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Prefácio Quem sustenta o vício, encarcera-se nele. André Luiz * Caro(a) Leitor(a): Procurando fortalecer seus esforços em prol da vida, a Federação Espírita Brasileira incluiu a temática sobre drogas na reativação da Campanha Em Defesa da Vida. Reconhecemos o padecimento daqueles que se debatem na dependência emocional e física e nos estados degenerativos, causados pela utilização dos tóxicos, sem conseguirem a libertação do vício que lhes proporciona fugas dolorosas da realidade da vida. As páginas seguintes contêm a posição da Doutrina Espírita perante o desafio das drogas. Exaltam o amor, a educação no lar, o conhecimento da vida espiritual e tantos * (Agenda Cristã, psicografia de Francisco C. Xavier, cap. 36, 42. ed. FEB.)

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Prefácio

Quem sustenta o vício, encarcera-se nele.

André Luiz*

Caro(a) Leitor(a):

Procurando fortalecer seus esforços emprol da vida, a Federação Espírita Brasileiraincluiu a temática sobre drogas na reativaçãoda Campanha Em Defesa da Vida.

Reconhecemos o padecimento daquelesque se debatem na dependência emocional efísica e nos estados degenerativos, causadospela utilização dos tóxicos, sem conseguirema libertação do vício que lhes proporcionafugas dolorosas da realidade da vida.

As páginas seguintes contêm a posiçãoda Doutrina Espírita perante o desafio dasdrogas. Exaltam o amor, a educação no lar,o conhecimento da vida espiritual e tantos

*(Agenda Cristã, psicografia de Francisco C.Xavier, cap. 36, 42. ed. FEB.)

outros recursos para o enfrentamento dequestão tão séria.

Não permita que a vida humana sejadesperdiçada.

Diga não às drogas!

Enfoque da

Codificação Espírita

Questão 645. Quando o homem seacha, de certo modo, mergulhadona atmosfera do vício, o mal não selhe torna um arrastamento quaseirresistível?

Arrastamento, sim; irresistível, não;porquanto, mesmo dentro da atmosfera dovício, com grandes virtudes às vezesdeparas. São Espíritos que tiveram a forçade resistir e que, ao mesmo tempo, recebe-ram a missão de exercer boa influênciasobre os seus semelhantes.

Questão 911. Não haverá paixõestão vivas e irresistíveis, que avontade seja impotente para domi-ná-las?

Há muitas pessoas que dizem: Quero,mas a vontade só lhes está no lábios.Querem, porém muito satisfeitas ficam quenão seja como querem . Quando o homemcrê que não pode vencer as suas paixões, é

que seu Espírito se compraz nelas, em con-seqüência da sua inferioridade. Compreendea sua natureza espiritual aquele que asprocura reprimir. Vencê-las é, para ele, umavitória do Espírito sobre a matéria.

913. Dentre os vícios, qual o que sepode considerar radical?

Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo.Daí deriva todo mal. Estudai todos os víciose vereis que no fundo de todos há egoísmo.Por mais que lhes deis combate, nãochegareis a extirpá-los, enquanto não ata-cardes o mal pela raiz, enquanto não lhehouverdes destruído a causa. Tendam, pois,todos os esforços para esse efeito, porquantoaí é que está a verdadeira chaga dasociedade. Quem quiser, desde esta vida, iraproximando-se da perfeição moral, deveexpurgar o seu coração de todo sentimentode egoísmo, visto ser o egoísmo incompatívelcom a justiça, o amor e a caridade. Ele neu-traliza todas as outras qualidades.

(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, 1. ed. espe-cial, FEB.)

Cuidar do corpoe do espírito

Consistirá na maceração do corpo aperfeição moral? Para resolver essa questão,apoiar-me-ei em princípios elementares ecomeçarei por demonstrar a necessidade decuidar-se do corpo que, segundo as alterna-tivas de saúde e de enfermidade, influi demaneira muito importante sobre a alma, quecumpre se considere cativa da carne. Paraque essa prisioneira viva, se expanda e che-gue mesmo a conceber as ilusões da liberda-de, tem o corpo de estar são, disposto, forte.Façamos uma comparação: Eis se achamambos em perfeito estado; que devem fazerpara manter o equilíbrio entre as suas apti-dões e as suas necessidades tão diferentes?Inevitável parece a luta entre os dois e difícilachar-se o segredo de como chegarem aequilíbrio.1

1 O último período desse parágrafo inevitável parece aluta entre os dois e difícil achar-se o segredo de comochegarem a equilíbrio não aparece nas novas edições

