brasil lidera luta contra a hegemonia americana na internet

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BRASIL LIDERA LUTA CONTRA A HEGEMONIA AMERICANA NA INTERNET, DIZ LE MONDE Adriana Brandão O Brasil, que organiza a conferência internacional sobre a governança da internet, é o principal destaque de capa do jornal Le Monde, que chegou às bancas na tarde desta terça- feira (22). O suplemento de economia do vespertino traz um grande artigo sobre a realização, nos próximos dias 23 e 24 de abril, do evento batizado de NETmundial, em referência à Copa do Mundo de futebol. O jornal afirma que o Brasil, que está na vanguarda do movimento de reforma da internet, “quer desamericanizar a net”. Le Monde escreve que no início desse movimento global pela reforma da internet está “a grande indignação” da presidente brasileira, Dilma Rousseff, com o escândalo de escutas revelado por Edward Snowden. O resultado dessa indignação, que levou Dilma Rousseff inclusive a cancelar uma viagem oficial aos Estados Unidos no ano passado, é a organização da conferência internacional sobre a governança da internet, que acontece esta semana em São Paulo, com a ambição de lutar contra a “hegemonia americana na web”. A iniciativa de Dilma obteve a adesão de vários países. Ao todo, onze países são coorganizadores do evento, entre eles a Alemanha, a França e até os Estados Unidos. O objetivo oficial de Brasília, informa, é conseguir a adoção uma declaração comum sobre os princípios de uma nova governança que deve ser “democrática, transparente, responsável e respeitosa da diversidade cultural”. Isto é, “desamericanizar” os organismos que controlam o funcionamento global da Web que, por razões históricas, estão sob a tutela dos Estados Unidos. Brasil na vanguarda Essa reforma é uma reivindicação antiga, diz Le Monde, que ganhou força depois do escândalo das escutas pela agência americana NSA, principalmente após o apoio da Alemanha. O vespertino acredita que a lei brasileira da internet, votada em março pela Câmara dos Deputados, poderá servir de modelo para os países que participarão da NETmundial. O texto brasileiro, informa Le Monde, garante a liberdade de expressão, a proteção da vida privada e a igualdade de tratamento de qualquer tipo de conteúdo. (…)

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BRASIL LIDERA LUTA CONTRA A HEGEMONIA AMERICANA NA

INTERNET, DIZ LE MONDE

Adriana Brandão

O Brasil, que organiza a conferência internacional sobre a governança da internet, é o

principal destaque de capa do jornal Le Monde, que chegou às bancas na tarde desta terça-

feira (22). O suplemento de economia do vespertino traz um grande artigo sobre a realização,

nos próximos dias 23 e 24 de abril, do evento batizado de NETmundial, em referência à Copa

do Mundo de futebol. O jornal afirma que o Brasil, que está na vanguarda do movimento de

reforma da internet, “quer desamericanizar a net”.

Le Monde escreve que no início desse movimento global pela reforma da internet está “a

grande indignação” da presidente brasileira, Dilma Rousseff, com o escândalo de escutas

revelado por Edward Snowden. O resultado dessa indignação, que levou Dilma Rousseff

inclusive a cancelar uma viagem oficial aos Estados Unidos no ano passado, é a organização da

conferência internacional sobre a governança da internet, que acontece esta semana em São

Paulo, com a ambição de lutar contra a “hegemonia americana na web”.

A iniciativa de Dilma obteve a adesão de vários países. Ao todo, onze países são

coorganizadores do evento, entre eles a Alemanha, a França e até os Estados Unidos. O

objetivo oficial de Brasília, informa, é conseguir a adoção uma declaração comum sobre os

princípios de uma nova governança que deve ser “democrática, transparente, responsável e

respeitosa da diversidade cultural”. Isto é, “desamericanizar” os organismos que controlam o

funcionamento global da Web que, por razões históricas, estão sob a tutela dos Estados

Unidos.

Brasil na vanguarda

Essa reforma é uma reivindicação antiga, diz Le Monde, que ganhou força depois do escândalo

das escutas pela agência americana NSA, principalmente após o apoio da Alemanha.

O vespertino acredita que a lei brasileira da internet, votada em março pela Câmara dos

Deputados, poderá servir de modelo para os países que participarão da NETmundial. O texto

brasileiro, informa Le Monde, garante a liberdade de expressão, a proteção da vida privada e

a igualdade de tratamento de qualquer tipo de conteúdo.

(…)