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2015 RELATÓRIO DE ESTABILIZAÇÃO DE EMERGÊNCIA DO INCÊNDIO FLORESTAL DE VALINHO INSTITUTO DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DAS FLORESTAS, I,P. CONCELHO: MONÇÃO

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2015

RELATÓRIO DE ESTABILIZAÇÃO DE EMERGÊNCIA

DO INCÊNDIO FLORESTAL DE VALINHO

INSTITUTO DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DAS FLORESTAS, I,P.

CONCELHO:

MONÇÃO

Relatório de Estabilização de Emergência

Incêndio florestal de Valinho - Monção

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Índice 1. NOTA INTRODUTÓRIA: ................................................................................................................................. 3 2. CARATERIZAÇÃO DA ÁREA PERCORRIDA PELO INCÊNDIO ........................................................................... 4

2.1. Total em perímetro florestal ................................................................................................................ 4 2.2. Concelhos e freguesias ......................................................................................................................... 5 2.3. Ocupação do solo ................................................................................................................................. 5 2.4. Espécies florestais................................................................................................................................. 6 2.5. Outras atividades económicas .............................................................................................................. 7

3. HISTÓRICO DE INCÊNDIOS ............................................................................................................................ 7 4. Medidas para estabilização de emergência ................................................................................................. 8

4.1. Combate à erosão e correcção torrencial ............................................................................................ 8

4.2. Fitossanidade ........................................................................................................................... 9

ANEXO - Ficha de identificação de necessidades de intervenções de estabilização de Emergência após incêndio…………………………................................................................10

Relatório de Estabilização de Emergência

Incêndio florestal de Valinho - Monção

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1. NOTA INTRODUTÓRIA:

No dia 8 de agosto de 2015 teve origem no lugar de Valinho, freguesia de Sá, concelho de Monção, um incêndio que se prolongou até ao dia 12 de agosto, tendo consumido áreas de floresta, matos e alguma agricultura nos concelhos de Monção e de Melgaço num total ardido de 1 275 ha.

MAPA 1. ÁREA AFETADA PELO GIF DE VALINHO-MONÇÃO

Considerando a existência de instrumentos de apoio a situações de emergência, nomeadamente os referidos na Portaria nº 134/2015, de 18 de maio – Operação 8.1.4. “Restabelecimento da floresta afetada por agentes bióticos e abióticos ou por acontecimentos catastróficos” no âmbito do programa de desenvolvimento rural PDR 2020, procedeu-se à elaboração do presente relatório onde são inicialmente, identificadas as intervenções necessárias à estabilização dos ecossistemas afetados e à remoção do material ardido, para que posteriormente se proceda à recuperação do potencial produtivo, tendo em vista a reposição e sustentabilidade dos valores ecológicos afetados. Assim, pretende este relatório enquadrar a situação ocorrida e simultaneamente, perspetivá-lo como fundamento para execução de medidas de estabilização de emergência passíveis de serem executadas. O trabalho baseia-se na recolha de dados de campo, fotointerpretação de ortofotomapas, informação disponibilizada online.

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2. CARATERIZAÇÃO DA ÁREA PERCORRIDA PELO INCÊNDIO

2.1. Total em perímetro florestal

Considerando os declives acentuados, as temperaturas elevadas, o baixo teor de humidade relativa do ar e dos combustíveis, associados ao vento do quadrante norte contribuíram para uma rápida expansão da área ardida. Assim, e tendo em conta, os elementos relativos a esta ocorrência constantes no Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais, arderam cerca de 1275 ha dos quais, cerca de 928 ha no perímetro florestal Serras de Soajo e Peneda o que perfaz 73 % da área ardida.

MAPA 2. ÁREA AFETADA EM PERIMETRO FLORESTAL PELO GIF DE VALINHO-MONÇÃO

Os cogestores das áreas baldias submetidas a regime florestal afetadas pelo fogo são os seguintes: Junta de Freguesia de Tangil, Junta de Freguesia de Podame, Conselho Diretivo Segude, Junta de Freguesia de Riba de Mouro, Conselho Diretivo de Badim, Junta de Freguesia de Cousso, Conselho Diretivo Sá, Conselho Diretivo Penso.

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2.2. Concelhos e freguesias

O incêndio teve origem num reacendimento no dia 8 de agosto, às 22:56 horas, na freguesia de Sá e propagou-se pelas freguesias de Badim, Riba de Mouro, Segude, Podame e Tangil. Propagou-se também para Melgaço, atingindo as freguesias de Cousso e Penso, sendo considerado extinto no dia 12 de agosto pelas 18:30.

