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Revista da CâmaRa de ComéRCio ameRiCana paRa o BRasil desde 1921 nº272 nov/dez 2011 Roberto Azevêdo A visão do embaixador do Brasil junto à OMC sobre o papel do País na governança global e no comércio internacional divulgação Especial Royalties do Petróleo os vários ângulos da questão From the USA Cônsul-geral dos Eua no Rio, dennis Hearne: 2011 foi definitivo para as relações entre os dois países Brasil Urgente Ministro-chefe Wagner Bittencourt e os rumos da aviação Civil

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Roberto Azevêdo A visão do embaixador do Brasil junto à OMC sobre o papel do País na governança global e no comércio internacional

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Revista da CâmaRa de ComéRCio ameRiCana paRa o BRasildesde 1921 nº272 nov/dez 2011

Roberto AzevêdoA visão do embaixador do Brasil junto à OMC sobre o papel do País na governança global e no comércio internacional

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Especial Royalties do Petróleo os vários ângulos da questão From the USA Cônsul-geral dos Eua no Rio, dennis Hearne: 2011 foi definitivo para as relações entre os dois países

Brasil Urgente Ministro-chefe Wagner Bittencourt e os rumos da aviação Civil

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ArtigoO advogado Rodrigo Borges Carneiro, sócio da Dannemann Siemsen, esclarece as mudanças na legislação de downloads nos EUA

A revista Brazilian Business, publicada pela Câ-mara de Comércio Americana do Rio de Ja-neiro desde 1921, deve ser, cada vez mais, um

fórum permanente de debate de ideias sobre as ques-tões nacionais e do Rio de Janeiro. Queremos não só trazer para este espaço temas de relevância para o País, como promover o debate de ideias sobre assuntos que exigem constante aprofundamento dos marcos regula-tórios de diversos setores da economia brasileira.

Nesta edição, dois assuntos imperativos para o Bra-sil estão em destaque. As relações internacionais do País por meio da visão de um dos mais importantes e respeitados diplomatas brasileiros, o embaixador do Brasil na OMC Roberto Azevêdo, que trata do papel protagonista do País na governança global, e em espe-cial, das relações com os Estados Unidos; e as questões em discussão sobre o setor de óleo e gás, de fundamen-tal importância para o Brasil e o Estado do Rio.

O Consulado-Geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro também dedica um artigo às relações interna-cionais e faz um balanço sobre o ano de 2011, detendo-se ainda na relação entre os dois países.

Como já começamos a pensar em 2012, convidamos Steve Solot, chairman do nosso Comitê de Propriedade Intelectual e presidente da Rio Film Commission, para escrever sobre indústria criativa, um dos temas-chave para a cidade do Rio no ano que se anuncia.

Boa leitura. Feliz ano novo e até 2012!

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Conselho editorial Helio Blak

Henrique Rzezinski João César Lima

Omar Carneiro da Cunha Rafael Sampaio da Motta Roberto Castello Branco

Robson Barreto

Editora-chefe e jornalista responsável Andréa Blum (MTB 031188RJ) [email protected]

Colaboraram nesta edição: Fábio Matxado (edição de arte), Flavia

Galembeck, Caroline Mazzonetto e Janaina Gimael (texto) e Luciana Maria Sanches (revisão)

CAnAl do lEitor [email protected]

Os artigos assinados são de total responsabilidade dos autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores e a desta

Câmara de Comércio Americana

ComErCiAl E mArkEting

gerente Ricardo Santos

[email protected]

Publicidade Gisela Medeiros

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A tiragem desta edição, de 8 mil exemplares, é comprovada por Ernst & Young Terco

Impressão: Gráfica Stamppa

Uma publicação da Câmara de Comércio Americana do rio de Janeiro

Praça Pio X, 15, 5º andar

20040-020 Rio de Janeiro RJ Tel.: (21) 3213-9200 Fax: (21) 3213-9201

[email protected] www.amchamrio.com

Leia a revista também pelo site amchamrio.com

Caso não esteja recebendo o seu exemplar ou queira

atualizar seus dados, entre em contato com Terezinha

Marques: (21) 3213-9220 ou [email protected]

editorial Em FocoNotícias sobre as empresas associadas

EntrevistaO embaixador do Brasil junto à OMC, Roberto Azevêdo, e seu importante papel no protagonismo do País na agenda bilateral

PerfilA empresa inglesa Rolls-Royce: negócio dedicado a motores para os mercados aeroespacial civil, aeroespacial militar, marítimo e de energia

Brasil UrgenteO ministro-chefe da Aviação Civil, Wagner Bittencourt, faz uma análise do trabalho à frente da Secretaria

radarIndústria criativa e propriedade intelectual na visão de Steve Solot, presidente da Rio Film Commission

Ponto de VistaPesquisa da Michel Page sinaliza um caminho possível para a escassez de mão de obra no setor de óleo e gás

From the USAO cônsul-geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, Dennis Hearne, comemora 2011 como um marco para as relações entre o Brasil e os EUA

EspecialOs royalties do petróleo: os impactos da decisão

Ponto de Vista Negócios e responsabilidade social andam juntos e garantem aos dois lados bons resultados, diz a sócia da Martinelli Advocacia Fabiane Turisco

diálogosProjeto Cantagalo, um exemplo de retomada da cidadania nas comunidades do Rio de Janeiro

doing BusinessRoberto Haddad, da KPMG: o desafio de lidar com o sistema de taxas brasileiro

Amcham newsA cobertura dos eventos da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro e do Espírito Santo

artigos relacionados

32 royalties: um debate sem foco Roberto Ardenghy

33 Petróleo, o preço do sucesso Luiz Paulo Vellozo Lucas

34 Vamos pagar caro! David Zylbersztajn

35 Estabilidade regulatória em prol do desenvolvimento João Carlos de Luca

36 o iCmS no pré-sal André de Souza Carvalho e Paulo de Oliveira Carvalho

Henrique rzezinski, PReSiDente DA CâmARA

De COméRCiO AmeRiCAnA DO RiO De JAneiRO

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Pelo terceiro ano consecutivo, a Fibria, maior produtora mundial de celulose bran-queada, recebeu, em 2011, o certificado Carbon Footprint como reconhecimento ao sequestro de mais de 19 milhões de tonela-das de CO2. O certificado comprova que o inventário de gases do efeito estufa emitidos pela empresa, em 2010, nas atividades in-dustriais, florestais e logísticas está de acordo com os padrões internacionais ISO 14064 e Greenhouse Gas Protocol (GHG).

O compromisso da empresa com o meio ambiente também foi reconhecido pelo Índice Dow Jones de Sustentabilidade Global (DJSI World), que aponta as melho-res companhias do mundo em sustentabili-dade corporativa. A Fibria é a única do se-tor florestal presente no índice, tendo sido selecionada entre as 11 avaliadas para com-por a carteira 2011/2012 do DJSI World.

Além dela, outras sete empresas brasi-leiras fazem parte do DJSI World, que exis-te desde 1999 e avalia, anualmente, o de-sempenho econômico, ambiental e social de 2.500 companhias presentes na Bolsa de Valores de Nova York, distribuídas em 57 setores econômicos. São avaliados aspectos como governança corporativa, gestão do capital humano e mudanças climáticas.

Compromisso sustentável rende prêmio à Fibria

em foco

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Plantio em mosaico de eucalipto da Fibria em

Aracruz, no Espírito Santo

PEtrobrAS é cAmPEã Em rElAçõES com InvEStIdorESO ranking 2011 Latin American Executive Team, elaborado pela revista Institutional Investor, elegeu a Petrobras como a melhor companhia no quesito Relações com Investidores (RI) entre as empresas do segmento de petróleo e gás. A pesquisa elenca os melhores profissionais de RI da América Latina, segundo a opinião de 572 analistas de bancos e cor-retoras (sell-side) e de analistas que fazem avaliações para gestoras de fundos (buy-side). No mesmo levantamento, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, foi conside-rado o CEO do ano pelos analistas buy-side. A Institutional Investor circula globalmente e é uma das principais publica-ções sobre mercado financeiro. Esta é a segunda edição do ranking, que avalia 13 setores.

FELICIdAdE NO TRAbALhOA líder global em recrutamento hays entrevistou 430 pes-

soas de diversos setores da economia e de empresas de todos os tamanhos para saber se elas eram felizes no trabalho. A conclusão, divulgada em outubro, é de que 32% dos entrevis-tados se sentiam infelizes em seu emprego atual, enquanto 68% estavam satisfeitos. A pesquisa apontou que para 94% das pessoas a felicidade no trabalho depende tanto do empre-gado quanto da empresa. Segundo os entrevistados, os prin-cipais fatores que contribuem são desafios (61%), excelente integração com a equipe (51%), reconhecimento e respeito (47%) e perspectiva de crescimento e desenvolvimento (47%).

em foco

Após dez anos à frente da seção brasilei-ra do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos (Cebeu), Henrique Rzezinski passou a presidência a Frederico Curado, CEO da Embraer, em evento realizado em novem-bro, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em São Paulo. No discurso, Rzezinski, que preside a Câmara de Comér-cio Americana do Rio de Janeiro, lembrou o processo de amadurecimento vivido pelo Brasil nas relações com os Estados Unidos e comemorou ter participado dessa mudança de postura do País, com a inclusão dos inte-resses brasileiros de forma representativa na agenda entre os dois países.

“A plenária de 2008 foi um marco, pois representou a passagem para um novo pa-tamar de atuação de seção brasileira como uma voz do setor privado e de uma visão estratégica da agenda bilateral. Trata-se do trabalho que culminou com a aprovação do documento A New Time in Brazil – U.S. Relation, How to Move Ahead. Tenho muito or-gulho desse documento, inclusi-ve pelo fato de ter sido elogiado e utilizado pelo então embaixa-dor nos EUA e atual chanceler Antonio Pa-triota como uma referência no seu trabalho em Washington”, enfatizou.

O documento parte da premissa de que o protagonismo do Brasil no cená-rio mundial cria condições objetivas para o estabelecimento de uma agenda global incluindo aspectos bilaterais de temas de interesse mútuo, tais como energia e gover-nança global (Nações Unidas, Conselho de Segurança, FMI, Banco Mundial, reforma da OMC, mudanças climáticas e economia sustentável) até os temas comerciais (trata-do de bitributação, acordo de investimen-tos), com propostas concretas de aprofun-damento dos atuais mecanismos e a criação de novos.

“Foi realmente um avanço nas relações bilaterais. O ápice disso foi a visita do pre-sidente Barack Obama ao Brasil neste ano”,

Henrique rzezinski, presidente da Amcham rio; Jackson Schneider, vice-presidente de relações Institucionais da Embraer; Frederico curado, presidente da Embraer e da seção brasileira do cebeu; robson braga de Andrade, presidente da cnI; e rubens barbosa, presidente de honra do cebeu

frederico curado, ceo da embraer, preside seção brasileira do cebeu

endossou Rzezinski. Para Curado, “os Estados Unidos passam por um mau momento econômico e o Brasil vive o oposto. A distância econômica entre os dois países nunca foi tão pequena. Então, as oportunidades estão aí”, disse.

“Continuo acreditando que o Cebeu tem as condições políticas de aglutinar no Conselho Diretor as instituições que se dedicam às questões que concernem à relação entre os dois países. Penso que poderíamos aumentar muito a nossa proatividade, pressionando por maiores parcerias na arena multilateral e na esfera econômica”, afirmou Rzezinski.

Para encerrar, Rzezinski, que esteve por nove anos na vice-pre-sidência de Assuntos Institucionais da Embraer, enfatizou a im-portância do setor aeronáutico como um dos grandes catalisado-res dessa parceria estratégica. “Trata-se de um setor que vai muito além das importantes questões comerciais, pois endereça questões geopolíticas estruturantes na definição de nossa política externa, tais como a área de Defesa Hemisférica e a área de Tecnologia, de fundamental importância para a crítica transição do País para se

tornar uma sociedade baseada no conhecimento”, concluiu.

Na ocasião, o ex-embaixa-dor em Washington Rubens Barbosa assumiu como presi-dente de honra do Cebeu.

Melhorar a relação comercial entre brasil e Estados Unidos e reduzir o déficit brasileiro na balança comercial bilateral são as prioridades do novo presidente do conselho, que assumiu o cargo em substituição a henrique Rzezinski

“Poderíamos aumentar a nossa Proatividade,

Pressionando Por maiores Parcerias na arena multilateral e na esfera econômica”

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em foco em foco

EqUIPAMENTOS ELETROELETRôNICOS PARA RECICLAGEM

desde 2007, a ONG PC Vida trabalha para dar um destino correto aos eletro-eletrônicos descartados. Para isso, a organização coleta equipamentos como computadores e dá a eles dois fins: reutilização ou reciclagem. Os que es-tiverem em condições de uso vão para Centros Sociais e Tecnológicos, onde há oficinas profissionalizantes e de in-clusão digital. Os outros materiais são reciclados e voltam a servir de matéria-prima. Para obter mais informações sobre a ONG e saber como se tornar parceiro, ligue para (24) 9257-0696. As doações de equipamentos descartados podem ser feitas no Ecocentro, na Rua duque de Caxias, nº 5, na Vila Militar, em Petrópolis. A ONG também retira equipamentos para doação.

4 Perguntas Para...tema: lixo eletroeletrônicocom Álvaro cysneiros, chairman do comitê de tIc da Amcham rio

Por que a Amcham rio montou uma força-tarefa para discutir a questão do lixo eletroeletrônico?Em julho de 2011, criamos uma associação de trabalho multidisciplinar que reúne, além dos comitês de TIC e Meio Ambiente da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio), instituições e órgãos públicos, como a Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet do Rio de Janeiro (Assespro-RJ), a Rede de Informação e Pesquisa em Resíduos (Riper-UFRJ), a Secretaria de Estado do Ambiente, a Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telecom) e a ONG PC Vida. O objetivo é debater as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, especialmente o lixo eletroeletrônico, seus impactos para a iniciativa privada e esfera pública, e propor soluções adequadas às diretrizes que serão implantadas no Brasil.

o que a Política nacional de resíduos Sólidos traz de novo?Aguardada há mais de duas décadas e aprovada após inúmeras negociações no Legislativo, a Lei Federal 12.305 traz importantes inovações, como a obrigatoriedade de os municípios e Estados elaborarem planos específicos, e determina obrigações para fabricantes e comerciantes de produtos como equipamentos eletrônicos, pilhas e baterias, por intermédio do sistema chamado de logística reversa.

como as empresas terão que se adequar a partir da aprovação do novo edital, em 2012?A adaptação das empresas às novas regras dependerá dos acordos setoriais, que estão em discussão com diversos segmentos da sociedade. Esses acordos definirão metas e prazos de implementação, que serão estabelecidos a partir das especificidades de cada área. Por esta razão, julgamos ser um dos papéis da Amcham Rio mobilizar e articular as empresas para ajudá-las a compreender e tomar iniciativas diante das mudanças, antecipando-se.

Quais os desafios e esforços empreendidos neste momento?A força-tarefa vem acompanhando os movimentos da Comissão Interministerial e dos Grupos de Trabalho e está desenvolvendo um business case para o segmento de eletroeletrônicos, buscando identificar sustentabilidade e viabilidade da cadeia de reciclagem desse tipo de resíduo para também ajudar a estabelecer um padrão de modelagem para a logística reversa e metas críveis de reciclagem, tendo em vista a variabilidade da vida útil desses equipamentos.

Brasil é destaque na reunião anual da aacclaO Programa bolsa Família foi citado como exemplo pelo pre-sidente do banco Mundial, Robert Zoellick, que pretende le-vá-lo para a África. Americanos revelam o interesse de criar um Acordo de Livre Comércio entre brasil e Estados Unidos

Entre os dias 17 e 19 de outubro de 2011 foi realizada, na U.S.Chamber of Commerce, em Washington, a 44ª Reunião Anual da Associação das Câmaras de Comércio Latino-Americanas (Aac-cla), que contou com a presença de 23 dos 24 membros efetivos, entre eles, a Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro, representada pelo seu diretor-superintendente, Helio Blak.

O Brasil foi um dos destaques. A começar pela consideração feita pelo presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, que citou positivamente o Programa Bolsa Família. Ele afirmou ainda que a instituição já estuda formas de apoio para reproduzi-lo no conti-nente africano.

A visão sobre o País é, no momento, bastante positiva. Uma prova disso foram as diversas citações dos palestrantes, que com frequência mencionaram os avanços na qualidade de vida de parcela expressiva da população brasileira, além das perspectivas favoráveis ao desenvolvimento econômico com a realização dos grandes eventos esportivos e o crescimento esperado na produção de óleo e gás.

O Brasil – e mais especificamente o Rio de Janeiro – é hoje a cha-mada bola da vez e certamente será objeto de crescente evidência. O País desperta entre os participantes, notadamente os norte-ameri-canos, o interesse em avançar em proposições que possam levar, no futuro, à assinatura também de um Acordo de Livre Comércio entre os dois países, a exemplo do firmado recentemente com a Colômbia e o Panamá, que se juntam assim ao Chile e ao Peru nesse time.

O encontro teve uma agenda extensa, que incluiu as projeções para a próxima década para as relações comerciais entre os Estados Unidos e os países da América Latina e do Caribe, o aparato legal, a visão do setor privado sobre as questões relativas ao desenvolvi-mento de negócios na região, bem como a responsabilidade social nas empresas. Este tema teve um seminário especial no programa, com a apresentação de casos concretos, sob a coordenação da Ge-orge Washington University, hoje considerada uma das referências no assunto.

