização do lucro e,consequentemente, do ganho dos stakeholders.

Entretanto, o modelo tem interesse ainda por aspectossociais da corporação.

Segundo a Comissão de Valores Mobiliários(CVM), Governança Corporativa é:

O sistema que permite aos acionistas ou cotistaso governo estratégico de sua empresa e a efetivamonitoração da direção executiva. A relaçãoentre propriedade e gestão se dá através doConselho de Administração e do Conselho Fiscal.O objetivo é assegurar a todos os acionistaseqüidade, transparência, responsabilidade pelosresultados e obediência às leis (CVM).

A governança corporativa pode assumir quatromodelos distintos: (1) Modelo Financeiro Simples, noqual o modelo é estabelecido segundo os caminhos pelosquais os investidores da corporação asseguram o retornodo capital investido; (2) Modelo da Administração ouda Representação (Stewardship), no qual o corpodiretivo é o representante dos interesses organizacionais,ou seja, é ele que maximiza os benefícios corporativos egarante o retorno de investimentos aos acionistas; (3)Modelo do Stakeholder, no qual os elementos de inter-relação da organização são mais relevantes que ospróprios acionistas; e (4) Modelo Político, no qual osinteresses do investidor convergem para um processode articulação política, que visa aumentar o seu direitode voto, com o fim de reverter à política corporativadominante, considerando que os demais interessados nacorporação também têm essa possibilidade (BULL,1997, apud SILVA JUNIOR e MUNIZ , 2004).

Direcionando o assunto Governança Corporativapara gestão de IES privada, Silva Junior e Muniz (2004)comentam que “o ensino superior é atualmente um dossetores produtivos mais regulamentados na economiabrasileira”. Esta regulamentação define que os serviçoseducacionais de ensino superior somente podem seroferecidos por IES que seguem determinados critériose que operem “como macrosistema, composto por doissubsistemas independentes”: a mantenedora e a mantida,as quais representam, respectivamente, “estrutura depropriedade e a estrutura de controle e propriedade”.

Considerações Finais

Apesar da dificuldade de compreensão do capitalintelectual, resta evidenciar que ele é representativo eimportante atualmente, repercutindo no valor de mercadodas empresas.

O processo de gerenciamento pode aprimorar ocapital intelectual, sendo possível descreve-lo, mas não

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mensura-lo, por exemplo, como o conhecimento adicionavalor. Ainda, que administrando o capital intelectual, épossível otimizar a desempenho financeiro dasorganizações inseridas no ambiente moderno ecompetitivo.

Sveiby (1998) destaca que os recursos físicos(como máquinas, equipamentos, prédios, matérias-primas, tecnologias, etc.) e financeiros (capital inicial degiro) são inerentes estáticos e passivos. Eles não fazemnada por conta própria, pois requerem o conhecimentoe a ação do homem para a sua aplicação e busca derentabilidade.

De acordo com Edvinsson e Malone (1998), oCapital Intelectual um modelo de gestão dos ativosintangíveis que prima pela integração das partes em suacompõe sua estrutura, como o Capital Humano, CapitalEstrutural e de Relacionamento.

Dentro deste contexto, os resultados destapesquisa demonstram que os alunos de outras unidadesmantidas pela unidade de análise percebem igualmenteas práticas de CI e de GC implementadas em sua rotinaoperacional. Em relação à abordagem sobre GovernançaCorporativa, a análise dos resultados permite identificarque a modalidade praticada pela unidade de análise é oModelo da Administração ou da Representação(Stewardship), pois a avaliação institucional sistemáticaserve de instrumento de melhoria contínua e de criaçãode valor organizacional e, consequentemente, de atraçãode investidores.

Embora estes resultados confirmem os anteriores,é importante notar que a participação dos respondentesfoi bastante pequena em relação à população totalidentificada, pois dos 750 alunos da instituição, apenas35 efetivamente enviaram o formulário eletrônicolimitando as conclusões.

Espera-se que a partir dos resultados aquiapresentados seja possível desencadear outras pesquisaspara o fortalecimento das anteriores prosseguindo coma proposta de C I e CG em IES, sendo assim, este estudosugere como futuros trabalhos aqueles que sejamcapazes de penetrar em todas as instituições para ratificaros resultados das pesquisas aqui em questão.

Referências Bibliográficas

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Notas

1 SAINT-ONGE, H. Building the intellectual capital ofthe organization. Strategic Management Conference atthe Conference Board, New York, 18-jan-96.2 Stakeholders: grupo de pessoas interessadas nodesempenho da organização.