caderno do professor vol. 2 2º

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  • 1. 2a SRIE ENSINO MDIO Volume2 GEOGRAFIA Cincias Humanas CADERNO DO PROFESSOR

2. MATERIAL DE APOIO AO CURRCULO DO ESTADO DE SO PAULO CADERNO DO PROFESSOR GEOGRAFIA ENSINO MDIO 2a SRIE VOLUME 2 Nova edio 2014-2017 GOVERNO DO ESTADO DE SO PAULO SECRETARIA DA EDUCAO So Paulo 3. Governo do Estado de So Paulo Governador Geraldo Alckmin Vice-Governador Guilherme Af Domingos Secretrio da Educao Herman Voorwald Secretria-Adjunta Cleide Bauab Eid Bochixio Chefe de Gabinete Fernando Padula Novaes Subsecretria de Articulao Regional Rosania Morales Morroni Coordenadora da Escola de Formao e Aperfeioamento dos Professores EFAP Silvia Andrade da Cunha Galletta Coordenadora de Gesto da Educao Bsica Maria Elizabete da Costa Coordenadora de Gesto de Recursos Humanos Cleide Bauab Eid Bochixio Coordenadora de Informao, Monitoramento e Avaliao Educacional Ione Cristina Ribeiro de Assuno Coordenadora de Infraestrutura e Servios Escolares Dione Whitehurst Di Pietro Coordenadora de Oramento e Finanas Claudia Chiaroni Afuso Presidente da Fundao para o Desenvolvimento da Educao FDE Barjas Negri 4. Senhoras e senhores docentes, A Secretaria da Educao do Estado de So Paulo sente-se honrada em t-los como colabo- radores nesta nova edio do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e anlises que permitiram consolidar a articulao do currculo proposto com aquele em ao nas salas de aula de todo o Estado de So Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com os professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analtico e crtico da abor- dagem dos materiais de apoio ao currculo. Essa ao, efetivada por meio do programa Educao Compromisso de So Paulo, de fundamental importncia para a Pasta, que despende, neste programa, seus maiores esforos ao intensificar aes de avaliao e monitoramento da utilizao dos diferentes materiais de apoio implementao do currculo e ao empregar o Caderno nas aes de formao de professores e gestores da rede de ensino. Alm disso, firma seu dever com a busca por uma educao paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso do material do So Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb. Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa So Paulo Faz Escola, apresenta orien- taes didtico-pedaggicas e traz como base o contedo do Currculo Oficial do Estado de So Paulo, que pode ser utilizado como complemento Matriz Curricular. Observem que as atividades ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessrias, dependendo do seu planejamento e da adequao da proposta de ensino deste material realidade da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposio de apoi-los no planejamento de suas aulas para que explorem em seus alunos as competncias e habilidades necessrias que comportam a construo do saber e a apropriao dos contedos das disciplinas, alm de permitir uma avalia- o constante, por parte dos docentes, das prticas metodolgicas em sala de aula, objetivando a diversificao do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedaggico. Revigoram-se assim os esforos desta Secretaria no sentido de apoi-los e mobiliz-los em seu trabalho e esperamos que o Caderno, ora apresentado, contribua para valorizar o ofcio de ensinar e elevar nossos discentes categoria de protagonistas de sua histria. Contamos com nosso Magistrio para a efetiva, contnua e renovada implementao do currculo. Bom trabalho! Herman Voorwald Secretrio da Educao do Estado de So Paulo 5. Os materiais de apoio implementao do Currculo do Estado de So Paulo so oferecidos a gestores, professores e alunos da rede estadual de ensino desde 2008, quando foram originalmente editados os Cadernos do Professor. Desde ento, novos materiais foram publicados, entre os quais os Cadernos do Aluno, elaborados pela primeira vez em 2009. Na nova edio 2014-2017, os Cadernos do Professor e do Aluno foram reestruturados para atender s sugestes e demandas dos professo- res da rede estadual de ensino paulista, de modo a ampliar as conexes entre as orientaes ofe- recidas aos docentes e o conjunto de atividades propostas aos estudantes. Agora organizados em dois volumes semestrais para cada srie/ ano do Ensino Fundamental Anos Finais e srie do Ensino Mdio, esses materiais foram re- vistos de modo a ampliar a autonomia docente no planejamento do trabalho com os contedos e habilidades propostos no Currculo Oficial de So Paulo e contribuir ainda mais com as aes em sala de aula, oferecendo novas orien- taes para o desenvolvimento das Situaes de Aprendizagem. Para tanto, as diversas equipes curricula- res da Coordenadoria de Gesto da Educao Bsica (CGEB) da Secretaria da Educao do Estado de So Paulo reorganizaram os Cader- nos do Professor, tendo em vista as seguintes finalidades: incorporar todas as atividades presentes nos Cadernos do Aluno, considerando tambm os textos e imagens, sempre que possvel na mesma ordem; orientar possibilidades de extrapolao dos contedos oferecidos nos Cadernos do Aluno, inclusive com sugesto de novas ati- vidades; apresentar as respostas ou expectativas de aprendizagem para cada atividade pre- sente nos Cadernos do Aluno gabarito que, nas demais edies, esteve disponvel somente na internet. Esse processo de compatibilizao buscou respeitar as caractersticas e especificidades de cada disciplina, a fim de preservar a identidade de cada rea do saber e o movimento metodo- lgico proposto. Assim, alm de reproduzir as atividades conforme aparecem nos Cadernos do Aluno, algumas disciplinas optaram por des- crever a atividade e apresentar orientaes mais detalhadas para sua aplicao, como tambm in- cluir o cone ou o nome da seo no Caderno do Professor (uma estratgia editorial para facilitar a identificao da orientao de cada atividade). A incorporao das respostas tambm res- peitou a natureza de cada disciplina. Por isso, elas podem tanto ser apresentadas diretamente aps as atividades reproduzidas nos Cadernos do Professor quanto ao final dos Cadernos, no Gabarito. Quando includas junto das ativida- des, elas aparecem destacadas. ANOVA EDIO 6. Leitura e anlise Lio de casa Pesquisa em grupo Pesquisa de campo Aprendendo a aprender Roteiro de experimentao Pesquisa individual Apreciao Voc aprendeu? O que penso sobre arte? Ao expressiva ! ? Situated learning Homework Learn to learn Alm dessas alteraes, os Cadernos do Professor e do Aluno tambm foram anali- sados pelas equipes curriculares da CGEB com o objetivo de atualizar dados, exemplos, situaes e imagens em todas as disciplinas, possibilitando que os contedos do Currculo continuem a ser abordados de maneira prxi- ma ao cotidiano dos alunos e s necessidades de aprendizagem colocadas pelo mundo con- temporneo. Para saber mais Para comeo de conversa Sees e cones 7. SUMRIO Orientao sobre os contedos do volume 7 Situaes de Aprendizagem 13 Situao de Aprendizagem 1 Matrizes culturais do Brasil 13 Situao de Aprendizagem 2 A dinmica demogrfica 28 Situao de Aprendizagem 3 O trabalho e o mercado de trabalho 45 Situao de Aprendizagem 4 A segregao socioespacial e a excluso social 56 Situao de Aprendizagem 5 A tectnica de placas e o relevo brasileiro 64 Situao de Aprendizagem 6 As formas de relevo brasileiro e as funes das classificaes 83 Situao de Aprendizagem 7 guas no Brasil: gesto e intervenes 92 Situao de Aprendizagem 8 Gesto dos recursos naturais: o estado da arte no Brasil 106 Propostas de Situaes de Recuperao 113 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreenso do tema 116 Consideraes finais 121 Quadro de contedos do Ensino Mdio 122 8. 7 Geograa 2a srie Volume 2 ORIENTAO SOBRE OS CONTEDOS DO VOLUME Em outras palavras, de nossa parte a expectati- va a de que possamos realizar um trabalho a quatro mos, contando com sua colaborao. Dito isso, de qualquer modo vale chamar a ateno para o fato de que, ao se trabalhar os temas pertencentes ao contedo (populao brasileira), julgamos fundamental oportuni- zar um contato mais estreito dos estudantes com a leitura e a interpretao de dados es- tatsticos, o que poder ser feito (sem excluir outros recursos e materiais) por intermdio de uma ateno especial ao exerccio de leitura e interpretao de grficos e tabelas. Como de seu conhecimento, o conjunto de temas abor- dados favorece esse encaminhamento, quando no o exigem. Nas atividades das Situaes de Aprendi- zagem 1, 2, 3 e 4 procuramos articular o tra- tamento dos temas bsicos relacionados populao brasileira com trs aspectos: o con- ceitual, o temporal e o comparativo com ou- tros pases, pois acreditamos que isso poder contribuir para uma compreenso enriquecida acerca do contedo central trabalhado. A nos- so ver, tal orientao ajuda a evitar que as aulas de Geografia sejam desprovidas da abordagem processual, levando-nos a zelar para que no sejam apenas perfiladas atualidades que, isola- das de abordagem conceitual e histrica, nada ou pouco contribuem para a perspectiva geo- grfica de anlise. Ademais, necessrio ter Prezado(a) professor(a), Alguns contedos da Geografia do Brasil presentesnovolume2docurrculoda6a srie/ 7o ano do Ensino Fundamental so retoma- dos neste volume da 2a srie do Ensino M- dio. Em particular, so resgatados aspectos essenciais acerca da populao brasileira, articulando-se uma viso de sntese sobre suas bases formativas, suas dinmicas de- mogrfica e social. Alm disso, e como no poderia deixar de ser, sugerimos estratgias didticas para o desenvolvimento do tema segregao socioespacial, uma das expres- ses mais visveis da pobreza e da excluso social principalmente nas cidades brasilei- ras mdias e grandes. Tendo em vista que a populao brasileira um dos eixos condutores deste Caderno, cabe reconhecer que a gama de contedos e temas relacionados abrangente, o que nos exigiu fazer recortes ou selecion-los para o trabalho em sala de aula. Isso, contudo, no exclui sua participao ativa em rever o que foi sugerido, ampliando ou remanejando contedos de acor- do com o que julgar ser essencial ou interessan- te, levando em conta a especificidade de seus alunos. Portanto, as abordagens e os recortes aqui propostos merecem ser acompanhados e diversificados com as estratgias didticas que voc utiliza para disseminar entendimento aos seus alunos sobre a populao brasileira. 9. 