caminhos das Águas em salvador

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    Bacias Hidrogrficas, Bairros e Fontes

    ORGANIZADORES

    Elisabete SantosJos Antonio Gomes de Pinho

    Luiz Roberto Santos Moraes

    Tnia Fischer

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    Bacias Hidrogrficas, Bairros e Fontes

    ORGANIZADORES

    Elisabete Santos

    Jos Antonio Gomes de Pinho

    Luiz Roberto Santos Moraes

    Tnia Fischer

    2010

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    Cidade do Salvador

    Universidade Federal da BahiaNaomar Monteiro de Almeida FilhoReitor

    Escola de Administrao - UFBAReginaldo Souza SantosDiretor

    Centro Interdisciplinar de Desenvolvimento e Gesto Social CIAGS-EA/UFBATnia Fischer Coordenadora

    Jos Antnio Gomes de Pinho Vice-CoordenadorMaria Elisabete Pereira dos Santos Escola de Administrao - UFBA

    Luiz Roberto Santos Moraes - Escola Politcnica - UFBA

    FINANCIAMENTOConselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico CNPq

    Marco Antonio ZagoPresidente

    PARCEIROSGoverno do Estado da BahiaJaques Wagner Governador

    Secretaria do Meio Ambiente do Estado da Bahia SEMA

    Juliano de Sousa Matos SecretrioAdolpho Ribeiro NettoChefe de GabineteWesley Faustino Diretor Geral

    Instituto do Meio Ambiente do Estado da Bahia IMAElizabeth Maria Souto WagnerDiretora Geral

    Instituto de Gesto das guas e Clima INGJlio Cesar de S da RochaDiretor Geral

    Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia CONDERMilton de Arago Bulco Villas Boas Presidente

    Maria del Carmen Fidalgo PugaPresidente (20072008 )Lvia Maria Gabrielli de Azevedo Diretor de Planejamento Urbano e Habitao

    Fernando Cezar Cabussu Filho Coordenador do Sistema de Informaes GeogrficasUrbanas do Estado da BahiaINFORMS

    Empresa Baiana de guas e Saneamento S. A. EMBASA

    Abelardo de Oliveira Filho Diretor PresidenteEduardo B. de Oliveira ArajoDiretor de Operao

    Prefeitura Municipal do SalvadorJoo Henrique Barradas Carneiro Prefeito

    Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano,Habitao e Meio Ambiente SEDHAM / PMS

    Antnio Eduardo dos Santos de AbreuSecretrioKtia CarmelloSecretria (20062008)

    Edson Pitta Lima SubsecretrioJos Henrique Oliveira LimaDiretor Geral de Urbanismo e Meio Ambiente

    Edvaldo MachadoAssessor do Secretrio

    Superintendncia do Meio Ambiente SMA / PMSLuiz Antunes A. A. Nery Superintendente

    Ary da Mata e Souza Superintendente (2007-2008)Adalberto Bulhes FilhoAssessor da Superintendncia

    Fundao OndAzulLarissa Cayres de Souza Presidente

    Armando Ferreira de Almeida JuniorPresidente (2006-2008)

    COLABORAOSistema Integrado de Atendimento Regional SIGA / PMS

    Oneilda Costa da Silva Lbo

    Superintendncia de Controle e Ordenamento deUso do Solo do Municpio SUCOM / PMS

    Cludio Souza da Silva Superintendente

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGEArtur Ferreira da Silva Filho Chefe da Unidade Estadual do IBGE na BahiaJoilson Rodrigues de Souza Coordenador Tcnico do Censo Demogrfico

    Unidade Estadual do IBGE na BahiaFundao Mrio Leal Ferreira FMLF/PMS

    Vilma Barbosa LagePresidente

    Instituto de Radiodifuso Educativa da Bahia IRDEBPaulo Roberto Vieira Ribeiro Diretor Geral

    Sahada Josephina Mendes Dietora de Operaes

    _______________

    Projeto Grfico e DiagramaoAntnio Eustquio Barros de Carvalho

    FotosAndr Carvalho, Danilo Bandeira, Janduari Simes,

    Jos Carlos Almeida, Elba Veiga, Alilne Farias Souza, Aucimaia Tourinho,Fernando Teixeira e Tonny Bittencourt, Fundao Gregrio de Matos FGM/PMS,

    Joo Torres GPE/Fundao Mrio Leal Ferreira FMLF

    Assistente de Fotografia: Renata Souto Maior

    Produtora Executiva: Ftima Fres

    PUBLICAO

    C146 O Caminho das guas em Salvador: Bacias Hidrogrficas, Bairrose Fontes / Elisabete Santos, Jos Antonio Gomes de Pinho,Luiz Roberto Santos Moraes, Tnia Fischer, organizadores. Salvador: CIAGS/UFBA; SEMA, 2010.

    486p. :il.; .- (Coleo Gesto Social)

    ISBN - 978-85-60660-08-7

    1. Recursos Hidricos . 2. guas. 3. Bacias Hidrogrficas.4. Bairros. I. Santos, Elisabete. II. Pinho, JosAntonio Gomes de. III. Moraes, Luiz Roberto Santos. IV. Fischer,Tnia.

    CDD 333.91

    Perto de muita gua, tudo feliz.Guimares Rosa

    UFBA

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    Italo Calvino, em Marcovaldo e as Estaes na Cidade, relata um interessante exemplo de tentativa de reencontro coma natureza, com a boa e velha natureza, nas grandes cidades. Marcovaldo, melanclico e sonhador, no tem olhospropcios leitura dos signos da vida urbana, da sociedade de consumo, e est sempre atento aos vestgios da na-tureza na cidade. Em sua incansvel busca pela natureza perdida, v-se enredado em situaes em que as coisas maissimples parecem encerrar as mais estranhas armadilhas, em que a natureza parece uma fraude. Afinal, todos os diasa imprensa noticiava descobertas as mais espantosas nas compras do mercado: do queijo feito de matria plstica, amanteiga com velas de estearina, na fruta e na verdura o arsnico dos inseticidas estavam mais concentrados do que asvitaminas, para engordar os frangos enchiam-nos com certas plulas sintticas que podiam t ransformar em frango quemcomesse uma coxa deles. O peixe fresco havia sido pescado o ano passado na Islndia e seus olhos eram maquiadospara que parecessem de ontem. Como fugir destas armadilhas seno buscando um lugar onde a natureza seja prdigae intocada, onde a gua seja realmente gua e o peixe realmente peixe?

    Nessa busca constante, os dias de Marcovaldo tornaram-se longos e ele passa a olhar a cidade e arredores em bus-ca de um rio. Sua ateno voltava-se, principalmente, para os trechos em que a gua corria mais distante da estrada as-faltada. Certa vez se perdeu, andava e andava por margens ngremes e cheias de arbustos, e no achava nenhum ata-lho, nem sabia mais para que lado ficava o rio: de repente, deslocando alguns ramos, viu, poucos metros abaixo, a guasilenciosa era um alargamento do rio, quase uma bacia pequena e calma com um tom azul que lembrava um lagui-nho de montanha. A emoo no o impediu de averiguar embaixo entre as sutis encrespaes da corrente. E, portanto,a sua obstinao fora premiada! Uma pulsao, o deslizar inconfundvel de uma barbatana aflorando na superfcie, e de-pois outro, e outro ainda, uma felicidade a ponto de no acreditar nos prprios olhos: aquele era o local de reunio dospeixes do rio inteiro, o paraso dos pescadores, talvez ainda desconhecido de todos, exceto dele.

    Retornando para casa, cheio de alegria e de peixes, Marcovaldo depara-se com o que parecia-lhe um guarda municipal. Voc a! Numa curva da margem, entre os lamos, estava parado um tipo com bon de guarda, que o olhava de

    cara feia. Eu? Qual o problema? retrucou Marcovaldo, pressentindo uma ameaa desconhecida contra suas trencas. Onde que pegou estes peixes a? disse o guarda. H? Por qu? E Marcovaldo j sentia o corao na garganta.

    Se os apanhou l em baixo, jogue fora rpido: no viu a fbrica aqui em cima? E indicava exatamente uma constru-o comprida e baixa que agora, superava a curva do rio, se avistava, alm dos salgueiros, e que deitava fumaa no ar, e nagua uma nuvem densa de uma cor incrvel entre turquesa e violeta. Pelo menos a gua, ter notado de que cor ! Fbri-ca de tintas: o rio est envenenado por causa daquele azul e os peixes tambm. Jogue fora rpido, seno apreendo tudo.

    Marcovaldo agora queria atir-los longe o mais depressa possvel, livrar-se deles, como s o cheiro bastasse para en-venen-lo. Mas no queria fazer m figura na frente do guarda.

    E se os tivesse pescado mais acima? A j seria outra histria. Alm da apreenso, haveria uma multa. Acima da fbrica existe uma reserva de pesca.

    No v o cartaz? Bem na verdade apressou-se a dizer Marcovaldo carrego a vara por carregar, pra mostrar aos ami-gos, mas os peixes foram comprados numa peixaria da cidade aqui perto.

    Ento nada a dizer. S falta o imposto a ser pago para lev-lo para a cidade: aqui estamos fora do permetro urbano.Marcovaldo j abrira a cesta e emborcava no rio. Alguma das trencas ainda devia estar viva, pois deslizou toda con-

    tente.

    Italo Calvino, 1994.

    Gilberto

    Ferrez

    ,1999

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    O Almanaque das guas

    Esse trabalho fruto do Projeto de Pesquisa Qualidade Ambiental das guas e da VidaUrbana em Salvador, aprovado pelo Edital MCT/CNPq / CT-Hidro / CT-Agro e realizado en-tre os anos de 2006 e 2009, pelo Grupo GUAS do Centro Interdisciplinar de Desenvol-vimento e Gesto Social CIAGSda EA-UFB A, com a participa o de pesquisadores doDepartamento de Engenharia Ambiental da Escola Politcnica, do Departamento de Botni-ca do Instituto de Biologia e da Fundao OndaAzul.

    Esse Projeto contou ainda com o apoio do Governo do Estado da Bahia por meio daCompanhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia - CONDER; da Empresa Baia-na de guas e Saneamento S. A. - EMBASA; da Secretaria do Meio Ambiente do Estado da

    Bahia - SEMA; do Instituto de Gesto das guas e Clima I NG; do Instituto do Meio Am-biente do Estado da Bahia - IMA; da Prefeitura Municipal do Salvador, por meio da Secreta-ria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Habitao e Meio Ambiente - SEDHAM; da Su-perintendncia do Meio Ambiente - SMA; alm da participao do IBGE. Contamos aindacom a colaborao da Fundao Mrio Leal Ferreira - FMLF; do Sistema Integrado de Aten-dimento Regional - SIGA; da Superintendncia de Controle e Ordenamento de Uso do Solodo Municpio - SUCOM; da Prefeitura Municipal de Salvador; alm do Instituto Brasileiro deGeografia e Estatstica - IBGE. Estas parcerias desenvolvidas ao longo do Projeto so exem-plos concretos do quanto Salvador e suas guas mobilizam instituies, pesquisadores, ci-dados, enfim, todos aqueles que se mobilizam e se preocupam com a gesto das guas ecom a Cidade do Salvador.

    A principal motivao para a realizao desse trabalho foi a necessidade de aprofundara pesquisa sobre a complexa relao entre Salvador e as guas nesse comeo de scu-lo, tendo em vista a visvel degradao da qualidade das suas guas, alm da necessidadede produzir conhecimentos capazes de fundamentar a implementao de poltica democr-tica das guas. Especificamente, os objetivos desta Pesquisa foram a produo de indica-

    dores sobre a qualidade das guas e sobre o acesso aos servios pblicos de saneamen-to ambiental, a delimitao das bacias hidrogrficas e de drenagem natural e a delimitaodos bairros de Salvador, tendo como referncia as noes de identidade e de pertencimen-to dos seus moradores.

