braun_1970_v32_n3_contribuição à geomofologia do brasil central

131
SUMARIO Oscar P. G. Braun Contribuição à Geomorfologia do Brasil Central Antônio Olivio Ceron José Alexandre Felizola Diniz Tipologia da Agricultura - Questões Metodo- lógicas e Problemas de Aplicação no 3 Estado de São Paulo 41 Haroldo Edgard Strang Ari Délcio Cavedon Sayuri Shibata Principais Fitofisionomias do Extremo Sul de Mato Grosso 73 Maria Francisca Theresa Cardoso Textos Básicos 84 Marina Sant'Ana O Mercado de Gás Liquefeito de Petróleo no Brasil 91 NOTICIÁRIO 131

Upload: fernando-morais

Post on 16-Dec-2015

21 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Excelente artigo sobre a Geomorfologia do Brasil central

TRANSCRIPT

  • SUMARIO

    Oscar P. G. Braun Contribuio Geomorfologia do

    Brasil Central

    Antnio Olivio Ceron Jos Alexandre Felizola Diniz Tipologia da Agricultura - Questes Metodo-

    lgicas e Problemas de Aplicao no

    3

    Estado de So Paulo 41

    Haroldo Edgard Strang Ari Dlcio Cavedon Sayuri Shibata Principais Fitofisionomias do Extremo Sul de

    Mato Grosso 73

    Maria Francisca Theresa Cardoso Textos Bsicos 84

    Marina Sant'Ana O Mercado de Gs Liquefeito de Petrleo no

    Brasil 91

    NOTICIRIO 131

  • Contribuio Geomorfologia do Brasil Central

    OSCAR P. G. BRAUN *

    INTRODUO

    AS extensas coberturas colvio-aluviais e eluviais quere-vestem as extensas reas aplainadas do Brasil consti-tuem-se em um desagradvel inconveniente para o mapeamento geolgico. Essas coberturas distribuem-se em nveis dis-tintos como conseqncia de diferentes estgios de aplainamento. De-vendo ser representadas nos mapas geolgicos, deparamos com o pro-blema de dat-las e caracteriz-las convenientemente, pois a sua im-portncia se prende ocorrncia de minrios de oxidao, como bauxita, mangans, nquel e outros lateritos, alm de sua ntima relao com unidades pedolgicas bsicas (fotos 13, 14 e 15).

    Os elementos paleontolgicos utilizveis para datar estas cober-turas poderiam ser fsseis encontrados em cacimbas e antigos mean-dros de rios, o carbono 14 ou a anlise pleo-palinolgica. Todavia, os primeiros so rarssimos e sua descoberta, em geral, obra do acaso, enquanto que a palinologia e a datao pelo istopo de carbono depen-dem de estatstica sendo, por isso, de difcil prtica em mapeamentos bsicos de grande escala, constituindo-se, por outro lado, em tcnica ainda experimental em nosso pas. O perfeito conhecimento da geo-morfogenia regional e sua relao com a estratigrafia correspondente, constitui-se no mais eficaz elemento de que podemos dispor para a ca-racterizao dos grandes ciclos geomrficos e posicionamento estrati-grfico daquelas coberturas.

    LESTER C. KrNG, em 1956, no seu trabalho "A Geomorfologia do Brasil Oriental", procurou definir em amplitude regional os eventos

    Gelogo da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. Trabalho elaborado quando pertencia aos quadros da Prospec S/ A.

    3

  • geomorfolgicos que esculpiram o relvo brasileiro. Usou para isso seus conhecimentos sbre o continente africano, procurando correlacionar os estgios erosivos dos dois continentes. Dessa maneira, observando os remanescentes de superfcies de eroso que se distribuem em diver-os nveis na paisagem brasileira, pde aqule autor reconhecer cinco ciclos geomorfolgicos aos quais denominou de "Gonduana", "Post-Gonduana", "Sul-Americano", "Velhas" e "Paraguau". Os dois pri-meiros nomes so comuns aos dois continentes, os seguintes correspon-deriam respectivamente ao ciclo Africano, ao ciclo do Tercirio Supe-rior ("Coastal Plain") e ao ciclo do Congo.

    Entretanto, poca de seus estudos, os dados cartogrficos eram precrios e as informaes estratigrficas sbre o mesozico e ceno-zico insuficientes para estabelecer a intercorrespondncia cronolgica precisa dos eventos. Assim, naturalmente, o trabalho de KrNa apre-senta muitos equvocos e inferncias passveis de correo e atuali-zao.

    Atualmente, porm, quase tda a rea por le pesquisada acha-se fotografada e, em boa parte da mesma, esto sendo efetuados mapea-mentos geolgicos e pedolgicos. Com isso cresceu considervelmente o acervo de conhecimentos geogrficos, mudando, em conseqncia, muitos antigos conceitos. Foi tambm enorme o progresso no conhe-cimento das bacias sedimentares, o que vem fornecer elementos mais precisos para a datao dos estgios geomrficos. *

    Com o objetivo de contribuir para o mapeamento das reas aplai-nadas e melhor compreenso dos ciclos erosivos responsveis pelo mo-delamento do relvo do Brasil Central, que preparamos ste traba-lho, como tambm analisaremos cada um dos grandes estgios geo-mrficos definidos por KING, mostrando os equvocos e apresentando a devida atualizao.

    CICLO GONDUANA

    No fim do paleozico, aps a retirada completa do inlandsis, o continente deveria estar completamente arrasado. O soerguimento deve ter-se processado lentamente, mantendo-se extensamente aplaina-do. Parece ter sido pobre a sedimentao trissica no Brasil, pois so apenas conhecidas as camadas Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Provvelmente um clima desrtico, que parece ter sido a caracterstica dsse perodo em todo o mundo, manteve baixo o ndice erosivo.

    Os sedimentos Botucatu (bacia do Paran), Sambaba (bacia do Maranho) e Brotas (bacia Recncavo-Tucano), eram erradamente posicionados no Trissico, sendo isto a causa de um dos enganos de Krna. Atualmente, fartos dados paleontolgicos e geocronolgicos de-finiram a posio cronoestratigrfica dessas camadas. As formaes Aliana e Sergi (Brotas) so purbeckianas. So de carcter continen-tal ("redbeds") e distribuem-se por vasta rea do Nordeste, sugerindo uma paisagem de plancies aluviais, peculiar do eplogo de um ciclo geomrfico. Os arenitos Botucatu e Sambaba possuem raros fsseis com pouco valor cronolgico, entretanto os basaltos que se intercalam em suas camadas possuem considervel nmero de dataes radiom-tricas situadas no intervalo de 140 a 110 milhes de anos. Situa-se, pois, esta formao entre o jurssico e cretceo inferior. (1) (6) (10)

    Alm da bibliografia e cartografia atualizadas, ste trabalho baseia-se em observaes feitas atravs de 400 000 km de caminhamentos e abrangendo uma rea de 800 000 km". coberta por crca de 23 000 fotografias areas.

    4

  • C1l

    Foto n.o 1 - Foto oblqua do Chapado do Ferro e Serra Negra, a leste de Patrocnio, Minas Gerais. V-se nitidamente o imenso plat latertico, remanescente do aplainamento sul-americano, que corta indistintamente quartzitos pr-cambrianos e plutonitos do cretceo superior. .tstes aflo-ram no boqueiro que drena a lagoa, no bordo norte do chapado, tendo sido suas amostras datadas em 82 milhes de anos. Pode-se observar tambm os testemunhos do mesmo nvel que se prolongam para norte (os remanescentes da superfcie Sul-Americana esto

    limitados por uma linha clara).

  • No limiar do cretceo inicia-se a tectnica tafrognica formadora dos grabens do Leste e Nordeste, provvelmente relacionada a iminente ruptura do continente Gonduana. Tambm nessa poca se d a maior atividade do vulcanismo basltico o que demonstra a grande instabili-dade tectnica do continente. ~stes acontecimentos marcam o cemo de uma fase epirognica e, portanto, o fim do ciclo geomorfolgico Gonduana. (10)

    As superfcies de eroso dsse ciclo provvelmente no deixaram remanescentes, pois os estgios erosivos posteriores devem ter destru-do tdas as peneplancies. Apenas conhece-se remanescentes fsseis dessas superfcies recobertas por camadas Bauru e Serra Negra.

    KrNG descreveu diversos testemunhos aplainados como pertencen-tes ao ciclo Gonduana, entretanto verificamos que stes testemunhos nivelam-se com o tpo das formaes Bauru e Serra Negra, ou cortam suas camadas em determinados locais, sendo, portanto, contempor-neos ou mais novos que o cretceo mdio, em cujo perodo depositaram-se essas camadas.

    CICLO POST-GONDUANA

    Com a epirognese do cretceo inferior os processos erosivos reas-sumiram todo o vigor, iniciando-se profunda dissecao na paisagem gondunica. ~ste acontecimento propiciou o acmulo de espssas ca-madas sedimentares nas bacias perilitorneas. No cretceo inferior o deserto Botucatu acha-se em plena atividade como tambm o vulca-nismo basltico. No Meio-Norte a sedimentao Sambaba parece ser mais subaqutica do que mesmo desrtica, enquanto no Nordeste o ambiente flvio-lacustre, sob um clima mais ameno e pluvioso como sugere a freqente presena de restos vegetais, principalmente de plen. possvel mesmo que uma cadeia de montanhas elevact.as res-tringisse o clima desrtico a regio Centro-Sul.

    Em conseqncia talvez do rebaixamento do relvo, IniCia-se, no aptiano ( -barremiano ?) , a mudana climtica naquela regio. ~ste evento bem marcado pela deposio subaqutica das camadas Area-do sbre o cho assoalhado de ventifactos dos vales desrticos e pela crescente influncia flvio-lacustre no tpo do Botucatu, no oeste de Minas e sul de Gois. (6) (12)

    Nesta mesma poca cessam os derrames baslticos, havendo um moderado soerguimento que expe as rochas do cretceo inferior eroso. Em tdas as bacias sse nvel marcado por uma discordncia que indica ter havido um rejuvenescimento do relvo, devendo, portan-to, ter-se iniciado um nvo ciclo geomrfico. Entretanto logo em se-guida processou-se a sedimentao continental Bauru e Serra Negra que capeou a maior parte das reas aplainadas. O soerguimento parece ter sido de pouca monta, o que produziu apenas uma pequena dife-rena de nvel entre as duas superfcies resultantes, no permitindo assim distigui-las pelos rarssimos testemunhos por ventura subsisten-tes. Por sse motivo no foi ste acontecimento assinalado por KrNG. Sugerimos que se denomine "Sub-Ciclo Post-Gonduana Inferior" a sse estgio erosivo.

    No albiano-aptiano inicia-se o vulcanismo explosivo do oeste de Minas, responsvel pela sedimentao dos tufos da Mata da Corda

    6

  • ...::J

    Foto n.o 2 - Vista das nascentes do rio Santo In-cio, a norte de Patrocnio. Observe-se o Chapado do Ferro, no fundo esquerda (Serra Negra). V-se aqui a continuao dos aplaina-dos do ciclo sul-americano, os quais, mais a norte, for-maro a serra dos Piles. Na serra das Mesas, a di-reita, a superfcie cortou quartzo-filitos do grupo ca-nastra e tufos Capacete. O rio Santo Incio diaman-tfero e seus diamantes so oriundos do retrabalhamen-to de restos de conglomera-do cretcico que jazem sob as coberturas tercirias. Pe-las cotas marcadas na foto, percebe-se a suave ondu-lao da superfcie Sul-

    -Americana.

