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Hiperactividade A Vida a 100 à hora! Mais que uma inquietação, uma perturbação... Área de Projecto 2009/2010

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Page 1: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

Hiperactividade

A Vida a 100 à hora! Mais que uma inquietação, uma perturbação...

Área de Projecto 2009/2010

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Ficha técnica Ana Matos Filipa Nascimento Inês Sim Sim Marta Zegre 12º1 Sob a orientação da Professora Maria José Barata

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Hiperactividade

A Vida a 100 à hora! Mais que uma inquietação, uma perturbação...

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Agradecimentos

Professora Maria José Barata

Professora Dra. Ana Rodrigues da Faculdade de Motri-

cidade Humana

Dr. Renato Paiva do CAP

Dra. Susana Pina da Faculdade de Motricidade Huma-

na

Professora Graça Campos

Entidades:

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Page 7: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

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Índice

Introdução 9

O que é a PHDA 10

Quais as causas? 11

Quem sofre desta perturbação? 16

Quais os comportamentos que os hiperactivos adoptam?

18

Como diagnosticar este transtorno? 22

Teste de Conners Perguntas-chave de um diagnóstico

23 24

Que factores pioram o prognóstico? 27

Quais os tratamentos e terapias? 28

Ser pai ou mãe de um hiperactivo 30

A Hiperactividade e a escola 35

Dificuldades de aprendizagem · Défice de atenção

· Automonitorização inadequada · Dificuldade em manter o esforço

· Memória · Memória a curto prazo · Memória de trabalho

· Controlo Executivo · Leitura e Ortografia · Matemática

· Linguagem oral

Aspectos positivos

35 36

36 37

37 38 38

39 39 40

41

42

Page 8: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

8

Intervenção da escola Como integrar um hiperactivo no meio escolar?

Como distinguir um aluno hiperactivo de um alu-no irrequieto?

Métodos e estratégias de ensino para focalizar e manter a atenção. · Na apresentação de tarefas

· Na avaliação

43 43

45

46

50

51

Conclusão 54

Referências bibliográficas 57

Anexos · Inquérito

· Resultados dos inquéritos

· Análise dos resultados

59 60

61 63

Índice

Page 9: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

9

Introdução

O nosso objectivo crucial neste prospecto é fornecer infor-

mação à comunidade escolar sobre a PHDA e sobre o

modo como as crianças com esta perturbação podem e

devem ser ajudadas na escola, para que haja uma melhor

compreensão por parte de todos sobre este tema tão pou-

co abordado.

Para além disso, pretende-se definir a Perturbação de

Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA), mostran-

do de maneira clara e abrangente o comportamento hipe-

ractivo adoptado por estas pessoas e a sua trajectória ao

longo da vida.

É importante ter a consciência de que a Hiperactividade é

uma doença; ter preconceitos, esperar que o crescimento

ou amadurecimento resolvam o problema não é uma

maneira correcta de se proceder.

O essencial é o reconhecimento da doença e a busca de

soluções. Actualmente muitas pesquisas estão a ser ela-

boradas, visando uma melhoria de vida para os hiperacti-

vos e a tendência é cada vez mais para se avançar nesta

área, ultrapassando barreiras, tornando a vida dessas pes-

soas e familiares mais agradável.

Page 10: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

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O que é a PHDA?

A Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção

é uma perturbação do desenvolvimento com três grandes

características: o défice de atenção, o excesso de

actividade motora e a impulsividade.

Esta perturbação interfere com a capacidade do indivíduo

regular o nível de actividade (hiperactividade), inibir com-

portamentos (impulsividade) e prestar atenção às tarefas.

Estas alterações do comportamento são inapropriadas

para o nível de desenvolvimento geral do indivíduo.

É uma perturbação crónica que afecta frequentemente a

capacidade da criança para operar com sucesso nos cam-

pos académico, comportamental e/ou social. À criança

com PHDA não faltam as aptidões ou capacidades, mas

esta não sabe o que fazer. Tem dificuldade em demonstrar

ou seguir instruções de forma consistente. Quando se tra-

ta do desempenho das tarefas, é muito frustrante e difícil

para pais e professores, porque num dado dia ou momen-

to a criança é capaz de realizar o trabalho e no dia seguin-

te já não é.

Page 11: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

11

Ser pai ou mãe de uma criança com PHDA, é uma tarefa

desgastante, inquietante e promotora de conflitos diários.

Para os pais, o filho de aparência absolutamente normal,

constitui sempre uma incógnita face aos comportamentos

que apresenta. Estes são constantemente confrontados

com uma série de questões às quais não é possível res-

ponder, tais como: Porque é que o meu filho não segue as

instruções que lhe são dadas? Porque é que não cumpre

as regras e não segue os pedidos que lhe são feitos? Por-

que não consegue organizar-se de forma autónoma e

parece não ouvir o que se lhe diz dezenas de vezes e

durante anos?

Muitos pais alimentam a ideia de que tudo passará com o

tempo, mas na maior parte das vezes, o tempo confirma

os seus piores receios e a realidade vai revelando um

agravar da situação.

Page 12: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

12

Quais as causas?

De acordo com o Dr. Nuno Lobo Antunes, a dopamina é

um neurotransmissor presente no corpo humano que

induz adrenalina, estimulando o Sistema Nervoso Central.

Este neurotransmissor é responsável por controlar os nos-

sos impulsos, antecipar e prever as consequências dos

nossos actos, determinar o que é mais importante e por-

que ordem devemos realizar as nossas tarefas.

Os lobos pré-frontais organizam o dia e permitem-nos

tomar decisões acertadas e racionais.

Na PHDA os lobos frontais, sobretudo a zona mais ante-

rior, têm dificuldade em focar-se por tempo prolongado

numa tarefa, em organizar o tempo e as actividades e em

controlar os impulsos. Assim, nos indivíduos que sofrem

da PHDA, os seus lobos pré-frontais têm baixos níveis de

dopamina, o que impossibilita que possam ser utilizados.

