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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS HÉLIA DE BARROS KOBI AVALIAÇÃO NUTRICIONAL, FÍSICO-QUÍMICA, ANTIOXIDANTE E DE RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS DE MORANGO EM SISTEMAS DE CULTIVO ORGÂNICO E CONVENCIONAL ALEGRE - ES 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE

ALIMENTOS

HÉLIA DE BARROS KOBI

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL, FÍSICO-QUÍMICA, ANTIOXIDANTE E DE

RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS DE MORANGO EM SISTEMAS DE CULTIVO

ORGÂNICO E CONVENCIONAL

ALEGRE - ES

2014

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HÉLIA DE BARROS KOBI

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL, FÍSICO-QUÍMICA, ANTIOXIDANTE E DE

RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS DE MORANGO EM SISTEMAS DE CULTIVO

ORGÂNICO E CONVENCIONAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, do Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal do Espírito Santo, como parte das exigências para obtenção do Título de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Orientadora: Profª PhD. Neuza Maria Brunoro Costa Coorientadora: Profª DSc. Pollyanna Ibrahim

Silva

ALEGRE – ES

2014

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Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)

(Biblioteca Setorial de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)

Kobi, Hélia de Barros, 1987-

K75a Avaliação nutricional, físico-química, antioxidante e de resíduos de agrotóxicos

de morango em sistemas de cultivo orgânico e convencional / Hélia de Barros Kobi.

– 2014.

128 f. : il.

Orientador: Neuza Maria Brunoro Costa.

Coorientador: Pollyanna Ibrahim Silva.

Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Universidade

Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Agrárias.

1. Morango. 2. Alimentos naturais. 3. Fragaria ananassa Duch. I. Costa, Neuza

Maria Brunoro. II. Silva, Pollyana Ibrahim. III. Universidade Federal do Espírito

Santo. Centro de Ciências Agrárias. IV. Título.

CDU: 664

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A Sociedade Brasileira,

por todos os anos de estudo em uma Universidade Pública.

Ao Grupo de Agricultura Ecológica Kapi’xawa,

por todo aprendizado recebido.

DEDICO

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AGRADECIMENTOS

À minha Orientadora Neuza Maria Brunoro Costa, pela oportunidade de realizar este

trabalho e pela paciência enquanto orientadora.

À minha Coorientadora Pollyanna Ibrahim Silva, pela disponibilidade e atenção.

Ao Jacimar Souza, a Fernanda Heleno e ao Joel Carneiro por toda orientação para

realização deste trabalho.

Ao Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – INCAPER.

Ao Laboratório de Química Analítica (LAQUA) do Departamento de Química da

Universidade Federal de Viçosa - MG.

A todos aqueles que contribuíram nos trabalhos de campo e nas análises laboratoriais.

Em especial ao Gabriel Pinto Guimarães, Walter Oliveira, Marina Carvalho, Carmelita

Scolforo, Marcela Santana, Julio Valiati Marin, Géssica Gazolla Teixeira Fernandes,

Nathalia Arrastia Bis Rosa, Eduardo Fornazier, Davi Salgado de Senna, Danilo

Schueng de Souza, Poliana Lemes Azevedo, Gracciele Lorenção e Érica Mangaravite.

À minha Família, Vera Lucia de Barros Kobi, Hélio Decoth Kobi, Rodrigo de Barros

Kobi, Carol Ayres Kobi, Caio Kobi e Lara Kobi.

Aos Companheiros e Companheiras do Grupo de Agricultura Ecológica Kapi’xawa.

Ao Sítio Jaqueira, ao Newton Campos e Ana Claudia Meira.

À Universidade Federal do Espírito Santo e ao Programa de Pós Graduação em

Ciência e Tecnologia de Alimentos.

A todos (as) que de alguma forma contribuíram.

À CAPES e a FAPES pelo financiamento do Estudo.

Gratidão!

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RESUMO

KOBI, Hélia de Barros. Avaliação nutricional, físico-química, antioxidante e de

resíduos de agrotóxicos de morango em sistemas de cultivo orgânico e

convencional. 2014. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos)

– Universidade Federal do Espírito Santo. Orientadora: Profª PhD. Neuza Maria

Brunoro Costa. Coorientadora: Profª DSc. Pollyanna Ibrahim Silva.

O morango é um “fruto” muito apreciado pelos consumidores por sua cor, aroma e

sabor atrativos e por suas propriedades nutritivas. A cultivar, o tipo de solo, de clima

e os sistemas de cultivo podem influenciar as propriedades químicas e físicas de um

alimento. A agricultura convencional, baseada na utilização de insumos químicos,

pode afetar o meio ambiente e a saúde humana e, em vista disso, modelos

sustentáveis de produção orgânica e agroecológicas têm sido propostos. Pouco é

conhecido, entretanto, como os diferentes sistemas de produção podem afetar a

composição físico-química e nutritiva do morango. Neste sentido, o objetivo desse

estudo foi comparar as propriedades físico-químicas, antioxidantes e concentração de

resíduos de agrotóxicos em morangos cultivados em sistema orgânico e convencional.

Foram conduzidos dois experimentos. No primeiro, foi analisada a qualidade de

morangos (Fragaria x ananassa Duchesne), das cultivares (cv.) Camarosa e Albion,

cultivados em sistema orgânico e convencional, com canteiros cobertos e descobertos,

em propriedades rurais. No segundo, foi estudada a qualidade de morangos (Fragaria

x ananassa Duchesne), cv. Camarosa, produzidos em sistema orgânico e

convencional, cultivados sob condições controladas. Em ambos estudos os morangos

foram analisados quanto ao teor de umidade, proteínas, carboidratos, lipídios e cinzas,

valores de pH, teor de sólidos solúveis, sólidos totais e acidez total titulável, teor de

vitamina C, antocianina, compostos fenólicos totais e capacidade antioxidante.

Somente nos morangos produzidos em sistemas de cultivo controlados foi analisada

a concentração de resíduos dos agrotóxicos, azoxistrobina, lambda-cialotrina e

tiametoxam. Os resultados obtidos no primeiro estudo demonstraram diferença

significativa entre os tipos de cultivo para as variáveis: umidade, sólidos totais (ST) e

carboidratos. Para a cultivar Albion, foram observados maiores valores de umidade

(91,77 %) e menores teores de sólidos totais (8,22 %) nos morangos orgânicos. Para

o mesmo sistema de cultivo, convencional, a cv. Albion apresentou maior teor de

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sólidos totais quando comparada a cv. Camarosa. Os valores médios de carboidrato

apresentaram diferença significativa entre os morangos orgânicos (5,74 %) e

convencionais (8,18 %) somente para a cultivar Albion. Na análise do fator cobertura

dos canteiros, de morangos da cv. Camarosa produzidos em sistema de cultivo

orgânico e convencional, foi observado que entre os cultivos orgânico e convencional

houve diferença significativa nos teores de umidade, sólidos totais, carboidratos,

antocianina e capacidade antioxidante dos morangos. E entre os morangos cultivados

em canteiros cobertos e descobertos foi encontrada diferença significativa quanto aos

teores de umidade, sólidos totais e compostos fenólicos. No estudo de morangos, cv.

Camarosa, produzidos em sistemas controlados de cultivo orgânico e convencional,

houve diferença significativa entre as variáveis umidade, sólidos totais, sólidos

solúveis, proteínas, cinzas, carboidratos e antocianina. Os morangos orgânicos

apresentaram maiores teores de umidade (91,48 %) e cinzas (0,43 %), enquanto que

os morangos convencionais apresentaram maiores valores de sólidos solúveis (8,50

ºBrix), proteínas (0,93%) e antocianina (17,72 mg100g-1). Ainda neste estudo, as

concentrações dos resíduos de agrotóxicos, azoxistrobina, lambda-cialotrina e

tiametoxam, em todas as amostras de morango orgânico estavam abaixo do limite

detecção (<LD) do método, ou seja, não foram detectadas; e nos morangos

convencionais as concentrações de resíduos encontradas estavam abaixo do limite

de quantificação (<LQ) do método, ambos abaixo dos Limites Máximos de Resíduos

(LMR’s) estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, para cada

composto. Sendo assim, conclui-se que os resultados obtidos não apontam diferenças

relevantes nas propriedades físico-químicas, nutricionais e antioxidantes dos

morangos produzidos nos diferentes sistemas de cultivo. No entanto, observou-se que

por meio do cultivo orgânico, praticado de acordo com as normas estabelecidas, foi

possível obter morangos isentos de todos os agrotóxicos analisados.

Palavras Chave: Morango, Fragaria x Ananassa, Alimento Orgânico

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ABSTRACT

KOBI, Hélia de Barros. Nutritional physicochemical evaluation, antioxidant and

strawberry pesticide residues in organic and conventional farming systems.

2014. Thesis (Master of Science and Food Technology) – Federal University of Espírito

Santo. Advisor: Profª PhD. Neuza Maria Brunoro Costa. Co-adviser: Profª DSc.

Pollyanna Ibrahim Silva.

The strawberry is a "fruit" appreciated by consumers for its color, aroma and attractive

flavor and its nutritional properties. The cultivating the soil type, the climate and

growing systems may influence the chemical and physical properties of a food.

Conventional agriculture based on the use of chemical inputs, can affect the

environment and human health and, in view of this, organic and sustainable models of

agro-ecological production have been proposed. Little is known, however, how the

different production systems can affect the physico-chemical and nutritional

composition of the strawberry. In this sense, the aim of this study was to compare the

physicochemical properties, antioxidants and concentration of pesticide residues in

strawberries grown in organic and conventional systems. Two experiments were

conducted. At first, we analyzed the quality of strawberry (Fragaria x ananassa

Duchesne) cultivars (cv). Camarosa and Albion, grown in organic and conventional

systems, with covered and uncovered plots in rural properties. In the second, we

evaluated the quality of strawberry (Fragaria x ananassa Duchesne) cv. Camarosa,

grown under organic and conventional systems, grown under controlled conditions. In

both studies the strawberries were analyzed for moisture, protein, carbohydrates, fat

and ash content, pH, soluble solids, total solids and total titratable acidity, vitamin C,

anthocyanins, phenolic compounds and antioxidant capacity. Only the strawberries

produced in controlled cultivation systems we analyzed the concentration pesticide

residues, azoxystrobin, lambda-cyhalothrin and thiamethoxam. The results obtained in

the first study showed significant differences between the types of cultivation for the

variables: moisture, total solids (TS) and carbohydrates. To cultivate Albion, higher

values of moisture (91.77%) and lower total solids (8.22%) were observed in organic

strawberries. For the same hydroponics system, conventional, cv. Albion showed

higher total solids compared to cv. Camarosa. The average values of carbohydrate

showed significant differences between organic and conventional strawberries (5.74%)

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(8.18%) only for Albion cultivate. In the analysis of the coverage factor of the beds of

strawberries cv. Camarosa produced in organic and conventional cropping system, it

was observed that between organic and conventional crops were no significant

differences in moisture, total solids, carbohydrates, anthocyanin and antioxidant

capacity of strawberries. And among the strawberries grown in beds covered and

uncovered significant difference was found for the levels of moisture, total solids and

phenolic compounds. In the study of strawberries cv. Camarosa, produced in

controlled organic and conventional farming systems no significant differences were

observed between the variables moisture, total, soluble solids solids, protein, ash,

carbohydrate and anthocyanin. The organic strawberries had higher moisture content

(91.48%) and ash (0.43%), while conventional strawberries had higher soluble solids

(8.50 ° Brix), protein (0.93%) and anthocyanin (17.72 mg100g-1). In the same study,

the concentrations of pesticide residues, azoxystrobin, and thiamethoxam lambda-

cyhalothrin in all samples were below the organic strawberry detection limit (<LOD) of

the method, or were not detected; and conventional strawberries concentrations of

residues found were below the limit of quantification (<LOQ) of the method, both below

the Maximum Residue Limits (MRLs) established by the Brazilian Agency of Sanitary

Surveillance, for each compound. Therefore, it is concluded that the results do not

indicate significant differences in physicochemical, nutritional and antioxidants of

strawberries produced in different cropping systems properties. However, it was

observed that the organic farming, practiced in accordance with the rules established,

yielded strawberries free of all pesticides analyzed.