    A opo por associar conceitualmente qualidade das guas com os recortes de bacias ebairros tem como motivao estimular a construo ou reconstruo dos laos de identida-de e pertencimento em relao ao territrio e s guas elemento de fundamental importn-cia na construo de polticas pblicas sustentveis no atual contexto de redemocratizaopela qual atravessa o Pas. A exemplo das demais capitais brasileiras, Salvador precisa ins-tituir prticas, implementar aes e polticas voltadas para a melhoria da qualidade de suasguas afinal, na Cidade da Bahia, conhecida por suas belezas naturais, as guas trazemsade e doena, so motivo de aflio mas tambm purificam o corpo e a alma.

    Esse trabalho implicou em um rico exerccio de discusso terica sobre os desafios dacomplexa relao entre sociedade e natureza, entre identidade, territrio e guas. Sua prin-cipal motivao foi a possibilidade de associao entre saberes e prticas espraiadas na Uni-

    Arealizao deste trabalho no teria sido possvel sem o apoio do CNPq e o envolvimen-to de pesquisadores, tcnicos e dirigentes do Poder Pblico estadual e municipal. Par-ticularmente, gostaramos de destacar o empenho de Juliano de Sousa Matos (SEMA),Abelardo de Oliveira Filho (EMBASA), Adolpho Schindler Ribeiro Netto (SEMA), Bete Wagner(IMA) e Lvia Maria Gabrielli de Azevedo (CONDER) na construo das condies necessriasao desenvolvimento da pesquisa junto com a Universidade Federal da Bahia. Esse trabalho noseria possvel sem a participao de Lcia Politano (UFBA), na estruturao do trabalho de deli-mitao de bacia hidrogrfica, de Adalberto Bulhes (PMS), na concepo original da metodolo-gia de delimitao do trabalho de bairro, de Aucimaia Tourinho (UFBA) na estruturao do traba-lho de fontes e sem a participao de Elba Veiga (PMS), Cssio Marcelo Castro (PMS) e Regi-na Nora (CONDER) que, de forma obstinada e competente percorreram, palmo a palmo, a Cida-de do Salvador. Nessa jornada, estiveram presentes os tcnicos da CONDER Anderson Olivei-ra, Vitria Sampaio, Nilton Santana, Leonardo Afonso, Gilma Brito, Carlos Cardoso, Alberto Bon-fim, Jussara Queiroz e Fernando Cabussu e Joo Pedro Vilela, da UFBA. Rosely Sampaio, daUFBA, apaixonada pelas guas, esteve conosco em boa parte da nossa trajetria e hoje constroinovos caminhos em Belo Horizonte.

    Pela Prefeitura Municipal de Salvador preciso registrar a participao de Jamile Trindade, Clu-dio Santos, Luza Ges, Ftima Falco, Srgio Moreira, Cla Tanajura, Ednilva Azevedo, Mariza Za-carias, Carlos Roberto Brando e Ruth Marcelino, que sempre acreditaram que a delimitao de bair-ros e das bacias hidrogrficas um importante instrumento de estruturao da gesto pblica muni-cipal. preciso ainda registrar a participao de Ailton Ferreira (PMS), Fernando Pires (UFBA), Ni-cholas Costa (UFBA), Wilson Carlos Rossi (IMA) e Lvia Castelo Branco (IMA), Jeniffer Matos e Mr-cia Kauark Amoedo e da Equipe da Diviso de Controle de Qualidade da EMBASA, Rosane Aqui-no, Eduardo Topzio, Cludia do Esprito Santo e Carlos Romay da Silva do INGA, de Terezinha Al-ves Ribeiro da SUCOP/SETIN e de Robrio Ribeiro Bezerra da CERB, incansveis militantes dasguas. Renata Rossi, Ftima Fres, Aline Farias e Fernanda Nascimento da UFBA, envolveram-senessa empreitada acreditando ser possvel associar guas, histria e poesia. Agradecemos a contri-

    buio de Eliana Gesteira, Fernando Teixeira, Terezinha Rios e Isaura Andrade, que acreditam queuma gesto democrtica se faz com respeito res publicae com informao qualificada.

    Gostaramos de agradecer s lideranas das 2.130 entidades da sociedade civil e instituiespblicas e privadas que participaram conosco no trabalho de delimitao das bacias e dos bairros,aos administradores do Sistema Integrado de Atendimento Regional da Prefeitura Municipal do Sal-vador, que deram apoio na mobilizao das lideranas e realizao de reunies.

    Agradecemos ainda Fundao Gregrio de Matos, que gentilmente nos cedeu as fotos anti-gas de Salvador; Profa. Consuelo Pond de Sena presidente do Instituto Geogrfico e Histricoda Bahia, que nos socorreu com os seus conhecimentos de tupi; a Vilma Barbosa Lage, presidenteda Fundao Mrio Leal Ferreira, que ajudou a dar mais cor s nossas guas; a Joo Torres e Dil-son Tanajura, por ajudarem na ilustrao deste trabalho, Ary da Mata, da SEMA, a Joilson Rodriguesdo IBGE e a Sahada Josephina Mendes, do Irdeb, que sempre acreditaram na relevncia desse tra-balho para Salvador. Finalmente, esse trabalho no teria sido possvel sem o esprito acolhedor dacoordenao do CIAGS, base institucional do referido trabalho, sempre aberto a novas ideias e de-safios, um bom exemplo do que pode ser a relao entre Universidade e sociedade.

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    versidade, nas instituies governamentais e na cidade, enfim, foi apossibilidade de construo de saberes e conhecimentos que pos-sam contribuir para a melhoria da qualidade do ambiente urbano efundamentar uma gesto democrtica das guas na cidade do Sal-vador e no estado da Bahia.

    Naomar Monteiro de Almeida Filho ReitorUniversidade Federal da Bahia

    Reginaldo Souza Santos DiretorEscola de Administrao - UFBA

    Tnia Fischer CoordenadoraCentro Interdisciplinar de Desenvolvimento

    e Gesto Social - CIAGS EA-UFBA

    Larissa Cayres de Souza PresidenteFundao OndAzul

    Juliano de Sousa Matos SecretrioSecretaria do Meio Ambiente do Estado da Bahia SEMA

    Milton de Arago Bulco Villas Boas PresidenteCompanhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da

    Bahia CONDER

    Abelardo de Oliveira Filho Diretor PresidenteEmpresa Baiana de guas e Saneamento S. A. EMBASA

    Jlio Cesar de S da Rocha Diretor GeralInstituto de Gesto das guas e Clima ING

    Elizabeth Maria Souto Wagner Diretora GeralInstituto do Meio Ambiente do Estado da Bahia IMA

    Antnio Eduardo dos Santos de Abreu SecretrioSecretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Habita-

    o e Meio Ambiente SEDHAM / PMS

    Luiz Antunes A. A. Nery SuperintendenteSuperintendncia do Meio Ambiente SMA /PMS

    As guas em Salvador

    A Cidade do Salvador, entrecortada e circundada pelas guas, com abundncia de gua em seu subsolo e comelevado ndice pluviomtrico, est se tornando rida. Os caminhos percorridos pelas suas guas, que recriam par-te significativa da sua histria, revelam o quo perversa tem sido a relao entre urbanizao e natureza. As nos-sas guas doces desaparecem na relao inversa intensidade do processo de urbanizao.

    Poder-se-ia afirmar que esse no um privilgio da Cidade da Bahia, pois, afinal, a degradao ambientalassim como a excluso social so problemas estruturais comuns s nossas grandes metrpoles. Historicamen-te, a urbanizao brasileira estabeleceu uma relao predatria com os recursos ambientais, sendo a histria dasnossas cidades uma sntese, contraditria, do cotidiano processo de degradao das guas.

    Adicionalmente, Salvador conjuga de forma mpar degradao ambiental e pobreza urbana, o que torna a qua-

    lidade de vida, algo por demais precrio. A histria dos r ios e dos bairros de Salvador a histria da luta tinhosa,contra o mato, contra a gua e pelo acesso terra e aos servios pblicos urbanos isso que revela a f ala dosmoradores dessa Cidade. Os resultados desse trabalho de pesquisa de qualidade das guas indicam que, ape-sar dos esforos em implantao de um sistema de esgotamento sanitrio em Salvador e sua regio, o compro-metimento dos nossos rios ou o que deles restou, resulta do lanamento de guas servidas, ou seja, da incom-pleta implantao da rede coletora de esgotamento sanitrio na Cidade. Durante muito tempo falou-se da gran-de defasagem no atendimento desse servio pblico. Hoje, as estatsticas oficiais so mais generosas, mas nos-sas fontes e nossos rios continuam poludos, precisando ser escondidos, e a populao continua a conviver como esgoto. Esses aspectos esto associados s cotidianas prticas de impermeabilizao do solo urbano e de des-truio do que restou da vegetao a ocupao do solo, sem a devida regulao, continua a agravar os proble-mas de excluso e de risco ambiental.

    O fato que, em tempos de mercantilizao de elementos da natureza considerados como direito universal,a exemplo das guas, a noo de escassez passa, cada vez mais, a ser associada a Salvador. A reverso dessequadro implica em decises de natureza poltica, em aprofundamento do processo democrtico em curso, em con-ferir uma dimenso propriamente universal, aos interesses difusos e coletivos dos moradores dessa cidade.

    A realizao deste trabalho demandou a construo de uma ampla estrutura de governana, que contou com

    a participao e colaborao inquestionvel e dedicada das vrias instituies governamentais (federal, estaduale municipal) e no-governamentais, envolvidas com a questo das guas em Salvador foi a adeso inconteste aesse projeto que tornou possvel a produo de O Caminho das guas em Salvador. A construo desta rede in-dica a maturidade das instituies presentes bem como de seus dirigentes e tcnicos. Nesse processo, diversasunidades da UFBA somaram esforos para a consecuo dos objetivos do presente trabalho. Enfim, a iniciativada Universidade Federal da Bahia de realizar uma pesquisa sobre a qualidade das guas em Salvador resulta dapaixo de muitos dos seus pesquisadores por essa Cidade e pelas suas guas. Sem pretender reeditar o clssicodebate sobre os sentidos e significados do conceito de objetividade e a noo de razo que a fundamenta, gosta-ramos de ressaltar que apenas o compromisso com a melhoria da qualidade do ambiente urbano e a preocupa-o em contribuir com o enfrentamento da problemtica das guas nesse comeo de sculo, explica o empenhoe o envolvimento com esse trabalho.

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    A Investigao

    A elaborao desse trabalho de caracterizao da qualidade das guas, dos rios e das fontes, de de-limitao de bacias e de bairros, conduziu-nos a vrios caminhos. Em linhas gerais, os procedimentos re-alizados no mbito dessa pesquisa implicaram no desenvolvimento das seguintes atividades: a. realiza-o de amplo levantamento bibliogrfico e pesquisa em fontes secundrias, com especial nfase nos da-dos censitrios e informaes relacionadas com a qualidade das guas e acesso aos servios pblicos desaneamento ambiental, produzidos pela Universidade, Prefeitura Municipal de Salvador, Governo do Es-tado da Bahia, entidades civis e institutos de pesquisa; b. definio de marco terico-conceitual sobre aproblemtica das guas e sua insero no contexto da problemtica ambiental de Salvador com defini-o dos conceitos estruturantes de bacia hidrogrfica, de drenagem e de bairro; c. estruturao da meto-

    dologia de pesquisa de delimitao de bacia hidrogrfica e de bairro; d. coleta de amostras de gua bru-ta para a caracterizao bacteriolgica e fsico-qumica nas bacias hidrogrficas e medio da vazo; e.avaliao da qualidade das guas das fontes; f. caracterizao das formas de acesso aos servios pbli-cos de saneamento ambiental por meio de dados censitrios e dados da Empresa Baiana de guas e Sa-neamento - EMBASA; h. delimitao das bacias hidrogrficas, de drenagem natural e dos bairros; e i. re-alizao de levantamento da produo bibliogrfica sobre guas nos institutos de pesquisa, faculdades euniversidades em Salvador.

    A pesquisa de qualidade de guas foi realizada em trs campanhas com o objetivo de qualificar as guasem distintos momentos. A primeira Campanha, a Piloto, foi realizada em novembro de 2007 nas bacias hidro-grficas dos rios Camarajipe, Cobre, Jaguaribe e Pituau. Seu objetivo foi realizar uma caracterizao prelimi-nar e, desse modo, produzir referncias empricas capazes de orientar a estruturao do conjunto do trabalhode campo. Foram os seguintes os critrios utilizados para a seleo das bacias piloto: importncia do manan-cial para Salvador e sua regio; informaes preliminares sobre a qualidade do manancial e desenvolvimentode aes pela EMBASA, SMA e SEMA nas referidas bacias.

