caderno educativo expo andy warhol

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MATERIAL EDUCATIVO PROGRAMA PARA MULTIPLICADORES EXPOSIÇÃO Warhol TV 2 DE FEVEREIRO À 3 DE ABRIL

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Page 1: Caderno educativo expo andy warhol

MATERIAL EDUCATIVO Programa Para multiPlicadores exPosição

Warhol TV 2 DE FEVEREIRO À 3 DE ABRIL

Page 2: Caderno educativo expo andy warhol

CARO MULTIPLICADOR,

Este caderno é produzido pelo Programa Educativo Oi futuro a cada exposição com intuito de fomentar a pesquisa e os desdobramentos reflexivos e experimentais, antes, e após a visita às galerias de arte do Centro Cultural Oi Futuro. Nesse caderno além de informações sobre o artista, a exposição e sua obra, o Programa Educativo propõem diálogos com a arte contemporânea e as linguagens digitais.É importante que você, multiplicador, nos relate sua experiência e avalie o nosso material. Contamos com sua participação!

Atenciosamente,

Programa Educativo Oi Futuro

[email protected]

estrutura do caderno

Texto de apresentação

Visão Geral contexto anos 60, 70 e 80

Glossário de arte contemporânea

Artista Vida e obra

Texto de consulta e crítica

Diálogos com o artista

Confrontando temas e sugerindo debates

! saiba mais

Equipe do Projeto Educativo

Page 3: Caderno educativo expo andy warhol

Ao programar, neste início da temporada 2011, a exposição Warhol TV, o Oi Futuro presta tributo à fase

menos conhecida da obra do criador da por art. Em sua crítica ao bombardeamento da sociedade pelos objetos de consumo, Andy Warhol transformava latas de sopa e garrafas de refrigerante em temas de suas obras.O artista norte americano cunhou frases provocativas, como “ Quero morrer de jeans” e a máxima “ No futuro, todos serão célebres durante 15 minutos” . Uma previsão facilmente comprovada nos dias de hoje, mas inviável para ele próprio, que foi notabilizado pela inovação, originalidade e multiplicidade de uma produção cultural que inclui cinema, fotografia, pintura, publicidade, quadrinhos, vídeo e TV.A mostra no Oi Futuro registra a presença de Warhol em programas como Saturday Night Live, em uma série sobre moda, criadores e manequins e ao entrevistar ícones como Steven Spielberg, Duran Duran, Paloma Picasso, Divine, Sting e Georgia O’ Keeffe. Uma exposição capaz de atender à expectativa de quem se interessa por um período da arte do século 20 que continua a nos influenciar, pelo questionamento e ousadia de sua proposta.

Maria Arlete GonçalvesDiretora de Cultura do Oi Futuro

Andy, o papa do Pop, sempre foi fascinado por televisão – meio de comunicação de massa contemporâneo e ferramenta ideal para a promoção artistica e social. E não é que ironicamente, na hora de aparecer ao vivo, Warhol, o tímido enrubesce, gageja... confunde-se?Entretanto, seu grande sonho é ter um programa de televisão próprio. Um programa que ele dirigiria, e que também lhe ofereceria, e que também lhe ofereceria a grande oportunidade de moldar sua imagem. Em 63, dirige uma soap opera muda, na qual insere “ propagandas” verdadeiras: eis o chamado filme experimental. No início dos anos 70, brinca de inventar uma espécie de telenovela que condensa seu universo estético fantasioso. Finalmente, em 1979, reúne uma pequena equipe, encarregada de criar programas de televisão que serão exibidos na novíssima tv a cabo de Nova Iorque. Ele se junta a Vincent Fremont, Don Munroe e Sue Etkin, entre outros para realizar “ Fashion” , um talk show dedicado à moda e, posteriormente o “ Andy Warhol TV” , um reality show estilo Factory, anterior ao célebre” Andy Warhol fifteen minutes” (Anddy Warhol quinze minutos), que retoma sua famosa frase sobre a fama. Esta exposição é um zapping giante pelo universo TV de Warhol. Uma viagem pelas obcessões do artista. Atravessa suas facinações, amores, surpresas e medos, até culminar em seu maior assombro: a morte. Em 1987 a tranmissão de sua oração fúnebre encerra tragicamente a história daquele que queria aparecer na tela, estar sempre “ on air” , como dizem nos Estados Unidos.A televisão de Warhol é com certeza o único assunto ainda inexplorado nesse artista demolidor de tabus no mundo da arte.

Judith Benhamou-HuetCuradora

Apresentação

Page 4: Caderno educativo expo andy warhol

Propomos uma ida até meados dos anos 60, inicio da produção

audiovisual do artista. Período marcado por sucessivas mudanças

políticas, sociais e comportamentais; movimentos de resistência

dos negros e homossexuais, os grupos pacifistas, a emancipação

feminina, evolução dos meios de comunicação de massa, e os

avanços científicos. Um percurso de décadas marcadas por

transformações que definitivamente mudaram a sociedade como

um todo. Conquistas e mudanças que apontam para uma visão de

mundo onde a diversidade, o multiculturalismo, as microculturas, e

as relações entre o local e o global, norteiam o comportamento dos

indivíduos contemporâneos.

A partir de alguns fatos, atitudes e imagens, no passar de décadas

relacionadas à diversas dimensões (sociais culturais, políticas,

artísticas) visualizamos o contexto sobre o qual a obra de Warhol

emerge.

Visão Geral

Page 5: Caderno educativo expo andy warhol

A revolução sexual feminina nos anos 60, com a criação da pílula anticoncepcional. Em 1964, a inglesa Mary Quant escandalizou com uma saia dois palmos acima do joelho. Em 1961, o russo Yuri Gagarin cosmonauta soviético torna-se o primeiro homem a entrar no espaço. Em agosto de 1961, ocorre a construção do Muro de Berlim.

Surge na Inglaterra os Beatles

Em 1 de maio de 1963, a TV Tupi faz a primeira transmissão em cores da televisão brasileira.

Em 31 de março de 1964, um golpe militar Inicia a ditadura militar no

Brasil.O primeiro disco The Velvet Underground 1967, uma influente banda de rock norte-americana, cuja capa feita por Andy Warhol, ficou conhecida por trazer uma estética pop.

1966 Revolução Cultural na China. Warhol se apropria da imagem de Mao Tse Tung chefe de estado Comunista para fazer seus retratos.

Em 1967, na África do Sul, ocorre o primeiro transplante de coração. Em maio de 1968, o primeiro transplante de coração é realizado no Brasil.