  • Fotos ns. 3 e 4 - Chapada dos Veadeiros, Gois. Rema-nescente do aplainamento sul-americano, 1300 metros de altitude, com inselbergues subsistentes do relvo

    post-gondunico.

    e tufitos Uberaba; forma-se a maioria das cmaras de magma alcalino da Serra do Mar (Ilha de So Sebastio, Cabo Frio, Tingu, etc.), do sul de Minas (Poos de Caldas) e oeste de Minas (Serra Negra, Arax, Tapira, Catalo, etc.). As idades radiomtricas dessas rochas variam de 90 a 80 milhes de anos*. (20) Nessa mesma poca, aps a ruptu-ra do continente Gonduana, o mar transgrediu pela costa aplainada do Leste e Nordeste dando ensejo sedimentao parlica das for-maes Cod, Riachuelo (Alagoas) e Santana que, pela sua consti-tuio predominantemente pelitocarbontica com evaporitos, sugere escasso fornecimento detrtico. Aumentando considervelmente a dis-tncia das fontes supridoras em conseqncia do extenso aplainamento, processa-se a deposio continental das formaes Bauru, Serra Negra ("Urucuia") e Exu, ao mesmo tempo que no litoral formam-se os cal-crios Jandara, Sapucari-Laranjeiras e Algodes. Com ste quadro pa-leogeogrfico encerra-se o ciclo Post-Gonduana. (10) (32) (Figura 2)

    Com mais de 60 milhes de anos de eroso, por mais tnue que esta fsse, dificilmente deixaria preservados testemunhos das superf-cies cclicas post-gondunicas, a no ser que estas existissem no estado fssil, recobertas por resistentes capas sedimentares, que s recentemen-te tivessem sido removidas. Assim mesmo a qualificao mais adequa-da para as mesmas seria de "superfcies de sedimentao exumadas". Entretanto algumas altas elevaes proeminentes na atual paisagem brasileira poderiam ter-se constitudo em inselbergues, j muito rebai-xados, nas plancies do ciclo Sul-Americano. Pode-se citar duvidosa-mente alguns casos como a Chapada dos Veadeiros, em Gois, e alguns topos truncados acima de 2 000 metros na serra da Mantiqueira e na serra do Mar (?). (Fotos 3, 4, 9).

    No jurssico j havia comeado a se formar o macio alcalino de Jacuplranga em So Paulo (138-140 m.a.).

    8

  • Foto n.0 5 - Testemunhos mais elevados da serra da Canastra, talhados em quartzitos e filitos. Proximidades de Tapira, oeste de Minas. (Foto Octavio Barbosa).

    CICLO SUL-AMERICANO

    Com o soerguimento do continente, iniciado no cenomaniano, o mar regrediu prticamente em tda sua extenso, voltando a trans-gredir sbre uma rea menor em parte do Meio-Norte, Nordeste e Leste. Do campaniano ao damiano sedimentaram-se as formaes Ca-lumbi, Gramame, Itamarac e Maria Farinha, alm de espssas cama-das paleocenas no Esprito Santo, no Amazonas e prticamente em tda a plataforma atlntica. Reativa-se a tectnica trafognica lito-rnea, falhando as camadas aptiano-albianas. Provvelmente j nessa poca comea a se erguer a Serra do Mar e Mantiqueira. * Comea tambm a estabelecer-se a posio da principal drenagem brasileira. A sedimentao da formao Serra Negra sugere a existncia de um grande rio correndo de sul para norte, com as cabeceiras no Tringulo Mineiro e desaguando no Maranho, razovelmente semelhante ao So Francisco. (12)

    O prolongado perodo de eroso dsse ciclo cortou os sedimentos Bauru e Serra Negra e exumou as rochas alcalinas do cretceo supe-rior, reduzindo a paisagem brasileira a uma imensa plancie. Todo o relvo atual do Brasil foi esculpido a partir dessa superfcie, da qual subsistem amplos testemunhos.

    naturalmente fra de expresso dizer-se que uma nica super-fcie de eroso resultou de um ciclo geomorfolgico, embora terica-mente a evoluo do relvo tenda para tal. Deve-se, entretanto, levar em conta o nmero de nveis de base que regem as diversas direes de drenagem e a concomitncia dos eventos tectnicos e erosivos.

    Com um cuidadoso exame dos sedimentos de superfcie de eroso dsse ciclo, podemos verificar que, no tercirio inferior, o desgaste do relvo era regido por trs nveis de base regionais, o amaznico, o nor-destino e o leste-setentrional, alm de outros locais. Devemos supor que os elementos do processo erosivo no fssem os mesmos em cada uma das bacias hidrogrficas, variando por isso a velocidade de des-gaste e o grau de aplainamento. Um exemplo atual o que se d dos dois lados da serra Geral de Gois. '.:ste grande divisor so-fran-ciscano-amaznico separa tambm duas regies climtico-fisiogrficas distintas. Como nveis de base locais atuaram os macios quartzticos e as camadas sedimentares horizontais, com nveis silicificados que ainda hoje condicionam terraos e pediplanos elevados. (Foto 8)

    Ainda continua ativo no tercirio inferior o magmatismo alcalino, em alguns locais (Poos de Caldas e Itatiaia - 65 m.a.).

    9

  • Foto n.o 6 - Serra do Ba, localidade de Cur-raleiro, municpio de Pa-tos de Minas. Em pri-meiro plano v-se plan-cie do ciclo Velhas a 800 metros de altitude e, no fundo, o perfeito aplai-namento sul-americano, sbre tufos da Mata da Corda, a 1 000 metros de

    altitude.

    Os movimentos tectnicos secundrios e regionais, causados pelas acomodaes isostticas, so tambm responsveis pela ocorrncia de vrias superfcies relacionadas a um grande ciclo erosivo. :stes movi-mentos so bem representados pelas pequenas discordncias interfor-macionais e diastemas nas bacias sedimentares que indicam rejuvene-cimentos eventuais da drenagem.

    A superfcie de eroso mais antiga, cujos testemunhos subsistem na atual paisagem brasileira , sem dvida, resultado do aplainamento Sul-Americano que terminou no tercirio superior (-+- 5 milhes de anos) com o incio da sedimentao Barreiras. Analisemos, pois, esta superfcie:

    Os chapades da Mata da Corda, no oeste de Minas, com cotas variando de 1 000 a 1150 metros, constituem um planalto que corta arenitos, tufos e tufitos da formao Serra Negra ("Capacete", "Patos" - -+- 80 m. a.) . :ste planalto nivela-se a uma superfcie suavemente inclinada para nordeste, cujos testemunhos mais altos elevam-se a crca de 1 300 metros na serra da Canastra, Serra do Salitre e Chapado do Ferro. Dsse alto divisor, descambando para sudoeste, outras mesas e chapadas constituem remanesccentes de uma superfcie que corta arenitos e tufitos da formao Bauru. (Fotos 1, 2, 5, 6 e 9).

    :sses altos aplainados so quase literalmente assoalhados por lateritos que formam capa contnua em alguns locais ou constituem concrees no solo. Muitas vzes estas capas resistentes so respon-sveis pela preservao dos testemunhos da superfcie. Em muitas lo-calidades so encontradas lagoas rasas distribudas sbre as chapadas, as quais representam remanescentes de antigussimos meandros que remontam poca da formao dos pediplanos sul-americanos.

    Uma das principais caractersticas dessa superfcie que os solos que a cobrem (em geral colvio-aluviais) mantm a integridade de seus caracteres sbre diferentes tipos litolgicos. Muitas vzes so en-contradas verdadeiras capas sedimentares, embora delgadas.

    Os topos aplainados mais elevados da Serra da Canastra (-+-1400 m), Serra do Salitre (1 250 m), Chapado do Ferro e Morro das

    10

  • Foto n.o 7 - Cabeceiras do rio So Domingos, no muni-cpio do mesmo nome, Estado de Gois. Observam-se diver-sos terraos condicionados a nveis silicificados dos are-

    nitos Serra Negra.

    Pedras (-+- 1 270 m), Serra dos Piles (-+- 1 000 m), Cristalina e Lu-zinia (-+- 1 200 m), Chapada da Contagem (-+- 1 200 m), Serra Geral do Paran, Chapada dos Veadeiros (1100 m a 1300 m) e Serra do Ouro (-+- 900 m), constituam um grande divisor, de sentido sul-norte, da derradeira drenagem do ciclo Sul-Americano no Brasil Central. Atualmente vrios rios das bacias platina e amaznica cortam sse divisor. A partir dle, os testemunhos da superfcie daquele ciclo descaem para sudoeste, oeste e leste.

    A serra do Espinhao e seu prolongamento para o norte atravs da Bahia, at a chapada Diamantina, provvelmente representava outro grande divisor da drenagem terciria. No cretceo talvez sse divisor se prolongasse at o Rio Grande do Norte, condicionando o curso do ancestral rio So Francisco a desaguar no Maranho. A mudana de curso dsse rio criou nveis de base locais no Nordeste, em

    Foto n.0 8 - Chapado da Serra Geral de Gois. Obser-ve-se a perfeio da plancie resultante da ao do ciclo Sul-Americano sbre camadas horizontais da formao Ser-ra Negra. Naturalmente a po-sio das camadas condicio-nou a perfeio dessa planu-ra, entretanto ela nivela-se a outras chapadas talhadas em rochas inclinadas, como tam-bm o capeamento latertico, recoberto por delgado solo sil-toso, transgride os limites das

    camadas sedimentares.

    11

  • conseqncia dos quais desenvolveram-se pediplanos peculiares da paisagem nordestina, que no encontram correspondentes no centro-sul do pas (ex.: "Superfcie Soledade").

    Em muitos locais do Brasil Central desenvolve-se uma superfcie em nvel ligeiramente mais baixo do que a que descrevemos acima, mas ainda com as mesmas caractersticas daquela. A mxima diferena de nvel entre as duas pode alcanar 200 metros em lugares distantes; entretanto, ao se aproximarem, esta diferena diminui a ponto de coalescerem-se ou apresentarem um pequeno degrau menor do que 50 metros. Na maioria dos casos, como em Braslia, Luzinia, Caldas Novas, Cabeceiras, etc., a superfcie mais alta est condicionada a quartzitos, enquanto que a mais baixa se acha sbre rochas menos resistentes ao intemperismo, como xistos, gnaisses, filitos, ardsias e margas. Nas reas de dissecao das camadas Bauru e Serra Negra, corno nas proximidades da Serra da Mata da Corda ou da Serra Geral de Gois, podem ocorrer at trs superfcies condicionadas a nveis resistentes daquelas camadas. sses fatos levaram muitos geomorf-logos a identificarem essas planuras como resultantes de distintos ciclos geomrficos. Como mostraremos mais adiante, sse fenmeno fcilmente entendido ao se analisarem os pediplanos mais recentes. (Fotos 7, 9, 10 e par n.o 1).

    Os solos das extensas plancies sul-americanas permanecendo por um longo perodo com a drenagem estagnada e sujeitos s oscilaes do nvel fretico, sofreram uma profunda e contnua lixiviao e late-ritizao. ste processo, em stios propcios, produziu valiosas jazidas de oxidao com enriquecimento de bauxita (Belo Horizonte e arre-dores de Ouro Prto), de mangans (So Joo d'Aliana, Gois), de nquel (Niquelndia, no mesmo Estado), etc. Nos solos resultante~ desta longa exposio ao intemperismo foram destrudos os ltimos indcios da constituio do subestrato rochoso, constituindo-se em in-conveniente empecilho os mapeamentos geolgicos. (8) (9). (Fotos 13, 14, 15 e par n.o 3).

    CICLO VELHAS

    Antes de terminar o aplainamento sul-americano, miciou-se, no fim do oligoceno, o soerguimento do continente. ste levantamento deu-se por arqueamento, cujo eixo, prximamente paralelo costa su-deste, coincide mais ou menos com os macios orientais das serras da Mantiqueira, do Mar e o prolongamento desta at a Borborema. no Nordeste.

    A esta epirognese est condicionada o falhamento litorneo do qual resultou uma srie de blocos escalonados na costa. stes blocos movimentaram-se diferencialmente, formando "horsts" e "grabens" que constituem o arcabouo tectnico da costa centro-sul. Devido a essa estruturao, desagregou-se ali o relvo sul-americano, na fase final de aplainamento, constituindo-se em uma srie de plats que se dis-tribuem em diversos nveis, confundindo-se com terraos mais jovens. Dessa maneira torna-se quase impossvel a identificao dsses rema-nescentes de superfcie.

    12

  • Foto n.O 9 - Confluncia dos rios Abaet e Borrachudo com o So Francisco (canto superior direito), a oeste da reprsa de Trs Marias (foto anterior a construo da mesma). A Serra Vermelha, constituda de arenitos ferruginosos da formao serra Negra, sustenta testemunhos da superfcie Sul-Americana, assinalada com a letra a. A eroso rernontante, removendo a maior parte dos arenitos, exumou a superfcie de sedimentao post-gonduana (letra b). Esta acha-se encoberta em alguns lugares por areias coluviais e residuais retrabalhad as das camadas sedimentares, constituindo-se, pois, em superfcies intermedirias de condicionamento estrutural. Assinalado com a letra c v-se partes do pediplano Velhas. Ainda interessante observar corno o relvo jovem atual

    conseqente, sendo regido pela estrutura do substrato rochoso (falha inversa da serra de So Domingos mais ou menos 1000 krn).

