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CA ERN DE I EIA D O D S Para o debate dos adolescentes sobre o direito ao esporte seguro e inclusivo e o legado social dos megaeventos esportivos

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Caderno com ideias sobre o direito ao esoprte.

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Page 1: Caderno de Ideias

CA ERN DE I EIA D O D SPara o debate dos adolescentes sobre o direito

ao esporte seguro e inclusivo e o legado social

dos megaeventos esportivos

Page 2: Caderno de Ideias
Page 3: Caderno de Ideias

CADERNO DE IDEIAS

Para o debate dos adolescentes sobre o direito

ao esporte seguro e inclusivo e o legado social

dos megaeventos esportivos

Page 4: Caderno de Ideias
Page 5: Caderno de Ideias

Este caderno de ideias foi elaborado para servir de

apoio aos adolescentes que discutem sobre o direito ao

esporte e o legado social dos megaeventos esportivos.

Seu objetivo é de apresentar algumas ideias centrais

para esse debate, ajudando a esclarecer conceitos

básicos sobre o esporte e a introduzir a reflexão sobre a

importância do esporte seguro e inclusivo na vida de

todos.

Boa leitura!!

Page 6: Caderno de Ideias
Page 7: Caderno de Ideias

O ESPORTE COMO UM

DIREITO HUMANO

O QUE É ESPORTE?

Para a Organização das Nações Unidas (ONU), o esporte é, antes de tudo,

um direito fundamental de todos os povos. Não se restringe a uma forma de

entretenimento ou de ganhar medalhas e marcar gols. O acesso e a

participação na área do esporte são direitos humanos essenciais para que

indivíduos de todas as idades possam ter uma vida saudável e gratificante.

O "esporte" abrange todas as formas de atividade física que contribuem

para a aptidão física, o bem-estar mental e interação social. Os esportes

incluem jogos, recreação organizada e casual, esporte competitivo,

esportes indígenas ou outras formas de jogos.

A história da civilização humana tem registros muito antigos de práticas

esportivas. Egípcios, assírios e babilônios praticavam suas lutas corpo a corpo

e com armas, buscando melhorar suas habilidades para a guerra. Entre os

povos antigos, o esporte era praticado como exercício militar, mas também

para cumprir finalidades religiosas. Há registros de eventos esportivos na

Mesopotâmia, que tornavam os vencedores das corridas grandes heróis,

com privilégios equivalentes aos de um rei. Nos torneios de cavaleiros na

Idade Média, os grandes encontros esportivos reuniam milhares de

participantes. Nos países do Oriente, como a China, o esporte é praticado

há milhares de anos.

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Page 8: Caderno de Ideias

Porém, o que havia de mais parecido com o esporte que praticamos hoje

eram as práticas esportivas realizadas na Grécia Antiga. Naquele tempo, o

esporte era fator de cidadania, ainda que só uma elite privilegiada fosse

considerada cidadã. Todo o serviço pesado era realizado por escravos.

Homens livres faziam política, arte e esporte, entre outras atividades nobres;

os homens, não as mulheres. O esporte era levado tão a sério pelos

cidadãos, que todo um sistema de preparação física foi desenvolvido por

eles. Muito do que sabemos hoje sobre treinamento herdamos dos gregos

antigos.

Foram os gregos que criaram o mais importante evento esportivo da

antiguidade, os Jogos Olímpicos, praticados naquele tempo com intervalos

de quatro anos. Foi tão grande a influência da civilização grega antiga

sobre o ocidente que, em 1896, instituímos os Jogos Olímpicos da Era

Moderna. O primeiro encontro foi realizado em Atenas, por iniciativa do

Barão Pierre de Coubertin e outros idealistas.

A CRIANÇA E O ESPORTE

Há muitas semelhanças entre o que chamamos de esporte e as

brincadeiras que as crianças fazem. Porém, há diferenças, e a maior delas

é a regra. Nas brincadeiras infantis, as regras são simples, localizadas,

funcionam para permitir a organização de grupos pequenos. Nos

esportes, as regras são complexas, precisam dar conta de organizar

as relações entre grupos grandes, e, às vezes, como no futebol, entre

pessoas do mundo inteiro.

