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José Augusto Loureiro CADERNO DO FESTIVAL DE CINEMA DE VITÓRIA Homenageado Capixaba 5ª Edição

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Publicação do 22º Festival de Cinema de Vitória, evento realizado entre 11 e 16 de setembro de 2015 em Vitória-ES. O Festival é uma realização da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte.

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Page 1: Caderno do Festival de Cinema de Vitória - Homenageado Capixaba / José Augusto Loureiro

José AugustoLoureiro

CADERNO DO FESTIVAL DE CINEMA DE VITÓRIA Homenageado Capixaba

5ª Edição

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José Augusto Loureiro

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José Augusto Loureiro aos 23 anos (Vitória-ES,1968)*

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Quem imaginaria que o menino de Santa Teresa, neto de descen-dentes de italianos e de caboclo, que gostava de brincar à beira do um rio iria transformar-se em um dos atores capixabas com carreira mais extensa e diversa? José Augusto Loureiro, o nosso homenageado capixaba deste ano, traz em sua carreira a síntese do teatro e do cinema desenvolvidos no Espírito Santo.

Profundamente identificado com o fazer coletivo do teatro, não teve di-ficuldade em interpretar para a câmera; primeiro na televisão e, depois, no cinema. Artista múltiplo, nos palcos, além de atuar, foi criador de cenários e fez direção de espetáculos.

Sua estreia no cinema foi no longa-metragem Vagas para Moças de Fino Trato e em seu currículo ainda constam outros quatro longas como Poli-carpo Quaresma, O Herói do Brasil. Mas foi, sobretudo, no curta-metra-gem que José Augusto mais atuou em cerca de 20 produções.

Por quase duas décadas, esteve à frente do Teatro Galpão, em Vitória. Pal-co para espetáculos nacionais, e até internacionais, este espaço contribuiu para o fortalecimento do teatro capixaba ao garantir que as peças locais ficassem em cartaz por temporadas. O Teatro Galpão também serviu de locação para algumas produções audiovisuais.

Recentemente aposentado pelo serviço público estadual, esteve sempre engajado na formulação das políticas públicas de cultura. Também vale o registro de sua trajetória no campo das artes plásticas, o que lhe rendeu o convite para participar da 3ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul em 2001.

Muito nos honra fazer essa justa homenagem.

Lucia CausDiretora do 22º Festival de Cinema de Vitória

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José Augusto Loureiro aos quatro anos de idade e sua irmã Neusa Loureiro de Almeida (Santa Teresa-ES, 1949)*

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José Augusto Loureiro estreou nos palcos em meados da década de 1960. Trinta anos depois, foi a vez de o cinema contar com sua voz, ima-gem e corpo e, nesse ínterim, o artista ainda se aventurou nas artes vi-suais fazendo suas obras circularem por diversas exposições coletivas e individuais. Esse capixaba nascido em Santa Teresa traz em seu currículo um panorama da cena cultural do Espírito Santo dos últimos 50 anos.

Muito franco e dono de um humor sereno, José Augusto encontra na in-fância as referências estéticas de sua criação como artista plástico e as memórias de quando, junto com os irmãos e amigos, brincava de teatro. Apesar de não se considerar um cinéfilo dedicado, é um frequentador de cinema desde a tenra idade e, na adolescência, era assíduo visitante de exposições de arte. Foi um jovem tímido e admite ter sido atraído pri-meiro pela acolhida e convivência das pessoas envolvidas com o teatro e, tempos depois, se identificou com a arte da interpretação.

Em seu currículo, são cerca de 30 peças e 20 produções para o cinema, além de dezenas de trabalhos publicitários e dramatúrgicos para a tele-visão. Formando-se a partir do próprio fazer teatral, não se fixou em nenhuma companhia de teatro e credita o seu aprendizado de ator a es-sas experiências: “No geral, aprendi fazendo, repetindo e errando nesses grupos todos em que trabalhei”.

Com quase 40 anos no serviço público estadual, José Augusto conhece intimamente o desenvolvimento das políticas públicas de cultura das úl-timas décadas. Atento às transformações da política local, apoiou aber- tamente o #OcupaSecult, movimento que recentemente reivindicou mel-horias para a política estadual de cultura.

