camillo sitte e o urbanismo culturalista

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  • 7/26/2019 Camillo Sitte e o Urbanismo Culturalista

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    Camillo SitteFoi um arquiteto, direto da Escola Imperial e Real das Artes Industriais de Viena, osseus conhecimentos da arqueologia medieval e renascentista inspiraram-lhe umateoria e um modelo de cidade ideal que ele desenvolveu na obra Construo dasCidades Segundo seus !rinc"pios Art"sticos#

    $ estudo do !assadoSitte trata a dimenso est%tica das cidades como uma obra de arte, no se

    preocupando somente com as necessidades &uncionais# Seu ponto de partida % apraa, que liga as partes da cidadee &a' com que as pessoas sintam essas partes aoencontrar esse espao livre, proporcionando um espao para respirar#

    !ara embasar suas teorias sobre os direcionamentos urban"sticos que estavamsendo tomados, Sitte usa e(emplos de centenas de praas em v)rias localidades paraquestionar as re&ormas que estavam ocorrendo na cidade de Viena#

    !ara ele os locais p*blicos atualmente no servem nem para &estas popularesnem para a vida de todos os dias, sua ra'o de e(istir consiste em proporcionar mais

    ar e lu' e romper a monotonia das casas# +a antiguidade as praas &oram teatros deimportantes cenas da vida p*blica, que hoe s acontecem em salas &echadas# Aspraas passaram a servir no m)(imo como locais de estacionamento de ve"culos eno seguem o estilo das constru.es ao seu redor, sendo ignorando sua verdadeira&uno art"stica, de conv"vio e de relacionar-se com o espao e suas edi&ica.es comoum conunto *nico# Em resumo, &alta animao intensa nesses locais que contribu"apara o esplendor que as praas antigas possu"am#

    $s antigos dei(avam livre o centro de suas praas e osornamentos, como&ontes e est)tuas, eram situados lateralmente, nas margens das ruas# +o in"cio essaslocali'a.es dos monumentos causam estranhe'a, por%m acaba-se percebendo o

    e&eito grandioso produ'ido pelo monumento naquele local e que se estivesse nocentro da praa ele causaria uma impresso bem menos relevante# /eve-se apenasevitar erguer monumentos nos ei(os de edi&"cios ou de portas muito decoradas, poisacabaria ocultando obras arquitet0nicas not)veis#

    Essa regra se aplica a qualquer esp%cie de construo, como igreas, teatros epal)cios p*blicos, que agora ocupam quase sem e(ceo o centro das praas, antesnunca &icavam nesse lugar# Sitte di' que encostando um ou dois lados do edi&"cio emoutras constru.es a &achada principal poderia ser mais ornamentadas tornando-amais not)vel#

    !or estarem em locais mais &echados as praas antigas produ'em um e&eito deconunto harmonioso, pois eram cercadas de edi&"cios por todos os lados, tinha-se um

    es&oro para que no desembocasse mais de uma rua em cada esquina da praa# Assuas &ormas irregulares das praas so criadas de &orma natural, os antigos noconcebiam seus planos em pranchas de desenhos, mas sim iam construindo epercebiam o que surpreendia os olhos na realidade#

    Com o desenvolvimento em que as cidades &oram atingindo &oi quebrando omolde das antigas &ormas de arte, as &ontes, esculturas e as praas &oram dei(ando deter seu verdadeiro valor# $s terrenos so aproveitados o m)(imo poss"vel e assim asconstru.es apro(imam-se sempre mais do cubo moderno# +a chamada 1Era daFuncionalidade2 % retirada de cena qualquer dimenso que no possua uma &unopr)tica, o que implica em remover a e(presso art"stica dos ambientes# Foram

    alcanados progressos grandiosos no campo da higiene por%m Sitte questiona se paraobter a higiene seria necess)rio eliminar toda a bele'a das cidades#