MAPA 3. ÁREA AFETADA POR FREGUESIA PELO GIF DE VALINHO-MONÇÃO

2.3. Ocupação do solo

A distribuição da ocupação do solo na área ardida está conforme se pode visualizar no Quadro I:

Quadro I - DISTRIBUIÇÃO DA OCUPAÇÃO DO SOLO

OCUPAÇÃO DO SOLO ÁREA ARDIDA (HA)

Florestal 927

Matos e incultos, agrícola 348

TOTAL 1275

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2.4. Espécies florestais

No que concerne à área florestal consumida pelo incêndio apuraram-se os seguintes elementos reportados no Quadro II:

Quadro II – DISTRIBUIÇÃO POR ESPÉCIE FLORESTAL

ESPÉCIE FLORESTAL ÁREA ARDIDA (HA)

Pinheiro bravo (povoamentos jovens/ regeneração natural) 610

Pinheiro bravo adulto 98

Misto eucalipto e pinheiro bravo 125

Eucalipto 94

TOTAL 927

MAPA 4. ÁREA AFETADA POR ESPÉCIE PELO GIF DE VALINHO-MONÇÃO

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2.5. Outras atividades económicas

Através dos Gabinetes Técnicos Florestais obtiveram-se informações sobre outras atividades económicas localizadas neste concelho que foram altamente prejudicadas com a ocorrência deste incêndio:

Pastoricia – Impacto pouco significativo. Apicultura - Esta atividade económica existente, foi afetada dado que implicou na destruição da flora disponível, ausência de alimento e eventual abandono das colónias por parte das rainhas.

Cinegética – Coincidente com a área ardida, existem quatro Zonas de Caça Associativas com uma área total de 1080 ha. Nestas áreas ficaram afetadas as populações das espécies cinegéticas, comprometendo de imediato a exploração racional na presente época venatória e implicando a adoção de medidas de proteção dos exemplares eventualmente sobreviventes de forma a garantir a recuperação das suas populações.

3. HISTÓRICO DE INCÊNDIOS

MAPA 5. HISTÓRICO DE INCÊNDIOS DA ÁREA DO GIF DE VALINHO-MONÇÃO

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Do mapeamento realizado das áreas ardidas desde a década de 90, ou seja nos últimos 24 anos, na zona deste incêndio, constata-se a recorrência de vários fogos com proporções significativas que consumiram milhares de hectares de floresta e matos. É eventualmente o abandono de território que possivelmente potencia a negligência e o incendiarismo.

4. MEDIDAS PARA ESTABILIZAÇÃO DE EMERGÊNCIA

Como medida prioritária importa proceder à inventariação de todo o material lenhoso ardido, realizando a automarcação daquele que tiver valor comercial para sua colocação à venda com a menor desvalorização possível e providenciar a eliminação do restante de forma a evitar possíveis ataques de pragas e doenças. Torna-se também importante, escolher bem as árvores a retirar tendo em consideração o grau de intensidade com que o fogo as atingiu. Por norma, devem ser cortadas todas as resinosas que tiverem a copa completamente afetada, sendo aconselhável aguardar sempre que possível, que passe a primavera para decidir sobre a extracção das folhosas e de resinosas menos atingidas pelo fogo.

Face ao exposto, as medidas preventivas deveriam ser executadas ainda antes da queda das primeiras chuvas. Tem-se conhecimento no entanto, que o eventual recurso a apoios financeiros do PRODER poderão não se ajustar à agilização de atuação que este processo requer, pelo que deve ser tido em conta que o tempo de análise, decisão e execução podem comprometer a lógica e a pertinência das intervenções consideradas mais urgentes. Sugere-se ainda, que no âmbito dos trabalhos da exploração florestal, sejam observadas entre outras, algumas das orientações definidas no manual de “Gestão Pós – Fogo” publicado pelo ICNF.

4.1. Combate à erosão e correção torrencial

Recuperação das infraestruturas danificadas a) Remoção de acumulação de materiais florestais (árvores, troncos ou ramos) e de rochas que

tenham sido arrastados ou caído para as plataformas de circulação de viaturas e para as valetas e aquedutos;

b) Garantir a monotorização durante os próximos meses, dos sistemas hidráulicos e de taludes e aterros ao longo da rede viária, realizando obras de consolidação se consideradas necessárias.

Controlo da erosão, tratamento e proteção de encostas

a) Em primeiro lugar, importa identificar e monitorizar durante algum tempo, os locais mais suscetíveis a fenómenos erosivos e torrenciais (por exemplo, ter atenção especial a locais alvo de combate ao incêndio com recurso a abertura de faixas de interrupção de combustível com lamina);

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b) No sentido de garantir a maior protecção possível do solo, reduzindo o risco de erosão, deve-se minimizar a movimentação/alteração da camada superficial de solo;

c) Deve-se evitar a circulação de máquinas, o arraste de troncos e toros numa largura mínima de 10 metros em cada um dos lados das linhas de água;

d) A movimentação de máquinas a acontecer, deve ser efetuada sempre que possível, segundo as curvas de nível e numa lógica de carregamento e depósito do material lenhoso em local de cota superior, de forma a evitar uma concentração de sulcos que potencie uma maior escorrência de água e terras;

e) Verificando que o solo se encontra saturado de água, normalmente após ocorrência de longos períodos de precipitação, a utilização de maquinaria pesada deve ser restringida ao imprescindível;

f) Em locais mais declivosos, a vegetação, os resíduos de exploração e eventualmente, parte do arvoredo consumido pelo fogo devem ser aproveitados para serem colocados em alinhamento segundo as curvas de nível de forma a reduzir o deslizamento e perda de terra nas encostas.