  • No final do paleogeno, ainda como conseqncia dsse tectonismo, formou-se o graben onde se acomodou o curso do rio Paraba do Sul. Neste graben, durante um perodo de estagnao da drenagem, deu-se uma sedimentao lacustrina que est sendo atualmente cortada pelo rio. (27)

    A sedimentao continental da formao Barreiras, que se proces-sou em quase tda costa do pas, recobriu parcialmente depsitos ma-rinhos miocnicos no Norte (formao Pirabas) e no Leste (formao Preguia). Essa sedimentao parece ter-se dado no interldio dos ciclos Velhas e Sul-Americano, provvelmente no plioceno, aps a lti-ma regresso marinha. Em alguns lugares parece ter aquela formao sido cortada pelo aplainamento Velhas, entretanto, devido a sua pe-culiar posio formando tabuleiros acima das baixadas costeiras, di-fcil afirmar que seu tpo aplainado no seja mera superfcie estru-tural. (10) (30)

    As camadas Barreiras acham-se atualmente encurvadas, adquirin-do uma inclinao progressiva, medida que se avizinham do mar, de maneira tal que chegam a submergir em muitos pontos da costa. Demonstra sse fato que se iniciou um perodo de transgresso no pleistoceno. No Nordeste aquelas camadas acham-se falhadas em mui-tas localidades. (10)

    Se a movimentao tectnica litornea dificulta a observao dos resultados do ciclo Velhas nas proximidades da costa, no interior so bem ntidos os produtos dsse ciclo. Ali o soerguimento parece ter sido suave e homogneo.

    Com uma diferena de nvel, que varia de 600 a 200 metros, para os remanescentes do aplainamento sul-americano, desenvolvem-se, no Brasil Central, amplas reas planas condicionadas aos talvegues das principais drenagens. Essas planuras acham-se, em grande parte, co-bertas de detritos aluviais, como cascalhos, areias e argilas, os quais esto sendo erodidos pelos cursos atuais. Em muitas localidades e.ssa capa detrtica chega a ser espssa, possuindo leitos basais de conglo-merado cimentado por slica e limonita. Isto se verifica em alguns pontos das plancies dos rios Paracatu, Tocantins, Araguaia, Paran, Meia Ponte, Paranaba, etc. Em boa parte dessas plancies formaram-se lateritos que capeiam descontinuamente solos geralmente ra-sos. (12) (8). (Foto 11 e par n.o 4).

    As plancies aluviais dsse ciclo esto sempre condicionadas a n-veis de base locais, sucedendo-se em pequenos degraus rio acima, fe-nmeno sse bem observvel no rio Paran. ste formador do Tocantins nasce a crca de 1 200 m de altitude, num bordo de dissecao da su-perfcie sul-americana, nas proximidades da cidade de Formosa, em Gois; em seguida desce at uma ampla plancie com uma altitude mdia de 600 m, pela qual corre meandrado at a localidade denomi-nada Fecho do Paran. Ali le forma um curso acidentado em estreito vale cavado entre serras quartzticas, at alcanar uma outra plancie mais baixa com altitude mdia de 400 m. Pouco abaixo da cidade de Paran outra serra de quartzitos torna o seu curso acidentado, atra-vessando-a le rene-se ao Maranho para formar o Tocantins, que corre por uma grande plancie com cotas em trno de 300 metros. Cada uma dessas serras representou uma barreira atividade erosiva

    14

  • Foto n.0 10 - Arredores de Santa Maria de Taguatinga, Estado de Gois. Mesas constitudas de arenitos Serra Negra elevadas crca de duzentos metros acima da superfcie de sedimentao post-gonduana recm-exumada. (Foto o. Barbosa).

  • Foto n.0 11 - Foto area de uma parte da plancie superior do Paran, no Estado de Gois. Aqui se tem uma prova insofismvel da origem aluvial das lagoas que comumente se distribuem sbre as reas aplainadas. V-se como os meandros abandonados aos poucos vo tomando a forma circular pelo contnuo assoreamento. Pode-se observar muitas lat!oas n.ind~ coalesc
  • Foto n.o 12 - Area aluvionar nas proximida-des da confluncia dos rios Araguaia e das Mor-tes. Observa-se distintamente trs estgios de aluvionamento que deixaram depsitos em n-veis diferentes. O ndice 1 o mais velho.

    (Aerofoto PROSPEC S.A.).

    17

  • Fotos ns. 13 e 14 - Dois aspectos da serra da "Manti-queira", no centro-sul de Gois, mostrando os efeitos do aplainamento sul-americano sbre um macio de rochas ultrabsicas. Na primeira foto v-se a jazida de nquel de "Jacuba" sbre remanescente da superfcie Sul-Americana. Na segunda foto v-se, em primeiro plano, a jazida de "Vendinha" ocupando um dos in-meros topos truncados e, ao fundo (sul), o nivelamento

    da linha de cumeada da serra do Acaba-Vida. (Foto Octavio Barbosa).

    do rio, constituindo-se, por isso, num nvel de base que regeu o aplaina-mento a montante. Uma vez rompidas essas barreiras, a eroso rebai-xar essas plancies a um nvel inferior, aumentando a amplitude da rea aplainada. Isto acontece j nos interflvios Xingu-Araguaia-Tocantins, onde se desenvolve, por grande extenso, o suave relvo da superfcie Velhas. Esta superfcie sobe pelos vales dos grandes cursos d'gua, acanhando-se e aproximando-se do nvel dos terraos sul-ame-ricanos. Embora ela j esteja sendo dissecada, em grande parte, a ero-so remontante mantm-se ativa no rebaixamento do relvo anterior. Isto demonstra a imaturidade do ciclo, pois as reas aplainadas per-manecem instveis e sujeitas ao rompimento dos nveis de base lo-cais. (Par n.o 2).

    Com a dissecao das plancies sul-americanas a eroso alcanou as reas de subestrato calcrio, abrindo e drenando as galerias subter-rneas de dissoluo. Dessa maneira esculpiram-se os belssimos rele-vos crsticos de So Paulo, Minas Gerais, Gois e Bahia. Quando a drenagem nessas reas alcanou um estgio de senilidade, comearam a se formar depsitos nos assoalhos das cavernas. ::stes depsitos, nos seus estratos mais inferiores, contm fsseis que foram estudados por P. w. LuND (Palaeocyon troglodites, Equus curvidens, Hippidion neo-gaeum, H. principale, Toxodon platensis, Smilodon neogaeus, etc.). Esta fauna predominantemente pleistoC!nica encontrada nos estratos basais das grutas da bacia do rio das Velhas teve sua fossilizao con-dicionada ao aplainamento do vale dste rio (cotas em trno de 650 m). Ficam, portanto, dsse modo, os pediplanos dsse ciclo datados no pleistoceno inferior (a fauna acima pode ser, em parte, pliocnica-superior). (23) (24) (Figura 1).

    18

  • 1-' tO

    CERRADO E CAMPO SUJO

    (SAVANA)

    SOLO CONCRECIONAL

    ZONA DE EXSUDAO COM BURITIZAL

    (VEREDA) (palustre e sub-palustre)

    o o O!Jl

  • Foto n. 0 15 - Jazida de mangans no bordo de um testemunho da superfcie Sul-Americana. Pedra Preta, municpio de So Joo d'Aliana, Gois. (Foto Robert Cartner-Dyr).

    CICLO PARAGUAU KING denominou de ciclo Paraguau aos estgios erosivos mais

    jovens, mormente nas proximidades da costa, que formou uma sene de terraos nos rios menores que desguam no mar. ~ste nada mais do que um dos inmeros estgios de desnudao que se imporo ao ciclo Velhas, at que o relvo alcance o mximo de aplanamento como no final do perodo sul-americano.

    ~ste subciclo, entretanto, condiciona alguns aspectos da paisagem do Brasil Central, como as extensas plancies aluviais mais baixas dos rios Paran-Paraguai e Araguaia. (Foto 12)

    A ilha do Bananal representa um aluvionamento dste ciclo con-seqente de um nvel de base local, condicionado s corredeiras que se formam de Araguacema para jusante. Essas aluvies holocnicas pa-recem, contudo, cobrir depsitos plio-pleistocnicos semiconsolidados.

    CLASSIFICAO DAS COBERTURAS CENOZiCAS NO BRASIL CENTRAL

    QUATERNARIO

    1) Holoceno

    20

    a) Depsitos Aluviais - Qha Detritos aluviais inconsolidados, constitudos de cascalho, areias, siltes e argilas; mantm-se perene ou temporriamen-te inundados e parcialmente estabilizados. Condicionam-se s

  • ~ .-::ro.;~ < ~ ; I

    ~ .': o ; ~ > w

    X . z .

    ~ .

    ~ o ' >C

    ~

    t Ptantas,ptlnt

    ostrocodn to'utiliAibicnol 560m

    L] CRETCEO SUPERIOR Formau Bauru 1 Serro Nttro

    E:>

    CORRELAO ENTRE OS SEOIMENTOS MESOZICOS DO CENTRO -LESTE

    ill

    ESCALA 1'5000000

    S~na 6trtl!--d Goit

    CRETCEO INFERIOR IAlBIANO) FormoiiO Anodo m

    C!ttlpada dtH_ ~~nqab~ira

    CRETCEO INFERIOR. {APTIANOl Formao Cod

    . ~ .t i s~rnt .~

    dtl P#11ilenl 1t

    ., . . ..

    IAib-Apf. )PeilU, ostrooodea, fora"'ru'ftro. fciueit

    ~ CRETCEO INFERIOR/JURSSICO SUPERIOR. Arenito Bot11cotu eaulto Serro Geral Figuro. 2

  • FIGURA 3

    0~=====0~0======~~~0~

    22

  • margens dos cursos da drenagem do ciclo Paraguau. In-cluem-se nesta unidade: os depsitos de vrzea nas cabecei-: ras dos rios onde o transporte foi curto, sendo o principal agente as guas de exsudao do lenol fretico; os terraos aluviais ligeiramente mais elevados, porm alcanveis pelas eventuais mximas cheias; as aluvies abandonadas por re centes mudanas de curso dos rios intermitentes, depsitos palustres, lacustres e os areiais nos grandes cursos de plancie. So admitidas aqui subdivises desta unidade, as quais sero designadas por nmeros na ordem inversa das idades (Qha1 - Qha2 - etc.), quando a extenso dos diversos nveis de aluvies fr suficiente para ser representada na escala do mapeamento e tiver importncia geolgica. (Foto 12).

    b) Depsitos Coluviais - Qhc Constitudos primordialmente de detritos inconsolidados re-sultantes da eroso das encostas, transportados por gravidade e principalmente pelas guas superficiais de enxurradas. Es-tendem-se pelo sop das serras, mormente junto a escarpa-mentos, podendo cobrir reas considervelmente distantes das encostas. Condicionam-se aos processos de pedimentao (de-psitos de talus e piemonte).

    c) Depsitos indiferenciados - Qhi Incluem-se nessa unidade as coberturas indeterminveis ou os produtos de eluviao profunda que mascaram as evidn-cias geolgicas, condicionados a reas incipientemente aplai-nadas do ciclo Paraguau.

    2) Pleistoceno

    a) Depsitos aluviais - Qpa Detritos aluviais consolidados ou semiconsolidados e estabili-zados, enxutos, dispostos em terraos ou plancies nitidamen-te mais elevados do que os vales do ciclo Paraguau. Em ge-ral, na regio considerada, ocupando cotas que variam de 200 a 700 m, resultantes do aplainamento Velhas. Naturalmente incluem-se aqui apenas os depsitos que apre-sentarem ntidas evidncias de origem aluvial como sua asso-ciao com rios, presena de cascalheiras, lagoas derivadas de meandros, etc. :stes depsitos podem se apresentar lateriti-zados, sendo nesse caso interessante indicar-se com a letra l.

    b) Depsitos indiferenciados - Qpi Nesta unidade compreende tdas coberturas condicionadas aos remanescentes do aplainamento Velhas, difceis de reconhecer

    23

  • PAR Estereoscpico n.0 1 - Proximidades do Stio d'Abadia, Estado de Gois. V-se como a dissecao das camadas arenticas da Serra Geral de Gois se faz por consecutivos terraceamentos regidos pelos leitos sili-cificados. As areias coluviais so retrabalhadas em diversas etapas tor-

    nando-se ma'is finas e selecionadas. (Aerofoto PROSPEC S.A.).

