canoa furada

5/6/2018 CANOA FURADA - slidepdf.com

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ErcilioErcilio Ribeiro OliveiraRibeiro Oliveira

Canoa Furadanoa FuradaA Lei é a Trilha, Jesus é o Destino.



1 | A Lei é a Trilha, Jesus é o Destino.

Canoa FuradaCanoa Furada

Canoa Furada© Ercilio Ribeiro Oliveira1ª Edição (relançamento)

ISBN 978-85-912162-0-8

Coordenação EditorialClube de Autores

RevisãoBruna Magalhães Oliveira

CapaNúbia Borges das Neves Mendes

Proibida a reprodução por quaisquer meios sem o consentimentoprévio e por escrito do autor, salvo em breves citações e

com a indicação da fonte.



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Sinopse

Deus não se limita ao quarto fechado para falarconosco. Ele fala em todo o tempo. Nestes dois últimosanos, muito conteúdo chegou a mim num supermercado,no arfar de uma corrida ou no trânsito. Para alguns, areclusão do quarto fechado (Mateus 6.6) éexperimentada de forma pouco convencional.

Na verdade, um livro nunca fica realmente pronto(ou fica pronto várias vezes). Perguntaram a um escritorpor que ele publicou seu texto. Ele respondeu que o fezpara parar de escrevê-lo. De fato é assim. Escrever é

como explorar uma mansão, quando abrimos uma portapensando que é o último cômodo, outras portas nosavisam que não é.

Quando embarcamos numa canoa é porquedecidimos atravessar um rio, um lago, um mar. Natravessia, poderemos ser surpreendidos se a canoaestiver furada, e provavelmente não chegaremos aodestino. Mesmo pequeno, o furo ameaça a certeza dechegar onde se deseja.

Canoa furada lembra problema, precariedade,insegurança, falta de cuidado e de conhecimento;engano, escolha errada. Quando alguém se envolve nummau negócio, diz que embarcou numa canoa furada.

Por isso, antes de embarcar, devemos ter certezade que a embarcação poderá nos levar aonde queremos




chegar. Depois que se está num rio cheio de jacarésfamintos, onde o perigo é real, descobrir um buraco bemno meio do barco piora muito as coisas.

Um melhor entendimento sobre as questões davida, experiências marcantes com o Espírito Santo eaprimoramentos na interpretação das Escrituras foramfruto de mentes questionadoras que ousaram perguntar"por que", para não se verem numa canoa furada. Seousarmos perguntar "por que", poderemos encontrarrespostas que nos mostrarão o quanto podemosmelhorar nossos mais elevados conceitos.

Este livro procura demonstrar que algumastradições religiosas cristalizadas têm atuado comoanteparo empoeirado entre Deus e o homem. Algunsmecanismos da religião prometem aproximação deDeus, porém obscurecem o seu caráter, municiando-nos

de uma imagem distorcida do PAI.Somente estando em Cristo alcançamos a

excelência da Lei e satisfazemos a condição de Deus.Buscar méritos em justiça própria é como tentar cruzarum rio caudaloso numa canoa furada.



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Dedicatória

Meus profundos agradecimentos aos meus pais,Sandra e Luiz. Minha mãe chegou bravamente à 4ª sérieprimária e foi convidada por meu avô a dar um tempo -

para sempre - com a escola, para ajudar em casa. Desdemuito cedo, eles sempre fizeram questão de gastardinheiro com livros e largá-los em minhas mãos.

À minha esposa, psicóloga Maria Cláudia, pelacompreensão e doação do seu tempo comigo em favordeste trabalho. Às minhas filhas, Bruna, Gabriela e Aline,pela inspiração. Sem que soubessem, DEUS as usou deforma especial para diversos trechos. Se no final de tudoeu tiver conseguido ensinar a elas, pelo menos, que serdiscípulo de JESUS é muito mais do que seguir umareligião, já terá valido a pena ter passado por aqui.

Aos pastores Alfinito, Chinelato e Edson, meusconselheiros e exemplos de vida prática com JESUS, cada

um no seu estilo. Vocês não fazem ideia do quanto foramimportantes nesse processo.

Em silêncio, ao Excelso DEUS, por cada instante deminha existência. Não há como expressar seja o que foracerca do PAI de forma realmente adequada. Por isso,nem vou tentar. Folgo na certeza de que Ele vê ocoração.



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Sumário

1 – Por quê 152 – Identificando a Religião 373 – A importância do asceticismo 59

4 – Finalidades do asceticismo 675 – Origem do asceticismo 736 – Exemplos na Bíblia 777 – A Graça e o asceticismo 998 – Rejeitando a superficialidade 1519 – Sem fé é impossível agradar a

Deus

199

10 – Um pouco de fermento… 209



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Apresentação

No caminho de alguns escritores, encontramosmuitas letras que foram compiladas em parágrafos.Parágrafos que refletem conceitos pessoais sem a

amplitude necessária que possibilite uma reflexãoprofunda sobre o ser, o ter e o saber.

Lemos nas Escrituras que um dos filhos dosprofetas saiu a apanhar ervas para ser feito um grandecaldo, num tempo de grande fome que assolou a terra.Infelizmente, não houve critério para a escolha das ervase, para surpresa de todos, havia veneno no caldo dosprofetas. Eliseu, então, mandou que fosse jogada farinhapara cortar o veneno que havia na alimentação.

Sem usar o fato de conhecer o caráter e a vida doilustre escritor deste tratado e sem me deter em elogiospessoais ao meu amigo e irmão Ercilio, concito aoquerido leitor que se desarme de conceitos pessoais,

para permitir que estes parágrafos o levem a umareflexão madura e desprovida de pretextos, e produzamo esclarecimento de fatos que precisamos compreender.

Navegue nas águas deste livro. Suas linhastraduzem o desejo do adorador, do servo de DEUS, em jogar farinha em muitos caldos que estão envenenadose, acima de tudo, chegar diante dAquele que é por todose sobre todos, sem que se corra o risco de embarcar




numa Canoa Furada.

O SENHOR te abençoe!

Boa Leitura.Pastor Edson da SilvaCo-pastor da Igreja Batista Atos de VidaBrasília - DF



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Prefácio

Surpreendi-me agradavelmente em um belo diadesses abençoados por DEUS, com um convite especial doamigo e irmão Ercilio Ribeiro Oliveira. Ele se dedicou a

estudar por algum tempo a respeito do jejum e solicitou-me que fizesse o prefácio. Senti-me honrado com aopção dele, dentre tantas pessoas capacitadas pararealizar tal tarefa, mas por outro lado confesso que bateuem meu coração a consciência e, consequentemente,um sentimento, de que a responsabilidade erasobremodo expressiva. Isso porque, quando Ercilio sededica ao estudo de um assunto, pode ter certeza deque sua pesquisa e reflexões certamente serãosuficientemente abrangentes e capazes de levar o leitora meditar uma, duas e muitas outras vezes acerca daliteratura por ele produzida. Ao examinar o texto finalverifiquei que sua amplitude transcendia a abordagem

exclusiva do jejum.Com a intenção de embasar suas ponderações e

permitir que o leitor tivesse uma maior compreensão dasdimensões do texto produzido, Ercilio assumiu comcoragem o questionamento de pontos importantes paraaqueles que realmente desejam ter e manter umrelacionamento verdadeiro com DEUS. Nesse sentido, fazuma análise de conceitos e costumes da vida devocional,




da fé em DEUS, do que vem a ser igreja e suas doutrinas,enfim como convivemos com o sistema religioso em quesomos envolvidos e nem sempre percebemos suas

distorções em relação à orientação de DEUS em SuaPalavra e ao verdadeiro relacionamento em amor com oPAI, seu Filho JESUS CRISTO e os irmãos na fé. Todavia, suamaior ênfase é no tema do ascetismo ou asceticismoreligioso e sua eficácia no período da dispensação dagraça, tempo da Igreja do SENHOR JESUS CRISTO na face da Terra.

Os ascéticos defendem um estilo de vida austero,definem suas práticas como virtuosas e as perseguemcom o objetivo de adquirir uma grande espiritualidade. Éa chamada Teologia do Sacrifício que, distorcidamente,defende a tese de que somente se chegará a DEUS e dElese receberá graça divina se a pessoa se submeter a

abstenções de comida e bebida e/ou a sofrimentos nocorpo. Ora, viver dessa forma é deixar de reconhecer osacrifício completo e suficiente de JESUS CRISTO na cruz docalvário, como Cordeiro de DEUS, possibilitando que, pelagraça de DEUS e mediante a fé, o homem pudesse serreconciliado com DEUS. De outro ângulo e considerandofundamentalmente a luz que nos traz as EscriturasSagradas, até que ponto esse comportamento ascéticoproduz verdadeiramente aproximação da presença deDEUS e capacita a pessoa a receber o poder espiritual queEle designa, por Sua exclusiva decisão, ao crente noSENHOR JESUS CRISTO? Praticar uma vida ascética não seria omesmo que tentar adquirir mérito próprio para crescer

espiritualmente e receber poder divino? Não estaria umapessoa ascética querendo conquistar a condição de



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“santo” pelos seus esforços individuais? E a graça deDEUS onde estaria? Essas e outras questões sãorespondidas com fundamentos e contundência pelo

autor. Portanto, atente no texto para as abordagens arespeito da importância do asceticismo, das suasfinalidades, da sua origem, dos exemplos registrados naBíblia Sagrada e como o asceticismo necessita servislumbrado no tempo da graça.

A abstinência, o jejum e/ou a submissão do corpo a

sacrifícios constituem-se em prática cuja discussão ébastante controversa teologicamente. Há aqueles que adefendem para todas as demandas que requeiram aobtenção de bênçãos e vitórias, particularmente quandose tratam de batalhas espirituais. Segundo esses, seexistem desafios ou lutas, o mais indicado é abster-se dealimentos por um período de tempo, porque o corpo

estará fragilizado e o “poder de DEUS se aperfeiçoa nafraqueza”. Outras correntes entendem que o jejum é amelhor forma de estreitar a intimidade com DEUS. Paraestes, a unção vem por intermédio do jejum. Também seencontram posições que privilegiam o jejum escolhidopor DEUS, que valoriza a compaixão e a misericórdia com

os desvalidos. Há ainda o grupo dos que não mais jejuame nem sacrificam seus corpos e tem fortes razões paratal postura, pois os discípulos de JESUS usufruem dapresença do Espírito de CRISTO em suas vidas e, assimsendo, se sentem afinados espiritualmente com o SENHOR e guiados por Ele. Enfim, por essas e outras visõespercebe-se quão importante é a meditação a respeito do

assunto.O autor deslinda várias posições encontradas,




associando as razões do ascetismo no contexto da velhaaliança e desnuda o assunto na visão da nova aliança,sempre buscando uma discussão ampla e ao mesmo

tempo enfática. Ao final, toca na graça, na fé e no poderda oração dos filhos de DEUS. Ao fazer isso, Erciliofundamenta com fontes e opiniões relevantes, quetraduzem uma necessidade pessoal de melhor elucidarpontos de vista, trazer à tona questões pouco exploradasno meio teológico e contribuir com abordagens própriasde quem se preocupa em levar a sério o ser discípulo doSENHOR JESUS CRISTO.

Recomendo a leitura atenta e reflexiva do texto,por sua oportuna e notória contribuição. Digo mais,quem quer evitar a banalização do Evangelho e aobservância de orientações da igreja local sem avalbíblico, deve abrir seu coração e navegar nas águas por

onde Ercilio nadou na profundidade.

Soli Deo gloria!Pastor Dr. Helio Alfinito Junior1 Igreja Batista RestaurarBrasília - DF

1 Graduado em Administração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Doutor emMinistério pela Faculdade Teológica Sul Americana (Paraná), conferencista e palestrante em

seminários e encontros locais e nacionais. Atualmente, desenvolve trabalhos de inclusão socialvoltados para as cidades do entorno de Brasília. É professor no Seminário Teológico Evangélico doBrasil – STEB, nas áreas de Liderança Espiritual e Gestão Eclesiástica, e de Marketing eComunicação na Igreja. Autor do livro "Abençoados para Abençoar", lançado em 2008 pelaEditora Palavra.



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Essa pergunta incomoda uns e é uma música aos

ouvidos de outros. Ela nasce de uma crítica e busca umaresposta que a satisfaça. Em geral, quem gosta deperguntar por que parece gostar de interagir com outrosde mesmo gosto. Na poesia de Lewis Carroll, pássaros demesma plumagem voam juntos.

Quem pergunta por que faz crítica, não está

satisfeito com os elementos que tem, quer entendermelhor, quer ampliar a visão. A crítica é um filtro, umaponderação, um modo de ver e de sentir, uma análise,um juízo.

Um conselheiro disse: sempre coloque uma críticaentre dois elogios. Suspeito que esse conselho tenha umvício. Criticar tem sido sinônimo de falar mal; esse é o

vício. Nem toda crítica produz um deslouvor, e paraelogiar é preciso criticar. Tanto o elogio quanto odeslouvor nascem de uma crítica. Criticar, sobretudo, éanalisar.

Infelizmente, muitas pessoas não perguntam e nãocriticam porque se veem fora do problema. Parece haver

a percepção de que as situações são imutáveis, e pornão acreditarem que as coisas podem ser diferentes e,

1Por quê?




melhor, que podem influir no processo, às vezesdesistem de analisar e fazer perguntas.

Talvez este venha a ser mais um livro na sua

estante; mais um que você vai ler que não lhe causaráqualquer impacto (embora eu duvide). Ele não traz, defato, nada realmente novo, nada que intuitivamente jánão conhecíamos ou ouvimos falar. Mas, repetindoOsmar Ludovico, que apresentou o livro “O EvangelhoMaltrapilho” na versão em português, espero que estematerial possa ajudá-lo a corrigir os rumos de suaperegrinação interior, desconstruindo qualquer imagemdefeituosa internalizada de DEUS, para encontrar o DEUS da Graça e do amor. Saiba que em face do amorincondicional de DEUS, podemos desconstruir a imagemenganosa que possamos ter de nós mesmos, baseadaem justiça própria, para encontrar nosso verdadeiro eu.

Então, vamos em frente. Quando uma classe estátotalmente em silêncio, o professor pode deduzir queocorre uma das duas situações: ou os alunos estãoassimilando tudo e por isso não há perguntas, ou osalunos não estão compreendendo nem o necessário paraformular perguntas. Infelizmente, a segunda opção temsido a que mais ocorre. Para formular perguntas épreciso ter apreendido pelo menos parte do problema eas perguntas virão apenas para ampliar a compreensão.

Isso nos revela um fato preocupante. Se não temhavido perguntas (porquês), é sinal de que os indivíduospodem estar compreendendo as situações cada vezmenos. Essa indisposição para perguntar expõe as

pessoas a grandes perigos. Perigo de ser manipulado,enganado, roubado, abusado, violentado. E ainda de se



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tornar vulnerável, alienado, superficial, ingênuo, alvofácil, massa de manobra.

Estamos na era da informação. Na Internet pode-se

pesquisar qualquer coisa. Um determinado site traduzqualquer texto para quase todos os idiomas, inclusivecom áudio. As crianças aprendem a usar o computadorantes de ler e escrever. Para aqueles que dispensam ocheiro e a textura de um livro novo, qualquer obra podeser encontrada nos sebos reais e virtuais, por preços

simbólicos e até gratuitos. O conhecimento está maisacessível do que nunca. Por que então somos tãoingênuos com os ardis dos mais espertos? Comoestamos sempre interagindo com pessoas e sistemasneste mundo competitivo, onde o mais fraco sempreestá em desvantagem, as vulnerabilidades ficam maisem relevo quando está presente a má-fé e o instinto de

sobrevivência, que faz com que alguém tente obtervantagem sobre outro a partir de seus pontos fracos edaquilo que se supõe que o outro não saiba.

Depois de ponderar sobre isso acabamosconcluindo que as pessoas que fazem mais perguntassão menos vulneráveis. Por quê? Porque quem faz

perguntas geralmente encontra respostas. Quemencontra respostas, ainda que provisórias, torna-se maisesclarecido, por ter mais informações e conhecimento.Quem tem mais informações compreende melhor e podeargumentar melhor. Quem argumenta melhor protege-sedos fraudulentos. Por quê? Porque os fraudulentoscontam com a inépcia, com a passividade intelectual,

com a ingenuidade, com a falta de conhecimento ou coma religiosidade mecânica das pessoas.




Uma vez me perguntaram por que construir umaponte sobre um rio. Respondi que é para que as pessoascheguem ao outro lado. Mas esta não era a resposta

certa. Esta seria a resposta para a pergunta para queconstruir uma ponte sobre um rio? Tentei novamente erespondi: Para facilitar a chegada à outra margem.Novamente errei. Minhas respostas pareciam corretas,mas errei porque me preocupei em fundamentar aresposta a partir do resultado da construção da ponte(finalidade), quando eu deveria ter considerado aorigem do problema que determinou a construção daponte.

Por fim, acabei descobrindo que uma ponte éconstruída sobre um rio simplesmente por causa do rio.A finalidade é alcançar a outra margem, o que pode serfeito também em um barco ou a nado. Mas em qualquer

dessas alternativas, a origem do problema estarápresente: o rio.

Assim também pode ocorrer em se tratando denossa vida devocional, daquilo que fazemos em relaçãoà nossa fé, à igreja, a DEUS, às doutrinas que seguimos, àBíblia, aos pregadores, aos nossos líderes, ao sistemareligioso. Normalmente nos fixamos na finalidade dascoisas e não no problema. Quantas necessidades nos sãoapresentadas (e é comum tentarem nos convencer deque precisamos disso ou daquilo), para justificar asolução que eles mesmos oferecem?

A origem? A verdade? Essa aí se tornou poucoimportante, podendo assumir formas convenientes, para

justificar os meios e os fins.Por isso, a verdade incomoda tanto. Ela é



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procurada por aqueles que perguntam por que, comsinceridade de propósitos. JESUS frequentemente iniciavasuas falas dizendo: em verdade vos digo. Até mesmo o

Filho de DEUS, para falar a homens, acostumados comfalsificações, teve de recorrer a esse artifício, e mesmoassim alguns ousaram dizer que ele mentia. JESUS sabiade antemão que a verdade que diria em seguida não seencaixaria nos fins dos seus ouvintes. Foi também porisso que o crucificaram. JESUS, a Verdade, não era

conveniente.A coisa é tão séria que inventaram a mentirabranca e a meia-verdade, que podem ser utilizadas,digamos, por amor, para não ofender. Mas onde está averdade? Ela pode estar em toda parte e em lugarnenhum, dependendo do que estamos procurando.Somente o Espírito Santo pode nos conduzir com

segurança para encontrá-la.

Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiaráa toda a verdade. Não falará de si mesmo; falaráapenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está porvir. (João 16.13 NVI)

No tocante à postura frente a novas informações e

ideias, podemos dizer que existem basicamente trêstipos de pessoas: As conservadoras, as liberais e asmoderadas.

As conservadoras são pouquíssimo tolerantes cominformações que têm potencial de modificar seu universode valores e crenças. Sentem-se seguras assim, em suaszonas de conforto. Suas mentes se assemelham a murosde proteção, resistentes a ameaças. Os conservadores



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julgam todas as coisas, mas retêm somente aquilo com oque já concordavam.

As liberais, por sua vez, são bastante tolerantes

com inovações. São suscetíveis a novidades e mudançascom certa facilidade. Não só estão dispostas a negociarseus conceitos, como estão sempre em busca de novosconceitos. Para estas, a zona de conforto é monótona erepresenta estagnação. Suas mentes se assemelham aesponjas altamente absorventes. Os liberais julgam

superficialmente as coisas e retêm tudo.Por fim, as moderadas ficam na interseção econseguem balancear as outras características.Apresentam tolerância relativa a inovações. Possuemopiniões bem formuladas e são firmes em seus pontos devista, porém não os consideram definitivos e os mantêmpermanentemente sobre a mesa. Estão sempre

dispostas a negociar seus conceitos, desde quesubmetidos a algum crivo que seja o mais objetivopossível. Para estas, a zona de conforto é ótima e deveser mantida, mas até o ponto de não bloquear o ganhoque pode vir de novos cenários. Suas mentes seassemelham a muros com portões, que se abrem e se

fecham quando necessário. Os moderados julgam todasas coisas e retêm o que é bom.O ser humano não pode ser tabulado com

exatidão. Estas descrições marcam apenas ascaracterísticas principais das pessoas frente ainformações novas. Existem as ultraconservadoras, asultraliberais, as céticas e as fanáticas, etc. Todas elas

têm suas vantagens e desvantagens, mas é inegável queas mentes moderadas saem na frente no embate dos




desafios que se lhes apresentam, uma vez queconseguem manter o pensamento acessível aaperfeiçoamentos ao mesmo tempo em que não

negociam com tanta facilidade seu universo de valores,permitindo avanços com riscos calculados. O importantenesse momento é compreendermos em que categoriavocê se encontra para estimar o seu esforço para migrarem direção a uma postura mais moderada (se acharnecessário), a fim de que possa se mover de formasegura, permitindo o amadurecimento sem colocar acabeça a prêmio a cada passo que der.

Podemos não concordar com tudo, mas creio quenesse ponto há consenso: tanto a postura irredutívelquanto a que absorve tudo são prejudiciais.

Sempre estaremos expostos a problemas, grandesou pequenos, simples ou complexos, que necessitam de

solução, e a busca pela solução poderá ser encontradano campo natural. Não sendo possível por esse caminho,há que se buscar a solução no campo do sobrenatural.

As questões que envolvem um por que ou um para

quê sempre podem confundir. Este livro poderá ajudá-loa trilhar esse caminho, que possui algumas armadilhas.Espiritualizar tudo nunca foi um caminho sensato. Damesma forma, o ceticismo extremo também se mostrainadequado, porque sempre exclui tudo que está alémdo natural, e é justamente neste campo que DEUS atua.Procurar discernir o mais claramente possível o problemaé sempre o caminho mais acertado na busca da solução.

Qual a origem do problema?

Como, quando e onde surgiu o problema?Qual a solução proposta? É eficaz?



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Qual o fundamento para a aplicação dessasolução?

Essas e outras perguntas são importantes para

boas resoluções.Na Matemática, esse caminho é infalível. No

Direito, apenas válido. Na Teologia e nos assuntos quemexem com nossa espiritualidade, a dificuldade naresolução de problemas é especialmente difícil.

Nesse último âmbito, a falta dos porquês, na

maioria das vezes, se justifica pela autoridade de quemensina. Acreditamos instintivamente que as doutrinas anós transmitidas não podem ser sequer avaliadas sobpena de sermos considerados insurgentes, rebeldes,inconvenientes, indisciplinados ou pouco espirituais,contra a autoridade de quem prega, afinal não se podecontestar o ungido de DEUS. O sistema religioso nos

infundiu que temos de nos submeter a uma castasacerdotal privilegiada que sabe mais e pode mais doque outras. Alguns líderes inclusive se aproveitam dessasuposta prerrogativa para impor suas verdadesparticulares, usando com oportunismo a própria Bíblia,em especial o Salmo 105.15.

Não é difícil concluir o perigo dessa postura. Épreciso ter clareza de que, ao avaliarmos o querecebemos, não estamos contestando a autoridade dequem quer que seja, apenas estamos salvaguardando aautoridade que devemos ter sobre nós mesmos. Osnobres crentes de Beréia agiram assim e foramlouvados. Se abrirmos mão de compreender as questões,

abdicaremos automaticamente de nossa autonomia eescolheremos aceitar irrestritamente o que nos propõem



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(ou impõem), passivamente, aceitando que pensem pornós.

Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda aavidez, examinando as Escrituras todos os dias paraver se as coisas eram, de fato, assim. (Atos 17.11)

O pastor JB Carvalho, da Comunidade das Naçõesem Brasília, argumenta que fomos programados pelaeducação que recebemos, por aquilo que nossos

professores nos ensinaram, pelo que lemos e por aquiloque nossos pais disseram. Existe em nós muitainformação que foi armazenada como memória, mas quenão é fruto de reflexão. Há dados gravados dentro denós que necessitam ser questionados, verificados e, sefor o caso, descartados. Nós desenvolvemos uma forma

básica de pensar que constrói o nosso código de crenças,e quase tudo no que acreditamos foi plantado dentro denosso inconsciente sem qualquer crítica.

As perguntas não precisam ser necessariamenteverbalizadas, audíveis. Não estou sugerindo que nostornemos impertinentes, interrompendo a todo omomento quem está falando, como aquele humorista

que dizia: Gosto de tudo nos seus mínimos detalhes.Refiro-me a perguntas internas, desconfiançassaudáveis, dúvidas que permitimos cultivar até que nosvenham respostas bem fundadas. É a atitude de deixarprovisoriamente tudo de lado até que possa sercompreendido satisfatoriamente.

É como se devêssemos criar em nossas mentes umpurgatório de ideias, onde estas devem ficar por prazo




indeterminado até que sejam filtradas e purificadas.Creio que o apóstolo Paulo tinha isso em mente quandodisse julgai todas as coisas, retende o que é bom2.

Agindo assim, é claro que acabaremos descobrindoque há coisas que jamais compreenderemos, pelo menosnesta vida. Neste caso, teremos de decidir: ou asdesprezamos ou as aceitamos assim mesmo. Mas atéisso tem de ser resultante de uma decisão consciente.

Este livro toca nesse ponto, ao analisar a religião.No meio cristão, especialmente entre os evangélicos,ditos protestantes, muitos desistiram de entender oporquê das coisas, e tem-se negligenciado a própriaBíblia, que é a única regra de fé e prática dessesegmento doutrinário, uma vez que nela está escrito:

... e estai sempre preparados para responder, commansidão e temor, a qualquer que vos pedir a razãoda esperança que há em vós. (I Pedro 3.15)

E não vos conformeis com este mundo, mastransformai-vos pela renovação do vossoentendimento, para que experimenteis qual seja aboa, agradável e perfeita vontade de DEUS. (Romanos12.2)

... para que não sejamos mais meninos inconstantes,levados em roda por todo o vento de doutrina, peloengano dos homens que, com astúcia, enganamfraudulosamente. (Efésios 4.14)

Existem muitos temas que poderíamos tratar paraexemplificar isso e estimular em você o desejo deaprofundamento nas Escrituras. Assim sendo, na

impossibilidade de abordar todos que eu gostaria,

2 I Tessalonicenses 5.21



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procurei por um que fosse realmente interessante e queestá cercado de controvérsias. E foi assim que ascircunstâncias me conduziram ao asceticismo religioso,

sobretudo no Novo Testamento.Em determinado momento, bem mais à frente,

compartilho rapidamente outros temas, mas quase todaa tese deste livro se deteve na compreensão da eficáciado ascetismo na era neotestamentária.

Se você alimenta o desejo de aprender, pesquisar,

ler, perguntar, buscando as respostas no Espírito de DEUS,não somente em oração, mas também por todos osmeios acessíveis, tenho certeza de que não é daquelesque costuma se esconder no ponto de vista alheio,abrindo mão do seu próprio entendimento. Pessoas quetêm preguiça de perguntar – porque dá trabalho buscarrespostas – não leem, não [re]formulam, não crescem,

não realizam. Portanto, ao prosseguir nessa leitura,minha proposta é a mesma que Paulo fez: examinai tudoe retende o bem.

Por favor, não tome este material como verdadeabsoluta, porque ele não é. Ele representa umposicionamento, um entendimento, uma linha de

conduta, e é fruto de minhas observações e experiênciacristã.Repetindo o ilustre pastor Severino Vilarindo Lima:

“O sábio Salomão já advertia sobre a dúbia utilidade dese colocar algo por escrito, dizendo: ... filho meu atenta:não há limite para fazer livros, e o muito estudar éenfado da carne (Eclesiastes 12 :12). De fato, muito do

que se registra por escrito nos dias de hoje tem trazidomais prejuízo do que bem para as pessoas, ou não passa




da produção de papel pintado”.Concordando com ele, mesmo assim decidi orar

nos seguintes termos:

SENHOR, sei da grande dificuldade que é publicar umlivro, especialmente se o escritor é um iniciante numpaís que, sabe-se lá por que, prefere ler autoresnorte-americanos. Por isso, peço-lhe: se o SENHOR quiser fazer destas linhas material útil para cumprirEfésios 4.12, por sua exclusiva misericórdia e poder,crie os meios necessários para publicação. Se não,aceitarei com resignação que este trabalhopermaneça gravado num disquete. Em nome de JESUS,Amém.

Os ouvidos de DEUS não estão agravados, de formaque não ouça as orações que lhe são dirigidas. Por isso,se este livro está em suas mãos, então já sabemos aresposta do PAI.

Por várias vezes quase desisti de ir em frente.Cheguei a achar que minhas conclusões eramequivocadas (e talvez sejam mesmo). Nesse período dedois anos de organização do texto, cheguei a quasedesistir por achar que, na verdade, gostaria de ver o livrosair apenas por vaidade, só para vê-lo nas livrarias esendo comentado por aí.

Não quero ser hipócrita. Confesso que tenho prazerpessoal em saber que este texto está em suas mãos.Creio que mentiria quem dissesse que não sentiria omesmo. Mas, no fundo, meu deleite maior se cumpriráse, de alguma forma, esta tese proporcionar a você,leitor, crescimento e amadurecimento espiritual.

Tomás de Aquino parou de escrever perto do fimda vida porque perdeu todo o gosto por isso. Ele chegouà conclusão de que tudo o que escrevera sobre CRISTO



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parecia palha. Pensando sobre isso, percebi o quantogastamos tempo argumentando sobre alguém que éindefinível no plano humano. Por mais escolhidas e

sábias que possam ser nossas palavras, sempre estarãoaquém de DEUS. O que temos, o que vemos e o queescrevemos sobre DEUS são apenas clarões breves quenos chegam por exclusiva obra do Espírito Santo; isso sede alguma forma edificar a Igreja, caso contrário, nemisso será.

Assim sendo, desejo ardentemente que você sejaabençoado e que suba alguns degraus norelacionamento com o PAI Celestial. Ele é a Verdade. Seeste trabalho for mesmo um lampejo breve da glória deDEUS, isso vai acontecer, pois DEUS pode fazer coisasextraordinárias quando buscamos seus desígnios comdevoção.

FÉ E RAZÃO Por que praticar o asceticismo religioso? Fazemos

bem em considerar esta questão logo de início. Estetrabalho aborda o tema para reflexão e não tem apretensão de exaurir o assunto, mas visa apresentar

ponto de vista mais ortodoxo do tema, procurandooferecer meios ao leitor para melhor responder a estapergunta.

O método fundamentou-se em procurar a prova daverdade, que consiste em submeter o objeto à análiseminuciosa, confrontando fatos, teorias, versões eexperimentos, de forma a afastar toda eventual dúvida

sobre o que se quer provar.No meio militar, existe e estória do soldado do




banco da praça. Conta-se que num quartel criaram umposto de serviço ao lado de um banco de praça, vinte equatro horas por dia. Vários anos se passaram e

ninguém mais sabia a finalidade daquele posto. Pareciaestranho para alguns um soldado diuturnamente no meioda praça. Um dia, alguém resolveu investigar o problemae descobriu que muitos anos antes o comandante haviamandado pintar o banco e temia que alguém sentassenele ainda com a tinta fresca. Por isso, mandou escalarsoldados que se revezassem no plantão. Porém, poralgum motivo, o posto permaneceu depois que a tintasecou. Os anos se passaram, a origem dos fatos seperdeu e deram ao posto outro sentido. O que poderiater durado um ou dois dias, permaneceu e setransformou em tradição.

Da mesma forma, sem nos darmos conta, isso

pode acontecer conosco. Algumas de nossas práticas umdia podem ter tido sentido, mas hoje perderam osignificado original. Porém, permanecem por meratradicionalismo ou mesmo porque lhe demos outrosentido, e o fizemos mecanicamente, sem reflexão.

A questão principal não é se você deve passar afazer ou deixar de fazer alguma coisa; acreditar oudeixar de acreditar em alguma coisa. O objetivo éestimulá-lo a procurar fundamentos que sustentem oque você faz, pensa ou acredita. Se ............, a perguntaé “por que ............?”. De outra forma, se não ............, apergunta é “por que não ............?” (preencha as lacunascom o que quiser). É necessário expulsar do nosso meio

o espírito de religiosidade mecânica para permitir que oEspírito Santo nos conduza à liberdade. A convicção deve



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brotar de dentro e ser resultante de uma posturaautônoma.

Vivemos na era do fast-food, dos caixas-rápidos e

da Internet banda larga (em breve tudo isso tambémserá obsoleto). Depois do clique duplo tudo tem deacontecer em cinco segundos; qualquer tempo alémdesse é uma eternidade. Por isso, muitas vezes tomamosdecisões que não tivemos tempo de elaborar. Não sãoraras as ocasiões em que agimos por intuição e em

busca de resultados instantâneos, que ironicamente aoinvés de nos proporcionarem bem-estar têm-nosroubado a qualidade de vida, inclusive espiritual.

Infelizmente isso inclui o que ouvimos.Normalmente não temos o cuidado de processar asinformações e as assimilamos da forma como arecebemos. Temos a tendência de aceitar o que ouvimos

simplesmente considerando quem está dizendo. Ou seja,não importa o que se diz, contanto que tenhamos boasreferências de quem diz. Damos credibilidade a quemdiz, ao invés de averiguarmos a qualidade do que se diz.Se o ensino vem assinado por alguém, p. ex., com otítulo pastor antes do nome, é fácil passar. O título

pastor tem sido sinônimo de homem ungido e preparadopara toda boa obra, temperado com certa dose daquelainfalibilidade herdada do sistema religioso3. A reforma deLutero não alterou completamente o interior do sistema.Com isso, temos deixado a Bíblia se empoeirar, quandoela é que deve ser o parâmetro principal de validação do

3 A infalibilidade papal é um dogma da teologia católica, que afirma que o papa, quando deliberasolenemente algo em matéria de fé ou moral, ex cathedra, está sempre correto. Na clarificaçãosolene e definitiva destas matérias, acredita-se que o papa é socorrido sobrenaturalmente peloEspírito Santo, que o preserva de todo o erro.



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que devemos tomar como verdade.Devemos honrar nossos líderes. Muitos deles foram

realmente chamados por DEUS para o árduo trabalho que

desenvolvem. Porém, se temos o verdadeiro, temostambém o falso, caso contrário o SENHOR não nos teriadeixado tantas advertências sobre isso4. A mecanicidadede nossos dias tende a nos levar para o místico, parasoluções práticas e fáceis. Os bereanos é que estavamcertos.

Por outro lado, também corremos o risco de ir parao caminho oposto, dando ocasião a uma racionalidadeextremada. Posições radicais sempre são indesejáveis. Avirtude está no equilíbrio. O excesso de lógica eracionalidade também é indesejável. A Dra. LuízaRicotta, notória psicoterapeuta brasileira, ensina que atentativa constante de enquadrar a si mesmo e aos

outros no excesso de lógica e racionalidade acaba nostornando escravos dessa vigilância constante quanto aestar seguindo o que é considerado correto. Emproporções maiores, resulta na diminuição da liberdade,espontaneidade e criatividade, cerceando as iniciativas eexpressões naturais. O uso de lógica excessiva em tudo

repele o universo das emoções, das sensações, dosdesejos e sentimentos, conduzindo à falta desensibilidade e de colorido na vida.

Não é preciso dogmatizar a fé. Dogmatizar éestabelecer um conceito fixo e inflexível de algumacoisa. Dogmatizar a fé significaria rejeitar suas diversasmanifestações e os resultados produzidos por ela. É

muito importante cultivarmos determinados valores e

4 Mateus 7.15, 24.11; II Coríntios 11.13; I João 4.1




crenças que se mantenham constantes. Porém, se essascrenças se tornam rígidas, podemos perder o espaçodestinado à fé. Uma vez que esse espaço desapareça, a

fé evapora. Precisamos ter em mente que DEUS ésoberano e Todo-Poderoso, e sua Graça é multiforme.Não podemos limitá-lo ou controlá-lo.

Portanto, é preciso buscar o equilíbrio. Tanto afalta total de racionalidade quanto a total racionalizaçãoescravizam. Deve-se evitar a todo custo agir de formaautomatizada, sem reflexão, alheios ao que estáacontecendo em volta, sem entendermos a realmotivação de nossas crenças e ações.

Infelizmente ainda resiste no meio cristão a ideiade uma fé absolutamente isolada de qualquer parâmetroobjetivo. A fé não deve e não pode ser reduzida aocampo das vivências pessoais. É necessário que se

busque, sempre, o amparo sistemático das Escrituraspara quaisquer ensinos, com o devido cuidado comconceitos enrijecidos.

É claro que a experiência pessoal materializa o queBíblia diz. O que está na Bíblia tem de serexperimentado. Mas o contrário nem sempre éverdadeiro. Nem sempre a Bíblia respalda a experiênciapessoal. Temos percebido experiências particulares setransformando em doutrina, sem escoramento naPalavra. Em termos de fé, as experiências pessoais sãoimportantes, mas nunca para fundamentar doutrinas. Oponto de partida deve ser sempre o fundamento bíblico,e nunca a experiência particular.

Enganam-se os que colocam a fé e a razão emlados opostos. O que se opõe à fé é a incredulidade, não



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a razão. O que se opõe à razão é o irracional. A Bíblianão é um livro científico e a razão não explica DEUS.Enfim, fé e razão não são opostos, são conceitos

diferentes por natureza.Portanto, podemos combinar esses dois conceitos,

sem conflitá-los. Assim, podemos trabalhar a noção de féirracional (fanatismo) e de racionalidade incrédula(ceticismo), ambas indesejáveis. O equilíbrio se acha nafé racional e inteligente, que nos protege de cair em

ciladas, modismos e ventos de doutrinas. É o que opastor Vilarindo chamaria de poder com sabedoria.Portanto, é importante e perfeitamente admissívelmisturarmos fé e razão, conforme veremos.

Desejai afetuosamente, como meninos novamentenascidos, o leite racional, não falsificado, para que,por ele, vades crescendo. (I Pedro 2.2)

Perceba que o apóstolo Pedro ensinou que o leiteracional é o leite não falsificado, e condicionou ocrescimento à racionalidade. Ora, a procura peloracional, por si só, já evidencia a busca pela verdade.

Antes de Pedro, JESUS já havia advertido: Errais, nãoconhecendo as Escrituras, nem o poder de DEUS5,repetindo o profeta Oseias. Buscar isoladamente oconhecimento das Escrituras é canoa furada, comotambém é um erro a busca pelo poder de DEUS sem oamparo das Escrituras. É preciso um e outro,simultaneamente, visto que são noçõescomplementares.

O que JESUS criticou em Tomé não foi sua

5 Mateus 22.29




racionalidade, que procurou provar a verdade. Areprovação foi para a incredulidade de Tomé, pois bemaventurado é aquele que crê sem ainda ter visto. Ora, se

JESUS já havia dito que voltaria e os seus companheirosapóstolos já o tinham encontrado, o que faltou a Toméfoi fé, e por esse motivo foi exortado pelo SENHOR6.

A ideia de oposição entre fé e razão é antiga.Posidônio (± 1350-51 a.C.) já argumentava que osbárbaros eram dominados pelo sentimento (thymos), aocontrário dos gregos e romanos, que seriam dominadospelo intelecto (logos). Ainda hoje, essa noção errada temsido sustentada por supostos intelectuais incrédulos,com o objetivo de desqualificar os crentes, imputando-lhes fanatismo, ignorância e misticismo, ligando-os àirracionalidade. Muitos consideram o homem que buscaa DEUS como alguém incapaz de conduzir a própria vida,

pouco inteligente e desprovido de um mínimo deconhecimento. Com isso, tentam marginalizar os crentes,sugerindo que somente fracos, ignorantes esupersticiosos precisariam de DEUS e teriam motivaçãopara relacionar-se com ele.

Nas palavras do pastor Ed René Kivitz, Marx eFreud nos convenceram de que, se alguém tem fé, sópode ser um estúpido infantil que espera que um Papaido Céu possa lhe suprir as carências.

Infelizmente, alguns crentes têm se deixado levarpor esse espírito de engano e têm acreditado que fé erazão de fato não são compatíveis. Com isso, têm dadolugar a práticas que não encontram respaldo sistemático

nas Escrituras.

6 João 20.24-29



Canoa Furada | 1

DEUS É IRREFUTÁVEL

O que torna os objetos de estudo aceitáveis ao

crivo racional é a qualidade de serem irrefutáveis. Até afé no Inefável, Eu Sou, Único DEUS Eterno e Todo-Poderoso, precisa apoiar-se, pelo menos, nessas basesirrefutáveis, a saber:

1ª – Ele é o único DEUS Eterno e Todo-Poderoso7;2ª – A sua Palavra não varia, não muda8; e3ª – A sua Palavra é infalível, jamais deixa de se

cumprir9.Se assim não fosse, poderíamos crer em qualquer

coisa com a mesma eficácia. Não deve ser assim.Devemos depositar a nossa fé somente naquilo que podeser crido. DEUS deve ser crido e ser alvo exclusivo denossa fé pela razão de ser ele o único digno de honrá-la.

Como vimos, a fé não pode se subordinar à razão.Mesmo porque fé e razão são noções independentes,que não se sujeitam uma à outra, mas são como irmãs.Por isso, devemos caminhar de mãos dadas à direitacom a fé e à esquerda com a razão. Por que creio emDEUS? Essa é uma pergunta cuja resposta precisa estarmuito clara em nossa mente, sede das decisões.

... e estai sempre preparados para responder, commansidão e temor, a qualquer que vos pedir a razãoda esperança que há em vós. (I Pedro 3.15)

Crer em DEUS é racional, pois ele é irrefutável. Mas

7 Gênesis 17.1, Isaías 43.13 e Hebreus 11.6

8 Tiago 1.17

9 Josué 21.45




também é por fé, pois não o podemos ver com olhosnaturais. A partir dos três pilares irrefutáveis citados éque toda a construção sobre DEUS se faz. Cientistas e

filósofos importantes, de diversas gerações, no mundointeiro, reconheceram a impossibilidade da inexistênciade um ser superior, que subsiste acima do que se podever ou explicar com as faculdades humanas. É claro queesse ser superior é o DEUS Todo-Poderoso, que a Bíbliarevela. A impossibilidade da inexistência de um sersuperior pode parecer uma constatação insignificante,mas não é. Esta conclusão revela-se um passo notório nomeio científico ante a incapacidade de se provarcategoricamente a existência de DEUS. Se se pudesseprovar a existência de DEUS no campo científico, omistério da fé estaria anulado e o Criador estariareduzido ao nível de suas criaturas. O finito jamais

explicará o infinito.Misturar fé é razão não foi difícil para Paulo, que

disse: Porque eu sei em quem tenho crido, e estou certode que é poderoso para guardar o meu depósito, atéàquele dia (II Timóteo 1.12). Havia um conhecimento emPaulo que lhe salvou do perigo de crer em alguémindigno de sua fé. Amuletos, imagens de escultura ousuperstições não podem honrar a nossa fé, porque nadasão.

O CONHECIMENTO HUMANO NÃO EXPLICA DEUS

Não devemos pensar que chegaremos aoconhecimento de DEUS por nossos dotes intelectuais.

Coisas espirituais se discernem espiritualmente.Conhecer DEUS requer percepção que não está nemaquém nem além do intelecto, mas margeia o



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conhecimento das Escrituras. Na verdade, DEUS pode sefazer conhecer até mesmo pela criação, pois todas ascoisas dão testemunho dele10. Portanto, é necessário um

descortinamento que faça as escamas dos olhos caírem.É o que chamamos de iluminação. Todavia, estailuminação tem de estar alinhada com as Escrituras, senão, será inválida.

A fé racional só nos permite aceitar determinadoensino se estiver em perfeita sintonia com as Escrituras.

Só então é que poderá receber qualificativos que o ligama DEUS, caso contrário, será apenas um sonho, um delírio,uma impressão, um feito humano; qualquer coisa, menosalgo procedente de DEUS.

O que sustenta a natureza, o universo? O que nosmantém vivos? Quem pode medir a capacidade deprocessamento do cérebro humano? O que determina a

cadência do coração? Quem faz brotar vida em umasemente seca e morta? Quem faz um embrião semultiplicar sucessivamente e, partindo de uma únicacélula, formar órgãos, tecidos, ossos, enfim, um sercomplexo e inteligente? Como os oceanos não invadem ocontinente? Como as aves migram milhares de

quilômetros, todos os anos, precisamente para osmesmos lugares, sem mapas, sem conhecimento formal?Uma pequena veia no cérebro, da espessura de um

cabelo, rompendo-se, é a morte.A teoria do Big Bang sobre o surgimento do

Universo, o ensaio sobre a transmutação das espécies,de Charles Darwin, e as Ilhas Galápagos não respondem

satisfatoriamente a essas e muitas outras perguntas,

10 Salmo 19.1-4 e Romanos 1.20.




como pretendem desesperadamente alguns agnósticos.Há apenas divagações teóricas bastante confusas, queinfelizmente são ensinadas às nossas crianças na escola

sem que se lhes ofereça, pelo menos, uma alternativa.Na busca por essas respostas, cientistas ficam

embaraçados. A ciência não admite francamente aexistência de um DEUS criador, mas já admite que sejaimpossível que não exista um idealizador que sabia oque estava fazendo quando criou tudo. A perfeitasintonia de como tudo funciona não pode ser umagrande coincidência.

Rejeitar DEUS nada tem a ver com racionalidade, esim com incredulidade. D’outra forma, expoentes nomundo científico, como Albert Einstein, Lineu, Pasteur,Keppler, Copérnico, Newton, Pascal, Da Vinci e muitosoutros seriam inscritos na lista dos irracionais, uma vez

que reconheceram a atuação inegável de um DEUS criador, de inteligência que não se pode medir, nacomplexidade do Universo.

Na verdade, pouco deve nos afetar se esseseminentes homens admitiram ou não a existência de umDEUS criador. Se até hoje nenhum doutor houvesseacolhido esse fato, a Verdade se imporia por si mesma,porque ela está no campo da fé, e não da razão (emboraa razão a possa ratificar, como já tem ocorrido). Todavia,fizemos essa abordagem para demonstrar que sehomens que tiveram o raciocínio vacinado contrasofismas do pensamento aceitaram a existência de umGovernador Supremo, Inteligente e Todo-Poderoso, fica

evidenciado que fé e razão não são incompatíveis.Assim escreveu o padre e filósofo José Artulino



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Besen11: “Olhando as estrelas, imensas e incontáveis,caminhando pelo espaço em velocidades incríveis, numaviagem que há milhões e milhões de anos mantém o

mesmo percurso, sem a mínima alteração, que seriacatastrófica; contemplando a perfeição dos átomos,invisíveis, mas formados de diferentes partes, repetindoa mesma harmonia dos astros; admirando o embriãohumano, quase invisível, mas que já contém todos oselementos que nove meses depois darão origem a uma

bela criança, só nos resta repetir, como o Salmista: ‘ÓSENHOR, nosso DEUS, como é glorioso vosso nome em todoo universo!’ (Salmo 8.1)”.

Nessa linha, também afirmou o astrônomo Arago12:"Tudo obedece a DEUS! São só os homens que lheresistem!"

Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porqueocultaste estas coisas aos sábios e doutores, e asrevelaste aos pequeninos. (Mateus 11.25)

Entendendo isto, o passo seguinte é a aplicaçãoobjetiva de uma fé inteligente, não apenas em relação àexistência de DEUS, mas também em todos os aspectosda vida, em cada doutrina aprendida, gesto epensamento.

O HOMEM E DEUS

As religiões sempre trazem em sua essência oobjetivo de aproximar o homem de um deus, seja ele o

11 Autor de diversos livros, é bacharel em Filosofia, com doutorado em História da Igreja pelaPontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

12 Dominique François-Jean Arago, físico, astrônomo, político e abolicionista francês (1786 –1853).




DEUS verdadeiro ou não. Há milhares de religiões nomundo, mas apenas três são monoteístas, ou seja,admitem tão somente o único DEUS: o Islamismo, o

Judaísmo e o Cristianismo.Existem diferenças espantosas entre as principais

doutrinas religiosas. No Cristianismo evangélico, a BíbliaSagrada é a única regra de fé e prática, e apenas o únicoDEUS, eterno, criador de todas as coisas e pai do SENHOR JESUS CRISTO, é reverenciado e merecedor de toda aadoração e louvor.

Nesse Cristianismo também ocorre o ensino de quese deve mortificar a carne.

Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis aconcupiscência da carne. Porque a carne militacontra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estesse opõem um ao outro, para que não façais o quequereis. (Gálatas 5.16-17)

Assim sendo, na busca de maior aproximação eintimidade com DEUS, o cristão deve ter em conta amortificação da carne, e, para atingir esse objetivo,ensina-se que o crente deve atentar para práticasascéticas.

Em linhas gerais, de acordo com os melhoresdicionários, ascetismo – ou asceticismo – é a moralfilosófica ou religiosa, baseada no desprezo do corpo edas sensações corporais, na qual são refreados osprazeres considerados mundanos, onde se propõe aausteridade com o corpo, e que tende a assegurar, pelossofrimentos físicos, o triunfo do espírito sobre os

instintos e as paixões. A prática ascética mais popular efrequentemente praticada é o jejum.



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Richard Foster13 chega a analisar o que acontececom nosso corpo se jejuarmos, passando pelas intensasdores de cabeça, tonturas, fraqueza e o que ele chama

de dores da fome.Aqueles que praticam um estilo de vida austero

com o corpo definem suas práticas como virtuosas eperseguem o objetivo de adquirir uma grandeespiritualidade. Muitos ascéticos (pessoas que praticamo asceticismo) acreditam que o enlevo da alma ocorre

somente com a purificação do corpo. Para obter acompreensão de uma divindade e encontrar a pazinterior deve-se, nessa linha, praticar a automortificaçãocom rituais de renúncia ao prazer. Os ascéticosdefendem que restrições autoimpostas trazem grandeliberdade em várias áreas da vida, tais como aumentodas habilidades de pensar limpidamente e resistir a

impulsos destrutivos.O jejum, p. ex., é usado de formas variadas e

consiste em diminuir ao máximo a dieta alimentar (àsvezes, excluindo totalmente o alimento), por um períodode tempo pré-determinado. De modo geral, existemmuitos motivos que levam uma pessoa a se abster de

comida, como a greve de fome, jogos de desafio, saúdee vaidade com o corpo. Mas o principal motivo é oreligioso. Além da mortificação da carne, o jejum temsido apontado pelas religiões como um recursoimportante, seja para dar significado à liturgia do culto,tradicionalismo, ritualismo, ideologia ou voto pessoal.Mas a sua principal finalidade tem sido mesmo o

13 In Celebração da Disciplina (Deerfield. Vida, 1983).




aprimoramento espiritual.Hoje em dia, identificam-se outros modos de

abstinência alimentar. Por algum motivo, alguns não se

submetem ao rigor do jejum, e por isso acabaramsurgindo outras formas de subjugar a vontade. Afastar-se da televisão, da internet , do prato preferido, dechocolate e até do ato conjugal, por certo tempo, enfim,qualquer coisa que sirva de prazer, têm sido apreciadoscomo formas de melhorar a comunhão com DEUS. Nessasformas modernas de ascetismo, o objetivo centraltambém é o mesmo: negar ao corpo o que lhe dá prazer,para fortalecer o espírito.

Mas é interessante notarmos que não háconcordância entre os estudiosos desse assunto. Existemaqueles que dizem que o ascetismo não traz tantosbenefícios assim, e ainda aqueles que defendem que o

ascetismo é totalmente desnecessário, rebatendo seussupostos benefícios. Não estou me referindo asatanistas, agnósticos ou a incrédulos. Mesmo porque ossatanistas também jejuam, e muito. Refiro-me aministros do Evangelho, homens sérios e consagrados,que veem nas Escrituras a maior fonte de revelação econhecimento da verdade.

De forma geral, o assunto é controvertido. Crentesconsagrados e íntegros discordam sobre o ascetismo.Muitos não o realizam e dizem que não sofrem prejuízospor isso, enquanto outros fazem do ascetismo umarotina sagrada, praticando-o por iniciativa própria,rigorosamente, duas ou três vezes por semana.

No anseio de defenderem seus pontos de vista, osadeptos acusam os que não o são de libertinos, sem



Canoa Furada | 5

visão, e crentes da porta larga; ao passo que os quepensam contrariamente chegam ao ponto de dizer queos adeptos são fanáticos, fracos, legalistas e

intolerantes.Por isso me interessei por esse tema. Ao final deste

livro, creio que veremos o ascetismo de forma diferentee o compreenderemos melhor.



Canoa Furada | 1

Este capítulo baseia-se na tese de Wayne Jacobsene Dave Coleman, expostas no livro “Por que você nãoquer mais ir à igreja?” (Sextante, 2009), e foi compiladocom a colaboração do pastor Renato Wright Maia. Aexperiência ministerial de 34 anos do pastor Renato dá-lhe a autoridade necessária para validar as suas

colocações.Os cristãos precisam abrir os olhos para a

realidade das igrejas cristãs de nosso tempo, sejam elasa Católica Romana, as instituições criadas sob o signo daReforma Protestante do Século XVI, as instituiçõesPentecostais e as Evangélicas. Evidentemente, há boasinstituições cristãs, portanto não há aqui umageneralização.

Este livro é um compartilhamento de experiênciase de uma visão. Procura mostrar os problemas quedevem ser evitados quando procuramos, enquantocristãos, vivenciar a condição de ser Igreja.

A verdade tem seu tempo. Se ela for dita a alguém

que não esteja preparado para recebê-la, podemosempurrar a pessoa para mais longe da mesma verdade,

2Identificando a



Canoa Furada | 3

não importa quão boas sejam nossas intenções.Portanto, não devemos usar os nossos argumentos

para validar o próprio ponto de vista se isso vier reforçar

o sectarismo. Isto nunca funciona. Ao invés disso, omelhor é ir colocando grãos de verdade diante dos quetêm verdadeira fome de receber mais. Se não lutam enão pedem mais, é melhor não avançar e deixar oassunto onde está.

Não tenho a pretensão de que minhas palavras

ecoem como se fossem terminativas e acima dequalquer outra crítica. É apenas minha constatação.Para evitarmos embaraços com terminologia,

quero convencionar que usarei expressões como “mundoreligioso”, “sistema religioso” e “religião”exclusivamente como sinônimos de conjunto de normaspresentes no meio religioso cristão, praticadas e

observadas no “lugar” que chamamos de igreja.Portanto, não há aqui qualquer intenção de desdenharou insultar as convicções de quem quer que seja.

