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CRÉDITO PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS N O 2 - JUNHO 2005 CRÉDITO PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS CADERNOS FECOMERCIO DE ECONOMIA

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CRÉDITO PARA AS MICROE PEQUENAS EMPRESAS

NO 2 - JUNHO 2005

CRÉDITO PARA AS MICROE PEQUENAS EMPRESAS

CADERNOSFECOMERCIO

DE ECONOMIA

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CADERNOS FECOMERCIO DE ECONOMIANúmero 2 - junho 2005

CRÉDITO PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Responsável Técnico: Gilson GarófaloSão Paulo – Fecomercio

Federação do Comércio do Estado de São PauloRua Dr. Plínio Barreto, 285 – 5o andarTel.: (11) 3254.1700 - Fax: (11) 3254.179801313-020 – São Paulo – SPwww.fecomercio.com.br E-mail: [email protected]

Presidente:Abram Szajman

Diretor Executivo:Antonio Carlos Borges

Assessoria EconômicaDiretora:Fernanda Della Rosa

Projeto gráfico, arte e diagramação:MAVERPITA Serviços Editoriais

A Federação do Comércio do Estado de São Paulo se reservaos direitos autorais dos trabalhos produzidos, cuja reprodução,não obstante, poderá ser autorizada desde que citada a fonte.

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NOTA DO EDITOR

O crédito é um fator crucial para a implantação, ma-nutenção e ampliação de qualquer tipo de empreendimen-to, em qualquer lugar do mundo. Nos países desenvolvi-dos, onde as taxas de juros são civilizadas, o crédito ofere-cido pelas instituições financeiras, públicas ou privadas,é a grande alavanca do crescimento sustentado da econo-mia.

No Brasil, infelizmente, as coisas não se passam dessaforma. Como aqui o maior tomador de empréstimos é ogoverno, pouco sobra para financiar as atividades produ-tivas. E quando sobra, os juros são proibitivos até para asgrandes empresas.

Para as micro e pequenas empresas (MPEs), que res-pondem por 20% do PIB do País e mais de 60% dos pos-tos de trabalho, o crédito escasseia não apenas por ser caro,mas também pela burocracia que inviabiliza sua obten-ção.

Neste contexto, o presente trabalho investiga as causasda exclusão bancária das MPEs, com foco direcionado paraos setores em que elas mais se concentram: o comércio e osserviços. Aborda inicialmente a diversidade de conceitosaplicáveis ao segmento e prossegue dimensionando suaimportância na economia nacional. Reproduz as informa-ções de uma pesquisa sobre as expectativas de pequenos emicroempresários em relação a crédito. Descreve as inici-ativas de organização das cooperativas de crédito, domicrocrédito e de bancos populares de âmbito estadual,municipal e federal. Finaliza elencando propostas, inclu-sive a de se realizar campanhas de publicidade sobre aslinhas de crédito existentes, favorecendo sua popularização.

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ÍNDICE

Ementa .................................................................................. 51. Introdução ........................................................................ 72. A questão da definição ................................................... 92.1. Âmbito Federal ............................................................. 92.2. Governo do Estado de São Paulo ............................ 112.3. Mercosul ...................................................................... 112.4. Sebrae ........................................................................... 123. Participação na economia ............................................ 134. Crédito para a implantação e/ou abertura ............... 165. Assistência Creditícia a Empreendimentosconsolidados - Levantamento Sebrae ............................. 196. Fontes de Financiamento ............................................. 226.1. Cooperativas de Crédito ........................................... 236.2. Organizações de Microcrédito ................................. 256.2.1. Banco do Povo Paulista ........................................ 286.2.2. Banco Popular do Brasil ....................................... 296.2.3. Banco Postal ........................................................... 306.2.4. São Paulo Confia – Banco do Povo..................... 326.3. Outras Fontes Creditícias .......................................... 336.3.1. Financiamentos - Resoluções CMN 3.109,de 24/07/03 e CMN 3.229, de 26/08/04 ....................... 336.3.2. Proger – Programa de Geração deEmprego e Renda / Pessoa Jurídica ............................... 356.3.3. BNDES Automático .............................................. 366.3.4. Crédito Empresarial – ConvênioFecomércio SP / Banco Nossa Caixa .............................. 376.3.5. Arrendamento Mercantil (Leasing) .................... 416.3.6. Operações Vendor ................................................. 426.3.7. Factoring ................................................................. 426.3.8. Empréstimos - Resolução CMN 2.770,de 30/08/00 (antiga Resolução 63) ................................. 436.3.9. Operações Vinculadas às Exportações ............... 446.3.10. Fundo de Aval ........................................................ 456.3.11. “Angel Investors” .................................................. 476.3.12. FINEP-PATME - Programa de ApoioTecnológico a Micro e Pequenas Empresas FINEP-PADCT - Programa de Apoio ao DesenvimentoCientífico e Tecnológico .................................................... 476.3.13. Seguro de Crédito ................................................ 496.3.14. Cheque Especial Empresa .................................... 506.3.15. Hot Money.............................................................. 506.3.16. PNMTO - Programa Nacional deMicrocrédito Produtivo Orientado ................................. 507. Considerações Finais / Propostas .............................. 538. Referências bibliográficas ............................................ 60

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EMENTA

Trabalho voltado ao exame das alternativasfactíveis de crédito para as micro e pequenas empre-sas - MPEs, universo heterogêneo e normalmentecolocado à margem do sistema bancário brasileiro.Esses empreendimentos carecem de linhas de crédi-to adequadas ao porte das atividades exercidas emoldadas às peculiaridades de que estão revestidos.A primeira preocupação é quanto à diversidade deconceitos aplicáveis ao segmento, prosseguindo como dimensionamento e importância que representamna economia nacional. Resumidamente são apresen-tadas conclusões a partir de levantamento específicosobre as expectativas dos empresários aí inseridosquanto ao potencial uso de ajuda financeira para, emseguida, considerar as múltiplas opções e as fontesde crédito disponíveis para constituição e/ou expan-são de negócios. A descrição destas possibilidadesde crédito e outras correlatas que foram recentementeimplantadas constituem o penúltimo ponto aborda-do, sendo o texto complementado com propostas erecomendações.

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1. INTRODUÇÃO

As ofertas de financiamentos para as empresas co-merciais, prestadoras de serviços, industriais ou agrí-colas – é questão crucial, tanto na implantação comono desenrolar diário das atividades a que se destinam.As facilidades de crédito são necessárias para capacitá-las a enfrentar a concorrência, para programas demodernização, inovação e/ou atualização, para o de-senvolvimento de produtos e o aperfeiçoamento doquadro de funcionários, para projetos de ampliação,para capital de giro e outras finalidades. Ademais, omundo globalizado requer a aplicação desses recur-sos monetários no momento certo, a tempo e hora parao negócio não sofrer solução de continuidade, inclu-sive podendo deixar de existir, ou a eventualidade deser absorvido por outra firma.

A questão é potencializada quando transportadapara o universo amplo e heterogêneo das micro epequenas empresas (MPEs), principalmente em de-corrência das premissas que costumam nortear a atu-ação do sofisticado e desenvolvido sistema financei-ro brasileiro que, em geral, descarta o atendimento aessas firmas, privilegiando o crédito de atacado oufavorecendo os ganhos de tesouraria pela aplicaçãoem títulos públicos. Além disso, se as dificuldadesafloram para as médias e grandes empresas por con-ta das taxas de juro exorbitantes, burocracia, magni-tude das garantias exigidas e outros particulares, oque dizer então dos empreendimentos de micro e pe-queno porte?

Por esse motivo o tratamento do tema “Créditopara as Micro e Pequenas Empresas” é relevante eatual. Sem expectativa alguma de esgotar o assunto,este trabalho principia com a preocupação mor, istoé, a falta de definição única para as mesmas. Em se-guida, é quantificada, qualificada e dimensionada nocontexto da economia brasileira a importância que aelas se atribui, de modo a melhor compreender a ra-zão pela qual devam ser incentivadas e merecer aten-ção especial por quem de direito. Paralelamente, 7

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como o enfoque prioriza a situação em territóriopaulista, outro capítulo, recorrendo a levantamentodo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresasde São Paulo – SEBRAE-SP, apresenta a radiografiado financiamento e/ou do crédito nesse contexto.

Após essas incursões, são detalhadas as opçõesdisponíveis para reduzir a exclusão bancária a quese sujeitam as MPEs e as possibilidades para con-cessão de financiamentos. Neste contexto, coopera-tivas de crédito, organizações de microcrédito, pro-gramas de bancos públicos e alguns desdobramen-tos no âmbito das instituições financeiras privadassão enumerados e descritos. Entretanto, na maiorparte dos casos, os aspectos operacionais propria-mente ditos de cada linha de crédito não são deta-lhados em decorrência da freqüência com que se al-teram e de incorporarem especificidades próprias acada organização creditícia.

Não menos importante, e quando pertinente, aanálise contempla questões relativas aos sistemas degarantia e/ou sistemas de informação. Na essência,estes incorporariam custos repassados aos financia-mentos, encarecendo-os, embora algumas linhas decrédito ajudem a contemporizá-los evitando que seconstituam em mais um obstáculo aos micro e pe-quenos empresários. Preliminarmente, muitos delesnão se sentem motivados em recorrer aos bancos,sendo totalmente arredios a essa possibilidade comosupridora de recursos às necessidades de numerá-rio com que freqüentemente se defrontam, princi-palmente para capital de giro. Certamente, a ima-gem do passado da economia brasileira, marcadapela inflação, justifique essa forma de pensar e agir.

Finalmente, o texto tem o objetivo de enumerar edescrever as aberturas existentes em financiamen-tos às MPEs, de modo a possibilitar melhor avaliá-las quando da eventualidade de serem recorridosou cogitados. Adicionalmente, trata-se de contribui-ção a enriquecer a literatura econômica e de admi-nistração sobre essa palpitante matéria.

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2. A QUESTÃO DA DEFINIÇÃO

Não há consenso - internacional e nacional – quan-to à conceituação de microempresa e pequena em-presas. As contribuições para delimitação das mes-mas estão em função dos objetivos perseguidos (ousetores produtivos contemplados), precariedade deinformações e o contexto (blocos econômicos, paísesou regiões destes) considerado. Os parâmetros dedefinição geralmente utilizam critérios qualitativose quantitativos e acabam recaindo em dois aspectos:pessoal ocupado e nível de faturamento. Contudo, omais intrigante é que aconteçam em uma mesma es-fera de poder caracterizações distintas de MPEs.

Entretanto, se é admissível a inexistência de clas-sificação única, talvez fosse mais apropriado, pru-dente e oportuno que as legislações pertinentes e osórgãos envolvidos adotassem nesse mister critériosconsiderando as peculiaridades regionais do territó-rio nacional ou o público-alvo na destinação dos re-cursos subjacentes a linhas de crédito / financiamen-tos talvez concebidos por meio de uma organizaçãocreditícia de fomento ao setor especial.

A seguir, algumas definições de fontes que permi-tem atestar a multiplicidade de enfoques.

2.1. Âmbito FederalFundamentada na Constituição Brasileira de 1988,

por meio do artigo 146 [considera dispositivos, pre-vendo que em legislação posterior (aprovados naReforma Tributária de 2003), haveria definição de tra-tamento diferenciado e favorecido para as MPEs], doartigo 170 (inciso IX diz respeito ao tratamento paraempresas nacionais de pequeno porte) e do artigo179 (simplificação do tratamento jurídico das MPEsnas obrigações administrativas, tributárias, previ-denciárias e creditícias), a Lei 9.841, de 05/10/99,regulamentada pelo Decreto 3.474, de 19/05/00, ins-tituiu o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pe-queno Porte no País1 . Essa lei, atualizada pelo Decre-to 5.028, de 31/03/04, estabelece a definição com baseno faturamento, ou:

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• Microempresa - Faturamento bruto anual atéR$ 433.755,14

• Pequena Empresa - Faturamento bruto anualde R$ 433.755,15 até R$ 2.133.222,00, inclusive

Constituem exigências adicionais para o enqua-dramento como MPE:

• Os empresários (pessoas físicas) devem serdomiciliados no país

• Só podem participar de outra pessoa jurídica seesta participação for inferior a 10% (dez por cento)do capital social

Segundo o Sistema Integrado de Pagamento de Im-postos e Contribuições – SIMPLES2 , no âmbito federal,os valores para classificação continuam estabeleci-dos pela Lei 9.317, de 05/12/96, atualizados pela Lei9.732, de 11/12/98, ou:

• Microempresa - Faturamento bruto anual atéR$ 120.000,00

• Pequena Empresa - Faturamento bruto anualacima de R$ 120.000,00 até R$ 1.200.000,00, inclusive

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico eSocial – BNDES na classificação para o porte da em-presa aplicável à indústria, comércio e serviços, adotavalores substancialmente elevados. Dessa forma:

• Microempresa - Receita anual bruta anual ouanualizada até R$ 1.200.000,00

• Pequena Empresa – Receita operacional brutaanual ou anualizada superior a R$ 1.200.000,00 e in-ferior ou igual a R$ 10.500.000,00

1. A bem da verdade, o primeiro Estatuto da Microempresa sur-giu em 1984, tendo sido modificado, posteriormente, em 1994.

