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CANTEIRO DE OBRA SUSTENTÁVEL: ESTUDO DE
EMPREENDIMENTO DO MUNICÍPIO DE ARARAQUARA/SP
Raíssa Gregório Melhado Graduando em Engenharia Civil, UNIARA, Araraquara-SP, e-mail: raissamelhado@gmail,com
Orientadora: Profa. Dra Luci Sartori, UNIARA, Araraquara-SP, e-mail: [email protected]
Resumo: Uma das grandes preocupações da sociedade atualmente é a sustentabilidade devido a
degradação ambiental. A construção civil é uma das áreas que mais causam os impactos
ambientais, seja na execução da obra e, até mesmo, após a obra concluída, quando não utiliza
materiais e métodos que possam minimizar esse impacto. O objetivo deste trabalho é a
verificação, visando os conceitos de sustentabilidade, em um empreendimento no Município de
Araraquara. Desta forma, através da revisão bibliográfica, buscou-se conceitos sobre
sustentabilidade, canteiros de obras sustentáveis, realizando uma pesquisa sobre os
regulamentos e incentivos públicos que dizem respeito a sustentabilidade. Foi escolhido como
objeto de estudo, um empreendimento que indicasse conceitos de sustentabilidade empregados
no canteiro de obras da mesma.
Palavras-chave: Sustentabilidade. Canteiro de Obras. Medidas Sustentáveis.
SITE OF SUSTAINABLE WORKS: STUDY OF A DEVELOPMENT IN THE
MUNICIPALITY OF ARARAQUARA/SP
Abstract: One of society's biggest concerns today is sustainability due to environmental
degradation. Civil construction is one of the areas that most cause environmental impacts, both
in the execution of the work and even after the work is completed, when it does not use
materials and methods that can minimize this impact. The objective of this work is the
verification, aiming the concepts of sustainability, in an enterprise in the Municipality of
Araraquara. In this way, through the bibliographic review, we looked for concepts on
sustainability, sustainable construction sites, conducting a research on the regulations and
public incentives that concern sustainability. It was chosen as object of study, an enterprise that
indicated concepts of sustainability employed in the construction site of the same.
Key-words: Sustainability. Construction site. Environmental impacts.
.
2
1 INTRODUÇÃO
A construção civil sempre foi uma das maiores causadoras dos impactos ambientais pois
caracteriza um dos setores que mais consomem os recursos naturais. Segundo o Instituto
Brasileiro de Desenvolvimento de Arquitetura, anualmente cerca de 35% dos materiais
extraídos da natureza são destinados a construção civil, contribuindo assim com a degradação
ambiental.
Uma das maneiras de minimizar os impactos causados pela construção civil ao meio
ambiente é a utilização de métodos e materiais sustentáveis nas obras, o que acarreta na
diminuição de resíduos durante a execução da mesma e após a obra concluída. (CORRÊA,
2009, p.33)
A busca pela redução do consumo e utilização consciente dos recursos naturais devem
ser focadas nos projetos afim de se tornarem mais eficientes. A pratica sustentável na
construção civil está crescente, com isso se tem cada vez mais obras executadas e planejadas
visando a sustentabilidade, contribuindo com uma menor geração de resíduos durante sua
execução; onde a edificação tenha um bom desempenho; consuma o volume necessário de água
e energia; que preserve o máximo possível de área verde; e que no seu ciclo final possa ser
reaproveitada. (CÂMARA DA INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2008, p.7).
O canteiro de obras, foco deste trabalho, é um dos grandes contribuintes dos impactos
negativos ao meio ambiente. Assim, o estudo apresenta as ações sustentáveis implantadas em
um canteiro de obras visando a melhoria não apenas para o empreendimento, mas para toda a
sociedade.
1.1 Justificativa
Segundo Gehlen (2009 p. 3) canteiro de obras é onde as pessoas e instalações (recursos
transformadores) processam a matéria-prima (recursos a serem transformados) em bens e
serviços (produtos). Porém, esse processo de transformação gera impactos ambientais, sociais e
educacionais.
A escolha deste tema consiste em abordar a importância dos canteiros de obras terem
medidas sustentáveis, a fim de diminuir cada vez mais os impactos causados pela construção
civil ao meio ambiente, sem que isso prejudique a qualidade da obra. Este trabalho pretende
mostrar que a preocupação com o meio ambiente é algo que existe dentro da construção civil e
que estão sendo tomadas medidas para a diminuição desse impacto como a elaboração de
projetos como o Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC), normas
técnicas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, leis federais e
municipais a fim de incentivar cada vez mais a busca por medidas sustentáveis.
Deve-se lembrar que alguns dos materiais que são extraídos da natureza utilizados na
construção civil já estão escassos devido ao grande consumo desses recursos naturais e a
melhor maneira de combater a sua falta é, além da preservação, a utilização de métodos
sustentáveis principalmente no canteiro de obras diminuindo o desperdício de materiais gerado
na etapa de construção da obra. (GEHLEN, 2008, p. 43)
3
1.2 Objetivos
Este trabalho tem como objetivo verificar, através dos conceitos de sustentabilidade, os
métodos aplicados no canteiro de obras de um empreendimento no Município de Araraquara,
com foco na gestão dos resíduos sólidos, diminuição dos recursos como água e energia elétrica
e diminuição dos impactos ambientais causados durante a construção de um empreendimento.