Protesto nas Olimpíadas de 1968. Na cidade do México Tommie Smith e John Carlos, dois atletas medalhistas dos EUA, fizeram a saudação “black power”, braço estendido com o punho enluvado e fechado, durante a cerimônia de premiação da modalidade. O Comitê Olímpico Internacional (COI) baniu-os dos jogos.

Criação da ArpaNet, em abril de 1969, o embrião da Internet

A Video-arte surge na década de sessenta, como meio artístico, em um contexto no qual os artistas procuravam uma arte contrária à comercial. O surgimento deste tipo de linguagem na arte está associado às inovações tecnológicas da época. como surgimeto da Sony Portapak, câmera de video portátil.

Apollo 11 foi a quinta missão tripulada do Programa Apollo e primeira a pousar na Lua, em 20 de Julho de 1969. Tripulada pelos astronautas Neil Armstrong, Edwin ‘Buzz’ Aldrin e Michael Collins, a missão cumpriu o objetivo final do Presidente John F. Kennedy. Warhol se apropia das imagens divulgadas pela mídia e as incorpora em seu trabalho.

60

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Woodstock foi um festival de música que exemplificou a era hippie e a contracultura do final dos anos 1960 e começo de 70.Em 1970 - Brasil tri-campeão da Copa do Mundo de Futebol, realizada no México.

O jogador da seleção brasileira Pelé, mundialmente conhecido não poderia deixar de ser é retratato por Andy Warhol

D é c a d a s depois da

Guerra do Vietnã, o artista inglês, Banksy se apropia de uma imagem divulgada pela mídia, de uma menina vietnamita. e ao acrescentando à imagem dois personagens típicos da cultura americana. !http://www.banksy.co.uk/

index.html

Em janeiro de 1972 é lançado o Odyssey 100, primeiro videogame do mundo.

1974 Dá-se a Revolução dos Cravos em Portugal e a independência das então colônias portuguesas na África.

Em plena ditadura militar

no Brasil o artista Cildo Meireles grava em garrafas

de refrigerantes informações

e opiniões críticas sobre

o período em questão. As

garrafas eram postas novamente em circulação.

Utiliza-se o processo de decalque (silk-screen) com tinta branca vitrificada,

que não aparece quando a garrafa está vazia e sim quando cheia, pois

então fica visível a inscrição contra o fundo escuro do liquido Coca-Cola.

Década de muitos sons como o soul music, hard rock,

soft rock, glam rock e o rock progressivo. Surge também

o movimento punk. Sex Pistols era uma das bandas

que representavam este estilo .

O jovem Mick Jagger surgia

com Os Rolling Stones.

A televisão em cores começa a se tornar popular no final dos anos 70.

Morre em 16 de agosto de 1977 Elvis Presley.

anos

70

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1980 - 8 de dezembro - John Lenom é assassinado.

Em 1981 - é desenvolvido o IBM

PC e a interface gráfica Windows

Uma nova política se estabelecia no mundo, o

neoliberalismo.

Início do Software Livre (projeto GNU, Free Software Fundation).

1981 É descoberto o virus da AIDS. O artista norte americano Kate Haring, um dos ícones da pop arte dos anos 80 e Frequentador da Silver Factory (atêlier de Andy Warhol, espaço frequentado por muitos artistas da época) era ativista da causa da Aids, que vitimou sua morte em 1990.

Surge a MTV. O advento da Mtv marcou passagem da era da transmissão massificada, com sua grade baseada no gosto

geral, para o advento da Tv por assinatura, firmada em conteúdos sob medida para públicos específicos.O rádio e a televisão são o principal meio de disseminação de cultura pop.

O movimento new wave influenciou música, comportamento e artes plásticas. Duran Duran é a mais bem-sucedida banda dos gêneros New Wave e New Romantic, tendo sido uma das mais importantes dos anos 80. Liderou as aparições na MTV, comandando a “Segunda Invasão Britânica nos Estados Unidos”.

1984 janeiro, é desenvolvido o Apple Macintosh e a interface gráfica MacOS.

Início da fabricação dos computadores pessoais, ou PCs (estes ainda muito

primitivos), walkmans e videocassetes;

1985 - eleição a presidencia e morte de Tancredo Neves. 1988 - Nova Constituição Brasileira.

Em 1987 após fazer uma cirurgia morre o artista americano Andy Warhol.

Depois de 28 de sua construção em 1989 - 9 de novembro - é derrubado o muro de Berlin.

80

Page 8: Caderno educativo expo andy warhol

Dad

aísm

oAo contrário de outras correntes artísticas, o dadaísmo

apresenta-se como um movimento de crítica cultural mais ampla, que interpela não somente as artes,

mas modelos culturais passados e presentes. Trata-se de um movimento radical de contestação de valores que utiliza variados canais de expressão: revista, manifesto, exposição e outros. As manifestações dos grupos dada são intencionalmente desordenadas e pautadas pelo desejo do choque e do escândalo, procedimentos típicos das vanguardas de modo geral. A criação do Cabaré Voltaire, 1916, em Zurique, inaugura oficialmente o dadaísmo. Fundado pelos escritores alemães H. Ball e R. Ruelsenbeck, e pelo pintor e escultor alsaciano Hans Arp, o clube literário - ao mesmo tempo galeria de

exposições e sala de teatro - promove encontros dedicados a música, dança, poesia, artes russa e francesa. O termo dada é encontrado por acaso numa consulta a um dicionário francês. “Cavalo de brinquedo”, sentido original da palavra, não guarda relação direta, nem necessária, com bandeiras ou programas, daí o seu valor: sinaliza uma escolha aleatória (princípio central da criação para os dadaístas), contrariando qualquer sentido de eleição racional. “O termo nada significa”, afirma o poeta romeno Tristan Tzara, integrante do núcleo primeiro.

A geografia do movimento aponta para a formação de diferentes grupos, em diversas cidades, unidos pelo espírito de questionamento crítico e pelo

sentido anárquico das intervenções públicas. O clima mais amplo que abriga as várias manifestações dada pode ser encontrado na desilusão e ceticismo instaurados pela Primeira Guerra Mundial, 1914-1918, que alimenta reações extremadas por parte dos artistas e intelectuais em relação à sociedade e ao suposto progresso social (....)

Se o dadaísmo não professa um estilo específico nem defende novos modelos, aliás coloca-se expressamente contra projetos predefinidos e recusa todas as experiências formais anteriores, é possível localizar formas exemplares da expressão dada.

Nas artes visuais, os ready-made de Duchamp constituem manifestação cabal de um espírito que caracteriza o dadaísmo. Ao transformar qualquer objeto escolhido ao acaso em obra de arte, Duchamp realiza uma crítica radical ao sistema da arte. (.....)