2. O SIMPLES retrata a unificação de vários impostos e contribui-ções federais, como Guia de Previdência (GPS) de parcela sobre afolha de pagamento do empregado e do empregador e pró-labore, aci-dente de trabalho e terceiros (SESC, SENAC, etc.), Programa deIntegração Social (PIS), Contribuição para Fins Sociais (COFINS),Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ) e Contribuição Socialsobre Lucro Liquido (CSLL).

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Complementarmente, nos levantamentos nacio-nais dos censos e pesquisas sócio-econômicas, anu-ais e mensais, o IBGE classifica as MPEs segundo asfaixas de pessoal ocupado total (por exemplo, fai-xas de 0 - 4; 5 - 9; 10 -19; 20 - 49 e 50 - 99 pessoasocupadas). O conceito abrange os empregados e tam-bém os proprietários das empresas, como forma dese contar com informações acerca do número demicro unidades empresariais que não empregam tra-balhadores, mas funcionam como importante fatorde geração de renda para seus proprietários.

2.2. Governo do Estado de São Paulo

O governo paulista classifica as MPEs quando tra-ta do SIMPLES Estadual - Lei 11.270, de 29/11/02,considerando o volume do faturamento anual. As-sim, o “Simples Paulista”, denominação popular paraa forma de tributação simplificada referente a tribu-tos estaduais, considera a seguinte diferenciação:

• Microempresa - Receita bruta anual de até R$150.000,00

• Pequena Empresa - Receita bruta anual entreR$ 150.000,01 e R$ 1.200.000,00, subdivididas em:

• Pequeno Porte “A” (R$ 150.000,01 aR$ 720.000,00)

• Pequeno Porte “B” (R$ 720.000,01 aR$ 1.200.000,00)

2.3. Mercosul

No âmbito do Mercosul, para efeito de exporta-ções, a Resolução Grupo Mercado Comum (GMC)59, de 07/12/98, estabelece como parâmetros de de-finição das MPEs o pessoal empregado e o nível defaturamento. Todavia, para fins classificatórios pre-valecerá o último, enquanto o primeiro critério ser-virá apenas como referencial. Ademais, distingueentre Indústria e Comércio/Serviços.

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• Microempresa

• Indústria - Vendas Anuais até US$ 400.000,00 /Pessoal ocupado até 10 pessoas

• Comércio e Serviços - Vendas anuais até US$200.000,00 / Pessoal ocupado até 5 pessoas

• Pequena Empresa• Indústria – Vendas anuais entre US$ 400.001,00

e US$ 3.500.000,00 / pessoal ocupado entre 11 e 40pessoas

• Comércio e Serviços – Vendas anuais entre US$200.001,00 e US$ 1.500.000,00 / pessoal ocupado en-tre 6 e 30 pessoas

A Resolução GMC 59, de 07/12/98, também esta-belece critério qualitativo na conceituação, isto é, deque as MPEs não deverão estar controladas por ou-tra empresa ou pertencer a um grupo econômico que,em seu conjunto, supere os valores estabelecidos.

2.4. SebraeNos estudos e levantamentos sobre a presença da

micro e pequena empresa na economia o Serviço Bra-sileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –SEBRAE - utiliza o conceito de pessoas ocupadas nasfirmas, diferenciando entre indústria e comércio/ser-viços, conforme os números adiante:

• Microempresa• Indústria - até 19 pessoas ocupadas• Comércio e Serviços - até 09 pessoas ocupadas• Pequena Empresa• Indústria - de 20 a 99 pessoas ocupadas• Comércio e Serviços - de 10 e 49 pessoas ocupa-

das

Além disso, as estatísticas do SEBRAE adaptamos informes do IBGE quando os utiliza como fonte.

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3. PARTICIPAÇÃO NA ECONOMIA

As médias e grandes firmas, premidas pelaglobalização, promovem automação crescente de ati-vidades, contribuindo cada vez menos na geraçãode emprego. Contrariamente, o universo amplo e he-terogêneo das MPEs representa, em princípio, fatorgerador primordial de ocupação em qualquer paísque seja analisado. E este último conjunto, em razãodos múltiplos critérios para conceituá-lo, torna com-plexa a tarefa de reunir dados para o desejáveldimensionamento em termos de participação econô-mica e importância.

Dessa forma, serão enumerados alguns informesque evidenciam o seu papel relevante na estruturaprodutiva da economia brasileira. Assim, segundo oCadastro Central de Empresas 2002 do IBGE, havia4,92 milhões de empresas formais em atividade naindústria, comércio e serviços, contra 4,63 milhõesem 2001. Conjuntamente as micro e pequenas em-presas correspondiam a 99% do total com as pri-meiras isoladamente (micro) totalizando 94%. His-toricamente, o comércio aparece, com a mais altaconcentração de microempresas por setor.

O SEBRAE estima que as MPEs respondam por20% do PIB (US$ 500 bilhões em agosto/2004), em-preguem entre 60% e 70% dos 70 milhões de brasi-leiros da população economicamente ativa (PEA) erepresentem mais de 95% do número de negócios doPaís.

No Estado de São Paulo, segundo a Fundação Sis-tema Estadual de Análise de Dados – SEADE - , exis-tem cerca de 1,3 milhão de MPEs (mais de 25% dototal nacional), ou 99% das empresas formais. Nes-tas trabalham aproximadamente 7,5 milhões de pes-soas, isto é, 67% das pessoas ocupadas em empreen-dimentos formais e informais e participando com28% da receita bruta do setor formal. Seu desempe-nho e potencial de exportação estaria em torno de 2

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a 4% do total estadual, percentual relativamente bai-xo comparado ao total do País, pois segundo as esti-mativas, 20% das vendas ao exterior são de MPEs3 .

A exclusão digital pode explicar, em parte, a re-duzida penetração no comércio exterior. É uma ques-tão séria para as MPEs brasileiras comprometendoa participação mais adequada nas exportações e ado País na economia mundial. De fato, a pequenaempresa é o principal vetor da inclusão digital dasociedade e o acesso delas à tecnologia eleva acompetitividade da nação como um todo, além decriar nesse setor demanda por mão-de-obra qualifi-cada. No Estado de São Paulo, apenas 40% estãoconectadas à internet e deste total somente 18% usamequipamentos de última geração. As demais utili-zam computadores antigos (modelos 386 e 486)4 .

Sob outro enfoque, recorrendo a levantamentos doSEBRAE-SP a respeito da atividade econômica noterritório paulista, 43% destas empresas estão no co-mércio (principalmente minimercados, varejo de ves-tuário e de material de construção), 31% em servi-ços (destaque para atividades de informática e aosegmento de alojamento e alimentação - bares, res-taurantes, lanchonetes e hotéis), 14% na agropecuária(especialmente propriedades dedicadas às culturasde cana, laranja, café e milho), e 12% na indústria(como construção civil e confecções).

O SEBRAE-SP também enfatiza a realidade dasMPEs na capital paulistana destacando a quantida-de de firmas de serviços com ênfase em “serviços deassessoria empresarial”, agências de viagens, imo-biliárias, informática, saúde e “serviços sociais”, epresença no campo industrial em confecções e nosegmento editorial / gráfico.

3. Nos países desenvolvidos, a fatia das exportações das MPEs atin-giria 70% (conforme “Empresas também enfrentam exclusão digi-tal”. O Estado de S. Paulo, 02/11/04, pág. B 12 Economia).

4. Idem

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No universo descrito e aplicável tanto ao territó-rio paulista como, de certa forma, ao Brasil como umtodo, a sobrevivência das MPEs é, lamentavelmente,uma estatística negativa. Realmente, 31% das firmasconstituídas em passado recente fecharam no primei-ro ano e 60% não completaram o quinto ano de vida.As principais causas são: falta de planejamento pré-vio (verificação de mercado, isto é, da existência declientela na área prevista para atuação e avaliaçãode potenciais concorrentes na região escolhida), ges-tão deficiente do negócio (inexistência de plano deatuação detalhando todos os números – custos equantidades), insuficiência de políticas de apoio demodo a chamar a atenção para particularidades dalei de zoneamento e imposições da vigilância sanitá-ria, a inexata idéia do porte / despesas de reformasrequeridas para adequar o local de trabalho, dificul-dades ou carência de idealismo para inovar (empre-endimentos inovadores provavelmente levam aoêxito pois são normalmente bem recebidos pela po-pulação), transtornos provocados pela atividade eco-nômica e problemas pessoais e/ou com a escolha desócios que nada agregam em valor ao negócio.

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4. CRÉDITO PARA A IMPLANTAÇÃO E/OUABERTURA

Em geral, constituir uma Micro ou Pequena Em-presa requer volume de recursos que não ultrapassao limite máximo de empréstimo de R$ 10.000,00 nosprogramas oficiais de microcrédito atualmente co-locados à disposição no Estado de São Paulo. Em90% dos casos os recursos para implantá-las eviabilizá-las são próprios, isto é, de propriedade dodono do empreendimento e/ou de sua família. En-tretanto, passada esta fase, esses recursos própriosjamais devem ser mesclados com os da empresa aser constituída. É possível também que o capital seorigine, em parte, de negociações de prazo de paga-mento com fornecedores, clientes e pessoas que te-nham relações comerciais com a empresa. É freqüen-te o aporte de capital ser negociado no corpo de umarelação estratégica mais ampla. Outra alternativaestá em uma oferta inicial de ações e, em último caso,de empréstimos bancários que, ao início, devem serevitados porque inexiste qualquer previsão delucratividade.

A busca por financiamento bancário para estru-turar uma firma dessa natureza é complexa, seja pe-las dificuldades de gestão nos seus primórdios ouporque, normalmente, a documentação disponívelestá incompleta ou é insuficiente. Além do mais, aausência de um histórico de atividades da empresanascente soma-se à inexistência de planejamento maisconsistente quanto ao empreendimento. Para comple-tar, nos primeiros anos de atividade a gestão finan-ceira em muitos casos é insatisfatória, principalmen-te em razão da inadequada (ou incipiente / primá-ria) capacitação do empresário responsável pelo ne-gócio. Por isso, aliás, 6 de cada 10 MPEs abertas fe-cham as portas antes do quinto ano de existência.

É oportuno salientar que atualmente tem sido es-timulada a implantação de “pré-empresas”, ou seja,o futuro empreendedor, a pessoa física, inicia a ca-

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minhada do futuro negócio modestamente. Dessaforma se familiariza com as características e perfilda clientela potencial, procurando ouvir e colher ex-periências de pessoas do respectivo círculo de rela-cionamento e com certo tempo de próspera ativida-de (mesmo que atuantes em ramos afins ou diferen-tes), participando, sempre que possível, de eventosrelacionados ao negócio, trocando experiências e len-do tudo sobre o assunto. A questão está em fase deregulamentação pelo governo.

É importante mencionar as empresas de “e-commerce”, hoje cada vez mais difundidas. Na maio-ria dos casos, são empreendimentos de micro e pe-queno portes que se valem da internet e da necessi-dade de investimento geralmente menor que as em-presas tradicionais. As fontes convencionais de ob-tenção de capital de risco são amigos e família,“angels investors” e investidores de capital de riscopor meio de diversas formas de financiamento.

O capital inicial originário dos amigos e família edos “angels investors” (investidores protetores ou an-jos aplicadores) é suficiente apenas para aplicar noestágio de constituição da empresa. A segunda fonte- “angels investors” -, representa indivíduos abona-dos ou pequenos fundos especializados em investi-mentos em troca de um percentual negociado dasações da empresa de até 20%, em geral.

A negociação deve ser formalizada em documen-to contendo termos, condições e direitos contratuaisbastante simples. Dependendo da porcentagem deações adquiridas, o “angel investor” pode exigir umarepresentação na diretoria e provavelmente insistiráem obter o direito de igualdade de tratamento comos outros, ou os investidores em capital de risco quetambém injetem recursos na fase da implantação doempreendimento ou em estágios posteriores. Comotêm interesses no negócio, os “angels investors” for-necem consultoria comercial prática e contatos finan-ceiros para os empresários.

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Portanto, a inclusão dos micro e pequenosempreendedores no acesso ao crédito e mais aconsultoria técnica e acompanhamento do projetoprodutivo por um profissional atrelado ao setor éfundamental para o almejado e preconizado cresci-mento sustentável da nação brasileira.

