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Paulo José HOMENAGEADO 2014

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O Caderno do VCV - Homenageado Nacional é uma publicação do Festival de Vitória - 21º Vitória Cine Vídeo (VCV), evento realizado entre 12 e 17 de setembro em Vitória-ES

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Paulo José

HOMENAGEADO

2014

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Governo do Espírito Santo, BNDES e Petrobras apresentam

Paulo JoséHomenageado Nacional

Vitória-ES, setembro de 2014

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Falar em Paulo José é falar de poesia e de dedicação à arte. Ele, como poucos, transborda talento em tudo que faz. Um exímio ator que, com seus personagens, presenteou a nós espectadores com momentos intensos. Um homem forte e corajoso que sempre guiou a vida com muita paixão.

Paulo José foi o homenageado pelo nosso Festival em 1998 e, agora, retorna para receber, além do Troféu Marlin Azul, esta publicação que traz o registro de sua trajetória profissional.

Um homem sofisticado, feliz e sincero. Pesquisador e aprendiz de tudo o que possa melhorar sua arte. Já percorreu todas as etapas de uma produção para teatro, cinema ou televisão, sempre com muito zelo.

Quando estive na presença de Paulo José, me chamou a atenção o seu olhar intenso e atento, gestos e fala de um homem atualizado. É essa mesma intensidade que ele emprega no teatro, no circo, no cinema e na televisão.

Nascido com o dom da arte, ainda constituiu uma linda família que também se encontrou com o mundo artístico.

Em nossa 21º edição, temos a honrada de poder reafirmar e ren-der homenagem a Paulo José, cujo brilhantismo ilumina o nosso Festival.

Lucia Caus

Diretora Festival de Vitória – 21º Vitória Cine Vídeo

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Sumário

Apresentação - 9

Uma breve biografia - 15

Um faz tudo no teatro - 23

Um mergulho no ofício de ator - 33

Um inventivo diretor de TV - 43

Currículo

Teatro - 50

Cinema - 60

Televisão - 65

Prêmios - 73

Depoimentos - 79

Referências - 90

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Gaúcho de Lavras do Sul, Paulo José é personagem importante da dramaturgia nacional brasileira e traz no currículo diversas realiza-ções e prêmios no teatro, cinema e televisão. Com 77 anos de vida completos no dia 20 de março, ele nos recebeu em sua casa na Gávea, no Rio de Janeiro, em julho deste ano para realizarmos a entrevista que subsidiou esta publicação. Nessa conversa, sempre com um tom bem humorado e acolhedor, Paulo nos contou um pouco de suas memórias, falou dos personagens e trabalhos que marcaram sua carreira e dos esboços dos projetos futuros e em andamento.

Profissional e artista múltiplo, Paulo José imprime sempre uma grande dedicação a tudo aquilo que faz. Em parte, essa paixão pelo labor foi um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento do Mal de Parkinson, enfermidade diagnosticada em 1992 após exaustivo trabalho na televisão. Entretanto, se por um lado a doença lhe trou-xe limitações, principalmente na coordenação motora; por outro, a sua mente está sempre inquieta e ativa. Por trás da aparente fra-gilidade, há uma cabeça que não para de maquinar novas ideias e que nunca cessou de criar.

Ator e diretor em dezenas de peças e espetáculos, ele já realizou tra-balhos de cenografia, figurino, maquiagem, iluminação, produção executiva e até de administração de teatro. Suas primeiras experi-mentações na área foram ainda aos dez anos, quando era aluno do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em Bagé, município vizinho à sua cidade natal. Aos 15 anos, morando em Porto Alegre, ingressa no teatro amador e participa do Teatro Equipe. Nos anos de 1960, fez parte do Teatro de Arena de São Paulo e do Rio de Janeiro, um dos mais atuantes e significativos grupos da história do teatro brasileiro e por meio do qual passaram importantes diretores e dramaturgos brasileiros como Augusto Boal e Gianfrancesco Guar-nieri. Mais recentemente, Paulo também desenvolveu trabalhos de pesquisa e de direção com o Grupo Galpão, que é, atualmente, uma das companhias brasileiras contemporâneas mais inovadoras.

Consagrado ator de cinema, estreou na telona em 1965 como o personagem principal do longa-metragem O Padre e a Moça, de

Apresentação

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Joaquim Pedro de Andrade. De lá pra cá, atuou em dezenas de fil-mes sob a direção de cineastas como Domingos de Oliveira, Hector Babenco, Joel Pizzini, Walter Salles Jr., Cacá Diegues, Júlio Bres-sane e Jorge Furtado. Um marco de sua carreira no cinema é o longa-metragem Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andra-de, filme em que interpreta a Mãe do Macunaíma e o Macunaíma Branco. Outro destaque mais recente foi sua participação em O Palhaço, filme de 2011, dirigido e estrelado por Selton Mello. Nessa produção, Paulo interpretou o personagem Valdemar, o Palhaço Puro Sangue. Essa foi sua última atuação no cinema e pela qual recebeu quatro prêmios, entre eles o de Melhor Ator Coadjuvante pelo Grande Prêmio de Cinema de 2012, reconhecimento dado pela Academia Brasileira de Cinema.

Na televisão, ele foi ator em 46 obras entre novelas, minisséries e outros programas na TV Globo. Entre suas atuações mais conhecidas está Shazam da novela Primeiro Amor, ficção de 1972 escrita por Walter Negrão e dirigida por Régis Cardoso, que, juntamente com outro personagem, o Xerife, vivido por Flávio Migliaccio, caiu no gosto do público. O sucesso da dupla rendeu um seriado infantil após o fim da novela: Shazam, Xerife & Cia que foi exibido de 1972 a 1974.

Além da atuação, Paulo José dirigiu outros 34 trabalhos para a teli-nha e também foi responsável por introduzir novos formatos com propostas narrativas mais ousadas para o meio televisivo. Sob sua direção, foram marcantes as minisséries O Tempo e O Vento, de 1985; e Agosto, de 1993. Neste ano, em seu último trabalho na TV, interpretou um personagem vivendo com Mal de Parkinson, doen-ça com a qual vem convivendo já há mais de vinte anos.

Sempre jovial e perfeccionista, Paulo lida com o seu processo de criação de uma forma quase artesanal. É um otimista irreparável, como ele mesmo se considera, e com sua vivência artística se apro-ximou de importantes nomes da cena cultural brasileira. Parte da grandeza deste artista brasileiro pode ser mensurada pelos 39 prê-mios que ele recebeu ao longo de sua trajetória profissional, mas o currículo vasto e o reconhecimento público só explicitam uma pequena parte de sua índole inquieta, criativa e generosa.

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“Ao me deitar, não penso se o dia foi mesmo melhor ou não. Olho para a frente e penso ‘amanhã será um outro dia’. Assim, sigo trabalhando, vivendo dia por dia”

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Paulo José Gómez de Souza nasceu em Lavras do Sul, único municí-pio gaúcho surgido a partir da extração de ouro e que, atualmente, conta com uma população pequena, de quase oito mil habitantes vivendo principalmente da agropecuária. Ele é o segundo filho de uma família de cinco filhos homens. Pela vontade da mãe, Paulo José deveria ser uma menina e se chamaria Raquel.

Sua mãe, Maria Del Carmem, ou Carmencita, tem origem espanho-la, nascida nos pirineus espanhóis e vinda para o Brasil aos oito anos de idade. Estudou em um colégio interno em Porto Alegre, de onde saiu, praticamente, para o casamento. Pianista e declamadora, ela sempre incentivou os filhos a experimentarem e conhecerem o mundo das artes.

Seu pai, Arlindo Ferreira de Souza, era um gaúcho severo, vindo de uma família de catorze filhos, mas fora criado pelos avós maternos quase sem relação com os irmãos. Foi para o Rio de Janeiro estudar Engenharia Civil, chegando a atuar como engenheiro, mas tornou-se fazendeiro em Lavras do Sul, município que fica ao lado de Bagé.

Desde cedo, os irmãos Gómez de Souza estabeleceram uma relação de intimidade com a literatura, a música, as artes plásticas e o tea-tro. Além do português, aprenderam o espanhol devido à proximi-dade com a família da mãe. Eram, praticamente, os únicos meninos a frequentarem o Instituto Municipal de Belas Artes de Bagé e, por isso, eram alvo de chacota dos outros garotos. No Instituto, Paulo estudou piano, harmonia e solfejo.

Aos dez anos, Paulo ingressa no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora onde começa a experimentar o teatro. Ele fazia todos os espetá-culos da escola; uns cinco por ano. Eram peças religiosas escritas por Giovane Bosco, fundador da ordem católica que mantinha o

Uma breve biografia

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Colégio. O cumprimento das tarefas escolares contava com o acom-panhamento próximo de sua mãe, que havia sido professora, mas não lecionava a pedido do esposo.

Nessa época, além de atuar, Paulo já se percebia atraído pela fun-ção de diretor. Nas férias escolares, os irmãos Gómez de Sousa não tinham moleza e, durante quatro meses por ano, iam para a fazenda e assumiam a rotina de atividades dos peões. “Era uma personalida-de dupla, quase dividida! Na fazenda, tínhamos um trabalho muito concreto e pesado. Nosso pai nos colocava pra assumir a lida bem cedo, acordávamos por volta das quatro da manhã”.

Também foi em Bagé onde ele conheceu o cinema. Esta arte era algo literalmente bem próximo de seu cotidiano familiar e chega-va a transmitir-lhe uma “fragrância”: “a gente morava na mesma quadra do Cinema Avenida, que era o único cinema de Bagé. Os fundos de nossa casa faziam limites com a sala de cinema. Os fil-mes chegavam muito danificados, pois as cópias circulavam por outras cidades antes de chegarem a Bagé. Vinham aos pedaços, qua-se todos eles sofriam emendas e cortes depois de serem exibidos. Pela manhã, eu e meus irmãos ficávamos esperando, em cima do muro dos fundos de nossa casa, o funcionário do cinema jogar os pedaços dos filmes no lixo. Nós pulávamos e catávamos aquilo que a gente chamava de ‘ceninhas’. Naquela época, o cinema tinha chei-ro: o cheiro do acetato”. E Paulo se recorda do primeiro filme que assistiu: a animação Bambi, dos estúdios Disney, de David Hand.

Em 1954, a família Gómez de Souza se muda para Porto Alegre onde Paulo ingressa no curso Científico – que corresponde ao Ensi-no Médio atual. Contraditoriamente, com um histórico de bom alu-no, ele repete o terceiro ano para não ter que fazer o vestibular para Medicina, que era a vontade de sua família. “Essa sabotagem era uma coisa dolorosa, mas era a maneira de comprovar e de dar atestado que eu não conseguiria fazer aquilo. Em casa havia uma relação de conflito, pois, se por um lado havia uma aceitação e um estímulo ao teatro, pra que a gente estudasse música e piano; ao mesmo tempo havia uma severidade, uma restrição a essa coisa mais ‘vagabunda’ e atirada. Por isso, tínhamos que ser muito conse-

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quentes. Eu frequentemente desandava e deixava de cumprir tare-fas mais nobres. Eu saí da posição de melhor aluno da escola para ser um reprovado. Isso me fez sofrer muito. Eu estava entrando por um caminho que não podia controlar direito”.

Paulo chega a ingressar no curso de Arquitetura, mas não o conclui. Tal decisão, evidentemente, não foi bem recebida pelos pais. Para sua família, a vida no teatro era algo bem distante de uma carreira profissional mais tradicional, como haviam planejado para os filhos. “Quando eu estava no colégio e participava das peças enquanto ati-vidade estudantil, para os meus pais era uma ‘gracinha’ ter o filho fazendo teatro. Depois dessa época, quando essa coisa ficou séria e decidi largar a arquitetura para fazer teatro, o clima ficou pesado e foi uma situação terrível para a convivência em casa. Eu era o vaga-bundo, pois o importante era ter um diploma, um canudo. Virei a ovelha negra da família”.

