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CAMINHOS “VIVINAIS” DA PESQUISA: “CAMINHOS DA MEMÓRIA, CAMINHOS DE MUITAS HISTÓRIAS” Anderson Aparecido Gonçalves de Oliveira* Cairo Mohamad Ibrahim Katrib** Maria Clara Tomaz Machado*** Resumo: O presente trabalho apresenta o resultado de uma pesquisa que analisa as experiências dos sujeitos das áreas rurais afetadas pela UHE Serra do Facão, em especial as comunidades rurais: Lagoinha (Fazenda Pires), Mata Preta e Anta Gorda no município de Catalão-GO, e ainda dentro deste recorte espacial a Comunidade Lemes em Davinópolis-GO, localizadas no Sudeste Goiano. O Foco de nossa análise são as práticas e saberes rurais, perpassando pela religiosidade desses atores, como expressão de seus modos de vida, que fazem emergir as relações de cooperação, vínculos identitários, além de suas variadas formas de sociabilidades, as quais são marcas culturais bastante significativas e difundidas durante as comemorações, sejam elas devocionais ou não, com destaque para a festa de São Sebastião. Palavras-Chave: Vivências, Identidade, Práticas culturais. Abstract: This paper presents the results of a study that examines the experiences of individuals in countrified zone affected by the UHE Serra Knife, particularly countrified communities: Lagoinha (Farm Pires), Mata Preta and Anta Gorda in the city of Catalão- GO, and even within this spatial area in the Community Lemes in Davinópolis-GO located in Southeastern Goiás. The focus of our analysis are the practices and knowledge in countrified, passing through the religiosity of these actors, as an expression of their ways of life that bring out the relations of cooperation, identity ties, and its various forms of sociability, which are cultured markers quite significant and widespread during the celebrations, whether devotional or not, with emphasis on the feast of St. Sebastian. Keywords: Experiences, Identity, cultural practices. Os motivos que me levaram a interessar pela temática Cultura Popular ocorreram com a minha participação como bolsista no projeto de pesquisa Caminhos da Memória, caminhos de muitas histórias 1 , uma iniciativa interdisciplinar envolvendo docentes da Universidade * Licenciatura e Bacharelado em História pela Universidade Federal de Uberlândia / Faculdade de Ciências Integradas do Pontal (UFU/FACIP); mestrando em História, pela linha História e Cultura do Programa de Pós- Graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia. ** Doutor em História pela Universidade de Brasília; Professor do Curso de Graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia / Faculdade de Ciências Integradas do Pontal (UFU/FACIP). *** Professora Doutora do Curso de Graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia; vinculada ao Programa de Pós-Graduação em História UFU. Coordenadora do Laboratório de Pesquisa em Cultura Popular

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CAMINHOS “VIVINAIS” DA PESQUISA: “CAMINHOS DA MEMÓRIA, CAMINHOS

DE MUITAS HISTÓRIAS”

Anderson Aparecido Gonçalves de Oliveira*

Cairo Mohamad Ibrahim Katrib**

Maria Clara Tomaz Machado***

Resumo: O presente trabalho apresenta o resultado de uma pesquisa que analisa as experiências dos sujeitos das áreas rurais afetadas pela UHE Serra do Facão, em especial as comunidades rurais: Lagoinha (Fazenda Pires), Mata Preta e Anta Gorda no município de Catalão-GO, e ainda dentro deste recorte espacial a Comunidade Lemes em Davinópolis-GO, localizadas no Sudeste Goiano. O Foco de nossa análise são as práticas e saberes rurais, perpassando pela religiosidade desses atores, como expressão de seus modos de vida, que fazem emergir as relações de cooperação, vínculos identitários, além de suas variadas formas de sociabilidades, as quais são marcas culturais bastante significativas e difundidas durante as comemorações, sejam elas devocionais ou não, com destaque para a festa de São Sebastião. Palavras-Chave: Vivências, Identidade, Práticas culturais. Abstract: This paper presents the results of a study that examines the experiences of individuals in countrified zone affected by the UHE Serra Knife, particularly countrified communities: Lagoinha (Farm Pires), Mata Preta and Anta Gorda in the city of Catalão-GO, and even within this spatial area in the Community Lemes in Davinópolis-GO located in Southeastern Goiás. The focus of our analysis are the practices and knowledge in countrified, passing through the religiosity of these actors, as an expression of their ways of life that bring out the relations of cooperation, identity ties, and its various forms of sociability, which are cultured markers quite significant and widespread during the celebrations, whether devotional or not, with emphasis on the feast of St. Sebastian. Keywords: Experiences, Identity, cultural practices.