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5. ASSISTÊNCIA CREDITÍCIA A EMPREENDI-MENTOS CONSOLIDADOS -LEVANTAMENTODO SEBRAE

Por intermédio da Data Kirsten Pesquisas, Proje-tos e Projeções, o SEBRAE-SP realizou entre janeiroe fevereiro de 2004 um levantamento sobre o finan-ciamento em uma amostra planejada de 450 MPEsestruturadas e consolidadas do Estado São Paulo, dasquais 150 industriais (organizações com até 99 pes-soas ocupadas), 150 comerciais e 150 do segmentode serviços sendo nesses dois últimos casos, empre-sas com até 49 empregados cada. No total, a partici-pação relativa desses segmentos – indústria, comér-cio, serviços - foi de 13,0%, 55,4% e 31,6%, respecti-vamente. Responderam ao questionário 411 empre-sas; as de comércio e serviços estão voltadas para ati-vidades básicas da população como alimentação, ves-tuário, construção, mobiliário e serviços pessoais.

Inicialmente, é curioso que 61% das empresas con-solidadas pesquisadas nunca procuraram os bancos– oficiais ou privados – para empréstimos. Analisa-das por seu tamanho, 63% das microempresas (até 9pessoas ocupadas no comércio e serviços e 19 na in-dústria) e 46% das pequenas empresas (10 a 49 pes-soas ocupadas no comércio e serviços, contra 20 a 99pessoas ocupadas na indústria) não buscaram finan-ciamentos nos bancos. Apesar disso, nos últimos cin-co anos aumentou a proporção das MPEs com aces-so ao crédito bancário, isto é, 3% tomadoras de re-cursos nos bancos oficiais em 2000 e 12% em 2004contra 5% e 10% nos bancos privados nesses anos.De todo modo, para as firmas, as dificuldades parafinanciamento atingem mais os empreendimentoseconômicos do que os indivíduos que os dirigem.De fato, 11% dos empresários que possuíam contasnão obtiveram crédito, e 89% foram contempladoscom empréstimos. Portanto, possuir contas em ban-co viabiliza a obtenção de auxílios financeiros nopróprio nome ou no nome de sócios e até mesmo deparentes e amigos. As pessoas físicas são mais zelo-sas em manter seus nomes limpos nos sistemas de

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controle e de garantias pelas implicações mais diretasprovocadas por inadimplência. E é natural que sejamais rentável ao sistema bancário operar com as mes-mas pessoas (sócio-proprietário, ou parentes e ami-gos deste) do que fazê-lo com as pessoas jurídicas.

Por que os bancos recusam financiamentos àsMPEs? A partir de perguntas às empresas que tive-ram propostas de crédito negadas, o SEBRAE-SP re-lacionou como causas: falta de garantia real, pois oempresário de pequeno porte prefere manter os bensem seu nome e não no nome da firma (40%); registrono Cadin (Cadastro de Inadimplentes)/Serasa oualgum tipo de inadimplência (25%); insuficiência dedocumentos (12%); linhas de crédito fechadas (7%);inviabilidade dos projetos (4%); além de outros, comoconta nova e saldo médio insuficiente (12%).

Além disso, no fluxo de caixa das MPEs, em mé-dia 57% das despesas mensais são à vista em relaçãoa 48% das receitas no mesmo intervalo de tempo.Assim, embora 16% das 411 firmas não utilizem qual-quer tipo de financiamento, preferindo lançar mãode recursos próprios (pessoais), mesmo que seja maisde uma vez ao ano, as demais não ficam restritasapenas aos empréstimos bancários (12% recorremaos bancos oficiais e 10% aos bancos privados) paraatendimento das necessidades de financiamento. Asformas alternativas utilizadas envolvem negociaçõescom fornecedores, isto é, pagamentos a prazo (66%),uso do cheque pré-datado amplamente aceito nasvendas a prazo (45%), utilização do cheque especiale/ou do cartão de crédito (29%), desconto de dupli-catas/títulos (13%), dinheiro de amigos/parentes(9%), bem como outras fontes – factoring, leasing/fi-nanceiras, agiotas (10%). A soma destes valores su-pera os 100% pois é comum a utilização de mais deuma fonte pelo tomador de recursos.

O levantamento sob apreciação, admitindo a hi-pótese de financiamento bancário desburocratizadoe fácil, quis saber se as MPEs o contrairiam.Surpreendemente, houve equilíbrio entre as respos-

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tas favoráveis e desfavoráveis. Entre as 49% desfa-voráveis das 411 empresas pesquisadas, as razõesforam: aversão a empréstimos (38%), medo de nãohonrá-lo (24%), desconfiança quanto aos rumos dapolítica econômica do País (7%) e outros motivos,como a desnecessidade na ocasião da pesquisa (31%).Paralelamente, das 51% das firmas interessadas emcréditos, 55% utilizariam esses recursos na aquisiçãode mercadorias/insumos, ou seja, 36% em capital degiro para compra de máquinas/equipamentos, 35%em reformas, 21% em liquidação de dívida, 7% empagamento de aluguel/tributos e 4%, outros.

É relevante acrescentar certos pontos do levanta-mento do SEBRAE-SP quanto às MPEs potencial-mente interessadas em créditos bancários. Assim,23% procuram empréstimos de até R$ 5.000,00, e 29%entre R$ 5.001,00 e R$ 10.000,00, isto é, mais da meta-de pretende financiamentos até R$ 10.000,00, comprazos entre 12 e 24 meses e taxas de juros de até 2%a.m. Aliás, para facilitar o acesso aos recursos dasinstituições financeiras, 53% das firmas menciona-das pedem redução das taxas atuais, enquanto 29%clamam pela diminuição da burocracia, 10% por que-das nas tarifas/tributos, 4% reinvidicam ampliaçõesnos prazos de pagamentos e 4% reclamam por ou-tras medidas (menores exigências em termos de do-cumentos e bens do fiador, das garantias exigidas ouaté mesmo da necessidade destes) ou simplesmentealegam não saber o que pleitear.

E surge a pergunta acerca do que, afinal, seria um“bom” financiamento. É interessante que muitos dosmicro e pequenos empreendedores têm consciênciade que deve ser entendido como aquele em que opróprio negócio gere caixa para pagá-lo, ou o nume-rário aplicado deve propiciar retorno suficiente parasaldar a dívida, sendo fácil exemplificar. Assim, seum empreendedor adquirir um equipamento redu-tor de consumo energético e a economia mensal como pagamento dessa fonte de energia for suficientepara saldar a prestação do bem adquirido, então oempréstimo se justificou.

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6. FONTES DE FINANCIAMENTO

Não há estatísticas sobre as condições de acessodas MPEs ao sistema financeiro no Brasil. Algumaspesquisas, dentre as quais a do SEBRAE, descrita nocapítulo anterior, informam parcialmente e dão con-ta, como já se disse, que 61% dessas firmas já conso-lidadas nunca recorreram aos bancos – oficiais e pri-vados – na busca de recursos financeiros e metadenão têm interesse em contrair obrigações em entida-des de crédito. Empreendedores informais não con-seguem acesso aos empréstimos (exceto micro-crédito) e quanto às empresas em processo de cons-tituição/implantação, os obstáculos à viabilização decréditos bancários são desencorajadores e apenas al-gumas conseguem recursos. E embora o êxito deMPEs consolidadas nessa busca de recursos seja umpouco maior, a participação ainda não é expressiva,levando ao fechamento prematuro delas em decor-rência da falta de capital de giro, de crédito e de pro-blemas financeiros correlatos.

Na realidade, o vigor do sistema bancário nacio-nal não está relacionado com a massificação de ser-viços, mas com a renda que o setor recebe dos seg-mentos econômicos que dele dependem e, em espe-cial, com os ganhos auferidos nas operações com adívida pública e as tarifas de serviços. Elitizados efocando as ações em clientes mais capitalizados, osbancos passam ao largo de parcela significativa dosempreendimentos e da população economicamenteativa. Dessa forma, apenas marginalmente se inte-ressam em ampliar a base social da clientela em di-reção ao público sem garantias e contrapartidas. Aestes milhões de empresas e empreendedores, entreas quais estão as MPEs, resta procurar suprir as ne-cessidades de serviços financeiros com segmentosintermediários (ou informais) e, inclusive e até mes-mo, com os cartões de lojas.

Neste contexto, o uso de microcrédito por partedas MPEs no Estado de São Paulo em particular, eno Brasil em geral, é muito baixo e restrito, apesar

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de elas possuírem demandas que compactuam e semesclam com as características dos programas exis-tentes. A evidência é que 74% dessas empresas nun-ca teriam ouvido falar desses programas e apenas6% participaram de alguma iniciativa do gênero.

Por esta razão, e contando com apoio governamen-tal, entidades, empresas e segmentos específicos atu-almente se organizam na busca de formas alternati-vas de resolução das respectivas questões financei-ras e até de combate à pratica da agiotagem. Iniciati-vas assim permitem desburocratizar o acesso ao cré-dito, contemporizando exigências de renda mínima,taxas de juro elevadas e prazos estreitos, altos custosoperacionais, taxas / tarifas exorbitantes e obriga-toriedade de operações ‘casadas’ (aquisição compul-sória ou coercitiva de seguros e títulos de capitaliza-ção). Os instrumentos aplicados resultam na consti-tuição de cooperativas de crédito, implantação deinstituições de microcrédito geralmente ligadas aosbancos oficiais e, também, programas e medidas es-pecíficas ditadas pelo Governo, e de modo especial,pelos condutores da política monetária do país.

6.1. Cooperativas de Crédito

A Lei 5.764, de 16/12/71, trata da política nacio-nal de cooperativismo e o regime jurídico das socie-dades cooperativas. O Conselho Monetário Nacio-nal, por meio da Resolução CMN 3.106, de 25/06/03, dispôs sobre “os requisitos e procedimentos paraa constituição, a autorização para funcionamento ealterações estatutárias, bem como para o cancelamen-to da autorização para funcionamento de cooperati-vas de crédito”. Esta Resolução sofreu alteraçõespontuais por intermédio da Resolução CMN 3.140,de 27/11/03.

As cooperativas de crédito se especializam em seg-mentos específicos, conhecem seu mercado (poden-do, assim, assumir riscos maiores), pulverizam a ofer-ta de crédito, aumentam a competitividade e se des-tacam como uma das opções de menor custo de fi-nanciamento. São entidades solidárias, democráticas

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e autogeridas em que cada cooperado é um sócio,participando na gestão e na responsabilidade peloêxito do empreendimento. Sendo instituições finan-ceiras, são fiscalizadas pelo Banco Central e devemestar filiadas a uma central à qual, com base na ex-periência, está, em princípio, credenciada a atenderàs demandas quanto à constituição das mesmas, deconsultoria, auditoria, tecnologia e acompanhamentodo projeto de implantação.

Entre as centrais figuram a SICOOB CENTRALCECRESP - Central das Cooperativas de Crédito doEstado de São Paulo (o Sistema SICOOB está pre-sente em 18 estados brasileiros, contando com 15 co-operativas centrais), o SICREDI SP – Sistema de Cré-dito Cooperativo (além da central no Estado de SãoPaulo, tem outras em cada um dos quatro estadosdo País em que atua), a UNICRED (atuando em to-dos as unidades da federação brasileira e 10 coope-rativas centrais) e a COCECRER – Cooperativa Cen-tral de Crédito Rural do Estado de São Paulo (esta,na realidade, ligada ao Sistema SICOOB).

A constituição da cooperativa de crédito para micro epequenos empresários ou microempreendedores respon-sáveis por negócios comerciais, industriais, de pres-tação de serviços ou vinculados à área rural, assimcomo de cooperativa de crédito para empresários vincu-lados a um mesmo sindicato patronal ou direto /indiretamente à associação patronal de grau superi-or ou, então, de cooperativa de crédito de livre admissão(aplicável em cidade ou região de até 100 mil habi-tantes) pressupõe, no mínimo, 20 (vinte) interessa-dos, capital inicial de R$ 10.000,00 (dez mil reais) eobrigatoriedade de filiação a uma central.5

5. Outras modalidades permitidas são as Cooperativas de Créditopara Empregados de Determinada Empresa, Cooperativas de Créditode Servidores Públicos e Cooperativas de Crédito de DeterminadaCategoria. Para a implantação destas é requerido o mesmo númeromínimo de 20 interessados, o suporte de entidade que possa apóia-lasna implantação, porém a exigência de capital inicial é menor, ou seja,3.000,00 (três mil reais).