A reunião foi pontuada positivamente pela aprovação por par-te do Congresso Americano dos Acordos de Livre Comércio (FTAs – Free Trade Agreements) com a Colômbia e o Panamá, além da Coreia do Sul, depois de mais de cinco anos de negociações.

amil é destaque em Harvard

Docente da prestigiosa Universidade Harvard e uma das maiores especialistas em crise no sistema de saúde, Regina Herzlinger apresentou aos alunos do MBA em Health Care, da Harvard Business School, o case da Amil Assistência Médica. A empresa de saúde brasileira foi des-taque por conta do Programa Amil de Qualidade de Vida (PAQV), na Gestão de Pacientes de Alto Risco (GPAR) e no Sistema Integrado de Saúde (SIS), que reúnem as ações de gestão de saúde da companhia. Além disso, a história da empresa, bem como seu potencial adminis-trativo e inovador, foi destacada na apresentação.

Executivos da Amil foram responsáveis por apresen-tar o case à turma de cerca de 40 alunos – iniciativa pio-neira envolvendo uma empresa brasileira de saúde. O interesse da universidade norte-americana pelo modelo de gestão de saúde desenvolvido pela Amil surgiu após uma visita da professora Regina Herzlinger à empresa.

finanças em altaO relatório anual “dirigindo ou der-

rapando?”, elaborado pela Pricewa-terhouseCoopers, concluiu que, em 2010, os custos de finanças aumenta-ram na maioria das organizações, re-vertendo uma longa tendência de que-da. O estudo foi realizado analisando o benchmark de 130 companhias globais. Apesar desse aumento, as empresas de alta performance mantiveram seus cus-tos estáveis e em níveis relativamente baixos, ao mesmo tempo que ofereciam melhores serviços. “Nossa intenção ao elaborar o estudo foi auxiliar as empre-sas a atingir a excelência no desempe-nho da área de finanças, a partir de um melhor entendimento sobre quais são os direcionadores de rendimento da função financeira dentro da organiza-ção”, afirma Luiz Eduardo Viotti, sócio-líder de Consulting-Finance da PwC.

agenda 2012amcham riomarço Posse da nova diretoria

aBril 8º Prêmio Brasil ambiental inscrições de projetos

JunHo iii fórum de comércio internacional

Prêmio de inovação em tic inscrições de projetos

agosto Brasil energy & Power

setemBro rio oil & gas expo | espaços no stand coletivo

o presidente do banco mundial, robert Zoellick

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Brazilian Business: O maior protagonismo da diplomacia brasileira na agenda global, alcançado ao longo das duas últimas déca-das, traz alguma modificação importante na nossa tradicional priorização do multi-lateralismo vis-à-vis a outros mecanismos regionais e plurilaterais?

Roberto Azevêdo: A opção do Brasil pelo multilateralismo, tanto político como eco-nômico, é um elemento de permanência, de continuidade da ação diplomática brasileira. Interessa ao Brasil um sistema multilateral re-presentativo, democrático e dotado de meca-nismos para promover a cooperação com base no direito internacional. Na esfera comercial, são as regras da Organização Mundial do Co-mércio (OMC) que asseguram nossos direi-tos e constituem garantia contra o arbítrio e as ações comerciais unilaterais por parte de qualquer parceiro comercial. Essa foi uma das mensagens transmitidas pelo ministro das Relações Exteriores, o embaixador Antonio de Aguiar Patriota, durante recente seminá-rio realizado no Itamaraty que comemorou dez anos da criação da Coordenação Geral de Contenciosos (CGC).

É fato que, nas últimas duas décadas, o Bra-sil passou por transformações importantes em termos de desenvolvimento econômico e social. Também a diplomacia comercial brasileira, no decorrer da última década, foi progressivamente se aparelhando e especializando para fazer frente às novas demandas que decorrem da participa-ção crescente do Brasil nos diversos tabuleiros em que se desenvolvem as relações e negociações comerciais internacionais.

É preciso ter presente, no entanto, que, ao contrário de outros países em que o comércio exterior constitui parcela substancial do produto interno bruto, no caso brasileiro, as exportações representam menos de 20% do nosso PIB. Isso se deve, sobretudo, à importância do mercado interno, como ocorre em países de dimensões continentais, a exemplo dos EUA, em que o co-mércio exterior representa 15% do PIB.

Roberto Azevêdoentrevista

Do ponto de vista setorial, o Brasil já é, e será cada vez mais, ator de grande importância em agricultura. Durante o período 2000-2011, o Bra-sil se tornou o terceiro maior exportador agrícola, atrás apenas dos EUA e da União Europeia, posição lograda com muito modesto apoio à produ-ção e sem qualquer tipo de subsídio à exportação e a despeito das inúmeras barreiras protecionistas e picos tarifários, quotas, medidas de salvaguarda e barreiras não tarifárias que os exportadores brasileiros têm de enfrentar.

Em serviços, a economia brasileira já é bastante aberta, com importan-te presença de empresas estrangeiras em praticamente todos os setores.

No que tange ao comércio de produtos industriais, o quadro é mais complexo. A indústria brasileira, da mesma forma que a maioria dos seto-res industriais de outros países, tem sido afetada, de um lado, pelas trans-formações no comércio internacional resultantes da emergência de gran-des exportadores asiáticos e, de outro, pela apreciação da moeda nacional. A exportação de bens industriais tem sofrido em consequência dessa dinâ-mica, que também se insere em um contexto de desaceleração econômica nos grandes mercados consumidores tradicionais.

Vale ainda observar que a opção do Brasil pelo multilateralismo eco-nômico está relacionada com o fato de que o comércio exterior brasileiro é bastante diversificado e não está concentrado em uma única região ou país. No período de janeiro a junho de 2011, os principais destinos de nos-sas exportações em termos individuais foram China (16,9%), EUA (9,9%), Argentina (8,8%) e Países Baixos (5,6%). No mesmo período, nossas im-portações originaram-se principalmente de EUA (15,1%), China (14%), Argentina (7,6%) e Alemanha (6,7%).

A crise econômico-financeira iniciada em 2008 e as incertezas atuais têm imposto novos desafios para a conclusão das negociações comerciais multilaterais da Rodada Doha na OMC. Nesse cenário de incertezas, nosso apoio ao multilateralismo não diminuirá. As regras do sistema multilateral de comércio são nosso maior seguro contra a adoção de medidas prote-cionistas ilegais.

Desde a criação da CGC (Coordenação Geral de Contenciosos), uni-dade de que tive a honra de ser o primeiro titular, o Brasil tornou-se o quarto principal usuário do mecanismo de solução de controvérsias, atrás apenas de EUA, UE e Canadá. A vitória do Brasil nos contenciosos do açú-car, contra a UE, e do algodão, contra os EUA, são exemplos de como as regras da OMC têm contribuído para que sejam respeitados os acordos do sistema internacional, por meio da eliminação de subsídios ilegais que deprimem os preços dos produtos agrícolas de interesse exportador dos países em desenvolvimento. Como consequência da decisão do mecanis-mo de solução de controvérsias, a UE reformulou completamente seu sis-tema de subsídios ao açúcar para adequá-lo às disciplinas multilaterais. O Brasil ainda aguarda que os EUA façam o mesmo em relação ao algodão. Por ora, o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) vem recebendo US$ 147 milhões anuais como parte do acordo bilateral que suspendeu a aplicação da retaliação nesse contencioso.

BB: Como se insere a nossa relação bilate-ral com os EUA,diante da maior inserção do Brasil na agenda global?

RA: Em diversos aspectos, Brasil e EUA são mui-to semelhantes. Ambos somos Estados multiét-nicos e vibrantes democracias, abraçamos cau-sas comuns, como a promoção e proteção dos direitos humanos e a valorização da diversidade, da igualdade e da liberdade. Brasil e EUA são também as maiores economias das Américas, o que reforça os laços de cooperação para a inte-gração regional.

Sob o prisma das relações internacionais, o Brasil, hoje, assim como os EUA e os demais grandes atores, é um jogador de peso em um mundo globalizado e crescentemente multi-polar. Essa nova realidade, não obstante, ainda prescinde de uma atualização nas instâncias de governança de muitas organizações multilate-rais internacionais – tanto no sistema das Na-ções Unidas como em relação às organizações de Bretton Woods.

A parceria entre os EUA e o Brasil é madura e baseada no respeito mútuo. Essa relação bilateral é fluida, em todos os níveis e em todas as áreas. O diálogo entre os dois países nos tem permitido debater critérios, identificar convergências e, so-bretudo, compreender melhor nossas posições. Essa interação é ainda mais importante se levar-mos em conta a posição de liderança de cada um dos dois países nos seus contextos específicos. No G-20 financeiro, por exemplo, Brasil e EUA estão no centro do processo decisório e têm im-portante papel na construção de consensos.

“as regras do sistema multilateral de comércio são nosso maior seguro contra

a adoção de medidas protecionistas ilegais”

O embaixador brasileiro na representação permanente junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) fala, de Genebra, à Brazilian Business sobre o determinante papel do Brasil no comércio internacional e as relações com os Estados Unidos

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Em julho de 2008, o Brasil acreditava que se estava muito próximo da conclusão da Roda-da. Na verdade, chegamos a um consenso sobre quase tudo. Entretanto, uma série de retroces-sos nas negociações, agravados pela eclosão da crise econômica, fizeram com que, hoje, esteja-mos mais longe de uma conclusão da Rodada do que em 2008.

No processo de discussões preparatórias para a Oitava Conferência Ministerial da OMC, a realizar-se entre os dias 15 e 17 de dezembro de 2011, muito se tem falado na necessidade de perseguir novas abordagens para a Rodada. Al-gumas das sugestões do que seriam essas “no-vas abordagens” colocadas sobre a mesa dizem respeito à possibilidade de flexibilizar o single undertaking a fim de colher resultados anteci-pados em alguns temas em que seja possível o consenso, desvinculando tais temas do pacote final da Rodada. Em resposta a essas propos-tas, o Brasil tem afirmado, em conjunto com vários outros países, que, embora esse não seja nosso caminho preferido, estaríamos dispostos

a percorrer essa ave-nida desde que: i) o caminho trilhado até agora na Rodada (seu acquis) e a natureza multilateral da Orga-nização fossem pre-servados; ii) os resul-

tados fossem “pró-desenvolvimento” e incluíssem, necessariamente, temas de interesse dos países mais pobres, sobretudo em agricultura. De toda forma, a decisão de perseguir novos caminhos não significa diminuição do compromisso multilateral – e do Brasil – com a con-clusão da Rodada.

No que tange ao trabalho regular da OMC, caberia destacar o papel da Organização no combate ao protecionismo e como foro de discussões e articulação em relação aos mais diversos temas da atual agenda do comércio internacional. Sobre o primeiro desses pontos, o exercício de monitoramento das medidas adotadas pelos mem-bros no contexto da crise econômica e financeira tem sido elemento fundamental no esforço coletivo para conter o recurso a medidas protecionistas. A presidente Dilma Rousseff, em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em setembro passado, recordou que “o protecionismo e todas as formas de manipulação comercial devem ser combatidos, pois conferem maior competitividade, de maneira espúria e fraudulenta”. Assim, na visão brasileira, não apenas as me-didas tarifárias, mas também práticas e políticas que levam a desa-linhamentos cambiais devem ser combatidas. Nessa mesma linha, deve haver monitoramento dos subsídios que desnivelam as condi-ções de competitividade e que deprimem os preços.

“interessa ao Brasil estar Bem preparado para usar

o sistema de solução de controvérsias a favor de seus oBjetivos de política

comercial”

entrevista RoBERto AzEvêdo

A visita do presidente Barack Obama ao Brasil, em março de 2011, contribuiu para refor-çar os laços tradicionais de amizade e estimular a cooperação em temas das agendas bilateral, re-gional e global. Dez novos acordos bilaterais fo-ram firmados, nas áreas de biocombustíveis para aviação, uso do espaço, cooperação acadêmica e intercâmbio educacional, promoção do traba-lho decente e da cooperação técnica em terceiros países, biotecnologia e biossegurança. As rela-ções no plano econômico-comercial também foram reforçadas, com a assinatura do Acordo de Cooperação Econômica, que estabeleceu a Comissão Brasil-Estados Unidos para Relações Econômicas e Comerciais.

Com efeito, nossa relação comercial é mui-to antiga e continua a ser muito robusta. O que tem ocorrido, nos últimos anos, é o aumento da importância do mercado brasileiro para os EUA. Hoje o Brasil é o oitavo parceiro comercial dos EUA em termos de corrente de comércio. Des-de 2007, os EUA têm tido superávits comerciais significativos com o Brasil, resultado que vai na direção contrária do comércio americano com a maioria dos países. Entre janeiro e agosto de 2011, os EUA acumularam déficit de US$ 482 bilhões com o conjunto de seus parceiros co-merciais, mas mantiveram superávit de US$ 8 bilhões com o Brasil. Somos, assim, o quarto maior superávit comercial dos EUA, atrás ape-nas de Hong Kong, Países Baixos e Austrália.

As exportações brasileiras para os EUA con-tinuam sendo expressivas, ainda que em contex-to de maior diversificação geográfica de nossas vendas ao exterior. Em 2010, os EUA absorve-ram 10,3% das nossas exportações, menos que o conjunto dos países do Mercosul (10,4%), por exemplo. De janeiro a junho de 2011, os EUA foram o destino de 9,9% de nossas exportações, suplantados apenas pela China (16,9%) – e descontado o fato de que a União Europeia, em seu conjunto, absorveu 21,6% das exportações brasileiras. Embora a China seja, atualmente, nosso principal parceiro comercial em termos individuais, nossas exportações para o mercado chinês são concentradas essencialmente em três produtos: minério de ferro, soja e petróleo. Com os EUA, a pauta de exportações do Brasil é mais diversificada, incluindo aviões e automóveis.

Os EUA são o principal investidor estran-geiro no Brasil, com estoque acumulado de US$ 48 bilhões. Mais recentemente, empresas brasileiras também começaram a investir for-temente no mercado americano, de modo que, entre 2001 e 2010, o estoque de investimentos brasileiros passou de US$ 1,53 para US$ 10,55 bilhões. Petrobras, Embraer, Gerdau e JBS-Fri-boi são apenas algumas das muitas empresas brasileiras com presença marcante nos EUA.

Uma grande dificuldade que enfrentamos em relação ao mercado americano são as bar-reiras tarifárias e não tarifárias às exportações de produtos agrícolas e os subsídios tanto à produção como à exportação que os EUA ain-da mantêm. São variadas as medidas restritivas ao comércio nesse setor: quotas tarifárias para produtos como açúcar, picos tarifários (tabaco: 350%), medidas de apoio doméstico, além de subsídios à exportação – introduzidos breve-mente na eclosão da crise e posteriormente re-tirados. No setor de carnes isso é bem evidente, pois as exportações brasileiras de carne bovina e suína também são afetadas por diversos procedi-mentos sanitários. No que tange às tarifas de bens industriais, em-bora a média tarifária dos EUA seja de 4,8%, os picos tarifários es-tão concentrados, so-bretudo, nos produtos de interesse exporta-dor brasileiro. O grau de proteção para os setores de calçado, têxtil e vestuário ainda é muito alto: as tarifas para cal-çados, por exemplo, chegam a 60%.

Assim, há ainda muito espaço para apro-fundar e ampliar as relações comerciais entre os dois países.

BB: Quais as prioridades do Brasil na agen-da da OMC, em especial em relação à Roda-da Doha?

RA: A agenda da OMC avança em três frentes, por meio: i) de negociações de novos com-promissos e novas disciplinas multilaterais no âmbito da Rodada Doha; ii) do trabalho regu-lar no âmbito dos diversos comitês e órgãos técnicos; e iii) da afirmação e da implementa-ção das disciplinas multilaterais pelo sistema de solução de controvérsias.

Sobre as prioridades do Brasil em relação à Rodada Doha, é importante ter presente o contexto político em que se iniciaram as nego-ciações. Do ponto de vista do Brasil, Doha surge como resultado de uma barganha: a continuação do processo de intercâmbio de concessões estaria condicionada à correção do chamado “déficit de desen-volvimento” nas normas da OMC. Esse “déficit” decorre do fato de que, na ótica dos países em desenvolvimento, a Rodada Uruguai, concluída em 1994, teria alterado o equilíbrio do sistema em favor dos países desenvolvidos, me-diante a inclusão, na OMC, de disciplinas em temas tais como propriedade intelectual, comércio de serviços e regras de investimentos, ao mesmo tempo que deixou de regulamentar – e manteve assim ampla margem para a ado-ção de políticas distorcivas – as áreas de agricultura, subsídios e antidumping. Batizada de “Rodada do Desenvolvimento”, Doha deveria encontrar uma so-lução para os temas pendentes de solução da Rodada Uruguai (o chamado unfinished business) no intuito de restabelecer o equilíbrio do sistema de co-mércio internacional.

Desde o início das negociações esteve claro que a agricultura deveria ser o “motor” da Rodada, pois é precisamente em agricultura que as desigualdades normativas do comércio internacional são mais evidentes e as correções se fazem mais necessárias. Foi com esse objetivo que o G-20 OMC (com foco em agricultura) foi criado, em agosto de 2003, durante o processo de prepa-ração da Conferência Ministerial de Cancun. Ao reunir grupo de países com interesse em temas relacionados à agricultura e ao desenvolvimento, o G-20 foi exitoso em impedir que, em Cancun, se desse o fim prematuro e desequi-librado da Rodada por meio de um acordo entre os EUA e a UE para redu-zir a ambição em agricultura, tal como ocorrera ao final da Rodada Uruguai (Acordo de Blair House).

“desde 2007, os eua têm tido superávits comerciais significativos com o Brasil,

resultado que vai na direção contrária do comércio americano com a maioria dos países”

divulgação

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Em relação ao papel da OMC como foro de discussão, tem havido sugestões para que a OMC passe a se ocupar dos chamados “te-mas do século 21”, dentre os quais estariam, por exemplo, mudança climática, segurança alimentar, investimentos, políticas cambiais, energia, entre outros. A despeito da conveni-ência de serem debatidos assuntos atuais e de grande interesse para os agentes econômicos e comerciais, esse exercício não pode suplantar as negociações inacabadas da agenda do século 20, na qual a agricultura seria elemento central.

