campus nº. 375

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CAMPUS POR AÍ, ESPERANDO A NOVA CEU DISTORCENDO A REALIDADE Sites de notícias fictícias conquistam brasileiros POLÍTICA CAMPUS Foto: Mariana Pizarro GDF ÀS ESCURAS Veja os problemas do portal da transparência HUMOR Foto: Laura Chaer Foto: Mariana Pizarro UNIVERSIDADE Jornal-laboratório da Faculdade de Comunicação da UnB De 22 a 28 de novembro de 2011, ano 41, edição 375 Tensão que marcou retirada dos estudantes da moradia universitária ficou para trás

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Jornal-laboratório da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB), ano 41, edição 375

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Page 1: Campus nº. 375

CAMPUS

POR AÍ, ESPERANDO A NOVA CEU

DISTORCENDO A REALIDADESites de notícias fictícias conquistam brasileiros

POLÍTICA

CAMPUS

Foto: Mariana Pizarro

GDF ÀS ESCURASVeja os problemas do portal da transparência

HUMOR

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UNIVERSIDADE

Jornal-laboratório da Faculdade de Comunicação da UnB

De 22 a 28 de novembro de 2011, ano 41, edição 375

Tensão que marcou retirada dos estudantes da moradia universitária ficou para trás

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Brasília vive mais uma vez um momento de tensão política. O governador Agnelo Queiroz, eleito com 66,10% dos votos no segundo turno, é o persona-

gem principal de um novo escândalo, que envolve gra-na e fatos bem confusos. Acho que o mais importante não é dizer quem comprou quem, quem é o ponto cen-tral de uma grande circunferência de corrupção que en-volve as deputadas Celina Leão e Eliana Pedrosa, além do próprio governador. Mas destacar o quanto nossa querida cidade é jogada aos diversos nomes da politi-cagem que nos cerca. Joaquim Roriz, José Roberto Ar-ruda, Agnelo Queiroz, talvez por falta de opção melhor.

Na última eleição ou era Weslian Roriz ou Agnelo. Acabou ganhando o, digamos, menos pior, o que rou-ba mas faz, o que tem um pouco mais de inteligên-cia. Quando na verdade o critério que deveria contar é o histórico político, a competência e a capacidade de cumprir o que promete. Mas não havia escolha. E ago-ra vem à tona o que todos temiam. Uma nova rodada de propinas que ainda tem muito para ser esclarecida.

Se por um acaso da justiça, ou injustiça, o gover-nador cair, quem assume é Tadeu Filipelli. Já foi bra-ço direito de Roriz, passou pelo governo de Arruda e hoje é vice-governador. Só para se ter ideia foi o ex-governador Joaquim Roriz que lançou Filipelli na política. O pupilo traiu o mestre. Em 2006 apoiou o go-verno Arruda, contrariando Roriz e companhia, como uma vingança da não indicação a vice-governador na chapa então liderada por Maria de Lourdes Abadia.

Uma desconfi ança e falta de fé na política tomam maiores proporções. A impressão que fi ca é a que, mesmo com algumas mudanças importantes como, por exemplo, a prisão de Arruda, nada de fato se mo-difi ca. As manobras e artimanhas políticas vão nos ilu-dindo, se adaptando a qualquer manifestação que te-nhamos. Uma maior transparência de como as coisas são feitas, não só da questão fi nanceira, mas de toda arquitetura política, nos pouparia de tanto arrependi-mento e talvez motivasse pessoas com melhores inten-ções a mudar essa tal política que afunda nosso país.

CAMPUS Jornal-laboratório da Faculdade deComunicação da Universidade de Brasília

Editor-chefe Dalai Solino Secretária de Redação Isabella de Andrade Diretora de Arte e Fotografi a Nayara Machado Editores

Dalai Solino (p. 1 e 2), Larissa de Castro (p. 3, 4 e 5), Paula Bittar (p. 6 e 7) e Isabella de Andrade (p. 8)

Diagramadoras Ana Paula Matos e Juliana EspanholFotógrafos Laura Chaer e Mariana Pizarro

Projeto Gráfi co Bárbara Cabral, Dandara Lima, Emerson Fraga e Mariana Pizarro Repórteres Dandara Lima, João Paulo Mariano,

Mariana Fagundes, Nádia Mendes e Pedro Augusto CorreiaMonitores Alexandre Bastos e Júlia Libório

Jornalista José Luiz Silva Professores Sérgio de Sá e Solano Nascimento ISSN 2237-1850Brasília/DF - Campus Darcy RibeiroFaculdade de Comunicação - ICC Ala NorteCEP 70.910-900 Telefones 61 3107.6498/6501E-mail [email protected]áfi ca Palavra ComunicaçãoTiragem 4 mil exemplares

POLÍTICA CHEIA DE VOLTASDalai Solino – editor-chefe

O recém-diagnosticado câncer na laringe do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou em pauta o debate sobre a saúde pública no Brasil. A questão é que Lula está se tratando no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, um dos melhores da rede privada. Há quem defenda que o ex-presidente deveria se tratar no Sistema Único de Saú-de (SUS), já que não só teve oito anos como presidente para melhorar a estrutura do serviço, como também elo-giou o sistema. O Campus foi ao Hospital de Base saber a opinião de quem esperava na fila por atendimento, gente que não tem condição de pagar um plano de saúde.

NA FILAdo hospital

OPINIÃO

“Se ele tem condições, deve se tratar no particular. Vai fazer o que aqui no SUS, que tá tudo quebrado? Ele tá certo, mas devia melhorar o SUS também.”

Primeiro, os pontos positivos da penúltima edi-ção do Campus. A reportagem Dentro das vidas que passam pelo vício é excelente. O

tema, tratado com extrema sensibilidade, é ao mes-mo tempo intrigante e relevante. A pauta foi bem realizada pelo repórter, o que resulta em um texto prazeroso e com bastante estilo. O Por trás da re-portagem mostra como é longa a apuração de ma-térias assim e mostra que o autor sabe do que fala.

O perfi l compartilha das mesmas qualidades. O perso-nagem, surpreendente (como deve ser), foi um achado que o texto soube ressaltar. E aqui vai um elogio para esse e todos os outros. Nesse tipo de texto, a procura de outras fontes é fundamental e isso tem sido feito.

Os brasilienses mais distantes dos médicos é re-levante e escrito corretamente. Mas sobram pergun-tas. Por que o médico requisitado pelo Ministério da Saúde não foi substituído (somos apenas informados

que ele foi e ninguém veio)? O programa Saúde na Família tem um planejamento? Afi nal, a solução pode sair amanhã ou ano que vem, segundo o entre-vistado. O orçamento tem que prever isso (já previa para 2011?). O programa vai ter mais dinheiro? No fi m, dúvida que fi ca pro leitor é dúvida que tam-bém está no jornalista, o que não pode acontecer.

Por fi m, a evolução entre a primeira e a últi-ma edição da turma A do Campus mostra uma melhora signifi cativa. Humildade é qualidade es-sencial para o jornalismo. Os erros foram corri-gidos e é bom que ainda sobrem alguns. A pre-guiça é que deve ser eliminada. No fi m, parabéns pelos erros sinceros e pelos acertos honestos.

REFAZENDALucas Marchesini

OMBUDSMAN

EXPEDIENTE

ACESSE O CAMPUS ONLINE WWW.FAC.UNB.BR/CAMPUSONLINE

Laura Chaer

Jaber de Oliveira, 55, militar

“Ele tem direito a se tratar como qual-quer outro, mas devia ser no SUS. Ele não melhorou os hospitais públicos e agora vai para o particular? Aí não.”

2 CAMPUS Jornal-laboratório da Faculdade de Comunicação da UnB Brasília, de 22 a 28 de novembro de 2011

“Ele pode estar onde tem condição de pagar. Não é porque ele foi presidente que é obrigado a se tratar no SUS.”

Rosa Gomes, 37, pastora

“Teria que ser tratado pelo SUS. A gente quer tratamento pela rede

pública e não tem, principalmente câncer. Ele devia estar junto com o

povo para ver como é.”

Marinete Araújo, 43, dona de casa

Termo sueco que significa “provedor de justiça”, o ombudsman discute a produção dos jornalistas

a partir da perspectiva do leitor.

Josué Pereira, 30, marmoreiro

Page 3: Campus nº. 375

POLÍTICA

O difícil acesso aos gastos do Governo do DF

Pedro Augusto Correia

CAMPUS Jornal-laboratório da Faculdade de Comunicação da UnB Brasília, de 22 a 28 de novembro de 2011 3

Portal da Transparência complica a vida do cidadão que pretende analisar prestações de contas do Executivo. Confuso de navegar, site não possui ferramentas eficientes de pesquisa

O cidadão que quiser se aventurar como fiscal do Governo do Distri-to Federal (GDF) ficará frustrado.