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As cooperativas de crédito têm demonstrado queé plausível ampliar a base social de oferta de recur-sos financeiros a partir de organizações economica-mente sustentáveis pois permitem a interação entreos cooperados, calcada na confiança mútua, trans-parência, e estes, por serem sócios do empreendimen-to (enquanto nos bancos são clientes), fazem o índi-ce de inadimplência ser mínimo. Nessas instituições,a margem de lucro e o custo de operação são baixosenquanto as tarifas / taxas muito menores do que ascobradas nos bancos. E, de forma complementar, comperspectivas de forte incremento, pois são cerca de1.450 organizações, três mil pontos de atendimento,empregando diretamente 25.000 pessoas e mais de1,6 milhão de brasileiros associados, segundo dadosda Organização de Cooperativas do Brasil e do Ban-co Central. Entretanto, do ponto de vista do créditoglobal concedido no País, são responsáveis apenaspor volume inferior a 2% do total, ou seja, R$ 4,5 bi-lhões em operações de financiamento para umpatrimônio líquido de R$ 2,2 bilhões e depósitos deR$ 5,1 bilhões.

A Federação das Indústrias do Estado de São Pau-lo – Fiesp -, em parceria com o Sistema de CréditoCooperativo - Sicredi, e apoio do Bansicredi, o pri-meiro banco cooperativo do País, está viabilizando aabertura de oito cooperativas de crédito de empre-sários em regiões do Estado de São Paulo, três dasquais já aprovadas pelo Banco Central: ABCD (emfuncionamento), Alta Noroeste (Birigui e Araçatuba)e Alta Mogiana (Sertãozinho e Ribeirão Preto). A en-tidade patronal aplicou R$ 300 mil como capital ini-cial de cada cooperativa (para um total de R$ 450mil) e outros R$ 40.000,00 para cobrir despesas deinstalação. Portanto, caberá aos empresários que vi-erem a se associar, ratear o remanescente do capitalinicial previsto para cada uma delas, condicionadoao valor mínimo de R$ 500,00.

6.2. Organizações de Microcrédito

As organizações de microcrédito procuram, por

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um lado, fazer chegar recursos às mãos de popula-ções em situação de pobreza, em regiões metropoli-tanas, contribuindo para a elevação da auto-estima,da auto-suficiência e da renda das pessoas de comu-nidades carentes. Estas entidades realizam esforçospara amparar os micro e pequenos empreendimen-tos alijados do sistema oficial de crédito, financian-do-os na produção e colaborando no fornecimentode serviços financeiros específicos e adequados aosperfis desses clientes.

No Brasil, as organizações de microcrédito surgi-ram a partir de 1980, provavelmente a reboque deexperiências de êxito em Bangladesh, Bolívia, Equa-dor, Indonésia e Peru. Aqui, as primeiras incursõesforam curiosamente lideradas por Organizações NãoGovernamentais, tiveram o apoio de órgãos inter-nacionais como o Banco Interamericano de Desen-volvimento – BID, Fundo das Nações Unidas para aInfância – UNICEF -, Inter-American Foundation –IAF - e Sociedade Alemã de Cooperação Técnica –GTZ que, inclusive, deram recursos para os finan-ciamentos.

Posteriormente, instituições nacionais como oBNDES, Banco do Nordeste do Brasil – BNB - (comapoio do Banco Mundial), a FINIVEST (ligada aoUnibanco) e a Real Microcrédito (parceria entre oBanco Real ABN-Amro e a ONG Acción Interna-tional6 )], passam a fazer o mesmo. Atualmente, ini-ciativas assim são lideradas por governos estaduaise municipais para apoiar diretamente os pequenosempreendimentos com o objetivo de otimizar a ge-ração de oportunidades de emprego e renda.

De acordo com a legislação brasileira eis algunsmodelos possíveis para as instituições de micro-crédito:

6. A Accion International colaborou com o Banco Real na forma-ção de profissionais – os agentes de microcrédito. Estes, discretíssimosno trajar, constituem a antítese da figura do agiota e acabam sendoparceiros dos clientes, acompanhando com interesse a evolução dosempreendimentos dos mesmos.

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a) Organização da Sociedade Civil de InteressePúblico – OSCIP, assim qualificada, de acordo com aLei 9.790, de 23/03/99, a pessoa jurídica de direitoprivado, sem fins lucrativos (impedida, conse-quentemente, de distribuir lucros ou vantagens) maspodendo praticar juros de mercado conforme Medi-da Provisória 2.172-32, de 23/08/017 . Reconhecidaspelo Ministério da Justiça como ‘organizações de inte-resse público’, não se aplicam, por exemplo, às socie-dades comerciais, sindicatos, cooperativas, funda-ções, organizações de crédito. Mas estão voltadas aobjetivos sociais como promoção de cultura,voluntariado, segurança alimentar e nutricional, de-fesa / preservação / conservação do meio ambientee promoção do desenvolvimento sustentável etc.

b) Sociedade de Crédito ao Microempreendedor –SCM, amparada pela Lei 10.194, de 14/02/01, regu-lada pela Resolução CMN 2.874, de 26/07/01 e tam-bém sujeita à Medida Provisória 2.172-32, de 23/08/01, poderá visar lucros e praticar juros de mercado.Juridicamente pode ser constituída na forma de so-ciedade de responsabilidade limitada ou de compa-nhia fechada (sociedade anônima), estando sujeita àsupervisão do Banco Central. Devem necessariamen-te ter como objeto social exclusivo conceder financi-amentos a microempresas e a pessoas físicas paraviabilizar empreendimentos de natureza profissio-nal, comercial e industrial, de pequeno porte, equi-parando-se, em termos legais, às instituições finan-ceiras. Todavia, estão proibidas de captar recursosjunto ao público ou emitir títulos e valores mobiliá-rios para colocação e oferta no mercado.

c) Organização Não Governamental – ONG - todaassociação de direito privado sem fins lucrativos quenão se enquadra como Organização da Sociedade Ci-vil de Interesse Público ou na condição de Sociedadede Crédito ao Microempreendedor. Estão proibidasde praticar juros superiores a 12% a.a. e, por razões

7. Em tramitação no Congresso Nacional, tem origem na MedidaProvisória 1.820, de 05/04/99.

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óbvias, poderão desaparecer com o decorrer dos anos.

Como característica principal o microcrédito devese voltar básica e preferencialmente ao financiamentode atividades produtivas dos pequenos empreende-dores e garantias exigidas com base em aval solidá-rio (grupo de pessoas que tomam crédito e prestamaval solidariamente) ou em aval individual (presta-do por avalista ou pessoa conhecida)8 , incorporan-do prazos compatíveis ao giro das mercadorias, ouda produção e comercialização ou, ainda, nos casosde investimentos em maquinária fundamentados noretorno possível dessas aquisições. Contudo, e estepode ser um problema, as taxas de juros praticadascostumam ser as de mercado.

Segundo a pesquisa do SEBRAE-SP a demandapor empréstimo bancário das MPEs se refere às men-cionadas características de programas de micro-crédito, exceto quanto aos juros. Contudo, recorre-se pouco a empréstimos enquadráveis nessas linhaspelo fato de os micro e pequenos empreendedoresquase nunca terem ouvido falar a respeito. Daque-les que eventualmente possuem alguma informação,90% nunca teriam tentado obtê-los e, dos restantes,aqueles que tiveram êxito (aproximadamente 65%dos outros 10%), conseguiram os recursos em insti-tuições de crédito oficiais. A seguir uma descrição /avaliação destas.

6.2.1. Banco do Povo Paulista

O Banco do Povo Paulista, vinculado à Secretariado Emprego e Relações do Trabalho9 , existe desde

9. Os fundamentos legais estão na Lei Estadual 9.533, de30/04/97, regulamentada pelo Decreto Estadual 43.283, de 03/07/98

8. É interessante registrar que nos grandes centros urbanos, co-merciantes que operam com licença e possuem barracas fixas na viaspúblicas e em pontos previamente determinados pelas autoridades dedireito, podem oferecer a respectiva estrutura (barracas / bancas) comogarantia de empréstimos. Somente quando não possua quaisquer ga-rantias é que pega o crédito solidário.

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setembro/1998, opera em 336 dos 645 municípios doEstado de São Paulo com 78 mil pequenos empreen-dedores. Os financiamentos desburocratizados (asgarantias solicitadas são a alienação do bem e aval)são dirigidos a capital fixo (aquisição de máquinas,equipamentos e ferramentas) e variam de R$200,00a R$5.000,00 para as MPEs, e até R$25.000,00 paracooperativas e associações de trabalho, e prazo deaté 18 meses. Os juros são de 1% ao mês. A taxa deinadimplência é reduzida.

O programa de microcrédito é resultado da parce-ria do Governo do Estado com as prefeituras muni-cipais. Ao Governo do Estado cabe 90% do crédito,treinamento dos agentes de crédito e supervisão dasoperações. As prefeituras são responsáveis por 10%do crédito, pelos funcionários e o espaço físico parao atendimento. As solicitações de financiamentos acon-tecem nas agências locais do Banco e, aprovadas, osrecursos são liberados pelo Banco Nossa Caixa.

São candidatos ao atendimento empreendedoresdo setor informal e no caso de pessoas jurídicas de-vem ter alcançado no exercício anterior ao pedidode empréstimo, faturamento anual bruto inferior aR$ 150.000,00, serem micro-produtores formais, coo-perativas ou outras formas de associação legalmen-te constituídas. Pessoas físicas que trabalham por con-ta própria ou têm um negócio que contribua para arenda familiar também são assistidas pelo Programa.

Uma pesquisa realizada no primeiro semestre de2004 revelou que o Banco do Povo Paulista garantiua manutenção de trabalho e renda para 73% dosempreendedores financiados, gerando mais de 84.000novos empregos.

6.2.2. Banco Popular do Brasil

O Banco Popular do Brasil, criado pela Lei 10.738,de 17/09/03, é uma subsidiária do Banco do Brasilespecializada em microfinanças para oferecer servi-

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ços à população de menor renda, inclusive micro-empresários. A instituição atende pessoas que ga-nham até três salários mínimos e que não têm ne-nhum tipo de conta em outros bancos. Começou aoperar em 12 de fevereiro de 2004 no Distrito Fede-ral e, no mesmo mês, chegou ao Estado de São Pau-lo. A meta era atingir 1 milhão de clientes no final de2004, nos 4.500 pontos em todo o país.

O público-alvo são os milhares de trabalhadoresurbanos do setor informal que poderão ser inseri-dos no setor financeiro. O atendimento acontece ex-clusivamente por correspondentes bancários, isto é,estabelecimentos conveniados como supermercados,farmácias, lojas de material de construção econgêneres, localizados próximos à residência oulocais de trabalho dos clientes. Nestes pontos é pos-sível realizar todas as transações bancárias ofereci-das pelo banco.

Os produtos e serviços compreendem contas cor-rentes simplificadas, aquelas em que os saldos nãopodem ultrapassar R$ 1.000,00, movimentadas ex-clusivamente por cartão magnético (a aberturaindepende de comprovação de renda e/ou endere-ço)10 , crédito de R$ 50,00 a R$ 600,00 (juros de 2% aomês ou 26,82% ao ano), além de pagamentos diver-sos. As operações de financiamento podem ser plei-teadas logo que o cartão magnético é ativado e seuprocessamento dispensa a apresentação de garan-tia, mas exige que o cliente não tenha restriçãocadastral em seu nome e cobra-se, a título de abertu-ra, 2% do valor do empréstimo. O prazo para paga-mento varia de 4 a 12 meses, e as prestações são de-bitadas em conta corrente, com parcela mínima deR$ 8,00.

6.2.3. Banco Postal

A razão social da Empresa Brasileira de Correios

10. Estas contas estão isentas de tarifas bancárias e da CPMF (Con-tribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).

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e Telégrafos – ECT - deverá ser alterada para Correi-os do Brasil e pretende ter com o Banco Postal o mes-mo êxito que países da Europa, Ásia e África quecriaram uma instituição similar para atender à po-pulação, principalmente a de baixa renda. A caracte-rística deste Banco está na utilização dos pontos decorreio abrangendo todo o território nacional. A fun-damentação legal está na Resolução 3.110 do Conse-lho Monetário Nacional, de 31/07/03, relativa àcontratação de correspondentes no país por parte dasinstituições financeiras em geral, conjugada com aPortaria 588 do Ministério das Comunicações, de 04/10/00, esta específica sobre o serviço financeiro pos-tal destinado prioritariamente às localidades sematendimento bancário.

Como empresa detentor da idéia e da proprieda-de da tecnologia da rede física que lhe dá sustenta-ção, os Correios firmaram, no primeiro semestre de2001, por meio de concorrência, uma parceria com oBanco Bradesco passando a atuar como correspon-dente bancário dessa organização financeira.