OS RITUAIS, A DISCIPLINA IMPOSTA E O SECTARISMO

Em geral, os sistemas religiosos baseiam-se em

rituais e responsabilidades. O católico romano, porexemplo, acredita que pela observância de rituais da fépode-se agradar a DEUS e alcançar a sua benção. Criou-seentão uma religião de missas, ladainhas, procissões eoutros ritos, e consideram-se mais abençoados (ou maisbeatos) aqueles que se aderem com dedicação a essesistema. Isto é apenas uma constatação. A Reforma

religiosa ocorrida no Século XVI foi importante, masinfelizmente não alterou o interior desse sistema. Parece




estar evidente que os protestantes e evangélicos doSéculo XXI ainda consideram que o melhor cristão éaquele que observa com dedicação os rituais da fé. É

forte no pensamento religioso o sentimento de que apessoa que agrada a DEUS é aquela que não falta aoscultos e procura cumprir uma lista de regras emandamentos. Da mesma forma, é forte também opensamento de que a pessoa que desagrada a DEUS,resumidamente, é aquela que não frequenta as reuniõesde sua congregação e não se envolve no conjunto denormas internas e eventos promovidos pela igreja.

Entretanto, se atentarmos bem, este cenárioremonta o sistema farisaico tão criticado por JESUS.Nenhuma prisão é tão forte quanto o sistema deobrigações religiosas. Devemos nos lembrar que umadas lições mais importantes que JESUS ensinou a seus

discípulos é que parem de buscar a vida que vem de DEUS por meio de rituais e obrigações religiosas. JESUS não veiopara criar nem melhorar uma religião; veio paraconvidar-nos a um relacionamento com ele. Foi por estarazão que ele realizou tantas curas e milagres nosábado, escandalizando os fariseus que prezavam ocomplexo e desvirtuado sistema de obrigações do Judaísmo.

Precisamos fazer distinção entre tradição etradicionalismo. Num trocadilho didático, podemos dizerque a tradição é a fé viva daqueles que já morreram, aopasso que tradicionalismo é a fé morta daqueles queainda estão vivos. JESUS quis que seus discípulos

soubessem que as regras e o tradicionalismo sempredificultam o fluir do poder e da vida do PAI.



Canoa Furada | 3

Existe confusão entre seguir uma religião e serdiscípulo de JESUS. Reuniões dominicais, estudostemáticos, hinos, tradições e orações públicas, embora

possam ser agradáveis, comunicam pouco da essênciade DEUS. Não quero dizer que devemos abandonar aigreja-instituição, mas que devemos vivenciá-la apenascomo meio facilitador do caminho ao PAI. Se a instituiçãoeventualmente não se encontra hábil para comunicarDEUS às pessoas, ou pior, se ela é legalista e bloqueia o

fluir do seu amor e Graça, então essa instituição nãoserve14.As tradições da religião não são o entrave em si,

mas passam a ser quando se tornam o principal meiopelo qual as pessoas buscam a DEUS e confundem tudoisso com ser discípulo de JESUS. Só pode havercrescimento genuíno em DEUS quando há relacionamento

pessoal vertical e horizontal. Vertical com o PAI;horizontal com as pessoas, sejam elas de mesma fé eprática ou não15.

A revista Época16 publicou matéria abordando oadvento de uma já evidente Nova Reforma protestante.Inspirado no Cristianismo primitivo, um grupo crescente

de irmãos têm orado, criticado a visão dominante dareligião e, sobretudo, trabalhado para retomar os ensinosoriginais de JESUS. Seguem as cinco principaiscaracterísticas da visão religiosa dominante e a propostade reforma com base nas primeiras comunidades cristãs,cujos valores e padrões têm-se buscado resgatar. Já é

14 Mateus 23.13

15 Marcos 12.33

16 Edição nº 638, de 6/8/2010.




alarmante o nível de insatisfação entre os cristãosapercebidos do lugar aonde chegamos enquantodiscípulos de JESUS.

Visão dominante Visão bíblicaTemplo A igreja é a “Casa de DEUS”.

As denominações investemmuito dinheiro naconstrução de templosconfortáveis e emmanutenção.

Preferem reuniões em casas, empequenos grupos, em cafés,auditórios ou em qualquer lugarde fácil acesso. A “Casa de DEUS”é o próprio cristão.

Pastores São considerados “ungidospelo SE-NHOR” com acessopreferencial a DEUS e às suas

revelações. As relações sãoverticais, com base numsistema hierárquico.

São líderes com preparo paraaconselhamento e ensino, masas relações são de igual para

igual com os leigos. As relaçõessão baseadas em ministérios e aliderança é dissociada do poderde mando.

Abordagem

É a guerra da “verdade” doscristãos contra a mentirados não-cristãos. A Bíblia éa arma do convencimento.

São os relacionamentos queconduzem ao interesse peloCristianismo. A Bíblia é aferramenta que norteia essasrelações.

Dízimo O fiel contribui naexpectativa de que sua

fidelidade será decisiva paraque DEUS resolva seusproblemas pessoais.

A oferta é apresentada como umgesto de gratidão, altruísmo e

solidariedade. Algumas igrejasaboliram a entrega do dízimo desua liturgia.

Sociedade

O “mundo” é mau e a igrejaé o único lugar onde oscrentes podem se protegerde sua influência.

A igreja é uma espécie de“central de treinamentos” paraque o fiel exercite seus donsespirituais na vida cotidiana.

Uma melhor abordagem do Cristianismo propõe

evitar o sectarismo (não confundir commacroecumenismo). Ter convicções diferentes não justifica o sectarismo. A própria expressão pentecostal,que tem sua origem história bem demarcada, no inícioserviu para identificar as pessoas alcançadas pelarenovação cristã pelo batismo no Espírito Santo, porémagora reduziu-se a mais um rótulo da religião que

fortalece o sectarismo (eu sou pentecostal, você não é;eu tenho poder, você não tem...).



Canoa Furada | 2

Quem encontra o caminho do verdadeirorelacionamento com o PAI descobre acidentalmente oquanto são limitantes as tradições, os títulos, a

hierarquia, e tudo mais da religião.Reforçando esse entendimento, vejamos o que

disse, com muita propriedade, o pastor Ed René Kivitz:

O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dosoutros. Por isso, cada vez mais me convenço de queo Cristianismo implica a superação da religião, ecada vez mais me dedico a pensar nas categorias daespiritualidade, em detrimento das categorias dareligião.A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos,tabus e códigos morais de cada tradição de fé.A espiritualidade está fundamentada nos conteúdosuniversais de todas e cada uma das tradições de fé.Quando você começa a discutir quem vai para céu equem vai para o inferno; ou se DEUS é a favor oucontra a prática do homossexualismo; ou mesmo sevocê tem de subir uma escada de joelhos ou dar odízimo na igreja para alcançar o favor de DEUS, vocêestá discutindo religião. Quando você começa adiscutir se o correto é a reencarnação ou aressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa doGênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, vocêestá discutindo religião. Quando você ficaperguntando se a instituição social é espíritakardecista, evangélica ou católica, você estádiscutindo religião.O problema é que toda vez que você discute religião,você afasta as pessoas umas das outras, promove osectarismo e a intolerância. A religião coloca de umlado os adoradores de Allá, de outro os adoradoresde Yahweh, e de outro os adoradores de JESUS. Issosem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna edevotos do Buda, e por aí vai.E cada grupo de adoradores deseja a extinção dosoutros, ou pela conversão à sua religião, o que fazcom que os outros deixem de existir enquanto outros




e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio atravésdo assassinato em nome de DEUS, ou melhor, emnome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídoloque pretende se passar por DEUS.

Mas, quando você concentra sua atenção e ação, suapráxis, em valores como reconciliação, perdão,misericórdia, compaixão, solidariedade, amor ecaridade, você está no horizonte da espiritualidade,comum a todas as tradições religiosas. E quandovocê está com o coração cheio de espiritualidade, enão de religião, você promove a justiça e a paz.Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima osdiferentes, faz com que os discordantes no mundo

das crenças se deem as mãos no mundo da busca desuperação do sofrimento humano, que a todos nóshumilha e iguala, independentemente de raça,gênero e inclusive religião.

O SISTEMA DE RECOMPENSAS

Um passo além para entendermos este mundoreligioso é entendermos o sistema de recompensas

(boas e más) que está em seu interior e que impõequestionamentos à eficácia da cruz de CRISTO. Estesistema ensina que devemos praticar determinados ritospara nos tornamos mais aceitáveis a DEUS. Essemecanismo é ineficiente e desalinhado com a propostade relacionamento íntimo que JESUS ensinou, e ao ser

negligenciado impinge culpa ao transgressor.Este sistema de obrigações é sustentado peloensino de que DEUS controla nosso desempenho para verse já fizemos o suficiente para merecer sua amizade. Ocumprimento restrito de regras e normas faz-nos sentirque DEUS se agradou de nós e nos abençoará. Ele ficaatento a nossa vida pronto a nos abençoar se o

atendermos ou nos punir se falharmos.Este relacionamento será sempre doentio. O que



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acontece é que quanto mais pensamos em nossasnecessidades pessoais e em nossos fracassos, maisdistante o PAI nos parecerá estar. Isto só nos leva a um

terrível sentimento de culpa e fracasso pessoal, que nosdistanciam de DEUS nos momentos de necessidade, emvez de nos permitir correr para ele para apresentarmosnossos fracassos e maiores dificuldades, para quepossamos receber a sua misericórdia e Graça. Assim, areligião nos deixa enredados em um sistema de prêmios

e castigos que nos faz perder o simples relacionamentoque ele quer ter conosco. JESUS desenvolveu seu ministério para que

pudéssemos ver DEUS como um PAI, que compreendenossa dificuldade com o pecado, que nos conheceprofundamente e que, mesmo assim, nos transformouem filhos. E ele não fez isto por meio de nossos esforços,

pois nunca faremos o suficiente para merecer o seuamor, mas, ao contrário, ele o fez por si mesmo e semnossa ajuda. Não conseguimos seu amor pelo fato deviver segundo seus mandamentos. Encontramos seuamor quando chegamos a maior ponto dequebrantamento. Quando permitimos que ele nos ame,

então descobriremos que a nossa vida é transformadapor este relacionamento. Não podemos conquistar coisasespirituais pelo nosso próprio esforço e iniciativa, poisnunca poderemos encontrar, desta forma, a vida quebuscamos. Ao contrário do que se diz, isso não torna DEUS um PAI permissivo e leniente, nem faz de nós filhosrelapsos e descomprometidos.

AS PROMESSAS DE FELICIDADE




A religião nos ensina que nossas atitudes e açõespodem controlar a maneira como DEUS nos trata.Aprendemos com ela que se fizermos a nossa parte, DEUS

é obrigado a fazer a dele. A religião transforma DEUS emum serviçal do homem, pois ensina que podemos exigirdele o que quisermos, se a nossa parte do trabalhohouver sido feita. Procuramos fazer o que ele quer paraque ele seja bom para conosco e nada de mau nosaconteça. Curioso notar que essa mesma abordagem jáexistia no paganismo antigo, quando os fiéis tentavamcontrolar seus deuses utilizando-se de meiossemelhantes (ritos, práticas ascéticas, ofertas).

Quando Pedro tentou manipular JESUS, sugerindo aele que não fosse a Jerusalém para morrer, JESUS o repeliucom veemência. Qualquer tentativa de manipular DEUS para que atenda ao que queremos é próprio da religião,

que se resume no esforço humano de aplacar DEUS pormeio de justiça própria.

Precisamos abandonar a ilusão de que podemoscontrolar nossa própria vida ou de que podemosmanipular DEUS para que ele nos abençoe. DEUS não éuma “fada madrinha” que move sua varinha mágica paranos fazer felizes. Aliás, muitos cristãos procuram fugirdas circunstâncias difíceis da vida, pois pensam que oobjetivo da vida é ser feliz, mas – não fiquedecepcionado! – o objetivo de DEUS para nós é sermostransformados à sua imagem. A felicidade é um conceitode extrema subjetividade e depende mais da nossapercepção de mundo do que propriamente de DEUS.

Precisamos crer que, uma vez entregando nossavida ao PAI, decidindo confiar nele, no meio das situações



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mais difíceis da vida, DEUS está conosco, nos guiando atéa plenitude da vida nele. Se crermos assim, poderemosdesfrutar da sua presença no meio de tudo que nos

acontece. Caso contrário, as circunstâncias sempre serãouma ameaça e essa tal felicidade sempre nos escapará.

Além disso, uma das consequências mais terríveisda manipulação religiosa é que ela nos leva a doisextremos. Quando nos parece que DEUS nos atendeu porcausa de nossa justiça pessoal, nos sentimos

autossuficientes, e esta é a armadilha da justiça própria.Quando ele não nos atende como pedimos, acumulamossobre nós mesmos um tão grande sentimento de culpa,que não suportamos. Quem assim vive, não está debaixodos ensinos do Novo Testamento, mas debaixo da Lei.Quando pautamos a vida com base em pedidosatendidos condicionados ao nosso desempenho

espiritual, somos constantemente assaltados pelasensação de que há algo errado em nós, produzido poralguma coisa que não foi feita do modo certo, e por issoDEUS nos negou seu favor.

DEUS faz a parte dele todo o tempo. Ele ama a cadaum de nós mais do que qualquer pessoa pode amar e

nunca retirará sua mão de nossa vida. Embora algumasvezes cooperemos com ele e outras vezes não, isto nãoafetará o seu amor por nós. Por isso, é preciso queabandonemos a ideia de que, de alguma forma,podemos controlar DEUS por meio de nossas ações,porque isso não é possível.

Precisamos compreender que o Evangelho não é

um poder interior capaz de fazer todos osacontecimentos se enquadrarem de modo que façam o




cristão feliz. É nesse sentido que JESUS veio, para noslivrar da falsa felicidade (sensação de bem-estarbaseada em circunstâncias externas). Ou seja, ele nos

livrou da infelicidade de sermos somente escravos deacontecimentos e, também, da infelicidade de sermosescravos da busca da felicidade. Aí está o problema damanipulação religiosa: ela induz o cristão a pensar queDEUS vai torná-lo feliz fazendo com que tudo aconteça deforma a se encaixar em seus planos humanos.

A fé não é uma força que controla DEUS. Ela nãoconsegue determinar que os acontecimentos da vidaobedeçam a um padrão de felicidade pessoal. Percebaque há pouquíssimas pessoas felizes na Bíblia (refiro-meà felicidade conforme comumente a concebemos). Ospatriarcas, os reis, os profetas e a maior parte doscrentes referidos na Bíblia estão sempre rodeados de

situações desafiadoras, angustiantes, à beira da morte,de açoites, de sofrimento atroz, porém parece que apercepção de felicidade nessas pessoas era bemdiferente. Hoje, é comum encontrarmos crentes,digamos, infelizes.

Mas também há crentes realmente felizes, quefinalmente compreenderam o verdadeiro objetivo daobra do SENHOR JESUS em suas vidas. A Bíblia está cheia dehomens e mulheres que, por causa de sua fé,constituem-se o alvo do ódio do mundo. São traídos pelafamília e pelos melhores amigos, estão rodeados depessoas que lhes tornam difícil a prática da fé, veem-setentados pelo diabo e pressionados para que se

conformem com os padrões mundanos. Além disso,ainda partilhamos a vida com toda a humanidade num



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mundo decaído, com todas as suas mazelas naturais.Dificilmente alguém diria que este é um quadro defelicidade! Entretanto, tais pessoas têm a vida cheia de

gargalhadas. Encontramo-las louvando a DEUS ao pontode dançar, bater palmas e pular de alegria. E fazem tudoisso enquanto coisas negativas estão acontecendo. Taispessoas não estão escravizadas àquilo que lhesacontece. Portanto, não são escravas da felicidade ou dainfelicidade. Podemos chegar a uma nova dimensão de

vida que não depende dos eventos e das pessoas aoredor.A fé não fica contemplando os eventos da vida. Ela

enxerga mais longe e constata que DEUS é bom, e quecada minúcia da vida está cooperando de modo triunfalpara a execução do plano perfeito e sábio de DEUS, nãoimportando as aparências.

O AMOR CONDICIONAL DE DEUS

Os religiosos de plantão definem o sofrimentocomo um sinal do desagrado de DEUS. Porém, o Novo Testamento nos ensina que ainda que DEUS não seja acausa de nossos sofrimentos, ele os usa para nos liberarao nível mais profundo de nosso ser, para que o sigamoscom mais liberdade. É preciso que se diga que DEUS nãoimputa o sofrimento, mas sempre pode utilizá-lo emnosso benefício.

Precisamos entender que quando caminhamoscom DEUS sempre iremos contra a corrente do mundo edas ambições dos homens. Nunca devemos esperar que

as circunstâncias da vida se ajustem facilmente aosnossos sonhos e desejos pessoais, mesmo os mais puros,




quando caminhamos com DEUS. Pessoas que amamprofundamente a DEUS também sofrem acidentes,morrem em enchentes, ficam doentes ou são assaltadas.

DEUS quer nos ensinar a caminhar com ele atravessandotodas as circunstâncias, sejam elas quais forem, paraque possamos conhecer um gozo e uma paz que vãomuito além das circunstâncias da vida. O que não pareceestar na teologia do Século XXI é que não iremos muitolonge em nossa vida cristã se ficarmos questionando oamor de DEUS a cada momento em que ele não age comoesperamos. Ele é nosso PAI. Ele sabe do quenecessitamos muito melhor do que nós mesmos. Ele éum provedor muito melhor do que muitas vezes oimaginamos. Ele nos está levando à verdadeira vidacristã e, ao invés de nos salvar de nossos problemas, eledecide usá-los para nos ensinar a verdadeira liberdade e

a verdadeira vida.Ao dizermos isto, parece então que DEUS tem prazer

em nos ver sofrer, mas isso não é verdade. Ao invésdisto, ele nos acompanha em cada circunstância difícilpor que passamos. Em seu imenso amor, ele usa amaldade deste mundo para produzir algo maior dentrode nós. Uma vez que saibamos desta realidade, ascircunstâncias adversas não poderão mais nos afetar.Encontraremos DEUS no meio destas circunstâncias epoderemos ver o seu propósito cumprir-se sem quepossamos controlar tudo, sejam as circunstâncias, sejaDEUS. É desta maneira que a verdadeira vida cristã vaiformando raízes profundas e consistentes.

Se permitirmos que a desconfiança em relação aocuidado de DEUS entre em nosso coração, estaremos



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sempre nos sentindo ameaçados e com medo. Quandoalguma pessoa faz alguma coisa de que não gostamos edesconfiamos de sua intenção, ficamos irados contra ela,

nos escondemos para nos defender e nos deprimimos.Assim, podemos fazer com relação a DEUS. Quando elefaz algo de que não gostamos, desconfiamos dele, nosiramos contra ele, nos escondemos dele e nosdeprimimos. Porém, quando deixamos aumentar nossaconfiança nele, podemos caminhar com ele em meio a

nossas preocupações e decepções, e mesmo assimperceber que ele tem um plano diferente e melhor doque aquele que tínhamos pensado.

É preciso, porém, compreendermos que aconfiança nasce de um relacionamento pessoalcrescente. A verdadeira liberdade é encontrada quandochegamos a mais profunda confiança em DEUS. À medida

que, em nossa experiência pessoal, vamos conhecendo asabedoria de DEUS, mais vamos confiando nele. Aconfiança sem conhecimento verdadeiro de DEUS épresunção. Leva-nos a presumir que DEUS respaldaránossos próprios planos pessoais sempre. Leva-nos a citartextos bíblicos para comprovar que DEUS fará o que na

verdade nós mesmos idealizamos. Temos de caminhar com ele enquanto vivemos ascircunstâncias da vida, em vez de nos distanciarmos delepor meio de nossas acusações. Agindo assim poderemosobservar com admiração tudo o que ele está produzindoem nós.

Esta confiança não pode ser produzida por nós,

seja por estudo ou por força humana. O próprio DEUS produz isto em nós justamente naquelas situações de




que não gostamos. Nosso desafio é seguir em frente,observando o que ele fará, dentro de umrelacionamento.

Podemos até amar a DEUS, mas ter dificuldade comseus métodos. É preciso compreendermos que a nossa fésó cresce em meio às adversidades17. DEUS parecesempre chegar no último minuto, pondo à prova nossaansiedade e confiança. Isso ocorre porque estamospermanentemente sendo forjados para algo maior, paraas moradas celestiais.

O PROGRESSO PELAS PROMESSAS PESSOAIS

A religião nos ensina que podemos sertransformados por meio das promessas que fazemos aDEUS. Entretanto, quando firmamos compromissos evotos e falhamos em cumpri-los, nosso sentimento de

culpa se multiplica. O sistema de votos e promessas demudarmos a nós mesmos é um método baseado emesforços humanos e não funciona. E ainda ficamos comraiva de DEUS, com a sensação de que ele nada fez paranos ajudar.

Desta forma, caímos novamente na armadilha dareligião: pegar nossos melhores desejos pessoais e usá-

los contra nós mesmos. Em vez de procurar se relacionarcom DEUS e apenas conhecê-lo, muitas pessoas agemmotivadas por interesses pessoais. Ficam concentradasno que querem de DEUS e em como agir para que elesatisfaça suas vontades.

Neste ponto, é preciso falar um pouco sobre

disciplina. É evidente que a disciplina é útil, sobretudo,

17 Romanos 5.1-5



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para se evitar a indolência. Porém, ela só tem valorquando é resultante da ação de DEUS gerando em nósessa necessidade.

Escolher um momento diário para meditar naPalavra e orar é uma disciplina autoimposta bastanteproveitosa. Porém é preciso respeitar o tempo e o modode cada um. O que funciona eficazmente para um, podenão funcionar com você. Soube de um irmão que ia aoshopping todas as sextas à noite para ter um momento

com DEUS. No box de um banheiro ou numa lan house?Não. Ele experimentava solidão caminhando entre amultidão. O conselho do SENHOR – entra no teu quarto efecha a porta18 – aponta mais para uma clausura interiordo que uma clausura física. Se o isolamento ocorre nomeio do trânsito de São Paulo ou às duas da manhã aopé da sua cama, isso é entre você e DEUS. Se não

tivermos esse tipo de disciplina, por mais simples queseja, corremos o risco de sermos engolidos pela agitaçãodo dia e, como Marta, perdermos a boa parte19.

Outro exemplo de disciplina interessante ao nossoenlevo espiritual é quando escolhemos, contra nossasvontades mais primitivas, mudar o caminho para o

trabalho para fugir de encontros perigosos. Exemplo dedisciplina igualmente elevado, sobretudo para homens, éfazer aliança com os olhos no caminho da integridadesexual, a exemplo de Jó20, e assim por diante.

Em geral, toda disciplina que se revela prática eque visa moldar hábitos, excluir vícios ou melhorar

18 Mateus 6.6

19 Lucas 10.41-42

20 Jó 31.1




relacionamentos é sempre valorosa. Mas quando adisciplina se torna um fim em si mesma, ou assumecontornos místicos, ou é usada como moeda de troca, é

prejudicial. Neste caso, a disciplina se torna fonte desatisfação pelo simples fato de que cumprimos umatarefa a que nós mesmos nos propomos, paraargumentarmos com DEUS que agora merecemos algumacoisa dele. A religião aponta para a necessidade dessetipo de disciplina. Precisamos reconhecer que não somostransformados por meio de nossas próprias promessas,por mais sinceras e puras que sejam, mas somostransformados somente por meio das promessas queDEUS nos faz. O apóstolo Paulo percebeu que nossosfracassos advêm de nossa falta de confiança no cuidadode DEUS. Ele nos ensinou que, quanto mais conhecermosDEUS, mais descobriremos que podemos confiar no seu

cuidado por nós. Quanto mais confiamos nele, maislivres ficamos dos desejos que nos levam para o pecado.Somente confiando em JESUS podemos experimentar averdadeira liberdade.

De toda forma, deixar de comer carne vermelha, p.ex., para melhorar os níveis de colesterol é uma boadisciplina. Porém, deixar de comer carne vermelha paraque DEUS nos entregue poder espiritual reveladeformidade de entendimento da Palavra. É canoa

furada.

Tudo o que DEUS quer fazer em nós, ele o faráenquanto aprendemos a viver em seu amor. Quandodeixarmos de querer aparentar ser o que não somos,

estaremos livres para servi-lo. Muitas vezes queremosaparentar ser bons cristãos, simplesmente para



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satisfazer expectativas externas e internas (dos outros ede nós mesmos), e esse caminho quase sempre deságuaem frustrações. Na realidade, pecamos quando

procuramos evitar nosso quebrantamento; pecamosquando lutamos contra DEUS por aquilo que cremos queserá bom para nós e acreditamos que ele não sabe ounão nos quer dar; pecamos quando não queremosaceitar nossa própria culpa e vergonha. É por isto que,quanto mais confiamos nele, mais livres ficamos do

pecado.A religião pretende nos levar a ser suficientementebons para podermos ouvir a voz do PAI. Porém, erramosquando pensamos em nossas capacidades, santidade, justiça própria ou disposição pessoal para rendermosfrutos espirituais. A Graça nos ensina que nunca seremossuficientemente bons, santos ou dispostos. Isso está

longe de sugerir que podemos viver de qualquermaneira, mas a Bíblia nos ensina que o caminho a DEUS está acima dessas soluções21.

Aline, minha filha caçula, queixou-se comigo quepassou a perceber que fazia tudo errado para DEUS.Orava errado, lia a Bíblia errado e tudo mais. Sendo ela

apenas uma criança, tentei responder-lhe o óbvio,dizendo que DEUS aceitava o seu culto desde que fosse oseu melhor. Porém, inesperadamente, o Espírito meimpediu de intervir dessa forma e percebi que o SENHOR aestava ensinando alguma coisa, e não somente a ela,mas a mim também. Ela continuou dizendo que DEUS alevou ao capítulo 3 de Romanos. Foi então que concluiu

que faz mesmo tudo errado para DEUS, e não só ela, mas

21 Jeremias 17.5; Lucas 18.9-14




todos nós. Não há um justo, nem um sequer; não háquem entenda, não há quem busque a DEUS, todos seextraviaram e se fizeram inúteis; não há quem faça o

bem22. Somos aceitos pelo amor e pela misericórdia deDEUS.

A DICOTOMIA CLERO/LAICATO

A grande ferramenta da religião é a instituição. NoAntigo Testamento vemos que Moisés, sob revelaçãodivina, criou um sistema sacerdotal que deveria servir o

povo de DEUS, instruí-lo quanto ao relacionamento comDEUS e capacitá-lo a viver como povo de DEUS na terra queDEUS lhe daria (e deu). Entretanto, os homens o foramtransformando em um sistema de dominação e medo.Começaram a ensinar que obedecer aos líderesreligiosos em qualquer circunstância é obedecer a DEUS.

A influência dos sacerdotes em santificar as instituiçõesserve para transmitir ao povo um senso de adequação elimitação. Um povo sacerdotal23 transformou-se em umpovo dominado por uma classe dominadora.

Fez-se o mesmo com o Cristianismo: JESUS fundou asua Igreja, plantada sobre o coração dos homens quetêm relacionamento com DEUS. Cada um dos menores

cristãos tem acesso a DEUS e todos se relacionam emamor. Compartilham a doutrina dos apóstolos e profetase exercem seus dons. Não há necessidade de uma classesacerdotal dominante quando todos têm a unção doalto24.

A base para uma instituição foi lançada quando os

22 Romanos 3.10-12

23 I Pedro 2.9

24 I João 2.20,27



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ministérios que deveriam servir aos santos se tornaramacessos para uma estrutura de domínio. Uns mandam eoutros obedecem. E isto é justificado por um chamado

divino. Chamado para quê? Para servir ou para dominar?Se nós fazemos o que os líderes da instituição

querem, somos recompensados, se nós não fazemos oque eles querem, tudo muda. Qualquer diferença deopiniões produz uma luta pelo poder. Precisamosentender que quando agimos desta maneira, estamos

utilizando o amor somente para prender as pessoas àsnossas expectativas e planos pessoais.Assim, o sistema religioso procura destruir aquilo

que está em seu interior e que não pode controlar. É poresta causa que as pessoas que não cumprem as regrasdo sistema são consideradas em rebelião. A liberdadedestas pessoas se constitui uma ameaça às pessoas

controladas pelo sistema. Precisamos entender que aobrigação não pode produzir um verdadeirorelacionamento. Quando as pessoas vivem a vida de JESUS, elas valorizam cada pequena oportunidade deconectar-se com outros irmãos e irmãs que estão nomesmo caminho, e assim nasce o compromisso.

Somente quando a experiência é ineficaz ou morta quenecessitamos apelar para obrigações. A comunhãoverdadeira não é algo que possamos fabricar, é umpresente que DEUS nos dá. Nesse caminho, o amor geraem nós compromisso, que é muito mais producente doque a obrigação.

O maior dano que a religião pode causar ocorre

quando esperamos que nossos líderes nos ensinem comoviver a vida cristã. A razão é que quando dependemos de




nossos líderes nos tornamos passivos em nossocrescimento espiritual. Ficamos esperando que alguémnos ensine como viver ou simplesmente seguimos

alguém na esperança de que ele faça as coisas certas(ou pior, na certeza de que ele sempre fará a coisacerta). O discipulado é necessário, mas apenas por umtempo. O líder capacitador deve ensinar o novo cristão acaminhar com autonomia (não confunda comindependência), para que não dependapermanentemente dele.

JESUS quer ter um relacionamento pessoal conosco equer que nós sejamos parte ativa neste processo. Muitoscristãos pensam que isto é o caminho de solidão e queprecisamos de guias humanos para viver a vida cristã.Porém, esse é mais um sofisma da religião, pois JESUS está conosco sempre e proverá companheiros para a

caminhada.Devemos nos entregar ao seu Espírito e

permanecermos dependentes do seu poder. Deixe queele, muitas e muitas vezes, utilize-se de outras pessoaspara animá-lo e capacitá-lo nesse processo de viver avida cristã. Devemos nos lembrar de que DEUS usa aspessoas, mas ele nunca nos leva a depender delas e,muito menos, a permanecer dependente delas. E se DEUS nos usar para animar ou capacitar outras pessoas nocaminho cristão, devemos ter o temor de nunca nosdeixarmos ficar entre um cristão e seu PAI.

Anciãos, pastores ou apóstolos certamente têm oseu lugar na igreja, mas não da forma como vemos hoje.

Atualmente não podemos imaginar a vida no Corpo semum sistema religioso e um líder superespiritual que



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possa moldar os demais segundo a sua visão. Algunsgostam de liderar e outros desejam desesperadamenteser guiados. Este sistema tem feito com que o povo de

DEUS seja tão passivo que a maioria de nós nemconsegue imaginar viver sem liderança humana com aqual possamos nos identificar. E depois nos perguntamospor que estamos tão limitados em nossa vida espiritual...

Assim como João Batista, que manteve os própriosdiscípulos mesmo após ter conhecido o Messias, muitos

líderes hoje se ufanam com seus próprios discípulos. Issoé nada menos que o reflexo de um sistema que premiapessoas por terem muitos seguidores, como sinal daautoridade que receberam. Devemos voltar a ler o Novo Testamento e descobriremos ali muito pouco do tipo deliderança que encontramos hoje na igreja. Verificaremosque os anciãos não foram designados para administrar

uma organização, mas para equipar aos seguidores deCRISTO, como irmãos mais experientes, ajudando-os aencontrar uma verdadeira relação com DEUS. É por issoque JESUS disse que deveríamos ajudar as pessoas aserem seus discípulos e que ele mesmo edificaria suaigreja. Devemos nos concentrar na tarefa que ele nos

deu e deixar que ele faça a sua própria.Não se pode identificar em qualquer nível deestudo do Novo Testamento qualquer doutrina quesuporte a separação entre clérigos e leigos. O trabalhodos que receberam dons ministeriais25 é equipar ossantos de forma que os próprios santos possam fazer otrabalho do ministério. Todos os crentes existem para

25 Efésios 4.11-16




funcionar como ministros26. A soberania do Espírito Santodá a cada cristão dons para o bem comum27 e todos osmembros são importantes no Corpo de CRISTO. Note a

mutualidade quando lemos uns aos outros28. No Corpodeve haver interdependência. Todos os crentes devemestar confortando, encorajando, construindo eexortando. Assim, o fortalecimento do Corpo de CRISTO deve ser feito através da mútua ação entre os crentes,não apenas pela liderança. A super dependência ao cleroconduz à debilidade e ao enfraquecimento da igreja noexercício de uma multidão de talentos poucodesenvolvidos.

Os apóstolos sempre ordenavam vários pastorespara cada lugar. O sistema de um homem só, queconcentra toda autoridade num único indivíduo, nãoé ideal. Nenhuma pessoa concentra em si todas asvárias qualidades necessárias para as diversasatividades de uma igreja. (Paul Stevens, 1998)

Infelizmente se constata, pela história da igreja,que o que mais abafou a experiência proporcionada pelaigreja primitiva foi o controle hierárquico dado ao clero.Ainda hoje, é normal para um pastor na igreja modernadizer: Afinal de contas, eu estou aqui por um chamadodivino e devo controlar as coisas e desenvolver umavisão para esta igreja, que inclui o aumento daquantidade de membros, a compra de mais terrenos e aconstrução de edifícios maiores. DEUS me colocou nocomando.

Na presente estrutura da igreja tradicional, com a

26 I Pedro 2.5, 9

27 I Coríntios 12.7

28 I Tessalonicenses 4.18; 5.11-14; Romanos 15.14 e Hebreus 3.12-13



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divisão clero & laicato, é quase impossível ao clérigo nãoexercer domínio sobre o leigo. A ordem deve ser mantidaem grande escala. Assim a liderança da igreja espera

que todo mundo, de um modo agradável, mantenha-seaquiescente, sentado no banco, entregue seus dízimos epreserve o status quo.

A situação se complica sensivelmente com oentendimento de que o poder de mando do líder naigreja foi dado por DEUS, o que não é verdade. O poder de

veto, para fazer com que as coisas aconteçam do jeitoque o dirigente deseja, é resultante de anos de tradiçõese nasceu do sistema de normas religiosas. Não se podeconfundir poder espiritual com os papéis administrativoseclesiásticos. A unção espiritual sempre aponta para oserviço e nunca para o mando29. O conceito deautoridade espiritual é diametralmente oposto ao do

sistema secular.

Toda grande heresia que oprimiu o povo de DEUS nosúltimos 2 mil anos proveio de grupos organizadoscom líderes que achavam que detinham comexclusividade o conhecimento da mente de DEUS. 30

Na história da igreja, muitos que tentaram discutir

esse sistema foram alijados, excomungados ouqueimados. A liderança de então assim reagiu porquetais questionamentos sugeriram rachaduras na estruturade poder terreno. Hoje, as pessoas que tentam pelomenos compreender esse emaranhado religioso – queafasta as pessoas de DEUS e reforça o poder humano –

29 Mateus 20.20-28

30 Extraído de Por que você não quer mais ir à igreja? (p. 198).




descobrem também que se trata de um terrível desvio.Se você pensa e medita nas escrituras, deve ter

notado o quanto temos errado na igreja moderna quando

exaltamos os clérigos. JESUS tolhe seus discípulos deserem chamados de rabinos, padres, pastores, mestresou professores, conhecendo a natureza humana em suatendência ao deslumbramento pelo poder31 (refiro-meaqui não aos verdadeiros ministérios, mas aos títulosconferidos pelos sistemas religiosos que trazem consigoparcelas de poder de mando). Nós somos todos humildesirmãos sob um só Mestre, o CRISTO. Se permitirmos aexaltação de alguns, por melhores que sejam, ahumildade na liderança é diminuída.

Nas Escrituras há muita ênfase no fato de que noreino de DEUS a liderança é drasticamente diferente daliderança habitual, tanto no mundo gentílico como no

mundo judaico. Diferentemente da noção mundana deautoridade, o enfoque cristão de liderança não vinculaautoridade com poder ou estruturas hierárquicas. Oslíderes neotestamentários não lidavam com os santosmediante uma hierarquia estabelecida ou cadeias decomando, como já faziam os líderes no mundo secular deentão. Vemos que o pedido da mãe dos filhos deZebedeu, Tiago e João, proporcionou a JESUS outraoportunidade para ensinar sobre a correta ordem dascoisas, isto é, a humildade na liderança:

JESUS os chamou e disse: Vocês sabem que osgovernantes das nações as dominam, e as pessoasimportantes exercem poder sobre elas. Não será

assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-

31 Mateus 23.1-12



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se importante entre vocês deverá ser servo, e quemquiser ser o primeiro deverá ser escravo; como oFilho do homem, que não veio para ser servido, maspara servir e dar a sua vida em resgate por muitos.

(Mateus 20.25-28 NVI)

Num culto de domingo, recebemos uma famíliarecém-chegada à cidade, que encontrou em nosso meioalegria para servir ao SENHOR. O pai havia sido consagradopresbítero na igreja anterior, porém em nossa igreja opastor destinou-lhe a função de diácono, o que foi aceito

prontamente. Anos depois, presenciei a despedida dessamesma família, momento em que o mesmo irmãoexpressou que se sentiu honrado por ter servido comodiácono, mesmo tendo sido rebaixado (em algunssistemas, em geral, presbítero é um nível acima dediácono).

A descrição do trabalho do ancião (ou pastor)aponta para o pastoreio do rebanho do SENHOR, ou seja,espreitar os lobos e verificar se há qualquer coisadiferente da doutrina dos apóstolos. Ele deve auxiliar asovelhas de JESUS a servir ao SENHOR com dedicação e apermanecerem no rumo correto. O pastor verdadeiroleva as ovelhas ao pasto e elas se alimentam por si

mesmas!Os líderes da igreja primitiva dirigiam pelo

exemplo. A liderança que se visualiza no Novo Testamento é principalmente funcional e relacional, enada tem a ver com níveis hierárquicos. Ou seja, omodelo neotestamentário para a igreja é orgânico e nãosegregado por níveis de poder. A tarefa básica daliderança bíblica é a facilitação, o ensino e a direção. Os




homens investidos desse ministério devem saber dissopara se portarem submissos ao Pastor dos pastores – JESUS – não agindo como se fossem donos do rebanho. A

todos nós a Bíblia ensina que devemos ser servos,colaborando para o crescimento do todo, que procede deDEUS, pela vinculação de juntas e ligamentos do Corpo32.

Obedeçam aos seus líderes e submetam-se àautoridade deles. Eles cuidam de vocês como quemdeve prestar contas. Obedeçam-lhes, para que otrabalho deles seja uma alegria e não um peso, pois

isso não seria proveitoso para vocês. (Hebreus13.17)

Assim como nossos anticorpos reagem a um víruscausando-nos febre, dores e infecções, como igrejadevemos reagir da mesma forma (e creio que já temosreagido). Muitas das mazelas que o Corpo de CRISTO tem

sofrido devem-se a elementos não-saudáveis queacabaram se instalando porque não foram combatidosdevidamente, pela negligência com o verdadeiro cultoracional. Precisamos retornar às doutrinas preciosas dosacerdócio de todos os crentes e da distribuição dosdons do Espírito a todos os santos, segundo a vontade doEspírito Santo. Precisamos excluir de nossas tradiçõesesta dicotomia clérigo/leigo, herança direta da religiãode Roma não rejeitada pelos reformadores, pois semprefoi um dos principais obstáculos para que a igreja sejamais eficiente no seu papel de agente de DEUS no mundo.Esse tradicionalismo reforça o falso conceito de quesomente homens especiais, isto é, ministros ordenados,

são os realmente idôneos e aptos para a liderança e para

32 Colossenses 2.19



Canoa Furada | 10

o ministério. Precisamos entender que ainda que o Novo Testamento ofereça distinções funcionais entre diversasclasses de ministérios, ele não autoriza qualquer

estrutura piramidal com distinções hierárquicas compoderes de mando.

A IMPOSIÇÃO DO MEDO

Para a religião, é muito importante vigiar aspessoas e animá-las a fazer as coisas do modo certo. Ocomportamento do crente é conformado pelo medo epelo senso de culpa. Alimenta-se o medo do diabo, omedo de ir para o inferno (que é muito ligado a perder acomunhão com a igreja se não obedecer aos líderesreligiosos) e um senso de culpa que precisa ser aplacadopela obediência às normas e atendimento às opiniõesdos líderes. Isto também era verdade para o Judaísmo do

primeiro século. Por isto é que a morte de JESUS foi (e é)tão poderosa e tão ameaçadora para as pessoasacostumadas à obrigação religiosa.

Há dois anos recebi um documento, em forma decontrato, que uma importante escola de missõessubmetia aos missionários antes de seguirem para ocampo. Nele havia uma cláusula em que o obreiro secomprometia a suprimir algumas refeições duas ou trêsvezes por semana, para se consagrar, sob pena de ver oseu ministério fracassar rapidamente. Acreditando que opróprio DEUS estivesse inspirando tal orientação, quemissionário arriscaria contrariar a norma e ficar sobmaldição do sistema de normas religiosas?

Esta é a visão que muitos líderes bemintencionados têm transmitido aos seus ouvintes – o




medo – fazendo-os crer que DEUS é um negocianteimplacável. Às vezes podemos identificar pessoasreferindo-se a DEUS com as canelas trêmulas. Não é para

menos. O sistema religioso muitas vezes se impõe comtanta empáfia que realmente ficamos confusos com seuscostumes, regras humanas e intimidações, como se elasrealmente se originassem na vontade de DEUS.

Para uma pessoa cansada de todo um sistemareligioso, a cruz é a notícia mais grandiosa: É por meiodela que JESUS abriu a porta para o relacionamento queseu coração sempre desejou. Mas para a pessoa que vivedo sistema religioso e que tenha uma posição nele,então a cruz é um escândalo. Ela prega que agorapodemos ser amados sem fazer nada para merecer esteamor. A cruz significa que JESUS fez por nós o que nuncapudemos, nem poderemos fazer por nós mesmos. E a

chave não é quanto nós o amamos, mas quanto ele nosama. Tudo começa nele. É ao aprendermos isto quepodemos ver nossa relação com ele crescer. E é tambémneste momento que somos libertos da armadilha dosistema religioso, pois passamos a entender que oCristianismo é a possibilidade de um relacionamentocom um PAI que sabe tudo sobre nós e mesmo assim nosama tão intensamente.

Apesar de tudo, é claro que não deve pairar entrenós o sentimento de desânimo e de que tudo se perdeu.Inclusive, podemos admitir que a grande maioria dosobreiros seja séria, esclarecida, estudiosa,profundamente comprometida e cheia do Espírito Santo,

que pastoreia com os olhos fixos no Dono das Ovelhas, eque sabem que um dia prestarão contas. As maçãs



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podres sempre existirão, em qualquer lugar, emqualquer sistema, em qualquer empresa, e asinstituições religiosas não fogem à regra.

DEUS, em sua infinita bondade e soberania, usa oque dispõe para alcançar pessoas, apesar do mundoreligioso, apesar dos vícios do tradicionalismo, apesar denós.



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Existem argumentos que defendem a prática desacrifícios e outros que defendem o oposto. Há pessoasque consideram o ascetismo indispensável a uma vidacristã plena; e outros, que não há necessidade dele, queseu efeito é nulo no contexto da fé evangélica.

Em Mateus 4.2 lemos que JESUS nada comeu por 40dias, no deserto. Além disso, JESUS ensinou sobre a aflição

da alma no Sermão da Montanha33 e garantiu que se forpraticada da forma correta trará resultados: ...e teu PAI,que vê em secreto, te recompensará (Mateus 6.18).

Por outro lado, em Mateus 9.14-17, fica evidenteque os discípulos de JESUS não jejuavam, porém o SENHOR afirmou que quando o esposo (ele mesmo) fosse tirado

os seus discípulos teriam a necessidade de jejuar. Omesmo texto informa que eram os discípulos de JoãoBatista que faziam frequentes jejuns.

A falta de disciplina com a carne teria sido omotivo do insucesso dos discípulos no embate comespíritos demoníacos: esta casta não pode sair senão pormeio de oração e [jejum]. (Marcos 9.29).

33 Mateus 6.16-18

3A importância do




O livro de Atos dos Apóstolos relata a prática doascetismo pela igreja primitiva, em Antioquia: E servindoeles ao SENHOR, e jejuando, disse o Espírito Santo:

Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a queos tenho chamado. Então, jejuando e orando, e impondosobre eles as mãos, os despediram. (Atos 13.2-3).

Ainda em Atos, no relato da primeira viagemmissionária de Paulo e Barnabé, lemos que antes deescolherem os presbíteros para as igrejas, algunsdiscípulos promoviam orações com jejuns34. Além destes,a Bíblia nos apresenta uma galeria de homens emulheres que praticaram jejuns (aflição de alma):Moisés35, Davi36, Esdras37, Neemias38, Ester39, Daniel40,Ana41, dentre outros.

Em outra linha, além do viés espiritual, nãopodemos deixar de considerar a importância das dietas

frugais em um sentido mais amplo. Alguns ensinam queé bom nos abstermos de tudo o que entra no corpofísico, na mente e na alma, pelos sentidos, para umaverdadeira purificação.

Dom José Freire Falcão, Cardeal, Arcebispo deBrasília-DF no período de 1984/2004, defendia que o jejuar contribui para a saúde física. Alexis Carrel, umnotável biologista francês do início do Século XX,escreveu que o jejum limpa e transforma os tecidos, que

34 Atos 14.23

35 Êxodo 34.28; Deuteronômio 9.9, 18

36 II Samuel 12.16

37 Esdras 8.21-23

38 Neemias 1.439 Ester 4.16

40 Daniel 9.3

41 Lucas 2.37



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é um dever zelar pela saúde do nosso corpo, e que, parao cristão, o jejum é, sobretudo, uma escola de domíniode si e combate espiritual. Jejuar por razões religiosas

tonifica o espírito, argumentava Carrel. A privação doalimento contribui para o domínio das tendênciasinstintivas. Quem controla seu apetite, domina seusdesejos. E Carrel ia além dizendo que o jejumrepresentaria um sacrifício apreciado por DEUS e que jamais deixaria de ser recompensado.

A medicina diz que o jejum traz vantagensterapêuticas, pois alivia as funções digestivas,reequilibrando o sistema. Existem estudos que garantemque jejuar uma vez por semana auxilia noemagrecimento, contribuindo para a reeducaçãoalimentar. Na contramão, recente pesquisa realizada pornutricionistas revelou que ficar sem alimentação por

muitas horas pode fazer mal à saúde. O ideal seriacomer um pouco a cada três horas.

Deixar de comer, eventualmente, seria um meio,também, de reagir contra o espírito materialista reinantehoje. Privando-se dos alimentos, as pessoas seconvencem de que as nutrições terrenas não bastam. É

preciso também estimular a fome de bens espirituais. Nomundo do bem-estar e do conforto, é necessário guardaro espírito disponível para DEUS.

Para o Judaísmo de hoje, a ideia do ascetismoreside na tomada de consciência de que algo estáfaltando para mim agora, no caso, a comida e a bebida,e com isso, deve-se meditar sobre o motivo pelo qual

DEUS ordenou jejuar. Desta forma, para o judeu, fica maisfácil conscientizar-se de que há algo faltando no




comportamento e, assim, aprimorar-se.Para alguns segmentos cristãos, o ascetismo é

prática obrigatória para que os crentes possam crescer

espiritualmente e para que a igreja alcance excelênciano exercício de seus ministérios, haja vista que garantereforço espiritual frente às muitas batalhas que a igrejatrava no seu cotidiano.

Ao que parece, deixar de comer, eventualmente,por si só, oferece benefícios. Se isso não faz todo o bemque os seus praticantes prometem, mal não fará. Certo? Talvez. Em oposição, há quem dê outra interpretação aestes fatos. Uma vez que o ascetismo é aderente apreceitos do Antigo Testamento, os que se posicionamcontra afirmam que faz mal sim, pois seria legalismo efermento de fariseus, sendo recomendável a suainobservância42, pois em CRISTO a observância de rituais

sagrados foi excluída.

Havendo riscado a cédula que era contra nós, nassuas ordenanças, a qual de alguma maneira nos eracontrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a nacruz. (Colossenses 2.14)

A expressão ordenança aqui refere-se às práticas

rituais do Antigo Testamento. Portanto, que se faça,desde logo, distinção entre estas e as deixadas peloSENHOR JESUS para a Igreja, a saber: o batismo nas águas ea celebração da ceia, pontos que veremos mais adiante.

Muito se tem falado e escrito sobre o jejum bíblico.A maioria das abordagens é fervorosa em sua defesa aoponto de mistificar a prática. Este trabalho, como já dito,

42 Posicionamento de alguns segmentos evangélicos que procuram excluir o aspecto ascético deseus cultos.



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visa apresentar ponto de vista mais equilibrado efundamentado sobre o tema, procurando contemporizá-lo ao Novo Testamento.

A tabela a seguir traz informações sobre o jejumnas principais doutrinas religiosas do mundo43:

Religião Quando Como Por quê

Bahá'í O jejum bahá'í tem lugar entreos dias 2 e 20de março, que

correspondemao mês de Alá,o 19º docalendáriobahá’í.

Não comernem beberentre o nascere o pôr do sol.

O jejum simbolizaum processo detransformaçãoespiritual e o

desprendimento dascoisas deste mundo;o objetivo é que ocrente se concentreem DEUS.

Budismo Todos osprincipaisramos doBudismopraticam jejum,geralmente em

dias de luacheia e emalgunsferiados.

Depende datradiçãobudista.Geralmenteconsisteapenas na

abstenção dealimentossólidos sendopermitidasbebidas.

É um método depurificação. Osmonges budistas Theravada e Tendai jejuam com oobjetivo de libertar

a mente. Algunsmonges budistastibetanos jejuampara conseguirefeitos de ioga,como, por exemplo,gerar um calorinterior.

43 Fonte. http .//pt.wikipedia.org/wiki/

Jejum

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jejum







Catolicismo Jejum eabstinência decarne na

quarta-feira decinzas eabstinência decarne em todasas sextas-feirasda Quaresma.Durante muitosséculos oscatólicosestiveramproibidos decomer carne àssextas-feiras.Mas desde osmeados dosanos 1960, aabstinência decarne nassextas-feirasfora daQuaresma temsido deixada àconsciência de

cada um.

Na quarta-feirade cinzas e nasexta-feira

santa, sãopermitidasduas pequenasrefeições euma refeiçãonormal; a carneestá proibida.Nas sextas-feiras daquaresma acarne não épermitida. Parao jejumopcional dasexta-feira,algumaspessoassubstituem-nopor umapenitência ouuma oraçãoespecial pelo jejum.

Ensina o controledos desejos dacarne, penitência

pelos pecados esolidariedade paracom os pobres. O jejum da quaresmaprepara a alma parauma grande festaao praticar aausteridade. O jejum de sexta-feirasanta celebra o diaem que CRISTO sofreu.

CristianismoOrtodoxoOriental

Existem váriosperíodos de jejum incluindoa Quaresma, o Jejum dosApóstolos, o Jejum daAscensão, o Jejum daNatividade, e

vários outrosdias de jejum. Todas asquartas-feiras esextas-feirassãoconsideradasdias de jejum,exceto aquelesque coincidemcom as

“semanaslivres de jejum”.

Em geral, acarne,lacticínios eovos estãoproibidos. Opeixe éproibido emalguns dias epermitidonoutros.

Fortalece aresistência à gula;ajuda a pessoa aabrir-se à Graça deDEUS.



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Hindu O jejum égeralmentepraticado na

Lua Nova e nosfestivais deShivaratri,Saraswati Puja,e Durga Puja.As mulheres nonorte da Índiatambémcostumam jejuar no dia deKarva Chauth.

Depende doindivíduo. O jejum pode

consistir em 24horas decompletaabstinência detoda a comidae bebida; masé maisfrequente queinclua apenasabstinência decomida e sejam

permitidasocasionalmente bebidas comoleite e água.

Uma forma deconseguirconcentração

durante ameditação ouadoração;purificação dosistema; por vezesé considerado umsacrifício.

Judaísmo O Yom Kippur,o Dia daExpiação, é odia de jejummaisconhecido. Ocalendário

judaico contémainda seis diasde jejum,incluindo o Tisha B'Av, odia em queteve lugar adestruição do Templo.

No Yom Kippure no TishaB'Av, a comidae a bebida éproibidadurante 25horas, entre

um nascer dosol e o nascerdo sol do diaseguinte. Nosdias restantes,a comida e abebida estãointerditos entreo nascer do sole o por do sol.

Expiação dospecados e/ou fazerpedidos especiais aDEUS.





Mórmon O primeirodomingo decada mês é um

dia de jejum.Os indivíduos,as famílias oucomunidadespodem realizar jejuns noutrasocasiões.

Abstenção decomida ebebida durante

duas refeiçõesconsecutivas, edoando odinheiro dasrefeições paraosnecessitados.Após o jejum,os membros daigrejaparticipam na“reunião de jejum etestemunho”.

Proximidade emrelação a DEUS;concentração em

DEUS e na religião. Jejuns individuais oufamiliares podemser realizados comopedido por umacausa específica, talcomo a cura de umdoente ou a ajuda atomar uma decisãodifícil.

Islã O Ramadã, onono mês docalendárioislâmico, é umperíodo de jejumobrigatório quecelebra operíodo em queo Alcorão foi,pela primeiravez, revelado aMaomé. Váriastradiçõesislâmicasrecomendamdias e períodosde jejum alémdo Ramadã.

Abstinência decomida,bebida, fumo,linguagemobscena erelaçõessexuais entre aalvorada e opôr do sol,durante todo omês.

Alguns muçulmanos jejuam todas assegundas-feirasporque se diz que oProfeta Maométambém o fazia.Outros jejuamdurante o mês deSha'baan, queprecede o Ramadã,e especialmentedurante os três diasque precedem oRamadã.

Paganismo Não existemdiasformalmentededicados ao jejum, masalguns pagãos jejuam napreparação dofestival deOstara(Equinócio dePrimavera).

À discrição doindivíduo -alguns evitamtotalmente acomida, outrosreduzem aquantidade dealimento.

O objetivo épurificarenergeticamente apessoa;frequentemente éusado para elevaros níveis vibratórioscomo preparaçãopara trabalho demagia. O jejum deOstara é usado paralimpeza pessoal das

comidas pesadas doinverno.



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ProtestanteEvangélico

À discrição dosindivíduos,igrejas,

organizaçõesoucomunidades.