Com sérios problemas de usabilidade e falta de conteúdo, o Portal da Transpa-rência do GDF dificulta o controle social dos gastos governamentais.

Em julho do ano passado, a ONG Con-tas Abertas divulgou relatório que apon-tava detalhadamente os erros do site. À época, o portal recebeu nota 4,8 e ficou apenas em 15º lugar, contando as 27 uni-dades da federação e o governo federal. O Portal da Transparência da União, que ficou em 1º lugar no ranking, recebeu nota 7,56. “Um bom portal precisa ter vasto conteúdo, atualização frequente, série histórica ampla e facilidade de na-vegação”, explica Gil Castelo Branco, di-retor do Contas Abertas.

Quase um ano e meio depois, a maior parte dos problemas permanece. Não é possível, por exemplo, pesquisar se um determinado CPF ou CNPJ recebeu di-nheiro do governo. A procura tem que ser feita em cada unidade orçamentária. Da mesma forma, não há como pesquisar o nome de uma pessoa para saber se ela é funcionária do GDF. Nesse caso, é ne-cessário verificar em cada órgão do go-verno até encontrar o objeto da pesquisa.

Essas duas dificuldades do site se tor-nam um entrave para quem tenta inves-tigar uma denúncia, já que o processo se torna excessivamente longo. “O uso

intensivo dos diversos portais de trans-parência governamental pela mídia é a mais clara demonstração da utilidade dessa ferramenta como um instrumen-to de controle da corrupção”, afirma Mário Vinícius Spinelli, secretário de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas da Controladoria-Geral da União (CGU).

A principal reclamação dos especialis-tas em análise de dados governamentais ainda não foi atendida: não é possível fa-zer download do banco de dados do site.

Além disso, não existe nenhum tipo de informação sobre convênios, contratos de repasse e termos de parceria.

A pequena quantidade de filtros de pesquisa é outro limitador para os visi-tantes do portal, que também não vão encontrar a descrição aprofundada dos gastos, o que poderia revelar detalhes

dos materiais comprados pela adminis-tração pública. E para quem quiser re-clamar de tudo isso ou simplesmente tirar uma dúvida, o site não disponibili-za telefone de contato ou uma seção de perguntas frequentes.

O GDF promete para dezembro um novo portal que poderia resolver a maior parte desses problemas. Uma das novida-des anunciadas é a possibilidade de fazer download de todos os dados. “O site vai ter uma linguagem mais acessível e fácil navegação”, afirma a subsecretária de Transparência, Cláudia Taya.

A secretária admite que há problemas na atual plataforma e revela que o novo modelo também precisará ser melhora-do. “O site não está adequado mesmo, mas estamos melhorando. Ainda vamos trazer novas ferramentas no ano que vem e queremos ouvir a sociedade para que ela diga o que gostaria de encontrar no nosso portal”, explica Cláudia Taya.

O presidente da Ordem dos Advoga-dos do Brasil no Distrito Federal (OAB--DF), Francisco Caputo, lembra que a transparência é um dever do Executivo, garantido na Constituição Federal pelo princípio da publicidade. “É assegurado ao cidadão o direito de saber absoluta-mente tudo que o GDF faz com o dinheiro arrecadado com os impostos. Qualquer governo que se diz democrático deve ter a transparência como princípio nortea-dor de suas ações”, afirma Caputo.

O que são dados abertos?Em um governo transparente, o conte-

údo das contas públicas é divulgado na internet tendo como base o conceito de dados abertos. Nesse modelo, as informa-ções governamentais são disponibilizadas em um formato que a sociedade possa reutilizá-las, misturá-las com outros da-dos e processá-las a fim de produzir no-vas informações e serviços. “Se antes o governo era o único agente a decidir o que, como e quando publicar informa-ções, agora o cidadão passa a ser o outro agente, que também pode publicar infor-mações e serviços de interesse público”, explica Vagner Diniz, membro do Instituto de Estudos de Tecnologias para Inovação na Gestão Pública.

Dois exemplos de aplicativos criados na internet são o Jogo da Vida do Proces-so Legislativo e o Vote na Web. O primeiro oferece informações não divulgadas pelos sites da Câmara dos Deputados e do Se-nado Federal, como, por exemplo, o tem-po que um projeto de lei está parado.

O outro permite que a sociedade se manifeste sobre processos em tramita-ção no Legislativo Federal e oferece uma visão que os congressistas não têm, isto é, a opinião dos eleitores. Além disso, é possível acessar um histórico de como os parlamentares votaram em cada projeto e comparar com a forma como os cidadãos se posicionaram.

O Brasil é um dos 46 países signatá-rios do Open Government Partnership, ou Parceria Governo Aberto. Segundo afirma Mário Vinícius Spinelli, a adoção de dados abertos, ponto principal do acordo assina-do pelo Brasil, é uma das diretrizes do go-verno para os próximos anos. “O proprie-tário da informação pública é o cidadão. Por isso, nós temos que fornecê-la em um formato que lhe permita usar da maneira que melhor entender.”

Para Gil Castelo Branco, o controle social sobre os gastos públicos no Brasil precisa amadurecer. O grande problema é a pequena quantidade de entidades que se dedicam à análise dos gastos gover-namentais, o que faz com que apenas le-vantamentos genéricos sejam feitos. “Se cada organização acompanhasse sempre um mesmo tema, a análise seria mais pro-funda”, resume.

O diretor da ONG Contas Abertas lem-bra que a disponibilidade do Estado em aumentar sua transparência ainda está muito aquém do desejável e não deve se resumir aos portais do Executivo.

“Qualquer governo que se diz democrático deve ter a transparência

como princípio norteador de suas ações”

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o da

rep

rodu

ção

da n

otíc

ia d

o G

17 M

ulhe

r m

orre

eng

asga

da

com

sêm

en d

o am

ante

em

mot

el,

no p

erfil

de

Face

book

de

um a

mig

o. I

ntri

gado

com

o a

con-

teci

men

to,

deci

diu

aces

sar

o si

te p

ara

sabe

r m

ais.

Gos

tou.

Ele

rel

ata

que

à pr

imei

ra v

ista

ac

hou

que

o co

nteú

do fo

sse

verd

adei

ro, d

epoi

s pe

rceb

eu q

ue e

ra u

ma

crít

ica

ao p

orta

l de

notí

-ci

as d

a G

lobo

. “O

G17

é a

té m

elho

r qu

e o

G1”

, br

inca

.O

pro

fess

or d

e bi

olog

ia C

laud

iner

Bio

rot,

30,

vi

sita

reg

ular

men

te a

pág

ina

do S

ensa

cion

al-

ista

mai

s de

um

ano

. “G

osto

por

que

na m

aio-

ria

das

veze

s el

es s

ão c

riat

ivos

e n

ão p

ossu

em

mui

tas

rese

rvas

”, e

scla

rece

. O

pro

fess

or o

b-se

rva

que

a co

nfus

ão d

e le

itor

es q

ue a

cred

itam

na

s no

tíci

as f

ake

é um

com

ple-

men

to p

ara

o hu

mor

. “A

cad

a di

a m

ais

pess

oas

se c

onec

tam

ao

mun

do p

ela

inte

rnet

e s

em s

ab-

er a

caba

m c

ontr

ibui

ndo

com

o

hum

or in

telig

ente

des

ses

site

s.”

QU

AN

DO

N

OTÍ

CIA

S

FAK

E

VIR

AM

RE

ALI

DA

DE

Not

ícia

s co

mo

a do

cas

o Fa

-ce

book

son

não

enga

nam

so

-m

ente

le

itor

es,

mas

ta

mbé

m

veíc

ulos

jor

nalís

tico

s e

órgã

os

ofici

ais.

Em

ago

sto

dest

e an

o,

o M

inis

téri

o do

Pl

anej

amen

to

divu

lgou

no

Twit

ter

que

a pr

esi-

dent

e D

ilma

Rou

sseff

se

ria

garo

ta-p

ropa

gand

a do

pro

duto

Ve

ja L

impe

za P

esad

a. A

inf

or-

maç

ão e

ra u

ma

sáti

ra r

etir

ada

do S

ensa

cion

alis

ta s

obre

a “

fax-

ina”

que

a p

resi

dent

e te

m f

eito

no

s úl

tim

os m

eses

em

pas

tas

do

gove

rno

alvo

s de

den

únci

as d

e co

rrup

ção.

O jo

rnal

O E

stad

o de

S.

Paul

o no

tici

ou a

con

fusã

o lo

go

que

a pe

rceb

eu.