Prevenção da contaminação e assoreamento e recuperação de linhas de água

a) Diligenciar o abate de árvores mortas, a limpeza e desobstrução de linhas de água e das passagens hidráulicas;

b) Deve-se evitar a circulação de máquinas, o arraste de troncos e toros numa largura mínima de 10 metros em cada um dos lados das linhas de água;

c) Promover a consolidação através da recuperação da vegetação autóctone das margens, privilegiando a regeneração natural e rearborizando por plantação/sementeira artificial apenas em casos excecionais (recuperação da galeria ripícola).

4.2. Fitossanidade

a) Remoção imperiosa das árvores ardidas logo que possível de forma a evitar que se tornem atrativas e colonizadas por insetos prejudiciais;

b) Em consequência, deverão ser cumpridas as medidas específicas para controlo do NMP (95/2011, de 8 de agosto Decreto, com a redação dada pelo Lei nº 123/2015, de 3 de julho, e a Declaração de Retificação n.º 38/2015).

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ANEXO

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1- Incêndio

Área (ha) 1275 Data inÍcio 08-08-2015 Data fim 12-08-2015

Concelho Distrito NUT III

2 - Parcelas de intervenção

Parcela n.º única Elemento fisiográfico do terreno

Área (ha) 1275 Infrestruturas X

Local Encostas X

Freguesia Linhas de água X

Concelho Biodiversidade X

3 - Tipo de intervenção

Recuperação das infraestruturas danificadasUnidades Quantid.

Valor

unitário (€)Valor total (€)

Km 30,0 2300,0 69.000,00 €

Km 0,00 €

Recuperação de pontos de água mᶟ 0,00 €

Recuperação de cercas para proteção dos povoamentos contra a ação do gado ou fauna selvagem km 0,00 €

Substituição de sinalização danificada sinal 160,0 3,8 608,00 €

Controlo da erosão, tratamento e protecção de encostas

hora 80,0 170,0 13.600,00 €

hectare 25 350,0 8.750,00 €

hectare 0,00 €

hectare 0,00 €

Prevenção da contaminação e assoreamento e recuperação de linhas de água

Obras de correcção torrencial de pequena dimensão hectare 4,0 3000,0 12.000,00 €

Diminuição da perda de biodiversidade

hectare 100,0 1200,0 120.000,00 €

hectare 25 3000,0 75.000,00 €

hectare 0,00 €

abrigo 0,00 €

Total

Viana do CasteloMonção e Melgaço

Recuperação e tratamento da rede viária

Ficha de identificação de necessidades de intervenções de estabilização de emergência após incêndio

Minho-Lima

439.908,00 €

Tratamento do solo para melhoria das suas caracteristicas fisicas, quimicas e biológicas

protetor 0,00 €Aquisição e instalação de proteções individuais de plantas para melhorar as condições microclimáticas

ou conciliar a arborização com a presença do gado ou fauna selvagem

Instalação, através de sementeira ou plantação de espécies indigenas da flora, arbóreas e arbustivas

autóctoneshectare

hectare 30,0 365,0

hectare 20,0 2000,0

10.950,00 €

4 - Observações: Os valores unitários foram definidos genericamente, como os máximos passiveis de utilizar por operação e baseados nas tabelas das matrizes de

(re)arborização estabelecidas pela Comissão de Acompanhamento das Operações Florestais para 2013/2014 , devendo no entanto, ser ajustados em função da

realidade constatada no terreno.

* O valor unitário referente a esta operação resulta duma estimativa média, considerando a existência de diferentes declives e consequentemente, diferentes

valores unitários correspondentes ao nº de cordões/ha.

Valinho

Monção e Melgaço

Recuperação de troços de rede primária e secções da rede secundária de faixas de gestão de combustivel

Instalação de barreiras de residuos florestais, troncos segundo as curvas de nivel e mantas orgânicas ou

geotêxteis (*)

Aproveitamento da regeneração natural

Instalação de elementos de descontinuidade, tais como FGC ou faixas de arvoredo de alta densidade

Controlo de espécies invasoras

Instalação de abrigos e comedouros para a fauna selvagem

Tratamento do solo para melhoria das suas caracteristicas fisicas, quimicas e biológicas

Rompimento da camada do solo repelente à água

Abertura de regos segundo as curvas de nível

Aquisição ou corte e processamento de residuos orgânicos/florestais (estilhaçamento)

Regularização do regime hidrológico das l inhas de água, nomeadamente com recursos a técnicas de

engenharia e instalação de vegetação ripicola nas faixas de proteção às l inhas de água40.000,00 €

hectare 0,00 €

150,0 600,0 90.000,00 €