cadernos de boas prÁticas - projeto, construção e

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  • FICHA TCNICA

    Editor: CIBIO - Centro de Investigao em Biodiversidade e Recursos GenticosTitulo: Caderno de Boas Prticas - Projeto, Construo e Manuteno de Espaos VerdesAutores: Isabel Martinho da Silva, Liliana Reis, Victor EstevesConsultores: Paulo Farinha Marques; Teresa Portela MarquesDesign grfico / Ilustraes: Victor Esteves

    ISBN: 978-989-98732-1-6

    Como CITAr ESTA PUBLICAo

    Martinho Silva, I..; Reis, L.; Esteves, V. (2013); Caderno de Boas Prticas - Projeto, Construo e Manuteno de Espaos Verdes. Porto: AMP; CIBIO UP

  • 1. INTRODUO 52. PRINCPIOS ORIENTADORES PARA A 6GESTO SUSTENTVEL DOS ESPAOS 62.1. GESTO DO SOLO 62.2. GESTO DA GUA 62.3. GESTO DA VEGETAO 62.4. PROMOO DA BIODIVERSIDADE 72.5. GESTO DE MATERIAIS INERTES 72.6. NORMAS E LEGISLAO APLICVEL 7

    3.1. CADERNO DE BOAS PRTICAS DE PROJETO 151. PRINCIPIOS DE DESENHO SUSTENTVEL 172. INTERVENO SObRE A SITUAO ExISTENTE 182.1. LEVANTAMENTO E ANLISE DO LUGAR 182.2. INTERVENO SOBRE OS ELEMENTOS EXISTENTES 183. SOLO 223.1. DELIMITAO DO ENVELOPE DE CONSTRUO 223.2. REAS DE PROTEO 223.3. MODELAO DE TERRENO 234. GUA 244.1. CONSIDERAES GERAIS 244.2. REGA 245. VEGETAO 265.1. MOBILIzAO DO SOLO 265.2. FERTILIzAO 265.3. PLANTAES E SEMENTEIRAS 265.4. TRATAMENTOS FITOSSANITRIOS 276. bIODIVERSIDADE 277. MATERIAIS INERTES E ESTRUTURAS CONSTRUDAS 287.1. CONSIDERAES GERAIS 287.2. PAVIMENTOS 287.3. OUTRAS ESTRUTURAS CONSTRUDAS 297.4. EQUIPAMENTOS E MOBILIRIO URBANO 30

    3.2. CADERNO DE BOAS PRTICAS DE CONSTRUO 331. PRINCIPIOS GERAIS DE CONSTRUO SUSTENTVEL 351.1. TCNICAS DE CONSTRUO 351.2. MATERIAIS A APLICAR 352. INTERVENO SObRE A SITUAO ExISTENTE 352.1. REAS A PROTEGER 352.2. REA DE ESTALEIRO E MAQUINARIA 362.3. INTERVENO SOBRE OS ELEMENTOS EXISTENTES 363. SOLO 373.1. LIMPEzA E DESMATAO DO TERRENO 373.2. MODELAO DO TERRENO 374. GUA 384.1. REGA: ABASTECIMENTO E DISTRIBUIO DE GUA 385. VEGETAO 395.1. MOBILIzAO DO TERRENO 395.2. FERTILIzAO 395.3. PLANTAES E SEMENTEIRAS 396. bIODIVERSIDADE 417. MATERIAIS INERTES E ESTRUTURAS CONTRUIDAS 417.1. ESTRUTURAS CONSTRUIDAS 417.2. EQUIPAMENTOS E MOBILIRIO URBANO 41

    3.3. CADERNO DE BOAS PRTICAS DE maNUTENO 431. PRINCIPIOS GERAIS DE MANUTENO SUSTENTVEL 451.1. ENTIDADE RESPONSVEL PELA MANUTENO 451.2. PLANO DE MANUTENO 451.3. MAQUINARIA 452. LIMPEzA DE REAS PAVIMENTADAS E 46ESPAOS VERDES 462.1. CONSIDERAES GERAIS 462.2. LIMPEzA DE REAS PAVIMENTADAS 46 E CAIXOTES DO LIXO 462.3. LIMPEzA DE PRADOS E RELVADOS 462.4. LIMPEzA DE zONAS ARBUSTIVO-hERBCEAS 462.5. LIMPEzA DE MATAS 462.6. GESTO DE RESDUOS 463. SOLO 473.1. OTIMIzAR A FERTILIzAO DO SOLO 473.2. PRESERVAR A CAMADA SUPERIOR DO SOLO (TERRA VIVA) 474. GUA 474.1. REGA 474.2. ELEMENTOS DE GUA 484.3. SISTEMA DE DRENAGEM 495. VEGETAO 495.1. CONTROLO DE DOENAS E PRAGAS 495.2. RELVADOS 495.3. PRADOS 505.4. ESTRATO hERBCEO 525.5. ESTRATO ARBUSTIVO 535.6. ESTRATO ARBREO 546. bIODIVERSIDADE 587. MATERIAIS INERTES, ESTRUTURAS CONTRUIDAS E EQUIPAMENTO 587.1. REAS VERDES COBERTAS COM MULCh, ESTILhA OU INERTES 587.2. ESTRUTURAS CONSTRUDAS 587.3. EQUIPAMENTOS 597.4. MOBILIRIO URBANO 607.5. ELEMENTOS DE ILUMINAO 618. PATRIMNIO CULTURAL 628.1. PATRIMNIO CULTURAL CLASSIFICADO OU EM VIAS DE CLASSIFICAO 628.2. PATRIMNIO CULTURAL NO CLASSIFICADO 639. REAS DEGRADADAS 63

    4. bIbLIOGRAFIA 64

    INDICE

  • icaderno de boas prticasprojeto, construo e manuteno de espacos verdes

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    Os Cadernos de Boas Prticas que integram esta publicao foram desenvolvidos para auxiliar o pro-jeto, a construo e a manuteno de espaos verdes sustentveis.

    A sustentabilidade dos espaos verdes assegu-rada por uma correta utilizao e gesto dos recur-sos naturais existentes, pela adequao dos usos capacidade dos stios, pela aplicao de princpios que minimizem o impacto da construo nos ecos-sistemas locais e no ecossistema global, e pela adoco de prticas de manuteno sustentveis. A adoco dos princpios constantes destes Cad-ernos de Boas Prticas pode tambm conduzir certificao dos espaos verdes, uma vez que os princpios integram muitas das normas exigidas pe-las entidades certificadoras.

    Para a elaborao destes Cadernos de Boas Prti-cas foi necessria a definio de Princpios Orien-tadores. Estes Princpios Orientadores consistem numa srie de recomendaes relativas gesto dos recursos Solo, gua, e Vegetao; gesto dos Materiais Inertes; e promoo da Biodiver-sidade. Foi tambm includa nestes princpios ori-entadores, a Legislao internacional e nacional aplicvel, e as normas principais conducentes certificao de espaos verdes.

    Os Cadernos so documentos constitudos por me-didas orientadoras para as fases de projeto, con-struo e manuteno de espaos verdes, tendo sido elaborados um Caderno de Boas Prticas de Projeto, um Caderno de Boas Prticas de Con-struo, e um Caderno de Boas Prticas de Ma-nuteno.

    Estes Cadernos de Boas Prticas foram concebi-dos segundo um modelo exaustivo, o que permite a sua aplicao a qualquer espao verde. A partir destes Cadernos podem elaborar-se Cadernos de Boas Prticas ou Cadernos de Encargos especfi-cos para qualquer espao verde, selecionando-se as alneas aplicveis a cada caso, e sendo suscetveis de adaptao ou alterao conforme as especificidades de cada stio.

    Os Cadernos de Boas Prticas foram inicialmente desenvolvidos no mbito do projeto Rede de Parques Metropolitanos da Grande rea Metro-politana do Porto, elaborado por uma vasta equipa tcnica liderada pela professora Teresa Andresen e destinavam-se constituir um suporte tcnico para o projeto, construo e manuteno de stios inte-grantes dessa rede. Os Cadernos de Boas Prticas aqui apresentados resultam duma reviso, reformu-lao e ilustrao desses cadernos iniciais de forma a alargar a sua aplicao a qualquer espao verde que se pretenda sustentvel ou certificado.

    1. INTRODUO

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    Os princpios orientadores que esto na base da elaborao dos Cadernos de Boas Prticas as-sentam na Gesto do Solo, na Gesto da gua, na Gesto da Vegetao, na Promoo da Biodiver-sidade, na Gesto dos Materiais, e nas Normas e Legislao internacional e nacional, aplicveis.

    2.1. GESTO DO SOLO A Carta Europeia do Solo, publicada pelo Consel-

    ho da Europa em 1972, j considerava o solo como um recurso raro, sensvel e dificilmente renovvel, declarando a proteo do solo arvel como um ob-jetivo prioritrio da gesto sustentvel dos recursos naturais; Em 2007 a Comisso das Comunidades Euro-

    peias lanou a Estratgia Temtica para a Proteo dos Solos, que declara a degradao do solo como sendo um problema grave na Europa, provocado ou acentuado por atividades humanas como prti-cas agrcolas e silvcolas inadequadas, atividades industriais, turismo, crescimento das zonas urbanas e industriais e construo de equipamentos. (...) A degradao do solo tem um impacto direto na qualidade da gua e do ar, na biodiversidade e nas alteraes climticas; Esta Estratgia apresenta como seu objetivo ger-

    al a proteo e a utilizao sustentvel do solo, com base nos seguintes princpios orientadores: Prevenir uma maior degradao do solo e preser-

    var as suas funes nas situaes em que: o solo utilizado e as suas funes so exploradas, sen-do, portanto, necessrio tomar medidas relativas aos modelos de utilizao e gesto de solos, e o solo funciona como sumidouro/receptor dos efeitos de atividades humanas ou fenmenos ambientais, sendo necessrio tomar medidas na fonte; Reabilitar os solos degradados, garantindo um

    nvel de funcionalidade mnimo coerente com a sua utilizao atual e prevista, tendo assim igualmente em conta os custos da reabilitao do solo. (Es-tratgia Temtica para a Proteo do Solo, 2006); Assim, considera-se que a conservao da fer-

    tilidade do solo uma das medidas principais de gesto do solo. Tendo em conta a crescente es-cassez de solos frteis, urge proteger os solos existentes e restaurar a fertilidade dos solos dani-ficados.

    O respeito pela capacidade de uso do solo, o controlo da eroso, a maximizao da permeabili-dade do solo, e a recuperao de solos degrada-dos ou contaminados so outras das medidas fun-damentais para uma gesto sustentvel do recurso solo.

    2.2. GESTO DA GUA A gua cobre mais de 70% da superfcie da Terra,

    sendo que apenas 1% gua doce; A gua um recurso escasso; Segundo a Diretiva Quadro da gua, a gua no

    um produto comercial, mas um patrimnio que deve ser protegido, defendido e tratado como tal (Diretiva 2000/60/CE, de 23 de Outubro, transposta para a ordem jurdica nacional pela Lei n. 58/2005, de 29 de Dezembro). Assim, uma gesto sustentv-el do recurso gua pressupe a conservao dos sistemas hdrico e de drenagem naturais; O uso racional da gua, atravs da diminuio do

    consumo e da reciclagem, uma medida funda-mental para a gesto sustentvel deste recurso.