O f

unci

onár

io

do m

inis

téri

o re

spon

sáve

l pe

la c

onfu

são

aca-

bou

send

o de

mit

ido.

Em

mai

o de

201

0, n

ovo

epis

ódio

: o G

izm

odo,

si

te e

stad

unid

ense

de

novi

dade

s na

áre

a de

te

cnol

ogia

re

conh

ecid

o in

tern

acio

nalm

ente

, as

sim

com

o al

guns

jorn

ais

de P

ortu

gal,

Esp

an-

ha, F

ranç

a, In

glat

erra

e M

éxic

o, d

e ac

ordo

com

le

vant

amen

to

da

equi

pe

do

Sens

acio

nalis

ta,

publ

icar

am n

otíc

ia c

om c

ham

ada

Mul

her

en-

grav

idou

ven

do fi

lme

porn

ô 3D

con

side

rand

o-a

com

o re

al.

O c

onte

údo,

no

mín

imo

inus

itad

o,

narr

a qu

e um

cas

al b

ranc

o do

s E

stad

os U

nido

s te

ve u

m fi

lho

negr

o. D

iant

e do

oco

rrid

o, a

mãe

al

egou

ter

con

cebi

do a

cri

ança

enq

uant

o as

sis-

tia

a um

film

e po

rnô

em t

rês

dim

ensõ

es.

A r

epor

tage

m d

o G

17 G

arot

a qu

e en

grav

ida

de c

him

panz

é e

revo

luci

ona

a ci

ênci

a ta

mbé

m

foi

repr

oduz

ida

com

o fa

to r

eal

em n

otic

iári

os

onlin

e lo

cais

e r

egio

nais

do

Bra

sil,

entr

e el

es o

Bar

reir

as N

otíc

ias

e o

Diá

rio

de C

ampo

Gra

nde.

“N

otic

iári

os d

a A

rgen

tina

e d

e Po

rtug

al t

ambé

m

já v

eicu

lara

m c

onte

údo

do G

17 e

hou

ve u

ma

époc

a em

que

a im

pren

sa p

arai

bana

nos

cop

iou

em

algu

mas

mat

éria

s, o

que

aca

bou

repe

rcut

indo

neg

ativ

amen

te p

ara

os j

orna

lista

s”,

cont

a N

eves

. Pa

ra e

le, u

m c

aso

mar

cant

e fo

i o d

o B

ispo

Edi

r M

aced

o de

smen

tind

o pu

blic

amen

te a

not

ícia

fict

í-ci

a de

que

a Ig

reja

Uni

vers

al ir

ia in

seri

r no

Ser

asa

os fi

éis

com

o p

agam

ento

do

dízi

mo

em a

tras

o.

O e

dito

r do

G17

acr

edit

a qu

e as

fal

has

de n

otic

iári

os q

ue d

ivul

gam

con

teúd

os d

os s

ites

de

hum

or c

omo

se fo

ssem

ver

dade

é fr

uto

do d

escu

ido

em a

veri

guar

a fo

nte

orig

inal

do

mat

eria

l. “O

‘c

ontr

ol C

’ e

o ‘c

ontr

ol V

’, em

bora

prá

tico

s, n

ão p

odem

se

torn

ar f

erra

men

tas

do c

otid

iano

dos

ve

rdad

eiro

s jo

rnal

ista

s.”

Afin

al, é

ou

não

é jo

rnal

ism

o?Iz

abel

a Va

scon

celo

s, e

dito

ra d

o C

omun

ique

-se,

por

tal t

otal

men

te v

olta

do p

ara

profi

ssio

nais

da

área

de

com

unic

ação

, acr

edit

a qu

e es

sas

míd

ias

deix

am c

laro

a p

ropo

sta

de e

scre

ver

sáti

ras.

“É

hu

mor

tra

balh

ado

de fo

rma

jorn

alís

tica

, com

as

mes

mas

téc

nica

s, m

as a

inda

ass

im é

hum

or. N

ão

prej

udic

a o

jorn

alis

mo”

, opi

na. E

la a

lega

que

par

a ha

ver

jorn

alis

mo

é pr

ecis

o re

aliz

ar a

apu

raçã

o do

s fa

tos

e se

pre

ocup

ar c

om p

ossí

veis

tra

nsto

rnos

que

a i

nfor

maç

ão p

ode

caus

ar a

os p

erso

na-

gens

e à

s fo

ntes

. Sit

es d

e hu

mor

est

ão is

ento

s de

ssa

resp

onsa

bilid

ade.

Já o

rep

órte

r da

áre

a de

cul

tura

do

Cor

reio

Bra

zilie

nse

Luiz

Pri

sco

clas

sific

a es

ses

site

s co

mo

uma

form

a di

fere

nte

de p

assa

r a

info

rmaç

ão. E

le e

ncar

a o

jorn

alis

mo

com

o um

trab

alho

inve

ntiv

o,

algo

que

se

reco

nstr

ói c

onst

ante

men

te. “

A in

tern

et e

stá

gera

ndo

um n

ovo

jorn

alis

mo

e um

a da

s ve

rten

tes

com

cer

teza

é e

ssa”

, opi

na. “

É u

ma

crít

ica

a es

sa e

ra d

a su

pere

xpos

ição

e a

o jo

rnal

ism

o ac

ríti

co q

ue v

ivem

os.”

Pa

ra P

risc

o, o

s si

tes

de h

umor

se

apro

pria

m d

e ca

ract

erís

tica

s do

jor

nalis

mo

para

cri

tica

r a

míd

ia c

onte

mpo

râne

a. M

ostr

am,

por

exem

plo,

a d

epen

dênc

ia d

os r

epór

tere

s de

ent

revi

star

es-

peci

alis

tas

que

poss

am e

scla

rece

r co

m ja

rgõe

s qu

alqu

er fa

to p

rese

nte

na n

otíc

ia. “

A t

rans

mis

são

de n

otíc

ias

fals

as s

ó co

nseg

ue s

er t

ão e

ficie

nte

porq

ue q

uem

pro

duz

o m

ater

ial

são

jorn

alis

tas

profi

ssio

nais

”, a

cres

cent

a.

O p

rofe

ssor

de

Éti

ca n

a C

omun

icaç

ão d

a U

nive

rsid

ade

de B

rasí

lia (

UnB

) Lu

iz M

arti

ns e

xplic

a qu

e es

ses

port

ais

utili

zam

-se

da p

aród

ia p

ara

“esp

etac

ular

izar

a r

ealid

ade”

. O

hum

or n

o jo

rnal

-is

mo

é um

a fo

rma

de o

pini

ão e

os

site

s de

hum

or,

segu

ndo

o pr

ofes

sor,

se e

nqua

dram

no

esti

lo

opin

ativ

o cr

ític

a. “

É,

port

anto

, um

con

trae

stilo

. U

ma

form

a az

eda

de r

idic

ular

izar

o c

otid

iano

e

defo

rmar

os

pers

onag

ens”

, afir

ma.

Mar

celo

Zor

zane

lli a

pont

a qu

e o

tem

a po

lític

a é

um d

os q

ue m

ais

gera

not

ícia

. “O

que

os

polít

i-co

s fa

zem

é s

empr

e m

uito

eng

raça

do”,

com

enta

. M

arti

ns e

scla

rece

que

os

polít

icos

pod

em s

er

paro

diad

os c

om f

acili

dade

, poi

s po

ssue

m u

m la

do v

aido

so la

tent

e. D

e ac

ordo

com

o e

spec

ialis

ta,

o pr

oble

ma

do h

umor

é s

e a

brin

cade

ira

ultr

apas

sa o

lim

ite

do e

ngra

çado

e s

e to

rna

ofen

siva

. “Q

uand

o o

hum

or v

ira

calú

nia

ele

perd

e a

graç

a. T

em q

ue t

er m

uito

cui

dado

”, a

lert

a.

“É u

ma cr

ítica

a e

ssa er

a da

sup

erex

posiçã

o e

ao

jorn

alism

o ac

rítico

que

vive

mos

”, a

firm

a o

jorn

alista

Luiz P

risco

Page 5: Campus nº. 375

4

/5

CAM

PUS

Jorn

al-la

bora

tóri

o da

Fac

ulda

de d

e Co

mun

icaç

ão d

a Un

B

Br

asíli

a, d

e 22

a 2

8 de

nov

embr

o de

201

1

A no

tíci

a de

que

um

cas

al d

e Sã

o Pa

ulo

ba-

tizo

u o

fi lho

com

o n

ome

Face

book

son,

em

hom

enag

em à

red

e so

cial

em

que

se

con

hece

ram

, o

Face

book

, fo

i di

vulg

ada

no

fi nal

de

sete

mbr

o de

ste

ano

e co

rreu

o B

rasi

l na

s se

man

as

segu

inte

s,

caus

ando

po

lêm

ica.