    A segunda e terceira campanhas contemplaram as 12 bacias dos rios do Seixos (Barrra / Centenrio), Ca-marajipe, Cobre, Ipitanga, Jaguaribe, Lucaia, Paraguari, Passa Vaca, Pedras / Pituau, Ilha de Mar e Ilha dosFrades, realizadas, respectivamente, em tempo chuvoso, em agosto e setembro de 2008 e tempo seco, em

    maro e abril de 2009. A seleo dos pontos da rede amostral, levou em conta os seguintes critrios: (i) pro-ximidade da nascente e da foz do rio; (ii) equidistncia aproximada entre os pontos de coleta a fim de adquirirdados fsico-qumicos do rio em toda sua extenso; (iii) apreciao dos locais de contribuio dos afluentes norio principal; (iv) apreciao dos principais afluentes da bacia; (v) apreciao de pontos amostrais montante e jusante de espelhos dgua relevantes, a fim de analisar o processo de depurao natural; (vi) adensamen-to populacional; (vii) apreciao de reas que sofrero intervenes de infraestrutura, realizadas pela CON-DER, atravs de programas federais de desenvolvimento urbano, com o intuito de adquirir informaes acer-ca da qualidade das guas antes da referida ao; (viii) facilidade de acesso aos pontos, principalmente, rela-cionando os mesmos s vias pblicas e a reas onde o rio no se apresenta encapsulado; (ix) facilidade de co-leta, levando em considerao a conformao das margens, alm de elevados, pontes ou estruturas que atra-vessem sobre o rio.

    Os principais parmetros analisados foram: Coliformes Termotolerantes, Demanda Bioqumica de Oxignio-DBO5, Fsforo Total, Nitrognio Amnio, Nitrognio Nitrato, Oxignio Dissolvido-OD, leos e Graxas, SlidosTotais e Turbidez. Alm disso, foi calculado o ndice de Qualidade das guas-IQA e realizado um trabalho demedio da vazo e de clculo de cargas poluentes com o objetivo de conhecer o caudal dos rios Camarajipe,

    Cobre, Ipitanga, Jaguaribe e Pituau e a quantidade de poluentes que eles recebem e transportam e que con-tribui para a sua degradao. As anlises fsico-qumicas e bacteriolgicas foram realizadas pelos laboratriosda EMBASA, do SENAI/CETIND e do Departamento de Engenharia Ambiental da UFBA.

    O trabalho de caracterizao das fontesteve como ponto de partida a investigao realizada por pesquisa-dores da Escola Politcnica, sendo a mesma ampliada s fontes utilizadas pelos terreiros de Candombl, quedo uso sagrado a suas guas. Os principais parmetros analisados foram Cor, pH, Cloreto, Demanda Qumicade Oxignio-DQO, DBO5, N-Nitrato, OD, Turbidez, Ferro Total, Fsforo Total e Coliformes Termotolerantes.

    O trabalho de delimitao de bacias hidrogrficas teve como ponto de partida a discusso conceitual de ba-cias hidrogrfica e de drenagem. A principal motivao para o desenvolvimento deste trabalho foi a inexistnciade limites institucionalizados das referidas unidades territoriais e a necessidade de fundamentar a atividade deplanejamento urbano-ambiental que leve em conta a bacia hidrogrfica e a bacia de drenagem como unidadede planejamento e gesto. Acresce-se a isso a necessidade de compatibilizar esse recorte com outras unidades

    de planejamento, viabilizando desta forma a proposta de construo de unidades ambientais urbanas. Especifi-camente, as atividades desenvolvidas no processo de delimitao das bacias hidrogrfica e de drenagem, con-sistiram em: a. delimitao automtica das bacias utilizando-se de sistemas de informao geogrfica, tomandocomo parmetro uma das delimitaes sugeridas pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador(PDDU, Lei Municpal n 7.400/2008); b. ratificao destes resultados mediante a comparao com a realidadeobservada em campo; c. consolidao do resultado final em frum envolvendo representantes da Universida-de (Escolas de Administrao e Politcnica, Institutos de Geocincias e de Biologia da UFBA), do Poder Pbli-co (SEDHAM, SMA, SUCOP, EMBASA, ING e IMA) e de profissionais que atuam na rea.

    Para efeito desse trabalho de delimitao, considera-se como bacia hidrogrfica a unidade territorial delimi-tada por divisores de gua, na qual as guas superficiais originrias de qualquer ponto da rea delimitada pe-los divisores escoam pela ao da gravidade para as partes mais baixas, originando crregos, riachos e rios,os quais alimentam o rio principal da bacia, que passa, forosamente, pelos pontos mais baixos dos divisores,e desemboca por um nico exutrio. Pode-se considerar exceo a esta definio a ocorrncia de bacias hi-drogrficas distintas, que por interveno de infraestrutura urbana, tiveram seus rios principais interligados pr-ximos foz e passaram a contar com o mesmo exutrio.

    No trabalho de levantamento bibliogrfico foram localizadas referncias conceituais e empricas esparsasrelativas s reas cuja drenagem lanada diretamente no mar que, no caso de Salvador, correspondem s

    regies costeiras de topografia suave como a Pennsula de Itapagipe e a faixa compreendida entre a Praia deJaguaribe at o limite entre este Municpio e Lauro de Freitas. Ficou estabelecido, que apenas as reas ondeh a presena de cursos dgua sero referidas como bacias hidrogrficas (em conformidade com a bibliogra-fia analisada) e as demais aquelas em que a captao das guas de chuva ocorre por meio da rede de dre-nagem pluvial implantada em consonncia com o tecido urbano e lanada diretamente no mar sero consi-deradas como bacias de drenagem pluvial.

    Por Bacia de Drenagem Natural compreende-se a regio de topografia que no caracteriza uma bacia hi-drogrfica, podendo ocorrer veios dgua, os quais no convergem para um nico exutrio. No caso de Salva-dor, correspondem s regies costeiras da Baa de Todos os Santos, como a Pennsula de Itapagipe, o Comr-cio, a Avenida Contorno e a Vitria; e, da Orla Atlntica, compreendida entre a Praia de Jaguaribe at o limi-te entre este municpio e Lauro de Freitas. Portanto, a ausncia de cursos dgua perenes foi um dos critriospara a definio das bacias de drenagem natural.

    Como resultado do trabalho e de sua discusso o projeto de delimitao final das bacias hidrogrficas domunicpio de Salvador conclui instituindo 12 (doze) bacias hidrogrficas (Seixos-Barra/Centenrio, Camaraji-pe, Cobre, Ipitanga, Jaguaribe, Lucaia, Ondina, Paraguari, Passa Vaca, Pedras/Pituau, Ilha de Mar e Ilha dos

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    srie do ensino fundamental; a existncia de logradouro categorizado pela Prefeitura Municipal do Sal-vador como via coletora (ou equivalente) e a existncia de transporte pblico regulamentado. Destescritrios, de carter mais objetivo, fez-se necessria a presena de 3 destes, para a converso de umalocalidade em bairro. De forma paralela foram feitas entrevistas com moradores e representantes deassociaes de bairro com o objetivo de qualificar a relao do cidado com o lugar onde mora e comas guas. Foram feitas 158 entrevistas. Buscamos assim recompor a histria do bairro e das guas,por meio do registro bibliogrfico e, principalmente, das histrias contadas pelos moradores. Foram de-limitados 160 bairros sendo os mesmos distribudos em 12 bacias hidrogrficas e 9 bacias de drena-gem, alm das 3 ilhas e demais ilhotas pertencentes ao Municpio de Salvador. Na medida das possi-bilidades, procuramos construir uma geografia ou geopoltica das guas, tentando encontrar no bairro,natureza perdida transformando as guas em um fio condutor. No foi incomum perceber que muitosmoradores no mais tm o registro das guas doces no seu bairro e que a bacia um recorte abso-lutamente desconhecido pelo cidado. Em verdade, um viajante desavisado quase que no tem maiscomo mirar-se nos nossos espelhos dgua e, afinal, eles no mais nos refletem. Talvez, um dos nos-sos maiores desafios seja o reencontro com as guas, recuperar cada pingo, nem que para isso sejapreciso dar n em pingo dgua.

    Os dados populacionais apresentados ao longo desse trabalho so do Censo Demogrfico de 2000. preciso ressaltar que os nmeros apresentados para os bairros e bacias so aproximados, uma vez queos setores censitrios no correspondem estritamente aos limites, tanto dos bairros como das bacias hi-drogrficas. Isso significa, por exemplo, que a totalidade da populao da bacia no corresponde tota-lidade da populao dos bairros que a compe. A compatibilizao entre bairros e setores censitrios um trabalho a ser desenvolvido pelo IBGE com base nos resultados dessa pesquisa. Ao longo desse tra-balho so feitas referncias ao miolo de Salvador. Esse termo se refere ao territrio circunscrito pelaBR-324 e pela Av. Lus Viana Filho (Paralela). As fotografias que ilustram esse trabalho, de vrios auto-res e, particularmente as fotos antigas, resultado de pesquisa na Fundao Gregrio de Matos, nem sem-pre tm o registro da data.

    preciso ressaltar que a relao entre bacia e bairro, aqui estabelecida, tem o claro objetivo de es-timular a reconstruo dos laos de pertencimento entre o cidado, o territrio e suas guas nooque se encontra materializada em relao ao bairro, mas que se perdeu em relao s guas. Foram

    trs os critrios de insero de um bairro em uma determinada bacia: a. que as guas do territrio cir-cunscrito no bairro confluam para a bacia hidrogrfica ou de drenagem; b. que mais da metade do ter-ritrio do bairro esteja contido na bacia; c. que a nascente do corpo dgua de uma determinada ba-cia esteja no bairro. Alm disso, foi feito um trabalho de pesquisa bibliogrfica com o objetivo de sis-tematizar e disponibilizar os trabalhos produzidos pelos institutos de pesquisa, faculdades e universi-dades sobre as guas.

    Gostaramos de ressaltar que o produto ora apresentado da construo do Frum das guas, envol-vendo a Universidade Federal da Bahia, a Prefeitura Municipal do Salvador, o Governo do Estado da Bahiae entidades da sociedade civil. Foram realizados ainda encontros com especialistas como os Professores Ti-tulares Drs. Marcos Von Sperling da Universidade Federal de Minas Gerais e Jose Esteban Castro da NewCastle University-United Kingdom, para discutir questes tericas e conceituais estruturantes desse traba-lho de pesquisa.

    Frades) e 9 (nove) bacias de drenagem natural (Amaralina/Pituba, Armao/Corsrio, Comrcio, Itapagipe,Plataforma, So Tom de Paripe, Stella Maris, Vitria/Contorno e Ilha de Bom Jesus dos Passos) no muni-cpio. Deste modo, devido descaracterizao resultante de intervenes urbansticas e o pequeno porte,sugere-se que as bacias do Seixos-Barra/Centenrio sejam consideradas como uma nica bacia hidrogrfi-ca. Devido ainda ao pequeno porte e proximidade e ainda para fim de gesto, decidiu-se considerar as ba-cias de Armao e Corsrio como uma nica bacia de drenagem natural e a bacia de Placaford, por ser mui-to pequena, como pertencente bacia do Jaguaripe (apesar de Placaford ser uma bacia de drenagem natu-ral). Alm disso, considera-se os rios Pituau e das Pedras como pertencentes a uma nica bacia, a bacia doRio das Pedras/Pituau. As coordenadas georreferenciadas dos limites, por serem numerosas, esto dispo-nveis em meio analgico e digital, no CIAGS/UFBA e nas respectivas bibliotecas dos parceiros desse traba-lho e em CD que acompanha esta publicao.