  • PAR Estereoscpico n.0 2 - Serra Geral do Paran, Estado de Gois. Pela dificuldade do rio Agua Fria romper o leito quartztico forma-se a cachoeira, criando-se, nesse ponto, um nvel de base local que con-diciona o alargamento do vale a jusante. Esta situao explica a ocor-rncia de diversos nveis de terraos subordinados a um mesmo ciclo geomrfico. Com o smbolo Tngi assinalamos as coberturas resultantes

    do ciclo sul-americano. (Aerofoto PROSPEC S.A.).

  • PAR Estereoscpico n. 3 - Mesma localidade do par anterior. Aqui se v o bordo do planalto sul-americano sendo dissecado pela eroso atual. Assinalado com a linha interrompida pode-se observar a profun-da zona intemperizada, com crca de trinta metros de espessura, resul-tante da longa exposio da superfcie Sul-Americana ao intemperismo qumico. Esta camada de solo apresenta-se com um aspecto homogneo, aparentemente discordante com as rochas do substrato e um relvo ravinado similando rochas argilosas. ste fato causa de constantes equvocos, tanto em superficiais observaes de campo como em foto-interpretao. Ste manto intemperizado desenvolvendo-se sbre cama-das sub-horizontais, arcsio-slticas, da formao Trs Marias (grupo Bambu), foi confundida muitas vzes com sedimentos mesozicos. Quando se desenvolve sbre gnaisses fcilmente confundida com xistos. istes enganos so mais freqentes quando a capa detrtica superficial

    j foi removida. (Aerofoto PROSPEC S.A.).

  • PAR Estereoscpico n.0 4 - Parte do limite sul da plancie superior do Paran, Estado de Gois. Esta rea interpretada mostra os principais casos de coberturas: Tngi

    Q/Tci Qpal

    Coberturas indiferenciadas no neogeno, Ocupando os mais elevados pla-ts, estas coberturas so resultado do aplainamento do ciclo Sul-Ame-ricano. rea coberta indiferencivel, resultante de aplainamento condicionado a nvel de base da drenagem local. Cobertura aluv;al l:lteriti?aila do pleistocPno. Ocupa o nvel mais Pie-vado da plancie do Paran, sendo resultado do aplainamento Velhas. Acha-se atualmente sendo dissecada.

  • Qpa Cobertura aluvial pleistocnica. Pode estar parcialmente lateritizada, po-rm no foi verificado.

    Qpi Cobertura pleistocnica indiferencivel. Ocupa o nvel do aplainamento Velhas, porm no foi possvel identificar sua origem.

    Qha Aluvies holocnicas. O seu limite com as coluvies gradativo e por isso indistinto.

    Qhc Cobertura coluvial holocnica. Est condicionada eroso remontante da encosta escarposa.

    Com o smbolo PCbt esto indicadas as reas de afloramentos da forna~o Trs Marias. A aluvio reprecentada no nvel de 930 metros consiste em depsitos de

    cabeceira formados na zona de exsudao do lenol fretico.

  • o RECENTE ~ AO PLEISTOCENO -.,: rn z ~

    ""

    p;: E-< ..-'1 !):: w

    ~ ;> ::> O' o

    ..-'1 C)

    PLIO- PLEISTOCENO ---

    o H

    ---

    !):: -.,: o H z

    PLIOCENO C) ~ !):: C) AO ~ EOCENO "' "" E-< ~ ~

    ~ p o~

    (/).

    ~o o PALEOCENO u_ -.,:~ ..-'1 AO ;.lg: C) SENONIANO .,;p uw.

    --- ---

    o Q ~ ~ .,.. z "" TURONIANO ~ p AO o A APT!ANO z -.,: o E-< o

    "" ~ !)::

    C) (/). o ll<

    ---

    OI):: o ~o ..-'1

    BARREMIANO C)~ C) BERRIASIANO """' ~z u~

    JURSSICO

  • GEOMORFOLGICOS DA AFRICA E DO BRASIL

    - -- -

    RECENTE

    QUATERNRIO

    PLIO-PLEISTOCENO

    PLIOCENO AO

    MIOCENO

    -----

    CICLOS GEOMORFOLGICOS AFRICANOS (L C. King, 1956)

    Praias emersas e afogamento de lagoas costeiras. aluvies.

    Acumulaes recentes de areias de dnna e

    Ciclo de desnudao do Congo (com dois e>;tgios de terra.oslocalmente). Profundo ravinamento na interlndia costeira tanto no oeste cmno no leste. Areias cosleiroo 'IJCT111J!lhas tipo uBerea", e areias Kalahari espalhadas pelo interior lduas fases). Depsitos de caverna.

    Epirognese no caso do Cenozico . .

    Ciclo de vales amplos do tercirio superior ("Coastal Plain") penetrando pelos grandes rios acima at alcanar o corao do subcontinente, plancies costeiras co1n 1.50-300 1n na beirada interior. Formaes marinhas tniocnicas anti~as de Inha.rrime e Uloa. na costa oriental~ Pon1ona e Angola na ocidental. Na regio de Ka.lahari o principal horizonte de cal-

    o <

    ereta e as areias de plat estendendo-se por 20 de latitude.

    OLIGOCENO SUPERIOR Epiro11:nese do cenozico mdio. -

    ~- ~------

    ~ A < p:; o -< >:i1 A Paisagem do ciclo Africano de extrema pediplanao forn1ando a paisagem rnais difundida

    OLIGOCENO >:'1 da ...:\.frica. Intensamente dissecada atunlmente pelos ciclos n1ais recentes. Prxno costa AO ~ corn extensos estratos marinhos senonianos, com eoceno sucedendo-se em Moambique e oligoceno CHETCEO SUPERIOR rejerido a Angola. Can1ada com dinossauro do cretceo superior en1 Bushmanla.nd; carnadas >:i1

    Botletle do cenozico inferior, marcas Kalahari, grs polimorfa. p:;

    :2 >:i1

    >:'1 ---- -- - E-< ~-~------

    z >:'1

    CHETCEO MDIO ~ Distrbios do cretceo mdio. E-< z -< ~ ~ o

    CRETCEO MDIO A >:'1 AO p:; Paisagem Post-Gonduana, usualmente na vizinhana da rea soerguida; aplainada incomple-

    INFEmiOH ~ tamente: p. ex. terras altas da Rodsia do Sul e Benguella. Camadas marinhas neocomiano-ceomanianos da Z.ulultlndia e M omnb]ue; aptiano-cenomaniano de Angola. Srie E:amina continental, com distribuio restrita. Camadas com dinossauro do cretceo inferior na Ro-dsia meridional e Niassalndia.

    CRETCEO INF. AO Des1nembram.ento do continente Gonduano.* ,JURSSICO SUPERIOR

    -----

    JURSSICO A paisagem Gonduana, ligando-se a. um estgio de extremo aplainamento atravs da maior

    parte da frica Central e Setentronal. Nenhuma srie marinha cost-eira associada, nem alguma formao continental jurssica conhecida exceto no Congo Belga.

    TRISSICO AO PALEOZICO

    Predominantemente em regime de agradao.

    ETAPAS DE UM CICLO GEOMORFOLGICO 1 - Inicia-se um ciclo geomorfolgico partindo-se de um continente arrasado onde os processos erosivos a1eanarmn o m-

    nimo de sua intensidade.

    2 ~ Numa. fase de epirognese o continente soergue-se por arqueamento: levanta-se o interior e afundam-se os bordos. Nessa fase os processos erosivos reassumen tda sua intensidade rejuvenescendo o relvo. O farto suprimento de detritos produz espssas camadas sedimentares cujos elementos paleontolgicos serviro para datar essa fase (fase de desnudao - juventude maturidade),

    3 - Com o arrasamento do relvo os caudais perde1n gradiente e, no possuindo mais competncia para levar os detritos s bacias, os abandonam sbre as plancies produzindo extensa sedimentao continental ("red beds"). Os elementos paleontolgicos dsses sedimentos serviro para datar essa fase (fase de pediplanao). Pela coalescncia de diversos pediplanos formam-se as extensas plancies. (Agradao).

    4 No ciclo seguinte os sedimentos sero cortados e aplainados, nivelando-se indistintamente com as rochas do emba-samento.

    33

  • 34

    sua origem, tais como areias, lateritos, e mesmo produtos de eluviao profunda que mascarem as evidncias geolgicas. Naturalmente se a escala do mapeamento e o volume de in-formaes permitir, poder-se- classificar stes depsitos pela constituio, adotando-se letras respectivas.

    TERCIRIO

    Neogeno Depsitos indiferenciados - Tngi

    Com essa designao rene-se tdas as coberturas que capeiam os remanescentes das superfcies de aplainamento do ciclo Sul-Americano como depsitos arenosos ou argilosos, cober-turas laterticas e produtos de eluviao profunda que no permitam identificar a constituio do substrato rochoso. Na-turalmente se houver cobertura alctone esta estar certa-mente relacionada a aluvionamento, dessa maneira, onde fr possvel identific-la, dever-se- usar o smbolo Tnga; o mes-mo acontecer com os lateritos, para os quais adotar-se- o smbolo Tngl. J os produtos de eluviao sbre os quais no houve cobertura ou esta foi lavada, so difceis de identificar, no podendo por isso adotar-se smbolos especficos.

    QUATERNRIO /TERCIRIO

    Areas cobertas indiferenciveis - Q/Tci Tda vez que no fr possvel identificar-se a que ciclo per-tencem as reas cobertas e no fr possvel ou no houver intersse em se caracterizar a constituio das coberturas, reuni-las- nesta unidade. Isto acontece com os depsitos condicionados a remanescentes de superfcies de aplainamento acima de 600 metros, isolados das reas tpicas de desnudao sul-americanas ou resultantes de estgios erosivos interme-dirios.

    Quando no fr possvel reconhecer a que ciclo pertencem, mas se conseguir identificar sua constituio ou origem, de-ver-se- adotar os seguintes smbolos:

    Q/Ta Q/Tc Q/Tl Q/Tar Q/Tcc

    para depsitos aluviais. para depsitos coluviais. para coberturas laterticas. para areias. para cascalhos.

    Quando essas coberturas ocuparem nveis distintos e fr im-portante assinalar sse fato, dever-se- design-las com n-meros na ordem inversa da altitude que em geral corresponde a idade (Q;'Ti1 - Q/Ti2).

    * * *

  • BIBLIOGRAFIA

    1) Amaral, G., et alli, 1966 - "Potassium-argon Dates of Basaltic Rocks from Southern Brasil" - Geochimica et Cosmochimica Acta, vol. 30, pp. 159 a 189; Irlanda do Norte.

    2) American Comission on Stratigraphic Nomenclature, 1960 - Code of Stratigraphic Nomenclature - Resolues da comisso.

    3) Barbosa, 0., 1965 - Quadro Experimental das Superfcies de Eroso e Aplainamento no Brasil - Indito (PROSPEC S. A.).

    4) 1963 - "Geologia Econmica e Aplicada de Uma Parte do Planalto Central Brasileiro" - Relatrio indito, DNPM, Rio de Janeiro.

    5) 1966 - "Geologia Estratigrfica, Estrutural e Econmica da rea do Projeto Araguaia" - Monografia n.0 XIX, DNPM, Rio de Janeiro.

    6) , Dyer, R. C., Braun, O. P. G. e Cunha, C. A.- 1967- "Geo-logia Bsica e Inventrio dos Recursos Minerais do Tringulo Mineiro" - Relatrio no prelo, DNPM, Rio de Janeiro.

    7) , Braun, O. P. G., et alii - "Geologia e Inventrio dos Recursos Minerais do Projeto Braslia" (1969) - Relatrio indito, DNPM, Rio de Janeiro.

    8) Braun, E. H. G., 1962 - "Os Solos de Braslia e sua Possibilidade de Aproveitamento Agrcola" - Revista Brasileira de Geografia, n.O 1, ano XXIV, Rio de Janeiro.