Key Words: Strawberry, Fragaria x ananassa, Organic Food

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Área experimental após 10 dias de plantio dos morangueiros, mostrando o

sistema orgânico (A) e sistema convencional (B)........................................................33

Figura 2. Distribuição espacial dos canteiros de morango na área experimental,

mostrando plantas com frutos em período de colheita................................................34

Figura 3. Cromatograma de extratos obtidos de uma amostra de morango isenta de

agrotóxicos (linha preta); e fortificada com os analitos em estudo (linha

azul)............................................................................................................................53

Figura 4. Curva analítica obtida para o agrotóxico Azoxistrobina...............................54

Figura 5. Curva analítica obtida para o agrotóxico Lambda-cialotrina........................54

Figura 6. Curva analítica obtida para o agrotóxico Tiametoxam.................................55

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Identificação das propriedades rurais onde foram obtidas as amostras de

morangos orgânicos e convencionais.........................................................................28

Tabela 2. Características dos solos das áreas estudadas, em ambientes controlados

de cultivo orgânico e convencional (INCAPER, Domingos Martins, 2013)..................30

Tabela 3. Composição média de compostos orgânicos da Unidade de Referência em

Agroecologia (Domingos Martins, INCAPER, 2010)...................................................31

Tabela 4. Valores médios de pH, acidez total titulável, proteínas, lipídeos, cinzas,

antocianinas, compostos fenólicos, atividade antioxidante e vitamina C de morangos

orgânicos e convencionais, das cultivares Camarosa e Albion, obtidos em

propriedades rurais.....................................................................................................45

Tabela 5. Teores de umidade (%) de morangos orgânicos e convencionais, das

cultivares Camarosa e Albion, obtidos em propriedades rurais...................................46

Tabela 6. Teores de sólidos totais (%) de morangos orgânicos e convencionais, das

cultivares Camarosa e Albion, obtidos em propriedades rurais.................................46

Tabela 7. Valores médios de carboidratos (%) em morangos orgânicos e

convencionais, das cultivares Camarosa e Albion, obtidos em propriedades rurais....47

Tabela 8. Valores médios de umidade, sólidos totais, pH, acidez total titulável, sólidos

solúveis, proteínas, lipídios, cinzas, carboidratos, antocianina, compostos fenólicos,

atividade antioxidante e vitamina C em morangos, orgânicos e convencionais, obtidos

em propriedades rurais...............................................................................................49

Tabela 9. Valores médios de pH, acidez total titulável, lipídios, compostos fenólicos,

atividade antioxidante e vitamina C em morangos, orgânicos e convencionais,

produzidos em ambientes controlados.......................................................................51

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Tabela 10. Valores médios de umidade, sólidos totais, sólidos solúveis, proteínas,

cinzas e carboidratos em morangos, orgânicos e convencionais, produzidos em

ambientes controlados................................................................................................51

Tabela 11. Parâmetros das curvas de calibração dos compostos azoxistrobina,

lambda-cialotrina e tiametoxam..................................................................................54

Tabela 12. Limite de Detecção e Limite de Quantificação do método para os

compostos azoxistrobina, lambda-cialotrina e tiametoxam.........................................55

Tabela 13. Parâmetros estatísticos, recuperação e coeficiente de variação calculados

para a matriz morango, para n = 6...............................................................................56

Tabela 14. Concentração dos resíduos de agrotóxicos nas amostras de morango

orgânicos e convencionais, produzidos em ambientes controlados............................57

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................14

2. OBJETIVOS...........................................................................................................16

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................17

3.1. A cultura do morangueiro.....................................................................................17

3.2. O morango...........................................................................................................17

3.3. Modelos de agricultura.........................................................................................18

3.4. Agrotóxicos nos alimentos...................................................................................21

3.5. Referências bibliográficas....................................................................................23

4. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................28

4.1. Análise de qualidade de morangos produzidos em sistema de cultivo orgânico e

convencional em propriedades rurais.........................................................................28

4.2. Estudo da qualidade de morangos em ambientes controlados de cultivo orgânico

e convencional............................................................................................................29

4.3. Análise laboratorial..............................................................................................35

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................44

5.1. Análise de qualidade de morangos produzidos em sistema de cultivo orgânico e

convencional em propriedades rurais.........................................................................44

5.2. Estudo da qualidade de morangos em ambientes controlados de cultivo orgânico

e convencional............................................................................................................50

6. CONCLUSÃO.........................................................................................................61

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................63

8. APÊNDICE (TABELAS).........................................................................................68

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1. INTRODUÇÃO

O morango é um “fruto” muito apreciado pelos consumidores, especialmente

por suas características sensoriais atrativas, como aroma, sabor e cor. Sua coloração

deve-se à presença de substâncias bioativas, como as antocianinas e os demais

flavonóides, antioxidantes com propriedades anti-carcinogênicas e

antienvelhecimento precoce (ROCHA, 2010). Além disso, o morango também é rico

em fibras, possui alto teor de vitamina C, ácido fólico e baixo teor de calorias

(BORSATTI et al., 2009).

Calcula-se que a produção de morango no Brasil seja próxima de 100 mil

toneladas em uma área aproximada de 3.500 ha, com destaque para as regiões sul e

sudeste (CAMARGO et al., 2009). Esta produção em grande parte é proveniente de

cultivo em sistemas convencionais, caracterizado pelo uso intensivo de produtos

químicos, podendo receber até 45 pulverizações de agrotóxicos durante o ciclo da

cultura (DAROLT, 2003).

Diversos fatores podem influenciar nas propriedades químicas e físicas de um

alimento, como por exemplo, a cultivar utilizada, o tipo de solo, de clima e os sistemas

de cultivo (CAMARGO et al., 2009).

Importantes transformações nas relações de poder, por meio da tecnologia,

começaram a ganhar concretude ainda nos anos 50, logo após o fim da 2ª Guerra,

período onde se realçou o processo conhecido como Revolução Verde, desenvolvido

para deslocar o sentido social e político das lutas contra a fome e a miséria

(GONÇALVEZ, 2004).

A Revolução Verde introduziu um modelo de agricultura, denominado

convencional, baseado na utilização de insumos químicos (fertilizantes, agrotóxicos),

mecânicos (tratores e implementos) e biológicos (sementes geneticamente

modificadas) (ALBERGONI e PELAEZ, 2007).

Diante dos efeitos adversos que o modelo convencional de produção de

alimentos tem provocado ao meio ambiente, se impõe a necessidade de visão

ambiental onde, para o aumento da produtividade agrícola, não se comprometa a

sustentabilidade dos recursos naturais e a qualidade de vida da população. Esta visão

leva a agricultura a novas definições e caminhos como a Agroecologia, a Agricultura

Sustentável e a Agricultura Orgânica, onde a adoção de tecnologias deva atender a

requisitos de sustentabilidade ambiental, econômica e social, em que o conceito de

avanço tecnológico não esteja necessariamente associado a uma relação simplista e

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linear entre produção e aquisição de produtos industriais como máquinas, adubos

químicos e agrotóxicos (GLIESSMAN, 2000).

Estudos científicos no âmbito da Agroecologia e Agricultura Orgânica devem

ser realizados em sistemas de produção, analisados na forma de ações integradas,

onde as tecnologias não são vistas de forma isolada, mas ajudem a criar a visão de

organismo agrícola. E as técnicas participem de um processo interativo, onde a

adubação de melhor qualidade melhora a produtividade e altera a qualidade do

alimento produzido (GLIESSMAN, 2000). Neste contexto, sabendo-se que diferentes

métodos de cultivo podem influenciar na composição físico-química das plantas e

seus frutos; visando verificar qual método melhor contribui para a composição

nutricional de morango, a fim de fomentar sua produção na região sul do estado do

Espírito Santo, o objetivo deste estudo foi analisar a qualidade de frutos de morango

em sistema de produção orgânica e convencional.

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2. OBJETIVOS

Objetivo geral

Este trabalho apresentou como objetivo geral a comparação de propriedades

físico-químicas, teor de compostos com propriedades antioxidantes e concentração

de resíduos de agrotóxicos em morangos cultivados em sistema orgânico e

convencional.

Objetivos específicos

Os objetivos específicos desta pesquisa foram:

Comparar o teor de umidade, proteínas, carboidratos, lipídios e cinzas entre

morango produzido em sistema orgânico e sistema convencional.

Comparar os valores de pH, teor de sólidos solúveis, sólidos totais e acidez

total titulável entre morango produzido em sistema orgânico e sistema

convencional.

Comparar o teor de vitamina C, antocianina, compostos fenólicos e capacidade

antioxidante entre morango produzido em sistema orgânico e sistema

convencional.

Avaliar a presença de resíduos dos agrotóxicos, azoxistrobina, lambda-

cialotrina e tiametoxam em morango produzido em sistema orgânico e sistema

convencional.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. A CULTURA DO MORANGUEIRO

O morangueiro passou a ser cultivado em jardins com finalidade ornamental e

medicinal a partir do século XIV (CAMARGO, 2010). A hibridação natural ocorrida na

Europa, no século XVIII, entre plantas femininas de Fragaria chiloensis, do Chile e

plantas masculinas de Fragaria virginiana, da América do Norte, originou uma

progênie de grande variabilidade genética e ainda hoje é base para estudos de

melhoramento genético (MALAGODI-BRAGA, 2002; BRAGA, 2012).

O morangueiro pertence à família Rosácea, gênero Fragaria e a classificação

botânica referência para os cultivares comerciais é Fragraria x ananassa Duchesne.

É uma planta herbácea, de cultivo anual, com queda de qualidade e produtividade dos

frutos, em determinados períodos do ano (MALAGODI-BRAGA, 2002).

As flores dos morangueiros, de todos os cultivares comercias, são bissexuais

e auto férteis e os morangos são resultados dos receptáculos florais que acumulam

açúcares, vitaminas e outros compostos (MALAGODI-BRAGA, 2002). Os frutos

verdadeiros de morango são os pequenos caroços pretos sobre as polpas,

denominados aquênios. Porém, para fins comerciais, denomina-se o conjunto de

frutos verdadeiros como o fruto morango (HOFFMANN, 2011).

Devido às suas características, o morangueiro, planta de pequeno porte,

apresenta rápido crescimento e frutificação contínua, demanda de manejo nutricional

e técnico altamente equilibrados, caso contrário podem ocorrer ataques de doenças,

má formação de frutos e baixa produtividade (CAMARGO, 2010).

A exploração da cultura do morangueiro despertou grande interesse por parte

dos produtores, visto a alta rentabilidade quando comparada a outras culturas. E o

seu cultivo em sua maioria, se dá em pequenas propriedades, sendo importante para

a permanência do homem no campo (THIMOTEO et al., 2006).

3.2. O MORANGO

Os alimentos de origem vegetal possuem compostos fitoquímicos benéficos à

saúde, com atividades antioxidantes, anti-inflamatórias, anticarcinogênicas. Entre

estes compostos estão, por exemplo, os ácidos fenólicos, flavonóides e a vitamina C

(BROINIZI et al., 2007; PINTO, 2008).

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O morango é muito apreciado por sua cor, aroma e sabor, e por suas propriedades

nutritivas. É composto, em média, por 2 % de fibras, 92 % de água, vitaminas A, B1,

B2, B3 e C, minerais como potássio, sódio, cálcio, ferro e fósforo, ácido fólico e também

é rico em frutose e sacarose e pobre em carboidratos (OSHITA e JARDIM, 2012).

A vitamina C ou L-ascorbato (L-treo-hex-2-enono-1,4-lactona), é um derivado de

um açúcar hexose e o grupo ene-diol, reage com espécies reativas de oxigênio como

o peróxido de hidrogênio (H2O2), superóxido (O2-) e oxigênio singlete (1O2) (PINTO,

2008). Possui alto poder redutor, protege contra a oxidação descontrolada em meio

aquoso das células (COUTO e CANNIATTI-BRAZACA, 2010).

Os compostos fenólicos representam a maior categoria de substâncias

fitoquímicas e são derivados das vias do ácido chiquímico e acetato-malonato. Os três

maiores grupos de fenólicos são os flavonóides, os ácidos fenólicos e os polifenóis

(taninos) (PINTO, 2008).

A cor vermelha do morango se deve à presença das antocianinas, principalmente

na epiderme e aquênios dos frutos, que são metabólitos pertencentes à classe dos

flavonóides (BORDIGNON et al., 2009). A principal antocianina encontrada no

morango é a perlagonidina 3-glucosídeo (BROINIZI et al., 2007).

A atividade antioxidante das antocianinas se deve à sua estrutura química formada

por três anéis, que possuem ligações duplas conjugadas e também hidroxilas

distribuídas ao longo da estrutura que possibilitam o sequestro de radicais livres

(BORDIGNON et al., 2009).

Os ácidos fenólicos possuem um anel benzênico, um grupamento carboxílico e um

ou mais grupamentos de hidroxila e/ou metoxila em sua molécula, que possibilita

propriedades antioxidantes tanto para os alimentos como para o organismo

(SOARES, 2002).

Os taninos ou polifenóis são moléculas de alto peso molecular, divididas em dois

grupos: taninos hidrolisáveis e taninos condensados. Os hidrolisáveis apresentam um

núcleo central de glicose ou álcool poliídrico, esterificado com ácido gálico ou elágico,

são hidrolisáveis com ácidos, bases ou enzimas. Os condensados são polímeros de

catequina e/ou leucoantocianidina, não hidrolisáveis por ácidos (SOARES, 2002).

3.3. MODELOS DE AGRICULTURA

O surgimento da agricultura certamente está ligado a uma série de

transformações tecnológicas, baseadas em um conhecimento empírico bastante

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amplo sobre os vegetais, fatores ambientais como solo, clima e estações do ano,

sobre as sementes, o plantio e a colheita (ASSIS e ROMEIRO, 2002).

