calculo de flujo de potencia en sistemas de potencia

117
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ TARCISIO LODDI CURITIBA 2010 CÁLCULO DE FLUXO DE POTÊNCIA UNIFICADO EM SISTEMAS DE TRANSMISSÃO E REDES DE DISTRIBUIÇÃO ATRAVÉS DO MÉTODO DE NEWTON DESACOPLADO RÁPIDO COM ROTAÇÃO DE EIXOS

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Flujos de potencia en sistemas eléctricos de potencia.

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN

    TARCISIO LODDI

    CURITIBA 2010

    CLCULO DE FLUXO DE POTNCIA

    UNIFICADO EM SISTEMAS DE TRANSMISSO

    E REDES DE DISTRIBUIO ATRAVS DO

    MTODO DE NEWTON DESACOPLADO

    RPIDO COM ROTAO DE EIXOS

  • TARCISIO LODDI

    CLCULO DE FLUXO DE POTNCIA UNIFICADO EM

    SISTEMAS DE TRANSMISSO E REDES DE DISTRIBUIO

    ATRAVS DO MTODO DE NEWTON DESACOPLADO

    RPIDO COM ROTAO DE EIXOS

    Dissertao apresentada como requisito parcial obteno do grau de Mestre em Engenharia Eltrica. Programa de PsGraduao em Engenharia Eltrica PPGEE, Departamento de Engenharia Eltrica, Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paran Orientadora: Profa. Dra. Elizete Maria Loureno

    CURITIBA

    2010

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiro a Deus, que esteve comigo em todos os momentos. Nos alegres e principalmente nos mais difceis. Tambm agradeo a Ele ter me colocado

    em uma famlia onde o estudo sempre foi fundamental e incentivado.

    Agradeo sempre a minha famlia. Muito especialmente aos meus pais, Augusto e Irene, pelo incentivo e esforo ao longo dos anos para que eu estudasse

    e sempre mostrando a importncia e necessidade de se ter uma vida digna e honesta.

    Aos meus irmos Luis Augusto, Maria Therezinha e Maria Marta que sempre

    me apoiaram e incentivaram em tudo que fiz.

    Agradeo a minha orientadora Professora Elizete Maria Loureno, pela confiana, incentivo, idias, disposio e sempre me transmitindo calma e

    tranqilidade nos momentos que mais necessitava.

    Agradeo tambm aos colegas do Mestrado que de alguma forma ou outra contriburam para meu crescimento pessoal e profissional.

    Agradeo Universidade Federal do Paran.

    ii

  • iii

  • RESUMO

    Os estudos para o planejamento de curto, mdio e longo prazo dos sistemas

    eltricos bem com para a operao dos mesmos so baseados em simulaes do

    fluxo de potncia das redes utilizando-se ferramentas computacionais e mtodos de

    resolues bem fundamentados. Estes mtodos so diferentes ao ser comparado

    com o uso em sistemas de transmisso com os utilizados em sistemas de

    distribuio. A dissertao prope uma estratgia de clculo de fluxo de potncia em

    um sistema composto de rede de transmisso, com caractersticas de ligaes em

    anel, conectada com a rede de distribuio, com caractersticas radiais. Esta

    conexo eltrica feita atravs de transformadores. Este mtodo baseado no

    mtodo de Newton Desacoplado Rpido com a aplicao da rotao de eixos no

    sistema de distribuio. O mtodo consiste no ajuste, onde for necessrio, dos

    dados do sistema eltrico de distribuio, criando uma rede fictcia onde possvel o

    mtodo de Newton Desacoplado Rpido realizar a convergncia gerando resultados

    confiveis. Posteriormente, so realizados testes no sistema unificado com a

    instalao de gerao distribuda de pequeno porte ao longo da rede. Outra

    simulao realizada com a mudana na configurao da rede de distribuio,

    fazendo com que a mesma opere em anel (paralelismo de alimentadores).

    Palavras-chave: Fluxo de potncia, Desacoplado Rpido, Rotao de Eixos, Fluxo de Potncia Unificado.

    iv

  • ABSTRACT

    Short-term, medium-term and long-term studies for both the planning and

    operation of electrical systems are based on simulations of power flow in networks using

    well-established computational tools and solution methods. The methods used for

    transmission systems differ from those used for distribution systems. This paper puts forward

    a strategy for calculating power flow in a system consisting of a transmission network with

    ring connections connected to a radial distribution network. The connection between the two

    networks is by means of transformers. The proposed method is based on the Newton Fast

    Decoupled method using rotation of the axes in the distribution system. The method involves

    adjusting, where necessary, the data for the electrical distribution system to create a fictitious

    network in which the Newton Fast Decoupled method can be applied to achieve

    convergence and yield reliable results. Tests are then carried out on the unified system with

    small-scale distributed generation connected along the network. Another simulation is carried

    out with the configuration of the distribution network changed so that it operates as a ring

    (feeders in parallel).

    Keywords: Power flow, Fast decoupled, Axis rotation, Unified power flow.

    . v

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ...................................................................................................12

    1.1 JUSTIFICATIVA ..............................................................................................12

    1.2 MOTIVAO...................................................................................................13

    1.3 OBJETIVO E CONTRIBUIES DO TRABALHO..........................................14

    1.4 REVISO BIBLIOGRFICA............................................................................15

    1.5 CONSIDERAES SOBRE O SISTEMA ELTRICO ....................................23

    1.6 ESTRUTURA DA DISSERTAO..................................................................24

    2 MTODO DE NEWTON-RAPHSON..................................................................26

    2.1 MTODO DE NEWTON-RAPHSON PARA SOLUO DE SISTEMA

    ALGBRICOS...............................................................................................26

    2.2 MTODO DE NEWTON-RAPHSON PARA SOLUO DO FLUXO DE

    POTNCIA ...................................................................................................28

    2.2.1 Subsistema 1................................................................................................30

    2.2.2 Subsistema 1 - Aplicao do Mtodo de Newton .........................................30

    2.3 ALGORITMO BSICO PARA A RESOLUO DOS SUBSISTEMAS

    1 E 2 PELO MTODO DE NEWTON-RAPHSON.........................................34

    2.4 CONSIDERAES FINAIS DESTE CAPTULO.............................................35

    3 MTODO DE NEWTON RAPHSON DESACOPLADO RPIDO ......................36

    3.1 MTODO DE NEWTON DESACOPLADO......................................................36

    3.2 ALGORITMO BSICO PARA A RESOLUO DOS SUBSISTEMAS 1

    E 2 PELO MTODO DESACOPLADO .........................................................37

    3.3 MTODO DESACOPLADO RPIDO (NDR)...................................................39

    3.4 VERSES DO MTODO DESACOPLADO RPIDO .....................................41

    4 MTODO DE NEWTON RAPHSON DESACOPLADO RPIDO COM

    ROTAO TIMA DOS EIXOS...................................................................43

    4.1 INTRODUO ................................................................................................43

    4.2 RELAES R/X TPICAS EM SISTEMAS DE TRANSMISSO E

    DISTRIBUIO ............................................................................................44

    4.3 ROTAO DE EIXOS COMPLEXOS .............................................................45

    4.3.1 Representao Matemtica do Mtodo........................................................46

    4.4 MTODO DA NORMALIZAO COMPLEXA POR UNIDADE ......................48

    vi

  • 4.5 EQUIVALNCIA ENTRE OS MTODOS........................................................51

    4.6 CLCULO DE NGULO DE BASE OU ROTO ..........................................51

    4.6.1 ngulo timo Orientado ao Ramo ..............................................................52

    4.6.2 ngulo timo Orientado a Barra .................................................................53

    4.7 CONSIDERAES FINAIS DO CAPTULO ...................................................56

    5. RESULTADOS..................................................................................................57

    5.1 INTRODUO ................................................................................................57

    5.2 SISTEMA TESTE PADRO............................................................................58

    5.2.1 Caso de10 Barras ........................................................................................58

    5.2.2 Caso de 34 Barras .......................................................................................62

    5.2.3 Caso de 70 Barras .......................................................................................65

    5.2.4 Casos Base com Incluso de Gerao Distribuda ......................................69

    5.3 ALIMENTADORES REAIS ..............................................................................70

    5.4 CASO UNIFICADO .........................................................................................78

    5.5 CONSIDERAES FINAIS DO CAPTULO ...................................................89

    6 CONCLUSO ....................................................................................................90

    6.1 SUGESTES DE TRABALHOS FUTUROS ...................................................90

    REFERNCIAS.....................................................................................................92

    ANEXO 1 - DADOS E RESULTADOS ................................................................94

    ANEXO 2 - SISTEMA DE 14 BARRAS EM ANEL .............................................115

    vii

  • LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 - VALORES DAS POTNCIAS ATIVAS E REATIVAS DO

    SISTEMA DE 10 BARRAS .............................................................59

    TABELA 2 - VALORES DAS RESISTNCIAS, REATNCIAS E RELAO

    R/X SISTEMA DE 10 BARRAS.......................................................59

    TABELA 3 - REDE FICTCIA DO SISTEMA DE 10 BARRAS:VALORES

    DAS RESISTNCIAS, REATNCIAS E RELAO R/X ...............60

    TABELA 4 - REDE FICTCIA DO SISTEMA DE 10 BARRAS: VALORES DAS

    POTNCIAS ATIVAS E REATIVAS ...............................................60

    TABELA 5 - SISTEMA DE 10 BARRAS: RESULTADO COM ANAREDE...............61

    TABELA 6 - SISTEMA DE 10 BARRAS: RESULTADOS COM MATLAB ..............61

    TABELA 7 - RESULTADOS PELO ANAREDE E MATLAB SEM ROTAO

    DOS EIXOS ...................................................................................62

    TABELA 8 - DADOS DOS ALIMENTADORES 1 E 2 LIGADOS EM

    PARALELOS..................................................................................76

    TABELA 9 - TENSES NAS BARRAS DURANTE O PARALELISMO .................77

    viii

  • LISTA DE ILUSTRAO

    QUADRO 1- RESUMO GERAL DA REVISO BIBLIOGRFICA .........................21

    FIGURA 1 - REPRESENTAO GRFICA DA IMPEDNCIA TPICA DE

    ALTA TENSO ..............................................................................44

    QUADRO 2 - RELAO DE R/X POR NVEL DE TENSO.................................45

    FIGURA 2 - REPRESENTAO GRFICA DE IMPEDNCIA DE MEDIA

    TENSO ........................................................................................45

    FIGURA 3 ROTAO DOS EIXOS DA IMPEDNCIA ......................................46

    FLUXOGRAMA 1 - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO PARA A REALIZAO