8 em mente que muitos temas trabalhados so oportunos para sensibilizar e atrair a ateno e o interesse dos alunos, partindo de sua pr- pria realidade existencial ou condio de vida como, por exemplo, as discusses sobre o mer- cado de trabalho no Brasil (que podero ser conduzidas priorizando-se as desigualdades de cor e gnero) ou a abordagem sobre as condi- es de moradia e diferenas de rendimentos. J nas Situaes de Aprendizagem 5, 6, 7 e 8, trataremos de temas relacionados s gran- des estruturas da superfcie terrestre. A abor- dagem no se encerra nos fenmenos naturais, mas evolui para discusses fundamentais so- bre as relaes do ser humano com a nature- za. Essas relaes so trabalhadas com foco na questo dos recursos naturais e sua gesto na realidade brasileira. importanteressaltarqueoscontedosespe- cficos trabalhados nas Situaes de Aprendiza- gem procuram marcar uma distino em relao a algumas das velhas prticas da Geografia esco- lar. O tema do relevo terrestre, especificamente do relevo brasileiro, prestava-se com frequncia ao exerccio da memorizao da nomenclatura dos compartimentos e das formas de relevo. As atividades propostas no Caderno contribuiro para a construo do conhecimento mais ana- ltico, voltado explicao das lgicas dos pro- cessos naturais e compreenso do papel das grandes extenses do tempo na construo do cenrio natural do mundo em que vivemos. Diante do exposto, um dos objetivos deste Caderno estimular o dilogo entre profes- sor e alunos para que esses ltimos possam compreender as transformaes em curso na sociedade brasileira, inserindo-se como parte desse processo; e tambm estimular o engaja- mento dos estudantes nas grandes questes do nosso tempo, como a abertura para a discus- so das novas posturas ticas que comeam a permear as relaes do ser humano com a na- tureza. Assim, os percursos de aprendizagem aqui propostos so antes de tudo sugestes de trabalho com contedos programticos, com prticas de ensino, recursos e materiais didticos de modo a oferecer orientaes, al- ternativas de trabalho docente, to somente adicionais ao seu saber-fazer, que jamais deve ser substitudo. Conhecimentos priorizados As Situaes de Aprendizagem 1, 2, 3 e 4 foram concebidas com o propsito de ampliar a viso de conjunto sobre as origens e trans- formaes da populao brasileira ao longo do tempo, o que poder conscientizar os alu- nos acerca de seus principais problemas eco- nmicos e sociais. Na Situao de Aprendizagem 1 Matri- zes culturais do Brasil, so sugeridas estrat- gias didticas para oportunizar aos alunos uma viso de sntese sobre a constituio tnica da populao brasileira, priorizando a diversidade imbuda nos principais grupos formadores (indgena, branco e negro africa- no). Nesse percurso, so sugeridas estratgias didticas cujo objetivo elucidar conceitos fundamentais relacionados ao contedo, 10. 9 Geograa 2a srie Volume 2 como miscigenao, raa e etnia, preconceito e discriminao. Prope-se tambm priorizar os principais grupos de imigrantes e reas de fixao no territrio brasileiro, alm de discus- ses acerca do mito da democracia racial e levantamentos segundo a cor realizados pelos censos do IBGE. De certa forma, esta Situa- o de Aprendizagem constri requisitos bsi- cos que sero aprofundados nas demais. Na Situao de Aprendizagem 2 A din- mica demogrfica, priorizam-se a evoluo e a situao atual da populao brasileira. Previa- mente, so abordados conceitos fundamentais, como taxa de natalidade, taxa de mortalidade e crescimento natural ou vegetativo. Em seguida, articula-se uma viso de sntese sobre a evolu- o demogrfica do Brasil, dividindo-a em dois grandes perodos para os quais so comenta- dos os principais fatores responsveis por suas respectivas dinmicas demogrficas. Nesse per- curso, avaliamos essencial tratar da noo de transio demogrfica para estabelecer compa- raes entre a realidade brasileira e a de outros pases. Com o intuito de ajud-lo a interagir me- lhor com seus alunos, propomos um trabalho a ser realizado com grupos de alunos, no qual se espera que reflitam sobre o teor de opinies e notcias veiculadas pela mdia que, muitas vezes, tratam questes relacionadas ao processo demo- grfico brasileiro de modo equivocado. Na Situao de Aprendizagem 3 O tra- balho e o mercado de trabalho, por sua vez, dirigimos a ateno para a distribuio da Populao Economicamente Ativa (PEA) do Brasil segundo os setores de produo, ressal- tando suas transformaes ao longo do pro- cesso de urbanizao do pas. No essencial, depois de trabalhar com grficos relacionados ao contedo, prope-se o estudo sobre as de- sigualdades de gnero e raa no mercado de trabalho brasileiro via grupos de investigao e pesquisa na internet. No que tange Situao de Aprendizagem 4 A segregao socioespacial e a excluso so- cial, sugerimos associao entre trabalho con- ceitual e de campo (ensaio fotogrfico) para que os alunos se engajem no exerccio de lei- tura do espao urbano, quer de sua cidade ou, para o caso das escolas situadas em reas no urbanas, o mais prximo. No trmite da rea- lizao dessa dinmica de aprendizagem, pro- pomos que na sala de aula sejam abordadas e diferenciadas as noes de pobreza e de exclu- so social, alm dos indicadores sociais bra- sileiros e das condies precrias de moradia (favelas, cortios e loteamentos irregulares), ao lado das transformaes expressivas na or- ganizao do espao urbano ocasionadas pela proliferao dos condomnios fechados. J as Situaes de Aprendizagem 5, 6, 7 e 8 apresentam uma Geografia Fsica que se afasta das posturas mnemnicas que caracte- rizavam a Geografia escolar e que incorpora uma discusso atualizada sobre as novas reali- dades que se constroem em torno das relaes ser humano natureza. Na Situao de Aprendizagem 5 A tectnica de placas e o relevo brasileiro, co- meamos investindo na compreenso da 11. 10 dinmica do funcionamento da litosfera, lgica essa que alvo de novas formulaes tericas bastante produtivas, com destaque para a teoria das placas tectnicas. Trata- -se de tema trabalhado anteriormente, mas agora o objetivo verificar essa dinmica na escala do territrio brasileiro. A abordagem ser focada na placa tectnica Sul-america- na, que responsvel, no seu movimento, pela formao da Amrica do Sul e de parte importante de seu relevo atual. Na Situao de Aprendizagem 6 As for- mas de relevo brasileiro e as funes das clas- sificaes, focaliza-se um vis metodolgico, pois so discutidas as formas de olhar o relevo e os elementos que devem ser considerados at se chegar s classificaes existentes e s suas representaes cartogrficas. Na Situao de Aprendizagem 7 guas no Brasil: gesto e intervenes, trabalhamos as relaes do ser humano com a natureza, tratamos das bacias hidrogrficas brasileiras e introduzimos a discusso dos recursos h- dricos e de sua gesto. Na Situao de Aprendizagem 8 Gesto dos recursos naturais: o estado da arte no Brasil, apresentamos de forma mais abrangente e conceitual a gesto dos recursos naturais em nosso meio, com destaque para dois elemen- tos: as mudanas de postura tica que envol- vem a prpria construo da ideia de recursos naturais e a questo da sustentabilidade, alis, derivada dessas mudanas de postura cuja in- fluncia vem crescendo no Brasil e no mundo. Competncias e habilidades Na 2a srie do Ensino Mdio, espera-se que os alunos consolidem as inmeras habi- lidades construdas e exercitadas no decorrer da educao bsica e que tambm aprimorem a forma como tais procedimentos comporo articuladamente o quadro de autonomia in- telectual de cada um deles. Devemos conside- rar a importncia desse aprimoramento, no sentido de consolidar o desempenho cogniti- vo para o pleno exerccio das competncias, no apenas em funo das possibilidades de continuidade dos estudos, mas tambm no tocante autonomia e ao preparo para o mundo do trabalho. Desse modo, propomos neste Caderno diversas formas de articula- o que levam em considerao as seguin- tes habilidades relacionadas s Situaes de Aprendizagem 1, 2, 3 e 4: identificar uma descrio que correspon- da a um conceito ou s caractersticas tpicas de objetos, da oralidade, de dife- rentes tipos de texto etc; articular a relao entre conceitos para apli- c-los na interpretao de grficos e tabelas; ler, interpretar e produzir mapas e grfi- cos, utilizando-os como elementos quanti- tativos para a compreenso de fenmenos sociais; discriminar e estabelecer diferenciaes entre objetos, situaes e fenmenos com diferentes nveis de semelhana; interpretar o significado histrico-geogr- fico apresentado em diferentes linguagens, como fatos, experincias, dados, grficos e 12. 11 Geograa 2a srie Volume 2 tabelas, fotografias, mapas, textos, descri- es, filmes etc. e apreender os seus signifi- cados e intencionalidades para utiliz-los na soluo de problemas; analisar, explicar e estabelecer relaes de situaes de causa e efeito resultantes de uma determinada sequncia de acon- tecimentos para proceder sua anlise e posterior compreenso diante de novas ocorrncias histrico-geogrficas. Espera-se que as atividades propostas nas Situaes de Aprendizagem 5, 6, 7 e 8 contri- buam para o desenvolvimento das seguintes competncias e habilidades: construir e aplicar habilidades relativas ao domnio da linguagem cartogrfica (leitu- ra e confeco) como meio de visualizao sinttica das relaes presentes nas realida- des geogrficas naturais e humanas; selecionar, organizar, relacionar e interpre- tar dados e informaes, representados de diferentes formas (em mapas, fotos, quadros analticos, tabelas e textos), para identificar, analisar e construir vises de mundo; agrupar diferentes processos de constitui- o dinmica das realidades naturais na superfcie terrestre segundo sua gnese e os modelos tericos que procuram descrev-la; identificar e distinguir realidades nas dife- rentes escalas geogrficas e saber empregar essa distino na apreenso dos fenmenos estudados; construir e aplicar conceitos da Geografia Fsica, mais especificamente os associados Geomorfologia, como meio de constru- o de uma viso analtica e dinmica so- bre as formas de relevo do Brasil; relacionar os novos conhecimentos cons- trudos sobre a dinmica natural com as transformaes que vm ocorrendo nas re- laes ser humano natureza; analisar e compreender a realidade nacio- nal no que diz respeito ao modo como os recursos naturais so geridos. Metodologias e estratgias Apresentamos inmeras estratgias didti- cas, como aulas expositivas com a participa- o dos alunos, propostas de sensibilizao para captar pr-requisitos com mediao do professor e procedimentos para organizao de seminrios e trabalhos escritos em grupo, estudos dirigidos, grupos de investigao, ela- borao e exposio de trabalhos de pesquisa no mural da sala de aula. Alm disso, propomos tambm uma va- riedade de recursos com o intuito de trazer amplas possibilidades de desenvolvimento de competncias por meio de inmeras linguagens, como: leitura de mapas; utilizao de vdeos; leitura, interpretao e comparao de textos; leitura e estabelecimento de relaes entre gr- ficos e mapas, e destes com conceitos; anlise de imagens; pesquisa na internet; pesquisa em materiais didticos; elaborao de dissertaes e quadros conceituais que funcionem como instrumentos de anlise para que, nos traba- lhos propostos, os alunos encontrem oportu- nidade de aplicao do que eles construram em conjunto e para que sintam a importncia 13. 12 de refletir com mtodo e de interferir na organi- zao e na interpretao das realidades repre- sentadas de diversas formas. Enfim, para que eles sintam o conhecimento sendo incorporado e componham suas anlises. Avaliao Para avaliar o resultado das Situaes de Aprendizagem deste Caderno, foram propos- tas duas estratgias. A primeira delas se refere participao individual dos alunos nas aulas e discusses. Nas aulas, o que deve ser observado a participao na construo dos quadros con- ceituais; nas atividades, os resultados das aplica- es, o que passa pela consistncia das pesquisas solicitadas e pelas problematizaes sugeridas. A segunda se refere s formas de avaliao conside- rando os contedos atitudinais e procedimentais de pesquisa, possibilitando avaliar o envolvimen- to do aluno em diferentes habilidades. Nesse sentido, sugerimos que a atribuio de conceitos leve em considerao os seguin- tes parmetros. Avaliao das Situaes de Aprendizagem Objetivos atingidos 1. Muito bom Atingiu plenamente os objetivos propostos. 