Dois sistemas se defrontam: o dos asce-tas, que tem por base o aniquilamento docorpo, e o dos materialistas, que se baseia norebaixamento da alma. Duas violênciasquase tão insensatas uma quanto a outra. Aolado desses dois grandes partidos, formiga anumerosa tribo dos indiferentes que, semconvicção e sem paixão, são mornos no amare econômicos no gozar. Onde, então, asabedoria? Onde, então, a ciência de viver?Em parte alguma; e o grande problemaficaria sem solução, se o Espiritismo nãoviesse em auxílio dos pesquisadores, de-monstrando-lhes as relações que existementre o corpo e a alma e dizendo-lhes que,por se acharem em dependência mútua,importa cuidar de ambos. Amai, pois, avossa alma, porém, cuidai igualmente dovosso corpo, instrumento daquela. Desaten-der as necessidades que a própria Naturezaindica, é desatender a lei de Deus. Não cas-tigueis o corpo pelas faltas que o vosso livre-

francesas desde a 3a mas se acha na 1a edição e, por isso,a repomos no texto, corrigindo um evidente erro deimpressão. A Editora.

-arbítrio o induziu a cometer e pelas quais éele tão responsável quanto o cavalo maldirigido, pelos acidentes que causa. Sereis,porventura, mais perfeitos se, martirizando ocorpo, não vos tornardes menos egoístas,nem menos orgulhosos e mais caritativospara com o vosso próximo? Não, a perfeiçãonão está nisso: está toda nas reformaspor que fizerdes passar o vosso Espírito.Dobrai-o, submetei-o, humilhai-o, mortifi-cai-o: esse o meio de o tornardes dócil àvontade de Deus e o único de alcançardesa perfeição. Jorge, Espírito protetor.(Paris, 1863.)

(O Evangelho segundo o Espiritismo, AllanKardec, cap. XVII, item 11, 1. ed. especial, FEB.)

Espíritos sofredores Exprobrações de um boêmio

(Bordéus, 19 de abril de 1862)

30 de julho. Presentemente soumenos infeliz, visto não mais sentir a pesadacadeia que me jungia ao corpo. Estou livre,enfim, mas ainda não expiei e preciso é querepare o tempo perdido se eu não quiser pro-longar os sofrimentos. Espero que Deus,tendo em conta a sinceridade do arrependi-mento, me concede a graça do seu perdão.Pedi ainda por mim, eu vo-lo suplico.Homens, meus irmãos, eu vivi só para mime agora expio e sofro! Conceda-vos Deus agraça de evitardes os espinhos que ora melaceram. Prossegui na senda larga do Senhore orai por mim, pois abusei dos favores queDeus faculta às suas criaturas!

Quem sacrifica aos instintos brutos ainteligência e os bons sentimentos que Deuslhe dá, assemelha-se ao animal que muitasvezes se maltrata. O homem deve utilizar-se

sobriamente dos bens de que é depositário,habituando-se a visar a eternidade que oespera, abrindo mão, por conseqüência, dosgozos materiais. A sua alimentação deve terpor exclusivo fim a vitalidade; o luxo deveapenas restringir-se às necessidades da suaposição; os gostos, os pendores, mesmo osmais naturais, devem obedecer ao mais sãoraciocínio; sem o que, ele se materializa emvez de se purificar. As paixões humanas sãoestreitos grilhões que se enroscam na carnee, assim, não lhes deis abrigo. Vós nãosabeis o seu preço, quando regressamos àpátria! As paixões humanas vos despemantes mesmo de vos deixarem, de modo achegardes nus, completamente nus, ante oSenhor. Ah! cobri-vos de boas obras que vosajudem a franquear o Espaço entre vós e aeternidade. Manto brilhante, elas escondemas vossas torpezas humanas. Envolvei-vos nacaridade e no amor vestes divinas queduram eternamente.

Instruções do guia do médium. EsteEspírito está num bom caminho, porquanto,além do arrependimento, aduz conselhos

tendentes a evitar os perigos da senda porele trilhada.

Reconhecer os erros é já um mérito eum passo efetivo para o bem: também porisso, a sua situação, sem ser venturosa, deixade ser a de um Espírito infeliz.

Arrependendo-se, resta-lhe a repara-ção de uma outra existência. Mas, antes delá chegar, sabeis qual a existência desseshomens de vida sensual que não deram aoEspírito outra atividade além da invenção denovos prazeres?