    O trabalho de delimitao de bairros constitui-se em um grande desafio. Andamos por toda a Salvador, per-guntando s associaes de bairro, entidades civis, organizaes no governamentais que lidam com comuni-dade, ao cidado morador, dentre outros, onde comea e termina o seu bairro. Realizamos 76 reunies com acomunidade e aplicamos 21.175 questionrios de modo a expressar com fidelidade o sentimento de pertenci-mento e de identidade do morador de Salvador. O primeiro passo da equipe foi criar a metodologia de trabalhoque consistiu em definir bairro e localidade, estabelecer um limite preliminar do bairro construdo a partir dos di-versos recortes de bairros existentes (da Prefeitura Municipal do Salvador, do Instituo Brasileiro de Geografia eEstatstica IGBE, dos Correios, da CONDER e da Universidade Federal da Bahia). A partir dessa tentativa decompatibilizao dos mapas e da compilao do levantamento das organizaes da sociedade civil existentes,foi convocado uma primeira reunio onde os objetivos do projeto de delimitao de bairros foram apresentadoss entidades a definir os limites do seu bairro. Em caso de divergncia, a rea considerada como de conflito eradelimitada no mapa e aplicavam-se questionrios com os moradores, sendo a principal questo em que bair-ro voc mora? Com os resultados dessa pesquisa, fazia-se outra reunio onde os resultados do trabalho eramapresentados e definia-se ento, os limites do bairro.

    Entretanto, esse trabalho colocou novos desafios para a equipe: vrias localidades passaram a rei-vindicar a condio de bairro. Precisou-se ento definir com mais preciso o conceito de bairro, localida-de, centro de bairro como tambm os requisitos de bairro que os distinguem. O conceito de bairro nessetrabalho, fruto de uma construo coletiva, reporta-nos a um conjunto de relaes socioambientais com

    as seguintes caractersticas: unidade territorial, com densidade histrica e relativa autonomia no contex-to urbano-ambiental, que incorpora as noes de identidade e pertencimento dos moradores que o consti-tuem; que utilizam os mesmos equipamentos e servios comunitrios; que mantm relaes de vizinhan-a e que reconhecem seus limites pelo mesmo nome. Assim circunscrito esse conceito articula elemen-tos de natureza objetiva e subjetiva sendo a expresso das relaes institudas no cotidiano da vida dacidade, como das relaes entre sociedade e natureza. Por localidade compreendemos uma poro me-nor do territrio, inserida parcial ou totalmente em um bairro, sem centralidade definida e que apresen-ta caractersticas socioeconmicas similares. A localidade possui elementos especficos da estruturaoe complexidade urbana, podendo ser um loteamento ou um conjunto habitacional de pequeno ou mdioporte que se tornou referncia; uma pequena ocupao informal ou uma ocupao ao longo de uma ave-nida. Alm disso, foi utilizado por esse trabalho o conceito de centro de bairro, aqui compreendido comouma rea para a qual convergem e se articulam os principais fluxos do bairro ou da regio, dotado de va-riedade de servios, infraestrutura e acessibilidade.

    Alm das noes de pertencimento e de identidade definiu-se como critrio a existncia de unidade desade (pblica, privada ou comunitria); a existncia de unidade de ensino que oferea a partir da sexta

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    Foto:Jos

    CarlosAlmeida

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    O Caminho das guas em Salvador 19

    Bacia Hidrogrfica do Rio dos Seixos (Barra/Centenrio)

    Localizada no extremo Sul da Cidade do Salvador, a Baciada Barra / Centenrio possui uma rea de 3,21km2, o que cor-responde 1,14% do territrio municipal de Salvador. Encontra-se limitada ao Norte pela Bacia de Lucaia, a Leste pela Bacia deOndina e ao Sul pela Baa de Todos os Santos. Com uma popu-lao de 60.826 habitantes, que corresponde a 2,49% dos mo-radores de Salvador, densidade populacional de 18.950,26hab./km2 a segunda bacia mais densa do municpio. Possui 19.139domiclios, que corresponde a 2,9% dos domiclios de Salvador

    (IBGE, 2000).Na rea delimitada por essa bacia esto os bairros do Ca-

    nela, Barra e Graa, bairros antigos e tradicionais da cida-de, habitados por uma populao situada predominantemen-te nas maiores faixas de renda mensal. Nessa bacia, 26,76%dos chefes de famlia recebem mais de 20 SM (salrio mni-mo), 20,56% esto na faixa de mais de 5 a 10 SM e 10,16%recebem at 1 SM. Esses dados se refletem nos dados de es-colaridades quais sejam: 45,63% possuem mais de 15 anos deestudo, 32,48% possuem de 11 a 14 anos e 1,59% no apre-sentam nenhum ano de instruo (IBGE, 2000). O bairro daBarra tem uma grande importncia histrica, pois alm de tersido o local de chegada dos portugueses, abriga uma srie deprdios e monumentos histricos.

    Essa bacia segue uma morfologia e modelado espacial sinu-oso, bem peculiar, com formao de pequenas colinas e outei-

    ros, permitindo seu entremeamento por vales e grotes. Ao longode quase quinhentos anos de ocupao, o solo urbano, cada vezmais alterado pelas aes antrpicas, continua recebendo as car-gas drenantes e pluviais.

    O principal rio que modela a Bacia Barra / Centenrio o Riodos Seixos, cujo nome significa pedras roladas. A rea drenan-te desse rio tinha grande valor cnico, atributos visuais e belezapaisagstica. Suas nascentes esto no Vale do Canela (antigo gro-to com barramento no plat do Campo Grande) e na Fonte Nos-sa Senhora da Graa (construda, segundo a lenda, em 1500 porCaramuru, para a ndia Catarina Paraguau nela banhar-se), pr-xima ligao viria com a Barra Avenida. Em seguida, o Rio se-gue em direo Av. Centenrio.

    Esse rio foi importante como defesa natural para as primeiras

    ocupaes que ocorreram em Salvador. O stio da aldeia onde vi-veu Caramuru, na regio do Porto da Barra, tinha a depresso em-brejada dos Seixos como defesa natural. Tambm serviu de pro-teo para o donatrio Francisco Coutinho, que construiu mais de100 casas protegidas de um lado pelo mar e do outro pelo Rio dosSeixos e seus brejos e charcos.

    O Rio dos Seixos um rio de pequeno porte, de baixa vazo,muito raso, ampliando seu fluxo em perodos chuvosos. Caminhaem todo o seu curso por reas urbanizadas, tendo no trecho inicial

    do percurso uma estreita canalizao retificadora e delimitadora,de alvenaria de pedra, intervias de rolamento, que obedece ao de-senvolvimento da geometria da Av. Reitor Miguel Calmon. As mar-cas da antropizao so visveis, como resduos slidos e assore-amento de grande parte do seu leito e crescimento de gramneasna rea em que est canalizado, no referido Vale. A partir do f inaldesta Avenida, nas proximidades da Rua dos Reis Catlicos, o rio coberto, seguindo dessa maneira at a Av. Centenrio, onde foitotalmente encapsulado com lajes de concreto armado, em obrasde urbanizao do governo municipal em 2008, seguindo dessaforma at a foz, nas cercanias do Morro do Cristo, na praia do Fa-rol da Barra.

    As poucas reas permeveis restantes em toda a bacia, aindase encontram com mdio nvel de proteo, tanto no Vale do Cane-la, em terrenos pblicos meia encosta e, sobretudo nos domniosda UFBA (campusdo Canela), nas vertentes da Vitria e Canela e

    nos pequenos bolses de reas verdes (arborizadas e gramadas),que fazem linde com a Av. Centenrio (parte do bairro da Graa eda localidade do Jardim Apipema). Antes da cinquentenria urba-nizao, grande parte desse entremeado de vales era uma regioalagadia e embrejada.

    No trecho inicial do rio so necessrias novas aes de ajus-te para a implementao de mecanismos efetivos para sua requa-lificao ambiental, a exemplo da identificao e catalogao davegetao e replantio, recuperao das nascentes, da Fonte Nos-sa Senhora da Graa (Fonte da Catarina) e das reas verdes cir-cundantes.

    O quadro 01 apresenta as observaes do Protocolo de Ava-liao Rpida - PAR nas cinco estaes estabelecidas para coletade amostras de gua na Bacia do Rio dos Seixos.

    Estaes de coleta da

    CNPq

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    A anlise da qualidade das guas na Bacia do Rio dos Seixos foirealizada em 05 (cinco) estaes ao longo da Bacia, conforme co-ordenadas apresentadas no quadro 02 e mostradas na figura 01.

    Quanto aos resultados da anlise de alguns parmetros bacte-riolgicos e fsico-qumicos dessa Bacia, so apresentados nas figu-ras 02 a 06 os resultados da campanha do perodo chuvoso das cin-co estaes de coleta de amostras de gua e da estao BAR01 nacampanha do perodo seco, pois devido ao encapsulamento do Rio

    foi a nica que permitiu coleta de amostra de gua.A poluio e mesmo a contaminao dos rios por esgotos urbanos edrenagem de guas pluviais tem como caracterstica o aporte de eleva-das quantidades de microrganismos patognicos, provavelmente presen-tes nos esgotos, acarretando impactos ambientais e problemas sadepblica. Dentre esses organismos, as bactrias do tipo Coliformes Ter-motolerantes so indicadoras da presena de esgotos sanitrios e, con-sequentemente, da possvel presena de patgenos nas guas, sendobastante utilizada em monitorizao de qualidade de guas.

    As concentraes de Coliformes Termotolerantes obtidas nas duascampanhas, no Rio dos Seixos foram altas, principalmente, compa-rando os valores estabelecidos pela Resoluo CONAMA n. 357/05para guas doces classe 2, o que indica poluio do rio por esgotosdomsticos.

    Quadro 01. Observaes do PAR nas estaes de coleta de amostras de gua da Bacia do Rio dos Seixos

    Parmetro

    Tipo de ocupao

    das margens

    Estado do leito do rio

    Mata ciliar

    Plantas aquticas

    Odor da gua

    Oleosidade da gua

    Transparncia/

    colorao da gua

    Tipo de fundo

    Fluxo de guas

    BAR 01

    Residencial

    Encapsulado

    parcialmente

    Inexistente

    Ausente

    Forte (de esgoto)

    Ausente

    Muito escura

    Antropizado, com a

    presena de lixo

    Lmina dgua em

    75% do leito

    BAR 02

    Residencial

    Encapsulado

    totalmente

    Inexistente

    Ausente

    Mdio

    Ausente

    Muito escura

    Marcas de

    antropizao

    (entulho)

    Lmina dgua

    em 75% do leito

    BAR 03

    Residencial,

    comercial/administrativo

    Encapsulado

    totalmente

    Inexistente

    Ausente

    Leve

    Marcas em linhas (arco-ris)

    Muito escura

    Antropizado, com a

    presena de lixo

    Lmina dgua em 75% do

    leito

    BAR 04

    Residencial,

    comercial/administrativo

    Encapsulado

    totalmente

    Inexistente

    Ausente

    Leve

    Marcas em linhas (arco-ris)

    Muito escura

    Antropizado, com a

    presena de lixo

    Lmina dgua em 75%

    do leito

    BAR 05

    Residencial,

    comercial/administrativo

    Encapsulado

    totalmente

    Inexistente

    Ausente

    Leve

    Marcas em linhas (arco-ris)

    Muito escura

    Antropizado, com a

    presena de lixo

    Lmina dgua em 75%

    do leito

    Quadro 02. Coordenadas das estaes de coleta de amostrasde gua da Bacia do Rio dos Seixos Salvador, 2009

    Estao

    BAR 01

    BAR 02

    BAR 03

    BAR 04

    BAR 05

    Coordenada X

    551611,1201

    552005,0449

    551685,0346

    552421,3547

    552331,9166

    Coordenada Y

    8563332,01

    8562673,741

    8561946,184

    8563073,527

    8562783,329

    Referncia

    Av. Reitor MiguelCalmon, Vale doCanela, em frenteao Ed. Aucena.

    Av. Centenrio(Chame-Chame)

    Av. Centenrio(Prximo aoShopping Barra eda Foz).