Tempos depois, seu pai o procura para uma “reconciliação”. Pro-pôs-se, inclusive, a financiar a ida do filho para o Rio de Janeiro ou a São Paulo a fim de que viesse a aprofundar-se na arte teatral. Os três anos de estudante de Arquitetura também serviram para apro-ximá-lo do Teatro Universitário da União dos Estudantes e, mais tarde, os conhecimentos aprendidos contribuíram para a criação de seus trabalhos de cenografia.

Em Porto Alegre, ainda enquanto estudante de Arquitetura, Paulo teve seus primeiros contatos com grupos de teatro, atuou em peças amadoras e chegou a assumir a direção de um espetáculo no Tea-tro Equipe. No início dos anos de 1960, ele deixou Porto Alegre e foi para São Paulo fazer parte do Teatro de Arena, onde também atuou, dirigiu, fez figurino e cenografia, entre outras atividades. É no Arena que Paulo conhece a atriz Dina Sfat, sua primeira esposa, com quem se casa em 1968.

Após o Golpe Militar de 1964, crescem os movimentos pela retoma-da democrática. A tensão política também aumenta com o decreto do Ato Inconstitucional nº 5, em dezembro de 1968, dispositivo que suspendeu os direitos constitucionais e que concedia poderes extraordinários à Presidência da República, então ocupada pelo

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General Artur Costa e Silva. No início de 1969, Paulo e Dina, jun-tamente com o Arena, viajam para um festival de teatro na Europa. Ao retornarem para o Brasil, no final daquele ano, Paulo é contrata-do pela TV Globo e vai morar, definitivamente, no Rio de Janeiro.

Paulo José é pai de quatro filhos, três dos quais enveredaram pela vida artística. Entre as suas companheiras, contou sempre com mulheres fortes e também envolvidas com o meio artístico. Duran-te catorze anos, foi casado com a atriz Dina Sfat, com quem teve as filhas Ana, Clara e Bel Kutner. Em 1979, nasceu Paulo Henrique Caruso de Souza, filho de Paulo com a atriz Beth Caruso. No início dos anos de 1980, casou com a atriz e diretora Carla Camurati. Em 1989, durante a peça Delicadas Torturas se envolve com a atriz Zezé Polessa com quem, entre idas e vindas, viveu por sete anos. Por fim, conheceu a figurinista, cenógrafa e diretora Kika Lopes, com quem está casado desde 1999.

Em 1992, após uma estafa causada por 36 horas ininterruptas de trabalho em uma ilha de edição, Paulo foi diagnosticado com Mal de Parkinson. Essa doença neurológica crônica e irreversível é cau-sada pela falta de um neurotransmissor, causando enrijecimento muscular, tremores, perda da capacidade da coordenação motora e da potência vocal. Desde então, com o diagnóstico, Paulo modifi-cou sua rotina para enfrentar a doença e se tornou uma espécie de referência pública sobre o Parkinson. “Tive muitos momentos de depressão. Houve um tempo que tinha medo de dormir e não acor-dar mais. Às vezes, tenho medo de morrer. Não estou num daqueles momentos de depressão profunda. Mas, tampouco este é um perío-do fácil. Quando acordo, tenho de fazer uma escolha. Decido sair da cama. Hoje será um dia melhor. Ao deitar-me, não penso se o dia foi mesmo melhor ou não. Olho para a frente e penso ‘amanhã será um outro dia’. Assim, sigo trabalhando, vivendo dia por dia”.

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“Eu tinha que dar conta de tudo e não mergulhava no personagem, pois o que me interessava era o conjunto mais amplo do fazer teatral”

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Das peças do teatro salesiano em Bagé, passando pelo teatro estu-dantil e pelo amador em Porto Alegre, até integrar grupos de van-guarda como o Teatro de Arena e, mais recentemente, o Grupo Galpão, Paulo José já fez de tudo no palco e nas coxias. Foi cenó-grafo, maquiador, iluminador, produtor executivo, contrarregra, administrador de teatro, figurinista, animador e escritor de teatro de fantoches, tradutor teatral, maquinista e assistente de direção. Em seu currículo constam cerca de 30 peças como ator e outras 25 como diretor.

Paulo começa a envolver-se mais intensamente com a arte teatral quando ingressa no curso de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Naquela época, a cena cultural era protagoni-zada por companhias e grupos de teatro, em sua maioria, amadores ou estudantis. Havia festivais que movimentavam essa cena e reu-niam atores amadores de todo o Brasil. Foi a partir dessa primeira vivência em grupos de teatro que Paulo José experimenta o fazer teatral de uma forma holística e integral, pois o amadorismo dos gru-pos exigia que quem nele estivesse teria de assumir as mais diversas funções de um espetáculo, desde a venda dos bilhetes até a direção.

Sua primeira participação no teatro estudantil foi em 1954 na peça Entre o Vermute e a Sopa, de Artur Azevedo, que estava sendo montada pelo Grupo Teatro Universitário do Rio Grande do Sul. Paulo José acabou fazendo papel de um personagem que não tinha fala: um criado clownesco que espanava os móveis e servia sua patroa.

Paulo chegou a ser dirigido por e a dividir palco com o então estu-dante Antônio Abujamra na peça À Margem da Vida, de Tennes-see Williams. Conhecido seu desde a época do colégio, Abujamra também iniciava ali sua carreira de ator e diretor, tornando-se um

Um faz tudo no teatro

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dos fundadores do Grupo Teatro Universitário e também diretor do Departamento de Teatro da União Estadual dos Estudantes.

Nessa época, Paulo recebeu, pela primeira vez, por um trabalho no teatro, não como ator, mas como maquiador de um presépio vivo armado em uma praça de Porto Alegre. São José, Nossa Senhora e o Menino Jesus foram personagens maquiados. O serviço foi con-tratado pela Prefeitura e os conhecimentos de maquiagem vinham da vivência no teatro ainda no colégio em Bagé onde aprendeu téc-nicas de teatro clássicas, do circo e da pantomima.

Em 1958, integrou o elenco de Poetas e Poemas, dirigido por Mário de Almeida, que estava como diretor do Grupo Teatro Universitá-rio, em cujo espetáculo eram dramatizadas poesias de importantes poetas brasileiros. A peça fez sucesso e rendeu uma apresentação no Uruguai que acabou sendo assistida por Vinícius de Moraes, que na época atuava como diplomata pelo Ministério das Relações Exterio-res do Brasil naquele país. O Poetinha chegou a fazer uma crítica de “pé de orelha” para o próprio Paulo José dizendo que a interpreta-ção do poema “A Mensagem a Rubem Braga”, de autoria do próprio Vinícius, fora feita de forma equivocada pelo jovem e iniciante ator.

Ao voltar do Uruguai, juntamente com Mário de Almeida, Paulo César Peréio e Milton Mattos, que também faziam parte do espe-táculo; Paulo José participou da criação do Teatro Equipe, grupo do qual fez parte atores como Lilian Lemmertz, Ítala Nandi, Nilda Maria e Fernando Peixoto. Um dos objetivos da nova companhia era o de buscar a profissionalização e apresentar um teatro autêntico voltado à realidade brasileira. Ainda em 1958, o grupo faz sua estreia com os espetáculos Esperando Godot, de Samuel Beckett, sob a direção de Luiz Carlos Maciel; e Rondó 58, com dramatizações de textos de poetas brasileiros – primeiro trabalho assinado por Paulo José co-dirigido com Mário de Almeida. Com um espaço fixo para ensaios, o Teatro Equipe se manteve ativo quatro anos e realizava suas apresentações no Teatro Belas Artes ou no Teatro São Paulo.

Entretanto, o teatro amador gaúcho começou a ficar limitado para Paulo José. Se, por um lado, aquela experiência já lhe havia possi-bilitado conhecer as mais diversas atividades do fazer teatral; por

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outro, ele sentia necessidade de buscar aprimorar-se mais ainda na área. Para isso, Paulo almejava bolsa de estudos no Teatro Nacional Popular (TNP), na França. Ele se espelhava no ator francês Gérard Philippe e queria estudar com Jean Villar, um dos mais importantes diretores franceses daquele período.

Em 1960, o Teatro de Arena esteve em Porto Alegre para compor o elenco do espetáculo Revolução na América do Sul, de Augusto Boal. Paulo José se identificou instantaneamente com a proposta do grupo paulista e, juntamente com o ator Fernando Peixoto, foi convidado a ir para São Paulo e atuar na peça. No ano seguinte, ele já estava morando em São Paulo e ainda desejava conseguir uma bolsa para estudar teatro na Europa.

Criado em 1953, o Teatro de Arena surge como uma resposta esté-tico-política ao Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), que possuía um repertório sofisticado de peças muito vinculado à dramaturgia internacional. O Arena fora criado com as perspectivas de mon-tar espetáculos de baixo custo, de afirmar-se como alternativa no circuito teatral paulistano e de apresentar textos que refletissem a realidade.

No Arena, Paulo José estreou como ator em O Testamento do Can-gaceiro, de Chico de Assis, sob a direção de Augusto Boal. Seu papel era de um violonista e, para isso, foram muito úteis os conhe-cimentos em música que aprendera em Bagé. A direção musical do espetáculo era de Carlos Lyra. Em 1962, ele também assumia, pela primeira vez, a direção de peças do grupo com Eles Não Usam Black Tie, de Gianfrancesco Guarnieri, no Teatro de Arena do Rio de Janeiro.

Logo nos primeiros anos de companhia, Paulo começa a percorrer o interior do Brasil com os espetáculos do Teatro de Arena em apresentações feitas ao ar livre ou em espaços não convencionais. Era uma época de grande ebulição político-cultural, o que possibi-litou um grande aprendizado sobre brasilidade e cultura popular para o recém-chegado gaúcho na Pauliceia. Vindo de uma vivência dramatúrgica mais vinculada à tradição europeia, Paulo se percebe em meio ao nascimento de um teatro brasileiro inovador e, por fim,

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sua ideia de estudar na Europa deu lugar à paixão pela fervilhante dramaturgia que estava sendo inventada ali bem diante dos seus olhos pelo Teatro de Arena.

Era o povo brasileiro que passava a ser o personagem central da criação dramatúrgica. Esse posicionamento ideológico do Teatro de Arena também implicava em construir outra forma de inter-pretação e de construção de personagens, sem impostação, sem a qualidade gestual do teatro convencional, com muito mais espon-taneidade e assumindo a precariedade como elemento estético.

No Arena, Paulo José também pôde vivenciar o fazer teatral de forma ampla. Além de ator e diretor, ele foi figurinista, cenógrafo, iluminador, tradutor, produtor executivo e ainda chegou a assumir a administração dos espaços do grupo em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os três anos do curso de Arquitetura também contribuí-ram para a confecção de cenários para espetáculos e, nessa emprei-tada, foi seu parceiro de criação o cenógrafo e artista plástico Flá-vio Império que colaborou em alguns trabalhos.

Em 1962, Paulo fez a cenografia e o figurino para a peça Mandrá-gora, de Maquiavel, dirigida por Augusto Boal. Faziam parte do elenco do espetáculo Fauzi Arap, Gianfrancesco Guarnieri, Isabel Ribeiro, Juca de Oliveira, Maria Alice Vergueiro, Milton Gonçalves, Paulo José e Riva Nimitz. No ano seguinte, por esse trabalho de figurino, ele recebeu o Premio Molière e o Prêmio Padre Ventura, concedido pela Associação Brasileira de Críticos Teatrais.