Crianças podem praticar esportes? Sim, mas quando os praticam, o esporte

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Page 9: Caderno de Ideias

tem que assumir a forma de brincadeira, não pode ter a seriedade e a

complexidade do esporte adulto. Criança não pode treinar atletismo ou

voleibol, mas pode brincar de atletismo e voleibol. A brincadeira, por sua

descontração, sua alegria, sua falta de compromisso com rendimento,

nunca faz mal. Já o esporte internacional, por seu compromisso com

grandes resultados, com recordes, exige tanto do organismo que uma

criança não suportaria. Os danos que o esporte de rendimento lhe causaria

poderiam repercutir negativamente pelo resto da vida.

ESPORTE COMO DIREITO

Para ser um direito universal, o esporte precisa, muitas vezes, ser adaptado.

Aquele esporte que vemos nas Olimpíadas exige indivíduos especialmente

preparados, capazes de suportar esforços que as demais pessoas não

suportariam. O chamado esporte de alto nível exige grandes esforços não

só físicos, mas também psicológicos e sociais. Por isso, seriam necessários

cuidados especiais desde a sua iniciação.

Em nível de alto rendimento, o esporte nunca pode ser praticado por

crianças. Por adolescentes, se considerarmos pessoas a partir dos 14 anos,

ele pode, sim, ser praticado, desde que muito cuidadosamente. Para o

Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Instituto Esporte

Educação (IEE), por exemplo, uma organização não governamental de

São Paulo cujo objetivo é ensinar cidadania a crianças e jovens por meio do

esporte, por exemplo, o objetivo maior do esporte não é o alto rendimento

esportivo, mas a educação para a vida, a educação para o exercício da

liberdade e da cidadania.

Com objetivos educacionais, o esporte pode ajudar no desenvolvimento

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Page 10: Caderno de Ideias

das pessoas desde a infância, com maiores possibilidades de exercer sua

cidadania.

TIPOLOGIAS DE ESPORTE

• O esporte de rendimento

O esporte mais conhecido pelas pessoas é o chamado esporte de

rendimento, que é esse esporte que está nos jornais, no rádio, na televisão e

na internet. Esse tipo de esporte, também conhecido como esporte

espetáculo, é profissional e alguns atletas de muito destaque ganham altos

salários por praticá-lo. Seus praticantes são pessoas especialmente

habilidosas.

São essas práticas

esportivas que mobilizam os grandes eventos esportivos globais como os

campeonatos mundiais e as Olimpíadas.

Em 2014 teremos, no Brasil, o Campeonato Mundial de Futebol e, em 2016,

na cidade do Rio de Janeiro, a trigésima primeira edição das Olimpíadas.

No Rio de Janeiro, teremos as Olimpíadas de Verão; nos países mais frios são

realizadas também as Olimpíadas de Inverno. O esporte de rendimento

sempre atraiu multidões.

Para se ter uma ideia de como ele é forte entre as populaçõeshá notícias de

encontros de cavaleiros na Idade Média (as chamadas Justas), com

participação de mais de 12 mil pessoas. Proporcionalmente à população

da época, isso é muito mais que o número de participantes das Olimpíadas

Modernas. As proezas de atletas como Michael Jordan no basquetebol,

São exemplos de esporte de alto rendimento esportes de alta

exigência motora, como o atletismo, o voleibol ou o handebol, e aqueles de

grande precisão, como o arco e flecha ou o tiro ao alvo.

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Page 11: Caderno de Ideias

ou Usain Bolt no atletismo, fazem multidões delirar e levam milhões de

adolescentes a querer ser como eles. E esses sonhos não devem ser

desconsiderados.

• Esporte de Educação

o esporte praticado de modo voluntário, por

pessoas comuns, sem que tenham necessidade de apresentar algum talento

especial ou rendimento físico superior. Esse esporte inclui tanto os esportes

formais, mais conhecidos, tais como o futebol, o handebol, o atletismo, o

voleibol e o basquetebol, como esportes regionais, praticados somente por

algumas comunidades. Trata-se daquele esporte que praticamos, por

exemplo, quando vamos a um clube ou à academia para praticar natação.

Ou o futebol que jogamos com os amigos nas horas de folga. Esse é o esporte

que todos podemos praticar para ter uma melhor saúde, mais tranquilidade,

boa condição física, enfim, para ter uma melhor qualidade de vida. Todos

deveríamos dedicar algumas horas livres às caminhadas, às corridas, aos

jogos com os amigos, à ginástica, à ioga.