Por exemplo, a roda de bicicleta que encaixada num banco vira Roda de Bicicleta, 1913, ou um mictório, que invertido se apresenta como Fonte, 1917, ou ainda os bigodes colocados sobre a Mona Lisa, 1503/1506 de Leonardo da Vinci, que fazem dela um ready-made retificado, o L.H.O.O.Q., 1919. Os princípios de subversão mobilizados pelos ready-made podem ser também observados nas máquinas antifuncionais de Picabia e nas imagens fotográficas de Man Ray.

! http://www.itaucultural.org.br/ aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm

Glossário de arte contemporânea A exposição WArhol TV, mesmo Ao mosTrAr um perfil pouco explorAdo dA obrA de Andy WArhol, nos remeTe A Alguns moVimenTos de VAnguArdA dA ArTe, influênciA e criAção do ArTisTA

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“Eu gosto do espírito de Warhol. Ele não é pintor ou cineasta. É um filmador”

Ao falar de Duchamp, torna-se imprescindível relatar as grandes inovações e questionamentos que ele trouxe à arte. Tomaremos como exemplo uma de suas obras

“A Fonte” (1917), pois nesta vemos as questões fundamentais que instauram um novo momento da arte, a arte contemporânea.

Duchamp se apropria de um mictório - objeto de uso cotidiano concebido através de um processo industrial, e desloca-o de seu contexto original, apresentando-o como obra de arte num salão de arte “Fountain”. A Obra foi recebida com bastante espanto pelos espectadores. Dessa forma, Duchamp nos mostrou que os sujeitos atrelam valores artísticos aos objetos, por isso, pode-se dar status de arte a algo utilitário ao assinar e colocar data. Coloca-se com esta obra uma série de questionamentos sobre o papel do artista e da arte a sociedade e a vida. Qual o valor de uma obra, pois, como dar preço à “Fountain”?

Estas ações e experimentações artísticas, questionamentos sobre arte e vida emergem no contexto da primeira Guerra Mundial, e são fortes expressões dos artistas da época. Este foi um período de grande rompimento, surge uma outra concepção do que é a arte e a aproxima da vida. O artista não mais valorizado pelo domínio de uma técnica, mas pela criatividade, idéias ao escolher os objetos.

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Pop

Art

eNa década de 1960, os artistas defendem uma arte popular (pop) que se comunique diretamente com o público por

meio de signos e símbolos retirados do imaginário que cerca a cultura de massa e a vida cotidiana. A defesa do popular traduz uma atitude artística contrária ao hermetismo da arte moderna. Nesse sentido, a arte pop se coloca na cena artística que tem lugar em fins da década de 1950 como um dos movimentos que recusam a separação arte/vida. E o faz - eis um de seus traços característicos - pela incorporação das histórias em quadrinhos, da publicidade, das imagens televisivas e do cinema.

Uma das primeiras, e mais famosas, imagens relacionadas ao que o crítico britânico Lawrence Alloway (1926 - 1990) chamaria de arte pop é a colagem de Richard Hamilton (1922), O que Exatamente Torna os Lares de Hoje Tão Diferentes, Tão Atraentes?, de 1956. Concebido como pôster e ilustração para o catálogo da exposição This Is Tomorrow [Este É o Amanhã] do Independent Group de Londres, o quadro carrega temas e técnicas dominantes da nova expressão artística. A composição de uma cena doméstica é feita com o auxílio de anúncios tirados de revistas de grande circulação. Nela, um casal se exibe com (e como) os atraentes objetos da vida moderna: televisão, aspirador de pó, enlatados, produtos em embalagens vistosas etc. Os anúncios são descolados de

seus contextos e transpostos para a obra de arte, mas guardam a memória de seu locus original. Ao aproximar arte e design comercial, o artista borra, propositadamente, as fronteiras entre arte erudita e arte popular, ou entre arte elevada e cultura de massa. Andy Warhol (1928 - 1987), Roy Lichtenstein (1923 - 1997), Claes Oldenburg (1929), James Rosenquist (1933) e Tom Wesselmann (1931 - 2004) surgem como os principais representantes da arte pop em solo norte-americano. Sem programas ou manifestos, seus trabalhos se afinam pelas temáticas abordadas, pelo desenho simplificado e pelas cores saturadas. A nova atenção concedida aos objetos comuns e à vida cotidiana encontra seus precursores na antiarte dos dadaístas e surrealistas.

! http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=367

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No Brasil, sugestões da arte pop foram trabalhadas na

década de 1960 por Antonio Dias (1944) - Querida, Você

Está Bem?, 1964, Nota Sobre a Morte Imprevista, 1965, e

Mamãe, Quebrei o Vidro, 1967 -, Rubens Gerchman (1942

- 2008) - Não Há Vagas, 1965, e O Rei do Mau Gosto,

1966 -, Claudio Tozzi (1944) - Eu Bebo Chop, Ela Pensa

em Casamento, 1968, entre outros. No entanto a incipiente

proliferação no Brasil dos meios de comunicação de massa,

na década de 1960, leva, paradoxalmente, esses artistas a

aproximar técnicas da arte pop (silkscreen e alto-contraste)

a temas engajados politicamente.

De família pobre do subúrbio de Pittsburg nos Estados Unidos, Andrew Warhola, filho de pais tchecos, se torna Andy Warhol. Seu sucesso pode ser contado desde o início de sua juventude. Após a faculdade de Belas Arte, paga com a economia dos pais, tem início uma carreira

de sucesso a partir os anos 50, quando se muda para a grande cidade: Nova Iorque, lá é convidado a ilustrar revistas importantes como a Glamour Magazine.

No final dos anos 1950, Warhol começou a dedicar mais energia para a pintura. Ele fez suas primeiras pinturas Pop, baseado em histórias em quadrinhos e anúncios, em 1961. O ano seguinte marcou o início da celebridade

de Warhol. Estreou sua famosa série “Campbell’s Soup Can”, que causou sensação no mundo da arte. Pouco depois começou uma seqüência de grandes retratos de estrelas de cinema, incluindo Marilyn Monroe, Elvis Presley, e Elizabeth Taylor. Warhol também começou sua série de “morte e desastres” pinturas da época.