Apaixonado pelo ofício de ator, o artista admite buscar sempre transcen- der por meio de sua arte: “Esse é o maior presente da interpretação. Isso é raro. Aconteceu em poucos momentos da minha vida e de maneira muito breve, mas houve personagens que me fizeram esquecer um pouco de mim mesmo. Essa é uma sensação sem preço: podermos descansar de nós próprios! Assim, como é igualmente poderosa essa capacidade que o artista tem de afetar o pensamento de outras pessoas por meio da emoção e da sensibilidade e não pela lógica”.

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Infância inventiva

Nascido em 07 de abril de 1945, José Augusto Nunes Loureiro foi o se-gundo filho de José Loureiro, Zizinho, caminhoneiro e comerciante, e de Augusta Scotta, dona de casa. Também fazem parte da família sua irmã mais velha, Neusa, e seu irmão mais novo, Betinho. Sua família materna descende de imigrantes italianos que se fixaram em Santa Teresa entre as décadas de 1970 e 1980. O avô paterno, Seu Juvêncio, era um caboclo e sua avó paterna, Eupídea, era, provavelmente, descendente de judeus. Seus avós paternos também haviam ido para aquele município da serra

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capixaba a fim de buscar melhores condições de vida e tinham como negócios uma pensão e uma máquina de pilar café.

Da primeira infância, ele se lembra do contato com a natureza, das estri-pulias no rio que passava pelo quintal da casa onde morou, dos brinquedos artesanais e dos cuidados dispensados por sua mãe sempre atenciosa e ze-losa. Aos três anos de idade, sua família se mudou para o município minei-ro de Aimorés, onde permaneceu por alguns meses. Apesar de breve, essa estada ficou fortemente guardada em sua memória: “O clima e as paisagens bem distintas de Santa Teresa, lembro-me de ter visto chuva de granizo, por exemplo. Além disso, não havia aquela vida comunitária típica das famílias italianas”.

A atmosfera lúdica e o aconchego familiar foram a combinação propícia para o pequeno José Augusto demostrar seu espírito criativo; tanto que, ainda criança, chegou a construir a miniatura de um monjolo. Também foi nessa época em que teve contato pela primeira vez com a sétima arte ao assistir algumas sessões do cinema mudo.

Em 1953, a família Nunes Loureiro veio para Vitória e se instalou em uma residência localizada na Rua Maria Saraiva, no Centro. “A nossa casa não tinha janelas, era imprensada entre dois muros, tinha apenas uma porta na frente e outra nos fundos. Era bem apertada para nós cinco”. Entretanto, o espaço restrito não limitou a mente inventiva do pequeno José Augusto: em um corredor que ficava na entrada da casa, juntamente com os irmãos e outras crianças da vizinhança, pendurava lençóis e guar-da-chuvas para brincarem de teatro.

Cerca de dois anos depois, mudaram novamente. Dessa vez, para a Aveni-da Jerônimo Monteiro, nas proximidades das Escadarias do Palácio An-chieta. Naquelas redondezas também funcionava a Escola de Belas Artes: “Eu saía de casa e ficava grudado no portão de ferro vendo um velho trabalhando a argila”. O velho em questão era o escultor e pintor italiano Carlos Crepaz que havia chegado ao Espírito Santo alguns anos antes.

Junto com os irmãos, ia com frequência às exibições de filmes no Cine Teatro Glória e no Theatro Carlos Gomes para assistir a filmes de bang bang e às chanchadas brasileiras, que estavam em alta na época. José Augusto também acompanhava sua mãe a sessões mais adultas: “Ela fi-

cou chorando após vermos O Ébrio, um dramalhão dirigido por Gilda de Abreu com atuação do Vicente Celestino. Eu não entendia muito bem o motivo do choro”. Por volta dos 15 anos de idade, assistiu a um filme que o

marcou; tratava-se de A Estrada, do diretor italiano Federico Fellini. “Saí do cinema muito impressionado. Pensava como era possível transmitir aquele tipo de sentimento por meio do cinema. Até então, não tinha ex-perimentado aquilo assistindo a filmes e fiquei muito tocado. Mais tarde, fui saber que era um filme iconográfico para a história do cinema”.

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José Augusto Loureiro aos 2 anos (Santa Teresa-ES, 1947)*

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José Augusto Loureiro e Ednardo Pinheiro na peça Os Coveiros (Vitória-ES, 2004)*

Altair Caetano e José Augusto Loureiro na montagem de Woyzeck (Vitória-ES, 1985)*

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O Teatro pela Convivência

Aos 18 anos, fez sua primeira participação no teatro como o protago-

nista da peça Elite, trabalho considerado pelo próprio ator como insipi- ente. Em seguida, fez teste para o Grupo Geração, que era conduzido por Antônio Carlos Neves, o Toninho Neves. A seleção não lhe rendeu a vaga de ator, mas um convite para fazer a iluminação do espetáculo

Juventude de Raiva e Muito Amor. “Fizemos o spot com latas de doce de abacaxi, pois não havia equipamento adequado e a gente tinha que inventar”, relata José Augusto.