    Av. Centenrio(Prximo aoHospital SantoAmaro)

    Av. Centenrio(Prximo ao PostoShell)

    Figura 01. Bacia do Rio dos Seixos e localizao das estaes de coleta de amostras de gua

    CNPq

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    Ressalta-se que este tipo de bactria pode ser oriunda de fezesde moradores de rua e de animais de sangue quente, tais como ps-saros, ces, gatos, cavalos e outros, carreadas pelas guas pluviaispara os corpos dgua superficiais.

    Quanto aos Coliformes Termotolerantes e DBO as figuras 02 e04 mostram que as maiores concentraes aconteceram nas esta-es BAR02, BAR01 e BAR03.

    A figura 03 mostra que o OD apresenta concentrao maior que5,00mg/L, atendendo ao que estabelece a Resoluo CONAMA n.357/05 para guas doces classe 2, no afluente (BAR01) e nas esta-es BAR02 e BAR03 do Rio dos Seixos e valores menores nas duasestaes BAR04 e BAR05, inseridas logo aps a coleta de amos-tras nas trs primeiras, em trecho do Rio que recebe contribuio deguas pluviais e esgotos sanitrios.

    Figura 02. Coliformes Termotolerantes na Bacia do Rio dos Seixos

    Figura 03. OD na Bacia do Rio dos Seixos

    Figura 04. DBO na Bacia do Rio dos Seixos

    Figura 05. Nitrognio Total na Bacia do Rio dos Seixos

    Figura 06. Fsforo Total na Bacia do Rio dos Seixos

    A figura 04 apresenta as maiores concentraes de DBO5nas es-taes BAR01 e BAR02 e de Nitrognio Total nas estaes BAR05 eBAR02. A figura 06 mostra que as mesmas estaes apresentaramas maiores concentraes de Fsforo Total na campanha de perodochuvoso, enquanto a estao BAR01 apresentou valor ainda maiorna campanha de perodo seco.

    O Rio dos Seixos apresentou como fonte principal de poluioos esgotos domsticos apesar de no ter sido observado nenhumlanamento direto no seu curso. Os resultados do perodo chuvososo referentes a antes do seu encapsulamento, ocorrido em 2008,no trecho da Av. Centenrio, sendo que as obras realizadas gera-ram poluio, principalmente relacionada a leos, graxas e entulho.

    Do ponto de vista geral, o Rio dos Seixos embora situado numarea com um nmero elevado de ligaes domiciliares rede pbli-ca coletora de esgotamento sanitrio, tem como principal fonte polui-dora, os esgotos domsticos que ainda afluem para o seu leito princi-pal, atualmente encapsulado. Assim, esse Rio recebe cargas pluviaise resduos slidos oriundos de residncias, de postos de combust-veis, do Cemitrio do Campo Santo, atividades comerciais, labora-toriais e hospitalares, dentre outros.

    Os bairros inseridos nessa Ba-cia so atendidos pelo Sistema deEsgotamento Sanitrio de Salvador.Existem ligaes clandestinas deesgoto sanitrio rede pluvial, emfuno de dificuldades topogrficas,resistncia por parte de cidadosem conectar seus imveis redepblica coletora de esgotamentosanitrio, ocupao espontnea,com a existncia de imveis sobregalerias e canais de drenagem, emfundos de vale e encostas, geran-do dificuldades de implantao darede coletora de esgotos, alm dereformas e ampliaes de imveissem a devida regularizao junto Prefeitura Municipal.

    O ndice de Qualidade das guas- IQA das estaes monitorizadasna Bacia do Rio dos Seixos clas-sificou-se na categoria Ruim nas

    Figura 07. IQA nas estaes da Bacia do Rio dos Seixos

    estaes BAR01, BAR02, BAR03 e BAR 05 e na categoria Regularapenas na estao BAR04 na campanha de perodo chuvoso. O IQAclassificou-se na categoria Ruim para a nica estao (BAR01) quefoi possvel coletar amostra de gua na campanha de perodo seco,como pode ser visto na figura 07.

    As guas do Rio dos Seixos so desviadas, em tempo seco, parao Sistema de Esgotamento Sanitrio de Salvador, minimizando o com-prometimento das condies de balneabilidade das praias da regio.

    Rio dos Seixos em 1536 Bahia, 1978

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    CANELA

    O Bairro do Canela, at o incio do sculo XX, era formado porchcaras pertencentes famlia Pereira de Aguiar. Segundo SilvioFlvio, membro dessa famlia e morador do bairro, as chcaras seestendiam do Campo Grande Graae foram desapropriadas pelogoverno federal, em 1903, com a morte do Marechal Francisco Pe-

    reira de Aguiar.Nessa poca, o Canela era formado por elegantes casas e be-los solares como o Solar Bom Gosto, principal residncia da fam-lia Aguiar, demolida em 1933, tendo sido edificado em seu lugar oatual Hospital Universitrio Professor Edgar Santos, inauguradoem 1948. Assim como o referido solar, outras antigas casas, ao lon-go do tempo, deram lugar a grandes edifcios.

    Segundo Jos Carlos Gazar, representante da Associao deMoradores e Amigos do Campo Grande, Vitria e Canela , a his-tria que circula entre os moradores sobre o nome do bairro a deque, no local, quando ainda era uma enorme fazenda, havia uma r-vore que produzia canela, a mesma canela utilizada na canjica, porisso, ento, o bairro teria recebido esse nome de batismo.

    Hoje, o Canela tambm se destaca por abrigar servios na rea da

    Reitoria da UFBA 2009

    sade e da educao, a exemplo do Colgio Estadual Manoel No-vaise algumas unidades da UFBAcomo as Escolas de Nutrio,deTeatro e Belas Artes. Uma das mais tradicionais instituies de en-sino particular de Salvador, o Colgio Maristas, tambm fez partedo cenrio do bairro, at o ano de 2008, quando foi desativado. NoVale do Canela,esto localizadas atualmente o Pavilho de Aulasda Faculdade de Medicina, criada em 1808, no Terreiro de Jesus,

    e as Escolas de Msica (1954)eEnfermagem (1946).Marcado intensamente pela presena da Universidade Fede-ral da Bahia, no por acaso que este bairro tem sido palco de di-versas manifestaes estudantis, desde a dcada de setenta, comoas lutas contra a ditadura militar e as manifestaes pela democra-tizao do ensino e moralizao da vida poltica. No Vale do Cane-la, est uma das nascentes do rio dos Seixos, principal rio da baciaBarra-Centenrio.

    O Canela possui uma populao de 5.556 habitantes, o que cor-responde a 0,23% da populao de Salvador; concentra 0,27% dosdomiclios da cidade, estando 29,03% dos seus chefes de famlia si-tuados na faixa de renda mensal de mais de 20 salrios mnimos.No que se refere escolaridade, constata-se que 47,75% dos seuschefes de famlia tm 15 anos ou mais de estudo.

    Inicia-seno cruzamentoda RuaEngenheiroSouza Limacom aAvenida Reitor Miguel Calmon,onde segueat asua interseocom aLigao AvenidaReitor Miguel Calmon/CampoGrande.Segue atalcanar aAvenida ArajoPinho,at aRua Joodas Botas,junto aProcuradoriaGeral doEstado,exclusive. Seguepor esselogradouroat oalcanar ofundodos imveis daAvenida LeovigildoFilgueiras atalcanar ofundos dos imveis daRua CerqueiraLima.Da sempreem linhareta, incluindooCentroMdicodoValee seguindopelaencosta,ata AvenidaReitor Miguel Calmon.Daseguepor essaavenidaato pontodeincioda descriodolimitedessebairro.

    Foto:

    Aline

    Farias

    CNPq

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    GRAA

    A histria do bairro da Graaprecede fundao da cidade do Sal-vador em 1549. Segundo registros histricos, a Igreja Nossa Senhorada Graa foi erguida a pedido de Catarina Paraguau, constituindo-seem uma das grandes referncias do bairro. Conforme o professor Adro-aldo Ribeiro Costa, a Graa [...] foi inicialmente uma sesmaria doadaa Caramuru e que se estendia at o litoral, limitando-se pelo lado oes-te com a Vila Velha, onde atualmente o Porto da Barra.

    Flvio de Paula, presidente da Associao dos Moradores daGraa,conta que o nome do bairro est associado histria da IgrejaNossa Senhora da Graa, mais precisamente graa recebida porCatarina Paraguau, que teve uma viso, em seus sonhos, da santaque mais tarde ficou conhecida como Nossa Senhora da Graa.

    Muitas histrias populares povoam o imaginrio dos moradoresda Graa, como a histria do milagre da chuva, por exemplo. No s-culo XVIII, quando Salvador foi assolada por uma forte seca, o gover-no junto com os moradores realizou uma procisso pedindo a Nos-sa Senhora da Graa que fizesse chover e, antes mesmo de acabaro cortejo, a chuva j estava caindo.

    Neste bairro, existe hoje uma rica convivncia entre o modernoe o antigo, o presente e o passado. Segundo Claudia Bacelar, mo-radora da Graa desde a dcada de 1970, o bairro mantm a tra-dio, sem ser ostensivo. Na Graa voc usufrui de tudo que umagrande cidade oferece, sem abrir mo de uma vida tranquila. Aqui,a violncia menor, o trnsito mais civilizado e as pessoas aindamantm uma relao cordial

    Seu patrimnio histrico, seus casares e espiges modernosformam um diversificado cenrio, em terras, outrora, ocupadas por

    ndios tupinambs. Localizam-se no bairro, o Solar dos Carvalhos,construdo em 1890, o Palacete das Artes(atual Museu Rodin), tam-bm datado do sculo XIX, as Faculdades de Direito (1891) e de

    Educao (1968) e a Escola deAdministrao(1959) da UFBA,

    alm da Fonte de Nossa Senhora da Graa.Segundo Flvio de Paula, essa fonte data do sculo XVI, e jfoi denominada de Fonte das Nause Fonte da Catarina.Confor-me a lenda, Catarina Paraguassu banhava-se nela. No Brasil col-nia, a Fonte serviu para abastecer os barcos que aportavam na ci-dade e para piqueniques de f amlias tradicionais. Atualmente, o seuuso mais freqente para lavagem de carros. Essa fonte uma dasnascentes do rio Seixos.

    A Graa possui uma populao de 17.889 habitantes, o que cor-responde a 0,73% da populao de Salvador; concentra 0,83% dosdomiclios da cidade, estando 34,52% dos seus chefes de famlia si-tuados na faixa de renda mensal de mais de 20 salrios mnimos.No que se refere escolaridade, constata-se que 32,48% dos seuschefes de famlia tm de 11 a 14 anos de estudos e 45,63% tem 15anos ou mais de estudo.

    Flavio de Paula.Ao fundo, a FonteNossa Senhora daGraa

    Igreja NossaSenhora da Graa

    Sculo XVIII

    Rua da Graa

    Inicia-senopontosituadonaAvenidaSetedeSetembro,trechoLadeiradaBarra.Daemlinharetapelofundodos imveis comfrenteparaaRua daGraa,atalcanar aRuaEngenheiroSouzaLima,percorrendoestelogradouroatasuainterseocoma AvenidaReitor Miguel Calmon.Seguepor estaavenida ato cruzamentocoma AvenidaCentenrio.Da segueat ocruzamento coma RuaDoutor JosSerafim.Segue por estelogradouroat ocruzamento coma AvenidaPrincesaLeopoldina.Daat ocruzamento destacom aAvenida PrincesaIsabel,seguindo por estaavenida. Seguepelos fundos delotes dos imveis comfrentepara aAvenida PrincesaIsabel ata RuaOito deDezembro,percorrendo estelogradouro.Segue emlinha retapelofundodos imveis comfrenteparaa RuaDoutor JooPonde.DaemlinharetaataTravessaGeneral Carmonapor ondesegueatocruzamentocoma RuaPedroMiltondeBrito.DasegueemlinharetaataRua Doutor JooPonde.Dessepontoseguepelofundodos imveis comfrenteparaa AvenidaSetedeSetembro,por ondesegueatopontodeinciodadescriodolimitedessebairro.