Entre 1963 e 1968, Warhol trabalhou com seu staff de atores e várias outras pessoas para criar centenas de filmes. Estes filmes foram escritos e improvisados, que vão desde experiências conceituais e narrativas simples para curtas retratos e sexploitation (filmes curtos de baixo orçamento explorando nudez, associados ao

Andy WarholVida e Obra

Page 12: Caderno educativo expo andy warhol

movimento underground). Seus trabalhos incluem Empire (1964), The Chelsea Girls (1966), and the Screen Tests (1964-66)

A primeira exposição de esculturas de Warhol foi realizada em 1964. Ela incluía centenas de réplicas de caixas de produtos de supermercados de grande porte, incluindo caixas de Brillo e caixas de Heinz. Para esta ocasião, ele estreou o seu novo estúdio, pintado de prata e conhecido como “The Factory”. Rapidamente se tornou “o” lugar para se estar em Nova Iorque, as festas estavam sempre nas colunas de fofocas de todo o país. Em meados da década de 1960 era uma presença frequente nas revistas e na mídia.

Warhol se expandiu para o domínio da arte de performance, em um traveling show multimídia chamado The Exploding Plastic Inevitable, que contou com The Velvet Underground, uma banda de rock. Em 1966, Warhol exibe Cow Parede e Silver Clouds na Leo Castelli Gallery.

Warhol auto-publicou uma série de “livros de artista” nos anos de 1950, mas a primeira grande edição foi Andy Warhol Index (Book), publicada em 1967. Dois anos depois, foi co-fundador da revista Interview, voltada à cultura pop, cinema e mundo fashion, que continua sendo muito famosa hoje em dia nos Estado Unidos. Seus últimos livros incluem: THE Philosophy of Andy Warhol (From A to B and Back Again), de 1975, Exposures de 1979, POPism de 1980 e America de 1985. Seus livros são basicamente transcrições de conversas e entrevistas.

Ao longo da década de 1970 Warhol frequentemente transita socialmente com celebridades como Jackie Kennedy Onassis e

Truman Capote, temas importantes no início de sua arte. Começou a receber dezenas, e logo centenas de encomendas de retratos pintados de socialites, músicos e estrelas de cinema. Os retratos de celebridades desenvolvem um aspecto importante de sua carreira e uma das principais fontes de renda. Era freqüentador assíduo no Studio 54, a famosa discoteca de Nova York, junto com celebridades como o estilista Halston, artista Liza Minnelli, e Bianca Jagger. Em 1984, Warhol trabalhou com jovens artistas, como Jean-Michel Basquiat, Francesco Clemente e Keith Haring. Voltou a pintar com um pincel para essas obras, de forma breve o abandonou o método silkscreen que usara exclusivamente desde 1962.

Em meados da década de 1980 seus programas de televisão, TV Andy Warhol e Andy Warhol’s Fifteen Minutes foram transmitidos pela televisão a cabo de Nova York e nacionalmente na MTV. Ele criou trabalho para Saturday Night Live,apareceu em um episódio de The Love Boat e produziu videoclipes de bandas de rock como The Cars. Warhol também assinou com algumas agências de modelos, aparecendo em desfiles de moda e numerosos e anúncios de televisão.

Warhol foi um artista prolífico, produzindo inúmeros trabalhos nas décadas de 1970 e 1980. Algumas de suas pinturas, gravuras, fotografias e desenhos deste período são: Mao, Ladies and Gentlemen, Skulls, Hammer and Sickles, Shadows, Guns, Knives, Crosses, Dollar Signs, Zeitgeist e Camouflage. Suas duas últimas exposições foram sua série de pinturas Última Ceia, mostrada em Milão e sua Sewn Fotos (várias impressões de fotos idênticas costuradas em uma grade), exibido em Nova York. Ambas inauguradas em janeiro de 1987, um mês antes de sua morte.

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A sociedade do espetáculo - um livro lúcido e demolidor, precursor de toda análise crítica da moderna sociedade de consumo. Lançado em 1979, o livro de Guy Debord é explicito e arrebatador.

Filósofo, agitador social, diretor de cinema, Guy Debord se definia como “ doutor em nada” e pensador radical. Ligou-se nos anos 50 à geração herdeira do dadaísmo e do surrealismo.

Guy Debord A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO CAPÍTULO I A SEPARAÇÃO CONSOLIDADA

Nosso tempo, sem dúvida... prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser... O que é sagrado para ele, não passa de ilusão, pois a verdade está no profano. Ou seja, à medida que decresce a verdade a ilusão aumenta, e o sagrado cresce a seus olhos de forma que o cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado. Feuerbach — Prefácio à segunda edição de A Essência do Cristianismo

Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido se esvai na fumaça da representação.

As imagens fluem desligadas de cada aspecto da vida e fundem-se num curso comum, de forma que a unidade da vida não mais pode ser restabelecida. A realidade consideradaparcialmente reflete em sua própria unidade geral um pseudo mundo à parte, objeto de pura contemplação. A especialização das imagens do mundo acaba numa imagem autonomizada, onde o mentiroso mente a si próprio. O espetáculo

Texto de consulta e críticaem geral, como inversão concreta da vida, é o movimento autônomo do não-vivo.

O espetáculo é ao mesmo tempo parte da sociedade, a própria sociedade e seu instrumento de unificação. Enquanto parte da sociedade, o espetáculo concentra todo o olhar e toda a consciência. Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido e da falsa consciência; a unificação que realiza não é outra coisa senão a linguagem oficial da separação generalizada.

O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens.

O espetáculo não pode ser compreendido como abuso do mundo da visão ou produto de técnicas de difusão massiva de imagens. Ele é a expressão de uma Weltanschauung, materialmente traduzida. É uma visão cristalizada do mundo.

O espetáculo, compreendido na sua totalidade, é simultaneamente o resultado e o projeto do modo de produção existente. Ele não é um complemento ao mundo real, um adereço decorativo. É o coração da irrealidade da sociedade real. Sob todas as suas formas particulares de informação ou propaganda, publicidade ou consumo direto do entretenimento, o espetáculo constitui o modelopresente da vida socialmente dominante. Ele é a afirmação onipresente da escolha já feita na produção, e no seu corolário — o consumo. A forma e o conteúdo do espetáculo são a justificação total das condições e dos fins do sistema existente. O espetáculo é também a presença permanentedesta justificação, enquanto ocupação principal do tempo vivido fora da produção moderna.

A própria separação faz parte da unidade do mundo, da práxis social

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global que se cindiu em realidade e imagem. A prática social, diante da qual surge o espetáculo autônomo, é também a totalidade real que contém o espetáculo. Mas a cisão nesta totalidade mutila-a ao ponto de apresentar o espetáculo como sua finalidade. A linguagem do espetáculo é constituída por signosda produção reinante, que são ao mesmo tempo o princípio e a finalidade última da produção.