Apesar dealguns seabsterem

totalmente decomida oubebida, outrosapenas bebemágua ousumos, apenascomem certostipos decomida, nãofazemrefeições ou

abstêm-se detentações,comestíveis ounão.

Os jejunsevangélicostornaram-se

crescentementepopulares, com oobjetivo de buscade alimentoespiritual,solidariedade paracom os pobres, paracontrabalançar acultura consumistamoderna, ou parapedir a DEUS alguma

coisa especial.

Outrosprotestantes

Não é umponto centralda tradição,mas o jejumpode serrealizado àdiscrição das

comunidades,igrejas, outrosgrupos eindivíduos.

À discrição dequem jejua.

Para melhoramentoespiritual ouprogresso naagenda de justiçasocial ou política.



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Qual a importância que o cristão evangélico atribuiao jejum? Que conexão pode haver entre dietasespeciais e abstinências com a qualidade da vidaespiritual? Aparentemente essa pergunta encontraresposta satisfatória em Romanos 14.17 e emColossenses 2.20-23.

Porque o reino de Deus não é comida, nem bebida,mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.

Se morrestes com Cristo para os rudimentos domundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vossujeitais a ordenanças: não manuseies isto, nãoproves aquilo, não toques aquiloutro, segundo ospreceitos e doutrinas dos homens? Pois que todasestas coisas, com o uso, se destroem. Tais coisas,

com efeito, têm aparência de sabedoria, como cultode si mesmo, e de falsa humildade, e de rigorascético; todavia, não têm valor algum contra asensualidade.

Será que esses versículos não dizem o queparecem dizer, que o reino de DEUS nada tem a ver com oque fazemos descer ao estômago e que o rigor ascético

é pouco proveitoso? Se está tão claro assim, por queentão os cristãos evangélicos, em especial, devotam

4Finalidades do




tanta confiança em práticas ascéticas? Seria um enganoou de fato algo nos escapa nessa compreensão?

No meio cristão, o ascetismo ocorre com diversos

formatos. A seguir, os principais propósitos:a) Santificação;b) Sacrifício;c) Preparar-se para enfrentar situações difíceis;d) Preparar-se para expulsar demônios;e) Subjugar a carne;f) Conseguir uma bênção material específica;g) Busca de uma experiência mais intensa como Espírito Santo;h) Pela libertação de pessoas ou de nações;i) Como condição imprescindível à implantaçãode decretos divinos (atos proféticos), dentreoutras.

Quem considera a abstinência alimentar umaprática realmente importante acredita que somente adecisão de realizá-la já é meio-caminho para o objetivoalmejado, pela devoção em sacrifício que representa.

A escolha do tipo de sacrifício e a sua finalidadedependerão de vários fatores. Geralmente não éimpositivo, embora se verifiquem situações em quealguns se sentem constrangidos, e para não ficaremabaixo do padrão de um grupo se alinham a ele. Écomum encontrarmos pessoas que jejuam sem saberemexatamente porque o fazem, sendo motivadas porinformações que receberam ao longo da vida ou porsimples recomendação da liderança.

Segue-se breve transcrição do livro “AtosProféticos: comando de DEUS ou invenção humana?”, de



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autoria do apóstolo Renê de Araújo Terra Nova44. Nessaótica, o sacrifício da carne é visto como uma ferramentapara abrir portas, quebrar decretos malignos e suscitar

novas esperanças:

Existem várias modalidades de jejum e oração:fortalecimento, propósito (7, 14, 21, 30, 40 dias);consagração; proclamação de decretos, na qualoramos com base em decretos a Palavra (que delíciapoder orar a Bíblia!). Escreva e cole decretos bíblicosnos lugares da sua casa onde você tem mais acesso,

e assim você estará alimentando continuamente seular e sua família com bênçãos espirituais.1 dia ou 1 refeiçãoÉ um propósito de consagração. Mas é indicado queseja tirada a refeição mais importante para você.3 diasÉ o jejum para abrir portas. Nesse período, leia olivro de Ester, pois ele lhe ensinará o propósito do jejum de três dias. O cetro vai se estender a seu

favor quando você aprender a fazer o jejum correto.7 dias Tem o propósito de conseguir uma bênçãoespecífica. Todas as vezes que Israel parou e jejuouhouve um decreto de sete dias para que a naçãoganhasse uma bênção específica.21 diasEsse é um dos jejuns mais completos porque atrai oscéus à Terra, confronta principados da maldade e os

príncipes de Deus se levantam a nosso favor.Segundo a história de Daniel, o anjo Miguel entra nanossa causa com esse jejum. Depois que Daniel oroue jejuou por 21 dias (Dn 10), o anjo lhe disse que aoração havia chegado ao Trono, mas o principado daPérsia lutou contra o anjo durante os 21 dias e Deusmandou Miguel, o príncipe de Israel, para ajudar oanjo. Esse é um jejum específico para nos trazerrevelações tremendas do que Deus vai fazer nas

nossas vidas diante de grandes dificuldades. Eles

44 Teólogo e líder do Ministério Internacional da Restauração.




saíram da Babilônia e voltaram para Jerusalém.Quando jejuamos durante 21 dias saímos de umasituação crítica e entramos na bênção, na promessa.30 dias

No cativeiro da Babilônia, houve uma conspiraçãocontra Daniel, feita pelos governadores, capitães epríncipes, para que não fosse adorado nenhum outrodeus a não ser o rei, num decreto (pregão) de 30dias. Quem desobedecesse seria lançado na covados leões (Dn 6). Daniel continuou orando e jejuando, não a Dario, mas ao Deus de Israel. Porisso, foi lançado na cova dos leões. Mas o Senhoranulou o decreto de Dario e não deixou que os leões

devorassem o profeta. Leão se alimenta de carne,mas Daniel não andava na carne. A Bíblia diz queSatanás fica ao nosso derredor bramindo como sefosse um leão (I Pe 5.8), mas temos uma arma que ovence: a santidade. O diabo pega alguns porqueandam na carne, porque a carne está aguçada. Asantidade vai fazer com que o leão fuja da suapresença. Um homem de Deus fecha a boca dosleões.

40 diasEsse jejum é para saber qual o seu ministério,confirmá-lo, desatá-lo, fazê-lo crescer e para que onosso ministério encontre respaldo. Moisés, Elias e Jesus oraram e jejuaram por 40 dias. Moisés porquetinha o ministério de libertação, Elias por causa doministério profético e Jesus pelo ministériomessiânico. Com oração e jejum, além de ganharmosvidas, não fica pecado nas células e nem nos Doze.

Moisés orou e jejuou por 40 dias, no Sinai. Nesseperíodo ele foi confrontado pelo principado deidolatria oriundo de Faraó, arraigado no coração dopovo, desde o Egito. Depois que o anjo lhe serviucomida no deserto, Elias orou e jejuou 40 dias paraenfrentar o principado de idolatria e feitiçaria emAcabe oriundo de Jezabel (I Rs 19.8). Jesus orou e jejuou por 40 dias e venceu o diabo (Lc 4.1-13). O jejum de 40 dias destrói as forças dos principados e

quebra suas bases de atuação. Se você quer queDeus lhe dê um ministério de êxito, vai precisarpagar um preço de jejum e oração. O preço da



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redenção Jesus já pagou, o preço da consagraçãoquem paga é você. O jejum é um compromisso quedeve ser sustentado permanentemente. Você pode jejuar 40 dias e no 41° dia perder a bênção por uma

atitude. Satanás vai testar as nossas atitudes e umaatitude errada pode anular todo o jejum de 40 dias.

Mais adiante, veremos os principais motivos quelevam as pessoas ao asceticismo. Com toda afundamentação nas Escrituras, veremos a questão dosritos, ordenanças e regulamentos na igreja,

considerações sobre nossa consagração e santificação, eo problema da atribuição de poder a práticas e objetosque representavam, no período anterior ao advento doSENHOR JESUS, apenas sombras do que haveria de semanifestar.

Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelobeber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua

nova, ou dos sábados, que são sombras das coisasfuturas, mas o corpo é de Cristo. (Colossenses 2.16-17)

É bom que você leia este livro ao lado de umaBíblia, para que possa conferir tudo imediatamente.Serão necessárias paciência e dedicação para quenenhum aspecto passe despercebido. Nem todas asreferências bíblicas foram reproduzidas textualmente, noentanto, todas elas estão citadas no rodapé, seguindoreferências numéricas.

Algumas conclusões podem sinalizar que muitosensinamentos se apresentam como legítimos eprometem maravilhas, transformações saudáveis e

permanentes em nossa vida, mas se forem confrontadoscom a Palavra veremos que podem ser adaptações




grosseiras da Lei misturadas com a Graça, que abrigamempecilhos para o entendimento e o usufruto da Graçade DEUS.

Então, por que agora vocês estão querendo tentar aDeus, pondo sobre os discípulos um jugo que nemnós nem nossos antepassados conseguimossuportar? (Atos 15.10)

Ao invés de aflição de alma, JESUS oferece descansopara a alma, porque o seu jugo é suave e seu fardo éleve45. Sendo assim, é inevitável a pergunta: Qual o lugar

do asceticismo na construção do relacionamento queDEUS pretende aprofundar com o homem?

45 Mateus 11.29-30



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A abstinência alimentar com fins religiosos tem

origem no Dia da Expiação, que era uma festa anual doshebreus em que se fazia a purificação de todos ospecados do povo46. Nesse dia, era prescrito afligir a alma,com a negação ao corpo físico de suas necessidades,incluindo o alimento.

O sentido maior de afligir a alma era o de se deixar

quebrantar, com profunda reflexão, pela condição depecador e da fragilidade perante as situações da vida e,com isso, humilhar-se perante DEUS, para o perdão. O Diada Expiação, então, era marcado pela tristeza e, por isso,os hebreus não comiam. A abstinência alimentar nãopurificava do pecado, era apenas parte do cerimonial.

Mais tarde, se estabeleceram quatro jejuns pararecordar os dias do exílio47. A abstinência alimentar,desde então, passou a ter também o objetivo de trazer àmemória do povo as lembranças de um fato triste e, emseguida, recordar a ação do SENHOR no livramento. Issofortalecia a fé. Devemos trazer à memória aquilo que nos

46 Levítico 16.29-30 e 23.26-29

47 Zacarias 8.19

5Origem do asceticismo



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dá esperança – ensinou o profeta Jeremias48.Encontramos também diversos relatos bíblicos de

homens que buscaram livramento com orações, jejuns,

pano de saco e cinzas em face de profunda angústia, nosquais procuraram uma condição mais favorável peranteo Altíssimo. Em todas as circunstâncias verificadas, atônica principal era a tristeza, o luto, condições quemotivavam o ascetismo na época.

O livro de Neemias retrata com precisão o sentido

dessa autonegação. No versículo 1.4, Neemias busca aoSENHOR com luto e tristeza porque os muros de Jerusalémestavam arruinados e as suas portas queimadas. Ahistória se desenrola e Neemias consegue reerguer acidade, no que o SENHOR lhe foi benevolente. Nasequência - versos 8.10-12 - vemos um quadro bastantediferente. A alegria toma lugar e o luto cessa. Neemias

manda que o povo coma carnes gordas, tome bebidasdoces, e determina: não estejais contristados. Não há naBíblia outro livro que demonstre com mais beleza osofrimento, a oração, o trabalho, o choro, a alegria, aperseverança e o culto ao SENHOR. Este livro esclarecebem a real finalidade da autonegação entre os hebreus

da antiguidade: a tristeza e o luto.Compreendendo isto, concluímos que a finalidadeinicial da abstinência alimentar era o cumprimento deuma formalidade cerimonial, não mais do que isso.

DESVIO DO PROPÓSITO ORIGINAL

Na medida em que os anos se passavam, o

48 Lamentações 3.21




ascetismo foi se transformando e recebendo outrossignificados, porém não atribuídos por DEUS, mas pelohomem. A sua aplicação prática foi sendo diversificada e

passou a ser recomendado contra situações difíceis, queexigiam auxílio divino. Com o tempo, os hebreuspassaram a afligir a alma não apenas em sinal dearrependimento, mas para busca de revestimentoespiritual, pois passaram a considerar que esse atoescondia em si algum poder sobrenatural, facilitador daação de DEUS. Por influência de povos pagãos, passarama praticar sacrifícios com o objetivo subjacente de dobrara divindade. Esse entendimento desvirtuado do sentidooriginal encontrou seu ápice quando os hebreus jánegligenciavam a assistência às viúvas, aos pobres enecessitados, e ainda assim ofereciam jejuns comoforma de aplacar essa falta. Esse cenário crítico levou

DEUS a usar o profeta Isaías para corrigir o povo49. Nãosurtindo efeito, mais tarde o profeta Zacarias é usadopor DEUS com a mesma finalidade50. Apesar disso, o povopreferiu continuar abrigando misticismo ao atribuir poderespiritual à abstinência alimentar, firmando a tradição aolongo dos séculos, transmitindo-a à igrejacontemporânea.

Resumidamente, no início a tristeza é quemotivava a aflição da alma. Depois, a aflição da almapassou a ser praticada por questões rituais. E, porúltimo, passou a ser a senha para uma condiçãoprivilegiada aos olhos de DEUS. Os profetas Isaías eZacarias advertiram que essa prática fora dos objetivos

49 Isaías 58

50 Zacarias 7



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inicialmente propostos é canoa furada, e, portanto nãopode agradar a DEUS.

O ASCETICISMO É UM TIPO DE SACRIFÍCIO

Práticas ascéticas, por definição, têm caráter desacrifício, uma vez que procura induzir o corpo, de formapremeditada, a um sofrimento assistido, visando a umobjetivo específico.

O profeta Samuel já havia alertado que o SENHOR

não se agrada de sacrifícios. O que o SENHOR aprecia é aobediência.

Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhortanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como emque se obedeça à palavra do Senhor? Eis que oobedecer é melhor do que o sacrificar; e o atendermelhor é do que a gordura de carneiros. (I Samuel15.22)

Em Isaías 58.1-12, o profeta faz veementeadvertência quanto ao asceticismo desvirtuado,motivado pelo legalismo:

Seria este o jejum que eu escolheria: que o homemum dia aflija a sua alma, que incline a sua cabeça

como o junco, e estenda debaixo de si saco e cinza?Chamarias tu a isto jejum e dia aprazível ao Senhor?(Isaías 58.5)

Se a ascese é fruto de iniciativa humana para justiça própria e serve para acumular milhas para seremtrocadas por bênçãos, esse sacrifício é nulo. O SENHOR trabalha em nossas vidas e algumas vezes requersacrifício, e somos honrados se respondermos bem.Porém, o tipo de sacrifício que DEUS espera foi posto com



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clareza e se traduz em amor e abnegação pelo próximo,resistência ao pecado e comprometimento absoluto comele:

Porventura não é este o jejum que escolhi? Quesoltes as ligaduras da impiedade, que desfaças asataduras do jugo? E que deixes livres osquebrantados, e despedaces todo o jugo? Porventuranão é, também, que repartas o teu pão com ofaminto, e recolhas em casa os pobres desterrados?E, vendo o nu, o cubras, e não te escondas da tuacarne? Então romperá a tua luz como a alva, e a tua

cura apressadamente brotará, e a tua justiça iráadiante da tua face, e a glória do Senhor será a tuaretaguarda. Então clamarás, e o Senhor teresponderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui: setirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo e ofalar vaidade; e se abrires a tua alma ao faminto, efartares a alma aflita: então, a tua luz nascerá nastrevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. E oSenhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma

em lugares secos, e fortificará os teus ossos; e seráscomo um jardim regado, e como um manancial,cujas águas nunca faltam. (Isaías 58.6-11)

Dessa forma, o profeta denunciou o desvioocorrido. O texto é cristalino e ensina a postura escolhidapor DEUS: Soltar as ligaduras da impiedade, desfazer as

ataduras do jugo...A recompensa é certa, em forma de promessa: ...eserás como um jardim regado, e como um manancial,cujas águas nunca faltam.



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Às vezes, podemos ser tapeados com supostosbons exemplos. Seguimos as pessoas pelo que elasparecem ser, por aquilo que elas fazem que nos parecedireito e digno de ser copiado. Ocorre que esse caminhoé cheio de armadilhas. O nosso parâmetro deve sersempre JESUS, nenhum outro. Paulo foi ousado ao dizer: Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de CRISTO (I

Coríntios 11.1). A melhor forma de captarmos esseensino é: imitem a mim na atitude de imitar CRISTO.Eventualmente, todos nós podemos nos distrair e deixarque propostas do velho-homem, da religião, e atémesmo de Satanás, estraguem tudo. Aconteceu comPedro51. Não fosse a misericórdia inesgotável de DEUS emnossa vida, causaríamos perdas a todo o momento;infelizmente temos esse potencial.

Às vezes, podemos nos equivocar com modelos deconduta e mensagens bonitas simplesmente porque elasdizem aquilo que queremos ouvir e receber, quereforçam nossas crenças preexistentes, enquanto amensagem subjacente mais importante passa

despercebida. Vejamos esses casos:

51 Marcos 8.33

6Exemplos na Bíblia



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DANIEL

A abstinência de Daniel52, conhecida como “jejum

de 21 dias”, tem sido considerada por muitos a maiorprova de que o asceticismo é poderoso, especialmentenas chamadas batalhas espirituais. Porém, com ocuidado necessário, poderemos constatar que se trata demais uma deformada interpretação do texto bíblico.

O jejum, o pano de saco e as cinzas eramelementos da tradição judaica em sinal de tristeza ehumilhação, como já vimos. Os capítulos 9 e 10 deDaniel relatam trecho de elevada importância para osúltimos dias, que devem ser interpretados ao lado deApocalipse. Daniel, no capítulo 9, jejuou em ato solenepara buscar a face do SENHOR, como era costumeiro. Nocapítulo 10, o relato é de que Daniel pranteou durante

três semanas53.Nesses dias, Daniel não comeu comida saborosa,

nem carne, nem vinho, não se penteou, para se dedicarà oração, como era tradicional em situações graves.Alimentar-se adequadamente e cuidar do visual nuncaforam incompatíveis com a oração, mas havia umaorientação cultural que influenciava fortemente o povohebreu. O que dá a entender o texto é que Danielrecebeu uma revelação que o deixou muito abatido, epor isso a tristeza lhe assombrou por três semanas. Transcorrido esse período, veio-lhe a interpretação darevelação.

Podem-se considerar aqui pelo menos duas

52 Daniel 9.3

53 Daniel 10.2




vertentes: a primeira que ele não comeu porque estevetriste (faltou apetite), tendo esse período cessado depoisde três semanas; e a segunda que ele não comeu de

propósito por 21 dias, mesmo tendo fome, visando àconsagração para melhorar sua capacidade de captarDEUS. O primeiro entendimento, todavia, é o que sealinha à realidade humana e à Lei, pois não há respaldona Lei nem nos Profetas para práticas ascéticas portempo pré-determinado, além de um dia, e muito menospara busca de robustez espiritual.

Daniel sabia que a dominação política que Israelsofria era por causa do pecado da nação e, por isso,entregou-se inteiramente a buscar o perdão de DEUS,fazendo confissão por representação, função de umsacerdote.

Infelizmente, de maneira estranha, a igreja

contemporânea tem preferido acolher a vertente místicado fato, inclusive realizando rituais de 21 dias para oalcance de benefícios espirituais. Erroneamente temosaprendido que Daniel se consagrou naquelas trêssemanas e em virtude disso lhe sobrevieram asrevelações relatadas. E pior, alguns líderes ensinam quese fizermos como Daniel, grandes revelações tambémnos serão entregues pelo SENHOR.

Assim é que se originam os problemas que acabamem doutrinas duvidosas nada amparadas na Palavra:tentar repetir ou reproduzir ações relatadas na Bíblia,sem a devida contextualização. Eis que surge, então, o jejum de Daniel: Se você quiser receber grandes

revelações de DEUS, jejue por 21 dias.A história de Daniel mostra que DEUS age apesar do



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asceticismo, e não por causa dele. DEUS enviou o anjocom as revelações desde o primeiro dia em que Danielaplicou o coração a compreender e a se humilhar

perante DEUS, por isso Daniel registrou que o anjo veiopor causa das suas palavras.54 O registro desse detalhefoi evidentemente inspirado pelo Espírito Santo paraevitar a mistificação da dieta de Daniel, levando emconta a tendência humana de distorcer os fatos em favorda religião e do legalismo.

Então me disse: Não temas, Daniel, porque, desde oprimeiro dia em que aplicaste o teu coração acompreender e a humilhar-te perante o teu DEUS, sãoouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa dastuas palavras. (Daniel 10.12)

ESTER

É impossível não ficar impactado ao ler Ester. A

violência com que os inimigos de Israel se manifestamnessa história é impressionante, porém maisimpressionante ainda se revela a providência de DEUS,outra vez, em favor dos judeus.

A rainha pede a Mordecai que oriente o povo a nãocomer por três dias, enquanto ela mesma e suas servas

também o fariam, antes de sua ida a Assuero55

, rei daPérsia. A situação era alarmante ao extremo. O destinodos judeus estava traçado. O decreto real forjado porHamã mandava exterminar o povo de DEUS da face da Terra, e não havia possibilidade de ser revogado, comode fato não foi. Ester, sendo também judia (condição querevelaria no momento oportuno), percebeu que não

54 Daniel 10.12

55 Ester 4.16.




escaparia da sordidez de Hamã e resolveu arriscar tudo.A menos que DEUS interferisse, Ester morreria dequalquer jeito, ou pela espada do inimigo ou pela

sentença de Assuero, pois ninguém podia entrar nacâmara do rei sem permissão.

A devoção da rainha Ester, porém, revelou a suaestima pelo sacrifício ascético, o que era esperado, umavez que Israel encontrava-se sob ameaça, motivandoinsegurança, medo e tristeza. Contudo, neste caso emespecial, a atitude de Ester destoa sensivelmente do queera recomendado pela Lei e pelos Profetas. Em situaçõescomo esta, o povo clamava ao SENHOR com muitaintensidade, isso com aflição de alma. A abstinênciaalimentar era proclamada apenas por um dia ou portempo indeterminado, até que o SENHOR desse umadireção para o caso. Ester, ao contrário, já havia

determinado o que fazer e pediu, mesmo assim, umsacrifício de três dias, nos seguintes termos: jejuai pormim (ou jejuem em meu favor). Esse modo de seconduzir, envolvendo um período de abstinênciaalimentar, foi inovador e podemos dizer que foi estranhoaos costumes de Israel em alguns aspectos. Não se achaem nenhum lugar na Lei e nos Profetas respaldo paraque se jejue por alguém e muito menos com quantidadepredeterminada de dias, e, além disso, era incomum jejuar depois de uma decisão já tomada, apenas paraque DEUS respaldasse a decisão.

O ascetismo no Antigo Testamento era orientadopor DEUS para aflição da alma e contrição pessoal. Este

era um ato por natureza muito particular, e não haviapossibilidade de se fazer isso em lugar de outro.



Canoa Furada | 3

... afligireis as vossas almas, e nenhuma obra fareis,nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entrevós. Porque naquele dia se fará expiação por vós,

para purificar-vos: e sereis purificados de todos osvossos pecados, perante o SENHOR. (Levítico 16.29-30)

A alma que pecar, essa morrerá. (Ezequiel 18.20a)

A mesma ideia está no Novo Testamento: ...cadaum de nós dará conta de si mesmo a DEUS. (Romanos14.12)

Está implícito no texto sagrado que a intenção deEster era alterar a atmosfera espiritual de afronta aos judeus e dotá-la de reforço espiritual e proteção contra orei persa, que por motivo não revelado passou a evitá-lacomo esposa e parceira sexual, e ela, por sua vez,mesmo sendo rainha, não podia apresentar-se

deliberadamente ao rei antes de ser convidada. Mesmopara a rainha, a pena era nada menos que a morte.Ao que parece, Ester compreendia que quanto

mais gente estivesse em sacrifício, maiores seriam suaspossibilidades de sucesso. Não bastaria apenas orar,clamar, buscar a face do SENHOR, ou mesmo consultar umprofeta, se houvesse um. Baseando-se no que

representava a humilhação com sacrifício da carnenaquela altura da história, Ester pediu ao povo quebatalhasse por ela ficando sem comer durante três dias.

Muitas vezes, a Bíblia se restringe a narrar os fatossem tecer juízos de valor sobre os personagens, motivopelo qual corremos o risco de adotar determinadas

condutas pouco recomendadas como se fossemcorretíssimas. As narrativas bíblicas não objetivam fazer




de seus personagens homens e mulheres sem defeito,super-heróis. Muito pelo contrário, a Bíblia apresentasuas angústias, despreparos, medos, traumas, e também

seus acertos, coragem e fé, afinal, todos eram sereshumanos como nós. A misericórdia e o amor de DEUS sempre podem superar entraves humanos. A plenasoberania de DEUS é que decide sobre isso.

Além do SENHOR JESUS – que é DEUS pleno e homemcompleto coexistindo em um só ser – sendo nossoexemplo máximo em todos os sentidos, podemos atétomar outros personagens bíblicos (ou não) comoexemplos de conduta, mas não porque suas vidas foramirretocáveis, mas porque procuraram acertar, mesmovacilantes.

Josué venceu as muralhas de Jericó, Elias aniquilouos profetas de Baal e Davi prevaleceu contra Golias sem

buscarem poder no asceticismo. Estes são apenas algunsexemplos de ocasiões cruciais na história de Israel emque DEUS colocou homens comuns na linha de frente,submetendo-os a desafios extremos. Se o rigor ascéticofosse realmente fonte de poder ou se houvesse aomenos previsão na Lei e nos Profetas para que fossepraticado nestas circunstâncias, esses homens não oteriam negligenciado.

Não se pretende com esta abordagem dogmatizara fé de Ester, invalidando-a ou mesmo julgando-a. Osque estão dentro dos círculos religiosos têm a tendênciade querer controlar DEUS, não admitindo sua açãosoberana fora de regras (mesmo bastante flexíveis).

Afirmações dogmáticas sobre o caráter de DEUS e sobre oque ele pode fazer deixam pouco espaço para a fé



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verdadeira. Apesar de tudo, Ester agiu pela fé e foihonrada. A Bíblia é rica em exemplos de que DEUS podefazer o que quiser, quando e como desejar, apesar de

nós, apesar de nossas limitações e pouca compreensãode suas Leis e planos. Porém, de forma pouco cuidadosa,as pessoas têm posto o foco em lugar errado,obscurecendo o verdadeiro motivo da vitória de Ester,extraindo supostas verdades dessa história, imputandoàs dietas frugais vitórias espirituais.

Ester já vivenciava desvio doutrinário sobre comoproceder em circunstâncias nas quais se requeriaabstinência alimentar. Isso fica claro porque ela propôs aprática em desacordo com o seu propósito original. Essedesvio dos estatutos vigentes é plenamentecompreensível. Nessa época, o povo judeu vivia sobdomínio persa há muitos anos e já não tinha a Lei na

mente, com clareza de detalhes. Perceba que Moiséshavia ordenado aos levitas que a Lei fosse repassada aopovo a cada sete anos, para que não houvesse desviospermanentes, contudo essa leitura já não ocorria háséculos.

Na situação política em que se encontrava o povo

hebreu, a essência da Lei foi se desvanecendo, dandolugar a certas crendices, fazendo com que certastradições se firmassem à revelia da Lei.

E deu-lhes ordem, Moisés, dizendo: Ao fim de cadasete anos, no tempo determinado do ano daremissão, na festa dos tabernáculos, quando todo oIsrael vier a comparecer perante o Senhor, teu Deus,

no lugar que ele escolher, lerás esta Lei, diante detodo o Israel, aos seus ouvidos. Ajunta o povo,homens, e mulheres, e meninos, e os teus




estrangeiros que estão dentro das tuas portas, paraque ouçam, e aprendam, e temam ao Senhor, vossoDeus, e tenham cuidado de fazer todas as palavrasdesta lei; e que os seus filhos, que a não souberem,

ouçam, e aprendam a temer ao Senhor, vosso Deus,todos os dias que viverdes sobre a terra, à qual ides,passando o Jordão, para a possuir. (Deuteronômio31.9-13)

JESUS NO DESERTO

JESUS nada comeu no deserto por quarenta dias.Esse fato está registrado com variações nos Evangelhos

sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). O quarto Evangelho(João) não menciona o episódio. Vejamos:

Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto,para ser tentado pelo diabo. E tendo jejuadoquarenta dias e quarenta noites, depois teve fome.(Mateus 4.1-2)

E logo o Espírito o impeliu para o deserto. E aliesteve no deserto quarenta dias, tentado porSatanás. E vivia entre as feras, e os anjos o serviam.(Marcos 1.12-13)

E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão, efoi levado pelo Espírito ao deserto; e quarenta diasfoi tentado pelo diabo, e, naqueles dias, não comeucoisa alguma; e, terminados eles, teve fome. (Lucas

4.1-2)

Nenhum dos três narradores estava presente nobatismo de JESUS e por isso não podemos precisar comotomaram conhecimento do que escreveram. Sabemos,porém, que os fatos eram registrados por escrito eperpetuados pela tradição oral (não necessariamente

nesta ordem).Mateus foi apóstolo. Marcos foi discípulo de Pedro,



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e quando tudo aconteceu, era apenas uma criança.Lucas também não foi apóstolo. Mateus e Marcosescreveram para judeus; Lucas para gentios. Os anos em

que estes relatos foram produzidos também sãobastante espaçados, sendo o mais tardio o de Lucas, deacordo com historiadores.

Não há como negar que o que escrevemos,dizemos e pensamos é profundamente influenciado peloque somos e pela percepção do mundo que

desenvolvemos. Na verdade é resultante disso. Isso nãomuda em relação às Escrituras. A Bíblia foi inspirada porDEUS e escrita por homens como quaisquer de nós. Muitostrechos os próprios autores não compreenderam osignificado. Outros foram frutos de pesquisa. Outrosainda são narrativos e objetivaram perpetuar os fatos, eesse é o caso dos Evangelhos.

Por isso, aprouve a DEUS permitir que a Bíbliacontemplasse quatro versões dos mesmos fatos – osquatro Evangelhos - para que (1) pudéssemos terrazoável riqueza de material para comparação eamadurecimento de conclusões e (2) a diversidade deabordagens e terminologias pudesse proporcionar

variedade de percepções.Enfim, tudo isso nos dá material para análiserazoavelmente segura do que aconteceu, com o auxíliode outros textos bíblicos e dados de pesquisadores.

O relato de Mateus é semítico; transmite a ideia deque JESUS foi para o deserto, por influência do EspíritoSanto, para uma finalidade: ser tentado pelo diabo. Dá a

entender que rejeitou comida intencionalmente, porquarenta dias, com um propósito, porém o texto não diz




qual foi. Na sequência, também dá a entender quesomente após a sua abstinência alimentar é que o diaboo assediou. Mateus utilizou a palavra jejum.

O relato de Marcos é apressado e econômico,seguindo seu estilo com as palavras. Diz que JESUS foiimpelido pelo Espírito ao deserto, onde esteve porquarenta dias sendo tentado pelo diabo, dando aentender que a tentação ocorreu durante os quarentadias, e não depois, como informou Mateus. Nadamenciona acerca de abstinência alimentar, mas diz queos anjos o serviam. Não utiliza a palavra jejum.

Por fim, o relato de Lucas, que, ao contrário deMarcos, tem afeição aos pormenores, diz que JESUS estavacheio do Espírito Santo após a saída do Jordão, foiimpelido pelo Espírito ao deserto, onde foi tentadodurante quarenta dias (conforme o registro de Marcos),

nos quais nada comeu. Também não utiliza a palavra jejum.

Não há qualquer texto ou contexto bíblico,interpretado sistematicamente, que conduza àcompreensão de que o jejum deva ser praticado poroutros motivos que não sejam o arrependimento depecados, a tristeza ou o luto; estes eram os requisitos daLei para o judeu. Portanto, qualquer outra finalidade quequalquer um deseje dar às dietas sacrificiais fora destesrequisitos representa nada menos que desvio, e issoinclui qualquer personagem das narrativas bíblicas ecada um de nosso tempo. O próprio JESUS não veiosubjugar a Lei, veio cumpri-la.

Assim sendo, baseado neste entendimento, é queo conjunto das narrativas de Mateus, Marcos e Lucas



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deve ser interpretado. Se JESUS necessitava humilhar-separa arrependimento de pecados ou estava tomado detristeza e luto, então ele jejuou. Caso contrário,

admitiremos que o SENHOR deformou a Lei, utilizandopráticas ascéticas inovando negativamente, reforçando,em consequência, o sistema religioso que depoisprocurou desacreditar. Em um e outro caso, parece-nosque há algo de errado.

Outro ponto importante a ser compreendido é que

todo jejum ritual requeria abstinência alimentar, masnem toda abstinência alimentar indicava um jejum rituale intencional. Ao que parece, o discernimento semíticode Mateus o levava a entender que toda abstinênciaalimentar apontava para um jejum ritual, ao contráriodos outros evangelistas, que registram que JESUS nadacomeu, mas não associa isso a um jejum. Prova disso é a

ocasião em que JESUS despede a multidão que o seguia hátrês dias sem ter o que comer. Mateus registra que nãodeveriam despedi-los em jejum56.

Talvez seja a hora de admitirmos que a decisão doSENHOR de nada comer no deserto (imposta, ou não, pelascircunstâncias) não tenha verdadeira relação com tudo o

que já ouvimos sobre isso. Como não se tratava danecessidade de busca de perdão de pecados, nem denenhuma festa judaica, nem havia motivo de tristeza eluto, por que o judeu JESUS jejuaria intencionalmente?

Em conjunto com Mateus 9.14-17 e Lucas 5.33-39,poderemos concluir que JESUS não jejuava, o que reforça aconclusão de que o Mestre não praticou asceticismo no

deserto. É possível que o SENHOR tenha deixado de se

56 Mateus 15.32




alimentar apenas por estar num deserto. Poderia terfeito pães a partir de pedras, mas obviamente não deviaceder a qualquer proposta do Adversário.

JESUS foi batizado no Rio Jordão e logo em seguidaretornou à Galileia. A geografia mostra que havia odeserto no meio do caminho, de forma que atravessá-loera necessário e inevitável. O contexto nos ensina que oSENHOR foi conduzido no deserto pelo Santo Espírito paraser tentado pelo diabo. JESUS teve de atravessar odeserto.

A narrativa demonstra ainda que a fome do SENHOR em nada contribuiu para fortalecê-lo na tentação, comosugerem os ascéticos. Muito pelo contrário, tornou-omais vulnerável ao Adversário, que tentou fazê-lo cairexatamente porque estava fragilizado. Não fosse suafraqueza física, o diabo não teria proposto transformar

pedra em pão, sugestão que JESUS, numa fração desegundo, pode ter admitido, como homem, ser uma boaideia. Felizmente não cedeu.

A intuição de que a abstinência alimentar do SENHOR objetivou preparo espiritual ou revestimento de podernão pode estar mais longe da verdade. Ele já os tinha emplenitude. Ou será que podemos duvidar disso?

Há outras variáveis nesse episódio interessantesao aprendizado. Os textos bíblicos normalmenteescondem pérolas. Os quarenta dias do SENHOR no desertotêm estreita ligação com os quarenta anos que osantepassados judeus peregrinaram no deserto(Deuteronômio 8.3). JESUS mesmo fez essa associação:

Assim, ele os humilhou e os deixou passar fome. Masdepois os sustentou com maná, que nem vocês nem



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os seus antepassados conheciam, para mostrar-lhesque nem só de pão viverá o homem, mas de todapalavra que procede da boca do SENHOR. (NVI)

Esse texto profético revela, com espantoso poderde síntese, a situação do homem em relação a DEUS nodeserto (Lei de Moisés) e a salvação da morte com oenvio do maná (JESUS). DEUS permitiu que seu povopassasse infortúnios ao submetê-lo à Lei para revelar-lhe, mais tarde, a salvação pela Graça.

Esse versículo mostra que o pão – que é fruto doesforço humano, sua filosofia, sua justiça própria pelaobservância da Lei – não é capaz de conduzir o homem àvida de DEUS. Somente um alimento que procedeexclusivamente do Pastor Eterno pode infundir essa vidano homem. A Lei de Moisés não foi capaz de transmiti-la;somente JESUS, representado aqui pelo maná, é que pode

fazer isso. Veja que o texto ligará o maná à palavra queprocede da boca de DEUS, e o evangelista João, emprofusa revelação, informa-nos que JESUS é a Palavra, que JESUS era DEUS e estava com DEUS no princípio57. Vejatambém que o texto não diz que somente de pão sealimentará o homem; o texto diz viverá o homem, ou

seja, o único alimento que concede verdadeira vida é omaná JESUS.O deserto prefigurou o tratamento, a peregrinação

do homem em direção a DEUS, numa revelaçãoprogressiva. O deserto de JESUS representou sobretudo aaventura do homem sob a Lei Mosaica, que apontavapara o Messias, para a necessidade de um redentor. Esse

redentor é a Palavra, o logos, que procede da boca de

57 João 1.1




DEUS, o maná, o Pão Vivo que desceu do céu, o Pão daVida: JESUS.

Foi isso que o diabo ofereceu a JESUS: a proposta de

produzir o próprio alimento, fruto de suas própriasforças, o velho embuste de recorrer à Lei e aos própriosesforços humanos para salvar a si mesmo. JESUS captoupelo Espírito a sagacidade do Adversário einstantaneamente evocou a profecia de Deuteronômio8.3 para refutar a proposta ardilosa, dizendo que nem a justiça própria nem a Lei produzem a vida de DEUS, massomente o maná, a Palavra que sai da boca de DEUS, elemesmo, JESUS, é que pode realizar essa obra, e que ohomem viverá por ele.

Com essa mesma proposta o diabo tem insidiado aIgreja, oferecendo a saída mais fácil, de confiar nospróprios meios e na Lei para receber a vida de DEUS.

Infelizmente, muitos incautos têm seguido esse caminho.

CASTA DE DEMÔNIOS

Com base em Mateus 17.14-21, alguns sustentamque o rigor dietético transmite poder e capacita o crente,especialmente por causa da conclusão apresentada noverso 21.

E, quando chegaram à multidão, aproximou-se-lheum homem, pondo-se de joelhos diante dele, edizendo: Senhor, tem misericórdia de meu filho, queé lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai nofogo, e muitas vezes na água; e trouxe-o aos teusdiscípulos; e não puderam curá-lo. E Jesus,respondendo, disse: Ó geração incrédula e perversa!até quando estarei eu convosco, e até quando vossofrerei? Trazei-mo aqui. E repreendeu Jesus odemônio, que saiu dele, e desde aquela hora omenino sarou. Então os discípulos, aproximando-se



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de Jesus, em particular, disseram: Por que nãopudemos nós expulsá-lo? E Jesus lhes disse: Porcausa da vossa pouca fé; porque, em verdade vosdigo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda,

direis a este monte: Passa daqui para acolá — e háde passar; e nada vos será impossível. [Mas estacasta de demônios não se expulsa senão pela oraçãoe pelo jejum].

Esse episódio mostra os discípulos do SENHOR confusos e constrangidos por não terem conseguidoexpulsar um demônio (essa tarefa, embora possa se

tornar bastante difícil, jamais será mal sucedida se forrealizada em nome de JESUS e com fé).

Os discípulos interrogaram JESUS sobre o motivo doinsucesso. Em resposta, JESUS aplacou a dúvidaapontando como causa a pouca fé deles (ou ausência defé) e complementou que bastaria ter fé do tamanho de

um grão de mostarda para resolver a desordem, e nadalhes seria impossível.Mateus, judeu publicano, tendo vivido toda a sua

vida no Judaísmo, teve outra oportunidade dedemonstrar seu apreço pela aflição de alma nosmomentos difíceis da vida, e não deixou de registrar anecessidade da ascese naquele momento. E assim o fez.

Os versículos de Mateus 17.21 e Marcos 9.29 sãoharmônicos com o ambiente semita, o que já não ocorrecom o texto correspondente de Lucas.

[Mas esta casta de demônios não se expulsa senãopela oração e pelo jejum]. (Mateus 17.21)

E disse-lhes: Esta casta não pode sair com coisaalguma, a não ser com oração [e jejum]. (Marcos9.29)



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Ao longo da história do cânon bíblico, foramlevantadas muitas controvérsias sobre as origens desses

dois versículos. Determinados editores os incluem entrecolchetes, informando essa dúvida. O estudo dosmanuscritos Sinaiticus e Vaticanus, datados do ano 350d.C., nos oferece mais elementos sobre textos não-canônicos.

Em algumas versões de bíblias em gregosimplesmente não encontramos o versículo inteiro deMateus 17.21, e o versículo de Marcos 9.29 finaliza coma não ser com oração.

Não sabemos se existe algum manuscrito anteriorao Sinaiticus e ao Vaticanus que omite esses trechos.Não sabemos também se estes fragmentos foramincluídos em relação a algum original mais antigo ou se

foram excluídos. No processo de proclamação doEvangelho ao mundo, houve a necessidade de traduçãopara diversos idiomas e produção em massa de bíblias.No início isso era feito manualmente por escribas ecopistas, que distribuíam sob encomenda seus trabalhos,que por sua vez serviram de originais para outroscopistas, num ciclo que se repetiu por vários séculos e,de repente, apareceram versões onde constam taisversículos e outras não. Qual das versões correspondeao primeiro texto? Não temos como saber com certeza,mas temos como inferir com boa margem de segurança,mediante algumas evidências. A Bíblia responde a simesma.

Admitindo por um momento que estes trechossejam legítimos e bem traduzidos em relação ao primeiro




original, para efeito de nosso estudo, passemos aanalisar algumas de suas implicações.

O Evangelho sinótico de Lucas praticamente

consolida os outros dois, contudo Mateus 17.21 não foireproduzido. João, o discípulo amado, não cita ofragmento e nem registrou qualquer prática ascética de JESUS.

É estranho que Lucas, tão detalhista, tenha omitidoa importância do rigor dietético da sua versão doepisódio58, e surpreende o fato de João jamais terensinado sobre isso. Se de fato JESUS praticasseasceticismo ou mesmo lhe desse alguma importância, João teria eternizado o ensino ou pelo menos retratadoalgum momento, o que não ocorreu. Esta parece umaindução sem base, mas não é. Quando narramosqualquer fato, tendemos a incluir todos os detalhes que

nos parecem relevantes e excluir o que é sabido detodos, o óbvio, mas por causa do que lemos em Mateus9.14-17, a prática do jejum por JESUS e seus discípulos nãoera óbvia.

Não há real problema em aceitar um ensino bíblicoa partir de um ou dois versículos se esse ensino guardaharmonia com o conjunto geral das Escrituras. Mas não éesse o caso de Mateus 17.21 e Marcos 9.29. Como dito,em toda a Escritura não há amparo seguro paraafirmarmos que a autoflagelação possa servir depreparação contra Satanás.

Kenneth Hagin, em seu livro “Guia para o jejumequilibrado” (1999), admite que o ascetismo não muda

DEUS, nem a situação, e nem serve para fortalecimento

58 Lucas 9.37 em diante



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espiritual, porém ensina que JESUS possa ter dito aspalavras de Mateus 17.21, com a ressalva de que ele ofizera por ainda não ter morrido e sido glorificado, e que,

portanto, ainda havia a necessidade do rigor dietéticopara revestimento de poder aos discípulos. Essatentativa do pastor Hagin, de explicar a insólitaconclusão de JESUS (se é que ele a fez de fato), apenasreforça o estranho impacto que a afirmação transmite. Eera de se esperar; essas últimas palavras de Mateus

17.21 não têm nada a ver com o conceito de aflição dealma veterotestamentário e não se coadunam com oelevado conceito de relacionamento que JESUS procuroudesfraldar.

JESUS jamais poderia ter sugerido que os discípulosdeviam abster-se de alimentos para obterem poder. Estaseria uma inovação desastrosa e destoante de todo o

Antigo Testamento. Ensinando isso, JESUS estariacolocando em cheque a sua própria natureza messiânica,posto que estaria inventando ritos ao invés de removê-los.

Havendo riscado a cédula que era contra nós, nassuas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era

contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a nacruz. (...) Portanto, ninguém vos julgue pelo comer,ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou dalua nova, ou dos sábados, que são sombras dascoisas futuras, mas o corpo é de Cristo. (Colossenses2.14-17)

Levando tudo isso em conta, resta-nos concluir quea razão do insucesso dos discípulos nesse lance foi afalta de fé e não a falta de rigor dietético. Toda a




explanação de JESUS pautou-se na ausência de fé dosapóstolos.

Se o asceticismo era mesmo importante no

confronto com demônios, e este confronto poderiaocorrer a qualquer momento, os discípulos deveriamestar constantemente preparados para que nãoocorresse aquele fiasco. Porém, alguns dias antes, JESUS desculpou seus discípulos quanto a isso, exigindoliberdade para assuntos que a Lei de Moisés nãoprescrevia. Os discípulos do Mestre comiam e bebiam aomesmo tempo em que o sistema religioso orientava aobservância de regras tradicionalistas.

... Por que jejuamos nós e os fariseus, muitas vezes,e os teus discípulos não jejuam?... (Mateus 9.14)

Portanto, posta a análise de todos esses aspectos,

conclui-se que é um desatino atribuir a JESUS a últimaexplicação59. Não há como afirmar categoricamente queo trecho de Mateus 17.21 seja um acréscimo de algumcopista, que se perpetuou; não há como provar issoobjetivamente. O texto está lá, em certas versões, e sede fato corresponde ao que narra, é plausível que nãotenham sido proferidas por JESUS. Não poderia o SENHOR liberar seus discípulos para comerem e beberemenquanto estivesse com eles e em seguida dar-lhes umareprimenda em função do despreparo pela negligênciacom jejuns. Não é consistente que JESUS tenha, em todo otempo, atribuído o problema à ausência de fé dosdiscípulos e no momento seguinte embaraçar-se. JESUS,

após ter dito que nada vos será impossível; se tu podes

59 Mateus 17.21



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crer, tudo é possível ao que crê, não poderia concluir deforma tão contraditória: Ah! Quase me esqueço dealertá-los. Esta casta de demônios é especial e não pode

sair com coisa alguma, a não ser com oração e sacrifíciosda carne. Somente a fé não lhes será suficiente(inferência livre).

Em última análise, é bom ponderar que édesaconselhado firmarmos doutrinas fundadas em textosnão-canônicos.

O SERMÃO DO MONTE

Outro texto bastante utilizado para a defesa doasceticismo é o que se encontra em Mateus 6.16-18.

Quanto jejuardes, não vos mostreis contristadoscomo os hipócritas (...) e teu PAI, que vê em secreto,te recompensará.

O capítulo 6 de Mateus trata, entre outras coisas,das três principais práticas da piedade judaica de então:a ajuda aos necessitados, a oração e o jejum. Nessaseção se estabelece um contraste entre fazer os atospiedosos para serem vistos pelos outros e fazê-los paraque somente Deus os veja.

JESUS procurou corrigir a visão com advertências decomo esmolar, orar e jejuar. Os religiosos de entãorealizavam essas obrigações de forma que pudessemficar em evidência e serem louvados pelos outros.

Alguns acreditam que JESUS, por intermédio dessasinstruções, encorajou a austeridade dietética, pois disse

“quando jejuardes”, apontando para um momento futurono qual considerou certa a necessidade de não comer




para alguma finalidade especial. Mas isso não é verdade. JESUS nunca intencionou extinguir o tradicionalismo

judaico de forma brusca e insensível. Ele sabia que isso

não é possível em tão pouco tempo. JESUS não veiocriticar ou falar mal das religiões. O método do SENHOR foi,e continua sendo, amoroso e paciente. Ele espera de nósmudança de hábitos – sobretudo aqueles que nosafastam da Graça – mas não de forma truculenta esuperficial. As mudanças que JESUS nos pede, ele mesmonos ajuda a produzir e sempre objetivam nos aproximardele, para um poderoso relacionamento. Quando o SENHOR denunciou desvios, normalmente o fez por meio deparábolas, utilizando exemplos do cotidiano, conduzindoos seus ouvintes à reflexão e ao confronto consigomesmos.

As práticas ascéticas não precisariam ser

imediatamente afastadas, mas corrigidas egradativamente substituídas por uma consciência deentrega do ser em espírito e em verdade. O asceticismo,quando e se praticado, deveria ser reacomodado aosrequisitos originalmente estabelecidos, a saber, nasdatas apropriadas de algumas festas e dias de luto. Os judeus estavam fazendo a coisa certa por motivoserrados e da forma errada. JESUS completou suaorientação com a promessa de que DEUS recompensariaos que observassem a prática sem motivaçãoexibicionista, falsa, em demonstração de falsa santidadee temor a DEUS. Não se admite que o SENHOR, nestapassagem, tenha encorajado o que temos visto

estarrecidos em nossos dias: deixar de comer para buscade poder, resposta de oração, preparo espiritual, quebra



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de maldições, confronto com demônios e outros fins. Nãohá amparo bíblico sério para esse entendimento.

Mateus 6.16-18, JESUS objetivou resgatar a

motivação original e despretensiosa da aflição da alma,que naquele momento continuava a ser negligenciada,apesar da dureza com que DEUS advertira a respeito, pelaboca de Isaías e Zacarias.

OS DISCÍPULOS DE JESUS

Aqui vou tomar emprestado um trecho daEnciclopédia da Vida de JESUS60 (2ª Edição – p. 459/462),organizada por Louis-Claude Fillion, um judeu-francêspertencente a uma família ilustre que se rendeu a CRISTO no Século XIX.

Fillion, com maestria, por ter sido judeu e profundoconhecedor das Escrituras e do Cristianismo, tem muito

a nos ajudar com sua abordagem bidimensional, poispondera tanto pelo Judaísmo quanto pelo novo e vivocaminho em CRISTO JESUS. Esse pesquisador formulou aseguinte pergunta a si mesmo: Por que JESUS e seusdiscípulos não jejuavam? E encontrou a seguinteresposta:

Naquela época, estavam em Cafarnaum algunsdiscípulos de João Batista que, imitando aausteridade da vida de seu mestre, dedicavam-se afrequentes jejuns e faziam, em horáriospredeterminados, longas orações. Os fariseus egeralmente os israelitas piedosos também jejuavamfrequentemente, conforme nos dizem os Evangelhos(Mateus 6.16-17; Lucas 2.37; 18.12) e o Talmude.Normalmente, faziam isso às segundas e quintas-

60 Considerada a mais completa publicação do mundo com informações sobre JESUS e seuministério.




feiras, porque, de acordo com a tradição, Moiséshavia subido ao monte Sinai numa quinta-feira edescido na segunda.Mesmo que a legislação mosaica não prescrevesse

aos judeus mais que um só dia de jejum a cada ano,na festa do Yom Kippur, ou Dia da Expiação (emsetembro ou outubro, conforme Levítico 16.29-31;23.27-32; Números 29.7; Atos 7.9), aquela prática deconsagração era tão natural que, por si mesma, erarecomendada como boa obra às almas piedosas. Porisso, é várias vezes mencionada no Antigo Testamento e no Novo Testamento (Isaías 31.3; IISamuel 2.16; Daniel 10.3; João 1.14; 2.12,15). Os

membros da primeira igreja ainda destinavam lugarimportante ao asceticismo.O dia em que Levi preparou aquele célebre jantarcoincidiu com um jejum de devoção dos discípulos de João Batista e dos fariseus. Isso destacava aindamais a diferença entre eles, e a ocasião era propíciapara todo o tipo de crítica.Os discípulos de João Batista, aproximando-se porsua vez do Salvador, perguntaram-lhe: Por que

jejuamos nós, e os fariseus, muitas vezes, e os teusdiscípulos não jejuam? (Mateus 9.14). Teria estapergunta sido sugerida pela malevolência dosescribas e dos fariseus, cujo objetivo era colocar Jesus em aperto? Não é improvável, devido ao fatode que os discípulos de João Batista já haviam sidomovidos por sentimentos de inveja (João 3.26). Acompanhia dos fariseus pode ter confirmado estasuposição.

Interrogado deste modo, Jesus ficavaresponsabilizado pela conduta dos seus discípulos.Então, ele respondeu, com uma linguagem bemfamiliar aos discípulos de João e usando umargumento bem simples: Podem, porventura, andartristes os filhos das bodas, enquanto o esposo estácom eles? Dias, porém, virão em que lhes será tiradoo esposo, e então jejuarão (Mateus 9.15).Esta primeira parte da resposta do Mestre já

esclarece toda a questão. A imagem, tantoexpressiva quanto graciosa que ele tomou dascerimônias nupciais dos judeus, era tanto mais eficaz



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quanto pouco antes o próprio João Batista haviaempregado na presença de vários de seus própriosdiscípulos, representando o Messias como místicoEsposo que havia descido do céu para celebrar suas

bodas com a sua Noiva (João 3.29-31).Os amigos do esposo, naturalmente, eram osdiscípulos de Jesus, pois a principal missão deles eraconduzir as almas puras e santas, que formariam asua Igreja, sua esposa celestial, até o Salvador (IICoríntios 11.2). Portanto, aquele era o tempo dasbodas e, consequentemente, tempo de festa e dealegria. O jejum, ao contrário, era uma manifestaçãode tristeza e de dor. Não seria, pois, uma estranha

atitude condenar ao jejum os convidados às bodasenquanto duravam as solenidades nupciais?Seria, pois, uma contradição extrema, porque nãohavia motivos para impor jejuns de devoção aosdiscípulos de Jesus enquanto ele, o esposo divino,estava entre eles. Mas, conforme prosseguiu o divinoMestre, não tardaria o dia em que o Noivo seriatirado violentamente do meio de seus amigos. Foi aí que Jesus enfatizou: Então, jejuarão.

Algo importante a ser observado: Jesus associou aalegria às bodas, à sua presença; e o jejum, à suapaixão e morte – tinha constantemente de abrir osolhos dos discípulos em relação à sua hora. Porém, oargumento de Jesus foi ainda mais admirável pelofato de ele não censurar os jejuns dos fariseus nemos dos discípulos de João Batista, mas simplesmenteexigir liberdade para seus discípulos em assuntosque a Lei de Moisés não prescrevia. Para fortalecer

sua tese, Jesus acrescentou novas considerações,não menos atrativas, apresentadas, em forma debreves parábolas, que na verdade são verdadeirosprincípios.

Há estudiosos que rejeitam o fato de que JESUS esteja permanentemente dirigindo, inspirando econsolando a Igreja. Isto porque esta tarefa é destinada

ao Espírito Santo e JESUS está à direita do PAI,intercedendo por nós como advogado (do grego




parakleto)61.