Em 1964, ano do Golpe Militar, Paulo José estava atuando e diri-gindo a peça O Filho do Cão, de Giafrancesco. O espetáculo con-tava um elenco formado Abrahão Farc, Ana Maria Cerqueira Leite, Antero de Oliveira, Dina Sfatt, Gianfrancesco Guarnieri, Isabel Ribeiro, Joana Fomm, João José Pompeo, Juca de Oliveira e Rubens Campos. O Teatro de Arena, assim como outros espaços culturais, foram fechados pela Ditadura. Enquanto Juca Ferreira Gianfran-cesco Guarnieri foram para a Bolívia, e Augusto Boal foi para uma fazenda no interior de São Paulo, Paulo José e Flávio Império fica-ram escondidos na cobertura de Cacilda Becker e Walmor Chagas situada na esquina da Avenida Paulista com o Trianon

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No mesmo ano, Augusto Boal retorna para São Paulo, reabre o Are-na e dirige a peça Tartufo, de Moliére, com figurino e cenografia de Paulo José. Nos anos seguintes, o grupo passa a apresentar espetá-culos musicais como o Opinião, Arena Canta Zumbi, Arena Canta Bahia e Tempo de Guerra. Em 1966, o Arena estreia O Inspetor Geral, de Nikolai Gogol, com a direção de Boal e a cenografia de Paulo José.

Em 1968, o Ato Constitucional nº 5 de 13 de dezembro deu à Dita-dura Militar todos os poderes, como o fim das liberdades indivi-duais, o direito de reunião, o fechamento do Congresso e outras medidas que puseram um ponto final nas atividades do Arena e do Cinema Novo.

No início de 1969, Paulo José e Dina Sfat, recém-casados, viajam com o Arena para um festival em Nancy, na França. Ao embarcar, o gru-po tinha a clareza de que aquela seria sua última apresentação e que, por isso, optam por dissolver-se durante a viagem. Devido à censura e à repressão da Ditadura, eles sabiam que, ao retornarem para o Brasil, aquele tipo de trabalho teatral seria considerado uma prática subversiva e perseguida pelo Regime Militar. Paulo e Dina decidem ficar na Europa, onde permaneceram até o final daquele ano.

Após seu retorno, Paulo José se afastou, por uns anos, do teatro e passou a trabalhar mais intensamente no cinema e na televisão. Em 1975, ele voltou aos palcos atuando e dirigindo Mandrágora, de Maquiavel, peça montada no Teatro Casa Grande, no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, dirigiu a atriz Regina Duarte na peça Reveillon, de Flávio Márcio, trabalho pelo qual, dois anos depois, recebeu o Prêmio Governador do Estado de São Paulo. Desde então, passou a fazer menos trabalhos de ator e mais de direção. Doze anos depois, recebeu outro importante prêmio do teatro: o Prêmio Molière por seu trabalho como ator em Delicadas Torturas, de Harry Kondo-leon, peça dirigida por Ticiana Studart e que também contou com as atrizes Zezé Polessa e Lília Cabral no elenco.

Em 2000, a convite do jornalista e cineasta Pedro Bial, fez a direção de Controvérsia, de Jean Claude Carrière. O texto, em sintonia com a comemoração dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, ence-

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nava o debate que ocorrera na Europa em 1951 para definir se os índios possuíam ou não uma alma. Consagrada pela crítica, a peça foi montada no Teatro Glória, no Rio de Janeiro, e tinha no elenco Matheus Nachtergaele, Otávio Augusto, Ivan de Albuquerque, Ruy Polanah, além do próprio Paulo José.

Em uma nova experiência de grupo, Paulo atuou, em 2002, como diretor convidado de uma das mais atuantes e inventivas compa-nhias de teatro brasileiras: o Grupo Galpão, de Belo Horizonte. Essa vivência, além de ter se desdobrado na realização de espetáculos, possibilitou uma retomada dos estudos e pesquisas teatrais que ele até empreendera junto ao Arena e ao Teatro Universitário de São Paulo – grupo do qual também foi coordenador e diretor até o final dos anos de 1960.

Em 2009, Paulo dirigiu Um Navio no Espaço ou Ana Cristina César, montagem feita a partir de textos da poetisa Ana Cristina César e roteirizada por Maria Helena Kühner. Dividindo o palco com sua filha Ana Kutner, esse foi seu último trabalho como ator. Desse ano para cá, ainda consta em seu currículo a direção de outros três espetáculos teatrais.

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“Minha experiência com cinema foi meio dolorosa, pois eu era muito solidário com o diretor do filme”

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Enquanto nos palcos Paulo José construiu uma carreira marcada pela polivalência, no Cinema ele se aprofundou no ofício de ator: “Eu tinha que dar conta de tudo e não mergulhava no personagem, pois o que me interessava era o conjunto mais amplo do fazer teatral. Enquanto os atores estavam trabalhando seus personagens, eu esta-va ocupado com a cenografia, com o figurino, com a luz ou com a produção. Achava isso mais nobre, considerava os atores egoístas e pequenos por baterem no peito e dizerem ‘meu personagem’. Eu tra-balhava como ator, mas sempre no lugar de alguém, pois em teatro de grupo todo mundo tinha que fazer alguma coisa, inclusive no palco. Eu não tinha muita convicção; era mais uma coisa externa. Quando fui fazer cinema, aí sim entendi o sentido do trabalho do ator. Quan-do fui atuar em um filme pela primeira vez, já estava tudo pronto: o cenógrafo pra fazer o cenário, o diretor de fotografia pra fazer a luz, o elenco todo já preparado e assim por diante. Só me restava atuar”.

Desde Bagé, Paulo tem uma relação de proximidade com o Cine-ma. Em sua infância e adolescência, foi assíduo frequentador das sessões com filmes de faroeste e seriados com super-heróis. Anos depois, em Porto Alegre, passou a visitar o Clube do Cinema, uma associação cineclubista criada pelo jornalista Paulo Gastal sempre que realizava exibições e debates. Contudo, até 1965, a sétima arte continuava como apenas o lugar do encantamento e da fruição do cinéfilo e não como um espaço de atuação. É nesse ano que inicia sua carreira de ator no Cinema.

“Meu primeiro trabalho no cinema foi no filme O Padre e A Moça, de Joaquim Pedro de Andrade. Eu acabei fazendo o papel do padre, personagem-protagonista, que ia ser interpretado pelo artista plás-tico Luiz Jasmin. Joaquim, também tinha convidado a Helena Ignez (mulher do Glauber Rocha) para fazer a moça, além do Fauzi Arap

Um mergulho no ofício de ator

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e o Mário Lago. Dois dias antes do início das filmagens, com tudo preparado, Luiz Jasmin é diagnosticado com hepatite e teve que ficar, pelo menos, dois meses de repouso. A produção do filme parou e o desespero foi batendo na equipe. A mulher do Joaquim, a Sarah de Castro, lembrou que tinha me assistido na peça Man-drágora. Aí me convidaram de última hora pra fazer o filme. Eu tinha inveja do Fauzi Arap, que também era do Arena e já tinha feito cinema. Era uma inveja saudável!”.

As filmagens de O Padre e A Moça foram em São Gonçalo do Rio das Pedras, um distrito localizado na região do alto Jequitinhonha, em Minas Gerais. No primeiro dia no set, Paulo experimenta o figurino do personagem: uma batina. Devido à mudança repeti-na, a produção não obtivera tempo hábil para adaptar a roupa às medidas do novo integrante do elenco. “A batina era muito grande. Aí ficou aquele impasse, uma coisa desagradável, uma saia justa. Aí o Eduardo Escorel, que era assistente de direção de Joaquim, com muito bom senso, disse o seguinte: ‘Corta a manga, encolhe a roupa’. Aí eu falei: ‘É isso aí! Se não pode esticar o ator, encolhe-se a roupa’. Então acharam a solução e deram uma apertadinha na batina. Como eu não tinha nada pra fazer a não ser o papel, eu o fazia com afinco ao ponto de as mulheres da cidade começarem a ver-me como padre. Algumas delas vinham pedir-me a confissão e eu dizia que não podia, pois era apenas um seminarista que ain-da não tinha diploma de padre. Era um lugar morto apesar de no passado ter sido próspero devido à extração de diamantes. Tinha duas matrizes; uma em cada lado das margens do Rio Jequitinho-nha. Quando chegamos lá pra fazer o filme, a produção construiu a ponte, pois a antiga havia sido levada por uma enchente. Foi uma alegria pra cidade. Foram maravilhosos três meses e meio!”.

A condução das filmagens de O Padre e A Moça foi feita de for-ma severa e rigorosa por Joaquim Pedro de Andrade que estava realizando o segundo longa-metragem. Para um ator que vinha de uma experiência teatral transgressiva e esfuziante, a atuação para o cinema exigia outra forma de interpretar, menos melodramática, com uma expressividade mais comedida. Em sua primeira prova no cinema, essa foi a lição que Paulo aprendeu com Joaquim.

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O clima político da época estava tenso e desencadeava certo patru-lhamento ideológico, especialmente no meio artístico-cultural. Por isso, a participação de Paulo José no filme de Andrade acabou rece-bendo críticas. Para algumas pessoas e organizações políticas, a temática do filme – o romance entre um padre e uma moça em um lugarejo no interior do Brasil – era equivocada para aquele contexto de Ditadura. A União Nacional dos Estudantes – UNE, por exemplo, ameaçou fazer confusão na estreia do longa, mas a exibição trans-correu sem qualquer incidente. Em 1967, Paulo recebe o Prêmio Saci do jornal O Estado de São Paulo pela sua atuação nesse filme.

No ano seguinte, as críticas foram ainda mais intensas devido à sua atuação na comédia carioca Todas as Mulheres do Mundo, primei-ro longa-metragem de Domingos de Oliveira. Agindo de maneira contrária à vontade de pessoas próximas, Paulo pediu licença do Arena de São Paulo e foi para o Rio de Janeiro trabalhar no filme.

O roteiro de Todas as Mulheres do Mundo havia sido escrito por Domingos de Oliveira como forma a tentar ter de volta o amor da atriz Leila Diniz, com quem o diretor fora casado por três anos e da qual havia se separado no ano anterior às filmagens. Modelo de beleza e de transgressão, Leila protagonizou esse longa-metragem que a imortalizou como ícone feminista daquela época. Também fizeram parte do elenco Flávio Migliaccio, Joana Fomm e Ivan de Albuquerque. Inicialmente, Oliveira o escrevera para ser um média-metragem cuja sequência da história seria Edu Coração de Ouro (1967), que se tornou o terceiro longa na carreira de Paulo José. A participação em Todas as Mulheres do Mundo rende o seu segundo prêmio na carreira de ator de Cinema: o Troféu Candango de Melhor Ator pelo II Festival de Cinema de Brasília em 1966.

Entre 1965 e 1968, ele atua em outros seis filmes: Bebel, Garo-ta Propaganda, de Maurice Capovilla; As Amorosas, de Walter Hugo Khoury; O Homem Nu, de Roberto Santos; Os Marginais, de Carlos Alberto Correa; Vida Provisória, de Mauricio Gomes Leite; e Como vai, vai bem?, de Alberto Salvá, Carlos Alberto Abreu, Carlos Alberto Camuyrano, Daniel Chutorlanscy, Valquíria Salvá e Paulo Veríssimo. Com apenas dois anos de presença na telona,

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Paulo José já recebia o Prêmio de Melhor Ator pelo conjunto de seus trabalhos no cinema, reconhecimento concedido pelo Insti-tuto Nacional de Cinema.

Em 1969, atua em Macunaíma, aclamada comédia de Joaquim Pedro de Andrade, baseada no romance homônimo de Mário de Andrade, que se torna marco do Cinema Novo. Amigo e frequen-tador da casa do diretor desde O Padre e A Moça (1965), Paulo, até então escalado para fazer o papel da Mãe do Macunaíma, viu de perto a escolha do elenco que contava com Grande Otelo, Dina Sfat, Jardel Filho, Milton Gonçalves, Joana Fomm, Rodolfo Arena, entre outros. Após a distribuição dos papéis, Joaquim chega a um impasse para definir quem interpretaria Macunaíma quando branco.