Não se pode contrapor abstratamente o espetáculo à atividade social efetiva; este desdobramento está ele próprio desdobrado. O espetáculo que inverte o real é produzido de forma que a realidade vivida acaba materialmente invadida pela contemplação do espetáculo, refazendo em si mesma a ordem espetacular pela adesão positiva. A realidade objetiva está presente nos dois lados. O alvo é passar para o lado oposto: a realidade surge no espetáculo, e o espetáculo no real. Esta alienação recíproca é a essência e o sustento da sociedade existente. No mundo realmente invertido, o verdadeiro é um momento do falso.

O conceito de espetáculo unifica e explica uma grande diversidade de fenômenos aparentes. As suas diversidades e contrastes são as aparências organizadas socialmente, que devem, elas próprias, serem reconhecidas na sua verdade geral.Considerado segundo os seus próprios termos, o espetáculo é a afirmação da aparência e a afirmação de toda a vida humana, socialmente falando, como simples aparência. Mas a crítica que atinge a verdade do espetáculo descobre-o como a negação visível da vida; uma negação da vida que se tornou visível.

Para descrever o espetáculo, a sua formação, as suas funções e as forças que tendem para sua dissolução, é preciso distinguir seus elementos artificialmente inseparáveis. Ao analisar o espetáculo, fala-se em certa medida a própria linguagem do espetacular, no sentido de que se pisa no terreno

metodológico desta sociedade que se exprime no espetáculo. Mas o espetáculo não significa outra coisa senão o sentido da prática total da formação econômico-social, o seu emprego do tempo. É o momento histórico que nos contém.

O espetáculo apresenta-se como algo grandioso, positivo, indiscutível e inacessível. Sua única mensagem é «o que aparece é bom, o que é bom aparece». A atitude que ele exige por princípio é aquela aceitação passiva que, na verdade, ele já obteve na medida em que aparece sem réplica, pelo seu monopólio da aparência.

O caráter fundamentalmente tautológico do espetáculo decorre do simples fato dos seus meios serem ao mesmo tempo a sua finalidade. Ele é o sol que não tem poente no império da passividade moderna. Recobre toda a superfície do mundo e banha-se indefinidamente na sua própria glória.

A sociedade que repousa sobre a indústria moderna não é fortuitamente ou superficialmente espetacular, ela é fundamentalmente espetaculista. No espetáculo da imagem da economia reinante, o fim não é nada, o desenvolvimento é tudo. O espetáculo não quer chegar a outra coisa senão a si mesmo.

Na forma do indispensável adorno dos objetos hoje produzidos, na forma da exposição geral da racionalidade do sistema, e na forma de setor econômico avançado que modela diretamente uma multidão crescente de imagens-objetos, o espetáculo é a principal produção da sociedade atual.

O espetáculo submete para si os homens vivos, na medida em que a economia já os submeteu totalmente. Ele não é nada mais do que a economia desenvolvendo- se para si própria.

Page 15: Caderno educativo expo andy warhol

É o reflexo fiel da produção das coisas, e a objetivação infiel dos produtores.

A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social levou, na definição de toda a realização humana, a uma evidente degradação do ser em ter. A fase presente da ocupação total da vida social em busca da acumulação de resultados econômicos conduz a uma busca generalizada do ter e do parecer, de forma que todo o «ter» efetivo perde o seu prestígio imediato e a sua função última. Assim, toda a realidade individual se tornou social e diretamente dependente do poderio social obtido. Somente naquilo que ela não é, lhe é permitido aparecer.

Onde o mundo real se converte em simples imagens, estas simples imagens tornam-se seres reais e motivações eficientes típicas de um comportamento hipnótico. O espetáculo, como tendência para fazer ver por diferentes mediações especializadas o mundo que já não é diretamente apreensível, encontra normalmentena visão o sentido humano privilegiado que noutras épocas foi o tato; a visão, o sentido mais abstrato, e o mais mistificável, corresponde à abstração generalizada da sociedade atual. Mas o espetáculo não é identificável ao simples olhar, mesmo combinado com o ouvido. Ele é o que escapa à atividade dos homens, à reconsideração e à correção da sua obra. É o contrário do diálogo. Em toda a parte onde há representaçãoindependente, o espetáculo reconstitui-se.

O espetáculo é o herdeiro de toda a fraqueza do projeto filosófico ocidental, que foi uma compreensão da atividade dominada pelas categorias do ver; assim como se baseia no incessante alargamento da racionalidade técnica precisa, proveniente deste pensamento. Ele não realiza a filosofia, ele filosofa a realidade. É a vida concreta de todos que se degradou em universoespeculativo.

A filosofia, enquanto poder do pensamento separado, e pensamento do poder separado, nunca pode por si própria superar a teologia. O espetáculo é a reconstrução material da ilusão religiosa.

A técnica espetacular não dissipou as nuvens religiosas onde os homens tinham colocado os seus próprios poderes desligados de si: ela ligou- os somente a uma base terrestre. Assim, é a mais terrestre das vidas que se toma opaca e irrespirável. Ela já não reenvia para o céu, mas alberga em si a sua recusa absoluta, o seu falacioso paraíso. O espetáculo é a realização técnica do exílio dos poderes humanos num além; a cisão acabada no interior do homem.

À medida que a necessidade se encontra socialmente sonhada, o sonho torna- se necessário. O espetáculo é o mau sonho da sociedade moderna acorrentada, que ao cabo não exprime senão o seu desejo de dormir. O espetáculo é o guardião deste sono.

Destituída de seu poder prático, e permeada pelo império independente no espetáculo, a sociedade moderna permanece atomizada e em contradição consigo mesma.

Mas é a especialização do poder, a mais velha especialização social, que está na raiz do espetáculo. O espetáculo é, assim, uma atividade especializada que fala pelo conjunto das outras. É a representação diplomática da sociedade hierárquica perante si própria, onde qualquer outra palavra é banida, onde o mais moderno é também o mais arcaico.

O espetáculo é o discurso ininterrupto que a ordem presente faz sobre si própria, o seu monólogo elogioso. É o auto-retrato do poder no momento da sua gestão totalitária das condições de existência.

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A aparência fetichista de pura objetividade nas relações espetaculares esconde o seu caráter de relação entre homens e entre classes: uma segunda natureza parece dominar o nosso meio ambiente com as suas leis fatais. Mas o espetáculo não é necessariamente um produto do desenvolvimento técnico do ponto de vista do desenvolvimento natural.