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    BARRA

    Quando a Amrica Portuguesa foi dividida em capitanias heredi-trias, Francisco Pereira Coutinho, um nobre portugus, tornou-se odonatrio da capitania daBaa de Todos os Santos, desembarcan-do em 1536 com a sua gente adiante da Ponta do Padro, afirmaEdson Carneiro, no atual Farol da Barra. Estabelecidos nessa en-seada, segundo Carneiro, deram incio construo de casas paracem moradores, levantaram uma maneira de Igreja, onde os jesu-tas dariam a sua primeira missa, e armaram uma camboa de pes-ca em frente povoaoconstruindo, assim, a Vila Velhaou a Vilado Pereira.

    Dessa forma, foram dados os primeiros passos para a ocupaoda capitania da Baa e para a construo do que mais tarde seriao aristocrtico bairro da Barra. Para proteger a povoao que ora

    se formava, foi edificado o Forte de Santo Antonio da Barra,queteve um papel importante na luta contra as invases holandesas em1624, na Independncia da Bahia,em 1823, e no movimento daSabinada,em 1837.

    No Forte de Santo Antonio da Barra, que abriga o Museu Nu-tico da Bahia, foi instalado um farol para realizar uma tarefa quevem sendo cumprida at os dias atuais: orientar os navios que en-travam na Baa de Todos os Santos . Alm desse patrimnio hist-rico, existem ainda na Barra duas fortalezas construdas no sculoXVII: o Forte de Santa Mariae o Forte de So Diogo, e outros im-portantes monumentos, como a Igreja de Santo Antonio da Bar-ra, oCemitrio dos Ingleses e aEsttua do Cristo. Credita-se onome do bairro existncia de uma barra entre a Ilha de Itaparicae o Farol da Barra.

    Porto da BarraNo local onde est localizado o Farol, existia a Fonte de Ieman-

    j ouFonte da Me dgua. Sobre essa fonte, a historiadora Ges-sy Gesse conta que, em Salvador, a primeira festa em homenagema Iemanj aconteceu no dorso do Farol da Barra, onde havia a Fon-te da Me dgua , no sculo XVIII.

    A Barra, que foi durante muito tempo moradia de pescadores erea de veraneio, na poca em que as famlias mais ricas residiamno Centro, transformou-se, com o passar do tempo, em um bairro re-sidencial. Ao longo dos anos 70, era ponto obrigatrio para a juven-tude que se dirigia Orla Atlntica de Salvador em busca de diver-so. N as ltimas dcadas, grandes manses deram lugar a edifciosde classe mdia e a estabelecimentos comerciais. A praia do Portoda Barracontinua sendo um ponto obrigatrio para os que no dis-pensam um bom banho de mar e um belo por do sol.

    Neste bairro, mais especificamente na Avenida Centenrio, passa

    o rio dos Seixos, atualmente encapsulado por uma obra de infra-es-trutura urbana, realizada em 2008. Os seus brejos protegeram tantoa aldeia onde vivia Caramuru, como as primeiras casas edificadas.

    Alm da marcante presena do carnaval na vida do bairro, nosdias atuais, as chamadas Festas da Praia, a festa dos jogadoresde peteca, no dia 15 de dezembro, e a festa de fim de ano, no dia31,costumammobilizar no s os moradores da Barra, mas os detoda a cidade.

    A Barra possui uma populao de 20.387 habitantes, o que cor-responde a 0,83% da populao de Salvador; concentra 1,04% dosdomiclios da cidade, estando 25,28% dos seus chefes de famlia si-tuados na faixa de renda mensal de mais de 20 salrios mnimos.No que se refere escolaridade, constata-se que 46,83% dos seuschefes de famlia tm 15 ou mais anos de estudo.

    Inicia-senalinha decosta daBaa deTodos os Santos,localizadojunto aoFarol daBarra,inclusive, seguindoato IateClubeda Bahia,inclusive,e excluindoa VilaBrando.Segue pelos fundos dos imveis comfrentepara aAvenida Setede Setembro,trechoLadeiradaBarra.Dasegueata RuadaGraa,seguindoata RuaPedroMiltondeBritoato pontodeinterseocoma TravessaGeneral Carmona,ato seufinal.Daemlinharetapelofundodos imveis comfrenteparaa RuaDoutorJooPonde, seguindoem linhareta ata RuaOito deDezembro,at SEQUIBA,por ondesegue pelos fundos delotes dos demais imveis comfrente paraa AvenidaPrincesaIsabel, ato cruzamentodestacom aAvenida PrincesaLeopoldina.Seguepor estaavenidaata interseocoma RuaDoutor JosSerafim,seguindopor estaruaataAvenidaCentenrio.Daem linharetaatconflunciadas Ruas PlnioMoscosoeComendador FranciscoPedreira.Segueata conflunciacomas RuasProfessor SabinoSilvaeRuaJosStirodeOliveirapor ondesegueatocruzamentocoma AvenidaOcenica.Daseguepor estaavenidaata linhadecosta.Daseguealinhadecostada BaadeTodos os Santos,pontodeinciodadescriodolimite dessebairro.

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    Bacia Hidrogrfica de Ondina

    Localizada no extremo Sul do Municpio, a Bacia Hidrogrfica deOndina possui uma rea de 3,08km2, sendo a menor bacia em ex-tenso, correspondendo a 1% do territrio de Salvador. Limita-se aoNorte e a Oeste pela Bacia do Lucaia, Leste pelo Oceano Atlnti-co e ao Sul pela Bacia Barra/Centenrio. Possui uma populao de27.774 habitantes, que corresponde a 1,14% dos habitantes de Sal-vador, densidade populacional de 9.028,82hab./km2e 8.915 unida-des habitacionais, que correspondem a 1,35% dos domiclios sote-ropolitanos (IBGE, 2000).

    Fazem parte da Bacia de Ondina os bairros de Ondina, Calabar eAlto das Pombas, alm das localidades de Jardim Apipema, Alto deOndina e So Lzaro. Essa bacia ocupada por uma populao si-tuada em faixas de renda diferenciadas: 19,59% no possuem ren-dimento mensal superior a 1 SM; 19,18% esto na faixa de 1 at 3SM; 18,11% entre 5 e 10 SM; 18,08% recebem entre 10 e 20 SMe 15,82% recebem mais de 20 SM. Os ndices de escolaridade demaior expresso dos chefes de famlia dessa bacia esto distribu-dos da seguinte forma: 30,83% possuem de 11 a 14 anos e 31,41%esto acima de 15 anos de estudo (IBGE, 2000).

    At ento, a rea que corresponde a essa bacia fazia parte da Ba-cia do Rio dos Seixos (Barra/Centenrio). Entretanto, a existncia danascente de um crrego que drena a localidade de Jardim Apipemae o bairro do Calabar, onde foi observado um suave caimento no ter-reno, justificou a delimitao desta bacia, sendo os limites entre elae a Bacia do Rio dos Seixos (Barra/Centenrio) definidos pela deli-

    mitao automtica por geoprocessamento (Figura 01).Foi tambm localizado um curso dgua completamente degrada-do no seu escoamento superficial, que corre paralelo Rua Nova doCalabar, em reas bastante impermeabilizadas, ao fundo dos lotes lin-

    deiros a esta via, cujo sentido de fluxo das guas, indica que as reasde contribuio para o mesmo, pertencem Bacia de Ondina.

    No bairro de Ondina localiza-se a Residncia Oficial do Governodo Estado, prxima a uma Unidade de Conservao o Parque Zoo-botnico Getlio Vargas, que possui uma rea de 18ha, com rema-nescentes de floresta ombrfila, pertencente ao bioma Mata Atlnti-ca. O Zoolgico de Salvador abriga mais de 120 espcies de animais,sendo 80% naturais do Brasil e 38% de espcies ameaadas de ex-tino. Entretanto, a assepsia e a lavagem de jaulas, abrigos e fos-

    sos, alm de podas, capinas e dejetos de animais (urina e fezes),processam-se com o lanamento e descarte dos resduos no siste-ma de drenagem desta unidade de conservao.

    Nessa bacia existem pequenos crregos, muitos j encapsuladossubterraneamente, outros ainda visveis, como no Campusda UFBAem Ondina. Para esses corpos hdricos e micro-bacias de drenagemso carreados os poluentes dos logradouros (ruas, meio-fios e bo-cas de lobo), construes, telhados, alm dos oriundos do desgastede peas de veculos, da liberao de fluidos, de emisses gasosase os provenientes do pavimento asfltico.

    A qualidade das guas dessa bacia no foi obtida, porm pode-se admitir que sofre alteraes devido aos materiais e substnciascarreados pela drenagem pluvial, bem como do lanamento de es-gotos sanitrios de domiclios ainda no ligados rede coletora dosistema pblico de esgotamento sanitrio ou que no dispem de so-luo para o destino adequado dos excretas humanos e das guas

    servidas.Essa bacia possui quatro fontes: a do Chega Nego, situada naOrla Atlntica, em Ondina, a do Zoolgico, a do Chapu de Couro,na entrada do Zoolgico e a do Instituto de Biologia da UFBA.

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    Figura 01. Bacia Hidrogrfica de Ondina

    Orto

    fotos

    SICAD/PMS

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    Bacia Hidrogrfica de Ondina

    ALTO DAS POMBAS A presidente do Grupo de Mulheres afirma que no h nenhuma

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    ALTO DAS POMBAS

    Zildete dos Santos Pereira, presidente do Grupo de Mulheres doAlto das Pombas, afirma que onde hoje o bairro Alto das Pombas,foi a FazendaSo Gonalo. Ela conta queporcausadas matas, dasrvores frutferas e por localizar-se no alto, este lugar atraa um grandenmero de pombas. Desse modo, com a inaugurao do Cemitriodo Campo Santo, seus funcionrios comearam a construir casasnessas terras passando a chamar o local de Alto das Pombas.

    H 70 anos, de acordo com a opinio de Pereira, o bairro passavapor um srio problema: [...]a Santa Casa da Misericrdia se achavadona do terreno e no tnhamos sada. Tnhamos que passar por

    dentro do Cemitrio do Campo Santo com hora de fechar e abrir.Alm disso, no existia calamento e iluminao.

    Desde esse tempo que as relaes entre a Santa Casa da Miseri-crdia e os moradores do Alto das Pombas, na opinio de Pereira, conflituosa. Considerando-se proprietria da regio do Alto das Pombas,a Santa Casa passou a cobrar da comunidade uma taxa. Entretanto,segundo Zildete Pereira, a Associao de Moradores do Bairro tem feitopesquisas em cartrios de Salvador e no tem encontrado registro queconfirme a propriedade do terreno por parte da referida instituio. Porconta disso, os moradores deixaram de pagar a mensalidade estipu-lada e, agora, uma questo corre na justia, envolvendo a PrefeituraMunicipal de Salvador e a Santa Casa de Misericrdia.

    Anselmo Menezes, funcionrio do Cemitrio Campo Santo, afi rmaque a Fazenda So Gonalo, foi compradapela Santa Casa ao governo da poca,com o objetivo de criar um cemitrio e

    hoje, esta instituio est fazendo umacordo com a Prefeitura para passaros ttulos de posse para as pessoas doAlto das Pombas. No sei como est oandamento deste processo agora. Comrelao s taxas, sei que a Santa Casacobra um valor anual s pessoas queesto em seu terreno.

    O Alto das Pombas um bairro pre-dominantemente residencial, embora,segundo Pereira, as atividades comer-ciais atualmente estejam em expansoem sua via principal, a Rua TeixeiraMendes.

    A presidente do Grupo de Mulheres afirma que no h nenhumadata especial para o bairro, entretanto, estamos sempre buscandorealizar eventos para os moradores. Ns festejamos o Carnaval e oSo Joo. O Alto das Pombas muito dinmico, quando h algumaatividade produzida pelo Grupo de Mulheres no Largo, toda a comu-nidade aparece.

    O Grupo de Mulheres do Alto das Pombas surgiu no fim daditadura militar: enfrentamos a policia e os canhes do exrcito,contra a carestia, junto aos movimentos sindicais. Hoje, o Grupo parceiro da UFBA e realiza cursos de formao poltica paramulheres, enfatizando, entre outros temas, cidadania e direitos damulher. Tambm fazem atividades de arte, dana, teatro, e canto,na comunidade.