1.3 Problema e Hipótese de Pesquisa
Como o canteiro de obras é um dos setores da construção civil onde há maior impacto
ambiental negativo, foi necessário implantar medidas sustentáveis para minimizar esses
impactos.
Assim, a implantação de medidas sustentáveis no canteiro de obras se tornou um grande
aliado na luta contra a degradação ambiental, buscando diminuir os desperdícios gerados no
canteiro de obras, causar impactos ambientais positivos e colaborar com a sociedade no
âmbito sustentável.
1.4 Metodologia
A metodologia utilizada para o estudo baseia-se em pesquisas em artigos técnicos,
livros e revistas na área da sustentabilidade, pesquisa sobre canteiros de obra sustentável,
pesquisas sobre a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e suas
alterações; Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC); normas
técnicas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas; Lei Federal nº 12305/2010; Decreto
Estadual nº 54645/2009, Lei Municipal nº 6352/2005; bem como, fotos do canteiro de obras do
empreendimento citado no trabalho.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Sustentabilidade
Segundo Nascimento (2012, p.17) podemos assumir a década de 60 como o período que
marca o aumento da consciência ambiental, que ganhou força após a publicação do livro
chamando “Primavera Silenciosa”, escrito por Rachel Carson, que diz respeito sobre a
necessidade de respeitar o meio ambiente para a melhoria de bem estar social.
O conceito de sustentabilidade é proveniente do debate sobre o desenvolvimento
sustentável que ocorreu em 1972 em Estocolmo (Suécia), na primeira Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, onde foram determinados 19 princípios
abordando a necessidade de melhorias do meio ambiente humano e inspirar a população
mundial para a preservação. Porém, a definição mais conhecida foi fundamentada em 1987 pela
Comissão Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como comissão de
Brundtland onde foi lançado o relatório chamado “Nosso Futuro Comum”, que diz:
“Desenvolvimento sustentável implica a satisfação do presente sem comprometer a capacidade
das gerações futuras de suas próprias necessidade”. (NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL -
ONUBR, s/d).
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De acordo com Gonçalvez; Duarte (2006, p. 53) o tema sustentabilidade vem
influenciando diversas abordagens de projeto na arquitetura contemporânea e conta com
iniciativas e exemplos nas mais diversas condições urbanas e ambientais tais como: conforto
ambiental, eficiência energética, recursos como água e energia para a construção e operação do
edifício, são algumas da variáveis com atenção maior na busca para diminuir os impactos
ambientais.
2.2 Construção Sustentável
Segundo Pereira (2009, p.25), foi na Primeira Conferência Mundial Sobre Construção
Sustentável, em 1994, que foi proposto o conceito de construção sustentável, proposto pelo
professor Charles Kibert, que diz que a construção sustentável é empregar a sustentabilidade
nas atividades construtivas, sendo de responsabilidade da industria da construção respeitar os
objetivos e conceitos da sustentabilidade.
De acordo com Brasil (s/d) no âmbito da Agenda 21 para Construção Sustentável em
Países Desenvolvidos surgiu a definição de construção sustentável como: “um processo
holístico que aspira a restauração e manutenção da harmonia entre os ambientes natural e
construído, e a criação de assentamentos que afirmem a dignidade humana e encorajem a
equidade econômica” .
Gonçalvez; Duarte (2006, p.53) diz que toda a vida de uma edificação sustentável se
resume entre projeto, ambiente e tecnologia, conceito ambiental, cultural e socioeconômico,
apurando-se uma visão de longo prazo. Desse modo, os impactos causados pela construção
civil não agridem tanto o meio ambiente, a saúde das pessoas e podendo gerar economia.
Alguns itens são indicados como princípios básicos da construção sustentável, são eles:
Educação ambiental (dos envolvidos no processo); Aproveitar as condições naturais do local;
Introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável; Implantar análise e reduzir os
impactos do entorno; Redução do consumo de energia e água;Utilização mínima do terreno e
integrar-se ao ambiente natural; Qualidade Ambiental externa e interna; Redução, reutilização,
reciclagem e descarte correto dos resíduos sólidos e Gestão sustentável da implantação da obra.
(CÂMARA DA INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL, 2008, p.15).
Para Silva (2003, p.4), a construção civil tem um papel importante para ajudar no
desenvolvimento sustentável pois ela representa a atividade humana que mais contribui com o
impacto ambiental negativo, devido ser a área que mais altera a natureza (além dos recursos que
consome, altera a aparência urbana) e geram resíduos em grandes proporções, podendo causar
efeitos transitórios, persistentes ou permanentes. A redução dos impactos ambientais causados
pela construção civil pode ocorrer com a implementação de políticas rígidas.
Introduzir práticas sustentáveis na construção civil é uma habilidade crescente no
mercado. Mudanças, mesmo que pequenas, podem trazer benefícios sem interferir no custo
final do empreendimento. É preciso adaptação ambiental, probabilidade ecônomica, igualdade
social e a introdução cultural viabilizando os aspectos e impactos ambientais em cada fase da
obra, para que o empreendimento siga no caminho da idéia, implantação e moradia sustentável.