Os motivos que me levaram a interessar pela temática Cultura Popular ocorreram com

a minha participação como bolsista no projeto de pesquisa Caminhos da Memória, caminhos

de muitas histórias1, uma iniciativa interdisciplinar envolvendo docentes da Universidade

* Licenciatura e Bacharelado em História pela Universidade Federal de Uberlândia / Faculdade de Ciências Integradas do Pontal (UFU/FACIP); mestrando em História, pela linha História e Cultura do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia. ** Doutor em História pela Universidade de Brasília; Professor do Curso de Graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia / Faculdade de Ciências Integradas do Pontal (UFU/FACIP). *** Professora Doutora do Curso de Graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia; vinculada ao Programa de Pós-Graduação em História UFU. Coordenadora do Laboratório de Pesquisa em Cultura Popular

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Federal de Uberlândia (Campus Pontal – Ituiutaba-MG e Campus Santa Mônica –

Uberlândia-MG). O estudo se deu nos municípios afetados pela construção da Barragem da

Usina Hidrelétrica Serra do Facão, em Goiás e Minas Gerais.

Durante cerca de vinte e quatro meses percorremos os município das áreas de interesse

para a pesquisa, a saber: Catalão, Campo Alegre de Goiás, Cristalina, Davinópolis e Ipameri,

em Goiás; e Paracatu, em Minas Gerais. E, em contato com as comunidades locais,

percebemos a sua riqueza cultural e como aqueles sujeitos que lá viviam (re) construíam seus

vínculos com o lugar, tendo nas práticas culturais e religiosas o elo revigorante dos seus

sentimentos.

e Vídeo Documentário (DOCPOP), vinculado ao Instituto de História e ao Programa de Pós-Graduação em História UFU. 1 Das várias ações compensatórias participamos dentro do Grupo de Pesquisa daquela que trata da Preservação do Patrimônio Histórico Cultural da área atingida pelo consórcio da Usina Hidrelétrica Serra do Facão em Goiás/Minas Gerais, cujos produtos acadêmicos foram a produção de um livro: “São Marcos do Sertão Goiano: Cidades, memórias e culturas”, coordenado pelo Prof. Dr. Cairo Mohamad Ibraim Katrib, do qual participei não só como pesquisador, mas com o artigo: “Comemorar/Festar: Sons, batuques, louvações e rememorações”; de um filme: “Sertão de dentro: travessias e veredas em Goiás”, além de produção e organização de inventários com imagens, flora, fauna e bibliografia temática. Ressalta-se aqui a organização das oficinas patrimoniais e dos museus abertos temporários, em parceria com as escolas públicas da região dos municípios afetados (urbano e rural), das quais fui ministrante.

FIGURA 01: Mapa ilustrativo das regiões pesquisadas. Acervo do Programa de Preservação do Patrimônio Histórico Cultural UFU/SEFAC, adaptada por: OLIVEIRA, Anderson A. G. de.