A influência da matéria segue-os além--túmulo, sem que a morte lhes ponha termoaos apetites que a sua vista, tão limitadacomo quando na Terra, procura em vão osmeios de os saciar. Por não terem nuncaprocurado alimento espiritual, a alma erra novácuo, sem norte, sem esperança, presadessa ansiedade de quem não tem diante desi mais que um deserto sem limites. A ine-xistência das lucubrações espirituais acarretanaturalmente a nulidade do trabalho espiri-tual depois da morte; e porque não lhe

restem meios de saciar o corpo, nada restarápara satisfazer o Espírito.

Daí, um tédio mortal cujo termo nãoprevêem e ao qual prefeririam o nada. Mas onada não existe... Puderam matar o corpo,mas não podem aniquilar o Espírito. Importapois que vivam nessas torturas morais, atéque, vencidos pelo cansaço, se decidam avolver os olhos para Deus.

(O Céu e o Inferno, Allan Kardec, 2a parte, cap.IV, p. 269-270, 57. ed. FEB.)

Socorre a ti mesmo

Pregando o Evangelho do reino e curando

todas as enfermidades. (Mateus, 9:35.)

Cura a catarata e a conjuntivite, mascorrige a visão espiritual de teus olhos.

Defende-te contra a surdez, entretanto,retifica o teu modo de registrar as vozes esolicitações variadas que tem procuram.

Medica a arritmia e a dispnéia, contu-do, não entregues o coração à impulsividadearrasadora.

Combate a neurastenia e o esgotamen-to, no entanto, cuida de reajustar as emoçõese tendências.

Persegue a gastralgia, mas educa teusapetites à mesa.

Melhora as condições do sangue,todavia, não o sobrecarregues com os resí-duos de prazeres inferiores.

Guerreia a hepatite, entretanto, livra ofígado dos excessos em que te comprazes.

Remove os perigos da uremia, contu-do, não sufoques os rins com os venenos detaças brilhantes.

Desloca o reumatismo dos membros,reparando, porém, o que fazes com teus pés,braços e mãos.

Sana os desacertos cerebrais que teameaçam, todavia, aprende a guardar amente no idealismo superior e nos atosnobres.

Consagra-te à própria cura, mas nãoesqueças a pregação do Reino Divino aosteus órgãos. Eles são vivos e educáveis. Semque teu pensamento se purifique e sem quea tua vontade comande o barco do organis-mo para o bem, a intervenção dos remédioshumanos não passará de medida em trânsitopara a inutilidade.

EMMANUEL

(Pão Nosso, psicografia de Francisco C. Xavier,cap. 51, 1. ed. especial, FEB.)

A Família e as Drogas

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DROGAS

Por que alguém vai às drogas?

R: Busca de novas sensações. Desco-nhecimento da finalidade da vida. Estimu-lante físico e mental (vestibulandos, motoris-tas, jogadores, artistas, atletas).

Por que a maioria dos viciados é

jovem?

R: Jovens são mais ávidos de novida-des (no caso, por curiosidade). Por rebeldia.Busca de auto-afirmação, às vezes não en-contrada no lar, onde se sentem rejeitados.

Qual o primeiro passo para o

vício? O álcool?

R: Sim. Em geral, é o álcool. Nas fes-tinhas familiares , comemorando-se oprimeiro aninho do filho, quase sempre os

pais molham a chupeta dele, na cerveja ouno uísque, para que a criança não fique comvontade... .

Qual seria o segundo passo? O

cigarro?

R: O cigarro! Em 100% dos casos, porimitação. Ou dos pais, ou dos colegas, ou dosastros de filmes e televisão, etc. O tabagismonão se dá por curiosidade, mas sim é frutode indução.

Então os filhos podem ir ao vício,

a partir do exemplo dos pais?

R: Certamente. Pai e mãe, tensos oufelizes, fumando e bebendo, em suas frus-trações ou nos seus sucessos, não será de seespantarem quando o filho, ao crescer, fizero mesmo, pois eles próprios foram os avalis-tas disso.

Nunca se deve esquecer que o pai ea mãe são os primeiros heróis de todacriança, pela ascendência moral que Deuslhes confia na criação filial.

Há possibilidade de algum tóxi-

co causar benefícios físicos?

R: De um modo geral, por enquanto,raramente. A morfina, que na verdade seorigina do ópio, é utilizada por pacientes emestado terminal, para aliviar-lhes doresatrozes, se for o caso; por outro lado, utiliza-da na busca de euforia, geralmente leva oviciado a desordens físicas e intelectuais,anulando-lhe vontade e moral.