(CORRÊA, 2009, p.21)
2.3 Canteiro de Obras Sustentável
De acordo Soares (2016, p.27 ), a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
em 1991 através da NBR 12284 determina que o canteiro de obras é um conjunto de áreas
5
designadas à execução e suporte dos trabalhos da construção civil, . A NR18 define canteiro de
obras como áreas fixas ou temporárias que geram os procedimentos de auxilio de uma obra, que
diz respeito aos critérios para a aplicação de medidas de prevenção e controle de segurança no
meio ambiente de trabalho na construção civil. (BRASIL, 2015, p.53).
Neuburger (2015, p. 25) diz que a NBR 12284/1991 divide o canteiro de obras entre
duas áreas, sendo elas operacionais, como por exemplo: portaria, deposito de materiais,
almoxarifado, escritório (tarefas ligadas a produção); e de vivência, que tanto a NBR
12284/1991 e a NR18 trazem a mesma classificação que são itens como: vestiário, refeitório,
cozinha, instalações sanitárias (surtem as necessidades humanas básicas).
Frankenfeld (1990) apud Saurin e Formoso (2006 p.17) define o planejamento do
canteiro de obras como esquema da logística das suas instalações de segurança, instalações
provisória, sistema de armazenamento de materiais e movimentação. Segundo os autores, o
processo de planejamento do esquema do canteiro de obras tem como objetivo melhorar o
aproveitamento do espaço físico livre, tendo assim um trabalho mais seguro e hábil.
Segundo Gehlen, para um canteiro de obras ser considerado sustentável não basta
apenas o planejamento e programação das medidas ambientais, sociais, econômicas,
educacionais e culturais; é necessário essas medidas estarem presentes no dia a dia da obra. A
autora ainda cita as ações que contribuem com a implantação de um canteiro sustentável, são
elas:
Projeto de Gestão ambiental - Tem o objetivo de minimizar os impactos ambientais em
todas as etapas da construção, estabelecendo metas e padrões a serem seguidos.
Compra responsável - Garantir que tanto os fornecedores, como os prestadores de serviços
utilizam processos limpos de fabricação e não utilizem mão de obra escrava nos processos.
Relação com a comunidade - Não causar transtornos a vizinhança, seja no controle de
emissão de fumaças tóxicas, ruídos ou no congestionamento do tráfego ao redor da obra.
Gestão de saúde e segurança ocupacional - Prevenção de acidentes com os colaboradores.
Projeto de Gestão da Qualidade - Verificação de serviços executados de acordo com as
normas garantindo qualidade ao final da obra.
Redução das perdas de materiais - Verificação dos materiais que podem ser reutilizados,
utilizar as sobras de materiais que podem ser utilizados sem danificar a qualidade da obra,
cuidado no recebimento e armazenamento dos materiais e instruir os colaboradores para
que executem com qualidade os procedimentos evitando resserviço.
Gestão de resíduos sólidos - Separação, quantificação, armazenamento e destinação correta
dos resíduos gerados na obra, seguindo as orientações da resolução 307/2002 do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
Uso e ocupação do solo (implantação do canteiro de obras) - Aproveitar o canteiro da
melhor maneira possível, evitando longos deslocamentos e minimizar impactos
ambientais.
Consumo de água - Prevenção contra vazamentos, substituição de equipamentos com
desgastes, reaproveitamento da água da chuva.
Consumo de energia e transporte - Utilização de luz natural, e ao que diz respeito ao
transporte incentivar o uso de bicicletas.
Conservação de fauna e flora local - Preservar as áreas verdes no entorno do local.
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Educação ambiental dos colaboradores - Orientar os colaboradores sobre os itens tratados
acima.
2.4 Regulamentos e Normas
Para Brum (2013, p.23) o que provoca sérios impactos urbanos e no meio ambiente é a
falta de gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil (RCC), onde acarretam impactos
negativos que agridem o meio ambiente (contaminação do solo), a sociedade (descarte irregular
causando transtornos a vizinhança) e a economia (gastos com limpeza de terrenos). O autor
também diz que foram criadas normas, regulamentos e resoluções para contribuir e auxiliar no
gerenciamento do RCC.
A Resolução do CONAMA 307 de 5 de Julho de 2002 diz respeito as diretrizes,
procedimentos e critérios para a gestão do RCC, afim de diminuir os impactos negativos
gerados pela construção civil, e sempre que possível não gerar resíduos, porém caso isso não
seja possível que os resíduos gerados possam ser reduzidos, reciclados ou reutilizados e seja
descartado corretamente. (BRUM, 2013, p.28).
O Artigo 2 da Resolução 307/2002 do CONAMA traz as seguintes definições:
RCC - Todo material procedente de reformas, demolições, reparos ou construções;
Geradores - Todo colaborador que posa gerar algum tipo de resíduo descrito nesta
resolução;
Transportadores - Todo colaborador responsável pela coleta e transporte dos resíduos até o
local de destinação correta;
Agregado reciclado - Material proveniente de resíduos da construção;
Gerenciamento de Resíduos - Incluir métodos e medidas para reduzir, reciclar e reutilizar
resíduos;
Reutilização - Utilizar novamente um resíduo
Reciclagem - Reutilizar um resíduo que foi modificado;
Beneficiamento - Processo de submeter um resíduo a ser utilizado como produto ou
matéria-prima;
Aterro de RCC - Local de acomodação dos RCC, onde possa ser armazenado para ser
reutilizado sem casar danos ao meio ambiente;
Áreas de destinação de Resíduos - Local final de destinação dos resíduos.