2. Bom Atingiu grande parte dos objetivos propostos. 3. Regular Atingiu os objetivos mnimos essenciais. 4. Insuficiente No atingiu os objetivos mnimos essenciais. Para a atribuio de conceitos nas ativida- des em grupo, de produo de textos e pesqui- sa, sugerimos dois critrios complementares. 1. Contedo atitudinal Valorizar a pontualida- de na entrega, organi- zao e envolvimento dos alunos e grupos na elaborao dos mate- riais solicitados. 2. Contedos procedimentais de pesquisa Considerar a presena de elementos meto- dolgicos prprios de trabalhos de pesquisa, como capa, sumrio, introduo, desenvol- vimento do texto, con- cluso e bibliografia. Nessa faixa etria e nesse estgio escolar, nenhuma atividade pode dispensar o exerccio da competncia analtica do estudante, sem a qual ele no poder, autonomamente, cons- truir sentidos para o que enxerga nas diferen- tes realidades geogrficas. Alm da avaliao possvel das atividades sugeridas nas Situaes de Aprendizagem, existem algumas questes objetivas propostas como referncias possveis para a organizao de avaliaes formais. Porm, e muito importante ressaltar, as avaliaes propostas no dispensam a criao de novas possibilidades de avaliao. A ava- liao no o objetivo final, mas um meio de aferio de uma dinmica que no pode ser prevista integralmente. 14. 13 Geograa 2a srie Volume 2 SITUAES DE APRENDIZAGEM etnia, preconceito e discriminao. Discute-se ainda o mito da democracia racial e os le- vantamentos segundo a cor realizados pelos censos do IBGE. Vista em conjunto com as demais Situaes de Aprendizagem deste Caderno, esta apresenta requisitos bsicos que sero aprofundados nas demais. SITUAO DE APRENDIZAGEM 1 MATRIZES CULTURAIS DO BRASIL Enfatiza-se a constituio tnica da popula- o brasileira oferecendo uma sntese dos prin- cipais grupos que a formaram: o indgena, o branco e o negro africano. Nesse percurso so sugeridas estratgias didticas cujo objetivo elucidar conceitos fundamentais relacionados ao contedo, como miscigenao, raa e Contedos: constituio tnica da populao brasileira e principais grupos que a formaram; miscige- nao, raa e etnia; preconceito e discriminao; mito da democracia racial; pesquisas do IBGE. Competncias e habilidades: desenvolver, de forma associada, a leitura e a interpretao de textos des- contnuos (no caso, escultura, pintura e letra de msica) sobre os principais grupos tnicos formado- res da populao brasileira; selecionar, organizar e sintetizar informaes por escrito, com o objetivo de elaborar um quadro sintico sobre os principais grupos e reas de concentrao de imigrantes no Brasil; pesquisa individual sobre a miscigenao e o mito da democracia racial no Brasil; identificar e compreender a linguagem conceitual sobre etnia e raa; ler e interpretar organograma sobre os grupos originais e os miscigenados que contriburam para a formao e a diversidade tnicas da populao brasileira atual; ler e analisar grficos sobre os recenseamentos segundo a cor realizados pelo IBGE, conceituando e problematizando as categorias empregadas; analisar mapas sobre a atual distribuio regional por cor ou raa (IBGE), associada ao estabelecimento de relaes de causa e efeito resultantes do processo de povoamento do territrio brasileiro por diferentes grupos tnicos. Sugesto de estratgias: interpretao de imagens e letra de msica; aulas expositivas; consultas e leitura do material didtico adotado; pesquisa e leitura de sites na internet; pesquisa individual acom- panhada de debate, anlise de texto e mapas. Sugesto de recursos: imagens; aparelho de som; material didtico adotado; internet; tabelas; grficos; mapas. Sugesto de avaliao: participao individual nas discusses e nos exerccios propostos; participao nos grupos; fichamento de textos. 15. 14 Etapa prvia Sondagem inicial e sensibilizao Para esta etapa, propomos levar para a sala de aula registros culturais que possam despertar o interesse dos alunos para o tema A diversidade tnica da populao brasileira. Tendo em vista esta estratgia, inicialmente, apresente e discuta as duas obras artsticas sugeridas (Figuras 1 e 2), presentes no Cader- no do Aluno, e, usando um aparelho de som, escute a cano Afro-brasileiro. Ao longo da apresentao e do dilogo com os alunos, pro- pomos o roteiro de questes a seguir. Leitura e anlise de imagem e texto 1. Observe a imagem Monumento s naes indgenas, do artista Siron Franco. a) Em sua opinio, qual foi a inteno do artista ao destacar o contorno territo- rial do Brasil em um monumento dedi- cado s naes indgenas? O Monumento s naes indgenas uma das mais expres- sivas obras do artista plstico Siron Franco. Criado em 1992 e construdo em Aparecida de Goinia (GO), quando visto do alto mostra a silhueta do mapa do Brasil. Espera-se que os alunos observem que o artista faz referncia ao fato de que os indgenas ocupavam o territrio do atual Brasil antes da chegada dos portugueses. Portanto, a posse da terra era dos indgenas antes que os colonizadores tomassem essas terras, praticamente dizimando os nativos. b) Esse monumento composto por 500 totens quadrangulares ou triangulares, com imagens da iconografia indgena em baixo-relevo em suas faces laterais, alm de esculturas de objetos, utenslios ou rituais sagrados de diferentes povos indgenas, todos reproduzidos minu- ciosamente em concreto pelo artista, a partir de peas datadas da poca pr- -cabralina. Em que essas informaes complementam a opinio que voc ti- nha a respeito da inteno do artista ao produzir esse monumento? Espera-se que os alunos percebam que a reproduo minu- ciosa de elementos da vida dos povos indgenas comprova o quanto eram ricas as culturas desses povos antes da chegada dos colonizadores. Professor, importante que voc incentive os alunos a buscar informaes que contex- tualizem a obra de arte estudada e que inda- gue sobre o que eles conhecem a respeito da contribuio dos povos indgenas para a for- mao da cultura brasileira (como culinria, instrumentos musicais, nomes de lugares ou a presena de palavras indgenas no portugus falado no Brasil). 2. Agora, observe a imagem Navio de emi- grantes. Em sua opinio, quais sensaes o artista Lasar Segall tentou representar em relao aos emigrantes? No quadro, observa-se que o olhar do pintor est situado na ponte de comando do navio, projetando-o sobre a proa, conferindo destaque para as famlias de emigrantes. Embora, ao que tudo indica, o instante escolhido pelo artista o da tristeza do desterro, o navio parece erguer-se, maior e mais forte que os obstculos naturais (o mar) em direo a seu porto de destino. Alm desses aspectos, nota-se o valor atri- budo pelo artista aos seres annimos que, egressos de dife- rentes pases, contriburam para a formao e a diversidade tnica do Brasil contemporneo. 16. 15 Geograa 2a srie Volume 2 DiomcioGomes/OPopular/AE Figura 1 Foto panormica do Monumento s naes indgenas, do artista plstico Siron Franco. Aparecida de Goinia (GO), 2002. AcervodoMuseuLasarSegall-IBRAM/MinC Figura 2 Navio de emigrantes (1939-1941), de Lasar Segall. leo com areia sobre tela, 230 x 275 cm. 17. 16 Afro-brasileiro Thade e DJ Hum [...] Vamos sentar aqui no cho, colocar o boxe do lado e ouvir o som do GOG Mano bem pesado, Cmbio Negro e Racionais, meu irmo Afinal, o que bom tem que ser provado Tanta coisa boa e voc a parado, acuado, por isso que insisto Sou preto atrevido e gosto quando me chamam de macumbeiro Toco atabaque em rodas de capoeira, e toco direito Minha cultura primeiro, o meu orgulho ser um negro verdadeiro afro-brasileiro Sabe quem eu sou? Afro-brasileiro me diga quem (4 vezes) Somos descendentes de Zumbi Grande guerreiro. Editora Brava Gente (Dueto Edies Musicais). A letra da cano pretende chamar a ateno para a presena dos afrodescendentes na populao brasileira. Mais que isso, busca reafirmar a valorizao do movi- mento negro em nosso pas, a partir das dcadas de 1980 e 1990, no somente por intermdio de sua organiza- o e mobilizao poltico-social como tambm de sua expresso pela dana, msica e poesia. o caso, entre outros, do RAP (Rhythm and Poetry; Ritmo e Poesia) e do Movimento Hip-Hop. Essas expresses artsticas con- tribuem para o processo de reconstruo de identida- des nas sociedades em que elas esto presentes, dando origem constituio de um novo patamar urbano de organizao social que leva em considerao as plura- lidades, as diferenas e as dicotomias que caracterizam os processos de construo de uma verdadeira socieda- de democrtica e igualitria. No Brasil, especificamente, A partir da pintura do artista modernis- ta Lasar Segall (1891-1957), interessante discutir com os alunos o fato de que somos multiculturais por formao. Ressalte a contribuio dos imigrantes na formao da populao brasileira ao lado de outros grupos e culturas (alm dos portugueses, indgenas e africanos), destacando o fato de que inmeras levas de estrangeiros che- garam ao pas principalmente ao longo do sculo XIX e nas primeiras dcadas do sculo XX. Posteriormente, questione os alunos sobre o que conhecem a respeito dos imigrantes que chegaram ao Brasil (pases de procedncia, perodos, principais reas para as quais se dirigiram no territrio brasileiro). 3. Leia o trecho da letra da cano Afro- -brasileiro, de Thade e DJ Hum, e em se- guida responda: Qual a mensagem ex- plicitada nesse trecho? 18. 17 Geograa 2a srie Volume 2 Instituto Socioambiental (ISA). Disponvel em: . Acesso em: 26 nov. 2013. Neste site, os alunos podero entrar em contato com a riqueza e a diversida- de dos povos indgenas brasileiros, principalmente acessando o canal temtico Povos indgenas no Brasil no link , acesso em: 25 mar. 2014. Fundado em 1994, desde 2001 o ISA uma Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico (Oscip), cuja atuao reconhecida nas questes dos direitos indgenas no Brasil, desempenhando, alm disso, intensa colaborao na discusso dos problemas sociais e ambientais no pas. Afro-sia. Disponvel em: . Acesso em: 26 nov. 2013. Mantido pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (Salvador), este site disponibiliza textos da revista semestral dedicada divulgao de estudos relativos s populaes africanas, asiticas e seus descendentes no Brasil e ou- tros pases. Excelente fonte de consulta para os estudantes. Memorial do Imigrante. Disponvel em: . Acesso em: 25 mar. 2014. Vinculado ao Departamento de Museus e Arquivos, o Memorial do Imigrante um rgo da Secretaria de Estado da Cultura de So Paulo, uma instituio essas expresses artsticas se tornaram gradativamente as mais recentes etapas de um processo de resistncia que h mais de sculos vem sendo desenvolvida por sua po- pulao afrodescendente, em um processo contnuo de constituio de uma identidade negra. Fornecidas essas informaes, pergun- te aos alunos o que eles conhecem sobre esse universo cultural, pedindo exemplos de canes e compositores que porventu- ra conheam. O objetivo problematizar como a incorporao de questes como a de gnero e raa nas msicas contribui ou no para o processo de constituio de um novo modelo de sociedade, mais pluralista, democrtica, participativa e cidad, criando novas formas e prticas de exerccio poltico reivindicatrio. Etapa 1 Aula expositiva Transposta a fase prvia de contato com os registros culturais, pode-se discorrer em aula ex- positiva dialogada sobre os grupos tnicos que formaram a populao brasileira: o indgena, o branco e o negro africano. Ao discorrer sobre o assunto, enfatize a ancestralidade da ocupao pelos diferentes povos indgenas do atual terri- trio brasileiro, o aviltamento do uso de mo de obra escrava no Brasil durante os perodos colonial e imperial, entre os elementos brancos, a predominncia dos portugueses na formao tnica do Brasil. Aproveite a ocasio para forne- cer a indicao de quatro sites (veja boxe), a par- tir dos quais os alunos podero, posteriormente, enriquecer e aprofundar uma viso de conjunto sobre a diversidade tnica brasileira. 