Le

itor

es d

esav

isad

os n

ão c

onst

atar

am,

poré

m,

que

o co

nteú

do n

otic

iado

era

fal

so e

foi

pub

li-ca

do p

elo

site

de

hum

or S

ensa

cion

alis

ta,

cuja

pr

opos

ta j

á ve

m d

efi n

ida

no s

loga

n: “

Sens

a-ci

onal

ista

– u

m jo

rnal

isen

to d

e ve

rdad

e”.

Ass

im c

omo

essa

, ou

tras

pág

inas

da

inte

r-ne

t qu

e ta

mbé

m

veic

ulam

no

tíci

as

fi ctí

cias

m c

onqu

ista

do e

spaç

o no

paí

s ao

lon

go d

os

últi

mos

doi

s an

os.

O G

17,

espé

cie

de p

aród

ia

insp

irad

a no

por

tal d

e no

tíci

as

das

orga

niza

ções

Glo

bo –

G1,

o

Ego

Est

agiá

rio,

sát

ira

do s

ite

de c

eleb

rida

des

Ego

, e

o bl

og

The

piau

í H

eral

d, v

ersã

o on

-lin

e da

rev

ista

pia

uí q

ue p

ub-

lica

repo

rtag

ens

fals

as,

são

exem

plos

des

sa n

ova

form

a de

en

tret

enim

ento

. Pa

ra

o re

dato

r do

Se

nsa-

cion

alis

ta M

arce

lo Z

orza

nelli

, o

site

sa

tiri

za

a co

bert

ura

jorn

alís

tica

tr

adic

iona

l e

repr

eend

e o

jorn

alis

mo

imed

iato

e a

pre

ssa

para

se

redi

gir

cont

eúdo

s. “A

idei

a nã

o é

espa

l-ha

r bo

atos

ou

notí

cias

fal

sas

na in

tern

et. Q

ue-

rem

os a

pena

s fa

zer

rir”

, co

men

ta Z

orza

nelli

, qu

e al

ém d

e re

dato

r de

hum

or ta

mbé

m é

edi

tor

da r

evis

ta m

ascu

lina

Alfa

. E

ntre

os

site

s de

not

ícia

s fi c

tíci

as c

itad

os, o

Se

nsac

iona

lista

foi

o p

rim

eiro

a a

pare

cer.

Est

á no

ar

desd

e o

prim

eiro

sem

estr

e de

200

9. S

eu

dest

aque

na

web

o f

ez g

anha

r um

pro

gram

a ho

môn

imo

no c

anal

de

TV f

echa

da M

ulti

show

, tr

ansm

itid

o to

da s

egun

da-fe

ira,

às

22h3

0. O

te

lejo

rnal

fake

vai

ao

ar d

esde

11

de a

bril

dest

e an

o. Q

uand

o se

tra

ta d

e po

pula

rida

de n

as r

e-de

s so

ciai

s o

site

tra

va d

ispu

ta a

cirr

ada

com

o

G17

em

ter

mos

de

aces

so.

A i

nspi

raçã

o in

icia

l do

gru

po f

oi o

jor

nal

satí

rico

est

adun

iden

se T

he O

nion

. A

pesa

r do

fo

rmat

o do

sit

e, M

arce

lo n

ão c

lass

ifi ca

o S

en-

saci

onal

ista

com

o um

a m

anei

ra d

e se

faze

r jo

r-na

lism

o. E

le e

xplic

a qu

e o

mat

eria

l ve

icul

ado

rest

ring

e-se

ao

cará

ter

hum

orís

tico

. Se

gund

o o

reda

tor,

para

pro

duzi

r as

fal

sas

info

rmaç

ões,

a

equi

pe a

com

panh

a no

tici

ário

s, t

roca

e-m

ails

, re

úne-

se e

dis

cute

até

ent

rar e

m c

onse

nso

sobr

e de

term

inad

o te

ma.

“P

ara

ser

divu

lga-

do,

prec

isa

ser

engr

aça-

do”,

co

men

-ta

. O

G17

, po

r su

a ve

z,

surg

iu

da

inic

iati

va

do

empr

esár

io e

fu

ndad

or

do

jorn

al G

azet

a do

Agr

este

veíc

ulo

que

circ

ula

no

Rio

G

rand

e do

N

orte

de

sde

2003

–,

R

afae

l G

usta

vo

Ne-

ves.

O p

orta

l de

hu

mor

te

ve

seu

dom

ínio

reg

-is

trad

o em

20

10,

mas

Nev

es p

asso

u a

atua

lizá-

lo e

spo-

radi

cam

ente

des

de m

aio

dest

e an

o. “

Sem

pre

tive

fac

ilida

de p

ara

cria

r no

tíci

as e

ngra

çada

s,

base

adas

em

fat

os r

eais

, com

pit

ada

de h

umor

e

absu

rdo”

, exp

lica.

A

int

ençã

o é

prop

orci

onar

ent

rete

nim

ento

, ta

nto

para

que

m l

ê, q

uant

o pa

ra q

uem

faz

. O

hu

mor

vem

com

o um

a fo

rma

suti

l de

pro

tes-

tar

e ab

rir

os o

lhos

da

soci

edad

e pa

ra a

lgun

s as

sunt

os,

escl

arec

e R

afae

l. Ú

nico

mem

bro

do

site

G17

, é

ele

quem

pen

sa,

escr

eve

e pu

blic

a as

sát

iras

. O

red

ator

con

ta q

ue t

udo

surg

e na

ho

ra e

m q

ue s

enta

em

fre

nte

ao c

ompu

tado

r pa

ra a

tual

izar

o s

ite.

Por

vez

es, p

ede

ajud

a ao

s am

igos

que

est

ão o

nlin

e no

MSN

a r

espe

ito

de

uma

paut

a ou

idei

a.E

mbo

ra o

sit

e ve

nha

ganh

ando

cad

a ve

z m

ais

espa

ço n

o ce

nári

o vi

rtua

l, R

afae

l acr

edit

a qu

e é

impo

ssív

el p

reve

r o

que

pode

ou

não

se

torn

ar f

amos

o na

int

erne

t. “

A g

rand

e m

aior

ia

tem

apr

ovad

o o

esti

lo d

e fa

zer

hum

or d

o si

te e

os

núm

eros

de

aces

sos

mos

tram

isso

”, c

omen

-ta

. “C

om r

elaç

ão a

o su

cess

o do

G17

, é

frut

o do

aca

so.

Um

a di

ca é

ter

con

teúd

o pr

ópri

o e

não

copi

ar d

e ou

tros

sit

es.

O r

esto

é q

uest

ão

de s

orte

.”O

por

tal E

go E

stag

iári

o é

uma

fusã

o de

sit

es

de c

eleb

rida

des

com

a fó

rmul

a do

Tw

itte

r. G

uil-

herm

e So

usa,

pub

licit

ário

e c

riad

or d

a pá

gina

, di

z qu

e pr

eten

de t

raze

r um

hum

or d

ifere

nte

para

o p

úblic

o, a

lgo

que

faça

rir

com

ape

nas

algu

ns c

arac

tere

s. “

A i

deia

sur

giu

quan

do e

u es

tava

no

Twit

ter

e vi

a um

gra

nde

núm

ero

de

pess

oas

recl

aman

do d

as n

otíc

ias

do s

ite

Ego

, m

enci

onan

do q

ue n

ão

acre

scen

tava

m

em

nada

na

vida

das

pes

-so

as”,

con

ta.

Pesq

uisa

s fe

itas

por

So

usa

em

rede

s so

-ci

ais

mos

tram

qu

e o

núm

ero

de r

ejei

ção

do

públ

ico

ao s

ite

é in

fe-

rior

a 2

%. E

le a

cred

ita

que

o su

cess

o se

dev

e ao

fat

o de

que

as

pes-

soas

est

ão c

ansa

das

de

ler

notí

cias

sem

impo

rtân

cia

de fa

mos

os. “

Ele

s go

star

iam

de

ver

cois

as q

ue r

ealm

ente

tod

o m

undo

pas

sa o

u já

pas

sou

no d

ia a

dia

”, a

fi rm

a.