Vejo os céus abertos e o Filho do homem em pé, àdireita de DEUS. (Atos 7.56)

JESUS está à direita do PAI, mas também nãopodemos negar que ele, sendo onipresente, estejatambém entre nós. Os teólogos mais conservadoresconsideram que o termo noivo não pode ser associado a JESUS em qualquer circunstância. O argumento é de que JESUS somente será o noivo quando vier nas nuvens

arrebatar a noiva. Antes de isso acontecer, JESUS funcionará como parakleto, estando em pé ao lado doPAI, intercedendo por nós.

Mas virão dias quando o noivo lhes será tirado...(Lucas 5.35)

A compreensão da triunidade de DEUS sempre foium desafio. A mente humana parece não ter sido dotadade tamanha capacidade. Trindade é uma palavra quenão se encontra na Bíblia. É um conceito teológico criadopara explicar o que não se pode fazer de formarealmente adequada, pois excede a capacidade dequalquer ser humano, limitados que somos, ante ao DEUS Eterno. A Bíblia ensina que o PAI é DEUS, que JESUS é DEUS eque o Espírito Santo é DEUS. A Bíblia também ensina quehá um só DEUS. Portanto, são três pessoas distintas emuma só. Mesmo podendo compreender alguns fatossobre a relação das diferentes pessoas da Trindade umascom as outras, a Trindade, como foi concebida

teologicamente, é limitada. DEUS é inalcançável à mente

61 Marcos 16.19; Atos 2.33, 7.56; Hebreus 10.12 e I Pedro 3.22



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humana e não pode ser teorizado plenamente.Portanto, é perfeitamente admissível que JESUS,

sendo também DEUS Onipresente, esteja no nosso meio,

seja qual for a designação mística que a ele possamosatribuir, seja Advogado, Noivo, Intercessor, Consolador,Maravilhoso Conselheiro, DEUS Poderoso, PAI Eterno ouPríncipe da Paz.

Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado,e o governo está sobre os seus ombros. E ele seráchamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso,

Pai Eterno, Príncipe da Paz. (Isaías 9.6)

A compreensão das três pessoas da TrindadeDivina não deve ocorrer de forma a separá-las, mas uni-las. Alguns nesse caminho quase dão ensejo à existênciade três deuses, dada a forte ênfase em três pessoasdistintas. Há coisas que são difíceis de entender, como já

nos advertiu o apóstolo Pedro62, todavia não pareceequivocado admitirmos que onde um está os outros doistambém estão.

JESUS afirmou que o luto não era para os convidadosàs núpcias. Na ilustração do Mestre, ele mesmo era onoivo, e enquanto estivesse presente não haveria

necessidade de luto. Na sua ausência sim, seriaesperado que os seus discípulos manifestassem profundatristeza, com jejuns, e dessa forma JESUS anunciava suaiminente morte.

Na sequência, JESUS voltou ressurreto, ascendeu aoscéus e recebemos o Espírito Santo. O luto termina, aalegria retorna e o asceticismo para os messiânicos

62 II Pedro 3.16




perde o sentido.

NÃO SE COLOCA VINHO NOVO EM ODRE VELHO

Fillion finalmente conclui, dizendo que: JESUS não tinha restrição alguma em tomaremprestado, para suas comparações, os maishumildes usos da vida doméstica para expressar comeles verdades muito elevadas. Desta vez, ele justificou o procedimento dos seus discípulos com osargumentos retirados do dia a dia daqueles que oouviam.

Ninguém deita remendo de pano novo em vestidovelho, porque semelhante remendo rompe o vestido,e faz-se maior a rotura. Nem se deita vinho novo emodres velhos; aliás, rompem-se os odres e entorna-seo vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se vinhonovo em odres novos, e assim ambos se conservam.(Mateus 9.16-17)

Que mulher sensata colocaria um remendo de panonovo em uma roupa velha, ou que homem cuidadosode seus interesses encheria de vinho novo, que aindaestá fermentando, em alguns odres velhos, cujocouro, enfraquecido pelo uso, seria incapaz deresistir a um trabalho de fermentação?No oriente bíblico, vale a pena observar aqui, eramutilizados como recipientes de água, de vinho, deazeite e de outros líquidos, odres de pele de animais,

com dimensões variadas. Tais odres apareceramfrequentemente representados nos mais diversosmonumentos encontrados nas descobertasarqueológicas. Tanto no sentido próprio como no sentido figurado,não resulta em boa harmonia pano velho com panonovo, odres velhos com vinho novo. São coisasantagônicas. Não seria sábio uni-los intimamente.Igualmente, um novo espírito requer ou exige formas

novas. O espírito cristão, principalmente, não podeser embaraçado em sua forma de expressão, que égrandíssima, pelas barreiras velhas criadas pelo



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Judaísmo. Assim, teria sido desastroso para o Judaísmo envelhecido tentar rejuvenescer costurandoaqui e ali remendos de tecido novo, cortados dareligião trazida por JESUS. De igual modo, teria sido

também desastroso, para o Cristianismo, tentarconfiná-lo, mesmo que temporariamente, nasantiquadas formas da Lei mosaica.Que os fariseus e os discípulos de João Batista seentregassem aos seus jejuns frequentemente, se issoos contentava. Os discípulos de CRISTO se ocupariamde obras melhores; seu Mestre se resguardaria deenxertar o galho de sua Igreja no tronco meioapodrecido do Judaísmo dos escribas, cuja situação já

era impossível de ser restabelecida.Os vestidos gastos e os odres velhos representammuito bem a teocracia do Antigo Testamento e, emparticular, aquele conjunto de tradições de austeraspráticas que quiseram impor ao nosso SENHOR JESUS CRISTO e aos seus discípulos. Da mesma forma, otecido novo e o vinho novo são figuras muitoexpressivas do espírito novo, generoso, que oEvangelho estava trazendo ao mundo. Uma mistura

de duas religiões e de dois espíritos teria produzidolamentáveis e extremas consequências.Após a partida de JESUS para o céu, foram vistasdiversas tentativas de o Judaísmo estabelecer umfreio, um policiamento, à conduta do Cristianismo. Os judaizantes criaram na Igreja primitiva uma perigosaconduta, a pretexto de recompor a religião do Sinai,aplicando ao Cristianismo pedaços de tecidos velhosdo Judaísmo. Mas não ficou muito bem, e foi

rejeitado.A terceira comparação, que diz que ninguém, aobeber vinho velho, quer em seguida beber vinhonovo, expressa a mesma verdade. Da mesmamaneira, a pessoa que, desde a infância, estáacostumada a um sistema religioso, dificilmente sehabitua a um novo sistema, e muito menos se deixamoldar por uma nova religião. O vinho velhosimboliza o Judaísmo, e o vinho novo, o Cristianismo.

E, aqui, poderíamos até supor que JESUS estariadesculpando bondosamente o procedimento de seusadversários, dando-lhes tempo para se acostumarem




ao vinho novo do Evangelho. Como quer que seja, aanalogia de JESUS era extraordinária!



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Há uma ligação profunda entre o Antigo e o Novo

Testamento. Alguns teólogos preferem se referir aoAntigo Testamento como Primeiro Testamento, pois otermo antigo lhe confere o posto de ultrapassado e emdesuso. Essa terminologia tem razão de ser, comoveremos.

OU A LEI OU CRISTO

JESUS não veio destruir a Lei, veio para cumpri-la63.Nem um jota ou um til se omitirá da Lei, sem que tudo secumpra. Concordando com CRISTO, o apóstolo Paulo dizque a Lei é santa e o mandamento é santo, justo ebom64. Portanto, podemos admitir que a Lei permaneceem pleno vigor e não há nada de errado com ela. Mas a

questão se desdobra e oferece muitos outros elementos.A Lei foi a pedagoga que nos levou a CRISTO65. Aoque parece, DEUS nunca teve em mente que o homemfosse capaz de cumprir toda a Lei, pois a Lei está muitoacima da condição humana decaída, para cumprimentocabal.

63 Mateus 5.17-18

64 Romanos 7.12

65 Gálatas 3.24

7A Graça e o asceticismo



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Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de quesomos pó. (Salmo 103.4)

Isso pode ser evidenciado por vários exemplos,mas vejamos o caso de Deuteronômio 28.

Se vocês obedecerem fielmente ao Senhor, o seuDeus, e seguirem cuidadosamente todos os seusmandamentos que hoje lhes dou, o Senhor, o seuDeus, os colocará muito acima de todas as nações daterra. Todas estas bênçãos virão sobre vocês e os

acompanharão, se vocês obedecerem ao Senhor, oseu Deus...

O SENHOR aqui impõe duas condições: se vocêsobedecerem fielmente... e seguirem cuidadosamentetodos os meus mandamentos... (repetido em Levítico26). Você acha que já existiu alguém capaz de cumprir

essas condições? Posso afirmar, sem medo de errar, que,além de JESUS, em nenhuma época jamais viveu talpessoa. Por isso, não há um vivente na Terra querecebeu ou receberá qualquer uma das promessas queestão na sequência desse capítulo de Deuteronômio.Nunca houve, não há, e jamais haverá alguém capaz detamanho feito, para então receber de DEUS alguma coisa.

É humanamente impossível.

Como está escrito: Não há nenhum justo, nem umsequer. (Romanos 3.10)

Porque todos tropeçamos em muitas coisas. (Tiago3.2)

Pois quem obedece a toda a Lei, mas tropeça emapenas um ponto, torna-se culpado de quebrá-lainteiramente. (Tiago 2.10)



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O melhor e mais fiel judeu talvez conseguissecumprir muitos mandamentos, mas não todos. Por que

então DEUS fez a condição? Para tornar o homeminacessível às suas bênçãos? Para colocar um fardosobre nós, que jamais seremos capazes de carregar?Para brincar com suas criaturas? É claro que não. Houveum propósito. Não somente esta condição como toda aLei vieram para colocar ênfase no pecado, na fragilidadedo homem. A Lei não nos prova outra coisa a não ser atotal impossibilidade do seu cumprimento por nós, deforma proposital. A Lei apresenta os padrões morais deDEUS, a sua essência, o seu pensamento, o seu amor, asua inteligência, e sobretudo sua justiça. Jamaissatisfaremos as suas condições por nossos própriosesforços, e não adianta tentar. O objetivo de DEUS

mostrando essa realidade é nos levar a CRISTO e todossejamos justificados pela fé.

Ora, sabemos que tudo o que a Lei diz, aos quevivem na Lei o diz para que se cale toda boca, e todoo mundo seja culpável perante Deus, visto queninguém será justificado diante dele por obras daLei, em razão de que pela Lei vem o pleno

conhecimento do pecado. Mas agora, sem Lei, semanifestou a justiça de Deus testemunhada pela Leie pelos Profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os quecreem; porque não há distinção, pois todos pecarame carecem da glória de Deus, sendo justificadosgratuitamente, por sua Graça, mediante a redençãoque há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seusangue, como propiciação, mediante a fé, para

manifestar a sua justiça, por ter Deus, na suatolerância, deixado impunes os pecadosanteriormente cometidos. (Romanos 3.19-25)



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Quando JESUS morreu na cruz, incluiu em si todos osque viriam a crer nele. DEUS planejou que morrêssemos

com CRISTO na cruz e ressuscitássemos com ele.

...tendo sido sepultados, juntamente com ele, nobatismo, no qual igualmente fostes ressuscitadosmediante a fé no poder de Deus que o ressuscitoudentre os mortos... Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto,onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.(Colossenses 2.12, 3.1)

Estávamos ligados à Lei como uma mulher aomarido. Sabemos que quando o marido morre a esposafica livre para se casar novamente. Mas este caso édiferente. No plano de DEUS, quem morreu não foi omarido (Lei), mas a mulher (todos os que constituem a

Igreja), e com a nossa morte e ressurreição em CRISTO

,ficamos desobrigados da Lei, na união com CRISTO. EmRomanos 7.1-6 podemos ler sobre isso. Portanto, a Leiestá viva e nós a cumprimos quando estamos em CRISTO (refiro-me àqueles que estão verdadeiramente emCRISTO).

Deuteronômio 28 se aplica à Igreja? Sim,

literalmente. Aquele que está em CRISTO cumpre a Lei esomos alcançados por todas aquelas bênçãos por causade CRISTO e não por causa de nossas obras ou de nossastentativas ineficazes.

Gostamos de ler Deuteronômio 28 até o versículo14 e nos esquecemos que a partir do versículo 15 são

imprecadas terríveis maldições àqueles que nãosatisfazem as condições, mas CRISTO nos resgatou da




maldição da Lei (Gálatas 3.13).Portanto, não devemos sequer tentar cumprir a Lei.

É inútil. A Lei é justa, santa e boa, mas é impossível

cumpri-la. Somente estando em CRISTO alcançamos aexcelência da Lei e satisfazemos as condições de DEUS. Écomo tentar cruzar um oceano usando uma canoa. Sevocê sabe que é impossível, o mais sensato é nemtentar. Se já dispomos de um transatlântico compassagem gratuita, é melhor garantir a travessiaembarcando logo, confiante no comandante JESUS.

Podemos limitar a obra vicária de JESUS à salvaçãoda alma, para ir morar com o PAI na eternidade. Mas aobra redentora do SENHOR abrange não somente isso(como se não fosse o bastante), ela inclui todo o acessoao PAI, às suas bênçãos, à sua Graça, ao seu favor.Estávamos totalmente separados, agora fomos

reconciliados. Estávamos em inimizade, agora fomosaproximados.

Esse conhecimento não vem do raciocínio natural eprecisa ser assimilado por obra do Espírito Santo. Oscapítulos 5 a 8 de Romanos trazem toda essa explicação.Livres estamos da Lei e do pecado, se estivermosverdadeiramente em CRISTO. Mas o que é, afinal, estar emCRISTO?

Então lhes abriu o entendimento, paracompreenderem as Escrituras. (Lucas 24.45)

MISTURANDO LEI E GRAÇA

Infelizmente, aquela mulher (Igreja) retratada por

Paulo parece ainda sentir saudades do antigo marido(Lei), mas sabe que é loucura deixar o noivo (CRISTO),



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porque a Lei aponta para o pecado e somente JESUS oferece Palavra de Vida Eterna. Assim, a Igreja temestado confusa entre dois pensamentos. O capítulo 5 de

Gálatas nos informa que se nos deixarmos circuncidar,CRISTO de nada nos aproveitará. Ou seja, se procuramosnos justificar pela Lei, de CRISTO nos desligamos e daGraça decaímos. Não se pode misturar Lei e Graça. É omesmo que pôr vinho novo em odre velho. O vinho seperderá com a pressão no odre.

JESUS parece ter previsto esse dilema para a Igreja,quando, em Lucas 5.39, disse que ninguém tendo bebidoo vinho velho prefere o novo, porque diz: o velho éexcelente. No trecho de Lucas 5.33-39, JESUS ensinou queé necessário um recipiente novo para guardar o vinhonovo. Precisamos ser recipientes novos para abrigar amensagem nova de JESUS, o Evangelho. Por isso

Evangelho quer dizer boa-nova. DEUS providenciou anossa morte e ressurreição em CRISTO, para que nostornássemos novas criaturas. Por isso, a necessidade donovo nascimento. O velho homem é odre velho, inaptopara receber vinho novo.

A Lei é santa, justa e boa. O problema não é a Lei,

somos nós, que de tão debilitados pelo pecado jamaispoderíamos cumpri-la cabalmente. Livre da Lei, ohomem agora está alforriado e não tem mais queobservar regras e ritos para aproximar-se de DEUS.

De fato, o vinho velho é excelente, mas a Igrejaprecisa fixar-se no que está adiante e degustar o vinhonovo, que é JESUS CRISTO.

PRÁTICAS ASCÉTICAS COMO FONTE DE PODER



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Encontramos por aí muito material sobre ossacrifícios da carne. Diversos artigos, opiniões eexperiências pessoais confundem mais do que

esclarecem. Ávidas por soluções e respostas rápidaspara seus anseios e na busca por experiências maissignificativas com DEUS, as pessoas são convencidas porlíderes de retórica simples, mas persuasiva, de que ocaminho do asceticismo é realmente eficaz.

A abordagem é diversificada, e isso ocorre por falta

de diretriz bíblica clara para o assunto. Porém, quandoprecisamos tomar um caminho e a Bíblia não nosapresenta direção clara, é necessário um pouco depaciência em busca das respostas. Por isso é que existetanta confusão sobre esse assunto. Mas a Bíbliaresponde a si mesma.

O senso comum ensina o asceticismo de várias

formas e graus: à base de líquidos, o completo, dieta delegumes, a pão e água e outros. Cada um orientado parauma finalidade, como um remédio que deve seradministrado conforme a doença. Se o problema égrande, aconselha-se uma disciplina mais austera, com aexclusão total de alimentos. Se se busca apenas

resposta de oração, basta uma abstinência moderada, deum dia; neste caso, talvez baste suprimir o café damanhã. Porém, o senso crítico instrui que nada dissopode ser amparado no Texto Sagrado. São invençõeshumanas.

Algumas pessoas fizeram uso desses recursos poranos a fio, e depois de uma odisséia não viram a solução

de seus casos e ainda ganharam uma gastrite.No livro “O poder secreto do jejum e da oração”




(Mahesh Chavda, 2002), a partir da experiência pessoaldo autor, o asceticismo é uma clava de dinamitecarregada de poder espiritual.

Mahesh Chavda propõe uma questão intrigante:Como o jejum de fato funciona? Ele mesmo responde: Eunão conheço todas as respostas porque este é, semdúvida, um dos maiores ‘mistérios’ de DEUS, mas creioque posso compartilhar o que tenho aprendido com oSENHOR. Na sequência, relata vários fatos inusitados,todos atribuídos à eficácia da frugalidade alimentar, “umdos maiores mistérios de DEUS”, segundo o autor.

Essa visão é acompanhada por líderes religiososdas mais diversas doutrinas. Sem fundamento bíblicoresponsável, não se pode legitimar o asceticismo comofonte de poder porque lhe sobrevieram eventossupostamente sobrenaturais. Se maravilhas acontecem

depois de ginásticas espirituais (e nem sempreacontecem), não necessariamente ocorrem em funçãode tal disciplina. Devemos ser tardios em atribuirpoderes e virtudes a iniciativas humanas e ritos. Quandoocorrem fatos extraordinários da parte de DEUS, devemser atribuídos à fé, apesar de nós, e não por causa denossos feitos e iniciativas.

Pessoas que têm apreço pelo asceticismo,especialmente o jejum, e são um pouco mais diligentes,ensinam também que alguns não podem jejuar pormotivos de saúde. O jejum para o diabético, porexemplo, pode causar desmaios e até a morte, mesmoque seja compensado por outra refeição, pois o uso da

insulina ao lado do jejum pode diminuir os níveis deaçúcar no sangue a níveis perigosos, submetendo o



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doente a risco de morte. Se isso é um fato, ficamos maisuma vez em certa dificuldade para assimilar que DEUS atribua algo de valor ao asceticismo, sobretudo para o

domínio da carne e contra demônios. Esse ensino é umagrande contradição. Quem ensina que o jejum é eficaznega-o imediatamente ao afirmar que há quem não deva jejuar. Ora, se o jejum de fato pode trazer algumaperfeiçoamento espiritual, os diabéticos, por exemplo,estarão sempre deficitários, em face da própria saúde,

posto que são impedidos da prática desse “importanterecurso espiritual”. Então, oxalá DEUS cure todos osdiabéticos para que possam realizar tão extraordináriadisciplina ou que, pelo menos, não sejam eles privadosda vida de DEUS por inanição espiritual!

O ASCETISMO E OS GENTIOS

A compreensão da diferença entre povo judeu denascimento e não-judeu, na história, é fundamental parapercebermos a providência de DEUS no tempo. JESUS disseque no seu nome esperarão os gentios66. Se você não é judeu de nascimento, então é gentio. Ocorre também adesignação “judeu” para o adepto do Judaísmo. Portanto,é preciso cuidado para não confundirmos entre um eoutro contextos. Como o nascido em Israel era sempreiniciado no Judaísmo, esses contextos se fundem.

Em Atos, cap. 15, lemos que houve sériascontrovérsias entre judeus e gentios quanto às práticas judaicas, que os apóstolos estavam forçando aosgentios. Finalmente, depois de sérias discussões,

decidiu-se que não era correto obrigar os gentios a

66 Mateus 12.21




praticarem o que era próprio e exclusivo do povo e dareligião judaicos. Como únicas exceções, recomendaramaos gentios que se abstivessem das coisas sacrificadas

aos ídolos, do sangue, da carne de animais sufocados edas relações sexuais ilícitas. Estas recomendações foramconsideradas genuinamente extraculturais e forampostas para que não houvesse dificuldades no convívioentre gentios e judeus, já que os gentios passaram afrequentar os templos onde Moisés era lido.

Após essa decisão, foi estabelecida a separaçãoentre valores judeus (culturais e transitórios) e valoresde DEUS (eternos e imutáveis). Por deliberação dosapóstolos, os gentios não precisariam seguir a lei do Judaísmo. Nem mesmo o judeu seguidor de JESUS (messiânico) estaria ainda sujeito a essas leis, conforme João 1.17 e Romanos 6.14. De fato, JESUS nunca proibiu a

aflição da alma, mas também não há na Bíblia orientaçãodirigida à Igreja para essa prática.

DEUS prometeu a Abraão: Em ti serão benditastodas as nações da terra (Gênesis 26.4), e Joelprofetizou: derramarei do meu espírito sobre todos ospovos (Joel 2.28). Portanto, era plano de DEUS formar oCorpo de CRISTO com filhos eleitos do mundo inteiro. Issoequivale dizer que o Evangelho destinado aos gentios é omesmo Evangelho de JESUS CRISTO, mas a sua expressãotorna-se diferenciada, sua abordagem é sensivelmentecontrastada. Surge então o Evangelho da incircuncisão,confiado ao apóstolo Paulo, homem escolhido por DEUS para o ministério junto aos gentios. Não há dois

Evangelhos. A referência aos Evangelhos da circuncisãoe da incircuncisão é apenas para demonstrar que houve



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a designação de dois ministérios distintos, um junto aos judeus e outro, aos gentios; o primeiro confiado a Pedro,o segundo, a Paulo.

Antes, pelo contrário, quando viram que o Evangelhoda incircuncisão me estava confiado, como a Pedro oda circuncisão (Porque aquele que operoueficazmente em Pedro, para o apostolado dacircuncisão, esse operou, também, em mim, comeficácia, para com os gentios). (Gálatas 2.7-8)

A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada

esta Graça, de anunciar entre os gentios, por meiodo Evangelho, as riquezas incompreensíveis deCristo. (Efésios 3.8)

Portanto, embarcamos numa canoa furada quandoaplicamos preceitos da Lei Mosaica e o tradicionalismo judaico, não adaptados, para eficácia na Igreja do SENHOR

JESUS, presente em toda a face da terra, onde não há judeu, nem grego, nem brasileiro, nem francês, nemárabe; onde não há ênfase em qualquer nação ou culturaem especial.

O ORGULHO – JACTÂNCIA

O Evangelho de JESUS CRISTO inaugurou a

dispensação da Graça, que subsiste mediante a fé. Nãohá o que possamos fazer para sermos alcançados pelabondade de DEUS, a não ser o que é movido pela fé. Aindahá a Graça Comum, que alcança a todos,indistintamente. É pela fé que podemos conquistar tudoo que JESUS nos concedeu67. Nossa justiça própria nãopode ser usada como moeda para trocas com DEUS. Uma

67 Romanos 5.1-2 e Tiago 2




vez obtendo algo de DEUS por esse artifício, poderíamosautomaticamente invocar algum merecimento. É o que oapóstolo Paulo chama de jactância, gabolice ou

vanglória68. Estamos impregnados com um evangelhoestranho que faz de DEUS um negociante atrás de umbalcão, que nos pergunta o que temos a oferecer emtroca de sua providência. Quando entregamos aquilo queachamos que ele está nos pedindo e recebemos o queprocurávamos receber, nos sentimos autojustificados.

Infelizmente, o orgulho parece próprio do serhumano. Talvez possamos considerar essa característicacomo a origem de todo o mal. Quando lembramos quetemos moradia, roupas, sapatos, alimento, emprego esaúde, é com esforço que distinguimos a provisão deDEUS. O homem se gaba imaginando ser autossuficiente.É com dificuldade que captamos o que disse Isaías: Faz

forte ao cansado e multiplica as forças ao que não temnenhum vigor69. A inteligência, a força, a saúde e acriatividade do homem vêm de DEUS.

O pensamento imediato que nos vem é que somose temos alguma coisa porque fizemos por merecer. Issopode ser verdade, em certo ponto de vista, por causa daLei da semeadura e da colheita70, mas mesmo assim nãopodemos ignorar que temos sido alcançados diariamentepela Graça e Misericórdia do SENHOR. A Graça permiterecebermos o que não merecemos, e a Misericórdia nãopermite recebermos o que merecemos.

Um pequeno acidente, um mal súbito ou uma balaperdida podem interromper a vida num segundo. Só

68 I Coríntios 5.6-8; Romanos 3.26-28

69 Isaías 40.29-31 (Veja também Salmo 24.1, Provérbios 2.6 e Eclesiastes 2.24-26)

70 Gálatas 6.7



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estamos vivos a cada respiração, um batimento cardíacode cada vez. Não podemos garantir que estaremos aquino próximo minuto. Portanto, não deveria haver espaço

para o orgulho. Imaginarmos que temos méritos diantede DEUS é de todo o modo absurdo, mas o amor de DEUS nos constrange e nos alcança da mesma forma. Não há oque possamos fazer ou deixar de fazer que mude essarealidade.

Conta-se que John Bunyan acabara de pregar um

sermão e um dos ouvintes lhe disse: - Sua mensagem foibrilhante! Ao que Bunyan respondeu: - Eu sei, irmão. Hápouco, o diabo me disse o mesmo 71. Certamente Bunyannão intencionou ser grosseiro, apenas reagiuenfaticamente contra a armadilha do maligno para inflarseu ego pelo orgulho.

É impressionante a capacidade do homem de se

vangloriar a partir de um milímetro da manifestação deDEUS em sua vida. O homem se orgulha até de serhumilde. Quando DEUS nos usa para realizarmos algo emespecial, parece assaltar a nossa mente a ideia de quesomos melhores do que os outros, ao menos umpouquinho.

O espinho na carne de Paulo permanece umenigma. O que foi de fato ninguém sabe exatamente.Pode ter sido um vício, uma doença grave, uma fraquezana área sexual, uma dor insuportável, uma enxaqueca,não se sabe. Talvez tenha sido uma culpa que oconsumia por ter aniquilado muitos filhos de DEUS. Deuma coisa podemos ter certeza: esse espinho na carne

não deixava o apóstolo esquecer-se de que era apenas

71 Provérbios 29.5




um homem fraco e dependente inveterado da Graça eMisericórdia de DEUS, assim como eu e você.

E, para que me não exaltasse pela excelência dasrevelações, foi-me dado um espinho na carne, asaber, um mensageiro de Satanás, para meesbofetear, a fim de me não exaltar. Acerca do qual,três vezes orei ao Senhor, para que se desviasse demim; e disse-me: A minha Graça te basta, porque omeu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boavontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas,para que em mim habite o poder de Cristo. (II

Coríntios 12.7-9)

Uma religião baseada em um sistema de méritosleva ao orgulho religioso. Quantos não se deixamensoberbecer por serem usados pelo SENHOR através deseus dons espirituais e quantos não se gabam porpagarem o preço com justiça própria? O argumento é o

mesmo e pode estar no inconsciente: Se meu ministérioé frutífero é porque pago o preço. Mereço estar ondeestou, pois faço por merecer. Se não fosse o meusacrifício, o que seria de mim! Não fossem os meus jejuns, Satanás teria prevalecido contra mim! Etc. e etc.

Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede Graça

aos humildes. (Tiago 4.6b NVI) Temer o Senhor é odiar o mal, o orgulho e aarrogância, o mau comportamento e o falarperverso. (Provérbios 8.13 NVI)

O poder do orgulho é horrivelmente destrutivo, eDEUS conhece nossa natureza. Infelizmente essa

característica tornou-se própria da raça humana quandocaiu no Édem. Cada um de nós pode guardar umasemente de orgulho latente no coração. Creio que DEUS



Canoa Furada | 5

não nos usa com mais intensidade por motivos diversos,mas a nossa tendência à altivez, à arrogância e àautossuficiência, quem sabe ainda não manifestas, é um

dos principais. A manifestação de DEUS em nossa vida édiretamente proporcional à nossa fé e humildade, einversamente proporcional ao nosso orgulho. Ahumildade e a sabedoria são expressões de maturidade,típicas do servo do SENHOR JESUS. Portanto, falta dehumildade demonstra imaturidade, e o inverso também

é verdadeiro.

O LEGALISMO

Legalismo é tentar controlar a conduta pela adesãoestrita a um conjunto de regras que enfatizam a letra, enão o espírito das regras, acompanhada pelacondenação moral daqueles que escolhem não seguir

tais regras. Também pode ser identificado quando criamos um

padrão de comportamentos exteriores e criamosindicadores para medir se alguém é ou não é bom ouespiritual.

É muito fácil os líderes da igreja induzirem aspessoas a sentir culpa falsa em áreas que DEUS nuncaindicou como pecado. O legalismo é a raiz do ativismo,do perfeccionismo, do estresse e da depressão. Olegalista não entende nem experimenta a Graça de DEUS.Para ele, a Graça é apenas uma teoria abstrata. Adoutrina pela qual o legalista rege a vida é a de tentardemonstrar, o tempo todo, que é bom e aceitável, que

nada é de graça e que tudo tem um preço. O livro “Opoder curador da Graça”, de David Seamands, trata




profundamente disso.Algumas pessoas consideram as dietas frugais

como o principal sinal de humildade, associando-o a II

Crônicas 7.14, que diz: Se o meu povo, que se chamapelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha facee se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei,perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra. Paraalgumas pessoas, a humilhação está condicionada aosacrifício voluntário, embora o texto bíblico acima nãofaça menção a isso.

O legalista acredita que suas conquistas espirituaisvêm por esforço próprio. Proclamar que está jejuando éprocurar o louvor e o reconhecimento dos homens; é aponta do iceberg de um ego inchado pelo orgulho. Nospúlpitos, nas rádios e na TV não é difícil ouvirmosobreiros que fazem questão de dizer que estão se

sacrificando, e que o fazem sempre, e por isso DEUS consegue fazer alguma coisa. Tudo isso evidencia apredisposição do homem em querer sobressair a partirde sua própria justiça. No fundo, a mensagem que fica éque DEUS não poderia fazer nada se não fosse o meusacrifício.

Perceba o engano do orgulho trabalhando em umhomem que confia em si mesmo.

E disse, também, esta parábola, a uns que confiavamem si mesmos, crendo que eram justos, edesprezavam os outros: Dois homens subiram aotemplo, a orar; um, fariseu, e o outro, publicano. Ofariseu, estando em pé, orava consigo, destamaneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou

como os demais homens, roubadores, injustos eadúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuoduas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo



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quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé,de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu,mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, temmisericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este

desceu justificado para sua casa, e não aquele;porque, qualquer que a si mesmo se exalta, seráhumilhado, e, qualquer que a si mesmo se humilha,será exaltado. (Lucas 18.9-14)

JUDAIZANTES

A Igreja é o Israel de DEUS. Fomos enxertados naOliveira Verdadeira e consequentemente herdamos as

bênçãos originalmente apontadas para os hebreus, porcausa da promessa a Abraão.

Essa identidade com Israel tem feito com que aIgreja contemporânea venha silenciosamenteincorporando ritos, crenças e costumes provenientes do Judaísmo. Este fenômeno iniciou-se no Brasil há cerca de

trinta anos e intensificou-se a partir de ministérioschamados profético-apostólicos, que entendem terrecebido de DEUS a missão de trazer a Igreja de volta àssuas bases bíblicas e ajudar a estabelecer o Reino deDEUS na Terra, com suposto amparo em Amós 9.11.

Dessa forma, está instalado hoje um movimento judaizante que tenta reavivar símbolos e festas do Antigo

Testamento, interpretando aquela parte da Bíblia comose não houvesse princípios de distinção quanto aocontexto, destinatários e objetivo de cada seção bíblica.Isso explica o uso cada vez mais frequente, na Igreja, devotos, especialmente o do Nazireado e o de raspar acabeça. Não há fundamento neotestamentário a

respaldar sua aplicabilidade hoje, principalmente entregentios.



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As práticas de autonegação com rigor dietético nãoapareceram com os judaizantes, mas o que já vinhasendo praticado de forma degenerada está sendo

realçado. Esses novos ministérios têm tentado reavivarelementos que só faziam sentido no arcaico sistema judaico, para incorporação à Igreja. A mensagem dessanova visão ministerial gira em torno de temas comorestauração, restituição, sacrifício, prosperidade econquista. Nesse caminho, o emprego da subjugação da

carne como arma militar contra o alto escalão deprincipados e potestades tem lugar certo. Para essesegmento, sem o asceticismo não há como prosperar.

É oportuno lembrar que a Igreja nasceu do Judaísmo e distanciou-se de Jerusalém ao longo dahistória, aproximando-se de Roma72, deixando osprimórdios do Evangelho e a doutrina dos apóstolos. As

primeiras lideranças ministeriais da Igreja eram de judeus. O Cristianismo passou a ser assim chamadoporque os judeus não receberam a JESUS CRISTO. Casocontrário, o Judaísmo continuaria sua linha pós-messiasapregoando a mensagem salvadora do kerigma73.Portanto, podemos admitir que o Cristianismo seja uma

dissidência do Judaísmo. Mas o que vemos hoje emalgumas congregações tem sido difícil sustentar comfundamentos bíblicos. O Evangelho tendo alcançado osgentios tornou a Igreja universalizada,predominantemente gentílica, fazendo dos elementospróprios do Judaísmo algo sem valor prático e espiritual

72 Em função da suposta conversão ao Cristianismo do imperador romano Flavius ValeriusConstantinus, conhecido como Constantino I, no ano 325.

73 Nas Escrituras, a soma de todas as verdades se chama kerigma, em grego. O kerigma é aproclamação da verdade, que revela a pessoa e a obra de CRISTO.




fora dele. Assim é que já nos tempos retratados em Atoscapítulo 15, houve necessidade de estabelecimento delimites às regras que deveriam ser dispostas aos gentios,

ocasião em que todo o arcabouço cultural e religioso judaico foi afastado. Uma vez que os crentes primitivostiveram essa clareza e discernimento – pelo SantoEspírito – ficamos em sérias dificuldades paracompreender o porquê de essas práticas estarem sendonovamente encorajadas.

Na maioria dos casos, as comunidades cristãsevangélicas que abrigam esses desvios são as mesmasque relegaram a segundo plano o estudo sistemático daBíblia. A facilidade com que pastores são ordenados aoministério é preocupante. Esses homens, emborapossam ser verdadeiros seguidores de JESUS enotoriamente usados por DEUS, nem sempre são

provados no conhecimento da Palavra e logo são postosà frente de pessoas para ensinar e aconselhar. Talvezseja este o verdadeiro motivo da multiplicação desuperstições no meio evangélico, com ênfase noasceticismo, nos costumes judaicos e na atribuição depoder a ritos e objetos.

Nessa seara, vale registrar as excursões deevangélicos a Israel, muitas delas para participar decerimônias especiais, banhos no rio Jordão – como sesuas águas fossem milagrosas – ou levar de lembrançaum pouquinho de areia dos desertos para espantar todoo mal. Muitos realmente creem que o óleo ungido deIsrael quebra qualquer maldição.

Tem havido visíveis tentativas de judaização doCristianismo, para reaproximar a Igreja do sistema



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religioso que JESUS combateu, que se baseava em umalista de rituais, simbologias, preceitos e tradições quesão sombras do que já veio em CRISTO. Uma vez

manifesto o que é real, o que é provisório perde o lugar.

Porque, tendo a Lei a sombra dos bens futuros e nãoa imagem exata das coisas... (Hebreus 10.1)

A referência a preceitos aqui não abrange oconjunto de princípios de DEUS, que são imutáveis.

Desses jamais devemos abrir mão.Logo após a ascensão de JESUS, a Igreja começou asofrer fortes pressões dos recém-chegados do Judaísmo,que começaram a impor condições aos gentios paraserem aceitos na Igreja, determinando que secircuncidassem. Paulo combateu essa canoa furada,defendendo que a fé em CRISTO é que proporciona o

relacionamento com DEUS na nova dispensação,conforme Gálatas 5.1-11.

Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo noslibertou, e não torneis a meter-vos debaixo do jugoda servidão. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vosdeixardes circuncidar, Cristo de nada vosaproveitará. E de novo protesto a todo o homem,

que se deixa circuncidar, que está obrigado aguardar toda a Lei. Separados estais de Cristo, vósos que vos justificais pela lei; da Graça tendes caído.Porque nós, pelo espírito da fé, aguardamos aesperança da justiça. Porque, em Jesus Cristo, nem acircuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma;mas, sim, a fé que opera por amor. Corríeis bem;quem vos impediu, para que não obedeçais àverdade? Esta persuasão não vem daquele que vos

chamou. Um pouco de fermento leveda toda amassa. Confio de vós, no Senhor, que nenhuma outracoisa sentireis; mas, aquele que vos inquieta, seja




ele quem for, sofrerá a condenação. Eu, porém,irmãos, se prego ainda a circuncisão, por que sou,pois, perseguido? Logo, o escândalo da cruz estáaniquilado.

O apóstolo se referiu não só à circuncisão, mastambém a toda a Lei, que nos afasta do único meiopossível de usufruir a Graça divina: A fé e mais nada. AGraça sempre esteve entre DEUS e o homem. Porém, emCRISTO, experimentamos a plenitude da Graça. JoãoWycliff, João Huss, Jerônimo Savanarola, Erasmo de

Roterdã e Lutero foram levantados por DEUS paracombater desvios introduzidos pelo sistema religiosoromano, inclusive os de matizes judaizantes,sustentando a exclusividade da fé no relacionamentoDEUS/homem, e muitos morreram por isso.

Martinho Lutero (1483-1546), Mestre de Sagrada

Teologia, em defesa da fé editou 95 Teses e as afixou naporta do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, em 31 deoutubro de 1517. Esse ato, depois de toda a agitaçãoque causou, conferiu-lhe o título de fundador da ReformaLuterana ou Reforma Protestante, com reflexos aindaimportantes na teologia contemporânea. Os pilaresdessa reforma ficaram conhecidos como os Cinco Solas:

Sola fide (somente a fé); Sola Scriptura (somente aEscritura); Solus Christus (somente CRISTO); Sola gratia

(somente a Graça) e Soli Deo gloria (glória somente aDEUS).

Sendo universal e livre em CRISTO, a Igreja quer seaproximar do Judaísmo e se meter novamente debaixo

de jugo de servidão, retornando ao um degeneradosistema de obrigações religiosas.



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VINHO NOVO REQUER ODRES NOVOS

Disseram-lhe então eles: Por que jejuam osdiscípulos de João muitas vezes, e fazem orações,como, também, os dos fariseus, mas os teus comeme bebem? E ele lhes disse: Podeis vós fazer jejuar osfilhos das bodas, enquanto o esposo está com eles?Dias virão, porém, em que o esposo lhes será tirado,e, então, naqueles dias, jejuarão. E disse-lhes,também, uma parábola: Ninguém tira um pedaçodum vestido novo para cosê-lo em vestido velho,pois que romperá o novo e o remendo não condizcom o velho. E ninguém deita vinho novo em odresvelhos; de outra sorte, o vinho novo romperá osodres, e entornar-se-á o vinho, e os odres seestragarão; mas o vinho novo deve deitar-se emodres novos, e ambos, juntamente, se conservarão. Eninguém, tendo bebido o velho, quer logo o novo,porque diz: Melhor é o velho. (Lucas 5.33-39)

Os fariseus e os seguidores de João Batista

observavam atentamente os discípulos de JESUS. Assimcomo hoje, os religiosos de plantão, colecionadores de justiça própria, estão sempre à espreita, para de algumaforma censurar a liberdade daqueles que foramalcançados pela Graça do PAI. Os religiosos se achammais merecedores de bênçãos, se revoltam contra osinfortúnios da vida porque não merecem o sofrimento,pois são mais cumpridores da Lei, mais piedosos, já queseguem fielmente as regras. Regras que eles mesmoscriaram ou deformaram durante séculos para,cumprindo-as, se manterem acima dos que não asobservam.

Os discípulos de JESUS preferiram seguir o Cordeiro

para além das normas impostas pela tradição e pelacultura. Os fariseus e os discípulos de João




provavelmente não compreenderam a boa notícia que oSENHOR anunciava.

Se os discípulos de JESUS não jejuavam, podemos

inferir que JESUS não jejuava. Se JESUS jejuasse, seusdiscípulos também o fariam.

João Batista representava a Lei, ao passo que JESUS é o protagonista e o executor do Novo Pacto. João Batistase esmerava em práticas que o conduziam a muitasregras vazias em si mesmas, que incluíam severosexercícios corporais, tal qual faziam também os fariseus; JESUS não. Esse fato ensina inequivocamente que aautoflagelação é própria da Lei e do Judaísmo, e excluídadas boas-novas.

Brennan Manning, em “O Evangelho Maltrapilho”(2005), diz que JESUS se banqueteava enquanto João jejuava. Enquanto o chamado de João à conversão

estava essencialmente ligado a práticas penitenciais, ochamado de JESUS está fundamentalmente associado aser companheiro de mesa, a comer e beber com JESUS, emquem a atitude misericordiosa de DEUS para com ospecadores é manifestada. Partir o pão com JESUS era umacelebração festiva de bom companheirismo na qualhavia salvação. O ascetismo não era apenas impróprio,mas impensável na presença do Noivo.

Veja o que ocorreu no batismo do SENHOR. JoãoBatista (representando profeticamente a Lei e osProfetas)74 sai de cena, e JESUS (Graça) assume o seu lugarpara sempre. O próprio João Batista sentenciou: Énecessário que ele cresça e que eu diminua (João 3.30).

Isto é, chegara finalmente o kairós, em que a antiga

74 Mateus 11.13 e Lucas 16.16



Canoa Furada | 3

aliança dá lugar à outra, nova e eterna, cumprindo-se asprofecias de Isaías 9.6-7 e Daniel 7.14. Essa nova eeterna aliança não veio para complementar a antiga;

veio para substituí-la, sem negá-la. O tipo foi finalmentesubstituído pelo seu antítipo. A sombra deu lugar aodefinitivo. A obra eterna de JESUS se manifestou ali, tendosido consumada com sua morte na cruz75 e continuadacom sua ressurreição, ascensão e descida do EspíritoSanto.

A Lei e os Profetas duraram até João: desde então éanunciado o reino de Deus, e todo o homememprega força para entrar nele. (Lucas 16.16)

O MUNDO FICOU EM TREVAS POR TRÊS DIAS

JESUS disse que seus discípulos deviam afligir a almaquando o noivo lhes fosse tirado. Que sutileza! Nesse

momento o SENHOR provocou seus interlocutores,remetendo o asceticismo ao seu sentido original, isto é,à aflição de alma em ocasiões de profunda comoção. OSENHOR JESUS se referiu, em Lucas 5.33-39, à autonegaçãopor causa da tristeza provocada pela sua ausência nostrês dias em que estaria no sepulcro76.

Não parece ser possível, por qualquer forma que sequeira interpretar, que JESUS tenha dado outro sentido aorigor dietético naquele diálogo com os discípulos de Joãoe dos fariseus. Se foi outro o sentido do asceticismonesse diálogo, JESUS negou a Lei.

JESUS veio primeiramente para os judeus. Foinecessário primeiro restaurar a casa de Israel. A

75 João 19.30

76 Lucas 24




abordagem do SENHOR foi sempre direcionada à casa deIsrael. O tempo de o Evangelho alcançar os gentioschegou bem mais tarde, com o ministério do apóstolo

Paulo, em cumprimento de Joel 2.28.

Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas dacasa de Israel. (Mateus 15.24)

Não me envergonho do Evangelho, porque é o poderde DEUS para salvação de todo aquele que crê;primeiro do judeu, depois do grego. (Romanos 1.16)

Os ensinos de JESUS não foram excludentes ou depredileção, mas devemos levar em conta que foi planode DEUS que JESUS tivesse, como objetivo inicial, o ouvinte judeu.

De fato, nos três dias de sua morte o mundo ficouem trevas espirituais. Sem DEUS, sem JESUS, ainda sem o

Espírito Santo. Passadas essas coisas, JESUS ressuscitou e,antes de sua ascensão ao céu, disse: e eis que eu estouconvosco, todos os dias, até a consumação dos séculos(Mateus 28.20). Nesse momento, lembramos novamentedo que JESUS havia dito aos discípulos: Podem vocês fazeros convidados do noivo jejuar enquanto o noivo está comeles?

JESUS está conosco e não há motivo de luto. Práticasrituais em sinal de luto e tristeza sob o argumento deque JESUS está ausente soa inadequado, porque ondeestiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estoueu no meio deles – disse JESUS (Mateus 18.20).

Com as imagens usadas, o SENHOR nos ensina a

necessidade de uma atitude totalmente nova frente àsua mensagem. Onde JESUS está não há motivo de tristeza



Canoa Furada | 3

ou desesperança para a noiva. Onde habita o EspíritoSanto não pode haver tristeza. O noivo ainda não veionas nuvens para levar sua noiva, como prometeu, mas

não há sentido no argumento de que ele esteja longedela (a Igreja).

...e eis que eu estou convosco, todos os dias, até aconsumação dos séculos. (Mateus 28.20)

Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo,regozijai-vos. (Filipenses 4.4)

CONSAGRAÇÃO E SANTIFICAÇÃO

Práticas penitenciais também não servem paraconsagração. É preciso compreendermos que aconsagração não acontece a partir de extensas orações,unções com óleo, escalada de montes, vigílias, e muitomenos com dietas frugais.

A expressão consagrado vem do hebraico qodesh edo grego hagios, que significam dedicado, santo,santificado, puro, moralmente sem culpa. A consagraçãodecorre de um ato de DEUS. Um rei hebreu eraconsagrado com o derramamento de óleo sobre sua

cabeça pelo profeta. Esse óleo foi prefiguração doEspírito Santo, hoje concedido a todo aquele que crê.Santificação e consagração basicamente remetem àmesma ideia, que é a separação para uso exclusivo deDEUS. No Novo Testamento, passamos a ser consagradosquando recebemos o selo do Espírito Santo.

Santificação e consagração também podem serentendidas como processo perene de aperfeiçoamento,porém decorrem da separação para uso exclusivo de




DEUS. Assim, o crente consagrado deve manter-se limpo apartir da decisão perseverante de honrar a DEUS em tudo,por meio da prática da Palavra e da oração, numa

entrega completa, guardando-se da corrupção domundo77, e isso deve proceder-se num verdadeiro estilode vida, e não por algumas horas ou dias. É meninice oentendimento de que após um dia de austeridade com acarne estaremos consagrados e prontos para algumatarefa espiritual.

O que desce ou não ao estômago não pode terinfluência na qualidade do relacionamento com DEUS. JESUS mesmo advertiu que o que contamina o homem é o quelhe sai da boca, e não o que entra78.

Parafraseando a expressão contida na quarta tesede Lutero, enquanto persistir o ódio de si mesmo, isto é,da própria tendência pecaminosa, que nos coloca em

oposição a DEUS, devemos levar uma vidaconstantemente em consagração. A vereda do justo écomo a aurora, que vai brilhando, brilhando, até ser diaperfeito79. Apesar disso, devemos saber que DEUS nosama assim mesmo, e não há o que possamos fazer oudeixar de fazer que possa mudar isso.

Em Filipenses 3.12 em diante, Paulo explana bem oestado de seu ânimo, dizendo que não considerava já teralcançado o alvo, mas esquecendo-se do que deixoupara trás, prosseguia para as coisas que estavamadiante de si. Ele não ficava se lamuriando por umaqueda ou se vangloriando pelas vitórias. Na vida dePaulo, as coisas do passado pertenciam ao passado; o

77 Tiago 1.27 e I Pedro 1 e 2

78 Mateus 15.11

79 Provérbios 4.18



Canoa Furada | 3

que interessava era o presente, que devia ser trabalhadocom visão no futuro. Assim também devemos proceder,e a santificação deve fazer parte permanente dessa

conduta, sem legalismo ou dogmatismo.A nossa urgente necessidade de consagração e

busca por poder e cobertura espiritual sempre poderãoser supridos pelo SENHOR mediante relacionamento, comoração e coração contrito.

O apreço pelo ascetismo é tão acentuado para

algumas pessoas que elas simplesmente não conseguemseparar a oração dos exercícios penitenciais. Para elas,oração para ser eficaz tem de ser de barriga vazia, ou nomonte, ou no milho, ou de madrugada. Tem de tersacrifício associado. Supor que a Bíblia embute oasceticismo quando fala de oração é uma inferênciainventiva e irresponsável.

A JUSTIÇA DE DEUS

O ensino de que devemos honrar a DEUS em tudo,em momentos bons e ruins, precisa necessariamente serenfatizado. Hoje convivemos com doutrinas no mínimoduvidosas, que ensinam as pessoas que elas devemdeterminar, exigir, sacrificar tudo para receber aindamais, com claro intuito de mostrar que o crente não podeser verdadeiramente abençoado se não ostenta riquezamaterial. E pior, que sua fé é proporcional ao queentrega na urna dos dízimos.

Prega-se tanto sobre poções evangélicas mágicasde efeitos fantásticos que mal se ouve o Evangelho

simples ensinado por JESUS, que transforma, liberta ecomunica vida eterna. Exaltam mais as placas




denominacionais do que o nome de JESUS. Eles colecionamaviões, mansões e carros de luxo à custa da boa-fé demilhões de incautos. Fazem as pessoas comprarem

passagens [caríssimas], para entrarem em canoasfuradas, e não avisam que elas vão afundar no piormomento.

A Palavra já anuncia o surgimento dessas coisas,de forma que a proliferação desses enganos não ésurpresa. Eles ocorrem pelo oportunismo de homens quetêm os seus olhos no dinheiro e no poder, quemercantilizam o Evangelho.

Por outro lado, é fato também que esse cenário sefortaleceu em função da ingenuidade de muitos. Adesídia em confrontar tudo com as Escrituras, seguindo ocaminho fácil de uma obediência cega, tem deixadomuitos em confusão. Porém, no Dia Final, ninguém

poderá escusar-se alegando ter sido enganado80.Felizmente esse quadro de preguiça na busca pela

Verdade tem mudado. Oramos muito por avivamento eparece que ele está aí, senão totalmente, em boaparcela. Temos estado mais alertas, avivados para omau uso da Palavra. Ser avivado passa longe da ideia deviver saracoteando, sapateando e gritando jargõesreligiosos. Ao contrário, o crente desperto tem asantenas aguçadas para a voz do Pastor Eterno e nãoembarca em canoa furada.

Devemos incutir nos nossos ouvintes (no melhorsentido da palavra) a necessidade da busca pelo caráterque honra a DEUS, na escola, no trabalho, no ônibus, na

rua, na internet . O Evangelho tem de gerar consciência

80 Romanos 14.12



Canoa Furada | 3

de pecado e formar caráter, caso contrário pode serqualquer coisa, menos Evangelho. Esse mesmoEvangelho deve preconizar que quaisquer sacrifícios,

além do louvor, do amor, e do culto racional, são todosdispensáveis por serem excessivos. Isso é avivamento. OEvangelho do SENHOR JESUS CRISTO dispensa artifícioshumanos. Esse Evangelho é poderoso e simples. Aliás,ele é poderoso porque é simples.

JESUS já pagou o preço, tendo sido este eterno e

suficiente. Pensar em sacrifício para agradar a DEUS éviva demonstração de desconhecimento, e pior, dedesprezo da obra redentora do SENHOR na cruz.

É impressionante como a religião tenta apresentarDEUS de forma tão dualista e confusa. É muito difícilcompreendermos que DEUS não é como nós? E tão difícilcompreendermos que a justiça de DEUS se manifesta em

amor, Graça e Misericórdia?Desejamos que estupradores sejam esquartejados

em praça pública e queremos que DEUS faça isso, mastoleramos o fofoqueiro. Ficamos indignados quando ummarginal entra na igreja e sai quebrantado, ao mesmotempo em que proclamamos o amor incondicional de

DEUS. Será que acreditamos mesmo nesse amorincondicional? Ou será que ele só vale para uns poucosque o merecem? Perguntamos no íntimo: Onde está DEUS que não faz justiça? E que justiça é essa que nósqueremos que ele faça? Assim, agimos como Jonas, quecondenou DEUS por ter redimido os bárbaros ninivitas.

Vi que não é o meu bom coração que torna a minha justiça melhor, nem que a prejudica; porque a minha justiça é o próprio Cristo. (John Bunyan, ≈1680)



Canoa Furada | 5

O ensino geral das Escrituras é que o homem sofredanos em consequência de suas próprias escolhas. O

pecado é o real agente do dano que sofremos, não DEUS,de maneira objetiva. É certo que DEUS disciplina, todaviao faz para concerto apontando para o aperfeiçoamentodos que ama, não para condenação e morte. A disciplinade DEUS gera vida, não morte. O endurecimento dohomem é que gera a morte.

A Lei de DEUS faz com que o homem ingresse emestado de morte quando permanece no pecado, mas JESUS o redime se houver arrependimento e retorno aoCaminho. JESUS é a justiça de DEUS para o que crê 81. ABíblia diz que DEUS é amor e que sua necessidade de justiça é aplacada em CRISTO, pois a misericórdia triunfasobre o juízo82. Isso não quer dizer que todos serão

salvos indiscriminadamente e nem que DEUS seja um paiindolente e permissivo.

O ASCETICISMO E OS DEMÔNIOS

JESUS enviou 70 discípulos83, mas antes lhes deuinstruções minuciosas e nada referiu aos sacrifíciospenitenciais.

Quando retornaram, disseram com alegriacontagiante: até os demônios se nos sujeitam. E JESUS acrescentou: Eis que vos dou poder para pisar serpentese escorpiões e toda a força do Inimigo, e nada vos farádano algum.

81 Romanos 10.4

82 Romanos 3.22, Tiago 2.13

83 Lucas 10.1-24



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O ensino de que só se expulsa demônios, ou certacategoria deles, com preparação prévia em dietasfrugais é uma contradição.