A actividade do lobo pré-frontal, em pessoas que sofram

de PHDA, leva a dificuldades em prever o futuro e em ini-

bir o que se deseja agora.

Crê-se que os maiores responsáveis pelo problema sejam

os genes. Os factores genéticos parecem, no entanto,

influenciar de forma distinta rapazes e raparigas.

(Nuno Lobo Antunes, Mal-entendidos, 2009)

Page 13: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

13

É difícil, na maioria dos casos, determinar uma etiologia

precisa, já que também não é detectável nenhum dano

cerebral, como acontece noutras perturbações mentais.

Existem alguns estudos que indicam que este tipo de per-

turbação apresenta maior incidência nos rapazes que nas

raparigas. A questão que estas investigações colocam

prende-se com a determinação dos factores responsáveis

por estas diferenças. Assim, estas teorias explicativas,

baseadas umas em factores genéticos e outras em facto-

res neuroquímicos não apresentaram resultados que per-

mitam chegar a explicações absolutamente conclusivas.

Page 14: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

14

As características da PHDA podem também resultar da

interacção de outros factores, como por exemplo:

Factores genéticos: Estudos revelam que as caracterís-

ticas bioquímicas, que influenciam o aparecimento de sin-

tomas de PHDA, são transmitidas de pais para filhos.

Não há uma clara relação entre a vida familiar e a Hipe-

ractividade, pois nem todas as crianças de famílias instá-

veis ou disfuncionais têm esta perturbação e nem todas as

crianças com PHDA provêm de famílias disfuncionais.

Factores pré-natais: O uso de álcool e drogas durante a

gravidez ou complicações intra-uterinas, e pré-natais,

como traumatismos crânioencefálicos e anoxia, são tam-

bém considerados responsáveis por mudanças estruturais

e funcionais do cérebro.

Factores alimentares: Consta que alguns açúcares,

corantes e conservantes têm uma relação com a PHDA,

apesar de ainda não estar cientificamente comprovado

que estes sejam uma causa para o aparecimento desta

perturbação. No entanto, observou-se, por exemplo, que

quando crianças com hiperactividade consumiam muito

açúcar aumentava o seu nível de agitação, embora uma

dieta sem açúcar não diminuísse os sintomas da hiperacti-

vidade.

Page 15: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

15

Factores biológicos1: Foi detectado que as pessoas com

hiperactividade têm áreas do cérebro menos activas em

comparação com as pessoas que não têm este distúrbio, o

que leva à suspeita de uma possível disfunção do lóbulo

frontal e das estruturas diencéfalo-mesenfálicas.

Porém, do ponto de vista biológico, sabe-se que as razões

fundamentais que originam esta disfunção cerebral são

fruto de um défice ao nível do desenvolvimento de circui-

tos cerebrais responsáveis pela manutenção da atenção

por tempo prolongado em tarefas de natureza monótona

e pela inibição comportamental. Desta forma, é natural

que os indivíduos com PHDA apresentem dificuldades em

autocontrolar-se, em resistir à frustração, em adiar a gra-

tificação e em focalizar e manter a atenção numa só tare-

fa.

1 In http://www.psicologia.com.pt/

artigos/textos/TL0041.pdf

Page 16: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

16

Quem sofre desta perturbação?

Todas as faixas etárias podem sofrer desta perturbação,

no entanto os casos mais comuns são em crianças e em

adolescentes, pois à medida que estas vão crescendo vão

atenuando os seus comportamentos.

Como já foi dito anteriormente, pensa-se que esta pertur-

bação tenha uma condição hereditária e vários foram os

estudos que levaram a esta hipótese. Por exemplo, con-

forme encontrámos na Brochura do CADin, Stevenson

(1994, cit. por Barkley, 1998) refere, numa revisão da lite-

ratura sobre estudos com gémeos, que é possível verificar

a existência de PHDA em cerca de 80% dos pares de

gémeos. Estudos familiares têm verificado também que,

num grande número de famílias, a existência de uma

criança com PHDA, revela a existência de um familiar pró-

ximo com o mesmo problema não identificado na infância.

Page 17: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

17

A hiperactividade do tipo predominantemente desatento

(sem agitação motora pronunciada) é mais frequente em

raparigas. A ausência de hiperactividade, propriamente

dita, leva a que estas sejam diagnosticadas 4 anos mais

tarde que os rapazes.

O sexo masculino tende a ter uma maior incidência para o

problema.

A ocorrência de PHDA no adulto é cerca de metade da

incidência em crianças e jovens.

A PHDA associa-se a outros problemas. Menos de 1/3 das

crianças com PHDA sofrem esta perturbação no “estado

puro”, isto é, sem que outras perturbações lhe estejam

associadas.

Page 18: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

18

Quais os comportamentos que os hiperactivos adoptam?

Défice de atenção e

concentração

A criança pode ter dificuldades

em:

- seleccionar informações

- iniciar actividades

- manter a atenção até ao final

de uma tarefa

- prestar atenção a dois estímulos

em simultâneo

Impulsividade

Estas crianças têm dificuldade

em:

- reflectir antes de agir

- prever as consequências das

suas acções

- planificar actividades

- seguir normas estabelecidas

Hiperactividade

Estas crianças podem manifestar

um nível excessivo de movimento

corporal (actividade quase perma-

nente e incontrolada sem finalida-

de concreta). As dificuldades

podem ser mais evidentes nas

situações em que se requer maior

tranquilidade.