A agricultura sempre foi artefato de observações à procura de melhorias das

suas práticas continuadas. A tecnologia agrícola evoluiu buscando diminuir as

restrições do meio ambiente e de necessidade do trabalho. Até a Segunda Revolução

Agrícola, a inovação tecnológica na agricultura, caracterizou-se por práticas como

rotação de culturas e integração entre a produção vegetal e animal, respeitando o

meio ambiente procurando superar as limitações ecológicas à produção de alimentos

a partir da utilização inteligente das próprias leis da natureza (ASSIS, 2005).

A Segunda Revolução Agrícola, no século XIX, foi marcada principalmente pela

introdução dos fertilizantes químicos, surgindo assim às monoculturas e os

agroquímicos (MAZZOLENI e NOGUEIRA, 2006). Nesta perspectiva, os princípios

ecológicos básicos de relação com a natureza foram ignorados nas práticas agrícolas,

processo este que atingiu seu ápice com o advento da chamada Revolução Verde

(ASSIS, 2005), entre os anos de 1960 e 1970. Neste período as inovações

tecnológicas dos setores da química, genética, mecânica são reunidas, buscando

através da tecnologia o controle da natureza (MAZZOLENI e NOGUEIRA, 2006).

Este modelo de agricultura, conhecido como agricultura convencional, baseado

na adequação de qualquer meio ambiente pelo gerenciamento padronizado de

“pacotes tecnológicos”, desencadeou grandes problemas ambientais, erosão e perda

da fertilidade dos solos, desmatamento florestal, perda da biodiversidade genética,

contaminação dos solos, da água, dos animais silvestres, do homem e dos alimentos

(OLIMPIO, 2004). Ocasionou ainda diversos problemas sociais, acarretando aumento

da concentração fundiária e de renda, diminuição da mão de obra empregada

(GONÇALVEZ, 2004) e aumento da insegurança alimentar (ZIMMERMANN, 2009).

Diante da percepção dos problemas gerados pelos efeitos da Revolução Verde,

praticamente simultânea ao seu processo de difusão (ALTIERI, 2002), nasceram

diversos movimentos, em diferentes locais do mundo, independentes entre si, com a

proposta de uma agricultura mais sustentável ambientalmente (VÁSQUEZ et al.,

2008), buscando sistemas de produção que resgatam a lógica presente nas

sociedades camponesas tradicionais, sob novas bases tecnológicas e econômicas

(MAZZOLENI e NOGUEIRA, 2006).

Nos anos de 1930 a 1940 surgiu a agricultura orgânica na Grã Bretanha e EUA,

fundada pelo inglês Sir Albert Howard, que trabalhou com pesquisas na Índia, durante

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aproximadamente 40 anos, relacionando a saúde e a resistência humana às doenças

com a estrutura orgânica do solo onde são cultivados os alimentos. Um dos princípios

básicos defendidos pelo pesquisador era o não uso de adubos químicos minerais,

destacando a importância do uso da matéria orgânica na melhoria da fertilidade e vida

do solo (DAROLT, 2002).

A agricultura orgânica tem como princípio a melhoria da fertilidade do solo por

meio de processos biológicos naturais, pelo uso da matéria orgânica, sendo

totalmente contrária à utilização de adubos químicos solúveis. Apresenta um conjunto

de normas, incluindo procedimentos que envolvem a planta, o solo e as condições

climáticas, bem definidas para produção e comercialização da produção,

determinadas e aceitas internacionalmente e nacionalmente (DAROLT, 2002).

Na década de 1970, nasce a agroecologia, apresentando-se como um suporte

teórico para as diferentes correntes de agriculturas alternativas, que já se

manifestavam no mundo inteiro desde a década de 1920 (ASSIS e ROMEIRO, 2002).

Conceitualmente a agroecologia é uma ciência que busca entender o

funcionamento de agroecossistemas complexos, e as interações presentes nestes, e

tem como princípios a conservação e a ampliação da biodiversidade dos sistemas

agrícolas. Busca a menor dependência possível de insumos externos e a conservação

dos recursos naturais, maximizando a reciclagem de energia e nutrientes, viabilizando

o desenho de sistemas produtivos complexos e diversificados, estáveis às

perturbações inerentes ao processo produtivo da agricultura, especialmente as

flutuações mercadológicas e climáticas (ASSIS e ROMEIRO, 2002).

A agroecologia preconiza o resgate de conhecimentos tradicionais e também

utiliza o que há de mais avançado em termos de ciência e tecnologia para criar

agroecossistemas sustentáveis e de alta produtividade, com características mais

semelhantes possíveis às dos ecossistemas naturais (GLIESSMAN, 2000). Procura

integrar princípios ecológicos, agronômicos e socioeconômicos na compreensão e

avaliação do efeito das tecnologias sobre os sistemas agrícolas e a sociedade como

um todo.

Jesus (2005) considera a agroecologia como o marco conceitual do novo:

“Considera-se a agroecologia como o paradigma emergente, substituto da agricultura

industrial ou convencional, exatamente por incorporar elementos de síntese,

unificadores, integradores. Esse novo paradigma se diferencia por ter uma abordagem

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holística, não apenas no que concerne às questões ambientais, mas sobretudo às

questões humanas.”

3.4. AGROTÓXICOS NOS ALIMENTOS

Segundo a Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, agrotóxicos são produtos e ou

agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores

de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas

pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros

ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade

seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa

de seres vivos considerados nocivos (BRASIL, 1989).

No Brasil, os agrotóxicos foram introduzidos na agricultura, nas décadas de

1960 e 1970, como solução científica para o controle das pragas e doenças (PERES

et al., 2005). Desde 2008, o País é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo

(ASSAD, 2012), sendo utilizadas, neste ano de 2008, 673.862 toneladas de produtos

(NEVES e BELLINI, 2013). Em 2011, as vendas de agrotóxicos no país alcançaram

cerca de R$ 14 bilhões, o consumo médio por hectare chegou a 10,1 quilos. Em 2012,

o Brasil foi responsável pelo consumo de cerca de 1/5 dos agrotóxicos produzidos no

mundo (ASSAD, 2012).

Os efeitos dos agrotóxicos na saúde humana podem ser de dois tipos:

intoxicações agudas, resultante da exposição a concentrações de agentes tóxicos,

que causam danos efetivos aparentes em um período de 24 horas; ou efeitos crônicos,

resultantes de uma exposição continuada a doses relativamente baixas de um ou mais

produtos (RIBAS e MATSUMURA, 2009).

Diversos estudos têm detectado a presença de resíduos de agrotóxicos em

alimentos consumidos pela população em geral e em leite materno. Além disto,

apontam a possibilidade de doenças, como anomalias congênitas, de câncer, de

doenças mentais, disfunções de reprodução humana, relacionadas à exposição aos

agrotóxicos (SIQUEIRA e KRUSE, 2008).

O Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), criado em 2003, tem por objetivo

verificar níveis de resíduos de agrotóxicos dentro dos Limites Máximos de Resíduos

(LMR) nos alimentos comercializados no varejo no Brasil, como também conferir se

os ingredientes ativos utilizados estão devidamente registrados no país e se foram

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aplicados somente nas culturas para as quais estão autorizados.

Em 2012 foram coletadas pelo PARA, nos 26 Estados Brasileiros e no Distrito

Federal, 1.665 amostras de alimentos. Nos resultados observou-se que 71% das

amostras monitoradas foram consideradas satisfatórias quanto aos ingredientes

ativos pesquisados, sendo que em 35% não foram detectados resíduos e em 36%

foram encontrados resíduos com concentrações iguais ou inferiores ao LMR. Dentro

dos 29% de amostras consideradas insatisfatórias, 1,5 % do total apresentaram

presença de agrotóxicos em níveis acima do LMR, 25% do total apresentaram

agrotóxicos não autorizados para a cultura e 2,5 % do total apresentaram resíduos

acima do LMR e agrotóxicos não autorizados para a cultura simultaneamente

(ANVISA, 2013).

O morango, por ser um “fruto” de grande suscetibilidade ao ataque de

patógenos é comumente submetido a altas dosagens de agrotóxicos no sistema de

cultivo convencional (ALCÂNTARA, 2009), podendo receber até 45 pulverizações de

agrotóxicos por ciclo da cultura (CAMARGO, 2009). Um dos aspectos negativos deste

sistema de produção pode ser observado nos resultados divulgados pelo PARA, nos

quais, desde 2002, a cultura do morango tem apresentado resultados insatisfatórios

mais elevados nas análises de resíduos de agrotóxicos na categoria de frutas

(OSHITA e JARDIM, 2012).

No último relatório do PARA divulgado, das 211 amostras de morangos

analisadas, 38% continham ingredientes ativos não autorizados para a cultura, 6%

continham resíduos acima do LMR e 15% continham ingredientes ativos não

autorizados, com resíduos acima do LMR (ANVISA, 2013).

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3.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a

importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a

classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. ANÁLISE DE QUALIDADE DE MORANGOS PRODUZIDOS EM SISTEMA DE

CULTIVO ORGÂNICO E CONVENCIONAL EM PROPRIEDADES RURAIS

Neste estudo foram realizadas análises físico-químicas, de compostos com

propriedades antioxidantes e de resíduos de agrotóxicos em morangos (Fragaria x

ananassa Duchesne), das cultivares Camarosa e Albion, cultivados por produtores da

região centro-serrana do Espírito Santo em sistema orgânico e convencional.

O estudo foi dividido em dois experimentos conforme descrito a seguir.

a) Efeito dos fatores sistema de cultivo e cultivar

Neste estudo foram avaliados morangos produzidos em sistema orgânico e

convencional, das cultivares Camarosa e Albion, cultivados em canteiros sem

cobertura de túnel plástico.

b) Efeito dos fatores sistema de cultivo e cobertura de canteiro

Foram avaliados morangos produzidos em sistema de cultivo orgânico e

convencional, cultivados em canteiros com e sem cobertura de túnel plástico. Neste

estudo foram analisados morangos apenas da cultivar Camarosa.

Obtenção das amostras

As amostras de morango foram obtidas diretamente de produtores de morango,

os quais já possuíam sistemas de cultivo estabelecidos como prática agrícola para

produção de alimentos e obtenção de renda.

Foram colhidas amostras, em quatro propriedades rurais, nas localidades

descritas na Tabela 1.

PROPRIEDADE MUNICÍPIO/ES CULTIVO LATITUDE LONGITUDE ALTITUDE

(m) CULTIVAR

1 CASTELO CONVENCIONAL 20° 29’ 38” S 41° 04’ 32” W 1.145 CAMAROSA

2 VENDA NOVA DO

IMIGRANTE CONVENCIONAL 20° 27’ 41” S 41° 04’ 39” W 1.039

CAMAROSA E ALBION

3 DOMINGOS MARTINS

ORGÂNICO 20° 23' 31'' S 41° 01' 54'' W 1.095 ALBION

4 DOMINGOS MARTINS

ORGÂNICO 20° 18' 35'' S 41° 03' 48'' W 954 CAMAROSA

Para a obtenção de informações sobre as práticas de cultivo e os insumos

utilizados no manejo das plantas foram realizadas entrevistas aos produtores.

Tabela 1. Identificação das propriedades rurais onde foram obtidas as amostras de morangos orgânicos e

convencionais

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As propriedades com sistema de cultivo orgânico possuem certificação de

produção orgânica, validados por empresas que realizam inspeções e auditorias,

seguindo procedimentos básicos estabelecidos por normas reconhecidas

internacionalmente e adequadas à legislação brasileira em vigor, Lei 10.831 de

dezembro de 2003.

Colheita dos frutos e armazenamento

As amostras foram coletadas entre os meses de setembro e outubro de 2012.

Depois de colhidos, os morangos foram encaminhados aos laboratórios de Química

de Alimentos e Nutrição Experimental no Centro de Ciências Agrárias da Universidade

Federal do Espírito Santo, Alegre – ES.

Durante a colheita os morangos foram selecionados quanto à uniformidade

para os seguintes atributos: grau de maturação (aproximadamente 80%), cor e

ausência de injúrias e doenças. Para a realização das análises, foram triturados em

liquidificador da marca Walita RI2034, embalados em sacos de polietileno e

congelados à temperatura de -18 ºC.

Delineamento experimental

O delineamento experimental utilizado para a coleta das amostras foi em blocos

casualizados, com três repetições de coleta. Em cada repetição foram coletadas

amostras com cerca de trinta morangos. Todas as análises foram realizadas em

triplicata. Sendo avaliados neste estudo os fatores: sistema de cultivo, cultivar de

morango e cobertura dos canteiros.

4.2. ESTUDO DA QUALIDADE DE MORANGOS EM AMBIENTES CONTROLADOS

DE CULTIVO ORGÂNICO E CONVENCIONAL

Neste estudo foram realizadas análises em morangos (Fragaria x ananassa

Duchesne), cv. Camarosa, produzidos em sistema orgânico e convencional,

cultivados sob condições controladas.

O experimento foi desenvolvido na região centro-serrana do Espírito Santo, na

fazenda experimental do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e

Extensão Rural – INCAPER, localizada no município de Domingos Martins/ES.

