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CABO VERDE Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP Maio de 2014 Parceiro estratégico:

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CABO VERDE

Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

Maio de 2014

Parceiro estratégico:

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

2

Índice

1. CEDEAO. Enquadramento regional, político e económico ....................................................................... 21

1.1. Caracterização da comunidade ...................................................................................................................... 21

1.1.1. Principais objetivos e aspirações da CEDEAO ............................................................................................... 21

1.1.2. Os Estados Membros da CEDEAO ................................................................................................................ 22

1.1.3. Mecanismos de integração e prioridades de desenvolvimento da CEDEAO .................................................. 22

1.2. A CEDEAO enquanto comunidade económica ............................................................................................... 25

1.3. As economias da CEDEAO ............................................................................................................................ 31

1.3.1. Nigéria e Gana. As duas maiores economias da Comunidade. ...................................................................... 31

1.3.2. Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Senegal e Togo. Setor agrícola

dominante. ...................................................................................................................................................... 32

1.3.3. Guiné, Níger e Serra Leoa. Indústria Extrativa, um setor em expansão. ........................................................ 36

1.3.4. Cabo Verde e Gâmbia. Economias orientadas para os serviços. ................................................................... 37

1.4. Trocas comerciais na CEDEAO ...................................................................................................................... 38

1.4.1. Complementaridade das economias ............................................................................................................... 38

1.4.2. Comércio intrarregional ................................................................................................................................... 39

1.5. Comércio extrarregional .................................................................................................................................. 42

1.5.1. Principais parceiros comerciais da CEDEAO .................................................................................................. 42

1.5.2. Trocas comerciais entre a CPLP e a CEDEAO .............................................................................................. 43

1.6. Investimento direto estrangeiro na CEDEAO .................................................................................................. 46

1.7. Principais setores de oportunidade por país e infraestruturas de apoio ......................................................... 48

1.8. Principais produtos importados pelos países da CEDEAO e oportunidades para as empresas Portuguesas 51

2. Nigéria – A principal economia da CEDEAO .................................................................................................. 57

2.1. Macroeconomia .............................................................................................................................................. 58

2.1.1. PIB da economia nigeriana ............................................................................................................................. 58

2.1.2. Orçamento Geral do Estado ........................................................................................................................... 59

2.1.3. Dívida pública ................................................................................................................................................. 60

2.2. Estrutura Produtiva ......................................................................................................................................... 61

2.3. Política económica .......................................................................................................................................... 63

2.3.1. Perspetivas Futuras ........................................................................................................................................ 63

2.3.2. Prioridades estratégicas da Nigéria ................................................................................................................ 64

2.4. Infraestruturas e energia ................................................................................................................................. 67

2.5. Grandes projetos de investimento previsto em infraestruturas ....................................................................... 79

2.6. Abertura da economia e relações comerciais ................................................................................................. 84

2.7. Principais setores de oportunidade ................................................................................................................. 91

2.8. Investimento direto estrangeiro na Nigéria...................................................................................................... 92

2.9. Financiamento à economia ............................................................................................................................. 93

2.9.1. Principais bancos presentes ........................................................................................................................... 93

2.9.2. Bancarização da população ............................................................................................................................ 94

2.9.3. Taxa de juros de empréstimos ........................................................................................................................ 95

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

3

2.9.4. Bolsa de valores ............................................................................................................................................. 95

3. Cabo Verde ..................................................................................................................................................... 97

3.1. Macroeconomia .............................................................................................................................................. 97

3.1.1. PIB da economia cabo-verdiana ..................................................................................................................... 97

3.1.2. Orçamento Geral do Estado ........................................................................................................................... 99

3.1.3. Dívida Pública ............................................................................................................................................... 100

3.1.4. Reservas de moeda estrangeira ................................................................................................................... 100

3.1.5. Nível de financiamento à economia .............................................................................................................. 101

3.1.6. Evolução das taxas de juro e variação da liquidez ....................................................................................... 101

3.2. Política Económica ....................................................................................................................................... 102

3.3. Estrutura produtiva ........................................................................................................................................ 106

3.3.1. PIB por setor ................................................................................................................................................ 106

3.3.2. Retrato do setor empresarial do Estado ....................................................................................................... 107

3.4. Turismo - Principal setor da economia Cabo-verdiana ................................................................................. 108

3.5. Infraestruturas e energia ............................................................................................................................... 112

3.6. Projetos de investimento previsto em infraestruturas ................................................................................... 123

3.7. Abertura da economia e relações comerciais ............................................................................................... 124

3.7.1. Importações .................................................................................................................................................. 124

3.7.2. Importações com proveniência da CPLP ...................................................................................................... 125

3.7.3. Exportações de Cabo Verde ......................................................................................................................... 129

3.7.4. Exportações de Cabo Verde para a CPLP ................................................................................................... 130

3.8. Principais setores de oportunidades na Economia ....................................................................................... 132

3.9. Financiamento à economia ........................................................................................................................... 134

3.9.1. Principais bancos presentes ......................................................................................................................... 134

3.9.2. Bancarização da população .......................................................................................................................... 135

3.9.3. Bolsa de valores ........................................................................................................................................... 137

4. Investir em Cabo Verde ................................................................................................................................ 140

4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de segurança social ................................................. 140

4.1.1. Mercado de trabalho ..................................................................................................................................... 140

4.1.2. Desemprego ................................................................................................................................................. 140

4.1.3. Alfabetização ................................................................................................................................................ 140

4.1.4. Breve descrição do regime de segurança social ........................................................................................... 140

4.2. Como investir em Cabo Verde ...................................................................................................................... 141

4.3. Incentivos e benefícios fiscais ao investimento ............................................................................................. 144

4.4. Outros mecanismos de financiamento .......................................................................................................... 148

4.5. Competitividade de Cabo Verde no contexto regional .................................................................................. 151

4.5.1. Atratividade do país no contexto regional ..................................................................................................... 151

4.6. Principais constrangimentos ao IDE e exportação ........................................................................................ 154

4.6.1. Exportações – barreiras aduaneiras: tarifas, barreiras não tarifárias, outros impedimentos ......................... 154

4.6.2. Entradas e saídas de capitais ....................................................................................................................... 155

4.6.3. Estabilidade legal e fiscal – Barreiras legais, fiscais e regulamentares ........................................................ 157

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4.6.4. Obtenção de vistos, disponibilidade de mão-de-obra ................................................................................... 160

4.6.5. Modelos de cobertura de riscos financeiros, operacionais, propriedade ...................................................... 162

4.6.6. Sistema jurídico e judiciário .......................................................................................................................... 163

4.6.7. Resolução extrajudicial de litígios ................................................................................................................. 163

4.7. Principais caraterísticas dos Acordos de Cabo Verde no domínio do comércio e investimento ................... 165

4.7.1. Protocolos existentes na CEDEAO e posicionamento de Cabo Verde Face aos mesmos ........................... 165

4.7.2. Acordos essenciais de Cabo Verde na área do comércio (ACI, APPRI, ADT) ............................................. 165

4.7.3. Acordos entre Estados Unidos e Cabo Verde............................................................................................... 166

4.7.4. Acordos entre a União Europeia e Cabo Verde ............................................................................................ 166

5. Atratividade de Cabo Verde no contexto da CPLP ....................................................................................... 169

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Acrónimos

ACP – African, Caribbean, and Pacific Group of States

ADT – Acordo para evitar a Dupla Tributação

AGO – Angola

AGOA – African Growth and Opportunity Act

ANIP – Agência Nacional de Investimento Privado

APPRIS – Acordos de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos

ASEAN – Association of Southeast Asian Nations

BAD – Banco Africano de Desenvolvimento

BD – Barris (de petróleo) por dia

BDI – Burundi

BIT – Bilateral Investment Treaty

BM – Banco Mundial

BNA – Banco Nacional Angolano

BNT – Barreiras Não Tarifárias

BTA – Bilateral Trade Agreements

BT – Barreiras Tarifárias

BWA – Botsuana

CAF – República Centro-Africana

CARG – Compound Annual Growth Rate – Taxa de crescimento anual composta

CCI – Câmara de Comércio Internacional

CEDEAO – Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental

CEEAC – Comunidade Económica dos Estados de África Central

CMR – Camarões

COD – República Democrática do Congo

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COG – Congo

CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

DB – Ranking Doing Business

EM – Estados Membros

EUA – Estados Unidos da América

FMI – Fundo Monetário Internacional

GAB – Gabão

GATT – General Agreement on Tariffs and Trade

GNL – Gás Natural Liquefeito

GNQ – Guiné Equatorial

IDE – Investimento Direto Estrangeiro

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

INE – Instituto Nacional de Estatística

IPA – Investment Promotion Agency

LSO – Lesoto

LUPP – Luanda Urban Poverty Programme

MDG – Madagáscar

MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

MMTZ – Maláui-Moçambique-Tanzânia-Zâmbia

MOZ – Moçambique

MUS – Maurícias

MWI – Maláui

NAM – Namíbia

OEM – Original Equipment Manufacturer

OMC – Organização Mundial do Comércio

OPEC – Organização dos Países Exportadores de Petróleo

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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PE – Projetos Estruturantes

PIB – Produto Interno Bruto

PPPs – Parcerias Público-Privadas

PTAs – Preferential Trade Arrangements

SACU – Southern African Customs Union

SADC – Southern African Development Countries

SIDS – Small Islands Developing States

STP – São Tomé e Príncipe

SWZ – Suazilândia

SYC – Seicheles

TBI – Tratado Bilateral de Investimento

TCD – Chade

TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação

TZA – Tanzânia

UE – União Europeia

UNCTAD – United Nations Conference for Trade and Development

USAID – United States Agency for International Development

WTTC – World Travel & Tourism Council

ZAF – África do Sul

ZCL – Zona de Comércio Livre

ZMB – Zâmbia

ZWE – Zimbabué

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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Nota prévia

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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Nota prévia

O presente documento constitui resultado de um trabalho de pesquisa e análise que decorreu entre 1 de julho e 31 de Dezembro de 2013, ao abrigo de contrato celebrado entre a AIP – Associação Industrial Portuguesa (“AIP”) e a PricewaterhouseCoopers&Associados – Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, Lda. ( “PwC”).

Os elementos estatísticos, dados e informação constantes do presente documento e que serviram de base à análise e conclusões obtidas, têm por base informação pública disponível, como referenciado ao longo do documento, as quais foram alvo de apreciação quanto à sua materialidade e aplicabilidade à análise, tendo presente critérios de razoabilidade e aderência às realidades locais e regionais, e que sejam do nosso conhecimento. Foram integrados alguns dados e elementos adicionais que foram publicados após a fase de pesquisa e análise dada a sua relevância para o estudo.

Esta comunicação é de natureza geral e meramente informativa, não se destinando a qualquer entidade ou situação particular, e não substitui aconselhamento profissional adequado ao caso concreto.

As conclusões obtidas e os cálculos efetuados estão dependentes da qualidade da informação obtida em todos os aspetos materialmente relevantes, sendo que a informação recolhida foi considerada como adequada, não tendo sido realizada qualquer forma de auditoria ou certificação, para além do referido, que não as de consistência com fontes concorrentes ou complementares, salvo indicação expressa em contrário.

Os valores e as conclusões apresentados só terão sustentabilidade caso se verifiquem os pressupostos considerados, não podendo este estudo ser entendido como uma garantia ou confirmação de que esses pressupostos se verificarão. Desta forma, as nossas conclusões devem ser analisadas em função das limitações referidas. A PwC e a AIP, não se responsabilizarão por qualquer dano ou prejuízo emergente de decisão tomada com base na informação aqui descrita.

Em nenhuma circunstância, assumiremos qualquer responsabilidade relativamente a terceiros que tenham

acesso ao presente documento.

Projeto Co-Financiado:

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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Sumário

Executivo

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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Sumário Executivo

A redefinição das centralidades de dinamismo económico, a par da relativa contração das economias desenvolvidas, confere uma nova relevância às economias emergentes.

Entre estas, os países da CPLP e a Região Administrativa Especial de Macau (RAE Macau) assumem um papel relevantíssimo, não só pelo seu potencial intrínseco, mas também por se encontrarem inseridas em comunidades económicas regionais em crescente integração económica. Constituem, assim, um incontornável desafio e uma oportunidade única para os empresários nacionais.

Com efeito, os países da CPLP e a RAE de Macau encontram-se integrados em sete espaços regionais económicos distribuídos por quatro continentes.

Estima-se que o espaço lusófono tenha cerca de 258 milhões de habitantes e as regiões económicas que integram cerca de 1.8 mil milhões de habitantes.

Os estados membros da CPLP e a RAE de Macau apresentam, no seu conjunto, potencialidades e características próprias que podem permitir aumentar as exportações das empresas portuguesas, potenciar novas parcerias para a sua internacionalização e atrair investimento direto estrangeiro.

CPLP

Características

%

Comércio CPLP

(% Quota Mundial)

% - Valor

População CPLP 2012, % da população mundial 3,68%

CPLP - Total do comércio mundial

3,9% - US$ 706 mil milhões

PIB 2012, % do PIB mundial 3,67%

Exportações totais CPLP 2,1% - US$ 379 mil milhões

Água disponível na CPLP 2012, % mundo 13,53% Importações totais CPLP 1,8% - US$ 327 mil milhões

Terra arável disponível na CPLP, % mundo 5,86%

Fonte: Banco Mundial, FAO e UNCTADstat

Acresce que muito embora os países da CPLP apresentem uma dinâmica de crescimento relevante, quando comparados com o resto do mundo, verificamos a existência de um gap. Ora, este gap deverá poder ser minimizado ou revertido, através do incremento da cooperação e da integração da CPLP, assente na proximidade cultural e na complementaridade de competências.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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O reforço da integração no espaço comum lusófono e o estabelecimento de players regionais e de redes de empresas oriundas desse espaço facilitarão o acesso a novos consumidores, com preferências tendencialmente convergentes, e a mercados com elevadíssimo potencial de desenvolvimento e forte necessidade de investimento.

Por outro lado, o desenvolvimento será exponenciado com o desenvolvimento dos grandes projetos de infraestruturas regionais, aumentando ainda o grau de integração de cada uma das comunidades económicas regionais.

Adicionalmente, grandes áreas dessas regiões não apresentam, ainda, um nível de concorrência particularmente elevado, podendo conferir uma vantagem relevante (first mover) aos investidores

que primeiro acedam ao mercado.

As comunidades económicas regionais a que pertencem os demais países da CPLP e a RAE de Macau, são constituídas por 53 países, aos quais acrescem ainda os EM da União Europeia e do Espaço Económico Europeu. Apesar de Timor-Leste ainda só ser membro observador da ASEAN já apresentou o pedido formal de adesão à ASEAN.

Comunidades económicas regionais*

ASEAN

Estados Membros: Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Brunei Darussalam, Vietname, Laos, Myanmar e Camboja.

Membros observadores: Papua Nova Guiné e Timor-Leste.

SADC

Estados Membros: Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seicheles, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué.

CEEAC

Estados Membros: Angola, Burundi, Camarões, República Centro - Africana, Chade, Congo, República Democrática do Congo, Guiné Equatorial, Gabão

e São Tomé e Príncipe.

MERCOSUL

Estados Membros: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela.

CEDEAO

Estados Membros: Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal,

Serra Leoa e Togo. * A RAE Macau apesar de não se encontrar numa comunidade económica regional foi analisada enquanto plataforma para a China e RAE Hong-Kong.

*RP China e RAE Macau

2.35% 2.60%

3.24% 3.40% 3.38% 3.54%

3.31%

4.04% 4.37% 4.46% 4.51% 4.49%

2%

3%

4%

5%

2013 2014 2015 2016 2017 2018

Taxa de crescimento estimada

CPLP Mundo

Fonte: FMI e análise PwC

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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O presente guia procura, portanto, enfatizar como os países da CPLP e a RAE de Macau podem contribuir para as exportações portuguesas e o IDE nacional, enquanto plataformas de acesso àqueles mercados de integração regional. E, reciprocamente, enfatizar ainda como Portugal pode tornar-se uma plataforma de acesso do resto do mundo àqueles mercados e, simultaneamente, promover também as exportações e o IDE oriundos daquelas regiões, enquanto plataforma de acesso à União Europeia e ao Espaço Económico Europeu.

Para o efeito procurou-se caraterizar, nas suas múltiplas dimensões, os mercados das comunidades económicas regionais, o país com maior representatividade económica na região e o país da CPLP. Foi analisado um conjunto muito alargado de variáveis económicas e oportunidades nestes mercados que resultam no presente guia de investimento, não só para os mercados alvo, neste caso Cabo Verde, como também para a respetiva comunidade económica regional, neste caso a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Conhecer a estratégia regional comum e o nível de integração dos países, permitirá antecipar as tendências de desenvolvimento da economia, o comportamento dos mercados e a sua futura evolução que será sempre reforçada pelo processo de integração destas regiões e consequente convergência económica.

Cabo Verde e a CEDEAO

No presente estudo procurou-se analisar em que medida a integração regional de Cabo Verde com a CEDEAO, e com os países da CPLP, poderá dinamizar o desenvolvimento deste país enquanto plataforma para as trocas de bens e serviços e capitais, fortalecer a sua presença na região com base nas vantagens geoestratégicas e económicas únicas e reforçar a presença económica da CPLP na CEDEAO.

As relevantes potencialidades da CEDEAO poderão ser exploradas pela CPLP através dos seus 2 países membros que pertencem à comunidade, Cabo Verde e a Guiné-Bissau. Muito embora estes países apresentem diferenças endógenas que deverão ser consideradas, ambas as nações apresentam caraterísticas comuns aos demais países da CPLP, dado que têm o português como língua oficial e possuem relevantes laços culturais.

A contínua integração de Cabo Verde na CEDEAO, um bloco económico com assinalável dinamismo,

aproveitado a sua localização geográfica, estabilidade política e macroeconómica, financeira e fiscal, poderá

posicionar Cabo Verde como uma plataforma logística e de capitais entre os EMs da CEDEAO e/ou mesmo

entre a CPLP e estes EMs.

O crescimento anual do PIB tem registado valores anuais superiores a 4% (5,0% em 2011 e 4,3% em 2012), um crescimento muito concentrado no setor dos serviços, dominado principalmente pelo turismo, imobiliário e construção, com significativo investimento direto estrangeiro da Irlanda, Portugal e Espanha. Estima-se, contudo, que o incremento das reservas de água (dada a maior capacidade instalada pelas barragens) venha dar um contributo importante para o setor agrícola (setor com um peso atual modesto na Economia). Acresce que Cabo Verde é uma das nações africanas com maior sucesso democrático e com uma das melhores governações, e neste aspeto ocupa o lugar cimeiro na CEDEAO. Este é igualmente um fator decisivo para atrair IDE.

Cabo Verde definiu metas estruturais para suportar o crescimento futuro:

(i) educação, é de realçar a dotação orçamental que o Estado cabo-verdiano tem vindo a fazer para a

educação (entre 2010 e 2012 este setor absorveu, em média, 22,8% do Orçamento de Estado);

(ii) turismo, assente na qualidade notória de Cabo Verde em termos de clima, alojamento, diversidade

cultural e hospitalidade dos habitantes;

(iii) melhoria das infraestruturas, o Governo definiu um Plano de Investimento Público (“PIP” que inclui

infraestruturas fundamentais como portos, aeroportos, telecomunicações, água e saneamento e

energia);

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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(iv) fomentar o crescimento do setor privado (apoio a agronegócios, pesca sustentável); e,

(v) desenvolvimento de parcerias para a competitividade, intimamente relacionadas com a percentagem

da população cabo-verdiana que está a viver fora do território

A visão estratégica para o período 2012-2016 encontra-se centrada no desenvolvimento de uma parceria para

a competitividade com o setor privado.

Cabo Verde assume nítidas ambições para se revelar, cada vez mais, como um país cujo sucesso

democrático e governativo lhe permitirá ser o construtor de pontes para o desenvolvimento com os países

vizinhos e entre estes e países como os Estados Unidos da América, que contam com uma fatia importante da

população cabo verdiana a residir neste país; ser a base para os esforços diplomáticos e políticos com África e

ser um centro de negócios internacional direcionado para estes territórios.

Setores relevantes no país:

Numa perspetiva mais granular identificamos setores ou produtos específicos que num futuro próximo poderão

apresentar procura latente/efetiva relevante ou vantagens competitivas na sua produção em Cabo Verde.

Dividimos pela tipologia de setor.

Setor primário: entre outros destacamos as seguintes áreas:

Atividades piscatórias. Cabo Verde possui uma ampla Zona de Exclusividade Económica, com

recursos piscatórios de reconhecida qualidade e próximos de uma diversidade de mercados africanos

e do arquipélago das Canárias (com acesso direto ao mercado da EU).

Setor secundário:

Construção de centrais geradoras de eletricidade, com particular foco no polo das energias renováveis

(potencial eólico entre os melhores do Mundo);

Construção, desenvolvimento e modernização de infraestruturas portuárias, rodoviárias e

aeroportuárias (de destacar que a localização geográfica Cabo Verde interseta relevantes rotas

marítimas internacionais);

Trabalhos de engenharia relacionados com barragens, diques e reservatórios (maior autonomia do

país face às suas necessidades hídricas);

Setor terciário: entre outros destacamos as seguintes áreas:

Turismo, setor com maior atratividade de IDE no curto prazo – encontram-se previstos investimentos

na ordem dos €750 milhões até 2016 - em termos de resorts, imobiliária turística e indústria

complementar;

Desenvolvimento do setor de atividades de nearshoring, particularmente atrativas no contexto

geopolítico cabo-verdiano;

Projetos de desenvolvimento de parques tecnológicos (pedra basilar da estratégia TIC de Cabo

Verde).

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

15

Comércio Internacional de Cabo Verde com os parceiros económicos:

Os principais parceiros comerciais de Cabo

Verde são Portugal, Países Baixos, Estados

Unidos da América e Espanha, que

representam no conjunto a origem de cerca

de 69% das importações totais de Cabo

Verde.

As importações globais de Cabo Verde

ascendem a um total anual de US$ 754

milhões.

Os produtos mais importados por Cabo

Verde são os óleos de petróleo, o leite e

produtos lácteos, materiais de construção

(cimento) e mobiliário.

Portugal atualmente representa cerca de

39% do total das importações cabo-

verdianas (US$ 292 milhões).

Os produtos portugueses mais exportados

para Cabo Verde em 2012 foram o cimento

e os materiais de construção fabricados

(US$ 20 milhões), óleos e gorduras vegetais

(azeite e óleos) (US$ 13 milhões) e bebidas

alcoólicas (US$ 11 milhões), as quais

representam 98%, 82% e 77% do valor de

importações destes bens, o que demonstra que Portugal é um fornecedor quase exclusivo destes artigos.

Os agentes económicos Portugueses poderão alavancar a quota de mercado que têm em Cabo Verde, bem

com as boas relações, para explorar as

oportunidades do mercado da CEDEAO.

Simultaneamente os agentes económicos

poderão atender a 2 aspetos críticos: (i)

execução do PIP e (ii) expansão do turismo em

Cabo Verde e consequentemente

posicionarem-se no sentido de a) aumentarem

a exportação de materiais de construção, b)

reforçar a exportação de bens de consumo que

sejam privilegiados pelos turistas (o que

permitirá, inclusive, possibilidades nos

mercados de origem destes), e c) concorrer

aos grandes projetos de modernização e

construção de infraestruturas.

Do total dos produtos importados por Cabo Verde aos seus parceiros comerciais, que totalizaram US$ 754 milhões identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 58% das importações, no montante de US$ 435 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Leite e produtos lácteos; Materiais de construção (cimento); Mobiliário e peças; Arroz; Equipamento de telecomunicação; Gorduras vegetais; Produtos comestíveis e preparações; Outras carnes e miudezas comestíveis; Bebidas alcoólicas; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Artigos de plástico; Açúcar, melaço e mel; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Veículos a motor transporte de mercadorias; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Papel e cartão; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Materiais de construção (tijolos); Legumes; Aeronaves e equipamentos; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Milho; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Carne, miudezas, comestíveis, preparados e conservados.

Fonte: UNCTADStat, dados de 2012

Do total dos produtos importados por Cabo Verde a Portugal, que totalizaram US$ 292 milhões identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 56% das importações, no montante de US$ 163 milhões:

Materiais de construção; Gorduras vegetais e óleos; Bebidas alcoólicas; Leite e produtos lácteos; Mobiliário e peças; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro e painéis; Artigos de plástico; Produtos comestíveis e preparações; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Papel e cartão; Materiais de construção; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Frutas e frutos secos; Legumes; Metais comuns; Pigmentos, tintas, vernizes e materiais relacionados; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Tubos, canos e mangueiras de plásticos; Sumos de frutas e vegetais; máquinas de processamento de dados; Equipamento de telecomunicação; Carne, miudezas, comestíveis e conservadas; Máquinas e aparelhos elétricos.

Fonte: UNCTADStat, dados de 2012

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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Comunidade Económica do Estados da África Ocidental (CEDEAO)

Através da estratégia adotada pela CEDEAO em 2006, a ‘Visão 2020’, os EMs pretendem desencadear um

processo de transformação nos seus territórios, que permita incrementar o nível de relações comerciais e

económicas numa verdadeira região sem fronteiras, tomando partido dos enormes recursos da CEDEAO.

Sendo o nível de complementaridade ainda muito reduzido no seio da CEDEAO, a melhoria da intensificação

das trocas comerciais é um dos seus objetivos, pelo que se torna necessária alguma especialização na cadeia

de valor pelos EMs.

Observa-se, contudo, que há uma potencial alavancagem comercial entre Nigéria, Costa do Marfim, Gana, e

Senegal, podendo este sub- grupo de países dentro da CEDEAO vir a tornar-se o eixo motor da região. O

detalhe dos bens importados e exportados por estas nações evidencia a preponderância de cacau, algodão,

combustíveis, minérios e outros, tendo por contrapartida necessidades de bens que não se encontram

disponíveis nesta região.

No comércio extrarregional, os principais mercados de exportações são países com elevada produção

industrial, como a China, países membros da UE (França, Reino Unido e Holanda, em particular), EUA e

República da Coreia.

As matérias-primas têm um enorme

destaque nas exportações da

CEDEAO, sendo em boa parte

responsáveis pelo saldo positivo da

balança comercial, e permitindo

uma redução considerável das suas

necessidades de financiamento

junto do exterior.

Ao nível das importações da região,

verifica-se um abrandamento do

crescimento, embora as

importações mantenham uma taxa

média de crescimento de 11.8%

entre 2009 e 2012.

Importa referir que a CEDAO conta

com um mercado potencial de 319

milhões de consumidores.

No Top dos produtos mais

importados pela CEDEAO são de

destacar os óleos brutos, óleos de

petróleo, óleos de xistos, materiais

em bruto e veículos automóveis

para transporte de pessoas,

consequência do desenvolvimento

industrial da região.

Ainda assim, as exportações de

Portugal diminuíram 3,1% no

período de 2008 a 2012. Perspetiva-

se que a curto ou médio prazo,

Portugal apresenta uma balança comercial negativa com a região, a qual é fortemente influenciada pela

importação de combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados que corresponderam a 90% das

importações portuguesas da região em 2012.

Do total dos produtos importados pela CEDEAO, no montante de US$ 104 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 50 principais produtos que representam 70% das importações, no montante de cerca de US$ 72,7 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Arroz; Produtos comestíveis e preparações; Embarcações; Equipamento de telecomunicação; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Trigo e centeio em grão; Máquinas para a construção civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Peixe fresco ou congelado; Materiais de construção; Açúcar, melaço e mel; Tecidos de algodão; Leite e dos produtos lácteos; Geradores; Motocicletas e velocípedes; Automóveis; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro e aço; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Metais comuns; Gorduras vegetais e óleos, refinados; Papel e cartão; Máquinas e aparelhos; Artigos de plástico; Peças e acessórios dos veículos; Máquinas de energia elétrica e componentes; Fertilizantes; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Material impresso; Bombas e compressores a gás e ventiladores; Motores de combustão interna e peças; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Aparelhos de medição, análise e controle; Polímeros de etileno, em formas primárias; Produtos laminados planos de ferro, aço não ligado, não revestido; Ferramentas mecânicas, outras; Inseticidas e produtos semelhantes, para venda a retalho; Aquecimento e resfriamento de equipamentos e suas partes; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Alumínio; Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Outras matérias plásticas em formas primárias; Produtos diversos das indústrias químicas; Máquinas de processamento de dados; Mobiliário e peças; Chapas, filmes, papel alumínio e lâminas, de plástico.

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

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Nas trocas comerciais entre a CEDEAO e

CPLP, apenas Portugal e o Brasil

apresentam níveis significativos, quer em

termos de importações, quer em termos de

exportações.

O Brasil e Portugal têm vindo a registar

fortes deficits comerciais em relação à

CEDEAO.

Portugal registou em 2012 um défice

comercial de US$ 1,1 mil milhões, em

particular devido ao peso das importações

de petróleo.

Neste contexto Cabo Verde pode ganhar uma nova relevância económica – posicionando-se enquanto porta

de saída e de entrada da região. Ao papel de Cabo Verde enquanto plataforma logística e de serviços é

indispensável a modernização e a construção de estruturas portuárias em zonas privilegiadas de acesso ao

continente, vias terrestres de transporte, e um quadro político e legal estável e credível que permita ancorar

expectativas.

Nigéria

A Nigéria assume um papel central na região, enquanto principal economia da CEDEAO (responsável por

cerca de 66% do PIB), o país africano mais populoso (cerca de 168 milhões de habitantes), e com base na

revisão do PIB de 2013, a maior economia africana.

A Nigéria possui uma equilibrada distribuição espacial da sua economia e um grau de desenvolvimento notório

(existem poucas áreas com aproveitamento agrícola que não estejam a ser exploradas), além das relevantes

reservas petrolíferas e um setor de serviços, bancário e telecomunicações, bastante desenvolvido).

O governo tem levado a cabo um programa de consolidação orçamental que estabelece como teto máximo um

défice orçamental de 3% do PIB, o qual tem sido eficientemente cumprido nos últimos anos, o que, juntamente

com uma política monetária conservadora dotou a economia de uma estabilidade macroeconómica facilitadora

do desenvolvimento da atividade económica.

Desta forma, a Nigéria tem beneficiado de anos de forte e sustentável crescimento, proporcionando uma

melhoria na qualidade de vida da população, redução da pobreza (muito embora se devam registar as

elevadas desigualdades na distribuição do rendimento), desenvolvimento de setores chave, e qualificação da

população. Em suma, trata-se de uma economia em transformação, o que conduz a mudanças de padrões de

consumo e a novas rotas de desenvolvimento, o que traz novas oportunidades de negócio.

Em termos de política industrial foi decidido eliminar os subsídios ao setor petrolífero em 2012, responsáveis

por 30% dos gastos totais do Estado em 2011 (cerca de 4,2% do PIB da Nigéria). Esta poupança orçamental

foi, em parte, redirecionada para a execução do plano estratégico nacional, fundamentado nos seguintes

eixos: i) programas para a segurança social, e ii) projetos de infraestruturas tidas como fulcrais para o

desenvolvimento da economia.

Segundo alguns relatórios internacionais, a Nigéria será o país com a maior taxa média de crescimento anual

do PIB a nível mundial, entre 2010 e 2050. Note-se que, apesar do moderado crescimento económico a que

se assiste no setor petrolífero, a Nigéria registou um crescimento anual do PIB em 2012 superior a 6%, sendo

que 2012 faz parte de um período em que o crescimento da economia se tem vindo a dever ao setor das

telecomunicações, correios, extração mineira, hotelaria, restauração, construção civil, comércio grossista e

Do total dos produtos importados pela CEDEAO a Portugal, no valor total de US$ 593 milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 59% das importações do bloco, no montante de US$ 353 milhões:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Materiais de construção (cimento); Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Bebidas alcoólicas; Gorduras vegetais e óleos, refinados; Gás propano e butano liquefeito; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Bebidas não alcoólicas; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Mobiliário e peças; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Embarcações; Produtos comestíveis e preparações; Leite e produtos lácteos; Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço; Papel e cartão; Materiais de construção (tijolos); Artigos de plástico; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Equipamento de telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Metais comuns; Tabaco; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Papel e cartão.

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

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retalhista, imobiliário e agricultura. Este crescimento evidencia a diversificação da base económica nacional e

o aligeirar da dependência face ao setor petrolífero.

A Nigéria importa maioritariamente óleos

brutos de petróleo, veículos automóveis para

transporte de pessoas, produtos comestíveis e

preparações representando estes, 65% do

total das importações.

As importações da Nigéria à CPLP não são

expressivas (3,21%), sendo estas

maioritariamente asseguradas pelo Brasil, e

em segundo e terceiro lugar por Portugal e por

Angola.

As exportações da Nigéria para o mundo

encontram-se concentradas em combustíveis

minerais (94%).

Os principais destinatários são países

industrializados como a China, os EUA, o

Brasil e a Alemanha, representando 47% das

suas exportações. Os EUA têm vindo a

incrementar o seu peso, enquanto a China

apresenta variabilidade ao longo dos períodos

analisados.

Refira-se que a balança comercial de Portugal

com a Nigéria tem sido negativa, cifrando-se

em cerca de US$ 1,5 mil milhões em 2012, dados os elevados volumes de crude, óleos brutos de petróleo e

gás natural importados para satisfazer as necessidades energéticas do país.

As oportunidades que sobressaem na Nigéria baseiam-se em 3 eixos fundamentais: i) o crescimento anual

previsto para o setor agrícola em cerca de 5% ao ano, ii) o crescimento do setor industrial a 15% ao ano até

2020, e iii) o crescimento do setor financeiro, imobiliário, comércio e outros serviços a 13%.

Para os agentes económicos Portugueses e da CPLP poderão ser prioritárias a implementação de soluções

para infraestruturas e a indústria de materiais ou complementares à construção e para a indústria

agroalimentar (prevê-se que a pressão do crescimento dos rendimentos per capita venha colocar pressão

sobre a procura deste tipo de produtos. As empresas brasileiras com implementação relevante no território

poderão ser uma fonte de inspiração e de ensinamentos.

Conclusões Globais

Face ao que foi dito, Cabo Verde poderá ser uma porta de entrada para a comunidade económica regional

(comunidade que aspira a uma maior integração com objetivos de coordenação das iniciativas regionais de

desenvolvimento), tanto para bens como para serviços.

A localização, a estabilidade política e a segurança de Cabo Verde, a par das estratégias de requalificação de

infraestruturas promovidas pelo Governo (investimentos estatal previsto), dotam o país de elevada atratividade

ao investimento (industria piscatória e de serviços) e ao turismo internacional.

Cabo Verde poderá, igualmente, ser uma ponte robusta para a África Subsariana, face à sua localização

geográfica e demais características. Os recursos da CEDEAO e as oportunidades de negócio são elevadas e

Cabo Verde poderá posicionar-se como um centro credível e competente para negócios na região.

Há um conjunto de elementos a ponderar na abordagem ao mercado que podemos sintetizar no seguinte quadro:

Do total dos produtos importados pela Nigéria aos seus parceiros económicos. no montante de US$ 51 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 53% das importações, no total de cerca de US$ 27.3 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Produtos comestíveis e preparações; Trigo e centeio em grão; Equipamento de telecomunicação; Arroz; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Peixe fresco ou congelados; Embarcações; Automóveis; Motocicletas e velocípedes; Geradores; Leite e produtos lácteos; Máquinas para a construção civil; Máquinas de energia elétrica e componentes; Papel e cartão; Peças e acessórios dos veículos; Açúcar, melaço e mel; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro, aço; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Motores de pistão de combustão interna; Metais comuns; Cacau; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio.

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

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Forças Fraquezas

Português é a língua oficial de Cabo Verde

Dimensão da ZEE oceânica

Portugal é um parceiro económico potencial ao nível de bens agrícolas

Elevado investimento externo

Liderança em África, em termos de estabilidade política e segurança

Localização geográfica entre a UE, África e Brasil;

Previsões de continuação de crescimento da atividade económica nos próximos anos

Localização geostratégica para a CEDEAO, para área dos serviços e logística – 4 portos internacionais e 4 aeroportos

Os produtos de Cabo Verde são elegíveis para exportação para os EUA ao abrigo do African Growth and Opportunity Act, AGOA

Cabo Verde foi o primeiro país Africano a assinar com a UE um acordo especial que concede acesso preferencial ao mercado da UE e redução de tarifas sobre as suas exportações.

Potencial eólico que figura entre os melhores do Mundo

Fatores como as praias, a paisagem, o clima, a hospitalidade, e a cultura local, que potenciam o turismo

Reduzida integração regional na CEDEAO

Baixos níveis de rendimentos

Nível de endividamento estatal

Reduzida capacidade de cobertura e exploração da sua ZEE

A reduzida área de solo arável no arquipélago

Reduzida dimensão da economia

Falta de água e energia

Oportunidades Ameaças

Grande potencial de crescimento, apoiado na tendência de crescimento económico registada nos últimos anos

Atual solidez do sistema bancário cabo-verdiano, com forte presença de bancos internacionais

Tendência de privatização da economia estatal

Projetos relevantes de investimento previstos em infraestruturas (elevada concentração no setor portuário e hídrico)

Programa ambicioso de investimento na Educação

Objetivos ambiciosos para o setor turístico, com o interesse claro em diversificar o setor, atrair turismo de elevado valor acrescentado e melhorar as ligações do turismo com os outros setores da economia

Planos para transformar Cabo Verde num centro regional de processamento e exportação de recursos marinhos (criação e fortalecimento de infraestruturas de congelamento de recursos piscatórios, entre outros)

Modernização tecnológica do país – objetivo de construção de Parques Tecnológicos orientados para o mercado internacional (implementação do projeto financiado a 88% pelo Banco Africano de Desenvolvimento)

Realização de negócios de nearshoring no

arquipélago, dadas as suas caraterísticas muito atrativas ao IDE

Dependência elevada das remessas de emigrantes, que ainda representam uma parcela significativa dos rendimentos disponíveis da população local

Sujeição a períodos de seca

Elevada dependência de combustíveis fósseis, com elevados custos de importação

S W

O T

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1. CEDEAO

Enquadramento regional, político e

económico

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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1. CEDEAO. Enquadramento regional, político e

económico

1.1. Caracterização da comunidade

1.1.1. Principais objetivos e aspirações da CEDEAO1

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) foi criada em 1975 e é composta,

atualmente, por 15 Estados-Membros (EM). Inicialmente, a constituição desta comunidade teve como objetivo

principal a diminuição das barreiras tarifárias e não-tarifárias, a supressão dos direitos e taxas de importação,

a eliminação das restrições de comércio intrarregional e a introdução progressiva de uma tarifa aduaneira e de

uma política comercial comum, a supressão dos obstáculos à livre circulação de pessoas, bens, serviços e

capitais, a harmonização das políticas económicas, industriais, agrícolas, monetárias e de infraestruturas.

As insuficiências do Tratado de 1975 vieram a ser reconhecidas na década de 90. Após amplo debate, o

Tratado foi revisto a 24 de julho de 1993. O novo Tratado passou a dotar formalmente a Comunidade da

responsabilidade de evitar e de resolver conflitos na região.

Oito países da sub-região (Benim, Burkina-Faso, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Mali, Níger, Senegal e Togo)

organizaram-se igualmente numa União Económica e Monetária – a UEMOA (União Económica e Monetária

do Oeste Africano), partilhando a mesma moeda, o franco CFA.

Figura 1 – Principais etapas históricas na criação da CEDEAO

1 A Inserção de Cabo Verde na CEDEAO

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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1.1.2. Os Estados Membros da CEDEAO

A CEDEAO é composta por quinze Estados-Membros: Benim,

Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana,

Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal,

Serra Leoa e Togo. Não obstante a pluralidade linguística e de

dialetos que se encontram na região, a língua oficial

predominante é o inglês (65% da população da região), seguida

do francês. O Português surge como 3º língua, sendo língua

oficial em Cabo Verde e Guiné-Bissau, que no seu conjunto

representam 0.7% da população residente na CEDEAO.

Atualmente, todos os países que constituem a comunidade são também membros da OMC, estando adstritos

ao regime jurídico e acordos estabelecidos no quadro desta organização.

1.1.3. Mecanismos de integração e prioridades de desenvolvimento da CEDEAO2

Por forma a permitir aumentar a coesão entre os EM e eliminar progressivamente as barreiras à plena

integração, a Comunidade tem vindo a implementar programas estratégicos no âmbito do seu processo de

renovação e desenvolvimento.

Estes programas têm como objetivos de estratégia regional:

1. Promover a boa governação, justiça e melhorar a prevenção, gestão e mecanismos de resolução de

conflitos;

2. Promover o desenvolvimento de infraestruturas e um ambiente empresarial competitivo;

3. Promover o desenvolvimento sustentável e a cooperação regional;

4. Aprofundar a integração económica e monetária;

5. Reforçar a capacidade institucional;

6. Reforçar os mecanismos de integração no mercado global.

2 http://www.spu.ecowas.int/

Língua Oficial por País

Português Francês Inglês

Cabo Verde, Guiné-

Bissau

Benim, Burquina-Faso,

Costa do Marfim, Guiné,

Mali, Níger, Senegal,

Togo

Gâmbia, Gana,

Libéria, Nigéria,

Serra Leoa

Figura 2 - Países que integram a CEDEAO

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1. Promover a boa governação, justiça e melhorar a prevenção, gestão e mecanismos de resolução de

conflitos

Desafios Necessidade de implementar soluções que evitem o conflito e que ajudem a estabilizar o “pós-conflito”; Necessidade de melhorar os sistemas de gestão regional e recursos humanos, por forma a ser possível gerir múltiplas tarefas de forma eficiente e eficaz; A necessidade de melhorar a infraestrutura social, diplomacia e questões humanitárias.

Estratégia Mobilizar os recursos e melhorar as estratégias necessárias para cumprir a missão de manutenção da paz, estabilidade e segurança na região, dentro do contexto de uma boa governação como base para o desenvolvimento sustentável.

2. Promover o desenvolvimento de infraestruturas e um ambiente empresarial competitivo

Desafios Fornecimento de infraestruturas económicas e tecnológicas de base; Desenvolvimento do setor educacional; Empreendedorismo e desenvolvimento empresarial.

Estratégia Fornecer os elementos políticos necessários por forma a assegurar a competitividade regional e nacional, bem como um ambiente de negócios propício ao desenvolvimento do setor privado e aumento da capacidade de suporte a uma estrutura de investimento regional.

3. Promover o desenvolvimento sustentável e cooperação regional

Desafios Falta de infraestruturas físicas e sociais para o estabelecimento de um setor privado forte; Ausência de vontade política para implementar os vários protocolos de livre circulação de pessoas, mercadorias e serviços; Falta de capacidade de gestão do processo de desenvolvimento e falta de coerência e consistência na negociação coletiva; Falta de um programa de harmonização da política industrial que promova o desenvolvimento do setor e facilite a redução de custos nos setores produtivos das economias regionais.

Estratégia Apoiar e incentivar iniciativas que facilitem o cumprimento das políticas e protocolos existentes e proporcionar um ambiente favorável para o desenvolvimento sustentado da região.

4. Aprofundar a integração económica e monetária

Desafios Ausência de políticas económicas e estruturas

Estratégia Promover a harmonização da política económica e

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jurídicas e contabilísticas comuns; Falta de coerência e sinergias no mecanismo de vigilância multilateral das diversas instituições da Comunidade; Escassez de informação sobre questões de desenvolvimento socioeconómico; “Não-realização” de critérios de convergência primária e secundária de forma sustentável pelos EM; “Não operacionalização” das instituições relevantes necessárias para a introdução de moeda única.

cooperação monetária como um meio de atingir a convergência macroeconómica e eventualmente, obter uma moeda única na região.

5. Reforçar a capacidade institucional

Desafios Escassez de investimento no desenvolvimento dos recursos humanos e falta de cultura organizacional; Estruturas organizacionais ineficientes e sistemas de gestão fracos; Baixa penetração das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TICs).

Estratégia Desenvolver um ambiente de trabalho eficiente e funcional por forma a melhorar a produtividade e a coordenação das atividades necessárias à concretização dos objetivos da região.

6. Reforçar os mecanismos de integração no mercado global

Desafios A instituição de um planeamento estratégico e de um sistema de programação que seja não só prospetivo, mas também a chave para alcançar a visão da região; Falta de mecanismos eficazes para uma abordagem integrada de promoção do comércio; Baixo valor acrescentado e má qualidade dos produtos provenientes da região; Mau estado das infraestruturas da região; A atual crise global e os seus efeitos nas ajudas e nos fluxos de investimento direto estrangeiro (IDE).

Estratégia Implementação da Visão 2020 da CEDEAO (ver caixa abaixo).

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1.2. A CEDEAO enquanto comunidade económica

O desempenho económico da região da CEDEAO nos últimos 5 anos foi fortemente influenciado pela

desaceleração da economia global. O fraco desempenho económico mundial provocou uma diminuição da

procura global, comprometendo o ritmo de crescimento acelerado da economia da região da CEDEAO, que

ainda assim registou uma taxa de crescimento média entre 2008 e 2012 de 5,9%.

Tabela 1 - Caracterização dos países membros da CEDEAO

País

Extensão

Territorial

(km2)

População4

População

(% s/ total

região)

PIB3

(milhões

US$)

PIB

per

capita4

Nível

de

IDH4

Índice de

Liberdade

Económica5

(ranking 2013)

Benim 112.622 10.050.702 3,2% 7.557 752 Baixo 101

Burquina-Faso 274.200 16.460.141 5,2% 10.441 634 Baixo 86

Cabo Verde 4.033 494.401 0,2% 1.897 3.838 Médio 65

Costa do Marfim 322.462 19.839.750 6,2% 24.680 1.244 Baixo 126

Gâmbia 11.295 1.791.225 0,6% 917 502 Baixo 92

Gana 238.533 25.366.462 8,0% 40.710 1605 Médio 77

Guiné 245.857 11.451.273 3,6% 6.767 591 Baixo 137

Guiné-Bissau 36.544 1.663.558 0,5% 897 539 Baixo 138

Libéria 111.369 4.190.435 1,3% 1.767 422 Baixo 147

Mali 1.240.192 14.853.572 4,7% 10.308 694 Baixo 111

3 World Bank 2012

4 PNUD 2012 e World Bank

5 www.heritage.org

Visão 2020

A Visão 2020, que “tem como objetivo transformar a Região da África Ocidental numa região sem fronteiras, onde os

cidadãos podem criar e aproveitar as oportunidades de negócio para uma produção sustentável, através da exploração

dos enormes recursos da região”, foi adotada em 2006, no seguimento de vários processos de mudança.

A “Visão” pretende atingir os seguintes objetivos até 2020:

i) Transformar a “CEDEAO de Estados” numa “CEDEAO de Pessoas”, para que os próprios cidadãos estejam

envolvidos no processo de integração regional e estejam no centro das preocupações políticas da região;

ii) Criar um espaço no qual as pessoas vivam com dignidade e paz, no âmbito do Estado de Direito e da boa

governação;

iii) Criar uma região sem fronteiras;

iv) Estabelecer uma região devidamente integrada na “aldeia global” e que consiga tirar proveito dessa

globalização.