Ele ainda conta que era muito tímido e, mais que o interesse pela inter-pretação, a sua vontade de fazer teatro foi motivada pela sociabilidade e pela acolhida que percebeu no meio teatral: “O barato de interpretar descobri depois. Percebi que era com aquelas pessoas que eu queria con-viver, era com elas que conseguia me comunicar. Eu nunca havia expe- rimentado aquilo antes”.

O trabalho em coletivo é também uma característica do fazer teatral que o atraiu: “Talvez isso explique por que eu nunca tenha feito um monólo-go. Acho um barato total essa troca de energia do grupo no palco. São várias sensibilidades que se afinam ali naquele momento. É estar com várias pessoas diferentes e negociar com essa diferença a todo instante. Sou apaixonado por gente”.

Após o Grupo Geração, José Augusto integrou o grupo de teatro da Fundação Cultural do Espírito Santo sob a direção de Gilson Sarmento. Principalmente com montagens de peças infantis, essa experiência lhe rendeu, sobretudo, a disciplina e o método necessário para sua formação básica como ator. Desde então, passou a atuar em diversos espetáculos sem se fixar em grupos ou companhias. Seu primeiro prêmio no teatro

foi o de “Melhor Ator” concedido pela crítica do jornal A Gazeta por sua

atuação em Mamãe Desce ao Inferno, texto de Amilton de Almeida, di-rigido por Renato Saudino em 1982.

Em 2004, é novamente premiado como melhor ator no Festival de Teatro

de São Mateus por sua atuação em Os Coveiros, texto de Bosco Brasil, cujo elenco também contava com Ednardo Pinheiro, ator falecido em 2014. Produzida com reduzido orçamento e de maneira quase artesanal, essa peça foi apresentada nos palcos capixabas por 13 anos; certamente um marco na história do teatro capixaba. “Ednardo chegou com aquele texto e falou: ‘É uma comédia e nós dois vamos fazer’. Eu li e cheguei a du-vidar do texto, pois era uma comédia que falava de mortes trágicas e não levava as pessoas a gargalharem. Tínhamos muito pouco dinheiro para a produção e resolvemos fazer na raça. Eu mesmo dei uma de carpinteiro e fiz o cenário com dois mil reais que captamos junto à Secretaria Munici-pal de Cultura de Vitória. O Atílio Colnago chegou a desenhar o figurino, mas não tínhamos orçamento para confeccionar as roupas, aí fomos a um

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Com elenco e parte da equipe de produção da peça Woyzeck. Aparecem na foto, da esquerda para a direita, Robson de Paula, Bebeto Castilho, José Augusto Loureiro e Geisa Ramos (primeiro plano), César Huapaya, Rose Sodré, Altair Caetano, Teresinha Huapaya (rosto escondido pelo chapéu), Jorge Barcelos, Ronaldo Medeiros, Ary Roaz e Alvarito Mendes (Vitória-ES, 1985)*

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brechó compramos umas peças parecidas com o que ele tinha desenhado e tingimos. Achávamos que não ia dar quase nada e, na verdade, foi a peça que a gente ganhou mais dinheiro assim ‘pingadinho’”.

Também foi premiado como cenógrafo por suas criações em A Barca do

Inferno no Festival de Teatro São Mateus de 1983, espetáculo em que inter-pretava cinco personagens e ainda lhe rendeu a indicação de Melhor Ator nesse mesmo festival. Em 1995, recebeu o prêmio de Melhor Cenário do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões no Estado do

Espírito Santo pela montagem de Bella Ciao. Seu último trabalho como ator

para o teatro foi em A Casa Escura, peça apresentada no início deste ano.

Das montagens que participou, considera que três delas afetaram bastante o modo de pensar e perceber o mundo: como a personagem Pôncia, gover-

nanta da peça A Casa de Bernarda Alba, de Federico García Lorca, mon-

tada em 1983; Woyzeck, em 1985, do dramaturgo alemão Georg Büchner, em que fez do papel do protagonista da peça; e, dez anos depois, como

o anarquista italiano Andreone, Bella Ciao, de Luís Alberto de Abreu. Além da interpretação e da cenografia, realizou trabalhos de direção, principalmente de espetáculos infantis, e, em algumas montagens, chegou a exercer mais de uma função.

