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ECOLOGIA DOS ECOSSISTEMAS

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O C A B O Q U I M , S E R C O M F O R M A H U M A N A , protetor dos animais e das plantas,

aparece como um indiozinho, s vezes com arco-e-flecha, s vezes com um relho com o qual aoita os que ultrapassam certos limites na explorao da floresta. Caar em demasia, a ponto de a carne dos animais estragar, cortar rvores sem necessidade, sujar as guas de um lago ou igarap s por divertimento so alguns comportamentos que podem ser castigados com uma visita do caboquim.

sementes. Ento, o programa mostra alguns tipos de se-

vm sendo implementados. Almir Gabriel conversa com Tania Sanaiotti, que coordena pesquisas no Inpa sobre o gavio-real e aprendemos sobre o que so espcies endmicas e sobre algumas espcies ameaadas de extino. O programa segue contando um pouco da histria da regio e mostra que a caa indiscriminada no um problema recente: ovos de tartarugas eram usados para manter a iluminao pblica e os peixes-boi eram caados por sua carne e couro. Nosso apresentador segue a viagem mostrando como a biopirataria pode ser prejudicial para o pas e o que o Conselho de Gesto do Patrimnio Gentico (CGEN) est fazendo para entender a biodiversidade da regio e para garantir a troca dos recursos genticos da floresta com outras naes. Conhecemos depois o Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama em Manaus, onde os animais so recebidos, tratados e enviados para criadouros especiais. Essas so algumas estratgias para a proteo da biodiversidade da imensa floresta tropical amaznica.> OS CICLOS DE CHEIA E SECA E A FORMAO DAS VRZEAS > AS FORMAES VEGETAIS NA AMAZNIA > A CAA E A PESCA ILEGAIS E OS INSTRUMENTOS DE PROTEO BIODIVERSIDADE > O PROJETO GAVIO-REAL > O QUE SO ESPCIES ENDMICAS, RARAS E EM EXTINO > A BIOPIRATARIA E ESTRATGIAS DE PROTEO DOS RECURSOS GENTICOS > O SOLO DA AMAZNIA > O CONCEITO DE ECOLOGIA > A INTERDEPENDNCIA ENTRE OS SERES VIVOS > A IMPORTNCIA DA BIODIVERSIDADE

SINOPSE DO VDEONosso apresentador, Almir Gabriel, inicia este programa cantando Estrada do sol, de Tom Jobim, e fala sobre a harmonia entre as notas musicais e a letra. Em um ecossistema equilibrado, acontece o mesmo: um equilbrio dinmico dos seres vivos entre si e destes com o ambiente. O programa trata de uma questo intrigante: como um solo to pobre em nutrientes como o da Amaznia pode manter uma floresta to rica e abundante? O pesquisador Rogrio Brido, do Inpa, nos ajuda a entender como isso possvel, explicando os mecanismos de alta eficincia das rvores nessa regio. Ele destaca tambm a importncia da interao entre os seres vivos para a manuteno da floresta e como a biodiversidade ajuda na regulao de microrganismos nas florestas tropicais. Para manter a alta diversidade de espcies, as rvores devem contar com mecanismos eficientes de disperso de

mentes e como so dispersadas: atravs dos ventos, da gua ou levadas por animais, como insetos, morcegos, aves e roedores. O programa aborda outra caracterstica importante para o aumento da biodiversidade na regio: os ciclos de cheia e seca. Nas vrzeas, as plantas devem possuir estratgias para suportar os perodos de alagamento. J a floresta de terra firme possui grande diversidade de espcies. Visitamos diferentes tipos de formaes vegetais como as savanas ou cerrados, a caatinga e as capoeiras. Os rios so importantes barreiras disperso de plantas e pequenos animais, mas tambm possuem alta diversidade. Conhecemos um criadouro de peixes ornamentais, trazidos de diversas partes da Amaznia e exportados para colecionadores do mundo todo. A caa e pesca ilegais so um problema na regio e nosso apresentador mostra os riscos de extino de plantas e animais e alguns instrumentos de proteo biodiversidade que

CONTEDOS DO VDEO

Ecologia o estudo das relaes entre os organismos e seus ambientes. Na Amaznia, as

MERGULHANDO NO TEMA

relaes biolgicas so fundamentais para o funcionamento da floresta. Algumas destas relaes dizem respeito a processos para a manuteno do sistema como um todo, sendo atributos do conjunto e no das espcies em particular. A isso denominamos propriedades emergentes. Devido predominncia dos solos pobres, grande parte dos nutrientes captado aps a decomposio das folhas e galhos cados, realizada por numerosos organismos o que mostra a interdependncia da maior das rvores ao menor dos organismos. Para aumentar a captao de nutrientes, as razes das rvores no so profundas ao contrrio, elas se ramificam prximo superfcie, formando um tapete de razes para absorver ao mximo os nutrientes que caem das copas das rvores ou que so trazidos pela chuva e pelos ventos. Essa ciclagem rpida, eficiente e energeticamente econmica, pois o reaproveitamento dos nutrientes alto. As chuvas da regio tambm no dependem apenas de fenmenos fsicos, sendo muito influenciadas por fatores biolgicos, como a evapotranspirao. fundamental compreender o sistema de evapotranspirao que ocorre na regio. Trata-se de um sistema que recicla a maior parte da gua, garantindo a umidade permanente. Quando a chuva cai, o prprio sistema de folhas retm cerca de 1/4 da gua. Os outros 3/4 chegam lentamente ao solo, sem danificar a frgil camada de hmus (solo rico em matria orgnica). Como se trata de uma regio muito quente, na medida em que a chuva chega camada mais alta da floresta (dossel), ocorre imediatamente a evaporao da gua que as prprias folhas retiveram. Do total das chuvas, aproximadamente 1/4 drenado pelos rios e o restante volta ao ar por evaporao. Isto significa que a floresta fundamental para a manuteno do clima. Evapotranspirao Parte importante do ciclo hidrolgico, a quantidade de gua evaporada de aberturas nas folhas das plantas.