Os cultivos foram conduzidos em duas áreas adjacentes, isoladas com muro

plástico para evitar interferências químicas e biológicas entre ambas. Uma delas foi

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implantada dentro de um sistema orgânico manejado há 22 anos, na Unidade de

Referência em Agroecologia (URA) do INCAPER e outra em solo adjacente, que

estava em pousio há 10 anos, onde se aplicou o manejo convencional. As

características obtidas nas análises do solo das duas áreas estão descritas na Tabela

2.

O planejamento das metodologias para atender a cada objetivo, além de seguir

os princípios da Agroecologia, seguem as recomendações da legislação Brasileira (Lei

10.831 de dezembro de 2003) para o sistema de cultivo orgânico e para o sistema

convencional as práticas de manejo foram realizadas de acordo com as orientações

de Souza e Rezende (2006).

ÁREAS P K Ca Mg CTC pH SB M.O. V

mg dm-3 mg dm-3 Cmolc dm-3 Cmolc dm-3 Cmolc dm-3 (H2O) Cmolc dm-3 % %

Orgânica 252 112 5,9 1,0 10,1 6,1 7,3 3,7 73

Convencional 35 57 2,4 0,5 5,4 5,5 3,1 2,2 57

P: fosforo; K: potássio; Ca: cálcio; Mg: Magnésio; CTC: capacidade de troca catiônica; pH: potencial hidrogênionico;

SB: soma de base; M.O.: matéria orgânica; V: saturação por bases.

Caracterização do Sistema 1 (Orgânico):

A Unidade de Referência em Agroecologia está situada nas coordenadas

geográficas 20°22’17”S e 41°03’40”O, numa altitude de 950 m. Esta região apresenta

clima tropical chuvoso, com inverno seco e verão chuvoso e classificação de solo Aw,

segundo Köppen. A média histórica indica temperatura média das máximas nos

meses mais quentes entre 26,7 e 27,8 °C e a média das mínimas nos meses mais

frios entre 8,5 e 9,4 °C.

A área experimental da URA está dividida em quinze talhões, caracterizados

individualmente com relação aos aspectos de solo desde o início de sua implantação

em 1990. Em função dos métodos e culturas trabalhadas em cada talhão, têm sido

realizados diversos estudos, por meio de campos experimentais num processo de

rotação cultural composto anualmente.

O Talhão 1 desta unidade, local determinado para a realização deste trabalho,

apresentou o seguinte sistema de sucessão de culturas antecessoras, nos dois anos

anteriores: gengibre (fev/11); alho (mar/12) e tomate (out/12).

Tabela 2. Características dos solos das áreas estudadas, em ambientes controlados de cultivo

orgânico e convencional (INCAPER, Domingos Martins, 2013)

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O sistema padrão de adubação de plantio foi baseado em composto orgânico,

produzido em pátio de compostagem local. A compostagem foi feita com resíduos

locais de capim Cameron (produzido em capineiras adjacentes à área), restos

culturais do próprio sistema produtivo (feijão, milho e outros) e palha de café (resíduo

regional de grande abundância). A composição média do adubo orgânico usado no

experimento é apresentada na Tabela 3.

Adubo orgânico

M.O. C/N pH MACRO (dag kg-1) MICRO (mg kg-1)

(dag kg-1) N P K Ca Mg Cu Zn Fe Mn B

Composto 52 16/1 7,3 2,0 1,2 1,2 4,8 0,5 54 188 12.424 793 25

M.O.: matéria orgânica; C/N: Relação carbono/nitrogênio; pH: Potencial hidrogênionico; N: Nitrogênio; P: fosforo;

K: potássio; Ca: cálcio; Mg: Magnésio; Cu: Cobre; Zn: Zinco; Fe: Ferro; Mn: Manganês; B: Boro. Fonte: Souza et al. (2011).

A recomendação de adubação de plantio baseada na análise do solo da Tabela

2 seguiu as recomendações do Software do INCAPER (INCAPER, 2013). Para o

sistema orgânico, indicou o uso de 3,3 L de composto por m2, aplicado a lanço e

incorporado com rotativa de microtrator, antes do levantamento de canteiros. As

adubações em cobertura foram feitas com biofertilizante enriquecido com N e K, a

partir de 30 dias, aplicados quinzenalmente até meados da frutificação.

Para o manejo fitossanitário utilizou-se estratégias de controle biológico de

pragas com fungos entomopatogênicos Beauveria bassiana e Metarrhyzium

anisopliae. As aplicações biológicas foram feitas alternadamente, pulverizando-se nas

seguintes datas: Beauveria bassiana na base de 300 g 100 L-1 de água (01/07, 22/07,

12/08 e 02/09 de 2013) e Metarrhyzium anisopliae na base de 300 mL 100 L-1 de água

(08/07 e 29/07 de 2013).

Para indução de resistência do morangueiro a doenças, foram feitas 9

aplicações de fosfito (Fosfato de potássio = 27% p/v de P e 20% p/v de K) a 0,3% na

solução, semanalmente (300 mL 105,65 qt-1 de água), nas seguintes datas: 11/07,

18/07, 25/07, 31/07, 01/08, 08/08, 15/08, 29/08 e 05/09 do ano de 2013.

Caracterização do Sistema 2 (Convencional):

A adubação foi baseada na análise do solo, conforme a Tabela 2, seguindo as

recomendações do Software do INCAPER (INCAPER, 2013). Foi realizada a correção

Tabela 3. Composição média de compostos orgânicos da Unidade de Referência em Agroecologia (Domingos Martins, INCAPER, 2010)

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de acidez do solo, com base em 1,4 t ha-1 (140 g m-2) e a adubação de plantio foi feita

a lanço e incorporada com rotativa de microtrator, antes do levantamento de canteiros,

utilizando-se para cada m2 os seguintes adubos: 1,5 L de esterco de aviário, 226 g de

superfosfato simples e 10 g de FTE - Micronutrientes. As adubações de cobertura

foram feitas com o formulado à base de N e K (20-00-20), aplicando-se 20 g m-2 aos

60, 90, 120 e 150 dias após plantio.

O manejo fitossanitário foi feito com inseticidas, acaricidas e fungicidas,

segundo o manejo técnico recomendado para a cultura, usualmente adotado pelos

produtores convencionais (BALBINO, 2006), conforme os produtos, concentrações e

datas de aplicações a seguir:

Azoxistrobina (intervalo de segurança = 1 dia): 15 g 100 L-1 de água (08/07,

22/07, 05/08, 20/08 e 02/09 de 2013).

Tiametoxam (intervalo de segurança = 1 dia): 10 g 100 L-1 de água (08/07, 22/07

e 08/08 de 2013).

Lambda-cialotrina (intervalo de segurança = 3 dias): 80 mL 100 L-1 de água

(11/07 e 29/08 de 2013).

Procimidona (intervalo de segurança = 1 dia): 100 g 100 L-1 de água (03/07,

15/07, 29/07, 12/08 e 26/08 de 2013).

Fluazinam (intervalo de segurança = 3 dias): 100 mL 100 L-1 de água (05/07,

18/07 e 01/08 de 2013).

Abamectina (intervalo de segurança = 3 dias): 30 mL 100 L-1 de água (05/07,

18/07, 25/07, 15/08 e 05/09 de 2013).

Implantação do experimento

O experimento foi implantado no dia 18/04/2013, numa área experimental total

de 140 m2, cada sistema com 70 m2, contendo 7 canteiros de 10 m2. Utilizou-se os

cinco canteiros centrais de cada sistema para a coleta de frutos para as avaliações

laboratoriais.

Foram utilizadas matrizes de morango da cultivar Camarosa, adquiridas no

mercado. As mudas foram submetidas a “toalete”, em que foram retiradas folhas

velhas, secas e com possíveis sinais de doença. Antes do plantio foi feita a poda das

raízes, mantendo-se um comprimento médio de 4 cm.

O espaçamento de plantio foi de 0,35 m entre linhas e 0,3 m entre plantas,

distribuídas de forma triangular no canteiro, num total de 100 plantas por parcela de

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área total e útil de 10 m2. As mudas foram plantadas no dia 18 de abril de 2013 e após

30 dias foi feita a cobertura dos canteiros com filme plástico preto, apropriado à cultura

(Figura 1).

Figura 1. Área experimental após 10 dias de plantio dos morangueiros, mostrando o sistema

orgânico (A) e sistema convencional (B).

Foram utilizados cinco canteiros de 1,0 m de largura e 10 m de comprimento.

Lateralmente aos canteiros avaliados, foram instaladas bordaduras com um canteiro

de morango em cada sistema de cultivo (Figura 2).

(A)

(B)

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Figura 2. Distribuição espacial dos canteiros de morango na área experimental, mostrando

plantas com frutos em período de colheita.

O manejo cultural foi semelhante em ambos os sistemas de cultivo, sendo

instalados túneis baixos próprios da cultura para reduzir o molhamento foliar. As

irrigações periódicas foram feitas com mangueira sobre a lona e as capinas foram

feitas manualmente, sempre que necessário.

Convencional Orgânico

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Colheita dos frutos e armazenamento

Para a análise de composição centesimal, dos parâmetros físico-químicos e

dos compostos com propriedades antioxidantes, foram realizadas coletas de amostras

de frutos em cinco períodos entre os meses de agosto e setembro de 2013 (05/08;

12/08; 19/08; 26/08 e 02/09). Depois de colhidos, os morangos foram encaminhados

aos laboratórios de Química de Alimentos e Nutrição Experimental no Centro de

Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre – ES.

Durante a colheita os frutos foram selecionados quanto à uniformidade para os

seguintes atributos: grau de maturação (aproximadamente 80%), cor e ausência de

injúrias e doenças. Para a realização das análises, foram triturados em liquidificador

da marca Walita RI2034, embalados em sacos de polietileno e congelados a

temperatura de -18 ºC.

Delineamento experimental de coleta

Foi utilizado delineamento experimental em blocos casualizados, com cinco

repetições de coleta, em cada sistema de cultivo.

Cada amostra era composta por cerca de trinta morangos colhidos em um

mesmo canteiro, sendo considerado cada canteiro uma replicata. Em todas as

análises de laboratório utilizou-se a média obtida das cinco replicatas (cinco canteiros),

sendo avaliado neste estudo o fator sistema de cultivo.

4.3. ANÁLISE LABORATORIAL

Em ambos os estudos descritos, os morangos foram analisados quanto aos

seguintes parâmetros: teor de proteínas, lipídios, cinzas, carboidratos, umidade,

sólidos totais, sólidos solúveis, valores de pH e acidez total titulável, vitamina C,

antocianinas, compostos fenólicos totais e atividade antioxidante.

No estudo da qualidade de morangos em ambientes controlados de cultivo

orgânico e convencional também foi realizada analise de resíduos de agrotóxicos por

cromatografia gasosa com detector por captura de elétrons (CG/DCE). Optou-se por

analisar os seguintes resíduos de agrotóxicos: Azoxistrobina, Lambda-cialotrina e

Tiametoxam, por serem compostos volatilizáveis e termicamente estáveis.

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Proteínas (nitrogênio total)

A análise do teor de nitrogênio (N) total foi realizada pelo método de Kjeldahl

modificado, conforme descrito pela Association of Official Analytical Chemists (AOAC,

1995), no qual se fez a digestão, destilação e em seguida titulação da amostra.

Inicialmente pesou-se aproximadamente 0,2 g de amostra em papel manteiga,

utilizando balança analítica SHIMADZU AUY220. Em seguida foram transferidas para

um tubo de Kjeldahl, juntamente com 1,5 g de mistura de catalizadores (1 sulfato de

cobre pentaidratado - CuSO4:10 sulfato de potássio - K2SO4), mais 6,0 mL de ácido

sulfúrico PA.

Os tubos de Kjeldahl foram colocados em bloco digestor, até a solução se tornar

clara (aproximadamente 2 horas a 350 ºC), resfriando-se em seguida.

Para a destilação os tubos foram conectados ao conjunto de destilação,

TECNAL TE – 036/1, mergulhando a extremidade afilada do condensador em

hidróxido de sódio a 50% e água destilada (50 mL), em erlenmeyer foram colocados

solução de ácido bórico 4% (50 mL) e água destilada (50 mL) somados a 3 gotas do

indicador misto (vermelho de metila e verde de bromocresol) na proporção de 2:1.

Titulou-se o excesso de hidróxido de sódio com ácido clorídrico 0,1N. O valor

de % N foi obtido utilizando-se a Equação 1.

% 𝑁 =[(𝐻𝐶𝐿 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜 − 𝑏𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜) ∗ 𝑓𝑐 𝐻𝐶𝐿 ∗ 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐻𝐶𝐿 ∗ 14,007 ∗ 100]

𝑚𝑔 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (1)

Para obtenção do teor de proteínas foi utilizado o fator de correção de 6,25.

Lipídios

Foram determinados com método adaptado a partir das Normas Analíticas do

Instituto Adolfo Lutz (2008).

Para determinação do teor de lipídios foram pesados, em balança analítica da

marca BEL ENGINNERING SSR 600, aproximadamente 40 g de amostra de morango

em papel filtro sobre placa de petri, que foi colocada em estufa, da marca NOVA

ETICA, a 60 ºC por aproximadamente 24 h, para remoção de toda umidade.