    DA ROTAO DOS EIXOS DAS IMPEDNCIAS DE UMA

    REDE DE DISTRIBUIO.............................................................55

    FIGURA 4 CASO BASE DE 10 BARRAS ..........................................................59

    FIGURA 5 - CASO BASE DE 34 BARRAS ...........................................................63

    FIGURA 6 CASO BASE DE 70 BARRAS ..........................................................66

    QUADRO 3 COMPARAO ENTRE OS 3 SISTEMAS TESTE DO IEEE.........68

    QUADRO 4 - COMPARAO DE RESULTADOS COM GERAO

    DISTRIBUDA ................................................................................70

    FIGURA 7 - CONFIGURAO DOS ALIMENTADORES 1 E 2 DO CASO

    REAL..............................................................................................71

    QUADRO 5 - DADOS DOS ALIMENTADORES 1 E 2 ANTES E APS A

    ROTAO DOS EIXOS.................................................................72

    QUADRO 6 - COMPARAO DE RESULTADOS ENTRE OS MTODOS .........73

    FIGURA 8 - CONFIGURAO DE DUAS REDES DE DISTRIBUIO

    RADIAL EM PARALELO................................................................74

    FIGURA 9 - CONFIGURAO COM PARALELISMO..........................................75

    FIGURA 10 - CONFIGURAO SISTEMA UNIFICADO DE 14 BARRAS

    COM SISTEMA DE 10 BARRAS ...................................................79

    QUADRO 7 POTNCIA DA BARRA 9 ................................................................80

    FIGURA 11 - CONFIGURAO DO CASO 14 BARRAS MAIS CASO REAL

    DOS DOIS ALIMENTADORES......................................................84

    FIGURA 12 - CONFIGURAO DO CASO 14 BARRAS MAIS CASO REAL

    DOS DOIS ALIMENTADORES EM PARALELO............................87

    ix

  • LISTA DE GRFICOS

    GRFICO 1 PERFIL DO MODO DE TENSO (PU) .........................................64

    GRFICO 2 PERFIL DO NGULO () ..............................................................64

    GRFICO 3 PERFIL DO MODO DE TENSO (PU) .........................................67

    GRFICO 4 PERFIL DO NGULO () ..............................................................67

    GRFICO 5 TENSES NAS BARRAS DO CASO 14 BARRAS

    ACRESCIDO DO CASO DE 10 BARRAS - COMPARAO

    DOS RESULTADOS ......................................................................81

    GRFICO 6 NGULOS NAS BARRAS DO CASO 14 BARRAS

    ACRESCIDO DO CASO DE 10 BARRAS - COMPARAO

    DOS RESULTADOS ......................................................................81

    GRFICO 7 TENSES NAS BARRAS DO CASO 14 BARRAS

    ACRESCIDO DO CASO DE 10 BARRAS COM GERAO

    DISTRIBUDA NA BARRA 25- COMPARAO DOS

    RESULTADOS...............................................................................82

    GRFICO 8 NGULOS NAS BARRAS DO CASO 14 BARRAS

    ACRESCIDO DO CASO DE 10 BARRAS COM GERAO

    DISTRIBUDA NA BARRA 25- COMPARAO DOS

    RESULTADOS...............................................................................83

    GRFICO 9 TENSES NAS BARRAS DO CASO 14 BARRAS MAIS

    CASO REAL - COMPARAO DOS RESULTADOS....................85

    GRFICO 10 NGULOS NAS BARRAS DO CASO 14 BARRAS MAIS

    CASO REAL - COMPARAO DOS RESULTADOS....................86

    GRFICO 11 TENSES NAS BARRAS DO CASO 14 BARRAS MAIS

    CASO REAL EM PARALELO - COMPARAO DOS

    RESULTADOS...............................................................................88

    GRFICO 12 NGULOS NAS BARRAS DO CASO 14 BARRAS MAIS

    CASO REAL EM PARALELO - COMPARAO DOS

    RESULTADOS...............................................................................88

    x

  • LISTA DE SMBOLOS

    NB - nmero de barras da rede

    NR - nmero de ramos da rede

    G - matriz condutncia nodal

    B - matriz susceptncia nodal

    Y = G + jB - matriz admitncia nodal

    R - matriz resistncia nodal

    X- matriz reatncia nodal

    Z = R + jX - matriz impedncia nodal

    Gkm,Bkm - elementos (k, m) das respectivas matrizes G e B

    Rkm,Xkm - elementos (k, m) das respectivas matrizes R e X

    Vk - magnitude de tenso da barra k

    k - ngulo de tenso da barra k

    km - abertura angular: k m

    K - conjunto de todas as barras conectadas barra k, incluindo a prpria barra k

    k = K {k}- conjunto de todas as barras conectadas barra k, excluindo a barra k

    Pk - potncia ativa injetada na barra k

    Qk - potncia reativa injetada na barra k

    gkm - condutncia do ramo k m

    bkm - susceptncia do ramo k m

    ykm = gkm + jbkm - admitncia do ramo k m

    rkm - resistncia do ramo k m

    xkm - reatncia do ramo k m

    zkm = rkm + jxkm - impedncia do ramo k m

    FPDR-RE Fluxo de Potncia Desacoplado Rpido com Rotao tima dos Eixos

    xi

  • 12

    1 INTRODUO

    O Sistema Eltrico de Potncia esta passando por um momento de mudana

    de seus conceitos e aplicaes. A produo de energia eltrica que no incio era de

    pequena potncia e operava prxima aos centros de consumo foi evoluindo para

    usinas de grande potncia instaladas em pontos cada vez mais distantes, com a

    necessidade de sistemas de transmisso cada vez mais complexos tanto no ponto

    de vista de operao como manuteno, sendo ainda, que os impactos ambientais

    de grandes usinas geradoras esto sendo cada vez mais questionados, novamente

    est sendo idealizada a utilizao da gerao de pequeno porte junto carga, sendo

    agora contextualizada como gerao distribuda.

    J a rede de distribuio o segmento do sistema eltrico onde esto

    ocorrendo as maiores mudanas e implantao de novos conceitos, devido ao

    grande avano nas tecnologias de comunicao, medio e automao. Este novo

    conceito de rede est sendo conhecido como Smart-Grid e est provocando uma

    nova anlise sobre os mtodos e aplicaes das redes de distribuio de energia

    eltrica de mdia tenso, bem como na rede de alta tenso, visto que agora este

    comea a ter uma interferncia causada pelo sistema de distribuio.

    Atualmente os fluxos de carga utilizados pelas Concessionrias de Energia

    so tratados de maneira independente, sendo utilizado um mtodo para alta tenso

    e outro para o sistema de distribuio.

    Na alta tenso, onde se opera com tenses acima de 69 KV, utilizado o

    mtodo de Newton-Raphson com suas variaes: Completo, Desacoplado e

    Desacoplado Rpido [1], sendo esses sistemas de clculos bem desenvolvidos e

    com embasamentos tericos e prticos comprovados.

    No sistema de distribuio de energia, onde se opera com tenses menores

    de 35KV, o mtodo mais utilizado o Backward-Forward, chamado tambm de

    Back-Forward Sweep [2]. Esse mtodo tambm possui uma literatura tcnica bem

    desenvolvida e estruturada.

    1.1 JUSTIFICATIVA

    Tanto os mtodos de Newton-Raphson como o mtodo Backward-Forward

    tiveram o seu desenvolvimento e aperfeioamento de forma independente, no

  • 13

    considerando a possibilidade de um sistema interagir com outro. Criando assim um

    tipo de fronteira onde os resultados de um sistema eltrico de alta tenso devem

    ser trabalhados para serem introduzidos como fontes para as redes eltricas de

    mdia tenso.

    O sistema eltrico de alta tenso teve a sua regulamentao tcnica definida

    h muito mais tempo que o sistema eltrico de mdia tenso, que ainda se encontra

    em fase de aprimoramento e depurao das regras estabelecidas. No final de 2009

    a ANEEL (Agncia Nacional de Energia Eltrica) colocou em vigor uma srie de

    documentos chamados de PRODIST - Procedimentos de Distribuio de Energia

    Eltrica no Sistema Eltrico Nacional, que estabelece novas regras,

    regulamentaes e procedimentos para o sistema de distribuio includo as

    solicitaes de acessantes de gerao distribuda que podem ser realizadas desde a

    alta tenso at a baixa tenso com uma faixa de variao de quilowatts a

    megawatts. O PRODIST tambm define novos fatores de qualidade da energia

    distribuda, passando a monitorar o tempo de interrupo de energia e a freqncia

    com que a energia interrompida em cada consumidor, fazendo com que fiquem

    cada vez mais rgidas as penalidades por violao das metas. Isto com a finalidade

    de proporcionar aos consumidores uma energia com fornecimento confivel e de

    custos reduzidos.

    Diante deste cenrio em evoluo, foi verificada a necessidade de uma nova

    tcnica que permitisse o sistema de distribuio interagir com o sistema de alta

    tenso e vice-versa. Sendo assim, foi realizado um levantamento de trabalhos

    desenvolvidos que permitissem realizar simulaes de fluxo de potncia de maneira

    confivel, considerando o sistema eltrico de distribuio com as novas

    configuraes e mudanas, e foi localizado o mtodo desacoplado rpido com

    rotao dos eixos, para ser aplicado em redes de distribuio, sendo que a partir

    desta metodologia foi idealizada a possibilidade de realizar a unificao dos fluxos

    de potncia utilizando uma nica ferramenta computacional e um nico mtodo

    metodolgico.

    1.2 MOTIVAO

    Com a rede eltrica cada vez mais interligada e a necessidade de

    atendimento a requisitos de qualidade cada vez mais rgidos, aliados a entrada cada

  • 14

    vez maior de gerao distribuda no sistema de distribuio, verifica-se a

    necessidade de novas prticas operacionais. Essas prticas buscam,

    principalmente, evitar os desligamentos de consumidores para a realizao de

    intervenes na rede eltrica e criam a necessidade de se utilizar uma metodologia

    de clculo de fluxo de potncia onde seja possvel a anlise do sistema eltrico de

    transmisso e de distribuio como um todo [3]. As limitaes de aplicao do

    mtodo Backward-Forward para redes exclusivamente radiais [2] e do mtodo de

    Newton-Raphson (e suas variaes desacopladas) para redes de altas tenses,

    onde se verifica a predominncia da reatncia de srie das linhas com relao s

    suas resistncias, aliadas a atual necessidade de integrao entre redes de

    transmisso e distribuio inspirou o atual projeto de desenvolvimento de uma

    ferramenta unificada de fluxo de potncia.

    1.3 OBJETIVO E CONTRIBUIES DO TRABALHO

    A dissertao prope uma estratgia unificada de clculo de fluxo de carga

    em um sistema composto da rede de transmisso conectada com seus

    alimentadores de distribuio, pois at o momento os estudos so tratados por

    mtodos distintos [3]. Sendo na alta tenso utilizado o mtodo de Newton e suas

    variaes e na distribuio o mtodo Backward-Forward. A metodologia proposta

    consiste na utilizao do Mtodo Newton Desacoplado Rpido para todo o sistema

    (transmisso e distribuio), o que viabilizado atravs da aplicao de tcnicas de

    rotaes dos eixos para os alimentadores da rede de distribuio, onde a relao da

    resistncia pela reatncia esta acima dos valores adequados para aplicao dos

    mtodos desacoplados

    O Newton Desacoplado Rpido com Rotao Automtica de Eixos [5]

    aplicado recentemente em [4] resgatado nesse trabalho com o objetivo de ajustar

    os dados de rede (resistncia e reatncia) da rede de distribuio e deix-los

    relativos aos sistemas de transmisso e criar um sistema nico para realizao do

    clculo do fluxo de potncia. Cabe salientar que em [3] os autores propem o

    tratamento de redes de transmisso e distribuio, porm utilizando ferramentas de

    clculo de fluxo de potncia distintas para os sistemas de transmisso e distribuio,

    o que implica na realizao da anlise em duas etapas. Com relao referncia [4],

    os autores propem o uso de rotaes de eixo para o uso do mtodo desacoplado,

  • 15

    abrangendo apenas sistemas de distribuio.