    9) , 1969 - "Estudo Pedolgico Exploratrio na Regio do Pan-tanal, Bacia do Alto Paraguai" - Revista Brasileira de Geo-grafia, no prelo.

    10) Braun, O. P. G., 1966 - "Estratigrafia dos Sedimentos da Parte Interior da Regio Nordeste do Brasil" - Boletim n.0 236, Div. de Geol. e Min., DNPM, Rio de J aneirc..

    11) Braun, O. P. G., (1966) - "Contribuio Geologia das Flhas de

    12)

    13)

    14)

    Paran e Taguatinga, nos Estados de Gois e Bahia - Rela-trio indito, DNPM, Rio de Janeiro. ( 1969) - "Alguns Aspectos Geogrficos Gerais", "Cretceo; Formao Serra Negra e Formao Areado", "Cenozico" -Captulos do relatrio do "Projeto Braslia", indito, DNPM, Rio de Janeiro e Goinia. ( 1970) - "Geologia da Bacia do Rio do Peixe" - Relatrio indito, DNPM, 4.0 Distrito, Recife, Pernambuco. (1970) - Relatrio preliminar do "Projeto Goinia", "Flha Ipameri" - PROSPEC S. A. - Relatrio indito.

    15) Beurlen, G., (1968) - "A Fauna do Complexo Riachuelo/Maruim" -Boi. Tc. Petrobrs, 11 (4 ), pp. 437-482, Rio de Janeiro.

    16) Bigarella, J. J., et alli, 1967 - "Problems in Brazilian Gondwana Geology" - International Simposium on the Gondwana Strati-graphy and Paleontology, Universidade Federal do Paran, Curitiba.

    17) Campos, C. W. M., ( 1964) - "Estratigrafia das Bacias Paleozicas da Bacia do Maranho" - Boi. Tcn. Petrobrs, 7 (2 ), pp. 137-164, Rio de Janeiro.

    18) Centro de Pesquisas Geocronolgicas (1968 e 1969) - Relatrios da Diviso de Pesquisas, Universidade de So Paulo, So Paulo.

    35

  • 19) Cordani, U. G., et alli (199) - "Nota Preliminar sbre Idades Radio-mtricas em Rochas da Regio da Serra dos rgos e Vi-zinhanas - Bol. de Soe. Bras. de Geol., v. 17, n.0 1, pp. 89-92, Rio de Janeiro.

    20) , Hasui, Y., "Idades K-Ar de Rochas dos Macios Intrusivos Mesozicos do Oeste de Minas e Sul de Gois" - XXII Con-gresso Brasileiro de Geologia, 1969, Belo Horizonte.

    21) Cordani, U. G. (1968) - "Idade do Vulcanismo no Oceano Atlntico" - Simpsio da Deriva Continental, UNESCO.

    22) Fernandes, G. (1966) - "Analogia das Bacias de Sergipe, Gabo e Angola" - Bol. Tcn. Petrobrs, 9 (3-4) pp. 349-365, Rio de Janeiro.

    23) Guimares, D. ( 1964) - "Geologia do Brasil" - Memria n.0 1, DFPM, DNPM, Rio de Janeiro.

    24) King, L. C. ( 1963) - South African Scenery - Ed. Oliver & Boyd, Edinburgh, Gr-Bretanha.

    25) (1956) - "A Geomorfologia do Brasil Oriental" - Revista Bras. de Geogr., Rio de Janeiro.

    26) (1957) --"A Geomorphological Comparison Between Eastern Brazil and Africa" - Quaterly ]ournal oi the Society oi London, London, Gr-Bretanha.

    27) (1956) - Rift Valleys of Brazil - The Transactions oi the Geological Sociaty oi S. Airica- Vol. LIX, pp. 199-209. South Africa.

    28) Leite, D. C. (1968) - "Investigaes sbre as Possibilidades de Sal--Gema na Parte Sudoeste da Bacia Sedimentar do Recncavo" - Bol. Tec. Petrobrs, 11 (2), pp. 231-242, Rio de Janeiro.

    29) Mac Rae, L. B. (1965) - "Breves Notas sbre a Evoluo da Paleo-bacia Aliana" - Bol. Tecno. Petrobrs, vol. 8, n.0 3, pp. 283-306, Rio de Janeiro.

    30) McConnell, R. B. (1968) - The Geographical ]ournal, Vol. 134, part 4, pp. 506-520, London.

    31) Matoso, S. Q., Robertson, F. S. (1959) - "Uso Geolgico do Trmo "Barreiras" - Bol. Tecn. Petrobrs, ano II n.0 3, pp. 37-42, Rio de Janeiro.

    32) Petri, S. (1957) - "Foraminferos Miocnicos da Formao Pirabas" -Boletim n.0 216, Geologia n.0 16, Universidade de So Paulo, So Paulo.

    33) PETROBRS, Centro de Pesquisas e Desenvolvimento ( 1966) - Ma-nual de Geologia de Superfcie - Setor de Documentao Tcnica e Patentes, Rio de Janeiro.

    34) Ruhe, Robert V. (1956) - Geomorphic Surfaces and Nature of Soils - Selected Papers in Soil Formation and Classification, A Special Pub. series, n. 1, Madison W., USA.

    35) Sampaio, A. V., Schaller, H. ( 1968) - "Introduo Estratigrafia Cre-tcica da Bacia Potiguar" - Bol. Tecn. Petrobrs, 11 (1), pp. 19-44, Rio de Janeiro.

    36) Teixeira, A. A., Saldanha, L. A. R. (1968) - "Bacia Salfera de Ser-gipe/ Alagoas - Ocorrncias de Sais Solveis" - Bol. Tcn. Petrobrs, 11 (2), pp. 221-248, Rio de Janeiro.

    37) Viana, C. F. (1966) - "Correspondncia entre os Ostracides das Sries Cocobeach (frica) e Bahia (Brasil) - Bol. Tcn. Petrobrs, 9 (3-4 ), pp. 367-382, Rio de Janeiro.

    36

  • SUMMARY This paper is based on the recent stratigraphic data and on observations made in an area

    of 1,000,000 km' of Brazil Central, utilizing an aerophotographic cover, an up to date carto-graphy and the new geological maping (1 :60,000, 1:45,000 and 1:25,000 aerophoto scales, plani-metric maps on 1:100,000 scale and geological charts on 1:250,000 scale).

    With the aid provided by this data it was possible to carry out a study of the geomorpho-logical aspects with is presented in this areas, affording an opporiunity in applying the L. C. King's concept of cycle surfaces, as yet to enlarge westward of the area, observed by him, the identifica tion of those surfaces. Underlying to various Ievelling stages it was developed large detrital-lateritic layers.

    Whether by the necessity of representation in geological maps, or by description of residual concentration deposits and pedogenetic types, it is necessary a classification of those layers, to which we are proposing here, based on its composition and relation with a sequence of geo-morpholog!cal occurrence resumed below:

    Holocene/Pleistocene Paraguau subcycle

    Alluvium in the great rivers, terraces in highland streams, coastal sandy sedimentation (bars, lagoons, beach ridges, reefs) virtual stabilization of the shore line.

    Dissect!on of the plains of Velhas cycle.

    Classitication

    Qha - Alluvial deposits Qhc - conuvial deposits Qhi - Non-classified deposits

    Pleistocene/Pliocene ( or Plio-Pleistocene) Velhas cycle

    Levelling of Barreira series. Large anuvia! area in the great rivers (Paraguai, Araguaia, Xingu, So Francisco alluvial plains). A !ight transgression has its beginning (bending of sedimentation surface of Barreiras series), overflowing of coastal drainage (bays and rias), notching of the Serra do Mar and thick sedimentation in continental platform.

    Opening of underground drainage, developing the actual karst topography. Auriferous, diamant!ferous, stanniferous and kaolinic placers (clays, sands, etc).

    Classijication Qpa - Stabilized and semi-consolidated anuvia! depos!ts (at }50-700 m above sea levei in

    considered area) Qpi - Non classified deposits Qpal or Qpil - When under Iateritic effects Pliocene/Senonian ( Tertiary /Superior Cretaceous) South-America cycle

    The most complete and Iarger Ievelling is occured in Brazil, cutting the Bauru and .Serra Negra sediment (Urucuia, Capacete, Uberaba, etc.), exhuming the alkalic complex and developing the underground drainage in the limestone are.

    In the juvenile stage a marine sedimentation is processed (Calumbi, Mosqueiro, Itamarac, Gramame, Maria Farinha, Jandara, Barreirinhas, Pirabas formations).

    In the old age thin marine sediments were formed, the Barreiras formation is covered by sedinients and the small graben of Paraba do Sul river is fulfilled. Last activities ot explosive volcanism of alkalic lava.

    Classijication Tngi (Neogen) - Non-classified deposits (It is very hard to assure its origin) Tngil - When under lateritic effects Turonian/Berriasian (Middle to inferior Cretaceous) Post-Gondwana cycle

    It begins with and arid climate during the Superior Jurassic-Inferior Cretaceous. Large development of the Botucatu erg and of the Areado and Serra Negra "uedes". Thick

    coastal sedimentation (Bahia, Sergipe, Rio do Peixe, Sambaba group). Basaltic f!ow in full activity. Alkalic chambers begin to forro.

    37

  • In old age phase the explosive volcanism is broken out in West part of Minas Gerais (Tufos, Uberaba and Capacete); the coastal sedimentations is ended. Climatic change occurs, processing wide sandy continental sedimentation (Bauru, Areado, Serra Negra, Urucuia) which fulfil the desertic valleys.

    Only some rare high rocky summits can doubtfully be ascribed to the relief of this cycle. There is not detrital cover.

    Superior Jurassic/Permian

    Gondwana cycle

    With the retreat of the inland ice the continent lifts up moderately, remaining plane. A moderate erosion ends with the continental sedimentation (Aliana and Sergi in the Northeast). It has beginning an ergs formation and basaltic f!ows.

    Verso de Joaquim Quadros Franca

    Ce travail a comme base les rcentes donnes tsratigraphiques et les observations faltes sur une superficie avec prs de 1.000.000 km2 dans !e Brsil Central, en utilisant l'arophotographie, la cartographie actualise et les nouvelles cartes gologiques (arophotos, chelle de 1/60.000, 1/45.000 et 1/25.000, cartes planimtriques l'chelle de 1/100.000 et cartes gologiques l'chelle de 1/250.000).

    Avec les ressources fonies par ces donns naus avons pu faire une tude des aspects gomorphologiques qui se presentent dans cette tendue, en fournissant l'occasion d'appliquer le concept des superficies cycliques de L. C. King et aussi d'tendre vers l'ouest de la surface observe par lui, l'identification de ces superficies.

    Subordonnes aux nombreuses tapes d'aplanissement des spacieuses convertures dtrito--latritiques se sont dvelopps.

    Soit pour la ncessit de reprsentation sur les cartes gologiques, soit pour le conditionne-ment de dpots de concentration residuel et des types pdogntiques, i! faut faire une classifi-cation de ces couvertures, que naus proposons lei, bases dans sa composition et relation avec Ia squence des vnements gomorphologiques que naus synthtisons ci-dessous.

    Holocne/Plistocne

    Sous-cycle Paraguau

    Alluvionnement dans la valle des grands fleuves, terrassement dans les cours de montagnes, sdimentation sablonneuse ctire (embouchures, lagunes, banes de sable, rcifs) stabilisation virtuelle de la cte.

    Dissection des plaines du cycle Velhas.

    Classifica tion

    Qha - Dpots d'alluvion Qhc - Dpots colluviaux Qhi - Dpots non classifis

    Pleistocne/Pliocne

    Cycle-Velhas

    Aplanissement de la formation Barreiras. Ample alluvionnement dans les grands fleuves (plaines alluviennes du Paraguai, de !'Araguaia du Xingu, du So Francisco etc.). Une lgre transgression s'initie (courbure de la surface de sdimentation de la formation Barreiras) la noyade du drainage ctier (bales et rias) , l'entaillage de la Serra do Mar et l'paisse sdimentation du plateau continental.

    L'ouverture du drainage souterrain, se dveloppant l'actuel relief karstique. "Placers" aurifres, diamantifres, tain et kolin (argiles, sables etc.)