Para assegurar a implementação da Visão 2020, a Comissão da CEDEAO criou o Programa de Desenvolvimento da

Comunidade, cujo objetivo é assegurar a coerência e coordenação das iniciativas regionais de desenvolvimento e

“oferecer” à região um programa de desenvolvimento económico regional de referência, de médio e longo prazo.

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País

Extensão

Territorial

(km2)

População4

População

(% s/ total

região)

PIB3

(milhões

US$)

PIB

per

capita4

Nível

de

IDH4

Índice de

Liberdade

Económica5

(ranking 2013)

Níger 1.267.000 17.157.042 5,4% 6.568 383 Baixo 128

Nigéria 923.768 168.833.776 53% 262,605 2.722 Baixo 120

Senegal 196.722 13.726.021 4,3% 14.159 1.023 Baixo 116

Serra Leoa 71.740 5.978.727 1,9% 3.796 635 Baixo 151

Togo 56.785 6.642.928 2,1% 3.813 574 Baixo 150

Total 4.669.515 318.500.013 100% 593.892

N/A

Os países-membros da CEDEAO apresentam profundas e crescentes assimetrias estruturais, que apontam

para uma disparidade entre tamanho e riqueza. A extensão territorial dos países membros oscila entre os 4.03

km2 de Cabo Verde e os 1.267.000 km

2 do Níger. Este último, apesar de ser o país com maior extensão

territorial, representa apenas 5,4% da população total da região. De acordo com dados do Banco Mundial, a

Nigéria representava, em 2012, 53% da população total da região e cerca de 66% do Produto Interno Bruto

(PIB) do mesmo.

No que se refere ao índice de liberdade económica6, é de notar que a pontuação geral para a região da

CEDEAO em 2013 é de 55%, ligeiramente abaixo da média mundial nesse mesmo ano, de 59,6%. No entanto,

verificam-se profundas diferenças entre os 15 países da comunidade. Cabo Verde e Gana, países com maior

pontuação neste índice (63,7% e 61,3%, respetivamente) são, coincidentemente, também os países da região

com maior PIB per capita (US$ 3.838 e US$ 1.605). Por outro lado, Serra Leoa, Togo e Libéria encontram-se

no fim da tabela situando-se em 151º, 150º e 147º lugares do ranking, respetivamente, cerca de 70 posições

abaixo de Cabo Verde, com valores igualmente reduzidos do seu PIB per capita.

Em 2012, o PIB dos EM da CEDEAO ascendia no seu conjunto a US$ 396.882 milhões, com uma contribuição relevante do setor agrícola que, em média, representava cerca de 36% do total do PIB da região.

Mesmo nos países em que as exportações são dominadas por produtos minerais (industria extrativa), como a Guiné, Níger e Serra Leoa, é o setor agrícola que que apresenta maior peso no PIB e que ocupa a maior parte da população ativa. Cabo Verde e Gâmbia são uma exceção, com o setor dos serviços a representar mais de metade do PIB.

Em termos de crescimento, o PIB dos EM da

CEDEAO aumentou, em 2012, cerca de US$

23.799 milhões em relação ao ano de 2011

(+6,4%), e US$ 81.683 milhões face a 2008

(+5,9% /ano), sugerindo uma aceleração

económica dos EM nos anos mais recentes.

Os países que mais cresceram nos últimos 5 anos

(2008-2012) foram a Libéria e o Gana, com taxas

de crescimento médias de 11,09% e 8,61%,

6

Considera dez categorias: negócios; comércio; liberdade fiscal; intervenção do governo; monetária; investimentos; financeira; corrupção; trabalho; direitos de propriedade.

Gráfico 1 – PIB por setor - CEDEAO

36.1

5.0

6.1

7.5

8.6

8.4

4.2

9.9

12.9

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Construção

Agricultura

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

27

respetivamente. No entanto, sendo a Libéria um país economicamente pobre, tem um contributo

proporcionalmente modesto para o crescimento da região.

Gráfico 2 - Crescimento médio anual países CEDEAO 2008-2012

7

Economicamente, a região é dominada pela Nigéria – que representa cerca de 66% do PIB da região, em

parte como resultado do setor petrolífero, o qual tem crescido a uma taxa média de 6,96% ao ano, em linha

com a média da região, como seria expectável. Também o Gana tem um peso significativo na região, superior

a 10%, e tem crescido a uma taxa média de 8,61% nos últimos 5 anos, constituindo um acelerador do

crescimento económico, em parte motivado pelo desenvolvimento do setor financeiro. Cabo Verde, Gâmbia,

Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Níger, Serra Leoa e Togo representam, no seu conjunto, apenas 6,7% do total

do PIB da região (dados de 2012).

7

Elaboração própria com base em dados do World Bank

66.2%

10.3%

6.2%

3.6%

2.6%

2.6%

1,9% 6,7%

2012

65.7%

9.1%

7.4%

4.2%

2.8%

2.6% 2,1% 6,0%

2008 Nigéria

Gana

Costa doMarfim

Senegal

Mali

Burquina-Faso

Benin

Outros

Gráfico 3 - Contribuição de cada EM para o PIB da CEDEAO, 2008 e 2012

3.83%

6.16%

4.89%

2.55%

4.00%

8.61%

2.87%

3.42%

11.09%

3.33%

2.60%

6.96%

3.25%

6.97%

4.02%

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

-

50,000

100,000

150,000

200,000

250,000

300,000

PIB

(U

S$ m

ilhões)

PIB (2008) PIB (2012) CAGR PIB12-08PIB 08-12

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

28

Nos últimos 5 anos, podemos verificar que a contribuição de cada país para o PIB da região tem-se mantido

relativamente constante, sendo de referir, no entanto, que os países de matriz francófona têm vindo a perder

peso na região, com especial destaque para o Senegal e a Costa do Marfim.

Em 2012, representando 35% da população, os países de língua oficial francesa contribuíam com apenas 18%

do PIB regional (20% em 2008).

A análise do gráfico permite-nos compreender a dimensão do PIB de cada um dos países e o seu crescimento

não só em 2012 como, também, face à média de crescimento entre o período 2008 a 2012. Assim temos, a

Costa do Marfim que denota um retomar do crescimento económico, crescendo acima da média que vinha

apresentando nos últimos anos.

O mesmo se passa com a Gâmbia, Níger, Burkina-Faso e Serra Leoa. No entanto, todos estes países

possuem economias relativamente pequenas quando comparadas com os verdadeiros motores da região, a

Nigéria e o Gana, cujo crescimento abrandou em 2012 face à média dos últimos 5 anos, mas ainda assim,

entre os 5% e 10%.

África apresenta em termos mundiais índices de competitividade reduzidos, com perspetiva de crescimento.

Benin; 7,557

Burquina-Faso; 10,441

Gâmbia; 917

Cabo Verde; 1,897

Costa do Marfim; 24,680

Gana; 40,711

Guiné; 6,768

Mali; 10,308 Guiné-Bissau; 897

Liberia; 1,767 Niger; 6,568

Nigéria; 262,606

Senegal; 14,160

Serra Leoa; 3,796

Togo; 3,814

(5%)

0%

5%

10%

15%

20%

(5%) 0% 5% 10% 15% 20%

Cre

scim

en

to d

o P

IB 2

01

2

Crescimento médio do PIB 2008-2012

Gráfico 4 – Evolução das economias da região 2008-2012

Figura 3 – Índice de competitividade global

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

29

Fonte: African Competitiveness Report 2013

Os países da CEDEAO que mais desceram no ranking de competitividade global foram a Gâmbia, Nigéria e

Benim, cujas posições nos rankings do Global Competitiveness Index do World Economic Forum.

Gráfico 5 - Relação entre crescimento do PIB e variação no global competitiveness index 2008-2013

Cabo Verde; 4.98%

Senegal; 1.41%

Nigeria; 5.16%

Benim; 3.31%

Bukina Fasso; 5.74%

Gambia; -1.29%

Ghana; 9.30%

Guiné Bissão; 1.59%

Guiné; 15.69%

Liberia; 20.08% Mali; 20.08%

Niger; 5.16%

Togo; 4.81%

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

0 5 10 15 20 25 30

Taxa

de

cre

scim

en

to m

ed

io a

nu

al d

o P

IB 2

00

8-

20

12

Alteração ao Ranking GCI 2008/-2013/14

Fonte: Cálculos PwC com base nos dados do World Economic Forum

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

30

Para 2014, estimou-se que a grande maioria dos EM da região apresente perspetivas de crescimento

superiores a 6%.

Figura 4- Estimativas de crescimento do PIB em África

Fonte: FMI

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

31

1.3. As economias da CEDEAO

1.3.1. Nigéria8 e Gana. As duas maiores economias da Comunidade.

A economia nigeriana é a maior da região e a segunda maior

da África Subsariana, a seguir à África do Sul.

Esta economia está estruturada fundamentalmente em torno

de produtos agrícolas e do petróleo. Deve porém ter-se

presente a riqueza disponível em recursos naturais, contando

com cerca de 34 minerais diferentes, neles se incluindo ouro,

minério de ferro, carvão e calcário.

O setor agrícola representa cerca de 30,9% do PIB do país e

emprega quase ¾ da população. A avicultura e o cacau são

duas das áreas em que a produção não tem conseguido

acompanhar a procura doméstica e internacional. Não

obstante a sua relevância económica, o setor agrícola

representa apenas 2,5% das exportações, com especial

destaque para o cacau, as peles e os couros.

Já o setor petrolífero, apesar de representar 15% do PIB, é responsável por 71% das exportações e 79% das

receitas do Estado. Os planos de desenvolvimento estabelecidos pelo Governo visam incentivar o crescimento

de atividades não ligadas ao setor petrolífero, com forte investimento em infraestruturas chave, de modo a

evitar assim que a Nigéria continue a sofrer da designada “doença holandesa”9. Por comparação podemos

verificar que Angola está a fazer um esforço semelhante a preparar um futuro não dependente do petróleo.

A Nigéria importa10

combustíveis refinados, máquinas e automóveis, que juntos somaram 48,3% das

importações do país em 2012. É o maior exportador de petróleo do mundo mas, devido à baixa capacidade

de utilização das suas refinarias, cerca de 85% dos produtos petrolíferos de que necessita têm de ser

importados.

A economia do Gana é a 2ª maior da África Ocidental e a 6ª

maior da África Subsariana. Encontra-se localizada numa

zona estratégica, o Golfo da Guiné, onde se concentra cerca

de 2/3 da produção petrolífera da África Subsariana).

O país produz um conjunto variado de culturas, sendo as

principais o cacau, o óleo de palma, o coco, o café, o caju, o

algodão, o tomate, a cola, a borracha e a madeira. O setor

primário é o principal empregador do país (60% do total da

população ativa). O Gana é o 3º produtor mundial de cacau,

tendo esta cultura contribuído para aproximadamente 20%

das exportações em 2012.

A produção petrolífera representou cerca de 6,8% do PIB em

2012, tendo as exportações de petróleo representado cerca

de 20% do total das exportações nesse mesmo ano. A

exploração do ouro dominou o setor da indústria extrativa,

representando cerca de 40% das exportações (10º produtor

mundial em 2012). No Gana, segundo maior produtor

8 http://www.nigeria.gov.ng/2012-10-29-11-05-46/economy e African Economic Outlook.

9 Doença holandesa – ‘Dutch disease ‘explica as consequências negativas que resultam de aumentos significativos nos

rendimentos de um país. A abundância em recursos naturais leva a que o país se especialize só na produção / exploração desses bens e não desenvolva a sua indústria. 10

Brasilglobal.net

Gráfico 6 - PIB por setor 2011 - Nigéria

30.9

6.2 1.9

40.9

2.3

14.6

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100% Comércio

Transportes ecomunicação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Construção

Agricultura

Gráfico 7 - PIB por setor 2011 - Gana

25.6

9.2

9.1

6.7

8.5

6.4

9.4

11.9

11.7

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

32

africano de ouro, também existe produção de diamantes, de manganésio e de bauxite.

Os serviços financeiros têm vindo igualmente a desempenhar um papel relevante no desenvolvimento da

economia do Gana, encontrando-se em expansão, com ativos sobre gestão estimados em cerca de 35% do

PIB11

, acima da média da região (31%).

1.3.2. Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Senegal e Togo. Setor agrícola dominante.

Benim, Guiné-Bissau, Libéria e Togo são países com

economias pouco diversificadas e predominantemente

agrícolas.

No Benim, a economia é dominada pela produção de algodão.

Apesar do enorme potencial no setor (36% do PIB em 2012),

apenas 17% da área agrícola disponível é explorada

anualmente. A agricultura, incluindo a criação de gado, é um

dos pilares da economia do Benim, particularmente na

ocupação da mão-de-obra. O setor agro-pastoril ocupa cerca de

80% da população ativa do país. Para além do setor agrícola, o

país é rico em recursos minerais como o calcário, areia, granito

e gravilha, apenas explorados para produção local.

O setor industrial é tipicamente manufatureiro, com destaque

para unidades dedicadas ao processamento de produtos

agrícolas. O setor petrolífero é desenvolvido e o petróleo bruto é

o principal produto exportável do Benim. Os serviços têm ganho

importância na economia, particularmente no que diz respeito

às atividades comerciais estimuladas pelo Porto de Cotonou.

Em 2012, os principais produtos exportados pelo Benim foram

petróleo e derivados de petróleo (47,3%), metais e pedras

preciosas (14,5%), produtos têxteis (10,2%), produtos de metais

não-ferrosos (7,2%) e castanhas de caju (7,1%).

Quanto às importações, destacam-se produtos como o

petróleo e derivados de petróleo (17,2%), tecidos de

algodão (14,3%), gorduras e óleos animais e vegetais

(7,5%), automóveis (7,3%) e confeções (5,3%).

A Guiné-Bissau é altamente dependente da agricultura,

que representou 47,3% do PIB em 2012. Apesar do

considerável potencial económico de que o país dispõe

na exploração de recursos minerais, a sua exploração é

ainda limitada, consequência da elevada instabilidade

política recorrente em que o país vem vivendo nos

últimos anos.

Os principais produtos exportados12

pelo país são as

frutas (castanha-do-pará e castanha de caju) - 83,7% do

total em 2012 -, a borracha - 4,8% -, a madeira - 4,5% -,

e os peixe congelado - 3,9%. Quanto às importações,

destacaram-se em 2012 os combustíveis, cereais e

11

Bank of Ghana – Set 2012 12

www.brasilglobalnet.gov.br

Gráfico 8 - PIB por setor 2012 - Benim

36.0

4.9

2.0

8.4

11.0

8.4

9.4

18.5

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100% Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstraçãopública, saúdee educaçãoInd. Extrativa

Indústria

Serviçosfinanceiros

Construção

Agricultura

Gráfico 9 - PIB por setor 2012 – Guiné-Bissau

47.3

1.3 3.9

12.0

11.5

4.9

19.2

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%Comércio

Transportes ecomunicação

Adminstração pública,saúde e educação

Indústria

Serviços financeiros

Construção

Agricultura

Page 33: CABO VERDE - Particulares · Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP 5 Acrónimos ACP – African, Caribbean, and Pacific Group of States

Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

33

máquinas (41,8% do total das importações), o ferro e aço (6,9%), as obras de ferro/aço (6,4%) e as bebidas

(5,7%).

Com múltiplas reservas naturais e a inexistência de obstáculos à obtenção de vistos – exigidos apenas para

cidadãos de países não pertencentes à CEDEAO – o país deverá ver aumentada a relevância do turismo na

sua economia.

Na Libéria e no Togo, a agricultura é de subsistência, sendo este setor o principal empregador da população.

Os principais produtos agrícolas cultivados na Libéria são o arroz, a mandioca, o café e o cacau, enquanto no

Togo se encontra a mandioca, o milho, o algodão, o café e o cacau. Neste último caso, apesar de a agricultura

representar 46,6% no PIB do país, verifica-se existir ainda muito potencial agrícola por explorar, uma vez que

apenas 45% do terreno cultivável está realmente cultivado. O Togo é também um dos maiores produtores de

fosfato em África e tem significantes reservas de minério de ferro, mármore e rocha calcária.

Em 2012, a borracha foi o principal produto exportado pela Libéria, com 26% do total exportações. Outros

produtos exportados foram as embarcações flutuantes com 23,9%, minério de ferro com 23,1%, combustíveis

(óleo de petróleo, bruto e refinado) com 12,9% e madeira com 6,8%. O país importa na sua maioria, bens com

alto valor agregado, especialmente embarcações, que representaram 58,2% do total das compras do país em

2012. Os combustíveis, basicamente óleo de petróleo refinado, representaram 4,8%. De notar que a Libéria é,

hoje em dia, procurada para o registo de navios face a um regime fiscal extremamente favorável. Libéria, Ilhas

Marshall e Panamá detém, em conjunto, 40% da frota mundial de navios.

No Togo, os principais produtos exportados foram, no ano de 2012, o sal, pedras e cimento13

(26,3% do total

das exportações do país), seguido dos plásticos (8,2%), algodão (7,4%), combustíveis (7,2%) e embarcações

flutuantes (5,3%). Os principais produtos importados foram: combustíveis (21,8%), sal, pedras e cimento14

(6,2%), plásticos (6,1%), automóveis (6%), embarcações flutuantes (5,5%), máquinas mecânicas (5,2%),

produtos farmacêuticos (4,4%), aço e ferro (3,6%) e máquinas elétricas (3%).

13

Existem duas cimenteiras no Togo: a WACEM (West African Cement) e a CIMTOGO (subsidiária da HeidelbergCement). 14

Existe uma cimenteira na Libéria: Liberia Cement Corp (CEMENCO), subsidiária da HeidelbergCement.

Gráfico 10 - PIB por setor 2012 – Libéria Gráfico 11 – PIB por setor 2012 - Togo

73.3

2.7

6.0 2.4 3.7 2.1 2.4 5.7

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100% Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

46.2

3.8 3.5 5.1

8.2

4.4

8.2

9.6

9.5

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100% Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

Page 34: CABO VERDE - Particulares · Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP 5 Acrónimos ACP – African, Caribbean, and Pacific Group of States

Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

34

Mali e Senegal são os países com maior PIB da

região, a seguir à Nigéria, ao Gana e à Costa do

Marfim.

Os recursos naturais têm um papel fundamental na

economia do Mali, em particular o ouro e o

algodão. O país tornou-se no terceiro maior

produtor de ouro do continente africano, depois da

Africa do Sul e do Gana. A produção deste recurso

representando atualmente ¼ do PIB do país.

Quanto ao algodão, apesar de ainda não ter sido

criada uma indústria de produção local, a

disponibilidade de algodão de boa qualidade pode

ser uma vantagem potencial para o Mali. O setor

primário foi o único fator de crescimento em 2012,

graças à produção de arroz (27%) e algodão (8%).

O principal produto exportado é o algodão, que

representa cerca de 65% do total das exportações

do país, seguido dos adubos (10,9%) e das

sementes e grãos (8,3%). No que respeita às

importações, destacam-se as máquinas mecânicas

e elétricas (22,4%), os automóveis (8,2%), o sal,

pedras e cimento (8,1%) e os produtos

farmacêuticos (7,7%).

Gráfico 12 - PIB por setor 2012 - Mali

Gráfico 13 - PIB por setor 2012 - Senegal

Quanto ao Senegal, a agricultura não só é um dos principais

setores de atividade do país (16,7%), como emprega mais

de 60% da população ativa. Dentro da produção agrícola

destaca-se a produção de amendoim (10º maior produtor

mundial) e de óleo de amendoim.

Embora a indústria extrativa seja um setor com um reduzido

peso relativo no PIB senegalês, representando apenas 2,9%

do mesmo em 2012, merece referência a exploração de ouro

que foi, nesse ano, o segundo produto mais exportado pelo

país.

A necessidade de diversificar as bases de apoio da

economia, fortemente dependente, para efeitos de

exportações, da agricultura e pescas e da indústria extrativa

levou a uma aposta no setor do Turismo, maioritariamente

balnear (54%) e de negócios (33%). Em 2012, o peso do

setor no PIB era de cerca de 11%, sendo de esperar que

aumente 4,7% em 2013.

Atualmente está a ser construído um novo aeroporto (Blaise

Diagne International Airport), próximo da cidade de Ndiass,

que será um hub para a região do oeste africano.

Os principais produtos exportados pelo país foram, em 2012, as pérolas, pedras preciosas (15,7%),

combustíveis e óleos minerais (13,9%), peixe, crustáceos e moluscos (12,6%), sal, enxofre, pedra; gesso, cal

e cimento (11%) e produtos químicos inorgânicos (10,7%). No que respeita às importações, destacam-se os

combustíveis e óleos minerais (24,4%), cereais (10,3%), máquinas e aparelhos mecânicos (8,3%), veículos

automóveis e partes (5,9%) e máquinas e aparelhos elétricos (4,4%).

42.1

5.0

6.2

7.1

8.9

8.6

5.9

14.1

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100% Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

16.7

4.2 3.3

15.0

14.7

2.9

7.2

7.0

11.6

17.4

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

35

O Burkina Faso é um país pobre, sem acesso ao

mar e dependente das exportações de algodão e

ouro. É escasso em recursos naturais e tem uma

base industrial precária. Cerca de 90% da população

vive da agricultura de subsistência, a qual é

vulnerável às cheias e secas. Em 2010, o ouro

tornou-se a maior fonte de exportações do país,

estando a sua produção estimada em 32,4 toneladas

em 2012.

Quanto ao setor secundário, a indústria mineira

(12,9% do PIB) constitui a sua “espinha dorsal”, e o

seu forte crescimento tem impulsionado os restantes

setores da economia.

A pauta de exportações do país é concentrada. Em

2012, o ouro foi o principal produto exportado,

representando 77,4% do total das vendas externas

nesse ano. O algodão representou 11,8%, as

sementes/grãos 3,9% e as frutas (cocos, castanha-

do-pará e castanha de caju, tâmaras, figos, abacates,

etc.) representaram 2,9%.

As importações são compostas, em grande parte, por

bens com alto valor agregado, especialmente os

combustíveis (23,9%), as máquinas mecânicas e

elétricas (14%), os automóveis (7,2%), os produtos

farmacêuticos (5,9%) e os cereais (5,1%).

Gráfico 14 - PIB por setor 2011 – Burkina Faso

Também na Costa do Marfim o setor agrícola é o

principal setor de atividade do país (30% do PIB),

sobretudo na área das culturas alimentares. A

Costa do Marfim é o primeiro produtor mundial de

cacau, seguido da Indonésia e do vizinho Gana. É

também o quarto produtor mundial de caju e o

sétimo produtor mundial de borracha.

O ouro, os diamantes e o manganês têm sido os

principais recursos explorados na Costa do Marfim

desde a sua independência. Esta atividade de

exploração mineira, que representa uma pequena

fração do potencial de exploração mineira do país,

deverá ser intensificada podendo o setor vir a

tornar-se uma componente essencial no

desenvolvimento económico do país. Em 2011, a

indústria extrativa representava cerca de 5% do

PIB da Costa do Marfim, sendo particularmente

notável a contribuição do setor petrolífero e do

ouro.

Os principais produtos exportados em 2011 foram

o cacau (38,2%), os combustíveis (24,5%) e a

borracha (10%). No que respeita às importações,

os combustíveis predominam e representaram, em

2011, mais de 1/4 do total. O país importa em

grande parte óleo bruto e exporta o óleo refinado.

33.7

4.0

5.5

7.5

12.9

17.0

2.1

12.6

3.7

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstraçãopública, saúde eeducaçãoInd. Extrativa

Indústria

Serviçosfinanceiros

Energia

Construção

Agricultura

30.0

6.0

2.7

11.2

13.1

4.7

13.6

14.7

3.8

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

Gráfico 15 PIB por setor 2011 – Costa do Marfim

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

36

1.3.3. Guiné, Níger e Serra Leoa. Indústria Extrativa, um setor em expansão.

A economia da Guiné beneficia da grande

quantidade de minerais presentes no seu

território, possuindo 1/3 do total das reservas de

bauxite do planeta, milhões de toneladas de

minério de ferro, grandes depósitos de diamante

e de ouro e quantidades ainda não determinadas

de urânio. O bauxite, o ouro e os diamantes

representam quase 88% das exportações de

bens. O setor é o principal destino do IDE.

Tem também um potencial de crescimento

considerável para setores como agricultura e

pesca. A terra, a água e as condições

climatéricas favorecem a agricultura e a

agroindústria em grande escala.

O Níger, é um país sem costa litoral e com

uma economia centrada na agricultura de

subsistência e na criação de animais, e com uma

das maiores jazidas de urânio do mundo.

O setor primário registou níveis de crescimento

elevados em 2012 (16,5%), tendo o setor agrícola

contribuído em 24,8% para este crescimento. O

crescimento do setor secundário em 2012 (37,7%)

deveu-se à evolução positiva das indústrias

extrativas, que cresceram cerca de 152,5% graças

à produção de petróleo. É um país com

abundancia em recursos naturais, particularmente

minerais, petróleo e gás. Os principais recursos

são o urânio, ouro, carvão, ferro, calcário e

fosfatos.

Os principais produtos exportados15

pelo país em

2012 foram os minerais (41,4%), combustíveis

(31,5%) e pérolas, ouro e pedras preciosas

(11,5%). No que respeita às importações de

produtos agrícolas, destaca-se o arroz (14,1%),

dada a sua importância na base alimentar.

15

MRE/DPR/DIC - Divisão de Informação Comercial, com base em dados da ONU/UNCTAD/ITC/COMTRADE /Trademap, agosto 2013

Gráfico 16 - PIB por setor 2012 – Guiné

Gráfico 17 - PIB por setor 2011 – Níger

21.2

12.4

7.4

21.6

5.5 3.6

21.9

5.8

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Comércio

Transportes e comunicação

Outros

Adminstração pública, saúdee educação

Ind. Extrativa

Indústria

Construção

Agricultura

43.1

5.6

5.5

6.3

9.6

3.2

6.8

15.8

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Comércio

Transportes e comunicação

Outros

Adminstração pública, saúdee educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

37

A agricultura é o principal setor de atividade da

Serra Leoa, representando 53,91% do PIB e

empregando a maior parte da mão-de-obra local.

A indústria mineira tem vindo a ganhar

importância na economia do país. Segundo o

FMI, o PIB do país deverá crescer a um ritmo

acelerado entre 2013/2014, em média 15% ao

ano, impulsionado principalmente por este setor.

Existem perspetivas de exploração de novas

reservas de petróleo, bem como de exploração de

jazidas de ouro e diamantes.

O Governo tem como objetivo atrair investimentos

para os setores de infraestrutura básica, energia,

saúde e educação. O elevado índice de

importação de recursos alimentares (cerca de

40% da procura doméstica) constitui ainda um

desafio às autoridades locais.

O país tem também um grande potencial para o

Turismo, com belas praias, sendo este setor um

dos quatro pilares do programa estratégico de

desenvolvimento do país.

No que respeita às exportações16

, os principais produtos exportados pelo país em 2011 foram os minérios

(12,9%), pérolas, ouro e pedras preciosas (12,1%) e cacau (7%). Quanto aos produtos importados destacam-

se, no mesmo ano, as máquinas mecânicas e elétricas (31,8%) e os automóveis (11,3%).

1.3.4. Cabo Verde17 e Gâmbia. Economias orientadas para os serviços. Cabo Verde é uma pequena economia aberta, muito condicionada pela conjuntura externa, o que se explica pela elevada dependência face às importações de energia e alimentos e aos fluxos de capitais oriundos do estrangeiro.

A economia é orientada para o setor dos serviços, incluindo

atividades como o comércio, transportes, comunicações,

hotelaria, atividade bancária, de alojamento e serviços

públicos que totalizam cerca de 70% do PIB. A agricultura e pescas representam cerca de 9% do PIB, atividades essas que são desenvolvidas por cerca de 70% da população de Cabo Verde que habita em regiões rurais. No entanto, de todo o território, apenas quatro ilhas têm produção agrícola significativa (Santiago, Santo Antão, Fogo e Brava). O turismo, uma das atividades estratégicas de Cabo Verde, concentra-se em grandes zonas de resorts, criando assim um desafio importante de articulação com comunidades locais, na alavancagem do seu potencial impacto económico.

Gráfico 19 - PIB por setor 2010 – Cabo Verde

Entre os produtos mais exportados por Cabo Verde em 2012 estão as conservas de pescado, representando

43,3% do total das exportações e o peixe, moluscos e crustáceos que se posicionam em segundo lugar com

16

www.brasilglobalnet.gov.br 17

Plano Estratégico 2011-2014 - PwC

Gráfico 18 - PIB por setor 2012 – Serra Leoa

53.9

3.1

12.1

4.5

10.3

5.1

7.4

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

9.2

12.4

4.2 6.2

13.7

16.2

17.4

18.5

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100% Comércio

Transportes ecomunicaçãoOutros

Adminstração pública,saúde e educaçãoInd. Mineira

Industria

Serviços financeiros (*)

Energia (*)

Construção

Agricultura

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

38

40,7%. Os principais produtos importados pelo país no mesmo ano foram os combustíveis (14,3%), os

reatores e caldeiras (7,3%), as máquinas (5,9%), os veículos automóveis (5,1%) e o ferro e o aço (5%).

Também na Gâmbia são os serviços que mais

contribuem para a economia do país,

representando cerca de 60% do PIB em 2011. A

reexportação, o comércio e o turismo, bem como

os transportes e telecomunicações, são os

principais motores de crescimento do setor. A

reexportação e o comércio transitário têm sido uma

parte importante da economia do Gâmbia, sendo o

porto de Banjul o único no país e um dos mais

eficientes e seguros da região.

A agricultura continua a ser o 2º setor mais

importante na economia em termos de peso no

PIB, sendo considerado o único meio de

subsistência de grande parte das famílias do meio

rural.

A indústria extrativa contribuiu em apenas 2,7%

para o PIB do país, uma vez que este apenas

produz minerais industriais para consumo local.

Os principais produtos exportados em 2012 foram a madeira (54,5%), frutas (19,6%), peixe e crustáceos

(5,3%), gorduras e óleos animais ou vegetais (4,6%), minérios, escórias e cinzas (4,6%). Os principais

produtos importados em 2012 foram o algodão (15,9%), açúcares e produtos de confeitaria (5,9%), gorduras e

óleos animais ou vegetais (5,4%), cereais (5%) e combustíveis minerais (4,9%).

1.4. Trocas comerciais na CEDEAO

1.4.1. Complementaridade das economias

A intensificação das trocas comerciais exige complementaridade industrial das

economias, implicando níveis de especialização diferenciada entre parceiros. O

baixo nível de industrialização das economias da região reduz essa possibilidade,

que, no entanto, poderá ser estimulada pelo desenvolvimento económico e pelo

esforço de diversificação das economias - uma aspiração de muito dos países da

região.

As exportações intra-CEDEAO representam 8,64% do total das exportações da região (2012)

Gráfico 20 - PIB por setor 2011 – Gâmbia

32.0

3.6

13.8

4.9

4.6

11.6

27.8

(10%)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%Comércio

Transportes e comunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

39

Tabela 2 - TCI (Trade Complementary Index) intra-CEDEAO18

Fonte: Cálculo realizado pela PwC com base nos dados do UNCTAD, UNCTADstat

O nível de complementaridade intrarregional da CEDEAO é

muito reduzido, sendo particularmente baixos os indicadores

apresentados por Cabo Verde e pela Guiné-Bissau. De facto

apenas 8,64% das exportações dos países da região ficam

na região e Cabo Verde e a Guiné Bissau apresentam graus

de complementaridade que não excedem 18 e 8 pontos,

respectivamente. Não obstante, verifica-se que poderá

existir um potencial de complementaridade e maior

intensidade no relacionamento comercial entre alguns

países da CEDEAO. De facto, é notória qua alavancagem

comercial intra-CEDEAO poderá ser potenciada

fundamentalmente por 4 motores, pela Nigéria - país

dominante da região, Senegal, Costa do Marfim e

subsidiariamente pelo Gana - ou seja pelas 4 maiores

economias da região.

1.4.2. Comércio intrarregional

A CEDEAO regista o 4º maior valor de trocas intrarregião, entre as comunidades comparadas (cfr infra),

medido pelo rácio de exportações sobre o PIB dos espaços de integração analisados, cujo nível de integração

é liderado pela União Europeia (“UE”) e seguido pela ASEAN e SADC. Importa, no entanto, ter em

consideração o nível de desenvolvimento da região e o facto das trocas informais nestas regiões poderem

representar o dobro das registadas.

18

O Trade Complementary Index (TCI) é um indicador utilizado para medir a compatibilidade do perfil comercial, através da comparação das estruturas de exportação e de importação entre países. Índices mais elevados revelam potenciais de complementaridade superiores e maior correspondência entra a estrutura de exportações/importações dos 2 países. TCI nulo é sinónimo de não complementaridade.

BenimBurkina

Faso

Cabo

Verde

Costa do

MarfimGâmbia Gana

Guiné-

BissauGuiné Libéria Mali Níger Nigéria Senegal

Serra

LeoaTogo

Benim 0 36 13 7 42 7 40 25 54 57 35 56 11 58 35

Burkina Faso 25 0 8 8 25 17 30 30 10 24 40 28 13 20 15

Cabo Verde 4 11 0 2 9 5 18 12 3 7 7 5 4 4 5

Costa do Marfim 40 53 12 0 53 18 40 35 68 70 32 61 21 70 50

Gâmbia 19 20 13 9 0 12 25 25 12 19 22 14 10 17 15

Gana 31 39 36 10 27 0 24 33 16 27 32 24 17 22 53

Guiné-Bissau 3 4 8 4 3 4 0 3 2 3 5 3 4 3 2

Guiné 11 13 11 8 12 8 13 0 7 14 12 8 7 11 11

Libéria 10 13 5 4 11 8 14 13 0 10 12 10 7 13 10

Mali 19 25 9 8 13 12 16 19 10 0 26 14 12 12 12

Níger 10 4 3 3 4 6 3 4 2 4 0 22 7 3 4

Nigéria 20 12 7 90 10 78 16 11 7 11 12 0 75 11 10

Senegal 41 54 18 15 66 19 50 40 50 80 40 50 0 0 40

Serra Leoa 7 8 6 8 7 11 10 10 6 7 10 4 3 0 5

Togo 31 44 10 6 45 13 35 36 22 40 44 22 12 25 0

País

impo

rtad

or

País exportador

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

40

Tabela 3 - Comunidades económicas regionais em perspetiva (2012)

Indicador SADC União

Europeia CPLP CEEAC Mercosul CEDEAO ASEAN

Exportações intrarregião

(milhões US$, 2012) 27.153 3.630.191 16.283 1.111 67.343 11.667 324.184

Exportações intrarregião

(% no PIB da região, 2012)

4,09% 21,90% 0,62% 0,47% 2,10% 2,86% 13,90%

Exportações intrarregião

(% das exportações mundiais, 2012)

0,15% 19,87% 0,09% 0,01% 0,37% 0,06% 1,77%

Crescimento anual médio das exportações

intrarregião (2008-2012)

6,66% -2,17% 8,12% 3,43% 4,50% 4,27% 6,65%

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Apesar do peso relativo reduzido no total das exportações mundiais (0,06%), a CEDEAO apresenta um

crescimento médio anual das exportações intrarregião de 4,3%, pouco mais de metade do crescimento

evidenciado pela CPLP. Este crescimento de relacionamento comercial, vem sendo acompanhado pelo ritmo

de crescimento do PIB, que apresenta uma correlação positiva relativamente forte com este indicador, como

seria expectável, crescendo a um ritmo inferior ao do PIB que desde 2008 cresceu a uma taxa anual média de

5,7% ao ano.

Gráfico 21 - Evolução do comércio intra-CEDEAO vs. Evolução do PIB da região

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Verifica-se uma grande disparidade ao nível das relações comerciais dos países membros da CEDEAO,

existindo 3 clusters principais, situando-se Cabo Verde e a Guiné-Bissau no cluster menos dinâmico.

9,872 8,200

9,776 10,538

11,667

317,618

275,997

342,521

374,695 396,882

-

50,000

100,000

150,000

200,000

250,000

300,000

350,000

400,000

450,000

-

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

14,000

2008 2009 2010 2011 2012

PIB

a p

reço

s c

orr

en

tes (

milh

ões U

S$)

Imp

ort

açõ

es;

Exp

ort

açõ

es (

Milh

ões U

S$)

Exportações (milhões US$) PIB (milhões US$)

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

41

Cabo Verde, Guiné-Bissau, Gâmbia, Serra Leoa, Guiné, Libéria, Níger, Togo e Benim apresentam uma

contribuição muito pequena ou quase nula (no caso de Cabo Verde) para o comércio intra-CEDEAO, o que

pode ser explicado pela dimensão das suas economias relativamente aos restantes países da comunidade.

O segundo cluster é constituído pelo Burkina Faso, Mali e Senegal, evidenciando um maior peso de

exportações e importações intra-CEDEAO.

Os países que mais contribuem para a intensificação das trocas comerciais intra-CEDEAO são a Nigéria,

Costa do Marfim e o Gana que, simultaneamente, melhor se podem constituir como motores de

desenvolvimento regional, à luz das conclusões inferidas ao nível da complementaridade comercial das suas

economias acima.

Produtos transacionados intra-CEDEAO (2012)

Gráfico 23 - Produtos transacionados intra-CEDEAO (2012)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat (2012)Fonte: UNCTAD, UNCTADstat 19

Acrónimos World Bank: BEN – Benim; Burkina Faso – BFA; CVP – Cabo-Verde; CIV - Costa do Marfim; GMB - Gâmbia; GHA - Gana; GIN – Guiné; GNB - Guiné-Bissau; LBR – Libéria; MLI – Mali; NER – Níger; NGA – Nigéria; SEN – Senegal; SLE – Serra Leoa; TGO – Togo.

63% 8%

10%

8%

4%

3%

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

Maquinaria e equipamentos detransporte

Bens manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Bebidas e tabaco

Gráfico 22 - Peso das exportações/importações intra-CEDEAO no total da região, 2012

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

19

GHA

CIV

NGA

MLI

SEN BFA

BEN TGO NER LBR GIN

SLE GMB

GNB

CPV

0%

4%

8%

12%

16%

20%

24%

28%

32%

36%

40%

44%

0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18% 20% 22% 24%

Imp

ort

açõ

es in

tra-C

ED

EA

O (

% n

o

tota

l im

po

rtaçõ

es in

tra

-CE

DE

AO

)

Exportações intra-CEDEAO (% no total das exportações da CEDEAO)

As principais trocas assentam em

produtos petrolíferos, produtos

manufaturados e maquinaria e

equipamentos de transporte,

representando 81% do total.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

42

1.5. Comércio extrarregional

1.5.1. Principais parceiros comerciais da CEDEAO

A CEDEAO importa maioritariamente da China, países membros da UE (França, Reino Unido e Holanda, em

particular), EUA e República da Coreia.

Ao longo de 2008-2012, verificou-se um saldo positivo da balança comercial, com um fluxo de exportações

superior ao das importações de 61 milhões de US$ (2011) e de 58 milhões de US$ (2012), reduzindo

consideravelmente as necessidades de financiamento externas.

2008 2009 2010 2011 2012

Importações (milhões US$) 89 399 67 044 83 286 103 489 104 708

Exportações (milhões US$) 106 759 82 327 117 498 164 612 163 224

Saldo da balança comercial 17 360 15 283 34 212 61 123 58 516

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Além disso, constata-se que a balança comercial relativa às trocas intrarregião tem vindo a contribuir

significativamente para o crescimento da economia, em média cerca de 12% do PIB.

Entre 2008 e 2009 assistiu-se a uma queda acentuada de 25% quanto às importações da região, assim como

a um ligeiro abrandamento do crescimento das importações (2011 para 2012: 1,2%). Não obstante, as

importações têm vindo a apresentar um crescimento médio anual de 11,8%, entre 2009 e 2012.

Gráfico 24 - Evolução das importações da CEDEAO e principais países de destino, 2008-2012

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat; International Trade Center

15% 17% 20% 20% 23%

7% 7% 7% 6%

6% 7% 7%

7% 6% 7% 6%

6% 7% 7%

7% 6% 8%

7% 8% 5%

89,399

67,044

83,286

103,489 104,708

20,000

40,000

60,000

80,000

100,000

120,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

I m

po

rtaçõ

es (

milh

ões U

S$)

Peso

na

s i

mp

ort

açõ

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China França EUA

Holanda República da Coreia Reino Unido

Importações (milhões US$)

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

43

1.5.2. Trocas comerciais entre a CPLP e a CEDEAO

A Balança Comercial entre a CPLP e a CEDEAO apresenta-se fortemente deficitária, sendo que a taxa de

cobertura das importações por exportações da CPLP, é de 26%, correspondendo a um saldo comercial

negativo para a CPLP em US$ 8,4 mil milhões.

Importações

Analisando a relação comercial na vertente das importações da CEDEAO com os países pertencentes à

CPLP, apenas Portugal e Brasil apresentam níveis significativos no contexto global. Apesar do Brasil

apresentar um fluxo de exportações superior ao de Portugal (2.354 milhões de US$ em 2012 face a 588

milhões de US$), constata-se que as exportações de Portugal para a região diminuíram a uma média 3,1% no

período entre 2008 a 2012.

Gráfico 25 - Importações da CEDEAO dos países da CPLP

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

666 481 587 678 588

2,437

1,735 1,788

2,808

2,345

3.47%

3.30%

2.85%

3.37%

2.80%

500

1,000

1,500

2,000

2,500

3,000

3,500

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2008 2009 2010 2011 2012

Imp

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Portugal Brasil

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

44

Gráfico 26 - Importações CEDEAO de Portugal (2012)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

A CEDEAO importa maioritariamente de Portugal bens manufaturados, maquinaria e equipamentos de transporte e combustíveis que, no total, respeitam a 62% do cabaz de produtos importados a este país.

De referir que o principal parceiro comercial de Portugal na CEDEAO é Cabo Verde.

A CEDEAO importa fundamentalmente alimentos, animais vivos e alguma maquinaria e equipamentos de transporte ao Brasil, sendo que o valor das exportações é 5 vezes superior ao valor de Portugal.

O volume mais significativo de importações ao Brasil, por parte dos EM da CEDEAO, é alcançado por países que não integram a CPLP.

Gráfico 27 - Importações CEDEAO do Brasil (2012)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

28%

22% 12%

11%

8%

8%

7%

Bens manufaturados

Maquinaria e equipamentos detransporte

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

Alimentos e animais vivos

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Bebidas e tabaco

61% 12%

10%

8%

4%

Alimentos e animais vivos

Maquinaria e equipamentos de transporte

Químicos e produtos relacionados

Bens manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

45

Exportações

A CPLP é o destino de 6,9% das exportações da CEDEAO, direcionadas maioritariamente para Portugal e Brasil.

Gráfico 28 - Exportações da CEDEAO para a CPLP

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

A CEDEAO apresenta uma balança comercial com a CPLP superavitária por via das importações à região do Brasil e de Portugal.

Gráfico 29 - Exportações CEDEAO para Portugal (2012)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Gráfico 30 - Exportações CEDEAO para Brasil (2012)

O Brasil importa quase exclusivamente combustíveis da CEDEAO (96%), Portugal importa também alimentos, animais vivos e matérias-primas.

2,222 1,744 1,906 2,341 1,687

6,368

5,093 6,430

9,911 9,643

-

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

14,000

2008 2009 2010 2011 2012

Ex

po

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Portugal Brasil

90%

3% 3%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Alimentos e animais vivos

Matérias-primas (exceto combustíveis)

As exportações da CEDEAO para estes 2 países cresceram, em média, 7,2% por ano, entre 2008 e 2012, embora com tendências dissimilares

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

96%

3%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Alimentos e animais vivos

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

46

1.6. Investimento direto estrangeiro na CEDEAO

Desde 2008, a CEDEAO tem conseguido manter a sua competitividade relativamente à captação de

investimento direto estrangeiro. Apesar de um declínio considerável em 2010 e de um ligeiro abrandamento

sentido em 2012, os montantes de capital estrangeiro investido em cabo Verde no período entre 2008 e 2012,

aumentaram.

É igualmente de realçar os valores significativos de investimento da região no exterior, que em 2012

representaram 20% do investimento atraído para a região, um valor que representa o dobro do montante

investido 2008.

Gráfico 31 - IDE na CEDEAO - inward e outward, 2008-2012

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Os níveis de investimento direto estrangeiro apresentam valores relativamente reduzidos, equivalentes a cerca

de 4% do PIB da região. O IDE na região é normalmente orientado para a Nigéria e Gana. O Burkina Faso, a

Gâmbia, a Guiné-Bissau e o Togo têm-se apresentado pouco atrativos ao investidor estrangeiro, seja pela sua

dimensão, seja pela sua estrutura produtiva e menor estabilidade política e económica.

Cabo Verde, como referido, vem captando investimento estrangeiro fundamentalmente ao nível do turismo,

embora se registem investimentos de natureza industrial, tal como a recuperação da fábrica de conservas de

peixe – Frescomar – pelo grupo de matriz espanhola, Ubago, e que hoje se apresenta como um dos maiores

exportadores de Cabo verde.

12,136

14,712

11,846

17,117

15,612

1,700 2,115 1,288 1,467

3,022

-

4,000

8,000

12,000

16,000

20,000

2008 2009 2010 2011 2012

Mil

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Inward Outward

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

47

Tabela 4 - Investimento Direto Estrangeiro nos países-membros da CEDEAO – inward, 2008-201220

País 2008 2009 2010 2011 2012

Benim 170 134 177 161 159

Burquina-Faso 106 101 35 42 40

Cabo Verde 209 119 112 93 71

Costa do Marfim 446 377 339 286 478

Gâmbia 70 40 37 36 79

Gana 1.220 2.897 2.527 3.248 3.295

Guiné-Bissau 5 17 33 25 16

Guiné 382 141 101 956 744

Libéria 284 218 450 508 1.354

Mali 180 748 406 556 310

Níger 340 791 940 1.066 793

Nigéria 8.249 8.650 6.099 8.915 7.029

Senegal 398 320 266 338 338

Serra Leoa 53 110 238 715 740

Togo 24 49 86 171 166

CEDEAO 12.136 14.712 11.846 17.117 15.612

20

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

48

1.7. Principais setores de oportunidade por país e infraestruturas de apoio

Regiã

o

País Principais produtos

agrícolas

Oportunidades para o bloco (produtos e serviços associados

aos setores)

Principais aeroportos

Principais portos

CE

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Turism

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

49

Regiã

o

País Principais produtos

agrícolas

Oportunidades para o bloco (produtos e serviços associados

aos setores)

Principais aeroportos

Principais portos

Gana

Cacau,

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

50

Regiã

o

País Principais produtos

agrícolas

Oportunidades para o bloco (produtos e serviços associados

aos setores)

Principais aeroportos

Principais portos

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

51

1.8. Principais produtos importados pelos países da CEDEAO e oportunidades para as empresas Portuguesas

A CEDEAO apresenta algumas oportunidades para as empresas portuguesas em termos de destino de

exportações e que, em muitos casos, poderão ser potenciados por via de Cabo Verde.