Praticar esportes é um direito humano, reconhecido, inclusive, pela

Organização das

Nações Unidas e pelas

leis de vários países.

Porém, a prática dos

esportes exige

educação esportiva.

Os planos

governamentais

deveriam incluir

projetos de educação

Esporte de participação é

Você sabia que mesmo esse esporte

sem compromisso, com os amigos,

nos finais de semana, exige

c u i d a d o s e s p e c i a i s ? N ã o

deveríamos praticá-lo sem antes

realizar exames médicos.

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Page 12: Caderno de Ideias

esportiva que se estendessem a todos os segmentos populacionais. É

preciso aprender bem os esportes para poder praticá-los.

Pesquise na sua escola, na sua comunidade, converse com seus colegas e

professores, busque informação em sua cidade e tente responder as

perguntas abaixo:

Que espaços existem na sua comunidade para praticar esportes?

Existem equipamentos esportivos na sua cidade que você pode

acessar gratuitamente?

Sua escola tem uma quadra esportiva ou local adequado para os

esportes?

O que sua cidade deveria fazer para garantir o direito ao esporte?

• Esporte Educacional

E ainda temos outro tipo de esporte, que é o chamado esporte

educacional. Esse esporte é praticado nas escolas e em outras instituições

educacionais, como por exemplo, no Instituto Esporte Educação e nas

Caravanas do Esporte. O esporte educacional tem por objetivo ensinar o

esporte a todas as pessoas, não importa se homens, se mulheres,

independentemente de cor da pele, crença religiosa, nacionalidade,

classe social ou idade.

Crianças e jovens são especialmente atraídos pelo esporte, de modo que

ele pode constituir um excepcional veículo educacional. Por si só o esporte

não é educacional; sua prática não garante necessariamente saúde,

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Page 13: Caderno de Ideias

responsabilidade, emancipação, ética, e assim por diante. Depende do

modo como ele for orientado. Qualquer esporte possui virtudes e vícios.

No esporte educacional, as regras devem ser

propostas. Crianças e, principalmente,

adolescentes podem participar inclusive da

elaboração de regras mais adequadas ao

contexto em que vivem.

O esporte, para

ser

educacional,

deve ser

desenvolvido

em sua

capacidade de

contribuir para o

desenvolvimento integral. A educação esportiva deve supor o ensino

adequado das técnicas esportivas num ambiente seguro e, junto com elas,

de valores de vida, tais como a solidariedade, a perseverança, a coragem,

o respeito à diversidade. O esporte pode ajudar as pessoas a se expressar

melhor, a tomar iniciativas, a liderar ações, a lidar com a insegurança, a

compreender valores nas relações humanas, a conhecer melhor o próprio

corpo em suas possibilidades e limites.

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Muitos adolescentes brasileiros trabalham porque a lei permite que

as pessoas sejam contratadas profissionalmente a partir dos 16 anos

de idade. Para os que trabalham, o esporte começa a se tornar

aquele esporte que pode ajudar a viver melhor; é o chamado esporte

de participação. Isso não impede, porém, que muitos adolescentes

talentosos consigam conciliar trabalho e treinamentos. O

adolescente não deve abrir mão do esporte, pois é um direito seu.

Page 14: Caderno de Ideias

O ESPORTE É UM DIREITO HUMANO

Quando assistimos aos espetáculos esportivos na televisão, temos a

impressão de que o esporte é privilégio somente de pessoas especialmente

dotadas. É como se nosso único direito fosse assistir às proezas dos grandes

atletas, pagando caro para vê-las. Esses superatletas realizam proezas tão

fantásticas que achamos ser impossível praticar o esporte que eles praticam.

Claro, o nível de rendimento que esses atletas atingem no esporte é

inacessível para a maioria. Porém, os mesmos esportes, praticados de

maneira adaptada, podem ser praticados por todos e é um direito humano.

Está lá, no Artigo 217 da Constituição Federal do Brasil:

“É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais,

como direito de cada um.”

Assistir aos grandes espetáculos esportivos pela televisão é uma boa forma

de lazer. Os maiores benefícios do esporte existem quando todos podemos

praticá-los, exercendo nosso direito constitucional.

Você sabia?

Existe também a Lei Pelé - Lei Nº. 9.615, de 24 de março de 1998 -, que

foi elaborada e promulgada, a partir da Constituição, para reger todo

o funcionamento do esporte no Brasil. É a Lei Pelé que define as três

formas básicas de práticas esportivas: o esporte de rendimento, o

esporte de participação e o esporte educacional.