    1.4 REVISO BIBLIOGRFICA

    Desde sua formulao inicial, na dcada de 60, muitos mtodos tem sido

    propostos para resolver o problema de fluxo de potncia para sistemas de

    distribuio radiais. Alguns deles sero destacados a seguir por ordem cronolgica:

    1 - Nos anos 50, empregava-se o mtodo de Gauss-Siedel para a resoluo

    do fluxo de potncia. Apesar de eficiente, considerado muito lento, pois necessita

    de um nmero excessivo de iteraes para encontrar a soluo. Aliado baixa

    capacidade de processamento dos computadores da poca, o mtodo tornava-se

    pouco utilizvel.

    2 - W.F. Tinney ET AL. (1967) apresenta a resoluo do problema de fluxo

    de potncia pelo mtodo Newton-Raphson, cujo desenvolvimento considera apenas

    as caractersticas dos sistemas de transmisso de energia (sistemas malhados),

    sem explorar computacionalmente caractersticas tpicas de redes de distribuio

    (redes radiais). O Mtodo de Newton passou a ser uma referncia no clculo do

    fluxo de potncia para redes malhadas, pois apresenta uma convergncia rpida e

    eficiente.

    3 - R. Berg ET AL (1967) Mechenized calculation of unbalanced load flow on

    radial distribuition circuits o primeiro trabalho desenvolvido exclusivamente para

    sistemas de distribuio, que pode ser considerado como base para o sistema

    Backward/Forward e para todas as variantes que seguiram aps a efetivao do

    mtodo.

    Porm, enquanto muitos pesquisadores buscavam aperfeioar e

    desenvolver tcnicas para resolver o problema de FP voltado para redes de

    transmisso, as pesquisas para as redes de distribuio no tiveram tanta nfase.

    Os estudos de FP para distribuio eram realizados com pouca ou nenhuma anlise.

    4 - W. H. Keresting e D.L. Mendive (1976) apresentaram uma abordagem

    para soluo do problema de fluxo de potncia para redes radiais: aplicao da

    tcnica ladder para sistemas de distribuio.

    No final dos anos 80, com a modernizao da legislao e o aumento da

    competitividade, bem como a necessidade de uma melhora da qualidade da energia

    fornecida, como decorrncia do aparecimento de cargas sensveis com a variao

  • 16

    da tenso, o setor da distribuio de energia passou a ser estudado de maneira

    mais intensa.

    5 - A. V. Garcia, A. J. Monticeli et al (1984). propem um mtodo para

    soluo do fluxo de potncia na distribuio utilizando o mtodo Desacoplado

    Rpido, pois apresenta uma convergncia rpida e eficiente. No entanto, propem

    uma modificao no mtodo para compensar a alta relao de resistncia e

    reatncia nas linha r/x encontradas nos sistemas de distribuio, que provoca

    dificuldades na convergncia para esses sistemas. A modificao proposta a

    rotao dos eixos das impedncias, fazendo com que a rede de distribuio assuma

    parmetros de uma de alta tenso.

    6 - D. Rajiicic e A. Bose (1988) tambm utilizam o Mtodo Desacoplado

    Rpido, mas com a proposta de insero de dois coeficientes 0,4 e 0,3

    determinados experimentalmente nas equaes das matrizes B e B [1] . Os autores

    no demonstram a metodologia de obteno dos coeficientes.

    7 - D. Shimohammadi et al. (1976) propem paralelamente o mtodo

    Backward/Forward Sweep, baseado na tcnica Ladder, proposta por W.H. Kerting et

    al. (1976). O mtodo de resoluo consiste em dois passos bsicos: varredura

    backward onde so calculados as correntes ou fluxos de potncia nas linhas,

    iniciando das barras finais em direo a subestao e a varredura; e forward - que

    realiza os clculos das quedas de tenso com as atualizaes das correntes ou

    fluxos de potncia, que parte da subestao em direo as barras no final dos

    alimentadores. Esses passos so repetidos at que se obtenha a convergncia do

    algoritmo. Por possuir boas caractersticas de convergncia e ser muito robusto

    tornou-se o principal mtodo de soluo e serviu como base para muitos mtodos

    propostos posteriormente. Este mtodo pode ser aplicado tambm para sistemas

    fracamente malhados, ou seja, sistemas que apresentam poucas interligaes, onde

    so convertidos em redes radiais.

    8 - M. E. Baran e F. F. Wu (1989) apresentaram o mtodo baseado no

    mtodo Newton-Raphson, porm levando em considerao as caractersticas dos

    sistemas de distribuio, o que torna esse mtodo exclusivo para sistemas radiais de

    energia eltrica. O mtodo prope um novo modelo de equaes para o clculo de

    fluxo de potncia, diferente, portanto, das equaes de fluxo de potncia para

    sistemas de transmisso. Essas equaes so denominadas pelos autores de

    equaes de fluxo de ramos ou ento DistFlow. Outra melhoria importante para a

  • 17

    convergncia do mtodo o uso de uma matriz de sensibilidade (Jacobiana)

    modificada que atende a caractersticas radiais dos sistemas de distribuio. H.D.

    Chiang (1991) apresenta o mtodo de uma maneira mais detalhada onde realiza um

    estudo dos algoritmos e convergncia.

    9 - R. Cspedes (1990) apresentou o mtodo Soma de Potncias, baseado

    no mtodo Backward/Forward. O mtodo Soma de Potncias tem como

    caracterstica bsica a possibilidade de transformar o problema de clculo em um

    conjunto de subproblemas que, por sua vez, podem ser resolvidos atravs das

    equaes que relacionam as tenses entre dois ns de um alimentador de

    distribuio com as potncias equivalentes dos ns. Essa potncia equivalente a

    soma de todas as potncias a jusante da barra, incluindo as perdas, e so alocadas

    na posio correspondente a barra (carga equivalente), ou seja, calcula-se as cargas

    equivalentes para cada barra de carga. Este procedimento se d no sentido das

    barras terminais para as subestaes. Ento, partindo da barra da subestao,

    calculam-se as tenses do lado da carga para todas as barras. Com as novas

    tenses recalculam-se as perdas e com isto recalculam-se as novas cargas. Dessa

    forma, o processo de soluo realizado de dois em dois ns, e respeitado at que

    a tenso em cada n do sistema seja determinada e o erro se torne uma tolerncia

    especificada.

    10 - Tsai-Hsiang Che et al (1991) utiliza uma aproximao do mtodo Gauss

    Zbarra. baseado no princpio da superposio aplicada s barras de tenso dos

    sistemas, ou seja, existem duas contribuies para clculo da tenso: uma

    proveniente da alimentao da subestao e outra do equivalente de injeo de

    corrente. As cargas, capacitores e reatores so modelados como fontes equivalentes

    de injees de correntes. Ento o clculo do fluxo de potncia se baseia no mtodo

    da superposio.

    11 A. S. Barbosa, E. Colman , et al (1992) apresenta um trabalho onde

    realizado a comparao da utilizao do fluxo de potncia em redes de distribuio

    utilizando-se o mtodo da rotao de eixos e da soma equivalente de potncia,

    mostrando que ainda no existia uma unanimidade sobre quais propostas seriam

    mais eficientes para o problema do fluxo de potncia para as rede de distribuio.

    12 - S.K. Goswani e S.K. Basu (1992) , o processo de resoluo iniciado a

    partir da subestao, considerando as cargas equivalentes da mesma forma que R.

    Cepedes (1990) props. A diferena est na primeira iterao, onde no so levadas

  • 18

    em conta as perdas das linhas, e tambm no equacionamento, j que neste mtodo

    ele utiliza o fluxo de correntes nos ramos. A cada iterao ento so encontradas

    novas perdas no sistema que so utilizadas no processo do mtodo Soma de

    Potncia.

    13 - D. Rajicic et al. (1994) propuseram um mtodo que se baseia na

    ordenao e orientao da matriz impedncia Z junto com o mtodo da Soma das

    Potncias, porm, o mtodo se demonstra eficiente apenas para redes fracamente

    malhadas.

    14 - C.S. Chen e D. Shirmohammadi (1995) apresentam um mtodo para

    sistemas de distribuio trifsicos desequilibrados, tambm baseados no mtodo

    Backward/Forward Sweep, mas com a diferena no equacionamento, pois o clculo

    das tenses utiliza a matriz impedncia Z.

    15 - R. D. Zimmerman e H. D. Chiang (1995) o mtodo desacoplado rpido

    para sistemas de distribuio. Foi baseado na formulao proposta por M.E. Baran e

    F.F. Wu, mas com a diferena de utilizar o fluxo de corrente nos ramos, ao invs de

    utilizar as potncias como no mtodo original. Utiliza uma matriz jacobiana

    aproximada e com isso consegue diminuir o tempo computacional, j que

    necessria somente uma inverso da matriz.

    16 - D. Das et al (1995) apresenta um novo mtodo para resolver o fluxo de

    potncia nas redes de distribuio radiais baseado no mtodo da soma de

    potncias. O mtodo proposto envolve s a avaliao de uma expresso algbrica

    das magnitudes de tenso e nenhuma funo trigonomtrica. A soluo do problema

    do fluxo de potncia feita por meio do clculo iterativo dos mdulos de tenso das

    barras, em funo da potncia ativa que circulam nos ramos. O critrio de

    convergncia est baseado na diferena entre as perdas ativas e reativas em duas

    iteraes subseqentes.

    17 - M. H. Haque (1996) propem um mtodo que pode ser aplicado a

    ambos os tipos de rede malhada e radial. Se a rede for malhada, convertida em

    uma radial para o clculo do fluxo de potncia e utiliza o mtodo de injees de

    corrente nos pontos em que houve a abertura da malha; na rede radial equivalente

    realizado clculo atravs do mtodo da matriz impedncia reduzida, baseado no

    mtodo proposto por T.H. Chen et al (1991).

    18 - F. Zhang e C. S. Cheng (1997) o mtodo proposto baseado no

    mtodo de Newton, modificado para atender as caractersticas dos sistemas de

  • 19

    distribuio radiais. A matriz Jacobiana assume a forma UDUt, onde U uma matriz

    constante triangular superior que depende somente da topologia de sistema e D

    um bloco matriz diagonal, sendo o resultado de estrutura radial e propriedades

    especiais do sistema de distribuio. No processo iterativo utilizado uma

    metodologia baseada no Backward/Forward Sweep e o equacionamento do fluxo de

    carga baseado no mtodo da matriz impedncia Zbarra. Os autores no explicitam

    a montagem da matriz jacobiana. O mtodo proposto pode ser utilizado em outras

    aplicaes, como na estimao de estado, e tambm pode ser estendido soluo

    de sistemas fracamente malhados, com gerao distribuda e sistemas trifsicos

    (desequilibrado).

    19 - Y.H. Moon et al (1999) , o mtodo proposto aplicado para soluo de

    sistemas de distribuio radiais e malhados. Esse mtodo tambm baseado no

    mtodo de Newton, mas diferentemente da formulao apresentada por F. Zhang e

    C. S. Cheng (1997), que resolvem pela matriz impedncia Z, nesse trabalho utiliza-

    se a matriz admitncia. A matriz Jacobiana, em sistemas monofsicos, dividida em

    duas matrizes, sendo que ambas so formadas por blocos (2X2). A primeira matriz

    formada pelas partes real e imaginria da matriz admitncia Ybarra do sistema e se

    mantm constante durante as iteraes. O Vetor I (variao da corrente) tambm

    atualizado durante o processo iterativo. As tenses da barras do sistema so

    atualizadas at atingirem a convergncia (P e Q foram menores ou iguais

    tolerncia estipulada).