A sociedade do espetáculo é, pelo contrário, uma formulação que escolhe o seu próprio conteúdo técnico. O espetáculo, considerado sob o aspecto restrito dos «meios de comunicação de massa» — sua manifestação superficial mais esmagadora — que aparentemente invade a sociedade como simples instrumentação, está longe da neutralidade, é a instrumentação mais conveniente ao seu automovimento total. As necessidades sociais da época em que se desenvolvem tais técnicas não podem encontrar satisfaçãosenão pela sua mediação. A administração desta sociedade e todo o contato entre os homens já não podem ser exercidos senão por intermédio deste poder de comunicação instantâneo, é por isso que tal «comunicação» é essencialmente unilateral; sua concentração se traduz acumulando nas mãos da administração do sistema existente os meios que lhe permitem prosseguir administrando. A cisão generalizada do espetáculo é inseparável doEstado moderno, a forma geral da cisão na sociedade, o produto da divisão do trabalho social e o órgão da dominação de classe.

A separação é o alfa e o ômega do espetáculo. A institucionalização da divisão social do trabalho, a formação das classes, constituiu a primeira contemplação sagrada, a ordem mítica em que todo o poder se envolve desde a origem. O sagrado justificou a ordenação cósmica e ontológica que correspondia aos interesses dos Senhores, ele explicou e embelezou o que a sociedade não podia fazer.

Todo o poder separado foi pois espetacular, mas a adesão de todos a uma tal imagem imóvel não significava senão o reconhecimento comum de um prolongamento imaginário para a pobreza da atividade social real, ainda largamente ressentida como uma condição unitária. O espetáculo moderno exprime, pelo contrário, o que a sociedade pode fazer, mas nesta expressão opermitido opõe-se absolutamente ao possível. O espetáculo é a conservação da inconsciência na modificação prática das condições de existência. Ele é o seu próprio produto, e ele próprio fez as suas regras: é um pseudo-sagrado.

Ele mostra o que é: o poder separado, desenvolvendo-se em si mesmo no crescimento da produtividade por intermédio do refinamento incessante da divisão do trabalho na parcelarização dos gestos, desde então dominados pelo movimento independente das máquinas; e trabalhando para um mercado cada vez mais vasto. Toda a comunidade e todo o sentido crítico se dissolveram ao longo deste movimento, no qual as forças que puderam crescer, separando-se, ainda não se reencontraram.Com a separação generalizada do trabalhador daquilo que ele produz perde-se todo ponto de vista unitário sobre a atividade realizada, perde-se toda a comunicação pessoal direta entre os produtores. Na senda do progresso da acumulação dos produtos separados, e da concentração do processo produtivo, a unidade e a comunicaçãotornam-se atribuições exclusivas da direção do sistema. O êxito do sistema econômico da separação significa a proletarização do mundo.

O próprio êxito da produção separada enquanto produção do separado, experiência fundamental ligada às sociedades primitivas, desloca-se, no pólo do desenvolvimento do sistema, para o não-trabalho, para a inatividade.

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Mas esta inatividade não é em nada liberta da atividade produtiva: depende desta, uma submissão inquieta e contemplativa às necessidades e aos resultados da produção; ela própria é um produto da sua racionalidade. Nela não pode haver liberdade forada atividade. No quadro do espetáculo toda a atividade é negada, exatamente pela atividade real ter sido integralmente captada para a edificação global resultante.Assim, a atual «libertação do trabalho», o aumento dos tempos livres, não é de modo algum libertação no trabalho, nem libertação de um mundo moldado por este trabalho.Nada da atividade roubada no trabalho pode reencontrar-se na submissão ao seu resultado.

O sistema econômico fundado no isolamento é uma produção circular do isolamento. O isolamento fundamenta a técnica, e, em retorno, o processo técnico isola.

Do automóvel à televisão, todos os bens selecionados pelo sistema espetacular são também as suas armas para o reforço constante das condições de isolamento das «multidões solitárias». O espetáculo reencontra cada vez mais concretamente os seus próprios pressupostos.

A origem do espetáculo é a perda da unidade do mundo, e a expansão gigantesca do espetáculo moderno exprime a totalidade desta perda: a abstração de todo o trabalho particular e a abstração geral da produção do conjunto traduzem-se perfeitamente no espetáculo, cujo modo de ser concreto é justamente a abstração. No espetáculo, uma parte do mundo representa-se perante o mundo, e é-lhe superior.O espetáculo não é mais do que a linguagem comum desta separação.

O que une os espectadores não é mais do que uma relação irreversível com o próprio centro que mantém o seu isolamento. O espetáculo reúne o separado, mas reúne-o enquanto separado.

A alienação do espectador em proveito do objeto contemplado (que é o resultado da sua própria atividade inconsciente) exprime-se assim: quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos ele compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo.A exterioridade do espetáculo em relação ao homem que age aparece nisto, os seus próprios gestos já não são seus, mas de um outro que lhos apresenta.Eis porque o espectador não se sente em casa em parte alguma, porque o espetáculo está em toda a parte.

O trabalhador não produz para si próprio, ele produz para um poder independente. Osucesso desta produção, a sua abundância, regressa ao produtor como abundância da despossessão. Todo o tempo e o espaço do seu mundo se lhe tornam estranhos com a acumulação dos seus produtos alienados. O espetáculo é o mapa deste novo mundo, mapa que recobre exatamente o seu território. As próprias forças que nos escaparam mostram-se-nos em todo o seu poderio.

O espetáculo na sociedade representa concretamente uma fabricação de alienação. A expansão econômica é principalmente a expansão da produção industrial. O crescimento econômico, que cresce para si mesmo, não é outra coisa senão a alienação que constitui seu núcleo original.

O homem alienado daquilo que produz, mesmo criando os detalhes do seu mundo, está separado dele. Quanto mais sua vida se transforma em mercadoria, mais se separa dela.

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O espetáculo é o capital a um tal grau de acumulação que se toma imagem.

Tradução em português:www.terravista.pt/IlhadoMel/1540

Paráfrase em português do Brasil:Railton Sousa GuedesColetivo Periferiawww.geocities.com/projetoperiferia

Editorações, tradução do prefácio e versão para eBookeBooksBrasil.com

Diálogos com o artista

Andy Warhol segue sua carreira cercado de principalmente três fascinações: fama, beleza e morte. Cercado por essa tríade, a maneira de desenvolver sua trajetória está visceralmente ligada aos meios de comunicação de massa: revistas, cinema e televisão. Isso se reflete de maneira abrangente em seu trabalho, desde a forma (fotografias, propagandas e novelas) aos assuntos (moda, musica, esportes e cotidiano).

A arte de Andy Warhol são como chamadas de jornais ou publicidade de televisão: tem a ambição de se comunicar rapidamente e de forma ampla com o grande público. Transforma fama em arte. E a arte em fama.