Segundo Ramos (2015, p.7) os resíduos gerados na construção civil devem ter sua
destinação final correta, de acordo com a resolução do CONAMA 307/2002, evitando todo tipo
de contaminação, sendo separados de acordo com a classificação, que é separada pelas classes
A, B, C e D.
A classificação dos resíduos para destinação, de acordo com a Resolução 307/2002 do
CONAMA seguem na tabela 1; com alterações na classe D pela resolução 348/2004, que agora
contém a informação que os resíduos da classe D são prejudiciais a saúde e inclui as telhas de
amianto como um desses materiais e nas classes B e C pela resolução 431/2011 onde inclui o
gesso como um resíduo de classe B e não mais de classe C. (BRUM, 2013, p.30 e 31). Em 2015
7
a Resolução 307/2002 sofreu outra alteração dada pela resolução 469/2015 do CONAMA que
inclui as embalagens de tintas imobiliárias vazias como resíduos de classe B. (BRASIL, 2015)
Tabela 1 - Classificação e destinação dos resíduos
Descrição Classe A Classe B Classe C Classe D
Classificação Resíduos recicláveis ou
reutilizáveis para a
construção
Resíduos recicláveis
com outra destinação
sem ser a construção
Resíduos que ainda não
possuem um método
viável de reciclagem
Resíduos perigosos que
possam ocasionar
contaminação
Destinação Reutilizar ou reciclar
como agregado, ou encaminhar ao aterros
de resíduos classe A
para serem utilizados
futuramente
Reutiliza, reciclar ou
encaminhar para armazenamentos
temporários para serem
utilizados ou reciclados
Armazenar, transportar
e destinar de acordo
com as normas técnicas
Armazenar, transportar
e destinar de acordo
com as normas técnicas
Fonte: Própria - Dados adaptados da Resolução 307/2002, 348/2004, 431/2011 e 469/2015 do CONAMA
Em 18 de janeiro de 2012 a Resolução 307/2002 do CONAMA sofre uma alteração que
adota o gerenciamento de resíduos sólidos como uma das suas definições da nova resolução, a
Resolução 448/2012 do CONAMA. Essa alteração foi feita devido as exigências da Lei nº
12.305, de agosto de 2010. Com essa alteração o antigo Projeto de Gerenciamento de Resíduos
da Construção Civil passa a ser chamado de Plano de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil (PGRCC), mantendo as suas diretrizes de organizar os processos de gestão
dos resíduos de forma correta ambientalmente, seguindo as orientações de identificação e
quantificações dos resíduos; separação dos resíduos de acordo com sua classificação; acomodar
os resíduos em local protegido até que seja feita o transporte dos resíduos; ser feito o transporte
corretamente de acordo com as normas e a destinação dos resíduos deverão seguir de acordo
com a resolução. (BRASIL, 2012).
Segundo Cruz, Andrade e Cruz (s/d, p.5) diz que o PGRCC apresenta não apenas os
métodos de como implantar o projetos, mas também o acompanhamento desses métodos, tendo
como aliada a educação ambiental dos colaboradores para conscientizar sobre os problemas que
afetam o meio ambiente afim de minimizar os impactos ambientais negativos gerados no
canteiro de obras.
A Lei Federal 12.305 de 2 de agosto de 2010 estabelece a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, alterando a Lei 9.605/1998. A Lei 12.305 diz respeito aos pincípios, objetivos,
instrumentos e diretrizes para o gerenciamento dos resíduos sólidos, incluindo a
responsabilidade de cada setor (geradores e poder público). (BRASIL, 2010).
Os Princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos são: Prevenção e precaução;
Poluidor-pagador e protetor-recebedor; Visão que considere as variáveis ambiental,
social,cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; Desenvolvimento sustentável;
Ecoeficiência; Cooperação entre setor empresarial e os outros segmentos; Responsabilidade
compartilhada; Analise dos resíduos reutilizáveis e recicláveis; Respeitar as diversidades
regionais; Direito da sociedade ao controle social e informação; Sensatez e equilíbrio.
(BRASIL, 2010).
Como objetivos da Política Nacional de Resíduos, temos: Qualidade ambiental e
proteção da saúde pública; Reduzir, reutilizar, reciclar e tratar os resíduos sólidos; Incentivo as
praticas sustentáveis; Utilização de tecnologias que diminuam os impactos ambientais; Reduzir
o volume dos resíduos perigosos; Incentivo a reciclagem; Gestão dos resíduos sólidos;
Integração entre o poder público e o setor empresarial cooperando com a gestão dos resíduos
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sólidos; Capacitação ma área de resíduos sólidos; Inclusão de mecanismos gerenciais e
econômicos para garantir a sustentabilidade operacional e financeira; Prioridade para produtos
recicláveis ou reciclado, serviços com padrões de consumo social e sustentável; Inclusão dos
colaboradores que fazem a retirada dos materiais recicláveis nas ações que compartilhadas;
Incentivo da avaliação do ciclo de vida do produto; Incentivo ao sistema de gestão ambiental e
empresarial; Incentivo ao consumo sustentável. (BRASIL, 2010).
A Lei Federal 12.305 ainda diz que deve ser seguida uma ordem de prioridade no
gerenciamento e gestão dos resíduos sólidos, que seria, nessa ordem: não gerar, reduzir,
reutilizar, reciclar, tratar os resíduos sólidos e a destinação final ambientalmente correta dos
rejeitos. (BRASIL, 2010).