“O m

undo

pre

cisa

rir

mai

s, c

omo

diz

Cha

rlie

C

hapl

in: ‘

Um

dia

sem

ris

os é

um

dia

per

dido

’.”Pa

ulo

Kle

ber,

20,

é es

tuda

nte

de G

eofís

ica

da U

nive

rsid

ade

de B

rasí

lia e

aco

mpa

nha

por

mei

o de

red

es s

ocia

is a

s at

ualiz

açõe

s do

s si

tes

de h

umor

. Se

u pr

imei

ro c

onta

to c

om e

sse

tipo

de

ent

rete

nim

ento

foi

por

mei

o da

rep

rodu

ção

da n

otíc

ia d

o G

17 M

ulhe

r m

orre

eng

asga

da

com

sêm

en d

o am

ante

em

mot

el,

no p

erfi l

de

Face

book

de

um a

mig

o. I

ntri

gado

com

o a

con-

teci

men

to,

deci

diu

aces

sar

o si

te p

ara

sabe

r m

ais.

Gos

tou.

Ele

rel

ata

que

à pr

imei

ra v

ista

ac

hou

que

o co

nteú

do fo

sse

verd

adei

ro, d

epoi

s pe

rceb

eu q

ue e

ra u

ma

crít

ica

ao p

orta

l de

notí

-ci

as d

a G

lobo

. “O

G17

é a

té m

elho

r qu

e o

G1”

, br

inca

.O

pro

fess

or d

e bi

olog

ia C

laud

iner

Bio

rot,

30,

vi

sita

reg

ular

men

te a

pág

ina

do S

ensa

cion

al-

ista

mai

s de

um

ano

. “G

osto

por

que

na m

aio-

ria

das

veze

s el

es s

ão c

riat

ivos

e n

ão p

ossu

em

mui

tas

rese

rvas

”, e

scla

rece

. O

pro

fess

or o

b-se

rva

que

a co

nfus

ão d

e le

itor

es q

ue a

cred

itam

na

s no

tíci

as f

ake

é um

com

ple-

men

to p

ara

o hu

mor

. “A

cad

a di

a m

ais

pess

oas

se c

onec

tam

ao

mun

do p

ela

inte

rnet

e s

em s

ab-

er a

caba

m c

ontr

ibui

ndo

com

o

hum

or in

telig

ente

des

ses

site

s.”

QU

AN

DO

N

OTÍ

CIA

S

FAK

E

VIR

AM

RE

ALI

DA

DE

Not

ícia

s co

mo

a do

cas

o Fa

-ce

book

son

não

enga

nam

so

-m

ente

le

itor

es,

mas

ta

mbé

m

veíc

ulos

jor

nalís

tico

s e

órgã

os

ofi c

iais

. E

m a

gost

o de

ste

ano,

o

Min

isté

rio

do

Plan

ejam

ento

di

vulg

ou n

o Tw

itte

r qu

e a

pres

i-de

nte

Dilm

a R

ouss

eff

seri

a ga

rota

-pro

paga

nda

do p

rodu

to

Veja

Lim

peza

Pes

ada.

A i

nfor

-m

ação

era

um

a sá

tira

ret

irad

a do

Sen

saci

onal

ista

sob

re a

“fa

x-in

a” q

ue a

pre

side

nte

tem

fei

to

nos

últi

mos

mes

es e

m p

asta

s do

go

vern

o al

vos

de d

enún

cias

de

corr

upçã

o. O

jorn

al O

Est

ado

de

S.Pa

ulo

noti

ciou

a c

onfu

são

logo

qu

e a

perc

ebeu

. O

fun

cion

ário

do

min

isté

rio

resp

onsá

vel

pela

con

fusã

o ac

a-bo

u se

ndo

dem

itid

o.E

m m

aio

de 2

010,

nov

o ep

isód

io: o

Giz

mod

o,

site

est

adun

iden

se d

e no

vida

des

na á

rea

de

tecn

olog

ia

reco

nhec

ido

inte

rnac

iona

lmen

te,

assi

m c

omo

algu

ns jo

rnai

s de

Por

tuga

l, E

span

-ha

, Fra

nça,

Ingl

ater

ra e

Méx

ico,

de

acor

do c

om

leva

ntam

ento

da

eq

uipe

do

Se

nsac

iona

lista

, pu

blic

aram

not

ícia

com

cha

mad

a M

ulhe

r en

-gr

avid

ou v

endo

fi lm

e po

rnô

3D c

onsi

dera

ndo-

a co

mo

real

. O

con

teúd

o, n

o m

ínim

o in

usit

ado,

na

rra

que

um c

asal

bra

nco

dos

Est

ados

Uni

dos

teve

um

fi lh

o ne

gro.

Dia

nte

do o

corr

ido,

a m

ãe

aleg

ou t

er c

once

bido

a c

rian

ça e

nqua

nto

assi

s-ti

a a

um fi

lme

porn

ô em

trê

s di

men

sões

.A

rep

orta

gem

do

G17

Gar

ota

que

engr

avid

a de

chi

mpa

nzé

e re

volu

cion

a a

ciên

cia

tam

bém

fo

i re

prod

uzid

a co

mo

fato

rea

l em

not

iciá

rios

on

line

loca

is e

reg

iona

is d

o B

rasi

l, en

tre

eles

o

Inte

rrom

pem

os a

pro

gram

ação

par

a an

unci

ar o

fim

do

mun

do

Prog

ram

as d

e rá

dio

tam

bém

con

hece

ram

os

efei

tos

de u

ma

notíc

ia fic

tícia

tom

ada

por

verd

ade.

Na

noite

de

30 d

e ou

tubr

o de

193

8, o

cin

east

a e

ator

est

adun

iden

se O

r-so

n W

elle

s fo

i ao

ar

pela

rád

io C

olum

bia

Broa

dcas

ting

Sys

tem

com

um

a tr

ansm

issã

o di

fere

nte:

a a

dapt

ação

da

obra

A g

uerr

a do

s m

undo

s, d

o br

itâni

co H

.G. W

ells

.Su

cess

ivas

e b

rusc

as in

terr

upçõ

es à

pro

gram

ação

da

emis

sora

per

miti

ram

ao

fals

o ra

dial

ista

nar

rar

uma

inva

são

alie

níge

na n

as p

roxi

mid

ades

da

cida

de d

e Nov

a Io

rque

(E

UA)

e,

na s

equê

ncia

, na

pró

pria

cap

ital.

A si

mul

ação

con

tou

com

ent

revi

stas

de

espe

cial

ista

s, a

fal

sa m

orte

do

repó

rter

, ef

eito

s so

noro

s e

depo

imen

to d

o su

post

o se

cret

ário

de

Esta

do d

os E

stad

os U

nido

s. E

m p

ouco

tem

po, p

arte

da

audi

ênci

a es

tava

co

nven

cida

do

ataq

ue.

Após

um

a ho

ra d

e tr

ansm

issã

o, o

locu

tor fo

i víti

ma

da a

rma

assa

ssin

a e

caiu

mor

to.

A br

inca

deira

cheg

ou a

o fim

. W

elle

s es

clar

eceu

: “V

ocês

aca

bara

m d

e ou

vir

a pr

imei

ra

part

e de

um

a irra

diaç

ão d

e Or

son

Wel

les,

que

rad

iofo

nizo

u A

Guer

ra d

os M

undo

s, d

o fa

mos

o es

crito

r in

glês

H. G.

Wel

ls”.

Mas

o d

eses

pero

já e

stav

a in

stal

ado.

Bar

reir

as N

otíc

ias

e o

Diá

rio

de C

ampo

Gra

nde.

“N

otic

iári

os d

a A

rgen

tina

e d

e Po

rtug

al t

ambé

m

já v

eicu

lara

m c

onte

údo

do G

17 e

hou

ve u

ma

époc

a em

que

a im

pren

sa p

arai

bana

nos

cop

iou

em

algu

mas

mat

éria

s, o

que

aca

bou

repe

rcut

indo

neg

ativ

amen

te p

ara

os j

orna

lista

s”,

cont

a N

eves

. Pa

ra e

le, u

m c

aso

mar

cant

e fo

i o d

o B

ispo

Edi

r M

aced

o de

smen

tind

o pu

blic

amen

te a

not

ícia

fi ct

í-ci

a de

que

a Ig

reja

Uni

vers

al ir

ia in

seri

r no

Ser

asa

os fi

éis

com

o p

agam

ento

do

dízi

mo

em a

tras

o.

O e

dito

r do

G17

acr

edit

a qu

e as

fal

has

de n

otic

iári

os q

ue d

ivul

gam

con

teúd

os d

os s

ites

de

hum

or c

omo

se fo

ssem

ver

dade

é fr

uto

do d

escu

ido

em a

veri

guar

a fo

nte

orig

inal

do

mat

eria

l. “O

‘c

ontr

ol C

’ e

o ‘c

ontr

ol V

’, em

bora

prá

tico

s, n

ão p

odem

se

torn

ar f

erra

men

tas

do c

otid

iano

dos

ve

rdad

eiro

s jo

rnal

ista

s.”