    2.3. GESTO DA VEGETAO A vegetao, com especial destaque para o es-

    trato arbreo, est na base da construo da pais-agem. Para intervir na paisagem, indispensvel conhecer bem as dinmicas da vegetao, espe-cialmente da vegetao autctone, nomeadamente a sua relao com o clima, o solo e a gua; A vegetao tem um papel fundamental nos ecos-

    sistemas naturais e humanos. Promove a biodiver-sidade, fixa o dixido de carbono (contribuindo para o sequestro do carbono), reduz a poluio atmosf-rica, suaviza a temperatura, evita a eroso do solo, diminui impactos visuais e sonoros, e contribui para o bem-estar e qualidade de vida das populaes; Uma gesto sustentvel da vegetao passa pela

    conservao e promoo da vegetao autc-tone e pela eliminao da vegetao infestante. A adequao da vegetao ao uso de solo previsto, minimizando simultaneamente as necessidades de manuteno outro aspeto essencial da gesto da vegetao na criao de espaos verdes susten-tveis.

    2. PRINCPIOS ORIENTADORES PARA A GESTO SUSTENTVEL DOS ESPAOS VERDES

  • icaderno de boas prticasprojeto, construo e manuteno de espacos verdes

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    2.4. PROMOO DA BIODIVERSIDADE Segundo a Conveno sobre a Diversidade Bi-

    olgica (1992) (ratificada pelo Governo Portugus atravs do Decreto Lei n. 21/93, de 29 de Junho), a biodiversidade e os seus componentes possuem um valor intrnseco, bem como valores ecolgico, gentico, social, econmico, cientfico, educa-cional, cultural, recreativo e esttico, sendo que de grande importncia para a evoluo e para a manuteno dos sistemas necessrios vida da biosfera, referindo tambm o facto de a sua con-servao e a utilizao sustentvel dos recursos biolgicos serem uma preocupao comum hu-manidade. Assim, parte-se do princpio de que a biodiversi-

    dade possui uma multiplicidade de valores, no s intrnsecos, e patrimoniais, mas tambm valores que advm do seu uso direto e indireto, nomeadamente, a regulao atmosfrica, climtica e hidrolgica. A biodiversidade real no reside apenas no nmero de espcies existentes, mas sim na variedade de inter-relaes entre espcies, cuja coevoluo demora sculos a acontecer e no facilmente renovvel. A promoo da biodiversidade passa em primeiro

    lugar pela conservao e promoo dos habitats e espcies locais. Para atingir este objetivo fundamental a

    preservao e/ou reintroduo de vegetao autc-tone, nomeadamente nas matas de folhosas, uma vez que um uso excessivo de espcies no autc-tones pode causar uma ruptura dos ecossistemas locais. Dentro desta lgica devem tambm conser-var-se ou recuperar-se os habitats com elevados ndices de biodiversidade, como o caso das zo-nas hmidas, linhas de gua e matas ripcolas. O combate homogeneizao da paisagem e a

    criao de corredores ecolgicos so outros aspe-tos fundamentais para promover a biodiversidade. Em reas de uso agrcola tradicional importante a preservao de parcelas agrcolas pois estas for-necem habitat e alimento para numerosas espcies animais. A utilizao de proteo integrada e luta biolgica

    no combate a doenas e pragas em detrimento da luta qumica ter tambm um impacto positivo na biodiversidade.

    2.5. GESTO DE MATERIAIS INERTES Muitos dos materiais inertes utilizados na con-

    struo de espaos verdes so recursos naturais no renovveis. Por outro lado a indstria extrativa, origem da grande maioria dos materiais inertes, tem

    um grande impacto no ambiente e na paisagem. Aos custos ambientais, h ainda que adicionar os custos energticos de extrao, transformao e transporte dos materiais inertes. A minimizao dos custos ambientais e energticos dos materiais in-ertes passa por uma gesto sustentvel dos mes-mos, subordinada ao conceito Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Usar menos materiais, reutilizar material e, final-

    mente utilizar material reciclado o caminho sus-tentvel no que diz respeito origem do material. A este principio fundamental deve adicionar-se a utilizao de materiais reutilizveis e reciclveis no que respeita ao destino dos materiais, e uma gesto sustentvel dos resduos da construo: separao dos resduos para posterior reaproveitamento e re-ciclagem. Deve tambm promover-se a utilizao de ma-

    teriais locais, o que, para alm de promover uma melhor integrao na paisagem, reduz os custos energticos de transporte. A utilizao de eco materiais, materiais com modo

    de produo sustentvel, materiais certificados, e materiais com grande sequestro de carbono so outras medidas para uma gesto sustentvel dos materiais inertes. 2.6. NORMAS E LEGISLAO APLICVELO quadro seguinte apresenta uma smula da leg-islao internacional e nacional, normativa e indica-tiva, que de alguma forma regulamenta, condiciona, e orienta os projetos de interveno no espao pblico.

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    Denominao e Data Temtica abordada

    Legislao Internacional

    Conveno Europeia da Paisagem (2000)

    A Conveno Europeia da Paisagem reconhece a paisagem como um recurso essencial ao desenvolvimento econmico e social dos pases da unio, que integra o patrimnio natural e cultural da Eu-ropa, e que fundamental ao ambiente humano. Tem por objetivo promover a proteo, a gesto e o ordenamento da paisagem e organizar a cooperao europeia neste domnio.

    Conveno sobre a Diversidade Bi-olgica (1992) (transposta para a ordem jurdica nacional pelo DL n. 21/93, de 29 de Junho)

    A Conveno sobre a Diversidade Biolgica tem como objetivos a conservao da diversidade biolgica, o uso sustentvel dos seus componentes e a partilha justa e equilibrada dos benefcios result-antes da utilizao dos recursos genticos.

    Diretiva 92/43/CEE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de Maio de 1992 Diretiva Habitats (transposta para a Lei Portuguesa, juntamente com a Diretiva Aves, pelo DL n. 140/99 de 24 de Abril com a redao dada pelo DL n. 49/2005, de 24 de Fevereiro)

    A Diretiva Habitats tem por objetivo contribuir para assegurar a bio-diversidade atravs da conservao dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens. As medidas tomadas destinam-se a garantir a conservao ou o restabelecimento dos habitats naturais e das espcies selvagens de interesse comunitrio num estado de con-servao favorvel, e devem ter em conta as exigncias econmi-cas, sociais e culturais, bem como as particularidades regionais e locais.

    Diretiva 79/409/CEE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 2 de Abril de 1979 Diretiva Aves (trans-posta para a Lei Portuguesa, junta-mente com a Diretiva Habitats, pelo DLn. 140/99 de 24 de Abril com a redao dada pelo DL n. 49/2005, de 24 de Fevereiro)

    A Diretiva Aves diz respeito conservao de todas as espcies de aves que vivem naturalmente no estado. Tem por objetivo a pro-teo, a gesto e o controlo dessas espcies e regulamenta a sua explorao.

    Diretiva 2000/60/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 23 de Outubro de 2000 Diretiva Quadro da gua (transposta para a ordem jurdica nacional pela Lei n. 58/2005, de 29 de Dezembro, alterada pelo Decretos-Lei n. 245/2009, de 22 de setembro, pelo DL n. 60/2012, de 14 de Maro (artigo 47) e pelo DL n. 130/2012, de 22 de Junho)

    O objetivo da Diretiva Quadro da gua estabelecer um enquadra-mento para a proteo das guas de superfcie interiores, das guas de transio, das guas costeiras e das guas subterrneas que: a) Evite a continuao da degradao e proteja e melhore o estado

    dos ecossistemas aquticos, e tambm dos ecossistemas terres-tres e zonas hmidas diretamente dependentes dos ecossistemas aquticos, no que respeita s suas necessidades em gua; b) Promova um consumo de gua sustentvel, baseado numa pro-

    teo a longo prazo dos recursos hdricos disponveis; c) Vise uma proteo reforada e um melhoramento do ambiente

    aqutico, nomeadamente atravs de medidas especficas para a reduo gradual das descargas, das emisses e perdas de sub-stncias prioritrias e da cessao ou eliminao por fases de descargas, emisses e perdas dessas substncias prioritrias; d) Assegure a reduo gradual da poluio das guas subter-

    rneas e evite a agravao da sua poluio; e e) Contribua para mitigar os efeitos das inundaes e secas.

  • icaderno de boas prticasprojeto, construo e manuteno de espacos verdes

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    Quadro I - Legislao Internacional e Nacional

    Denominao e Data Temtica abordada

    Diretiva 2007/60/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Outubro de 2007 (transposta para a ordem jurdica nacional pelo Decreto Lei n. 115/2010, de 22 de Outubro)

    Esta diretiva tem por objetivo estabelecer um quadro para a aval-iao e gesto dos riscos de inundaes, a fim de reduzir as con-sequncias associadas s inundaes prejudiciais para a sade hu-mana, o ambiente, o patrimnio cultural e as atividades econmicas.

    Diretiva 80/68/CEE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de Dezembro de 1979

    Esta diretiva tem como objetivo a proteo das guas subterrneas contra a poluio causada por certas substncias perigosas, con-stantes nas Listas I e II do seu anexo.

    Diretiva 91/676/CEE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de Dezembro de 1991 Diretiva Nitra-tos (Transposta para o Quadro legal portugus, pelo DL n. 235/97 de 3 de Setembro e alterado pelo DL68/99 de 3 de Novembro, regulamentado por Portaria n. 83/2010, de 10 de Fevereiro e Portaria n. 164/2010, de 16 de Maro)

    A Diretiva Nitratos tem por objetivo reduzir a poluio das guas causada ou induzida por nitratos de origem agrcola e impedir a propagao da referida poluio. Esta diretiva obriga ainda desig-nao das zonas vulnerveis conhecidas nos respetivos territrios e elaborao de um cdigo ou cdigos de boas prticas agrcolas a aplicar voluntariamente pelos agricultores, e obrigatoriamente nas zonas vulnerveis.

    Diretiva 86/278/CEE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de Junho de 2006 Diretiva Lamas (transposta para o Quadro Legal por-tugus, pelo DL n. 446/91, de 22 de Novembro e alterado pelo DLi n. 118/2006, de 21 de Junho)

    A Diretiva Nitratos tem por objetivo reduzir a poluio das guas causada ou induzida por nitratos de origem agrcola e impedir a propagao da referida poluio. Esta diretiva obriga ainda desig-nao das zonas vulnerveis conhecidas nos respetivos territrios e elaborao de um cdigo ou cdigos de boas prticas agrcolas a aplicar voluntariamente pelos agricultores, e obrigatoriamente nas zonas vulnerveis.

    Diretiva 2006/12/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 5 de Abril de 2006 (transposta para a ordem ju-rdica nacional pelo DL n. 178/2006 de 5 de Setembro, alterado por DL n. 173/2008, de 26 de Agosto, pela Lei n. 64-A/2008, de 31 Dezembro, e pelos Decretos Leis n. 183/2009, de 10 Agosto e DL n. 73/2011, de 17 de Junho)

    Esta diretiva relativa aos resduos e indica que se devem tomar medidas adequadas para promover: a) Em primeiro lugar, a preveno ou a reduo da produo e da

    nocividade dos resduos atravs, nomeadamente; b) Em segundo lugar, a valorizao dos resduos por reciclagem,

    reutilizao, recuperao ou qualquer outra ao tendente obten-o de matrias-primas secundrias; ou a utilizao de resduos como fonte de energia

    Poltica Agrcola Comum (PAC) A PAC regulamenta e suporta as atividades das exploraes agrcolas da Unio Europeia. Atualmente a PAC est dividida em 2 pilares. O 1 pilar corresponde a Politicas de Preos e Mercados Agrcolas. O 2 pilar corresponde a Politicas Scio-estruturais e/ou de Desenvolvimento Rural; A concretizao da PAC do ponto de vista ambiental traduz-se em

    condicionantes ambientais ao nvel do 1 pilar (condicionalidade) e em medidas de suporte ao nvel do 2 pilar (medidas agroambien-tais).