Do total dos produtos importados pela CEDEAO, no montante de US$ 104 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 50 principais produtos que representam 70% das importações, no montante de cerca de US$ 72,7 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pela CEDEAO a Portugal, no valor total de US$ 593 milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 59% das importações do bloco, no montante de US$ 353 milhões:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Arroz; Produtos comestíveis e preparações; Embarcações; Equipamento de telecomunicação; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Trigo e centeio em grão; Máquinas para a construção civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Peixe fresco ou congelado; Materiais de construção; Açúcar, melaço e mel; Tecidos de algodão; Leite e dos produtos lácteos; Geradores; Motocicletas e velocípedes; Automóveis; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro e aço; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Metais comuns; Gorduras vegetais e óleos; Papel e cartão; Máquinas e aparelhos; Artigos de plástico; Peças e acessórios dos veículos; Máquinas de energia elétrica e componentes; Fertilizantes; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Material impresso; Bombas e compressores a gás e ventiladores; Motores de combustão interna e peças; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Aparelhos de medição, análise e controle; Polímeros de etileno, em formas primárias; Produtos laminados planos de ferro, aço não ligado, não revestido; Ferramentas mecânicas, outras; Inseticidas e produtos semelhantes, para venda a retalho; Aquecimento e resfriamento de equipamentos e suas partes; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Alumínio; Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Outras matérias plásticas em formas primárias; Produtos diversos das indústrias químicas; Máquinas de processamento de dados; Mobiliário e peças; Chapas, filmes, papel alumínio e lâminas, de plástico.

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Materiais de construção (cimento); Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Bebidas alcoólicas; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Gás propano e butano liquefeito; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Bebidas não alcoólicas; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Mobiliário e peças; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Embarcações; Produtos comestíveis e preparações; Leite e produtos lácteos; Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço; Papel e cartão; Materiais de construção (tijolos); Artigos de plástico; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Equipamento de telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Metais comuns; Tabaco; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Papel e cartão.

Do total dos produtos importados pelo Burkina Faso aos parceiros económicos, no total de US$ 3.1 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 60% das importações, no total de cerca de US$ 1.9 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pela Costa do Marfim aos parceiros económicos, no total de US$ 9.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 66% das importações, no total de cerca de US$ 6.4 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos; Embarcações;

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

52

70%; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Materiais de construção (cimento); Artigos de plástico; Máquinas para a construção civil; Fertilizantes; Tabaco; Equipamento de telecomunicação;

Produtos comestíveis e preparações; Geradores; Trigo e centeio em grão; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Aparelhos para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Produtos medicinais e farmacêuticos; Metais comuns; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Papel e cartão; Sais metálicos e peroxossais, de ácidos inorgânicos; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Motocicletas e

velocípedes; Papel e cartão.

Arroz; Peixes frescos ou congelado; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Trigo e centeio em grão; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação; Materiais de construção (cimento); Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Máquinas para a construção civil; Polímeros de etileno, em formas primárias; Tabaco não manufaturado: Veículos a motor para transporte de mercadorias; Papel e cartão; Produtos laminados planos, ferro, de aço não ligado, revestido, folheado;

Leite e produtos lácteos; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Fertilizantes; Outras carnes e miudezas comestíveis; Outras matérias plásticas em formas primárias; Inseticidas e produtos semelhantes, para venda a retalho; Bombas e compressores a gás e

ventiladores; Ferramentas mecânicas, outras; Produtos comestíveis e preparações.

Do total dos produtos importados pela Gambia aos parceiros económicos, no total de US$ 380 milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 67% das importações, no total de cerca de US$ 255 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pelo Gana aos parceiros económicos, no total de US$ 18 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 54% das importações, no total de cerca de US$ 9.7 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Tecidos de algodão; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Arroz; Açúcar e mel; Gorduras vegetais e óleos refinados; Tecidos artificiais; ; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Materiais de construção (cimento); Veículos automóveis para transporte de pessoas; Leite e produtos lácteos; Chá;

Legumes, raízes, tubérculos, preparados, conservados; Artigos de plástico; Máquinas e aparelhos elétricos; Outros artigos manufaturados diversos; Tules,

guarnições, renda, fitas e outras mercadorias pequenas; Calçado; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Outras carnes e miudezas comestíveis; Geradores; Produtos medicinais e farmacêuticos; Tabaco; Produtos laminados planos, ferro,

de aço não ligado, revestidos, folheados.

Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Máquinas para a construção civil; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Embarcações;

Arroz; Material impresso; Equipamento de telecomunicação; Inseticidas e produtos semelhantes, para venda a retalho; Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço; Artigos de plástico; Materiais de construção (cimento); Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Açúcar e mel; Aparelhos de medição, análise e controle ; Metais comuns; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Outras carnes e miudezas comestíveis; Mobiliário e peças; Fertilizantes; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis.

Do total dos produtos importados pela Guiné aos parceiros económicos, no total de US$ 2.3 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 64% das importações, no total de cerca de US$ 1.5 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pela Libéria aos parceiros económicos, no total de cerca US$ mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 70% das importações, no total de cerca de US$ 739 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Arroz; Máquinas para a construção civil; Equipamento de telecomunicação; Tabaco; Materiais de construção (cimento); Tecidos de algodão; Elementos

químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Veículos automóveis para transporte de pessoas;

Açúcar e mel; Motocicletas e velocípedes; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Máquinas e aparelhos elétricos; Produtos comestíveis e preparações; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Geradores; Calçado; Roupas e outros artigos têxteis usados; Os sais metálicos e

peroxossais, de ácidos inorgânicos; Trigo e centeio em grãos; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis.

Embarcações; Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Estruturas e peças, ferro, aço, alumínio; Máquinas de construção civil; Arroz; Partes não elétricas e acessórios para máquinas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Outras

carnes e miudezas comestíveis; Produtos comestíveis e preparações; Geradores; Materiais para a construção civil (tijolos); Materiais de construção (cimento); Relógios; Metais comuns; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Equipamento de telecomunicação; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Roupas e outros artigos têxteis usados; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Artigos de plástico; Pigmentos, tintas, vernizes e materiais relacionados; Ferramentas para a indústria, outros; Aparelhos de medição, análise e controle.

Do total dos produtos importados pelo Mali aos parceiros económicos, no total de cerca US$ 2.9 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 66% das importações, no total de cerca de US$ 1.9 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pelo Níger aos parceiros económicos, no total de US$ 2.9 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 68% das importações, no total de cerca de US$ 1.9 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Materiais de construção (cimento); Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Fertilizantes; Os tecidos de algodão; Máquinas para a construção civil;

Equipamento de telecomunicação; Produtos comestíveis e preparações; Trigo e centeio em grãos; Arroz; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Motocicletas e velocípedes; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Metais comuns; Artigos de plástico; Sais

metálicos e peroxossais, de ácidos inorgânicos; Tabaco; Inseticidas e produtos semelhantes, para venda a retalho; Leite e produtos lácteos; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Automóveis; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Gorduras vegetais e óleos; Máquinas e aparelhos elétricos.

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Arroz; Máquinas para a construção civil; Roupas e outros artigos têxteis usados; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Materiais de construção (cimento); Tecidos de algodão; Produtos comestíveis e preparações; Fertilizantes; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Leite e produtos lácteos; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Tabaco; Açúcar e mel;

Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Animais vivos; Equipamento de telecomunicação; Milho; Rádios; Legumes; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço; Aparelhos de medição, análise e controle de aparelhos; Energia.

Do total dos produtos importados pelo Senegal aos parceiros económicos, no total de US$ 6.4 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 67% das importações, no total de cerca de US$ 4.3 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pela Serra Leoa aos parceiros económicos, no total de US$ 1.5 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 76% das importações, no total de cerca de US$ 1.1 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos; Arroz; Trigo e centeio em grãos; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Produtos comestíveis e preparações; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Gorduras vegetais fixos e óleos, refinado;

Gás propano e butano liquefeito; Pirites de enxofre e de ferro não torrados; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Máquinas para a construção civil;

Equipamento de telecomunicação; Açúcar e mel; Geradores; Tecidos de algodão; Leite e produtos lácteos; Fertilizantes; Gorduras vegetais fixos e óleos, refinado, do

fracionamento; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Legumes; Artigos de plástico;

Motores de pistão de combustão interna, peças; Bombas, compressores de gás e ventiladores.

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Arroz; Roupas e outros artigos têxteis usados; Outras carnes e miudezas comestíveis; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Açúcar e mel; Leite e produtos lácteos; Materiais de construção (cimento); Veículos a motor para transporte de mercadorias; Geradores; Farinha de trigo e farinha de trigo

com centeio; Trigo e centeio em grãos; Cereais em grãos (excluindo o trigo, arroz, cevada, milho); Produtos laminados planos, ferro, aço não ligado, revestidos, folheados; Tabaco; Legumes; Produtos residuais de

petróleo; Compostos de função amina; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Embarcações; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Motocicletas e velocípedes; Máquinas e aparelhos elétricos; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Mobiliário e peças.

Do total dos produtos importados pelo Togo aos parceiros económicos, no total de US$ 1.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam cerca de 75% das importações, no total de cerca de US$ 1.3 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pelo Benim aos parceiros económicos, no total de US$ 2.2 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 76% das importações, no total de cerca de US$ 1.6 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Os tecidos de algodão; Tecidos artificiais; Mobiliário e peças; Gorduras vegetais e óleos, refinado;

Motocicletas e velocípedes; Gás propano e butano liquefeito; Produtos residuais de petróleo; Artigos de plástico; Materiais de construção (cimento); Calçado; Luminárias e acessórios; Copos; Aparelhos de medição, análise e controle de aparelhos; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Roupa para mulher, de malha; Produtos comestíveis e preparações; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Máquinas e aparelhos elétricos; Artigos de viagem, bolsas e artefactos semelhantes; Açúcar e mel; Roupas de homem de matérias têxteis, de malha,

croché; Arroz; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Os polímeros de etileno, em formas primárias.

Os tecidos de algodão; Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Arroz; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Outras carnes e miudezas comestíveis; Tecidos e tecidos artificiais; Máquinas e aparelhos elétricos; Tules, guarnições, rendas, fitas e outras mercadorias pequenas; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Roupas e outros artigos têxteis usados; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Energia; Outros artigos manufaturados diversos; Calçado; Equipamento doméstico; Metais comuns; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Materiais de construção (cimento);

Motocicletas e velocípedes; Equipamento de telecomunicação; Artigos de vestuário e tecidos têxteis; Artigos de plástico; Açúcar e mel; Veículos a motor para transporte de mercadorias.

Países analisados autonomamente

Do total dos produtos importados por Cabo Verde aos seus parceiros comerciais, que totalizaram US$ 754 milhões identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 58% das importações, no montante de US$ 435 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados por Cabo Verde a Portugal, que totalizaram US$ 292 milhões identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 56% das importações, no montante de US$ 163 milhões:

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Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Leite e produtos lácteos; Materiais de construção (cal e cimento); Mobiliário e peças; Arroz; Equipamento de telecomunicação; Gorduras vegetais; Produtos comestíveis e preparações; Outras carnes e miudezas comestíveis; Bebidas alcoólicas; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Artigos de plástico; Açúcar, melaço e mel; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Veículos a motor transporte de mercadorias; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Papel e cartão; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Materiais de construção (tijolos); Legumes; Aeronaves e equipamentos; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Milho; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Carne, miudezas, comestíveis, preparados e conservados.

Materiais de construção; Gorduras vegetais e óleos refinado; Bebidas alcoólicas; Leite e produtos lácteos; Mobiliário e peças; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro e painéis; Artigos de plástico; Produtos comestíveis e preparações; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Papel e cartão; Materiais de construção; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Frutas e frutos secos; Legumes; Metais comuns; Pigmentos, tintas, vernizes e materiais relacionados; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Tubos, canos e mangueiras de plásticos; Sumos de frutas e vegetais; máquinas de processamento de dados; Equipamento de telecomunicação; Carne, miudezas, comestíveis e conservadas; Máquinas e aparelhos elétricos.

Do total dos produtos importados pela Nigéria aos seus parceiros económicos. no montante de US$ 51 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 53% das importações, no total de cerca de US$ 27.3 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pela Guiné-Bissau aos parceiros económicos, no total de US$ 227 milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 70% das importações, no total de cerca de US$ 159 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Produtos comestíveis e preparações; Trigo e centeio em grão; Equipamento de telecomunicação; Arroz; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Peixe frescos ou congelado; Embarcações; Automóveis; Motocicletas e velocípedes; Geradores; Leite e produtos lácteos; Máquinas para a construção civil; Máquinas de energia elétrica e componentes; Papel e cartão; Peças e acessórios dos veículos; Açúcar, melaço e mel; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro, aço; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Motores de pistão de combustão interna; Metais comuns; Cacau; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio.

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Arroz; Bebidas não alcoólicas; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro e aço; Pedra, areia e cascalho; Bebidas alcoólicas; Materiais de construção (cimento); Produtos comestíveis e preparações; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Gorduras

vegetais fixos e óleos, petróleo bruto, refinado; Óleos brutos de petróleo, materiais em bruto; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Sabonetes, limpeza e produtos de polimento; Geradores; Válvulas e tubos catódicos; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Gorduras vegetais fixos e óleos, petróleo bruto; Açúcar, melaço e mel; Produtos laminados planos, ferro, de aço não ligado, revestidos, folheados; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Tabaco; Mobiliário e peças; Artigos confecionados de matérias têxteis; Equipamento de telecomunicação;

Leite e produtos lácteos.

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

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56

2.Nigéria

A principal economia da CEDEAO

02

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57

2. Nigéria – A principal economia da CEDEAO21

Independente desde 1960, a Nigéria é o maior país do

continente africano em termos populacionais, com uma

população estimada em mais de 168 milhões de

habitantes, sendo esperado que ultrapasse os 200

milhões de habitantes até 2020.

Apesar da língua oficial da Nigéria ser o inglês,

existem mais de 500 dialetos locais. O país possui

mais de 200 grupos étnicos e tem uma população rural

que representa cerca de 50% da sua população total,

estimando-se que mais de 40% da população é cristã

e que mais de 40% da população é muçulmana.

Esta diversidade da população nigeriana tem suscitado

alguns conflitos étnicos e religiosos que, por vezes,

têm interferido no desenvolvimento económico do país.

Superar os problemas de segurança e encarar

positivamente a multiculturalidade do país apresenta-

se como o maior desafio que a Nigéria enfrenta

atualmente.

O país conta com uma área total de 923.768

Km2 (cerca de 10 vezes o tamanho de Portugal)

divididos por 36 estados e o território da capital

federal, onde se encontra Abuja, a capital do

país. A Nigéria faz fronteira com o Benim, o

Níger, o Chade e os Camarões, beneficiando

ainda de uma linha costeira de 853 km.

A distribuição espacial da economia nigeriana

demonstra diferenças marcantes entre o norte e

o sul. O sul caracteriza-se por uma elevada

densidade populacional e é onde se situam as

maiores cidades do país. No entanto, também

se verifica uma importante atividade agrícola no

norte do país, com um volume populacional

relevante.

A incidência da pobreza evolui à medida que a

distância à costa marítima aumenta. Enquanto as taxas de pobreza nos estados costeiros estão tipicamente

abaixo dos 40%, essas taxas passam os 70% em muitas partes do centro e do extremo norte da Nigéria.

Relativamente a outros países africanos, o desenvolvimento da agricultura é forte: existem poucas áreas com

potencial agrícola que não estejam já a ser exploradas, o que se verifica com maior ênfase no norte do país. A

Nigéria integra organizações económicas internacionais relevantes como é o caso da CEDEAO, da

Commonwealth of Nations e ainda da OPEC (OPEP), beneficiando assim de relações privilegiadas com vários

países.

21

CIA Factbook

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58

2.1. Macroeconomia22

A Nigéria tem beneficiado de anos de estável crescimento económico, proporcionando assim uma melhoria na

qualidade de vida da população, diminuição da corrupção e desenvolvimento de setores chave para um

crescimento sustentável do seu PIB.

No entanto, o país ainda enfrenta grandes desafios. Em primeiro lugar, o desenvolvimento das suas

infraestruturas de modo a conseguir diminuir os custos de produção e distribuição dos produtos; em segundo

lugar, a segurança que afeta particularmente a produção de petróleo e, por fim, a aposta no capital humano,

particularmente desafiante considerando a elevada taxa de pobreza e de analfabetismo da Nigéria.

Tabela 5 – Indicadores sociais (2012)

Nigéria IDH Esperança média de

vida Número médio de anos

de estudo Analfabetismo

Índice de pobreza multidimensional

153.º 52,3 anos 5,2 anos 38,7%

31%

Fonte: Human Development Reports – United Nations

A Nigéria tem vindo a desenvolver recentemente consideráveis esforços no combate à corrupção, podendo-se,

por exemplo, observar uma evolução positiva no índice de perceção da corrupção. Apenas com o

desenvolvimento económico, alcançado através da abertura da sua economia, do combate à corrupção, de

reformas estruturais em setores chave não relacionados com o petróleo e do investimento em capital humano,

pode a Nigéria vir a afirmar-se enquanto líder no continente africano, garantindo assim um crescimento

sustentável.

2.1.1. PIB da economia nigeriana23

Como referido a Nigéria é o país com maior peso na região, representando mais de 66% do PIB da CEDEAO. Conjuntamente com o Gana e a Costa do Marfim, estes três países correspondem a 82,29% do PIB da CEDEAO.

Gráfico 32 - Representação da percentagem do PIB dos EM na CEDEAO24

Fonte: Banco Mundial

22

Human Development Reports – Nações Unidas 23

Banco Africano de Desenvolvimento 24

World Bank

Benin 1.90%

Burquina Faso 2,63%

Cabo Verde 0.48% Costa do Marfim

6.22%

Gana 10.26%

Gâmbia 0.23%

Guiné 1.71%

Guiné-Bissau 0.23%

Libéria 0.45%

Mali 2.60%

Niger 1.65%

Nigeria 66.17%

Senegal 3.57%

Serra Leoa 0.96%

Togo 0.96%

Outros 3.30%

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59

A economia nigeriana sofreu um ligeiro abrandamento do seu

crescimento, em 2011 e em 2012. Este abrandamento deveu-se ao

elevado crescimento registado em 2010 e ao abrandamento do

crescimento no setor petrolífero.

Os setores agrícolas, comércio grossista e retalhista e petrolífero

continuam a ser a base da economia nigeriana, apesar do decréscimo

no setor petrolífero. No entanto, destaca-se pela positiva o forte

crescimento do setor das telecomunicações.

Gráfico 33 – Evolução anual do PIB, em milhares US$

Fonte: Banco Mundial

Gráfico 34 - Taxa média anual de desemprego, em percentagem

A previsão de crescimento económico mantém-se

estável, apesar dos riscos relacionados com a

segurança, fruto de conflitos religiosos, da falta de

infraestruturas, nomeadamente que ajudem a

contrariar as cheias anuais, e do abrandamento

do crescimento económico mundial.

Importa salientar que o forte crescimento

económico vivido pela Nigéria ainda não se

traduziu em níveis relevantes de criação de

emprego ou de diminuição da pobreza, sendo um

desafio futuro da economia.

Fonte: FMI

O desemprego continua a aumentar fixando-se em 23,9%, sendo os últimos dados disponíveis referentes ao

ano de 2011. O crescimento económico não tem sido acompanhado por alterações estruturais na economia

nigeriana geradoras de emprego. Os planos de desenvolvimento estabelecidos pelo Governo visam incentivar

o crescimento de atividades não ligadas ao setor petrolífero.

2.1.2. Orçamento Geral do Estado25

A política orçamental da Nigéria tem como objetivo a manutenção da estabilidade macroeconómica, visando a

consolidação orçamental, a par do crescimento económico. O programa de consolidação orçamental

estabeleceu como teto máximo um défice orçamental de 3% do PIB, o que tem sido eficientemente cumprido

nos últimos anos. Esta política fiscal menos expansionista, bem como uma política monetária relativamente

25

Banco Africano de Desenvolvimento, 2013

207,116

168,587

228,638 243,986

262,606

-

50,000

100,000

150,000

200,000

250,000

300,000

2008 2009 2010 2011 2012

12.70% 14.90%

19.70% 21.10%

23.90%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

2007 2008 2009 2010 2011

A Nigéria removeu os subsídios

ao setor petrolífero e pretende

depender menos das receitas do

petróleo para se financiar,

através da modernização da sua

economia

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60

rígida conduzida pelo Banco Central da Nigéria, têm conseguido manter a inflação em níveis considerados

“aceitáveis”, a rondar os 12%.

O governo visa reorientar os gastos do Estado, passando uma parte da despesa corrente para despesas em

capital, visando assim melhorar as infraestruturas físicas.

Como parte da consolidação orçamental, o Governo eliminou os subsídios ao setor petrolífero em 2012, que

representaram 30% dos gastos totais do Estado em 2011 (cerca de 4,2% do PIB do país). A poupança

realizada foi direcionada para programas de segurança social e projetos de investimento.

O Governo tem conseguido alocar os seus recursos de acordo com os objetivos estabelecidos, dedicando

assim uma parte relevante dos investimentos públicos à segurança (19,9%), educação (8,65%), saúde (6%),

energia (3,5%), desenvolvimento e agricultura (1,7%) e serviços públicos (3,9%).

No Orçamento de Estado para 2013 está projetado um défice de 2,17% do PIB, o que significa uma melhoria

do défice de 2,85% obtido em 2012, sendo o objetivo do Governo manter esta política fiscal prudente e

sustentável.

Tabela 6 - Principais rubricas dos Orçamentos de Estado

Indicador 2012 2013 2014

Receitas totais (em % do PIB) 29,20% 28,80% 29,10%

Receitas fiscais (em % do PIB) 4,20% 4,00% 3,80%

Receitas petrolíferas (em % do PIB) 23,40% 23,40% 23,80%

Despesa corrente (em % do PIB) 18,80% 18,10% 17,50%

Fonte: Banco Africano de Desenvolvimento

2.1.3. Dívida pública26

Durante o forte crescimento do setor petrolífero nos anos 1970, a Nigéria investiu avultadas quantias em

infraestruturas, tendo para isso contraído uma elevada dívida, que se tornou insuportável com a queda do

preço do petróleo nos anos seguintes. No início do século XXI o país encontrava-se altamente endividado,

nomeadamente devido ao acumular de juros compensatórios pelo atraso no pagamento do seu passivo. Este

facto levou os seus principais credores internacionais a concederem-lhe um perdão de endividamento,

mediante um pagamento imediato de uma parte relevante do mesmo, em 2006.

Desde então a Nigéria tem vindo a aumentar novamente a sua dívida pública, tanto em termos brutos como

em percentagem do PIB.

A dívida pública nigeriana ascende a cerca de 18% do PIB, sendo mais de 80% deste passivo detido por

credores domésticos. O Governo federal é responsável por cerca de 64% da dívida pública e 70% deste

passivo de fonte doméstica, pelo que os Estados detêm cerca de 60% do endividamento público de fonte

estrangeira e representam um total de 36% da dívida pública total.

26

Banco Africano de Desenvolvimento

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61

Gráfico 35 - Dívida pública bruta, em milhares de milhões de NGN

Gráfico 36 - Dívida pública bruta, em percentagem do PIB

Fonte: FMI

Apesar dos desenvolvimentos recentes serem bastantes positivos para a Nigéria, sendo inclusive o seu

crescimento económico aparentemente estável, as agências de notação de crédito consideram que a

economia da Nigéria está demasiado dependente do preço do petróleo. Reconhecem, no entanto, a

estabilidade política, o crescimento económico e algumas das reformas introduzidas pelo governo na Nigéria

como positivas, o que conduziu a evoluções positivas na notação concedida à Nigéria ao longo da última

década.

Ainda assim, o roubo de petróleo e a sabotagem aos oleodutos já custaram mais de US$ mil milhões ao

Estado nigeriano apenas durante os primeiros 4 meses de 2013.

Tabela 7 - Notação de crédito da dívida pública nigeriana

Indicadores S&P Moody’s Fitch

Notação BB- BA3 BB-

Perspetivas Estável Estável Estável

Considerações Especulativo Especulativo Especulativo

Fonte: S&P, Moody’s e Fitch

2.2. Estrutura Produtiva

A Nigéria é o maior produtor africano de produtos agrícolas, com especial relevo para a produção de cereais,

arroz, óleo vegetal, raízes e tubérculos, citrinos, vegetais, nozes e frutas, o que concede alguma diversificação

às exportações do país. No entanto, o setor agrícola sofreu durante anos da falta de infraestruturas. O setor

contribuiu para 39,21% do PIB do país em 2012, tendo obtido um crescimento de 3,97% no mesmo ano,

sendo previsto que o setor continue a crescer entre 4% e 5% nos próximos anos.

2,849

3,816

5,323

6,494

7,663

-

1,000

2,000

3,000

4,000

5,000

6,000

7,000

8,000

9,000

2008 2009 2010 2011 2012

11.60%

15.20% 15.49% 17.20% 17.76%

0%

5%

10%

15%

20%

2008 2009 2010 2011 2012

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62

Gráfico 37 - Contribuição para o PIB dos setores de atividade na Nigéria (2012)

Fonte: National Bureau of Statistics

O crescimento populacional da Nigéria aliado ao aumento do

rendimento disponível das famílias conduziu o país a uma condição de

importador de alimentos, dado que a produção agrícola não tem

aumentado a um ritmo suficientemente rápido (nomeadamente arroz,

trigo, milho, peixe e açúcar).

Outro setor relevante para a economia nigeriana é o comércio

grossista e a retalho, contribuindo para 19,92% do PIB e que tem vivido anos de forte crescimento, sendo

projetado um crescimento superior a 8% por ano para os próximos anos.

Em terceiro lugar destaca-se o setor petrolífero que representa 13,76% do PIB nigeriano e que tem vindo a

estabilizar a sua importância, nomeadamente devido a problemas relacionados com a segurança e

infraestruturas, bem como com o desenvolvimento do preço internacional do petróleo desde 2010, dependente

do crescimento dos principais países consumidores de petróleo.

Finalmente, a economia do país tem sido impulsionada pelo crescimento do setor da tecnologia

telecomunicações e entretenimento, que se destaca com crescimentos superiores a 30% por ano,

representando já 7,05% do PIB do país. Dado o baixo nível de desenvolvimento atual deste setor, a margem

para o crescimento é ainda muito elevada, pelo que se espera que o setor continue a apresentar um

crescimento acima de 20% por ano (no ponto 4.4. Infraestruturas e energia pode encontrar-se uma descrição

detalhada do estado atual da tecnologia e das perspetivas para o futuro).

Tabela 8 - Contribuição para o PIB e crescimento dos setores de atividade na Nigéria, em 2012 e 2013

Contribuição para o PIB em 2012

Crescimento em 2012

Crescimento estimado

(1ºT – 2013)

Agricultura 39,21% 3,97% 4,14%

Mineração 0,38% 12,52% 12,00%

Petróleo e gás natural 13,76% -0,91% -0,54%

Indústria 4,20% 7,55% 8,41%

Telecomunicações 7,05% 31,83% 24,53%

Finanças e seguros 3,37% 4,05% 3,61%

Comércio grossista e a 19,92% 9,61% 8,22%

Agricultura 39.21%

Mineração 0.38%

Petróleo e gás

natural 13.76%

Indústria 4.20%

Telecomunicações 7.05%

Finanças e seguros 3.37%

Comércio grossista e a

retalho 19.92%

Construção civil 2.19%

Hotelaria e restauração 0.55%

Imobiliário 1.85%

Serviços comerciais

0.95%

Outros 6.58%

Outros 3.73%

O transporte de mercadorias,

equipamentos, petróleo e gás é

consideravelmente mais

dispendioso na Nigéria do que em

países comparáveis da África

Subsariana

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63

retalho

Construção civil 2,19% 12,58% 15,66%

Hotelaria e restauração 0,55% 12,15% 13,61%

Imobiliário 1,85% 10,41% 10,06%

Serviços comerciais 0,95% 9,69% 8,63%

Outros 6,58% 5,18% 5,37%

Fonte: National Bureau of Statistics

Analisando o crescimento de 2012 face ao estimado para 2013, os principais setores encontram-se em

desaceleração, com exceção do Turismo, Construção e Indústria, no entanto, todos eles com peso

relativamente pequeno no PIB.

Gráfico 38 - Crescimento e contribuição para o PIB dos setores de atividade na Nigéria (2012 e 2013)

2.3. Política económica

2.3.1. Perspetivas Futuras27

De acordo com um relatório do Citigroup de 2011, a Nigéria será o país com a maior taxa média de

crescimento anual do PIB no mundo, entre 2010 e 2050, incluindo-se assim no grupo designado como Global

Growth Generators 28

. Considera-se que a Nigéria sofreu durante anos da chamada “maldição dos recursos

naturais”, no entanto, o país está a começar a demonstrar capacidade para gerir eficazmente os seus

recursos. Desta forma espera-se que o crescimento médio do PIB per capita entre 2010-2050 seja de 6,9%

por ano.

27

Banco Africano de Desenvolvimento, FMI, World Bank e Citigroup 28

Global Growth Generators: Bangladesh, China, Egito, Índia, Indonésia, Iraque, Mongólia, Nigéria, Filipinas, Sri Lanka, Vietname

Agricultura; 4.14% (2013)

Petróleo e gás natural; -0.54% (2013)

Indústria; 8.41% (2013)

Telecomunicações; 24.53% (2013)

Comércio grossista e a retalho; 8.22% (2013)

Construção civil; 15.66% (2013)

Hotelaria e restauração; 13.61%

(2013)

(5%)

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

(10%) (5%) 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

Cre

scim

en

to e

stim

ado

par

a 2

01

3

Crescimento do setor em 2012

Fonte: National Bureau of Statistics

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64

A inflação, acima dos 11%, embora

elevada, quando comparada com

países de desenvolvimento médio, é em

grande medida influenciada pela

dependência externa dos preços dos

alimentos, do preço petróleo e suscetível

às condições climatéricas que tenham

impacto na produção agrícola interna.

No entanto, as restrições na política

monetária e a estabilidade do preço do

petróleo poderá permitir, ao longo dos

próximos anos, uma queda da inflação

para valores inferiores a 10%.

Fonte: Banco Mundial e Citigroup

Os grandes desafios da Nigéria centram-se no desenvolvimento do seu capital humano. O país necessita de

fortes investimentos na educação e na saúde de forma a poder garantir a qualidade de vida da sua população,

bem como a qualidade da sua força de trabalho.

Encontram-se previstas reformas agrícolas e o desenvolvimento de infraestruturas que permitam o

escoamento rápido e eficaz dos produtos, bem como incentivos ao desenvolvimento do setor privado e

reformas institucionais nos diversos organismos do Estado.

2.3.2. Prioridades estratégicas da Nigéria29

A Nigéria estabeleceu um plano de desenvolvimento económico designado Nigeria Vision 20: 2020 (NV20),

que deve ser implementado em três planos de implementação de médio prazo.

O primeiro plano de implementação de médio prazo cobre o período 2010-2013, o segundo o período 2014-

2017 e o terceiro plano de implementação compreende o período 2018-2020.

A visão baseia-se em dois objetivos específicos que pretendem ser alcançados até 2020:

PIB nominal não inferior a US$ 900 mil milhões; e,

PIB per capita não inferior a US$ 4 mil.

Para se alcançarem estes objetivos, foram definidas um conjunto de prioridades estratégicas em termos

políticos, macroeconómicos e nos principais setores da economia.

29

Nigeria Vision 20: 2020 – Economic Transformation Blueprint

0.10%

2.50%

4.30%

2.70%

1.88%

1.10%

5.40%

3.10%

1.55%

10.30% 10.60%

5.40%

6.20%

6.45%

5.98%

6.96%

7.98% 7.36%

6.55%

7.20%

7.00% 6.70%

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

1994 1998 2002 2004 2006 2010 2012 2018

Gráfico 39 - Crescimento anual do PIB real

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65

Tabela 9 - Objetivos NV20

Aspirações nacionais

Política Democracia estável, pacífica e harmoniosa.

Macroeconomia Uma economia estável e internacionalmente competitiva, com um PIB não inferior a US$ 900 mil milhões e um rendimento per capita não inferior a US$ 4 mil.

Agricultura Um setor agrícola tecnologicamente modernizado que explore a totalidade dos recursos agrícolas do país, garanta a segurança alimentar nacional e contribua para ganhos na balança comercial.

Saúde Um setor que contribua e sustente a esperança média de vida do país não inferior a 70 anos e reduza ao mínimo as doenças infeciosas, entre outras.

Indústria Um setor competitivo que contribua pelo menos para 40% do PIB.

Infraestrutura Serviços adequados, cujas infraestruturas garantam a completa circulação de todos os setores económicos.

Educação Um sistema de educação moderno que proporcione oportunidades para atingir um capital humano adequado, competente e no seu máximo potencial.

O grupo de trabalho dedicado à implementação do primeiro plano, subjacente ao tema “acelerando o

desenvolvimento, a competitividade e a criação de riqueza”, foca-se no estabelecimento das fundações

necessárias para atingir os objetivos propostos para 2020, começando pelas infraestruturas, as fontes de

crescimento e o capital humano.

Tabela 10 – Objetivos do 1.º Plano de Implementação

Seis grandes objetivos

1. Diminuir a lacuna infraestrutural para permitir o desencadear do crescimento económico e da criação de riqueza; 2. Otimizar as fontes de crescimento económico de modo a aumentar a produtividade e competitividade; 3. Estabelecer uma base de capital humano produtivo, competitiva e funcional com vista ao crescimento económico

e ao progresso social; 4. Desenvolver uma economia baseada no conhecimento; 5. Melhorar o sistema de governação, a segurança, a lei e a ordem, bem como promover um uso mais eficiente e

eficaz dos recursos naturais de modo a promover a harmonia social e um ambiente empresarial propício ao crescimento; e,

6. Fomentar o desenvolvimento económico e social acelerado e sustentável de forma competitiva e ecológica.

O Governo pretende continuar e incentivar as reformas nos setores petrolífero, energético e dos serviços

públicos, a par do combate à corrupção e da melhoria dos níveis de cumprimento da lei.

Tabela 11 – Quadro macroeconómico de base para o NV20

Desenvolvimentos 1999-2009

Desenvolvimentos no setor real

─ Crescimento médio anual do PIB real em cerca de 6,5%;

─ Crescimento sustentado por setores não-petrolíferos;

─ Crescimento superior ao crescimento populacional médio de 3,2% por ano; e

─ Um setor agrícola dominante na economia durante esse período.

Setor externo ─ Balança corrente positiva no período 1999-2008 (saldo negativo em 2009 foi provocado pela crise económica);

─ A Nigéria abandonou o grupo dos Países Pobres Altamente Endividados (PPAE), mantendo desde então um rácio dívida/PIB baixo; e

─ Taxa de câmbio estável.

Operações orçamentais ─ Política orçamental do Governo baseada na consolidação orçamental e na promoção de emprego, crescimento e desenvolvimento; e

─ Elevadas receitas de fontes petrolíferas.

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66

Desafios ao desenvolvimento

─ Infraestrutura desadequada e agricultura de subsistência;

─ Fraca pesquisa focada no desenvolvimento e na inovação;

─ Contribuição reduzida da indústria para o emprego e elevado desemprego jovem;

─ Receitas do Estado demasiado dependentes das receitas petrolíferas; e

─ Preocupações sobre o crescimento da dívida nacional.

Perspetiva económica global

─ O ambiente económico internacional é essencial para o desenvolvimento da Nigéria;

─ Dependência da recuperação do crescimento económico mundial;

─ Principais consumidores de petróleo empenham-se cada vez mais para diminuir a sua dependência do petróleo;

o Os EUA lançaram uma nova política energética que incentiva fontes de energia alternativas e eficientes;

o Aproveitamento das extensas reservas petrolíferas do país, para permitir ao país criar uma conjuntura de não dependência face ao petróleo;

─ O maior desafio na gestão da política macroeconómica durante o período de implementação do programa NV20 será a diversificação da estrutura económica, para setores não dependentes do petróleo; e,

─ Quadro macroeconómico irá focar-se na manutenção da estabilidade macroeconómica de modo a posicionar a economia numa trajetória de crescimento sustentável, sem pressões inflacionistas.

Estratégias de política macroeconómica

Os 3 Pilares ─ Garantir a produtividade e o bem-estar da população;

─ Otimização das fontes chave do crescimento económico; e,

─ Fomento do desenvolvimento económico e social sustentável.

As estratégias ─ Crescimento económico de dois dígitos e manutenção de fundamentos económicos fortes;

─ Diversificação da economia;

─ Estimular o setor industrial e fortalecer as suas ligações;

─ Elevar a competitividade relativa do setor real;

─ Desenvolver o setor financeiro;

─ Investimento massivo em infraestrutura e capital humano; e,

─ Adoção de uma política orçamental e monetária pragmática, com atenção ao comércio externo e à dívida pública.

O total de investimento para o primeiro plano de implementação é de cerca USD 185 mil milhões, sendo que

USD 60 mil milhões serão investidos pelo Governo Federal da Nigéria, USD 55 mil milhões pelos Estados e

USD 80 mil milhões pelo setor privado.

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67

2.4. Infraestruturas e energia30

O estado das infraestruturas na Nigéria

Figura 5 - O Estado das Infraestruturas em África - Nigéria

Apesar das infraestruturas na Nigéria ilustrarem a concentração espacial da atividade económica no sul, o país

(contrariamente aos seus vizinhos) desenvolveu acessos de alcance nacional. São poucas as áreas que

permanecem sem acessos ao nível nacional. A condição da rede de estradas é porém muito irregular,

30

Africa Infrastructure Country Diagnosis e Banco Africano de Desenvolvimento

Fonte: Africa gearing up, PwC 2013

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68

afetando negativamente a conetividade nacional, sendo que algumas estradas têm simultaneamente troços

em boas e em péssimas condições. Existem 5 pontos onde as redes rodoviárias nigerianas intersetam a rede

regional, nomeadamente na costa este-oeste e em alguns corredores que ligam ao interior do país.

A rede elétrica tem alcance nacional e quase todos os grandes centros de produção de energia estão ligados

ao sistema nacional. Apesar do sistema GSM de telecomunicação ter uma boa cobertura, existem regiões,

principalmente a norte, que sofrem falhas e interrupções frequentemente. A nível de integração regional, a

Nigéria encontra-se ligada a cabos submarinos que rodeiam a costa oeste da África (SAT-3, MAIN-1 e Glo-1),

no entanto, o país não tem ligação terrestre de fibra-ótica com os seus vizinhos.

Quanto ao setor agrícola, apesar da sua vasta implantação e níveis de produtividade, as áreas irrigadas são

reduzidas e muito dependentes dos rios.

Os recursos naturais concentram-se fundamentalmente concentrados na zona sudeste do país, já próximo da

costa litoral.

Figura 6 - Recursos naturais

Fonte: Africa Infrastructure Country Diagnosis

No domínio dos transportes públicos, estes verificam-se como desadequados, e têm encorajado a utilização

de motociclos para o transporte comercial e de passageiros.

O transporte fluvial, esse, mantém-se estagnado, tal como as infraestruturas do setor, apesar do país ter cerca

de 3.300 kms de vias fluviais navegáveis. Não obstante essas vias terem como objetivo conferir acesso à

costa, não estão ainda adequadas à navegação devido à falta de alargamento das vias, e à falta de navios

modernos.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

69

Relativamente ao setor energético, a rede elétrica nigeriana está ligada ao Níger a norte, existindo planos para

ligar a Nigéria ao Benim e ao Níger, no contexto do Grupo de Energia da África Ocidental. No entanto, a rede

elétrica da Nigéria ainda não está ligada aos Camarões. O Gasoduto da África Ocidental liga o Gana à Nigéria,

através do qual é exportado gás para fins de produção energética.

Apesar do estado de algumas das suas infraestruturas, a Nigéria fez importantes progressos infraestruturais

nos últimos anos. Comparando com a maioria dos países da África Subsariana, tem uma rede energética,

rodoviária, ferroviária e tecnológica (telecomunicações e plataformas informáticas) que cobre uma extensa

área do país.

Tabela 12 - Realizações e desafios dos setores de infraestruturas

Realização Desafios

Transportes aéreos

Expansão recente do mercado interno;

Surgimento de transportadoras regionais importantes;

Novas rotas para a Europa e para os EUA;

Avanços significativos na supervisão da segurança.

Desenvolver o potencial como centro regional de transporte aéreo;

Concessão de aeroportos.

TIC Cobertura GSM de baixo-custo extensiva;

Setor de linha fixa competitivo;

Rede de fibra ótica privada extensa.

Aumentar a penetração de serviços TIC;

Reduzir os custos de serviços online;

Tornar o mercado mais eficiente.

Portos Adoção de um modelo de concessão moderno;

Emissão de inúmeras concessões.

Melhorar o desempenho alfandegário;

Melhorar os acessos marítimos e térreos;

Planear o incremento de novas capacidades.

Energia Elevadas taxas de eletrificação;

Restruturação do setor e aumento das tarifas.

Investimento para melhorar a confiança nos serviços;

Combater as enormes ineficiências do setor.

Ferroviário Extensa rede ferroviária nacional. Melhorar o desempenho para aumentar o fluxo.

Rodoviário Extensa rede rodoviária nacional. Aumento dos fundos para manutenção rodoviária;

Melhorar os acessos rurais.

Recursos hídricos

Progresso no quadro institucional. Desenvolver o potencial de irrigação de alto-retorno.

Água e saneamento

Melhorar o acesso a bons serviços de água;

Melhoria dos hábitos sociais;

Combater as enormes ineficiências dos serviços;

Maior atenção a poços e furos;

Melhorar a qualidade de latrinas tradicionais.

Transportes

A densidade rodoviária da Nigéria é de 0,21km de estrada por km2, o que fica bem

acima da média da África Central e Ocidental de apenas 0,06km de estradas por km2,

chegando a ser semelhante à densidade verificada em países como a África do Sul, o

México ou o Brasil. De igual maneira, o volume do tráfego na rede rodoviária nigeriana

é relativamente elevado quando comparado com o verificado em países similares, o

que indica que a rede está a ser efetivamente utilizada.

Estima-se que a rede rodoviária da Nigéria seja superior a 197.000 km, sendo

que apenas 18% estão pavimentados. A rede primária federal é responsável

por cerca de 9% do total, com os Estados a gerir a maioria das estradas

A rede rodoviária é

responsável por cerca de

90% do transporte interno e

transfronteiriço de

mercadorias

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

70

secundárias que totalizam aproximadamente 24% da rede total. O remanescente da rede rodoviária está sob a

gestão dos governos locais, correspondendo a acessos às comunidades locais. Cerca de 30.000 km da rede

rodoviária estão localizados em áreas urbanas.

Os maiores problemas da rede rodoviária estão relacionados com a desadequação dos serviços devido à falta

de manutenção o que conduz a um mau estado da rede rodoviária. Adicionalmente, problemas com

segurança, aplicação da lei e criminalidade são comuns.

Estima-se que em 2010 a frota de veículos de 4 rodas fosse de cerca de 5,2 milhões de veículos e a frota de

veículos de 2 rodas de cerca de 5,2 milhões. A frota total de veículos tem crescido cerca de 10% por ano, no

entanto, quando se tem em consideração a população do país, estes números perdem alguma importância,

dado ainda se encontrarem muito abaixo da densidade encontrada em países como a África do Sul, o Brasil

ou a Rússia.

Figura 7 - Cobertura nacional da rede de transportes da Nigéria

Fonte: Africa Infrastructure Country Diagnosis

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71

Tabela 13 - Indicadores das infraestruturas rodoviárias da Nigéria comparados com países africanos de baixo e de médio rendimento, com referência a 2006

Unidade Países ricos em recursos

Nigéria Países de

rendimento médio

Densidade das estradas pavimentadas

Km/1000 km2 de terra arável 59,1 174,1 318,4

Densidade das estradas não-pavimentadas

Km/1000 km2 de terra arável 38,0 94,2 278,4

Acessibilidade rural ao SIG % de população rural residente até 2 km de distância de uma “estrada”

26,0 19,7 31,5

Tráfego nas estradas pavimentadas

Média anual do tráfego diário 1.408,2 1.772,4 2.558,3

Tráfego nas estradas não-pavimentadas

Média anual do tráfego diário 24,7 32,7 74,7

Condição da rede pavimentada

% em condições boas ou razoáveis 67,9 67,4 82,0

Condição da rede não-pavimentada

% em condições boas ou razoáveis 61,4 32,9 57,6

Qualidade percecionada

dos transportes

% de empresas que identificam as estradas como grande

constrangimento 30,2 29,9 18,2

Sobreinvestimento % da rede pavimentada com menos de 300 veículos por dia

19,8 4,8 18,4

Subinvestimento % da rede não pavimentada com mais de 300 veículos por dia

9,3 26,7 20,0

Fonte: Africa Infrastructure Country Diagnosis

A Nigéria tem ainda um pequeno nível de sobreinvestimento (estradas cujo investimento foi demasiado alto

para as necessidades reais) mas acima de tudo tem um elevado nível de subinvestimento (estradas que

necessitam de mais investimento mediante a realidade).

Nota-se que uma extensão relevante dos acessos rurais irá requerer uma

estratégia de alinhamento das políticas de desenvolvimento do setor das

infraestruturas rodoviárias e do setor agrícola. A rede rural rodoviária nigeriana

totaliza cerca de 85.000 km, no entanto, para garantir acesso a estradas

durante todo o ano a 75% das populações rurais necessitaria da extensão em

mais 20.000 km. Adicionalmente, a Nigéria tem pouco mais de 54% da média

da densidade das estradas pavimentadas verificada nos países africanos de

rendimento médio, e apenas cerca de 34% da média da densidade das

estradas não-pavimentadas verificada nos países africanos de rendimento

médio.

A rede ferroviária estende-se por um total de 4.332 km, no que corresponde a cerca de 3.505 km de rotas,

sendo que apenas pouco mais de 30 km são em duas vias e concentram-se na zona de Lagos.

A Nigéria tem uma das mais extensas redes ferroviárias de África, sendo apenas inferior em comprimento à

rede ferroviária da África do Sul. Apesar de historicamente as ferrovias da Nigéria se encontrarem entre as

melhores da África Ocidental, nos últimos anos tem havido um fraco investimento na requalificação de

algumas linhas.

Apesar da procura potencial por serviços ferroviários existente, o tráfego em volume tem vindo a diminuir de modo latente nas últimas décadas. A larga população e economia da Nigéria constituem as bases para uma enorme procura tanto para o transporte de passageiros, como para o transporte de mercadorias. Devido a um

A Nigerian Railway Company detém uma frota com cerca de 200 locomotivas, apesar da maioria não estar operacional

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

72

desempenho deficiente e a serviços de má qualidade, o transporte ferroviário de mercadorias e passageiros caiu consistentemente entre 1960 e 2005.

Com o reconhecimento da importância do setor dos transportes ferroviários para o país pelo Governo,

algumas linhas essenciais foram construídas, concluídas ou melhoradas. Assim a linha de Lagos – Kano que

se estende por 1.224 km encontra-se agora operacional e espera-se que as linhas de Port Harcourt –

Maiduguri e de Itakpe – Aajaokuta venham a estar brevemente operacionais. Foram compradas 25 novas

locomotivas, bem como reformados alguns vagões e carruagens. Estas reformas resultaram num crescimento

significativo, passando a rede ferroviária de 1 milhão de passageiros em 2009 para cerca de 4,2 milhões de

passeiros em 2012.