Entre 1991 e 2010, José Augusto foi o mantenedor do Teatro Galpão, es-paço que funcionou na Av. Nossa Senhora da Penha, em Vitória, pos-sibilitando a estreia e a permanência em temporadas de cerca de 200 espetáculos de grupos locais, nacionais e internacionais. O local também serviu como locação para produções do cinema local e funcionava como um ponto de referência para diversas atividades artísticas.

José Augusto considera de boa qualidade as atuais produções do teatro capixaba, mas pontua que ainda faltam espaços para os grupos permane- cerem em temporadas e amadurecerem seus trabalhos. “Comparando os nossos espetáculos com o teatro de outras capitais é possível perceber que contamos com atrizes e atores novos muito bons, as pessoas estão se apri-morando, a maioria dos profissionais da área está se esmerando em fazer um bom teatro. Entretanto, se não tivermos um lugar para ficarmos em temporada ou a possibilidade de circularmos com as peças, contaremos sempre com um público restrito e não teremos a crítica dessas produções”.

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José Augusto Loureiro na peça A Barca do Inferno (Vitória-ES, 1983)*

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Still do filme Baseado em Estórias Reais, de Gustavo Moraes (Vitória-ES, 2002. Imagem cedida pela produção do filme)

Still do filme Policarpo Quaresma, O Herói do Brasil, de Paulo Thiago. Aparecem na foto Bete Coelho, José Augusto Loureiro e Paulo José (Três Rios-RJ, 1996)*

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Um Ator Contido para o Cinema

Antes de interpretar para o cinema, entre a década de 1970 e 1980, José Augusto experimentou fazer televisão. A convite de Toninho Neves, inte-

grou o elenco de alguns episódios dos Telecontos – produções dramatúr-gicas para a TV com textos de autores capixabas, e foi repórter e produtor

do programa Gente Nossa, ambos na TV Educativa do Espírito Santo. Além desses trabalhos, atuou em comerciais veiculados pela TV Gazeta.

Dos tempos na TVE, ele recorda das limitadas condições de produção, situação que parece permanecer até os dias atuais. “O Toninho Neves me chamou pra ser seu assistente, mas, em um determinado momento, ele

me passou a função de produzir o programa Gente Nossa. Era uma situ-ação muito precária. Além de produzir, eu era o entrevistador e, muitas vezes, levava os equipamentos no meu próprio carro. Contava apenas com um câmera enquanto as entrevistas aconteciam; mas, mesmo assim, saíram programas bem legais como, por exemplo, um que fizemos com o Paulo de Paula na Barra do Jucu”.

Sua primeira atuação no cinema foi no longa-metragem Vagas para Moças

de Fino Trato. Filmada em 1991, essa comédia dirigida por Paulo Thiago contou com um elenco formado por Norma Bengel, Lucélia Santos, Maria Zilda Bethlem, Paulo César Peréio, Paulo Gorgulho, Marcos Frota, Luís Tadeu Teixeira e Alvarito Mendes Filho. Por ser um ator pouco “histriôni-co”, com gestos mais contidos, José Augusto não teve estranhamentos em ter que interpretar para as câmeras. Para ele, as principais diferenças en-tre atuar para os palcos e para o cinema dizem respeito à responsabilidade e as implicações que a função do ator ocupa nessas duas artes. “Em um set de cinema há um grupo de pessoas trabalhando para que aquilo dê certo. Isso é fantástico, pois o ator está ali apenas para atuar e, à sua volta, há outros profissionais cuidando para que sua imagem fique boa e adequada. O teatro é uma experiência diária e diferente em cada nova apresentação; depende muito da sua atenção com cenário, figurino, com o tempo, há uma afinação constante de seu trabalho. Por isso que se diz que o teatro é a escola do ator: você exercita, erra, acerta e compara. Já no cinema, uma vez feito, editado e pronto, não tem mais como melhorar aquele trabalho. Por isso, não gosto muito de me ver no cinema e na televisão, sou muito crítico e sempre descubro uma forma de melhorar aquilo que fiz, mas que acabei não fazendo. O teatro é a arte do ator, pois ele faz aquilo que quer. Mesmo com a orientação de um diretor, o resultado final depende muito do ator. O cinema é a arte do diretor: o ator é um instrumento que o diretor usa para montar seu filme. Enquanto ator de cinema, reconheço esse lugar e me sinto bem em estar contribuindo para uma formalização que não é minha. Sei que é uma coisa que vai ser modificada de alguma forma. No teatro, o ator salva uma má direção. No cinema, não”.