    20 - A.G. Exposito e E.R. Ramos (1999), apresentaram um mtodo para

    resolver o problema de fluxo de potncia em redes radiais. O algoritmo apresentado

    segue uma aproximao diferente, apontada para aumentar a taxa de convergncia.

    Este mtodo est baseado na idia intuitiva que quanto mais linear um sistema de

    equaes for, melhor sua taxa de convergncia. Para alcanar esta meta, as

    equaes de fluxo de carga foram escritas em termos de variveis alternativas que

    conduzem a um conjunto de 3N equaes (2N equaes lineares e N quadrtico)

    para uma rede com N+1 barras. Um algoritmo computacional, baseado no mtodo

    de Newton-Raphson, proposto para resolver o sistema de equao resultante.

    21 - M. H. Haque (2000) calcula o fluxo de carga para sistemas de

    distribuio radiais ou fracamente malhados. O sistema de distribuio convertido

    primeiro a uma rede de fonte equivalente com configurao radial. Conforme artigo

    do autor de 1996, a diferena est no clculo do fluxo de potncia, que neste

  • 20

    trabalho calculado utilizando as equaes proposta por M.E. Baran e F.F. Wu

    (1989): equaes DistFlow . As caractersticas do sistema original so preservadas

    injetando potncia apropriada nos pontos em que foram abertos os circuitos no

    sistema equivalente. As potncias injetadas so calculadas e atualizadas durante o

    processo iterativo.

    22 - P.A. N. Garcia et al (2000) onde o mtodo proposto baseado no

    mtodo Newton-Raphson, chamado de Mtodo de Injeo de Corrente, e aplicado

    para solues de sistemas trifsicos, com cargas desequilibradas, em que as

    equaes das correntes injetadas so descritas em coordenadas retangulares e a

    matriz jacobiana formada por blocos (6X6) e ser aproximadamente igual matriz

    admitncia nodal, sendo esta variao determinada pelo modelo de carga adotado.

    A matriz jacobiana pode ou no ser atualizada durante o processo iterativo,

    visto que o numero de iteraes, sendo ela constante, um pouco maior.

    23 - S. Jovanovic e F. Milicevic (2000), exploram a topologia espacial dos

    sistemas de distribuio para formular o mtodo triangular de fluxo de carga de

    distribuio. Utiliza em sua formulao uma matriz triangular T, que formada por

    NramosXNbarras, constante durante o processo iterativo. Aps a formulao da

    matriz, calcula-se o fluxo de potncia atravs de um processo baseado no backward

    Sweep. A vantagem deste mtodo a simplicidade de sua formulao.

    24 - A. Augugliaro et al (2002) apresentam um mtodo de soluo para

    sistemas de distribuio. O mtodo valido tanto para sistemas radias quanto para

    sistemas fracamente malhados. As tenses nas barras so consideradas com

    variveis de estado. O mtodo de soluo baseado no mtodo iterativo

    backward/forward sweep, modificado para aumentar a velocidade de convergncia.

    25 - R. Ranjan e D. Das (2003) onde o mtodo proposto para soluo do

    fluxo e potncia em sistemas radiais, baseado no mtodo proposto por M.E. Baran

    e F. F. Wu (1989). A vantagem do mtodo proposto que todos os dados so

    armazenados em forma de vetor, alm de poder ser utilizado com o sistema SCADA

    (Supervisory Control and Data Acquisition) e DAC (Distribution Automation and

    Control).

    26 - T. L. Baldwins S.A. Lewis (2003) de apresentam uma reviso dos

    mtodos clssicos e prope uma nova metodologia, baseado no trabalho de S.

    Jovanovic e F. Milicevic (2000) e no mtodo Backward/Forward Sweep. Outra

    contribuio do mtodo apresentado est na incluso de mltiplas geraes, ou

  • 21

    seja, no somente uma fonte (subestao) de alimentao.

    27 - R. Ciric et al. (2004) apresenta uma metodologia baseada no mtodo

    Backward/ Forward Sweep para clculo de fluxo de potncia de sistemas de

    distribuio com retorno por terra.

    O Quadro 1 apresenta resumo geral da reviso bibliogrfica, indicando a

    origem de cada mtodo e sua particularidade em se permitir trabalhar com Gerao

    Distribuda e redes em anel, fracamente malhadas ou radiais, apresentado a

    seguir.

    Nmero

    ref.

    Mtodo Mtodo

    Origem

    Sistema Permite

    uso GD

    Operao

    em Anel

    1 Gauss-Siedel - Transmisso Sim Sim

    2 Newton-Raphson 1 Transmisso Sim Sim

    3 Formulao da

    proposta do

    Backward/Forward

    - Distribuio No No

    4 Proposta de uso da

    tcnica ladder

    2 Transmisso

    Adaptado

    * *

    5 Variao do

    Desacoplado

    Rpido

    1 Transmisso

    Adaptado

    Sim Sim

    6 Variao do

    Desacoplado

    Rpido

    1 Transmisso

    Adaptado

    Sim Sim

    7 Backward/Forward

    Sweep

    3 Distribuio No No

    8 Newton-Raphson

    Adaptado

    (DistFlow)

    2 Transmisso

    Adaptado

    Sim Sim

    9 Soma de Potncias 6 Distribuio No No

    10 Gauss Aproximado 1 Transmisso

    Adaptado

    Sim Sim

    11 Variao do 1/6 Transmisso Sim Sim

  • 22

    Desacoplado

    Rpido/ Soma de

    Potncias

    Adaptado/

    Distribuio

    12 Soma de Potncias

    Variao

    8 e 6 Distribuio No No

    13 Soma de Potncias

    Variao

    8 Distribuio No Fracamente

    malhada

    14 Backward/Forward

    Sweep rede

    trifsica

    3 Distribuio No Fracamente

    malhada

    15 Variao do

    Desacoplado

    Rpido

    1 e 5 Transmisso

    Adaptado

    Sim Sim

    16 Soma de Potncias

    Variao

    8 e 6 Distribuio No Fracamente

    malhada

    17 Injees de

    Corrente e Mtodo

    de Gauss

    1, 9 e

    11

    Transmisso

    Adaptado e

    distribuio

    Sim Sim

    18 Newton, Modificado 2 Transmisso

    Adaptado

    Sim Sim

    19 Newton, Modificado 2 e 16 Transmisso

    Adaptado

    Sim Sim

    20 Newton, Bem

    Modificado

    2 Transmisso

    Adaptado

    Sim Sim

    21 Newton-Raphson

    Adaptado

    (DistFlow)

    7 e 2 Transmisso

    Adaptado

    Sim Fracamente

    malhada

    22 Newton-Raphson

    Adaptado e Injeo

    de Corrente

    7 e 15 Transmisso

    Adaptado

    Sim Fracamente

    malhada

    23 Triangular de Fluxo

    de Carga de

    Distribuio.

    Distribuio - -

  • 23

    24 Backward/Forward

    Sweep rede

    trifsica

    Modificado

    3 e 12 Distribuio No Fracamente

    malhada

    25 Backward/Forward

    Sweep rede

    trifsica -

    Modificado

    3 Distribuio No Fracamente

    malhada

    26 Backward/Forward

    Sweep rede

    trifsica

    3 e 23 Distribuio Sim Fracamente

    malhada

    27 Backward/Forward

    Sweep rede

    trifsica e

    Monofsica

    3 e 23

    e 24

    Distribuio Sim Fracamente

    malhada

    QUADRO 1 - RESUMO GERAL DA REVISO BIBLIOGRFICA FONTE: O Autor

    1.5 CONSIDERAES SOBRE O SISTEMA ELTRICO

    O sistema eltrico de transmisso composto por uma rede malhada de

    linhas, com tenses variando de 69 kV at 765 kV com capacidade de transmisso

    de grande quantidade de energia, algo na ordem de centenas de MVA. O termo rede

    malhada de transmisso se deve ao fato de ter mais de um caminho eltrico entre

    dois pontos do sistema, facilitando o fluxo de potncia. Pequenos trechos operando

    de forma radial podem ser encontrados nas redes de transmisso. Estes casos so

    pouco freqentes e contemplam pequenas distncias, portanto, no apresentam

    maiores prejuzos caracterstica malhada dos sistemas de transmisso.

    J os sistemas de distribuio so basicamente radiais, caracterizados por

    ter um nico caminho entre cada consumidor e o alimentador de distribuio. O fluxo

    de potncia flui da subestao para os consumidores atravs de um caminho

    simples, o qual, em caso de interrupo, resulta na perda total de potncia para os

    consumidores jusante do defeito. Os sistemas radiais de distribuio podem

    apresentar uma caracterstica de fracamente malhados, termo adotado para indicar

  • 24

    a possibilidade de realizao da interligao de dois ramais de um mesmo

    alimentador, sem que seja necessrio o desligamento deste alimentador.

    Outra condio de operao do sistema de distribuio denominada

    paralelismo consiste em se ter a possibilidade de conexo entre dois alimentadores

    distintos atravs de uma chave seccionadora. Esta configurao disponibiliza dois

    caminhos distintos entre a fonte de potncia e os consumidores. Podendo ser duas

    subestaes diferentes, a mesma subestao com dois transformadores diferentes

    ou mesmo o mesmo transformador. Este sistema por ser mais complexo que o

    sistema radial em termos de proteo do sistema, s pode ser adotado de maneira

    momentnea, com uma durao mxima da ordem de dezenas de minutos. A sua

    vantagem est na melhoria do servio de entrega de energia, que passa a no ser

    interrompido para a maioria dos consumidores quando um segmento da rede

    desligado, uma vez que existe um caminho alternativo para o fluxo de potncia,

    atravs do fechamento da citada chave de interligao.

    1.6 ESTRUTURA DA DISSERTAO

    No captulo 2 o mtodo de Newton-Raphson apresentado de maneira

    resumida, objetivando o entendimento de sua variao, o mtodo Desacoplado

    Rpido.

    No captulo 3 o mtodo Desacoplado Rpido apresentado de maneira

    resumida, objetivando o entendimento posterior das modificaes a serem

    introduzidas pela nova metodologia.

    No captulo 4 apresentada a metodologia proposta no trabalho, tanto para

    a resoluo da rotao dos eixos de resistncias e admitncia como a metodologia

    de escolha do melhor ngulo de rotao.

    No captulo 5 so apresentados os resultados das simulaes com a

    aplicao da metodologia proposta para os sistemas de distribuio radial IEEE de

    10 barras, 34 barras e 70 barras adicionados ao caso de transmisso em anel IEEE

    de 14 barras. Tambm so apresentados os resultados das simulaes de um

    sistema de distribuio real acoplado ao caso de transmisso em anel IEEE de 14

    barras. Em todos os casos bases foi includo um sistema de gerao distribuda e no

    caso real foi realizado um paralelismo entre os dois sistemas de distribuio.

    As concluses gerais e sugestes para trabalhos futuros so apresentadas

  • 25

    no captulo 6.

  • 26

    2 MTODO DE NEWTON-RAPHSON

    O mtodo de Newton-Raphson uma ferramenta numrica bastante

    utilizada para resolues de sistemas de equaes no-lineares e consiste

    basicamente num processo no qual iteraes lineares dos sistemas so montadas e

    resolvidas. Com estas caractersticas este mtodo ficou sendo um dos principais

    para solues de clculo de fluxo de potncia de redes eltricas, principalmente para

    redes malhadas como os sistemas de transmisso.