Atualmente os 5.300 postos de atendimento doBanco Postal, com cerca de 650.000 correntistas, co-brem praticamente todos os municípios brasileiros.Uma conta- corrente é o meio principal para conse-guir financiamentos para as pessoas físicas ou jurí-dicas. Neste caso, para pleitear os benefícios das li-nhas de crédito e / ou empréstimos, são necessáriosos documentos originais de constituição da empre-sa, ata da assembléia ou alteração social referente aoingresso dos atuais sócios/representantes e tambémtodas as alterações contratuais, se houver, devida-mente registradas no órgão legal competente (JuntaComercial, Cartório de Registro de Títulos e Docu-mentos) e CNPJ atualizado. As exigências tambémrequerem o documento de identidade (RG ou equiva-lente) e o CPF (CIC) dos seus representantes legais(sócios, procuradores ou representantes) constantesno(s) documento(s) de constituição da empresa.

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6.2.4. São Paulo Confia – Banco do Povo

O Programa São Paulo Confia – Banco do Povoda Prefeitura do Município de São Paulo, criado emsetembro de 2001, promove o acesso ao crédito paraa população da cidade excluída do sistema financei-ro tradicional. As linhas de crédito do programa per-mitem empréstimos para empreendedores, formaisou informais e operando, no mínimo, há 6 meses eque pretendem ampliar ou criar novos negócios.

As taxas de juro estão entre 0,48% ao mês para osprogramas Renda Mínima, Bolsa Trabalho e Come-çar de Novo, e 3,9% ao mês para empreendedoresem geral, financiáveis conforme a natureza das li-nhas de crédito, variando entre R$ 1.000,00 e R$10.000,00. As exigências burocráticas são mínimas:RG, CPF, comprovante de residência e documentosda empresa já existente e/ou plano de negócios.

Três dessas linhas de crédito – Ampliação de Ne-gócios, Novos Negócios em Cooperativa e CréditoIncubação - são próprias e operadas por meio de umaorganização sem fins lucrativos de cujo conselho deadministração participam cinco centrais sindicais(CUT, CAT, CGT, CGT-B e SDS), o Banco Banespa/Santander e a Associação Brasileira de Empresáriospela Cidadania (CIVES).

Quanto às outras duas linhas de crédito, uma éem parceria com o Banco do Brasil (Investimento emMicro e Pequenos Negócios de Trabalhadores For-mais e Informais) e a outra com a Caixa EconômicaFederal (Construção e Reforma de Casa Própria).

Depois de acionados por telefone ou pessoalmen-te em uma das nove unidades de atendimento, agen-tes do Programa vão até o local de trabalho dos inte-ressados em financiamento para conhecer o empre-endimento e necessidade de crédito. Visita relatadae crédito aprovado, o empreendedor terá os recur-sos no prazo de uma semana, em média.

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A diferença do Programa São Paulo Confia, o Ban-co do Povo, em relação aos outros na concessão decrédito está no fato de que na medida em que abre apossibilidade em algumas regiões da capital da exis-tência da chamada Unidade de Grupos Solidários,ou seja, a garantia exigida, que seria dada por umavalista, é propiciada por um grupo solidário, qua-tro a sete empreendedores que são responsáveismútuos pelo crédito. Cada empreendedor recebe ovalor de que necessita e o grupo se responsabilizapelo retorno do valor total. Nesse contexto existe apossibilidade de pessoas com restrições cadastraistomarem crédito, principalmente para os comercian-tes, que representam mais de 90% dos clientes des-sas regiões. Além disso, os pagamentos são sema-nais, o que facilita o retorno do crédito. Os resulta-dos são muito positivos e criaram condições para queempreendedores que não têm conta bancária (63%)tenham o acesso ao crédito.

6.3. Outras Fontes de Crédito

O sistema financeiro nacional, no que diz respeitoàs instituições sujeitas às normas do Banco Centraldo Brasil, também está credenciado à prática domicrocrédito. Os bancos oficiais e privados e os de-mais estabelecimentos congêneres, dispõem de ou-tras opções de crédito às MPEs. Entretanto, váriasdas possibilidades e ou linhas de empréstimos aber-tas e passíveis de utilização acabam longe das ex-pectativas desses empreendimentos que pedem re-duções de taxas de juro, tarifas e carga tributária,menor burocracia (inclusive quanto ao fiador no quese refere a documentos e bens e à própria necessida-de deste interveniente), garantias exigidas, dilataçãode prazos para ressarcimento do financiamento, en-tre outros pontos.

6.3.1 Financiamentos - Resoluções CMN 3.109,de 24/07/03 e CMN 3.229, de 26/08/04

Uma ação governamental objetivando contempo-rizar o quadro descrito ocorreu por meio da Resolu-

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ção CMN 3.109, de 24/07/0311 , segundo a qual nomínimo 2% dos saldos dos depósitos à vista capta-dos pelos bancos múltiplos com carteira comercial,os bancos comerciais, a Caixa Econômica Federal, ascooperativas de crédito de pequenos empresários,microempresários ou microempreendedores e as co-operativas de crédito de livre admissão de associa-dos, devem ser destinados para operações de crédi-to com pessoas físicas (população de baixa renda) epessoas jurídicas (empreendedores de micro-empresas), a taxa de juro máxima de 2% ao mês.

Na prática, entretanto, a concessão desta forma demicrocrédito bastante desburocratizada não tem pro-vocado os efeitos idealizado pois as instituições fi-nanceiras incentivam o uso dos recursos para con-sumo direcionando-os a correntistas (funcionáriospúblicos ou engajados formalmente no mercado detrabalho), aposentados e pensionistas, e não aos em-preendedores (investimento). Evidentemente, oscorrentistas pessoas físicas, na expectativa de fugirdos elevados encargos (juros e comissões) do crédi-to pessoal, cheque especial e mesmo à agiotagem,preferem sempre que possível, esta modalidade definanciamento.

Ademais, muitos bancos orientam recursos da es-pécie para o crédito consignado, ou modalidade deempréstimo com desconto em folha de pagamento12 .Nesta forma de microcrédito o valor médio dos em-préstimos, segundo informações reunidas de fon-tes diversas, estaria em torno de R$ 500,00 (com oteto máximo de R$ 1.000,00) e prazo médio de 10meses (o prazo não pode ser inferior a 120 dias). Ainadimplência é estimada em 3%.

11. Conseqüência da Medida Provisória 122, de 25/06/03, conver-tida na Lei 10.735, de 11/09/03. A Resolução CMN 3.109, de 24/07/03 sofreu alterações pontuais através da Resolução CMN 3.212, de30/06/04.

12. O sucesso deste tipo de operação no qual o risco é mínimo,despertou interesse das companhias de cartões de crédito as quais, emtermos experimentais, começaram, a partir de outubro/2004, adesenvolvê-la em alguns estados brasileiros

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A falta de vocação dos grandes bancos para em-prestar microcréditos, somado aos fatores acima, fezo Governo baixar a Resolução CMN 3.229, de 26/08/04 permitiu que as referidas instituições bancári-as emprestassem às organizações que realmente ope-ram microcrédito produtivo e das quais este traba-lho já tratou (item 6.2), praticando as taxas estabele-cidas na Resolução CMN 3.109, de 24/07/03 (isto é,2% ao mês), e as últimas continuassem atendendoaos tomadores finais - MPES e pessoas físicas, maspraticando taxas de até 4% ao mês.

Em outras palavras, os recursos que os grandesbancos deveriam, por dispositivos legais, direcionaràs operações de microcrédito, seriam repassados porestes (à taxa de 2% ao mês e permitindo que cum-prissem as exigências da Resolução do Banco Cen-tral de julho/2003), às Organizações da SociedadeCivil de Interesse Público - OSCIPs / Sociedades deCrédito ao Microempreendedor / Organizações NãoGovernamentais cujos estatutos admitam a realiza-ção de operações de microcrédito. Estas, para esteadicional de recursos aos quais se responsabilizari-am por emprestar aos interessados em potencial, po-dem operar com taxa de até 4% ao mês, ou seja, la-mentavelmente um patamar maior.

6.3.2. Proger – Programa de Geração de Empregoe Renda / Pessoa Jurídica

O Programa de Geração de Emprego e Renda -Proger, do Ministério do Trabalho, está à disposiçãona maioria dos bancos, inclusive a Caixa EconômicaFederal. Os recursos se originam do Fundo de Am-paro ao Trabalhador – FAT - e podem ser pleiteadospara financiamento de Planos de Negócios ou capi-tal de giro pelas empresas legalmente constituídas,com faturamento bruto anual de até R$ 5.000.000,00.

Também é possível contar com recursos do Progerpara investimento na forma de ampliação ou mo-dernização do empreendimento atual. Em geral, nes-te caso, os financiamentos estão limitados a R$

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400.000,00 e prazo de até 48 meses (carência de até 6meses). Ele se destina a operações para implantaçãode sistemas de gestão empresarial, aquisição de veí-culos utilitários inseridos no contexto do projeto e,também, bens e serviços inerentes à atividade doproponente e previstos no plano de negócios.

A simples referência a ‘plano de negócios’ comoestabelece este programa é de imediato um desen-corajador e quase uma espécie de blasfêmia paraqualquer micro e pequeno empreendedor.

6.3.3. BNDES Automático

O BNDES Automático é uma linha de crédito comrecursos do BNDES, caracterizada pela preponde-rância no projeto de obras civis (construção, amplia-ção ou reforma) ou pela aquisição de móveis e uten-sílios para um empreendimento. Os financiamentossão postos à disposição pelas instituições creden-ciadas pela instituição, cada uma delas adaptandoas condições básicas estabelecidas pelo gerador dosrecursos às respectivas normas operacionais.

Um fator limitador ao empresário ao candidatar-se a este tipo de financiamento está nos critérios dedefinição do tamanho do empreendimento. De fato,o BNDES caracteriza as micro e pequenas empresasem níveis de receita muito acima daqueles determi-nados por outras fontes e/ou organismos. O dispa-rate pode ser confirmado na parte deste trabalho re-lativa à conceituação de MPEs (Capítulo 2). Os valo-res também oscilam de banco para banco, emborapelo BNDES possam chegar a R$ 10 milhões parainvestimento e capital de giro associado. Assim, naCaixa Econômica Federal, por exemplo, este finan-ciamento para empresas com faturamento bruto anu-al entre R$ 244.000,00 e R$ 7.000.000,00 está limitadoa R$ 1.000.000,00 com prazo de pagamento em até60 meses, incluindo carência de até 12 meses.

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É uma linha de financiamento cara para as MPEs.Os encargos são compostos pelo custo financeiro (emgeral, a taxa de juro de longo prazo – TJLP, podendoser o dólar americano ou uma cesta de moedas), aremuneração do BNDES (variável segundo o porteda empresa – 1% ao ano para as micro, pequenas emédias empresas e de 2,5% a 4% ao ano para as de-mais) e remuneração da instituição financeiracredenciada (negociada entre esta e o potencialtomador do empréstimo).

Além disso é uma operação burocratizada. Real-mente, ao ser apreciada na Fecomercio SP no ano de2001, esta firmou convênio com empresa especializa-da objetivando oferecer assessoria e assistência naelaboração de diagnósticos, estudos e análises de vi-abilidade para obter financiamento pela linha doBNDES Automático, assim como acompanhamentodo projeto até a liberação dos recursos. Apesar dadivulgação em princípio os desdobramentos e/ouconcretizações foram pífios.

6.3.4. Crédito Empresarial – Convênio FecomércioSP / Banco Nossa Caixa

Desde 2003 a Federação do Comércio do Estadode São Paulo está conveniada ao Banco Nossa Caixaque disponibiliza aos sindicatos filiados crédito paraatender necessidades do micro, pequeno e do médioempresário. As linhas de crédito são:

• Linha de Crédito / financiamento totalizandoaté R$ 10 mil por empresa [Dotação Orçamentáriade R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais)]

• Linha de Crédito / financiamento totalizandoaté R$ 100 mil por empresa [Dotação Orçamentáriade R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de reais)]

• Operações Especiais - repasse do BNDES

Os requisitos para obtenção dos financiamentos,relacionados a seguir, são próximos aos praticadosno mercado, embora o acesso a ele em princípio sejamais fácil:

• Ser associado a sindicato filiado à Fecomercio

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• O sindicato deve aderir ao convênio celebradoentre o Banco Nossa Caixa e a Fecomércio

• Apresentar carta de indicação do sindicato aoqual a empresa está filiada

• Não registrar restrições comerciais ou bancáriasem nome da empresa ou sócios

• Deter faturamento / patrimônio compatível como valor pleiteado

• Possuir conta corrente e limite de crédito apro-vado pelo Banco Nossa Caixa

• Contar com no mínimo um ano de constituição(condição exigida para operação com valor superiora R$ 10.000,00 e limitado a R$ 100.000,00)

• Sujeito a aprovação de crédito

O Quadro adiante enumera as linhas de crédito –Capital de Giro, Desconto de Duplicatas e ContaGarantida - e as garantias requeridas. Independen-temente daquelas previstas, as operações ainda ne-cessitam o aval dos sócios sendo que para em-presas com menos de 1 ano de constituição, ou indi-viduais, será exigido aval de um terceiro. Aos custosdo financiamento (juros e IOF) somam-se os encar-gos de contratação [tarifa abertura de crédito (TAC)e Ficha Cadastral].