José Augusto tem no currículo outros quatro filmes de longa-metragem: La-

marca (1994), de Sérgio Rezende; Fica Comigo (1998), de Tizuka Yamasa-

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No set de filmagem do curta-metragem Flora, de Marcel Cordeiro, na Estação Ferroviária de Mathilde. No primeiro plano, os atores José Augusto Loureiro e Selton Melo (Alfredo Chaves-ES, 1995)*

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ki; A Morte da Mulata (2001), de Marcel Cordeiro; e Policarpo Quaresma,

O Herói do Brasil (1998), de Paulo Thiago. Neste último, ele interpreta o Tenente Antonino, personagem com relativo destaque no roteiro e que che-ga a contracenar com atores veteranos e consagrados da telona como Paulo José, Giulia Gam, José Dumont, Othon Bastos, José Lewgoy, entre outros.

Em curtas-metragens, chegou a participar em cerca de 20 produções. Nas duas primeiras atuou sob a direção do diretor capixaba Marcel Cor-

deiro: Passo a Passo com as Estrelas (1995) e Flora (1996), produção que ele destaca pela cuidadosa e aprimorada direção de arte. Em 2002, recebeu Menção Honrosa do 9º Vitória Cine Vídeo por sua atuação em

Baseado em Estórias Reais, de Gustavo Moraes. Para atuar nesse curta – que arrematou diversos prêmios ao percorrer festivais nacionais e in- ternacionais – o elenco teve que ensaiar exaustivamente. “No cinema, foi a primeira vez que fiz esse tipo de preparação e acho que o resultado do filme tem a ver com aqueles inúmeros ensaios. Gostei muito do ritmo da história, com a transição entre as cenas marcadas pelo som de bati-das que eram ações dos personagens”. Gustavo Moraes foi o diretor com

quem mais fez trabalhos para o cinema: Classe Média Urbana Brasileira

(2004), Até Quando (2008) e, os ainda inéditos, +1 Brasileiro e Atrás de

uma Bola....

Comparando o modo de fazer cinema no Espírito Santo do início de sua carreira com a atualidade, José Augusto enxerga avanços, principalmente pelo aspecto de as produções não dependerem mais do celuloide, mas considera ainda pequena a quantidade de filmes produzidos por aqui: “O gasto era muito maior com a película, mas mesmo assim tem muito pouca gente bancando essa vontade de fazer dos realizadores. Há pessoas qualificadas no cinema, que sabem o que estão fazendo. Certamente tería-mos produções melhores se mais filmes fossem feitos, pois só se aprende fazendo e errando”. 19

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José Augusto Loureiro em cena com atriz Tereza Rachel no longa-metragem A Morte da Mulata, de Marcel Cordeiro, na Vila de Itaúnas (Conceição da Barra-ES, 2000)*

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Do Serviço Público às Artes Plásticas

Em 1977, José Augusto Loureiro ingressou no serviço público estadual alocado na Fundação Cultural do Espírito Santo, instituição que mais tarde veio a tornar-se a Secretaria de Estado da Cultura do Espírito San-to. Seu primeiro trabalho como servidor público foi atuar junto com a equipe responsável pela criação do Centro de Artes Homero Massena, a atual Galeria Homero Massena.

Até então, os capixabas não dispunham de um espaço público destinado especificamente às artes visuais. As exposições aconteciam em saguões de edifícios no Centro de Vitória, no foyer do Theatro Carlos Gomes e, algumas vezes, na Capela Santa Luzia. Desde a sua criação, a Galeria Homero Massena recebeu os trabalhos de artistas capixabas de diversas gerações e, atualmente, possui um dos mais representativos acervos de artes plásticas do Espírito Santo.

Além de participar de sua criação, José Augusto chegou a atuar como coordenador do espaço em diferentes períodos. “A Galeria ocupou o que antes era a garagem do Edifício das Fundações e foi mantido seu piso original. Era um lugar muito precário, contava com cinco painéis pendu- rados com correntes e com algumas lâmpadas. Mas era um espaço muito desejado pela classe artística e estava aberto a todos que apresentassem uma proposta expositiva minimamente coerente e sempre buscou dar oportunidade a todos”.