A L E RTA

I M P O RT N C I A

E CO L G I CA DA S E S P C I E S DA F LO R A E DA FA U N A

PA R A S A B E R M A I S > Por que a floresta tropical tem tantas espcies, uma quantidade to maior que as florestas temperadas? Em regies frias, a temperatura se encarrega de controlar microrganismos e, logo, a disseminao de doenas causadas por eles. Mas o clima tambm no muito favorvel diversidade de espcies. Nas regies tropicais h grande quantidade de espcies, favorecidas pelo clima sem grandes variaes climticas ao longo do ano e luminosidade abundante. Porm, a quantidade de fungos e outros microrganismos tambm muito alta. Assim, se indivduos suscetveis estiverem prximos uns dos outros, a propagao inevitvel. J se os indivduos de uma espcie no estiverem to prximos entre si, pode ser o suficiente para que os organismos causadores das doenas freqentemente de pequeno porte e pequena capacidade de deslocamento no atinjam facilmente toda a populao. Assim, a alta diversidade e o maior espaamento entre indivduos da mesma espcie um mecanismo desenvolvido nas regies tropicais, caracterstico da floresta amaznica.

A importncia da biodiversidade para o controle de doenas pde ser observada no caso do cultivo de seringueiras na Amaznia. Os seringueiros encontraram as rvores naturalmente distantes entre si, entremeadas por outras espcies da floresta. No entanto, quando o interesse comercial fez com se plantassem as seringueiras prximas umas das outras para maximizar a produo, um fungo causou grandes danos espcie e, conseqentemente, produo de borracha.

Dada a estreita relao entre o clima e a maior floresta tropical do planeta, difcil prever o que acontecer com o regime e quantidade de chuvas com o avano do desmatamento da Amaznia. A retirada da cobertura vegetal possibilita que os raios de sol cheguem com maior intensidade no solo, tornando o ambiente mais seco e quente. Assim, alguns cientistas prevem que a tendncia ser a floresta se converter em savana quando o desmatamento atingir um limite que quebre as relaes entre a floresta e o clima. Qual este limite, ningum sabe ainda. O melhor ento agir logo, antes que seja tarde demais para reverter a situao.

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O mesmo problema tem sido enfrentado em algumas tentativas de estabelecer reflorestamentos baseados em uma ou poucas espcies de interesse comercial. Por isso, hoje em dia acredita-se que os agrossistemas, formados pela combinao de espcies diferentes em grupos chamados consrcios, podem ser uma soluo mais vivel para aumentar a produo de recursos florestais madeireiros e no madeireiros, como os leos, essncias e frutas. Mutualismo Relao entre duas espcies ou populaes, vantajosa para ambas. As relaes biolgicas so evidentes tambm em outros casos, como o mutualismo entre algumas espcies de formigas e plantas. Um exemplo o das embabas que possuem o tronco oco e produzem uma substncia rica em amido na base das folhas. As formigas ganham abrigo e alimentao e, em troca, atacam os animais que vm se alimentar das folhas da embaba. Outro exemplo de relao mutualista ocorre quando alguns animais, morcegos, pssaros e insetos, em sua maioria atrados por substncias nutritivas fornecidas pelas plantas, acabam contribuindo para a reproduo das mesmas. Na polinizao, o animal visita a flor para se alimentar do nctar, mas as anteras (estruturas que produzem o plen) ficam no meio do caminho, grudan-

DETALHE para as estruturas

masculinas de uma flor amaznica.

PA R A S A B E R M A I SPara saber mais sobre o funcionamento dos agrossistemas, mergulhe no captulo 8 , Desenvolvimento Sustentvel, Caderno 3.

do gros de plen em alguma parte do corpo do animal (em geral, nas patas das abelhas, nos plos dos morcegos e nas penas das aves). Ao visitar outra flor, o plen aderido pode ser repassado s estruturas femininas da planta, fecundando-as. Na polinizao, o potencial do animal para executar bem a tarefa depende de suas estruturas bucais e seu tamanho corporal, que precisam combinar com as estruturas florais. Em alguns casos, a combinao especfica e perfeita. Alguns exemplos so a castanheira (Bertholetia excelsa), que polinizada por uma espcie de abelha; a sumama (Ceiba pentandra), que polinizada por morcegos, e algumas flores que possuem tubos que s os bicos dos beija-flores podem alcanar. A outra forma pela qual os animais podem auxiliar na reproduo das espcies de plantas ocorre PA R A S A B E R M A I S > Muitas plantas possuem em suas flores tanto estruturas masculinas como femininas mas, em geral, a fecundao cruzada (gametas masculinos de uma planta e femininos de outra) uma vantagem, porque aumenta a variabilidade gentica, diminui a fixao de genes deletrios na populao (aqueles que aumentam a probabilidade de doenas e malformaes) e melhora as opes para a atuao da seleo natural. Para evitar que o plen de uma planta fecunde seus prprios vulos, as estruturas masculinas e femininas se desenvolvem de maneira assincrnica, isto , em diferentes pocas. Assim, a nica possibilidade de fecundao o plen ser conduzido de uma planta para outra. Esse processo tambm poderia ser feito pelo vento, mas as chances de chegarem ao lugar exato e no tempo certo so bem menores do que quando o plen conduzido por animais. A polinizao por animais , assim, um dos exemplos mais interessantes de como a evoluo propiciou uma adaptao precisa entre os seres, tanto entre o animal transportador e a planta, como quanto entre a prpria planta, com relao ao tempo de amadurecimento das estruturas reprodutivas.