Paulo possuía o desejo de fazer o personagem, mas era o confidente das angústias do diretor diante o impasse na escolha do ator para o papel. Por isso, não externava as suas pretensões. “Eu estava ao lado dele todos os dias e pensava ‘por que ele não me chama?’, como custou! Ele me perguntava ‘o que você acha de tal ator?’ e eu respondia ‘é perfeito, é o próprio Macunaíma’ e elogiava todas as indicações. Até que um dia ele perguntou: ‘topa operar seu nariz? Se você operar o nariz, o papel do Macunaíma Branco é seu. Você tem um nariz difícil de fotografar, porque de perfil é fininho, mas é batatudo de frente’. Eu disse que não iria operar. No dia seguin-te, o Joaquim chegou pra mim e disse ‘pensando bem, você até tem o nariz do personagem: é europeu de perfil, negro de frente, e mameluco e cafuzo nos três quartos’. Ou seja, era um pouco de tudo, a própria síntese do homem brasileiro”.

Macunaíma é um marco do cinema brasileiro. Uma obra autêntica que imprime uma estética inovadora ao misturar o Cinema Novo com as chanchadas sob uma narrativa épica com elementos tropi-calistas e da cultura popular. Por outro lado, foi essa originalidade do filme que dificultou a sua posterior distribuição no mercado após a finalização. “Fomos de Seca a Meca, rodamos por todos os distribuidores para negociar o filme. Nós assistíamos ao filme com o exibidor na cabine da Líder, que era o laboratório da época, e ficava aquele silêncio quando acabava o filme. Daí o exibidor falava

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‘acho que o povo não vai entender, não tenho interesse no filme’”. Para um circuito mais convencional de cinema e até para a críti-ca especializada da época, faltavam parâmetros para classificar e entender Macunaíma, ao contrário do público que o recebia como se fosse uma comédia popular.

Com uma carreira de importantes festivais internacionais, Macu-naíma chegou a ser exibido na França em sessões distintas, com as presenças do antropólogo Claude Lévi-Strauss e do sociólogo Roger Bastide. Pela sua atuação, Grande Otelo recebeu prêmios em diver-sos festivais. No mesmo ano do filme, Paulo foi premiado como Melhor Ator pelo 1º Festival de Cinema do Norte, em Manaus.

Paulo José traz no currículo cerca de 40 filmes nos quais foi ator. Ao longo de sua carreira, sempre esteve preocupado em interpretar roteiros com os quais se identificava. Na década de 1970, também se aventurou na produção executiva dos longas-metragens: Deu-ses e os Mortos, de Ruy Guerra; e A Culpa, de Domingos de Oli-veira. Crente em um cinema autenticamente brasileiro, procurou envolver-se com filmes autorais e de menor custo, em detrimento de grandes projetos orientados pelo sucesso de bilheteria. “Minha experiência com cinema foi meio dolorosa, pois eu era muito soli-dário com o diretor do filme. Eu sempre privilegiava o cinema auto-ral, onde o diretor também era o produtor, geralmente com um investimento pessoal no projeto e feito com muita dificuldade, pois o plano não era comercializar o filme”.

Sua última participação no cinema foi em 2010 no filme O Palhaço, segundo longa-metragem dirigido por Selton Mello. “O fato de eu ter Parkinson me fez ter uma certa resistência a fazer cinema. Em 2002, havia feito Benjamim por insistência da diretora Monique Gardenberg. Me sentia velho, doente e cansado, mas ela insistia muito. Foi tão incondicional o voto de confiança dela que eu acabei aceitando. Já em Saneamento Básico, o Jorge Furtado me ofereceu um personagem que eu conhecia muito bem, aquele típico gaúcho colono e seu jeito de falar. Eu sabia como fazer aquilo, por isso não me preocupei – diferente do personagem de Benjamim, que era de uma outra classe social, um carioca; isso ficava mais difícil pra

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mim. N’O Palhaço, eu também resisti bastante e aconteceu algo parecido com a escolha do elenco para Macunaíma. O Selton, que na época era meu vizinho, ficava dando voltas e não achava o ator para fazer o palhaço pai. É aquela dificuldade do autor que tem para entregar um personagem que lhe é muito querido; há uma certa avareza e ciúme. A Kika, minha esposa, foi a figurinista do filme. A produção já caminhava e foi ela que sugeriu ao Selton que eu fizesse o personagem. Eu me sentia bem, seguro pra fazer o papel. E decidi topar. No primeiro encontro que tive com o Selton para falar sobre o filme, já fui com nariz e sapatos de palhaço!”.

Lançado em 2011, O Palhaço circulou diversos festivais, foi ampla-mente premiado e chegou a fazer parte da lista dos possíveis filmes estrangeiros para concorrer ao Prêmio de Melhor Filme Estran-geiro do Oscar de 2013. Pela sua atuação nesse longa, Paulo José recebeu alguns prêmios. Entre eles, o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2012 na categoria Melhor Ator Coadjuvante.

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“Nunca tive preconceito com a televisão por ser um produto da cultura de massa”

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No teatro, Paulo José traçou uma trajetória de atividades múltiplas e, sempre preocupado em viver a arte teatral na sua totalidade, buscou desenvolver um processo de criação quase artesanal. No cinema, dedicou-se de maneira quase exclusiva ao ofício de ator. Já na televi-são, apesar de em termos absolutos ter no currículo mais trabalhos como ator, sua maior dedicação foi à direção. Ele foi contratado pela TV Globo do Rio de Janeiro no final de 1969 e chegou a receber, na época, uma proposta para ir trabalhar na TV Tupi, a convite da autora de novela Glória Magadan. A disputa entre os dois canais lhe possibilitou um bom salário; isso era resultado, em parte, do sucesso do filme Macunaíma que fora lançado naquele mesmo ano.

Praticamente toda a sua carreira na TV foi na Globo; com exce-ção, justamente, de seu primeiro trabalho para esse meio. No início daquela década, junto com o Arena, Paulo trabalhou sob a direção de Zbigniew Marian Ziembinski em Os caminhos da medicina, uma série escrita por Walter George Durst e veiculada pela TV Excelsior, em São Paulo. Seu início como ator na emissora carioca foi em 1972 no papel do fotógrafo Zé Mário, personagem da novela Véu de Noiva, de Janete Clair. Em um dos ensaios da novela, Daniel Filho, que era o diretor, surpreende a todos e pede que Paulo dirija uma das cenas do texto. Paulo aceita o desafio e faz a direção.

Antes disso, em 10 de dezembro de 1971, a Globo exibiu A Pérola, o quarto episódio do programa Casos Especiais e a estreia de Pau-lo José como diretor na televisão. O roteiro era uma adaptação do romance homônimo do escritor americano John Steinbeck feita por Dias Gomes e tinha os atores Tarcísio Meira e Dina Sfat no elenco. Uma atualização do teleteatro, o Casos Especiais apresentava his-tórias feitas a partir de textos inéditos ou de adaptações de filmes, de peças de teatro e de obras literárias. Menos comprometido com

Um inventivo diretor de TV

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a audiência do que com as obras seriadas, o formato do programa possibilitava uma considerável experimentação. Os modos de pro-dução e de direção dos episódios também estavam mais próximos do cinema do que da telenovela. Paulo dirigiu mais de vinte episó-dios do Casos Especiais.

Ainda em 1972, Paulo José, junto com Flávio Migliaccio, seu amigo e companheiro do Arena, entra para o elenco da novela O Primeiro Amor, de Walter Negrão, sob a direção de Régis Cardoso. No folhe-tim, eles interpretavam os atrapalhados mecânicos Shazan e Xerife que, na condução da “camicleta” – uma mistura de cama e bicicleta, ofereciam seus serviços de consertos e faziam a alegria da cidade de Nova Esperança. O sucesso da dupla cômica se desdobrou no seriado infanto-juvenil Shazan, Xerife & Cia que estreou no final daquele ano e foi veiculada até março de 1974. “Foi um persona-gem que gostei muito de fazer. Havia uma identificação carinhosa e intensa do público. Nós íamos para os subúrbios do Rio de Janeiro fazer as gravações, pois as cenas eram praticamente todas externas. Aí tinha esse contato mesmo direto com as pessoas, era realista e gerava uma identificação com o povo. A gente viajava como o caminhãozinho pra fazer apresentações em circos. Chegamos a nos apresentar nos estádios do Mineirão, Beira Rio e Maracanã”.

Na televisão, Paulo trabalhou como ator em 46 produções. Em muitas delas, sua participação foi pontual e breve, mas na maior parte de seu tempo de trabalho ele esteve ocupado com a direção de especiais e de minisséries ou atuando na criação de novos for-matos de programa. Em 1978, dirigiu Ciranda, Cirandinha, um episódio do Casos Especiais que, devido ao sucesso de público, se desdobrou em uma série homônima que foi dirigida por Daniel Filho. Neste mesmo ano, ainda dirigiu Jorge, um brasileiro; outro episódio do programa e que tinha Antônio Fagundes como ator-protagonista. Esta obra também deu origem a uma outra série da TV: Carga Pesada – programa de Daniel Filho, com a direção de Gonzaga Blota e de Milton Gonçalves, que foi exibida de 1979 a 1981. Ainda na linha do teleteatro, em 1979, Paulo criou e dirigiu Aplauso, série ficcional que apresentava adaptações de peças de teatro para a televisão. O programa de estreia foi com a obra Ves-

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tido de Noiva, de Nelson Rodrigues, e tinha no elenco as atrizes Tônia Carrero e Suzana Vieira.

“Nunca tive preconceito com a televisão por ser um produto da cul-tura de massa. Tive a sorte de entrar na TV nos anos de 1970, que foi um período de invenção da TV brasileira enquanto linguagem. A gente fazia uso da literatura brasileira, a chamada cultura supe-rior, principalmente no Casos Especiais e nas minisséries. Estava ali todo o vocabulário brasileiro mais autêntico, eram histórias nas-cidas de escritores que criaram personagens densos, como São Ber-nardo, de Graciliano Ramos. Sempre achei que, do ponto de vista cultural, estávamos prestando um serviço ao trazer as pessoas para conhecerem autores como Érico Veríssimo, Jorge Amado, José Lins do Rego, entre outros. A nossa TV tinha a literatura como base e a literatura é uma coisa extremamente elaborada, com personagens bem elaborados e indestrutíveis mesmo quando maltratados pelo diretor ou pelo roteirista”.

Em 1982, Paulo foi o responsável pela implantação do Caso Verda-de. Uma resposta da TV Globo à audiência da programação popular da concorrente TV Tupi. Esse programa narrava, ao longo de uma semana, uma história cujo roteiro era baseado em fatos retirados de cartas enviadas pelos telespectadores. No último bloco da exibição de sexta-feira, o personagem real aparecia e atestava a autenticida-de da história. Paulo José trabalhou por um ano no Caso Verdade dirigindo mais de trinta edições.