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À medida que caminhávamos pelas “estradas vicinais” que ligavam não só uma

propriedade a outra, mas entrelaçavam vidas e histórias, o sertão goiano foi se revelando

familiar, instigante e envolvente. Às margens do São Marcos, seja ao som do vento

balançando as folhas da vegetação, dos pássaros ouvidos à distância, ou ao embalo das águas

que iam inundando de incertezas a vida dos moradores, fomos reconstituindo, através das

vozes daqueles que se faziam presentes, as histórias do lugar, as expectativas, os medos e as

incertezas de um futuro já presente. E no presente, os sentimentos fluíam, trazendo do fundo

do passado as histórias vividas e ressentidas.

Foi justamente essa relação que chamou a minha atenção e que me faz aqui pensar

sobre como as práticas culturais, entendendo-as como veículos importantes de manutenção da

sociabilidade entre as comunidades rurais do interior do país. Nessa lógica, nos permitimos

refletir sobre a maneira como as comunidades rurais estabelecem e mantêm seus vínculos

comunitários na região pesquisada, as quais se estabelecem não só através das comemorações

aos santos protetores como também das ajudas mútuas, tão presentes nesse contexto rural.

Essas comunidades se inserem num contexto espacial com características e

especificidades inerentes à sua organização; porém, têm na agricultura e pecuária de

subsistência seu grande potencial. Aqui, privilegiamos espaços rurais de dois municípios

goianos: Catalão e Davinópolis: as comunidades de Lagoinha (localizada na região da

Fazenda Pires, Catalão-GO), Mata Preta (a 20 km do centro urbano de Catalão-GO), Anta

Gorda (60 km de distância da cidade de Catalão-GO) e Lemes (no município de Davinópolis-

GO).

A dinâmica cultural2 desses grupos se pauta nas festividades em louvor aos santos

padroeiros, norte da análise proposta, uma vez que essas práticas culturais populares são

significativas e, ao serem lidas inseridas no contexto das comunidades rurais, nos permitem

compreender como os moradores dessas regiões estreitam seus vínculos coletivos,

realimentam de fé e esperança a sua caminhada anual, sendo ela de muito trabalho, esperança

e transformações.

2 O conceito de dinâmica cultural é aqui compreendido antropologicamente como processo contínuo de (re) significação de valores pertencentes a um dado grupo social, fruto da interação entre sujeitos e comunidade. Para saber mais, consultar: DURHAM, E. R. A dinâmica da cultura – ensaios de Antropologia. São Paulo: Cosac Naif, 2004. STRINATI, Dominic. Cultura popular: uma introdução. São Paulo: Hedra, 1999. MACHADO, Maria Clara Tomaz e ABDALA, Mônica Chaves (org.). Caleidoscópio: De Saberes e Práticas Populares. Uberlândia: Edufu, 2007. DÂNGELO, Newton (org.). História e Cultura Popular: saberes e linguagens. Uberlândia: Edufu, 2010.

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Nesse contexto, é sempre um desafio instigante ao pesquisador adentrar no campo da

Cultura Popular, que une saberes e fazeres na difusão dos valores herdados e das vivências

coletivas como marca cultural do lugar. A riqueza de detalhes que envolvem o fazer diário

dessas pessoas nos instiga a reler com outros olhos as comemorações festivo-devocionais das

comunidades em destaque (comunidades Lagoinha, Mata Preta, Anta Gorda e Lemes).

A opção teórico-metodológica deste estudo pauta-se na História Cultural3, por nos

auxiliar no entendimento sobre como se dão as relações estabelecidas entre os grupos sociais

e sobre o redimensionamento de significados que constrói sua identidade, reprojetando-a no