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Capital de GiroCapital de GiroCapital de GiroCapital de GiroCapital de Giro• Com garantia aplicaçãofinanceira (Poupança)

• Com garantia Cheques Pré-Datados, Duplicatas ou DireitosCreditórios Performados

• Com garantia Alienação Fiduciáriaou Penhor Mercantil ou Hipoteca

Com Garantia de Aval

DescontoDescontoDescontoDescontoDesconto• Cheques Pré-Datados• Duplicatas

Conta GarantidaConta GarantidaConta GarantidaConta GarantidaConta Garantida• Aplicação Financeira (Poupança)

• RV Mastercard/Diners e Penhorde Direitos Creditórios demaissituações

• Cheques Pré-Datados Duplicatase Penhor de Direitos CreditóriosPerformados

• Com Alienação de Veículos

Financiamento aquisição EmissorFinanciamento aquisição EmissorFinanciamento aquisição EmissorFinanciamento aquisição EmissorFinanciamento aquisição EmissorCupom Fiscal e MicrocomputadoresCupom Fiscal e MicrocomputadoresCupom Fiscal e MicrocomputadoresCupom Fiscal e MicrocomputadoresCupom Fiscal e Microcomputadores

CONVÊNIO EMPRESARIAL FECOMÉRCIOE BANCO NOSSA CAIXA

Até R$ 10 e R$ 100 mil - LINHA DE CRÉDITO

TAXA PÓS-FIXADA

TR + 2,40% a.m.

TR + 2,65% a.m.

TR + 2,70% a.m.

TR + 2,55% a.m.

TAXA PRÉ-FIXADA

TR + 1,15% a.m

2,50% a.m.

2,75% a.m.

2,80% a.m.

2,18% a.m.2,18% a.m.

1,45% a.m.

2,70% a.m.

2,60% a.m.

3,45% a.m.

2,65% a.m.

Observação quanto a Observação quanto a Observação quanto a Observação quanto a Observação quanto a prazosprazosprazosprazosprazos:::::- Capital de Giro = Máximo 12 meses (taxas pré-fixadas - quando houver) e 24 meses ( pós-fixadas)- Desconto Cheques / Duplicatas = Máximo 80 dias- Conta Garantida = Máximo 180 dias (para alienação veículos = 90 dias)- Financiamento Emissor Cupom Fiscal = Máximo 12 meses (pré-fixadas) e 24 meses ( pós-fixadas)Fonte: adaptação informe constante site www.nossa caixa.com.br acessado em 23/11/04.

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A linha de financiamento denominada Capital deGiro é um tipo de crédito sem destinação específica,própria para as necessidades imediatas do negócio.Presta-se assim à compra de mercadorias, matériasprimas, pagamento de encargos, e tudo mais que fazparte do dia-a-dia da empresa. A tabela acima suge-re as várias formas de como pode ser viabilizada.

O desconto de duplicatas ou cheques é emprésti-mo para antecipar o fluxo de caixa e formar capitalde giro utilizando as duplicatas de venda mercantilou de prestação de serviços emitidas pela empresaou os cheques pré-datados recebidos. O funciona-mento é simples: a instituição financeira adianta aocliente parte do valor das duplicatas/cheques, assu-mindo o papel de cobrança e recebimento dos mes-mos.

Quanto à Conta Garantida, é uma conta emprés-timo separada da conta corrente, com limite de cré-dito de utilização rotativa destinado a suprir even-tuais necessidades de capital de giro. A Linha de Fi-nanciamento Aquisição Máquina Emissora CupomFiscal e Microcomputadores é auto-explicativa.

As operações especiais incorporam repasses derecursos do BNDES, estando igualmente sujeitas aaprovação de crédito, com taxas e prazos passíveisde alteração sem prévio aviso.

• FINAME - Financiamento de máquinas, equi-pamentos e caminhões nacionais novos, constantesdo Credenciamento de Fabricantes Informatizado -CFI do BNDES. Prazo de até 60 meses, com juros de5% a.a. + TJLP.

• BNDES Automático - Linha de crédito já abor-dada, financia a realização de projetos de investimen-to de empresas, incluindo a aquisição de máquinase equipamentos, novos, de fabricação nacional, cons-tantes do Credenciamento de Fabricantes Informa-tizado - CFI do BNDES; e capital de giro associado.Prazo de até 6 anos e Juros de 5% a.a. + TJLP. Deve

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ainda ser observado que no caso de capital de giroaté 20% do valor a ser financiado (incluindo máqui-nas e equipamentos) para microempresa, e até 20%(calculado sobre demais itens) para pequena e mé-dia empresa (se exportadora).

• Fundo de Aval - Suspenso temporariamente peloBanco Nossa Caixa, este financiamento poderá con-tar com garantia complementar, mediante o paga-mento de comissão adicional (custo aproximado de0,15% sobre o valor garantido, 80% do financiado,multiplicado pelo prazo de financiamento), dos se-guintes Fundos de Aval:

• FDA / FAMPE – Fundo de Aval do Estado deSão Paulo / Fundo de Aval Micro e Pequena Em-presa - SEBRAE: para empresas com faturamentoanual bruto de até R$ 1.200.000,00

• FGPC – Fundo de Garantia para Promoção daCompetitividade: para empresas com faturamentoanual bruto de até R$ 10.500.000,00.

6.3.5. Arrendamento Mercantil (Leasing)

Segundo a Lei 6.099, de 12/09/74, alterada pelaLei 7.132, de 26/10/83, Arrendamento Mercantil, ouLeasing, é o negócio realizado entre pessoa jurídica,na qualidade de arrendadora (Sociedade ou Empre-sa de Arrendamento Mercantil ou de Leasing ou asCarteiras de Arrendamento Mercantil de bancosmúltiplos), e a pessoa física ou jurídica, na qualida-de de arrendatária (aqui podendo figurar a MPE), eque tenha por objeto o arrendamento de bens adqui-ridos pela primeira (veículos, máquinas, computa-dores, equipamentos, entre outros), segundoespecificações da última, para uso próprio desta.

É uma operação de essência financeira e por estarazão o funcionamento das arrendadoras é autoriza-do e fiscalizado pelo Bacen. O Contrato de Leasingfinanceiro tem prazo mínimo de 24 meses para veí-culos, computadores, podendo ser de 36 meses paramáquinas e equipamentos, sendo regulamentado

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pela Resolução CMN 2.309, de 28/08/96. Estas ope-rações podem ou não contemplar a aquisição do pro-duto, pelo valor residual, ao final do prazo da ope-ração. Paralelamente, as taxas e encargos variam en-tre as instituições e de banco para banco.

6.3.6. Operações de Vendor

Trata-se de alternativa de financiamento que podeser interessante para o pequeno empresário. Nestaoperação o banco escolhido intermedia uma transa-ção, pagando a mercadoria à vista para o vendedore financiando o comprador. Para o micro e pequenoempresário o principal atrativo está nos juros, cujataxa costuma ser mais conveniente para as transa-ções financeiras entre empresas. Além disso, trans-fere ao banco a responsabilidade de apresentar ga-rantias para o comprador. Entretanto, o financiamen-to por “vendor” também tem restrições pois com-promete a autonomia do empreendedor, que depen-de do vendedor do produto.

A operação funciona como um triângulo entre aempresa vendedora, a compradora e o banco. Avendedora, em 99% dos casos de grande porte, abreuma linha de financiamento com o banco para umaempresa cliente, em geral, a compradora. A transa-ção se concretiza quando a empresa vendedora re-cebe do banco o valor do ativo à vista e repassa obem para a compradora, que por sua vez vai pagara prazo ao estabelecimento de crédito. É um dos pro-dutos financeiros de menor risco do mercado, poisquem assume o risco da operação é uma grandeempresa, bem vista pelos bancos. Além disto, o“vendor” pode ser uma estratégia de fidelização en-tre as partes”13 .

6.3.7. Factoring

Constantemente comparada com agiotagem, o

13. Fábio Pina in “Vendor, opção de crédito a 1,9%”. Diário doComércio. 19/09/02.

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factoring é uma atividade de fomento mercantil,constituindo-se num conjunto de serviços prestadosessencialmente para pequenas e médias empresas.A remuneração das empresas de factoring se dá pormeio do “deságio” pago na compra à vista dos cré-ditos gerados pela empresa cliente. Este “deságio”ou desconto, conhecido e denominado como Fatorde Compra, está na diferença entre o que é pago àempresa cliente geradora do crédito e o que será efe-tivamente cobrado dos clientes que realizaram a com-pra de um bem ou serviço na referida empresa.Normalmente envolve cheques pré-datados.

Na prática, embora esta atividade busque umadiferenciação da atividade financeira, o Fator deCompra se assemelha aos juros cobrados pelo des-conto de duplicata nas operações bancárias. Entre-tanto, é preciso distinguir que, como atividade mer-cantil, as firmas são proibidas de estabelecer taxasde juro nas operações de factoring. Diferentementetambém dos bancos, as operações não podem ser re-alizadas utilizando recursos de terceiros, ou seja, aempresa de factoring, proibida de realizar captaçãono mercado, não constitui passivo junto ao público.Os recursos utilizados nas operações devem se ori-ginar ou ser garantidos pelo patrimônio dos propri-etários das factorings. Tampouco podem realizarempréstimos financeiros, que são caracterizadoscomo operações típicas de banco.

Ao adquirir com “deságio” os créditos gerados nasempresas clientes, esta operação se configura comouma compra definitiva. Assim, a empresa assume natotalidade os riscos de insolvência de cada compra-dor, pouco importando, nesse contexto, a situaçãofinanceira da firma cliente. No caso de insolvênciade cada crédito, o prejuízo fica com a empresa dafactoring, salvo em situações de fraude em que épossível ação judicial contra a empresa cliente.

6.3.8. Empréstimos - Resolução 2.770 do CMN,de 30/08/00 (antiga Resolução CMN 63, de 21/08/67)

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Os empréstimos segundo a Resolução 2.770 doCMN, de 30/08/00 (antiga Resolução CMN 63, de21/08/67), são repasses de recursos captados no ex-terior, amparados e disciplinados pelo mencionadotexto legal e colocados à disposição de empresasindexados à variação cambial. Entre as vantagens, ofato dos encargos serem menores que os dos emprés-timos locais, e a conveniência nos períodos em queas cotações das moedas estrangeiras, particularmenteo dólar norte-americano, estão estáveis ou decli-nantes, relativamente à moeda nacional. Normal-mente, sem ter destinação específica, financia capi-tal de giro, reposição de estoques, pagamento deimpostos ou suprimentos de caixa.

O prazo máximo nas instituições financeiras quedispõem deste financiamento é de 360 dias, poden-do eventualmente excedê-lo. A liberação é na formade crédito em conta corrente. Os encargos são pré-fixados acrescidos da variação do dólar (ou outramoeda estrangeira), devido mensalmente, trimestral-mente ou semestralmente. As garantias podem sertítulos de crédito, duplicatas, cheques, notas promis-sórias de terceiros ou notas promissórias e avais. Aamortização do principal ocorre ao final, podendotambém ser periódica.

6.3.9. Operações Vinculadas às Exportações

O maior problema das MPEs que pretendem rea-lizar exportações é o acesso ao crédito. Aliás, o co-mércio exterior brasileiro sente a falta dessas micro,pequenas e médias empresas na base exportadora.Grande parte desses empreendimentos tem vida útilcurta e além dos problemas normais com os quais sedefrontam nas relações comerciais com o exterior, elaspassam por dificuldades em questões de adequaçãotécnica e preço do produto, capacidade produtiva, co-nhecimento do mercado e planejamento estratégico.

Os mecanismos de financiamento às exportaçõessão regulamentados e supervisionados pelo BancoCentral, mas dependem de agentes privados para

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obtenção de recursos (funding) e sua operacio-nalização. Basicamente, tem-se os Adiantamentossobre Contratos de Câmbio – ACC e os Adiantamen-tos sobre Cambiais Entregues – ACE14 .

Apesar de serem modalidades idênticas quanto àforma de operação, os ACCs compreendem as ope-rações pré-embarque (adiantamento até 180 dias an-tes do embarque, podendo ser estendido até 360 dias,para liquidação do câmbio), enquanto que os ACEsenglobam as operações pós-embarque (até 60 diasapós o embarque, podendo o prazo ser dilatado ematé 180 dias). Desta forma, os ACCs destinam-se aofinanciamento da produção, enquanto que os ACEsprendem-se quase que exclusivamente à geração decapital de giro. Uma operação conjugada de ACC ede ACE tem prazo de até 540 dias para liquidação.