    2.1 MTODO DE NEWTON-RAPHSON PARA SOLUO DE SISTEMAS

    ALGBRICOS.

    O mtodo de Newton parte da considerao de um sistema unidimensional

    onde se deve determinar o valor de x tal que a funo g(x)=0. Em termos

    geomtricos, a soluo da equao g(x) corresponde ao ponto onde a curva desta

    equao corta o eixo x. A soluo deste problema pelo mtodo de Newton-Raphson

    segue a seguinte seqncia:

    a) Fazer k=0 e escolher uma soluo inicial )0()( xxx k == ;

    b) Calcular o valor da funo )(xg no ponto )(kxx = ;

    c) Comparar o valor calculado de )(xg com a tolerncia especificada ;

    d) Se )(xg , ento )(kxx = ser a soluo do problema; se >)(xg deve-se prosseguir na metodologia;

    e) Linearizar a funo )(xg , por srie de Taylor , em torno do ponto )(; kk xgx ,

    ficando:

    kkkk xxgxgxxg +=+ )()()( ' (2.1)

    Sendo dxdgxg =)('

    f) Encontrar x , tal que

    0)()( ' =+ kkk xxgxg (2.2)

  • 27

    Ou seja, a nova estimativa passa a ser:

    kkk xxx +=+1 (2.3)

    Onde

    )(/)( ' kkk xgxgx = (2.4)

    g) Fazer k+1 = k e voltar ao item b.

    Considerando um sistema de n-equaes algbricas no-lineares, teremos:

    [ ]Tn xgxgxgxg ))(),.......(),(()( 21 = (2.5)

    T

    nxxxxx

    =

    ,..,, 321 (2.6)

    Seguindo o mesmo procedimento para uma equao unidimensional,

    teremos:

    ++ kkkkk xxJxgxxg )()()( (2.7)

    Onde a linearizao da funo )(xg dada apenas pelos dois primeiros

    termos da srie de Taylor e J a matriz Jacobiana dada por:

    nxnn

    nn

    n

    xg

    xg

    xg

    xg

    xx

    xx

    x

    gJ

    ==

    )(........)(...

    .

    .

    .

    )(.......)(

    1

    1

    1

    1

    (2.8)

    E calcula- se o vetor de correo

    kx por:

  • 28

    = )(.)]([ 1 kkk xgxJx (2.9)

    A soluo deste problema pelo mtodo de Newton-Raphson segue a

    seguinte seqncia:

    a) Fazer k=0 e escolher uma soluo inicial

    == )0()( xxx k ;

    b) Calcular o valor da funo

    )( kxg ;

    c) Testar a convergncia de

    )( kxg : se )( ki xg para i=1,n o

    processo convergiu para a soluo

    kx e termina o processo, seno,

    continuar o processo;

    d) Calcular a Matriz Jacobiana )(

    kxJ ;

    e) Determinar a nova soluo:

    + += kkk xxx 1 (2.10)

    = )(.)]([ 1 kkk xgxJx (2.11)

    f) Fazer k+1 = k e voltar ao item b

    2.2 MTODO DE NEWTON-RAPHSON PARA SOLUO DE FLUXO DE

    POTNCIA

    A seguir iremos demonstrar resumidamente o desenvolvimento do mtodo

    de Newton para a soluo de fluxo de potncia.

    Esse mtodo toma como base as equaes de potncia nodais para as

    barras da rede das correntes, resultantes da aplicao da lei de Kirchhoff. As

    injees de potncia ativa e reativa na barra k podem ser expressas por:

    )cos( kmkmkmkmKm

    mkk senBGVVP

    += (2.12)

  • 29

    )cos( kmkmkmkmKm

    mkk BsenGVVQ

    = (2.13)

    Onde k= 1, NB; sendo NB o nmero de barras da rede.

    As equaes (2.12) e (2.13) indicam a existncia de 4 variveis por barra,

    quais sejam, injeo de potncia ativa, injeo de potncia reativa, modulo e ngulo

    da tenso na barra: Vk, k, Pk e Qk . Essas variveis nodais podem configurar como

    incgnitas ou dados de entrada dependendo da classificao da barra, definida em

    trs tipos:

    1 - Barra tipo PQ so especificados os valores de Pk e Qk e

    calculados os valores de Qk e k.

    2 - Barra tipo PV so especificados os valores de Pk e Vk e

    calculados os valores de Vk e k.

    3 Barra de Referncia - so especificados os valores de Vk e k e

    calculados os valores de Pk e Qk.

    Para se obter o estado da rede necessrio conhecer os valores das

    magnitudes das tenses (V) e os ngulos de fase () destas tenses de todas as

    barras do sistema. A partir desses fatores, conhecendo-se tambm os parmetros

    do sistema de transmisso, possvel determinar a distribuio de fluxo atravs de

    todo o sistema [1].

    Tem-se, assim, para cada barra, duas equaes de potncias nodais e duas

    variveis conhecidas. As outras duas variveis devem ser encontradas atravs do

    mtodo de Newton-Raphson, criando-se assim um problema com 2NB equaes e

    2NB incgnitas:

    =

    =+

    0)cos(

    0)cos(

    kmkmkmkmkm

    mkk

    kmkmkmkmkm

    mkk

    BsenGVVQ

    senBGVVP

    (2.14)

    Normalmente um sistema eltrico composto de NPQ barras do tipo PQ;

    NPV barras do tipo PV; e 1 barra do tipo V, tomada como referncia para as

    tenses. Sendo assim, o sistema possui:

    . 2 (NPQ + NPV + 1) variveis especificadas

    . 2 (NPQ + NPV + 1) incgnitas

  • 30

    Com isto foi criado um processo matemtico que permite uma resoluo

    mais rpida do sistema. Esse processo se resume em criar dois subsistemas, um

    para clculo das variveis de estado de todas as barras dos sistemas, ou seja,

    calcular V e para as barras PQ; e para as barras PV. Este subsistema

    normalmente chamado de subsistema 1 [1]. O outro subsistema permite calcular as

    potncias nodais de todas as barras dos sistemas, ou seja, P e Q da barra V e Q

    das barras PV, alm da determinao da distribuio dos fluxos de potncia ativa e

    reativa das perdas do sistema. Este subsistema normalmente chamado de

    subsistema 2 [1], e pode ser obtido diretamente, ou seja, sem a necessidade de

    processo iterativo.

    A seguir iremos detalhar melhor o processo matemtico para resoluo do

    subsistema 1 que, por envolver soluo de equaes algbricas no-lineares, exige

    a aplicao de mtodos iterativos.

    2.2.1 Subsistema 1

    Conforme j mencionado este subsistema permite obter os valores de V e

    desconhecidos das barras da rede.

    Como para as barras do tipo V a soluo j conhecida, estas barras no

    entram nesta etapa; apenas as barras do tipo PQ e PV so consideradas, visto que

    os valores de V e so desconhecidos para as barras PQ e os valores de Q e so

    desconhecidos paras barras do tipo PV.

    Tem-se, assim, um sistema determinado:

    . (2NPQ + NPV) dados especificados: P e Q das barras PQ; P das

    barras PV

    . (2NPQ + NPV) incgnitas: V e das barras PQ; das barras PV

    Chamando de Pkesp

    e Qkesp

    os valores conhecidos de P e Q ento, o objetivo

    resolver:

    =

    =+

    0)cos(

    0)cos(

    kmkmkmkmkm

    mkespk

    kmkmkmkmkm

    mkesp

    k

    BsenGVVQ

    senBGVVP

    (2.15)

  • 31

    2.2.2 Subsistema 1 - Aplicao do Mtodo de Newton

    As incgnitas do Subsistema 1 podem ser agrupadas no vetor de estado x ,

    tal que:

    =

    Vx

    (2.16)

    Onde o vetor dos ngulos das tenses das barras PQ e PV e tem dimenso (NPQ + NPV), e V o vetor das magnitudes de tenses das barras PQ e

    tem dimenso NPQ.

    Com o sistema (2.15) reescrito, podemos obter:

    ==

    ==

    0

    0calck

    espkk

    calck

    espkk

    QQQ

    PPP (2.17)

    Sendo que:

    Pk e Qk so os resduos ou mismatches de potncia ativa e reativa da barra k;

    espKP e espKQ so os valores j conhecidos de P e Q;

    calcKP e calcKQ so calculados atravs das equaes (2.12) e (2.13) de potncias

    nodais.

    Os valores de Pk obtidos so validos para as barras do tipo PQ e PV, j os valores

    de Qk so validos para as barras do tipo PQ.

    Definindo a funo vetorial )(xg por:

    0)( =

    =Q

    Pxg (2.18)

    Onde P um vetor de desvios de potncia ativa de dimenso (NPQ + NPV)

    e Q um vetor de desvios de potncia reativa de dimenso NPQ.

    Pelo mtodo iterativo de Newton, para cada iterao v, tem-se:

    kkk xxJxg = ).()( (2.19)

  • 32

    Onde:

    J a matriz Jacobiana das derivadas de )(xg x;

    x o vetor de correo de estado.

    E estes so calculados a cada iterao.

    Com o apresentado acima e realizando manipulaes algbricas possvel obter-se

    o sistema linear do problema de fluxo de potncia a ser resolvido a cada iterao v:

    =

    k

    kk

    k

    k

    Vx

    LM

    NH

    Q

    P )( (2.20)

    Sendo assim, possvel perceber que a matriz Jacobiana composta pelas

    submatrizes chamadas de H, N, M e L definidas por:

    = PH

    VP

    N=

    = QM

    VQ

    L= (2.21)

    Como para redes de transmisso malhadas a matriz admitncia Y

    simtrica, possvel calcular os elementos de cada submatriz atravs das equaes

    2.22, 2.23, 2.24 e 2.25, indicadas a seguir:

    +==

    ==

    ==

    )cos(

    )cos(

    2

    kmkmkmkmmkk

    mmk

    kmkmkmkmmkm

    kkm

    kkkkk

    kkk

    BsenGVVP

    H

    BsenGVVP

    H

    QVBP

    H

    (2.22)

  • 33

    ==

    ==

    +==

    )cos(

    )cos(

    )( 21

    kmkmkmkmmk

    mmk

    kmkmkmkmkm

    kkm

    kkkkkk

    kkk

    senBGVVP

    N

    senBGVVP

    N

    VGPVVP

    N

    (2.23)

    ==

    +==

    +==

    )cos(

    )cos(

    2

    kmkmkmkmmkk

    mmk

    kmkmkmkmmkm

    kkm

    kkkkk

    kkk

    senBGVVQ

    M

    senBGVVQ

    M

    PVGQ

    M

    (2.24)

    +==

    ==

    ==

    )cos(

    )cos(

    ( 21

    kmkmkmkmmk

    mmk

    kmkmkmkmmkm

    kkm

    kkkkkk

    kkk

    BsenGVVQ

    L

    BsenGVVQ

    L

    VBQVVQ

    L

    (2.25)

    A dimenso de cada submatriz :

    Matriz H: [(NPQ + NPV) (NPQ + NPV)];

    Matriz N: [(NPQ + NPV) NPQ]

    Matriz M:[NPQ (NPQ + NPV)]

    Matriz L:[NPQ NPQ]

    O vetor de correes de variveis para uma determinada iterao obtido

    atravs de:

    =

    k

    kk

    k

    k

    Q

    Px

    LM

    NH

    V

    )1()( (2.26)

  • 34

    A soluo do processo iterativo ocorre quando, para um determinado estado

    (, V), os desvios de potncia estiverem bem prximos de zero, ou seja, as

    potncias ativas e reativas calculadas para as barras do tipo PQ devem ser iguais ou

    estar bem prximas das especificadas. O mesmo vale para os valores das potncias

    ativas das barras tipo PV.