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Page 15: Caderno de Ideias

A Lei Pelé também define os agentes responsáveis pela gestão do

esporte. Nos Estados e em boa parte dos municípios são as

Secretarias de Esporte que gerenciam as políticas locais, sendo

assim os responsáveis por atender a população em geral. Já os

esportes competitivos são gerenciados por um sistema federativo,

seguindo a estrutura internacional. Em cada modalidade, seja

olímpica ou não olímpica, há Federações Estaduais e

Confederação Nacional. No futebol, é a CBF; no voleibol, a CBV;

para a natação e outros desportos aquáticos, a CBDA. O Comitê

Olímpico Brasileiro (COB) integra todas as modalidades olímpicas

e o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) as paraolímpicas. Há

também a Organização Nacional das Entidades do Desporto –

Oned, que representa modalidades não olímpicas. São essas

entidades esportivas que organizam as principais competições

estaduais e nacionais, de qualquer modalidade.

INCLUSÃO DE TODOS

O esporte deve ser democrático e incluir todas as pessoas. Sendo um direito

humano, deve ser levado a todas as pessoas, sem discriminações. A prática

do esporte deve ser capaz de ensinar crianças, adolescentes, adultos,

independentemente de sua condição física: pessoas com ou sem

deficiência, homens ou mulheres, altos ou baixos, com muita experiência

motora ou com pouca experiência motora.

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Page 16: Caderno de Ideias

Algumas vezes a exclusão ocorre por falta de preparo dos professores, outras

por falta de boas políticas educacionais ou pelo próprio preconceito das

pessoas. As diferenças enriquecem as relações.

CONSTRUÇÃO COLETIVA

Incluir todas as pessoas no esporte não significa apenas deixar que elas

participem. Participar, de verdade, é poder opinar, planejar juntos. Temos

que lembrar que as pessoas não estão ali apenas para aprender as técnicas

do esporte, mas para aprender as coisas que poderão servir para uma vida

melhor, mais democrática. Por isso, o ambiente do esporte tem que ser

democrático. As regras do jogo, por exemplo, por que precisam ser impostas?

Mesmo que a gente não possa mudar as regras do basquetebol ou do

futebol, elas podem ser discutidas entre todos os participantes, para que

possam ser compreendidas. E os muitos jogos adaptados do voleibol ou do

handebol podem ter regras também adaptadas, construídas na discussão

entre todos. Uma regra significa um dispositivo para garantir justiça durante o

jogo. Ora, compreender isso é muito importante, pois significa compreender

o valor da justiça.

O RESPEITO À DIVERSIDADE

Que somos diferentes, todos sabemos. Somos diferentes na cor da pele, no

cabelo, no tipo físico, na nacionalidade. Uns são homens, outros mulheres,

meninos ou meninas, índios, negros, caboclos. Há os que possuem mais

habilidades, os que possuem menos, os muito magros, os muito gordos, as

pessoas com deficiência. E daí? Somos todos seres humanos, todos temos o

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Page 17: Caderno de Ideias

direito de viver bem, com qualidade.

É aí que entra o esporte educacional. Ele promove o respeito à diversidade.

Uma pessoa baixa não tem o direito de praticar esportes? Claro que tem; o

esporte educacional tem que ser adaptado para atendê-la. Da mesma

maneira ele tem que se ajustar às pessoas com deficiência, aos menos

habilidosos, e assim por diante. É uma questão de direitos humanos, de

respeito à Constituição, de democracia.

RUMO À AUTONOMIA

No esporte sempre aparecem oportunidades para aprender autonomia,

pois o esporte é um enorme campo de escolhas. A cada instante

precisamos decidir o que fazer. No esporte coletivo, essa escolha é feita em

função da habilidade de cada um e das necessidades do grupo. No

esporte coletivo, a pessoa que joga tem autonomia para decidir para quem

passar e em que direção, mas essa autonomia dependerá sempre do

interesse maior do grupo. Tudo que a gente faz no esporte coletivo é para

fortalecer a equipe, o grupo. O indivíduo autônomo é aquele que se guia

por sua consciência para decidir o que é melhor para si e para os outros. O

indivíduo autônomo é ético, pois aprende a cuidar de si ao mesmo tempo

que aprende a cuidar dos outros.