Anteriormente a Lei Federal 12.305/2010, no estado de São Paulo, foi regimentado o
Decreto Estadual 54.645 de 05 de Agosto de 2009 que regulamenta os dispositivos da Lei
12.300/2006, a qual institui a Política Estadual de Resíduos Sólidos que são documentos que
apresentam as ações a serem tomadas com relação a gestão de resíduos sólidos nos contextos
regional e estadual. (SÃO PAULO, 2006).
Do âmbito Municipal, em Araraquara, a Lei que institui a gestão dos resíduos
volumosos e dos resíduos da construção civil é a Lei Municipal nº 6352/2005, que também
institui o Plano Municipal de Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil.
(ARARAQUARA, 2005).
De acordo com Brum (2013, p.36), além da Resolução 307/2002 do CONAMA, a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou algumas normas que colaboram
com a implantação de métodos que possam minimizar os impactos ambientais negativos
gerados pela construção civil.
Tabela 2 - Normas Técnicas
Ano Norma Descrição
1990 NBR 11174: Armazenamento de resíduos classes II - não
inertes e III - inertes
Cita as condições de armazenamento para resíduos classe
II (não inertes) e classe III (inertes) afim de proteger a
saúde publica e o meio ambiente.
2004 NBR 10004: Resíduos sólidos – Classificação Cita como classificar os resíduos sólidos de acordo com o potencial de risco que possa gerar para a saúde publica ou
meu ambiente.
2004 NBR 15112: Resíduos da construção civil e resíduos volumosos - Área de transbordo e triagem - Diretrizes para
projeto, implantação e operação.
Cita como devem ser as áreas de transbordo e triagem dos
resíduos de acordo com sua classe.
2004 NBR 15113: Resíduos sólidos da construção civil e resíduos
inertes – Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e
operação.
Cita como deve ser preparado o local para receber os
resíduos classe A.
2004 NBR 15114: Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de
reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e
operação.
Cita como deve ser o isolamento da área Procedimentos
para isolamento da área e para o recebimento, triagem e
processamento de resíduos de Classe A.
2004 NBR 15115: Agregados reciclados de resíduos sólidos da
construção civil – Execução de camadas de pavimentação
– Procedimentos.
Cita as características, condições de uso e controle dos
agregados na execução de base, sub base, reforço do sub
leito e revestimento primário.
2004 NBR 15116: Agregados reciclados de resíduos sólidos da
construção civil – Utilização em pavimentação e preparo de
Cita as características, condições de produção e condições
par uso dos agregados em concreto e pavimentação sem
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concreto sem função estrutural – Requisitos. função estrutural.
2005 NBR 15215: Iluminação Natural - Conceitos básicos e
definições.
Cita maneiras de como podem ser feita a utilização da
iluminação natural.
2007 NBR 15527: Água de chuva - Aproveitamento de coberturas
em áreas urbanas para fins não potáveis - Requisitos.
Cita como a água da chuva pode ser reutilizada, de maneira
não potável, após tratada adequadamente.
Fonte: Adaptado de Brum, 2013.
A Resolução do CONAMA nº 275 de 2001 regulamenta as cores para serem adotadas
para identificar os diferentes tipos de resíduos, facilitando a separação, coleta e transportes. A
separação ficou da seguinte forma: Azul - papel/papelão; Vermelho - plástico; Verde - vidro;
Amarelo - metal; Preto - madeira; Laranja - resíduos perigosos; Branco - resíduos de serviço de
saúde; Roxo - resíduos radioativos; Marrom - resíduos orgânicos; Cinza - resíduos gerais não
recicláveis, misturados ou contaminados que não é possível ser feita a separação. (BRASIL,
2001).
3 DESENVOLVIMENTO
O trabalho é referente a uma pesquisa feita em campo, em um empreendimento no
Município de Araraquara - SP, para verificar as medidas sustentáveis que foram empregadas no
canteiro de obras desse empreendimento afim de minimizar os impactos negativos causados ao
meio ambiente.
A partir da revisão bibliográfica foram verificadas as medidas sustentáveis que são
empregadas no canteiro de obras do empreendimento e quais poderiam ser implantadas a fim de
proporcionar a sustentabilidade no canteiro.As medidas verificadas foram:
Gestão ambiental.
Auditorias mensais para verificação e avaliação das medidas ambientais implantadas no
empreendimento.
Compra de materiais com fornecedores de confiança, madeira com certificado.
Comunidade no entorno da obra
Teste de emissão de fumaça em veículos que circulam no canteiro de obras.
Preservação das áreas verdes no entorno e dentro do empreendimento.
Limpeza e organização do canteiro de obras.
Incentivo a meios de locomoção menos poluentes.
Colaboradores
Educação ambiental dos colaboradores.
Prevenção de acidentes.
Cartazes e placas informativas espalhadas pela obra.
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Evitar longos deslocamentos no canteiro.
Redução Perdas
Redução de perdas através da reciclagem, reutilização e redução.
Material liberado na quantidade que será utilizado, sem excessos.
Armazenagem e estocagem dos materiais.
Resíduos Sólidos e Perigosos
PGRCC.
Separação dos resíduos.