    Entre seus principais equipamentos pblicos esto a Unidadede Sade, a Escola Municipal Tertuliano de Gese a EscolaMunicipal Nossa Senhora de Ftima. Neste bairro existirammuitas fontes e riachos, outrora bastante utilizados pela populaolocal, quando no havia gua encanada. Conforme Pereira, essesriachos e fontes desapareceram pela necessidade de construirmoradias.

    O Alto das Pombas possui uma populao de 3793 habitantes,o que corresponde a 0,16% da populao de Salvador, concentra0,15% dos domiclios da cidade, estando 25,96% dos chefes de fa-mlia situados na faixa de renda mensal de 0,5 a 1 salrio mnimo.No que se refere escolaridade, constata-se que 34,40% dos chefesde famlia tm de 4 a 7 anos de estudos.

    Descrio resumida:Inicia-senaRuaCaetanoMoura,seguindoataVilaRamos,atalcanar aRuaMestrePastinha.Seguepor esselogradouroato seufinal,seguindopelaencosta,atalcanar aAvenidaQuatrodeJulho.Seguepor esselogradouroatainterseocomaRuaTeixeiraMendes.Seguepor esselogradouroatseucruzamentocomaTravessaResed,por ondesegueatainterseocomaRuaMariaImaculada.Seguepor esselogradouroatsuainterseocoma TravessaGardniaeTravessaJasmin,por ondesegueata1 TravessaCoraodeMaria,atalcanar aTravessaNossaSenhoradeFtima.Daseguepor essatravessaatsuainterseocoma TravessaCarlos FragaeRuaPaulaNey,atalcanar aAvenidaCarlos Fraga.Segueatalcanar aRuada Fonte.Segueata ViladaFonte,ataAvenidaBencioRamos.Dasegueato logradouroAltodaFonte.Segueatalcanar olimitedoCemitriodoCampoSanto,exclusive,contornando,ata RuaTeixeiraMendes.Daseguepor estelogradouroato pontodeinciodadescriodolimitedessebairro.

    Alto das Pombas

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    CALABAR

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    CALABAR

    No final da dcada de 1960, o bairro do Calabarpassou por umgrande crescimento populacional, em virtude da chegada de fam-lias inteiras expulsas de localidades de Salvador, bem como da vin-da de muitos imigrantes da zona rural. Entretanto, conforme LindalvaAmorim, professora e coordenadora pedaggica da Associao dosEducadores das Escolas Comunitrias da Bahia (AEEC-Bahia) ,a ocupao desse bairro comeou na dcada de 1950, quando a re-gio ainda era uma grande fazenda.

    Ela conta que inicialmente as famlias pagavam ao senhor JosTeixeira, na poca um ocupante dessas terras, para construrem suas

    casas. Com o tempo foi aumentando a presso para que os morado-res fossem transferidos para a periferia da cidade. O Calabar est lo-calizado em uma regio dotada de infraestrutura e na qual o valor daterra alto. Foi em 1977 que comeou o Movimento de Luta e Per-manncia no Calabar. Fizemos uma grande caminhada no dia 11 demaio at a prefeitura e, aps muitas resistncias, prises e espaa-mentos, conseguimos sair de l com um decreto que garantia nossapermanncia aqui por cinco anos. Com esse decreto, comeamos afazer a urbanizao no bairro.

    Amorim afirma que encerrado o prazo de cinco anos do decreto,o Calabar j tinha melhoria em infraestrutura como gua encanada,luz eltrica e rede de esgoto. A prefeitura indenizou ao senhor JosTeixeira e a rea onde ele residia foi doada associao de morado-res para construo de equipamentos comunitrios. O primeiro de-les foi a Escola Aberta do Calabar, depois a creche e, em segui-da, o Pavilho Multiuso, que concentra biblioteca, padaria, marce-naria e salas de aula.

    A partir de ento, o lema a essncia do ser existir, a nossa persistir no Calabar, passou a permear a vida de homens e mulhe-res, jovens e adultos deste bairro, que hoje lutam contra a especula-

    o imobiliria para no sumir do mapa de Salvador, como as co-munidades da Curva Grande e Mirante.Segundo o professor Cid Teixeira, o Calabar foi constitudo por

    negros escravizados, trazidos da Nigria, de uma regio chamadaKalabaris. Para a populao deste bairro, os dias 11 de maio e 21de setembro, so datas histricas, respectivamente passeata de re-sistncia e da garantia de direito de moradia no Calabar e a funda-o da primeira associao de moradores, a Sociedade Beneficen-te e Recreativa do Calabar. Nesses momentos, toda a comunidademobiliza-se.

    Atualmente, segundo Lindalva, a comunidade do Calabar de-senvolve projetos de educao, cultura, gerao de renda, ga-rantia de direitos e cidadania, combate ao trabalho infantil. Mon-tamos um espetculo contando a histria do Calabar que per-correu vrios estados do Brasil, sempre reverenciando Zumbi.Nossa Escola Aberta do Calabar tambm ganhou um prmio daUNESCO,com o melhor projeto de educao do Estado da Bahiae o prmio de Melhor Alfabetizadora da Dcada da Rede Man-chete de Televiso. Temos ainda um intercmbio com a Esco-la de Baden na Sua, onde os estudantes dessa escola forma-ram um grupo que se autodenomina Grupo de Amigos do Cala-bar. Neste bairro localiza-se a nascente de um crrego, alm deum curso dgua completamente degradado correndo prximo Rua Nova do Calabar.

    O Calabar possui uma populao de 2.943 habitantes, o que cor-responde a 0,12% da populao de Salvador, concentra 0,11% dosdomiclios da cidade, estando 30,51% dos chefes de famlia situa-dos na faixa de renda mensal de 0,5 a 1 salrio mnimo. No que serefere escolaridade, constata-se que 30,55% dos chefes de fam-lia tm de 4 a 7 anos de estudo.Lindalva Amorim

    Descrio resumida: Inicia-senaAvenida Centenrio,juntoao postode combustvel,inclusive.Desseponto segueat alcanar os limites doCemitriodo CampoSanto,exclusive, ato Altoda Fonte.Segueeste logradouroatAvenida BencioRamos eda segueestelogradouroata BaixadoBispo.Daemlinharetaata interseoda ViladaFontecoma RuadaFonte,atsuainterseocom aRua3 deSetembro,atalcanar aAvenidaCarlos Fraga.Segueatalcanar aTravessaCarlos Fraga,por ondesegue ata conflunciada TravessaCarlos Fraga,Rua PaulaNey eTravessa NossaSenhora deFtima. Seguepor esteltimo logradouroata 1Travessa Coraode Maria,at alcanar aTravessa Jasmim,por ondesegueataRuaMariaImaculada.Segueatalcanar aTravessaResed.SegueatainterseocomaRua TeixeiraMendes,atalcanar aAvenidaQuatrodeJulho.Segueatalcanar olimitedoCampus daFaculdadedeFilosofiae Cincias HumanasdaUniversidadeFederal daBahiaexclusive atalcanar ofundodos imveis comfrenteparaa RuaNovadoCalabar,atsuaconflunciacomaRuaRanulfoOliveira,por ondesegueataRuaDesembargador Ezequiel Pond,por ondesegueataRuaMartins deAlmeida.Seguepor estelogradouroato seucruzamentocomaRuaRanulfoOliveira.Segueatoseu cruzamentocomaRuaManoel Espinheira,ata suainterseocomaRuaNovado Calabar.Seguepor estelogradouroatseucruzamentocomaAvenidaCentenrio,por ondesegueatopontodeinciodadescriodolimitedessebairro.

    Rua Nova do CalabarFoto:

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    ONDINA

    Tranqilo, agradvel e sem muita violncia, assim, grande par-te dos moradores define o bairro de Ondina, onde antigamente exis-tiam as fazendas Areia Preta e Pacincia. O bairropossui atual-mente em suas ruas, um atrativo comrcio, que, para Jos MarcosLopes, ex-diretor e membro da Associao de Moradores de On-dina, tambm um dos maiores problemas do bairro, pois tendea ser catico, sob o ponto de vista do trfego, da conservao dasruas e do barulho.

    Segundo Roque Silva, integrante do Conselho de Moradoresdo Alto de Ondina, representante da Liga Desportiva,a ocupao

    do bairro iniciou-se na dcada de 1940, na fazenda Areia Preta, porpessoas situadas nas menores faixa de renda. Com o passar do tem-po, o terreno f oi loteado, novos moradores foram chegando, at che-gar configurao urbana atual.

    Lopes sugere que a origem do nome do bairro vem de onda, on-dinha. H algum tempo atrs, li uma pesquisa feita pelo pessoalda Associao de Moradores, que afirma que Ondina vem de onda.No existe nada que comprove isso, como tambm no encontra-mos outra definio.

    A localidade Alto de Ondina um espao peculiar nesse bair-ro, sendo a resistncia para permanecer no bairro sua maior marca.Conforme Roque Silva, este lugar origina-se da rea onde hoje oBahia Othon Palace Hotel. Quando nesse local s havia morro e pe-

    dra, vivia a a Comunidade Ondina. Devido construo da Ave-nida Ocenica, parte dos moradores foi remanejada para o bairro daBoca do Rio e a outra parte, que tomava conta do Zoolgico, foi le-vada pelo governo do estado para o Alto de Ondina.

    Neste bairro uma srie de fontes marca o seu cenrio, a FontedoChega Nego, um monumento da dcada de 1920, utilizado hojeem dia principalmente para lavar os ps e para consumo de guapelosfreqentadores da Praia da Onda e pelos transeuntes; a Fon-te de Biologia, um monumento sem uso, a Fonte Chapu de Cou-ro, situada no Alto de Ondina, usada para beber e tomar banho e aFonte do Zoolgico, tambm conhecida como Fonte dos Desejos.Esta ltimalocaliza-se no Parque Zoobotnico Getlio Vargas, emuma rea de proteo ambiental - comum visitantes lancem moe-das para que seus pedidos sejam atendidos.

    Na atualidade, o bairro possui como referncias, as Esttuas dasGordinhas, o Parque Zoobotnico Getlio Vargas, o principal cam-pusda UFBA (antigo Parque de Exposies Garcia dvila ) diver-sas escolas particulares, uma praa poliesportiva equipada para pes-soas portadoras de necessidades especiais, o Juizado da Infnciae Juventudee o Instituto Pestalozzi.

    Ondina possui uma populao de 2004 habitantes, o que corres-ponde a 0,82% da populao de Salvador, concentra 0,98% dos do-miclios da cidade, estando 23,90% dos chefes de famlia situadosna faixa de renda mensal de mais de 20 salrios mnimos. No quese refere escolaridade, constata-se que 42,89% dos chefes de fa-mlia tm 15 anos ou mais de estudos.

    Descrio resumida: Inicia-senalinhadecosta.DaseguepelolimiteentreoCentroEspanhol exclusivee aPrefeituradaAeronuticainclusiveataRua doCristo,por ondesegueatainterseocomaAvenidaOcenica,atalcanaraRuaJosStirodeOliveira,por ondesegueataconflunciacomaRuaComendador FranciscoPedreira,por ondesegueatainterseocomaRuaPlnioMoscoso,por ondesegueatalcanar aAvenidaCentenrio,por ondesegueemdireoaRuaRanulfo deOliveira,por ondesegue ata RuaDesembargador Ezequiel Pond,por ondesegue ata RuaMartins deAlmeida.Segue por estelogradouroat oseu cruzamentocoma RuaRanulfo Oliveira,seguindoem direoa RuaJose MirabeauSampaio,ato limitedo Campus daUFBA exclusive,eo CentroEsportivoda UFBAinclusive atolimitedaFABESB exclusive,por ondesegueat aLadeiradeXapon,ataRua Doutor HelvcioCarneiroRibeiro,ato cruzamentocomaRuaAlto deSo Lzaro,seguindo pelado campus deOndina/UFBA incluindoinstalaes daUFBA, excluindoos imveis localizados naRua Professor Aristides Novis eRua PadreCamiloTorrend bemcomo aEscola Politcnicada UFBA.DasegueemlinharetaataRuaBarode Jeremoabopor ondesegueataRuaCaetanoMoura.Seguepor estelogradouroatseuencontrocoma AvenidaCardeal da SilvaeAvenidaAnitaGaribaldi,por ondesegueataVilaMatos,por ondesegueatsuaconflunciacoma AvenidaOcenicae dasegueatlinhadecosta,emdireoaopontodeinciodadescriodo limitedessebairro.