Há cinco versículos no livro de Atos dos Apóstolos(escrito por Lucas) que mencionam o asceticismo – videlista no final. Esse tipo de prática ainda era presente naigreja recém estabelecida em função do tradicionalismo judaico ainda bastante presente no cotidiano deles. Ofato de a igreja de então, predominantemente de judeus,

ainda exercitar alguns aspectos do velho pacto é apenasaceitável, mas não legitima a prática para a Igreja.Segue-se breve testemunho do amigo pastor Edson

da Silva, que presenciou um confronto com umaentidade demoníaca. Ele conta que o obreiro mandouque o demônio saísse de sua vítima, em nome de JESUS,tendo recebido como resposta: Só saio se você fizer um

jejum de sete dias! Ao que o irmão respondeu: Eu nãoobedeço a demônios. Nem sete, nem três dias de jejum,mas em nome do SENHOR JESUS, saia agora! E o malignosaiu imediatamente.

O adversário revelou a arma que o subjuga?! Éclaro que não, ele não agiria contra si mesmo; jamais

proporia algo que fosse realmente eficaz contra seupróprio ardil. Se o referido obreiro houvesse cedidoàquela intimidação, o diabo teria logrado êxito emmanter aquele servo de DEUS sob o legalismo religioso,fazendo-o se submeter a sacrifício e a pôr sobre opróprio ombro fardo que JESUS já levou sobre si.

O trabalho com libertação mostra que de fato

existem situações de possessão e opressão demoníacasque são extremamente difíceis de reverter. Porém,




quase sempre se tratam de pontos de contato que avítima mantém e que dificultam a sua libertação.Quando se percebe que o diabo está resistindo muito a

deixar definitivamente sua vítima, normalmente éporque encontra na pessoa “motivo” para permanecerali. Essa motivação – ou legalidade, como algunspreferem chamar – é uma espécie de direito que omaligno recebeu, em algum momento, para atuar navida da pessoa. Esse direito pode ter sido outorgado porum pacto de sangue, envolvimento com feitiçaria, faltade perdão, raiz de amargura, prática de aborto,assassinato, roubo, pecado oculto, objetos consagradosa entidades satânicas dentro de casa, enfim, algo queainda precisa ser desfeito e renunciado expressamentepara que o direito seja revogado.

Entenda o conceito básico de feitiçaria, segundo a

mística Tesla di Murbox84:

Arte do treinamento de espíritos capturadores que seencouraçam com os poderes das escolhas de nossasmentes, assim como nós podemos manipulá-los paracausarem mudanças nas nossas mentes e nas delestambém.

Esse conceito, que é proveniente da própriafeitiçaria, nos ajuda a entender como podemos daracesso ao Mal, mediante nossas escolhas, para que eleaja em nossa vida. Esse assunto é abrangente e foge aopropósito deste livro, mas temos segurança no que aBíblia diz, que Satanás atua em área delimitada por DEUS.O Maligno não tem total liberdade quando se trata dos

filhos de DEUS. Na verdade, ele não tem autorização para

84 Grimório de Feitiçaria I - Clube de Autores, 2010.



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tocar nos filhos de DEUS. Por outro lado, também éverdade que se lhe dermos acesso, Satanás poderáalcançar vantagem. Essa autorização, se não foi

expressamente revogada, ainda pode ser influente navida de quem a concedeu85.

A restauração completa nesses casos não ocorrerásomente com uma ordem proferida em nome de JESUS. Onome de JESUS está acima de todo nome, e fazendo isso, omaligno sairá, se o agente for de fato um servo de DEUS.

Mesmo que ofereça resistência, o maligno não podedesobedecer a uma ordem proferida em nome de JESUS.Mas se for mantida a causa da maldição, ele irá voltar,porque ainda terá acesso à vida da pessoa.

A Bíblia diz que a maldição sem causa não secumpre86. Portanto, é preciso extinguir a causa. Lembre-se de que JESUS disse a um enfermo: não peques mais,

para que não te suceda coisa pior87. Em Mateus 12.43-45, JESUS ensina como o diabo trabalha, quando sai de suavítima e ao retornar ainda a encontra disponível.

De acordo com a Palavra, a libertação não virá emfunção de sacrifícios da carne. Deve-se conduzir apessoa a confessar voluntariamente JESUS como Salvador

pessoal e SENHOR de sua vida. Depois de uma confissãosincera, a pessoa deverá fazer renúncia de tudo quepossa ser identificado como ponto de contato paraSatanás e seus demônios, incluindo todos osenvolvimentos errados do passado. Outra pessoa nãopoderá renunciar por ela. Somente a pessoa que fez a

85 Jó 1.12, Lucas 22.31-32, II Coríntios 2. 10-11, I João 5.18

86 Provérbios 26.2

87 João 5.14




aliança é que poderá desfazê-la. Tratando-se de objetos,somente a própria pessoa poderá desfazer-se deles,voluntariamente, e assim por diante. Vale dizer que um

dos principais motivos pelo qual Satanás encontraabertura em nossa vida é a falta de perdão a quem nosofendeu, não importando se achamos que temos odireito de reter esse perdão em função do tamanho dodano sofrido. Perdoar, em alguns casos, nos pareceráinjusto e difícil, porém, quando decidimos liberar perdão,a Graça de DEUS nos inunda para realizar algo maior.

Muitas pessoas têm dificuldade de perdoar, poisacham que perdoar é esquecer. Perdoar não é o mesmoque esquecer. O registro da ofensa ficará gravado namemória, mas quando há perdão – e isso deve ser frutode uma decisão – a culpa é removida do ofensor, quefica liberado da restituição. Se alguém tem uma dívida e

é perdoado, a dívida cessa, a conta é zerada, embora alembrança de que um dia ela existiu permaneça.

Há casos em que a libertação deve envolver curadas emoções, dos traumas e das memórias. Algumasvezes é necessário que DEUS refaça a maneira comolidamos com o passado. Em “Cura para os TraumasEmocionais” (1984), David Seamands compartilha quehá pessoas que, embora orem fervorosamente, nãorecebem resposta para suas súplicas relacionadas comproblemas pessoais. Em busca de resposta exercitamtodo tipo de disciplina cristã, mas sem resultados.Embora continuem a manter o mesmo ritual religiosoexterior – orar, contribuir e testemunhar – continuam se

aprofundando em desespero e desilusão.O adversário não tem acesso à vida daqueles que



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são gerados de DEUS, todavia, se houver brecha, o acessodos demônios estará facilitado.

O que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, eo maligno não lhe toca. (I João 5.18)

Não deis lugar ao diabo. (Efésios 4.26-27)

Temos ouvido muitos argumentos em defesa dedietas especiais, atribuindo-lhes poderes e virtudes, masnão encontramos um sequer que resista ao exame

sistemático das Escrituras. Todos se amparam emexemplos equivocados e mal interpretados, versosisolados, sem contexto, e, principalmente, emexperiências pessoais. Esses ensinos trazem nasentrelinhas a mensagem perigosa de que JESUS não ésuficiente para o enfrentamento contra as hostes

espirituais do mal e que, portanto, precisa de muletas.E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dadotodo o poder no céu e na terra. (Mateus 28.18)

E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meunome expulsarão os demônios... (Marcos 16.17)

ARTIMANHA DO ENGANO

JESUS veio para que tenhamos vida em abundância.Essa vida se traduzirá em fartura plena quando os salvosse encontrarem com o SENHOR nas moradas eternas. Mas JESUS nos oferece vida de qualidade ainda nestadimensão, oferecendo-nos paz, prosperidade, proteção,amor, acolhimento, compreensão e a segurança da

salvação.No entanto, o trabalho do diabo é sempre no




sentido de alojar em nossa mente a dúvida, para destruira obra de CRISTO em nós. Como isso não é realmentepossível, ele tenta desfigurar o nosso entendimento

sobre DEUS. Ele - o diabo - bombardeia nossa mente, portodos os meios possíveis, com dúvidas sobre aabrangência da obra na cruz, sobre o sentido do sangue,sobre a eficácia da ressurreição e a segurança dasalvação, podendo afetar a imagem que devemos ter deDEUS e de nós mesmos. Talvez a pior de todas asartimanhas do adversário seja a sua tentativa de nosimpedir de fruir o amor de DEUS, jogando poeira no arpara que não vejamos a realidade, afastando-nos daGraça.

Dois dos meios preferidos do diabo para alcançaresses objetivos são (1) usar nossos relacionamentosmais próximos para nos ferir e (2) usar ensinos mal

engendrados que muitas vezes são proferidos depúlpitos bem intencionados. Somente o confrontopermanente de tudo com as Escrituras com iluminaçãodo Espírito Santo nos servirá de antídoto, para refazernossa autoimagem e nos blindar contra as artimanhas doengano.

Com todo o respeito que devemos tributar àsexperiências dos outros, não precisamos, ao mesmotempo, concordar com elas, sobretudo se verificarmosqualquer dissonância com as Escrituras. No livro “Filhodo Fogo – Vol. 2” (2003), um determinado enfoque dadopor seus autores - Eduardo e Isabela Mastral - é nomínimo curioso.

Abaixo, transcrevo o trecho em questão, queretrata um diálogo, que, segundo os autores, foi travado



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com um certo líder da Irmandade, uma seita satânica aque pertenciam, antes de suas conversões ao Evangelhode CRISTO:

— Isso quer dizer que nós, satanistas, podemosentrar em toda e qualquer Igreja sem susto?— Sim. Eles - os demônios - suportam muito bem olouvor, as orações, a palavra... e se por acaso houveraproximação de algo muito perturbador"eletricamente e energeticamente" falando, eles têmmaior liberdade e destreza para afastarem-se atéque passe o desconforto. Isso quer dizer que oscristãos podem até orar por você, você pode até

confessar Jesus. E não vai acontecer nada! Só temum porém...— Que porém...?

— É algo que os cristãos não fazem muito, não estãoacostumados. Eles não gostam porque requer muitadisciplina da carne!— O quê?— O jejum de quarenta dias, no mesmo padrão que Jesus fez. Todo jejum faz com que os cristãos se

tornem "mais positivos". Nós não precisamos jejuarporque Lucifér já nos deu todo o acesso aosdemônios para que nossa força seja potencializada.Mas Deus não deu o mesmo privilégio aos cristãos.Então, se eles querem atingir esse nível deespiritualidade, têm de se sacrificar. A abstinência dacarne faz com que se entre mais em simbiose com omundo do Espírito. Quando você se priva da matéria,sua consciência se abre mais para as coisas do

espírito. E isso eleva o grau de intensidade daquela"positividade". Ao ponto de empatar com o nossonível de "negatividade". A reação é natural! Diantedo jejum de quarenta dias é impossível controlar osdemônios...!— Quer dizer que se um cristão jejuar quarenta diasnão tem como nós, satanistas, passarmosdespercebidos?

Está claramente evidenciada nesse diálogo aartimanha do diabo para manter os crentes aprisionados




no sistema religioso, e mais, reduzir a relação do filho deDEUS, frente aos desafios com os espíritos malignos, auma luta por equilíbrio de forças eletromagnéticas (?),

que seriam vencidas com exercícios corporais e dietafrugal.

Sem mais comentários, proponho que o leitor façasua própria avaliação em busca da verdade,confrontando o que tem sido ensinado acerca de batalhaespiritual e os textos bíblicos a seguir, lembrando que aespecialidade de Satanás é distorcer a verdade econfundir o quanto puder.

Estes sinais acompanharão os que crerem: em meunome expulsarão demônios; falarão novas línguas;pegarão em serpentes; e, se beberem algum venenomortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãossobre os doentes, e estes ficarão curados. (Marcos16.17-18 NVI)

Eu lhes dei autoridade para pisarem sobre cobras eescorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; nadalhes fará dano. (Lucas 10.19 NVI)

Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e queremrealizar o desejo dele. Ele foi homicida desde oprincípio e não se apegou à verdade, pois não háverdade nele. Quando mente, fala a sua própria

língua, pois é mentiroso e pai da mentira. (João 8.44NVI)

Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda amalícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás deperverter os retos caminhos do Senhor? (Atos 13.10)

E vós possuís unção que vem do Santo e todostendes conhecimento... Quanto a vós outros, a unção

que dele recebestes permanece em vós, e nãotendes necessidade de que alguém vos ensine; mas,como a sua unção vos ensina a respeito de todas as



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coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permaneceinele, como também ela vos ensinou. (I João 2.20, 27)

Satanás sabe melhor do que qualquer um de nósque JESUS o esvaziou e entregou autoridade aos filhos deDEUS para enfrentá-lo e subjugá-lo. A tentativa do diabo,de impregnar o povo de DEUS com a mentira da justiçaprópria em observância de sacrifícios, normas, regras,proibições e abstinências infundadas para derrotá-lo éprova inequívoca de que ele - o diabo - busca

desesperadamente distrair nossa atenção das VerdadesSagradas, pois ele sabe que é justamente nisso quereside a nossa vitória: em assimilarmos e tomarmosposse do nosso lugar em DEUS.

É preciso que o povo de DEUS se libertedefinitivamente do sofisma de que rudimentos do mundoe da Lei, sacrifícios e penitências podem ainda aprimoraro relacionamento com DEUS e fortalecer o espírito. Isso élegalismo religioso. É artimanha do Engano.

Se morrestes com Cristo para os rudimentos domundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vossujeitais a ordenanças: não manuseies isto, nãoproves aquilo, não toques aquiloutro, segundo ospreceitos e doutrinas dos homens? Pois que todasestas coisas, com o uso, se destroem. Tais coisas,com efeito, têm aparência de sabedoria, como cultode si mesmo, e de falsa humildade, e de rigorascético; todavia, não têm valor algum contra asensualidade. (Colossenses 2.20-23)

A MORTIFICAÇÃO DA CARNE

Mortificar a carne equivale a anular ou pelo menosmanter sob controle os desejos naturais e tendênciaspecaminosas do ser humano. Mediante sacrifícios




diversos, alguns acreditam que podem alcançar esseobjetivo, visando acima de tudo o aprimoramentoespiritual.

A busca por santificação mediante sofrimentoautoimposto ao corpo físico sempre foi praticada emdiversos modelos religiosos.

Um dos maiores exemplos dessa conduta foiFrancisco de Assis, que acreditava que o corpo éconstruído culturalmente. Francisco de Assis e seusdiscípulos, os frades menores, submetiam a si mesmos asofrimento porque acreditavam que o corpo físico é aprisão da alma. A autoflagelação tinha como fim alcançara glória espiritual.

O rigor dietético é uma espécie de autoflagelação,obviamente mais branda do que os chicotes dosfranciscanos, mas que também procura disciplinar o

corpo físico.Porém, de acordo com Paulo, a mortificação da

nossa carne ocorre pela fé, exclusivamente; devemostomar posse do que já é um fato. Em tom de exortaçãosevera aos Colossenses, Paulo diz que tais práticas nãofazem efeito para refrear os impulsos da carne88.

O que DEUS diz tem seu primeiro efeito na esferaespiritual. No tempo certo é que o mundo visível vaiobedecer e evidenciar o que foi decretado. Para DEUS oque importa é o momento certo, o que os gregoschamam de kairós.

JESUS criticou a fé de Tomé, porque ele creusomente depois de ter visto. Tomé disse: Se eu não vir

nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo,

88 Colossenses 2.20-23



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e não puser a mão no seu lado, de modo algumacreditarei (João 20.25). Bem aventurados os que nãoviram e creram, disse JESUS em resposta89. Naquela

situação, Tomé manifestou a sua incapacidade de veralém do visível. Ele estava tomado de tantaincredulidade que não acreditaria nem em seus própriosolhos. Não bastaria ver o SENHOR; para acreditar teria detocá-lo, colocar o dedo nos orifícios dos cravos e sentir-lhe a ferida nas costelas.

Se quisermos crer na nossa morte e ressurreiçãoem CRISTO apenas depois de vermos os resultados,obteremos resposta idêntica do SENHOR: Bem aventuradosos que não viram e creram.

Os resultados de nossa morte e ressurreição noSENHOR virão a partir da fé e não a partir de evidênciasvisíveis. Não são os fatos que devem nos comandar. Não

tem nada a ver com emoção, pensamento positivo ouconfissão positiva. Devemos crer naquilo que o SENHOR disse, porque ele não pode mentir. Em Romanos 7 eColossenses 3 encontramos outros elementos para acompreensão desse fato. Pela fé, já estamos mortos paraa Lei; e onde não há Lei, não há pecado. Isso é uma

realidade e devemos buscar em DEUS vivenciá-la.Paulo faz uma declaração importante em Filipenses3.12-14. Ele sabia que estava morto para o pecado, porobra exclusiva do SENHOR na cruz. Mas sabia também queainda não tinha chegado à perfeição (maturidade). Seuhomem exterior era corrupto, mas o seu interior serenovava dia após dia90. Ele olhava para frente,

89 João 20.29

90 II Coríntios 4.16




esquecendo-se das coisas que ficaram para trás, eprosseguia para o alvo, para o prêmio da soberanavocação de DEUS para sua vida, em CRISTO JESUS.

É obra do engano a crença de que isso nãoaconteceu realmente com o que nasceu de novo, e que,portanto, deve-se conquistar essa mortificação porméritos próprios. Isso é o mesmo que anular a obra deDEUS.

De acordo com a Palavra, os sacrifícios e adisciplina com o corpo não são eficazes para avanços naesfera espiritual. Confiar na mortificação da carne pornossos próprios feitos é confiar em si mesmo e faz-noslembrar um jumentinho com uma cenoura amarrada aopescoço, pendurada à sua frente; ele jamais a alcançará,por mais que corra. Ela está tão perto e ao mesmotempo tão longe.

O quanto antes nos rendermos ao SENHOR para amortificação da carne, mais rápido e bem sucedido seráesse processo. Essa morte não ocorrerá antes que sejaestabelecido um verdadeiro relacionamento com o PAI. OSENHOR age como um salva-vidas que espera a pessoaque está se afogando debater-se até desistir de lutarpara salvar a própria vida. O salva-vidas que tentaresgatar uma pessoa que se debate para se salvartrabalhará em vão se não esperar o momento certo.

A ação da cruz é nula para aquele que está na Lei,tentando resolver seu problema com as próprias forças.O sangue de JESUS resolve o problema das nossas ações(pecado), e a cruz resolve o problema do que somos

(pecadores).A ressurreição de CRISTO evidenciou o nascimento



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de um novo homem, refeito para servir a DEUS. Aqueleque está em CRISTO (dentro de CRISTO) morreu na cruz eressuscitou junto com CRISTO. A morte do SENHOR não foi

apenas substitutiva, foi também inclusiva. Portanto, nãosou eu que devo matar a minha carne. Se eu creio emCRISTO e compreendo isso, essa verdade se manifesta emmim, bastando que eu a assimile pela fé e caminhe naGraça.

E nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fezassentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus, paramostrar nos séculos vindouros as abundantesriquezas da sua Graça, pela sua benignidade paraconosco, em Cristo Jesus. Porque pela Graça soissalvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é domde Deus; não vem das obras, para que ninguém seglorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus, para as boas obras, as quais Deus preparoupara que andássemos nelas. (Efésios 2.6-10)

Quando a pessoa recebe JESUS como SENHOR esalvador, recebe o Espírito Santo. Portanto, não hánecessidade de orar assim: Sou um pessoa muito má,SENHOR, crucifica-me, por favor! Quando compreendemosque já fomos crucificados, passamos a louvar ao SENHOR

por isso e vivemos à luz dessa realidade.Então creram nas suas palavras e lhe cantaram

louvores. (Salmo 106.12)

Você crê que JESUS morreu na cruz? É claro que sim,porque a Bíblia diz.

Você crê que JESUS foi crucificado entre dois

malfeitores? É claro que sim, porque a Bíblia diz.Você crê que JESUS ressuscitou ao terceiro dia? É




claro que sim, porque a Bíblia diz.Você crê que JESUS o incluiu na cruz, tendo você

morrido e ressuscitado com ele? É claro que... veja bem,

aí é diferente (?).

Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu,mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo, nacarne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual meamou, e se entregou a si mesmo por mim. (Gálatas2.20)

O nosso homem velho foi com ele crucificado.(Romanos 6.6)

Se você pensa que o apóstolo Paulo estava sereferindo apenas a si mesmo, então veja o que ele disseaos irmãos de Colossos:

Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que

são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vidaestá escondida com Cristo, em Deus. (Colossenses3.2-3)

Às vezes, perdemos muito tempo buscando o que já temos. A vida cristã plena começa com um saber. Nãodepende do que sentimos, mas do que cremos. Nãodevemos nos guiar pela emoção, mas pelo espírito.

Temos restringido a expressão “pela Graça soissalvos”, em Efésios 2.8, à vida eterna a ser manifestada.Mas essa declaração é muito mais abrangente,estendendo-se à salvação do jugo do pecado. Fomossalvos da maldição da Lei e também da nossa carne, eisso não vem de nós, é dom de DEUS.

Isso não quer dizer que não pecamos. Ao contrário,falhamos em muitas coisas. Mas é um erro entendermos



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que se ainda pecamos é porque não morremos para opecado. Estar morto para o pecado significa que o crenteverdadeiramente nascido de novo não é mais escravo do

pecado, não vive pecando e não permanece no pecado.A sua consciência nova, sensível ao Espírito Santo no seuhomem interior não lhe permite.

O que ocorre é que somos muito afetados pelomundo visível. Mesmo depois da adoção como filhos deDEUS, quando olhamos para nós mesmos podemos ver

ainda uma imagem embaçada, indigna, defeituosa, fracae que desagrada a DEUS. Mas isso é o que julgamos, é anossa percepção, não a de DEUS. Então começamos atentar suprir nossas próprias deficiências pelos própriosmeios, com a melhor das intenções. É como se nãogostássemos de nossa aparência e tentássemos aplicarmaquiagem para melhorá-la. Mas DEUS vê por detrás da

maquiagem e os homens, mais cedo ou mais tarde, aidentificará. Não adianta fingir. Não adianta esboçarsantidade artificial.

As nossas boas intenções não podem nos ajudar.Esse processo ocorre de forma não planejada e nãoconsciente. Pensamos mecanicamente, muitas vezes

baseados em uma imagem distorcida de DEUS quecriamos ao longo da vida; um DEUS intolerante eperfeccionista, que jamais aceita menos que a perfeiçãodos seus filhos. Não importa o que façamos temossempre a sensação de que ainda não chegamos aondeDEUS exige que cheguemos. E aí continuamosperseguindo um alvo imaginário que nós mesmos

criamos (e que o sistema religioso reforça) e que éinalcançável, gerando frustração, culpa e esgotamento




espiritual.Da mesma forma que a salvação e o perdão de

nossos pecados são fatos garantidos por JESUS, assim é

também com a mortificação da carne, também garantidapelo sacrifício na cruz pelo SENHOR, e ambos só podem serassimilados pela fé.

A fé e o amor são os únicos atributos apreciadospor DEUS em nós, justamente porque nos capacitam paraatuarmos além da realidade visível. A fé nos leva àcontemplação, ainda no mundo invisível, daquilo queDEUS já determinou. A partir de então é que tudo setornará visível no mundo natural, no devido tempo.

Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que seesperam, e a prova das coisas que se não veem.(Hebreus 11.1)

A TENTAÇÃOSer tentado não é o mesmo que pecar. Algumas

pessoas ficam intranquilas por terem sido tentadas,achando que o SENHOR as condena por isso. A tentaçãoaponta para uma eventual fraqueza que possuímos eorigina-se sempre de dentro (nossas própriasconcupiscências)91, porém só dá lugar ao pecado secedermos.

Quando estamos na iminência de vacilar, énecessária uma enérgica decisão de honrar a DEUS,dizendo para si mesmo: Eu não preciso pecar. Eu estoumorto para o mundo. A vida que agora vivo, vivo parahonra e louvor de CRISTO, que me redimiu com o seu

sangue - isso para os que estão em CRISTO e são nova

91 Tiago 1.14



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criatura – JESUS nos ensinou a orar pedindo ao PAI que nãonos deixe cair em tentação. Com frequência precisamosusar esse recurso.

Porém, infelizmente, isso não funciona sempre.Somos pegos exatamente quando estamos distraídos. Hápessoas que têm fraquezas nas quais caem com certaconstância. Paulo parecia também sofrer problema dessanatureza, quando falava de um espinho na carne.Ninguém sabe o que foi esse mal, mas é possível que

tenha sido alguma vulnerabilidade com o pecado. Pormais disciplina que possamos submeter nosso corpo emente, parece que há situações quase irresistíveis, nasquais dificilmente obtemos êxito se resolvermosenfrentar.

Paulo descreveu em tom angustiado a luta quetodos nós experimentamos contra nossas tendências92.

Enquanto o homem interior, com entendimento, desejaseguir a Lei do espírito, o homem exterior, carnal, desejaseguir o caminho oposto, a Lei do pecado. Não sabemosse há ligação entre o tal espinho na carne e essaconstatação do apóstolo, mas o que chama a atençãonessa história é a resposta do SENHOR a Paulo, que bem

poderia ter sido essa: Paulo, você precisa fazer algunssacrifícios para vencer essa fraqueza. Não será fácil. Sevocê exercitar disciplina com a carne terá condições devencer seus desafios espirituais...

Porém, a resposta do SENHOR foi outra: A minhaGraça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa nafraqueza (II Coríntios 12.9).

Em vista disso, então podemos descansar e deixar

92 Romanos 7




que o pecado ganhe espaço, dando vazão às nossasfraquezas? É fácil concluir que não. A Bíblia diz quepodemos resistir ao diabo93 mas não aos desejos que se

originam em concupiscências (paixões)94. Por que fugir?Parece óbvio, mas a resposta a esta pergunta tem sidobastante controversa. Alguns lutam bravamente contrasuas concupiscências com exercícios corporais edisciplina, apesar do que diz Colossenses 2.23. Todavia,parece que o entendimento mais adequado é que oSENHOR diz que é perigoso demais arriscar. É maisprudente fugir.

Quando leio este versículo, vem ao meupensamento a imagem de buracos em uma estrada. Sepensarmos nesses buracos como nossos pontos fracos ea estrada como a aventura da vida, as coisas começam afazer sentido. Assim como numa estrada, não adianta

querer passar por cima dos buracos. Por mais disciplina,espiritualidade, santificação e coragem, poderemos caire nos machucar. Por isso o SENHOR manda desviar, fugir enão enfrentar, pelo menos até que as fraquezas sejamtratadas. Essas vulnerabilidades surgem de nossa carnefrágil, suscetível a prazeres efêmeros, incapaz pornatureza de fazer a vontade de DEUS.

Havia crimes na Roma antiga que eram punidos deforma extremamente cruel. Amarravam um cadáver aocriminoso, braço com braço, perna com perna. À medidaque o cadáver ia se decompondo, liberava substânciasque consumiam em vida o corpo do malfeitor ainda vivo.Por isso os romanos entenderam muito bem o que Paulo

93 Tiago 4.7

94 II Timóteo 2.22



Canoa Furada | 4

explicava quando disse: O bem que quero não faço, e omal que não quero esse faço. Quem me livrará do corpodesta morte? Ele falava de seu próprio corpo físico, fraco,

ao qual estava amarrado, que o impedia de se mover emdireção a DEUS, como desejava.

Mesmo assim, a Palavra ensina que devemos serresponsáveis a DEUS. Cada um deve ficar atento antesque caia. Se cairmos, não poderemos culpar ninguémpor isso. Se pensarmos com base na Palavra, pecamos

porque decidimos pecar. Não somos vítimas indefesas. Jamais podemos orar ao SENHOR dizendo-lhe: Pequeiporque não tive escolha!

É fato que podemos ser fracos em determinadasáreas, mas DEUS é fiel e sempre haverá uma saída. ABíblia diz que quando a tentação vem o ESPÍRITO nosmostra a saída95. Ao contrário do que dizem por aí, não

somos tentados por Satanás, e sim por nossos própriosmaus desejos, que nos arrastam e seduzem. Satanás nãonos joga no abismo, apenas aponta o caminho. Nossospróprios maus desejos nos fazem seguir suas propostas.

Não sobreveio a vocês tentação que não fossecomum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá

que vocês sejam tentados além do que podemsuportar. Mas, quando forem tentados, ele mesmolhes providenciará um escape, para que o possamsuportar. (I Coríntios 10.13)

...saiba que o pecado o ameaça à porta; ele desejaconquistá-lo, mas você deve dominá-lo. (Gênesis4.7b)

Sejamos honestos: Ceder às tentações com

95 Isaías 30.21




regularidade revela que temos sido muito tolerantes como pecado, pois sabemos onde encontrar perdão. Opecado deve ser um acidente e não uma normalidade.

Precisamos desenvolver intolerância com o pecado, masnão fiados em nossos próprios recursos.

Pessoalmente, creio que a melhor arma contra osmaus desejos é a precaução, procurando ocupar a mentecom tudo o que é justo, puro, verdadeiro, respeitável,amável, de boa fama, que haja louvor e virtude96. Essa éa nossa parte: fugir da aparência do mal, obedecendoincondicionalmente à voz de uma consciência santa,disciplinada pelo ESPÍRITO falando em nosso interior. Seassim fizermos, as tentações continuarão vindo, porémhaverá de nossa parte condições de identificarmos asaída que o SENHOR nos indica para não cedermos.

Vigiai, justamente, e não pequeis... (I Coríntios15.34)

Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para quenão pequeis; e, se alguém pecar, temos umAdvogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. (I João 2.1)

Não é fácil. Na verdade, significa matar um leão

por dia. O crente morto para o mundo precisa ousar edesafiar a si mesmo a não pecar, pelo menos hoje97.Quando a Bíblia ordena: não pequeis, não está tratandode algo surreal98. Muitos têm desconsiderado essaexortação porque acreditam que DEUS foi duro demais.“Não pequeis” não quer dizer seja perfeito e infalível;

96 Filipenses 4.8

97 Mateus 6.34

98 Efésios 4.6 e I João 2.1



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quer apenas dizer que DEUS espera que nãoultrapassemos os limites de nossa consciência.

E, pondo Paulo os olhos no conselho, disse: Varõesirmãos, até ao dia de hoje tenho andado diante deDeus com toda a boa consciência. (Atos 23.1)

Conservando a fé e a boa consciência, rejeitando aqual alguns fizeram naufrágio na fé. (I Timóteo 1.19)

José, filho de Jacó, quando fugiu da mulher dePotifar99, por certo tinha esse propósito claro e por issofoi vencedor. O processo ocorre em nosso entendimento,é gerado pelo ESPÍRITO, alimentado pelo amor ao SENHOR eexercido pela fé. Somos o que acreditamos. O nossoentendimento comanda o nosso procedimento.

Destruindo os conselhos, e toda a altivez que selevanta contra o conhecimento de Deus, e levando

cativo todo o entendimento à obediência de Cristo.(II Coríntios 10.5)

OBRAS MORTAS

Tudo que está morto é inerte. Se hoje está morto éporque um dia viveu e serviu a algum propósito. Porém,isso não muda o fato de que hoje esteja morto e inerte.

Para a compreensão dessa verdade, é importantecompreendermos as imagens veterotestamentárias ecomo elas se projetaram no Cristianismo. A menos queessa compreensão seja assimilada, ficaremos todo otempo vagueando entre a Lei e a Graça, valorizando epraticando o que o escritor aos hebreus chamou deobras mortas.

99 Gênesis 39.7-12



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Pelo que deixando os rudimentos da doutrina deCristo, prossigamos até a perfeição, não lançando denovo o fundamento de arrependimento de obras

mortas e de fé em Deus. (Hebreus 6.1)Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espíritoeterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus,purificará das obras mortas a vossa consciência,para servirdes ao Deus vivo? (Hebreus 9.14)

Quando recebemos a lavagem pelo sangue doCordeiro, começamos a experimentar novidade de vida.Passada essa primeira experiência, se não houvercorreto ensino, algo nos atrairá novamente para aescravidão. O próprio sistema religioso se incumbirá denos conduzir a esse lugarzinho pouco iluminado, cheio deplacas de advertência criadas por homens, manuais deprocedimentos, setas e armadilhas. O sistema religioso é

bom para nos convencer de que não é possível que sejade graça. Parece estranho que realmente não temos defazer nada por nós mesmos, além de somente crer eobedecer, um passo de cada vez, e o mais seráproduzido em nós pelo SENHOR. Passamos a acreditar quepara fazer o que DEUS deseja e merecer o seu amorprecisamos alcançar níveis especiais de espiritualidade,e para tanto procuramos chegar lá, realizando coisas,fazendo propósitos e sacrifícios.

Depois que essa semente de legalismo encontracalor em nosso coração, ela germina e se enraíza;começamos a descida do lugar onde fomos colocadospor DEUS. Então começamos a tentar realizar coisas para

DEUS, visando de alguma forma pagar o que recebemos etranquilizar o nosso interior. É então que subimos em




montes, oramos nas madrugadas, fazemos propósitos,correntes, vigílias, sacrifícios e sacrifícios.

Quando se fala em pagar o preço, vem à mente

aquele sonho de consumo exposto numa vitrine, comuma etiqueta pendurada mostrando o esforço que deveser feito para levá-lo para casa. Quem o adquire provaque pôde pagar por ele, e a satisfação de tê-lo com aforça do próprio trabalho premia o comprador com asensação de recompensa. Outros talvez quisessem levá-lo, mas não puderam pagar o preço. É horrível o quefizeram de DEUS: um comerciante que negocia preços epode até conceder descontos...

É claro que existe um preço a pagar. O Reino deDEUS é tomado com esforço e quem trabalharelaxadamente não avança muito. Mas o preço a serpago é a renúncia de prazeres efêmeros e pecaminosos,

a integridade de caráter, viver em oração incessante ecaminhar na verdade. Além disso, é preciso dedicartempo de qualidade ao estudo sistemático da Palavra.Esse é o preço requerido por DEUS, que nos confereautoridade no Reino.

Porém, os religiosos criaram a cultura do quantopior, melhor. Fizeram nascer a concepção de que quantomais difícil, mais DEUS se agrada e maior será arecompensa. O intuito deles é mostrar a DEUS que nãoestão inertes, que estão fazendo a sua parte em troca dogrande sacrifício feito por JESUS na cruz. Desejam com issomerecer o favor divino. Agindo assim, criamos nossa justiça própria, tão sólida como uma bolha de sabão, e a

colocamos como principal elo entre nós e DEUS.Esse entendimento se propõe a nos fazer avançar



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na carreira da fé, mas na verdade nos faz retroceder,pois não enfatiza a Graça e sim o sacrifício em obrasmortas.

SERVOS INÚTEIS

Tem sido interpretado de forma pouco adequada oque está em Lucas 17.9-10, dando lugar a afazeres semfim no intuito de se livrarem da condição de servosinúteis. Nasce o ativismo. O SENHOR, quando diz que

aquele que faz somente o que deve fazer é um servoinútil, não tem a intenção de menosprezar seus filhos emuito menos deseja que fiquemos loucos atrás derealizações que o possam agradar, como um rei tiranoque manda chamar seus súditos e diz: Haja o quehouver, não fiquem parados, façam alguma coisa quepossa me alegrar! Surpreendam! Não sejam servos

inúteis... Em “A hora e a vez dos leigos” (1998), Paul

Stevens diz que o contexto cristão atual gira em torno daperformance, aplaude os resultados mensuráveis eincentiva atividades e eventos.

Em Lucas 17.9-10, o Mestre ensinou algo que

precisa ser compreendido, para não vivermos presos noativismo e em falsas ideias. JESUS ensinou sobre anecessidade de perdoar sempre. Disse que o dono dacasa não vê as atitudes do seu servo comoextraordinárias, quando ele realiza toda a sua obrigação.Ou seja, quando perdoamos não fazemos mais do que oesperado, e nisso não seremos recompensados.

Recebemos de DEUS perdão por dívida que nuncapoderemos pagar. O que de mais fazemos ao perdoar




alguém?Perdoai-vos uns aos outros100 soa melhor como

recomendação do que como uma ordem. Perdoar não é

uma obrigação imposta por DEUS; sempre será umaopção nossa. Porém, é bom saber que ao perdoarfazemos o dever de casa e passamos a andar acima dolugar onde Satanás trabalha. Ao liberar perdão nãosomos recompensados objetivamente por DEUS. A granderecompensa que recebemos é o direito de continuarcaminhando na luz, com liberdade total. Caso contrário,enquanto não perdoamos, assumimos as consequênciasdessa escolha passeando no terreno escuro ondeSatanás domina, deixando a jugular exposta para ele.

Da mesma forma que perdoar não nos dá direito aqualquer bonificação objetiva, quando realizamosalguma coisa para o Reino, não devemos nos ufanar por

isso, como se tivéssemos feito grande coisa. Buscardescobrir que temos alguma utilidade também se revelauma forma de autojustificação.

Precisamos fugir da noção de que devemos teralguma utilidade... O problema nunca é ser ou nãoútil, mas ter valor para Deus. (Paul Stevens, 1998)

Não sei o que você vê, mas o que aprendi comLucas nesse trecho é que devemos nos considerar servosinúteis contra qualquer sentimento de orgulho e soberba,que são atributos inerentes ao ser humano decaído. Todo o bem que possamos realizar é apenas o mínimo, erepresenta um breve lampejo da ação do ESPÍRITO em nós.

Seja lá o que for jamais pagará um milionésimo daquilo

100 Colossenses 3.13



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que recebemos. O que JESUS fez por nós é impagável. Tudo o que resta é nos entregarmos integralmente aoPAI, em total submissão, e mesmo assim, fazendo bem ou

mal, seja o que for, considerarmo-nos servos inúteis.

Porventura, terá de agradecer ao servo porque estefez o que lhe havia ordenado? Assim também vós,depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado,dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas oque devíamos fazer. (Lucas 17.9-10)

A CRUZ DE CRISTO E OS SACRIFÍCIOSO senso comum de sacrifício aponta para algo que

se faz com dificuldade, com alto custo, algo além doesforço normal. Um estudante precisa fazer sacrifíciopara passar num concurso e em grandes cidades é umsacrifício voltar para casa no final do expediente, devidoao trânsito. Tomar um remédio amargo é um sacrifício, eassim por diante. No meio religioso essa noção estápresente também. O pensamento de que podemosavançar no campo espiritual trilhando o caminho dosofrimento ou empreendendo ações que exigem esforçoalém do normal é considerado atitude agradável a DEUS.

Entretanto, o sentido maior do sacrifício no

contexto religioso está na aniquilação de uma coisa emfavor de outra. Os israelitas ofereciam sacrifício deanimais a DEUS em troca de perdão pelos seus pecados.Eles mesmos, agentes do pecado, nada sofriam ouexcediam suas forças. Quem sofria era o animal, que eraesfolado para que seu sangue servisse para remissão dotransgressor. O sacrifício nesses moldes ocorre em váriasreligiões e é sinônimo de oferta. Quem o faz acredita queseu deus se agradará e retribuirá.



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A Teologia do Sacrifício permanece uma questãoem aberto, não apenas para as religiões que aindarealizam esses rituais, mas também para as que não

mais os praticam, sejam eles das formas mais diversas.A história mostra que os sacrifícios sempre estiveramvivamente presentes no pensamento religioso no mundointeiro, sobretudo no Islã, no Candomblé, nos cultosgnósticos da Grécia Antiga, no Judaísmo, no Budismo, noCatolicismo e outras. No Judaísmo, o sacrifício é

conhecido como Corban

101

, que trabalha à ideia de virpara perto de DEUS.As religiões apresentam diversas razões pelas

quais os sacrifícios podem ser realizados:• Os deuses necessitam

do sacrifício para seu sustento e para a manutenção deseu poder, que diminuiria sem o sacrifício;

• Os bens sacrificais sãoutilizados para realizar uma troca com os deuses, queprometeram favores aos homens em retribuição pelossacrifícios;

• A vida e o sangue dasvítimas dos sacrifícios conteriam algum poder

sobrenatural, cuja oferenda agrada os deuses;• A vítima do sacrifício é

oferecida como bode expiatório, para aplacar os deuses,para que o mal não recaia sobre os homens;

• Os sacrifícios privamas pessoas de comida e de outras comodidades, e comotal constituem uma disciplina ascética;

101 Marcos 7.11



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• Coisas sacrificadasgeralmente se tornam parte da renda da organizaçãoreligiosa, por vezes base da economia para sustentar a

estrutura.Entendido isto, observamos que o pensamento do

sacrifício ainda sobrevive no Cristianismo. É possívelidentificar no ensino, dito protestante, certo cuidado naobservância de sacrifícios, embora nem sempre isso sejaadmitido abertamente. Não me refiro ao sacrifício

expiatório de sangue, mas à necessidade de semprefazermos algo que possa ser trocado pela atençãodivina. Esses sacrifícios, que se revelam na maioria dasvezes, sutilmente, em práticas ascéticas, são realizadospara DEUS com o intuito disfarçado de escambo, apesarde o escritor aos Hebreus, num extraordinário trocadilho,ter ensinado que a única oferenda aceitável a DEUS em

nosso tempo é o louvor, traduzido em palavras que oexaltam.

Portanto, ofereçamos sempre, por ele, a DEUS,sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios queconfessam o seu nome. (Hebreus 13.15)

No Antigo Testamento, DEUS ordenava que osisraelitas oferecessem sacrifícios de animais no santuárioou no tabernáculo. Quando os israelitas chegaram àCanaã, ordenou-se que todos os sacrifícios terminassem,exceto os que aconteciam no Templo de Jerusalém.Naquele contexto, DEUS pedia sacrifícios como um sinalde sua aliança com o povo de Israel. O sacrifício também

era feito para que DEUS perdoasse os pecados, uma vezque o animal era punido no lugar do pecador. Essa foi,




inclusive, a razão e o sentido da oferta de CRISTO na cruzdo Calvário, pagando cabal e definitivamente por todosos nossos pecados, cessando para sempre a necessidade

desse tipo de oferenda.Resumidamente, o problema não está em fazer,

está em por que fazer. O que fazemos é sempreantecedido por uma motivação, um entendimento, deforma que podemos estar sinceramente errados. Namedida em que procuramos o respaldo correto naPalavra, as nossas práticas tenderão a se afastar deverdades aparentes e superstições. Não há e nuncahouve poder nos ritos. Os cerimoniais do Israel antigo,em si mesmos, não conduziam o povo a lugar nenhum.Numa revelação progressiva, representavam apenassombras do que havia de se manifestar em CRISTO. O novoe vivo caminho ao Santo dos Santos foi aberto por JESUS,

basta entrar com ousadia102.No intuito de buscarem o SENHOR, há pessoas que

programam o despertador para a madrugada. Acreditamque o sacrifício de orar no momento mais difícil lheacelerará a comunhão e a obtenção da bênção,chamando a atenção de DEUS. Nesse caminho, algunsdesregularam completamente o organismo e passaram aexperimentar insônia, irritabilidade e estresse durante odia, pela falta de repouso necessário à noite. Às vezes, énecessário orar de madrugada, mas quando for o caso opróprio ESPÍRITO se encarregará de despertar-nos e trarápeso de interseção ao nosso coração. DEUS nosproporciona um dia inteiro para o trabalho e para a obra

confiada em nossas mãos; devemos destinar com

102 Efésios 3.12



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sabedoria, nesse período, tempo para introspecção,leitura da Palavra e oração. A noite deve serprioritariamente destinada ao descanso físico, mental e

espiritual, para o enfrentamento de um novo dia, queapresentará seus desafios. É preciso respeitar os limitesdo corpo.

Inútil vos será levantar de madrugada, repousartarde, comer o pão de dores, pois assim dá ele aosseus amados o sono. (Salmo 127.2)

Em paz, também, me deitarei e dormirei, porque sótu, SENHOR, me fazes habitar em segurança. (Salmo4.8)

Existem pessoas ávidas por orar em lugares queconsideram especiais, como em montes e vales, porexemplo. Esforçam-se escalando lugares altos

acreditando que ali o SENHOR se fará presente com maispoder. Senhoras de idade, homens engravatados,crianças e adolescentes sobem, com estômago vazio, alugares considerados especiais, enfrentando o calor e asdificuldades do terreno, baseados em textos como Êxodo19.20 e em supostas revelações, simplesmente paraorarem, ao passo que JESUS nos ensina que o lugar de

adoração é pouco importante, desde que busquemos aoPAI em espírito e em verdade, preferencialmente emsecreto.

Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis queé em Jerusalém o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe JESUS: Mulher, crê-me que a hora vem, em que,

nem neste monte, nem em Jerusalém, adorareis oPAI. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos oque sabemos, porque a salvação vem dos judeus.




Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeirosadoradores adorarão o PAI em espírito e em verdade;porque o PAI procura a tais que assim o adorem. DEUS é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem

em espírito e em verdade. (João 4.20-24)

Esses e outros rituais têm aparência de sabedoriae rigor espiritual, mas não têm eficácia para oaperfeiçoamento dos santos, não acrescentam nada e,ao contrário, têm servido de jugo para as pessoas queainda não compreenderam o propósito da Graça do PAI.

O Evangelho da cruz não solicita sacrifíciosinventados e glórias fabricadas. A Teologia do Sacrifíciotenta impregnar em nossa mente que quanto piormelhor, quanto mais sofrido mais DEUS se agrada, maioro galardão. Esse é mais um embuste que não resiste aoconfronto com a Palavra.

SORVETE GRATUITO

Paguei um sorvete para a Gabriela, minha filha,sem que ela soubesse, e disse ao sorveteiro que ela viriapegá-lo. Em seguida, disse a ela que aquele sorveteirolhe ofereceria um sorvete de graça, era só pedir. Ela foilá e pegou o sorvete, mas antes de comê-lo,

desconfiada, conferiu a validade e se certificou de queera realmente gratuito. Indagando o sorveteiro, logodescobriu que já estava pago e aceitou o presente.

Perguntei-lhe qual teria sido o motivo da hesitaçãoem aceitar o presente, de graça. Ela me disse que se erade graça, poderia estar estragado, pois tudo que é degraça pode ser ruim.

É claro que aquele sorvete não foi de graça.Alguém já havia pago a conta. Mas para ela foi. Esse fato



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ilustra claramente o primeiro impacto que a Graça causaem todos nós. Tudo o que recebemos de DEUS é de graçapara nós, mas foi pago por CRISTO com preço altíssimo, de

sangue.Qual de nós nunca desconfiou que a mensagem do

evangelista era realmente verdadeira? Basta receber,pela fé, o que JESUS já conquistou na cruz? Algum vírusdentro de nós parece nos impedir de aceitar a Graça enos induz a acreditar que tudo que é de graça não tem

qualidade, que em algum momento teremos de pagar (etentamos pagar a todo tempo). Para muitos, essamensagem é ameaçadora porque o Evangelho ficaparecendo bom demais para ser verdade e acabaensejando abusos. Isso pode ser verdade, mas oproblema não está na Graça.

Talvez essa postura se deva a uma sementinha de

orgulho, herdada da queda de Adão, que nos impede deaceitar favores sem dar nada em troca. Esse mesmoorgulho pega nossas mãos e nos puxa sutilmente para olegalismo religioso, e este, por sua vez, é bom em nosconvencer de que, se cumprirmos fielmente uma longalista de regras, DEUS nos garantirá um lugarzinho especial

no seu coração, e seremos mais amados e maisabençoados.A verdade é que usufruímos gratuitamente o que já

foi pago com sangue por JESUS, e jamais teremos meiosde retribuí-lo. Isso vale para todos, inclusive paraaqueles que possamos considerar indignos, pois somostão indignos quanto qualquer um.

Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes




a obedecer à verdade? (Gálatas 5.7)

Não deixe de examinar cuidadosamente o capítulo5 de Gálatas e receba iluminação do ESPÍRITO sobre isso.

NA CARNE OU NO ESPÍRITO

Paulo argumentou em Romanos, capítulos 6, 7 e 8,que aqueles que estão na carne não podem agradar aDEUS, e afirma que somente os que estão em espíritoagradam a DEUS. Aqui há um fundamento que precisamos

aprender, sob pena de vivermos uma vida abaixo dopadrão que o SENHOR deseja para os seus filhos.

A Lei é santa, justa e boa, mas toda a suamagnitude serviu de guia para nos conduzir a CRISTO;aqueles que estão na Lei andam na carne. Andar nacarne não é só viver dando vazão aos desejos profanosdo corpo e da mente. Andar na carne é confiar em simesmo, é acreditar que se pode conseguir algo de DEUS mediante justiça própria.

Aqueles que estão em CRISTO andam em espírito.Andar em espírito significa viver de forma a demonstrarque não temos méritos diante de DEUS e que não há nadaque possamos fazer, por nossos próprios meios, para a

obtenção de seus favores e atenção. É confiartotalmente no Espírito, crendo que é JESUS quem nos justifica.

Assim sendo, aqueles que estão na carne (Lei) nãopodem agradar a DEUS. A Lei funciona em preceitos;preceito e mais preceito, regra sobre regra. A Graçafunciona para a liberdade, na consciência.

Porque é preceito sobre preceito, preceito e mais



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preceito; regra sobre regra, regra e mais regra; umpouco aqui, um pouco ali. (Isaías 28.10)

Para a liberdade foi que CRISTO vos libertou... Seja a

paz de CRISTO o árbitro em vosso coração... (Gálatas5.1 e Colossenses 3.15)

Removida a nossa ligação com a Lei (pois quemestá em CRISTO está livre da Lei), mediante a nossa morteem CRISTO na cruz, não há que se falar em ritos e práticassacrificiais e meritórias. Somente aqueles que andam na

carne é que procuram justificação dessa forma. Somenteos que andam em espírito, pela fé em CRISTO, podemagradar a DEUS. Todo o nosso esforço para agradar a DEUS por nós mesmos é inútil. Em CRISTO, estamos livres defazer por nós mesmos o que DEUS quer. Não sãonecessários planos super criativos para agradar a DEUS.Ele jamais se surpreenderá com nossas iniciativas. Tudo

o que DEUS espera de nós é obediência, porém não umaobediência servil e obrigatória, mas uma obediência queseja fruto de submissão leve, natural e amorosa, emreconhecimento sincero do profundo amor e cuidado anós dispensados.

NÃO SABEMOS ORAR COMO CONVÉMEm que momento nos convenceram de quepodemos obter de DEUS alguma coisa por ritos epreceitos, se nem sequer sabemos orar como convém?Não há qualquer chance de que alguma mecânicahumana tenha sucesso contra dificuldades instaladas nonível espiritual.

O máximo que as asceses podem nos proporcionaré uma breve e circunstancial sensação de pureza, porém




tão fugaz que não se sustenta ante as concupiscênciasda carne e a sensualidade, que só podem ser vencidaspor fé. Você terá acabado de realizar um período de

disciplina para consagração e ao passar em frente a umabanca de jornais toda a sua sensação de santidade irápor água abaixo, porque a mesma consciência que se justifica a si mesma também acusa a si mesma. Issoocorre porque a verdadeira motivação do asceticismotem sido a aproximação de um DEUS inalcançável peloesforço humano. Um breve pensamento impuro lheroubará aquela tênue santidade, angariada a duraspenas. Claramente se vê que esse caminho é deverasmovediço para o alcance de tão nobre objetivo.

O apóstolo Paulo revelou seu desespero aoperguntar: Quem me livrará do corpo desta morte? Omal que não quero esse faço e o bem que quero não

faço, tudo por causa de sua debilidade carnal (Romanos7). Porém, em Romanos 8, concluiu que nenhumacondenação há para os que estão em CRISTO JESUS, porquea Lei do ESPÍRITO da vida, em CRISTO JESUS, livra-nos da Leido pecado e da morte.

Se errarmos, nossa consciência sensível ao ESPÍRITO sinalizará o caminho de volta. Nesse momento devemosprocurar ouvir a voz do SENHOR que nunca acusa, massempre intervém com firmeza e de forma positiva. A vozde DEUS é sempre positiva e a voz do diabo é semprenegativa (Não me refiro à eletricidade, mas ao objetivoda intervenção). A voz de DEUS sempre conduz aarrependimento e restauração, ao passo que a voz do

adversário consiste em acusação e condenação. Este éum bom parâmetro para discernirmos entre uma e outra



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voz. A Bíblia diz que se pecarmos temos Advogado juntoao PAI, JESUS CRISTO, o Justo, e ele é a propiciação pelosnossos pecados, e não somente pelos nossos, mas ainda

pelos do mundo inteiro103.

Porque a tristeza segundo DEUS produzarrependimento para a salvação, que a ninguém trazpesar; mas a tristeza do mundo produz morte. (IICoríntios 7.10)

As vitórias do crente não estão fundadas em suas

tentativas de se tornar forte, ao contrário, está emassumir a sua condição de impotência. É um modoestranho de se obter vitória, mas é assim que funcionapara aqueles que andam em espírito.

Porque, quando estou fraco, então sou forte. (IICoríntios 12.10b)

Na vida natural, o mundo secular ensina quedevemos ser fortes para vender. Na vida espiritual, DEUS reserva a vitória para os que sabem que são fracos eincapazes de vencer com as próprias forças. Com finaironia, JESUS disse que os sãos não precisam de médico, esim os doentes104.

103 I João 2.1-2

104 Lucas 5.31



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A Arca da Aliança representou a glória de DEUS. Otabernáculo móvel apontava para nós, verdadeira Casade DEUS. O maná prefigurou JESUS, o Pão Vivo que desceudo céu. A figueira representou a religião judaica. Alémdestes, existem muitos outros símbolos no Antigo

Testamento e a compreensão dessas coisas é deespecial importância para entendermos a finalidadedelas e suas projeções na Nova Aliança. O Antigo Testamento é a trilha, JESUS é o destino.

TIPO E ANTÍTIPO

A tipologia é o estudo das figuras, símbolos,

cerimônias e ordenanças do Antigo Testamento queprefiguram elementos e valores celestiais. O símbolo erao tipo (sombra) e sua projeção, ou manifestaçãodefinitiva, é o seu respectivo antítipo (imagem exata).

Porque, tendo a Lei a sombra dos bens futuros e nãoa imagem exata das coisas ... (Hebreus 10.1)

Os tipos não se reduzem a elementos tangíveis. Os

8Rejeitando a




preceitos do Antigo Testamento, na sua maioria, tambémforam tipos que encontraram no ministério eterno deCRISTO o correspondente antítipo.