19. 18 museolgica criada em 1998 que objetiva reunir, preservar, pesquisar, documentar e divul- gar a histria da imigrao e a memria dos imigrantes que chegaram ao Estado de So Paulo a partir da dcada de 1820. Desenvolve atividades nas reas de museologia, arquivo e pesquisa e possui o Ncleo Histrico dos Transportes. O site apresenta vrias sees in- teressantes, como acervo histrico-cultural, associao de amigos, programao e servios. Museu Afro Brasil. Disponvel em: . Aces- so em: 25 mar. 2014. O Museu Afro Brasil uma instituio pblica, subordinada Secretaria de Estado da Cultura de So Paulo e administrada pela Associao Museu Afro Brasil Organizao Social de Cultura. O Museu conserva um acervo com mais de 5 mil obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, documentos e peas etno- lgicas, de autores brasileiros e estrangeiros, produzidos entre o sculo XV e os dias de hoje. O acervo abarca diversas facetas dos universos culturais africanos e afro-brasileiros, abordando temas como a religio, o trabalho, a arte, a dispora africana e a escravido, e registrando a trajetria histrica e as influncias africanas na construo da sociedade brasileira. O Museu Afro Brasil um museu histrico, artstico e etnolgico, voltado pesquisa, conservao e exposio de objetos relacionados ao universo cultural do negro no Brasil. O site apresenta sees interessantes, como programao e informaes sobre as exposies temporrias e de longa durao, consulta ao catlogo on line da biblioteca da instituio e publicaes. Aps ter desenvolvido a leitura e a dis- cusso dos registros culturais selecionados na etapa prvia e os contedos sugeridos, dirija perguntas para uma discusso em classe que permita aos alunos considerar os aspectos abordados como mais prximos de sua realidade de vida. Como exemplo, suge- rimos indagar: Quais so suas origens? Identifique como e em qual momento histrico seus antepas- sados chegaram ao Brasil. Voc j percebeu que convivemos diaria- mente com pessoas dos mais variados tipos e jeitos de ser? Quantas nacionalidades, costumes, religies, lnguas e histrias contriburam para a for- mao do povo brasileiro? Voc acredita ser importante valorizar e res- peitar as diferenas culturais? Justifique sua resposta. Discorra sobre o povoamento europeu, destacando o conjunto dos imigrantes vindos daquele continente e suas principais reas de fixao no territrio brasileiro. importante mencionar tambm que, os asiticos, representa- dos pelos japoneses, chineses e coreanos, vieram para o Brasil no sculo XX e tambm contribu- ram para a formao da populao brasileira. 20. 19 Geograa 2a srie Volume 2 Etapa 2 Pesquisa e debate Com base nas questes dirigi- das anteriormente aos alunos e nas informaes fornecidas em sala de aula, sugerimos no Caderno do Alu- no uma pesquisa individual, que aborde a miscigenao e o mito da democracia racial na sociedade brasileira. A ideia fazer que eles se preparem para posterior debate em sala de aula, reunindo, a partir dos textos es- tudados, argumentos sobre o tema. Sugesto de textos e materiais para a Pesquisa individual Oriente-os quanto utilizao do material didtico adotado, selecionando, previamen- te, captulos ou trechos a ser lidos sobre a composio tnica da populao brasileira e o mito da democracia racial. Remeta-os para sites interessantes que tra- tem desses temas. Sugerimos a consulta ao site AfroPress, disponvel em: , acesso em 25 mar. 2014, que oferece rico e extenso material. Depois de fornecidas as informaes b- sicas sobre o tema que os alunos estudaro, organize um debate para a socializao das pesquisas. No incio do debate importante esclare- cer que etnia corresponde a um agrupamento humano cuja unidade repousa na comunho de lngua, cultura e de conscincia grupal. Explique que podem existir, em uma etnia, traos fsicos comuns, entretanto no so eles que a definem, e sim o sentimento de perten- cer ao agrupamento ou comunidade. O ter- mo raa, por sua vez, largamente utilizado no passado, hoje considerado imprprio, pois a cincia j constatou que, no sentido biolgico, no existe raa humana. Durante muito tempo utilizou-se a misci- genao da nossa populao, isto , o cruza- mento entre grupos tnicos, para se afirmar que no Brasil sempre existiu uma democra- cia racial. No entanto, essa viso hoje con- siderada um mito, pois obscurece a realidade do preconceito e da discriminao ainda pre- sentes na sociedade brasileira. No passado, tal mito disfarava o preconceito de cor em relao ao indgena, ao negro e aos mestios e, tambm, o preconceito social determinado pela renda e pelo status social. Serviu de for- ma admirvel classe dominante para mas- carar as opressivas relaes tnicas e sociais no Brasil. Leitura e anlise de texto Para melhor compreenso, proponha aos alunos a leitura de um trecho do texto Uma abordagem conceitual das noes de raa, racismo, identidade e etnia, de auto- ria de Kabengele Munanga, professor ti- tular de Antropologia da Universidade de So Paulo. 21. 20 Uma abordagem conceitual das noes de raa, racismo, identidade e etnia [...] No sculo XVIII, a cor da pele foi considerada como um critrio fundamental e divisor dgua entre as chamadas raas. [...] No sculo XIX, acrescentou-se ao critrio da cor outros critrios morfolgicos como a for- ma do nariz, dos lbios, do queixo, do formato do crnio, o ngulo facial etc. para aperfeioar a classificao. [...] No sculo XX, descobriu-se, graas aos progressos da Gentica Humana, que havia no sangue critrios qumicos mais determinantes para consagrar definitivamente a diviso da humanidade em raas estanques. Grupos de sangue, certas doenas hereditrias e outros fatores na hemoglobina eram encontrados com mais frequncia e incidncia em algumas raas do que em outras, podendo configurar o que os prprios geneticistas chamaram de marcadores genticos. O cruzamento de todos os critrios possveis (o critrio da cor da pele, os critrios morfolgicos e qumicos) deu origem a dezenas de raas, sub-raas e sub- sub-raas. As pesquisas comparativas levaram tambm concluso de que os patrimnios genticos de dois indivduos pertencentes a uma mesma raa podem ser mais distantes que os pertencentes a raas diferentes; um marcador gentico caracterstico de uma raa pode, embora com menos incidncia, ser encontrado em outra raa. Assim, um senegals pode, geneticamente, ser mais prximo de um noruegus e mais distante de um congols, da mesma maneira que raros casos de anemia falciforme podem ser encontrados na Europa etc. Combinando todos esses desencontros com os progressos realizados na prpria cincia biolgica (gentica humana, biologia molecular, bioqumica), os estudiosos desse campo de conhecimento chegaram concluso de que a raa no uma realidade biolgica, mas sim apenas um conceito, alis cientificamente inoperante, para explicar a diversidade humana e para dividi-la em raas estanques. Ou seja, biolgica e cientificamente, as raas no existem. A invalidao cientfica do conceito de raa no significa que todos os indivduos ou todas as populaes sejam geneticamente semelhantes. Os patrimnios genticos so diferentes, mas essas diferenas no so suficientes para classific-las em raas. O maior problema no est nem na classificao como tal, nem na inoperacionalidade cientfica do conceito de raa. Se os naturalistas dos sculos XVIII-XIX tivessem limitado seus trabalhos somente classificao dos grupos humanos em funo das caractersticas fsicas, eles no teriam certamente causado nenhum problema humanidade. Suas classificaes teriam sido mantidas ou rejeitadas como sempre aconteceu na histria do conhecimento cientfico. Infelizmente, desde o incio, eles se deram o direito de hierarquizar, isto , de estabelecer uma escala de valores entre as chamadas raas. O fizeram erigindo uma relao intrnseca entre o biolgico (cor da pele, traos morfo- lgicos) e as qualidades psicolgicas, morais, intelectuais e culturais. Assim, os indivduos da raa branca foram decretados coletivamente superiores aos das raas negra e amarela, 22. 21 Geograa 2a srie Volume 2 Em seguida, apresente aos alunos as ques- tes a seguir referentes ao texto, presentes no Caderno do Aluno. 1. Quais foram os critrios utilizados pelos naturalistas europeus no sculo XIX para estabelecer o conceito de raa? Espera-se que os alunos apresentem como critrios os se- guintes elementos: cor da pele e critrios morfolgicos como formato do nariz, dos lbios, do queixo, do crnio, o ngulo facial etc. 2. Considerando-se a gentica, possvel di- vidir a humanidade em raas? Explique sua resposta. No possvel, pois a complexidade da diferenciao gentica no permite que a humanidade seja cienticamente dividida em raas. Assim, o conceito de raa no tem validade biolgica. 3. Por que o autor afirma que o conceito de raa carregado de ideologia? De acordo com o texto, ao se considerar elementos culturais, psicolgicos e intelectuais para classicar raas, cria-se uma hierarquia valorativa por meio da qual possvel estabelecer quem melhor ou pior, superior ou inferior que outros. Se geneticistas consideram raa um conceito biologicamente ultrapassado, a sociedade deve romper com classicaes cria- dascomointuitodegerarhierarquias,responsveisporjusticar formas de dominao de um povo sobre outros. As sociedades devem, portanto, respeitar-se, compreendendo que as dife- renas entre os povos manifestam-se pela diversidade cultural e que cada indivduo nico e como tal deve ser compreen- dido como mais um membro da espcie humana, dentro do contexto socioeconmico e cultural em que vive. Voc pode aproveitar essa reexo para discutir com os alunos a ideia de diferena em contraposio ideia de desigualdade. Etapa 3 Anlise de grficos Nesta etapa, sugerimos que voc aborde a dimenso e a importncia dos Censos Demo- grficos realizados pelo IBGE. Os censos so a principal atividade empreendida por um ins- tituto oficial de estatstica e fornece um retrato sociodemogrfico do pas, alm de ser a mais importante fonte de informaes demogrfi- cas que so utilizadas para o planejamento de polticas pblicas. em funo de suas caractersticas fsicas hereditrias, tais como a cor clara da pele, o formato do crnio (dolicocefalia), a forma dos lbios, do nariz, do queixo etc. que, segundo pensavam, os tornam mais bonitos, mais inteligentes, mais honestos, mais inventivos etc. e consequente- mente mais aptos para dirigir e dominar as outras raas, principalmente a negra, mais escura de todas, e consequentemente considerada como a mais estpida, mais emocional, menos honesta, menos inteligente e, portanto, a mais sujeita escravido e a todas as formas de dominao. [...] Podemos observar que o conceito de raa, tal como o empregamos hoje, nada tem de biolgico. um conceito carregado de ideologia, pois como todas as ideologias, ele es- conde uma coisa no proclamada: a relao de poder e de dominao. [...] MUNANGA, Kabengele. Uma abordagem conceitual das noes de raa, racismo, identidade e etnia. Palestra proferida no 3o Seminrio Nacional Relaes Raciais e Educao PENESB RJ, 5/11/03. Disponvel em: . Acesso em: 26 nov. 2013. 