    C!assification:

    Qpa - Dpots d'alluvion stabiliss et semi-consolids (aux altitudes de 150-700 m dans la surface considere).

    Qpi - Dpots non classifis Qpal ou Qpil - Sous laterisation

    38

  • Pliocene/Senonien (Tertiaire/Crtac Superieur)

    Cycle - Sud-A mricain

    Le plus tendu et le plus parfait aplanissement se trouve au Brsil, coupant les sdiments Bauru et Serra Negra (Urucuia, Capacete, Uberaba etc.), dterrant les complexes alcalins et dveloppant, le drainage souterrain dans la surface de calcaires.

    Dans le stage juvnile se forme une paisse sdimentation marine (les formations Calumbi, Mosqueiro, Itamarac, Gramame, Miaria Farinha, Jandara, Barreirinhas, Pirabas etc.)

    Dans la snilit se forment des minces sdiments marins argilo-charbonnatiques, la formation Barreiras se sdimente et se remplissent les petits grabens du fleuve Paraba do Sul. Derniers spasmes du volcanisme explosif alcalin.

    Classification: Tngi - Dpots non classifis (d'origin trs difficile garantir). Tngil - Sous-laterisation.

    Turonien/Berriasien (Crtac Moyen Inferieur).

    Cycle Post-Gonwana

    I! commence avec un climat aride pendant le jurassique superieur - crtac infrieur. Large dveloppement du "erg" Botucatu et des "ueds" Arcado et Serra-Negra. paisse

    sdimentation ctire (Groupe Bahia, Sergipe, Rio do Peixe, Sambaba etc.). En pleine activit les coulements de basalte. Les "cmaras" alcalines commencent se former.

    Dans la phase snile, le volcanisme explosif de l'ouest de Minas fait irruption (Tufos, Uberaba et Capacete); la sdimentation ctire termine.

    Le changement climatique arrive et s'effectue la vaste sdimentation continentale sablonneuse (Bauru-Areado - Serra Negra - Urucuia) que rempli les valles desertiques.

    Seulement quelques rares sommets rocheux et levs peuvent tre attribui au relef de ce cycle.

    I! n'y a pas de couverture dtritique

    Jurassique Superieur /Permien

    Cycle Gondwana

    Avec la dispariton du nlandss, le continent se dresse modrment et se maintient plat. Une modeste erosion termine avec la sdimentation continentale (Aliana et Sergi, dans le Nord-Est).

    Commence la formation des "ergs" et les coulements basaltiques.

    Verso de Maria Ceclia Bandeira de Mello

    39

  • Tipologia da Agricultura Questes Metodolgicas

    e Problemas de Aplicao ao Estado de So Pulo

    Introduo

    ANTN lO OUVI O CERON

    JOS ALEXANDRE FELIZOLA DINIZ

    1. TIPOLOGIA DA AGRICULTURA E SUA SISTEMATIZAO

    A COMISSAO de Tipologia da Agricultura, da Unio Geogrfica Internacional, criada em julho de 1964, tinha um programa de ativi-dades com os seguintes objetivos iniciais:

    1) propor uma terminologia, critrios, mtodos e tcnicas de ti-pologia da agricultura;

    2) tentar uma classificao da agricultura mundial em tipos de alta ordem, de acrdo com um critrio uniforme a ser estabe-lecido pela Comisso.

    De acrdo com o plano de atividades da Comisso, discutido e aceito no seu primeiro encontro de 28 de julho de 1964, em Londres, um primeiro questionrio sbre noes e critrios de tipologia da agri-cultura foi preparado e distribudo entre pesquisadores interessados no assunto. Um segundo questionrio foi, posteriormente, elaborado base das respostas do primeiro.

    41

  • O primeiro questionrio abordava questes de conceituao, como a terminologia a ser aplicada sistematizao final da agricultura e o sentido de expresses como "sistema de agricultura", "intensidade de agricultura", "produtividade", "eficincia", "comercializao", "regio agrcola", etc. O segundo questionrio fz uma sondagem a respeito das tcnicas e mtodos necessrios para a determinao e caracteri-zao dos conceitos estabelecidos.

    Os questionrios foram distribudos a mais de 100 pesquisadores, sendo que a maior parte das respostas veio da Europa Ocidental I 21 pesquisadores I, Oriental I 15 I, Anglo-Amrica I 7 I, sia I 6 I, Am-rica Latina 1 2 I, Austrlia e Nova Zelndia 1 2 1. A ausncia de Ge-grafos africanos e a pequena participao da Amrica Latina fica compensada, como lembra a Comisso, pela experincia de muitos ge-grafos europeus nos problemas agrcolas dsses continentes.

    As respostas dos questionrios foram elaboradas e distribudas aos interessados. A Comisso tem incentivado, tambm, estudos de tipo-logia em vrias reas do mundo, para testar os mtodos preconizados. Como lembra a Comisso, no h nenhuma restrio a qualquer cola-borao: novas idias sero bem recebidas.

    A NOO SUPREMA NA TIPOLOGIA AGRCOLA

    E CRITRIOS ADOTADOS Est prticamente estabelecido que a noo suprema deve ser

    chamada "Tipo de Agricultura", sem nenhum adjetivo. Deve ser en-tendida de uma maneira ampla, incluindo tdas as formas de culturas e criao de gado; deve ser --~111&~ como uma l}.()ij,o _ hierfu:_qpJ_, compreendendo desde os tipos de baixa ordem onde os estabelecimen-tos ou propriedades seriam a unidade bsica, at os tipos mais eleva-dos, como os tipos mundiais de agricultura; deve ser entendida como EJ!!~_r.!Q_-Q __ ~__glplexa_, que combina vrios aspectos da agricultura, bem como 11ID-...llQC.Q.._g_ip.~m_ig, que sofre mudanas atravs das transfor-maes de suas caractersticas bsicas.

    De acrdo com as respostas dos questionrios e com lgica de qualquer classificao, o tipo de agricultura, acima definido, deve ser determinado base das caractersticas inerentes da agricultura, deno-minadas "internas". As caractersticas "externas", embora importan-tes para a explicao da localizao e desenvolvimento de certos tipos, no servem para a definio dos mesmos.

    b_y!Q qlJ.e Jlm __ j;ipo de agricultur~ o res!J.l_tado g~ .l!.In conjunto de pr()c_:_~- _ _sol~h t_!.Q.Q,__e.conmi~Q.S .. JLcJJ.l.tJJ._r-i( desenvolvidos em aeterminadas condies naturais. Assim, o tipo de agricultura no se desenvolve isoladamente, mas em associao com os meios natural, so-cial, tcnico, econmico e cultural de um certo lugar e poca, os quais constituem as caractersticas externas.

    Dentro dessas caractersticas so includos o desenvolvimento tc-J:l~Cg, O n-vel de_g~~~Y.E.!~~P..tQ ecgp,\)mico .e so.ci~l,_Kra"U ({~:-rvi{rz~pe

    cl1l t-g~~'. bem como condi~s de acesso a mercados e . e_:ntros . d.~ "Qene-}~cJaiD.e~to, a poltica governamental agindo sbre os- preos e diviso

    d~ propriedades, etc. Foi amplamente discutida a posio do meio natural como uma

    caracterstica externa. O desenvolvimento recente da Geografia e de cincias correlatas, demonstra claramente que as condies naturais

    42

  • no so caractersticas internas. O problema foi colocado porque se-gundo a economia rural tradicional, a produo agrcola resulta de trs "fatres bsicos", terra, entendida como condies naturais, ca-pital e trabalho. Entretanto, no h igualdade entre as trs noes, porque a terra no cria ou desenvolve nenhuma forma de agricultura, mas apenas cria condies que, bem ou mal utilizadas pelos meios de produo (capital e trabalho) limitam ou ampliam as possibilidades tcnicas e econmicas do desenvolvimento agrcola.

    Assim, est estabelecido que a tipologia da agricultura seja basea-da apenas nas caractersticas internas, deixando o estudo das externas para a explicao das causas de desenvolvimento de certos tipos.

    So trs as caractersticas internas da agricultura: Caractersti-cas Sociais, Caractersticas de Organizao e Tcnicas (Funcionais) e Caractersticas de Produo.

    As ~_terstic&t S.QQi.ill so aquelas que indicam quem o pro-dutor, quais as suas relaes com a terra e com tdas as outras pessoas que nela trabalham. Das trs caractersticas, esta a que m~is coin-cide com o esquema tradicional da Geografia Agrri~, pois os seus componntes constituem o que a maior parte dos autores chamam de "Estrutura Agrria".

    As Caractersticas Funcionais tratam da maneira pela quaLo pro-duto obtido, considerando-se a organizao da terra, as medidas e prticas aplicadas, a intensidade dessas medidas e a intensidade da agricltura.

    As Caractersticas de Produo so aquelas que respondem s questes sbre quanto, ? que e para que obtida a produo agrcola 1

    2 - A APLICAO DA METODOLOGIA NO BRASIL E SEUS PROBLEMAS

    A determinao dos tipos de agricultura, de acrdo com as trs caractersticas bsicas acima citadas, pode ser feita em escalas diversas, desde aquela em que a unilP,e., bsi.a, seria a. Pt9..P..ti~dq~, at os .HPQ~

    gmndiai~ de ?griuJJl!:r.a.. No primeiro caso evidente que os tipos de~ vero ser estabelecidos base de informaes obtidas essencialmente no trabalho de campo. Entretanto, em macroescala, torna-se impres-cindvel a utilizao de dados estatsticos, pois so os nicos que possi-bilitam uma viso global da realidade; o trabalho de campo passa a ter posio secundria e, por vzes, complementar.

    Considerando o exposto, o primeiro problema que se prope o da qualidade dos dados estatsticos disponveis no Brasil. Nos trabalhos de tipologia da agricultura em elaborao, tanto na Depresso Perif-rica Paulista como no Planalto Ocidental do mesmo Estado, foram utilizados dados estatsticos dos Recenseamentos Gerais do Brasil, bem como das publicaes oficiais do Departamento Estadual de Esta-tstica.

    A experincia tem demonstrado que os dados so perfeitamente aceitveis, embora com certa deficincia de tabulao. Convm lem-brar ainda que, de acrdo com a metodologia preconizada, os dados no so utilizados isoladamente, mas sempre em correlao com outros, ou transformados em ndices. Alm disso, o que interessa mais dire-

    1 J. Kostrowick & N. Helburn. "Agricultura! Typology, Principies and Methods". Notas mimeografadas. Boulder, Colorado, 1967.

    43

  • tamente no so propriamente os valres absolutos mas Q... yllelos conc~ituais e estatsticos, matrjZes para classificaes hierrquicas (anlise de Linkage) clculos de afasta-mento e desvios so exemplos . de como a Estatstica pode ser til' no desenvolvimento da Geografia. Sem dvida nenhuma, mtodos quan-titativos devem ser empregados, tanto quanto possvel, a fim de que os resultados possam ser medidos e comparados. Cada dia se tornam mais contestadas concluses calcadas exclusivamente em observaes de campo e anlise de exemplos, em virtude do alto grau de subjeti-vismo, da impossibilidade de medir o grau de generalizao dos exem-plos tomados.((No suficiente a descrio de um fato ou a compro-vao de sua ocorrncia em alguma rea) }fundamental. se torna que o mesmo seja 9.lliill.t!f!.__go, g~lmJ~!!rto segundo critrios precisos e per-feitamente caracterizado. Somente assim podero ser feitas compara-es mais precisas com outros fatos semelhantes e classificveis em di-ferentes graus de proximidade.

    lamentvel, portanto, que na formao do gegrafo brasileiro, salvo raras excesses, no se tenha includo, ainda, disciplinas que for-neam conhecimentos elementares no campo da estatstica.

    ANLISE DAS CARACTERSTICAS BSICAS DA TIPOLOGIA AGRCOLA

    1) Caractersticas Sociais. base dos dados estatsticos dispo-nveis, as caractersticas sociais foram determinadas pela anlise dos seguintes fatos:

    1.1 Tipo de Propriedade das Terras.;.-Propriedade indivi-dual, sociedade de pessoas e cohdomnio, sociedade annima ltda. e coopertica11Para essa anlise foi con-

    2 HERBERT A. SIMON, "Some strategic considerations in the construction of Social Science Mlodels", Mathematical Thinking in The Social Science, The Free Press, Illinois, E.U.A., 1955, pp. 388/415.