O jejum no Antigo Testamento sempre eraacompanhado de pano de saco e cinza. Os judeus, emcircunstâncias especiais, rasgavam as suas roupas e sevestiam de pano de saco. Manifestavam externamente osofrimento interior e o estado de espírito no momento.Uma pessoa vestida de pano de saco manifestava pelomenos uma das seguintes situações:

Luto: Jacó rasgou as suas roupas, se vestiu de pano de

saco e lamentou o filho por muitos dias.Segundo uma falsa notícia, José havia sido

despedaçado por um animal selvagem105.Por causa da morte de Abner, chefe do exército,

Davi deu ordens a Joabe e ao povo: Rasgai as vossasvestes, cingi-vos de sacos e ide pranteando diante deAbner. (II Samuel 3.31)

Aflição por uma tragédia pessoal ou nacional:O rei Ezequias, diante da ameaça de Senaqueribe e

da afronta de Rabsaqué, rasgou as suas roupas, cobriu-se de pano de saco e entrou na casa do SENHOR. E os queele enviou para falar sobre o problema a Isaías estavamtodos cobertos de pano de saco106.

Dois séculos depois, quando Assuero (Xerxes I), doimpério medo-persa, decretou a morte de todos os judeus, moços e velhos, crianças e mulheres, em um sódia, Mordecai, primo de Ester, rasgou as vestes e se

105 Gênesis 37.34

106 II Reis 19.1-3



Canoa Furada | 2

cobriu de pano de saco e de cinza, e, saindo pela cidade,clamou com grande e amargo clamor107.

Convicção de pecado, tristeza e arrependimento :

Esta é a razão mais comum para o uso do pano desaco. O rei Acabe, depois de ter caído em si pelo crimecometido contra Nabote, rasgou as suas vestes, cobriu-se de pano de saco e jejuou; dormia em sacos, e andavacabisbaixo108.

Os ninivitas se arrependeram com a pregação do

profeta Jonas e proclamaram um jejum. Todos sevestiram de panos de saco. O próprio rei de Nínivelevantou-se do seu trono, tirou de si as vestes reais,cobriu-se de pano de saco e assentou-se sobre cinza. Atéos animais foram cobertos de pano de saco. Trata-se deum arrependimento nacional, provocado pela ameaça dedestruição da grande cidade de Nínive109.

O pano de saco sugere o despojamento das roupasque identificam a pessoa na sociedade. Ao rasgar-se ecobrir-se de pano de saco, a pessoa sinalizava desprezopela sua condição social para se apresentar a DEUS totalmente nua de seu status, bens e honra.

As cinzas sugerem a ideia de que nada somos.

Misturando-se às cinzas, a pessoa indicava que conheciasua extrema limitação nesta vida. Do pó viemos e para opó retornaremos110.

E o rigor dietético, como já vimos, apontava para atristeza e a humilhação. A abstinência de alimento

107 Ester 4.1-4

108 I Reis 21.27

109 Jonas 3.5-10

110 Gênesis 3.19




terreno sinalizava que as provisões materiais do mundosão insipientes para o espírito e que o alimento celestialé o que se busca.

Por que o pano de saco e a cinza se diluíram apóso Pentecostes e o mesmo não ocorreu com o jejum? Porque ainda se tem dado tanta importância a dietasespeciais?

Na revelação progressiva de DEUS, mandamentosanteriores são substituídos por posteriores. Em

questões que não envolvem alteração em nenhumpadrão moral intrínseco (que é baseado na naturezade DEUS), o SENHOR tem a liberdade de alterar osmandamentos que ele deu às suas criaturas, deforma a servir a seus propósitos gerais, dentro doprocesso de redenção. Por exemplo, podemoscomparar isso com os pais que, numa fase da vidade seus filhos, deixam-nos comer com a mão, paramais tarde ensiná-los a usar uma colher.

Posteriormente, ainda, eles instruem seus filhos anão mais usarem uma colher, mas sim um garfo. Nãohá contradição alguma nesse processo. (NormanGeisler111)

O estudo da tipologia indica que a abstinência dealimentos era apenas uma sombra. A imagem real, paraos que estão verdadeiramente em CRISTO, é produzida

pelo novo nascimento, pois é o Espírito Santo que produza comunhão e a intimidade do crente com DEUS, e nãomais a mecânica do asceticismo. É o ESPÍRITO que conduzo crente à consciência do pecado, da justiça e do juízo.

Mas eu lhes afirmo que é para o bem de vocês queeu vou. Se eu não for, o Conselheiro não virá para

vocês; mas se eu for, eu o enviarei. (João 16.7-8 NVI)111 Apologista norte-americano, Ph.D. em Filosofia pela Loyola University Chicago.



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Quanto à prática do asceticismo para outros fins,como santificação, sacrifício para agradar a DEUS,

preparação para enfrentamento de situações difíceis ouexpulsar demônios, subjugar a carne, conseguir umabênção material específica, busca de uma experiênciamais intensa com o ESPÍRITO, pela libertação de pessoas oude nações, ou implantação de decretos divinos (atosproféticos), não encontram respaldo na Palavra.

Não se conhece sequer um mover de DEUS genuínoe permanente que não tenha sido respaldado pelasEscrituras e é por isso que esse entendimento não seconsolida e tem gerado tanta discussão na Igreja,ligando-se mais a superstições do que à sã doutrina.

Alguém disse ter inventado a pílula que mata asede. Tomava-se uma pílula e dois copos de água.

Receita infalível. A sede vai embora imediatamente. Ousuário, desatento, atribui todos os créditos a esseremédio extraordinário. Com sua atenção na pílula,esquece-se de que quem levou a sede embora foi aágua, e que a tal pílula não passara de um placebo. Éexatamente isso que ocorre quando se ora com oestômago vazio. Apropriam-se os créditos na conta dosnossos próprios esforços humanos, quando, na verdade,o que moveu os céus foi a oração.

Quando a Bíblia manda orar, quer dizer orar, e nãoembute complementos. O asceta inveterado acreditaque a oração não pode ser eficaz desacompanhada deum sacrifício da carne. Não há nada mais perigoso do

que ir além do texto bíblico, formando doutrinas a partirde deduções e inferências.



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...aprendais a não ir além do que está escrito, nãovos ensoberbecendo a favor de um contra outro. (ICoríntios 4.6)

Nota-se que alguns, pela elevada deferência aoasceticismo, colocam-no acima da própria oração. Háaqueles, inclusive, que nem sequer oram, apenasafligem a alma com exercícios corporais.

Os elementos do culto formal judaico – jejum, panode saco e cinza – faziam parte de um importantemanifesto, e quase sempre eram vistos juntos. Cada umcom seu significado próprio num rico tradicionalismo.

Curiosamente apenas o rigor alimentarpermaneceu até a atualidade, sendo ainda consideradoimportante e eficaz. Não mais se discute a importânciaespiritual do pano de saco e das cinzas. Se esses três

elementos, na antiguidade, eram quase inseparáveis, porque foram desvinculados? A resposta parece não estartão longe. Imagine alguém hoje, sentado no chão, nomeio de uma praça, jogando terra na cabeça,maltrapilha, sem comer há alguns dias, gritando: Ondeestá o SENHOR, ouça-me, sou um miserável pecador!Perdoa-nos por tanta idolatria e corrupção! Que nãovenham males sobre esta nação. Perdoa-nos, perdoa-nos... É esperado que essa cena cause espanto e repulsanos que passarem por perto. Todos pensariam tratar-sede um louco, de qualquer mendigo alucinado. Mas emIsrael, na antiguidade, ninguém pensaria assim. Era ocostume da época. Essa era uma cena comum no

cotidiano deles. Tudo isso era parte de um rito que hoje o Espírito




Santo se incumbe de gerar em nós, no nosso interior, enão precisa mais ser manifestado dessa forma, mesmoque seja para que somente DEUS veja. Depois do advento

do Espírito Santo, essa manifestação não é maisnecessária, tal como não é a imolação de animais. Osprincípios subjacentes dessas manifestações é que deveser assimilado. Senão vejamos:

Primeiro: Na relação com DEUS, no coraçãodevemos nos vestir de pano de saco, para nosesquecermos de nossa condição social. Todos nós somosiguais para DEUS. Ele não faz acepção de pessoas.

Segundo: Na relação com DEUS, no coraçãodevemos nos cobrir de cinzas como prova de quesabemos quem somos, de onde viemos e para ondeiremos. Nossa existência física é limitada e frágil. Agoraestamos vivos, daqui a um minuto não sabemos.

Terceiro: Na relação com DEUS, no coraçãodevemos estar em jejum, em sinal de que valorizamos esabemos bem a importância que tem o alimentocelestial, o maná, pouco importando o suprimento destemundo. O diabo tentou subjugar o SENHOR no deserto,propondo que ele desse solução humana à suanecessidade. Porém, JESUS o repeliu sentenciando maisuma vez que somente ele mesmo, o Pão Vivo quedesceu do céu, é o meio pelo qual o homem viverá.

Por volta do ano de 1960 o Papa declarou que nãoé mais pecado comer carne às sextas-feiras. Algunscatólicos ficaram perplexos: Todos esses anos, euacreditei que estava fazendo certo não comendo carne! –

muitos exclamaram. Por isso é tão difícil alterarcostumes e normas. A impressão que ficou para muitos



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católicos é que foram enganados. Porém, a questão nãoé se estavam fazendo certo ou errado. A perplexidadedeles ocorreu porque saber que uma coisa antes

considerada importante agora não é mais produzconfusão espiritual.

Da mesma forma, muitos cristãos contemporâneosde JESUS ficaram em confusão ante ao ensino de que orarde barriga cheia ou vazia produz o mesmo efeito; que osacrifício com alimentação frugal perdeu

substancialmente seu valor no contextoneotestamentário da Graça. A mesma confusão persisteainda hoje. Esse saber, quando assimilado, trazlibertação e alegria, não importando por quanto tempo opeso do legalismo foi nosso companheiro.

Quando compreendemos a atitude de humilhaçãodos antigos hebreus e da necessidade transitória de que

os preceitos bíblicos fossem transmitidos mediantecerimônias, ritos e festejos, tudo começa a fazer sentido.Compreendida a obra rediviva de JESUS e a manifestaçãoplena da sua Graça, a conclusão a que chegamos é quede fato a imagem real daquelas sombras já é manifesta.

PRESTIGIANDO O CONHECIMENTO

Via de regra, não apreciamos o aprendizadosistemático das coisas, e isso infelizmente inclui asEscrituras. Isso tem mudado, mas ainda há muito o quefazer. As escolas bíblicas e os cultos de oração sãomenos frequentados do que os shows gospel.Invariavelmente, os chamados cultos de libertação, de

revelação, de profecias, de milagres são bem maisconcorridos. O povo de DEUS deveria prestigiar estes




eventos sem prescindir daqueles, onde a ênfase está noensino cuidadoso das Sagradas Letras. A busca pelasdiversões gospel e a fascinação pelo poder têm cegado

alguns incautos, que acabam prescindindo doconhecimento das Escrituras. A superficialidade é amaldição de nosso tempo112.

Irmãos fragilizados por circunstâncias adversas eque ainda não aprenderam a comunhão com o PAI Celestial vivem correndo atrás de profecias e pautamsuas vidas a partir de qualquer palavra que recebem,supondo que o sucesso na vida depende da observânciade receitas infalíveis, que funcionam como varinhasmágicas que agitamos no ar e tudo acontece: Corte ocafé da manhã, ore no monte, ajoelhe no milho. Façaisso durante vinte e um dias e esse problema estarásolucionado. Isso faz parecer que DEUS é um ser inerte,

uma grande máquina, que utiliza nossa disciplina emexercícios corporais como combustível para funcionar.

JESUS declarou que os seguintes sinais seguirão aosque crerem, nada referindo a práticas sacrificiais ourituais: Em seu nome expulsarão os demônios; falarãonovas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberemalguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; eporão as mãos sobre os enfermos, e os curarão113.

CONFUSÃO DE CONCEITOS

Ficaremos com sérias dificuldades se importarmospráticas do Judaísmo na Igreja. Em se tratando dastradições e dos aspectos cerimoniais, pior ainda. O

ambiente gentílico não necessita de enxertos112 Celebração da Disciplina - Richard Foster - Ed. Vida.

113 Marcos 16.17-18



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judaizantes. É belíssima a espiritualidade dos judeus,mas esta não pode ser tomada como universal e serdifundida para além das fronteiras de Israel ou onde

estiverem judeus praticantes.A presença de JESUS é motivo para celebração, como

numa festa de casamento. Não foi por acaso que JESUS iniciou seu ministério em uma festa de casamento, aotransformar água em vinho, uma bebida sem sabor, semcheiro e sem cor (Lei), em outra saborosa e colorida

(Graça). O vinho, nesse contexto, representa alegria.Em Lucas 5.33-39, a resposta de JESUS demonstroua canoa furada que é o asceticismo praticado sem acompreensão do propósito da Graça.

Perceba a fina ironia do SENHOR no v. 39, emresposta aos que lhe perguntaram:

E ninguém, tendo bebido o velho, quer logo o novo,porque diz: Melhor é o velho.

Os religiosos jamais aceitaram o vinho novo de JESUS, porque o vinho velho lhes parecia melhor. Sendoassim, que permanecessem os religiosos com o velhotradicionalismo, mas que não viessem importunar os

discípulos do SENHOR, chamados a experimentar o saborda novidade de vida.

PERCEPÇÃO SELETIVA

Recentemente o mundo foi desafiado pelo vírusH1N1, da gripe A, conhecida como gripe suína. Umaprova de que o tradicionalismo judaico ainda inclui origor dietético como um dos mecanismos espirituais paraa efetivação da ação divina foi noticiada pelo portal




Gospel Prime, em janeiro/2010, reproduzida abaixo.Perceba nessa matéria o que significa o ascetismoreligioso em Israel e compare com a nossa vivência

evangélica:

Bênçãos, jejum e o som do tradicional shofar, uminstrumento judeu de sopro feito a partir do chifre deum animal, foram alguns dos métodos escolhidospelos rabinos em Israel para espantar a gripe A.O rabino chefe sefardita, Shlomo Amar, pediu aos judeus devotos para que guardem jejum nestaquarta-feira e dediquem o dia à oração, a fim deprevenir a expansão do vírus A (H1N1) pelo país.Entre o pôr do sol desta terça-feira até o cair da noitede hoje, os fiéis devem estudar a Torá (livro sagrado judeu) e olhar para dentro de si para refletir sobresua conduta para com seus irmãos e com DEUS,segundo um comunicado divulgado pela chefiarabínica.Aqueles que não puderem jejuar por um diacompleto deverão pelo menos tentar fazê-lo durantemetade do dia, para fazer sua contribuição aoesforço espiritual coletivo destinado a combater aameaça da nova gripe.O jejum poderá ser trocado por um voto de silêncioao longo de toda a quarta-feira para aqueles fiéisque não podem ficar sem comer, segundo asinstruções da chefia rabínica sefardita para conseguiro favor divino e evitar uma epidemia da gripe A emIsrael.Segundo o rabino chefe sefardita, o jejum, a oração ea boa conduta podem influir para que o DEUS todo-poderoso, que tem o poder de curar, nos abençoe enos alivie desta doença.A proposta de Amar para tanto foi apoiada poralgumas das mais importantes autoridades religiosas judaicas do país, atentas ao risco da gripe A, que jádeixou nove mortos e contaminou mais de duas milpessoas em Israel.O rabino Ovadia Yosef, líder espiritual do partidoultra-ortodoxo sefardita Shas e os juízes da GrandeCorte Rabínica Rabi Ezra Bar Shalom e Zion Boeron



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se uniram à proposta de Amar e a divulgaram entreseus fiéis.O jejum como penitência para combater epidemiastem uma base bíblica, argumentam estes quatro

rabinos. Eles lembram que o Talmude (que reúne asdiscussões rabínicas sobre leis judaicas) narra comoo rabino Yehuda decretou o jejum de seu povo apóster conhecimento de uma praga entre os porcos.Na semana passada, 50 rabinos e fiéis, em suamaioria cabalistas, também deram sua contribuiçãopara afastar a gripe do Estado judeu ao sobrevoar opaís em círculos entoando orações e tocando oshofar.

Enquanto seu avião dava voltas em torno de Israel,os passageiros tocaram o shofar por sete vezes efizeram orações destinadas a espantar as doenças.

Este fato ocorreu em Israel, mas parece ter sidotestemunhado por qualquer irmão em um culto dedomingo à noite, no cotidiano da igreja. Admira o fato deque muitos que professam fé no SENHOR JESUS se vejamembaraçados com as tradições de uma religiosidade quenega que o Messias já veio e tem os olhos na Lei e nãona Graça; um povo que, a despeito de ser aindadestinatário de tantas promessas, tem zelo por DEUS, massem entendimento, na medida em que ignora a justiçaque vem de DEUS114; um povo que ainda hoje está perdido

num legalismo exacerbado, capaz de proibir até oacionamento de um botão de elevador num Shabat115,com base em Êxodo 20.10.

Conforme já disse Philip Yancey, temos a tendênciade enxergar o que procuramos. Isso se chama percepção

114 Romanos 10.1-4115 Nome dado ao dia de descanso semanal no judaísmo, simbolizando o sétimo dia emGênesis, após os seis dias da Criação. Apesar de ser comumente dito ser o sábado de cadasemana, é observado a partir do pôr-do-sol da sexta-feira até o pôr-do-sol do sábado.

http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%AAnesis

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cria%C3%A7%C3%A3o_(teologia)

http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A1bado

http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B4r-do-sol

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sexta-feira

http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%AAnesis

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cria%C3%A7%C3%A3o_(teologia)

http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A1bado

http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B4r-do-sol

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sexta-feira




seletiva, que é a tendência que as pessoas têm de sevoltarem com mais atenção para os fatos que apoiamsuas crenças e referenciais sócio-culturais. Já percebeu

que quando você escolhe um modelo de carro paracomprar, parece que muita gente já tem o modelo? Vocêpercebe que existem muitos deles circulando por aí. Nãoé que não estavam antes; é que agora você os procura.Se procurarmos imagens nas nuvens e nos desenhos dosazulejos, provavelmente encontraremos.

O mesmo acontece na leitura, num filme, em tudo.Se você acredita firmemente em alguma coisa, tudo oque ler e ouvir poderá ser usado como material parareforçar sua crença. Sempre haverá certa resistênciapara admitir o contrário, embora possam ser muitas asevidências. O desafio é ser imparcial, porém é difícil secolocar acima de conceitos preestabelecidos na própria

mente para estudar um tema e produzir respostas semcontornos de simpatia e crenças pessoais.

Para tudo o que acreditamos ser verdadepoderemos encontrar respaldo na Bíblia, bastando leraquilo que nos interessa da forma que se encaixe emnossas verdades. Portanto, expressões do tipo “isso ébíblico” e “a Bíblia diz” podem ser bastante vagas. Odesafio é procurar, com a máxima imparcialidade,melhorar nossas convicções para se ajustarem à Palavrade DEUS. O que ocorre, todavia, é que somos tentados aprocurar na Bíblia supostos amparos para nossasconvicções.

Não há nada de errado com a visão seletiva. O que

é rejeitável é a visão tendenciosa, que despreza asevidências para ficar, de forma quase incondicional, ao



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lado do que se acredita. Este livro apresenta umaargumentação que não deixa de ser resultado de umapercepção seletiva. Ao concordar ou discordar – e é

preciso que haja um posicionamento de cada um de nósem relação ao que cremos – você também estaráprovavelmente sendo influenciado pela sua visãoseletiva. O desafio que proponho é submeter nossaspercepções a um parâmetro objetivo e rejeitar o resto.Nesse caminho é sempre necessário estarmos abertos

aos fatos, opiniões, informações e esclarecimentos,deixando sempre os assuntos sobre a mesa. Por maisconvicção que possamos ter sobre qualquer assunto, ésábio supormos que pode ainda faltar algum elemento.Não podemos ter medo de defender nosso ponto devista, mas também não precisamos ter vergonha deadmitir que estávamos errados. Essa busca constante

faz parte de nosso amadurecimento, de nossa busca pelaperfeição.

...cada um tenha opinião bem definida em suaprópria mente. (Romanos 14.5)

Aquele fato ocorrido em Israel, portanto, servirá ao

mesmo tempo para valorizar e também para rejeitar ossacrifícios da carne na igreja. Depende do ponto de vista.Para uns ficará claro que essa prática é anacrônica eestá longe da mais pura doutrina do Cristianismo, nãoindo muito além de uma tradição judaica. Para outros,ela apenas confirmará a importância do afligir a almacom alto rigor dietético, porque se o Talmude e os

principais rabinos de Israel o recomendam é sinal de quetem o seu valor.



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CASOS REAIS

Caso 1. Marivaldo é um jovem que se preparou por

alguns anos para missões fora do Brasil. Ele me contouque empreende longos períodos de abstençõesalimentares visando ganhar suporte espiritual paraevangelizar sadus eunucos116 indianos. Marivaldo foiensinado que os sadus fazem sacrifícios dessa naturezapor 40 dias e alcançam um nível espiritual para o malque não é possível superar sem um exercício de mesmaintensidade.

Caso 2. Marilene veio a mim para compartilhar umproblema difícil. Havia quatro anos, o marido aabandonara com os filhos e se envolvera com outramulher. Em nossa conversa, Marilene me disse entresoluços e lágrimas: Estou há mais de 30 dias sem comer

chocolate, num propósito para solucionar esse problema.Escolheu abster-se de chocolate para oferecer a DEUS oque mais gostava, em autonegação.

Caso 3. Em um culto de oração, Maristela relatouseu problema com desemprego, que passava por sériasrestrições financeiras e esperava uma providência doSENHOR. Em busca da solução, a irmã Marinete sugeriu-lheabstenção alimentar por três dias e determinou a unçãocom óleo de sua carteira de trabalho.

Estes três casos são reais. Centenas poderiam sercitados. Os nomes são fictícios e detalhes foramsuprimidos. Repare que estes exemplos retratam omesmo pano de fundo: a percepção de que o

asceticismo tem o condão de transmitir força, virtude e

116 Homens castrados, considerados santos no budismo e no hinduísmo.




poder às pessoas, e facilita a ação do SENHOR. As pessoasenvolvidas acreditam que o asceticismo afetadecisivamente a esfera espiritual.

A devoção aos exercícios corporais tem levadopastores a se absterem de alimento de forma austera e aorientarem suas ovelhas ao mesmo, sempre antes deeventos julgados importantes, e até mesmo antes dapregação de uma mensagem. Ninguém pode correr orisco de ser o elo fraco de um grupo. Acreditam queestarão, com isso, mais bem preparados e imunes aataques satânicos. Com certos sacrifícios, algunsacreditam que terão sido revestidos de poder, com umescudo que os colocará em vantagem contra forçasespirituais do mal. Acredita-se que seus sentidosespirituais ficam mais aguçados quando estão emautoflagelação.

Imagine o leitor se para todo confronto com astrevas, precisemos utilizar as mesmas armas doinimigo... Imagine o leitor até onde pode ir a criatividadedas pessoas na busca por artifícios que possamsensibilizar DEUS e ativar o seu poder, para neutralizar omal.

Essas histórias nos remetem aos rituais pagãos,nos quais os infelizes participantes, para chamar aatenção de seus deuses ávidos por sangue, se cortam,se mutilam, se contorcem.

Que relação de causa e efeito poderíamosestabelecer entre a autoflagelação e a bênção recebida?Até que ponto o ascetismo afeta o sucesso de nossos

empreendimentos espirituais? Que respaldo nasEscrituras poderíamos destacar para responder



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categoricamente a essas perguntas, no ambienteneotestamentário?

Respeitando os diversos posicionamentos havidos

nessa questão, apenas convido o leitor a que faça seupróprio juízo de valor, não em relação às pessoas, masàs situações, com respaldo na Palavra.

APROFUNDAMENTO NAS ESCRITURAS

Não podemos abrir mão de uma pesquisa maisprofunda ao interpretar os textos sagrados. Acredito quecomete erro quem acha que a Bíblia é um livro que deveser vivenciado ao pé da letra. Se assim fosse, estaríamosa legitimar, hoje, o extermínio total de povos, apoligamia, a vingança, a pena de morte, aautomutilação, o machismo e a intolerância. Temos deadmitir que encontramos nos cinco primeiros livros da

Bíblia uma coleção de prescrições que seriamdesastrosas, se aplicadas literalmente hoje. É fácildetectar contornos de intolerância extrema no Israelantigo, tanto que foi alvo de aperfeiçoamentos peloSENHOR JESUS. O texto bíblico deve ser estudado levando-seem conta, sempre que possível, o momento em que foiredigido, a finalidade e o espírito das regras.

Eventuais incoerências textuais, que na maiorparte das vezes são insipientes, não colocam em dúvidaa inspiração divina das Escrituras. De todo modo, devehaver no leitor disposição para compreender que a Bíbliafoi traduzida para milhares de idiomas, por diversaspessoas e organizações ao longo de sua história, e não é

temerário admitirmos que ela possa abrigar algumasdiminutas variações em relação aos originais.



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Ao traduzir um texto estrangeiro, às vezes nãoencontramos a palavra correspondente no nosso idiomaque expresse com precisão a ideia da original, e aí a

substituímos por outra que seja a mais apropriadapossível. Esse fenômeno acaba por conferir matizessensivelmente diferentes a um texto traduzido, de formaque, sempre que necessário e possível, devemos nosequipar dos originais, de concordâncias bíblicas,dicionários, livros de História e outros auxílios, inclusive

dados arqueológicos. Algumas vezes é preciso pesquisarem que circunstâncias o termo era aplicado e o quesignificava no código de comunicação oral e escrita daépoca. Em todos os casos, a iluminação do Espírito Santoé indispensável.

Eventuais variâncias, sempre que detectadas,devem ser sanadas mediante exame mais apurado,

usando comparações com outros textos da própria Bíblia,lembrando sempre: a palavra de DEUS é infalível eresponde a si mesma.

Só para exemplificar esse problema, vejamos o queocorre em Mateus 17.20. Quando os discípulos nãopuderam expulsar um demônio, eles perguntaram a JESUS

o porquê do insucesso. A resposta do SENHOR descrita naBíblia versão King James foi: Por causa de vossaincredulidade; porque em verdade vos digo que, setiverdes fé como um grão de mostarda, direis a estemonte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nadavos será impossível (traduzido do inglês).

Incredulidade é ausência de fé. Na perspectiva

dessa versão, os apóstolos não tiveram nenhuma fé demodo nenhum, e JESUS lhes diz que se tivessem tão-




somente um pedacinho de fé, eles poderiam mover umamontanha. Daí a comparação de fé com um grão demostarda, que é uma das menores sementes que

existem.No entanto, as versões mais usuais em Português

trazem pequena fé ao invés de incredulidade. Naperspectiva desta tradução, se os discípulos tivessem umpouquinho de fé por onde começar, tudo estariaresolvido. Contudo, essa ideia não faz sentido, porque nasequência JESUS vai dizer-lhes que só precisariam de umgrão de mostarda de fé para realizar grandes coisas.Portanto, é muito provável que a versão que originou ade King James seja a correta, por ser mais plausível.

Veja que nenhuma das versões compromete ariqueza do texto e a verdade espiritual que se objetivoutransmitir. Podemos ler a Bíblia como quem olha para

uma grande floresta e apreciar sua beleza panorâmica.Mas também podemos adentrar nessa floresta, paraapreciar cada árvore, e sentir o cheiro e a textura decada folha. Muitos detalhes passam despercebidos àmaioria das pessoas; só os percebe quem tem um poucomais de acuidade e dedica tempo para pesquisaminuciosa. Existem muitas outras curiosidades bíblicassemelhantes, que devem nos motivar aoaprofundamento. Sempre houve mestres que seocuparam com esses detalhes, com vistas aoaperfeiçoamento dos santos, em cumprimento de Efésios4.11-12.

A expressão “quatro cantos da terra”117, por

exemplo, foi usada numa época em que se acreditava

117 Ezequiel 7.2, Apocalipse 7.1 e 20.8



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que o mundo era quadrado e planificado. Expressõescomo esta nos dão pistas de como era a crença da épocae nos fazem entender melhor todo o contexto.

Vários livros da Bíblia foram escritos numa épocaem que a mulher sequer era contada nos censos erepresentava, na maioria das vezes, apenas uma serviçaldo marido. Com base na cultura de então, Ló preferiuentregar suas filhas virgens para uma orgia sexual a pôrem risco seus hóspedes. Será que essa foi a única opção

de Ló? Não sabemos, mas na certa o desprezo pelapessoa feminina facilitou a decisão.Por falar nisso, ainda hoje, em alguns países,

meninas são rejeitadas pelos pais, jogadas nas ruas, naslixeiras, vendidas como escravas prostitutas pelospróprios pais, com respaldo de suas culturas e religiões.Mesmo no Brasil, ainda se verificam situações

vergonhosas de patriarcalismo e machismo, que incluiviolência física contra a mulher. Infelizmente, essarealidade está presente também em algumas famíliasditas cristãs.

Em “A hora e a vez dos leigos”, Paul Stevens dizque a fé cristã foi em grande parte responsável pelo que

ao longo dos séculos vem dando posição legal, voto eigualdade social às mulheres.O apedrejamento de pessoas até que

morressem118; os sacrifícios de animais para expiaçãopelos pecados119; as Leis do Levirato120 e de Talião (olho

118 Levítico 20

119 Levítico 1.1 em diante.

120 Deuteronômio 25.5 - Obrigava o irmão de um homem que morreu sem deixar filhos acoabitar com a cunhada para dar descendência ao falecido.




por olho, dente por dente)121; votos em geral,especialmente o do Nazireado; a mutilação das mulheresque acidentalmente tocassem as vergonhas de um

homem122; a proibição de mulheres falarem na igreja123,as orações às três da tarde124, a obrigatoriedade do véupara as mulheres na igreja, e outras muitas prescriçõesdevem ser contextualizadas.

Julgai entre vós mesmos: é próprio que a mulher orea DEUS sem trazer véu? (I Coríntios 11.13)

Enfim, estes exemplos servem para evidenciar queexiste o mundo bíblico e o mundo atual. Todos osvalores, expressões, medidas, vestuário, corte de cabelo,adereços e legislação trazem em si significados própriosde sua época, que podem ou não ter o seucorrespondente atual. Se fosse possível que uma mulher

que viveu no ano 50 de nossa Era Cristã viajasse até oano 2010, provavelmente ficaria aterrorizada. Elaacreditaria que qualquer mulher que encontrasse noocidente é nada menos que uma libertina, especialmentese usar cabelo curto. Isto porque interpretará a situaçãoatual com o seu conjunto de valores de quase 2000 anosatrás.

Da mesma forma que esta mulher do passadocometeria um erro interpretando os fatos atuais com seuconjunto de valores do passado, nós também erramos aointerpretar o mundo do passado com nossos valoresatuais. Se não discernirmos bem essas situações,

121 Êxodo 21.17 em diante.122 Deuteronômio 25.11

123 I Coríntios 14.34-35

124 Atos 10.30



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sempre se levantarão conflitos que ligarão o Evangelho afardos difíceis de carregar.

Hoje, usar véus ou cobrir a cabeça não temsignificado nenhum. Portanto, não podemos tornarabsoluto esse costume social temporário. Isso seriainterpretar a Bíblia de modo literal, mas não sério.(Paul Stevens, 1998)

Outro aspecto a ser considerado é que o Israelantigo não era um estado laico e por isso as suas leis

morais e civis eram produzidas em conjunto com areligião oficial da nação. Prova disso é que os livros deLevítico e Deuteronômio são atribuídos a Moisés, umprofeta, mas trazem regras de convívio social para todaa nação. Poderíamos fazer um paralelo desses livros comos nossos Códigos Civil e Penal, lembrando que nóssomos um estado laico. Encontramos diversas vezes a

expressão: disse mais o SENHOR a Moisés, em Levítico,para transmissão de Lei moral ou penal, como no cap.27.

Desejar incorporar os preceitos dos antigosisraelitas no contexto atual, seja em uma congregaçãolocal, seja em nível de nação, é canoa furada e pode

provocar desastres.A Bíblia fala de batismo pelos mortos, fala que Davipediu juízo para seus inimigos, que Abraão e Raabeocultaram a verdade, que Elizeu amaldiçoou algunsrapazes, que Jônatas amava mais Davi do que asmulheres. A Bíblia pode dar a entender que devemosfazer amigos com as riquezas da injustiça e que todos osmendigos vão para o céu. Estes são apenas algunsensinos errôneos que podemos extrair da Bíblia se




simplesmente fizermos uma interpretação literal, comvisão panorâmica, utilizando textos isolados. Por isso, aBíblia não pode ser tomada ao pé da letra. Se não,

estaríamos a legitimar absurdos.A excelência da Bíblia é inquestionável. Ela é a

infalível Palavra de DEUS e responde a si mesma. Nelaencontramos uma vastidão de narrativas tão atuaisquanto o jornal de hoje, e outras de importante valorhistórico-cultural. Foi escrita em um período aproximadode 1500 anos por cerca de 40 escritores diferentes, nãocontemporâneos entre si. Apesar disso, a Bíblia guardaperfeita harmonia em todas as suas doutrinas.Encontramos ainda na Bíblia metáforas de profundasabedoria.

Muitos têm procurado atacar e fragilizar a PalavraRevelada de DEUS, apontando questões menores de

aparentes conflitos, às vezes com má-fé. Mas a Bíbliatem respondido a si mesma durante séculos e continuasendo o livro mais vendido e mais lido no mundo inteiro.DEUS a tem protegido. Suas verdades têm o poder deesmiuçar a pedra e cortar como uma espada afiada dedois gumes. Mas esse resultado só será alcançado se, esomente se, o Espírito Santo for convidado a ensiná-la.

Sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profeciada Escritura é de particular interpretação. Porque aprofecia nunca foi produzida por vontade de homemalgum, mas os homens santos de DEUS falaram,inspirados pelo Espírito Santo. (II Pedro 1.20-21)

Porque a palavra de DEUS é viva e eficaz, e mais

penetrante do que espada alguma de dois gumes, epenetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os



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pensamentos e intenções do coração. (Hebreus 4.12)

Infelizmente, apesar de a Bíblia ser o livro mais lido

no mundo, ainda constatamos, em escala crescente, odistanciamento dos valores divinos em sociedade. Istoporque a Bíblia deve ser lida com o indispensável auxíliodo Espírito Santo. A letra mata, mas o Espírito vivifica.

Ele nos capacitou para sermos ministros de umanova aliança, não da letra, mas do Espírito; pois aletra mata, mas o Espírito vivifica. (II Coríntios 3.6)

Com isso, quero apontar para o perigo de doutrinasextraídas por dedução, com alicerce em um ou doistrechos bíblicos. Devemos procurar o que estiver aonosso alcance para ampliar os diversos ensinamentos aque somos expostos, conferindo tudo, a exemplo dosbereanos125, para só então adotar uma conduta firme eamadurecida, especialmente quando se trata de ensinoque não guarda coerência com o conjunto geral dasEscrituras. Texto fora do contexto é motivo de pretexto.

O que devemos assimilar é o caráter de DEUS transmitido na Lei. Devemos desenvolver habilidadepara apreender os princípios subjacentes dos

regramentos para aplicação contextualizada. Ou seja,devemos pegar o texto e aplicá-lo no tempo em que foiescrito, procurando entender o objetivo da mensagem. Apartir daí, devemos procurar seu equivalente nos diasatuais. Isso se chama contextualizar.

A EXPERIÊNCIA PARTICULAR E A BÍBLIA

125 Atos 17.11; Efésios 4.14



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Atribuir ao jejum poder misterioso e sobrenatural,além de descontextualizado é equivocado. Nem quandofoi instituída essa tradição, houve tal intenção de DEUS.

Porém, com o passar do tempo, as diversascircunstâncias conduziram os hebreus,involuntariamente, a atribuir aos exercícios corporais umpoder que ele não pode transmitir, e infelizmente aIgreja tem se deixado seduzir pelo misticismo quepassou a envolver essas práticas, perpetuando um

desvio.Consta no final deste livro uma lista de referênciasbíblicas que aplicam o termo jejum, na qual se podeverificar que não há um contexto sequer que sustente aideia de que dietas especiais possam ser eficazes nabusca por poder, mortificação da carne ou proteçãocontra forças do mal. DEUS nos oferece meios de nos

equiparmos de tudo isso, mas não é dessa forma.Há pessoas que pretendem viver o Cristianismo a

partir de experiências pessoais, julgando que doutrinaspodem ser legitimadas apesar do que a Bíblia diz. Essaspessoas defendem que se a Bíblia não condena não hánada de errado em legitimar a prática. Ou seja, se está

escrito que não pode, não pode, e se não há proibição,tudo bem. Tais pessoas acreditam que procurar respaldo

bíblico para tudo é limitar DEUS e dogmatizar a fé,sugerindo que a Bíblia é apenas parte da revelação. Paraesses, DEUS deixou para nós a missão de continuar, decerto modo, os registros das revelações, com se o cânon

ainda estivesse pendente. Esse posicionamento temensejado muitos desmandos e doutrinas de homens.



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Como obreiros de DEUS, responsáveis e íntegros, sódeveríamos admitir o que a Bíblia respaldasistematicamente. Se assim não for, não necessitaríamos

da Revelação Escrita para sinalizar a vontade de DEUS.Colocaríamo-la de lado e passaríamos a pautar a vidacom base na experimentação.

No Cristianismo evangélico verificamos, muitasvezes, comportamento de manada (desculpe-me aexpressão rude). Se perguntarmos o fundamento bíblico

para certas condutas, ouviremos de muitos a resposta:Não sei o que a Bíblia diz a respeito, mas todo mundofaz. Meu líder disse que é assim e vai funcionar comigo.

CURA DAS EMOÇÕES

Permita-me contar um pouco da minha história.Aos quatro anos de idade, perdi meu pai, em 1975. Ele

tinha apenas 27 anos e foi ferido mortalmente porassaltantes, depois de reagir a um assalto. Deixou minhamãe e minha irmã, com pouco mais de um ano de idade,além de mim.

Nenhum de nós conhecia o SENHOR. Minha mãe,desesperada, chegou a procurar o espiritismo, paraaliviar sua dor tentando se comunicar com meu pai. Tudoque sei sobre essa fase foi contado por minha mãe,meus tios e primos, que foram o nosso apoio em todosos sentidos nos anos difíceis que se seguiram. Minhamãe se casou novamente e levamos a vida como foipossível.

Os anos se passaram e tive um encontro com o

SENHOR aos 16 anos. Fui batizado nas águas aos 17.Momento inesquecível. Chorei incontidamente no tanque




batismal da Igreja Universal do Reino de DEUS. Estoucerto de que naquele exato momento recebi também oEspírito Santo. Minha vida foi transformada a olhos

vistos. Meu temperamento e relacionamentos foramrestaurados e comecei a manifestar o fruto do Espírito. Todos foram testemunhas disso. Eu sempre fuiparticipativo na igreja e entusiasmado com a obra doSENHOR.

Porém, havia algo de errado em minha vida, sórevelado depois de 13 anos no Evangelho. Já casado ecom três filhas, quando passava por situações difíceissentia-me completamente perdido e sem esperança. Dealguma forma, entendia que DEUS não se importava commeus problemas. DEUS já havia deixado a Bíblia e o seuSanto Espírito, e isso era tudo que ele deveria fazer. Asolução dos meus problemas estava exclusivamente em

minhas mãos. Era tudo problema meu – pensava. Alémdisso, sentia que era minha a culpa por tudo de erradoque me acontecesse, e por isso mesmo eu é que deveriaser o responsável pela solução. Sentia-me só, apesar deter em JESUS o meu salvador pessoal.

Essa situação foi aos poucos afetando meurelacionamento com DEUS, a forma de ver o mundo e avida. Eu me via incapaz diante de tudo. A preocupaçãode não deixar todo esse sentimento ficar visível à minhafamília e irmãos na igreja causava-me estresse. Apressão foi aumentando com o tempo e o problema foise agravando de tal forma que diante de qualquerinstabilidade a depressão chegava forçando-me a pedir a

DEUS que me levasse logo desta vida, que parecia maisum filme em preto e branco, sem qualquer alegria.



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Quando fechava os olhos para orar, imaginava DEUS como um ser sentado num trono, vestido de branco,perfeito, inalcançável, lá no céu, muito distante e

ausente do nosso mundo terreno, que estava disposto aatirar raios em nossa direção caso cometêssemosalguma falha. Parece uma visão infantil, mas era a minhapercepção de DEUS aos 30 anos. Pensava que todos oviam da mesma forma. A culpa era uma agravante cruel.Eu achava que um crente não poderia sentir tanto vazio

e desesperança. O diabo sussurrava no meu ouvido queeu não era verdadeiramente um filho de DEUS.Ninguém soube disso até que passei a frequentar

uma reunião na Igreja Batista do Campo dos Afonsos, noRio de Janeiro, que tinha como objetivo a cura detraumas emocionais. Foi quando o Espírito Santoresolveu abrir o baú e colocar tudo sobre a mesa. Com

muita oração e ministrações específicas, recebi luz sobrevárias cenas do meu passado que não poderiam sercompreendidas sem o auxílio do Espírito Santo.

Foi quanto comecei a compreender os efeitos dafalta do meu pai. Não aconteceu tudo de uma vez. Foium processo lento. O Bálsamo de Gileade foi sendo

aplicado em doses homeopáticas. Pude compreenderque a ausência do meu pai deixara uma lacuna na minhainfância e adolescência que depois afetaram o meurelacionamento com DEUS. Como não tive meu pai porperto, não aprendi que DEUS é um pai que sempre estáperto. Se você é pai, saiba que seu filho(a) pequeno(a)aprenderá a se relacionar com DEUS no futuro não

somente baseado no que você lhe ensina, masprincipalmente no que você é para ele. Daí a




necessidade de assumirmos, como pais (homens), onosso papel de pastoreio de nossos filhos, educando-oscom todo amor possível, apesar de nossas limitações.

DEUS foi realizando aos poucos um trabalho derestauração semelhante àquele que os restauradores deobras de arte muito velhas realizam, com muitapaciência.

A cura foi chegando através de uma pregação, deuma música, de um livro, de um texto bíblico, de umaoração, lágrimas e lembranças.

Em 27 de setembro de 2002, tive de acompanharminha esposa no sepultamento de um tio dela. O funeralfoi realizado no cemitério em que meu pai havia sidosepultado 27 anos antes.

Foi nesse dia que o Espírito Santo me levou àsepultura de meu pai. Eu sabia que ele já não estava ali,

nem sequer os seus ossos. Eu estava plenamenteconsciente de tudo e sabia que não poderia conversarcom ele. A Bíblia é clara quanto a isso. Mas eu não sabiaque aquele momento tinha sido reservado pelo PAI Celestial para coroação do tratamento que vinharecebendo do Espírito Santo. Era uma tarde clara, masnão fazia sol. Quando cheguei à frente daquele túmulo, oEspírito Santo falou claramente ao meu coração: Eutenho sido o seu pai durante todos esses anos. Essaspalavras entraram no meu coração de forma tão violentaque não pude controlar a emoção. Enquanto estive ali,naquele silêncio, somente eu e DEUS, diante daquelasepultura mal cuidada, por alguns minutos, lembrei-me

de cenas da minha vida, desde a infância, e pude verDEUS em todas elas, dando livramento, consolo, solução e



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refrigério. DEUS jamais houvera me desamparado, emboraeu pudesse jurar que estive sozinho. Percebi que JESUS entendia o meu sentimento porque ele mesmo teve a

sensação de abandono na cruz.

Acaso, não há bálsamo em Gileade? Ou não há lámédico? (Jeremias 8.22)

Em várias ocasiões culpei DEUS por ter levado meupai em momento tão inoportuno, por ter feito a minha

mãe sofrer e por ser injusto me deixando sem auxílio nashoras mais difíceis. Por mais que eu confessasse queDEUS era meu SENHOR e que eu o amava, na verdade euguardava uma mágoa contra ele, que eu nãocompreendia bem. Essa rejeição contra DEUS, contida,causou-me baixa autoestima e problemas derelacionamento. Mas DEUS sabia de tudo isso, e conduziu

tudo com Graça e Misericórdia.David Seamands (1984) ensina que quando

achamos defeito na criatura, o passo seguinte éprocurarmos defeito no criador. Foi o que realmenteaconteceu. DEUS, para mim, não era a expressão de todoaquele amor que me diziam. A minha vida era um

castigo, eu pensava. Mas o SENHOR estava restaurandotudo.Nos dias que se seguiram até hoje, venho

agradecendo ao SENHOR por tudo que tenho vivido,embora nem tudo eu compreenda com clareza ainda.Apesar do incidente terrível que resultou na morte domeu pai, pude ver finalmente que o SENHOR jamais

perdera o controle de tudo. Em seu imenso amor, ele usaa maldade deste mundo para produzir algo maior dentro




de nós. Agora não vejo mais DEUS como um ser celestialdistante e ausente da minha vida diária. Ao contrário,posso sentir a sua presença sempre por perto, inclusive

quando cometo algum pecado. Aprendi que ele nosaceita como somos, independente de habilidades, dons,acertos e erros.

Algumas vezes, a vida nos apresenta situaçõesdifíceis que podem ser traumáticas. Creio que essascircunstâncias não são planejadas por DEUS, são apenasconsequências de escolhas. Mesmo assim, diante delas,não adianta se colocar na defensiva para se eximir deresponsabilidades.

O SENHOR ama você tanto quanto me ama, comamor que não se pode dizer com palavras. Não importa aimagem que temos de nós mesmos, o que importa é aimagem que DEUS tem de nós, como ele nos vê. É desse

modo que devemos nos ver também. Uma das obrasmais importantes que Espírito Santo faz em nossa vida éajustar a nossa percepção de nós mesmos, para umrelacionamento saudável e sem máscaras com o SENHOR.

Pois aqueles que de antemão conheceu, também ospredestinou para serem conformes à imagem de seu

Filho, a fim de que ele seja o primogênito entremuitos irmãos. (Romanos 8.29)

Meus filhos, novamente estou sofrendo dores departo por sua causa, até que CRISTO seja formado emvocês. (Gálatas 4.19)

Existem áreas da nossa vida que precisam de umtoque especial do Espírito Santo. São coisas que estão

fora do alcance da força de vontade, da boa intenção,das nossas promessas e do rigor ascético. Muitas



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pessoas têm traumas emocionais ainda não tratados.Problemas desta natureza não são resolvidos de um diapara o outro.

Escrevi este testemunho para mostrar a você queDEUS, quando quer agir, é soberano e faz o que quer,quando quer e da forma que deseja. Desistir de quererfazer as coisas do nosso jeito é o início de uma jornadacom DEUS que não temos sequer capacidade de sonhar.

SANTOS OU PECADORES?Alguns trechos bíblicos podem nos deixar em

dificuldades em função do uso viciado de terminologias.Estamos acostumados à ideia de que santo é aqueleque morreu e foi canonizado mediante um processoadministrativo do Vaticano. Nessa concepção, um dosrequisitos para se tornar santo é ter feito milagres após a

morte, comprovados por uma comissão de religiosos.Esse processo constitui-se basicamente de quatro

etapas, que perfazem o chamado “Caminho daSantidade”:

1. Quando o processo é aberto oficialmente, ocandidato a Santo recebe o título de Servo deDEUS;

2. É preciso atestar que o candidato viveu virtudescristãs de forma heroica e teve fama desantidade;

3. É preciso atestar que pelo menos uma pessoatenha sido curada de modo cientificamenteinexplicável ou atendida em uma prece

impossível, após intercessão do candidato. Seisso ocorrer, o candidato recebe o título de




Beato;4. Finalmente, se um novo milagre ocorrer, o

candidato será canonizado e se tornará um

Santo.Esse tipo de santo ocorre em vários modelos

religiosos, mas sobretudo no catolicismo romano, e sebaseia na tradição. A Bíblia não respalda essa aplicação;quando usa o termo santo quer comunicar realidadecompletamente diferente. Porém, o que tem ficadoimpresso na mente das pessoas é que ser santo é setornar um ser angelical, com uma auréola fulgurante noalto da cabeça, que intercede pelos homens junto a DEUS,e que é digno de honra, louvor e veneração.

Por esse entendimento, jamais poderia ser usadaessa designação para qualquer ser humano vivo, já quetodos pecamos e carecemos da glória de DEUS.

Entretanto, não é isso o que encontramos nas Escrituras.Ao contrário, o que se verifica é que muitos homens emulheres nem um pouco melhores do que nós foramchamados de santos nas Escrituras.

Essa terminologia viciada tem confundido aspessoas desviando-as do que a Bíblia realmente ensina.O espírito de engano não nega a verdade abertamente.O trabalho do enganador é afetar a verdade, manchandosua integridade.

A Bíblia considera santos aqueles que foramseparados para DEUS, por terem manifestado fé no SENHOR JESUS CRISTO e experimentaram o novo nascimento.

A vós, também, que noutro tempo éreis estranhos einimigos no entendimento, pelas vossas obras más,agora, contudo, vos reconciliou no corpo da sua



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carne, pela morte, para perante ele vos apresentarsantos, e irrepreensíveis, e inculpáveis. (Colossenses1.21-22)

O apóstolo Paulo sempre se referiu aos crentescomo santos. Esse é o tratamento com o qual inicia amaioria de suas cartas. Santo na Bíblia não estáassociado à perfeição. Quando empregado não sedestina a conferir posto, condição ou situaçãoprivilegiada. Apenas designa que o destinatário é

santificado, lavado e remido pelo sangue de JESUS

.A comunicação é dinâmica. As palavras carregamem si uma carga de significado e têm o poder deprovocar reações. Quando dizemos que alguém é santo,essa afirmação pode causar reação negativa, dando aimpressão de prepotência, santidade artificial earrogância. Isto é devido ao significado torto de que esta

palavra se revestiu em nossa cultura altamenteespiritualizada. Por isso, no afã de se aproximarem dessetipo de santidade, muitos têm se gastado com exercíciosascéticos visando galgar patamar mais elevado deperfeição.

Se é antipático viver dizendo que alguém é santo,

muito mais ainda é o crente dizer isso de si mesmo. Poroutro lado, deve-se evitar dizer-se santo não porque hajaproblema conceitual com o termo, mas tão somente parafugir de situações embaraçosas com os que ainda nãocompreenderam a abrangência bíblica dessa verdade.

À igreja de DEUS que está em Corinto, aossantificados em CRISTO JESUS, chamados santos, comtodos os que, em todo o lugar, invocam o nome donosso SENHOR JESUS CRISTO, SENHOR deles e nosso. (I




Coríntios 1.2)

Sobre o termo pecador, é fácil perceber quetambém paira na cabeça das pessoas uma conceituaçãodefeituosa, se fizermos confronto com o que a Bíbliaensina. Neste caso, muito se deve à má compreensão doque seja ser santo. Uma má conceituação de santo leva,como consequência, ao mau entendimento do que sejapecador.

Por isso, ficamos confusos quando lemos na Bíblia:

não pequeis; o que é nascido do espírito não pode pecare qualquer que peca não viu nem conheceu a DEUS. Comopode ser isso, se a Bíblia também ensina que sedissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nósmesmos, e não há verdade em nós? Não haveria aquiuma contradição?

Não há contradição alguma. É precisocompreendermos que há sim uma distinção entre os quenasceram do Espírito dos que ainda não nasceram. Háuma diferença entre os que são ímpios e os que foramlavados pelo sangue do Cordeiro. Não se trata de umacasta especial e privilegiada, pura, perfeita, superior einfalível, e de outra miserável, maldita e execrável. De

forma alguma! Mas também é um erro colocar todos,ímpios e santos, no mesmo pacote.

Sem a intenção de rotular, vamos chamar desantos os que verdadeiramente nasceram do Espírito, eos que ainda não nasceram do Espírito, de ímpios.

O ímpio peca porque nele permanece a naturezapecaminosa. O santo peca porque, apesar de ser moradado Espírito Santo, ainda se sujeita a um corpo corruptívele limitado para servir a DEUS.



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O ímpio, quando peca, sua consciência não éafetada. O santo, quando peca, sente constrangimentoque o conduz ao arrependimento.

O ímpio peca porque é escravo do pecado. O santopeca acidentalmente, porque não é mais escravo dopecado e sempre tem opção de não pecar. Onde está oEspírito do Senhor, aí há liberdade126.

Portanto, encontramos na Bíblia duas aplicaçõespara o termo pecador: (1) destinada ao ímpio, escravo

do pecado e (2) destinada ao santo, que ainda cometepecado, apesar de não ser mais escravo do pecado.Não sei se a seguinte conclusão vai ajudá-lo a

entender isso, mas podemos dizer que o ímpio pecaporque é pecador, e o santo é pecador porquepeca. Portanto, no final das contas, ambos sãopecadores, porém por perspectivas diferentes.

O Novo Testamento quando usa as palavras santo -ou justo - e pecador não trata da condição moral dohomem, mas da sua condição perante DEUS, de comoDEUS o vê. Quando DEUS olha para o ímpio vê um ser caídoe distante, entregue às suas vontades e prazeres.Quando olha para o santo, DEUS o vê por trás do sangue

de JESUS, lavado de todo o pecado; um filho reconciliado.O escravo do pecado é aquele que peca por hábitoe de forma deliberada, porque ainda não foi liberto pelopoder do Evangelho. O verdadeiro crente, santo, não éescravo do pecado. Veja o que disse o apóstolo Joãosobre isso:

Vocês sabem que ele – JESUS - se manifestou para tirar





os nossos pecados, e nele não há pecado. Todoaquele que nele permanece não está no pecado. Todo aquele que está no pecado não o viu nem oconheceu. Filhinhos, não deixem que ninguém os

engane. Aquele que pratica a justiça é justo, assimcomo ele é justo. Aquele que pratica o pecado é doDiabo, porque o Diabo vem pecando desde oprincípio. Para isso o Filho de DEUS se manifestou:para destruir as obras do Diabo. Todo aquele que énascido de DEUS não pratica o pecado, porque asemente de DEUS permanece nele; ele não pode estarno pecado, porque é nascido de DEUS. Desta formasabemos quem são os filhos de DEUS e quem são os

filhos do Diabo: quem não pratica a justiça nãoprocede de DEUS, tampouco quem não ama seuirmão. Esta é a mensagem que vocês ouviram desdeo princípio: que nos amemos uns aos outros. Nãosejamos como Caim, que pertencia ao Maligno ematou seu irmão. E por que o matou? Porque suasobras eram más e as de seu irmão eram justas. Meusirmãos, não se admirem se o mundo os odeia.Sabemos que já passamos da morte para a vida

porque amamos nossos irmãos. Quem não amapermanece na morte. (I João 3.5-10)

Esta explicação demonstra que quem permaneceno pecado não pratica a justiça que procede de DEUS, épecador. E também mostra que o que é nascido de DEUS é santo - ou justo - e não vive no pecado.