Um aspecto menos conhecido em sua trajetória professional foi a sua inserção no mercado publicitário. Nas décadas de 1970 e 1980, ele dirigiu mais de duzentos comerciais para a televisão. “Inicial-mente, fui chamado para dirigir comerciais na Globotec. Eram testemunhais com atores sobre produtos. Aí, fui me inteirando do mercado publicitário, que é um pouco restrito e fechado, mas, quan-do você consegue entrar nele, aparece um comercial por semana para fazer. Eu viajava para Porto Alegre, São Paulo ou Belo Hori-zonte para realizar esses trabalhos e ganhava muito mais dinheiro dirigindo pra publicidade do que com o Cinema. Era uma vingança minha contra a miséria do Cinema, pois era possível gastar uma

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fortuna na gravação de um plano de cinco segundos e ser criativo à vontade e se podia ter tudo numa produção: os melhores equipa-mentos ou os melhores efeitos de edição da época. No começo, fazia comerciais sobre qualquer coisa; era deslumbrado com a publici-dade. Lembro-me de um comercial que gravamos na Avenida Rio Branco, aqui no Rio, ali na altura da Cinelândia. Era uma manhã de sábado ou domingo; eu no alto de uma grua fechando a avenida inteira, das seis até às oito da manhã. Depois de gravarmos o plano, a polícia liberava o trânsito e aquilo vinha fervendo. Aquele monte de veículos buzinando – putos – e eu lá em cima da grua! Eu acha-va magnífico, fantástico! Mas, de fato, não tem nenhum trabalho na publicidade de que gostei realmente de fazer”. Em 1983, Paulo ganhou o prêmio de Melhor Diretor de Comerciais, reconhecimen-to concedido pela Associação Brasileira de Propaganda.

Na noite de 8 de abril de 1992, foi ao ar a primeira transmissão do Você Decide, programa que foi um marco enquanto proposta de interatividade para a narrativa televisiva, sendo exibido até agosto de 2000. Cada episódio apresentava uma história cujo desfecho era definido pelos telespectadores por meio de uma votação via telefo-ne. Além de ter atuado na sua concepção e implantação, Paulo foi também o diretor geral ainda por dois anos e atuou na implantação desse formato de programa em diversos países como Espanha, Itá-lia, Portugal, Suécia entre outros.

Nas décadas de 1980 e 1990, Paulo também assinou a direção de minisséries que se tornaram marcos da dramaturgia televisiva. Em 1985, ele dirigiu O Tempo e o Vento, uma adaptação da obra de Éri-co Veríssimo feita pelo escritor Doc Comparato sob a colaboração de Regina Braga. Mesmo com apenas dois meses de pré-produção, um tempo curto para a dimensão do projeto, e sem o elenco defi-nido, as gravações foram iniciadas e a equipe teve que desdobrar-se até o ritmo de trabalho harmonizar-se. Dadas as condições de realização, para Paulo, O Tempo e o Vento foi um grande desafio professional, superado em parte pela possibilidade de tornar visí-veis na televisão todas aquelas histórias e personagens que fizeram parte do imaginário de sua infância no interior do Rio Grande do Sul. No ano seguinte, essa obra foi premiada como a Melhor Série

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para TV pelo 8º Festival Internacional de Cinema Latino Ame-ricano de Cuba.

Outros trabalhos de direção desse período foran as minisséries. Em 1993, dirigiu Agosto, uma adaptação feita por Jorge Furtado e Giba Assis Brasil do romance homônimo de Rubem Fonseca e que foi exibida entre agosto e setembro. No ano seguinte, fez a produ-ção A Madona de Cedro, exibida em oito capítulos, com o roteiro baseado na obra de Antonio Callado e a direção e supervisão geral de Tizuka Yamasaki; e Incidente em Antares, uma adaptação de Nelson Nadotti e Charles Peixoto da obra de Érico Veríssimo.

Ainda na década de 1990, o artista arrancou lágrimas do país intei-ro interpretando o texto de Manoel Carlos na novela Por Amor, exibida entre 1997 e 1998. Seu papel foi o do anti-herói carismático e alcoólatra Orestes que, junto com a atriz mirim Cecília Dassi, intérprete da personagem Sandrinha – a filha de Orestes, prota-gonizou cenas emocionantes. Sua última participação na televisão foi também em uma obra escrita por Manoel Carlos, Em Família, exibida de fevereiro a março deste ano, em que interpretou o per-sonagem Benjamim, um idoso com Mal de Parkinson – doença com a qual convive desde 1992. Desse encontro entre a vida real e a ficção folhetinesca, Paulo José nos presenteia com uma lição pro-fundamente sartriana que foi a de transformar os limites da própria existência na matéria-prima de sua arte dramática.

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1947 a 1953

Participação em todos os espetáculos teatrais do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora e eventos do Centro Cultural Dom Aquino Correa.

Estudos de piano, harmonia e solfejo no Instituto Municipal de Belas Artes.

Bagé – Rio Grande do Sul

Ator Amador e Semiamador

1954 - O Muro, de Jean Paul Sartre. Tradução de Lineu Dias

Entre o Vermute e a Sopa, de Arthur Azevedo

1956 - À Margem da Vida, de Tenesse Williams

1957 - A Descoberta do Novo Mundo, de Morvan Lebesque/Lope de Vega

No Tempo do Amadorismo, de Silveira Sampaio

1958 - Romeu e Julieta, de William Shakespeare

Amor Por Anexins, de Arthur Azevedo

A Almanjarra, de Arthur Azevedo

Um Demorado Adeus, de Tenesse Williams

A Farsa da Esposa Perfeita, de Edy Lima

Esperando Godot, de Samuel Beckett

Poetas e Poemas, poemas dramatizados de diversos autores

Rondó 58, poemas dramatizados e recitais de crônicas

Teatro

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Ator profissional

1961 - O Testamento do Cangaceiro, de Chico de Assis

Direção: Augusto Boal

Teatro de Arena - São Paulo

Revolução na América do Sul, de Augusto Boal

Direção: José Renato

Teatro de Arena – São Paulo

1962 - Eles Não Usam Black Tie, de Gianfrancesco Guarnieri

Direção: José Renato

Teatro de Arena – São Paulo

Os Fuzis da Senhora Carrar, de Bertolt Brecht

Direção: José Renato

Teatro de Arena – São Paulo

1963 - A Mandrágora, de Nicolau Maquiavel

Direção de Augusto Boal

Teatro de Arena – São Paulo

1964 - O Filho do Cão, de Gianfrancesco Guarnieri

Direção de Paulo José

Teatro de Arena – São Paulo

1965 - O Tartufo, de Molière

Direção de Augusto Boal

Teatro de Arena – São Paulo

Arena contra Zumbi, de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri

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Teatro de Arena – Rio de Janeiro

1968 - Os Inconfidentes, baseado na obra de Cecília Meirelles

Direção: Flávio Rangel

Teatro Municipal do Rio de Janeiro

1975 - A Mandrágora, de Nicolau Maquiavel

Direção de Paulo José

Teatro Casa Grande – Rio de Janeiro

1977 - Eu me lembro (leitura), de Geraldo Mayrink e Fernando Moreira Salles

Direção de Paulo José

1985 - A Fonte da Eterna Juventude, de Tiago Santiago

Direção de Domingos de Oliveira

Teatro Gláucio Gil – Rio de Janeiro

1987 e 1988 - Eu te Amo, de Arnaldo Jabor

Direção: Arnaldo Jabor

Teatro de Arena - Rio de Janeiro

1988 e 1989 - Delicadas Torturas, de Harry Kondoleon

Direção de Ticiana Studart

Teatro de Arena – Rio de Janeiro

1990 - Bukowski - Bicho Solto no Mundo, de Ticiana Studart

Direção: Ticiana Studart

Teatro Nelson Rodrigues – Rio de Janeiro

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1991 - O Tiro que Mudou a História, de Aderbal Freire Filho e Carlos Eduardo Novaes

Direção: Aderbal Freire Filho

Museu da República – Rio de Janeiro

2000 - A Controvérsia, de Jean Claude Carrière

Direção de Paulo José

Teatro Glória – Rio de Janeiro

2009 - Um Navio no Espaço ou Ana Cristina César

Direção: Paulo José

Teatro Oi Futuro Ipanema – Rio de Janeiro

Diretor

1958 - Rondó 58, com Mario de Almeida

1963 - Eles não Usam Black Tie, de Gianfrancesco Guarnieri

Teatro de Arena – Rio de Janeiro

1964 - O Filho do Cão, de Gianfrancesco Guarnieri

Teatro de Arena – São Paulo

1965 - Arena contra Zumbi, de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri

Teatro de Arena – Rio de Janeiro

1966 - Carnaval para principiantes, de Domingos de Oliveira, Eduardo Prado e Flávio Migliaccio

1967 - A Mandrágora, de Nicolau Maquiavel

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1972 - Dorotéia vai a Guerra, de Carlos Alberto Ratton

1975 - Reveillon, de Flávio Márcio

1976 - Gata em Teto de Zinco Quente, de Tennesse Williams

1977 - Seis Personagens à Procura de Autor, de Luigi Pirandello

1977 - É..., de Millor Fernandes

1978 - Murro em Ponta de Faca, de Augusto Boal

1998 - Dercy Gonçalves - 90 Anos - Uma Lição de Vida

1980 - Em Família, de Domingos de Oliveira

Transaminases, de Carlos Vereza

1989 - Ponto Limite, de Ana Kfoury, Paulo José e Lu Grimaldi

2000 - A Controvérsia, de Jean-Claude Carrière

Teatro Glória - Rio de Janeiro

2001 - Na Solidão dos Campos de Algodão, de Bernard-Marie Koltès

2003 - O Inspetor Geral, de Nikolai Gogol. Direção e adaptação

2005 - Um Homem é um Homem, de Bertolt Brecht. Direção e adaptação

2006 - Antonio e Cleópatra, de William Shakespeare. Direção e adaptação

2009 - Um Navio no Espaço ou Ana Cristina César, adaptação de Maria Helena Kuhner e Walter Daguerre

2011 - Histórias de Amor Líquido, de Walter Daguerre

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Murro em Ponta de Faca, de Augusto Boal

2012 - JT LeRoy – Um conto de Fadas Punk, de Luciana Pessanha

Cenógrafo

1957 - Romeu e Julieta, de William ShakespeareA Farsa da Esposa Perfeita, de Edy Lima

1958 - Esperando Godot, de Samuel Beckett

1962 - A Mandrágora, de Nicolau Maquiavel

1963 - O Noviço, de Martins Penna

1964 - O Inspetor Geral, de Nikolai Gogol

1965 - O Tartufo, de Molière

1977 - Seis Personagens à Procura de Autor, de Luigi Pirandello

2003 - O Inspetor Geral, de Nikolai Gogol

2005 - Um Homem é um Homem, de Bertolt Brecht

Figurinista

1962 - A Mandrágora, de Nicolau Maquiavel

1963 - O Noviço, de Martins Penna

1964 - O Inspetor Geral, de Nikolai Gogol

1965 - O Tartufo, de Moliére

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Iluminador

Hamlet, de William Shakespeare

Nossa Cidade, de Thorton Wilder

O Diabo Cospe Vermelho, de Maria Inês Barros de Almeida

Seis Personagens à Procura de Autor, de Luigi Pirandello

Marido Magro e Mulher Chata, de Augusto Boal

Eles Não Usam Black Tie, de Gianfrancesco Guarnieri

Tradutor

1963 - O melhor juiz, O Rei, com Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri adaptação livre de Lope de Vega. Editora Brasiliense, Coleção Teatro Universal

1977 - Seis Personagens à procura de um autor, de Luigi Pirandello

1979 - O Beijo da Mulher Aranha, de Manuel Puig

2003 - O Inspetor Geral, com Cacá e o Grupo Galpão

2005 - Um Homem é um Homem, com o Grupo Galpão

Produtor Executivo

1963 - A Mandrágora, de Nicolau Maquiavel

Teatro de Arena - São Paulo e Rio de Janeiro

1963 - Eles Não Usam Black Tie, de Gianfrancesco Guarnieri

Teatro de Arena - São Paulo e Rio de Janeiro

1964 - O Tartufo, de Molière

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Teatro de Arena - São Paulo e Rio de Janeiro

1965 - A Arena Contra Zumbi, de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri

Teatro de Arena - Rio de Janeiro

1965 - O Inspetor Geral, de Nikolai Gogol

Teatro de Arena – São Paulo

1966 - Carnaval para Participantes, de Domingos de Oliveira, Eduardo Prado e Flavio Migliacio