    Carta Europeia do Solo, publicada pelo Conselho da Europa em 1972

    Considera o solo como um recurso raro, sensvel e dificilmente renovvel, declarando a proteo do solo arvel como um objetivo prioritrio da gesto sustentvel dos recursos naturais.

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    Denominao e Data Temtica abordada

    Regulamento (CE) N. 1980/2000 de 17 de Julho, relativo atribuio de rtulo ecolgico comunitrio a revesti-mentos duros para pavimentos.

    Regulamento de atribuio do rtulo ecolgico comunitrio, ori-entando os consumidores em relao aos produtos suscetveis de contribuir para a reduo dos impactos ambientais durante o seu ciclo de vida completo e prestar-lhes informaes sobre as caractersticas ambientais dos produtos a que foi atribudo o rtulo ecolgico.

    Estratgia Temtica para a Proteo dos Solos, publicada pela Comisso das Comunidades Europeias, em 2007

    Prope medidas destinadas a preservar as funes ecolgicas, econmicas, sociais e culturais dos solos; Compreende o estabelecimento de um quadro legislativo que per-

    mita proteger e utilizar o solo de forma duradoura, integrar a proteo do solo nas polticas nacionais e comunitrias e reforar a base de conhecimento e o aumento da sensibilizao do pblico.

    Carta de Veneza, Carta Internacional sobre a conservao dos Monumen-tos e dos Stios, aprovada em Veneza, no Congresso Internacional de Ar-quitetos e Tcnicos em Monumentos Histricos, em Maio de 1964.

    Princpios que devem presidir conservao e ao restauro dos monumentos.

    Resoluo 2001/C 73/04 do Con-selho, de 12 de Fevereiro de 2001, relativa qualidade arquitectnica no meio urbano e rural

    Incentiva os Estados-Membros a: a) intensificar os esforos para aumentar o conhecimento e pro-

    mover a arquitetura e urbanismo, assim como sensibilizar e formar as entidades e cidados para uma cultura arquitectnica, urbana e paisagstica; b) atender s especificidades do servio de arquitetura; c) promover a qualidade arquitectnica; d) favorecer o intercmbio de informaes e de experincias em

    matria de arquitetura.

    Conveno para a Salvaguarda do Patrimnio Arquitetnico da Europa, do Conselho da Europa, de 3 de Ou-tubro de 1985.

    Integra a definio de patrimnio arquitetnico, sendo que as Partes comprometem-se a identificar com preciso os monumen-tos, conjuntos arquitetnicos e stios suscetveis de serem prote-gidos e manter o respetivo inventrio e, em caso de ameaa dos referidos bens, a preparar, com a possvel brevidade, documen-tao adequada: a) implementando um regime legal de proteo do patrimnio ar-

    quitetnico; b) assegurando, no mbito desse regime e de acordo com mo-

    dalidades prprias de cada Estado ou regio, a proteo dos monu-mentos, conjuntos arquitetnicos e stios.

    Carta de Florena: Jardins Histricos, adotada pelo ICOMOS, em 1982.

    Carta relativa salvaguarda dos jardins histricos, definindo Jar-dim Histrico e a sua composio, assim como medidas para a sua manuteno, conservao, restauro, reconstituio e utilizao.

    Conveno Europeia para a Proteo do Patrimnio Arqueolgico, aberta assinatura em La Valetta, Malta, em 16 de Janeiro de 1992, aprovada pela Resoluo da Assembleia da Repbli-ca n. 71/97, de 7 de Outubro.

    Tem por objetivo a proteo do patrimnio arqueolgico enquanto fonte da memria coletiva europeia e instrumento de estudo histri-co e cientfico.

  • icaderno de boas prticasprojeto, construo e manuteno de espacos verdes

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    Denominao e Data Temtica abordada

    Legislao Nacional

    ENCNB Estratgia Nacional para a Conservao da Natureza e da Biodi-versidade (RCM n. 152/2001)

    Est centrada em 3 objetivos gerais: conservar a natureza, pro-mover a utilizao sustentvel dos recursos biolgicos, e contribuir, em especial, para os objetivos definidos na Conveno sobre a Diversidade Biolgica. Entre as 10 opes estratgicas, destaca-se a segunda: constituir a Rede Fundamental de Conservao da Natureza.

    ENDS Estratgia Nacional de De-senvolvimento Sustentvel (2005-2015), aprovada em Junho de 2006

    Procura estabelecer um modelo sustentvel para evoluo da so-ciedade, tendo em conta polticas comunitrias e nacionais. A Es-tratgia Nacional de Desenvolvimento Sustentvel tambm acom-panhada pelo respetivo Plano de Implementao (PIENDS) que apresenta, para cada um dos 7 objetivos estratgicos, de acordo com as prioridades e vetores definidos, as principais medidas pbli-cas a concretizar.

    Plano Setorial da Rede Natura 2000 O Decreto Lei n. 140/99, de 24 de Abril, com a redao que lhe foi dada pelo Decreto Lei n. 49/2005, de 24 de Fevereiro, deter-mina a elaborao de um plano setorial relativo implementao da Rede Natura 2000 que estabelea o mbito e enquadramento das medidas referentes conservao das espcies da flora, da fauna e dos habitats naturais e tendo em conta o desenvolvimento econmico e social das reas abrangidas; Assim, este Plano constitui um instrumento de concretizao da

    poltica nacional de conservao da diversidade biolgica, visando a salvaguarda e valorizao das ZPE e dos Stios, do territrio con-tinental, bem como a manuteno das espcies e habitats num es-tado de conservao favorvel nestas reas.

    DL 19/93 de 23 de Janeiro Rede Nacional de reas Protegidas (Al-terado pelos DL n. 151/95, de 24 de Junho, DL n. 213/97, de 16 de Ago-sto, DL n. 227/98, de 17 de Julho e DL n. 221/2002, de 22 de Outubro)

    Visa a constituio de uma Rede Nacional de reas Protegidas e tem como princpios gerais a conservao da natureza, a proteo dos espaos naturais e das paisagens, a preservao das espcies da fauna e da flora e dos seus habitats naturais, a manuteno dos equilbrios ecolgicos e a proteo dos recursos naturais.

    Regime Jurdico da Conservao da Natureza e da Biodiversidade (DL n. 142/2008, de 24 de Julho)

    Estabelece o regime jurdico da conservao da natureza e da bio-diversidade; Cria a Rede Fundamental de Conservao da Natureza (composta

    pelas reas nucleares de conservao da natureza e da biodiver-sidade integradas no SNAC e pelas reas de reserva ecolgica nacional, de reserva agrcola nacional e do domnio pblico hdrico enquanto reas de continuidade que estabelecem ou salvaguardam a ligao e o intercmbio gentico de populaes de espcies sel-vagens entre as diferentes reas nucleares de conservao), es-trutura o Sistema Nacional de reas Classificadas (constitudo pela RNAP, pelas reas classificadas que integram a Rede Natura 2000 e pelas demais reas classificadas ao abrigo de compromissos in-ternacionais assumidos pelo Estado Portugus) e introduz a pon-derao da necessidade de elaborao de planos de ordenamento para algumas tipologias.

    Quadro I - Legislao Internacional e Nacional

  • i

    12

    Denominao e Data Temtica abordada

    Lei n. 11/87 de 7 de Abril (alterado pelo DL n. 224-A/96, de 26 de No-vembro e pela Lei n. 13/2002, de 19 de Fevereiro) Lei de Bases do Ambiente

    Corresponde organizao do espao biofsico, tendo como ob-jetivo o uso e transformao do territrio, de acordo com as suas capacidades e vocaes e a permanncia dos valores de equilbrio biolgico e de estabilidade geolgica, numa perspetiva de aumento da sua capacidade de suporte da vida.

    Decreto Lei n. 468/71 de 5 de No-vembro (alterado pelo Decretos Leis n. 53/74, de 15 de Fevereiro e DL n. 89/87, de 26 de fevereiro, e pela Lei n. 16/2003, de 4 de Junho) Domnio Pblico Hdrico

    Salvaguarda os leitos das guas do mar, correntes de gua, lagos e lagoas, bem como as respetivas margens e zonas adjacentes.

    Decreto Lei n. 112/2002, de 17 de Abril Plano Nacional da gua

    Este Plano tem como objetivo estabelecer de forma estruturada e programtica uma estratgia racional de gesto e utilizao de todos os recursos hdricos nacionais, em articulao com o ordenamento do territrio e a conservao e proteo do ambiente.

    Planos das Bacias Hidrogrficas do Douro, do Ave, do Cvado e do Lea

    Planos setoriais que, assentando numa abordagem conjunta e interligada de aspetos tcnicos, econmicos, ambientais, institucio-nais e sociais, tm em vista estabelecer de forma estruturada e pro-gramtica uma estratgia racional de gesto e utilizao das bacias hidrogrficas, em articulao com o ordenamento do territrio e a conservao e proteo do ambiente.

    Decreto Lei n. 93/90, de 5 de Maro (alterado pelos DL n. 180/2006, de 6 de Setembro, revisto pelo DL n. 166/2008, de 22 de Agosto e al-terado pelo DL n. 239/2012, de 2 de Novembro) Reserva Ecolgica Nacional

    Tem como finalidade possibilitar a explorao dos recursos e a utilizao do territrio com salvaguarda de determinadas funes e potencialidades, de que dependem o equilbrio ecolgico e a es-trutura biofsica das regies, bem como a permanncia de muitos dos seus valores econmicos, sociais e culturais.

    Decreto Lei 196/89, de 14 de Jun-ho (alterado pelos Decretos Lei n. 274/92, de 12 de Dezembro e DL n. 278/95, de 25 de Outubro e novo re-gime jurdico da Reserva Agrcola Na-cional pelo DL n. 73/2009, de 31 de Maro) Reserva Agrcola Nacional

    Destina-se a defender as reas de maiores potencialidades agrco-las, ou que foram objeto de importantes investimentos destinados a aumentar a sua capacidade produtiva, tendo como objetivo o pro-gresso e a modernizao da agricultura portuguesa, bem como a proteo dos solos.

    Cdigo de Boas Prticas Agrcolas (imposto pela Diretiva Nitratos)

    Neste Cdigo so estabelecidos os programas de ao a imple-mentar nas zonas vulnerveis. Entre outras coisas, estabelece os princpios gerais da fertilizao racional dos solos e das culturas, com realce para a fertilizao azotada; Tem como objetivo fundamental a racionalizao da prtica de fer-

    tilizao e de todo um conjunto de prticas culturais que podem interferir na dinmica do azoto no ecossistema, diminuindo assim o seu efeito poluidor.

    Lei n. 33/96 de 17 de Agosto Lei de Bases da Poltica Florestal

    Define as bases da poltica florestal nacional, e determina que o ordenamento e gesto florestal se fazem atravs de planos regionais de ordenamento florestal (PROF), cabendo a estes a explicitao das prticas de gesto a aplicar aos espaos florestais, manifestan-do um carter operativo face s orientaes fornecidas por outros nveis de planeamento e deciso poltica.

  • icaderno de boas prticasprojeto, construo e manuteno de espacos verdes

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    Denominao e Data Temtica abordada

    Decreto Lei n. 204/99 de 9 de Junho

    Este decreto regulamenta o processo de elaborao, de aprovao, de execuo e de alterao dos planos regionais de ordenamento florestal (PROF) a aplicar nos espaos florestais, nos termos do artigo 5. da Lei de Bases da Poltica Florestal.

    Lei n. 107/2001, de 8 de Setembro, que estabelece as bases da poltica e do regime de proteo e valorizao do patrimnio cultural.

    Estabelece as bases da poltica e do regime de proteo e val-orizao do patrimnio cultural, como realidade da maior relevncia para a compreenso, permanncia e construo da identidade na-cional e para a democratizao da cultura.

