bourdieu

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Bourdieu – Os usos sociais da ciência. A ciência é neutra? Reflexão por parte das instituições de pesquisas científicas. Reificação cientifica da ciência..o que a sociologia deve fazer como ciência para estudar a ciência. É possível apontar como questionamento as consequências de estudar a ciência pela ciência; até que ponto a Ciência isolada, com o mínimo de interferências ou influências de outras áreas, consegue imprimir uma reflexão eficiente para produção de conhecimento? É possível conceber e manter uma autonomia científica, levando em consideração o sistema capitalista? Tipo ideal??? Tentativa de pensar a ciência como campo social, mas com especificidades. Mostrar o campo científico como um campo de forças gera batalhas no interior para que as teorias sejam fatos. O campo também lida com demandas externas (religião, política) para manter independência. Historia da ciência: internalistas: ciência engendra a si mesmas/ externalistas: na existe autonomia Autonomia relativa Forças pela manutenção ou mudança. Pela especificidade do campo a sociedade afeta ou não (sociais X física teórica). Pares concorrentes: Capital simbólico Os campos como microcosmos relativamente autônomos: Noção de campo – existem histórias de todos os campos do saber; cada campo se constitui como um antagonista irredutível. Na arte, interpretação do texto como esta

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reflexões sobre o uso social da ciencia

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Page 1: Bourdieu

Bourdieu – Os usos sociais da ciência. A ciência é neutra?

Reflexão por parte das instituições de pesquisas científicas. Reificação cientifica da ciência..o que a sociologia deve fazer como ciência para estudar a ciência.

É possível apontar como questionamento as consequências de estudar a ciência pela ciência; até que ponto a Ciência isolada, com o mínimo de interferências ou influências de outras áreas, consegue imprimir uma reflexão eficiente para produção de conhecimento? É possível conceber e manter uma autonomia científica, levando em consideração o sistema capitalista? Tipo ideal???

Tentativa de pensar a ciência como campo social, mas com especificidades.

Mostrar o campo científico como um campo de forças gera batalhas no interior para que as teorias sejam fatos. O campo também lida com demandas externas (religião, política) para manter independência.

Historia da ciência: internalistas: ciência engendra a si mesmas/ externalistas: na existe autonomia

Autonomia relativa

Forças pela manutenção ou mudança.

Pela especificidade do campo a sociedade afeta ou não (sociais X física teórica).

Pares concorrentes:

Capital simbólico

Os campos como microcosmos relativamente autônomos:

Noção de campo – existem histórias de todos os campos do saber; cada campo se constitui como um antagonista irredutível. Na arte, interpretação do texto como esta (interna) e interpretação do texto levando em consideração contexto (externa).

Na ciência: História da ciência. Erro do “curto circuito.

Problema da ciência sem interferência do mundo social. Usando a noção de campo, Bourdieu busca superar as limitações do entendimento de uma produção cultural (como a ciência) atentando somente para a produção textual e o contexto. O campo científico seria o universo onde se encontram os agentes e as instituições que produzem e reproduzem a ciência. Este universo obedece a leis sociais. Os campos possuem certa autonomia em relação ao “macrocosmo” da sociedade. As “disciplinas” e instituições seriam fatores de autonomia dentro dos campos científicos.

Determinações externas/determinações internas: embate da autonomia dos campos.

Ciência escrava: “sujeita a todas as demandas político-econômicas”.

Page 2: Bourdieu

Ciência pura: “totalmente livre de qualquer necessidade social”.

As pressões externas ao campo são “mediatizadas pela lógica do campo”. A autonomia se dá pela capacidade de “refratar” do campo que “retraduz” essas pressões.

Já a “heteronomia” do campo se refere a expressão direta dessas pressões exteriores no campo. A “politização” seria uma das maiores dificuldades das Ciencias sociais para adquirir autonomia. Diferente da Biologia, na Sociologia pode-se evocar aspectos de direita ou esquerda, por exemplo, para apontar essa influencia.

“Todo campo, o campo científico, por exemplo, é um campo de forças e um campo de lutas para conservar ou transformar esse campo de forças” (22-23). Relações de força e dominação fazem parte do campo.

Einstein perturbou todo o campo da Física com suas teorias. Uma grande empresa também causa esse impacto, contudo, deixa de afetar pequenos empresários, por exemplo.

Princípios do campo: “estrutura de relações objetivas entre os agentes”, onde somente pela posição na estrutura se compreende a função dos agentes. A “estrutura é determinada pela distribuição de capital cientifico num dado momento”. A estrutura exerce um peso sobre os agentes que exercem diferentes pesos entre si. Pesquisadores e pesquisas dominantes definem as questões, objetos de pesquisa importantes num dado momento, de uma determinada posição, o que determina as possibilidades e impossibilidades pelas regras do jogo, autoridade, regularidade.

Os sujeitos que possuem a “arte de antecipar as tendências” estão ligados a uma “origem social e escolar elevada”, escolhendo bons temas e oportunidades de publicação. Dessa forma existem “estruturas objetivas” e agentes que agem e reagem dentro delas (o habitus dos cientistas são as “maneiras de ser permanentes, duráveis que podem em particular, levá-los a resistir, a opor-se as forças do campo”, estratégias dentro do campo).