Aprofundar nas idéias de Warhol, e em seu comportamento profético – que contaminou a maneira de encarar alguns dogmas publicamente – é emergir, atingir a superfície.

Este caderno de apoio traz a superficialidade de frases curtas e de efeito, é de certa forma um jeito de ler o mundo através do olhar de Andy Warhol.

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Warhol nessa frase expõe

sua ideia em relação à cópia. A reprodução de fotografias, cenas, pessoas, é recorrente em suas obras. Assim como a apropriação de imagens, o artista trabalha com a massificação que a publicidade faz – mas cria uma diversidade de textos e cores - , ao repetir – com o uso da técnica da serigrafia. Em sua produção televisiva, muitas repetições são realizadas com a edição e gravação de vídeo. Um dos fatores marcantes em suas obras é que suas produções nos remetem a símbolos da sociedade do consumo.Andy dizia que não via sua obra por ótica politica critica,embora muitos de seus trabalhos nos instiguem a ler criticamente a sociedade em que vivemos. E você, o que pensa sobre a repetição constante de imagens, ideias, sons e pessoas? Hoje à disposição dos sujeitos estão inúmeros meios de acessar e fazer informação, como é a relação com as práticas de apropriação e reprodução de imagens? Ctrl C e Ctrl V, sampler, donwload, pirataria, direitos, são algumas das palavras que englobam este tema.Na exposição presente no Centro Cultural Oi Futuro, percebemos a repetição de diversas maneiras, seja por meio da museografia (modo pelo qual o acervo é organizado e apresentado) ou pelo conteúdo dos vídeos produzidos pelo artista. Você já parou para observar em quais momentos isto acontece?

Copyleft é uma forma de usar a legislação de proteção dos direitos autorais com o objetivo de retirar barreiras à utilização, difusão e modificação de uma obra criativa devido à aplicação clássica das normas de propriedade intelectual, exigindo que as mesmas liberdades sejam preservadas em versões modificadas.

O copyleft diferere assim do domínio público, que não apresenta tais exigências. “Copyleft” é um trocadilho com o termo “copyright” que, traduzido literalmente, significa “direitos de copia”.Uma obra, seja de software ou outros trabalhos livres, sob uma licença Copyleft

requer que suas modificações, ou extensões do mesmo, sejam livres, passando adiante a liberdade de copiá-lo e modificá-lo novamente.Uma das razões mais fortes para os autores e criadores aplicarem copyleft aos seus trabalhos é porque desse modo esperam criar as condições mais favoráveis para que mais pessoas se sintam livres para contribuir com melhoramentos e alterações a essa obra, num processo continuado.

! h t t p : / / p t . w i k i p e d i a . o r g / w i k i / C o p y l e f t -

“Não me incomodo que me copiem mas detesto que assinem meu nome”

Page 20: Caderno educativo expo andy warhol

Warhol era filho da Tv! O artista nasce em 1928 dois anos após o

surgimento dos primeiros aparelhos. Foi telespectador e autor de

uma linguagem que se configurava televisa. Warhol vislumbrou

uma sociedade audiovisual e contribui para isto. Para ser famoso

hoje o que não falta são os meios - os programas no formato

de Reality Shows, projetam ilustres desconhecidos ao mundo

da fama. E para obter esses 15 minutos, vale tudo ..... humor,

beleza, sensacionalismo, “mico”, traição, banalidades, graças e

desgraças ....e assim os mitos contemporâneos são criados, agora

a diferença é de milênios por segundos, pequenas histórias são

contadas e recontadas. As tecnologias de capturação e edição

de imagem e som nos colocam no papel de autores, e as redes

digitais, nos colocam comunidades interconectadas. E para que

estamos tecendo esta imensa rede?

! Assista ao video a Rede - no Museu das telecomunicações

As mídias convergiram, a televisão pode ser acessada pela internet através de aparelhos de telecomunicações móveis. Dentro e fora de casa. Inicie uma conversa com grupo, a fim de identificar a relação entre os integrantes do grupo com a televisão, as representações construídas por eles através das imagens difundidas pelo meio. Estes aspectos sinalizam modos comportamentais, maneiras de ser, pensar, costroem identidades coletivas. Perguntar ao grupo se eles assistem TV. Onde, e como? Quanto tempo dedicam assistindo? O que gostam de assistir? Convide-os a observar se o grupo compartilha gostos. Identificar possíveis relações entre programação, publico, modos de acessar. Se eles veem tv sozinhos ou com quem eles vem? Contemporaneamente, muitos educadores trabalham com diferentes mídias - incluindo a tv - buscando um pensamento reflexivo dos alunos quanto a estes meios de comunicação. Pensando que o educador deve sempre se atualizar, torna-se necessário um contato com as diversas produções culturais objetivando promover múltiplas leituras suas e dos alunos. Portanto, algumas questões se impõem: Como os educadores têm trabalhado o uso das novas tecnologias em sala de aula? As produções artísticas relacionadas aos diversos meios de comunicação têm sido parte de reflexões no cotidiano escolar? Buscamos ressignificar a influência da tv em nosso cotidiano?

“No futuro todos serão famosos durante quinze minutos ”

“Sempre suspeitei que estava assistindo televisão ao invés de viver minha vida.”

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A exposição Warhol TV agrupa os vídeos do artista em vários temas , dentre os quais estão: Publicidade, Tv antes da TV, Saturday night Live, Os 15 minutos de Andy Warhol,

Beleza e sexo, Feira de Vaidades, Caçador de Talentos, Artistas, Damas e Cavalheiros e o Último show.A partir dos temas sugeridos pela exposição, proponha ao seu grupo um confronto de ideias estimulando um debate.

ATENÇÃO! As instigações podem ser feitas no espaço expositivo, aproveitando as imagens propostas, ou em sala de aula, levando em consideração que todos os títulos utilizados apropriam-se do universo jovem. no esPaço exPositivo

Uma imagem vale mais que mil palavras.1. O que comunica mais: uma imagem ou uma palavra?

2. Percebemos o mundo através de nossos sentidos. Qual é o sentido mais explorado na cultura contemporânea?

Vivemos cercados de imagens, todos os dias somos bombardeados por representações sedutoras de um ideal de consumo que vai desde uma nova marca de alimento a uma atitude capaz de influenciar nossos desejos e comportamento.O espaço urbano é uma mídia poderosa, que entra pelos olhos dos habitantes mesmo que eles não queiram ou não gostem.