    Decreto Lei n. 309/2009, de 23 de Outubro

    Estabelece o procedimento de classificao dos bens imveis de interesse cultural, bem como o regime jurdico das zonas de pro-teo e do plano de pormenor de salvaguarda.

    Decreto Lei n. 555/99, de 16 Dezembro (republicado pelo DL Lei n. 26/2010, de 30 Maro com alter-ao pela Lei n. 28/2010, de 2 de Setembro) - Regime jurdico da urbani-zao e edificao

    Aprova o regime jurdico de licenciamento municipal de loteamen-tos urbanos e obras de urbanizao ou obras particulares; A Portaria n. 26-B/2008, de 3 de Maro, fixa os parmetros para o

    dimensionamento das reas destinadas a espaos verdes e de uti-lizao coletiva, infraestruturas virias e equipamentos de utilizao coletiva nas operaes de loteamento.

    Decreto Lei n. 46/2008, de 12 de Maro (regulamentado por Portaria n. 417/2008, de 11 de Junho e alterado por DL n. 73/2011, de 17 de Junho)

    Estabelece o regime das operaes de gesto de resduos result-antes de obras ou demolies de edifcios ou de derrocadas, a sua preveno e reutilizao e as suas operaes de recolha, trans-porte, armazenagem, triagem, tratamento, valorizao e eliminao.

    Decreto Lei n. 565/99 de 21 de Dezembro

    A introduo de espcies no indgenas na Natureza pode origi-nar situaes de predao ou competio com espcies nativas, a transmisso de agentes patognicos ou de parasitas e afetar seria-mente a diversidade biolgica, as atividades econmicas ou a sade pblica, com prejuzos irreversveis e de difcil contabilizao. Assim, este decreto regulamenta a introduo na natureza de es-

    pcies no indgenas da flora e da fauna.

    Lei n. 107/2001, de 8 de Setembro, que estabelece as bases da poltica e do regime de proteo e valorizao do patrimnio cultural.

    Estabelece as bases da poltica e do regime de proteo e val-orizao do patrimnio cultural, como realidade da maior relevncia para a compreenso, permanncia e construo da identidade na-cional e para a democratizao da cultura.

    Decreto Lei n. 163/2006 de 8 de Agosto

    A promoo da acessibilidade constitui um elemento fundamental na qualidade de vida das pessoas, sendo um meio imprescindvel para o exerccio dos direitos que so conferidos a qualquer membro de uma sociedade democrtica; Assim, este Decreto define as condies de acessibilidade a satis-

    fazer no projeto e na construo de espaos pblicos, equipamen-tos coletivos, edifcios pblicos e habitacionais.

    Decreto Lei n. 379/97 de 27 de Dezembro (alterado pelo DL n. 119/2009, de 19 de Maio)

    Estabelece as condies de segurana a observar na localizao, implantao, conceo e organizao funcional dos espaos de jogo e recreio, respetivo equipamento e superfcies de impacte, destinados a crianas, necessrias para garantir a diminuio dos riscos de acidente, traumatismos e leses acidentais e as suas con-sequncias.

    Quadro I - Legislao Internacional e Nacional

  • 3.

    CADERNOS DE BOAS PRTICAS

  • 3.1

    CADERNO DE BOAS PRTICAS DE

    PROJETO

  • O Caderno de Boas Prticas de Projeto (CBPP) um documento constitudo por medidas orienta-doras para o projeto de espaos verdes susten-tveis.

    Este foi concebido segundo um modelo exaustivo podendo ser utilizado na elaborao de Cadernos de Boas Prticas ou Cadernos de Encargos de Projeto para qualquer espao verde, atravs da seleo dos itens aplicveis, estando estes sujei-tos a adaptaes conforme a especificidade de cada stio.

    O CBPP foi elaborado com base nos princpios do chamado desenho sustentvel. Este conceito surge do reconhecimento que a sustentabilidade de um sitio determinada em grande medida pelas opes que se tomam na altura do seu de-senho/conceo.Um desenho sustentvel deve reger-se por princ-pios que compatibilizem os usos previstos com a aptido do sitio.

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    17

    caderno de boas prticasprojeto, construo e manuteno de espacos verdes

    1. PRINCIPIOS DEDESENHO SUSTENTVEL

    O desenho de um espao verde deve respeitar princpios ecolgicos de gesto sustentvel dos re-cursos naturais e promoo da biodiversidade, e ter uma funo e esttica adequadas ao pblico-alvo; Um espao verde no deve ser um espao de

    excluso devendo ser criadas condies para o acesso e usufruto de todos, nomeadamente de pessoas com mobilidade reduzida; Um espao verde deve ser um local seguro, no

    devendo ser criados espaos que possam evoluir para ncleos de marginalidade; O acesso a um espao verde deve ser fcil e atrativo; Um espao verde deve ser dotado de uma rea

    de estacionamento adequada sua dimenso. De-vem criar-se reas de parqueamento para bicicletas de modo a incentivar o acesso ao espao verde atravs deste meio de transporte sustentvel; Na conceo de um espao verde devem criar-se

    sempre que possvel corredores verdes, pedonais e ciclveis, de ligao a outros espaos verdes vizin-hos, por forma a contribuir para a criao de uma estrutura verde associada a uma estrutura de mo-bilidade suave escala local, municipal ou regional A rede de percursos dentro de um espao verde

    deve ser clara e inequvoca. Dependendo da di-menso do espao verde, esta rede pode ser hi-erarquizada. A rede principal deve distinguir-se da secundria atravs da largura dos caminhos e dos tipos de pavimento; Um desenho sustentvel deve potenciar a fertili-

    dade e capacidade de carga dos solos existentes e limitar os melhoramentos a reas cuidadosamente escolhidas; Nas zonas pavimentadas devem ser previligiada

    a utilizao de materiais locais, com o objetivo de promover uma maior integrao dos caminhos na paisagem. Contudo, em casos como o de espaos verdes de pequena dimenso inseridos numa mal-ha urbana com elevado grau de impermeabilizao, deve ser privilegiada a utilizao de pavimentos per-meveis ou semipermeveis; Sempre que a construo de um espao verde

    implicar a demolio de pavimentos ou outras estru-turas construdas existentes no local, deve sempre equacionar-se o reaproveitamento dos materiais de demolio para a construo dos novos pavimen-tos ou estruturas construdas;

    A vegetao proposta deve adequar-se locali-zao, funo e esttica do espao verde. Espaos verdes construdos em zonas rurais ou espaos verdes cujo objetivo fundamental a promoo da funo ecolgica (parques ecolgicos) devem privi-legiar a utilizao de vegetao autctone. Esta veg-etao pode tambm ser utilizada noutras tipologias de espaos verdes, nomeadamente tipologias mais urbanas, por ser de mais fcil manuteno e ser fortemente potenciadora da biodiversidade. Quanto s espcies no nativas, aqui designadas por orna-mentais, o seu uso deve equacionar-se em funo da tipologia e objetivos do espao verde. Esta veg-etao ser mais adequada a espaos verdes de cariz urbano. contudo interdita a utilizao das espcies consideradas invasoras, constantes do anexo I do DL n. 565/99 de 21 de Dezembro; Tendo em conta a escassez do recurso gua, a

    vegetao proposta deve minimizar o consumo de gua. Deve equacionar-se sempre que possvel a criao de reas de sequeiro ou com necessidades de rega reduzidas, devendo as reas regadas por asperso coincidir com as zonas de recreio ativo ou quaisquer outras zonas que exijam uma elevada capacidade de carga;

    Figura 1 - organizao funcional e hierarquia

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    A manuteno do espao verde deve ser equa-cionada no processo da sua conceo. Devem ser projetados espaos verdes fceis de manter, nome-adamente atravs da escolha de vegetao, mate-riais, mobilirio urbano e equipamento com poucas necessidades de manuteno: Para racionalizar o processo de manuteno, a

    vegetao utilizada deve ser agrupada segundo as suas necessidades de manuteno, devendo ser projetadas transies claras entre reas com pou-cas necessidades de manuteno e reas com el-evadas necessidades de manuteno. O projeto deve incluir um plano de manuteno

    no qual se explicite a imagem pretendida para o es-pao verde, e as operaes necessrias ao longo do ano para assegurar o correto desenvolvimento e funcionamento do parque. O plano de manuteno dever contemplar prti-

    cas de manuteno conducentes sustentabili-dade e eventual certificao do espao verde.

    A fase de conceo de um espao verde traduz-se geralmente num Plano Conceptual / Programtico, um Plano Geral, Cortes e Alados, Esquemas e peas escritas acessrias.

    2. INTERVENO SObRE A SITUAO ExISTENTE

    2.1. LEVANTAMENTO E ANLISE DO LUGAR O projeto de um espao verde requer o recon-

    hecimento e levantamento dos valores e elementos que o caracterizam, de modo a manter ou aumentar o potencial/carter do lugar. Assim, deve ser feito o reconhecimento e levantamento de todos os va-lores ecolgicos, histricos e culturais do local, no-meadamente: Formaes geolgicas notveis, pelo seu inter-

    esse pblico e/ou cientfico; Tipos de solo com identificao da fertilidade e

    vulnerabilidade dos mesmos; Linhas de drenagem natural; Linhas de gua, superfcies de gua e zonas

    hmidas; Flora, com especial ateno para as rvores ou

    outros espcimes vegetais notveis, incluindo a avaliao do seu estado sanitrio. Fauna, com identificao de reas de reproduo

    e corredores ecolgicos; Pr-existncias construdas tais como caminhos,

    muros, sistemas de rega, poos, tanques, noras, ou outros elementos de gua; Patrimnio cultural construdo, tal como patrimnio

    edificado, jardins histricos ou valores arqueolgi-cos; sistema de vistas.

    O levantamento e anlise do lugar materializa-se em plantas grficas e peas escritas, tais como: Planta topogrfica (altimetria e planimetria), Carta hi-drolgica, Carta geolgica, Carta de solos, Carta da flora existente, Carta da fauna existente, Carta de estruturas construdas, Carta do patrimnio cultural construdo, Carta do sistema de vistas e respetivas Peas Escritas acessrias. Para o levantamento e elaborao das respetivas cartas de anlise, poder ser necessria a colaborao de especialistas. 2.2. INTERVENO SOBRE OS ELEMENTOS EXISTENTES2.2.1. Solo Preservar e proteger os solos com elevada fer-

    tilidade, nomeadamente os fluvissolos, antrossolos e cambissolos. O projeto deve evitar a construo/impermeabilizao de solos com elevada fertilidade;

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    caderno de boas prticasprojeto, construo e manuteno de espacos verdes

    Proteger solos suscetveis de eroso, nomeada-mente os leptossolos, regossolos e areias; Nos solos suscetveis de eroso, o projeto deve

    propor um uso do solo que controle o processo erosivo, nomeadamente atravs de uma adequada modelao do terreno e cobertura vegetal; Preconizar a decapagem da camada superior do

    solo (terra viva), nas reas previstas para construo e impermeabilizao do solos. A terra decapada deve ser armazenada em pargas para posterior utili-zao nas zonas de construo.

    2.2.2. gua Proteger, conservar e requalificar os meios hdri-

    cos e os ecossistemas associados, conforme indi-cado no Plano Nacional da gua; Conservar o sistema hdrico natural (guas su-

    perficiais e subterrneas) e as zonas hmidas ex-istentes. Restaurar sistemas hdricos e zonas hmidas

    danificados e/ou contaminados com poluentes, atravs de tcnicas adequadas; Conservar e/ou recuperar o sistema de drenagem

    natural.