Dentre esses temas do século 21, a questão da relação entre as taxas de câmbio e o comér-cio internacional é de especial interesse para o Brasil. A discussão é particularmente oportuna, tendo presente que o assunto ganhou mais rele-vância e visibilidade em razão das medidas cam-biais, fiscais e monetárias adotadas em resposta à crise, as quais têm resultado em fortes flutua-ções nas taxas de câmbio. Como resultado das propostas apresentadas pelo Brasil no Grupo de Trabalho sobre Dívida, Comércio e Finanças da OMC, acordou-se a realização de um seminá-rio no primeiro trimestre de 2012 a fim de exa-minar as perspectivas de atores diversos – setor privado, academia, governos e instituições in-ternacionais – acerca dos efeitos comerciais das flutuações cambiais. Esse primeiro intercâmbio poderia abrir caminho para a discussão sobre eventuais mecanismos a serem desenvolvidos consensualmente para lidar com situações de claro desalinhamento cambial.

O terceiro pilar da agenda da OMC é o seu sistema de solução de controvérsias. O Brasil percebeu muito cedo as vantagens que o sistema poderia trazer e bus-cou qualificar-se tecnicamente para nele atuar, havendo criado, em 2001, uma unidade específica no Itamaraty, a Coordenação Geral de Conten-ciosos (CGC), para esse fim. Desde 1995, o Brasil já participou de mais de cem casos, seja como demandante (25 casos), parte demandada (14 casos) ou como terceira parte (65 casos).

As perspectivas pouco otimistas da economia mundial, com a desace-leração do crescimento, especialmente nos países desenvolvidos, apontam para o aumento da competição por mercados consumidores no plano internacional, cenário em que os limites do que é possível juridicamente serão crescentemente testados. Não se pode descartar, portanto, maior fre-quência no acionamento do sistema de solução de controvérsias da OMC para determinar a compatibilidade das medidas adotadas pelos membros com as disciplinas multilaterais. Nesse processo, os textos dos acordos vão sendo interpretados pelos painéis e pelo Órgão de Apelação, o que resulta em mais clareza e previsibilidade para todos e não apenas para as partes no contencioso. Daí a importância de ter participação ativa e ampla nessa vertente da evolução das normas da OMC.

Interessa ao Brasil, desse modo, estar bem preparado para usar o sistema de solução de controvérsias a favor de seus objetivos de polí-tica comercial. Por essa razão, ao completarem-se dez anos da criação da CGC, o Ministério das Relações Exteriores anunciou uma série de medidas para reforçar a capacidade do País na área de contenciosos, dentre as quais o aumen-to do número de diplomatas na CGC e a deter-minação de que todos os diplomatas brasileiros sejam também capacitados no tema de conten-ciosos comerciais durante o curso de profissio-nalização do Instituto Rio Branco.

“na visão Brasileira, não apenas as medidas tarifárias, mas tamBém práticas e políticas

que levam a desalinhamentos camBiais devem ser comBatidas”

entrevista RoBERto AzEvêdo

divulgação

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Por Flavia Galembeck

Fundada em 1904, na Inglaterra, a Rolls-Royce (RR) simboliza luxo e tra-dição. Com automóveis usados por

celebridades, empresários e líderes de Estado, a montadora inglesa se manteve como sím-bolo de sucesso, qualidade e sofisticação. A visita da rainha Elizabeth II e do príncipe Philip ao Brasil deixou como recordação a imagem de um desfile pela Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, em um modelo conversí-vel RR, em 1968.

Em meados dos anos 1970 a divisão auto-mobilística foi adquirida pelo grupo Vickers (e posteriormente vendida para o BMW), e a Rolls-Royce se reinventou fazendo o que fazia de melhor: motores para geração de energia – e os serviços necessários para a manutenção desses sistemas. A partir disso, a empresa foi aplicando sua expertise a outras áreas.

Hoje a inglesa atua em quatro mercados no Brasil: o aeroespacial civil, o aeroespacial militar, o marítimo e o de energia. “A cada dez barris de petróleo produzidos no Brasil, quatro usam energia gerada por nossas solu-ções”, explica Rodrigo Barbosa, head de Comunicações da Rolls-Royce para a América do Sul. No exterior, a companhia ainda atua no setor nuclear. O País concentra 4% do faturamento mundial da corporação, e a expectativa é de que até 2020 os negócios da empresa saltem dos atuais US$ 700 milhões anuais para o dobro dessa cifra.

Instalada aqui há 50 anos, a organização foi e é fornecedora e parceira de algumas das principais empresas brasileiras. Como a Varig, que em 1957 comprou as aeronaves Boeing 707, o que fez com que a RR abrisse sua uni-dade de reparo e manutenção de motores de aviões em São Bernardo do Campo (SP). No local, ainda hoje cerca de 300 funcionários fazem manutenção e revisão dos motores de aviões comerciais e militares.

A joia da coroa

perfil

A Embraer também usa os motores da inglesa em 20 tipos de jatos regionais, no avião executivo Legacy 600 e nas aeronaves mili-tares ERJ-145MP/RS/AEW, entre outros. O maior cliente é a TAM, mas Ocean Air, Avianca e LAN também fazem parte da clientela da empresa na América Latina.

A empresa estima que nos próximos dez anos o segmento aero-espacial civil responda por 50% do faturamento da Rolls-Royce no Brasil, em virtude da renovação das frotas de aviões e pelo aqueci-mento do setor de transporte aéreo. Já o setor aeroespacial militar deve responder por apenas 5% do faturamento.

O segundo setor mais importante para a Rolls-Royce no País é o de energia, que deve responder por 30% do faturamento da empresa nos próximos dez anos. Desde 2001, a RR já vendeu mais de 27 paco-

tes de geração de energia acio-nados por turbinas a gás para a Petrobras, o que totaliza mais de US$ 300 milhões.

Impulsionada pelo renas-cimento da indústria naval, pela demanda por embarca-ções de apoio às operações offshore no Brasil e pelas des-cobertas do pré-sal, a compa-nhia viu a oportunidade de crescer e está investindo para

aumentar sua capacidade e também atender à exigência de produção de conteúdo local, feita pelo governo brasileiro.

A RR está aplicando US$ 120 milhões no Brasil em projetos liga-dos ao pré-sal. É a maior soma investida pela empresa no País. Metade do montante, US$ 60 milhões, irá para a fábrica de Santa Cruz, que fica próxima ao Porto de Itaguaí, no Estado do Rio de Janeiro. A previsão de inauguração é no fim de 2012. A unidade será dedicada à montagem de turbogeradores para o setor de óleo e gás. Esses equi-pamentos geram energia para as plataformas a partir do gás natural. A ideia é que seja criada uma rede de fornecedores locais.

A terceira, porém não menos importante, área da Rolls-Royce é o setor marítimo. Em especial, o mercado brasileiro de embarca-ções offshore e equipamentos para sondas. A inglesa forneceu equi-pamentos e soluções para mais de cem embarcações e rebocadores de plataformas e manuseio de âncoras que atuam no Brasil. Com a descoberta do campo de Tupi, na Bacia de Santos, e outros do pré-sal, a demanda só tende a crescer. E a inglesa, mantendo a tradição do país que inventou o futebol, preparou-se para entrar em campo com força total.

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O motor da Rolls-Royce Trent 1000, fabricado para o Boeing 787

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O Brasil possui um setor aéreo dinâmico e com alto potencial de crescimento. Além disso, com o desenvolvimento econô-mico e social que o País vem apresentando nos últimos

anos, viajar de avião deixou de ser um privilégio das classes A e B. O aeroporto é hoje um lugar democrático, em que circulam pessoas de todas as classes. Essa inclusão socioeconômica fez com que a popu-lação pudesse se programar e desfrutar da rapidez, da qualidade e do bem-estar das viagens aéreas. É muito gratificante ver pessoas que nunca tinham entrado em um aeroporto viajarem de avião.

Para garantir o bom atendimento a todos os passageiros, estamos implementando neste ano uma série de medidas de gestão nos aero-portos. Eu costumo dizer que “tudo é gente”. Podem existir máquinas que fazem de tudo, mas elas não são nada e sequer operam se não há um esforço humano por trás. Nesse sentido, para uma melhor gover-nança do setor, criamos os Centros de Gestão Aeroportuária (CGAs) – nos quais trabalham as Autoridades Aeroportuárias (entes gover-namentais envolvidos no dia a dia do aeroporto e companhias aéreas) – que são salas equipadas com ferramentas tecnológicas que propiciam comando e controle imediatos e união de todos os envol-vidos no processo de embarque e desembarque de passageiros. Atualmente, 12 aeroportos já contam com CGAs.

Criamos a Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias (Conaero), que estabelece as diretrizes para o bom funcionamento dos aeroportos. O objetivo da comissão é promover a gestão com-partilhada nos aeroportos e das Autoridades Aeroportuárias. Queremos implantar melhores práticas, que resultem em processos mais eficientes, sempre com o foco nos passageiros.

Somos o país que mais cresce no setor da aviação civil. De acordo com dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), entre janeiro e junho, o número de passageiros no mercado domés-tico brasileiro aumentou 19%, enquanto a média mundial cresceu 4%. Segundo a associação, o crescimento da renda da população bra-sileira é o principal motivo da expansão. Vale ainda citar outro dado da alta: em 2014, o País entrará para o rol dos que mais transportam passageiros em voos domésticos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos (671 milhões), China (379 milhões) e Japão (102 milhões).

Para atender a esse crescimento, além da boa governança, é essen-cial que se invista de forma crescente para a manutenção da qualida-de no atendimento nos aeroportos e para a adoção de padrões inter-nacionais de operação. O governo está investindo R$ 7,1 bilhões no período de 2011 a 2014 nos aeroportos das cidades-sede da Copa do Mundo, bem como nos aeroportos contemplados na segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).

Receita para sustentar o crescimento do setor aéreo nacionalWagner Bittencourt_ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil

bRasil uRgente

Outra agenda de suma importância é a concessão dos aeropor-tos de Guarulhos (SP), Viracopos (Campinas/SP) e Brasília (DF) para a iniciativa privada. Juntos, os três aeroportos operam 30% dos passageiros, 57% das cargas e 19% das aeronaves do sistema brasileiro. Avaliamos que, como em outros segmentos da economia, a parceria com a iniciativa privada vai viabilizar com mais rapidez os investimentos, a troca de experiências e a absorção das melhores práticas no setor.

A receita obtida com o leilão irá para o Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), administrado pela Secretaria de Aviação Civil (SAC), que destinará recursos ao sistema da aviação civil para apli-cação em projetos de desenvolvimento e fomento da infraestrutura aeroportuária e aeronáutica civil.

Acreditamos que o fortalecimento e o desenvolvimento da avia-ção regional gerem um impacto positivo na indústria nacional de aviões e de equipamentos. Serão criadas diversas oportunidades de negócios para as empresas brasileiras. A SAC considera como estra-tégica a implementação de uma política de adensamento da cadeia produtiva nacional. Por essa razão, tem mantido conversas frequen-tes com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), visando à estruturação de programas específicos de financiamento para esse segmento.

Além disso, esta-mos trabalhando em parceria com Estados e municípios para impulsionar a avia-ção regional no País. Temos, no âmbito da SAC, o Programa Federal de Auxílio a Aeroportos (Profaa), que é destinado à melhora, ao reaparelhamento, à reforma e expansão de aeroportos e aeródromos de interesse estadual ou regional. Já publicamos no primeiro semestre uma portaria contemplando diversos municí-pios e, no segundo semestre, outros municípios receberam recursos do programa.

A nossa maior preocupação é com o dia a dia do passageiro. Queremos que ele seja bem atendido e que disponha de bastante segurança. Estamos trabalhando para garantir serviços plenos a todas as pessoas que usam os aeroportos brasileiros, e posso garantir que vamos avançar ainda mais na qualidade de serviços, conforto e aten-dimento à população nos aeroportos brasileiros.

“somos o país que mais cResce no setoR da aviação

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passageiRos aumentou 19%, enquanto a média mundial

cResceu 4%”divulgação/embraer

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A recente decisão da Justiça norte-americana isentando o paga-mento de execução pública sobre downloads foi muito noti-ciada no Brasil. Alguns pequenos esclarecimentos podem

contribuir para que o público entenda as implicações dessa decisão. A legislação de direitos autorais nos Estados Unidos tem algu-

mas peculiaridades que diferem da lei do Brasil e do resto do mundo. As licenças para reprodução e distribuição de obras musi-cais são um exemplo.

Uma das primeiras tecnologias criadas para a reprodução de música foi a das pianolas – pianos com um dispositivo que reprodu-zia músicas por um sistema de compressão das teclas pela pressão do ar, com o auxílio de player piano rolls. Uma produtora das pianolas firmou acordos exclusivos com as principais editoras musicais, o que garantiria um monopólio sobre esse mercado.

Com o objetivo de assegurar a concorrência, o legislador norte-americano criou uma limitação ao direito dos compositores. Se um compositor autorizar a reprodução e distribuição mecânica de sua obra uma primeira vez, qualquer outra pessoa pode requerer uma licença compulsória para reproduzir e distribuir cópias da música.

Note que o compositor mantém o direito de decidir se quer ou não conceder a primeira autorização e quanto cobrará. Todavia, uma vez concedida, e distribuídas cópias no mercado norte-americano, terceiros automaticamente podem distribuí-las, desde que paguem o valor de uma licença compulsória.

Foi assim garantido às demais empresas o direito de também produzir rolos perfurados com as composições musicais que já esti-vessem no mercado. Bastava pagar a taxa legal. Como o processo para conseguir a licença compulsória é trabalhoso, os compositores também passaram a licenciar as músicas por meio de licenças voluntárias e os dois esquemas coexistem. Talvez você esteja inda-gando o que esse papo de pianolas tem a ver com a decisão envol-vendo downloads.

Esse esquema, que limita o direito dos compositores das músi-cas na concessão de direitos de reproduzir e distribuir cópias mecâ-nicas nos EUA, foi sendo aplicado para outras tecnologias de repro-dução e distribuição de fonogramas. A mesma regra valeu para os discos inventados por Thomas Edison, os de 78 rotações, 45 rota-ções, LPs e CDs.

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artigo

“os efeitos da decisão para o Brasil são

pequenos, uma vez que temos nossa própria

legislação, mas positivos, pois o entendimento

ajuda a frear qualquer iniciativa do ecad de

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Justiça norte-americana esclarece não ser necessário pagamento de execução pública sobre download e encerra controvérsia

Rodrigo Borges Carneiro_advogado e sócio do escritório dannemann siemsen

nos EUa

então veio a revolução digitalOs EUA alteraram a lei, em 1995, no chamado Digital

Performance Right in Sound Recordings Act. No que toca aos downloads, foi incluído o termo digital phono record delivery e ficou claro que o mesmo esquema de licença compulsória, desde a pianola, também valia para o download.

A lei gerou uma controvérsia. Para realizar os down-loads, além de adquirir a licença compulsória relativa às composições, seria necessário obter uma segunda autori-zação relacionada à execução pública das composições?

A questão foi decidida por um tribunal federal de recursos americano, que entendeu que o download não representa uma execução pública da música. A razão é que executar uma obra significa “recitar, tocar, interpretar”, e nada disso ocorre no ato de simplesmente transmitir por download.

Como a decisão foi pela não aplicação de execução pública aos downloads, os compositores não tiveram reco-nhecido o direito a um pagamento adicional. Ainda vale mencionar que, nos EUA, as gravadoras e os artistas tam-bém recebem royalties sobre a reprodução e distribuição mecânica dos fonogramas, seja por meios físicos ou por download. É importante então deixar bem claro que o download não foi liberado, já que continua sendo neces-sário obter autorização prévia e realizar os pagamentos.

De toda forma, parece-me uma decisão absolutamente correta, já que não há como se interpretar que um down-load simples implique uma execução pública de música.

Os efeitos da decisão para o Brasil são pequenos, uma vez que temos nossa própria legislação, mas positivos, pois o entendimento ajuda a frear qualquer iniciativa do Ecad de cobrar por downloads.

No Brasil as autorizações necessárias para um down-load devem ser buscadas com as editoras, as gravadoras e os artistas e não com o Ecad. Também não existe o sistema de licença compulsória e vigora a liberdade dos titulares para autorizar e negociar os valores. Por outro lado, ainda temos que avançar na discussão sobre o que fazer para trazer o consumidor de volta à legalidade.

Em 2003, descriminalizamos no Brasil a conduta de se realizar a cópia de um fonograma para uso privado quan-do esta ocorre sem intuito de lucro direito ou indireto. Não precisamos mais caçar o consumidor criminalmente. Foi um primeiro passo.

Recentemente, a Apple negociou com os titulares e já sinaliza com uma espécie de “anistia” ao legalizar a biblio-teca dos usurários que aderirem a um sistema de assina-tura na nuvem.

O melhor caminho é mesmo o bom-senso.

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ponto de vista

Com a expectativa de que a economia brasileira gire em torno da indústria de óleo e gás nos próximos dez anos, inúme-

ros start-ups de empresas internacionais do setor têm aconteci-do significativamente nessa área, bem como o avanço e cresci-mento dos negócios de empresas já existentes no País. Como consequência, tende a crescer no mesmo ritmo o recrutamento de profissionais para atender as novas demandas do setor.

Segundo pesquisa feita pela divisão de Oil & Gas da Michael Page International, dos cerca de 4 mil profissionais com background em oil & gas entrevistados no ano de 2010, somen-te 7% estavam desempregados naquele ano. Isso mostra que o Brasil ainda se encontra carente de profissionais para suprir a constante demanda por mão de obra, uma vez que, no ano de 2011, a procura por profissionais como geofísicos, engenhei-ros, especialistas na área naval, perfura-ção, petrofísica, entre outros, já cresceu consideravelmente.