Afi n

al, é

ou

não

é jo

rnal

ism

o?Iz

abel

a Va

scon

celo

s, e

dito

ra d

o C

omun

ique

-se,

por

tal t

otal

men

te v

olta

do p

ara

profi

ssi

onai

s da

ár

ea d

e co

mun

icaç

ão, a

cred

ita

que

essa

s m

ídia

s de

ixam

cla

ro a

pro

post

a de

esc

reve

r sá

tira

s. “

É

hum

or t

raba

lhad

o de

form

a jo

rnal

ísti

ca, c

om a

s m

esm

as t

écni

cas,

mas

ain

da a

ssim

é h

umor

. Não

pr

ejud

ica

o jo

rnal

ism

o”, o

pina

. Ela

ale

ga q

ue p

ara

have

r jo

rnal

ism

o é

prec

iso

real

izar

a a

pura

ção

dos

fato

s e

se p

reoc

upar

com

pos

síve

is t

rans

torn

os q

ue a

inf

orm

ação

pod

e ca

usar

aos

per

sona

-ge

ns e

às

font

es. S

ites

de

hum

or e

stão

isen

tos

dess

a re

spon

sabi

lidad

e.Já

o r

epór

ter

da á

rea

de c

ultu

ra d

o C

orre

io B

razi

liens

e Lu

iz P

risc

o cl

assi

fi ca

esse

s si

tes

com

o um

a fo

rma

dife

rent

e de

pas

sar

a in

form

ação

. Ele

enc

ara

o jo

rnal

ism

o co

mo

um tr

abal

ho in

vent

ivo,

al

go q

ue s

e re

cons

trói

con

stan

tem

ente

. “A

inte

rnet

est

á ge

rand

o um

nov

o jo

rnal

ism

o e

uma

das

vert

ente

s co

m c

erte

za é

ess

a”, o

pina

. “É

um

a cr

ític

a a

essa

era

da

supe

rexp

osiç

ão e

ao

jorn

alis

mo

acrí

tico

que

viv

emos

.”

Para

Pri

sco,

os

site

s de

hum

or s

e ap

ropr

iam

de

cara

cter

ísti

cas

do j

orna

lism

o pa

ra c

riti

car

a m

ídia

con

tem

porâ

nea.

Mos

tram

, po

r ex

empl

o, a

dep

endê

ncia

dos

rep

órte

res

de e

ntre

vist

ar e

s-pe

cial

ista

s qu

e po

ssam

esc

lare

cer

com

jarg

ões

qual

quer

fato

pre

sent

e na

not

ícia

. “A

tra

nsm

issã

o de

not

ícia

s fa

lsas

cons

egue

ser

tão

efi c

ient

e po

rque

que

m p

rodu

z o

mat

eria

l sã

o jo

rnal

ista

s pr

ofi s

sion

ais”

, acr

esce

nta.

O

pro

fess

or d

e É

tica

na

Com

unic

ação

da

Uni

vers

idad

e de

Bra

sília

(U

nB)

Luiz

Mar

tins

exp

lica

que

esse

s po

rtai

s ut

iliza

m-s

e da

par

ódia

par

a “e

spet

acul

ariz

ar a

rea

lidad

e”.

O h

umor

no

jorn

al-

ism

o é

uma

form

a de

opi

nião

e o

s si

tes

de h

umor

, se

gund

o o

prof

esso

r, se

enq

uadr

am n

o es

tilo

op

inat

ivo

crít

ica.

“É

, po

rtan

to,

um c

ontr

aest

ilo.

Um

a fo

rma

azed

a de

rid

icul

ariz

ar o

cot

idia

no e

de

form

ar o

s pe

rson

agen

s”, a

fi rm

a.M

arce

lo Z

orza

nelli

apo

nta

que

o te

ma

polít

ica

é um

dos

que

mai

s ge

ra n

otíc

ia. “

O q

ue o

s po

líti-

cos

faze

m é

sem

pre

mui

to e

ngra

çado

”, c

omen

ta.

Mar

tins

esc

lare

ce q

ue o

s po

lític

os p

odem

ser

pa

rodi

ados

com

fac

ilida

de, p

ois

poss

uem

um

lado

vai

doso

late

nte.

De

acor

do c

om o

esp

ecia

lista

, o

prob

lem

a do

hum

or é

se

a br

inca

deir

a ul

trap

assa

o l

imit

e do

eng

raça

do e

se

torn

a of

ensi

va.

“Qua

ndo

o hu

mor

vir

a ca

lúni

a el

e pe

rde

a gr

aça.

Tem

que

ter

mui

to c

uida

do”,

ale

rta.

Bri

ncad

eira

que

pod

e vi

rar

caso

de

just

iça

Os

edit

ores

do

G17

e d

o E

go E

stag

iári

o ga

rant

em q

ue, a

té a

gora

, só

têm

rec

ebid

o el

ogio

s e

boa

rece

pção

por

par

te d

os le

itor

es. N

eves

diz

que

, vez

ou

outr

a, s

urge

um

a cr

ític

a de

inte

rnau

tas

que

não

gost

am d

e al

gum

a pi

ada.

o Se

nsac

iona

lista

sof

reu

a pr

imei

ra –

e ú

nica

, até

ent

ão –

am

eaça

de

proc

esso

leg

isla

tivo

em

mar

ço d

este

ano

. A

adv

ertê

ncia

foi e

ncam

inha

da p

or e

-mai

l pel

o ad

voga

do d

a ca

ntor

a M

aria

Bet

hâni

a,

que,

na

époc

a, h

avia

sid

o al

vo d

e pi

adas

pel

o ve

ícul

o. P

ouco

tem

po d

epoi

s, o

pro

fi s-

sion

al p

erce

beu

o m

al-e

nten

dido

e d

escu

lpou

-se

com

a e

quip

e da

míd

ia.

O c

aso

mos

tra

que

a di

vulg

ação

de

notí

cias

fi c

tíci

as p

ode

ofen

der

pess

oas

ou o

r-ga

niza

ções

esp

ecífi

cas

que

venh

am a

ser

cit

adas

nas

bri

ncad

eira

s. O

adv

ogad

o D

anie

l do

Pra

do e

Sou

za a

fi rm

a qu

e os

sit

es d

e hu

mor

est

ão s

ujei

tos

a po

ssív

eis

proc

esso

s de

in

diví

duos

que

se

sint

am le

sado

s pe

las

info

rmaç

ões

fals

as.

A li

berd

ade

de m

anife

staç

ão d

o pe

nsam

ento

est

á pr

evis

ta n

o ar

tigo

5º,

inci

so V

da

Con

stit

uiçã

o da

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EDUCAÇÃO

6 CAMPUS Jornal-laboratório da Faculdade de Comunicação da UnB Brasília, de 22 a 28 de novembro de 2011

Nádia Mendes

Mariana Pizarro

Estudante protagonista da aprendizagem

Qual é o som que a girafa faz?

CURIOSIDADES

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Diferentemente do cachorro do vizinho que nunca para de latir, as girafas são animais tímidos e difi cilmente vocalizam, mesmo possuindo pregas vocais e todos os demais órgãos fonadores. A maior parte de seus ruídos são infrassons (ondas sonoras com frequência menor que 20 Hz), portanto inaudíveis ao ou-vido humano. De acordo com o biólogo Tiago Carpi, do Jardim Zoológico de Brasília, são três as situações em que é mais provável que elas produzam sons audíveis: em perigo extremo, durante a comunicação com os fi lhotes e no aca-salamento. Mesmo nessas ocasiões não é comum escutar a voz das pescoçudas. “Elas utilizam outras técnicas de sedução, se acariciando no namoro, e apro-veitam o tamanho para ter uma visão avantajada da savana e localizar o perigo antes das outras presas”, explica Carpi. Até na disputa por fêmeas e territórios esses mamíferos preferem resolver tudo no muque – ou, melhor, no pescoço – em uma briga exclusivamente física.

Embora silenciosas, as pescoçudas não são mudas e podem emitir grunhidos em ocasiões especiais

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Em crescimento vertiginoso no país, ensino superior a distância supera preconceitos e se fi rma como opção mais barata de formação. Democratização da tecnologia é fator essencial para o acesso

Na primeira década do século 21, o ensino superior a distância no Brasil cresceu de maneira consi-

derável. O Ministério da Educação (MEC) divulgou no último dia 7 censo que reve-la que o número de matrículas saltou de 5.359 em 2001 para 930.179 em 2010. A modalidade representa 14,6% do total de matrículas no ensino superior realizadas no ano passado.