Assim como por meio da desobediência de um sóhomem muitos foram feitos pecadores, assimtambém, por meio da obediência de um únicohomem muitos serão feitos justos. (Romanos 5.19)

Algumas vezes encontramos na Bíblia o termopecador também para designar aqueles que não

cumpriam a Lei. Veja que a questão gira em torno dosignificado das palavras santo e pecador no texto bíblico,que é totalmente diferente do que sempre ouvimos no



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meio secular e no sistema religioso, que nos entregaramuma concepção defeituosa sobre esses termos.

O Espírito Santo habita no homem nascido do

Espírito e é um tesouro em vaso de barro127. O Espíritoestá pronto, mas a carne é fraca. O homem exterior secorrompe, mas o homem interior se renova dia apósdia128. A consciência transformada pelo Espírito Santo nãopermite que o santo permaneça no pecado. O santoquando peca não se transforma num pecador

escravizado – não necessariamente. Por outro lado,aquele que peca sem que sua consciência o incomode jamais recebeu o Selo da Promessa ou já extinguiu oEspírito pela resistência, pela cauterização daconsciência. Ou seja, se o santo permanece no pecadode forma rebelde à voz do Santo Espírito, sua mentepode vir a se tornar obscurecida pelo engano, de forma

que anule a voz de DEUS dentro de si, situação que opoderá levar à condenação eterna, mesmo já tendoexperimentado a comunhão com DEUS.

O apóstolo Paulo nunca se referiu aos irmãos comopecadores. Só encontramos uma referência de Paulotratando um crente como pecador, que está em I

Timóteo 1.15-16, onde fala de si mesmo, provavelmenteem demonstração de humildade e para não se passarpor arrogante, como alguns irmãos já o consideravam.Paulo sabia que o santo não é mais escravo do pecado.

O próprio JESUS fez distinção entre justos epecadores quando conversava com seus discípulos129. Os



129 Lucas 6.32-34




discípulos cometiam pecado, mas já estavam limpos pelapalavra e não eram mais filhos da desobediência.

Para o incrédulo, é de se esperar que estes

conceitos estejam fora de alcance. Porém, é necessárioque os crentes busquem compreendê-los. Ainda é muitocomum no meio evangélico a proliferação de ensinosque levam as pessoas a realizarem sacrifícios visando àsantificação. Sacrifícios estes infindáveis por seremineficazes. Muitos têm procurado matar a carne para setornarem santos, o que não é possível, de acordo comColossenses 2.20-23. Os sacrifícios não têm efeito paranos fazer pecar menos ou fazer-nos mais santos.

Alguns irmãos entendem que a Bíblia quando falaaos santos, na verdade fala para aqueles quealcançaram um nível de santidade que as faz dignasdesse tratamento. Uma espécie de nirvana gospel, que

na verdade não existe. Não é possível estabelecermos,com base na Palavra, graduações de santidade quepossam ser galgadas por intermédio do asceticismo.Essas práticas têm, ao contrário, servido para aprisionaros crentes longe da Graça e do conhecimento de DEUS,constituindo-se em mais uma das artimanhas do engano.

Diante dessas colocações, percebemos que ocrente tem uma responsabilidade maior nas situaçõesque vivencia, tanto em relação às pessoas, quanto emrelação a DEUS e a si mesmo. Imagine que dois cidadãostenham cometido um mesmo crime, mas uma delas éiletrada e a outra é um advogado. O senso comum nosleva a pensar que o advogado deveria receber punição

mais severa, porque dispunha de conhecimento e erasabedor pleno das consequências de seu ato. O iletrado



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não teve o mesmo discernimento. A responsabilidadeaumenta com a liberdade. CRISTO nos libertou e com issonos entregou mais responsabilidade: o dever de

mantermos a consciência pura. Na verdade, tudo nos épermitido, mas nem tudo nos convém.

DEUS é juiz e nos julgará a todos no dia final. Ocrente dispõe do Espírito Santo atuando diretamente nasua consciência, oferecendo discernimento e escapeoportuno. Portanto, a quem muito foi dado, muito lhe

será cobrado.Aquele, porém, que não soube a vontade do seuSENHOR e fez coisas dignas de reprovação levarápoucos açoites. Mas àquele a quem muito foi dado,muito lhe será exigido; e àquele a quem muito seconfia, muito mais lhe pedirão. (Lucas 12.48)

Todos aqueles que creem em CRISTO e estão nele

são santos lutando contra o pecado, e não pecadoreslutando para ser santos. A evidência da nossasantificação se fará não por sacrifícios do corpo, ritos,proibições ou abstinências, que são obras mortas. Averdadeira e perene santificação é a recompensa dosque optaram por esse estilo de vida, que dedicam tempo

de qualidade à oração, à comunhão com o SENHOR, àmanutenção de uma consciência pura pelo emprego dasverdades bíblicas no cotidiano, além, sobretudo, daassimilação da Graça que proporciona tudo isso.

Quase não existem versículos que associem o louvora DEUS aos cultos de louvor. Vezes sem conta, somoschamados a adorar a DEUS na vida. (Paul Stevens,

1998)

A pessoa que assim vive prega sem falar. Seu




testemunho vale mais do que mil palavras. Esseentendimento é crucial para o fruir de uma vida cristãplena.

SER SANTO É UMA COISA, ESTAR LIMPO É OUTRA

Podemos então constatar que não existe menossanto ou mais santo. O crente que recebeu o Selo daPromessa há um minuto é tão santo (separado para DEUS)quanto o crente maduro, pois assim DEUS o vê. Fazemosgraduações de santidade, quando devíamos distinguir

entre ser santo e estar purificado (limpo). Ser santofala de filiação a DEUS (separação, permanência esegurança), e estar limpo fala de condição momentânea,passageira e transitória. Na caminhada com o SENHOR éque aprendemos o caminho e somos lapidados. Aospoucos, as sujeiras do mundo vão sendo removidas e

vamos tomando a forma que DEUS deseja, que é asemelhança com JESUS CRISTO.O milagre do novo homem, com seu novo coração

e seu novo espírito, ocorre por ação exclusiva de DEUS130,dando origem a um brilhante lapidado. Um diamantebruto é pouco atraente, mas é diamante do mesmo jeito.Aos poucos, DEUS vai lapidando esse diamante até atingir

o contorno ideal. Gradativamente DEUS desenha o caráterde CRISTO.

Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores departo, até que CRISTO seja formado em vós. (Gálatas4.19)

O crente que recebeu o Espírito Santo há um

130 Ezequiel 36.26-27



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minuto pode estar menos purificado do que o crentemaduro, ou vice-versa, mas ambos são igualmentesantos e filhos, e ambos têm os mesmos direitos na

herança do PAI.O pecado na vida do santo deve ser um acidente,

e, se ocorrer, não anulará a sua condição de filho do PAI Celestial. Para tanto, o santo pode contar sempre comum Advogado – JESUS CRISTO – a quem deve recorrersempre que necessário, para perdão dos pecados, em

sincero arrependimento e humildade.Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para quenão pequeis; e, se alguém pecar, temos umAdvogado para com o PAI, JESUS CRISTO, o justo. (I João2.1)

Ora, numa grande casa, não somente há vasos deouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns

para honra, outros, porém, para desonra. De sorteque, se alguém se purificar destas coisas, será vasopara honra, santificado e idôneo para uso do SENHOR,e preparado para toda a boa obra. (II Timóteo 2.20-21)

Embora nunca possamos dizer, nesta vida, queestamos livres de todo o pecado131, nós também nunca

devemos dizer: Este pecado me derrotou. Desisto! Opoder da ressurreição de CRISTO sendo exercido em nós émaior do que o poder de qualquer pecado,independentemente de quanto tempo ele estejaestabelecido em nossa vida. Estar debaixo da Lei é estarsob um sistema de tentar alcançar a salvação pelo nossopróprio poder obedecendo à Lei, e estar debaixo da

131 Tiago 3.2 e João 1.8-10




Graça é ver-se justificado pela fé e viver de acordo como poder que está na ressurreição de CRISTO. Devemos nosconsiderar mortos para o pecado, não por causa da Lei

que o proíbe, mas por causa, exclusivamente, da açãoda Graça.

Porque o pecado não terá domínio sobre vós, poisnão estais debaixo da Lei, mas debaixo da Graça.(Romanos 6.14)

Alguns interpretam este versículo erroneamente,

no sentido de que não importa que os cristãosdesobedeçam aos mandamentos morais de DEUS, poiseles não estão mais debaixo da Lei. Essa interpretação(antinomianismo) é mal intencionada e contrária a toda adiscussão de Paulo a respeito do pecado e às própriaspalavras de JESUS sobre a Lei132.

Porque o fim da Lei é CRISTO, para justiça de todoaquele que crê. (Romanos 10.4)

Então CRISTO é o objetivo final da Lei, a meta da Lei.Lei aqui se refere ao sistema de se obter justiça com aspróprias forças. CRISTO é, de fato, o perfeito cumprimentode tudo que a Lei exige, mas ele também coloca um fim

na Lei como forma de alcançar a justiça para todo aqueleque crê. Assim sendo, Paulo enfatiza a suficiência da féao se receber a justiça de DEUS, pois, ao cumprir asexigências da Lei, CRISTO concluiu sua reivindicação. Oversículo não significa, portanto, que um cristão podeignorar os padrões morais ou mandamentos de DEUS. E

não ignorará se estiver verdadeiramente sendo guiado

132 Mateus 5.17-20



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pelo Espírito Santo, que o ensinará toda a verdade.A Graça não pode ser interpretada como licença

para pecar. Aquele que é vencido torna-se escravo do

vencedor. A palavra de DEUS adverte que uma atitudedeliberadamente rebelde de permanência no pecado trazconsequências trágicas, com reflexos na eternidade133.

O PERFECCIONISMO

David Seamands (1984) compartilha que algumaspessoas são levadas por sentimentos de menos valia, deinsatisfação extrema consigo mesmas. Não consigo fazero suficiente para agradar a DEUS. Não consigo satisfazernem a mim mesmo, nem aos outros, nem a DEUS. Essetipo de pessoa está sempre procurando alguma coisa,sempre lutando, e geralmente carrega muita culpa,sempre impelida pelo que sente ser seu dever. Tenho de

melhorar. Está sempre tentando subir, mas o problema éque nunca chega aonde imagina que precisa chegar.Essas pessoas julgam que esse clamor dentro delas ésaudável, mas na verdade pode vir de feridas nãocuradas, que as levam a experimentar emoçõesdesajustadas.

Quando essas pessoas vêm para DEUS, reproduzemo mesmo padrão no relacionamento com ele. Sempretentam alcançar DEUS com tarefas, atividades, justiçaprópria, sacrifícios, regras, disciplina rigorosa, e quandopensam que alcançaram DEUS, percebem que ele subiumais alguns degraus, e aí tudo recomeça. Precisomelhorar. Preciso melhorar. Esse processo se transforma

num círculo vicioso e infinito. É o que Seamands chama

133 Hebreus 6.4-8 e 10.26-27




de perfeccionismo.Esse perfeccionismo não é aquele que

conhecemos, saudável, que nos estimula a fazer o

melhor possível. Podemos até admitir que DEUS seja umgrande perfeccionista. Quando olhamos para a criação,isso se torna evidente. Aquele perfeccionismo é umaatitude interior destrutiva que não nos permite aceitar osresultados dos nossos melhores feitos, julgando que DEUS sempre exige um pouco mais, porque ele jamais secontenta com menos do que a perfeição. Muitas vezes,esse perfeccionismo não é fruto de devoção verdadeiraao SENHOR, é fruto de baixa autoestima, de uma visãodistorcida de si mesmo, e consequentemente de DEUS edos outros à nossa volta.

Muitos, quando crianças, foram negligenciadospelos pais, maltratados, humilhados na escola, de tal

forma que se sentem menores, inferiores, e por issoimaginam que nem DEUS lhes dá valor.

Essa percepção sobre si mesma leva a pessoa aquerer agradar a DEUS por todos os meios imagináveis,como se estivesse sempre em busca de um elogio dopai, sem saberem que DEUS as aceita e amaprofundamente independente do que pensam sobre simesmas, o que façam ou deixam de fazer.

É possível que você tenha sido uma daquelascrianças que chegava em casa com o boletim escolarrepleto de notas 10 e apenas um 9. Seu pai, na melhorintenção de incentivá-lo, disse:

–– Você precisa melhorar essa nota aqui!

No bimestre seguinte você se esforçou, deu tudode si e conseguiu fechar todas as matérias com nota



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máxima. Seu pai então lhe disse:–– Sua camiseta está suja. Como teve coragem de

ir para a escola desse jeito?134

Essa é apenas uma ilustração que poderepresentar situações de nossa vida. Algumas pessoasforam submetidas a padrões de conduta inalcançáveis,que lhes transmitiram a mensagem subliminar de que jamais serão boas o suficiente, não importando o quefaçam. Jamais receberam um elogio. Essas pessoas

passam, no futuro, a se relacionarem com DEUS damesma forma, e não é de se estranhar que venham adesenvolver frustrações, neuroses, estresse, depressão eculpa falsa.

Muitos de nós enfrentamos o mesmo problema.Projetamos no SENHOR nosso padrão humano deaceitação. Toda a nossa compreensão dele está baseada

num toma-lá-dá-cá de amor permutado: Ele nos amaráse formos bons, éticos e diligentes. Mas nós trocamos asbolas: tentamos viver de modo a que ele nos ame emvez de viver porque ele nos amou135.

É claro que podemos e devemos louvar, honrar eamar a DEUS com toda nossa força e entendimento. Por

outro lado, a busca alucinada nesse sentido, compráticas extremadas e desequilibradas, pode serevidência de algum distúrbio de pensamento. Algumaspessoas não conseguem, por exemplo, estabelecerprioridades em sua vida pessoal, não saem do templo,negligenciando o trabalho e a família, comparecem em

134 Ilustração de David Seamands, em Cura para os Traumas Emocionais (1984)

135 Lloyde Ogilvie. Ask him anything. Waco. Word Books, 1981, citado em Brennan Manning, OEvangelho Maltrapilho - São Paulo. Mundo Cristão, 2005.




todo e qualquer evento da igreja, fazem todos ossacrifícios propostos, além daqueles que ela mesma seimpõe voluntariamente, porque acreditam ser isso

necessário para chamar a atenção de DEUS e satisfazeraltos padrões de santidade. Mais cedo ou mais tardeessa pessoa começará a experimentar os resultadosdesse desequilíbrio emocional e espiritual.

Nestes casos, quase sempre é necessária umaabordagem especial, à luz do Espírito Santo.Invariavelmente, é preciso buscar cura das emoções,que somente o Espírito Santo pode realizar. Se nãohouver essa transformação na alma, a Lei retomará oseu lugar tornando o sacrifício de CRISTO em nadaproveitoso. A Lei diz que devemos fazer coisas para DEUS;a Graça diz que DEUS já fez tudo por nós.

Como é necessário que compreendamos o amor de

DEUS e o aceitemos de forma incondicional! Não temos odireito de rejeitar e condenar aquele que DEUS ama eaceita. Estou falando de mim e de você.

Devemos descruzar os braços, arregaçar asmangas e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance emfavor do Reino, todavia devemos ter clareza de que nadaque façamos motivados por nossa mecânica humana nosporá em lugar especial. O que recebemos de DEUS sãodons irrevogáveis, não vêm de nós mesmos, para queninguém se glorie.

Pois somos feitura dele, criados em CRISTO JESUS paraboas obras, as quais DEUS de antemão preparou paraque andássemos nelas. (Efésios 2.10)

NEUROSES

Em termos gerais, o neurótico é o senhor da



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dúvida. Não bastassem as aflições de ordem psicológicaque podem nos afetar na vida, somos expostos aensinamentos deturpados a respeito de DEUS, que as

podem agravar. Abordagens inadequadas sobre DEUS nosfazem pensar que estamos sempre em falta,constantemente sob condenação e acusação. Issoexplica a multiplicação de cristãos neuróticos. Por causade suas dúvidas, o neurótico sempre sente culpa poralguma coisa, até mesmo por não se sentir culpado por

nada.Bem-aventurado aquele cuja transgressão éperdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventuradoo homem a quem o SENHOR não atribui a iniquidade, eem cujo espírito não há dolo. (Salmo 32.1-2)

A culpa é um tema que interessa tanto à Teologia

quanto à Psicologia. Por isso, este trecho foisupervisionado pela minha esposa, que é psicóloga, paraalgumas compreensões. Nosso objetivo aqui não é aelucidação completa do assunto. A intenção é acenderuma pequena lanterna sobre o problema causado porensinos que nos prendem a inverdades e criam umaimagem de DEUS diferente daquela que a Bíblia procura

mostrar.De acordo com David Kornfield (1997), o

sentimento de culpa é o mal-estar emocional que surgequando reconhecemos que temos errado, ferido oudesapontado alguém, e que agora precisamos sofrer asconsequências. Esse alguém pode ser DEUS, um irmão da

igreja, alguém da família, qualquer pessoa, ou até nósmesmos.



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O sentimento de culpa é sempre desconfortável,mas, em princípio, é saudável, desde que objetivamentenos conduza ao conserto. Nesse caso pode ser entendido

como nada menos do que a voz da nossa consciêncianos apontando um erro específico, sobre o qualprecisamos agir para que seja corrigido. Podemos,portanto, entender que o próprio Espírito Santo nosinfunde culpa, quando erramos, para nos trazer de voltamediante arrependimento e perdão. Isso é muito

saudável. Presumo que foi o que Davi experimentoudepois de errar em relação a Bate-seba e Urias.

Enquanto eu me calei, envelheceram os meus ossos,pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e denoite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor setornou em sequidão de estio. (Salmo 32.3-4)

Porém, não é esse tipo de culpa que tem sido oproblema. Alguns danos psíquicos podem simular umaatmosfera de culpa falsa em nosso interior; uma culpasubjetiva e infundada, que é reforçada pelotradicionalismo religioso.

A culpa falsa é destrutiva, inibidora e genérica, enão aponta para um ato específico nosso. Isso pode

acontecer quando expectativas não bíblicas são elevadasà altura de leis absolutas.

A culpa verdadeira, gerada pelo Espírito Santo, éobjetiva e visa afetar nosso comportamento emdeterminado ponto. Se pecarmos por ter falado mal dealguém, por exemplo, nossa consciência sensível ao

Espírito Santo nos informa rapidamente que é precisoum acerto.



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A culpa falsa, por sua vez, coloca em nosso interioruma sensação ruim, vaga e distorcida, fazendo-nossentir que sempre há algo errado. Parece um fantasma

que assombra a nossa consciência, e quando parece queo pegamos ele escapa entre os dedos, e aí percebemosque não passava de uma imagem irreal. Esse sentimentopode ter pelo menos duas origens. Uma delas pode sernossa própria fragilidade emocional. A outra pode estarem ensinos equivocados sobre os padrões de DEUS e de

como ele nos trata. Esses ensinos nos levam a fazerorações do tipo: Perdoa a minha multidão de pecados...Ora, se pecamos no varejo não podemos pedir perdão noatacado. Não faz sentido pedir perdão por um erro quenão podemos identificar. Essa oração só revela umsentimento terrível de que, por mais que limpemos acasa a sujeira está lá. Esse sentimento é sinal de dano à

autoestima, porque evidencia um sentimento deindignidade.

A reação comum perante a culpa falsa é quasesempre certa: o autocastigo, a autopenitência, osacrifício, a ascese, que servem de atenuadores doincômodo. Essa reação tenta aproximar a pessoa de DEUS

pelo medo, sugerindo que se devem fazer coisas novas ecriativas para um deus tirano, e que o sacrifício pessoal éo melhor caminho para o alcance da excelência desserelacionamento. Esse evangelho estranho temdepositado no interior de muitos crentes a sensação deculpa constante e, por isso mesmo, jamais será eficaz naconstrução do relacionamento que DEUS anseia manter

com seus filhos. Portanto, o encontro de uma almaferida, com baixa autoestima, com os reforços da




religião, que aponta para um deus que acusa, produzefeitos altamente destrutivos.

O pastor Walter Santos Baptista, da Igreja Batista

Sião em Salvador/BA, ensina que “o sentimento de culpa[falsa] constitui um sério problema psicológico eespiritual. É o sentido acusador de fracasso pessoal einterpessoal. Assim, sob a tensão da culpa falsa podemser desenvolvidos padrões neuróticos, ansiedades,temores, autorrejeição, atitudes defensivas que seexpressam em agressão, e outras mazelas. A culpa podeser um distúrbio, um fardo insuportável, machucandoquem é sensível, e prejudicando as relações pessoais;pode ser uma prisão de ansiedade e hostilidade.”

Em resumo, existem quatro sérios motivos deculpa:

1. Pecados já perdoados por JESUS, porém

não perdoados pelos outros: Ocorre quando somosacusados pelas pessoas de pecados dos quais já estamoslimpos pela justificação em CRISTO. Se insistirmos emsatisfazer as expectativas dos outros, isso pode produzirculpa falsa.

2. Pecados já perdoados por JESUS, mas nãopor você mesmo: Tendo sido já perdoado por DEUS, nãonos perdoamos e vivemos alimentando e remoendo aculpa. Parece haver um pequeno inferno dentro de nós,que nos condena e maltrata. Sempre produz culpa falsa.

3. Pecados imaginários: Temos a sensaçãofrequente de estar sob condenação e vivemos com medoda perda de comunhão, porém não conseguimos

identificar com objetividade o ato pecaminoso queocasiona esse sentimento. Produz culpa imaginária e



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neurose.4. Pecados ocultos (encobertos): O pecado

oculto não é o mesmo que pecado desconhecido.

Podemos guardar no coração um erro cometido, porémnão confessado e não perdoado; ou ainda praticarpecado que não temos coragem e força para confessar edeixar. Pior, apesar de nos sentirmos mal sobre isso,esse pecado nos traz certa satisfação e proveito, e porisso desejamos mantê-lo, porém em absoluto segredo

(saiba, porém, que aos olhos de DEUS essa prática estáevidente). Produz culpa verdadeira.Exceto nos casos comprovados de psicopatia

(quando nunca há culpa), possivelmente uma dessassituações causará sensação de culpa num indivíduo. Osdois primeiros tipos geram culpa falsa, e o terceiro, culpaimaginária, provavelmente de origem emocional, e

precisam ser tratadas com aconselhamento e oração.Nestes casos, não há mais débito com DEUS.

Apenas o quarto tipo gera em nós culpa genuína,gerada pelo Espírito Santo em nossa consciência. Nestecaso, só há uma saída: Confessar e deixar. O únicoremédio encontrado na Palavra para esse embaraço

passa longe de soluções humanas e do asceticismo.É isto uma parábola para a época presente; e,segundo esta, se oferecem tanto dons comosacrifícios, embora estes, no tocante à consciência,sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que prestaculto, os quais não passam de ordenanças da carne,baseadas somente em comidas, e bebidas, ediversas abluções, impostas até ao tempo oportuno

de reforma. (Hebreus 9.9-10)



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Esse conflito só pode ser resolvido mediante adecisão destemida de enfrentamento. Muitas vezes,nossas forças são insuficientes. Isso é perfeitamente

normal e compreensível, mas não pode ser desculpapara permanecermos no pecado. Procurar forças paravencer em nós mesmos, em nossas promessas e emnossas boas intenções não ajuda. Muitos irmãos vão àfrente, todos os domingos, depois do apelo do pregador,visando renovar promessas de deixar o vício e caminhar

em retidão. Não demorará muito e a fraquezanovamente acenará, tão forte quanto antes,perpetuando um ciclo vicioso de promessas pessoais,sacrifícios e quedas.

O problema é que algumas de nossas práticaspecaminosas podem ter origem em falhas emocionais,ou mesmo de caráter, e precisam não apenas de perdão,

mas também de cura. Na verdade, DEUS sempre nosperdoa se confessarmos e nos arrependermos, mas se oproblema tiver raízes mais profundas se manifestaránovamente, até que haja cura. Enquanto essa cura nãovier, retornaremos ao ponto de partida, por mais forçade vontade que possamos ter.

A Bíblia nos ensina a confessar nossos pecados aoSENHOR, e, sendo o caso, uns aos outros, para quesejamos curados. A Bíblia fala de amigos mais chegadosque irmãos136, pessoas que nos amam e em quemconfiamos. Pode ser o pastor, nossos pais, umdiscipulador ou um amigo maduro e consagrado. Épreciso confessar. Essa pessoa não vai perdoar o seu

pecado – somente DEUS pode perdoar pecados – ela

136 Provérbios 18.24




vai apenas compartilhar com você suas fraquezas,aconselhar e orar. Creio que o objetivo de DEUS aomandar confessar a um igual, para sermos curados, é o

reforço da imagem de um corpo bem ajustado peloauxílio de juntas e ligamentos. Quando um corpo sofrecom um ferimento infeccionado, os tecidos ao redorauxiliam na restauração, fornecendo calor e sangue(vida).

A ideia de confessar nossas mazelas a um igualtem sido desencorajada em face de nossa tendência aoisolamento e ao medo de sermos expostos à vergonha.Mas não era assim na igreja primitiva. Se agirmos com odevido cuidado e sabedoria, sairemos vitoriosos.

Porque DEUS não nos tem dado espírito de covardia...(II Timóteo 1.7a)

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo

para nos perdoar os pecados e nos purificar de todainjustiça. (I João 1.9)

Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros eorai uns pelos outros, para serdes curados. Muitopode, por sua eficácia, a súplica do justo. (Tiago5.16)

Há quem tenha a horrenda e antibíblica ideia deque DEUS se agrada quando nos castigamos por algo queaconteceu. Isso nada tem a ver com o Evangelho de JESUS.Pecados devem ser confessados, e quando osconfessamos, DEUS nos perdoa, cura e esquece parasempre.

Voltando à culpa imaginária, compreenda que ela é

causada por uma má formação espiritual, por um mauensinamento sobre o caráter de DEUS e por nossa baixa



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autoestima, que nos fazem sentir que estamos sempreem estado deplorável de rejeição e condenação,transformando-nos em verdadeiros e bem intencionados

crentes neuróticos.Imagine o seguinte diálogo entre dois amigos:– Por favor, me perdoa por alguma coisa que tenha

feito a você. Qualquer coisa...– Tudo bem, mas não há nada a perdoar no

momento. Não me lembro de nada... – responde o outro.

Parecendo não ter entendido, continua o primeiro:– Por favor, me perdoa por alguma coisa que tenhafeito. Qualquer coisa...Perdoa todos os meus erros...

– Alguma coisa errada está acontecendo. Sejaobjetivo. O que você fez contra mim para requerer o meuperdão?

– Não sei exatamente, mas alguma coisa me diz

que estou em falta com você... Estou me sentindo mal eposso fazer qualquer coisa para aliviar esse sentimento...– responde o primeiro, desesperado.

É mais ou menos assim que reage a pessoa quesente culpa imaginária. Vive orando a DEUS pedindoperdão pela multidão de pecados, que não sabe

nominar. Quase pede perdão por existir. Toda vez que um sentimento de culpa nos aflige enão podemos identificar objetivamente o que o originou,estamos sendo vítimas de culpa neurótica. Esse tipo deculpa é a pior de todas, porque se baseia em fantasias edúvidas.

Se o Espírito Santo habita em nós e há comunhão,

quando pecarmos ele nos dirá imediatamente, pois eleatua objetivamente em nossa consciência, acendendo




uma luz de alerta que avisa quando estamos em perigo.

E vós possuís unção que vem do Santo e todostendes conhecimento... Quanto a vós outros, a unçãoque dele recebestes permanece em vós, e nãotendes necessidade de que alguém vos ensine; mas,como a sua unção vos ensina a respeito de todas ascoisas, e é verdadeira, e não é falsa, permaneceinele, como também ela vos ensinou. (I João 2.20, 27)

E nisto conheceremos que somos da verdade, bemcomo, perante ele, tranquilizaremos o nosso coração;pois, se o nosso coração nos acusar, certamente DEUS é maior do que o nosso coração e conhece todas ascoisas. Amados, se o coração não nos acusar, temosconfiança diante de DEUS... (I João 3.19-21)

Justificados pela fé, temos paz com DEUS, por nossoSENHOR JESUS CRISTO. (Romanos 5.1)

O que acabamos de ler aqui não deve ser

interpretado como tolerância e brandura com o pecado.Não podemos extrair fragmentos isolados do textobíblico para justificar práticas manifestamentecondenáveis -pelas próprias Escrituras. Um dosproblemas hoje em dia é a tendência das pessoas aoisolamento, fenômeno que fez nascer a ideia de um deusparticular altamente permissivo. Alguns se escondematrás desse deus particular, procurando tranquilizar aprópria consciência, porém esquivando-se do necessárioconserto, dizendo: Meu DEUS sabe. Ele me entende... Comisso, dão lugar à ilusão de que DEUS concorda e tolerasituações sobre as quais a Palavra é clara.

Paulo escreveu que apesar de estar com a

consciência limpa não se considerava justificado, pois



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quem o julgava era o SENHOR e não ele mesmo137. O quepodemos aprender com isso é que nossa sensibilidadeem relação ao pecado poderá variar a partir de nossos

valores e comunhão com DEUS. Por exemplo, fazer umcomentário maledicente, não devolver o troco recebido amais ou folhear uma revista masculina poderá afetar aconsciência das pessoas com intensidades bemdiferentes. Além disso, sabemos que o nosso conceito depecado é fortemente ligado à moral e à ética (bem ou

mal, certo ou errado), e por isso mesmo podemosdesconsiderar, por exemplo, que não ensinar a Palavrapara nossos filhos também é pecado, embora não sejaisso imoral ou antiético. Em sentido geral, pecar é errar oalvo, é ignorar a palavra de DEUS.

Certa vez, um irmão encontrou uma carteira comdinheiro e documentos. Apesar de ter tido condições de

devolver, não o fez, usou o dinheiro e agradeceu a DEUS pela provisão recebida (Isso não foi uma piada). Alguémpoderia dizer: Essa pessoa não tem o Espírito Santo!Será que não? Podemos julgá-lo?

Nós estamos numa jornada espiritual e cada umestá num estágio de maturidade. Isso nos faz concluir

que o pecado é algo que nasce entre uma pessoa e DEUS.Apesar de haver o aspecto objetivo, o subjetivo édeterminante. O nível de maturidade espiritual de umapessoa pode ser medido pela sua sensibilidade à voz doEspírito Santo e pelo comprometimento em obedecê-lo.Por isso há tantas advertências na Bíblia para não julgarmos ninguém. DEUS trata cada um da forma como

quer e no momento certo, porque ele é maior do que o





nosso coração e conhece todas as coisas138. DEUS vê ocenário completo na dimensão da eternidade, nós não. Averdade tem o seu tempo. O sol não aparece de repente

pela manhã. Ele vai surgindo vagarosamente, atéinaugurar o dia. Assim é a vereda dos justos, é como aluz da aurora, que vai brilhando mais e mais, até ser diaperfeito139. Cada um de nós será julgado por DEUS.

Assim sendo, no final das contas, o que importamesmo é que a nossa caminhada com DEUS seja baseadana confiança. Um relacionamento duradouro e saudávelé baseado na confiança. Se acreditarmos que o EspíritoSanto vai nos abandonar no erro sem nos ensinar ocaminho certo, deixando-nos ao sabor do vento e doperigo da condenação eterna, posso lhe garantir queesse não é um relacionamento saudável. Precisamosconfiar em DEUS, pois, como disse o apóstolo João, nisto

conhecemos que somos da verdade, quando o nossocoração nos acusa ao pecarmos; esse é um bom sinal.

Portanto, se o nosso coração não nos acusa, nãohá pecado específico a ser confessado - ao menos porenquanto. Neste caso, tudo o que devemos fazer é pedirao SENHOR que sonde o nosso coração para nos revelar sehá algum caminho mau e esperar140, dando lugar à paz,afastando todo o medo da perda de comunhão e doamor de DEUS, mediante uma consciência pura.

Poderíamos então concluir aquele diálogo assim:– Está bem. Vamos resolver isso da seguinte forma.

Caminhe em segurança. Não se esqueça de que o meuamor por você é incondicional, não depende do que você

138 I João 3.20

139 Provérbios 4.18

140 Salmo 139.24



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faz ou deixa de fazer. Mas procure manter a consciênciapura, praticando a minha Palavra. Quando eu me sentirofendido por algo que você tenha feito lhe aviso

imediatamente. Certo?Esse diálogo retrata uma conversa franca com

DEUS. Não sei o que você pensa sobre o conceito desantidade que DEUS espera de nós, mas a Bíblia ensinaque ser santo é ser separado para DEUS, não é serperfeito e infalível; ser santo é não ultrapassar os limites

de nossa consciência disciplinada pelo Espírito Santo, énão ter do que se envergonhar, é manejar bem a Palavrada Verdade, é caminhar confiante na Graça e namisericórdia do PAI, sem medos ou dúvidas.

Por isso, também me esforço por ter sempreconsciência pura diante de DEUS e dos homens (...)mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns,

tendo rejeitado a boa consciência, vieram anaufragar na fé. (Atos 24.16 e I Timóteo 1.19)

PROBLEMAS COM LIMITES

Três das maiores autoridades quando se fala delimites são os doutores Henry Cloud, John Townsend e opastor David Kornfield, que atua no Brasil nos ministérios

MAPI (Ministério para Apoio de Pastores e Igrejas) eREVER (Restaurando Vidas, Equipando Restauradores).Penso que todos nós deveríamos averiguar, pelo menosuma vez na vida, como estão os nossos limites. Vale apena ler os trabalhos desses homens que DEUS temusado.

O pastor David ensina, em seu livro “Introdução à

Cura Interior” (1998), que podemos experimentardescontrole na alma que pode estar refletindo na nossa




forma de lidar com o dinheiro, com a comida, com otempo, com a realização de tarefas, com a língua, com asexualidade, com álcool ou com drogas.

Dinheiro: Os problemas ligados ao dinheiroaparecem de várias formas: consumismo compulsivo,negligência com o orçamento, estilo de vida acima daspossibilidades, problemas de crédito, costume de pediremprestado aos amigos, planos ineficazes de poupança,trabalhar mais para pagar as contas e serexcessivamente tolerante com gastos.

Comida: Tanto os glutões crônicos como osobstinados têm um problema com limite interno. Deforma geral, os que comem além do necessário podemser vítimas de descontrole emocional.

Tempo: Muitas pessoas acham que têm o controletotal do tempo, mas vivem infringindo os prazos. Por

mais que se esforcem, elas veem o dia – todos os dias –escapar. As horas nunca são suficientes para queterminem as suas tarefas. A palavra cedo não parecefazer parte de sua experiência.

Língua: A língua pode ser uma bênção quando ausamos para agradar, identificar, incentivar, alertar osoutros e resistir-lhes. Pode ser uma maldição quandousada para falar sem parar e evitar intimidade, dominara conversa de propósito, fofocar, fazer comentáriossarcásticos, indiretamente expressando hostilidade,ameaçar, bajular e seduzir.

Sexualidade: À medida que os cristãos se sentemmais à vontade na igreja para expor com sinceridade

seus problemas espirituais e emocionais, as questõessexuais surgem com mais frequência. Esse tipo de



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problema inclui masturbação, relações hétero ouhomossexuais compulsivas, pornografia, prostituição,exibicionismo, voyeurismo, telefonemas obscenos,

libertinagem, assédio sexual infantil, incesto e estupro.Álcool e outras drogas: Esses causam

consequências mais visíveis e devastadoras na vida dosviciados: divórcio, desemprego, ruína financeira,problemas de saúde e morte são as consequências daincapacidade de estabelecer limites nessa área.

Kornfield continua: Diante desse descontrole (quepode ser entendido como falta de domínio próprio),sentimos que um simples “não” não funciona comogostaríamos. O “não” funciona bem para impor limitesaos outros, mas em relação a nós mesmos ele falha.

Desde a queda do homem no Édem, nossosinstintos são de nos afastar dos relacionamentos quando

estamos com problemas, no momento em que maisprecisamos da outra pessoa. Por falta de segurança,medo de perda da Graça, vergonha ou orgulho, retraímo-nos em vez de nos abrirmos quando estamos comproblemas. Eclesiastes 4.10 diz: Ai do que estiver só,pois, caindo, não haverá quem o levante.

Somente quando a tentativa de encontrar umasolução falha é que, por fim, percebemos que a dor e ofardo espiritual precisam ser revelados ao Corpo deCRISTO. Para quem se isola, nada parece mais assustador,incerto ou desaconselhável do que o compartilhamento.Essa pessoa precisa sentir-se bastante segura antes dearriscar revelar seus problemas espirituais e emocionais

a alguém, mas precisa fazê-lo.A Bíblia não reconhece nenhuma outra resposta




para nossos problemas fora da Graça. A Graça precisa virde fora para que possa ajudar e curar. Exatamente comoo ramo que seca sem a videira141, não podemos cultivar a

vida nem o restabelecimento emocional sem nosrelacionarmos com DEUS e com as pessoas. DEUS e seupovo são o combustível, a fonte de energia à qual todoproblema deve ser levado. Precisamos estar ligados peloauxílio de todas as juntas142 do Corpo de CRISTO para sarare crescer.

Qualquer que seja o nosso problema com limites ecom o pecado crônico, não podemos resolvê-lo a partirdo nada. Se pudéssemos, é o que faríamos. Sepudéssemos encontrar solução em nós mesmos, emnossas boas intenções e esforços, não haveria tantosnesta situação. Quanto mais nos isolarmos, mais difícilserá a nossa luta. Assim como um tumor não tratado

pode se tornar um câncer, os problemas com limitesinteriores piorarão quanto maior for a solidão.

Procuramos usar a força de vontade para resolvernossos problemas com limites. Eu resolvi o problema! –disse um irmão animado com a recém-descoberta vitóriasobre seu hábito de gastar muito. Cristão dedicado elíder na igreja, ele andava muito preocupado com aconfusão de suas finanças. Eu fiz um voto a DEUS e a mimmesmo de que nunca mais gastaria além de minhaspossibilidades! É tão simples, mas tão verdadeiro!

Na semana seguinte, ele apareceu desanimado.Não pude me conter, lamentou. Saí e comprei móveisnovos. O único problema era que não tínhamos dinheiro

141 João 15.1-6

142 Efésios 4.16



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para isso. Acho que não tenho jeito.É claro que ele tem jeito, mas sua filosofia, popular

entre os cristãos, não funciona. Ele usava força de

vontade e promessas pessoais para resolver seusproblemas com limites, o que tem sido comum nocombate de comportamentos descontrolados.

O método da força de vontade é simples. Seja qualfor o problema comportamental, apenas pare com ele.Em outras palavras, basta dizer não. Esse método está

cheio de frases como pare, diga não e prometa nuncamais fazer isso, repita comigo, e coisas do tipo, tudo emnome de JESUS, como se o nome de JESUS pudesse serusado para realizar algum tipo de mágica.

O problema é que esse método faz da vontade umídolo, algo que DEUS jamais desejou. Da mesma formaque nosso coração e nossa mente são corrompidos pelo

pecado, nosso poder de fazer a escolha certa também é.A vontade só é aperfeiçoada pelos relacionamentos; nãobasta fazer promessas. DEUS disse a Moisés queencorajasse e fortalecesse Josué143; não pediu que Moisésaconselhasse Josué a apenas dizer não.

Se dependermos apenas da força de vontade,

possivelmente fracassaremos. Estaremos negando opoder do relacionamento prometido na cruz. Se nossavontade de vencer o mal bastasse, obviamente nãoprecisaríamos de um Salvador144. A verdade é que só aforça de vontade é inútil diante de certos problemas.

As práticas de autoflagelação, que parecem ser tãoespirituais, também não impedem o comportamento

143 Deuteronômio 3.28





descontrolado. A porção sem limites da almasimplesmente fica mais oprimida sob a dominação davontade e se rebela. Sobretudo depois de fazer

afirmações como nunca mais e sempre farei, passamos aagir motivados pela vingança contra a carne, que nãotem poder de produzir mudança permanente. Emboraatitudes corajosas realmente sejam o ponto de partidapara a solução desses problemas, a simplesdeterminação de uma pessoa de nunca mais se atrasar,de deixar a pornografia, de comer demais, não serãocuradas à força, com promessas ou dietas especiais.

Sobre sexualidade, em especial, suponho quevalha a pena dar uma olhada em “A Batalha de TodoHomem: um guia para homens sobre como vencer astentações sexuais”, de Arterburn & Stoeker. Esse livro foiescrito para homens, mas também pode ser proveitoso

para as mulheres na compreensão da alma masculina,uma vez que encoraja a esposa a auxiliar seu marido naluta contra tentações sexuais.

Na mesma linha, Shannon Ethridge escreveu “ABatalha de Toda Mulher”. Considerar a mulher casadaabsolutamente imune aos efeitos da cantada de outrohomem é uma demonstração de total falta deconhecimento da natureza humana. A experiênciadesses autores mostra, sem rodeios, a necessidade quetodos nós, homens e mulheres, temos de fazer aliançacom os olhos e com os ouvidos no caminho daintegridade sexual.

9Sem fé éimpossível

agradar a Deus



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Você percebeu que a todo o momento nosreferimos à fé. Por isso, acho que este capítulo vaiauxiliá-lo na compreensão daquilo que proporciona onosso relacionamento com DEUS.

Antes, os ritos e ordenanças eram fundamentais,ainda que precariamente, para orientarem as pessoas aDEUS, porém, agora removidos, somente o Espírito Santodetém a primazia e a exclusividade dessa tarefa, atravésda fé.

Para melhor compreensão do que seja fé,refletiremos a partir de alguns textos bíblicos, sem a

pretensão de dar-lhe melhor definição do que a queencontramos em Hebreus 11.1: Fé é o firme fundamentodas coisas que se esperam e a prova das coisas que nãose veem.

Essa é a definição técnica de fé. A partir do versoseguinte é que o escritor aos hebreus começa a tratar a

fé na relação homem/DEUS, deixando subentendido queela está ligada à essência do ser humano, o que nos levaa concluir que o homem é um ser essencialmenteespiritual. O homem tende a se ligar intuitivamente àesfera espiritual, a um âmbito que se encontra além doque vê. Porém, sem a direção correta, pode dar lugar asuperstições, que nada mais são do que tentativas de

explicar e preencher o vazio que tem dentro de si emrelação ao seu elo com o espiritual, eventualmente mal




resolvido.Discussões sobre dicotomia145 ou tricotomia146

acrescentam pouco à espiritualidade do ser humano. A

ideia de que JESUS sempre olhou para o homem como umser integral é bem mais apropriada (Mateus 15.32,Marcos 6.36, Lucas 9.12). Passagensveterotestamentárias corroboram (Provérbios 12.25;13.22). A pessoa humana deve ser vista em suatotalidade, não como um composto de “partes”, mascomo uma “peça” só que atua por inteiro, apesar decoexistirem os aspectos material e imaterial em suasubstância. O aspecto físico sofre processo degenerativoconstante, de forma que começamos a morrer logo quenascemos. O imaterial (espiritual) não; esse subsistirápara a vida eterna ou morte eterna. Em CRISTO, o espíritose renova dia após dia. Portanto, a nossa essência não

está no físico, está no espiritual. Por isso, é do aspectoeterno que devemos cuidar com maior zelo.

Paulo reforçou essa ideia em I Timóteo 4.8: Oexercício físico é de pouco proveito; a piedade, porém,para tudo é proveitosa, porque tem promessa da vidapresente e da futura. Quando o apóstolo disse que oexercício físico é de pouco proveito, não estava dizendoque se exercitar e cuidar do corpo sejam inúteis. Disseapenas que a nossa prioridade deve estar namanutenção de uma boa forma espiritual. O capítulo 4de I Timóteo fala de falsos ensinos e da apostasia que jáse avantajavam em normas, proibições sem sentido e

145 Conceito teológico que ensina que o homem é formado por dois elementos, a saber, corpo ealma (alma e espírito seriam a mesma coisa).

146 Conceito teológico que ensina que o homem é formado por três elementos, a saber, corpo,alma e espírito.



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em fábulas profanas. Tentar alcançar DEUS com exercícioscorporais (disciplina com o corpo) já se revelava partedesse desvio.

Minha mãe me dizia que se eu deixasse o chinelovirado para baixo ela poderia morrer. Passar por baixode escada dá azar, dizia a minha avó. Vejo as pessoasbaterem três vezes na madeira quando dizem algumacoisa que não querem que aconteça. Por mais cético quealguém possa ser, diante de sérias dificuldades sempre

exclama: Meu DEUS!O mais descrente dos seres humanos, no fundo,confessa algum tipo de crença em algo que não podever. A própria esperança pode ser entendida comoespécie de fé. Os povos mais primitivos e isolados olhampara a criação e de alguma forma sabem que há um serque governa tudo. Uma voz interior lhes comunica isso.

Essa percepção é própria do ser humano. A fé que temosnos leva a percebermos essas coisas, mesmointuitivamente. Portanto, todo homem tem fé, nem queseja no nível mais elementar.

Herbert Viana, na música Alagados, retrata essequadro, quando canta: a arte de viver da fé, só não se

sabe fé em quê... As crendices, que ninguém sabeexplicar direito de onde surgiram, não têm o poder detransmitir paz ao homem. Muito pelo contrário,comunicam aprisionamento, insegurança, insensatez emedo. Estudiosos da matéria abordam esse problema doponto de vista da cultura, do folclore e dotradicionalismo. Não importa. As superstições só

evidenciam o que a Bíblia diz, que o ser humano édotado de espiritualidade. As crendices ligam o homem




ao sobrenatural, mas não é exatamente esse o plano deDEUS.

É possível que o homem tenha fé sem que esta

seja dirigida ao DEUS Criador, e será fé do mesmo jeito.Por outro lado, para se relacionar com o DEUS Criador énecessário que o homem tenha fé. Então,resumidamente, para que haja relação do homem comDEUS, seja em que nível for, é requisito primordial que ohomem manifeste fé, porém a simples existência de féno homem não é prova de que vivencia relacionamentocom DEUS.

Algumas vezes dizemos que determinada pessoatem muita fé, ou pouca fé. O próprio JESUS disse, emvárias ocasiões, que seus discípulos tinham pouca fé, eem Mateus 8.5-10 fez vivo elogio a certo centurião pelademonstração de tanta fé.

JESUS oferece paz ao homem, não a paz que omundo dá, que se traduz em saúde e dinheiro no bolso.Essas coisas não têm o poder de transmitir pazverdadeira. Quem experimenta o amor e a paz que JESUS dá sabe que é algo que não se pode demonstrar. Osnossos atos de caridade, mesmo os mais expressivos esilenciosos, não passam de uma pálida amostragem doamor do PAI por nós. A paz de DEUS é água que sacia asede de tal forma que não sentimos mais sede. Quandopecamos perdemos momentaneamente essa paz eexperimentamos completo desespero.

Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la doucomo o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração,nem se atemorize. (João 14.27)

Há um espaço em nosso interior que só DEUS pode



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preencher. Qualquer tentativa de ocupar esse lugar deoutra maneira será frustrante. Quando o homem éconvencido de que deve arrepender-se e crer no

Evangelho do SENHOR JESUS CRISTO, é que esse branco épreenchido e o homem passa a fruir a paz. Essa é umaobra exclusiva do Espírito Santo.

No sul dos Estados Unidos do final do Século XVIII,a comunidade cristã quase não utilizava a expressão“nascido de novo”. A expressão equivalente era “fui

tomado pelo poder de uma grande afeição”. O impactodessa expressão é mais bem compreendido seconsiderarmos que affection (afeição) tambémsignificava moléstia ou perturbação. Essa expressãocontundente é reforçada com um velho provérbio russoque diz: Aqueles que contraem a moléstia chamada JESUS jamais serão curados. Esse trocadilho é chocante, mas é

inegável que carrega singela beleza. O amor de DEUS écomo um vírus que se alastra, e para essa moléstia omais indesejável é a cura.

A FÉ SEM O AMOR NADA É

E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecessetodos os mistérios e toda a ciência, e ainda quetivesse toda a fé, de maneira tal que transportasseos montes, e não tivesse amor, nada seria. (ICoríntios 13.2)

A fé não é um fim em si mesma, não éautossuficiente, nem soberana. O amor, no final, é queprevalecerá sobre todas as coisas, incluindo a fé. É

verdade que sem fé é impossível agradar a DEUS147

, mas

147 Hebreus 11.6




também é verdade que a fé sem o amor nada é.Portanto, a fé sem o amor é vazia e não agrada a DEUS, eo amor sem fé é um romantismo ingênuo e

consequentemente também não agrada a DEUS, pois nãocontribui eficazmente para os planos divinos.

O que lemos em I João 4.8 traz bastante luz paraum entendimento importante. Veja: Aquele que não amanão conhece a DEUS, porque DEUS é amor. Com esteversículo em mente, releia I Coríntios 13.2 da seguinteforma, substituindo a palavra amor por DEUS:

E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecessetodos os mistérios e toda a ciência, e ainda quetivesse toda a fé, de maneira tal que transportasseos montes, e não tivesse DEUS, nada seria.

Veja como podemos agora compreender mais

claramente o motivo pelo qual DEUS, ao criar o homem,dotou-lhe de fé. DEUS, quando nos fez, colocou dentro denós a capacidade de crer no que não podemos ver,unicamente com a finalidade de que fosse o meio peloqual viéssemos a nos relacionar com ele. Portanto, a féencontrada nos homens é uma ferramenta que deve serutilizada corretamente. Todas as coisas a nossa volta

parecem setas luminosas que apontam para DEUS, e issosó é possível perceber com a fé que DEUS colocou emnós.

Não sendo DEUS um tirano ditador e manipulador depessoas, também deixou ao homem e à mulher aprerrogativa de escolherem em quem ou no que crer. No

Induísmo as pessoas creem em ratos, vacas e milharesde deuses; a religião admite que podemos venerarimagens de gesso; os efésios idolatravam Diana, mas



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nenhum desses ídolos pode se encaixar perfeitamenteno lugar preparado para DEUS no coração humano, e ohomem se debaterá até que terminem os seus dias, a

menos que seja confrontado com o Evangelho, searrependa de seus pecados e se reconcilie com DEUS,convidando-o a ocupar o lugar que foi preparado paraele. Só então gozará a paz que tanto busca.

No céu está o nosso DEUS e tudo faz como lhe agrada.Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de

homens. Têm boca e não falam; têm olhos e nãoveem; têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e nãocheiram. Suas mãos não apalpam; seus pés nãoandam; som nenhum lhes sai da garganta. Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantosneles confiam. (Salmo 115.3-8)

NÍVEIS DE FÉ

Então nossa fé deve ser utilizada para orelacionamento com o DEUS vivo, que reabriu ao homemo caminho por meio de JESUS CRISTO. Não há outromediador, nem medianeira.

Não se turbe o vosso coração; credes em DEUS, credetambém em mim. (João 14.1)

...obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossaalma. (I Pedro 1.9)

Se toda nossa fé não for catalisada e apontadapara o único DEUS, ao qual somente temos acesso por JESUS CRISTO, será simplesmente desperdiçada e resultaráem nada. Portanto, o homem somente se torna

espiritualmente completo quando encontra o caminhoque o conduz a DEUS, utilizando sua fé em JESUS CRISTO.



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Existem muitas formas de demonstrar ofuncionamento da fé. O que vamos ver adiante é, dentremuitos, mais um esquema que pode nos ajudar nessa

compreensão.

1º nível de fé: Para crer que DEUS existe.Ora, sem fé, é impossível agradar-lhe; porque énecessário que aquele que se aproxima de Deuscreia que ele existe, e que é galardoador dos que obuscam. (Hebreus 11.6)

É o nível mais elementar e pode ser chamado de fénatural. Embora nem todos creiam em DEUS, todospodem crer que DEUS existe.

É a mesma fé que permite embarcar num aviãocom relativa confiança de que os motores funcionarãobem e que o piloto saberá conduzir a aeronave até o

destino final. Você não tem outra forma de se certificardisso, restando-lhe simplesmente acreditar. Sem esta fépraticamente não seria possível viver neste mundo erealizar coisas simples.

2º nível de fé: Para crer a respeito dasalvação.

Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, eem teu coração creres que Deus o ressuscitou dosmortos, serás salvo. Visto que, com o coração se crêpara a justiça, e com a boca se faz confissão para asalvação. (Romanos 10.9-10)

Evidencia a atuação ativa do Espírito Santo nocoração do pecador, que o leva a desejar se aproximar

de DEUS. É a mesma fé que o ladrão da cruz manifestouao se humilhar nos seus últimos minutos de vida. É




bastante para a salvação. Aquele homem por certo jásabia que DEUS existia e então resolveu dar um passoadiante. Feito isto, recebeu imediatamente a resposta do

SENHOR: ...hoje mesmo estarás comigo no paraíso. (Lucas23.43)

Esse tipo de fé ocorre pelo ouvir a palavra de DEUS.Ouvindo a palavra, começa a brotar no coração a fé parasalvação.

De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra

de Deus. (Romanos 10.17)

3º nível de fé: Para crer que se pode pedir o quequiser.

Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavrasestiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, evos será feito. (João 15.7)

Permite à pessoa desenvolver um relacionamentomais íntimo com DEUS, uma vez que já há segurança paraexpor a DEUS o que deseja o coração. É a fé que permitenos relacionarmos com DEUS como filhos.

Nessa altura fica evidente que a palavra de DEUS jáatua eficazmente na pessoa, como uma semente quedeu bons frutos. É preciso, todavia, considerar o que

dizem João 14.13 e 16.23-24. O que pedimos somente éconcedido para que nossa alegria seja completa e DEUS seja glorificado, e isso está no âmbito da soberana eperfeita vontade de DEUS.

Receber o que pedimos a DEUS depende de fé, massão condicionados e não há garantia de que seremos

atendidos. Embora possam ser legítimas, muitas denossas petições não agradam a DEUS, servindo apenas



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para nosso deleite148. DEUS também diz não, e issotambém é uma resposta e uma bênção.

4º nível de fé: Para crer que se cumprirãocabalmente as promessas de DEUS.

Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indopara um lugar que havia de receber por herança; esaiu, sem saber para onde ia. Pela fé, habitou naterra da promessa, como em terra alheia, morandoem cabanas, com Isaac e Jacó, herdeiros, com ele, damesma promessa; porque esperava a cidade que

tem fundamentos, da qual o artífice e construtor éDEUS. Pela fé, também, a mesma Sara recebeu avirtude de conceber, e deu à luz já fora da idade,porquanto teve por fiel aquele que lho tinhaprometido. (Hebreus 11.8-11)

Creio que este seja o nível mais excelente de fé. Todo o trabalho de DEUS em nossa vida é para nos levar

ao relacionamento com ele.Num relacionamento há mais intimidade e

confiança. Somos então capazes de viver os planos deDEUS para nossa vida, pelo cumprimento de promessas.Há promessas em nível pessoal e universal (para todosindistintamente).

Nessa altura, DEUS

promete algo a nós, e mesmoque pareça impossível, ele espera que creiamos que secumprirá, apesar das circunstâncias. Foi assim com Noé,com Sara, Davi, Esdras, Maria e muitos outros.

Porém, é preciso que saibamos que as promessasem nível pessoal nunca serão incoerentes com osprincípios de DEUS já revelados na Palavra. É necessário

discernimento para saber se a promessa vem do SENHOR e

148 Tiago 4.3




não é fruto de nossos anseios pessoais. Muitos sonham e julgam que o SENHOR tem compromisso de realizá-los.

Porém, se DEUS plantou no seu coração uma

semente, ele é fiel e fará o que disse. Duvidar dele é omesmo que dizer-lhe que não é capaz de fazer o quedisse que fará. Portanto, ante ao menor sinal de dúvida,pois somos falhos e às vezes fraquejamos na fé,devemos pedir a DEUS que confirme a promessa e sermossinceros com ele, dizendo que não temos conseguidoesperar e crer como gostaríamos, e o PAI cuidará denosso coração e o preparará para a efetiva posse dapromessa, no tempo certo.

AUMENTA A MINHA FÉ!

...também nos gloriamos nas tribulações; sabendoque a tribulação produz a paciência, e a paciência aexperiência, e a experiência a esperança; e aesperança não traz confusão, porquanto o amor deDEUS está derramado em nossos corações, peloEspírito Santo que nos foi dado. (Romanos 5.3-5)

Algumas vezes julgamos que nossa fé é pequena epedimos ao PAI que a aumente. Quando fazemos isso,

embora pareça consciente, não temos perfeita noção doque estamos pedindo. Pensamos que ao dizer amém nofinal da oração nossa fé estará automaticamente maior.Ledo engano. O método de DEUS para aumentar nossa féé bem diferente. Na verdade, DEUS já faz esse trabalho atodo o momento, permitindo circunstâncias em nossas

vidas para que nossos músculos espirituais sejamexercitados e desenvolvidos.O próprio DEUS, que sempre termina a obra que



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começa, cuida de trabalhar nas situações nas quais semanifestará, possibilitando meios para alcançarmos suaspromessas. É necessário que haja de nossa parte a

decisão de crer. Na Bíblia encontramos várias citaçõesnesse sentido. A fé vem pelo ouvir a Palavra, e crer napromessa depende de um saber e de uma decisão. Nãotem nada a ver com emoção, portanto não importa o quevemos ou sentimos. Para crer devemos gerar em nossoespírito a certeza objetiva de que a palavra de DEUS se

cumprirá no devido tempo.



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Estamos chegando ao fim. No início, abordamos anecessidade de se buscar o confronto de tudo com aprova da verdade, para não incorrermos no erro dasuperficialidade e cairmos em armadilhas ideológicas deensinamentos de homens. Como disse Richard Foster, asuperficialidade é a maldição de nosso século149.

Em seguida, abordamos o problema ocasionado

por algumas normas religiosas, cristalizadas ao longo demuitos e muitos anos, que têm servido de empecilhos aofluir da vida de DEUS. Dentre todas, escolhemos o ensinodo rigor das dietas especiais para exemplificar quepodemos estar presos a práticas sem sentido por nãorepresentarem com fidelidade o que a Graça de DEUS

comunica.Na sequência, conversamos um pouco sobresacrifícios e tentamos expandir um pouco mais algunsensinos correntes na igreja, especialmente os quepropõem a realização de obras meritórias, que utilizam amecânica humana na busca por DEUS.

Por fim, nesta última parte, trataremos

149 In Celebração da Disciplina (Deerfield. Vida, 1983), p. 9.

1Um pouco de fermento…




rapidamente de alguns outros temas que podem serinteressantes à reflexão. A intenção é sempre o estímuloao pensamento, afastando, sempre que possível, ideias

prontas e preconceituosas, viciadas com o tempo, quepossam ter se alojado em nossa mente.

É importante que estejamos embasados naquiloque afirmamos ou repetiremos bobagens em umgigantesco telefone-sem-fio, transformando incoerênciasem supostas verdades bíblicas.

Mas agora, conhecendo a DEUS, ou, antes, sendoconhecidos de DEUS, como tornais outra vez a essesrudimentos fracos e pobres, aos quais de novoquereis servir? (Gálatas 4.9)

A CASA DE DEUS

O tabernáculo na primeira aliança eraprecariamente a casa física de DEUS, por acolher a arcada aliança. O SENHOR já havia dito a Davi que não habitaem templo feito por mãos de homens150. O tempo passoue JESUS trouxe outra compreensão a esse tema, mas aindaassim, hoje alguns se referem ao prédio onde se reúne acongregação como Casa de DEUS.

Jacó deu o nome de Betel (lugar em que DEUS

habita) ao local onde prevaleceu na luta com o Anjo. Elefez assim para marcar aquele acontecimento para asgerações futuras, marcando o local em que seu nome foimudado e o SENHOR ali esteve. Tanto que já havia umaBetel antes desse episódio151. Ou seja, onde DEUS realizasse algo memorável era possível chamar-se Betel.Além disso, DEUS fala através de Amós que não se deve

150 Atos 7.48-50 e I Coríntios 3.17

151 Gênesis 12.8



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buscar Betel, isto é, um lugar especial para o encontrocom DEUS. Ele diz, buscai-me e vivei, apontando para simesmo e nunca para um lugar152.

No Novo Testamento encontramos uma únicareferência à expressão Casa de DEUS, que está em I Timóteo 3.15. Nela, Timóteo se refere à igreja comoCorpo de CRISTO, atual Betel, onde DEUS habita, age, semanifesta, se faz presente, e não ao templo físico, dealvenaria, vidros e mármores. Muitos não compreendem

isso e reverenciam prédios, desfigurando o ensino deCRISTO seguindo o tradicionalismo judaico, que por suavez recebeu forte influência do paganismo nesse quesito(muitas outras doutrinas religiosas reverenciam lugarese edificações por influência do paganismo). A religiãoestimula o respeito por templos, por considerá-los locaissagrados.

As pessoas se referem à igreja local como a Casade DEUS e dizem vamos à igreja. É compreensível osignificado cultural dessa expressão, mas é precisodesatar esse nó pela compreensão de que se trata dafalsa premissa de que a igreja é um lugar aonde se podeir, da mesma maneira como se vai a uma festa ou ao

supermercado. JESUS não fala da igreja como um lugaraonde se vai, mas como um modo de viver na relaçãocom ele e com os que o seguem. Quando tratamos aigreja associando-a à ideia de um lugar de cultos que sãorealizados semanalmente, perdemos o significadoprofundo do que seja viver como Corpo de CRISTO. Issopode dar uma falsa noção de segurança, fazendo com

que as pessoas achem que comparecer a um encontro

152 Amós 5.4-5




regular no templo as torna integradas ao Corpo de CRISTO,mas essa é uma ideia falsa153.

Reverenciar templos sob o argumento de serem

habitação de DEUS não é novidade, os fariseus já faziamisso. Eles defendiam os seus edifícios com violência. Osurpreendente é percebemos que pouco mudou, apesarde o Evangelho estar sendo pregado há mais de dois milanos. Veja o que Estêvão disse, antes de o apedrejarematé a morte154. Foi depois disso que o atacaram. Aspessoas são muito sensíveis em relação aos seusprédios, principalmente quando acham que DEUS habitaneles. O Evangelho nos liberta da ideia de que DEUS reside em um local determinado. Não temos de pensarque DEUS está encerrado em um templo, disponível parapessoas especiais em ocasiões especiais, nos dias ehorários que nós escolhemos155.

A verdadeira habitação de DEUS é o Corpo de CRISTO.O céu é o seu trono, e a terra o estrado dos seus pés.Porém, DEUS atua objetivamente por meio de nós,individualmente156, e em sentido mais amplo, por meioda Igreja, Corpo de CRISTO157.

Não sabeis vós que sois o templo de DEUS, e que o

Espírito de DEUS habita em vós? (I Coríntios 3.16)

O local físico de realização de cultos e celebrações,no contexto neotestamentário, não merece reverêncianem mesmo quando nele estiverem reunidos os filhos de

153 Argumento extraído de Por que você não quer mais ir à igreja? (p. 196).

154 Atos 7.48-50155 Jacobsen, 2009


157 I Timóteo 3.15



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DEUS, pois não é mais do que um amontoado de tijolos emobília, tal qual a sala de nosso apartamento. Areverência nos cultos deve ser devida, sempre e sempre,

à presença do Altíssimo.

A REVERÊNCIA

No afã de conferirem beleza às celebrações ereverência nos cultos, muitos líderes têm sugeridovestuário e certas atitudes julgando que com issoagregarão ao culto algum valor espiritual. Algunsdirigentes não permitem que pessoas subam àplataforma sem o social completo (terno e gravata).

Com esteio nas escrituras, ante a santidade plenado PAI, tudo o que vale realmente é o que vai no coração.Davi dançou nu e Pedro se cobriu imediatamente quantoviu JESUS, numa pescaria (II Samuel 6.20 e João 21.1-7).

Vestir-se com determinado traje visando expressaro melhor a ser oferecido ao SENHOR é não somenterecomendado como também esperado de todos os queconfessam amar a DEUS, porém tal zelo não deveria serimpingido e revelar-se em peso, com regramentosuniformizadores, desconsiderando que reverência é algoque precisa ser exercido em nível exclusivamentepessoal. Uma é a reverência a DEUS, outra é a reverênciaao templo e à instituição religiosa. A primeira nada tem aver com a segunda. Confundir essas coisas tambémajuda a infundir na mente das pessoas uma imagemfalsa de DEUS, que vê o coração158.

Lembro-me de quando servia como tesoureiro em

uma congregação no Rio de Janeiro, recebia

158 I Samuel 16.7




mensalmente a contribuição de uma irmã em notassempre novas. Um dia, conversando com ela, indagueisobre essa curiosidade. Ela me esclareceu que para as

ofertas buscava no banco notas novas, porque para oSENHOR tinha de ser o melhor - explicou. Fiqueiimpressionado com aquele pensamento e aprendi umpouco mais do que possa ser reverência. Tenho comigoque o SENHOR muito se agradava dessa atitude de amor,que era feita em secreto. No silêncio, ela adorava.Dinheiro novo e dinheiro velho valem o mesmo tanto, eela sabia disso. O que se destaca aqui é a formaencontrada por esta mulher para expressar suareverência, oferecendo dinheiro que ainda não havia sidousado.

Imposições externas geram uma reverênciaartificial e inválida para quem é dirigida.

É necessário instruir as pessoas incansavelmenteacerca da santidade do SENHOR, infundindo-lhes os valoresdo Reino, e logo o temor e respeito começarão a sermoldados em seus corações. O resultado será umalinguagem, vestuário, penteados, ornamentos emaquiagens santos, gerados no homem interior peloEspírito, e não pelas normas sociais e pelotradicionalismo.

OS LEVITAS

Os levitas foram os da tribo de Levi, uma das dozedo Israel antigo. Aos levitas não coube herançaterritorial. A eles foi confiada a linhagem sacerdotal, a

manutenção do tabernáculo, o transporte da Arca daAliança e as ministrações. Ao longo do tempo, emvirtude dos exílios de Israel, a organização em tribos



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perdeu a forma, mas a sua importância jamais sedesvaneceu, sobretudo quanto aos levitas.

No contexto neotestamentário, mais

especificamente no meio eclesiástico, onde predominamos gentios, não há que se falar em levitas. Porém, aindatem-se tomado emprestado essa qualificação emreferência aos que estão ligados à música nacongregação. Infelizmente, apesar da beleza querevestia o ministério levítico e de também ser verdade

que o louvor era uma das incumbências dos levitas159

,esse também não deixa de ser mais um equívoco denosso tempo.

Se ainda se quer tomar emprestado o termo levitapara designar alguma atividade na congregação, deveriaser aplicado a todos os que exercem alguma funçãoministerial no Corpo de CRISTO. Mas não tem sido assim, e

ao que parece, esse equívoco ainda contribuiu para odestaque, na igreja, de uma estirpe especial: os músicos.Os músicos têm sido considerados elementosespecialmente dotados por DEUS, mais talentosos e maisprestigiados.

É sabido que a musicalidade não é inerente a todos

e que nem sempre pode ser aprendida. Mas isso ocorretambém com os demais dons e talentos. Há pessoas quenascem para a música, e esse talento pode ou não setransformar em ministério no Corpo de CRISTO. Bruna,minha filha, por exemplo, aprendeu violão e fez acordesde uma música inteira, em apenas três dias, sem terrecebido aulas. Ou seja, que os músicos são especiais

não há qualquer dúvida, mas não mais do que qualquer

159 I Crônicas 23.5




outro obreiro que exerça seu talento e dons espirituais160.Em Efésios 4.11 em diante, encontramos os cinco

ministérios essenciais, todos considerados de igual

importância para o aperfeiçoamento dos santos. Em ICoríntios 12.12 em diante aprendemos sobre aarquitetura da igreja, que fora idealizada por DEUS comoum corpo, cujos membros são interdependentes, unidospor ligaduras espirituais, afastando a ideia de que umseja mais relevante do que outro. Os pastores, osmissionários, os professores, os profetas, os apóstolos,bem assim os intercessores, os diáconos, os quepreparam a ceia, os serventes, enfim, todos sãoelementos de um sistema harmônico, sendo os músicosapenas parte dela.

Quando o salmista disse que DEUS habita no meiodos louvores, no Salmo 22.3, referiu-se aos louvores de

Israel, o que, hoje, aplica-se extensivamente à igreja.Logo, referiu-se aos louvores do povo e não somente dosmúsicos. Apocalipse 4.8 nos informa que há incessantelouvor nos céus e que DEUS habita nesse meio, por issoDEUS habita no meio dos louvores da sua criação.

É confiada aos músicos a responsabilidade deministrar louvores e conduzir a congregação ao louvor eà adoração, e essa tarefa deve ser exercida com omesmo esmero que um pastor prepara seus sermões, omissionário a sua estratégia evangelística, e ainda com amesma paixão com que o introdutor cumprimenta umvisitante. Não há encargos mais nobres que outros noReino, e sim níveis de responsabilidade diferentes.

Lúcifer (expressão não encontrada na Bíblia, que

160 Números 1.47-54; I Coríntios 12.1-12



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quer dizer anjo de luz), ao contrário do que se diz por aí,provavelmente nunca foi ministro de louvor no céu etampouco regente de algum coral celestial. Não existe

respaldo bíblico que sustente esse entendimento. Aqualificação máxima atribuída a Lúcifer está em Ezequiel28.14: querubim da guarda ungido. Evidentemente, essaqualificação não lhe é mais inerente.

O entendimento de que Lúcifer era um músico vemde Ezequiel 28.13, que é mais um trecho em que houve

certa dificuldade na tradução. Algumas edições trazemas expressões engastes e ornamentos e outras,tambores e pífaros. As primeiras ligam Lúcifer à beleza, eas segundas à musicalidade. Apesar da dificuldade deEzequiel 28.13, encontramos ligação de Lúcifer com amúsica em Isaías 14.11, mas, de qualquer forma, é frágila argumentação de que Lúcifer foi especialista em

música, ministro de louvor, e tampouco regente dealgum coral celestial. Essas afirmações não passam dededuções bastante escorregadias e não merecemcrédito.

O problema de afirmações como esta, queparecem inofensivas, acabam formando na mente das

pessoas a ideia de que os músicos são mais especiais doque outros, já que supostamente o próprio Satanás eramúsico, e sendo agora um anjo caído procura afligir commais intensidade os seus oponentes diretos. Esteentendimento tem servido para sujeitar os músicos a ummisto de medo e orgulho, não encontrando esteio naPalavra.

MODISMOS MUSICAIS



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Temos experimentado, sobretudo nos últimos 20anos, uma musicalidade diferente. Algumas das recentesmanifestações musicais são etéreas e têm como

característica um forte apelo emocional, o que temlevado a igreja a esquisitices que são difíceis de explicar.O pastor Renato Vargens, da Igreja Cristã da Aliança emNiterói/RJ, denuncia que na maioria das igrejasevangélicas temos entoado canções que afrontamdiretamente as Sagradas Escrituras; suas letras e

conteúdo são ensimesmados e antropocêntricos (homemno centro).Se não bastasse cantar de costas para o povo e

voltado para a parede, ouve-se nas potentes caixasacústicas algo muito parecido com mantras, que acabamconduzindo as pessoas a ilusões emocionais pelarepetição quase interminável de refrões. Esses êxtases

têm sido interpretados como manifestações genuínas dapresença de DEUS.

Precisamos de discernimento, não apenas porque oobreiro cristão hoje está cercado de espiritualidadesfalsas, mas porque muito do que passa porcristianismo evangélico é apenas verniz das coisasespirituais. (Paul Stevens, 1998)

Se devemos atentar diligentemente para tudo oque fazemos, em atitude sóbria de verdadeiro cultoracional, em relação aos louvores isso é particularmenteimportante, justamente pelo apelo emocional que amúsica produz. Algumas vezes podemos experimentarfortes emoções e confundi-las com a genuína presençade DEUS. A presença de DEUS emociona, [des]estrutura,abala, envolve, mas nem toda emoção pode ser atribuída




à manifestação de DEUS.Estes são apenas sintomas do problema. Podemos

dizer que a igreja brasileira, de forma geral, firmou suas

bases doutrinárias, usos e costumes, a partir da visão denossos colonizadores e evangelizadores, e isso tem nostrazido algumas dificuldades históricas. Os nossos cultosnão espelham verdadeiramente a nossa cultura, emuitas vezes nos encontramos tão somente imitando omodo de cantar, falar e vestir dos judeus e dos que nosevangelizaram. Graças a DEUS pelos missionários que nostrouxeram o Evangelho, mas a forma como trabalharamfez-nos acreditar que o nosso modo de ser, vestir, cantare dançar eram pecaminosos e eles tinham a solução.

Com o passar do tempo, as práticas repetidas seconsolidam, se enraízam e se transformam emcostumes. O passo seguinte é transformar costumes em

doutrinas oficiais, que acabam sendo assimiladas comogenuinamente bíblicas.

O BATISMO SIMBÓLICO

O batismo com água originou-se em João Batista,que o fazia em sinal de arrependimento de pecados dapessoa batizada. Mas estava para vir um para batizar

com o Espírito Santo e com fogo: JESUS CRISTO161.Na época, os grupos dominantes no Judaísmo eram

os fariseus, os saduceus, os zelotes e os essênios. Osessênios rejeitavam todos que não pertenciam à suaseita e separavam-se completamente da sociedade,numa vida de ascetismo e celibato no deserto. João

161 Mateus 3.11



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Batista, tendo sido provavelmente dessa tribo162,batizava conforme o rito dos essênios, paraarrependimento, pois fora chamado e capacitado por

DEUS para preparar o caminho do SENHOR. JESUS procurou João Batista para ser batizado e este o resistiu. Mas JESUS lhe deu uma resposta um tanto enigmática: Deixe assimpor enquanto; convém que assim façamos, para cumprirtoda a justiça. E concordou163. Disse isso, ao que parece,querendo dizer: Por enquanto esse batismo é necessário,

como testemunho de que eu (JESUS) cumpro tudo o queestá prescrito.Muitos anos se passaram desde então e Paulo virá

ensinar sobre um só corpo, um só espírito, uma sóesperança, uma só fé e um só batismo. Que batismo?Nas águas, como fazia João Batista, ou no Espírito Santo,como faz JESUS? (Efésios 4.4-5).

Talvez estejamos diante de mais um assunto quedeva ser interpretado à luz dos conceitos de tipo eantítipo, de acordo com o que já vimos no CAPÍTULO 8. Obatismo nas águas foi prefiguração do que havia de vir,ou seja, o batismo com fogo, no Espírito Santo. Portanto,haveria ainda necessidade do batismo nas águas depois

do advento do Espírito Santo em Pentecostes?Interessante assinalar que em Lucas 20.4 JESUS dirigiu a seguinte pergunta às autoridades religiosas: Obatismo de João era dos céus ou dos homens? Veja queele disse era, sugerindo que esta seria uma prática dopassado, provavelmente já em desuso ou vencida em

162 O essenismo constituiu, nos séculos que vão desde o ano 150 (a.C.) ao 70 (d.C.), umacomunidade religiosa judaica que tinha algumas características essenciais que afastavam-na do Templo de Jerusalém.

163 Mateus 3.15 NVI




seu maior significado. JESUS jamais batizou alguém nas águas; Paulo evitou

batizar e disse que não foi chamado para isso164. Estes

são apenas alguns questionamentos que podem nosajudar a compreender o significado do batismo naságuas para a igreja cristã, após o advento do EspíritoSanto. A teologia ortodoxa vê no batismo em água umaordenança deixada pelo SENHOR, tal qual a ceia, istoporque determinou batizar em nome do PAI, do Filho eEspírito Santo, em Mateus 28.19. Mas não teria JESUS sereferido ao batismo com o Espírito Santo, uma vez queesse dom pode ser transmitido com imposição de mãos,também em nome do PAI, do Filho e Espírito Santo?

Os quais, tendo descido, oraram por eles, para querecebessem o Espírito Santo. (Porque sobre nenhumdeles tinha ainda descido; mas somente eram

batizados em nome do SENHOR JESUS). Então lhesimpuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo.(Atos 8.15-17)

Temos o exemplo clássico do ladrão que foicrucificado com JESUS. Ele se arrependeu e não foibatizado com água, mas recebeu o selo do Espírito Santoe encontrou-se com JESUS no paraíso. Além desse exemploclássico, em Atos 10.43-48 lemos que alguns gentiosforam batizados no Espírito Santo antes mesmo dedescerem às águas.

JESUS, quando disse “quem crer e for batizado serásalvo”, evidentemente referiu-se ao batismo no EspíritoSanto165. Isto porque, na sequência, o Mestre afirmou que


165 Marcos 16.16



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quem não crer será condenado, do que se conclui queaquele que não crê não recebe o selo do Espírito Santo epor isso não pode ser salvo, afastando qualquer

influência do batismo nas águas para a salvação. Obatismo em si não purifica do pecado e não salva166.

Apesar de podermos entender com toda segurançaque o batismo nas águas nada contribui para salvar opecador, por outro lado, levando em conta evidências deque alguns apóstolos continuaram batizando em água

depois da ascensão do JESUS

167

, podemos admitir quedescer às águas encontre seu maior significado notestemunho público – num rito de iniciação, perante acomunidade – de um proceder arrependido, de umaconsciência pura e como prova de uma decisãovoluntária de seguir a CRISTO, afastando-se do pecado.

As igrejas em geral têm destinado ao batismo nas

águas um significado muito mais elevado. Como uso ecostume, o batismo no tanque é condição para ingressona membresia. Algumas congregações vão além, nãopermitindo que irmãos assumam seus ministérios noCorpo de CRISTO sem antes terem descido às águas,mesmo sendo notório e irrebatível o fato de já terem

recebido o Espírito Santo e manifestado o seu fruto. Issopode nos servir de bom material para reflexão sobre se obatismo nas águas tem ocupado o seu devido lugar.

Passamos a integrar a Igreja (Corpo de CRISTO) emque momento? Após recebermos o Espírito Santo oudepois de passar pelas águas?

Portanto, o aspecto sacramentalista desse ato

166 I Pedro 3.21

167 Atos 8.38




perde peso frente ao seu grande efeito subjetivo. Obatismo em água torna-se um marco na vida do crente,lembrando-lhe sempre que agora está unido com Cristo

em sua morte e ressurreição, e assim será isso umafonte constante de encorajamento e inspiração para ele.

O batismo em água não purifica do pecado, nãosalva, nem tampouco confere algum benefício adicionalno tocante à filiação com DEUS168, sendo um ato subjetivosimbólico, para testemunho público. O batismo real, quecapacita o crente para o exercício de seu ministério,confere o selo da salvação e lhe garante a condição defilho de DEUS é o batismo com o Espírito Santo e comfogo.

A SANTA

CEIA

E

A

CEIA

DO

SENHOR

E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei:isto é o meu corpo, que é partido por vós; fazei istoem memória de mim. Semelhantemente, também,depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice éo Novo Testamento no meu sangue: fazei isto, todasas vezes que beberdes, em memória de mim.Porque, todas as vezes que comerdes este pão e

beberdes este cálice, anunciais a morte do SENHOR,até que venha. (I Coríntios 11.24-26)

A formação de valores do culto evangélico aindaestá impregnada com tradições e conceitos cristalizados,inclusive de culturas pagãs. A reforma de Lutero foibastante positiva, mas não refutou determinados pontos,

motivo pelo qual muitos cristãos ainda têm sido

168 I Pedro 3.21



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tendentes a atribuir poder a objetos, ritos e cerimoniais.Em algumas congregações, os cultos nos quais é

ministrada a Ceia do SENHOR são mais assistidos do que

outras celebrações. Em princípio isso parece positivo,haja vista que foi o próprio SENHOR quem ordenou “fazeiisso em memória de mim”169. Por outro lado,imediatamente deixa de ser positivo se a motivaçãodessa celebração for outra, que não somente aobservância de um memorial170. Essa discussão vai longe,

passando pelas ideias da consubstanciação etransubstanciação171. Mas o ilustre Ulrico Zuínglio172 vemdesfazer essa controvérsia, afirmando que os elementosda Ceia do SENHOR são simplesmente pão e suco de uva(vinho) e apontam para um singelo memorial.

Alguns segmentos do Cristianismo têm atribuído aopão e ao suco de uva poderes especiais. Pessoas

acorrem às ceias e reverenciam esse evento comelevadíssima consideração porque julgam que comendoo pão e bebendo o suco de uva serão fortalecidos,curados e libertos. Evidência disso é servir os elementospara os que faltaram à celebração coletiva, como se nãofosse recomendável passar sem eles.

A própria designação Santa Ceia sinaliza para umdesvio e o passo seguinte é a aceitação de que ela possatransmitir alguma virtude espiritual. Tem-se entendido


170 I Coríntios 11.24-31 e Mateus 26.26-30

171 Consubstanciação é o termo que indica a crença de que o verdadeiro corpo e sangue deCristo se encontram presentes real e localmente EM, COM e SOB a substância do pão e do vinhosem transformá-las. Este conceito opõe-se à definição de transubstanciação, na qual se crê que a

substância do pão e do vinho são efetivamente transformadas na substância do corpo e dosangue de Jesus.

172 Zuínglio (1484-1531) foi um notável teólogo, líder da reforma e fundador das igrejasreformadas na Suíça.




que o mais adequado é Ceia do SENHOR, colocando ênfasenão nos elementos (pão e vinho), mas no dono da ceia eseus convidados participantes.

Parece também equivocado que o dirigente dacelebração impeça ou constranja qualquer pessoa departicipar dos elementos, inclusive as crianças, uma vezque a ceia é do SENHOR; não é da igreja local, nem dadenominação, nem tampouco do celebrante. O únicorequisito bíblico para a participação é o exame de simesmo e o discernimento do que seja Corpo de CRISTO.Na maioria das vezes, essa celebração tem sido restritaapenas aos adultos batizados em água, o que seconstitui em mero tradicionalismo que não encontraabrigo na Palavra.

Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assimcoma deste pão e beba deste cálice. Porque, o que

come e bebe indignamente, come e bebe para suaprópria condenação, não discernindo o corpo doSENHOR. (I Coríntios 11.28-29)

Mas JESUS chamou a si as crianças e disse: Deixem vira mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino deDEUS pertence aos que são semelhantes a elas.(Lucas 18.16)

O momento da ceia é revestido de significadopeculiar, tocando na lembrança de que JESUS se deu emresgate de muitos, foi moído na cruz, e é momento dereverenciá-lo por ser autor e consumador do Novo Testamento.

Paulo ensina que a incapacidade de andarmos em

plena comunhão com os irmãos pode ser o verdadeiromotivo pelo qual muitos estão fracos, doentes ouadormecidos. Discernir o Corpo é entendê-lo como um



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organismo espiritual único, onde todos têm o seu papel,que aponta para o serviço. Os crentes que ainda nãoalcançaram esse entendimento ficam vulneráveis e este

pode ser o motivo de estarem doentes e até mortos[espiritualmente], mesmo trabalhando arduamente emdiversos eventos da instituição igreja 173.

Com estas informações já é possívelcompreendermos que o povo de DEUS não deve mistificarobjetos, alimentos, ritos ou cerimônias. A Ceia deve ser

um momento especial de comunhão do Corpo de CRISTO aser celebrado sem ritualismos inventivos. Deve serapenas um singelo memorial, no qual todos aqueles que,independente de idade, cor, raça, credo e condiçãoespiritual, se julguem, perante o Dono da Ceia, aptos aparticiparem com consciência pura.

O PONTO DE FÉ

No início da caminhada de um discípulo, às vezesparece ser necessário algum auxílio para a operação dafé. No entanto, à medida que avançamos eamadurecemos a nossa experiência com o SENHOR, éesperado que avancemos também no aperfeiçoamento

da fé, de maneira que estes condutos sejamgradativamente excluídos, dando lugar a uma fé maisprofunda e consistente.

JESUS poderia simplesmente ter dito ao cego: Fiquecurado!, mas por algum motivo preferiu utilizar terra,saliva e o tanque de Siloé para sará-lo174. Mas não foieste o caso do criado de um centurião, que recebeu a


174 João 9.6-7




cura apenas com uma palavra à distância175. Em Atos19.12, lemos que até os lenços e aventais de Paulo selevavam aos enfermos, e as enfermidades e os espíritos

malignos saíam. Em II Reis 5.1-14 encontramos o relatode Naamã, chefe do exército do rei da Assíria, que foracurado de lepra após banhar-se sete vezes no rio Jordão,por orientação do profeta Elizeu. E em II Reis 20.1-7lemos que o SENHOR curara o rei Ezequias com a aplicaçãode uma pasta de figos. Existem ainda outros exemplos,mas estes nos bastam; exemplos em que houve autilização de algum material além de somente crer.

Talvez seja por isso que ainda hoje estão ao nossoalcance, com facilidade, toalhinhas, rosas, óleos, fitinhas,águas, lenços e sais consagrados. Esse método tem sidoexecrado por muitos, por causa de sua origem provávelno paganismo, mas talvez tenha alguma utilidade. É

possível que esses elementos eventualmente possamfuncionar como pontos de fé, sendo realmente úteis eaté necessários.

Parece que somente a oração não basta paraalguns. Não que a oração em si seja ineficaz. Ao queparece, há casos que somente a oração não tem ocondão de acender o estopim da fé, que move a ação deDEUS. Para estes existe a necessidade de algo tangível,além das palavras. Há casos em que as pessoasprecisam de elementos visíveis, estratégias para ativar afé. Nesse contexto é que creio que o Espírito Santopermite, excepcionalmente, a utilização de algunscondutos de fé. Assim como as crianças precisam de

auxílio para firmar os primeiros passos e a muleta apóia

175 Mateus 8.8-13



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os que têm pernas fracas, assim servem bem os pontosde fé. Logo que esses auxílios não sejam maisnecessários, naturalmente serão deixados de lado176.

Nesses casos – é preciso repetir – o agenteoperador da maravilha jamais será o objeto ou a práticaem si. O veículo não pode se tornar um talismã, quefique permanentemente por perto funcionando como elomístico entre o seu possuidor e o espiritual. Jamais foiessa a finalidade desses recursos na palavra de DEUS. O

que curara aqueles homens não fora a água do Jordãonem o lenço nem a lama com saliva. Estes elementosserviram de apenas como veículos para manifestação dafé, meios que DEUS escolheu para mostrar seu poder, quedepois foram descartados. Qualquer outro cego queresolvesse cuspir no chão para aplicar a lama nos olhospara curar-se, certamente ficaria frustrado.

Como já vimos, há níveis de fé. Em alguns casos oSENHOR encontra fé suficiente para agir apenas com umapalavra, em outras, pode ser necessário um conduto, ummeio facilitador. É preciso que tenhamos clareza de queesses artifícios são apenas estratégias (no melhorsentido da palavra) e não carregam em si qualquer

poder, de forma que todo crédito será sempre da fé, queé a ferramenta de DEUS, sempre, para a realização do seutrabalho.

E não fez ali muitos milagres, por causa daincredulidade deles. (Mateus 13.58)

176 Romanos 15.1



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Os exageros e o mau uso desses recursos porpessoas inescrupulosas não deviam afastar a suapossível utilidade. DEUS é multiforme e infinito, e age da

forma que deseja, ainda que de forma poucoconvencional.

Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com DEUS,por nosso SENHOR JESUS CRISTO; pelo qual, também,temos entrada, pela fé, a esta Graça, na qualestamos firmes, e nos gloriamos na esperança daglória de DEUS. E não somente isto, mas também nos

gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulaçãoproduz a paciência, e a paciência a experiência, e aexperiência a esperança; e a esperança não trazconfusão, porquanto o amor de DEUS está derramadoem nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foidado. (Romanos 5.1-5)

Aqui, o apóstolo aos gentios demonstra que há um

processo crescente de amadurecimento da fé, e nesseprocesso devemos cuidar para não entrarmos na canoa

furada de elementos e práticas que se tornam emamuletos, em objetos mágicos com supostos poderes emsi mesmos. Nem lencinhos, nem águas, nem fitinhas,nem os óleos ungidos têm poder, mas talvez possamatuar excepcionalmente como veículos, para a

manifestação daquilo que DEUS deseja fazer.

CULTO RACIONAL

O propósito deste estudo foi compartilhar algunstópicos para reflexão e aperfeiçoamento dos santos.Você poderá não concordar com tudo, mas se estetrabalho o fez refletir pelo menos um instante sobre asreais motivações de suas crenças, à luz do TextoSagrado, já alcançamos nosso objetivo.



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Em Filipenses 3.15-16 há um conselho: Se alguémpensa de forma diferente, não deve haver preocupação,porque DEUS de tudo nos esclarecerá. Devemos andar

com boa consciência, de acordo com o que jáalcançamos da parte de DEUS. Paulo ensina que o cultoracional é sacrifício santo e agradável a DEUS177, portantoé desejável que saibamos o que estamos fazendo,sempre. Mesmo caminhando em fé precisamos saber emquem cremos, onde queremos chegar, o que estamos

realizando, quando e como devemos agir. Jamaisdevemos negociar nossa lucidez.Sabemos que aquele que é guiado pelo Espírito

Santo é como o vento, que sopra onde quer, podemosouvir ruídos, mas não sabemos de onde vem, nem paraonde vai178. Mesmo para nos entregarmos ao totalcontrole do Espírito Santo devemos afastar toda

possibilidade de abdução, mantendo nossa percepção doque ocorre.

Philip Yancey179, em seu livro “Descobrindo DEUS nosLugares Mais Inesperados”, garante que tendemos aenxergar o que procuramos. Na época em que omicroscópio foi inventado, os cientistas acreditavam que

os espermatozoides tinham a forma de pequenosembriões e a mulher servia de incubadora. Investigandocom os primeiros microscópios, eles viram e desenharamesses embriões como homenzinhos. Eles viram o queprocuravam, o que já estava esquematizado em suascrenças. Eles observaram no microscópio, ainda

177 Romanos 12.1

178 João 3.8

179 Nascido em 1949, é escritor e jornalista americano. Seus livros são lidos em 25 idiomas pelomundo todo, fazendo dele um dos mais vendidos autores cristãos.




rudimentar, algumas imagens distorcidas, mas induzidospela crença, identificaram nas imagens cabeça, braços epernas. Às vezes, como aqueles cientistas, vemos coisas

que na realidade não estão lá.Reflexões inquiridoras e disciplinadas pelo Espírito

Santo conduzem à verdade. Não podemos nos furtar deinvestigar, de perguntar. JESUS ensinou que quem não sefizer como menino não entrará no reino dos céus. Ummenino sempre tem muitas perguntas a fazer.

Alguém já disse que o sábio não é aquele que temas melhores respostas, mas o que oferece as melhoresperguntas. Creio que as melhores aulas não são aquelasque tiram todas as dúvidas, mas aquelas que deixamalgumas interrogações, para estimular os alunos a irematrás de suas próprias respostas.

Como vimos, em relação ao asceticismo na igreja,

os argumentos que o refutam são bastante vigorosos, apartir de fundamentos escorados em jamais dar crédito aalguma coisa que não tenha alicerce para provar averdade.

A disciplina com o corpo físico, em si, tem poucaou nenhuma eficácia espiritual. Em Colossenses 2.20-23lemos que essas práticas não têm valor contra asensualidade, contra as paixões que conduzem àimoralidade. A origem de nossas fraquezas reside em umespírito ainda corrupto e não no corpo físico (carne).

Resumidamente, portanto, subjugando-nos comdisciplina ascética ou não, realizando seja o que for,estejamos sempre lúcidos, e que nossas ações sempre

sejam antecedidas de ponderação, domínio próprio, erespaldo das Escrituras. Não podemos nos assemelhar a



Canoa Furada | 5

seres brutos, que agem por instinto, e deixar que outrosnos dirijam a partir de seus próprios conceitos, pois cadaum dará conta de si mesmo a DEUS.

As ações de DEUS às vezes subjugam as leis dafísica e da lógica. Por isso mesmo se chamamsobrenaturais. Um machado de ferro não flutua na água;lama de saliva não cura cegueira; a carne rígida de umdefunto de quatro dias não pode voltar a viver; o marnão pode se abrir a ponto de milhões de pessoas o

atravessarem a seco; o sol não pode parar um dia inteiroe muito menos retroceder. Mas tudo isso aconteceu esão eventos sobrenaturais (para nós). A Bíblia não tratadesses e de muitos outros fatos como sobrenaturais, daforma como conceituamos, mas como atuações naturaisde DEUS. Para ele não existe o sobrenatural, porque, paraDEUS, tudo é possível180.

Pois bem, o sacrifício de iniciativa humana, emalguns casos em que é praticado, com base emtestemunhos, antecede algo sobrenatural. O problemaestá em estabelecer o nexo causal; não há base bíblicapara se dar essa relação. Dessa forma, o crente em CRISTO deve saber que DEUS age apesar de nós, apesar do rigor

dietético, apesar de nossos equívocos.Na verdade, o argumento de que o asceticismo emnada pode interferir na esfera espiritual é bastantelacônico. Revisando todo o material, fiquei com aimpressão de que estava num tribunal defendendo aliberdade em CRISTO para condenação de tudo o quedesfigura essa liberdade. Não foi essa a intenção inicial,

mas bem que poderia ter sido.

180 Lucas 1.37



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Não existem argumentos sóbrios e corretamenteaduzidos que sustentem a tese de que práticassacrificiais tragam benefícios realmente importantes e

permanentes. Todos os dias DEUS tem nos usadopoderosamente pela sua exclusiva misericórdia, apesarde nós, pois está sempre à procura do único atributo queo agrada: a fé. Com ou sem sacrifício, DEUS tem usado osque têm fé, nem que seja do tamanho de um grão demostarda.

Se você aprendeu toda a sua vida que podemosatribuir ilimitados poderes espirituais às práticas que nosinduzem ao autossofrimento, inclusive contra osdemônios, estas palavras devem ter sido recebidas comceticismo e até repugnância. Especialmente no meioreligioso, tendemos a expelir tudo aquilo que nãocompreendemos bem ou é contrário àquilo em que

sempre acreditamos.O objetivo, no entanto, jamais foi causar-lhe

desconforto ao confrontá-lo algumas vezes, motivo peloqual insisto encarecidamente que releve quaisquercolocações ainda não assimiladas ou destoantes do seuentendimento. Peço que releve, e não que rejeite tudo

imediatamente. Permita-se, pelo menos, pensar no caso.Alguns homens ousaram questionar o entendimentoreinante, contra tudo e contra todos. E é por isso quehoje sabemos que nosso planeta não é um quadrado eque um automóvel pode ultrapassar incríveis 40 Km/h.Alguns dos avanços da humanidade foram obtidos poracaso, mas somente alguns. Um melhor entendimento

sobre as questões da vida, experiências marcantes como Espírito Santo e aprimoramentos na interpretação das




Escrituras foram fruto do trabalho árduo, de buscaincessante, de muita oração de pessoas que ousaramperguntar por quê. DEUS se revela a quem tem fome. Se

ousarmos perguntar por que, poderemos encontrarrespostas que nos farão ver o quanto estávamosenganados sobre nossos mais elevados conceitos.

Os manuais de podes e não podes só nos prendemao sistema farisaico, de normas cristalizadas, que têmservido para obscurecer o caráter de DEUS e nos municiarde uma imagem antibíblica dele. Não é porque fazem daliberdade uma confusão que devemos agora rejeitá-la.Os hebreus também desejaram voltar para o Egito pornão saberem como lidar com a nova realidade.

A questão central não é fazer ou deixar de fazerisso ou aquilo, tão somente, de forma também mecânica,sem reflexão. A solução estará sempre na busca do DEUS

da Bíblia, com o auxílio irrestrito do Espírito Santo. EsseDEUS a religião é incapaz de revelar. Nesses dias difíceisem que vivemos, é preciso, mais do que nunca,buscarmos discernir entre o que seja embuste dosistema religioso e o que seja genuinamente ensino doEspírito Santo. Toda e qualquer lição que embace umprofícuo relacionamento de amor e confiança com oSENHOR precisa, obrigatoriamente, ser visto com reserva.Isso não significa a defesa de um evangelho barato,permissivo e frouxo, mas um genuíno culto racional.

Passamos anos orando por avivamento. Esseavivamento finalmente parece estar vindo, e em boaparte creio que já chegou. Porém não da forma que

imaginávamos. Hoje, mais do que nunca, os crentes têmaprendido com o Espírito Santo que ser ovelha não é



Canoa Furada | 9

apenas comer grama e dizer bé-é-é. Não podemos seguirqualquer um que toca um sininho ou um berrante. Anossa analogia às ovelhas não deve chegar a tanto. As

ovelhas são do SENHOR e compete ao pastor terrenopastoreá-las conforme as Escrituras, facilitando-lhes oacesso a pastos verdejantes. O pastor terreno cônscio desua nobre tarefa sabe que deve atuar como capacitadorque está atento à espiritualidade falsa e ao cristianismosuperficial. O capacitador não precisa impor a sua

interpretação das Escrituras a outro, nem a sua visão,nem tampouco constranger esse outro a obedecê-lo,pelo medo e pela culpa, usando a Bíblia. Agindo assim,ele não pastoreia, domina.

Por muito tempo, fomos acostumados à ideia deque precisamos depender de uma hierarquia clerical, decobertura espiritual de pessoas especialmente dotadas

por DEUS, superespirituais, poderosas e ungidas,especialistas em religião que resolvem todos osproblemas, e que ninguém mais tem algo de valor acompartilhar. Essa mentalidade antibíblica trata todos osdemais como cristãos de segunda categoria, queprecisam permanentemente de mentores que os

conduzam a DEUS, e assim tornam o nosso coração fértilpara todo tipo de semeadura danosa. É claro que issonão expressa o geral, mas tem sido uma triste realidade.Precisamos de pastores, mestres, e de todo o aparato deministérios que a Igreja comporta, mas cada um de nós,todos nós, é que formamos esse aparato. A sabedoriadivina emana de todo o corpo em conselho, e não

apenas de uma classe que se colocou a si mesma porcabeça. Não precisamos que pensem por nós e nem que




se coloquem entre nós e DEUS. JESUS é o único que podeestar nesse limiar. Seguir esse modelo é embarcar numacanoa furada.

A Bíblia pertence ao povo, não aos líderes, eesperávamos que surgisse uma nova luz da Palavraquando a congregação inteira estudasse aspassagens. (Paul Stevens, 1998)

Assim sendo, é necessário que nos posicionemossabiamente para resistir, em amor e tolerância, o

domínio imposto pelo tradicionalismo religioso, que temse oposto ao relacionamento com DEUS. Pontos de vistadifusos entre nós, líderes ou não, apóstolos, profetas,mestres, pastores e evangelistas, ensejam o exercício datolerância e do amadurecimento das nossas convicções.Portanto, devemos nos unir pela fé, uma vez gerada emnossos corações pelo SENHOR.

Que o Espírito Santo nos ajude!

Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguaistodos os dias. Cada um tenha opinião bem definidaem sua própria mente. Porque o reino de Deus não écomida nem bebida, mas justiça, paz e alegria noEspírito Santo. A fé que tens, tem-na para ti mesmoperante Deus. Bem aventurado é aquele que não se

condena naquilo que aprova. (Romanos 14.5,17,22)

PALAVRA FINAL

Querido leitor, se você já entregou sua vida aoSENHOR JESUS e passou a confiar nele para o perdão de seuspecados e para salvação, saiba que tomou a maiordecisão que alguém pode tomar na vida. Saiba, porém,

que apesar de essa simples decisão ter o poder demudar radicalmente sua vida, há necessidade de uma



Canoa Furada | 2

constante busca pelo caráter de CRISTO, o q u e éalcançado quando perseveramos em oração e vivênciada Palavra, e principalmente quando nos juntamos a

outros de mesma fé e propósitos. É vontade de DEUS queestejamos integrados no Corpo produzindo frutos.

Não fique sozinho. Não possível experimentarcrescimento saudável caminhando solitariamente, essenão é o plano do PAI para seus filhos. Quando passamos aintegrar a família de DEUS, formamos o Corpo de CRISTO, e

nenhum membro desse Corpo deve exercer suas funçõespara si mesmo. Seus dons e talentos são úteis a outraspessoas, e elas também poderão ajudá-lo em áreas emque você não é tão bom. Portanto, procure congregar.Escolha uma comunidade cristã em que as pessoasbusquem os princípios simples do Evangelho e junte-se aeles, sejam os encontros realizados em um templo ou

em lares. O lugar não importa, contanto que haja amor,comunhão e o compartilhamento da palavra de DEUS, dedons e de ministérios.

Mas se você ainda não confiou sua vida aosenhorio de CRISTO JESUS, você poderá fazer isso agoramesmo, realizando sinceramente uma oração, mesmo

em pensamento, semelhante a esta:SENHOR JESUS, reconheço que minha vida éuma dádiva sua e por isso a entrego a ti.Quero que o SENHOR a governe, poisentendo que sua vontade para mim é amelhor. Peço que me perdoe os pecados,pois quero sua companhia agora e no

porvir. Confesso que creio na sua morte eressurreição por mim e que o seu sangueme purifica de todo pecado. JESUS, abro as




portas do meu coração para ti, vem morarem mim!

Feito isso, procure também se juntar a outros quefizeram a mesma escolha, para conhecer a boa,agradável e perfeita vontade de DEUS para sua vida.

Parafraseando o apóstolo Paulo, que a Graça doSENHOR JESUS CRISTO, o Amor de DEUS e a Comunhão doEspírito Santo seja com você, sua família e com todo oIsrael de DEUS espalhado pela face da Terra. Amém!

Se, com a tua boca, confessares JESUS como SENHOR e,em teu coração, creres que DEUS o ressuscitou dentreos mortos, serás salvo. (Romanos 10.9)



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Citações bíblicas

Termos hebraicos: tsuwm (Strong # 6684) / tsowm(Strong # 6685)• Jz 20.26 / Realizado por causas da derrota para os

benjamitas;• 1Sm 7.6 / Realizado por todo o Israel, sob a direçãode Samuel, em arrependimento pelos pecados;• 1Sm 31.13 / 1Cr 10.12 / Realizado pelos homensque sepultaram Saul e seus filhos, em sinal de luto;• 2Sm 1.12 / Realizado por Davi e seus homens porcausa da morte de Saul e Jonatas;• 2Sm 12.16-23 / Realizado por Davi por causa do

seu filho com Bate-Seba (após o período de orações e jejum a criança veio a falecer);• 1Rs 21.9-12 / Decretado por Jezabel com vistas ao julgamento arranjado, que culminou na condenação deNabote;• 1Rs 21.27 / Realizado por Acabe em sinal dehumilhação;•

2Cr 20.3 / Proclamado por Josafá antes de umabatalha;• Ed 8.21-23 / Proclamado por Esdras junto ao rioAava, para humilhação e pedido de proteção a DEUS naviagem;• Ne 1.4 / Realizado por Neemias, pela restauraçãodos muros de Jerusalém;• Ne 9.1 / Realizado pelo povo de Jerusalém,

confessando seus pecados;• Et 4.3 / Realizado pelos judeus, com profunda




tristeza, após o decreto de Hamã;• Et 4.16 / Proclamado por Ester, antes do encontrocom o rei;•

Et 9.31 / Em conexão com a festa de Purim;• Sl 35.13 / Realizado por Davi em face de suatristeza e profunda humilhação;• Sl 69.10 / A causa de Davi sendo atacada;• Sl 109.24 / A causa da fraqueza física de Davi;• Is 58.3-6 / O tipo de jejum que agrada a DEUS;• Jr 14.12 / Aquilo que é inaceitável a DEUS;• Jr 36.6-9 / Baruque lendo o livro num dia de jejum;• Dn 9.3 / Daniel orando por Jerusalém;• Jl 1.14 / Diante do Dia do SENHOR;• Jl 2.12 / Quando se voltando para DEUS de todocoração;• Jl 2.15 / Proclamada pelo soprar da trombeta emSião;• Jn 3.5-9 / Proclamado pelo rei de Nínive.

Termos gregos: nesteia (Strong # 3521) / nesteuo(Strong # 3522)• Mt 4.2 / Por JESUS, por 40 dias;• Mt 6.16-18 / Não deve ser praticado como peloshipócritas;• Mt 9.14 / Pelos discípulos de João e os fariseus;• Mt 9.15 / Pelos convidados quando o noivo fortirado;• Mc 2.18 / Pelos discípulos de João e os fariseus;• Mc 2.19-20 / Pelos convidados quando o Noivo fortirado;• Lc 2.37 / Realizado por Ana adorando no templo;• Lc 5.33 / Pelos discípulos de João e os fariseus;• Lc 5.34-35 / Pelos convidados quando o noivo fortirado;•

Lc 18.12 / Legalismo do fariseu;• At 10.30 / Realizado por Cornélio;• At 13.2-3 / Separação de Barnabé e Saulo;



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• At 14.23 / Eleição de anciãos da igreja;• At 27.9 / Em navegação perigosa;• 2Co 6.5 / Por Paulo, em açoites e prisões;•

2Co 11.27 / Por Paulo, em trabalhos e fadigas.Nota: Em Mt 17.21 - Mc 9.29 - 1 Co 7.5, não vem apalavra ‘jejum’ nos melhores manuscritos.



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Referências bibliográficas

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BÍBLIA SAGRADA Bíblia de Estudo Plenitude, revista ecorrigida - Tradução de João Ferreira de Almeida - Ediçãode 1995 - Sociedade Bíblica do Brasil.

BÍBLIA SAGRADA Nova Tradução na Linguagem de Hoje –2000 - Sociedade Bíblica do Brasil, 1312 p.

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Clark, David S. Compêndio de teologia sistemática. SãoPaulo: Casa Editora Presbiteriana, ad tempora, 449 p.

Cloud, Henry e Townsend, John Limites – Quando dizer sim, quando dizer não. Assumindo o controle de sua

vida. São Paulo: Editora vida, 1999 (5ª impressão em2002), 336 p.Coleman, Dave e Jacobsen, Wayne Por que você não quer

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Editora Vida Nova, 2008, 540 p.Fillion, Louis-Claude Enciclopédia da Vida de JESUS – Editora

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Hagin, Kenneth Jr. Guia para o jejum equilibrado – EditoraGraça, 1999, 64 p.Internet: www.bibliaonline.net , acessos realizados no




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Apoio para Pessoas Feridas), Editora Sepal, 1998 – 248 p.Lourenço, J. Élcio Conheça o DEUS Verdadeiro – IBCB Editora,

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Mundo Cristão, 2005 – 106 p.Mastral, Isabela e Eduardo Daniel Filho do Fogo (Vol. 2) -

Editora Naós, 2003 – 319 p.Nee, Watchman A vida cristã normal – Editora Fiel da Missão

Evangélica Literária – 1989 – 195 p.Quintanilha, Josival Manual de Teologia para Concílios –

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começa em casa e a violência também – Editora Ágora –São Paulo/SP – 2ª edição - 2002 – 123 p.Rodrigues, José A Ação da Cruz, transformando-o à

semelhança do Filho de DEUS - Missão Cristã Mundial –Goiânia/GO – 2004 - 197 p.

Seamands, David A. Cura para os traumas emocionais(título original: Healing for damaged emotions) – EditoraBetânia - Belo Horizonte - MG, 1984, 171 p.

Stevens, Paul A hora e a vez dos leigos (título original:Liberating the laity) – ABU Editora – São Paulo - SP, 1998,200 p.

Tenney, Tommy Os caçadores de DEUS – Dynamus Editorial –Belo Horizonte - MG, 2000, 198 p.

Terra Nova, Renê de Araújo Atos Proféticos: comando deDEUS ou invenção humana?, Volume I – 2ª edição – 2004 –51 p.

Valentim, Manoel Fazedores dos sonhos de DEUS – WillëmBooks Editora – São Paulo, 2008, 88 p.

Yancey, Philip Descobrindo DEUS nos Lugares Mais



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Inesperados – Editora Mundo Cristão, 2005, 288 p.



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Sobre o autor

Com vida cristã de mais de 20 anos, vem atuandocomo Mestre no Corpo de Cristo. É bacharelando em Teologia pelo Seminário Teológico Evangélico do Brasil,

instituição de formação teológica da Convenção BatistaNacional.

Seu ministério é focado no ensino das SagradasEscrituras e sua mensagem assinala a comunhãopermanente com Deus baseada em reflexão analítica,que possibilite a melhor construção da relaçãohomem/Deus. É casado e tem três filhas. É autor devários artigos, que enfatizam o amor e a Graça do Pai,afastando o universalismo, os dogmas e as tradições,que enxovalham a Graça, trazem dificuldades para aIgreja e distorcem o Deus que quer que todos sejamsalvos, mas odeia o pecado. Crê na missão integral daIgreja, que olha para o homem em sua totalidade, à luz

da dimensão extremamente abrangente do Evangelhodo Senhor Jesus Cristo.



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