Tabela 14 - Indicadores das infraestruturas ferroviárias para a Nigéria e outros países selecionados, com referência a 2006

NRC (Nigéria)

GRC (Gana)

OCBN (Benim)

SITARAIL (Costa do Marfim-Burkina Faso)

TRANSRAIL (Senegal –

Mali)

CAMRAIL (Camarões)

SPOORNET (África do

Sul)

Concessionado (1) / Estado (0)

1 1 0 1 1 1 0

Densidade de tráfego, carga, 1.000 t-km/km

15 242 148 494 318 1.091 5.319

Eficiência

Pessoal: 1.000 taxas unitárias por colaborador

37 84 40 481 - 603 3.037

Carruagem: 1.000 passageiros-km por carruagem

737 416 900 862 - 4.738 596

Carruagem: 1.000 t-km por vagão

59 458 74 1.020 804 868 925

Disponibilidade das locomotivas em %

13 7 3 35 40 26 -

Tarifas

Taxas unitárias médias, carga, US$ cêntimos/t-km

- 2,4 2,0 3,3 2,2 2,2 -

Taxas unitárias médias, passageiros, US$ cents/passageiros-km

- 4,4 5,8 5,5 3,3 5,2 -

Fonte: Africa Infrastructure Country Diagnosis

A Nigéria conta com cerca de 3.800 kms de vias navegáveis nos 12 principais

rios do país, com notável destaque para a importância do rio Níger e do rio

Benue. A Nigéria tem ainda um fraco desempenho no índice de qualidade das

infraestruturas portuárias (Fórum Económico Mundial), obtendo em 2012

apenas 3,6 pontos, em 7. Este desempenho encontra-se abaixo de alguns dos

países comparáveis, como a África do Sul (4,7 pontos) mas, ainda assim,

acima de países como o Brasil (2,6 pontos). Convém ainda notar que a

qualidade dos portos nigerianos tem vindo a aumentar, tendo o país passado

de 2,6 pontos em 2008 para 3,6 pontos em 2012, com crescimento em todos

os anos.

Os rios Níger e Benue são as principais ligações aos portos marítimos de Apapa, Tin Can, Warri, Port Harcourt, Onne e Calabar

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73

O sistema portuário da Nigéria tem tradicionalmente colocado entraves ao desenvolvimento económico do

país, devido à sua capacidade condicionada e aos elevados custos operacionais. O tempo médio de espera

dos contentores nos maiores portos da Nigéria varia entre 30 a 40 dias, enquanto o benchmark internacional

aponta para uma média de 7 dias em 2010.

Uma reforma profunda das infraestruturas portuárias começou no ano 2000. Essa reforma visava diminuir

os maiores constrangimentos ao funcionamento eficiente das operações e assim facilitar as atividades de

importação e exportação. Esta reforma foi bem planeada e, inclusive, bem implementada na maioria do

sistema portuário nigeriano. As alterações incluíram a concessão da exploração dos portos, bem como a

concessão ao setor privado da maioria das operações de movimentação de carga.

De modo a adaptar o país aos novos modelos de gestão dos portos, a Autoridade Portuária Nigeriana (NPA,

na sigla inglesa) foi profundamente restruturada, passando a existir 4 autoridades portuárias autónomas:

Lagos, Calabar, Port Harcourt e Delta.

De acordo com esta reforma as funções da NPA são de planeamento e desenvolvimento das infraestruturas

portuárias, facilitação do financiamento de novas construções através de contratos de construção, exploração

e transferências (BOT), concessões a operadores privados para prestação de serviços portuários, arrecadação

das tarifas portuárias e, genericamente, agir como a entidade concessionária em nome do Governo.

No entanto, as reformas não conseguiram ainda combater os problemas de

base que afetam negativamente o sistema portuário da Nigéria, tal como um

baixo desempenho das alfândegas e níveis elevados de corrupção.

A nível dos transportes aéreos a Nigéria registou melhorias significativas ao

longo da década de 2000, principalmente a nível dos voos domésticos. O país

encontra-se no grupo restrito de países da África Subsariana que tem

autorização para operar voos para os EUA, em companhias nacionais, dado a

supervisão de segurança aérea nigeriana ser considerada boa para os padrões

americanos.

Tabela 15 - Indicadores de referência para o transporte aéreo para a Nigéria e outros países selecionados

31

Nigéria Gana Costa do Marfim

Senegal Quénia Tanzânia

Tráfego

Lugares domésticos (milhões por ano) 9,3 0,14 0 0,13 2,09 1,87

Lugares em viagens internacionais para África (milhões por ano)

1,3 0,91 0,85 1,26 3,14 1,27

Lugares em voos intercontinentais (milhões por ano)

2,44 0,83 0,3 1,23 2,76 0,59

Lugares disponíveis per capita 0,09 0,08 0,06 0,23 0,28 0,12

Qualidade

% de lugares-km em aviões de pequeno e médio porte

29,6 15,7 52,3 39,3 23,3 48,6

% de lugares-km em novos aviões 71,4 96,8 90,8 98,3 80,2 79,3

Número de companhias na lista negra da UE 0 0 0 0 0 0

FAA/IASA auditoria N/A Não Não N/A Não Não

% de companhias 28,6 0 0 50,0 11,1 33,3

Fonte: Africa Infrastructure Country Diagnosis

31

Ano de referência: 2007

O recurso aos portos interiores ainda é muito limitado, tanto no transporte de passageiros como no transporte de

mercadorias

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74

Apesar do tráfego aéreo ter crescido rapidamente as ligações permanecem as

mesmas e maioritariamente centradas nos países da CEDEAO. O que se torna

impressionante dada a importância da Nigéria na região é que as ligações

relevantes centram-se nas ligações Lagos-Acra e Abuja-Lagos.

A Nigéria é servida por 4 aeroportos internacionais (Lagos, Abuja, Kano e Port

Harcourt) e por cerca de 20 aeroportos domésticos, os quais são detidos e

operados pela Federal Airports Authority of Nigeria (FAAN).

Lagos ainda não assumiu o seu papel como centro de transporte aéreo para a

região. Enquanto na África Oriental e na África Austral algumas cidades desenvolveram-se já como um centro

de transportes para as respetivas regiões, tal como Joanesburgo, Nairobi e Adis Abeba, não existe ainda um

centro equivalente para a África Ocidental, sendo expectável que o aeroporto de Lagos venha a assumir esse

papel, dada a sua localização e dimensão. Esperam-se pois desenvolvimentos nesta área, com a reforma da

Autoridade Federal Aeroportuária da Nigéria e com a concessão de alguns terminais de diversos aeroportos

ao setor privado, como é o caso do aeroporto de Terminal Internacional de Lagos II.

Energia A Nigéria alcançou taxas de eletrificação relativamente elevadas, principalmente nas áreas urbanas, sendo que o acesso à eletricidade tem vindo a expandir-se rapidamente. No entanto, a Nigéria enfrenta problemas relativamente à sua capacidade instalada e ao funcionamento de alguma da sua produção.

Adicionalmente, o setor energético na Nigéria pode ser caracterizado pelos seus elevados

níveis de ineficiência operacional e por preços demasiado baixos, mesmo quando comparados com qualquer

grupo de países semelhantes. Assim, as ineficiências no setor energético têm custos ocultos muito avultados,

sendo estimados em mais de 1% do PIB.

A rede nigeriana de gasodutos estende-se por 3.071 km para gás natural, 124 km para gás condensado e 156

km para GPL.

A capacidade instalada de geração de energia em infraestruturas públicas, em 2010, era de cerca de 6.978

MW, no entanto, em 2012 apresentava apenas uma disponibilidade de 4.300 MW, equivalente a apenas 48%

da capacidade instalada. Por sua vez, a capacidade instalada de geração de energia em infraestruturas

privadas era de 9.384 MW, em 2011. No entanto, a capacidade disponível nesse ano foi de apenas 5.400 MW.

Perante uma procura estimada entre 10.000 MW e 12.000 MW, a capacidade disponível conjunta de 8.760

MW.

O impacto económico do défice energético da Nigéria é ainda significativo. De acordo com alguns inquéritos

realizados a empresas, a Nigéria é afetada por interrupções no fornecimento de energia em mais de 320 dias

por ano, um nível muito mais elevado do que o verificado em outros países africanos. Como consequência,

60% das empresas nigerianas têm os seus próprios geradores, novamente uma percentagem

substancialmente superior a verificada em outros países africanos. Estima-se que as perdas no setor privado

resultantes das falhas de energia atinjam quase 10% das receitas totais.

A infraestrutura aeroportuária nigeriana conta com 62 pistas de aviação, das quais 32 estão pavimentadas

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75

Figura 8 - Infraestrutura da rede de eletricidade da Nigéria

Tabela 16 - Indicadores energéticos de referência

Unidades Países ricos em recursos

Nigéria

Início dos anos 2000

Nigéria

Fim dos anos 2000

Países de rendimento

médio

Capacidade instalada de produção de energia

MW/milhões de pessoas

43,2 41,7 38,1 798,6

Consumo de energia kWh/capita 205,7 151,9 107,6 4.479,3

Falhas de energia Dias/ano 14,5 321 - 5,9

Empresas que dependem do seu próprio gerador

% consumo 44,9 60,9 - 10,9

Perdas devido a falhas de energia

% vendas 7,0 8,9 - 1,6

Acesso a eletricidade % população 46,0 51,3 48,6 59,9

Acesso urbano a eletricidade

% população 79,4 84,0 85,0 85,2

Acesso rural a eletricidade

% população 28,0 34,6 31,0 31,8

Crescimento do acesso a eletricidade

% população/ano 2,4 2,8 0,6 1,5

Cobrança das faturas % faturação 81,1 63,5 88,0 100,0

Perdas na distribuição % produção 25,8 30,0 20,0 10,1

Recuperação de custos % custos totais 53,9 28,0 31,0 100,0

Totais de custos ocultos em % das receitas

% 168,3 548,2 246,6 0,1

Fonte: Africa Infrastructure Country Diagnosis

Fonte: Africa Infrastructure Country

Diagnosis

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76

Tabela 17 – Desafios identificados pelo Governo no setor energético

Desafios ao setor energético

─ Capacidade instalada de produção de energia desadequada; ─ Fornecimento de combustível insuficiente para as centrais térmicas; ─ Problemas relacionados com a tecnologia utilizada na produção de energia; ─ Um sistema de transmissão e distribuição de energia sobrecarregado, com equipamentos ineficientes e

obsoletos, um sistema de controlo e gestão antiquado e roubos frequentes de equipamento; ─ Quadro regulatório e institucional fraco; ─ Ambiente desadequado para a atração de investimento privado; ─ Política de preços desajustada conciliada com uma reduzida capacidade de faturação, tornando o setor

financeiramente não-sustentável; ─ Constrangimentos da capacidade e qualidade da força de trabalho no setor.

Água e saneamento

A Nigéria tem extensos recursos hídricos, com uma capacidade total em barragens de 51

mil milhões de metros cúbicos. Cerca de 47% da capacidade total das barragens

nigerianas está alocada exclusivamente à produção de energia hidroelétrica, cerca de 41%

para múltiplos objetivos e finalmente, cerca de 12% exclusivamente para a irrigação e o fornecimento de água.

No ano de 2010, apenas 4% da população nigeriana tinha acesso a água canalizada, abaixo da média da

África Subsariana (16%) e ainda bem abaixo da média dos países africanos de rendimento médio (60%). O

acesso a água tratada é muito superior nas áreas urbanas, chegando a 74% da população urbana, enquanto

nas áreas rurais mais de metade da população depende de poços e nascentes não protegidos ou tratados.

A maioria dos problemas relacionados com o fornecimento de água está relacionada com o desencontro entre

as receitas provenientes dos serviços prestados e os custos associados. A maioria dos Estados nigerianos

não tem fundos para investir dado os baixos preços praticados pelos serviços públicos, para além das

dificuldades de cobrança das taxas aplicadas.

Figura 9 - Infraestruturas de irrigação da Nigéria

Fonte: Africa Infrastructure Country Diagnosis

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77

Adicionalmente, apenas cerca 33% da população tinha acesso a saneamento básico em 2010, sendo que este

indicador tem vindo a piorar ao longo dos anos, devido ao aumento populacional nas zonas em zonas urbanas

de modo pouco controlado e à dificuldade de incremento de cobertura nas zonas rurais.

Tabela 18 – Saneamento básico na Nigéria

Problemas relacionados com o saneamento básico na Nigéria

─ A falta de mecanismos públicos de intervenção que estejam alinhados com as políticas utilizadas, deixando às

populações a responsabilidade de aquisição dos equipamentos necessários;

─ Pobreza nas zonas rurais, o que dificulta a aquisição de equipamentos pela população nestas zonas;

─ Capacidade insuficiente dos níveis de governação relacionados com o planeamento e implementação dos

programas que atinjam os objetivos ambiciosos estabelecidos;

─ Falta de mecanismos que suportem a entrada de investidores privados para o fornecimento de serviços

relacionados com o saneamento básico.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

78

Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC)

O número total de utilizadores da internet e linhas de telefone móvel e fixa ascendeu a 143 milhões, em 2011, o que corresponde a mais de 85% da população nigeriana. A cobertura de rede GSM alcança mais de 70% da população. O investimento privado em infraestruturas de telecomunicações no período 2005-2010 totalizou cerca de US$ 3,4 mil milhões, com valores muito superiores a serem investidos na operação e manutenção da rede. Nota-se ainda que a política de liberalização do Governo resultou na entrada de 30 operadoras no mercado nigeriano apenas em 2009.

A Nigéria conseguiu avanços significativos no desenvolvimento das suas infraestruturas TIC. Em particular, o

país foi bem-sucedido no desenvolvimento de uma rede de fibra-ótica a nível nacional. Contrariamente a

outros países africanos que estão a desenvolver as suas redes através de infraestruturas públicas, a Nigéria

optou por liberalizar o mercado da fibra-ótica, o que resultou num investimento privado avultado neste setor.

No entanto, é pouco provável que o setor privado invista na extensão desta rede para pequenos centros

urbanos ou comunidades rurais.

Apesar do desenvolvimento impressionante na última década, um grande fosso digital continua a separar a

Nigéria das economias mais avançadas do mundo. Este fosso é especialmente notório no que toca à

qualidade das infraestruturas, ao custo do acesso da população e à falta de competências relacionadas com o

setor.

A penetração de telemóveis foi de 67 por 100 pessoas em 2012 o que contrasta com uma penetração de 2 por

100 pessoas em 2003, demonstrando assim o rápido crescimento do setor no país. No entanto, um dos

grandes constrangimentos a maiores progressos na penetração das tecnologias de comunicação é o seu

custo e o baixo nível de rendimento da população. Apesar do declínio dos preços verificados nos últimos anos,

fruto do aumento da competitividade, os preços ainda são superiores ao desejável, principalmente no acesso à

internet, pelo que incentivos ao investimento privado em prol da competitividade são ainda necessários (ver

ponto 2.5. Grandes projetos de investimento previstos em infraestruturas, para uma análise dos

desenvolvimentos previstos para o setor) .

Figura 10 - Cobertura das redes TIC

Fonte: Africa Infrastructure Country Diagnosis

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79

2.5. Grandes projetos de investimento previsto em infraestruturas32

A adequada implementação do programa de investimento em infraestruturas facilitará atingir o objetivo de

US$ 900 mil milhões de PIB e US$ 4.000 de PIB per capita para. Este crescimento colocaria a economia

nigeriana no mesmo patamar que países como a Austrália, a Polónia ou Taiwan em termos de dimensão

absoluta.

Os gastos previstos de US$ 448 mil milhões no desenvolvimento e manutenção de infraestruturas teriam um

enorme impacto no mercado doméstico de trabalho, na redução da pobreza e no setor privado. No mercado

de trabalho significaria a criação de cerca de 4,5 milhões de empregos, com um custo estimado de US$ 126

mil milhões em salários. Melhores infraestruturas têm um papel fundamental na redução da pobreza, com um

impacto direto no rendimento, na saúde, nutrição, educação e coesão social, (estima-se que com a

implementação deste plano o número absoluto de pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza diminua de

108 milhões em 2010 para 98 milhões em 2020).

Um investimento tão significativo gerará oportunidades reais para a comunidade empresarial no país,

nomeadamente no fornecimento de bens e serviços à construção e manutenção das infraestruturas, bem

como pelos benefícios inerentes à atividade económica de uma rede de infraestruturas muito mais eficiente.

Investimentos previstos

─ O programa envolve investimentos de cerca de US$ 137 mil milhões em bens de capital, US$ 90 mil milhões dos

quais em infraestruturas e US$ 47 mil milhões na renovação e expansão da frota dos transportes;

─ Uma parte substancial destes equipamentos será importada, dada a limitada capacidade da indústria interna;

─ Cerca de US$ 184 mil milhões serão gastos em materiais de construção, peças sobressalentes e outros bens

necessários às atividades de investimento e manutenção;

─ Estima-se que este programa de investimento venha a aumentar a procura doméstica por bens e serviços

importados.

32

Nigeria Vision 20: 2020

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80

Transportes

Setor Objetivos

Rodoviário ─ Cerca de 145.000 km da rede atual (cerca de 75% do total) será reabilitada e melhorada,

incluindo a reabilitação e melhoria de estradas terciárias;

─ Cerca de 7.993 km das estradas federais primárias e secundárias passarão a ter duas vias;

─ A rede irá expandir cerca de 2.900 km (incluindo 726 km na Autoestrada Níger Delta Coastal

e 1.000 km em novas estradas secundárias geridas pelos Estados, em resposta à contínua

urbanização do país;

─ Manutenção periódica de 24.925 km de estradas federais no período 2011-15 e manutenção

de rotina de 19.290 km de estradas no período 2011-20.

Ferroviário ─ Conclusão prioritária da reabilitação de 85% das vias existentes e conclusão da linha

Ajaoukuta – Warri;

─ A reabilitação inclui ligações ferroviárias aos principais portos nigerianos;

─ Construção de uma forte rede de transportes ferroviários em Lagos e Abuja;

─ Concessão das linhas ferroviárias Lagos – Kano e Port Harcourt – Maiduguri;

─ Construção das linhas ferroviárias aos armazéns no interior, de modo a liga-los aos portos

marítimos, aeroportos internacionais e principais centros económicos e industriais;

─ Expansão da rede atual em 784 km nas linhas Abuja/Idu – Kaduna, Abuja – portos de Lagos,

Warri e Port Harcourt, Abuja – Minna, Kafanchan e Itakpe, Calabar – Cidade de Benim

(Nigéria).

Portos ─ Construção de novos grandes portos marítimos de águas profundas, um no Sudoeste (em

Lekki, Badagry ou Olokola) e outro no Sudeste (em Bonny ou em Akwa Ibom);

─ Contratos de concessão para melhorar a gestão;

─ Investimentos em movimentação de carga e no aprofundamento dos cais para uma média de

13 metros, para permitir maiores navios;

─ Aprofundar os canais em aproximadamente 3 metros, particularmente os canais do complexo

de Lagos e o canal de Bonny-Port Harcourt.

Vias fluviais ─ Dragagem e instalação de auxílios de navegação 24 horas durante o ano inteiro, nas

principais vias fluviais;

─ Promoção de políticas de preços que aumentem o tráfego nas vias fluviais;

─ Reestruturação da National Inland Waterways Authority para conceder oportunidades de

participação ao setor privado na gestão e operação das vias fluviais;

─ Estabelecimento de uma autoridade de supervisão de segurança para reduzir o número de

acidentes.

Armazenamento ─ Construção de 6 contentores com instalações alfandegárias nos Estados de Abia, Bauchi,

Platea, Oyo e Borno para acomodar os contentores despachados por comboio a partir dos

portos marítimos.

Aviação ─ Melhorar e expandir os aeroportos internacionais, bem como melhorar os padrões de

segurança;

─ Concessão dos 4 aeroportos internacionais e transferência de todos os aeroportos

domésticos para os Governos Estaduais;

─ Reabilitação de 21 aeroportos geridos pelo Estado;

─ Expandir a capacidade de alguns aeroportos geridos pelo Estado para atender à procura

projetada no transporte de passageiros;

─ Construção de um pequeno número de novos aeroportos para atender à nova procura

identificada;

─ Aumento da frota existente em 50 a 60 aviões, para incrementar a capacidade disponível em

5.400 lugares.

Transporte de ─ Construir 3 centros de tratamento de gás e uma rede de transmissão de gás em

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81

gás Warri/Forcados, em Port harcourt e Calabar/Akwa Ibom;

─ Desenvolver a rede de gasodutos locais, acrescentando 1.853 km à rede de distribuição

existente;

─ Acrescentar 82 navios à frota de GPL para a Europa e para os EUA;

─ Desenvolver um gasoduto entre a Nigéria e a Argélia.

Transporte

urbano

─ Operacionalização para 47 principais cidades e algumas áreas urbanas;

─ Reparação de 30.000 km de estradas urbanas até 2020, com cerca de 90% das estradas

pavimentadas;

─ Pavimentação de 14.160 km de novas estradas;

─ Manutenção periódica de 4.444 km de estradas urbanas em condições aceitáveis;

─ Manutenção de rotina em 2.523 km de estradas;

─ Desenvolvimento de grandes sistemas de transporte nas áreas metropolitanas, com ênfase

em autocarros, comboios (grandes sistemas ferroviários em Lagos, Abuja e Port Harcourt) e

ferries.

Setor Investimento

Rodoviário ─ US$ 41 mil milhões em infraestruturas rodoviárias ─ US$ 27 mil milhões em manutenção da rede; ─ US$ 932 milhões em estudos técnicos

Ferroviário ─ US$ 540 milhões em reabilitação de estradas; ─ US$ 8,8 mil milhões no aumento da capacidade instalada; ─ US$ 360 milhões em estudos técnicos de alta-prioridade.

Portos ─ US$ 1,83 mil milhões no investimento de terminais existentes; ─ US$ 19 mil milhões no total do programa de investimentos nos portos; ─ US$ 250 milhões em estudos de viabilidade e planeamento.

Vias fluviais ─ US$ 176 milhões para reabilitação de 9 portos e 2 cais; ─ US$ 248 milhões na aquisição de 16 cargueiros; ─ US$ 136 milhões para a aquisição de 13 ferries; ─ US$ 95 milhões para terminais; ─ US$ 16 milhões para estudos técnicos.

Armazenamento ─ US$ 64 milhões no total do programa de investimento.

Aviação ─ US$ 1,1 mil milhões na reabilitação de 21 aeroportos; ─ US$ 530 milhões na reabilitação dos 4 aeroportos internacionais; ─ US$ 590 milhões em 17 aeroportos domésticos; ─ US$ 140 milhões em estudos; ─ US$ 400 milhões em segurança aérea; ─ US$ 3,3 mil milhões no aumento da frota.

Transporte de gás ─ US$ 4 mil milhões para a construção dos 3 centros de tratamento de gás; ─ US$ 19,6 mil milhões para investimentos nos gasodutos; ─ US$ 5,1 mil milhões no transporte de GPL; ─ US$ 14,5 mil milhões na aquisição de navios para o transporte de GPL; ─ US$ 10 mil milhões no investimento do gasoduto entre Nigéria e a Argélia (estimativa de

2008).

Transporte urbano

─ US$ 11,1 mil milhões na reabilitação e expansão da rede terciária das 47 principais cidades; ─ US$ 3,2 mil milhões na reabilitação e expansão da rede terciária das outras áreas urbanas; ─ US$ 8 mil milhões para a construção do sistema de transporte ferroviário de Lagos; ─ US$ 3,2 mil milhões para a construção do sistema de transporte ferroviário de Abuja e Port

Harcourt; ─ US$ 20,4 mil milhões em serviços relacionados com autocarros; ─ US$ 992 milhões na renovação da frota de táxis; ─ US$ 5,8 mil milhões na expansão da frota de táxis; ─ US$ 597 milhões em parques de estacionamento; ─ US$ 6.464 mil milhões para melhoria de vias para pedestres e veículos motorizados de 3

rodas; ─ US$ 660 milhões para estudos técnicos.

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82

Energia

Objetivo Investimento

Privatização de todas as centrais de produção de energia térmica US$ 40,9 mil milhões para a produção

de energia

Melhoria do desempenho da distribuição de energia através de investimento na

transmissão e na privatização de empresas de distribuição

US$ 1,6 mil milhões em programas de

capacitação

US$ 800 milhões em estudos técnicos

Investimento na transmissão de energia US$ 11,4 na reabilitação e expansão da

atual rede transmissão

Investimento na distribuição de energia US$ 6,879 mil milhões em linhas de

distribuição e conectividade

Água e saneamento

Setor Investimento

Recursos hídricos

─ US$ 1,95 mil milhões para a construção de barragens para irrigação e múltiplos objetivos;

─ US$ 210 milhões em programas de capacitação e estudos técnicos;

─ US$ 23 milhões na reabilitação das atuais barragens.

Irrigação

─ US$ 8,43 mil milhões em trabalhos após as barragens;

─ US$ 1,94 mil milhões em trabalhos antes das barragens;

─ US$ 740 milhões em programas de capacitação, estudos de viabilidade e estudos

técnicos.

Fornecimento de

água

─ US$ 13,1 mil milhões na reabilitação das infraestruturas urbanas de fornecimento de

água;

─ US$ 5 mil milhões em infraestruturas associadas aos programas rurais;

─ US$ 1,5 mil milhões em programas de capacitação e estudos técnicos.

Saneamento básico ─ US$ 59,1 mil milhões em saneamento básico urbano;

─ US$ 4,7 mil milhões em saneamento básico rural.

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83

TIC

Objetivo Investimento

Desenvolvimento de uma rede de banda larga ligada a outros países

da África Austral e Ocidental

US$ 252 milhões para projetos de harmonização

de sistemas na CEDEAO

US$ 795 milhões em outros projetos

Desenvolvimento regional de plataformas de e-government US$ 1.042,5 milhões

Estabelecimento de um fornecedor independente de infraestruturas

relacionadas com a rede de fibra-ótica US$ mil milhões

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84

2.6. Abertura da economia e relações comerciais

A Nigéria depende em larga escala do mercado internacional do petróleo, uma vez que as exportações de

petróleo são uma grande fatia das exportações nacionais. De forma a combater esta dependência, o Governo

Nigeriano tem apostado na promoção de exportações não-relacionadas com o petróleo, através do esforço do

Nigerian Export Promotion Council (NEPC). A balança comercial tem vindo a deteriorar-se mas ainda assim

mantendo-se em terreno positivo.

A taxa de inflação mantém-se elevada sendo que o objetivo do Governo passa por reduzir esta taxa para

valores abaixo dos 10%.

Tabela 19 - Abertura da economia de Nigéria

Nigéria 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa de câmbio (US$ / NGN) 117,19 148,27 149,27 154,26 157,54

Inflação 11,58% 11,54% 13,72% 10,84% 12,22%

Balança Comercial (em % do PIB) 11,55% 5,32% 5,31% 3,99% n.d.

Balança Corrente (em % do PIB) 1,41% 0,82% 0,58% 0,36% n.d.

Fonte: World Bank; OANDA

Importações

As importações da Nigéria têm a sua origem na sua maioria nos Estados Unidos da América e na China, tendo

ambos vindo a aumentar o seu peso no total das importações do país.

Gráfico 40 - Evolução das importações de Nigéria e principais países de origem, 2008-2012

Fonte: International Trade Center; UNCTAD, UNCTADstat

8% 6%

18% 18% 22%

15% 18%

17% 15% 12%

4%

6% 7% 8%

3%

3% 6% 7%

7%

5% 6%

3%

5%

5%

5% 6%

6%

4% 4%

4% 4%

5%

4%

4%

49,951

33,906

44,235

56,000

51,000

-

10,000

20,000

30,000

40,000

50,000

60,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Pe

so

na

s im

po

rta

çõ

es

to

tais

da

Nig

éri

a

Índia

França

Japão

Alemanha

Brasil

Antígua e Barbuda

China

EUA

Importações

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

85

A maioria das importações nigerianas corresponde a maquinaria e equipamentos de transporte. Além dos

referidos destacamos os seguintes produtos: óleos de petróleo ou de minerais betuminosos com o máximo de

70% de óleo bruto (12% das importações da Nigéria), veículos de transporte de pessoas (5%) e produtos e

preparações comestíveis (4%).

Gráfico 41 - Importações da Nigéria - Top produtos, 2012

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

A CPLP tem pouca representatividade nas importações da Nigéria. O Brasil é o país com maior relevância,

,representa 3% das importações da Nigéria, nomeadamente através de bens alimentares (mel, açúcar e

arroz)

35%

17% 15%

13%

10%

5% 3%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Alimentos e animais vivos

Bens manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

86

Gráfico 42 - Importações da Nigéria à CPLP

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Figura 11 - Principais importações da Nigéria provenientes do Brasil (2012)33

33

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

1,628

1,068 1,072

1,793

1,542

132

50 73

109

94

13

85 83

24

50

3.59%

3.37% 2.61%

3.46%

3.21%

-

500

1,000

1,500

2,000

2,500

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

açõ

es (

milh

ões U

S$)

Brasil Portugal Angola

A CPLP representou, em 2012, apenas 3,21% das importações da Nigéria

Brasil Origem de 3% das importações da Nigéria

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

87

Gráfico 43 - Importações da Nigéria provenientes do Brasil (2012)

O Brasil apresenta um saldo comercial positivo com a Nigéria (US$ 7,8 mil milhões).

Figura 12 - Principais importações da Nigéria provenientes de Portugal (2012)34

34

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Mais de metade das importações da Nigéria provenientes do Brasil referem-se a bens alimentares, nomeadamente o açúcar e o arroz

Portugal Origem de apenas 0,1% das importações da Nigéria

56%

16%

11%

7%

6%

Alimentos e animaisvivos

Maquinaria eequipamentos detransporte

Químicos e produtosrelacionados

Bens manufaturados

Combustíveisminerais, lubrificantese materiaisrelacionados

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

88

As relações comerciais da Nigéria com Portugal têm pouca expressão.

Gráfico 44 - Importações de Nigéria provenientes de Portugal (2012)

35

35

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

35%

28%

18%

8%

6% 4%

Maquinaria eequipamentos detransporte

Combustíveisminerais, lubrificantese materiaisrelacionados

Bens manufaturados

Químicos e produtosrelacionados

Alimentos e animaisvivos

Matérias-primas(excetocombustíveis)

Sendo pouco expressivas, as importações da Nigéria provenientes de Portugal correspondem, em grande percentagem, a maquinaria e equipamentos de transporte

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

89

Exportações

No conjunto, EUA e China representaram 34% das exportações da Nigéria,

(essencialmente em petróleo) Nos últimos 5 anos, os EUA têm vindo a

aumentar o seu peso nas exportações da Nigéria.

Gráfico 45 - Evolução das exportações da Nigéria e principais países de destino, 2008-2012

Fonte: International Trade Center; UNCTAD, UNCTADstat

Dos países da CPLP, Brasil e Portugal são os que mais importam da Nigéria. Em 2012, as importações de

combustíveis minerais representaram 99% e 96% das importações destes países provenientes da Nigéria,

respetivamente.

Gráfico 46 - Exportações da Nigéria para a CPLP36

A Balança Comercial entre a CPLP e a Nigéria apresenta-se fortemente negativa, sendo as importações

cobertas por menos de 15% das exportações, sendo que o único país da CPLP com saldo comercial positivo é

Angola, que apenas exporta US$50 milhões.

36

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

8% 6%

18% 18% 22% 15% 18%

17% 15% 12%

4%

6% 7% 8%

3%

3% 6% 7%

7%

5% 6%

3% 3%

5% 5%

5% 6%

6%

4% 4%

4% 4%

5%

4% 4%

49,951

33,906

44,235

56,000

51,000

-

10,000

20,000

30,000

40,000

50,000

60,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Pe

so

na

s im

po

rta

çõ

es

to

tais

de

Nig

éri

a

Índia

França

Japão

Alemanha

Brasil

Antígua e Barbuda

China

EUA

Importações

6,237 4,975

6,347

9,727 9,363

2,131

1,640

1,825

2,251 1,583

10.23%

11.66%

9.44%

9.53%

8.75%

-

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

14,000

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

õe

s (

mil

es

US

$)

Brasil Portugal

A CPLP representou, em 2012, 8,75% das exportações da Nigéria

94% das exportações nigerianas em 2012 referem-se a petróleo

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

90

Figura 13 - Principais exportações da Nigéria para o Brasil (2012)

Figura 14 - Principais exportações da Nigéria para Portugal (2012)37

37 Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

A Petrobras explora

petróleo e gás, em

parceria com um veículo

de investimento gerido e

administrado pela BTG

Pactual, representando

estes produtos cerca de

92% das exportações

da Nigéria para o Brasil.

Brasil destino de 7% das exportações da Nigéria

Portugal Destino de 1,6% das exportações da Nigéria

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

91

2.7. Principais setores de oportunidade

Um nível de investimento substancialmente grande será realizado em áreas não relacionadas com o petróleo.

O investimento fixo na economia irá aumentar de cerca de 24,7% do PIB (US$ 57 mil milhões em 2010) para

cerca de 32% do PIB em 2020 e espera-se que se mantenha a este nível nos anos seguintes. O investimento

total em infraestruturas, que se estima ter sido de 2,2% do PIB em 2010, irá crescer para cerca de 12% do PIB

até 2016 e depois irá reduzir-se para 9,6% até 2020.

Estima-se que o setor agrícola irá continuar a crescer a uma taxa próxima de 5% por ano, pelo que se espera

que o setor venha a ter um peso relativo cada vez menor na economia nigeriana.

Estima-se que o setor industrial irá crescer a uma taxa de 15% por ano no resto da atual década (acima da

verificada no início da década, de 9,2%).

Os setores relacionados com as infraestruturas têm sido os que mais têm crescido nos últimos anos, pelo que

se espera que no período 2011-2020 a média de crescimento deste setor seja de 15% por ano, um pouco

abaixo das taxas de crescimento médias obtidas nos últimos anos de cerca de 17%.

Finalmente, serviços financeiros, imobiliário, seguros, comércio e outros serviços irão crescer a uma taxa de

13% por ano, pelo que se espera que venham a ganhar algum peso na economia.

Considerando o elevado nível de investimento em infraestruturas que está planeado até 2020, o aumento da

população e o aumento da renda per capita, destacamos alguns dos grandes setores que identificamos como

de forte potencial de crescimento e retorno.

Memorando de entendimento Brasil e Nigéria

O memorando assinado em 8 de outubro de 2013 prevê a cooperação institucional entre o Brasil e a

Nigéria, com a criação de um grupo de trabalho permanente para tratar dos assuntos comerciais e de

investimento. O grupo deverá ainda discutir a possibilidade de serem estabelecidos acordos de comércio e

de investimento entre os dois países.

“A cooperação industrial, financeira e comercial se relacionam entre si e, por meio deste grupo, poderemos

trabalhar em diferentes frentes, com uma governação que irá permitir aos dois ministérios acompanhar a

parceria de acordo com as estratégias dos nossos países. O grupo também permitirá o encaminhamento

de diversos temas para os devidos órgãos governamentais, o que facilitará a solução das questões

pendentes”.

Este grupo de trabalho irá contar com a participação do Banco Nacional do Desenvolvimento Económico e

Social (BNDES), e do Banco de Infraestrutura da Nigéria, onde será debatido o lançamento de

instrumentos financeiros entre os dois países.

“A proximidade geográfica e cultural que existe entre os nossos países ainda não está refletida em nossas

relações económicas. Esta parceria, portanto, visa promover o nosso potencial neste sentido”.

Ricardo Schaefer, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

92

Tabela 20 – Setores de forte crescimento potencial

Setor Potencial

Obras públicas ─ Projetos de infraestrutura planeados; ─ Habitações derivadas do crescimento populacional e do aumento da renda per capita.

Telecomunicações ─ Com a falta de know-how existente, a procura potencial, as redes de fibra-ótica instaladas, o aumento do rendimento per capita da população e ainda com a diminuição dos custos operacionais fruto de economias de escala, o desenvolvimento no setor das telecomunicações deverá ser relevante e sustentado.

Indústria ─ Materiais para a construção civil; ─ Peças sobressalentes; ─ Navios, veículos automóveis, carruagens e outros meios de transporte; e ─ Equipamento de média-alta tecnologia para a indústria.

Agrícola ─ O crescimento populacional previsto, aliado ao crescimento do rendimento per capita colocará uma enorme pressão sobre a já deficitária balança comercial agrícola da Nigéria, pelo que o país deverá continuar a aumentar as suas necessidades de produtos agroindustriais nos próximos anos.

2.8. Investimento direto estrangeiro na Nigéria

Devido à turbulência sentida no norte do país desde há 3 anos, há

insegurança política e ao menor dinamismo da economia global, o

investimento direto estrangeiro na Nigeria tem vindo a regredir desde 2010.

De notar que a Nigéria é o país que mais IDE recebe em África.

Gráfico 47 - Fluxos de IDE na Nigéria, 2008-2012

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

O interesse pelos investidores estrangeiros na Nigéria vem motivado pelos abundantes combustíveis minerais

existentes na região.

Nigéria Dados referentes aos 2012-2013

Número de projetos: 104

CAPEX: 6.940 milhões US$

Postos de trabalho criados: 11.488

Empresas/investidores: 86

Top cidades recetoras de IDE

Lagos: 43 projetos

Port Harcourt: 5 projetos

Abuja: 4 projetos

Ikeja: 3 projetos

Ibadan: 1 projeto

A Nigéria é o principal destino de IDE do continente africano

5.143

17.453

33.224

25.024

16.227

(.826) (.097)

5.514

.858 .557

(5)

-

5

10

15

20

25

30

35

2008 2009 2010 2011 2012

Flu

xo

s d

e I

DE

(m

ilh

õe

s U

S$)

Inward Outward

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

93

2.9. Financiamento à economia38

2.9.1. Principais bancos presentes

O sistema bancário é dominado por 6 bancos (First Bank of Nigeria Plc, Zenith Bank, United Bank for Africa

Plc, Guaranty Trust Bank Plc, Access Bank Plc e Ecobank Nigeria Plc), num total de 22 bancos.

No final de 2011, os 6 bancos dominantes (1 pan-

africano e 5 bancos nacionais) foram

responsáveis por cerca de 60% do total dos ativos

do setor bancário.

Contrariamente ao que sucede nos demais países

da África Subsariana, os bancos europeus na

Nigéria apenas detêm 4% do total de ativos.

O sistema bancário nigeriano está capitalizado,

com boa liquidez e rentabilidade.

O rácio de empréstimos não rentáveis (NPL) caiu

para cerca de 5% do total de empréstimos em

junho de 2012, maioritariamente devido à

transferência de ativos tóxicos para a Companhia

de Gestão de Ativos da Nigéria (AMCON, na sigla

em inglês).

O total de ativos do setor financeiro fixou-se em

MGN 18.210.000 milhões no final de dezembro de

2011, o que representa cerca de 53,6% do PIB.

Dos 22 bancos existentes, 4 são detidos por

grupos financeiros estrangeiros (Citibank Nigeria

Limited, First Bank of Nigeria, Ecobank Nigeria Plc

e Guaranty Trust Bank), enquanto 17 são

inteiramente controlados domesticamente.

Os bancos domésticos controlavam 86,4% dos ativos da indústria em dezembro de 2011 comparando com os

13,6% controlados pelos grupos estrangeiros.

38

Nigeria: Financial Sector Stability Assessement - FMI

Predominantemente local

Equilibrada

Estrangeira e Governo

Predominantemente estrangeira

Predominantemente Governo

Excluído

(Fonte: World Bank Staff Estimates, 2007)

Estrutura acionista bancáriaFigura 15 - Estrutura acionista bancária em África

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

94

2.9.2. Bancarização da população39

Tabela 21 – Acesso ao setor bancário

Indicadores 2008 2009 2010 2011

Depositantes em bancos comerciais (por 1,000 adultos) 304,85 454,39 462,79 506,70

Sucursais de bancos comerciais (por 100,000 adultos) 6,13 6,34 6,43 6,44

Mutuários de bancos comerciais (por 1,000 adultos) 25,75 28,799924 29,987016 27,56

Caixas multibancos (ATM) (por 100,000 adultos) 8,45 11,21 10,99 11,99

Fonte: Banco Mundial

Tabela 22 – Obtenção de crédito

Indicador Nigéria África Subsariana OCDE

Índice de eficiência dos direitos legais (0-10) 9 6 7

Índice de profundidade das informações de crédito (0-6) 4 2 5

Cobertura de órgãos de registo públicos (% de adultos) 0.1 4.2 10.2

Cobertura de órgãos de registo privados (% de adultos) 4.1 5.6 67.4

Fonte: Relatório Doing Business – Banco Mundial

A relativa baixa bancarização da população nigeriana

está obviamente relacionada com o nível de

rendimento médio da população. Dado que uma

grande percentagem da população se encontra abaixo

do limiar da pobreza, muitas pessoas não têm fundos

necessários para abrir uma conta bancária.

Ainda assim pode verificar-se uma melhoria em todos

os indicadores. O número de pessoas que possuem

uma conta bancária tem vindo a aumentar de forma

rápida e consistente desde 2008, passando de cerca

de 30% para cerca de 50% da população adulta.

De igual modo, o número de sucursais de bancos tem

vindo a aumentar, em nível absoluto e relativo ao

incremento populacional, bem como o número de

caixas multibanco.

39

Banco Mundial

< 10%

Entre 10% e 20%

Entre 20% e 30%

Entre 30% and 40%

> 40%

Não disponível

(Fonte: World Bank, Global Financial Inclusion Database, 2011)

Contas bancárias (% +15anos)Figura 16 - Contas bancárias (% +15 anos) em África

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

95

2.9.3. Taxa de juros de empréstimos40

Tabela 23 – Taxas de juro de referência

Indicador 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa de juros nos depósitos (%) 11,97 13,30 6,52 5,70 8,41

Taxa de juros dos empréstimos (%) 15,48 18,36 17,59 16,02 16,79

Taxa de juros real (%) 4,05 23,82 -7,25 13,36 14,09

Fonte: Banco Mundial

A política monetária tem tido como objetivo uma inflação de apenas 1 dígito, sendo assim mantida uma política

monetária rigorosa. Desde o declínio da inflação no final de 2011, verificou-se uma subida rápida em 2012

como resultado da supressão dos subsídios ao setor petrolífero. Três medidas foram tomadas em janeiro de

2012 para reduzir as pressões inflacionistas. A taxa de referência do Banco Central da Nigéria foi aumentada

de 6,25% para 12%, o requisito de reservas obrigatórias (CRR) foi aumentado de 1% para 8% e os rácios de

liquidez (LR) foram aumentados de 25% para 30%.

Gráfico 48 - Taxa de inflação, variação anual em percentagem

A taxa de inflação relativamente elevada

contribuiu para taxas de juros igualmente

elevadas. Os bancos na Nigéria aumentaram

as suas taxas máximas de juros nos

empréstimos em maio de 2012. Este facto

condiciona a concessão de crédito ao setor

privado e particularmente ao setor agrícola.

As taxas de juros elevadas e a utilização de

reservas de moedas estrangeiras para

apoiar o naira (“NGN”no mercado

internacional de câmbio, limitou a

volatilidade da taxa de câmbio, ajudando

assim a manter a taxa de câmbio em torno

de NGN 160 por 1 US$.

Fonte: Banco Mundial

2.9.4. Bolsa de valores41

Em janeiro de 2013, a bolsa de valores da Nigéria (NSE) tinha 258 empresas cotadas, sendo esperado que a NSE atinja uma capitalização bolsista de US$ 1.000.000 milhões em 2016, sendo a terceira maior bolsa de valores de África em capitalização bolsista.

Cerca de 57% dos 5 milhões de investidores ainda são investidores nigerianos, o que poderá vir a ser

alterado, considerando os bons desempenhos da NSE, a atratividade do país e a adoção das IFRS.

40

Banco Mundial e Banco Africano de Desenvolvimento 41

Nigerian Stock Exchange

11.58% 11.54%

13.72%

10.84% 12.22%

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

16%

2008 2009 2010 2011 2012

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

96

3.Cabo Verde

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

97

3.Cabo Verde

3.1. Macroeconomia

3.1.1. PIB da economia cabo-verdiana42

Cabo Verde é dado por muitos como exemplo de boa governação política e esforço de convergência para o

crescimento económico, respeito pelos direitos humanos, e empenho pela melhoria da qualidade de vida da

população. Em 2009, a ex-secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, apresentou Cabo Verde como

um exemplo a seguir em África.

O país é também membro de várias organizações internacionais43

, das quais se destacam o BAD (Banco

Africano de Desenvolvimento), a OMC (Organização Mundial do Comércio), a OIT (Organização Internacional

do Trabalho), a ONU (Organização das Nações Unidas), a OMS (Organização Mundial de Saúde) e a

UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura). Acresce também que Cabo

Verde ratificou uma Parceria Especial com a UE.

Gráfico 49 – Ilustração do PIB dos EMs da CEDEAO (%)

Fonte: Banco Mundial

42

Cabo Verde Investimentos PwC 43

Outras organizações das quais Cabo Verde faz parte são: OUA (Organização de Unidade Africana), AID (Associação

Internacional de Desenvolvimento), BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento), MIGA (Agencia

de Garantia de Investimentos Multilaterais), FMI (Fundo Monetário Internacional), o FIDA (Fundo Internacional para o

Desenvolvimento Agrícola), UNIDO (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial)

Benin; 1.90%

Burquina Faso; 2,63%

Cabo Verde; 0.48%

Costa do Marfim; 6.22%

Gana; 10.26%

Gâmbia; 0.23%

Guiné; 1.71%

Guiné-Bissau; 0.23%

Libéria; 0.45%

Mali; 2.60%

Niger; 1.65%

Nigeria; 66.17%

Senegal; 3.57%

Serra Leoa; 0.96%

Togo; 0.96%

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

98

O crescimento económico de Cabo Verde tem sido significativo, tendo em conta a escassez de recursos

naturais e a grande vulnerabilidade a choques externos na sua economia. O PIB do país, que representa

apenas 0,5% do PIB da região da CEDEAO, e 0,07% da CPLP, cresceu 4,3%, em 2012. A integração regional

poderá, assim, representar uma importante oportunidade para Cabo Verde.

Fonte: Banco Mundial

Como resultado da crise financeira, e da lenta recuperação da Europa, verificou-se uma desaceleração do

ritmo de crescimento da atividade económica de Cabo Verde, em 2012. No que respeita ao consumo privado, verificou-se uma redução de 12%, em 2012. A redução do rendimento disponível das famílias, em resultado da diminuição dos rendimentos, e da desaceleração das remessas dos emigrantes, explicam este comportamento negativo. Também os investimentos privados contraíram cerca de 11% em termos reais, reflexo de avultados investimentos realizados em 2011 no setor energético (nos parques eólicos e nas centrais elétricas), no setor das telecomunicações (com a instalação de um novo cabo submarino, e outras plataformas para a introdução da tecnologia de comunicação 3G) e no setor dos transportes e hotelaria. A melhoria da procura externa líquida em 2012 foi determinada pela queda das importações de mercadorias e de serviços (12,3%). Tal queda foi determinada por algum aumento da produção nacional, num contexto de ajustamento do setor privado e contenção dos gastos da Administração Pública. As exportações de bens e serviços reduziram-se ligeiramente (0,7%), principalmente devido à contração da procura de pescado, calçado e vestuário, pelos principais mercados (França e Portugal, sobretudo).