Após a secagem foi determinada a quantidade de água retirada. Em seguida o

papel filtro contendo a amostra seca foi acomodado em cartucho e colocado em

aparelho extrator tipo Soxhlet para extração, onde foi utilizado o solvente éter de

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petróleo em refluxo por 4 h. Após o processo de refluxo, as amostras foram retiradas

e colocadas em estufa a 105 ºC até total volatilização do solvente. Em seguida foram

resfriadas e pesadas em balança analítica. Sendo assim calculada, por diferença, a

massa de lipídio extraída. O percentual de lipídios (% L) totais foi determinado

utilizando-se a Equação 2.

% 𝐿 = 100 ∗𝑁

𝑃 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (2)

Onde:

N = massa de lipídio extraída (g)

P = massa da amostra seca (g)

Cinzas

O teor de cinzas foi obtido por incineração das amostras em mufla, conforme

descrito em metodologia da AOAC (1995). Pesou-se 5 g de amostra em cadinho de

porcelana, previamente aquecido em mufla a 550 °C, resfriado em dessecador até

temperatura ambiente e pesado. A amostra foi inicialmente carbonizada em chapa de

aquecimento e posteriormente incinerada no forno mufla a 550 °C por

aproximadamente 5 h, em seguida foram resfriadas em dessecadores até a

temperatura ambiente e depois pesadas. Para a quantificação do teor de cinzas (%

Cz) foi utilizada a Equação 3.

% 𝐶𝑧 = 100 ∗𝑁

𝑃 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (3)

Onde:

N = massa de cinza (g)

P = massa da amostra (g)

Umidade

As análises do teor de umidade de morangos foram realizadas conforme

métodos analíticos oficiais da AOAC (1995).

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Foram pesadas em balança analítica, SHIMADZU AUY220, 5 g de amostra em

placa de petri, que foram em estufa, NOVA ETICA, a 105°C até atingir peso constante.

Em seguida, as amostras foram resfriadas em dessecadores até temperatura

ambiente e pesadas. Para o cálculo do teor de umidade (%U) foi utilizada a Equação

4.

%𝑈 = 100 ∗𝑁

𝑃 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (4)

Onde:

N = massa da amostra seca (g)

P = massa da amostra úmida (g)

Carboidratos

O teor de carboidratos total (CT) foi estimado a partir do cálculo de diferença,

realizado após obtenção dos teores de umidade, cinzas, lipídios e proteínas dos

morangos, conforme a Equação 5.

% 𝐶𝑇 = 100 − (%𝑈 + %𝐶𝑧 + %𝑃 + %𝐿) 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (5)

Onde:

% Umidade: Umidade

% Cz: Cinzas totais

% P: Proteína total

% L: Lipídios totais

Potencial hidrogeniônico (pH)

A determinação do pH foi feita por leitura direta em potenciômetro conforme

recomendado pela AOAC (1995).

Pesou-se 5 g de amostra, que foram diluídas em 50 mL de água destilada e a

aferição foi realizada em pHmetro digital ION pHB500, por imersão direta do eletrodo

nas amostras.

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Sólidos totais

O teor de sólidos totais (%) foi obtido a partir da diferença entre a porcentagem

total da amostra analisada e o teor de umidade da mesma amostra.

Sólidos solúveis

A determinação de sólidos solúveis foi realizada por leitura direta em

refratômetro de bancada, e o resultado expresso em ºBrix (CAMARGO, 2009).

Acidez total titulável

A determinação da acidez total titulável foi realizada conforme método descrito

pela AOAC (1995). As amostras foram tituladas com solução de NaOH 0,01N,

considerando como ponto de viragem o pH da solução igual a 8,2. Para a titulação as

amostras foram pesadas, aproximadamente 5 g, e diluídas em 50 mL de água

destilada.

O resultado da acidez foi expresso em percentual de ácido cítrico.

Vitamina C

A determinação do teor de ácido ascórbico nos morangos foi realizada por

método titulométrico adaptado, a partir do método 967.21 da AOAC (1995).

Foi preparada solução padrão de ácido ascórbico e titulou-se em reagente de

Tillmans (solução de 2,6 diclorofenolindofenol 0,02%), até coloração rósea clara

permanente para determinação do fator de correção da solução.

As amostras foram pesadas, 5 g, em tubo falcon, no qual adicionou-se 5 mL de

solução de extração de ácido metafosfórico (15 g) e ácido acético (40 mL). Em seguida,

as amostras foram centrifugadas a 5000 rpm/15 min. Foram retirados 2 mL do

sobrenadante, que foram diluídos com água destilada (2:25 v/v), por duas vezes

seguidas, depois foi realizada titulação com solução Tillmans (diluída 1:10 v/v).

Os resultados foram expressos em mg ácido ascórbico/100g de amostra.

Teor de antocianinas

As antocianinas totais dos morangos foram extraídas com etanol 70%

acidificado com HCl a pH 2,0, conforme Francis (1982). Para extração foram pesados

5 g de amostra e adicionados 50 mL de solução extratora (etanol 70%). A extração foi

conduzida a temperatura de refrigeração e ao abrigo da luz por 16 h. Os pigmentos

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foram quantificados por método espectrofotométrico baseado em Rodriguez-Saona et

al. (1998). Para o cálculo do teor de antocianinas, realizou-se diluição do extrato

original (5:10 v/v), e o conteúdo antociânico total foi expresso em pelargonidina-3-

glicosídeo (massa molar de 433,2 gmol-1). Para a leitura considerou-se o coeficiente

de absortividade molar de 31600 L cm-1mol-1, em comprimento de onda de 535 nm.

Conteúdo fenólico total

O Índice de Polifenóis Totais (IPT) foi determinado pelo ensaio do reagente

Folin-Ciocaulteau, com base em metodologia adaptada de Singleton e Rossi (1965).

Foram utilizados 0,6 mL dos extratos obtidos na análise de antocianinas, em 3,0 mL

de reagente Folin-Ciocalteau diluído em água destilada (1:10 v/v); após 3 min de

repouso ao abrigo da luz, foram adicionados 2,4 mL de solução saturada de Na2CO3

(7,5 % m/v). A absorbância foi determinada a 760 nm por espectrofotometria, após 1

h de repouso em ausência de luz. O IPT foi determinado utilizando curva padrão de

ácido gálico (0-200 mg L-1) e os resultados expressos em ácido gálico equivalente (mg

AGE 100g-1).

Atividade antioxidante

A atividade anti-radical livre nos morangos foi determinada, utilizando-se os

extratos obtidos para análise de teor de antocianina, pelo método de ensaio do radical

ABTS. Para a formação do radical ABTS•+, a solução aquosa, de ABTS 7 mM, foi

adicionada à solução de persulfato de potássio 2,45 mM. Esta mistura foi mantida no

escuro à temperatura ambiente por 16 h. Após este tempo a absorbância foi corrigida

para 0,70 (±0,02) a 734 nm com adição de etanol 70% (RE et al., 1999) em

espectrofotômetro. Foram adicionados, aos 3,5 mL da solução radical ABTS•+, 0,5

mL do extrato, e em seguida realizada a leitura espectrofotométrica após 6 min de

reação. Os resultados foram expressos em equivalente de Trolox (μM Trolox g-1).

Agrotóxicos

As análises de resíduos de agrotóxicos foram realizadas no Laboratório de

Química Analítica (LAQUA) do Departamento de Química da Universidade Federal de

Viçosa - MG.

As amostras foram analisadas para a verificação e quantificação da presença

dos princípios ativos:

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Azoxistrobina – methyl (E)-2-{2-[6-(2-cyanophenoxy)pyrimidin-4-yloxy]phenyl}-3-

methoxyacrylate);

Lambda-cialotrina – (R)-α-cyano-3-phenoxybenzyl(1S,3S)-3-[(Z)-2-chloro-3,3,3

trifluoropropenyl]-2,2-dimethylcyclopropanecarboxylate, (S)-α-cyano-3

phenoxybenzyl(1R,3R)-3-[(Z)-2-chloro-3,3,3-trifluoropropenyl]-

2,2dimethylcyclopropanecarboxylate;

Tiametoxam – 3-(2-chloro-1,3-thiazol-5-ylmethyl)-5-methyl-1,3,5-oxadiazinan-4-

ylidene(nitro)amine.

Soluções padrão estoque de cada princípio ativo estudado, na concentração

de 1000 mg L-1, foram preparadas pela solubilização de padrões de Azoxistrobina

(99,9% m/m), Tiametoxam (99,7% m/m) adquiridos da Sigma-Aldrich (Steinheim,

Alemanha) e Lambda-cialotrina (86,5% m/m) adquirida da Syngenta (São Paulo,

Brasil), em acetonitrila (99,5% v/v) adquirida da Vetec (Rio de Janeiro, Brasil).

A solução de trabalho contendo os agrotóxicos na concentração de 10,0 mg L-

1 foi preparada a partir da diluição das soluções-padrão estoque, com o mesmo

solvente. Estas soluções foram armazenadas em freezer à temperatura de

aproximadamente -20 °C.

Extração dos agrotóxicos

Para a extração dos princípios ativos, na matriz do morango foi utilizado o

método de extração sólido-líquido com partição em baixa temperatura (ESL/PBT)

(HELENO, 2013).

Para realizar a extração dos analitos, foram pesados 4,0000 g das polpas de

morangos, em balança analítica Sartotius EP 2215 e adicionados 4,0 mL de

acetonitrila, solvente extrator. Em seguida as amostras foram agitadas por 17 min a

25 ºC e 200 opm, em mesa de agitação Tecnal TE-420 e centrifugadas por 4 min a

3.000 rpm, em centrífuga Excelsa II modelo 206 MP. A mistura foi deixada em freezer

a -20 °C, Consul 280, por 10 h, para separação das fases pelo congelamento da polpa.

O extrato orgânico foi transferido para vials de 2 mL para posterior análise

cromatográfica.

Instrumentação e condições cromatográficas

Foi empregado um cromatógrafo a gás (modelo GC-2014, Shimadzu, Kyoto,

Japão) com detector por captura de elétrons (CG/DCE), equipado com auto injetor

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AOC-20i. A temperatura do detector foi mantida em 300 °C, o nitrogênio (Air Products,

São Paulo, Brasil, 99,999% de pureza) foi empregado como gás de arraste e as

injeções foram feitas com divisão de fluxo (split) de 1:5. As separações foram

realizadas em uma coluna capilar DB-5 (Agilent Technologies, Palo Alto, EUA), com

30 m de comprimento, 0,25 mm de diâmetro interno e 0,10 µm de espessura de filme.

Foi empregada a seguinte programação de temperatura do forno da coluna:

temperatura inicial de 150 °C (2 min), com rampa de aquecimento de 40 °C min-1 até

210 °C (2 min), seguida de rampa de 10 °C min-1 até 250 °C (2 min), seguida de rampa

de 20 °C min-1 até 290 °C, sendo esta temperatura mantida por 7 min. A temperatura

do injetor foi mantida em 280 °C e o fluxo do gás de arraste empregado foi de 1,2 mL

min-1. O volume injetado foi de 1,0 µL e o tempo total de análise foi de 20,5 min. As

corridas foram gerenciadas pelo software GCsolution (Shimadzu, Kyoto, Japão). Os

analitos foram identificados por comparação do tempo de retenção do pico presente

nos extratos das amostras com o tempo de retenção do padrão. Para a quantificação

dos princípios ativos foi construída uma curva analítica com amostras fortificadas com

concentrações conhecidas, utilizando-se morangos isentos de agrotóxicos.

Figuras de mérito do procedimento analítico No processo de validação do procedimento analítico para quantificação dos

agrotóxicos Azoxistrobina, Lambda-cialotrina e Tiametoxam, os parâmetros validados

foram: seletividade, linearidade, limite de quantificação e detecção, precisão e

exatidão.

Para avaliação da seletividade, o método foi aplicado em amostras de morango

isentas de agrotóxicos (branco). Em seguida, alíquotas da mesma amostra foram

fortificadas com Azoxistrobina, Lambda-cialotrina e Tiametoxam e submetidas

novamente ao método de extração e análise para verificação dos tempos de retenção

de cada substancia.

A linearidade do método foi avaliada por meio da obtenção de curva analítica

por análise de extratos de amostras fortificadas com concentrações de Azoxistrobina,

Lambda-cialotrina e Tiametoxam que variaram de 0,3 – 0,6 mg kg-1, 0,25 – 1,0 mg kg-

1 e 0,075 – 0,2 mg kg-1, respectivamente (n = 18, seis pontos em triplicata). A partir

das injeções de concentrações conhecidas, das soluções padrão, foram geradas

relações matemática entre o sinal (resposta) e a concentração do analito de interesse,

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expressas por equações da curva analítica e o seu coeficiente de determinação (R2).

Para a obtenção da precisão, amostras isentas de agrotóxicos foram

fortificadas em seis replicatas, com as seguintes concentrações: Azoxistrobina (0,45

mg kg-1), Lambda-cialotrina (0,25 mg kg-1) e Tiametoxam (0,10 mg kg-1). Os resultados

foram expressos pelo coeficiente de variação.