    Usualmente so determinadas as seguintes condies de convergncia,

    utilizando os desvios de potncia:

    |Pk| P, para as barras k do tipo PQ e PV

    |Qk| Q, para as barras k do tipo PQ

    Onde P e Q so as tolerncias admitidas para os mismatches de potncia

    ativa e reativa, respectivamente.

    2.3 ALGORTMO BSICO PARA A RESOLUO DOS SUBSISTEMAS 1 E 2 PELO

    MTODO DE NEWTON-RAPHSON

    As etapas para a resoluo do problema de fluxo de potncia de carga pelo

    mtodo de Newton-Raphson so descritas a seguir.

    SUBSISTEMA 1

    1. Fazer v=0 (contador de iteraes) e escolher valores iniciais dos ngulos

    das tenses das barras PQ e PV e as magnitudes das tenses das barras

    PQ, criando assim o vetor:

    =0

    0

    Vx

    (

    2.27)

    2. Calcular Pk(V

    k

    , k

    ) para as barras PQ e PV e Qk (Vk

    , k

    ) para as barras PQ

    e determinar os respectivos desvios de potncia: Pv

    k Q

    v

    k .

    3. Testar a convergncia: se max{|Pk

    |}k=PQ,PV P e max{|Q

    k|}k=PQ Q , o processo iterativo convergiu para a soluo (V

    ,

    ), ento ir para o

    passo 7. Caso Contrrio executar o passo seguinte.

    4. Calcular a matriz jacobiana

  • 35

    ),(),(),(),(

    kkkk

    kkkk

    VLVM

    VNVH

    (2.28)

    5. Calcular os vetores de correes resolvendo o sistema:

    =

    ),(

    ),(

    ),(),(),(),(

    kk

    kk

    kkkk

    kkkk

    k

    k

    VQ

    VPx

    VLVM

    VNVH

    V

    (2.29)

    E determinar a nova soluo:

    kkk

    kkk

    VVV +=+=

    +

    +

    1

    1

    6. Fazer (k+1 = k) e voltar ao passo 2.

    SUBSISTEMA 2

    7. Calcular Pk e Qk para a barra de referncia e Qk para as barras tipo PV,

    calcular fluxos de potncia ativa e reativa dos elementos da rede e calcular perdas.

    2.4 CONSIDERAES FINAIS DESTE CAPTULO

    O mtodo de NewtonRaphson, aplicado resoluo de fluxo de potncia

    de redes eltricas, hoje a mais difundida e robusta ferramenta usada para

    obteno da soluo dos valores das tenses complexas das barras do sistema. No

    entanto, sob certas condies, o mtodo pode no apresentar convergncia, como

    no caso de redes radiais, ou encontrar uma soluo para o sistema, no-factvel

    para a rede eltrica. Isto principalmente em redes de distribuio com caractersticas

    radiais onde dois fatores contribuem para a no convergncia do sistema: um dos

    fatores seria, como j mencionado anteriormente, a relao r/x do sistema de

    distribuio ser diferente da relao r/x do sistema de transmisso e outra razo

    seria o condicionamento da matriz Jacobiana. Em [12] apresentada anlise onde

    se verifica que no caso de redes em anel (redes malhadas) a matriz Jacobiana

    apresenta a caracterstica de ser diagonalmente dominante, ou seja, o elemento da

    diagonal principal maior que a soma de todos os elementos da mesma linha, fora a

    diagonal. Em sistemas radiais esta caracterstica no se repete, indicando que a

    convergncia do sistema se torna mais difcil.

  • 36

    Com o passar do tempo este mtodo foi aprimorado com diversos tipos de

    controle e limites, entre os principais podemos citar o controle dos valores de tenso

    das barras, injeo de potncias ativas e reativas, bem como a incluso de taps de

    transformadores. E tambm ocorreram implementaes no mtodo de Newton-

    Raphson para um melhor desempenho devido aos poucos recursos computacionais

    existentes anteriormente. Entre uma dessas variaes est o Mtodo de Newton

    Desacoplado Rpido (NDR) que ser alvo de estudo do prximo captulo.

  • 37

    3 MTODO DE NEWTON-RAPHSON DESACOPLADO RPIDO

    O mtodo desacoplado e, subseqentemente, o mtodo desacoplado rpido

    foram desenvolvidos com uma variao do mtodo de Newton-Raphson para que o

    processo de clculo do fluxo de potncia pudesse convergir de maneira mais rpida

    e para isso foram utilizadas algumas simplificaes aproximaes. O primeiro

    considera a existncia de uma pouca sensibilidade entre [P e V] e entre [Q e ]. O

    segundo vai alm, realizando simplificaes em algumas grandezas eltricas e

    obtendo uma notria reduo de custo computacional.

    A seguir iremos descrever resumidamente estes dois mtodos.

    3.1 MTODO DE NEWTON DESACOPLADO

    No captulo dois foram apresentadas as submatrizes H, N, M e L que

    compem a matriz Jacobiana (J), as quais indicam as sensibilidades entre as

    potncias (ativas e reativas) e as tenses complexas (magnitudes e ngulos de

    fase), sendo possvel observar para estas submatrizes que as sensibilidades entre

    [P e ] e entre [Q e V ] so bem maiores que aquelas entre [P e V ] e [Q e ].

    Quando existe uma sensibilidade forte entre duas variveis se diz que existe

    um acoplamento forte e quando a sensibilidade fraca pode-se dizer que existe um

    desacoplamento.

    Com estas premissas foi deduzido o mtodo de Newton Desacoplado no

    qual so desprezadas as submatrizes N e M, j que seus valores so

    substancialmente menores que os de H e L.

    Utilizando estas simplificaes possvel deduzir que:

    ==

    kkkkk

    kkkkk

    VVLVQ

    VHVP

    ).,(),(

    ).,(),(

    (3.1)

    +=+=

    +

    +

    kkk

    kkk

    VVV 1

    1 (3.2)

    As equaes (3.1) e (3.2) so chamadas de resoluo simultnea, pois os

    mismatches de potncias ativa e reativa so calculados com base nos valores de

    estado da iterao anterior.

  • 38

    Uma maneira de melhorar a caracterstica de convergncia do sistema

    utilizando o esquema de soluo alternado, no qual se tem:

    +=

    =+ kkk

    kkkkk VHVP

    1

    ).,(),( (3.3)

    +==

    + kkk

    kkkkk

    VVV

    VVLVQ1

    ).,(),( (3.4)

    Sendo que o sistema (3.3) constitui a meia-iterao, atravs da qual feita a

    atualizao dos ngulos de fase das tenses das barras, relacionados aos

    mismatches de potncia ativa (meia-iterao ativa). O sistema (3.4) compe a outra

    meia-iterao, na qual feita a atualizao das magnitudes das tenses das barras,

    relacionadas aos mismatches de potncia reativa (meia-iterao reativa). Aqui,

    utilizam-se os valores atualizados dos ngulos de fase, melhorando o desempenho

    do mtodo. Tem-se, portanto, uma atualizao de variveis de estado a cada meia-

    iterao.

    3.2 ALGORTMO BSICO PARA A RESOLUO DOS SUBSISTEMAS 1 E 2 PELO

    MTODO DESACOPLADO

    Seja p e q como os contadores das meias-iteraes ativa e reativa,

    respectivamente, e KP e KQ como os indicadores de convergncia dos

    subproblemas ativo e reativo, respectivamente, esses tm a funo de sinalizadores

    (semforos) computacionais: sempre que alguma varivel de estado alterada, o

    indicador de convergncia do outro subproblema igualado a 1, provocando uma

    avaliao dos mismatches deste outro subproblema, mesmo que j tenha

    convergido em uma iterao anterior. Com isso, evita-se afastamento do ponto de

    soluo.

    SUBSISTEMA 1

    1 - Atribuir os valores iniciais: KP =KQ =1, p =q =0. Escolher valores iniciais

    para as magnitudes (barras PQ) e ngulos de fase (barras PQ e PV) das tenses

    nodais no fornecidas. Com isso, tem-se o vetor:

  • 39

    =0

    0

    Vx

    (3.5)

    2 - Calcular Pk(p, Vq ) para as barras PQ e PV. Calcular os respectivos

    mismatches de potncia Pk.

    3 - Testar a convergncia: se

    max{|Pk|} P para k=PQ,PV (3.6)

    Ir para o passo 13; caso contrrio ir para o prximo passo.

    4. Calcular a matriz H. Calcular os vetores de correes para , resolvendo

    ),(.),( 1 qpqpp VPVH = (3.7)

    e determinar o novo valor

    ppp +=+1 (3.8)

    5. Incrementar o contador de meias-iteraes ativas (p p +1).

    6. Fazer KQ =1.

    7. Calcular Qk (p, Vq ) para as barras PQ. Calcular os respectivos

    mismatches de potncia Qk.

    8. Testar a convergncia: se

    max{|Qk|} Q, para k=PQ (3.9)

    Ir para o passo 13; se no convergiu, ir para o prximo passo

    9. Calcular a matriz L. Calcular os vetores de correes para V, resolvendo

    ),(.),( 1 qpqpq VQVLV = (3.10)

    e determinar o novo valor

    qqq VV +=+ 1 (3.11)

    10. Incrementar o contador de meias-iteraes reativas (q q +1).

  • 40

    11. Fazer KP =1.

    12. Voltar ao passo 2.

    13. Fazer KP =0. Testar: se KQ =0, o processo convergiu. Se sim, ir para o

    passo 15, se no, voltar para o passo 7.

    14. Fazer KQ =0. Testar: se KP =0, o processo convergiu. Se sim, ir para o

    passo 15, se no, voltar para o passo 2.

    SUBSISTEMA 2

    15. Calcular Pk e Qk para a barra de referncia e Qk para as barras tipo PV.

    Calcular fluxos de potncia nos elementos da rede e calcular perdas.

    Neste algoritmo, os passos 2 a 6 e 13 correspondem meia-iterao ativa.

    Os passos 7 a 12 e 14 correspondem meia-iterao reativa. A resoluo do

    subsistema 2 (passo 15) igual ao mtodo de Newton-Raphson.

    3.3 MTODO DESACOPLADO RPIDO (NDR)

    Baseando-se no mtodo desacoplado, faz-se algumas consideraes a fim

    de se chegar a um mtodo de clculo mais rpido.

    Seja a matriz diagonal de magnitude de tenses, cuja dimenso definida

    de acordo com as dimenses de H e L, ou seja:

    =

    NBV

    V

    V

    V

    ..002

    1

    (3.12)

    De forma que define-se duas novas matrizes, H e L, dadas por:

    HVH 1' = (3.13)

    LVL 1' = (3.14)

    Os elementos dessas duas matrizes so, portanto:

  • 41

    +==

    =

    =

    )cos('

    )cos('

    '

    kmkmkmkmkk

    mmk

    kmkmkmkmmkm

    kk

    kkkkkk

    BsenGVP

    H

    BsenGVH

    QVQ

    BVH

    (3.15)

    ==

    +=

    kmkmkmkmmk

    kmkmkmkmkm

    k

    kkkkk

    BsenGL

    BsenGL

    VQ

    BL

    cos'

    cos'

    ' 2

    (3.16)

    Tem-se assim o mtodo desacoplado modificado, definido por:

    = './ HVP (3.17)

    VLVQ = './ (3.18)

    Levando em conta as seguintes consideraes:

    km pequeno, de tal forma que cos(km) muito prximo de 1. Esta

    aproximao vlida para sistemas de transmisso de Extra Alta Tenso e Ultra

    Alta Tenso e tambm para sistemas de distribuio, j que para estes ltimos as

    aberturas angulares so em geral pequenas;

    Bkm , em magnitude, muito maior que Gkmsenkm. Para Extra Alta Tenso

    a relao Bkm/Gkm da ordem de 5, e para de UAT a relao Bkm/Gkm pode atingir a

    ordem de 20.

