Acta Scientiae Veterinariae

ISSN: 1678-0345

ActaSciVet@ufrgs.br

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Brasil

Cabrera Dalto, André Gustavo; Albornoz, Luiz; Sieczkowisky Gonzalez, Paula Cristina; Gobbi de

Bitencourt, Ana Paula; Carloto Gomes, Danilo; Ocampos Pedroso, Pedro Miguel; Mota Bandarra,

Paulo

Intoxicação por organofosforados em bezerros no Uruguai

Acta Scientiae Veterinariae, vol. 39, núm. 3, 2011, pp. 1-4

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Porto Alegre, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=289022038012

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Acta Scientiae Veter inariae, 2011. 39(3) : 983.Acta Scientiae Veter inariae, 2011. 39(3) : 983.Acta Scientiae Veter inariae, 2011. 39(3) : 983.Acta Scientiae Veter inariae, 2011. 39(3) : 983.Acta Scientiae Veter inariae, 2011. 39(3) : 983.

CASE REPORTP u b . 9 8 3P u b . 9 8 3P u b . 9 8 3P u b . 9 8 3P u b . 9 8 3

ISSN 1679-9216 (Online)

Received: February 2011 www.ufrgs.br/actavet Accepted: April 2011

1Setor de Patologia Veterinária (SPV), Departamento de Patologia Clínica Veterinária, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do RioGrande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil. 2M.V. autônomo, Florida-Uruguai. 3Mestranda, Hospital de Clínicas Veterinárias (HCV)-UFRGS, Porto Alegre, RS. CORRESPONDÊNCIA: A. Dalto [andredalto@yahoo.com.br - +55 (51) 3308-6107] Faculdade de Veterinária,UFRGS. Av. Bento Gonçalves n. 9090, Bairro Agronomia, CEP 91540-000 Porto Alegre, RS, Brasil.

Intoxicação por organofosforados em bezerros no UruguaiIntoxicação por organofosforados em bezerros no UruguaiIntoxicação por organofosforados em bezerros no UruguaiIntoxicação por organofosforados em bezerros no UruguaiIntoxicação por organofosforados em bezerros no Uruguai

Organophosphate poisoning in Calves in Uruguay

André Gustavo Cabrera DaltoAndré Gustavo Cabrera DaltoAndré Gustavo Cabrera DaltoAndré Gustavo Cabrera DaltoAndré Gustavo Cabrera Dalto11111, Luiz Albornoz, Luiz Albornoz, Luiz Albornoz, Luiz Albornoz, Luiz Albornoz22222, Paula Cristina Sieczkowisky Gonzalez, Paula Cristina Sieczkowisky Gonzalez, Paula Cristina Sieczkowisky Gonzalez, Paula Cristina Sieczkowisky Gonzalez, Paula Cristina Sieczkowisky Gonzalez33333, Ana Paula, Ana Paula, Ana Paula, Ana Paula, Ana PaulaGobbi de BitencourtGobbi de BitencourtGobbi de BitencourtGobbi de BitencourtGobbi de Bitencourt11111, Danilo Carloto Gomes, Danilo Carloto Gomes, Danilo Carloto Gomes, Danilo Carloto Gomes, Danilo Carloto Gomes11111, Pedro Miguel Ocampos Pedroso, Pedro Miguel Ocampos Pedroso, Pedro Miguel Ocampos Pedroso, Pedro Miguel Ocampos Pedroso, Pedro Miguel Ocampos Pedroso11111 & Paulo Mota & Paulo Mota & Paulo Mota & Paulo Mota & Paulo Mota