No Distrito Federal, 27 faculdades e universidades com sedes em diferentes estados mantêm polos de apoio em que o aluno tem a tutoria presencial e a in-fraestrutura necessária para o bom an-damento do curso, bibliotecas e laborató-rios, por exemplo. É no polo, também, que acontecem as tele-aulas, pro-vas e avaliações de aprendizagem. No DF, existem 72 polos presen-ciais credencia-dos pelo MEC em diversas regiões administrativas. O diploma vale tanto quanto o de um curso presencial.

A maioria das atividades é feita pelos alunos quan-do estão sozinhos. Trabalhos e exercí-cios de verificação de aprendizagem são entregues na plataforma virtual e corrigidas pelos tutores de educa-

ção a distância. Coordenador acadêmico do polo de São Sebastião da Faculdade Anhanguera, Werley Bispo Coelho salien-ta a importância do autoestudo. “Quem estuda sozinho, se planeja, se organiza. O aluno faz o ensino, depende da dedicação de cada um. E é o mercado que seleciona.”

Em instituições privadas que oferecem essa modalidade, o preço da mensalidade é mais baixo do que o dos cursos presen-ciais. Somado a isso, o fato de não preci-sar ir à sala de aula todos os dias é fator que motiva estudantes a escolher cursar a distância uma faculdade. Fabiana Fernan-des da Silva se formou há um ano em Ad-ministração e trabalha na área. “Escolhi o ensino a distância por causa do preço e

da facilidade de acesso. Só tinha aula duas vezes na semana, nos outros dias estu-dava sozinha.”

Escolhe fazer essa modalidade de ensino, princi-palmente, quem não teve condi-ções de começar uma graduação logo que ter-minou o ensino médio. É o caso de Maria Eunice de Araujo Silva, que trabalhou a vida toda como faxineira e re-solveu, em 2009, investir em um curso superior

em Administração: “Como eu trabalhava de segunda a sábado, ter aulas dois dias na semana era o ideal. E a mensalidade cabia no meu orçamento”. No começo deste ano, ela começou dois estágios na área e parou de fazer faxina: “Minha vida melhorou muito. E o que eu aprendo no estágio me ajuda na faculdade. Acredito que quando eu me formar não terei difi-culdade em arrumar emprego, já que es-tou tendo experiência na área e faço cur-sos para complementar”.

CONEXÃO NECESSÁRIANo último ano, o ensino a distância teve

quase 100 mil matrículas a mais que em 2009. Apesar de estar em ascensão, esse sistema ainda apresenta dificuldades. A professora da Faculdade de Educação da UnB Leda Fiorentini destaca alguns pontos que ainda precisam ser superados. “O tu-tor a distância desencadeia a relação entre aluno e o conteúdo ministrado pelo pro-fessor da disciplina. Ele deve ter a mesma formação do professor, o que não acontece muitas vezes. O papel do tutor é essencial, é ele que dá o retorno e que faz o acompa-nhamento do desempenho do aluno.”

Leda, especialista em didática e tec-

Na primeira quinzena de julho de 1995 o Campus falou sobre um projeto de tele-educação que levaria TV educativa às esco-las públicas do Plano Piloto, por meio de um canal interativo. Os programas seriam distribuídos nas escolas e os alunos po-deriam ligar para os professores para tirar dúvidas. O projeto previa que até o ano 2000, quando seria a fase final, 500 escolas teriam acesso às aulas. Se tudo desse certo, seria possível inte-ração total entre alunos e professores, que poderiam conversar através do vídeo e fazer teleconferências.

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nologias, ressalta que ainda é preciso evoluir no conhecimento das ferramentas utilizadas no processo do ensino a distân-cia. “Professores, tutores, alunos e gesto-res precisam superar as dificuldades no manuseio da tecnologia. Ela deve ajudar e não ser um obstáculo na aprendizagem. Para uma melhoria na qualidade do ensino a distância é preciso superar o modelo da transmissão de conhecimento. O estudan-te deve construir o próprio conhecimento por meio da informação oferecida pelo professor. É uma responsabilidade muito grande do aluno.”

Alguns conselhos de classe, como o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e o Conselho Federal de Bio-logia (CFBio) não são favoráveis à gra-duação a distância. O CFBio impediu o registro profissional até 2010 e o CFESS promoveu, este ano, uma campanha na internet comparando os cursos com ali-mentação fast-food. A Justiça Federal suspendeu as duas ações. A conselhei-ra em recursos humanos Rita Brum, da Rhaiz Consultoria, afirma que no mer-cado essa distinção não aparece. “Ne-nhuma empresa recusa graduados nessa modalidade”, garante.

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Maria Eunice aproveita o tempo livre para fazer as ativi-dades no ambiente virtual

Page 7: Campus nº. 375

EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE

João Paulo Mariano

O que será que existe depois da CEU?Com a Casa do Estudante em reforma, universitários se viram com as alternativas oferecidas pela UnB. Há quem prefira morar fora do campus, mesmo com problemas no transporte e eventuais atrasos do auxílio financeiro

CAMPUS Jornal-laboratório da Faculdade de Comunicação da UnB Brasília, de 22 a 28 de novembro de 2011 7

A retirada dos moradores da Casa do Estudante Universitário (CEU) da Universidade de Brasília

(UnB) no início deste ano foi contur-bada. Teve embates entre alunos que não tinham para onde ir e a Universi-dade, que propôs resoluções que não agradaram parte dos universitários. Depois das primeiras complicações, 463 estudantes passaram a morar em apartamentos do Plano Piloto e alguns em regiões administrativas. A mudan-ça gerou diferenças: para uns está melhor, mas para outros nem tanto.

A construção de 1972 tinha capa-cidade para abrigar 368 estudantes e recebia um número variado de alunos por semestre. Eles eram encaminhados pela Diretoria de Desenvolvimento So-cial (DDS), que é a responsável na Uni-versidade por esses processos. A quan-tidade de alunos que entra por semestre é incerta, mas há estudantes que per-manecem na CEU de forma “ilegal” até a finalização do processo de moradia.

“Morar na Asa Norte é melhor do que na CEU devido a ônibus e super-mercado. Lá era muito difícil nisso”, conta a diamantinense Gleysiele Bar-bosa, do 3º semestre da Física. Atual-mente, ela mora em um apartamento de três quartos, sala, cozinha e dois banheiros, na 406 Norte. A universi-tária divide o apartamento – alugado diretamente pela Fundação Universi-dade de Brasília (FUB) – com mais três

colegas e se considera sortuda por ter ficado em um apartamento bom. Ela fez parte do movimento “Fica CEU”, que reivindicava a permanência no pré-dio dos estudantes para a garantia de direitos aos que saíam do local e tam-bém melhorias à assistência estudantil.

“Eu prefiro mil vezes a CEU do que o apartamento. O clima é diferente”, diz a colega de república de Gleysiele, Alline Diógenes, do 3º semestre de Engenha-ria Florestal. “A gente aqui é mal vis-to. Nos sentimos inferiores”, completa.

Aurílio Cordeiro era morador da ci-dade goiana de Ipameri, conseguiu o auxílio em outubro deste ano. E recebe os R$ 510 por mês. “Para a Asa Norte, é bem pouca essa quantia, mas no Gua-rá dá. É mais barato”, afirma o ipame-rense que cursa Engenharia Florestal e paga um aluguel de R$ 455, incluídos condomínio, luz e gás. “O chato do Gua-rá é que tem pouco ônibus da UnB para lá, principalmente à tarde. E, ainda, demora muito pra chegar”, completa.

O aluno Hailton Martins, que veio de Campos Belos (GO) e está no 8º semestre de Química, divide um apartamento em Águas Claras com mais quatro amigos. Os gastos com o aluguel vão de R$ 1,7 mil a R$ 1,8 mil. “É um lugar bom. É mais bara-to e em conta, mas sinto falta da CEU. Era uma comunidade. Era mais cômodo”, diz.

COMO FICOU A MORADIAOs estudantes que saíram da CEU têm

direito a mo-radia de duas formas. A pri-meira, em um local alugado di-retamente pela FUB. A Univer-sidade arca com as necessida-des de reparo da casa e com água. O resto é por conta do locatário. A se-gunda opção é receber R$ 510 na conta bancá-ria e alugar por conta própria. Nos dois casos, os estudantes recebem bolsa-

-permanente de R$ 465 e vale-alimenta-ção de R$ 15 nos domingos, feriados e em dias da semana em que não tenham aula.

São 32 estudantes morando em apar-tamentos alugados pela FUB, 415 rece-bendo R$ 510 – dos três campi – e 16 na Casa do Estudante alugada pela UnB para alunos de Planaltina. Segundo a di-retora do DDS, Maria Tereza Cristina, o aluno é livre para escolher onde morar. “Nós respeitamos o aluno nesse sentido. Ele alugará o que melhor atender as de-mandas dele”, afirma Maria Tereza.