Page 19: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

19

Outras características apresentadas:

- baixa tolerância à frustração

- baixa auto-estima

- dificuldades em seguir nor-

mas

- desmotivação escolar

- rendimento escolar oscilante

- dificuldades em respeitar a

sua vez, precipitação nas res-

postas

- podem ser pouco populares

entre os seus companheiros

- fazem barulhos ou sons

desadequados

- são imprevisíveis e distraídos

- parece que não escutam

quando se fala com elas

- perdem ou esquecem o

material escolar

- têm os deveres pouco cuida-

dos

- podem ser lentas a copiar a

informação

- têm dificuldades em adaptar-

se às mudanças

- reagem de forma despropor-

cionada quando provocadas

- podem ser facilmente explo-

radas pelos outros

Page 20: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

20

Desatenção – Têm muita dificuldade em manterem-se

atentos e concentrados, não conseguem dar atenção a

detalhes, distraem-se facilmente, parecem estar sempre a

sonhar acordados ou de “cabeça no ar”, são desorganiza-

dos, perdem tudo, o

desempenho é muito irre-

gular (dias bons e dias

maus), evitam tarefas que

requerem esforço mental

contínuo, frequentes

esquecimentos na vida

quotidiana.

Hiperactividade – Mexem as mãos ou os pés ou con-

torcem-se na cadeira, estão sempre em movimento, falam

demais. Não são capazes de estar sentados durante muito

tempo, levantam-se várias vezes à refeição, não aguen-

tam uma aula inteira sentados, levantam-se, correm,

interferem e implicam com os outros; respondem de for-

ma atabalhoada às questões; interrompem os outros, têm

dificuldade em esperar numa fila ou em aguardar a sua

vez nos jogos; fazem ruídos com os objectos que têm nas

mãos ou simplesmente com a boca.

Page 21: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

21

Impulsividade - Têm enorme dificuldade em inibir ou

parar uma resposta, seja esta um comentário ou um com-

portamento. Assim sendo, falam, comentam, respondem e

agem sem pensar primeiro nas consequências, tornando-

se, por vezes, inconvenientes e desagradáveis. Esta carac-

terística prejudica o desempenho escolar e dificulta o

aguardar pela vez que lhes compete. Devido também à

Impulsividade estes correm para o meio da rua sem olhar,

o que faz com que fiquem mais vulneráveis aos acidentes

de viação.

Page 22: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

22

Como diagnosticar este transtorno?

A PHDA não tem um marcador biológico, um parâmetro

facilmente mensurável, que nos permita afirmar com

segurança a presença da disfunção.

O comportamento da criança pode ser distinto em casa,

na sala de aula ou no próprio gabinete médico, pelo que a

análise do comportamento deverá ser feita com base nos

diferentes espaços que esta possa percorrer.

A Hiperactividade é uma perturbação com características

próprias do desenvolvimento da criança e, como tal, deve

ser avaliada com critério e por profissionais habilitados.

Sem o devido diagnóstico pode ser confundida com doen-

ças mais graves, como a esquizofrenia, ou simplesmente

não passar de “mau comportamento”.

Page 23: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

23

Teste de Conners

Conners desenvolveu um questionário conduzido por um

conjunto de comportamentos, graduados numa escala, e

que permite obter um perfil comportamental da criança.

Os resultados são expressos em valores numéricos e com-

parados com os obtidos por um conjunto de crianças sem

PHDA. Além de ajudar no diagnóstico, os questionários

podem ser úteis na avaliação da intervenção terapêutica.

Porém, podem existir resultados discrepantes entre os

vários informadores.

A suspeita de PHDA numa criança deve ser despistada por

uma avaliação de um médico experiente em perturbações

emocionais que avalie a criança de uma forma global,

inquirindo a qualidade das suas relações familiares, amiza-

des, hábitos, hobbies, medos e atitudes.

Page 24: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

24

Perguntas-chave de um diagnóstico:

1. Tem ou não esta criança maior dificuldade que outras

da mesma idade em concentrar-se em tarefas que exigem

esforço mental?

R: É necessário saber qual é a capacidade de atenção

expectável para cada etapa do desenvolvimento. A avalia-

ção da capacidade de atenção deve-se fazer quando a

criança se encontra envolvida em tarefas que requerem

esforço mental.

Os professores deverão ter uma amostra significativa de

crianças para saber se alguma delas foge da norma.

2. Definida a presença de uma dificuldade em manter a

atenção, a questão seguinte prende-se com as circunstân-

cias em que esta surge.

R: As implicações do Défice de Atenção verificam-se nas

rotinas de todos os dias. Os filhos não são autónomos,

não se organizam no tempo, não se conseguem responsa-

bilizar por despir/vestir, tomar banho, comer, organizar a

mochila, entre outras. Como resultado os pais substituem-

nos em praticamente tudo e as crianças tornam-se muito

dependentes.

Page 25: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

25

3. Socialmente também são crianças com dificuldades em

jogos de grupo, principalmente se implicam um planea-

mento com regras para cumprir (facilmente as esquecem).

A dificuldade de atenção prejudica a criança de forma cla-

ra?

R: Os resultados escolares de uma criança com PHDA

poderão ser razoáveis, mas no entanto inferiores aos do

potencial revelado pelo aluno. Ou então, existe um enor-

me consumo de energia, por parte dos pais e da criança,

que interfere com a oportunidade de desfrutar tempos de

lazer, para realizar trabalhos de casa ou estudar.

Page 26: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

26

4. Porque razão o diagnóstico se baseia na interpretação

de relatos e observações, e não se pode apoiar exclusiva-

mente em valores estatísticos obtidos através de questio-

nários?

R: A criança deve ser avaliada no seu contexto familiar e

escolar, desmontada e compreendida a sua rede de liga-

ções emocionais, hábitos ou idiossincrasias emocionais.

O diagnóstico da PHDA assenta na revelação do quotidia-

no íntimo da criança e sua família, na análise dos compor-

tamentos na aula e no recreio, e pela observação do com-

portamento no gabinete de consulta (gestos, movimentos

e olhares – códigos que apuram a dificuldade de atenção).

