cap 7

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Page 2: Cap 7
Page 3: Cap 7

Folhas de

OUTONOEra um dia como os outros, a

colheita de café continuava intensa e

continua, um dia comum, a não ser uma

coisa.

O sol indicava que já passava do

meio dia, meu rosto estava tomado pelo

suor, fruto de meu trabalho, o calor era

tão forte e intenso, nem parecia que

estávamos em plena Irlanda.

Page 4: Cap 7

Folhas de

OUTONOO silencio do local é destruído

como barulho do motor de um grande

veículo, a fumaça do escapamento indica

que ele estava se aproximando de nós.

Não demora muito e o desconhecido

veículo estaciona em frente à casa dos

Mackenzie, os escravos correm até o

local, tomados pela curiosidade – Como

sempre – eu também faço o mesmo.

Page 5: Cap 7

Folhas de

OUTONOVejo sair do velho e desgastado

veículo, meia dúzia de mulheres e

algumas dezenas de homens, além de um

garotinho, por volta de sete anos. Após

alguns flashbacks, me lembro que aquele

caminhão, foi o mesmo que havia nos

buscado após aquela terrível viagem,

Com isso, estava claro que aquelas

pobres pessoas haviam sido vítimas de

Mackenzie e do tráfico humano, assim

como a mim.

Page 6: Cap 7

Folhas de

OUTONOA grande multidão formada por

mim e os escravos continua aglomerada

em frente a grande mansão, Rasul então

entrega aos recém chegados alguns

panos velhos, assim como fez quando

cheguei ao local. Naquele momento, me

emocionei com os flashbacks que

tomavam meus pensamentos, o dia em

que cheguei aqui ainda estava claro em

minha mente.

.

Page 7: Cap 7

Folhas de

OUTONOMeu breve momento de

lembranças é interrompido pelo chamar

de Rasul, me dirijo a ele prontamente

_O que há Rasul? – Questiono

_Este é Sean, ele é do sul,

ensine a ele seu trabalho – Responde

Rasul

Prontamente, acompanho Sean

até os cafezais para lhe ensinar o

trabalho.

Page 8: Cap 7

Folhas de

OUTONO_Essas pequenas bolinhas se

chamam café, elas são grudadas nesta

espécie de galhos. Você irá pegar na

base desse “galho” e ira puxar até a outra

extremidade, tirando assim os frutos, após

isto, você colocará todos eles no cesto, e

quando este encher, você levará até

Rasul e seus ajudantes, para eles

peneirarem os grãos – Ensino

atenciosamente o trabalho a Sean, que

me responde com um olhar assustado,

como se não estivesse entendendo o que

digo.

Page 9: Cap 7

Folhas de

OUTONO_Claro, como sou boba – digo

em voz alta – você é daqui, da Irlanda,

não da América, como eu – concluo com

uma engraçada expressão, que acaba

arrancando alguns sorrisos de Sean.

Não podíamos conversar, então

ensino o trabalho com alguns gestos,

colho alguns grãos , com isso, Sean

aprende rapidamente.

Page 10: Cap 7

Folhas de

OUTONOO dia continua, observo Sean

trabalhando, ele ainda está meio

desajeitado na hora de colher, chega a

ser engraçado, confesso que meu

primeiro sorriso desde que tinha pisado

neste chão foi neste exato momento.

Page 11: Cap 7

Folhas de

OUTONOA noite surge e prontamente

seguimos para a senzala. Todos estão

dormindo, algo que minha insônia não

permite, meu rotineiro momento de

reflexão na madrugada é interrompido

pelo chamar de Sean

_ Tar, a ligean ar rud éigin a ithe

(“Venha, vamos comer algo” em Irlandês)

– Diz Sean, respondo com gestos que

não estou entendendo o que diz, ele me

responde com um aceno, indicando para

acompanhá-lo, eu então o sigo.

Page 12: Cap 7

Folhas de

OUTONOEle me leva até uma pequena

grade, que tampava um grande buraco na

parede

_Nós, sair – Sean já havia

aprendido algumas palavras ao longo do

dia

_Você deve estar maluco –

Respondo com certo sarcasmo obtendo

um olhar de Sean – Sim, vamos –

Respondo

Sean prontamente quebra a

grade, nos possibilitando de sairmos.

Page 13: Cap 7

Folhas de

OUTONOConfesso que nunca havia

pensado de fazer aquilo, talvez pela

minha falta de perspectiva, eu estava

morta, já Sean, estava tão vivo e radiante

em meio as nossas condições, isto fazia

com que a cada minuto me encantasse

ainda mais com aquele garoto.

Ele corre até parar de baixo de

uma enorme arvore frutífera, sobe em

seus galhos e apanha alguns frutos

Page 14: Cap 7

Folhas de

OUTONO_Bom, coma – Diz Sean

Prontamente saboreio a deliciosa

fruta

_Hum... Deliciosa

E por ali ficamos por alguns

minutos, saboreando aquelas frutas sobre

a luz das estrelas. Confesso que mesmo

o conhecendo a tão pouco tempo – Na

verdade, poucas horas – Me sentia tão

leve em sua companhia, sua fé na vida

me contagiava de certa forma, que, não

há palavras para dizer o que sentia,

apenas sabia que era algo bom.

Page 15: Cap 7

Folhas de

OUTONOSean se levanta, pergunto com

gestos aonde vai, ele me responde com

um aceno, indicando para acompanhá-lo,

é o que faço.

Acabamos na beira de um rio,

Sean mergulho nas águas escuras sem

rodeios

_Venha – Diz Sean

A sua alegria me contagia

novamente, mergulho no rio e então digo

_Você, maluco

_Mim, maluco? Mim, feliz –

Responde Sean, me tirando o fôlego.

Page 16: Cap 7

Folhas de

OUTONOAquele dia talvez fosse o mais

especial de minha vida, Sean com certeza

era um exemplo de fé e determinação que

eu devia seguir, meu coração,

quebrantado estava sendo reconstruído

com a amizade que sentia por ele.

O sol já estava no horizonte, o

tempo havia passado tão rápido, que nem

havia percebido

Page 17: Cap 7

Folhas de

OUTONO_Sean, vamos, eles já irão abrir

a senzala! – Digo nervosa, já saindo da

água, Sean faz o mesmo

Prontamente saímos correndo,

em direção a senzala. Chegando lá,

percebemos que já era tarde demais,

Rasul havia tentado nos proteger, mas os

capatazes do senhor Mackenzie já

haviam descoberto nossa fuga.

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