    2.2.3. Vegetao Preservar a vegetao autctone; Preservar a vegetao ornamental em boas con-

    dies vegetativas e estticas; Eliminar a vegetao extica infestante de acordo

    com a alnea h), do art 8, da Conveno sobre Di-versidade Biolgica; Preservar as rvores existentes, com exceo

    dos exemplares exticos infestantes; Definir a vegetao a manter, a transplantar e a

    eliminar. No caso das rvores, devem ser elimina-dos apenas os exemplares doentes, no final do seu ciclo de vida e os espcimes infestantes. Caso seja necessrio remover rvores ou outra vegetao im-portante devido sua localizao em reas a con-struir, deve ser equacionado, sempre que possvel, o seu transplante para outra rea do espao verde.

    A. Matas Especial ateno deve ser prestada, no mbito da

    vegetao a manter, s matas de autctones e s matas ribeirinhas. Todos os elementos arbreos e sub arbreos detentores de estatuto de proteo legal devem ser mantidos e geridos segundo os parmetros estabelecidos no quadro legal vigente; Numa mata autctone de conservao deve pro-

    mover-se o crescimento e a diversidade de esp-cies autctones, preconizando apenas um controlo

    do crescimento da vegetao quando funcional-mente necessrio, como a criao de trilhos e aceiros; Em matas de autctones de conservao ex-

    trema, deve reduzir-se a interveno humana ao mnimo; Pelo contrrio, em matas autctones de recreio

    deve projetar-se o subcoberto de modo a criar re-as de recreio, reas de estadia e caminhos; As matas de exticas / ou infestantes existentes,

    nomeadamente, matas de eucalipto e matas de accias, devem ser gradualmente convertidas em matas de autctones. Este processo deve ter um acompanhamento tcnico especializado; Na maior parte dos casos, especialmente quando

    j existam no subcoberto do estrato arbreo in-festante rebentos de vegetao autctone, acon-selhvel a reconverso atravs da abertura de clarei-ras de regenerao. Esta uma tcnica progressiva e contnua que implica a eliminao sistemtica dos elementos infestantes jovens deixando apenas os espcimes de maior porte. Este procedimento tem como objetivo criar condies de luminosidade ideais para o crescimento da vegetao autctone existente no subcoberto. A regenerao pode ser auxiliada pela plantao ou sementeira de espcies autctones de grande vigor vegetativo ou carter pioneiro, tais como espcies da mata ribeirinha nas zonas baixas; A reconverso das matas de infestantes pode

    tambm ser feita atravs de tcnicas de desbaste nico; Em qualquer tipo de mata existente, deve ser

    previsto um sistema de controlo de fogo tendo em conta as cartas de risco de fogo para o local. De-vem tomar-se medidas para quebrar a continuidade dos matos, nomeadamente, atravs da criao de aceiros e gesto do subcoberto. Deve ser feito um registo grfico da vegetao con-servada, transplantada e a eliminar (Carta de inter-veno sobre a vegetao).

    2.2.4. biodiversidade Promover a proteo de ecossistemas, habitats

    naturais e a manuteno de populaes viveis de espcies no seu meio natural, de acordo com a alnea d), do Art. 8, da Conveno sobre Diver-sidade Biolgica, com especial ateno para os bosques de folhosas, as linhas de gua e matas ribeirinhas associadas, e as zonas hmidas; Recuperar e restaurar ecossistemas degradados

    e promover a recuperao de espcies ameaa-

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    das, mediante, entre outros meios, a elaborao e implementao de planos e outras estratgias de gesto de acordo com a alnea f), do Art. 8, da Conveno sobre Diversidade Biolgica; Manter e promover corredores ecolgicos (sebes,

    muros tradicionais, etc.); Preservar as reas agrcolas existentes uma vez

    que estas constituem habitat e fornecem alimento para numerosas espcies animai; Manter rvores mortas ou touas, desde que es-

    tas no constituam um problema fitossanitrio ou um perigo para os utilizadores dos espaos verdes. As rvores mortas e touas constituem habitats para muitas espcies, e a sua decomposio con-tribui para a fertilidade do solo.

    2.2.5. Estruturas Construdas Definir as estruturas construdas a manter e a de-

    molir; Uma gesto sustentada dos materiais inertes

    aconselha a que sejam aproveitadas as estruturas construdas em bom estado de conservao, es-pecialmente as que tm carter patrimonial, tais como pavimentos, muros tradicionais e elementos de gua (sistemas de rega, poos, tanques, noras); No caso de demolio de estruturas deve, sem-

    pre que possvel, ser equacionado o aproveitamento do material para posterior reutilizao na construo das estruturas propostas para o espao verde; O material no reutilizvel, deve ser reciclado

    prevendo no projeto a separao dos produtos de demolio e o seu posterior transporte Central de Tratamento mais prxima;

    2.2.6. Patrimnio A. Patrimnio classificado ou em vias de classifi-cao Os elementos pertencentes ao patrimnio classi-

    ficado ou em vias de classificao devem ser con-servados, cuidados e protegidos devidamente, de modo evitar a sua destruio ou deteriorao; A conservao do patrimnio impe a sua ma-

    nuteno permanente, e da sua envolvente; A gesto, a conservao e o restauro dos monu-

    mentos e stios pertencentes ao patrimnio classifi-cado ou em vias de classificao devem ser alvo de uma colaborao interdisciplinar. Todos os estudos e projetos para trabalhos de conservao, restauro, escavao, modificao e reintegrao de bens classificados ou em vias de classificao devem ser obrigatoriamente elaborados e subscritos por tc-nicos especializados;

    proibida a realizao de qualquer interveno ou obra, no interior ou exterior de elementos de patrimnio classificado ou em vias de classificao, ou mudanas de uso que o possam afetar, no todo ou numa parte, sem autorizao expressa e o acompanhamento do rgo competente da admin-istrao central e/ou municipal; Na rea de enquadramento de um bem classifi-

    cado ou em vias de classificao, no so permiti-das intervenes, relevantes em termos de volume, natureza, morfologia ou cromatismo, que possam alterar a especificidade arquitectnica da zona ou perturbar a perspetiva de contemplao desse el-emento patrimonial. Exceptuam-se as intervenes que possuem como finalidade a qualificao de elementos do contexto ou dele retirar elementos esprios.

    A1. Patrimnio Arquitetnico No podem ser feitas demolies totais ou par-

    ciais de bens imveis classificados ou em vias de classificao sem prvia e expressa autorizao do rgo competente da administrao central e/ou municipal; Os elementos escultricos, pinturas ou elemen-

    tos decorativos que constituam parte integrante do monumento no podem ser separados deste, ex-ceto quando este for o nico mtodo para promover a sua conservao; As operaes de restauro tm que ser sempre pre-

    cedidas e acompanhadas por um estudo arquitetni-co e histrico do monumento. Estas operaes de-vem ser efetuadas atravs de tcnicas adequadas; Na recuperao, devem ser considerados e res-

    peitados os contributos das vrias pocas de edifi-cao do monumento, sendo que na operao de restauro, no existe a necessidade de uma unidade de estilo. O valor dos elementos a conservar ou eliminar no poder ser unicamente uma deciso do autor do projeto, e estar sujeita opinio de es-pecialistas; Os elementos que venham a ser incorporados,

    para substituir partes em falta, devem integrar-se de forma harmoniosa no conjunto, devendo distinguir-se da parte original; No so permitidos acrescentos, exceto quando

    respeitem todas as partes interessadas do edifcio, o seu quadro tradicional, o equilbrio da sua com-posio e as suas relaes com o meio envolvente. Deve ser promovida a utilizao de edifcios, se

    esta for de interesse pblico, e no prejudicar as caractersticas arquitectnicas e histricas dos mesmos e o respetivo meio ambiente;

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    caderno de boas prticasprojeto, construo e manuteno de espacos verdes

    quitetnico e histrico do monumento. Estas op-eraes devem ser efetuadas atravs de tcnicas adequadas; Na recuperao, devem ser considerados e res-

    peitados os contributos das vrias pocas de edifi-cao do monumento, sendo que na operao de restauro, no existe a necessidade de uma unidade de estilo. O valor dos elementos a conservar ou eliminar no poder ser unicamente uma deciso do autor do projeto, devendo estar sujeita opinio de especialistas; Os elementos que venham a ser incorporados,

    para substituir partes em falta, devem integrar-se de forma harmoniosa no conjunto, devendo distinguir-se da parte original.

    B2. Jardins Histricos Todos os trabalhos de restauro, manuteno,

    conservao e reconstruo de Jardins considera-dos de carter histrico, devem ser executados por uma equipa de peritos qualificados na rea, sempre respeitando os princpios e metodologias descritos na Carta de Florena, redigida pelo Comit Inter-nacional dos Jardins Histricos do ICOMOS-IFLA. Isto , todas as intervenes a realizar em jardins histricos devem ser precedidas por uma fase de investigao histrica exaustiva tendo em conta to-dos os elementos constituintes do espao no seu conjunto. A caracterizao da identidade do lugar a base para qualquer tipo de interveno a realizar neste tipo de espaos.

    A interveno sobre os elementos existentes traduz-se geralmente numa Planta de Interveno sobre os Elementos Existentes e peas escritas acessrias.

    A2. Patrimnio Arqueolgico Na gesto e manuteno do patrimnio arque-

    olgico, devero ser adotadas medidas de ordena-mento das runas, assim como de conservao e proteo permanente dos elementos arquitetnicos e dos objetos descobertos; As operaes de escavao devem seguir nor-

    mas cientficas e os princpios constantes na Reco-mendao definidora dos princpios internacionais a aplicar em matria de escavaes arqueolgicas, adotada pela UNESCO em 1956; As operaes de restauro tm que ser sempre

    precedidas e acompanhadas por um estudo arque-olgico e histrico do monumento;

    A3. Jardins Histricos Todos os trabalhos de restauro, manuteno,

    conservao e reconstruo de Jardins considera-dos de carter histrico, devem ser executados por uma equipa de peritos qualificados na rea, sempre respeitando os princpios e metodologias descritos na Carta de Florena, redigida pelo Comit Inter-nacional dos Jardins Histricos do ICOMOS-IFLA. Isto , todas as intervenes a realizar em jardins histricos devem ser precedidas por uma fase de investigao histrica exaustiva tendo em conta to-dos os elementos constituintes do espao no seu conjunto. A caracterizao da identidade do lugar a base para qualquer tipo de interveno a realizar neste tipo de espaos.

    B. Patrimnio no classificado Os elementos pertencentes ao patrimnio no

    classificado devem ser conservados, cuidados e protegidos devidamente, de modo a assegurar a sua integridade e evitar a sua destruio ou dete-riorao; A conservao do patrimnio impe a sua ma-

    nuteno permanente, assim como da envolvente; Todos os estudos e projetos para trabalhos de

    conservao, restauro e reconverso de patrimnio no classificado devem ser elaborados e subscritos por tcnicos especializados.

    B1. Patrimnio Arquitetnico Os elementos escultricos, pinturas ou elemen-

    tos decorativos que constituam parte integrante do monumento no devem ser separados deste, ex-ceto quando este for o nico mtodo para promover a sua conservao; As operaes de restauro devem ser sempre

    precedidas e acompanhadas por um estudo ar-

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    3. SOLO

    3.1. DELIMITAO DO ENVELOPE DE CONSTRUO O envelope de construo a rea onde toda a obra

    est contida. Tudo o que est fora do envelope deve ser tratado como rea a proteger durante a construo; O envelope de construo deve ser localizado

    em reas j perturbadas e/ou nas zonas de menor valor ecolgico: zonas com piores solos, menor riqueza biolgica, etc; Para isso, o projeto deve propor usos compatveis

    com o valor ecolgico do substrato. Assim, deve evitar-se a construo/impermeabilizao de solos com elevada fertilidade, pelo que pavimentos e out-ras estruturas construdas devem localizar-se, sem-pre que possvel, nos solos de menor fertilidade. Da mesma forma, deve evitar-se a construo em reas de elevado valor florstico e faunstico; O envelope de construo deve ser assinalado

    em todas as peas desenhadas, nomeadamente do Estudo Prvio e Projeto de Execuo.