(Nuno Lobo Antunes, Mal-entendidos, 2009)

Page 27: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

27

Que factores pioram o prognóstico?

A PHDA, se não for identificada correctamente e conse-

quentemente não der origem a uma intervenção atempa-

da, pode originar outras perturbações e desadaptações,

por vezes mais graves que a hiperactividade em si mes-

ma.

Esta perturbação não surge na vida de uma criança em

consequência de uma situação traumática (como um

divórcio ou morte de um familiar próximo). Pode, porém

acontecer, que as características que já estavam presentes

no comportamento, se agravem e se tornem mais disrup-

tivas nessas alturas.

Esquematicamente, os factores que pioram o prognóstico

podem ser:

Diagnóstico tardio;

Fracasso escolar (a auto-estima tem um papel impor-

tante numa boa evolução da perturbação);

Educação demasiado permissiva ou excessivamente

rígida (deve-se tentar encontrar um meio termo);

Ambiente familiar marcado pelo stress e/ou hostilida-

de/violência;

Problemas de saúde ou atrasos no desenvolvimento;

Problemas familiares (alcoolismo, patologias psiquiá-

tricas, etc.).

Page 28: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

28

Quais os tratamentos e terapias?

A intervenção pressupõe dois planos: a intervenção ao

nível dos sintomas próprios da perturbação e, ao nível da

desadaptação secundária existente em cada caso.

Na maioria das situações, a PHDA provoca um ciclo vicio-

so de relações interpessoais e de insucesso em diferentes

planos. Actuar ao nível dos sintomas, pode ser o primeiro

passo para que outras situações se possam resolver. Esta

actuação pressupõe, em muitos casos, uma intervenção

farmacológica, à base de psicoestimulantes, que actuam

ao nível do Sistema Nervoso Central, melhorando as capa-

cidades de atenção e diminuindo a impulsividade do indi-

víduo.

Page 29: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

29

No entanto, uma intervenção exclusivamente farmacológi-

ca não é suficiente. A Hiperactividade resulta de inúmeras

dificuldades e, a actuação ao nível dos sintomas, não pro-

move nem desenvolve as competências que cada criança

necessita adquirir no seu percurso de vida. Como tal, é de

afirmar que a intervenção na PHDA deve ser Multimodal1.

A monitorização dos comportamentos da criança

(evolução, diferenças ao longo do dia, surgimento de

reacções inesperadas) é um valioso instrumento para afe-

rir os resultados da intervenção terapêutica e deve ser

comunicada aos pais e/ou médico assistente da criança.

1 Uma abordagem Multimodal inclui uma combinação de Programas de Modifica-

ção Cognitivocomportamental (mudanças de comportamento na escola e em

casa) e uma intervenção farmacológica.

Page 30: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

30

Ser pai ou mãe de um hiperactivo

Na família, a PHDA representa um desafio diário. As situa-

ções de conflito são mais frequentes e mais intensas do

que noutras famílias com crianças da mesma idade, o que

gera, nos pais uma angústia e sentimentos de culpa. A

angústia de não conseguir gerir as situações vem quase

sempre acompanhada de um grande sentimento de

incompetência parental, potencializado pelas situações

sociais vividas entre os amigos e com a sua própria famí-

lia. Não é raro que, as famílias com crianças hiperactivas,

se isolem e desistam de realizar um conjunto de activida-

des. Acabam por se fechar em si mesmas e aumentar as

suas dificuldades.

Page 31: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

31

O desgosto, por não conseguirem que os filhos se com-

portem como as outras crianças, conduz frequentemente

a uma grande tensão familiar que se reflecte na relação

conjugal e na relação de fraternidade. Os sentimentos

generalizados de incompetência arrastam, frequentemen-

te, uma necessidade de culpabilizar o outro pelo “mau

comportamento” da criança hiperactiva que, por sua vez,

sente essa acusação dirigida a si mesma. Este sentimento

gera mais comportamentos disruptivos, potencializando o

ciclo vicioso que se instala nas relações familiares. É fre-

quente assistirmos a estilos parentais muito punitivos,

sabendo que a punição é o caminho errado para aliviar a

tensão.

Um dos passos mais importantes para quebrar este ciclo

consiste no facto dos pais poderem perceber o que é a

Hiperactividade, em que consiste, e como é que as suas

características provocam desadaptação na vida da criança.

Para tal, a informação é muito importante, bem como a

realização de reuniões formativas.

Page 32: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

32

Como posso eu ajudar o meu/minha filho/a? É a

pergunta mais frequente e que a maioria dos pais faz.

Existem várias estratégias que podem contribuir para uma

boa comunicação com a criança. Encontrámos numa bro-

chura informativa do CADin as seguintes estratégias para

os pais:

Seja proactivo – isto é, é preferível que antecipe a

situação, evitando que aconteça, do que reagir a ela.

Para orientar a criança, ajude-a a encontrar soluções

alternativas e a rever os erros cometidos, mantendo a

calma e a tranquilidade.

Ponha as coisas mais importantes em primeiro

lugar – há situações que podem ser ignoradas. Não

reaja a todas da mesma forma, ignorando aquelas

que não interferem significativamente com a vida

familiar e com a saúde e segurança de todos.

Tente compreender a situação do seu filho

antes de querer ser compreendido – se tentar,

em primeiro lugar, entender a situação do seu filho,

aumenta a probabilidade de ser correspondido, pois

está a actuar como modelo.

Page 33: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

33

Promova a cumplicidade entre pai e mãe e

entre pais e filhos – se existir uma cumplicidade

entre os pais, é mais provável que a acção desejada

seja alcançada com sucesso.

Utilize com frequência o reforço positivo – refor-

ce de forma imediata o bom comportamento e as

capacidades do seu filho. Não deixe para depois o

jogo prometido ou a ida a um sítio especial. Escolha

algo que possa dar de imediato e aposte em conce-

der-lhe um tempo especial entre si e ele, sem interfe-

rências.