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    A proposta da CidadeSitte concebia um desenho urbano mais naturali'ado, menos abstrato emais

    humano# Somente dessa maneira ainda seria poss"vel uma reconciliao com a arte#Assim, as praas analisadas e concebidas por Sitte no podem ser espaos de

    passagem# So locais para que se possa parar e contemplar, diversos da aceleradacultura moderna# Elas devem operar em outro tempo, como lugares para demorar-se#!ara criar uma cidade com e&eito art"stico, Sitte considera tr3s condi.es

    principais4 livrar-se do sistema moderno dos conuntos de casas regularmentealinhadas5 salvar, na medida do poss"vel, o que resta das cidades antigas5 e apro(imarsempre mais nossas cria.es atuais do ideal dos modelos antigos#

    A praa % seu ponto de partida para pensar a cidade e sua viv3ncia4

    A cidade sittiana pautada por um modelo ideal, modesto, histrico,

    nacional, moral e orgnico. Sitte sabe pouco da urbanstica como cincia

    prtica e seu conhecimento da arquitetura elege espaos quase

    autnomos, praas de pequena escala, assimtricas e pitorescas. Suacidade para ser percorrida a p, smbolo de uma cultura urbana

    idealiada, imagem consolidada e esttica, combina!o dos modelos e

    monumentos da antiga "rcia, de #oma pr$imperial e das cidades$estado

    do #enascimento italiano. %SA&"'()#*, +- /0

    A cidade, para Sitte, deveria ser concebida e encarada como um 6randemuseu a c%u aberto e as suas praas, como sal.es de e(posio, espaosrepresentativos da arte e da cultura dos habitantes locais e &ormadores de cultura#Assim, as praas tinham um papel no s art"stico, mas &ormador para seus&requentadores, uma percepo marcadamente positivista#

    A cidade deveria manter lugares que &ossem aconchegantes aos seuscidados, cada cidade, por menor que &or, deve possuir praas sempre com o centrolivre, que garante um e&eito art"stico &avor)vel# Em relao a &orma das praas, estaspodem ser divididas em largura e pro&undidade, a partir do edi&"cio principal# As praasde pro&undidade so vantaosas quando o edi&"cio tem o mesmo &ormato 7longil"neo8 equando esto no &undo# As praas de largura so mais interessantes para edi&"ciostamb%m mais dispersos e no to altos# As dimens.es tamb%m so importantes nacon&ormao do conunto, nem grandes nem pequenas, a boa proporo entre 1adimenso da praa e a dimenso dos edi&"cios % de primeira import9ncia#

    $utro aspecto que &a' parte dos conceitos utili'ados por Sitte % a noo de

    pitoresco, que re&ere-se a 1paisagem natural e representada distinto do sublime2,valori'a a assimetria, a irregularidade, a espontaneidade e a perspectiva#

    : necess)rio e(istir um programa de e(ecuo do plano de uma cidade, quedeve consistir em um plano de e(tenso com um c)lculo apro(imado do crescimentoda populao durante os pr(imos ;< anos, para assim ser previsto onde serolevantadas cada tipo de construo, como casas, com%rcios, ind*strias em cada bairroproetado# Assim pode-se prever a quantidade de construo, dimenso e &orma decada bairro#

    $s pr%dios p*blicos devem ter locali'ao mais conveniente e situar os ardinsp*blicos 7praas8 em dist9ncias iguais uns dos outros, a&astados de ruas de grande

    movimento e barulho, para &icarem livre da poeira# Esses espaos verdes devem ser

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    rodeados por todos os lados, com dois ou v)rios portais de acesso, valori'ando as&achadas dos pr%dios ao seu redor#

    Conservar as irregularidades e(istentes nos terrenos e caminhos % outro pontode&endido por Sitte, ele considera que ruas retas causam monotonia, no valori'a abele'a e a espontaneidade e dei(am a cidade &ria e insens"vel# A espacialidade

    marcada pelas &ormas livres do tecido urbano com suas ruas e praas irregularessegundo ele no deveria surgir na prancheta, mas 1in natura2#

    Assim, o traado da cidade para Sitte no deveria ser tratado apenas comouma questo t%cnica, mas prevendo a valori'ao essencial dos aspectos est%ticos#!ara ele, o urbanismo era, acima de tudo, uma criao art"stica, um todo org9nico,uma 1obra de arte2 nas suas tr3s dimens.es, assim como a arquitetura#