A exatidão foi determinada a partir de ensaios de recuperação em que

quantidades conhecidas de analito foram adicionadas nos mesmos níveis avaliados

na precisão, também em seis replicatas. Os resultados foram expressos em

porcentagem de recuperação.

Os limites de detecção e quantificação utilizados neste estudo foram obtidos

pelo Laboratório de Química Analítica (LAQUA) do Departamento de Química da

Universidade Federal de Viçosa – MG, no qual foram realizadas estas análises.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. ANÁLISE DE QUALIDADE DE MORANGOS PRODUZIDOS EM SISTEMA DE

CULTIVO ORGÂNICO E CONVENCIONAL EM PROPRIEDADES RURAIS

a) Efeito dos fatores sistema de cultivo e cultivar

Para os morangos produzidos nos sistemas de cultivo orgânico e convencional,

cv. Camarosa e Albion, a interação Cultivo x Cultivar foi não significativa (p > 0,05)

para a maioria das variáveis estudadas.

Observou-se que não houve diferença significativa entre os morangos de

cultivo orgânico e convencional e entre as diferentes cultivares quanto aos valores de

pH, acidez total titulável, sólidos solúveis, proteínas, lipídios, cinzas, antocianinas,

compostos fenólicos, atividade antioxidante e vitamina C.

Sendo assim, procedeu-se ao estudo dos fatores isoladamente (Tabela 4).

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Tabela 4. Valores médios de pH, acidez total titulável, proteínas, lipídeos, cinzas, antocianinas, compostos fenólicos, atividade antioxidante e

vitamina C de morangos orgânicos e convencionais, das cultivares Camarosa e Albion, obtidos em propriedades rurais

Níveis dos

fatores

Valores médios

pH Acidez

(% ac.

cítrico)

SS

(ºBrix)

Proteínas

(%)

Lipídios

(% base

úmida)

Cinzas

(%)

Antocianinas

(mg100g-1)

Fenol

(mg

AGE100g-1)

Antioxidante (μM

Trolox.g-1)

Vit. C

(mg100g-1)

Orgânico 3,49a 1,09ª 7,21ª 0,89ª 1,25ª 0,35ª 18,07ª 281,78ª 73,10ª 112,34ª

Convencional 4,44a 1,14ª 7,65ª 0,98ª 1,08ª 0,34ª 16,96ª 276,86ª 73,03ª 97,93ª

Média 3,97 1,12 7,43 0,935 1,16 0,34 17,51 279,32 73,06 105,14

Camarosa 4,42A 1,12A 6,82A 0,88A 1,26A 0,34A 18,6 A 280,7A 74,75A 98,97A

Albion 3,51A 1,11A 8,04A 0,99A 1,07A 0,36A 16,44A 277,9A 71,38A 111,32A

Média 3,97 1,12 7,43 0,93 1,16 0,35 17,52 279,30 73,06 105,15

Pares de médias nas colunas, seguidas de uma mesma letra minúscula ou maiúscula, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.

pH=Potencial hidrogeniônico; SS=Sólidos solúveis; Fenol=Compostos fenólicos totais; Antioxidante=Atividade antioxidante; Vit. C=Vitamina C.

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Para o teor de umidade, de sólidos totais (ST) e carboidratos, a interação

dos fatores cultivo x cultivar foi significativa (p ≤ 0,05) pelo teste F. Sendo assim,

realizou-se o desdobramento da interação, por meio de comparação entre as

médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Quanto ao teor de umidade, houve diferença significativa (p ≤ 0,05) entre

os morangos orgânicos e convencionais da cultivar Albion, sendo observados

maiores teores de umidade nos morangos orgânicos (Tabela 5).

Tabela 5. Teores de umidade (%) de morangos orgânicos e convencionais, das

cultivares Camarosa e Albion, obtidos em propriedades rurais

Cultivo Cultivar

Camarosa Albion

Orgânico 92,14 ª A 91,77 a A

Convencional 91,43 ª A 89,49 b B Pares de médias seguidas de uma mesma letra maiúscula na linha, ou de uma mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Segundo Chitarra & Chitarra (2005), o teor de umidade de um fruto está

diretamente relacionado à sua textura, sendo um dos fatores responsáveis pelo

turgor e pela firmeza do tecido. Em morangos o teor de umidade pode variar de

acordo com as características genéticas da planta, havendo um comportamento

diferenciado entre diferentes cultivares para um mesmo sistema de cultivo, em

função da interação genótipos x ambientes (DAROLT, 2003).

Comparando os sistemas de produção orgânico e convencional, Camargo

(2008) observou que morangos das cvs. Aromas (90,53%) e Tudla-Milsei

(89,21%) apresentaram maior porcentagem de umidade no sistema convencional

e morangos das cv. Camino Real (90,46%) e Oso Grande (88,79%), no sistema

orgânico.

Entre os teores de sólidos totais, somente houve diferença significativa (p

≤ 0,05) entre os diferentes tipos de cultivo nos morangos da cv. Albion (Tabela 6).

Tabela 6. Teores de sólidos totais (%) de morangos orgânicos e convencionais, das cultivares Camarosa e Albion, obtidos em propriedades rurais

Cultivo Cultivar

Camarosa Albion

Orgânico 7,86 a A 8,22 b A

Convencional 8,56 a B 10,51a A

Pares de médias seguidas de uma mesma letra maiúscula na linha, ou de uma mesma letra minúscula

na coluna, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

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O teor de sólidos totais foi obtido a partir da diferença entre a porcentagem

total da amostra analisada e o teor de umidade da mesma amostra. Logo, por

serem parâmetros inversamente proporcionais, quanto maior o teor de umidade

em uma amostra, menor é o seu teor de sólidos totais.

No sistema de cultivo convencional, a cv. Albion apresentou maiores

valores de sólidos totais quando comparado com a cv. Camarosa, evidenciando o

comportamento diferenciado entre diferentes cultivares para um mesmo sistema

de cultivo.

Os valores médios de carboidrato apresentaram diferença significativa (p ≤

0,05) entre os morangos orgânicos e convencionais somente para a cultivar Albion

(Tabela 7).

Tabela 7. Valores médios de carboidratos (%) em morangos orgânicos e convencionais, das cultivares Camarosa e Albion, obtidos em propriedades rurais

Cultivo Cultivar

Camarosa Albion

Orgânico 5,38 a A 5,74 b A

Convencional 6,11 a B 8,18 a A

Pares de médias seguidas de uma mesma letra maiúscula na linha, ou de uma mesma letra minúscula na

coluna, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Camargo et al. (2009), em estudo com frutos de morango cv. Camarosa e

Sweet Charlie, orgânicos e convencionais, encontaram maiores teores de sólidos

solúveis totais (SS), acidez total titulável (AT) e relação SS/AT para a cv. Sweet

Charlie no cultivo convencional e maiores teores para a cv. Camarosa no cultivo

orgânico. Neste mesmo estudo, a umidade no sistema convencional foi

significativamente superior ao sistema orgânico para a cv. Sweet Charlie,

constatando comportamento diferenciado das cultivares em relação ao sistema de

cultivo, para a maioria das variáveis estudadas.

Segundo Amaro (2005), os mecanismos fisiológicos das plantas, a partir da

interação com o ambiente, estimulam a síntese de metabolitos que compõem os

frutos e caracterizam sua qualidade. As características dos indivíduos se

relacionam com os fatores ambientais e em suas particularidades podem ser

traduzidas em diferentes substancias produzidas, que variam por fatores

fisiológicos ou ecológicos (luz, nutrição, água e fitossanidade). Diferentes

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cultivares podem produzir distintas quantidades de compostos secundários a

partir de um mesmo estimulo ambiental, em um mesmo sistema de cultivo.

b) Efeito dos fatores sistema de cultivo e cobertura do canteiro

Os morangos da cv. Camarosa produzidos no sistema de cultivo orgânico

e convencional, em canteiros com e sem cobertura de tuneis plásticos, indicaram

que a interação Cultivo x Cobertura não foi significativa (p > 0,05) para todas as

variáveis estudadas, ou seja, os fatores cultivo e cobertura de canteiro atuaram

de forma independente.

Sendo assim, foi realizado o estudo dos fatores isoladamente. Observou-

se que entre os cultivos orgânico e convencional houve diferença significativa (p >

0,05) nos teores de umidade, sólidos totais, carboidratos, antocianina e

capacidade antioxidante dos morangos. E entre os morangos cultivados em

canteiros cobertos e descobertos foi encontrada diferença significativa quanto aos

teores de umidade, sólidos totais e compostos fenólicos totais (Tabela 8).

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Tabela 8. Valores médios de umidade, sólidos totais, pH, acidez total titulável, sólidos solúveis, proteínas, lipídios, cinzas, carboidratos, antocianina,

compostos fenólicos, atividade antioxidante e vitamina C em morangos, orgânicos e convencionais, obtidos em propriedades rurais

Pares de médias nas colunas, seguidas de uma mesma letra minúscula ou maiúscula, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.

ST=Sólidos Totais; pH=Potencial hidrogeniônico; Acidez=Acidez total titulável; SS=Sólidos solúveis; Carb.=Carboidratos; Fenol=Compostos fenólicos totais; Antiox.=Atividade antioxidante;

Vit. C=Vitamina C.

Níveis dos

fatores

Valores médios

Umidade

(%)

ST

(%)

pH

Acidez

(% ac.

cítrico)

SS

(ºBrix)

Proteína

(%)

Lipídio

(% base

úmida)

Cinzas

(%)

Carb.

(%)

Antocianina

(mg100g-1)

Fenol

(mg

AGE100g-1)

Antiox.

(μMTroloxg-1)

Vit. C

(mg100g-1)

Orgânico 92,57a 7,43b 3,44a 1,14a 6,99a 0,84a 1,27a 0,34a 5,00b 16,02b 315,08a 91,30a 110,74a

Convencional 91,79b 8,20a 4,38a 1,10a 7,09a 0,92a 1,11a 0,30a 5,87a 20,09a 286,83a 71,70b 94,30a

Média 92,18 7,81 3,91 1,12 7,04 0,88 1,19 0,32 5,43 18,05 300,96 81,5 102,52

Descoberto 91,78B 8,21A 4,41A 1,11A 6,82A 0,88A 1,25A 0,33A 5,75A 18,59A 280,70B 74,75A 98,97A

Coberto 92,57A 7,43B 3,40A 1,12A 7,26A 0,88A 1,12A 0,30A 5,12A 17,53A 321,21A 88,26A 106,07A

Média 92,17 7,82 3,90 1,11 7,04 0,88 1,18 0,31 5,43 18,06 300,95 81,50 102,52

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O uso de cultivo protegido por túneis plásticos se destaca como alternativa para

a proteção da cultura de morango contra intempéries climáticas, controle de

temperatura e umidade (GOTO e TIVELLI, 1998; VÁSQUEZ et al., 2005) e controle

de doenças fúngicas e bacterianas devido à redução do molhamento foliar. Este tipo

de manejo está relacionado principalmente à alteração do ambiente em relação à

temperatura do ar, a qual possui efeito na velocidade das reações bioquímicas e dos

processos internos de transporte de seiva na planta (RESENDE et al., 2010). O

controle das variáveis ambientais está diretamente relacionado ao aumento da produ-

ção e também à qualidade dos frutos (GOTO e TIVELLI 1998; RESENDE et al., 2010).

5.2. ESTUDO DA QUALIDADE DE MORANGOS EM AMBIENTES CONTROLADOS

DE CULTIVO ORGÂNICO E CONVENCIONAL

Neste estudo não foi observado diferença significativa (p > 0,05) entre os

sistemas de cultivo orgânico e convencional para variáveis pH, acidez total titulável,

lipídios, antocianina, compostos fenólicos, atividade antioxidante e vitamina C (Tabela

9).

Para as demais variáveis analisadas, teor de umidade, sólidos totais, sólidos

solúveis, proteínas, cinzas, carboidratos, houve diferença significativa (p < 0,05) entre

cultivo orgânico e convencional, sendo que os morangos orgânicos apresentaram

maiores teores de umidade (91,48%) e cinzas (0,43%), enquanto que os morangos

convencionais apresentaram maiores valores de sólidos solúveis (8,50 ºBrix) e

proteínas (0,93 %) (Tabela 10).

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Tabela 9. Valores médios de pH, acidez total titulável, lipídios, compostos fenólicos, atividade antioxidante e vitamina C em morangos,

orgânicos e convencionais, produzidos em ambientes controlados

Pares de médias seguidas da mesma letra nas colunas, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F. pH=Potencial hidrogeniônico; Acidez=Acidez total titulável; Fenol=Compostos fenólicos totais; Antiox.=Atividade antioxidante; Vit. C=vitamina C.

Tabela 10. Valores médios de umidade, sólidos totais, sólidos solúveis, proteínas, cinzas e carboidratos

em morangos, orgânicos e convencionais, produzidos em ambientes controlados

Pares de médias seguidas da mesma letra nas colunas, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F. ST=Sólidos Totais; SS=Sólidos solúveis; Carb.=Carboidratos.