    3.2. REAS DE PROTEO As reas de proteo so reas que, durante a

    construo da obra, no sero acessveis a maqui-naria e pessoal, devendo estar assinaladas em to-das as peas desenhadas; A vegetao arbrea e arbustiva a manter deve,

    sempre que possvel, ser integrada na rea de proteo. Quando for necessrio definir uma rea de proteo para exemplares arbreos isolados, o sistema radicular deve ser includo na zona de pro-teo. Os critrios para definir a dimenso da zona de proteo de uma rvore so: projeo da copa, a idade da rvore, o seu grau de tolerncia a pertur-baes e a resistncia do sistema radicular; O patrimnio classificado ou em vias de clas-

    sificao possui automaticamente uma Zona de Proteo de 50 metros, contada a partir dos seus limites externos. Para alm desta Zona de Proteo, pode existir ainda uma Zona de Proteo Especial, fixada por portaria do rgo competente da Admin-istrao Central; Na envolvente de jardins histricos devem ser evi-

    tadas todas as alteraes ao ambiente fsico que coloquem em risco o seu equilbrio ecolgico, nome-adamente, a construo de sistemas de drenagem, sistemas de irrigao, parques de estacionamento, estradas, vedaes, instalaes de manuteno, apoios para visitantes, etc.

    As medidas preventivas e de proteo traduzem-se geralmente numa Planta de Medidas Cautelares e peas escritas acessrias

    Figura 2.1 - rea de interveno

    Figura 2.2 - reas de proteo

    Figura 3 - Proteo de arvores - vedao a considerar

    Figura 2.3 - Delimitao do envelope de construo

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    23

    caderno de boas prticasprojeto, construo e manuteno de espacos verdes

    3.3. MODELAO DE TERRENO A modelao de terreno no deve introduzir alter-

    aes drsticas na topografia local, nomeadamente no seu sistema de drenagem natural. O sistema de drenagem natural deve ser preservado e/ou recu-perado; O projeto deve prever que, antes de qualquer

    operao de mobilizao de terras, seja feita a de-capagem e armazenamento da camada superficial do solo (terra viva) cuja espessura ser definida em funo do tipo de solo. Esta terra deve ser poste-riormente utilizada na construo das zonas verdes do lugar evitando a importao da terra vegetal e diminuindo, consequentemente, o custo da obra; A modelao de terreno deve ser conduzida de

    maneira a existir um equilbrio entre o volume de at-erro e escavao, diminuindo assim os custos do transporte de terras; A modelao de terreno no deve alterar as cotas

    do terreno na rea de proteo das rvores. Esta rea inclui sempre o sistema radicular, o que na maioria das espcies corresponde projeo da copa. A modelao de terreno deve minimizar a ne-

    cessidade de estruturas de suporte; Evitar resolver desnveis com taludes de pen-

    dentes muito acentuadas, de difcil estabilizao e manuteno. A sua inclinao no deve exceder nunca o ngulo natural de repouso do solo (normal-mente 1/1.5); Em caso de pendentes muito acentuadas ou que

    excedam o ngulo natural de repouso do solo de-vem utilizar-se estruturas de suporte: muros de su-porte ou taludes reforados; As superfcies planas propostas devem ser mod-

    eladas de modo a apresentarem uma inclinao en-tre 1.5% e 2%, que permita a drenagem superficial da gua; A modelao de terreno deve cumprir o Decreto

    Lei n. 163/2006, de 8 de Agosto que regulamenta as acessibilidades.

    A modelao de terreno traduz-se geralmente numa Planta de Modelao e Movimentos de terra, em Perfis do terreno, num Mapa de Medies parcial de Volumes de Terras e peas escritas acessrias.

    50m

    AT - EC 0

    AT - EC 0

    AT - EC 0

    Figura 4 - Proteo de patrimonio classificado | 50m

    Figura 5.1 - Terreno existente

    Figura 5.2 - Escavao

    Figura 5.3 - Aterro e escavao

    Figura 5.4 - Operao de escavao e aterro | corte tipo

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    24

    4. GUA

    4.1. CONSIDERAES GERAIS Promover um consumo de gua sustentvel, ba-

    seado numa proteo a longo prazo dos recursos hdricos disponveis; Captar, armazenar e conservar a gua para futura

    utilizao; Maximizar as reas no regadas.

    4.2. REGA4.2.1. Abastecimento da Rede de Rega A rega deve sempre ser feita a partir de recursos

    hdricos locais. Apenas em caso de impossibilidade de utilizao destes que deve ser considerada a utilizao de gua de rede pblica. A rega pode ser feita a partir de guas pluviais,

    recolhidas e armazenadas para o efeito. Quando a qualidade dos recursos hdricos locais

    no permitir o seu uso imediato para rega devem ser construdos sistemas locais de tratamento de guas, nomeadamente mini-etars ou fito-etars.

    4.2.2. Plano de Rega A dotao de rega deve ser adequada s ne-

    cessidades das diferentes tipologias de vegetao evitando uma rega excessiva ou deficitria - Rega diferencial; No sentido de garantir a sustentabilidade do es-

    pao verde aconselhvel que 1/3 da rea de pro-jeto seja considerada sem rega; As plantas devero ser associadas, tendo em

    conta as suas necessidades hdricas, no sentido de se promover rega por hidrozonas; O Plano de Rega deve cumprir um programa anu-

    al calculado segundo as condies edafoclimticas e as necessidades da vegetao a regar; A rega deve ser automtica. O sistema de rega

    deve ser contudo complementado com bocas de rega que assegurem esta operao em caso de falha do sistema automtico; O sistema de rega deve ser controlado por

    programador(es), associado(s) a manmetros e sensores de humidade, de forma a adaptar a rega s condies atmosfricas evitando-se assim des-perdcios de gua. Em alternativa pode recorrer-se a sistemas de gesto inteligente da gua; O Plano de Rega deve conter todas as especifi-

    caes necessrias relativas tubagem, aparelhos de rega, vlvula e programadores, devendo sempre ser utilizado material antivandalismo;

    O Plano de Rega deve identificar inequivocamente os setores de rega, bem como as presses e cau-dais tericos de funcionamento; Adequar o sistema de rega (asperso, pulveri-

    zao, localizada ou manual) s necessidades da vegetao, estabelecendo uma hierarquia; O sistema de rega deve ser sempre compatvel

    com os sistemas de rega utilizados pela entidade gestora; Deve ser assegurada a correta drenagem de

    guas pluviais das reas pedonais com rea igual ou superior a 100m2.

    A rega traduz-se em Plantas de Rega, Planta de Geometria de Rega, e peas escritas acessrias.

    1/3rea normal de rega dividir reduzir

    Figura 6.1 - Reduo das rea regadas para 1/3

    Figura 6.4 - Reduo das rea regadas para 1/3

    Figura 6.3 - Diviso 1/3 da rea total

    Figura 6.2 - Rega da rea total de interveno

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    caderno de boas prticasprojeto, construo e manuteno de espacos verdes

    4.3. DRENAGEM4.3.1. Consideraes gerais O projeto deve minimizar as lteraes no sistema

    natural de drenagem do sitio; O projeto deve priveligiar a infiltrao de gua no

    solo e minimizar o escoamento superficial, nome-adamente atravs da escolha de pavimentos per-meveis, quer em zonas de estacionamento au-tomvel como em espaos de circulao automvel e pedonal; O projeto deve minimizar a quantidade de gua

    conduzida para o sistema de guas pluviais; O projeto deve promover a recolha de guas em

    cisternas, depsitos na rede, bacias de reteno ou lagos para posterior reutilizao da gua; O projeto deve priveligiar a utilizao de sistemas

    urbanos de drenagem sustentvel (SUDS), associa-dos ao sistema tradicional de drenagem de guas pluviais.

    4.3.2. Sistemas Urbanos de Drenagem Sustentvel (SUDS) O projeto deve promover sistemas de reteno

    e infiltrao da gua no solo em detrimento da sua conduo para o sistema de guas pluviais (poos e valas absorventes, rain gardens, etc...); Os sistemas de drenagem devem sempre prive-

    ligiar a conduo da gua para zonas permeveis, permitindo a sua infiltrao e eventual armazena-mento para posterior reutilizao; O projeto deve promover bacias de reteno que

    permitam a reteno e fito-remediao da gua e a diminuio dos caudais e picos de cheias; Promover em zonas adjacentes a passeios e zo-

    nas pavimentadas valas absorventes que promo-vam a drenagem longitudinal da gua; O projeto deve propor coberturas vegetais

    para os edifcios, aumentando assim a reteno e evapotranspirao da gua e reduzindo o es-coamento superficial.

    A drenagem traduz-se na Planta Indicativa de es-coamento superficial, Planta de Drenagem das guas Pluviais, pormenores tipo das solues pre-conizadas, e peas escritas acessrias.

    disperso agrupar diferenciao

    Figura 7.1 - Rega por hidrozonas | agregao

    Figura 7.4 - Agregao e diferenciao de estratos

    Figura 7.3 - Arbustos pontuados a relocalizar

    Figura 7.2 - Arbustos pontuados

    Figura 8.4 - Faixa drenante

    Figura 8.3 - Biovaleta

    Figura 8.2 - Valeta

    Figura 8.5 - Bacia de reteno / fitodepurao

    Figura 8.1 - Trincheira

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    5.3. PLANTAES E SEMENTEIRAS O material vegetal a utilizar deve adaptar-se,

    ecolgica, funcional e esteticamente, s condies edafoclimticas e paisagem local; Utilizar, sempre que possvel, vegetao autc-

    tone, melhor adaptada s condies edafoclimti-cas locais, e menos exigente em manuteno; interdita a utilizao de espcimes das espcies

    invasoras constantes do Decreto Lei n. 565/99 de 21 de Dezembro; A vegetao a utilizar deve minimizar o consumo

    de gua, privilegiando-se sempre que possvel a uti-lizao de vegetao adaptada a condies de seca; Agrupar as plantas segundo as suas necessi-

    dades de manuteno. Plantas com elevadas ex-igncias de manuteno (rega, poda, fertilizao, cortes, tratamentos fitossanitrios) devem ser utili-zadas em reas onde se maximize o seu benefcio, nomeadamente onde necessria uma elevada capacidade de carga; Agrupar a vegetao de regadio, segundo as

    suas necessidades de gua, de forma a otimizar a rega, e a minimizar o consumo de gua; Projetar transies entre espaos naturalizados,

    com poucas necessidades de manuteno, e es-paos que necessitam de muita manuteno, de forma a desencorajar operaes de manuteno desnecessrias e indesejadas na rea naturalizada; Dispor a vegetao por estrados de plantao,

    definindo claramente zonas aberta (relvados ou pra-dos) das zonas de mata (macios arbreos, bos-quetes) e estabelecendo uma ligao sucessional entre os estratos de vegetao atravs de uma orla, segundo o modelo clareira-orla-mata; As margens das linhas de gua devem ser revesti-

    das por uma mata ribeirinha bem conformada,

    5. VEGETAO

    5.1. MOBILIzAO DO SOLO O Projeto deve prever tipos de mobilizao do

    solo que evitem perturbaes nos recursos solo, gua ou vegetao existentes. Assim, devem privi-legiar-se, por exemplo, mobilizaes efetuadas em curva de nvel, de modo a minimizar os riscos de eroso do solo, e maximizar as taxas de reteno e infiltrao da gua. Mobilizaes superficiais e descontnuas que no provoquem uma alterao significativa da disposio dos horizontes do solo so tambm aconselhveis; A mobilizao em reas sensveis, como reas

    adjacentes a linhas de gua, e reas sob a copa de rvores existentes, deve ser evitada. Nos casos em que a mobilizao no possa ser evitada, esta deve ser mnima, localizada e ser realizada manualmente; A camada superficial do solo (terra viva), dos

    locais sujeitos a mobilizao de terreno, deve ser considerada para ser decapada e armazenada em pargas para posterior reutilizao. Esta operao evita a importao de solos, que pode acarretar assimetrias na circulao de gua, abaixamento do nvel fretico, dificuldades na correta drenagem e arejamento do solo, para alm de um aumento nos custos da obra.