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    Bacia Hidrogrfica do Rio Lucaia

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    Bacia Hidrogrfica do Rio Lucaia

    Localizada ao Sul da cidade do Salvador, a Bacia do Rio Lu-caia (que em latim, significa luminoso, brilhante) possui uma reade 14,74km2, o que corresponde 4,77% da superfcie territorial deSalvador. Encontra-se limitada ao Norte pela Bacia do Camara-jipe, a Leste pela Bacia de Drenagem Amaralina/Pituba, a Oes-te pela Bacia de Drenagem Vitria/Contorno e, ao Sul, pela Baciade Ondina. Com uma populao de 267.688 habitantes, que cor-responde a 11% da populao de Salvador, densidade populacio-

    nal de 18.154,85hab./km2

    , a quarta bacia mais populosa do mu-nicpio (IBGE, 2000).A Bacia do Lucaia tem suas nascentes nas encostas e grotes

    do lado leste da Av. Joana Anglica, que vertem para o Dique do To-ror, recebendo contribuies do Campo Grande e parte dos bair-ros do Garcia, Barris, Toror e Nazar, passando pelo canteiro cen-tral de toda a Av. Vasco da Gama, sendo alimentada pelas redes dedrenagem das localidades de Alto do Gantois, Vales da Murioca edo Ogunj, assim como de parte dos bairros do Engenho Velho daFederao, Engenho Velho de Brotas, Acupe e Rio Vermelho, almdo riacho que passa na Av. Anita Garibaldi.

    O Rio Lucaia, ltimo afluente natural da primitiva foz do RioCamarajipe, aps fazer o traado acima mencionado, desguano Largo da Mariquita, no bairro do Rio Vermelho. Fazem par-te dessa bacia os bairros de Toror, Nazar, Barris, Boa Vistade Brotas, Engenho Velho de Brotas, Federao, Acupe, Enge-nho Velho da Federao, Rio Vermelho, Chapada do Rio Verme-lho, Itaigara, Santa Cruz, Candeal, Nordeste de Amaralina e Valedas Pedrinhas. Trata-se, portanto, de uma bacia ocupada poruma populao situada em vrias faixas de renda mensal, em-bora haja uma predominncia das rendas mais baixas, ficandoos chefes de famlia concentrados nas seguintes faixas: 26,74%tm rendimento mensal de at 1 SM; 28,02% esto na faixa demais de 1 at 3 SM; 26,67% esto na faixa de mais de 3 a 10 SM.Quanto aos ndices de escolaridade dos chefes de famlia queresidem nessa bacia, os mais significativos foram: 30,19% quepossuem de 11 a 14 anos de estudo e 16,96% possuem mais de15 anos de estudo (IBGE, 2000).

    A Bacia do Lucaia responsvel pela drenagem de parte dos es-gotos domsticos da cidade de Salvador. Esse rio encontra-se emtoda a sua extenso revestido e/ou fechado (encapsulado), total-mente antropizado, com suas guas sempre opacas e muito escu-ras. O rio apresenta tambm o leito bastante assoreado comprome-tendo o fluxo de gua.

    Na rea prxima s nascentes, encontra-se o Dique do To-ror, outrora um lago natural que recebia as guas de peque-

    nos rios e contribua para originar o rio Lucaia. Alguns histo-riadores afirmam que o lago original ocupava uma rea muitomaior, sendo, porm, aterrado em vrios trechos. Durante mui-tos anos, o Dique do Toror recebeu esgotos sanitrios in na-tura, provenientes dos bairros circunvizinhos. A quantidade dematria orgnica recebida diminuiu o teor de oxignio de suasguas, contribuindo para que muitas espcies que ali viviam seextinguissem. Atualmente o lago ocupa uma rea de 110.000m 2e suas margens e seu entorno foram objeto de reforma urbans-tica e de intervenes de esgotamento sanitrio, eliminando to-dos os pontos de lanamento de esgotos domsticos. O Diquedo Toror um lugar de culto do candombl, morada de Oxum,o orix da gua doce. Em 1998 foram construdas 12 esttuassimbolizando orixs no espelho dgua e na terra, pelo escultorTati Moreno iniciativa que integra o projeto de desenvolvimen-to turstico da Bahia. No seu entorno existem reas para as pr-ticas de cooper, ginstica, remo e pesca, alm de restaurantes equiosques completando o cenrio.

    Alm do dique, existem nessa bacia vrias fontes, dentre elas aFonte do Toror e a Fonte do Dique do Toror, ambas no Toror; aFonte Davi e a do Terreiro Il Oy Tununj, em Brotas; a Fonte doTerreiro Mutuiara e a do Gueto, no Candeal; a Fonte do TerreiroIl Ax Oxumar e a do Terreiro Il Ax Iy Nass Ok , na Av. Vas-co da Gama; a Fonte do Terreiro Il Iya Omi Ax, na Federao, en-tre outras.

    Para anlise de qualidade das guas, foram selecionadas cincoestaes de coleta nessa bacia, sendo que o quadro 01 apresentaas observaes efetuadas por meio do PAR.

    Quadro 01. Observaes do PAR nas estaes de coleta de amostra de gua da Bacia do Rio Lucaia

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    22/245

    42O Caminho das guas em Salvador O Caminho das guas em Salvador 43

    Parmetro

    Tipo de ocupaodas margensEstado do leito do rio

    Mata ciliar

    Plantas aquticas

    Odor da gua

    Oleosidade da gua

    Transparncia/colorao da guaTipo de fundo

    Fluxo de guas

    LUC 01

    Residencial

    Assoreado

    Dominncia degramneasPerifton abundantee biofilmes

    Forte (esgotos)

    Ausente

    Opaca ou colorida

    Lixo

    Formao depequenas ilhas

    LUC 02

    Residencial

    Assoreado

    RevestidoparcialmenteInexistente

    Periftonabundante ebiofilmesForte (esgotos)

    Moderada

    Muito escura

    Lixo

    Marcas deantropizao(entulho)Maior partedo substratoexposto

    LUC 03

    Comercial/administrativoRevestido

    Inexistente

    Perifton abundante ebiofilmes

    Forte (esgotos)

    Marcas em linhas (arcosris)Opaca ou colorida

    Lixo, Lama/Areia

    Marcas de antropizao(entulho)

    Maior parte do substratoexposto

    LUC 04

    Residencial,comercial/administrativoRevestido

    Pavimentado

    Perifton abundante ebiofilmes

    Forte (esgotos)

    Marcas em linhas (arcoris)Turva

    Marcas de antropizao(entulho)

    Formao de pequenasilhas

    LUC 05

    Residencial

    Revestido

    Pavimentado

    Ausente

    Forte (esgotos)

    Ausente

    Opaca ou colorida

    Marcas de antropizao(entulho)

    Fluxo igual em toda alargura

    Obs.: Perifton so organismos que vivem aderidos a vegetais ou a outros substratos suspensos.

    QUALIDADE DAS GUAS

    A anlise da qualidade das guasna Bacia do Rio Lucaia foi reali-zada em 05 (cinco) estaes aolongo da Bacia, conforme coor-denadas apresentadas no qua-dro 02 e figura 01.

    Quadro 02. Coordenadas das estaes de coleta de amostras de gua da Bacia do Rio Lucaia Sal-vador, 2009

    Estao

    LUC 01

    LUC 02

    LUC 03

    LUC 04

    LUC 05

    Coordenada X

    552772,3982

    554764,6967

    556935,3479

    555665,0216

    555495,2814

    Coordenada Y

    8564099,13

    8563287,323

    8563736,076

    8562192,405

    8561795,551

    Referncia

    Av. Vale dos Barris, ao lado da PMS/SEDHAM.

    Av. Vasco da Gama, prximo aoviaduto.

    Av. Antnio Carlos Magalhes (Brotas),em frente Comercial Ramos.

    Av. Antnio Carlos Magalhes (RioVermelho), em frente a EMBASA.

    Av. Juracy Magalhes Junior, (RioVermelho), em frente UNIMED.

    Figura 01. Bacia do Rio Lucaia com a localizao das estaes de coleta de amostras de gua

    A figura 02 apresenta a maior concentrao de Coliformes Termo-tolerantes na estao LUC02 no perodo chuvoso, com os menores

    7 Quanto Nitrognio Total a estao LUC05 apresentou con-centrao muito elevada na campanha de tempo seco (Figura 07)

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    44O Caminho das guas em Salvador O Caminho das guas em Salvador 45

    p ,valores nas estaes LUC04 e LUC05, provavelmente, em funoda captao montante dos esgotos em tempo seco para o Sistemade Esgotamento Sanitrio de Salvador.

    Figura 02. Coliformes Termotolerantes na Bacia do Rio Lucaia

    Figura 03. OD na Bacia do Rio Lucaia

    As menores concentraes de OD aconteceram nas estaesLUC04 e LUC05, no seu trecho terminal, tanto na campanha deperodo chuvoso como na de perodo seco quando atingiu valoresmnimos e s ultrapassou a concentrao estabelecida pela ResoluoCONAMA n. 357/05 para guas doces classe 2 apenas na estaoLUC03 na campanha de perodo chuvoso (Figura 03).

    35N =

    SECOCHUVOSO

    6

    5

    4

    3

    2

    1

    0

    Figura 04. Comparao das Concentraes de OD (mg/L) naBacia do Rio Lucaia nas 2 Campanhas

    Figura 05. DBO na Bacia do Rio Lucaia

    A figura 05 mostra que as estaes que apresentaram os maioresteores de DBO foram LUC02, LUC03 e LUC04, devido aos esgotossanitrios recebidos montante, tanto no perodo chuvoso como noperodo seco, e que apenas a estao LUC01, trecho inicial do Rio,no perodo seco no ultrapassa o valor estabelecido pela ResoluoCONAMA n. 357/05 para guas doces classe 2.

    Figura 06. Comparao das Concentraes de DBO (mg/L) naBacia do Rio Lucaia nas 2 Campanhas

    Figura 07. Nitrognio Total na Bacia do Rio Lucaia

    Figura 08. Fsforo Total na Bacia do Rio Lucaia

    p p ( g )e quanto a Fsforo Total pode-se observar valores maiores que0,5mg/l nas estaes, tanto no perodo chuvoso como no perodoseco, exceto na estao LUC05 na campanha do perodo seco,com maiores valores no trecho inicial do Rio (LUC01), bem comonas estaes LUC02 e LUC03, trecho do leito original do rio Ca-marajipe paralelo Av. Antnio Carlos Magalhes na campanhade perodo chuvoso.

    O ndice de Qualidade das guas - IQA do Rio Lucaia se apresen-ta na categoria Pssimo nas estaes LUC02, LUC04 e LUC05 noPerodo Seco e nas estaes LUC03 e LUC04 no Perodo Chuvoso,e na categoria Ruim nas demais estaes, tanto na campanha de

    perodo seco como na de perodo chuvoso, como mostra a figura 09,configurando-se como um dos rios do municpio de Salvador com oIQA mais baixo.

    Os bairros inseridos nessa Bacia so atendidos pelo Sistema deEsgotamento Sanitrio de Salvador. Existem ligaes clandestinasde esgoto rede pluvial, em funo de dificuldades topogrficas,resistncia por parte de cidados em conectar seus imveis rede pblica coletora de esgotamento sanitrio, ocupao desor-denada, com a existncia de imveis sobre galerias e canais dedrenagem, em fundos de vale e encostas, gerando dificuldadesde implantao da rede coletora de esgoto, alm de reformas eampliaes de imveis sem a devida regularizao junto Pre-feitura Municipal.

    Visando conhecer a vazo do Rio Lucaia, realizou-se tambm amedio de descarga lquida em uma estao (LUC05), situada na

    Figura 09. IQA nas estaes da Bacia do Rio Lucaia

    Av. Juracy Magalhes Jnior, (Rio Vermelho), em frente UNIMED.Coordenadas geogrficas, Latitude 38O29 19,03 e Longitude 13O

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