O Governo de Cabo Verde tem vindo a aplicar nas últimas décadas políticas de desenvolvimento que têm

influenciado positivamente o crescimento da economia nacional e o reconhecimento internacional por parte de

outros países e organizações. Em 2007, Cabo Verde foi reclassificado pela ONU como um país em

desenvolvimento (anteriormente classificado com o estatuto LDC – Least Developed Country) e, em 2008,

tornou-se membro da Organização Mundial do Comércio.

Comparativamente com outras economias africanas, verifica-se que Cabo Verde tem crescido mais

rapidamente do que a média, sendo ultrapassado apenas pela Guiné Equatorial, Angola e o Chade,

beneficiando as duas primeiras de vastos recursos energéticos fósseis. Apesar das estratégias

governamentais serem um dos principais fatores deste crescimento acentuado, este também tem sido

influenciado em parte pelo recebimento de apoios internacionais (Portugal – US$ 25 milhões, União Europeia

– US$ 22 milhões, Banco Mundial – US$ 21 milhões e Luxemburgo – US$ 15 milhões), assim como através do

desenvolvimento do turismo.

1561 1601 1659

1901 1897

6.2%

3.7%

5.2% 5.0%

4.3%

0.0%

1.0%

2.0%

3.0%

4.0%

5.0%

6.0%

7.0%

-

500

1,000

1,500

2,000

2008 2009 2010 2011 2012

PIB (M USD) Crescimento anual PIB (em %)

Gráfico 50 - Crescimento anual do PIB Cabo-verdiano (últimos 5 anos)

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

99

3.1.2. Orçamento Geral do Estado44

As perspetivas para a economia cabo-verdiana para 2013 estarão condicionadas pela evolução da conjuntura

externa. Tendo em conta o espaço macroeconómico relativamente reduzido, o desafio será identificar políticas

económicas capazes de mitigar os efeitos adversos da conjuntura internacional globalmente adversa, sem pôr

em causa os ganhos em matéria da sustentabilidade orçamental e cambial, mantendo o compromisso de

atingir todos os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio em 2015.

A estimativa de execução das despesas correntes para 2012 é de ECV 30.039 milhões. A diminuição da

despesa deve-se a medidas de contenção, resultado do efeito da crise internacional. Em 2013 as despesas

correntes continuam marcadas por uma excessiva rigidez estrutural, onde as despesas obrigatórias constituem

cerca de 88% do montante total do orçamento, sendo as despesas com o pessoal quase 50% do total, e os

encargos comuns 40,3%, sobretudo as transferências aos municípios, pensões, restituições, indemnizações,

subsídios e subvenções.

Para 2013, o montante global das despesas do funcionamento do Estado é de ECV 34.511 milhões, um

aumento de 14,6% em relação à estimativa de execução do Orçamento de Estado de 2012.

Analisando as despesas totais numa

ótica funcional, verifica-se que o setor da

educação nos últimos três anos tem

absorvido cerca de 22,8% do total do

orçamento de Funcionamento de Estado,

alocado em grande parte à despesa com

pessoal, às bolsas de estudos e ao

funcionamento dos estabelecimentos de

educação dos ensinos básicos,

secundário e universitário. Para o ano

2013 prevê-se que este setor absorva

22,7% do total do orçamento de

funcionamento do Estado, justificado

essencialmente com despesas para os

Ensinos Secundário, Primário e Pré-

primário.

Gráfico 52 - Despesas de natureza funcional do OGE 2013 (%)

44

Relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado para 2013

50%

10%

8%

13%

11%

6%

Despesas c/ Pessoal

Aquisição de Bens eServiços

Juros e Outros Encargos

Transferencias Correntes

Beneficios Sociais

Outras despesas correntes

37%

9% 5%

9%

23%

13%

Serviços Públicos Gerais

Segurança e Ordem Pública

Assuntos Económicos

Saúde

Educação

Proteçao Social

A distribuição funcional e programática da despesa evidencia uma forte prioridade

conferida à educação

Gráfico 51 - Despesas de natureza económica do OGE 2013 (%)

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

100

3.1.3. Dívida Pública45

Em resultado do aumento das suas necessidades de financiamento, o stock da dívida do Governo Central

atingiu, em 2012, 95% do PIB. Esta evolução em termos nominais reflete tanto o aumento do endividamento

externo, para financiar os investimentos públicos, como o crescimento da dívida interna para financiar quer

a tesouraria do Estado, quer alguns projetos de investimento.

Nos últimos cinco anos, o stock da dívida do Governo Central aumentou consideravelmente, determinado pela estratégia de financiamento de grandes projetos de infraestruturas que permitam aumentar a competitividade da economia. Foi também implementado o Programa de Investimentos Públicos (PIP)

46, com o intuito de

estimular a economia, numa conjuntura global de recessão económica.

Numa análise desagregada da dívida pública, prevê-se que a dívida interna aumente 8% em 2013. No que se

refere ao rácio da dívida interna em relação ao PIB (21,3% em 2011 e 21,1% em 2012), projeta-se que este se

venha a cifrar em 20,8% em 2013, e que o stock da dívida externa se situe em ECV 122.850 milhões. Para

2013 a previsão é para que o rácio serviço da dívida/PIB, atinja 2,06%.

3.1.4. Reservas de moeda estrangeira47

As contas externas evoluíram favoravelmente em 2012, tendo as necessidades de financiamento da

economia, medidas pelo défice conjunto das balanças corrente e de capital, reduzido cerca de 27%. O

excedente de financiamento face às necessidades da economia resultou num aumento das reservas externas

na ordem de 37 milhões de euros, que passaram a garantir 3,8 meses de importações projetadas para 2012.

45

African Economic Outlook e Relatório Anual 2012 Banco de Cabo Verde 46

O PIP comporta projetos de infraestruturação portuária, aeroportuária e viária. Visa, igualmente, a construção de infraestruturas de suporte ao crescimento da produção agrícola, e pretende colmatar as deficiências energéticas e habitacionais. 47

Relatório Anual 2012 Banco de Cabo Verde

“O 10º Fundo Europeu de Desenvolvimento (2008 – 2013) é a principal fonte para apoiar a cooperação

técnica e financeira com Cabo Verde. Aproximadamente 86 % dos fundos estão canalizados através do

apoio ao orçamento geral de Cabo Verde para promover a redução da pobreza e o crescimento económico

de maneira sustentável assim como para a promoção da Parceria Especial entre Cabo Verde e a UE. O

resto do portefólio está dedicado ao setor de água e saneamento, assim como para projetos específicos em

várias áreas. Na implementação dos projetos, a Delegação da UE trabalha em cooperação com o Governo

Cabo-verdiano. A cooperação pretende promover os 5 princípios da «Declaração de Paris»: capacitação do

país beneficiário, alinhamento com as prioridades do Governo Cabo-verdiano, harmonização dos

procedimentos dos doadores, gestão fundada em resultados e responsabilidade mútua entre o país

beneficiário e os doadores.”

Fonte: Delegação da União Europeia em Cabo Verde

398

258 284 296

361

-

100

200

300

400

500

2007 2008 2009 2010 2011

Cabo Verde

Gráfico 53 - Reservas em moeda estrangeira e ouro (US$ Milhões)

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

101

3.1.5. Nível de financiamento à economia48

As condições económicas e financeiras desfavoráveis da Zona Euro têm condicionado o financiamento da

economia cabo-verdiana, via redução das exportações de mercadorias, da ajuda orçamental, do investimento

direto estrangeiro, bem como das remessas dos emigrantes. Outros fatores que exerceram a sua influência,

como a redução das taxas de juro na Europa, a depreciação cambial do Euro e a descida de notações de risco

das instituições financeiras europeias afetaram negativamente a remuneração das reservas do país, aplicadas

preferencialmente nos mercados financeiros da Zona Euro.

Os fluxos financeiros do setor privado, nomeadamente os desembolsos líquidos dos créditos comerciais e dos

empréstimos financeiros, bem como o investimento direto, reduziram-se significativamente.

3.1.6. Evolução das taxas de juro e variação da liquidez

As taxas de juro das operações bancárias mantiveram-se em 2012, tal como em 2011, relativamente estáveis.

A taxa média de colocação, quer dos Títulos de Intervenção Monetária (TIM), quer dos Títulos de

Regularização Monetária (TRM), fixou-se em 5,75%, durante todo o ano. Nos títulos de dívida pública

verificou-se que as taxas de colocação, para todos os prazos, situaram-se entre 4,1% e 4,3%.

Tabela 24 – Evolução das taxas de juro49

As condições de financiamento, em particular do setor privado, tornaram-se mais restritivas. As taxas de juro

efetivas dos empréstimos aumentaram, em termos médios, cerca de um ponto percentual e os bancos

tornaram-se mais exigentes na avaliação de riscos.

O aumento dos depósitos em 8,5%, a par da redução do crédito a clientes, em 2,9%, refletiu-se na diminuição

do rácio de transformação de depósitos em crédito. Com efeito, o índice inverteu a tendência de subida,

caindo para 68%, contra os 76% de 2011. Esta evolução traduz uma melhoria do quadro global de

financiamento e de liquidez do sistema50

.

A evolução dos indicadores de robustez financeira - rácio Ativos Líquidos / Total do Ativo, bem como do rácio

Ativos Líquidos/Exigível de curto prazo, indiciou, igualmente, melhoria significativa do nível de liquidez geral,

face ao ano anterior.

Tabela 25 – Indicadores de liquidez – Cabo Verde

51

Indicadores de Liquidez Dez-11 Dez-12 Var.

Ativo Líquido / Ativo total 8,17% 13,2% 5,03%

Ativo Líquido / Passivo de curto prazo 28,2% 42,9% 14,7%

Índice de transformação de depósitos em crédito 76% 68% (8,0%)

48 Relatório Anual 2012 Banco de Cabo Verde 49

Relatório de Politica Monetária do Banco Mundial 2012 50

Banco de Cabo Verde 51

Banco de Cabo Verde

2010 2011 2012 jan-13 ago-13

Banco de Cabo Verde

Taxas de juro de redesconto 7,50 7,50 9,75 9,75 9,75

Taxas de juro de cedência de liquidez 7,25 7,25 8,75 8,75 8,75

Taxas de juro de absorção de liquidez 1,75 1,75 3,25 3,25 3,25

Taxas médias de juro dos Bilhetes de Tesouro

91 dias 4,000 4,095 4,095 4,063 3,625

182 dias 3,938 4,188 4,188 4,000 4,188

364 dias 3,625 4,250 4,250 4,500 4,500

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102

O nível observado nos indicadores de liquidez revela-se, todavia,

modesto, se comparado com os países com maior desenvolvimento,

onde os índices de liquidez, atingem 50% do total dos ativos.

Uma caraterística positiva de reforço da posição de liquidez dos

bancos em Cabo Verde é a qualidade da sua carteira de títulos,

composta em quase 50 por cento por títulos de dívida pública,

elegível para operações de financiamento junto do Banco Central.

3.2. Política Económica

Visão do Banco Mundial, FMI e OCDE52

Cabo Verde tem procurado (através da sua política

económica) manter o crescimento num caminho

sustentável. Não obstante, o crescimento

económico reduziu para 4,3 % em 2012, em

comparação com 5% em 2011, influenciado pela

quebra no investimento privado, associada à

diminuição dos fluxos de investimento direto

estrangeiro (IDE) e condições monetárias mais

restritas.

O Banco Mundial previa que o crescimento do país

continuasse a abrandar em 2013 (4,1%),

mantendo-se a procura interna fraca. No entanto,

a recente instabilidade no Norte de África poderá

contrariar este abrandamento, visto que Cabo

Verde se constitui como uma alternativa turística.

O FMI prevê que a economia do país deverá manter um desempenho positivo, embora influenciada pelas

adversidades do cenário internacional. As últimas projeções do FMI sugerem que a economia cabo-verdiana

deverá registar um crescimento real de 4,1% em 2013 e de 4,5% em 2014, em razão da manutenção dos

fluxos turísticos dirigidos ao arquipélago, e de investimentos no setor industrial, com o apoio do governo local.

Já a OCDE prevê que a economia do país cresça 4,8% em 2013 e 5% em 2014.

Visão do Governo de Cabo Verde53

O ano de 2013 é o 2º ano de implementação da Estratégia de Crescimento e Redução da Pobreza 2012-2016

(“DECRP III”), sendo necessário gerir os riscos resultantes do cenário externo, para que os objetivos e metas

estipuladas sejam atingidos.

O DECRP III procura mudar o paradigma para o processo de desenvolvimento cabo-verdiano, colocando no setor privado o papel de motor da economia. Para tal, o envolvimento do setor privado é fulcral e urgente, no sentido de serem atingidos os objetivos definidos pelo Programa do Governo e corporizados no DECRP III (ver Caixa 1).

52

Banco Mundial, FMI e OCDE 53

Relatório do Orçamento de Estado 2013

6.2%

3.7%

5.2% 5.0%

4.3%

4.3%

4.8% 5.0%

4.3% 4.1%

4.5%

3%

4%

4%

5%

5%

6%

6%

7%

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

OCDE FMI

Gráfico 54 – Previsões de crescimento - Cabo Verde

Cabo Verde pretende tornar-se um centro internacional de serviços e reforçar a sua competitividade global através da criação de "Clusters de Desenvolvimento Nacional", como o mar, o céu, as tecnologias de Informação, e comunicação, finanças, turismo, energias renováveis, cultura e indústrias criativas

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103

Caixa 1 - Síntese da Estratégia de Crescimento e Redução da Pobreza III - DECRP III 2012-2016 O Programa do Governo eleito em 2011 apresenta uma visão estratégica do país para os próximos cinco anos, centrada no desenvolvimento de uma parceria para a competitividade, através de uma economia dinâmica, inovadora, inclusiva e de um setor privado forte, competitivo, capaz de enfrentar os desafios e as necessidades internas, que cria emprego e pode ajudar a reduzir as assimetrias relacionadas com o crescimento económico regional e aumentar o desenvolvimento social e económico. Cabo Verde pretende tornar-se um centro internacional de serviços e pretende reforçar a sua competitividade global através da criação de "Clusters de Desenvolvimento Nacional", como o mar, o céu, as tecnologias da Informação, e comunicação, finanças, turismo, energias renováveis, cultura/indústria criativa. A implementação de "Clusters" e sua consolidação irá estimular o crescimento económico e reduzir a pobreza a nível nacional, regional e local. O programa também identifica um conjunto de intervenções prioritárias:

o Reforço do capital humano, para torná-lo mais adequado às novas exigências do desenvolvimento nacional, através de um maior investimento em educação, saúde, desporto e formação profissional;

o Reforço e consolidação da boa governação, com enfoque na reforma do Estado;

o Descentralização dos serviços a nível municipal e local;

o A segurança nacional de pessoas e bens;

o Inovação na justiça;

o Adequação do nível de planeamento e regulamentação territoriais aos desafios regulatórios impostos pela urbanização cada vez mais intensa;

o A inspeção e o controlo das intervenções públicas, sociedade civil e setor privado;

o A proteção do meio ambiente;

o A estabilidade macroeconómica do país;

o O bem-estar de populações específicas e parcerias externas para enfrentar os desafios do país.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

104

Prioridades estratégicas para o país54

Conforme referido no Orçamento Geral do Estado para 2013, o “(…) Programa de Investimento Público (PIP)

para 2013, elaborado com base no DECRP III, assenta na estrutura de eixos, objetivos e medidas do

Programa do Governo, garantindo a coerência global dos instrumentos de planeamento existentes,

assegurando o adequado financiamento dos Programas, respeitando os objetivos de estabilidade

macroeconómica, controlando o défice fiscal e a sustentabilidade da dívida pública. Configura uma estratégia

de crescimento e de redução da pobreza para um horizonte de cinco anos.

Para além de ter como base o DECRP III, o PIP foi elaborado com base no Quadro Orçamental a Médio Prazo

e Quadro Despesa a Médio Prazo (2013 a 2016), focalizado nos projetos com maior fator multiplicador na

economia, principalmente nos programas do setor primário, e ancorados numa abordagem integradora e de

coesão social, visando, por um lado, expandir a base produtiva da nossa economia, aumentar a produtividade

e melhorar a competitividade, e por outro, reduzir a taxa de pobreza, bem como a taxa do desemprego, em

particular entre os jovens e as mulheres e as prioridades foram as seguintes:

- Inscrição das contrapartidas nacionais, exigidas no quadro do acordo de financiamento, dos projetos

financiados com crédito externo (empréstimos);

- Priorização dos projetos que visam a formação bruta de capital fixo;

- Assunção dos compromissos relativamente a matriz conjunta das ações acordadas com os parceiros

no quadro do Grupo de Apoio Orçamental;

- Orientar o programa de investimentos numa ótica plurianual para o crescimento económico e

redução da pobreza, bem como neutralizar os desequilíbrios regionais.

As prioridades da política económica e social do Governo estão refletidas no Programa de Investimentos

Publico através dos meios financeiros posto a disposição para cada Eixo / Programas para investimentos,

dentro da sua área de atuação.”

Infraestruturas À semelhança dos anos anteriores e dando continuidade à política de desenvolvimento de infraestruturas do país, grande parte dos recursos são canalizados para projetos de modernização e expansão das infraestruturas de portos, aeroportos, telecomunicações, requalificação urbana, água, energia e saneamento. Este eixo representa 63% do total dos investimentos, equivalentes a ECV 16.486 milhões, contribuindo para a redução da pobreza, para o desenvolvimento sustentado, para a unificação do espaço nacional, e para a internacionalização da economia. Em 2013 este Eixo financia 14 Programas do PIP e grande parte dos recursos (86,8%) estão canalizados para os Programas de “Desenvolvimento das infraestruturas portuárias”, "Mobilização de Agua e Ordenamento das Bacias Hidrográficas", "Infraestruturas de Produção, Armazenamento e Distribuição de Energia", "Desenvolvimento das Infraestruturas Rodoviárias", "Mobilização de água e reforço da Capacidade de Abastecimento Publico".

Boa governação

Este eixo tem por objetivo consolidar a democracia, reforçar a boa governação e abrange a reforma do Estado,

descentralização, segurança, justiça, ordenamento do território, política externa, regulação, proteção do

ambiente, estabilidade macroeconómica e proteção social.

Em 2013, o total do financiamento previsto é de ECV 4.851 milhões, o que representa 18,7% do total do PIP

para 2013. Destacam-se os investimentos previstos para os Programas "Mais Qualidade, Mais Comunidade e

de Microrealizações", “Reforço das Competências Técnicas do MFP”, "Consolidação e Requalificação do

54

Relatório Orçamento do Estado, 2013, Cabo Verde

ECV 16.486 milhões serão canalizados para infraestruturas

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

105

Ambiente”, “Garantia do Acesso a Todos os Grupos Sociais e Profissionais a Proteção Social”, e "Governação

Eletrónica".

Capital Humano Este eixo tem como objetivo capacitar os recursos humanos e produzir conhecimento propiciador de crescimento económico, abarcando a modernização do sistema educativo, desde a ação social escolar, ensino pré – escolar, ensino primário, ensino secundário, ensino superior, e a promoção da educação de adultos, ciência e tecnologia, o sistema da saúde, emprego e formação profissional, cultura e desporto. Representa 11,7% do total dos investimentos públicos, equivalentes a ECV 3.025 milhões. Destacam-se os investimentos previstos para o Programa de "Formação Profissional, Direcionada para o Emprego e Inclusão Social”, seguido do Programa "Desenvolvimento de Infraestruturas do Ensino Secundário", e do Programa "Ação Social Escolar".

Reforço do Setor Privado

Tem por objetivo fomentar o crescimento do setor privado, do investimento e da produtividade, representando

um total de investimentos de ECV 1.519 milhões, equivalentes a 5,9% do total do PIP. Financia 16 programas,

sendo os maiores investimentos previstos para os programas de “Melhoria do Agronegócio e das Fileiras

Agropecuárias", "Gestão dos Recursos Haliêuticos, para uma Pesca Sustentável", "Melhoria do Ambiente de

Negocio", “Promoção e Capacitação das Medias e Pequenas e Micro Empresas e Construção dos Clusters

Estratégicos” e o programa “Administração, Cidadão e Empresa”.

Afirmar a Nação Global Tem por objetivo desenvolver parcerias para a competitividade. Tem um total de financiamento de ECV 39 milhões, destacando os investimentos previstos para os programas de "Melhoria da Qualidade de Vida dos Emigrantes" com ECV 19.6 milhões e "Melhoria da Politica de Emigração" com ECV 19 milhões. De facto, a diáspora cabo-verdiana representa um fatia de população que tem contribuído positivamente para a balança de transferências unilaterais do país, através das remessas de emigrantes. Constitui também um fator importante para a divulgação da cultura cabo-verdiana a nível internacional, com reflexos ao nível do crescimento gradual, embora ainda de uma base pequena, das exportações, não só de bens tradicionais, como sejam o biscoito, o grogue e o vinho do fogo mas, fundamentalmente, ao nível das indústrias criativas, como a música.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

106

3.3. Estrutura produtiva 3.3.1. PIB por setor 55 O arquipélago de Cabo Verde divide-se em dois sub-grupos de ilhas, as ilhas do Barlavento e do Sotavento,

sendo 10 no total, 9 das quais habitadas. Tratam-se de pequenas ilhas vulcânicas montanhosas. O

subconjunto do Barlavento inclui: Santo Antão (uma das maiores ilhas), São Vicente, Santa Luzia, São

Nicolau, Sal e Boa Vista. Já no caso do Sotavento, refiram-se: Maio, Santiago, Fogo e Brava. As principais

ilhas turísticas são o Sal e a Boa Vista.

A economia cabo-verdiana está especialmente orientada para o setor dos serviços, incluindo atividades como

o comércio, transportes, comunicações, hotelaria, atividade bancária, alojamento e serviços públicos que

totalizam cerca de 70% do PIB. Este setor é dominado pelo turismo que, juntamente com o imobiliário e a

construção, são impulsionados principalmente pelo investimento direto estrangeiro, oriundo em particular da

Irlanda, Portugal e Espanha. O Turismo, uma das atividades estratégicas de Cabo Verde, apresenta

concentração em grandes zonas de resorts, com início de desenvolvimento na ilha do Sal, e a mais recente

expansão na ilha da Boa Vista, criando assim um desafio importante de articulação com comunidades locais,

na alavancagem do seu potencial impacto económico, ao qual acresce a forte pressão que induz ao nível das

infraestruturas, em particular da energia, água e saneamento. O crescimento e a diversificação nas restantes

áreas é ainda residual.

Gráfico 55 - Produto Interno Bruto por setor 2012 – Cabo Verde56

A agricultura e pescas representam cerca de 9%

do PIB, atividades essas que são desenvolvidas

por cerca de 70% da população de Cabo Verde

que habita em regiões rurais. No entanto,

conclui-se também que, de todo o território,

apenas quatro ilhas têm produção agrícola

significativa (Santiago, Santo Antão, Fogo e

Brava).

Estima-se que as novas barragens conduzam a

um aumento da produção agrícola. No entanto, a

agricultura continua a ser um setor marginal da

economia - apesar da existência de novas

infraestruturas de irrigação em construção,

apoiadas por investimento público, antecipa-se

que a agricultura continue a dar uma contribuição

modesta para o crescimento do PIB.

O setor industrial ainda é modesto, mas está

previsto ser o setor de mais rápido crescimento da economia, com uma média de crescimento anual de 5% em

2013-14, devido, principalmente, ao programa governamental de investimento público. Na verdade, o

investimento público será um importante motor do crescimento em 2013-14, já que se prevê a estagnação do

IDE - principal fonte de investimento estrangeiro em Cabo Verde- em resultado das condições económicas

registadas na Europa.

A elevada dependência de Cabo Verde da importação de combustíveis fósseis é uma das principais

dificuldades sentidas no atual sistema energético do país. O preço dos combustíveis constitui um peso

significativo, representando cerca de 70%, da estrutura de custos do preço de energia elétrica.

55

AEO e Cabo Verde Investimentos - PwC 56

Banco Mundial

Agricultura 9%

Construção 12%

Energia 2%

Serviços financeiros

4% Indústria

6%

Ind. Extrativa 1%

Adminstração pública, saúde

e educação 14%

Outros 16%

Transportes e comunicação

17%

Comércio 19%

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

107

3.3.2. Retrato do setor empresarial do Estado Até 1989, as políticas económicas de Cabo Verde concentraram-se na substituição das importações e no

controlo estatal da economia. Várias empresas públicas e público-privadas foram criadas no seio de setores

como os transportes, a agricultura, a indústria farmacêutica, a construção civil, os serviços de hotelaria, entre

outros. O Governo controlava também o setor financeiro, desempenhando portanto um papel significativo na

economia. Até ao final de 1988, 19 empresas públicas e 14 público-privadas haviam sido criadas.

A partir de 1991, o papel do Estado na economia foi diminuindo, passando o setor privado a ser o motor do

desenvolvimento. Tendo em vista redefinir o conceito de propriedade pública, por forma a criar uma estrutura

jurídica para a liberalização do mercado, a constituição do país foi revista. Determinados setores económicos

deixaram de estar reservados à atividade pública a fim de estimular o setor privado e promover o investimento

estrangeiro. Em resultado, mais de 20 empresas estatais foram privatizadas (Tabela 26 – Algumas das

empresas totalmente privatizadas / parcialmente privatizadas).

Porta Atlântica para África A globalização confere uma acrescida centralidade a Cabo Verde no palco da economia regional, onde tem condições impares de projeção. Cabo Verde localiza-se geograficamente no centro das importantes rotas comerciais que ligam a África e a Europa aos mercados da América do Sul e da América do Norte. Muito relevante para a afirmação de Cabo Verde como porta de entrada para a África Ocidental é a sua plena integração regional nomeadamente no quadro da CEDEAO e o estreito relacionamento que mantém no quadro da CPLP com países integrantes de outras comunidades regionais da Costa Ocidental Africana: Angola, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial (membros da CEEAC e também, no caso da Guiné Equatorial, da Comunidade Económica e Monetária da África Central - CEMAC). Fonte: BES Research 2013

Turismo Cabo Verde é o 10º país à escala global em termos da importância relativa do setor do turismo para a sua economia, sendo o 12º no que concerne às expetativas de crescimento para o setor, o que se traduz na evolução crescente da capacidade de alojamento no arquipélago, e na maior qualidade das infraestruturas e recursos humanos disponibilizados. Em 2011, a capacidade de alojamento em Cabo Verde envolvia 195 estabelecimentos hoteleiros e mais de 14 mil camas. As camas disponíveis continuam a ter maior expressão na Ilha do Sal, 44.7%, seguindo-se as Ilhas da Boa Vista, 31.1%, Santiago, 9.6%, e São Vicente, 6.9%.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

108

Tabela 26 – Algumas das empresas totalmente privatizadas / parcialmente privatizadas

Empresa original Empresas privadas resultantes

(totalmente privatizadas) Setor económico

Agência Nacional de Viagens ANV e ANAV Turismo

AGRIPEC Agripec Comércio

CABETUR Cabetur Turismo

CONCHAVE Concave Construção Civil

ENAVI Sociave (Mindelo) e Enavi (Praia) Pecuária

FAP Agripec, Coopechaves e Prolac Produção géneros alimentares para animais

INTERBASE Salmar e INTERBASE Logística e armazenamento

MACSOBIL Macsobil Construção

METALCAVE Metalcave Metalomecânica e metalurgia

MORABEZA Morabeza Vestuário

ONAVE Recoref, Belcab, Funcave e Lusonave Metalomecânica e metalurgia

SITA SITA Químico (tintas)

ULTRA Ultra. N/A

MOAVE MOAVE Comércio

INTERBETÃO INTERBETÃO Cimento

TRANSCOR TRANCOR, S. Vicente Transportes

Empresa original Empresas privadas resultantes

(parcialmente privatizadas) Setor económico

ELECTRA ELECTRA Água e Eletricidade

ENACOL ENACOL Distribuição de combustíveis

BCA BCA Financeiro (Banca)

Caixa Económica Caixa Económica Financeiro (Banca)

Garantia Garantia Financeiro (Segurador)

Promotora Promotora Financeiro (Banca)

Cabo Verde Telecom Cabo Verde Telecom Telecomunicações

Empresa original Empresas privadas resultantes

(parcialmente privatizadas) Setor económico

CABNAVE N/A Reparação naval

ENAPOR N/A Serviços portuários

EMPROFAC N/A Produtos farmacêuticos

TACV N/A Transportes aéreos e controlo de tráfego aéreo

3.4. Turismo - Principal setor da economia Cabo-verdiana

Ao longo dos últimos 12 anos, o turismo em Cabo Verde cresceu a uma taxa média anual de 17,5%. Dados

oficiais do Instituto Nacional de Estatísticas de Cabo Verde (“INE”) revelam que, durante este período, o país

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

109

recebeu 145.076 turistas e 684.733 dormidas em 2000, valores que cresceram para 533.877 turistas e 3.3

milhões de dormidas em 2012.

Algumas das caraterísticas que fazem de Cabo Verde um destino atrativo incluem não só o clima, mas

também a qualidade do alojamento, a diversidade cultural e a hospitalidade do povo cabo-verdiano.

No entanto, apesar desta diversidade de atrações, nem todas as ilhas do arquipélago beneficiam deste fenómeno de crescimento. Grande parte das atividades turísticas está concentrada em 4 ilhas: Boa Vista e Sal (grande oferta balnear), Santiago, (oferta de Turismo de Negócios), e Boa Vista, (oferta Cultural).

O setor do turismo em Cabo Verde contribui para a

economia em vários aspetos. O impacto positivo reflete-

se na criação de emprego e na manutenção de postos

de trabalho, no pagamento de impostos aos governos

locais e regionais e na geração de rendimentos para os

negócios locais.

Apesar das recentes controvérsias relacionadas com a

decisão do Governo em aumentar as taxas do IVA no

setor da restauração e cobrar taxas pela estadia nos hotéis, ainda contínua otimista em relação ao

crescimento do setor do turismo na economia do país

Acresce que Cabo Verde tem aproveitado com sucesso a instabilidade do Norte de África para se posicionar

como alternativa turística. Comparando com o ano anterior, verificou-se um aumento de 12,6% no número de

turistas em 2012, atingindo os 482 mil.

Em termos de mercados de origem, o Europeu aparece em 1º lugar, representando cerca de 85% do total dos

turistas internacionais de Cabo Verde em 2012, com destaque para os turistas provenientes do Reino Unido

(21%), Alemanha (15%), Bélgica e Holanda (6%), Portugal (13%) e França (12%).

57

INE 2013

Tabela 27 – Distribuição dos turistas e dormidas por ilha - 2013

57

Ilhas % de turistas % de dormidas

Boa Vista 38,1% 47,4%

Sal 35,2% 42,2%

Santiago 12,9% 4,4%

São Vicente 6,5% 2,6%

Resto das ilhas 7,2% 3,5%

145,076 184,738 333,354

533,877 684,733

865,125

1,827,196

3,300,000

-

500,000

1,000,000

1,500,000

2,000,000

2,500,000

3,000,000

3,500,000

2000 2004 2008 2012

Turistas Dormidas

Gráfico 56 – Evolução da procura turística em Cabo Verde

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

110

Dados da World Travel and Tourism Council (WTTC)58

indicam que a contribuição do setor do turismo para o

PIB do país foi de ECV 69 mil milhões 2012 (44,1% do PIB). Estima-se que este setor cresça cerca de 8,3%

em 2013, atingindo os ECV 74,7 mil milhões (45,7% do PIB) e continue a crescer a uma taxa anual de 7,1%

até 2023, atingindo os ECV 148 mil milhões (57,% do PIB). No que respeita à contribuição do setor para a

criação de emprego, esta foi de 84.500 postos de trabalho em 2012 (39% do total), prevendo-se que continue

a crescer e atinja os 142.000 postos de trabalho (51,7% do total da população empregada) em 2023.

Gráfico 57 – Evolução da contribuição do setor do Turismo para o PIB e para o Emprego – Cabo Verde

59

Embora extremamente positivo o crescimento projetado de Cabo Verde, não só pela contribuição económica e

para o emprego, mas também pelo turismo se constituir como uma atividade eminentemente exportadora e

captadora de divisas externas, caso o setor seja estruturado para tal, esta subida no ranking revela, por outro

lado, a extrema dependência de Cabo Verde desta atividade, como resultado da ausência de recursos naturais

ou outros fatores endógenos de competitividade, que não os assentes numa Economia de Serviços.

Tabela 28 - Rankings WWTC27

58

World Travel & Tourism Council (2013) 59

World Travel & Tourism Council (2013)

Contribuição para o PIB do país TOP 10

2023 %

1 Macau 89,2

2 Aruba 88,8

3 Antígua e Barbuda 87,3

4 Anguila 67,9

5 Ilhas Virgens Britânicas 63,9

6 Cabo Verde 57,3

7 Seicheles 55,9

8 Vanuatu 55,7

9 Maldivas 53,4

10 Bahamas 53,3

Contribuição para o PIB do país TOP 10

2012 %

1 Macau 92,9

2 Aruba 83,8

3 Antígua e Barbuda 77,4

4 Ilhas Virgens Britânicas 77,3

5 Anguila 66,4

6 Seicheles 63,0

7 Vanuatu 50,7

8 Maldivas 48,7

9 Bahamas 48,4

10 Cabo Verde 44,1

51.0%

44.9% 45.8% 43.4% 44.1% 45.7% 46.9%

57.3% 44.8%

38.8% 38.1% 38.6% 39.3% 40.7% 41.9%

51.7%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2023

Contribuição do Turismo para o PIB (%) Contribuição do Turismo para o emprego (%)

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

111

Programa do Governo para o Turismo

O turismo é definido no Programa do Governo como “o motor principal da economia, sendo apontada a

melhoria da sua qualidade como o objetivo a atingir para o setor baseado no reforço da respetiva fileira”.

A procura e oferta turística de Cabo Verde tem-se vindo a desenvolver positivamente nos últimos anos:

O desenvolvimento dos aeroportos internacionais da Boa Vista e da Praia A abertura do aeroporto

internacional da Boa Vista (em 2008) marcou um aumento nas taxas de ocupação e estadia média

dessa ilha;

A oferta hoteleira tem crescido, sendo Sal e Boa Vista os maiores empregadores do Turismo.

O Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Cabo Verde (em revisão) norteia as suas

orientações na sustentabilidade e valor acrescentado e define 4 princípios fundamentais para o seu

desenvolvimento:

Um turismo sustentável e de alto valor acrescentado, com o envolvimento das comunidades locais no

processo produtivo e nos seus benefícios;

Um turismo que maximize os efeitos multiplicadores, em termos de geração de rendimento, emprego e

inclusão social;

Um turismo que aumente o nível de competitividade de Cabo Verde, através da aposta na qualidade

dos serviços prestados;

Um turismo que promova Cabo Verde no mercado internacional como destino diversificado e de

qualidade.

A estratégia do desenvolvimento do turismo em Cabo Verde no período 2010-2013 assentou

fundamentalmente em 3 eixos gerais:

1. Aumentar a competitividade do destino “Cabo Verde”;

2. Garantir a sustentabilidade da atividade turística;

3. Maximizar a interiorização e democratização dos benefícios do turismo – segundo dados da OMT,

cada turista gera, em média, US$ 1.021,00 de receitas. No entanto, uma grande fatia deste bolo não é

retida no país recetor.

60

http://www.palgrave-journals.com/pb/journal/vaop/ncurrent/full/pb20138a.html

Objetivos gerais do Programa60

Objetivos específicos do Programa

Orientar o crescimento e o desenvolvimento da atividade turística de forma sustentável, aumentando a responsabilidade das empresas ligadas ao setor;

Desenvolver infraestruturas capazes de aumentar o nível de competitividade de Cabo Verde como destino turístico internacional.

Ampliar a capacidade do setor turístico de gerar emprego, rendimento e inclusão social;

Garantir uma maior interiorização da cadeia produtiva do turismo;

Criar uma estrutura institucional capaz de executar uma Política Nacional de Turismo.

Atingir um fluxo anual de 500.000 turistas até 2013;

Aumentar o emprego direto gerado pelo turismo na ordem dos 60% até 2013;

Aumentar a participação do turismo no PIB em 2013, via crescente interiorização e democratização das receitas do turismo;

Aumentar substancialmente os benefícios do turismo para a população.

Segundo dados do INE, no ano de 2012 registaram-se cerca de 482

mil turistas em Cabo Verde

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

112

3.5. Infraestruturas e energia

O estado atual das infraestruturas em Cabo Verde61

A geografia de Cabo Verde condiciona os acessos e contribui para os elevados custos de construção e

manutenção de infraestruturas. A descontinuidade territorial, a dispersão da população, cerca de meio milhão

de habitantes espalhados por um arquipélago de nove ilhas e, a baixa densidade populacional fora dos centros

urbanos da Praia e Mindelo, requerem a multiplicação de infraestruturas, e limitam sinergias e economias de

escala.

O país não possui quaisquer recursos petrolíferos conhecidos, e a água doce é extremamente escassa. É

dependente das importações de petróleo para o seu abastecimento de combustível e a escala relativamente

pequena do seu mercado contribui para o elevado preço do mesmo. No que respeita aos recursos hídricos,

Cabo Verde apresenta uma das menores dotações da África Subsaariana, e os recursos do subsolo são muito

limitados. Apenas as ilhas de Santo Antão e Fogo possuem fontes de água significativas. Cabo Verde continua

e continuará a depender fortemente de centrais de dessalinização de água, as quais são atualmente

responsáveis por cerca de 85% da produção, para suprir as necessidades de abastecimento de água para

consumo humano.

Este enquadramento é demonstrativo da profunda ligação entre os setores elétrico e da água em Cabo Verde,

uma vez que o segundo depende do primeiro, pelo menos no respeita à atividade de produção.

Energia62

O setor energético em Cabo Verde é caraterizado pelo consumo de combustível fóssil

(derivados do petróleo), biomassa (lenha) e utilização de energias renováveis para a

produção de eletricidade, nomeadamente eólica e solar. A produção renovável, embora

represente ainda uma pequena percentagem do total de energia consumida no país,

apresenta um potencial extraordinário e é uma das áreas de aposta estratégica do país, com vista à redução

da sua dependência dos derivados do petróleo, em particular na produção da eletricidade.

Cabo Verde reexporta uma parte dos combustíveis fósseis importados, mas uma grande parte é destinada ao

consumo interno, essencialmente para os transportes e produção de eletricidade e, indiretamente, de água

dessalinizada. O combustível com maior peso no consumo interno é o gasóleo, que representa cerca de 41%.

A produção de água dessalinizada está diretamente ligada à produção de energia elétrica e consome cerca de

10% da energia elétrica produzida em Cabo Verde.

Nos últimos anos, o consumo de energia elétrica total do arquipélago de Cabo Verde registou um crescimento

médio superior a 8%, atingindo em 2009 os 302 GWh.

O sistema elétrico cabo-verdiano carateriza-se por apresentar, atualmente, uma taxa de cobertura territorial

das redes de eletricidade na ordem dos 95%. O aumento da cobertura das redes elétricas tem-se revelado um

processo progressivo, registando-se uma cobertura de 100% nas ilhas do Sal e Brava, no ano de 2006, Boa

Vista e São Vicente em 2007 e São Nicolau em 2008, segundo dados da ELECTRA.

61

AICD - As Infraestruturas em Cabo Verde: Uma perspetiva Continental 62

Política Energética de Cabo Verde – Ministério da Economia, Crescimento e Competitividade

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

113

Fonte: Plano Energético Renovável de Cabo Verde

O Parque Electroprodutor cabo-verdiano assenta, predominantemente, em centrais termoelétricas alimentadas

por combustíveis fósseis, sobre as quais foram realizados investimentos importantes nos últimos anos, do qual

é exemplo a Central do Palmarejo na ilha de Santiago. A economia energética cabo-verdiana encontra-se,

portanto, exposta à volatilidade dos mercados petrolíferos, tendo de absorver as constantes variações do

preço dos combustíveis.

Os desafios energéticos que se colocam a Cabo Verde são caraterizados por duas tendências: a expansão e o

crescimento económico acelerado e, a crescente procura, que inflacionam o aumento do consumo de energia

em Cabo Verde.

O sistema elétrico cabo-verdiano está, face aos desafios acima identificados, sob uma enorme pressão com

vista ao aumento da capacidade instalada do lado da produção, ao mesmo tempo que procede à

modernização das suas infraestruturas de distribuição. Investimentos relevantes foram já realizados, com

especial incidência na atividade de produção, com impactos positivos na garantia de fornecimento.

A instabilidade da garantia de fornecimento, sendo muitas vezes associada à capacidade instalada na

produção, tem, nos dias de hoje, uma relação muito mais próxima com a obsolescência das redes de

distribuição, cujas perdas, em algumas zonas urbanas, estão muito acima dos níveis normalmente aceitáveis

(perdas técnicas) e com o roubo de energia ou energia fornecida e não faturada (perdas comerciais).

Consciente deste facto, o Governo de Cabo Verde e os agentes do setor têm em curso um conjunto de

projetos que visam precisamente o combate às perdas, através da realização de investimentos de

requalificação das redes de distribuição e de monitorização de perdas técnicas e comerciais.

Importa ainda salientar o esforço que o Governo de Cabo Verde tem vindo a desenvolver no sentido de

modernizar as instituições com responsabilidades no setor, em particular a ELECTRA e a ARE (Agência de

Regulação Económica). Encontra-se em curso um processo de reestruturação da empresa pública de energia

e água com vista a prepará-la para dar resposta aos desafios que os setores enfrentam numa economia em

crescimento com exigências cada vez maiores, estando igualmente em curso uma redefinição do modelo de

regulação dos setores, com vista à promoção da eficiência dos diferentes agentes, bem como a correta

alocação dos riscos de negócio entre eles.

Gráfico 58 – Evolução histórica do consumo de energia das 9 ilhas (ELECTRA)

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

114

Figura 17 – Localização das centrais produtoras de energia elétrica63

Os desafios que se colocam ao setor energético em Cabo Verde são caraterizados ainda por:

- Fraca capacidade institucional e de planeamento e fraco sistema de incentivos à eficiência;

- Indefinição quanto aos níveis de serviço público que poderão ser satisfeitos pelos prestadores;

- Reduzida capacidade de investimento, devido à elevada dependência de ajuda externa;

- Elevada dependência de combustíveis fósseis com elevados custos de importação e distribuição;

- Inadequação da capacidade de armazenagem e de meios logísticos;

- Sistema de distribuição de energia elétrica deficiente, devido à falta de investimentos de

requalificação e expansão das redes;

- Fraca penetração das energias alternativas: as energias renováveis exigem investimentos iniciais

avultados e portanto custos financeiros importantes, resultando daí custos de produção elevados;

- Fragilidade da biomassa: meio ambiente de Cabo Verde é bastante frágil;

- Aumento da procura de água devido ao aumento do turismo e ao incremento das necessidades

locais, com impacto direto nas necessidades de investimento em infraestruturas de produção de

água e eletricidade;

- Aumento da mobilidade das pessoas no território nacional, impulsionados pelo desenvolvimento

económico e melhoria da qualidade de vida das populações: aumento das necessidades de

transportes;

- Falta de conhecimento sobre o potencial de petróleo e gaz natural: Cabo Verde deverá aprovar um

quadro legal para incentivar a prospeção de eventuais jazidas de petróleo e gás natural;

63

Mapa retirado do Plano Energético Renovável de Cabo Verde, 2010

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

115

Aposta nas energias renováveis

O potencial das energias renováveis encontra-se por explorar, embora possa acarretar benefícios

económicos para o país, pois a expetativa é superar 50% de taxa de penetração de Energias Renováveis na

produção de eletricidade em Cabo Verde até 2020.

Prevê-se que o consumo de eletricidade, que em 2010 era de 335 MWh, duplique até 2020, atingindo os 670

MWh. Cabo Verde tem um potencial estimado de 2.600 MW de energias renováveis, tendo sido estudados

mais de 650 MW em projetos concretos com custos de produção inferiores aos dos combustíveis fósseis. O

maior recurso renovável de Cabo Verde é o solar que, recorrendo ao financiamento através de linhas de

crédito, é já uma tecnologia de geração de energia competitiva face aos combustíveis fósseis. O recurso

renovável mais económico é o eólico, tendo sido estudados 241 MW em potenciais projetos com custos de

geração inferiores a metade do custo do fuelóleo. Também os resíduos sólidos urbanos podem ser uma fonte

de energia competitiva em Santiago e São Vicente. A energia das ondas e geotérmica apresentam uma

elevada incerteza associada à tecnologia e ao recurso.

Os estudos realizados demonstram que é possível superar 50% de taxa de penetração de Energias

Renováveis na produção de eletricidade em Cabo Verde até 2020, de forma tecnicamente viável e

economicamente competitiva, desde que se cumpram um conjunto de requisitos ao nível das infraestruturas

de suporte e de financiamento. Nas ilhas de Santiago e São Vicente é possível atingir uma taxa de penetração

de Energias Renováveis de 60% com investimentos em sistemas de armazenamento de energia inercial,

numa central hidroelétrica de bombagem pura em Santiago e na ligação elétrica em São Vicente e Santo

Antão.

Nestas ilhas torna-se necessário financiar os

projetos com recurso a linhas de crédito,

beneficiando de um menor custo. Esta redução

permite compensar os investimentos em

infraestruturas de gestão e armazenamento

necessários, bem como as perdas de produção

associadas ao excesso de energia nas horas de

maior produção renovável e menor consumo. Nas

restantes ilhas a dimensão do consumo limita o

potencial de integração de renováveis com

segurança e de forma economicamente vantajosa,

valores próximos dos 30%.

De forma a atingir os 50% de energias renováveis e

reduzir a dependência face aos combustíveis

fósseis, o Governo decidiu lançar um ambicioso

programa de ação assente em 5 eixos principais:

Eixo 1 – Preparar as infraestruturas;

Eixo 2 – Garantir o financiamento e envolver o setor privado;

Eixo 3 – Implementar os projetos;

Eixo 4 – Maximizar a eficiência;

Eixo 5 – Lançar o cluster das energias renováveis.

Até 2020, o plano de ação resultará na instalação em Cabo Verde de mais de 140 MW de energias renováveis

através de um plano de investimentos superior a € 300 milhões. Este plano permitira a criação de mais de 800

postos de trabalho diretos e indiretos e permitirá atingir, em 2020, custos de geração de energia 20% inferiores

aos atuais. Serão também economizados cerca de € 37 milhões de importações, o equivalente a cerca de 75

milhões de litros de fuelóleo ou gasóleo e 225.000 toneladas de emissões de CO2.