    44

  • siderada a percentagem do nmero de estabelecimen-tos e da rea 0cupada, em cada municpio, para cada tipo de propriedade das terras.

    1. 2 - Regime de Explorao. Foi considerada a percenta-gem do nmero e da rea de estabelecimentos explora-dos direta e indiretamente em cada municpio. No

    possv~! distinguir-se,, no campo da explorao indire-ta, a parceria do arrendamento, pois os dados do Cen~ so so obtidos segundo critrios diversos dos j estabe-lecidos pela Geografia Agrria. De acrdo com a fon-te citada, os casos de arrendamento so subdivididos em ~~11!~~!.9 ... ~ID.--!!!!:!.e:~J:'O. e _PKlill}ent.Q __ ~m .. Pmduto, Tudo inmca que o primeiro caso seja mais representa-tivo do arrendamento prpriamente dito, "pelo fato da explorao do estabelecimento ser feita mediante o pa-gamento de uma quantia fixa". O segundo caso, tal-vez seja mais semelhante parceria, porque "como arrendatrios mediante pagamento em produto esto considerados smente os parceiros autnomos (Sic) 3

    1. 3 Tipo de trabalho. O estudo dos diferentes tipos de mo-de-obra empregados na atividade agrcola difi-cultado pela falta de detalhe dos dados existentes. Seria ideal, por exemplo, que o trabalho fsse deter-minado em horas ou dias, o que eliminaria problemas decorrentes da existncia de assalariados fixos e tem-porrios. Como veremos posteriormente os mesmos dados sero usados para o clculo de intensidade de agricultura.

    Foi estabelecida, no caso em questo, a percenta-gem do trabalho familiar e dos assalariados no total do pessoal ocupado.

    Outro fato analisado foi a importncia do traba-lho familiar. Para isso foi extrada a percentagem do nmero de estabelecimentos "sem pessoal contratado" no total de cada municpio.

    1 . 4 - As categorias dimensionais dos estabelecimentos e a distribuio da terra. O agrupamento dos estabeleci-mentos em categorias dimensionais constitui, como se sabe, problema srio, no s pelos dados existentes, mas principalmente pela dificuldade de elaborao de um critrio satisfatrio. De acrdo com a concei-tuao mais recente, de que a concentrao fundiria determina as categorias dimensionais, o critrio que nos parece mais lgico o da curva de Lorenz. i:ste critrio foi inicialmente aplicado para analisar a dis-tribuio da renda de uma populao e serve, igual-mente, para o estudo da distribuio das terras.

    A curva construda base das percentagens acumuladas do nmero (eixo dos x) e da rea de es-belecimentos (eixo dos y). A classe que coincide com 50% do nmero corresponde ao limite superior do pe-

    a IBGE, Censo Agrcola de 1960. Pg. XVI.

    45

  • queno estabelecimento, enquanto o limite inferior da grande explorao determinado pela classe que cor-responde a 50% da rea. evidente que sses limites so arbitrrios, podendo ser 50% e 70%, respectiva-mente. Entretanto, apesar disso, sse critrio o me-nos subjetivo.

    Convm lembrar que os limites das categorias dimensionais no podem, base dos dados disponveis, ser determinados com a preciso desejada e permitida pelo critrio em si, pelo simples fato de no serem os dados apresentados com intervalos constantes entre as dife-rentes classes de rea.

    A Curva de Lorenz permite, tambm, e com exatido, uma anlise da distribuio da terra. Uma reta diagonal que divide o grfico em duas partes iguais, denominada "linha de distribuio equitativa" re-presenta uma distribuio hipottica da terra, em que a propriedade estivesse igualmente distribuda entre seus proprietrios. Construda a curva real, pode-se avaliar a sua distncia ao modlo hipottico.

    2) Caractersticas Funcionais (de organizao e tcnicas). As caractersticas funcionais da agricultura apresentam grande dificul-dade de mensurao, tanto pela sua natureza, como pela defi-cincia dos dados estatsticos disponveis no Brasil. essa a parte da tipificao da agricultura que exige mais trabalho de campo, exata-mente para cobrir as dificuldades mencionadas. Conseqentemente, nem tdas as informaes referentes s caractersticas funcionais te-ro a mesma importncia no estabelecimento da tipologia.

    Como vimos, as caractersticas funcionais devem ser levantadas base do estudo de trs elementos:

    2. 1 - Organizao da terra agrcola: Deve-se incluir nesse item . tdas as caractersticas de organizao da terra, tais como:

    , .:fragmentao, tama:nho, forma, disperso, limites, e loca-lizao dos campos. Como se sabe, no existem dados e mapeamentos disponveis para um estudo dsses fatos.

    No Planalto Ocidental e na Depresso Perifrica Pau-lista, a organizao da terra agrcola pde, to-somente, ser conhecida atravs de mapeamentos da utilizao da terra e da elaborao dos dados estatsticos disponveis s-bre a distribuio das diferentes categorias de utilizao.

    Por meio dos dados estatsticos mostrou-se a porcen-tagem da rea ocupada pelas lavouras (permanentes e temporrias), pastagens, matas e reflorestamentos, em cada municpio.

    Para o mapeamento da utilizao da terra empregou-se os mosaicos fotogrficos da cobertura aerofotogram-trica do Estado de So Paulo, realizada no ano de 1962 e na escala de 1:25 000.

    Nos trabalhos de mapeamento da utilizao da terra, uma srie de clasificaes foram empregadas, tdas calca-das na classificao preconizada pela Unio Geogrfica In-ternacional, adaptada s condies locais e objetivos pe-culiares da pesquisa. As tcnicas de mapeamento, bem como os problemas de classificao j foram tratados an-

    .. teriormen te 4

    JoS ALEXANDRE F. DINIZ, "Mapeamento de Utilizao da Terra na Depresso Perifrica Paulista" Cadernos Rioclarenses de Geografia, n.o 2, 1969 -ANTNIO O. CERON, Mapeamento da Utiliz~o da Terra na escala de 1:200 000, "Aerofotogeografia 4, IG-USP," 1969.

    46

  • Reflexes posteriores sbre a lgica das classificaes empregadas levaram-nos a uma sistematizao final das categorias de utilizao:

    I - Utilizao no agrcola

    1. Lugares povoados (cidades, vilas, povoados) 2. Indstrias localizadas na zona rural 3 . Estradas de ferro e de rodagem e aeroportos

    II - Utilizao agrcola

    1. Lavouras

    1.1 - Culturas perenes 1 . 2 - Culturas semiperenes 1 . 3 Culturas anuais (com indicao dos sis-

    temas predominantes) 2 . Pastagens

    2.1 - Pastagens naturais e plantadas 2 . 2 - Pastoreio em cerrado

    3. Reflorestamento 3. 1 - Eucalipto 3.2 - Pinus

    III - Matas e capoeiras

    1 . Com utilizao ocasional 2 . Sem utilizao

    IV- guas 1. Represas 2 . Lagos e lagoas 3. Rios 4. reas embrejadas

    V - Terras improdutivas

    1 . De ordem econmica 2. De ordem natural

    O mencionado mapeamento, bem como as pesquisas sbre os sis-temas agrcolas no tiveram, como se esperava, um papel muito im-portante para a determinao dos tipos de agricultura. Em primeiro lugar pelo fato de no ter sido possvel, principalmente pela escala em que foram elaborados os mapas, o mapeamento dos sistemas agr-colas de acrdo com o detalhe necessrio. Alm dsse fato, no se tem elementos quantitativos que permitam avaliar a importncia de um sistema e, nem sequer, maneiras de quantific-lo.

    2. 2 - Medidas e prticas. sses elementos esto intimamente re-lacionados com a organizao da terra agrcola e com a intensidade da agricultura.

    47

  • 48

    11 Como se sabe, os dados estatsticos existentes sbre algumas das tcnicas empregadas na agricultura, apenas se referem s unidades administrativas e no especifica-damente a cada sistema.//

    Nesse grupo, vrias tcnicas poderiam ser analisadas, como por exemplo:i' os diversos sistemas de rotao de cul-turas, sistemas de rotao de terras, sistema de criao, o emprgo de trabalho humano, animal e mecnico, o uso de irrigao, curvas. ~ d nvel, terraceamento, adubao ani-mal e qumica, etC('

    Apenas alguns dsses elementos podem ser expressos atravs de mensurao. A maior parte dles, entretanto, somente pode ser descrita, como o caso dos sistemas agr-colas e de tcnicas como drenagem, irrigao, adubao, etc. Foram reconhecidos quatro tipos de rotao, descri-tos sinteticamente base de inquritos realizados direta-mente no campo, mas sem a preocupao de generaliz-los, como se tem feito comumente. So les: rotao de culturas, rotao de culturas e pousio, rotao de culturas e pastagens e rotao de terras. Procuramos diferenciar os sistemas de criao de gado pela maior importncia de pastagens naturais e artificiais, grau de estabulao do rebanho, tcnicas especiais de seleo e reproduo de es-pcies, etc. Nas pesquisas em questo, os nicos elemen-tos quantificados foram: pessoal ocupado, arados e trato-res, por unidade de rea cultivada e pastagem, por muni-cpio; e percentagem de estabelecimentos que empregam fra humana, animal e mecnica, por municpio.

    2. 3 - Intensidade da agricultura. muito freqente identifi-car-se com a intensidade da agricultura, com a produtivi-dade da terra e de trabalho. Considera-se, errneamente, a maior ou menor intensidade da agricultura, de acrdo com a maior ou menor produtividade da terra (rendimen-to) em relao produtividade do trabalho. A noo de in tens]ilade.-da~.,agricl}l t11ra . basead .P .. _:Q.rgg]J.j;j,yidaWL_~. bsrg' porque os clculos de produtividade decorrem da produo, e~gsta ct.ep~nde.no s.. .. do . .trab.;JJ_ho_e do capital e!llpregado, (meios de produo), !llllS _tambm aa.s condi:: _~_s natura~.. de uma dada :ir~_a,. Em muitos casos, com menor emprgo de capital e trabalho, e desde que as con-dies naturais sejam mais favorveis, pode ser obtida maior produtividade agrcola do que em outras reas nas quais se verifique maior emprgo dos meios de produo. Dessa maneira, existem casos cu~.P~'?Nas pesquisas realizadas, as nicas informaes quan-titativas utilizadas para o clculo da intensidade da agri-cultura foram as mesmas em:pregadas para a mensurao da intensidade das tcnicas./;considerando-se que os n-meros de tratores, arados e pessoas ocupadas na agricul-tura indicam diferentes graus de intensidade de aplicao de capital e trabalhoj/nada mais lgico do que globaliz-

  • -los para o clculo da intensidade da agricultura. Eviden-temente, a globalizao ou soma de elementos no som-veis deve ser precedida de uma transformao dos mes-mos em unidades comuns. Para tanto, aos tratores, ara-dos e pessoas, foram atribudos os seguintes pesos:

    T (trator) = 40 A (arado) 8 P (pessoal empregado) = 1

    Isto significa que o trabalho de um trator equivale ao de 8 arados puxados por animal e 40 homens, por hectare 5 Calculando-se o nmero de tratores, arados e pessoal, por hectare, basta multiplicar os resultados pelos respectivos pesos, para se obter um ndice de intensidade da agricul-tura. Nesse caso os clculos devero ser feitos base da rea total de cada municpio, para que se possa obter um ndice de intensidade da agricultura na unidade bsica (munic-pio) considerada. A frmula adotada foi a seguinte: sen-do i = intensidade, e S a rea do municpio em estudo, temos:

    i 40 . T --;-- 8 . A --;-- P s

    3. Caractersticas de Produo. I I A produo agrcola pode ser expressa de maneira mais elementar, atravs da quantidade produzida.:/ Entretanto, como essas produes so apresenta-das em unidades de medida diferentes, (cento, caixa, litro, tonelada, etc.) evidente que elas no podem ser comparadas de imediato, combinadas ou somadas, para que se possam obter caractersticas agregadas, tais como produtividade, orien-tao, comercializao, especializao etc. Com os dados que possumos, uma das maneiras mais simples e compreensvel de elaborao, o uso do valor da produo. O problema que o valor da produo agrcola no oferece, evidentemente, possibilidade de comparao no tempo, em decorrncia de grande variao de preo. Alm disso, em trmos de grandes reas, um mesmo produto pode ter diferentes cotaes. Apesar de todos os problemas apontados, os dados de valor da pro-duo agrcola foram usados nas pesquisas de tipologia da agricultura e considerados como os mais aceitveis, pelas ra-zes que se seguem: l.O) so os nicos capazes de exprimir a real participao

    de cada produto agrcola, ou animal, em relao pro-duo global do municpio. Produtos de alto valor, como os hortigranjeiros, que ocupam pequenas reas e que, expressos em unidades mtricas no permitem uma ava-liao objetiva da produo agrcola, so colocados na sua posio exata dentro da economia agrcola;

    2.o) a comparao de dois municpios pode ser perfeitamente realizada, mesmo que um dles apresente produtos de baixa cotao, como as culturas alimentcias de arroz,

    " ANTNIO o. CERON, Aspectos Geogrficos da Cultura da Laranja no Municpio de Limeira, (tese de doutoramento - F. F. C. L. Rio Claro), 1968, p. 140. PIERRE FROMONT, conomie Rurale, Ed. Gnin, Paris, 1957. Informaes da Casa da Lavoura de Rio Claro.