FIQUE POR DENTROAs plantas que possuem estruturas especializadas para abrigar formigas so chamadas mirmecfilas (do grego myrmecos = formiga e phylia = afinidade).

com a disperso das sementes. Em alguns ambientes mais abertos, como as savanas e margens de rios, as sementes fecundadas podem ser transportadas para distncias relativamente grandes pelo vento ou pela gua. Mas na floresta densa, que domina na regio amaznica, pouco provvel que este tipo de transporte de sementes tenha grande sucesso uma vez que podem remover e deslocar estas estruturas para longe da planta-me. De fato, estima-se que as sementes de 80% das espcies da floresta sejam transportadas por animais, reafirmando os laos estreitos que unem os seres da floresta.

A distribuio das rvores na floresta , assim, resultante da influncia de vrios fatores biticos e abiticos, numa intrnseca e complexa relao. Olhando a floresta parece to simples! Quem imaginaria que para aquelas rvores estarem l dependeria de tudo isso?

AEXEMPLOS de interaes

BIODIVERSIDADE NOS AMBIENTES AQUTICOS E TERRESTRES

A grande diversidade biolgica da Amaznia se reflete nos rios, lagos, florestas inundveis e de terra firme, compondo um mosaico de ecossistemas interligados e interdependentes. Os rios de gua branca que formam as vrzeas comportam grande diversidade de rvores, como as mungubas (Pseudobombax munguba), as piranheiras (Piranhea trifoliata), as sumamas (Ceiba

PA R A S A B E R M A I SPara saber mais sobre os sistemas de guas, mergulhe no captulo 2, guas da Amaznia, neste caderno.

inseto-planta presentes nos ecossistemas amaznicos.

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IGAP no perodo de cheia,

quando se nota a presena de rvores adaptadas s condies fsicas do ambiente alagado.

IGAP, floresta alagada por rio

pentandra) e os aacus (Hura crepitans). Os to indesejados carapans (mosquitos de picada dolorida) tambm esto em quantidade muito maior nas reas de influncia de gua branca. Os murerus (planta aqutica) tambm mais abundante nas guas brancas do que nas claras ou pretas. Os rios de gua branca tambm so responsveis pela maior parcela do pescado que atinge os mercados da regio. As florestas alagadas por rios de gua preta so chamadas de igaps, e esta formao vegetal possui algumas espcies de rvores diferentes das de vrzea, como a palmeira Leopoldinia pulchra e a leguminosa Aldina latifolia. Outras, como as tiriricas (Scleria spp.), embora ocorram tambm nas vrzeas, so bem mais comuns nos igaps. As guas mais cidas impedem o desenvolvimento de larvas de vrios tipos de mosquitos, e por isso estas reas tendem a ser mais agradveis para estadia do homem. No entanto, a prevalncia de malria parece ser maior nas reas banhadas por guas pretas. Embora possuam menor produtividade de peixes comestveis, as guas pretas so mais importantes para a captura de peixes ornamentais. Algumas das mais importantes espcies de peixes ornamentais, como os tetras tetra cardinal (Paracheirodon axelrodi.), neon (P. innesi) e neon verde (P. simulans) so capturadas apenas no mdio e alto curso do rio Negro, suas florestas alagadas e pequenos afluentes (igaraps), e nas bacias adjacentes na Colmbia e Venezuela. Os rios de gua clara tambm drenam solos antigos, mas que se originam principalmente no planalto Central do Brasil. Estes rios possuem gua muito transparente, que de longe adquire tons azulados ou esverdeados. Possuem as mesmas espcies dominantes, e pequenas quantidades de mosquitos e de peixes.

de gua preta, e de uma vrzea, floresta alagada por rio de gua brancas.

PA R A S A B E R M A I S > A caracterstica mais notvel desses ecossistemas a capacidade de as rvores sobreviverem em reas cujo encharcamento pode durar meses. Sob tais condies, a planta no pode respirar pelas razes no solo e so necessrias adaptaes que possibilitem a respirao. Algumas plantas tm adaptaes fisiolgicas, obtendo energia por processos anaerbicos (aqueles que ocorrem na ausncia de oxignio). Outras possuem adaptaes estruturais, como razes areas e aberturas no caule para captao de oxignio. Como seria de se esperar, as espcies capazes de se adaptar a estas condies so restritas e as florestas alagveis possuem menos espcies que as reas contguas que no sofrem o alagamento.

As caractersticas do meio aqutico tambm influenciam os ambientes terrestres principalmente as florestas alagveis, chamadas de vrzeas, se alagadas por rios de gua branca, e igaps, se alagadas por rios de gua preta ou clara. As florestas alagveis ocupam cerca de 5% da Amaznia brasileira e se destacam por terem sido durante muito tempo as reas mais habitadas (s recentemente os agrupamentos urbanos passaram a ter populao maior que as margens dos rios), sendo ainda as reas responsveis pela maior parcela de pescado da regio. As florestas de terra firme ocupam mais de 80% da rea amaznica, e possuem a maior diversidade de espcies entre as formaes terrestres da regio, podendo abrigar 300 espcies por hectare. A altura das rvores maiores pode passar dos 60 metros. Essas florestas so ambientes sombreados e possuem poucas rvores no sub-bosque, podendo-se andar por elas sem abrir trilhas. Entre os grandes grupos de vegetao da Amaznia incluem-se ainda as savanas e as demais formaes sobre solos arenosos, que so as caatingas, as campinas e campinaranas. As savanas

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EXEMPLO DE ORQUDEA, planta

AS

ESPCIES DE VALOR ECONMICO

epfita (que vive sobre outras) encontrada na floresta amaznica.