Estudos modernos tendem à utilizaçãoda maconha em pacientes com patologiascerebrais.

Mas, por enquanto, essas são notaspequenas, ante tudo o que há na natureza,sempre com alguma finalidade. As plantasdas quais são extraídas as drogas talvez seprestem a alguma finalidade específicamedicinal, hoje ainda desconhecida.

Há sempre danos físicos resultan-

tes da toxicomania?

R: Sempre. E terríveis: cativeiroorgânico e moral (dependência) de difícil li-bertação. Decadência da saúde, até à morte.Verdadeiro suicídio indireto .*

Aliás, drogas legais (álcool e cigarro),aliadas ou não às drogas ilegais (maconha,cocaína, crack, heroína), bem como às sin-téticas (LSD, ecstasy, etc.) constituem umverdadeiro kit suicídio , ao qual, via de re-gra, não faltam o sexo promíscuo e o crime.

Há danos espirituais?

a. No Perispírito: Liberação do sub-consciente, com lembranças distorcidas dopassado; a fixação do vício resultará emdanos nas estruturas sutis, pelo que, naspróximas reencarnações, a pessoa nascerácom problemas inatos.

b. Vampirização: O Espírito AndréLuiz, em Nos Domínios da Mediunidade,

*Suicídio moral, segundo a questão 952 de O Livro dosEspíritos. (N. da R.)

cap. 15 (Ed. FEB), relata como, junto afumantes e bebedores inveterados, criaturasdesencarnadas sorviam as baforadas de fu-mo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pe-los pulmões que as expulsavam; outras, aspi-ravam o hálito de alcoólatras impenitentes.

A propósito dessa informação de A.Luiz, vejamos O Livro dos Espíritos:

Questão 459: Estamos constantementesob influência espiritual;

Questão 474: Subjugação de um Espí-rito sobre um encarnado, por sua fraqueza;

Questão 475: Para afastar esse domí-nio: Vontade firme.

Questão 492: Todos na Terra do nas-cimento à morte têm um Espírito Protetor(Anjo de Guarda).

c. Destruição da defesa espiritual: EmMissionários da Luz, capítulo 17 (Ed. FEB),o Espírito A. Luiz proclama: (...) o homemencarnado possui na aura um campo espiri-

tual de defesa (...) qual couraça vibratória(...) espécie de carapaça fluídica.

Na revista Reformador (outubro de1997), da FEB, há artigo sobre o tabagis-mo, expondo como essa tela se rompe, for-mando buracos, por onde penetram ener-gias bastardas.

De nossa parte, talvez nos seja lícitoimaginar que o mesmo há de ocorrer com osdemais vícios, ou ante a prática da crueldade,suicídio, aborto, hipocondria e na eutanásia.

PREVENÇÃO À TOXICOMANIA

De longe, em primeiríssimo lugar, com-pete aos pais prevenir, proporcionando aosfilhos:

exemplos dignificantes no lar;

educação moral, à luz do Evangelho,enaltecendo os valores do Espírito;

transparência total no lar: pais tratan-do o problema de frente, mostrando ao filhotodas as injunções sociais, morais, físicas e

espirituais; do contrário, o jovem se apro-priará de verdades distorcidas, nas ruas, jun-tamente com o sentimento de que os paistentaram enganá-lo...;

atendimento ao filho apenas nosdesejos compatíveis com a condição socialda família, sem descuidar da responsabili-dade decorrente;

acompanhamento de mudanças deatitude (ao final, relacionamos algumas);

acompanhamento carinhoso, masvigilante, da vida escolar e social do filho;

realização do momento de preces nolar, com leitura e comentários do Evangelho(reunião semanal, no mínimo, em dia e horapredeterminados).

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ALGUNS SINTOMAS DE PESSOAS

VICIADAS:

Mudança de humor;inapetência (falta de apetite);

rir perdidamente de coisas sem graça;desleixo pessoal;falta de interesse sexual;olhar vago;reações lentas;ler livros referentes a tóxicos;dilatação de pupilas e olheiras;vermelhidão no branco dos olhos (uso

constante de óculos escuros);sinais de picadas (escondê-las, usan-

do camisa de manga comprida);manchas e feridas que não param de

coçar;irritação sem motivo;depressão angústia sem motivo;queda do rendimento escolar (pior:

desistência dos estudos);isolamento ouvir músicas em altíssi-

mo volume;presença de seringas, comprimidos e

cigarros estranhos no quarto;companhias suspeitas;desaparecimento de valores do lar, etc.