Carência atribuída não apenas ao baixo número de profissionais qualifi-cados no País, mas também ao fator geográfico: o mercado de oil & gas bra-sileiro está basicamente concentrado no Estado do Rio de Janeiro, no eixo Rio-Macaé.

O grande aquecimento desse setor tem provocado, além da demanda de mão de obra qualificada, um upgrade significati-vo nos pacotes de remuneração para profissionais com experi-ência na área, que têm optado por se movimentar para empre-sas concorrentes.

Em virtude das lacunas geradas e da carência de profissio-nais com experiência na área de óleo e gás, o setor tem se senti-do obrigado a ser menos resistente na absorção de profissionais de diferentes áreas e regiões, como é o caso da Cameron, indús-tria de equipamentos subsea que tem contratado profissionais da indústria automobilística. Porém, segundo estatísticas, a mudança de segmento provoca uma diminuição no rendimen-to desse funcionário quando comparado a um profissional vindo do mesmo setor, chegando a algo entre 15% a 20% e, consequen-temente, causando uma redução no faturamento da empresa.

experiência em oil & gas, prejuízo ou economia na indústria?

AlexAndre nAscimento, consultor dE oil & Gas

na MichaEl PaGE-rJ

“absorver profissionais de outros setores pode

se transforMar eM lucro para as eMpresas”

Por outro lado, considerando que salário é um custo fixo para a empresa e que esse gap será preenchi-do em alguns meses de experiência do profissional – por meio de treinamentos, contato com os colegas e de sua própria proatividade –, a lacuna pode se tornar insignificante diante da economia que será gerada. Caso o engenheiro contratado fosse oriundo do setor de óleo e gás, talvez não houvesse o gap no rendimen-to, porém, a economia deixaria de existir.

A VeoliaWater, empresa do segmento de tratamen-to de efluentes que também atua no tratamento de efluentes de plataformas de produção de petróleo, optou por contratar químicos com experiência em tra-tamento de efluentes industriais para atuar com foco

em petróleo. Ou seja, contra-tou profissionais de outros seg-mentos e com o mesmo tempo de experiência, porém, por um salário aproximadamente 50% inferior ao de engenheiros do setor de óleo e gás.

O que pode parecer, em um primeiro momento, um risco para o setor pode se tornar lucro para as empresas quando é colocada na balança a remuneração de um profissional vindo de outros merca-dos em comparação com a de um profissional com expe-riência na área ou com a de expatriados. Será que esse gap gerado pela falta de experiência pode ser considerado um prejuízo para as companhias? Ou será que salários razoá-veis podem significar lucro para as empresas?

Talvez o preconceito e a resistência dos gestores em absorver profissionais de outros mercados estejam desalinhados ao aumento do budget da empresa. Aproveitar a experiência do profissional e somar um treinamento focado no business, bem como reservar a ele um tempo de adaptação, gera um ganho significa-tivo e, consequentemente, contribui para a aceleração da economia nacional.

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Edição 272_Brazilian Business_2726_Edição 272_nov/dez 2011

A visita do presidente Barack Obama, de dois senadores republicanos, dos secretários do Interior, da Saúde e do Meio Ambiente, dos secretários-adjuntos de Educação para Direitos Civis e de Energia, além de exercícios militares e a realização de eventos no País, foram alguns dos destaques que marcaram a agenda bilateral este anoDennis Hearne, cônsul-geral dos Estados Unidos da América no Rio de Janeiro

2011: ano histórico para a relação

entre Brasil e EUA

from thE UsA

Presidenta Dilma Rousseff recebe, no Palácio da Alvorada, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama (Brasília, DF, 19/03/2011)

No futuro, será difícil falar das rela-ções entre Brasil e Estados Unidos sem mencionar o ano de 2011. E

o Rio de Janeiro, neste cenário, foi o palco principal da visita de alguns dos mais al-tos representantes do governo dos EUA, incluindo os memoráveis dois dias que o presidente Barack Obama passou na Cidade Maravilhosa. O mundo está com os olhos voltados para o Rio.

Já nas primeiras semanas de 2011, rece-bemos a visita dos senadores republicanos John McCain e John Barrasso, que conhece-ram o modelo de pacificação policial imple-mentado no Morro Santa Marta, na zona sul do Rio. Ambos incluíram o Rio de Janeiro em sua turnê pelas Américas para promover a expansão do livre comércio e a cooperação em segurança no continente.

Uma equipe de altos representantes do Departamento de Defesa e da Boeing parti-cipou da Laad Expo em abril, para mostrar as vantagens do jato F-18. É importante ressal-tar que continuamos com nossa oferta para a venda de 36 caças para renovar a frota da Força Aérea Brasileira, com uma proposta de transferência de tecnologia sem precedentes. Diversos outros representantes de alto nível das Forças Armadas norte-americanas esti-veram na cidade em 2011 para reuniões com autoridades brasileiras.

Em abril, a Marinha dos EUA participou do Unitas, o mais tradicional exercício mili-tar conjunto do mundo, reunindo diversos países das Américas. Os EUA trouxeram suas embarcações para o exercício, que in-cluiu paradas em Salvador (BA), Rio de Ja-neiro (RJ) e Rio Grande (RS).

Também em abril, o secretário do Inte-rior, Ken Salazar, viajou ao Rio de Janeiro para participar da reunião do Fórum de Energia do Instituto das Américas, para estreitar a colaboração entre Brasil e EUA nas áreas de energia e meio ambiente. A visita de Salazar demonstrou o compromisso de aumentar o diálogo bilateral sobre produção sustentável e uso de bioenergia, além de apoiar o fortaleci-mento da economia verde como maneira de promover o desenvolvimento sustentável.

Ainda em abril, trouxemos o subsecretá-rio de Estado adjunto para o Meio Ambien-te, Lawrence Gumbiner, ao Rio de Janeiro. Gumbiner será um dos principais represen-tantes da delegação dos EUA na conferência Rio+20, em 2012. Em junho, participamos da Jornada Internacional Preparatória para a Rio+20, já nos antecipando para este gran-de evento.

Em agosto, a secretária do Meio Am-biente dos EUA, Lisa Jackson, esteve no Rio de Janeiro para reuniões com a ministra bra-sileira do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Ambas foram as protagonistas do lançamen-to da Iniciativa Conjunta Brasil-EUA para Sustentabilidade Urbana. Durante a visita à cidade, Lisa conheceu projetos que deverão mudar a cara da capital fluminense, como o Porto Maravilha e o Morar Carioca Verde, no Morro da Babilônia/Chapéu Mangueira, e esteve no Aterro Sanitário de Gramacho.

Em setembro, recebemos a visita da se-cretária-adjunta de Educação para Direitos Civis do Departamento de Educação dos EUA, Russlynn Ali, que, entre outras coisas, veio fortalecer a colaboração com o Brasil para a promoção da igualdade de oportu-nidade nas escolas para todos os estudantes, além de conhecer o modelo de cotas adota-do por universidades brasileiras.

Na área da saúde, o Rio de Janeiro se-diou, em outubro, o evento World Confe-rence on Social Determinants of Health, da Organização Mundial da Saúde. Tivemos a oportunidade de receber em nossa cidade a secretária de Saúde Kathleen Sebelius, que, além de participar do evento, visitou a co-munidade pacificada Santa Marta e uma clí-nica de saúde da família mantida pela Pre-feitura do Rio.

Também houve a visita do secretário-ad-junto de Energia dos EUA, Daniel Poneman, ao Brasil, em agosto, para dar continuidade à parceria estratégica em energia entre nossos países. Ainda no setor energético, o Rio de Janeiro recebeu em outubro uma edição da Offshore Technology Conference (OTC), a primeira vez que esta conferência foi reali-zada fora de Houston. Na OTC, esteve pre-sente o subsecretário de Comércio dos EUA, Francisco Sánchez. Vale ressaltar que Sán-chez visitou o Brasil duas vezes neste ano.

Deixo por último, no entanto, uma das mais aguardadas visitas: o presidente Oba-ma esteve no Rio de Janeiro nos dias 20 e 21 de março. Essa foi a primeira visita de um presidente norte-americano à cidade desde a vinda de Bill Clinton, em 1997. Em um inesquecível discurso, Obama falou sobre as relações entre os EUA e a América Latina, no espetacular e histórico cenário do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, para uma pla-teia que reunia empresários, representantes da sociedade civil, artistas e autoridades.

O presidente e sua família conheceram o Cristo Redentor, no ano em que o monu-mento completou 80 anos. Nem a neblina impediu que o presidente visse a Cidade Ma-ravilhosa de um de seus mais belos ângulos. No entanto, o que ficará na memória duran-te muitos anos é a visita de Obama à Cidade de Deus, comunidade que até pouco tempo ainda vivia sobre o domínio do tráfico.

Com o Rio de Janeiro no centro da agen-da mundial, prestes a sediar grandes eventos como a Rio+20 (2012), a Copa das Confe-derações (2013), a Jornada Mundial da Ju-ventude (2013), a Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos (2016), é natural que a agenda bilateral Brasil-EUA se intensifique. No entanto, 2011 ficará na história e será lembrado por muitos anos.

Um feliz ano novo a todos!

RobeRto StuckeRt Filho/PReSidência da RePública

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Edição 272_Brazilian Business_29

Creative Industries

Creative Industries are among the most dynamic sec-tors of the world economy. The State of Rio de Janeiro

acknowledged the importance of the “Creative Economic Sec-tor” or “Indústria Criativa” a year and a half ago when, in a pioneer move, State Secretary of Culture Adriana Rattes cre-ated the Directory for Coordination of Creative Economies. The Ministry of Culture, under Minister Ana de Hollanda, followed suit and created the Secretariat of Creative Economy, appointing former State Secretary of Culture of Ceará, Cláudia Leitão, as Director. All are gearing up for the World Forum of Creative Economy (Fórum Mundial de Economia Criativa), scheduled for the end of 2012 in Rio de Janeiro.

Creative industries can be defined as those industries which originate from individual creativity, skill and talent, and which have a potential for job and wealth creation through the generation and exploitation of intellectual property. The term was coined fifteen years ago in England when econo-mists noticed that cultural activities were showing the high-est growth. In fact, from 2002 to 2008, and despite the 12% decline in global trade, world trade of creative goods and ser-vices continued to expand, reaching $592 billion and reflect-ing an annual growth rate of 14%, according to the United Nations 2010 Creative Economy Report.

If adequately nurtured, creativity fuels culture and stimu-lates human-centered development, and constitutes the key ingredient for job creation, innovation and trade while con-tributing to social inclusion, cultural diversity and environ-mental sustainability.

In Rio de Janeiro, a leading focal point for Creative Econo-mies is the Genesis Institute housed on the PUC – RJ campus with four incubators for Technology, Culture, Jewelry Design and Community Social Development. The Genesis Cultural Incubator assists entrepreneurships of a cultural and artistic nature, and offers methodologies and instruments for busi-ness development and management in all possible dimen-sions, through support from consultants and interaction with University professors. The Genesis Incubators act as a conduit for knowledge transfer between universities and society, generating self-sustainable enterprises able to posi-tively impact the economic development of the regions where they are located.

Intellectual Property

It is widely recognized that any analysis of the creative economy must consider the role of

intellectual property, a key ingredient for the development of creative industries in all coun-tries. Intellectual property law, if properly man-aged, can ensure a source of revenue for both deve-loped and developing countries.

At present, copyright products, including books, films, music, programs are the num-ber one exports in the U.S., outselling clothes, chemicals, cars, computers and planes. As Alan Greenspan points out, “the economic product of the U.S. has become predominantly concep-tual.” Supporting domestic creators and entre-preneurs engaged in the creation, production, marketing, broadcasting or distribution of cre-ative works is a key step towards cultural vitality and economic prosperity.

There are many important and controver-sial areas of debate regarding specific topics relating to IP rights and creative industries such as: exclusive rights, moral rights, related rights, exceptions and limitations to copyright, the collaborative approach, Creative Commons licenses, etc. As IP becomes a global and national policy issue, with increasing complexity and interaction in competencies, the challenge will be to maintain an equilibrium in the over-all system while balancing ownership and access rights, ensuring socially equitable solutions, and empowering a broader range of participants.

As Rio de Janeiro moves toward develop-ment in all areas in consonance with overall national economic growth, there is a clear and significant potential for a contribution by creative industries to the State’s economy. With the World Forum for Creative Economy (Fórum Mundial de Economia Criativa) draw-ing near, there is a huge opportunity for Rio to assume a position of leadership for interna-tional consensus building in this crucial area.

radar

Creative Industries and Intellectual

Property in BrazilSteve Solot_presidente da Rio Film Commission, da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, e chairman do Comitê de Propriedade Intelectual da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro

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30_Edição 272_nov/dez 2011

EntEnda a nova divisão dos royaltiEs do pEtrólEo

o racha na divisão dos lucros do pEtrólEo

EspEcial

artigos rElacionados

nRoyalties: um debate sem foco Roberto Ardenghy pág. 32

nPetróleo, o preço do sucesso Luiz Paulo Vellozo Lucas pág. 33

nVamos pagar caro! David Zylbersztajn pág. 34

nEstabilidade regulatória em prol do desenvolvimento João Carlos de Luca pág. 35

nO ICMS no pré-sal André de Souza Carvalho e Paulo de Oliveira Carvalho pág. 36

Se o novo projeto de lei for aprovado na Câmara dos Deputados, será iniciada uma batalha judicial no Supremo Tribunal Federal (STF). A seguir, um resumo da questão que abre a série de artigos com diferentes abordagens sobre os royalties do petróleo Por Caroline Mazzonetto e Janaina Gimael

Edição 272_Brazilian Business_31

A novela em torno da nova lei sobre a distribuição das receitas do pe-tróleo parece ainda estar longe do

fim. Caso o projeto de lei seja aprovado, o destino dos royalties pagos pelas empresas exploradoras de petróleo como compen-sação ambiental aos Estados e municípios atingidos pela atividade será alterado, im-pactando diretamente na arrecadação dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. As perdas podem chegar a R$ 125 bilhões até 2020 somente no Estado do Rio de Janeiro e nos municípios fluminenses, se-gundo o governo estadual. O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), declarou no começo de novembro que sua meta era colocar a lei em breve na Câ-mara Federal para votação.

O debate sobre mudanças na divisão desses valores começou no governo Lula, com a descoberta do pré-sal – estima-se que os tributos atinjam R$ 80 bilhões até 2020 (em 2010, foram R$ 21,6 bilhões). Além dos royalties, também entra no cálculo a parti-cipação especial, tributo pago pelas petro-leiras sobre campos de grande lucrativida-de. Em 2010, a chamada Emenda Ibsen foi aprovada: segundo ela, 30% dos royalties do

petróleo ficariam com a União e o resto seria dividido igualmente entre todos os Estados e municípios. O impacto seria tão forte nas contas dos Estados produtores que a emen-da foi vetada por Lula.

Diante da perspectiva de um impasse no Congresso na apreciação do veto, um texto substitutivo entrou na pauta e, em meados de outubro, foi aprovado no Senado. Nele, os Estados produtores vão receber 20% dos royalties em 2012 (contra os atuais 26,25%); os municípios produtores ficarão com 17% em 2012 e continuarão perdendo sua par-ticipação anualmente até chegar a 4% em 2020 (hoje são 26,25%); e os municípios afetados terão sua fatia reduzida de 8,75% para 2%. A parte da União cairá de 30% para 20% já no ano que vem. Enquanto isso, Estados e municípios não produtores, que hoje recebem 8,75%, terão direito a 40%

dos royalties em 2012, chegando a 54% em 2020. Nessa conta não entram campos ainda não licitados, como os do pré-sal.

Para o professor de finanças do Ibmec-RJ Gilberto Braga, há um consenso favorá-vel a uma nova divisão dos lucros de campos ainda não licitados, face ao tamanho do pré-sal. O problema é que a emenda mexe com uma prática já definida. “A regra recente se aplica a blocos antigos e novos, e isso deter-mina uma perda substancial para os Estados produtores”, explica. Agora o substitutivo segue para a Câmara – na qual deverá ser aprovado com larga maioria – e para a san-ção da presidente Dilma Rousseff.

O dia da votação na Câmara ainda não foi marcado, já que a pauta está trancada por medidas provisórias. Por outro lado, se o texto não for submetido logo ao ple-nário, pode colocar em xeque um acordo feito pelos parlamentares a favor do veto do presidente Lula à Emenda Ibsen – se o acordo parlamentar tiver fim e o veto for derrubado, liberando a emenda, as perdas dos Estados e municípios produtores serão ainda maiores. Os deputados federais, po-rém, exigem um tempo maior para analisar a nova regra antes de votá-la.

O mais provável é que, se o texto pas-sar, os governos afetados entrem com uma ação de inconstitucionalidade no Supre-mo Tribunal Federal (STF) com base na preservação de direitos já adquiridos em contratos pré-existentes. Para Braga, a for-ma de arrecadação dos Estados produtores remete às discussões ocorridas na época da aprovação da Constituição em 1988. Na-

quele momento os royalties compensaram o fato de que todo o ICMS da atividade vai para os Estados em que o petróleo é bene-ficiado, uma distorção que não é vista em outras cadeias produtivas.

“Essa lei deve merecer dos brasileiros uma reflexão mais profunda em relação ao que é República, porque ela pode significar o rompimento desse pacto federativo”, afir-

ma o professor. Segundo ele, a combinação feita em 1988 criou um equilíbrio relativa-mente tênue dentro de uma balança com pesos diferentes – no caso do petróleo, os royalties dados aos Estados produtores compensam a ausência do ICMS que deve-ria ser deles –, e uma mudança na divisão dos recursos alteraria esse mecanismo de justiça.