A utilizao comercial de espcies da fauna e flora amaznicas ocorre desde o incio de sua colonizao. Nos primeiros registros da Associao Comercial de Manaus, que datam do sculo XIX, a lista de produtos exportados j inclua o pirarucu (o maior peixe de escama da regio Arapaima gigas) e sementes de ucuba (rvore Virola sp.), produtos que at hoje mantm valor comercial. No entanto, o que mais chama a ateno nos registros da poca a exportao de enormes quantidades de plumas de gara, para a confeco de ornamentos utilizados pelas classes mais abastadas da Europa. Atualmente, o pescado e a madeira so os produtos nativos de maior valor comercial e maior movimentao de recursos financeiros. A utilizao destes recursos caracteriza-se por ser fortemente

Glaciao Fenmeno climtico que ocorre periodicamente ao longo da histria da Terra. Como o prprio nome sugere um perodo geolgico durante o qual a regio fica recoberta por geleiras. Como um processo contnuo, h controvrsias sobre a data precisa do fim da ltima glaciao, mas acataremos o limite de aproximadamente 10.000 anos.

seletiva, o que quer dizer que a presso muito maior sobre as espcies de maior valor comercial. Alm dos peixes de valor comercial como o pirarucu, os bagres e o tambaqui, nos ltimos anos, a captura de animais de aqurio tem ganhado destaque na mdia, na pesquisa e na legislao. A regio de Barcelos talvez a mais importante rea de pesca ornamental. Este tipo de pesca, ao contrrio da pesca comercial, que mais intensa nos rios de gua barrenta, se d predominantemente nos rios de guas pretas e claras. A espcie mais procurada da regio para esses fins o tetra cardinal (Paracheirodon axelrodi), mas outras espcies tambm so visadas, como as outras espcies de tetra possuem vrias espcies em comum com o planalto Central, como as lixeiras (Curatella americana), os muricis (Byrsonima spp.) e as quaresmeiras (Qualea grandiflora). Na Amaznia, elas ocorrem no Maranho, prximo a Imperatriz; no Par, na Ilha de Maraj e ao redor de Santarm; no Amap, de Macap ao litoral norte; no nordeste de Roraima, e no Amazonas, prximo cidade de Humait. Mesmo estas reas estando to distantes entre si, elas possuem vrias espcies em comum. Alm das rvores e capins, as cascavis (Crotalus durissus), s encontradas nestas reas, sugerem que elas foram um dia conectadas. Acredita-se que na ltima glaciao, quando toda a Amaznia ficou mais seca, as savanas tenham dominado a paisagem e que estas reas isoladas (neon e neon verde), as arraias da famlia Potamotrygonidae e os aruans (Osteoglossum bicirrhosum). Com relao madeira, o mogno (Swietenia macrophylla) provavelmente a espcie mais conhecida e cobiada em todo o mundo, e, entre as espcies da regio amaznica, seus estoques so provavelmente os mais comprometidos. Outras espcies amaznicas de madeira densa, chamadas de madeiras-de-lei, que tm sido intensamente comercializadas, incluem o cedro (Cedrela odorata), o cumaru (Dipteryx odorata), a maaranduba (Manilkara sp.), os angelins pedra (Hymenolobium sp.) e vermelho (Diniza excelsa), a muiracatiara (Astronium lecointei), o piqui (Caryocar villosum) e o ipamarelo (Tabebuia sp.). Com o aperfeioamento das tcnicas de laminao e fabricao de compensados e aglomerados, aumentou o nmero de espcies exploradas, que passaram a incluir algumas das chamadas madeiras brancas, como a sumama (Ceiba pentandra), as virolas (Virola spp.) e macacaricuias (Couroupita sp.). Na Amaznia, as palmeiras tm destaque no cenrio econmico. delas que se extraem produtos como o aa e os palmitos (Euterpe spp.), leos diversos, como o de babau (Orbygnia speciosa) e o muru-muru (Astrocaryum sp.), frutos como os da pupunha (Bactris gassipae) e do tucum (Astrocaryum tucumai). Suas folhas servem para fazer telhados e casas e as palhas tranadas so usadas em diversos tipos de artesanato, de mveis a cestaria e at pulseiras. As sementes tambm so usadas na confeco de brincos e colares. Alm do pescado e da madeira, os chamados produtos florestais incluem vrias outras espcies que so usadas com diversas finalidades. Foi da Amaznia que veio o cacau (Theobroma cacao), que produz o chocolate e a essncia do pau-rosa (Aniba rosaeodora), que est na composio de alguns dos perfumes mais famosos do mundo.

PA R A S A B E R M A I SPara saber mais sobre o potencial uso de produtos amaznicos naturais, mergulhe no captulo 8,Desenvolvimento Sustentvel, Caderno 3.

Epfita Do grego epi, sobre + phyton, planta. Refere-se aos organismos que vivem sobre plantas. Um dos erros mais comuns atribuir a uma epfita o rtulo de parasitas, j que por definio, esses organismos no utilizem a planta hospedeira como fonte de alimento.

dos dias de hoje sejam remanescentes daquele perodo. As caatingas so formaes em que o solo muito arenoso e marcado por uma estao seca e outra chuvosa. So encontradas principalmente no alto curso do rio Negro. Campinas e campinaranas so encontradas em enclaves no interior da floresta de terra firme, onde aparecem sobre manchas de solo arenoso. Campinaranas so as reas mais florestadas e mais altas e campinas as que so mais abertas, mais baixas e que possuem grande abundncia de epfitas, principalmente orqudeas. Hoje em dia no se pode negar tambm a importncia das vegetaes secundrias, chamadas de capoeiras. a vegetao que cresce depois de uma rea ter sido desmatada. So ambientes de alta produtividade de frutos das espcies pioneiras (Cecropia spp., Bellucia spp., Miconia spp., Vismia spp.), sendo reas importantes para a alimentao de aves de pequeno porte e macacos sauins. Alm das caractersticas atuais dos ambientes, a diversidade de espcies em qualquer rea tambm resultado do processo histrico pelo qual a rea passou. Na Amaznia, uma teoria de biogeografia ajuda

Biogeografia Estudo da distribuio espacial dos organismos, atualmente ou no passado.

a explicar a alta diversidade da regio: os rios agiriam como barreiras disperso das espcies. A existncia de espcies distintas em margens opostas dos grandes rios tem mostrado que essas podem ser barreiras importantes para as aves de menor porte e para os primatas, mas no parece ser problema para mamferos e aves maiores. Para as plantas, essa ao dos rios ainda controversa.