Centro de Energias Renováveis da CEDEAO Nos últimos anos, a Comissão da CEDEAO tem vindo a tomar medidas no sentido de integrar as Energias Renováveis (ER) e a EE (“eficiência energética”) nas suas atividades e políticas regionais. A integração regional pode ser uma ferramenta útil para facilitar a adoção e a implementação de políticas e sistemas de incentivos no domínio das ER e EE a nível nacional. Em 2010, o ECREEE (“The Regional Centre for

Renewable Energy and Energy Efficiency”) foi formalmente inaugurado na sua sede na cidade da Praia, Cabo Verde. O Mandato do ECREEE está perfeitamente alinhado com as metas estratégicas mais amplas da ‘Visão’ da CEDEAO para 2020. A um nível mais específico, a missão do ECREEE é a de contribuir para a realização de várias metas do Plano Estratégico Regional da CEDEAO 2011-2015

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

116

Cabo Verde assume a ambição de, até 2020, pertencer ao “Top 10” dos países com maior taxa de penetração

de energias renováveis.

O grande desafio associado às metas de penetração das renováveis em Cabo Verde está na preparação das

redes de distribuição e nos instrumentos de monitorização da procura, para acomodar um tão grande volume

de produção renovável não controlável sem afetar a continuidade de serviço.

Uma visão para o futuro

Cabo Verde detém um potencial eólico entre os melhores do mundo. Se esse potencial for apenas aproveitado

para alimentar o setor elétrico tradicional, a sua forte dependência de derivados do petróleo só será

parcialmente aliviada, uma vez que o setor dos transportes continuará a consumir combustíveis e com

tendência para crescer.

Com os adequados investimentos em redes de distribuição inteligentes, a introdução do automóvel elétrico em

Cabo Verde, pelo menos nas ilhas mais populosas, poderá revolucionar definitivamente o setor energético

cabo-verdiano, otimizando a utilização de energias renováveis e reduzindo os custos de produção.

Água e saneamento64

A água potável constitui um recurso natural escasso em Cabo Verde. É necessário

valorizar os recursos disponíveis e recorrer às tecnologias de dessalinização de água

salobra ou salgada do mar como fontes alternativas. Cabo Verde está a aproximar-se do

limite de exploração de água potável no subsolo. O país tem desenvolvido, ao longo das últimas duas

décadas, vários projetos de centrais dessalinizadoras da água do mar, que têm permitido atenuar a exploração

dos lençóis freáticos.

De acordo com os dados disponíveis (2012), no que respeita aos meios de distribuição de água potável sabe-

se que a rede pública de distribuição de água chega a 58% dos agregados familiares (66,7% nos meios

urbanos; 43% nos meios rurais).

O saneamento é caraterizado por enormes carências, revelando-se um dos maiores desafios para Cabo

Verde: apesar de cerca 67% dos agregados familiares residirem em alojamentos com sistemas de evacuação

de águas residuais (fossa sética ou rede pública de esgoto), apenas 35% utiliza estes dispositivos, preferindo

os restantes verter as “águas sujas” ao redor da casa. No meio urbano 78% dos agregados possuem fossa

sética ou estão ligados à rede de esgotos, apesar de apenas 48,6% as utilizarem regularmente. No meio rural

45% dos agregados tem acesso a um sistema de evacuação mas somente 9,5% utiliza este sistema para o

efeito. Quanto à questão da recolha e do tratamento das águas residuais, esta é praticada apenas nos dois

principais centros urbanos do País: Praia e Mindelo.

Para resolver o problema atual dos recursos hídricos, a solução deve ser encontrada no quadro de uma

gestão integrada dos recursos hídricos, isto é, através de um processo que favoreça o desenvolvimento e a

gestão coordenados da água, das terras e dos recursos conexos, com vista a maximizar, de forma equitativa,

o bem-estar económico e social resultante, sem comprometer a perenidade dos ecossistemas vitais. Nesta

perspetiva, o enquadramento estratégico assenta nos pontos a seguir descritos:

Atingir uma produção sustentada de água para melhorar a qualidade de vida e facilitar o

desenvolvimento económico;

Melhorar as condições de vida através do acesso à água potável e aos serviços de saneamento;

Reduzir a pobreza no meio rural através da introdução de sistemas de irrigação eficazes e duráveis;

64 AICD - As Infraestruturas em Cabo Verde: Uma perspetiva Continental

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

117

Assegurar de forma durável que a população, no seu todo, tenha acesso aos serviços mínimos de

abastecimento de água potável e de saneamento.

Transportes

Transportes Aéreos65

Cabo Verde dispõe neste momento de uma rede de aeroportos e aeródromos capazes de facilitar a circulação

de pessoas e bens entre as principais ilhas do arquipélago. Está dotado de quatro aeroportos internacionais, o

Aeroporto Internacional Amílcar Cabral (Sal), o Aeroporto Internacional da Praia (Santiago), o Aeroporto

Internacional de Cesária Évora (São Vicente) e o Aeroporto Internacional do Rabil (Boa Vista). Para além

destes existem vários outros aeródromos e aeroportos de menor dimensão, usados para o transporte de

pessoas e mercadorias entre ilhas.

Cabo Verde tem tido um crescente volume de passageiros nos últimos 10 anos. Entre 1999 e 2009, os

aeroportos nacionais registaram um CAGR de 4,3%, evoluindo desde 912 mil movimentos de passageiros

para mais de 1,4 milhões de movimentos de passageiros. Este aumento não foi, no entanto, linear, tendo

havido um pico máximo em 2004 com quase 1,5 milhões de embarques e desembarques.

No ano de 2011, o tráfego de passageiros nos aeroportos de Cabo Verde cresceu 13% em relação ao ano de

2010, reconfirmando-se a tendência de maior dinâmica nas atividades internacionais (+17,4%) do que na

doméstica (+8,2%). O movimento de aeronaves conheceu também um aumento expressivo de +22,5%. O

tráfego de carga aérea e correios cresceu cerca de 17% e 0,5%, respetivamente.

O aeroporto da Boa Vista quase quadruplicou, em apenas três anos, o número de embarques e

desembarques – de mais de 50 para mais de 200 mil, muito devido ao peso dos voos internacionais. Nos

outros dois aeroportos internacionais – Sal e Praia – o peso dos voos internacionais diminuiu nos últimos anos

embora só no primeiro se tenha verificado uma redução do nº de embarques e desembarques.

65

Cabo Verde Investimentos - PwC

Cabo Verde dispõe de 4 aeroportos internacionais que poderão servir de plataforma para o respetivo espaço regional

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118

Transportes Rodoviários66

A rede nacional principal de Cabo Verde ascende a pouco mais de 1.000 kms,

aumentando para 1.600 kms quando as estradas urbanas e outras não classificadas são

consideradas. Existem apenas três ilhas com redes de estradas com mais de 100 kms:

Santiago, Santo Antão e Fogo. No entanto, dado a dimensão e configuração territorial do

país, a densidade rodoviária é de 3,5 em Cabo Verde, apresenta-se relativamente mais elevada do que a de

países insulares comparáveis (Maldivas = 2,2; Ilhas Maurícias = 2,0). Esta rede de estradas permite que toda

a população possa beneficiar de cuidados de saúde, educação, e outros serviços básicos.

Quase três quartos da rede nacional de estradas encontram-se pavimentados. O resto da rede divide-se, em

partes iguais, entre estradas de gravilha e de terra. A extensão da pavimentação varia significativamente de

acordo com as ilhas, de 100% de pavimentação, em São Nicolau e São Vicente, para pouco mais de 50%, em

Santiago. Cabo Verde utiliza diversas tecnologias (principalmente a calçada de paralelos e a calçada

Portuguesa - um forma local de pavimentação com seixos ou pedras arredondadas); a maior parte das

estradas pavimentadas não corresponde a estradas de asfalto convencionais.

Transportes Marítimos67

Sendo Cabo Verde um arquipélago, as infraestruturas portuárias têm uma importância

muito significativa para a sua economia. Nove68

dos principais portos do arquipélago são

geridos pela ENAPOR, empresa que se encontra em processo de privatização. A

atividade portuária reflete o ténue crescimento do PIB e a contração do comércio externo

nas componentes exportação e importação de bens de consumo e de investimento.

66 AICD - As Infraestruturas em Cabo Verde: Uma perspetiva Continental 67 Relatório e Contas 2012 - ENAPOR 68

Porto Grande, Porto da Praia, Porto da Palmeira, Porto Novo, Porto do Tarrafal, Porto Vale de Cavaleiros, Porto Inglês, Porto Furna e Porto de Sal-Rei

Figura 18 – Mapa de Cabo Verde – Localização dos principais Portos

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

119

Em 2012, registaram-se 6.266 escalas de navios nos portos de Cabo Verde, sendo 5.458 de origem nacional e

808 de origem estrangeira. Em termos de volume, houve uma diminuição de 33,7% nos navios nacionais e um

acréscimo de 7,2% nos estrangeiros. Neste ano, o tráfego total de mercadorias foi de 1.892.100 toneladas

(menos 7,8% que em 2011) e o movimento de passageiros de 826.124.

Encontrando-se Cabo Verde numa situação geográfica de cruzamento de rotas marítimas internacionais,

identificam-se oportunidades de exploração dos setores que poderão dar suporte ao comércio marítimo. As

obras de melhoria das infraestruturas portuárias facilitarão as operações intermodais, quer para transportes

inter-ilhas, mas sobretudo para o transporte de longo curso, pretendendo-se criar condições para Cabo Verde

se tornar numa placa giratória regional e internacional de passageiros e cargas. As obras de beneficiação e

ampliação - porto da Praia, porto Grande e porto da Palmeira - dotarão Cabo Verde de maior capacidade de

acostagem e dos parques de contentores, melhoria da capacidade de armazenamento coberta e em silo, e

criação de uma área dedicada a operações de logística.

Tendo em conta o crescimento do setor do turismo e as necessidades de transporte de pessoas e mercadorias

e cargas entre ilhas, os projetos de beneficiação de portos incluirão a adaptação de todos os portos para

transportes e movimentação de navios roll-on/roll-off (transporte horizontal). No quadro da reorganização do

setor, perspetivam-se oportunidades de privatização por concessão das operações portuárias, com o objetivo

de incremento de eficiência e equilíbrios dos modelos de financiamento do setor.

Os principais portos de Cabo Verde são o Porto Grande (S. Vicente), Porto da Praia (Santiago) e Porto da

Palmeira (Sal). O Porto Grande continua a assumir-se como o principal porto de Cabo Verde, tendo registado,

em 2012, cerca de 35% do total das mercadorias movimentadas. Os restantes portos do arquipélago têm um

papel essencialmente de suporte à pesca local de subsistência e cabotagem, tendo assim um papel residual

no transporte de mercadorias de longo curso.

Porto Grande69

:

O Porto Grande, cuja profundidade varia entre

os 11 e os 30 metros, oferece excelentes

condições de entrada e abrigo a qualquer tipo de

embarcação. Possui as maiores e melhores

infraestruturas portuárias existentes em Cabo

Verde. É constituído por três molhes em forma

de “F”, unidos pelo cais de acesso, com

profundidades que variam entre os 3, 5 e 12

metros. Possui também um cais de pesca com

240 metros de comprimento, um terrapleno de 3

hectares, cinco armazéns de mercadorias

cobertos e uma área descoberta de 50.704m2.

A bacia de manobras tem cerca de 1,5 km de

diâmetro, com profundidades que vão dos 3,5

aos 16 metros. Para atracar, o porto pode

receber navios que vão até aos 11 metros de

calado.

O Terminal de Contentores de Mindelo, que está a ser construído na parte oeste da baía do Porto Grande,

poderá receber, em simultâneo, dois porta-contentores de 3ª geração com um comprimento máximo de 275

metros, 35 metros de largura e 13 metros de calado. Incluirá também uma plataforma logística, que ocupará

uma área de 19,4 hectares, preparada para garantir o adequado armazenamento de mercadorias, em especial

cereais. Quanto este terminal estiver construído, possuirá uma capacidade de armazenamento de 1.000.000

TEU (unidades equivalentes a 6,1metros)/ano, e proporcionará aos navios de longo curso um cais acostável

69

Guia do Porto Grande 2012/13

Figura 19 – Esquemática Porto Grande

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

120

de 1km de comprimento e 17 metros de profundidade. O tempo médio de estadia de contentores deverá

situar-se em 6 dias para o transbordo, 5 para as importações, 3 para as exportações e 10 dias para os

contentores vazios.

Porto da Praia

Situado na ilha de Santiago, é considerado o motor de desenvolvimento económico e social do país, e porta de entrada na cidade capital. Pretende-se que o porto seja não só âncora, mas também parceiro de negócios. Polivalente, versátil e seguro, possui infraestruturas que garantem a operacionalidade de qualquer tipo de navio, desde cargueiros de tráfego inter-ilhas, porta-contentores e graneleiros.

Dispõe atualmente de dois cais em "L", com profundidades entre 5 e 9 metros, e está concebido e equipado para permitir o trânsito de um volume de carga que poderá ir até um milhão de toneladas por ano.

Possui um cais de pesca com 55 metros de comprimento, 24,5 metros de largura e 3 metros de profundidade, com uma unidade de tratamento e comercialização de pescado. Um terminal de passageiros com 146 metros de comprimento completa as infraestruturas acostáveis do Porto da Praia.

Porto da Palmeira

Situado na ilha do Sal, o Porto da Palmeira é o terceiro

porto cabo-verdiano a nível do tráfego de mercadorias.

Comportando, para além da atividade comercial de

transporte de mercadorias e passageiros, as atividades

de pesca, indústrias relacionadas com náutica de

recreio e marítimo-turísticas. Enquanto recetor de

tráfego internacional de combustível, contribui para a

inserção de Cabo Verde no sistema económico

mundial.

O porto é abrigado a maior parte do ano e o molhe

acostável estende-se por um comprimento de 112

metros. O terrapleno sul dispõe de um cais com 34

metros de comprimento e 1 metro de profundidade,

destinado a barcos de pesca artesanal. Para o

armazenamento de mercadorias possui uma área

coberta de 450 m2, um terrapleno descoberto com

5.605 m2 e uma área de 17.000 m

2 para expansão. O

porto tem capacidade nominal para movimentar 70.000 toneladas de carga por ano.

Figura 21 – Layout Porto da Palmeira

Figura 20 – Esquemática Porto da Praia

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

121

Tabela 29 – Projetos de investimento – Portos de Cabo Verde70

Projetos em curso Valor do investimento

(US$)

Projeto de modernização e expansão do Porto da Praia n.d.

Projeto de expansão e modernização do Porto da Palmeira 51.651.674

Projeto de Scanner de Contentores 13.420.000

Projetos em planeamento

Projeto do terminal de transbordo de contentores do Porto Grande 324.533.013

Projeto do acesso norte do Porto Grande A definir

Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC)71

A televisão encontra-se no topo dos equipamentos com maior penetração em Cabo Verde, a

seguir aos telemóveis, estando presente em mais de 90% dos alojamentos com eletricidade

(73% do total).

70

www.enapor.cv 71 Cabo Verde Investimentos - PwC

Privatização da CABNAVE A empresa Chinese National Fisheries Corporation (CNFC), proprietária de uma frota de 210 grandes embarcações e 5 bases de reparação naval na sub-região da África Ocidental é uma das interessadas, pretendendo introduzir não só capital e tecnologia, mas também garantir mercado aos estaleiros navais sedeados em São Vicente. A reparação dos barcos da CNFC já constitui cerca de metade do volume de negócios da Cabnave. A recente concorrência do grupo holandês Damen e da empresa turca Yildirim Group of Companies não tem afastado a China da corrida pela privatização dos estaleiros navais de São Vicente, podendo mesmo fazer com a CNFC dê passos concretos no sentido de fechar negócio com o Estado de Cabo Verde. Recentemente, foi criada uma equipa de negociação com o objetivo de negociar a parceria e as modalidades de implementação do Centro Logístico de Pesca. Esta equipa deverá apresentar um plano de ação para as fases de negociações e uma proposta de custo de funcionamento da equipa e de estratégias e principais pontos a serem negociados com a empresa CNFC. Esta equipa tem também como atribuições negociar a participação da CNFC no capital social da CABNAVE, sendo a base da negociação as linhas orientadoras do memorando de entendimento assinado em Pequim, China, em julho de 2009. As negociações devem conduzir ainda à separação das atividades de reparação naval a serem desenvolvidas na CABNAVE das outras atividades da CNFC em Cabo Verde, garantir uma participação maioritária da CNFC no capital social da CABNAVE, empresa de capital mista, que deve desenvolver as suas atividades em regime de serviço público, sendo consideradas para todos os efeitos de utilidade pública.

No quadro do processo de privatização da Cabnave, em curso, há já alguns anos que a empresa CNFC tem manifestado interesse em adquirir parte das ações da empresa cabo-verdiana, o que vem ao encontro do objetivo do Governo de edificar, em São Vicente, o Centro Logístico de Pescas.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

122

Gráfico 59 – Meios de informação e comunicação em Cabo Verde72

Adicionalmente, importa considerar os recentes esforços do governo no sentido da informatização do país e do

acesso da população à internet através de redes sem fio (wireless) em espaços públicos, o qual não apresenta

ainda reflexo nas estatísticas. Mais de 70% da população em idade ativa tem acesso à internet a partir de

origens recorrentes e de fácil acesso, do emprego ou da sua habitação.

O Estado tem efetuado um esforço significativo na administração pública, introduzindo sistemas de informação

robustos e seguros, compostos por um Data Center e uma rede de comunicação que asseguram a interligação

de todas as 9 ilhas e instituições do Estado, desde os órgãos de soberania até aos institutos e municípios.

Hoje contabilizam-se cerca de 5.000 terminais de acesso que viabilizam serviços de voz pela internet, (VOIP),

e-mail e aplicações.

72

INE – Censo 2010

40.8%

75.7% 73.0%

62.3%

20.4%

6.9% 7.1%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%P

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Acesso

a T

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Acesso

a In

tern

et

Núcleo Operacional para a Sociedade de Informação – NOSi

O NOSi, enquanto estrutura de coordenação da promoção da sociedade de informação e da governação

eletrónica, tem a missão de propor e executar as medidas de política nas áreas da inovação, da sociedade

de informação e da governação eletrónica. Tem como objetivos gerais:

- Contribuir para a definição de uma visão estratégica global que associe os principais desafios da

sociedade cabo-verdiana ao desenvolvimento da sociedade de informação;

- Propor políticas que visem a generalização do acesso à Internet como condição indispensável para o

lançamento da Economia de Conhecimento;

- Promover uma nova fase de desenvolvimento da internet, suportada pela implementação de novas

tecnologias de rede e por uma visão de convergência de serviços digitais;

- Promover a conetividade como impulsionador das atividades económicas através do surgimento de novos

serviços, aplicações e conteúdos para criar novos mercados, reduzir custos e aumentar a produtividade.

O NOSI tem contribuído para a modernização do aparelho do Estado e para a dinamização da sociedade

civil na área da sociedade de informação e do conhecimento. Neste domínio podem ser destacadas várias

ações, designadamente, o Portal de Cabo Verde, a Casa do Cidadão, as certidões online, a empresa no

dia, o projeto Konekta, o projeto SNIAC, entre outros.

Fonte: www.nosi.cv

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

123

3.6. Projetos de investimento previsto em infraestruturas

Ministério das Infraestruturas e Economia Marítima - 38,9% do total do PIP 2013 Tem como principais objetivos específicos:(i) a conclusão das infraestruturas portuárias, tornando-as mais competitivas e adequadas às necessidades da internacionalização da economia e à natureza dos tráfegos de pessoas e de mercadorias inter-ilhas; (ii) implementação de um Plano Rodoviário Nacional para o horizonte 2020, que garanta a circulação de pessoas e mercadorias em condições de segurança e conforto; e (iii) contribua para o acesso das populações aos benefícios do desenvolvimento e promoção e valorização dos produtos das pescas, reforçando as atividades de conservação, transformação e comercialização.

Tabela 30 – Projetos - Ministérios das Infraestruturas e Economia Marítima

Expansão e modernização dos portos - Projetos Montante

(ECV Milhões)

“Expansão do Porto da Praia II Fase” 2.982

“Expansão e Modernização do Porto de Sal Rei” 1.050

“Acesso Norte ao Porto Grande do Mindelo” 1.003

“Expansão e Modernização do Porto Vale dos Cavaleiros e Furna” 744

Construção, modernização, reabilitação e melhoramento das estradas - Projetos

Montante (ECV Milhões)

“Construção do Anel do Fogo” 640

“Reabilitação e Asfaltagem da Estrada Assomada - Tarrafal” 376

“Estradas Rurais de Santiago" 247

“Variante S. Domingos - Pedra Badejo - Calheta 216

Ministério do Turismo, Industria e Energia - 13,6% do total do PIP 2013

Coordena e executa as políticas públicas para as atividades económicas de produção de bens e serviços, à indústria, à energia, ao comércio, ao turismo e artesanato e às atividades de serviço às empresas e ao desenvolvimento empresarial, incluindo a vertente inovação, visando a competitividade, a produtividade e o crescimento da economia.

Tabela 31 - Ministério do Turismo, Industria e Energia

Projeto Montante

(ECV Milhões)

“Sistema de Transmissão e Distribuição de Energia, em seis Ilhas de Cabo Verde” 1.824

Ministério do Desenvolvimento Rural - 12,4% do total do PIP 2013

Coordena e executa as políticas em matéria de agricultura, silvicultura, pecuária e alimentação. Os seus projetos visam promover o acesso e a gestão sustentável dos recursos naturais através do reforço das infraestruturas e das capacidades de gestão sustentável das comunidades rurais, intensificar e diversificar os sistemas integrados de produção vegetal e animal e agro-silvo-pastoril, promover a gestão e a exploração sustentável dos recursos haliêutica, valorizar os produtos agrícolas; reforçar os serviços técnicos pela ativação da pesquisa participativa para o desenvolvimento e da promoção/vulgarização de tecnologias apropriadas e garantir a segurança alimentar às populações.

Tabela 32 - Projetos previstos em Cabo Verde – Ministério do Desenvolvimento Rural

Projeto Montante

(ECV Milhões)

Programa “Mobilização de Agua e Ordenamento de Bacias Hidrográficas” 2.414

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

124

Ministério do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território - 7% do total do PIP 2013 Tem a missão de coordenar e executar as políticas de valorização, proteção e preservação do ambiente, e em matérias de descentralização e desenvolvimento regional, urbanismo, habitação e ordenamento do território, bem como as relações com as Autarquias Locais.

Tabela 33 – Projetos – Ministério do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território

Projeto Montante

(ECV Milhões)

Programa “Mobilização de Agua e Reforço da Capacidade de Abastecimento” 917

Programa “Consolidação e Requalificação Ambiental” 357

“Sistema Nacional do Cadastro Predial” 238

3.7. Abertura da economia e relações comerciais

Cabo Verde apresenta uma economia pequena e uma elevada dependência de ajuda financeira externa,

incluindo o apoio à manutenção da paridade fixa entre o escudo cabo-verdiano e o euro, que se mantém em

110,265 ECV por EUR.

A UE detém um papel de destaque nas relações externas cabo-verdianas pelo seu peso na balança

comercial de bens e serviços. O acordo em negociação entre a UE e CEDEAO irá acentuar esta relação.

Tabela 34 - Abertura da economia cabo-verdiana

Cabo Verde 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa de câmbio (US$ /CVE) 74,15 79,17 80,68 78,36 84,89

Inflação 6,78% 0,98% 2,08% 4,47% 2,54%

Balança Comercial (em % do PIB) (33,03%) (32,29%) (28,54%) (30,32%) (25,88%)

Balança Corrente (em % do PIB) (12,9%) (9,9%) (12,4%) (15%) (12,3%)

Fonte: Banco Mundial; OANDA, OCDE

A Balança Comercial Cabo-verdiana, como seria de esperar em face do já exposto, apresenta-se

estruturalmente deficitária, com taxas de cobertura das importações pelas exportações inferiores a 10% e um

défice comercial de cerca de US$ 700 milhões.

3.7.1. Importações73

Portugal lidera a lista dos países exportadores para Cabo Verde, seguido dos Países Baixos, dos Estados

Unidos da América e Espanha, representando este conjunto dos países 69% do total das importações do país.

73

Fonte: Centro Internacional de Comércio; UNCTAD, UNCTADstat

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

125

Gráfico 60 - Evolução das importações de Cabo Verde e principais países de origem, 2008-2012 (em US$ milhões)

3.7.2. Importações com proveniência da CPLP

Nos últimos 5 anos, apenas Portugal e Brasil apresentam relevância como país de

origem nas importações de Cabo Verde, no contexto da CPLP. O peso destes países

tem vindo a diminuir.

Em 2012, Portugal representou cerca de 39% das importações de Cabo Verde,

enquanto o Brasil se limitou a 4%.

Gráfico 61 - Importações cabo-verdianas da CPLP74

74

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

42% 45% 39% 40%

13% 13%

16% 13%

9%

9% 7%

10% 8%

5% 4% 4% 4%

824

671 731

961

755

-

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

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Ca

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Brasil

Espanha

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Países Baixos

Portugal

Importações

n.d

369

297 327

355

292

42

30 28

32

28

49.84%

48.81% 48.54%

40.29%

42.43%

-

50

100

150

200

250

300

350

400

450

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

õe

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US

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ilh

õe

s)

Portugal Brasil

A CPLP representou, em 2012, 42,43% das importações cabo-verdianas, com tendência decrescente

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

126

Gráfico 62 - Importações cabo-verdianas - Top produtos71

As importações cabo-verdianas são bastante diversificadas, sendo de destacar os grupos de produtos

alimentares, combustíveis minerais e lubrificantes, maquinaria e equipamentos de transporte e bens

manufaturados.

Gráfico 63 - Importações cabo-verdianas – Evolução dos produtos

23%

21%

20%

16%

8%

6% 3% 2%

Alimentos e animais vivos

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Outros artigos manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Bebidas e tabaco

Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras

CAGR 2008-2012

-

7%

-3%

-9%

-7%

-14%

-6%

5%

-3%

3%

-

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1,000

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

açõ

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US

$ m

ilh

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s )

Commodities e transações n.e.

Óleos vegetais e animais, gordurase ceras

Químicos e produtos relacionados

Bens manufaturados

Bebidas e tabaco

Matérias-primas (excetocombustíveis)

Maquinaria e equipamentos detransporte

Combustíveis minerais, lubrificantese materiais relacionados

Outros artigos manufaturados

Alimentos e animais vivos

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

127

Importações cabo verdianas de Portugal

Figura 22 – TOP 3 das importações cabo-verdianas de Portugal75

Gráfico 64 - Importações cabo verdianas de Portugal76

As importações de Cabo Verde com origem em Portugal têm um enorme peso na economia cabo-verdiana e apresentam um elevado grau de diversificação de produtos.

São, no entanto, de destacar as importações de cal, cimento e materiais de construção fabricados, óleos e gorduras vegetais fixos "soft" e bebidas alcoólicas, que em 2012 representaram, respetivamente, 96%, 82% e 77% do total das importações de Cabo Verde desses produtos. Ou seja, Portugal acaba por ser o fornecedor quase exclusivo destes produtos.

75

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

76 Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

27%

21%

18%

11%

11%

5% 5%

Bens manufaturados

Maquinaria eequipamentos detransporte

Alimentos e animais vivos

Outros artigosmanufaturados

Químicos e produtosrelacionados

Óleos vegetais e animais,gorduras e ceras

Bebidas e tabaco

Portugal origem de 39% das importações cabo-verdianas

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

128

Importações cabo verdianas do Brasil

Figura 23 – TOP 3 das importações cabo-verdianas do Brasil63

Gráfico 65 - Importações cabo-verdianas do Brasil77

As importações de Cabo Verde oriundas do Brasil consistem, na sua maioria, em bens alimentares, sendo de destacar as importações de açúcar e carne. Em relação às importações de açúcar, o Brasil representa 87% do total das importações deste produto de Cabo Verde.

77

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

71%

17%

5%

3% Alimentos e animais vivos

Bens manufaturados

Outros artigosmanufaturados

Químicos e produtosrelacionados

Brasil Origem de 4% das importações cabo-verdianas

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

129

3.7.3. Exportações de Cabo Verde

Espanha e Portugal são os países com maior peso nas exportações cabo-verdianas, sendo que Espanha tem

vindo a aumentar o seu peso nas exportações, fundamentalmente como resultado do investimento do Grupo

Ubago na reabilitação da fábrica de conservas de peixe, Frescomar, atualmente um dos principais

exportadores de Cabo Verde. Estes dois países representaram em 2012 cerca de 87% do total das

exportações de Cabo Verde.

Gráfico 66 - Evolução das exportações de Cabo Verde e principais países de destino (em US$ milhões)

78

As exportações de Cabo Verde consistem sobretudo na exportação de peixe e conservas de peixe para o

mercado espanhol.

78 Fonte: Centro Internacional de Comércio; UNCTAD, UNCTADstat

55% 68% 67%

72%

38% 25%

16% 15%

32 35

47

69

56

-

10

20

30

40

50

60

70

80

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

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Espanha Portugal Exportações

n.a.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

130

Principais produtos exportados por Cabo Verde

Gráfico 67 - Principais produtos exportados por Cabo Verde

3.7.4. Exportações de Cabo Verde para a CPLP

Ao nível dos países da CPLP, apenas Portugal merece destaque nas exportações cabo-verdianas.

Gráfico 68 - Exportações cabo-verdianas - CPLP79

79 Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

64% 12%

11%

7% 3%

Alimentos e animais vivos

Outros artigos manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

Maquinaria e equipamentos detransporte

Matérias-primas (exceto combustíveis)

14

10 9

12

8

44.10%

27.81% 21.33%

18.42%

14.05%

-

2

4

6

8

10

12

14

16

2008 2009 2010 2011 2012

Ex

po

rta

çõ

es

(U

S$

mil

es

)

Portugal

A CPLP / Portugal representou, em 2012, 14,05% das exportações cabo-verdianas

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

131

Principais exportações cabo-verdianas para Portugal

Figura 24 - Principais exportações cabo-verdianas para Portugal80

Gráfico 69 - Exportações cabo-verdianas para Portugal64

As principais exportações de Cabo Verde para Portugal em 2012 foram o calçado e o vestuário, representando em conjunto 59% do total deste fluxo.

Também merecem destaque as exportações de crustáceos, moluscos e invertebrados aquáticos (11%).

80 Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

73%

14%

7% 3%

Outros artigos manufaturados

Alimentos e animais vivos

Maquinaria e equipamentos detransporte

Bebidas e tabaco

Portugal

14% das exportações cabo-verdianas.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

132

3.8. Principais setores de oportunidades na Economia81

“As maiores oportunidades estão no Setor do Turismo.”

A economia cabo-verdiana tem mostrado boa capacidade de resistência à crise e, apesar do contexto externo

desfavorável, o ritmo de crescimento da economia tem-se mantido acima do crescimento da economia

mundial. O Governo de Cabo Verde tem feito esforços no sentido de otimizar as infraestruturas e de melhorar

a qualificação dos recursos humanos, da saúde e do turismo, introduzindo tecnologias modernas.

Nos últimos anos, para além do Turismo, o Governo tem apostado numa nova fase de investimento público e

privado em Cabo Verde: uma fase mais ambiciosa, cujo objetivo é criar riqueza, para o país e para os

parceiros comerciais, e sofisticar a atitude empresarial.

As áreas prioritárias para os próximos anos são o turismo, a agricultura, a pecuária, as pescas e serviços

conexos, as energias renováveis e as tecnologias de informação. Neste sentido, a economia cabo-verdiana

está a oferecer cada vez mais variadas oportunidades de negócios, em setores cada vez mais diversos,

destacando-se os seguintes ‘Clusters’ de desenvolvimento:

Turismo - setor maduro e o mais preparado para, de imediato, receber IDE. O turismo tem captado a maior

fatia do investimento privado. Existem na presente conjuntura oportunidades para acelerar o ritmo de

crescimento do turismo, fruto do aumento progressivo do fluxo de turistas nos dois últimos anos. No horizonte

de 2016, a meta é chegar a cerca de 750.000 turistas/ano, e consolidar o destino Cabo Verde, para que a

oportunidade conjuntural se transforme em algo de duradouro e sustentável. Tem-se trabalhado em três

direções principais: a diversificação do setor, a atração de um turismo de alto valor acrescentado e a melhoria

das ligações do turismo com o resto da economia e com outros setores como a agricultura e a pecuária, as

pescas e as indústrias culturais.

‘Cluster’ do Mar – Procurando potenciar e tirar proveito da

excelente localização geográfica do país e da sua

proximidade com os mercados africanos, estão a ser

tomadas medidas para transformar Cabo Verde num centro

regional de processamento e exportação de recursos

marinhos com infraestruturas de congelamento de produtos

da pesca, num ‘hub’ marítimo de passageiros e carga, num

centro logístico e de reparação e manutenção naval, de

transbordo e de ‘bunkering’.

‘Cluster’ das Energias Renováveis - estão a ser criadas

capacidades para construir um setor económico em torno das

energias renováveis. Estão a ser iniciadas parcerias

internacionais no sentido de caminhar para o objetivo de

100% de energias renováveis, no ano de 2020, e estão

previstos para os próximos quatro anos avultados

investimentos visando um aumento substancial da

participação de fontes alternativas de energia.

81

I Congresso de Engenheiros de Língua Portuguesa - CI - Agência Cabo-verdiana de Promoção de Investimentos

Investimentos previstos

- € 750 milhões até 2016 nas áreas de

resorts e imobiliária turística e da

indústria complementar do turismo;

- Grandes investimentos na

modernização de infraestruturas

aeroportuárias - construção do novo

Aeroporto Internacional da Praia, com

a ampliação e modernização do

Aeroporto Internacional da Boa Vista e

da consolidação, na Ilha do Sal, de um

‘hub’ aéreo de passageiros e carga.

Investimentos previstos

- € 400 milhões em matéria de

modernização, adequação e

desenvolvimento das infraestruturas

portuárias, com destaque para a

construção de um novo Porto de Águas

profundas e terminal de contentores, bem

como de um terminal para navios de

cruzeiro na Ilha de S. Vicente e a

conclusão da construção da última fase do

Porto de águas profundas da Praia.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

133

Transformação do Mundo Rural - intenso esforço de mobilização da água e de ordenamento das bacias

hidrográficas para a agricultura, visando o incremento da área irrigada e da produtividade agrícola, e

mobilização de um volume importante de investimentos neste setor nos próximos anos. Com efeito, estão já

em curso investimentos e empreendimentos (barragens, diques, perfurações, reservatórios, captação, adução,

bombagem e distribuição).

‘Cluster’ das TIC – Sendo já uma referência no domínio do E-government e na prestação de serviços de

governação eletrónica a nível regional, a experiência está a ser potenciado para o desenvolvimento das TIC,

através de parcerias público-privadas para construção de Parques tecnológicos orientados para o mercado

internacional, principalmente o regional.

Para o Governo de Cabo Verde as Tecnologias de Informação e Comunicação constituem uma grande

oportunidade. A estratégia do país tem duas dimensões complementares:

Setor TIC como um negócio, de cariz empresarial, voltado para a produção, exportação e emprego; e

TIC como instrumento fundamental para a inovação, a competitividade, para a alavancagem dos

diferentes setores da economia e para a construção de uma sociedade de conhecimento.

Uma das medidas de políticas mais relevantes para executar essa estratégia é a implementação de um

Parque Tecnológico, cujo modelo concetual está a ser erigido de forma participada e em parceria entre o

Estado, as empresas e as academias. Este Parque Tecnológico é um projeto “bandeira” para a nação,

correspondendo a uma solução que irá incluir a construção de um Centro de Dados, um Centro de Negócios,

um Centro de Incubação de Empresas e um Centro de Treino e Qualificação.

Uma vez implementado, Cabo Verde irá registar uma significativa melhora das suas plataformas digitais,

sendo que o seu tecido empresarial, de base tecnológica, terá à sua disposição as mais modernas

infraestruturas, bem como programas de incubação para starts ups, e instalações para a formação e

certificação de quadros em TIC.

Encontra-se em fase muito adiantada de construção na Cidade da Praia um data center para a prestação de

serviços nos domínios do BPO (Business Process Outsourcing), de call centers e de outros serviços de

outsourcing/offshore.

Nearshoring: uma entre as várias oportunidades de IDE

82

Para além das oportunidades de IDE em infraestruturas e turismo, setores que têm sido o principal alvo de IDE nos últimos anos, o nearshoring

83

surge como oportunidade de desenvolvimento de Cabo Verde, não só pela competitividade dos custos da mão-de-obra, mas também pela crescente qualificação dos seus recursos. Acresce, ainda, que se prevê para este ano a inauguração do segundo cabo submarino de fibra ótica que ligará Cabo Verde aos continentes africano e europeu, executado no âmbito do projeto WACS (West African Cable System) e que potenciará ainda mais a qualidade das comunicações com o exterior.

82

PwC Revista CEO – 2º Semestre 2011 83

Outsourcing ou transferência de processos de negócio ou tecnológicos para países próximos

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

134

3.9. Financiamento à economia

3.9.1. Principais bancos presentes84

O papel dominante do sistema bancário cabo-

verdiano no financiamento da economia do país é

crítico.

No segmento onshore, o setor comportava oito

instituições de crédito (Banco Comercial do

Atlântico, Caixa Económica de Cabo Verde, Banco

Interatlântico, Banco Cabo-Verdiano de Negócios,

Banco Angolano de Investimentos, Novo Banco,

Ecobank - Cabo Verde e Banco Espírito Santo –

Cabo Verde).

Na vertente parabancária encontravam-se

autorizadas, em 2012, dez instituições: uma

sociedade gestora de capital de risco, três agências

de câmbio, uma sociedade emissora de cartões de

crédito e de intermediação bancária do sistema de

pagamentos, três sociedades gestoras de fundos

mobiliários e uma agência de transferência de

dinheiro.

No mercado offshore, operam nove instituições

licenciadas: oito em atividades bancárias (Banco

84

BES Research Julho 2013 / Banco de Cabo Verde - Relatório Anual de 2012

Parque Tecnológico

O Parque Tecnológico da Cidade da Praia visa potenciar o desenvolvimento, a visibilidade e a

comercialização de serviços de e-gov, e-educação e financeiros, fomentar um clima de inovação e

empreendedorismo tecnológico, concretizar parcerias com atores internacionais de referência no setor.

Com a implementação deste projeto, o Governo cabo-verdiano pretende também atrair investimento direto

estrangeiro para a prestação de serviços baseados em TIC, contribuindo para a capacitação dos recursos

humanos nacionais nesta área.

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) vai disponibilizar 88% do valor para implementação do projeto

Parque Tecnológico em Cabo Verde. Os restantes 12% deste projeto, orçado em €27,2 milhões, ficarão por

conta do Governo Cabo-verdiano.

Rede Nacional de Incubadoras

O projeto da rede nacional de incubadoras da ADEI (Agência para o Desenvolvimento Empresarial e

Inovação) visa apoiar as empresas com serviços especializados, orientação estratégica, espaço físico e

infraestrutura técnica. Esta oferta pretende fazer com que os projetos dos empreendedores que recorram a

este rede sejam mais viáveis e sustentáveis.

A rede nacional de incubadoras é um passo importante do alinhamento entre o sistema educativo e a ADEI

para a execução da estratégia de desenvolvimento para Cabo Verde. A ambição da nação é implantar esta

rede em todas as ilhas habitadas do arquipélago.

ad

Predominantemente local

Equilibrada

Estrangeira e Governo

Predominantemente estrangeira

Predominantemente Governo

Excluído

(Fonte: World Bank Staff Estimates, 2007)

Estrutura acionista bancáriaFigura 25 – Estrutura acionista bancária em África

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

135

Fiduciário Internacional, Banco Sul Atlântico, Banco Português de Negócios, Banco Montepio Geral, Banco

Espírito Santo, Banco Privado Internacional, Caixa de Crédito Agrícola Mútua e Atlantic International Bank) e

uma atuando como sociedade gestora de fundos (CA Finance, SA).

A rede de cobertura de serviços bancários viu-se reforçada, entretanto, com a criação de mais quatro novas

agências, sendo três do Banco Comercial do Atlântico e uma da Caixa Económica de Cabo Verde.

A preocupação em criar balcões de atendimento mais personalizados nasceu em 2007, com o BCA a abrir a

primeira agência deste tipo, seguido de outras instituições de crédito nos anos seguintes. Em finais de 2012, o

mercado continuava a contar com 8 balcões com essa configuração (7,2% do total dos balcões), sendo que

nem todas as Instituições de Crédito disponibilizam esse serviço através de balcões próprios, mas sim de

segmentos dentro das agências já existentes.

Tabela 35 – Estrutura do sistema bancário cabo-verdiano

Balcões Contas à ordem

Nº Taxa de

crescimento Nº

Taxa de crescimento

2012 111 1,8% 572.698 9%

2011 109 3,8% 525.486 7,4%

2010 105 15,4% 489.189 7%

2009 91 18,2% 457.326 10,3%

3.9.2. Bancarização da população85

No final de 2012, o grau de bancarização da

população cabo-verdiana atingiu 93,8%, o que

corresponde a um ligeiro acréscimo de 0,2%

comparativamente ao período homólogo. No entanto,

este rácio continua a refletir um certo enviesamento,

justificado particularmente pela abertura de mais do

que uma conta por cidadão.

A nível do rácio de balcões e da distribuição da

cobertura geográfica da rede por região, destaca-se

a zona sul do país, que participa com 57,7% (64

balcões) distribuídos por 13 dos 14 concelhos da

região, o que revela uma taxa de cobertura de

92,9%, continuando com apenas um concelho sem

cobertura. Por seu turno, a zona norte contribui com

42,3% (47 balcões) apresentando uma cobertura de

100%. No país, a cobertura é de 95,5% (21

concelhos).

Ainda no quadro da análise individual do rácio dos

balcões, o concelho da Praia apresenta-se com o

maior número de agências/balcões, somando 37

agências/balcões em 2012, representativas de cerca

de 33,3% do número total de balcões a nível nacional

e 69,8% das sedeadas na ilha de Santiago.

85 Sistema de Pagamentos – Relatório BCV 2012

< 10%

Entre 10% e 20%

Entre 20% e 30%

Entre 30% and 40%

> 40%

Não disponível

(Fonte: World Bank, Global Financial Inclusion Database, 2011)

Contas bancárias (% +15anos)Figura 26 - Contas bancárias (% +15 anos) em África

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

136

Como reflexo da crescente

penetração das

agências/balcões pelas

várias localizações no país, a

evolução da média da

cobertura da população nos

últimos cinco anos tem-se

revelado positiva, com cada

vez menos habitantes por

agência/balcão, tendo a

média em 2012 sido de,

aproximadamente, um balcão

por 4.853 habitantes (2011

era de 4.983 habitantes), de

acordo com as projeções

demográficas do INE.

Em termos de concentração da banca, continua a sobressair o domínio da ilha de Santiago, com um total de

53 balcões (47,7%).

Para as outras ilhas, o número de agências/balcões manteve-se inalterado face ao ano transato, evidenciando,

porém, ligeiras perdas de peso em termos da distribuição geográfica da banca. São Vicente destaca-se,

assim, com 13 agências, com um peso de 11,7%, seguida das ilhas do Sal e Santo Antão, ambas com 10,8%

do total das agências, com 12 agências cada. A ilha do Fogo comparticipa com 5,4% do total de balcões,

seguida da Boa Vista e São Nicolau, ambas com 4,5%, Maio com 2,7% e Brava com 1,8 % .

A configuração do setor bancário em termos de presença dos bancos pelo país mantém-se, com o Banco

Comercial do Atlântico e o Banco Cabo-verdiano de Negócios presentes em todas as ilhas habitadas,

distribuídos por 20 e 16 dos concelhos, respetivamente. A Caixa Económica de Cabo Verde continua presente

em 8 ilhas (18 concelhos) e presta serviços bancários ao público através dos Correios de Cabo Verde, nos

concelhos onde não possui estrutura própria.

Gráfico 71 – Distribuição geográfica da banca

A rede vinti4 é a única rede partilhada de caixas automáticos e terminais de pagamentos automáticos existente

no país, com grande potencial de desenvolvimento, e que abrange um número cada vez maior de serviços. A

oferta de terminais tem vindo a crescer progressivamente, tendo registado, no final de 2012, um total de 3.152

terminais instalados no país. Em termos de média, nos últimos cinco anos, o número de caixas automáticas e

terminais de pagamento automáticos cresceu 13,4% e 33,3%, respetivamente.

48%

12%

11%

11%

5%

5% 5%

3% 2%

Santiago São Vicente Santo Antão Sal Fogo Boa Vista São Nicolau Maio Brava

6540

5640

5068 4983 4853

4,000

4,500

5,000

5,500

6,000

6,500

7,000

2008 2009 2010 2011 2012

Habitantes por agência

Gráfico 70 – Evolução do número de habitantes por agências 2008-2012

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

137

A rede de caixas automáticos assegura uma cobertura a todas as ilhas e municípios do país, com uma média

de 18 terminais por ilha e 8 por concelho e disponibiliza, através dos seus terminais, uma alargada e

diversificada gama de serviços e funcionalidades aos seus utilizadores, nomeadamente, levantamento de

numerário, transferências bancárias, pagamento de serviços, consulta de saldos e de movimentos,

carregamento móvel, consulta do NIB/IBAN, entre outros.

3.9.3. Bolsa de valores86

A Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVC) foi inaugurada, em instalações próprias, em Março de 1999. O

processo de desenvolvimento da BVC começou a passar por dificuldades a partir de 2001, e só conseguiu

ultrapassá-las em finais de 2005, altura em que, num contexto macroeconómico mais favorável, se procedeu à

dinamização da BVC. A retoma foi acompanhada pelo Banco de Cabo Verde (BCV) enquanto entidade

responsável pela supervisão do Mercado de Valores Mobiliários (MVM), que operacionalizou a Auditoria Geral

do Mercado de Valores Mobiliários (AGMVM), serviço do BCV encarregue da supervisão do MVM.

Paralelamente, deu-se início a um processo de aprofundamento e reforma da regulamentação relevante.

O MVM cabo-verdiano tem vindo a crescer nos últimos anos, designadamente a partir de 2005, ano em que

foram efetuadas as primeiras ofertas públicas de títulos com admissão à cotação em mercado regulamentado.

Esta dinâmica continuou nos anos seguintes, e a 31 de dezembro de 2010 o total da capitalização bolsista

atingia ECV 24,9 mil milhões, equivalente a pouco mais de 20% do PIB. Estes indicadores colocam Cabo

Verde a par de outros países do seu nível de rendimento.

As ofertas públicas têm registado um acolhimento muito positivo por parte dos investidores, com a procura de

títulos excedendo a oferta, com rácios procura/oferta elevados em muitos casos.

Atualmente, encontram-se presentes no mercado de valores mobiliários a ELECTRA, TECNICIL, BCA, SCT,

BAICV, SOGEI, entre outras.

Refira-se ainda o crescente peso relativo do MVM dentro do sistema financeiro nacional. De 2005 a 2010, o

volume anual de recursos mobilizado pelo MVM evoluiu de cerca de 14% para cerca de 67% do volume total

do crédito interno líquido concedido pelo setor bancário.