“a rEgra rEcEntE sE aplica a blocos antigos E novos,

E isso dEtErmina uma pErda substancial para os

Estados produtorEs”

agên

cia

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ro

br

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Como funciona HOJE

Como passaria a ser em 2012

Como passaria a ser em 2020

ESTADOS PRODUTORES

MUNICÍPIOS PRODUTORES

MUNICÍPIOS AFETADOS

UNIÃO

ESTADOS E MUNICÍPIOS NÃO PRODUTORES

26,25%20% 20%

26,25%17%

8,75%

8,75%

40%54%30%

20%

20%

4% 2%

3%

Fonte: agência senado e parecer original do texto votado.

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32_Edição 272_nov/dez 2011 Edição 272_Brazilian Business_33

A discussão sobre a apropriação pela sociedade da riqueza gerada pela produção de petróleo e gás não é nova e sempre gera mui-

tas controvérsias. Mais controvérsia ainda ocorre quando se fala em distribuir essa riqueza. Duas regras deveriam prevalecer neste debate: não exagerar na tributação de modo a tornar a atividade econômica inviável e distribuir as receitas entre os diversos entes federativos, levando em consideração (i) o impacto gerado pela atividade e (ii) o atendimento ao maior número possível de pessoas.

Pelo que se observa, os inflamados debates sobre a distribuição dos royalties parecem desconsiderar esses dois aspectos. De um lado, ainda circulam algumas teses no sentido do aumento signifi-cativo das atuais alíquotas tanto dos royalties quanto das participa-ções especiais, que compõem a parte mais visível e importante das chamadas participações governamentais incidentes sobre o setor de óleo e gás. Alguns formadores de opinião agem como se o setor fosse uma espécie de galinha dos ovos de ouro, que poderia facil-mente passar a pagar alíquotas cada vez maiores para financiar um sem-número de despesas. Na prática, isso não é verdade.

A futura produção do pré-sal na Bacia de Santos, que é o objeto dessa grande discussão, realiza-se em condições muito específicas. Está se falando de uma atividade a cerca de 300 quilômetros da costa brasileira, em lâmina d’água de cerca de 2 mil metros em média, em poços com profundidade de até 7 mil metros. Nenhum ser humano consegue chegar sequer perto dessas profundidades. Tudo tem de ser feito remotamente com ROVs (remotely operated vehicles).

Os materiais são todos especiais, em razão da pressão da água e da corrosão provocada pela mistura de gases que acompanha o petróleo no reservatório. Alie-se a isso uma série de novas regras de segurança operacionais geradas a partir do grande acidente no Golfo do México no ano passado. Como bem disse o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo, em recente evento pú-blico, é um desafio tecnológico que se assemelha ao de se colocar o homem na Lua.

Outro aspecto desse debate é a maneira açodada pela qual os Estados e municípios não produtores de petróleo se lançam so-bre esses recursos sem levar em consideração o enorme impacto econômico e social dessa medida sobre as comunidades que hoje recebem participações governamentais conforme a lei em vigor. Não se discute aqui o mérito de uma distribuição mais equilibrada desses recursos entre os diversos entes federativos. Essa discussão é mais política do que técnica e está sendo travada no fórum ade-quado: o Congresso Nacional.

O que se questiona é a proposta de mudanças radicais na dis-tribuição dos recursos em prazos tão curtos. Há casos de municí-pios localizados em zonas de produção de petróleo nos quais 96% do orçamento municipal é oriundo dos royalties. Não é exagero afirmar que muito provavelmente uma situação de caos adminis-trativo e na prestação de serviços públicos ocorrerá em diversas comunidades localizadas nos Estados produtores, especialmente no Rio de Janeiro.

A Amcham Rio tem participado ativamente desse debate. O tema tem sido exaustivamente discutido no Comitê de Energia da instituição e em eventos organizados pela Câmara. O que se espera é que o bom-senso acabe por prevalecer e que a galinha dos ovos de ouro continue bem saudável e fazendo sua regular contribuição com recursos para alavancar o desenvolvimento do País.

royalties: um debate sem foco RobeRto ARdenGhy_Chairman do Comitê de Energia da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro

“não é ExagEro afirmar quE uma situação dE caos administrativo E na prEstação dE

sErviços públicos ocorrErá Em

divErsos Estados produtorEs”

Pouco antes da eclosão da crise de 2008, o Brasil passou a colher os frutos da reestruturação competitiva feita no setor de petró-

leo e gás no contexto da estratégia reformista do Plano Real. Dez anos depois da Lei 9.478/97, que criou a Agência Nacional do Petróleo (ANP) para gerir o monopólio da União, foi descoberto o campo de Tupi no pré-sal, coroando de forma espetacular os exce-lentes resultados obtidos pelo País com a nova estratégia.

O modelo de exploração em regime de mercado regulado e de contratos de concessão dobrou o valor dos royalties de 5% para 10% do faturamento e criou as participações especiais, cobradas nos campos de alta produtividade, que podiam ir de 10% a 40% do lucro líquido. Assim, a Petrobras passou a concorrer com empresas de petróleo nacionais e estrangeiras nos leilões promovidos pela ANP para as áreas em que deveriam acontecer as atividades de exploração de petróleo e gás. O leilão seria ganho pela empresa que oferecesse um “bônus de assinatura” de maior valor em troca do direito de exploração.

Em dez anos o investimento anual em exploração e produção passou de US$ 4 bilhões para mais de US$ 30 bilhões, realizado pela Petrobras e pelas quase 70 empresas que vieram participar desse novo mercado. As reservas mais que quintupli-caram, e a produção dobrou. As receitas governamentais saí-ram de irrisórios R$ 200 milhões por ano para mais de R$ 25 bilhões. O setor saiu de 2% do PIB para quase 12%, sendo hoje responsável por 46% da formação bruta de capital fixo (FBCF) total do País.

Além dos evidentes benefícios para a economia do País, a estra-tégia da lei do petróleo aperfeiçoou os mecanismos de política indus-trial já praticados pela Petrobras, colocando obrigações legais de conteúdo nacional e fornecimento local para todas as empresas ope-radoras, além de destinar recursos das receitas governamentais para fundos de pesquisa tecnológica. Finalmente, a Petrobras enquanto empresa, cresceu, internacionalizou-se e se fortaleceu, capitalizada por investimentos dos trabalhadores brasileiros feitos com o FGTS e por investidores privados que adquiriram ações da maior e mais pro-missora empresa brasileira de capital aberto nas bolsas.

A descoberta do campo de Tupi, em 2007, na camada pré-sal acon-teceu logo depois da realização da oitava rodada de licitações e às vés-peras da nona rodada. O interesse pela nona rodada cresceu brutal-mente depois da descoberta de Tupi, principalmente porque 41 campos contíguos estavam listados na rodada, e o preço do petróleo no merca-do internacional, superaquecido, chegava a US$ 180 o barril.

Empresas nacionais se organizaram para disputar o leilão captan-do investimentos externos, assim como as companhias de petróleo internacionais, a maioria já com operações no Brasil. Antevendo um resultado favorável a outras empresas que não a Petrobras na nona

petróleo, o preço do sucessoLuiz PAuLo VeLLozo LuCAs_Engenheiro de produção e professor da PUC-Rio

rodada, o governo pressiona a ANP para que retire os 41 campos do leilão e passa a adotar um discurso nacional-estatizante de que a “descoberta” da província geológica do pré-sal representaria uma “nova era” para o setor de petróleo no Brasil e que seria preciso um novo marco regulatório.

O novo marco regulatório aprovado e sancionado pelo governo federal atingiu em cheio a trajetória de crescimento e geração de riqueza do setor de petróleo. Esse colos-sal erro estratégico, que é comparável histo-ricamente à reserva de mercado da informá-tica, causou paralisia total nas atividades de prospecção, perdas presentes e futuras nas receitas governamentais, centralização tri-butária, insegurança jurídica, contração de investimentos e grave crise política com acirrada disputa entre Estados, municípios e União pelas receitas governamentais atu-ais e futuras advindas do setor.

Como um rei Midas às avessas, o gover-no transformou um grande sucesso em um megaproblema. A Petrobras se desvalorizou mais de US$ 60 bilhões, o setor passou a demandante de recursos fiscais e não há acordo sobre a divisão dos lucros. Mau negócio!

“como um rEi midas às avEssas, o govErno

transformou um grandE sucEsso Em um

mEgaproblEma”

artigos rElacionados

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34_Edição 272_nov/dez 2011 Edição 272_Brazilian Business_35

O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), como fórum

das empresas que atuam nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás no Brasil, tem procurado demonstrar, por meio de debates, que a participação espe-cial, estabelecida na Lei 9.478/97 e distri-buída entre União, Estados e municípios, representa uma importante fonte de arre-cadação no contexto da evolução das par-ticipações governamentais. Alguns equí-vocos levaram a crer que se faz necessária uma mudança na legislação atual, o que iria atingir os contratos já assinados. Mas a jul-gar pelas recentes declarações da presidente Dilma Rousseff, de que os contratos atuais serão respeitados, a indústria parabeniza a decisão e renova suas expectativas de que a recente discussão no Congresso a respeito da distribuição dos recursos provenientes da exploração de petróleo seja conduzida para manter o ciclo virtuoso de desenvolvi-mento do setor no País.

Para ilustrar os ganhos atuais que as participações especiais representam, da-dos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) referentes a 2010 mostram que a produção brasileira de petróleo e gás natural é proveniente de 298 campos de diferentes tamanhos e renta-bilidade. Tomando-se por base dezembro de 2010, os 21 campos que pagam participação especial respondem por 84% da produção de petróleo no País, comprovando que a tri-butação, sob o ponto de vista do aumento da produção atinge seus objetivos. Cabe res-saltar que quatro desses campos (Roncador, Marlim Sul, Marlim Leste e Marlim), com uma média diária de produção de 260 mil barris cada um, representam 87% da arre-cadação total da participação especial em 2010. A produção média diária dos outros 17 campos pagadores da participação espe-

cial (predominantemente campos maríti-mos em águas profundas) é de 38 mil barris/dia, muito inferior à produção dos maiores campos, demonstrando que os níveis de produção menores estão sujeitos à taxação da participação especial.

A maior parte dos campos em atividade no País (226 campos, ou 76%) é localizada em bacias maduras, formada por campos terrestres, muitos dos quais apresentam pro-dução marginal (abaixo de 500 barris/dia). Apenas quatro campos terrestres incorrem em pagamento da participação especial (Canto do Amaro, Miranga, Carmópolis e Rio Urucu), com uma média diária de 17 mil barris/dia, o que mostra acertadamente a diferenciação capturada pelo sistema atual sobre os quantitativos de produção.

A participação especial, criada em 1998, com a abertura do setor, captura ganhos de campos com alta produtividade e rentabili-dade. Os contratos de concessão oriundos das rodadas promovidas pela ANP defi-nem, entre outras obrigações, os critérios para o cálculo da participação especial, vinculando-os expressamente ao Decreto 2.705/98. No setor de exploração e produ-

O Congresso Nacional discute freneticamente a questão da redis-tribuição das atuais participações governamentais do setor de

petróleo, ou seja, royalties e participação especial. Para esclarecimen-to do leitor, os royalties incidem sobre o valor da produção bruta de petróleo (normalmente, 10%) e, conforme os termos da Lei 9.478/97, “a participação especial sobre a receita líquida dos campos produto-res, nos casos de grande volume de produção ou de grande rentabi-lidade”. Ou seja, as empresas dividem os lucros extraordinários com o governo, numa taxação cujas alíquotas podem atingir até 40%, conforme o volume de produção.

Para entender um pouco a origem do imbróglio: o governo pas-sado enviou ao Congresso proposta de mudança do modelo regula-tório da exploração de óleo e gás no Brasil. Em vez do modelo de concessão, as futuras licitações do pré-sal e de áreas consideradas estratégicas serão submetidas ao regime de partilha da produção, no qual o governo se torna proprietário de parte do óleo extraído. Mas não os aborrecerei com questões técnicas relativas aos modelos. Pelo novo modelo haverá uma nova forma de distribuição das participa-ções governamentais, em que a maior concentração da riqueza petro-lífera é apropriada pelo Governo Federal. Em outros termos, sem entrar no mérito da proposta, trata-se de discutir o FUTURO do setor de óleo e gás, o que é legítimo e está de acordo com os melhores princípios federativos e democráticos.

No entanto, nossos deputados ignoraram completamente o debate sobre a essência do novo modelo. Mas se engalfinham, como famintos, para dividir o butim resultante das receitas do petróleo. Foi sob este nobre espírito “republicano” que, espertamente, um deputado do Rio Grande do Sul, Ibsen Pinheiro, apresentou emen-da ao projeto, alterando a distribuição das participações governa-mentais também dos contratos das concessões vigentes, ou seja, áreas que já foram licitadas estão produzindo e pagando conforme as regras do edital de licitação e do estamento legal vigente no momento de sua realização.

“nossos dEputados ignoraram

complEtamEntE o dEbatE sobrE a Essência

do novo modElo, mas sE Engalfinham, como

famintos, para dividir o butim rEsultantE das

rEcEitas do pEtrólEo”

vamos pagar caro!dAVid zyLbeRsztAJn_Engenheiro e ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP)

ção de petróleo e gás a tomada de decisão de investimentos se baseou estritamente nas regras definidas nos contratos de con-cessão e nos editais de licitação.

Cabe ressaltar que os preços de refe-rência do petróleo utilizados para fins de cálculo da participação especial são atuali-zados mensalmente com base na qualidade do petróleo produzido e de seus derivados e nos preços internacionais vigentes. Por-tanto, é incorreta a divulgação de que o cálculo da participação especial estaria ba-seado nos preços de 1998, sem considerar a sua evolução, como se observa a seguir.

Em 2000, os dados demonstram uma produção diária média de cerca de 1,5 mi-lhão de barris de petróleo equivalente, a um preço médio inicial de US$ 28,50/barril, e a participação especial desse mesmo ano, ain-da em fase inicial, foi de R$ 1,039 bilhão. Em 2010, a produção diária média foi de cerca de 2,45 milhões de barris, a um preço médio de US$ 79,50/barril, e a participação espe-cial atingiu o valor de R$ 11,7 bilhões.

Assim, entre 2000 e 2010, enquanto a produção aumentou 64% e o preço do petró-leo teve uma elevação de 179%, a participa-ção especial aumentou 970%, capturando a evolução da produção e do preço, o que com-prova a eficiência do modelo vigente.

As companhias que atuam na explora-ção e produção de petróleo no Brasil têm investido somas expressivas no País basea-das na estabilidade regulatória. Se até 2004 os investimentos anuais ficavam abaixo de US$ 10 bilhões, ultrapassaram os dois dígi-tos a partir do ano seguinte e devem atingir mais de US$ 50 bilhões ao fim de 2011.

Os investimentos geram um ciclo cres-cente para o desenvolvimento brasileiro, produzindo empregos, tecnologia e fortale-cendo a rede produtiva. São as rodadas para a concessão de áreas de exploração e produ-ção de petróleo e gás que movimentam essa cadeia de valor que representa quase 12% do PIB. A realização de novas rodadas, com um marco regulatório claro e seguro, é essencial para a manutenção desse cenário de desen-volvimento tão benéfico para o País.

“dos 298 campos dE pEtrólEo ExistEntEs hojE no brasil, dE difErEntEs

tamanhos E rEntabilidadE, os 21 campos quE pagam participação EspEcial rEspondEm por 84% da

produção dE pEtrólEo no país, comprovando quE a tributação, sob o ponto dE vista do aumEnto da produção, atingE sEus

objEtivos”

Estabilidade regulatória em prol do desenvolvimentoJoão CARLos de LuCA_Presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP)

O que o deputado Ibsen propõe repre-senta a quebra de regras contratuais previa-mente estabelecidas, numa clara afronta aos princípios da anterioridade, da segurança jurídica das concessões, e uma grave amea-ça ao pacto federativo. Podemos imaginar que se a regra de muitos contra poucos pre-valecer, amanhã serão questionados, por exemplo, os pagamentos de royalties ao Paraná por conta da exploração de Itaipu, ou se partirá contra o Pará a fim de rapinar o que o Estado recebe da extração do miné-rio de Carajás.

Outra alternativa “criativa” – aparentemen-te abandonada – foi propor uma compensação aos Estados não produtores com a cobrança de alíquotas maiores da Petrobras e das outras empresas que já atuam em áreas concedidas. Mais uma vez, há a quebra das regras da licita-ção e dos contratos de concessão.

Quando promovemos as primeiras rodadas de licitações para a exploração de blocos de petróleo, um de nossos maiores desafios foi convencer os investidores nacio-nais e estrangeiros de que o Brasil estava consolidando uma cultura de respeito a regras e contratos. Ao longo destes mais de dez anos, essa estabilidade no setor petrolí-fero nacional serviu como um dos atestados de maturidade de nossa sociedade e a entra-da do Brasil no “clube” dos países sérios e confiáveis.

Resumindo, o que se discute no Congresso é alterar o passado, rasgando compromissos estabelecidos em leis e contratos. Para esses deputados, isso terá um efeito que se asseme-lha à euforia causada pela droga, que após um primeiro momento de êxtase, leva o usu-ário ao fundo do poço. Essa gente está colo-cando em risco a reputação de nosso País e o equilíbrio federativo. Não serão apenas os Estados produtores que serão esbulhados em seus direitos.

Com o tempo, nós, brasileiros, pagare-mos muito caro por essa irresponsabilidade e esse oportunismo. Não é possível aceitar que se ressuscite a máxima de que “no Brasil, mais difícil do que prever o futuro é prever o passado”.

artigos rElacionados

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36_Edição 272_nov/dez 2011

Desde a descoberta de petróleo na cama-da do pré-sal, muito se discute sobre a

divisão desses novos recursos entre os entes federados, principalmente em razão das expectativas em torno da grande quantida-de (e boa qualidade) de hidrocarbonetos recuperáveis.