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D E S A F I O S PA R A O D E S E N V O LV I M E N T O S U S T E N TV E Lsintetizao em laboratrio, a manipulao gentica e a possibilidade de registro de patentes sobre estes recursos, est gerando uma guerra. esta guerra que est por trs da chamada biopirataria. Conforme a Conveno da Biodiversidade, cada pas deve ter direito aos seus recursos genticos mas, na prtica, a tecnologia tem ajudado os pases mais desenvolvidos a obterem patentes de recursos que no so originrios de seus territrios. As patentes vo desde os nomes, como cupuau e aa, passam pelo registro de processamentos tradicionais, como a produo de cupulate (chocolate feito com sementes do cupuau), e podem chegar at as formulaes qumicas, como o princpio ativo Captopril, que controla a presso arterial, originrio do veneno da jararaca (Bothrops jararaca). Hoje em dia, os royalties dos medicamentos que usam esse princpio ativo no pertencem ao Brasil, mas ao laboratrio norte-americano que financiou a pesquisa. Na recente disputa pelo cupuau, aps intensa manifestao da sociedade e questionamento internacional, o direito ao uso deste nome e as tcnicas de produo do cupulate foram devolviALGUMAS ESPCIES comercializadas

O C O M R C I O I L E G A L D E A N I M A I S S I LV E S T R E S E A B I O P I R ATA R I A No Brasil, o comrcio de animais silvestres foi proibido a partir da Lei de Fauna, de 1967. At ento, a captura e comrcio de animais era comum em muitas regies de Amaznia. Registros do sculo XIX relatam a intensa coleta de ovos de tartaruga. Dos ovos extraa-se o leo, que era utilizado para iluminao das cidades da regio. Estes animais, hoje raros e s recentemente retirados da lista de espcies em extino, eram to abundantes na gua quanto os mosquitos no ar. No incio do sculo XX, a captura de peixes-boi (Trichechus inunguis) passou a ser prtica corriqueira. Sua carne era comercializada principalmente na forma de mixira (frita e conservada na gordura do prprio animal) e o couro, extremamente resistente, se prestava manufatura de correias para motores dos mais diversos tipos. Nas dcadas de 1950 e 1960, o comrcio mais intenso era o de peles e as espcies mais visadas eram os felinos (gatos-do-mato, jaguatiricas e onas) e musteldeos (principalmente lontras e ariranhas). Estas peles recebiam o nome genrico de fantasia. A partir da Lei de Fauna, o comrcio deste tipo de peles diminuiu, mas acabou abrindo brecha para o comrcio de couro e carne de jacars (cujo produto era considerado pesca e no caa). Os psitacdeos (araras, papagaios e periquitos) sempre estiveram entre os principais animais capturados ilegalmente para serem comercializados para criao domstica. Mais recentemente, h uma moda mundial de criao de rpteis em casa, e algumas cobras e lagartos amaznicos esto entre as espcies exportadas para esta finalidade. Porm, o tipo de comrcio de animais que mais preocupa o dos organismos que possuem substncias qumicas que podem ou podero ser usadas para a produo de medicamentos, aromticos, inseticidas e cosmticos. O desenvolvimento das tecnologias para extrao de qumicos, sua

dos ao Brasil. No entanto, embora o pas detenha esses direitos em seu territrio, uma empresa japonesa mantm os direitos sobre seu uso nos Estados Unidos e Europa. A problemtica da biopirataria, no entanto, no envolve apenas disputas internacionais. Mesmo dentro do territrio nacional h uma preocupao sobre como assegurar s comunidades indgenas e tradicionais o direito sobre o uso e benefcios gerados por produtos naturais que esto em seus territrios, e cujo valor para a cincia descoberto a partir dos seus conhecimentos algumas vezes seculares.

ilegalmente, So o peixe-boi, o gavio-real e os papagaios.

TARTARUGA-DA-AMAZNIA, outro

exemplo de espcie comercializada ilegalmente na Amaznia.

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PESCA PREDATRIA Na pesca, as espcies mais visadas hoje em dia so os grandes bagres: a piramutaba (Brachyplatystoma vaillanti), a dourada (B. flavicans), o surubim (Pseudoplatystoma fasciatum) e a piraba, tambm chamada de filhote (B. filamentosum). A explorao deste recurso se d principalmente no esturio, onde a atividade mais forte na seca, mas ocorre durante todo o ano. Nas demais regies da Amaznia, onde acontece em menor intensidade, a atividade se concentra no perodo de guas baixas. A pesca desses animais se d em escala industrial, cuja produo voltada principalmente para a exportao. Estes grandes animais so muito apreciados, pois deles se pode tirar fils de excelente sabor e sem espinhas. Estudos tm apontado uma diminuio na captura destas espcies (de 28 mil toneladas em 1977 para 10 mil toneladas em 1998), cuja causa mais provvel a diminuio dos estoques devido super explorao. Assim, necessrio estabelecer medidas de controle para que tal atividade econmica mantenha-se em nveis sustentveis.PIRARUCU, maior peixe de escama

do tambaqui tambm sofreu um importante declnio, atribudo pesca. Um estudo no mdio Solimes mostrou que a pesca destas espcies se d nos lagos, onde residem os jovens, ou em reas de queda de rvores no canal do rio, chamadas pauzadas. Acredita-se que este seja o local de desova destes animais e que esta captura ocorreria na poca da sua reproduo. Como o perodo do defeso era nico para toda a bacia e a reproduo varia de um lugar para o outro, o estudo props que o perodo de defeso fosse regionalizado para efetivamente proteger as espcies nesta fase.

da regio amaznica, em Paran do Ramos, um canal paralelo ao rio Amazonas.