A taxa dessas operações varia em função do riscode crédito da empresa exportadora, do valor da ope-ração, do país de destino, das flutuações nas taxasinternacionais e outras, na faixa de LIBOR + 2,5%a.a. Operações de ACC e de ACE contam exclusiva-mente com a garantia do contrato de câmbio, porémrepresentam crédito preferencial, com precedênciasobre todos os demais créditos, inclusive tributários,nos termos do Art. 65 da Lei 4.728, de 14/07/65.

6.3.10. Fundo de Aval

Anteriormente, ao se tratar do Crédito Empresarialdentro do Convênio Fecomercio e o Banco Nossa Cai-xa (item 6.3.4) foi mencionado no item de operaçõesespeciais o Fundo de Aval (ou Fundo Fidejussório).Várias instituições financeiras trabalham com ele.

Os fundos de avais, constituídos por recursos pro-venientes de entidades de fomento (BNDES,Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP, SEBRAE,

14. Há outras possibilidades como os pagamentos antecipados deexportações, as “export notes” e a securitização de recebíveis de ex-portação, que não estarão sendo considerados pelo pouco efeito quepossuem entre as MPEs.

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Bancos Governamentais, valores inativos retidos noBacen)15 , objetivam facilitar o acesso de MPEs ao cré-dito de médio e longo prazo, garantindo o risco deoperações de empréstimo realizadas pelos agentesfinanceiros ou de créditos repassados pelo BNDES(FINAME e BNDES Automático). Complementam,por assim dizer, as insuficiências de garantias reaisdas empresas beneficiárias.

Observa-se, portanto, que o fundo de aval não éuma linha de crédito, mas um instrumento que pro-vê recursos para o risco de operações de financia-mento para o aumento da competitividade, por meiode implantação, expansão, modernização ourelocalização de empreendimentos, e para a produ-ção destinada à exportação. São garantidos financi-amentos para aquisição de máquinas e equipamen-tos, gastos com obras e instalações, despesas comcapacitação tecnológica (incluindo informatização),dispêndios com treinamento de pessoal, formação equalificação profissional associados ao projeto apre-sentado, parcela de capital de giro acoplada aos in-vestimentos financiados e capitais de giro para a pro-dução de bens destinados à exportação.

Em suma, a cobertura dos riscos em cada opera-ção passa a ser compartilhada entre o próprio agen-te financeiro, o fundo de aval e a MPE solicitante doempréstimo.

Cabe registrar a existência de um fundo específi-co de aval, FUNPROGER – Fundo de Aval para aGeração de Emprego e Renda, criado pela Lei 9.872,de 23/11/99. Sua natureza é contábil, está vincula-do ao Ministério do Trabalho e Emprego, gerido peloBanco do Brasil, com a finalidade de garantir partedo risco dos financiamentos concedidos pelas insti-tuições financeiras oficiais federais, diretamente ou

15. Além disso, a operação é onerada por uma taxa variável sobre ovalor de concessão do aval , a fim de propiciar recursos para suple-mentar a formação das reservas do fundo, possibilitando ampliaçãode atendimento.

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por intermédio de outros bancos, no âmbito do Pro-grama de Geração de Emprego e Renda – PROGER,Setor Urbano.

6.3.11. “Angels Investors”

Quando foi tratada a questão do financiamentopara a abertura das MPEs, aventou-se a participa-ção dos “Angels Investors”, ou “anjos aplicadores’,indivíduos ou fundos especializados em investimen-tos que fornecem financiamento (capital de risco).Estes também atuam da mesma forma nos empreen-dimentos em desenvolvimento, isto é, em troca deuma porcentagem negociada das ações da empresa,em geral até 20%. Evidentemente a participação éformalizada por documento incorporando termos,condições e, subseqüentemente direitos contratuais,envolvendo, ainda, dependendo da porcentagem deações adquiridas, representação na Diretoria”16.

6.3.12. FINEP-PATME - Programa de ApoioTecnológico às Micro e Pequenas Empresas eFINEP-PADCT - Programa de Apoio ao Desenvol-vimento Científico e Tecnológico

A FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos tam-bém possui programas de amparo às MPEs. Doisdeles merecem menção: o PATME – Programa deApoio Tecnológico às Micro e Pequenas Empresas eo PADCT – Programa de Apoio ao Desenvolvimen-to Científico e Tecnológico. O primeiro apresentaimportância mais direta.

Com efeito, o PATME é um mecanismo que per-mite às MPEs ter acesso aos conhecimentos existen-

16. A atuação dos “Angel Investors” certamente muito de aproxi-ma daquela das SCPs – Sociedades em Conta de Participação, ou seja,das sociedades acidentais sem personalidade jurídica (mas equipara-das a pessoas jurídicas para efeitos tributários), com previsão legalestampada no Código Comercial Brasileiro (Artigos 325 a 328). Nopaís, as SCPs estão cada vez mais presentes em setores como dehotelaria, comunicações e afins.

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tes no País, através de consultorias, visando eleva-ção do respectivo patamar tecnológico. Promove aotimização de processos e produtos por meio de ser-viços prestados por instituições tecnológicas paraa melhoria da qualidade, produtividade, desenvol-vimento de novas tecnologias e inovação com o ob-jetivo de elevar a competitividade. Apoia projetosde 3 tipos:

• Projetos Tipo “A” - Buscam resolver problemasdo produto e processo produtivo, para elevar a pro-dutividade, ou seja, melhorar a qualidade e aumen-tar o volume de produção (fabricar mais rápido), re-duzir custos e atualizar o nível tecnológico. Os re-cursos financeiros do PATME destinam-se à remu-neração de até R$ 2.000,00 (com 30% pelo menos deco-participação da MPE), para as entidades execu-toras, atendendo a projetos individuais, coletivossetoriais ou regionais.

• Projetos Tipo “B” - Destinados ao desenvolvi-mento de novas tecnologias de produtos, proces-sos produtivos, máquinas, equipamentos de pro-dução, representativos de maior valor agregado eavanço tecnológico. São ações nas áreas de novosmateriais, desenho industrial, engenharia de pro-cesso, produto, desenvolvimento de softwarefocado na produção, e Estudo de Viabilidade Téc-nica e Econômica do Produto / Processo -E.V.T.E.Os recursos, como no caso anterior, destinam-se àremuneração das entidades executoras do progra-ma para atendimento a projetos individuais esetoriais, porém com o valor alcançando até R$9.000,00 (co-participação de 30%).

• Projetos Tipo “C” - Inovação Tecnológica como objetivo de desenvolver novo produto para o qualexiste interesse no mercado. Caracteriza-se pela em-presa buscando na entidade tecnológica a comple-mentação técnica para suprir oportunidade de mer-cado, graças ao apoio da instituição executora (e nãoapenas a consultoria). Tem como alvo facilitar às

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MPEs meios de reagir de maneira inovadora às de-mandas, de forma a viabilizar o aparecimento desoluções tecnológicas próprias. Os recursos remune-ram as entidades executoras para atendimento a pro-jetos individuais e valor alcançando até R$ 30.000,00(trinta mil reais). A co-participação da firma atingeaté 40% (ou R$ 12.000,00).

Quanto ao PADCT, estruturado a partir de 1980,sendo a FINEP o agente financeiro, tem alcancemais diretamente atrelado ao desenvolvimento deáreas como a química, a biotecnologia e os novosmateriais.

6.3.13. Seguro de Crédito

O Seguro de Crédito, tanto à exportação como parao mercado doméstico, protege as empresas e as ins-tituições financeiras contra os riscos do não pagamen-to. Evidentemente a utilização deste instrumentodesburocratiza e agiliza o processo de liberação derecursos, pois dispensa a análise dos valores dos bensoferecidos em garantia, bem como possibilita o aces-so daquelas empresas (particularmente das MPEs),que por não possuírem bens reais, ficam discrimina-das e alijadas da utilização de financiamentos.

A maioria dos bancos possui linhas de financia-mento, algumas de abrangência exclusiva para asMPEs, utilizando este instrumento, com o custo doseguro interno girando em torno de 2% do valor con-tratado. Assim, no caso de a firma não pagar o em-préstimo tomado, a seguradora efetuará a coberturaao estabelecimento de crédito, ficando com os direi-tos de cobrança, o que lhe permitirá recorrer aos ins-trumentos disponíveis para a recuperação dos recur-sos. No caso de vendas ao exterior, é prática comuma utilização deste mecanismo.

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6.3.14. Cheque Especial Empresa17

É uma comodidade para as MPEs porque o limiteé constantemente ajustado às necessidades de caixada firma e o uso dispensa liberações ou apresenta-ção de qualquer tipo de garantia. Trata-se de linhade crédito especial em conta corrente, que pode sermovimentada livremente por meio da emissão decheques, com encargos pré-fixados.

O Cheque Especial Empresa é muito aceito nomercado. A exemplo do similar destinado às pesso-as físicas é uma linha de crédito descomplicada e defácil utilização. Normalmente o prazo é de 90 dias elimite mínimo de R$ 1.000,00.

6.3.15. Hot Money

O Hot Money é uma modalidade de financiamentode curtíssimo prazo (mínimo de 1 e máximo de 29dias) para cobrir descasamento de caixa, ou seja, paracapital de giro, sendo disponibilizado para empre-sas de qualquer porte ou ramo de atividade. Nãorequer comprovação de direcionamento de recursos.Pressupõe aval dos sócios ou de terceiros e algunsbancos permitem contratá-lo via fax, eliminando anecessidade de assinatura a cada fechamento de ope-ração.

6.3.16. PNMPO – Programa Nacional de Micro-crédito Produtivo Orientado

Instituído pela Medida Provisória 226, de 29/11/04, o Programa Nacional de Microcrédito ProdutivoOrientado - PNMPO - pretende incentivar a geraçãode emprego e renda entre os microempreendedorespopulares, ou seja, pessoas jurídicas e físicas que le-vam adiante atividades produtivas de pequeno por-

17. Não deve ser confundido com o Cheque Especial do Investidor– Empresas, linha de crédito automática e flutuante atrelada ao totalde investimentos – CDB e Fundos de Investimento, algo certamentedistante dos micro e pequenos empreendedores.

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te, formais ou informais. A filosofia subjacente estáassentada no relacionamento direto com os potenci-ais tomadores de recursos, no local aonde vier a serexecutada a atividade econômica.

Por intermédio desta intervenção, o governo pro-cura tornar efetiva a obrigatoriedade dos bancos deinvestir 2% dos depósitos à vista destinados aomicrocrédito, ou seja, empréstimos para a popula-ção de baixa renda e as MPEs. Concretamente, asdecisões tomadas através das Resoluções do CMN3.109, de 24/07/03, 3.212, de 30/06/04 e 3.229, de26/08/04, resultantes da Lei 10.735, de 11/09/03,não traduziram, na prática, os efeitos pretendidospelas autoridades de direito (item 6.3.1).

Os recursos para este programa têm origem noFundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para os ban-cos oficiais (basicamente atenderão financiamentosde médio e longo prazos) e, para estes estabelecimen-tos financeiros públicos estendendo-se aos privados,da parcela dos depósitos à vista destinados aomicrocrédito, de que trata a Lei 10.735, de 11/09/03acima referida18. A operacionalização se dará pelascooperativas singulares de crédito (vide item 6.1),agências de fomento, sociedades de crédito aomicroempreendedor (item 6.2 do trabalho) e organi-zações da sociedade civil de interesse público (idem).

O PNMPO pressupõe a exigência de garantias re-ais (bens), passíveis de serem substituídos por avalsolidário, alienação fiduciária, fianças e/ou garanti-as aceitas pelas instituições que com ele vierem aoperar. O custo máximo destas operações, embora amatéria ainda venha a ser regulamentada pelo Con-selho Monetário Nacional, não deverá exceder a 4%ao mês (juros de 2% ao mês, mais os encargos).

18. Poderá também haver o uso do depósito compulsório dos ban-cos por meio da aquisição de recebíveis das instituições de microcrédito,isto é, o banco fará um empréstimo para as mesmas que funcionariacomo um adiantamento do dinheiro que elas teriam de receber deseus clientes empreendedores.

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Este programa, como mencionado, deverá ter asregras de operacionalização proximamente defini-das e poderá representar fonte de recursos interes-sante para atender às necessidades financeiras dasMPEs. A razão é simples: coexistindo com o PNMPOhaverá o Fundo de Aval, ou seja, um fundo de ga-rantia (recursos do PROGER Urbano e do Fundo deAval do Sebrae – SEMPA) que entrará em ação nocaso de inadimplência elevada, admitindo esta ul-trapassando a casa dos 7%.