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Page 18: Caderno de Ideias
Page 19: Caderno de Ideias

OS DIVERSOS TIPOS DE ENCONTROS ESPORTIVOS

Atualmente, temos notícias de vários tipos de jogos. Os mais famosos, claro,

são os Jogos Olímpicos, isto é, as Olimpíadas, disputadas de quatro em

quatro anos em alguma cidade do mundo. Os Jogos Olímpicos seguem

uma tradição que vem desde a Grécia antiga. Naquele tempo ele tinha um

fundo religioso e ajudava a marcar o tempo, o calendário dos gregos. Em

2016 as Olimpíadas serão disputadas no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro,

escolhida entre muitas cidades candidatas. Outro evento bastante famoso

é o Campeonato Mundial de Futebol. O Brasil sediará esse campeonato em

2014, e os jogos serão realizados em 12 cidades brasileiras: Belo Horizonte,

Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio

de Janeiro, Salvador e São Paulo. Todas elas cidades brasileiras com muitos

desafios em áreas como transporte, educação, moradia, poluição

ambiental e exclusão social. De que maneira essas cidades serão

beneficiadas com a Copa do Mundo em 2014?

Os adolescentes brasileiros estão convidados a refletir sobre o impacto

desses grandes e eventos esportivos na garantia do direito ao esporte

seguro e inclusivo e propor ações para assegurar um legado social para o

País.

OS GRANDES EVENTOS

ESPORTIVOS

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Page 20: Caderno de Ideias

OUTROS JOGOS

Temos também os jogos menos noticiados. Menos noticiados porque

envolvem menos interesses, menos dinheiro, e acabam sendo pouco vistos

pela televisão, não dão grandes notícias nos jornais ou na internet.

Atualmente fala-se um pouco mais das Paraolimpíadas. Nas últimas

décadas, as pessoas com deficiência conquistaram vários direitos, entre

eles, o de praticar esportes. De maneira geral, praticam os mesmos esportes

que as pessoas sem deficiência, porém, as regras e o modo de praticar esses

esportes são adaptados às pessoas com deficiência. Há jogos para pessoas

com deficiênciaem boa parte do mundo. De quatro em quatro anos, logo

após as Olimpíadas, a mesma cidade-sede realiza as Paraolimpíadas.

Além disso, no Brasil, por exemplo, há os Jogos dos Povos Indígenas. Os

participantes praticam alguns esportes convencionais, como o futebol e o

atletismo, mas praticam outros esportes que são específicos dos indígenas,

como o arremesso da lança, a corrida com tora e a zarabatana.

Ex i s tem também os esportes regionais , não reconhecidos

internacionalmente. São criações de certos povos, de certas comunidades.

São pouco conhecidos fora desses locais, dessas culturas. Fazer trilhas pode

constituir uma prática esportiva, assim como as escaladas e o rapel. Vocês já

ouviram falar de bossaball, por exemplo? Pois então, ele é praticado na

Bélgica. Há a regata de abóboras na Nova Escócia, os duelos de lanças que

lembram os torneios antigos. De modo que qualquer comunidade que

comece a insistir em uma prática adaptada, acaba por transformar isso em

um esporte típico dessa comunidade. Um grupo de jovens pode fazer o

mesmo, transformando, por exemplo, um jogo de taco ou de queimada, em

um esporte.

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Page 21: Caderno de Ideias

O LEGADO DOS GRANDES EVENTOS ESPORTIVOS

Legar significa deixar algo a alguém por herança ou transmitir algo às novas

gerações. Por exemplo, o Brasil realizou, em 2007, na cidade do Rio de

Janeiro, os Jogos Panamericanos. Na ocasião, muito se falou sobre o legado

do Pan, isto é, o que esse grande evento deixaria de herança para a cidade.

Na verdade, legado é algo que pode ser bom ou pode ser ruim. O que se

esperava dos Jogos Panamericanos no Rio de Janeiro era que as heranças

deixadas fossem boas, que a população do Rio de Janeiro ganhasse mais

qualidade de vida com os jogos, que a cidade resolvesse alguns problemas

com a realização do Pan. Em alguns aspectos, o legado do Pan foi positivo;

a curto prazo foi possível empregar um significativo número de

trabalhadores nas obras de infraestrutura, maior arrecadação de impostos e

incentivo aos serviços de turismo. Entretanto, surgiram diversos problemas

com o que se pretendia chamar de “legado social” e não há um consenso

sobre o que sobrou de positivo para a comunidade depois de tantos

investimentos.