    5.2. FERTILIzAO A operao de fertilizao do solo deve ser ad-

    equada s necessidades do uso do solo previsto. A fertilizao no deve ser homognea em toda a rea, mas varivel de acordo com a fertilidade dos solos existentes e com o uso previsto; Uma sobre-fertilizao, para alm de ser energet-

    icamente ineficiente, pode ter um impacto negativo sobre o solo e sobre os ecossistemas; De uma maneira geral, a fertilizao mais necessria

    em espaos com uma utilizao intensiva, e pratica-mente dispensvel em espaos naturalizados; Utilizar preferencialmente fertilizantes orgnicos,

    nomeadamente obtidos localmente a partir da com-postagem de resduos vegetais obtidos nas oper-aes de manuteno; O projeto deve prever a construo de uma cen-

    tral de compostagem em cada espao verde, sem-pre que as suas dimenses e carter o permitam. Deste modo os resduos orgnicos gerados pelas operaes de manuteno podero ser reutilizados no prprio espao verde, fechando o ciclo e pro-movendo a sustentabilidade do espao verde; Figura 10 - Modelo Clareira-Orla-Mata

    Figura 9 - Pargas para armazenamento de terra

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    caderno de boas prticasprojeto, construo e manuteno de espacos verdes

    contendo os vrios estratos de vegetao. Deve privilegiar-se a arborizao com espcies folhosas ripcolas, pois entre outras vantagens, estas con-stituem barreiras higrfilas de elevada eficcia no controlo de incndios; Utilizar a vegetao ripcola na recuperao da

    mata ribeirinha e estabilizao das margens das ribeiras, associando-as a tcnicas de engenharia verde; Na instalao de matos nativos deve usar-se uma

    mistura de espcies pioneiras (tojos, giestas, urzes) e de espcies clmax (Quercus robur, Quercus suber, Coryllus avellana, Ilex aquifolium, Phillyrea latifolia, Myrtus communis, Frangula alnus (Sanguin-ho), Crataegus monogyna, Laurus nobilis, Prunus lusitanica, Pyrus cordata, Viburnum tinus, Ruscus aculeatus). A gesto continuada destes matos deve privilegiar as espcies de longa durao (esp-cies clmax). Assim, enquanto nos primeiros anos se permite o desenvolvimento livre das pioneiras, medida que as espcies clmax se desenvolvem, as primeiras devem ser eliminados progressivamente por forma a estimular o desenvolvimento mais rpi-do das ltimas; No devem ser utilizados, nas reas adjacentes

    a caminhos, espcimes vegetais com espinhos ou outros elementos contundentes, espcies produ-toras de substncias txicas, espcies que soltem folhas, frutos, flores ou substncias que tornem o piso escorregadio, e espcies cujas razes possam danificar o pavimento. (Seo 4.13.3, Anexo, DL , de 8 de Agosto /2006); Ao nvel dos relvados e prados, utilizar espcies

    resistentes seca, adaptadas capacidade de carga expetante do espao verde; Optar quando o uso do espao o permita, por

    prados de regadio ou de sequeiro, em detrimentos dos relvados.

    5.4. TRATAMENTOS FITOSSANITRIOS Previlegiar a utilizao de proteo integrada e luta

    biolgica no combate a pragas e doenas; Reduzir o uso de pesticidas.

    O revestimento vegetal traduz-se em Planos de Plantao e Sementeira, Pormenores de Plantao, e peas escritas acessrias.

    6. bIODIVERSIDADE

    O projeto deve promover a proteo de ecoss-istemas, habitats naturais e manuteno de popu-laes viveis de espcies no seu meio natural, de acordo com a alnea d), do Art. 8, da Conveno sobre Diversidade Biolgica (transposta para a or-dem jurdica nacional pelo Decreto Lei n. 21/93, de 29 de Junho); O projeto deve recuperar e restaurar ecossiste-

    mas degradados e promover a recuperao de es-pcies ameaadas, mediante, entre outros meios, a elaborao e implementao de planos e outras estratgias de gesto de acordo com a alnea f), do Art. 8, da Conveno sobre Diversidade Biolgica (transposta para a ordem jurdica nacional pelo De-creto Lei n. 21/93, de 29 de Junho); Proteger e promover os bosques de folhosas.

    Proteger e/ou recuperar cursos de gua e matas ribeirinhas associadas; Preservar e restaurar as zonas hmidas. As zonas

    hmidas so os ecossistemas com o maior ndice de biodiversidade; Adotar medidas para a recuperao e regener-

    ao de espcies ameaadas e para a sua rein-troduo no seu habitat natural em condies ad-equadas, de acordo com a alnea c), do Art. 9, da Conveno sobre Diversidade Biolgica (transposta para a ordem jurdica nacional pelo Decreto Lei n. 21/93, de 29 de Junho); Privilegiar a utilizao de vegetao potenciadora

    da biodiversidade, nomeadamente, vegetao que fornea habitat e alimento para espcies animais; Criar faixas no cortadas nas reas de prado e

    relvado. Estas podem constituir habitat para vrias espcies e funcionam como corredor ecolgico; Evitar a ruptura dos ecossistemas causada pelo

    uso excessivo de espcies no autctones; Promover a heterogeneidade da paisagem, pro-

    jetando diferentes tipos de parcelas; Promover a conectividade da paisagem, atravs

    da manuteno e criao de corredores ecolgi-cos, nomeadamente, sebes, muros, etc; Preservar as reas agrcolas existentes. As reas

    agrcolas constituem habitat e/ou alimento para nu-merosas espcies animais; Promover a policultura em detrimento da mono-

    cultura; Promover o modo de produo biolgico (agri-

    cultura biolgica); Privilegiar a utilizao de proteo integrada e

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    28

    luta biolgica no combate a doenas e pragas de forma a reduzir o impacto dos pesticidas na biodi-versidade; Planear uma iluminao adequada biodiversi-

    dade existente. Muitos animais e plantas tm ritmos sazonais e dirios que so regulados pela quanti-dade de luz. Uma iluminao excessiva, especial-mente no exterior, pode desregular estes padres causando srios danos a algumas espcies; Prever a colocao de ninhos nos espcimes ar-

    breas; Promover o desenvolvimento sustentvel e am-

    bientalmente sadio em reas adjacentes s reas protegidas a fim de reforar a proteo dessas reas, de acordo com a alnea e), do Art. 8, da Conveno sobre Diversidade Biolgica (transposta para a ordem jurdica nacional pelo Decreto Lei n. 21/93, de 29 de Junho).

    7. MATERIAIS INERTES E ESTRUTURAS

    CONSTRUDAS

    7.1. CONSIDERAES GERAIS Minimizar a rea de impermeabilizao do solo,

    nomeadamente previligiando a utilizao de pavi-mentos permeveis e semi permeveis; Aplicar o conceito Reduzir, Reutilizar, Reciclar

    pela ordem expressa. Usar menos materiais, reu-tilizar material e, finalmente, utilizar material recicla-do o caminho sustentvel no que diz respeito origem do material; Utilizar materiais reutilizveis ou reciclveis no que

    diz respeito ao destino do material; Utilizar materiais locais, para uma melhor inte-

    grao na paisagem e reduo dos custos energ-ticos de transporte; Utilizar eco materiais: materiais com baixo custo

    energtico de extrao, produo, transporte e in-stalao; Utilizar materiais com modo de produo susten-

    tvel, nomeadamente materiais com rtulo ecolgi-co, definido no Regulamento (CE) N. 1980/2000, de 17 de Julho; Utilizar materiais certificados, ou seja, materiais

    com um certificado comprovativo da sua conformi-dade com os requisitos especificados pela entidade certificadora; Utilizar materiais com grande sequestro de car-

    bono. O carbono sequestrado compensa a liber-tao de gases com efeito de estufa; Eliminar ou minimizar o uso de materiais txicos,

    tanto no local da obra, como no processo de fabrico ou de eliminao dos materiais; Utilizar energias renovveis; Promover uma gesto sustentvel dos resduos.

    Os resduos resultantes do processo de construo devem ser separados para posterior reaproveita-mento e reciclagem.

    7.2. PAVIMENTOS Adequar a rea pavimentada s necessidades do

    espao, nomeadamente aos fluxos e carga espera-dos; Pavimentos e outras estruturas construdas de-

    vem localizar-se, sempre que possvel, nos solos de menor fertilidade. Caso tal no seja possvel,

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    caderno de boas prticasprojeto, construo e manuteno de espacos verdes

    devem encontrar-se solues que no destruam a fertilidade do solo, nomeadamente pavimentos em passadio de madeira e estruturas leves; Cumprir o Decreto Lei n. 163/2006, de 8 de

    Agosto que regulamenta as acessibilidades, nome-adamente os seguintes princpios: Deve existir uma rede de percursos pedonais

    acessveis, que proporcionem o acesso seguro e confortvel, das pessoas com mobilidade condi-cionada, a todos os pontos relevantes do espao verde, nomeadamente: locais de estadia, equipa-mentos coletivos, entradas e estacionamento de viaturas. (Seo 1.1.1, Anexo, DL 163/2006, de 8 de Agosto); A rede de percursos pedonais acessveis deve

    ser contnua e coerente. Caso no seja possvel cumprir a totalidade das indicaes para os per-cursos pedonais, deve existir sempre pelo menos um percurso totalmente acessvel. (Seo 1.1.2, Anexo, DL 163/2006, de 8 de Agosto); Deve proporcionar-se a legibilidade do espao,

    atravs da adoco de elementos e texturas de pavimento que forneam a indicao dos principais percursos de atravessamento, nomeadamente s pessoas com deficincia da viso. (alnea 2), Seo 1.8.2 , Anexo, DL 163/2006, de 8 de Agosto).

    7.2.1. Tipologias de pavimentos Privilegiar a reutilizao de materiais, provenientes

    de demolies, ou reciclados (origem do material). Privilegiar o uso de materiais de pavimentao

    reutilizveis ou reciclveis (destino do material); Privilegiar o uso de pavimentos tradicionais; Privilegiar o uso de materiais de pavimentao lo-

    cais, de modo a reduzir os custos de transporte e a conseguir uma melhor integrao dos caminhos na paisagem; Privilegiar o uso de pavimentos permeveis ou

    semi permeveis, de modo a facilitar a drenagem e a infiltrao de gua no solo; Caminhos projetados sobre reas hmidas e

    sistemas dunares devem ser em passadio. O es-paamento entre tbuas nestes passadios deve permitir a passagem da gua e da luz.