23. 22 Historicamente, o censo demogrfico agru- pa a populao em categorias tnico-raciais, que se alteram de acordo com o contexto so- cioeconmico e cultural de cada poca. Por exemplo, em 1872 havia a categoria cabocla e a populao escrava (preta e parda), e em 1940, essas categorias j no existiam, confor- me pode ser verificado no quadro a seguir. A partir do Censo 1940, as categorias utili- zadas para a classificao se pautaram somente na cor da populao, sem fazer referncia s raas. Nos Censos de 1950 e 1960, os question- rios apresentaram instrues de preenchimento para respeitar a resposta da pessoa recenseada de acordo com o princpio de autodeclarao. Em 1991, o IBGE lanou mo da classi- ficao por raa, incluindo agora a catego- ria indgena. Alm disso, os questionrios do recenseamento se pautaram na definio de raa ou cor. Em 2000, a definio ficou em cor ou raa compondo, portanto, cinco ca- tegorias para as pesquisas de recenseamento: branca, preta, amarela, parda e indgena (pela ordem em que figuram na tabela), as quais tambm constam no Censo Demogrfico 2010. A investigao de cor ou raa tambm passou a integrar outras pesquisas domiciliares, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios PNAD, em 1987, a Pesquisa de Oramentos Familiares POF, em 2002-2003, e a Pesquisa Mensal de Emprego PME, em 2003a . Categorias tnico-raciais nos Censos Demogrficos Brasil 1872/2010 Fonte: IBGE. Nota tcnica Histrico da investigao sobre cor ou raa nas pesquisas domiciliares do IBGE 2008. Disponvel em: . Acesso em: 23 abr. 2014. a Fonte de dados: IBGE. Nota tcnica Histrico da investigao sobre cor ou raa nas pesquisas domiciliares do IBGE 2008. Disponvel em: . Acesso em: 23 abr. 2014. 24. 23 Geograa 2a srie Volume 2 Leitura e anlise de grfico Observe o grfico com seu professor e seus colegas para responder questo a seguir. Figura 3 Distribuio percentual da populao, por cor ou raa Brasil 1999/2009. Fonte: IBGE. Sntese de indica- dores sociais Uma anlise das condies de vida da populao brasileira 2010. Disponvel em: . Acesso em: 23 abr. 2014. Comparando os dados de 1999 com os de 2009, qual a grande mudana na distribui- o tnico-racial da populao brasileira? Em sua opinio, por que isso acontece? Na comparao, observa-se que h diminuio no nmero de brancos e aumento signicativo do nmero de pardos. Espera- -se que os alunos percebam que os dados de 2009 demons- tram que mais pessoas em nosso pas esto assumindo sua cor de pele, abrindo mo, assim, de uma ideologia de cunho racis- ta que as fazia desvalorizar a prpria cor. Em parte, isso ocorre na nossa sociedade em um contexto histrico de fortaleci- mento do movimento negro e de uma transformao positiva da imagem pblica das pessoas desse grupo, que sofrem pre- conceito ainda hoje. Podem surgir respostas que justiquem essa mudana na distribuio tnico-racial pelo aumento da miscigenao entre negros e brancos. 25. 24 Figura 4 Distribuio dos estudantes de 18 a 24 anos de idade, por nvel de ensino frequentado, segundo a cor ou raa - Brasil - 2001/2011. Fonte: IBGE Sntese de indicadores sociais - Uma anlise das condies de vida da populao brasileira 2012. Disponvel em: . Acesso em: 12 dez. 2013. O que estes dados revelam a respeito do acesso dos brasileiros educao? O grfico da Figura 4 apresenta os efeitos da expanso educacional no Brasil, mas importantes disparidades po- dem ainda ser observadas. A proporo de jovens estu- dantes brancos de 18 a 24 anos de idade que frequen- tavam o Ensino Mdio diminuiu; em contrapartida, os jovens estudantes pretos ou pardos na mesma faixa etria mantm a frequncia nesse nvel. Tambm pode se ob- servar o aumento da frequncia no ensino superior dos jovens pretos ou pardos. Porm, espera-se que os alunos relacionem a discriminao racial e a desigualdade social como fatores que influenciam o acesso dos brasileiros educao. 2. Leia a reportagem a seguir e analise critica- mente essa situao. Proponha aos alunos as atividades da seo Lio de casa a seguir. 1. Analise o grfico a seguir e responda: 26. 25 Geograa 2a srie Volume 2 Os alunos devero levantar vrias hipteses, e entre elas po- dem surgir questes como a diculdade de acesso ao mer- cado de trabalho formal, que, embora se negue, baseia-se no preconceito relativo ao gnero e cor da pele. 3. Com base em seus conhecimentos, respon- da: Por que apenas a miscigenao das etnias no permite afirmar a existncia de uma democracia racial no Brasil? Justifi- que sua resposta. O enunciado exige reexo e associao entre aspectos estudados e dados estatsticos divulgados pelo IBGE e por outros institutos de pesquisa. Espera-se que os alunos pon- derem que o fato de haver uma forte miscigenao entre brancos e no brancos no Brasil no garante que exista uma verdadeira democracia. Os alunos podero estruturar a ar- gumentao a esse respeito com base na anlise do gr- co (acesso a educao) e tambm da reportagem (questo do desemprego). O contraste entre brancos e no brancos estende-se para outras informaes relativas s etnias e sua condio social (por exemplo, homens brancos so os que ganham salrios mais elevados em todas as faixas etrias, homens negros so as maiores vtimas da violncia urbana e homens pardos de 30 a 59 anos representam maior nme- ro de analfabetos) , nota-se que a democracia, no que diz respeito cor da pele, somente poder ser construda por meio de mudanas socioeconmicas e culturais profundas. Em outras palavras, para deixar de ser um mito e passar a ser realidade, a democracia exige que os no brancos adquiram igualdade de condies no mercado de trabalho, nvel de No Brasil, negros e mulheres ficam mais tempo desempregados, diz estudo Negros e mulheres so os grupos que ficam mais tempo desempregados no Brasil, segundo pes- quisa feita pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatstica e Estudos Socioeconmicos). [...] O desemprego subiu para 6% em junho, maior nvel desde abril de 2012, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica). De acordo com o Dieese, 53,9% dos trabalhadores que procuram emprego h menos de um ano so mulheres e 53,3%, negros. A taxa aumenta entre os desempregados h mais de um ano: nesta situao, 63,2% so mulheres e 60,6%, negros. Ainda conforme a pesquisa, trabalhadores com ensino mdio completo ou superior in- completo so a maior parcela dos que esto desempregados h muito tempo, representando 46,2% do total. Nota: O segmento de negros composto por pretos e pardos e o de no negros engloba brancos e amarelos. Fonte: Portal de notcias Uol. Disponvel em: . Acesso em: 13 dez. 2013. 27. 26 escolaridade, acesso renda, entre outros, compatveis com aqueles observados para os brancos. H, ainda, a necessidade de deixarem de ser vistos socialmente por meio de estere- tipos e preconceitos. A atividade da seo Voc aprendeu?, no Caderno do Aluno, prope a anlise dos grficos e mapas das Figuras 5 e 6. Figura 5 Populao por cor ou raa preta e indgena. IBGE. Atlas do censo demogrfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2013, p. 197. Disponvel em: . Acesso em: 23 maio 2014. Mapa original (supresso de escala numrica; mantida a grafia). Populao por cor ou raa preta e indgena 28. 27 Geograa 2a srie Volume 2 Figura 6 Populao por cor ou raa branca e parda. IBGE. Atlas do censo demogrfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2013, p. 196. Disponvel em: . Acesso em: 23 maio 2014. Mapa original (supresso de escala numrica; mantida a grafia). Segundo o critrio da cor da pele adota- do pelo IBGE, a distribuio da populao brasileira pode ser compreendida se forem considerados tambm os processos de povo- amento e ocupao do territrio nacional. Assinale a alternativa que expressa essa rela- o corretamente. a) A maior concentrao de populao preta est no Nordeste e a de pardos, Populao por cor ou raa branca e parda 29. 28 no Norte e no Nordeste, legado de uma intensa concentrao escravagista afri- cana que, desde meados do sculo XVI, predominou nas duas regies devido antiga cultura canavieira. b) No Centro-Oeste h certo equilbrio entre as populaes branca e parda por causa dos descendentes de povos europeus e orientais que se dirigiram regio ao longo do sculo XX, para se dedicar colonizao de novas terras. c) A porcentagem de populao preta no Sul do pas expressiva perante as demais regies e reflete um processo de coloniza- o e povoamento similar ao de outras regies brasileiras, principalmente com a presena de negros. d) Os brancos so maioria nas regies Sul e Sudeste, devido grande concentrao de descendentes de europeus (principalmente italianos e alemes) ou de outros povos de cor branca (por exemplo, rabes). e) A maior parcela das populaes indgena e parda est no Norte, o que se deve inten- sa mestiagem ocorrida a partir da cons- truo da Rodovia Transamaznica. O enunciado da questo busca promover a associao entre os contedos estudados na Situao de Aprendizagem 1 com aqueles tratados no semestre passado. A alternativa a apre- senta pertinncia quanto aos dados no mapa, mas associa er- roneamente a antiga cultura canavieira regio Norte para ex- plicar o predomnio da populao parda; na alternativa b, os descendentes de povos orientais no explicam o contingente da populao parda encontrada na regio Centro-Oeste; a al- ternativa c apresenta distoro quanto aos dados do mapa; e a alternativa e, alm de desconsiderar a porcentagem da po- pulao indgena no Centro-Oeste, restringe a mestiagem a partir da construo da Rodovia Transamaznica, desconside- rando seus antecedentes. Desse modo, a nica alternativa cor- reta a d, na qual se verica tanto a apresentao de dados corretos a partir do mapa e grco apresentado para leitura e interpretao como tambm causas explicativas que os justi- cam com base nos conhecimentos prvios dos alunos sobre o processo de povoamento e ocupao do territrio brasileiro. Comente com os alunos que, segundo o Censo 2010, 43,1% da populao brasileira se declararam pardos e o maior percentual desse contingente estava na Regio Norte (66,9%), sendo que todas as regies revelaram percen- tuais acima dos 35%, exceto o Sul, com 16,5%. Ainda segundo o censo, 7,6% dos entrevistados se declararam pretos, e seu maior percentual es- tava no Nordeste (9,5%), com o Sudeste (7,9%) a seguir, enquanto a Regio Sul mostrou o me- nor percentual (4,1%). SITUAO DE APRENDIZAGEM 2 A DINMICA DEMOGRFICA So enfatizados, nesta Situao de Aprendi- zagem, os conceitos de natalidade, mortalidade e crescimento natural ou vegetativo, buscando discutir a dinmica demogrfica brasileira se- gundo sua evoluo no tempo e sua situao atual. A partir de mapas, tabela e grficos so 30. 