Se tiver de utilizar uma punição – não grite nem

se exalte. Explique porque é que está a actuar desta

forma, mantendo a calma ao falar e agir. Não puna a

criança numa situação de “conflito aberto” ou numa

“birra”. Nestes casos retire a criança da situação e

espere que se acalme. Relembramos que não se deve

exaltar. Quando a criança estivar calma explique-lhe o

porquê da punição (não física, mas sim retirada de

privilégios).

Page 34: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

34

Ajude o seu filho a organizar-se – crie rotinas

para o seu filho e procure que a criança participe nas

rotinas familiares, mas não se esqueça, que as tare-

fas devem estar adequadas às suas capacidades e

que deve tentar dar a informação de forma clara e

concisa de forma a facilitar a assimilação por parte da

criança.

Ajude o seu filho com as amizades – organize

situações lúdicas de desafio e aventura, fora de casa,

e aproveite as situações para modelar as relações

entre ele e os amigos e para o ajudar a organizar-se

e adequar o ser comportamento.

Mantenha sempre a calma – ou pelo menos tente

e treine, pois manter uma atitude firme mas tranquila

é essencial para lidar com o seu filho.

Page 35: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

35

A Hiperactividade e a escola

Dificuldades de aprendizagem

Muitas crianças com PHDA apresentam dificuldades a nível

da leitura, ortografia, escrita, matemática e linguagem

(com uma incidência que varia entre os 35 e os 50%).

Estas crianças têm um rendimento académico que pode

ser muito inferior às suas capacidades intelectuais devido

aos seus problemas de atenção, memória e escasso con-

trolo dos impulsos.

Page 36: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

36

Défice de atenção

O défice de atenção é a principal causa da existência de

um rendimento escolar aquém das possibilidades da crian-

ça.

O défice de atenção implica uma dificuldade em seleccio-

nar os estímulos de forma adequada. Quando a informa-

ção chega a estas crianças, elas fixam-se em detalhes

mínimos e não são capazes de apreender a ideia principal.

Assim, quando respondem a uma pergunta, podem fazê-lo

pela tangente e, nos seus trabalhos, distribuem mal o

tempo.

Automonitorização inadequada (ausência de

controlo de qualidade)

Estas crianças cometem erros pelo facto de concluírem e

entregarem os trabalhos de forma

precipitada. Quando lêem em voz

alta, enganam-se nas palavras por-

que não comprovam se a palavra faz

sentido naquela frase antes de a

dizer. Isto deve-se à falta de aten-

ção, mas também à sua impulsivida-

de.

Page 37: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

37

Dificuldade em manter o esforço

Estas crianças têm muita dificuldade em manter a atenção

em actividades que não lhes geram interesse. Aborrecem-

se, desconcentram-se nos deveres, enquanto um jogo de

vídeo é capaz de captar a sua atenção durante horas. Esta

falta de perseverança afecta de forma significativa o ren-

dimento nos primeiros anos de escolaridade. Estas crian-

ças cansam-se facilmente em trabalhos que exigem a sua

concentração e é natural que evitem essas tarefas.

Memória

É difícil separar os problemas de atenção dos problemas

de memória. Se não somos capazes de estar atentos a

uma informação, dificilmente conseguimos apreendê-la,

integrá-la e armazená-la. Normalmente estas crianças têm

uma boa memória a longo prazo mas a sua memória a

curto prazo e a memória de trabalho deixam muito a

desejar. Recordam-se do que aconteceu há um ano, mas

têm muita dificuldade em reproduzir o que se lhes acabou

de explicar.

Page 38: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

38

Memória a curto prazo

A maioria destas crianças tem muita dificuldade em recor-

dar instruções e em reter informação sequencial.

Memória de trabalho

Refere-se à capacidade de reter vários tipos de informa-

ção ao mesmo tempo. Se não somos capazes de repre-

sentar mentalmente vários números, não podemos fazer

cálculos mentais. Se queremos compreender o que lemos,

temos que ser capazes de recordar as palavras do princí-

pio de um parágrafo quando chegamos ao fim. Na lingua-

gem, a memória de trabalho ajuda-nos a combinar pala-

vras mentalmente para conseguir o máximo de impacto

ao utilizá-las oralmente ou por escrito.

Page 39: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

39

Controlo Executivo

A capacidade de reflectir e planear antes de actuar está

afectada nestas crianças o que lhes causa problemas em

estabelecer prioridades, planificar, organizar o tempo,

antecipar consequências, aprender com a experiência e

sintonizar socialmente.

Leitura e Ortografia

problemas com a fonética das palavras;

problemas na leitura visual – reconhecer palavras;

pela forma;

problemas de compreensão da leitura;

impulsividade, escassa automonitorização, problemas

de compreensão motivados pela fraca memória de

trabalho.

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40

Matemática

Os problemas de cálculo mental são quase universais nas

crianças com PHDA e muitas delas têm também dificulda-

des específicas na área da matemática. Não têm dificulda-

des em reproduzir os números de memória e podem con-

tar por correspondência (ex: utilizando os dedos) mas

quando se lhes retira esse suporte começam os proble-

mas. Muitas crianças têm também uma discalculia – custa

-lhes entender o tamanho relativo das figuras, aprender

tabuadas, recordar sequências de algarismos, entender o

significado dos sinais e compreender conceitos matemáti-

cos avançados.

Page 41: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

41

Linguagem oral

Estas crianças costumam ter uma forma particular de

expressar-se e muitos problemas na aprendizagem da lei-

tura correspondem a dificuldades que têm na hora de des-

codificar a linguagem no cérebro.