O petróleo do pré-sal não somente obe-decerá ao novo modelo regulatório da parti-lha, como os recursos oriundos de sua pro-dução deverão ser divididos entre os entes federados de forma diferente da acordada no modelo anterior, o concessório.

Essa nova distribuição de recursos vem gerando acalorados debates, promovidos, principalmente, por Rio de Janeiro e Espírito Santo, dois dos Estados que mais produzem petróleo em áreas offshore no País e que podem ter suas participações nesses recursos diminuídas, notadamente no que se refere aos valores dos royalties e da participação especial.

O ponto central levantado por Rio de Janeiro e Espírito Santo é o de que nosso pacto federativo retirou a legitimidade dos Estados produtores para a cobrança do ICMS incidente sobre operações interestaduais de petróleo, conferindo-a aos Estados consumi-dores, ao mesmo tempo que assegurou com-pensação financeira aos Estados produtores pela exploração de petróleo em seus territó-rios. Em outras palavras, os Estados argu-mentam que a diminuição de seus direitos sobre tais recursos está em desacordo com a Constituição Federal de 1988.

o icms no pré-salAndRé de souzA CARVALho e PAuLo de oLiVeiRA CARVALho_Sócio e advogado associado da Veirano Advogados

A diminuição dos direitos aos royalties e à participação especial pode fazer com que tais Estados, diante da proibição constitucional de cobrança de ICMS sobre a circulação interestadual de petróleo, tentem reequilibrar suas finanças por meio da cobrança do ICMS sobre a extração de petróleo dentro da projeção marítima de seus territórios.

O Rio de Janeiro, em meados de 2003, antes da descoberta da camada do pré-sal, ou seja, antes de iniciadas as discussões sobre novo marco regulatório ou sobre novos termos para a distribuição de recur-sos, já tentou promover a cobrança do ICMS sobre a extração do petró-leo por meio da Lei 4.117/03, comumente referida como Lei Noel.

Os dispositivos da Lei Noel geraram enorme controvérsia à época de sua publicação. Os que contestaram a lei o fizeram, principalmen-te, com base nos argumentos de que o regime de concessão, vigente para os blocos licitados a partir da abertura do setor petrolífero, asse-gura ao concessionário a aquisição originária do petróleo produzido (aquisição do petróleo sem a prévia transmissão de sua propriedade pela União, e, portanto, sem a incidência do ICMS). A discussão em torno da Lei Noel teve como resultado a suspensão, por tempo inde-terminado, de sua regulamentação.

Percebe-se, de pronto, a diferença entre os regimes de concessão e de partilha no que tange à propriedade do petróleo pela empresa responsável por sua extração e produção, qual seja: (i) no regime de partilha, aquisição de direito de apropriação de custo e excedente em petróleo; e (ii) no regime de concessão, propriedade originária da totalidade do petróleo extraído.

Enquanto o regime de concessão garante à empresa concessioná-ria a aquisição originária da totalidade do petróleo, o regime de par-tilha permite à empresa contratada o direito à apropriação, em petró-leo, dos custos empenhados na extração e produção do petróleo, bem como de parcela do petróleo excedente.

No regime de concessão já se discutiu sobre a incidência do ICMS sobre a extração de petróleo no momento da medição de sua produção (notadamente no caso da Lei Noel). Prevalece, até os dias de hoje, a hipótese de não incidência do ICMS com fundamento na tese da aqui-sição originária, muito embora haja projeto de lei tramitando na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (PL 1.022/11) com o objetivo de restabelecer o ICMS da Lei Noel a partir de janeiro de 2012.

No caso do regime de partilha, é possível que os Estados produto-res tentem, novamente, tributar a extração de petróleo pelo ICMS como forma de compensar encolhimentos orçamentários. Isso porque o regime de partilha ainda não foi suficientemente regulamentado de forma a esclarecer como e quando (ponto de partilha) se dará a apro-priação do petróleo pela empresa contratada. Ainda não está claro se a apropriação do custo e excedente em petróleo pela empresa contrata-da será efetivada por meio de uma aquisição originária, nos moldes do regime concessório, ou se a União reterá a propriedade do petróleo até que este seja partilhado com a empresa contratada.

O que se sabe ao certo é que as discussões sobre a divisão das receitas do petróleo do pré-sal podem, além de gerar problemas fede-rativos, acabar onerando as atividades de exploração e produção de petróleo, o que pode não ser interessante para o desenvolvimento do setor no País.

artigos rElacionados

“as discussõEs sobrE a divisão das rEcEitas do pEtrólEo do pré-sal podEm, além dE gErar problEmas fEdErativos, acabar onErando as

atividadEs dE Exploração E produção dE pEtrólEo”

ponto dE vista

Negócios e responsabilidade social po-dem ser complementares e um sólido

apoio para um desenvolvimento socioe-conômico sustentável e ético. Esse pensa-mento tangencia as propostas de Michael Porter e Mark Kramer, dois importantes autores sobre o tema Responsabilidade Social Corporativa (RSC). Segundo eles, as empresas têm sido alvo de intensa co-brança pelos governos, ativistas e meios de comunicação para que se responsabilizem pelas consequências sociais de suas ativida-des. Esse cenário acaba contrapondo duas partes – sociedade e empresas – que são in-terdependentes e ainda levando as empre-sas a investir em responsabilidade social de forma inadequada à sua estratégia.

Por essa razão, os autores propõem que as ações sociais das empresas se relacionem à sua cadeia de valor, que, de acordo com eles, permite ver como as operações da empresa afetam a sociedade. Eles sugerem que as ações de RSC sejam feitas a par-tir dos mesmos critérios que as empresas usam para tomar as principais decisões de negócios. Nesse caso, as ações de responsa-bilidade social deixariam de ser um custo e poderiam se tornar uma fonte de oportu-nidade, inovação e vantagem competitiva.

Porter e Kramer propõem um amplo entendimento da inter-relação de uma em-presa com a sociedade, já que uma preci-sa da outra. Isso porque uma empresa de sucesso necessita de uma sociedade sau-dável, e uma sociedade saudável expande a demanda, pois mais necessidades huma-nas são satisfeitas e as aspirações crescem.

Assim, a dependência mútua de empresas e sociedade significa que tanto decisões em-presariais quanto políticas e sociais devem seguir o princípio do valor compartilhado, a partir da identificação de pontos de inter-seção entre seus valores e interesses.

“A estratégia sempre exige escolhas – e o sucesso na responsabilidade social em-presarial não é diferente. É preciso escolher as questões sociais a abordar”, dizem os au-tores. E concluem: as organizações que to-mam a decisão certa e montam iniciativas sociais focadas, proativas e integradas com o cerne de suas estratégias vão se distanciar progressivamente da multidão. O melhor que a empresa pode fazer para a sociedade, e para qualquer comunidade, é contribuir para uma economia próspera.

A tentativa de encontrar um valor compartilhado em atividades operacionais e nas dimensões sociais do contexto com-petitivo tem o potencial não só de promo-ver o desenvolvimento econômico e social, mas de mudar o modo como a empresa e a sociedade se encaram. ONGs, governos e empresas devem parar de pensar em “res-ponsabilidade social empresarial” e pensar em “integração social”.

Sua empresa já pensou sobre isso?

negócios e responsabilidade social de mãos-dadas geram empresas bem-

sucedidas e uma sociedade saudável

FAbiAne tuRisCo, SóCIA DA MARtINELLI ADVOCACIA EMPRESARIAL E VICE-ChAIRPERSON

DO COMItê DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL DA AMChAM RIO

“nEgócios E rEsponsabilidadE social podEm sEr complEmEntarEs

E um sólido apoio para um dEsEnvolvimEnto socioEconômico

sustEntávEl E ético”

Edição 272_Brazilian Business_37

Page 21: Brazilian Business - 272

diálogos

Deu no New York Times: “Brazil Moves to Tame One of Rio’s Biggest Slu-ms”. A notícia repercutia a reconquista territorial da Rocinha, no Rio de Ja-

neiro, destacando os recentes esforços de pacificação na segunda maior democra-cia mundial por meio da instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

As consequências de tal ação permitem diversas perspectivas e leituras. Uma delas é a regularização fundiária dos territórios reconquistados, um dos mais fun-damentais passos posteriores à “pacificação”.

As favelas são um símbolo da “cidade partida” e, somente após a instituciona-lização da propriedade privada, esses territórios poderão ser considerados recon-quistados e reintegrados à cidade formal.

Uma alternativa bem-sucedida para viabilizar tal condição começou a ser im-plantada em 2007 pelo Instituto Atlântico, por meio do Rio Cidade Inteira - Proje-to Cantagalo, desenvolvido em parceria com o Projeto de Segurança de Ipanema, após solicitação da Associação de Moradores da Comunidade do Cantagalo. A preocupação surgiu com o anúncio do início das obras do PAC na região e possí-veis remoções de moradores.

A ex-favela do Cantagalo, agora um futuro bairro, ocupa uma área central na zona sul do Rio de Janeiro, próxima aos bairros de Ipanema e Copacabana, com mais de 62 mil m2. Começou a ser ocupada por volta de 1930 e hoje abriga aproxi-madamente 8 mil moradores. Graças ao Projeto Cantagalo, tornou-se a primeira comunidade no Rio de Janeiro a receber efetivamente títulos de propriedade por meio de doação.

A base do Projeto Cantagalo foi o desenvolvimento de uma “tecnologia social” de mobilização e organização da comunidade, a fim de capacitá-la a executar to-dos os passos até a obtenção do título definitivo de propriedade. Isso foi feito para todos os moradores em situação legal para a titulação e para propriedades fora de situação de risco ambiental, geológico ou de invasão recente.

Para isso, o projeto contou com assessoria jurídica pro bono dos escritórios Souza, Cescon, Barrieu & Flesch Advoga-dos e Gorayeb & Mitchell. Em cinco me-ses encerrou-se o trabalho de campo com 100% de cobertura da topografia, mapea-mento e adesão das 1.485 futuras proprie-dades. Em junho de 2009 foi ajuizada uma ação de usucapião especial urbana coletiva em face da Companhia Estadual de Habi-tação do Rio de Janeiro.

Na sequência, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro aprovou projeto de emen-da à Constituição de autoria do Executivo estadual, que passou a permitir a doação de terras da administração pública estadual para a regularização fundiária de interesse social.

Constatou-se que essa é a forma mais efetiva de integrar a cidade do ponto de vista legal e o único caminho para pressupor que a favela virá a se tornar bairro al-gum dia. Seus cidadãos são alçados à cidadania plena por meio da titulação de suas propriedades e a fixação de deveres e direitos.

Em maio deste ano ocorreu a entrega das primeiras 44 escrituras de doação das autoridades estaduais aos moradores do Cantagalo. Que venham as próximas 1.441 escrituras!

o resgate da cidadania plena, de fato e direito

Carlos Augusto JunqueiraSócio da área de Direito Societário e Mercado de Capitais do escritório Souza, Cescon, Barrieu & Flesch Advogados e coordenador do Projeto Cantagalo, no Instituto Atlântico

“A regulArizAção fundiáriA de interesse soCiAl é A formA mAis efetivA de

integrAr A CidAde do ponto de vistA legAl e o úniCo

CAminho pArA pressupor que A fAvelA virá A se

tornAr bAirro Algum diA”

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Colaborou Mário Azevedo, advogado do contencioso do mesmo escritório e secretário da Comissão de Direito Urbanístico da Ordem dos Advogados do Brasil

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40_Edição 272_nov/dez 2011 Edição 272 Brazilian Business_41

Roberto HaddadInternational and M&A Tax Partner (Rio de Janeiro, Brazil)

“Brazil is different from every other country in the world”. This sen-tence is mentioned over and over

again by foreigners who are starting to face the tax challenges of doing business in Bra-zil. And why is that? Aren’t they exaggerat-ing? After all, complaints about taxes have been a reality worldwide since forever.

During a meeting to discuss an M&A transaction, a newcomer interested in buy-ing a Brazilian group of companies learned that there were about 40 employees of that group working in the tax area alone. This had come as a surprise and suggested that maybe the target was not that efficient. The buyer, an offshore group and larger than the Brazilian company, had approximately 8 professionals in its tax area. However, someone in the room, a Brazilian, said that this number of employees was actually maybe not enough for this size of group in Brazil.

This needs to be understood. The scenario above is as real as it is recurring. Why is the Brazilian tax system consid-ered so complex? Why are so many people needed to handle the tax area? And why are taxes in Brazil, with no resemblance to any other country in the world, such a head-ache for both foreigners and Brazilians?

The answer is not simple. We cannot assure that every stand-alone tax in this country is more complex when compared to other developed countries such as the US, UK, France or Spain. Complexity here derives from the amount of important taxes that apply to a company’s operations.

Super Tax Burdendoing BuSineSS

Corporate income tax is comprised of two different taxes. Corporate income tax itself and social contribution on profits, which has a similar tax computation but different destination after collection by the federal government. The joint rate is 34%,

comparable to many countries.In most developed countries, there is a corporate income tax and

a value-added tax or a sales tax. These are the main taxes levied on a company’s operations. In Brazil, apart from corporate income tax, there are also PIS, COFINS, ICMS, IPI, ISS and IOF (among others such as import tax, property tax and special taxes and contributions that apply to specific industries such as mining).

Thus, while developed countries work with a two-taxe frame-work, companies in Brazil need to deal with an eight-tax framework. And not only that, the eight taxes are dealt with at different levels of government; federal, state and municipal. Different interests, different authorities, tax war, a big mess.

Of course, even for the tax authorities it is difficult to deal with so many taxes. And that is one of the reasons why there are so many grey areas in the different legislations. The tax authori-ties do not therefore have the luxury of focusing and going deeply into just two main taxes, to organize the system around only those taxes, thereby avoiding lots of discussions, lawsuits and misunder-standings. They need to rule on several taxes and this lack of focus triggers lack of clarity.

With regard to the different taxes, there are specifics and com-plexities. PIS and COFINS, for example, are levied on virtually all revenues. A joint rate of 9.25%, with credits on some inputs al-lowed. This rate is reduced to 3.65% without credits if an alterna-tive corporate income tax system is applied.

“The complexiTy here deriveS from The amounT of imporTanT TaxeS ThaT

apply To a company’S operaTionS”

“reducTion in The Tax Burden iS noT The main

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foreSee, wiTh reaSonaBle cerTainTy, The ruleS To

which They will Be SuBjecT”

ICMS, another example, is a state VAT with a master federal legislation and 27 dif-ferent sub-legislations. If a sale is made from one state to another, the latter may not accept the ICMS credit if the original state granted specific types of tax incentives. This is just one battlefield of the so-called tax war.

Within the corporate income tax stream, as a final example, there is no tax consolida-tion. Each company is a single taxpayer and it is not possible to have a combination of the results of a group of companies in or-der to offset profits with losses, revenues with expenses. Actually, this is one of the key areas that should be ironed out by the government at a federal level. The Brazilian tax system needs tax consolidation. And this is urgent. This would avoid an enormous amount of litigation involving mergers, questions regarding the business substance of certain transactions, the issue of cross-functions and services between companies of a same group, and a number of other dis-cussions that only exist because of the miss-ing tax consolidation.

The government does not want to lose tax revenues. But a reduction in the tax burden is not the main claim by companies. They

want less complexi-ty. Less taxes. Less grey areas. Less law-suits. They want the ability to foresee, with reasonable cer-tainty, the rules to which they will be subject. It is possible to achieve this. Bra-zil has already been

incredibly successful in various areas of the economy and the country is now booming and offering unique opportunities. Achieving less complexity is a matter of will and com-munication between tax authorities, taxpay-ers and tax specialists.

Nonetheless, the tax system should not be seen as a limitation to doing business in Bra-zil. It is a challenge, but not a limitation. New-comers that understand the tax environment and learn how best to structure and conduct business will not only survive but generate profits in this country.

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42_Edição 272_nov/dez 2011 Edição 272_Brazilian Business_43

news

O ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, participou,

no dia 10 de outubro, do evento President’s Lunch: Infraestrutura Aeroportuária Brasi-leira – Desafios e Perspectivas, realizado pelo Comitê de Assuntos Jurídicos da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro e pa-trocinado pela empresa Multiterminais.

Bittencourt mostrou as propostas e os desafios para a infraestrutura aeroportuária no Brasil, com enfoque no edital da nova minuta de concessão, anunciado em setem-bro. Ele detalhou as mudanças e como as novas medidas vão impactar os processos de modernização e adequação dos aero-portos e as demandas, tais como o check-in compartilhado e a criação de metas a serem cumpridas entre os cooperadores dos aero-portos e as empresas aéreas.

O ministro destacou a importância de ampliar a estrutura aeroportuária para aten-der a demanda, que, só este ano, até julho, cresceu 20% em relação a 2010. Além disso, as companhias estão com uma taxa de ocu-pação ascendente, chegando a 70%, e uma queda de cerca de 50% no preço das tarifas.

“Estamos realizando obras para melhorar a infraestrutura, mas precisamos pontuar a gestão. Para isso, estamos investindo pesa-do, principalmente com a contratação de profissionais altamente qualificados para o quadro de funcionários da secretaria”, disse, enfocando a criação da Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias (Conaero), que será coordenada pela secretaria e reúne representantes de órgãos que atuam nos ae-roportos (Anac, Infraero, Receita Federal, An-visa, Polícia Federal e empresas aéreas) e tem como objetivo aperfeiçoar os procedimentos e aumentar a qualidade, a segurança e a cele-ridade dos processos operacionais.

A Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio), por meio do

Comitê de Tecnologia da Informação e Co-municação, recebeu, no dia 13 de setembro, no Clube Comercial, no centro do Rio, o pre-sidente da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), Glauco Arbix, para apresentar as estratégias de fomento para o setor de Tecno-logia da Informação e Comunicação (TIC). O chairman do Comitê de TIC da Câmara, Álvaro Cysneiros, deu as boas-vindas à pla-teia e reforçou a intenção do grupo em liderar e fomentar debates que incentivem o empre-endedorismo, criem uma agenda única de inovação para o Estado e façam do Rio de Ja-neiro o principal polo de inovação do País.

Segundo Arbix, as empresas brasileiras investem muito pouco em inovação, mas co-meçam a dar sinais de mudança. “As questões de tecnologia e inovação ocupam um lugar-chave para a evolução dos países. É necessário desenvolver a inovação. O Brasil investe, hoje, US$ 24,2 bilhões em Pesquisa e Desenvolvi-mento (P&D), número não tão significativo se comparado ao valor dos Estados Unidos, que investem US$ 398,2 bilhões (dados de 2008). Porém, em termos do PIB, o Brasil investe 1,19% de suas riquezas em P&D, enquanto os Estados Unidos colocam 2,79%”, comparou. “Noto uma transformação e um dinamismo grande na economia e na sociedade brasileira, que dá ao País uma perspectiva muito positi-va. É uma curva de crescimento sólida e as-cendente, sem sinais de redução”, afirmou.

Wagner Bittencourt traça os rumos da aviação civil Finep deve investir R$ 14 bilhões em P&D até 2014

“É imPREscinDívEl havER um Bom RElacionamEnto EntRE a aDministRação aERoPoRtuáRia E os govERnos FEDERais E EstaDuais PaRa quE não sE cRiEm mais

BaRREiRas no EsPaço aÉREo”

Da esq. para a dir., o diretor-superintendente e o presidente da Amcham Rio, Helio Blak e Henrique Rzezinski; o presidente da Finep, Glauco Arbix; e o chairman do Comitê de TIC, Álvaro Cysneiros

Em evento, o ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil fala sobre os desafios e as perspectivas da infraestrutura aeroportuária O presidente da entidade, Glauco Arbix, apresentou

as estratégias de fomento para o setor de TIC

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Bittencourt falou ainda sobre as Autoridades Aeroportuárias, que estão sendo instaladas em seis aeroportos brasileiros: Brasília (DF), Confins (MG), Guarulhos (SP), Congonhas (SP), Galeão (RJ) e Santos Dumont (RJ). “Elas são um aperfeiçoamento dos Centros de Gestão Aeroportuária (CGAs), salas equipadas com ferramentas tecnológicas que propiciam comando e controle imediatos e união de todos os envolvidos no processo de embarque e desembarque de passageiros. As Autoridades Aeroportuárias, que serão coordenadas pela Infraero, tratarão dos problemas em tempo hábil para garantir qualidade e rapidez às atividades do aeroporto.”

O ministro defendeu ainda que, além das reformas que estão sen-do aplicadas, é imprescindível haver um bom relacionamento entre a administração aeroportuária e os governos federais e estaduais para que não se criem mais barreiras no espaço aéreo. “Cada vez mais as ci-dades crescem para cima dos aeroportos. Isso cria barreiras ao espaço aéreo, que acaba ficando limitado por conta de um viaduto, de uma ponte, ou até mesmo de um lixão, como no caso do Galeão, que atrai muitos urubus para a cabeceira da pista, tornando perigosa a mano-bra dos voos. Esse problema precisa ser resolvido e a integração do staff do aeroporto com Estados e municípios é primordial”, destacou.

Sobre a concessão dos aeroportos, o ministro disse que a secretaria está em dia com a entrega dos processos para a realização da consulta pública, que depende agora da aprovação de outros órgãos, inclusive para a realização, prevista para 22 de dezembro deste ano, dos leilões dos aeroportos internacionais de Guarulhos (SP), Brasília (DF) e Vi-racopos (Campinas/SP). “O nosso trabalho foi feito. Agora precisa-mos deixar as outras instituições envolvidas trabalharem.”

Sobre a Infraero, que hoje administra os três aeroportos, o mi-nistro afirmou que, mesmo com a concessão, a empresa continuará atuando nesses locais. Hoje a Infraero administra 66 aeroportos, con-trolando 97% do tráfego aéreo.

Com relação às obras de melhoria dos aeroportos que estão em andamento, Bittencourt garantiu que estarão prontas até dezembro de 2013, para atender a demanda da Copa do Mundo de 2014. Segundo ele, para alcançar esse resultado estão sendo investidos R$ 6,5 bilhões, além dos R$ 7,2 bilhões que serão destinados pela Infraero até 2014.

Para Arbix, as razões para esse comportamento ainda muito tímido do setor privado têm várias explicações, mas é fundamental haver um exemplo de liderança do setor público, muitas vezes replicado pelas em-presas, pois gera confiança e condições de investimento de longo prazo em projetos que vão trazer benefícios ao País. “O investimento público é um sinal de apoio e de confiança para as empresas, mas precisamos crescer muito mais”, declarou.

“A Finep dispunha, em 2003, de R$ 300 milhões para investir em ino-vação, o que, à época, alcançou 60 empresas. Em 2010, esse montante chegou a R$ 4 bilhões, com o atendimento a 2 mil empresas”, destacou. “A meta é chegar a 2014 com um aporte de R$ 14 bilhões para P&D. Precisamos capacitar as empresas nacionais para torná-las mais dinâmicas e eficientes”, disse.

“O pré-sal deve consumir uma base significativa desses recursos. É a menina dos olhos da Finep, não pela dimensão do volume de negó-cios, mas pelas possibilidades tecnológicas que oferece, já que estamos buscando apoiar o desenvolvimento de nova tecnologia e na fronteira do conhecimento. Não deve faltar dinheiro para a área do pré-sal. Todo projeto desse setor deve ser apoiado.”

Para se tornar cada vez mais inovadoras, as empresas precisam adotar duas medidas emergenciais, segundo Arbix: ter lideranças comprometidas com inovação, ou seja, a alta administração tem que estar disposta a inovar, investindo em pesquisa e novos produtos; e capacitar funcionários de maneira transformadora. “Funcionário mal preparado não suporta uma empresa inovadora. As empresas mais inovadoras têm o maior número de pessoas preparadas, inventivas e comprometidas. O Brasil não tem esse hábito, mas está mudando. Se a liderança não quiser não vai acontecer nada na empresa. Inovação é investir em pessoas”, completou.

“as EmPREsas BRasilEiRas invEstEm muito Pouco Em inovação, mas comEçam a DaR sinais DE muDança”

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Como são idealizadas e planejadas as ações estratégicas de mar-keting para o setor de óleo e gás foi o tema do evento Ideas Ex-

change: Marketing para Petróleo e Gás, organizado pelos comitês de Marketing e Energia da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio) e realizado no dia 28 de setembro, na Bolsa do Rio.

Palestraram o gerente-geral de marketing do abastecimento da Petrobras, Theodoros Panagiotis Marcopoulos, o gerente comercial da FMC Technologies, Rodolpho Athayde, e a gerente de marketing e desenvolvimento de negócios da Global Industries, Rosângela Nuca-ra. A mediação foi feita pela analista de comunicação corporativa da BG Brasil Beatriz Assumpção. O chairman do Comitê de Marketing, Noel De Simone, presidiu a mesa.

As boas-vindas à plateia foram dadas pelo chairman do Comitê de Energia, Roberto Ardenghy, um dos diretores da Amcham Rio. Em se-guida, o gerente-geral de marketing do abas-tecimento da Petrobras, Theodoros Panagio-tis Marcopoulos, fez uma apresentação sobre a trajetória da companhia e aprofundou a fala no momento em que o marketing começou a ser tratado com mais dedicação pela empresa, mudança alavancada pela abertura de mer-cado, já que, entre 1957 e 1997, a Petrobras atuou sozinha no setor brasileiro de petróleo.

Após 40 anos de monopólio, a Petrobras teve de lidar com a concorrência e redirecionar o foco para o cliente e as demandas do mercado. Segundo Marcopoulos, passaram a fazer parte da estratégia e do planejamento da companhia nomenclaturas como relacionamento com o cliente, serviço de atendimento ao con-sumidor e reclamações, parâmetros até então ausentes.

“Trata-se de uma mudança cultural, que não acontece da noite para o dia. É um processo que se desenrola em longo prazo e exige um compromisso da alta cúpula da companhia para imperar no dia a dia da operação. Posso dizer que, após 15 anos de trabalho diário, conseguimos aprimorar processos e produtos e crescemos com essa troca”, afirmou.

O gerente comercial da FMC Technologies, Rodolpho Athayde, trouxe a expertise em gestão da companhia – que foi escolhida, em 2010, pela revista Fortune como uma das empresas mais admiradas no setor de petróleo e gás – e disse que muitos dos resultados são conquistados tendo como base o tripé segurança, qualidade e en-trega no prazo.

Segundo ele, além da capacidade tecnológica do negócio, o rela-cionamento com o cliente é fundamental. Athayde aproveitou o even-to para anunciar que a empresa está prestes a lançar o separador sub-marino desenvolvido para a Petrobras, que será instalado no Campo de Marlim, na Bacia de Campos, e que também está construindo uma base de pesquisa no Parque Tecnológico da UFRJ.

Para a gerente de marketing e desenvolvimento de negócios da Global Industries, Rosângela Nucara, ações de comunicação e marke-ting são estratégicas inclusive para gerar negócios, mas o setor ainda

Petrobras, FMC Technologies e Global Industries mostram os avanços na gestão do marketing nas empresas de petróleo e gás

“A EsTrATéGIA é ousAr E sEMPrE InovAr, TrAzEndo

ElEMEnTos-surPrEsA PArA dEsPErTAr o InTErEssE E

FoMEnTAr novAs CulTurAs dE CoMunICAção”

não tem essa percepção. Segundo ela, que apresentou um pot-pourri de ações realizadas pelo departamento de marketing da empresa com os clientes, é fundamental quebrar paradigmas e ousar na forma de comunicar uma ideia ou projeto.

Para Rosângela, é preciso encontrar a originalidade e a identida-de de cada projeto e de cada cliente e saber traduzi-las em processos. “Trabalho sempre tendo em mente que o meu cliente interno é fun-damental. A estratégia é ousar e sempre inovar, trazendo elementos-surpresa para despertar o interesse do grupo e fomentar novas cultu-ras de comunicação”, disse. E deixou um recado aos pares do setor: “É preciso ser persistente”.

O evento teve o apoio institucional da agência Rio Negócios e o apoio de mídia dos portais Mundo do Marketing e Petronotícias e da revista Brasil Energia.

Theodoros Panagiotis

Marcopoulos

Rosângela Nucara

Setor conta com companhias atentas aos planejamentos de marketing

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46_Edição 272_nov/dez 2011

A Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio), a eWa-

ve e a IBM realizaram, no dia 19 de outu-bro, o evento Integração para Cenários Di-nâmicos de Negócios, no Hotel Guanabara, no centro do Rio.

O especialista da IBM Marcelo Novaes e o CTO da eWave, Amit Shani, falaram sobre como implementar uma arquitetura de TI de integração ágil e flexível, capaz de atender o atual dinamismo e o volume de demandas das empresas e que integre sistemas internos, móveis e localizados na nuvem. “Diante da complexidade da demanda o cliente começa a perceber que precisa desenvolver a arquite-tura do site. Eu posso ter domínios diferentes com vários formatos”, disse Novaes.

Shani destacou a importância de ade-quar a arquitetura de TI quando as empre-sas percebem que estão perdendo agilidade e tendo impacto diretamente nos resultados e passam a customizar os processos. “Prin-cipalmente com o aumento da concorrên-cia, as empresas precisam garantir rapidez e agilidade para se manter no mercado e observar as necessidades da sua estrutura. Melhorar a arquitetura de TI pode garantir qualidade aos processos da empresa e ofere-cer, inclusive, um aumento no rendimento das operações”, afirmou Shani.

O CTO da eWave reforçou em sua apre-sentação as melhorias possibilitadas pela agilidade e flexibilidade beneficiadas por uma arquitetura orientada a serviços (SOA – Service-Oriented Architecture) e que faça uso de um barramento de integração (ESB – Enterprise Service Bus), simplificando pro-cessos e reduzindo o funcionamento manual e a perda operacional.

Para o especialista da IBM, a ideia de usar esses sistemas é melhorar a comunicação en-tre os diversos setores que existem dentro de

IBM e eWave mostram soluções para integrar sistemas internos, móveis e na nuvem

“Para garantIr raPIdEz E agIlIdadE, as EMPrEsas InvEstEM EM arquItEtura dE tI

Para conquIstar, InclusIvE, uM auMEnto no rEndIMEnto das oPEraçõEs”

uma companhia a partir da identidade de cada negócio, compartilhando funcionali-dades e simplificando processos. “Quando se pensa em integração é indispensável considerar três elementos: instrumenta-ção, interconexão e inteligência. Por isso, o sistema busca integrar as diversas áreas que precisam se comunicar, garantindo que a informação chegue de maneira mais simples e rápida”, disse.

Uma solução interessante e bastante acessada pelas empresas, segundo ele, é o Business Process Management (BPM), uma ferramenta que interli-ga procedimentos e ajuda a aperfeiçoar o desempenho dos negócios por meio da descoberta, documentação, automatização e melhoria contínua dos processos. Para finalizar o evento, o gerente de Solution Center na Unisys Brasil, Raimar Torres dos Santos, apresentou o case implantado na empresa pela IBM e a eWave.

O especialista da IBM Marcelo Novaes

O CTO da eWave, Amit Shani

O gerente de Solution Center na Unisys Brasil, Raimar Torres dos Santos

Executivos falam sobre como a arquitetura de TI pode dar agilidade às empresas

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Page 26: Brazilian Business - 272

48_Edição 272_nov/dez 2011

A vice-diretora do Coppead/UFRJ, Deni-se Fleck, o consultor Tjerk Franken e o

consultor de gestão de pessoas Luiz Augus-to Costa Leite foram os palestrantes do RH Meeting: Gestão do Capital Intelectual, even-to realizado pelo Comitê de Recursos Huma-nos da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio), na Bolsa do Rio, em 31 de outubro, com patrocínio da Case Benefícios e Seguros.

Os palestrantes falaram sobre as dificul-dades das empresas em manter o capital in-telectual ou de repor o quadro de funcioná-rios ao mesmo tempo que procuram crescer saudavelmente e permanecendo fortes no mercado. O evento foi mediado pelo vice-chairman do Comitê de RH, Carlos Vitor Strougo, e aberto pelo diretor-superinten-dente da Amcham Rio, Helio Blak.

Denise Fleck aponta cinco grandes desa-fios para o crescimento saudável das compa-nhias: compor o quadro com pessoas ambi-ciosas e que estejam dispostas a contribuir; navegar no ambiente da empresa para en-contrar novos tipos de serviços; incrementar a competitividade na área de negócios; tomar decisões sobre normas e regras da área insti-tucional; e também dar atenção às ações que levam em conta o impacto ambiental.

“Como consequência do crescimento, nós temos outros três desafios: o aumento das adversidades, a complexidade na intera-ção entre as partes do organograma e o de-safio da área de RH. Para um crescimento saudável, é preciso que essa área identifique os talentos, faça-os crescer e consiga retê-los”, disse Denise, destacando que a responsabili-dade de identificar potenciais é de qualquer gestor e em qualquer nível da administração.

Denise comentou que o desafio é dis-tinguir que tipo de talento é necessário para cada empresa e mencionou um estudo, reali-zado no Canadá, que destaca a existência de três tipos de funcionários nas corporações: o artista, que tem uma visão ampla, com cria-tividade e enxerga além, o tecnocrata, mais ligado ao concreto, e o artesão, mais focado nas pessoas. “Toda organização precisa ter es-ses três tipos, mas precisa saber enxergá-los, gerenciá-los e promover essa harmonia.”

Para o consultor Tjerk Franken, um dos entraves para ter um bom quadro de funcio-nários começa nas entrevistas, em que nem sempre se enxerga a capacidade de produção do entrevistado, ocupando-se apenas com os méritos acadêmicos que estão no currículo. “O importante é a capacidade de produção. Cada recrutado é um estoque de competên-cias que precisa ser alocado na produção, dis-tribuindo esse talento de uma forma precisa na cadeia produtiva”, afirmou.

Segundo Franken, ainda há uma forte questão cultural, que muitas vezes impede que se tenha um feedback na avaliação de funcionários, uma vez que entram em jogo questões humanas, como a vaidade, crian-do dificuldades de aceitar que um determi-

nado talento tenha um tratamento diferen-ciado dentro do organograma da empresa. “Nós olhamos a instituição com base em cargos e salários. Perde-se um tempo imen-so com a hierarquia e nem sempre se chega ao objetivo. É raro ver empresas que criam oportunidades para que os funcionários mostrem suas habilidades, por isso, temos muitos casos de subutilização desses talen-tos”, acrescentou.

O consultor em gestão de pessoas Luiz Augusto Costa Leite destacou que o talento é a predominância do foco empresarial brasi-leiro no que diz respeito ao capital intelectual e que o tema cresce quando entram em dis-cussão como trabalhar, gerenciar e tratar esse capital humano. “Esse capital está subordina-do a duas ou três coisas que deveriam gerar uma simetria para gerir resultados, e o que a gente tem visto no mundo de hoje é uma assimetria”, disse.

“Como vamos conseguir uma simetria? Temos que trabalhar as questões de sustenta-bilidade, de inovação para um mundo com-petitivo, liderança e aprendizagem, porque só vamos conseguir viver em um mundo com-petitivo se houver aprendizado”, destacou.