O grande evento esportivo que, possivelmente, deixou o legado mais

positivo para uma cidade, foram as Olimpíadas de 1992, na cidade de

Barcelona. Diz-se que, por causa dos jogos, Barcelona saiu da depressão

para a prosperidade, e hoje é uma das cidades mais importantes do mundo.

O projeto de realização das Olimpíadas em Barcelona foi feito em função

não apenas da realização dos jogos, mas da transformação da cidade, e

estendeu-se de 1986 a 1993.

Mais recentemente, por ocasião da realização dos Jogos Olímpicos em

Pequim, na China, o governo chinês alardeou legados extremamente

positivos para cidade, especialmente no que diz respeito ao meio ambiente

e direitos humanos. Sem dúvida, a cidade de Pequim passou por

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Page 22: Caderno de Ideias

transformações importantes em sua infraestrutura, porém, os críticos dizem

que a poluição da cidade continua gravíssima e os direitos humanos não

passaram a ser mais respeitados.

Podemos concluir daí que, a partir do exemplo de Barcelona, outras cidades

poderiam receber, como legado dos jogos, enormes benefícios. Porém, isso

dependerá da eficácia dos projetos, da lisura na execução dos projetos, da

honestidade dos políticos e empresários e de vontade política.

Legado não quer dizer somente coisa boa, portanto. Quer dizer apenas

herança de algo realizado. Legados são produções deixadas pelas pessoas,

e a conduta dessas pessoas é que determinará a extensão dos benefícios ou

dos prejuízos. Em relação aos grandes eventos anunciados para o Brasil –

Copa do Mundo de Futebol em 2014 e Olimpíadas em 2016 – diversos grupos

da sociedade brasileira procurarão ficar com legados. Alguns tentarão

auferir lucros financeiros, outros tentarão tornar o esporte brasileiro mais

competitivo a partir desses eventos, há, ainda, os que pretendem melhorar a

imagem do Brasil em todo o mundo. O turismo espera um aumento do fluxo

de turistas a partir da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Os educadores

esperam recolher dos eventos motivo para tornar o esporte um bom veículo

educacional e um direito que possa ser estendido a todos.

O esporte mostrará, durante os grandes eventos que serão realizados no

Brasil, suas diversas faces. Tanto pode se transformar numa oportunidade

para fazer avançar o direito de todos ao esporte como pode se limitar a ser

apenas um grande espetáculo. Em 1995, por exemplo, durante a realização

da Copa do Mundo de Rúgbi, na África do Sul, o esporte mostrou seu

virtuosismo. Precisando de elementos para unir o povo africano,

historicamente dividido entre negros e brancos, o então presidente Nelson

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Page 23: Caderno de Ideias

Mandela recorreu ao rúgbi, que até então era um esporte de brancos

naquele país. A África do Sul venceu a Copa do Mundo e todo o povo sul-

africano se emocionou, comemorou junto. Mandela recorreu aos versos de

William Ernest Henley para incentivar a equipe de rúgbi, especialmente seu

capitão François Pienaar.

INVENCÍVEL

Dentro da noite que me rodeiaNegra como um poço de lado a ladoEu agradeço aos deuses que existemPor minha alma indomável

Nas garras cruéis da circunstânciaEu não tremo ou me desesperoSob os duros golpes da sorte

Minha cabeça sangra,Mas não se curva,Além deste lugar de raiva e choro

Para somente o horror da sombraE, ainda assim a ameaça do tempoVai me encontrar e me achar, destemido

Não importa se o portão é estreito,Não importa o tamanho do castigo.Eu sou o dono do meu destino.Eu sou o capitão da minha alma.

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Page 24: Caderno de Ideias

Os adolescentes, importantes atores sociais envolvidos na prática esportiva

em nosso País, podem ter um papel ativo na elaboração de propostas, na

crítica construtiva e na reivindicação de uma política pública que assegure

o direito ao esporte para todos.

Você aceita o desafio de contribuir para assegurar que o legado dos

grandes eventos como a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e as

Olimpíadas em 2016 seja uma política pública de esportes que assegure o

direito de todos ao esporte seguro e inclusivo?

Então, mãos à obra!

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