BandarraBandarraBandarraBandarraBandarra11111

ABSTRACT

Background: Organophosphate compounds are used worldwide in animal agriculture as pesticides, inseticides and herbicides.The inappropriate use of these anticholinesterasic agents may cause poisoning, apart of great economic losses. Organophosphatepoisoning may affect all animal species. Organophosphate overdose induce increase in tissue acetylcholine content and,therefore, enhanced parasympathetic and post-ganglionic sympathetic nerve activities. The toxic effects are shown as muscarinic,nicotinic and central nervous system signs. The muscarinic signs are characterized by increased peristaltism, salivation,lacrimation, nasal discharge, bronchial constrition, miosis and sudoresis, among others. The nicotinic signs are mainly locomotorsigns and include muscular tremors, weakness, and flaccid paralysis. The effects on the central nervous system includeinquietation, ataxia, convulsions, depression and coma. Minimal differences may be seen in the diseases caused by differentcompounds; nevertheless, the route of administration may facilitate the exacerbation of some signs instead of others.Case: This paper report an outbreak of organophosphate poisoning in calves. The disease occurred in a dairy farm located inFlorida, Uruguay and affected female Holstein 15-day-old calves. The main owner complaints were apathy, standing difficultyand sialorrhea. Seven out of twenty calves presented neurological signs such as incoordination and sternal recumbency. Theclinical examination revealed prostration, lacrimation, tongue protusion, muscular weakness and miosis. At anamnesis, theprevious application, in the day before, of a pour-on inseticide was noticed. The composition of the commercial product wasethion (15%), which is an insecticide organophosphate widely used as an antiparasitic drug. Affected animals were treatedwith intravenous atropine sulfate 1% (0.50 mg/kg) and sodium chloride 0.9%. Atropine sulfate is a potent parasympatholyticagent that inhibits the effects of acetylcholine at the postganglionic parasympathetic neuroeffector junctions. Ten minutesafter the treatment, most calves showed an improvement in health status. Only one calf needed two extra doses at 1-hourintervals to recuperate. The presumptive diagnosis was based on the clinical findings and supported by depressed bloodcholinesterase level.Discussion: The rapid therapeutic response of affected animals to specific treatment also supports the hypothesis. The outcomeof this outbreak relies in the aggressive approach of the team and adequate treatment choice. In spite of other differentialdiagnosis possibilities such as poisoning by carbamate and pyrethroid, the clinical findings, laboratory result and therapeuticresponse allowed us to attribute this outbreak to the misuse of organophosphate. The key to an excellent outcome, whendealing with organophosphate poisoning, is immediate treatment.

Keywords: poisoning, organophosphates, calves, Uruguay.

Descritores: Intoxicação, organofosforados, bezerras, Uruguai.

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INTRODUÇÃO

Organofosforados são agentesanticolinesterásicos muito utilizados no meioagropecuário, como antiparasitário ou inseticida [2-4,6]. São substâncias lipossolúveis de fácil absorçãopor toda superfície corporal e, principalmente, pelotrato gastrointestinal, pele, pulmão e olhos. Sua açãodá-se através da inibição irreversível daacetilcolinesterase, enzima que inativa a acetilcolina.Consequentemente, seu acúmulo na fenda sinápticadetermina aumento no número de despolarizações,o que ocasiona paralisia espástica. De acordo com adose, pode haver ação ectoparasiticida ou tóxica [2,8].Quadros de intoxicações podem ocorrer em qualquerespécie animal e já foram descritos em bovinos [5],bubalinos [6], ovinos [13] e humanos [1]. Umasuperdosagem provoca aumento da acetilcolina nostecidos e na atividade do sistema nervosoparassimpático, bem como dos nervos colinérgicospós–ganglionares do sistema nervoso simpático dosmamíferos [8]. Os efeitos tóxicos são evidenciadospelos efeitos muscarínicos e nicotínicos. Os efeitosmuscarínicos provocam aumento no peristaltismo,salivação, constrição brônquica, aumento da secre-ção de muco, miose e sudorese. Os efeitos nicotínicosocasionam tremores, fraqueza e paralisia flácida[2,3,5]. Podem ocorrer, também, alterações no siste-ma nervoso central através de convulsões, depressãoe coma [7,8]. O diagnóstico no animal vivo é reali-zado através da análise da enzima colinesterase nosangue e nos tecidos, ou por cromatografia, a partirde conteúdo do rúmen e do abomaso [9,10]. O obje-tivo do presente trabalho foi relatar um surto de into-xicação por organofosforados em bezerros no Uru-guai, com enfoque no quadro clínico e no tratamen-to realizado.