    Bkk V 2h , em magnitude, muito maior que Qk. Isso indica que as reatncias

    shunt so, na grande parte dos casos, muito maiores que as reatncias srie (linhas

    e transformadores);

    As tenses Vk so prximas da unidade (em p.u.).

    Aplicando estas aproximaes s matrizes H e L chega-se a duas novas

    matrizes, chamadas de B e B, respectivamente:

  • 42

    ===

    kmmk

    kmkm

    kkkk

    BB

    BB

    BB

    '

    '

    '

    (3.19)

    ===

    kmmk

    kmkm

    kkkk

    BB

    BB

    BB

    "

    "

    "

    (3.20)

    V-se aqui um resultado bastante interessante: as matrizes B e B

    dependem apenas dos parmetros da rede (impedncias e suceptncias dos ramos

    e elementos shunt), ficando, portanto, independentes das variveis de estado do

    sistema (magnitudes e ngulos das tenses nodais). As novas matrizes aproximam-

    se bastante da matriz susceptncia nodal B, com a ressalva de que em B no

    constam as linhas e colunas referentes barra V, e em B no constam as linhas e

    colunas referentes s barras V e PV. Essas matrizes so constantes ao longo do

    processo iterativo (diz-se que o mtodo apresenta "tangente fixa"), diminuindo o

    tempo computacional e a quantidade de memria antes usada para calcular e

    inverter H e L a cada iterao. Da o mtodo ser denominado desacoplado rpido,

    cujas equaes so:

    = './ BVP (3.21)

    VBVQ = "./ (3.22)

    Estas equaes passam a substituir os passos 4 e 9 do algoritmo do mtodo

    desacoplado, apresentado na seo 3.1.1. O restante do algoritmo no alterado.

    As matrizes constantes B e B so calculadas logo no passo 1 e apenas uma vez

    para todo o processo iterativo.

    3.4 VERSES DO MTODO DESACOPLADO RPIDO

    Com um estudo mais aprofundado do mtodo desacoplado rpido foram

    propostas e avaliadas 4 (quatro) verses deste mtodo, sendo assim nomeados:

    verso BB, verso XB , verso BX e verso XX [15, 16].

    Resumidamente a diferena entre os quatro mtodos est em se usar ou

  • 43

    no os valores das resistncias das linhas e se no for utilizada onde desprezar

    estes valores.

    A verso BB no despreza os valores das resistncias e se pode dizer que

    o mtodo desacoplado rpido propriamente dito.

    A verso XB despreza os valores das resistncias para a formao da

    matriz B, sendo este o mtodo mais utilizado.

    A verso BX despreza os valores das resistncias para a formao da matriz

    B.

    A verso XX despreza os valores das resistncias para a formao tanto da

    matriz B como da matriz B.

  • 44

    4 MTODO DE NEWTON RAPHSON DESACOPLADO RPIDO COM ROTAO

    TIMA DOS EIXOS

    4.1 INTRODUO

    As aproximaes e simplificaes consideradas na elaborao do mtodo de

    Newton Raphson Desacoplado Rpido, apresentadas no captulo anterior, esto

    associadas, principalmente, as relaes entre reatncias e resistncias (r/x) dos

    elementos da rede. As relaes r/x das linhas de transmisso, por sua vez,

    dependem do tipo de cabo e do nvel de tenso do sistema. Quanto mais alto o nvel

    de tenso, maiores so as relaes r/x, conseqentemente, maior o acoplamento

    P-, Q-V, ou seja, mais adequadas so as referidas aproximaes.

    Os sistemas de transmisso, onde os nveis de tenso so iguais ou

    superiores a 230kV, apresentam relaes x/r iguais ou superiores a 5, garantindo o

    bom desempenho dos mtodos desacoplados. No entanto, as linhas de transmisso

    dos alimentadores dos sistemas de distribuio, que envolvem tenses inferiores a

    69kV, possuem relaes muito baixas, podendo ser inferiores a unidade. Portanto,

    os mtodos desacoplados, na sua forma convencional, no podem ser aplicados a

    sistemas de distribuio.

    A tcnica de rotao utilizada nesse trabalho foi proposta em meados da

    dcada de 80 [5] e consiste basicamente em mudar o sistema de referncia

    complexo atravs de uma rotao dos eixos real e imaginrio, de modo que as

    impedncias representadas no novo sistema de referncia possuam relao r/x

    favorvel ao desacoplamento adotado pelo mtodo de fluxo de potncia

    desacoplado rpido.

    Neste captulo a tcnica proposta em [5] apresentada de duas formas, a

    forma convencional, baseada na idia de rotao dos eixos complexos, e na forma

    de uma normalizao por unidade (p.u.) complexa, baseada na adoo de uma base

    complexa de potncia, o que permite a normalizao no apenas do mdulo, mas

    tambm dos ngulos das impedncias, possibilitando, assim, a adequao da

    relao r/x de forma similar rotao de eixos.

    Finalmente, esse captulo apresenta a metodologia proposta nesse trabalho

    de um fluxo de potncia unificado para redes de transmisso interconectadas a

    alimentadores de distribuio, atravs da aplicao da normalizao complexa, ou

  • 45

    rotao de eixos, aos elementos dos alimentadores, permitindo a utilizao dos

    mtodos de Newton e suas variaes desacopladas.

    4.2 RELAES R/X TPICAS EM SISTEMAS DE TRANSMISSO E

    DISTRIBUIO

    As linhas de transmisso dos sistemas de distribuio, ao contrrio daquelas

    presentes em sistemas de transmisso, apresentam, tipicamente, valores de

    resistncia srie de ordem equivalente, ou mesmo superiores aos seus valores de

    reatncia srie.

    A Figura 1 ilustra a representao grfica de uma impedncia srie tpica de

    uma linha de transmisso de um sistema de alta tenso. Nesta possvel perceber

    que o valor da resistncia r ( ou p.u. ) muito pequeno em relao ao valor da

    reatncia x ( ou p.u. ). Essas caractersticas das redes de alta tenso implicam

    em um forte acoplamento entre a abertura angular e o fluxo de potncia ativa e,

    tambm, entre a diferena de potencial e a potncia reativa, resultando no

    conhecido desacoplamento P-QV.

    FIGURA 1 REPRESENTAO GRFICA DA IMPEDNCIA TPICA DE ALTA TENSO

    Valores tpicos de relao r/x para sistemas de transmisso e distribuio

    em funo do cabo utilizado so apresentados no Quadro 2.

  • 46

    Cabos Utilizados em rede de

    Transmisso

    Cabos Utilizados em rede de

    Distribuio

    Tipo Bitola r/x Tipo Bitola r/x

    Cobre 450 MCM a

    9000 MCM

    0,29 a 0,17 Cobre 6 AWG

    300 MCM

    3,13 a 0,33

    Alumnio com

    Alma de Ao

    556,5 MCM

    a 1,75 Pol

    0,41 a 0,21 Alumnio

    sem Alma

    de Ao

    4 AWG

    336,4 MCM

    3,2 a 0,51

    QUADRO 2 RELAO DE R/X POR NVEL DE TENSO FONTE: O Autor

    Na Figura 2 est ilustrada graficamente uma impedncia srie tpica de um

    alimentador de um sistema de distribuio. Neste caso percebe-se que o valor da

    resistncia r ( ou p.u. ) e da reatncia x ( ou p.u. ) tem propores

    equivalentes, impedindo a aplicao das tcnicas de desacoplamento adotadas

    pelos mtodos desacoplados.

    FIGURA 2 - REPRESENTAO GRFICA DE IMPEDNCIA DE MEDIA TENSO

    4.3 ROTAO DE EIXOS COMPLEXOS

    De acordo com [5-6] uma impedncia pode ser representada em outro plano

    real-imaginrio, cujos eixos estejam defasados de um ngulo em relao aos

    eixos anteriores. A Figura 3 ilustra a rotao de eixos aplicada a uma impedncia

  • 47

    tpica de rede de distribuio. Nesse novo plano a impedncia passa a ser

    representada pelos componentes rrot e xrot.

    FIGURA 3 ROTAO DOS EIXOS DA IMPEDNCIA

    Sendo assim, verifica-se que esta tcnica permite o ajuste dos valores de

    resistncia e reatncia srie dos elementos da rede, a partir do ngulo de rotao,

    de forma que esses possam apresentar, por exemplo, as mesmas caractersticas

    das redes de alta tenso, permitindo assim, a aplicao de mtodos desacoplados

    de fluxo de potncia.

    4.3.1 Representao Matemtica do Mtodo

    A rotao de eixos ilustrada na Figura 4.3 implica que:

    Zrot= Z . ej (4.1)

    Onde Z a impedncia original do ramo e o ngulo de rotao.

    Assim, os valores rotacionados de resistncia e reatncia so definidos por

    = senxrr rot .cos. (4.2)

  • 48

    = cos.. rsenxx rot (4.3)

    A relao rrot/xrot pode, ento, ser expressa por:

    nrsenx

    senxrxr

    rot

    rot

    cos...cos.

    = (4.4)

    Em [4] evidencia-se a possibilidade da utilizao da variao do ngulo de

    rotao, , na obteno de uma nova relao rrot/xrot, adequada a aplicao do Fluxo

    de Potncia Desacoplado Rpido.

    A rede fictcia obtida com a aplicao do ngulo de rotao definido para

    todos os ramos da rede requer que as injees de potncia ativa e reativa nas

    barras sejam igualmente rotacionadas. Esta alterao se faz necessria para que os

    valores de magnitude e ngulo da tenso em cada barra da rede fictcia sejam os

    mesmos da rede original, evitando assim a necessidade de aplicao de um

    processo de desrotao aos estados da rede.

    As relaes entre potncia complexa (S), tenso complexa (V), impedncia

    (Z) e corrente (I) podem ser descritas como:

    *IVS = (4.5)

    e

    ZV

    I =

    (4.6)

    Substituindo-se Z por Zrote-j , tem-se:

    )(. jrot eZV

    I = (4.7)

    A equao (4.7) mostra que se nas correntes for aplicada uma rotao de

    mesmo ngulo, mas de sentido oposto aplicada s impedncias, as tenses complexas sero as mesmas do sistema original. Assim, para a potncia complexa tem-se:

    Srot = V .(Irot)* (4.8)

    ou

  • 49

    Srot = S.ej (4.9)

    Conseqentemente, as injees de potncia ativa e reativa rotacionadas so

    expressas por:

    Prot= P. cos Q. sen (4.10)

    Qrot= P. sen Q. cos (4.11)

    Dessa maneira, aplicando-se a rotao de eixos aos valores especificados

    de potncia ativa e reativa, alm das impedncias sries, o Fluxo de Potncia

    Desacoplado Rpido apresentar bom desempenho e fornecer o mesmo estado

    (tenses complexas) da rede original. Aps a convergncia nas grandezas de

    interesse, aplicada a rotao em sentido inverso, obtendo-se ento os valores

    reais da rede.