Níveis dos fatores

Valores médios

pH Acidez

(% ac. cítrico) Lipídios

(% base úmida) Fenol

(mg AGE100g-1) Antiox.

(μM Troloxg-1) Vit. C

(mg100g-1) Antocianina

(mg100g-1)

Orgânico 2,93a 0,86a 0,89a 372,51a 314,24a 52,28a 16,81a

Convencional 2,90a 0,82a 0,87a 339,20a 308,47a 45,48a 17,72a

Níveis dos fatores

Valores médios

Umidade (%)

ST (%)

SS (º Brix)

Proteínas (%)

Cinzas (%)

Carb. (%)

Orgânico 91,48a 8,53b 8,13b 0,75b 0,43a 6,44b

Convencional 91,03b 8,98a 8,50a 0,93a 0,35b 6,80a

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Existem alguns estudos comparando as composições de nutrientes em

morangos produzidos em sistemas orgânicos e convencionais, porém poucos são os

resultados conclusivos, principalmente com relação à qualidade nutricional.

Krolow et al. (2007), ao analisar morangos cv. Aromas encontraram maiores

teores de antocianinas (36,29 mg 100 g-1), sólidos solúveis totais (7,2 ºBrix) e relação

ST/AT (9,64) em morangos orgânicos quando comparados a morangos convencionais

(17,60 mg 100 g-1; 6,2 ºBrix e 7,75). Entretanto, observou que nos morangos

convencionais o teor de ácido ascórbico (56,50 mg 100 mg-1) foi superior aos

orgânicos.

Camargo (2008) ao estudar oito cultivares de morango (Aromas, Camino Real,

Campinas, Dover, Oso Grande, Toyonoka, Tudla-Milsei e Ventana) cultivados em

sistema orgânico e convencional, observou nos morangos do sistema convencional

maiores teores de sólidos solúveis para as cv. Camino Real (7,96 ºBrix), Dover (7,93

ºBrix) e Oso Grande (8,50 ºBrix), sendo que apenas os frutos da cv. Aromas

apresentaram maior teor no sistema orgânico (7,33 ºBrix). Ainda no mesmo estudo,

com exceção dos frutos das cv. Tudla-Milsei (51,00 mg 100 g-1) e Ventana (32,40 mg

100 g-1), as demais cultivares apresentaram maiores teores de antocianina no sistema

orgânico.

Rocha (2010), em estudo comparativo não observou diferença significativa no

teor de sólidos solúveis totais entre morangos, cv. Oso Grande, orgânicos (7,5 ºBrix)

e convencionais (7,88 ºBrix). Também não encontrou diferença significativa quanto ao

teor de antocianinas entre os morangos orgânicos (76,60 mg 100 g-1) e convencionais

(159,78 mg 100 g-1).

AGROTÓXICOS

Validação do procedimento analítico

Seletividade

Na avaliação da seletividade, o método foi aplicado em frutos de morango

isentos de agrotóxicos. Em seguida, essas amostras foram fortificadas com

Azoxistrobina, Lambda-cialotrina e Tiametoxam e submetidas novamente ao método

de extração e análise.

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Na Figura 3 pode-se observar o cromatograma obtido a partir da análise de

seletividade do método. Os picos de cor azul representam os tempos de retenção dos

analitos em estudos que foram introduzidos na amostra livre de agrotóxicos. O pico

com tempo de retenção (tR) igual a 6,8 min corresponde a área proporcional a

concentração do tiametoxam; os picos com tR iguais a 10,8 e 11,1 min correspondem

a lambda-cialotrina; o pico com tR igual a 15,2 min corresponde a azoxistrobina.

Comparando-se os extratos da amostra isenta e da amostra com agrotóxicos pode

ser observado que não houve interferente com resposta no tempo de retenção dos

analitos de interesse.

Linearidade

Para avaliar a linearidade do método, foram obtidas as equações das curvas

analíticas por meio de regressão linear. Foram empregados seis níveis e os

coeficientes de determinação (R2) obtidos foram maiores que 0,9 (Tabela 11). Esse

valor indica a boa linearidade de resposta do método para os agrotóxicos em

concentrações próximas ao Limite Máximo de Resíduos (LMR).

2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 min

-0.25

0.00

0.25

0.50

0.75

1.00

1.25

1.50

1.75

2.00

2.25

2.50

2.75

3.00

uV(x1,000,000)

Azoxistrobina

Lambda-cialotrina

Tiametoxam

Figura 3. Cromatograma de extratos obtidos de uma amostra de morango

isenta de agrotóxicos (linha preta); e fortificada com os analitos em estudo

(linha azul).

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Tabela 11. Parâmetros das curvas de calibração dos compostos azoxistrobina, lambda-cialotrina e tiametoxam

Composto Equação da reta R2 Linearidade (mg kg-1)

Azoxistrobina y = 710207x + 156046 0,92 0,30 - 0,6

Lambda-cialotrina y = 106x + 289205 0,99 0,25 - 1,0

Tiametoxam y = 3.107x - 88371 0,98 0,075 - 0,2

As curvas obtidas para cada composto, dentro de suas respectivas faixas de

concentração, estão apresentadas nas Figuras 4, 5 e 6.

y = 710207x + 156046R² = 0,925

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

Áre

a

Concentração (mg kg-1)

y = 106 x + 289205R² = 0,9934

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2

Áre

a

Concentração (mg kg-1)

Figura 4. Curva analítica obtida para o agrotóxico Azoxistrobina.

Figura 5. Curva analítica obtida para o agrotóxico Lambda-cialotrina.

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Limite de detecção e de quantificação

Os limites de detecção (LD) e de quantificação (LQ) utilizados foram calculados

em pesquisas anteriormente desenvolvidas com a matriz de estudo morango, pelo

Laboratório de Química Analítica (LAQUA) do Departamento de Química da

Universidade Federal de Viçosa – MG. A Tabela 12 apresenta os valores de LD e LQ

do método para os agrotóxicos estudados.

Tabela 12. Limite de Detecção e Limite de Quantificação do método para os compostos azoxistrobina, lambda-cialotrina e tiametoxam

Composto LD (mg kg-1) LQ (mg kg-1) LMR* (mg kg-1)

Azoxistrobina 0,07 0,20 0,3

Lambda-cialotrina 0,07 0,22 0,5

Tiametoxam 0,02 0,07 0,1 * LMR: Limite Máximo de Resíduos, para a cultura do morango, estipulado pela ANVISA para o Programa de Análise de Resíduos de

Agrotóxicos (PARA).

Precisão e Exatidão

Para a obtenção da precisão, amostras isentas de agrotóxicos foram

fortificadas em seis replicatas, com as seguintes concentrações: Azoxistrobina (0,45

mg kg-1), Lambda-cialotrina (0,25 mg kg-1) e Tiametoxam (0,10 mg kg-1), como pode

ser observado na Tabela 13.

Para a análise de resíduos de agrotóxicos o procedimento analítico deve ser

capaz de recuperar, em cada nível de fortificação, de 70 a 120% em média, com uma

y = 3.107 x - 88371R² = 0,9824

0

1000000

2000000

3000000

4000000

5000000

6000000

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25

Áre

a

Concentração (mg kg-1)

Figura 6. Curva analítica obtida para o agrotóxico Tiametoxam.

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precisão de CV ˂ 20% (Brasil, 2011). Visto que os valores obtidos estão dentro deste

intervalo, conclui-se que a recuperação e o coeficiente de variação para os

agrotóxicos são adequados.

Tabela 13. Parâmetros estatísticos, recuperação e coeficiente de variação calculados para a

matriz morango, para n = 6

Agrotóxico Concentração de

fortificação (mg kg-1) Recuperação (%) CV (%)

Azoxistrobina 0,45 108,1 9,8

Lambda-

Cialotrina 0,25 107,8 14,3

Tiametoxam 0,10 95,4 10,4

Estudo da contaminação de morangos por agrotóxicos em ambientes

controlados de cultivo orgânico e convencional

Para análise de detecção dos resíduos de agrotóxicos nos morangos

produzidos em sistema controlado de cultivo orgânico e convencional, as amostras

foram coletadas em diferentes datas ao longo do período de colheita dos frutos.

Os agrotóxicos em estudo foram aplicados nos canteiros de cultivo

convencional nas seguintes datas, azoxistrobina (08/07, 22/07, 05/08, 20/08 e

02/09/13), tiametoxam (08/07, 22/07 e 08/08/13), ambos possuem intervalo de

segurança de um dia, lambda-cialotrina (11/07 e 29/08/13), este último possui

intervalo de segurança de três dias.

É importante ressaltar que o manejo convencional empregado foi baseado em

recomendações técnicas agronômicas, quanto às quantidades, concentrações e

períodos de aplicação dos agrotóxicos permitidos para a cultura do morango.

As colheitas dos morangos para análise de resíduos de agrotóxicos foram

realizadas sempre no período da manhã, anteriormente a aplicação de qualquer

produto relativo ao manejo convencional.

Em todas as amostras de morango orgânico os valores encontrados, para os

agrotóxicos analisados, ficaram abaixo do limite detecção (<LD) do método, ou seja,

não foram encontrados resíduos. Nos morangos do cultivo convencional os valores

encontrados de resíduos ficaram abaixo do limite de quantificação (<LQ) do método,

logo, foram encontrados resíduos, mas estes não puderam ser quantificados (Tabela

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14). Como os limites de quantificação foram abaixo dos LMR’s estabelecidos pela

ANVISA, pode-se inferir que os resíduos de agrotóxicos nos morangos analisados

estavam menores que os LMR’s.

Tabela 14. Concentração dos resíduos de agrotóxicos nas amostras de morango orgânicos e

convencionais, produzidos em ambientes controlados

Morango Colheita Concentração

Azoxistrobina Lambda-cialotrina Tiametoxam

13/08/2013 <LD <LD <LD

22/08/2013 <LD <LD <LD

26/08/2013 <LD <LD <LD

Orgânico 27/08/2013 <LD <LD <LD

30/08/2013 <LD <LD <LD

02/09/2013 <LD <LD <LD

Convencional

13/08/2013 <LQ <LQ <LQ

22/08/2013 <LQ <LQ <LQ

26/08/2013 <LQ <LQ <LQ

27/08/2013 <LQ <LQ <LQ

30/08/2013 <LQ <LQ <LQ

02/09/2013 <LQ <LQ <LQ

LD = limite de detecção do método, LQ = limite de quantificação do método, b = bloco de colheita (tempo de colheita).

A azoxistrobina é um fungicida do grupo químico das estrobilurinas, com

classificação toxicológica III (medianamente tóxico). As estrobilurinas fazem parte de

uma nova classe dos fungicidas sistêmicos que são considerados muito seguros

ambientalmente. A lambda-cialotrina é um inseticida não sistêmico, de contato, do

grupo químico dos piretróides, classe III (COGO, 2008). Os piretróides são inseticidas

sintéticos derivados das piretrinas, e não são persistentes no ambiente (SOARES,

2011). O tiametoxam é um inseticida sistêmico, do grupo químico dos neonicotinóides,

com classificação toxicológica III (ANDRADE et al., 2011).

As propriedades físico-químicas dos agrotóxicos, a quantidade, a frequência de

uso, o método de aplicação, as características bióticas e abióticas do ambiente e as

condições meteorológicas influenciam no comportamento dos “pesticidas” no

ambiente. Não é possível prever um modelo para o comportamento e interação destes

produtos no ambiente (ZAVATTI e ABAKERL, 1999; SPADOTTO, 2006; RIBAS e

MATSUMURA, 2009).

A degradação dos agrotóxicos no ambiente ocorre por diversos fatores, que

podem ser por processo fotoquímico, onde as moléculas são quebradas devido à

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absorção de luz solar, por degradação microbiana; por processos químicos de

hidrolise ou oxi-redução ou por metabolização das plantas e animais (RIBAS E

MATSUMURA, 2009).

Quando decompostos, os agrotóxicos podem ser totalmente ou parcialmente

transformados em outras moléculas com persistência e toxidade maiores ou menores.

No caso de total decomposição, o produto final são moléculas de dióxido de carbono

(CO2), água (H2O) e sais minerais (SPADOTTO, 2006).

Alguns estudos, encontrados na literatura, relativos à detecção de resíduos de

agrotóxicos em alimentos apresentaram resultados convergentes aos encontrados

neste trabalho.

Cogo (2008), ao realizar estudo para determinar resíduos dos pesticidas,

azoxistrobina, bifentrina, lambda-cialotrina e triflostrobina, em plantas de arroz irrigado

em sistema controlado, com manejo convencional indicado para a cultura, observou

que os quatro pesticidas foram detectados nas plantas de arroz até 20 dias após a

sua aplicação, sendo as maiores concentrações encontradas no 1º e 3º dias após a

aplicação: bifentrina (0,22 mg kg-1), lambda-cialotrina (0,55 mg kg-1), triflostrobina

(0,62 mg kg-1), azoxistrobina (1,22 mg kg-1). Sendo assim, todos os compostos em

estudo apresentaram concentração residual máxima até o 3º dia de coleta, as quais

foram decrescendo até encontrar-se abaixo do LD do método. Vale ressaltar que o

intervalo de segurança dos pesticidas para cultura do arroz é de 15 a 30 dias, desta

forma, não foram detectados resíduos dos agrotóxicos, utilizados nas doses

recomendadas para a cultura do arroz, após o intervalo de segurança estabelecido.