Deve considerar-se que a presença dossintomas acima não significa, necessaria-mente, que a pessoa é toxicômana. Algumasdas condições da vida moderna podem fazercom que um ou alguns desses sintomas este-jam presentes em não-viciados.

Via de regra, o que caracteriza a toxi-comania é o surgimento de sintomas múlti-plos, sem causa aparente que o justifique.

EURÍPEDES KÜHL

(Reformador, junho de 2001, p. 19-21.)

A Religião e o uso dedrogas por adolescentes

A Revista Brasileira de Psiquiatriapublicou uma pesquisa realizada peloProfessor Paulo Dalgalarrondo e outros, daUNICAMP, sobre a religião e o uso de drogaspor adolescentes. Ele e sua equipe veri-ficaram que o consumo de álcool e drogaspor adolescentes, protestantes históricos epentecostais mais conservadores , quecondenam o uso de drogas de forma maisclara e explícita, foi significativamente menordo que pelos católicos e espíritas mais li-berais , entre os quais a condenação não étão enfatizada.

Como explicar o maior consumo de dro-gas entre adolescentes espíritas do que entreprotestantes e pentecostais? Será que proibirdá melhores resultados do que educar? Seráque proibir com respaldo na Bíblia é mais efi-caz do que conscientizar com base nos ensi-namentos evangélicos e doutrinários?

Seguramente educar não produz resul-tados inferiores aos que se obtêm com aproibição. A proibição é um freio que fun-ciona enquanto a pessoa permanece vincula-da fortemente à igreja a que está ligada.Quando dela se afasta, costuma fazer tudo oque estava reprimido. Quem foi educadocostuma agir diferente. Mesmo quando sedesliga da instituição religiosa onde foi edu-cado, põe em prática o que aprendeu. Issoporque, em princípio, aprende a desenvolverhábitos mais salutares.

Com a convicção de que a educação éo recurso mais eficiente na prevenção do usode drogas, onde estariam os desacertos? Noslares ou nos centros espíritas?

Joanna de Ângelis afirma:

O lar é o grande formador do caráterdo educando.

Estão os pais espíritas cuidando daeducação dos filhos de acordo com o com-promisso assumido perante Deus? Estãotocando no assunto das drogas com a fre-qüência necessária?

É ideal que os pais aproveitem os resul-tados dessa pesquisa para reavaliar as suasiniciativas na educação dos filhos, ou seja, seenvidam esforços para desenvolver neles aconsciência do que é prejudicial e do que ésaudável para a vida, tanto material quantoespiritual.

Os centros espíritas também podem edevem contribuir no desenvolvimento dessaconsciência. O seu papel é complementar aodos pais. As ações que os centros espíritaspodem desenvolver abrangem a evangeliza-ção das crianças e dos jovens e a conscienti-zação dos pais quanto à importância detratar das questões das drogas no processode educação dos filhos.

UMBERTO FERREIRA

(Reformador, maio de 2005, p. 35.)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FRANCO, Divaldo P. Adolescência e Vida, pelo Espírito Joannade Ângelis. 5. ed. Salvador: LEAL, 1998, cap. 4, p. 31.

DALGALARRONDO, Paulo e outros. Religião e uso de drogas poradolescentes. Rev. Bras. Psiquiatria 2004, 26(2): 82-90.

O futuro éminha promessa

O quadro diante de nossos olhos feriua sensibilidade e despertou-nos o ensejo dareflexão. Uma criança caída em uma calça-da, aparentemente desmaiada, mas na ver-dade inerte pelo uso excessivo do crack, apedra que mata.

Pernas estiradas, braços jogados paraos lados, uma camisa com tonalidades azuise dizeres em inglês. Os pés sujos e algumaspulseiras no pulso direito completam aimagem. O menino, um mulato com cerca denove anos de idade, permanece caído e nãodesperta a atenção dos que passam.

A impressão que fica é a de que nãopassa pela mente ou emoção de ninguémque aquela criança tenha, talvez, a mesmaidade que o filho deles, com necessidadessemelhantes, como o desejo de ter um brin-

quedo, ou uma roupa melhor, ou pais quelhe dêem amor e atenção. Nada disso... oshomens passam rápidos, preocupados ape-nas em não perder tempo e a condução, afim de chegar cedo em casa e dormir até odia seguinte.

Enquanto a criança continua caída ou-tras mensagens de clamor são silenciosa-mente alardeadas pela vibração das sarjetas,dos becos e vielas escuras. A velocidadesedentária do imediatismo impede as cria-turas de ouvirem os gemidos da fome, osreclamos por amparo e alimento espiritual.