Campo: objeto de luta em sua representação e em sua realidade.

Diferença do jogo social: as regras do campo estão elas próprias, colocadas em jogo. Uma revolução redefine as próprias condições de acesso ao jogo.

As propriedades específicas dos campos científicos:

Reducionismo (grande programa em sociologia das ciências).

Diferença entre o capitalista cientifico: suas ações são interessadas e desinteressadas (sendo assim por serem inspiradas por certo interesse pelo desinteresse).

Para atacar um matemático deve-se usar de mecanismos dentro da categoria.

Page 3: Bourdieu

Campo heterônomo: “concorrência imperfeita, intervenção de forças não cientificas nas lutas cientificas”.

Campo autônomo: “concorrência pura e perfeita”, censura científica”, exclui-se “a intervenção de forças puramente sociais” (uso de argumentos, demonstrações, refutações).

Uso do mecanismo da “realidade objetiva”: evocação de representações arbitrárias pelos sujeitos, tornando-as parte do real (princípios de verificação da conformidade ao real de acordo com as regras do campo e do habitus). Isso controla cada campo e seus participantes, quem entra e sai.

“relação dialética entre condutas individuais propelidas por disposições socialmente adquiridas e reunidas em um habitus, de um lado, e estruturas objetivas ou "campos" de relações entre agentes diferencialmente posicionados e empoderados, de outro”.

A noção de campo refere-se a espaços objetivos de relações entre agentes diferencialmente posicionados segundo uma distribuição desigual de recursos materiais e simbólicos, isto é, de capitais múltiplos que operam como meios socialmente eficientes de exercício do poder. O conceito de habitus aponta, por sua vez, para esquemas simbólicos subjetivamente internalizados de geração e organização da atividade prática dos agentes individuais, esquemas que tomam a forma de disposições mentais e corporais, isto é, modos potenciais socialmente adquiridos e tacitamente ativados de agir, pensar, sentir, perceber, interpretar, classificar e avaliar.

As duas espécies de capital científico:

Campos como lugar de duas formas de poder:

Temporal (ou político) – poder institucional relacionado a ocupação de posições nas instituições (direção, supervisão etc.).

Prestígio pessoal – reconhecimento dos pares (colégios de eruditos).

Capital científico (diferente do campo econômico): espécie particular do capital simbólico, “que consiste no conhecimento (ou no crédito) atribuído pelo conjunto de pares-concorrentes no interior do campo científico” (medalhas, prêmio Nobel etc.). No caso de Einstein o C. C. era o reconhecimento de uma competência.

Dois nichos: o temporal ou político e o prestígio pessoal (ou o capital científico “puro”). O capital científico temporal agrega a ocupação de cargos privilegiados nas principais posições dos organismos (cargos de direção, fazer parte de comissões e comitês de avaliação). O capital científico puro provém da meritocracia. Os cientistas que gozam de mais prestígio acabam recebendo um grande nível de autoridade, no qual Bordieu define como a “forma mais específica e mais legítima do capital científico”.

Page 4: Bourdieu

Bourdieu cita que o capital “puro” praticamente não pode ser transmitido, pois está indelevelmente associado à figura do pesquisador, e ao seu talento e habilidade. Já o institucionalizado é transmitido com mais facilidade, seguindo as mesmas regras de transmissão de qualquer capital burocrático. Contudo, podem existir simultaneamente.

Capital científico puro – invenções, descobertas; fragilmente objetivado, impreciso, necessita de carisma, difícil de transmitir na prática; frágil peso político e forte crédito científico. Acumulo de credito cientifico favorece o ganho econômico e político.

Capital científico de instituição – estratégias políticas (reuniões, participação em colóquios etc.); transmissão por formas semelhantes do capital econômico, burocratização; forte peso político e frágil crédito científico.

Distribuição desigual

Limitada autonomia, defasagens entre hierarquias temporais, permitem a interferência de poderes externos, o que gera uma ambigüidade estrutural: conflitos intelectuais como conflitos de poder (estratégia contendo uma dimensão científica e política).

Para progredir a ciencia é necessário progredir a autonomia do campo que gera um maior esforço no sentido de permenecer dentro das regras do jogo interno.

O espaço dos pontos de vista

Os paradigmas de uma época condicionam a produção do conhecimento (limitação). Para Kuhn não existe uma forma verdadeira de ver o mundo (cientifica e filosófica)

Prescritiva ou explicativa?

Analise de dentro do campo (perceber as disputas que giram em torno de um ponto de vista).

Objetivações parciais e interessadas dos agentes engajados no campo # objetivação do campo como um conjunto de pontos de vista.

Relativismo # verdades das diferentes posições e os limites das validades das diferentes tomadas de posição.

A Sociologia mostra como as representações sociais interessadas e parciais tomadas como objetivas e universais são ferramentas de disputa no campo usadas pelos agentes.

Pesquisa bomba atômica

Sociologia clinica rompe com o que os agentes sociais produzem na vida cotidiana