Leite descreveu o capital humano como um estoque de habilidades e conhecimento incorporado à capacidade de gerir o trabalho e gerar capital. “Não adianta ter habilidades e conhecimentos se eles não foram colocados em prática para produzir valores econômi-cos, passando do potencial para a realização. Quando falamos de talento, estamos mudan-do o perfil empresarial. É um capital diferen-ciado, e para isso é preciso ter algo mais na hierarquia. Cabe ao líder multiplicar os talen-tos que estão abaixo”, acrescentou.

Empresas buscam saídas para o desafio de gerir e reter talentos

“É raro vEr EmprEsas quE criam oportunidadEs para quE os funcionários

mostrEm suas habilidadEs, por isso, tEmos muitos casos dE subutilização

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Da esq. para a dir., o consultor Tjerk Franken; o consultor em gestão de pessoas Luiz Augusto Costa Leite; o diretor-superintendente da Amcham Rio, Helio Blak; a vice-diretora do Coppead/UFRJ, Denise Fleck; e o vice-chairman do Comitê de Recursos Humanos da Amcham Rio, Carlos Vitor Strougo

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Page 27: Brazilian Business - 272

50_Edição 272_nov/dez 2011

Em sua palestra, Pratini de Moraes apresentou dados que apontam um cenário do consumo mundial de alimentos até 2050, enfatizando que o consumo de açúcar, oleaginosas, carne, ovos, leite e derivados irá apresentar um espantoso crescimento da de-manda em todos os países.

No caso do açúcar derivado da cana, o consumo passará de 22,4 quilos para 27 quilos por habitante/ano, por sua utilização como fonte supridora de alimentos no caso da pobreza absoluta e até por sua superioridade em relação ao da beterraba na produção indus-trial. Já o consumo de carne vai ampliar de 26,1 quilos para 52 qui-

los e o de oleaginosas, de 6,8 quilos para 17 quilos por habitante/ano, dado o aumento do consumo mundial de alimentos.

“O Brasil tem excelentes vantagens com-parativas ante os demais países, uma vez que possui sol, água, terra, tecnologia e capacida-de empreendedora. O nosso problema não é produzir e, sim, vender maiores quantidades e com um alto valor agregado para conseguir divisas maiores. E isso se faz com inovação e marketing”, destacou o ex-ministro, que é

um ávido defensor dos produtos brasileiros no exterior.Pratini lembrou ainda que, além da qualidade, os empresários

precisam criar marcas fortes e reconhecidas para seus produtos, como forma de ampliar as vendas no mercado externo. É importan-te buscar formas inventivas. “Cheguei a fazer mais de 150 churrascos mundo afora promovendo a carne brasileira. Ensinei aos franceses a fazer farofa de banana, de bacon e de ovo. Eles adoraram”, disse.

Por outro lado, o ex-ministro foi enfático ao apontar alguns entraves ao desenvolvimento das empresas brasileiras, como a alta carga tributária, a logística precária, a qualificação da mão de obra e a implementação de regras claras de política. “O que cria empre-go hoje é a confiança na economia. É necessário fazer uma refor-ma política emergencial. O nosso problema não é tributário, mas político”, enfatizou.

Ex-ministro por diversas vezes em di-ferentes pastas e atual presidente do

Comitê de Estratégia Empresarial da JBS, o economista Marcus Vinicius Pratini de Moraes destacou que, para agregar valor às exportações brasileiras, o empresariado e o governo federal precisam investir pe-sadamente em inovação e marketing. Ele foi o convidado do almoço-palestra da Câ-mara de Comércio Americana do Espírito Santo (Amcham-ES), realizado no dia 8 de novembro, no Ceri-monial Itamaraty.

Na abertura do evento, o presidente e anfitrião da Amcham-ES, Otacílio Coser Filho, ressaltou a ba-talha enfrentada pelo Grupo JBS para con-seguir expandir suas atividades no merca-do internacional até atingir a referência de maior grupo de processamento de proteína animal do mundo. Coube ao diretor-exe-cutivo, Clóvis Vieira, a tarefa de apresentar a trajetória de vida de Moraes na adminis-tração pública até vir a ocupar uma cadeira no Conselho de Administração da empresa de atuação internacional.

Pratini de Moraes: inovação e marketing são as principais ferramentas para agregar valor às exportações brasileiras

“O Brasil tEM ExcElEntEs vantagEns E caPacidadE

EMPrEEndEdOra. O nOssO dEsafiO é vEndEr Mais E

PrOdutOs cOM MaiOr valOr agrEgadO. E issO sE faz cOM

inOvaçãO E MarkEting”

Da esq. para a dir., Guilherme Henrique Pereira, secretário de Estado de Economia e Planejamento; Guilherme Dias, economista, ex-ministro do Planejamento e ex-secretário de Desenvolvimento do Espírito Santo; Marcus Pratini de Moraes, palestrante do evento; Otacílio Coser Filho, presidente da Amcham-ES; Luiz Antonio Polese, presidente do Centro de Comércio do Café de Vitória Lu

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Page 28: Brazilian Business - 272

52_Edição 271_set/out 2011

Para compreender a questão dos tributos que incidem nas operações realizadas

dentro da chamada nuvem – a rede de com-putadores e servidores ligados pela internet – o Comitê de Assuntos Jurídicos da Câma-ra de Comércio Americana do Rio de Janei-ro (Amcham Rio) promoveu, no dia 21 de outubro, o evento Tax Friday: Tributação na Nuvem, no Hotel Marriott, em Copacabana, zona sul do Rio. O evento teve a mediação do diretor-superintendente da Amcham Rio, Helio Blak.

O público teve a oportunidade de en-tender com mais profundidade esse cenário que já é realidade para muitas empresas que mantêm arquivos compartilhados e hospe-dados na nuvem. Maurício Barros, gerente da Gaia, Silva, Gaede & Associados, deu um panorama à plateia, repleta de advogados, so-bre o que é exatamente a nuvem, com direito a explicações detalhadas sobre o surgimento do fenômeno, seu funcionamento, as impli-cações fiscais, o enquadramento jurídico e as transformações na realidade e no dia a dia das empresas a partir do advento dessa rede.

Advogados explicam como se dá a Tributação na Nuvem

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A segunda parte da fala de Barros foi dedicada ao tema central do evento: as formas de tributação das operações no universo da nu-vem e suas aplicações em contratos e negociações. Em seguida, seu colega Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira, integrante do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), fez ponderações segundo a experiência adquirida por ele no órgão, sobre como a questão de cloud computing afeta contratantes, prestadores de serviços e inter-mediadores envolvidos em negócios na nuvem.

Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira, do Carf; Helio Blak, diretor-superintendente da Amcham Rio; e o palestrante Maurício Barros, gerente da Gaia, Silva, Gaede & Associados

PRACTICE AREAS

Administrative Law

Corporate Law

Financial and Capital Markets

Competition Law

Energy Law

Tax Law

Judicial and Administrative Litigation

Arbitration

Contracts

Real-Estate Law

Labor Law

Pension Law

Environmental Law

Election Law

Intellectual Property

International Law

ÁREAS DE ATUAÇÃO

Direito Administrativo, Regulação e Infraestrutura

Direito Societário

Mercado Financeiro e de Capitais

Direito da Concorrência

Direito da Energia

Direito Tributário

Contencioso Judicial e Administrativo

Arbitragem

Contratos

Direito Imobiliário

Direito do Trabalho

Direito Previdenciário

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Direito Eleitoral

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Page 29: Brazilian Business - 272

54_Edição 272_nov/dez 2011 Edição 272_Brazilian Business_55

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Tomé Engenharia S.A.Eduardo Pinto da Silva - Diretor da Engenharia Óleo e GásAv. José Odorizzi, 900, Prédio III - Assunção09810-900 São Bernardo do Campo, SPTel: (11) 4355-6000/ 2112-6000 Fax: (11) 4355-6219/ [email protected]

M.I. Montreal Informática Ltda.Luiz Antonio dos Santos - Diretor de TecnologiaEduardo de Abreu Coutinho - Diretor JurídicoRua São José, 90/ 7º/ 9º - Centro20010-020 Rio de Janeiro, RJTel: (21) 2291-6116 Fax: (21) [email protected]

Zemax Log Soluções Marítimas Ltda.Afonso Arnaldo Junqueira Prata - Diretor GeralMarcelo de Assis Fonseca Zenóbio - Diretor OperacionalAv. das Américas, 3500, bl. 2, s/501/502/503 - Barra da Tijuca22640-102 Rio de Janeiro, RJTel/Fax: (21) 3079-8280 [email protected]

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Metroflex Telecomunicações Ltda.Luiz Fernando Neves de Almeida - Diretor ComercialRua da Conceição, 188, s/ 1201B – Centro24020-087 Niterói, RJTel: (21) 2622-7013 Fax: (21)[email protected]

Hays Recrutamento e Seleção Ltda. Alexia Nogueira Franco - DiretoraAv. das Américas, 3500, Ed.Toronto 2000/ 3º, s/309 - Barra da Tijuca22640-102 Rio de Janeiro, RJTel: (21) 2430-6600 Fax: (21) [email protected]

ILOS/LGSC - Instituto de Logística e Supply Chain Ltda. (Instituto ILOS)Marcus Vinicius Esperian D’Elia - Gerente de ProjetosRua Paulo Emidio Barbosa, 485, térreo, Qd. 1A - Cidade Universitária/ Ilha do Fundão21941-972 Rio de Janeiro, RJTel: (21) 3445-3000 Fax: (21) [email protected]

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Giovanni Cardoso Leite BiscardiSócioMachado Meyer Sendacz Opice e Biscardi Advogados

João Luiz de Morais ErseAssociado GerenteLoeser e Portela Advogados

alteração no Quadro de associados

Arthur Felipe Tavora Economista

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56_Edição 272_nov/dez 2011 Edição 272_Brazilian Business_57

COMITÊ EXECUTIVO PRESIDENTE Henrique Rzezinski_Vice-presidente de Assuntos Corporativos, BG E&P do Brasil Ltda.

1º. VICE-PRESIDENTE Fabio Lins de Castro_Presidente, Prudential do Brasil Seguros de Vida S.A.

2º. VICE-PRESIDENTE Pedro Paulo Pereira de Almeida_Diretor IBM Setor Industrial e Diretor Regional, IBM Brasil Indústria, Máquinas e Serviços Ltda.

3º. VICE-PRESIDENTE Rafael Sampaio da Motta_CEO, Case Benefícios e Seguros

DIRETOR-SECRETÁRIO Steve Solot_Presidente & CEO, LATC - Latin American Training Center

DIRETOR-TESOUREIRO Manuel Domingues e Pinho_Presidente, Domingues e Pinho Contadores

CONSELHEIRO JURÍDICO Julian Fonseca Peña Chediak_Sócio, Chediak Advogados

EX-PRESIDENTES João César Lima, Robson Goulart Barreto e Sidney Levy

PRESIDENTES DE HONRA Mauro Vieira_Embaixador do Brasil nos EUA Thomas Shannon_Embaixador dos EUA no Brasil

DIRETORES Benedicto Barbosa da Silva Junior_Diretor- presidente, Odebrecht Infraestrutura

Carlos Henrique Moreira_Presidente do Conselho, Embratel

Cassio Zandoná_Superintendente AMIL Rio de Janeiro, Amil – Assistência Médica Internacional

David Zylbersztajn_Engenheiro

Eduardo de Albuquerque Mayer_Private Banker, Banco Citibank

Fabio Lins de Castro_Presidente, Prudential do Brasil Seguros de Vida S.A.

Fernando José Cunha_Gerente Executivo para América, África e Eurásia - Diretoria Internacional, Petrobras

Guillermo Quintero_Presidente, BP Energy do Brasil Ltda.

Henrique Rzezinski_Vice-presidente de Assuntos Corporativos, BG E&P do Brasil Ltda.

Humberto E. Cesar Mota_Presidente, Dufry do Brasil

Italo Mazzoni da Silva_Presidente, Ibeu

Ivan Luiz Gontijo Junior_Diretor-gerente, Jurídico e Secretaria Geral, Bradesco Seguros

Julian Fonseca Peña Chediak_Sócio, Chediak Advogados

Luiz Ildefonso Simões Lopes_Presidente, Brookfield Brasil

Manuel Domingues e Pinho_Presidente, Domingues e Pinho Contadores

Manuel Fernandes R. de Sousa_Sócio, KPMG

Mauricio Vianna_Diretor, MJV Tecnologia Ltda.

Michael Seidner_Presidente, ExxonMobil Química Ltda.

Ney Acyr Rodrigues de Oliveira_Vice-presidente Embratel Empresas São Paulo, Embratel

Patricia Pradal_Diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações Governamentais, Chevron Brasil Petróleo Ltda.

Pedro Paulo Pereira de Almeida_Diretor IBM Setor Industrial e Diretor Regional, IBM Brasil Indústria, Máquinas e Serviços Ltda.

Petronio Ribeiro Gomes Nogueira_Sócio-diretor, Accenture do Brasil

Rafael Sampaio da Motta_CEO, Case Benefícios e Seguros

Roberto Castello Branco_Diretor de Relações com Investidores, Vale S.A.

Roberto Furian Ardenghy_Diretor de Assuntos Corporativos, BG E&P do Brasil Ltda.

Roberto Prisco Paraíso Ramos_Diretor-presidente, Odebrecht Óleo e Gás Ltda.

Rodrigo Tostes Solon de Pontes_Diretor Financeiro, ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico

Rogério Rocha Ribeiro_VP Sênior e Diretor de Área América Latina e Caribe, GlaxoSmithKline Brasil

Steve Solot_Presidente & CEO, LATC - Latin American Training Center

Yoram Levanon_Presidente, Xerox Comércio e Indústria Ltda.

DIRETORES EX-OFÍCIO

Andres Cristian Nacht | Carlos Augusto C. Salles | Carlos Henrique de Carvalho Fróes | Gabriella Icaza | Gilberto Duarte Prado | Gilson Freitas de Souza | Ivan Ferreira Garcia | João César Lima | Joel Korn | José Luiz Silveira Miranda | Luiz Fernando Teixeira Pinto | Omar Carneiro da Cunha | Peter Dirk Siemsen | Raoul Henri Grossmann | Robson Goulart Barreto | Ronaldo Camargo Veirano | Rubens Branco da Silva | Sidney Levy

PRESIDENTES DE COMITÊS

Assuntos Jurídicos - Julian Chediak

Cidade, Negócios e Turismo - Alícia Perez

Energia - Roberto Furian Ardenghy

Logística e Infraestrutura - Em definição

Marketing - Noel De Simone

Meio Ambiente - Luiz Pimenta

Propriedade Intelectual - Steve Solot

Recursos Humanos - Claudia Danienne Marchi

Relações Governamentais - João César Lima

Responsabilidade Social Empresarial - Silvina Ramal

Saúde - Gilberto Ururahy

Seguros, Resseguros e Previdência - Luiz Wancelotti

Tecnologia da Informação e Comunicação - Álvaro Cysneiros

ADMINISTRAÇÃO DA AMCHAM RJ

Diretor-superintendente Helio Blak

Gerente Administrativo Victor C.S. Teixeira

Gerente de Comunicação Andréa Blum

Gerente Comercial e Marketing Ricardo Santos

DIRETORIA AMCHAM ESPÍRITO SANTO

PRESIDENTE Otacílio José Coser Filho_Membro do Conselho de Administração, Coimex Empreendimentos e Participações Ltda.

VICE-PRESIDENTE Maurício Max_Diretor do Departamento de Pelotização, Vale S.A.

DIRETORES

António Diogo_Diretor-geral, Chocolates Garoto

Bruno Moreira Giestas_Diretor, Realcafé Solúvel do Brasil S.A.

Carlos Fernando Lindenberg Neto_Diretor-geral, Rede Gazeta

João Carlos Pedroza da Fonseca_Superintendente, Rede Tribuna

Márcio Brotto Barros_Sócio, Bergi Advocacia – Sociedade de Advogados

Marcos Guerra_Presidente, Findes

Paulo Ricardo Pereira da Silveira_Gerente-geral Industrial, Fibria Celulose

Ricardo Vescovi Aragão_Diretor de Operações e Sustentabilidade, Samarco Mineração

Rodrigo Loureiro Martins_Advogado-sócio Principal, Advocacia Rodrigo Loureiro Martins

Simone Chieppe Moura_Diretora-geral, Metropolitana Transportes e Serviços

Victor Affonso Biasutti Pignaton_Diretor, Centro Educacional Leonardo da Vinci

Negócios Internacionais Marcilio Rodrigues Machado

Relações Governamentais Maria Alice Paoliello Lindenberg

ADMINISTRAÇÃO DA AMCHAM ES

Diretor Executivo Clóvis Vieira

Coordenadora de Associados Keyla Corrêa

LINHA DIRETA COM A CÂMARA DE COMÉRCIO AMERICANAAdministração e Finanças: Victor Cezar Teixeira (21) 3213-9208 | [email protected]

Comercial e Marketing: Ricardo Santos (21) 3213-9226 | [email protected]

Associados: Terezinha Marques (21) 3213-9220 | [email protected]

Novos Associados e Eventos Tailor-made: Jaqueline Rufino (21) 3213-9294 | [email protected]

Mantenedores e Patrocínio: Vanessa Barros (21) 3213-9286 | [email protected]

Publicidade e Visto: Gisela Medeiros (21) 3213-9291 | [email protected]

Comitês e Eventos Ana Paula Macieira (21) 3213-9229 | [email protected] Giuliana Sirena (21) 3213-9227 | [email protected] Helen Mazarakis (21) 3213-9231 | [email protected] Jaqueline Paiva (21) 3213-9232 | [email protected]

Comunicação e Publicações: Andréa Blum (21) 3213-9240 | [email protected]

Espírito Santo: Keyla Corrêa (27) 3324-8681 | [email protected]

expediente

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