Teatro de Arena – Rio de Janeiro

1974 - O Colecionador, de John Fowles

1989 - Ponto Limite, de Ana Kfoury, Lu Grimaldi e Paulo José

Administrador Teatral

1963 a 1964 - Diretor administrativo do Teatro de Arena – São Paulo e Rio de Janeiro

1966 - Diretor Administrativo do Teatro de Arena do Rio de Janeiro

Outras atividades

1954 a 1960 - Contrarregra, assistente de direção, maquiador, maquinista etc. em diversos espetáculos do Teatro Universitário e Teatro de Equipe de Porto Alegre

Animador, diretor e escritor de Teatro de Fantoches de Porto Alegre

2002 - Oficina com o Grupo Galpão

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Cinema

Ator

1965 - O Padre e a Moça, de Joaquim Pedro de Andrade

1966 - Todas as Mulheres do Mundo, de Domingos de Oliveira

1967 - Edu, Coração de Ouro, de Domingos de OliveiraAs Amorosas, de Walter Hugo Khoury

1968 - Bebel, Garota Propaganda, de Maurice CapovillaO Homem Nu, de Roberto SantosOs Marginais, de Carlos Alberto CorreaVida Provisória, de Maurício Gomes LeiteComo vai, vai bem?, de Alberto Salvá, Carlos Alberto Abreu, Carlos Alberto Camuyrano, Daniel Chutorlanscy, Valquíria Salvá e Paulo Veríssimo

1969 - Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade

1971 - A Culpa, de Domingos de OliveiraGaudêncio, o Centauro dos Pampas, de Fernando Amaral

1972 - Cassy Jones, O Magnífico Sedutor, de Luiz Sergio Person

1975 - O Rei da Noite, de Hector Babenco

1982 - O Homem do Pau Brasil, de Joaquim Pedro de AndradeA Difícil Viagem, de Geraldo Moraes

1988 - O Mentiroso, de Werner Schnemman

1989 - Faca de Dois Gumes, de Murilo SallesDias Melhores Virão, de Cacá Diegues

1991 - A Grande Arte, de Walter Salles Jr.

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61

1994 - Os Moradores da Rua Humboldt, de Luciano Moura

1996 - Cheque Mate, Ricardo Bravo

1997 - Anahy de Las Misiones, de Sérgio Silva

1998 - Policarpo Quaresma, Herói do Brasil, de Paulo Thiago

1999 - Outras Estórias, de Pedro Bial

2001 - O Poeta das Sete Faces, de Paulo Thiago

2002 - O Casal dos Olhos Doces, de Felipe RodriguesDias de Nietzsche em Turim, de Júlio BressaneMorte, de José Roberto Torero

2003 - O Homem que copiava, de Jorge Furtado

2004 - O Vestido, de Paulo ThiagoBenjamim, de Monique GardenbergComo Fazer Um Filme de Amor, de Jose Roberto Torero

2005 - 500 Almas, de Joel Pizzini

2006 - Saneamento Básico – O Filme, de Jorge Furtado

2007 - Juventude, de Domingos OliveiraPequenas Histórias, de Helvécio Ratton

2008 - O Teu Sorriso, de Pedro FreireInsolação, de Felipe HirschA Festa da Menina Morta, de Matheus Nachtergaele

2009 - Meu País, de André Ristum

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A Morte de Quincas Berro D’água, de Sérgio Machado

2010 - O Palhaço, de Selton Mello

Produtor Executivo

1971 - Os Deuses e os Mortos, de Ruy GuerraA Culpa, de Domingos de Oliveira

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Televisão

Outras atividades

1998 a 1999 - Oficina de direção – TV Globo

2002 a 2003 - Oficina de direção – TV Globo

2008 - Assessoria – Controle de originalidade e qualidade de sinopses e argumentos para Central Globo de Produção

Ator

1969 - Véu de Noiva, novela de Janete Clair

1970 - Assim na Terra Como no Céu, novela de Dias Gomes

1971 - O Homem que Deve Morrer, novela de Janete Clair

1972 - O Primeiro Amor, novela de Walter Negrão

1973 a 1974 - Shazan, Xerife & Cia, seriado

1974 - Super Manuela, novela de Walter NegrãoSomos Todos do Jardim de Infância, caso especial de Domingos de Oliveira

1976 - O Casarão, novela de Lauro César MunizMeu Primeiro Baile, caso especial de Janete Clair

1979 - O ovo, tele-peça de Eugène IonescoA consulta, tele-peça de Ligia Fagundes TellesAlbertine Disparue, tele-peça de Fernando SabinoRiso na Cara, tele-peça

1982 a 1983 - Caso Verdade, participação em diversos episódios

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1983 - Feliz Ano Novo, Quarta Nobre de Euclides MarinhoO Santo Milagroso, Quarta Nobre de Lauro César Muniz

1984 a 1985 - O Tempo e o Vento, minissérie de Érico Veríssimo

1986 a 1987 - Armação Ilimitada, participação em vários episódios

1987 - Roda de Fogo, novela de Lauro César Muniz

1988 - Vida Nova, novela de Benedito Rui BarbosaSampa, minissérie de Gianfrancesco Guarnieri

1989 - Tieta, novela de Aguinaldo Silva

1991 - Araponga, novela de dias Gomes, Ferreira Gullar e Lauro C. MunizAs Pessoas da Sala de Jantar, caso especial de Gianfrancesco Guarnieri

1991 - Vamp, novela de Antônio Calmon, direção de Jorge Fernando

1992 - O Desaparecido e Mal Secreto, episódios de Você DecideSomos Todos do Jardim de Infância, caso especial de Domingos de Oliveira

1993 - O Mapa da Mina, novela de Cassiano Gabus MendesIsca de Policia, episódio da série Você DecideOlho no Olho, novela de Antônio Calmon

1994 - Madona de Cedro, minissérie de Antônio CalmonA Dívida, episódio de Você Decide de Ana Maria Nunes

1995 a 1996 - Explode Coração, novela de Glória Perez

1997 - Por Amor, novela de Manoel CarlosLuna Caliente, minissérie de Carlos Gerbase, Giba Assis Brasil e Jorge Furtado

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O Rio de Machado de Assis, documentário para TV dirigido por Kika Lopes

1998 - Labirinto, minissérie de Gilberto Braga

1999 a 2000 - A Muralha, minissérie de Denise Sarraceni

2001 - Um Anjo que Caiu do Céu, novela de Antônio Calmon

2003 - Agora é que São Elas, novela de Ricardo Linhares

2008 - Casos e Acasos, série de Carlo MilaniCapitu, minissérie de Luiz Fernando CarvalhoCiranda de Pedra, novela de Denise Sarraceni

2009 - Caminho das Índias, novela de Glória Peres

2011 - Morde e Assopra, novela de Walcir Carrasco

2014 - Em Família, novela de Manuel Carlos

Diretor

1972 - O Primeiro Amor, novela de Walter NegrãoDireção dos 10 últimos capítulos

1972 - A Pérola, caso especial de Dias Gomes/John Steinbeck,

1977 a 1978 - Quem Era Shirley Temple, caso especial de Osman LinsSolidão, caso especial de Gianfrancesco GuarnieriJorge, Um Brasileiro, caso especial de Oswaldo França

1978 - Jardim Selvagem, tele-peça de Ligia Fagundes TellesO Caminho das Pedras Verdes, tele-peça de Paulo Mendes CamposFeliz Aniversário, de Clarisse Lispector e Antonio Carlos Fontoura

1978 a 1979 - Ciranda, Cirandinha, série de Paulo Mendes Campos

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1979 - Aplauso, 26 programas de teatro para TV, criação e direção:- Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues- A Ilha das Cabras, de Ugo Betti- Um Grito Parado no Ar, de Gianfrancesco Guarnieri- O Ovo, de Eugène Lonesco- A Rainha do Agreste, de Ferreira Gullar- Duas ou Três Coisas sobre João Guimarães, O Rosa, colagem de textos de Guimarães Rosa- O Preço, de Artur Miller- As Pequenas Raposas, de Lílian Hellmann- Riso Na Cara, diversos textos de humor

1980 - Carga Pesada, de Gianfrancesco Guarnieri, Ferreira Gullar e outrosO Dia que Waldik Soriano foi a Sucupira, de Dias Gomes,Episódio da série O Bem Amado

1982 - Caso Verdade, criação e direção. Programa diárioDireção dos episódios: O Menino do Olho Azul, O Caso Cândida, O Caso Márcia e Gorda Sim, Por que Não

1983 - São Bernardo, de Graciliano RamosAdaptação de Lauro César Muniz. Quarta NobreCasal Vintém, de Euclides da Cunha. Quarta nobre

1984 a 1985 - O Tempo e o Vento, de Erico VeríssimoAdaptação de Doc Comparato. Minissérie

1987 - Expresso Brasil, de Dias GomesMini novela em 40 capítulos de Dias Gomes

1991 - O Caso do Martelo, de José Clemente PozzenatoEpisódio do Terça Nobre

1992 a 1993 - Você Decide, Direção Geral da série

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1993 - Agosto, de Rubem FonsecaAdaptação de Jorge Furtado e Giba Assis Brasil

1994 - Madona de Cedro, de Antonio CalladoSupervisão geral e direção de Tizuka YamasakiIncidente em Antares, de Érico VeríssimoAdaptação de Nelson Nadotti e Charles Peixoto

1995 - Família Brasil, 30 quadros de humor para a serie jornalística Contagem Recressiva

2007 - Palavras, Programa sobre poesia apresentado em quatro episódios no Fantástico

Produtor Executivo

2000 - João do Rio e a Alma Encantadora das RuasDocumentário dirigido por Kika Lopes para o canal GNT

2005 - Grupo Galpão – 20 Anos de EstradaDocumentário dirigido por Kika Lopes e André Amparo

NarraçãoO Índio de CasacaBocaina, Caminhos do AltoChico Buarque, FranciscoIlha das Flores, de Jorge FurtadoGuerra dos MeninosO Sorriso do LagartoOs CarvoeirosJoão do Rio e a Alma Encantadora das Ruas, de Kika LopesTom Jobim, Show nº 1Krajcberg – O Poeta dos VestigiosAnimal Planet – Canal Discovery Net WorksO Mundo cabe numa cadeira de barbeiro, de Roberto ToreroComo fazer um Filme de Amor, de Roberto Torero

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LocuçãoComerciais e institucionais para empresas, cinema, rádios e TV

2002 - Fundação Oswaldo Cruz

2003 - Poesias em Gotas - Interprogramas com 18 poesias para TVE

2003 - Petrobras – 50 anos

2003 - Som e Luz (projeto para Fundação Roberto Marinho)

ComerciaisDireção de mais de 200 comerciais

Clientes: Presidência da República, Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Grupo Vicunha, Gerdau, Bradesco Saúde, Banerj, Cieps, Tv Globo, Abecip, Produtos Império, Casas Pernambucanas, Mesbla, Rio Design Center, O Globo, Gillete do Brasil, Café Moinho de Ouro, Prosdócimo, General Eletric, Produtos Trevo, Lillo, Rio Sul, Casa Shopping, Disco, Sendas, Teacher´s do Brasil, Cyanamid, Faet, Fundação Roberto Marinho, Editora Globo, Esso, Atlantic e outros.