Os calouros não têm direito a assis-tência estudantil até estarem com toda documentação acertada com o DDS. Isso acaba fazendo com que estudantes, como Paulo Bastos do 1º semestre do curso de Gestão de Agronegócio, passem por problemas para encontrar moradia. Segundo ele, a burocracia demorou três meses e, durante esse tempo, ele morou de aluguel em Samambaia com o dinhei-ro de um empréstimo que a mãe fez. “Quando consegui me mudar, o dinheiro e o tempo que eu poderia ficar no local haviam acabado. Isso só aconteceu por volta do dia 7 de outubro”, afirma o paraense Paulo, que está morando em um apartamento alugado pela FUB na 416 Norte.

TRANSTORNOS DO ATRASO“A bolsa não tem dia certo para cair.

Antes era até o dia 13, depois todo dia 22, agora até o quinto dia útil. A gente nunca sabe se cairá. Fica difícil contar com esse dinheiro”, afirma Alexandre de Oliveira, estudante do 3º semestre de Química. Alline Diógenes afirma que já teve vários problemas burocráticos: “Fiz nove mudanças desde fevereiro e resolver as coisas no DDS é complica-do. Sempre dá algum problema na mi-nha bolsa. Ou é o numero da conta ou o CPF”. Algumas mudanças ocorreram por incompatibilidade com colegas de quarto e outras, por problemas mais graves, como falta de segurança.

A diretora Maria Tereza garante que o pagamento é feito sempre até o quinto dia útil do mês. Ela desconhece atrasos desde março. “Se houver algum proble-ma no pagamento, é pontual e o estu-dante pode nos procurar para resolver o problema. Se for erro institucional, nós pagamos qualquer multa referente a atrasos no aluguel, mas se for por causa de falta de algum documento do aluno, nós não podemos fazer nada.”

Sobre o valor pago por estudante para o aluguel de imóvel, a diretora diz que houve um levantamento do preço do aluguel feito pela diretoria e por representantes da Associação dos Moradores da CEU (AMCEU) nas qua-dras 202 a 210 Norte e nas 402 a 410 Norte. “Achamos o preço médio de R$ 450 e resolvemos aumentar para R$ 510”, complementa a diretora.

Conversar com os estudantes a res-peito da situação em que eles estão foi surpreendente. Parecia, que mes-mo depois de inúmeras matérias nos mais diversos jornais, ainda ninguém lhes tinha perguntado sobre como ti-nha sido a correria para sair da CEU e como se viraram para arranjar um local. Os que se disponibilizaram a falar comigo não se importaram em contar as dificuldades: Eles desabafa-ram. Porém, foi perceptível que ainda acontecerão muitos enfrentamentos até a reforma da Casa do Estudante.

Vitor, Alline, Gleysiele e Alexandre dividem apartamento alugado pela FUB na 406 Norte: nem todos preferem a nova situação de moradia

Fotos: Mariana Pizarro

Reforma da CEU começa no próximo mês e está prevista para terminar em um ano

POR TRÁS DAREPORTAGEM

Page 8: Campus nº. 375

PERFIL: Seu Pereira

“Não tenho medo da morte (...)

porque ela existe”

8 CAMPUS Jornal-laboratório da Faculdade de Comunicação da UnB Brasília, de 22 a 28 de novembro de 2011

M e M ó r i a v i v ad e u M p a í s

Da pequena cidade sergipana de Pro-priá até a capital da República, João Pereira do Santos guarda mais me-

mórias do que consegue suportar o espaço oferecido nesta página. Com 97 anos, o Seu Pereira é considerado por amigos e familia-res como uma “enciclopédia viva”. O amigo Epitácio Durão Filho resume: “Muitos jovens não têm essa inteligência e memória, é in-vejável, ele tem um computador na cabeça”.

Tantas memórias podem ser conferidas na área privativa do Ministério da Justiça (MJ). É no balcão de entrada que Seu Pereira aguarda ami-gos importantes, diplomatas, deputados, senadores. Ele os recebe e até dá conselhos. Ao chegar na pequena sala de café destinada aos funcionários, Seu Pereira me cumprimenta, em japonês, com um elogio sutil quebrando o gelo de imediato. Se fala japonês? “Não, eu só acho bonito”, responde. Mas o assunto que Seu Pereira domina é história e geografia do Brasil. Vaidoso, me critica quando eu digo que não sei a quantidade de municípios que existem em Mi-nas Gerais, minha terra natal. “Se você quer ver o colosso do mundo, visite os 27 estados brasi-leiros que encontrará. Deus nasceu no Brasil.”

A história do país com Seu Pereira come-çou em 1914. A vida o colocou sempre muito perto dos principais acontecimentos sociais e políticos brasileiros. Criado com seis irmãos pela mãe solteira, o ingresso no Exército que possibilitou uma situação melhor para toda a família. Após ser transferido para Niterói, a mando do general Eurico Gaspar Dutra, foi selecionado para trabalhar na subdiretoria de cavalaria. Aproximou-se da família Vargas, tra-balhou na Central do Brasil e, em 1947, conse-

Dandara Lima

guiu um cargo na Câmara dos Deputados do Rio de Janeiro. Foi condecorado com o Mérito Getúlio Vargas e, dez dias depois da inaugura-ção de Brasília, transferido para o Planalto Cen-tral. Em Brasília, Seu Pereira criou e viu crescer os quatro filhos, voltou a estudar, casou-se pela segunda vez e se aposentou, em 1968.

No entanto, não conseguiu ficar parado: “A minha mulher me disse ‘você não diz que co-nhece tanta gente importante? Então vai arru-mar um emprego’”. Um dos filhos, João Dino, adianta que o trabalho talvez seja o maior segredo da longevidade do pai. Em 1977, em

plena ditadura militar, Seu Pe-reira foi convidado para traba-lhar na portaria privativa do MJ, então sob o comando de Armando Falcão, conhecido por sancionar a Lei de Segurança Nacional que pôs fim à pena de morte e prisão perpétua. Pelas contas de Seu Pereira,

desde que chegou ao ministério, 26 ministros passaram pelo local. Se houve um preferido? Ele desconversa. “Mas o Tarso Genro possibili-tou que eu conhecesse um dos grandes presi-dentes desse país, Luiz Inácio Lula da Silva. Foi ele que projetou o meu Brasil para o mundo.”

De acordo com Seu Pereira, o país já deveria fazer parte do primeiro mundo há mais de 300 anos e isso só não aconteceu porque o povo brasileiro lê pouco e falta honestidade à maio-ria dos políticos. “Se o dinheiro não fosse des-viado, nossos profissionais ganhariam melhor. Eu, por exemplo, dirijo um Mercedes. Mas isso porque eu guardei e comprei com o meu di-nheiro, nunca tive que tirar nada de ninguém.” O sergipano tem uma biblioteca particular de 500 livros. João Dino ressalta que a paixão que Seu Pereira tem pela leitura é inexplicável e

vem de longa data. “Ele tem a quarta série pri-mária, mas desde muito cedo explicava que, se nós quiséssemos ser alguém na vida, devería-mos estudar. Até hoje ele lê mais do que eu.”

VIVER É MUITO PERIGOSOMas o trabalho e a leitura não são os úni-

cos combustíveis que mantêm Seu Pereira na estrada. Antes de sentar à minha frente, me entrega vários papéis, fotos do aniversário de 97 anos e um que estava dobrado dentro do bolso, com o nome, a trajetória e o sucesso de cada um dos quatro filhos. “Todos muito inteligentes.” O que é comemorado pelo filho João Dino: “Quem tem um pai como eu te-nho, tem a obrigação de buscar o sucesso”. Já quanto à esposa, Dona Teresinha, com quem é casado há mais de 30 anos, João Batista, co-lega no MJ, explica que, “para ela, ele é Deus. Às vezes ele chega chateado dizendo que ela o tratou como um menino. É uma graça”.

Ele nunca fumou, bebeu, usou drogas, ba-teu o carro ou quebrou um osso. “O ‘cuida-do’”, diz, categórico, “é o maior segredo para a longevidade”. Fora isso, exercícios muscu-lares diariamente, mastigação e alimentação saudáveis. “E amamentação. Todos os meus irmãos viveram mais de oitenta anos porque foram amamentados até os dois anos de ida-de.” Quando lhe pergunto se tem medo da morte, diz que não. Depois de um breve silên-cio, “porque ela existe”.

Da esquerda para a direita1 – Seu Pereira e o possante. 2 – Junto com os amigos de trabalho, João e Epitácio. 3 – Na missa de come-moração dos 97 anos, com a mulher, Dona Terezinha. 4 – Na sala de café, Seu Pereira sorri ao se lembrar de tantas histórias. 5 – Com o filho Mário Jorge.

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