Diz-se que as crianças que perderam oendereço de casa e passaram a viver nasruas fumam crack dias a fio por causa dafome, do frio e da solidão. Debilitadas,podem morrer por overdose ou inanição. Orastro de morte e desespero deixado por essadroga, a mais devastadora já fabricada pelaganância humana, estabelece números ter-ríveis. Às primeiras tragadas, ela vicia de

forma inapelável, escravizando o usuário ematando-o de forma fulminante. ...............................................................

(...) É preciso estar desperto para nãoser engolido por essa onda de horror social,e descobrir qual o sentido do pedido desocorro que todo adicto (escravo das drogas)faz, ao mergulhar na sintonia com o vício................................................................

O adicto é a pessoa que, no caso, nãosuportou mais a pressão exercida sobre o seuequilíbrio pela alienação familiar, emprimeiro lugar, e social depois. Ele tentauma solução psicótica para seus transtornos,e aí esbarra com o reduzido grau de tolerân-cia do meio em conviver com suas própriasincongruências.

Instalado o drama, começa-se a caça àsbruxas. Enquanto o menino de roupinha azulcontinua desmaiado na calçada imunda, oshomens fazem a primeira pergunta: de quemé a culpa? Dos pais, que estão por aí, sem

saber como criar tantos filhos, que foramocupando os espaços da casa e entrando navida familiar como que sem pedir licença?Dos homens, que até hoje não conseguemresponder a uma grave questão se preten-dem curar ou reprimir os doentes do desejo?Ou daqueles que não estão dispostos a ouvira dolorosa confissão de um ser que encon-trou na droga a única porta aberta à suafrente? ...............................................................

A Doutrina Espírita é amiga do futuro.Ao eleger a pureza de coração, o trabalho, asolidariedade e a tolerância como alicercesdo homem de bem, ela descortina a necessi-dade das criaturas iniciarem suas própriasobras internas no presente, para que noamanhã a humanidade colha os frutos dosesforços justos, objetivos, sem desvios ouperdas de tempo, e estabeleça a identidadesuperior dos mundos regenerados a partir deum coração renovado.

A caminhada começa, porém, no tra-balho de evangelização das gerações maisnovas. Uma criança amada desde o momen-to da fecundação tem tudo para se tornar umhomem de bem. Ser querida pelos pais, sen-tir-se protegida e motivo de preocupaçõessaudáveis é tudo que uma criança precisapara crescer com boas estruturas parentais.No futuro, ela terá grandes chances de serfeliz e reproduzir com seus filhos a forma derelação que tanto lhe fez bem outrora. ADoutrina restabelece a credibilidade das fi-guras do pai e da mãe e garante que afamília estruturada no amor está na base daformação de um novo homem, feliz e comauto-estima fortalecida.

...

Mas a realidade infelizmente ainda éoutra. O menino de nove anos permanececaído, a droga continua produzindo o efeitode entorpecer-lhe a memória, para que selhe torne menos árdua a dura experiência deviver, e ele apenas aguarda o momento de

retornar à realidade, para levantar-se eprosseguir na tarefa de sobreviver pedindo.

E os homens continuam mobilizandoverbas astronômicas para erguer imensosrecursos patrimoniais; prosseguem juntandomilhões para mergulhar no espaço infinito;elaboram e aprovam financiamentos quepossam sustentar e defender as instituições...e nós, amparados na perspectiva da reali-dade do espírito, atentamos para a urgênciade se assegurar o porvir, através do amparoà infância.

...............................................................

O menino caído na rua da fome fomede amor e de outras coisas mais pode serlevantado dali. Temos braços e mãos, pernase sentimentos para oferecer-lhe um recantodigno. Jesus alertou para o fato de que, aoajudar os que sentem fome, frio e tristeza,estaremos dando, sobretudo, a Ele. Maisimportante do que isso, porém, será realizar-mos, com todo empenho da alma, nossa

transformação pessoal para melhor. Este é oobjetivo do Espiritismo em nossas vidas, aorevelar que quanto maior for o número dosdespertos para a grandeza incomensuráveldo Amor, a partir do próprio coração, muitomenores serão as chances de uma criançapermanecer caída na calçada e ninguémesboçar a mínima reação de ajudá-la, a fimde que ela ganhe ali, pelo menos, um poucode atenção.

(Vozes do Espírito, Carlos Augusto Abranches,p. 184-190, 2. ed. FEB.)