Zavatti e Abakerli (1999) realizaram estudo para a determinação de

metamidofós, clorpirifós, captana, clorotalonil, endossulfam, lambda-cialotrina, e

cobre em tomates irrigados, produzidos no sistema convencional em quatro

propriedades rurais. Os resíduos de fungicidas e inseticidas, aplicados nas fases de

frutificação e maturação, encontrados foram: captana, 0,35 mg kg-1; clorotalonil, 0,16

mg kg-1 e 0,95 mg kg-1, em amostras de duas propriedades; lambda-cialotrina, 0,03

mg kg-1, em uma propriedade; cobre, 2,03 mg kg-1, 3,75 mg kg-1e 1,44 mg kg-1, em

três propriedades, e de: 0,95 mg kg-1, 1,70 mg kg-1 e 2,31 mg kg-1, em uma quarta

propriedade. Porém, nestes casos os agrotóxicos foram observados quando usados

na fase de maturação dos tomates, contudo, todos abaixo do LMR.

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Encontram-se também na literatura alguns trabalhos de pesquisa que não

detectaram resíduos de agrotóxicos, em alimentos, acima dos LMR’s permitidos após

período de segurança, porém encontraram princípios ativos proibidos para a cultura

ou proibidos para práticas agrícolas ou ainda proibidos no Brasil.

Freguglia et al. (2010) analisaram amostras de leite em pó, que são distribuídos

a famílias carentes de Piracicaba, de marcas comerciais que processam o leite

importado de Buenos Aires (Argentina). Foi observado que dos organoclorados

rastreados (hexaclorobenzeno, lindano, heptacloro, aldrin, heptacloro epóxi, o,p’ DDE,

endossulfam I, p,p’ DDE, dieldrin, endrin, endossulfam II, endossulfam sulfato e

metoxicloro), somente o heptacloro foi quantificado em uma amostra com

concentração de 0,003 mg kg–1 (CV de 5%), abaixo do LMR para o leite em pó, porém

este organoclorado não deveria ser detectado no leite em pó, mesmo em

concentrações inferiores ao LMR permitido.

Bandeira (2012) ao analisar 45 tipos de agrotóxicos em 4 amostras de leite UHT

adquirido no comercio de Santa Maria - RS, observou que 2 amostras apresentavam

resíduos de lindano e cipermetrina, porém todos abaixo do LQ do método. Segundo o

autor o uso agrícola do lindano foi suspenso pelo Ministério de Agricultura em 1985, e

sua monografia foi excluída pelo Ministério da Saúde em 1999, que proibiu o uso em

companhas de saúde, podendo somente ser usado como conservante de madeira.

Visto isso, o lindano, neste caso não deveria nem ser detectado pelo método, haja

vista sua proibição de uso.

Granella et al. (2013) analisaram leite pasteurizado integral de produção

orgânica certificada e cinco marcas de leite pasteurizado integral convencional.

Verificaram que, das 56 amostras analisadas, cinco (8,9%) foram positivas para pelo

menos um agrotóxico. Os compostos encontrados apresentaram concentração menor

que o LQ (20 μg L-1) do método e duas amostras de leite orgânico apresentaram o

clomazona, do grupo químico isoxazolidinona, pertencente à classe dos herbicidas.

Foi encontrado em uma das amostras de leite convencional o monocrotofós (LQ de

10 μg L-1), um organofosforado proibido no Brasil desde 2006. Outro organofosforado

encontrado em uma amostra de leite orgânico e convencional foi o clorpirifós, um

inseticida empregados no controle de pragas com usos na área vegetal (pastagens e

culturas como o milho, a soja, o sorgo e o trigo) e produtos formulados na área animal.

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Carvalho e Barbosa (2013), analisaram 136 amostras de tomate, de regiões de

Minas Gerais, entre os anos de 2006 a 2008. Observaram que 90 amostras

apresentaram resíduos de agrotóxicos ditiocarbamatos e/ou organofosforados. Cerca

de 60% das amostras contaminadas continham resíduos de agrotóxicos não

autorizados (metamidofós e clorpirifós etil) para a cultura de tomate. Quanto ao

ditiocarbamato, a porcentagem de amostras contaminadas diminuiu nos dois últimos

anos e os resultados encontrados estavam abaixo do LMR (2,00 mg kg-1).

Em analises de resíduos agrotóxicos em polpas de morango industrializadas

comercializadas no estado de Minas Gerais, Faria et al. (2009), observaram que das

55 amostras analisadas, 52 (95%) revelaram resíduos de agrotóxicos e 27 (49%)

apresentaram produtos não autorizados como o acefato, captana, clorfenapir,

clorpirifós, dimetoato, endossulfam, fenarimol, folpete, metamidofós, parationa

metílica, procloraz e tetradifona.

Os estudos encontrados na literatura, referentes a resíduos de agrotóxicos em

alimentos, retratam que os experimentos controlados, com manejos agronômicos

adequados para as culturas, apresentam contaminantes nos alimentos dentro dos

LMR’s exigidos por lei. Enquanto que os alimentos analisados obtidos no mercado

varejista, que estão disponíveis para a população, apresentam teores elevados de

resíduos de agrotóxicos, em alguns casos, não permitidos para a cultura ou proibidos

no País. Isto indica não adequação dos manejos praticados pelos produtores no

cultivo de alimentos que são disponibilizados no mercado.

Foram encontrados muitos trabalhos de validação e otimização de métodos

cromatográficos de alimentos, no entanto, poucos foram os trabalhos encontrados

quanto à contaminação dos alimentos.

Além disto, também é importante ressaltar que os problemas relacionados ao

uso dos agrotóxicos não se resumem a contaminação dos alimentos. Mas também a

intoxicação de trabalhadores rurais, contaminação das águas, solos e atmosfera.

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6. CONCLUSÃO

No estudo da análise de qualidade de morangos produzidos em sistema de

cultivo orgânico e convencional em propriedades rurais, observou-se que para as

cultivares Camarosa e Albion, os fatores analisados aturam de forma independente,

ou seja, a interação Cultivo x Cultivar foi não significativa para a maioria das variáveis

estudadas. Somente houve interação significativa entre os fatores de estudo quanto

aos teores de umidade, sólidos totais (ST) e carboidratos dos morangos.

Foi observado maior teor de umidade e menor teor de sólidos totais nos

morangos orgânicos quando comparados aos morangos convencionais, da cultivar

Albion.

Quanto ao efeito dos fatores sistema de cultivo e cobertura do canteiro, não

houve interação significativa para todas as variáveis analisadas.

Na análise isolada dos fatores, da cv. Camarosa, observou-se que entre os

cultivos orgânico e convencional houve diferença significativa nos teores de umidade,

sólidos totais, carboidratos, antocianina e capacidade antioxidante dos morangos. E

entre os canteiros cobertos e descobertos foi encontrada diferença significativa quanto

aos teores de umidade, sólidos totais e compostos fenólicos.

No estudo da qualidade de morangos em ambientes controlados de cultivo

orgânico e convencional, não foi observada diferença significativa entre os sistemas

de cultivo orgânico e convencional para variáveis pH, acidez total titulável, lipídios,

antocianina, compostos fenólicos, atividade antioxidante e vitamina C.

Para as demais variáveis analisadas, teor de umidade, sólidos totais, sólidos

solúveis, proteínas, cinzas, carboidratos, houve diferença significativa entre os

sistemas de cultivo, tendo os morangos orgânicos maiores teores de umidade e cinzas

e os morangos convencionais maiores valores de sólidos solúveis e proteínas.

Desta forma, os resultados obtidos neste trabalho não permitem inferir que os

diferentes sistemas de cultivo, orgânico e convencional influenciaram de forma

relevante nas propriedades físico-químicas, nutricionais e antioxidantes dos morangos

analisados.

Quanto aos resíduos de agrotóxicos nos morangos produzidos em sistemas de

cultivo controlados; nos morangos orgânicos não foram encontrados resíduos e nos

morangos convencionas as concentrações dos resíduos encontrados estavam abaixo

do limite de quantificação (<LQ) do método, logo, estes não puderam ser quantificados.

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Portanto, observou-se que por meio do cultivo orgânico, praticado de acordo

com as normas estabelecidas, foi possível obter morangos isentos de todos os

agrotóxicos analisados.

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8. APÊNDICE

Apêndice A. Valores de F dos parâmetros em que a interação cultivo x cultivar foi não significativa, na análise de morangos, orgânicos e convencionais, obtidos em propriedades rurais

Fontes de

Variação G.L.

Valor de F

pH Acidez SS Proteínas Lipídios Cinzas Antocianinas Fenol Antioxidante Vit. C

Bloco 2 0,90ns 5,14s 0,00ns 1,60ns 2,35ns 1,47ns 0,72ns 250,0s 14,09s 24,65s

Cultivo (C) 1 0,97ns 3,50ns 0,17ns 0,41ns 1,00ns 0,14ns 0,26ns 0,26ns 0,00ns 2,63ns

Cultivar (Cv) 1 0,88ns 0,06ns 1,31ns 0,51ns 1,29ns 0,51ns 0,97ns 0,09ns 0,20ns 1,93ns

Interação CxCv 1 0,92ns 2,24ns 1,50ns 0,08ns 0,67ns 0,59ns 3,01ns 0,01ns 3,19ns 0,40ns

Resíduo 6 ns Não significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F; s Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.

pH=Potencial hidrogeniônico; Acidez=Acidez total titulável; SS=Sólidos solúveis; Fenol=Compostos fenólicos totais; Antiox.=Atividade antioxidante; Vit. C=Vitamina C.

Apêndice B. Valores de F dos parâmetros em que a interação cultivo x cultivar foi significativa na análise de morangos, orgânicos e convencionais, obtidos em propriedades rurais

Fontes de Variação GL Valores de F

Umidade ST Carboidratos

Bloco 2 36,95* 37,04* 45,67*

Cultivo (C) 1 22,87 22,88 33,46

Cultivar (Cv) 1 13,57 13,60 19,56

Interação CxCv 1 6,32* 6,39* 9,71*

Resíduo 6 * Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.

ST=Sólidos totais.

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Apêndice C. Valores de F dos parâmetros em que a interação cultivo x cobertura de canteiro foi não significativa, na análise de morangos cv. Camarosa, orgânicos e convencionais, obtidos em propriedades rurais

Fontes de

Variação G.L.

Valor de F

Umidade ST pH Acidez SS Proteína Lipídio Cinza Carb Antocianina Fenol Antioxidante Vit. C

Bloco 2 29,96s 30,02s 0,94ns 2,53ns 0,005ns 3,15ns 2,60ns 4,20ns 18,30s 10,47s 182,10s 14,10s 28,50s

Cultivo (C) 1 7,22s 7,14s 0,96ns 0,74ns 0,01ns 0,46ns 0,87ns 1,85ns 6,10s 11,01s 5,43ns 8,25s 3,30ns

Cobertura (Cb) 1 7,40s 7,40s 1,11ns 0,03ns 0,17ns 0,00ns 0,70ns 1,22ns 3,02ns 0,74ns 11,17s 3,92ns 0,61ns

Interação CxCb 1 0,05ns 0,05ns 0,95ns 1,14ns 0,83ns 0,02ns 0,55ns 0,17ns 0,19ns 1,30ns 3,40ns 0,84ns 0,72ns

Resíduo 6

ns Não significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F; s Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.

ST=Sólidos Totais; pH=Potencial hidrogeniônico; Acidez=Acidez total titulável; SS=Sólidos solúveis; Carb.=Carboidratos; Fenol=Compostos fenólicos totais; Antiox.=Atividade antioxidante; Vit.

C=Vitamina C.

Apêndice D. Valores de F das variáveis analisadas em morangos orgânicos e convencionais, produzidos em ambientes controlados Fontes de

Variação G.L.

Valor de F

Umidade ST pH Acidez SS Ptna Lipídios Cinzas Carb Antocianinas Fenol Antioxidante Vit. C

Bloco 4 11.60 s 11.60s 46.47s 1.35ns 33.88s 1.36ns 69.89s 0.98ns 17.24s 1.00ns 0.27ns 2.06ns 1.03ns

Cultivo (C) 1 26.10s 26.10s 0.59ns 1.13ns 27.40s 18.78s 0.52ns 13.68s 12.61s 1.73ns 1.97ns 0.64ns 2.53ns

Resíduo 4 ns Não significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F; s Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.

ST=Sólidos Totais; pH=Potencial hidrogeniônico; Acidez=Acidez total titulável; SS=Sólidos solúveis; Ptna=proteína; Carb.=Carboidratos; Fenol=Compostos fenólicos totais; Antiox.=Atividade

antioxidante; Vit. C=Vitamina C.