Os especialistas acreditam que o principal problema para a sustentabilidade da pesca da piramutaba, que a mais valiosa e conhecida destas espcies, o fato de os animais pescados no esturio serem em sua maioria jovens. O ciclo de vida da espcie inclui migraes de cerca de 3.500 km, principalmente na calha do Solimes/Amazonas. Os adultos sobem o rio e desovam, no Brasil, na rea entre Tabatinga e o rio Purus. Os jovens voltam para o esturio para crescer e quando so intensamente capturados. Estima-se que 80% da captura so de animais muito pequenos, que so devolvidos ao rio mas geralmente no resistem e morrem. O interrupo do ciclo de vida dessa parcela significativa da populao tem afetado os estoques pesqueiros da espcie. O pirarucu, maior peixe de escama da regio, foi por muito tempo pescado de forma artesanal. Com a introduo das redes, animais cada vez menores comearam a ser capturados. A captura

D E S M ATA M E N TO As vrzeas foram as primeiras reas exploradas para a retirada de madeira, pois a proximidade da gua facilitava o transporte do produto pelo rio. Atualmente, a extrao de madeira feita predominantemente em reas de terra firme, mas ambos os ambientes sofreram com a retirada indiscriminada de rvores durante muitos anos. Recomendaes para o manejo sustentvel da madeira incluem um levantamento preliminar das rvores de interesse comercial e um cuidadoso planejamento das estradas para a retirada das mesmas. Um problema que uma rvore derrubada causa, em mdia, a queda de outras nove, porque os galhos das copas ficam entremeados ou h cips que amarram as rvores entre si. Assim, prticas simples e eficazes so a remoo de cips antes da derrubada e a escolha da direo de queda de forma a minimizar o impacto sobre as demais. Apesar do alto retorno financeiro que a atividade madeireira pode propiciar, o manejo sustentvel deste recurso muito mais difcil de ser promovido que o da pesca, por uma razo bem simples: estas espcies demoram muito a crescer. Uma pesquisa visando a datao da idade de algumas rvores de grande porte em uma serraria de Itacoatiara (prximo de Manaus) revelou que rvores que se acreditava terem de 200 a 300 anos de idade, estarem entre 1.000 e 1800 anos!MEDIO do dimetro de uma

rvore, uma das etapas do manejo sustentvel

PA R A S A B E R M A I SPara saber mais sobre o manejo sustentvel de florestas, mergulhe no Captulo 8, Desenvolvimento Sustentvel, Caderno 3.

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A E S PA R A U M F U T U R O S U S T E N TV E LO uso de espcies com finalidade cientfica vai alm, e inclui tambm estudos epidemiolgicos (que utilizam espcies que so reservatrios de doenas humanas) e testes de medicamentos e cosmticos. Destes animais, os mais visados em pesquisas epidemiolgicas so os macacos, os tatus e os marsupiais, usados nas pesquisas de doenas como malria, leishmaniose e o mal de Chagas. Embora parte dos animais utilizados seja oriunda de biotrios (criadouros com finalidade cientfica), acredita-se que muitos deles ainda venha da natureza. A prtica de utilizar animais para teste de novos produtos antes que estes entrem no mercado tem sido ferozmente combatida em todo o mundo por entidades protetoras dos animais. Atualmente, o Brasil conta com o Conselho de Gesto do Patrimnio Gentico (CGEN) para normatizar o uso dos recursos genticos e garantir a repartio dos benefcios pelo seu uso, conforme consta na Conveno da Biodiversidade. O Conselho formado por representantes de vrios Ministrios e entidades de pesquisa e da sociedade civil. No entanto, deliberar sobre o uso de recursos genticos no simples, entre outras coisas porque os diversos setores da sociedade vem a questo sob ngulos diferentes.ARARAS e outras espcies

de psitacdeos so animais comercializados ilegalmente.

ONA PINTADA, uma das

espcies ameaadas pelo trfico de animais silvestres.

C O M B AT E A O T R F I C O D E A N I M A I S S I LV E S T R E S Nos dias atuais, a Rede Nacional de Combate ao Trfico de Animais Silvestres, uma organizao no governamental tem feito diversas campanhas para combater este comrcio ilegal. Alm de divulgar o problema na mdia, esta organizao tem procurado sistematizar as informaes e conhecer as principais rotas de exportao. Conforme a ONG, a captura de animais silvestres tem trs principais objetivos: o comrcio que atende a colecionadores particulares e zoolgicos, o destinado a fins cientficos e o destinado a animais de estimao. O comrcio destinado a colees e zoolgicos prioriza as espcies mais raras, como o gavio-real (Harpia harpyja) e o uacari-branco (Cacajao calvus calvus). O comrcio de espcies com finalidade cientfica, segundo a organizao, d nfase a espcies que possuem componentes qumicos que podem servir de base para a pesquisa e produo de medicamentos. A entidade cita como espcies mais importantes neste item as cobras, sapos, aranhas, besouros e vespas.