Mas é na infância e na adolescência que ele busca as primeiras manifes-tações de seu interesse pelas artes plásticas. Quando estava por volta de seus 15 anos, bem diferente dos meninos de sua idade, estava sempre presente nas exposições de arte que aconteciam em Vitória. “Quando chegava em casa, eu fazia algumas pinturas. Tive uma professora, Dona Marlene Furtado, que ia lá em casa me ensinar a pintar. Hoje percebo que muitas das minhas criações em artes plásticas têm a ver com o início da minha vida em Santa Teresa. As formas, os mecanismos, isso tudo são coisas que fizeram parte da minha infância”. Ele também se recorda das idas à residência de Seu Fausto Tancredi quando morava no Centro de Vitória. “Era um vizinho descendente de italianos que possuía muitos trabalhos de arte espalhados pela casa, que apesar de não ser grande era entulhada de objetos, como pinturas, fotografias de familiares e escultu-ras que me fascinavam”.

Em 1982, aos 37 anos, ingressa no Curso de Artes da Universidade Fede-ral do Espírito Santo – Escola de Belas Artes, mas não concluiu a gradu- ação. “Entrei na universidade já com a cabeça feita, talvez por isso não tenha dado certo. Na época, havia matérias no curso, como geometria e matemática, que não despertavam meu interesse”. Nesse mesmo ano, par-ticipou da Semana de Arte da Ufes onde, pela primeira vez, expôs um de seus trabalhos. A partir daí, participou de diversas exposições coletivas

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e individuais. Em 1984, ficou em segundo lugar no 1º Salão Capixaba de

Pintura Marítima / Codesa com o quadro Penedo Ponto de Tensão.

Sua última participação em eventos dessa natureza foi em 2001 quando teve dois trabalhos expostos na 3ª Bienal de Artes Visuais do Merco- sul, em Porto Alegre-RS. “Gosto muito de trabalhar em grupo e as artes plásticas pedem um tipo de criação mais solitária. Por isso, fico muito tempo sem fazer nada nessa área enquanto tenho muita coisa pra fazer em teatro, por exemplo”.

Em 2015, José Augusto se aposentou como servidor público. Além da Ga-leria Homero Massena, atuou no Theatro Carlos Gomes e percorreu diver-sos municípios capixabas realizando oficinas e apresentações de teatro e desenvolveu outras ações para as áreas das artes cênicas e artes visuais. Tal vivência possibilitou que ele acompanhasse de perto os avanços e retro-cessos das políticas públicas de cultura. Para ele, o poder público caminha a passos lentos para efetivar os direitos culturais dos capixabas e com-preende de maneira limitada as reais demandas dos artistas e da população.

Engajado e crítico, declarou seu apoio ao #OcupaSecult, movimento surgi-do a partir da reação ao corte no orçamento dos editais do Fundo Estadual de Cultural pelo Governo do Estado no primeiro semestre deste ano. O #OcupaSecult ocupou a Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo para cobrar ampliação de recursos, gestão democrática e maior eficiência para a política estadual de cultura e contou com a presença de artistas, de produtores e de militantes da cultura, além de aproximar pessoas de diferentes gerações. É para os mais novos que ele deixa a entusiasmada recomendação: “As instituições culturais públicas ou particulares devem ser, primordialmente, geridas por pessoas ou pensamentos afinados com a cultura e não por meros administradores. Quando isso não acontece espontaneamente, os artistas e produtores devem cobrar. Esses jovens que fazem a cultura e a arte são maravilhosos, precisam ir em frente e continuarem na militância. Essa é uma função social muito importante, embora às vezes não deem essa importância. Modifiquem o mundo, ocu-pem o espaço que lhes é devido. Ocupem as Secults!”.

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Teatro

Ator

O Elite (1963) / Direção de Reginaldo Cardoso

O Túnel (1965) / Direção de Reginaldo Cardoso

Cenas de Shakespeare e Ionesco (1972) / Direção de Gilson Sarmento

O Rapto das Cebolinhas (1972) / Direção de Gilson Sarmento

Chapeuzinho Vermelho (1973) / Direção de Gilson Sarmento

A Volta do Camelão Alface (1973) / Direção de Gilson Sarmento

Eu Sou o Hebert (1974) / Direção de Gilson Sarmento

A Cantora Careca (1974) / Direção de Gilson Sarmento

O Inspetor Geral (1975) / Direção de Gilson Sarmento

O Capeta de Caruaru (1976) / Direção de Antônio Carlos Neves

O Beijo no Asfalto (1977) / Direção de Antônio Carlos Neves

O Santo e a Porca (1977) / Direção de Antônio Carlos Neves

A Revolução de Carangueijos (1979) / Direção de Antônio Carlos Neves

Terror e Misérias do III Reich (1980) / Direção de Renato Saudino

Mamãe Desce ao Inferno (1982) / Direção de Renato Saudino

Prêmio de Melhor Ator pela crítica do jornal A Gazeta

A Casa de Bernarda Alba (1983) / Direção de Renato Saudino

O Caso Rosemberg (1984) / Direção de Luiz Tadeu Teixeira

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José Augusto Loureiro aos 37 anos na praia de Nova Almeida (Serra-ES, 1992. Fotografia de Dudu Gatti)