Os empreendimentos a serem assistidos, formaisou informais, devem ter renda bruta anual inferior aR$ 60.000,00 e as operações-piloto de aporte de re-cursos, inclusive com a expectativa de estimular aparticipação do setor financeiro privado, terão a res-ponsabilidade do Banco Popular do Brasil e da ins-tituição São Paulo Confia – Banco do Povo. O Pro-grama também prevê capacitação de pessoal e cria-ção de um sistema de rating para avaliação de risco.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS / PROPOSTAS

As MPEs, universo amplo e heterogêneo, respon-sáveis pela quase totalidade dos negócios do País,privilegiam o uso da mão de obra intensiva e se res-ponsabilizam pela maioria dos postos de trabalho. Aproblemática que as envolve no Brasil principia coma inexistência de critério único para conceituá-las eprossegue com a não unicidade dentro de cada umdeles.

O enfoque do trabalho foi direcionado aos empre-endimentos existentes nos setores de grande concen-tração das MPEs, isto é, comércio e prestação de ser-viços. As áreas industrial e agrícola, pouca atençãoreceberam (a última foi praticamente descartada) einiciativas ligadas às atividades informais (artesãos,por exemplo) nem chegaram a ser cogitadas.

Embora as figuras da pré-empresa, dos “clusters”,das incubadoras de negócios, surjam no cotidiano, aimplantação e abertura de MPEs se dá por abnega-ção, idealismo e, geralmente, contando com recur-sos próprios dos que se aventuram na área. O siste-ma bancário brasileiro tradicional hesita em auxiliá-las nessa arrancada inicial. Ademais, a falta de tirocí-nio (falar em planejamento seria uma utopia nestecaso), acaba sendo o grande responsável para que opercentual significativo delas tenha existência efêmera.Entretanto, nas iniciativas adequadamente estrutu-radas e em franco desenvolvimento, novamente éconstatada a ausência do respaldo financeiro da ban-ca tradicional, avessa a se associar aos empresáriosdo segmento na partilha dos riscos mas sempre ávidae pronta para drenar parte significativa dos ganhosobtidos por aqueles que as levam adiante.

Forma-se autêntico círculo vicioso: o crédito, alémde excessivamente oneroso, é de complexa e buro-cratizada obtenção. Isto acarreta baixa demanda, poisos micros e pequenos empreendedores têm convic-ção de que financiamentos podem comprometer asaúde das respectivas empresas. Consequentemente,

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buscam outras opções para lastrear as atividades.Neste contexto, a expansão do empreendimentopode ficar comprometida. Por outro lado, o sistemabancário nacional deixa de massificar os serviços,através da ampliação da base de clientes pessoas ju-rídicas desprovidas de garantias e contrapartidas,preferindo operar seletivamente focando o alvo nasmédias e grandes empresas, inseridas em segmen-tos econômicos promissores. Mais ainda, acabamoptando pelos ganhos nas operações com a dívidapública e com a prestação de serviços.

Intervenções e ações para mudar esse estado decoisas são tímidas, modestas e, pode-se afirmar quena ordem econômica nacional, os bancos formamuma nação à parte fazendo o que querem, mandan-do e desmandando, ganhando em qualquer conjun-tura econômica interna ou externa, com ou sem in-flação, no desenvolvimento e na recessão, estejamos que estiverem no poder. As MPEs prosseguemconvivendo nesse quadro graças ao idealismo eheroísmo dos que as conduzem.

O tratamento do tema partiu da conceituação daMPE. Os critérios quantitativos e qualitativos sãomúltiplos. E talvez nem pudesse ser diferente. En-tretanto, nenhum deles leva em conta as peculiari-dades de uma nação de dimensão continental comoa do território brasileiro. Assim, o conceito sempredeveria estar atrelado às especificidades regionais.Empreendimentos enquadrados como tais certamen-te assumem a conotação de micro e/ou pequeno con-forme a unidade da federação em que se localizam.Ademais, a definição também deveria compactuarcom as naturezas das linhas de crédito existentes ouque viessem a ser estabelecidas.

Estatisticamente a presença, das MPEs na econo-mia brasileira demonstrou a importância do segmen-to independentemente do enfoque: número de em-preendimentos, aberturas de oportunidades de tra-balho, e de emprego, expressiva participação na ge-ração da riqueza total do País, heterogeneidade de

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atuação e participação crescente nas exportações. Ocomércio eletrônico, o processo de terceirização e aconstituição de prestadoras de serviços, intensifica-dos em anos recentes, são também indicadores deque tendem à multiplicação geométrica. E chama aatenção o fato de muitas vezes elas atuarem em seto-res compartilhando com as médias empresas comigualdade de deveres. Certamente seria oportunauma diferenciação explícita das obrigações de umase de outras.

No caso específico do crédito, o trabalho deixouclaro que implantar uma MPE traduz e corporificaidealismo, não necessariamente calcado em planeja-mento prévio ou um plano de negócios, muitas ve-zes sem conhecimento adequado da área de atuaçãoe lançando mão de recursos exclusivamente própri-os. A rede bancária prima por discriminar em ter-mos de ajuda financeira na fase de instalação de em-preendimentos dessa natureza, e os motivos foram,sem expectativa de esgotar o assunto, sumariados.Neste intuito, recorreu-se a levantamento de campoefetivado em 2004 pelo SEBRAE.

Sob outro ângulo, têm acontecido intervenções naexpectativa de ampliar a “bancarização” ou seja, ainclusão de pessoas jurídicas (com desdobramentosno contexto das MPEs) e pessoas físicas, assistidaspelo sistema financeiro nacional. Os esforços estãosendo levados adiante por iniciativas as mais diver-sas e se concretizando através da constituição de co-operativas de crédito, organizações de microcrédito,linhas específicas de financiamento direcionadas aesse público. Apesar disso, os resultados estão aquémdas expectativas, de modo que torna-se interessanteencetar esforços adicionais para a formação de par-cerias entre as entidades representativas e os ban-cos, visando a criação crescente de linhas de créditopara os micros e pequenos empreendedores. É im-portante a assistência ao negócio consolidado mas,igualmente fundamental na implantação, abertura ouexecução de projetos novos. Nessa direção, cabe lem-brar que a FIESP recentemente liderou a formação

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de cooperativas de crédito de empresários ligados àindústria.

Entretanto, mesmo a constituição de cooperativasde crédito passa pela questão de recursos paraintegralização do capital inicial. É comum àquelesque pretendem se filiar ou se associar a entidadesda espécie, cogitarem de imediato, empréstimos, oque pode fazer a questão ficar complexa. Na medi-da em que recursos existem no BNDES, ou no FAT,por que não criar uma linha de financiamento paraincentivar a formação dessas cooperativas? O gran-de e poderoso banco nacional de fomento poderiavir a ser um dos sócios, retirando-se depois,gradativamente, quando a organização de micro-crédito em formação estivesse consolidada na for-ma de operar. A maioria das MPEs estruturadas eem atividade costuma demandar recursos para ca-pital de giro permitindo enfrentar as dificuldadeseconômicas do dia-a-dia e/ou para infra-estrutura.Os bancos argumentam negar crédito apenas quan-do a empresa possui problemas cadastrais (pendên-cias jurídicas ou fiscais) ou quando esteja muito com-prometida no mercado financeiro. Porém, esta pare-ce não ser a realidade dos fatos pois, inques-tionavelmente, operar com pessoas físicas (no casoo dono do empreendimento) é muito mais rentávele menos arriscado.

No passado, a Resolução 695 do CMN, de 17/06/81, obrigava os estabelecimentos bancários, de acor-do com os respectivos tamanhos, a “aplicarem ex-clusivamente em financiamentos de capital de giroàs micro, pequenas e médias empresas comerciais,de prestação de serviços e industriais, importânciaequivalente, no mínimo, a percentuais variáveis de1% a 15% incidentes sobre o total de depósitos sujei-tos a recolhimento compulsório, captados na própriaregião”. Ora, por que não reeditar a mencionada Re-solução 695 do CMN, de 17/06/81, ou acionar meca-nismo semelhante? Sabe-se que o instrumento do de-pósito compulsório garante ao governo volumeconsiderável de recursos, como instrumento de con-

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trole da liquidez. E parte destes recursos capitalizan-do as MPEs, estimularia a criação e manutenção deempregos, uma das bandeiras hoje defendidas ardo-rosamente pelas autoridades governamentais.

Outro ponto relevante é o de que entre as opçõesde crédito existentes e descritas no trabalho, além dedesconhecidas pelas MPEs, exigem projetos e pré-re-quisitos de complexa realização. Não é por outra ra-zão que as pesquisas do SEBRAE-SP revelaram quefirmas da espécie desejam assessoria, assistência e res-paldo nas negociações de financiamento junto aosbancos, auxílio na elaboração de projetos, orientação,apoio técnico para o gerenciamento da empresa ecapacitação gerencial, para melhor poderem negociarcom o sistema financeiro e obter juros menores,desburocratização de operações e alongamento deprazos. Campanhas de divulgação e propagandas es-pecíficas, a cargo do governo ou de entidades especí-ficas, probabilisticamente a custo zero, poderiam sercolocados em prática, utilizando as alternativas ofe-recidas pela mídia, particularmente os programas derádio e televisão de cunho e abrangência regional.

Seja como for, viabilizar financiamentos para asMPEs passa pela priorização destas nos programasde microcrédito, igualdade de tratamento com oscorrentistas de baixa renda e aposentados, maior di-vulgação das linhas de crédito que lhes digam res-peito e criação de outras alternativas desburo-cratizadas de assistência financeira, redução de ta-xas de juros e de tarifas, eliminação de carga tributá-ria incidente nas operações de crédito e, comple-mentando, o necessário e desejável apoio e obriga-toriedade de programas de capacitação gerencial,conduzidos por organismos oficiais ou pelas entida-des classistas19 . Um trabalho adicional consistiria em

19. Neste particular, merece menção a iniciativa do SEBRAE Na-cional em encartar semanalmente nos jornais de grande circulaçãono país, a partir de dezembro de 2004, a série de fascículos denomina-da “Guia do Empreendedor”, de inusitada utilidade e caracterizadospor uma linguagem simples, didática e esclarecedora.

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alterar posturas do micro e pequeno empreendedormostrando quão útil é o financiamento quando esti-ver sem disponibilidade de caixa suficiente para ino-var, investir e fazer frente à concorrência, para as-sim perenizar ou perpetuar o negócio.

Sem expectativa de esgotar o assunto, as propos-tas poderiam ser sumariadas como segue:

• Definição de MPE compactuando com as natu-rezas das linhas de crédito existentes ou que vies-sem a ser estabelecidas e contemplando as realida-des regionais do País;

• Diferenciação explícita das obrigações e deve-res das MPEs daquelas subjacentes às das médiasempresas quando atuantes em setores afins, inclusi-ve relativamente ao crédito;

• Diligenciar para formar parcerias entre entida-des classistas e bancos objetivando a criação de nú-mero crescente de linhas de crédito para os micros epequenos empreendedores, particularmente assistin-do-os na implantação, abertura e/ou execução deprojetos novos;

• Demandar junto aos setores competentes paraque haja direcionamento de especial atenção às fir-mas que atuem nas áreas de comércio e prestação deserviços, pólos de germinação relevantes que sãocaracterizados pela grande inserção numérica deMPEs;

• Sensibilizar o BNDES (ou disponibilizar recur-sos do FAT) para a constituição de linha específicade financiamento para propiciar a constituição decooperativas de crédito;

• Reeditar a Resolução 695 do CMN, de 17/06/81, ou acionar mecanismo semelhante, de modo aque parcela do compulsório dos bancos seja obriga-toriamente direcionada para financiamentos de ca-pital de giro das MPEs;

• Criar campanhas de publicidade, divulgação, oucomunicação, específicas lideradas pelo governo, ouentidades classistas, com grande probabilidade, acusto zero, para esclarecimento e popularização so-

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bre as linhas de crédito existentes e passíveis de usopelas MPEs. Recorrer-se-ia às alternativas oferecidaspela mídia, particularmente programas de rádio etelevisão de cunho e abrangência regional.

Complementarmente, cabe enfatizar que o traba-lho, ao descrever as linhas de créditos ou financia-mentos existentes na banca nacional, deixou de ladoas particularidades de como são operadas, visto cadainstituição possuir formas próprias de administrá-las, com taxas, comissões, prazos, e outros fatorescorrelatos exclusivos e com mudanças freqüentesditadas por questões de competitividade, da conjun-tura econômica e correlatas.

Finalmente, registre-se que o texto, uma contribui-ção no abrangente tema do “Crédito para as Micro ePequenas Empresas”, ao contemplar de forma cres-cente a inclusão dos empreendedores ligados às mes-mas nos programas de financiamento geridos pelabanca nacional, reveste-se de fundamental importân-cia para colaborar na viabilização do crescimentosustentado no Brasil. Neste contexto, o assunto podeser aprofundado e propicia amplos desdobramen-tos. Fica a sugestão.

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