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TRABALHANDO COM O TEMAPA R A S A B E R M A I SPara saber mais sobre as Unidades de Conservao, mergulhe no Captulo 9, reas Legalmente Protegidas, Caderno 3. P O C A D E D E F E S O PA R A O S P E I X E S A M A Z N I C O S Para todas as espcies de peixes de interesse comercial na rea alimentar, os principais instrumentos de proteo so o defeso (suspenso temporria da pesca) na maioria dos casos durante a poca de reproduo , o tamanho mnimo para captura e a restrio s artes da pesca. A restrio do tamanho mnimo visa somente permitir a captura de adultos, o que aumenta as chances de cada animal de deixar descendentes. A restrio das artes da pesca tem como principal objetivo evitar os mtodos que sejam mais prejudiciais s espcies. Em geral, define as dimenses da malha (o que evita a captura de animais muito pequenos) e muitas vezes probe o uso de arrastos de fundo (que potencialmente capturam todos os animais). As atividades sugeridas a seguir esto relacionadas proposta metodolgica de educao ambiental apresentada no caderno 1 do kit. A leitura desse caderno ajudar no desenvolvimento de um projeto de educao ambiental que procura considerar, trabalhar e avaliar as particularidades de cada contexto. Questionando o porqu e para que implementar uma proposta dessa natureza. R E S E R VA D E D E S E N V O LV I M E N TO S U S T E N TV E L P I A G A U - P U R U S ( A M ) O rio Purus percorre aproximadamente 3.700 km desde sua nascente, no Peru, passando pelos estados do Acre e do Amazonas at desembocar no rio Solimes, a cerca de 170 km de Manaus. Este ecossistema, composto de vrzeas, igaps, lagos e reas de terra firme abriga milhares de espcies da flora e da fauna, incluindo-se a macacos, peixes-boi, tartarugas, ariranhas e jacars, alm de mais de 180 espcies de peixes. Antes da criao da Reserva de Desenvolvimento Sustentvel (RDS) a explorao dos recursos naturais da regio estava ocorrendo sem qualquer planejamento. Para se ter uma idia, do baixo rio Purus vem metade dos peixes consumidos em Manaus. Com o crescimento da cidade, este consumo vinha aumentando e era preciso que a atividade fosse ordenada. Alm disso, na regio estava sendo realizada a prtica ilegal de venda de carne de jacar, e como tambm rea de reproduo de tartarugas, havia conflitos entre as populaes locais e exploradores vindos de fora. Na regio, existia uma rea de Proteo Ambiental (APA) de pequena extenso. Estudos cientficos realizados na rea indicaram que era preciso ampliar estas dimenses para permitir a sobrevivncia das espcies. Com base nesses estudos, a RDS foi ento criada com uma rea de 1.008.167 hectares, expandindo a rea protegida. A mudana de categoria da Unidade de Conservao (de APA para RDS) deu-se para garantir a segurana das espcies no longo prazo. importante lembrar que as atividades que se seguem so apenas algumas sugestes possveis de estruturar o modo como trabalhar no cotidiano da sala de aula com esses temas, aliados a uma prtica educacional que valoriza a interdisciplinaridade, a transdisciplinaridade e a expresso dos contedos atravs de diferentes linguagens artsticas. Esperamos que essas sugestes de atividades se somem ao trabalho j desenvolvido por cada instituio e educador... que sirva como inspirao para que cada um crie e recrie da sua forma. Organizamos as sugestes de duas formas diferentes. A primeira segue passo a passo um processo de trabalho com uma proposta determinada, na qual as etapas so cuidadosamente descritas exemplificando um desencadeamento de idias. A segunda sugesto indica outras possibilidades de trabalho com o tema que podem complementar a proposta principal, substitui-la ou somente provocar novas idias nos professores. PRIMEIRO MOMENTO > Proponha ao grupo um jogo chamado Teia da Vida, que tem como objetivo explicar de forma ldica a interdependncia entre todos os seres vivos, e deles com o ambiente. > Forme um crculo com os alunos e amarre a ponta de um carretel de barbante ou corda no dedo; > Escolha um elemento da floresta amaznica e anuncie-o aos demais componentes (pode ser um ser vivo ou no); > Jogue o carretel para outra pessoa da roda; > A pessoa que recebeu o carretel enrola o barbante no dedo, deixando-o esticado, e escolhe um elemento da floresta amaznica que tem relao com o elemento escolhido por quem jogou o barbante; > Pea ao aluno para jogar o barbante para outra pessoa que ainda no o tenha recebido, e assim sucessivamente, at que o barbante tenha passado por todos e uma grande teia tenha sido formada. > Discuta com os alunos quais elementos faltaram nessa teia (vale uma discusso especial sobre o aparecimento, ou no, do ser humano); > Aps essa discusso, podemos refletir que todos os elementos esto interligados, da seguinte forma: pea a todos os elementos que estejam ameaados de extino (elementos biticos) ou degradados (elementos abiticos) que dem um S U G E S T O PA S S O A PA S S O > ANTES DE ASSISTIR AO PROGRAMA | SENSIBILIZAO PARA O TEMA

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pequeno passo para trs. O que aconteceu com a teia? Todos os participantes, mesmo aqueles no diretamente ligados a quem se moveu, devem ter sentido o aumento da tenso do barbante. Tudo o que estava em equilbrio, comea a ser desestabilizado. O sistema j no funciona sem que algumas partes sejam afetadas (metfora da presso no dedo). Discuta com os alunos. Depois desse momento, pea aos mesmos alunos que haviam dado um passo para trs para soltar o barbante. O que aconteceu dessa vez? A tenso do barbante diminuiu, ficando frouxo. O sistema, dessa vez, foi bruscamente modificado, necessitando de um rearranjo para poder voltar a ter a tenso original. Essa a metfora da extino das espcies e a exausto dos recursos naturais. Na maioria das vezes, a perda irrecupervel e o sistema no volta mais a funcionar como antes. Discuta com os alunos a necessidade de intervir antes que isso acontea no contexto amaznico o que devemos ou podemos fazer? Faa uma lista com as sugestes.