cenário dos municípios como marca cultural da região e peculiaridade regional. 3 A história cultural, nesse sentido, é um abrigo que nos permite pensar a cultura como um conjunto de significados partilhados e construídos para explicar o vivido. A cultura é também uma maneira de se expressar e, por isso, pode ser compreendida como a tradução da realidade que se faz de forma simbólica, por meio da qual os sentidos conferidos às palavras, as idéias, as crenças, as ações, à festa, aos atores sociais que se manifestam cifrados, conferindo-lhes um significado e um valor sócio-cultural. Ainda sobre Historia Cultural ver: ALVES, Paulo César, (org.). Cultura: múltiplas leituras. Bauru/SP: Edusc, 2010. BURKE, Peter. Cultura popular na Idade Moderna: Europa, 1500-1800, A. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. CHARTIER, Roger. História cultural: entre práticas e representações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990. ______. A história com a leitura do tempo. Belo Horizonte: Autêntica: 2009 EAGLETON, Terry. A idéia de cultura. São Paulo: Ed Unesp, 2008. GINZBURG, Carlos. Mito emblemas e sinais. São Paulo: Cia das Letras, 1989. HUNT, Lynn. A nova história cultural. São Paulo: Martins Fontes, 1992. KUYUMJIAN, Márcia de Melo Martins e MELLO, Maria Thereza Ferraz Negrão (org.). Os espaços da história cultural. Sobradinho/DF: Paralelo 15, 2008. THOMPOSON, Edward Palmer. Costumes em comum. São Paulo: Cia das letras. 1988. ______. Folclore, Antropologia e História social. In.: As peculiaridades dos ingleses e outros ensaios. Campinas/SP: Unicamp, 2001. PESAVENTO, Sandra Jatahy. História e História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. WILLIAMS, Raymond. Campo e cidade. São Paulo: Cia das letras, 1989. BURMESTER, Ana Maria de O. A História Cultural: Apontamentos, considerações. In: Revista Artcultura. Uberlândia: NEHAC/UFU, nº06, 2003. CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas Híbridas. São Paulo: Edusp, 2000. CASTRO, Laura Viveiros de. Cultura popular: um olhar sobre a cultura brasileira. Brasília: MEC, 2000. CERTEAU, M. de. A Invenção do Cotidiano – Artes do Fazer. 6ª ed., Petrópolis: Vozes, 2001. CUNHA, Maria Clementina Pereira (org). Carnavais e outras F’r’estas – ensaio de História social da Cultura. Campinas: Editora da UNICAMP, 2002. DIAS, Maria Odila Silva. Hermenêutica do quotidiano na historiografia contemporânea. Projeto História, São Paulo, nº07, novembro, 1998. ESPIG, Márcia Janete. Limites e possibilidades de uma nova história cultural. In: LocusJF: EduFGF, nº 6, 4 vol, 1998. p. 7-18. MACHADO, Maria Clara Tomaz. Cultura Popular – em busca de um referencial conceitual. In: Cadernos de História. Uberlandia: Edufu, nº 05, 1994. ______ Cultura Popular e desenvolvimento em MG: caminhos cruzados de um mesmo tempo. São Paulo: USP, 1998. (tese de doutorado). ______. Pela Fé: A Representação de tantas histórias. Estudos de História, nº 01, 07 Vol, Franca:Unesp, 2000. ______. Cultura Popular: um contínuo refazer de práticas e representações. In: História e Cultura: Espaços Plurais. Uberlândia: Aspectus, 2002. p. 335-346. PESAVENTO, Sandra Jatahy. Indagações sobre a História Cultural. In: Revista Artcultura. Uberlândia: NEHAC/UFU. Nº 03, 2001.

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Aqui, o fio condutor da nossa escrita leva em consideração depoimentos dos

moradores do entorno da barragem no Rio São Marcos, que revelaram suas memórias e

lembranças, (re) conectando passado e presente, desejos e sentimentos de incertezas quando

nos brindaram com suas histórias de vidas durante a realização da coleta de dados da

pesquisa.

Nessa tarefa instigante de compreender o cotidiano desses moradores e a importância

cultural de suas práticas e saberes, e, ao mesmo tempo, lê-las com o olhar da sensibilidade e

não como práticas soltas no calendário festivo-devocional local, diversos autores nos

auxiliam4.