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1963 - Prêmio Molière: Melhor figurinista por A Mandrágora

Prêmio Padre Ventura – Associação Brasileira de Críticos

Teatrais: Melhor figurinista por A Mandrágora

1966 - Troféu Candango – 2º Festival de Cinema de Brasília:

Melhor ator pelo filme Todas as Mulheres do Mundo

1997 - Troféu O Saci – Jornal O Estado de São Paulo:

Melhor ator pelo filme O Padre e a Moça

Troféu Candango – 3º Festival de Cinema de Brasília:

Melhor ator pelo filme Edu Coração de Ouro

Prêmio Instituto Nacional de Cinema:

Melhor ator pelo conjunto de trabalhos em cinema

1969 - Iº Festival de Cinema do Norte – Manaus:

Melhor ator pelo filme Macunaíma

1971 - Medalha Roquete Pinto: Condecoração de Mérito Artístico

Premio Air France: Produção de melhor filme do

ano pelo filme Os Deuses e os Mortos

1972 - Troféu Helena Silveira: Personalidade do Ano na TV

1976 - Troféu Candango – 9º Festival de Cinema de

Brasília: Melhor ator pelo filme O Rei da Noite

1977 - Prêmio Governador do Estado de São

Paulo: Melhor Diretor pela peça Reveillon

1983 - Iº Festival de Cinema do Rio de Janeiro:

Melhor Ator pelo filme A Difícil Viagem

Associação Brasileira de Propaganda: Melhor

Diretor de Comerciais - Conjunto de trabalhos

1986 - Prêmio Profissionais do ano de 1985: Direção de Comerciais

Prêmios

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8º Festival Internacional do Novo Cinema Latino Americano

de Cuba: Melhor Série para TV O Tempo e o Vento

1989 - Prêmio Molière: Melhor Ator pela peça Delicadas Torturas

1990 - Prêmio Air France: Melhor Ator pelo filme Faca de Dois Gumes

1998 - Festival de Cuiabá: Melhor ator pelo filme Policarpo Quaresma

Festival de Vitória – 5º Vitória Cine e Vídeo: Homenageado do Festival

1999 - 2º Prêmio Estação Botafogo do Cinema Brasileiro:

Melhor Ator pelo filme Policarpo Quaresma

Título de Cidadão Honorífico de Porto Alegre

Titulo de Cidadão Catarinense

2000 - 28º Festival de Gramado: Troféu Oscarito Movstar

2002 - Festival da Bahia: Melhor Ator pelo filme A Morte

2004 - Festival de Miami: Melhor Ator pelo filme Benjamim

Prêmio TAM, Homenagem pelos trabalhos feitos no cinema

Comenda de Honra ao Mérito, Prêmio do Ministério da Cultura

Homenagem da RBS pelos trabalhos feitos na televisão

2005 - 7º Festival de Cinema Brasileiro de

Paris: Homenageado do Festival

2008 - Prêmio da Associação dos Correspondentes de Imprensa

Estrangeira no Brasil pelo conjunto de trabalhos no cinema

1º Festival de Paulínia: Prêmio de Melhor

Ator pelo filme Pequenas Histórias

36º Festival de Gramado: Prêmio Especial de

Qualidade Artística pelo filme Juventude

2012 - Homenagem do 6º Prêmio da Associação de

Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTR)

Festival SESC SP Melhores Filmes de 2012:

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Melhor Ator pelo filme O Palhaço

Prêmio Contigo de Cinema 2012: Melhor Ator

Coadjuvante pelo filme O Palhaço

Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2012: Melhor

Ator Coadjuvante pelo filme O Palhaço

1º Cine Festival de Araxá 2012: Melhor ator pelo filme O Palhaço

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Domingos de Oliveira - dramaturgo, cineasta e ator

Conheci Paulo José em um verão carioca escaldante. Anos 60. Paulo tinha chegado há pouco e era o galã revolucionário do Teatro de Are-na de São Paulo. Um príncipe, simplesmente um príncipe. Bonito, educado, inteligente - com uma mulher fantástica ao lado. Chamada Dina Sfat, a mulher mais linda que já vi.

Todos sem dinheiro no bolso, envolvemo-nos numa peça em coope-rativa que ele dirigiu. Era fevereiro, não havia ainda cadeiras no Tea-tro de Arena da Siqueira Campos. Era arquibancada de dura madeira que foram testemunhas de muitas e tensas reuniões políticas até o 68 do Ato Institucional. “Carnaval para principiantes” era um show de “esquerda” visando os turistas do fevereiro. Escrita por Eduardo Prado, que viria a ser o autor do meu segundo filme “Edu, coração de ouro”. No palco conosco a atriz Joana Fomm. Cantavam no espetá-culo, entre outros, Nelson Sargento, Jairzinho, Mauro Duarte e Elton Medeiros. O diretor musical era um rapaz longilíneo e talentoso cha-mado Paulinho da Viola. Com essa ficha técnica desconhecida foi um fracasso absoluto. Fazia na pequena arena da Siqueira Campos um calor do Senegal. Porém, nos divertimos muito. Direção de Paulo José.

Pouco depois ele filmava com Joaquim Pedro de Andrade, figura de proa do Cinema Novo, apenas encimado por Glauber Rocha. Depois disso, todo mundo queria trabalhar com Paulo. Inteligente e bonito só tinha o Paulo.

Quando veio o filme “Todas as Mulheres do Mundo”, que era um filme de paixão, tive que escolher meu alter ego. Quem iria tomar nos braços e beijar a boca da minha amada Leila Diniz? Paulo José. Os galãs do Cinema Novo tinham de ser personagens inteligentes.

A filmagem começou. A locação principal era, como não podia deixar de ser, o meu próprio apartamento. O ator era Paulo, cujos irmãos insistiam em dizer que era irmão também. Para a primeira tomada, a câmera foi posta na varanda, sob o olhar fiel e atento de Mário Carneiro.

Depoimentos

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O sucesso estrondoso e inédito do filme somente podia nos unir. Dizem, mas não provam, que muita gente do Cinema Novo foi contra Paulo fazer o Edu, trabalhar de novo com Domingos Oliveira, aquele alienado, que não fazia da política seu único tema.

“Edu, coração de ouro” não fez sucesso, pagou as despesas, talvez porque era um filme demasiadamente semelhante, embora apenas no estilo, ao “Todas as Mulheres”. Eram motivos suficientes para que os martelos levantados pelo sucesso anterior descessem sobre minha existencial cabeça, mas Paulo, como sempre, estava excepcio-nal e outro dia, décadas depois, Paulo me disse: “quando eu fiz ‘Edu, coração de ouro’, achei que estava fazendo uma comédia. Revi o filme recentemente. É a história de um homem prestes ao suicídio!”.

Anos mais tarde fizemos “A Culpa”. Fizemos é modo de dizer. Pau-lo mobilizou recursos que tinha e não tinha para que eu realizasse aquele meu sonho cinematográfico. E perdeu muito dinheiro. uma estranhíssima estória de dois irmãos (ele e Dina) que assassinavam, junto com o noivo dela (Nelson Xavier) o pai primevuo todo pode-roso. Ganhamos o prêmio de melhor direção do ano. Nelson Pereira gostou muito. Hoje é meu filme mais revisto.

Continuou a vida e fizemos muita coisa na televisão, eu e o Paulo. Nosso patrão na TV era o grande Ziembinski. Tempos de glória, embora ainda não devidamente reconhecida. Caso Especial em preto e branco, depois cores e o memorável Aplauso. Paulo tem direções notáveis neste período, no nível do nosso melhor cinema.

Pressinto que teria que me estender demais para tornar aceitável o depoimento sobre minha vida com Paulo José. É daquelas gerações pelas quais é pequena até a palavra amizade. Ele está presente e me apoiando em todos os momentos importantes da minha vida, vida minha. Minha peça biográfica “Do fundo do lago escuro” foi dirigida pela primeira vez no teatro por ele. “Juventude” todo mundo ama...

E agora no final da vida, garotos de setenta e seis, setenta e sete ou oito anos, dividimos as dificuldades da velhice. Trocando conselhos como se fôssemos (acho que somos) crianças brincando de invadir castelo e matar o dragão. Não quero dizer que Paulo foi uma benção

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ou irmão que a vida me deu: foi um prazer enorme e diante dele me torno religioso só para poder dizer ‘Deus te proteja, Paulo. A ti e a todos os teus!’.

Fernanda Montenegro - atriz

“E, na secura nossa, amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.”

Carlos Drummond de Andrade

Esta é a imagem que o homem Paulo José imprime em tudo que ele realiza no seu viver. É paradoxalmente um crente na sua descrença que crê.

Tem uma vida presente em muitas áreas da nossa cultura. É uma pessoa sempre altamente qualificada, jamais previsível ou esgotada. Há sempre nele propostas de muitos caminhos a seguir e, ao optar, a escolha nasce com luz, nasce fremente, generosa, aglutinadora. Põem-se à prova a cada desafio quer ao criar, quer em sua vida mes-ma. E nos apaixonamos por ele.

Paulo José, nos seus tantos anos atuando em tantas frentes, sempre nos seduz, nos conquista com sua visão vertical sobre o material a trabalhar. Quem passou por ele, quem se aproximou dele o que mais deseja, o que mais espera é voltar a tê-lo junto, quer atuando, quer como amigo, companheiro.

Paulo José é inspirador. Inesgotável.

Jamais nos chega com uma só visão, com um só esquema, fechado em propósitos ditatoriais. Sua diversificação de possibilidades criadoras quer no teatro, no cinema, na TV e (por que não?) na vida, nos tira sempre do conformismo, da acomodação, o que nos livra, como com-panheiros de trabalho ou como plateia, do previsível, da saturação.

Tê-lo é um privilégio.

Agradeço ao Festival de Vitória, ao homenagea-lo, esta oportunidade de dizer o quanto eu o amo, o quanto nós o amamos.

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Não há dois Paulo José. É peça única.

Paulo querido, na nossa cultura você faz parte do melhor que o nos-so país tem para nos dignificar, criar, acrescentar, irmanar.

Grande abraço,

Rio de Janeiro, 06 de agosto de 2014

Laura Cardoso - atriz

Paulo José, grande nome do teatro, do cinema e da televisão.

Sua atuação é sempre brilhante e reconhecida nos três veículos.

Luiz Carlos Lacerda - cineasta

A primeira vez que assisti Paulo José foi numa montagem do Arena, “A Mandrágora”, de Maquiavel, com Dina Sfat, Fauzi Arap e Mil-ton Gonçalves, na minha adolescência – ávido por consumir aquele teatro montado de uma forma inusitada pelo já famoso e incensado Arena de São Paulo. Naquela época, os novos ares do palco sopravam da Paulicéia Desvairada desde o Oficina e da bela e corajosa Maria Della Costa – a primeira a montar Brecht e Plínio Marcos no Brasil e que merece um reconhecimento até hoje não registrado.

No palco, aquele jovem cheio de talento e juventude dava ao seu personagem tons nunca dantes navegados – mas fundamentados na sua visível formação teatral e acadêmica (também seria oriundo da EAD, de onde saíram muitos importantes atores ?).

Através de minha amiga Leila Diniz, com quem assisti “A Mandrágo-ra”, conheci mais de perto o ator de “Todas as mulheres do mundo” e de “Edu,coração de ouro” – estrelados pela dupla anos mais tarde. Cooptado pelos cineastas do Cinema Novo, estreou em “O Padre e a Moça”, de Joaquim Pedro de Andrade, uma das mais comoventes interpretações da história do cinema brasileiro, dando vida ao obsti-nado religioso do poema de Drummond em sua paixão proibida - nada mais emblemático na cultura de Minas - pela vertiginosa presença de

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Helena Ignez, também uma fonte transbordante de talento e beleza.

Foram nas assembleias da classe de cinema que estivemos mais per-to, nas madrugadas varadas nos teatros Santa Rosa, da Praça, Teatro Jovem, organizando a nossa participação nas passeatas contra a dita-dura convocadas pelos estudantes e intelectuais.

Ele e Dina, mãe de seus filhos e uma de nossas mais lindas e boas atrizes.

Conspirávamos noite adentro !

Tudo já se falou de Paulo José e de sua magnânima interpretação em “Macunaíma”. Não poderia deixar de lembrar de “O Homem Nu”, de Roberto Santos, “Policarpo Quaresma”, de Paulo Thiago, e tanto que contribuiu para tornar mais qualitativa a dramaturgia da TV.