LEITURA DE IMAGEM O programa trata da biodiversidade, da interdependncia entre os seres vivos e deles com o ambiente e dos riscos da biopirataria e do comrcio ilegal de animais e plantas. Uma forma de fazer a leitura de imagem perguntar aos alunos o que eles no sabiam e que mais gostaram de aprender neste programa. Com a turma toda, podemos resgatar os contedos especficos de cada cena do vdeo. Caso algum contedo no aparea, o professor pode sugerir que seja discutido tambm. Registre todas as informaes no quadro. Assim teremos todos os contedos construdos coletivamente. A discusso sobre os contedos mais polmicos, como a extino de espcies e a biopirataria podem ser discutidos e contextualizados para a realidade local. QUARTO MOMENTO > Relembre o jogo inicial da Teia da Vida e seus inter-relacionamentos e procure fazer um paralelo com as imagens do vdeo. Conversem sobre o que ecologia e ecossistema.

D I C A > O ideal ter um guia para a expedio que possa ajudar a identificar as rvores e animais. Caso o espao escolhido no disponha de um, sugerimos procurar saber se dentre a turma existe algum parente que possa exercer esta funo pode ser um professor ou funcionrio da escola. QUINTO MOMENTO > No dia da expedio, lembre ao grupo a necessidade de registrar todos os elementos observados, das maiores rvores ao menor dos organismos. > Pea que observem e anotem tambm as interferncias no naturais no ambiente, por exemplo, o lixo, as queimadas etc.

> As redes de inter-relacionamentos devem ser apresentadas para o resto da turma de diferentes formas. Possibilidades: dramatizao, maquete, msica (letra e melodia), poema, colagem.

STIMO MOMENTO > Apresentao das diferentes redes criadas pelos grupos. > Aps as apresentaes, converse com a turma sobre o papel que cada elemento cumpre no delicado equilbrio dos ecossistemas e como algumas aes do homem podem ocasionar um desequilbrio ecolgico. > Relembre a primeira atividade da Teia da Vida e leia a lista criada por eles de aes que podem fazer para que se evite o desequilbrio ecolgico. > Pergunte se algum conhece ou j ouviu falar de aes que estejam sendo tomadas para diminuir esses desequilbrios provocados pelo homem. > Pea para que cada um procure trazer para o prximo encontro uma dessas aes.

SEXTO MOMENTO > Analise com a turma as anotaes realizadas durante a expedio. Escreva no quadro ou em uma folha de papel pardo os elementos que forem sendo mencionados e classifique-os com o grupo. Quando repetido, apenas marque um trao ao lado do elemento. Lembre-se de refletir com o grupo sobre as anotaes das interferncias do homem no ecossistema observado. > Pea que copiem em seus cadernos os elementos levantados, separados segundo a classificao. > Divida a turma em cinco grupos e pea para cada um escolher alguns dos elementos das diferentes classificaes a fim de montar uma rede de interdependncia entre eles. As interferncias observadas tambm podem entrar nas apresentaes, caso o grupo deseje.

SEGUNDO MOMENTO > Assista ao programa com a turma.

> Proponha uma expedio a algum lugar onde possam observar o ecossistema existente na regio. Possibilidades de lugares: parques, jardins botnicos ou localidades rurais perto

O I TAV O M O M E N TO > Faa uma lista com os exemplos de aes trazidos pela turma. Caso seja necessrio, divida com a turma algumas aes relatadas neste captulo. > Proponha a socializao desta atividade para toda a escola, expondo os trabalhos e as duas listas de aes.

TERCEIRO MOMENTO > Reflexes sobre as imagens e contedos do programa.

da cidade. > Faa com o grupo uma lista do material necessrio para a expedio (exemplos: bloco de papel, lpis, lente de aumento, bon, gua). > Converse sobre o objetivo da expedio: perceber, observar e registrar todos os elementos que compem o ecossistema visitado.

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BIBLIOGRAFIAOUTRAS SUGESTES DE ATIVIDADE > Desenvolver um trabalho sobre biopirataria. O que , se ocorre na regio onde a escola esta localizada e de que forma pode ser evitada. > Explorar os diferentes sistemas de polinizao. Tentar saber como so conduzidas as sementes para novos locais onde se estabelecero. > Organizar uma campanha contra o trfico de animais silvestres.AYRES, J. Marcio. As matas de vrzea do Mamirau, Braslia: MCT/CNPq e Sociedade Civil Mamirau, 1993. BARTHEM, Ronaldo B. e GOULDING, Michael. Os bagres balizadores: ecologia, migrao e conservao de peixes amaznicos, Braslia: SCM/ CNPq/ Ipaam, 1997. CAPOBIANCO, Joo Paulo R.; VERSSIMO, Adalberto; MOREIRA, Adriana; SAWYER, Donald; SANTOS, Iza dos e PINTO, Luiz Paulo (org.). Biodiversidade na Amaznia brasileira: avaliao e identificao de aes prioritrias para conservao, utilizao sustentvel e repartio dos benefcios, So Paulo: Estao Liberdade/ISA, 2001. HOMMA, Alfredo. Biopirataria na Amaznia: ainda tempo para salvar? Apresentado na Audincia Pblica presidida pela Deputada Federal Socorro Gomes, no dia 16 de setembro de 1997, na Cmara dos Deputados. http://www.atech.br/agenda21.as/download/amazonia2.pdf JANZEN, Daniel H. Ecologia vegetal nos Trpicos. So Paulo: EPU/Edusp, 1980 (Coleo Temas de Biologia, v. 7).

I M P O R T A N T E > As atividades prticas/tericas e a proposta pedaggica sugeridas nesse captulo mesclam contedos de diferentes disciplinas. Elas podem fazer parte de um projeto integrado, quando cada educador desenvolve suas especificidades ou ser desenvolvidas por um nico educador. importante elaborar um projeto de trabalho que estabelea metas e objetivos, criando um encadeamento das atividades, passo a passo, mesmo que durante o trabalho ele seja alterado. A inteno e o profundamento do trabalho depender das prioridades e necessidades do grupo. Esteja aberto para as propostas e demandas dos alunos, todo planejamento pode e deve ser revisto e avaliado.

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