Local de armazenamento dos resíduos sólidos e perigosos.
Destinação correta dos resíduos.
Reaproveitamento de Água
Captação e reaproveitamento da água da chuva
Reaproveitamento da água do lavatório
Destinação da água do caminhão betoneira.
Energia Elétrica
Utilização de luz natural
4 RESULTADOS
No presente trabalho foi realizado o estudo em um empreendimento no município de
Araraquara.
Foi analisados os itens e meios sustentáveis implantados no canteiro de obras do
empreendimento para diminuição do impacto ambiental.
4.1 Gestão Ambiental
O empreendimento passa por auditorias mensais, onde são avaliados os itens ambientais
implantados no canteiro. Além dos itens verificados no canteiro, também são analisadas as
documentações ambientais, relatórios de descartes de materiais recicláveis, consumo de água,
energia e descarte de entulhos do empreendimento no mês anterior e todo e qualquer
documento relacionado a gestão ambiental do empreendimento.
Todo material que é entregue na obra passa por conferencia pelo almoxarife. É
conferido quantidade, cor, tipo, entre outra informações, e também verifica se o que foi
entregue está de acordo com o material solicitado. No caso dos materiais de origem florestais
(madeiras) para ser entregue e recebida no empreendimento é necessário ter o Documento de
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Origem Florestal (DOF), comprovando a legalidade da compra, do transporte e armazenamento
do material, caso contrário o material não é aceito.
O empreendimento possui um procedimento interno para cada tipo de serviço que é
feito local. As orientações e determinações dos procedimentos devem ser seguidas para que a
obra seja construída com qualidade. E, assim como os itens ambientais, os procedimentos de
cada serviço também passam por auditorias mensalmente.
4.2 Comunidade no entorno da obra
O empreendimento fica em uma região onde ao redor não possui outras construções,
portanto não possui vizinhos próximo ao local que possam ser incomodados com o barulho, ou
tenha problema com a circulação dos veículos. Com relação a poluição do ar o controle feito no
empreendimento é através da medição de emissão de fumaça preta provenientes dos veículos
que circulam no canteiro de obra e que possuem motor a diesel é feito. A medição é feita através
do cartão de índice de fumaça tipo Ringelmann reduzida (Figura 1).
Figura 1 - Índice de fumaça tipo Ringelmann reduzida.
Fonte: própria
O teste é feito assim que veículo entra no canteiro pela primeira vez e posteriormente a
cada três meses. A escala possui seis padrões que variam entre os tons cinza claro e preto. Como
a medição é feita a cada três meses, para poder ter o controle dos veículos aprovados, é
colocado uma etiqueta (Figura 2) no veículo de identificação e a etiqueta é trocada a cada nova
medição.
Figura 2 - Etiqueta de controle de emissão de fumaça.
Fonte: Própria
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As áreas verdes no entorno do empreendimento foram preservadas e conservadas, e
dentro do empreendimento possui áreas verdes, impermeáveis e um jardim feito com
ferramentas e equipamentos de segurança que seriam descartados. (figura 3).
Figura 3 - Áreas verdes frente e dentro do empreendimento e jardim feito com materiais de descarte.
Fonte: Própria
Visando incentivar o uso de meios de transportes menos poluentes, o empreendimento
possui um bicicletário (Figura 4).
Figura 4: Bicicletário.
Fonte: Própria
4.3 Reaproveitamento de água
O empreendimento possui no canteiro um local específico para decantação da água do
caminhão betoneira (Figura 5). Essa água é reaproveitada na limpeza das calçadas do canteiro
de obras.
Possui um sistema de captação de água pluvial (Figura 6), onde essa água é utilizada
para regar a horta e também limpeza do refeitório e área de vivência do canteiro de obras.
No banheiro masculino possui um sistema de reutilização da água do lavatório para o
mictório (Figura 7). Todas as medidas citadas acima servem para diminuir o consumo de água
no local.
Figura 5 - Local de decantação da água do caminhão betoneira
13
Fonte: Própria
Figura 6 - Captação de água da chuva
Fonte: Própria
Figura 7: Reutilização da água do lavatório para o mictório
Fonte: Própria
4.4 Educação Ambiental dos Colaboradores
Todo colaborador que é contratado,antes mesmo de ir para o canteiro de obras, faz o
curso da NR18, sobre a segurança e medidas preventivas de acidentes no canteiro, sobre as
atividades que cada um irá exercer de acordo com sua função e também são orientados sobre
segregação dos materiais, desperdícios, e outras orientações ambientais. Após o ingresso do
colaborador no canteiro, ao menos uma vez por semana é feita novas orientações sobre diversos
temas ligados ao meio ambiente, não apenas sobre o canteiro, mas também orientações e
informações que possam levar para fora do canteiro de obra abrangendo assim o alcance dessas
informações e contribuindo para uma melhoria na qualidade de vida da população.
Em todo canteiro de obra possui cartazes espalhados com orientações ambientais, local
para descarte de cada tipo de material, sobre economia (de água, energia e materiais) e de
14
segurança afim de orientar os colaboradores. São orientados também sobre a execução correta e
com qualidade dos serviços diminuindo assim o reserviço e, consequentemente, diminuindo o
desperdício de materiais.
A distribuição dos locais para descarte são feitos de acordo com a necessidade da obra,
afim de evitar longos deslocamentos pelos colaboradores.