29 Geograa 2a srie Volume 2 Etapa prvia Sondagem inicial e sensibilizao Para comeo de conversa, com o propsi- to de atrair a ateno dos alunos para o tema que ser estudado, sugerimos que a sondagem inicial ocorra por meio de um aquecimento especfico acerca do que os alunos pensam em relao ao futuro familiar que os aguarda, dando destaque para que se posicionem sobre o tipo de famlia que pretendem ter e quais os mtodos contraceptivos por eles conhecidos. Contedos: natalidade, mortalidade e crescimento natural ou vegetativo; dinmica demogrfica brasi- leira; transio demogrfica. Competncias e habilidades: articular a relao entre conceitos (crescimento natural ou vegetativo, ta- xas de mortalidade e natalidade), aplicando-os na interpretao de grficos e tabela sobre o cresci- mento populacional brasileiro; por meio de grficos, interpretar os perodos da dinmica demogrfica do Brasil, estabelecendo relaes de causa e efeito entre sequncias de acontecimentos de significado histrico-geogrfico; articular os conceitos taxa de fecundidade e mortalidade infantil com a leitura e interpretao de grficos; discriminar e estabelecer diferenciaes entre as variaes das taxas de fecundidade e mortalidade infantil e os graus de instruo das mulheres; ler e interpretar grficos para caracterizar regionalmente a queda da taxa de fecundidade no Brasil; construir o conceito de tran- sio demogrfica utilizando a interpretao de grficos como recurso; apreender o significado e as intencionalidades de ideias equivocadas divulgadas na mdia sobre o processo demogrfico brasileiro, com o objetivo de desenvolver argumentao oral e escrita com base no contedo estudado; identificar conceitos e pontos relevantes para a elaborao de snteses dissertativas. Sugesto de estratgias: aula expositiva sobre conceitos fundamentais; leitura e interpretao de mapa, grficos e tabela; grupos de pesquisa e discusso; comparao de resultados de pesquisa dos grupos. Sugesto de recursos: campanhas publicitrias; mapa, grficos e tabela; artigos de jornais; internet. Sugesto de avaliao: entrega dos textos solicitados; participao nas dinmicas de aprendizagem em sala de aula e nos grupos de discusso. destacados os principais fatores que interferem na variao desses ndices. De modo a conferir um encaminhamento didtico para a aborda- gem do contedo indicado, a evoluo demo- grfica do Brasil subdividida em dois grandes perodos e, a partir da noo de transio de- mogrfica, comparada com a verificada em ou- tros pases. Nesse percurso, tambm analisada a variao das taxas de natalidade no Brasil, comentando-se os principais fatores responsveis, alm da queda acentuada nas taxas de mortalida- de e de fecundidade a partir da acelerada urba- nizao. De maneira implcita, busca-se tambm refletir com os alunos sobre o teor de opinies e notcias veiculadas pela mdia que, muitas vezes, tratam questes relacionadas ao processo demo- grfico brasileiro de modo equivocado, difundin- do preconceitos e desinformao. 31. 30 Para dar encaminhamento a esta atividade, sugerimos as questes a seguir, presentes no Caderno do Aluno. CARTOGRAFIA PESSOAL Eu nasci na cidade de ______________________________________________, Estado (ou pas)_____________________________________________. Meu pai nasceu na cidade de _______________________________________, Estado (ou pas) ______________________________________. Minha me nasceu na cidade de ____________________________________, Estado (ou pas) ____________________________________. Meu av paterno nasceu na cidade de _______________________________, Estado (ou pas) _______________________________. Meu av materno nasceu na cidade de _______________________________, Estado (ou pas) ______________________________. Minha av paterna nasceu na cidade de _______________________________, Estado (ou pas) ____________________________. Minha av materna nasceu na cidade de ______________________________, Estado (ou pas) ____________________________. Meu av materno tem (ou teve) ________________ irmos. Meu av paterno tem (ou teve) ________________ irmos. Minha av materna tem (ou teve) ________________ irmos. Minha av paterna tem (ou teve) ________________ irmos. Minha me tem (ou teve) ________________ irmos. Meu pai tem (ou teve) ________________ irmos. Eu tenho (ou tive) ________________ irmos. Pretendo ter ________________ Espera-se que os dados coletados por intermdio da cha reproduzam em escala local os resultados coerentes com o encolhimento da taxa de fecundidade e a intensa migrao observados no conjunto da populao brasileira. Tomando por base esses resultados, analise com os alunos a importncia de coletar e estudar dados populacionais, no apenas para que os governos planejem as polticas pblicas adequadas s reais necessidades da populao, mas tambm como forma de planejar o prprio futuro. 2. Converse com seus colegas e seu profes- sor a respeito da cartografia das fa- mlias dos alunos da sua turma. Depois, responda: a) Houve movimentos migratrios de uma gerao para outra? Comente as principais tendncias encontradas na turma. 1. Considerando as caractersticas de sua fa- mlia, preencha os dados do formulrio a seguir. 32. 31 Geograa 2a srie Volume 2 Espera-se que os alunos destaquem que houve movimento migratrio, se for o caso o mais provvel. Com os alunos, identique se o movimento migratrio foi intraestadual ou de mbito nacional e determine os vetores desse movimento. b) O nmero de filhos aumentou ou dimi- nuiu de uma gerao para outra? Co- mente as principais tendncias encon- tradas na turma. Provavelmente, a mdia do nmero de lhos por famlia ter diminudo, conrmando a tendncia observada nas taxas de fecundidade nas ltimas dcadas. Com os alunos, procure traar a mdia de lhos nas diferentes geraes. Etapa 1 Aula expositiva dialogada Uma vez transposta a etapa prvia, suge- rimos iniciar o trabalho com alguns concei- tos bsicos que permitem desenvolver temas essenciais sobre a dinmica demogrfica no Brasil. Para tanto, defina e explique: que o crescimento populacional decorre de duas variveis: o saldo entre o nmero de imigrantes (pessoas que entram no pas) e o nmero de emigrantes (pessoas que deixam o pas) e o saldo entre o nmero de nasci- mentos e o nmero de bitos. Essa ltima varivel constitui o crescimento natural ou vegetativo. No caso do Brasil, no deixe de informar que apenas esse ltimo processo de grande importncia, pois a imigrao s teve influncia significativa no crescimento populacional no final do sculo XIX at 1934, quando foi promulgada a Lei de Co- tas, que restringiu drasticamente a entrada de imigrantes no pas; que a taxa de mortalidade expressa a propor- o entre o nmero de bitos e a populao absoluta de um lugar, em determinado inter- valo de tempo; que a taxa de natalidade expressa a pro- poro entre o nmero de nascimentos e a populao absoluta de um lugar, em deter- minado intervalo de tempo. Leitura e anlise de grfico e tabela Definidos esses conceitos bsicos, apresen- te aos alunos o grfico e a tabela (Figura 7 e Quadro 1), indagando-os sobre o que pos- svel observar em relao evoluo da di- nmica demogrfica brasileira. Conceda-lhes um tempo para observarem e analisarem os dados fornecidos e estimule-os a interpret- -los, sempre acompanhando esse processo de interpretao e eventuais dvidas dos alunos, de acordo com as questes a seguir, presentes no Caderno do Aluno. 1. Observe o grfico da Figura 7 e responda s questes. 33. 32 a) Com base em seus conhecimentos e nos dados do grfico, possvel afirmar que a populao brasileira est passando por uma exploso demogrfica? Justifi- que sua resposta. Como esse tema j foi estudado em anos anteriores, espe- ra-se que os alunos no considerem verdadeira a afirma- o. O grfico mostra que o elevado crescimento ocor- reu na dcada de 1890. E entre as dcadas de 1940 e 1960 houve um perodo de aumento da taxa de crescimento populacional em decorrncia da queda da mortalidade resultante dos avanos da medicina, como o surgimento dos antibiticos e a popularizao de formas de preven- o com as vacinaes em massa. A partir da dcada de 1960, com a reduo da natalidade, iniciou-se um de- clnio do crescimento populacional brasileiro mostrado pelas quedas percentuais de 27,7%, em 1980, para 12,3%, em 2010. De acordo com projees do IBGE entre 2010 e 2020 o crescimento populacional brasileiro dever atingir 13,6%; somente em 2043 a populao voltar a diminuir. b) Na cartografia da turma, a variao do nmero de filhos de uma gerao para outra reflete, de certa forma, a situao do crescimento populacio- nal brasileiro representada no grfico? Explique. O que foi apurado na classe deve conrmar a tendncia de diminuio no crescimento populacional brasileiro repre- sentado no grco. Caso essa tendncia no se conrme, importante discutir fatores sociais e econmicos locais que possam ter inuenciado o resultado. 2. Converse com seus colegas e seu professor para responder s questes referentes tabela a seguir (Quadro 1). Figura 7 Crescimento populacional brasileiro entre 1890 e 2010 e projeo para 2020. Fontes: IBGE. Anurio estatstico do Brasil, 1995, 2001; Censo Demogrfico 2010; Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenao de Populao e Indicadores Sociais, Projeo da Populao por Sexo e Idade para o Brasil, Grandes Regies e Unidades da Federao 2013. Crescimento populacional brasileiro entre 1890 e 2010 e projeo para 2020 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 44,3 37,8 21,6 37,8 17,3 17,3 25,9 35,1 32,7 27,7 23,3 15,6 12,3 13,6 Crescimento populacional brasileiro entre 1890 e 2010 e projeo para 2020 % 34. 33 Geograa 2a srie Volume 2 tivo? Exemplifique com dados da tabela. O crescimento vegetativo o resultado da diferena entre as taxas de natalidade e de mortalidade a cada mil habi- tantes. Por exemplo, no perodo 1872-1890, o crescimento vegetativo era de 16,3 (46,5 de natalidade por mil e 30,2 de mortalidade por mil). a) Quais variveis so utilizadas para de- terminar o crescimento natural ou vege- tativo da populao de um pas. Taxas de natalidade e de mortalidade. b) Como calculado o crescimento vegeta- Perodos Natalidade (por mil) Mortalidade (por mil) Crescimento vegetativo (por mil) 1872-1890 46,5 30,2 16,3 1891-1900 46,0 27,8 18,2 1901-1920 45,0 26,4 18,6 1921-1940 44,0 25,3 18,7 1941-1950 43,5 19,7 23,8 1951-1960 41,5 15,0 26,5 1961-1970 37,7 9,4 28,3 1971-1980 34,0 8,0 26,0 1981-1990 27,4 7,8 19,6 1991-2000 22,1 6,8 15,3 2001-2005 20,0 6,8 13,2 2006-2010 16,4 6,3 10,2 2011-2013 14,2 6,3 7,9 Quadro 1 Brasil: taxas de natalidade, de mortalidade e de crescimento vegetativo da populao. Fontes: CARVALHO, Alceu Vicente W. de. A populao brasileira: estudo e interpretao. Rio de Janeiro: IBGE, 1960; HUGON, Paul. Demogra- fia brasileira: ensaio de demoeconomia brasileira. So Paulo: Atlas/Edusp, 1973; IBGE. Anurio estatstico do Brasil, 1993, 1995, 2000; Sntese de indicadores sociais, 2002; IBGE. Brasil em sntese. Disponvel em: . Acesso em: 10 mar. 2014. Brasil: taxas de natalidade, de mortalidade e de crescimento vegetativo da populao 35. 34 c) Como so definidas as taxas de mortali- dade e de natalidade de um pas? A taxa de mortalidade expressa a proporo entre o n- mero de bitos e a populao absoluta de um lugar, em determinado intervalo de tempo. A taxa de natalidade expressa a proporo entre o nmero de nascimentos e a populao absoluta de um lugar, em determinado intervalo de tempo. 