Os problemas de falta de atenção, memória de trabalho e

controlo executivo são a causa da maioria das dificuldades

a nível da expressão oral. As crianças respondem sem

terem escutado a pergunta, interrompem as conversas

dos outros e são muito desorganizadas. O seu discurso

pode carecer de uma linha narrativa clara, podendo saltar

de um assunto para outro. Com os seus problemas de

selectividade, são capazes de se perder em pormenores

irrelevantes e podem não saber dar uma ideia de conjunto

ao seu discurso. Os seus relatos costumam ser muito

interrompidos por hesitações que podem ocultar a dificul-

dade real em encontrar uma palavra adequada. Quando

se lhes colocam perguntas abertas, podem responder

“não sei” ou “não me lembro” para não terem que se

esforçar a organizar o discurso. Muitas vezes têm dificul-

dade em adaptar o discurso ao interlocutor – falta de

habilidades pragmáticas da linguagem.

Page 42: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

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Para além das características e comportamentos típicos

dos alunos com Hiperactividade, também devemos realçar

alguns factores positivos que, por vezes, lhes estão asso-

ciados, tais como:

Ingenuidade;

Criatividade;

Espontaneidade;

Grandes reservas de energia

Sensibilidade relativamente às necessidades dos

outros;

Receptividade e disposição para perdoar;

Disposição para correr riscos;

Intuição;

Curiosidade;

Imaginação;

Abordagens inovadoras;

Gestão de recursos;

Empatia;

Bondade;

Capacidade de observação;

Muitas ideias.

Aspectos positivos

Page 43: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

43

Intervenção da escola

Como integrar um hiperactivo no meio

escolar?

O estilo de aprendizagem de uma criança com PHDA é

muito diferente do estilo de uma criança sem PHDA. São

crianças menos reflexivas, com tendência a prestar aten-

ção a muitos estímulos em simultâneo e com maior difi-

culdade em processar estímulos verbais. São crianças que

“aprendem fazendo”, por tentativa e erro e que se movem

para “obter algo”. Necessitam, com frequência, de pistas

orientadoras para a realização das tarefas. A sua aprendi-

zagem escolar melhora se as tarefas forem curtas e esti-

mulantes e se forem sistematicamente forçadas positiva-

mente pelas suas conquistas.

Para se ter sucesso, deve-se encarar a situação como um

todo, um sistema em desequilíbrio, que necessita de ser

reorganizado e estruturado.

É importante que se equacione todos os elementos desse

sistema (criança, escola, professor, recursos, colegas,

família, etc.) e as interacções que entre eles estabelecem.

Page 44: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

44

Para intervir na escola é necessário modificar os contextos

e práticas, as atitudes, crenças, entre muitos outros.

O professor é uma peça chave no desenvolvimento destas

crianças e só a estreita colaboração entre a escola e a

família permite uma intervenção adequada.

Na escola, o hiperactivo deve ser acompanhado por uma

equipa multidisciplinar, mas na ausência desta, o professor

terá de implementar um conjunto de estratégias e técni-

cas pedagógicas para ajudar a criança com PHDA a res-

ponder melhor à aprendizagem.

Page 45: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

45

Como distinguir um aluno hiperactivo de

um aluno irrequieto?

Antes de passarmos às estratégias para professores,

devemos esclarecer esta diferença.

Nem todas as crianças com dificuldades em manter a

atenção, irrequietas e impulsivas têm uma PHDA. Pode

existir outra perturbação que origine tais sintomas ou

pode ser que a criança seja, apenas, mais desatenta, irre-

quieta e/ou impulsiva do que as outras da sua idade.

Importa acima de tudo saber se essas características

estão a causar sofrimento e desadaptação na sua vida e

nos contextos familiar, escolar e social.

Deve-se encaminhar a criança ao Gabinete de Educação

Especial da escola onde poderão contactar especialistas e

diagnosticar, ou não, a criança com hiperactividade.

Page 46: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

46

Métodos e estratégias de ensino para

focalizar e manter a atenção:

Diminuir os factores de distractibilidade – a sala

de estudo ou de aula deve estar isenta de factores de

alheamento como televisores, telemóveis ou brinque-

dos. Os principais factores de desatenção na sala de

aula são os próprios colegas, pelo que a procura do

melhor lugar para sentar a criança com PHDA é cru-

cial.

Facilite a atenção – criar uma aula viva e interes-

sante. Material visual atraente, sublinhados, instru-

ções curtas e dadas uma de cada vez (reforçadas

com o contacto visual para o professor assegurar que

o contacto foi ouvido). Utilização de um sinal conven-

cionado para chamar a atenção (toque no ombro ou

na carteira).

Page 47: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

47

Desloque-se pela sala para manter a visibilida-

de

Ajude na organização do trabalho – ajude na

criação de métodos e hábitos de estudo do aluno, de

forma a facilitarem a sua organização do trabalho.

Deve ser dado tempo suficiente ao estudante

com Hiperactividade para copiar as indicações do

quadro para o caderno, uma vez que se trata de um

aluno mais lento que os colegas.

As expectativas e objectivos terão de ser cla-

ros.

Calendários bem visíveis no local de trabalho com

inscrição das datas de testes e apresentações de tra-

balhos.

Utilização de instrumentos simples que emitam

sinais sonoros para poder regular o ritmo de trabalho

ou de estudo.

Estimular o estudante a realizar resumos dos

aspectos mais importantes e sublinhar as palavras-

chave.

Informar os pais de imediato quando os trabalhos

não são realizados.

Page 48: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

48

Diminuir a frustração – O elogio e o reforço positi-

vo são fundamentais. Se a criança estiver com dificul-

dades em se manter tranquila durante um longo

período de tempo, escolha-a quando é necessário

fazer um recado ou uma pequena tarefa como reco-

lher enunciados.

Os alunos com PHDA deverão ser inscritos nas

aulas de manhã, altura do dia em que lhes será

mais fácil manter a atenção.