    4.4 MTODO DA NORMALIZAO COMPLEXA POR UNIDADE

    Esta seo apresenta uma forma alternativa de interpretar a rotao de

    eixos descrita na seo anterior, baseada nos conceitos de normalizao das

    grandezas dos sistemas de energia.

    A difundida normalizao das grandezas eltricas em sistemas de energia,

    conhecida por normalizao por unidade (ou simplesmente p.u.), oferece inmeros

    benefcios. A idia bsica estabelecer valores de base para grandezas, tais como

    tenso, corrente, impedncia, potncia e definir a grandeza em p.u., como segue:

    grandezadebasevalorrealgrandeza

    unidadeporgrandeza = (4.12)

    Tenso, corrente, potncia e impedncia so grandezas que se relacionam

    de tal forma que a escolha de valores de base para quaisquer duas delas determina

    os valores de base para as outras duas. Se forem especificadas as bases para

    corrente e tenso, poderemos determinar as bases para impedncia e potncia

  • 50

    aparente. Isto pode se melhor observado atravs das equaes (4.13) e (4.14)

    abaixo.

    IZV .= (4.13)

    = IVS . (4.14)

    Normalmente, devido s necessidades e convenincias, escolhe-se uma

    base comum de potncia (em voltampere), ou seja, Sbase para todo o sistema e uma

    base em um nvel arbitrrio de tenso. Diferentes bases de tenso so especificadas

    para cada nvel de tenso, todos relacionados com a relao de transformao de

    cada banco de transformador. As bases para as quantidades atuais de impedncia e

    corrente so obtidas a partir das equaes (4.13) e (4.14).

    A convenincia da representao em p.u. das grandezas em sistemas

    eltricos de potncia bem conhecida. Normalmente, a tenso e potncia de base

    so valores reais, resultando em valores reais de base de impedncia e corrente.

    Dessa forma, a normalizao afeta apenas os mdulos das grandezas envolvidas.

    Nesse trabalho consideramos a possibilidade de adoo de uma base de potncia

    (em VA) complexa, isto :

    basejbasebase eSS

    = .

    (4.15)

    J as grandezas bases de tenso so definidas da mesma forma que na

    normalizao em pu convencional, ou seja, um diferente valor de magnitude

    escolhido para cada nvel de tenso do sistema de acordo com as relaes de

    transformao, enquanto que o ngulo da tenso de base nulo. Dessa forma, a

    base da potncia complexa, enquanto as bases para as tenses so reais, de

    forma que.

    basej

    basebase VeVV ==0. (4.16)

    Portanto, a partir de (4.15) e (4.16), podemos concluir que o valor base de

    impedncia Zbase ser tambm complexo e definido por:

  • 51

    base

    base

    jbasebase

    j

    base

    base

    base

    basebase

    eZZ

    eSV

    SV

    Z

    =

    ==

    .

    22

    (4.17)

    A equao (4.17) implica que a grandeza da impedncia na representao

    pu ter uma magnitude normalizada que depende dos valores de base adotados

    para potncia e tenso, assim como na definio convencional por unidade. Alm

    disso, e diferentemente da normalizao convencional, os novos valores de

    impedncia em p.u. tero defasagem angular definida pelo ngulo de fase da

    impedncia base (idntico ao ngulo da potncia de base) com sinal contrrio, ou

    seja

    )(.

    .

    .

    base

    base

    jpupu

    jbase

    j

    basepupupu

    eZZ

    eZ

    eZ

    Z

    jXRjXRZ

    +

    =

    =+

    =+=

    (4.18)

    onde orig o ngulo original da impedncia srie do elemento.

    Conseqentemente, os valores em p.u. da parte real (resistncia) e

    imaginria (reatncia) da impedncia so definidos por:

    ( )baseoripupu ZR += cos. (4.19)

    ( )baseorigpupu ZX += sin. (4.20)

    Assim, a relao r/x na nova normalizao pu complexa dada por :

    ( )baseorigpu

    pu

    R

    X += tan (4.21)

    De forma similar, as injees de potncia ativa e reativa so devidamente

    normalizadas pela base voltampere complexa, ou seja:

  • 52

    base

    VApupupu S

    SQjPS =+= .

    (4.22)

    e

    ( )basepupu SP += cos. (4.23) ( )basepupu SQ += sin. (4.24)

    As equaes (4.19), (4.20), (4.23) e (4.24) mostram que uma nova relao

    entre o fluxo de potncia ativa e potncia reativa, bem como entre os valores da

    reatncia e resistncia do ramo, obtida para o sistema normalizado. Portanto, as

    relaes r/x representadas pela equao (4.21) podem ser ajustadas pela definio

    do ngulo de fase da potncia de base base. Isso significa que os problemas sobre a

    convergncia do mtodo desacoplado rpido para o sistema de distribuio ditada

    pela baixa r/x podem ser contornados atravs da adequada escolha /determinao

    do ngulo base.

    importante observar que, a soluo obtida para os estados a partir da

    aplicao do clculo de fluxo de potncia para o sistema normalizado com o uso de

    uma base complexa de potncia exatamente a mesma que a obtida com a base

    real (p.u. convencional). Isto esperado, uma vez que as bases de tenso so

    mantidas reais na nova abordagem.

    4.5. EQUIVALNCIA ENTRE OS MTODOS

    Os dois mtodos de clculo para realizar a mudana dos valores de

    resistncia, reatncia, das potncias ativas e reativas em funo do ngulo de

    rotao do eixo so equivalentes e trazem o mesmo resultado final. Podem ser

    utilizadas qualquer uma das duas metodologias diretamente sem prejuizo ou

    necessidade de qualquer alterao nos valores obtidos aps a aplicao da rotao.

    4.6 CLCULO DO NGULO DE BASE OU DE ROTAO

    As duas sees anteriores demonstram que a definio do valor do ngulo

    de rotao ou ngulo de base essencial para a aplicao da tcnica ao sistema em

  • 53

    estudo. Em [6] os autores propem a determinao do ngulo a partir do ajuste da

    relao r/x do sistema, tornando-a adequada aos nveis de transmisso, algo em

    torno de 3 (trs), por exemplo. A desvantagem dessa tcnica a necessidade de

    verificar se a aplicao do ngulo ao ramo com melhor relao no o torna

    inadequado ao desempenho dos mtodos desacoplados.

    Alternativas para determinao do ngulo de rotao foram propostas na

    literatura. A seguir apresentamos dois mtodos para determinao do ngulo.

    4.6.1 ngulo timo Orientado ao Ramo

    Como j citado anteriormente, o ngulo de rotao ou de base base

    precisa ser ajustado s necessidades do sistema. Busca-se, portanto, um valor nico

    e ideal para cada alimentado. Uma opo realizar uma rotao automtica, isto ,

    o ngulo de rotao conforme descrito na seqncia.

    O desacoplamento sobre o qual se baseia o fluxo de carga desacoplado

    rpido consiste em desconsiderar o efeito dos mdulos das tenses nas barras

    sobre a injeo de potncia ativa e o efeito dos ngulos das mesmas na injeo de

    potncia reativa. Assim, para realizar o clculo do ngulo de rotao utiliza-se um

    critrio que consiste em minimizar os acoplamentos entre P e V e entre Q e , ou

    seja, o ngulo deve fazer com que as submatrizes N e M [8], obtidas aps a

    rotao, tenham valores prximos de zero. Resumindo, o ngulo de rotao deve ser

    ajustado de forma a atender hiptese do desacoplamento.

    Com esta tcnica obtm-se um ngulo de rotao para cada trecho k-m,

    diferentemente de um mesmo ngulo aplicado a toda a rede. Cada equao nodal

    possui seu respectivo ngulo otimizado.

    Inicialmente so calculados os ngulos das impedncias de cada trecho k-m

    da rede de distribuio, definido por km:

    tg km = (xkm/rkm) (4.25)

    O segundo passo consiste em determinar o ngulo ideal de rotao para

    cada trecho. Considerando que se pretende determinar a maior relao r/x possvel

    (ou a menor relao r/x), o ngulo de rotao de cada trecho km determinado por:

    km = 90 km (4.26)

  • 54

    Analisando melhor (4.25) e (4.26) possvel verificar que para cada trecho

    k-m da rede de distribuio, estamos simplesmente fazendo com que a resistncia

    rotacionada do ramo seja igual a zero ( 0=rrot

    km).

    Finalmente, um ngulo nico para toda a rede determinado a partir da

    mdia aritmtica simples de todos os ngulos envolvidos, conforme proposto em [4].

    (timo) = (1/Nl) . km (4.27)

    onde NI o nmero total de ramos do sistema.

    A partir desse ngulo so determinados os valores rotacionados de

    resistncia e reatncia de cada ramo, ou seja:

    )(.)cos(. timokmtimokmrot

    km senxrr = (4.28)

    )cos(.)(. timokmtimokmrotkm xsenrx += (4.29)

    Conforme mencionado anteriormente, as potncias injetadas ativa e reativa

    so igualmente rotacionadas para garantir que o estado obtido para a rede fictcia

    seja o mesmo da rede original. Assim:

    )(.)cos(. timoktimokrot

    k senQPP = (4.30)

    )cos(.)(. timoktimokrotk QsenPQ += (4.31)

    4.6.2 ngulo timo Orientado a Barra

    Outra forma de clculo do ngulo seria direcionado a barra [4], que resulta

    em um processo mais complexo e que, no entanto, no apresenta ganhos

    significativos quando comparado com o mtodo proposto anteriormente, por isto no

    foi utilizado para a realizao deste trabalho.

    Basicamente, a diferena do mtodo do ngulo orientado barra est em

    calcular um ngulo timo para rotacionar uma barra k de maneira que as

    consideraes de desacoplamento de um ramo k-m sejam mantidas. Mas como este

    valor de ngulo orientado a barra, se faz necessrio novamente o clculo para os

    outros ramos conectados a mesma barra, sendo assim, o ngulo calculado para k-m

    diferente do ngulo calculado para m-k.

  • 55

    A alternativa encontrada para minimizar a influncia do conjunto de ramos

    ligado barra k utilizar o critrio dos mnimos quadrados.

    Demonstrando de uma maneira matemtica teremos que:

    xr

    km

    km

    ktg = (4.32)

    =

    kk km

    km

    kk xrf tg

    2

    min (4.33)

    = 0k

    k

    ddf

    02 =

    k

    k

    kk km

    km

    k ddtg

    tgxr

    (4.34)

    =

    kk km

    kmkk x

    rtgN (4.35)

    =

    kk km

    km

    kk x

    rN

    arctg1 (4.36)

    onde Nk o nmero de barras conectadas barra k.

    Este mtodo duplica o nmero de admitncias da rede e provoca a perda da

    simetria da matriz admitncia nodal, alm da rede eltrica perder sua representao

    fsica.

    Cabe ressaltar que foram realizados alguns testes utilizando a rotao de

    eixos ou normalizao complexa, mas ao invs de se utilizar o Mtodo Desacoplado

    Rpido foi utilizado o mtodo de Newton-Raphson direto e os testes apresentaram

    convergncia e resultados muito semelhantes aos obtidos com Desacoplado Rpido.

    A seguir mostrado o Fluxograma simplificado para a realizao da rotao

    dos eixos das impedncias de uma rede de distribuio.

  • 56