3. De acordo com os dados apresentados no grfico Crescimento populacional brasi- leiro entre 1890 e 2010 e projeo para 2020 (Figura 7), quais motivos explicam as taxas de crescimento da populao brasileira entre 1890 e 1930? Espera-se que os alunos considerem que o crescimento da populao brasileira no final do sculo XIX (1890) e incio do sculo XX foi impactado pelo ingresso de imi- grantes. No incio dos anos 1930, poucos meses depois de assumir o poder, o presidente Getlio Vargas baixou um decreto limitando a entrada de estrangeiros no Brasil e, a partir de 1934, a chegada de imigrantes ao Brasil diminuiu significativamente, em consequncia de diversos fatores. Em primeiro lugar, a crise cafeeira provocou srios danos economia brasileira no final dos anos 1920, gerando de- semprego e tenso social, ampliados pelas instabilidades causadas pelas revolues de 1930 e 1932. Em 1934, duran- te o primeiro governo de Getlio Vargas, foi assinada a Lei de Cotas de Imigrao, que permitia o ingresso de apenas 2% do total de imigrantes que haviam entrado no Brasil nos ltimos 50 anos (exceo feita aos portugueses). Tais fatores explicam a reduo do incremento populacional ocorrida entre as dcadas de 1920 e 1930. 4. Qual dos perodos apresentados no grfi- co a seguir (Figura 8) corresponde ao de grande crescimento vegetativo? Justifique sua resposta. Figura 8 Brasil: taxas de natalidade, de mortalidade e de crescimento vegetativo da populao (por mil habitantes). Fontes: CARVALHO, Alceu Vicente W. de. A populao brasileira: estudo e interpretao. Rio de Janeiro: IBGE, 1960; HUGON, Paul. Demografia brasileira: ensaio de demoeconomia brasileira. So Paulo: Atlas/Edusp, 1973; IBGE. Anurio estatstico do Brasil, 1993, 1995, 2000; Sntese de indicadores sociais, 2002; Brasil em Sntese. Disponvel em: . Acesso em: 25 mar. 2014. % Brasil: taxas de natalidade, mortalidade e de crescimento vegetativo da populao (por mil habitantes) Taxa de Natalidade Taxa de Mortalidade 14,2 6,3 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Brasil: taxas de natalidade, mortalidade e de crescimento vegetativo da populao (por mil habitantes) %o 1872-1890 1891-1900 1901-1920 1921-1940 1941-1950 1951-1960 1961-1970 1971-1980 1981-1990 1991-2000 2001-2005 2006-2010 2011-2013 36. 35 Geograa 2a srie Volume 2 O perodo de grande crescimento vegetativo ocorreu en- tre as dcadas de 1940 e 1960, quando as taxas de natalida- de aumentaram e houve reduo acentuada nas taxas de mortalidade, gerando, em consequncia, grande cresci- mento vegetativo ou natural da populao brasileira. Tais fatores resultaram da revoluo da tecnologia bioqumica, do aumento do nmero de pessoas com acesso rede mdico-hospitalar, s vacinaes em massa e melhoria das condies sanitrias que contriburam de forma signi- ficativa para a queda acentuada das taxas de mortalidade. Essa queda e a permanncia de elevadas taxas de natali- dade, entre 1940 e 1960, explicam o elevado crescimento vegetativo verificado no perodo. Para finalizar esta atividade, comente com os alunos a seguinte observao: a desacelerao demogrfica marcada pela queda das taxas de natalidade e algumas transformaes ocorridas no Brasil esto relacionadas crescente urbanizao, ao aumento da taxa de escolarizao, entra- da da mulher no mercado de trabalho e popularizao da plula anticoncepcional e de outros mtodos contraceptivos. O con- junto desses fatores favoreceu a reduo do nmero de filhos, muitas vezes traduzida pelo planejamento familiar. Uma vez trabalhados os principais con- ceitos demogrficos, introduza o de taxa de fecundidade. Desse modo, inicialmente, ex- plique que a taxa de fecundidade consiste no nmero mdio de filhos que as mulheres tm no decorrer de suas vidas, em determina- da populao. Informe que para obter essa taxa, divide-se o total dos nascimentos pelo nmero de mulheres em idade reprodutiva (de 15 a 49 anos) da populao considera- da. Segundo o IBGE, a taxa de fecundidade total expressa o nmero de filhos que, em mdia, teria uma mulher que durante sua vida frtil teve seus filhos de acordo com as taxas de fecundidade por idade do perodo em estudo e no esteve exposta aos riscos de mortalidade desde o nascimento at o tr- mino do perodo frtil. Leitura e anlise de grfico Em seguida, sugerimos avanar suas ex- plicaes a respeito da fecundidade com base nos grficos das Figuras 9 e 10, pre- sentes no roteiro de questes do Caderno do Aluno. 1. Quais relaes podem ser estabelecidas entre os dados do grfico da Figura 9 e a situao do crescimento populacional brasileiro representada no grfico Cresci- mento populacional brasileiro entre 1890 e 2010 e projeo para 2020 (Figura 7)? 37. 36 O nmero de lhos por mulher diminuiu de 6,2, em 1940, para 1,8 lho por mulher em 2013. No geral, o grco Cres- cimento populacional brasileiro entre 1890 e 2010 e proje- o para 2020 mostra uma diminuio contnua no cresci- mento populacional, a partir da dcada de 1960. Ressaltan- do que em 1960 houve um pequeno aumento na taxa de fecundidade e um aumento no crescimento populacional Figura 10 Taxas de fecundidade total, por nvel de instruo das mulheres, segundo as Grandes Regies 2010. Fonte: Censo Demogrfico 2010. Nupcialidade, Fecundidade e Migrao. Resultados da Amostra. Disponvel em: . Acesso em: 25 mar. 2014. em comparao dcada anterior. Segundo o IBGE, uma taxa de fecundidade inferior a 2,0 lhos por mulher no ga- rante a reposio da populao atual, demonstrando uma tendncia de que o nmero de habitantes poder diminuir em nmeros absolutos. 2. Observe o grfico a seguir. Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Sem instruo e Fundamental incompleto Fundamental completo e Mdio incompleto Mdio completo e Superior incompleto Superior completo 0,50 1,00 0,00 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 Taxas de fecundidade total, por nvel de instruo das mulheres, segundo as Grandes Regies - 2010Taxas de fecundidade total, por nvel de instruo das mulheres, segundo as Grandes Regies 2010 Figura 9 Brasil: reduo da taxa de fecundidade, 1940-2010 e projees para 2013 e 2020. Fontes: IBGE. Censo demogrfico, 1940-2010; IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenao de Populao e Indicadores Sociais, Projeo da Populao por Sexo e Idade para o Brasil, Grandes Regies e Unidades da Federao 2013. 5 6 7 Mdia de filhos por mulher Brasil: reduo da taxa de fecundidade, 1940 a 2010 e projees para 2013 e 2020 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010 2013 2020 0 2 3 4 1 6,2 6,2 6,3 5,8 4,4 2,9 2,4 1,9 1,8 1,6 Brasil: reduo da taxa de fecundidade, 1940 a 2010 e projees para 2013 e 2020 38. 37 Geograa 2a srie Volume 2 Quais informaes apresentadas neste gr- fico contribuem para explicar a reduo da taxa de fecundidade das mulheres brasileiras? O grco demonstra como as taxas de fecundidade di- minuem sensivelmente conforme aumentam os anos de estudo das mulheres. Percebe-se que as regies Norte, Centro-Oeste e Nordeste apresentam as maiores taxas de fecundidade nas mulheres sem instruo e Fundamental incompleto, ou seja, as mulheres de menor escolaridade apresentam as maiores taxas de fecundidade. O mesmo pode ser vericado nas taxas de fecundidade em outras re- gies do Brasil. Uma varivel socioeconmica relacionada fecundidade refere-se escolaridade da mulher. De modo geral, as diferentes taxas de fecundidade entre as regies brasileiras so explicadas pelas diferenas regionais de de- senvolvimento econmico, o que implica maior nvel edu- cacional da populao. 3. Quais outros motivos podem ser conside- rados para explicar a reduo na taxa de fecundidade brasileira, principalmente a partir da dcada de 1980? Espera-se que os alunos, de modo geral, percebam que a reduo nas taxas de fecundidade explicada pelo aumen- to da urbanizao e, portanto, pelo maior acesso aos meios contraceptivos, pela melhoria no nvel educacional da popu- lao, pela signicativa presena da mulher no mercado de trabalho, entre outros fatores. Para finalizar esta atividade, apresente aos alunos as seguintes observaes: que a redu- o do nmero mdio de filhos por mulher vem ocorrendo em todo o mundo. Particular- mente no Brasil, iniciou-se com as mulheres das classes mdia e alta dos centros urba- nos do Sul e do Sudeste que apresentavam maior taxa de escolarizao e tinham mais acesso s informaes e, pouco a pouco, atingiu as demais classes sociais e regies (es- tendendo-se, atualmente, pelas reas rurais). Segundo o IBGE, a idade mdia em que as mulheres tm filhos de 26,9 anos em 2013 e as projees indicam que deve chegar a 28 anos em 2020. Finalmente, no deixe de chamar a ateno para o fato de que, como existe uma estreita relao entre desenvolvimento econmico e taxa de fecundidade, pelas razes apontadas anteriormente, nos pases desenvolvidos ou industrializados, de modo geral, as taxas de fecundidade so baixas quando compa- radas s dos pases em desenvolvimento e pases pobres. Etapa 2 Trabalho conceitual e interpretao associada de mapa e grficos Contando com o apoio do que foi abordado nas etapas anteriores, interessante e elucidati- vo abordar com mais vagar o tema da transio demogrfica brasileira, para logo em seguida comparar o caso brasileiro com o de outros pases. Para tanto, propomos a apresentao e a discusso do mapa Mundo: estgios de tran- sio demogrfica, 2000 (Figura 11) e as ques- tes a seguir, presentes no Caderno do Aluno. Leitura e anlise de grfico e mapa 1. Observe a Figura 11, que apresenta os grficos de representao das fases da transio demogrfica, assim como um mapa-mndi com a fase em que se encon- travam os pases em 2000. 39. 38 Figura11Mundo:estgiosdetransiodemogrfica,2000.LAtlasdumondediplomatique.Paris:ArmandColin,2006.p.38.Mapaoriginal. Mundo:estgiosdetransiodemogrfica,2000 PhilippeRekacewicz,LeMondeDiplomatique,Paris 40. 