    49

  • feijo e milho, por exemplo. As diferenas de valor da produo indicaro, realmente, a posio de cada um dos municpios na economia regional; as diferenas de nvel de vida e poder aquisitivo da populao agrcola e at as possibilidades de maior ou menor aplicao de capi-tais, em funo da faixa de lucro;

    os dados de valor permitem ainda uma melhor compa-rao de um mesmo produto, de qualidade diferente, obtido em duas reas diversas, ou mesmo dentro de uma unidade administrativa. Assim, um determinado produ-to, cotado no mercado de acrdo com a qualidade, e que poderia ser uniformizado quando apresentado em trmos de tonelada, por exemplo. ser melhor caracterizado base de valor;

    se uma falha dos dados de valor no permitir compa-raes cronolgicas, para o estabelecimento de uma ti-pologia agrcola, tal argumento no procede, pois no so necessrios tais tipos de anlise. Deve-se lembrar, entretanto, que essas comparaes so impossveis ape-nas com os dados brutos e se tornam perfeitamente vi-veis desde que os dados representem percentuais da pro-duo agrcola total.

    Um outro problema metodolgico apresentado com freqncia pela Comisso de Tipologia da Agricultura o do emprgo da pro-duo bruta ou lquida. No Brasil os dados disponveis se referem ex-clusivamente produo total, correndo-se o risco de se somar a mes-ma produo duas vzes. o caso, por exemplo, de municpios que produzem cana forrageira, milho, para os quais se obtm dados de valor da produo agrcola mas que, na realidade, grande parte dessa produo consumida pelo rebanho. Como tal prtica tem aumenta-do a produo leiteira, por exemplo, conclui-se que os dois valres parciais no poderiam ser somados. O mesmo caso ocorre com a pro-duo de sunos e aves. Entretanto, no conjunto no se pode atribuir importncia muito grande a sses fatos, pela predominncia da criao extensiva no Brasil.

    Para o conhecimento das caractersticas de produo foram estu-dados os seguintes elementos:

    50

    3. 1 - Produtividade agrcola. /f Considera-se produtividade a pro-duo animal e vegetal por unidade de rea, por cabea de animal produtivo, por rvore ou por unidade de trabalho. Com relao produtividade foram levantados dados que permitiram a anlise de dois elementos distintos: a) pro-dutividade da terra; b) produtividade do trabalho: a) produtividade da terra. Obtida sempre por unidade de

    rea. Como lembramos, a unidade de medida empre-gada foi o valor da produo por hectare. A produtivi-dade da terra pode ser obtida por setores, portanto parcial, tal como produtividade da cana-de-acar, al-godo, caf, etc., ou ento globalizada, desde que sejam somadas tdas as produtividades pardais, obtendo-se assim a produtividade da terra propriamente dita;

  • b) produtividade do trabalho. Calculada base do valor da produo pelo pessoal ocupado em cada municpio. Embora tericamente possam ser obtidas produtivida-des parciais, no dispomos dos dados necessrios para tanto, sendo possvel apenas o clculo da produtividade global do trabalho.

    1. 3. 2 - Orientao da Agricultura: I,: O conceito de orientao da

    agricultura deve ser entendido como a expresso. dos obje-tivos de uma determinada organizao agrria/ Esta ex-presso se define pela proporo entre a produo de origem animal e vegetal e, em cada um dsses setores, pela maior importncia de determinadas culturas ou determi-nados tipos de criao.

    O clculo da orientao da agricultura no Planalto Ocidental e na Depresso Perifrica Paulista foi feito com base na percentagem do valor da produo de cada um dos setores indicados, em relao ao valor da produo total. A orientao foi expressa por meio de frmulas com-postas por letras maisculas, minsculas e nmeros ndi-ces. Como se sabe, as frmulas simplificam grandemente a expresso dos objetivos de uma determinada organizao agrria. Assim, foram determinadas e delimitadas com preciso as reas onde a agricultura fortemente orienta-da, orientada, ou fracamente orientada para a produo animal ou vegetal. 6

    A orientao da agricultura muito importante para a tipologia agrcola. Por outro lado, deve ser lembrado que ste trmo no deve ser confundido com "especializa-o", tambm estudado pela tipologia, mas sempre em funo da produo comercial. 7

    3. 3 - Comercializao. A anlise da comercializao da pro-duo agrcola sempre foi assunto de intersse da Geo-grafia Agrria. Na tipificao da agricultura essa impor-tncia reafirmada desde que abordada sob outro prisma. Os aspectos da comercializao que interessam diretamen-te tipologia so exclusivamente aqules considerados in-trnsecos atividade agrcola. Portanto, no necessrio o conhecimento dos locais de venda dos produtos, dos meios de transporte utilizados e do processo de comercializao.

    Nos trabalhos foram apenas estudados: a) grau de comercializao, ou seja, a porcentagem

    da produo comercializada, por setores ou global, em relao produo total;

    b) comercializao por rea e por pessoa em1pregada:

    a quantidade, em cruzeiros, de produo comer-cial, por rea e por pessoa empregada na agricul-tura. At agora no foi estabelecido nenhum tr-

    A. o. CERON e J. A. DINIZ, Orientao da Agricultura no Estado de So Paulo, IG, USP, {Avulso), no prelo.

    Kostrowicki & Helburn, op. cit.

    51

  • mo preciso, em portugus, que sirva para demons-trar sses ndices. Originalmente, em lngua in-glsa, encontramos "levei of comercialization" e "labor comercialization" cuja traduo no nos pa-rece adequada.

    O grande problema para o estudo da comercializao agrcola o da inexistncia de dados referentes a pro-duo comercial. Qualquer clculo nesse sentido deve ser feito base de estimativas, evidentemente calcadas no conhecimento da realidade local.

    3. 4 - Especializao da agricultura. Foi entendida como a gran-de participao de um ou mais produtos comerciais no to-tal da produo comercializada. Podem, ento, ser caracte-rizados nveis diferentes de especializao. O problema definir, de incio, o limite que, representando um ou mais produtos, diferencie uma agricultura especializada de ou-tra no especializada.

    A COMBINAO DAS CARACTERSTICAS TIPOLGICAS

    Convm lembrar, de incio, que o mais srio problema da tipologia da agricultura no o da definio de um certo nmero de caracte-rsticas tipolgicas, mas encontrar mtodos e tcnicas para combin--las e, assim, chegar a uma definio sinttica dos Tipos de Agricul-tura.

    Uma srie de processos de combinao tm sido lembrados pela Comisso de Tipologia da Agricultura, alguns simples, outros mais so-fisticados, uns mais, outros menos subjetivos, como o da superposio de mapas, atribuio de pesos somveis, mtodos grficos, modelos, etc.

    Na fase atual dos estudos de tipologia, em que se procura testar diferentes mtodos de combinao e, base dos recursos disponveis, parece-nos vivel uma tipificao elaborada segundo certa perda de detalhe, analisada em rvores de Linkage. Para tanto ser testada a aplicao do mtodo de Anlise de Componentes Principais (Factor Analysis).

    3 SUGESTES PARA ANLISE DE ELEMENTOS PARTICULA,RES

    DA TIPOI.OGIA AGRCOLA Apresentamos, nesta terceira parte, algumas sugestes metodol-

    gicas para soluo de problemas particulares que aparecem no de-correr de uma tipificao da agricultura. Preferencialmente, as suges-tes se referem aos casos de difcil mensurao ou de outras solues mais objetivas.

    Essas sugestes devem ser encaradas como propostas para discus-so e no como solues definitivas.

    52

  • CLCULO DA REA MXIMA DE ESTABELECIMENTO VALORIZADO

    EXCLUSIVAMENTE COM TRABALHO FAMILIAR

    O censo agrcola no fornece dados de tamanho de estabelecimen-to agrcola explorado exclusivamente com trabalho familiar. Tal in-formao pode ser de intersse, sobretudo para se comparar fra de trabalho com dimenso de explorao, e para caracterizar melhor a pequena propriedade, vendo-se a percentagem dessas que tm trabalho familiar exclusivo, ou se ste excede a dimenso dos pequenos dom-nios. Conseqentemente, pode-se comparar a distribuio da terra e o trabalho.

    O processo de clculo baseia-se numa srie de premissas, que de-vem ser consideradas vlidas :

    a) que a distribuio dos estabelecimentos, por rea, pode ser com parada a um tringulo retngulo, com base igual aos hecta-res dos estabelecimentos, de - 1 a y;

    b) que o trabalho familiar exclusivo tende a se concentrar nos estabelecimentos de menor dimenso, e que a partir de um certo tamanho deixa de ocorrer sse tipo de trabalho.

    Baseados nessas premissas, uma srie de raciocnios podem ser formulados, base do Teorema de Tales e da frmula da rea do tringulo, considerando que entre dois tringulos retngulos, a base de um est para a base do outro, como a rea de um est para a rea do outro. Para a construo do tringulo, dependendo do proces-so empregado, utiliza-se os dados de estabelecimentos sem pessoal contratado, numa proporo de 90% db total, por considerar-se a pos-svel existncia de pequenos estabelecimentos com trabalho familiar complementado ou mesmo o emprgo exclusivo de assalariados. Os outros dados utilizados so referentes aos nmeros de estabelecimen-tos por tamanho. Assim so agrupados os totais at uma classe que totalize o imediatamente inferior ao nmero de estabelecimentos sem contrato. Toma-se tambm o total da classe imediatamente superior, e fica estabelecido um intervalo onde est situado o limite procurado. Exemplificando base de trs municpios paulistas, vemos o seguinte:

    A B c estab. sem pes- n.o e rea de n.0 e rea de soai contratado estab. inferior estab. superior

    (90%) a A a A Americana 48 42 (-10ha) 29 (-20ha) Artur Nogueira 347 261 (-20ha) 210 ( -50ha) Cerqueira Csar 302 248 (-20ha) 121 ( -50ha)

    Com os dados disponveis, uma srie de raciocnios pode ser fei-ta para a construo dos tringulos, e destacamos dois processos di-ferentes: 1.o Processo: neste processo considera-se que o tringulo formado pelos dados de C, e que entre stes estabelecimentos existem alguns que tm trabalho familiar, exatamente o excesso de A sbre B. Assim, fica estabelecido um tringulo maior C e um tringulo menor que

    53

  • A-B-C. A base maior a diferena entre a rea de B e a de C, e a base do tringulo menor, quando conhecida, fornecer a dimenso dos estabelecimentos do grupo C que no tm trabalho familiar.

    Para os muniClpiOs exemplificados, os clculos so os seguintes, con-siderando-se 2 a rea e base do tringulo maior: Americana 82 = 29; S1 = 23; b::? = 10

    b s1 b2 . b 7 9 1= s '1=' 2

    logo, estabelecimentos com trabalho familiar alcanam at

    20,0 - 7,9 = 12,1 Artur Nogueira s2 = 210 ; s1 = 124 ; bz = 30

    b1 ser igual a 17,7 que, subtrado de 50,0, dar um resultado de 32,3

    Cerqueira Csar 82 = 121 ; S1 = 67 ; bz = 30 b1 = 16,6 que, subtrado de 50,0 d 33,4

    2.o Process