De Paulo José diretor, o que mais me emocionou e o define como o grande artista que é, foi a versão para a telinha do clássico “Vestido de Noiva”– do nosso maior dramaturgo, Nelson Rodrigues. Por seu olhar moderno sobre um quase clássico e a coragem de transgredir os limites de linguagem da TV.

Ser seu contemporâneo e acompanhar seu trabalho durante meio século de multiplicidade é um dos troféus de quem contempla seu tempo com a alegria de um privilegiado.

Viva Paulo José!

Clara, Ana e Bel Kutner – filhas de Paulo José

Pai, papai, Paulo José, P.J., comilão, Seu José, Macunaíma, Quincas, Orestes, Benjamin, Policarpo, Edu, Bukowski...

Tudo isso é muito mais: o guri de Lavras do Sul, que quebra vidraça de casa, enfia a cabeça do irmão no forno, exímio orador do colégio marista, um charme com as meninas à cavalo ou na lambreta;

Eletricista,cenógrafo,figurinista,artista de palco,tela,ecran e circo.

Muita gente fala:o pai de vocês é tão fofinho! INHO?!

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Ele não tem nada de INHO! Papai é hipérbole, nunca eufemismo!

Certa feita,chega em casa com os cabelos todos brancos!ana,apavo-rada,acha que ele envelheceu de repente, e corre para contar: “Nosso pai é mágico!”. O que acreditávamos, já que contando histórias para nos fazer dormir, criava cada personagem com voz própria, músicas inventadas, um sucesso de público e crítica!

Generoso, engraçado,sem espertezas, mas esperto como água pron-ta para ferver. Sempre pronto para um pulo. Sempre pronto para surpreender!

Com delicadeza, graça, tragicômico, trazendo nos olhos a dimensão do patético da vida.

Um pateta. Um sábio. O bobo de clarice. Um cara fácil de amar.

Mora muita gente dentro dele! Todo um incrível exército de Branca-leone, com trilha sonora e tudo: branca, branca, branca, leon, leon…;

Mas, se fosse pra escolher uma música da nossa infância com ele, seria “Touradas em Madri”! Para ra tim bum bum bum…

É muita coisa para falar no meio de tantas heranças antropofágicas: casa sempre aberta, comida certa, arte, cachorro, gato, papagaio e uma admiração infinita…

Marcos Flaksman – Cenógrafo e arquiteto cênico

O quê dizer sobre Paulo José?

Paulo é um homem generoso, talentoso, seletivo e atento. Isso não é pouco.

Mas é mais que isso, Paulo é um artista.

No teatro, no cinema e na televisão deixou sua marca e viveu uma parcela importante de sua vida.

Arte verdadeira tem muito de doação e é isso que vemos na sua obra.

Paulo é também um cara simples e, para minha sorte, posso dizer

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que é meu companheiro de trabalho e meu amigo.

Essa homenagem é minha também e mais que justa!

Viva Paulo José! Viva a arte brasileira! Viva o cinema!

Muitos beijos!

Selton Mello – diretor e ator

Paulo José merece todas as homenagens do mundo!

Um ator extraordinário que é peça fundamental na história de nosso cinema.

Também na tv e no teatro sempre fez a diferença por onde passou, com seu brilho diferenciado.

Como ator ou diretor sempre alcançou momentos sublimes. E sem-pre será meu Pai Aço...

O palhaço que Paulo José deu vida em meu filme extrapola a tela e atinge outras dimensões

Ali, atrás de um nariz vermelho, está um dos maiores atores que esse país já conheceu.

E sua maneira de ver a vida e a forma nobre como enxerga nossa profissão é muito comovente.

Sou um privilegiado por compartilhar parte de minha vida com esse grande artista chamado Paulo José.

E desejo sempre o melhor do mundo para meu Pai Aço!

Vania Catani – produtora de cinema

Tô há dias tentando escrever este texto sobre Paulo José, para Fes-tival de Vitória que, muito justamente, o homenageia este ano. Já comecei umas sete vezes, mas tudo fica aquém no meu imenso amor e admiração pelo Paulo.

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Tô aqui tentando de novo e de novo devo não chegar a dar conta de tudo que sinto, lembro e quero dizer sobre ele.

Vamos lá.

Paulo José sempre este na minha vida, desde menina. Primeiro, dentro da TV da sala encarnando o lendário Shazam da sensacional dupla Shazam e Xerife que marcou todas as crianças brasileiras da década de 70.

Todos os dias eu estava com ele. E era bom demais.

Daí, depois de uns encontros mais espaçado em filmes e novelas, encontramos novamente uns 20 anos depois.

Sem saber muito como, estava ele ali na minha frente no primeiro dia de filmagem, do primeiro filme que produzi, para filmar o pri-meiro plano. Impressionante, não podia ser mais maravilhoso meu batismo no Cinema.

Era uma manhã fria de junho ou julho e quase todos ali estávamos estreando na produção de um longa. Era o “Outras Estórias”, dirigido pelo Pedro Bial.

Era também em Montes Claros, cidade que nasci, e este dado dava a tudo ainda mais encantamento para aquele instante.

Ele, Paulo, todo pimpão esperando os preparativos normais de uma filmagem, passeava alegremente montado de costas no cavalo traja-do com seu inesquecível Tio Man’Antonio.

Eu, tomada de emoção por penetrar pela primeira vez no portal do Cinema, ciente que não voltaria dali muito fácil.

Desde aí, vejo o Paulo quase todo mês, e alguns meses vejo toda semana. Em tempos de sorte o vejo todos os dias.

Nos fizemos amigos, estimulamos nosso afeto e hoje o Paulo é da minha família. Fizemos também outras malinezas depois do Rosa.

No nosso “A Festa da Menina Morta” ele surge endiabrado com o padre bêbado e louco.

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E no nosso “O Palhaço”, ele simplesmente nos concede a plenitu-de do seu mais alto talento com o maravilhoso Waldemar/ Puro Sangue. Neste aqui, me orgulho mais ainda porque fui eu que tive a felicidade de sugerir ao diretor Selton Mello para o papel.

Agora tamos aí preparando mais uma estripulia cinematográfica que anunciaremos em breve.

Enquanto isso rimos, falamos, bebemos, comemos e somos felizes em torno da mesa da sua cozinha sempre farta com os milagres gas-tronômicos da sua Kika, amada por ele e por mim.

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Capa - Filme Cassy Jones, O Magnífico Sedutor, de Luiz Sergio Person (1972).

Pág. 04 - Filme Gaudêncio, o Centauro dos Pampas, de Fernando Amaral (1971)

Pág. 06 - Filme Policarpo Quaresma, Herói do Brasil, de Paulo Thiago (1998).

Pág. 08 - Filme Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade (1969)

Pág. 13 - Com as filhas Bel, Ana e Clara Kutner (2012)

Pág. 14 - Foto 1: Família Gómez e Souza, da direita para esquerda, os irmãos

Antônio Cláudio, Paulo José (em destaque), Orlando Carlos, Luís Alberto e

Arlindo Fábio. Ao centro, Arlindo Ferreira de Souza e Maria Del Carmem Gómez

de Souza, pais de Paulo José (1948) Foto 2: Paulo José e os pais (1976)

Pág. 21 - Peça A Controvérsia, de Jean Claude Carrière, direção de Paulo

José que, na foto, divide o palco com o ator Matheus Nachtergaele

Pág. 22 - Peça Delicadas Torturas com a atriz Zezé Polessa (1988)

Pág. 31 - Filme O Padre e a Moça, de Joaquim Pedro de

Andrade, com a atriz Helena Ignez (1965)

Pág. 32 - Filme O Palhaço, de Selton Mello. Na foto, o próprio diretor do filme (2011)

Pág. 41 - Seriado Shazan, Xerife & Cia com ator Flávio Migliacio (1973)

Pág. 42 - Novela Super Manoela, de Walter Negrão, com o ator Antônio Pedro (1974)

Pág. 48 - Peça Os Fuzis da Senhora Carrar, de Bertolt Brecht, com a atriz Dina Lisboa (1962)

Pág. 58 - Filme Edu, Coração de Ouro, de Domingos de

Oliveira, com a atriz Maria Gladys (1967)

Pág. 63 - Episódio do programa Você Decide com a sua filha e atriz Bel Kutner (1999)

Pág. 64 - Novela Explode Coração, de Glória Perez, com os

atores Estênio Garcia e Laura Cardoso (1995)

Pág. 71 - Filme O Homem Nu, de Roberto Santos (1968)

Pág. 72 - Filme A Vida Provisória, de Mauricio Gomes Leite, com a atriz Dina Sfat (1968)

Pág. 76 - Minissérie Madona de Cedro, minissérie de Antonio Calmon (1994)

Pág. 77 - Filme Todas as Mulheres do Mundo (1966)

Pág. 78 - Gravações da minissérie Agosto (1993)

Pág. 88 - Peça Transaminases, de Carlos Vereza (1980)

Legenda das fotos

Page 90: Caderno do VCV - Homenageado Nacional / Paulo José

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

CADERNO DO VCV - HOMENAGEADO NACIONAL. Paulo Gois Bastos (Editor). Vitória: 21° Vitória Cine Vídeo, Set 2014. Anual.

92p.: il. (Festiva de Vitória – 21° Vitória Cine Vídeo, 14º Edição).

1. Paulo José 2. Teatro. 3. Cinema. 4. Filmografia 5. Televisão 6. Festiva de Vitória – 21° Vitória Cine Vídeo. I. Bastos, Paulo Gois. (Editor).

C122

Referências Pesquisadas

CARVALHO, Tânia. Paulo José: memórias substantivas. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Cultura - Fundação Padre Anchieta. São Paulo, 2004.

PORTO, Joyce Teixeira, NUNES, Marisa. Coleção Cadernos de Pesquisa: Teatro de Arena. São Paulo. Centro Cultural São Paulo. São Paulo, 2007.

RAMOS, José Mário Ortiz. Cinema, televisão e publicidade: cultura popular de massa no Brasil nos anos 1970-1980. 2ª edição. Annablume. São Paulo: 2004.

Enciclopédia Itaú Cultural do Teatro. Disponível em: http://www.itaucul-tural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_teatro/ . Acesso em: 9 de setembro de 2014.

Memória Globo. Disponível em: http://memoriaglobo.globo.com/ . Acesso em: 9 de setembro de 2014.

SOUZA, Paulo José Goméz. Cidade do Rio de Janeiro-RJ, 22 de julho de 2014. Entrevista concedida a André De Biase, Bel Kutner, Lucia Caus e Paulo Gois Bastos.

Page 91: Caderno do VCV - Homenageado Nacional / Paulo José

Festival de Vitória - 21º Vitória Cine Vídeo

FICHA TÉCNICA

Caderno do VCV - Homenageado Nacional

Projeto Editorial - Lucia Caus Delbone e Paulo Gois Bastos

Reportagem e edição - Paulo Gois Bastos (MTB/ES 2530)

Projeto Gráfico e Diagramação - Paulo Prot

Fotografia - acervo pessoal de Paulo José e Daryan Dornelles (página 13)

Revisão de Texto - Luiz Cláudio Kleiam

Ficha Catalográfica - Jaqueline Dash

Especificações Gráficas

Tipografia - Gandhi Serif (textos) e Chaparral Pro (títulos)

Papéis - Cartão Supremo 250 g/m² na capa e Couche Matte Fosco no miolo

O Caderno do VCV - Homenageado Nacional é uma publicação do Festival de Vitória - 21º Vitória Cine Vídeo (VCV), evento realizado entre 12 e 17 de setembro em Vitória-ES. O VCV é uma realização da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte.

Nosso endereço e contatos: Rua Professora Maria Cândida da Silva, nº 115-A - Bairro República - Vitória/ES. CEP 29.070-210.

Tel.: 27-3327-2751 / [email protected]

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