39 Geograa 2a srie Volume 2 a) Procure explicar o significado da ex- presso transio demogrfica. A expresso pode ser denida como a transio entre um mo- delo demogrco marcado pela alta natalidade e mortalidade para outro, caracterizado pela baixa natalidade e mortalidade. b) Analise os grficos da transio demo- grfica e explique o que ocorre em cada uma das trs fases apresentadas. Espera-sequeosalunosacentuemqueaprimeirafasecaracteriza o regime demogrco tradicional e apresenta uma alta taxa de mortalidade e de natalidade. Na Fase I da Transio Demogr- ca, ocorre a reduo das taxas de mortalidade e registra-se um elevado crescimento vegetativo da populao. Na Fase II, ocorre uma reduo das taxas de natalidade, e, consequentemente, do crescimento vegetativo. Por ltimo, na Fase III, perodo ps-tran- sicional, caracterstico de um regime demogrco moderno, as taxas de mortalidade e de natalidade apresentam-se reduzidas. c) Com base na observao do mapa-mn- di, d exemplos de pases representati- vos de cada uma das fases da transio demogrfica e, aps conversar com seus colegas e seu professor, procure levantar hipteses que justifiquem a classificao desses pases nessas fases. Pasesquejconcluramsuatransiodemogrca,queseencon- tramnaFaseIII:Japo,paseseuropeus,EstadosUnidosdaAmrica, Canad etc. Fase II, caracterizada por crescimento populacional lento: os pases latino-americanos, com exceo de Bolvia, Beli- ze, Guatemala, Honduras, Nicargua (todos na Fase I), e Uruguai e Cuba que esto na Fase III. Na Fase I encontram-se grande parte dos pases africanos e do Oriente Mdio. Tambm na sia temos Imen,Afeganisto,Nepal,Buto,Bangladesh,CambojaeLaos. Em geral a Fase III ocorre em pases onde h desenvolvimento econmico ou em naes antigas e tambm os atuais e ex- -pases socialistas, que priorizaram aes voltadas para a edu- cao, sade e mesmo planejamento familiar. Os pases que se encontramnaFaseIsopobres,emsuamaioriacompopulao predominantemente rural, com pouca infraestrutura e aes concretas em termos educacionais e de assistncia sade. d) Em sua opinio, quais fatores so res- ponsveis pela manuteno de vrios pases africanos na Fase I? Quais aes poderiam ser realizadas para a mudana dessa situao? Espera-se que o aluno identique a situao de pobreza como um dos fatores das altas taxas de natalidade e de mor- talidade, alm da falta de infraestrutura e os conitos arma- dos, comuns nessa regio. Os alunos podem sugerir vrias aes, como investimentos em saneamento bsico, sade, educao etc. Alguns deles podem citar o papel da ajuda in- ternacional. Se isso acontecer, proponha a discusso sobre a eccia desse tipo de ajuda e que interesses esto por trs desse auxlio patrocinado pelos pases ricos. e) Explique por que o Brasil encontra-se na fase de transio demogrfica em curso (Fase II). O Brasil est caminhando para a ltima fase, que se caracte- riza pela diminuio acentuada das taxas de natalidade e de fecundidade e, consequentemente, pelo crescimento popu- lacional moderado. Segundo estimativas, nos prximos anos a taxa de natalidade dever ser inferior a 20%, e a de fecundi- dade dever declinar ainda mais. Etapa 3 Anlise comparativa da pirmide etria brasileira com os pases conhecidos como BRICS Nesta etapa, apresente aos alunos as pir- mides etrias (Figura 12) do conjunto de pases emergentes, conhecidos pela sigla BRICS: Brasil, Rssia, ndia, China e frica do Sul. Esses pases, considerados economias emergentes, apresentam 41. 40 estruturas etrias bem diferenciadas, tornando- -se, portanto, um excelente material de anlise acerca de como devem ser lidos e interpretados os grficos correspondentes s pirmides etrias. A anlise da pirmide etria oferece diversas in- formaes sobre a populao de um pas, como a quantidade de habitantes por faixa etria, a pro- poro por sexo e a porcentagem de pessoas em idade produtiva (ou seja, as que se encontram en- tre 10 e 65 anos) no total da populao. Informe aos alunos que, para interpretar uma pirmide etria, devemos observar os seguintes critrios: no eixo das abscissas, registra-se a proporo de habitantes em cada faixa etria; no eixo das orde- nadas, as faixas de idade. Pea aos alunos que analisem as pirmides etrias considerando os seguintes aspectos: comportamento dos dados da base ao topo corresponde quantidade de populao em cada faixa etria de acordo com o g- nero ( esquerda, populao do sexo mas- culino; direita, do sexo feminino); diferenas entre a quantidade de populao masculina e de populao feminina em cada faixa etria correspondente; quanto parcela intermediria entre 15 e 60 anos , estabelecer relaes entre este segmen- to, correspondente idade produtiva, e a base da pirmide. Se a diferena for acentuada, o pas ter um descompasso entre a populao em idade produtiva e crianas e idosos; vrtice quantidade de populao de idosos em relao ao resto da pirmide. Leitura e anlise de grfico Agora, professor, proponha as questes a se- guir, presentes no Caderno do Aluno. 1. Com base nas semelhanas visuais das es- truturas etrias das pirmides do Brasil, da Rssia, da ndia, da China e da frica do Sul, apresentadas na Figura 12, distribua os cinco pases em dois grupos. Depois, procure caracterizar a estrutura etria desses grupos. Grupo 1 - Brasil, ndia e frica do Sul Caractersticas da es- trutura etria = Base larga, corpo mdio e topo estreito. No Brasil verica-se o aumento de adultos e uma leve diminui- o no nmero de jovens. Grupo 2 - Rssia e China - Caractersticas da estrutura et- ria = China e Rssia apresentam base menor que o corpo da pirmide, resultado de baixas taxas de natalidade, e com nmero signicativo de idosos. As pirmides da Rssia e da China mostram uma estrutura etria mais envelhecida, contrastando com a estrutura jovem da ndia. Vale comple- mentar que a pirmide russa apresenta maior quantidade de mulheres do que de homens, principalmente nas faixas acima dos 65 anos, em virtude dos vrios conitos internos e das guerras pelos quais o pas passou em sua histria, o que afetou diretamente o contingente masculino. 2. Considerando o que voc estudou at agora e a anlise comparativa da questo anterior, explique por que a pirmide etria brasileira sinaliza um estgio de transio demogrfica. A anlise do comportamento da pirmide brasileira evidencia uma diminuio da base e um maior alargamento do contin- gente de populao em idade adulta, o que sinaliza a passa- gem da Fase II para a Fase III da transio demogrca. Deve-se tambm considerar que as quedas dos nveis de fecundidade e mortalidade nos ltimos 40 anos evidenciam essa fase de transio, fazendo que o desenho de sua pirmide etria apre- sente mudanas ao longo do tempo, passando de uma estru- tura jovem nas dcadas de 1960, 1970 e 1980, para uma menos jovem apresentada em 2010. Ressalta-se que a dinmica de- mogrca brasileira inui diretamente nas polticas pblicas de planejamento e de atendimento social. 42. 41 Geograa 2a srie Volume 2 Figura 12 Pirmides etrias Brasil, Rssia, ndia, Chi- na e frica do Sul 2010. Fonte: Naes Unidas. Perspectivas da Populao Mundial Reviso de 2010. Disponvel em: . Acesso em: 10 mar. 2014. Pirmides etrias Brasil, Rssia, ndia, China e frica do Sul 2010 Brasil ndia frica do Sul China Rssia 43. 42 3. Quais informaes podem ser obtidas a par- tir da leitura da pirmide etria de um pas? A anlise da pirmide etria oferece diversas informaes sobre a populao de um pas, como a quantidade e a dis- tribuio de habitantes por faixa etria, a proporo por sexo e a porcentagem de pessoas em idade produtiva (ou seja, as que se encontram entre 10 e 65 anos) no total da populao. Para finalizar esta Situao de Apren- dizagem, sugerimos que discuta um pouco mais com seus alunos sobre a questo do envelhecimento no Brasil. Segundo estimativas do IBGE, a popula- o acima de 65 anos de idade deve passar de 14,9 milhes (7,4% do total), em 2013, para 58,4 milhes (26,7% do total), em 2060. A evoluo das componentes demo- grficas no perodo 2000/2030 resulta em um significativo envelhecimento da popu- lao em todas as Unidades da Federao. O envelhecimento da populao acima dos 65 anos de idade est relacionado diminuio da fecundidade e ao aumento da expectativa de vida. A projeo indica que a esperana de vida ao nascer, que em 2013 chegou a 71,3 anos para homens e 78,5 anos para mulheres, em 2060, deve atingir 78,0 e 84,4 anos, respectivamente, o que representa um ga- nho de 6,7 anos mdios de vida para os homens e 5,9 anos para as mulheres. Para ambos os sexos, a esperana de vida ao nascer do brasileiro chegar aos 80,0 anos de idade em 2041. Essas estimativas apontam para um au- mento da demanda por polticas voltadas para a sade, assistncia social e previ- dncia social. Sugerimos a atividade a seguir, na seo Lio de casa, presente no Caderno do Aluno, que con- tribuir para aprofundar a discusso sobre a questo do envelhecimento no Brasil. Observe o mapa ndice de Envelhecimento, 2010 (Figura 13) e responda: Com base nas informaes do mapa, co- mente a questo do envelhecimento popula- cional no Brasil e a distribuio espacial do ndice de Envelhecimento no Brasil. O processo de transio demogrca, que ocorre acelerada- mente no Brasil, alm de ser determinante no tamanho popu- lacional, tambm altera a estrutura por idade da populao. Esse processo se d de forma generalizada em cada uma das regies brasileiras, mas ainda se mantm diferenciais regionais, que reetem suas desigualdades socioeconmicas. As regies Sudeste e Sul, que se encontram mais adiantadas no processo de transio demogrca, apresentam os maiores ndices. Os valores mais baixos nas regies Norte e Centro-Oeste reetem a inuncia das migraes, atraindo pessoas em idades jovens, muitas vezes acompanhadas de seus lhos. Assim as transfor- maes nos movimentos migratrios tambm tm grande in- uncia nas mudanas demogrcas, com impacto tanto nas populaes de origem quanto nas de destino. Alm disso, a Regio Norte apresenta taxa de fecundidade superior mdia nacional, o que ajuda a explicar o ndice. Quanto ao ndice de Envelhecimento, ele contribui para entender as tendncias da dinmica demogrca e acompanhar a evoluo do ritmo de envelhecimento da populao, comparativamente entre re- gies geogrcas, e subsidiar a formulao, gesto e avaliao de polticas pblicas nas reas de sade e previdncia social. 44. 43 Geograa 2a srie Volume 2 Figura 13 ndice de Envelhecimento, 2010. IBGE. Atlas do censo demogrfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2013, p. 45. Disponvel em: . Acesso em: 23 maio 2014. Mapa original (supresso de escala numrica; mantida a grafia). ndice de Envelhecimento, 2010 45. 44 Proponha a atividade a seguir da seo Voc aprendeu?, do Caderno do Aluno. A dinmica demogrfica brasileira modifi- cou-se ao longo do tempo. Interprete o grfico da Figura 14, relativo ao perodo de 1872 a 2010. Figura 14 Brasil: crescimento vegetativo 1872-2010. Fontes: CARVALHO, Alceu Vicente W. de. A populao brasileira: estudo e interpretao. Rio de Janeiro: IBGE, 1960; HUGON, Paul. Demografia brasileira: ensaio de demoeconomia brasileira. So Paulo: Atlas/ Edusp, 1973; IBGE. Anurio estatstico do Brasil, 1993, 1995, 2000; Sntese de indicadores sociais, 2002; Brasil em Sntese. Disponvel em: . Acesso em: 25 mar. 2014. Avalie as afirmativas em relao s mudan- as representadas no grfico. I. Considerando-se o perodo de 1970 a 2010, pode-se afirmar que houve uma reduo no crescimento vegetativo do pas, proces- so em grande parte relacionado ao acesso da populao aos mtodos contraceptivos, urbanizao e maior participao da mulher no mercado de trabalho. II. A partir da crise da dcada de 1980, amplas polticas governamentais de con- trole da natalidade resultaram na queda do crescimento vegetativo e no ingresso do pas na fase mais avanada da transio demogrfica. III. Considerando o perodo de 1970 a 2010, veri- fica-se que ocorreu um desequilbrio entre as taxas de natalidade e de mortalidade, provo- cando um elevado aumento populacional, em virtude dos avanos da medicina, do aumento da taxa de fecundidade e da maior participa- o da mulher no mercado de trabalho. IV.Em meados do sculo XX, a redistribui- o espacial da populao, pelo cresci- mento da migrao campo-cidade, e a acelerao do processo de urbanizao foram fatores que contriburam de manei- ra expressiva para a reduo das taxas de natalidade. Alm disso, sobretudo a partir de 1970, as maiores taxas de escolariza- o e a insero da mulher no mercado de Brasil: crescimento vegetativo 1872-2010 1872-1890 1891-1900 1901-1920 1921-1940 1941-1950 1951-1960 1961-1970 1971-1980 1981-1990 1991-2000 2001-2005 2006-2010 Taxa de Mortalidade Crescimento vegetativo Taxa de Natalidade 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Brasil: crescimento vegetativo 1872-2010 46. 45 Geograa 2a srie Volume 2 trabalho contriburam para maior redu- o das