RELATO DE CASO

Uma propriedade de gado leiteiro, de ciclocompleto, localizada na região de Florida, no Uru-guai requisitou serviço veterinário em março de 2008.Dados referentes ao histórico e dados clínicos foramadquiridos com o proprietário.

Os animais acometidos eram bezerras da raçaholandesa, com 15 dias de idade. As principais quei-xas do proprietário foram apatia generalizada, difi-culdade em manter posição de estação e sialorreia.Durante a anamnese, foi constatada a utilização no

dia anterior à visita do veterinário, de um inseticidapour-on, composto de ethion 15%, o qual é umantiparasitário do grupo dos organofosforados. Aoexame clínico, os animais estavam prostrados, comsecreção ocular mucosa (Figura 1), protrusão de lín-gua, sialorreia, fraqueza muscular (Figuras 2 e 3) emiose. Os animais acometidos foram medicados com

Figura 3. Bezerro intoxicado com organofosforado apresentandofraqueza muscular e dificuldade de se levantar.

Figura 2. Bezerro intoxicado com organofosforado em decúbitoesternal permanente e com protrusão de língua.

Figura 1. Bezerro intoxicado com organofosforado apresentandosecreção ocular mucosa.

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sulfato de atropina 1% endovenoso, na dose de 0,50mg/kg e fluidoterapia de suporte. Dez minutos apóso tratamento, observou-se melhora generalizada dosanimais. Apenas uma bezerra necessitou de mais duasdoses de sulfato de atropina, a intervalos de uma hora,para se recuperar (Figura 4). A dosagem de acetil-colinesterase no sangue de uma bezerra foi de 1.196U/L; enquanto que os valores de referência normalpara a espécie variam entre 5.000 e 13.000 U/L.

parasitas. Em função dos sinais clínicos e histórico,estabeleceu-se tratamento com sulfato de atropina 1%que inibe os efeitos produzidos pela acetilcolina. Foiutilizada uma dose alta de sulfato de atropina e a rá-pida resposta ao tratamento auxiliou na confirmaçãodo diagnóstico. Os valores de referência normais deenzima acetilcolinesterase para bovinos variam en-tre 5.000 e 13.000 U/L. A dosagem observada nosangue de uma das bezerras envolvidas no surto foi1.196 U/L; portanto, uma baixa considerável nos ní-veis sanguíneos da enzima. Apesar de existirem ou-tros compostos que causam intoxicações que cursamcom sinais clínicos semelhantes, tais como carba-matos e piretroides, os achados clínicos (anamnese esinais), a resposta terapêutica e a dosagem deacetilcolinesterase caracterizaram o surto de intoxi-cação por organofosforados.

Organofosforados são amplamente utilizadospor criadores de bovinos e relatos de intoxicaçõespor essas substâncias são frequentes, principalmenteem animais jovens [8]. Devido ao caráter agudo quea doença geralmente assume, a mortalidade é usual-mente alta. No caso descrito, os animais foram trata-dos imediatamente após o início do aparecimento dossinais clínicos e, portanto, todos se recuperaram, oque ratifica que o sucesso na tentativa de salvar ani-mais intoxicados por organofosforados depende dotratamento imediato.

Declaration of interest. The authors report no conflicts ofinterest. The authors alone are responsible for the contentand writing of the paper.

Figura 4. Bezerro intoxicado com organofosforado de pé, após trata-mento com sulfato de atropina.

DISCUSSÃO

Os sinais clínicos sugeriam que os animaisestavam acometidos por uma intoxicação e, àanamnese, verificou-se a utilização de ethion que éum organofosforado usado no combate a ecto-

REFERÊNCIAS

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