4.5 Economia de Energia Elétrica
O barracão provisório onde foi instalado o refeitório dos colaboradores possui aberturas
na parte superior e em alguns pontos das laterais foram utilizadas telas que permitem tanto a
entrada de iluminação natural, como também a entrada de ventilação, contribuindo assim com a
economia de energia.
Figura 8: Barracão com iluminação e ventilação natural.
Fonte: Própria
4.6 Redução de Perdas de Materiais e armazenamento
A entrega de materiais e equipamentos é feita na quantidade necessária para o
colaborador trabalhar durante aquele dia (ou pelo menos na primeira parte do dia). A liberação
de materiais é controlada para evitar despercício e gasto excessivo do mesmo.
Quando ocorre sobra de concreto no caminhão betoneira é utilizado para fazer tampas
das caixas de passagem (Figura 9), evitando assim o despercício do material.
Tanto as molduras das caixas de passagem quanto os apoios dos bags são feitos com
madeiras reutilizadas. Os apoios dos bags podem ser movimentados de acordo com a
necessidade da obra, para evitar longos deslocamentos pelos colaboradores.
Figura 9: Aproveitamento da sobra de concreto e reaproveitamento da madeira.
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Fonte: Própria
Assim como os procedimentos de serviço, o armazanameto dos materiais também
seguem um documento interno da empresa de acordo com as normas para cada produto. Os
materiais são armazenados em barracões provisórios onde alguns deles foram feitos com
madeiras reaproveitadas e outros de latão.
O cimento e a argamassa são armazenados em um desses barracões (Figura 10) e são
colocados em palhetes evitando o contato com o solo, sol, chuva e umidade. O local possui
ventilação e o empilhamento máximo é feito do cimento é com dez sacos e da argamassa com
20 (sacos de 20Kg), caso tenha mais de um lote do mesmo cimento ou argamassa, são
empilhados separadamente (cada lote em uma pilha). Devido o barracão onde o cimento fica
armazenado ser de latão não corre risco de pegar umidade, portanto não tem problema ficar
encostado na parede do barracão. Todos os materiais armazenados no canteiro possuem
identificação. Em alguns materiais essa identificação constam com informações da data de
fabricação, data de validade, lote, tonalidade e toda outra informação necessária para manter a
qualidade do serviço no canteiro.
Figura 10: Armazenamento de cimento e argamassa.
Fonte: Própria.
Os materiais inflamáveis são armazenados separadamente dos outro materiais para
evitar qualquer tipo de acidente. Os desmoldantes são armazenados em local impermeabilizado
e apenas os funcionários autorizados e com treinamento de como manusear corretamente o
material tem acesso ao local de armazenamento, também possui o kit mitigação onde evita a
contaminação caso o desmoldante caia no solo. (Figura 11).
Figura 11 - Funcionários autorizados manuseando o desmoldante.
Fonte Própria
16
Todo material que possui origem química, podendo causar algum dano a saúde, junto ao
seu local de armazenamento é anexada a Ficha de Informação de Segurança de Produtos
Químicos (FISPQ) para orientar os colaboradores a maneira correta de manusear o produto
ou,caso ocorra algum acidente, para orientar como neutralizar o risco a saúde.
4.7 Resíduos Sólidos da Construção Civil
Seguindo a determinação da Resolução 307 de 2002 do CONAMA, o empreendimento
possui Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC). É o PGRCC quem
dita como deve ser feita a segregação de cada tipo de material, faz uma estimativa da
quantidade de cada tipo de resíduo que será descartado, como deve ser feito o condicionamento
e transporte desses resíduos.
A coleta do material reciclável da categoria A (papel, metal, plástico) no
empreendimento é feita por uma cooperativa do município. É a própria cooperativa quem
disponibiliza os bags (Figura 12)onde são feitos os descartes. Além dos bags, a obra também
conta baias provisórias e com caçambas, onde é feito o descarte de alguns materiais classe B
que a cooperativa não recolhe e de materiais classe C (Figura 13), tendo eles sua destinação
correta. Todos os locais de descartes possuem identificação e, como já citado acima, os
colaboradores são orientados sobre os locais de descarte.
Os materiais da classe B, que caso não for reutilizado ou reciclado deve ser armazenado
temporariamente até ser entregue para reciclagem, e os de classe C (no caso da imagem são
materiais classe C - mix) devem ser encaminhado a aterros de materiais de categoria C, como
determina a Resolução 307 de 2002 do CONAMA. Cada tipo de material é descartado em uma
baia. bag ou caçamba devidamente identificada.
Figura 12: Bag e baia para descarte de material reciclável, Material classe B.
Fonte: Própria
Figura 13: Caçambas de descartes identificadas com materiais classe B e classe C.
Fonte: Própria
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Quando é feita a troca das caçambas é entregue no canteiro de obra, para um
responsável, o Comprovante de Transporte de Resíduos (CTR) que é anexado aos documentos
ambientais para ser contabilizado nas auditorias. O material retirado pela cooperativa é
contabilizado através do certificado enviado pela mesma mensalmente e também é anexado
junto com as CTR’s de acordo com o previsto no PGRCC.
A limpeza do canteiro é feita com frequência, mantendo o local limpo e organizado.