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Um Piano Sobre o Meu Coração (1984) / Direção de Renato Saldino

Woyzek (1985) / Direção de César Huapaya

Diga 33 (1985) / Direção de Renato Saudino

Senhorita Júlia (1986) / Direção de César Huapaya

A Barca do Inferno (1983) / Direção de Alvarito Mendes

Indicação ao Prêmio de Melhor Ator no Festival de Teatro de São Mateus

Quando as Máquinas Param (1988) / Direção de Luiz Tadeu Teixeira

Bella Ciao (1995) / Direção de Renato Saudino

Palhaço (1998) / Direção de Dácio Lima

Queima de Arquivo (2001) / Direção de Celso Nunes - Prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Teatro de Guaçuí e indicação ao prêmio de Melhor Ator no Festival de Teatro de São Mateus

Os Coveiros (2004) / Direção Coletiva

Prêmio de Melhor Ator no Festival de São Mateus

Os Cegos (2004) / Direção de Margareth Galvão

O Figurante Invisível (2008) / Direção de Telma Schmidt

A Terra Prometida (2010) / Direção de Fernando Marques

A Casa Escura (2015) / Direção de Paulo Senna.

Cenografia

A Barca do Inferno (1983) / Direção de Alvarito Mendes

Prêmio de Melhor Cenário o Festival de Teatro de São Mateus

O Monta Cargas (1983) / Direção de Luiz Tadeu Teixeira

Bella Ciao (1995) / Direção de Renato Saudino - Prêmio de Melhor Cenário pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões no Estado do Espírito Santo

Os Coveiros (2004) / Direção Coletiva

O Figurante Invisível (2008) / Direção de Telma Schmidt

Direção

A Onça e O Bode (1974)

O Pacto (1988)

O Mundo Mágico dos Duendes (1993)

Os Cantos de Maldoror (1990)

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Page 25: Caderno do Festival de Cinema de Vitória - Homenageado Capixaba / José Augusto Loureiro

Assistência de Direção

O Beijo no Asfalto (1977) / Direção: Antônio Carlos Neves

Cinema / Ator

Longa-metragem

Vagas para Moças de Fino Trato (1993) / Direção de Paulo Thiago

Lamarca (1994) / Direção de Sérgio Rezende

Fica Comigo (1998) / Direção de Tizuka Yamasaki

A Morte da Mulata (2002) / Direção de Marcel Cordeiro

Policarpo Quaresma, O Herói do Brasil (1998) / Direção de Paulo Thiago

Prêmio Destaque – 5º Vitória Cine Vídeo

Curta-Metragem

Passo a Passo Com as Estrelas (1995) / Direção de Marcel Cordeiro.

Gringa Miranda (1995) / Direção Coletiva

Flora (1996) / Direção de Marcel Cordeiro

Dores e Odores (2004) / Direção de Jefinho Pinheiro e Patrick Tristão

Mundo Cão (2002) / Direção de Saskia Sá

Baseado em Estórias Reais (2002) / Direção de Gustavo Moraes

Menção Honrosa no 9º Vitória Cine Vídeo

Costa Pereira (2004) / Direção de Cloves Mendes

Classe Media Urbana Brasileira (2005) / Direção de Gustavo Moraes

Graçanaã (2006) / Direção de Luiz Tadeu Teixeira

A Passageira (2006) / Direção de Glecy Coutinho e Margarete Taqueti

Maurício Capixaba Oliveira Pescador de Sons (2007) / Direção de Cloves Mendes

A Virada (2008) / Direção de Sergio de Medeiros

Baby Bom Bom (2008) / Direção de Marcel Cordeiro

Até Quando (2008) / Direção de Gustavo Moraes

Ilhas Cayman (2011) / Direção de Gabriel Perrone

3331 (2011) / Direção de Jorge Nascimento

Guerra Fria (2014) / Direção de Paulo Sena

+1 Brasileiro (inédito) / Direção de Gustavo Moraes.