Perceber a Cultura Popular no plural permite o entendimento acerca das relações de

trocas e de interlocução com outros universos culturais. Notamos que são nos espaços

coletivos como nos mutirões, nas demãos, nas festas e rezas, entre muitos outros, que o

exercício da manutenção da cultura local, dentro da sua multiplicidade de linguagens e

narrativas, exprime sentimentos distintos: aproxima o passado e o presente; reconecta os

moradores aos grupos sociais; revigora a relação com a comunidade e com seus vínculos

familiares.

Isso é evidente ao compartilhar as festividades e os encontros nas casas dos moradores

da região pesquisada. Os dias de comemoração eram momentos de relembrar o passado, de

atualizar a memória coletiva do grupo e de reaver, se possível, as muitas histórias vividas,

desejadas e perdidas nas lacunas da memória, já que:

[...] por mais nítida que nos pareça a lembrança de um fato antigo, ela não é a mesma imagem que experimentamos na infância, porque nós não somos os mesmos de então e porque nossa percepção alterou-se e, com ela, nossas idéias, nossos juízos de realidade e de valor. O simples fato de lembrar o passado, no presente, exclui a identidade entre as imagens de um e de outro, e propõe a sua diferença em termos de ponto de vista [...] (BOSI, 1998, p.53-54).

4 BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A cultura na rua. Campinas. Papirus, 1989. ______. Prece e folia: festa e romaria. Aparecida, São Paulo: Idéias e Letras, 2010. ______. No Rancho Fundo: espaços e tempos no mundo rural. Uberlândia: EDUFU, 2009. ______. O afeto da terra. Campinas, SP: Ed. Unicamp, 1999. DUVIGMAND, Jean. Festas e civilizações. Fortaleza/Rio de Janeiro: EduFceará, 1983. AMARAL, Rita. Festa à Brasileira – sentidos do festejar no país que “não é sério”. São Paulo, 1998. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo - FFFLC, São Paulo, 1998; DAVIS, Natalie Zemon. Culturas do povo: sociedade e cultura no início da idade moderna. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1990. GUARINELLO, Norberto Luiz. Festa, trabalho e cotidiano. In.: JANCSÓ, Instvan; KANTOR. Íris (org) Festa: cultura e sociabilidade na América Portuguesa. São Paulo: Hucitec: Imprensa Oficial: Fapesp, 2001.

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Nessa perspectiva, percebemos então que representar é, fundamentalmente, “estar no

lugar de; é presentificação de um ausente; é um apresentar de novo, que dá a ver uma

ausência. A idéia central é, pois, a da substituição, que recoloca uma ausência e torna sensível

uma presença”. Nessa lógica, Certeau (1995, p. 239) muito bem analisa Cultura como sendo:

[...] de um lado é aquilo que permanece; do outro, aquilo que se inventa. Há, por outro lado, as lentidões, as latências, os atrasos que se acumulam na espessura das mentalidades, certezas e ritualizações sociais, via opaca, inflexível, dissimulada nos gestos cotidianos, ao mesmo tempo os mais atuais e milenares. Por outro lado, as irrupções, os desvios, todas essas margens de uma inventividade de onde as gerações futuras extrairão sucessivamente sua “cultura erudita”. A cultura é uma noite escura em que dorme as revoluções de há pouco, invisíveis, encerradas na prática -, mas pirilampos, e por vezes grandes pássaros noturnos, atravessam-na; aparecimentos e criações que delineiam a chance de um outro dia [...] (CERTEAU, 1995, p. 239).

Durante os meses em que estivemos presentes nas comunidades rurais em Catalão e

Davinópolis, percebemos melhor as peculiaridades das práticas culturais. Foram as diferenças

entre as comunidades rurais que nos permitiram entender as especificidades de cada uma e

também traçar uma lógica de proximidade cultural entre elas.

Pensando as comunidades rurais do entorno do Rio São Marcos, em Goiás, as festas

são expressões desse conjunto de significados partilhados e (re) construídos pelos homens.