    7.3. OUTRAS ESTRUTURAS CONSTRUDAS Minimizar as estruturas construdas adequando-

    as s necessidades do espao; Privilegiar o uso de materiais de construo usa-

    dos, provenientes de demolies, ou reciclados (origem do material); Privilegiar o uso de materiais de construo reuti-

    lizveis (destino do material); Privilegiar o uso de estruturas construdas tradicio-

    nais, nomeadamente muros em pedra. Privilegiar o uso de materiais de construo lo-

    cais, de modo a reduzir os custos de transporte, e a conseguir uma melhor integrao das estruturas na paisagem; As construes debaixo da copa das rvores de-

    vem ser evitadas. No entanto, caso isso no seja possvel, estas construes devem ser extrema-mente leves, no provocar mudanas na drenagem e permeabilidade do terreno, e ser instaladas sem fundaes ou com a menor intruso possvel no solo, de modo a no perturbar a rvore; Estruturas construdas projetadas em zonas hmi-

    das devem ser compostas por materiais leves.De-vem ter fundaes com uma implantao pequena e pontual, minimizando distrbios e permitindo o movimento de gua em torno da estrutura; Sempre que o projeto prever a instalao de ele-

    mentos de gua, como lagos, tanques, fontes, etc., estes devem utilizar pequenas quantidades de gua e promover a sua recirculao.

    As estruturas construdas traduzem-se na Planta de Pavimentos e Estruturas Construdas, em Pormeno-res Construtivos, e peas escritas acessrias.

    Patamar 10m - 6% Patamar 5m - 8% Patamar 2m - 10% Patamar 0.83m - 12%

    Patamar 10m - 6% Patamar 5m - 8% Patamar 2m - 10% Patamar 0.83m - 12%

    Patamar 10m - 6% Patamar 5m - 8% Patamar 2m - 10% Patamar 0.83m - 12%

    Patamar 10m - 6% Patamar 5m - 8% Patamar 2m - 10% Patamar 0.83m - 12%Figura 11.4 - Acessibilidade | rampa 0.83m, 12% inclinao

    Figura 11.3 - Acessibilidade | rampa 2m, 10% inclinao

    Figura 11.2 - Acessibilidade | rampa 5m, 8% inclinao

    Figura 11.1 - Acessibilidade | rampa 10m, 6% inclinao

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    30

    7.4. EQUIPAMENTOS E MOBILIRIO URBANO O equipamento e mobilirio urbano deve ser de

    alta resistncia e durabilidade, com manuteno pouco exigente, e apresentar caractersticas for-mais que no ponham em risco a integridade fsica dos utilizadores do espao verde. Na sua conceo deve-se optar por um desenho caracterizado por formas planas e constantes, isentas de arestas vi-vas, elementos pontiagudos ou cortantes e utilizar-se materiais e processos construtivos resistentes ao impacto, combusto e corroso; O equipamento e mobilirio urbano devem ser

    passveis de ser utilizados por todos, no contribuin-do para a excluso social; Todo o equipamento e mobilirio urbano proposto

    deve apresentar certificado de qualidade, segundo as normas europeias, emitido por entidade devida-mente reconhecida.

    7.4.1. EquipamentosA. Parques Infantis Os parques infantis devem ser projetados de acor-

    do com o disposto no Decreto Lei n. 119/2009, de 19 de Maio, que estabelece as condies de segurana a observar na localizao, implantao, conceo e organizao funcional dos espaos de jogo e recreio, respetivo equipamento e superfcies de impacto.

    B. Zonas Desportivas As Zonas Desportivas no devem estar localiza-

    das junto de zonas ambientalmente degradadas, zonas de circulao e estacionamento automvel, zonas de carga, descarga e depsito de materiais ou de outras zonas potencialmente perigosas. ou m reas onde o rudo dificulte a comunicao e con-stitua uma fonte de mal-estar. As Zonas Desportivas devem ser acessveis a

    todos os utilizadores, nomeadamente os que apre-sentem mobilidade condicionada, devendo tambm facilitar a interveno de meios de socorro e salva-mento. Na organizao funcional das Zonas Desportivas

    deve ter-se em conta, entre outras: A adequao s necessidades motoras, ldicas e

    estticas dos utentes; O equilbrio na distribuio de equipamentos e

    reas, designadamente por hierarquizao dos graus de dificuldade e pela previso de zonas de transio, de modo a permitir a separao natural de atividades e a evitar possveis conflitos.

    C. Zonas de Merenda As Zonas de Merenda no devem estar localiza-

    das junto de zonas ambientalmente degradadas, zonas de carga, descarga e depsito de materiais ou de outras zonas potencialmente perigosas. Tam-bm no devem estar localizadas em reas onde o rudo dificulte a comunicao e constitua uma fonte de mal-estar; As Zonas de Merenda devem ser acessveis a

    todos os utilizadores, nomeadamente os que apre-sentem mobilidade condicionada, devendo tambm facilitar a interveno de meios de socorro e salva-mento; Acessibilidade a partir das zonas de circulao e

    estacionamento; No desenho das zonas de merenda deve ter-se

    em conta as necessidades funcionais e estticas dos utilizadores, nomeadamente atravs da escolha de mobilirio adequado; Nas zonas de merenda no permitido fazer fogo

    a no ser nos locais especialmente instalados para o efeito;

    Cor

    redo

    r circ

    ula

    o

    Corredor circulao

    1,60m

    Figura 12.2 - Parque infantil | corte tipo

    Figura 12.1 - Parque Infantil | corredores de circulao

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    31

    caderno de boas prticasprojeto, construo e manuteno de espacos verdes

    Nas zonas de merenda deve existir sinaltica que instrua os utilizadores a recolherem o lixo e a trans-port-lo para os caixotes do lixo mais prximos. Esta sinaltica deve incentivar a separao de resduos; As zonas de merenda devem permitir uma recolha

    fcil do lixo.

    7.4.2. Mobilirio Urbano O mobilirio urbano deve ser funcional, resistente

    e adequado s faixas etrias e populao que pretende servir; Dentro de cada espao verde, deve privilegiar-se

    uma uniformizao do mobilirio urbano. Esta uni-formizao, para alm de conferir um carter mais homogneo e coerente ao espao verde, facilita as tarefas de manuteno, contribuindo deste modo para uma maior sustentabilidade do espao verde; Na escolha do mobilirio urbano deve sempre

    optar-se pelas tipologias mais adequadas ao carter do local/espao verde; Todo o mobilirio urbano deve apresentar certifi-

    cado de qualidade, segundo as normas europeias, emitido por entidade devidamente reconhecida; Deve, sempre que possvel, privilegiar-se o uso de mobilirio urbano usado e/ou reutilizvel; Adequar a quantidade de mobilirio urbano s

    necessidades do espao (nmero de utilizadores). Um excesso de elementos leva a maiores esforos de manuteno e a um aumento dos custos de aquisio, implantao e manuteno dos mesmos; O mobilirio urbano deve ser instalado prefer-

    encialmente em reas pavimentadas. A sua insta-lao em zonas verdes reduz a sua durabilidade, acarretando tambm dificuldades na manuteno/gesto dessas reas; A implantao de mobilirio urbano no deve difi-

    cultar a circulao pedonal, devendo sempre deixar um corredor livre mnimo de 1.20m, conforme o es-pecificado no Decreto Lei da Acessibilidade. (Seo 4.3, Anexo, DL 163/2006, de 8 de Agosto).

    A. Bancos Os bancos a instalar devem, em pelo menos

    metade da quantidade proposta, possuir costas.

    B. Caixotes do Lixo O projeto deve otimizar o nmero e localizao

    dos caixotes do lixo, com vista a uma manuteno sustentvel. O nmero de caixotes do lixo deve ser minimizado, nomeadamente, atravs da escolha de caixotes com maior capacidade. A distribuio de caixotes do lixo no deve ser uniforme por todo o espao verde, optando-se por uma concentrao

    dos mesmos, preferencialmente, nas entradas. Quanto ao tipo de caixote do lixo, deve optar-se

    por uma tipologia com separao de resduos.

    C. Bebedouros Os bebedouros devem ser equipados com tem-

    porizador e torneira de segurana instalada em caixa fechada, de modo a evitar o desperdcio de gua.

    7.4.3. Elementos de Iluminao O projeto deve otimizar os nveis de iluminao.

    A quantidade e intensidade de iluminao deve ser a necessria. Deve conseguir-se a mxima ilumi-nao com o mnimo de energia: Usar sensores para evitar desperdcio de luz; Usar iluminao de baixa voltagem; Usar iluminao de fibra tica; Usar iluminao com painis fotovoltaicos; Planear uma iluminao adequada biodiversi-

    dade existente. Muitos animais e plantas tm ritmos sazonais e dirios que so regulados pela quanti-dade de luz, devendo a iluminao nestas reas no ser excessiva.

    7.4.4. Sinaltica fundamental existir na envolvente dos espaos

    verdes sinaltica de orientao para os mesmos; Dentro de cada espao verde deve existir a mes-

    ma tipologia de sinaltica cujo desenho deve ser coerente e global. Esta sinaltica deve ser durvel, robusta, de boa qualidade, inequvoca e facilmente inteligvel; entrada do espao verde deve existir uma placa

    informativa com o nome e horrio do espao verde. Esta placa poder conter ainda outra informao de carter geral considerada pertinente; A sinaltica dentro do espao verde deve ser

    racionalizada, fornecendo aos utilizadores apenas a quantidade e qualidade de informao estritamente necessria para a sua orientao dentro do mesmo; A sinaltica deve ser colocada em locais estra-

    tgicos, nomeadamente nas entradas e cruzamen-tos mais importantes; A sinaltica de orientao pode incluir mapas que

    indiquem a localizao das reas mais importantes e a localizao do utilizador no espao verde.

    Os equipamentos e mobilirio urbano traduzem-se usualmente na Planta de Equipamento e Mobilirio Urbano, Planta esquemtica de Iluminao, Por-menores Construtivos, e peas escritas acessrias.

  • 33

    3.2

    CADERNO DE BOAS PRTICAS DE

    CONSTRUO

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    O Caderno de Boas Prticas de Construo (CBPC) um documento constitudo por medidas orientadoras para a construo sustentvel de es-paos verdes sustentveis.

    Este foi concebido segundo um modelo exaustivo podendo ser utilizado para a elaborao de Cad-ernos de Boas Prticas ou Cadernos de Encar-gos de construo para qualquer espao verde, atravs da seleo dos itens aplicveis, estando estes sujeitos a adaptaes conforme a especifi-cidade de cada stio e especificidades das obras a executar.

  • C

    35

    caderno de boas prticasprojeto, construo e manuteno de espacos verdes

    1. PRINCIPIOS GERAIS DE CONSTRUO

    SUSTENTVEL

    Consistem num conjunto de orientaes para a prtica de construo, com objetivo de promover modos de construo mais sustentveis.

    1.1. TCNICAS DE CONSTRUO A construo de um espao verde deve ser efetu-

    ada usando tcnicas de construo sustentveis, de modo a minimizar os impactos sobre os ecos-sistemas local e global; Os resduos resultantes do processo de con-

    struo devem ser separados para posterior reaproveitamento e/ou reciclagem; O abastecimento de gua para o processo de

    construo deve ser feito, sempre que possvel, a partir de recursos locais.

    1.2. MATERIAIS A APLICAR Os materiais a empregar na construo devem

    ser de boa qualidade e apresentar as caractersti-cas designadas no projeto, salvo alteraes devida-mente aprovadas pela Fiscalizao; devem obedec-er s tolerncias regulamentares, s normas oficiais em vigor e aos documentos de homologao de laboratrios oficiais; Sempre que o empreiteiro julgue que os materiais

    fixados no Projeto no sejam os mais aconselhveis dever apresentar uma proposta alternativa; Sempre que o projeto no o preveja, o empreiteiro

    dever propor a utilizao de: materiais locais, para uma melhor integrao na

    paisagem e reduo dos custos energticos de transporte: materiais com baixo custo energtico de extrao,

    produo, transporte e instalao (eco materiais); materiais usados ou reciclados; materiais reutil