Os métodos de avaliação devem ser ajustados

às crianças com PHDA sendo as provas orais o

melhor método de avaliar uma criança hiperactiva.

Avisar/alertar o aluno se este “saltou” uma

pergunta ou se cometeu um erro por evidente falta

de atenção.

Os pais são a autoridade – a criança deverá com-

preender que qualquer acto que pratica tem conse-

quências

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49

Deve-se incentivar a criança com prémios e

recompensas - Para reforçar os comportamentos

positivos, os professores podem encontrar formas de

compensar os alunos. Esses prémios podem ser con-

quistados sempre que o aluno atinja um patamar de

“pontos”/”estrelas” previamente definidos pelo pro-

fessor. Os pais da criança devem ser informados acer-

ca dessas conquistas. Esses pontos podem ser con-

quistados individualmente ou em grupo. (por exem-

plo, apagar o quadro, fechar a porta à chave, fazer

recados, etc.).

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50

Na apresentação de tarefas:

Utilize a instrução verbal em combinação efectiva

com suporte visual;

Não dê instruções muito compridas e com informação

pouco pertinente; seja claro nos seus pedidos;

Providencie que a instrução seja dada de forma direc-

ta à criança em causa;

A instrução deve ter em conta a experiência anterior

da criança sobre o assunto ou tarefa e o professor

deve certificar-se de que a criança compreendeu o

pedido;

Utilize meios dinâmicos e estimulantes para apresen-

tar as tarefas às crianças. A investigação tem

demonstrado que ao aumentar o grau de estimulação

nas tarefas, bem como implicar a novidade nos mate-

riais e métodos utilizados, melhora a capacidade de

resposta da criança com PHDA. Assim, utilize o traba-

lho de grupo, as cantilenas, a resposta em coro, o

diálogo, a actividade motora, a cor e a forma altera-

da, para estimular a focar a atenção.

Page 51: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

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Na avaliação:

A criança com PHDA beneficia se a sua avaliação for

essencialmente verbal, ou através de trabalhos de

natureza vária.

Na realização dos testes necessita de mais tempo e

de um ambiente calmo e longe de factores distracto-

res.

As perguntas de um teste também deverão ter algu-

mas adaptações como: não existirem perguntas enca-

deadas, cuja resposta depende de uma anterior; não

existirem perguntas com muita informação contex-

tual; nas perguntas de escolha múltipla ter muito cui-

dado com a forma como as alternativas são dadas

(não existirem alternativas com pequenas nuances).

Page 52: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

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Quando existem perguntas de escolha múltipla, o

professor deve acautelar que a impulsividade pode

provocar erros de resposta.

Durante a realização de testes tente perceber se a

criança está a ler as perguntas até ao fim e de forma

correcta.

Evite testes fotocopiados frente e verso e se assim

for, chame a atenção da criança para o facto.

Utilize cópias a preto e branco, saliente informação

pertinente nas perguntas, utilize os testes como guia

de estudo.

Adapte materiais de apoio ao estudo

A maioria dos materiais de apoio ao estudo contém

muita informação, o que dificulta a atenção da crian-

ça com PHDA.

Lembre-se que estas crianças têm muita dificuldade

em resumir textos e em tirar as informações mais

importantes da leitura dos mesmos.

Não use materiais com muita informação.

Sintetize o máximo possível a informação nuclear e

acompanhe com ilustrações ou desenhos apelativos.

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A experiência escolar pode constituir um verdadeiro desa-

fio para uma criança com PHDA. A sua impulsividade

impede-a de responder de forma reflexiva e conduz fre-

quentemente ao erro, as dificuldades de memória de cur-

to prazo dificultam a retenção de informação, as dificulda-

des de planeamento e organização interferem com a

escrita, em especial, quando há tempo limitado para tal.

A grande maioria das crianças é identificada quando

começa a existir uma dificuldade em acompanhar as exi-

gências escolares próprias para a sua idade e se começam

a repetir os insucessos e falhanços. Outras razões de iden-

tificação são os comportamentos disruptivos, frequentes

na sala de aula, ou as dificuldades de relacionamento com

os pares.

Para lidar com estas crianças deve-se conhecer a pertur-

bação. Saber distinguir quando se trata de mau comporta-

mento ou da perturbação. Estas crianças não fixam a sua

atenção e portanto torna-se difícil chamá-las à razão para

algo que fizeram mal. Não cumprem regras, pois não as

decoram e isso dificulta a sua aprendizagem. Não são

crianças intelectualmente inferiores às outras, simples-

mente não conseguem expressar a sua inteligência.

Conclusão

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Com este trabalho, pretendemos ajudar a comuni-

dade escolar, e até os pais, a lidar e a perceber

estas crianças, pois,

“mais que uma inquietação, elas têm

uma perturbação.”

Page 56: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

56

Page 57: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

57

Antunes, N. L. (2009). Mal-Entendidos. Verso da

Kapa.

Associação Portuguesa da Criança Hiperactiva. (s.d.).

Obtido de http://www.apdch.net/.

Desordem por Défice de Atenção com Hiperactivida-

de. (s.d.). Obtido de http://ddah.planetaclix.pt.

Documentos facultados pelo Gabinete de Educação

Especial e Apoio Educativo.

Hiperactiva, A. P. (s.d.). Pertubação de Hiperactivida-

de com Défice de Atenção - um guia para professo-

res.

Hiperactividade, G. d. (Abril de 2010). Inquéritos a

professores e sua análise.

Pina, D. S. (Maio de 2010). Entrevista com uma Psi-

coterapeuta e mãe de uma criança hiperactiva. (G. d.

Hiperactividade, Entrevistador)

Rodrigues, A. N. (Abril de 2005). Hiperactividade e

Défice de Atenção - Compreender e Intervir na Escola

e na Família. Cascais: CADin.