Assim, se relidas como um importante veículo de sociabilidade5, repleto de carga valorativa

de sentidos, essas manifestações do mundo rural revelam-se como processos de organização

coletivos, propiciadores de canais de diálogos e estabelecimento de narrativas que unem

sujeitos em torno de festas e devoções.

Esse estudo monográfico nos permite, também, direcionar outros olhares sobre essas

comunidades rurais, na tentativa de entrecruzar a efetivação das práticas festivo-devocionais e

a história de vida dos sujeitos e de suas comunidades. Com isso, pretende-se refletir sobre os

múltiplos significados que esses sujeitos constroem acerca de suas práticas sociais e sobre

como eles recriam os vínculos com o lugar, com seus pares e (re)elaboram, ainda, as relações

de vizinhança, estreitando os laços de sociabilidades e experimentando a reestruturação dos

5 Sociabilidade no mundo rural é compreendida, segundo Candido (1982), como sendo as relações entre as pessoas, o desenvolvimento de trabalhos coletivos, levando-se também em consideração as relações festivas, sejam elas religiosas ou não. Ou seja, a amizade e a cooperação são partes fundamentais para entendermos tal definição, denominada ainda como “cultura caipira” por Antônio Candido. Sobre sociabilidade ver também: SÉJOUR, Daniel Araújo. Sociabilidade e vizinhança nos caminhos do São Marcos. In.: São Marcos do Sertão Goiano: cidades, memória e cultura. Cairo Mohamad Ibrain Katrib, Maria Clara Tomaz Machado, Mônica Chaves Abdala (org.) – Uberlândia: EDUFU, 2010. 300 p.

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sentimentos de apego e perda em relação ao lugar. Pois, conforme nos sugere Mendes (2005),

o historiador deve estar atento aos seguintes procedimentos na problematização da realidade a

que se propõe analisar:

[...] Ao elaborar um referencial teórico, procura-se também reconhecê-lo no mundo real. Esse novo universo de representações – construído através do cotidiano dos moradores das comunidades rurais com a simplicidade de pessoas comuns, de pessoas que fazem a história – é incorporado num conjunto de idéias sistematizadas, nas quais a teoria, o ponto de vista do pesquisador e o objeto se unem, tornando-se eternamente vivas. Nessa perspectiva, a teoria é o caminho para conhecer e compreender os muitos manifestos e representações. Aqui, cabe ainda outra ressalva, por maior que seja o envolvimento do pesquisador com seu objeto de pesquisa, por mais criterioso que sejam seus procedimentos de análise, as verdades produzidas, ainda, assim, serão parciais [...] (MENDES, 2005, p.171).

Nesse viés, nossa problemática, à princípio, foi pensar se as festas do mundo rural

goiano, seus múltiplos personagens e as relações constituídas entre sociabilidade, crenças e

experiências vividas permitem ao historiador tecer uma história, uma memória do lugar, da

região? Ainda, essa cultura popular, expressas nessas festas, poderiam na medida que (re)

significadas pelas transformações que atingiram o lugar, refletir identidades, permanências e

(re) criações desse popular?

Foi nesse sentido elegermos os municípios de Catalão e Davinópolis como os espaços

temporais da pesquisa, nomeamos as festas em louvor a São Sebastião como nossas

interlocutoras para a compreensão do processo de reelaboração cultural, sendo que este se

entrelaça ao efetivo exercício da sociabilidade por meio da ajuda mútua, das festas e

celebrações coletivas e do estreitamento das relações de vizinhança, que redimensionam os

muitos sentidos do viver em comunidade para os moradores dessa região.