Deslocando-se a pé, em seu carro ou na condução, o cidadão vê o anúncio que se impõe – e até aprecia como um chamariz colorido, vivaz, alegre. Ele pode rejeitar o anúncio na página de revista ou de jornal, na tela da televisão, mas nunca na via pública por onde transita. Anunciantes e publicitário sabem disso e disputam acirradamente espaços nessa mídia.

A expressão “mídias exteriores” origina-se da tradução do inglês “outdoor advertising” e tem variantes como “publicidade ao ar livre”. Define um meio de comunicação visível do espaço público, utilizado para veiculação publicitária de informações, idéias e produtos.

3. Os títulos sugeridos pelo curador da exposição podem ser substituídos por outros?4. Que outros temas poderiam ser abordados?

em sala de aulaSugira aos alunos que organizem pequenos grupos. Cortem os títulos-

temas, de forma aleatória entregue aos grupos formados e proponha um confronto de idéias a partir da relação entre os temas. O professor

assumirá o papel de mediador, podendo enriquecer o debate com reportagens de jornal, revistas, objetos, acessórios diferentes materiais

do universo jovem e de sua cultura contemporânea.É importante aproveitar a subjetividade dos títulos (Já que

estão deslocados), pois é na problemática e ótica do jovem que encontraremos e daremos sentido ou título, para que se transformem

em tema de debate.

Confrontando Temas e Sugerindo Debates

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! veja mais

Filmes: Studio 54 (54)Dir: Mark Christopher – 1998Sinopse: Famosa boate novaiorquina da década de 1970 vista pelos olhos de um rapaz recém empregado.

Um tiro para Andy Warhol ( I shot Andy Warhol)Dir: Mary Harron – 1996Sinopse: Baseado na história verídica de Valerie Solanas, que foi pregava o ódio radical dos anos 60 para os homens em seu manifesto “Scum”. Ela escreveu um roteiro para um filme que ela queria Andy Warhol fosse o produtor, mas ele a ignorou. Então ela atirou nele. Esta é a história de Valerie.

Basquiat – Traços de uma vida (Basquiat)Dir: Julian SchnabelSinopse: “Basquiat” conta a história da ascensão meteórica do jovem artista Jean-Michel Basquiat. Começando como um artista de rua, vivendo em Thompkins Square Park, em uma caixa de papelão, Jean-Michel é “descoberto” pelo mundo da arte de Andy Warhol, e torna-se uma estrela. Mas o sucesso tem um preço elevado, e Basquiat paga com amor, amizade e, eventualmente, a sua vida.

Hairspray – E éramos todos jovens (Hairspray)Dir: John WatersSinopse: Uma adolescente “agradavelmente rechonchuda” ensina a Baltimore de 1962 uma ou duas coisas sobre a integração depois de se destacar em um programa de dança da TV local.

Velvet UndergroundÁlbum: Velvet Underground and NicoThe Cars Música: Hello againÁlbum: Heartbeat City

Sites:

http://www.warhol.org/exhibitions/

http://www.youtube.com/watch?v=jaf6zF-FJBk

http://www.youtube.com/watch?v=x82gWQFEpQA

http://www.youtube.com/watch?v=rK4Bh_arF-E

http://www.youtube.com/watch?v=_XK2-8Vf4o0

http://giscreatio.blogspot.com/2010/07/andy-warhol-mr-america.html

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Avaliação do Caderno Educativo. Caro professor,Acreditamos que o conteúdo apresentado em nossas ações educativas aliado a uma pesquisa mais aprofundada, e planejamento de aulas, pode inaugurar uma troca significativa entre os conhecimentos adquiridos e seus desdobramentos na sala de aula.Seu relato e opiniões são muito importantes para o aperfeiçoamento deste material e nos auxiliarão no processo de construção de um relacionamento integrado entre o programa educativo e suas demandas pedagógicas. Nome:Endereço pessoal:Tel. Res.:Tel. Cel.:e-mail: Nome da escola:Publica ( ) privada( ) Telefone:e-mail:séries com as quais trabalha:Horário em que dá aulas: Outras instituições em que trabalha: Conte um pouco sobre você:Há quantos anos é professorVocê já participou de alguma ação do programa educativo do Oi futuro?Você participou de outros programas educativos, ou visitas culturais nos últimos 12 meses? Quais?Você já utilizou ou se beneficiou, em sala de aula, de algum material pedagógico que tenha sido elaborado para professores nessas visitas? De qual museu e,ou, exposição?Você tem equipamento disponível na escola para acessar a internet?Você costuma utilizar a internet como instrumento de pesquisa?Seus alunos tem possibilidades de utilizar equipamentos para acessar a internet na escola?Quais os recursos e equipamentos tecnológicos estão disponíveis na escola para serem trabalhos com seus alunos? Quais você costuma usar?

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Agora, depois de ler o nosso caderno, faca sua analise e responda: Os ítens - Visão Geral e Glossário de arte contemporânea tem como objetivo ampliar o seu conhecimento do artista, sua obra, e seu contexto histórico. Qual sua avaliação sobre ele? Você acha que faltou algum conteúdo? Nos itens Diálogos com o artista e Texto de Consulta e Crítica, buscamos construir diálogos, relações conceituais e estéticas, entre artistas e linguagens artísticas.

Qual sua avaliação sobre essas relações? Foram úteis para ampliar os conhecimentos adquiridos na visita? Você se beneficiou de alguma maneira com esses diálogos nas suas ações pedagógicas?Você planejou alguma aula para seu alunos com as idéias, conceitos e diálogos apresentados nesse item?Tem alguma sugestão? O que você achou de nossas propostas pedagógicas para sala de aula? Utilizou alguma delas após a visita?O que sentiram falta no nosso material, para compreender e realizar essas propostas em sala de aula? O que poderia ser aperfeiçoado? As indicações de bibliografia e sites, tem como objetivo ampliar os conhecimentos para o seu trabalho como professor. Nossas indicações contribuíram para um maior aprofundamento em sua pesquisa pedagógica?Qual dessas fontes de pesquisa foi a mais utilizada? Livros ou internet?O que você gostaria de que fosse incluído em nosso material para enriquecer sua pesquisa? De maneira geral, o que você achou do material? Comentários e sugestões.

Esta avaliação encontra-se disponível também em arquivo digital, é só solicitá-la através do email [email protected]

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Programa Educativo

Orientação PedagógicaKeyna Mendonça

Arte educadoresAnita Sobar

Rafaela RafaelHugo RichardPaula Erber

Educação InfantilSandra Henrique

EstagiáriosDébora Sabina

Leonardo BatistaRenata Fontes Freire

ProduçãoElisangela Lima