Referências bibliográficas

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58

Page 59: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

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Anexos

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INQUÉRITO DESTINADO A PROFESSORES

Este inquérito tem como objectivo a realização de um trabalho sobre Hiperactividade – “Vida a 100 à hora!”, no âmbito de Área de Projecto do 12º1.

Sexo: F □ M □ Idade: □ Menos de 30

□ Entre os 30 e os 50

□ Mais de 50

Disciplinas leccionadas: ___________________________________________________

Há quantos anos lecciona? □ 1 a 10 anos

□ 11 a 20 anos

□ Mais de 20 anos

Anos de escolaridade que lecciona:

□ 7º ano □ 8º ano □ 9º ano □ 10º ano □ 11ºano □ 12ºano □ Cursos Profissionais

□ Ensino Nocturno

1. Sabe o que é um hiperactivo?

□ Sim □ Não

2. Percebe como deve reagir correctamente com um/a aluno/a hiperactivo?

□ Sim □ Não □ Com dificuldade

3. Seleccione as opções que remetem para sintomas de Hiperactividade:

□ Não cumpre as regras.

□ Trabalha isolado/a.

□ Não consegue manter a atenção durante muito tempo.

□ Não consegue permanecer sossegado/a.

□ Má educação persistente.

4. Que medidas se devem adoptar, numa sala de aula, com um/a aluno/a hiperactivo?

□ Agir normalmente com o/a aluno/a.

□ Manter o aluno/a isolado/a dos colegas para bom funcionamento da aula.

□ Reforçar de forma positiva o esforço do/a aluno/a.

□ Ser persistente com o/a aluno/a.

□ Utilizar sanções disciplinares por mau comportamento e distúrbio.

□ Utilizar métodos de ensino alternativos e estimulantes (cores, animações, diminuição dos estímulos

externos).

5. Os alunos hiperactivos devem ter avaliações (critérios, instrumentos,…) especiais em relação aos colegas?

□ Sim □ Não Porquê?

___________________________________________________________________________________________

Muito obrigada pela sua colaboração! Grupo 2

Ana Sofia Matos Filipa Nascimento

Inês Sim Sim Marta Zegre

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Resultados dos Inquéritos

1. Sabe o que é um hiperactivo?

2. Percebe como deve reagir correctamente com um/a aluno/a hiperactivo?

3. Seleccione as opções que remetem para sintomas de Hiperactividade:

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4. Que medidas se devem adoptar, numa sala de aula, com um/a aluno/a hiperactivo?

5. Os alunos hiperactivos devem ter avaliações (critérios, instrumentos,…) especiais em relação aos colegas?

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Análise dos Resultados

No âmbito do projecto “Hiperactividade – Vida a 100 à

hora!”, do grupo 2, do 12º1, foram elaborados inquéritos

dirigidos a professores. Foi recolhida aleatoriamente

uma amostra de 37 professores, sendo 26 do sexo

feminino e 11 do sexo masculino.

Depois de recolhidos os inquéritos, estes foram analisados

e pudemos retirar algumas conclusões:

Todos os inquiridos sabem o que é um hiperactivoTodos os inquiridos sabem o que é um hiperactivo

e no entanto, a maioria tem dificuldade em perceber

como se deve reagir correctamente com alunos que

sofram desta perturbação. Mostraram também reconhecer

os sintomas de Hiperactividade, não contrariando as res-

postas da questão anterior.

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É de salientar que a maioria dos professores escolheu a maioria dos professores escolheu

opções correctas acerca de como lidar com um opções correctas acerca de como lidar com um

hiperactivo numa sala de aula.hiperactivo numa sala de aula. Agir normalmente com

o aluno, reforçá-lo de forma positiva, a persistência e a

utilização de métodos de ensino alternativos e estimulan-

tes são as medidas a tomar pela grande maioria.

Ainda assim, há uma pequena percentagem que indi-uma pequena percentagem que indi-

ca que ainda se acha que se devem aplicar sanções ca que ainda se acha que se devem aplicar sanções

disciplinares por mau comportamento ou isolar o disciplinares por mau comportamento ou isolar o

alunoaluno para um bom funcionamento da aula.

Há grande ambiguidade em relação à questão das ambiguidade em relação à questão das

avaliações especiais para hiperactivosavaliações especiais para hiperactivos. Metade dos

inquiridos é a favor de serem feitas avaliações, serem utili-

zados critérios e instrumentos de avaliações diferentes

para hiperactivos e a outra metade é contra.

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Page 66: Brochura PHDA Vida a 100 à hora!

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A minha filha antes de ser diagnosticada com hiperactivi-

dade, tinha, de facto, características muito específicas que

eu penso que estão presentes na maioria das crianças

com hiperactividade, tais como: o facto de não dormir, a

agitação que formava uma desarrumação total da casa, e

que fazia com que não houvesse nada que estivesse no

devido lugar, pois isso não era possível.

Esta agitação, não é igual em todas as crianças, no caso

da minha filha eram tiques. Ela tinha muitos tiques, ela

não conseguia estar sentada, tinha sempre a perna de

baixo do rabo, depois tirava-a e depois ficava de joelhos.

Ela não saltava nem se pendurava nos candeeiros. Não

era isso, mas tinha tiques muito pequeninos. Chuchava

tudo. Destruía os lápis e as canetas. Até podia ser o

objecto mais rijo, que ela conseguia danificá-lo com a

boca. Fazia muitos gestos.

Eram pequenos tiques que mostravam bem a ansiedade e

o mal-estar dela.

Eu na altura não pensei que fosse uma PHDA, pensava

apenas que era uma menina mais mexida e que tinha difi-

culdade na arrumação e no cumprimento das regras.

Nunca pensei que pudesse ser hiperactividade, até ela ter

entrado para a escola.

Dra. Susana Pina

Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta

e mãe da Marta, uma menina hiperactiva.