O enfoque dado ao tema em estudo talvez não fosse possível sem a nossa participação

na pesquisa Caminhos da Memória, caminhos de muitas histórias. A experiência enquanto

bolsista da pesquisa nos foi tão rica e nos permitiu um olhar diferenciado para o cotidiano

rural, e a partir dos resultados, podemos reformular e redimensionar nossas análises sobre a

temática. Não menos significativa foi também a participação na pesquisa de Iniciação

Científica aprovada pela agência Intelecto PROPP, projeto nº: HUM20/2009, financiado pela

FAPEMIG e com período de vigência do mês de março de 2010 ao mês de fevereiro de 2011,

intitulado: RELIGIOSIDADE, CULTURA POPULAR E SOCIABILIDADES NO UNIVERSO

RURAL DAS COMUNIDADES AFETADAS PELA UHE SERRA DO FACÃO: As festas aos

santos padroeiros locais como veículo de sociabilidade das comunidades rurais, permitiu a

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continuidade e o aprofundamento dessa temática. Tal pesquisa abriu um outro cenário para a

compreensão das festividades no universo rural das comunidades afetadas pela Usina

Hidrelétrica Serra do Facão, cujos desdobramentos se efetivam nessa pesquisa monográfica.

Partindo da análise dos vínculos coletivos estabelecidos entre as comunidades rurais

por meio de suas práticas festivas, sejam elas materializadas na forma de festejos ou de

encontros coletivos associados à manutenção de um saber herdado, coletivo ou familiar, é que

esse universo de representações que envolvem a realização das tradicionais comemorações da

roça, a saber: as festas em devoção aos santos protetores; as pamonhadas6; as cavalgadas7; a

demão8; dentre muitas outras formas de integração social nesse universo rural, tais eventos

funcionam como importante canal de sociabilidade, de trocas de experiências e de ajudas

coletivas em prol da devoção, da religiosidade e dos encontros que o festejar propicia.

As fontes analisadas acerca o referido assunto advêm do acervo do Programa de

Preservação do Patrimônio histórico-cultural, tais como entrevistas, jornais, revistas, dados,

mapas, folders e imagens, além de materiais provenientes do trabalho de campo, como

narrativas de vida, entrevistas e/ou depoimentos. Estes foram analisados no intuito de

conhecer a história dos sujeitos sociais e suas relações com o lugar, das festas, suas

significações, cujas práticas surgem e contribuem para a persistência “cultural” das referidas

comunidades pesquisadas, mesmo considerando as mudanças visíveis não só na história local,

como também nas manifestações populares.

Nosso estudo se divide em dois capítulos. No primeiro, intitulado CULTURA EM

MOVIMENTO: As Comunidades rurais no sudeste goiano, abordamos as relações

estabelecidas entre os sujeitos e seu lugar de vivência, procurando entender como o campo se

transforma em um local de experiências e de partilhas múltiplas para as comunidades rurais

da região sudeste de Goiás; Procuramos também perceber de que maneira algumas práticas

culturais, como as festividades rurais, se efetivam nesses espaços, (re) afirmando-se como

demonstrações de fé e de sociabilidade.

No segundo capítulo: (RE) ESTABELECENDO VÍNCULOS: As comemorações a

São Sebastião no entorno do São Marcos, refletimos sobre como os festejos são vivenciados

6 Pamonhadas são encontros nos quais parentes e amigos de uma dada família se reúnem para prepararem a pamonha de milho verde, e que geralmente acontecem logo após a colheita do alimento pela família anfitriã, quando então homens e mulheres se reúnem para juntos, além de prepararem a pamonha, fazerem sua degustação e manterem os vínculos de amizade e parentesco. 7 Cavalgada neste sentido é formada por grupos de cavaleiros moradores da cidade ou zona rural que se reúnem durante uma dada festividade, percorrendo a região até um determinado local onde o congraçamento se efetiva. 8 Define-se Demão como ajuda mútua entre os moradores para roçagem de pasto, manutenção de cercas, etc.

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pelas comunidades estudadas. Destacamos o culto a São Sebastião, santo de devoção da

maioria das comunidades rurais no entorno do rio São Marcos, no sudeste Goiano. Assim,

dialogamos com as comunidades rurais a fim de perceber como se efetivam as várias formas

de “festar” e viver a festa como marca cultural e religiosa das famílias rurais do interior

goiano.

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