4.8 Observações das medidas sustentáveis aplicadas no canteiro de obras
As medidas sustentáveis aplicadas no canteiro de obra é verificada e acompanhada
diariamente por um responsável que também orienta os colaboradores e inclui essas medidas
sustentáveis no canteiro. Apesar das orientações alguns colaboradores acabam fazendo o
descarte de resíduos de modo incorreto, misturando os resíduos.
Como já citado acima, os materiais são armazenados de acordo com os documentos
internos da empresa que respeitam as orientações das normas vigente de armazenagem de cada
tipo de material e o armazenamento é feito corretamente de acordo com o solicitado no
documento da empresa. Todos os materiais armazenados ficam em locais impermeabilizados
evitando a contaminação do solo e os materiais inflamáveis ficam separados dos outros
materiais diminuindo assim o risco de qualquer tipo de acidente ou contaminação.
Apesar de não ter moradias no entorno do empreendimento é feito o controle de emissão
de fumaça preta e são tomados todos os cuidados necessários quanto ao armazenamento,
manuseio e descarte dos produtos que possam causar danos ambientais. Possui bicicletário para
os colaboradores, visando não contribuir negativamente com o impacto ambiental. Uma grande
parte dos colaboradores utilizam meios de transporte coletivo (ônibus ou vans) contribuindo
assim com o impacto positivo para o meio ambiente ajudando na diminuição do efeito estufa e
emissão do dióxido de carbono.
A empresa possui medidas reaproveitamento de água (da chuva, do lavatório e
decantação) que ajudam na redução e economia do consumo final de água. E assim como
medidas para reduzir o consumo de água, possui um sistema de iluminação natural, ventilação
natural e cartazes informativos que contribuem para a diminuição do consumo de energia
elétrica.
A retirada dos materiais de classe B são feitos por uma cooperativa da cidade uma vez
por semana. Já as trocas as caçambas necessitam estar cheias para solicitar a troca.
Apesar das orientações diárias e treinamentos semanais, foi constatado que no canteiro
alguns materiais ainda são descartados de forma incorreta, ou em baias de descarte de outros
materiais.
O canteiro é mantido limpo, porém foi verificado que alguns copos descartáveis são
deixados espalhados e jogados em qualquer canto do canteiro.
Para que não ocorra nenhum tipo de acidente envolvendo os veículos que circulam
dentro do canteiro possuem placas com orientações da velocidade máxima permitida no local.
5 CONCLUSÃO
Com o desenvolvimento do presente trabalho, pode-se concluir que atualmente existe
uma grande preocupação na área de engenharia civil com relação aos impactos ambientais
18
negativos que são gerados no canteiro de obras. A maior parte desses impactos negativos
ocorrem devido aos desperdícios de materiais, poluição sonora, do ar, do solo e o consumo de
energia e água.
É necessário estudar, planejar e executar as orientações e meios para que sejam
minimizados os impactos ambientais negativos, assim como o a elaboração do PGRCC, antes
do início da construção. Mas não basta apenas planejar e executar, é necessário que seja feito o
acompanhamento até o final da obra contribuindo com a diminuição da degradação ambiental
mas sem prejudicar a qualidade da obra e colaborando com a sociedade.
A diminuição no consumo de água e energia resulta não apenas na economia financeira
que a empresa possa ter, mas também na redução da utilização dos recursos hídricos, que é um
dos recursos naturais que mais é utilizado na construção civil e é necessário evitar ao máximo o
seu desperdício.
A contaminação do solo por produtos perigosos é um dos agravantes que podem ocorrer
em um canteiroe para que isso não ocorra é necessário que esses produtos sejam manuseados,
armazenados e transportados da maneira correta para que não ocorra nenhum tipo de
vazamento, ou algo do tipo, que contamine o solo onde, posteriormente, pode contaminar o sub
solo ou até mesmo a água.
Implantar medidas sustentáveis em um canteiro de obras não traz benefícios apenas ao
empreendimento gerando economia, é uma prática que beneficia a sociedade como um todo e, a
longo e curto prazo, faz diferença positiva para o meio ambiente.
Portanto é de grande importância a colaboração de todos que trabalham no canteiro de
obra para que as medidas sustentáveis implantadas no canteiro funcionem corretamente,
economizando, minimizando os desperdícios e incômodos que são gerados durante a obra e que
as informações recebidas sobre sustentabilidades sejam levadas e colocadas em prática também
fora dos canteiros.
6 REFERÊNCIAS
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Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
providências. Brasília, 2010.
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de 25 de abril de 2001. Estabelece o código das cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser
adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas
para a coleta seletiva. Brasil, 2001.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução CONAMA nº 307,
de 5 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos
resíduos da construção civil. Brasil, 2002.
19
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução CONAMA nº 348,
de 16 de agosto de 2004. Altera a Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002,
incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos. Brasil, 2004.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução CONAMA nº 431,
de 24 de maio de 2011. Altera o artigo 3º da Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de
2002, estabelecendo nova classificação para o gesso. Brasil, 2011.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução CONAMA nº 448,
de 18 de janeiro de 2012. Altera os artigos 2º, 4°, 5°, 6°, 8°, 9°, 10° e 11° da Resolução
CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002. Brasil, 2012.
BRASIL, Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução CONAMA nº 469,
de 29 de Julho de 2015.Altera a Resolução CONAMA nº 307, de 5 de Julho de 2002, que
estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.
Brasil, 2015.
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