Atrás de uma Bola... (inédito) / Direção de Gustavo Moraes

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Page 26: Caderno do Festival de Cinema de Vitória - Homenageado Capixaba / José Augusto Loureiro

Televisão

Telecontos da TVE (1984-1985), direção de Antônio Carlos Neves – fez parte do elenco de três episódios.

Programa Gente Nossa (1985) – diretor, produtor e repórter. Cerca de 20 Comerciais e Institucionais veiculados em emissoras de TV do Espírito Santo (1983 a 2005) – ator.

Artes Plásticas

Exposições coletivas:

Semana de Arte da Ufes – Vitória -ES (1982)

Espaço Universitário / Ufes – Vitória-ES (1982)

Exposição Coletiva Piúma/Ufes (1983)

1º Salão Capixaba de Pintura Marinha / Codesa – Vitória (ES (1984) - Premiado em 2º Lugar com o quadro “Penedo Ponto de Tensão”

Fundação Arnando Alvares Penteado – São Paulo-SP (1985)

Galeria Croma – Vitória-ES (1986)

Salão Capixaba de Artes Plásticas – Vitória-ES (1986)

Espaços Universitários/ Ufes – Vitória-ES(1991)

Postais de Vitória / Ufes – Vitória-ES (1992)

III Bienal de Artes Visuais do Mercosul – Porto Alegre-RS (2001)

Exposições individuais:

Capela Santa Luzia – Vitória-ES (1984)

Hotel Porto do Sol – Guarapari-ES (1985)

Galeria Homero Massena – Vitória-ES (1989)

Hotel Praia do Sol – Nova Almeida -ES (1989)

Galeria Alice Holzmeister – Santa Leopoldina-ES (1989)

Casa da Cultura – Fundão-ES (1989)

Hotel Praia do Sol – Nova Almeida-ES (1990)

Restaurante Taurus – Vitória-ES (1990)

Alphaville Trade Center – Vitória-ES (1991)

Galeria Homero Massena – Vitória-ES (2000)

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Page 27: Caderno do Festival de Cinema de Vitória - Homenageado Capixaba / José Augusto Loureiro

CADERNO DO FESTIVAL DE CINEMA DE VITÓRIA

HOMENAGEADO CAPIXABA / 5ª Edição

Projeto Editorial – Lucia Caus Delbone e Paulo Gois Bastos

Reportagem e Edição – Paulo Gois Bastos (MTB/ES 2530)

Projeto Gráfico, Capa e Diagramação – Paulo Prot

Revisão de Texto – Luiz Cláudio Kleaim

Especificações Gráfica

Tipografia – Gandhi Serif

Papéis – Offset 240g/m2 para a capa e miolo Couchê Fosco Suzano 115g/m2

Impresso em Vitória|ES

* Imagens do acervo pessoal de José Augusto Loureiro

** Foto da folha de rosto (pág. 3) por Gustavo Louzada, Vitória-ES, 2015.

O Caderno do Festival de Cinema de Vitória - Homenageado Capixaba é uma

publicação do 22 Festival de Cinema Vitória, evento realizado de 11 a 16 de

setembro de 2015 em Vitória-ES. O Festival é uma realização da Galpão Produções

e do Instituto Brasil de Cultura e Arte.

Nosso endereço e contatos: Rua Professora Maria Cândida da Silva, nº 115-A – Bair-

ro República – Vitória/ES. CEP 29.070-210.

Tel.: +55 27 3327 2751 / [email protected]

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

C122

CADERNO DO FESTIVAL DE CINEMA DE VITÓRIA -

HOMENAGEADO CAPIXABA. Paulo Gois Bastos (Editor). Vitória: 22°

Festival de Cinema Vitória, Set 2015. Anual.

28p.: il. (22º Festiva de Cinema de Vitória, 6ª Edição).

1. José Augusto Loureiro. 2. Teatro. 3. Cinema. 4. Espírito Santo. 5.

Filmografia. 6. Artes Plásticas. 7.Cultura 8. 22º Festival de Cinema de

Vitória. I. Bastos, Paulo Gois. (Editor).

Page 28: Caderno do Festival de Cinema de Vitória - Homenageado Capixaba / José Augusto Loureiro

José AugustoLoureiro

CADERNO DO FESTIVAL DE CINEMA DE VITÓRIA Homenageado Capixaba

5ª Edição