86

Oportunidades e riscos emergentes no mercado de valores mobiliários cabo-verdiano

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

138

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

139

4.Investir em

Cabo Verde

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

140

4.Investir em Cabo Verde

4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de segurança social

4.1.1. Mercado de trabalho87

A partir da década de 90 o crescimento económico em Cabo Verde (6%) foi acompanhado por um aumento

significativo da população ativa (3,7%). De acordo com dados recentes do INE, a população residente em

Cabo Verde apresentou uma taxa média de crescimento anual perto de 2%, superando as 503 mil pessoas em

2013, estando a sua maioria localizada na ilha de Santiago. Em 2020 prevê-se que a população residente em

Cabo Verde atinja as 632 mil pessoas. A atividade económica de Cabo Verde é predominantemente marcada

pelo peso do setor dos serviços, com uma contribuição de aproximadamente 75% do valor anual do PIB,

sendo que a área do turismo, hotelaria e os serviços públicos concentram a maioria da população ativa. O

setor com menor peso na população ativa ocupada é o setor da agricultura, silvicultura e pesca.

4.1.2. Desemprego O desemprego em Cabo Verde tem verificado um aumento nos últimos anos, motivado maioritariamente pela conjuntura económica internacional e pela falta de qualificação da população, refletindo-se no aumento da taxa de desemprego, que apresentava valores na ordem dos 10,7% da população ativa em 2010, chegando aos 16,8% em 2012. Também o desemprego jovem tem verificado um acréscimo, passando de 21,3% em 2010 para 32,1% dos jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos, de acordo com os últimos dados do INE. Os níveis de desemprego jovem em Cabo Verde estão, em parte, relacionados com o abandono escolar devido aos custos associados à frequência do sistema de ensino (transporte, material e propinas).

4.1.3. Alfabetização88

O país apresenta um crescimento notável na evolução das taxas de alfabetização. Aquando da independência,

Cabo Verde já apresentava uma taxa de analfabetismo superior a 70%, enquanto em 2010 a taxa de

alfabetização atingiu 82,8% dos jovens com idade a partir dos 15 anos (77,3% das mulheres e 88,5% dos

homens, com taxas mais baixas nas áreas rurais - quase 68% das mulheres e 83% dos homens).

A taxa de alfabetização em Cabo Verde entre os 15-24 anos de idade está perto de 96%, não existindo

disparidades claras entre géneros, ou entre os níveis de rendimento.

4.1.4. Breve descrição do regime de segurança social89

Em Cabo Verde, a Segurança Social é um direito constitucionalmente consagrado.

Através do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), entidade gestora da previdência social no país, é

garantida a proteção aos trabalhadores e seus familiares nas situações de perda ou redução de capacidade

para o trabalho, em caso de doença, maternidade, paternidade, adoção, invalidez, velhice ou morte.

87 Mudança Estrutural e Crescimento Económico em Cabo Verde – Tese // www.ine.cv 88 http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article86864 e African Economic Outlook 89 Câmara de Comércio Indústria e Turismo Portugal Cabo Verde

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

141

A proteção social tem carácter obrigatório, abrangendo trabalhadores por conta de outrem (incluindo, sob

regulamentação especial, os profissionais do serviço doméstico e os membros dos órgãos estatutários de

pessoas coletivas e entidades equiparadas) e os trabalhadores liberais. A taxa de contribuições devidas é de 23%, sendo 15% devida pela entidade patronal, e 8% suportado pelo colaborador (trabalhador por conta de outrem). A taxa de previdência social devida por trabalhadores em regime liberal é de 19,5% (regime alargado).

Para o cálculo das contribuições são considerados como remunerações todos os montantes atribuídos aos

trabalhadores como contrapartida do seu trabalho.

Os trabalhadores estrangeiros que exerçam a sua atividade profissional em Cabo Verde são ainda abrangidos

pelo regime da proteção social obrigatória.

Como exceção a esse princípio, os trabalhadores estrangeiros que se encontrem temporariamente em Cabo

Verde, ao serviço de empresas nacionais ou estrangeiras, bem como de organismos internacionais, não são

abrangidos pelo sistema desde que sejam enquadrados em sistema de proteção social obrigatória nos seus

países de origem, durante os dois primeiros anos de vinculação ao empregador em Cabo Verde. Esgotado

esse período inicial, a manutenção dessa situação deverá ser requerida.

Cabo Verde celebrou um Acordo com Portugal, em matéria de Segurança Social, com o intuito de garantir a

igualdade de tratamento no acesso e na concessão de prestações sociais que decorram diretamente da

aplicação da legislação de cada uma dos países.

O financiamento destes regimes de proteção social estão a cargo das contribuições e quotizações dos

trabalhadores, contribuições das entidades empregadoras, transferências do Orçamento de Estado, receitas

próprias das Autarquias Locais, subsídios, donativos, legados e heranças, rendimentos de bens próprios e

outras receitas legalmente permitidas.

4.2. Como investir em Cabo Verde

O investimento em Cabo Verde é regulado pela Lei de Investimento, aprovada pela Lei n.º 13/VIII/2012, de junho de 2012, alterada e republicada pelo Decreto-Lei n.º34/2013, de 24 de setembro de 2013, e aplica-se a todos os investimentos de natureza económica, realizados em território Cabo-verdiano, ou no estrangeiro a partir de Cabo Verde, quer por investidores nacionais, quer por investidores estrangeiros que visem beneficiar das garantias e dos incentivos nele previstos.

Os investidores (empresas ou empresários individuais), nacionais ou estrangeiros, que pretendam operar em Cabo Verde podem fazê-lo sob diversas modalidades, nomeadamente através de aplicação de capital em ativos tangíveis e intangíveis e na constituição e aquisição de empresas, sucursais e partes sociais.

Investimento externo

São considerados investimento externo os negócios efetuados no país com recurso a capitais provenientes do exterior, suscetíveis de avaliação pecuniária, designadamente os seguintes:

Moeda livremente convertível e depositada em instituições financeiras legalmente autorizadas a operar em Cabo Verde;

Bens, serviços e direitos importados sem dispêndio cambial para o país;

Lucros, dividendos de um investimento externo reinvestidos na mesma ou outra atividade económica.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

142

A Lei de Investimento garante aos investidores estrangeiros, igualdade de tratamento, paridade de direitos, deveres e obrigações em relação aos investidores Cabo-verdianos, excecionado os casos de projetos especiais diretamente negociados pelo Governo que pela sua dimensão ou importância para o país mereçam tratamento diferenciado.

Regime excecional - Convenção de estabelecimento

A Lei de Investimentos admite a possibilidade de o investidor celebrar um contrato escrito com o Governo designado de convenção de estabelecimento que constitui um regime excecional justificado pela importância e interesse nacional do projeto que o investidor se propõe a desenvolver em Cabo Verde. Ao abrigo desse regime poderão ser estabelecidas condições especiais e diferenciadas em função do interesse e contribuição excecional do projeto para o desenvolvimento socioeconómico do país.

A Agência Cabo-verdiana de Promoção de Investimentos (Cabo Verde Investimentos)

A Agência Cabo-verdiana de Promoção de Investimentos (Cabo Verde Investimentos) é a entidade responsável pela promoção de Cabo Verde como um destino turístico e um território com condições propícias ao investimento externo.

A Cabo Verde Investimentos é, igualmente, o interlocutor institucional dos investidores que pretendam desenvolver negócios em Cabo Verde. É da sua competência aprovar e dar a conhecer aos potenciais investidores, os apoios e condições necessárias para a realização do projeto de investimento em Cabo Verde, quer sejam investidores nacionais ou estrangeiros.

Certificado de registo de Investimento e registo do Investidor Externo

No caso de investidores externos, i.e., qualquer agente que realize investimentos em Cabo Verde, por meio de contribuições provenientes do exterior, qualquer que seja a sua nacionalidade, deverão ser respeitadas as formalidades previstas na Lei de Investimentos supra referida.

Para obter a autorização para a realização de investimento externo em Cabo Verde, o certificado de

investimento deve ser obtido por via eletrónica através do Cabo Verde Investimentos.

As operações de investimento externo devem ser registadas junto do Banco de Cabo Verde, após o registo na Cabo Verde Investimentos.

Procedimentos complementares

Posteriormente à aprovação do projeto e à criação da empresa, deverão ser cumpridos os requisitos e procedimentos adicionais, nos casos em que tal seja aplicável, nomeadamente os seguintes:

Licenciamento de atividade comercial – deve ser obtido na Conservatória dos Registos Predial, Comercial e Automóvel ou na Casa do Cidadão, sendo necessário para a realização de atividades de importação, exportação e comércio por grosso ou retalho.

Licenciamento da atividade industrial – necessário para o exercício de atividade de natureza industrial, devendo ser entregue na Direção Geral de Comercio e Industria a documentação de suporte necessária à candidatura.

O Governo de Cabo Verde prepara-se para implementar uma plataforma eletrónica de investimentos, designada por “Balcão Único de Investimentos” que vai permitir, agilizar, desburocratizar e uniformar os procedimentos de investimentos no país.

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Formas de jurídicas de implementação e organização do investimento

As sociedades estrangeiras que desejem exercer a sua atividade em Cabo Verde por mais de um ano deverão instituir uma representação permanente no País (sociedade comercial ou sucursal), sob pena de responsabilização pessoal e solidária, perante terceiros, dos administradores ou gerentes da sociedade, e das pessoas que pratiquem atos em seu nome.

Os investidores, nacionais ou estrangeiros, que pretendem realizar negócios em Cabo Verde através de uma estrutura societária, podem fazê-lo adotando uma das cinco formas societárias previstas no Código de Empresas de Cabo Verde: sociedade em nome coletivo, sociedade por quotas, sociedade anónima, sociedade em comandita e sociedade cooperativa.

O investidor deverá ter conta os objetivos específicos do negócio que pretende realizar, bem como as particulares legais relativas a sociedades com determinados objetos sociais.

A legislação Cabo-verdiana admite ainda outras formas de organização e implementação de negócios nesse território, nomeadamente através de sociedades gestoras de participações sociais (SGPS), consórcios, agrupamentos de empresas, entre outros.

O processo de constituição de uma sociedade comercial em Cabo Verde pressupõe, fundamentalmente, os seguintes passos:

Certificado de admissibilidade da firma, atestando que não existe outra empresa com o mesmo nome, obtido numa Conservatória;

Registo do contrato de sociedade (a requerer ao Conservador) acompanhado dos estatutos redigidos pelos sócios;

Documento comprovativo do depósito em dinheiro do capital realizado, emitido por uma instituição bancária Cabo-Verdiana;

Após o registo na conservatória, publicar o pacto constitutivo ou os estatutos da sociedade no Boletim Oficial de Cabo Verde;

Obter, junto da Direção Geral de Contribuição e Impostos, o número de identificação fiscal da sociedade a constituir (Mod. 109) e declarar o início de atividade (Mod. 110);

Proceder ao registo da entidade na Direção do Comércio de Cabo Verde para o exercício de atividade comercial;

Efetuar a inscrição da entidade no Instituto Nacional de Providência Social, na Direção Geral do Trabalho e na Inspeção Geral do Trabalho.

Alternativamente, caso o investidor pretenda criar uma sociedade comercial, a Casa do Cidadão em Cabo Verde permite a constituição de uma sociedade comercial em tempo reduzido, através do serviço de “Empresa no Dia”.

Os documentos exigidos para a constituição de uma sociedade comercial ou forma de representação que sejam emitidos no estrangeiro devem ser traduzidos para língua portuguesa, e visados pelos Serviços Consulares de Cabo Verde no país estrangeiro, para que sejam válidos e aceites no país.

Todas as operações de investimento externo em Cabo Verde, independentemente do setor de atividade, encontram-se sujeitas a autorização prévia, não havendo restrições à opção por qualquer uma das formas jurídicas previstas na Lei de Cabo Verde para a constituição de sociedades. Importa referir que, regra geral, não é necessária a inclusão de um sócio Cabo-verdiano no momento da constituição da empresa.

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As sociedades estrangeiras podem optar pela constituição de sucursais registadas em Cabo Verde, que traduzem a extensão da personalidade jurídica reconhecida no seu país, ao invés de instituírem sociedades comerciais de direito Cabo-verdiano anteriormente referidas.

Para efeitos de registo das sucursais em Cabo Verde é necessário apresentar, para além dos documentos exigidos para o registo das sociedades comerciais em geral, um certificado emitido pelo agente consular competente ou representação equiparada no país estrangeiro onde a sociedade comercial tenha a sua sede, e comprovativo de que tal sociedade se acha constituída e funciona em harmonia com a lei desse país.

Quanto ao capital social, as Conservatórias dos Registos Comerciais admitem que a sociedade estrangeira possa afetar um capital próprio à sucursal, caso em que se exige a competente prova na instrução do respetivo registo. Se não for realizada essa afetação, considera-se como capital social da sucursal o da sociedade estrangeira que a constitui.

A sociedade estrangeira deve designar uma pessoa que represente a sucursal em Cabo Verde e obter o respetivo NIF.

A constituição e o registo de uma sucursal em Cabo Verde devem ser publicados no Boletim Oficial da República de Cabo Verde.

4.3. Incentivos e benefícios fiscais ao investimento

As entidades nacionais e estrangeiras que pretendem investir em Cabo Verde dispõem de um conjunto de benefícios e incentivos de natureza fiscal, aduaneira e financeira que abrangem diversos setores da economia Cabo-verdiana, nomeadamente os setores da indústria, energias renováveis, turismo, construção civil, transporte marítimo, serviços portuários e aeroportuários, pesquisa e investigação científica, tecnologias de informação e comunicação, financeiro, projetos de internacionalização de empresas Cabo-verdianas, entre outros.

Apenas são considerados elegíveis, para efeitos de obtenção de benefícios fiscais, os investimentos realizados à luz da Lei de investimentos e que cumpram os requisitos previstos nesse diploma.

Crédito fiscal ao investimento

Os investimentos efetuados no âmbito da Lei de Investimentos em determinados setores de atividade elencados no Código dos Benefícios fiscais beneficiam de um crédito fiscal por dedução à coleta em sede do imposto sobre o rendimento (IUR), com o limite de 50% do valor da coleta, em função da atividade desenvolvida pelo investidor, nos seguintes moldes:

50% do investimento relevante realizado nas áreas de turismo, serviços de transporte aéreo e marítimo, serviços portuários e aeroportuários, produção de energias renováveis, pesquisa e investigação científica, tecnologias de informação e comunicação.

30% do investimento relevante realizado nas demais áreas.

As parcelas do crédito fiscal que não sejam utilizadas num determinado exercício, podem ser deduzidas nos exercícios seguintes, até ao limite máximo de 10 anos a contar da data de início do investimento ou de início da exploração, consoante o caso.

Os incentivos ao investimento podem ainda assumir a forma de:

Isenção de direitos aduaneiros relativamente a bens, materiais e equipamentos destinados a serem incorporados no projeto de investimento;

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Isenção de Imposto de Selo sobre os financiamentos obtidos para o projeto de investimento;

Dedução à coleta derivado da criação de emprego;

Majoração de custos e encargos com formação para colaboradores;

Possibilidade de isenção de Imposto Único sobre o Património (IUP), relativamente a imóveis que

sejam adquiridos para instalação e construção de edifícios destinados a instalação do projeto, mediante a decisão da respetiva Câmara Municipal.

Benefícios fiscais contratuais

O investidor, atendendo à dimensão e relevância do projeto de investimento, está habilitado pela Lei de Investimento e pelo Código dos Benefícios Fiscais a negociar e celebrar com o Governo de Cabo Verde um acordo designado por convenção de estabelecimento relativamente aos incentivos e benefícios fiscais a conceder ao projeto de investimento, desde que o mesmo seja revelante para o desenvolvimento da economia do país e cumpra ainda, cumulativamente, os seguintes requisitos:

Valor do investimento ser superior a ECV 10 mil milhões (aproximadamente 90.690.600 Euros);

Criação de pelo menos 100 postos de trabalho diretos, no prazo máximo de 3 anos.

Os impostos que podem ser objeto de negociação no âmbito da convenção de estabelecimento são os seguintes: o IUR sobre o rendimento de empresas e particulares, o IUP, o imposto de selo e os direitos aduaneiros.

Todavia, os benefícios a conceder não poderão, no seu conjunto, exceder 1/5 da taxa efetiva em vigor.

A convenção de estabelecimento deverá ser aprovada sob a forma de resolução em Conselho de Ministros, e publicada no Boletim Oficial da República de Cabo Verde.

Benefícios fiscais associados à internacionalização

Também em regime contratual, os investidores que pretendam desenvolver projetos vocacionados para a internacionalização da economia Cabo-verdiana podem usufruir de um conjunto de benefícios fiscais atribuídos pelo Governo, desde que demonstrem a viabilidade técnica e económica e económica do projeto.

Para o efeito é necessário que os investidores instruam um processo de candidatura que visa demonstrar que o projeto está capacitado tecnicamente e economicamente, o qual deverá ser submetido à apreciação da CI, enquanto organismo gestor.

Mediante o parecer favorável da CI, o investidor fica autorizado a celebrar um contrato de concessão com o Governo, regra geral por um período de 3 anos. No entanto, os projetos de internacionalização que envolvam investimento no valor de 15.000.000 CVE, podem ter o prazo do contrato prorrogado até 5 anos.

Os benefícios fiscais a conceder ao investidor podem assumir a forma de redução de 50% da taxa de IUR sobre os lucros resultantes do projeto de internacionalização, até ao fim do termo do contrato de concessão de incentivos. Adicionalmente, é ainda concedida isenção de IUR aos trabalhadores qualificados e expatriados, bem como aos cidadãos cabo-verdianos, mediante determinadas condições.

Os investimentos realizados neste âmbito podem ainda beneficiar de outros incentivos, nomeadamente isenção de imposto de selo, isenção de direitos e taxas aduaneiras, possibilidade de isenção de IUP na aquisição de imóveis para o projeto mediante decisão da respetiva Câmara Municipal, e isenção de emolumentos e outras imposições notariais na constituição e registo de empresas, sob a forma de sociedade comercial ou empresa em nome individual.

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Benefícios Aduaneiros

Para além dos benefícios aduaneiros previstos nos casos específicos anteriormente referidos, o Código dos Benefícios Fiscais consagra um capítulo específico aos incentivos aduaneiros sobre importação de bens, equipamentos, matérias – primas, matérias subsidiárias, embalagens, equipamentos de transporte material de construção, bem como outros bens que sejam necessários para a implementação e desenvolvimento dos investimentos efetuados nos setores de:

Agricultura, pecuária e pescas;

Indústria;

Aeronáutica civil;

Transporte marítimo;

Comunicação social.

O reconhecimento dos benefícios fiscais aduaneiros depende de vistoria das autoridades aduaneiras que visa verificar a aplicação efetiva dos bens nos projetos de investimento. Para o efeito, o caderno de encargos e lista de bens devem ser previamente submetida à apreciação das autoridades aduaneiras.

Benefícios fiscais à construção, reabilitação e aquisição de habitações de interesse social, no âmbito do programa “ Casa para Todos”

As entidade construtoras, credenciadas junto do CCC-SNHIS (Comissão de Coordenação e Credenciação do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social), podem beneficiar de:

Em certas condições, o IUR incide apenas sobre 30% dos rendimentos derivados da atividade desenvolvida no âmbito do projeto de habitação de interesse social;

Reembolso de 80% do IVA suportado no mercado interno, no caso de serem praticadas exclusivamente operações isentas sem direito à dedução;

Redução em 75% dos direitos de importação sobre materiais de construção listados em anexo ao diploma.

Benefícios Instituições Financeiras Internacionais (IFI)

As IFI gozam de um regime fiscal mais favorável, como forma de incentivo desse tipo de atividades em Cabo Verde, que se traduz em isenção de tributação, até 31 de Dezembro de 2017, sobre os lucros derivados do exercício da sua atividade.

Após esse período, passam a beneficiar de uma tributação de IUR à taxa reduzida de 2,5%.

As IFI gozam de isenção de direitos aduaneiros na importação de materiais e de bens de equipamentos que se destinem exclusivamente à sua instalação.

Adicionalmente, encontram-se isentos de imposto de selo todos os atos e operações (comissões, financiamento, etc.) praticados pelas IFI que estejam sujeitas a esse imposto.

O regime fiscal associado aos fundos de investimento constituídos de acordo com a legislação Cabo-verdiana (fundos de investimentos mobiliários, fundos de capital de risco, fundos de poupança, fundos de poupança em ações) é bastante vantajoso na medida em que, regra geral, isenta de tributação os rendimentos obtidos na esfera dos fundos.

Importa notar, contudo, que o regime fiscal não é de completa isenção. O regime contém algumas particularidades de tributação, determinadas em função do tipo de fundos e também da natureza do rendimento em questão. Encontram-se por exemplo nessa situação o caso das mais-valias obtidas pelos fundos de investimentos mobiliários que são tributadas à taxa autónoma de 10%, e os rendimentos prediais e

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mais-valias prediais obtidos pelos fundos imobiliários que são tributados autonomamente, à taxa de 10% e 7,5%, respetivamente.

O regime é igualmente vantajoso para os participantes dos fundos mobiliários e imobiliários, titulares das unidades de participação (UP), cujos rendimentos derivados das UP encontram-se isentos de tributação. Ficam excluídos dessa regra os rendimentos obtidos pelos participantes em fundos de poupança cuja tributação depende da natureza do rendimento e das circunstâncias do resgate, bem como os rendimentos obtidos pelos subscritores dos fundos de poupança em ações, aquando do encerramento desses fundos.

Nesse contexto, o investidor deverá consultar e obter informações detalhadas sobre regime fiscal aplicável ao tipo de fundo em concreto.

Benefícios fiscais à Bolsa de Valores

O Código dos Benefícios Fiscais prevê alguns incentivos que visam dinamizar as atividades da BVC e o mercado de valores mobiliários em Cabo Verde. Nesse contexto, serão tributados à taxa liberatória de 5%, até 31 de dezembro de 2017, os rendimentos de obrigações ou produtos de natureza análoga, com colocação pública e cotadas na BVC.

Os dividendos das ações cotadas em Bolsa não são sujeitos a tributação, desde que sejam colocados à disposição até 31 de dezembro de 2017.

As entidades dedicadas à intermediação financeira em valores mobiliários na BVC encontram-se isentas de IUR durante os 3 primeiros da sua atividade.

Benefícios fiscais das Sociedades Gestoras de Participações Sociais

O Código dos Benefícios Fiscais prevê que as mais-valias obtidas na alienação de participações sociais detidas por SGPS há pelo menos 1 ano não são sujeitas a imposto.

Os dividendos distribuídos pelas participadas à SGPS e os dividendos distribuídos pelas SGPS aos seus acionistas não são objeto de tributação.

Não são dedutíveis para efeitos fiscais as menos-valias realizadas com alienação de partes sociais, bem como os encargos financeiros suportados para a respetiva aquisição.

Centro Internacional de Negócios de Cabo Verde (CIN)

Cabo Verde criou um Centro Internacional de Negócios de Cabo Verde (CIN), que surge da necessidade de promoção do comércio internacional e de fomento de investimentos com potencial exportador, com a finalidade de contribuir para o desenvolvimento económico e social de Cabo Verde. Neste quadro, foi autorizado o licenciamento de entidades vocacionadas para o exercício das atividades de natureza industrial, comercial ou de prestação de serviços e destinadas ao comércio internacional, às quais foram concedidos um conjunto de benefícios fiscais.

O CIN compreende duas zonas geograficamente vedadas correspondentes ao Centro Internacional de Industrial (CII) e ao Centro Internacional de Comércio (CIC). O Centro Internacional de Serviços (CIS) corresponde ao território de Cabo Verde.

As entidades que pretendem desenvolver uma dessas atividades no CIN deverão solicitar uma licença para efeito.

A concessão da licença depende da avaliação da idoneidade da entidade requerente e do interesse da atividade a desenvolver.

Às entidades licenciadas para operarem no CIN podem beneficiar de um conjunto de benefícios fiscais relativamente aos rendimentos auferidos no exercício das atividades de natureza industrial ou comercial ou de

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prestação de serviços, que sejam obtidos através de atividades mantidas exclusivamente com outras entidades licenciadas ou com entidades não residentes em Cabo Verde.

Nesse âmbito são aplicáveis, até 2025, as seguintes taxas reduzidas de IUR:

7,5% para entidades com 5 ou mais trabalhadores dependentes;

5% para entidades com 20 ou mais trabalhadores dependentes;

2,5% para entidades com 50 ou mais trabalhadores dependentes;

2,5% para entidades no Centro Internacional de Prestação de Serviços com o mínimo de 2 postos de trabalho criados.

A aplicação das taxas reduzidas de IUR depende da criação de um mínimo de 5 postos de trabalho no caso de entidades que desenvolvam atividades industriais ou comerciais.

As entidades licenciadas no CIN estão isentas de direitos aduaneiros na importação de um conjunto de bens e materiais destinados ao desenvolvimento da atividade da empresa. Essas entidades gozam ainda de isenção de imposto de selo na constituição de empresas ou no aumento de capital, bem como nas operações de financiamento.

O Código de Benefícios Fiscais prevê a possibilidade de as entidades licenciadas no CIN obterem, de forma condicionada, isenção de IUP relativamente aos imóveis adquiridos para instalação ou expansão das suas atividades. Neste caso, a concessão deste benefício fica condicionada à decisão da respetiva Câmara Municipal.

Os benefícios fiscais não são aplicáveis a atividades exercidas no âmbito do turismo, banca, seguros,

imobiliária e construção civil.

4.4. Outros mecanismos de financiamento

O meio privilegiado para o investimento em Cabo Verde é a banca comercial do país, a par da banca

comercial do país de origem do investimento.

Adicionalmente diversos países disponibilizam linhas de crédito não só com o intuito de facilitar e promover as suas próprias exportações para Cabo Verde, mas igualmente para promover o investimento neste país.

Do ponto de vista interno, o regime de internacionalização de empresas Cabo-verdianas prevê a constituição de um Fundo de Apoio à Internacionalização dotado de um capital inicial de 100 milhões de escudos, subscrito integralmente pelo Estado, em condições a definir em diploma próprio. O apoio desde Fundo visa conceder subvenções sob a forma de comparticipações a fundo perdido aos projetos considerados elegíveis no âmbito do regime de internacionalização. Essas subvenções incidem, nomeadamente sobre as seguintes ações: licenças e alvarás, consultoria externa, missões empresariais organizadas pela Cabo Verde Investimentos, ou por entidade devidamente mantada para o efeito, campanhas promocionais no estrangeiro (incluindo material promocional).

Portugal dispõe de linhas de crédito específicas de apoio à internacionalização das empresas e à exportação, sendo de salientar a linha de crédito ao importador do bem com origem em Portugal, com o apoio da Caixa Geral de Depósitos. No caso concreto de Cabo Verde, a Promotora, empresa do Grupo CGD, apoia e promove investimentos no setor privado e na inovação, através da participação temporária no capital dos projetos ou empresas, fornecendo formação e aconselhamento na área empresarial e financeira e disponibilizando soluções técnicas para investimentos neste território.

Importa igualmente destacar a existência da International Premium Unit do Banco Espirito Santo, que oferece às empresas portuguesas um serviço especializado de apoio à internacionalização, quer através de apoio à

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exportação, quer através de apoios ao IDE, disponibilizando soluções em vários mercados, nos quais se inclui Cabo Verde.

O MCA, através do segundo pacto de financiamento, o Millenium Challenge Account (MCA) disponibilizou a Cabo Verde cerca de 50 milhões de euros que visam apoiar parceiros nacionais e internacionais no desenvolvimento das condições de acesso à água e saneamento e gestão dos registos de propriedade sobre terrenos para facilitar os projetos de investimento.

Entre os métodos de financiamento disponíveis para investidores à procura de desenvolver atividade económica em Cabo Verde, encontra-se também o SOFID, destinado a empresas detidas no mínimo em 20% por agentes de naturalidade portuguesa. Esta instituição financeira de desenvolvimento apoia projetos de investimento sustentável, privilegiando os países da CPLP e concedendo financiamentos entre os 250 mil Euros e os 2,5 milhões de Euros. Os apoios estão disponíveis para investimentos em todos os setores que sejam considerados como relevantes para o desenvolvimento sustentável, como a agro-indústria, a energia e o turismo.

Existem vários mecanismos alternativos para investir em Cabo Verde, sendo que alguns dos bancos comerciais que operam no país recorrem a financiamento junto de instituições financeiras multilaterais, como o Banco Africano de Desenvolvimento, o Banco Europeu de Investimento, o Fundo Europeu de Desenvolvimento ou o Banco Mundial, recebendo fundos que permitem a concessão de crédito à economia e às empresas.

Para grandes projetos de investimento com impacto económico em países em desenvolvimento, e cujo plano de investimento permita desenvolver a economia local, existem instrumentos financeiros disponibilizados pelas referidas instituições financeiras multilaterais destinados ao apoio direto às empresas interessadas em realizar investimentos nestes países.

Outro instrumento disponível para o financiamento de investimentos de grande dimensão e com reconhecido impacto económico é o Fundo de Cooperação China-Países de Língua Portuguesa.

Este fundo, criado em 2010 com intuito de fortalecer a cooperação e as relações de investimento entre a China e os países de língua Portuguesa, disponibiliza um total de US$ mil milhões para projetos de investimento que promovam a melhoria da qualidade de vida das populações e o desenvolvimento social e económico dos países destinatários do financiamento. Um dos critérios elegíveis para obtenção do financiamento é a aposta na utilização de tecnologia industrial avançada.

O acesso a este fundo faz-se através do preenchimento da candidatura por parte da empresa ou investidor interessado, e depende da decisão da comissão de investimento, composta por membros da equipa de gestão do fundo. Os montantes máximos de investimento em cada projeto são determinados pela equipa de gestão do fundo e podem variar entre 5 e 20 US$ milhões.

No que se refere aos veículos de investimentos, o fundo admite a utilização de diversos instrumentos, adaptados em função das caraterísticas das empresas e da natureza dos projetos. Nesse sentido, para além dos instrumentos de capital diretos, tais como ações ordinárias de empresas ou projetos, admite-se ainda investimentos de quase capital ( instrumentos híbridos de capital e obrigações convertíveis).

Para além destas entidades, existem na Europa Instituições Financeiras ao Desenvolvimento (IFD), que financiam projetos de investimento em países em desenvolvimento mediante o cumprimento de um conjunto de requisitos, onde se inclui, a contribuição para o desenvolvimento económico do país alvo do investimento a realizar.

Estas instituições representam uma fonte de financiamento importante para investimentos em países em desenvolvimento, uma vez que beneficiam de apoios do Estado Europeu de origem e do acesso a fundos comunitários orientados para o apoio ao desenvolvimento permitindo-lhes financiar projetos de

O Banco Mundial tem neste momento 4 projetos ativos em Cabo Verde, num valor total de US$ 94 milhões.

Estes projetos visam promover a renovação do setor dos transportes, a recuperação e reforma do setor da eletricidade e o desenvolvimento do Programa de pescas regional da África Ocidental.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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internacionalização de pequenas e médias empresas a condições de mercado mais competitivas, por prazos mais longos e com instrumentos alternativos que permitem diminuir os riscos da operação.

As IFD europeias constituíram uma associação designada por European Development Finance Institutions (EDFI), que no final do ano de 2012, detinha um portfolio de 4.705 projetos num total de cerca de 26 mil milhões de euros, sendo que só no ano de 2012 foram aprovados 4,7 mil milhões de euros a aplicar em 714 novos projetos.

Contudo, nem todas as áreas ou setores de atividades são elegíveis para efeitos de atribuição de financiamento.

Regra geral, os produtos financeiros disponibilizados pelas IFD são:

Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros de mercado;

Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros bonificados;

Participações de capital;

Financiamento “mezzanine”;

Garantias;

Donativos destinados ao financiamento de atividades específicas nos países de menor rendimento;

Produtos de gestão de risco; Apoio à realização de estudos de sustentabilidade do projeto.

Fonte: Relatório Anual EDFI 2012

Ao nível das soluções de financiamento internacionais importa também referir a African Finance Corporation (AFC) que, em parceria com uma das maiores Instituições Financeiras de apoio ao desenvolvimento, a holandesa FMO, apresentam um conjunto de soluções para o desenvolvimento e financiamento de infraestruturas, e ativos industriais e financeiros. Estas instituições visam, em conjunto com parceiros nacionais e internacionais, suprir as necessidades de planeamento e financiamento iniciais adequados ao desenvolvimento dos projetos de investimento apoiados.

Também relevante ao nível de projetos de desenvolvimento em Cabo Verde é a intervenção do Grão-Ducado do Luxemburgo, através do financiamento de investimentos nas áreas da saúde, educação, desenvolvimento rural, desenvolvimento social, saneamento, habitações sociais, recursos humanos e meio ambiente.

51% 46%

3%

Modalidades de financiamento EDFI - 2012

Participações de capital e equiparáveis

Empréstimos

Subvenções

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

151

4.5. Competitividade de Cabo Verde no contexto regional

4.5.1. Atratividade do país no contexto regional O relatório do Banco Mundial sobre a facilidade de fazer negócio indica que Cabo Verde encontra-se na posição 122 a nível global, uma classificação que se fica a dever, em parte, à dificuldade de obtenção de alvarás de construção devido aos custos e burocracia associados à concretização desse processo, e também aos custos associados à constituição de um negócio. Com base nesse mesmo relatório, verifica-se que no contexto da CEDEAO, Cabo Verde afigura-se como um dos territórios mais abertos à constituição de novos negócios comparativamente com os restantes países membros da região, sendo apenas superado pelo Gana.

Tabela 36- Doing Business 2013 – Posição por país da CEDEAO

Países Facilidade de

se fazer negócios

Abertura de empresas

Obtenção de alvarás de construção

Obtenção eletricidade

Registo de propriedade

Obtenção de crédito

Gana 64 112 162 63 45 23

Cabo Verde

122 129 122 106 69 104

Nigéria 131 119 88 178 182 23

Serra Leoa

140 76 173 176 167 83

Gâmbia 147 123 90 119 120 159

Libéria 149 38 126 145 178 104

Mali 151 118 99 115 91 129

Burkina Faso

153 120 64 139 113 129

Togo 156 164 137 89 160 129

Senegal 166 102 133 180 173 129

Benim 175 153 111 141 133 129

Níger 176 167 160 118 87 129

Costa do Marfim

177 176 169 153 159 129

Guiné 178 158 152 88 151 154

Guiné-Bissau

179 148 117 182 180 129

Da análise dos fluxos de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) em Cabo Verde disponibilizados pela UNCTAD e pelo African Economic Outlook do Banco Mundial, verifica-se que posição de Cabo Verde no ranking de facilidade de fazer negócio poderá ser uma das causas para o reduzido valor do IDE neste país, quando comparado no contexto da CEDEAO.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

152

Nigéria 45%

Gana 21%

Libéria 9%

Níger 5%

Guiné 5%

Serra Leoa 5%

Cabo Verde 0.45%

Nigéria

Gana

Libéria

Níger

Guiné

Serra Leoa

Costa do Marfim

Senegal

Mali

Togo

Benim

Gâmbia

Cabo Verde

Burkina Faso

Guiné-Bissau

Gráfico 72 - Valores (milhões US$) e percentagens de IDE na CEDEAO no ano de 2012

Os fluxos de IDE para o país verificaram aumentos significativos até 2008, motivados pelos investimentos ocorridos no setor do turismo e da imobiliária, aliados pela atividade desenvolvida pela agência Cabo-Verdiana de investimentos (a Cabo Verde Investimentos) que promoveu Cabo Verde como um destino atrativo para o investimento. Contudo, de acordo com dados da UNCTAD, entre 2008 e 2012, o nível de IDE em Cabo Verde sofreu uma redução significativa, passando de valores acima dos US$ 200 milhões em 2008 para montantes a rondar os US$ 71 milhões no ano de 2012.

Gráfico 73 – Evolução do fluxo de IDE para Cabo Verde 2007 - 2012

Fonte: UNCSTAD/2013

Para além de ser uma economia sensível a choques externos como a crise financeira, Cabo Verde debate-se com alguns entraves que ajudarão a explicar a redução do IDE no território, como a escassez de recursos naturais, ou a falta de infraestruturas. Neste sentido, importa destacar o esforço que tem sido feito pelo Governo de Cabo Verde, que adotou um programa de investimento público, acompanhado de um conjunto de estímulos fiscais e simplificação dos formalismos administrativos para formalização de negócios, com o intuito de contrariar não só a diminuição do IDE, como a quebra do PIB e tornar Cabo Verde num destino de investimento atrativo.

0

1,000

2,000

3,000

4,000

5,000

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7,000

8,000

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

153

Porém, considerando os montantes globais de IDE na CEDEAO, observa-se uma tendência crescente.

Gráfico 74 – Evolução do fluxo de IDE para a CEDEAO 2007 - 2012

Fonte: UNCSTAD/2013

Contrariamente ao que se verificou em Cabo Verde desde 2008, os fluxos de IDE na CEDEAO têm registado, exceção feita ao ano de 2010, aumentos significativos, principalmente apoiados no crescimento de países como o Nigéria, Gana, Níger e Libéria.

Nesta região, Nigéria e Gana foram, em 2012, os principais destinos dos fluxos de IDE, apesar de todos os constrangimentos burocráticos e legais colocados ao investidor no momento de começar o seu negócio, revelando o potencial de crescimento destas economias ao nível da captação de IDE.

Cabo Verde representa menos de 1% do montante global de IDE na CEDEAO. Com a recente especialização da economia no turismo e hotelaria, a grande maioria do IDE realizado neste território nos últimos anos tem sido concentrado nestes setores levando, simultaneamente, ao desenvolvimento dos setores da construção e do imobiliário, particularmente nas ilhas do Sal e Boa Vista. De acordo com dados da AICEP, a indústria, que era anteriormente o setor que recolhia a maior fatia do IDE em Cabo Verde, representa atualmente apenas cerca de 2% do montante total de investimento no território.

As expetativas para os próximos anos são de aumento quer do investimento privado, (e consequentemente do IDE), que deverão substituir gradualmente os níveis de investimento público que se verificam atualmente. De acordo com o Banco de Cabo Verde, espera-se um crescimento do IDE de cerca de 1,5%, motivado pelos investimentos em grandes empreendimentos turísticos nas ilhas do Sal e Boa Vista ,na aplicação de um conjunto de reformas previstas pelo Governo que visam reduzir a corrupção e facilitar a realização de negócios em Cabo Verde. Sendo a Europa a maior fonte de investimento externo em Cabo Verde, a melhoria da conjuntura ao nível da zona euro poderá também significar um aumento dos fluxos de IDE para o país nos próximos anos.

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Em 2012 menos de 1% do IDE na CEDEAO foi investido em Cabo Verde

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

154

4.6. Principais constrangimentos ao IDE e exportação

4.6.1. Exportações – barreiras aduaneiras: tarifas, barreiras não tarifárias, outros impedimentos

As operações de exportação e importação de bens encontram-se sujeitas ao controlo alfandegário e devem

obedecer as regras e requisitos previstos no Código Alfandegário e no diploma que regula o Comércio Externo

(Decreto-lei n.68 /2005). Com adesão à Organização Mundial de Comércio (OMC), o Governo de Cabo Verde teve de adotar medidas legislativas consentâneas com as regras e orientações gerais da OMC, que se traduziram na adoção de medidas para simplificar os procedimentos de registo e licenciamento das atividades relacionadas com comércio externo, e na aprovação de um novo Código Aduaneiro. Nesse contexto, as declarações aduaneiras de importação e exportação passem a ser efetuadas pelos importadores e exportadores ou pelos seus despachantes oficiais diretamente nas alfândegas através da Declaração Única Aduaneira (DUA).

A importação de mercadorias pode ser efetuada através de 3 modalidades distintas:

Importações dispensadas de licenciamento:

Que incluem a importação de mercadorias sem valor comercial, operações de aperfeiçoamento de ativo e passivo, importações temporárias ou reimportações, mercadorias sujeitas a regimes aduaneiros especiais, mercadorias destinadas a consumo no recinto de congressos, mercadorias apreendidas ou abandonadas e mercadorias importadas sem dispêndio de divisas.

Importações sujeitas a licenciamento automático:

Onde estão abrangidas todas as mercadorias não isentas, exceção feita às que se encontram sujeitas ao licenciamento não automático.

Importações sujeitas a licenciamento não automático:

Abrangendo as mercadorias sujeitas a controles sanitários, fitossanitários e de segurança e mercadorias sujeitas a restrições definidas por lei.

Nos casos de importações sujeitas a licenciamento não automático, o pedido de importação a entregar nas alfândegas deverá ser acompanhado de certificado de conformidade, emitido pelas autoridades competentes, responsáveis pelos controles anteriormente referidos.

A decisão relativa ao licenciamento é conhecida no prazo máximo de 21 dias.

Relativamente à importação de produtos alimentares, estes devem respeitar as normas gerais de higiene e rotulagem, assim como os direitos dos consumidores, tal como definido nos respetivos diplomas legais.

O Código Aduaneiro admite a possibilidade de proibições na importação e exportação de mercadorias, nomeadamente nos casos em que essas operações não cumprem com os requisitos legalmente exigidos, tais como obtenção de licenças e autorizações, quando requeridas.

O Código Aduaneiro proíbe o comércio de mercadorias que infrinjam direitos de propriedade de intelectual, legalmente tutelados, ao abrigo da legislação Cabo-verdiana ou convenção vigente.

O comércio de espécies da fauna e flora em vias de extinção, suas partes ou produtos delas fabricados (como por exemplo a tartaruga), deve obedecer os requisitos específicos previstos em legislação própria, aprovada em conformidade com as diretrizes e orientações da Convenção de Washington nessa matéria.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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Admite-se ainda a existência de restrições específicas na importação ou exportação de mercadorias, ditadas, por razões de segurança e garantia, designadamente no que respeita ao peso, navios destinados ao transporte de mercadorias, bem como as regras especiais de acondicionamento de mercadorias sensíveis ou perigosas.

O Código Aduaneiro prevê regimes aduaneiros especiais, tais como o entreposto aduaneiro, o aperfeiçoamento ativo, a importação temporária, a exportação temporária, a transformação sob controlo aduaneiro.

Encargos aduaneiros

As taxas aduaneiras variam entre 0% e 50%, de acordo com a Pauta Aduaneira de Cabo Verde, aprovada em 2010. Para honrar os compromissos assumidos com a OMC, especificamente a redução de taxas aduaneiras, a Pauta Aduaneira tem vindo a ser sucessivamente alterada.

A nomenclatura da Pauta Aduaneira vigente Cabo Verde encontra-se harmonizada com a Pauta Aduaneira dos Estados que compõem a região económica da CEDEAO, da qual Cabo Verde é membro.

O Código Aduaneiro admite a possibilidade das mercadorias serem comercializadas ao abrigo de regimes pautais preferenciais previstas em acordos celebrados por Cabo Verde com outros Estados.

No âmbito da CEDEAO, é permitida a exportação a partir de Cabo Verde, com redução ou isenção de tarifas aduaneiras, mediante a apresentação do certificado de origem.

Além dos direitos aduaneiros, a importação de bens em Cabo Verde encontra-se, fundamentalmente, sujeita aos seguintes outros impostos e taxas:

- Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) – A taxa aplicável é de 15%;

- Taxa de Consumos Especiais – Aplicável a bens considerados de luxo ou supérfluos. As taxas variam de 10% a 150%;

- Taxa Ecológica - Aplicável a embalagens não biodegradáveis. As taxas variam de 2 CVE a 100 CVE, e é cobrada em função de unidade, peso ou medida do produto importado.

- Taxa Estatística Aduaneira – Introduzida pela Lei do Orçamento para 2013. É a contrapartida de serviços prestados pelas Alfandegas através do sistema SYDONIA ++. As taxas variam entre 1.500 CVE a 6.000CVE.

4.6.2. Entradas e saídas de capitais

Transferências de fundos para o exterior

A legislação Cabo-verdiana garante aos investidores que realizem investimento externo em Cabo Verde,

independentemente da sua nacionalidade, o direito de converter em qualquer moeda e transferir para o

exterior todos os rendimentos provenientes do seu investimento, incluindo lucros, dividendos, juros,

comissões, rendimentos provenientes da venda de ações e compensação por expropriações ou perdas, desde

que o investimento se encontre registado junto do Banco de Cabo Verde.

Os investidores externos têm o direito de transferir para o exterior o capital inicial e o adicional relacionado

com o investimento, depois de cumpridas as obrigações a que estiverem sujeitos.

As transferências de rendimento para o exterior devem ser autorizadas pelo Banco de Cabo Verde, no prazo

máximo de 30 dias a contar da data em que é efetuado o pedido de transferência, havendo lugar ao

pagamento de juros à taxa Libor a 30 dias caso a resposta não seja obtida dentro do prazo.

É igualmente garantido aos trabalhadores estrangeiros e os Cabo-verdianos que à data da contratação

residam no exterior há mais de cinco anos, e que prestem serviços para empresas financiadas com recursos

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156

provenientes do exterior, beneficiam de idênticas garantias quanto à transferência de fundos para o exterior,

desde que seja observada a obrigação de registo junto do Banco de Cabo Verde e sejam cumpridas todas as

obrigações fiscais.

Contas em divisas

A legislação Cabo-verdiana prevê ainda a possibilidade dos investidores externos serem titulares de contas

em moeda convertível, junto das instituições financeiras estabelecidas no país, mediante autorização do

Banco de Cabo Verde, através das quais podem realizar operações com o exterior.

Operações correntes e de capitais

As operações correntes e de capitais encontram-se reguladas na legislação de Cabo Verde, estando sujeitas à

supervisão e regulamentação do Banco de Cabo Verde.

As operações efetuadas entre entidades residentes e não residentes em Cabo Verde que envolvam a

importação e exportação de capitais podem ser objeto de verificação pelo Banco de Cabo Verde.

O Banco de Cabo Verde poderá requerer aos intervenientes envolvidos nas operações que impliquem transferências de capitais, os elementos indispensáveis à identificação e verificação dos intervenientes e das operações, de acordo com as instruções técnicas disponibilizadas pelo mesmo.

No caso das operações de capitais serem realizadas por não residentes, o pedido de autorização deverá ser apresentado por intermédio de um representante com residência em Cabo Verde, acompanhado da identificação dos sujeitos, montante, prazos, condições financeiras e data para a realização da operação.

Ficam sujeitas a verificação prévia pelo Banco de Cabo Verde, designadamente as seguintes operações:

- Transferências relativas a operações correntes, de montante superior a 1 milhão de escudos;

- Transferências relativas a liquidação de prestação de serviços ou a rendimentos de montante superior a 5 milhões de escudos;

- Transferências relativas a pagamentos ou recebimentos antecipados em mais de 3 meses, cujo montante exceda 1 milhão de escudos e represente mais de 35% do valor contratual.

O pedido de verificação prévia considera-se tacitamente aprovado decorridos 7 dias úteis, a contar da data em que o pedido deu entrada no Banco de Cabo Verde.

Transporte de valores

O transporte de montantes superiores a 9.070 € na forma de moeda nacional ou estrangeira, de títulos ao

portador ou ouro deve ser obrigatoriamente declarado pelo respetivo portador às autoridades alfandegárias,

aquando da entrada ou saída do território Cabo-verdiano.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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4.6.3. Estabilidade legal e fiscal – Barreiras legais, fiscais e regulamentares

Garantias Legais

A Lei de investimentos assenta em princípios e direitos fundamentais de um Estado de Direito, tutelados na

Constituição de Cabo Verde, que concedem aos investidores as seguintes garantias:

Princípio de não discriminação, independentemente da sua nacionalidade, sendo prevista a possibilidade de o Estado dispensar apoio e tratamento especiais, através de convenção de estabelecimento, a projetos de investimento cuja natureza ou dimensão os justifique;

Garantias de segurança e proteção jurídica contra quaisquer medidas de requisição, nacionalização

ou expropriação direta ou indireta da sua propriedade privada;

Garantia de completa e justa compensação em casos, devidamente justificados de expropriação ou nacionalização de bens privados, baseada no valor real e atual do investimento à data da declaração de utilidade pública;

Liberdade de iniciativa privada;

Direito à propriedade privada;

Direito de acesso aos meios jurisdicionais ou arbitrais para resolução dos seus diferendos e litígios.

Sistema Fiscal

O regime fiscal Cabo-verdiano tem sido objeto de revisão durante os últimos anos no sentido de o simplificar,

de forma a promover o país como um território atrativo para investidores nacionais e internacionais e de o

convergir com os sistemas fiscais dos países de origem dos investidores.

Para uma melhor compressão do sistema fiscal Cabo-verdiano, importa ter em consideração os principais

impostos e taxas.

Tabela 37 - Quadro resumo com os principais impostos vigentes em Cabo Verde

Imposto Taxa Sujeito passivo/base tributável

Imposto Único sobre o Rendimento

(Pessoas Singulares)

Taxas Progressivas (entre 11,67% e 35%)

Pessoas singulares residentes em Cabo Verde por período anual superior a 183 dias ou que mantenham residência habitual em Cabo Verde a 31 de dezembro do em referência;

Incide unicamente sobre rendimentos obtidos em Cabo Verde, excluindo-se aqueles que foram obtidos fora do território do país;

Os rendimentos obtidos por pessoas singulares dividem-se pelas seguintes categorias: Categoria A – rendimentos prediais; Categoria B – rendimentos industriais e comerciais (incluindo mais-valias e prestações de serviços); Categoria C – rendimentos de capitais e outros rendimentos provenientes de jogos; Categoria D – rendimentos de trabalho dependente e independente incluindo pensões.

Imposto Único sobre o Rendimento (Pessoas Coletivas)

25% (acrescido de taxa de incêndio de 2% nas cidades da Praia e do

Mindelo)

Pessoas coletivas residentes em Cabo Verde e pessoas coletivas não residentes mas que aí possuam estabelecimento estável, ou que obtenham rendimentos no território;

Entidades são tributadas de acordo com o seu lucro tributável deduzido de prejuízos e benefícios fiscais caso os haja;

O pagamento é feito em 3 momentos: liquidação provisória de 30% do montante pago no exercício anterior até 31 de janeiro; 50% do montante devido deduzido da liquidação provisória com a entrega da declaração anual; remanescente de acordo com liquidação corretiva efetuada pelas Autoridades Fiscais de Cabo Verde.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

158

Imposto Taxa Sujeito passivo/base tributável

Imposto Único sobre o Património

1.5%

Pessoas singulares ou coletivas, residentes ou não residentes, que detenham ou usufruam de bens imóveis localizados em Cabo Verde;

Incide o valor patrimonial dos prédios situados no território;

Incide sobre transmissões gratuitas e onerosas de imóveis;

Incide sobre mais-valias resultantes da valorização de terrenos e transmissões de edifícios ou outros bens imóveis;

Incide sobre o valor das operações societárias sujeitas a escritura pública.

Imposto sobre o Valor Acrescentado 15%

Transmissão de bens, prestação de serviços e importação.

Imposto do Selo Variável (0,5% a 15%) Atos notariais de registo e emolumentos, arrendamento, transmissão

de imóveis, operações de financiamento, operações societárias, entre outras.

Imposto de Consumos Especiais

Varável (10% a 150%)

Incide sobre bens considerados supérfluos, de luxo ou definidos como indesejáveis por razões económicas, sociais ou ambientais, a uma taxa base de 10%;

20% para cigarros e charutos;

40% para bebidas alcoólicas;

80%, 100% ou 150% para veículos automóveis para o transporte de pessoas ou mercadorias, de acordo com a sua idade.

Taxa Ecológica Variável (2 CVE a

100CVE) Aplicável aos produtos que se encontram previstos na legislação

especifica (vidro, metal, pilhas, papel, entre outras);

Taxa Comunitária 0,5% sobre o valor do custo das mercadorias

e frete

Incide sobre o valor das mercadorias importadas de países terceiros que se destinem ao consumo dentro do espaço da comunidade (CEDEAO).

Contribuição turística

220 CVE por noite, com o limite de 10

noites consecutivas.

Estadia de hóspedes, com idade superior a 16 anos, em estabelecimentos turísticos e similares.

Taxa estatística aduaneira

Variável (1.500 CVE a 6.000CVE)

Entidades públicas ou privadas que solicitem esses serviços e operações às entidades alfandegárias.

Tributação de não residentes

As entidades não residentes são tributadas em Cabo Verde através de uma taxa liberatória única de 20%

sobre os rendimentos ai obtidos, nomeadamente, juros, serviços, royalites, rendimentos prediais.

Dividendos e mais-valias de partes sociais

Os dividendos não estão sujeitos a tributação em Cabo Verde. As mais-valias de partes sociais detidas por um período superior a um ano ficam excluídas de tributação.

Comparabilidade do sistema fiscal de Cabo Verde no contexto da CEDEAO

O sistema fiscal de Cabo Verde, comparativamente com outras economias a nível mundial, encontra-se, a classificado em 102º lugar, a meio da tabela em termos mundiais, no que diz respeito à tabela de competitividade do Relatório do Banco Mundial, o “Paying Taxes”.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

159

Este indicador mede não só a complexidade do sistema fiscal do país, associada ao número de pagamentos a efetuar e ao tempo despendido anualmente no cumprimento das obrigações fiscais por parte das empresas, mas também a taxa de imposto total que incide sobre as empresas a atuar no território.

No contexto da CEDEAO, conclui-se o seguinte:

Cabo Verde apresenta um dos melhores registos no contexto da sua região económica, apenas superado pela Libéria e pelo Gana.

Cabo Verde apresenta ainda um número médio de pagamentos anuais superior ao desejável (com 41), assim como uma taxa total de imposto superior à suportada nos referidos países, com 37,2% contra 27,4% e 33,5% em Libéria e Gana respetivamente.

Cabo Verde destaca-se no indicador que mede o tempo despendido no cumprimento das obrigações fiscais, já que as 186 horas anuais que em média as empresas Cabo-Verdianas alocam ao cumprimento das suas obrigações de natureza fiscal, encontra-se abaixo dos valores registados pelos restantes membros desta comunidade, exceção feita à Libéria, em que se observa um total de 158 horas anuais em termos médios.

Países Ranking

Paying Taxes Número de

pagamentos Tempo necessário ao cumprimento das

obrigações fiscais (horas anuais) Taxa de

imposto total

Libéria 45 33 158 27,4

Gana 89 32 224 33,5

Cabo Verde 102 41 186 37,2

Serra Leoa 117 33 357 32,1

Guiné-Bissau

146 46 208 45,9

Níger 151 41 270 43,8

Nigéria 155 41 956 33,8

Burkina Faso

157 46 270 43,6

Costa do Marfim

159 62 270 39,5

Mali 166 45 270 51,7

Togo 167 53 270 49,5

Benim 173 55 270 65,9

Senegal 178 59 666 46

Gâmbia 179 50 376 283,5

Guiné 183 58 416 73,2

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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Comparabilidade do sistema fiscal de Cabo Verde no contexto da CPLP No contexto da CPLP, Cabo Verde apresenta uma posição de destaque face aos demais países membros, já que o seu 102º lugar apenas é superado por Timor-Leste e Portugal que se encontram em 61º e 77º lugar a nível mundial, respetivamente.

Países Ranking

Paying Taxes

Número de

pagamentos

Tempo necessário ao cumprimento das

obrigações fiscais (horas anuais)

Taxa de

imposto total

Timor-Leste 61 18 276 14,9

Portugal 77 8 275 14,5

Cabo Verde 102 41 186 18

Moçambique 105 37 230 27,7

São Tomé e

Príncipe 144 42 424 22,1

Guiné-Bissau 146 46 208 14,9

Angola 154 31 282 24,6

Brasil 156 9 2,600 24,6

Cabo Verde apresenta o melhor resultado ao nível do número de horas despendidas pelas empresas, em termos médios, no cumprimento das suas obrigações fiscais, superando inclusive, e com alguma margem, as duas economias que em termos globais se encontram melhor classificadas.

4.6.4. Obtenção de vistos, disponibilidade de mão-de-obra O investidor estrangeiro que pretenda deslocar-se a Cabo Verde apenas poderá entrar e permanecer em Cabo Verde, se estiver munido de um visto válido.

Os vistos podem ser obtidos junto da Embaixada ou do Posto Consular de Cabo Verde no país de origem do investidor, demorando em média 5 dias a serem obtidos em Portugal. Está ainda prevista a entrega de vistos no prazo de 3 dias uteis mediante o pagamento de taxa de urgência.

Regra geral, é permita a entrada de estrangeiros em território Cabo-verdiano sempre que se façam acompanhar da documentação necessária, nomeadamente o visto, e sempre que possuam meios económicos considerados suficientes, excluindo-se deste enquadramento indivíduos alvo de proibição expressa de entrada no país.

A Lei admite, em algumas circunstâncias, a possibilidade de isenção de vistos, designadamente nos casos de funcionários ou agentes de organização internacional cujo bilhete de identidade tenha sido emitido pelo departamento governamental responsável pela área das relações exteriores, cidadãos nacionais de países abrangidos por Acordos de supressão de vistos ou de livre circulação de pessoas de que Cabo Verde seja parte.

Cabo Verde é parte do Acordo sobre supressão de vistos em passaportes diplomáticos, especiais e de serviços entre os países membros da CPLP.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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O regime jurídico vigente prevê diversas modalidades de vistos que podem ser obtidos em função das necessidades de deslocação do investidor.

Existem, fundamentalmente, sete tipos de vistos para a entrada e permanência em Cabo Verde:

Vistos de trânsito

São válidos por um período de 4 dias e destinam-se a estrangeiros que desembarquem em Cabo Verde no decurso da sua viagem.

Vistos de turismo

Destinam-se a interessados em deslocar-se a Cabo Verde para atividades de recreio, sendo válidos por um período máximo de 90 dias, prorrogáveis por igual período de tempo.

Vistos temporários

Os vistos temporários podem ser utilizados para a entrada de estrangeiros em Cabo Verde com diversas finalidades, como missão de estudos ou de negócios, viagem cultural ou atividades de artistas ou desportistas, existindo três modalidades previstas: i) visto ordinário, ii) visto de grupo e iii) visto de múltiplas entradas.

Os prazos de permanência poderão ser prorrogados até ao final das missões, cursos, tarefas ou contratos atribuídos, por períodos iguais ao inicialmente concedido pelo visto.

Vistos oficiais, diplomáticos e de cortesia

Estes documentos têm prazo máximo de 30 dias e são concedidos pelas Embaixadas de Cabo Verde ou pelo responsável governamental encarregue da área das relações externas.

Vistos de residência

Os vistos de residência destinam-se a quem pretenda fixar-se em território Cabo-verdiano, permitindo a permanência no território por prazo de 1 ano, prorrogável até ao momento em que se verifique a decisão final relativamente ao pedido de autorização de residência.

Autorização de residência

A regime jurídico dos estrangeiros admite a possibilidade de concessão de autorização de residência aos estrangeiros que pretendam fixar residência em Cabo Verde, desde cumpram os requisitos legais para efeito, nomeadamente, prova dos meios de subsistência e indicação da finalidade de permanência no país.

(Inexistência) Regime de quotas

A lei Cabo-verdiana não sujeita a contratação de trabalhadores estrangeiros ao regime de quotas.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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4.6.5. Modelos de cobertura de riscos financeiros, operacionais, propriedade O Lei do investimento de Cabo Verde estabelece a garantia da não discriminação dos investidores, independentemente da sua nacionalidade, assim como a garantia de segurança e proteção jurídica contra quaisquer medidas de requisição, nacionalização ou expropriação direta ou indireta da sua propriedade privada.

Apesar de não existir obrigatoriedade legal para a sua constituição, existem mecanismos de seguro sobre as mercadorias e bens com destino a Cabo Verde, que poderão ser analisados pelos potenciais investidores.

A cobertura de risco das exportações para Cabo Verde a partir de Portugal poderá ser realizada por empresas seguradoras privadas tendo em consideração que, no caso dos seguros de créditos com Garantia do Estado, o operador único, por protocolo com o Estado Português, é a empresa Companhia de Seguro de Créditos (COSEC) que, para além do seguro de crédito à exportação dispõe de um mecanismo de garantias de seguro de caução.

Esta entidade, que atua em nome e por conta do Estado Português, disponibiliza o Seguro do Investimento Português no Estrangeiro, que visa apoiar novos investimentos com caráter de continuidade de entidades ou investidores portugueses, em mercados considerados como tendo risco politico. Este seguro pode abranger, não só as operações de constituição/aquisição de uma empresa, mas também a cobertura de empréstimos e respetivos juros concedidos pelas empresas ou investidores nacionais a entidades estrangeiras.

Outros apoios disponibilizados incluem seguros de crédito específicos para riscos comerciais e políticos, associados à exportação de bens e serviços. Atualmente, em Cabo Verde, a política de cobertura associada ao risco político é sem restrições em operações de curto prazo, e necessidade de garantia soberana (do Ministério das Finanças ou do Banco Central) em operações de médio e longo prazo. Existem ainda Seguros de Caução para cobertura do risco de incumprimento de obrigações contratuais.

Além destas soluções, existem um conjunto de outros instrumentos financeiros disponibilizados pela banca comercial que visam mitigar o risco do investimento estrangeiro. Nesses casos, existem instrumentos que visam assegurar o risco cambial e outros riscos associados ao investimento que poderão ser devidamente avaliados em fase de decisão de internacionalização ou exportação.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

163

4.6.6. Sistema jurídico e judiciário A Constituição da República de Cabo Verde determina que a todos os cidadãos, independentemente da sua condição social, devem ver garantido o acesso ao direito e aos Tribunais para a defesa dos interesses legalmente protegidos.

O sistema judiciário em Cabo Verde prevê a organização dos tribunais nos seguintes moldes: Tribunais Judiciais, Tribunais Arbitrais, Tribunais de Execução de Penas e Medidas de Segurança, Tribunais de Pequenas Causas, Tribunal Coletivo e Tribunais Fiscais e Aduaneiros.

É da competência dos Tribunais Judiciais administrar justiça em matéria civil, criminal e administrativa e, no geral, em tudo quanto não esteja reservado, por lei, a outra jurisdição, estando previstas três categorias no ordenamento jurídico de Cabo Verde: o Supremo Tribunal de Justiça, os Tribunais de Segunda Instância ou da Relação e os Tribunais Judiciais de Primeira Instância ou de Comarca.

Quanto aos Tribunais para matérias fiscais e aduaneiras, um encontra-se estabelecido na cidade do Mindelo, sendo designado de Tribunal Fiscal e Aduaneiro de Barlavento, uma vez que tem jurisdição no grupo de ilhas que se localizam nessa região. O outro, o Tribunal Fiscal e Aduaneiro de Sotavento localiza na Praia, e de igual modo, tem jurisdição nas ilhas que compõem o grupo de Sotavento.

4.6.7. Resolução extrajudicial de litígios

Tribunais Arbitrais

Cabo Verde aprovou em 2005, o regime de arbitragem como um meio alternativo à resolução de conflitos e combate à morosidade processual.

A legislação Cabo-verdiana prevê a constituição de Tribunais Arbitrais para dirimir os litígios emergentes da interpretação, integração ou execução de um contrato, mediante a presença de uma cláusula no contrato estabelecido entre as partes, em que esteja previsto o recurso a este meio. Caso o contrato não tenha prevista uma cláusula referente à arbitragem, o recurso ao Tribunal Arbitral fica dependente da vontade de ambas as partes submeterem determinada questão à apreciação desse órgão jurisdicional, através de um compromisso arbitral.

A decisão tomada por Tribunal Arbitral é equivalente a uma sentença de Tribunal Judicial de Primeira Instância, sendo-lhe reconhecida força executiva.

Tribunal Competências Organização Nº de Tribunais

Supremo Tribunal de Justiça É o órgão superior dos tribunais judiciais, administrativos, fiscais e aduaneiros, e do tribunal militar de instância. Exerce jurisdição em todo o território nacional.

Constituído pelo Plenário e Secções de competência especializada

1

Tribunais da Relação

São tribunais de recurso das decisões proferidas pelos Tribunais Judiciais de Primeira Instância, Tribunais Administrativos, Fiscais e Aduaneiros, e outros em função do território sobre o qual exercem a correspondente jurisdição.

Composto por um número mínimo de 3 juízes 2

Tribunais de Primeira Instância

Têm competência genérica plena para conhecer, em primeira instância, as matérias de natureza cível e criminal e quaisquer outras não abrangidas na competência de outros Tribunais ou atribuídos a outra jurisdição.

Secções de competência especializada

16

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

164

A Lei de investimento vigente admite a resolução de litígios entre o investidor e o Estado de Cabo Verde através da via conciliatória e da arbitragem.

O regime do Centro Internacional de Negócios prevê a possibilidade de recurso a um tribunal arbitral apenas para resolução de questões relacionadas com a emissão de licenças (excluem-se matérias tributárias).

Os diferendos entre os investidores estrangeiros e o Estado Cabo-verdiano relativos a investimentos autorizados e realizados em Cabo Verde que não possam ser resolvidos pela via negocial, poderão ser submetidos à arbitragem, recorrendo-se das seguintes alternativas:

Lei-quadro da arbitragem nacional;

Regras da Convenção de Washington, de 15 de Março de 1965, sobre a sobre a Resolução de Diferendos Relativos a Investimentos entre Estados e Nacionais de Outros Estados e do Centro Internacional para a Resolução de Diferendos Relativos a Investimentos entre Estados e Nacionais de Outros Estados.

Regras fixadas no Regulamento do Mecanismo Suplementar, aprovado a 27 de Setembro de 1978 pelo Conselho de Administração do Centro Internacional para a Resolução de Diferendos Relativos a Investimentos, se a sociedade estrangeira não preencherem as condições de nacionalidade previstas no artigo 25 da Convenção de Washington;

Regras de arbitragem da Câmara de Comércio Internacional, com sede em Paris.

Mediação

Alternativamente, legislação Cabo-verdiana tem vindo a promover outras soluções com o intuito de aliviar o número de processos pendentes nos Tribunais, e agilizar o funcionamento da justiça em Cabo Verde.

Destacam-se as instâncias de mediação, criadas por Lei e que visam contribuir para a resolução célere e consensual de litígios.

A mediação apresenta-se como um meio alternativo de resolução de litígios através do qual as partes, auxiliadas por um terceiro neutro e imparcial, procuram alcançar um acordo que resolva o diferendo em que se encontram.

Este modelo depende da vontade das partes, logo a resolução da divergência depende da colaboração das mesmas.

Podem ser objeto de mediação os litígios em matéria cível, administrativa, comercial, financeira, entre outras, desde que os mesmos versem sobre direitos disponíveis.

Inversamente, o recurso à mediação não pode ser utilizado em causas de natureza alimentar, fiscal, Estatal ou que digam respeito ao interesse público.

A par das estruturas oficiais da mediação (as “Casas de Direito”) podem ser criados centros de mediação por privados, sem fins lucrativos, com o objetivo de, mediante a composição dos interesses das partes, sempre baseada na vontade destas, dirimir um conflito existente ou emergente.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

165

4.7. Principais caraterísticas dos Acordos de Cabo Verde no domínio do comércio e investimento

4.7.1. Protocolos existentes na CEDEAO e posicionamento de Cabo Verde Face aos mesmos

A CEDEAO possui alguns Protocolos de cooperação económica e de uniformização de procedimentos e mecanismos de tributação comunitários, dos quais se destacam os seguintes.

Tabela 38 - Protocolos existentes na Zona da CEDEAO

Tipo de Acordo Âmbito e Descrição do Acordo

Protocolo da CEDEAO em matéria de tributação de produtos importados de países terceiros (pendente)

Foi assinado em 27 de julho de 1997 pelos Países Membro da CEDEAO um Protocolo que define as condições de tributação de produtos importados de países fora da comunidade, que sejam disponibilizados para consumo interno. Este imposto Comunitário incide sobre o valor do custo, seguro e frete nos casos de importações por transporte marítimo e rodoviário, sobre o valor aduaneiro nos casos de produtos chegados por transporte aéreo, e sobre o valor de mercado para produtos definidos na lista de preços de mercado. A aplicação do imposto faz-se através de uma taxa geral de 0,5% a aplicar aos bens importados de países terceiros. O Protocolo encontra-se ainda pendente, pelo que não está ainda em vigor.

Protocolo da CEDEAO em matéria de IVA (pendente)

Assinado a 26 de julho de 1996, encontra-se pendente um Protocolo entre os países membros da CEDEAO, que visa implementar o Imposto sobre o Valor Acrescentado nas operações de vendas, importações, trabalhos de construção, operações de transformação e serviços. A determinação da taxa de IVA a aplicar ficará, de acordo com o Protocolo, em primeira fase, a cargo dos Estados contratantes. Este imposto destina-se a produtores e importadores nas operações entre países membros e deverá substituir os restantes impostos indiretos sobre o rendimento.

4.7.2. Acordos essenciais de Cabo Verde na área do comércio (ACI, APPRI, ADT)

Há um conjunto de acordos bilaterais que são essenciais para compreender os mecanismos que poderão

facilitar o acesso dos investidores portugueses aos mercados os acordos comerciais de investimento, os

acordos de promoção e proteção recíproca de investimentos e os acordos para evitar a dupla tributação.

Tabela 39 - Acordos Bilaterais de Cabo Verde (RPS: site UNCTAD e Tax Analysts)

Tipo de Acordos Estados Contratantes

Acordos de Promoção e Proteção Reciproca de Investimentos

Alemanha, Angola, Áustria, China, Cuba, Itália (não entrou em vigor), Holanda, Portugal, Suíça

Acordos para Evitar a Dupla Tributação

Macau, Portugal

Acordos em matéria de Segurança Social

Espanha (não entrou em vigor), Portugal

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166

Cabo Verde faz parte da Organização Mundial do Comércio (OMC) desde 23 de julho de 2008. A sua regulação alfandegária segue a Pauta Aduaneira aprovada em 2010, alterada após a adesão de Cabo Verde à OMC.

Cabo Verde é membro da Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA), que oferece seguros para investimento externo realizado entre países membros;

Cabo Verde é membro da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) e aderiu ao seu código de classificação internacional de patentes e registro de marcas;

Encontra-se em vigor um acordo de cooperação em matéria dos transportes aéreos entre Cabo Verde e Portugal e entre Cabo Verde e os EUA, que concede o direito aos Estados contratantes de sobrevoar o território (sem aterrar) e fazer escalas comerciais e define as regras para a concessão do direito de exploração das rotas estabelecidas;

De extrema relevância para o contexto económico do país é o Acordo de Cooperação Cambial entre Portugal e Cabo Verde, que visa criar condições que permitam assegurar a convertibilidade do Escudo Cabo-verdiano em Euros. Esta paridade fixa pretende garantir a estabilidade cambial, possibilitando não só a aceitação em termos internacionais da moeda Cabo-verdiana e, dessa forma, permitindo fomentar investimento externo no território, mas também eliminar o risco cambial do país.

4.7.3. Acordos entre Estados Unidos e Cabo Verde

AGOA

Lei de Crescimento e Oportunidades para África (AGOA), aprovada em 2000, tem vindo a permitir desde então a exportação de bens e produtos para os Estados Unidos sem estes estarem sujeitas a taxas alfandegárias. Para beneficiarem deste regime fiscal é necessário que os produtos sejam originários de países africanos e os países serem reconhecidos como estarem a implementar medidas para uma economia de mercado livre e com políticas democráticas.

Operações internacionais de navios ou aeronaves

O Acordo celebrado entre os Estados Unidos e Cabo Verde, assinado a 16 de março de 2005, sobre a tributação de rendimentos derivados de operações internacionais de navios ou aeronaves, tem permitido aos Estados contratantes beneficiar de isenção de todos os impostos aplicáveis a este tipo de rendimentos. As operações referidas incluem o transporte marítimo ou aéreo de pessoas, bagagem, gado, bens, mercadoria ou correspondência, levado a cabo pelos proprietários ou utilizadores dos meios de transporte referidos. Para o usufruto deste acordo, as entidades dos Estados Contratantes devem respeitar os requisitos legais e formais exigidos no outro Estado Contratante.

4.7.4. Acordos entre a União Europeia e Cabo Verde

O Acordo Cotonu

O Acordo de Cotonu assinado por 79 países em 2000 é o principal instrumento para a prestação de

assistência da UE em matéria de cooperação para o desenvolvimento com os Estados de África, das Caraíbas

e do Pacífico, e de cooperação da UE com os países e territórios ultramarinos.

O Acordo Cotonou tem por objetivo promover e acelerar o desenvolvimento económico, cultural e social dos

países ACP e trouxe uma nova visão da cooperação. A nova parceria combina a ajuda para o

desenvolvimento, a dimensão política e os aspetos comerciais. O seu principal objetivo é a redução da

pobreza nos Estados ACP, onde se inclui Cabo Verde.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

167

O Acordo de Cotonu previu a criação de um importante instrumento financeiro de apoio aos seus objetivos, o

Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED).

No âmbito do FED o montante global disponibilizado pela EU a Angola durante o período de 2008 a 2013,

através do acordo designado por “O Documento de Estratégia para Angola (2008-2013)”, foi de cerca 228

milhões de euros. Deste montante, cerca de 214 milhões foram destinados ao financiamento do apoio

macroeconómico, às políticas setoriais, aos programas e projetos previstos nos setores focais e não focais de

Assistência Comunitária e cerca de 14 milhões para necessidades imprevistas.

O Acordo Cotonu prevê também a promoção de instrumentos de dinamização do IDE para os países ACP:

Promoção do investimento;

Apoio e financiamento dos investimentos nos países da ACP, através de subsídios para

assistência financeira e técnica, serviços de assessoria e consultoria, capitais de risco para

participações no capital ou operações assimiláveis, garantias de apoio a investimentos

privados, nacionais e estrangeiros, bem como empréstimos e linhas de crédito, empréstimos a

partir dos recursos próprios do Banco Europeu de Investimento;

Criação de instrumentos de garantias de investimento, através da disponibilização e utilização

crescentes, entre outros, de:

Seguros de risco enquanto mecanismo de diminuição do risco, no intuito de aumentar a

confiança dos investidores nos Estados ACP;

Fundos de garantia para cobrir os riscos associados a investimentos elegíveis, em especial,

regimes de resseguros destinados a cobrir o investimento direto estrangeiro realizado por

investidores elegíveis.

Acordos de promoção e de proteção dos investimentos, que possam igualmente constituir a

base de sistemas de seguro e de garantia;

Estes mecanismos de apoio às empresas têm vindo a ser promovidos, entre outros, pelas Instituições Financeiras para o Desenvolvimento.

Além do Acordo de Cotonu existem um conjunto de outras convenções e compromissos políticos assinados entre a UE e Cabo Verde.

Entres estes destaca-se o protocolo celebrado entre Cabo Verde e a União Europeia, que governa a parceria entre o território e a UE em matéria das pescas. Este protocolo fixa as possibilidades de pesca dos países membros da União Europeia e as respetivas contrapartidas financeiras a receber por Cabo Verde, bem como as modalidades de pagamento.

Este acordo visa igualmente garantir a promoção da prática da pesca sustentável e responsável nas águas Cabo-verdianas, fixando a afetação das contrapartidas financeiras ao cumprimento e desenvolvimento deste tipo de práticas. O acordo prevê ainda cooperação ao nível científico no âmbito das pescas, e a cooperação entre os agentes económicos ao nível do desembarque e promoção das relações técnicas, comerciais e económicas.

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

168

5.CPLP

Atratividade de Cabo Verde no

contexto da CPLP

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

169

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

5.Atratividade de Cabo Verde no contexto da

CPLP

No contexto da CPLP, Cabo Verde recebe menos de 1% do montante global de IDE (US$ 71 milhões) realizado no conjunto dos países da comunidade.

Gráfico 75 - (US$ milhões) e percentagens de IDE na CPLP no ano de 2012, UNCTAD

Fonte: UNCTAD, 2013

Porém, recorrendo ao indicador da facilidade de realizar negócios, disponibilizado pelo Banco Mundial, Cabo Verde apresenta, no contexto da CPLP, um resultado assinalável, situando-se abaixo de Portugal no que a este indicador diz respeito. Comparativamente com os outros países desta comunidade, Cabo Verde apresenta vantagens ao nível da facilidade de acesso ao crédito, apenas comparável a Portugal e Brasil, e ao nível do registo de propriedade, em que apenas é superado por Portugal. A abertura de empresas e a obtenção de eletricidade parecem ser os maiores entraves à realização de negócios em Cabo Verde, quando comparado com os restantes membros da CPLP.

A intensificação das trocas comerciais exige complementaridade industrial das economias, implicando níveis

de especialização diferenciada entre parceiros.

82%

11%

7%

IDE na CPLP

Brasil

Portugal

Moçambique

Cabo Verde

São Tomé e Príncipe

Timor-Leste

Guiné-Bissau

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

170

Tabela 40 - TCI (Trade Complementary Index) da CPLP e Macau (%)90

Fonte: Cálculo realizado pela PwC com base nos dados do UNCTAD, UNCTADstat

O nível de complementaridade comercial das economias da CPLP e Macau é muito baixo, excetuando no

relacionamento entre Portugal e Angola.

No entanto Cabo Verde encerra potencialidades que deverão ser exploradas pelos empresários da CPLP (e

desde logo a quota de mercado de Portugal deverá ser defendida) aproveitando a:

Integração na CEDEAO;

Estabilidade política e financeira;

Projetos relevantes de investimento previstos em infraestruturas (elevada concentração no setor portuário

e hídrico);

Programa ambicioso de investimento na Educação;

Objetivos ambiciosos para o setor turístico, com o interesse claro em diversificar o setor, atrair turismo de

elevado valor acrescentado e melhorar as ligações do turismo com os outros setores da economia;

Planos para transformar Cabo Verde num centro regional de processamento e exportação de recursos

marinhos (criação e fortalecimento de infraestruturas de congelamento de recursos piscatórios, entre

outros);

Modernização tecnológica do país – objetivo de construção de Parques Tecnológicos orientados para o

mercado internacional (implementação do projeto financiado a 88% pelo Banco Africano de

Desenvolvimento);

Realização de negócios de nearshoring

Cabo Verde é uma excelente oportunidade em si, mas igualmente como porta de entrada ou ponto de apoio

da CEDEAO, devendo os empresários explorar de forma ativas as relações com a região em que está

inserido.

90

O Trade Complementary Index (TCI) é um indicador utilizado para medir a compatibilidade do perfil comercial, através da comparação das estruturas de exportação e de importação entre países. Índices mais elevados revelam potenciais de complementaridade superiores e maior correspondência entra a estrutura de exportações/importações dos 2 países. TCI nulo é sinónimo de não complementaridade.

Angola Brasil Cabo Verde Guiné-Bissau Moçambique São Tomé e

Príncipe Timor Leste Portugal Macau

Angola 5 1 2 4 2 1 80 0Brasil 40 32 19 31 24 23 47 13

Cabo Verde 6 5 3 8 4 3 2 7Guiné-Bissau 2 5 3 4 1 1 1 0

Moçambique 15 12 13 10 11 10 9 9

São Tomé e Príncipe 18 13 18 19 19 6 3 8

Timor Leste 5 1 5 3 7 4 1 4

Portugal 83 48 72 38 66 51 37 35

Macau 11 8 9 5 12 6 5 1

País

impo

rtad

or

País exportador

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

171

Cabo Verde – Valor das importações totais, US$ 754 milhões, 2012

Principais produtos importados Potenciais fornecedores CPLP

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%

Angola

Portugal1

Brasil

Timor-Leste2

Alimentos

Cereais

Vegetais e frutas

Produtos lácteos e ovos

Produtos comestíveis e preparações

Outras carnes e miudezas comestíveis

Brasil

Portugal

Alimentos

Gorduras vegetais, óleos

Legumes

Carne, miudezas, comestíveis, preparados e conservados

Portugal

Bebidas Bebidas alcoólicas

Portugal

Angola

Brasil

Combustíveis minerais Petróleo

Gás natural

Angola (gás natural futuramente)

Brasil

Moçambique

Maquinaria e equipamento de transporte

Equipamento eletrónico

Veículos automóveis

Máquinas e peças industriais

Equipamento de telecomunicação

Veículos automóveis para transporte de pessoas

Veículos a motor transporte de mercadorias

Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis

Equipamento para distribuição de energia elétrica

Brasil

Portugal

Matéria prima (exceto combustíveis)

Materiais de construção (cimento)

Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções

Açúcar, melaço e mel

Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio

Materiais de construção (tijolos)

Portugal

Outros artigos manufaturados Mobiliário e peças

Artigos de plástico Portugal

Produtos manufaturados Papel e cartão Portugal

Produtos químicos Medicamentos (incluindo

medicamentos veterinários)

Portugal

Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat 1Petróleo refinado

2 Indiretamente, produz matéria prima

Alguns dos produtos com potencial de produção local*

Alimentos

Vegetais e frutas

Produtos lácteos e ovos

Peixe fresco, congelado

Produtos manufaturados

Têxtil

Vestuário

Calçado *Para mais dados ver setores

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

172

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Caracterização dos países membros da CEDEAO .............................................................................................. 25

Tabela 2 - TCI (Trade Complementary Index) intra-CEDEAO ............................................................................................... 39

Tabela 3 - Comunidades económicas regionais em perspetiva (2012) ................................................................................. 40

Tabela 4 - Investimento Direto Estrangeiro nos países-membros da CEDEAO – inward , 2008-2012 ................................. 47

Tabela 5 – Indicadores sociais (2012) ................................................................................................................................... 58

Tabela 6 - Principais rubricas dos Orçamentos de Estado .................................................................................................... 60

Tabela 7 - Notação de crédito da dívida pública nigeriana .................................................................................................... 61

Tabela 8 - Contribuição para o PIB e crescimento dos setores de atividade na Nigéria, em 2012 e 2013 ........................... 62

Tabela 9 - Objetivos NV20 .................................................................................................................................................... 65

Tabela 10 – Objetivos do 1.º Plano de Implementação ......................................................................................................... 65

Tabela 11 – Quadro macroeconómico de base para o NV20 ................................................................................................ 65

Tabela 12 - Realizações e desafios dos setores de infraestruturas ...................................................................................... 69

Tabela 13 - Indicadores das infraestruturas rodoviárias da Nigéria comparados com países africanos de baixo e de médio

rendimento, com referência a 2006 ....................................................................................................................................... 71

Tabela 14 - Indicadores das infraestruturas ferroviárias para a Nigéria e outros países selecionados, com referência a 2006

.............................................................................................................................................................................................. 72

Tabela 15 - Indicadores de referência para o transporte aéreo para a Nigéria e outros países selecionados ...................... 73

Tabela 16 - Indicadores energéticos de referência ............................................................................................................... 75

Tabela 17 – Desafios identificados pelo Governo no setor energético .................................................................................. 76

Tabela 18 – Saneamento básico na Nigéria .......................................................................................................................... 77

Tabela 19 - Abertura da economia de Nigéria ....................................................................................................................... 84

Tabela 20 – Setores de forte crescimento potencial ............................................................................................................. 92

Tabela 21 – Acesso ao setor bancário .................................................................................................................................. 94

Tabela 22 – Obtenção de crédito .......................................................................................................................................... 94

Tabela 23 – Taxas de juro de referência ............................................................................................................................... 95

Tabela 24 – Evolução das taxas de juro .............................................................................................................................. 101

Tabela 25 – Indicadores de liquidez – Cabo Verde ............................................................................................................. 101

Tabela 26 – Algumas das empresas totalmente privatizadas / parcialmente privatizadas .................................................. 108

Tabela 27 – Distribuição dos turistas e dormidas por ilha - 2013 ........................................................................................ 109

Tabela 28 - Rankings WWTC27

........................................................................................................................................... 110

Tabela 29 – Projetos de investimento – Portos de Cabo Verde .......................................................................................... 121

Tabela 30 – Projetos - Ministérios das Infraestruturas e Economia Marítima ...................................................................... 123

Tabela 31 - Ministério do Turismo, Industria e Energia ....................................................................................................... 123

Tabela 32 - Projetos previstos em Cabo Verde – Ministério do Desenvolvimento Rural ..................................................... 123

Tabela 33 – Projetos – Ministério do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território ................................................... 124

Tabela 34 - Abertura da economia cabo-verdiana .............................................................................................................. 124

Tabela 35 – Estrutura do sistema bancário cabo-verdiano ................................................................................................. 135

Tabela 36- Doing Business 2013 – Posição por país da CEDEAO ..................................................................................... 151

Tabela 37 - Quadro resumo com os principais impostos vigentes em Cabo Verde ............................................................ 157

Tabela 38 - Protocolos existentes na Zona da CEDEAO .................................................................................................... 165

Tabela 39 - Acordos Bilaterais de Cabo Verde (RPS: site UNCTAD e Tax Analysts) ......................................................... 165

Tabela 40 - TCI (Trade Complementary Index) da CPLP e Macau (%) .............................................................................. 170

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

173

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – PIB por setor - CEDEAO .................................................................................................................................... 26

Gráfico 2 - Crescimento médio anual países CEDEAO 2008-2012 ...................................................................................... 27

Gráfico 3 - Contribuição de cada EM para o PIB da CEDEAO, 2008 e 2012 ........................................................................ 27

Gráfico 4 – Evolução das economias da região 2008-2012 .................................................................................................. 28

Gráfico 5 - Relacão entre crescimento do PIB e variação no global competitiveness index 2008-2013 ............................... 29

Gráfico 6 - PIB por setor 2011 - Nigéria ................................................................................................................................ 31

Gráfico 7 - PIB por setor 2011 - Gana ................................................................................................................................... 31

Gráfico 8 - PIB por setor 2012 - Benim .................................................................................................................................. 32

Gráfico 9 - PIB por setor 2012 – Guiné-Bissau ..................................................................................................................... 32

Gráfico 10 - PIB por setor 2012 – Libéria .............................................................................................................................. 33

Gráfico 11 – PIB por setor 2012 - Togo ................................................................................................................................. 33

Gráfico 12 - PIB por setor 2012 - Mali ................................................................................................................................... 34

Gráfico 13 - PIB por setor 2012 - Senegal ............................................................................................................................. 34

Gráfico 14 - PIB por setor 2011 – Burkina Faso .................................................................................................................... 35

Gráfico 15 PIB por setor 2011 – Costa do Marfim ................................................................................................................. 35

Gráfico 16 - PIB por setor 2012 – Guiné ............................................................................................................................... 36

Gráfico 17 - PIB por setor 2011 – Níger ................................................................................................................................ 36

Gráfico 18 - PIB por setor 2012 – Serra Leoa ....................................................................................................................... 37

Gráfico 19 - PIB por setor 2010 – Cabo Verde ...................................................................................................................... 37

Gráfico 20 - PIB por setor 2011 – Gâmbia ............................................................................................................................ 38

Gráfico 21 - Evolução do comércio intra-CEDEAO vs. Evolução do PIB da região .............................................................. 40

Gráfico 22 - Peso das exportações/importações intra-CEDEAO no total da região, 2012 .................................................... 41

Gráfico 23 - Produtos transacionados intra-CEDEAO (2012) ................................................................................................ 41

Gráfico 24 - Evolução das importações da CEDEAO e principais países de destino, 2008-2012 ......................................... 42

Gráfico 25 - Importações da CEDEAO dos países da CPLP ................................................................................................ 43

Gráfico 26 - Importações CEDEAO de Portugal (2012) ........................................................................................................ 44

Gráfico 27 - Importações CEDEAO do Brasil (2012) ............................................................................................................. 44

Gráfico 28 - Exportações da CEDEAO para a CPLP ............................................................................................................ 45

Gráfico 29 - Exportações CEDEAO para Portugal (2012) ..................................................................................................... 45

Gráfico 30 - Exportações CEDEAO para Brasil (2012) ......................................................................................................... 45

Gráfico 31 - IDE na CEDEAO - inward e outward, 2008-2012 .............................................................................................. 46

Gráfico 32 - Representação da percentagem do PIB dos EM na CEDEAO .......................................................................... 58

Gráfico 33 – Evolução anual do PIB, em milhares US$ ........................................................................................................ 59

Gráfico 34 - Taxa média anual de desemprego, em percentagem ........................................................................................ 59

Gráfico 35 - Dívida pública bruta, em milhares de milhões de NGN ..................................................................................... 61

Gráfico 36 - Dívida pública bruta, em percentagem do PIB ................................................................................................... 61

Gráfico 37 - Contribuição para o PIB dos setores de atividade na Nigéria (2012) ................................................................ 62

Gráfico 38 - Crescimento e contribuição para o PIB dos setores de atividade na Nigéria (2012 e 2013) ............................. 63

Gráfico 40 - Crescimento anual do PIB real .......................................................................................................................... 64

Gráfico 40 - Evolução das importações de Nigéria e principais países de origem, 2008-2012 ............................................. 84

Gráfico 41 - Importações da Nigéria - Top produtos, 2012 .................................................................................................... 85

Gráfico 42 - Importações da Nigéria à CPLP ........................................................................................................................ 86

Gráfico 43 - Importações da Nigéria provenientes do Brasil (2012) ...................................................................................... 87

Gráfico 44 - Importações de Nigéria provenientes de Portugal (2012) .................................................................................. 88

Gráfico 45 - Evolução das exportações da Nigéria e principais países de destino, 2008-2012 ............................................ 89

Gráfico 46 - Exportações da Nigéria para a CPLP ................................................................................................................ 89

Gráfico 47 - Fluxos de IDE na Nigéria, 2008-2012 ................................................................................................................ 92

Gráfico 48 - Taxa de inflação, variação anual em percentagem ........................................................................................... 95

Gráfico 49 – Ilustração do PIB dos EMs da CEDEAO (%) .................................................................................................... 97

Gráfico 51 - Crescimento anual do PIB Cabo-verdiano (últimos 5 anos) .............................................................................. 98

Gráfico 52 - Despesas de natureza económica do OGE 2013 (%) ....................................................................................... 99

Gráfico 52 - Despesas de natureza funcional do OGE 2013 (%) .......................................................................................... 99

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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Gráfico 54 - Reservas em moeda estrangeira e ouro (US$ Milhões) .................................................................................. 100

Gráfico 55 – Previsões de crescimento - Cabo Verde ......................................................................................................... 102

Gráfico 55 - Produto Interno Bruto por setor 2012 – Cabo Verde ....................................................................................... 106

Gráfico 57 – Evolução da procura turística em Cabo Verde ................................................................................................ 109

Gráfico 57 – Evolução da contribuição do setor do Turismo para o PIB e para o Emprego – Cabo Verde ......................... 110

Gráfico 59 – Evolução histórica do consumo de energia das 9 ilhas (ELECTRA) ............................................................... 113

Gráfico 59 – Meios de informação e comunicação em Cabo Verde .................................................................................... 122

Gráfico 60 - Evolução das importações de Cabo Verde e principais países de origem, 2008-2012 (em US$ milhões) ...... 125

Gráfico 61 - Importações cabo-verdianas da CPLP ............................................................................................................ 125

Gráfico 62 - Importações cabo-verdianas - Top produtos71

................................................................................................. 126

Gráfico 63 - Importações cabo-verdianas – Evolução dos produtos ................................................................................... 126

Gráfico 64 - Importações cabo verdianas de Portugal ........................................................................................................ 127

Gráfico 65 - Importações cabo-verdianas do Brasil ............................................................................................................. 128

Gráfico 66 - Evolução das exportações de Cabo Verde e principais países de destino (em US$ milhões) ........................ 129

Gráfico 67 - Principais produtos exportados por Cabo Verde ............................................................................................. 130

Gráfico 68 - Exportações cabo-verdianas - CPLP ............................................................................................................... 130

Gráfico 69 - Exportações cabo-verdianas para Portugal64

.................................................................................................. 131

Gráfico 71 – Evolução do número de habitantes por agências 2008-2012 ......................................................................... 136

Gráfico 71 – Distribuição geográfica da banca .................................................................................................................... 136

Gráfico 72 - Valores (milhões US$) e percentagens de IDE na CEDEAO no ano de 2012 ................................................ 152

Gráfico 73 – Evolução do fluxo de IDE para Cabo Verde 2007 - 2012 ............................................................................... 152

Gráfico 74 – Evolução do fluxo de IDE para a CEDEAO 2007 - 2012 ................................................................................ 153

Gráfico 75 - (US$ milhões) e percentagens de IDE na CPLP no ano de 2012, UNCTAD .................................................. 169

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Cabo Verde. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

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Índice de Figuras

Figura 1 – Principais etapas históricas na criação da CEDEAO ........................................................................................... 21

Figura 2 - Países que integram a CEDEAO .......................................................................................................................... 22

Figura 3 – Índice de competitividade global .......................................................................................................................... 28

Figura 4- Estimativas de crescimento do PIB em África ........................................................................................................ 30

Figura 5 - O Estado das Infraestruturas em África - Nigéria .................................................................................................. 67

Figura 6 - Recursos naturais ................................................................................................................................................. 68

Figura 7 - Cobertura nacional da rede de transportes da Nigéria .......................................................................................... 70

Figura 8 - Infraestrutura da rede de eletricidade da Nigéria .................................................................................................. 75

Figura 9 - Infraestruturas de irrigação da Nigéria .................................................................................................................. 76

Figura 10 - Cobertura das redes TIC ..................................................................................................................................... 78

Figura 11 - Principais importações da Nigéria provenientes do Brasil (2012) ....................................................................... 86

Figura 12 - Principais importações da Nigéria provenientes de Portugal (2012) ................................................................... 87

Figura 13 - Principais exportações da Nigéria para o Brasil (2012) ...................................................................................... 90

Figura 14 - Principais exportações da Nigéria para Portugal (2012) ..................................................................................... 90

Figura 15 - Estrutura acionista bancária em África ................................................................................................................ 93

Figura 16 - Contas bancárias (% +15 anos) em África .......................................................................................................... 94

Figura 17 – Localização das centrais produtoras de energia elétrica .................................................................................. 114

Figura 18 – Mapa de Cabo Verde – Localização dos principais Portos .............................................................................. 118

Figura 19 – Esquemática Porto Grande .............................................................................................................................. 119

Figura 20 – Esquemática Porto da Praia ............................................................................................................................. 120

Figura 21 – Layout Porto da Palmeira ................................................................................................................................. 120

Figura 22 – TOP 3 das importações cabo-verdianas de Portugal ....................................................................................... 127

Figura 23 – TOP 3 das importações cabo-verdianas do Brasil63

......................................................................................... 128

Figura 24 - Principais exportações cabo-verdianas para Portugal ...................................................................................... 131

Figura 25 – Estrutura acionista bancária em África ............................................................................................................. 134

Figura 26 - Contas bancárias (% +15 anos) em África ........................................................................................................ 135

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Apoio: Projeto Co-Financiado:

Um estudo realizado no âmbito do projeto nº 30030, apoiado pelo QREN, através do SIAC do Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) pela: